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O futuro é em grande parte prognosticável se tivermos conhecimento
seguro e extenso do passado (em grande parte, mas nunca totalmente),
pois na elaboração do futuro entra aquele fator misterioso e irreprimível
chamado liberdade humana, a liberdade da criatividade. [...] a negação
da liberdade é uma negação da responsabilidade: não há atos, mas
apenas acontecimentos; tudo simplesmente ocorre, ninguém é
responsável. Por certo se as coisas simplesmente ocorressem e tudo
seria perfeitamente previsível se não houvesse um elemento de
liberdade, escolha, criatividade e responsabilidade humanas.
(SCHUMACHER, 1983).
A previsibilidade total, segundo Schumacher (1993), não existe. As decisões
isoladas dos indivíduos são, em princípio, imprevisíveis. As pessoas que fazem
previsões, talvez disponham de uma avaliação exata dos pressupostos em que elas se
baseiam. Estudo de viabilidade explora, em longo prazo, tendências pressupostas.
A existência de mediação ou arbitragem nos grupos agrícolas pode evitar ou
superar conflitos.
A cada momento, a cada dia, a cada operação ou em cada atividade, os
indivíduos que estão atuando em conjunto ou permanecendo juntos, estão expostos e
sujeitos às divergências e conflitos.
Mediação é uma forma ecológica de resolução de conflitos sociais e
jurídicos; uma forma na qual o intuito de satisfação do desejo substitui a
aplicação coerciva e terceirizada de uma sanção legal. [...] A mediação
é uma forma ecológica de negociação ou acordo transformador das
diferenças. [...] Mediação é uma forma alternativa (com o outro) de
resolução de conflitos. É um componente estruturante da visão
ecológica do mundo. [...] A mediação baseia-se em pressupostos
psicológicos e psicanalíticos, numa teoria do conflito que não vê como
algo maligno ou prejudicial. A mediação mostra o conflito como uma
confrontação construtiva, revitalizadora. [...] Conflito, não deve ser
entendido como os juristas entendem ser ‘controvérsia, que se reduz a
questões de direito ou patrimônio’, mas como ‘forma de produzir, com o
outro, a diferença; conflito como forma de inclusão do outro na produção
do novo: o conflito como outridade que permite administrar com o outro,
o diferente, para produzir a diferença, mediante um trabalho em relação
às coisas diferentes que todos portam’. [...] O conflito como uma
diferença energética, não é prejudicial. É um potencial construtivo e que
tem que ser administrado, por um mediador. (WARAT, 1998).
Quando as tentativas de organização falham, não se pode afirmar que o motivo é
que os produtores são tradicionais, desinteressados e sem condições para se
organizarem. Existe um processo constante de mudança, renovação e recriação das
condições físicas e de formas de relacionamento, em função de mantê-los na atividade
agrícola. A cada momento, surgem situações diferentes no tempo e no meio,