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1
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS
Campus Rio Claro
OS DIPNOIFORMES DA FORMAÇÃO ALCÂNTARA (ALBO-
CENOMANIANO), ILHA DO CAJUAL, MARANHÃO.
Eliane Pinheiro de Sousa
Orientador: Prof. Dr. Reinaldo J. Bertini
Dissertação de Mestrado elaborada
junto ao Programa de Pós-Graduação
em Geociências-Área de
Concentração em Geologia Regional,
para a obtenção do Título de Mestre
em Geociências
Rio Claro (SP)
2006
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2
566 Sousa, Eliane Pinheiro de
S729d Os Dipnoiformes da Formação Alcântara (Albo-
Cenomaniano), Ilha do Cajual, Maranhão / Eliane Pinheiro
de Sousa. – Rio Claro : [s.n.], 2006
103 f. : il., tabs.
Dissertação (mestrado) Universidade Estadual Paulista,
Instituto de Geociências e Rio Claro
Orientador: Reinaldo José Bertini
1. Paleontologia. 2. Dipnóicos. 3. Placas dentárias. 4.
Laje do Coringa. 5. Bacia de São Luís-Grajaú. I. Título.
Ficha Catalográfica elaborada pela STATI – Biblioteca da UNESP
Campus de Rio Claro/SP
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3
Comissão Examinadora
Prof. Dr. Reinaldo José Bertini
Prof. Dra. Dilce de Fátima Rossetti
Prof. Dra. Marise Sardenberg Salgado de Carvalho
Eliane Pinheiro de Sousa
Aluna
Rio Claro,_______de________________de________
RESULTADO:_________________________________________
4
“A meus pais”
5
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Reinaldo José Bertini pela orientação e apoio ao longo do desenvolvimento
deste trabalho.
À CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal a Nível Superior), pelo apoio
financeiro recebido, através da bolsa de mestrado.
À Universidade Federal do Maranhão, que através do Prof. Dr. Manuel Alfredo
Medeiros, cedeu para análise o material utilizado neste trabalho.
A Agostinha Pereira, bióloga responsável pelo departamento de paleontologia do Centro
de Pesquisa em História Natural e Arqueologia do Maranhão, pelo empréstimo de material
para comparação e também amizade.
Ao Carlos Eduardo Viera Toledo, fundamental para a realização deste trabalho, me
repassando todo seu conhecimento sobre os dipnóicos, fornecendo material bibliográfico e
auxiliando na identificação do material.
Ao Prof. Dr. Manuel Alfredo Medeiros, pelas sugestões e revisões de texto e por sua
amizade desde a graduação.
Ao Prof. Dr. Paulo Milton Barbosa Landim, Prof. Dr. Antonio Roberto Saad e Profa.
Dra. Rosemary Rohn Davies pelas sugestões e correções dos textos preliminares da
dissertação.
Aos amigos de laboratório Rodrigo Santucci, Marco Bradalise, Felipe Elias, André
Pinheiro e Miriam Menegazzo, pelas sugestões, auxilio e pela convivência.
Ao amigo Felipe Alves Elias e Kelusodi Eduardo Filemom, pelo auxilio com parte das
fotografias utilizadas neste trabalho.
À Lília Maria Dietrich-Bertini, pela constante ajuda no laboratório de Paleontologia do
IGCE-UNESP/Rio Claro.
As amigas Daniele Naka, Graziela Chagas e especialmente Darciléa Castro pela
amizade, dividindo as alegrias e problemas de uma casa.
Aos colegas de Pós-Graduação e todos aqueles que contribuíram para a realização deste
trabalho.
Ao Paulo, pelo carinho e amizade.
Aos meus pais e irmãos pelo eterno apoio.
6
SUMÁRIO
ÍNDICE.......................................................................................................................
i
Lista de figuras........................................................................................................
iii
Lista de tabelas........................................................................................................
vi
Resumo.....................................................................................................................
vii
Abstract....................................................................................................................
viii
1-INTRODUÇÃO......................................................................................................
1
2-OBJETIVOS...........................................................................................................
2
3-GEOLOGIA REGIONAL........................................................................................
3
4-REGISTROS FÓSSEIS DA BACIA DE O LUÍS-
GRAJAÚ....................................................................................................................
13
5-DIPNOIFORMES..................................................................................................
16
6-MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................................
35
7-CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................ 39
8-DIPNOIFOMES DA LAJE DO CORINGA........................................................
43
.
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.....................................................................
82
i
ÍNDICE
1-
INTRODUÇÃO..............................................................................................................
1
2-
OBJETIVOS...................................................................................................................
2
3-
GEOLOGIA REGIONAL.............................................................................................
3
3.1-Contexto geológico da Bacia de São Luís-Grajaú.................................................
3
3.2-Formações Codó e Grajaú.......................................................................................
9
3.3-Grupo Itapecuru.......................................................................................................
10
3.3.1-Unidade Indiferenciada...................................................................................
10
3.3.2-Formação Alcântara........................................................................................ 11
3.3.3-Formação Cujupe............................................................................................
11
3.4-Depósitos Cenozóicos...............................................................................................
12
4-
REGISTROS FÓSSEIS DA BACIA DE SÃO LUÍS-GRAJAÚ.................................
13
5-
DIPNOIFORMES...........................................................................................................
16
5.1-Generalidades...........................................................................................................
16
5.2-Placas dentárias........................................................................................................
19
5.3-Registros das ocorrências de Dipnoiformes no Brasil...........................................
28
5.4-Registro de Dipnoiformes fósseis na América do Sul............................................
30
5.5-Registro de Dipnoiformes fósseis na África...........................................................
32
6-
MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................
35
6.1-Materiais...................................................................................................................
35
6.2-Métodos.....................................................................................................................
37
6.2.1-Etapas de campo..............................................................................................
37
6.2.2-Análise morfológica........................................................................................
37
6.2.3-Lâminas histológicas.......................................................................................
37
7-
CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO........................................................
39
8-
DIPNOIFORMES DA LAJE DO CORINGA.............................................................
43
8.1-Morfologia.................................................................................................................
43
8.1.1-Asiatoceratodus tiguidiensis..........................................................................
43
8.1.2-Ceratodus africanus.......................................................................................
45
8.1.3-Morfótipo A....................................................................................................
50
8.1.4-Morfótipo B....................................................................................................
55
8.1.5-Morfótipo C....................................................................................................
58
ii
8.1.6-Morfótipo D....................................................................................................
64
8.2-Histologia...................................................................................................................
68
Ceratodus africanus................................................................................................
68
Morfótipos A e B.....................................................................................................
70
Morfótipo D.............................................................................................................
74
8.3-Paleobiologia.............................................................................................................
77
8.4-Inferências paleobiogeográficas..............................................................................
79
CONCLUSÕES...............................................................................................................
81
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................
82
iii
Lista de figuras
Figura 1 Posicionamento das massas continentais no Neo-Cretáceo e localização
da Bacia de São Luís-Grajaú na América do Sul..........................................
3
Figura 2 Mapa de localização da Bacia de São Luís-Grajaú na região meio-Norte
do Brasil........................................................................................................
4
Figura 3 Bacias da Província sedimentar do Meio-Norte do Brasil............................
6
Figura 4 Arcabouço estrutural e seqüências deposicionais que compõe o
preenchimento sedimentar da Bacia São Luís-Grajaú..................................
7
Figura5 Propostas de subdivisões estratigráficas da Bacia de São Luís-
Grajaú............................................................................................................
8
Figura 6 Representantes atuais dos gêneros de Dipnoiformes....................................
17
Figura 7 Mudanças no modelo do teto craniano de dipnóicos ao longo da historia
evolutiva do grupo........................................................................................
18
Figura 8 Vista lateral do crânio de Neoceratodus forsteri, gênero vivente de
Dipnoiformes da Austrália............................................................................
21
Figura 9 Perfil oclusal de uma placa dentária de peixe dipnóico................................
22
Figura 10 Termos e suas prováveis correlações apresentadas para tecidos dentais em
placas dentárias de Dipnoiformes.................................................................
24
Figura 11 Corte transversal ao longo das cristas de uma placa dentária do gênero
Lepidosiren...................................................................................................
26
Figura 12 Organização de canais pulpares e tecidos dentários em três espécies atuais
e uma espécie fóssil......................................................................................
27
Figura 13 Ocorrências de materiais fósseis de materiais fósseis de Dipnoiformes no
Brasil.............................................................................................................
28
Figura 14 Placas dentárias apresentadas por Schultze (1991) para os táxons
ocorrentes em sedimentos do Paleoceno da Bolívia.....................................
31
Figura 15 Placas dentárias apresentadas por Tabaste (1963) para os táxons
ocorrentes no Norte da África.......................................................................
33
Figura 16 Placas dentárias apresentadas por Churcher & De Iuliis (2001) para os
táxons ocorrentes em sedimentos do Cretáceo do
Egito..............................................................................................................
34
iv
Figura 17 Mapa de localização da Ilha do Cajual na Baía de São Marcos (Alcântara-
Maranhão).....................................................................................................
40
Figura 18 Laje do Coringa (Ilha do Cajual, Estado do Maranhão)...............................
41
Figura 19 Perfil oclusal das placas dentárias de Asiatoceratodus tiguidiensis.............
44
Figura 20 Perfil oclusal das placas dentárias de Ceratodus africanus..........................
48
Figura 21 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.493, mostrando vale entre as
cristas............................................................................................................
49
Figura 22 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.493 em maior aumento,
mostrando vale entre as cristas.....................................................................
49
Figura 23 Perfil oclusal das placas dentárias de referentes ao Morfótipo A................
53
Figura 24 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.086.......................................
54
Figura 25 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.489.......................................
54
Figura 26 Perfil oclusal das placas dentárias referentes ao Morfótipo B.....................
57
Figura 27 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.058.......................................
57
Figura 28 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.488.......................................
58
Figura 29 Perfil oclusal das placas dentárias referentes ao Morfótipo C.....................
62
Figura 30 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.052........................................
63
Figura 31 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.052........................................
63
Figura 32 Perfil oclusal das placas dentárias referentes ao Morfótipo D.....................
67
Figura 33 Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.080........................................
68
Figura 34 Vista geral mostrando a distribuição paralela dos canais pulpares em
Ceratodus africanus......................................................................................
69
Figura 35 Detalhe da Figura 34 mostrando canal pulpar, com avanço dos
canalículos sobre a dentina...........................................................................
69
Figura 36 Detalhe da petrodentina, mostrando sua textura fibrosa e a textura
granular da dentina e preenchimento dos canais pulpares............................
70
Figura 37 Tecido dental do morfótipo A, com distribuição irregular da dentina e
petrodentina, em torno dos canais pulpares..................................................
71
v
Figura 38 Detalhe do tecido dental do morfótipo A, com distribuição irregular da
petrodentina e dentina em torno dos canais
pulpares.........................................................................................................
71
Figura 39 Corte transversal do tecido dental do morfótipo A, mostrando canalículos
totalmente preenchidos por geothita/hematita e avançando até a
petrodentina..................................................................................................
72
Figura 40 Tecido dental do morfótipo B, com corte transversal, mostrando detalhes
de textura fibrosa da petrodentina e textura granular da
dentina..........................................................................................................
72
Figura 41 Detalhes da textura fibrosa da petrodentina e textura granular da
dentina...........................................................................................................
73
Figura 42 Tecido dental do morfótipo B, com dentina circundando o canal pulpar e
a petrodentina ao redor da dentina................................................................
73
Figura 43 Vista geral, em corte longitudinal de tecido dental do morfótipo D,
mostrando textura fibrosa da petrodentina, textura granular da dentina e
organização dos canais pulpares...................................................................
74
Figura 44 Detalhe da petrodentina do morfótipo D, mostrando o crescimento das
fibras a partir da dentina e canal vascular pulpal preenchido por
hematita/goethita ..........................................................................................
75
vi
Lista de tabelas
Tabela 1- Relação de placas dentárias referentes aos Dipnoiformes utilizados na
análise...............................................................................................................41
Tabela 2- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo A................................50.
Tabela 3- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo B................................55.
Tabela 4- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo C................................59.
Tabela 5- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo D................................64.
vii
RESUMO
O presente trabalho trata do estudo da paleoictiofauna Dipnoiformes do afloramento
Laje do Coringa, localizado na Ilha do Cajual (Alcântara-Maranhão). Estes depósitos são
datados do Eocenomaniano e fazem parte da Formação Alcântara, Grupo Itapecuru (Bacia de
São Luís-Grajaú). O material analisado é constituído por placas dentárias pertencentes à
coleção paleontológica da Universidade Federal do Maranhão. O estudo morfológico e
histológico da paleoictiofauna presente neste afloramento levou a conclusão de que a
comunidade de peixes Dipnoiformes para esta localidade estaria representada por no mínimo
seis táxons. Destes, três são registrados anteriormente para rochas do Cretáceo Norte africano
(Asiatoceratodus tiguidiensis, Ceratodus africanus, C. humei ?); um morfótipo assemelha-se
a placas dentárias de afinidade taxonômica indeterminada, registrada para depósitos do
Paleoceno da Bolívia; e dois aparentemente não apresentam representantes similares na
literatura. A ocorrência de táxons ainda desconhecidos, e a grande variação morfológica (a
maior para o Cretáceo do Brasil), apresentada para os Dipnoiformes provenientes da Ilha do
Cajual, tornam este um importante depósito para investigações evolutivas e
paleobiogeográficas destes vertebrados no Brasil e no âmbito de Gondwana.
Palavras chaves: Dipnóicos, Placas dentárias, Laje do Coringa, Bacia de São Luís-Grajaú.
viii
ABSTRACT
The current work refers to the study of the paleoicthyofauna of Dipnoiformes from the
fossil site Laje do Coringa, located at the Cajual Island (Alcantara, State of Maranhão,
Northeastern Brazil).These deposits, are dated as early Cenomanian, are part of the Alcântara
Formation, Itapecuru Group (São Luís-Grajaú Basin). The analyzed material is composed of
dental plates from the paleontological collection of the Universidade Federal do Maranhão.
The morphological and histological descriptions of the paleoichtyofauna present in Laje do
Coringa led the deduction of at least 6 taxa of Dipnoiforme. From these, three were previously
recorded for North African Cretaceous deposits (Asiatoceratodus tiguidiensis, Ceratodus
africanus, C. Humei ?); one resemble taxonomically undetermined dental plates from
Paleocene deposits of Bolivia; and two have not been recorded in the literature yet. The
occurrence of taxa still not previous documented in the literature, added to largest
morphological variation among Brazilian Cretaceous of the Dipnoiformes from the Cajual
Island makes this an important deposit for evolutive and paleobiogeographic investigations of
these vertebrates in Brazil and in the Gondwana.
Key words: Dipnoans, Dental plates, Laje do Coringa, São Luís-Grajaú Basin
1
1- INTRODUÇÃO
A separação do supercontinente Gondwana está bem documentada em bacias
sedimentares das margens Leste e Equatorial do Brasil, sendo que o registro paleontológico
de fauna continental em estratros sedimentares meso/albianos é relativamente raro para o
Brasil.
Depósitos Eocenomanianos da Formação Alcântara, Bacia de São Luís-Grajaú,
apresentam fauna diversificada de paleovertebrados, que apresenta semelhanças com o
registro faunístico contemporâneo do Norte da África (Medeiros, 2001; Medeiros & Schultz
2001, 2002).
O bone bed conhecido como Laje do Coringa (Corrêa Martins, 1997), localizado na
Ilha do Cajual, Município de Alcântara, Estado do Maranhão, destaca-se no âmbito dos
demais afloramentos desta unidade, por conter uma grande concentração e diversidade de
material fossilífero. A assembléia registrada neste afloramento fornece informações únicas
sobre a fauna que habitou o Norte-Nordeste brasileiro em meados do Cretáceo (Medeiros &
Vilas Boas, 1999; Medeiros & Schultz 2001, 2002). Um dos grupos de vertebrados fósseis
melhor representados nessa localidade é o dos peixes pulmonados. Este grupo surgiu no Eo-
Devoniano, tendo ampla distribuição paleobiogeográfica, sendo encontrado até os dias atuais.
O principal registro deste grupo, em estudos pós-paleozóicos inclui placas dentárias.
Este estudo consiste na descrição morfológica e histológica de Dipnoiformes com base
na analise de placas dentárias coletadas nesta localidade.
As ocorrências de Dipnoiformes apresentadas neste trabalho fornecem novos dados
sobre a paleoictiologia da Laje do Coringa, e poderão fornecer mais informações para o
melhor entendimento de paleobiologia e paleobiogeografia deste período da história geológica
no Norte-Nordeste do Brasil.
2
2– OBJETIVOS
O presente trabalho objetivou realizar uma análise das formas de Dipnoiformes
representadas na Laje do Coringa. As seguintes abordagens foram propostas;
Descrição da morfologia dos táxons conhecidos e dos novos morfótipos;
Descrição da histologia dos morfótipos analisados e utilização dos dados obtidos como
fundamento para possível classificação taxonômica.
3- Comparação dos táxons estudados com outras formas descritas no Brasil e outros países.
Com base na comparação dos caracteres morfológicos macroscópicos e microscópios das
placas dentárias, determinação de seu status taxonômico em nível mais específico possível.
4- Investigação do grau de diversidade dos Dipnoiformes presentes na Laje do Coringa,
reunindo informações sobre a paleobiologia e descrição das possíveis inferências
paleobiogeograficas relacionadas a este grupo.
3
GEOLOGIA REGIONAL
3.1- Contexto geológico da Bacia de São Luís-Grajaú.
O rifteamento que culminou com a abertura do Oceano Atlântico, iniciada no
Neocomiano, resultou na formação de várias bacias individualizadas no Leste e Nordeste do
Brasil (Szatmari et al., 1987). Sendo que, as bacias localizadas na margem Equatorial, devido
ao processo de transcorrência divergente, mostram um grau de complexidade estrutural maior
que suas correspondentes da borda Leste (Szatmari et al., 1987; Aranha et al., 1990; Góes &
Rossetti, 2001). Uma destas bacias é a de São Luís-Grajaú, a qual faz parte do Sistema de
Graben do Gurupi (Góes & Rossetti, 2001) (Figura 1).
Figura 1-Posicionamento das massas continentais no Neo-Cretáceo e localização da Bacia de
São Luís-Grajaú na América do Sul, indicada pelo círculo vermelho (compilado de
http://www.odsn.de/odsn/services/paleomap/paleomap.html).
4
A Bacia de São Luís-Grajaú localiza-se em grande parte no Estado do Maranhão, com
sedimentos depositados em um intervalo cronológico compreendido entre Aptiano e
Mioceno/Plioceno (Klein & Ferreira, 1979; Góes et al., 1999; Góes & Rossetti, 2001). Está
estabelecida sobre rochas gnáissicas, graníticas e metassedimentares do Cinturão de
Dobramento Gurupi/Tocantins-Araguaia e Cráton de São Luís, bem como sobre as formações
paleozóicas da Bacia do Parnaíba (Aranha et al., 1990; Rossetti, 2001a) (Figura 2).
Esta bacia sedimentar apresenta uma área de aproximadamente 250.000 km². Seus
limites são a plataforma da Ilha de Santana a Norte, Lineamento Tocantins-Araguaia a Oeste,
Lineamento Rio Parnaíba a Leste, Arco Capim a Noroeste, Arco Xambioá-Teresina a Sul
(Rodrigues et al., 1990; Góes, 1995; Góes et al, 1999).
Figura 2- Mapa da localização da Bacia de São Luís-Grajaú na região meio-Norte do Brasil,
com indicação dos principais lineamentos estruturais que limitam suas margens (Adaptado de
Rossetti, 2003).
5
Considerada como uma bacia sedimentar distinta, a Bacia de São Luís apresentava
uma área emersa de aproximadamente 15000 Km2, localizada no litoral Norte do Estado do
Maranhão, e orientada no sentido Noroeste-Sudeste (Rodrigues et al., 1990). Por sua vez, a
Bacia do Grajaú foi formalizada por Góes (1995) e Góes & Coimbra (1996) para designar os
depósitos cretácicos da porção Norte da Parnaíba, que foi desmembrada em quatro diferentes
bacias: Parnaíba (Siluriano-Triássico), Alpercatas (Jurássico/Eo-Cretáceo), Grajaú (Cretáceo)
e Espigão-Mestre (Cretáceo) (Góes & Coimbra, 1996) (Figura 3). Segundo Silva et al. (2003),
a designação é pertinente, uma vez que sua evolução deu-se de maneira policíclica,
compartimentada em bacias com gêneses, estilos tectônicos, preenchimento sedimentar e
idades distintos.
A região correspondente à Bacia do Grajaú havia sido anteriormente designada
como uma estrutura bacinal à parte, por outros autores. Por exemplo, Resende & Pamplona
(1970) denominaram-na de Bacia Epicontinental do Maranhão. Posteriormente Azevedo
(1991) propôs a designação informal de Bacia de Codó, com origem relacionada ao processo
de subsidência térmica. Também foi referida como Bacia do Capim por Borges et al. (1997).
Tradicionalmente considerado como limite Sul da Bacia de São Luís, o Arco
Estrutural Ferrer-Urbano Santos foi reconhecido como uma estrutura intrabacinal e não uma
barreira geográfica para a sedimentação nestas bacias (Góes et al.,1999; Rossetti et al., 2000;
Góes & Rossetti, 2001). Góes & Rossetti (2001) propõem que o Arco Estrutural Ferrer-
Urbano Santos foi soerguido em um tempo pré-Cretáceo, tendo sofrido reativações tectônicas
durante o eo/meso-Albiano. Foi então posteriormente falhado, em função do esforço
distensivo que levou ao desenvolvimento do Sistema de Graben Gurupi, do qual faz parte a
Bacia de São Luís-Grajaú.
Este fato é evidenciado pela presença de três seqüências deposicionais, definidas por
discordâncias regionais, que foram identificadas para as bacias São Luís e Grajaú. Estas
seqüências podem ser mapeadas continuamente, em uma seção Norte-Sul, por até 600 Km de
distância, quando então se adelgaçam, configurando geometrias em cunha, que terminam
progressivamente contra uma discordância basal que trunca depósitos paleozóicos da Bacia do
Parnaíba (Góes & Rossetti, 2001) (Figura 4).
6
Figura 3- Bacias da Província sedimentar do Meio-Norte do Brasil (Compilado de Góes &
Coimbra, 1996).
7
Figura 4- Arcabouço estrutural e seqüências deposicionais que compõem o preenchimento
sedimentar da Bacia São Luís-Grajaú. Os traços indicam o posicionamento dos furos de
sondagem (Compilado de Rossetti, 2003).
O preenchimento sedimentar da Bacia de São Luís-Grajaú é predominantemente
cretácico, sendo representado pela sucessão litoestratigráfica Codó-Grajaú-Itapecuru. Uma
delgada cobertura cenozóica finaliza seu ciclo sedimentar. Estes sedimentos cenozóicos são
reconhecidos pelas formações Pirabas (de distribuição restrita) e Barreiras, que capeiam
extensivamente a sucessão cretácica (Rossetti, 2001b).
A grande espessura e variedade faciológica levaram a algumas propostas de subdivisões
dos depósitos Itapecuru (Figura 5). Assim Campbell et al. (1949) propôs dois membros; Serra
Negra e Boa Vista. Rodrigues et al. (1990) propuseram também dois membros informais a
Bacia de São Luís: Inferior e Alcântara. Esta unidade geológica também foi subdividida por
Aranha et al. (1990) em quatro subunidades: ITA I, II, III e IV.
Rossetti & Truckenbrodt (1997), reunindo estudos fasciológicos e estratigrafia de
seqüências, reconheceram três intervalos estratigráficos na porção Norte da bacia de São Luís,
reunido-os sob a designação formal de Grupo Itapecuru, composto pela Unidade
Indiferenciada e formações, Alcântara e Cujupe. A Unidade Indiferenciada corresponde às
três primeiras unidades definidas por Aranha et al. (1990). As formações Alcântara e Cujupe
seriam o correspondente à unidade ITA IV.
8
Figura 5- Propostas de subdivisões estratigraficas da Bacia de São Luís-Grajaú. Compilado de
Rossetti (2001b).
Rossetti (2001a), com base em estudos de subsuperfície, corroborados por dados
estratigráficos e fasciológicos, subdividiram o preenchimento sedimentar da Bacia de São
Luís-Gajaú em três seqüências deposicionais de segunda ordem, definidas por
descontinuidades de caráter regional, reconhecidas informalmente como S1, S2 e S3. A
seqüência deposicional S1, que inclui as formações Codó e Grajaú (Neoaptiano/Eoalbiano),
consiste de 450 m de arenitos, folhelhos, subordinadamente calcários e evaporitos, formados
de Norte para Sul, em ambientes marinho raso, lacustre e flúvio/deltaico. A seqüência S2
(Eo/Meso Albiano), com cerca de 500 m de depósitos arenosos e argilosos, também está
relacionada a ambientes marinhos rasos e flúvio/deltaicos, correspondendo à Unidade
9
Indiferenciada. A última seqüência S3, com aproximadamente 600 m de sediementos
arenosos e argilosos foi depositada entre o Mesoalbiano e Neocretáceo e apresenta seis ciclos
deposicionais, atribuídos a sistemas de vales estuarinos incisos. Incluem a porção superior da
Unidade Indiferenciada, bem como as formações Alcântara e Cujupe (Rossetti, 2001b).
A formação da Bacia de São Luís-Grajaú mostra-se similar àquelas das demais bacias
marginais brasileiras, podendo ser resumida em três fases principais, como segue.
Fase pré-rift, caracterizada pela formação de uma ampla depressão, com baixa
subsidência e predomínio de delgada sedimentação continental.
Fase rift, com intensa tectônica extensional, responsável pelo desenvolvimento de bacia
profunda, onde se acumulou espesso pacote sedimentar, em ambiente predominantemente
marinho-transicional.
Fase drift (proto-oceânica), caracterizada pela ampliação do fundo oceânico, com
deposição em ambiente marinho hemipelágico (Aranha et al., 1990).
A atual divisão estratigrafica da Bacia de São Luís-Grajaú é detalhada a seguir.
3.2- Formações Codó e Graj
Estas formações representam o estágio pré-rift da bacia e foram primeiramente citadas
por Lisboa (1914) e formalizadas por Campbel et al. (1949). Ocorrem de Norte a Sul na bacia,
sendo representados mais significativamente na borda Leste, nas proximidades da região de
Codó, interior do Estado do Maranhão (Rossetti, 2001b)
A Formação Codó é uma seqüência relativamente delgada, cuja deposição iniciou-se
no Neo-Aptiano (Silva Santos, 1994), sendo representada por folhelhos negros, evaporitos e
calcários lacústres (Mesner & Wooldridge, 1964; Pinto & Ornellas, 1974; Rossetti, 2001a).
Um sistema deposicional dominantemente lacustre têm sido sugerido para esta unidade
aflorante na localidade de Codó enquanto que alguns trabalhos mostram influência marinha
em áreas localizadas em Centro e Norte da bacia (Batista, 1992; Rodrigues, 1995; Rossetti,
2001a).
Intercaladas a esta unidade encontra-se os depósitos da Formação Grajaú, composta
por conglomerados e arenitos atribuídos a ambientes flúvio-deltaicos e eólicos (Mesner &
Wooldridge, 1964; Aguiar, 1971).
10
3.3- Grupo Itapecuru
Este grupo inicialmente designado como formação (Campbel et al, 1949), consiste em
arenitos médios-finos, carbonáticos, de coloração avermelhada, com intercalações de siltitos,
argilitos e folhelhos vermelhos e esverdeados, distribuídos ao longo do Rio Itapecuru, nas
proximidades da Cidade de Itapecurú-Mirim, Estado do Maranhão. Com o passar do tempo, o
nome “Formação Itapecuru” passou a ser empregado como referência a todos os depósitos
entre as formações Codó e Pirabas/Barreiras, ocorrentes nas regiões Oriental do Pará e
Ocidental do Maranhão. Foi subdividido em três unidades por Rossetti & Truckenbrodt
(1997).
3.3.1- Unidade Indiferenciada
Existem poucos trabalhos disponíveis enfocando estes depósitos, especialmente em
relação à caracterização faciológica e análise da arquitetura deposicional em escala de
afloramento (Rossetti & Góes, 2003).
Apesar de mal conhecidas, rochas albianas são particularmente expressivas nas bordas
da Bacia de São Luís-Grajaú (Rossetti & Góes, 2003). Estes depósitos, próximo à Cidade de
Codó, são separados da Formação Codó por discordância, sendo compostos por arenitos,
argilitos e subordinamente calcários.
Para este intervalo estratigráfico foram reconhecidas quatro associações faciológicas,
atribuídas a ambientes depocicionais de shoreface superior, laguna/baía interdistributária,
canal distributário e lobos de suspensão (Rossetti et al., 2001).
Os depósitos albianos registrados até o momento na bacia são sistematicamente
representativos de ambientes marinhos transicionais (Rossetti & Góes, 2003). Estes autores
propõem que durante este período a Bacia de São Luís-Grajaú representasse uma ampla área
oceânica costeira, cujas margens eram dominadas por sistemas deltaicos. A paleocosta
mostrava morfologia provavelmente lobada, mas que lateralmente poderia ter flutuado para
suavemente cuspidada ou mais retilínea, em função da baixa influência fluvial e do intenso
retrabalhamente por ondas de tempestades. Dados palinológicos nas localidades de Querru e
Guariba, próximos à Cidade de Itapecurú-Mirim, Estado do Maranhão sugerem condições
climáticas quentes e áridas para o Norte maranhense, durante a deposição desta unidade
(Pedrão et al., 1993a).
11
3.3.2- Formação Alcântara
Esta unidade foi proposta por Cunha (1968) para depósitos cenomanianos aflorantes
no Município de Alcântara, Estado do Maranhão. Inicialmente pouco utilizado, este termo foi
retomado por Rossetti & Truckenbrodt (1997), que justificaram o enquadramento destes
depósitos na categoria de formação.
A Formação Alcântara, discordantemente sobreposta à Unidade Indiferenciada e
sotoposta à Formação Cujupe, consiste em um pacote de 30 a 35 m de espessura de arenitos,
argilitos e calcários de coloração marron achocoltado a cinza esverdeados. Estes foram
depositados por processos de tempestades de grande intensidade, e subordinadamente
correntes de marés, em ambientes shoreface médios a superiores, foreshore, canais de maré e
laguna washover (Rossetti 1997, 2001a). Estes sub-ambientes compõem um vale estuarino
inciso, tipicamente configurando sistemas ilhas-barreiras. A mistura de faunas de águas
continentais, marinhas e salobras (Klein & Ferreira, 1979; Rossetti, 2001a), levaram a aventar
sobre a possibilidade de conexão deste sistema com um estuario do tipo dominado por onda
(Rossetti 1997, 2001a).
A Formação Alcântara está bem representada na porção Norte da Bacia de São Luís-
Grajaú, sendo encontrados vários afloramentos fossilíferos ao longo da Baía de São Marcos
(Rossetti & Truckenbrodt, 1999).
Analise palinológica de uma amostra coletada em afloramento na Ponta do Farol, Baía
de São Marcos, Ilha de São Luís, mostrou elementos marinhos, representados por testas
quitinosas de foraminíferos e escolecodontes, além de uma variedade de palinomorfos, que
indicam a idade eocenomaniana (Pedrão et al., 1993b). Além disso os palinomorfos, indicam
que o clima ainda permaneceu quente e com tendência à aridez, durante a deposição da
Formação Alcântara (Pedrão et al. 1993b; Rossetti, 2001a; Rossetti et al., 2001). A presença
de calcretes com horizontes paleocársticos e de fenestras formadas por dissolução meteórica,
indicam alternâncias de clima seco a úmido (Rossetti & Toledo, 1996; Rossetti et al., 2001).
3.3.3- Formação Cujupe
Esta unidade corresponde a um pacote com cerca de 25 m de espessura, constituído
por arenitos caulínicos, com granulometrias fina a muito fina, bem selecionados, cores branca,
12
cinza e violácea. Subordinadamente ocorrem conglomerados intraformacionais com clastos de
argila e matriz arenosa (Rossetti & Truckenbrodt 1997, 1999).
Definida por Rossetti & Truckenbrodt (1997), esta formação representa o
preenchimento de um paleovale inciso estuarino, incluindo depósitos atribuídos a canais de
marés, baías de inframarés, barras de marés, baixios/planícies de marés, e deltas de marés.
Base e topo mostram-se limitados por discordâncias com relevo erosional (Rossetti, 1998).
O posicionamento acima de rochas cenomanianas, e abaixo de depósitos
oligo/miocênicos, levam a sugerir idade incerta, entre o Neo-Cretáceo e início de Paleogeno
para esta formação (Rossetti et al., 2001).
O Paleovale Cujupe, localizado na parte Leste da bacia, forma um extenso cinturão
orientado na direção Nordeste/Sudoeste, com uma extensão de pelo menos 150 km e largura
de 20 a 30 km (Rossetti, 1998). A abundância de restos vegetais, em argilitos laminados
estuarinos, localizados na borda Leste da bacia, no Porto de Cujupe, indicam que apesar da
tendência à aridez, justificada pela formação de arenitos arcoseanos, é possível que períodos
de certa umidade tenham ocorrido durante a deposição da Formação Cujupe (Rossetti et al.,
2001).
3.4- Depósitos Cenozóicos
A cobertura cenozóica da Bacia de São Luís-Grajaú, apesar de delgada, apresenta
afloramentos bem conservados. Estes sedimentos (formações Barreiras/Pirabas) ocorrem
discordantemente sobre rochas cretácicas.
Os sedimentos terciários da Formação Pirabas foram descritos inicialmente por Maury
(1924), representados por arenitos, argilitos e calcários. Antigas referências o consideravam
erroneamente como parte dos sedimentos Itapecuru (Klein & Ferreira, 1979; Petri & Fúlfaro,
1983). O termo Barreiras define um conjunto de arenitos, siltitos, argilitos e conglomerados,
freqüentemente lenticulares (Petri & Fúlfaro, 1983).
Três unidades são descritas por Rossetti (2003), correspondentes aos termos
litoestratigráficos Pirabas/Barreiras Inferior, Barreiras Médio/Superior e Barreiras Superior.
Segundo a autora, estes depósitos representam sedimentação inicialmente do tipo mista-
carbonática-siliciclástica, que evoluiu para exclusivamente siliciclástica para o topo, tendo
sido formados em sistemas estuarinos de vales incisos.
13
4- REGISTROS FÓSSEIS DA BACIA DE SÃO LUÍS-GRAJAÚ.
O documentário paleontológico da Bacia de São Luís-Grajaú é bastante variado,
incluindo registros fósseis de vertebrados e invertebrados que ocorrem dispersos ou
concentrados em horizontes estratigráficos. Na localidade de Itapecurú-Mirim e na região
litorânea da Baía de São Marcos, têm sido relatadas ocorrências fósseis em depósitos
cretácicos desde meados do Século XX.
O primeiro registro de invertebrados foi descrito por Oliveira (1958), que identificou
uma espécie de gastrópodo (Nerinea pontagrossensis) proveniente do Farol de São Marcos,
na praia homônima. Outros regsitros da malacofauna do Grupo Itapecuru são apresentados
por Klein & Ferreira (1979), Ferreira & Cassab (1987), Ferreira (1991), Carvalho & Silva
(1992) e Ferreira et al. (1995).
Pinto & Ornellas (1974) registram a ocorrência de insetos Hemiptera, representante
das famílias Pricicoridae e Latiscutillidae, bem documentados em folhelhos neoaptianos da
Formação Codó. Estes grupos são comuns em depósitos representativos de climas quentes.
Os primeiros fósseis de vertebrados foram identificados por Price (1947, 1960), que
faz referências a restos ósseos nas ilhas de Livramento, do Medo e de Itaúna (hoje chamada
Ilha do Cajual). Estes fragmentos foram atribuídos a peixes (Elasmobranchia, Dipnoi e
Actinopterygii) e répteis (Testudines, Crocodylomorpha, Theropoda e Sauropoda).
A paleoictiofauna conhecida na Bacia São Luís-Grajaú é diversificada. Silva Santos
(1994) reconheceu onze táxons para estratos da Formação Codó. Destes apenas um é
exclusivo desta unidade, sendo os demais registrados originalmente na Formação Santana da
Bacia do Araripe.
Escamas do gênero Lepidotes (Semionotidae) foram identificadas nas barrancas do
Porto de Itaqui (Carvalho & Silva, 1992). Para a mesma localidade foram noticiadas placas
dentárias associadas ao gênero Ceratodus (Cunha & Ferreira 1979, 1980).
Placas dentárias de Dipnoiformes também foram registradas na Ilha do Cajual
(Ceratodus africanus e Asiatoceratodus tiguidiensis) e em depósitos albianos próximos à
Cidade de Itapecuru-Mirim (Asiatoceratodus tiguidiensis) (Medeiros, 2001; Medeiros &
Schultz, 2001; Dutra & Malabarba, 2001; Sousa et al., 2003; Castro et al., 2003, 2004).
Outros registros de peixes sarcopterígeos foram relatados por Carvalho & Maisey
(1999), que fazeram breves descrições de representantes dos gêneros Mawsonia e
14
Axelrodichthys, coletados em afloramentos das cidades de Itapecuru-Mirim (Albiano) e Codó
(Aptiano), respectivamente. Fragmentos ósseos e lepidotríquias de Mawsonia são citados para
a Laje do Coringa (Medeiros, 2001; Medeiros & Schultz; 2001).
Dutra & Malabarba (2001) registraram dezessete táxons, em afloramentos nas
proximidades das cidades de Alcântara, Itapecurú-Mirim e Coroatá atribuídos a
paleoambientes continentais a marinhos. Eugênio (1994) e Pereira & Medeiros (2003)
registraram alguns destes táxons, em afloramentos localizados ao longo da Baía de São
Marcos.
Dentes associados a picnodontideos foram registrados em afloramentos próximos à
Cidade de Itapecuru e na Laje do Coringa (Carvalho, 1997; Sousa et al., 2004).
A Classe Chondrichtyes está representada por placas dentárias e espinhos de nadadeira
de tubarões Hybodontiformes, coletados na Laje do Coringa (Medeiros, 2001; Medeiros &
Schultz, 2001; Marques da Silva & Medeiros, 2003).
Fragmentos de testudinos foram registrados por Carvalho & Gonçalves (1994).
Moraes Santos et al. (2001) descrevem um espécimen de testudino Pleurodira (Superfamília
Pelomedusoidae) com base em uma carapaça incompleta coletada na Praia da Baronesa,
Município de Alcântara.
Carvalho (1994a) redefine e redescreve um crocodilomorfo notossúquio, Candidodon
itapecuruense, com base em material craniano coletado nas proximidades da Cidade de
Itapecurú-Mirim. Na Laje do Coringa são encontrados dentes e placas dérmicas de
crocodilomorfos (Medeiros, 2001).
Dentes isolados, associados a répteis marinhos (plesiossauros e mosassauros) são
registrados por Eugênio (1994), Carvalho et al. (1997) e Vilas Bôas & Carvalho (1999, 2001)
nas localidades Praia da Baronesa e Laje do Coringa (Ilha do Cajual), Município de
Alcântara.
Fragmentos ósseos e dentes associados a dinossauros são apresentados por Ferreira
(1991) e Ferreira et al. (1991), Vilas Bôas et al. (1999), Medeiros & Vilas Bôas (1999),
Medeiros (2001), Medeiros & Schultz (2001), Ribeiro et al. (2003) e Carvalho et al. (2003).
Medeiros (2001) e Medeiros & Schultz (2001, 2004) apresentam um estudo sobre a
fáunula de vertebrados fósseis encontrada na Laje do Coringa, sendo que os grupos mais
significativamente representados são peixes e dinossauros, incluido formas compartilhadas
com os depósitos do Norte africano, mas de situação taxonômica controversa, como Astrodon.
15
O registro icnofossílifero é bem documentado em afloramentos da região litorânea da
Baía de São Marcos, sendo reconhecidos pegadas, coprólitos e bioturbações (Carvalho,
1994b; Carvalho & Gonçalves, 1994; Carvalho, 2001; Medeiros, 2001). São conhecidas
várias ocorrências de icnofósseis de vertebrados em rochas cenomanianas, expostas ao longo
das falésias desta área.
Vicalvi et al. (1993) descreveram fragmentos de tamanhos variáveis associados, em
uma primeira análise, a cascas de ovos de dinossauros. O material foi coletado a poucos
metros do local onde foram recuperados ossos e dentes serrilhados, na localidade Igarapé da
Mata, proximidades de Itapecurú-Mirim.
Registros de vegetais são citados por Klein & Ferreira (1979), que reconheceram a
presença de folhas de angiospermas em calcários dolomíticos do Farol de São Marcos, Cidade
de São Luís. Outros vegetais fósseis também foram identificados, através de impressões de
ramos de esfenófitas, fragmentos de troncos de pteridófitas e gimnospermas, no afloramento
Laje do Coringa da Ilha do Cajual (Medeiros, 2001).
Vicalvi & Carvalho (2002) identificaram oogônios de carófitas, coletados no
Município de Cantanhede, margem esquerda do Rio Itapecuru. O material estava associado a
bioturbações tubulares, ostrácodos, conchóstracos e fragmentos ósseos.
16
5– DIPNOIFORMES
5.1- Generalidades
O clado Dipnoi, ao lado de Rhipidistia, Onycodontia e Acnistia, representam a
subclasse Sarcopterygii (Benton, 1997; Richter et al., 2004). Schultze & Campbell (1986)
definem os Dipnoi por vinte e uma características, que distinguem este grupo dos demais
sarcopterígeos e excluem o primitivo gênero eo-devoniano Diabolepis. Desta forma, os
Dipnoi, ao lado da Ordem Diabolepidida (Devoniano), compõem a infraclasse Dipnoiformes
(Richter et al., 2004).
Representantes dos Dipnoiformes são conhecidos do Eo-Devoniano até o Holoceno. O
termo refere-se à dupla forma de respiração deste grupo de peixes, que apresentam brânquias
e pulmões, e os faz conhecidos como peixes pulmonados (Benton, 1997). Estruturas do
esqueleto, associadas à respiração aérea, são ausentes em Dipnoiformes marinhos primitivos,
mas surgem durante o Meso-Devoniano (Long, 1993).
Registro fóssil de Dipnoiformes é encontrado em todos os continentes. São conhecidas
aproximadamente 280 espécies, divididas em 64 gêneros (Cloutier & Ahlberg, 1996). Do total
conhecido, metade ocorre na Europa, um quinto é encontrado na Austrália, outros tantos nos
Estados Unidos e um décimo no Canadá, Groenlândia, Madagascar e Rússia.
Aproximadamente 19 gêneros e cerca de 60 espécies são descritas somente com base em
placas dentárias (Marshall, 1986).
Os Dipnoiformes alcançaram dois picos de diversidade em dois períodos distintos.
Durante o Devoniano (mais de 85 espécies), quando ocorreu a primeira e maior radiação
adaptativa e no Triássico (mais de 45 espécies) (Cloutier & Ahlberg, 1996). A partir do
Jurássico, este grupo apresenta uma retração de sua ampla distribuição original, sofrendo um
progressivo declínio durante o Mesozóico e o Cenozóico, com confinamento progressivo ao
Hemisfério Sul. A partir do Terciário, são registrados exclusivamente na América do Sul,
África e Oceania, continentes que faziam parte do Gondwana (Toledo, 2001).
Os Dipnoiformes mais primitivos são registrados exclusivamente em paleoambientes
marinhos. A partir do meso-Carbonífero são descritos também associados a estuários (Janvier,
1996). Observa-se um desenvolvimento preferencial das formas de Dipnoiformes em águas
continentais ao longo da evolução deste grupo (Marshall, 1986; Martin, 1987).
17
As seis espécies viventes são representantes exclusivas de águas continentais, estando
contidas em três agrupamentos genéricos (Marshall, 1986). São eles Lepidosiren na América
do Sul, Protopterus na África e Neoceratodus na Austrãlia (Kemp & Molnar, 1981) (Figura
6).
Figura 6- Representantes atuais dos gêneros de Dipnoiformes. A-Neoceratodus forsteri
KREFFT 1870, B-Protopterus aethiopicus HECKEL 1851, C-Lepidosiren paradoxa
FITZINGER 1837 (Fonte: Kodera, 1994).
Os membros conhecidos mais antigos desta ordem são os gêneros Uranolophus
(Formação Beartooth Butte, Wyomimg, USA) e Speoneshydrion (Calcário Blooomfield, New
South Wales, Austrália), ambos do Pragiano. Também bastante basais são
Sorbitorhynchusodas (Formação Dale, Província de Guangxi, China) e Dipnorhynchus (New
South Wales, Austrália), do Emsiano.
A morfologia dos Dipnoiformes devonianos é bem documentada principalmente por
material proveniente da Formação Gogo da Austrália, dos depósitos “Flagstones Caithness”
18
da Escócia e da Formação Escuminac de Québec (Canadá), que apresentam espécimens
completos (Janvier, 1996; Cloutier & Ahlberg, 1996). Por outro lado, a anatomia de espécies
de Neo-Paleozóico, Mesozóico e Cenozóico é pobremente conhecida, pois muitas destas são
conhecidas somente por elementos isolados, geralmente ossos mandibulares e placas dentárias
(Cloutier & Ahlberg, 1996; Kemp, 1998).
A progressiva redução na ossificação de endo e exoesqueletos, dos representantes
deste grupo ao longo de sua evolução, tornou restrito o número de informações cranianas e
pós-cranianas de táxons pós-paleozóicos (Janvier, 1996).
Os primeiros Dipnoiformes devonianos apresentavam uma maciça ossificação
craniana, com numerosos ossos dérmicos organizados em um modelo complexo,
característico de cada espécie, cobrindo o igualmente ossificado neurocrânio. Ao longo de sua
evolução esta estrutura craniana tornou-se reduzida (Kemp, 1992; Long, 1995) (Figura 7).
Os três gêneros viventes apresentam reduzidas partes ósseas em seus esqueletos.
Neurocrânio e partes da espinha dorsal tornaram-se cartilaginosos e outros ossos do crânio são
reduzidos em números e peso (Benton, 1997).
Eo-Devoniano
Meso-Neo Devoniano
Permiano
Cretáceo-Recente
Uranolophus
Chirodipterus
Gnathorhiza
Neoceratodus
Figura 7- Mudanças no modelo do teto craniano de Dipnoiformes ao longo da historia
evolutiva do grupo, mostrando a simplificação dessa estrutura (Adaptado de Long, 1995).
As relações evolutivas entre os Dipnoiformes são, no presente, matéria de
controvérsias (Kemp, 1998). As propostas sobre as diferentes filogenias para os
representantes mesozóicos, em geral são baseadas em duas abordagens. A primeira utilizando-
se de modelos sobre as análises osteológicas cranianas (Schultze, 1981), que inclui um
reduzido número de táxons. A segunda fundamentada em caracteres obtidos através de placas
19
dentárias isoladas (Martin 1982a, 1982b, 1984a), na qual poderiam ser incluídas muitas das
espécies conhecidas (Arratia & Cione, 1996).
Devido a sua grande variabilidade, a utilização de placas dentárias tem sido
questionada como elemento seguro para propostas de relações filogenéticas (Vorob`yeva,
1967; Schultze, 1991). Porém, restos cranianos são limitados no registro fóssil para
Dipnoiformes pós-paleozóicos (Schultze, 1991). Segundo Kemp (1998) estruturas cranianas
são importantes para a classificação no âmbito do grupo, mas gêneros baseados em placas
dentárias também são válidos. Além disto, os tecidos mais resistentes, que compõem a placa
dentária, fornecem caracteres úteis para definir táxons em Dipnoiformes, como as diferentes
organizações dos tecidos em cada espécies. Detalhes da organização das dentinas
especializadas são variáveis entre gêneros e significativos para estudos sobre estrutura e
função das placas dentárias (Kemp, 2001).
Martin (1982a, 1982b) classifica os Dipnoiformes pós–paleozóicos em cinco famílias:
Ceratodontidae Gill 1872, Ptychoceratodontidae Martin 1982, Arganodontidae Martin 1982,
Neoceratodontidae Miles 1977 e Lepidosirenidae Bonaparte 1841.
Para Schultze (1992) seriam quatro famílias (Ceratodontidae, Ptychoceratodontidae,
Neoceratodontidae e Lepidosirenidae) pós-paleozóicas, entre as dezoito reconhecidas por este
autor.
5.2- Placas dentárias
Dipnoiformes são caracterizados por um peculiar tipo de dentição. Em muitos deles
faltam dentes marginais, os maxilares são ausentes e os pré-maxilares, quando presentes, são
muito reduzidos, possuindo apenas poucos elementos dentários (Cloutier & Ahlberg, 1996).
Muitas das espécies conhecidas de Dipnoiformes são descritas com base somente em
placas dentárias. A composição por tecidos altamente mineralizados torna estes elementos
mais resistentes e com maior probabilidade de conservação no registro fóssil.
Placas dentárias são conhecidas do Emsiano ao Holoceno e constituem o aparato
dentário primário de muitas espécies. Dois outros tipos distintos de dentição são conhecidos:
carapaça de dentina e tipos providos de elementos denticulados (Cloutier & Ahlberg, 1996).
Estes últimos são encontrados em Dipnoiformes mais primitivos (Martin, 1987).
20
alguma discussão na literatura sobre a primitiva condição de dentição em
Dipnoiformes, pois entre os primeiros representantes do Devoniano são encontradas todos as
variações morfológicas, o que dificulta uma conclusão sobre qual a condição primitiva
(Kemp, 1977; Denison, 1974). Campbell & Barwick (1983) reconhecem duas linhagens
distintas de dentição para estes peixes: os tipos denticulados, conhecidos em formas do
Devoniano e aqueles com placas dentárias, reconhecidas primeiramente em gêneros
devonianos e ocorrentes em todas as formas modernas.
Dipnoiformes incluem representantes com dois tipos de placas dentárias. Aqueles com
verdadeiras placas dentárias, as quais crescem pela adição de novos tecidos dentários na
margem das placas e têm uma cavidade pulpar abaixo desta. E aqueles com uma primitiva
placa de dentina, freqüentemente com simples e rudimentares fileiras de dentes. Estas formas
claramente representam primitivos grados de organização na evolução das verdadeiras placas
dentárias (Long, 1995).
Os Dipnoiformes mais evoluídos caracterizam-se por possuírem dentes fusionados,
formando seis placas dentárias, constituindo três duplas. A primeira dupla de placas situa-se
na porção anterior do maxilar e são denominadas de Volmer. A segunda dupla, que é superior,
fixa-se ao entopterigóide. A terceira dupla, situada inferiormente, está fixada aos pré-
articulares (Tabaste, 1963; Long, 1995) (Figura 8). As placas dentárias de Volmer são mais
frágeis que as demais, tornando mais difícil sua preservação no registro fóssil (Toledo, 2001).
As placas dentárias pré-articulares e entopterigóides consistem em duas faces amplas e
geralmente triangulares. A face oclusal, ou oral, posiciona-se em direção à cavidade oral. A
face basal, ou aboral, está voltada para o suporte ósseo da placa. A periferia da placa dentária
é formada por três margens: mesial, lingual e labial (Tabaste, 1963) (Figura 9). A margem
mesial em geral é de menor extensão, podendo acompanhar o contorno da primeira crista.
Pode ser dividida em duas margens menores, uma interdental e outra mesiobucal (Churcher &
De Iuliis, 2001). Esta subdivisão não é observada em todos os táxons. A margem lingual
normalmente é mais longa que a mesial e usualmente curvada e contínua. A labial é maior,
exibindo as terminações das cristas. As denticulações alternadas com sulcos dão um contorno
sinuoso a esta última margem. O ângulo formado pela interseção das margens mesial e lingual
é conhecido como mesiointerno. Em Neoceratodus forsteri cada placa é formada por um
modelo de cristas radiais, feitas da fusão de cúspides inicialmente isoladas (Kemp, 1977).
21
Figura 8- Vista lateral do crânio de Neoceratodus forsteri, gênero vivente de Dipnoiformes da
Austrália, mostrando os bordos labiais das placas dentárias superior e inferior (Long, 1995).
Segundo Martin (1980), as diferenças entre as placas dentárias superiores e inferiores,
aplicadas aos Dipnoiformes Ceratodontidae europeus, ao vivente Neoceratodus forsteri, aos
morfótipos cretácicos da África, em Ceratodus madagascariensis e em Arganodus atlantis,
podem ser identificadas como:
(i) lado mais convexo da primeira crista na placa dentária inferior, visível em vista dorsal;
(ii) lado mesial da primeira crista nas placas dentárias superiores não visível na mesma vista;
(iii) ângulo entre o plano da superfície oclusal da placa dentária, e o lado mesial da primeira
crista, agudo nas placas dentárias superiores e obtuso nas inferiores;
(iv) as faces labial e lingual das placas dentárias inferiores são retas ou levemente côncavas, e
ocultas em vista posterior.
22
Figura 9- Perfil oclusal de uma placa dentária de Dipnoiformes. Forma triangular com três
bordos (adaptado de Churcher & De Iuliis, 2001).
Apesar de dados biométricos serem constantemente citados na literatura como caráter
taxonômico, trabalhos com base em materiais australianos questionam esta validade, devido
às variações observadas no desenvolvimento ontogenético do representante atual
Neoceratodus forsteri. Segundo Kemp (1977), o aumento no número de cristas ao longo do
desenvolvimento ontogenético do animal, e os valores entre os ângulos destas, que se tornam
progressivamente menores, são características sem valor taxonômico. Além disto, análises
biométricas necessitam de uma boa amostra estatística (Kemp 1997a, 1997b).
Estes elementos denticulares são altamente resistentes e, ao longo da vida do animal,
estão sujeitos às constantes abrasões sobre a superfície de trituração. Esta resistência é
ocasionada pela presença de tecidos hipermineralizados. Registros destes tecidos são
encontradas em muitos Dipnoiformes pós-paleozóicos e em todas as formas atuais (Smith,
1984).
23
A peculiar estrutura das dentinas é única para Dipnoiformes, não sendo encontrada em
outros grupos de vertebrados, incluindo outros sarcopterígios e primitivos tetrápodos (Kemp,
2001). Porém existem muitas dificuldades em se comparar trabalhos sobre os tecidos
dentários, apresentados por diferentes autores, devido a problemas terminológicos. Vários
termos foram propostos para designar tecidos dentários em Dipnoiformes apresentando as
mesmas propriedades (Smith, 1979). Muitos deles foram propostos com base na organização
dos denteons (dentina tubular, dentina colunar, dentina trabecular) ou nas relações de tecidos
nas placas dentárias (pleromim compacto ou vascular, dentina colunar central) (Lund et al.,
1992). Apesar de alguns trabalhos de revisão (como Smith, 1984; Lund et al. 1992; Kemp,
2001), não existe ainda consenso entre os autores sobre a melhor forma de descrever os
tecidos dentais deste grupo. Na Figura 10 são apresentadas algumas propostas de
denominações destes tecidos e suas prováveis correlações.
Kemp (2001) descreve um conjunto de dentinas que pode ser encontrado em placas
dentárias de Dipnoiformes. Os tecidos duros presentes podem incluir esmalte, manto de
dentina, dentina circundenteonal, dentina interdenteonal e petrodentina, dependendo da
espécie. Todas as dentinas de placas dentárias destes vertebrados são baseadas na matriz
extracelular de fibras de colágeno, com mineralização de cálcio hydroxiapatita.
Segundo Kemp (2001) a petrodentina estaria restrita aos Lepidosirenidae e aos taxóns
Mioceratodus, Gnathorhiza, Archaeoceratodus, algumas espécies do gênero Metaceratodus e
talvez Sagenodus. A origem deste tecido seria o núcleo de dentina composto por tecido
hipermineralizado, cone de dentina palial sensu Smith (1984). Em alguns gêneros, este núcleo
de dentina desenvolve-se em petrodentina e em outros é perdido, durante a abrasão na
superfície oclusal dos indivíduos ainda jovens.
24
Figura 10- Termos e suas prováveis correlações apresentadas para tecidos dentais em placas
dentárias de Dipnoiformes (Adaptado de Kemp, 2001).
Smith (1984) faz uma revisão dos tecidos dentários apresentados para Dipnoiformes
por outros autores, analisando tanto táxons fósseis quanto viventes. A autora descreve doze
caracteres, listados abaixo, que podem ser usados para identificar a petrodentina.
1- Não diagenética, não manchada durante a fossilização.
2- Translúcida em luz não polarizada transmitida.
3- Poucos túbulos, ou se presentes, muito finos e confinados às margens.
4- Hipermineralizada em relação a dentina normal e ao osso.
5- Birrefringência devido ao componente mineral, bandas cruzadas em altos ângulos
6- Sinais opostos de birrefringência em regiões adjacentes; cada banda inclinada 45° em
relação ao eixo vertical.
7- Formação de uma matrix fibro-basal, com cristais em grupos que retêm a orientação das
fibras.
8- Continuação das bandas de cristais-fibras com bandas de colágeno-fibra nas margens.
25
9- Extrema redução de matriz orgânica, concomitante com mineralização.
10- Crescimento seqüencial contínuo a partir de células pulpares na superfície abtritural.
11- Desenvolvimento posterior na histogênese dos tecidos em cada dentículo ou região
12- Formada nos primeiros estágios ontogenéticos da placa dentária.
Com base nestes caracteres, Smith (1984) define a petrodentina como não confinada a
Dipnoiformes avançados, estando presente em táxons como Monongahela (Permiano),
Scaumenia (Devoniano) e Rhinodipterus (Devoniano). Registro de dentina hipermineralizada,
presente em placas dentárias de gêneros devonianos, é descrito por outro autores (Denison,
1974; Orvig, 1976).
Para Lund et al. (1992), a petrodentina encontrada em Dipnoiformes Lepidosirenidae é
composicionalmente indistingüível da dentina interdenteonal do Ceratodontidae. Segundo
estes autores, a identidade da composição forneceria suporte para a hipótese de
conservadorismo secretor em odontoblastos (células secretoras de dentina) de Dipnoiformes e
a interpretação de petrodentina como um estado interdenteonal plesiomórfico.
As duas diferenças mais significativas entre dentina interdenteonal e petrodentina, em
placas dentárias de Dipnoiformes adultos, seria a ausência de denteons na petrodentina e o
desenvolvimento secundário do primeiro tecido (Kemp, 2001).
O termo petrodentina foi primeiramente utilizado por Lison (1941) para descrever uma
dentina hipermineralizada específica em placas dentárias dos gêneros viventes em África e
América do Sul, respectivamente Protopterus e Lepidosiren.
Nos Lepidosirenidae o desenvolvimento da petrodentina em cada crista surge de
persistência e proliferação do núcleo de dentina das cúspides iniciais. Produz uma linha
contínua de petrodentina abaixo do longo eixo das cristas (Figura 12). Estruturalmente lembra
a dentina interdenteonal e forma, como a última, a cavidade pulpar, mas não contêm denteons
(Kemp, 2001).
Na superfície oclusal das placas dentárias de Dipnoiformes observam-se pequenas
pontuações organizadas aleatoriamente. São referentes aos canais pulpares (ou denteons), que
ascendem da base para a superfície de trituração (Kemp, 1995). Nestes canais encontram-se
finos túbulos de dentina, nos quais se alojam os processos celulares dos odontoblastos, as
células produtoras de dentina. À medida que a dentina é secretada, os túbulos são incluídos
neste tecido, o que permite a secreção da dentina na região adjacente. Esta deposição é
centrifuga em relação à cavidade pulpar (Smith, 1979 apud Toledo, 2001).
A petrodentina (dentina interdenteonal sensu Kemp, 2001) é produzida por células
especializadas na superfície pulpar, em uma seqüência contínua de crescimento (Smith,
26
1984). Esta deposição contínua repõe o tecido gasto por abrasão na superfície de trituração. A
petrodentina, portanto cresce progressivamente e extensivamente no espaço ósseo, mantendo
também seu gradual aumento em tamanho com o avanço da idade do indivíduo (Smith, 1984;
Smith & Sansom, 1999).
Figura 11- Corte transversal ao longo das cristas de uma placa dentária do gênero
Lepidosiren, onde P representa a coluna de petrodentina abaixo do eixo das cristas (Adaptado
de Denison, 1974).
Segundo os critérios estabelecidos por Smith (1984), a petrodentina seria o principal
tecido constituinte das placas dentárias dos Dipnoiformes, tanto em formas fósseis como nas
atuais. Todas os morfótipos referentes às famílias Lepidosirenidae e Ceratodontidae
possuiriam petrodentina como maior componente de suas placas.
A petrodentina apresenta baixa porcentagem de matriz orgânica, sendo caracterizado
por extrema dureza e translucência. Este tecido possui uma microestrutura madura, no qual
predominam relativamente grandes cristais. É agrupada em bandas paralelas, mas os túbulos
onde ocorrem os processos celulares dos odontoblastos estão ausentes (Toledo, 2001).
A única real diferença entre as formas viventes de Dipnoiformes, em relação ao tecido
dentário, seria a organização do canal vascular pulpar em petrodentina. Arranjo e crescimento
da petrodentina nos Lepidosirenidae do Terciário são similares àqueles das formas recentes.
Nos Ceratodontidae fósseis, como nas formas do Triássico, são semelhantes a Neoceratodus
(Toledo, 2001).
27
Gêneros diferem na microestrutura de seus tecidos, que é a organização dos canais
vasculares, e nas proporções de petrodentina e dentina trabecular. Estas diferenças incluem o
padrão das bandas de cristais fibrosos, com ramificações e extensão da penetração dos
túbulos, a partir das células nos canais pulpares. Muitas das características de histogênese e
crescimento são partilhadas por formas fósseis e modernas (Smith, 1984) (Figura 12).
Figura 12- Organização de canais pulpares e tecidos dentários em três espécies atuais
(Neoceratodus forsteri, Protopterus aethiopicus e Lepidosiren paradoxa) e uma espécie fóssil
(Ceratodus madagascariensis PRIEM 1924) (adaptado de Smith, 1984). A dentina em volta
dos canais pulpares, e estes, estão inseridos na petrodentina. Organização paralela dos canais
pulpares em Neoceratodontidae e Ceratodontidae, ramificada em Lepidoserenidae.
28
5.3-Registros das ocorrências de Dipnoiformes no Brasil
relativamente poucos registros de Dipnoiformes para o Brasil. Estas ocorrências se
distribuem do Paleozóico ao Cenozóico (Toledo & Bertini 2002, 2005) (Figura 13).
Em sedimentos paleozóicos, são registradas placas dentárias associadas às famílias
Sagenodontidade, Lepidosirenidae e Ceratodontidae, provenientes da Formação Pedra do
Fogo (Permiano), Bacia do Parnaíba, Estado do Maranhão (Silva Santos, 1990).
Figura 13- Ocorrências de materiais fósseis de Dipnoiformes no Brasil. (1) Bacia do Acre, (2)
Bacia São Luís-Grajaú, (3) Bacia do Parnaíba, (4) Bacia do Araripe, (5) Bacia do Paraná
(Adaptado de Toledo & Bertini, 2005).
Para o Permiano da Bacia do Paraná são descritas placas dentárias coletadas em
sedimentos da Formação Corumbataí, Grupo Passa Dois, aflorantes no Estado de São Paulo,
associadas às famílias Ceratodontidae e Gnarthorizidae (Toledo & Bertini 1999, 2001, 2003,
2005; Toledo et al., 2005a). Toledo (2001) apresentou dez morfótipos coletados nesta unidade
29
geológica, representados exclusivamente por placas dentárias isoladas tricuspidadas e
tetracuspidadas. Também em sedimentos permianos, são registradas placas dentárias
provenientes da Formação Rio do Rasto, Estado do Paraná (Ragonha, 1989) e da Localidade
de Posto Queimado, Rio Grande do Sul (Malabarba et al., 2003). Richter & Langer (1998)
descrevem a primeira ocorrência da Família Gnathorhizidae para a América do Sul, com base
em duas placas, coletadas em sedimentos desta localidade gaúcha.
Fernandes & Carvalho (2002) registram a ocorrência de um icnofóssil associado a uma
provável escavação de Dipnoiformes, proveniente da Formação Ponta Grossa (Devoniano),
Bacia do Paraná, Estado do Mato Grosso.
Para depósitos mesozóicos, registra-se placa dentária fragmentada, apresentando
quatro cristas e um perfil associado a Ceratodontidae, além de possíveis ossos cranianos,
provenientes de sedimentos triássicos da Formação Santa Maria, município de São João do
Polêsine, Rio Grande do Sul (Richter, 2001).
Na Bacia do Araripe, Formação Brejo Santo (Cretáceo Inferior), Silva & Azevedo
(1996) descrevem a ocorrência de Neoceratodus sp. com base em uma única placa dentária,
classificada como superior.
Para o Cretáceo Superior do Grupo Bauru (Formação Adamantina) foram registradas
placas isoladas associadas a Neoceratodus sp. (Gayet & Brito, 1989; Bertini et al., 1993).
Placas dentárias são registradas para os sedimentos albo-cenomanianos da Formação
Alcântara (Baía de São Marcos), sendo associadas aos gêneros Ceratodus, Asiatoceratodus,
Protopterus e morfótipos ainda não definidos (Cunha & Ferreira, 1980; Medeiros, 2001;
Medeiros & Schultz, 2001; Sousa et al., 2003; Castro et al., 1994; Toledo et al., 2005b; Sousa
et al., 2005) e para os albianos de Itapecurú-Mirim, Estado do Maranhão (Dutra & Malabarba,
2001).
Na Bacia do Acre, foram encontrados esqueleto craniano parcial e placas dentárias
isoladas, descritas como Lepidosiren megalos (Silva Santos, 1987). O material foi coletado
em afloramentos da Formação Solimões (Mioceno superior/Plioceno inferior). Estas placas
dentárias apresentam forma tricuspidada, muito semelhante ao morfótipo atual sul-americano,
apenas maior. Toledo et al. (2004) apresentam a descrição histológica desta espécie.
Uma descrição detalhada sobre todas as ocorrências fósseis de Dipnoiformes para o
Brasil é apresentada por Toledo & Bertini (2005).
30
5.4- Registro de Dipnoiformes fósseis na América do Sul
Atualmente na América do Sul é reconhecida somente uma espécie de Dipnoiformes,
Lepidosiren paradoxa, restrita às regiões Amazônica e Paraguaia, bacias hidrográficas de
Amazonas e Bolívia. Além das bacias fluviais dos rios Paraguai e Paraná, que ocorrem na
Bolívia, Paraguai e Argentina (Schultze, 1991).
O registro de Dipnoiformes fósseis na América do Sul, com exceção das ocorrências
do Brasil, descritas anteriormente, são restritas aos gêneros Lepidosiren e Ceratodus.
O primeiro registro de Ceratodontidae para a América do Sul foi baseado em uma
simples placa dentária, proveniente de depósitos do Neo-Cretáceo (Senoniano) dos
conhecidos “Estratos com Dinosáurios” da Patagônia. O material foi descrito como Ceratodus
iheringi por Ameghino (1899, 1906). Posteriormente espécimens referentes a esta espécie
foram registrados por Wichmann (1924, 1927), Pascual & Bondesio (1975) e Cione & Lafitte
(1980) para a Formação Coli Toro, Cretáceo Superior, Província de Rio Negro, Argentina.
Outras placas dentárias, porém asssociadas a Ceratodus sp, também são descritas por estes
autores para todos estes depósitos.
Placas dentárias de Ceratodus (Ptychoceratodus sensu Martin, 1982a) iheringi,
provenientes de sedimentos do Maastrichtiano da Formação Los Alamitos (Argentina), são
registradas por Cione (1987).
Schultze (1991) descreve a ocorrência de placas dentárias associadas a Ceratodus sp. e
outras referentes a um Ceratodontidae, novos gênero e espécie, para a Formação Santa Lúcia,
eo-Paleoceno da Bolívia. Estes seriam os mais jovens representantes dos ceratodôntidos para
a América do Sul (Figura 14 a & b).
O mais antigo registro de fósseis de Lepidosirenidae para a América do Sul é descrito
com base em placas dentárias provenientes de sedimentos cretácicos de Pajcha Pata na
Bolívia, Formação El Molino (Schultze, 1991) (Figura 14 c).
Material referente a Lepidosiren também é registrado para o Cretáceo Superior do
Peru (Maastrichitiano), Formação Vilquechico (Sigé, 1968).
Material associado a Lepidosiren cf. paradoxa é também identificado para o Mioceno
da Colômbia (Formação La Venta), Eoceno da Argentina (Formação Lumbrera), eo-
Paleoceno da Bolívia (Formação Santa Lúcia) (Stirton, 1953; Fernández et al, 1973; Schultze,
1991).
31
Figura 14- Placas dentárias apresentadas por Schultze (1991) para os táxons ocorrentes em
sedimentos do Paleoceno da Bolívia. a & b (nov. gen e esp.), c (Lepidosiren cf. L. paradoxa),
d (Ceratodus sp.). Escala igual 1 cm.
32
5.5- Registro de Dipnoiformes fósseis na África
Ocorrem atualmente quatro espécies de Dipnoiformes no continente africano, todas
pertencentes ao gênero Protopterus, sendo elas P. aethiopicus HECKEL 1851, P. amphibius
PETERS 1844, P. annectens OWEN 1830 e P. dolloi BOULENGER 1900.
O registro fóssil de Dipnoiformes para o continente africano é, em sua maior parte, de
placas dentárias referentes aos gêneros Arganodus (=Asiatoceratodontidae sensu Kemp,
1998), Ceratodus e Protopterus.
Broom (1908) descreve quatro espécies do gênero Ceratodus, provenientes de
depósitos de origem continental da Bacia Karoo (Superior), África do Sul. Em sedimentos do
Triássico Inferior de Angola, Teixeira (1954) e Antunes et al. (1990) descrevem
Microceratodus angolensis.
Kemp (1996) compara material craniano referente a Ptychoceratodus philippsi
AGASSIZ 1838, coletado em afloramentos de rochas do Triássico Inferior da Zona
Cynognatus, Orange Free State, África do Sul, com uma das espécies de Dipnoiformes da
Austrália, provenientes de depósitos de mesma idade. Ceratodus cf. philippsi foi redefinido
como Ptychoceratodus (Martin, 1982b). Este gênero foi primeiramente descrito para o Keuper
inferior da Alemanha (Schultze, 1981). Para o Triássico Superior do Argana Valley
(Marrocos), Martin (1981) descreve duas espécies. A primeira é Arganodus atlantis, com base
em material craniano quase completo, placas dentárias e ossos isolados. A segunda é
Ceratodus arganensis, representado por placas dérmicas isoladas e placas dentárias, similares
à C. africanus e C. pectinatus, Cretáceo Inferior do Saara. De acordo com o mesmo autor, a
grande similaridade entre Arganodus atlantis e Ceratodus dorothea, uma espécie do Triássico
Superior do Texas, reforça a hipótese de que durante o Triássico Superior não havia uma
grande extensão geográfica separando Marrocos e América do Norte. A. tiguidiensis também
é descrito para o Triássico Superior da Argélia (Martin, 1979).
A ictiofauna do Jurássico, no continente africano, é pobremente conhecida e a fauna de
peixes fósseis do Cretáceo não é tão bem representada no Sul da África. Mas um registro
fóssil bastante completo na parte Norte deste continente (López-Arbarello, 2004),
principalmente para a região do Deserto do Saara e proximidades.
Assembléias do Cretáceo do Norte da África freqüentemente contém numerosos
Dipnoiformes Arganodontidae e Neoceratodontidae, incluindo alguns dos grandes peixes
pulmonados conhecidos (Churcher, 1995).
33
Tabaste (1963) registra cerca de sete espécies provenientes de quarenta e duas
localidades do Deserto do Saara. A amostragem inclui material de Jurássico a Paleoceno,
porém a maior parte é do Cretáceo Inferior, conhecido como “Continetal Intercalaire”. Esta
autora descreve Ceratodus africanus e C. humei, representado pelas espécies C. tuberculatus
(Cretáceo Inferior de Sudão e Níger), C. pectinatus (Cretáceo Inferior/Depressão de Djoua),
C. tiguidiensis (Jurássico Superior/Cretáceo Inferior do Níger), C. protopteroides (Cretáceo
Inferior do Sudão) e Ceratodus sp. (Sul de Marrocos) (Figura 15). Martin (1979) atribui
Ceratodus tiguidiensis ao gênero Arganodus. Posteriormente Martin (1984a) revisou as quatro
primeiras espécies citadas no parágrafo anterior, reposicionando-as no gênero Neoceratodus.
Wenz (1974), Martin (1981) e Murray (2000) assinalam a presença de Ceratodus
africanus e C. tiguidiensis, em depósitos aptianos de Gadofaoua, Formação In Becetem no
Níger. C. africanus havia sido registrado anteriormente para o eo-Cenomaniano (Formação
Bahariya) do Egito (Peyer, 1924).
Figura 15- Placas dentárias apresentadas por Tabaste (1963) para os táxons ocorrentes na
Norte da África. a & b (Ceratodus pectinatus TABASTE 1963), c (Ceratodus protopteroides
TABASTE 1963), d (Ceratodus sp), e & f (Ceratodus humei PRIEM 1914), g (Ceratodus
africanus HAUG 1904), h (Arganodus tiguidiensis TABASTE 1963).
34
Para sedimentos do Neo-Cretáceo da Formação Wadi Milk (Sudão) são registrados
Protopterus sp, P. (=Ceratodus segundo Churcher & De Iuliis, 2001) humei, P.
protopteroides e Neoceratodus tuberculatus (Werner, 1994).
Quatro táxons são conhecidos para o Egito: Neoceratodus africanus HAUG 1904,
Ceratodus humei, N. tuberculatus TABASTE 1963 e Protopterus crassidens CHURCHER &
DE IULIIS 2001. Somente N. africanus foi coletado em depósitos do Cenomaniano, os
demais são do Campaniano (Churcher & De Iuliis, 2001) (Figura 16). Ceratodus humei fora
descrito anteriormente para sedimentos campanianos do Egito (Priem, 1914) e para o
Turoniano de Damergou (Aramborg & Joleaud, 1943). Churcher (1995) descreve a ocorrência
de Neoceratodus tuberculatus, com base em material pré-articular e placa dentária atachada,
para a Formação Quseir (Egito), ao Sul do Oásis Kharga, de idade Santoniano-Campaniano.
Figura 16- Placas dentárias apresentadas por Churcher & De Iuliis (2001) para os táxons
ocorrentes em sedimentos do Cretáceo do Egito. a (Protopteus crassidens), b (Neoceratodus
africanus), c & d (Ceratodus humei). Escala igual a 3cm.
35
6- MATERIAIS E MÉTODOS
6.1- Materiais
Este estudo foi feito com base em placas dentárias, completas e fragmentadas,
coletadas entre os anos de 1994 e 2004, e depositadas no acervo da Coleção Paleontológica da
Universidade Federal do Maranhão. Em uma amostra de aproximadamente 75 exemplares
foram selecionados aqueles em melhor estado de preservação para analise das carcterísticas
morfológicas.
Este material é proveniente do afloramento conhecido como Laje do Coringa,
localizado na Ilha do Cajual (Formação Alcântara, Estado do Maranhão), com exceção de
duas placas dentárias, uma associada ao gênero Asiatoceratodus (UFMA 1.40.454) e outra a
Ceratodus africanus (UFMA 1.40.495), provenientes do afloramento Falésia do Sismito (Ilha
do Cajual), distante cerca de 200m a Noroeste da Laje do Coringa (Pereira & Medeiros,
2003).
Devido à grande variabilidade morfológica, foi realizada uma triagem inicial, sendo
identificados seis morfótipos mais freqüentes. Destes, dois foram associados a táxons de
Dipnoiformes previamente conhecidos para a localidade, sendo estes às espécies
Asiatoceratodus tiguidiensis e Ceratodus africanus. Enquanto que os demais foram
indefinidos, tendo sido referenciados informalmente como A, B, C e D (Tabela 1).
36
Tabela 1- Relação de placas dentárias referentes aos Dipnoiformes utilizados na análise.
Asiatoceratodus
tiguidiensis
Ceratodus
africanus
Morfótipo A Morfótipo B Morfótipo C Morfótipo D
UFMA 1.40.017 UFMA 1.40.076 UFMA 1.40.042 UFMA 1.40.058 UFMA 1.40.052 UFMA 1.40.038
UFMA 1.40.018 UFMA 1.40.083 UFMA 1.40.043 UFMA 1.40.073 UFMA 1.40.081 UFMA 1.40.057
UFMA 1.40.454 UFMA 1.40.127 UFMA 1.40.060 UFMA 1.40.085 UFMA 1.40.147 UFMA 1.40.080
UFMA 1.40.496 UFMA 1.40.397 UFMA 1.40.062 UFMA 1.40.488 UFMA 1.40.173 UFMA 1.40.082
_ UFMA 1.40.491 UFMA 1.40.079 _ UFMA 1.40.241 UFMA 1.40.201
_ UFMA 1.40.492 UFMA 1.40.086 _ UFMA 1.40.484 UFMA 1.40.392
_ UFMA 1.40.493 UFMA 1.40.087 _ UFMA 1.40.485 UFMA 1.40.396
_ UFMA 1.40.495 UFMA 1.40.374 _ UFMA 1.40.486 UFMA 1.40.483
_ _ UFMA 1.40.465 _ UFMA 1.40.487 _
_ _ UFMA 1.40.489 _ _ _
37
6.2- Métodos
6.2.1- Etapas de campo
Grande parte das placas dentárias analisadas neste trabalho foram encontradas isoladas
da matriz, impossibilitando estudos tafonômicos. Este material foi acomodado em caixas de
madeira para o transporte até o laboratório, onde foi limpo e catalogado conforme critérios da
Coleção Paleontológica da Universidade Federal do Maranhão.
6.2.2- Análise morfológica
As placas dentárias foram observadas em laboratório com auxílio de lupa binocular,
utilizando-se da terminologia apresentada na Figura 9, onde foram analisados parâmetros
como: (i) forma das placas dentárias; (ii) forma, número e disposição das cristas; (iii) sulcos
entre as cristas; (iv) “ornamentação” apresentada sobre a superfície de trituração; (v) forma e
disposição dos bordos lingual, labial e mesial.
Para exemplares completos foram descritos, para cada morfótipo, medidas como:
extensão total da placa (valor entre as extremidades dos bordos mesial e lingual, incluindo a
extensão da primeira crista); altura (valor entre os bordos lingual e labial, incluindo a extensão
da extremidade das cristas); e espessura.
Detalhes da superfície oclusal de alguns exemplares foram fotografados em lupa.
As descrições morfológicas das placas dentárias foram analisadas e comparadas com
outros táxons descritos na literatura.
6.2.3- Lâminas histológicas
Lâminas petrográficas de alguns exemplares foram preparadas e analisadas em
microscópio petrográfico, para observação de características histológicas que possam ter
algum valor taxonômico.
38
Foram confeccionadas lâminas polidas, em cortes longitudinais e transversais das
cristas de placas dentárias de Ceratodus africanus e dos morfótipos A, B e D. Lâminas
confeccionadas para o morfótipo C não mostraram boa resolução.
A metodologia utilizada na confecção das lâminas polidas consistiu em realizar
inicialmente um corte no material para deixá-lo retilíneo. A face cortada foi fixada em lâmina,
utilizando-se cola do tipo araldite. Em seguida foi realizado um outro corte, na face oposta, e
esta sofreu um processo de redução de espessura e polimento, com auxílio de substâncias
abrasivas como base de diamante, até alcançar espessura e polimento desejados.
As lâminas foram fotografadas e analisadas em microscópio petrográfico. Para
melhorar o contraste entre a cola e o material laminado foi utilizado um óleo com índice de
refração conhecido (1,57), que é muito similar àquele da cola.
Devido ao reconhecimento de dois tecidos dentários nas lâminas analisadas, e por suas
características ópticas, a terminologia aqui aplicada para a descrição histológica será a mesma
utilizada por Smith (1984). Os canais vasculares que sobem até a superfície de trituração são
chamados de canais pulpares. Finos túbulos de dentina saem do canal pulpar e são incluídos
na dentina. Estes túbulos alojam os processos celulares dos odontoblastos. A dentina que
circunda o canal pulpar é descrita pela autora como dentina circumpulpar. Aqui será
denominada apenas dentina. O tecido mais mineralizado, com propriedades ópticas similares
às descritas pela autora para petrodentina, terá aqui a mesma denominação.
A terminologia aqui adotada foi à mesma usada por Toledo (2001) para analises
histológicas de placas tricuspidadas e tetracuspidadas da Formação Corumbataí (Permiano da
Bacia do Paraná).
39
7- CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO
Os depósitos cretácicos expostos na Baía de São Marcos, Estado do Maranhão, e
imediações representam a parte mais superior do Grupo Itapecuru, estando representados
pelas formações Alcântara e Cujupe (Rossetti & Truckenbrodt, 1997).
O afloramento fossilífero denominado Laje do Coringa, descoberto em 1994 por Corrêa
Martins, localiza-se na Ilha do Cajual, Município de Alcântara (Figura 17 e 18). Este
afloramento exposto somente na maré vazante é descontínuo e ocupa uma área de
aproximadamente 4 000 m
2
, sendo repetidamente destruído pela ação das ondas e marés
(Medeiros, 2001).
Nesta área, os fósseis ocorrem em camadas de conglomerado fossilífero, de
aproximadamente 80 cm de espessura, composto por clastos de quartzo e rochas
metamórficas, que são sobrepostos por arenitos estratificados. Os fragmentos fósseis
arredondados e subarredondados são de origem continental e marinha (Medeiros, 2001; Holz
et al., 2001).
As condições de formação dos depósitos conglomeráticos da Laje do Coringa são
discutíveis (Corrêa Martins 1996, 1997; Silva Jr & Andreis, 1997; Holz et al., 2001; Holz,
2003), mas é certo que reúne fósseis retrabalhados de diferentes fontes e com diversas
histórias tafonômicas e diagenéticas (Medeiros, 2001; Medeiros & Schultz, 2001).
Holz et al. (2001) e Holz (2003) reconheceram duas associações faciológicas na Laje do
Coringa, que incluem arenitos estratificados (laminação plano-paralela, estratificação
tangencial e swaley), interpretados como conjuntos de mega-ondulações (tidal sand bars) em
ambiente de delta de maré cheia, e pelitos e arenitos rítmicos, atribuídos ao preenchimento de
baía de maré. Os conglomerados fossiliferos da Laje do Coringa, que ocorrem subjacentes a
estas associações fasciológicas foram atribuídos a processos transgressivos em ambiente
estuarino lagunar, com retrogradação para S-SW (Rossetti, informação pessoal).
Durante este processo houve intenso retrabalhamento, evidenciado por:
(1) mistura de elementos ósseos de diferentes habitats;
(2) grau de fraturamento variável, incluindo desde ossos centimétricos fraturados até
elementos ósseos triturados ao nível de “farinha de osso”;
(3) desgaste intenso mesmo dos elementos ósseos maiores, evidenciados por superfícies de
arredondamento;
(4) seleção hidráulica de elementos ósseos (Holz et al., 2001).
40
Figura 17- Mapa de localização da Ilha do Cajual na Baía de São Marcos (Alcântara-
Maranhão).
41
A
B
C
Figura 18- Laje do Coringa (Ilha do Cajual, Estado do Maranhão). A-Aspecto geral, B-
Detalhe dos conglomerados, C-Detalhe dos conglomerados, mostrando fragmentos ósseos
(setas) em meio à matriz (Fotos: Manuel A. Medeiros).
Segundo Holz et al. (2001) e Holz (2003) a presença de fósseis terrestres nos
conglomerados estudados indicam queda do nível. Os fósseis foram aportados de um sítio
muito distal, em relação ao local onde foram definitivamente soterrados e fossilizados.
Durante estas quedas, os depósitos fluviais existentes ficavam em boa parte acima do novo
nível de base, sendo erodidos e depositados mais distalmente, próximo à nova linha de costa,
42
formando o complexo deposicional de mar baixo. Durante transgressões subseqüentes, estes
depósitos form retrabalhados pela ação das ondas e redepositados em ambientes transicionais
e marinhos rasos.
Apesar de muito fragmentário, o material fóssil exposto na Laje do Coringa é
numeroso e variado. Os processos tafonômico e diagenético envolvidos indicam um quadro
complexo de origens diversas, incluindo-se material alóctone e provavelmente parautóctone
(Medeiros & Vilas Boas, 1999; Medeiros, 2001). No mínimo três fontes diferentes de
elementos fósseis são identificadas na Laje do Coringa (Medeiros, 2001):
(1`) lenhos de coníferas, que entraram como material fóssil previamente silicificado em
depósitos pré-existentes;
(2) elementos de vertebrados, que foram incorporados em estado de decomposição por
intemperismo, mas ainda não fossilizados (evidenciado pelo grau de desgaste da maioria das
pecas);
(3) esfenófitas e pterófitas, que entraram como material ainda como materia vegetal.
Segundo Medeiros (2001) e Medeiros & Schultz (2001) dois padrões diagenéticos
distintos:
(i) os troncos de coníferas, que sofreram substituição por sílica;
(ii) troncos de pteridófitas, ossos e dentes, que foram permineralizados principalmente por
goetita [FeO(OH)].
Este mineral entrou no sistema logo após a deposição das camadas fossíliferas e
litificou os conglomerados.
43
8- DIPNOIFORMES DA LAJE DO CORINGA
8.1-Morfologia
Segue abaixo a descrição dos morfótipos identificados na Laje do Coringa. É
apresentada uma breve descrição dos dois táxons previamente identificados para este
afloramento.
8.1.1-Asiatoceratodus tiguidiensis TABASTE 1963
Somente três espécimens, de toda a amostragem proveniente da Laje do Coringa, são
referentes a este táxon: UFMA 1.40.017, UFMA 1.40.018 e UFMA 1.40.496 (Figuras 19 A-
C).
Uma quarta placa dentária, UFMA 1.40.454 (Figura 19 D), é proveniente da Ilha do
Cajual, porém de outro afloramento, a Falésia do Sismito. Foi incluída a descrição deste
quarto exemplar devido a seu bom estado de conservação. A descrição de parte deste material
foi apresentada anteriormente por Castro et al. (2004).
Em geral estas placas são de pequeno tamanho e apresentam forma triangular, com
bordo lingual retilíneo. As cristas, em número de sete, são bem definidas, inclinadas em
direção posterior, com seu início no bordo lingual. Os sulcos entre as cristas são profundos e
também se iniciam na extremidade do bordo lingual. A primeira crista apresenta-se curvada,
voltada para a porção distal da placas, e as demais são retilíneas.
O exemplar UFMA 1.40.017 (Figura 19 A) está preso à rocha matriz. Apesar das
condições é possível verificar a disposição das cristas, em número de seis, similares aos
exemplares descritos anteriormente.
UFMA 1.40.018 (Figura 19 B) é uma placa dentária superior direita, medindo 1,3 cm
de comprimento. As extremidades distais das três primeiras cristas estão quebradas, assim
como parte das duas últimas. Na superfície oclusal desta placas dentárias observa-se uma
suave elevação, sobre o ângulo mesial.
A placa dentária UFMA 1.40.496 (Figura 19 C) é uma inferior direita. Possui 1,4 cm
de comprimento e 0,7 cm de altura. Apresenta sete cristas, sendo que a primeira está
quebrada. As cristas são bem definidas, tendo seu início no bordo lingual, com exceção da
44
primeira, que ocorre no bordo mesial, e a segunda, que se inicia no encontro entre os
respectivos bordos. A espessura da placa diminui gradativamente, sendo a parte mais
posterior menos espessa que a anterior (exatamente ao longo do bordo mesial).
O espécimen UFMA 1.40.454 (Figura 19 D) é o melhor preservado. Trata-se de uma
placa dentária inferior direita completa, ainda preservando parte do pré-articular. Tem forma
de triângulo retângulo, com 10,36 mm de comprimento. Possui sete cristas cortantes
retilíneas, bem definidas, cuja orientação progressivamente inclina-se mais posteriormente,
em ângulo mais fechado com a margem mesial, quanto mais posterior é a crista. O bordo
mesial, com 4,81 mm de comprimento, demarcado pela primeira cúspide, curva-se levemente,
delimitando um ângulo aberto. O retilíneo bordo lingual mede 9,74 mm.
Figura 19- Perfil oclusal das placas dentárias de Asiatoceratodus tiguidiensis. A (UFMA
1.40.017), B (UFMA 1.40.018), C (UFMA 1.40.496) e D (UFMA 1.40.454).
45
Este táxon foi registrado primeiramente por Tabaste (1963), com base em placas
dentárias provenientes do Cretáceo Norte africano, como Ceratodus tiguidiensis.
Martin (1979) descreveu placas dentárias similares para depósitos triássicos do
Marrocos, reposicionando os espécimens assinalados anteriormente no gênero Arganodus.
Kemp (1998), analisando ossos cranianos e placas dentárias, não encontrou diferenças
significativas entre os gêneros Arganodus e Asiatoceratodus, considerando-os como um só. O
último gênero foi descrito primeiramente para depósitos triássicos da Rússia por Vorob’yeva
(1967).
As placas dentárias da Laje do Coringa, referentes a este táxon, são muito semelhantes
ao material descrito por Tabaste (1963), destacando-se a forma da placa, número de cristas e
dimensões apresentadas por estes exemplares.
A ocorrência de Asiatoceratodus na Formação Alcântara amplia sua distribuição
temporal para o eo-Cenomaniano (Castro et al., 2004). Uma única placa dentária foi descrita
para as rochas do Albiano da cidade de Itapecurú-Mirim, Estado do Maranhão (Dutra &
Malabarba, 2001).
8.1.2- Ceratodus africanus HAUG 1904
A amostragem consta com cerca de trinta placas dentárias referentes a este táxon,
sendo que grande parte com espécimes incompletos. Mesmo considerando os fragmentos,
muitos ainda preservam parte de ossos maxilares/mandibulares ainda fixos. Este é o táxon
mais freqüente para os Dipnoiformes da Laje do Coringa.
As placas, em geral, apresentam formato triangular, suavemente alongadas com bordo
mesial curvado e lingual variando de curvado a quase retilíneo. Mostram de cinco a sete
denticulações, sendo as cristas bem definidas, e com extremidades agudas no bordo lingual.
Os vales são profundos e, entre as três primeiras cristas, se estendem até os bordos mesial
e/ou lingual. A espessura da placa diminui progressivamente em direção à porção distal.
Algumas das placas da amostra, em melhor estado de conservação são apresentadas na Figura
20.
UFMA 1.40.397, UFMA 1.40.076 e UFMA 1.40.083 são placas dentárias inferiores
(Figuras 20 A, E e H, respectivamente). É possível distingüir-se uma provável oitava crista na
extremidade mais distal destas placas, próxima ao bordo labial. As cristas destas placas são
bem definidas, com extremidades agudas. Os vales também são profundos, principalmente
46
entre as três primeiras cristas. Em geral as três primeiras cristas estão dispostas paralelas entre
si e as demais se inclinam progressivamente, até a porção distal da placa.
UFMA 1.40.127 (Figura 20 C) é uma placa dentária inferior direita, de coloração
preta, portando sete cúspides bem destacadas, sendo que a primeira está quebrada. As
segunda, terceira e quarta cristas se apresentam paralelas entre si e perpendiculares ao bordo
lingual. As cristas são levemente curvadas em direção posterior. A placa possui comprimento
de 59 mm e altura de 32 mm.
O espécimen UFMA 1.40.493 (Figura 20 F) é uma placa dentária superior esquerda,
também portando sete cristas. Todas as cristas estão dispostas paralelamente entre si e
perpendiculares ao eixo de extensão da placa.. A extremidade da primeira crista está
quebrada. Primeira e segunda cristas terminam no bordo mesial, sendo que a primeira
percorre metade do bordo mesial (bordo mésio-bucal). As cristas são ligeiramente curvadas
em direção posterior. Esta placa preserva seu osso mandibular, cujo processo pterygopalatino
localiza-se abaixo da quarta denticulação.
Esta espécie foi registrada primeiramente no Brasil com base em duas placas dentárias
provenientes do Porto de Itaqui, São Luís, Estado do Maranhão (Cunha & Ferreira, 1979;
1980).
Martin (1982b) assinalou Ceratodus africanus ao gênero Neoceratodus.
Posteriormente o mesmo autor (Martin, 1984a) considerou Ceratodus brasiliensis, assim
como Ceratodus pectinatus, como sinônimos de Neoceratodus africanus.
Alguns autores não reconhecem esta classificação de Ceratodus pectinatus e
Ceratodus africanus aos Neoceratodontidae (Schultze 1991, 1992; Kemp, 1997b).
Segundo Kemp (1997b) os dados utilizados por Martin (1982a), para sinonimizar os
táxons, não possuem valor taxonômico, pois são baseados em caracteres que sofrem variações
ao longo do crescimento do animal. Portanto não podem ser utilizados como indicadores
genéricos.
O gênero Neoceratodus seria restrito aos depósitos cretácicos, terciários e ao
representante atual da Austrália (Kemp, 1997b). Segundo a mesma autora, espécimens
descritos por Pascual & Bondesio (1975), para o Cretáceo da Patagônia, também poderiam ser
classificados neste gênero. O gênero Ceratodus seria primariamente mesozóico (Kemp,
2001).
A Família Ceratodontidae têm uma extensa distribuição no Mesozóico, ocorrendo
durante o Cretáceo em África, Madagascar, Austrália, Américas do Norte e do Sul (Schultze,
1991).
47
De acordo com Churcher & De Iuliis (2001) notáveis características morfológicas
poderiam distinguir Ceratodus pectinatus, descrito por Tabaste (1963), como uma espécie
valida, como número de cristas (variam de oito a nove) e posição do processo pterygopalatino
(entre quarta e quinta cristas). Segundo estes autores Martin (1984a) utilizou métodos
estatísticos não adequados para uma amostragem tão pequena (número de espécimens igual a
sete) para sinonimizar Ceratodus pectinatus e Ceratodus africanus.
Alguns dos exemplares apresentados na amostra de Ceratodus africanus possuem uma
possível oitava crista. E um destes espécimens (UFMA 1.40.083) apresenta bordo lingual
retilíneo, característico do táxon descrito por Tabaste (1963). Porém nenhum dos exemplares
da amostragem, especificamente as placas inferiores, apresentam o processo pterygopalatino
entre quarta e quinta cristas e parece não haver diferença significativa para a disposição das
cristas nos exemplares observados.
Medeiros (2001), Medeiros & Schultz (2001) e Sousa et al. (2003) registram a
presença de Ceratodus africanus para a Laje do Coringa com base em placas dentárias.
48
Figura 20- Perfil oclusal de algumas placas dentárias de Ceratodus africanus, provenientes da
Laje do Coringa. A (UFMA 1.40.397), B (UFMA 1.40.492), C (UFMA 1.40.127), D (UFMA
1.40.491), E (UFMA 1.40.076), F (UFMA 1.40.493), G (UFMA 1.40.495) e H (UFMA
1.40.083). Escala = 3 cm.
49
Figura 21- Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.493, mostrando o vale entre as
cristas. Escala = 5 mm.
Figura 22- Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.493, em maior aumento, mostrando
as depressões localizadas no vale entre as cristas. Escala = 3 mm.
50
8.1.3- Morfótipo A
Este morfótipo é representado por dez placas dentárias (Tabela 2), sendo somente duas
completas, UFMA 1.40.060 e UFMA 1.40.086 (Figuras 23 A e B, respectivamente). De um
modo geral, estas placas apresentam perfil oclusal alongado e plano, com quatro
denticulações. Em cinco das placas da amostragem, a primeira denticulação encontra-se
quebrada. Nenhuma das placas da amostra está conectada a ossos.
Por toda a superfície oclusal das placas dentárias observa-se ornamentação em forma
de estrias (em alto relevo). As estrias, em geral, são longas e se estendem do bordo lingual ao
labial, sendo que algumas vezes se ramificam. Pontuações referentes ao fim do canal pulpar
são visualizadas por toda a superfície de trituração (Figuras 24 e 25).
Morfótipo A
Placas N° de denticulações Comprimento total
Altura
UFMA 1.40.042 4 (distal quebrada) “68 mm” “31 mm”
UFMA 1.40.043 2 (mais distais) “47 mm” “27 mm”
UFMA 1.40.060 4 (completa) 63 mm 22 mm
UFMA 1.40.062 4 (distal quebrada) “54 mm” “22 mm”
UFMA 1.40.079 5 (proximal quebrada) “65 mm” “26 mm”
UFMA 1.40.086 4 (completa) 82 mm 29 mm
UFMA 1.40.087 3 (mais distais) “44 mm” “27 mm”
UFMA 1.40.374 ? “60 mm” “26 mm”
UFMA 1.40.465 3 (mais proximais) “61 mm” “36 mm”
UFMA 1.40.489 3 (mais distais) “66 mm” “32 mm”
Tabela 2- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo A. O comprimento total
compreende a extensão entre as extremidades distal e proximal da placa dentária. Medidas de
altura compreendem a maior distância entre as extremidades do bordo lingual em direção ao
labial, considerando à extremidade das cristas. Os números apresentados entre aspas
correspondem a espécimens incompletos.
51
As denticulações destas placas dentárias apresentam cristas mal definidas, com
extremidades curtas e arredondadas. As cristas mediais se dispõem paralelas entre si e
perpendiculares em relação ao eixo de extensão da placa. A primeira crista inclina-se em
direção anterior e a última está voltada para a parte distal da placa dentária. Entre as cristas
praticamente não se observam os vales (ou sulcos). O bordo lingual, inicialmente retilíneo,
curva-se suavemente em direção à porção mais distal da placa dentária. Neste bordo, em vista
lateral, as placas em melhor estado de conservação apresentam uma concavidade, sendo que
as ornamentações observadas na superfície oclusal se estendem por todo o bordo lingual.
Em UFMA 1.40.060 (Figura 23 A) as três primeiras cristas possuem uma inclinação,
em direção oral, para a extremidade labial da placa. Nesta placa o bordo mesial, em vista
lateral, é côncavo. O bordo lingual é progressivamente mais espesso em direção à
extremidade anterior da placa.
O espécimen UFMA 1.40.086 (Figura 23 B) é uma placa dentária em melhor estado de
conservação. É alongada e delgada, com quatro cristas largas, curtas e arredondadas em sua
extremidade. As extremidades das três primeiras cristas estão praticamente alinhadas e, uma
linha que passasse pelos seus extremos, seria praticamente paralela à borda lingual. A última
crista é menor que as demais e seu contorno direciona-se em uma curvatura suave, ao extremo
posterior do bordo lingual.
Algumas placas dentárias desta amostragem apresentam, na superfície de ligação com
o osso, o mesmo padrão de ornamentação que a face de trituração, porém mais fracamente
definido e de textura mais áspera.
UFMA 1.40.062 e UFMA 1.40.042 (Figuras 23 C e D) apresentam superfície muito
desgastada, provavelmente sofreram extenso processo abrasivo.
UFMA 1.40.079 (Figura 23 E) é a única placa que apresenta cinco denticulações,
sendo a última de tamanho reduzido. Sua extremidade mais anterior está quebrada, porém
ainda é possível visualizar parte da primeira crista. Esta placa, assim como UFMA 1.40.060,
UFMA.1.40.465 e UFMA.1.40.087 (Figuras 23 A, F e H), apresentam a extremidade das
cristas, sobretudo as mais anteriores, em um plano mais alto que da superfície oclusal, de
modo que em vista lateral a placa mostra a margem dorsal ondulada.
A placa dentária UFMA 1.40.465 (Figura 23 F) apresenta somente as três primeiras
denticulações. Observa-se que o limite entre os bordos mesial e lingual forma uma estrutura
pontiaguda, cuja orientação é praticamente perpendicular à superfície oclusal. Esta placa
também apresenta o bordo mesial muito mais espesso em relação ao restante da placa
52
dentária. Esta característica não é observada nas demais placas dentárias, descritas da
amostragem.
O padrão morfológico apresentado para os exemplares que compõem esta amostra não
foi observado em nenhum outro táxon descrito na literatura. A presença de ”estrias” longas e
anastomosadas, na superfície de trituração, parece ser única para este táxon e sua
característica mais destacada.
A ornamentação na superfície oclusal destas placas dentárias lembra, em um primeiro
momento, a ornamentação observada no Morfótipo C, porém apresentam um padrão
diferenciado. As estrias do Morfótipo A são mais longas, se estendendo da base do bordo
lingual até praticamente a extremidade labial, são mais largas e conseqüentemente em menor
número sobre a superfície oclusal.
Quanto à forma alongada destas placas dentárias poderiam ser comparadas ao gênero
Archaeoceratodus, descrito para depósitos triássicos e cretácicos do Sul da Austrália (Kemp
1992, 1997b). Porém este morfótipo apresenta seis cristas e estas são mais estreitas e com
terminações mais agudas no bordo labial.
Placas dentárias referentes ao nero Ceratodus apresentam, em geral, quatro a cinco
cristas. A espécie tipo do nero Ceratodus, C. latissimus (Agassiz, 1844), apresenta placa
alongada portando quatro cristas curtas, pouco definidas, com extremidades mais
arredondadas e vales pouco profundos.
As placas dentárias do Morfótipo A apresentam denticulações mais largas e
extremidades mais curtas, quando comparadas a Ceratodus latissimus.
Não foi observada variação morfológica significativa, relacionada ao desenvolvimento
ontogenético (placas de tamanho variado), nas placas dentárias pertencentes a esta
amostragem.
A ausência de registros de placas dentárias com morfologia similar ao Morfótipo A na
literatura, pode indicar um táxon ainda desconhecido para o registro fóssil, e talvez endêmico,
para a Laje do Coringa.
53
Figura 23- Perfil oclusal de algumas das placas dentárias referentes ao Morfótipo A. A
(UFMA 1.40.060), B (UFMA 1.40.086), C (UFMA 1.40.062), D (UFMA 1.40.042), E
(UFMA 1.40.079), F (UFMA 1.40.465), G (UFMA 1.40.489), H (UFMA 1.40.087). Escala =
3 cm.
54
Figura 24- Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40. 086. Escala = 5mm.
Figura 25- Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40. 489. Escala = 5mm.
55
8.1.4- Morfótipo B
As quatro placas dentárias referentes a este morfótipo apresentam cinco denticulações
(Tabela 3), sendo que as três primeiras apresentam terminações em um ângulo mais agudo, as
duas últimas com extremidades mais arredondadas (Figura 26).
As cristas mediais segunda, terceira e quarta se dispõem de forma paralela entre si e
perpendicular em relação ao eixo de extensão da placa dentária, com extremidades
ligeiramente voltadas em direção posterior. A primeira crista apresenta-se inclinada em
direção anterior e a última é suavemente inclinada em direção posterior. Os vales entre as
cristas são muito suaves, quase imperceptíveis. Por toda a superfície oclusal observa-se um
padrão de ornamentação (em alto relevo) irregular, sendo que as pontuações são bem
definidas sobre esta última estrutura (Figuras 27 e 28).
Estas placas dentárias possuem um formato mais próximo de um triângulo,
apresentando bordo mesial retilíneo, indicando provável contato entre as placas pares, e bordo
lingual curvado. Em todas as placas dentárias o final do bordo mesial localiza-se em direção
oposta à extremidade da segunda denticulação.
UFMA 1.40.085 (Figura 26 A) é uma placa dentária de coloração escura, na superfície
de trituração. No encontro entre os bordos labial e lingual a placa apresenta uma elevação. A
face inferior da placa dentária apresenta o mesmo padrão de ornamentação da face superior.
Placas N° de denticulações Comprimento total
Altura
UFMA 1.40.058
5 (completa) 64 mm 33 mm
UFMA 1.40.073
5 (completa) 61 mm 34 mm
UFMA 1.40.085
5 (completa) 55 mm 33 mm
UFMA 1.40.488
5 (completa) 55 mm 30 mm
Tabela 3- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo B. O comprimento total
compreende a extensão entre as extremidades distal e proximal da placa. Medidas de altura
compreendem a maior distância entre as extremidades do bordo lingual em direção ao labial,
considerando extremidade das cristas e ângulo mesial.
56
As placas dentárias UFMA 1.40.058 (Figura 26 B) e UFMA 1.40.488 (Figura 26 C)
apresentam a parte distal (última denticulação) inclinada em direção aboral. Contrariamente
UFMA 1.40.073 e UFMA 1.40.085 apresentam a porção distal elevada em direção oral.
A placa dentária UFMA 1.40.058 é a única que apresenta resquício ósseo, porém
muito fragmentado, sendo impossível distinguir se é referente a uma placa superior ou
inferior.
UFMA 1.40.488 e UFMA 1.40.073 possuem o bordo mesial muito mais espesso que o
restante da placa dentária. Neste bordo é possível visualizar as pontuações.
Placas dentárias, com o mesmo padrão morfológico apresentado para os exemplares do
morfótipo B, também não foram encontrados em literatura.
A forma destas placas dentárias, que apresentam maior altura em relação ao
comprimento total, se diferencia dos morfótipos A e C, que são mais alongados. Por outro
lado elas apresentam similaridades em relação à ornamentação observada em alguns pontos
das placas do Morfótipo C, assim como o número de denticulações e disposição das cristas.
Porém, devido às diferenças na forma das placas dentárias, e por não ser observado um padrão
gradativo de mudança entre morfótipos C e B, optou-se por considerar as quatro placas
dentárias descritas como pertencentes a um único morfótipo.
Nenhum dos exemplares descritos apresenta material ósseo mandibular associado. Até o
momento não foi possível classificar as placas dentárias como superiores ou inferiores.
Contudo a elevação na parte distal das placas, em dois dos exemplares, em direção aboral, e
em outros dois espécimens, em direção oral, poderia ser indicativo de carater para a
classificação entre placas dentárias superiores e inferiores.
Morfologicamente estes espécimens são os que mais se aproximam de Neoceratodus
sp., descrito para a Formação Brejo Santo da Bacia do Araripe (Eocretáceo), devido à textura
da sua superfície de trituração, descrita por Silva & Azevedo (1996) como “labiríntica”, com
pontuações. Porém as placas do Morfótipo B apresentam perfil menos alongado (triangular) e
apenas cinco cristas, quando comparadas ao táxon da Bacia do Araripe.
57
Figura 26- Perfil oclusal das placas dentárias referentes ao Morfótipo B. A (UFMA 1.40.
085), B (UFMA 1.40.058) e C (UFMA 1.40.488). Escala = 3 cm.
Figura 27-Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.058. Escala = 5mm
58
Figura 28-Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.488. Escala = 5mm
8.1.5-Morfótipo C
um total de nove placas dentárias que foram classificadas como pertencendo a este
morfótipo (Tabela 4). Destas, três são completas e duas apresentam somente a extremidade da
primeira denticulação quebrada (Figura 29).
Estas placas dentárias mostram um padrão plano e alongado de superfície oclusal, com
vales (ou sulcos) suaves entre as cristas. Em geral apresentam cinco denticulações. As três
primeiras denticulações possuem extremidades mais agudas, característica mais visível em
UFMA 1.40.485 (Figura 29 A) e UFMA 1.40.081 (Figura 29 F). As duas últimas
denticulações são mais arredondadas.
As placas dentárias UFMA 1.40.484, UFMA 1.40.486, UFMA 1.40.081, e UFMA
1.40.241 (Figuras 29 B, E, F e G, respectivamente) apresentam bordo mesial retilíneo e em
UFMA 1.40.485 e UFMA 1.40.173 este bordo mostra-se curvado (Figuras 29 A e C). Em
geral o bordo lingual é curvado.
59
Placas N de denticulações Comprimento total
Altura
UFMA 1.40.052 3 (proximais) “49 mm” “38 mm”
UFMA 1.40.081 3 (proximais) “27 mm” “19 mm”
UFMA 1.40.147 3 (distais) “44 mm” “34 mm”
UFMA 1.40.173 5 (completa) 61 mm 29 mm
UFMA 1.40.241 3 (proximais) “49 mm” “35 mm”
UFMA 1.40.484 5( completa) 78 mm 32 mm
UFMA 1.40.485 5 (completa) 49 mm 22 mm
UFMA 1.40.486 5 (completa) 64 mm 27 mm
UFMA 1.40.487 4 (distais) “55 mm” 27 mm
Tabela 4. Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo C. O comprimento total
compreende a extensão entre as extremidades distal e proximal da placa dentária. Medidas de
altura compreendem a maior distância entre as extremidades do bordo lingual em direção ao
labial, considerando à extremidade das cristas. Os números apresentados entre aspas
correspondem a espécimens incompletos.
Em UFMA 1.40.487, UFMA 1.40.486, UFMA 1.40.081 e UFMA 1.40.241 (Figuras
29 D, E, F e G) as cristas, com exceção da primeira e última (quando presentes), estão
dispostas paralelamente entre si e perpendiculares em relação ao eixo de extensão da placa
dentária.
As cristas nas placas dentárias UFMA 1.40.484, UFMA 1.40.173, UFMA 1.40.241 e
UFMA 1.40.081 são mais pronunciadas nas extremidades das denticulações.
Em UFMA 1.40.485 e UFMA 1.40.487, duas placas inferiores direitas, é possível
observar parte do contato sínfiseal dos pré-articulares.
As ornamentações em alto relevo são observadas por toda a superfície oclusal das
placas dentárias. Estas ornamentações também apresentam padrão estriado, porém ocorrem
em maior quantidade, são menos espessas e possuem mais ramificações que as observadas no
Morfótipo A. As pontuações são bem visíveis sobre estas ornamentações (Figuras 30 e 31).
60
Em UFMA 1.40.241, o bordo mesial apresenta as ornamentações (e pontuações)
observadas na superfície oclusal. Esta morfologia também é observada em UFMA 1.40.052.
Apresentam este bordo retilíneo e mais espesso que as demais partes da placa dentária. Esta
característica não é observada nas demais placas referentes a este morfótipo.
A placa dentária UFMA 1.40.485, uma placa inferior direita, é a melhor preservada,
apresentando uma coloração marrom. Todas as cúspides apresentam praticamente a mesma
altura. O vale entre primeira e segunda cúspides é maior que para os demais vales. A
espessura da placa diminui em direção ântero-posterior, estando o bordo mesial com
espessura de 7,37 mm e a extremidade do bordo lingual/labial mostrando 2,98 mm de
espessura. Este último carater também é observado em UFMA 1.40.487. A espessura da placa
dentária diminui progressivamente nas direções posterior e lingual/labial, sendo que a
extremidade da segunda crista (a primeira está quebrada) é a região mais espessa da placa (11
mm), a área menos espessa medindo 3 mm. Isto também ocorre em UFMA 1.40.485. Porém
esta característica não é tão bem pronunciada nas demais placas da amostra.
UFMA 1.40.483 é uma placa dentária superior direita, sendo a única que apresenta o
provável início de uma sexta denticulação. A extremidade da primeira crista está quebrada.
Este exemplar preserva parte do osso mandibular, onde é possível visualizar a localização do
processo pterygopalatino, posicionado abaixo da quarta denticulação.
As placas dentárias descritas para o Morfótipo C mostram grande similaridade, em
forma, número de denticulações e ornamentação, com placas provenientes de depósitos do
Eopaleoceno da Formação Santa Lúcia, na localidade de Tiupampa, Bolívia (Schultze, 1991).
Estas apresentam finas cristas, quase paralelas, com extremidades mais agudas, e vales entre
as cristas mais profundos, se estendendo até o bordo lingual entre as primeiras cristas,
características que são mais acentuadas em formas juvenis (Schultze, 1991).
As placas dentárias da Formação Santa Lúcia foram descritas como pertencendo a novo
gênero e espécie, porém até o momento não foram designados nomes ao novo táxon, nem
existe uma descrição mais detalhada do material. São reconhecidas por apresentarem uma
textura em sua face oclusal (“psammosteid”) não observada anteriormente em outros
dipnóicos (Schultze, 1991; Figura 14 a & b). Padrão semelhante de ornamentação é observada
para as placas do Morfótipo C. Contudo esta ornamentação está presente sobre a superfície de
toda a placa e não somente em torno das cristas, como parece ocorrer nas placas dentárias de
Tiupampa. Além disso, as placas aqui descritas mostram cristas menos definidas, mais
acentuadas nas extremidades do bordo lingual e mais curtas e arredondadas que o observado
no material de Tiupampa.
61
As placas dentárias do Paleoceno inferior de Tiupampa foram encontradas associadas a
placas de Lepidosirenidae (Lepidosiren cf. L. paradoxa) e outras duas formas de
Ceratodontidae (Ceratodus sp.) (Schultze, 1991).
Este novo Ceratodontidae teria sua distribuição cronológica estendida do Cretáceo
médio da região meio-Norte do Brasil até o Paleoceno inferior da Bolívia. Grandes
amplitudes temporais são observadas em outros gêneros de Dipnoiformes, como algumas
formas fósseis da Austrália. Neoceratodus forsteri é registrado para depósitos do Eocretáceo
até Holoceno, assim como Ceratodus diutinus, representado do Eocretáceo ao neo-
Oligoceno/meso-Mioceno (Kemp, 1997b)
Similaridades entre os morfótipos A, B e C poderiam indicar relações de um mesmo
agrupamento genérico.
62
Figura 29- Perfil oclusal de algumas placas dentárias referentes ao Morfótipo C, provenientes
da Laje do Coringa. A (UFMA 1.40.485), B (UFMA 1.40.484), C (UFMA 1.40.173), D
(UFMA 1.40.487), E (UFMA 1.40.486), F (UFMA 1.40.081) e G (UFMA 1.40.241). Escala =
3 cm.
63
Figura 30- Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.052. Escala = 5mm.
Figura 31- Detalhe da superfície oclusal de UFMA 1.40.052, em maior aumento. Escala =
3mm.
64
8.1.6- Morfótipo D
As placas dentárias referentes a este morfótipo são robustas e apresentam grande
espessura (Tabela 5). Possuem uma forma em geral triangular, portando de quatro a cinco
denticulações. As cristas são curtas e espessas, como em toda a região do bordo lingual
(Figura 32). São mais bem definidas nas extremidades das denticulações, exceto em UFMA
1.40.057, onde cristas e vales se entendem até próximo do bordo lingual. As pontuações são
bem visíveis por toda a superfície oclusal destas placas dentárias (Figura 33).
Placas N de denticulações Comprimento total
Altura
UFMA 1.40.038
5 (completa) 96 mm 59 mm
UFMA 1.40.057
3 (proximais) “81 mm” “45 mm”
UFMA 1.40.080
5 (completa) 56 mm 27 mm
UFMA 1.40.082
? (quebrada) “82 mm” “49 mm”
UFMA 1.40.201
3 (mais proximais) 67 mm” “52 mm”
UFMA 1.40.392
4 (completa) 63 mm 44 mm
UFMA 1.40.396
2 (proximais) “89 mm” “48 mm”
UFMA 1.40.483
4 (completa) 47 mm 28 mm
Tabela 5- Medidas das placas dentárias referentes ao Morfótipo D. O comprimento total
compreende a extensão entre as extremidades distal e proximal da placa dentária. Medidas de
altura compreendem a maior distância entre as extremidades do bordo lingual em direção ao
labial, considerando à extremidade das cristas. Os números apresentados entre aspas
correspondem a espécimens incompletos.
Todas as placas classificadas para este morfótipo são fragmentadas de alguma forma,
ou exibem grande desgaste.
UFMA 1.40.038 (Figura 32 A) é uma placa dentária de coloração marrom, apresenta
cinco denticulações, sendo que parte da primeira está quebrada, assim como todo o bordo
mesial. O bordo lingual também está danificado. A parte distal desta placa forma um ângulo
65
reto, porém devido ao desgaste não é possível concluir se seria sua forma original. As três
primeiras cristas são bem definidas, terminando em ângulo agudo e posicionam-se curvadas
em direção anterior. As duas últimas cristas são paralelas ao eixo de extensão da placa
dentária. A superfície de trituração apresenta leves depressões em toda a placa. A placa
dentária possui dimensões elevadas, quando comparada às demais da amostragem.
A placa dentária UFMA 1.40.392 (Figura 32 B) está completa, porém apresenta sinais
de desgaste. Possui quatro denticulações e cristas mal definidas, com vales entre estas quase
imperceptíveis. As extremidades das cristas terminam em ângulo agudo nas três primeiras. A
parte mais distal da placa apresenta uma elevação em direção aboral.
A placa dentária UFMA 1.40.396 (Figura 32 C) é uma inferior esquerda, com parte do
osso mandibular. Apresenta as duas primeiras denticulações bem definidas, inclinadas em
direção posterior e um vale acentuado. A parte distal da placa está quebrada, assim como a
periferia do bordo lingual, que se apresenta desgastada. A superfície oclusal apresenta uma
forma côncava. Aparentemente os bordos mesial e lingual deveriam ser curvados.
UFMA 1.40.201 e UFMA 1.40.057 (Figuras 32 D e G) apresentam somente as três
primeiras denticulações. As cristas possuem terminações em um ângulo mais agudo. Os vales
entre as cristas são bem visíveis. A periferia do bordo mesial e parte do lingual estão
desgastados. No segundo exemplar o bordo mesial é curvado e, apesar de apresentar algum
desgaste, o bordo lingual também aparenta ser curvado.
UFMA 1.40.080 (Figura 33 E) é uma placa dentária mais alongada que as demais e
menos robusta. Apresenta um padrão irregular na superfície oclusal. Possui quatro
denticulações, com cristas mal definidas e extremidades mais arredondadas.
Toda a periferia de UFMA 1.40.483 (Figura 32 F) apresenta desgaste. As cristas são
pouco definidas, exceto nas extremidades das duas primeiras, cujas terminações formam um
ângulo mais agudo. As duas últimas cristas apresentam extremidades mais arredondadas.
Os exemplares UFMA 1.40.057, UFMA 1.40.483 e UFMA 1.40.038 (Figuras 33 G, F
e A, respectivamente) apresentam região mais espessa da placa dentária próxima ao bordo
lingual. Em UFMA 1.40.396 esta região mais espessa é no centro da placa.
As placas dentárias referentes ao Morfótipo D são robustas e apresentam grande
espessura em relação aos demais morfótipos descritos anteriormente. Algumas desta placas
apresentam dimensões consideráveis.
Placas dentárias referentes a este morfótipo foram comparadas com espécimens da
Coleção Paleontológica do Museu de História Natural de Paris, classificadas como
Protopterus humei. As placas dentárias tombadas do MHNP mostram de quatro a cinco
66
cristas bem definidas, sendo a primeira não necessariamente a maior. A espessura da placa
diminui em direção à margem labial, onde mostra uma tênue concavidade. A superfície destas
placas dentárias mostra pontuações bem definidas na superfície oclusal (Toledo et al., 2005b).
Algumas destas placas dentárias apresentam grande similaridade com aquelas de
Ceratodus humei, descrito por Tabaste (1963). Este táxon foi inicialmente descrito por Priem
(1914), para depósitos cretácicos do Norte da África (Egito). Martin (1984b) reposicionou
este táxon ao gênero Protopterus, pertencente à Família Lepidosirenidae.
O gênero Protopterus, segundo Churcher & De Iuliis (2004) é caracterizado por
poucas, geralmente três ou quatro denticulações, e grande penetração dos sulcos nas placas
dentárias, o que resulta em cristas altas e bem definidas. Estas características não são
apresentadas para o material de Ceratodus humei.
Uma revisão de Ceratodus humei é apresentada por Churcher & De Iuliis (2004),
mantendo os “status” genérico e familiar original para C. humei. Segundo estes autores
controvérsias na classificação de placas dentárias referentes a este táxon, sendo encontradas
duas formas principais. A primeira corresponde à descrição original de Priem (1914) e a
segunda é observada em outros trabalhos como Tabaste (1963) e Martin (1984b) (ver figuras
10e, 10f, 11c, 11d). Este segundo grupo apresenta placas relativamente robustas, quatro
cristas relativamente suaves, embora uma quinta crista possa ocorrer ocasionalmente. Placas
dentárias superiores são extensas bucolingualmente. As placas referentes ao Morfótipo D
seriam, portanto classificadas neste segundo grupo.
Ceratodus humei é registrado, até o momento, somente no continente africano, e a
idade dos depósitos egípcios, onde os primeiros espécimes foram encontrados é Campaniano.
Caso se confirme a presença desta espécie para o depósito analisado, esta se tornaria à
evidência mais antiga de Ceratodus humei, e a primeira ocorrência para a América do Sul.
Em função das controvérsias descritas para este táxon, seu registro para a Laje do
Coringa ainda é inconclusivo. Faz-se necessária uma revisão a nível genérico e especifico.
67
Figura 32- Perfil oclusal de algumas das placas dentárias referentes ao Morfótipo D. A
(UFMA 1.40.038), B (UFMA 1.40.392), C (UFMA 1.40.396), D (UFMA 1.40.201), E
(UFMA 1.40.080), F (UFMA 1.40.483) e G (UFMA 1.40.057). Escala = 3 cm.
68
Figura 33- Detalhe da superfície oclusal da placa dentária UFMA 1.40.080.
8.2- Histologia
Ceratodus africanus
Esta espécie se caracteriza por canais pulpares paralelos, contendo canalículos que
saem da dentina, mas não avançam sobre a petrodentina (Figuras 34 e 35). Esta apresenta
birrefringência baixa (Figura 36), com cores de primeira ordem que variam do cinza ao
amarelo pálido, com pleocroísmo fraco e textura fibrosa. Apresenta-se na forma de fibras
radiais que crescem a partir da dentina.
O pacote de fibras apresenta em média 0,17mm de comprimento, o diâmetro dos
canais pulpares é aproximadamente 0,06mm, a espessura da dentina é 0,11mm.
69
Figura 34- Vista geral mostrando a distribuição paralela dos canais pulpares (cp) em
Ceratodus africanus. Aumento de 25 x. Nicóis paralelos (Foto: C. E. V. Toledo).
Figura 35- Detalhe da Figura 35 mostrando canal pulpar (cp), com avanço dos canalículos
sobre a dentina (D). Aumento de 50 x. Nicóis paralelos.
70
Figura 36- Detalhe da petrodentina (P), mostrando sua textura fibrosa e a textura granular da
dentina (D) e o preenchimento dos canais pulpar (cp). Aumento de 100 x. Nicóis cruzados
(Foto: C. E. V. Toledo).
Morfótipos A e B
As lâminas observadas para estes morfótipos apresentam a mesma distribuição
irregular dos tecidos dentais (Figura 37). A petrodentina acha-se concentrada em segmentos
da placa, nos quais ocorrem canais pulpares, cuja concentração de dentina, ao seu redor, é
maior quando comparada aos canais localizados sobre os segmentos. Entre os canais, cuja
espessura da dentina é maior, é possível visualizar resquicíos de petrodentina e aparentes
fragmentos ósseos. Em maior detalhe é possível observar que existe uma transição entre as
concentrações de dentina e petrodentina em torno dos canais (Figura 38).
Os canais pulpares e canalículos do morfótipo A são preenchidos por goetita/hematita,
que ocorrem ao redor na dentina, avançando até a petrodentina (Figura 39). Os canalículos
medem aproximadamente 0,2mm de comprimento e apresentam muitas ramificações.
No morfótipo B o pacote de fibras da petrodentina apresenta, em média, 0,22 mm de
comprimento, e o diâmetro dos canais pulpares variam entre 0,08mm a 0,06mm (Figuras 40,
41 e 42).
71
Figura 37- Tecido dental do morfótipo A, com distribuição irregular da dentina e
petrodentina, em torno dos canais pulpares. Aumento de 50 x. Nicois cruzados.
Figura 38- Detalhe do tecido dental do morfótipo A, com distribuição irregular da petrodentia
(P) e dentina (D) em torno dos canais pulpares. Aumento de 50 x. Nícois cruzados.
72
Figura 39- Corte transversal de tecido dental do morfótipo A, mostrando canalículos (c)
totalmente preenchidos por goethita⁄hematita e avançando até a petrodentina (P). Aumento
100 x. Nicóis paralelos (Foto: C. E. V. Toledo).
Figura 40- Tecido dental do morfótipo B, com corte transversal, mostrando detalhes de
textura fibrosa da petrodentina e textura granular da dentina. Aumento 50 x. Nicóis cruzados
(Foto: C. E. V. Toledo).
73
Figura 41- Detalhes da textura fibrosa da petrodentina (P) e textura granular da dentina (D).
Aumento de 100 x. Nicóis cruzados (Foto: C. E. V. Toledo).
Figura 42- Tecido dental do morfótipo B, com dentina circundando o canal pulpar e a
petrodentina ao redor da dentina. Aumento de 100 x. Nícois cruzados.
74
Morfótipo D
Neste morfótipo o diâmetro dos canais pulpares varia de 0,9mm a 0,16mm e a
espessura da dentina varia de 0,03mm a 0,12mm. Estes são totalmente preenchidos por
goethita⁄hematita. É possível observar a disposição paralela dos canais pulpares (Figuras 43 e
44).
A distribuição dos tecidos dentais, dentina e petrodentina, para este morfótipo é
regular por toda a exteção da placa dentária.
Figura 43- Vista geral, em corte longitudinal de tecido dental do morfótipo D, mostrando
textura fibrosa da petrodentina, a textura granular da dentina e organização paralela dos canais
pulpares. Aumento 25 x. Nicóis cruzados (Foto: C. E. V. Toledo).
75
Figura 44- Detalhe da petrodentina do morfótipo D, mostrando o crescimento das fibras a
partir da dentina e canal vascular pulpar preenchido por hematita/goetita. Aumento 100 x.
Nicóis cruzados (Foto: C. E. V. Toledo).
Análise com Difração de Raios X, apresentada por Toledo et al. (2003), mostrou que
as placas dentárias da Laje do Coringa apresentam estrutura cristalina, correspondente a flúor
apatita [Ca
5
F(PO
4
)
3
], que se mostra como “massa” criptocristalina, com propriedades ópticas
muito semelhantes a este mineral.
Informações sobre o desenvolvimento e a ultraestrutura, dos tecidos dentários de
placas dentárias são excassos dificultando relacioná-los com os diferentes grupos de
vertebrados (Lund et al., 1992).
As placas dentárias provenientes da Laje do Coringa mostram dois tecidos dentários,
consistindo em dentina nas lâminas analisadas para as placas dentárias provenientes da Laje
do Coringa, dentina e um tecido hipermineralizado conhecido como petrodentina,
respectivamente dentina circundenteonal e dentina interdenteonal, sensu Kemp (2001). O
último é o componente principal em todos os morfótipos analisados.
Não são observadas variações entre as propriedades ópticas destes dois tecidos.
A petrodentina mostra fibras radiais que crescem a partir dos canais pulpares,
apresentando extinção paralela e elongação negativa. Ocorre crescimento concêntrico de
dentina em torno dos canais pulpares. Este tecido apresenta textura granular e localmente
76
apresenta maior cristalinidade e relevo mais alto, implicando maior birrefringência. uma
gradação entre dentina e petrodentina, visivelmente observada pela diferença de cristalinidade
e pela textura, de granular passando a fibrosa (Toledo et al., 2003).
A análise histológica permitiu a observação de um mesmo padrão de disposição e
composição dos tecidos dentários para todos os morfótipos analisados, assim como a
disposição paralela dos canais pulpares. Este último caracter é tipico dos Ceratodontidae e
Neoceratodontidae (Smith, 1984; Toledo, 2001).
Os tecidos dentários dos morfótipos A e B apresentam diferenças em relação à
distribuição da dentina, com maior espessura em torno dos canais pulpares em alguns pontos
das placas dentárias. Esta característica também deve se estender às placas dentárias
classificadas como Morfótipo C. Estas alterações na proporção dos tecidos dentários ao longo
da superfície de trituração das placas dentárias dos morfótipos A, B, e C, ajuda a formar uma
superfície variável sobre estas, em função do desgaste mais pronunciado de dentina em
relação à petrodentina (tecido hipermineralizado, portanto mais resistente). Isto se deve aos
diversos processos abrasivos a que as placas dentárias estariam sujeitas.
Kemp (2001) descreve a superfície oclusal variável encontrada para o gênero
Ceratodus, como conseqüência das proporções de dentina indertendeonal e circundenteonal
no corpo da placa dentária. Segundo a autora, em Ceratodus pectinatus os vales entre as
cristas são compostos inteiramente de dentina circundenteonal (dentina sensu Smith, 1984).
Smith (1984) observou que Protopterus aethiopicus e Lepidosiren paradoxa
apresentam canais pulpares com disposição ramificada e colunas de petrodentina dispostas ao
longo do eixo de cada crista, sendo esta uma característica da Família Lepidosirenidae. Este
padrão também foi observado para as placas dentárias tricuspidadas da Formação Corumbataí
(Toledo, 2001).
Placas dentárias do Morfótipo D apresentam distribuição de tecidos e canais pulpares
característicos da família Ceratodontidae. Os táxons da Formação Alcântara mostram a
distribuição da petrodentina por toda a placa dentária. Estes dados reforçam a necessidade de
revisão para o táxon Ceratodus (Protopterus ?) humei .
Em todas as placas dentárias analisadas, exceto para o Morfótipo D, os canalículos
saem do canal pulpar, atravessam a dentina e penetram na petrodentina, como observado por
Smith (1984) para as placas de Ceratodus madagascariensis e Toledo (2001) para as placas
dentárias referentes a Ceratodontidae. As lâminas aqui apresentadas, para C. africanus,
também não apresentam canalículos penetrando a petrodentina, contudo esta característica foi
visualizada em outros cortes para placas desta espécie.
77
Em algumas lâminas analisadas foram observados parte de material ósseo associado
aos tecidos dentários. Segundo Kemp (2001) os táxons viventes incluem algum osso
trabecular em placas dentárias, encravado na dentina em torno das margens, e isto pode ser
visto em material fóssil bem preservado.
Em várias lâminas foi observado o preenchimento dos canais pulpares por hematita
e/ou goetita. Esta última foi o mineral mais importante no processo diagenético da Laje do
Coringa (Medeiros, 2001).
8.3- Paleobiologia
Para registros de Dipnoiformes no Brasil, a variação morfológica apresentada para as
placas dentárias da Laje do Coringa é menor apenas quando comparada àquela observada por
Toledo (2001) para o Estado de São Paulo, na Formação Corumbataí.
A diferença dos morfótipos encontrados para o meso-Crétaceo maranhense, em
relação ao registro no resto do País, também é significativa. Na Formação Alcântara, o
número de cristas é maior do que nos demais Dipnoiformes registrados no país, além do
tamanho avantajado das placas dentárias. Se comparadas com representantes atuais,
provavelmente alguns dos morfótipos de pulmonados do Cretáceo maranhense poderiam
ultrapassar dois metros de comprimento. N. forsteri da Austrália pode atingir pouco mais de
um metro aproximadamente em comprimento e um individuo adulto apresenta placas
dentárias com cerca de três a quatro centímetros (Kodera, 1992; Kemp, 1997a). Para a Laje do
Coringa há registros de peixes de grande porte, como Mawsonia e Lepidotes (Medeiros,
2001). Estes gêneros, em geral, são associados a paleoambientes de origem continental
(Maffizone, 2000).
Apesar de parte do material analisado não se encaixar nos limites de variação
encontrados em outros táxons, o que dificulta uma análise conclusiva, a variedade
morfológica para os Dipnoiformes da Laje do Coringa inclui:
- formas semelhantes ou próximas a táxons descritos para o Norte da África,
- uma provável ocorrência de um táxon descrito anteriormente para a América do Sul e
- espécimes aparentemente endêmicos para o Nordeste brasileiro.
A variação apresentada, entre os morfótipos A, B e C, pode ser atribuída à diversidade
intra-específica, a espécies distintas que podem ter sido contemporâneas, ou a variação
temporal (“time-averaging”). Segundo Medeiros (2001) a assembléia representada na Laje do
78
Coringa é formada por elementos que representam tempos diferentes, mas no âmbito de um
intervalo onde uma mesma paleocomunidade habitou a região (“time-averaging
insignificante).
A descontinuidade dos caracteres observados nos morfótipos aqui descritos, com
exceção de Ceratodus africanus e Asiatoceratodus, fala a favor de uma variação ao nível de
espécie.
Dipnoiformes atuais apresentam habito onívoro. Neoceratodus forsteri alimenta-se de
uma extensa variedade de plantas e animais, alterando sua dieta ao longo do seu
desenvolvimento (Kemp & Molnar, 1981). O pulmonado sul americano Lepidosiren foi
observado raspando algas sobre grandes rochas (Kirkland, 1987). A variabilidade morfológica
apresentada pelas placas dentárias descritas (superfície oclusal plana, cristas suaves, cristas
mais cortantes) poderia sugerir animais com dietas divergentes e hábitos alimentares não
conflitantes (Churcher & De Iuliis, 2004). As diferentes espécies poderiam ocupar nichos
alimentares distintos.
O material fóssil, encontrado associado às placas dentárias provenientes da Laje do
Coringa, é usualmente de origem continental (troncos vegetais e fragmentos ósseos e dentes
de dinossauros), com ocorrências de representantes marinhos (Pycnodontiformes). Esta
mistura de fósseis, provenientes de diferentes paleoambientes, em virtude do retrabalhamento
que originou a Laje do Coringa, dificulta uma conclusão a respeito do ambiente original em
que estes Dipnoiformes viviam. Tentativamente poderiam ser associados a paleoambientes
transicionais, pois muitos dos exemplares observados ainda preservam ossos mandibulares
fixos, o que indicaria pouco ou nenhum transporte pré deposicional (Toledo et al., 2003).
Apesar das formas atuais serem exclusivas de ambientes continentais, existem
registros de Ceratodontidae para depósitos indubitavelmente marinhos (Tabaste, 1963;
Martin, 1984a; Schultze, 1991). Martin (1984a) descreve Ceratodus africanus como
provavelmente eurialino.
Os Asiatoceratodontidae são encontrados em ambientes de transição ou de águas
continentais (Dutra & Malabarba, 2001).
A presença de grandes tetrápodos presente no registro fossilífero da Ilha do Cajual, e
imediações, indicam que a fauna que habitou o Norte-Nordeste brasileiro, durante o meso-
Cretáceo, é muito similar àquela africana, de mesma idade. A composição faunística
apresentada neste afloramento inclui aproximadamente oito diferentes grupos de peixes,
testudinos, crocodilomorfos, dinossauros teropodomorfianos e sauropodianos (Cunha &
Ferreira 1979; 1980; Medeiros & Vilas Boas, 1999; Medeiros, 2001; Dutra & Malabarba,
79
2001; Medeiros & Schultz 2001, 2002; Castro et al., 2003; Pereira & Medeiros, 2003;
Marques da Silva & Medeiros, 2003).
Placas dentárias do Norte africano são encontradas associadas a assembléias
semelhantes. Na Formação Quseir (Egito) a fauna associada sugere não somente um ambiente
subaéreo, habitado por testudinos terrestres e grandes dinossauros carnívoros e herbívoros,
como também um paleoambiente mais salobro, habitado por peixes dipnoiformes, testudinos
aquáticos e crocodilomorfos de focinho curto e longo, com componentes marinhos de grandes
seláquios, rajiformes e amniotas marinhos (Churcher, 1995).
Dipnoiformes australianos também são encontrados associados a registros de
seláquios, plesiosauros e dinossauros (Kemp, 1991).
Os depósitos do Aptiano superior de Gadoufaoua (Níger) apresentam muitas placas
dentárias de Asiatoceratodus tiguidiensis e Ceratodus africanus, associados a uma fauna
diversificada de peixes, testudinos, crocodilomorfos e grandes tetrápodos (Martin, 1981).
8.4- Inferências paleobiogeográficas
A fauna de Dipnoiformes da Laje do Coringa fornece novos dados sobre as ligações
entre África e América do Sul, corroborando os demais registros conhecidos para outros
grupos de vertebrados, identificados neste afloramento.
Faunas similares aos dois continentes representam uma herança do Gondwana. É
provável que comunicações continentais tenham ocorrido entre o Nordeste da América do Sul
e o Noroeste da África, mantendo o fluxo faunístico e adiando um maior grau de
diferenciação nas populações dos dois lados do Oceano Atlântico. Somente no
Eocenomaniano houve uma barreira significativa entre os dois continentes e, portanto, um
certo grau de diferenciação morfo-anatômica entre as espécies que formavam as comunidades
africana e sul-americana (Medeiros, 2001).
Segundo Schultze (1991), a tolerância marinha apresentada por alguns Ceratodontidae,
exclui a necessidade de conexões durante o Cretáceo, para permitir a dispersão deste grupo.
As informações conflitantes a respeito do táxon Ceratodus (Protopterus? ) humei não
permitem maiores inferências sobre a ocorrência de um representante Lepidosirenidae para os
depósitos da Formação Alcântara. O registro das atuais espécies viventes, pertencentes a esta
família na África e América do Sul, respectivamente Protopterus e Lepidosiren, é
80
freqüentemente utilizado para sustentar uma relativa recente separação entre dois gêneros e,
portanto continentes (Schultze, 1991).
Alguns gêneros descritos, por exemplo Araripichthys para a Bacia do Araripe, foram
recentemente também encontrados no Aptiano/Albiano inferior de Venezuela e Aptiano de
Colômbia (Moody & Maisey, 1994). Segundo López-Arbarello (2004), estes novos dados
podem indicar trocas faunísticas entre a margem Noroeste de América do Sul e o sistema de
bacias rift do Gondwana Ocidental, durante o EoMesocretáceo e, portanto, sugerir uma
abertura marinha conectando estas áreas.
Placas dentárias do Paleoceno da Bolívia foram registradas para sedimentos de origem
continental da Formação Santa Lucía (Schultze, 1991). A características de deposição do
afloramento analisado fornecem dados inconclusivos para analisar as correlações entre as
placas do Cretáceo médio do Nordeste do Brasil.
81
CONCLUSÕES
1- A grande variabilidade morfológica das placas dentárias, coletadas na Laje do Coringa,
representa a maior para o Cretáceo do Brasil, no nimo seis táxons diferentes ocorrendo
nesta paleocomunidade.
2- Três destes táxons são conhecidos para o mesmo período (meso-Cretáceo) do Norte
africano, evidenciando a recente ligação entre África e América do Sul, corroborada pela
peleofauna de grandes vertebrados.
3- Um dos táxons analisados é similar a um Ceratodontidae de afinidade taxonômica ainda
indeterminada, registrado para os depósitos do Paleoceno da Bolívia (Formação Santa Lúcia).
4- Outros espécimens, morfologicamente distintos, corroboram a grande variabilidade
morfológica apresentada para os Dipnoiformes deste afloramento. Alguns destes morfótipos
não foram encontrados na literatura, podendo ser táxons novos e talvez endêmicos para esta
região.
5- As condições em que se formou o depósito da Laje do Coringa, sob forte retrabalhamento e
transporte, não permite uma avaliação mais detalhada sobre o paleoambiente original deste
grupo de peixes. A paleoictiofauna identificada apresenta uma mistura de elementos
continentais (Mawsonia, Lepidotes) e marinhos (Picnodontiformes).
6- O grande tamanho apresentado pelas placas dentárias analisadas indica que a fauna de
Dipnoiformes da Laje do Coringa era composta por peixes de grande porte.
82
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