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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
AVALIAÇÃO PROBABILÍSTICA DE RISCO VIA
MODELO CAUSAL HÍBRIDO EM CIRURGIA: O CASO DA
HISTERECTOMIA VAGINAL
DISSERTAÇÃO SUBMETIDA À UFPE
PARA OBTENÇÃO DE GRAU DE MESTRE
POR
FELIPE ANDRADE GAMA DE OLIVEIRA
Orientador: Enrique López Droguett, Ph.D.
RECIFE, JULHO/2006
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DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho à minha avó Cecy, que tanto contribuiu para que eu conseguisse
atingir os meus objetivos.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter me dado várias oportunidades nesta vida.
Agradeço ao meu pai, Ricardo, pelo exemplo de pessoa que foi, e em quem sempre
tentarei me espelhar.
A minha mãe, Elizabeth, pela força, dedicação, amor e estímulo passados diariamente.
As minhas irmãs Mariana e Alita pela amizade e apoio.
Ao meu irmão, Pedro, pelo companheirismo, incentivo e ajuda de que tantas vezes
precisei.
A minha família, a começar pela minha avó Mercês, meus tios e tias, primos e primas, e
a todos aqueles que apesar de não terem laços sanguíneos convivem comigo diariamente.
A minha namorada, Raquel, pelo apoio e compreensão incondicionais nas horas em que
precisei estar ausente.
Aos meus amigos de infância Anna, Bruno e Eduardo que tanto me estimulam. E a
todos os amigos que fiz durante a faculdade, em especial André, Daniel e Eric que muito
contribuíram para que eu chegasse até aqui.
Ao meu ex-chefe e amigo Marconi, que me deu a oportunidade de iniciar uma carreira
na área de engenharia hospitalar.
Ao professor Enrique López, pela oportunidade de fazer um trabalho diferente, pela
confiança depositada e pelas inúmeras contribuições a este projeto.
A todos os amigos do Risctec, em especial a Paulo Renato e Regilda, os quais sempre
fizeram comentários muito relevantes sobre este trabalho.
Aos médicos que me ajudaram na elaboração das etapas relacionadas ao procedimento
cirúrgico desenvolvido neste trabalho.
v
RESUMO
A análise probabilística de risco é uma metodologia que identifica, avalia e quantifica
os riscos nos mais diversos procedimentos, desde de sistemas de alta complexidade
tecnológica a sistemas onde existe o homem executando tarefas. Esta análise tem como
objetivo melhorar a segurança e o desempenho destes processos.
A área de saúde ainda encontra-se bastante carente de estudos que analisem e
quantifiquem os riscos envolvidos nos seus procedimentos. E é com este intuito, que este
trabalho propõe uma metodologia de avaliação probabilística de risco para cirurgias, sendo
apresentado o caso da histerectomia vaginal. Esta análise aborda tanto os aspectos da
confiabilidade humana como a confiabilidade dos equipamentos utilizados.
No modelo híbrido proposto, a análise de riscos é baseada na integração dos diagramas
de seqüências de eventos, árvore de falhas e redes Bayesianas. Na modelagem os eventos
pivotais dos diagramas de seqüência de eventos relacionados a erros humanos, ou seja,
resultantes diretamente de ações humanas, são modelados via redes Bayesianas,
proporcionando uma representação mais realista da natureza dinâmica destas ações, enquanto
que os eventos pivotais relacionados à falha de equipamentos são modelados via árvores de
falhas. Assim esta metodologia contribui para a melhoria do processo de gerenciamento dos
riscos envolvidos durante a execução da atividade cirúrgica.
Palavras-chave: Análise Probabilística de Risco, Confiabilidade Humana, Diagramas de
Seqüência de Eventos, Redes Bayesianas, Árvores de Falhas, Histerectomia Vaginal.
vi
ABSTRACT
The probabilistic risk analysis is a methodology that identifies, estimates and
quantifies the risks in a several kind of procedures, from systems of high complex technology
to systems that has only a man executing a task. That analysis has the objective to improve the
safety and performance of these processes.
The health area is still wanting of studies that analyses and quantifies the risks
involved in their procedures. With this intention this work proposes a probabilistic risk
assessment methodology to surgeries, presenting the case of vaginal hysterectomy. This
analysis approaches aspects of human reliability and equipments reliability.
In this method, the risk analysis is based in the integration of event sequences
diagrams, fault trees and Bayesian networks. In the model the pivotal events of event
sequences diagrams related to human mistakes, resulting directly from human actions, are
molded by Bayesian networks, providing a more realistic representation of the dynamic nature
of these actions. In other way the pivotal events related to equipments failures are molded by
fault trees. This methodology makes possible to management the risks involved during the
execution of surgery in the end of analysis.
Keywords: Probabilistic Risk Analysis, Human Reliability, Event Sequences Diagrams,
Bayesian Networks, Fault Trees, Vaginal Hysterectomy.
vii
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA........................................................................................................................................II
AGRADECIMENTOS.............................................................................................................................IV
RESUMO................................................................................................................................................... V
ABSTRACT..............................................................................................................................................VI
SUMÁRIO .............................................................................................................................................. VII
LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................... X
LISTA DE TABELAS............................................................................................................................ XII
LISTA DE ACRÔNIMOS....................................................................................................................XIV
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................................. 1
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................................. 4
1.1.1 Objetivos ........................................................................................................................... 4
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................................................... 6
2.1 TIPOS DE INFERÊNCIA .................................................................................................................. 6
2.2 TEOREMA DE BAYES.................................................................................................................... 6
2.3 REDES BAYESIANAS .................................................................................................................... 7
2.3.1 Nós e Valores .................................................................................................................... 8
2.3.2 Estrutura das redes ........................................................................................................... 8
2.3.3 Probabilidades Condicionais............................................................................................ 9
2.3.4 Condição Markoviana....................................................................................................... 9
2.3.5 Aprendizado das redes Bayesianas ................................................................................... 9
2.3.6 Tipos de raciocínio através da rede................................................................................ 10
2.3.7 Independência Condicional............................................................................................. 10
2.3.8 d-Separação .................................................................................................................... 11
2.3.9 Atualização das crenças.................................................................................................. 11
2.3.10 Árvore de Falhas............................................................................................................. 13
2.3.11 Árvore de Eventos ........................................................................................................... 15
2.3.12 Modelagem das probabilidades de falhas de subsistemas de uma árvore de eventos
através de árvores de falhas ........................................................................................................................ 16
2.3.13 Conversão da árvore de eventos em rede Bayesianas..................................................... 17
2.3.14 Tipos de modelagem........................................................................................................ 17
2.4 DIAGRAMA DE SEQÜÊNCIA DE EVENTOS ................................................................................... 19
viii
2.4.1 Cenários .......................................................................................................................... 21
2.4.2 Eventos Iniciadores......................................................................................................... 22
2.4.3 Eventos Pivotais.............................................................................................................. 22
2.4.4 Estado Final.................................................................................................................... 22
2.4.5 Ilustração do Diagrama de Seqüência de Eventos.......................................................... 23
3 ANÁLISE DE CONFIABILIDADE HUMANA............................................................................ 24
3.1 COGNITIVE RELIABILITY AND ERROR ANALYSIS METHOD (CREAM) ...................................... 25
3.2 MODELO IDAC ......................................................................................................................... 25
3.3 FATORES DE DESEMPENHO ........................................................................................................ 26
3.4 DESCRIÇÃO DA TAREFA............................................................................................................. 28
4 HISTERECTOMIA VAGINAL...................................................................................................... 29
4.1 ANATOMIA GENITAL FEMININA ................................................................................................ 29
4.1.1 Genitália Externa............................................................................................................ 29
4.1.2 Genitália Interna............................................................................................................. 30
4.2 HISTÓRICO DA HISTERECTOMIA ................................................................................................ 31
4.3 INDICAÇÕES E CONTRA-INDICAÇÕES PARA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ................................. 32
4.4 DESCRIÇÃO DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO .............................................................................. 33
5 CARACTERIZAÇÃO DOS RISCOS NO PROCEDIMENTO DE HISTERECTOMIA
VAGINAL .............................................................................................................................................................34
5.1 METODOLOGIA PROPOSTA......................................................................................................... 34
5.1.1 Análise Qualitativa.......................................................................................................... 34
5.1.2 Análise Quantitativa........................................................................................................ 35
5.2 DESCRIÇÃO DA TAREFA PARA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ..................................................... 37
5.2.1 Etapas da HTA da Cirurgia ............................................................................................ 41
5.3 DESENVOLVIMENTO DE CENÁRIOS E CARACTERIZAÇÃO DAS RELAÇÕES CAUSAIS VIA DSE E AF
DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO.......................................................................................................................... 45
5.3.1 Colocação da Paciente na posição ginecológica............................................................ 46
5.3.2 Assepsia........................................................................................................................... 46
5.3.3 Incisão da mucosa vaginal anterior ao nível da prega vésico-uterino ........................... 47
5.3.4 Incisão da mucosa posterior ao nível da prega retovaginal ........................................... 48
5.3.5 Ligadura do Complexo Ligamentar ................................................................................ 48
5.3.6 Ligadura das Artérias Uterinas....................................................................................... 49
5.3.7 Ligação do Complexo Tubo-Ovariano............................................................................ 50
5.3.8 Fixação do Ângulo Vaginal............................................................................................. 50
5.3.9 Revisão das áreas sangrantes ......................................................................................... 51
5.3.10 Toque Retal ..................................................................................................................... 52
5.4 FATORES DE DESEMPENHO ENVOLVIDOS NO PROCESSO CIRÚRGICO........................................... 52
6 RESULTADOS................................................................................................................................. 56
ix
6.1 COLETA DE DADOS.................................................................................................................... 56
6.1.1 Entrevistas....................................................................................................................... 57
6.2 MODELAGEM PARA REDE BAYESIANA DE PROBABILIDADE DE ERRO DO CIRURGIÃO ................. 57
6.3 MODELAGEM PARA REDE BAYESIANA DA PROBABILIDADE DE ERRO DOS CIRURGIÕES
AUXILIARES ........................................................................................................................................................60
6.4 MÉTODO PROPOSTO DE AVALIAÇÃO PROBABILÍSTICA DO RISCO ................................................ 63
6.4.1 Modelo Integrado Causal Híbrido para Histerectomia Vaginal..................................... 63
6.4.2 Resultados da simulação................................................................................................. 64
6.4.3 Análise de Sensibilidade.................................................................................................. 75
7 CONCLUSÕES ................................................................................................................................ 78
7.1 RESUMO DAS ATIVIDADES ......................................................................................................... 78
7.2 A METODOLOGIA CAUSAL HÍBRIDA............................................................................................ 80
7.3 DESAFIOS PARA TRABALHOS FUTUROS ...................................................................................... 81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................... 82
x
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 2.1 - CAMINHOS DE UMA REDE BAYESIANA ................................................................................................ 7
FIGURA 2.2 - REDES BAYESIANAS PARA DIAGNÓSTICO DE CÂNCER DE PULMÃO ...................................................... 8
FIGURA 2.3 - ÁRVORE DE FALHAS.......................................................................................................................... 14
FIGURA 2.4 - EXEMPLO DE ÁRVORE DE EVENTOS .................................................................................................. 15
FIGURA 2.5 - ÁRVORE DE FALHAS DOS SUBSISTEMAS S1, S2 E S3 ......................................................................... 16
FIGURA 2.6 - CONVERSÃO DA ÁRVORE DE EVENTOS EM REDE BAYESIANA ............................................................ 17
FIGURA 2.7 - REDE BAYESIANA COM EVENTOS INDEPENDENTES............................................................................ 18
FIGURA 2.8 - REDE BAYESIANA COM EVENTOS PARCIALMENTE DEPENDENTES...................................................... 18
FIGURA 2.9 - REDE BAYESIANA COM EVENTOS TOTALMENTE DEPENDENTES......................................................... 19
FIGURA 2.10 - DESCRIÇÃO DO CENÁRIO EM ACH .................................................................................................. 22
FIGURA 2.11 - CONCEITO DE DIAGRAMA DE SEQÜÊNCIA DE EVENTOS .................................................................. 23
FIGURA 2.12 - REPRESENTAÇÃO DO DSE DA FIGURA 2.11 ATRAVÉS DE UMA ÁRVORE DE EVENTOS...................... 23
FIGURA 4.1 REPRESENTAÇÃO DA GENITÁLIA EXTERNA...................................................................................... 30
FIGURA 4.2 REPRESENTAÇÃO DA GENITÁLIA INTERNA ....................................................................................... 31
FIGURA 5.1 METODOLOGIA PROPOSTA................................................................................................................ 34
FIGURA 5.2 MODELO DE INTEGRAÇÃO CAUSAL HÍBRIDO ..................................................................................... 37
FIGURA 5.3 - HTA DA CIRURGIA DE HTV.............................................................................................................. 39
FIGURA 5.4 - HTA DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ............................................................................................... 39
FIGURA 5.5 - HTA DO PROCEDIMENTO ANESTÉSICO ............................................................................................. 40
FIGURA 5.6 - HTA DESCRIMINADA DO PROCEDIMENTO CIRÚRGICO ....................................................................... 40
FIGURA 5.7 - DSE DA COLOCAÇÃO DA PACIENTE NA POSIÇÃO GINECOLÓGICA ...................................................... 46
FIGURA 5.8 - DSE DA ASSEPSIA DA PACIENTE ....................................................................................................... 47
FIGURA 5.9 - DSE INCISÃO DA MUCOSA VAGINAL ANTERIOR............................................................................... 47
FIGURA 5.10 - DSE DA INCISÃO DA MUCOSA POSTERIOR ...................................................................................... 48
FIGURA 5.11 - DSE DA LIGADURA DO COMPLEXO LIGAMENTAR........................................................................... 49
FIGURA 5.12 - PINÇA DE HEANEY .......................................................................................................................... 49
FIGURA 5.13 - DSE DA LIGADURA DAS ARTÉRIAS UTERINAS ................................................................................ 50
FIGURA 5.14 - DSE DA LIGAÇÃO DO COMPLEXO TUBO-OVARIANO....................................................................... 50
FIGURA 5.15 - DSE DA FIXAÇÃO DO ÂNGULO VAGINAL......................................................................................... 51
FIGURA 5.16 - DSE DA REVISÃO DAS ÁREAS SANGRANTES.................................................................................... 51
FIGURA 5.17 - DSE DO TOQUE RETAL .................................................................................................................... 52
FIGURA 5.18 - RB DOS CIRURGIÕES AUXILIARES................................................................................................... 54
FIGURA 5.19 - RB DO CIRURGIÃO .......................................................................................................................... 54
FIGURA 6.1 - FD DO CIRURGIÃO ............................................................................................................................ 58
FIGURA 6.2 - PROBABILIDADES DE ERRO DO CIRURGIÃO ....................................................................................... 60
FIGURA 6.3 - FD DOS AUXILIARES.......................................................................................................................... 61
FIGURA 6.4 - PROBABILIDADES DOS NÓS RAÍZES.................................................................................................... 61
FIGURA 6.5 - PROBABILIDADES DE ERRO DOS AUXILIARES .................................................................................... 63
xi
FIGURA 6.6 - MODELO INTEGRADO CAUSAL HÍBRIDO PARA HISTERECTOMIA VAGINAL......................................... 63
FIGURA 6.7 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DA ETAPA DO DSE DA FIGURA 5.7 ........................................ 64
FIGURA 6.8 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DO DSE DA FIGURA 5.9......................................................... 66
FIGURA 6.9 - RB CIRURGIÃO.................................................................................................................................. 66
FIGURA 6.10 - RB AUXILIARES .............................................................................................................................. 66
FIGURA 6.11 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DO DSE FIGURA 5.10 .......................................................... 67
FIGURA 6.12 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DO DSE FIGURA 5.11 - DSE DA LIGADURA DO COMPLEXO
LIGAMENTAR................................................................................................................................................ 68
FIGURA 6.13 - ÁRVORE DE FALHAS COM EVENTO TOPO FALHA NA APLICAÇÃO DO BISTURI .................................. 70
FIGURA 6.14 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DA FIGURA 5.13 .................................................................. 71
FIGURA 6.15 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DA FIGURA 5.14 .................................................................. 72
FIGURA 6.16 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DA FIGURA 5.15 .................................................................. 73
FIGURA 6.17 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DA FIGURA 5.16 .................................................................. 74
FIGURA 6.18 - PROBABILIDADE DOS ESTADOS FINAIS DA FIGURA 5.17 .................................................................. 74
FIGURA 6.19 - COMPARATIVO DAS PROBABILIDADES DOS ESTADOS FINAIS DO DSE DA FIGURA 5.9...................... 75
FIGURA 6.20 COMPARATIVO DAS PROBABILIDADES DOS ESTADOS FINAIS DO DSE DA FIGURA 5.10 ................... 76
xii
LISTA DE TABELAS
TABELA 2.1 TABELA DE PROBABILIDADES CONDICIONAIS DO ESTADO FINAL S3................................................. 19
TABELA 2.2 - TABELA DE PROBABILIDADES CONDICIONAIS PARA FALHA DO SISTEMA........................................... 19
TABELA 2.3 - SIMBOLOGIA PARA OS EVENTOS DO DSE.......................................................................................... 20
TABELA 2.4 - SIMBOLOGIAS DOS CONDICIONAIS DO DSE ...................................................................................... 20
TABELA 2.5 - SIMBOLOGIAS DAS PORTAS DO DSE ................................................................................................. 21
TABELA 3.1 FATORES DE DESEMPENHO (SWAIN & GUTTMANN, 1983)............................................................... 27
TABELA 5.1 - COLOCAÇÃO DA PACIENTE NA POSIÇÃO GINECOLÓGICA.................................................................. 41
TABELA 5.2 - ASSEPSIA DA PACIENTE .................................................................................................................... 41
TABELA 5.3 - INCISÃO DA MUCOSA VAGINAL ANTERIOR ....................................................................................... 42
TABELA 5.4 - INCISÃO DA MUCOSA VAGINAL POSTERIOR....................................................................................... 42
TABELA 5.5 - LIGADURA DO COMPLEXO LIGAMENTAR.......................................................................................... 43
TABELA 5.6 - LIGADURA DAS ARTÉRIAS UTERINAS ............................................................................................... 43
TABELA 5.7 - LIGAÇÃO DO COMPLEXO TUBO-OVARIANO ...................................................................................... 43
TABELA 5.8 - FIXAÇÃO DO ÂNGULO VAGINAL....................................................................................................... 44
TABELA 5.9 - REVISÃO DE ÁREAS SANGRENTAS .................................................................................................... 44
TABELA 5.10 - TOQUE RETAL................................................................................................................................ 45
TABELA 6.1- TABELA DE PROBABILIDADES DOS NÓS FOLHA ................................................................................. 57
TABELA 6.2 - TPC DOS FATORES EXTERNOS DADO DESIGN DO EQUIPAMENTO (DE) E CONDIÇÕES AMBIENTAIS (CA)
..................................................................................................................................................................... 58
TABELA 6.3 - TPC DA FADIGA DADO FATORES EXTERNOS (FE) E CARGA DE TRABALHO (CT) ............................... 58
TABELA 6.4 - TPC DA ATENÇÃO DADO FADIGA (FA) E ESTADO EMOCIONAL (EE) ................................................. 58
TABELA 6.5 - TPC DA CAPACIDADE DE EXECUTAR A TAREFA (CET) DADO ATENÇÃO (AT) E PRECISÃO (PR) ....... 59
TABELA 6.6 - TPC DA EXECUÇÃO DA TAREFA EM EQUIPE (ETE) DADO CET E IDENTIFCAÇÃO DO GRUPO DE
TRABALHO (IG) ............................................................................................................................................ 59
TABELA 6.7- TPC DO CIRURGIÃO DADO ETE E A EXEPERIÊNCIA (EX) DO MESMO................................................. 59
TABELA 6.8 - TABELA DE PROBABILIDADES DOS NÓS FOLHA ................................................................................ 60
TABELA 6.9 - TPC DOS FATORES EXTERNOS DADO DESIGN DO EQUIPAMENTO (DE) E CONDIÇÕES AMBIENTAIS (CA)
..................................................................................................................................................................... 62
TABELA 6.10 - TPC DA FADIGA DADO FATORES EXTERNOS (FE) E CARGA DE TRABALHO (CT) ............................. 62
TABELA 6.11 - TPC DA ATENÇÃO DADO FADIGA (FA) E ESTADO EMOCIONAL (EE) ............................................... 62
TABELA 6.12 - TPC DA CAPACIDADE DE EXECUÇÃO DA TAREFA EM EQUIPE (ETE) DADO ATENÇÃO E
IDENTIFICAÇÃO COM O GRUPO DE TRABALHO (IG) ....................................................................................... 62
TABELA 6.13 - TPC DO CIRURGIÃO AUXILIAR DADO ETE E A EXEPERIÊNCIA (EX) DO MESMO .............................. 62
TABELA 6.14 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.7 ................................................................... 64
TABELA 6.15 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.9 ................................................................... 65
TABELA 6.16 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE FIGURA 5.10 ...................................................................... 67
TABELA 6.17 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE FIGURA 5.11 - DSE DA LIGADURA DO COMPLEXO
LIGAMENTAR................................................................................................................................................ 68
xiii
TABELA 6.18 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.13 ................................................................. 70
TABELA 6.19 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.14 ................................................................. 71
TABELA 6.20 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.15 ................................................................. 72
TABELA 6.21 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.16 ................................................................. 73
TABELA 6.22 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.17 ................................................................. 74
TABELA 6.23 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.9 DADO NÍVEL DE EXPERIÊNCIA DO CIRURGIÃO
ADEQUADO ................................................................................................................................................... 75
TABELA 6.24 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.10 DADO NÍVEL DE EXPERIÊNCIA DO
CIRURGIÃO ADEQUADO................................................................................................................................. 76
TABELA 6.25 - RESULTADO DA MODELAGEM DO DSE DA FIGURA 5.10 DADO A EVIDÊNCIA QUE A FADIGA NÃO
ESTÁ PRESENTE NA RB DO CIRURGIÃO.......................................................................................................... 76
xiv
LISTA DE ACRÔNIMOS
ACH- Análise de Confiabilidade Humana
AE- Árvore de Eventos
AF- Árvore de Falhas
BEL- Bayesian Belief (Crença Bayesiana)
CPC- Common Performace Conditions
CREAM- Cognitive Reliability and Error Analysis Method (Método de Análise de Erros e
Confiabilidade Cognitiva)
DAG- Directed Aciclic Graph (Grafo Acíclico Direcionado)
DG- Directed Graph (Grafo Direcionado)
DSE- Diagrama de Seqüência de Eventos
DS- D-Separation (D-Separação)
EF- Estado Final
EI- Evento Iniciador
EMH- Equipamentos Médico Hospitalares
EP- Evento Pivotal
ET- Evento Topo
FD- Fator de desempenho
HA- Histerectomia Abdominal
HTA- Hierarchical Task analysis
HV- Histerectomia Vaginal
IDAC- Identification, Decision And Action in Crew (Identificação, Decisão e Ação em
Grupo)
IMIP- Instituto Materno Infantil de Pernambuco
RB- Rede Bayesiana
TPC – Tabela de Probabilidades Condicionais
UTI- Unidade de Terapia Intensiva
Capítulo 1 Introdução
1
1 INTRODUÇÃO
A Histerectomia é um dos procedimentos cirúrgicos mais realizados no mundo
atualmente e é a segunda operação de grande porte mais realizada nos Estados Unidos, desde
o início da década de 90, conforme Wilcox et al. (1994). A técnica convencional, que é
invasiva ao paciente, inclui a abertura da parede abdominal para acessar o órgão e extirpá-lo.
Em contrapartida a essa técnica invasiva, foi desenvolvida a Histerectomia Vaginal (HV) na
ausência de prolapso, que consiste na retirada do útero através da vagina sem a necessidade de
incisão abdominal.
Kovac (2000) comprova que os resultados da Histerectomia por via vaginal são bem
mais satisfatórios do que aqueles feitos por via abdominal. O tempo de permanência no
hospital das pacientes submetidas ao procedimento de HV, foi de 2,76 ± 0,94 dias contra 3,99
± 1,16 dias (p<0,001), sendo p o p-valor (Bussab & Morettin, 2003), daquelas submetidas à
cirurgia convencional. Fato que comprova que as pacientes de HV custam menos aos
hospitais do que as de Histerectomia Abdominal (HA). Um outro dado importante da pesquisa
é que a chance de uma paciente apresentar um ou mais tipos de complicações pós-operatórias
é de 9,3% para pacientes de HA enquanto que para a HV o percentual de complicações é de
5,3% com p<0,001. No tocante aos casos de infecção ou febre pós-operatória os percentuais
são 4,0% versus 0,8% com p=0,029 para o caso de HA contra os de HV. Resultados bastante
semelhantes podem ser encontrados nos estudos feitos por Costa et al. (2003) no Instituto
Materno Infantil de Pernambuco (IMIP).
Devido aos fatos supra mencionados a HV tornou-se a técnica Gold Standard, ou seja,
a primeira opção de procedimento cirúrgico dentre todas as técnicas de histerectomia.
Contudo, apesar da HV ser atualmente a principal opção de técnica cirúrgica para
retirada do útero, a mesma não está isenta de falhas. De fato, os relatos de problemas mais
freqüentemente encontrados são as lesões acidentais. Estas podem acontecer em diferentes
etapas da cirurgia e conseqüentemente em diferentes locais, como lesões de bexiga,
intestinais, uretrais e ovarianas. Outra intercorrência cirúrgica referida pelos ginecologistas é a
exteriorização da vagina, mais conhecida como prolapso de cúpula vaginal, decorrente de
uma fixação não adequada do ângulo vaginal.
Apesar de todos esses relatos de problemas que ocorrem durante a execução do
procedimento cirúrgico, ainda o existem trabalhos de avaliação destes riscos. Existem sim,
diversos estudos que analisam o risco de uma cirurgia baseado na avaliação dos pacientes no
Capítulo 1 Introdução
2
seu pós-operatório, como se pode observar em Karlson (1997) ou em Costa et al. (2003), onde
ambos descrevem os riscos associados ao procedimento cirúrgico baseados nas probabilidades
de quadros clínicos desfavoráveis à paciente, detectados no pós-operatório das mesmas. Ou
seja, estes trabalhos, fazendo uso de uma análise frequencista, as probabilidades de cada tipo
de quadro clínico desfavorável ao procedimento são encontradas pela razão de pacientes que
apresentaram tal quadro e a quantidade total de pacientes submetidas ao procedimento
cirúrgico.
Uma outra linha de pesquisa é apresentada por Dierks & Nouri (2006), que avalia, de
forma macro, o risco de procedimentos cirúrgicos ao longo de todas as fases do processo,
como pré-operatório, intra-operatório e pós-operatório. Nesse trabalho modelam-se as
interações entre as fases e os fatores que nelas influenciam, utilizando para tal, ferramentas
como diagramas de seqüências de eventos e árvores de falha. Contudo, o trabalho de Dierks &
Nouri também não avalia os riscos durante a execução da cirurgia. Nem tampouco quantifica
os erros associados à execução das tarefas pelos cirurgiões.
Dessa forma, tendo em vista este contexto ainda não explorado da avaliação e
quantificação dos riscos durante a execução das cirurgias que é apresentado e justificado este
trabalho. No presente estudo é proposta uma metodologia para mapear a cirurgia e
desenvolver um procedimento de análise para identificação das chances de falha e suas causas
associadas. Tomando-se como base a opinião de especialistas consultados, os quais relatam
que os problemas supra-citados são causados em sua grande maioria por erros humanos, que
estão relacionadas diretamente a vários fatores, como por exemplo, a fadiga do cirurgião, a
experiência e o entrosamento da equipe cirúrgica.
Esta metodologia tem como foco principal o aspecto da confiabilidade humana. Porém,
também analisa aspectos relacionados à confiabilidade dos equipamentos médico-hospitalares
utilizados durante o processo, que podem contribuir com os riscos do procedimento cirúrgico.
Assim, consegue-se identificar quais pontos ou etapas devem ser modificadas e/ou
melhoradas de forma a minimizar as probabilidades de erro humano e falhas em
equipamentos, contribuindo para a mitigação ou erradicação dos riscos.
A metodologia proposta neste trabalho para a análise probabilística de risco em
procedimentos cirúrgicos tem como foco de avaliação o caso da histerectomia vaginal.
O modelo probabilístico de risco desenvolvido é híbrido, pois é baseado na integração
dos Diagramas de Seqüências de Eventos (DSE), Árvore de Falhas (AF) e Redes Bayesianas
(RB). Nesta modelagem os eventos pivotais dos DSEs relacionados a erros humanos, ou seja,
Capítulo 1 Introdução
3
resultantes diretamente de ações humanas, são modelados via redes Bayesianas, enquanto que
os eventos pivotais relacionados à falha de equipamentos são modelados via árvore de falhas.
Possibilita-se, ao final da análise, quantificar em termos probabilísticos os erros humanos e as
falhas nos equipamentos que influenciam os resultados dos procedimentos cirúrgicos.
Capítulo 1 Introdução
4
1.1 Justificativa
1.1.1 Objetivos
1.1.1.1 Objetivo Geral
Desenvolver uma metodologia para avaliação probabilística de risco na área de saúde,
onde esta avaliação é proposta para um procedimento cirúrgico. Essa é uma metodologia
genérica, que pode ser usada em qualquer cirurgia. Entretanto, este trabalho faz um estudo de
caso para a Histerectomia Vaginal Total.
O modelo desenvolvido engloba o contexto da Análise de Confiabilidade Humana,
modelados por redes bayesianas, com os já tradicionais métodos de avaliação de
confiabilidade de equipamentos, realizados por meio de árvores de falhas.
1.1.1.2 Objetivos Específicos
Revisão da técnica cirúrgica de Histerectomia Vaginal Total;
Descrição das tarefas das atividades do procedimento de Histerectomia Vaginal
Total;
Identificação dos fatores de desempenho pertinentes à equipe cirúrgica durante a
execução do procedimento;
Identificação dos estados finais (sucesso ou tipos de falha) em cada passo do
procedimento cirúrgico;
Elaboração, a partir da análise hierárquica da tarefa, dos diagramas de seqüência
de eventos para cada etapa da cirurgia;
Caracterização dos erros provenientes dos estados finais das tarefas lincando-os
com as devidas causas ou causadores;
Desenvolvimento de um novo modelo de confiabilidade humana baseado em redes
Bayesianas para avaliação das ações da equipe cirúrgica durante o procedimento
de Histerectomia Vaginal;
Desenvolvimento da Confiabilidade dos equipamentos médico-hospitalares
utilizados durante o procedimento, através da modelagem da árvore de falhas dos
mesmos.
Elaboração do modelo causal híbrido que integra os Diagramas de Seqüência de
Eventos, com as redes Bayesianas e as árvores de falhas, para a avaliação
Capítulo 1 Introdução
5
probabilística de risco das ações da equipe cirúrgica, e a confiabilidade dos
equipamentos envolvidos no procedimento.
Elaboração do questionário para elicitação da opinião de especialistas sobre as
probabilidades pertinentes ao modelo de confiabilidade humana baseado em redes
Bayesianas;
Simulação do modelo híbrido envolvendo os diagramas de seqüência de eventos,
árvore de falhas e redes Bayesianas para a avaliação probabilística de risco para
cada etapa do procedimento cirúrgico. Obtendo-se os cenários para cada etapa,
com os respectivos valores das probabilidades dos estados finais.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
6
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Nos tópicos abaixo são descritos os temas necessários para elaboração e apresentação da
metodologia híbrida de avaliação probabilística de risco para cirurgia .
2.1 Tipos de Inferência
Existem duas escolas diferentes sobre a maneira de se inferir sobre as probabilidades
dos eventos. A primeira escola é a frequencista, onde se encontram as probabilidades pela
razão entre os casos favoráveis e a quantidade total dos experimentos realizados. Enquanto na
segunda escola, a Subjetiva, além das informações provenientes dos experimentos,
acrescenta-se ao valor das probabilidades o grau de crença ou conhecimento do analista em
relação ao evento. Essa escola é também chamada de Bayesiana por se utilizar do Teorema de
Bayes para atualizar o grau de crença dado que uma nova evidência foi apresentada.
2.2 Teorema de Bayes
Sejam dois eventos A e B, tal que:
P(A)>0 e P(B)>0:
( | ) ( )
( | )
( )
P B A P A
P A B
P B
= Equação 2.1
onde P(A) é a probabilidade a priori do evento A;
P(B|A) é a verossimilhança da evidência B, assumindo a ocorrência do evento A;
P(A|B) é a probabilidade a posteriori de A dado B.
A fim de ajudar nos cálculos posteriores pode-se escrever o Teorema de Bayes da
seguinte forma:
P(A|B)=αP(A)λ(A) Equação 2.2
Onde
( )
P B
α
= e λ(A)=P(B|A).
Quando a inferência Bayesiana envolve apenas duas variáveis ela é relativamente
simples, entretanto quando a quantidade de variáveis se eleva, a inferência torna-se complexa
e sem valor prático (Neapolitan, 2003). Assim a solução encontrada para tratar de sistemas
mais complexos são as Redes Bayesianas.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
7
2.3 Redes Bayesianas
Redes Bayesianas são estruturas gráficas que permitem representar razões ou
argumentos no domínio da incerteza (Korb & Nicholsom, 2003).
As estruturas gráficas em questão são os Grafos Direcionados (DG), que são definidos
como um par (V,B), onde V é um conjunto não vazio cujos elementos são chamados de nós
ou vértices, enquanto B são elementos denominados de arcos ou arestas, e se um par (Y,X)
B, significa que existe um arco de Y para X . Entretanto uma Rede Bayesiana tem uma
estrutura um pouco mais peculiar que são Grafos Acíclicos Direcionados (DAG), ou seja, os
seus arcos não podem formar ciclos.
Numa rede Bayesiana os nós representam um conjunto de variáveis aleatórias. O
conjunto dos arcos conectam pares de nós, e representam dependências diretas entre as
variáveis. Estas conexões direcionadas são sempre causais, de forma que a direção dos arcos
correspondem a uma relação de causa e efeito entre os nós. O poder dessa relação é descrito
por probabilidades condicionais sobre cada uma das variáveis da rede, dados os valores
específicos dos seus causadores diretos.
A definição genealógica da estrutura de uma rede Bayesiana também é de suma
importância para a sua correta compreensão. Dado um DAG formado por, G=(V,B), e o par
(Y,X)
B, Y é pai de X e X é filho de Y se houver um único arco de Y para X. Pode-se então
fazer uma generalização do conceito, Y é ancestral de X e X é descendente de Y, se houver
um caminho de Y a X, podendo existir neste caminho mais de um arco, e conseqüentemente
mais de um separando ambos. Um outro conceito é o de raiz, chamado desta forma
aquele que não possui nenhum ancestral. O exemplo abaixo ilustra os conceitos acima
apresentados.
Figura 2.1 - Caminhos de uma rede Bayesiana
(a) (b) (c)
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
8
No caso (a) da Figura 2.1 temos que Z é pai e não descendente de Y, e Y é filho e
descendente de Z. Para X temos que ele é descendente de Z, e Z é ancestral e não descendente
de X. Z é um nó raiz para esse DAG. As mesmas leituras são feitas para o caso (b), entretanto
onde acima lia-se Z passa-se a ler X e vice-versa. para o caso (c) temos que Y é pai e não
descendente de X e Z, e X e Z são filhos e descendentes de Z. Y é a única raiz do DAG.
2.3.1 Nós e Valores
O primeiro passo para a montagem de uma rede Bayesiana é a identificação das
variáveis de interesse. Isso envolve, segundo Korbs & Nicholson (2003), a resposta a duas
perguntas: Quais são os nós a serem representados? Quais valores eles podem assumir?
Os valores devem ser mutuamente exclusivos e exaustivos. Isso significa que as
variáveis devem assumir apenas um valor num determinado tempo t. Os tipos mais comuns de
nós são o Boleanos, onde o assume duas proposições: verdadeiro ou falso, os nós de
valores ordenados, que assumem por exemplo valores como alto, médio e baixo, e por último
os nós de faixa de valores, onde suas proposições são faixas de valores, um exemplo pode ser
o nó Peso, que pode ir de 30 a 100 Kg.
2.3.2 Estrutura das redes
A estrutura, ou topologia, da rede deve capturar as relações qualitativas entre as
variáveis. Isto se da seguinte forma: dois nós devem ser conectados diretamente se uma
deles afeta o outro, e a flecha deve estar indicando a direção deste efeito.
O exemplo de uma rede bayesiana do diagnóstico de câncer de pulmão, ilustrado
abaixo, ajuda na interpretação dos conceitos mencionados acima.
Figura 2.2 - Redes Bayesianas para diagnóstico de câncer de pulmão
Como vemos na Figura 2.2, a exposição do paciente à poluição e o fato de ele ser ou
não fumante afetam a chance de se ter câncer de pulmão, portanto os arcos são direcionados
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
9
dos nós “Poluição”e “Fumante” para o “Câncer”. o “Câncerafeta tanto o resultado
do Raio-X, quanto o nó que representa a dificuldade de respirar do paciente, “Dispnéia”.
2.3.3 Probabilidades Condicionais
A partir do momento em que a topologia da rede esteja totalmente definida, parte-se
para a etapa de quantificação das relações entre os nós conectados. Esta é feita especificando-
se a distribuição de probabilidades condicionais de cada nó. Para valores discretos, é
construída uma Tabela de Probabilidades Condicionais (TCP). O mero de probabilidades
existentes numa TPC depende do número de valores que o pode assumir bem como a
quantidade de pais que este possua. Para variáveis dicotômicas, onde a variável assume
apenas dois valores, o número de probabilidades da TPC é dada por:
N
o
de probabilidades de uma TPC=2
n+1
Equação 2.3
Entretanto antes de descrever as equações que regem os lculos das probabilidades das
redes é interessante introduzir mais alguns conceitos sobre as redes Bayesianas.
2.3.4 Condição Markoviana
Definição 2.1 Seja P a distribuição de probabilidade conjunta das variáveis aleatórias de
um conjunto V e seja um DAG = (V,B). É dito que o par (G,P) satisfaz à condição
Markoviana se para cada V, onde X
V, X é condicionalmente independente de todas as
variáveis que compõem o conjunto dos seus não descendentes, dados os valores das variáveis
que compõem seu conjunto de pais. Ou, em notação probabilística, {X} ind ND(X)|PA(X)
onde ND(X) refere-se ao conjunto de não descendentes de X e PA(X) ao seu conjunto de pais.
Em outras palavras a Condição Markoviana retrata a falta de memória do processo, ou
seja, quando se sabe o atual estado do processo, informações anteriores o irrelevantes nas
inferências sobre o seu estado futuro. Assim as Redes Bayesianas utilizam a Condição
Markoviana para considerar um raiz independente de seus não descendentes. Dessa forma
só existe dependência direta entre dois nós quando os mesmos estiverem ligados por um arco.
2.3.5 Aprendizado das redes Bayesianas
Quando uma nova informação (evidência) é introduzida no processo, queremos saber
como a variável que está sendo observada se comporta, ou seja, como esta nova informação
altera o valor da variável. Esta alteração é chamada de atualização de crença, e é feita via
“fluxo”de informações através da rede.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
10
2.3.6 Tipos de raciocínio através da rede
Diagnóstico: quando o raciocínio é feito dos sintomas para as causas. No exemplo da
Figura 2.2 a evidência em questão é o paciente apresentar Dispnéia. Assim o médico com esse
novo dado em mão vai atualizar sua crença sobre o Câncer no paciente. No raciocínio
Diagnóstico o “fluxo” de informações segue o sentido contrário dos arcos.
Preditivo: as informações seguem o fluxo dos arcos, as novas evidências são causas que
atualizam os valores dos efeitos. Como exemplo pode-se citar o caso em que o paciente
chegue ao médico e diga que é fumante, com isso o médico atualiza a chance de Câncer no
paciente.
Efeito de causa comum: é representado por uma estrutura em “V” na rede. No caso do
exemplo da Figura 2.2, as causas “Poluição”e “Fumante” têm o mesmo efeito o “Câncer”.
Inicialmente, segundo o modelo, as causas são independentes uma das outras, entretanto a
condição Markoviana é quebrada pois a partir do momento em que se sabe, por exemplo, que
dado que o efeito está comprovado (paciente com câncer), e que é evidenciada uma das
causas, a outra causa tende a ter sua probabilidade diminuída. Esse efeito é conhecido como
explaining away ou ativação de dependências.
2.3.7 Independência Condicional
Retomando ao caso (a) da Figura 2.1, em que a rede apresenta uma estrutura de três nós,
onde Z causa Y e Y causa X, diz-se baseado na condição Markoviana, que a probabilidade de
X|Y é a mesma probabilidade de X|(Y
I
Z), ou seja, a ocorrência de Z não altera a crença
sobre X, dado que se sabe que Y ocorreu. Dessa forma X é condicionalmente independente
de Z, em notação probabilística {X}ind{Z}|{Y}.
O caso da letra (c) da
Figura 2.1 mostra a independência condicional de X em relação a Z, dado a ocorrência
de Y ({X}ind{Z}|{Y}). A explicação para este fato vem de que X e Z têm causa comum Y,
se não existirem evidências em relação à Y, então o fato de um dos dois efeitos estarem
presentes, altera a probabilidade de Y, o que conseqüentemente altera a probabilidade sobre o
outro efeito. Todavia se já se sabe sobre Y, o fato de um dos efeitos estar presente, como por
exemplo o efeito X, não acrescenta nada sobre a probabilidade de se ter ou não Z.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
11
2.3.8 d-Separação
As independências condicionais explicadas acima, são propriedades dos DAGs
conhecidas como d-Separação. A d-Seperação, onde o d se refere a direction-dependence,
interrompe o fluxo de dependências entre dois subconjuntos disjuntos a partir de um terceiro
subconjuntos disjuntos deles. No exemplo do caso (a) da
Figura 2.1, vê-se que o bloqueio de informações é feito pelo Y, assim tem-se que os
nós Z e X são d-separáveis, que em notação é representado por
{X}ds{Z}|{Y}
. Para o caso
três da mesma figura, se não houver indicações sobre Y, existe uma interrupção no fluxo de
informações entre Z e X, tornando
{X}ds{Z}|{Y}
. Porém quando existem indicações a
respeito de Y, automaticamente a relação de dependência entre Z e X é ativada.
2.3.9 Atualização das crenças
Supondo-se que a letra (a) da
Figura 2.1, refere-se ao caso em que um paciente esteja em uma Unidade de Terapia
Intensiva (UTI), e utiliza um respirador para auxiliar suas funções respiratórias. Além deste
equipamento o paciente está conectado também a um outro equipamento que monitoriza a
concentração de O
2
no sangue, chamado de oxímetro. Essa concentração de oxigênio no
sangue é medida através de um parâmetro chamado saturação de O
2
, ou seja, o percentual de
O
2
no sangue naquele dado instante. Um valor típico para uma pessoa saudável varia de 96%
a 100% de saturação.
Num determinado momento o médico visualiza o display do oxímetro e vê que o
paciente apresenta uma saturação abaixo do desejável. Entretanto o médico não confia
totalmente no equipamento e resolve fazer um exame de gasimetria no paciente, onde é
retirado uma certa quantidade de sangue do paciente, e este é analisado quimicamente,
indicando assim a concentração de oxigênio no sangue do paciente.
É importante salientar que cada um dos métodos acima mencionados têm uma
confiabilidade determinada pelos respectivos fabricantes dos equipamento e os valores
mostrados abaixo são meramente ilustrativos o retratando a realidade desses números, mas
são dispostos dessa maneira para facilitar o entendimento do exemplo.
Assim para modelar-se uma rede Bayesiana para este exemplo toma-se a baixa
saturação de O
2
como o Z, dessa forma P(Z) é a probabilidade do paciente ter saturação
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
12
abaixo do tolerável, devido a algum problema no respirador
1
ou da entubação do paciente. A
indicação da saturação dada pelo oxímetro como o Y, sendo P(Y) a probabilidade da
indicação dada pelo oxímetro ser real. O resultado do exame químico como o nó X, com P(X)
a probabilidade do exame estar correto. No exemplo são consideradas duas categorias para
todas as variáveis, verdadeiro (0) e falso (1).
Pela experiência do analista, aqui denotado pelo médico, obtém-se as seguintes
probabilidades a priori: P(Z=0)=0,05 e P(Z=1)=0,95 e a TPC tem os seguintes valores:
P(Y=0|Z=0)=0,9 , P(Y=1|Z=0)=0,1 , P(Y=0|Z=1)=0,2 , P(Y=1|Z=1)=0,8.
Num determinado momento o médico olha a indicação do oxímetro e que o mesmo
indica que o paciente está com a saturação abaixo do aceitável. Assim tem-se uma evidência
de Y=Verdadeiro (0). O cálculo para a atualização de crenças a partir desta evidência é
mostrado a seguir, onde Bel refere-se a crença em relação sobre a variável dada a evidência.
De acordo com a P(A|B)=αP(A)λ(A)
Equação 2.2:
( 0| 0)
Bel Z Y
= =
=
α
P(Z=0)
λ
(Z=0)
que pode ser reduzido a:
Bel(Z=0)=
α
P(Z=0)
λ
(Z=0)
Bel(Z=0)=
α
x0,05x0,9
Bel(Z=0)=0,045
α
Fazendo-se o mesmo raciocínio para o caso em que a variável assume o valor de 1:
Bel(Z=1)=
α
P(Z=1)
λ
(Z=1)
Bel(Z=1)=
α
x0,95x0,2
Bel(Z=1)=0,19
α
O valor de
α
é então calculado por:
Bel(Z=0) + Bel(Z=1)=1=0,045
α
+ 0,19
α
Assim
α
=4,26
Desta forma atualizou-se as crenças obtendo os seguintes resultados:
Bel(Z=0)=0,191 e Bel(Z=1)=0,809
1
Respirador equipamento também conhecido como ventilador mecânico, utilizado para dar suporte à vida à
pacientes que têm suas funções respiratórias prejudicadas (incapacitados de realizar o cilco respiratóio
espontaneamente), fornecendo-os ciclos respiratórios artificiais.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
13
Portanto, com a evidência do oxímetro mostrar que a saturação do paciente estava
abaixo do tolerável, a chance do paciente realmente não estar recebendo a quantidade de
oxigênio esperada sobe dos iniciais 0,05 para 0,191.
Suponha agora que temos o resultado da gasimetria, e que por algum motivo não o
valor apresentado pelo oxímetro não pode ser lido. Uma nova TPC é montada a partir da
experiência do médico, representada pela possibilidade de inacurácia na gasimetria.
P(X=0|Y=0)=0,95 , P(X=1|Y=0)=0,05 , P(X=0|Y=1)=0,15 , P(X=1|Y=1)=0,85
Dado que o teste de gasimetria deu verdadeiro para baixa saturação, uma nova evidência
foi introduzida na rede:
λ
(Z=0)=P(X=0|Y=0)P(Y=0|Z=0)+P(X=0|Y=1)P(Y=1|Z=0)
λ
(Z=0)=0,95x0,9+0,15x0,1=0,87
Bel(Z=0)=
α
P(Z=0)
λ
(Z=0)=
α
x0,05x0,87=0,0435
α
Calculando agora para Z=1:
λ
(Z=1)=P(X=0|Y=0)P(Y=0|Z=1)+P(X=0|Y=1)P(Y=1|Z=1)
λ
(Z=0)=0,95x0,2+0,15x0,8=0,31
Bel(Z=1)=
α
P(Z=1)
λ
(Z=1)=
α
x0,95x0,31=0,2945
α
Como:
Bel(Z=0) + Bel(Z=1)=1=0,0435
α
+ 0,2945
α
Bel(Z=0)=0,129 e Bel(Z=1)=0,871
Mostrando-se que a probabilidade da falta de oxigenação no sangue eleva-se de 0,05
para 0,129, dado que foi feito um exame químico.
O exemplo apresentado acima é um dos casos mais básicos de uma Rede Bayesiana,
Percebe-se, então, que se o número de nós aumentar muito e tiver muitas ramificações o
esforço demandado no cálculo das probabilidades será enorme. Portanto torna-se essencial a
utilização de simuladores (modelos computacionais) para a realização destes cálculos. Foi
com esse intuito que Firmino & Droguett (2006) desenvolveram um simulador para modelos
híbridos (DSE + AF + RB), o qual resolve os DSEs e AFs via BDD e as RB via PTCC
(Huang & Darwiche, 1994).
2.3.10 Árvore de Falhas
Segundo Modarres et al.(1999) Árvore de Falhas (AF) é um processo dedutível em que
um evento indesejado chamado de Evento Topo (ET) é postulado e as possíveis formas deste
evento ocorrer são sistematicamente deduzidas.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
14
A análise qualitativa é feita identificando-se as combinações dos modos de falhas
existentes num processo para que o evento topo venha a ocorrer. Em seguida é feita a
associação de probabilidades aos modos de falhas para assim realizar a estimação da
probabilidade do evento topo.
As figuras abaixo mostra a representação gráfica da AF.
Figura 2.3 - Árvore de Falhas
Na Figura 2.3 A, B e C são eventos básicos, ou seja eles não requerem mais
detalhamentos. A e B estão conectados a porta lógica “E”, o que representa que o Evento
Intermediário irá acontecer se e somente se A e B ocorrerem. o Evento Intermediário e
C estão conectados a uma porta lógica “OU”, ou seja, o Evento Topo irá ocorrer se o Evento
Intermediário acontecer, se C acontecer ou se ambos acontecerem.
Uma das maneiras de se calcular a probabilidade do ET ocorrer é pelo método dos
cortes mínimos, onde são encontrados as expressões Booleanas para cada porta lógica,
envolvendo apenas os eventos básicos.
Para ajudar chama-se o ponto da porta lógica “E” como G1, assim:
ET=G1 + C;
Entretanto G1=A * B;
ET=(A*B) + C
Ficando a expressão para ET apenas em função dos eventos básicos, como era desejado.
Encontrado os cortes mínimos da árvore calcula-se a probabilidade de ocorrência do
evento topo:
P(ET)=P(A*B) + P(C)
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
15
Supondo-se a independência dos eventos básicos tem-se que:
P(ET)=(P(A)P(B)) + P(C)
Pela propriedade da Distributividade de álgebra Booleana, obtém-se a expressão final
para a probabilidade do ET:
P(ET)=P(A)P(C) +P(B)P(C) Equação 2.4
2.3.11 Árvore de Eventos
Quando o sucesso de um sistema depende de uma cronologia, ou seja, existe uma
seqüência definida para a operação alcançar êxito, a Árvore de Eventos (AE), aparece como
sendo o método apropriado para modelá-lo.
A AE é uma estrutura gráfica horizontal que tem início na esquerda, onde o evento
iniciador descreve uma determinada situação, e é o ponto de partida para o desenvolvimento
de uma sequência cronológica.
No exemplo da Figura 2.4, mostra-se uma AE para uma situação em que um sistema é
formado por 3 subsistemas. O primeiro que está em funcionamento e dois outros de reserva,
que estão conectados de forma que o segundo entra em funcionamento assim que detecta
falha no primeiro e o terceiro entra em funcionamento assim que detecta falha no segundo.
O subsistema 1 (S1) do dado sistema é representado na parte superior da AE como
Falha de S1, e este é o evento iniciador do processo. E como visto, para o sistema obter
sucesso na sua operação ou o subsistema 2 (S2) tem de operar corretamente, ou se o mesmo
falhar o subsitema 3 (S3) deve obter êxito, caso contrário o sistema irá falhar.
Figura 2.4 - Exemplo de Árvore de Eventos
A probabilidade de sucesso do sistema é calculado pela probabilidade da soma das
sequencias de sucesso. A nomenclatura
Sn
significa que o enésimo subsistema falhou.
P(Sucesso do Sistema) = P(Sequencias de Sucesso)
P(Sucesso do Sistema) = P(Cenário 1 + Cenário 2)
P(Sucesso do Sistema) = P(Cenário 1) + P(Cenário 2)
Onde,
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
16
P(Cenário 1) = P(
1
S
S2) = P(
1
S
)P(S2)
P(Cenário 2) =
1
S
2
S
S3 = P(
1
S
)P(
2
S
)P(S3)
Assim:
P(Sucesso do Sistema) = P(
1
S
)P(S2)+ P(
1
S
)P(
2
S
)P(S3) Equação 2.5
2.3.12 Modelagem das probabilidades de falhas de subsistemas de uma árvore de
eventos através de árvores de falhas
A modelagem das probabilidades de falhas dos subsistemas de uma árvore de eventos
podem ser quantificadas através das árvores de falhas.
Decompondo os Subsistemas S1, S2 e S3, tendo Falha de S2 e Falha de S3 como evento
topo:
(a) (b) (c)
Figura 2.5 - Árvore de Falhas dos subsistemas S1, S2 e S3
Assim a probabilidade de falha de cada subsistema é dado pelas seguintes expressões,
em função dos seus eventos básicos:
P(
1
S
)=P(A)P(B)
P(
2
S
)=P(B)P(C)
P(
3
S
)=P(C)P(D)
Dessa forma a Equação 2.5 torna-se:
P(Sucesso do Sist.) = P(A)P(B)[1-P(B)P(C)]+P(A)P(B)P(B)P(C)[1-P(C)P(D)]
P(Sucesso do Sist.) = P(A)P(B) - P(A)[P(B)]
2
[P(C)]
2
P(D)
O complementar é dado por:
P(Falha do Sistema)=1-P(Sucesso do Sistema) Equação 2.6
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
17
2.3.13 Conversão da árvore de eventos em rede Bayesiana
A conversão de uma AE à uma Rede Bayesiana, é feita de forma a facilitar a
compreensão do sistema. Pois, como já dito anteriormente, as Redes Bayesianas têm uma
representação gráfica que mostram de forma mais clara e direta as relações causais que regem
o processo.
Para a árvore sugerida na Figura 2.4, que tem suas equações de probabilidades de falhas
dos subsistemas definida pela P(Sucesso do Sistema) = P(
1
S
)P(S2)+ P(
1
S
)P(
2
S
)P(S3)
Equação 2.5, tem-se sua Rede Bayesiana equivalente dada pela Figura 2.6.
Onde o anagrama SiF representa a falha do i-ésimo subsistema.
Figura 2.6 - Conversão da árvore de eventos em rede Bayesiana
As linhas tracejadas representam as relações funcionais entre os subsistemas, de acordo
com a sequência de eventos que leva a cada cenário apresentado na árvore de eventos. Ao se
percorrer a Rede a partir de um evento básico é possível visualizar o contexto de causa e
efeito que cada processo provoca no sistema. Como exemplo, partindo-se do evento básico B,
ou seja B ocorre, os subsistemas S1 e S2 falham, então S3 é ativado. Caso haja falha de C ou
D, o sistema irá falhar por completo. É importante salientar que a árvore da Figura 2.6 foi
desenvolvida no contexto de falha.
2.3.14 Tipos de modelagem
Numa Rede Bayesiana, segundo Santos (2005), os cenários podem ser modelados de
acordo com o nível de dependência dos eventos. A classíficação de dependência é dada da
seguinte forma: dependência total, dependência parcial e independência.
Abaixo são descritos todos os casos.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
18
Independência: os eventos que compõem um dado cenário não sofrem nenhuma
influência do evento anterior, bem como não causam influência no evento posterior. Este tipo
de representação reproduz apenas uma quantificação aproximada da realidade.
Para modelar graficamente a rede com essa característica, deve-se concatenar através de
arcos todos os seus nós ao final, sem existir interligações entre os nós. Feita esta
construção, monta-se a Tabela de Probabilidades Condicionais do Evento Final, e a partir da
quantificação desta tabela é obtida a modelagem do cenário desejado.
Figura 2.7 - Rede Bayesiana com eventos independentes
Dependência Parcial: os eventos que compõem um dado cenário são considerados
dependentes apenas de uma quantidade determinada de eventos imediatamente anteriores a
ele. Podendo existir uma flexibilização dessa quantidade de eventos dependentes, facilitando a
modelagem para alguns tipos de cenários.
Para a modelagem gráfica da rede com dependência parcial deve-se conectar os nós
dependentes através de arcos, ligando-os diretamente. Da mesma forma que nas redes com
eventos independentes, para as redes com dependência parcial constrói-se uma TPC para o
Estado Final do cenário.
Figura 2.8 - Rede Bayesiana com eventos parcialmente dependentes
Dependência Total: os eventos que compõem um dado cenário são totalmente
dependentes quando eles são dependentes de todos os eventos anteriores a ele. Numa
linguagem gráfica, significa dizer que cada evento irá receber um arco de um evento anterior
a ele.
Da mesma forma que os casos anteriores constrói-se uma TPC do evento final e
quantifica-se o cenário desejado.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
19
Figura 2.9 - Rede Bayesiana com eventos totalmente dependentes
Abaixo são mostradas as tabelas da lógica Booleana para cada variável e seus
causadores. Em uma Rede Bayesiana a quantificação do cenário final é feita através de
atribuições de probabilidades à tabela de probabilidades condicionais do estado final, vide
Tabela 2.2.
Tabela 2.1 – Tabela de probabilidades condicionais do estado final S3
P(S3F| S2F, C, D) S2F, C, D
Sim Não
Sim Sim Sim 1 0
Sim Sim Não 1 0
Sim Não Sim 1 0
Sim Não Não 0 1
Não Sim Sim 0 1
Não Sim Não 0 1
Não Não Sim 0 1
Não Não Não 0 1
Tabela 2.2 - Tabela de probabilidades condicionais para falha do sistema
P(Sistema Falhar| S1F, S2F, S3F) S1F, S2F, S3F
Sim Não
Sim Sim Sim 1 0
Sim Sim Não 0 1
Sim Não Sim 0 1
Sim Não Não 0 1
Não Sim Sim 0 1
Não Sim Não 0 1
Não Não Sim 0 1
Não Não Não 0 1
2.4 Diagrama de Seqüência de Eventos
O Diagrama de Seqüência de Eventos (DSE) pode ser visto como uma representação
visual do cenário a ser avaliado. Esta técnica é utilizada em várias instâncias, Stutzke et al.
(1991) propõe o uso de DSEs para o auxílio da compreensão em cenários de acidentes e
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
20
ajudar a monitorá-los. DSEs também são usadas para auxiliar na construção de Árvores de
Eventos nas Usinas Nucleares.
O DSE ajuda na identificação e construção de seqüências de eventos em cenários
dinâmicos, dado que ele se parece bastante com os tradicionais Gráficos de Fluxo. O que é
visto no DSE é o que pode vir a acontecer no processo de acordo com um evento iniciador. A
caracterização do DSE é feita a partir de uma sêxtupla, com o seguintes elementos:
Eventos (E) : pode ser qualquer fenômeno físico observado pelo analista, que ele deseje
colocar no DSE. Abaixo segue uma tabela com os símbolos utilizados pelos eventos:
Tabela 2.3 - Simbologia para os eventos do DSE
Caixa de Comentário: usada apenas melhor
compreensão da seqüência de eventos.
Evento Iniciador: O primeiro evento num DSE, aquele
que inicia a seqüências de eventos.
Evento Pivotal: Evento com dois possíveis resultados,
normalmente “Sim” ou “Não”.
Estado Final: É o ponto final da seqüência de eventos.
Numa dada seqüência pode existir vários estados
finais.
Atrasos: Podem ser detreminísticos, onde nenhum
evento ocorre durante aquele dado período, ou podem
ser aleatórios, onde o tempo de atraso é uma variável
aleatória.
Condicionais (C) : São usadas para escolher entre caminhos binários, baseados na
satisfação ou não da condição.
Tabela 2.4 - Simbologias dos condicionais do DSE
Condições de Tempo: Baseadas em limites de tempos.
Expressos na forma a<t<b.
Competição: É uma “corrida”entre dois eventos. Tem
dois resultados possíveis dependendo de qual seja
completo primeiro.
Switch: Baseado num processo deterministico,
expresso da forma a<p<b, sendo o resultado
dependente da satisfação ou não da condição.
Não
Sim
Não
Sim
Não
S
im
Não
S
im
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
21
Portas (P) : São duas as portas utilizadas, a porta “E” e a porta “OU”. Podem conectar
eventos simples a eventos múltiplos ou vice-e-versa.
Tabela 2.5 - Simbologias das portas do DSE
Porta “OU” de Saída: é usada para modelar
resultados mutuamente exclusivos.
Porta “OU” de entrada: é usada para combinar
diferentes eventos que geram um mesmo evento.
Porta E” de saída: uma entrada que gera múltiplos
eventos concorrentes.
Porta “E” de entrada: para situações em que os
cenários evoluem, depois que um conjunto de
situações independentes acontecem. Essa porta pode
ser chamada de sincronizadora.
Conjunto de Parâmetros do Processo (CPP): Consiste nos parâmetros temporais e
físicos que influenciam no sistema.
Fronteiras (F): Um intervalo ou conjunto de intervalos dos parâmetros do processo que
estão em competição para a ocorrência de um evento.
Os DSE podem ser bastante complexos e ajudar bastante na construção de vários
cenários de acidentes, porém para o trabalho proposto utiliza-se basicamente apenas os
eventos iniciadores, eventos pivotais e estados finais na construção das seqüências de eventos
de forma a facilitar a conversão dos DSE em AE.
2.4.1 Cenários
O cénario para a ACH contém um EI, um ou mais EP e um Estado Final (EF), conforme
pode se visto no diagrama da Figura 2.10.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
22
Figura 2.10 - Descrição do cenário em ACH
2.4.2 Eventos Iniciadores
Os eventos iniciadores são falhas ou perturbações que dão início a um cenário. É de
suma importância que o máximo de candidatos a EI sejam considerados. Dado que seu
conjunto de candidatos está formado, é possível fazer uma análise um pouco mais criteriosa
para eliminar ou agrupar alguns destes candidatos.
A eliminação pode ser feita se o candidato tiver uma probabilidade de ocorrência muito
baixa em relação aos outros, se este mesmo candidato for um evento iniciador de perturbação
em um outro estado do sistema ou se o mesmo não estiver dentro da abrangência da análise de
risco em questão.
Os candidatos devem ser agrupados num mesmo EI quando eles induzirem o sistema a
uma mesma resposta.
2.4.3 Eventos Pivotais
Eventos que possuem dois possíveis resultados, normalmente “sim” e “não”.
2.4.4 Estado Final
É o ponto final de uma sequência de eventos. Para uma dada sequência podem existir
vários estados finais.
Capítulo 2 Fundamentação Teórica
23
2.4.5 Ilustração do Diagrama de Seqüência de Eventos
Figura 2.11 - Conceito de Diagrama de Seqüência de Eventos
Com a utilização do simulador de modelos híbridos citado anteriormendo, não é preciso
converter os DSEs em AEs pois o software faz o cálculo das probabilidades dos estados
finais, sem ser necessária a conversão. Entretanto para melhor ilustrar os cenários todas as
AEs das etapas do processo cirúrgico foram desenvolvidas.
Na análise probabilística do risco a AE de um processo é derivada a partir do seu
respectivo DSE. O início da AE é representado pelo Evento Iniciador do DSE, o qual irá
definir o processo a ser estudado. Os caminhos da árvore são montados baseando-se nos
eventos pivotais, sua ocorrência ou não, definem cenários diferentes.
Figura 2.12 - Representação do DSE da Figura 2.11 através de uma árvore de eventos
Capítulo 3 Análise de Confiabilidade Humana
24
3 ANÁLISE DE CONFIABILIDADE HUMANA
A Análise de Confiabilidade Humana é uma metodologia de avaliação de confiabilidade
humana, definida por Swain & Guttman (1983), como sendo a probabilidade de que uma
tarefa ou procedimento seja concluída com sucesso pelo seu operador ou equipe em qualquer
estágio na operação de um sistema dentro de um mínimo de tempo exigido.
Dessa forma o não sucesso da tarefa está associada a um erro humano cometido pelo
operador ou equipe. Segundo Wicknens et al. (1997), erro humano é um comportamento
inapropriado que diminui o nível de eficiência ou segurança de um sistema, o qual pode ou
não resultar em acidentes ou danos.
Os erros podem ser classificados de diferentes formas dependo de cada autor. Para
Swain & Guttman (1983) existem duas formas de classificação: erros de comissão, aqueles
que são cometidos durante a execução da tarefa; e os erros de omissão, os quais são cometidos
por se omitir um determinado passo da tarefa. Reason (1990) a seguinte nomenclatura
aos erros: Mistakes, ações intencionais que provocam erros, ou seja, o executor acredita estar
tomando a ação correta entretanto realiza ações incorretas. Lapsos, ações não intencionais que
provocam erros devido à falhas de memória no decorrer da tarefa. Slips, erro cometido
durante a execução da tarefa, como por exemplo rapidez ou lentidão na execução do
procedimento.
Num primeiro momento foram desenvolvidos métodos de avaliação da confiabilidade
humana baseada em árvores de eventos, nos quais as variáveis assumem valores binários,
várias vezes utilizado dá análise por árvores de falhas para descriminar os erros. Esses
métodos foram caracterizados como modelos de Geração. Destacam-se nesta geração os
seguintes: Accident, Investigation and Analysis (AIPA), Confusion Matrix (CM), Thecniqui
for Human Error Prodiction (THERP), Human Cognitive Reliability (HCR), dentre vários
outros, que podem ser melhor observados em Hollnagel (1998) apud Menezes, R. (2005).
Devido a essa essência binária dos modelos da geração, desenvolveu-se um método
de avaliação em que as variáveis podem assumir valores policotômicos, afim de retratar mais
fielmente a natureza do cenário causador dos erros cometidos pelos homens. Os principais
métodos retratados na literatura são: Cognitive Environment Simulator (CES), Intention Event
tree System (INTENT), Cognitive Event Tree System (COGENT), EPRI Project on Methods
for Addressing Human in Safety Analysis, Human Interaction Timeline (HITLINE), A
Technique for Human Error Analysis (ATHEANA), Cognitive Reliability and Error Analysis
Capítulo 3 Análise de Confiabilidade Humana
25
Method (CREAM). A seguir descreve-se o modelo IDAC que é um modelo muito importante
na evolução das técnicas de ACH.
Para ilustrar melhor a segunda geração o método CREAM é descrito a seguir.
3.1 Cognitive Reliability and Error Analysis Method (CREAM)
A técnica foi desenvolvida por Hollnagel em 1993, com o objetivo de fazer uma análise
preditiva do desempenho humano, caracterizando de forma mais fiel a influência das causas
em relação as manifestações observadas. Caracterização que tem início a partir de métodos
sistemáticos de descrição da tarefa.
Após descrever a tarefa, através do Common Performace Conditions (CPC) avalia-se as
condições de trabalho, tais como tempo disponível para o procedimento, preparação e
treinamento adequados para os operadores, dentre outros. Em seguida determina-se a
probabilidade associada à capacidade de executar a tarefa por um operador integrado no
contexto do CPC.
3.2 Modelo IDAC
Entretanto, a fim de suplantar as restrições impostas pelos métodos da 1ª e gerações e
com o objetivo de melhor modelar as relações de causa e efeito em uma sala de controle de
uma planta de energia nuclear, Chang & Mosleh (1999) desenvolveram um método que tenta
descrever mais fielmente os fatores que influenciam no comportamento dos operadores
durante a realização de tarefas. Este modelo cognitivo foi chamado de IDAC (Information,
Decision and Action in a Crew).
Para tornar o modelo dinâmico, acopla-se o IDAC a árvores de eventos. A partir de um
evento iniciador, tenta-se modelar o comportmeto do operador dentro de um sistema
dinâmico, observarvando-se as diferentes possibilidades de escolha que o operador pode
tomar. Onde fatores ambientais (frio, calor, umidade), fatores fisiológicos (fadiga, estress),
fatores organizacionais (ambiente de trabalho, ferramentas disponíveis), fatores de grupo de
trabalho (liderança, grupo coeso, confiança) e fatores internos como experiência e
autoconfiança, entram no modelo influenciando a resposta do operador.
Cada um dos caminhos seguidos dentro da árvore de falhas é influenciado por um ou
mais de um dos fatores supra-mencionados. O primeiro passo para se calcular a probabilidade
deste dado caminho, é elicitar os especialistas para que eles indiquem os pesos que devem ser
atribuídos a cada um dos fatores. Posteriormente define-se quais fatores irão interferir nos
Capítulo 3 Análise de Confiabilidade Humana
26
determinados estágios do modelo. Então calcula-se a probabilidade da alternativa tomando-se
o valor do seu peso dividido pelo fator de normalização, que é dado pelo somatório dos pesos
de todas as alternativas existentes num determinado estágio. O último passo deste processo é
multiplicar todas as probabilidades de um dado caminho para assim obter a probabilidade
desta sequência da árvore.
Entretanto mesmo o modelo IDAC, apesar de ser bem mais realístico do que os
modelos de 1ª e 2ª gerações, também apresenta falhas de modelagem. Pois como mostrado em
Firmino et al. (2004) e Firmino (2004), o IDAC assume independências irreais entre as
variáveis do sistema. E com o intuito de minimizar essas limitações a seguir é proposto um
outro método de ACH.
3.3 Fatores de Desempenho
Segundo Swain e Guttman (1983), os Fatores de Desempenho (FD) são todos os fatores
que influem de alguma forma sobre a confiabilidade humana e consequentemente auxiliam na
determinação da probabilidade de erro humano. Estes FD são divididos em três tipos:
FD Externo: como o próprio nome diz, são fatores de fora do indivíduo, que passam
a influenciar a realização de uma determinada tarefa. Dentre estes fatores estão as condições
ambientais e as condições de trabalho para a execução da tarefa.
Os FDs externos são subdivididos em mais três subgrupos da seguinte forma:
Características do Local de Trabalho, como exemplo temperatura e umidade do local;
Característica da Tarefa/Equipamento, por exemplo o design do equipamento; e por último a
Instrução da atividade de trabalho e da tarefa, onde podem ser citados como exemplo a
quantidade de treinamento dado a uma pessoa para a execução da tarfea.
FD Internos: o os fatores intrínsecos do ser humano que passam a determinar o nível
de competência desse indivíduo para desempenhar uma certa tarefa. Pode-se citar como FD
Internos a condição física do trabalhador, a sua identificação com o grupo de trabalho, dentre
outros que estão mostrados na Tabela 3.1, que foi retirada de Swain e Guttman (1983).
FD Estressantes: de acordo com Lipp (1996), estresse é uma reação do organismo, com
componentes físicos e pscicológicos, causadas pelas alterações psicofisiológicas que ocorrem
quando a pessoa se confronta com uma situação que, de um modo ou de outro, a irrite,
amedontre, excite, confunda ou mesmo que a faça feliz.
Devido a extrema importância dessa reação orgânica, o estresse apesar de ser uma
reação interna ao indivíduo, e portanto seria classificada como um FD Interno, é tratado num
Capítulo 3 Análise de Confiabilidade Humana
27
grupo especial designado somente para si mesmo. A tabela 3.1 descrimina os fatores
estressantes.
Tabela 3.1 – Fatores de Desempenho (Swain & Guttmann, 1983)
FD EXTERNOS FD ESTRESSANTES FD INTERNOS
CARACTERÍSTICAS
DO LOCAL DE
TRABALHO
CARACTERÍSTICAS
DA TAREFA E
EQUIPAMENTOS
FATRES
PSCICOLÓGICOS
CARACTERÍTICAS
INDIVIDUAIS
- Característica estrutural
- Qualidade do ambiente
de trabalho:
- Temperatura
- Umidade
- Radiação
- Perturbação sonora
- Vibração
- Limpeza
- Hora de trabalho/ Hora
de descanso
- Mudança de turnos
- Diaponibilidade de
equipamentos e
ferramentas especiais
- Estrutura
organizacional:
- Autoridade
- Responsabilidade
- Canais de
Comunicação
- Política organizacional
da empresa
- Prêmios e benefícios
- Surpresa inicial
- Duração do estresse
- Velocidade da tarefa
- Carga de atividade
- Riscos na execução da
tarefa
- Ameaças:
- De fracasso
- Perda do trabalho
- Trabalhos monótonos
- Trabalhos de longos e sem
sentido
- Conflitos de avaliação de
desempenho do trabalho
- Ausência de reforço ou
reforço negativo
- Senso de privação
- Distração por:
- Barulho
- Luminosidade
- Movimento
- Tela trêmula
- Cor
- Dicas inconscistemtes
FATORES
ORGANIZACIONAIS
FATORES
FISIOLÓGICOS
- Procedimento realizado
(escrito ou não escrito)
- Communicação escrita
ou oral
- Prevenção e advertência
- Método de trabalho
- Política de planta
(Prática de compra)
- Percepção exigida na
tarefa
- Movimentos exigidos na
tarefa:
- Velocidade
- Força
- Precisão
- Atenção aos sinais de
alerta
- Solicitação antecipada
- Interpretação
- Tomada de decisão
- Complexidade
- Estreiteza da tarefa
- Frequência e
repetitividade
- Criticalidade da tarefa
- Capacidade de memória
exigida para execução da
tarefa:
- Termos exigidos
durante muito tempo
na memória
- Termos exigidos
durante pouco tempo
na memória
- Requisito matemático
- Feedback
- Atividade dinâmica vs
passo a passo
- Estrutura e comunicação
da equipe
- Fatores de interface
homen-máquina:
- Projeto do primeiro
equipamento
- Teste do
equipamento
- Fabricação do
equipamento
- Ajuda no trabalho
- Ferramentas
- Duração do estresse
- Fadiga
- Dor ou desconforto
- Fome ou sede
- Temperatura extrema
- Radiação
- Força G extrema
- Pressão atmosférica
Exterma
- Oxigênio insuficiente
- Vibração
- Restrição de movimento
- Falta de exercício físico
- Interrupção do rítmo
cardíaco
- Treinamento
prévio/xxperiência
- Estado prático atual ou
destreza
- Personalidade e inteligência
variável
- Motivação e atitude
- Estado emocional
- Estresse (mental ou tensão
corpórea)
- Conhecimento do
desempenho necessário padrão
- Diferença sexual
- Condição física
- Atitude beseada na influência
da família, em outras pessoas
de fora da família ou agências
- Identificação do grupo
Capítulo 3 Análise de Confiabilidade Humana
28
3.4 Descrição da Tarefa
Dentre os vários métodos de Descrição da Tarefa existentes, selecionou-se o
Hierarchical Task Analysis (HTA), uma metodologia capaz de melhorar o entendimento das
atividades que integram um determinado trabalho. Segundo Kirwan & Ainsworth (1992),
HTA é um método sistemático que descreve e organiza as tarefas que deverão ser executadas
no decorrer de um trabalho.
A HTA inicia-se com a definição da meta a ser atingida. Após a definição da meta,
estabelecem-se os planos que contém as tarefas seqüenciadas para a se obter a realização da
meta. Para cada uma dessas tarefas determina-se suas sub-tarefas, indicando quando as
mesmas forem simultâneas. O analista decide a que nível de detalhamento das sub-tarefas
deve-se chegar. Dessa forma, a partir da construção da HTA os Eventos Iniciadores dos DSEs
podem ser caracterizados.
Capítulo 4 Histerectomia Vaginal
29
4 HISTERECTOMIA VAGINAL
Abaixo é descrita brevemente a anatomia da genitália feminina para uma melhor
compreensão da técnica cirúrgica que será analisada nas seções subseqüentes.
4.1 Anatomia Genital Feminina
De acordo com Rock & Thompson (1999) a pelve feminina pode ser dividida
espacialmente em duas porções: a genitália externa e a genitália interna.
4.1.1 Genitália Externa
A genitália externa, também conhecida como vulva, é subdividida nas seguintes partes:
Grandes Lábios: são pregas cutâneas ricas em tecido adiposo que formam as porções
laterais da vulva, possuem glândulas sudoríparas e sebáceas. São provenientes do
Monte de Vênus e recobrem o intróito vaginal. A parte externa dos grandes lábios é
recoberta por pêlos.
Pequenos Lábios: são constituídos de duas pregas finas, ricas em vasos sanguíneos.
Possui grande quantidade de glândulas sebáceas, não possuindo glândulas
sudoríparas. Os pequenos Lábios são usualmente recobertos pelos Grandes Lábios,
eles se estendem do prepúcio do Clitóris se unindo aos Grandes Lábios na comissura
posterior.
Hímen: é uma membrana irregular que cobre parcialmente o intróito vaginal, sua
forma e espessura variam de pessoa para pessoa.
Clitóris: é um corpo cilíndrico e erétil localizado na parte na borda inferior da sínfise
púbica. É o órgão homólogo ao pênis no corpo masculino.
Vestíbulo: é uma fenda entre os pequenos lábios que vai do Clitóris à região posterior
do Hímen. É no Vestíbulo que se localizam o meato uretral, o intróito vaginal e as
glândulas de Bartholin.
Meato Uretral: orifício por onde sai a urina.
Intróito Vaginal: é a abertura da vagina na vulva.
Glândulas de Bartholin: são glândulas sebáceas que têm função de lubrificação da
genitália durante o ato sexual.
Monte de Vênus: coxim gorduroso, que diminui o impacto durante a relação sexual,
está localizado acima do Prepúcio Clitoriano.
Capítulo 4 Histerectomia Vaginal
30
Figura 4.1 – Representação da Genitália Externa
4.1.2 Genitália Interna
A genitália interna é formada pela vagina, útero, trompas uterinas e ovários.
Vagina: é um órgão tubular elástico, responsável pela cópula, que comunica o útero
ao meio eterno. A sua média de tamanho é de aproximadamente 10cm. Sua
musculatura é lisa e é recoberta por uma mucosa formada de epitélio escamoso e
apresenta uma grande resposta aos estímulos hormonais. É irrigada na sua porção
superior pela artéria vaginal, sua porção inferior é irrigada pelos vasos
hemorroidários e de ramos da artéria pudenta.
Útero: é um órgão muscular interno localizado entre o reto e a bexiga, comunicando-
se diretamente com a vagina na sua parte inferior e com as trompas na sua parte
superior. Suas medidas aproximadas são de 7 x 5 x 2,5 cm. O órgão é dividido em
quatro regiões: fundo uterino, istmo, corpo e colo uterino. O útero normalmente é um
órgão móvel, estando fixo à parede pélvica lateral e é sustentada por vários
ligamentos, como o ligamento largo, a mosossalpinge e o ligamento infundíbulo
pélvico. É neste órgão onde se desenvolvem os fetos durante todo o período da
gravidez.
Trompas Uterinas: conhecidas também como Trompas de Falópio, são estruturas
tubulares bilaterais com aproximadamente 10 cm de extensão. Podem ser divididos
em três porções: Intersticial, que é responsável pelo contato direto com a cavidade
uterina, ístmica, que é a porção menos estreita da trompa. E a ampola, porção mais
longa que leva os dois tubos a se abrem no ovário.
Capítulo 4 Histerectomia Vaginal
31
Ovários: são estruturas sólidas de cor rosa-acinzentada, situadas lateralmente ao
útero. É ligado inferiormente às trompas uterinas. Possuem forma ovóide e medem
aproximadamente 5 x 2 x 2 cm e pesando de 4 a 8 g. Esse tamanho varia de acordo
com a idade da paciente e da fase do ciclo menstrual da mesma. Os ovários são
irrigados pelas artérias ovarianas e por ramos ovarianos da artéria uterina, e sua
sustentação é feita pelos ligamentos suspensos do ovário, ligamento ovariano,
mesovário, ligamento uterovariano e ligamento infundibulopélvico.
Figura 4.2 – Representação da Genitália Interna
4.2 Histórico da Histerectomia
Até o século XIX não houveram avanços significativos nas técnicas de histerectomia,
entretanto estão registrados vários relatos deste procedimento anteriormente a esta data. A
histerectomia vaginal foi realizada muitos séculos antes de qualquer registro de cirurgia por
via abdominal. As primeiras referências à técnica vaginal, feitas por Hipócrates, datam do
século V aC. em 1517 o italiano Jacopo Berengario, realizou cirurgias de histerectomia
vaginal, adaptando a técnica desenvolvida por seu pai. Em 1600, Schenck de Granbenberg
relatou 26 casos de histerectomia vaginal. Todas essas primeiras cirurgias foram realizadas
devido a prolapso ou inversão uterina, pois os médicos ou parteiras da época não reconheciam
a natureza do útero invertido, cortando-o imprudentemente.
Contudo, os relatos de cirurgia tornam-se esporádicos durante o século XVII e XVIII. O
século XIX inicia-se com os cirurgiões retomando a técnica e a realizando em vários países
como França, Alemanha, Inglaterra e Estados Unidos. Sendo obtidos resultados bem
sucedidos para o tratamento do câncer de útero. Segundo Rock & Thompson (1999) no final
Capítulo 4 Histerectomia Vaginal
32
deste século a técnica de histerectomia vaginal foi sistematicamente estudada e desenvolvida
por Czerny, Billroth, Mikulicz, Schoroeder, Kocher, Teuffel e Spencer Wells.
Paralelamente à técnica vaginal foi desenvolvendo-se a histerectomia abdominal.
Entretanto, cirurgia por via abdominal evoluiu a partir do momento em que os cirurgiões
passaram a ter o controle da dor, controle da infecção e controle da hemorragia. Pois antes
deste momento as taxas de mortalidade eram cerca de 80% a 90%. O controle pleno destes
parâmetros aconteceram no século XX, o que tornou a histerectomia abdominal, como já
mencionado anteriormente, na segunda cirurgia de grande porte mais realizada no mundo.
Dessa forma a HA foi o tipo de intervenção que dominou a medicina durante o século
passado. Entretanto, com os avanços nos materiais utilizadas nos instrumentais cirúrgicos a
HV voltou à tona no início da década de 80. Com o aprimoramento da técnica, como foi
mencionado anteriormente, vários cirurgiões passaram a utilizar a HV e, como já mencionado,
os resultados para esta técnica são mais favoráveis.
A partir desta breve revisão histórica, observa-se que a cirurgia de histerectomia evoluiu
consideravelmente nos últimos 150 anos. E mais importante, passou de uma cirurgia de
altíssimo risco e feita com pequena freqüência para uma modalidade terapêutica muito
importante e de grande porte, que pode salvar vidas das pacientes, bem como melhorar a sua
saúde, desde que haja uma correta seleção da técnica a ser aplicada e que haja um preparo
adequado da paciente e do corpo clínico envolvido no procedimento cirúrgico.
4.3 Indicações e contra-indicações para o procedimento cirúrgico
Como descrito anteriormente, o número de intervenções por via genital vem se
multiplicando nos últimos anos, dado que esta técnica apresenta as mesmas vantagens da
cirurgia vídeo-assistida, sem os inconvenientes das anestesia geral, maior permanência da
paciente no EAS, e os altos custos de instrumental e material especializado para cirurgias
assistidas por imagens. Aponta-se como outras vantagens da HV sobre a histerectomia
abdominal os seguintes fatores: menor tempo de cirurgia, menor incidência de íleo paralítico e
aderências, menor intensidade dolorosa e retorno mais rápido as atividades. Maior facilidade
para correção das distopias genitais, menor tempo de internação e custo hospitalar, menor
incidência de complicações e taxa de mortalidade.
Abaixo são apontadas as indicações para a realização da Histerectomia:
1. Sangramento uterino disfuncional não responsivos a medicações.
Capítulo 4 Histerectomia Vaginal
33
2. Miomatose sintomática .
3. Dismenorréia severa
4. Hiperplasia endometrial.
As contra-indicações para a HV são as seguintes:
1. Mobilidade uterina ausente ou muito comprometida mesmo após a anestesia.
2. Amplitude vaginal menor do que 3cm.
3. Úteros com configuração em bola de canhão (aumento difuso com volume
maior do que 300cm3).
4. História de suspensão uterina prévia principalmente fixação ventral a parede
abdominal.
5. Endometriose, DIP, fundo de saco ocupado.
6. Abscesso tubo-ovariano.
7. Patologias malignas uterinas, das trompas ou dos ovários.
Antes da realização da cirurgia é de fundamental importância a equipe cirúrgica ter em
mãos os seguintes exames da paciente: ABO/Rh, hemograma, glicemia, creatinina,
coagulograma, sumário de urina, citologia oncótica, Ultrassom transvaginal,
eletrocardiograma, raio x de tórax em PA e perfil, estudo endometrial.
4.4 Descrição do procedimento cirúrgico
O procedimento cirúrgico é detalhadamente descrito durante a apresentação da
descrição da tarefa no Capítulo 5.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
34
5 CARACTERIZAÇÃO DOS RISCOS NO PROCEDIMENTO DE
HISTERECTOMIA VAGINAL
5.1 Metodologia Proposta
O fluxograma da Figura 5.1 apresenta a metodologia proposta para o desenvolvimento
da avaliação probabilística do risco num procedimento cirúrgico em geral. Entretanto ele é
desenvolvido baseado na análise da Histerectomia Vaginal.
Figura 5.1 – Metodologia Proposta
A primeira etapa é constituída da familiarização com o procedimento a ser estudado. É
neste momento que se adquire conhecimento necessário para se começar a fazer as análises
qualitativas do processo. A principal maneira de adquirir esse conhecimento, caso o analista
não seja um especialista na área, é a observação do procedimento bem como a troca de
informações com especialistas que atuam na área.
Após a familiarização constrói-se as HTAs do processo que, como definido
anteriormente, é uma descrição hierárquica das tarefas envolvidas no processo de forma a
descrevê-las e organizá-las sistematicamente. Paralelamente, são feitas as tabelas que
descrevem cada etapa da HTA, identificando a tarefa realizada, os operadores envolvidos, a
suas respectivas localizações, suas ações e os possíveis erros decorrentes de uma execução
errônea da tarefa estabelecida.
5.1.1 Análise Qualitativa
As etapas da análise qualitativa são compostas pela construção dos Diagramas de
Seqüência de Eventos, das Árvores de Falhas e das redes Bayesianas, que são baseados nas
coletas de informação desenvolvidas na etapa anterior. A integração destas etapas formam o
modelo causal híbrido, que será descrito detalhadamente no próximo tópico.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
35
5.1.1.1 Modelo Causal Híbrido
O modelo probabilístico de risco é híbrido pois é baseado na integração dos diagramas
de seqüências de eventos, árvore de falhas e redes Bayesianas dinâmicas. Nesta modelagem
os eventos pivotais dos DSEs relacionados a erros humanos, ou seja, resultantes diretamente
de ações humanas, são modelados via redes Bayesianas. Enquanto que os eventos pivotais
relacionados à falha de equipamentos são modelados via árvore de falhas.
Os DSEs são usados para caracterizar a evolução temporal de forma dinâmica das
etapas do procedimento cirúrgico. Por meio das HTAs pode-se identificar e caracterizar as
relações causais de cada cenário e seqüência de eventos. Este fato é importante não apenas
para caracterizar os riscos, como também para reduzi-los, pois sabendo suas causas torna-se
viável eliminar ou mitigar os riscos.
5.1.1.2 Etapas da análise qualitativa
Na primeira etapa são definidos os estados finais e os eventos pivotais do DSE,
caracterizando as relações causais dos cenários e das seqüências de eventos existentes no
procedimento. Para os eventos pivotais relacionado às falhas em equipamentos, o modelo de
confiabilidade baseado em árvore de falhas é aplicado. Construindo-se a AF correspondente a
cada equipamento envolvido.
A próxima etapa qualitativa é a fase de identificação dos fatores de desempenho
relevantes ao corpo clínico que participa do procedimento cirúrgico. Estes FDs são a base
para a construção do modelo de confiabilidade humana baseado em Redes Bayesianas
Dinâmicas para o cirurgião e dos seus dois auxiliares diretos.
A última etapa da análise qualitativa consiste na modelagem dos eventos pivotais
relacionados a erros humanos, ou seja, na construção das redes Bayesianas dinâmicas dos
fatores de desempenho para os integrantes dos cenários estabelecidos.
5.1.2 Análise Quantitativa
Devido à escassez de dados empíricos relativos ao desempenho humano durante o
procedimento de Histerectomia Vaginal, teve-se que recorrer à opinião de especialistas para
se obter as probabilidades das redes Bayesianas.
A fim de alimentar as RBs do sistema com suas probabilidades foram feitas entrevistas
com os especialistas, conhecidas como elicitações, para obter-se estas probabilidades. Neste
trabalho foi utilizado, como será mencionado adiante, o método de elicitação direta onde cada
especialista atribui uma probabilidade para um cenário mais pessimista, mais otimista e um
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
36
mais freqüente. Estes valores são tratados por uma distribuição lognormal, onde a partir desta
encontra-se o valor da mediana e do fator de erro calculado para cada resposta do especialista.
A depender da confiança que o analista tem sobre o especialista atribui-se inicialmente um
fator de erro (k) para o mesmo, este valor será levado em consideração no cálculo do fator de
erro, como pode ser visto em Droguett et al. (2004).
De posse dos valores da mediana e do fator de erro para cada resposta de cada
especialista, e sobre cada probabilidade da RB do modelo de confiabilidade humana as
opiniões são processadas via modelo Bayesiano de variabilidade populacional proposto por
Droguett et al. (2004).
Uma vez definidos os modelos híbridos de todas as etapas dos procedimentos e de posse
dos dados das probabilidades dos nós folha e das tabelas de probabilidade condicional das
redes Bayesianas dinâmicas do cirurgião e dos auxiliares, obtidos a partir da elicitação dos
mesmos, calcula-se através do simulador de modelos híbridos as probabilidades dos estados
finais de cada etapa.
As dependências entre os estados de cada etapa são modeladas de forma que os
possíveis estados finais da etapa imediatamente anterior influenciam diretamente sobre a
probabilidade de erro humano durante a execução da tarefa subseqüente. Para tanto se
adiciona um à RB original, representando uma variável de como foi concluída a etapa
anterior. Este é ligado diretamente ao folha nas redes do cirurgião e de seus auxiliares,
alterando-se assim a probabilidade de erro humano na etapa atual da seqüência de eventos.
Dessa forma a acumulação do histórico do procedimento se lincando os possíveis estados
finais do passo anterior com as RBs dos fatores de desempenho da atual etapa do
procedimento, conforme pode ser observado na Figura 5.2. Este fato gera uma dependência
direta entre todas as etapas dos diagramas de seqüências de eventos, pois cada etapa estará
ligada a anterior através das probabilidades de erro humano, que por sua vez foram alteradas
pelo nó que representa os possíveis estados finais da etapa anterior.
As probabilidades de sucesso e erros correspondentes aos estados finais são ligados
diretamente ao final da RB do Cirurgião e ao final da RB do Auxiliar, alterando-se a
chance de sucesso ou erro humano na execução de cada uma das tarefas, a cada etapa do
processo. Com isso, as probabilidades dos eventos pivotais relacionados a erros humanos de
cada DSE é gerada a partir das redes Bayesianas dinâmicas dos FD, podendo-se, como será
mostrado posteriormente, fazer uma análise de sensibilidade de quais fatores de desempenho
ou etapas do procedimento cirúrgico mais afetam o resultado final da mesma.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
37
Figura 5.2 – Modelo de integração causal híbrido
O mesmo tipo de raciocínio é adotado para os eventos pivotais relacionados à falha nos
equipamentos utilizados. Entretanto, os possíveis estados finais da etapa anterior irão
influenciar o evento básico da árvore de falha que corresponde à execução do trabalho com o
equipamento. Portanto devido à dependência modelada entre as etapas do processo, o sucesso
ou falha na cirurgia será mensurado no último passo do procedimento.
5.2 Descrição da tarefa para o procedimento cirúrgico
Nesta seção são desenvolvidas e explicadas todas as HTAs envolvidas ao longo da
cirurgia de Histerectomia Vaginal Total, que vão desde a preparação da sala cirúrgica até a
recuperação pós-anestésica da paciente.
Para a Histerectomia Vaginal na ausência de prolapso uterino as HTAs foram
desenvolvidas a partir de informações coletadas através da observação da técnica, bem como
da troca de informações com a equipe técnica da cirurgia. Abaixo estão ilustradas as HTAs
dos pontos considerados de mais relevância para a avaliação probabilística do risco durante o
procedimento.
A Figura 5.3 apresenta a visão global da cirurgia, onde a meta final estabelecida pelo
analista é a conclusão da Histerectomia Vaginal. Este processo inicia-se com a etapa de
preparação da sala de cirurgia, na qual o espaço físico e os equipamentos que compõem o
ambiente são limpos e organizados para a realização do procedimento. A sub-etapa 1.2 é a
esterelização dos instrumentais cirúrgicos, que é feito na Central de Esterelização do Hospital.
Neste local os instrumentais são submetidos a um equipamento conhecido como Autoclave,
que gera altas temperaturas para assim eliminar bactérias dos materiais, assim desinfectando-
os. Passada esta esterelização os instrumentos retornam à sala cirúrgica e estão aptos para o
uso. A etapa 1.3 é a descrição do procedimento cirúrgico, e está desmembrada em outra HTA.
Já a etapa 1.4 é a etapa pós-cirúrgica, que consiste inicialmente na recuperação pós-anestésica
da paciente e vai até a saída da mesma do hospital.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
38
O segundo módulo das HTAs (Figura 5.4) mostra de uma forma geral as quatro etapas
básicas de um procedimento cirúrgico, seja ele uma Histerectomia ou um outro procedimento
qualquer.
A HTA do procedimento anestésico é mostrada na Figura 5.5. O responsável por esta
etapa é o anestesista da equipe médica, ele inicialmente verifica os equipamentos que serão
utilizados durante o procedimento cirúrgico. Em seguida instala-se a monitorização na
paciente, checando-se seus sinais vitais: freqüência cardíaca, pressão arterial não-invasiva e a
saturação periférica da hemoglobina pelo oxigênio (SpO
2
). Havendo alguma anormalidade
nestes parâmetros observados, o anestesista toma a decisão de aplicar alguma droga relaxante.
Se este for o caso ele espera o efeito da droga, e refaz a verificação dos sinais vitais. Caso a
primeira verificação tenha sido positiva, faz-se uma punção venosa na paciente e hidratação
com uma solução de Ringer com Lactato. O procedimento anestésico adotado é o peridural,
com posicionamento da paciente na posição sentada, preparação da pele com solução de
álcool iodado, colocação de campo, anestesia local com lidocaína a 2% através do espaço
intervertebral entre L
2
-L
3
e punção com agulha de Tuohy. Paralelamente à execução da
cirurgia, o anestesista acompanha todos os parâmetros vitais da paciente e verifica a
necessidade ou não de mais sedação.
Apesar da anestesia ser uma etapa fundamental dentro de qualquer procedimento
cirúrgico ela não será foco deste trabalho, que visa fazer neste primeiro momento, apenas uma
avaliação probabilística do risco para o procedimento cirúrgico em si. Ficando, assim, a
integração entre a anestesia e o procedimento cirúrgico uma tarefa para um próximo trabalho.
A quarta HTA apresentada descrimina os passos da histerectomia vaginal na ausência
de prolapso uterino, tendo os campos 1.3.3.3 e 1.3.3.8 descartados por não serem causadores
de risco para o procedimento de acordo com a equipe médica especialista consultada.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
39
Figura 5.3 - HTA da Cirurgia de HTV
Figura 5.4 - HTA do Procedimento Cirúrgico
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
40
Figura 5.5 - HTA do Procedimento Anestésico
Figura 5.6 - HTA descriminada do procedimento cirúrgico
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
41
5.2.1 Etapas da HTA da Cirurgia
As tabelas de 5.1 a 5.10 caracterizam os passos da HTA do procedimento de
histerectomia vaginal. Deve-se ressaltar que na coluna de localização, o cirurgião sempre
situa-se na posição central, ficando sempre o primeiro auxiliar à esquerda do cirurgião e o
segundo auxiliar à direita. Logo abaixo a cada tabela encontram-se descriminadas as
conseqüências caso não haja sucesso na execução das tarefas.
Passo 1.3.3.1- Colocação da Paciente em Posição Ginecológica
Tabela 5.1 - Colocação da Paciente na posição ginecológica
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Colocação da mesa
cirúrgica e das
perneiras na
posição adequadas,
proporcionando
Abdução da coxa e
Hiperextensão dos
membros
inferiores
Posicionamento
incorreto
2º Auxiliar à direita Ajudar ação do 1
o
auxiliar
Ajuda incorreta
Posição
Ginecológica
Cirurgião Central Supervisionar Supervisão
inadequada
Como conseqüência de um posicionamento ginecológico inadequado, aumenta o grau
de dificuldade na aplicação da técnica cirúrgica, bem como pode provocar lesões nos nervos
Passo 1.3.3.2 – Assepsia e preparação do campo operatório
Tabela 5.2 - Assepsia da Paciente
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
Instrumentadora Frontal à paciente Assepsia do campo
operatório
Assepsia ineficaz
Assepsia
Cirurgião Central Supervisionar Supervisão
Inadequada
A conseqüência de uma assepsia inadequada pode propiciar à paciente uma maior
chance de contrair uma infecção, durante o seu pós-operatório.
Passo 1.3.3.4 – Incisão da mucosa vaginal anterior ao nível da prega vésico-uterino
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
42
Tabela 5.3 - Incisão da mucosa vaginal anterior
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Ajuda nas
manobras de
identificação da
prega vésico-
uterino
Ajuda ineficaz
2º Auxiliar à direita Ajuda nas
manobras de
identificação da
prega vésico-
uterino
Ajuda ineficaz
Identificação da
prega vésico-
uterino
Falsa
identificação
Identificação e
Incisão da Mucosa
Anterior
Cirurgião Central
Incisão da mucosa
anterior
Incisão incorreta
Uma identificação incorreta da prega vésico-uterino pode levar a uma incisão incorreta
na mucosa. Esta pode gerar uma lesão acidental na bexiga.
Passo 1.3.3.5 – Incisão da mucosa posterior ao nível da prega retovaginal abrindo fundo
de Saco de Douglas e identificação do segmento ligamentar cardinal útero-sacro
Tabela 5.4 - Incisão da mucosa vaginal posterior
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Ajuda nas
manobras de
identificação da
prega retovaginal
Ajuda ineficaz
2º Auxiliar à direita Ajuda nas
manobras de
identificação da
prega retovaginal
Ajuda ineficaz
Identificação da
prega retovaginal
Falsa identificação
Identificação e
Incisão da Mucosa
Posterior
Cirurgião Central
Incisão da mucosa
posterior
Incisão incorreta
A falsa identificação pode levar a incisão incorreta da mucosa posterior gerando: Falso
Trajeto e uma lesão intestinal.
Passo 1.3.3.6 – Ligadura do complexo ligamentar com pinça de Heaney curva (Etapa de
Fixação da Vagina)
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
43
Tabela 5.5 - Ligadura do Complexo Ligamentar
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Oferecer Campo
visual do lado
direito
Campo operatório
insuficiente
2º Auxiliar à direita Oferecer Campo
visual do lado
esquerdo
Campo operatório
insuficiente
Ligadura do
Complexo
Ligamentar
Cirurgião Central Ligadura do
complexo com a
pinça de Heaney
Ligadura (fixação)
inadequada
A não fixação correta da vagina leva a um problema chamado de Vagina exteriorizada
ou Prolapso de cúpula vaginal.
Passo 1.3.3.7 – Ligaduras das artérias uterinas bilateralmente
Tabela 5.6 - Ligadura das artérias uterinas
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Oferecer Campo
visual do lado
direito
Campo operatório
insuficiente
2º Auxiliar à direita Oferecer Campo
visual do lado
esquerdo
Campo operatório
insuficiente
Identificação das
artérias
Falsa identificação
Ligadura das
Artérias
Cirurgião Central
Ligadura das
artérias utilizando
Bisturi Eletrônico
Cauterização
arterial mal feita
As conseqüências para a não execução correta na ligadura das artérias são a Lesão no
Ureter e Sangramento pela artéria uterina mal ligada.
Passo 1.3.3.9 – Ligação do complexo tubo-ovariano justa uterino
Tabela 5.7 - Ligação do complexo tubo-ovariano
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Oferecer Campo
visual do lado
direito
Campo operatório
insuficiente
2º Auxiliar à direita Oferecer Campo
visual do lado
esquerdo
Campo operatório
insuficiente
Ligadura do
complexo tubo-
ovariano
Cirurgião Central Identificação das
artérias
Falsa identificação
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
44
Ligadura das
artérias utilizando
Bisturi Eletrônico
Cauterização
arterial mal feita
As conseqüências de erros na execução deste passo são: Lesão no Ovário e
Sangramento pela artéria ovariana mal ligada.
Passo 1.3.3.10 Fixação do ângulo vaginal com ponto no nível de De Lancey.
(Depende diretamente de uma boa Execução do Passo 6)
Tabela 5.8 - Fixação do ângulo vaginal
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Oferecer Campo
visual do lado
direito
Campo operatório
insuficiente
2º Auxiliar à direita Oferecer Campo
visual do lado
esquerdo
Campo operatório
insuficiente
Ligadura do
Complexo
Ligamentar
Cirurgião Central Fixação do ângulo
vaginal através de
sutura
Sutura mal
executada
Como conseqüência a não execução de forma satisfatória da ligadura do complexo
ligamentar a paciente pode vir a apresentar um prolapso de cúpula vaginal.
Passo 1.3.3.11 – Revisão de áreas sangrantes com colporrafia em sutura grega invertida
Tabela 5.9 - Revisão de áreas sangrentas
Tarefa Responsável Localização Ação Erro
1º Auxiliar à esquerda Identificar áreas
sangrantes do lado
direito
Identificação
ineficaz
2º Auxiliar à direita Identificar áreas
sangrantes do lado
esquerdo
Identificação
ineficaz
Identificar áreas
sangrantes
Identificação
ineficaz
Ligadura do
Complexo
Ligamentar
Cirurgião Central
Utilizar Bisturi
para cauterizar
áreas sangrantes
Não estancar áreas
sangrantes
Se as áreas sangrantes não forem identificadas corretamente a paciente pode vir a ter
que retornar à sala cirúrgica para um novo procedimento, por apresentar hemorragia.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
45
Passo 1.3.3.12 – Toque Retal
Tabela 5.10 - Toque Retal
Operação Responsável Localização Ação Erro
Toque Retal Cirurgião Central Identificar Lesões Identificação
ineficaz
A identificação ineficaz pode provocar alguma complicação posterior devido a alguma
lesão, levando a paciente a retornar ao bloco cirúrgico.
5.3 Desenvolvimento de cenários e caracterização das relações causais via
DSE e AF do procedimento cirúrgico
Nesta seção são desenvolvidos e descritos as seqüências de eventos e os seus
correspondentes cenários. É de suma importância explicitar que neste trabalho considera-se
que cada etapa do procedimento cirúrgico sempre ocorre, ou seja, P(Evento Iniciador)=1,0.
Inicialmente, a fim de facilitar a análise, os estados finais dos DSE foram agrupados e
definidos da seguinte forma:
- Sucesso: tarefa completada com sucesso, conforme planejamento estabelecido. Sem
trazer nenhuma dificuldade futura ao procedimento.
- Erro 1: O mau posicionamento da paciente à posição ginecológica aumenta a
dificuldade do procedimento cirúrgico. Pois dificulta o acesso à genitália interna,
conseqüentemente aumentando o tempo do procedimento e fadiga da equipe cirúrgica.
Também está englobado neste tipo de falha a questão de fornecimento de campo operatório
não adequado ao cirurgião, visto que este problema leva a conseqüências idênticas as do mau
posicionamento da paciente, e mais, a posição influencia diretamente a abertura do campo
cirúrgico.
- Erro 2: Aumento na chance da paciente contrair uma infecção.
- Erro 3: São lesões causadas por falsa identificação nas pregas e/ou artérias gerando a
possibilidade de falsos trajetos e conseqüentemente lesões em locais não desejados, ou mesmo
a não identificação de áreas sangrantes durante a intervenção cirúrgica.
- Erro 4: São lesões causadas por incisões, ligaduras e cauterizações não eficazes
podendo gerar por exemplo sangramento nas artérias uterinas e ovarianas.
- Erro 5: Gera um problema chamado de Vagina Exteriorizada, que também é conhecido
como Prolapso de Cúpula Vaginal. Este é causado por uma fixação(ligadura) incorreta da
vagina e sutura incorreta o ângulo vaginal.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
46
5.3.1 Colocação da Paciente na posição ginecológica
Analisando-se a tarefa de colocar a paciente na posição ginecológica, observa-se que
tem-se como primeiro evento pivotal o erro do 1
o
Auxiliar em colocar a mesa cirúrgica e as
perneiras que dão sustentação as pernas da paciente na posição adequada para o cirurgião ter
um campo operatório adequado. Como mencionado acima, um erro de posicionamento irá
dificultar o andamento do processo cirúrgico, pois aumenta a dificuldade ao acesso dos órgãos
femininos, o que leva a um aumento no tempo da cirurgia e conseqüente aumento na fadiga da
equipe. O DSE desta tarefa está ilustrada na Figura 5.7.
Figura 5.7 - DSE da colocação da paciente na posição ginecológica
5.3.2 Assepsia
Nesta etapa do procedimento o instrumentador realiza a assepsia do órgão genital
feminino. A supervisão é feita pelo cirurgião, que indica se a tarefa foi ou não realiza
corretamente. Uma assepsia não correta aumenta a chance da paciente desenvolver uma
infecção após a cirurgia.
Apesar desta etapa ser relevante para o aumento ou diminuição da chance da paciente
vir a contrair uma infecção, ela não será integrada junto as demais etapa do procedimento,
pois esta causará um efeito, a infecção, num momento posterior à cirurgia, o que não é o
foco deste trabalho. Entretanto seu DSE foi montado afim de que em trabalhos futuros os
riscos pós-operatórios também sejam modelados.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
47
Figura 5.8 - DSE da Assepsia da Paciente
5.3.3 Incisão da mucosa vaginal anterior ao nível da prega vésico-uterino
A primeira etapa para a incisão da mucosa vaginal anterior é a correta identificação da
prega vésico-uterina. Os dois cirurgiões auxiliares ajudam o cirurgião principal na
identificação da prega. Caso haja uma falha de toda a equipe na identificação ocorre a falha na
tarefa. Numa leitura de confiabilidade seria o caso de uma porta “OU”, onde se ao menos um
membro da equipe identificar a prega a tarefa será efetuada corretamente, pois este avisará aos
demais membros a exata localização da mesma. Sendo caracterizada uma identificação
incorreta, o médico pode vir a fazer uma incisão no local errado, levando em alguns casos a
uma lesão acidental na bexiga.
No momento em que a equipe cirúrgica identifica a prega, o cirurgião utilizando-se de
uma lâmina de bisturi faz a incisão na mucosa vaginal anterior. Existindo um erro na incisão,
caracteriza-se um erro descrito anteriormente como o tipo 4, podendo esta levar a
sangramentos na área, os quais podem ou não ser identificados no momento ou
posteriormente no passo da Identificação das Áreas sangrentas.
Figura 5.9 - DSE Incisão da Mucosa Vaginal Anterior
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
48
5.3.4 Incisão da mucosa posterior ao nível da prega retovaginal
Assim como na etapa de incisão da mucosa anterior, para a incisão da mucosa posterior
ser efetuada corretamente é necessário que inicialmente os cirurgiões identifiquem a prega
retovaginal com precisão. Caso nenhum dos três faça a identificação adequada, a incisão pode
ser feita num local inapropriado. Como exemplo, pode-se citar uma lesão intestinal tendo
como fonte geradora um falso trajeto dado a localização da prega não foi precisa.
No momento em que a prega retovaginal está devidamente identificada, parte-se para a
etapa de incisão da mucosa vaginal posterior abrindo-se o fundo de Saco de Douglas. O erro
na incisão leva à um erro tipo 4, já mencionada anteriormente.
Figura 5.10 - DSE da Incisão da Mucosa Posterior
5.3.5 Ligadura do Complexo Ligamentar
Nesta etapa do procedimento cirúrgico, a função dos auxiliares é oferecer um campo de
visão cirúrgico adequado para o cirurgião. Cabe ao 1
o
auxiliar que está posicionado à direita
do cirurgião oferecer o campo deste lado, da mesma forma para o 2
o
auxiliar que está
posicionado à esquerda. Caso a visão do campo cirúrgico não seja a mais apropriada, irá gerar
uma maior dificuldade em acessar o Complexo Ligamentar, conseqüentemente aumentando o
tempo para a realização desta tarefa, o que aumenta diretamente a fadiga da equipe e a chance
de cometer-se um erro. A ligadura do complexo ligamentar é efetuada pelo cirurgião com a
Pinça de Heaney, vide Figura 5.12. A ligação não eficiente do complexo traz um problema
conhecido como prolapso de cúpula vaginal, que é a exteriorização da vagina. O útero é
considerado sem prolapso, quando o colo não ultrapassa uma linha imaginária ao nível das
espinhas isquiáticas.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
49
Esta etapa do processo está diretamente ligada ao sucesso do passo 10 (Fixação do
ângulo vaginal), e será modelado de forma que a probabilidade do erro tipo 5 ocorrer incidirá
diretamente nos eventos pivotais do DSE do passo 10 (vide Figura 5.15 - DSE da Fixação do
ângulo vaginal), ficando o nó que será ligada as RBs do cirurgião e dos auxiliares na próxima
etapa do procedimento com as variáveis sucesso e o erro 1.
Figura 5.11 - DSE da Ligadura do Complexo Ligamentar
Figura 5.12 - Pinça de Heaney
5.3.6 Ligadura das Artérias Uterinas
Da mesma forma que a tarefa anterior, os auxiliares têm que continuar a fornecer campo
cirúrgico apropriado para o cirurgião. Entretanto, nesta etapa da cirurgia a identificação das
artérias uterinas é feita pelo cirurgião. Caso as artérias não sejam identificadas corretamente o
erro tipo 3 acontece, o que pode levar em alguns casos lesões no Ureter.
A ligadura das artérias uterinas é feita através de um Bisturi Eletrônico
2
. A condição de
falha no equipamento será introduzida na análise do sistema por meio da Árvore de Falhas
que modela a confiabilidade deste equipamento. A probabilidade de falha no evento pivotal
ligadura das artérias uterinas é dado pela probabilidade do evento topo da AF do bisturi.
2
Bisturí Eletrônico – equipamento eletrônico que gera altas frequências (RF) utilizado para realizar cortes,
cauterizações e coalgulações nos pacientes.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
50
Figura 5.13 - DSE da Ligadura das Artérias Uterinas
5.3.7 Ligação do Complexo Tubo-Ovariano
Esta etapa do procedimento é bastante similar as duas anteriores. O cirurgião é
encarregado de identificar as artérias ovarianas corretamente, caso isto não ocorra podem
ocorrer lesões no ovário, caracterizadas como erros tipo 3. Para a etapa de ligadura das
artérias o bisturi eletrônico é novamente utilizado, sendo, como mencionado no tópico
anterior, a probabilidade do evento pivotal ligadura das artérias tubo-ovarianas proveniente do
evento topo da AF do bisturi.
Figura 5.14 - DSE da Ligação do Complexo Tubo-Ovariano
5.3.8 Fixação do Ângulo Vaginal
Esta etapa da cirurgia, como dito anteriormente, depende diretamente da execução
correta da ligadura do complexo ligamentar. Esta dependência é modelada no DSE da Figura
5.15, pois são introduzidos eventos pivotais dado o sucesso ou erro na etapa de ligadura do
complexo ligamentar. Portanto a chance do cirurgião errar a sutura do ângulo vaginal vai
aumentar ou diminuir de acordo com o sucesso ou erro na etapa 5. Vale salientar que as
dependências explicadas anteriormente que são modeladas influenciadas pelos estados finais
da etapa anterior via RB ainda se mantém em todos os outros eventos pivotais do DSE.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
51
Os auxiliares continuam a fornecer o cone de visão para o cirurgião, que fixa o ângulo
vaginal através de uma sutura no local. No caso de uma sutura inadequada a paciente pode vir
a apresentar a vagina exteriorizada (erro tipo 5).
Figura 5.15 - DSE da Fixação do ângulo vaginal
5.3.9 Revisão das áreas sangrantes
Nesta etapa os dois auxiliares e o cirurgião tentam identificar se existe alguma área
sangrante na região genital feminina. Caso alguma área seja positivamente identificada com
sangramento o bisturi eletrônico é utilizado para cauterizar tais locais. A cauterização não
eficaz provoca sangramentos (erro tipo 4), podendo levar a paciente a uma hemorragia tendo a
mesma que vir a voltar à sala cirúrgica para ser realizado um novo procedimento. Este mesmo
problema acontece caso a equipe não seja capaz de identificar as áreas sangrantes, entretanto
foi estabelecido que este tipo de erro é caracterizado como uma falsa identificação, erro tipo
3.
Figura 5.16 - DSE da Revisão das áreas sangrantes
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
52
5.3.10 Toque Retal
A última tarefa estabelecida para a cirurgia é o toque retal na paciente. Nesta etapa o
cirurgião verifica se ainda existe alguma lesão não identificada nas etapas anteriores. Caso ele
não identifique nenhuma lesão e as mesmas realmente não existam ou mesmo faça a
identificação da lesão e uma manobra para a sua correção, a cirurgia ocorre com sucesso ao
final.
Entretanto, se existirem lesões e elas não forem identificadas, pode haver na paciente
uma posterior hemorragia, que em alguns casos provoca o retorno ao centro cirúrgico para
uma novo procedimento.
Figura 5.17 - DSE do toque retal
5.4 Fatores de desempenho envolvidos no processo cirúrgico
Numa cirurgia, segundo relatos dos cirurgiões, um dos primeiros fatores externos de
desempenho a serem levados em consideração é a qualidade do ambiente de trabalho, pois o
mesmo não deve ter perturbação sonora e deve estar numa temperatura agradável para que o
corpo clínico trabalhe em condições adequadas. Um aumento na temperatura pode trazer
desconforto ao cirurgião e provocar que ele perca o foco da cirurgia. Ainda tratando-se de
fatores externos, a percepção exigida ao trabalho é de suma importância para uma boa
execução da tarefa. Dessa mesma maneira destacam-se também os movimentos de precisão
exigidos na cirurgia, a criticalidade de cada etapa cirurgica, a estrutura de comunicação da
equipe e a arquitetura, ou seja, o design, do instrumental e dos equipamentos utilizados pelos
cirurgiões durante o procedimento.
A grande maioria dos médicos cirurgiões realizam duas ou mais cirurgias num único
dia, além de ter que atender a outros pacientes pré ou pós operados. Dessa forma, a carga de
trabalho é muito intensa o que vem a ser um fator de desempenho relevante no contexto
cirúrgico e que, juntamente com o risco na execução da tarefa caracterizam os fatores
estressantes num processo cirúrgico.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
53
Dentro da categoria fisiológica, a fadiga é considerada um dos fatores mais relevantes
para a equipe cirúrgica. Esta é diretamente relacionada à carga de trabalho e as condições
ambientais do trabalho já citadas anteriormente.
Como o procedimento cirúrgico trata-se de uma tarefa extremamente minunciosa, exige
de toda e equipe experiência e treinamento, bem como uma boa identifcação com o grupo de
trabalho, pois a todo momento iteração entre os seus membros. Assim a atenção e o estado
emocional de todos os integrantes são essenciais na determinação dos fatores internos.
Chang & Mosleh (2004) tratam das relações de causa e efeito entre fatores de diferentes
grupos. Entretanto, fatores enquadrados dentro de uma mesma categoria podem influenciar e
ser influenciados por outros desse mesmo grupo. Esta influencia não é levada em
consideração por Chang & Mosleh. Como verificou-se que estas influencias são relevantes
para o procedimento cirúrgico analisado, adota-se neste trabalho a metodologia de influencias
por fatores do mesmo grupo, proposta por Mênezes (2005).
Para a elaboação a rede Bayesiana dos profissionais envolvidos na cirurgia de
histerectomia vaginal foram levados em consideração os fatores que mais influenciam na
análise de confiabilidade humana. Para o 1º e 2º cirurgiões auxiliares foram tratados os
seguintes fatores de desempenho: Experiência, Carga de Trabalho, Condições Ambientais,
Design dos equipamentos, Atenção, Estado Emocional, Identificação com a equipe de
trabalho e Fadiga.
Para o cirurgião tem-se os seguintes FD’s: Experiência, Carga de Trabalho, Condições
Ambientais, Design dos equipamentos, Atenção, Estado Emocional, Identificação com a
equipe de trabalho, Fadiga e Precisão na execução dos movimentos.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
54
Figura 5.18 - RB dos Cirurgiões Auxiliares Figura 5.19 - RB do Cirurgião
Segue a definição de cada um dos fatores de desempenho envolvidos nas redes
Bayesianas mostradas nas figuras 5.26, 5.27 e 5.28:
Experiência: conhecimento técnico específico ao procedimento que é adquirido ao
longo do tempo e número de cirurgias realizadas. É caracterizado como adequada ou
inadequada.
Carga de Trabalho: corresponde à jornada de trabalho do indivíduo, ou seja, a
quantidade de horas trabalhadas por dia. É caracterizada como adequada ou inadequada.
Condições Ambientais: conjunto de fatores ambientais do local de realização da tarefa
que influem fisiologicamente sobre os indivíduos, como exemplo cita-se a temperatura,
umidade e ruído do local. É caracterizada como adequada ou inadequada.
Design dos equipamentos: é dada pela disposição e interface dos equipamentos, e
como estes podem vir a influenciar a execução das tarefas. É caracterizado como adequado ou
inadequado.
Atenção: nível de consciência exigido para a execução de uma tarefa. É caracterizado
como adequada ou inadequada.
Capítulo 5 Caracterização dos Riscos
55
Estado Emocional: estado interior aos indivíduos, que podem ser idenificados por
mudanças no comportamento padrão dos mesmos. É caracterizado como adequado ou
inadequado.
Identificação com a equipe de trabalho: fator de desempanho relacionado à interação
da equipe de trabalho, como a equipe responde em conjunto a execução da tarefa. Está
intimamente ligado ao entrosamento dos indivíduos que compõem a equipe. Pois na
Histerectomia vaginal é muito importente que os auxiliares e o cirurgião tenham coordenação
nos movimentos para que um não venha a atrapalhar o outro. É caracterizado como adequado
ou inadequado.
Fadiga: segundo Nahas (2001) é compreendida como um conjunto de reações que
ocorrem no organismo. Podem ser resultantes de atividades físicas ou mentais, levando à uma
sensação de cansaço generalizado. É comprovado que um aumento na fadiga diminui a
atenção para a execução de tarefas, o que pode ser visto nas três RB mostradas nas figuras
3.1, 3.2 e 3.3. A fadiga é caracterizada como presente ou não presente.
Precisão na execução dos movimentos: capacidade do indivíduo em executar com
exatidão os movimentos. É caracterizada como adequada ou inadequada.
Vale salientar que o “Fatores Externos”, “Capacidade p/ executar tarefa” e
“Execução da tarefa em equipe” presentes nas rede Bayesianas do instrumentador, dos
auxiliares e do cirurgião, não são fatores de desempenho, e sim nós que são colocados para a
separação de múltiplos pais, conforme Korb & Nicholson (2003).
Capítulo 6 Resultados
56
6 RESULTADOS
6.1 Coleta de Dados
A grande dificuldade para a aplicação das redes Bayesianas em modelos de avaliação
probabilística de risco está na grande quantidade de probabilidades necessárias para alimentar
a rede. Na grande maioria dos casos não existe um banco de dados sobre desempenho humano
com as informações necessárias, o que leva à dependência total do conhecimento do
especialista. Segundo Ayyub (2001) especialistas são pessoas experientes e com treinamento
e conhecimento em alguma área específica. Portanto, eduzir esse conhecimento demanda
bastante tempo, o que implica diretamente em altos custos, dado o elevado valor da hora de
trabalho destes especialistas.
De acordo com Zio (1996) uma análise formal da opinião do especialista tem como
objetivo inicial estimar os valores possíveis de um dado parâmetro incerto para representar
corretamente a incerteza associada a ele na luz do atual estado de conhecimento disponível na
comunidade científica. A opinião do especialista pode ser entendida como o seu julgamento
ou crença própria que é baseada em alguma informação ou no seu conhecimento a respeito do
assunto em questão.
Na literatura são apresentadas diversos modelos para a elicitação das probabilidades
junto aos especialistas. Dentre estas, destaca-se do ponto de vista teórico a de Nadler &
Campello de Souza (2001), que leva ao autoconhecimento das crenças do especialista de
forma gradativa, fornecendo métricas matemáticas (enquadrando o questionário como um
problema de programação linear) para avaliar a qualidade das opiniões fornecidas nos
questionários. Entretanto, a técnica impõe uma exigência mínima no número de questões a
serem respondidas, o que para casos de importância prática no qual um grande número de
probabilidades a serem elicitadas geraria uma quantidade enorme de perguntas a serem
respondidas, o que inviabiliza um pouco a utilização do método. Como contrapartida a esse
problema Firmino et al. (2005) propõe uma redução para 26 questões por questionário, o que
representa uma diminuição proporcional 40% no número de questões.
Todavia, ainda assim o custo da aplicação de tais procedimentos é inviável para o
contexto em análise neste trabalho, devido a disponibilidade de tempo dos médicos. Desta
forma, foi utilizado o método de elicitação direta do especialista, o qual possui custo bem
menor para esta edução.
Capítulo 6 Resultados
57
Afim de se elicitar as probabilidades condicionais, faz-se necessário introduzir o
especialista no cenário desejado, cabendo ao entrevistador mostrar com clareza e objetividade
o cenário de interesse. A elaboração das questões são fundamentais para esse entendimento.
Deve-se ainda ressaltar que as redes Bayesianas também ajudam bastante o entrevistado a
entender os cenários apresentados, pois estas auxiliam na capacidade do indivíduo simular o
raciocínio nos cenários já conhecidos por ele.
6.1.1 Entrevistas
Para alimentar as redes Bayesianas dos fatores de desempenho, bem como as das etapas
do procedimento cirúrgico são necessárias 156 probabilidades. Estas foram obtidas através do
tratamento dos dados, por intermédio do modelo de Bayes, das entrevistas com três fontes
diferentes: um cirurgião experiente, com alguns anos de experiência na aplicação da técnica
de histerectomia vaginal, uma médica não especializada na área de cirurgia, e por fim as
probabilidades atribuídas pelo próprio analista.
A fim de valorizar a confiança no cirurgião foi atribuído a ele um fator de erro (k)
menor que o fator de erro da médica, que por sua vez teve um fator de erro menor do que o do
analista.
6.2 Modelagem para rede Bayesiana de probabilidade de erro do cirurgião
Tabela 6.1- Tabela de Probabilidades dos nós Folha
Probabilidade de erro ou desfavorável
Condições Ambientais 0,02
Design do Equipamento 0,05
Carga de Trabalho 0,20
Estado Emocional 0,15
Precisão na execução da tarefa 0,10
Identificação do grupo 0,15
Experiência 0,20
Capítulo 6 Resultados
58
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
FDs do Cirurgião
P(FD do Cirurgião=1)
Experiência
Carga de Trabalho
Estado Emocional
Identificação com Grupo
Precisão
Design do Equipamento
Condições Ambientais
Figura 6.1 - FD do Cirurgião
Para o cirurgião, os FDs estão apresentados no gráfico da Figura 6.1 - FD do Cirurgião.
Observa-se pelo gráfico que os fatores “experiência” e “carga de trabalho” destacam-se como
aqueles de mais relevância na probabilidade de erro do cirurgião, ou seja, a probabilidade
destes dois fatores estarem inadequados é maior que a probabilidade dos demais fatores
estarem inadequadas. No outro extremo, aparece as “condições ambientais” como o fator de
desempenho com menor probabilidade de ser desfavorável.
Tabela 6.2 - TPC dos fatores externos dado design do equipamento (DE) e condições
ambientais (CA)
Fatores externos
DE, CA
Inadequados Adequados
Adequada, Adequada 0 1
Adequada, Inadequado 0,30 0,70
Inadequado, Adequada 0,20 0,80
Inadequado, Inadequado 1 0
Tabela 6.3 - TPC da fadiga dado fatores externos (FE) e carga de trabalho (CT)
Fadiga
FE, CT
Não presente Presente
Adequado, Adequada 0,90 0,10
Adequado, Inadequado 0,70 0,30
Inadequado, Adequada 0,80 0,20
Inadequado, Inadequado 0,60 0,40
Tabela 6.4 - TPC da atenção dado fadiga (FA) e estado emocional (EE)
Atenção
FA, EE
Inadequada Adequada
Presente, Adequado 0,30 0,70
Presente, Inadequado 0,40 0,60
Não presente, Adequado 0,05 0,95
Capítulo 6 Resultados
59
Não presente, Inadequado 0,15 0,85
Tabela 6.5 - TPC da capacidade de executar a tarefa (CET) dado atenção (AT) e
precisão (PR)
CET
AT, PR
Inadequada Adequada
Adequado, Adequado 0 1
Adequado, Inadequado 0,20 0,80
Inadequado, Adequado 0,30 0,70
Inadequado, Inadequado 1 0
Tabela 6.6 - TPC da execução da tarefa em equipe (ETE) dado CET e identifcação do
grupo de trabalho (IG)
ETE
CET, IG
Sucesso Erro
Adequado, Adequado 0,95 0,05
Adequado, Inadequado 0,90 0,10
Inadequado, Adequado 0,70 0,30
Inadequado, Inadequado 0,60 0,40
Tabela 6.7- TPC do cirurgião dado ETE e a exeperiência (EX) do mesmo
Cirurgião
ETE, EX
Sucesso Erro
Sucesso, Adequado 0,995 0,005
Sucesso, Inadequado 0,90 0,10
Erro, Adequado 0,95 0,05
Erro, Inadequado 0,85 0,15
Dada as condições iniciais do cirurgião para o início do procedimento cirúrgico, a
chance da tarefa ser realizada com sucesso é de 97,3% e de 2,7% de ser realizada com erro.
Uma análise de sensibilidade mostra que a experiência do cirurgião é o fator de
desempenho de maior impacto no resultado final de sua RB. Este fato é comprovado dado que
se o cirurgião tiver experiência comprovada a chance de sucesso para a execução da tarefa no
início da cirurgia aumenta para 98,8%.
Capítulo 6 Resultados
60
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
Probabilidades de Erro do Cirurgião
Sem evincia de
experiência
Com evidência de
experiência adequada
Figura 6.2 - Probabilidades de erro do Cirurgião
Uma outra análise é a evidência de que a fadiga está presente no cirurgião a chance de
erro aumenta para 3,0%, que representa um aumento precentual de 11,1%. Sobre este
resultado esimplícito o fato de que a carga de trabalho é o fator de maior relevância para a
fadiga, o que mostra que uma craga de trabalho excessiva dimuniu consideravelmente a
confiabilidade humana.
6.3 Modelagem para rede Bayesiana da probabilidade de erro dos cirurgiões
auxiliares
A modelagem da rede Bayesiana para o primeiro e segundo cirurgiões auxiliares são
extamente as mesmas, dado que estes médicos executam as mesmas tarefas, só que em
posições diferentes, um à direita e o outro à esquerda do cirurgião.
Tabela 6.8 - Tabela de Probabilidades dos nós Folha
Probabilidade de erro ou desfavorável
Condições Ambientais 0,02
Design do Equipamento 0,05
Carga de Trabalho 0,10
Estado Emocional 0,15
Identificação do grupo 0,15
Experiência 0,15
Capítulo 6 Resultados
61
0
0,02
0,04
0,06
0,08
0,1
0,12
0,14
0,16
FDs dos Auxiliares
P(FD dos Auxiliares=1)
Experiência
Identificação do grupo
Estado Emocional
Carga de Trabalho
Design do Equipamento
Condões Ambientais
Figura 6.3 - FD dos auxiliares
Para os cirurgiões auxiliares, os FDs estão apresentados no gráfico da Figura 6.3.
Observa-se pelo gráfico que os fatores “experiência” e “identificação com o grupo” e “estado
emocional” destacam-se como aqueles de mais relevância na probabilidade de erro dos
auxiliares, ou seja, a probabilidade destes três fatores estarem inadequados é maior que a
probabilidade dos demais fatores estarem inadequadas. No outro extremo, aparece as
“condições ambientais” como o fator de desempenho com menor probabilidade de ser
desfavorável.
O gráfico da Figura 6.4 faz uma comparação entre os fatores de desempenho do
cirurgião e dos auxiliares que são nós raízes das RBs. Observando-se que os únicos dois nós
que apresentam probabilidades diferentes entre o cirurgião e os auxiliares são a “experiência”
e a “carga de trabalho”, o que parece razoável. Pois, normalmente o cirurgião tem uma maior
carga de trabalho do que o auxiliar, bem como a “experiência” do cirurgião causa um maior
impacto na probabilidade de erro durante o processo cirúrgico, visto que ele executa as
principais tarefas do procedimento.
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
Experiência Identificação
do grupo
Estado
Emocional
Carga de
Trabalho
Design do
Equipament o
Condições
Ambientais
FDs comuns nos nós raizes
Probabilidades
Cirurgião
Auxiliares
Figura 6.4 - Probabilidades dos nós raízes
Capítulo 6 Resultados
62
Tabela 6.9 - TPC dos fatores externos dado design do equipamento (DE) e condições
ambientais (CA)
Fatores externos
DE, CA
Inadequados Adequados
Adequada, Adequada 0 1
Adequada, Não adequada 0,30 0,70
Não adequada, Adequada 0,20 0,80
Não adequada, Não adequada 1 0
Tabela 6.10 - TPC da fadiga dado fatores externos (FE) e carga de trabalho (CT)
Fadiga
FE, CT
Não presente Presente
Adequado, Adequada 0,90 0,10
Adequado, Inadequado 0,70 0,30
Inadequado, Adequada 0,80 0,20
Inadequado, Inadequado 0,60 0,40
Tabela 6.11 - TPC da atenção dado fadiga (FA) e estado emocional (EE)
Atenção
FA, EE
Inadequada Adequada
Presente, Adequado 0,30 0,70
Presente, Inadequado 0,40 0,60
Não presente, Adequado 0,05 0,95
Não presente, Inadequado 0,15 0,85
Tabela 6.12 - TPC da capacidade de execução da tarefa em equipe (ETE) dado atenção
e identificação com o grupo de trabalho (IG)
ETE
AT, PR
Sucesso Erro
Adequado, Adequado 0,95 0,05
Adequado, Inadequado 0,90 0,10
Inadequado, Adequado 0,70 0,30
Inadequado, Inadequado 0,60 0,40
Tabela 6.13 - TPC do cirurgião auxiliar dado ETE e a exeperiência (EX) do mesmo
Cirurgião auxiliar
ETE, EX
Sucesso Erro
Sucesso, Adequado 0,999 0,001
Sucesso, Inadequado 0,90 0,10
Erro, Adequado 0,95 0,05
Erro, Inadequado 0,80 0,20
Capítulo 6 Resultados
63
Utilizando-se a simulação são obtidos os seguintes valores para os dois auxiliares para o
início da cirurgia:
Sucesso:
0,979
Erro: 0,021
Assim como para o resultado final da RB do cirurgião, uma análise de sensibilidades
comprova que a experiência é o fator de desempenho de maior impacto também para os
auxiliares. Dado a evidência de que o nível da variável experiência está adequado, a chance de
erro é de 0,006 o que representa uma diminuição de 71% na sua probabilidade de erro.
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
Probabilidades de Erro dos Auxiliares
Sem evincia de
experiência
Com evidência de
experiência adequada
Figura 6.5 - Probabilidades de erro dos Auxiliares
6.4 Método proposto de avaliação probabilística do risco
6.4.1 Modelo Integrado Causal Híbrido para Histerectomia Vaginal
Como explicado anteriormente durante a apresentação da metodologia do trabalho, o
modelo integrado causal híbrido proposto, visa concatenar todas as etapas do procedimento
cirúrgico. Usando para isto as redes Bayesianas, as árvores de falhas e os diagramas de
seqüência de eventos apresentados ao longo do texto. Nas próximas seções este modelo é
desenvolvido e quantificado de acordo com a Figura 6.6, a qual mostra o conceito do modelo
proposto graficamente.
Figura 6.6 - Modelo integrado causal híbrido para Histerectomia Vaginal
Capítulo 6 Resultados
64
6.4.2 Resultados da simulação
Nas próximas seções serão apresentados os resultados das simulações obtidas a partir do
uso do simulador para modelo causal híbrido.
6.4.2.1 Posição Ginecológica
Nesta primeira etapa as ações do 1
o
auxiliar e do cirurgião são condições iniciais do
processo, e por essa razão são moldadas de acordo com as redes Bayesianas apresentadas na
Figura 5.18 e Figura 5.19, tendo suas tabelas de probabilidades condicionais apresentadas na
Tabela 6.1 a Tabela 6.13. De acordo com o resultado das simulações apresentadas
anteriormente, obtém-se que o cirurgião tem 2,7% de chance de errar no início da cirurgia.
Enquanto que os auxiliares apresentam 2,1% de chance de errar.
Estas probabilidades são inseridas nos eventos pivotais 1 e 2 do DSE da Figura 5.7, e
em seguida é feita a simulação obtendo-se, conforme pode ser visto na Tabela 6.14, as
probabilidades dos cenários desta operação. A Figura 6.7 apresenta as probabilidades de
ocorrência dos estados finais resultantes da modelagem híbrida apresentada para esta
operação. Esta operação apresentou o estado final “Sucesso” com a maior probabilidade de
ocorrência, enquanto o “Erro 1” apresentou a menor.
Tabela 6.14 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.7
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 1
Figura 6.7 - Probabilidade dos estados finais da etapa do DSE da Figura 5.7
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro1 Erro 1 0,000567 1
2 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,999433 2
Capítulo 6 Resultados
65
6.4.2.2 Incisão da mucosa vaginal ao nível da prega vésico-uterina
Nesta etapa do procedimento começa a surgir a dependência entre o estado final da
etapa anterior e os evento pivotais da etapa atual. A modelagem de erros do cirurgião e do 1
o
e
2
o
auxiliares são feitas inserindo-se um folha na RB dos fatores de desempenho, ligado
diretamente aos nós finais de cada RB, contendo as probabilidades das variáveis dos estados
finais da etapa anterior . A Figura 6.9 e a Figura 6.10 ilustram este fato.
Devido à introdução deste novo nó na RB do cirurgião, é refeita a simulação da mesma,
obtendo-se agora as seguintes probabilidades de sucesso ou erro na execução da tarefa para o
cirurgião:
Sucesso:
0,970
Erro: 0,030
A partir destes valores conclui-se que um erro de posicionamento da paciente na
posição ginecológica aumenta em 11% a chance do cirurgião cometer um erro nesta etapa do
procedimento. Isto se deve ao fato de que um mau posicionamento dificulta o acesso à
genitália interna feminina, e conseqüentemente expande o grau de dificuldade para a incisão
da mucosa vaginal anterior.
Analogamente o mesmo procedimento é feito para a RB dos Auxiliares, obtendo-se os
seguintes valores de probabilidades:
Sucesso:
0,976
Erro: 0,024
Ou seja, o erro de posicionamento causa um aumento de 14% na chance dos auxiliares
cometerem erros nesta etapa do procedimento.
Estes valores atualizados de probabilidades são agora inseridos no DSE da Figura 5.9, e
em seguida é feita a simulação obtendo-se, conforme pode ser visto na Tabela 6.15, as
probabilidades dos cenários desta operação. A Figura 6.8 apresenta as probabilidades de
ocorrência dos estados finais resultantes da modelagem híbrida apresentada para esta
operação. Esta operação apresentou o estado final “Sucesso” com a maior probabilidade de
ocorrência, enquanto o “Erro 3” apresentou a menor.
Tabela 6.15 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.9
Capítulo 6 Resultados
66
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 4
Erro 3
Figura 6.8 - Probabilidade dos estados finais do DSE da Figura 5.9
Figura 6.9 - RB Cirurgião Figura 6.10 - RB Auxiliares
6.4.2.3 Incisão da mucosa vaginal ao nível da prega retovaginal
Da mesma forma que na etapa anterior, a dependência entre os estados finais da etapa
anterior e os eventos pivotais da etapa atual passa a existir, acumulando-se assim o histórico
dos passos anteriores da cirurgia. Entretanto, nesta etapa é inserido um na RB do cirurgião
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 0,0023705056 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,0296392982 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,9679901961 3
Capítulo 6 Resultados
67
e dos auxiliares, contendo as probabilidades das variáveis que representam os estados finais
da etapa anterior, que são as probabilidades do erro 3, erro 4 e sucesso.
Atualizando-se as probabilidades obtém-se para o cirurgião os seguintes resultados:
Sucesso:
0,967
Erro: 0,033
Caso os erros não tenham se propagado até esta tarefa, o cirurgião terá uma
probabilidade de erro, como visto na RB inicial do cirurgião, de 0,027. Dessa forma a
confirmação da presença dos erros traz um acréscimo de 18% na probabilidade de erro.
Para os auxiliares, encontra-se um resultado similar:
Sucesso:
0,971
Erro: 0,029
Analogamente à análise feita ao cirurgião, se os erros não forem detectados até este
momento da cirurgia a taxa de erros dos auxiliares será de 0,021. Redução que representa uma
diminuição percentual de 28%.
Novamente, as probabilidades obtidas nesta rodada de simulação das RBs são inseridas
no DSE da incisão da mucosa vaginal posterior, apresentando os seguintes resultados:
Tabela 6.16 - Resultado da modelagem do DSE Figura 5.10
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 4
Erro 3
Figura 6.11 - Probabilidade dos estados finais do DSE Figura 5.10
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 0,0000277001 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,0329990841 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,9669731628 3
Capítulo 6 Resultados
68
6.4.2.4 Ligadura do complexo ligamentar
Analogamente às etapas anteriores, o histórico do procedimento é trazido até este
momento da cirurgia. A RB do cirurgião e dos auxiliares é exatamente a mesma da Figura 6.9
e da Figura 6.10, com o que representa os estados finais da etapa anterior apresentando os
valores das probabilidades do erro tipo 3, erro tipo 4 e sucesso. A atualização de valores, via
simulação, apresenta os seguintes resultados para o cirurgião:
Sucesso:
0,962
Erro: 0,038
E para os auxiliares:
Sucesso:
0,968
Erro: 0,032
De posse destes resultados os mesmos são introduzidos no DSE da ligadura do
complexo ligamentar. Após a simulação os seguintes percentuais são obtidos:
Tabela 6.17 - Resultado da modelagem do DSE Figura 5.11 - DSE da Ligadura do
Complexo Ligamentar
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 1
Erro 5
Figura 6.12 - Probabilidade dos estados finais do DSE Figura 5.11 - DSE da Ligadura do
Complexo Ligamentar
Fazendo-se uma análise de sensibilidade para este resultado percebe-se que o erro tipo 1
aumentou significativamente nesta etapa do procedimento, o que torna a cirurgia mais
demorada e conseqüentemente mais desgastante para toda a equipe cirúrgica. A repercussão
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 5 Erro 5 0,035606912 1
2 Iniciador:Erro 1 Erro 1 0,062976000 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,901417088 1
Capítulo 6 Resultados
69
para este fato se dará com a inclusão desta taxa na RB da ligadura das artérias uterinas do
cirurgião e dos auxiliares.
O erro tipo 5 não será introduzido na próxima etapa do processo, pois este apresenta
uma dependência direta com a etapa de fixação do ângulo vaginal conforme mostrado
anteriormente. Este erro foi inserido diretamente no DSE da fixação do ângulo vaginal.
6.4.2.5 Ligadura das artérias uterinas
O erro tipo 1 da etapa anterior é introduzidas nas RB o cirurgião e do auxiliar, gerando
os seguintes resultados:
Para o cirurgião:
Sucesso:
0,962
Erro: 0,038
Para os auxiliares:
Sucesso:
0,968
Erro: 0,032
A modelagem de erro do evento pivotal 5 (ligadura da artérias uterinas com bisturi
elétrico) do DSE da Figura 5.13, é feito através da árvore de falhas da Figura 6.13.
O evento básico 1 é a utilização do bisturi pelo cirurgião, tendo como probabilidade de
falha o mesmo resultado da simulação feita para a RB do cirurgião nesta etapa do
procedimento, ou seja, 0,038. Este evento é unido através de uma porta “OU” com o evento
falha do bisturi para assim gerar o resultado do evento topo.
A falha do bisturi pode acontecer se qualquer um dos eventos básicos 2, 3 ou 4
acontecerem. Segundo Marx & Slonim (2003) quando inicialmente ainda não existem
pesquisa ou consenso sobre a taxa de falha para um determinado evento, “ancora-se” a
estimativa em 1 erro a cada 1000 tentativas, ou seja, uma taxa de 0,001. Este valor foi
considerado aceitável pelo especialista em manutenção de EMH consultado. Posteriormente,
com a construção de um banco de dados, este valor é ajustado para cima ou para baixo.
Uma falha total no bisturi, como por exemplo uma falha elétrica que impossibilite o uso
do mesmo na cirurgia, não foi adicionada à AF pois supõe-se que caso isto ocorra exista um
equipamento similar de backup para repor aquele impossibilitado para uso.
Capítulo 6 Resultados
70
Figura 6.13 - Árvore de Falhas com evento topo Falha na aplicação do bisturi
A taxa de falha na aplicação do bisturi é então igual a 0,041.
Se o bisturi eletrônico passar por constantes calibrações e a manutenção preventiva for
feita com a periodicidade indicada pelo fabricante do equipamento, a taxa de falha no painel
de controle e na falha de calibração serão reduzidas de acordo com a experiência de um
especialista consulado na área de manutenção de equipamentos médico-hospitalares. Segundo
este especialista, numa análise pessimista esta taxa de indisponibilidade do equipamento
poderia cair para 0,035, representando uma diminuição de 8% nesta indisponibilidade. Este
fato evidencia a necessidade de que a equipe responsável pelo gerenciamento do parque
tecnológico instalado dentro do hospital, geralmente realizado pelo departamento de
Engenharia Clínica, mantenha um rígido controle sobre a calibração e a manutenção
preventiva dos equipamentos que estão sobre a sua tutela.
De posse de todas as probabilidades necessárias para alimentar os EP do DSE, executa-
se a simulação obtendo-se:
Tabela 6.18 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.13
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 0,035606912 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,036852738 4
3 Iniciador:Erro 1 Erro 1 0,062976000 3
4 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,864564350 1
Capítulo 6 Resultados
71
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 1
Erro 4
Erro 3
Figura 6.14 - Probabilidade dos estados finais da Figura 5.13
6.4.2.6 Ligação do complexo tubo-ovariano
Esta etapa é muito parecida com a anterior entretanto, nas RB do cirurgião e dos
auxiliares são adicionados o com as probabilidades dos três tipos de erros e do sucesso.
Para o cirurgião obtém-se os seguintes resultados:
Sucesso:
0,958
Erro: 0,042
E para os auxiliares:
Sucesso:
0,964
Erro: 0,036
O EP 5 deste DSE tem a taxa de falha dada pelo evento topo da AF da Figura 6.13.
Portanto, atribuindo-se a probabilidade do cirurgião realizar esta tarefa, obtém-se que a falha
na aplicação do bisturi acontece em 4,5 vezes de cada 100 realizadas. Inserindo-se estes dados
no DSE são obtidos os seguintes resultados para os estados finais:
Tabela 6.19 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.14
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 0,039030432 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,039947219 4
3 Iniciador:Erro 1 Erro 1 0,070704000 3
4 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,850318349 1
Capítulo 6 Resultados
72
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 1
Erro 4
Erro 3
Figura 6.15 - Probabilidade dos estados finais da Figura 5.14
6.4.2.7 Fixação do ângulo vaginal
Como discutido anteriormente, existe uma dependência direta entre esta etapa do
procedimento e a ligadura do complexo ligamentar, que foi modelada no próprio DSE.
Mesmo com esta dependência apresentada, o histórico da etapa imediatamente anterior a
este passo também é introduzido nas RB do cirurgião e do auxiliar. Os estados finais da etapa
anterior apresentam quatro variáveis (erro 1, 3 e 4 e sucesso) que são introduzidos no da
RB do cirurgião e dos auxiliares resultando em:
Cirurgião:
Sucesso:
0,951
Erro: 0,049
Auxiliares:
Sucesso:
0,959
Erro: 0,052
Com estes resultados faz-se a simulação do DSE da fixação do ângulo vaginal
encontrando-se os seguintes valores (inserido-se o valor da probabilidade de ocorrência do
erro tipo 5 no quarto evento pivotal do DSE):
Tabela 6.20 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.15
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 5 Erro 5 0,045064369 4
2 Iniciador:Erro 1 Erro 1 0,080319000 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,874616631 1
Capítulo 6 Resultados
73
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 1
Erro 5
Figura 6.16 - Probabilidade dos estados finais da Figura 5.15
Desta forma observa-se que a chance da paciente ter um problema de prolapso de
cúpula vaginal devido ao procedimento cirúrgico é de 4,5%.
6.4.2.8 Revisão das áreas sangrantes
A penúltima etapa do procedimento é modelada com a transposição do estado final erro
tipo 1 da fixação do ângulo vaginal para a RB do cirurgião e dos auxiliares, que apresentam
os seguintes resultados:
Para o cirurgião:
Sucesso:
0,957
Erro: 0,043
Para os auxiliares:
Sucesso:
0,960
Erro: 0,040
Como nesta etapa o bisturi é utilizado para cauterização dos vasos sangrantes, a sua
probabilidade de falha é determinada a partir da AF do bisturi. Estes cálculos mostram que
esta probabilidade é de 0,046.
Assim este valor retirado AF da utilização do bisturi é introduzida para gerar as
probabilidades do último EP do DSE da Figura 5.16. Assim os estados finais desta etapa
apresentam os seguintes valores:
Tabela 6.21 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.16
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 0,00016 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,04599264 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,95384736 3
Capítulo 6 Resultados
74
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 4
Erro 3
Figura 6.17 - Probabilidade dos estados finais da Figura 5.16
6.4.2.9 Toque retal
Na última etapa da cirurgia apenas a RB do cirurgião é novamente atualizada. E como
existe um único evento pivotal nesta etapa, que é a realização do toque retal para
identificação de possíveis lesões, o próprio valor do sucesso ou erro do cirurgião será
caracterizado como o sucesso ou erro na cirurgia.
Com isto após a simulação obtêm-se as seguintes probabilidades para o cirurgião:
Tabela 6.22 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.17
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1
Estados Finais
Probabilidades
Sucesso
Erro 3 e Erro 4
Figura 6.18 - Probabilidade dos estados finais da Figura 5.17
Para esta última etapa os erros tipo 3 e 4 foram englobados pois a partir deste momento
qualquer problema com a paciente será caracterizado como um problema pós-operatório.
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 e Erro 4 Erro 3 e Erro 4 0,038 1
2 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,962 1
Capítulo 6 Resultados
75
6.4.3 Análise de Sensibilidade
A fim de ilustrar a flexibilidade da metodologia proposta nos tópicos anteriores, são
apresentadas abaixo algumas análises de sensibilidade das etapas do procedimento cirúrgico.
Para a etapa da incisão da mucosa vaginal no nível da prega vésico-uterina, pode-se
estabelecer a seguinte análise: Dado que foi evidenciada a experiência do cirurgião como
adequada, executa-se uma nova simulação na sua RB. A probabilidade de erro do mesmo
passa a ser 0,012 contra a probabilidade de 0,030 quando não existia nenhuma evidência de
experiência. Inserindo-se esse novo dado no respectivo DSE obtém-se o seguinte cenário:
Tabela 6.23 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.9 dado nível de experiência
do cirurgião adequado
A Figura 6.19 apresenta a comparação entre as probabilidades dos estados finais do
DSE da Figura 5.9. O erro tipo 3 foi omitido do gráfico, pois as suas probabilidades
apresentam valores muito baixos que não apareceriam no mesmo.
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Sucesso Erro 4
Probabilidades
Sem Evidência de
experiência do cirurgião
Com evidência de
exeperiência adequada
do cirurgião
Figura 6.19 - Comparativo das probabilidades dos estados finais do DSE da Figura 5.9
Já para a etapa de incisão da mucosa vaginal ao nível da prega reto-vaginal foi feita uma
análise de sensibilidade comparando-se o impacto da evidência de dois fatores de
desempenho no resultado dos estados finais desta etapa.
Como mencionado anteriormente no desenvolvimento dos fatores de desempenho do
cirurgião, foi constatado que a experiência é o fator de maior impacto para a RB do cirurgião.
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 0,00000057600 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,01199993088 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,98799430912 3
Capítulo 6 Resultados
76
Este fato é comprovado pelo gráfico abaixo, que compara qual a importância do fator
experiência com o fator fadiga.
Caso não exista nenhuma evidência na RB do cirurgião, ele tem uma probabilidade de
executar esta etapa com sucesso de 0,967. Dado a evidência de que a sua experiência é
adequada esta probabilidade aumenta para 0,9858, o que representa um aumento de 1,94%.
Enquanto que, não havendo nenhuma evidência sobre a experiência do cirurgião, e existindo a
evidência de que a fadiga não está presente a probabilidade do cirurgião executar a tarefa com
sucesso passa a ser de 0,971, ou seja, um aumento percentual de 0,40%. Abaixo são
apresentados os cenários para cada um dos casos.
Tabela 6.24 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.10 dado nível de
experiência do cirurgião adequado
Tabela 6.25 - Resultado da modelagem do DSE da Figura 5.10 dado a evidência que a
fadiga não está presente na RB do cirurgião
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
Sucesso Erro 4
Probabilidades
Sem nenhuma evidência
Com evidência de
experiência adequada
Com evidência de fadiga
o presente
Figura 6.20 – Comparativo das probabilidades dos estados finais do DSE da Figura 5.10
A Figura 6.20 comprova o que já havia sido explicitado anteriormente neste trabalho,
que a experiência do cirurgião é um dos fatores de desempenho de maior impacto no resultado
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 8,41E-06 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,014199880578 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,985791709422 3
Ranking
Cenário
Tipo de
Estado Final
Probabilidade
Cortes
Mínimos
1 Iniciador:Erro 3 Erro 3 8,41E-06 1
2 Iniciador:Erro 4 Erro 4 0,02899975611 3
3 Iniciador:Sucesso Sucesso 0,97099183389 3
Capítulo 6 Resultados
77
das probabilidades dos estados finais das etapas do procedimento cirúrgico. Este fato pode ser
explorado pelos centros de saúde, em que se realizam histerectomias vaginais, para passarem
a investir cada vez mais na capacitação dos cirurgiões. Ficando claro, a necessidade de todas
as equipes cirúrgicas possuírem ao menos um cirurgião com experiência comprovada, de
forma a mitigar os riscos durante a histerectomia.
Estas duas análises de sensibilidade foram apenas uma amostra da potencialidade da
metodologia proposta. Podendo nos trabalhos futuros serem exploradas as análises de
sensibilidade nos demais fatores de desempenho do cirurgião e dos auxiliares, explicitando-se
quais e em quanto cada um dos fatores influencia no resultado final da cirurgia.
Capítulo 7 Conclusões
78
7 Conclusões
Este trabalho apresentou uma metodologia causal híbrida que combina redes
Bayesianas, árvore de falhas e diagramas de seqüências de eventos para análise probabilística
de risco do procedimento cirúrgico de Histerectomia Vaginal. Entretanto, esta metodologia
não está restrita a este tipo de cirurgia, podendo ser aplicada, desde que devidamente
ajustada, para qualquer outro tipo de procedimento cirúrgico. Tornando-se, dessa maneira,
uma ferramenta para erradicar/mitigar os riscos durante as etapas de uma cirurgia.
Como já mencionado na introdução desta dissertação, são escassos os trabalhos no
contexto específico de avaliação de risco no decorrer dos procedimentos cirúrgicos. Apenas
Dierks & Nouri (2006) avaliam o risco de procedimentos cirúrgicos ao longo de todas as fases
do processo, como pré-operatório, intra-operatório e pós-operatório, entretanto, sem avaliar os
riscos da execução das ações humanas durante o procedimento cirúrgico. É justamente numa
tentativa de pelo menos preencher parcialmente este vazio que se propõe a metodologia para
avaliação de risco na área cirúrgica, combinando confiabilidade humana com confiabilidade
de equipamentos médicos.
O modelo proposto nesta dissertação mostrou-se condizente e eficaz para identificação e
quantificação dos erros. De acordo com os resultados obtidos, verificou-se que esta
metodologia de avaliação de risco está de acordo com os resultados esperados pelos
especialistas. Fato este que vem estimular a continuidade deste projeto, ficando a proposta
para aplicação do mesmo em outros procedimentos cirúrgicos, como por exemplo,
transplantes de órgãos humanos, dado que são cirurgias de alta complexidade em que os erros
devem ser minimizados devido a escassez de órgãos disponíveis.
7.1 Resumo das atividades
Inicialmente, a técnica de Histerectomia Vaginal Total foi estudada, e com auxílio de
especialistas da área, foi elaborado a descrição hierárquica das tarefas. A descrição das tarefas
englobou todas as etapas de um procedimento cirúrgico: desde do pré-operatório até o pós-
operatório. Contudo, apenas as etapas diretamente relacionadas à execução da cirurgia foram
foco principal deste trabalho. Estas etapas foram descriminadas através de tabelas,
identificando-se os responsáveis, as suas tarefas, possíveis erros associados e suas
conseqüências.
Capítulo 7 Conclusões
79
De posse destas tabelas, foram construídos os diagramas de seqüências de eventos para
cada uma das etapas do procedimento cirúrgico, de acordo com os objetivos estabelecidos no
início deste trabalho. Para correta construção dos DSEs foi necessário estabelecer as variáveis
associadas aos estados finais para cada etapa da cirurgia.
O passo seguinte do trabalho foi relacionar, também com o auxílio dos especialistas,
todos os fatores de desempenho relevantes ao corpo clínico que executa as tarefas. Estes
fatores são montados de forma a construir as redes Bayesianas que determinam a
probabilidade de erro humano para execução de uma tarefa. No início do trabalho havia a
intenção de se construir uma RB para cada elemento presente dentro da sala cirúrgica e que
influenciasse na execução da cirurgia. Entretanto, as RBs do anestesista e do instrumentador
não foram construídas pois aumentaria significativamente a complexidade do trabalho, bem
como o número de probabilidades a serem elicitadas, ficando esta complementação proposta
para trabalhos futuros.
A etapa subseqüente estabelecida nos objetivos do trabalho, corresponde ao
desenvolvimento da análise de confiabilidade dos equipamentos médico-hospitalares
envolvidos no processo cirúrgico. Para tal análise foi construída uma árvore de falhas
envolvendo o bisturi elétrico, que é o único equipamento eletrônico utilizado pelo cirurgião
durante o procedimento, ficando a análise de confiabilidade dos outros equipamentos,
utilizados pelo anestesista, para serem também inseridos em trabalhos futuros.
Em seguida foi elaborado a metodologia causal híbrida baseada na integração dos
diagramas de seqüências de eventos, árvore de falhas e redes Bayesianas dinâmicas. Nesta
modelagem, como mencionado nos capítulos anteriores, os eventos pivotais dos DSEs
relacionados a erros humanos, ou seja, resultantes diretamente de ações humanas, são
modelados através das redes Bayesianas, enquanto que os eventos pivotais relacionados à
falha de equipamentos são modelados via árvore de falhas.
A fim de alimentar as probabilidades do modelo proposto foram realizadas as
elicitações com os especialistas. Devido ao número bastante elevado de probabilidades a
serem elicitadas, foi estabelecido o método de elicitação direta, questionando-se os
especialistas sobre os valores mais freqüentes, otimistas e pessimistas para cada cenário
apresentado. Foi constatada uma dificuldade por parte dos especialistas para indicar estas
probabilidades, ficando claro que, ao responder a primeira probabilidade, seja a mais
freqüente, otimista ou pessimista, o especialista ancora esta probabilidade como base para
responder as demais.
Capítulo 7 Conclusões
80
Dessa forma, como o foco principal deste trabalho é a apresentação de um modelo para
avaliação probabilística do risco em um procedimento cirúrgico, caracterizando os cenários,
desenvolvendo as redes Bayesianas para estes cenários e integrando-as com os diagramas de
seqüências de eventos para obter as probabilidades dos estados finais dos cenários, fica
proposto para uma complementação deste trabalho a utilização de uma metodologia mais
adequada para a elicitação das probabilidades.
A última etapa do trabalho foi simular, através do simulador de modelos causais, os
cenários montados. Observa-se que neste primeiro momento, a importância dos valores
obtidos se muito mais para confirmar a viabilidade do modelo proposto, do que como
forma de estudar as probabilidades de risco para a histerectomia vaginal, pois ainda faz-se
necessário melhorar o método de elicitação, bem como integrar o anestesista e o
instrumentador nos cenários do procedimento cirúrgico.
7.2 A metodologia causal híbrida
Como mencionado anteriormente, o foco principal deste trabalho foi à apresentação
de uma metodologia para avaliação probabilística de risco durante um procedimento
cirúrgico. Dessa forma, alguns comentários a respeito dos aspectos importantes da
metodologia causal híbrida que foram demonstrados na análise do procedimento de
histerectomia vaginal se fazem pertinentes.
Identificação explícita das relações causais dos estados indesejados (riscos).
Com essa identificação pode-se melhor gerenciar os riscos, reduzindo-se a
verossimilhança dos mesmos ou as suas conseqüências. Pode-se, portanto,
erradicar ou mitigar os riscos, pois suas causas são conhecidas e explicitadas.
A modelagem da confiabilidade humana via redes Bayesianas, torna a
identificação dos erros cometidos pelos homens mais eficiente. Pois, todos os
fatores de desempenho envolvidos na execução das tarefas são relacionados,
possibilitando ao analista inferir sobre quais destes fatores mais afetam o
resultado final da tarefa.
Flexibilidade nas análises de sensibilidade, possibilitando ao analista não apenas
identificar quais eventos, fatores de desempenho e confiabilidade de
determinados equipamentos são importantes, mas sim mensurar essa
importância. Ou seja, de quanto é essa importância.
Capítulo 7 Conclusões
81
7.3 Desafios para trabalhos futuros
Integrar ao modelo todas as etapas e equipamentos utilizados durante o
procedimento cirúrgico, para reproduzir os cenários desejados o mais próximo
possível da realidade;
Utilizar métodos de elicitação de especialistas mais eficientes e que sejam
economicamente viáveis;
Realização de elicitação com mais especialistas para minimizar possíveis
discrepâncias nos resultados;
Criação de um banco de dados que passe a alimentar as redes Bayesianas
dinâmicas, podendo-se desta forma ajustar as probabilidades que foram
atribuídas pelo especialista;
Realização de outras análises de sensibilidades para os cenários apresentados;
Elaboração de planos de melhorias para alguns cenários apresentados.
Identificando-se de que forma benfeitorias como treinamento do profissional, ou
mesmo melhorias no instrumental cirúrgico causarão impactos na avaliação do
risco do procedimento;
A partir da análise das benfeitorias quantificá-las em termos de tempo e dinheiro
gastos, avaliando a viabilidade destas melhorias;
Referências Bibliográficas
82
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vaginal / Felipe Andrade Gama de Oliveira. – Recife :
O Autor, 2006.
xiv, 88 folhas : il., fig., tab.
Dissertação (mestrado) Universidade Federal
de Pernambuco. CTG. Engenharia de Produção,
2006.
Inclui bibliografia.
1. Engenharia de produção Avaliação de risco.
2. Cirurgia – Avaliação probabilística de risco. 3.
Modelo causal híbrido – Confiabilidade humana e de
equipamento médico-hospitalar. 4. Redes
bayesianas Seqüência de eventos Diagrama. I.
Título.
658.5 CDU (2.ed.) UFPE
658.5 CDU (22.ed.) BC2006 – 464
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