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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA
NUTRIÇÃO DE RUMINANTES
Autor: Julio Cezar Barreto
Orientador: Prof. Dr. Antonio Ferriani Branco
“Dissertação apresentada, como parte das
exigências para a obtenção do título de
MESTRE EM ZOOTECNIA, no Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Estadual de Maringá – Área de
concentração Produção Animal.”
MARINGÁ
Estado do Paraná
Maio – 2006
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA
NUTRIÇÃO DE RUMINANTES
Autor: Julio Cezar Barreto
Orientador: Prof. Dr. Antonio Ferriani Branco
“Dissertação apresentada, como parte das
exigências para a obtenção do título de
MESTRE EM ZOOTECNIA, no Programa
de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Estadual de Maringá – Área de
concentração Produção Animal.”
MARINGÁ
Estado do Paraná
Maio – 2006
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ii
SENHOR PERMITA
Que eu aceite as minhas derrotas
assim como fico feliz com minhas vitórias sem acusar nada
ou ninguém ao meu redor.
Que a cada dia eu possa agradecer pelo nascer do sol como
pela noite que se vai.
Que eu possa perdoar a quem me fere sem mágoas, sem me
sentir uma vítima por isso.
Que eu entenda que as dificuldades da vida
fazem parte do meu crescimento como ser humano.
Que eu possa ser um ombro amigo a quem precise, sem me
sentir especial por isso, e sem me revoltar quando esse
mesmo ombro não é reconhecido.
Que eu seja humilde e perceba que a minha volta outros
sofrem bem mais do que eu.
Que eu consiga sorrir mais, chorar menos e ser feliz com o
que tenho.
Que eu consiga aprender que sou apenas mais um ser vivo
nesse imenso universo só Seu,
e respeite todas as outras formas de vida como sendo
criação Sua.
Que eu aprenda que a vida me foi dada de presente e que só
a Ti ela pertence.
Que eu tenha mais bondade, piedade, carinho, compreensão e
amor para com meu irmão, mesmo com aqueles que me traem.
E principalmente, me ensine a não pensar em mim, deixando
de ser egoísta até em minhas orações usando o pronome "EU".
Obrigado Senhor !!!
(Vilgarte Larsen)
iii
Aos meus pais,
Milton Cezar Barreto e Lourdes Ghiotto Barreto
Pela educação, amor e incentivo
Aos meus irmãos,
Francisco (in memoriam),
Miguel Luiz,
José Augusto e
Vera Lucia
DEDICO...
AGRADECIMENTOS
A Deus pela vida e pelas boas oportunidades.
Ao Prof. Antonio Ferriani Branco por suas orientações, incentivos, competências
repassadas durante esses dois anos e acima de tudo pela amizade.
À Universidade Estadual de Maringá e à Fazenda Experimental de Iguatemi, por terem
viabilizado a realização deste trabalho.
Ao Programa de Pós-Graduação em Zootecnia e seus professores, pelos ensinamentos
que permanecerão comigo, por toda a vida.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela
concessão da bolsa de estudos.
Ao Prof. Luiz Paulo Rigolon, pela sua disponibilidade em ajudar nas cirurgias dos
animais
À Vanessa Magalhães, Sabrina, Fernanda Granzotto, Fernanda Fereli, Silvana, Roman,
Daniel, Vanessa Fávaro, Gustavo, Fabiane, Bruna e Willian, pela amizade,
companheirismo e ajuda, sem as quais não seria possível a realização deste trabalho.
Ao Alexandre Leseur dos Santos, pela amizade, pelo incentivo e conselhos.
Ao Augusto, Daniele e Evandro pela amizade e convivência nesses dois anos.
v
A todos os funcionários da FEI, que de alguma forma me ajudaram, principalmente ao
Wilson e Ezupério, aos funcionários do laboratório de análise de alimentos, Dilma,
Cleusa, Creuza e Olga, aos funcionários da secretaria do PPZ, Val e Denilson.
A todos os colegas pela amizade e companheirismos durante esses anos.
BIOGRAFIA
JULIO CEZAR BARRETO, filho de Milton Cezar Barreto e Lourdes Ghiotto
Barreto, nasceu em Céu Azul, estado do Paraná, no dia 15 de abril de 1979.
Em dezembro de 1997, concluiu o curso técnico de Alimentos pelo Centro
Federal de Educação Tecnológica do Paraná – CEFET-PR, na cidade de Medianeira –
PR.
Em dezembro de 2003, concluiu o curso de Zootecnia pela Universidade Estadual
do Oeste do Paraná, na cidade de Marechal Cândido Rondon – PR.
Em Março de 2004, iniciou o Programa de Pós-Graduação em Zootecnia, em
nível de Mestrado, área de concentração Produção Animal, na Universidade Estadual de
Maringá, realizando estudos na área de Nutrição de Ruminantes.
No dia 31 de maio de 2006, submeteu-se à banca examinadora para a defesa da
Dissertação de Mestrado.
ÍNDICE
ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS......................................................................... VIII
RESUMO......................................................................................................................... X
ABSTRACT...................................................................................................................XII
INTRODUÇÃO GERAL.................................................................................................. 1
LITERATURA CITADA ............................................................................................... 10
OBJETIVOS GERAIS.................................................................................................... 14
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA NUTRIÇÃO DE
RUMINANTES: DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES E
PARÂMETROS PLASMÁTICOS................................................................................. 15
RESUMO .................................................................................................................... 15
ABSTRACT ................................................................................................................ 16
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 17
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 18
RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 25
CONCLUSÕES................................................................................................................ 36
LITERATURA CITADA ................................................................................................... 36
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA NUTRIÇÃO DE
RUMINANTES: PARÂMETROS RUMINAIS E EFICIÊNCIA DE SÍNTESE
MICROBIANA............................................................................................................... 40
RESUMO .................................................................................................................... 40
ABSTRACT ................................................................................................................ 41
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 42
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 44
RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................................................................... 48
CONCLUSÕES................................................................................................................ 55
LITERATURA CITADA ................................................................................................... 55
CONCLUSÕES GERAIS............................................................................................... 58
viii
ÍNDICE DE TABELAS E FIGURAS
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA NUTRIÇÃO
DE RUMINANTES: DIGESTIBILIDADE APARENTE DOS NUTRIENTES
E PARÂMETROS PLASMÁTICOS
Tabela 1 – Composição química dos alimentos experimentais................................. 20
Tabela 2 – Composição percentual e química das dietas experimentais (% MS)......21
Tabela 3 – Médias e erro padrão (EP) para ingestão (ING), fluxo duodenal (FD),
fluxo fecal (FF), desaparecimento ruminal (DR), desaparecimento
intestinal (DI), desaparecimento total (DT), absorção aparente rumina
l
(AAR), absorção aparente intestinal (AAI) e absorção aparente tota
l
(AAT) do fósforo, cálcio e flúor.............................................................
26
Tabela 4 – Médias e erro padrão(EP) para ingestão (ING), fluxo duodenal (FD),
fluxo fecal (FF), digestão ruminal (DR), digestão intestinal (DI),
digestão total (DT), coeficiente de digestibilidade aparente rumina
l
(CDAR), coeficiente de digestibilidade aparente intestinal (CDAI)
e
coeficiente de digestibilidade aparente total (CDAT) da matéria seca,
matéria orgânica e proteína bruta............................................................31
Tabela 5 – Médias e erro padrão (EP) para ingestão (ING), fluxo duodenal (FD),
fluxo fecal (FF), digestão ruminal (DR), digestão intestinal (DI),
digestão total (DT), coeficiente de digestibilidade aparente rumina
l
(CDAR), coeficiente de digestibilidade aparente intestinal (CDAI)
e
coeficiente de digestibilidade aparente total (CDAT) da fibra e
m
detergente neutro, extrato etéreo e carboidratos não-estruturais.............
33
ix
Tabela 6 – Médias, e erro padrão (EP) para os nutrientes digestíveis totais
calculados (NDTc) e estimados (NDTe) e fósforo plasmático.............35
AVALIAÇÃO DE DIFERENTES FONTES DE FÓSFORO NA NUTRIÇÃO
DE RUMINANTES: PARÂMETROS RUMINAIS E EFICIÊNCIA DE
SÍNTESE MICROBIANA
Tabela 1 – Composição química dos alimentos experimentais................................. 45
Tabela 2 – Composição percentual e química das dietas experimentais (% MS)......46
Tabela 3 – Ingestão média diária (ING), fluxo duodenal (FD), digestão rumina
l
(DR), coeficiente de digaestibilidade aparente ruminal (CDAR) do
nitrogênio, fluxo duodenal de nitrogênio bacteriano (FDNB), fluxo
duodenal de nitrogênio não bacteriano (FDNNB), eficiência de síntes
e
microbiana aparente (EMA), eficiência de síntese microbian
a
verdadeira (EMV) e erro padrão da média (EPM)..................................50
Tabela 4 – Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e nitrogênio (N)
das bactérias ruminais............................................................................. 51
Tabela 5 – Equações de regressão para pH e amônia ruminal em função do tempo
de coleta................................................................................................
52
Figura 1 – Variação do pH ruminal durante o período de 8 horas.............................53
Figura 2 – Variação da concentração de amônia ruminal durante o período de 8
horas........................................................................................................ 54
RESUMO
Este trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de diferentes fontes de fósforo, em
dietas de bovinos em crescimento, sobre o coeficiente de digestibilidade aparente
parcial e total dos nutrientes, parâmetros ruminais, eficiência de síntese microbiana e
fósforo plasmático. Foram utilizados quatro bovinos, castrados, da raça Holandesa Preto
e Branco com 280 kg de peso vivo, implantados com cânula ruminal e duodenal. O
delineamento utilizado foi o Quadrado Latino 4 x 4, onde os tratamentos consistiram na
utilização de diferentes fontes de fósforo na dieta: fosfato bicálcico (BIC), superfosfato
triplo (SPT), fosfato monoamônio (MAP) e fosfato de rocha de Araxá (FRA). As
diferentes fontes de fósforo não afetaram a ingestão, fluxo fecal, digestibilidade
aparente ruminal, duodenal e total de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO),
proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e carboidratos não fibrosos
(CNF). Houve uma menor absorção aparente (P<0,05) de fósforo (P) para o FRA,
diferindo do BIC e MAP. Os animais que receberam FRA apresentaram maiores
ingestão, fluxo fecal, fluxo duodenal, desaparecimento ruminal e desaparecimento fecal
de flúor (F). Os animais que receberam FRA também apresentaram níveis de F
superiores aos recomendados para evitar sua toxidez. As diferentes fontes não alteraram
os níveis plasmáticos de P, bem como a ingestão de nitrogênio, eficiência de síntese
microbiana e composição das bactérias ruminais. Os tratamentos não influenciaram o
pH ruminal, bem como as concentrações de NH
3
-ruminal. Estes resultados mostram um
possível uso do superfosfato triplo e do fosfato monoamônio em substituição do fosfato
bicálcico. Quanto ao fosfato de rocha de Araxá, apesar de não ter causado prejuízo para
os parâmetros de fermentação e digestão, deve-se considerar as exigências de fósforo
xi
porque a absorção aparente do fósforo foi afetada e seus níveis de flúor que estão acima
do recomendado.
Palavras chave: fosfato bicálcico, fosfato de rocha, superfosfato triplo, fosfato
monoamônio, síntese microbiana, fermentação ruminal.
ABSTRACT
This study was carried out to evaluate the effects of different phosphorus sources on
apparent partial and total nutrient digestibility, ruminal parameters, microbial efficiency
synthesis and plasma phosphorus of growing cattle diets. Four Holstein steers with
liveweight of 280 kg and implanted with ruminal and duodenal cannulas were used. The
experimental design was a 4 x 4 Latin Square and the treatments were four
supplemental phosphorus sources: dicalcium phosphate (DP), supertriple phosphate
(SP), monoammonium phosphate (MP) and Araxa rock phosphate (ARP). Phosphorus
sources did not affect intake, fecal flow, apparent ruminal and intestinal digestibility of
dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein (CP), neutral detergent fiber
(NDF) and non fiber carbohydrates (NFC). Phosphorus apparent absorption was lower
(P<.05) for ARP, in contrast with DP and MP. Animals receiving ARP presented
(P<.05) higher intake, fecal flow, duodenal flow, ruminal disappearance and total
disappearance of fluoride (F). Animals receiving ARP were fed fluoride levels higher
than acceptable to avoid toxicity. Phosphorus sources did not affect (P>.05) plasma
phosphorus, nitrogen intake, microbial efficiency synthesis and ruminal bacteria
composition. Treatments did not affect (P>.05) ruminal pH and ruminal ammonium
concentration. These results suggest that it is possible to use supertriple phosphate and
monoammonium phosphate as a replacement for dicalcium phosphate. Concerning to
ARP, there was no effect (P>.05) on fermentation and digestion parameters, but animal
phosphorus requirements should be taken into account because apparent phosphorus
absorption was lower for this source, and fluoride levels were higher than recommended
by research.
xiii
Key words: dicalcium phosphate, rock phosphate, supertriple phosphate,
monoammonium phosphate, microbial synthesis, ruminal fermentation.
INTRODUÇÃO GERAL
Em 1669, Brant, um alquimista alemão, foi o primeiro a isolar o fósforo na urina
de humanos. Em 1694, Boyle preparou uma solução contendo ácido fosfórico,
dissolvendo o óxido fosfórico na água (Knoop, 2004). Em 1769, Gahn, químico sueco,
reconheceu o fósforo como essencial para os ossos. Em 1771, Scheele encontrou grande
quantidades de fósforo nas cinzas de ossos. Por volta de 1770, Scheele e Gahn
descobriram que a matéria prima dos ossos era o fosfato de cálcio. Antes de 1817,
sabia-se que a parte inorgânica dos ossos era formada em grande parte por fosfato de
cálcio com pequena parte constituída por carbonato e magnésio (McDowell, 1992).
Theiler, em 1920, elucidou os casos descritos em 1785, de ovinos em pastejo, na
África do Sul, os quais eram caracterizados por botulismo antecedido pela deficiência
de fósforo. Pastagens com baixos níveis de fósforo causavam baixa produtividade,
baixa taxa reprodutiva e depravação do apetite devido à deficiência do fósforo
(McDowell, 1992).
Após 1960, intensificaram-se as pesquisas nas relações entre a vitamina D e sua
influência no metabolismo do cálcio e do fósforo. Mais recentemente os estudos estão
voltados para as exigências ótimas desses nutrientes, inter-relações com os demais
minerais, e metabolismo (McDowell, 1992).
2
O fósforo é um elemento amplamente estudado que faz parte de muitas funções
vitais ao organismo (Karn, 2001). O fósforo é o segundo mineral mais abundante na
composição dos tecidos animais, aproximadamente, 1 % do peso corporal dos animais é
constituído de fósforo, dos quais 80% estão nos ossos e nos dentes, e os 20% restantes
ficam distribuídos no tecidos moles, envolvidos com metabolismo de modo geral,
principalmente, nas células vermelhas do sangue, músculos e sistema nervoso
(Signoretti et al., 1999; Underwood & Suttle, 1999).
O P participa da composição dos ácidos nucléicos (DNA e RNA) essenciais para o
crescimento e diferenciação nuclear, atua na manutenção da pressão osmótica e
equilíbrio ácido-base, utilização e transferência de energia nas formas de adenosina
mono, di e trifosfato e formação de fosfolipídeos, participa no transporte de ácidos
graxos, absorção e deposição de gorduras e formação de proteínas (Runho et al., 2001).
Para os ruminantes, além de o fósforo desempenhar importantes papéis no
organismo do animal, ele é muito importante para atender às exigências da microflora
ruminal, e caso ocorra a deficiência de fósforo no rúmen a síntese de proteína
microbiana pode ser prejudicada (Ternouth & Sevilla, 1990)
No rúmen ocorrem altas concentrações de fósforo, que variam de 200 a 600 mg/L
(Witt & Owens, 1983), e cerca de 50 a 70% deste fósforo tem origem endógena, isto é,
fósforo que foi secretado pela saliva, que apresenta duas funções importantes, ou seja,
atuar como tampão contra o baixo pH no rúmen, resultante da produção de ácidos
orgânicos e fazer parte da nutrição da microflora do rúmen. As células microbianas
contém 20 a 60 g de P/kg de matéria seca (Hungate, 1966), presentes como ácidos
nucléicos (80%) e fosfolipídeos (10%).
3
Segundo Witt & Owens (1983), a disponibilidade de fósforo (P) para os
microrganismos do rúmen é importante para atingir a máxima eficiência de digestão dos
nutrientes.
A determinação da exigência, assim como da disponibilidade de fósforo nos
ruminantes é dificultada pela reciclagem desse mineral do sangue para a saliva, e daí
para o rúmen que acaba se somando com o fósforo da dieta, distorcendo os valores
reais. Além disso, a produção de saliva é muito variável ao longo do dia, nos bovinos,
por exemplo, varia de 2 litros/dia no jejum a 15 litros/kg de MS ingeridos, dificultando,
desse modo, o uso de valores médios (Symonds et al., 1993).
Os ruminantes conseguem metabolizar de forma mais eficiente o fósforo
secretado na saliva, com concentração entre 16-40mmol/L, o que aumenta as
concentrações no rúmen e duodeno, facilitando a absorção, o que não ocorre em não-
ruminantes (Rosol & Capen, 1997).
Muitos fatores afetam as necessidades de fósforo, como raça, taxa de crescimento
e produtividade, estresse, nível e disponibilidade do elemento na ração, níveis de outros
elementos, qualidade do volumoso, condição do ambiente e nível do mineral na água
fornecida (MacDowell, 1992).
Alguns trabalhos têm sido desenvolvidos, no Brasil, para obter informações que
permitam fazer estimativas de exigências nutricionais nas condições brasileiras,
adequando assim, conhecimentos básicos oriundos de outros países para a nossa
realidade (Silva, 1995). A partir da década de 80, foram desenvolvidos alguns trabalhos
de determinação de exigências líquidas de macrominerais (Ezequiel, 1987; Lana, 1991;
Pires, 1991; Paulino et al., 1999; Silva et al., 2002).
Silva et al. (2002) utilizando dados de 14 experimentos sobre exigências
nutricionais, utilizando o método do abate comparativo, verificou que as exigências
4
nutricionais de fósforo são maiores que as recomendadas pelo NRC (1996).
As estimativas das exigências de minerais, a partir de ensaios da alimentação,
receberam um enfoque diferente quando em 1965, o Agricultural Research Council
(ARC) propôs a aplicação do método fatorial para o cálculo das exigências mínimas
(Silva, 1995). Este método baseia-se nas quantidades líquidas depositadas no organismo
animal para atingir as necessidades de crescimento, ganho de peso, gestação e lactação.
Esses valores, somados às exigências de manutenção, ou seja às perdas inevitáveis pelo
corpo (perdas endógenas), vão constituir a exigência líquida total. A exigência total
dividida pelo coeficiente de absorção resulta na exigência dietética do mineral (ARC,
1994).
Na estimativa das exigências de fósforo, a avaliação da deposição do mineral em
diferentes idades e pesos, deve ser feita através de análises químicas dos tecidos após o
abate do animal. Através dessas informações, foram propostos modelos que permitem
estimar a composição mineral do corpo do animal e, conseqüentemente, as exigências
para crescimento e ganho (ARC, 1980; AFRC, 1991).
A deficiência de fósforo é uma condição freqüente em bovinos criados a pasto,
uma vez que as forrageiras, sobretudo as de clima tropical, são notoriamente deficientes
em fósforo, o nível de fósforo dessas forragens é amplamente variável e é influenciado
principalmente pelos níveis de fósforo do solo, pela fase de maturidade da forragem e
pelo clima (Underwood & Suttle, 1999).
No Brasil a produção de gado de corte é feita predominantemente em pastagens
de baixo valor nutritivo, onde a deficiência de fósforo se destaca dentre as demais
(Tokarnia et al., 1988), causando grandes prejuízos sobre a produção e reprodução dos
rebanhos. A deficiência de fósforo é ainda reconhecida como a mais abrangente e a
mais importante dentre todas as que podem estar sujeitos bovinos sob pastejo
5
(Underwood, 1983).
Sinais clínicos da deficiência crônica de fósforo, como baixo ganho de peso,
consumo reduzido, depravação do apetite e falha reprodutiva (Underwood, 1983),
podem levar certo tempo para se estabelecerem. A identificação de deficiências
marginais, nas quais existem perdas produtivas sem sintomas clínicos definidos, exige o
uso de análises bioquímicas. A determinação da deficiência de um elemento mineral
pode se dar por intermédio de monitoração dos níveis do mesmo nos tecidos ou de
comparação das estimativas de ingestão do elemento com os requisitos nutricionais. Os
tecidos mais utilizados na avaliação do fósforo no organismo animal são o sangue e os
ossos. A concentração de fósforo inorgânico (Pi) no soro ou no plasma é muito usada,
já que o teor de fósforo inorgânico cai rapidamente quando a dieta é inadequada
(Nicodemo et al., 2000). O sangue contém cerca de 33-45 mg/dL de Pi localizado na
sua maior parte no interior das células, sendo que a fração plasmática possui apenas
4,5-6mg/dL em animais adultos e 6-9mg/dL em animais em crescimento (McDowell,
1992).
Em períodos de deficiência os animais são capazes de remover até 30% de fósforo
depositado nos ossos, sendo primeiramente reabsorvidos das vértebras e costelas (ossos
esponjosos). O fósforo mantém concentrações no sangue relacionadas ao teor de cálcio
sendo a concentração molar ideal de 1,67:1 (Ca:P) para bovinos, e nos ossos pode
chegar até 2:1 (Barcellos et al., 1998).
Dietas com baixo fósforo resultam em alterações no metabolismo que permitem a
secreção de substâncias que promovem a otimização da absorção do fósforo intestinal.
A vitamina D é uma das substâncias responsáveis e aumenta a absorção do fósforo no
intestino. Além da ação intestinal também proporciona a reabsorção do fósforo nos
túbulos renais como forma de adaptação à escassez de fósforo dietético. No entanto a
6
absorção não depende somente da presença na dieta e sim da disponibilidade do fósforo
ingerido (Rosol & Capen, 1997).
Alguns minerais podem prejudicar a absorção quando estão presentes misturadas
às fontes de fósforo, é o caso de altas concentrações de magnésio e alumínio. Dietas
com alto cálcio e alto teor de gordura aumentam o requerimento de fósforo (McDowell,
1992).
Na crosta terrestre o fósforo está na forma de fosfato, especificamente na forma
de ortofosfato. Todavia, no solo o fósforo não ocorre na forma livre, devido à sua
grande capacidade de reagir com outros elementos (Carvalho et al., 2003)
Segundo Butolo (2002), os depósitos de fósforo podem ser divididos em dois
grandes grupos: os de origem magmática (rochas ígneas) e os de origem sedimentar
(rocha sedimentar). As rochas ígneas, devido à sua formação primária apresentam
apatita elevada, isto é, com baixos teores de elementos indesejáveis, como ferro, flúor,
alumínio e metais pesados. Ao contrário, as sedimentares são formadas por
intemperismo da natureza e apresentam fosfatos contaminados por flúor, metais pesados
e, até mesmo, elementos radioativos.
As fontes de fósforo inorgânico mais comumente encontradas são: ácido fosfórico
(24% P), fosfato bicálcico (18,5% P), fosfato de rocha (9% P), fosfato de rocha
defluorizado (18% P), fosfato diamônico (20-23% P), fosfato dissódico (20,5% P),
fosfato monocálcio (21% P), fosfato monossódico (21,4% P), tripolifosfato de sódio
(25,3% P), superfosfato triplo (17,5% P), fosfato monoamônico (21% P) e fosfato
termomagnésio (7,5% P) (Lima et al., 1999).
Diante da grande variedade das fontes de fósforo existentes, tem-se trabalhado
muito na determinação da biodisponibilidade do fósforo, como também seu uso em
dietas de animais. A utilização do fósforo é medida pela sua biodisponibilidade e refere-
7
se à proporção do elemento num composto que pode ser utilizado para garantir os
processos fisiológicos do animal (Veloso & Medeiros, 1991).
Com a possibilidade de utilização de fontes alternativas de P, liberadas pelo
Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAA) (Brasil, 1997), tem-se a necessidade
de pesquisar a viabilidade de utilização dessas fontes de fósforo. As fontes de P
utilizadas devem estar registradas no MAA (Brasil, 1997) e o nível de F na mistura
mineral não deve ultrapassar 2.000 ppm (Brasil, 2000). Temos como opções o fosfato
de rocha de Araxá (FRA), superfosfato triplo (SPT) e o fosfato monoamônio (MAP), os
quais devem ser mais estudados no sentido de verificar a possibilidade de utilização em
substituição do fosfato bicálcico (BIC).
Os fosfatos de rocha (Patos, Araxá, Tapira, etc) são obtidos por meio do
processamento das rochas fosfáticas, e se compõe, basicamente, de fosfato tricálcico. As
rochas fosfáticas nacionais, de origem ígnea e metamórfica, possuem em geral, teores
de flúor mais baixos que as rochas estrangeiras de origem sedimentar. O flúor pode se
apresentar em concentrações tóxicas mesmo nos fosfatos de rocha nacionais, que
também têm disponibilidade biológica cerca de 30% inferior ao fosfato bicálcico e baixa
palatabilidade (EMBRAPA, 1994). As rochas ígneas são mais puras que as
metamórficas, que, por sua vez, são mais puras que as sedimentares. Como exemplo de
rocha ígnea temos a rocha encontrada em Cajati, interior de SP; as rochas metamórficas
são encontradas em Patos de Minas, no interior de MG; as rochas sedimentares são
encontradas no continente africano (Serrana, 2001).
O superfosfato triplo é um fertilizante formado, basicamente, por fosfato
monocálcico e tem boa palatabilidade. Resultados experimentais mostraram que os
bovinos suplementados com superfosfato triplo, produzidos a partir de rochas nacionais,
apresentaram desempenho semelhante ao fosfato bicálcico (EMBRAPA, 1994). A
8
disponibilidade biológica também foi comparável. Contudo, bovinos ingerindo
superfosfato triplo tendem a apresentar maior acúmulo de flúor nos ossos, comparados a
animais suplementados com fosfato bicálcico (EMBRAPA, 1994).
Segundo Pilati et al. (1997) animais que receberam suplemento que não continha
flúor se comportaram como aqueles que receberam pequenas e grandes quantidades de
flúor do fosfato de rocha. Como o flúor do fosfato de rocha é de menor disponibilidade,
difícil absorção, os bovinos toleram doses diárias mais elevadas desse elemento quando
comparado, por exemplo, com o fluoreto de sódio (Underwood & Suttle 1999).
O fosfato monoamônio contém pouco Ca e é muito reativo, podendo produzir
empedramento da mistura mineral quando fontes como carbonato de Ca são
empregadas. Essa situação pode ser contornada pela substituição por sulfato de cálcio
(gesso), porém, segundo Nicodemo (1999), tal procedimento nem sempre é
recomendado, pois este material contém alto teor de flúor (0,6 a 1,0%).
Vitti et al. (1992), trabalhando com ovinos, utilizando a técnica de radioisótopos,
observaram alta disponibilidade biológica para os superfosfato triplo e monoamônio,
que foram de 70 e 59% respectivamente, semelhantes ao fosfato bicálcico que teve uma
disponibilidade de 62%. Já os fosfatos de rocha de Tapira e Patos tiveram uma
disponibilidade de 44 e 43%, respectivamente.
Segundo Nicodemo (1999), a utilização de fontes de fósforo, como o fosfato de
rocha e o superfosfato triplo, não regularizado nos órgãos competentes, implica em
certos riscos e nesse caso, há necessidade de monitoramento de rotina dos teores de
fósforo, cálcio e flúor dos fosfatos, além do acompanhamento da suplementação por
profissional habilitado.
A intoxicação por flúor depende da quantidade consumida, do tempo de
utilização, da solubilidade da fonte de flúor (o fluoreto de sódio é mais disponível que o
9
fluoreto de cálcio), espécie e idade do animal, estado geral de nutrição e a presença de
antagonistas (como o alumínio). Os sintomas de intoxicação incluem alterações
dentárias em animais jovens, com perda de brilho, manchas, cáries e erosões, hipoplasia
e desgaste anormal dos dentes, além de alterações ósseas, manqueira e rigidez das
juntas (NRC,1974).
A deficiência de P pode ser prevenida ou suplantada pelo tratamento direto dos
animais por meio de suplementação da dieta quer seja pelo uso de sal mineral quer seja
pela adição dos minerais à água ou, indiretamente por meio da fertilização (Conrad et
al., 1985).
No Brasil, o método mais utilizado para corrigir as deficiências de fósforo nos
rebanhos é através de misturas ou suplementos minerais, colocados à disposição
permanente para os animais em cochos nas pastagens (Pilati et al., 1997).
10
LITERATURA CITADA
AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL - AFRC. Technical
Committee on Responses to Nutrients. A Reappraisal of the calcium and phosphorus
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OBJETIVOS GERAIS
O objetivo foi avaliar diferentes fontes de fósforo na dieta de bovinos e seus
efeitos sobre a absorção aparente do fósforo, cálcio e flúor, a digestibilidade aparente
dos nutrientes, a concentração plasmática de fósforo, os parâmetros ruminais e a
eficiência da síntese de proteína microbiana.
15
Avaliação de Diferentes Fontes de Fósforo na Nutrição de Ruminantes:
Digestibilidade Aparente dos Nutrientes e Fósforo Plasmático
RESUMO: Objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito de diferentes fontes de
fósforo, em dietas de bovinos em crescimento, sobre o coeficiente de digestibilidade
aparente parcial e total dos nutrientes, sobre o desaparecimento e a absorção aparente
parcial e total do P, Ca e F e fósforo plasmático. Foram utilizados quatro bovinos,
castrados, da raça Holandesa Preto e Branco, com 280 kg de peso vivo e implantados
com cânula ruminal e duodenal. O delineamento utilizado foi o quadrado latino 4 x 4,
onde os tratamentos consistiram na utilização de diferentes fontes de fósforo na dieta:
fosfato bicálcico (BIC), superfosfato triplo (SPT), fosfato monoamônio (MAP) e fosfato
de rocha de Araxá (FRA). As diferentes fontes de fósforo não afetaram a ingestão, fluxo
fecal, digestibilidade aparente ruminal, duodenal e total de matéria seca (MS), matéria
orgânica (MO), proteína bruta (PB), fibra em detergente neutro (FDN) e carboidratos
não fibrosos (CNF). Houve uma menor absorção aparente (P<0,05) de fósforo (P) para
os animais que receberam FRA, e os outros tratamentos foram semelhantes entre si.
Para o flúor (F) os animais que receberam FRA apresentaram maior ingestão, fluxo
fecal, fluxo duodenal, desaparecimento ruminal e desaparecimento fecal. Os animais
que receberam FRA também apresentaram níveis de F superiores aos recomendados
para evitar sua toxidez. A concentração plasmática de fósforo não foi influenciada
(P>0,05) pela fonte de fósforo utilizada. Estes resultados mostram um possível uso do
superfosfato triplo e do fosfato monoamônio em substituição do fosfato bicálcico.
Quanto ao fosfato de rocha de Araxá, apesar de não ter causado prejuízo para os
parâmetros de fermentação e digestão, deve-se considerar as exigências de fósforo,
porque a absorção aparente do fósforo foi afetada e seus níveis de flúor estão acima do
recomendado.
Palavras chave: fosfato bicálcico, superfosfato triplo, fosfato monoamônio, fosfato de
rocha, fósforo plasmático
16
Evaluation of Phosphorus Sources in Ruminant Nutrition: Aparent Digestibility of
Nutrients and Plasma Phosphorus
ABSTRACT: This work was carried out to evaluate the effects of different phosphorus
sources on partial and total nutrient apparent digestibility, partial and total
disappearance and absorption of P, Ca and F and plasma phosphorus in growing cattle
diets. Four Holstein steers with liveweight of 280 kg and implanted with ruminal and
duodenal cannulas were used. The experimental design was a 4 x 4 Latin Square and the
treatments were four supplemental phosphorus sources: dicalcium phosphate (DP),
supertriple phosphate (SP), monoammonium phosphate (MP) and Araxa rock phosphate
(ARP). Phosphorus sources did not affect (P<.05) intake, fecal flow, ruminal, duodenal
and total apparent digestibility of dry matter (DM), organic matter (OM), crude protein
(CP), neutral detergent fiber (NDF) and non fiber carbohydrates (NFC). There was a
lower P apparent absorption (P<.05) in animals receiving ARP; on the other hand, the
other treatments presented similar results. Cattle receiving ARP showed higher intake,
fecal flow, duodenal flow, ruminal and fecal disappearance for fluoride (F). Cattle
receiving ARP were fed F levels higher than acceptable to avoid toxicity. P plasma
concentration was not (P>.05) influenced by P source. These results suggest there is a
possibility of replacing DP for SP and MP. They also show that ARP did not affect
negatively rumen fermentation and digestion, but P requirements should be considered,
once apparent P absorption was negatively affected and fluoride levels were higher than
recommended.
Key words: dicalcium phosphate, supertriple phosphate, monoammonium phosphate,
rock phosphate, plasmatic phosphorus.
17
Introdução
Todos os animais apresentam uma exigência em elementos inorgânicos que
podem entrar na dieta em maior quantidade, os macroelementos, ou em menor
quantidade, os microelementos. Entre esses minerais um que apresenta grande
importância é o fósforo, tanto em relação as suas funções no organismo animal quanto
em relação ao seu custo, por ser considerado um elemento que onera as rações e
misturas minerais.
O fósforo é disponibilizado aos animais na forma de mono, di e trifosfato
inorgânico. Aparece na forma orgânica como fitatos, fosfolipídeos e fosfoproteínas.
Pela ação do suco gástrico atinge o intestino delgado onde é realizada a absorção
(Barcellos et al., 1998). O processo de absorção ocorre na sua maior parte na porção
cranial do duodeno tanto ruminantes como em não ruminantes (Rosol & Capen, 1997),
onde o pH é suficientemente baixo para permitir a formação de fosfato solúvel (Ben-
Ghedalia et al., 1975).
Conforme relatos de Barcellos et al. (1998), a absorção de fósforo nos pré-
estômagos dos ruminantes ocorre por transferência passiva através do epitélio ruminal.
Para tanto, necessita de concentrações mínimas para que ocorra, cerca de 4 mmol/L no
líquido ruminal, já que isto proporciona uma diferença de concentração entre os dois
lados da parede do rúmen.
Existem vários fatores que interferem na absorção do fósforo e, a quantidade
absorvida pelo animal depende do nível de P na dieta, da fonte desse mineral, da relação
Ca:P na dieta, do pH intestinal e outros elementos minerais que são antagônicos à
absorção e utilização de fósforo (DeLuca, 1979). A disponibilidade biológica do fósforo
é medida pela condição do elemento mineral em suportar algum processo fisiológico, e
18
é definida como sendo a proporção da quantidade de um elemento ingerido de uma dada
fonte ou dieta, o qual é absorvido e utilizado pelo animal para atender seu requerimento
líquido (Peller, 1972 e Partridge, 1980)
A concentração de fósforo inorgânico no plasma é muito usada para determinar
deficiências de fósforo na dieta, pois, os sinais clínicos da deficiência crônica de
fósforo, como baixo ganho de peso, consumo reduzido, depravação de apetite e falha
reprodutiva, podem levar certo tempo para se estabelecerem. No plasma os teores de
fósforo inorgânico caem rapidamente, quando a dieta é inadequada. É importante o
estabelecimento dos níveis de fósforo no sangue no momento em que a deficiência de
fósforo começa a afetar o consumo de alimento, produzindo prejuízos econômicos
(Underwood & Suttle, 1999). O sangue contém cerca de 33-45 mg/dL de Pi localizado
na sua maior parte no interior das células, sendo que a fração plasmática possui apenas
4,5-6mg/dL em animais adultos e 6-9mg/dL em animais em crescimento (McDowell,
1992).
Objetivou-se com o presente trabalho avaliar diferentes fontes de fósforo, ou seja,
fosfato bicálcico, superfosfato triplo, fosfato monoamônio e fosfato de rocha de Araxá e
seus efeitos sobre a digestibilidade aparente dos nutrientes, absorção parcial e total do
fósforo e concentração plasmática de fósforo em bovinos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no setor de Avaliação de Alimentos para Animais
Ruminantes da Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI), pertencente à Universidade
Estadual de Maringá, localizada no distrito de Iguatemi, e as análises químicas foram
realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos e Nutrição Animal (LANA) do
19
Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (DZO) no período de
novembro de 2004 a fevereiro de 2006.
Foram utilizados quatro bovinos, machos, castrados, da raça Holandesa Preto e
Branco, com 280 kg de peso vivo médio. Os animais foram implantados com cânulas
ruminal e duodenal (tipo T-simples).
Os animais permaneceram numa instalação totalmente coberta com piso
concretado, em baias individuais com 8,75 m
2
de área útil. As baias eram providas de
comedouro de polietileno individuais e bebedouros automáticos, um para cada duas
baias.
Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, pela manhã às 8 horas e 30
minutos e à tarde às 16 horas e 30 minutos, receberam água à vontade. Foi mantido um
manejo higiênico/sanitário rigoroso dos animais e das instalações. As baias eram
lavadas três vezes por semana, sendo limpas todos os dias e os bebedouros também
lavados diariamente, assegurando assim, o fornecimento de água de boa qualidade. As
cânulas eram lavadas diariamente para garantir a higiene dos animais. Os animais foram
pesados no início de cada período experimental, com o objetivo de ajustar o consumo de
matéria seca.
Os períodos experimentais tiveram a duração de 21 dias, com cinco dias de coleta
de amostras (digesta, fezes e sangue) realizada no período compreendido entre o 17
o
e
21
o
dias.
Os alimentos utilizados na composição das dietas experimentais foram: silagem
de milho, casca de soja, casca de algodão, uréia e suplemento mineral sem fósforo. A
composição química dos alimentos é apresentada na Tabela 1.
As dietas (Tabela 2) foram calculadas para atender 1,5 vezes a exigência de
energia líquida de mantença (NRC, 1996), permitindo um ganho de peso vivo de 0,5
20
kg/dia, e os tratamentos avaliados foram: fosfato bicálcico (BIC); superfosfato triplo
(SPT); monoamônio fosfato (MAP) e fosfato de rocha de Araxá (FRA). As fontes de
fósforo foram colocadas diretamente no rúmen na alimentação da manhã e forneciam 8g
de P (0,12% na MS da dieta total), representando 60% do P total. A quantidade
fornecida de MS/dia foi de 2,5% do peso vivo (PV).
O óxido de cromo foi utilizado como indicador externo para determinar o fluxo da
digesta duodenal e produção fecal, sendo o mesmo ministrado via intra-ruminal na
alimentação da manhã, em uma dose diária de 10 g a partir do 7
o
dia de cada período.
Com o objetivo de determinar a digestibilidade parcial e total da MS, MO, PB,
FDN e reciclagem e absorção aparente de fósforo (P) foram coletadas amostras do
volumoso, do concentrado, das sobras, de digesta duodenal (200 mL) e de fezes (50 g).
Tabela 1 – Composição química dos alimentos
Table 1 – Chemical composition of feeds
Alimentos
(Feeds)
PB
(CP)
NDT
(TDN)
CNF
(NFC)
EE
(EE)
FDN
(NDF)
Ca
(Ca)
P
(P)
F
(F)
Silagem de Milho (%)
(Corn Silage)
10,42 65 19,6 2,36 61,30 0,17 0,16
Casca de Soja (%)
(Soybean Hulls)
13,87 80 5,38 1,50 72,54 0,47 0,10
Casca de Algodão (%)
(Cotton Seed Hulls)
5,23 45 1,62 1,54 89,05 0,08 0,05
Uréia (%)
(Urea)
280 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fosfato Bicálcico (%)
(Dicalcium Phosphate)
23,98 18,00 0,14
Superfosfato Triplo
(%)
(Supertriple phosphate)
14,00 21,90 0,50
Fosfato Monoamônio (%)
(Monoammonium Phosphate)
1,73 24,00 0,68
Fosfato de Rocha de Araxá (%)
(Araxa Rock Phosphate)
24,61 10,60 1,02
Suplemento Mineral (%)
1
(Mineral Supplement)
10,00 0,00 0,00
1
Composição do suplemento mineral: 1,2% de S; 1,2% de Mg; 10% de Na; 10% de Ca; 30 ppm de
Co; 800 ppm de Cu; 50 ppm de I; 1200 ppm de Mn; 12 ppm de Se; 3200 ppm de Zn.
21
1
Composition of the mineral supplement: 1.2% of S; 1.2% of Mg; 10% of Na; 10% of Ca; 30 ppm of
Co; 800 ppm of Cu; 50 ppm of I; 1.200 ppm of Mn; 12 ppm of Se; 3.200 ppm of Zn..
Tabela 2 – Composição percentual e química das dietas experimentais (% MS)
Table 2 – Percentual and chemical composition of the experimental diets (%DM)
Alimentos (Feeds) % MS
Silagem de Milho (%) (Corn Silage)
16,38
Casca de Soja (%) (Soybean Hulls)
34,45
Casca de Algodão (%) (Cotton Seed Hulls)
47,40
Uréia (%) (Urea)
1,17
Suplemento Mineral (%)
(Mineral Supplement) 0,60
Dietas Experimentais (%)
1
PB
(CP)
NDT
(TDN)
CNF
(NFC)
EE
(EE)
FDN
(NDF)
Ca
(Ca)
P
(P)
BIC (DP) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,38 0,20
2
SPT (SP) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,30 0,20
MAP (MP) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,23 0,20
FRA (ARF) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,49 0,20
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de
rocha de Araxá.
2
Fósforo contido nos alimentos, mais o fósforo das fontes suplementares
1
DP= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
Araxá rock phosphate.
2
Feeds phosphorus more phosphorus from supplemental sources
As amostragens do concentrado e da silagem foram realizadas, semanalmente e,
misturadas em amostras compostas de forma proporcional, para todo o período
experimental. As sobras de alimento no comedouro foram recolhidas diariamente,
pesadas e amostradas, sendo, então, congeladas para posterior análises. As amostras do
concentrado, silagem, sobras, fezes e digesta duodenal foram acondicionadas em sacos
plásticos, devidamente etiquetados e congeladas (-20ºC) para posterior processamento e
análises. As amostras de digesta duodenal e de fezes foram coletadas por um período
total de quatro dias, em intervalos de 5 horas, com um incremento de 1 hora de um dia
para o outro, totalizando 12 amostras de digesta duodenal e 12 de fezes por animal e
período.
22
As amostras de silagem de milho, de sobras, de digesta duodenal e de fezes foram
secas em estufa com circulação forçada de ar à 55ºC por 96 horas, moídas
individualmente em moinhos de faca, utilizando peneira com crivo de 1 mm, e
misturadas em quantidades iguais, com base no peso seco, para formar amostras
compostas de digesta e fezes por animal e período.
As amostras dos alimentos utilizados nas dietas experimentais, das sobras no
cocho, de digesta duodenal e de fezes foram analisadas para teores de MS, MO, PB, EE,
Ca (AOAC, 1990), FDN (Van Soest et al., 1991), P (Fiske & Subbarow, 1925) e de
flúor pela potenciometria direta com eletrodo seletivo, segundo Singer & Armstrong
(1968). O teor de cromo
nas amostras de digesta duodenal e de fezes foi determinado
por espectrofotometria de absorção atômica, conforme técnica descrita por Williams et
al. (1962), e usado juntamente com a concentração de nutrientes para determinar o fluxo
de nutrientes para o duodeno e fezes. A partir das concentrações de cromo encontradas
nas fezes e digesta duodenal, foi calculado a produção fecal e o fluxo duodenal
utilizando-se a seguinte fórmula:
MS Fecal = Ii (g/dia) .
[If] (g/gMS)
MS Duodenal = Ii (g/dia) .
[Id] (g/gMS)
Ii = Quantidade de indicador ingerido por dia
[If] = Concentração do indicador encontrados nas fezes
[Id] = Concentração do indicador encontrados na digesta duodenal
Determinação do coeficiente de digestibilidade ou absorção aparente total:
CDAT do nutriente = g nutriente ingerido – g do nutriente na MS fecal x 100
g nutriente ingerido
23
Determinação do coeficiente de digestibilidade ou absorção aparente ruminal:
CDAR do nutriente = g nutriente ingerido – g do nutriente na MS duodenal x 100
g nutriente ingerido
Determinação do coeficiente de digestibilidade ou absorção aparente intestinal:
CDAI do nutriente =
g nutriente na MS duodenal – g do nutriente na MS fecal x 100
g nutriente na MS duodenal
Os carboidratos não fibrosos foram calculados pela seguinte equação (Sniffen et
al., 1992):
CNF = 100 – (%FDN + %PB + %EE + %cinzas)
Onde:
FDN: Fibra em detergente neutro
PB: Proteína bruta
EE: Extrato etéreo
Os nutrientes digestíveis totais das dietas, sobras e fezes foram calculadas pela
seguinte equação (Sniffen et al., 1992):
NDT = PD + FDND
N
+ (EED x 2,25) + CNFD, em que:
PD = proteína digestível;
FDND
N
= fibra em detergente neutro digestível corrigida para nitrogênio;
EED = extrato etéreo digestível;
CNFD = carboidratos não fibrosos digestíveis
24
Os nutrientes digestíveis totais também foram estimados pela equação de predição
proposta por Weiss (1999).
NDT forragem = [PB * e
-0,012 * NIDA
] + [0,98 * CNF] + [0,90 * (EE – 1) * 3,0] + {0,75 *
(FDN
PB
– L) * [ 1 – (L/FDN
PB
)
0,667
]} – 7
NDT concentrado = {PB * [1 – (0,004 * NIDA)]} + [0,98 * CNF] + [0,90 * (EE – 1) *
3,0] + {0,75 * (FDN
PB
– L) * [ 1 – (L/FDN
PB
)
0,667
]} – 7
Onde:
PB: Proteína bruta
NIDA: Nitrogênio insolúvel em detergente ácido
CNF: Carboidratos não fibrosos
EE: Extratoetéreo
FDN
PB
: Fibra em detergente neutro corrigida para proteína
L: Lignina
No 20º dia de cada período experimental foi realizada coleta de sangue em tubos
heparinizados e, posterior obtenção do plasma, em centrifuga a 2500 x g, por 15
minutos. O plasma foi analisado para fósforo inorgânico (Little et al., 1971).
O experimento foi conduzido em delineamento experimental Quadrado Latino 4 x
4. Os dados foram interpretados por uma análise de variância, e as médias comparadas
pelo teste de Tukey, adotando-se 5% de probabilidade utilizando o programa SAEG
(UFV, 1997).
O modelo matemático utilizado para a análise de variância foi:
Y
ijk
= μ + A
i
+ P
j
+ T
k
+ e
ijk
, onde:
μ= média dos tratamentos;
A
i
= efeito do animal i, variando de 1 a 4;
P
j
= efeito do período j, variando de 1 a 4;
25
T
k
= efeito do tratamento k, variando de 1 a 4;
e
ijk
= erro aleatório
Resultados e Discussão
Os resultados para ingestão, desaparecimento e absorção aparente de fósforo,
cálcio e flúor são apresentados na Tabela 3.
A ingestão, o fluxo duodenal, o desaparecimento ruminal, o desaparecimento
intestinal, a absorção aparente ruminal e intestinal de P dos animais suplementados com
as diferentes fontes de fósforo foram semelhantes (P>0,05).
O total de P excretado nas fezes foi maior (P<0,05) para os animais que
consumiram as dietas contendo FRA (6,92g/dia), já para os tratamentos BIC, SPT e
MAP (5,42; 5,78 e 5,62 respectivamente) não houve diferença (P>0,05). Isto pode ser
explicado pela menor disponibilidade do fosfato de rocha quando comparado com as
outras fontes.
Vitti et al. (2001) trabalhando com novilhos cruzados recebendo 10 g P/dia,
usando como fonte suplementar de P o fosfato bicálcico, e os fosfatos de rocha de Patos
de Minas e Tapira, encontraram 6,52; 8,28 e 8,16 g P/dia excretado nas fezes para
bicálcico, Patos de Minas e Tapira, respectivamente, valores esses superiores aos
encontrados no presente experimento que foram de 5,42; 5,78; 5,62 e 6,92 g P/dia para
BIC, SPT, MAP e FRA respectivamente.
No presente experimento, a excreção fecal se apresentou entre 38,30 e 49,04% do
ingerido para BIC e FRA respectivamente, discordando de Vitti et al. (1992), que
trabalhando com fosfato bicálcico, fosfato monoamônio e superfosfato triplo, relataram
que os valores médios de fósforo excretados nas fezes correspondem a
aproximadamente 70% em relação ao fósforo consumido. O fósforo excretado é
26
constituído não somente pelo fósforo não absorvido da dieta mas também a fração
endógena do fósforo (Georgievskii et al., 1982).
Tabela 3 - Médias e erro padrão (EP) para ingestão (ING), fluxo duodenal (FD), fluxo
fecal (FF), desaparecimento ruminal (DR), desaparecimento intestinal (DI),
desaparecimento total (DT), absorção aparente ruminal (AAR), absorção
aparente intestinal (AAI) e absorção aparente total (AAT) do fósforo, cálcio
e flúor
Table 3 – Means and standard error (SE) for intake (INT), duodenal flow (DF), feaces flow (FF),
ruminal disappearence (RD), intestinal disappearence (ID), total disappearence (TD),
apparent ruminal absortion (ARA), apparent intestinal absortion (AIA) and apparent total
absortion (ATA) of phosphorus, calcium and fluoride.
TRATAMENTOS
1
EP (SE)
TREATMENTS
BIC (DP) SPT (SP) MAP (MP) FRA (AFR)
Fósforo (Posphorus)
ING (INT) (g/dia) 14,15 14,06 14,10 14,11 0,22
FD (DF) (g/dia) 19,21 25,10 19,67 20,88 1,61
FF (FF) (g/dia)
2
5,42
b
5,78
b
5,62
b
6,92
a
0,19
DR (RD)(g/dia) -5,06 -11,04 -5,57 -6,77 1,57
DI (ID)(g/dia) 13,79 19,32 14,05 13,96 1,57
DT (TD)(g/dia) 8,73
a
8,28
ab
8,48
a
7,19
b
0,27
AAR (ARA)(%) -35,76 -78,52 -39,50 -47,98 10,77
AAI (AIA)(%) 71,79 76,97 71,43 66,86 1,66
AAT (ATA)(%) 61,70
a
58,89
ab
60,14
a
50,96
b
1,43
Cálcio
(Calcium)
ING (INT) (g/dia) 26,70
b
21,09
c
16,36
d
34,58
a
1,84
FD (DF) (g/dia) 19,33
ab
15,68
bc
11,84
c
25,16
a
1,59
FF (FF) (g/dia) 10,30 7,99 6,08 12,11 1,13
DR (RD)(g/dia) 7,37 5,41 4,52 9,42 0,81
DI (ID)(g/dia) 9,03
ab
7,69
ab
5,76
b
13,05
a
1,10
DT (TD)(g/dia) 16,40
ab
13,10
b
10,28
b
22,47
a
1,45
AAR (ARA)(%) 27,60 25,65 27,63 27,24 3,52
AAI (AIA)(%) 46,71 49,04 48,65 51,87 4,02
AAT (ATA)(%) 61,42 62,11 62,84 64,98 3,78
Flúor
(Fluoride)
ING (INT) (mg/dia) 64
c
182
bc
228
b
766
a
69,71
FD (DF) (mg/dia) 50,5
b
117,5
b
165,25
b
459
a
43,17
FF (FF) (mg/dia) 21,5
b
64,75
b
94,75
b
335,25
a
33,49
DR (RD)(mg/dia) 13,50
b
64,50
b
62,75
b
307,00
a
33,35
DI (ID)(mg/dia) 29,00 52,75 70,50 123,75 13,83
DT (TD)(mg/dia) 42,50
b
117,25
b
133,25
b
430,75
a
40,01
AAR (ARA)(%) 21,09 35,44 27,52 40,08 4,32
AAI (AIA)(%) 57,43 44,89 42,66 26,96 5,23
AAT (ATA)(%) 66,41 64,42 58,44 56,23 3,84
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de rocha de
Araxá.
2
Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey
1
DC= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
2
Means followed different in the a row differ (P<0,05) by Tukey test
27
A maior excreção fecal de P pelos animais que foram suplementados com FRA
em relação aos suplementados com BIC confirmam os dados de Vitti et al. (2001), que
trabalhando com novilhos mestiços e fornecendo fosfato bicálcico e dois fosfatos de
rocha (Patos de Minas e Tapira) como fontes de fósforo, também encontraram maiores
valores de excreção fecal de fósforo para os tratamentos que utilizaram fosfato de rocha.
Conseqüentemente com a maior quantidade de P excretado nas fezes o
desaparecimento total de P do FRA foi menor diferindo (P<0,05) do BIC e MAP.
A absorção aparente total do P foi maior para os animais que foram
suplementados com BIC, MAP e SPT, apresentando os valores de 61,70; 60,14 e
58,89%, respectivamente. Os animais suplementados com FRA apresentaram uma
menor absorção aparente total (50,96%) sendo semelhante ao STP (58,89%). Estes
valores são superiores aos encontrados por Silva Filho et al. (1992), que foram de 32,22;
31,95 e 29,08% para BIC, SPT e MAP, respectivamente. Já Ekelund et al. (2003),
trabalhando com vacas, encontrou uma absorção aparente de P de 50%, utilizando como
fontes de fósforo o fosfato monossódico, e farelos de canola, girassol e trigo.
Reid (1980) menciona que o P de fertilizantes fosfatados como o supertriplo e
fosfato monoamônio é altamente disponível e que o uso dessas fontes na suplementação
de animais domésticos é, na verdade, mais limitado pelo teor de flúor do que pela
absorção de P. Convém salientar que os fertilizantes fosfatados estrangeiros de um
modo geral, contém altos níveis de flúor (NRC, 1974), enquanto os fertilizantes
fosfatados nacionais, via de regra, possuem baixos níveis desse elemento, por serem
produzidos a partir de rochas com baixo teor em flúor.
Essa diferença entre os tratamentos BIC, SPT e MAP e o FRA, pode ser
explicada, em parte, pela maior absorção e eficiência de absorção encontrada nas dietas
28
com BIC, SPT e MAP, deixando maior quantidade de fósforo disponível para ser
utilizada pelo organismo.
O NRC (1996), recomenda 0,18% de fósforo e de 0,31% de cálcio na matéria seca
consumida como nível mínimo para a mantença de bovinos de corte em crescimento e
terminação, no entanto as dietas experimentais apresentaram 0,20% de fósforo e 0,35%
de cálcio, níveis ligeiramente superiores.
As exigências de P sugeridas por comitês de diferentes países varia de cerca de 11
(AFRC, 1991), 12 (NRC, 1996), 13 (Ternouth et al., 1996) até os 14 g/dia (NRC, 1984).
É interessante notar que este valor do AFRC (1991) foi calculado para dietas à base de
concentrados e subiria para cerca de 17 g/dia, se corrigida para dietas contendo mais de
50% de forrageiras.
Em relação à ingestão de cálcio houve diferença (P<0,05) entre os tratamentos, os
quais apresentaram uma ingestão de 34,58; 26,70; 21,09 e 16,36 g de Ca/dia, para FRA,
BIC, SPT e MAP respectivamente, isto devido as diferentes concentrações de Ca nas
fontes e às diferentes quantidades da fonte utilizada para atender os níveis de fósforo.
As relações Ca:P foram de 2,45; 1,89; 1,50 e 1,16:1 para FRA, BIC, SPT e MAP.
Outra possibilidade para que ocorresse diferença na absorção aparente total de fósforo,
excreção fecal e desaparecimento intestinal para o tratamento FRA seria a maior relação
Ca:P pois o consumo de cálcio também afeta a absorção de fósforo. Field et al. (1983),
investigaram o efeito de diferentes proporções de cálcio e fósforo na absorção do
fósforo em ovinos. Os níveis estudados foram 1,5; 3,1 e 6,2 g de fósforo e 3,4 ou 5,4g
de cálcio, sendo que as proporções Ca:P variaram de 0,6 a 3,6. Com os níveis mais altos
de cálcio, a absorção de fósforo foi reduzida em 18%, o que pode ser explicado em parte
pela formação de sais com baixa solubilidade (Field et al., 1983).
29
Salviano (1996), em estudos com ovinos que receberam diferentes proporções de
cálcio e fósforo na dieta (0,75:1; 1,5:1 e 3:1), observou-se que a maior absorção de
fósforo ocorreu com a proporção 1,5:1.
No presente experimento, o fluxo duodenal de Ca para os animais suplementados
com FRA diferiram (P<0,05) de SPT e MAP, e os suplementados com BIC diferiram
(P<0,05) de MAP.
Os animais que receberam FRA apresentaram um maior desaparecimento
intestinal de Ca, que por sua vez foi semelhante (P>0,05) ao BIC e ao SPT, o MAP
apresentou uma menor desaparecimento intestinal, porém, foi semelhante (P>0,05) ao
BIC e ao SPT.
O desaparecimento total de Ca foi maior para os animais que receberam FRA
diferindo (P<0,05) do MAP e SPT que apresentaram um menor desaparecimento total
de Ca.
Para fluxo fecal, desaparecimento ruminal, absorção aparente ruminal, intestinal e
total de Ca os tratamentos não apresentaram diferença (P>0,05).
A ingestão de flúor nos animais que receberam FRA foi a mais elevada (P<0,05),
seguida por MAP e STP, e menor para BIC, porém, semelhante (P>0,05) ao SPT, o que
já era esperado devido às altas concentrações do elemento nos fosfatos naturais e
fertilizantes.
Os bovinos são mais sensíveis à intoxicação por flúor do que outras espécies
domésticas. O consumo contínuo de até 40mg F/kg MS pode ser tolerado por novilhas
em crescimento, sem que o desempenho seja afetado, embora possa causar lesões
patológicas, já para bovinos adultos, esse valor sobe para 50 mg F/kg MS (Nicodemo &
Moraes, 2000). No presente experimento as ingestões diárias de flúor por kg de MS
foram: 9,21; 26,26; 33,30 e 110,48 mg F/kg MS para os tratamentos BIC, SPT, MAP e
30
FRA respectivamente. O FRA apresenta aproximadamente três vezes mais que o limite
de flúor. O BIC apresenta 12 vezes menos flúor que o FRA e aproximadamente 25% do
limite de flúor que possa causar toxidez. O SPT está aproximadamente 50% do limite de
flúor para bovinos adultos e o MAP encontra-se com um valor um pouco menor que o
limite para bovinos em crescimento.
O NRC (1974) afirma que a ingestão de flúor acima dos níveis considerados
limites (100 μg F/kg PV) induz a efeitos tóxicos para a maioria dos animais. As fontes
de P utilizadas no experimento apresentaram 22,99; 65,59; 81,51 e 276,32 μg F/kg PV,
respectivamente para BIC, SPT, MAP e FRA. Como podemos observar o BIC
apresentou aproximadamente 25% do limite recomendado, o FRA apresentou quase três
vezes mais que o limite, este excesso de flúor pode ser prejudicial aos animais se
utilizado por períodos prolongados, pois no experimento os animais não apresentaram
nenhum sintoma de intoxicação por F. Já o SPT e o MAP estão dentro do limite
máximo de F e podem ser boas opções na substituição do BIC.
Os animais que consumiram FRA apresentaram os fluxos duodenal e fecal de F
superiores (P<0,05) aos que consumiram as outras fontes, que não diferiram entre si.
O desaparecimento ruminal e total de F foram maiores (P<0,05) para os animais
que foram suplementados com FRA e semelhantes para BIC, SPT e MAP (P>0,05).
Com relação ao desaparecimento intestinal, absorções aparente ruminal, intestinal
e total de F, animais consumindo diferentes fontes não apresentaram diferença (P>0,05).
Os resultados referentes à ingestão, fluxo, digestão e coeficiente de digestibilidade
aparente da MS, MO e PB são mostrados na Tabela 4.
31
Tabela 4 - Médias e erro padrão (EP) para ingestão (ING), fluxo duodenal (FD), fluxo fecal
(FF), digestão ruminal (DR), digestão intestinal (DI), digestão total (DT),
coeficiente de digestibilidade aparente ruminal (CDAR), coeficiente de
digestibilidade aparente intestinal (CDAI) e coeficiente de digestibilidade
aparente total (CDAT) da matéria seca, matéria orgânica e proteína bruta
Table 4 – Means and standard error (SE) for intake (INT), duodenal flow (DF), feaces flow (FF), ruminal
disappearence (RD), intestinal disappearence (ID), total disappearence (TD), coefficient of
apparent ruminal digestibility (CARD), coefficient of apparent intestinal digestibility (CAID) and
coefficient of apparent total digestibility (CATD) of dry matter, organic matter and crude protein
TRATAMENTOS
1
EP(SE)
TREATMENTS
BIC (DP) SPT (SP) MAP (MP) FRA (AFR)
Matéria Seca (Dry Matter)
ING (INT) (g/dia) 6947,1 6931,18 6847,52 6933,49 240,66
FD (DF) (g/dia) 3404,8 3438,11 3040,87 3664,94 150,09
FF (FF) (g/dia) 2528,5 2442,98 2495,44 2448,81 69,42
DR (RD)(g/dia) 3542,30 3493,07 3806,65 3268,55 179,74
DI (ID)(g/dia) 876,30 995,13 545,43 1216,13 116,29
DT (TD)(g/dia) 4418,60 4488,20 4352,08 4484,68 191,97
CDAR (CARD)(%) 50,99 50,40 55,59 47,14 1,62
CDAI (CAID)(%) 25,74 28,94 17,94 33,18 2,24
CDAT (CATD)(%) 63,60 64,75 63,56 64,68 0,76
Matéria Orgânica (Organic Matter)
ING (INT) (g/dia) 6597,9 6583,66 6503,69 6583,12 227,23
FD (DF) (g/dia) 3156,1 3092,59 2768,43 3327,55 139,25
FF (FF) (g/dia) 2277,6 2231,16 2217,8 2242,74 114,26
DR (RD)(g/dia) 3441,80 3491,07 3735,26 3255,57 171,20
DI (ID)(g/dia) 878,50 861,43 550,63 1084,81 118,02
DT (TD)(g/dia) 4320,30 4352,50 4285,89 4340,38 173,54
CDAR (CARD)(%) 52,17 53,03 57,43 49,45 1,61
CDAI (CAID)(%) 27,83 27,85 19,89 32,60 3,36
CDAT (CATD)(%) 65,48 66,11 65,90 65,93 1,35
Proteína Bruta (Crude Protein)
ING (INT) (g/dia) 850,07 849,88 837,59 850,15 30,57
FD (DF) (g/dia) 602,11 688,2 559,91 689,15 36,91
FF (FF) (g/dia) 296,91 317,97 307,72 308,02 7,40
DR (RD)(g/dia) 247,96 161,68 277,68 161,00 32,28
DI (ID)(g/dia) 305,20 370,23 252,19 381,13 34,99
DT (TD)(g/dia) 553,16 531,91 529,87 542,13 26,43
CDAR (CARD)(%) 29,17 19,02 33,15 18,94 3,43
CDAI (CAID)(%) 50,69 53,80 45,04 55,30 2,81
CDAT (CATD)(%) 65,07 62,59 63,26 63,77 1,04
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de rocha de
Araxá.
2
Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey
1
DC= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
2
Means followed by different letters in the a row differ (P<0,05) by Tukey test
32
Com relação à matéria seca não houve diferença significativa para as diferentes
fontes de fósforo sobre a ingestão, fluxo duodenal, fluxo fecal, digestão ruminal,
digestão intestinal, digestão total, coeficiente de digestibilidade aparente ruminal,
coeficiente de digestibilidade aparente intestinal e coeficiente de digestibilidade
aparente total. Isto mostra que as diferentes fontes suplementares de P não afetaram a
digestibilidade aparente da matéria seca.
Os animais que receberam suplementação de BIC foram semelhantes (P>0,05) às
outras fontes sobre a ingestão, fluxo duodenal e total, desaparecimento ruminal,
intestinal e total e coeficiente de digestibilidade da matéria orgânica. Isto mostra que as
diferentes fontes suplementares de P não influenciaram a digestão e digestibilidade da
matéria orgânica.
Animais suplementados com BIC foram semelhantes (P>0,05) às outras fontes
quanto a ingestão, fluxo duodenal e total, desaparecimento ruminal, intestinal e total e
coeficiente de digestibilidade de proteína bruta, mostrando que as diferentes fontes de
fósforo não interferem na digestibilidade da proteína da dieta.
Os resultados referentes à ingestão, fluxo, digestão e coeficiente de digestibilidade
aparente de FDN, EE e CNE são mostrados na Tabela 5.
Não foi observada diferença (p>0,05) para as diferentes fontes de fósforo para
ingestão, fluxo duodenal, fluxo fecal, digestão ruminal, digestão intestinal, digestão
total, coeficiente de digestibilidade aparente intestinal e coeficiente de digestibilidade
aparente total da fibra em detergente neutro.
33
Tabela 5 - Médias e erro padrão (EP) para ingestão (ING), fluxo duodenal (FD), fluxo
fecal (FF), digestão ruminal (DR), digestão intestinal (DI), digestão total
(DT), coeficiente de digestibilidade aparente ruminal (CDAR), coeficiente
de digestibilidade aparente intestinal (CDAI) e coeficiente de
digestibilidade aparente total (CDAT) da fibra em detergente neutro, extrato
etéreo e carboidratos não-estruturais
Table 5 – Means and standard error (SE) for intake (INT), duodenal flow (DF), feaces flow (FF), ruminal
disappearence (RD), intestinal disappearence (ID), total disappearence (TD), coefficient of
apparent ruminal digestibility (CARD), coefficient of apparent intestinal digestibility (CAID) and
coefficient of apparent total digestibility (CATD) of neutral detergent fiber, ether extract and
nonfiber carbohydrates
TRATAMENTOS
1
EP(SE)
TREATMENTS
BIC (DP) SPT (SP) MAP (MP) FRA (AFR)
Fibra em Detergente neutro (Neutral Detergent Fiber)
ING (INT) (g/dia) 5387,70 5354,98 5283,20 5357,57 195,63
FD (DF) (g/dia) 2534,80 2300,83 2238,01 2445,37 105,69
FF (FF) (g/dia) 2070,20 1968,60 1725,10 1985,26 84,02
DR (RD)(g/dia) 2852,90 3054,15 3045,19 2912,20 174,20
DI (ID)(g/dia) 464,60 332,23 512,91 460,11 86,35
DT (TD)(g/dia) 3317,50 3386,38 3558,10 3372,31 162,52
CDAR (CARD)(%) 52,95 57,03 57,64 54,36 1,95
CDAI (CAID)(%) 18,33 14,44 22,92 18,82 3,29
CDAT (CATD)(%) 61,58 63,24 67,35 62,94 1,37
Extrato Etéreo (Ether Extract)
ING (INT) (g/dia) 114,92 111,16 111,53 111,08 5,08
FD (DF) (g/dia) 63,66 78,30 66,17 66,23 2,87
FF (FF) (g/dia) 19,81
a
12,45
ab
16,59
ab
9,87
b
1,20
DR (RD)(g/dia) 51,26 32,86 45,36 44,85 5,76
DI (ID)(g/dia) 43,85 65,85 49,58 56,36 3,25
DT (TD)(g/dia) 95,11 98,71 94,94 101,21 4,97
CDAR (CARD)(%) 44,60 29,56 40,67 40,38 3,69
CDAI (CAID)(%) 68,88
b
84,10
a
74,93
ab
85,10
a
2,16
CDAT (CATD)(%) 82,76
b
88,80
ab
85,13
ab
91,11
a
1,30
Carboidratos Não Fibrosos (Nonfiber Carbohydrates)
ING (INT) (g/dia) 410,41 400,51 402,07 398,45 20,04
FD (DF) (g/dia) 332,44 337,44 326,32 252,58 69,42
FF (FF) (g/dia) 156,92 103,85 135,89 118,53 150,09
DR (RD)(g/dia) 77,97 63,07 75,75 145,87 16,31
DI (ID)(g/dia) 175,52 233,59 190,43 134,05 15,13
DT (TD)(g/dia) 253,49 296,66 266,18 279,92 35,24
CDAR (CARD)(%) 19,00 15,75 18,84 36,61 28,8
CDAI (CAID)(%) 52,80 69,22 58,36 53,07 8,79
CDAT (CATD)(%) 61,77 74,07 66,20 70,25 4,74
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de rocha de
Araxá.
2
Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey
1
DC= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
2
Means followed by different letters in the row differ (P<0,05) by Tukey test
34
Para o extrato etéreo não foi observado diferença (P>0,05) para ingestão, fluxo
duodenal, digestão ruminal, digestão intestinal, digestão total e coeficiente de
digestibilidade ruminal. Já para o fluxo fecal de extrato etéreo observou-se uma
quantidade maior para os animais que foram suplementados com BIC porém
semelhantes (P>0,05) ao MAP e SPT, e menor para o FRA mas também semelhante
(P>0,05) a MAP e SPT
Os coeficientes de digestibilidade aparente intestinal do extrato etéreo foram
maiores para os animais suplementados com FRA e semelhantes (P>0,05) aos
suplementados com SPT e MAP, os suplementados com BIC apresentaram um menor
(P<0,05) coeficiente de digestibilidade aparente intestinal, mas também semelhante
(P>0,05) ao MAP.
O coeficiente de digestibilidade aparente total de extrato etéreo foi diferente
(<0,05) apenas para os animais suplementados com BIC e FRA.
Para ingestão, fluxo duodenal e fecal, desaparecimento ruminal, intestinal e total,
e coeficientes de digestibilidade aparente ruminal, intestinal e total dos carboidratos não
fibrosos para os animais suplementados com as diferentes fontes de P foram
semelhantes (P>0,05) para as diferentes fontes de P suplementar utilizada.
Os valores de nutrientes digestíveis totais (NDT), observado e estimado através
dos cálculos de Weiss (1999), e o fósforo plasmático são mostrados na Tabela 5.
Os valores de nutrientes digestíveis totais, tanto observado quanto estimado por
Weiss (1999) não apresentaram diferença significativa (P>0,05) em relação às
diferentes fontes de fósforo utilizadas.
35
Tabela 6 - Médias, e erro padrão (EP) para os nutrientes digestíveis totais observados
(NDTo) e estimados (NDTe) e fósforo plasmático
Table 6 – Means and standard error (SE) for total digestible nutrients observed and estimated and
plasma phosphorus
TRATAMENTOS
1
EP (SE)
TREATMENTS
BIC (DP) SPT (SP) MAP (MP) FRA (AFR)
NDTo (TND)(%) 59,22 62,17 59,89 61,40 0,48
NDTe (TND)(%) 68,22 68,22 68,22 68,22 0,23
P plasma (mg/dl) 5,97 5,86 5,85 5,80 0,32
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de rocha de
Araxá.
2
Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey
1
DC= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
2
Means followed by different letters in the row differ (P<0,05) by Tukey test
A concentração plasmática de fósforo não foi influenciada (P>0,05) pela fonte de
fósforo utilizada, sendo que todas as fontes foram eficientes em manter níveis
adequados de P no plasma, uma vez que todos os valores mantiveram-se dentro dos
limites considerados como normais, ou seja, entre 4 e 9 mg/dL (Thompson Jr., 1978).
Ternouth & Sevilla (1990) verificaram a existência de uma correlação entre o
fósforo inorgânico do plasma e o consumo de fósforo, em animais mantidos em dietas
com níveis de fósforo variando de deficientes a moderados, porém a altos níveis de
consumo de fósforo essa relação é perdida.
Silva Filho et al. (2000) encontraram que o teor de P no plasma apresentou uma
boa relação com o P ingerido. Convém salientar que somente a concentração de P no
plasma não fornece uma indicação do “status” desse elemento no animal (Engles, 1981
e Conrad et al., 1984).
36
Conclusões
As diferentes fontes de fósforo não afetaram a ingestão, excreção fecal, digestão e
coeficiente de digestibilidade da MS, MO, PB, FDN, CNE e valores de NDTda dieta.
O fosfato de rocha de Araxá apresentou absorção aparente total do P menor que a
observada com o fosfato bicálcico e retenção de quantidades elevadas de flúor que
podem se tornar tóxicas aos animais alimentados por longos períodos.
O superfosfato triplo e o fosfato monoamônio podem substituir o fosfato bicálcico
por apresentarem semelhança na absorção aparente total do fósforo e, seus níveis de F
estão dentro do limite para não causar intoxicação.
O fósforo plasmático não foi influenciado pelas diferentes fontes utilizadas e seus
níveis estão dentro da normalidade.
Literatura Citada
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40
Avaliação de Diferentes Fontes de Fósforo na Nutrição de Ruminantes:
Parâmetros Ruminais e Eficiência de Síntese Microbiana
RESUMO: O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de diferentes fontes de
fósforo, em dietas de bovinos em crescimento, sobre o pH e concentração de amônia
ruminal e síntese de proteína microbiana. Foram utilizados quatro bovinos, castrados, da
raça Holandesa Preto e Branco, com 280 kg de peso vivo, e implantados com cânula
ruminal e duodenal. O delineamento utilizado foi o quadrado latino 4 x 4, onde os
tratamentos consistiram da utilização de diferentes fontes de fósforo na dieta: fosfato
bicálcico (BIC), superfosfato triplo (SPT), fosfato monoamônio (MAP) e fosfato de
rocha de Araxá (FRA). As diferentes fontes não alteraram a ingestão de nitrogênio,
eficiência de síntese de proteína microbiana e composição das bactérias ruminais. Os
tratamentos não influenciaram o pH ruminal, bem como as concentrações de NH
3
-
ruminal. Estes resultados mostram um possível uso do superfosfato triplo, do fosfato
monoamônio e do fosfato de rocha de Araxá, em substituição do fosfato bicálcico, por
não apresentarem problemas à síntese de proteína microbiana e ao ambiente ruminal.
Palavras chave: fosfato bicálcico, superfosfato triplo, fosfato monoamônio, fosfato de
rocha, proteína microbiana, pH ruminal
41
Evaluation of Phosphorus Sources in Ruminant Nutrition: Ruminal Parameters
and Microbial Efficiency Synthesis
ABSTRACT: This study was carried out to evaluate the effects of different phosphorus
sources on ruminal pH and ammonia, and microbial efficiency synthesis in growing
cattle diets. Four Holstein steers with liveweight of 280 kg and implanted with ruminal
and duodenal cannulas were used. The experimental design was a 4 x 4 Latin Square
and the treatments were four supplemental phosphorus sources: dicalcium phosphate
(DP), supertriple phosphate (SP), monoammonium phosphate (MP) and Araxa rock
phosphate (ARP). Phosphorus sources did not affect (P>.05) ruminal pH and ruminal
NH
3
. Considering ruminal environment and microbial protein sytnthesis, these results
show a possible use of supertriple phosphate, monoammonium phosphate and Araxa
rock phosphate as a replacement for dicalcium phosphate. Sources must be evaluated
mainly in terms of phosphorus requirements and fluoride intake.
Key words: dicalcium phosphate, supertriple phosphate, monoammonium phosphate,
rock phosphate, microbial protein, ruminal pH.
42
Introdução
Os ruminantes possuem a habilidade de sobreviver e muitas vezes produzir sem
uma fonte extra de proteína na ração em virtude da capacidade que tem de síntese
protéica microbiana no rúmen. A célula microbiana que passa do rúmen e é
subseqüentemente digerida no abomaso e intestino dos ruminantes constitui a principal
fonte de proteína para o animal, pois esta constitui um arranjo bem balanceado de
aminoácidos essenciais (Forbes & France, 1993).
O fósforo é um mineral essencial ao crescimento microbiano, é um importante
constituinte das paredes das células microbianas. Segundo Hall et al. (1961) e Chicco et
al. (1965) as taxas máximas de crescimento microbiano são obtidas quando a
concentração no meio de incubação está entre 40 e 80 mg P/L. Durand & Kawashima
(1980) trabalhando em experimento “in vitro” sugerem que um valor médio de 100
mg/L de fósforo disponível é adequado para as bactérias e para a atividade celulolítica.
O fósforo microbiano contribui com a maior proporção do elemento que chega ao
intestino delgado, onde por ação da ribonuclease pancreática, ocorre a quebra do RNA
microbiano e liberação do fósforo (Barnard, 1969).
Petri et al. (1988) estudaram a resposta de cabras em lactação tendo ingestões
adequadas e deficientes de fósforo. Nos animais com deficiência de fósforo houve
aumento do pH ruminal, diminuição nas concentrações do fósforo e da amônia no
líquido ruminal, e a taxa de passagem de líquido ruminal não sofreu alteração em
relação ao tratamento com ingestão adequada de fósforo.
Komisarczuk et al. (1987) avaliaram os efeitos de diferentes níveis de fósforo na
fermentação ruminal “in vitro” utilizando líquido ruminal de ovinos, e verificaram que
com a diminuição da concentração de fósforo no meio de cultura ocorreram: a
43
diminuição de produção de ácidos graxos voláteis totais, o aumento do pH e o aumento
da concentração de nitrogênio amoniacal.
A concentração mínima de N-NH3 necessária para se manter máxima taxa de
crescimento microbiano varia em função da fermentabilidade da dieta. Satter & Slyter
(1974) e Preston (1986) revelaram que concentrações de amônia inferiores a 5 mg de N-
NH3/100mL de fluido ruminal limitam a atividade de bactérias celulolíticas do rúmen,
diminuindo a síntese microbiana. Normalmente, a concentração de amônia ruminal
varia com o tempo decorrido da alimentação, o local de amostragem no rúmen, o
balanço entre proteína e energia na dieta, solubilidade e o nível de proteína da ração
(Eardman et al., 1986).
Trabalhos de pesquisa indicam que a proteína microbiana responde, em média, por
59% da proteína que chega ao intestino delgado (ID) (Clark et al., 1992), o que denota a
importância do estudo dos mecanismos de síntese protéica bacteriana e dos fatores a
eles relacionados (Nocek & Russell, 1988).
A quantificação da PB microbiana que chega ao ID pode ser obtida por meio do
conhecimento da eficiência de síntese microbiana (Valadares Filho, 1995), definida
como a proporção de substrato energético que é fixado como célula microbiana
(Dehority, 1995). O NRC (1996) expressa a eficiência de síntese microbiana como
produção de proteína bruta microbiana (PBmic), em função dos nutrientes digestíveis
totais (NDT) consumidos, e admite o valor médio de 13 g PBmic/100g NDT como boa
estimativa.
O abaixamento do pH ruminal ocorre, principalmente, após a ingestão rápida de
alimento, no caso de grãos de cereais moídos, por secreção salivar insuficiente para a
manutenção do pH entre 6 e 7, e a inadequada estrutura física, para estimular a
motilidade ruminal e a ruminação (Ørskov, 1986).
44
O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos de diferentes fontes de
fósforo, ou seja, fosfato bicálcico, superfosfato triplo, fosfato monoamônio e fosfato de
rocha de Araxá sobre a eficiência de síntese microbiana, pH e amônia ruminal em
bovinos.
Material e Métodos
O experimento foi realizado no setor de Avaliação de Alimentos para Animais
Ruminantes da Fazenda Experimental de Iguatemi (FEI), pertencente à Universidade
Estadual de Maringá, localizada no distrito de Iguatemi, e as análises químicas foram
realizadas no Laboratório de Análise de Alimentos e Nutrição Animal (LANA) do
Departamento de Zootecnia da Universidade Estadual de Maringá (DZO) no período de
novembro de 2004 a fevereiro de 2006.
Foram utilizados quatro bovinos, machos, castrados, da raça Holandesa Preto e
Branco, com 280 kg de peso vivo médio. Os animais foram implantados com cânulas
ruminal e duodenal (tipo T-simples).
Os animais permaneceram numa instalação totalmente coberta com piso
concretado, em baias individuais com 8,75 m
2
de área útil. As baias eram providas de
comedouro de polietileno individuais e bebedouros automáticos, um para cada duas
baias.
Os animais foram alimentados duas vezes ao dia, pela manhã às 8 horas e 30
minutos e à tarde às 16 horas e 30 minutos, receberam água à vontade. Foi mantido um
manejo higiênico/sanitário rigoroso dos animais e das instalações. As baias eram
lavadas três vezes por semana, sendo limpas todos os dias e os bebedouros também
45
lavados diariamente, assegurando assim, o fornecimento de água de boa qualidade. As
cânulas eram lavadas diariamente para garantir a higiene dos animais. Os animais foram
pesados no início de cada período experimental, com o objetivo de ajustar o consumo de
matéria seca.
Os períodos experimentais tiveram a duração de 21 dias, com cinco dias de coleta
de amostras (digesta, fezes e sangue) realizadas no período compreendido entre o 17
o
e
21
o
dias.
Os alimentos utilizados na composição das dietas experimentais foram: silagem
de milho, casca de soja, casca de algodão, uréia e suplemento mineral sem fósforo. A
composição química dos alimentos é apresentada na Tabela 1.
Tabela 1 – Composição química dos alimentos
Table 1 – Chemical composition of feeds
Alimentos
(Feeds)
PB
(CP)
NDT
(TDN)
CNF
(NFC)
EE
(EE)
FDN
(NDF)
Ca
(Ca)
P
(P)
F
(F)
Silagem de Milho (%)
(Corn Silage)
10,42 65 19,6 2,36 61,30 0,17 0,16
Casca de Soja (%)
(Soybean Hulls)
13,87 80 5,38 1,50 72,54 0,47 0,10
Casca de Algodão (%)
(Cotton Seed Hulls)
5,23 45 1,62 1,54 89,05 0,08 0,05
Uréia (%)
(Urea)
280 0 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Fosfato Bicálcico (%)
(Dicalcium Phosphate)
23,98 18,00 0,14
Superfosfato Triplo
(%)(Supertriple phosphate)
14,00 21,90 0,50
Fosfato Monoamônio (%)
(Monoammonium Phosphate)
1,73 24,00 0,68
Fosfato de Rocha de Araxá (%)
(Araxa Rock Phosphate)
24,61 10,60 1,02
Suplemento Mineral (%)
1
(Mineral Supplement)
10,00 0,00 0,00
1
Composição do suplemento mineral: 1,2% de S; 1,2% de Mg; 10% de Na; 10% de Ca; 30 ppm de
Co; 800 ppm de Cu; 50 ppm de I; 1200 ppm de Mn; 12 ppm de Se; 3200 ppm de Zn.
1
Composition of the mineral supplement: 1.2% of S; 1.2% of Mg; 10% of Na; 10% of Ca; 30 ppm of
Co; 800 ppm of Cu; 50 ppm of I; 1.200 ppm of Mn; 12 ppm of Se; 3.200 ppm of Zn..
46
As dietas (Tabela 2) foram calculadas para atender 1,5 vezes a exigência de
energia líquida de mantença (NRC, 1996), permitindo um ganho de peso vivo de 0,5
kg/dia, e os tratamentos avaliados foram: fosfato bicálcico (BIC); superfosfato triplo
(SPT); monoamônio fosfato (MAP) e fosfato de rocha de Araxa (FRA). As fontes de
fósforo foram colocadas diretamente no rúmen na alimentação da manhã e forneciam 8g
de P (0,12% na MS da dieta total), representando 60% do P total. A quantidade
fornecida de MS/dia foi de 2,5% do peso vivo (PV).
Tabela 2 – Composição percentual e química das dietas experimentais (% MS)
Table 2 – Percentual and chemical composition of the experimental diets (%DM)
Alimentos (Feeds) % MS
Silagem de Milho (%) (Corn Silage)
16,38
Casca de Soja (%) (Soybean Hulls)
34,45
Casca de Algodão (%) (Cotton Seed Hulls)
47,40
Uréia (%) (Urea)
1,17
Suplemento Mineral (%)
(Mineral Supplement) 0,60
Dietas Experimentais (%)
1
PB
(CP)
NDT
(TDN)
CNF
(NFC)
EE
(EE)
FDN
(NDF)
Ca
(Ca)
P
(P)
BIC (DP) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,38 0,20
2
SPT (SP) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,30 0,20
MAP
(MP) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,23 0,20
FRA
(ARF) 12,24 59,54 5,83 1,63 77,24 0,49 0,20
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de
rocha de Araxá.
2
Fósforo contido nos alimentos, mais o fósforo das fontes suplementares
1
DP= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
2
Feed phosphorus more phosphorus from supplemental sources
Para determinar o pH e a concentração de amônia no líquido ruminal, foram
coletadas amostras do fluído ruminal (aproximadamente 100mL) no 21
o
dia, via cânula
ruminal, nos tempos 0, 2, 4, 6 e 8 horas após o fornecimento da primeira alimentação do
dia. O tempo 0 corresponde à amostra coletada imediatamente antes da primeira
47
refeição (8 horas e 30 minutos), e o tempo 8, imediatamente antes do fornecimento da
segunda refeição (16 horas e 30 minutos).
O pH foi medido imediatamente após a coleta com auxílio de um peagâmetro
digital e posteriormente 50 mL de líquido ruminal foram acidificados com 1 mL de
ácido sulfúrico (1:1) e armazenado à -20º C, para posterior análise de amônia. A
concentração de amônia das amostras de líquido ruminal foi determinada pela técnica de
Fenner (1965) modificada por Vieira (1980).
Para determinação da eficiência de síntese microbiana, foram coletados 1,5 kg de
conteúdo ruminal no último dia de cada período e misturados à 500 mL de solução
salina a uma concentração de 0,9% (NaCl). A mistura foi homogeneizada em
liquidificador, coada em fralda de algodão dobrada quatro vezes e, o filtrado,
armazenado à -20º C para ser processado de acordo com Cecava et al. (1990). Foram
realizadas 12 coletas de digesta duodenal, sendo, três coletas por dia, com
aproximadamente 300 mL cada, armazenadas a -20º C, porsteriormente essas amostras
foram secas em estufa com circulação forçada de ar à 55º C por 96 horas e moidas em
moinho tipo faca, utilizando peneira de crivo 1mm.
A concentração de purinas nas bactérias do rúmen e na digesta duodenal foi
determinada pelo procedimento descrito por Ushida et al. (1985), com algumas
modificações propostas por Bohnert et al. (1998), que são: 1) 15 minutos após o início
da primeira incubação, os tubos serão retirados do banho-maria e agitados, voltando
para o banho-maria para terminar o período de incubação restante; 2) a segunda
incubação será aumentada para 30 minutos; 3) o pélete será lavado com 10 mL de
H
2
SO
4
(0,005N)/ AgNO
3
(0,005M); 4) a incubação final será aumentada para 45
minutos.
48
O fluxo total de N microbiano para o duodeno (g/dia) foi estimado pela divisão da
razão N bacteriano no rúmen : purinas no rumen pela razão N duodeno : purinas digesta
duodenal e multiplicando este quociente pelo fluxo total individual de N. A eficiência
de síntese microbiana foi também expressa em g de N microbiano/kg de matéria
orgânica (MO), aparente e verdadeira, fermentada no rúmen que, por sua vez, será
calculada pela fórmula:
Efic. Sint. Mic. (g N/kg de MO) = N Mic (g/dia) / MODR (kg/dia)
O experimento foi conduzido em delineamento experimental quadrado latino 4 x
4, onde foram avaliados quatro tratamentos. Os dados foram interpretados por uma
análise de variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey adotando-se 5%
de probabilidade, para realizar estas análises foi utilizado o programa computacional
SAEG – UFV (1997).
O modelo matemático utilizado para a análise de variância foi:
Y
ijk
= μ + A
i
+ P
j
+ T
k
+ e
ijk
, onde:
μ= média dos tratamentos;
A
i
= efeito do animal i, variando de 1 a 4;
P
j
= efeito do período j, variando de 1 a 4;
T
k
= efeito do tratamento k, variando de 1 a 4;
e
ijk
= erro aleatório
Resultados e Discussão
Os resultados referentes à ingestão, fluxo duodenal, digestão ruminal e coeficiente
de digestibilidade do nitrogênio (N), fluxo duodenal de N bacteriano, fluxo duodenal de
49
N não bacteriano, eficiência de síntese microbiana aparente e eficiência de síntese
microbiana verdadeira são mostradas na Tabela 3.
A ingestão de N não foi afetada (P>0,05) pelas diferentes fontes de fósforo,
podendo ser explicada pelas rações experimentais que eram isonitrogenadas e o nível de
ingestão foi pré definido.
O fluxo duodenal de N, a digestão ruminal do N e o coeficiente de digestibilidade
ruminal não apresentaram diferenças (P>0,05) entre os tratamentos.
O fluxo duodenal de N bacteriano e o fluxo duodenal de N não bacteriano não
apresentaram diferença significativa (P>0,05), isto mostra que as diferentes fontes de
fósforo não afetam a produção de N bacteriano no rumem.
As diferentes fontes de fósforo não afetaram (P>0,05) a eficiência de síntese
microbiana aparente e verdadeira. Segundo Komisarczuk et al. (1987), a síntese
microbiana é afetada somente quando há uma deficiência na suplementação do fósforo.
As diferentes fontes de P não influenciaram (P>0,05) a eficiência de síntese
microbiana aparente que variou de 31,20 a 34,36 gN bac/kg de MODR (gramas de
nitrogênio bacteriano por quilograma de matéria orgânica degradada no rúmen) e o
valor médio foi de 33,93 gN bac/kg de MODR. Este valor se encontra dentro da faixa
de valores revisados por Valadares Filho (1995), a partir de trabalhos nacionais, onde a
variação da eficiência de síntese microbiana aparente foi de 25,65 a 38,50 gN bac/kg de
MODR e o valor médio de 33,40 gN bac/kg de MODR. A eficiência de síntese
microbiana verdadeira variou de 20,53 a 22,14 gN bac/kg de MODR apresentando uma
média de 21,51 gN bac/kg de MODR, e também não foi influenciado (P>0,05) pela
fonte de P. Os resultados de eficiência de síntese de proteína microbina podem ser
explicados pelos dados encontrados no experimento 1, onde, não foram encontradas
diferenças na digestão e digestibilidade ruminal da matéria seca, matéria orgânica,
50
proteína bruta, fibra em detergente neutro, carboidratos não fibrosos, extrato etéreo e
nem para o desaparecimento ruminal e absorção aparente ruminal de Ca e P.
Tabela 3 – Ingestão média diária (ING), fluxo duodenal (FD), digestão ruminal (DR),
coeficiente de digestibilidade aparente ruminal (CDAR) do nitrogênio, fluxo
duodenal de nitrogênio bacteriano (FDNB), fluxo duodenal de nitrogênio
não bacteriano (FDNNB), eficiência de síntese microbiana aparente (EMA),
eficiência de síntese microbiana verdadeira (EMV) e erro padrão (EP)
Table 3 – Average daily intake (INT)duodenal flow (DF), ruminal digestion (RD), coefficient of apparent
ruminal digestibility (CARD) of nitrogen, duodenal flow of bacterial nitrogen (DFBN),
duodenal flow of non bacterial nitrogen (DFNBN), apparent microbial efficiency (AME), true
microbial efficience (TME) and standard error (SE)
TRATAMENTOS
1
EP(SE)
TREATMENTS
BIC
(DP)
SPT
(SP)
MAP
(MP)
FRA
(ARP)
ING (INT) (g/dia) 136,01 135,98 134,01 136,02 4,89
FD (DF) (g/dia) 116,34 114,60 89,59 94,26 8,34
DR (RD) (g/dia) 39,67 25,86 44,43 25,76 5,17
CDAR (CARD) (%) 29,17 19,02 33,15 18,94 3,43
FDNB (DFBN) (g/dia) 72,18 80,52 74,04 70,16 3,83
FDNNB (DFNBN) (g/dia) 44,16 34,08 15,54 24,10 8,77
EMA (AME) (g N/kg MODR) 34,36 34,14 32,49 31,20 4,07
EMV (TMV) (g N/kg MODR) 22,14 21,89 21,48 20,53 1,74
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de rocha
de Araxá.
Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey
1
DP= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
Means followed by different letters in the row differ (P<0,05) by Tukey test
A composição bacteriana é mostrada na Tabela 4. A determinação da composição
das bactérias ruminais é importante, pois as dietas são formuladas para que os
aminoácidos que escapam da degradação ruminal completem os aminoácidos
bacterianos, trabalhos de pesquisa indicam que a proteína microbiana responde, em
média, por 59% da proteína que chega ao intestino delgado (Clark et al., 1992).
As diferentes fontes de P não afetaram (P>0,05) os teores de MS, MO e N
bacteriano. Os valores de MS encontrados variando de 90,24 a 93,03% e estão dentro da
faixa de variação dos valores citados por Valadares Filho (1995) que são de 81,10 a
95,7%.
51
O valor médio de MO encontrado, 85,65%, está próximo ao obtido por Valadares
Filho (1995) numa média de 10 experimentos (84,6%) e pouco acima do encontrado por
Clark et al. (1992) que foi de 77,5%.
O valor encontrado para N (5,94%) está abaixo dos encontrados Clark et al. (1992)
que teve uma média de 7,71%, porém estão próximos dos encontrados por Guimarães et
al. (2001) que variaram de 5,8 a 6,2% e dentro da variação encontrada por Valadares
Filho (1995) que é de 5,2 a 8,7% e Van Soest (1994), que é de 5,0 a 12,4%.
Tabela 4 – Teores de matéria seca (MS), matéria orgânica (MO) e nitrogênio (N) das
bactérias ruminais
Table 4 – Levels of dry matter (DM), organic matter (OM) and nitrogen (N) of mixed ruminal bacteria
TRATAMENTOS
1
EP
(TREATMENTS) (SE)
BIC
(DP)
SPT
(SP)
MAP
(MP)
FRA
(ARP)
MS (DM)(%) 90,24 93,03 90,96 92,19 0,75
MO (OM)(%) 78,43 87,70 89,42 87,04 1,96
N (N) (%) 6,07 5,83 6,26 5,61 0,19
1
BIC= fosfato bicálcico; SPT= superfosfato triplo; MAP= Fosfato monoamônio; FRA= fosfato de rocha
de Araxá.
Médias seguidas de letras diferentes na linha diferem (P<0,05) pelo teste de Tukey
1
DP= dicalcium phosphate; SP= supertriple phosphate; MP= monoammonium phosphate; ARF=
rock phosphate of Araxá.
Means followed by different letters in the row differ (P<0,05) by Tukey test
Segundo Valadares Filho (1995) essa grande variação encontrada na composição
das bactérias ruminais, pode ser causada pela contaminação com a solução salina,
durante o processo de isolamento das bactérias.
As equações de regressão obtidas ao se relacionar o pH e as concentrações de
amônia ruminal com os tempos de alimentação, nas diferentes fontes de fósforo são
mostrados na Tabela 5.
52
Tabela 5 – Equações de regressão para pH e amônia ruminal em função do tempo de
coleta
Table 5 – Regression equations of pH and N-NH
3
as function ot sampling time
ITEM REGRESSÃO r
2
ITEM REGRESSION
pH Y = 8,93 – 0,38X + 0,015X
2
0,17
N-NH
3
Y = 36,91 + 0,063X – 0,009X
2
0,41
As diferentes fontes de fósforo não influenciaram (P>0,05) os valores de pH,
porém os valores de pH ruminal apresentaram um efeito quadrático (P<0,05) para os
tempos de coleta (Figura 1). Vale destacar que as equações de regressão obtidas
apresentam um coeficiente de determinação (r
2
) baixo, comprometendo a validação das
mesmas, pois estas curvas apresentam grande variação nos seus dados.
O pH variou de 6,12 a 6,86, mas apesar disto observou-se características
individuais para cada tratamento. As fontes BIC e SPT apresentaram um menor pH após
6 horas após a alimentação já para MAP e FRA esse menor pH foi obtido após 4 horas
da, sugerindo que estas fontes podem ter uma liberação diferente de fósforo ao longo do
processo de fermentação. Os valores mínimos para BIC, SPT, MAP e FRA foram 6,43;
6,52; 6,12 e 6,24, respectivamente. Este decréscimo no pH é resultante do intenso
processo de fermentação e ao conseqüente aumento dos ácidos graxos voláteis (AGV)
(Ørskov, 1988). Com exceção do MAP, todos os valores mínimos de pH mantiveram-se
acima de 6,2, considerado por Ørskov (1988) e Hoover (1986) como limite mínimo de
pH para adequada fermentação da fibra por não prejudicar os microrganismos
celulolíticos.
A diminuição do pH reduz a degradabilidade de proteína, celulose, hemicelulose e
pectina, embora seus efeitos sejam menores sobre a digestão do amido. Redução do pH
de 6,5 para 5,5 diminuiu a eficiência de síntese microbiana (Hoover & Stokes, 1991).
53
Os valores encontrados estão dentro da faixa encontrada por Cardoso et al. (2000),
trabalhando com diferentes níveis de concentrado, que variaram de 5,76 a 6,83.
5,60
5,80
6,00
6,20
6,40
6,60
6,80
7,00
024
68
Horas pós alimentação (horas)
Hours after feeding
pH
BIC
SPT
MAP
FR
A
Figura 1 – Variação do pH ruminal durante o período de 8 horas
Figure 1 – pH variation over an 8 hours period
A Figura 2 mostra as concentrações de amônia obtida nos quatro tratamentos
durante o período de 8 horas. Não houve diferença significativa (P>0,05) entre as fontes
de fósforo para esta variável, que mostrou um comportamento quadrático em relação ao
tempo de amostragem.
Os valores de amônia ruminal se mantiveram entre 5,44 e 47,91 mg/100 mL de
líquido ruminal. Os maiores valores foram encontrados duas horas após a alimentação e
os menores valores imediatamente antes das alimentações (8 horas e 30 minutos e
16horas e 30 minutos).
54
0,00
5,00
10,00
15,00
20,00
25,00
30,00
35,00
40,00
45,00
50,00
02
468
Horas pós alimentação (horas)
Hours after feeding
NH
3
BIC
SPT
MAP
FR
(mg/dL
)
Figura 2 – Variação da concentração de amônia ruminal durante o período de 8
horas
Figure 2 – N-NH
3
concentration variation over an 8 hours period
As concentrações de amônia ruminal foram suficientes para suportar o
crescimento bacteriano, conforme valores mínimos citados por Satter & Roffler (1975)
e Kang-Merznarich & Broderick (1981), de 3,3 a 8,5 mg/dL.
A concentração de amônia ruminal nos diferentes tratamentos do presente estudo
ficaram sempre acima do valor de 5 mg/dL recomendado por Satter & Slyter (1974),
para o máximo crescimento microbiano e alguns horários ficaram dentro da faixa
recomendada por Leng & Nolan (1984) que sugere uma média de 15 a 20 mg/dL de
amônia no líquido de rúmen, como o requerimento de amônia para os microorganismos
ruminais.
Uma possível explicação para o fato de não ter ocorrido diferença entre os
tratamentos, tanto para pH, quanto para amônia, pode ser encontrada nos resultados do
experimento 1 onde, não foram observadas diferenças na digestão e digestibilidade
ruminal da matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, fibra em detergente neutro,
carboidratos não fibrosos, extrato etéreo e nem para o desaparecimento ruminal e
absorção aparente ruminal de Ca e P.
55
Conclusões
As fontes de fósforo não apresentaram diferenças em relação aos valores de pH
e concentração de amônia ruminal, e os valores de pH e concentração de amônia do
líquido ruminal, mostraram comportamento quadrático em relação ao tempo após a
alimentação.
Os parâmetros referentes a eficiência de síntese miocrobiana não foram afetados
pelas diferentes fontes de fósforo utilizadas nas dietas.
Literatura Citada
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Universidade Federal de Viçosa, 1980.
CONCLUSÕES GERAIS
As diferentes fontes de fósforo não apresentaram diferenças para os parâmetros de
fermentação ruminal, eficiência de síntese microbiana, a concentração de fósforo no
plasma e as digestibilidades aparentes parciais e totais dos nutrientes. Entretanto, a
absorção aparente do fósforo do fosfato de rocha de Araxá foi menor se comparada com
o fosfato bicálcico e, seus níveis de flúor estão acima do recomendado para bovinos,
podendo causar intoxicação se utilizado por longos períodos.
O superfosfato triplo e fosfato monoamônio foram semelhantes ao fosfato
bicálcico na absorção aparente do fósforo e apresentaram níveis de flúor superiores ao
fosfato bicálcico, mas esses valores estão dentro do limite máximo para ruminantes.
Esses resultados mostram que o superfosfato triplo e o fosfato monoamônio
podem ser usados em substituição ao fosfato bicálcico, como fontes alternativas de
fóaforo, já para o fosfato de rocha de Araxá sua utilização pode comprometer o
atendimento das exigências de P e ainda produzir um quadro de fluorose se utilizado
por períodos prolongados.
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