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prol dos Sem Terra, de certa forma moderaram algumas de suas manifestação
políticas. Indicando que os trabalhadores do MST criaram expectativas de que
o governo de Lula os apoiasse, realizando as promessas de campanha
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eleitoral, na qual o governo de Lula afirmou a meta de assentar 400 mil
famílias
180
de trabalhadores até o fim do seu mandato em 2006. Metas que na
disputa política, não são cumpridas.
Nesse processo Jonas expressou a disposição dos trabalhadores do MST
para a reação, para a cobrança e para a luta na organização de uma grande
manifestação: a “Marcha Nacional pela Reforma Agrária”
181
até a capital do
país, para reivindicar
182
, cobrar um posicionamento político claro e firme do
governo frente às questões da reforma agrária. A realização desta marcha,
como uma reação, como diz Jonas de “partir para luta novamente” é possível
179
Ver II Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA) no governo do presidente da República
Luis Inácio Lula da Silva.
180
O MST em suas reivindicações questiona o atual governo federal, pois a meta propalada foi
o assentamento de 400 mil famílias de trabalhadores rurais, até o ano de 2006. De uma meta
de 100 mil famílias por ano, o governo afirma ter assentado 60 mil famílias em 2003, número
que o MST discorda, para o Movimento o número não passou de 40 mil famílias. Em 2004 a
meta do governo era de 115 mil famílias e conseguiu chegar a 85.254 mil famílias. Para o ano
de 2005 os números divulgados pelo governo são ainda mais polêmicos: o governo diz ter
assentado 127,506 mil famílias, o MST contrapõe o número de 26,951 mil famílias em projetos
criados no ano de 2005. Para o MST o problema é como o governo contabiliza assentamentos
para o ano de 2005, ou seja, contabiliza projetos anteriores a 2005 e assentamentos em terras
públicas, o que caracterizaria projeto de colonização e não de reforma agrária, pois não se
altera a concentração fundiária. De acordo com Bernardo Mançano, das 245 mil famílias que o
governo diz ter assentado em três anos, somente 25% são frutos de novas desapropriações,
outros 75% são de reordenamento e regularização fundiários e projetos de colonização em
terras públicas. O que na realidade traduz-se: “(...) apenas 26.951 famílias foram assentadas
em projetos criados em 2005, em terras desapropriadas. 31.373 mil famílias foram assentadas
em projetos anteriores a 2005, podendo haver projetos anteriores a 2003, ou seja, durante o
governo anterior. 69.182 mil famílias foram assentadas em terras públicas, ou seja, em projetos
de colonização, sem desapropriação de terras, apenas com a regularização fundiária. Deste
total, 19.979 famílias foram assentadas em projetos criados antes de 2005”. Fonte: (Jornal
Brasil de Fato, online-19/01/2006).
181
A imprensa brasileira voltou sua atenção para a Marcha realizada em maio de 2005: entre
outras questões, foi alvo de críticas de parte da mídia que levantaram suspeitas quanto à
origem dos recursos financeiros dos Sem Terra para realizarem a Marcha devido ao alto grau
de organização e de infra-estrutura. Essa tendência da mídia se surpreendeu, ou indignou-se,
com a capacidade de mobilização e organização dos Sem Terra. Nesta Marcha os
trabalhadores, para além dos aspectos políticos e pedagógicos com horários reservados para o
estudo da realidade política, organizaram um grande esquema e estrutura de cozinha para
alimentação de todos militantes, como também organizaram médicos e ambulância equipada
acompanhando todos trabalhadores.
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Ver anexo 1: A pauta de reivindicações dos trabalhadores do MST na Marcha de maio de
2005. Ver também anexo 3: “O governo cria linha de crédito exclusiva para assentados da
reforma agrária”, o governo federal sobre pressão dos trabalhadores Sem Terra anunciou em
2005 medidas tomadas, como também assumia outros compromissos, principalmente,
reafirmando a meta de 115 mil famílias assentadas. Como já abordado, o MST e alguns
estudiosos dicordam da política de assentamento do governo e do número de famílias que o
governo diz ter assentado.