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petróleo. Grandes empresas petrolíferas do mundo, como a ExxonMobil, Shell e a Petrobras,
já tornaram público seus interesses em investir no desenvolvimento de fontes de energia
alternativas ao petróleo, tal como gás natural, célula de hidrogênio, energia solar e eólica,
álcool e biodiesel (PIRES, 2004).
Pesquisas recentes sugerem a utilização da biomassa para fins energéticos,
principalmente para o combustível, ou seja, o aproveitamento de outros organismos
biológicos como fontes de energia: a cana-de-açúcar, o eucalipto, a beterraba (dos quais se
extrai álcool), o biogás (produzido pela biodegradação anaeróbica existente no lixo e dejetos
orgânicos), a lenha e o carvão vegetal, alguns óleos vegetais (amendoim, soja, dendê,
mamona), etc. (RAMOS et al., 2003).
Dentre as fontes de biomassa prontamente disponíveis, os óleos vegetais vêm sendo
investigados como candidatos a programas de energia renovável para substituir o óleo diesel
de petróleo. Segundo Ramos et al. (2003), os óleos vegetais, além de serem fontes de energia
renovável, podem proporcionar uma geração de energia descentralizada e um incentivo à
agricultura familiar, criando melhores condições de vida (infra-estrutura) em regiões rurais,
oferecendo alternativas a problemas socioeconômicos e socioambientais de difícil solução.
Os óleos vegetais, no entanto, não podem substituir o diesel na sua forma in natura.
Para ser compatível com os motores a diesel, o óleo vegetal deve ser submetido a uma reação
química com metanol ou etanol, resultando em um éster (biodiesel) que pode, então, ser
utilizado como combustível puro ou misturado ao óleo diesel (RAMOS et al., 2003).
Conforme o gerente de qualidade da Ipiranga, em entrevista realizada, há quase um
consenso que mesclas de diesel com biodiesel, adequadamente especificado, em teores até
20%, podem ser empregadas sem problemas operacionais ou de desempenho em motores
convencionais, sem qualquer ajuste ou modificação. Em termos ambientais, a adoção do
biodiesel, mesmo que de forma progressiva, ou seja, em adições de 2 a 5% no diesel de
petróleo, resultará em uma redução significativa no padrão de emissões de materiais
particulados, óxidos de enxofre e gases que contribuem para o efeito estufa (RAMOS et al.,
2003).
Essa compatibilidade significa que o biodiesel pode participar das já existentes cadeias
de suprimentos de combustíveis e ser distribuído pelos convencionais postos de gasolina. Por
não demandar que ninguém reinvente o carro, o biodiesel apresenta uma relativa vantagem
em relação às alternativas de energias renováveis.