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BALANÇO HÍDRICO NA CULTURA DO CAFEEIRO
(Coffea arábica L.).
Fabio Akira Sato
2005
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FABIO AKIRA SATO
BALANÇO HÍDRICO NA CULTURA DO CAFEEIRO
(Coffea
arábica L.).
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Lavras como
parte das exigências do Programa de
Pós-Graduação em Engenharia
Agrícola, área de concentração em
Irrigação e Drenagem, para a obtenção
do título de “Mestre”.
Orientador:
Prof. Dr. Antonio Marciano da
Silva
LAVRAS
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MINAS GERAIS – BRASIL
2005
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Sato, Fábio Akira
Balanço Hídrico na Cultura do Cafeeiro
(Coffea arábica L.).
/ Fábio Akira Sato. – Lavras : UFLA, 2005.
89p. : il.
Orientadora: Antônio Marciano da Silva
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Café. 2. Irrigação. 3. Balanço Hídrico. I. Universidade Federal de
Lavras. II. Título.
CDD-633.73
FABIO AKIRA SATO
BALANÇO HÍDRICO NA CULTURA DO CAFEEIRO
(Coffea arábica L.).
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras, como parte das exigências do Curso
de Mestrado em Engenharia Agrícola, área de
concentração em Irrigação e Drenagem, para a
obtenção do título de “Mestre”.
APROVADA em de de 2005
Prof. UFLA
Dra. Sttella Dellyzete Veiga Franco da Rosa Embrapa Café
Prof. Dr. Antonio Marciano da Silva
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
A Deus;
Aos meus pais Fujio Sato e Kayoko Sato;
Aos meus irmãos Eduardo e Gustavo;
Dedico.
“Uma noite, sonhei que caminhava ao longo
de uma praia acompanhado por DEUS.
Durante a caminhada, muitas cenas da minha vida se
foram projetando numa tela do u. Conforme ia
passando cada uma dessas cenas, notava que se
formavam pegadas na areia. Às vezes apareciam dois
pares de pegadas, em outras somente aparecia um par.
Preocupou-me, porque notei que durante as cenas que
refletiam etapas tristes da minha vida, só podia ver um
par de pegadas na areia.
Então, disse a DEUS: “Senhor,
Tu me prometeste que, se Te seguisse,
Tu caminharias sempre a meu lado.
Não obstante, notei que durante os momentos mais
Difíceis da minha vida, somente havia um par de pegadas na areia.
Por que, quando mais necessitava de Ti,
Não caminhavas a meu lado?
O Senhor me respondeu:
“Às vezes em que viste
só um par de pegadas na areia,
filho Meu, foi quando te
levava em Meus braços”.
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por me conceder o Dom da Vida, agraciando - me com o seu
infinito amor, bondade e misericórdia, pois o modo como cuida de mim é
maravilhoso e inexplicável.
Aos meus pais, Fujio Sato e Kayoko Sato, pelos exemplos de vida,
dedicação, esforço, sabedoria e sacrifícios para a educação e boa formação de
seus filhos.
Aos meus irmãos, Eduardo e Gustavo, que mesmo distante foram meus
companheiros.
A minha namorada Josye Oliveira Vieira, pelo amor, carinho,
companheirismo e compreensão, sentimentos esses que foram essenciais e
indispensáveis para o meu crescimento.
À Universidade Federal de Lavras (UFLA), através do
Departamento de Engenharia Agrícola, pela oportunidade de
realização do presente trabalho.
Ao Prof. Dr. Antônio Marciano da Silva, professor
orientador, pela orientação, ensinamentos, paciência,
amizade e principalmente confiança, fatores essenciais para
realização deste trabalho
.
A CAPEs, pela concessão da bolsa de estudos.
Ao Prof. Luiz Gonzaga, pela ajuda e sugestões no trabalho.
À Pesquisadora
Dra. Sttella Dellyzete Veiga Franco da Rosa
,
que se dispôs com muita boa vontade a participar da banca.
A todo corpo docente do curso de Pós-Graduação em
Engenharia Agrícola, pelos ensinamentos transmitidos.
Aos funcionários do Laboratório de Hidráulica, seu Berg
(Lindeberg), Nem (Oswaldo) e José Luiz, pelo auxilio com
material e ajuda no experimento.
Aos amigos Guilherme e Márcio, que desde a graduação se
tornaram verdadeiros membros da minha família, presentes em todos os
momentos.
A todos os colegas e amigos da Universidade e da República Só-Kanela.
Em especial, ao Luiz Felipe, Cristian Leonel, Rodrigo Felício e a Neuza, am
de todos que de alguma forma estiveram presentes no meu dia-a-dia.
Aos colegas de pós-graduação, pela amizade e
companheirismo.
A toda equipe de trabalho, especialmente ao Carlinhos,
José Alves, Renato, Adriano, Polyanna e principalmente ao
Gilberto Coelho, pela amizade e companheirismo, sem os quais a
realização deste trabalho não seria possível.
A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
confecção deste trabalho.
Muito Obrigado!
SUMÁRIO
Página
RESUMO.............................................................................................................. i
ABSTRACT......................................................................................................... ii
1. INTRODUÇÃO................................................................................................1
2. REVISÃO DE LITERATURA.........................................................................3
2.1 A Cultura do Café (Coffea arábica L.)............................................................3
2.2. Necessidades térmicas e hídricas do cafeeiro.................................................3
2.3. Manejo da Irrigação........................................................................................6
2.4. Evapotranspiração de Referência (ET
0
)..........................................................7
2.5. Evapotranspiração Real (ER).........................................................................9
2.6. Evapotranspiração da Cultura (ET
c
)...............................................................9
2.7. Coeficiente de Cultura (Kc)..........................................................................10
2.8. Caracterização físico hídrica do solo............................................................12
2.8.1. Classe Textural..........................................................................................12
2.8.2. Densidade do Solo.....................................................................................13
2.8.3. Densidade de Partículas.............................................................................15
2.8.4. Porosidade.................................................................................................15
2.8.5. Retenção de Água no Solo.........................................................................16
2.9. Infiltração da água no solo............................................................................18
2.10. Capacidade de Campo................................................................................20
2.11. Disponibilidade de Água no Solo...............................................................20
2.12. Condutividade Hidráulica...........................................................................21
2.12.1. Condutividade Hidráulica Não Saturada (K(
θ
).......................................22
2.13. Balanço hídrico do solo..............................................................................24
2.13.1. Precipitação e Irrigação...........................................................................26
2.13.2. Deflúvio Superficial ou “Run Off” (R)................................................26
2.13.3. Drenagem Interna ou Ascensão Capilar..................................................27
2.12.4. Variação de armazenamento....................................................................28
3 MATERIAL E MÉTODOS..............................................................................29
3.1 Caracterização da área experimental.............................................................29
3.2. Sistema e manejo de irrigação......................................................................32
3.3. Caracterização físico hídrica do solo............................................................34
3.3.1. Classe Textural..........................................................................................34
3.3.2. Densidade do Solo.....................................................................................34
3.3.3. Densidade de Partículas.............................................................................35
3.3.4. Porosidade.................................................................................................35
3.3.5. Retenção de água no solo..........................................................................36
3.4. Infiltração de água no solo............................................................................39
3.5. Condutividade Hidráulica.............................................................................40
3.5.1. Condutividade Hidráulica Não Saturada...................................................40
3.6.
Balanço Hídrico do Solo..............................................................................43
3.6.1. Precipitação...............................................................................................44
3.6.2.Irrigação......................................................................................................44
3.6.3. Deflúvio Superficial ou “Run Off” (R)..................................................45
3.6.4. Drenagem Interna ou Ascensão Capilar....................................................45
3.6.5. Variação de armazenamento......................................................................46
3.7. Evapotranspiração de referência (ET
0
).........................................................46
3.8. Evapotranspiração da Cultura (ET
c
).............................................................47
3.9. Determinação do Coeficiente de cultura (Kc)..............................................48
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................49
4.1. Caracterização físico hídrica do solo............................................................49
4.1.1. Classe Textural..........................................................................................49
4.1.2. Densidade do Solo.....................................................................................50
4.1.3. Densidade de Partículas.............................................................................51
4.1.4. Porosidade.................................................................................................52
4.1.5. Retenção de água no solo..........................................................................54
4.2. Infiltração de água no solo............................................................................58
4.3. Condutividade Hidráulica.............................................................................59
4.3.1. Condutividade Hidráulica não Saturada K(
θ
) obtida pelo modelo de
Mualen – Van Genuchten....................................................................................60
4.4. Balanço Hídrico............................................................................................62
4.4.1. Precipitação e Irrigação.............................................................................62
4.4.2. Deflúvio Superficial..................................................................................63
4.4.3. Armazenamento de água no solo...............................................................64
4.5. Evapotranspiração de referência (ET
0
).........................................................70
4.6. Evapotranspiração da Cultura (ET
c
).............................................................73
4.7. Coeficiente de Cultura (Kc)..........................................................................75
5. CONCLUSÕES...............................................................................................78
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................80
i
RESUMO
SATO, Fabio Akira. Balanço Hídrico na cultura do cafeeiro (Coffea
arábica L.). UFLA, 2005. 89 p. (Dissertação - Mestrado em Engenharia
Agrícola)
No experimento conduzido em uma lavoura de café Coffea
arabica L., cultivar Catuaí Vermelho (IAC 44), localizada na Fazenda
Muquém FAEPE/UFLA, Lavras MG, objetivou-se monitorar o
regime hídrico e climático, estimar a evapotranspiração e o coeficiente de
cultura do cafeeiro Catuaí em uma lavoura com dezenove anos de idade,
desenvolvido em um experimento sobre épocas de irrigação, juntamente
com uma lavoura recepada (em 2000), realizado sobre um experimento
em que foram analisados os efeitos da irrigação com e sem período de
déficit hídrico, utilizando-se o método do balanço hídrico. Utilizou-se
gotejadores auto-compensantes, fabricados pela “Rain Bird”, instalados
na área antiga, e pela “Naan -Tif” na área recepada, ambos com vazão
nominal de 1,6 L h
-1
e espaçamento entre emissores de 0,35 e 0,45 m
respectivamente. Foram instalados tensiômetros na lavoura antiga e
recepada, e blocos de resistência elétrica na lavoura recepada, com
profundidade de 0,10; 0,30 e 0,50 m, fazendo as leituras três vezes por
semana. Os dados climatológicos necessários à estimativa da
evapotranspiração de referência e aos cálculos da irrigação foram
coletados junto à Mini Estação Climatológica, instalada na própria
fazenda experimental. Os resultados obtidos permitiram concluir que: o
cafeeiro com dezenove anos de cultivo apresentou uma ETc entre 1,00 a
4,46, com um valor médio de 2,72 mm dia
-1
e um Kc variando entre 0,50
a 1,18, com um valor médio de 0,82. Enquanto que o cafeeiro recepado
apresentou uma ETc entre 0,98 a 4,82, com um valor médio de 2,44 mm
dia
-1
e um Kc variando de variando de 0,42 a 1,27, com um valor médio
de 0,85. De acordo com a fenologia da cultura do café, os valores obtidos
para Kc mostraram-se em boa sintonia, porém, sinalizando necessidade
de estudos mais detalhados para o cafeeiro cultivado em regime de
irrigação, pois a maioria das informações disponíveis está relacionada às
condições de cafeeiro em regime de sequeiro.
Comitê Orientador: Antînio Marciano da Silva UFLA (Orientador),
Luiz Gonzaga UFLA (Co-orientador).
ABSTRACT
SATO, Fabio Akira. Hydro balance in coffee cultive (Coffea arabica).
Lavras: UFLA, 2004. 89p. (Thesis - Master of Science in Agricultural
Engineering/ Irrigation and Drainage)
In the experiment driven in a farming of coffee Arabic Coffea L., to
cultivate Catuaí - Red (IAC 44), located in Fazenda Muquém -
FAEPE/UFLA, Lavras - MG, was aimed at to monitor the
hydric
regime
and climatic, to esteem the evapotranspiration and the crop coefficient of
coffee crop in a farming with nineteen years of age, developed in an
experiment about irrigation times, together with a farming pruned (in
2000), accomplished on an experiment in that the effects of the irrigation
were analyzed with and without period of hydric deficit, being used the
water balance method. Drips was used solemnity-compensantes,
manufactured by "Rain Bird", installed in the old area, and for "Naan-Tif"
in the area pruned, both with nominal flow of 1,6 L h-1 and spacing
between originators of 0,35 and 0,45 m respectively. Tensimeters were
installed in the old area and pruned, and blocks of electric resistance in
the area pruned, with depth of 0,10; 0,30 and 0,50 m, accomplishing the
readings a week three times The necessary climatological data to the
estimate of ET
0
and the calculations of the irrigation was collected the
Mini Climatological Station close to , installed in the own experimental
farm. The obtained results allowed to end that: the crop coffee with
nineteen years of cultivation presented an ETc among 1,00 to 4,46, with a
medium value of 2,72 mm day
-1
and a Kc varying among 0,50 to 1,18,
with a medium value of 0,82. while the crop coffee pruned presented an
ETc among 0,98 to 4,82, with a medium value of 2,44 mm day
-1
and a Kc
varying from 0,42 to 1,27, with a medium value of 0,85. in agreement
with the fenology of the culture of the coffee, the values obtained for Kc
were shown in good syntony, however, signaling need of more detailed
studies for the coffee plant cultivated in irrigation regime, because most
of the available information is related to the coffee plant conditions in the
dried regime.
Guidance Committee: Antônio Marciano da Silva (Major Professor);
Luiz Gonzaga.
3
1. INTRODUÇÃO
O café é uma cultura característica das regiões intertropicais, pois
necessita de um clima quente e úmido. Introduzida no Brasil desde o século
XVIII, a cafeicultura expandiu-se de maneira muito rápida, passando a ser um
dos principais produtos agrícolas do país. O maior produtor brasileiro de café é o
Estado de Minas Gerais, onde a maior produção está concentrada principalmente
no Sul do Estado, no entanto o cerrado mineiro, nos últimos anos tamm vem
se destacando, devido à cafeicultura irrigada.
Reconhecidamente, o cafeeiro é afetado pela seca com a conseqüente
redução da produção. A introdução de novas tecnologias, factíveis de serem
adotadas pelos produtores, e de uma política financeira incentivando o plantio do
café, sem dúvida alguma, propiciarão um aumento da área cultivada, além de
atenuar os problemas de deficiência hídrica, prejudicial ao cafeeiro
principalmente na fase de frutificação, em que a irrigação torna-se necessária.
A deficiência hídrica pode comprometer os processos bioquímicos e
fisiológicos da planta, retardando, dessa forma, o desenvolvimento e o
crescimento da cultura, resultando em uma redução da produtividade agrícola. O
excesso hídrico, por outro lado, favorece o aparecimento de doenças e pragas,
além de provocar o escoamento superficial e a percolação, causadores da erosão
e da lixiviação de nutrientes do solo.
Assim evidencia-se a importância de identificar os métodos de
determinação das necessidades hídricas que melhor se ajustem às condições
locais, levando-se em consideração o solo, o clima, o desenvolvimento da
cultura e o sistema de irrigação utilizado. Modelos agrometeorológicos que
relacionam o rendimento das culturas com variáveis hídricas podem auxiliar na
previsão de safra e na identificação de material genético mais tolerante ao déficit
hídrico (MATZENAUER, 1994).
4
O conhecimento de como as plantas utilizam a água no solo e de como
respondem aos níveis de disponibilidade a partir do balanço hídrico, pode ser
uma saída viável para o estabelecimento de estratégias eficazes de manejo
visando ao melhor uso possível das reservas de água no solo pelas culturas. O
movimento cíclico da água na lavoura começa com a sua penetração no solo por
meio da infiltração, continua com seu armazenamento temporário na zona do
sistema radicular e termina com sua remoção do solo por meio da drenagem, da
evaporação e da absorção pelas raízes.
A importância do balanço hídrico como ferramenta para avaliar a
intensidade das saídas e entradas de água no solo e, por conseguinte, para
definição dos períodos de déficit hídrico para a cultura, está relacionada não só
ao conhecimento dos fatores que o compõem, como, também, ao conhecimento
das características da planta, principalmente da sua fenologia, que representa o
ponto de partida para a interpretação coerente dos resultados do balanço.
Sendo assim torna-se necessário o estudo de parâmetros de apoio para
cálculo da necessidade hídrica da planta, como o coeficiente de cultura (K
C
), que
se apresenta como um indicador de significado físico e biológico importante na
tomada de decisão agrícola. O Kc é determinado empiricamente e varia com a
cultura, clima, estágio de desenvolvimento e as práticas agronômicas adotadas.
Para uma melhor avaliação do Kc, seria necessário um peodo de tempo
maior do que é estabelecido para o curso de mestrado, de forma que o presente
trabalho representa a continuidade e aprofundamento dos estudos de OLIVEIRA
(2003). Assim, este trabalho teve por objetivos monitorar o regime hídrico e
climático, estimar a evapotranspiração e o coeficiente de cultura do cafeeiro
Catuaí com 19 anos de idade juntamente com um cafeeiro recepado (em 2000),
utilizando-se o método do balanço hídrico.
5
2. REVISÃO DE LITERATURA
2.1. A Cultura do Café
(Coffea arábica L.)
A espécie
Coffea arabica
originou-se nos vales das regiões montanhosas
da Abissínia, com altitudes compreendidas entre 1.000 e 2.500 metros, 6
o
a 9
o
de
latitude norte e 34
o
a 40
o
de longitude leste. A temperatura média dessas regiões
é de 20
o
C, com precipitações bem distribuídas e superiores a 1.600 mm anuais,
tendo um período seco de três a quatro meses (RENA & MAESTRI, 1994).
O cafeeiro é uma cultura cultivada em condições ecológicas variadas,
com altitudes até 2.000 m, além dos mais variados tipos de solo e clima
(CARVAJAL, 1984). Segundo o mesmo autor, o cafeeiro é cultivado em
condições desde muito secas, como no Yemen, até muito úmidas, com
precipitações pluviométricas superiores a 5.000 mm anuais, como na Índia. O
autor ressalta ainda, que chuvas excessivas produzem efeitos negativos na
produtividade e que valores superiores a 3.000 mm anuais devem ser
considerados como não apropriados para a condução econômica dos cafezais.
2.2. Necessidades térmicas e hídricas do cafeeiro
As regiões climaticamente aptas para a cafeeicultura no Brasil foram
delimitadas com base nos fatores térmicos e hídricos, predominantes nas áreas
de origem dos cafeeiros arábica e robusta. Com respeito ao fator térmico, os
parâmetros adotados para o mapeamento das aptidões climáticas, associadas às
temperaturas médias anuais, propostas por CAMARGO (1985), estão
demonstradas na Tabela 1.
6
TABELA 1.
Zoneamento para o cafeeiro com base nas temperaturas médias
anuais.
TEMPERATURA MÉDIA ANUAL (ºC)
Aptidão
Coffea arábica L.
(arábica)
Coffea canephora L.
(robusta)
Regiões aptas
18 – 22 ºC
> 22 ºC
Regiões marginais
22 – 23ºC
21 – 23 ºC
Regiões inaptas
< 18 ºC ou > 23 ºC
< 21 ºC
Fonte: Camargo, 1985.
O cafeeiro, de modo geral, para o seu pleno desenvolvimento, é exigente
em níveis adequados de temperatura, para atingir uma ótima produtividade. Da
germinação à produção de grãos, a temperatura influencia diretamente essas
fases da cultura, além dos processos fisiológicos de respiração, fotossíntese e
absorção de água e nutrientes, que repercutem como fatores determinantes na
produtividade final.
Com relação à distribuição e quantidade de chuvas, o cafeeiro é uma
cultura bastante tolerante. A precipitação anual ótima varia entre 1.200 e 1.800
mm (RENA & MAESTRI, 1994).
Períodos secos são importantes para o crescimento da raiz, maturação dos
ramos formados na estação chuvosa precedente, diferenciação floral e maturação
dos frutos (HAARER, 1962). Em contrapartida, períodos chuvosos ao longo de
todo o ano, não permitem que as gemas florais do cafeeiro experimentem um
período de repouso durante o seu desenvolvimento, o que é indispensável para
que ocorra a floração sincronizada em certas épocas.
Conforme GOPAL (1974), a deficiência hídrica no solo tem reflexos
negativos sobre o sistema radicular, particularmente sobre as raízes absorventes,
limitando a absorção de água e nutrientes, o crescimento da parte aérea e a
produção da planta. Dessa forma, mesmo em condições consideradas aptas ao
7
cafeeiro, a planta poderá sofrer danos no seu crescimento e/ou produção, com a
ocorrência de veranicos durante a estação chuvosa.
Estudos de balanços hídricos nas diferentes regiões cafeeiras do Brasil e
do mundo indicam que o cafeeiro arábico suporta até 150 mm/ano de deficiência
hídrica, especialmente se este período não se prolongar até o mês de setembro e
se as condições de solo (textura e profundidade) forem adequadas (solos
argilosos e profundos). Da mesma forma, para o cafeeiro robusta, a deficiência
hídrica não deve exceder a 200 mm/ano. (CAMARGO, 1985).
Com relação ao fator hídrico, o
Coffea arábica L.
e o
Coffea canephora
L.
apresentam exigências muito semelhantes, que estão relacionadas às
condições de umidade do solo. Os limites foram adotados com base na
deficiência hídrica anual (dha), definida através do balanço hídrico proposto por
Thornthwaite e Mather (Tabela 2).
TABELA 2.
Zoneamento para o cafeeiro com base na deficiência hídrica anual.
DEFICIÊNCIAS HÍDRICAS (mm)
Aptidão
Coffea arábica L.
(arábica)
Coffea canephora L.
(robusta)
Regiões aptas
< 150
< 200
Regiões marginais
150 – 200
200 – 400
Regiões inaptas
> 200
> 400
Fonte: Camargo, 1985.
De acordo com CAMARGO (1985), a interação entre a fenologia de
frutificação do cafeeiro e o efeito das deficiências hídricas do cafeeiro arábica no
hemisfério sul, em latitudes superiores a 4º, podem ser caracterizados da
seguinte forma: granação (fase crítica), vai de janeiro a março; maturação e
gemação (fase crítica) em abril, maio e junho; dormência (fase não crítica) em
julho, agosto e setembro; frutificação e expansão (fase crítica) em outubro,
novembro e dezembro. Segundo o mesmo autor, a ocorrência de estiagens
8
ocasionais e deficiências hídricas acentuadas na fase de frutificação ou
expansão, afetam o crescimento dos grãos e se ocorrerem na fase de granação,
quando os frutos estão se solidificando internamente, os grãos poderão ficar
chochos ou mal granados.
Na fase de colheita e “repouso”, a exigência hídrica do cafeeiro é
pequena e o solo pode ficar mais seco, sem grandes prejuízos para a planta. Uma
deficiência hídrica nesse período pode estimular o abotoamento do cafeeiro,
conduzindo, ainda, a uma florada mais uniforme, quando no reinicio das chuvas.
Assim as regiões mais secas e frias, no período de colheita produzem café de
melhor qualidade (bebida dura para melhor), como ocorre no Sul de Minas
Gerais. (MATIELLO et al., 1995).
2.3.
Manejo da Irrigação
O limite de produção de uma cultura é determinado pelo seu potencial
genético, pelas condições nutricionais e climáticas. Para alcançar esse limite,
dependerá sempre da precisão com que os aspectos de engenharia de suprimento
de água estiverem em consonância com as necessidades biológicas da cultura.
Portanto, a utilização eficaz da água para um ótimo crescimento e altos
rendimentos das culturas só poderá ser alcançado quando o planejamento, o
projeto e a operação de reposição de água e do sistema de distribuição estiverem
orientados com o propósito de atender, em quantidade e tempo requeridos,
incluindo o período de escassez, às necessidades hídricas (DOORENBOS &
KASSAM, 1994).
De acordo com JUNQUEIRA et al. (1998), a utilização da irrigação na
agricultura brasileira, de maneira geral, vem ocorrendo sem um monitoramento
criterioso do teor de água no solo, portanto, a ausência de um manejo adequado
da água utilizada na irrigação contribui para o seu desperdício.
9
O método bastante utilizado no manejo da irrigação para determinar a
ET
c
(Evapotranspiração da Cultura), partindo da ET
0
(Evapotranspiração de
Referência) e dos Coeficientes de Cultura (Kc) é o do Tanque Classe “A”, que é
recomendado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a
Agricultura (FAO, 1985). A utilização do método do Tanque Classe “A”, para o
manejo da irrigação possui algumas vantagens, dentre elas o custo relativamente
baixo, possibilidade de instalação próxima à cultura a ser irrigada, facilidade de
operação e a boa estimativa da demanda hídrica das culturas.
2.4. Evapotranspiração de Referência (ET
0
)
A determinação da evapotranspiração do cafeeiro, assim como os
coeficientes utilizados no manejo da irrigação, têm sido o grande desafio dos
pesquisadores, os quais procuram caracterizar regionalmente esses fatores
buscando a condição ideal de suprimento hídrico da cultura e a preservação dos
mananciais de captação (BERNARDO, 1995).
De acordo com THORNTHWAITE (1948), citado por PEREIRA et al.
(1997), o termo evapotranspiração potencial (ETp) expressa a ocorrência
simultânea dos processos de transpiração e evaporação de uma extensa
superfície gramada, sem restrição hídrica e em crescimento ativo. Assim
definida, a ETp representa um elemento climatológico que corresponde ao
processo oposto da chuva sendo expressa na mesma unidade de medida (mm),
tornando possível à estimativa da demanda hídrica da cultura e as condições ou
disponibilidade de água no solo através do balanço hídrico climático.
A evapotranspiração pode ser determinada por meio de medidas diretas
ou por modelos que levam em consideração a utilização de variáveis climáticas.
No primeiro grupo são utilizados diversos tipos de lisímetros além do método de
balanço de água no solo, já no segundo grupo são utilizados modelos teóricos,
10
empíricos e evaporímetros, como o Tanque Classe “A”. Segundo PERES et al.
(1995), apesar de fornecer as melhores estimativas de evapotranspiração, os
métodos diretos são de difícil operacionalidade, motivo pelo qual seu uso se
restringe basicamente em centros de pesquisa visando calibrar os métodos do
segundo grupo. Devido a essas dificuldades, vários métodos teóricos e empíricos
foram desenvolvidos com o intuito de estimar a evapotranspirão, sendo alguns
bastante simples, o que necessitam somente da temperatura do ar como variável
climática e outros com uma configuração teórica mais complexa, que requer um
maior número de variáveis meteorológicas na sua utilização.
O boletim 24 da Food and Agriculture Organization (FAO), preparado
por DOORENBOS & PRUITT (1977), utilizou o conceito de ETp, tomando-a
como referência para estimar as necessidades hídricas das culturas, explicitando
que a grama deve ter entre 0,08 a 0,15 m de altura para melhor caracterizar a
superfície foliar transpirante. Em 1990, a FAO, reuniu uma equipe de
especialistas em evapotranspiração para rever esse boletim. A partir dessa
reunião definiu-se que o método de Penman-Monteith seria o mais indicado para
estimar a evapotranspiração de uma cultura na escala diária, PEREIRA et. al.
(1997). A adoção desse boletim pela comunidade irrigante consagrou o termo
evapotranspiração de referência (ET
0
) introduzido por JENSEN et al. (1971).
Segundo MEDEIROS (2002), o método Penman-Monteith é uma
referência internacional e que representa uma cultura hipotética a qual permite
se obter resultados confiáveis do potencial de evapotranspiração de um local.
ALLEN et al. (1998), em trabalhos recentes, redefiniu ET
0
como sendo aquela
de um gramado hipotético, com altura de 0,12 m, albedo igual a 0,23 e
resistência da superfície ao transporte de vapor d’água igual a 70 s m
-1
. Para um
gramado com essas condições, o índice de área foliar (IAF) está em torno de 3,0
m
2
de área foliar por m
2
de terreno ocupado, assemelhando-se a uma superfície
verde sombreando totalmente o solo, bem suprida de umidade, e em crescimento
11
ativo. A superfície gramada predominantemente utilizada no Brasil é a grama
batatais (
Paspalum notatum
Flugge), conhecida como grama forquilha ou “bahia
grass”, sendo também adotada como vegetação nos postos agrometeorológicos.
Esta gramínea é originária da América do Sul e Central, apresentando a
vantagem de adaptar-se bem a quase todo o tipo de solo, crescendo
vigorosamente em solos com boa fertilidade e umidade. A grama batatais, como
a maioria das gramíneas tropicais, tem maior crescimento e temperaturas entre
30 e 35ºC, e praticamente cessa a temperaturas inferiores a 15ºC (RAMOS,
1997).
2.5. Evapotranspiração Real (ER)
Evapotranspirão real é aquela que ocorre numa superfície vegetada,
independente de sua área, de seu porte e das condições de umidade do solo,
portanto, ER é aquela que ocorre em qualquer circunstância, sem imposição de
qualquer condição de contorno (PEREIRA et al., 1997). A ER pode ser limitada
tanto pela disponibilidade de radiação solar como pelo suprimento de umidade
do solo.
2.6. Evapotranspiração da Cultura (ET
c
)
Uma cultura cresce progressivamente e ocupa uma área disponível,
desde o plantio até a sua colheita. Evidentemente, nessas condições ocorre a
evaporação real, que na prática é denominada evapotranspiração da cultura
(ET
c
). DOORENBOS & KASSAM (1994), chamaram ET
c
de evapotranspiração
máxima.
O conhecimento da ET
c
permite estimar a quantidade de água que deve
ser reposta ao solo para manter o crescimento e a produção da cultura em
12
condições ideais. Em condições de campo, os lisímetros e o balanço hídrico, são
os métodos mais utilizados para a determinação da ETc.
2.7. Coeficiente de Cultura (Kc)
O coeficiente de cultura é um indicador de significado físico e biológico,
uma vez que depende da área foliar, arquitetura (parte aérea e sistema radicular
da planta), cobertura vegetal e da transpiração da planta (DENMEAD & SHAN,
1962; JENSEN, 1969; WRIGHT, 1982; ALLEN et. al., 1994). Na definição de
seus valores não é considerada diretamente, para efeito de cálculo, a superfície
transpirante, que depende da população e distribuição de plantas, bem como do
manejo da cultura em relação às plantas daninhas. A determinação do Kc para o
cafeeiro precisa de mais experimentação agronômica, abrangendo maior
diversidade climática (ARRUDA et. al., 2000).
No decorrer do período vegetativo, o valor de Kc muda de acordo com o
crescimento e desenvolvimento da cultura, variando também com a fração de
cobertura da superfície do solo pela vegetação à medida que as plantas
envelhecem e atingem a maturação (SEDIYAMA et. al., 1998). O mesmo autor
ressalta ainda, que o Kc pode variar com a textura e o teor de água do solo, com
a profundidade e a densidade radicular e com as características fenológicas da
planta, entretanto, o conceito de Kc tem sido usado, extensivamente, para
estimar a necessidade real de água de uma cultura particular por meio de
estimativas ou medições de ETc.
Um simples valor de Kc não pode ser estabelecido para todas as
situações climáticas, portanto, deve ser determinado um coeficiente de cultura
para cada estádio de desenvolvimento da cultura em estudo, isso é o que várias
pesquisas vem demonstrando com relação a ETc.
13
OLIVEIRA (2003), reporta que atualmente utiliza-se um novo conceito
de Kc, que combina os efeitos da resistência do movimento da água no solo para
vários tipos de superfície e a resistência da difusão de vapores da superfície para
a atmosfera, ou seja, o novo Kc incorpora o ajuste devido ao molhamento da
superfície do solo, no período de chuva ou na época de irrigação.
Teoricamente, o Kc pode ser decomposto em dois componentes, um
relacionado à planta (Kcp), também chamado de basal e outro relacionado ao
solo (Kcs) (JENSEN et al.,1971; WRIGHT, 1982). Então o Kc atual depende da
evaporação de Kcp e Kcs, além de depender da umidade exposta na superfície
do solo e da disponibilidade de água no interior da zona radicular.
Existem poucos relatos de pesquisas disponíveis sobre o Kc relacionado
ao cafeeiro e sua dinâmica em relação ao ambiente. SANTINATO
et al
. (1996)
apresentam na Tabela 3, como sendo uma primeira aproximação para valores do
Kc para o cafeeiro, em função do espaçamento entre ruas e plantas conforme a
idade da lavoura.
TABELA 3.
Coeficiente de cultura (Kc) do café (
Coffea arabica L.
).
Idade (anos)
Espaçamento (m)
Rua x Plantas
Nº plantas/ha
Kc
> 3,0 x >1,0
2500
1,0
> 3,0 x 0,5 a 1,0
3333
1,2
2,0 a 3,0 x 0,5 a 1,0
6666
1,2
> 3 (adulta)
1,0 a 2,0 x 0,5 a 1,0
13333
1,3
> 3,0 x >1,0
2500
0,8
> 3,0 x 0,5 a 1,0
3333
0,9
2,0 a 3,0 x 0,5 a 1,0
6666
1,0
De 1 a 3
1,0 a 2,0 x 0,5 a 1,0
13333
1,1
> 3,0 x >1,0
2500
0,6
> 3,0 x 0,5 a 1,0
3333
0,7
2,0 a 3,0 x 0,5 a 1,0
6666
0,8
De 0 a 1
1,0 a 2,0 x 0,5 a 1,0
13333
0,9
Fonte: Santinato et al. (1996).
14
BLORE (1964) encontrou para o cafeeiro um coeficiente de cultura (Kc)
de 0,5 para estação seca e de 0,8 para a estação úmida. GUTIÉRREZ &
MEINZER (1994) apresentaram um Kc de 0,58 para cafeeiros com
aproximadamente um ano de plantio e valores médios de 0,75 e 0,79 no período
de dois a quatro anos de idade. Para cafezais com manejo adequado e altura de 2
a 3 metros, em clima subúmido, ALLEN et. al. (1998) propõem um Kc entre
0,90 e 0,95 na ausência de plantas daninhas e de 1,05 a 1,10 na presença destas,
adotando a evapotranspiração de referência estimada pela equação de Penman-
Monteith (versão FAO). ARRUDA et. al. (2000), obtiveram valores de Kc que
variaram entre 0,73 e 0,75 nos primeiros anos de plantio e de 0,87 a 0,93 aos 7 e
8 anos, respectivamente.
2.8. Caracterização físico hídrica do solo
2.8.1. Classe Textural
Conforme MIRANDA et al. (2001), a textura exerce influência em
diversas variáveis relacionadas com a interação água e solo.
De acordo com PREVEDELLO (1996), existem muitas classificações
para definir as escalas de tamanho das partículas, no entanto utiliza-se a escala
proposta pela Sociedade Internacional de Ciência do Solo (ISSC), que adota a
escala originalmente proposta por Attemberg e a escala proposta pelo
Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA). A Figura 1 traz a
classificação textural dos solos de acordo com a ISSC e com o Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos.
15
A rgila
A rgila
L im o
L im o
A reia
Fina
G ros sa
A reia
Casc alho
Casc alho
M uito
Fina
Fina
M éd ia
G ros sa
M uito
G ros sa
0,0 02
0,0 2
0,2
2,0
0,0 02
0,0 5
0,1
0,2 5
0,5
1,0
2,0
ISSC
US DA
FIGURA 1 -
Classificação textural dos solos de acordo com o tamanho das
partículas em mm (KLAR, 1991).
A textura do solo constitui-se numa das características físicas mais
estáveis, portanto apresenta grande importância, tanto na identificação dos solos
quanto na predição de seus comportamentos (OLIVEIRA, 2003). Sendo assim, a
análise granulométrica é utilizada principalmente objetivando ao manejo
racional e adequado do solo.
2.8.2. Densidade do Solo
De acordo com KIEHL (1979), a densidade do solo pode ser definida
como sendo a relação existente entre a massa de solo seco a 110°C e a soma dos
volumes ocupados pelas partículas e pelos poros. Ainda segundo o autor, a
densidade geralmente aumenta com a profundidade do perfil, pois as pressões
exercidas pelas camadas superiores, sobre as subjacentes, provocam o fenômeno
de compactação reduzindo a porosidade. A movimentação do material fino dos
horizontes superiores para os inferiores, por eluviação, também concorre para
reduzir os espaços porosos e aumentar a densidade dessas camadas.
16
A densidade do solo reflete o arranjo das partículas do solo, o mesmo
que define as características do sistema poroso, e depende da estrutura, da
umidade, compactação e do manejo do solo, principalmente (FERREIRA et al.,
2003).
Conforme PREVEDELLO (1996), a compactação afeta todos os
processos de transporte ocorrentes no solo (aeração; condutividade do solo ao ar,
a água, ao calor; infiltração; redistribuição; etc), além dos processos de
transformações químicas e biológicas, de impedimentos mecânicos na
emergência de plantas e no desenvolvimento de raízes, com isso, a compactação
pode comprometer severamente a produção agrícola. No entanto, MIRANDA et
al. (2001) salientam que não se pode tomar como base única essa variável para
comparar a condição de compactação entre solos, uma vez que a textura exerce
grande influência no seu valor.
Os seguintes intervalos de valores obtidos na superfície dos solos
cultivados encontram-se na Tabela 4.
TABELA 4.
Intervalos de valores encontrados na superfície dos solos
cultivados.
CLASSES DE
SOLOS
ρρ
g (kg
m
-3
)
Arenosos
1250 –
1400
Argilosos e francos
1000 –
1400
Humíferos
750 –
1000
17
Turfosos
200 –
450
Fonte: Prevedello, 1996.
2.8.3. Densidade de Partículas
Conceitualmente, define-se a densidade de partículas como a relação
existente entre a massa de uma amostra de solo e o volume ocupado pelas
partículas sólidas (KLAR, 1991).
Na maior parte dos solos minerais a densidade de partícula varia de 2,60
a 2,70 kg dm
-3
, pela influência dominante do quartzo, que apresenta peso
específico de 2,65 kg dm
-3
. Este valor pode ser alterado pela presença dos óxidos
de ferro e metais pesados, aumentando seu valor, enquanto que a matéria
orgânica provoca seu abaixamento (PREVEDELLO, 1996; LIBARDI, 1999).
A maior dificuldade na sua determinação está na obtenção do volume
dos sólidos, sendo o método do Picnômetro, com emprego de água destilada
desaerada sob vácuo, e o método do balão volumétrico, com emprego do álcool
etílico, os mais usados (FERREIRA et al., 2003).
2.8.4. Porosidade
A relação entre a densidade global e a densidade de partículas, nos
informa sobre a porosidade total (
α
) de um solo. Segundo PREVEDELLO
(1996), a porosidade total, ou também chamada, fração volumétrica total dos
poros é uma importante característica dos solos, pois, tanto a solução quanto o ar
do solo são armazenados e transportados dentro dos espaços porosos, além das
raízes das plantas ocuparem esses espaços. O mesmo autor apresentou uma
18
relação com intervalos de valores que têm sido encontrados na superfície de
solos cultivados (Tabela 5).
TABELA 5.
Intervalos de valores de porosidade encontrados na
superfície de solos cultivados.
Classe de Solos
αα (m
3
m
-3
)
Arenosos
0,35 – 0,50
Siltosos e francos
0,30 – 0,55
Argilosos
0,40 – 0,65
Humíferos
0,60 – 0,80
Turfosos
0,80 – 0,85
Fonte: Prevedello, 1996.
KIEHL (1979), cita que a porosidade pode ser classificada em
porosidade capilar, denominada microporosidade, e porosidade não capilar ou
macroporosidade. Os microporos garantem a retenção e o armazenamento de
água para as plantas, enquanto que os macroporos são importantes para a
aeração do solo e infiltração da água. A importância relativa destes conjuntos de
poros depende do tipo de cultivo, condições climáticas, posição do lençol
frtico, possibilidade de irrigação, além do controle ambiental.
2.8.5. Retenção de água no solo
A retenção de água no solo pode ser representada graficamente pela
curva de retenção, a qual relaciona a umidade versus o potencial mátrico do
solo. A interação entre as três fases distintas em que o solo se apresenta: sólida
19
(matriz do solo); líquida (solução aquosa) e gasosa (ar do solo), interferem o
estado energético com que a água se movimenta no solo (LIBARDI, 2000).
A influência da umidade do solo sobre o potencial mátrico pode ser
avaliada a partir de três formas: Funil de Haines, Câmara de pressão de Richards
e Tensiômetros. Na confecção da curva de retenção pode-se partir de amostras
saturadas ou secas, obtendo assim, uma curva por molhamento ou secamento,
respectivamente. REICHARDT (1985), salienta que a umidade do solo na
condição de equilíbrio, a uma dada tensão é maior na curva de secamento do que
na curva de molhamento. Este fenômeno é atribuído à histerese, oriundo da não
uniformidade dos poros individuais com relação a fenômenos de capilaridade,
bolhas de ar que permanecem fixas dentro dos macroporos e a expansão das
argilas durante secamento e molhamento.
Características de um solo, tais como textura, estrutura, grau de
compactação e teor de matéria orgânica influem na curva de retenção de água no
solo (PREVEDELLO, 1996). Em solos arenosos onde a porcentagem de poros
apresenta tamanhos relativamente grandes e uma vez esvaziados a uma dada
distribuição uniforme dos poros, determina uma adsorção de maior quantidade
de água, o que leva a um decréscimo mais gradual do teor de água quando se
aumenta a tensão (MIRANDA et al., 2001).
PORTELA (2000), estudando o efeito da retenção de água num
latossolo amarelo com textura arenoso, sob diferentes usos, constatou que a uma
profundidade de 0,0 a 0,3 m de profundidade, devido à compactação promovida
pelo cultivo de citrus, houve uma menor retenção de água a baixas tenções
comparadas com uma área de mata.
Em sistemas de cultivo como plantio direto e plantio convencional
também se observa uma variação nas curvas de retenção. ESPÍRITO SANTO
(1998), estudando a transmissão de água num latossolo roxo sob diferentes
cultivos ao comparar a curva de retenção de água no solo do sistema de plantio
20
direto irrigado com o sistema convencional irrigado, verificou que este último
perde mais água as um incremento de tensão de 0,5 a 0,8 kPa. Conforme o
mesmo autor este fato é uma indicação de que a quantidade e a distribuição do
tamanho de poros é diferente nos dois sistemas, onde para o sistema
convencional há um maior volume de macroporos responsáveis pelo processo
mais rápido de drenagem para o intervalo de tensão considerado.
De acordo com HILLEL (1971), poros grandes perdem água retida por
capilaridade a potenciais elevados, enquanto que os pequenos poros retêm água
até potenciais baixos, a qual fica adsorvida no sistema coloidal, ocasionando
uma alta retenção. JORGE & PRADO (1988), comentam que a textura e a
estrutura do solo são atributos que influenciam diretamente na retenção da água
pelo solo.
2.9. Infiltração da água no solo
Denomina-se infiltração o processo pelo qual a água penetra no solo
através de sua superfície. A velocidade de infiltração d’água em um solo é um
fator muito importante na irrigação, visto que ela determina o tempo em que se
deve manter a água na superfície do solo ou a duração da aspersão, de modo que
se aplique uma quantidade desejada de água, evitando assim que ocorra o
deflúvio superficial, fenômeno responsável pela erosão. (BERNARDO, 1995).
A infiltração determina o balanço de água na zona radicular e, por isso,
o conhecimento deste processo e suas relações com as propriedades do solo são
de fundamental importância para o eficiente manejo do solo e da água
(BRANDÃO et. al.,2002).
De acordo com o BERNARDO (1995), para um mesmo tipo de solo, a
velocidade de infiltração varia com a umidade do solo no momento da aplicação,
sua porosidade e a existência de camadas compactadas. Na tabela 6,
21
BERNARDO (1995) classificou o solo, tomando como parâmetro a velocidade
de infiltração básica (VIB) de um solo.
TABELA 6.
Classificação do solo quanto a VIB.
Tipos de Solo
VIB
VIB muito alta
> 3,0 cm h
-1
VIB alta
1,5 – 3,0 cm h
-1
VIB média
0,5 – 1,5 cm h
-1
VIB baixa
< 0,5 cm h
-1
Fonte: Bernardo. (1995)
LIBARDI (1999), relata que num perfil de solo uniforme a distribuição
da água com a profundidade, quando se tem uma pequena carga hidráulica sobre
a superfície do solo, é dado por: a) zona de saturação, a qual presume-se estar o
solo saturado; b) zona de transição, região de rápido decréscimo de umidade; c)
zona de transmissão, porção do perfil através da qual a água é transmitida com
variações muito pequenas de umidade; d) zona de umedecimento, região de
variação relativamente rápida de umidade; e) frente de molhamento,
compreendendo uma pequena região na qual o gradiente de umidade sofre uma
variação bastante abrupta, representando o limite visível da penetração de água
no solo.
A determinação de infiltração de água no solo deve ser feita por método
simples e capazes de representar, adequadamente, as condições em que se
encontra o solo. (PRUSKI et al., 1997). Os equipamentos mais utilizados são: o
infiltrômetro de anel e o simulador de chuvas.
O método da infiltração de água no solo, utilizando o simulador de
chuvas é mais preciso quando comparado com o infiltrômetro de anel, o qual
superestima a taxa de infiltração, isso porque o simulador de chuvas proporciona
um encrostamento da superfície do solo sob a chuva simulada, enquanto que no
22
infiltrômetro de anel isso não ocorre, já que não existe o impacto das gotas de
precipitação contra a superfície do solo. Outro fator que contribui para que as
taxas de infiltração obtidas com o infiltrômetro de anel sejam maiores do que
aquelas obtidas com o simulador de chuvas é que, no infiltrômetro de anel,
existe uma lâmina de água sobre a superfície do solo, que proporciona maior
potencial para promover a infiltração (BRANDÃO et. al.,2002).
2.10. Capacidade de campo
VEIHMEYER & HENDRICKSON, citados por CARVALHO et. al
(1996), provavelmente foram os primeiros pesquisadores a estudarem a
capacidade de campo, definido como a quantidade de água remanescente no
solo, dois ou três dias as a irrigação, quando a drenagem livre é desprezível.
Com os conhecimentos atuais do movimento da água em solos saturados
e não saturados, tornou-se evidente que a capacidade de campo é um conceito
arbitrário, e não uma propriedade física do solo. Em solos de textura grossa,
geralmente a redução da intensidade de movimento com a diminuição da
umidade do solo, abaixo de certos valores, apresenta uma faixa de transição bem
nítida, tornando a capacidade de campo bem definida. Porém em alguns solos de
textura fina, não há nítida faixa de transição na redução da intensidade de
movimento da água, tornando o conceito de capacidade de campo pouco preciso
(BERNARDO, 1995).
2.11. Disponibilidade de Água no Solo
A água no solo teoricamente disponível para as plantas é armazenada
entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente. Em termos de
potencial mátrico esta água disponível se encontra entre 0,1 - 0,3 atm e 15 atm.
23
Diz-se teoricamente disponível porque para muitas plantas, muito antes do solo
atingir o ponto de murcha permanente, a água já deixa de ser disponível, porém
o conceito clássico de água disponível não se fornece um critério para
caracterizar o solo quanto a sua capacidade de armazenamento. Sendo de um
modo geral, que um solo raso ou de textura grossa, apresenta uma menor
capacidade de retenção exigindo irrigações mais freqüentes (MIRANDA et al.
2001).
2.12. Condutividade Hidráulica
Segundo PREVEDELLO, 1996, o primeiro estudo realizado sobre
movimento de água em meio poroso, aconteceu em 1856, através do engenheiro
hidráulico frans Henry Darcy, quando estudou a filtragem de água por meios
porosos para fins de abastecimento de água em Dijon, na França.
Darcy demonstrou que a densidade de fluxo, isto é, o volume de água
que passa por unidade de área de uma coluna de material permeável é
proporcional ao gradiente de potencial hidráulico e a condutividade hidráulica
do meio. A equação de Darcy escrita na forma diferencial apresenta-se da
seguinte forma:
L
t
K
q
φ
×
=
0
(1)
Em que:
q = densidade de fluxo (L t-1);
K
0
= condutividade hidráulica do solo saturado (L t
-1
);
∆φ
t/L
= gradiente do potencial total (a força responsável pelo movimento do
quido no meio poroso, adimensional).
24
Posteriormente, Buckingham, em 1907, alterou esta equação que a
mesma pudesse ser aplicada em solos não saturados, já que é a situação mais
comum, portanto esta equação ficou conhecida como equação de Darcy
Buckingham.
De acordo com MIRANDA et al. (2001), a condutividade hidráulica
pode ser definida como sendo o coeficiente de proporcionalidade apresentado
pela equação de Darcy, o qual expressa a “facilidade” com que determinado
fluido se desloca no meio, mostrando-se dependente das características do meio
e do fluido.
Um solo muito poroso pode ser muito condutivo se seus poros forem
grandes e bem interconectados, tal como se verifica em areias limpas, ou quase
impermeáveis se seus poros são muito pequenos, como ocorre em alguns solos
argilosos ou em certos materiais vulcânicos. Em geral, solos pouco porosos
tendem a ser pouco condutivo, já que as conexões entre os poros são mais
difíceis (PREVEDELLO, 1996).
Conforme KLAR (1991), os valores médios de condutividade hidráulica
variam de 10
-2
a 10
-3
cm s
-1
no caso dos solos arenosos, e de 10
-4
a 10
-3
cm s
-1
para solos argilosos. Am da textura, outras variáveis de solo afetam a
condutividade, como estrutura, porosidade, tamanho dos poros, grau de
compactação dos solos e características do fluido.
2.12.1. Condutividade Hidráulica Não Saturada (K(
θθ
))
O fluxo de água denomina-se não saturado quando ele ocorre no solo em
qualquer condição de umidade, abaixo do valor de saturação. A maioria dos
processos que envolve movimento de água no solo, dentro ou fora de uma
cultura, ocorrem com o solo em condições não saturadas. Estes processos de
fluxo não saturado são geralmente complicados e de difícil descrição
25
quantitativa. Em condições de não saturação a primeira modificação na equação
de Darcy, envolve o reconhecimento de que os poros ocupados por ar, reduzem
a área efetiva ao fluxo, aumentando a tortuosidade do fluxo remanescente
(PREVEDELLO, 1996).
Para HILLEL (1971), a diferença entre os meios saturados e não
saturados estão na condutividade hidráulica. Quando o solo está saturado, seus
poros estão preenchidos e conduzindo água, apresentando uma condutividade
máxima. Já em condição de não saturação, alguns poros ficam preenchidos com
ar e a condutividade hidráulica decresce rapidamente. Assim, sabe-se que tanto
para meios saturados quanto não saturados, a maior dificuldade na quantificação
do fluxo da água encontra-se na determinação da condutividade hidráulica.
A aplicação da equação de Darcy Buckingham é altamente dependente
da estrutura do solo, então, a determinação da condutividade hidráulica torna-se
uma das maiores dificuldades encontradas. Determinações por meio de amostras
deformadas não são desejáveis, uma vez que não se preserva a estrutura do solo.
Já as amostras indeformadas, por sua vez, podem permitir fluxo de escoamento
preferencial entre o solo e as paredes do cilindro, assim, os métodos
“in situ
apresentam melhores consistências nos valores obtidos para a condutividade
hidráulica não saturada, do que os laboratoriais, principalmente, porque
preservam as propriedades físicas do solo. Alternativamente ao método
“in
situ”,
existem as estimativas da condutividade hidráulica, a partir de dados do
solo, dentre eles, os da curva de retenção de água no solo, os quais são mais
facilmente disponíveis (LIBARDI, 1999), como a equação de MUALEN (1976),
que relaciona parâmetros da equação de VAN GENUCHTEN (1980).
Dentre os métodos mais estudados no laboratório destacam-se os
permeâmetros de carga variável e constante (método direto) e a determinação da
condutividade baseando-se nos teores de limo e argila, sendo mais utilizado para
26
a irrigação, o permeâmetro de carga constante. Quanto aos métodos
“in situ”
destacam-se o perfil instantâneo e o permeâmetro de Guelph.
SAUNDERS (1978), considera que a determinação da condutividade
hidráulica em condições de campo apresenta uma aproximação das condições
reais, ao contrário do laboratório, que utiliza amostras simples de solo,
apresentando-se maior quantidade de erros pelas alterações das condições
naturais.
O método do perfil instantâneo é um método de campo, que foi
inicialmente desenvolvido por WATSON (1966), aperfeiçoado por HILLEL et
al. (1972) e simplificado por LIBARDI et al. (1980). Dentre as vantagens, pode-
se citar a obtenção de medidas diretas no campo em estudo, apresentando uma
maior precisão dos valores de condutividade hidráulica, quando comparados
com os de laboratório. Em contrapartida, é um método trabalhoso, com um
consumo elevado de tempo e principalmente mão de obra, desde a instalação até
a manutenção, o que pode ser dificultado ainda mais se o solo apresentar algum
tipo de impedimento sico. Outro método é o permeâmetro de Guelph, que é
considerado uma ferramenta que fornece medidas simples e precisas
.
Avaliações
precisas de condutividade, absorção e potencial de fluxo são realizáveis em todo
tipo de solo.
2.13. Balanço hídrico do solo
Segundo PEREIRA et al. (1997), o balanço hídrico é um sistema
contábil de monitoramento da água no solo que resulta na aplicação do princípio
de conservação de massa, ou seja, a contabilização das entradas e saídas de água
em um volume de solo num dado intervalo de tempo.
O balao hídrico do solo é fundamental, pois define as condições
hídricas sob as quais a cultura se desenvolve (REICHARDT, 1985). O consumo
27
de água pelas comunidades vegetais é um importante parâmetro a ser
considerado na avaliação da produtividade das culturas. Uma forma pela qual
esse consumo de água (evapotranspiração) pode ser determinado é através do
balanço hídrico do solo.
Para prover as disponibilidades hídricas do solo necessárias à cultura do
cafeeiro, não bastam apenas considerar os dados pluviométricos do período em
estudo, no qual correspondem apenas ao processo de suprimento de água para o
uso das plantas. É necessário considerar tamm os processos de perda de água
do solo para a atmosfera, realizando-se, portanto o balanço hídrico da água no
solo (CAMARGO, 1987).
Nesses balanços contábeis, o solo funciona como um reservatório de
água; a precipitação e/ou a irrigação, como entrada, e a evapotranspiração, como
saída de água (CAMARGO, 1987). O movimento cíclico da água no solo
começa com a infiltração, continua com o seu armazenamento temporário na
região do sistema radicular da cultura e termina com sua remoção do solo por
meio da drenagem, da evaporação e da absorção de água pelas raízes (HILLEL,
1970).
Segundo GUANDIQUE (1993), o balanço hídrico pode ser realizado
através de dados obtidos num volume de controle do solo ou pode ser feito
também por meio de uma série de dados climatológicos disponíveis em um
determinado local, podendo ser classificados como balanço hídrico do solo e
climatológico respectivamente. Independente do método utilizado, a
determinação da evapotranspiração da cultura é difícil, onerosa e sujeita a
muitos erros, porém seu conhecimento é muito importante para manter o solo
em condições ideais ao crescimento e desenvolvimento vegetativo das culturas.
A metodologia do balanço hídrico num volume de controle de solo tem sido
apresentada por vários autores (ROSE, 1966; SLATYER, 1967; REICHARDT
et al., 1979), sendo seus componentes (precipitação, irrigação, evapotranspiração
28
da cultura, deflúvio superficial ou “run -off”, drenagem ou ascensão capilar e a
variação do armazenamento de água no solo) apresentados numa forma integral
ou diferencial numa equação geral de balanço de massa (VOLPE, 1986).
Atualmente a ênfase desses balanços tem sido dada à disponibilidade de água no
solo relacionada com elementos climáticos e com o desenvolvimento vegetativo.
A disponibilidade de água no solo não se baseia apenas em dados de
precipitação pluvial, mas tamm é necessário levar em conta as perdas de água
no solo para a atmosfera, que se verificam normalmente através da perda de
água por evaporação mais transpiração vegetal (ANDREATTA, 1990).
2.13.1. Precipitação e Irrigação
As componentes precipitação e irrigação se apresentam como as
principais formas de entrada de água no volume de controle. A precipitação
pode ser medida com considerável precisão por pluviômetros ou pluviógrafos. O
problema principal consiste na representatividade dos dados coletados pela
estação meteorológica. De acordo com CRUZ (2003), à distância da estação em
relação à cultura onde é efetuado o balanço assume uma importância
fundamental, sendo recomendável que a medida da precipitação seja feita o mais
próximo possível da área experimental. A irrigação consiste na aplicação
artificial de água no solo, visando manter o armazenamento em nível adequado
ao pleno desenvolvimento das culturas. Para que as plantas se desenvolvam nas
condições ideais é necessário que as lâminas de irrigação sejam bem
quantificadas e aplicadas corretamente de forma a não provocar o stress-hídrico
ou o excesso de água para as plantas.
2.13.2. Deflúvio Superficial ou “Run – Off” (R)
29
Outro elemento do balanço hídrico é o deflúvio superficial ou “run -off”,
que representa um dos elementos de saída de água no perfil do solo. A
determinação do deflúvio superficial pode ser feita por meio de técnicas e
estruturas apropriadas, porém em algumas situações as medidas diretas se
tornam difíceis devido ao volume de água envolvido e a variação com a
declividade (ROSE, 1966).
O deflúvio superficial depende da interação entre a intensidade de
precipitação e/ou a taxa de aplicação da irrigação com a capacidade de
infiltração do solo, sendo ainda influenciada pelo declive da área, tipo de
densidade da cobertura vegetal e das práticas de manejo e conservação do solo e
da cultura. Embora de difícil quantificação, a sua determinação pode ser
alcançada pelo confronto do total precipitado acumulado, com as lâminas que
potencialmente o solo permitiria infiltra (REICHARDT, 1985; LIBARDI, 1999).
2.13.3. Drenagem Interna ou Ascensão Capilar
Drenagem interna é a perda de água devido a movimentos descendentes
dentro do perfil do solo, saindo da zona explorada pelo sistema radicular da
cultura, porém, dependendo das condições, ao invés de sair, a água pode entrar
através desse limite, ocorrendo então a ascensão capilar. Com relação ao tipo de
solo, suas condições de umidade e precipitação pluvial, as perdas por drenagem
interna podem ser consideráveis. Em certos períodos pode chegar até a 60 70%
da precipitação, embora também, muitas vezes, seja desprezível. (OLIVEIRA,
1991).
O fluxo de drenagem interna ou ascensão capilar é a componente do
balanço hídrico realizado em campo com maior dificuldade de mensuração,
motivo pelo qual tem sido freqüentemente desprezado e incluído como parte do
armazenamento ou da evapotranspiração (ROSE, 1966). No entanto, segundo
30
VACHAUD et al.(1985) e STONE et al. (1973), esta componente não é sempre
desprezível, podendo representar 30% ou mais do balanço hídrico total.
2.13.4. Variação de armazenamento
Para a quantificação do armazenamento de água num solo cultivado
deve-se levar em consideração uma camada que envolve todo o volume
explorado pelo sistema radicular da cultura. De acordo com LIBARDI (1995), a
variação do armazenamento de água no solo pode ser obtida através da
integração de perfis consecutivos de umidade do solo em determinado intervalo
de tempo. Se a quantidade de água que entra no perfil de solo for maior que a
quantidade de água que sai, o saldo será positivo, caso contrário será negativo.
GUANDIQUE (1993), observou que em períodos chuvosos podem
ocorrer limitações na medição diária da evapotranspiração devido à dificuldade
de determinação da variação da lâmina de água armazenada no solo.
De acordo com OMETTO (1981), o volume de controle a ser
considerado deve estar compreendido entre a superfície do solo e uma
profundidade que atinja no mínimo 80% do sistema radicular da cultura em
estudo.
Dessa forma, pesquisas englobando o balanço hídrico no solo,
cafeicultura e a irrigação, pode evoluir muito ainda, pois a deficiência de
informações nesta área é muito grande, pois a maior parte dos trabalhos nos
quais se estuda a necessidade hídrica do cafeeiro são realizados através do
balanço hídrico climatológico, geralmente por um período mensal, baseando-se
na metodologia desenvolvida por THORNTHWAITE & MATHER (1955).
31
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização da área experimental
O experimento foi conduzido em uma lavoura de café
Coffea arabica
L.
,
cultivar Catuaí Vermelho (IAC 44), na Fazenda Múquém de propriedade da
FAEPE/UFLA, em Lavras (MG), a uma altitude de 910 metros, latitude sul de
21º 14e longitude oeste de 45º00’, ocupando uma área útil de 2240 m
2
.
O solo da área experimental foi classificado como Latossolo Vermelho
Distróférrico (LVdf), conforme EMBRAPA (1999). De acordo com a
classificação climática de Koppen, utilizando-se das Normais Climatológicas
(1961 1990) (BRASIL, 1992) e do roteiro de VIANELLO et al. (1991), o
clima de Lavras foi classificado como Cwa.
O experimento foi constituído por duas áreas distintas e distribuído da
seguinte forma: a primeira área (Figura 2), apresentava uma cultura de café
adulto, atualmente com 19 anos de idade. Esta área apresentava quatro blocos
casualizados em esquema de faixa, em que cada bloco foi dividido em quatro
parcelas, as quais foram subdivididas em cinco subparcelas com oito plantas em
que as seis plantas centrais foram utilizadas, sendo as extremidades as
bordaduras. A segunda área (Figura 3), foi recepada a 0,30 m de altura há cinco
anos. Nesta área havia três blocos e assim como a primeira área, cada bloco foi
dividido em quatro parcelas casualizadas, as quais foram subdivididas em cinco
subparcelas sem casualização, ambas possuindo espaçamentos de 3,5 m entre
linhas e 0,80 m entre plantas.
32
P 1
P 1
P 1
P 1
P 2
P 3
P 2
P 2
P 2
P 3
P 3
P 3
P 4
P 4
P 4
P 4
ÁREA EXPERIMENTAL ANTIGA
E
E
E
D
D
C
B
A
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
C
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
B
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
A
BLOCO I
BLOCO III
BLOCO II
BLOCO IV
E
E
E
E
E
E
E
E
E
E
E
D
D
D
D
D
D
D
D
D
D
D
D
E
D
C
B
A
A
B
C
D
E
FIGURA 2 -
Croqui da área antiga;
Obs: Parcelas onde foram instalados os tensiômetros.
E
B
D
C
A
D
A
B
C
E
ÁREA EXPERIMENTAL RECEPADA
4
2
BLOCO I
BLOCO III
BLOCO II
3
1
3
1
4
2
3
1
4
2
3
1
4
2
3
1
4
2
4
1
2
3
1
4
2
3
1
4
2
3
1
4
2
3
1
4
2
3
3
2
4
1
4
3
1
2
4
1
3
2
2
1
3
4
2
1
3
4
C
E
D
A
B
Blocos de Resistência Elétrica
Tensiômetros
FIGURA 3 -
Croqui da área recepada.
33
Foram instaladas baterias compostas de três tensiômetros com leituras
digitais, nas profundidades de 0,10; 0,30 e 0,50 m, nas duas áreas experimentais.
A área recepada além dos tensiômetros instalou-se baterias compostas de três
blocos de resistências elétricas, nas mesmas profundidades.
FIGURA 4 -
Fotos da área experimental recepada, Lavras MG, 2004.
O balao hídrico para a área antiga foi estabelecido em um
experimento já existente sobre épocas de irrigação (Tabela 7), enquanto para a
área recepada foram analisados os efeitos da irrigação com e sem peodo de
déficit hídrico (Tabela 8).
34
TABELA 7.
Início e final das irrigações nas subparcelas, na área antiga.
IRRIGAÇÕES
SUB – PARCELAS
INÍCIO
FINAL
A
01/06 (fertirrigada)
30/09
B
15/07 (fertirrigada)
30/09
C
01/09 (fertirrigada)
30/09
D
01/06 (adubada manualmente)
30/09
E
Não Irrigada (adubada manualmente)
TABELA 8.
Início e final das irrigações nas subparcelas, na área
recepada.
IRRIGAÇÕES
SUB – PARC.
INÍCIO
FINAL
A
01/04
30/09 (sem déficit hídrico)
B
01/04
30/09 (30 dias de déficit hídrico em junho)
C
01/04
30/09 (31 dias de déficit hídrico em julho)
D
01/04
30/09 (61 dias de déficit hídrico junho e julho)
E
Não Irrigado (Testemunha)
A partir do mês de outubro foram realizadas as irrigações devido a
ocorrência de períodos longos sem chuvas (veranicos). O momento de irrigar foi
identificado por meio do monitoramento da umidade do solo, evitando assim,
que as plantas ficassem sob estresses hídricos durante este período.
3.2. Sistema e manejo de irrigação
O sistema de irrigação constou de uma unidade central de controle,
composta pelo sistema de bombeamento, filtros de areia e de disco, injetor de
fertilizantes e manômetros e de linhas de irrigação com tubos flexíveis de
polietileno com gotejadores auto-compensantes, fabricados pela “Rain Bird”,
instalados na área antiga, e pela “Naan -Tif” na área recepada, ambos com vao
nominal de 1,6 L h
-1
e espaçamento entre emissores de 0,35 e 0,45 m
35
respectivamente. A fonte de água foi uma barragem situada próxima à área
experimental. Os dados meteorológicos necessários ao manejo da irrigação
foram obtidos junto à Mini estação climatológica (Campbell Scientific. INC.),
situada no sítio experimental.
A lâmina de água aplicada entre os meses de junho a setembro foi
definida em função da evapotranspiração acumulada entre as irrigações, que
foram sempre realizadas às segundas, quartas e sextas feiras. A transformação
da lâmina de irrigação em volume de água foi calculada com base na Equação 2.
F
A
K
K
P
ECA
V
C
t
I
×
×
×
×
=
=
2
1
(2)
Onde:
V
= Volume de água a ser aplicado, em litros/planta;
ECA
= Evaporação do tanque classe A no período entre irrigações (mm);
Kt
= Coeficiente do tanque;
Kc
= Coeficiente de cultura, para o café;
A
= Área útil entre plantas, 2,8 m
2
/planta;
P
= Precipitação ocorrida no período, em mm;
F
= Fator de localização, (0,5).
Considerando-se o volume de água a ser aplicado (V) e a vazão dos
gotejadores (q), obtém-se o tempo necessário de irrigação (T), Equação 3.
q
V
T
=
(3)
Onde:
36
T
= Tempo necessário de irrigação, em horas;
V
= Volume de água a ser aplicado, em litros/planta;
q
= Vazão dos gotejadores (0,8/0,35 x 1,6
l h
-1
x gotejador, antiga e 0,8/0,45 x
1,6
l h
-1
x gotejador, recepa).
Entre os meses de outubro a março, mesmo ocorrendo maior emissão de
ramos vegetativos, além do enchimento dos grãos, restringiu-se as irrigações
somente às lâminas aplicadas durante a fertirrigação, e/ou uma aplicação de
emergência, isso porque, na região de Lavras as precipitações concentram-se
justamente neste período.
3.3. Caracterização Físico Hídrica do Solo
3.3.1. Classe Textural
Para a determinação da textura, a partir da utilização do método da
pipeta, retiraram-se amostras (cerca de 500 g) nas profundidades de 0,0 - 0,20;
0,20 0,40 e 0,40 0,60 m e encaminhadas ao Laboratório de Mecânica dos
Solos, no Departamento de Engenharia da Universidade Federal de Lavras.
3.3.2. Densidade do Solo
Foram coletadas amostras de solo com ts repetições, das camadas
referentes às profundidades de 0,0 - 0,20; 0,20 0,40 e 0,40 0,60 m com
estrutura indeformada em anéis volumétricos de volume determinado (método
do cilindro de Uhland). As determinações da densidade do solo foram realizadas
no Laboratório de Relação Água Solo Planta de Departamento de
Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Lavras.
37
As amostras foram encaminhadas para a estufa a 105-110 ºC, onde
permaneceram até peso constante. Finalmente calculou-se a densidade do solo a
partir da relação entre a massa de sólidos e o volume total da amostra, mediante
a Equação 4.
v
ms
=
ρ
(4)
Onde:
ρ
é a densidade do solo (kg dm
-3
); ms é a massa de sólidos (kg); e V é o volume
total (dm
3
).
3.3.3. Densidade de Partículas
Para a determinação da densidade de partículas do solo nas três camadas
estudadas (0,0 - 0,20; 0,20 0,40 e 0,40 0,60 m) utilizou-se o método do
Picnômetro, realizado no Laboratório de Mecânica dos Solos no Departamento
de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Lavras.
3.3.4. Porosidade
A porosidade total, a porcentagem de microporos e macroporos foram
determinadas pelas Equações 5, 6, 7 respectivamente.
100
1
×
=
p
g
D
D
α
(5)
38
Onde:
α =
porosidade total (m
3
m
-3
);
D
g
=
densidade global (kg dm
-3
);
D
p
=
densidade de partículas (kg dm
-3
).
(
)
g
atm
D
Ps
U
microporos
×
=
06
,
0
(%)
(6)
Onde:
Ps
= Peso Seco da amostra (kg)
U
0,06 atm
= umidade com base em peso da amostra submetida à tensão de 0,06
atm.
microporos
macroporos
=
α
(%)
(7)
3.3.5. Retenção de água no solo
As curvas de retenção de água no solo foram elaboradas por secamento
para três profundidades: 0,0 - 0,20; 0,20 0,40 e 0,40 0,60 m. Em cada
intervalo de profundidade foram coletadas amostras de solo, sendo amostras
indeformadas para baixas tensões, variando de 2 a 10 kPa e amostras
deformadas para tensões mais elevadas variando de 33 a 1500 kPa. Para cada
ponto da curva foram feitas três repetições. Posteriormente essas amostras foram
conduzidas ao Laboratório de Relação Água Solo Planta do Departamento de
Engenharia da Universidade Federal de Lavras, para a realização das análises.
39
Para a obtenção dos pontos da curva de retenção nas tensões de 2, 6, 8 e
10 kPa, foi utilizado o funil de placa porosa de cerâmica ou funil de Haines
(Figuras 5a e 5b).
FIGURA 5 -
Determinação dos pontos da curva de retenção para baixa
tensão a partir do Funil de Haines com placa porosa de cerâmica, bancada com
seis funis (a) e detalhe individual(b).
Para obter os pontos de elevadas tensões (33 a 1500 kPa) foi utilizada a
câmara de Richards, chamada vulgarmente de panela de pressão. Consiste em
uma câmara construída para suportar altas pressões com uma placa porosa de
cerâmica (Figuras 6a e 6b). As placas de cerâmica, tanto do funil como os da
câmara de Richards são diferenciadas pelo tamanho de seus poros, fator que
define a tensão a qual pode ser submetida à amostra.
a
b
a
b
40
FIGURA 6 -
Câmara de Richards utilizada na determinação dos pontos
da curva de retenção para tensões maiores (a) e desenho esquemático de seu
funcionamento (b).
As amostras foram saturadas por um período de 48 h. Em seguida,
determinou-se a massa úmida, colocando-as no funil de Haines ou na câmara de
Richards. Nestes equipamentos, as amostras com certo teor de umidade, foram
submetidas a uma dada pressão, desta forma houve a extração de água dos poros
que retêm a água capilar sob esta tensão. O equilíbrio entre a tensão no solo e a
pressão aplicada pôde ser evidenciada ao término da drenagem, onde se
observou a ausência de gotejamento do funil ou panela de pressão. Atingido o
equilíbrio, determinou-se a massa do solo para obtenção do teor de umidade a
este potencial mátrico. Logo após, a amostra foi submetida a pressões crescentes
e determinou-se a respectiva umidade volumétrica.
Com os valores médios de potencial mátrico e de umidade volumétrica
das três amostras, foram elaboradas as três curvas de retenção para as
profundidades em estudo, tanto para a área antiga quanto para a área recepada,
utilizando-se do programa computacional SWRC desenvolvido por DOURADO
NETO et al.
(
1990). Estes valores foram ajustados ao modelo de VAN
GENUCHTEN (1980), dado pela Equão (8).
[
]
(
)
[
]
m
n
m
r
s
r
m
Ψ
×
+
+
=
Ψ
α
θ
θ
θ
θ
1
(8)
Onde,
41
θ
= a umidade atual do solo, em cm
3
cm
-3
;
θ
r = a umidade residual que representa o valor de umidade para o ponto de
murcha permanente cm
3
cm
-3
;
θ
s
= umidade de saturação, em cm
3
cm
-3
;
Ψ
m = potencial mátrico, em kPa;
α
,
n e m = parâmetros do solo.
3.4. Infiltração
de água no solo
Para a determinação da infiltração de água no solo, utilizou-se o
simulador de chuvas, constituído de dois microaspersores inseridos em um
segmento de tubo, acoplado a uma estrutura metálica rodeada por uma cortina
plástica, a fim de evitar deriva pelo vento. A montante dos microaspersores foi
instalada um manômetro metálico tipo Bourdon para fixar, com auxílio do
registro de globo, a pressão de serviço dos microaspersores. A área de teste (1,0
) foi circundada por uma chapa de aço zincado cravada a 0,15 m de
profundidade no solo e conectada a uma mangueira de polietileno, e para
conduzir a água escoada cujo volume foi quantificado ao longo do tempo por
medições direta. Na realização do teste, a pressão de serviço fixada foi de 0,5 kg
cm
-
² e a partir de três repetições foi estabelecida à vazão média (3,00 L min
-1
)
aplicada na área, com auxílio de uma chapa de aço zincado de 1,0 m², que
recobria toda a área de teste. Assim, depois de fixada a lâmina de água retirou-se
a chapa de alumínio, começando a contagem do tempo até o início do
escoamento superficial (1,0 minuto), registrando esse tempo e mantendo
constante o volume coletado de 3,0 litros nos 40 minutos iniciais e passando
para um volume de 5,0 litros até o término do teste, perfazendo um total de
aproximadamente 78 minutos de teste. O final do teste foi caracterizado pelo
tempo em que o volume escoado tornou-se fixo.
42
Os valores de lâmina infiltrada acumulada em função do tempo
acumulado, foram ajustados com o auxílio da Planilha Eletrônica (Excel),
utilizando-se da ferramenta Solver, à equação potencial de Kostiakov, expressa
por:
n
pot
T
C
I
×
=
(9)
Onde;
Ipot =
Infiltração acumulada potencial (L);
C =
Parâmetro característico do solo, depende da condição inicial de umidade
(L T
- n
);
T =
tempo de oportunidade para infiltração (T);
n =
parâmetro característico do solo, adimensional e constante, cujo valor pode
variar entre 0 e 1.
3.5. Condutividade Hidráulica
3.5.1. Condutividade Hidráulica Não Saturada
A condutividade hidráulica do solo não saturado foi determinada com
base nos métodos de Mualen (1976) e pelo método do Permeâmetro de Guelph.
A adoção dessa metodologia deve-se ao fato de outras metodologias
para determinação da condutividade hidráulica em campo, possuírem como
limite inferior a capacidade de campo. Na prática, porém, geralmente trabalha-se
com valores de umidade inferiores à capacidade de campo.
43
Para estimar a condutividade hidráulica não saturada pela metodologia
de MUALEM (1976), determinou-se à condutividade hidráulica saturada no
campo
pelo método do permeâmetro de Guelph, utilizou-se da seguinte equação:
)
24
,
35
0054
,
0
(
)
24
,
35
0041
,
0
(
)
/
(
1
2
0
R
R
s
cm
K
×
×
×
×
=
(10)
Em que:
K
0
= condutibilidade hidráulica (cm s
-1
);
R
1
= quantidade de água expressa em cm s
-1
que, nas condições de menos carga
hidráulica (no caso de 5,0 cm), alcançou valores constantes de infiltração;
R
2
= quantidade de água (cm s
-1
) que, nas condições de máxima carga hidráulica
(no caso de 10 cm), alcançou valores constantes de infiltração;
35,24
= para a área da reserva combinada, (cm
2
);
0,0041 e 0,0054
= constante de cálculo.
A determinação de K
0
foi realizado em uma profundidade entre 0,15 a
0,75 m abaixo da superfície do solo, empregando um mínimo de meia hora a um
máximo de duas horas de teste, de acordo com o tipo de solo, e usando somente
2,5 litros água.
44
FIGURA 7
- Permeâmetro de Guelph.
Para a determinação da expressão da
K
(
θθ
)
foi utilizado a seguinte
equação:
2
1
5
,
0
0
1
1
Θ
×
Θ
×
=
m
m
K
K
θ
(11)
Em que:
K
0
= Condutividade hidráulica determinada pelo Permeâmetro de Guelph (cm/s);
Θ
= Grau de saturação
m =
Fator de ajuste (Equação 8)
A equação para determinação de
Θ
é:
45
r
s
r
θ
θ
θ
θ
=
Θ
(12)
Em que:
θ =
Umidade volumétrica;
θ
r = Umidade residual;
θ
s = Umidade de saturação.
3.6. Balanço Hídrico no Solo
O balao hídrico no solo foi determinado a partir da equação da
conservação de massa (13).
dt
dZ
t
dt
r
d
et
i
p
Tf
Ti
Tf
Ti
Z
=
±
±
+
+
0
)
(
θ
(13)
Simplificando a Equação 13 e integrando-se com relação ao tempo e à
profundidade, obteve-se:
A
R
D
ET
I
P
c
±
=
±
±
+
(14)
Em que:
P
= Precipitação pluviométrica efetiva (mm);
I
= Irrigação (mm);
46
ET
c
= Evapotranspiração da cultura (mm);
R
= Deflúvio superficial (mm);
D
= Drenagem Interna (mm);
A
= Variação do armazenamento (mm).
FIGURA 8
Ilustração esquemática dos componentes do balanço hídrico sob
condições de campo.
3.6.1. Precipitação
A contabilização da entrada de água ocorrida no intervalo considerado
para o balanço hídrico, foi realizada por meio de dados coletados pelo
equipamento agrometeorológico (Mini-Estação Climatológica Campbell
Scientific. INC.), instalada junto à área experimental.
L
47
3.6.2. Irrigação
Os dados de irrigação foram determinados pelo método do Tanque
Classe “A”, instalado também junto à área experimental.
3.6.3. Deflúvio Superficial ou “Run Off” (R)
Para o cálculo do deflúvio superficial, confrontou-se a lâmina
precipitada (obtida pela Mini estação climatológica) com a lâmina infiltrada
potencial, fornecida pela equação de infiltração acumulada do solo (Equação 9),
que foi estimada com dados obtidos pelo método do simulador de chuvas, com
base em um modelo do tipo potencial.
3.6.4. Drenagem Interna ou Ascensão Capilar
A entrada de água (ascensão capilar) ou a saída (drenagem interna) na
parte inferior do volume de controle foi obtida com o uso da Equação (15),
proposta por Reichardt (1985):
×
=
tf
ti
z
dt
q
D
(15)
Sendo
q
z
a densidade de fluxo de água no solo (mm/dia), que pode ser
positiva se for decorrente de ascensão capilar e negativa se originada pela
drenagem interna. Este componente na profundidade e tempo considerados foi
estimado utilizando-se da equação de Darcy-Buckinghan, modificada por
Richards (1928).
48
z
H
K
q
z
×
=
)
(
θ
(16)
Em que:
)(
θ
K
= condutividade hidráulica como função da umidade do solo;
z
H
= gradiente de potencial total na profundidade considerada;
3.6.5. Variação de armazenamento
A umidade do solo foi determinada utilizando-se os dados das leituras
dos tensiômetros (profundidade de 0,10; 0,30 e 0,50 m) associadas à curva
característica de retenção de água e por meio de dados de umidade obtidos pelo
método gravimétrico. A componente variação de armazenamento, considerando
0,40 m à profundidade efetiva do sistema radicular para o cafeeiro, foi calculada
a partir da equação (17):
Z
A
×
=
)
(
1
2
θ
θ
(17)
Em que:
∆Α
=
variação de armazenamento no intervalo de tempo considerado (mm);
θ
2
=
umidade média no tempo final (m
3
m
-3
);
θ
1
=
umidade média no tempo inicial (m
3
m
-3
);
z = profundidade considerada para o balanço (mm).
3.7.
Evapotranspiração de referência (ET
0
)
49
A evapotranspiração de referência foi determinada por dois métodos
distintos, o do Tanque Classe “A”, existente no local do experimento e o de
Penmam Monteith, fornecido diretamente por meio da Mini-estação
climatológica (Figura 9), a 2,0 metros de altura, instalada no local do
experimento.
FIGURA 9 -
Mini-Estação Climatológica Campbell Scientific. INC e o
Tanque Classe “A”, Lavras - MG, 2004.
3.8
. Evapotranspiração da Cultura (ET
c
)
A evapotranspiração da cultura foi obtida realizando-se o balanço
hídrico em um volume de controle com profundidade de 0,40 m, estabelecido
para a cultura do café.
50
A ET
c
foi obtida através da Equação 14, na qual todos os componentes,
exceto à evapotranspiração da cultura, são conhecidos.
3.9. Determinação do Coeficiente de cultura (Kc)
Considerando-se os valores da evapotranspiração de referência (ET
O
) e
da cultura (ET
c
) determinou-se o coeficiente da cultura (Kc), de acordo com a
sua definição, pela equação (18):
0
ET
ET
Kc
c
=
(18)
Em que:
K
C
: coeficiente de cultura;
ETc: evapotranspiração da cultura (mm dia
-1
);
ET
O
: evapotranspiração de referência (mm dia
-1
).
51
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização físico hídrica do solo
4.1.1. Classe Textural
Com base nos resultados obtidos e analisando a distribuição das frações
granulométricas, verifica-se que a fração argila predomina sobre as frações silte
e areia, tanto para o solo da área antiga, quanto para a área recepada (Tabela 10).
Segundo EMBRAPA (1999), os resultados estão de acordo com a definição de
latossolos, ou seja, solos com textura argilosa ou muito argilosa. Considerando
que nas duas áreas em estudo, a cultura do café está plantada em curvas de nível,
possuindo um relevo com uma declividade suave.
TABELA 10.
Resultado da Análise Granulométrica para o Latossolo Vermelho
Distróférrico. Lavras MG, 2004.
ÁREA ANTIGA
ÁREA RECEPADA
Camadas (m)
Areia
(g kg
-1
)
Silte
(g kg
-1
)
Argila
(g kg
-1
)
Areia
(g kg
-1
)
Silte
(g kg
-1
)
Argila
(g kg
-1
)
0,0 – 0,20
371,8
239,2
389,0
296,6
296,5
406,9
0,20 – 0,40
330,9
204,0
465,1
353,3
220,8
425,9
0,40 – 0,60
330,8
176,5
492,7
377,1
195,5
427,4
OLIVEIRA (2003), trabalhando na área antiga, encontrou resultados
semelhantes, com a predominância da fração argila sobre as frações silte e areia.
Segundo PRADO (2003), a classificação dos Latossolos, apresentam texturas
basicamente caracterizadas pela presença de argila, podendo ser enquadrados
como argilo-arenosos, argilosos ou muito argilosos. Inserindo, no triângulo
textural (LEMOS & SANTOS, 1996), os resultados atuais e os obtidos por
52
OLIVEIRA (2003), que trabalhou na área antiga, constatou-se que o solo
estudado apresentou uma textura franco – argiloso para as camadas de 0,0 0,20
m e para as camadas de 0,20 0,40 e 0,40 0,60 m apresentou uma textura
argilosa, nas áreas estudadas.
4.1.2. Densidade do Solo
Na Tabela 11 estão reunidos os resultados de densidade do solo para a
área antiga e recepada, respectivamente. Os valores variaram de 1,21 kg dm
-3
para a camada superficial a 1,03 kg dm
-3
para a camada de 0,40 0,60 m, na área
antiga e de 1,20 kg dm
-3
a 1,05 kg dm
-3
, na área recepada. Assim como foi
observado no trabalho realizado por OLIVEIRA (2003), utilizando a área antiga,
em que a densidade do solo variou entre 1,15 kg dm
-3
a 0,99 kg dm
-3
.
TABELA 11.
Valores médios de Densidade do Solo (Ds) do Latossolo
Vermelho Distróférrico, para as duas áreas em estudo. Lavras MG, 2004.
Ds média (kg dm
-3
)
Camadas (m)
ÁREA ANTIGA
ÁREA RECEPADA
0,0 – 0,20
1,21
1,20
0,20 – 0,40
1,07
1,18
0,40 – 0,60
1,03
1,05
Em função da maior pressão exercida das camadas superiores sobre as
inferiores, existe uma tendência de compactação crescente, que vão das camadas
superficiais para as camadas mais profundas do perfil (KIEHL, 1979).
PREVEDELLO (1996) avaliando diversos tipos de solos e analisando a
superfície dos mesmos, constatou que a densidade do solo variou para solos
argilosos, de 1,00 a 1,40 kg dm
-3
. Isso foi observado no solo estudado,
mostrando assim uma característica de normalidade. Segundo ARSHAD et al.
53
(1996) valores de densidade do solo acima de 1,40 kg dm
-3
restringem o
crescimento radicular em solo argiloso.
Devido ao manejo do solo e principalmente pelo café ser uma cultura
perene, neste caso cultivada por um longo período de tempo (19 anos),
ocasionou um processo de acomodação nas camadas mais profundas, que são as
menos trabalhadas, o que pode explicar o comportamento do solo em estudo. De
modo geral, pode-se afirmar que quanto maior a densidade do solo, mais
compactado, menor porosidade total e menor será a sua estruturação, portanto,
as plantas terão maiores restrições quanto ao seu crescimento e desenvolvimento
radicular.
4.1.3. Densidade de Partículas
Os resultados de densidade de partículas, obtidos para as três camadas
estudadas, referente às duas áreas do experimento (Tabela 12), estão situadas um
pouco abaixo do limite inferior da faixa de valores citados como referência por
FERREIRA (2003), entre 2,60 a 2,70 kg dm
-3
. O mesmo foi observado por
OLIVEIRA (2003), em trabalho realizado na área antiga, onde os valores de
densidade de partículas variaram de 2,52 a 2,58 kg dm
-3
.
Este fato pode ser devido à influência do longo período de cultivo do
terreno, além do manejo do solo, que pode modificar o valor da densidade de
partículas ao longo do tempo, principalmente quando o manejo do solo
proporcionar modificações significativas do conteúdo de matéria orgânica
(KIEHL, 1979).
54
TABELA 12.
Valores médios da Densidade de partículas (Dp) do Latossolo
Vermelho Distróférrico, para as duas áreas em estudo. Lavras MG, 2004.
Dp média (kg dm
-3
)
Camadas (m)
ÁREA ANTIGA
ÁREA RECEPA
0,0 – 0,20
2,56
2,54
0,20 – 0,40
2,58
2,55
0,40 – 0,60
2,59
2,59
4.1.4. Porosidade
Os valores de porosidade total variaram de 0,526 a 0,601 m
3
m
-3
e 0,528
a 0,596 m
3
m
-3
, para a área antiga e recepada, respectivamente (Tabelas 13 e 14),
estando dentro da faixa limite proposto por PREVEDELLO (1996), os quais
variam de 0,350 a 0,500 m
3
m
-3
para solos arenosos e 0,400 a 0,650 m
3
m
-3
para
solos argilosos.
Segundo OLIVEIRA (2003), a variação limite da porosidade total do
solo é muito ampla, pois o volume de poros depende da estruturação e da
composição granulométrica do solo.
TABELA 13.
Valores de porosidade total (
α),
•••microporos e macr opor os para o
Latossolo Vermelho Distróférrico, correspondente à área antiga. Lavras MG,
2004.
Área Antiga
Camadas (m)
α α ((
m m
-3
))
Microporos
(m m
-3
)
Macroporos
(m m
-3
)
0,0 – 0,20
0,526
0,370
0,156
0,20 – 0,40
0,587
0,333
0,254
0,40 – 0,60
0,601
0,273
0,328
55
TABELA 14.
Valores de porosidade total (
α), microporos e macroporos para
Latossolo Vermelho Distróférrico, correspondente à área recepada. Lavras
MG, 2004.
Área Recepada
Camadas (m)
α α ((
m
3
m
-3
))
Microporos
(m
3
m
-3
)
Macroporos
(m
3
m
-3
)
0,0 – 0,20
0,528
0,386
0,142
0,20 – 0,40
0,536
0,332
0,204
0,40 – 0,60
0,596
0,299
0,297
A compressão do solo não saturado refere-se ao aumento da densidade
do solo, em conseqüência da redução do seu volume (GUPTA & ALLMARAS,
1987; GUPTA et. al., 1989), devido a expulsão de ar dos poros do solo. Quando
o fenômeno de redução de volume ocorre com a expulsão de água dos poros do
solo, esse fenômeno passa a se chamar adensamento (DIAS JR., 2000). Observa-
se que, para as duas áreas em estudo, os valores de porosidade total estiveram
inversamente associados àqueles de densidade do solo, ou seja, quanto menor a
densidade do solo, maior a porosidade total, estando de acordo com os
resultados obtidos por SOUZA et. al. (2003).
Nota-se tamm a íntima relação do volume de macroporos com a
densidade do solo, ou seja, os valores de densidade do solo são inversamente
proporcionais aos valores de macroporos, para as duas áreas estudas, o que
também foi verificado por DA ROS et. al (1997). De maneira geral, na camada
superficial, observa-se uma menor porosidade total e um aumento da relação
microporosidade / macroporosidade, para as camadas de 0,20 0,40 e 0,40
0,60 m, resultados semelhantes encontrados por CANALLI & ROLOFF, (1997).
Enquanto que para a camada de 0,0 0,20 m, para as duas áreas, os valores de
densidade do solo são maiores, o que ocasionou uma maior microporosidade,
responsável pela retenção de água no solo de acordo com o decréscimo da
profundidade (SOUZA et. al., 2003).
56
4.1.5. Retenção de água no solo
As equações de Van Genuchten ajustadas, tanto para a área antiga,
quanto para a área recepada, nas três camadas estudadas, estão apresentadas nas
Tabelas 15 e 16.
TABELA 15:
Parâmetros de ajuste da equação de Van Genuchten para o
Latossolo Vermelho Distroférrico nas três camadas do solo em estudo,
correspondente à área antiga. Lavras MG, 2004.
Camadas (m)
Equações Ajustadas
0,0 – 0,20
(
)
[
]
4092
,
0
6925
,
1
5095
,
0
1
404
,
0
198
,
0
m
Ψ
×
+
+
=
θ
0,20 – 0,40
(
)
[
]
3705
,
0
5885
,
1
9565
,
0
1
410
,
0
204
,
0
m
Ψ
×
+
+
=
θ
0,40 – 0,60
(
)
[
]
4050
,
0
6807
,
1
6212
,
0
1
397
,
0
208
,
0
m
Ψ
×
+
+
=
θ
TABELA 16.
Parâmetros de ajuste da equação de Van Genuchten para o
Latossolo Vermelho Distroférrico nas três camadas do solo em estudo,
correspondente à área recepada. Lavras MG, 2004.
Camadas (m)
Equações Ajustadas
57
0,0 – 0,20
(
)
[
]
3623
,
0
5682
,
1
7238
,
0
1
412
,
0
198
,
0
m
Ψ
×
+
+
=
θ
0,20 – 0,40
(
)
[
]
3761
,
0
6029
,
1
7540
,
0
1
419
,
0
196
,
0
m
Ψ
×
+
+
=
θ
0,40 – 0,60
(
)
[
]
3785
,
0
6091
,
1
7493
,
0
1
406
,
0
203
,
0
m
Ψ
×
+
+
=
θ
Os valores médios de umidade e correspondentes tensões, obtidos para a
construção das curvas de retenção de água no solo (Figuras 10 e 11), nos
intervalos com profundidade de 0,0 0,20, 0,20 0,40 e 0,40 0,60 m, para as
duas áreas, estão na Tabela 19. Notam-se, pelas figuras, um bom ajuste dos
dados experimentais ao modelo de Mualem-Van Genuchten, obtido somente
pelo programa computacional SWRC
desenvolvido por DOURADO NETO
et al.
(
1990), não havendo necessidade de se utilizar a ferramenta
SOLVER da Planilha Eletrônica Excel, pois
os valores dos coeficientes de
determinação das curvas, incluídos nas Tabelas 17 e 18, corresponderam a
valores superiores a 0,97.
TABELA 17.
Valores de umidade volumétrica (m
3
m
-3
) em função do potencial
mátrico (kPa) nas camadas em estudo, para a área antiga e recepada
respectivamente. Lavras MG, 2004.
Área Antiga
Área Recepada
Potencial
0,0–0,20
0,20-0,40
0,40-0,60
0,0–0,20
0,20-0,40
0,40-0,60
(-kPa)
(m
3
m
-3
)
Solo Sat.
0,602
0,614
0,605
0,610
0,615
0,609
58
2
0,481
0,447
0,461
0,472
0,470
0,458
6
0,415
0,384
0,413
0,388
0,378
0,389
8
0.344
0,311
0,332
0,352
0,327
0,334
10
0.305
0,297
0,310
0,321
0,312
0,322
33
0,242
0,235
0,240
0,260
0,257
0,243
100
0,229
0,266
0,221
0,234
0,228
0,229
500
0,200
0,206
0,210
0,208
0,203
0,207
1500
0,198
0,204
0,208
0,198
0,196
0,203
TABELA 18.
Parâmetros de ajuste para a equação de VAN GENUCHTEN
(1980), para as duas áreas estudadas. Lavras MG, 2004.
Área Antiga
Área Recepada
Camadas (cm)
Parâmetros
0 – 20
20 - 40
40 – 60
0 – 20
20 - 40
40 – 60
N
1,692
1,588
1,680
1,568
1,602
1,609
M
0,409
0,370
0,405
0,362
0,376
0,378
αα
0,509
0,956
0,621
0,723
0,754
0,749
θθ
r
0,198
0,204
0,208
0,198
0,196
0,203
θθ
s
0,602
0,614
0,605
0,610
0,615
0,609
R
2
0,983
0,975
0,975
0,996
0,996
0,990
59
0 .001
0 .01
0 .1
1
1 0
1 00
1 000
1 0000
0 .0
0 .1
0 .2
0 .3
0 .4
0 .5
0 .6
0 .7
U midade (cm
3
/cm
3
)
Potencial mátrico (-kPa)
0 -2 0
20-40
40-60
FIGURA 10 -
Curvas características das três camadas estudadas, referentes à
área antiga, do Latossolo Vermelho Distróférrico, ajustadas pelo software
SWRC (Soil Water Retention Curve, 1995). Lavras MG,
2004.
0.001
0.01
0.1
1
10
100
1000
10000
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
U midade (cm
3
/cm
3
)
Potencial mátrico (-kPa)
0 -2 0
2 0 -4 0
4 0 -6 0
FIGURA 11 -
Curvas características das três camadas estudadas, referentes à
área recepada, do Latossolo Vermelho Distróférrico, ajustadas pelo software
SWRC (Soil Water Retention Curve, 1995). Lavras MG, 2004.
60
4.2. Infiltração de água no solo
De acordo com os resultados obtidos em campo, por meio do simulador
de chuvas, ajustou-se a curva de Infiltração Acumulada Potencial, da qual
obteve-se a curva de Capacidade de Infiltração (Figuras 12 e 13).
Inf. Acumulada (mm)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Tempo Acumulado (min)
Inf. Acumulada (mm)
FIGURA 12 -
Infiltração acumulada em função do tempo.
Ipot
(min)
= 4,58 t
0,82
r
2
= 0,99
61
Capacidade de Infiltração (mm/min)
0.00
0.10
0.20
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Tempo Acumulado (min)
Capacidade de Infiltração
(mm/min)
FIGURA 13 -
Capacidade de infiltração em função do tempo.
A infiltração de água indica diferenças no comportamento
hidrodinâmico do solo em função da alteração de sua estrutura (SOUZA et. al.,
2003).
Segundo SOARES et. al. (2005), a profundidade do sistema radicular da
cultura, além do menor revolvimento do solo favorece a atividade biológica e o
surgimento de macroporos comunicantes, o que favorece a movimentação da
água nas camadas inferiores dos perfis do solo.
4.3. Condutividade Hidráulica
Analisando os resultados da condutividade hidráulica obtida (Tabela
19), pôde-se observar que esses valores decresceram das camadas superficiais
para as camadas mais profundas, tanto na área antiga quanto na área recepada,
CI = 37,4 t
-0,18
(min)
62
isto, provavelmente se deu em virtude da possibilidade de uma maior quantidade
de matéria orgânica na camada superficial.
TABELA 19.
Resultados médios (média geométrica) de condutividades
hidráulicas saturadas, obtidas para as três camadas estudadas, através do
permeâmetro de Guelph, correspondendo às duas área em questão.
ÁREA ANTIGA
ÁREA RECEPADA
Camadas
(m)
K
0
(cm h
-1
)
K
0
(m dia
-1
)
K
0
(cm h
-1
)
K
0
(m dia
-1
)
0,0 - 0,20
4,89
1,17
6,02
1,44
0,20 - 0,40
2,82
0,67
3,08
0,70
0,40 - 0,60
1,85
0,44
0,75
0,18
OLIVEIRA (2003), trabalhando na área antiga, encontrou valores de
condutividade hidráulica saturada diferente aos encontrados pelo Permeâmetro
de Guelph, isso porque, a condutividade hidráulica saturada determinada pelo
permeâmetro de carga constante foi altamente influenciada pela estrutura da
amostra.
4.3.1. Condutividade Hidráulica não Saturada K
(
)
obtida pelo modelo de
Mualen Van Genuchten
As equações de K
(
θ
)
resultantes da aplicação da equação (17), estão
representadas nas Tabelas 20 e 21, para as três camadas estudadas, nas áreas
antiga e recepada, respectivamente.
63
TABELA 20.
Equações de K
(
θ
)
obtidas pela metodologia de Mualen Van
Genuchten (1976), correspondente à área antiga. Lavras MG.
Camadas (m)
Equações Ajustadas
0,0 – 0,20
2
4092
,
0
4092
,
0
1
5
,
0
)
(
1
1
894
,
4
Θ
Θ
×
=
θ
K
0,20 – 0,40
2
3705
,
0
3705
,
0
1
5
,
0
)
(
1
1
819
,
2
Θ
Θ
×
=
θ
K
0,40 – 0,60
2
4050
,
0
4050
,
0
1
5
,
0
)
(
1
1
851
,
1
Θ
Θ
×
=
θ
K
TABELA 21.
Equações de
K
(
θ
)
obtidas pela metodologia de Mualen Van
Genuchten (1976), correspondente à área recepada. Lavras MG.
Camadas (m)
Equações Ajustadas
0,0 – 0,20
2
3623
,
0
3623
,
0
1
5
,
0
)
(
1
1
021
,
6
Θ
Θ
×
=
θ
K
0,20 – 0,40
2
3761
,
0
3761
,
0
1
5
,
0
)
(
1
1
084
,
3
Θ
Θ
×
=
θ
K
0,40 – 0,60
2
3785
,
0
3785
,
0
1
5
,
0
)
(
1
1
752
,
0
Θ
Θ
×
=
θ
K
4.4. Balanço Hídrico
4.4.1. Precipitação e Irrigação
64
As
lâminas aplicadas (precipitação e irrigação) podem ser visualizadas
nas Figura 14 e 15, para a área antiga e recepada, respectivamente.
20,07
28,28
25,14
38,49
1,78
72,87
33,53
113,43
0
20
40
60
80
100
120
Lâminas (mm)
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
Meses
Precipitação (mm)
Irrigação (mm)
FIGURA 14
Precipitação mensal e lâminas de irrigação aplicadas referente à
área antiga, Lavras MG, 2004.
65
97,29
13,39
62,74
28,36
20,07
28,32
25,14
37,75
1,78
72,90
33,53
113,41
0
20
40
60
80
100
120
Lâminas (mm)
abr/04
mai/04
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
Meses
Precipitação (mm)
Irrigação (mm)
FIGURA 15
Precipitação mensal e lâminas de irrigação aplicadas referente à
área recepada, Lavras MG, 2004.
4.4.2. Deflúvio Superficial
Os resultados obtidos para os parâmetros da Equação (9), permitem
reescrevê-la como,
82
,
0
58
,
4
T
I
pot
×
=
(Ipot em mm e t em min). Confrontando
a lâmina acumulada potencial no tempo de duração de cada chuva e a lâmina
precipitada, notou-se que em todos os eventos de chuva o solo tinha potencial
para infiltrar a lâmina escoada, não havendo portanto, escoamento superficial.
Isso foi verificado nas observações locais, que em nenhum momento,
demonstrou sinais de ocorrência de escoamento superficial Este fato é
comprovado tamm por meio dos resultados obtidos por OLIVEIRA (2003).
66
4.4.3. Armazenamento de água no solo
Observa-se na Figura 16, o comportamento do armazenamento de água
no solo para a camada de 0,0 0,40 m, para os diferentes tratamentos durante o
período analisado na área antiga.
95
105
115
125
135
145
155
165
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Armazenamento (mm)
Época A
Época B
Época C
Época D
Época E
FIGURA 16
Armazenamento de água nas diferentes épocas de irrigação, para
área antiga. Lavras MG.
Verifica-se que os tratamentos A e D, que iniciaram suas irrigações no
dia 1º de junho, estão praticamente na mesma faixa de armazenamento, enquanto
que o tratamento B, que iniciou sua irrigação no dia 15 de julho começa a ter um
maior armazenamento a partir desta data. O tratamento C começa a possuir um
maior armazenamento a partir de setembro, justamente no início de sua irrigação
e o tratamento E não é irrigado, mantendo uma faixa de armazenamento quase
que constante.
Para cada época de irrigação, foi gerado um gráfico (Figuras 17, 18, 19 e
20), que mostra o comportamento da umidade do solo nas três camadas
analisadas no período da condução do trabalho.
67
Época A
0.290
0.310
0.330
0.350
0.370
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 17
Comportamento da umidade nas três profundidades, para a época
de irrigação de 1º de junho a 30 de setembro (fertirrigado). Lavras MG, 2004.
Época D
0.290
0.310
0.330
0.350
0.370
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 18
Comportamento da umidade nas três profundidades, para a época
de irrigação de 1º de junho a 30 de setembro (adubação convencional). Lavras
MG, 2004.
68
Época B
0.260
0.290
0.320
0.350
0.380
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 19
Comportamento da umidade nas três profundidades, para a época
de irrigação de 15 de julho a 30 de setembro. Lavras MG, 2004.
Época C
0.260
0.290
0.320
0.350
0.380
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 20
Comportamento da umidade nas três profundidades, para a época
de irrigação de 1º a 30 de setembro. Lavras MG, 2004.
69
Época E
0.250
0.260
0.270
0.280
0.290
0.300
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 21
Comportamento da umidade nas três profundidades, no
tratamento não irrigado. Lavras MG, 2004.
Na área recepada o armazenamento de água no solo para a camada
de 0,0 – 0,40 m está representada na Figura 22.
110
120
130
140
150
24-mar-04
3-abr-04
13-abr-04
23-abr-04
3-mai-04
13-mai-04
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Armazenamento (mm)
Época A
Época B
Época C
Época D
FIGURA 22
Armazenamento de água nos tratamentos com e sem déficit
hídrico, para área recepada. Lavras MG, 2004.
Como o tratamento A não foi submetido ao déficit hídrico, observa-se
que a faixa de armazenamento fica praticamente constante. O tratamento B tem
70
uma queda em seu armazenamento no mês de junho, o tratamento C no mês de
julho e o tratamento D nos meses de junho e julho, justamente nos meses em que
esses tratamentos sofreram déficit hídrico, respectivamente.
Assim como para a área antiga, foi gerado um gráfico para cada período
de irrigação com e sem déficit hídrico, que apresenta o comportamento da
umidade do solo nas três camadas analisadas (Figuras 23, 24, 25 e 26).
Época A
0.320
0.340
0.360
0.380
0.400
24-mar-04
3-abr-04
13-abr-04
23-abr-04
3-mai-04
13-mai-04
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 23
Comportamento da umidade nas três profundidades, no
tratamento sem déficit hídrico. Lavras MG, 2004.
71
Época B
0.290
0.310
0.330
0.350
0.370
0.390
24-mar-04
3-abr-04
13-abr-04
23-abr-04
3-mai-04
13-mai-04
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 24
Comportamento da umidade nas três profundidades, no
tratamento com déficit hídrico em junho. Lavras MG, 2004.
Época C
0.280
0.300
0.320
0.340
0.360
0.380
0.400
24-mar-04
3-abr-04
13-abr-04
23-abr-04
3-mai-04
13-mai-04
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 25
Comportamento da umidade nas três profundidades, no
tratamento com déficit hídrico em julho. Lavras MG, 2004.
72
Época D
0.280
0.300
0.320
0.340
0.360
24-mar-04
3-abr-04
13-abr-04
23-abr-04
3-mai-04
13-mai-04
23-mai-04
2-jun-04
12-jun-04
22-jun-04
2-jul-04
12-jul-04
22-jul-04
1-ago-04
11-ago-04
21-ago-04
31-ago-04
10-set-04
20-set-04
30-set-04
10-out-04
Meses
Umidade Média (m
3
/m
3
)
0 - 20
20 - 40
40 - 60
FIGURA 26
Comportamento da umidade nas três profundidades, no
tratamento com déficit hídrico em junho e julho. Lavras MG, 2004.
4.5. Evapotranspiração de referência (ET
0
)
Os valores da média mensal da evapotranspiração de referência (ET
0
)
para os meses em que houve irrigação para a área antiga (junho a setembro de
2004) e para a área recepada (abril a setembro de 2004), estão apresentados na
Tabela 22, confrontando o método do Tanque Classe “A” e o método de
Penmam-Monteith.
TABELA 22.
Média mensal da ET
0
(mm/dia), pelos métodos do Tanque Classe
“A” e Penmam -Monteith, referente às duas área estudada. Lavras MG, 2004.
Média Mensal da ET
0
(mm dia
-1
)
Meses (2004)
TCA
Penman-Monteith
Abril
2,31
2,76
Maio
1,49
2,03
Junho
1,52
2,01
Julho
1,74
2,34
Agosto
2,54
3,38
Setembro
3,92
3,80
73
Comparando as duas metodologias acima, observa-se que os resultados
foram semelhantes, embora os valores obtidos pelo método de Penman-Monteith
tenham sido ligeiramente superiores aos valores encontrados pelo método do
Tanque Classe “A” (Figura 27). Esses resultados podem ter sido influenciados
pela disposição dos equipamentos na área experimental, pois os mesmos se
encontram exatamente entre a cultura adulta e a recepada, ou seja, pode estar
ocorrendo uma variação no grau de interferência nos resultados em função do
ângulo de incidência solar, de acordo com a estação climática do ano.
2.31
2.76
1.49
2.03
1.52
2.01
1.74
2.34
2.54
3.38
3.92
3.80
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
Evapotranspiração de Referência
(mm/dia)
abr/04
mai/04
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
Meses
Tanque Classe A
Penman-Monteith
FIGURA 27
Média mensal da ET
0
, confrontando os métodos do Tanque
Classe A e Penmam-Monteith, referente aos meses de abril a setembro. Lavras
MG, 2004.
Na Tabela 23 são apresentados os valores médios mensais dos
parâmetros climáticos de umidade relativa, velocidade do vento, temperatura
média e radiação solar.
74
TABELA 23.
Médias mensais de velocidade do vento, umidade relativa,
temperaturas e radiação solar, obtida junto a Mini estação climatológica. Lavras
MG, 2004.
Médias Mensais
Meses
(2004)
Vel. Vento
(m s
-1
)
UR (%)
Temp. Média (ºC)
Rad. Solar (h)
Abril
0,37
83,25
20,07
8,12
Maio
0,43
82,60
17,36
6,94
Junho
0,33
81,72
15,71
6,67
Julho
0,38
79,05
14,92
7,42
Agosto
0,43
65,85
17,39
10,36
Setembro
0,47
60,27
20,99
11,17
Confrontando os parâmetros climáticos: UR x Temp. Média e Veloc. do
Vento x Rad. Solar (Figuras 28 e 29), observa-se que nos meses de abril a julho,
os parâmetros analisados possuem valores praticamente constantes, enquanto
que nos meses de agosto e setembro há uma diferença significativa na umidade
relativa e radiação solar.
50.00
55.00
60.00
65.00
70.00
75.00
80.00
85.00
abr/04
m ai/04
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
Meses
UR (%)
13.00
14.50
16.00
17.50
19.00
20.50
22.00
Te m p. Média (ºC)
UR (%)
Te m p. Média (ºC)
FIGURA 28
Médias mensais de umidade relativa e temperatura, Lavras
MG, 2004.
75
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
0,50
abr/04
mai/04
jun/04
jul/04
ago/04
set/04
Meses
Veloc. Vento
0,00
2,00
4,00
6,00
8,00
10,00
12,00
Radiação Solar (horas)
Veloc. Vento
Radiação Solar (horas)
FIGURA 29
Médias mensais de velocidade do vento e radiação solar, Lavras
MG, 2004.
4.6. Evapotranspiração da Cultura (ETc)
A evapotranspiração média da cultura do cafeeiro (ETc), por meio do
balanço hídrico, está apresentada nas Tabelas 24 e 25, para a área antiga e
recepada, respectivamente.
TABELA 24.
Média mensal da evapotranspiração (mm dia
-1
), nas diferentes
épocas de irrigação. Lavras MG, 2004.
ETc (mm dia
-1
) Área Antiga
Meses
A
D
B
C
Junho
1,00
1,09
Julho
1,84
1,84
1,41
Agosto
2,45
2,26
2,00
Setembro
4,46
4,36
4,51
3,42
Onde os tratamentos A (fertirrigado) e D (adubação convencional),
iniciaram sua irrigação em 1º de junho, o tratamento B no dia 15 de julho e o
76
tratamento C em 1º de setembro, encerrando todas as irrigações no dia 30 de
setembro, isso considerando a área antiga.
TABELA 25.
Média mensal da evapotranspiração (mm dia
-1
), nos diferentes
períodos de déficit hídrico. Lavras MG, 2004.
ETc (mm dia
-1
) Área Recepada
Meses
A
B
C
D
Abril
2,58
2,21
2,53
2,67
Maio
1,79
1,43
2,29
2,11
Junho
1,23
1,93
Julho
1,39
0,98
Agosto
2,09
1,55
1,91
1,79
Setembro
4,39
4,12
4,48
4,82
Na área recepada, todos os tratamentos iniciaram suas irrigações no dia
1º de abril, diferenciando-se somente nos períodos de déficit hídrico, onde o
tratamento A não foi submetido ao déficit hídrico, o tratamento B teve déficit
hídrico em junho, o tratamento C em julho e o tratamento D em junho e julho.
OLIVEIRA (2003), com o trabalho realizado em 2002, na mesma área
experimental, observou que na área recepada todos os valores de ETc foram
menores em relação a área antiga, o que já não ocorreu no presente trabalho,
onde alguns valores de ETc da área recepada superaram valores da área antiga,
isso se deveu ao fato de que em 2002 a cultura recepada estava com menor
porte, com menores números de ramos e conseqüentemente com um menor
índice de área foliar, enquanto que nos estudos realizados em 2004 o cafeeiro
recepado já possuía um porte médio, com uma maior quantidade de ramos e
conseqüentemente um maior índice de área foliar.
77
4.7. Coeficiente de Cultura (Kc)
As Tabelas 26 e 27 apresentam os valores médios do coeficiente de
cultura (Kc) para as diferentes épocas de irrigação e diferentes períodos de
déficit hídrico, respectivamente, utilizando-se os métodos de Penman-Monteith e
do Tanque Classe “A” para o cálculo da evapotranspiração de referência.
TABELA 26.
Média mensal dos coeficientes de cultura (Kc) do cafeeiro da área
antiga, nas diferentes épocas de irrigação, para os métodos de Penman-Monteith
(PM) e do Tanque Classe A (TCA). Lavras MG, 2004.
Kc - Área Antiga
Tratamentos
A
D
B
C
Meses
PM
TCA
PM
TCA
PM
TCA
PM
TCA
Junho
0,50
0,66
0,55
0,72
Julho
0,79
1,06
0,79
1,06
0,60
0,81
Agosto
0,73
0,96
0,67
0,89
0,60
0,79
Setembro
1,17
1,14
1,14
1,11
1,18
1,15
0,89
0,87
TABELA 27.
Média mensal dos coeficientes de cultura (Kc) do cafeeiro da área
recepada, nos diferentes períodos de déficit hídrico, para os métodos de Penman-
Monteith (PM) e do Tanque Classe A (TCA). Lavras MG, 2004.
Kc - Área Recepada
Tratamentos
A
B
C
D
Meses
PM
TCA
PM
TCA
PM
TCA
PM
TCA
Abril
0,93
1,11
0,80
0,95
0,92
1,09
0,97
1,15
Maio
0,88
1,20
0,71
0,96
1,13
1,53
1,04
1,41
Junho
0,61
0,81
0,96
1,27
Julho
0,59
0,80
0,42
0,56
Agosto
0,62
0,82
0,46
0,61
0,57
0,75
0,53
0,70
Setembro
1,16
1,12
1,08
1,05
1,18
1,14
1,27
1,23
78
0.30
0.40
0.50
0.60
0.70
0.80
0.90
1.00
1.10
1.20
1.30
Abril
Maio
Junho
Julho
Agosto
Setembro
Meses (2004)
Kc (médio)
Época A
Época B
Época C
Época D
FIGURA 30
Valore do Kc médio, na área recepada, para os meses estudados.
Lavras MG, 2004.
TABELA 28
Ciclo Fenológico do cafeeiro arábica para as condições do Brasil.
Meses
Jan/Fev/Mar
Abr/Mai/Jun
Jul/Ago/Set
Out/Nov/Dez
Estações
Verão
Outono
Inverno
Primavera
Vegetação
Plena
Moderada
Fraca
Plena
Fases
Fenológicas
Granação
Maturação
Abotoamento
Dormência
Expansão
Transcrito de Camargo (1987
)
Entre as diferentes épocas de irrigação, houve pequena variação nos
valores de Kc, fato também constatado no tocante aos diferentes períodos de
déficit hídrico. Analisando apenas o tratamento irrigado de abril a setembro da
área recepada (Figura 30), verifica-se que ocorreu decréscimo no valore de Kc
do mês de abril para o mês de maio, período que coincide com a fase fenológica
de maturação/abotoamento, o qual é caracterizada por moderada atividade
vegetativa. Nos meses de junho, julho e agosto foram os menores valores
coincidindo com a dormência e atividade vegetativa fraca, e, a partir de agosto
79
houve aumento nos valores de Kc, que acentuou-se em setembro, fato que pode
estar associado uma atividade vegetativa plena e fase fenológica de expansão,
este comportamento é normalmente verificado no mês de outubro, porém
acredita-se que esta antecipação é devido à irrigação. Este fato sinaliza para a
necessidade de estudos mais detalhados para a cultura do café em regime de
irrigação, visto que, a maioria das informações disponíveis é para a condição de
cafeeiro em regime de sequeiro.
Fazendo uma análise conjunta dos valores obtidos de ETc e Kc para este
estudo, verifica-se que o comportamento do cafeeiro na área antiga (ETc = 2,72
mm dia
-1
e Kc = 0,82) aproximaram-se aos valores encontrados por SOUZA et.
al. (2001), que estudando o cafeeiro em produção no Norte do Espírito Santo e
no Sul da Bahia, obteve valores médios de ETc entre 2,40 a 2,70 mm dia
-1
e um
Kc de 0,80. Por outro lado, os resultados encontrados na área recepada (ETc =
2,44 mm dia
-1
e Kc = 0,85) foram superiores ao cafeeiro em formação estudado
por ANTUNES et. al. (2000), na cidade de Viçosa MG, que apresentaram
valores de ETc médio variando de 1,45 mm dia
-1
nos meses mais quentes até
1,05 mm dia
-1
nos meses mais frios e um Kc variando de 0,35 a 0,40, pois a área
já possui cinco anos de recepa. Esses resultados são comprovados também no
trabalho realizados por OLIVEIRA (2003), que obteve como valores de ETc =
2,85 mm dia
-1
e Kc = 0,97 para a área antiga e ETc = 1,68 mm dia
-1
e Kc = 0,51
para área recepada.
80
5.
CONCLUSÃO
Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que:
O cafeeiro Catuaí (
Coffea arábica L.
), cultivada há 19 anos, irrigado de
junho a setembro de 2004, apresentou uma evapotranspiração mínima de 1,0
mm dia
-1
e um máximo de 4,46 mm dia
-1
nos meses correspondentes a época de
irrigação entre 01/06 a 30/09, obtendo-se um valor médio de 2,72
mm dia
-1
e
um coeficiente de cultura variando entre 0,50 a 1,18, com um valore médio de
0,82;
No cafeeiro Catuaí (
Coffea arábica L.
), recepado em 2000, os efeitos da
irrigação com e sem peodos de déficit hídrico entre os meses de abril a
setembro de 2004, apresentou uma evapotranspiração mínima de 0,98 mm dia
-1
no mês de julho e um máximo de 4,82 mm dia
-1
no mês de setembro, com um
valor médio de 2,44 mm dia
-1
e um coeficiente de cultura variando de 0,42 a
1,27, com um valor médio de 0,85;
Os resultados obtidos para Kc, mostraram uma boa sintonia com a
fenologia da cultura do café, porém, há uma sinalização para a necessidade de
estudos mais detalhados para o cafeeiro cultivado em regime de irrigação, pois,
com base nos resultados da área recepada apresentados pelo tratamento irrigado
de abril a setembro, avalia-se que a irrigação pode estar influenciando o ciclo
fenológico do cafeeiro, reduzindo o período de dormência e antecipando a fase
vegetativa plena e de expansão. Esta é uma possibilidade bem plausível, visto
que, a maioria das informações disponíveis é para a condição de cafeeiro em
regime de sequeiro.
Embora os resultados gerados não abranjam todo o ano, os períodos
estudados, representam, para a região do Sul de Minas, aqueles em que a
81
irrigação se faz necessária, pois, nos demais, os índices pluviométricos médios,
em geral, são suficientes para o bom desenvolvimento da cultura.
82
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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