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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE CIÊNCIAS RURAIS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA
CONTROLE DA LANOSIDADE, EM PÊSSEGOS
‘CHIRIPÁ’, COM O USO DE ATMOSFERA
CONTROLADA E ETILENO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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CONTROLE DA LANOSIDADE, EM PÊSSEGOS
‘CHIRIPÁ’, COM O USO DE ATMOSFERA CONTROLADA
E ETILENO
Por
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Agronomia, Área de Concentração em Produção Vegetal, da
Universidade Federal de Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial
para a obtenção do grau de
Mestre em Agronomia
Orientador: Prof. Dr. Auri Brackmann
Santa Maria, RS, Brasil
2006
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ii
Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências Rurais
Programa de Pós-Graduação em Agronomia
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
CONTROLE DA LANOSIDADE, EM PÊSSEGOS ‘CHIRIPÁ’, COM O
USO DE ATMOSFERA CONTROLADA E ETILENO
elaborada por
Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
como requisito para a obtenção do grau de
Mestre em Agronomia
COMISSÃO EXAMINADORA:
____________________________________
Auri Brackmann
Prof. Dr. – UFSM
(Presidente/Orientador)
____________________________________
Cesar Valmor Rombaldi
Prof. Dr. – UFPel
____________________________________
Fernando Teixeira Nicoloso
Prof. Dr. – UFSM
Santa Maria, 11 de setembro de 2006
iii
Aos meus pais,
Armando e Íris Maria,
pelo apoio incondicional, durante toda minha formação,
e pelo exemplo de dedicação e honestidade.
DEDICO
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu irmão Eduardo, que sempre me apoiou.
À Ana Cristina, pelo auxílio, compreensão, amor e dedicação, os quais foram
fundamentais para vencer mais esta etapa da minha vida.
Ao professor Auri Brackmann, pela orientação e amizade, durante a minha Graduação
e Pós-graduação.
Aos meus colegas e amigos do Núcleo de Pesquisa em Pós-Colheita: Ana Cristina,
Anderson Weber, Bruno, Cláudia, Cristiano, Daniel, Elizandra, Guilherme, Ivan, Josuel,
Miguel, Terra e Vanderlei, que me auxiliaram neste e em tantos outros trabalhos.
Ao professor Fernando Teixeira Nicoloso, pelos incentivos, ensinamentos e pelo
exemplo de perseverança.
Ao professor Cesar V. Rombaldi e ao Márcio Zanuzo, da UFPel, pela amizade e
valiosa troca de conhecimento.
À Universidade Federal de Santa Maria, pela oportunidade de realizar minha
Graduação e meu Mestrado.
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de Mestrado.
À CAPES, por disponibilizar uma valiosa coleção de periódicos, a partir dos quais
obtive uma parte fundamental da minha formação acadêmica.
MUITO OBRIGADO.
v
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Agronomia
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
CONTROLE DA LANOSIDADE, EM PÊSSEGOS ‘CHIRIPÁ’, COM O USO DE
ATMOSFERA CONTROLADA E ETILENO
AUTOR: Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
ORIENTADOR: Prof. Dr. Auri Brackmann
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 11 de setembro de 2006
Foram conduzidos experimentos objetivando avaliar o efeito da atmosfera controlada
(AC) e da aplicação exógena de etileno sobre o amadurecimento e a ocorrência de lanosidade,
avaliada visualmente e objetivamente pelo conteúdo de suco livre na polpa, em pêssegos
‘Chiripá’, após o armazenamento. Além disso, estudou-se o efeito da inibição da ação do
etileno em dois momentos, no início e no final do armazenamento em AC, sobre a ocorrência
de desordens fisiológicas e a qualidade físico-química dos frutos. No primeiro experimento,
realizado em 2005 e 2006, avaliou-se: [1] o armazenamento refrigerado (AR – 21,0kPa O
2
+<0,5kPa CO
2
); [2] a AC com 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
; [3] e a AC com 2,0kPa de O
2
+
8,0kPa de CO
2
. Em 2005, os frutos foram armazenados durante 25, 30 e 35 dias; e, em 2006,
durante 40 dias. As análises foram realizadas, em ambos, na saída da câmara e aos 2, 4 e 6
dias a 20°C. No segundo experimento, avaliou-se o efeito da presença do etileno exógeno no
ambiente de armazenamento, sendo: [1] AR; [2] AR + etileno exógeno (20µL L
-1
); [3] AC
(1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
); e [4] AC + etileno exógeno. No terceiro experimento,
estudou-se o efeito da inibição da ação do etileno, pela aplicação de 900nL L
-1
de 1-
metilciclopropeno (1-MCP), sendo: [1] AR + 1-MCP; [2] AC (2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de O
2
);
[3] AC + 1-MCP aplicado nas 24 horas iniciais do armazenamento (P1); [4] AC + 1-MCP
aplicado nas primeiras 24 horas iniciais da exposição a 20°C, após o armazenamento (P2). Os
conteúdos de suco livre diminuíram à medida que o período de armazenamento foi
aumentado, independente da condição utilizada. Durante o amadurecimento pós-
armazenamento, a suculência decresceu drasticamente até o 2º dia, mas aumentou novamente
a partir do 4º dia. Esse restabelecimento dos conteúdos de suco livre foi dependente do
período e da condição de armazenamento utilizada. Os frutos armazenados em AC,
especialmente em 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
, restabeleceram mais rapidamente a
suculência. Por outro lado os frutos do AR apresentaram um padrão anormal de síntese de
etileno com o aumento do período de armazenamento, o que, provavelmente, impediu esses
frutos de restabelecer satisfatoriamente seus conteúdos de suco livre na polpa. A aplicação de
etileno exógeno, durante a conservação em AR, estimulou a síntese de etileno e permitiu um
restabelecimento mais pronunciado da suculência dos frutos, em relação ao AR. Além da
capacidade de síntese e da presença de etileno, a ação desse fito-hormônio, no período de
amadurecimento pós-armazenamento, demonstrou ser fundamental para o restabelecimento
dos níveis de suco livre na polpa. A aplicação de 1-MCP no início do armazenamento em AC
demonstrou ser a mais promissora para o armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’, por manter a
qualidade físico-química dos frutos e evitar a acentuada redução da suculência nos primeiros
dias que sucedem ao armazenamento.
Palavras-chave: Prunus persica (L.) Batsch.; O
2
; CO
2
; 1-metilciclopropeno; dano por frio.
vi
ABSTRACT
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Agronomia
Universidade Federal de Santa Maria, RS, Brasil
CONTROL OF MEALINESS, IN ‘CHIRIPÁ’ PEACH FRUITS, USING
CONTROLLED ATMOSPHERE AND ETHYLENE
AUTHOR: Ricardo Fabiano Hettwer Giehl
ADVISER: Prof. Dr. Auri Brackmann
Santa Maria, Setember 11
th
, 2006
Experiments were performed aiming to study the effect of controlled atmosphere (CA)
and exogenous ethylene treatment on both the post-storage ripening and mealiness
(woolliness) occurrence, evaluated both visually and objectively by the free juice content in
the flesh of ‘Chiripá peach fruits. Furthermore, the effect of inhibiting the ethylene action
either in the beginning or in the end of CA storage on the incidence of physiological disorders
and on the physical and chemical quality were also evaluated. In the first experiment, carried
out both in 2005 and 2006, we evaluated: [1] cold storage (CS – 21.0 kPa O
2
+ <0.5 kPa
CO
2
); [2] CA with 1.0 kPa O
2
+ 3.0 kPa CO
2
; and [3] CA with 2.0 kPa O
2
+ 8.0 kPa CO
2
. In
2005, fruits were stored during 25, 30, and 35 days at -0.5°C, whereas in 2006, storage was
prolonged until 40 days. The second experiment evaluated the effect of exogenously applied
ethylene in the storage room. The storage conditions were: [1] CS; [2] CS + exogenous
ethylene (20 µL L
-1
); [3] CA (1.0 kPa O
2
+ 3.0kPa CO
2
); and [4] CA + exogenous ethylene.
In the third trial, the effect of the ethylene action was assessed by the application of 1-
methylcyclopropene (1-MCP - 900nL L
-1
), a potent inhibitor of the ethylene action. The
treatments studied were: [1] CS + 1-MCP; [2] CA (2.0 kPa O
2
+ 8.0 kPa CO
2
); [3] CA + 1-
MCP applied during the first 24 h of storage (P1); and [4] CA + 1-MCP applied during the
first 24 h of post-storage ripening at 20°C (P2). As the storage period was increased, the free
juice contents decreased, independently of the storage condition. The flesh juiciness decreased
sharply until 2 days of post-storage ripening at 20°C, but increased again thereafter. This free
juice restoration was both a storage period- and a storage condition-dependent process. CA-
stored fruits, especially in 2.0 kPa O
2
+ 8.0 kPa CO
2
, restored free juice contents faster.
However, CS-stored fruits showed an abnormal pattern of ethylene synthesis, as the storage
period was prolonged, a behavior that possibly led these fruits to restore their free juice
contents to a lesser extend. Ethylene treatment during CS enhanced post-storage ethylene
production and allowed fruits to restore juiciness at the same level as CA did. In addition to
the ability of fruits in synthesize ethylene and to the effect of the presence of this gas, the
ethylene action, during the post-storage ripening, was critical for the process of free juice
restoration to occur. The application of 1-MCP, in the beginning of the CA storage, is the
most promising technique for storing ‘Chiripá’ peach fruits, because it allows both physical
and chemical quality maintenance and avoids the dramatic decrease of flesh juiciness at the
2
nd
day after storage.
Key words: Prunus persica (L.) Batsch.; O
2
; CO
2
; 1-methylcyclopropene; chilling injury.
vii
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1: A rota de biossíntese do etileno e o ciclo de Yang..............................................05
FIGURA 2: A percepção do etileno e a transdução do sinal em frutos...................................11
FIGURA 3: Síntese de etileno e produção de CO
2
de pêssegos ‘Chiripá’ durante o
amadurecimento a 20°C. Santa Maria, RS. 2005.................................................37
FIGURA 4: Síntese de etileno (A, B e C) e produção de CO
2
(D, E e F) de pêssegos ‘Chiripá’
durante o amadurecimento após 25 (A e D), 30 (B e E) e 35 (C e F) dias de
armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005................................................38
FIGURA 5: Síntese de etileno (A), produção de CO2 (B) e atividade da ACC oxidase (C)
durante o amadurecimento de pêssegos ‘Chiripá’ após 40 dias de armazenamento
a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006..........................................................................39
FIGURA 6: Conteúdo de suco livre, em pêssegos ‘Chiripá’, na saída da câmara após 20, 25,
30 e 35 dias de armazenamento (A) e durante o amadurecimento após 25 (B), 30
(C) e 35 (D) dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005...............42
FIGURA 7: Conteúdo de suco livre (A) e incidência de lanosidade (B) em pêssegos
‘Chiripá’após 40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.......43
FIGURA 8: Incidência de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ durante o amadurecimento após
25 (A), 30 (B) e 35 (C) dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS.
2005......................................................................................................................45
FIGURA 9: Firmeza da polpa (A, B e C) e acidez titulável (D, E e F) de pêssegos ‘Chiripá’,
durante o amadurecimento após 25 (A e D), 30 (B e E) e 35 (C e F) dias de
armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005................................................47
FIGURA 10: Firmeza da polpa (A), acidez titulável (B), sólidos solúveis totais (C) e cor de
fundo da epiderme (D) de pêssegos ‘Chiripá’, durante o amadurecimento após 40
dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006...................................48
FIGURA 11: Concentração de etileno no interior das câmaras de armazenamento de pêssegos
‘Chiripá’ durante o período do experimento. Santa Maria, RS. 2005.................53
viii
FIGURA 12: Síntese de etileno (A), produção de CO
2
(B), conteúdo de suco livre (C) e
incidência de lanosidade (D) em pêssegos ‘Chiripá’ após 35 dias de
armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.............................................54
FIGURA 13: Firmeza da polpa (A) e acidez titulável (B) de pêssegos ‘Chiripá’ após 35 dias
de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005........................................56
FIGURA 14: Síntese de etileno (A), produção de CO
2
(B) e atividade da ACC oxidase (C) em
pêssegos ‘Chiripá’, após 40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS.
2006...................................................................................................................60
FIGURA 15: Conteúdo de suco livre (A) e incidência de lanosidade (B) em pêssegos
‘Chiripá’ após 40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006...61
FIGURA 16: Firmeza da polpa (A), acidez titulável (B) e cor de fundo (C) de pêssegos
‘Chiripá’ após 40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006......64
ix
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Coeficientes de correlação de Pearson para incidência de lanosidade e conteúdo
de suco livre em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 25, 30 e 35 dias em
AR e AC a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.......................................................46
TABELA 2 - Efeito das condições e do período de armazenamento a -0,5°C sobre o índice de
lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ expostos a 20°C. Santa Maria, RS. 2005.....46
TABELA 3 - Efeito das condições de armazenamento a -0,5°C na cor de fundo da epiderme
(°h)
1/
de pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante diferentes períodos. Santa
Maria, RS. 2005................................................................................................49
TABELA 4 - Efeito do período de amadurecimento pós-armazenamento na cor de fundo da
epiderme (°h)
1/
de pêssegos ‘Chiripá’ armazenados sob diferentes condições a
-0,5°C. Santa Maria, RS. 2005..........................................................................49
TABELA 5 - Efeito das condições de armazenamento a -0,5°C na incidência de podridões em
pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante diferentes períodos. Santa Maria, RS.
2005...................................................................................................................50
TABELA 6 - Efeito do período de amadurecimento pós-armazenamento na incidência de
podridões em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados sob diferentes condições a
-0,5°C. Santa Maria, RS. 2005..........................................................................50
TABELA 7 - Efeito das condições de armazenamento na incidência de podridões e de
avermelhamento da polpa em pêssegos ‘Chiripá’ após 40 dias de
armazenamento a -0,5°C e mais seis dias a 20°C. Santa Maria, RS, 2006.......51
TABELA 8 - Efeito do etileno e da atmosfera controlada na cor de fundo, nos teores de
sólidos solúveis totais e na incidência de podridões de pêssegos ‘Chiripá’
armazenados durante 35 dias a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005........................57
TABELA 9 - Efeito do período de exposição a 20°C, após 35 dias de armazenamento em
diferentes condições, sobre a cor de fundo da epiderme e os teores de sólidos
solúveis totais. Santa Maria, RS. 2005..............................................................57
TABELA 10 - Efeito da ação do etileno na incidência de podridões e de avermelhamento da
polpa em pêssegos ‘Chiripá’, após 40 dias de armazenamento e mais seis dias a
20°C. Santa Maria, RS, 2006............................................................................65
x
LISTA DE APÊNDICES
APÊNDICE 1: Quadro da análise da variância referente às análises do conteúdo de suco livre,
firmeza da polpa, acidez titulável, cor de fundo da epiderme, incidência de
podridões e de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 25, 30 e 35
dias a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005....................................................................84
APÊNDICE 2: Quadro da análise da variância referente à atividade da ACC oxidase (nL C
2
H
4
g
-1
h
-1
), incidência de lanosidade (%), firmeza da polpa (N), conteúdo de suco livre
(%), acidez titulável (meq 100mL
-1
), sólidos solúveis totais (°Brix), cor de fundo
da epiderme (° h), incidência de podridões (%) e de avermelhamento da polpa (%)
em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 40 dias a -0,5°C e mais seis dias a
20°C. Santa Maria, RS. 2006.................................................................................85
APÊNDICE 3: Quadro da análise da variância referente à firmeza da polpa (N), conteúdo de suco
livre (%), incidência de lanosidade (%), acidez titulável (meq 100mL
-1
), cor de
fundo da epiderme (° h), sólidos solúveis totais (°Brix) e incidência de podridões
(%) em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 35 dias a -0,5°C e mais seis dias
a 20°C. Santa Maria, RS. 2005..............................................................................86
APÊNDICE 4: Quadro da análise da variância referente à atividade da ACC oxidase (nL C
2
H
4
g
-1
h
-1
), incidência de lanosidade (%), firmeza da polpa (N), conteúdo de suco livre
(%), acidez titulável (meq 100mL
-1
), sólidos solúveis totais (°Brix), cor de fundo
da epiderme (° h), incidência de podridões (%) e de avermelhamento da polpa (%)
em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 40 dias a -0,5°C e mais seis dias a
20°C. Santa Maria, RS. 2006.................................................................................87
xi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA ..............................................................................................3
2.1 Desenvolvimento de pêssegos............................................................................................3
2.2 Amadurecimento ................................................................................................................3
2.2.1 Biossíntese do etileno...................................................................................................3
2.2.1.1 ACC sintase............................................................................................................5
2.2.1.2 ACC oxidase...........................................................................................................6
2.2.1.3 Inibidores da síntese de etileno...............................................................................7
2.2.2 A ação do etileno..........................................................................................................8
2.2.2.1 Percepção: os receptores de etileno........................................................................8
2.2.2.2 Transdução do sinal................................................................................................9
2.2.2.3 Regulação gênica..................................................................................................10
2.2.2.4 Inibidores da ação do etileno................................................................................11
2.2.3 Atividade respiratória.................................................................................................13
2.2.4 Modificações nas paredes celulares e efeitos sobre a firmeza da polpa.....................14
2.2.4.1 Estrutura das paredes celulares.............................................................................14
2.2.4.2 Alterações nas paredes celulares durante o amadurecimento...............................15
2.2.4.2.1 Poligalacturonases..........................................................................................16
2.2.4.2.2 Pectina metilesterases.....................................................................................17
2.2.4.2.3 Endo-(1Æ4)β-
D
-glucanases (EGases)............................................................18
2.2.4.2.4 β-galactosidades .............................................................................................18
2.2.4.2.5 Xiloglucano endotransglicosilases (XET)......................................................19
2.2.4.2.6 Expansinas......................................................................................................19
2.2.4.3 Coloração dos frutos.............................................................................................19
2.2.4.4 Acidez titulável.....................................................................................................20
2.2.4.5 Sólidos solúveis totais ..........................................................................................21
2.3 Armazenamento................................................................................................................21
2.3.1 Armazenamento em ar refrigerado (AR)....................................................................21
2.3.2 Armazenamento em atmosfera controlada (AC)........................................................22
2.3.2.1 Efeito sobre a síntese de etileno ...........................................................................22
2.3.2.2 Efeito sobre o metabolismo respiratório...............................................................23
2.3.2.3 Efeito sobre a qualidade físico-química ...............................................................24
xii
2.3.2.4 Efeito sobre a ocorrência de podridões ................................................................25
2.3.3 Desordens fisiológicas provocadas pela frigoconservação .......................................25
2.3.3.1 Lanosidade............................................................................................................26
2.3.3.1.1 Controle ou redução .......................................................................................27
2.3.3.1.2 Avaliação da lanosidade.................................................................................29
2.3.3.2 Escurecimento e avermelhamento da polpa .........................................................30
3. MATERIAL E MÉTODOS..................................................................................................31
3.1 Colheita, transporte e prepare das amostras .....................................................................31
3.2 Tratamentos......................................................................................................................32
3.2.1 Experimento I.............................................................................................................32
3.2.2 Experimento II............................................................................................................32
3.2.3 Experimento III ..........................................................................................................32
3.3 Manutenção das condições de armazenamento................................................................33
3.4 Parâmetros avaliados........................................................................................................34
3.5 Análises estatísticas..........................................................................................................36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .........................................................................................37
4.1 Parte I................................................................................................................................37
4.1.1 A atmosfera controlada afeta a síntese de etileno e o restabelecimento da suculência
em pêssegos ‘Chiripá’ ..............................................................................................................37
4.1.2 Conclusões..................................................................................................................51
4.3 Parte II ..............................................................................................................................52
4.3.1 Efeito do etileno no restabelecimento da suculência e no amadurecimento pós-
armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’.....................................................................................52
4.3.2 Conclusões.................................................................................................................58
4.4 Parte III.............................................................................................................................59
4.4.1 A ação do etileno, após o armazenamento, é necessária para o restabelecimento da
suculência em pêssegos ‘Chiripá’ ............................................................................................59
4.4.2 Conclusões.................................................................................................................66
5. CONCLUSÕES GERAIS ....................................................................................................67
6. BIBLIOGRAFIA..................................................................................................................68
APÊNDICES............................................................................................................................83
1. INTRODUÇÃO
O Rio Grande do Sul é maior produtor brasileiro de pêssegos. A produção gaúcha
tradicionalmente possui dois destinos: o consumo in natura e o processamento industrial. As
cultivares Chiripá e Chimarrita são as de maior destaque para o consumo in natura, devido as
suas características de coloração, sabor e polpa branca. Pêssegos ‘Chiripá’ são colhidos
tardiamente, o que justifica seu armazenamento, como forma de prolongar o período de oferta
desses frutos no mercado, quando os preços costumam elevar-se.
Apesar dos benefícios do armazenamento refrigerado na redução do metabolismo de
pêssegos, essas condições podem resultar na ocorrência de dano pelo frio, que causa
alterações no metabolismo normal da parede celular, especialmente das pectinas. Essas
alterações se manifestam mais tarde, durante o período de comercialização, na forma de frutos
com sabor e aroma pouco pronunciados e ausência de suculência (polpa farinhenta). Esse
distúrbio, conhecido como lanosidade, é, juntamente com a incidência de podridões,
responsável pela maior parte da perda da qualidade pós-colheita de pêssegos e nectarinas.
As cutivares Chiripá e Chimarrita, bem como a maior parte das cultivares de mesa, de
grande expressão no mercado mundial, são suscetíveis à ocorrência de lanosidade,
principalmente após duas semanas de armazenamento. O desenvolvimento desse distúrbio
fisiológico tem sido associado a uma redução na atividade das poligalacturonases (PGs),
durante a exposição a baixas temperaturas, enquanto a atividade das pectina metilesterases
(PMEs) se mantém relativamente estável nessas condições. Dessa forma, ocorre uma
desmetilesterificação contínua, em função da atividade das PMEs, sem uma despolimerização
sincronizada, devido à redução da atividade das PGs. Como resultado, há um acúmulo
gradativo de pectinas solúveis de alto peso molecular e baixo grau de metilesterificação,
capazes de formar pectatos de cálcio, que retêm a água e formam gel.
Um aspecto ainda pouco investigado é a reversibilidade da lanosidade. Em algumas
situações, observa-se um restabelecimento da suculência dos frutos após a exposição dos
frutos à temperatura ambiente. Todavia, a metodologia empregada na maior parte dos
trabalhos para determinar a severidade desse distúrbio fisiológico, desenvolvida por Lill &
van der Mespel (1988), algumas vezes apresenta baixa correlação com os sintomas visuais.
Além disso, somente frutos com firmeza da polpa compreendida entre 10 e 50N podem ser
avaliados por esse método. Isso tem ocasionado dúvidas quanto à confiabilidade dos dados até
hoje obtidos e limitado a avaliação dos frutos em períodos maiores de exposição à
2
temperatura ambiente, quando a firmeza da polpa decresce drasticamente. No entanto, uma
nova metodologia, proposta por Crisosto & Labavitch (2002), que determina o conteúdo de
suco livre, tem demonstrado boa reprodutibilidade e alta correlação com os sintomas visuais.
A atmosfera controlada (AC) e a aplicação de etileno reduzem a incidência e a
severidade da lanosidade, por atuarem sobre a atividade das PMEs e das PGs (Zhou et al.,
2000b; Girardi et al., 2005). No armazenamento em AC a atividade das PGs é aumentada,
quando os frutos são expostos à temperatura ambiente. Por outro lado, a presença de etileno
exógeno nas câmaras mantém a atividade dessa enzima mais elevada mesmo durante o
armazenamento (Zhou et al., 2001). No entanto, o efeito dessas técnicas sobre uma possível
reversão da lanosidade, ainda não foi avaliado. Além disso, é importante se conhecer como
essas técnicas afetam a biossíntese e a ação do etileno e, conseqüentemente, o
amadurecimento dos frutos após o armazenamento. A avaliação desses aspectos é muito
importante para a determinação do potencial de armazenamento das cultivares sensíveis à
ocorrência de lanosidade, estabelecendo-se os períodos máximos de armazenamento, de
forma a minimizar as perdas em pós-colheita.
Portanto, as hipóteses deste trabalho foram: a) se ocorre uma modificação significativa
na suculência dos frutos após o armazenamento, seria possível analisa-la objetivamente pelo
método do suco livre? b) ocorrendo esse processo, seria possível acelera-lo por meio da
adoção de técnicas de armazenamento, como a AC? e c) considerando o papel do etileno no
amadurecimento de frutos climatéricos, a presença e a ação deste fitohormônio seriam
importantes para a prevenção da lanosidade?
Dessa forma, os objetivos deste trabalho foram: a) avaliar a ocorrência de lanosidade
visualmente e pelo método do conteúdo de suco livre, após o armazenamento de pêssegos
‘Chiripá’ em ambiente refrigerado e em atmosfera controlada; b) avaliar o efeito da atmosfera
controlada e da aplicação exógena de etileno sobre o amadurecimento e a ocorrência de
lanosidade após o armazenamento; c) estudar o efeito da inibição da ação do etileno, durante e
após o armazenamento, sobre a incidência de desordens fisiológicas e sobre a qualidade
físico-química dos frutos.
3
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. Desenvolvimento de pêssegos
Em pêssegos, o crescimento dos frutos segue um padrão sigmoidal duplo (Moing et
al., 2000; Etienne et al. 2002). No estádio I, os frutos apresentam sucessivas divisões
celulares, acompanhadas também pela expansão das células, determinando um rápido
aumento no volume do pericarpo. No segundo estádio, ocorre o crescimento do embrião,
enquanto o crescimento do pericarpo praticamente cessa. No estádio III, o endocarpo
completa seu crescimento e o pericarpo se expande intensamente, predominantemente pelo
aumento na expansão celular (Brady, 1993; Moing et al., 2000; Etienne et al., 2002).
2.2 Amadurecimento
O amadurecimento de frutos é um processo complexo e geneticamente controlado, que
culmina com uma série de alterações fisiológicas, bioquímicas e estruturais, como a cor, o
aroma, a textura e o “flavour” dos frutos (Lelièvre et al., 1997; Alexander & Grierson, 2002).
Os frutos podem ser classificados, em função dos diferentes mecanismos envolvidos com seu
amadurecimento, em climatéricos e não-climatéricos. Nos frutos climatéricos, como maçãs,
bananas, pêssegos, nectarinas, ameixas e tomates, observa-se um pico na taxa respiratória, que
antecede ou sucede um drástico incremento na síntese de etileno (Yang & Hoffman, 1984;
Kende, 1993; Lelièvre et al., 1997). Nos frutos não-climatéricos, como uvas, morangos e os
citros em geral, não ocorre um aumento acentuado na respiração, sendo que a produção de
etileno se mantém baixa.
2.2.1 Biossíntese do etileno
O envolvimento do etileno no processo de amadurecimento tem sido comprovado pelo
estudo de plantas transformadas, nas quais a inibição da síntese de etileno reduz ou inibe o
amadurecimento (Picton et al., 1993; Ayub et al., 1996; Silva et al., 2004). Além disso,
plantas com mutações, que comprometem a síntese normal de etileno, apresentam padrões
anormais de amadurecimento (Stepanova & Ecker, 2000). Apesar do efeito evidente do
4
etileno na regulação da maturação de frutos climatéricos, acredita-se que mecanismos
reguladores moleculares dependentes e independentes de etileno coexistam nesse frutos
(Lelièvre et al, 1997; Alexander & Grierson, 2002), o que torna esse processo, como um todo,
ainda mais complexo.
Para descrever os diferentes padrões de biossíntese de etileno, que ocorrem em frutos
não-climatéricos e climatéricos, foram propostos dois tipos de sistemas, o sistema I e II,
respectivamente (McMurchie et al., 1972). A produção basal de etileno pelo sistema I é baixa
e, geralmente, é inibida pela aplicação de etileno exógeno (autoinibição). Esse sistema está
presente nos frutos não-climatéricos, em frutos climatéricos que estão na fase pré-climatérica
e em tecidos vegetativos (Oetiker & Yang, 1995). O aumento drástico na síntese autocatalítica
de etileno, concomitante com o amadurecimento de frutos climatéricos, representa o sistema
II (Alexander & Grierson, 2002).
O etileno é produzido por uma rota relativamente complexa, utilizando-se da S-
adenosil-
L
-metionina (SAM) como precursor (Adams & Yang, 1979) (Figura 1). No início
dessa via metabólica, o aminoácido metionina é convertido à SAM, pela ação da SAM
sintetase (EC 2.5.1.6), numa reação que consome energia na forma de ATP (Yang &
Hoffman, 1984; Kende, 1993). Além de participar dessa rota, SAM é um dos principais
doadores de grupamentos metil em plantas, sendo, portanto, utilizado como substrato em
várias rotas metabólicas, como a síntese das poliaminas espermidina e espermina (Ravanel et
al, 1998).
A etapa crucial na rota de síntese do etileno, no entanto, é a conversão de SAM ao
aminoácido cíclico não-protéico ácido 1-aminociclopropano-1-carboxílico (ACC), catalisada
pela enzima ACC sintase (S-adenosil-
L
-metionina metiltioadenosinaliase, EC 4.4.1.14).
Juntamente com a produção de ACC, a ação da ACC sintase sobre a SAM produz também 5’-
metiltioadenosina (MTA), que é convertida à metionina por meio de uma via de síntese de
metionina modificada (Miyazaki & Yang, 1987). Na etapa subseqüente, o ACC é convertido a
etileno, pela ação da ACC oxidase (EC 1.4.3) (Yang & Hoffman, 1984; Kende, 1993) (Figura
1). Além do etileno, a oxidação do ACC pela ACC oxidase gera CO
2,
cianeto (HCN) e água
(Yang & Hoffman, 1984; Kende, 1993). O ACC pode ser metabolizado, ainda, a ácido 1-
(malonilamino)ciclopropano-1-carboxílico (MACC) numa reação considerada irreversível sob
condições fisiológicas (Yang & Hoffman, 1984). O processo de malonização do ACC pode
estar envolvido com a autoinibição da biossíntese do etileno, além de contribuir para a
regulação dos níveis de ACC e da taxa de síntese do etileno (Liu et al., 1985).
5
Figura 1: A rota de biossíntese do etileno e o ciclo de Yang.
SAM, S-adenosil-
L
-metionina; ACC, ácido 1-aminociclopropano-
1-carboxílico; MTA, 5’-metiladenosina; MTR, 5’-metiltioribose; MTR-1-P, 5’-metiltioribose-1-P; KMB, ácido α-ceto-γ-
metiltiobutírico. Adaptado de Yang & Hoffmann (1984) e Bleecker & Kende (2000).
2.2.1.1 ACC sintase
A conversão de SAM a ACC é uma etapa decisiva e geralmente limitante na rota de
biossíntese do etileno (Yang & Hoffman, 1984). ACC sintase pertence à α-família de enzimas
dependentes do co-fator piridoxal-5’-fosfato (Boller et al., 1979; Yu et al., 1979). A ACC
sintase é uma proteína homodimérica (White et al., 1994), sendo o sítio ativo da enzima
localizado próximo à interface da subunidade, numa fenda entre os dois domínios (maior e
menor), que a compõe (Capitani et al., 1999). Todavia, a forma ativa da enzima é um dímero
(Tarun & Teologis, 1998).
Existem várias isoformas de ACC sintase (Jiang & Fu, 2000), que são codificadas por
uma família multigênica, sendo cada membro expresso diferentemente em resposta a vários
fatores internos e externos. Uma alteração na expressão de genes que codificam para
isoformas de ACC sintase foi demonstrada durante a transição entre sistema I e o sistema II
de produção de etileno em tomates (Nakatsuka et al., 1998; Barry et al., 2000). Enquanto a
transcrição de LeACS6 ocorre somente durante o sistema I (frutos imaturos), a transcrição de
LeACS2 aumenta drasticamente mais tarde, coincidindo com o início da produção
autocatalítica de etileno e do amadurecimento (sistema II). Além disso, LeACS1A é expresso
durante o sistema I e na transição entre os dois sistemas, enquanto a expressão de LeACS4 é
detectada somente na transição (Barry et al., 2000). Esses resultados, somados ao fato da
ACCMetionina SAM Etileno
SAM
sintetase
ATP
PPi + Pi
MTA
Ade
MTR
MTR-1-P
KMB
ACC sintase
ACC oxidase
½O
2
CO
2
+ HCN
ATP
ADP
[O]
HPO
4
2-
HCOO
-
ACCMetionina SAM Etileno
SAM
sintetase
ATP
PPi + Pi
MTA
Ade
MTR
MTR-1-P
KMB
ACC sintase
ACC oxidase
½O
2
CO
2
+ HCN
ATP
ADP
[O]
HPO
4
2-
HCOO
-
Metionina SAM Etileno
SAM
sintetase
ATP
PPi + Pi
MTA
AdeAde
MTR
MTR-1-P
KMB
ACC sintase
ACC oxidase
½O
2
CO
2
+ HCN
ATP
ADP
[O]
HPO
4
2-
HCOO
-
6
expressão de LeACS2 e LeACS4 ser estimulada pela exposição ao etileno (Nakatsuka et al.,
1998), demonstram que, durante o desenvolvimento de frutos climatéricos, diferentes genes
para ACC sintase são expressos. Esse comportamento pode explicar as diferenças nas
respostas de frutos climatéricos imaturos e maduros a diversos fatores endógenos e exógenos.
Além do controle transcricional, existem várias evidências que sugerem que a ACC
sintase pode sofrer controle pós-transcricional e pós-traducional (Chae & Kieber, 2005). A
estabilidade da atividade da ACC sintase pode sofrer regulação, apresentando uma meia-vida
variando de 20 minutos a duas horas (Spanu et al., 1990). Dessa forma, um aspecto
importante no controle da biossíntese do etileno está em como a proteína ACC sintase é
controlada. A atividade da ACC sintase é dependente da concentração do substrato SAM
(Boller et al., 1979), sendo sugerido que, sob altas concentrações, SAM poderia atuar como
um inibidor da ACC sintase (Satoh & Esashi, 1986). A rápida inibição ou degradação da ACC
sintase pode estar sob o controle de processos dependentes de ATP e/ou fosforilação, que
afetam a meia vida da enzima in vivo (Spanu et al., 1990). Como muitas proteínas, as ACC
sintases também podem ser desativadas por meio da degradação mediada pela ubiquitinação e
direcionamento para o complexo proteassomo 26S (Wang et al., 2004).
2.2.1.2 ACC oxidase
Inicialmente acreditava-se que a ACC sintase era a enzima-chave no controle da
produção de etileno, atribuindo-se à ACC oxidase uma atividade constante (Yang & Hoffman,
1984). No entanto, o papel da ACC oxidase na regulação da biossíntese de etileno tornou-se
evidente (Lui et al., 1985). A ACC oxidase é relacionada com os membros da família das
oxidases/dioxigenases dependentes de Fe
2+
(Prescott, 1993). O íon Fe
2+
parece estar
envolvido com a ligação simultânea do ACC com o O
2
, promovendo a transferência de
elétrons, que inicia a conversão do ACC a etileno (Rocklin et al., 1999). Para atuar in vivo a
ACC necessita de ascorbato como substrato (Ververidis & Jonh, 1991; Dong et al., 1992).
Além disso, acredita-se que o CO
2
, produzido durante o pico climatérico, possa ativar a
enzima in vivo. O K
m
aparente da ACC oxidase pelo seu substrato ACC é de 60µM, estando o
pH ótimo para sua atividade entre 7,5 e 6,5 (Prescott & John, 1996).
A localização sub-celular dessa enzima foi amplamente debatida por muitos anos.
Diversos estudos demonstraram que a atividade da ACC oxidase era dependente da
integridade das membranas celulares, o que levou à hipótese de que ela seria uma enzima
ligada a membranas (Yang & Hoffman, 1984). Alguns estudos apresentaram conclusões
7
conflitantes em relação à localização sub-celular da ACC oxidase (Rombaldi et al., 1994;
Reinhardt et al., 1994). No entanto, Ramassamy et al. (1998) demonstraram, por meio da
combinação de técnicas de fracionamento celular e métodos imunocitológicos, que a ACC
oxidase de maçãs está localizada na face externa da membrana plasmática. Esse resultado é,
particularmente, interessante, pois até o momento nenhum dos cDNAs isolados possui um
peptídeo sinal putativo que enderece a ACC oxidase para a membrana plasmática (Hamilton
et al., 1991). No entanto, a análise das seqüências preditas de aminoácidos identificaram
resíduos hidrofóbicos, que poderiam corresponder a uma região hélice transmembrana
(Balagué et al., 1993). Essa região poderia permitir o trânsito da ACC oxidase até o apoplasto.
Como o ascorbato provavelmente atua como um doador de elétrons durante a conversão do
ACC a etileno (Ververidis & John, 1991), é provável que o potencial de membrana positivo
mantenha o ascorbato, localizado no apoplasto, no estado reduzido como requisitado para a
atividade da ACC oxidase (Ramassamy et al., 1998). Todavia, o impasse ainda não foi
solucionado, pois Chung et al. (2002) demonstraram, utilizando-se de anticorpos altamente
específicos para a ACC oxidase de maçã, que essa enzima está localizada preferencialmente
no citosol.
Em muitos tecidos, a forte correlação entre a atividade da ACC oxidase e o nível
específico de mRNAs tem indicado que a atividade dessa enzima é regulada primariamente a
nível de transcrição (Ruperti et al., 2001). Famílias multigênicas, que codificam para ACC
oxidase, têm sido caracterizadas em várias plantas (Barry et al., 1996; Ruperti et al., 2001).
Em pêssegos, foram clonados e caracterizados dois membros da família da ACC oxidase, PP-
ACO1 e PP-ACO2 (Ruperti et al., 2001). A expressão de PP-ACO2 foi mais pronunciada nas
fases iniciais do desenvolvimento dos frutos, enquanto que os transcritos de PP-ACO1
aumentaram drasticamente próximo ao início do amadurecimento (Ruperti et al., 2001).
2.2.1.3 Inibidores da síntese de etileno
A aminoetoxivinilglicina (AVG; ácido [S]-trans-2-amino-4-[2-aminoetoxi]-3-
butenóico) é um composto que se liga de forma reversível à ACC sintase (Huai et al., 2001),
dessa forma, impedindo a conversão de SAM para ACC (Yang & Hoffman, 1984; Kende,
1993). Esse composto, entre os análogos de vinilglicinas, é o que apresenta os melhores
resultados (Yang & Hoffman, 1984). A aplicação pré-colheita de AVG em pêssegos e
nectarinas reduz significativamente a produção de etileno (Bregoli et al., 2002; Torrigiani et
al., 2004). Além do AVG, íons inorgânicos como o Co
2+
e o Ni
2+
e agentes desacopladores de
8
membrana também exercem efeito negativo sobre a síntese de etileno (Yang & Hoffman,
1984). O CO
2
, dependendo da concentração, também inibe substancialmente a síntese de
etileno em tecidos vegetais (Ver item 2.3.2.1).
2.2.2 A ação do etileno
2.2.2.1 Percepção: os receptores de etileno
O etileno é percebido por uma família de receptores de membranas (Figura 2), que são
homólogos aos sistemas de dois componentes da histidina quinase das bactérias, envolvidas
com a percepção das condições ambientais (Chang & Stewart, 1998). Todas as proteínas
receptoras de etileno possuem um domínio sensor, dividido num domínio transmembrana e
num domínio GAF, um domínio histidina quinase e um domínio de resposta (Alexander &
Grierson, 2002). A ligação de alta afinidade do etileno aos seus receptores é mediada por um
co-fator, o cobre (Rodriguez et al., 1999). Mutantes de Arabidopsis thaliana, incapazes de
ligar o cobre aos receptores, não possuem sensibilidade ao etileno (Rodriguez et al., 1999).
Isso explicaria o efeito inibitório da aplicação de tiossulfato de prata (Ag(S
2
O
3
)
2
3-
) ou de
nitrato de prata (AgNO
3
) sobre a ação do etileno (Ciardi & Klee, 2001), sendo que nenhum
outro íon metálico apresenta esse efeito. Além disso, a clonagem e a análise funcional de
RAN1 de Arabidopsis demonstraram que esse gene codifica para um transportador de cobre
putativamente envolvido na liberação de cobre para os receptores de etileno (Wang et al.,
2002).
Em tomate, pelo menos seis receptores putativos de etileno foram identificados, sendo
cada um deles expressos de maneira distinta espacial e temporalmente, dependendo do estádio
de desenvolvimento e de estímulos externos (Alexander & Grierson, 2002). Nesse contexto,
LeETR1 e LeETR2 (Zhou et al., 1996; Lashbrook et al., 1998) são expressos
constitutivamente em todos os tecidos durante o desenvolvimento, enquanto NR e LeETR4
são estimulados durante o amadurecimento, a senescência, a abscisão e durante a infecção de
tomates por patógenos (Payton et al., 1996; Tieman et al., 2000). Os receptores de etileno são,
na maioria das vezes, induzidos pela presença de etileno (Alexander & Grierson, 2002). Em
tomate, a expressão de LeETR4 apresenta um papel importante durante o amadurecimento,
sugerindo-se que LeETR4 possa monitorar os níveis de receptores e iniciar a síntese de novos
receptores durante a resposta ao etileno (Tieman et al., 2000).
9
2.2.2.2 Transdução do sinal
A ligação do etileno aos receptores inicia uma cascata de transdução de sinal, que
culmina na regulação transcricional de determinados genes no núcleo (Guo & Ecker, 2004)
(Figura 2). Recentemente, descobriu-se que a percepção e a sinalização do etileno ocorrem no
retículo endoplasmático (Chen et al., 2002). CTR1 (CONSTITUTIVE TRIPLE
RESPONSE1), uma proteína quinase homóloga às MAP3K da família Raf é o componente
imediatamente abaixo dos receptores na rota de transdução de sinal (Kieber et al., 1993).
Interessantemente, a localização sub-celular de CTR1 também foi determinada como sendo
no retículo endoplasmático (Gao et al., 2003). Todos os receptores de etileno são capazes de
interagir com essa proteína por meio de seus domínios quinase carboxi-terminais, apesar de
diferenças de afinidade entre receptores terem sido observadas (Guo & Ecker, 2004). A
ligação do etileno aos receptores libera a proteína reguladora negativa CTR1, permitindo que
as respostas ao etileno ocorram (Adams-Phillips et al., 2004).
Resultados recentes demonstram que a via de transdução de sinal do etileno envolve
uma cascata de MAP (MITOGEN-ACTIVATED PROTEIN) quinases (Chang, 2003). Os
componentes dessa cascata podem estar sob o controle de vários fatores, tais como o estresse
salino, a presença de ácido salicílico, de elicitores e de infecção viral (Guo & Ecker, 2004),
indicando que a regulação dessa rota é extremamente complexa. A ligação do etileno ao
receptor, na membrana do retículo endoplasmático, acarreta na inativação da CTR, permitindo
que uma cascata putativa de MAP quinases seja ativada, transmitindo o sinal até o núcleo
(Adams-Phillips et al., 2004). Acredita-se que, após a fosforilação da última proteína MAP
quinase, ocorre a ativação de uma proteína de membrana.
Os próximos componentes envolvidos na sinalização do etileno têm sido identificados
como fatores de transcrição primários (Wang et al., 2002) (Figura 2). EIN3 codifica para uma
proteína nuclear (Chao et al., 1997). EIN3, EIL1 (EIN-LIKE1) e EIL2 ligam-se
especificamente em elementos primários de resposta ao etileno (PERE) do ERF1
(ETHYLENE-RESPONSE-FACTOR 1), um gene induzido pelo etileno e pertencente à família
das proteínas ligadoras de elementos de resposta ao etileno (EREBP) (Solano et al., 1998).
Apesar dos componentes primários da rota de sinalização do etileno serem comuns em
todas as respostas a esse fito-hormônio, a exposição ao etileno exógeno ou o aumento na
síntese de etileno endógeno nem sempre induzem as mesmas respostas nos diferentes tecidos
e estádios de desenvolvimento (Guo & Ecker, 2004). A ligação dos fatores de transcrição
10
primários nos elementos PERE de ERF1, estimula a acumulação de ERF1, que, por sua vez,
passa a estimular a transcrição de outros genes (Solano et al., 1998) (Figura 2). Em tomate,
dos quatro membros da família ERF (LeERF1-4) isolados, LeERF2 parece estar relacionado
especificamente com o amadurecimento dos frutos (Tournier et al., 2003). Para a Arabidopsis
thaliana existem evidências de que a proteína ERF1 medeia também as respostas a outros
hormônios, especialmente as respostas de defesa dependentes do ácido jasmônico (Lorenzo et
al., 2003). Dessa forma, as rotas de sinalização do etileno e do ácido jasmônico podem estar
integradas nas células vegetais.
2.2.2.3 Regulação gênica
Durante o processo de amadurecimento vários genes têm sua transcrição iniciada ou
aumentada, entre eles LeACO1,3 (Barry et al., 1996), LeACS2 (Barry et al., 2000), PG
(Nicholass et al., 1995; Sitrit & Bennett, 1998) e LeEXP1 (Rose et al., 1997). No entanto, o
amadurecimento compreende a regulação de genes tanto de maneira dependente, quanto
independente do etileno (Alexander & Grierson, 2002).
A caracterização molecular das regiões promotoras de genes relacionados ao
amadurecimento tem permitido um avanço considerável no entendimento da regulação desses
genes e do papel que o etileno desempenha na transcrição (Alexander & Grierson, 2002). O
promotor de PG, em tomate, apresenta elementos de resposta induzíveis pelo etileno
(Nicholass et al., 1995). Fusões quiméricas, entre o gene reportador da β-glucuronidase e
diferentes extensões da região promotora de LeACO1, permitiram estabelecer que uma região
compreendida entre -396 e -1825bp confere expressão específica com o aumento na síntese do
etileno (Blume & Grierson, 1997). Em relação ao pêssego, a região situada entre -2919 a
-2141 do gene PpACO1 é requerida para o controle da transcrição pelo etileno e pelo estádio
de desenvolvimento, enquanto as regiões entre -1319 a -901bp e -403 a 0bp são responsáveis
pela regulação quantitativa e tecido-específica desse gene, respectivamente (Moon &
Callahan, 2004).
11
Figura 2: A percepção do etileno e a transdução do sinal em frutos. O esquema refere-se ao tomate, o principal modelo
vegetal utilizado nos estudos bioquímicos e moleculares dos processos envolvidos com o amadurecimento. Na ausência de etileno
os receptores estão ativos e inibem as respostas dependentes de etileno. A ligação do etileno no domínio sensor dos receptores,
provoca uma alteração conformacional, que inativa as proteínas receptoras e as proteínas LeCTR1-4, permitindo que as respostas
dependentes de etileno ocorram. As interrogações (?) representam componentes da rota de transdução de sinal ainda não
devidamente identificados em tomate. Adaptado de Chang (2003), Guo & Ecker (2004) e Adams-Phillips et al. (2004).
2.2.2.4 Inibidores da ação do etileno
Os diversos efeitos provocados pelo etileno nos tecidos vegetais podem ser
controlados por meio da regulação da sua síntese ou da sua ação (Feng et al., 2000). O uso de
inibidores da síntese de etileno, em muitas situações, pode ser limitado, devido aos produtos
agrícolas e, especialmente, os frutos e hortaliças, serem costumeiramente expostos ao etileno
LeSIMKK?
LeMPK6?
Proteínas
receptoras
LeEIN2?
LeCTR1-4
(MAP3K)
MAPKK
MAPK
RE
PERE
Etileno
GCC
Genes de resposta ao etileno
Fatores de transcrição secundários
LeEIL1-4
LeEIN3
LeERF1-4
Núcleo
DNA
DNA
LeSIMKK?
LeMPK6?
Proteínas
receptoras
LeEIN2?LeEIN2?
LeCTR1-4
(MAP3K)
MAPKK
MAPK
RE
PEREPERE
Etileno
GCCGCC
Genes de resposta ao etilenoGenes de resposta ao etileno
Fatores de transcrição secundáriosFatores de transcrição secundários
LeEIL1-4LeEIL1-4
LeEIN3LeEIN3
LeERF1-4LeERF1-4
Núcleo
DNA
DNA
12
exógeno durante o armazenamento, transporte e/ou comercialização (Feng et al., 2000).
Dessa forma, o uso de inibidores da ação do etileno tem se tornado uma alternativa mais
interessante, pois esses compostos protegem os frutos, tanto do etileno endógeno, quanto do
exógeno. Todavia, alguns inibidores da ação do etileno possuem algumas características que
impedem seu uso em determinadas situações. Por exemplo, não é possível utilizar tiossulfato
de prata, um potente inibidor da ação do etileno (Sisler & Serek, 1997), em frutas e hortaliças,
devido à elevada toxicidade desse composto. Por outro lado, o composto 2,5-norbornadieno,
que também inibe efetivamente a ação do etileno, tem seu uso limitado na prática em função
de sua característica corrosiva e por apresentar odor desagradável (Sisler & Serek, 1997).
Recentemente, outro composto, capaz de inibir fortemente a ação do etileno passou a
ser estudado: o 1-metilciclopropeno (1-MCP; C
4
H
6
) (Sisler & Serek, 1997; Blankenship &
Dole, 2003). Esse composto é capaz de interagir com os receptores do etileno, evitando a
ligação do etileno e, conseqüentemente, o desencadeamento de processos dependentes de
etileno. O 1-MCP parece ligar-se fortemente a um metal junto aos receptores (Sisler & Serek,
1997). Esses autores não fazem referência, mas possivelmente esse metal é o cobre
(Rodriguez et al., 1999). O 1-MCP possui um modo de ação não-tóxico e é ativo mesmo em
baixas concentrações (Sisler & Serek, 1997), sendo que em 2005 obteve registro para uso
comercial, para determinados produtos agrícolas, em vários países, incluindo o Brasil
(Watkins, 2006). A afinidade do 1-MCP aos receptores de etileno supera a do próprio etileno
em cerca de 10 vezes (Blankenship & Dole, 2003).
A longevidade da ação do 1-MCP é dependente da espécie, cultivar, tecido e modo de
indução da produção de etileno (Sisler & Serek, 1997). Como a ligação do 1-MCP ao receptor
parece ser irreversível, o restabelecimento da sensibilidade de determinado tecido ao etileno
requer a síntese de novo de receptores de etileno (Blankenship & Dole, 2003). Em pêssegos, a
redução na síntese de etileno pela aplicação de 1-MCP está associada a uma menor atividade
da enzima ACC oxidase e a uma reduzida expressão de Pp-ACO1 e Pp-ACO2 (Mathooko et
al., 2001). Além disso, o 1-MCP afeta negativamente a expressão de Pp-ERS1, apesar de não
exercer nenhum efeito sobre a transcrição de Pp-ETR1 (Rasori et al., 2002).
Interessantemente, o processo de amadurecimento de pêssegos só é inibido pelo 1-MCP se
forem efetuadas aplicações freqüentes desse composto (Mathooko et al., 2001). Esse efeito
está, possivelmente, relacionado à rápida regeneração dos receptores Pp-ERS1, quando o
tratamento com 1-MCP é encerrado (Rasori et al., 2002).
Outras moléculas, análogas ao 1-MCP, como o 1-etilciclopropeno (1-ECP) e 1-
propilciclopropeno (1-PCP), também são capazes de inibir a ligação do etileno aos seus
13
receptores (Feng et al., 2004). Entretanto, esses dois compostos são menos potentes que o 1-
MCP (Feng et al., 2004).
2.2.3 Atividade respiratória
O amadurecimento de pêssegos é acompanhado de um aumento drástico e transitório
na atividade respiratória, chamado de climatério respiratório. Esse evento, em frutos
climatéricos, geralmente corresponde à maturação comercial dos frutos (Duque et al., 1999).
O aumento da respiração nos frutos climatéricos parece estar relacionado a um incremento no
fluxo glicolítico (Mertens et al., 1987). O aumento na atividade das fosfofrutoquinases ATP-
dependentes (PFK; EC 2.7.1.11) e/ou das fosfofrutoquinases PP
i
-dependentes (PFP; EC
2.7.1.90) poderia ser responsável pelo incremento climatérico da respiração (Isaac & Rhodes,
1987; Mertens et al., 1987).
O papel central do climatério respiratório ainda não é conhecido. Acreditava-se que o
aumento nos níveis de ATP nas células, em função desse processo, seria uma necessidade
para suprir a demanda energética dos vários eventos que ocorrem durante o amadurecimento
(Tucker, 1993). No entanto, a energia produzida pelo incremento respiratório é muito superior
à demanda energética estimada para a maioria dos frutos. Além disso, os frutos não-
climatéricos são capazes de amadurecer sem apresentar um aumento significativo na atividade
respiratória (Tucker, 1993).
A relação entre o climatério respiratório e o aumento drástico na síntese de etileno,
durante o amadurecimento, ainda não foi devidamente elucidado (Lelièvre et al., 1997).
Todavia, possivelmente o etileno é responsável por estimular a rota alternativa de transporte
de elétrons resistente ao cianeto (Solomos, 1977). Essa rota parece desempenhar um papel
importante durante a respiração climatérica (Solomos, 1977), podendo atuar como um
mecanismo de proteção contra o cianeto produzido durante o climatério do etileno (Yang &
Hoffman, 1984; Kende, 1993). A rota alternativa auxilia na proteção contra as espécies
reativas de oxigênio (ROS), que podem ser formadas se a cadeia transportadora de elétrons é
reduzida em excesso (Millar & Day, 1997). O acúmulo de mRNAs e da proteína oxidase
alternativa (AOX), a oxidase terminal na cadeia alternativa de transporte de elétrons, ocorre
de maneira mais pronunciada durante o amadurecimento de mangas (Cruz-Hernàndez &
Gómez-Lim, 1995).
14
2.2.4 Modificações nas paredes celulares e efeitos sobre a firmeza da polpa
2.2.4.1 Estrutura das paredes celulares
As alterações que ocorrem na textura, durante o amadurecimento de frutos, são
características de cada espécie, sendo as diferenças observadas decorrentes da espessura e
composição das paredes celulares e também do tamanho, da forma, do conteúdo e da
turgescência das células (Harker et al., 1993). A intensidade do processo de redução da
firmeza de determinado fruto relaciona-se diretamente com seu período de conservação pós-
colheita, com sua a capacidade de reagir a infecções patogências e com as perdas e custos
observados no seu transporte e armazenamento (Trainotti et al., 2003).
As paredes celulares, de modo geral, consistem de microfibrilas rígidas e
inextensíveis, unidas por redes coesivas de glicanos, pectinas e glicoproteínas estruturais
(Carpita & Gibeaut, 1993). As microfibrilas de celulose são “encapadas” e inter-cruzadas
entre si pelas hemiceluloses da matriz, em particular os xiloglucanos (Brummell & Harpster,
2001). A estrutura fundamental (ou primária) de glucanos dos xiloglucanos é capaz de ligar-se
fortemente à celulose por meio de pontes de hidrogênio. Os espaços remanescentes, entre a
rede formada pela celulose e a matriz de glicanos, são preenchidos por pectinas hidratadas,
que também formam uma rede, mantida por ligações éster entre as moléculas de pectina e por
inter-ligações mediadas por Ca
2+
entre homogalacturonanos desmetilesterificados (Brummell
& Harpster, 2001). A estrutura, como um todo, é unida por ligações covalentes entre algumas
moléculas de xiloglucano e pectinas (Thompson & Fry, 2000).
Apesar de restrito, o conhecimento detalhado da estrutura da parede celular de frutos
demonstra que basicamente ela seja como descrito anteriormente. As paredes celulares dos
frutos carnosos são ricas em pectinas, que podem constituir mais de 50% da composição das
paredes, com variações consideráveis entre as espécies (Brummell & Harpster, 2001). As
pectinas compreendem um grupo de heteropolissacarídeos ácidos com domínios estruturais
distintos, sendo sujeitas à ação de proteínas de biossíntese e de enzimas modificadoras da
parede celular (Willats et al., 2001). As pectinas são ricas em ácido galacturônico, o qual
participa da formação da estrutura fundamental dos três principais polissacarídeos pécticos: o
homogalacturonano ou ácido poligalacturônico (HGA), o ramnogalacturonano-I (RG-I) e o
ramnogalacturonano-II (RG-II). O homogalacturonano é um homopolímero linear, contendo
de 100 a 200 resíduos de ácido galacturônico com ligações α (1 4) (Zhan et al., 1998). Ele é
15
sintetizado no complexo de Golgi e transportado às paredes celulares numa forma altamente
metil-esterificada (70-80%) nas carboxilas C-6 (Perrin et al., 2001). Os RG-I são formados
pelo dissacarídeo (1 2)-α-
L
-ramnose-(1 4)-α-
D
-ácido galacturônico, que se repete pelo
menos 100 vezes, apresentando de 20-80% dos resíduos de ramnose substituídos por cadeias
laterais (Willats et al., 2001). Em geral, os RG-I estão glicosidicamente ligados aos domínios
dos HGA. O RG-II é uma pectina ramificada, contendo uma estrutura fundamental de HGA
(Vincken et al., 2003). Na matriz péctica, os RG-II estão covalentemente ligados aos HGAs.
2.2.4.2 Alterações nas paredes celulares durante o amadurecimento
Durante o amadurecimento, a estrutura das paredes celulares torna-se gradativamente
mais hidratada, em decorrência das modificações na coesão das pectinas (Jarvis, 1984). Dessa
forma, a textura do fruto é afetada principalmente pela facilidade com que as células rompem
ou se separam umas das outras. As pectinas, as hemiceluloses e possivelmente as regiões
amorfas das microfibrilas de celulose sofrem modificações estruturais durante o
amadurecimento (O’Donoghue et al., 1994).
Algumas alterações nas paredes celulares, relacionadas ao amadurecimento de frutos,
são comuns a várias espécies, como a despolimerização dos glicanos da matriz (Brummell et
al., 2004). No entanto, o conteúdo de galactose e arabinose e a despolimerização de pectinas
ligadas ionicamente, durante o processo de amadurecimento, variam consideravelmente entre
as espécies (Redgwell et al., 1997). Além disso, a intensidade da solubilização das pectinas
também é diferente entre as espécies, sendo alta em quivi, tomate e ameixa e pouco
expressiva em maçãs e melancias (Redgwell et al., 1997). As pectinas são gradativamente
despolimerizadas e solubilizadas durante o amadurecimento (Fischer & Bennett, 1991;
Brummell & Harpster, 2001; Brummell et al., 2004). Entretanto, nem todos os poliuronídeos
tornam-se solúveis, pois, mesmo que sejam despolimerizados, muitos permanecem associados
por meio de ligações iônicas a outras moléculas de pectinas insolúveis. A porosidade da
parede celular aumenta, à medida que as pectinas são despolimerizadas, e as cadeias laterais
de galactose e arabinose dos ramnogalacturonanos I (RG I) são perdidas (Gross & Sams,
1984), o que vai permitindo o acesso das hidrolases da parede celular aos seus substratos
(Baron-Epel et al., 1988).
Em pêssegos, o início do processo de redução da firmeza da polpa é acompanhado
pelo incremento no conteúdo de pectinas frouxamente ligadas por ligações iônicas (extraídas
16
por quelante), mas sem a ocorrência de extensiva despolimerização (Brummell et al., 2004).
No entanto, no período subseqüente, de redução drástica de firmeza (estádio fundente), ocorre
uma elevada despolimerização e solubilização dessas pectinas. Esse processo é acompanhado
por uma redução gradual no nível de metilesterificação das pectinas. Além dos processos de
degradação da parede celular serem acompanhados pela modificação da atividade de várias
enzimas hidrolíticas (Brummell et al., 2004), ocorre, também, a síntese limitada de
polissacarídeos e de uma elevada atividade de síntese de proteínas estruturais, que
possivelmente auxiliam na manutenção da integridade das paredes celulares durante o
processo de amolecimento (Trainotti et al., 2003).
2.2.4.2.1 Poligalacturonases
As poligalacturonases (PGs; poli(1Æ4-α-
D
-galacturonídeo) glicanohidrolases) são
enzimas que catalisam a clivagem das ligações α-(1Æ4), sendo de dois tipos, as que atuam de
forma exo- e de forma endo- (Brummell & Harpster, 2001). As exo-PGs (EC 3.2.1.67)
removem unidades simples de ácido galacturônico somente das terminações não-redutoras
dos HGAs, enquanto as endo-PGs (EC 3.2.1.15) clivam esse polímero de maneira aleatória
(Brummell & Harpster, 2001). Como os HGAs são secretados na parede celular numa forma
altamente metilesterificada, para tornarem-se os substratos das PGs, eles devem ser
desmetilesterificados (Jarvis, 1984; Carpita & Gibeaut, 1993). Interessantemente, as pectato
liases catalisam uma clivagem similar das ligações α-(1Æ4) entre os ácidos
D
-galacturônicos,
porém por meio de reações de β-eliminação (Fischer & Bennett, 1991).
Pêssegos das variedades que perdem rapidamente sua firmeza da polpa, durante o
amadurecimento (polpa fundente), apresentam, além da atividade das exo-PGs, um aumento
drástico na atividade das endo-PGs (Pressey & Avants, 1978). Entretanto, em pêssegos com
caroço preso e que não apresentam essa redução acentuada da firmeza da polpa (polpa não
fundente) é detectada somente a atividade da exo-PG (Pressey & Avants, 1978). Esse fato
explica parcialmente a redução mais limitada da firmeza da polpa de pêssegos com o caroço
preso à polpa. Um único lócus gênico parece determinar tanto a característica de caroço livre
da polpa e a característica fundente da polpa (Bailey & French, 1949).
As PGs são expressas a partir de grandes famílias multigênicas, porém, durante o
amadurecimento, apenas poucos genes são expressos nos frutos (Della Penna et al., 1986). O
etileno está envolvido com a regulação desse processo em vários frutos (Sitrit & Bennett,
17
1998; Zanuzo, 2004). A tradução das PGs envolve várias etapas, que correspondem a
extensivas alterações pós-traducionais. A primeira corresponde à retirada dos 24 aminoácidos
da seqüência sinalizadora, que guia o polipeptídeo recém traduzido para o sistema de
endomembranas do retículo endoplasmático e do complexo de Golgi, onde ele será
processado e, finalmente, secretado para a parede celular (Fischer & Bennett, 1991). Mais
tarde, são suprimidos os 47 aminoácidos da pró-seqüência amino-terminal e 13 da terminação
carboxílica. Duas proteínas maduras, PG2A e PG2B, são formadas, diferindo somente em
relação à intensidade das glicosilações que sofreram, apresentando 43 e 45kDa,
respectivamente. Além disso, uma terceira PG, a PG1, também tem sido identificada
(Brummell & Harpster, 2001). Essa isoforma apresenta um elevado peso molecular,
consistindo de uma ou, possivelmente, duas PG2A ou PG2B combinadas com uma
glicoproteína de 38kDa, conhecida como subunidade β ou conversora de PG.
2.2.4.2.2 Pectina metilesterases
Durante o crescimento celular, os HGAs, são secretados nas paredes celulares com um
elevado grau de metilesterificação, sendo progressivamente desmetilesterificados. Esse
processo é concomitante com o aumento da atividade das pectina metilesterases (PME; EC
3.1.1.11), enzimas que hidrolisam o grupamento metiléster da posição C-6 dos resíduos de
HGAs das pectinas, formando pectinas com menor grau de metilação e metanol (Fischer &
Bennett, 1991; Brummell & Harpster, 2001). Como as PGs são mais eficientes na degradação
de pectinas desmetilesterificadas (Koch & Nevins, 1989), a ação das PMEs determina, em
parte, quais pectinas são suscetíveis ao ataque das PGs. A atividade das PMEs é detectada
durante todas as fases do desenvolvimento dos frutos, sendo que picos de atividade são
observados quando os frutos são ainda pequenos e imaturos e logo no início do processo de
amadurecimento (Harriman et al., 1991). No entanto, esses picos são alcançados após um
declínio considerável na acumulação de mRNAs para PME . Em tomate, poucos genes
codificam para a PME (Harriman et al., 1991), sendo que as proteínas sofrem alterações pós-
traducionais, como a retirada da seqüência sinalizadora e de uma grande região amino-
terminal (Gaffe et al., 1994).
O etileno, aparentemente, não regula a expressão da PME (Alexander & Grierson,
2002). No entanto, a expressão de LeRab11a, que codifica uma proteína putativamente
relacionada ao tráfego de hidrolases para as paredes celulares, possivelmente é regulada pelo
18
etileno (Lu et al., 2001). A firmeza da polpa de frutos de plantas antisenso para esse gene não
decresceu durante o amadurecimento, sendo acompanhado por níveis reduzidos das enzimas
PME e PG (Lu et al., 2001). Dessa forma, o etileno pode afetar indiretamente a atividade da
PME por estimular um maior ou menor tráfego dessa enzima do complexo de Golgi às
paredes celulares.
2.2.4.2.3 Endo-(1Æ4)β-
D
-glucanases (EGases)
Os glicanos da matriz das paredes celulares sofrem despolimerização considerável
durante o processo de amadurecimento, o que contribui significativamente para a redução da
firmeza dos frutos (Maclachlan & Brady, 1994). As EGases (EC 3.2.1.4) hidrolisam as
ligações internas de cadeias adjacentes de glicanos, sendo seus substratos, in muro,
provavelmente xiloglucanos, regiões periféricas e integrais da celulose não cristalina e
glucomananos (Bennett & Harpster, 2001). Em pêssegos, apesar de detectada, a atividade da
EGase é relativamente baixa e é pouco importante nas alterações que ocorrem durante o
amadurecimento (Brummell et al., 2004).
2.2.4.2.4 β-galactosidades
A maior parte da galactose, presente nas paredes celulares, está nas cadeias laterais do
RG-I (Carpita & Gibeaut, 1993). As exo-β-
D
-galactosidades (EC 3.2.1.23) removem as
terminações não-redutoras das β-
D
-galactosidades (Brummell & Harpster, 2001), sendo
responsáveis por uma das principais alterações que ocorrem nas paredes celulares: a perda de
resíduos galactosil (Gross & Sams, 1984). Em tomate existem três isoformas de β-
galactosidade, sendo nomeadas de I, II e III. Enquanto as formas I e III apresentam alta
atividade nos frutos imaturos, a atividade da forma II aumenta drasticamente durante o
amadurecimento (Carey et al., 1995). Pelo menos sete genes codificam para β-galactosidases
(Smith & Gross, 2000), sendo o gene TBG4 altamente expresso durante o amadurecimento e,
provavelmente, responsivo ao etileno (Brummell & Harpster, 2001).
19
2.2.4.2.5 Xiloglucano endotransglicosilases (XET)
A XET (EC 2.4.1.207) faz a clivagem das ligações internas das estruturas
fundamentais dos xiloglucanos e transfere a terminação redutora formada para a posição C-4
de uma glicose de outro xiloglucano (Brummell & Harpster, 2001). Essas enzimas podem ser
divididas em dois grupos: as que possuem atividade hidrolase e as que não possuem. Em
maçã e quivi, a atividade dessa enzima é alta durante a expansão dos frutos, decresce durante
a maturação e aumenta novamente no amadurecimento (Percy et al. 1996). Esse padrão de
atividade é resultante da expressão de diversos genes. Possivelmente, em frutos climatéricos,
a expressão dos genes que codificam para a XET, durante o amadurecimento, é regulada pelo
etileno (Brummell & Harpster, 2001).
2.2.4.2.6 Expansinas
As expansinas são proteínas capazes de afrouxar a parede celular, pois promovem o
rompimento das ligações não-covalentes presentes na interface celulose-hemicelulose
(Cosgrove, 1998). Essas proteínas têm sido detectadas em vários frutos, como tomates (Rose
et al., 1997), morangos (Civello et al., 1999) e pêssegos (Hayama et al., 2003). Três genes,
que codificam para expansinas em pêssegos (PpExp1-3), são expressos especificamente nos
frutos. Destes, PpExp2 possivelmente exerça um papel no processo de expansão dos frutos,
enquanto PpExp1 e PpExp3 são expressos especialmente durante o amadurecimento (Hayama
et al., 2003). Além disso, esses mesmos autores indicam que enzimas hidrolíticas, como as
PGs, podem atuar cooperativamente com as expansinas, reduzindo a firmeza da polpa dos
frutos. A expressão das expansinas relacionadas ao amadurecimento de frutos é regulada pelo
etileno (Rose et al., 1997).
2.2.4.3 Coloração dos frutos
A modificação da cor de fundo da epiderme de pêssegos representa um dos índices
usados para a determinação do ponto de colheita (Crisosto, 1994; Rombaldi et al., 2002). Essa
alteração deve-se ao acúmulo e/ou revelação de pigmentos carotenóides, à medida que os
cloroplastos são transformados em cromoplastos (Marano et al., 1993). Enquanto a sobre-cor
20
(cor vermelha) de pêssegos depende do genótipo e da exposição ao sol, a cor de fundo é muito
dependente da maturação do fruto (Crisosto, 1994). Em pêssegos ‘Chiripá’, a cor de fundo da
epiderme muda, durante o amadurecimento, de um tom esverdeado para uma tonalidade
branco-creme (Araújo, 1998).
2.2.4.4 Acidez titulável
O conteúdo de ácidos e açúcares é um dos principais determinantes da qualidade
sensorial de pêssegos. A acidez titulável varia em função da quantidade e da composição dos
ácidos orgânicos presentes. Os ácidos málico, cítrico e quínico são os principais ácidos
orgânicos em pêssegos (Byrne et al., 1991). O ácido málico é o que acumula em maior
quantidade na maturação, enquanto os ácidos cítrico e quínico estão presentes em menores
quantidades (Dirlewanger et al., 1999).
O conteúdo final de ácidos orgânicos em frutos maduros pode ser controlado por três
processos: a síntese, ainda no início do desenvolvimento; o armazenamento nos vacúolos; e a
mobilização e consumo durante o amadurecimento (Moing et al., 2000). A fosfoenolpiruvato
carboxilase (PEPC; EC 4.1.1.31) é considerada a enzima-chave na biossíntese de ácidos
orgânicos em vegetais. O estudo de genótipos com baixa e alta acidez tem permitido avanços
consideráveis na compreensão do processo de acumulação de ácidos orgânicos durante o
desenvolvimento de pêssegos (Moing et al., 2000; Etienne et al., 2002). O máximo acúmulo
de transcritos para PEPC coincide com o momento de maior acúmulo de ácido málico e
cítrico em pêssegos ‘Fantasia’ (Moing et al., 2000). Da mesma forma, o baixo nível de
transcritos para PEPC no estádio I de desenvolvimento de pêssegos ‘Jalousia’ (baixa acidez),
corresponde a um baixo acúmulo de ácido málico nesse ponto. Cabe ressaltar, ainda, que
outras enzimas e proteína transportadoras do vacúolo, expressas durante o amadurecimento,
também são capazes de afetar significativamente os níveis de ácidos orgânicos nos frutos
(Etienne et al., 2002). Durante a maturação de pêssegos, a concentração de ácidos orgânicos
decresce, devido à redução na síntese e ao aumento no catabolismo (Tucker, 1993) e, também,
em decorrência da importação e acumulação massiva de açúcares e da expansão celular
(Etienne et al., 2002).
21
2.2.4.5 Sólidos solúveis totais
O conteúdo de sólidos solúveis totais (SST) aumenta com a maturação e o
amadurecimento dos pêssegos (Crisosto, 1994). A concentração de SST é variável, em função
do genótipo e das condições ambientais (Ke et al., 1991). Os SST são representados, em
grande parte, por açúcares, sendo os principais, em pêssegos, a sacarose, a frutose, a glicose e
o sorbitol (Dirlewanger et al., 1999).
2.3 Armazenamento
2.3.1 Armazenamento refrigerado (AR)
Pêssegos são frutos climatéricos, que apresentam elevado metabolismo, deteriorando
rapidamente a temperaturas ambientes. Em função disso, o armazenamento desses frutos em
baixas temperaturas tem sido utilizado, tanto para reduzir o metabolismo, quanto para
restringir o desenvolvimento de podridões (Lurie & Crisosto, 2005). O armazenamento de
pêssegos ‘Chiripá’ é bastante comum, pois essa é a última cultivar de mesa a ser colhida,
tornando seu armazenamento interessante do ponto de vista econômico. Grande parte do
pêssego produzido no Brasil é armazenado somente sob refrigeração. Nesse sistema de
armazenamento controla-se a temperatura e a umidade relativa do ar.
Como a velocidade dos processos metabólicos é muito dependente da temperatura, a
redução da temperatura do ar pode ser usada para ampliar o período de conservação de frutos,
especialmente por reduzir a respiração celular (Steffens et al., 2006). No entanto, mesmo sob
baixas temperaturas, maçãs podem apresentar uma elevação climatérica na atividade
respiratória (Duque et al., 1999). No caso de pêssegos, o amadurecimento é extremamente
reduzido a 1°C, enquanto a 5°C esse processo continua (Valero et al., 1997). Nesse sentido, a
temperatura mais adequada, para o armazenamento de pêssegos, inclusive da cultivar
Chiripá’, tem sido apontada como -0,5°C (Ceretta et al., 2000; Nava & Brackmann, 2002;
Brackmann et al., 2005). Todavia, o período de armazenamento de pêssegos é limitado pela
ocorrência de distúrbios fisiológicos, como a lanosidade e o escurecimento interno (Ver item
2.3.3), e de podridões (Ben-Arie & Lavee, 1971; Ben-Arie & Sonego, 1980; von Mollendorff
et al., 1989; Nava & Brackmann, 2002).
22
Além da temperatura, a umidade relativa do ar é outro fator de grande relevância em
câmaras frigoríficas. Condições de UR do ar muito baixas podem levar à excessiva perda de
massa pela transpiração, enquanto altas UR do ar podem favorecer o desenvolvimento de
microorganismos patogênicos (Schwarz, 1994). Interessantemente, a perda de água na região
do cálice de caquis resultou num incremente da síntese de etileno, pelo estímulo da expressão
do gene DK-ACS2 (Nakano et al., 2003). O etileno formado nessa região difundiu-se por toda
a polpa, desencadeado a síntese autocatalítica de etileno nesses frutos. Além disso, a redução
da perda de água no cálice atrasou significantemente a síntese de etileno (Nakano et al.,
2003). Todavia, a ocorrência desse processo em outros frutos, bem como o efeito da
desidratação durante o armazenamento sobre a maturação, ainda não foram estudados.
2.3.2 Armazenamento em atmosfera controlada (AC)
Além do abaixamento da temperatura, tem-se pesquisado o efeito da modificação das
pressões parciais de O
2
e CO
2,
como forma de incrementar o efeito do frio sobre a manutenção
da qualidade de frutos por períodos prolongados de armazenamento. O armazenamento de
frutos sob altas pressões parciais de CO
2
e/ou baixas de O
2
tem sido usado comercialmente
para retardar o amadurecimento. Essas condições de armazenamento reduzem a biossíntese e
a ação do etileno e o metabolismo respiratório, entre outros (Kerbel et al., 1988; Gorny &
Kader, 1996; Mathooko, 1996a,b; de Wild et al., 1999; Liu et al., 2004; Mathooko et al.,
2001).
2.3.2.1 Efeito sobre a síntese de etileno
Níveis elevados de CO
2
(5-20%) inibem a produção de etileno em frutos climatéricos,
devido à inibição da atividade da ACC sintase e da ACC oxidase (de Wild et al., 1999;
Mathooko et al., 2001; de Wild et al., 2005). Uma das hipóteses em relação ao efeito
inibitório do CO
2
sobre vários processos dependentes de etileno considerava que esse gás
competia pelo sítio de ligação do etileno, inibindo sua biossíntese e ação (Burg & Burg,
1967). No entanto, recentemente novos estudos têm demonstrado que o local de ação do CO
2
,
na via de biossíntese de etileno, situa-se antes da formação de ACC em etileno (de Wild et al.,
1999; Mathooko et al., 2001; de Wild et al., 2005). Além disso, esses mesmos estudos
23
indicam que o CO
2
não afeta a ligação do CO
2
aos seus receptores, como postulado
anteriormente. De acordo com Nakajima et al. (1990), o CO
2
inibe a atividade da ACC sintase
por meio de inibição transcricional. Em pêssegos, foi demonstrada uma inibição da atividade
da ACC sintase pelo CO
2
(Mathooko et al., 2001). O efeito inibitório do CO
2
sobre a
produção de etileno pode estar relacionado a uma redução do conteúdo de ACC sintase,
devido à degradação e/ou inibição de sua síntese, ou pela inibição de sua atividade. No
entanto, a inibição da ACC sintase requer que o CO
2
esteja presente continuamente
(Mathooko, 1996a).
O efeito do CO
2
sobre a ACC oxidase é dependente da concentração desse gás
(Mathooko, 1996a). Dessa forma, baixos níveis de CO
2
estimulam e altos níveis inibem a
atividade da ACC oxidase. O CO
2
é capaz de promover alterações no pH do citosol, o que
pode reduzir a capacidade catalítica da ACC oxidase, reduzindo significativamente a
biossíntese de etileno (Dong et al., 1992; Siriphanic & Kader, 1986). Interessantemente, o
CO
2
é capaz de ativar a ACC oxidase, aumentando a V
max
da reação, mas, por outro lado,
reduz a afinidade da enzima pelo seu substrato, ACC (Mathooko, 1996a). O modo como o
CO
2
pode atuar positivamente sobre a ACC oxidase tem sido pesquisado, sendo que Dong et
al. (1992) observaram que o CO
2
ativa reversivelmente essa enzima. Essa ativação
possivelmente envolveria uma reação de carbamilação num resíduo específico de lisina da
proteína (Fernandez-Maculet et al., 1993), semelhante à ativação da Rubisco pelo CO
2
(Lorimer & Miziorko, 1980).
Além dos efeitos do CO
2
sobre a rota de síntese de etileno, a exposição de frutos e
vegetais frescos a níveis de O
2
inferiores a 8% reduzem significativamente a biossíntese de
etileno (Kader, 1986). Devido ao O
2
ser substrato na reação catalisada pela ACC oxidase, sob
condições de anaerobiose a conversão de ACC a etileno pode ser completamente inibida
(Kende, 1993). O armazenamento de maçãs sob 0,25% de O
2
reduziu a atividade da ACC
oxidase e a síntese de ACC sintase (Gorny & Kader, 1996). Além disso, o armazenamento de
maçãs em 0,25% de O
2
foi mais eficiente em reduzir a biossíntese de etileno do que o
armazenamento em ar + 20% de CO
2
(Gorny & Kader, 1996).
2.3.2.2 Efeito sobre o metabolismo respiratório
O armazenamento de frutos sob baixas pressões parciais de O
2
e/ou elevadas de CO
2
afetam a atividade respiratória dos mesmos (Kerbel et al., 1988; Liu et al., 2004). Nesse
24
contexto, o CO
2
pode atuar, tanto como um indutor, quanto um supressor da respiração
durante e após o armazenamento, dependendo da sua concentração, da concentração de O
2
, da
espécie e da temperatura (Kader, 1986). Todavia, é difícil discriminar exatamente quais
eventos são afetados pelas altas concentrações de CO
2
e quais pelos baixos níveis de O
2
(Mathooko, 1996b).
Segundo Liu et al. (2004), o CO
2
inibe a atividade da isocitrato desidrogenase (IDH),
enzima que catalisa a conversão de isocitrato à 2-oxoglutarato. Além disso, outras enzimas
desta rota podem ser inibidas, porém em menor extensão. Da mesma forma, a exposição de
frutos a elevados níveis de CO
2
poderia resultar na inibição de determinadas enzimas da via
glicolítica. Nesse sentido, observou-se uma redução significativa na respiração de pêras
expostas ao alto CO
2
devido à inibição da síntese e/ou da atividade das fosfofrutoquinases
ATP-dependentes (PFK) e das fosfofrutoquinases PP
i
-dependentes (PFP) (Kerbel et al.,
1988).
2.3.2.3 Efeito sobre a qualidade físico-química dos frutos
Devido às condições de AC afetarem significativamente a síntese de etileno e a
respiração de pêssegos, essas condições exercem efeitos, também, nos atributos de qualidade
desses frutos, especialmente a firmeza da polpa, a acidez titulável e a cor de fundo da
epiderme. Segundo Rushing & Dinamarca (1993), as características qualitativas de pêssegos,
que são mais afetadas pelo controle da atmosfera, são a firmeza da polpa e a cor de fundo da
epiderme.
As condições de AC mais adequadas para o armazenamento de pêssegos variam em
função da cultivar. Enquanto que para pêssegos ‘Eldorado’ a AC com 2,0kPa O
2
+ 5,0kPa
CO
2
permite melhor qualidade (Brackmann et al., 2005), para pêssegos ‘Chimarrita’ o uso de
5,0kPa O
2
+ 10,0kPa CO
2
é o mais eficiente (Brackmann et al., 2003). Em relação ao pêssego
‘Chiripá’, as condições de AC com 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
e 1,5kPa O
2
+ 5,0kPa CO
2
têm
sido apontadas como as mais eficientes na manutenção da qualidade físico-química e
organoléptica desses frutos (Nava & Brackmann, 2002; Rombaldi et al., 2002). Todavia,
comparando-se com o armazenamento refrigerado, o controle da atmosfera possui pouco
efeito sobre a acidez titulável e o conteúdo de sólidos solúveis totais (Nava & Brackmann,
2002).
25
2.3.2.4 Efeito sobre a ocorrência de podridões
A incidência de podridões em pêssegos é responsável por grandes perdas. O principal
fungo causador de podridões em pêssego é a Monilinia fructicola (G.Wint.) Honey, que causa
a podridão-parda (Emery et al., 2002). No entanto, dependendo das condições climáticas e do
manejo pós-colheita, pode ocorrer, também, uma elevada incidência de outros fungos, como
Botrytis cinerea Pers.:Fr., Rhizopus stolonifer (Ehrenb.) Lind. e Penicillium expansum Link.,
entre outros (Palou et al., 2002).
O crescimento de fungos, em frutos armazenados, pode ser reduzido por meio do
abaixamento da temperatura e pelo aumento da pressão parcial de CO
2
(Agar et al., 1990).
Nesse sentido, melhores resultados são obtidos se as pressões parciais de O
2
forem mantidas
abaixo de 1kPa e as de CO
2
acima de 10kPa (Beaudry, 1999). Em pêssegos ‘Chiripá’, ocorreu
menor incidência de podridões nos frutos armazenados sob 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
(Nava & Brackmann, 2002), enquanto que em pêssegos ‘Chimarrita’ não houve diferença
significativa entre os frutos armazenados em AC com 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
ou
5,0kPa de O
2
+ 10,0kPa CO
2
(Brackmann et al., 2003).
2.3.3 Desordens fisiológicas provocadas pela frigoconservação
Apesar dos benefícios do armazenamento refrigerado na conservação de pêssegos e
nectarinas, grande parte das cultivares comerciais são sensíveis à ocorrência de dano por frio,
quando armazenadas por longos períodos (Ben-Arie & Lavee, 1971; Ben-Arie & Sonego,
1980; von Mollendorff et al., 1989; Zhou et al., 2001).
Os sintomas de dano por frio afetam, geralmente, apenas a polpa dos frutos, o que
torna impossível a separação dos frutos afetados. Dessa forma, são os consumidores que
detectam a ocorrência desses distúrbios, o que pode levá-los à insatisfação e à redução no
consumo de pêssegos (Brummell et al., 2004). Dependendo da cultivar e do tempo de
armazenamento, podem ser observados diferentes sintomas relacionados com o
desenvolvimento de dano por frio. Frutos afetados pela lanosidade apresentam polpa seca,
lanosa ou farinácea, que pode tornar-se dura e seca (“leatheriness”) (Ben-Arie & Lavee, 1971;
Ben-Arie & Sonego, 1980; von Mollendorff et al., 1989; Zhou et al., 2001). Por outro lado, o
dano por frio pode manifestar-se na forma de escurecimento da polpa ou da cavidade do
caroço (Fernandez-Trujillo et al., 1998; Brackmann et al., 2005; Lurie & Crisosto, 2005) ou,
26
ainda, como um avermelhamento exagerado da polpa (Lurie, 1992; Retamales et al., 1992;
Dong et al., 2001). Outros sintomas, como a perda de “flavour” e o amadurecimento anormal,
também podem ser induzidos pelo frio (Obenland et al., 2003).
2.3.3.1 Lanosidade
A incidência de lanosidade (“mealiness” ou “woolliness”) tem causado efeitos
negativos na ampliação da área produtiva e na infra-estrutura de armazenamento de pêssegos
de polpa branca, como o ‘Chiripá’ e o ‘Chimarrita’, ambos suscetíveis a esse distúrbio
fisiológico (Nava & Brackmann, 2002; Rombaldi et al., 2002; Brackmann et al., 2003; Girardi
et al., 2005). Além disso, esse é um problema mundialmente reportado, por afetar as
principais cultivares comerciais de pêssego e nectarinas (revisado em Lurie & Crisosto,
2005). Luchsinger & Walsh (1997) observaram que grande parte dos pêssegos exportadas
pelo Chile, por meio do transporte marítimo em contêineres refrigerados, chegavam ao porto
da Filadélfia, nos Estados Unidos, com sintomas severos de lanosidade. Além disso, a
incidência atingia, dependendo da cultivar, até 100% dos frutos avaliados.
A expansão dos espaços intercelulares das células parenquimáticas do mesocarpo e o
acúmulo de substâncias pécticas de alto peso molecular na matriz intercelular são
conseqüências de dano por frio em pêssegos (Luza et al., 1992; Appezzato-da-Glória et al.,
2004). Além disso, a fragmentação nuclear também foi observada em frutos com sintomas
severos de lanosidade (Appezzato-da-Glória et al., 2004).
A ocorrência de lanosidade possui uma base genética, sendo seu desenvolvimento
dependente da combinação entre a temperatura e o tempo de armazenamento (Ben-Arie &
Lavee, 1971; Mitchell, 1987; Crisosto et al., 1999). A incidência de lanosidade aumenta
consideravelmente com o prolongamento do período de armazenamento, sendo observada,
geralmente, após duas semanas de armazenamento (Ben-Arie & Lavee, 1971; Brummell et
al., 2004).
A menor suculência observada em frutos lanosos não decorre da alteração no conteúdo
de água (Ben-Arie & Lavee, 1971; Zhou et al., 2000b), mas do aprisionamento desta à fração
péctica das paredes celulares (Ben-Arie & Sonego, 1980; Obenland et al., 2003; Brummell et
al., 2004). O desenvolvimento da lanosidade tem sido associado a uma redução na atividade
das PGs, durante a exposição a baixas temperaturas, enquanto a atividade das PMEs continua
relativamente estável nesse período (Ben-Arie & Lavee, 1971; Ben-Arie & Sonego, 1980;
27
Zhou et al., 2000a). Dessa forma, a contínua desmetilesterificação, causada pela atividade da
PMEs, sem uma despolimerização sincronizada das pectinas, devido à redução da atividade
das PGs, leva ao acúmulo de pectinas insolúveis de alto peso molecular e baixo grau de
metilesterificação (Ben-Arie & Sonego, 1980). Pectinas com um grau de metilesterificação
menor que 50% tendem a ligar Ca
2+
(Zhou et al., 2000a), formando complexos de pectato de
cálcio de alto peso molecular (Ben-Arie & Lavee, 1971), capazes de ligar a água livre
(Obenland et al., 2003) e formar gel (Ben-Arie & Sonego, 1980; Von Mollendorff et al.,
1989). Apesar da expressão dos genes que codificam para PG e PME ser pouco afetada, as
condições de baixa temperatura reduzem a tradução e/ou a atividade das PGs, modificando
significativamente a razão PG/PME (Zhou et al., 2000b).
Além de envolver alterações na atividade das PGs e PMEs, o desenvolvimento da
lanosidade é acompanhado por um declínio na expressão gênica e no acúmulo de expansinas
(Obenland et al., 2003). Além disso, várias enzimas, envolvidas com o processo de
degradação das paredes celulares, apresentam baixa atividade em frutos lanosos, como as
endo-1,4-β-glucanases, as endo-1,4-β-mananases, as β-galactosidases e as α-arabinosidades
(Brummell et al., 2004). No entanto, a participação dessas enzimas no processo de
desenvolvimento da lanosidade ainda não foi completamente elucidada.
2.3.3.1.1 Redução da incidência da lanosidade
Uma série de estudos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de prevenir ou reduzir
o desenvolvimento de lanosidade em pêssegos e nectarinas, o que demonstra a extensão desse
problema em nível mundial (Lurie & Crisosto, 2005). Além do manejo pós-colheita, algumas
técnicas adotadas em pré-colheita têm se mostrado eficientes na redução ou no atraso da
incidência de dano por frio.
A ocorrência de dano por frio não parece ser afetada pela adubação nitrogenada das
plantas (Daane et al., 1995). No entanto, o tamanho dos frutos e sua posição na copa das
plantas pode afetar sua susceptibilidade à incidência de dano por frio (Crisosto et al., 1997,
1999). Em função dos frutos desenvolvidos nos locais mais sombreados da copa apresentarem
maior incidência de dano por frio, a realização de poda verde pode beneficiar a qualidade dos
frutos após o armazenamento (Crisosto et al., 1997). Frutos mais expostos à insolação
atingem maiores temperaturas diárias, o que pode reduzir a sua susceptibilidade a baixas
temperaturas de armazenamento, pelo estímulo da atividade antioxidante (Kang et al., 2002).
28
O prolongamento da vida pós-colheita de pêssegos e nectarinas é extremamente
necessário, tanto para a comercialização do produto quando o mercado está desabastecido,
quanto para o transporte a longas distâncias. No entanto, a possibilidade de perdas decorrentes
da incidência de desordens fisiológicas causadas pelas baixas temperaturas de
armazenamento, tem tornado evidente a necessidade de se desenvolver técnicas que possam
ser associadas ao armazenamento refrigerado para o controle desse problema. Entre as
técnicas desenvolvidas com esse objetivo, pode-se mencionar o aquecimento intermitente,
com ou sem o controle da atmosfera (Anderson, 1982; Fernández-Trujillo et al., 1998), a
atmosfera controlada isoladamente ou o atraso no resfriamento (Ben-Arie & Sonego, 1980;
Lurie, 1992; Zhou et al., 2000; Nava & Brackmann, 2002; Girardi et al., 2005) e a aplicação
de etileno exógeno durante o armazenamento (Dong et al., 2001; Zhou et al., 2001).
O armazenamento de pêssegos e nectarinas em atmosfera controlada (AC) apresenta
resultados satisfatórios na prevenção da lanosidade (Lurie, 1992; Zhou et al., 2000b; Nava &
Brackmann, 2002; Girardi et al., 2005). O nível de CO
2
utilizado, aparentemente, parece ser o
componente mais importante para a redução dessas desordens, sendo a eficácia da AC
dependente da cultivar, da temperatura e do tempo de armazenamento (Lurie & Crisosto,
2005). Essa condição de armazenamento afeta a respiração (Mathooko, 1996b; Watkins,
2000) e a síntese de etileno dos frutos (Mathooko, 1996a; Mathooko et al., 2001). Além disso,
as condições de AC são capazes de afetar a expressão e a atividade de enzimas hidrolíticas,
como as endo-PGs, durante o armazenamento e o posterior amadurecimento dos frutos (Zhou
et al., 2000b; Girardi et al., 2005). Apesar de não avaliado, esse efeito pode estar relacionado
primariamente à alteração na síntese de etileno.
Além da AC, o papel do etileno na prevenção ou controle de desordens causadas pelo
frio também vem sendo estudado, tanto pela aplicação exógena desse composto, quanto pela
inibição de sua ação (Dong et al. 2001; Zhou et al., 2001; Palou et al., 2003; Liguori et al.,
2004). Apesar de seu efeito sobre os eventos que controlam o amadurecimento (Alexander &
Grierson, 2002), a presença de etileno durante o armazenamento refrigerado de pêssegos e
nectarinas pode reduzir a incidência de lanosidade, sem afetar negativamente os demais
parâmetros de qualidade (Palou et al., 2003). Da mesma forma, a exposição de nectarinas e
pêssegos ao etileno, durante o armazenamento, reduz a incidência de lanosidade (Zhou et al.,
2001; Palou et al., 2003; Girardi et al., 2005). A aplicação de 1-MCP, um inibidor da ação do
etileno (Sisler & Serek, 1997), aumenta a incidência de lanosidade em nectarinas (Dong et al.,
2001). Da mesma forma, a aplicação pré-colheita de AVG aumentou a incidência de
lanosidade em nectarinas, apesar de retardar a colheita e manter a firmeza da polpa mais
29
elevada (McGlasson et al., 2005). Por outro lado, a eliminação do etileno, da câmara de
armazenamento, não traz benefícios à qualidade de pêssegos ‘Chiripá’ (Nava & Brackmann,
2001) e ‘Chimarrita’ (Brackmann et al., 2003). Todos esses resultados indicam que o etileno é
essencial para o amadurecimento normal de pêssegos e nectarinas após o armazenamento.
2.3.3.1.2 Avaliação da lanosidade
Um ponto crítico no estudo de técnicas para o controle da lanosidade refere-se à
avaliação desse distúrbio. A avaliação subjetiva, por meio da visualização direta da polpa, é
ainda uma das formas mais utilizadas para determinar a incidência desse distúrbio fisiológico
(Luchsinger, 2000). Todavia, alguns pesquisadores, considerando que a baixa suculência
observada em frutos lanosos decorre do seu aprisionamento, passaram a desenvolver
metodologias objetivas para a análise dessa desordem. Basicamente, existem três
metodologias para a avaliação objetiva da lanosidade (Lill & van der Mespel, 1988; von
Mollendorff et al., 1992; Crisosto & Labavitch, 2002).
No método do suco aparente, desenvolvido por Lill & van der Mespel (1988), os
tecidos são rompidos numa seringa, simulando a mastigação. Apesar de relativamente rápido
e sensível, esse método é muito dependente da firmeza da polpa dos frutos, não sendo
possível analisar frutos muito firmes ou com firmeza muito baixa (Luchsinger, 2000; Crisosto
& Labavitch, 2002; Kluch, 2003). Esse método, portanto, não permite uma avaliação
adequada da suculência após o armazenamento, pois, na saída da câmara, a firmeza da polpa
costuma ser ainda elevada e, após poucos dias, pêssegos com polpa fundente, como o
‘Chiripá’, apresentam firmeza muito baixa. Na determinação do suco extraível, proposto por
von Mollendorff et al. (1992), a homogeneização é efetuada com liquidificador. Todavia, em
ambos os métodos, possivelmente, ocorre uma geleificação adicional durante o processo de
homogeneização e centrifugação. Isso pode ser responsável por algumas discrepâncias obtidas
entre a avaliação visual e a análise objetiva da lanosidade (von Mollendorff et al. 1992; Zhou
et al., 2000b; Kluch, 2003).
Recentemente, um novo método foi proposto por Crisosto & Labavitch (2002), no
qual se determina o conteúdo de suco livre na polpa. Nesse método, a amostra é submetida a
uma elevada força de pressão, liberando o suco livre da polpa. Os níveis de suco livre, obtidos
por esse método, correlacionam-se melhor com os sintomas visuais, do que os determinados
pelo método do suco extraível (Crisosto & Labavitch, 2002). Além disso, esse método
30
apresenta maior flexibilidade, em relação à firmeza da polpa dos frutos, e melhor
reprodutibilidade. Essas características são particularmente importantes, porque se torna
possível analisar a incidência da lanosidade objetivamente durante todo o período de
amadurecimento pós-armazenamento. Isso porque, visualmente, tem-se observado uma
reversão no processo de lanosidade à medida que o período de exposição à temperatura
ambiente, após o armazenamento, é prolongado (von Mollendorff et al., 1989; Luchsinger &
Walsh, 1997; Zhou et al., 2000b).
2.3.3.2 Escurecimento e avermelhamento da polpa
Pêssegos e nectarinas frigoconservados podem desenvolver, além dos sintomas de
lanosidade mencionados anteriormente, um escurecimento na polpa e/ou cavidade do caroço
(“flesh browning”). Esse distúrbio fisiológico deprecia a qualidade visual e o sabor dos frutos,
tornando-os inaceitáveis para o consumo (Lurie & Crisosto, 2005). Os frutos afetados por
essa desordem também são detectados somente pelos consumidores finais.
A quantidade de compostos fenólicos presentes nos frutos e a atividade das polifenol
oxidases são determinantes do potencial de escurecimento dos frutos de determinada cultivar
(Kader & Chordas, 1984). Essa relação ocorre porque, ao contrário da lanosidade, o
escurecimento interno é causado, possivelmente, pela alteração na permeabilidade das
membranas plasmáticas, permitindo o contanto das polifenol oxidases com seus substratos
(Lurie & Crisosto, 2005).
As cultivares diferem em relação à susceptibilidade de desenvolver escurecimento da
polpa. Além disso, o ponto de colheita (Fernandez-Trujillo et al., 1998), a aplicação de AVG
(Ju et al., 1999; Brackmann et al., no prelo) e as condições de armazenamento utilizadas
(Retamales et al., 1992; Ceretta et al., 2000; Brackmann et al., 2005) afetam
significativamente a incidência e a severidade desse distúrbio fisiológico.
Algumas cultivares de pêssego, como o ‘Chiripá’, e nectarina possuem células, junto à
cavidade do caroço, com altas concentrações de pigmentos antociânicos. O armazenamento
por períodos prolongados pode ocasionar o avermelhamento das regiões próximas à cavidade
do caroço ou, em condições extremas, afetar toda a polpa (Lurie & Crisosto, 2005). As causas
desse distúrbio fisiológico, chamado de avermelhamento da polpa (“flesh reddening”), ainda
não são conhecidas. No entanto, a senescência dos tecidos ou o amadurecimento anormal dos
frutos têm sido relacionados à sua ocorrência (Dong et al., 2001; Lurie & Crisosto, 2005). O
31
etileno, de alguma forma, parece estar envolvido com o desenvolvimento de avermelhamento
da polpa, pois a aplicação de 1-MCP aumenta drasticamente a incidência dessa desordem
(Dong et al., 2001).
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Colheita, transporte e preparo das amostras
Para os experimentos, realizados no ano de 2005, os frutos foram adquiridos
diretamente do ‘packing house’ da empresa Kiwistrin, de Farroupilha, RS. Os frutos haviam
sido colhidos pela manhã, sendo acondicionados em caixas plásticas com capacidade para
aproximadamente 12kg e transportados, imediatamente, para o Núcleo de Pesquisa em Pós-
Colheita (NPP) da UFSM, Santa Maria, RS.
Para os experimentos do ano de 2006, os frutos foram colhidos num pomar comercial,
localizado na Linha São José, 1º Distrito de Farroupilha, RS, Brasil. As plantas do referido
pomar possuíam oito anos de idade. Os frutos foram colhidos durante o período da manhã,
sendo imediatamente acondicionados em caixas plásticas e transportados para o NPP.
Em ambos os anos, chegando ao NPP, os frutos passaram por uma seleção, quando
foram eliminados aqueles que apresentavam danos mecânicos, podridões e/ou que estavam
imaturos ou excessivamente maduros. Em 2006, os frutos foram tratados com fungicida
Rovral
®
(Iprodione – 150mL p.c. 100L
-1
) por dois minutos antes de serem armazenados. O
objetivo disso foi evitar uma possível incidência elevada de podridões, que poderia
comprometer a avaliação visual e objetiva da lanosidade.
Em 2005, os frutos apresentavam, no momento da colheita (n=15), 90±10g de massa,
30,93±1,84% de conteúdo de suco livre, 105,5±3,5 de cor de fundo da polpa (ângulo ‘hue’),
66±4 N de firmeza da polpa, 5,50±0,20 meq 100mL
-1
(acidez titulável) e 13,5±0,3°Brix de
sólidos solúveis totais. Além disso, a síntese de etileno e a produção de CO
2
dos frutos foi
avaliada diariamente durante sete dias de amadurecimento a 20°C (Figura 1).
Em 2006, na análise inicial, os frutos (n=15) apresentavam 120±5g de massa,
28,87±1,84% de suco livre, 110,53±3,34 de cor de fundo da polpa (ângulo ‘hue’),
32
70,34±5,30N de firmeza da polpa, 6,42±0,35meq 100mL
-1
de acidez titulável e 13,7±0,4°Brix
de sólidos solúveis totais.
3.2 Tratamentos
3.2.1 Experimento I
No primeiro experimento, executado em 2005 e 2006, avaliou-se o efeito do
armazenamento em atmosfera controlada (AC) sobre a qualidade e à incidência de lanosidade
dos frutos. Os tratamentos avaliados foram: [1] armazenamento refrigerado (AR – 21,0kPa de
O
2
+< 0,5kPa de CO
2
); [2] AC com 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
; e [3] AC com 2,0kPa de
O
2
+ 8,0kPa de CO
2
. A temperatura de armazenamento foi de -0,5°C. Em 2005, os frutos
permaneceram armazenados por 25, 30 e 35 dias. Já em 2006, o período de armazenamento
foi prolongado para 40 dias. Em ambos, as avaliações foram efetuadas na saída da câmara e
aos dois, quatro e seis dias a 20°C. As duas condições de AC utilizadas foram as
recomendadas por Nava & Brackmann (2002) para o armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’.
3.2.2 Experimento II
Este experimento foi realizado somente em 2005. As condições de armazenamento
avaliadas foram: [1] AR; [2] AR + etileno exógeno (20µL L
-1
); [3] AC com 1,0kPa de O
2
+
3,0kPa de CO
2
; e [4] AC + etileno exógeno. A temperatura de armazenamento também foi de
-0,5°C. Os frutos foram avaliados após 35 dias de armazenamento, na saída da câmara e aos
dois, quatro e seis dias a 20°C.
3.2.3 Experimento III
No terceiro experimento avaliou-se como a ação do etileno afeta o amadurecimento e
a ocorrência de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’. Este experimento foi conduzido em 2006.
As condições avaliadas foram: [1] AR + 1-metilciclopropeno (1-MCP); [2] AC com 2,0kPa
O
2
+ 8,0kPa de CO
2
; [3] AC + 1-MCP aplicado no início do armazenamento (P1), durante 24
horas; [4] AC + 1-MCP aplicado nas primeiras 24 horas de exposição a 20°C (P2). A
33
temperatura de armazenamento foi de -0,5°C e o período foi de 40 dias. As avaliações foram
realizadas na saída da câmara e aos dois, quatro e seis dias a 20°C.
3.3 Manutenção das condições de armazenamento
As condições de AC foram instaladas em minicâmaras experimentais, com volume de
233L depois de estabilizada a temperatura de armazenamento, mediante a injeção, nas
minicâmaras, de nitrogênio (N
2
), proveniente de um gerador de N
2
, que funciona pelo
princípio “Pressure Swing Adsorption” (PSA). Por meio da diluição com N
2
, reduziu-se a
pressão parcial do O
2
até o nível preestabelecido para cada tratamento. As pressões parciais de
CO
2
foram obtidas mediante a injeção deste gás, proveniente de cilindros de alta pressão, no
interior das minicâmaras.
As pressões parciais dos gases (O
2
e CO
2
), durante o período de armazenamento,
foram monitoradas e corrigidas por um equipamento totalmente automatizado da marca
Kronenberger-Climasul
®
, aferido semanalmente com gases padrões. A temperatura das
câmaras frigoríficas foi regulada automaticamente através de termostatos eletrônicos. Além
disso, foi monitorada diariamente através de termômetros de mercúrio com resolução de
0,1°C inseridos na polpa de alguns frutos.
A aplicação do 1-MCP foi efetuada no início do armazenamento ou na saída da
câmara, dependendo do tratamento (ver item 3.2.3), durante 24 horas a -0,5°C ou 20°C,
respectivamente. Como fonte de 1-MCP utilizou-se o produto SmartFresh
®
(Rohm & Hass
Co.), na formulação pó (0,14% ingrediente ativo). A quantidade de produto, necessária para
se obter a concentração desejada, foi calculada em função do volume da minicâmara e da
concentração do ingrediente presente no produto comercial. Essa quantidade foi, então,
colocada em frascos de vidro de 10mL, fechados hermeticamente com septos de borracha.
Após a adição de água destilada e deionizada à temperatura ambiente, os frascos foram
agitados vigorosamente, até o produto dissolver-se completamente. Os frascos foram
colocados no interior das minicâmaras, onde previamente já estavam acondicionados os frutos
que seriam tratados. Finalmente, os frascos foram abertos, liberando-se a solução em placas
de Petri, sendo as minicâmaras fechadas imediatamente, assim permanecendo durante 24
horas. A composição gasosa das minicâmaras foi renovada completamente depois de
encerrado o período de tratamento, eliminando-se da câmara frigorífica o resíduo do produto.
34
Nos tratamentos com elevadas concentrações de etileno (20µL L
-1
), efetuou-se a
injeção desse gás, oriundo de um cilindro de alta pressão com 50.000µL L
-1
de etileno. As
concentrações de etileno de todas as minicâmaras foram analisadas a cada quatro a cinco dias,
por meio de cromatografia gasosa. Para isso, amostrou-se, de cada minicâmara, cerca de
60mL da composição gasosa. Duas alíquotas de 1mL, sub-amostradas de cada amostra, foram
injetadas num cromatógrafo a gás, marca Varian
®
, modelo CX 3400, equipado com uma
coluna de aço inox de 1/8” e de 0,70m de comprimento, preparada com Porapak N80/100 e
um detector de ionização de chama (FID). Como gás de arraste, utilizou-se o N
2
a 30mL
min
-1
. As temperaturas da câmara de injeção, coluna e detector foram ajustadas para 90°C,
140°C e 200°C, respectivamente. O cromatógrafo estava conectado num microcomputador,
sendo os dados processados por um software com curva de calibração, que fornecia os
resultados em ppm ou µL L
-1
.
3.4 Parâmetros avaliados
As análises laboratoriais foram efetuadas depois de decorrido o período de
armazenamento e de exposição a 20°C previsto em cada um dos experimentos, conforme
descrito no item 3.2. Os parâmetros avaliados foram:
a) Atividade da ACC oxidase: realizada de acordo com a metodologia proposta por Bufler
(1986). Foram retiradas algumas amostras de casca da região equatorial dos frutos de cada
unidade experimental, totalizando 3g. Estas, foram imediatamente incubadas numa
solução contendo 0,1mM de ACC em 10mM do tampão MES (ácido 2 (N-morfolino)
etanossulfônico) em pH 6,0. Após 30 minutos, as amostras foram acondicionadas em
seringas herméticas de 50mL, nas quais adicionou-se 1mL de CO
2
. Depois de 30 minutos,
a concentração de etileno presente nas seringas foi determinada, sendo os dados expressos
em nL C
2
H
4
g
-1
h
-1
.
b) Produção de etileno: determinada a partir da composição gasosa formada após cerca de 1
hora num recipiente hermético, com 5 litros de volume, contendo cerca de 1000g de
frutos. Amostras de 1mL dessa composição foram injetadas num cromatógrafo a gás,
conforme descrito anteriormente (item 3.3). Os resultados foram expressos em síntese de
etileno (µL C
2
H
4
kg
-1
h
-1
), calculada com base na concentração de etileno no interior dos
35
recipientes, na massa de frutos, no volume do espaço livre no recipiente e no tempo de
fechamento dos recipientes.
c) Respiração: determinada com o auxílio de um analisador de CO
2
de fluxo contínuo, marca
Agri-Datalog
®
(Itália), pelo qual foi circulada a composição gasosa dos recipientes, após a
amostragem para a síntese de etileno. Os resultados foram expressos em mL CO
2
kg
-1
h
-1
,
calculados em função da concentração de CO
2
presente nos recipientes, da massa de
frutos, do volume do espaço livre e do tempo de fechamento.
d) Cor de fundo da epiderme: avaliada com o auxílio de um colorímetro Minolta
®
, modelo
CR-310 (Japão), pelo sistema CIE L*a*b*. Os valores foram expressos em ângulo “hue”,
onde °h = arco tangente (b* / a*), de acordo com McGuire (1992).
e) Firmeza da polpa: avaliada na região equatorial dos frutos, em dois lados opostos sem a
presença de epiderme. Para a determinação utilizou-se um penetrômetro manual (Effigi
®
,
Itália) com ponteira de 7,9mm de diâmetro, sendo os valores expressos em Newton (N);
Para a determinação dos parâmetros acidez titulável, sólidos solúveis totais, ocorrência
de lanosidade e conteúdo de suco livre, os frutos foram cortados ao meio, a partir da região da
sutura.
f) Acidez titulável: determinada pela titulação, com NaOH 0,1N, de uma solução contendo
10mL de suco, extraído dos frutos de cada unidade experimental, diluídos em 100mL de
água destilada, até atingir pH 8,1. O pH foi determinado por um medidor de pH marca
Digimed
®
. Os valores foram expressos em meq 100mL
-1
;
g) Teor de sólidos solúveis totais (SST): obtidos por refratometria (refratômetro manual
Atago
®
, Japão), com correção da temperatura (20°C), utilizando-se o suco extraído
conforme descrito no item f, com correção da temperatura. Os valores foram expressos em
°Brix;
h) Incidência de podridões: avaliada pela contagem dos frutos que apresentarem lesões com
diâmetro superior a 5mm, características de ataque por fungos ou bactérias. Os resultados
foram expressos em percentagem de frutos podres;
i) Índice e ocorrência de lanosidade (análise subjetiva): avaliada pela atribuição de índices,
conforme von Mollendorff et al. (1989), onde índice 0 = frutos completamente lanosos
(farinhentos); 1 = frutos mediamente lanosos; 3 = frutos suculentos (ausência de
lanosidade). Os resultados foram expressos em índice de lanosidade, determinado pela
fórmula = [(nº frutos x 0) (nº frutos x 1) (nº frutos x 3)] / nº total de frutos da amostra. Os
frutos classificados no índice 1 e 3 foram contabilizados como lanosos, sendo os
resultados de incidência de lanosidade expressos em porcentagem.
36
i) Porcentagem de suco livre: determinado de acordo com metodologia proposta por Crisosto
et al. (2002), com pequenas alterações. Aproximadamente 40g de polpa por amostra foram
prensados numa prensa experimental desenvolvida no próprio NPP/UFSM. Essa alíquota
foi submetida a uma pressão de cerca de 10kg cm
-2
durante 1 min. O suco extraído pela
prensagem foi, então, centrifugado a 10.000 g durante 10 minutos. Após, o suco obtido foi
separado do sobrenadante e filtrado. A partir da diferença entre a massa inicial da polpa
(40g) e o peso final do suco, foi obtida a porcentagem de suco livre na polpa.
3.5 Análises estatísticas
O delineamento experimental utilizado em todos os experimentos foi o inteiramente
casualizado em esquema bifatorial (condições de armazenamento x período de exposição a
20°C após o armazenamento). Os dados foram submetidos à análise da variância, sendo
verificado o efeito da interação e dos efeitos principais de cada fator pelo teste F (P5%). A
análise complementar adotada, tanto nos desdobramentos das interações, quanto para a
separação das médias de cada fator principal, foi o teste LSD (“Least Significative
Difference”) em nível de 5% de probabilidade de erro.
Os dados expressos em porcentagem, provenientes de contagens, foram transformados
pela fórmula arco-seno (X+0,5/100)
1/2
, antes de serem submetidos à análise da variância.
Todos os procedimentos estatísticos foram realizados com o auxílio do pacote estatístico SOC
(Software Científico:NTIA/EMBRAPA).
37
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Parte I
4.1.1 A atmosfera controlada afeta a síntese de etileno e o restabelecimento da suculência em
pêssegos ‘Chiripá’
Durante o período de amadurecimento, imediatamente após a colheita, observou-se um
aumento gradativo na síntese de etileno e na atividade respiratória dos frutos, com a formação
de picos coincidentes no 5º dia a 20°C (Figura 3). Esse padrão é típico de frutos climatéricos,
sendo responsável por desencadear uma série de alterações fisiológicas, bioquímicas e
estruturais, que caracterizam a maturação e o amadurecimento desses frutos (Lelièvre et al.,
1997). O aumento drástico na produção autocatalítica de etileno representa o sistema II de
síntese de etileno, sendo concomitante com o amadurecimento de frutos climatéricos,
(Alexander & Grierson, 2002; Katz et al., 2004).
No experimento realizado em 2005, a síntese de etileno dos frutos, na saída da câmara,
foi baixa, independente do tratamento e do período de armazenamento (Figura 4A-C). No
FIGURA 3: Síntese de etileno e respiração de pêssegos ‘Chiripá’ durante o amadurecimento a 20°C. Santa
Maria, RS. 2005.
Os dados mostrados representam a dia de quatro repetições ± o desvio padrão.
0
2
4
6
8
10
1234567
Dias após a colheita
Síntese de etileno a
L kg
-1
h
-1
)
15
21
27
33
39
45
Respiração
(mL CO
2
kg
-1
h
-1
)
ntese de etileno
Respiração
38
entanto, com a exposição dos frutos à temperatura ambiente, a produção desse fito-hormônio
aumentou drasticamente. Após 25 dias de armazenamento, os frutos produziram níveis
crescentes de etileno até o 2º e 3º dias de exposição a 20°C, sendo que os frutos conservados
em AR apresentaram valores de síntese de etileno ligeiramente superiores aos frutos
armazenados em ambas as condições de atmosfera controlada (AC) (Figura 4A). Todavia, à
medida que o período de armazenamento foi prolongado, observou-se que os frutos
frigoconservados apresentaram um padrão ‘anormal’ de síntese de etileno, quando comparado
ao padrão apresentado apresentado após a colheita, sendo crescente durante todo o período de
exposição a 20°C, sem a formação de um pico característico (Figura 4B e C). Já os frutos
armazenados em AC apresentaram uma síntese de etileno tanto mais adiantada, quanto mais
elevada, atingindo picos de produção no 3º dia de amadurecimento pós-armazenamento
(Figura 4B e C). Possivelmente, esses frutos mantiveram sua habilidade normal de sintetizar
etileno. Interessantemente, as quantidades de etileno produzidas após o armazenamento foram
bem superiores àquelas produzidas logo após a colheita (Figura 3). Resultado semelhante foi
reportado por Dong et al. (2001), em nectarinas ‘Flavortop’.
No experimento de 2006, observou-se, durante os primeiros dias de exposição a 20°C,
após 40 dias de armazenamento, um aumento drástico na síntese de etileno dos frutos
armazenados em AC, especialmente sob 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa de CO
2
(Figura 5A). Os frutos
0
10
20
30
40
50
60
Síntese de etileno (µL kg
-1
h
-1
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
0
10
20
30
40
50
60
0123456
Dias a 20°C
Respiração (mL CO
2
kg
-1
h
-1
) a
0123456
Dias a 20°C
0123456
Dias a 20°C
A
B
C
D E
F
FIGURA 4: Síntese de etileno (A, B e C) e respiração (D, E e F) de pêssegos ‘Chiripá’ durante o
amadurecimento após 25 (A e D), 30 (B e E) e 35 (C e F) dias de armazenamento a -0,5°C.
Santa Maria, RS. 2005.
Os dados mostrados representam a média de quatro repetições ± o desvio padrão.
39
armazenados em ambas as condições de AC apresentaram um pico de produção de etileno no
2º dia de amadurecimento pós-armazenamento, enquanto os frutos do AR apresentaram um
aumento lento da síntese desse fito-hormônio (Figura 5A). Esses resultados são similares
àqueles obtidos no ano de 2005, demonstrando que o armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’
em AR, por longos períodos, afeta dramaticamente sua habilidade normal em sintetizar
etileno, possivelmente influenciando todos os processos dependentes de etileno.
O uso de altos níveis de CO
2
pode inibir vários processos dependentes de etileno,
como a própria produção autocatalítica de etileno, e, portanto, pode atrasar o amadurecimento
de frutos climatéricos (Mathooko, 1996a,b). O sítio primário de ação do CO
2
, na via de
biossíntese do etileno, ainda não foi devidamente elucidado, mas possivelmente esteja na
conversão de SAM a ACC (de Wild et al., 2005), uma etapa catalisada pela ACC sintase
(Yang & Hoffman, 1984; Kende, 1993). Portanto, durante o armazenamento em AC, os altos
FIGURA 5: Síntese de etileno (A), respiração (B) e atividade da ACC oxidase (C) durante o amadurecimento
de pêssegos ‘Chiripá’ após 40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.
Os dados
mostrados em A e B representam a média de quatro repetições ± o desvio padrão. Em C, letras minúsculas representam a
comparação entre as médias das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras
maiúsculas a comparação entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD
(P<0,05).
0
4
8
12
16
20
24
123456
Dias a 20°C
Síntese de etileno (µl kg
-1
h
-1
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
0
10
20
30
40
50
60
123456
Dias a 20°C
Respiração (ml CO
2
kg
-1
h
-1
)
A
bA
aA
bA
bB
aA
aB
aA
aA
aB
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Colheita 0,5 2 3
Dias a 20°C após o armazenamento
Atividade da ACC oxidase a
(nl C
2
H
4
g
-1
h
-1
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
C
B
40
níveis de CO
2
e baixos de O
2
reduzem a síntese de etileno, possivelmente pela inibição da
ACC sintase e ACC oxidase, respectivamente. No entanto, os resultados do presente trabalho
demonstram que, quando os frutos são retirados dessas condições e expostos a condições
ambientes, a produção de etileno aumenta drasticamente. Em maçãs, o armazenamento em ar
+ 20% de CO
2
ou 0,25% de O
2
reduziu drasticamente a síntese de etileno durante o
armazenamento, porém os frutos voltaram a apresentar elevadas taxas de síntese quando
expostos à atmosfera natural (Gorny & Kader, 1996).
Objetivando uma melhor compreensão do efeito das condições de armazenamento
avaliadas sobre o processo de síntese de etileno, determinou-se, no ano de 2006, a atividade
da ACC oxidase nos primeiros dias de exposição dos frutos a 20°C. Os frutos do AR
apresentaram baixa atividade dessa enzima em todas as avaliações (Figura 5C). Já os frutos
armazenados em AC apresentaram um rápido incremento na atividade da ACC oxidase. Os
frutos armazenados sob 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
exibiram maior atividade no 2° dia a
20°C, enquanto os submetidos a 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
mantiveram uma elevada
atividade mesmo no 3° dia (Figura 5C). Analisando-se a atividade da ACC oxidase e a
produção de etileno, observa-se que o incremento lento na síntese de etileno nos frutos do AR
está relacionado, pelo menos em parte, a um reduzido aumento na atividade da ACC oxidase
(Figuras 5A e C). Além disso, os maiores níveis de etileno produzidos pelos frutos
armazenados sob 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
, em comparação àqueles armazenados sob
1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
(Figura 5A), correlacionam-se com a manutenção de uma
atividade mais elevada da ACC oxidase durante os primeiros dias de amadurecimento pós-
armazenamento (Figura 5C). Esses resultados demonstram que as condições de
armazenamento afetaram significativamente a atividade da ACC oxidase, o que possivelmente
causou os diferentes padrões de síntese de etileno observados a partir da exposição a 20°C.
O aparecimento de mRNAs para ACC oxidase precede o início climatérico da síntese
de etileno, em pêssegos (Callahan et al., 1992), sendo a máxima expressão concomitante com
o pico de produção desse fito-hormônio (Lester et al., 1994). A produção de etileno em frutos
climatéricos pode ser reduzida com o uso de níveis elevados de CO
2
(5-20%), que inibem a
atividade da ACC sintase e da ACC oxidase (de Wild et al., 1999; Mathooko et al., 2001; de
Wild et al., 2005). No caso da ACC oxidase, o efeito do CO
2
sobre sua atividade depende da
concentração usada. Essa enzima é ativada reversivelmente pela aplicação de CO
2
(Dong et
al., 1992), possivelmente pela carbamilação de um resíduo específico de lisina (Fernández-
Maculet et al., 1993). Em pêssegos, o alto CO
2
(20%) reduziu aproximadamente 50% a
expressão dos isogenes Pp-ACO1 e Pp-ACO2, apesar de promover ligeiramente a atividade da
41
ACC oxidase (Mathooko et al., 2001). Além disso, nesse mesmo estudo, o CO
2
inibiu
completamente a expressão e a atividade da ACC sintase, reduzindo a concentração de ACC
nas células. Existe, ainda, a possibilidade do CO
2
atuar diretamente sobre os lipídeos e
proteínas de membranas, protegendo-as dos danos causados pelas baixas temperaturas
(Purvis, 1993). Considerando-se a hipótese da ACC oxidase ser uma enzima ligada às
membranas celulares (Rasmassamy et al., 1998), poderia-se vislumbrar o efeito da
manutenção das membranas sobre a retomada da atividade dessa enzima após o
armazenamento.
Os frutos conservados em AR apresentaram, na saída da câmara aos 25 e 30 dias de
armazenamento, produção de CO
2
ligeiramente superior aos frutos armazenados em AC
(Figura 4D e E). Após 35 dias de armazenamento, entretanto, os frutos submetidos à AC
apresentaram maior produção de CO
2
, com a formação de pico no 3º dia a 20°C (Figura 4F).
Além disso, os frutos armazenados na AC com 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
produziram
maiores quantidades de CO
2
durante esse período. No experimento de 2006, a respiração não
foi muito afetada pelas condições de armazenamento, sendo os padrões de produção de CO
2
bastante similares entre si (Figura 5B). Níveis elevados de CO
2
reduzem a atividade de
enzimas da rota glicolítica e do ciclo do ácido tricarboxílico (Kerbel et al., 1988; Liu et al.,
2004), diminuindo a produção de CO
2
. Segundo Zhou et al. (2001), nectarinas que
desenvolvem lanosidade produzem menos CO
2
do que aquelas que amadurecem
normalmente. Todavia, os resultados do presente experimento não permitem relacionar a
respiração com os conteúdos de suco livre (ver mais adiante).
O conteúdo de suco livre, determinado na saída da câmara, demonstra que, durante o
armazenamento, houve uma redução considerável na suculência dos frutos, à medida que o
período de armazenamento foi prolongado (Figura 6A). Menor redução nos níveis de suco
livre foi obtida com o armazenamento dos frutos em AC com 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
.
No entanto, durante o período de amadurecimento pós-armazenamento, observou-se uma
redução drástica nos níveis de suco livre até o 2º dia, em todos os momentos de avaliação e
independente dos tratamentos (Figura 6B-D). A partir desse momento, o conteúdo de suco
livre aumentou, atingindo, após seis dias a 20°C, valores superiores àqueles observados na
saída da câmara. Resultados semelhantes foram reportados por von Mollendorff et al. (1989;
1993) em nectarinas. O processo de restabelecimento da suculência é dependente do período e
da temperatura de amadurecimento pós-armazenamento (von Mollendorff et al., 1989). Além
disso, os resultados deste experimento demonstram que a capacidade dos frutos
restabelecerem sua suculência após o armazenamento depende, também, do período em que
42
os frutos são mantidos sob baixa temperatura e das condições de armazenamento empregadas
(Figura 6B-D). O nível de suculência no 6º dia de amadurecimento após 25 dias de
armazenamento foi semelhante, independente dos tratamentos (Figura 6B). Entretanto, os
frutos armazenados em AR não conseguiram restabelecer sua suculência após 30 e 35 dias de
armazenamento (Figura 6C e D). Além disso, apesar de eficiente até 30 dias de
armazenamento, o armazenamento em AC com 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de CO
2
não conseguiu
restabelecer a suculência dos frutos a níveis semelhantes à AC com 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de
CO
2
após 35 dias de armazenamento (Figura 6C).
O conteúdo de suco livre, no experimento de 2006, também foi significativamente
alterado durante o período de exposição a 20°C (Figura 7A). Os frutos armazenados em AC
apresentaram uma redução acentuada na suculência até o 2º dia de amadurecimento pós-
FIGURA 6: Conteúdo de suco livre, em pêssegos ‘Chiripá’, na saída da câmara após 20, 25, 30 e 35 dias de
armazenamento (A) e durante o amadurecimento após 25 (B), 30 (C) e 35 (D) dias de
armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Letras minúsculas representam a comparação entre as médias
das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação entre os
momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
cC
bC
aB
bA
bC
bBC
bB
bA
aC
aBC
aB
aA
0
10
20
30
40
50
20 25 30 35
Dias de armazenamento
Suco livre (%
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
aA
bC
bD
abB
aA
aB
bD
bC
aA
aB
aC
aB
0246
Dias a 20°C
A
B
bB
aB
bB
bA
bC
aD
aB
aA
aC
bD
aB
aA
0
10
20
30
40
50
0246
Dias a 20°C
Suco livre (%
)
bB
bD
cC
cA
bB
bC
bB
bA
aC
aD
aB
aA
0246
Dias a 20°C
C D
43
armazenamento, restabelecendo os níveis iniciais após quatro dias nessas condições (Figura
7A). Já os frutos do AR apresentaram conteúdos decrescentes de suculência até o 4º dia a
20°C, sendo o restabelecimento do conteúdo de suco livre menor do que nos frutos
armazenados em AC. Contrariamente ao observado no ensaio de 2005, não houve diferença
significativa entre as condições de AC, em relação aos níveis de suculência durante todo o
período de exposição a 20°C (Figura 7A).
O desenvolvimento da lanosidade resulta da acumulação de moléculas de pectina de
elevado peso molecular, que podem formar complexos geleificados de pectato de cálcio com
os fluídos celulares na lamela média (Ben-Arie & Lavee, 1971). A pectina metilesterase
(PME) é estável sob baixas temperaturas (Zhou et al., 2000a), mantendo um nível basal de
atividade nessas condições (Ben-Arie & Sonego, 1980), enquanto a atividade da
poligalacturonase (PG) decresce significativamente durante o armazenamento refrigerado
(Brummell et al., 2004). Dessa forma, a falta de sincronia entre a atividade dessas duas
enzimas tem sido apontada como uma das principais desencadeadoras do desenvolvimento da
lanosidade (Ben-Arie & Sonego, 1980; Zhou et al., 2000a,b). Nesse sentido, o processo de
restabelecimento da suculência, observado no presente estudo, poderia estar associado com a
reativação da PG após o armazenamento e, conseqüentemente, com um aumento na
despolimerização das pectinas desmetilesterificadas pela PME durante o armazenamento.
Nectarinas submetidas à AC apresentaram menor atividade da PME durante o armazenamento
(Zhou et al., 2000a,b). Além disso, enquanto a transcrição da PG foi inibida durante o
FIGURA 7: Conteúdo de suco livre (A) e incidência de lanosidade (B) em pêssegos ‘Chiripá’após 40 dias
de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.
Letras minúsculas representam a comparação entre
as médias das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação
entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
bB
bC
aB
aA
aB
aB
bC
aA
aAB
aB
bC
aA
0
10
20
30
40
50
60
0246
Dias a 20°C
Suco livre (%
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
aA
aA
aA
aA
bB
bB
aA
bB
bB
0
10
20
30
40
50
60
70
80
246
Dias a 20°C
Frutos lanosos (%
)
A
B
44
armazenamento sob alto CO
2
e baixo O
2
, ela aumentou rapidamente durante o
amadurecimento pós-armazenamento (Zhou et al., 2000b).
Esses resultados podem indicar que a AC reduz a desmetilesterificação das pectinas
sob baixas temperaturas e estimula a despolimerização durante o amadurecimento,
aumentando, por conseqüência, a intensidade do restabelecimento da suculência. Essas
observações, em conjunto, poderiam explicar a reduzida capacidade dos frutos do AR em
restabelecer seus conteúdos de suco livre durante a exposição a 20°C, à medida que o período
de armazenamento foi prolongado (Figuras 6B-D e 7A). Por outro lado, os frutos
armazenados em AC, especialmente com 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
, conseguiram
restaurar sua suculência mesmo após 35 dias de armazenamento.
O efeito do armazenamento em AC em prevenir ou reduzir a ocorrência de dano por
frio em pêssegos e nectarinas já foi observado por outros autores (Lurie, 1992; Retamales et
al., 1992; Zhou et al., 2000b; Girardi et al., 2005). Segundo Lurie (1992), a atmosfera com
alto CO
2
mantém a habilidade dos frutos armazenados sob temperaturas críticas, em
amadurecer normalmente. Esse efeito pode estar relacionado à manutenção da capacidade dos
frutos da AC produzirem etileno após o armazenamento, conforme observado no presente
trabalho (Figuras 4A-C e 5A).
Os resultados do conteúdo de suco livre, obtidos objetivamente pela metodologia
desenvolvida por Crisosto & Labavitch (2002) e adaptada neste trabalho, foram coerentes
com os resultados da incidência de lanosidade, avaliada subjetivamente (Tabela 1 e Figuras 6,
7 e 8). As correlações entre os valores de incidência de lanosidade, determinados visualmente,
e os conteúdos de suco livre, obtidos objetivamente, foram significativamente elevadas e
negativas, evidenciando a existência de uma relação inversa entre a ocorrência de lanosidade
e a suculência dos frutos (Tabela 1). Isso demonstra a eficiência dessa metodologia na
determinação da ocorrência dessa desordem fisiológica em pêssegos, possibilitando não só
sua detecção, mas o estabelecimento de níveis de intensidade. Esse método tem demonstrado
uma alta sensibilidade, permitindo a obtenção de dados quantitativos, que podem ser
comparados entre locais e anos (Crisosto & Labavitch, 2002). Além disso, a adoção desse
método permitiu avaliar os conteúdos de suco livre tanto na saída da câmara, quando os frutos
apresentavam alta firmeza da polpa, quanto após períodos longos de exposição à temperatura
ambiente, quando a firmeza da polpa estava extremamente baixa (Figuras 9 e 10). Segundo
Luchsinger (2000) e Kluch (2003), a análise de frutos com firmeza da polpa muito elevada
(>50N) ou muito baixa (<10N), por meio do método do suco aparente, proposto por Lill &
van der Mespel (1988), é muito dificultada. Além disso, nesse método é possível que ocorra
45
mais geleificação durante a extração, ocasionando resultados com baixa correlação aos dados
obtidos visualmente (Crisosto & Labavitch, 2002).
A análise subjetiva, baseada na avaliação visual ou em índices, também é dificultada
se os frutos apresentam firmeza da polpa muito elevada, o que impossibilitou a análise dos
frutos na saída da câmara, independente do período de armazenamento (Figura 7B, 8A-C e
Tabela 2). Nas análises subjetivas da lanosidade (incidência e índice) também se observou
maior ocorrência de frutos lanosos no 2º dia, com uma posterior redução (Figura 8A-C e
Tabela 2). Após 25 dias de armazenamento, independente da condição de armazenamento, a
incidência de lanosidade diminuiu drasticamente à medida que o período de amadurecimento
pós-armazenamento se prolongava (Figura 8A). No entanto, após 30 e 35 dias de
armazenamento, os frutos frigoconservados apresentaram um processo de reversão da
lanosidade mais lento, com elevada incidência, mesmo após seis dias a 20°C (Figura 8B e C).
aA
aB
aC
bA
aA
aB
abA
aAB
aB
0
20
40
60
80
100
246
Dias a 20°C
Frutos lanosos (%
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
aA
aA
aB
aA
bB
bC
aA
bB
bC
246
Dias a 20°C
aA aA
aA
aA
bB
bC
bA
cB
bC
0
20
40
60
80
100
246
Dias a 20°C
Frutos lanosos (%
)
A B
C
FIGURA 8: Incidência de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ durante o amadurecimento após 25 (A), 30 (B)
e 35 (C) dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Letras minúsculas representam a
comparação entre as médias das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras
maiúsculas a comparação entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste
LSD (P<0,05).
46
Após 35 dias, o processo de reversão foi mais rápido nos frutos armazenados em AC com
2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
, que praticamente não apresentavam incidência de lanosidade
no 4º dia a 20°C (Figura 8C). Cabe ressaltar, novamente, que esses resultados são muito
semelhantes aos resultados do conteúdo de suco livre (Figura 6). Esses resultados, em
conjunto, demonstram que é possível obter-se conclusões diferentes, em relação à condição de
armazenamento mais adequada para a prevenção ou redução de lanosidade, em função do
momento em que se efetua a avaliação dos frutos.
TABELA 1 – Coeficientes de correlação de Pearson para incidência de lanosidade e
conteúdo de suco livre em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 25,
30 e 35 dias em AR e AC a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Suco livre (%)
25 dias 30 dias 35 dias
Incidência de lanosidade (%) -0,916* -0,888* -0,900*
* Significativo em nível de 5% de probabilidade de erro.
TABELA 2 - Efeito das condições e do período de armazenamento a -0,5°C sobre o índice
de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ expostos a 20°C. Santa Maria, RS. 2005.
Dias a 20°C
Condições
2 4 6
25 dias de armazenamento
AR
0,15±0,191
1/
1,28±0,250 2,63±0,790
AC 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
0,99±0,280 1,88±0,512 2,85±0,043
AC 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
0,72±0,285 1,50±0,334 2,23±0,096
30 dias de armazenamento
AR
0,08±0,106 0,48±0,126 1,14±0,329
AC 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
0,23±0,150 2,06±0,304 2,68±0,473
AC 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
0,39±0,229 1,86±0,514 2,44±0,255
35 dias de armazenamento
AR
0,26±0,052 0,42±0,260 1,08±0,799
AC 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
0,43±0,150 1,22±0,775 2,63±0,369
AC 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
0,88±0,613 2,63±0,178 2,94±0,111
1/
Valores representam a média dos índices ± o desvio padrão, sendo índice 0 = frutos completamente lanosos
(farinhentos); 1 = frutos mediamente lanosos; 3 = frutos suculentos (ausência de lanosidade).
A AC com 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
reduziu a degradação da firmeza da polpa
dos frutos durante o armazenamento, nos experimentos de ambos os anos (Figuras 9A-C e
10A). No entanto, durante o período de amadurecimento a 20°C, todos os frutos apresentaram
uma redução drástica na firmeza da polpa, especialmente até o 2º dia. Resultados semelhantes
foram reportados por Zhou et al. (2000b) em nectarinas. A redução drástica da firmeza da
47
polpa de pêssegos envolve uma elevada despolimerização e solubilização das pectinas, pela
ação de enzimas hidrolases (Brummell et al., 2004). Dessa forma, o efeito positivo da AC, em
manter a firmeza da polpa mais elevada durante o armazenamento, pode estar relacionado a
uma redução na expressão e atividade das endo-PGs, devido aos altos níveis de CO
2
e/ou
baixos de O
2
(Zhou et al., 2000b).
A AC reduz a atividade de enzimas responsáveis pela degradação dos componentes da
parede celular e da lamela média (1986). Em morangos, o armazenamento em alto CO
2
manteve os frutos mais firmes, sendo que o baixo O
2
não apresentou efeito significativo sobre
esse parâmetro (Larsen & Watkins, 1995), o que pode explicar o efeito mais pronunciado da
AC com 8,0kPa de CO
2
(Figuras 9A-C). Após períodos extremos de armazenamento (35 e 40
dias), os frutos do AR apresentaram maior firmeza da polpa aos dois dias a 20°C (Figuras 9C
e 10A). Esse resultado deve estar relacionado à baixa produção de etileno nos frutos mantidos
em AR, pois a expressão da PG, das expansinas e de outras enzimas da parede celular é
dependente de etileno (Sitrit & Bennett, 1998; Rose et al., 1997; Brummell & Harsper, 2001;
Zanuzo, 2004).
A acidez titulável decresceu à medida que o período de armazenamento aumentou
(Figuras 9D-F). Durante o período de pós-armazenamento, observou-se um decréscimo mais
aC
aC
aB
aA
aC
aC
aB
aA
aC
aC
aB
aA
0
10
20
30
40
50
60
70
Colheita0246
Dias a 20°C
Firmeza da polpa (N
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
aC
aC
aB
bA
aC
aC
aB
bA
aC
aC
aB
aA
0246
Dias a 20°C
cA
aB
aC
aC
bA
bB
aC
aC
aA
bB
aBC
aC
0246
Dias a 20°C
A
C
B
bB
bB
bB
aA
bC
bC
bB
aA
abC
aC
aB
aA
0
1
2
3
4
5
6
Colheita0246
Dias a 20°C
Acidez titulável (meq 100mL
-1
) a
aA
aB
aC
aC
aA
aB
aB
aB
aA
aB
aC
aC
0246
Dias a 20°C
aC
aBC
aB
aA
aB
aB
aB
aA
aAaA
aA
bA
0246
Dias a 20°C
D
FE
FIGURA 9: Firmeza da polpa (A, B e C) e acidez titulável (D, E e F) de pêssegos ‘Chiripá’, durante o
amadurecimento após 25 (A e D), 30 (B e E) e 35 (C e F) dias de armazenamento a -0,5°C.
Santa Maria, RS. 2005.
Letras minúsculas representam a comparação entre as médias das condições de
armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação entre os momentos de
avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
48
acentuado na acidez titulável dos frutos até o 2° dia (Figuras 9D-F). Os frutos armazenados
em AC com 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
apresentaram maior acidez, após 25 dias de
armazenamento, mesmo durante a exposição a 20°C (Figura 9D). No experimento de 2006, a
acidez titulável dos frutos foi pouco afetada pelas condições de armazenamento e pelo período
de exposição à temperatura de 20°C (Figura 10B). As pequenas diferenças observadas, além
disso, são pouco perceptíveis do ponto de vista prático. Os teores de sólidos solúveis totais
não foram afetados pelas condições de armazenamento e durante o período a 20°C (Figura
10C).
FIGURA 10: Firmeza da polpa (A), acidez titulável (B), sólidos solúveis totais (C) e cor de fundo da
epiderme (D) de pêssegos ‘Chiripá’, durante o amadurecimento após 40 dias de
armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.
Letras minúsculas representam a comparação entre as
médias das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação
entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
bA
aA
aB
aB
aA
abB
bB
bB
aA
bB
bB
bB
0
1
2
3
4
5
6
7
Colheita 0 2 4 6
Dias a 20°C
Acidez titulável (meq 100mL
-1
)
aA
bB
bB
aB
aA
aB
aBC
aC
aA
aB
aB
aC
0
20
40
60
80
100
120
Colheita 0 2 4 6
Dias a 20°C
Cor de fundo (°h
)
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aB aB
bA
aA
aA
aA
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Colheita0246
Dias a 20°C
SST (°Brix
)
bD
bC
aB
bA
aC
bC
bB
bA
abD
aC
bB
aA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Colheita0246
Dias a 20°C
Firmeza da polpa (N
)
AR
AC 1,0kPa O2 + 3,0kPa CO2
AC 2,0kPa O2 + 8,0kPa CO2
A
B
C
D
49
TABELA 3 - Efeito das condições de armazenamento a -0,5°C na cor de fundo da
epiderme (°h)
1/
de pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante diferentes
períodos. Santa Maria, RS. 2005.
Dias de armazenamento
Condição de armazenamento
25 30 35
AR 93,27 b
2/
93,91 b 91,99 b
AC 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
99,50 a 98,07 a 96,28 a
AC 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
99,27 a 99,43 a 97,28 a
CV (%) 5,76 3,16 2,79
1/
Onde: 0° = vermelho; 90° = amarelo; 180° = verde; 270° = azul.
2/
Médias seguidas de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste DMS em nível de 5% de
probabilidade de erro.
TABELA 4 - Efeito do período de amadurecimento pós-armazenamento na cor de fundo
da epiderme (°h)
1/
de pêssegos ‘Chiripá’ armazenados sob diferentes
condições a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Dias de armazenamento
Dias a 20°C
25 30 35
0 109,74 a
2/
107,68 a 106,31 a
2 96,31 b 99,81 b 96,18 b
4 94,19 b 92,79 c 90,93 c
6 89,15 c 88,27 d 87,86 d
CV (%) 5,76 3,16 2,79
1/
Onde: 0° = vermelho; 90° = amarelo; 180° = verde; 270° = azul.
2/
Médias seguidas de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste DMS em nível de 5% de
probabilidade de erro.
Para a cor de fundo da epiderme, expressa em ângulo de cor (°h), não houve interação
significativa para os fatores estudados em 2005 (Tabelas 3 e 4). Já no ensaio de 2006, mesmo
sem diferença significativa na saída da câmara, os frutos armazenados em AR apresentaram
uma alteração mais proeminente na coloração de fundo da epiderme com a exposição a 20°C
(Figura 10D). Em ambos, os frutos armazenados em AC apresentavam coloração da epiderme
mais verde, em relação aos frutos frigoconservados.
A degradação das clorofilas é retardada na presença de baixos níveis de O
2
e/ou
elevados de CO
2
(Beaudry, 1999). Em pêssegos ‘Eldorado’, o alto CO
2
apresentou efeito mais
pronunciado do que o baixo O
2
na manutenção da cor verde (Brackmann et al., 2005). Em
grande parte dos tecidos verdes, a redução da degradação das clorofilas em condições de AC
parece estar vinculada primeiramente ao efeito do alto CO
2
e baixo O
2
na síntese do etileno
(Beaudry, 1999). Como o etileno estimula a expressão de mRNAs e a atividade de
clorofilases, ele promove uma redução significativa nos conteúdos de clorofila (Jacob-Wilk et
50
al., 1999). A cor da epiderme dos frutos tornou-se gradativamente mais amarelada durante o
período de exposição a 20°C (Tabela 4). Esse resultado deve estar relacionado tanto à
temperatura, que aumentou a atividade enzimática, quanto ao aumento na síntese de etileno
(Figura 4A-C).
TABELA 5 - Efeito das condições de armazenamento a -0,5°C na incidência de
podridões em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante diferentes
períodos. Santa Maria, RS. 2005.
Dias de armazenamento
Condição de armazenamento
25 30 35
AR 8,8
ns
16,8
ns
18,8
ns
AC 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
10,3 19,4 13,1
AC 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
10,5 15,0 11,9
CV (%) 28,84 37,61 41,26
ns
Efeito de tratamento não significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro.
TABELA 6 - Efeito do período de amadurecimento pós-armazenamento na incidência
de podridões em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados sob diferentes condições
a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Dias de armazenamento
Dias a 20°C
25 30 35
0 0,4 d
1/
0,0 c 0,0 d
2 2,5 c 1,7 c 7,5 c
4 8,8 b 21,7 b 15,8 b
6 27,5 a 45,0 a 35,0 a
CV (%) 28,84 37,61 41,26
1/
Médias seguidas de mesma letra, na vertical, não diferem entre si pelo teste DMS em nível de 5% de
probabilidade de erro.
A incidência de podridões não foi afetada significativamente pelas condições de
armazenamento, em nenhum dos anos (Tabelas 5 e 7). No experimento de 2005, a baixa
temperatura foi eficiente no controle das podridões, porém com a exposição dos frutos a 20°C
a incidência aumentou significativamente (Tabela 6). O crescimento de fungos pode ser
retardado com a redução da temperatura ou com o aumento da pressão parcial de CO
2
(Agar
et al., 1990). Nesse sentido, a incidência de podridões, em pêssegos ‘Chimarrita’, foi reduzida
com o armazenamento em AC (Brackmann et al., 2003). Em relação à ocorrência de
avermelhamento da polpa, as condições de armazenamento avaliadas não ocasionaram esse
distúrbio fisiológico (Tabela 7).
51
TABELA 7 - Efeito das condições de armazenamento na incidência de podridões e de
avermelhamento da polpa em pêssegos ‘Chiripá’ após 40 dias de
armazenamento a -0,5°C e mais seis dias a 20°C. Santa Maria, RS, 2006.
Condições de armazenamento Frutos podres (%)
Frutos com avermelhamento
da polpa (%)
AR 16,1
ns
0,0
ns
AC 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
10,2 0,0
AC 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
9,2 0,0
CV (%) 38,39 -
ns
Efeito de tratamento não significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro.
4.1.2 Conclusões
A metodologia do suco livre consegue determinar a incidência de lanosidade
objetivamente, podendo ser usada para a determinação de índices de ocorrência desse
distúrbio fisiológico em pêssegos.
Os conteúdos de suco livre diminuem à medida que o período de armazenamento de
pêssegos ‘Chiripá’ é prolongado. Durante o período de amadurecimento pós-armazenamento,
a suculência decresce rapidamente, porém ocorre um restabelecimento dos conteúdos de suco
livre. Esse restabelecimento depende tanto do período, quanto das condições de
armazenamento.
Os frutos conservados em AR perdem a habilidade normal de produzir etileno, à
medida que o período de armazenamento é estendido. Esse padrão afeta a capacidade desses
frutos em restabelecer a suculência, quando armazenados por mais de 30 dias a -0,5°C.
O armazenamento em AC proporciona um restabelecimento mais rápido e consistente
dos níveis de suco livre, reduzindo significativamente a incidência de lanosidade depois de
dois dias a 20°C. Esse comportamento é devido, pelo menos em parte, à manutenção da
capacidade dos frutos produzirem etileno após o armazenamento.
A incidência de podridões no 6º dia a 20°C atinge níveis elevados, sendo que as
condições de armazenamento avaliadas não afetaram significativamente esse processo.
Entre as condições de AC avaliadas, o uso de 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
é a mais
adequada para o armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’.
52
4.3 Parte II
4.3.1 Efeito do etileno no restabelecimento da suculência e no amadurecimento pós-
armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’
A concentração de etileno nas câmaras de AR e AC, sem a aplicação de etileno
exógeno, manteve-se sempre abaixo de 5µL L
-1
(Figura 11). Como não foi utilizado um
sistema de fluxo contínuo, mas uma atmosfera estática, os níveis desse gás, nas câmaras onde
se aplicou etileno exógeno, oscilaram entre 17,3 e 30,1µL L
-1
(Figura 11).
A exposição dos frutos armazenados em AR e AC ao etileno exógeno resultou num
incremento mais acelerado na síntese de etileno nos primeiros dois dias de exposição a 20°C
(Figura 12A). Por exemplo, os frutos armazenados em AR atingiram produção de etileno
semelhante àqueles armazenados em AR + etileno apenas aos três dias de exposição a 20°C
(Figura 12A). Diferentemente dos frutos armazenados somente em AC, os frutos armazenados
em AC + etileno não apresentaram um pico de produção de etileno (Figura 12A). Esses
resultados demonstram que a presença de etileno exógeno durante o armazenamento afeta o
padrão e a quantidade de etileno produzida durante o período de amadurecimento pós-
armazenamento. Esse efeito já havia sido constatado em pêssegos ‘Chiripá’, com a
manutenção de 10-15µL L
-1
de etileno na câmara (Girardi et al., 2005). A presença constante
de 15µL L
-1
de etileno na câmara de armazenamento estimulou a síntese de etileno de
nectarinas ‘Flavortop’, durante o período de amadurecimento pós-armazenamento (Dong et
al., 2001).
Em frutos climatéricos, a biossíntese de etileno está sob o controle de um mecanismo
de retroalimentação positivo, sendo que a presença de etileno afeta a síntese ou atividade da
ACC sintase (Nakatsuka et al., 1998; Barry et al., 2000) e ACC oxidase (Lelièvre et al., 1997;
Nakatsuka et al., 1998). Atualmente, existem evidências experimentais indicando que alguns
genes, que codificam para isoformas de ACC sintase e ACC oxidase, são estimulados pelo
etileno, enquanto outros têm sua expressão inibida por esse hormônio (Lelièvre et al., 1997;
Nakatsuka et al., 1998; Barry et al.,1996, 2000). Em tomate, a aplicação de propileno, um
composto análogo ao etileno, estimula a expressão de LeACS4 e LeACS2, que codificam
isoformas de ACC sintase expressas no início e durante o amadurecimento (Nakatsuka et al.,
1998). Além disso, a expressão de LeACO1 e LeACO4 também é afetada positivamente pelo
etileno (Nakatsuka et al., 1998). Por outro lado, o etileno inibe a expressão de LeACS6 e
53
LeACO3, sugerindo que esses genes são regulados por um mecanismo de retroalimentação
negativo (Lelièvre et al., 1997; Nakatsuka et al., 1998). A atividade da ACC oxidase, em
nectarinas, foi estimulada pelo armazenamento sob 14ppm de etileno (Zhou et al., 2001).
Os frutos armazenados em AC apresentaram menor atividade respiratória na saída da
câmara, mas atingiram os maiores valores de produção de CO
2
durante a exposição a 20°C
(Figura 12B). A manutenção de altos níveis de etileno exógeno durante o armazenamento dos
frutos em AC, determinou um padrão de produção de CO
2
semelhante aos frutos armazenados
em AR, sem a formação de um pico característico (Figura 12B). Interessantemente, a
presença do etileno na condição de AC alterou, tanto o padrão de síntese de etileno, quanto o
padrão de produção de CO
2
, em relação aos frutos armazenados somente em AC (Figuras 12A
e B). A relação entre o climatério respiratório e o aumento drástico na síntese de etileno,
durante o amadurecimento, ainda não foi devidamente elucidado (Lelièvre et al., 1997).
Todavia, possivelmente o etileno é responsável por estimular a rota alternativa de transporte
de elétrons insensível ao cianeto (Solomos, 1977). Essa rota parece desempenhar um papel
importante durante a respiração climatérica (Solomos, 1977), podendo atuar como um
mecanismo de proteção contra o cianeto produzido durante o climatério do etileno (Yang &
Hoffman, 1984; Kende, 1993). A evidência mais contundente dessa relação é que o acúmulo
de mRNAs e da proteína oxidase alternativa (AOX), a oxidase terminal na cadeia alternativa
de transporte de elétrons, ocorre de maneira mais pronunciada nos frutos maduros (Cruz-
Hernàndez & Gómez-Lim, 1995).
FIGURA 11: Concentração de etileno no interior das câmaras de armazenamento de pêssegos ‘Chiripá’
durante o período do experimento. Santa Maria, RS. 2005.
Etileno = manutenção de 20µL L
-1
de
etileno no interior das câmaras; AC = 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
.
0
5
10
15
20
25
30
35
1 5 10 15 19 24 29 34
Dias de armazenamento
Etileno na câmara (µL L
-1
)
AR
AR + Etileno
AC
AC + Etileno
54
A exposição dos frutos ao etileno exógeno, durante o AR, restabeleceu a suculência
em níveis semelhantes aos frutos armazenados em AC, com ou sem etileno (Figura 12C). A
incidência de lanosidade, nos frutos em AR, também foi drasticamente reduzida com a
presença de etileno (Figura 12D). Comparando-se os frutos armazenados em AC, a presença
do etileno incrementou levemente a suculência, porém a incidência de lanosidade foi
semelhante aos frutos armazenados somente em AC (Figuras 12C e D). A incidência de
lanosidade foi decrescendo durante todo o período de amadurecimento pós-armazenamento,
exceto nos frutos armazenados em AR. A existência de uma relação entre a síntese de etileno
e a incidência de lanosidade já foi reportada anteriormente (Dong et al., 2001; Zhou et al.,
2001). Nectarinas que desenvolveram sintomas severos de lanosidade apresentaram baixa
FIGURA 12: Síntese de etileno (A), respiração (B), conteúdo de suco livre (C) e incidência de
lanosidade (D) em pêssegos ‘Chiripá’ após 35 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa
Maria, RS. 2005.
Etileno = manutenção de 20µL L
-1
de etileno no interior das câmaras; AC = 1,0kPa O
2
+
3,0kPa CO
2
. Os dados mostrados em A e B representam a média de quatro repetões ± o desvio padrão. Em C e
D, letras minúsculas representam a comparação entre as médias das condições de armazenamento, para um
mesmo momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação entre os momentos de avaliação, para uma
mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
0
10
20
30
40
50
60
0123456
Dias a 20°C
Síntese de etileno (µL kg
-1
h
-1
)
AR
AR + etileno
AC
AC + etilen
o
10
20
30
40
50
60
0123456
Dias a 20°C
Respiração (mL CO
2
kg
-1
h
-1
)
aB
bC
cB
bA
aB
abC
abB
aA
aB
abC
bB
aA
aC
aC
aB
aA
0
10
20
30
40
50
0246
Dias a 20°C
Suco livre (%
)
AR
AR + etileno
AC
AC + etileno
aA
aA
aA
aA
bB
bC
aA
bB
bC
aA
bB
bC
0
20
40
60
80
100
246
Dias a 20°C
Frutos lanosos (%
)
A
D
C
B
55
produção de etileno durante o amadurecimento pós-armazenamento (Zhou et al., 2001). Além
disso, o tratamento de nectarinas com 1-MCP aumentou a incidência de lanosidade (Dong et
al., 2001). Os resultados obtidos no presente estudo (Parte I) também reforçam essa relação,
demonstrando que a manutenção da habilidade dos frutos em produzir etileno, após o
armazenamento, acelera a dissipação dos sintomas desse distúrbio.
Apesar de não apresentarem um pico de produção de etileno no 3º dia a 20°C, como os
frutos armazenados em AC, os frutos expostos ao etileno manifestaram uma produção mais
antecipada de etileno (Figura 12A), o que pode ter sido suficiente para restabelecer mais
rapidamente a suculência (Figura 12C) e reduzir a incidência de lanosidade (Figura 12D). Por
outro lado, o incremento lento na síntese de etileno pelos frutos do AR pode ter prejudicado o
restabelecimento dos conteúdos de suco livre e, conseqüentemente, a diminuição do número
de frutos apresentando sintomas visuais de lanosidade. Como as PGs são estimuladas pelo
etileno (Sitrit & Bennett, 1998), a síntese antecipada desse fito-hormônio resultou,
possivelmente, num incremento mais precoce da atividade das PGs e, conseqüentemente, na
despolimerização dos homogalacturonanos desmetilesterificados. Esse efeito poderia explicar
os maiores conteúdos de suco livre nos frutos mantidos sob alto etileno, tanto em AR como
em AC (Figura 12C). A exposição ao etileno aumenta drasticamente a atividade das endo-PGs
e exo-PGs em pêssegos ‘Chiripá’, tanto na saída da câmara, quanto após cinco dias a 20°C
(Girardi et al., 2005). Esses mesmos autores, também observaram uma produção mais
acentuada de etileno, na saída da câmara, nos frutos expostos a 10-15µL L
-1
de etileno. Além
disso, a expressão e o acúmulo das expansinas (Rose et al., 1997; Hayama et al., 2003)
também é dependente de etileno. O menor acúmulo da expansina PpEXP1 tem sido
relacionado com o desenvolvimento da lanosidade (Obenland et al., 2003). Como algumas
expansinas possivelmente facilitam o acesso das PGs aos seus substratos (Brummell et al.,
1999), o acúmulo destas, em resposta ao etileno, poderia acelerar ainda mais a
despolimerização dos homogalacturonanos.
A firmeza da polpa dos frutos decresceu drasticamente com a exposição dos frutos a
20°C, especialmente até o 4º dia (Figura 13A). Os maiores valores de firmeza da polpa, aos
dois dias a 20°C, nos frutos armazenados em AR, podem ser decorrentes de maior dano pelo
frio, o qual tem sido associado não só aos sintomas de lanosidade, mas também à perda da
habilidade de amadurecimento e à retenção da firmeza (Luchsinger, 2000; Obenland et al.,
2003). A presença de etileno exógeno não afetou significativamente a perda de firmeza dos
frutos armazenados em AC (Figura 13A). Resultados semelhantes foram obtidos em
nectarinas (Brecht & Kader, 1982; Dong et al., 2001). Entretanto, a exposição de pêssegos
56
‘Chiripá’ ao etileno acelerou significativamente a perda da firmeza após o armazenamento
(Girardi et al., 2005). Por outro lado, a absorção do etileno, durante o armazenamento
refrigerado, não afetou a firmeza da polpa de pêssegos ‘Chimarrita’ (Brackmann et al., 2003).
Segundo Brecht & Kader (1982), mesmo com a presença de 100µL L
-1
de etileno na câmara,
durante quatro semanas a 0°C, a taxa de redução da firmeza da polpa de nectarinas
‘Flamekist’, durante a exposição a 20°C, não foi aumentada significativamente.
A acidez titulável não foi significativamente afetada pelas condições de
armazenamento (Figura 13B). Esse resultado contraria Girardi et al. (2005), que observaram
uma redução acentuada da acidez em pêssegos ‘Chiripá’ expostos a 10-15µL L
-1
. De acordo
com esses mesmos autores, o etileno estimula a atividade respiratória, promovendo uma
degradação mais acentuada dos ácidos orgânicos. Porém, a absorção do etileno de câmaras de
frigoconservação não afeta a acidez titulável de pêssegos ‘Chiripá’ (Nava e Brackmann, 2001)
e ‘Chimarrita’ (Brackmann et al., 2003).
Os frutos armazenados em atmosfera controlada e sem a presença de etileno
mantiveram-se mais verdes (Tabela 8). A presença de etileno nas câmaras de armazenamento,
no entanto, não afetou sensivelmente a cor de fundo da epiderme dos frutos (Tabela 8). O
amadurecimento dos frutos a 20°C reduziu gradativamente a coloração verde dos frutos
(Tabela 9).
aC
bA
aB
aC
aB
aA
bB
aB
aC
aA
bB
aC
aB
aB
aA
bB
0
10
20
30
40
50
0246
Dias a 20°C
Firmeza da polpa (N
)
AR
AR + etileno
AC
AC + etileno
aA
aA
aA
aA
aB
aB
aB
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
aA
bA
0
1
2
3
4
5
0246
Dias a 20°C
Acidez titulável (meq 100mL
-1
)
A B
FIGURA 13: Firmeza da polpa (A) e acidez titulável (B) de pêssegos ‘Chiripá’ após 35 dias de
armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Etileno = manutenção de 20µL L
-1
de etileno no
interior das câmaras; AC = 1,0kPa O
2
+ 3,0kPa CO
2
. Letras minúsculas representam a comparação entre as médias
das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação entre
os momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
57
TABELA 8 - Efeito do etileno e da atmosfera controlada na cor de fundo, nos teores de
sólidos solúveis totais e na incidência de podridões de pêssegos ‘Chiripá’
armazenados durante 35 dias a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Condição de
armazenamento
Cor de fundo da
epiderme
(° h)
3/
Sólidos solúveis
totais (°Brix)
Incidência de
podridões (%)
AR 91,99 b
4/
13,3
ns
45,0
ns
AR + etileno
1/
93,47 b 13,4 40,5
AC
2/
96,28 a 13,1 35,0
AC + etileno
1/
94,14 ab 13,5 30,0
CV (%) 3,42 3,55 24,47
1/
Presença constante de 20µL L
-1
de etileno na câmara de armazenamento.
2/
AC = 1,0kPa de O
2
+ 3,0kPa de
CO
2
.
3/
Onde: 0° = cor vermelha; 90° = cor amarela; 180° = cor verde; 270° = cor azul.
4/
Médias seguidas de
mesma letra não diferem entre si pelo teste LSD em nível de 5% de probabilidade de erro.
ns
Efeito de tratamento
não significativo pelo teste de F em nível de 5% de probabilidade de erro.
As condições de armazenamento não afetaram significativamente a incidência de
podridões (Tabela 8). De acordo com Palou et al. (2003), a exposição de frutos de caroço a
diferentes concentrações de etileno, durante o armazenamento, não altera a incidência e a
severidade de podridões causadas por Monilinia fructicola. Todavia, a ocorrência de
podridões foi maior em pêssegos armazenados sob alto etileno (Girardi et al., 2005). Esses
autores atribuíram esse resultado à maturação mais avançada desses frutos, o que pode ter
facilitado a infecção e a atividade de patógenos. Em pêssegos ‘Chimarrita’, a remoção do
etileno da câmara reduziu a incidência de podridões (Brackmann et al., 2003).
TABELA 9 - Efeito do período de exposição a 20°C, após 35 dias de armazenamento em
diferentes condições, sobre a cor de fundo da epiderme e os teores de
sólidos solúveis totais. Santa Maria, RS. 2005.
Dias a 20°C
Cor de fundo epiderme
(° h)
1/
Sólidos solúveis totais (°Brix)
0 106,04 a
2/
12,8 d
2 93,44 b 13,9 a
4 90,27 c 13,6 b
6 86,15 d 13,2 c
CV (%) 3,42 3,55
1/
Onde: 0° = cor vermelha; 90° = cor amarela; 180° = cor verde; 270° = cor azul.
2/
Médias seguidas de mesma
letra não diferem entre si pelo teste LSD em nível de 5% de probabilidade de erro.
58
4.3.2 Conclusões
A presença de etileno exógeno na câmara de armazenamento acelera o
restabelecimento da suculência de pêssegos ‘Chiripá’ conservados durante 35 dias em AR a
-0,5°C. Como resultado, a incidência de lanosidade decresce rapidamente a partir do 2º dia a
20°C. No entanto, sob condições de AC, a presença de etileno apresenta menos efeito em
termos de conteúdo de suco livre e ocorrência de lanosidade.
A presença de etileno nas câmaras afeta a síntese de etileno dos frutos após o
armazenamento. No entanto, as características físico-químicas são pouco alteradas pela
presença de >17µL L
-1
de etileno.
59
4.4 Parte III
4.4.1 A ação do etileno, após o armazenamento, é necessária para o restabelecimento da
suculência em pêssegos ‘Chiripá’
O tratamento dos frutos da AC com 1-MCP, tanto no início do armazenamento (P1),
quanto na saída da câmara (P2), resultou num padrão de síntese de etileno diferente daquele
dos frutos armazenados em AC sem 1-MCP (Figura 14A). Esses frutos apresentaram uma
síntese crescente de etileno sem a formação de pico, mas superior àquela apresentada pelos
frutos tratados com 1-MCP e conservados em AR (Figura 14A).
A atividade da ACC oxidase não diferiu significativamente após 12 horas de
exposição a 20°C (Figura 14C). No entanto, os frutos apresentaram um incremento na
atividade dessa enzima durante o amadurecimento pós-armazenamento, sendo esse
incremento mais pronunciado nos frutos armazenados em AC e AC + 1-MCP em P1 (Figura
14C). Após três dias a 20°C, os frutos armazenados em AC e tratados com 1-MCP na saída da
câmara (P2) apresentaram menor atividade da ACC oxidase do que os frutos tratados no
início do armazenamento (P1) (Figura 14C). Por outro lado, a aplicação de 1-MCP associada
ao AR reduziu significativamente o incremento da atividade da ACC oxidase. A aplicação de
1-MCP, em pêssegos, não afeta a atividade da ACC sintase, mas reduz significativamente a
atividade da ACC oxidase (Mathooko et al., 2001). Comportamento semelhante foi verificado
em nectarinas, onde a aplicação de 1-MCP seguida do armazenamento refrigerado resultou
em menor expressão da ACC oxidase durante o período exposição a 20°C, sendo a expressão
da ACC sintase pouco afetada (Dong et al., 2001). Por outro lado, o alto CO
2
inibe a síntese
de etileno, especialmente, por atrasar ou suprimir a expressão da ACC sintase em nível de
transcrição (Mathooko et al., 2001; de Wild 2005), apresentando menor efeito sobre a ACC
oxidase (Mathooko et al., 2001). Entretanto, o efeito da combinação da AC com a aplicação
de 1-MCP sobre a atividade da ACC oxidase ainda não havia sido avaliado.
Esses resultados, em conjunto, indicam que a maior produção de etileno nos frutos
armazenados em AC, tratados ou não com 1-MCP, está em parte associada ao incremento
mais acentuado da atividade da ACC oxidase (Figuras 14A e C). Por outro lado, o aumento
lento das quantidades de etileno produzidas pelos frutos tratados com 1-MCP e conservados
em AR, possivelmente ocorra devido a um acréscimo menos pronunciado na atividade dessa
enzima. Dessa forma, as pressões de O
2
, de CO
2
, a aplicação e o momento da aplicação de
60
1-MCP e, mais provavelmente, a combinação destes, afetam distintamente a atividade da
ACC oxidase, alterando a quantidade e o padrão de síntese de etileno. Além disso, essas
condições devem afetar outras enzimas da via de biossíntese do etileno.
A produção de CO
2
não foi muito afetada pelas condições de armazenamento e pelo
bloqueio da ação do etileno (Figura 14B). O 1-MCP, em geral, reduz ou atrasa a taxa
respiratória (Blankenship & Dole, 2003), apesar de não afetar o metabolismo dos carboidratos
(Golding et al., 1998). No entanto, esse composto parece exercer pouco efeito sobre a
produção de CO
2
em nectarinas (Dong et al., 2001) e damascos (Dong et al., 2002).
O bloqueio da ação do etileno em frutos armazenados em AC, além de afetar
significativamente a síntese de etileno e a atividade da ACC oxidase, também alterou os
conteúdos de suco livre durante o período de amadurecimento pós-armazenamento (Figura
Figura 14: Síntese de etileno (A), respiração (B) e atividade da ACC oxidase (C) de pêssegos ‘Chiripá’ após
40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.
AC = 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
; P1 = 900 nL
L
-1
de 1-MCP aplicados no início do armazenamento; e P2 = 900nL L
-1
de 1-MCP aplicados na saída da câmara. Os
dados mostrados em A e B representam a média de quatro repetições ± o desvio padrão. Em C, letras minúsculas
representam a comparação entre as médias das condições de armazenamento, para um mesmo momento de avaliação, e
letras maiúsculas a comparação entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de armazenamento, pelo
teste LSD (P<0,05).
0
5
10
15
20
25
123456
Dias a 20°C
Síntese de etileno (µL kg
-1
h
-1
)
AR + 1-MCP
AC
AC + 1-MCP (P1)
AC + 1
-
MCP (P2)
10
20
30
40
50
60
70
80
123456
Dias a 20°C
Respiração (mL CO
2
kg
-1
h
-1
)
dAB
bA
aB
bA
aA
aB
aA
aB
aC
cA
aA
aB
0
20
40
60
80
100
0,5 2 3
Dias a 20°C
Atividade da ACC oxidase
(nL C
2
H
4
g
-1
h
-1
)
AR + 1-MCP
AC
AC + 1-MCP (P1)
AC + 1-MCP (P2)
A
C
B
61
14A). Os frutos tratados com 1-MCP (P1) e armazenados em AC apresentaram valores
decrescentes de suculência até o 4º dia a 20°C, porém sempre superiores a 25% (Figura 15A).
Por outro lado, a suculência dos frutos armazenados em AC, sem a aplicação de 1-MCP,
decresceu drasticamente até o 2º dia, aumentando expressivamente a partir de então.
Interessantemente, apesar de submetidos às mesmas condições de armazenamento, os frutos
armazenados em AC, mas tratados com 1-MCP na saída da câmara (P2), apresentaram um
decréscimo acentuado da suculência, demonstrando um comportamento similar aos frutos
tratados com 1-MCP e mantidos em AR (Figura 15A). Esses resultados demonstram o efeito
da inibição da ação do etileno sobre a suculência e a incidência de lanosidade, indicando,
ainda, que a ação do etileno, durante o período de amadurecimento pós-armazenamento, é
fundamental para o restabelecimento da suculência e, conseqüentemente, para a redução dos
sintomas de lanosidade.
O etileno, geralmente, é considerado indesejável durante o armazenamento de várias
espécies e variedade de frutos e hortaliças, por induzir a perda de firmeza, o amadurecimento
e as deteriorações. No entanto, em pêssegos e nectarinas, sua presença na câmara de
armazenamento parece ser benéfica, especialmente na redução de desordens fisiológicas
(Zhou et al., 2001; Palou et al., 2003). No presente estudo, também observamos que a
manutenção de altas concentrações de etileno na câmara de armazenamento reduz a
incidência de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ (Parte II). Além disso, a intensidade dos
sintomas de lanosidade é dependente da maior ou menor capacidade dos frutos em produzir
Figura 15: Conteúdo de suco livre (A) e incidência de lanosidade (B) em pêssegos ‘Chiripá’ após 40 dias
de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.
AC = 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
; P1 = 900 nL L
-1
de
1-MCP aplicados no início do armazenamento; e P2 = 900nL L
-1
de 1-MCP aplicados na saída da câmara. Letras
minúsculas representam a comparação entre as médias das condições de armazenamento, para um mesmo momento de
avaliação, e letras maiúsculas a comparação entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de
armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
aA
aA
aA
cB
bB
abA
bcA
bA
cA
bB
aA
bcB
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
246
Dias a 20°C
Frutos lanosos (%) a
cB
cB
aA
bA
aB
aB
bC
abA
aB
bC
aB
aA
bC
dD
aB
abA
0
10
20
30
40
50
60
0246
Dias a 2C
Suco livre (%) a
AR + 1-MCP
AC
AC + 1-MCP (P1)
AC + 1-MCP (P2)
A
B
62
etileno, após longos períodos de armazenamento (Dong et al., 2001; Zhou et al., 2001). Esse
comportamento também foi evidenciado neste estudo (Parte I). No entanto, no presente
experimento, observamos que, apesar dos frutos armazenados em AC e tratados com 1-MCP
em P2 apresentarem produção mais precoce e intensa de etileno, em relação aos tratados com
1-MCP e conservados em AR, o comportamento da suculência foi muito semelhante entre
ambos (Figuras 14A e 15A). Esse resultado indica que não apenas a presença do etileno
(exógeno ou endógeno), mas a ação desse fito-hormônio é essencial para o metabolismo
normal das paredes celulares após o armazenamento.
Interessantemente, os frutos tratados com 1-MCP em P1 e P2 apresentaram síntese de
etileno muito semelhante durante o período de amadurecimento pós-armazenamento, mas o
comportamento da suculência diferiu drasticamente entre eles, especialmente após quatro dias
a 20°C (Figura 15A). Provavelmente, os frutos tratados em P1 foram capazes de sintetizar
novos receptores durante e, especialmente, após o armazenamento. Segundo Mathooko et al.
(2001), em pêssegos, os receptores de etileno são sintetizados dentro de pouco tempo, o que
requer a aplicação mais freqüente de inibidores para se obter uma inibição contínua. Em
relação à ligação do 1-MCP aos receptores, foi demonstrado, em estudos com bactérias
expressando os receptores ETR1 e ERS1 de Arabidopsis thaliana, que a afinidade destes pelo
1-MCP é muito similar (Hall et al., 2000). Além disso, esse mesmo estudo demonstrou que a
ligação do 1-MCP a um grupo de receptores possivelmente é suficiente para inibir as
respostas dependentes de etileno.
A aplicação de 1-MCP, combinada com o AR, acentua ainda mais os danos
provocados pela baixa temperatura, sendo que essa combinação aumenta drasticamente a
incidência de lanosidade e reduz a suculência em nectarinas (Dong et al., 2001). De acordo
com esses mesmos autores, durante o AR, a capacidade dos frutos em produzir níveis basais
de etileno ou sintetizar novos receptores foi suprimida, enquanto que os receptores
bloqueados pelo 1-MCP persistiram, bloqueando, dessa forma, a regulação do etileno por
retroalimentação. Todavia, cabe ressaltar que, no presente estudo, a combinação da aplicação
de 1-MCP (P1) com a AC, resultou em maior suculência e menor incidência de lanosidade
nos frutos (Figura 15). Esse resultado pode indicar que sob condições de AC o aparato de
síntese de receptores e de etileno é preservado, permitindo a retomada normal do
amadurecimento após o armazenamento. Além disso, essa combinação evita a queda drástica
na suculência dos frutos nos primeiros dias a 20°C, como observado nos frutos armazenados
somente em AC (Figura 15A).
63
Considerando que a atividade das PGs, das expansinas e de outras enzimas envolvidas
no metabolismo normal das paredes celulares, durante o amadurecimento, é dependente do
etileno (Nicholass et al., 1995; Rose et al., 1997; Sitrit & Bennett, 1998; Brummell &
Harpster, 2001; Hayama et al., 2003; Zanuzo, 2004), podemos tentar estabelecer algumas
hipóteses, em relação aos resultados obtidos neste experimento. A aplicação do 1-MCP no
início do armazenamento, tanto em AR, quanto em AC, deve ter bloqueado os receptores de
etileno presentes naquele momento. Todavia, pode ter ocorrido, mesmo durante o
armazenamento, uma síntese de novo significativa desses receptores, pois esse processo é
relativamente rápido em pêssegos (Mathooko et al., 2001). Evidentemente, as baixas
temperaturas devem ter reduzido significativamente esse processo. Todavia, após 40 dias de
armazenamento, provavelmente os frutos apresentavam uma quantidade considerável de
novos receptores, além daqueles que passaram a ser sintetizados com a exposição a 20°C. No
entanto, devemos considerar que os receptores, na ausência de etileno, são reguladores
negativos das respostas desse fito-hormônio (Tieman et al., 2000; Klee, 2002), ou seja, eles
estão ativos e inibem as respostas de etileno. Isso pode explicar a diferença, em termos de
suculência, entres os frutos tratados com 1-MCP, mas armazenados em AR ou AC (Figura
15A), pois os últimos produziram quantidades de etileno significativamente maiores durante
os três primeiros dias a 20°C (Figura 14A). Nesse caso, a presença de receptores livres, aliada
aos elevados níveis de etileno produzidos com a exposição a 20°C, poderia desencadear as
respostas dependentes de etileno, como a despolimerização das pectinas desmetilesterificadas
durante o armazenamento (Nicholass et al., 1995; Sitrit & Bennett, 1998; Girardi et al., 2005),
levando ao restabelecimento da suculência.
Por outro lado, a aplicação de 1-MCP na saída da câmara de AC (P2), bloqueou os
receptores, impedindo a ligação do etileno aos receptores existentes naquele momento. Por
isso, mesmo esses frutos apresentando uma produção de etileno semelhante aos tratados em
P1, houve um atraso significativo nas respostas dependentes ao etileno, que pode ter sido
proporcional ao tempo necessário para a síntese de novos receptores. Essas hipóteses podem
explicar, em parte, os efeitos observados neste experimento. Entretanto, para a elucidação
desse processo são necessários estudos que avaliem a expressão dos genes e o acúmulo das
proteínas receptoras durante o armazenamento e o período pós-armazenamento. Além disso,
esse estudo deve ser concomitante à análise da expressão de genes altamente responsivos ao
etileno.
A aplicação de 1-MCP reduziu a perda da firmeza até o 2º dia a 20°C (Figura 16A).
Uma retenção da firmeza da polpa, possivelmente devido ao dano mais expressivo pelo frio,
64
foi observada nos frutos tratados com 1-MCP e conservados em AR (Figura 16A). Esse
resultado demonstra que a inibição da ação do etileno durante o AR pode agravar ainda mais
o desenvolvimento de desordens fisiológicas relacionadas ao frio. A expressão da PG e das
expansinas são eventos dependentes de etileno (Sitrit & Bennett, 1998; Rose et al., 1997),
sendo que a aplicação de 1-MCP reduz a perda de firmeza de nectarinas e damascos (Dong et
al., 2001, 2002; Menniti et al., 2006).
A acidez titulável manteve-se mais elevada nos frutos tratados com 1-MCP e mantidos
em AR (Figura 16B). É possível que os maiores valores de acidez nos frutos do AR estejam
relacionados a uma maior desidratação, que pode ter concentrado os ácidos orgânicos. Em
ameixas ‘Red Rosa’, o 1-MCP manteve maior acidez titulável (Dong et al., 2002).
O armazenamento em AC manteve os frutos mais verdes, independente da aplicação
ou não de 1-MCP (Figura 16C). Esse resultado aponta para um efeito mais pronunciado dos
aB
aA
aB
aC
bB
bB
aA
aB
aA
bB
bB
aB
aA
bB
bB aB
0
1
2
3
4
5
6
0246
Dias a 20°C
Acidez titulável (meq 100mL
-1
) A
bA
abB
aC
aD
aA
cB
bC
aD
aA
bB
bC
aD
aA
aB
bC
aD
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0246
Dias a 20°C
Firmeza da polpa (N) A
AR + 1-MCP
AC
AC + 1-MCP (P1)
AC + 1-MCP (P2)
A
B
aA
bB
cC
bC
aA
aB
aB
aC
aA
aB
bC
aC
aA
aA
abB
aB
0
20
40
60
80
100
120
0246
Dias a 20°C
Cor de fundo (°h) A
C
Figura 16: Firmeza da polpa (A), acidez titulável (B) e cor de fundo da epiderme (C) de pêssegos ‘Chiripá’
após 40 dias de armazenamento a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2006.
AC = 2,0kPa O
2
+ 8,0kPa CO
2
; P1 =
900 nL L
-1
de 1-MCP aplicados no início do armazenamento; e P2 = 900nL L
-1
de 1-MCP aplicados na saída da câmara.
Letras minúsculas representam a comparação entre as médias das condições de armazenamento, para um mesmo
momento de avaliação, e letras maiúsculas a comparação entre os momentos de avaliação, para uma mesma condição de
armazenamento, pelo teste LSD (P<0,05).
65
níveis de O
2
e/ou de CO
2
na manutenção da cor de fundo, em relação ao etileno, conforme já
observado em tomates (Streif & Bangerth, 1976). No entanto, em laranjas, o tratamento com
1-MCP reduziu o desverdecimento, enquanto que a aplicação de etileno exógeno estimulou
esse processo (Porat et al., 1999). Já a perda da funcionalidade de cloroplastos em maçãs ‘Red
Chief’ é um processo independente do etileno (Mir et al., 2001).
A incidência de podridões não foi afetada pelas condições de armazenamento
avaliadas (Tabela 10). Os efeitos da inibição da ação do etileno na incidência de podridões
são muito variáveis (Blankenship & Dole, 2003). Enquanto resultados positivos foram
verificados em damascos e ameixas (Dong et al., 2002; Menniti et al., 2006), a aplicação de 1-
MCP acelerou o desenvolvimento de fungos em morangos (Jiang et al., 2001). Esse último
resultado foi relacionado ao decréscimo nas concentrações de fenóis nos frutos tratados com
1-MCP.
TABELA 10 - Efeito da ação do etileno na incidência de podridões e de avermelhamento
da polpa em pêssegos ‘Chiripá’, após 40 dias de armazenamento e mais
seis dias a 20°C. Santa Maria, RS, 2006.
Tratamentos Frutos podres (%)
Incidência de avermelhamento da
polpa (% frutos)
AR + 1-MCP
1/
9,8
ns
51,1 a*
AC 9,2 0,0 c
AC + 1-MCP (P1) 2,9 0,0 c
AC + 1-MCP (P2) 8,9 34,1 b
CV (%) 82,22 18,99
1/
AC = 2,0kPa de O
2
+ 8,0kPa de CO
2
; P1 = 900nL L
-1
de 1-MCP aplicados no início do armazenamento; e P2 =
900nL L
-1
de 1-MCP aplicados na saída da câmara.
* Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste LSD em nível de 5% de probabilidade de erro.
ns
Efeito de tratamento não significativo pelo teste F em nível de 5% de probabilidade de erro.
Além do efeito drástico sobre a incidência de lanosidade, a aplicação de 1-MCP
associada ao AR, estimulou fortemente a ocorrência de outra desordem fisiológica, o
avermelhamento da polpa (Tabela 10). Essa desordem fisiológica parece ser decorrente da
senescência ou do amadurecimento anormal de algumas cultivares de pêssegos e nectarinas
armazenadas durante longos períodos (Dong et al., 2001; Lurie & Crisosto, 2005). Nessas
condições, os pigmentos antociânicos, presentes em grande quantidade na cavidade do caroço,
se espalham por toda a polpa. É possível que ocorra alguma alteração em termos de
permeabilidade das membranas, o que poderia facilitar a difusão desses pigmentos para os
espaços intercelulares. O armazenamento em AC reduziu a ocorrência de avermelhamento da
polpa (Tabela 10). Resultado semelhante foi observado por Lurie (1992) e Retamales et al.
66
(1992). No entanto, a aplicação de 1-MCP na saída da câmara de AC (P2), aumentou
significativamente a incidência desse distúrbio (Tabela 10). Por outro lado, a aplicação de 1-
MCP no início da AC (P1) não ocasionou a manifestação de avermelhamento da polpa
(Tabela 10). Infelizmente, existem poucos estudos em relação a esse distúrbio fisiológico,
porém, novamente, o etileno parece desempenhar um papel fundamental na sua prevenção.
Enquanto a aplicação desse fito-hormônio não afeta a ocorrência de avermelhamento em
pêssegos (Palou et al., 2003), a inibição da ação do etileno, pela aplicação de 1-MCP,
aumenta dramaticamente a incidência dessa desordem em nectarinas (Dong et al., 2001).
4.4.2 Conclusões
A inibição da ação do etileno, no período de amadurecimento pós-armazenamento,
obtida pela aplicação de 1-MCP (900nL L
-1
) na saída da câmara, reduz a suculência e
aumenta a incidência de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados em AC (2,0kPa O
2
+
8,0kPa CO
2
) a -0,5°C durante 40 dias. Essa condição estimula, ainda, a incidência de polpa
avermelhada.
A aplicação de 1-MCP no início do armazenamento em AC resulta em níveis
relativamente constantes de suculência durante todo o período de exposição a 20°C. Esse
tratamento evita a redução da suculência no 2º dia, apresentada pelos frutos armazenados
somente em AC.
A aplicação de 1-MCP nos frutos armazenados em AC, independente do momento,
reduz a síntese de etileno durante o amadurecimento pós-armazenamento.
A aplicação de 1-MCP associada à AC reduz a perda da firmeza da polpa até dois dias
a 20°C.
67
5. CONCLUSÕES GERAIS
A incidência de lanosidade, em pêssegos, pode ser determinada de forma objetiva pela
metodologia do suco livre.
Os conteúdos de suco livre diminuem à medida que o período de armazenamento de
pêssegos ‘Chiripá’ é prolongado. Durante o período de amadurecimento pós-armazenamento,
a suculência decresce rapidamente, porém ocorre um restabelecimento dos conteúdos de suco
livre. Esse restabelecimento depende tanto do período, quanto das condições de
armazenamento.
Os frutos conservados em armazenamento refrigerado perdem a habilidade normal de
produzir etileno, à medida que o período de armazenamento é estendido. Esse padrão afeta a
capacidade desses frutos em restabelecer a suculência, quando armazenados por mais de 30
dias a -0,5°C.
O armazenamento em atmosfera controlada (AC), especialmente sob 2,0kPa de O
2
+
8,0kPa de CO
2
proporciona um restabelecimento mais rápido e consistente dos níveis de suco
livre, reduzindo significativamente a incidência de lanosidade depois de dois dias a 20°C.
A presença de etileno exógeno na câmara de armazenamento acelera o
restabelecimento da suculência de pêssegos ‘Chiripá’ após 35 dias de armazenamento
refrigeado a -0,5°C.
A ação do etileno, no período de amadurecimento pós-armazenamento, é fundamental
para restabelecer a suculência e diminuir a incidência de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’
A aplicação de 1-MCP (900 nL L
-1
) no início do armazenamento em AC resulta em
níveis relativamente constantes de suculência durante todo o período de exposição a 20°C.
Esse tratamento evita a redução da suculência no 2º dia, apresentada pelos frutos armazenados
somente em AC, sendo a condição de armazenamento mais promissora para o armazenamento
de pêssegos ‘Chiripá’.
68
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83
APÊNDICES
84
APÊNDICE 1: Quadro da análise da variância referente às análises do conteúdo de suco
livre, firmeza da polpa, acidez titulável, cor de fundo da epiderme,
incidência de podridões e de lanosidade em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados
durante 25, 30 e 35 dias a -0,5°C. Santa Maria, RS. 2005.
Quadrados médios
Suco livre (%) Firmeza da polpa (N)
Fonte de
variação
G.L.
a/
25 30 35 25 30 35
Tratamentos 2 61,389 244,472 945,636 69,629 5,507 97,499
Dias a 20°C 3 2034,976 1393,667 1512,774 6581,851 8388,905 4424,763
Trat. x dias 20°C 6 77,789* 107,112* 59,303* 22,263* 17,430* 166,659*
Média - 26,46 25,37 21,77 22,03 25,70 17,44
CV (%) - 11,81 14,45 17,41 12,60 9,94 21,28
Acidez titulável (meq 100mL
-1
) Cor de fundo da epiderme (°h) Fonte de
variação
G.L.
25 30 35 25 30 35
Tratamentos 2 0,7317 0,1045 0,1213 199,385* 132,248* 140,770*
Dias a 20°C 3 6,8010 7,4521 1,1810 927,581* 863,426* 786,029*
Trat. x dias 20°C 6 0,3148* 0,2490* 0,3547* 33,885
ns
10,875
ns
3,416
ns
Média - 4,11 3,54 3,31 97,35 97,14 95,32
CV (%) - 6,45 8,06 8,20 5,76 3,16 2,79
Incidência de podridões (%) Incidência de lanosidade (%)
Fonte de
variação
G.L.
25 30 35 25 30 35
Tratamentos 2 0,0162
ns
0,0052
ns
0,0471
ns
0,2411 0,9388 2,5515
Dias a 20°C 3 0,6508* 1,4565* 0,8656* 2,5119 2,6957 2,2836
Trat. x dias 20°C 6 0,0114
ns
0,0119
ns
0,0138
ns
0,1017* 0,2470* 0,3684*
Média - 0,24 0,32 0,31 0,861 1,050 0,958
CV (%) - 28,84 37,61 41,26 21,15 14,68 21,29
a/
G.L.: graus de liberdade; não significativo (
ns
) ou significativo (*) pelo teste de F em nível de 5% de
probabilidade de erro.
85
APÊNDICE 2: Quadro da análise da variância referente à atividade da ACC oxidase (nL C
2
H
4
g
-1
h
-1
), incidência de lanosidade (%), firmeza da polpa (N), conteúdo de
suco livre (%), acidez titulável (meq 100mL
-1
), sólidos solúveis totais
(°Brix), cor de fundo da epiderme (° h), incidência de podridões (%) e de
avermelhamento da polpa (%) em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante
40 dias a -0,5°C e mais seis dias a 20°C. Santa Maria, RS. 2006.
Quadrados médios
Fonte de variação G.L.
a/
Atividade da
ACC oxidase
Incidência
lanosidade
Firmeza da
polpa
b/
Tratamentos 2 2552,0152 0,3528 50,7499
Dias a 20°C 2 1434,1464 0,4399 7863,8909
Trat. x dias 20°C 4 691,5596* 0,2597* 31,9147*
Média - 35,87 0,68 29,18
CV (%) - 19,62 27,88 6,83
Fonte de variação G.L. Suco livre Acidez titulável
Sólidos solúveis
totais
Tratamentos 2
145,2844 0,1063 0,0775
Dias a 20°C 3 1189,6522 0,1844 0,6006
Trat. x dias 20°C 6 264,4395* 0,1872* 0,7325*
Média - 30,20 4,11 13,13
CV (%) - 13,24 4,48 2,46
Fonte de variação G.L.
Cor de fundo da
epiderme
Incidência de
podridões
c/
Incidência de
avermelhamento
c/
Tratamentos 2 274,7721 0,0197
ns
0,00
ns
Dias a 20°C
3 711,5263 - -
Trat. x dias 20°C
6 35,5636* - -
Média
- 96,53 0,33 0,00
CV (%)
- 2,48 38,39 0,00
a/
G.L.: graus de liberdade;
b/
para firmeza da polpa: GL de Dias a 20°C = 3;
c/
Incidência de podridões e de
avermelhamento da polpa avaliado apenas após seis dias a 20°C; não significativo (
ns
) ou significativo (*) pelo
teste de F em nível de 5% de probabilidade de erro.
86
APÊNDICE 3: Quadro da análise da variância referente à firmeza da polpa (N), conteúdo de
suco livre (%), incidência de lanosidade (%), acidez titulável (meq 100mL
-1
),
cor de fundo da epiderme (° h), sólidos solúveis totais (°Brix) e incidência de
podridões (%) em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante 35 dias a -0,5°C e
mais seis dias a 20°C. Santa Maria, RS. 2005.
Quadrados médios
Fonte de variação G.L.
a/
Firmeza da polpa Suco livre
Incidência
lanosidade
Tratamentos 3 1,278 239,422 1,035
Dias a 20°C 3 5620,431 1778,153 3,270
Trat. x dias 20°C 9 92,2297* 51,383* 0,232*
Média - 15,87 20,12 1,02
CV (%) - 26,95 22,39 21,62
Fonte de variação G.L. Acidez titulável
Cor de fundo da
epiderme
SST
Tratamentos 3 0,3427 50,827* 0,5144
ns
Dias a 20°C 3 4,9801 1177,136* 4,0481*
Trat. x dias 20°C 9 0,7124* 16,926
ns
0,4761
ns
Média - 3,25 93,97 13,34
CV (%) - 8,57 3,42 3,55
Fonte de variação G.L. Incidência de podridões
Tratamentos 3 0,0244
ns
Dias a 20°C - -
Trat. x dias 20°C - -
Média - 0,66
CV (%) - 24,47
a/
G.L.: graus de liberdade; não significativo (
ns
) ou significativo (*) pelo teste de F em nível de 5% de
probabilidade de erro.
87
APÊNDICE 4: Quadro da análise da variância referente à atividade da ACC oxidase (nL C
2
H
4
g
-1
h
-1
), incidência de lanosidade (%), firmeza da polpa (N), conteúdo de suco
livre (%), acidez titulável (meq 100mL
-1
), sólidos solúveis totais (°Brix), cor
de fundo da epiderme (° h), incidência de podridões (%) e de
avermelhamento da polpa (%) em pêssegos ‘Chiripá’ armazenados durante
40 dias a -0,5°C e mais seis dias a 20°C. Santa Maria, RS. 2006.
Quadrados médios
Fonte de variação G.L.
a/
Atividade da
ACC oxidase
Incidência
lanosidade
Firmeza da
polpa
b/
Tratamentos 3 1779,794 0,5533 64,980
Dias a 20°C 2 5539,207 0,0706 11270,426
Trat. x dias 20°C 6 335,654* 0,2244* 104,334*
Média - 44,29 0,78 34,00
CV (%) - 21,49 21,41 9,86
Fonte de variação G.L. Suco livre Acidez titulável SST
Tratamentos 3 125,638 1,5398 1,275
ns
Dias a 20°C 3 1061,463 0,6124 1,679
ns
Trat. x dias 20°C 9 286,883* 0,6952* 0,568
ns
Média - 29,71 4,39 13,03
CV (%) - 12,55 4,34 3,62
Fonte de variação G.L.
Cor de fundo da
epiderme
Incidência de
podridões
c/
Incidência de
avermelhamento
c/
Tratamentos 3 549,403 0,0316
ns
0,6831*
Dias a 20°C 3 1044,219 - -
Trat. x dias 20°C 9 66,211* - -
Média - 96,14 0,22 0,36
CV (%) - 2,74 82,22 18,99
a/
G.L.: graus de liberdade;
b/
para firmeza da polpa: GL de Dias a 20°C = 3;
c/
Incidência de podridões e de
avermelhamento da polpa avaliado apenas após seis dias a 20°C; não significativo (
ns
) ou significativo (*) pelo
teste de F em nível de 5% de probabilidade de erro.
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