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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO
GEOGRAFIA E GESTÃO DO TERRITÓRIO
COMPORTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA
TUBERCULOSE EM UBERLÂNDIA (MG): SITUAÇÕES
COLETIVAS DE RISCO, DE 1995 A 2003
SANDRA SOARES ALVIM
UBERLÂNDIA (MG)
2005
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i
SANDRA SOARES ALVIM
COMPORTAMENTO EPIDEMIOLÓGICO DA
TUBERCULOSE EM UBERLÂNDIA (MG): SITUAÇÕES
COLETIVAS DE RISCO, DE 1995 A 2003
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Geografia da Universidade Federal de Uberlândia, como requisito
parcial à obtenção do título de Mestre em Geografia.
Área de concentração: Geografia e Gestão do Território
Orientador: Prof. Dr. Samuel do Carmo Lima
UBERLÂNDIA – MG
INSTITUTO DE GEOGRAFIA
2005
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ii
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
Sandra Soares Alvim
Comportamento Epidemiológico da Tuberculose em Uberlândia (MG): Situações
coletivas de risco, de 1995 a 2003
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Samuel do Carmo Lima
Instituto de Geografia – UFU
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Júlio César de Lima Ramires
Instituto de Geografia - UFU
_______________________________________________________________
Prof. Dr. Raul Borges Guimarães
UNESP
Data: ______/___________de __________
Resultado: __________________________
FICHA CATALOGRÁFICA
Elaborado pelo Sistema de Bibliotecas da UFU / Setor de
Catalogação e Classificação
A475c
Alvim, Sandra Soares.
Comportamento epidemiológico da tuberculose em Uberlândia (MG),
de 1995
a 2003 : situações coletivas de risco / Sandra Soares Alvim. –
Uberlândia, 2005.
72f. : il.
Orientador: Samuel do Carmo Lima.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Uberlândia, Pro-
grama de Pós-Graduação em Geografia.
Inclui bibliografia.
1. Tuberculose - Uberlândia (MG) - Teses. 2. Tuberculose - Epide-
miologia - Uberlândia (MG) - Teses. 3. Geografia médica - Teses.
4. Saúde Pública - Teses. 5. Pneumologia - Teses. I. Lima, Samuel do
Carmo. II. Universidade Federal de Uberlândia. Programa de Pós-
Graduação em Geografia. III.Título.
CDU: 616.982.21(815.12*UDI)(043.3)
iii
AGRADECIMENTOS
Foram muitas as pessoas que ajudaram na realização deste trabalho de pesquisa.
Agradeço a todas elas, que nas Secretarias Municipais de Planejamento Urbano, de Saúde, de
Desenvolvimento Social, na Diretoria de Ações Descentralizadas de Saúde, na Universidade
Federal de Uberlândia, enfim, em todos os lugares onde precisei obter informações,
prontamente me atenderam.
Agradeço especialmente a Deus e à minha família, que com paciência, aceitou minhas
ausências e meus momentos de dedicação exclusiva à esta pesquisa.
Agradeço também à Beatriz Florêncio, jovem e dedicada estudante com um futuro
promissor na geografia médica devido ao carinho e profissionalismo com que se entrega às
tarefas, às Dras. Rosuíta Frattari Bonito e Iracema Batista pela contribuição com informações
fundamentais para a discussão deste trabalho, à Dra. Tânia Berbert Ferreira Lima, querida
amiga há muitos anos e responsável pelo Núcleo de Informações em Saúde da Prefeitura
Municipal de Uberlândia, à Rosário Paixão, coordenadora do Programa de Controle da
Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde de Uberlândia e ao meu orientador, Prof.Dr.
Samuel do Carmo Lima, que com tranqüilidade e coerência soube me guiar neste complicado
caminho da pesquisa científica.
iv
RESUMO
A Tuberculose é uma doença infecto-contagiosa que mesmo sendo de fácil tratamento,
ainda atinge uma camada grande da população, pelas dificuldades que envolvem o
diagnóstico correto, pelas subnotificações e pelas altas taxas de abandono do tratamento.
Além disso, a presença cada vez maior de condicionantes para sua ocorrência, devido às
condições sócio-econômicas precárias de grande parte da população. Apesar de existirem
drogas eficientes e distribuídas gratuitamente à população, a alta incidência dessa doença
exige que sejam definidos mais métodos de controle além dos já existentes. O objetivo deste
trabalho é, através da análise epidemiológica do período compreendido entre 1995 e 2003,
determinar as áreas de risco para a ocorrência da Tuberculose em Uberlândia, contribuindo
assim, com mais um instrumento de controle que permita a priorização das ações e a
otimização dos recursos disponíveis. Foram utilizados métodos epidemiológicos e de
geoprocessamento para a definição das áreas de risco e verificou-se que existem dois grupos
de bairros oferecendo diferentes tipos de risco e exigindo maneiras de controle diferenciadas.
O primeiro grupo é constituído pelos bairros Santa Mônica, Brasil, Martins e Tibery que são
bairros que não possuem condições sócio-econômicas tão precárias, mas mesmo assim
apresentaram as maiores incidências nos anos estudados, oferecendo dessa forma, maior risco
de transmissão da doença. Por outro lado, os bairros Joana D’Arc/Dom Almir, Morada do Sol
e Jd. Holanda, ofereceram o maior risco de adoecimento, pelas altas taxas de incidência
verificadas. Ações específicas e direcionadas aos bairros de maior incidência em números
absolutos e em taxas devem ser implementadas nas Unidades Básicas de Saúde e,
principalmente pelos profissionais do Programa de Saúde da Família já implantado em
Uberlândia.
Palavras-chave: Tuberculose, Pneumologia Sanitária, Geografia Médica, Saúde pública
v
ABSTRACT
Tuberculosis is an infective-contagious disease which even being of easy treatment still gets
to a great layer of the population by difficulties involving the correct diagnosis, by under-
reporting and by high rates of treatment abandoning. Besides, there is an increasing presence
of factors to its occurrence due to low socio-economic conditions of a great part of the
population. Although there are efficient drugs given for free to the population, the high
incidence of this disease demands the definition of other control methods in addition to the
actual ones. The target of this work is, through epidemiological review in the period within
1995 and 2003, to establish the risk areas to the occurrence of Tuberculosis in Uberlândia,
contributing this way with one more control instrument, which allows the prioritizing of
actions and optimistic usage of available resources. There have been used epidemiological
methods and geo-processing to the definition of risk areas and it has been noticed the
existence of two groups of neighborhoods offering different kinds of risk which demand
different kinds of control. The first group is formed by Santa Monica, Brasil, Martins and
Tibery areas which are neighborhoods that do not have low socio-economic conditions, but
even this way have shown the biggest incidence in the areas of study, offering this way, the
biggest risk of spread disease. On the other hand, the Joana D’Arc/ Dom Almir, Morada do
Sol and Jd. Holanda areas offered the biggest risk of getting the disease by the high rates of
incidence noticed. The specific actions towards the areas with the biggest incidence in
absolute numbers and in rates must be implemented at Unidades Basicas de Saude (Health
Basic Units) and mainly through the Programa de Saude da Familia (Family Health Program)
already implemented in Uberlândia.
Key words: Tuberculosis, Sanitary Pneumology, Medical Geography, Public Health.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 1
1.1 Justificativa .................................................................................................... 5
1.2 Objetivos ........................................................................................................ 6
1.2.1 Geral .................................................................................................. 6
1.2.2 Específicos ........................................................................................ 6
1.3 Localização e caracterização da área de estudo ............................................. 6
2. METODOLOGIA .................................................................................................... 13
3. TUBERCULOSE – História, Etiologia e Evolução ................................................ 15
3.1 História .......................................................................................................... 15
3.2 Etiologia e Evolução ...................................................................................... 22
4. A TUBERCULOSE EM UBERLÂNDIA ............................................................... 28
5. CONCLUSÃO ......................................................................................................... 65
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 69
7. ANEXOS ................................................................................................................. 73
Anexo 1 – Parecer de aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
Anexo 2 – Modelo de ficha do Sistema de Informação de Agravos de Notificação
Anexo 3 – Incidência da Tuberculose em Uberlândia de 1995 a 2003
Anexo 4 – Estimativa populacional 2000 – Setor Central
Anexo 5 – Estimativa populacional 2000 – Setor Leste
Anexo 6 – Estimativa populacional 2000 – Setor Oeste
Anexo 7 – Estimativa populacional 2000 – Setor Norte
Anexo 8 – Estimativa populacional 2000 – Setor Sul
Anexo 3 – Estimativa populacional 2000 – Setor Central
vii
LISTA DE FIGURAS
Fig. 1 - Localização do Município de Uberlândia ..................................................... 7
Fig. 2 - Vista aérea de Uberlândia .............................................................................. 8
Fig. 3 - Rio Uberabinha .............................................................................................. 9
Fig. 4 - Distribuição dos casos de Tuberculose .......................................................... 20
Fig. 5 - Evolução da Tuberculose pulmonar .............................................................. 25
Fig. 6 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 1995 ..... 40
Fig. 7 - Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 1995 .... 41
Fig. 8 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 1996 ..... 43
Fig. 9 - Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 1996 .... 44
Fig. 10 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 1997 ..... 46
Fig. 11 - Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 1997 .... 47
Fig. 12 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 1998 ..... 50
Fig. 13 - Bairros de maior incidência em números absolutos e taxas/100 000 hab. em
Uberlândia (MG), 1998 ...........................................................................
51
Fig. 14 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 1999 ..... 53
Fig. 15 - Bairros de maior incidência em números absolutos e taxas/100 000 hab. em
Uberlândia (MG), 1999 ...........................................................................
54
Fig. 16 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 2000 ..... 56
Fig. 17 - Bairros de maior incidência em números absolutos e taxas/100 000 hab. em
Uberlândia (MG), 2000 ...........................................................................
57
Fig. 18 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 2002 ..... 59
Fig. 19 - Bairros de maior incidência em números absolutos e taxas/100 000 hab. em
Uberlândia (MG), 2002 ...........................................................................
60
Fig. 20 - Incidência da Tuberculose por setor censitário, Uberlândia (MG), 2003 ..... 62
Fig. 21 - Bairros de maior incidência de Tuberculose em Uberlândia (MG), 2003 .... 63
viii
LISTA DE TABELAS
Tab. 1 - Crescimento e distribuição da população em Uberlândia, 1980/2003 ............. 10
Tab. 2 - Comparação entre os principais indicadores de saúde de Uberlândia, Minas
Gerais e Brasil com as metas da Organização Mundial da Saúde, 2003 ..........
12
Tab. 3 - Taxas de incidência da Tuberculose no Brasil, Região Sudeste, Minas Gerais e
Uberlândia, 1995/2003 ...................................................................................
30
Tab. 4 - Taxa de incidência da Tuberculose em Uberlândia e outras cidades da Estado
de Minas Gerais, 1995/2003 .............................................................................
32
Tab. 5 - Incidência da Tuberculose por tipo de entrada dos pacientes no programa de
controle, por sexo e por ano, Uberlândia (MG), 1995/2003 ............................
33
Tab. 6 - Taxa de incidência da Tuberculose por forma clínica e por ano, Uberlândia,
1995/2003 .........................................................................................................
35
Tab. 7 - Incidência da Tuberculose por faixa etária e por ano, Uberlândia, 1995/2003. 38
Tab. 8 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 1995 ............ 39
Tab. 9 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 1996 ............ 42
Tab. 10 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 1997 ............ 45
Tab. 11 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 1998 ............ 49
Tab. 12 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 1999 ............ 52
Tab. 13 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 2000 ............ 55
Tab. 14 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 2002 ............ 58
Tab. 15 - Bairros de maior incidência da Tuberculose, Uberlândia (MG), 2003 ............ 61
Tab. 16 - Incidência da Tuberculose por setor censitário e ano, Uberlândia (MG),
1995/2003 .........................................................................................................
64
1
1. INTRODUÇÃO
A Tuberculose é uma das mais antigas doenças que afligem a humanidade. Possui
distribuição universal e até meados do século XX constituía-se em uma das principais causas
de óbito no mundo (BRASIL, 1999).
Com a melhoria das condições de vida nos países desenvolvidos e a instituição do
tratamento quimioterápico, houve uma redução da sua morbidade
1
e, principalmente, da
mortalidade
2
. Até a década de 1980, tinha-se a expectativa da eliminação dessa enfermidade,
já considerada sob controle relativo nos países desenvolvidos; contudo, o crescimento
mundial da sua incidência levou, em 1993, a Organização Mundial da Saúde - OMS declarar
essa doença em estado de urgência (BRASIL, 1999).
Esse crescimento tem sido atribuído ao aumento do número de casos nos países menos
desenvolvidos em virtude do empobrecimento de suas populações, da deficiência dos
programas de controle e à sua associação com a AIDS, fatores que também têm favorecido o
aparecimento de bactérias resistentes à terapêutica (BRASIL, 1999).
Atualmente, porém, considera-se que esses fatores apenas contribuem e não
determinam o surgimento de doenças oportunistas. Outras doenças imunosupressoras
3
ou que
exigem tratamento imunosupressor, além da AIDS (doenças renais, câncer, doenças do
sistema imunológico e outras), têm contribuído de forma fundamental, pois são doenças que
não derivam exclusivamente de condições sociais deficientes. Segundo BRASIL (2002a), nas
muitas enfermidades onde é necessário o uso prolongado e grandes doses de corticosteróides
como medicamento, as defesas do organismo podem ser afetadas em sua luta contra as
infecções.
1
Morbidade - termo utilizado para expressar a presença de doença ou condição patológica;
2
Mortalidade - termo utilizado para expressar óbito por determinada causa;
3
Imunossupressora – que impede ou diminui as defesas do organismo;
2
De acordo com CHAIMOWICZ (2001), também fatores demográficos (crescimento
populacional e envelhecimento) têm modificado o impacto de fatores epidemiológicos
(epidemia de Aids e programas de intervenção), deslocando a maior incidência para os idosos
devido à eficácia da BCG e à redução do risco de infecção na comunidade, ao mesmo tempo
em que há o crescimento dessa população. Ainda segundo esse autor, nos próximos 50 anos
deverá ocorrer redução progressiva dos casos associados à Aids em adultos e expressivo
aumento dos casos de reativação em idosos, cuja população saltará de 5% para 14%.
Ações isoladas não serão suficientes, caso não se melhorem as condições sócio-
econômicas da população, o acesso aos serviços de saúde e também programas específicos
para atendimento das camadas mais atingidas, especialmente da população idosa.
Além de tudo isso, maior eficácia na detecção de casos em pessoas que se encontram
na faixa etária mais atingida, de 20 a 40 anos, será fundamental para o controle da transmissão
do microorganismo responsável pela Tuberculose (BRASIL, 2002a; CHAIMOWICZ, 2001;
HIJJAR, 2001; MINAS GERAIS, 2001; RAJAGOPALAN, 2001; RUFFINO-NETTO, 2002;
WHO, 2000).
No país, esse problema reflete seu estágio de desenvolvimento social, onde os
determinantes do estado de pobreza, as fraquezas de organização do sistema de saúde e as
deficiências de gestão limitam a ação da tecnologia e, por conseqüência, inibem a queda dos
índices de incidência das doenças marcadas pelo contexto social (BRASIL, 2002a).
As grandes cidades exercem fascínio na maioria das pessoas, funcionando como pólos
atrativos de migrantes, especialmente devido às expectativas de melhoria de vida. Entretanto,
esse processo de urbanização acelerada tem levado a problemas econômicos e sociais que
fazem surgir com isso doenças e os traumas delas decorrentes.
Os governos dos países em desenvolvimento não têm condições de prover com
3
recursos, pessoal treinado, serviços de água potável, saneamento, escolas e transporte uma
população urbana crescente.
Estas questões aliadas a problemas sociais geralmente resultam em assentamentos
irregulares, com diversas pressões ambientais resultantes do uso precário dos recursos
naturais, criando-se assim, um ambiente altamente insalubre (O PROBLEMA...., 2001).
Os fatores sócio-econômicos que levam algumas camadas da população a um
completo estado de pobreza, com moradias insalubres, pequenas, sem iluminação, pouco
arejadas e com famílias numerosas contribuem com a susceptibilidade dessas pessoas a
doenças oportunistas (BRASIL, 2002a).
Essa relação entre meio ambiente e aquisição de doenças é estudada e conhecida desde
a Antigüidade. As civilizações antigas explicavam os acontecimentos sob o ponto de vista do
pensamento mágico e sobrenatural. Hipócrates, considerado o pai da medicina científica, foi o
primeiro a sugerir que o desenvolvimento da doença humana poderia estar relacionada a
características pessoais e ambientais (CARVALHO, 2003).
Segundo SEVALHO (1993), foram Hipócrates e seus seguidores, que estabeleceram
de modo mais claro, uma passagem do sobrenatural para o natural, no que diz respeito às
representações de saúde e doença, através da perspectiva humoral
4
.
Ainda, segundo CARVALHO (2003), Hipócrates em sua obra “Sobre os Ares, Águas
e Lugares” identificava a influência da localização geográfica e dos elementos físicos (clima,
disponibilidade, qualidade e facilidade de acesso à água, presença de vegetação), à saúde e
estereotipo dos habitantes de cada lugar. Ele ressaltava a importância de se conhecer as
peculiaridades de cada lugar, para se fazer uma correta investigação das doenças. Muitas de
suas preocupações ainda são atuais, quando se pretende estudar as causas e maneiras de
4
Hipócrates dizia serem os humores do corpo que causavam as doenças.
4
minimizar, controlar ou erradicar alguns agravos à saúde coletiva.
Uma análise do quadro atual das cidades revela que existem sérios problemas de saúde
relacionados com o ambiente urbano, sendo o processo de produção das doenças
conseqüentemente interpretado à luz do entendimento da ocupação desse espaço (SOUZA,
1998).
Outro fator importante a ser considerado, é que o número estimado de casos de
tuberculose/ano para o Brasil é de 129 mil, porém a rede de serviços de saúde notifica apenas
80 a 90 mil casos (BRASIL, 1999), traduzindo a insuficiência das políticas de controle. A
distância entre o número de notificações e o número estimado de casos novos é enorme.
Mesmo levando-se em consideração a deficiência diagnóstica e a sub-notificação
5
(MINAS
GERAIS, 2001), fica difícil acreditar que se tenha de 40 a 50 mil casos desconhecidos a cada
ano (HIJJAR, 2001). Logo, a análise das informações deve ser feita com cautela, já que a
qualidade dos dados, mais que mudanças epidemiológicas, poderão explicar as variações
observadas.
O Brasil tem sinalizado com marcos pontuais sua posição frente às novas perspectivas
do problema, distribuindo gratuitamente as drogas para tratamento e lançando programas e
planos de controle da Tuberculose. O êxito desses programas de controle depende de fatores
complexos. Além dos sócio-econômicos, o diagnóstico correto, a redução no número de sub-
notificações, a diminuição dos casos de resistência aos medicamentos e a eliminação do
tratamento incompleto e do abandono.
Apesar de já existirem drogas eficazes e recursos tecnológicos capazes de promover o
controle da doença, sua persistência ao nível internacional indica a complexidade dos fatores
envolvidos em sua determinação e nos distancia da perspectiva de se obter em futuro próximo
5
Subnotificação – notificação feita sem regularidade, o notificação dos casos detectados, notificação com
diagnóstico errado ou quando os casos não chegam ao conhecimento dos serviços de saúde.
5
sua erradicação. Além disso, até que novas vacinas ou tratamentos sejam descobertos, todos
esses fatores representam um novo desafio em escala mundial (BRASIL, 2002a).
1.1. Justificativa
As carências sociais existentes levam a população a ter aumento de incidência das
doenças oportunistas, dentre elas, a Tuberculose. Os recursos financeiros disponíveis no setor
público para a execução de programas de controle dessas doenças, são cada vez menores, e
indicam a necessidade de estratégias que otimizem esses recursos e permitam ações mais
efetivas.
Em Uberlândia, a taxa de incidência da Tuberculose registrada todos os anos pela
Vigilância Epidemiológica Municipal é alta. Ainda que esta incidência esteja aquém da
estimativa do Ministério da Saúde, existem muitos casos sem diagnóstico a cada ano, o que
indica a necessidade de medidas de saúde pública adicionais àquelas já existentes.
Uma das medidas pode ser a identificação dos fatores condicionantes para a ocorrência
das altas taxas de Tuberculose em determinadas localidades, através da análise do local de
moradia dos pacientes (bairros), de forma a permitir uma intervenção direcionada com ações
de caráter tanto individual quanto coletivo que visem reduzir os riscos de adoecimento
daquela comunidade.
Como o objetivo do Ministério da Saúde para o controle da Tuberculose para 2005-
2007, é detectar pelo menos 90% dos casos estimados e curar pelo menos 85% dos casos
detectados da doença (BRASIL, 2004), a priorização das áreas consideradas de maior risco no
planejamento de ações de controle é uma medida fundamental para que Uberlândia consiga
cumprir a meta proposta, buscando especialmente nesses locais, os casos não diagnosticados.
6
1.2 Objetivos
1.2. 1 Geral
O objetivo deste trabalho é estudar o comportamento epidemiológico da Tuberculose
na cidade de Uberlândia, a fim de oferecer suporte à gestão dos serviços de saúde, de forma a
racionalizar e tornar oportuna a aplicação de medidas de controle, tendo em vista que a
informação é essencial à tomada de decisões que auxiliem o controle das doenças.
1.2.2 Específicos
Para alcançar o objetivo geral, tivemos os seguintes objetivos específicos:
Identificar os bairros de maior incidência da Tuberculose na cidade de Uberlândia,
pelo risco de transmissão que eles apresentam;
Determinar quais os bairros de maior risco para ocorrência dessa doença;
Identificar possíveis fatores causais para a maior taxa de incidência/risco para
ocorrência da doença nos bairros onde essa taxa é maior;
1.3 Localização e caracterização da área de estudo
A cidade de Uberlândia está localizada na Região Nordeste do Triângulo Mineiro,
Estado de Minas Gerais, Região Sudeste do Brasil, na Latitude 18º 56’ 38” Sul (Equador) e
Longitude 48º 18’ 39” Oeste (GNT).
7
Limita-se ao Norte com o município de Araguari, à Leste com Indianópolis, à Oeste
com Monte Alegre de Minas, à Sudoeste com Prata, à Noroeste com Tupaciguara, à Sudeste
com Uberaba e ao Sul com Veríssimo.
É uma cidade de porte médio, com população atual estimada em 570.042 habitantes e
que, de acordo com o IBGE, possui área territorial de 4.115,09 Km
2
, sendo 219,00 Km
2
considerados como área urbana e 3.896,09 Km
2
como área rural.
Uberlândia serve também de importante entroncamento rodo-ferroviário, sendo
facilitada a comunicação com os principais centros urbanos das regiões Sudeste e Centro-
Oeste, através da Ferrovia Paulista S/A e das rodovias BR-050, BR-365, BR-452, BR-455 e
da BR-497 que passam pela área urbana, fato esse também fundamental quando se investiga a
transmissão de doenças que usam os mesmos caminhos do desenvolvimento econômico.
Fonte: LEMOS et al (2004)
Figura 1 – Localização do município de Uberlândia
8
O Município está situado no "Domínio dos Planaltos e Chapadas da Bacia Sedimentar
do Paraná", estando, porém, inserido na subunidade "Planalto Setentrional da Bacia do
Paraná" (RADAM – Brasil - 1983). Em sua porção sul, as altitudes variam de 850 a 970m e
apresentam relevo típico de chapada, suavemente ondulado sobre formações sedimentares,
apresentando vales espaçados e raros. Neste conjunto, a vegetação característica é o cerrado
entrecortado por veredas, com solos ácidos e pouco férteis (latossolo vermelho-amarelo,
argiloso-arenoso).
Nas proximidades da área urbana, o relevo se apresenta mais ondulado, com altitudes
variando entre 700 e 900m. Os rios e córregos correm sobre o basalto, apresentando várias
cachoeiras e corredeiras. Nesta região, os solos são férteis (latossolo vermelho e vermelho
escuro). Na porção norte, próxima ao vale do rio Araguari, a paisagem mostra um relevo
fortemente ondulado, com altitudes de 500 a 700m e manchas de solo muito férteis (latossolo
vermelho escuro e podozólico), que são recortados pelo que restou das matas originais.
Fonte:UBERLÂNDIA (2005)
Figura 2 - Vista aérea de Uberlândia
9
O município está situado entre os rios Tejuco e Araguari, afluentes da vertente sul do
rio Paranaíba, que é um dos formadores do rio Paraná. O rio Uberabinha, integrante da bacia
do rio Araguari, é de grande importância para a cidade, devido à sua condição de único
manancial utilizado para o seu abastecimento de água. A bacia do rio Uberabinha abrange 2
mil km² de áreas dos municípios de Uberaba, Uberlândia e Tupaciguara, na região do
Triângulo Mineiro.
O rio Uberabinha nasce na porção norte do município de Uberaba e atravessa todo o
município de Uberlândia, numa extensão de 118 km. A captação de água do Rio Uberabinha é
efetuada através de 02 sistemas públicos: Sucupira e Bom Jardim, transportada até as ETAs
(Estações de Tratamento de Água) onde passa pelo tipo de tratamento convencional, sendo
daí levada até os reservatórios situados na área urbana do distrito sede Uberlândia.
Figura 3 - Rio Uberabinha
Fonte:UBERLÂNDIA (2005)
10
O clima de Uberlândia é semitropical, que se caracteriza pela alternância de invernos
secos e verões chuvosos. A média anual da temperatura é de 22ºC. Os meses de outubro a
março são os mais quentes, em torno de 24,7ºC. Os meses mais frios são junho e julho, com
uma média de 18,8ºC. No verão, há grande instabilidade, sobretudo de origem frontal (Frente
Polar Atlântica) e instabilidades de Noroeste, que provocam grandes chuvas, concentradas de
outubro a março.
Os meses de dezembro a fevereiro são responsáveis por cerca de 50% da precipitação
anual, que é de 1.500 a 1.600 mm. O clima predominante de Uberlândia é classificado como
tropical de altitude, ou seja, com temperaturas amenas e chuvas (precipitações pluviométricas)
repartidas em duas estações: úmida e seca.
A população do Município se concentra na zona urbana, onde em 2003, dos 552.649
habitantes, apenas 13.487 (2,44%) moravam na zona rural, enquanto 539.162 (97,55%) das
pessoas moravam na zona urbana, de acordo com o IBGE (Tabela 1).
TABELA 1
CRESCIMENTO E DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO EM UBERLÂNDIA, 1980/2003
Censo/Ano
Área 1980 1991 1996* 2000** 2001*** 2002 2003
Urbana 231 598 358 165 431 744 488 982 505 167 52 .888 539 162
Rural 9 363 8 896 7 242 12 232 12 637 13 055 13 487
Total 240 961 367 061 438 986 501 214 517 804 534 943 552 649
Nota: * Contagem populacional/IBGE/1996 Fonte: IBGE
** Censo Demográfico/IBGE/2000
*** Estimativa Populacional/2002
A cidade de Uberlândia possui áreas verdes urbanas de 513 316,07 m², sendo 141
praças urbanizadas e 2 805 715,86 m² somente de parques municipais. Além disso, apresenta
11
bosques implantados com a finalidade de recuperação das margens dos cursos d’água e da
promoção de um contato direto com a natureza para a comunidade.
Em relação à saúde, os indicadores demonstram a efetividade de algumas ações e a
necessidade do incremento de outras , em atendimento às metas da Organização Mundial da
Saúde (OMS).
De acordo com a Tabela 2, a mortalidade materna, que é considerada um agravo
evitável, apresentou em 2003 taxa de 24,3/100 000, número acima do esperado pela OMS
(20/100 000). Mesmo assim, ficou abaixo do registrado por Minas Gerais (38,1/100 000) e
Brasil (45,8/100 000). Este alto índice pode ter acontecido em conseqüência do baixo número
de exames de pré-natal (menos de 7) realizados por 36,5% das gestantes, porcentagem que
segundo a OMS deveria ser 0%.
TABELA 2
COMPARAÇÃO ENTRE OS PRINCIPAIS INDICADORES DE SAÚDE DE UBERLÂNDIA,
MINAS GERAIS E BRASIL COM AS METAS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE
(OMS), 2003
Indicadores Metas OMS Uberlândia 2003 Minas Gerais Brasil
Mortalidade Infantil (/ 1000) 10 9,8 22,2 28,3
Mortalidade Materna (/ 100000) 20 24,3 38,1 45,8
Gestante com 7 ou + cons. (%) 100 63,5 44,4 43,1
Baixo peso ao nascer (%) 10 9,4 8,7 7,6
Mães adolescentes - 18,1 20,5 23,4
CPOD < 3 2,7 - -
Fonte: UBERLÂNDIA (2004)
Também a porcentagem de crianças com baixo peso ao nascer (9,8%) é menor do que
12
os 10% que a OMS tem como meta, porém maior do que em Minas Gerais (8,7%) e até do
Brasil (7,6%), indicando também a necessidade de maior atenção às gestantes, seja através de
acompanhamento durante o período pré-natal, buscando aquelas que faltaram às consultas ou
que já tiveram filhos que também apresentaram baixo peso ao nascer, ou mesmo da
verificação das condições sócio-econômicas da família.
Os outros dois índices descritos na mesma tabela, o CPOD – Cariados, Perdidos e
Obturados Decíduos, que indica as condições da saúde bucal de crianças e o número de
adolescentes grávidas estão abaixo dos índices estaduais e nacionais.
Ainda de acordo com INFORMATIVO...(2004), as causas externas (homicídios e
acidentes de trânsito) foram os principais motivos da alta taxa de óbitos ocorridos em homens
adolescentes e adultos em 2003.
13
2. METODOLOGIA
A concepção metodológica desta pesquisa é semelhante à SOUZA (2003), MOTA
(2003), CARVALHO (2003) e SOUZA (2005) na utilização da base territorial como
descritora de situações de risco para a ocorrência da Tuberculose.
Definido o projeto de pesquisa, este foi encaminhado ao CEP - Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal de Uberlândia para análise de acordo com a Resolução
CNS 196/96, cujo Parecer de aprovação foi emitido em 03 de março de 2004, sob o nº 004/04
(Anexo 1). Só então, foram solicitados à Secretaria de Estado da Saúde os dados SINAN -
Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde, referentes aos
anos de 1995 a 2003 (Modelo de ficha – Anexo 2).
De posse de todos os dados, foram excluídas as duplicidades de notificação, os
pacientes moradores da zona rural e de outros municípios e os que possuíam endereço
desconhecido para que se tivesse apenas o mapeamento da incidência de Tuberculose na
cidade de Uberlândia.
Os pacientes que não tinham endereço identificado foram incluídos apenas no estudo
da incidência por variáveis, tais como tipo de Tuberculose, sexo e faixa etária mais atingidos,
por haver a possibilidade de também serem moradores da cidade e, portanto, estarem
participando como transmissores da doença.
Para identificação do bairro em que morava o paciente, quando este dado não constava
nos registros do SINAN, foi consultado o GUIA SEI - Uberlândia 2003/2004, publicação que
oferece os endereços completos no município de Uberlândia. Foram consultados também os
prontuários dos pacientes nas Unidades de Saúde referenciadas na notificação e no Arquivo
Municipal.
14
Para informações sobre a população dos bairros de Uberlândia, assim como a
atualização dos nomes de alguns bairros que sofreram agregação e trocaram de nome, foram
utilizados dados da Secretaria Municipal de Planejamento e Desenvolvimento Urbano –
SEDUR (Anexos 4, 5, 6, 7, 8).
De acordo com essa Secretaria, existem 70 bairros na cidade. Porém, os mapas
disponíveis apresentam apenas 64 bairros. Devido a esse fato, quando a pesquisa constatou
incidência de Tuberculose em algum dos seis bairros que não aparecem nos mapas, esses
números foram agregados ao bairro mais próximo do local.
A incidência da Tuberculose em outros locais foi obtida do DATASUS (Departamento
de Estatísticas do Ministério da Saúde) e a população para o cálculo dos índices foi obtida do
IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), ambos disponíveis
eletronicamente.
Os dados foram trabalhados no ACESS e no EXCELL (OFFICE 2000), para a
compilação e formatação das tabelas necessárias à apresentação dos resultados e os mapas
setoriais foram elaborados no ARCINFO/ARCVIEW (ESRI)
6
, Sistema de Informações
Geográficas, segundo procedimentos descritos em ROSA (2004).
Para os gráficos, foram considerados todos os bairros que apresentaram incidência
maior que zero (Anexo 3), diferentemente das tabelas, que foram utilizados apenas os bairros
que apresentaram incidência maior que três no ano discutido.
Dessa forma, foram utilizadas a Epidemiologia e a Geografia como instrumentos
privilegiados para a atuação da saúde pública, visto serem indissociáveis quanto aos seus
objetivos sociais e quanto à sua prática.
6
ESRI – Environmental Systems Research Institute.
15
3. TUBERCULOSE - História, Etiologia e Evolução
3.1 História
É uma doença conhecida desde a pré-dinastia egípcia há 5 500 anos a.C
(DANIEL,1999) e sua presença tem sido registrada sob os mais variados aspectos em todos os
tempos e lugares (HIJJAR, 1983). Pela datação com o carbono 14
7
, esqueletos com lesões
ósseas compatíveis com a tuberculose têm sido encontrados em várias regiões, sendo o mais
antigo de cerca de 5.000 a.C. A primeira evidência segura constatou-se em 44 múmias bem
preservadas, datando de 3.700 a 1.000 a.C., todas em Tebas. Esses achados revelam que
muitos faraós foram tuberculosos e morreram extremamente jovens. Além deles, reis, rainhas,
cientistas, filósofos, pintores, músicos, médicos. No Brasil, literatos como Castro Alves,
Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Raymundo Corrêa e outros. Em contraposição, das
multidões populares que sofreram em condições muitas vezes abaixo da dignidade humana,
quase nada foi descrito, havendo apenas índices estatísticos cujos dados são sempre abaixo da
realidade (ROSEMBERG, 1999).
O bacilo da tuberculose foi levado também nas guerras, nas conquistas territoriais e
nas colonizações promovidas pelo homem civilizado. Na primeira guerra mundial (1914-18),
na França e na Alemanha, contraíram tuberculose respectivamente, 80.000 e 50.000
combatentes, que perambulavam pelas ruas por não haver mínimas condições de
hospitalização. Nas colonizações, os nativos por não possuírem defesas imunitárias, tiveram
grandes contingentes dizimados, inclusive na colonização do Brasil, para onde vieram jesuítas
e colonos, na maioria tuberculosos, atraídos pelos “benefícios do clima ameno”. Em cartas de
7
Datação com carbono 14 - um dos métodos utilizados para determinação da idade de materiais arqueológicos.
16
Inácio de Loyola (1555) e de Anchieta (1583) dirigidas ao Reino, está descrito que “os índios,
ao serem catequizados, adoecem na maior parte com escarro, tosse e febre, muitos cuspindo
sangue, a maioria morrendo com deserção das aldeias” (ROSEMBERG, 1999; RUFFINO-
NETTO, 1999).
Mais tarde, entre o final do século XVIII e início do XIX, efetuou-se a revolução
industrial na Inglaterra, que se estendeu pela Europa e levou adultos e crianças a trabalharem
mais de 15 horas por dia, vivendo abaixo de condição humana decente e suportável. Isso fez
com que a tuberculose na época, atingisse o coeficiente de 1.100 casos por 100.000 habitantes
e um alto índice de mortalidade (ROSEMBERG, 1999). Além dessa associação com a
miséria, acreditava-se na época que a tuberculose estava intrinsecamente ligada à
hereditariedade, pois ainda não havia métodos diagnósticos nem terapêuticas eficazes para
combater a doença (FERNANDES, 2003).
Durante muito tempo, não se soube qual o agente causador dessa doença e nem como
lidar com ela. As atuações no campo leigo e médico variavam de acordo com o que julgavam
ser a causa do mal e a melhor forma de combatê-lo. Por ter uma concepção de degeneração do
indivíduo, um mal social, reunia idéias que demarcavam os comportamentos sociais (estilo de
vida) e as condições de vida (moradia, higiene, trabalho) como relevantes para o adoecimento
(GONÇALVES, 2000).
A descoberta do bacilo de Kock
8
em 1882 como agente etiológico da Tuberculose foi
um marco fundamental para o conhecimento da doença (FERNANDES, 2003). Nessa época,
a assistência médica ocorria através de organizações filantrópicas e se observava que um terço
dos óbitos em geral devia-se à Tuberculose (RUFFINO-NETTO, 2002).
No manejo das doenças contagiosas de então, enfatizou-se o caráter biológico, onde
8
Bacilo de Kock – nome do Mycobacterium tuberculosis em homenagem a seu descobridor, cientista alemão
chamado Roberto Koch.
17
não bastava conhecer o agente causador, mas também uma estrutura física, econômica e
pessoal para combatê-la. Como não se dispunha de um medicamento específico para a cura,
as terapias climáticas e o repouso absoluto eram os recursos mais utilizados. As más
condições de moradia, a alimentação precária e o local inadequado de trabalho eram fatores
considerados importantes para a exposição ao bacilo e o crescente adoecimento da população.
Dessa forma, os menos favorecidos economicamente tinham maiores chances de contrair a
enfermidade, por viverem nestas condições. A noção de doença social, de flagelo social ou
doença operária tornava-se cada vez mais forte no país, pois se baseava na capacidade de
contaminação e nas condições de vida desfavoráveis daqueles que a contraíam e
disseminavam: os pobres e trabalhadores. Somou-se então á concepção da doença orgânica, a
crescente urbanização e a industrialização, sugerindo-se como solução, a reformulação da
estrutura urbana com habitações higiênicas, alimentação abundante e boa e que se evitasse o
esgotamento orgânico pelo excesso de trabalho nas fábricas (GONÇALVES, 2000).
A introdução no mercado dos antibióticos eficazes proporcionou uma mudança
irreversível no quadro médico e social em relação à tuberculose, pois permitiu que o
tratamento passasse a ser ambulatorial. A atuação médica reduzia-se a recomendações e
exames, e o indivíduo que assumisse seu grau de participação no processo.
O problema emergente então foi a resistência aos antibióticos, altos índices de
mortalidade hospitalar e poucas altas por cura, além dos altos custos de hospitalização.
Surgiram também novos elementos que se tornaram um agravante e estão presentes até hoje:
o abandono, a recidiva, a falência terapêutica. O abandono do tratamento constitui um dos
maiores desafios para os serviços de saúde (WALDMAN, 1995). Alguns fatores apresentam
relação com as causas de abandono, tais como automedicação, problemas de comunicação
entre pacientes e profissionais de saúde, número de medicamentos envolvidos no plano
terapêutico e a sensação de melhora, esta como expressão de auto-avaliação de eficácia
18
realizada pelo paciente (PERINI, 1998). Além disso, o alcoolismo tem sido apontado como
causa de abandono por OLIVEIRA (2000), já que o álcool potencializa as reações
indesejáveis dos medicamentos tuberculostáticos, além de gerar distúrbios de comportamento.
Esses mesmos autores observaram a presença de alcoolismo em 50% dos casos de abandono
de tratamento da Tuberculose nos anos de 1993 e 1994, em Campinas (SP).
Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2000), a Tuberculose vem ceifando
mais vidas humanas do que a Malária e a AIDS juntas. Estima-se que cerca de 1,7 bilhões de
indivíduos em todo o mundo estejam infectados pelo Mycobacterium tuberculosis,
correspondendo a 30% da população mundial. O número anual de novos casos é estimado em
cerca de 8,7 milhões, sendo 80% concentrados em 22 países, entre eles o Brasil (HIJJAR,
2001), onde os números também são preocupantes, seja considerando a situação do país como
um todo ou apenas por regiões.
Frente à gravidade da situação mundial, o país há muito vem tomando apropriadas
iniciativas para combater a doença. Em meados da década de 60, o Ministério da Saúde
padronizou e passou a distribuir gratuitamente, as drogas que integravam os esquemas
terapêuticos de maior eficácia daquela época. No final dos anos 70 o Brasil substituiu os
antigos esquemas prolongados pelos novos, de curta duração (HIJJAR, 2001).
Dentre os Programas lançados, destacaram-se: o lançamento do Plano Emergencial,
em 1994 e o Plano Nacional de Controle da Tuberculose em 1998. O primeiro tinha o objetivo
de aumentar a efetividade das ações de controle através da implementação de atividades
específicas em municípios prioritários, visando diminuir a transmissão do bacilo da
Tuberculose na população até o ano de 1998 (RUFFINO-NETTO, 1999). Diante do quadro de
persistência da Tuberculose em vários municípios do País, o Ministério da Saúde estabeleceu
o segundo Plano, que objetivava aumentar a cobertura para todos os 5.500 municípios do país
em 3 anos e diagnosticar pelo menos 92% dos casos esperados. Além disso, ter pelo menos
19
85% dos casos diagnosticados tratados com sucesso e em 9 anos reduzir a incidência em 50%
e a mortalidade em dois terços (SOUZA, 2005). Esse Plano introduziu duas inovações: o
tratamento supervisionado chamado de estratégia DOTS (Directly Observed Treatment Short-
course)
9
recomendada pela Organização Mundial da Saúde e a instituição de um bônus de
R$150,00 e de R$100,00 para cada caso de doente de Tuberculose diagnosticado, tratado e
curado respectivamente, tendo tratamento supervisionado ou não (RUFFINO-NETTO, 1999).
Visando um salto de qualidade na atenção ao problema, o Ministério da Saúde lançou
em seguida, o Plano Estratégico para a Implementação do Controle da Tuberculose no Brasil
no período de 2000/2005. Este plano foi destinado a possibilitar aos profissionais de saúde
com atuação na área da atenção básica, a elaboração de novos instrumentos de trabalho,
capazes de atingir o controle da doença a nível local, e mais que isso, estabelecer mecanismos
permanentes de vigilância e avaliação do processo de trabalho. A humanização das práticas de
saúde junto à família e seu espaço social utilizando as equipes de profissionais atuantes no
Programa de Saúde da Família (PSF), passou a ser o referencial desta nova estratégia de
enfrentamento (BRASIL, 2000).
Esse Programa vem sendo reformulado desde 2003, com a expansão do treinamento
para todas as equipes de PSF. Em 2004, foram treinados 12 mil profissionais para
diagnosticar e acompanhar o tratamento dos pacientes nas visitas rotineiras às comunidades.
A iniciativa do Ministério da Saúde de promover o acompanhamento do tratamento da
Tuberculose por meio dos agentes de saúde, se deve principalmente à associação entre a
doença e as condições sócio-econômicas precárias (BRASIL, 2005).
9
DOTS – estratégia que envolve 5 componentes: comprometimento político com o programa, detecção de casos
pela baciloscopia, tratamento de curta duração e diretamente observado, regularidade na manutenção de
medicamentos e sistema de informações que permita um monitoramento dos resultados (WHO, 1999).
20
O Ministério da Saúde definiu três métodos que podem ser utilizados como matriz de
programação da procura de casos e auxiliar nos programas de controle executados. Eles
podem ser baseados no incremento esperado de casos, no número de sintomáticos
respiratórios estimados ou no número de consultantes de primeira vez (BRASIL, 2002a).
No primeiro método, baseado no incremento de casos, seleciona-se o maior número de
casos dos últimos três anos (MN) e, para encontrar o número de casos novos previstos para o
ano seguinte ao último ano (N), multiplica-se o número selecionado por 1,10, supondo um
incremento de 10% para a descoberta de casos:
MN x 1,10 = ____ N (nº total esperado)
Para distribuir os casos esperados por grupo etário, forma clínica e situação
bacteriológica, um esquema é preenchido (Figura 4), partindo do número total de casos
esperados (N):
30%
__
__
70%
__
__
__
__
__
__
__
__
__
N
15 anos e +
< 15
15
%
85 %
90%
10%
Pulmona
75
%
25%
20%
80%
BK
BK sem
confirmação
Extrapulmona
r
BK
BK sem
confirmação
Extrapulmona
Pulmonar
Figura 4 – Distribuição dos casos de Tuberculose esperados
Fonte: BRASIL
,
2002b
N – Número esperado de casos
BK – Exame de Baciloscopia
21
Para que o resultado obtido através desse método seja real, dever-se ter dados
confiáveis dos anos anteriores utilizados como MN.
Utiliza-se também o segundo método, que leva em consideração o número de
sintomáticos respiratórios (SR) a serem examinados no ano da programação. Calcular 1% da
população geral (P), já que é a porcentagem estimada para SR em uma população (BRASIL,
2002a) e dela, calcular ainda 4% que é a porcentagem estimada de BK+ (Baciloscopia
positiva) . Utiliza-se o mesmo esquema do método anterior, porém de maneira inversa. Talvez
este seja um método mais difícil de utilizar, porém mais confiável, pois não depende de dados
de notificações nem sempre confiáveis e sim, do número populacional.
O terceiro método, baseado em consultantes de primeira vez, é melhor se aplicado em
pequenas unidades de saúde, por considerar a demanda desses pacientes e estimar
porcentagem entre eles, levando novamente os cálculos para o esquema demonstrado
anteriormente (BRASIL, 2002a).
A partir dos dados de notificação pode-se apenas tentar inferir a tendência da doença,
pela qualidade dos dados, pela baixa capacidade de diagnóstico e pela sub-notificação. Nessa
linha de análise, os dados mundiais avaliados como um todo mostram uma tendência à
estabilidade (HIJJAR, 2001).
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (WHO, 2000), a Tuberculose e a
AIDS juntas constituem hoje, uma calamidade sem precedentes na história. Em 1999, cerca
de 1/3 dos infectados pelo HIV eram também pelo bacilo de Kock. O impacto dessa inter-
relação se faz tão alarmante que se tem presente que o HIV, na atualidade, é o maior fator de
risco para o desenvolvimento da Tuberculose em pessoas previamente infectadas. Desse
modo, a expansão da epidemia de AIDS acabou refletindo na epidemiologia da Tuberculose.
22
3.2 Etiologia e Evolução
A Tuberculose é uma doença crônica, infecto-contagiosa, produzida pelo
Mycobacterium tuberculosis, que se caracteriza pela formação de granulomas específicos
chamados tubérculos e que atinge todos os grupos etários, embora cerca de 85% dos casos
ocorram em adultos e 90% em sua forma pulmonar (SOUZA, 2002).
As formas extrapulmonares mais freqüentes são a pleural (que ocorre por ruptura de
pequenos focos pulmonares sub-pleurais) – 45%, a linfática – 15%, a gênito-urinária – 16%, a
miliar (disseminação por ruptura de lesão dentro de um vaso sanguíneo com disseminação dos
bacilos por todo organismo) – 10% e a ósteo-articular – 7% (SOUZA, 2002).
O diagnóstico da tuberculose, além da avaliação clínica, deverá ser fundamentado em
exames complementares (BRASIL, 2002a). A avaliação clínica se baseia na possibilidade de
ter tido contato, intradomiciliar ou não, do doente com uma pessoa tuberculosa, da presença
de sintomas e sinais sugestivos de tuberculose pulmonar (tosse seca ou produtiva por mais de
três semanas, febre vespertina, perda de peso, sudorese noturna dor torácica e dispnéia),
história de tratamento anterior e presença de fatores de risco (infecção pelo HIV, diabetes,
câncer, etilismo e outros) (BRASIL, 2002b). Os exames complementares utilizados
confirmam ou não o diagnóstico. Dentre eles, a baciloscopia, o exame radiológico, a prova
tuberculínica, o exame histopatológico e outros métodos de diagnóstico não utilizados com
freqüência devido ao alto custo (BRASIL, 2002a).
Observa-se que a baciloscopia como exame complementar no diagnóstico da
Tuberculose ainda é um recurso pouco utilizado no país, mesmo sendo de baixo custo.
RUFFINO-NETTO (2002) relata que no Brasil em 1977, para uma população de 160 milhões
de habitantes, realizaram-se cerca de 300.000 baciloscopias diagnósticas. Se fôssemos fazer 2
23
baciloscopias para diagnóstico, como recomendado pelo Ministério da Saúde (BRASIL,
2002a) em cada Sintomático Respiratório (SR) e supondo 1% da população nesta categoria,
teríamos estimados 1.600.000 SR e portanto, 3.200.000 baciloscopias diagnósticas.
A probabilidade de o indivíduo vir a ser infectado e de que essa infecção evolua para a
doença depende de múltiplas causas: das condições sócio-econômicas, que influenciam na
capacidade do organismo atingido ser capaz de reagir à agressão dos bacilos, da
contagiosidade do caso índice
10
, do tipo de ambiente que a exposição ocorreu e da duração da
exposição (BRASIL, 2002b). Dessa maneira, a progressão da infecção para doença ativa
depende de fatores próprios da bactéria e do hospedeiro.
O contágio ocorre por via inalatória, a partir de aerossóis durante o ato da tosse, fala e
espirro de pessoas eliminadoras de bacilos, que lançam no ar gotículas contaminadas de
tamanhos variados. As gotículas mais pesadas se depositam rapidamente e as mais leves
permanecem em suspensão no ar. Somente os núcleos secos das gotículas, com diâmetro de
até 5µ e com 1 a 2 bacilos em suspensão, podem atingir os bronquíolos e alvéolos e aí iniciar
a multiplicação. As gotículas médias são, na sua maioria, retidas pela mucosa do trato
respiratório superior e removidas dos brônquios através do mecanismo muco-ciliar. Os
bacilos assim removidos são deglutidos, inativados pelo suco gástrico e eliminados nas fezes.
Os bacilos que se depositam nas roupas, lençóis, copos e outros objetos dificilmente se
dispersarão em aerossóis e, por isso, não desempenham papel importante na transmissão
(BRASIL, 2002b).
Apenas em torno de 10% das pessoas infectadas adoecem, metade delas durante os
dois primeiros anos após a infecção e a outra metade ao longo de sua vida (Figura 5). Esta
estimativa estará correta se não existirem outras infecções ou doenças que debilitem o sistema
imunológico da pessoa, como, por exemplo: Diabetes mellitus, infecção pelo HIV, tratamento
10
Caso índice - doente bacilífero fonte da infecção
24
prolongado com corticosteróides, terapia imunossupressora, doenças renais crônicas e
desnutrição (BRASIL, 2002b).
Um indivíduo que receba uma carga infecciosa de bacilos pela primeira vez (primo-
infecção), apresentará uma reação inflamatória e exudativa do tipo inespecífica.
Aproximadamente em 15 dias, os bacilos podem multiplicar-se livremente, porque ainda não
existe imunidade adquirida. Nesse período, os bacilos podem alcançar número superior a 10
5
e, partindo da lesão pulmonar, atingir a via linfo-hematogênica, comprometendo órgãos dos
diversos sistemas, principalmente fígado, baço, medula óssea, os rins e o sistema nervoso.
Essa disseminação é considerada “benigna”, de poucos bacilos, que ficarão latentes (5%) ou
serão destruídos pela ação da imunidade que se instalará (SOUZA, 2002). Esses focos latentes
podem levar a um adoecimento tardio (reativação endógena) ou por receber nova carga
bacilar do exterior (reativação exógena). O quadro clínico não apresenta nenhum sinal ou
sintoma característico. Observa-se, normalmente, comprometimento do estado geral, febre
baixa vespertina com sudorese, inapetência e emagrecimento. Quando a doença atinge os
pulmões, o indivíduo pode apresentar dor torácica e tosse produtiva, acompanhada ou não de
escarros hemoptóicos (BRASIL, 2002b).
Em outros 5% dos infectados, a primo-infecção pode evoluir diretamente para a
doença, e se chamará tuberculose primária (BRASIL, 2002a). A probabilidade de adoecer
numa primo-infecção depende da virulência
11
do bacilo, da fonte infectante
12
e das
características genéticas dos indivíduos infectados.
Enquanto o doente estiver eliminando bacilos, a transmissão é plena até que se inicie o
tratamento. Com o esquema terapêutico recomendado, a transmissão é reduzida
gradativamente, a níveis insignificantes ao fim de poucos dias ou semanas (BRASIL, 2002b).
Após duas semanas de tratamento correto, os bacilos perdem a infecciosidade e, praticamente,
11
Virulência - é a capacidade que tem o agente de produzir casos graves e/ou fatais.
12
Fonte Infectante - qualquer indivíduo capaz de transmitir microorganismos.
25
não há mais risco de infecção (SOUZA, 2002).
Um dos fatores de grande importância para o diagnóstico da Tuberculose é a idade. É
sabida a dificuldade para diagnosticar tuberculose em crianças e idosos. Nos primeiros,
devido entre outros fatores, à pouca expressão dos sintomas iniciais e à limitação dos métodos
utilizados para a confirmação bacteriológica. O principal meio de prevenção é a busca de
casos de tuberculose e o tratamento adequado dos casos descobertos, pois tanto a vacina
quanto a quimioprofilaxia não protegem totalmente do adoecimento já que a vacina BCG
13
reduz apenas as formas graves da tuberculose na criança. A incidência na criança,
principalmente em menores de 5 anos, está diretamente relacionada com a prevalência
14
de
tuberculose em adultos (NATAL, 2000).
13
BCG – Vacina que contem o Bacilo de Calmette-Guerin
14
Prevalência - número de casos novos mais os casos antigos.
Figura 5 – Evolução da Tuberculose pulmonar
Fonte: BRASIL
,
2002c
26
Já em idosos, 90% dos casos envolve a reativação de lesões primárias
15
. Algumas
manifestações clínicas atípicas podem retardar o diagnóstico e conseqüentemente o início do
tratamento (RAJAGOPALAN, 2001) permitindo assim, que essas pessoas transmitam a
doença sem estarem cientes disso. Muitos pacientes podem exibir sinais e sintomas não
específicos que persistem de semanas a meses, devendo servir de alerta à possibilidade da
presença de tuberculose não diagnosticada.
O aumento da população de idosos, as condições próprias da idade (diminuição da
capacidade física e mental, perda de memória, maior susceptibilidade à doenças e maior
dependência nas atividades diárias), os componentes sócio-econômicos e as políticas de saúde
(assistência precária à saúde e a previdência) são os responsáveis pelo aumento na incidência
de tuberculose nessa parcela da população (MISHIMA, 2001). Além disso, o aumento das
reações adversas e a institucionalização podem dificultar o atendimento desses pacientes.
Ainda de acordo com esse autor, observou-se que no período de 1980 a 1991,
enquanto a população com menos de 20 anos teve crescimento de 12%, a população idosa
aumentou em 46%. Neste ritmo, projeta-se para o ano de 2025 que 15,1% da população estará
com idade igual ou acima de 60 anos, situando o Brasil como o sexto país com maior
contingente de idosos no mundo.
Em qualquer faixa etária, após a infecção pelo M. tuberculosis, transcorrem, em média
4 a 12 semanas para detecção das lesões primárias. A maioria dos novos casos de doença
pulmonar ocorre em torno de 12 meses após a infecção inicial.
A tuberculose é uma doença grave, porém curável em praticamente 100% dos casos
novos, desde que obedecidos os princípios da moderna quimioterapia. O tratamento deve ser
feito em regime ambulatorial, no serviço de saúde mais próximo à residência do doente.
15
Reativação de lesões primárias - reativação de lesões que estão sob o controle do sistema imunológico,
provocando a multiplicação dos bacilos e o conseqüente adoecimento da pessoa.
27
A hospitalização só está indicada em casos especiais, de acordo com as seguintes
prioridades: meningite tuberculosa, indicações cirúrgicas decorrentes da tuberculose,
complicações graves, intolerância medicamentosa incontrolável em ambulatório, estado geral
que não permita tratamento ambulatorial, em casos sociais, como ausência de residência fixa
ou grupos especiais com maior possibilidade de abandono, especialmente se for caso de
retratamento ou de falência (BRASIL, 2002a).
Os locais ideais para se organizar a procura de casos são os serviços de saúde, públicos
ou privados. Nessas instituições, postos, centros de saúde, ambulatórios e hospitais, a busca
ativa de sintomáticos respiratórios deve ser uma atitude permanente e incorporada à rotina de
atividades dos membros das equipes de saúde, além de atenção especial às populações de
maior risco de adoecimento como moradoras de comunidades fechadas tais como presídios,
albergues, abrigos e asilos (BRASIL, 2002b).
28
4. A TUBERCULOSE EM UBERLÂNDIA
O Ministério da Saúde (BRASIL, 2002b) define a tuberculose como prioridade entre
as políticas governamentais de saúde, estabelecendo diretrizes para as ações e fixando metas
para o alcance de seus objetivos. A meta principal é diagnosticar pelo menos 90% dos casos
esperados e curar pelo menos 85% dos casos diagnosticados. A expansão das ações de
controle para 100% dos municípios complementa o conjunto de metas a serem alcançadas.
Essa expansão se dará no âmbito da atenção básica, na qual os gestores municipais,
juntamente com o gestor estadual deverão agir de forma planejada e articulada para garantir a
implantação das ações de controle da tuberculose, que incluem a estruturação da rede de
serviços de saúde para identificação de sintomáticos respiratórios, a organização da rede
laboratorial para diagnóstico e controle dos casos, a garantia de acesso ao tratamento
supervisionado e/ou auto-administrado dos casos, a proteção dos sadios e a alimentação e
análise das bases de dados para tomada de decisão (BRASIL, 2002b).
As principais dificuldades enfrentadas na operacionalização dessa vigilância da
Tuberculose compreendem a subnotificação dos casos, o fluxo lento das informações, a
ausência de sistematização das informações, a má qualidade dos dados (incompletos,
insuficientes, incorretos, inexistentes, sem a real caracterização da ocorrência da doença), a
não utilização das informações para subsidiar o planejamento das ações e a falta de motivação
dos profissionais para produzir dados com qualidade. Todos esses fatos, fazem com que as
intervenções sejam desenvolvidas somente após a manifestação da doença (BRASIL, 2002b).
Uberlândia tem enfrentado essas mesmas dificuldades, segundo a coordenação do
Programa de Controle da Tuberculose da Secretaria Municipal de Saúde. Em julho de 2003,
de acordo com levantamento realizado, as equipes multiprofissionais estavam desmotivadas,
29
não havia controle mensal de pacientes, 40% das altas era por abandono de tratamento e
várias notificações realizadas no SINAN não foram encontradas.
Dados do Ministério da Saúde (BRASIL, 2003b), indicam que em 1995 foram
notificados em todo o país 91.013 casos novos, sendo 43.241 casos na região Sudeste,
representando 47,5% do total. A região Nordeste participou com 28.465 casos, a região Sul
com 8.610, a região Norte com 6.788 e a região Centro-Oeste com 3.909 casos. O coeficiente
ou taxa de incidência
16
, que mede a freqüência da doença no tempo (MINAS GERAIS,
2001a) demonstrou que em todo o país, esse número foi de 50,82/100 000 hab.. Por região,
têm-se coeficientes maiores no Sudeste, com 65,23/100 000 hab. e no Nordeste, com
63,29/100 000 hab., ambos mais altos que a taxa nacional. O coeficiente mais baixo naquele
ano foi o da região Sul, com 37,23/100 000 hab..
O Estado de Minas Gerais apresentou em 1995, 6.657 casos novos, com uma taxa de
40,33/100 000 hab., número menor que a da região Sudeste e também do Brasil, porém maior
que das regiões Sul e Centro-Oeste, que foram de 37,23/100 000 hab. e 38,05/100 000 hab.,
respectivamente (BRASIL, 2003b).
No período compreendido entre 1995 e 2002 houve redução nas taxas de incidência
em todas as regiões do país. As 91.013 notificações de 1995 foram reduzidas a 77.836 em
2002, gerando uma taxa de 44,57/100 000 e uma redução de 14,48% no número de casos
novos apesar da população ter aumentado 10,77% no período, passando de 155.822.290 hab.
em 1995 para 174.632.930 hab. em 2002 (BRASIL, 2003b).
O Sudeste deixou de ser a região com a maior taxa de incidência em 2002, para ficar
em segundo lugar com 48,66/100 000 hab., depois da região Norte com 52,74/100 000 hab.. A
região Centro-Oeste foi a que obteve menor taxa, com 28,53/100 000 hab..
16
Taxa de incidência = nº de casos novos de doença num grupo específico da população x 10k
população exposta ao risco
30
As taxas têm diminuído em várias partes do país, mas não em Uberlândia. Isso pode
significar que a Tuberculose começa a incidir em menor escala na população do restante do
país tendo Uberlândia como uma das exceções, ou pelo contrário, que as subnotificações estão
diminuindo na cidade e aumentando nas outras regiões. Entre 1995 e 1998, essas taxas
tiveram um aumento de 23,66/100 000 para 30,93/100 000 hab. na cidade, enquanto em
Minas Gerais passaram de 40,33/100 000 hab. para 34,48/100 000 hab. no mesmo período,
conforme demonstra a Tabela 3. De 1998 a 2000, Uberlândia acompanhou o decréscimo dos
índices nacionais, quando em três anos, passou de 30,93/100.000 hab. para 20,35/100.000
hab.. São dados preocupantes, pois a população continuou a crescer, o que deveria ter levado
a um aumento equivalente das notificações.
TABELA
3
TAXAS
DE
INCIDÊNCIA
DA
TUBERCULOSE
NO
BRASIL,
REGIÃO
SUDESTE,
MINAS
GERAIS
E
UBERLÂNDIA,
1995-2003
Coeficientes/100.000 habitantes
Ano
Brasil Sudeste Minas Gerais Uberlândia
1995 58,41 65,23 40,33 23,66
1996 54,66 61,42 37,00 29,15
1997 52,19 58,43 32,82 29,54
1998 51,26 5654 34,48 30,93
1999 51,44 55,33 35,37 29,14
2000 47,81 55,11 34,78 20,35
2001 47,48 53,73 33,34 ...
2002 44,57 48,66 31,56 21,34
2003 ... ... ... 25,07
Fontes: DATASUS e SINAN - Ministério da Saúde Org: Alvim, S.S.
Nota: Uberlândia não apresentou dados em 2001
As taxas de incidência da Tuberculose em Uberlândia calculadas conforme as
orientações do Ministério da Saúde, indicam números que variam de 39,78/100 000 hab. a
31
39,98/100 000 no período compreendido entre 1995 e 2003. Assim, observa-se na Tabela 3
que em nenhum desses anos, as taxas foram condizentes com o esperado, possivelmente
também por causa da deficiência do sistema de informações em saúde além das
subnotificações.
A Tabela 4 mostra que em relação às diferentes regiões do Estado, Uberlândia também
está em situação confortável por apresentar taxas de incidência menores, mesmo considerando
as deficiências citadas anteriormente. A cidade de Araguari, localizada a 30 Km de distância,
apresentou taxas maiores que Uberlândia em 1999, 2000 e 2003 mesmo que as taxas de
incidência em Uberlândia nos anos 2000 e 2003 sejam irreais devido ao baixo valor numérico
e as taxas de 2001 e 2002 nem estejam registradas.
Em relação a outras regiões do Estado, observa-se que Salinas, ao norte, apresentou
maiores taxas de incidência em 1998, 2001 e 2002 e Alfenas, ao sul do Estado, as maiores
taxas nos anos de 1999 e 2003, sendo inclusive bem maiores que Poços de Caldas, na mesma
região.
Os dados de Uberlândia solicitados diretamente à Diretoria de Ações Descentralizadas
de Saúde Regional da Secretaria de Estado da Saúde (e registrados no SINAN) são muito
diferentes dos obtidos através do sistema informatizado do Ministério da Saúde (DATASUS).
O primeiro tem fornecido números mais próximos da realidade, embora não alcancem ainda
os números estimados pelo Ministério da Saúde. Essa discrepância de informações deve ser
considerada ao analisar dados de outras localidades.
A região metropolitana de Belo Horizonte por exemplo, apresenta conforme a Tabela
4, números que variam muito a cada ano e são obviamente incoerentes com a população
residente. Em 1999, apresentou 51,55/100 000 hab., em 2000 abaixou para 1,10/100 000 hab.,
novamente aumentou em 2001 passando para 28,07/100 000 hab. e finalmente para 41,80/100
000 em 2002. No ano seguinte não houve registro de casos.
32
TABELA 4
TAXAS DE INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE (/100 000 HAB.) EM UBERLÂNDIA E OUTRAS
CIDADES DO ESTADO DE MINAS GERAIS, 1995-2003.
Ano
Local
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
Januária ... ... ... 14,17 28,42 25,15 9,48 25,27
Norte
Salinas ... ... ... 69,86 70,05 54,46 197,75 129,47 34,91
Barbacena ... ... ... 16,15 40,67 31,54 45,74 93,92 102,96
Leste
J. de Fora ... ... ... ...
**
76,62 108,15 111,30 110,73
Pços.Caldas ... ... ... ... ... ... 22,35 52,48 20,90
Sul
Alfenas ... ... ... ... 90,03 76,16
*
67,18 229,85
Central RM de BH ... ... ... ... 51,55 1,10 28,07 41,80 ...
Araxá ... ... ...
*** * **
53,14 37,89
Araguari ... ... ...
***
75,20 92,18 138,5 56,61 50,34
Uberlândia ... ... ... ... 16,21 6,18 ... ... 2,39
T. Mineiro
Uberlândia
Fonte: SINAN
23,66
29,15
29,54
30,93
29,14 20,35 ... 21,34 25,07
Fonte: DATASUS – Ministério da Saúde- SIAB Org: Alvim, S.S.
Apresentou apenas 1 notificação no ano
** Apresentou apenas 2 notificações no ano
*** Apresentou menos de 8 notificações no ano
... Não apresentaram dados
A variação dos dados demonstrada, indica possivelmente a irregularidade no
fornecimento dos dados para os sistemas de informação, prejudicando os serviços locais de
saúde no planejamento das ações de controle.
A Tabela 5 demonstra que em 1995 ocorreram 94 casos de Tuberculose em
Uberlândia, sendo 84 deles registrados como casos novos
17
. Em todos os anos o sexo
masculino superou o feminino em número de casos. Em 1995, foram 58 no sexo masculino e
17
Caso novo – doente que nunca se submeteu à quimioterapia antituberculosa ou que fez uso de
tuberculostáticos por menos de 30 dias ou então que se submeteu ao tratamento há cinco anos ou mais.
33
a metade disso (26) no feminino. A menor diferença foi em 1996, quando ocorreram 68 casos
em pessoas do sexo masculino e 50 em pessoas do sexo feminino, determinando 118 casos
novos em um total de 128 notificações naquele ano. A maior diferença entre a mesma
variável, ocorreu em 1999, com 86 casos masculinos contra 44 casos femininos em 130 casos
novos, de um total de 142 casos notificados.
TABELA 5
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE POR TIPO DE ENTRADA DOS PACIENTES NO
PROGRAMA DE CONTROLE, POR SEXO E POR ANO, UBERLÂNDIA (MG), 1995-2003
Casos Novos Recidiva Reingresso Não sabe Transf.
Ano
Masc. Fem.
N
Masc. Fem.
N
Masc. Fem.
N
Masc. Fem.
N
Masc. Fem.
N
Total
1995 58 26
84
2 2
4
6 0
6
0 0
0
0 0
0 94
1996 68 50
118
1 0
1
5 4
9
0 0
0
0 0
0 128
1997 73 53
126
1 0
1
6 2
8
0 0
0
0 0
0 135
1998 83 44
127
4 0
4
9 6
15
0 0
0
0 0
0 146
1999 86 44
130
2 0
2
6 4
10
0 0
0
0 0
0 142
2000 64 33
97
1 0
1
3 1
4
0 0
0
0 0
0 102
2001 ... ...
...
... ...
...
... ...
...
... ...
...
... ...
... ...
2002 46 27
73
6 2
8
6 3
9
14 7
21
1 1
2 113
2003 78 39
117
4 0
4
4 2
6
2 3
2
3 1
4 136
Total 556 316 872 21 4 25 45 22 67 16 10 26 4 2 6 996
Fonte: SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação Org: Alvim, S.S.
Nota: Uberlândia não apresentou dados em 2001
Mesmo que em 1999, o número de casos novos tenha superado todos os anos
estudados, isso não significa que tenha sido o ano de maior incidência. Esse fato ocorreu em
1998, quando apesar de apresentar menos casos novos (127), teve o maior número de
reingressos
18
, apresentando um total de 146 casos, o maior nos anos estudados, coincidente
18
Reingresso – retorno ao tratamento após interrupção do uso da medicação por mais de 30 dias.
34
com o lançamento do bônus instituído pelo governo para os casos diagnosticados, tratados e
curados. Esse maior número de casos de reingresso pode significar uma busca aos casos de
abandono, por parte dos serviços de saúde local.
Também nas notificações de reingresso, o sexo masculino superou o feminino em
todos os anos. Os números bem mais altos em 1998 e 1999 podem significar maior atuação do
serviço de saúde na busca por pacientes que abandonaram o tratamento, possivelmente em
atendimento ao Plano Nacional de Controle da Tuberculose, lançado em 1998.
As notificações dos casos de recidiva
19
em 2002 superaram todos os outros anos.
Apresentaram 8 casos contra 4 em 1995, 1998 e 2003, 2 casos em 1999 e um caso nos anos de
1996, 1997 e 2000. Por ser um número bem mais alto que os outros, e não ter havido aumento
no total de notificações daquele ano, pode-se considerar que houve maior qualidade no
registro dos dados ou no diagnóstico dos casos apresentados como suspeitos de tuberculose.
Mesmo assim, os números de recidiva estão abaixo do esperado, já que de acordo com
BRASIL (2002a) devem ser de 10% do número de casos. Assim, em nenhum dos anos
estudados foram apresentados dados coerentes com a previsão da literatura especializada.
Em 2002 e 2003 foram registrados pela primeira vez dados sobre o desconhecimento
da forma de entrada dos pacientes no programa de controle da doença e também sobre
transferências do local de tratamento. Podemos considerar que todos os casos que surgiram
até 2000 e que poderiam ter sido classificados como transferência ou ignorados, foram
redirecionados e classificados como casos novos ou reingresso, o que torna os dados daqueles
anos menos confiáveis.
A Tabela 6 apresenta a incidência de forma clínica da Tuberculose pulmonar,
extrapulmonar e pulmonar + extrapulmonar. De acordo com BRASIL (2002a) e com SOUZA
(2002), espera-se que 90% dos casos em adultos seja de Tuberculose pulmonar e 10% de
19
Recidiva – caso em que o doente já se tratou anteriormente (menos de 5 anos) e recebeu alta por cura.
35
Tuberculose extra-pulmonar, porque o bacilo tem necessidade de se desenvolver e reproduzir
em locais que possuem muita oxigenação, sendo os pulmões os órgãos mais atingidos
(BRASIL, 2002
a).
Em Uberlândia, os dados da forma pulmonar só se aproximam do esperado em 1995,
1998 e 1999, com 82,98%, 80,82% e 84,51% respectivamente. Nos outros anos, as
porcentagens ficaram bem abaixo do previsto, variando entre 56,82% em 2000 e 69,02% em
2002. Ao contrário, os casos extrapulmonares que deveriam estar em torno de 10%, também
pela dificuldade de diagnóstico correto, estão com números acima do esperado, apresentando
os mais altos em 2000, com 43,14%, 32,59% em 1997 e 31,25 em 1996.
TABELA 6
TAXA DE INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE, POR FORMA CLÍNICA E POR ANO,
UBERLÂNDIA (MG), 1995-2003.
Tuberculose
pulmonar extrapulmonar pulm.+ extrapulm
Ano
N
%
N
%
N
%
Total
1995 78 82,98 16 17,02 0 0
94
1996 88 68,75 40 31,25 0 0
128
1997 91 67,41 44 32,59 0 0
135
1998 118 80,82 28 19,18 0 0
146
1999 120 84,51 22 15,49 0 0
142
2000 58 56,82 44 43,14 0 0
102
2001 ... ... ... ... ... ...
...
2002 78 69,02 28 24,78 7 6,20
113
2003 90 66,18 37 27,20 9 6,62
136
Total 479 154 13 996
Fonte: SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação Org: Alvim, S.S.
Nota: Uberlândia não apresentou dados em 2001
36
Da mesma maneira, pouco confiáveis estão os dados referentes à Tuberculose
pulmonar + extrapulmonar anteriores a 2000, que registram inexistência de casos. Somente a
partir de 2002 registraram-se dados com esse tipo de forma clínica.
De acordo com os dados do SINAN, não foram realizados todos os exames
necessários para a confirmação dos diagnósticos dos casos extrapulmonares, com por
exemplo no ano 2000, ano em que o número de casos extrapulmonares foi maior, com 44
notificações. Nesse ano, além do exame clínico, foram realizados apenas 5 exames de
baciloscopia de outro material que não escarro, 4 culturas de outro material que não escarro,
17 histopatologias, sendo 1 positivo e 16 apenas sugestivos de tuberculose e nenhum Raio-X
de tórax. Tudo isso sugere possíveis erros de diagnóstico, confirmando a não confiabilidade
dos dados.
Para as 1063 notificações registradas nos anos estudados e que incluíam os não
domiciliados em Uberlândia, foram realizadas apenas 516 baciloscopias
20
, quando deveriam
ter sido 2 126, já que de acordo com o Ministério da Saúde, devem ser realizadas duas para
cada sintomático respiratório. As 1063 notificações eram casos confirmados. Deveriam,
portanto, ter as duas baciloscopias realizadas obrigatoriamente. Além disso, em 144 delas não
foi confirmada a positividade do bacilo.
A Tabela 7 demonstra que, em Uberlândia, a incidência da tuberculose em crianças
está bem abaixo da incidência em indivíduos adultos. Mesmo que nesta tabela, cuja fonte foi o
SINAN, o critério de fragmentação das faixas etárias seja diferente do critério utilizado pelo
método de programação da Fundação Nacional da Saúde - FUNASA
21
(BRASIL, 2002a), é
possível verificar que adicionando os números encontrados entre 10 e 20 anos aos menores de
20
A baciloscopia direta do escarro é um método que permite descobrir as fontes mais importantes de infecção: os
casos bacilíferos (BRASIL, 2002b).
21
A FUNASA divide as faixas etárias em “menores de 15 anos” e “maiores de 15 anos”.
37
15 anos, ainda assim, não será alcançada a porcentagem esperada pelo Ministério da Saúde
para essa faixa etária, ou seja 15% do total.
Esse fato pode significar que a tuberculose em crianças e adolescentes em Uberlândia
está bem abaixo do número esperado, demonstrando necessidade de atenção especial e
pesquisa a respeito de possíveis causas da não detecção desses eventos ou mesmo que apesar
das dificuldades, a doença nessa faixa etária está sob controle.
Em menores de 10 anos os números variam entre zero e 6 casos/ano e em maiores de
60 anos variam entre 7 e 19 casos/ano, contrastando com os adultos jovens (20|-40) em quem
os números variam entre 45 e 76 casos/ano e com a faixa de 40|-60 anos que possui números
entre 32 e 47 casos/ano.
A idade compreendida entre 20 e 60 anos é considerada idade produtiva, quando as
pessoas circulam mais, favorecendo tanto a disseminação do microorganismo dos doentes
bacilíferos, quanto a infecção daqueles que entram em contato com eles. É nessa faixa etária
também, que o acesso aos serviços de saúde é mais difícil devido aos horários de
funcionamento desses serviços muitas vezes coincidirem com o horário de trabalho de
pacientes em potencial. Além disso, vícios tais como etilismo e outras drogas parecem estar
mais presentes nessa faixa etária (BRASIL, 2002a), contribuindo para a diminuição da
imunidade natural e, em conseqüência, contribuindo para a vulnerabilidade à doenças
oportunistas.
Fato que chama a atenção na Tabela 7, é o número nulo de notificações em menores
de 10 anos a partir de 2000 até 2003. Como é teoricamente impossível que não tenha havido
nenhum caso nessa faixa etária no período, torna-se preocupante que os casos não notificados
estejam em evolução em crianças que podem estar freqüentando creches ou escolas, em
contato com outras e até mesmo dormindo no mesmo berço, prática comum nesses locais.
Outra hipótese é de alguns casos estarem latentes, aguardando uma queda imunológica para
38
reativar a doença e servir de fonte de infecção. Segundo BRASIL (2002a), calcula-se que
durante um ano, numa comunidade, uma fonte de infecção poderá infectar, em média, de 10 a
15 pessoas que com ela tenham tido contato.
A anulação dessas fontes através do tratamento
correto dos doentes, é um dos aspectos mais importantes no controle da tuberculose
(BRASIL, 2002a).
TABELA 7
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE POR FAIXA ETÁRIA E POR ANO, UBERLÂNDIA (MG),
1995-2003.
G
RUPOS ETÁRIOS
(em anos)
A
NO
0| - 5 5| - 10 10 | - 20 20| - 40 40| - 60 60
T
OTAL
1995 0 1 6 47 32 8
94
1996 4 1 7 76 33 7
128
1997 6 1 10 69 35 14
135
1998 2 0 12 73 40 19
146
1999 2 1 7 71 47 14
142
2000 0 0 9 45 35 13
102
2001 ... ... ... ... ... ...
...
2002 0 0 4 66 35 8
113
2003 0 0 7 71 44 14
136
Total 14 4 62 518 301 97 996
Fonte: SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação Org: Alvim, S.S.
Notas: a | - b: (inclui a e exclui b); a - | b: (exclui a e inclui b)
Uberlândia não apresentou dados em 2001
Em maiores de 60 anos a incidência vem acompanhando a tendência mundial
da doença, aumentando gradualmente devido ao envelhecimento da população (BRASIL,
2002a; BRASIL, 2002b; BRASIL, 2003b; BRASIL, 2003c). A variação numérica
demonstrada nessa faixa etária sugere subnotificação dos casos.
Um aspecto muito importante é a localização dos casos novos registrados e por isso,
realizou-se o mapeamento da incidência dos casos de Tuberculose na cidade de Uberlândia. O
39
fato de determinados locais terem incidência maior que outros pode significar maior risco de
contaminação. Diferente disso é quando se relaciona a incidência com a população, tendo-se a
taxa de incidência. Os bairros de maior taxa de incidência e que apresentam maior risco de
adoecimento apresentam relação direta com as condições sócio-econômicas, fatores
condicionantes para agravos de saúde.
Em todas as tabelas a seguir, os números de incidência utilizados foram apenas os de
pacientes domiciliados em Uberlândia e que tiveram os endereços identificados.
A Tabela 8 relaciona os 12 bairros que apresentaram 3 ou mais casos no ano de 1995.
Isso significa que em apenas 18,7% dos bairros, ocorreram 60,4% do total de casos naquele
ano. A maior incidência ocorreu nos bairros Luizote de Freitas, Planalto e Santa Mônica, com
6 casos novos cada um. Na seqüência, os bairros Brasil com 5 notificações e
Sta.Rosa/Liberdade/Jd.América/Esperança também com 5 casos (Figura 7) .
TABELA 8
BAIRROS DE MAIOR INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE, UBERLÂNDIA (MG), 1995
Bairro Setor Casos
1. Luizote de Freitas Oeste 6
2. Planalto Oeste 6
3. Santa Mônica Leste 6
4. Brasil Central 5
5. Santa Rosa/ Liberd./Jd.Amér./Esperança Norte 5
6. Jaraguá Oeste 4
7. Martins Central 4
8. Tibery Leste 4
9. N. Sra.Graças/Cruzeiro do Sul Norte 3
10. Osvaldo Resende Central 3
11. Tocantins Oeste 3
12. Tubalina Sul 3
Outros 34
Total
86
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação Org: Alvim, S.S.
e Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
40
Levando-se em consideração os setores territoriais que notificaram os 86 casos de
Tuberculose em 1995, observa-se conforme a Figura 6, que o setor oeste da cidade apresentou
o maior número de casos (23). Na seqüência vem o setor central com 19 casos, o setor leste
com 16 casos e os setores norte e sul com 14 casos cada um.
O setor oeste é composto de 15 bairros e quatro unidades públicas de atendimento à
saúde, número que pode ter facilitado as notificações dos casos. O setor central, em segundo
lugar, é representado por 11 bairros e apenas dois serviços públicos de saúde. Neste caso, o
número de unidades não influenciou, mas talvez a qualidade do serviço deva ser levada em
consideração.
Os setores norte e sul apresentaram as menores incidências (14). O primeiro possui 15
bairros e três unidades públicas de atendimento à saúde e o segundo, 18 bairros e cinco
unidades públicas de atendimento, número maior que no setor oeste, porém esse fato não
influenciou positivamente a descoberta de casos de Tuberculose.
14 14
16
23
19
0
5
10
15
20
25
Norte sul Leste Oeste Central
Org: Alvim, S.S
Figura 6 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 1995
Figura 7 – Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 1995
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
42
A Tabela 9 apresenta o número de casos novos registrados em 1996, quando o Bairro
Santa Mônica foi novamente o local de maior incidência, com 8 casos. Na seqüência
aparecem os bairros Osvaldo Resende, Planalto e Roosevelt, com 7 casos cada um. Neste ano,
foram 14 os bairros que apresentaram incidência maior que três, portanto mais que no ano
anterior, representando 21,8% dos bairros com 67% dos casos (Figura 9).
Os bairros que apresentaram incidência menor que três estão citados como “Outros”
nesta tabela e são em número de 50. Somente esses somaram 36 casos, distribuídos nos
setores territoriais conforme demonstrado na Figura 8.
TABELA 9
BAIRROS DE MAIOR INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE, UBERLÂNDIA (MG), 1996
Bairro Setor Casos
1. Santa Mônica Leste 8
2. Osvaldo Resende Central 7
3. Planalto Oeste 7
4. Roosevelt Norte 7
5. Jaraguá Oeste 6
6. São Jorge Sul 6
7. Centro Central 5
8. N. Sra. Aparecida Central 5
9. Tubalina Sul 5
10. Martins Central 4
11. Tibery Leste 4
12. Joana D’Arc / Dom Almir Leste 3
13. Mansour Oeste 3
14. Pacaembu Norte 3
Outros 36
Total
109
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Org: Alvim, S.S.
Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
43
Em 1996 novamente o setor oeste da cidade apresentou o maior número de casos
notificados (27), seguido pelo setor central com 26 casos. Os setores sul e leste notificaram 19
casos cada um e o setor norte, 18 casos.
Novamente, o central com apenas duas unidades de saúde notificou quase tanto quanto
o setor oeste, com 4 unidades (Figura 8).
Esse fato também demonstra que além da relação direta entre o número de casos e o
número de unidades de atendimento, maior qualidade na busca de casos também fornece
informações fundamentais para o estudo da doença.
18
19 19
27
26
0
5
10
15
20
25
30
Norte Sul Leste Oeste Central
Figura 8 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 1996
Org: Alvim, S.S
Figura 9 – Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 1996
Ft
SEPLAN
SINAN
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
45
Em 1997 foi maior ainda o número de bairros atingidos por mais que três casos (18),
representando 28,1% do total de casos daquele ano (Tabela 10). Novamente o bairro Santa
Mônica apresentou o maior número de casos de Tuberculose (9), de um total de 115 casos
novos. Em segundo lugar esteve o bairro Roosevelt com 8 casos, seguido pelo bairro Tibery
com 7 casos (Figura 11).
Os outros 46 bairros estão citados como “Outros” e apresentaram juntos 32 casos,
tendo menos de três notificações cada um.
TABELA 10
BAIRROS DE MAIOR INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE, UBERLÂNDIA (MG), 1997
Bairro Setor Casos
1. Santa Mônica Leste 9
2. Roosevelt Norte 8
3. Tibery Leste 7
4. Planalto Oeste 6
5. São Jorge Sul 6
6. Jd. Brasília Norte 5
7. N. Sra. Graças / Cruzeiro do Sul Norte 5
8. Saraiva Sul 5
9. Jaraguá Oeste 4
10. Joana D’Arc / Dom Almir Leste 4
11. Dona Zulmira Oeste 3
12. Laranjeiras Sul 3
13. Marta Helena Norte 3
14. Martins Central 3
15. N. Sra. Aparecida Central 3
16. Osvaldo Resende Central 3
17. Tocantins Oeste 3
18. Tubalina Sul 3
Outros 32
Total
115
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Secretaria Org: Alvim, S.S.
Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
Conforme a Figura 10, no ano de 1997 o setor de maior incidência diferiu dos dois
46
últimos anos, deixando de ser o setor oeste para ser o setor leste com 29 notificações. O setor
oeste continuou com número alto de notificações (27), porém agora, em segundo lugar. Em
seguida vem o setor norte com 23 casos, seguido pelo sul com 20 e finalmente o setor central
com 16 casos notificados.
Neste ano, houve uma relação direta das notificações com o número de unidades de
saúde locais em quase todos os setores: o leste com 5 unidades, oeste com 4 unidades, norte
com 3 unidades, o setor sul (exceção) com 5 unidades e central com 2 unidades de saúde.
23
20
29
27
16
0
5
10
15
20
25
30
Norte Sul Leste Oeste Central
Figura 10 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 1997
Org: Alvim, S.S
Figura 11 – Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 1997
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
48
Nas Tabelas 11, 12, 13 e 14, cujos dados referem-se aos anos de 1998, 1999, 2000 e
2002, foi acrescentada mais uma coluna contendo as taxas de incidência, que foram
calculadas utilizando-se os dados populacionais do ano 2000, data do último censo do IBGE.
De acordo com a Tabela 11, em 1998 foram notificados 125 casos de Tuberculose de
moradores em Uberlândia, sendo que 18 bairros (28,12%) apresentaram incidência maior que
três, representando 68% das notificações daquele ano. Os mais atingidos pela Tuberculose,
foram os bairros: Brasil com 9 casos,Tibery com 8 casos, Luizote de Freitas e Roosevelt com
7 casos notificados cada um. Mesmo assim, não foram as maiores taxas de incidência do ano,
que foram registradas nos bairros Carajás (183,82/100 000), Lagoinha (91,91/100 000), N.Sra.
das Graças/Cruzeiro do Sul (81,05/100 000), Joana D’Arc/Dom Almir (79,87/100 000) e
Ipanema (75,03/100 000), todas maiores que os índices do Município, do Estado e do País.
Dentre estes, os bairros Carajás, Lagoinha e Joana D’Arc/Dom Almir mereceram
destaque pelas altas taxas de incidência, mesmo não sendo os que possuíam maior número de
notificações, registrarem cada um, apenas dois casos novos naquele ano. Estes três bairros
possuem características sócio-econômicas semelhantes, com alta porcentagem de famílias
pobres.
A pesquisa realizada por SHIKI (1996) objetivou a determinação quantitativa do grau
de pobreza e de indigência na periferia da cidade, considerando “famílias pobres” aquelas
cuja renda familiar era menor que o valor de uma cesta básica e, “famílias indigentes”,
aquelas cuja renda por equivalente adulto era menor que o valor de uma ração essencial
22
.
Nos bairros Joana D’Arc/Dom Almir verificou-se que 76% da população era considerada
“pobre” e os demais “indigentes”, com um nível de escolaridade baixo onde 70% dos
alfabetizados não concluíram o 1º grau e o analfabetismo alcançava 14,4% do total dos
22
Ração essencial – diz respeito à necessidade nutricional de um indivíduo adulto.
49
moradores. Segundo RAMIRES (2001), o bairro Joana D’Arc é uma antiga favela
parcialmente urbanizada e o Dom Almir um assentamento urbano que se organizou como
bairro em 1991. Neles, em 1998 ainda não havia rede de esgoto, a fossa séptica era utilizada
em 72% das casas e ainda, faltava água encanada em 36% das habitações e energia elétrica
em 44% delas. Também no bairro Lagoinha, 65,19% de famílias foram consideradas
“pobres”, mas o bairro possuía saneamento básico, asfalto e transporte.
TABELA 11
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE EM NÚMEROS ABSOLUTOS E TAXAS/100 000 HAB.,
UBERLÂNDIA (MG), 1998
Bairro Setor
Casos
Tx.incid.
1. Brasil Central 9 71,40
2. Tibery Leste 8 42,98
3. Luizote de Freitas Oeste 7 37,62
4. Roosevelt Norte 7 33,89
5. São Jorge Sul 6 28,10
6. Santa Mônica Leste 6 21,58
7. Marta Helena Norte 5 52,11
8. Segismundo Pereira Leste 5 31,33
9. Jd. Das palmeiras Oeste 4 34,62
10. Mansour Oeste 4 53,41
11. Guarani Oeste 3 32,96
12. Ipanema Leste 3
75,03
13. Jd. Canaa Oeste 3 31,73
14. Laranjeiras Sul 3 20,62
15. N. Sra. Graças/Cruzeiro do Sul Norte 3
81,05
16. Osvaldo Resende Central 3 15,04
17. Planalto Oeste 3 19,96
18. Tabajaras Central 3 47,75
19. Joana D’Arc/Dom Almir Leste 2
79,87
20. Carajás Sul 2
183,82
21. Lagoinha Sul 2
91,91
Outros 34
Total
125
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação e Secretaria Org: Alvim, S.S.
de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
50
Em 1998, o bairro N.Sra. das Graças tinha 38,96% de famílias pobres. O índice de
analfabetismo era de 4,48% e 67,26% das pessoas possuíam o 1º grau incompleto (SHIKI,
1996). Mesmo com condições ambientais e sócio-econômicas diferentes dos dois bairros
anteriores, os bairros N.Sra. das Graças/Cruzeiro do Sul apresentaram uma das taxas de
incidência mais altas do ano. Apesar de terem notificado apenas três casos, o tamanho da
população residente fez com que essa taxa chegasse acima dos índices do Município, do
Estado e do País (81,05/100.000 hab.) conforme Tabela 3. O bairro Ipanema também
apresentou três casos e taxa de incidência alta (75,03/100.000 hab.). De acordo com SHIKI
(1996), apresentava 72,87% de famílias consideradas pobres, sem esgoto em 90% das
residências e 14,29% de sua população analfabeta (Tabela 11 e Figura 13).
O setor leste apresentou a maior incidência (28), seguido pelo oeste, da mesma
maneira que no ano anterior. Na seqüência o setor central com 25 notificações, seguido pelos
setores norte com 23 notificações e uma alta taxa de incidência (81,05/100 000 hab.) e sul
com 23 casos e a duas das taxas de incidência mais altas do ano (183,82/100 000 hab. e
91,91/100 000 hab.). Observa-se que essas altas taxas estão nos setores com menor número de
notificações: sul e norte (Figura 12).
23 23
28
26
25
0
5
10
15
20
25
30
Norte Sul Leste Oeste Central
Figura 12 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 1998
Org: Alvim, S.S
Figura 13 - Bairros de maior incidência da Tuberculose e áreas de risco em Uberlândia (MG), 1998
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
52
No ano de 1999 (Tabela 12), 19 bairros registraram mais de três notificações,
representando 29,68% do total de bairros. Os bairros Martins com 13 casos, São Jorge com 9,
Jd. das Palmeiras e Tibery com 7 e Planalto com 6 casos foram os bairros de maior incidência
(Figura 15). O bairro Morada do Sol apresentou a maior taxa de incidência (253,16/100 000
hab.) apesar de apresentar somente 1 caso. O bairro Dona Zulmira, com 5 casos, teve taxa de
incidência também muito alta, seguido pelos bairros Martins com 140,49/100 000, Alvorada
com 127,55/100 000 e Joana D’Arc/Dom Almir, com 119,80/100 000 habitantes.
TABELA 12
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE EM NÚMEROS ABSOLUTOS E TAXAS/100 000 HAB.,
UBERLÂNDIA (MG), 1999
Bairro Setor
Casos
Tx.incid.
1. Martins Central 13
140,49
2. São Jorge Sul 9 42,15
3. Jd. das Palmeiras Oeste 7 60,59
4. Tibery Leste 7 37,61
5. Planalto Oeste 6 39,92
6. Dona Zulmira Oeste 5
162,86
7. Jd. Brasília Norte 5 39,35
8. Osvaldo Resende Central 5 25,07
9. 1Pacaembu Norte 5 55,62
10. Brasil Central 4 31,73
11. Guarani Oeste 4 43,95
12. Tocantins Oeste 4 33,16
13. Alvorada Leste 3
127,55
14. Custodio Pereira Leste 3 32,86
15. Joana D’Arc / Dom Almir Leste 3
119,80
16. Luizote de Freitas Oeste 3 16,12
17. N. Sra. Aparecida Central 3 24,44
18. Roosevelt Norte 3 14,52
19. Tubalina Sul 3 35,36
20. Morada do Sol Oeste 1
253,16
Outros 29
Total
125
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Org: Alvim, S.S.
Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
53
No bairro Dona Zulmira, 59,62% das famílias eram consideradas “pobres” e 70,92%
dos moradores não possuíam o 1º grau completo (SHIKI, 1996). O Martins é um bairro antigo
e central, com moradores mais idosos que, eventualmente, podem estar disseminando a
Tuberculose pela presença da doença não diagnosticada. De acordo com SHIKI (1996), é um
bairro que polariza junto com outros bairros, o papel de bairro “expulsor”
23
pelo movimento
especulativo do mercado imobiliário. Esse fato pode ter um importante papel condicionante
deste tipo de deslocamento, e servir de facilitador para a disseminação da doença. O bairro
Alvorada é também um bairro periférico que apresentou apenas 3 casos, mas teve uma alta
taxa de incidência (127,55/100 000 hab.).
Conforme a Figura 14, também neste ano, o setor oeste prevaleceu sobre os demais,
com 36 notificações do total (125). Apresentou também as duas maiores taxas de incidência.
O setor central esteve em segundo lugar com 30 casos, seguido pelo setor leste (23), pelo
setor sul (21) e o setor norte com o menor número de menos notificações (15).
15
21
23
36
30
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Norte Sul Leste Oeste Central
23
Bairro expulsor – bairro responsável pela migração de moradores para outros bairros.
Figura 14 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 1999
Org: Alvim, S.S
Figura 15 – Bairros de maior incidência da Tuberculose e áreas de risco em Uberlândia (MG), 1999
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
55
Observamos na Tabela 13, referente ao ano de 2000, que o bairro Tibery foi o de
maior número de notificações (8). Os bairros Martins e Santa Mônica vêm na seqüência com
6 casos e os bairros Centro, Guarani, Jardim das Palmeiras e São Jorge apresentaram 5 casos
cada um (Figura 17).
TABELA 13
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE EM NÚMEROS ABSOLUTOS E TAXAS/100 000 HAB.,
UBERLÂNDIA (MG), 2000
Bairro Setor
Casos
Tx.incid.
1. Tibery Leste 8 42,98
2. Martins Central 6 64,84
3. Santa Mônica Leste 6 21,58
4. Centro Central 5 71,07
5. Guarani Oeste 5 54,94
6. Jd. das Palmeiras Oeste 5 43,28
7. São Jorge Sul 5 23,42
8. Brasil Central 3 23,80
9. Jd. Canaa Oeste 3 31,73
10. Luizote de Freitas Oeste 3 16,12
11. Pacaembu Norte 3 33,37
12. Roosevelt Norte 3 14,52
13. Tubalina Sul 3 35,36
14. Joana D’Arc/Dom Almir Leste 2
79,87
15. Mansões Aeroporto Leste 2
255,10
16. Pampulha Sul 2
91,91
17. São José Norte 1
233,10
18. Jd. Holanda Oeste 1
74,01
Outros 30
Total
96
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Secretaria Org: Alvim, S.S.
de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
As maiores taxas de incidência, conseqüentemente as áreas consideradas de maior
56
risco de adoecimento, foram o bairro Mansões Aeroporto com 255,10/100 000 hab., o São
José que aparece pela primeira vez, com 233,10/100 000 hab., o Pampulha com 91,91/100
000 hab., novamente o Joana D’Arc/Dom Almir com 79,87/100 000 e, finalmente, o Jd.
Holanda, com 74,01/100 000 hab..
Os bairros Mansões Aeroporto, Morada do Sol e o Jd. Holanda, são bairros
constituídos de chácaras e com pequeno número de moradores (784) , o que leva a uma alta
taxa mesmo com apenas dois casos. O bairro S.José também possui poucos habitantes, e com
apenas 429 pessoas e 1 caso, a taxa foi a segunda mais alta do ano.
De acordo com a Figura 16, os três setores territoriais de maior incidência (leste, oeste
e central), permaneceram os mesmos que anos anteriores, apenas alterando a ordem e valores.
O setor leste, assim como em 1997 e 1998, foi o que mais notificou (25) e o que apresentou
maior taxa de incidência (255,10/100 000 hab.). O setor central, assim como em 1995, 1996 e
1999 ficou em segundo lugar (22) e o setor oeste em terceiro lugar com 20 notificações. O
setor norte notificou 13 casos, mas teve taxa de incidência alta (233,10/100 000 hab.) e o setor
sul com 16 notificações, apresentou taxa de incidência de 91,91/100 000 hab..
13
16
25
20
22
0
5
10
15
20
25
Norte Sul Leste Oeste Central
Figura 16 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 2000
Org: Alvim, S.S
Figura 17 – Bairros de maior incidência da Tuberculose e áreas de risco em Uberlândia (MG), 2000
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
58
Na Tabela 14, verificamos que em 2002, o Bairro Brasil aparece como o que notificou
mais casos de Tuberculose (9). Mesmo assim, ficou abaixo dos bairros Morada do Sol, Jd.
Holanda e Joana D’Arc/Dom Almir no risco de apresentar a doença. Na seqüência, o Bairro
S.Jorge, com 8 casos e novamente o Santa Mônica também com 8 notificações, que
apresentaram taxas de incidência abaixo dos citados anteriormente (Figura 19).
Três bairros se destacaram com as maiores taxas de incidência neste ano. Os bairros
Morada do Sol com taxa de 253,16/100 000 hab. (1 caso), Jd. Holanda com 148,03/100 000
hab.(2 casos) e Joana D’Arc/Dom Almir com 119,80/100 000 hab. (3 casos).
TABELA 14
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE EM NÚMEROS ABSOLUTOS E TAXAS/100 000 HAB.,
UBERLÂNDIA (MG), 2002
Bairro Setor
Casos
Tx.incid.
1. Brasil Central 9
71,40
2. São Jorge Sul 8 37,47
3. Santa Mônica Leste 8 28,77
4. Tibery Leste 8 42,98
5. Roosevelt Norte 6 29,05
6. Custodio Pereira Leste 5
54,77
7. Luizote de Freitas Oeste 5 26,87
8. Laranjeiras Sul 4 27,49
9. Tocantins Oeste 4 33,16
10. Guarani Oeste 3 32,96
11. Jd. Brasília Norte 3 23,61
12. Jd. Canaa Oeste 3 31,73
13. Joana D’Arc / Dom Almir Leste 3
119,80
14. Jd. Holanda Oeste 2
148,03
15. Morada do Sol Oeste 1
253,16
Outros 29
Total
101
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Org: Alvim, S.S
de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
59
Os setores territoriais que mais notificaram em 2002, foram o leste com 32 casos e
duas das maiores taxas de incidência (119,80/100 000 hab. e 54,77/100 000 hab.), o setor
oeste com 21 casos mas as duas mais altas taxas do ano (253,16/100 000 hab. e 148,03/100
000 hab.) e o setor sul com 21 notificações que como em 1996 e 1997 aparece entre os três
primeiros em número de casos notificados e taxas de incidência de 27,49/100 000 hab. e
37,47/100 000 hab.(Figura 18).
O setor norte apresentou em todo o ano apenas 12 notificações e taxas de incidência
baixas (23,61/100 000 hab. e 29,05/100 000 hab.) e o setor central 15 casos e taxa de
incidência alta (71,40/100 000 hab.).
12
21
32
21
15
0
5
10
15
20
25
30
35
Norte Sul Leste Oeste Central
Org: Alvim, S.S
Figura 18 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 2002
Figura 19 – Bairros de maior incidência da Tuberculose e áreas de risco em Uberlândia (MG), 2002
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
61
A Tabela 15 demonstra que de todos os anos estudados, 2003 apresentou o maior
número de bairros com incidência acima de três casos . Foram 22 bairros, onde o Santa
Mônica liderou com 9 casos, seguido pelos bairros Luizote de Freitas e Sta.
Rosa/Liberdade/Jd. América/Esperança, com 7 notificações cada um (Figura 21). As taxas de
incidências não estão mais calculadas devido ao espaço de tempo corrido desde o censo de
2000.
TABELA 15
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE POR BAIRRO E SETOR, UBERLÂNDIA (MG), 2003.
Bairro Setor Casos
1. Santa Mônica Leste 9
2. Luizote de Freitas Oeste 7
3. Sta. Rosa/Liberd./Jd.América/Esperança Norte 7
4. Custodio Pereira Leste 5
5. Jd. Canaa Oeste 5
6. Roosevelt Norte 5
7. Tibery Leste 5
8. Dona Zulmira Oeste 4
9. Jd. Brasília Norte 4
10. Jd. Das Palmeiras Oeste 4
11. Laranjeiras Sul 4
12. Taiaman Oeste 4
13. Tocantins Oeste 4
14. Aclimação Leste 3
15. Brasil Central 3
16. Cazeca Central 3
17. Joana D’Arc / Dom Almir Leste 3
18. Lagoinha Sul 3
19. Pacaembu Norte 3
20. Planalto Oeste 3
21. São Jorge Sul 3
22. Segismundo Pereira Leste 3
Outros 32
Total
126
Fontes: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Notificação, Org: Alvim, S.S.
Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano – SEDUR
62
Os três setores que apresentaram maior número de notificações em 2003 foram o setor
oeste com 36 casos, o leste com 34 casos e o norte que teve 25 notificações, entrando assim
como em 1997, no terceiro lugar em número de casos. O setor sul apresentou 17 notificações
e o central apenas 14 delas em todo o ano (Figura 20).
Nesse ano, o setor oeste teve tantas notificações quanto em 1999, e o setor leste, o
segundo colocado, teve o maior número de casos de todos os anos estudados. Dos cinco
setores, é o único que vem aumentando gradualmente sua participação em número de casos
(Tabela 16).
25
17
34
36
14
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Norte Sul Leste Oeste Central
Figura 20 – Incidência da Tuberculose por setor territorial, Uberlândia, 2003
Org: Alvim, S.S
Figura 21 – Bairros de maior incidência da Tuberculose em Uberlândia (MG), 2003
Fontes: SEPLAN e SINAN
Organizado por: ALVIM, S. S.
Executado por: FLORÊNCIO, B. A. B.
64
Demonstra-se na Tabela 16, que nos anos compreendidos entre 1995 e 2003 os
maiores números de notificações estiveram distribuídos apenas em dois setores: leste e oeste
(linhas sombreadas na tabela). São setores que contêm várias unidades públicas de
atendimento à saúde, sendo 5 delas no setor leste e 4 no setor oeste. Este fato favorece o
número alto de notificações, não significando, no entanto, que são os setores com maior risco
de adoecimento e sim de maior risco de contato com pessoas doentes.
TABELA 16
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE POR SETOR TERRITORIAL E ANO, UBERLÂNDIA (MG),
1995/2003
Setor
1995 1996 1997 1998 1999 2000 2002 2003
Norte 14* 18* 23 23* 15* 13* 12* 25
Sul 14 19 20 23* 21 16 21 17
Leste 16 19
29 28
23
25 32
34
Oeste
23 27
27 26
36
20 21
36
Central 19 26 16* 25 30 22 15 14*
Total
86 109 115 125 125 96 101 127
Fonte: SINAN - Sistema de Informação de Agravos de Org: Alvim, S.S.
*Menor número de notificações no ano.
Em negrito, o maior número de notificações no ano.
Ao contrário, os setores com menor número de notificações no período foram os
setores norte com 3 unidades públicas de atendimento, o sul com 5 unidades públicas de
atendimento e o central com 2 unidades públicas de atendimento. Mesmo tendo unidades de
saúde em número igual aos que mais notificaram, exceção feita ao setor central, os setores
norte e sul notificaram bem menos, devendo ser verificado o motivo dessa subnotificação.
65
5. CONCLUSÃO
O cruzamento dos dados de incidência com os dados populacionais e sócio
econômicos, leva à conclusão de que podemos considerar em Uberlândia, dois tipos de risco,
cada um com suas diversas graduações. O primeiro, o risco de contrair o bacilo da
Tuberculose, oferecido pelos bairros que tiveram muitos casos registrados ou seja, alta
incidência, porém baixa taxa dessa incidência. O segundo, o risco de adoecer, oferecido pelos
bairros com altas taxas de incidência, que se nem sempre tiveram muitos casos, mas a
população pequena e as precárias condições de vida, condicionaram e favoreceram esse
adoecimento.
Assim, verificou-se nesta pesquisa, que os bairros de maior incidência, ou seja, os que
ofereceram maior risco de transmissão da Tuberculose no período estudado, foram os bairros
Santa Mônica, Brasil, Martins e Tibery. O Santa Mônica além de ser o bairro de maior
incidência em quatro dos nove anos estudados, ainda participou como um dos três bairros de
maior incidência por mais dois anos. Portanto, foi o único bairro que esteve durante seis anos
entre os de maior risco de transmissão. O Brasil foi o bairro de maior incidência durante dois
anos, mas não esteve entre os três primeiros bairros em incidência em nenhum outro ano
tendo apresentado, portanto, um risco médio de transmissibilidade. O Martins foi o bairro de
maior incidência em apenas um ano assim como o bairro Tibery, sendo então bairros onde o
risco de transmissão da Tuberculose pode ser considerado baixo entre os de maior incidência.
Mesmo com diferentes graus de risco, todos os bairros citados devem ser objetos de
atenção especial por parte dos planejadores de ações de controle da Tuberculose,
principalmente no que se refere ao abandono do tratamento, resistência aos medicamentos e a
66
presença de mais de um caso na mesma moradia. A utilização dessas informações como
eventos sentinela
24
, pode auxiliar na priorização das ações a serem executadas.
Por outro lado, os bairros com maior risco de adoecimento, não pelo número de casos,
mas por sua relação com o tamanho e algumas vezes com as condições sócio-econômicas da
população residente, foram os bairros Joana D’Arc/Dom Almir que fizeram parte dos bairros
de maior taxa de incidência em todos os anos analisados e os bairros Morada do Sol e Jd.
Holanda que fizeram parte das maiores taxas por dois anos com apenas um caso cada um.
Dessa forma, o risco dos moradores desses bairros adoecerem de Tuberculose é maior que
todos os outros.
Os bairros Lagoinha, Carajás, N. Sra. das Graças/Cruzeiro do Sul, Ipanema, Martins,
D. Zulmira, Alvorada, Mansões Aeroporto, Pampulha, S. José, Brasil e Custódio Pereira
participaram por uma vez das maiores taxas, tendo portanto risco de adoecimento menor que
os anteriores, mas não dispensando o direcionamento de ações especiais de controle.
Em todos os casos, ações isoladas não serão suficientes para impedir totalmente o
avanço de doenças que dependem de ações locais e/ou das condições sócio-econômicas da
população. Nos bairros Joana D’Arc/Dom Almir, especialmente devido á pobreza da
comunidade, devem ser implementadas além das ações de busca de casos e combate ao
abandono do tratamento, ações de combate à fome e desnutrição e outras que possam
substituir provisoriamente o saneamento básico até que sejam realizadas obras definitivas de
coleta de esgoto, instalação de rede de água tratada e de energia elétrica. Além disso, a
distribuição de folhetos educativos e a utilização de outras formas de educação que possam
ser compreendidas pela parcela analfabeta da população se fazem necessárias. O acesso aos
serviços de saúde e programas específicos para atendimento da camada mais atingida da
24
Evento sentinela – ocorrência que alerta para o risco eminente.
67
comunidade devem ser incrementados para que no mínimo se torne mais lento o adoecimento
e que a comunidade possa esperar de maneira digna a melhora dos seus indicadores de saúde.
A elaboração de instrumentos de trabalho capazes de atingir o controle da doença a
nível local e que estabeleçam mecanismos permanentes de vigilância e avaliação do processo
de trabalho, devem ser priorizados nas ações das Equipes de Saúde da Família que atuam nas
comunidades mais atingidas. A humanização das práticas de saúde junto à família e seu
espaço social através do Programa de Saúde da Família já implantado em Uberlândia, é um
grande avanço no sentido de melhorar a assistência à saúde dessas populações.
Diminuir o número de subnotificações é outro fator importante no controle da
Tuberculose. Para que isso ocorra, mais ações precisam ser implementadas nas unidades de
atendimento à saúde e em todas as Unidades de Saúde da Família. Em primeiro lugar, a
sensibilização e capacitação dos profissionais para que possam reconhecer os sintomas,
realizar corretamente o diagnóstico e encaminhar os casos para tratamento. Na seqüência, a
realização de busca dos sintomáticos respiratórios fora das unidades básicas de saúde, tais
como creches, asilos, escolas, presídios, comunidades terapêuticas e outros locais. Além
disso, a verificação da causa de ausência do paciente em tratamento, a utilização das Equipes
de Saúde da Família na ampliação do número de tratamentos supervisionados, a realização de
campanhas educativas principalmente em escolas, para que os alunos levem as informações e
possam servir de multiplicadores de conhecimentos sobre os sintomas da Tuberculose em
suas comunidades.
A avaliação de todas as ações implantadas não será possível, caso ainda persistam
notificações e fichas de acompanhamento de casos incompletas e/ou preenchidas
incorretamente, envio irregular das informações e se não houver retorno desses dados já
analisados ao setor notificador. Além da avaliação, esses dados poderão ser utilizados para a
68
determinação das áreas de maior risco de adoecimento, permitindo que o serviço público de
saúde consiga realizar ações de atenção específicas, trabalhando de maneira planejada e tendo
otimizada a utilização dos recursos disponíveis.
Todo esse processo de controle deverá ser permanente já que Uberlândia, pela posição
que ocupa na região e no Estado recebe muitos imigrantes, o que a torna vulnerável à
presença e instalação da Tuberculose em sua população.
69
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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73
ANEXOS
Anexo 3
INCIDÊNCIA DA TUBERCULOSE EM UBERLÂNDIA (MG), DE 1995 A 2003
BAIRRO SETOR 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
ACLIMAÇÃO LESTE 0 1 2 0 2 1 0 1
3
ALVORADA LESTE 0 1 1 0 3 0 0 0
0
BOM JESUS CENTRAL 1 1 0 1 0 0 0 1
2
BRASIL CENTRAL 5 2 1 9 4 3 0 9
3
CARAJAS SUL 1 1 0 2 0 0 0 0
0
CAZECA CENTRAL 0 0 0 0 0 1 0 1
3
CENTRO CENTRAL 2 5 2 2 1 5 0 0
2
CHACARAS TUBALINA OESTE 0 0 0 0 0 0 0 0
0
CIDADE JARDIM SUL 0 1 0 1 1 0 0 1
0
CUSTODIO PEREIRA LESTE 0 0 1 2 3 1 0 5
5
DANIEL FONSECA CENTRAL 1 0 0 2 2 0 0 0
1
DONA ZULMIRA OESTE 1 2 3 1 5 1 0 0
4
FUNDINHO CENTRAL 0 1 2 0 1 2 0 0
0
GRAMADO
N
ORTE 0 0 0 0 0 1 0 0
0
GUARANI OESTE 0 0 2 3 4 5 0 3
2
IPANEMA LESTE 1 0 2 3 1 1 0 2
2
JARAGUA OESTE 4 6 4 0 1 0 0 0
0
JD. BRASILIA
N
ORTE 1 2 5 1 5 2 0 3
4
JD. CANAA OESTE 1 1 1 3 1 3 0 3
5
JD. DAS PALMEIRAS OESTE 2 2 2 4 7 5 0 1
4
JD. HOLANDA OESTE 0 0 0 0 0 1 0 2
0
JD. KARAIBA SUL 0 0 0 0 0 0 0 0
0
JD. OZANAN SUL 0 0 0 0 0 0 0 0
0
JD. PATRICIA OESTE 0 1 0 0 1 0 0 1
1
JOANA D'ARC/DOM ALMIR LESTE 2 3 4 2 3 2 0 3
3
LAGOINHA SUL 2 1 0 2 1 0 0 1
3
LARANJEIRAS SUL 1 2 3 3 1 1 0 4
4
LIDICE CENTRAL 1 1 0 1 0 1 0 0
0
LUIZOTE DE FREITAS OESTE 6 1 2 7 3 3 0 5
7
MANSÕES AEROPORTO LESTE 0 0 0 0 0 2 0 0
0
MANSOUR OESTE 0 3 2 4 2 1 0 0
2
MARAVILHA
N
ORTE 0 0 0 2 0 2 0 1
0
MARTA HELENA
N
ORTE 2 2 3 5 1 0 0 1
2
MARTINS CENTRAL 4 4 3 2 13 6 0 2
2
MINAS GERAIS
N
ORTE 0 2 1 2 1 0 0 0
0
MORADA DO SOL OESTE 0 0 0 0 1 0 0 1
0
MORUMBI LESTE 1 1 1 2 1 2 0 2
2
N. SRA. APARECIDA CENTRAL 2 5 3 2 3 2 0 2
1
N. SRA. GRAÇAS/CRUZEIRO
N
ORTE 3 1 5 3 0 1 0 0
2
OSVALDO REZENDE CENTRAL 3 7 3 3 5 2 0 0
0
PACAEMBU
N
ORTE 0 3 0 1 5 3 0 1
3
Continuação
BAIRRO SETOR 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003
PAMPULHA SUL 0 0 1 0 1 2 0 1
0
PANORAMA OESTE 0 0 0 0 0 0 0 0
0
PATRIMONIO SUL 0 0 1 2 1 1 0 0
0
PLANALTO OESTE 6 7 6 3 6 1 0 1
3
PQ. GRANADA SUL 2 1 0 2 2 2 0 1
2
ROOSEVELT
N
ORTE 2 7 8 7 3 3 0 6
5
SANTA LUZIA SUL 1 0 0 1 2 0 0 2
1
SAO JORGE SUL 2 6 6 6 9 5 0 8
3
SAO JOSE
N
ORTE 1 0 0 0 0 1 0 0
2
SARAIVA SUL 2 2 5 2 0 2 0 1
2
SEGISMUNDO PEREIRA LESTE 1 1 2 5 2 1 0 2
3
STA. MONICA LESTE 6 8 9 6 1 6 0 8
9
STA. ROSA
N
ORTE 5 1 1 2 0 0 0 0
7
TABAJARAS CENTRAL 0 0 2 3 1 0 0 0
0
TAIAMAN OESTE 0 2 2 1 1 0 0 0
4
TIBERY LESTE 4 4 7 8 7 8 0 8
5
TOCANTINS OESTE 3 2 3 0 4 0 0 4
4
TUBALINA SUL 3 5 3 2 3 3 0 2
0
UMUARAMA LESTE 1 0 0 0 0 1 0 1
2
VIGILATO PEREIRA SUL 0 0 1 0 0 0 0 0
2
Total
86 109 115 125 125 96 0 101
127
SECRETARIA MUNICIPAL DE PLANEJAMENTO E DESENVOLVIMENTO URBANO - SEDUR
DIVISÃO DE PLANEJAMENTO SOCIAL
ESTIMATIVA POPULACIONAL - 2000
SETOR CENTRAL
POPULAÇÃO
BAIRRO
SEXO FAIXA ETÁRIA
Z
O
N
A
ANTERIOR
INTEGRADO
ÁREA(Km²)
À
R
E
A
Km²
N.°DE
DOMI-
CÍLIO
BAIR-
RO
MASC
ULINO
FEMI-
NINO
MENOS
DE 1
ANO
01 A
04
ANOS
05 A
09
ANOS
10 A
14
ANOS
15 A
19
ANOS
20 A
24
ANOS
25 A
29
ANOS
30 A
34
ANOS
35 A
39
ANOS
40 A
49
ANOS
50 A
59
ANOS
60 A
69
ANOS
70 A
79
ANOS
MAIS
DE 80
ANOS
1 General Osório Fundinho 0,367 1.128 2.746 1.370 1.376 56 225 286 288 270 275 275 247 202 277 175 107 48 15
2 Centro Centro 1,385 3.617 7.035 3.510 3.525 144 575 734 739 692 706 704 632 518 711 447 274 122 39
Lídice
Ribeirinho
Lídice
0,703
1.898
4.630
2.310
2.320
94
379
483
486
455
464
463
416
341
468
294
180
80
25
Cazeca
Erlan
Cazeca
0,397
1.073
2.991
1.493
1.498
61
245
312
314
294
300
299
269
220
302
190
116
52
16
Tabajaras
Vila Mal.Castel.Branco
Maracanã
3
Altamira
Tabajaras
1,245
2.356
6.282
3.135
3.147
128
514
655
660
618
630
629
564
463
634
400
244
109
35
Bom Jesus Bom Jesus 0,677 1.826 4.855 2.423 2.432 99 397 506 510 477 487 486 436 358 490 309 189 84 27
Martins
Higino Guerra
Vila Fátima
Vila Vasco Gifone
Martins
1,462
3.749
9.253
4.617
4.636
189
757
965
972
910
928
926
831
682
935
588
360
160
51
Vila Osvaldo
Rezende
De Lourdes
Tomaz Rezende
Vila Carneiro
Osvaldo Rezende
2,517
7.476
19.941
9.951
9.990
407
1.631
2.080
2.094
1.960
2.000
1.996
1.791
1.470
2.014
1.268
776
345
110
Daniel Fonseca
Chaves
4
Rezende Junqueira
Daniel Fonseca
1,059
1.676
4.696
2.343
2.353
96
384
490
493
462
471
470
422
346
474
299
183
81
26
Aparecida N.ª Srª Aparecida 1,723 4.843 12.271 6.123 6.148 250 1.004 1.280 1.288 1.206 1.231 1.228 1.102 904 1.239 780 477 212 67
Conjunto Bandeirantes
Brasil
Fluminense
Esplanada
5
Vila Santa Terezinha
Brasil
2,193
4.519
12.604
6.289
6.315
257
1.031
1.315
1.323
1.239
1.264
1.262
1.132
929
1.273
802
490
218
69
ANEXO 4
SETOR LESTE
POPULAÇÃO
BAIRRO
SEXO FAIXA ETÁRIA
Z
O
N
A
ANTERIOR
INTEGRADO
ÁREA(Km²)
À
R
E
A
Km²
N.°DE
DOMI-
CÍLIO
BAIR-
RO
MASCU
LINO
FEMI-
NINO
MENO
S DE
1 ANO
01 A
04
ANOS
05 A
09
ANOS
10 A
14
ANOS
15 A
19
ANOS
20 A
24
ANOS
25 A
29
ANOS
30 A
34
ANOS
35 A
39
ANOS
40 A
49
ANOS
50 A
59
ANOS
60 A
69
ANOS
70 A
79
ANOS
MAIS
DE 80
ANOS
Tibery
V. Ana Angélica
Vila Correia
6
Lot. Eduardo Rez.
Tibery
3,371
6.318
18.609
9.286
9.323
380
1.522
1.941
1.954
1.829
1.866
1.863
1.671
1.371
1.880
1.184
724
322
102
Santa Mônica
Santa Mônica -B
Santa Mônica - C
Jardim Finotti
Santos Dumont
Progresso
Santa Mônica
5,737
10.121
27.803
13.874
13.929
567
2.274
2.900
2.919
2.733
2.789
2.783
2.497
2.049
2.808
1.768
1.082
481
153
Segismundo Pereira
8
Santa Mônica - D
Segismundo
Pereira
3,182
5.261
15.957
7.963
7.994
326
1.305
1.664
1.675
1.569
1.600
1.597
1.433
1.176
1.612
1.015
621
276
88
7 Parque Sabiá NI
Jardim Umuarama
Novo Horizonte
Umuarama
1,330
1.202
2.991
1.493
1.498
61
245
312
314
294
300
299
269
220
302
190
116
52
16
Custódio Pereira
19
Ch. Jd. Panorama
Custódio Pereira
2,815
3.106
9.129
4.555
4.574
186
747
952
959
897
916
914
820
673
922
581
355
158
50
Aeroporto
Jd. Califórnia
Aclimação
34
Jd. Ipanema II
Aclimação
1,065
1.532
5.178
2.584
2.594
106
424
540
544
509
519
518
465
382
523
329
201
90
28
35 Aeroporto NI
Ipanema I Ipanema 1,258 1.183 3.998 1.995 2.003 82 327 417 420 393 401 400 359 295 404 254 156 69 22
Quintas do Bosque I – NI
Quintas do Bosque II 0 – NI
Morada dos Pássaros NI
36
Mansões Aeroporto Mansões Aerop. 2,305 232 784 391 393 16 64 82 82 77 79 78 70 58 79 50 30 14 4
Dom Almir Dom Almir 0,103 741 2.504 1.249 1.255 51 205 261 263 246 251 251 225 185 253 159 97 43 14
Alvorada Alvorada 0,215 696 2.352 1.174 1.178 48 192 245 247 231 236 235 211 173 238 150 91 41 13
37
Santa Mônica II Morumbi 3,853 4.272 13.818 6.895 6.923 282 1.130 1.441 1.451 1.358 1.386 1.383 1.241 1.018 1.396 879 538 239 76
NI - Bairro Não Integrado
ANEXO 5
SETOR OESTE
POPULAÇÃO
BAIRRO
SEXO FAIXA ETÁRIA
Z
O
N
A
ANTERIOR
INTEGRADO
ÁREA(Km²)
À
R
E
A
Km²
N.°DE
DOMI-
CÍLIO
BAIR-
RO
MASC
ULINO
FEMI-
NINO
MENOS
DE 1
ANO
01 A
04
ANOS
05 A
09
ANOS
10 A
14
ANOS
15 A
19
ANOS
20 A
24
ANOS
25 A
29
ANOS
30 A
34
ANOS
35 A
39
ANOS
40 A
49
ANOS
50 A
59
ANOS
60 A
69
ANOS
70 A
79
ANOS
MAIS
DE 80
ANOS
Jaraguá
Valleé
Jaraguá Prol.
Jaraguá
1,637
2.799
8.273
4.128
4.145
169
677
863
869
813
830
828
743
610
836
526
322
143
46
Planalto
Planalto I
Tancredo Neves
Planalto
2,064
4.579
15.027
7.498
7.529
307
1.229
1.567
1.578
1.477
1.507
1.504
1.349
1.107
1.518
956
585
260
83
Chac.Tubalina
12
Res. Ouro Verde
C.Tubalina e
Quartel
2, 965
1.964
4.059
2.025
2.034
83
332
423
426
399
407
406
364
299
410
258
158
70
22
Jd, das Palmeiras
Stº Inácio
São Lucas
Jd. das Palmeiras
2,061
3.621
11.552
5.764
5.788
236
945
1.205
1.213
1.136
1.159
1.156
1.037
851
1.167
735
449
200
64
Jd. Canaã
Stº Antõnio I
Stº Antõnio II
Jd. Canaã
3,122
3.036
9.452
4.717
4.735
193
773
986
992
929
948
946
849
697
955
601
368
164
52
Panorama Panorama 5,392 153 341 170 171 7 28 36 36 34 34 34 31 25 34 22 13 6 2
26
Jd. Holanda Jd. Holanda 3,315 474 1.351 674 677 28 111 141 142 133 136 135 121 100 136 86 53 23 7
27 Mansour Mansour 1,378 2.206 7.489 3.737 3.752 153 613 781 786 736 751 750 673 552 756 476 291 130 41
Luizote de Freitas I
Luizote de Freitas II
Res. Nosso Lar
Luizote de Freitas
2,456
5.734
18.604
9.283
9.321
380
1.522
1.940
1.953
1.829
1.866
1.862
1.671
1.371
1.879
1.183
724
322
102
Jd. Patrícia Jd. Patrícia 1,957 1.809 5.483 2.736 2.747 112 449 572 576 539 550 549 492 404 554 349 213 95 30
Dona Zulmira Dona Zulmira 0,935 1.049 3.070 1.532 1.538 63 251 320 322 302 308 307 276 226 310 195 119 53 17
13
Jaraguá
Aruanan
Taiaman
Taiaman
2,223
2.246
7.189
3.587
3.602
147
588
750
755
707
721
720
646
530
726
457
280
124
40
14
Parque Guarani I
Parque Guarani II
Parque Guarani III
Parque Guarani IV
Guarani
2,210
2.666
9.100
4.541
4.559
186
744
949
956
895
913
911
817
671
919
579
354
157
50
Tocantins Tocantins 1,702 3.705 12.061 6.018 6.043 246 987 1.258 1.266 1.186 1.210 1.207 1.083 889 1.218 767 469 209 66
29
Morada do Sol Morada do Sol 3,857 293 395 197 198 8 32 41 41 39 40 40 35 29 40 25 15 7 2
ANEXO 6
SETOR NORTE
NI - Bairro Não Integrado
POPULAÇÃO
BAIRRO
SEXO FAIXA ETÁRIA
Z
O
N
A
ANTERIOR
INTEGRADO
ÁREA(Km²)
À
R
E
A
Km²
N.°DE
DOMI-
CÍLIO
BAIR-
RO
MASCU
LINO
FEMI-
NINO
MENO
S DE 1
ANO
01 A
04
ANOS
05 A
09
ANOS
10 A
14
ANOS
15 A
19
ANOS
20 A
24
ANOS
25 A
29
ANOS
30 A
34
ANOS
35 A
39
ANOS
40 A
49
ANOS
50 A
59
ANOS
60 A
69
ANOS
70 A
79
ANOS
MAIS
DE 80
ANOS
Presid. Roosevelt Pres. Roosevelt 3,296 7.004 20.649 10.304 10.345 421 1.689 2.154 2.168 2.030 2.071 2.067 1.854 1.522 2.086 1.313 803 357 114
Jardim Metrópole
Jardim Brasília
Industrial
Tietê
Jd. Brasília
2,805
4.031
12.706
6.340
6.366
259
1.039
1.325
1.334
1.249
1.274
1.272
1.141
936
1.283
808
494
220
70
15
São José São José 0,907 125 429 214 215 9 35 45 45 42 43 43 39 32 43 27 17 7 2
Marta Helena
18
Benedito Jacob
Marta Helena
1,812
3.407
9.594
4.787
4.807
196
785
1.001
1.007
943
962
960
862
707
969
610
373
166
53
Maravilha Maravilha 1,122 1.302 4.219 2.105 2.114 86 345 440 443 415 423 422 379 311 426 268 164 73 23
Pacaembu
Pacaembu II
Satélite
Oliveira
Vila Maria
Pacaembu
1,241
2.726
8.989
4.486
4.503
183
735
938
944
884
902
900
807
662
908
572
350
156
49
Stª Rosa NI 1.592 5.381 2.685 2.696 110 440 561 565 529 540 539 483 397 543 342 209 93 30
Resid. Liberdade NI 1.164 3.934 1.963 1.971 80 322 410 413 387 395 394 353 290 397 250 153 68 22
Esperança NI 396 1.338 668 670 27 109 140 140 132 134 134 120 99 135 85 52 23 7
16
Resid. Gramado Resid. Gramado 0,479 728 2.379 1.187 1.192 49 195 248 250 234 239 238 214 175 240 151 93 41 13
Nossa das Graças NI 1.095 3.701 1.847 1.854 76 303 386 389 364 371 370 332 273 374 235 144 64 20 17
Conj. Cruzeiro do Sul NI
30 CDI CD 9,067
31 FCA NI 1,573
Minas Brasil
32
M. Helena - C. Populares
Minas Gerais
3,285
1.685
5.383
2.686
2.697
110
440
561
565
529
540
539
483
397
544
342
209
93
30
ANEXO 7
SETOR SUL
POPULAÇÃO
BAIRRO
SEXO FAIXA ETÁRIA
Z
O
N
A
ANTERIOR
INTEGRADO
ÁREA(Km²)
À
R
E
A
Km²
N.°DE
DOMI-
CÍLIO
BAIRR
O
MASC
ULINO
FEMI-
NINO
MENOS
DE 1
ANO
01 A
04
ANOS
05 A
09
ANOS
10 A
14
ANOS
15 A
19
ANOS
20 A
24
ANOS
25 A
29
ANOS
30 A
34
ANOS
35 A
39
ANOS
40 A
49
ANOS
50 A
59
ANOS
60 A
69
ANOS
70 A
79
ANOS
MAIS
DE 80
ANOS
Tubalina Tubalina 1,536 2.866 8.483 4.233 4.250 173 694 885 891 834 851 849 762 625 857 540 330 147 47
11
Cidade Jardim Cidade Jardim 2,061 1.697 5.194 2.592 2.602 106 425 542 545 511 521 520 466 383 525 330 202 90 29
Patrimônio
Copacabana
Copac. S. Omega
Lot. N. Srª. Abadia
Patrimônio
0,994
1.286
3.261
1.627
1.634
67
267
340
342
321
327
326
293
240
329
207
127
56
18
Morada da Colina I
Morada da Colina 2
Jardim da Colina
10
Lot. Gávea
Morada da Colina
2,740
632
1.676
836
840
34
137
175
176
165
168
168
151
124
169
107
65
29
9
Vigilato Pereira
Vila Povoa
Jd. N. Recanto
Vigilato Pereira
1,312
1.418
4.375
2.183
2.192
89
358
456
459
430
439
438
393
322
442
278
170
76
24
Lot. Souza Santos
Saraiva
Belo Horizonte
Santa Maria
Vila Pres. Vargas
Saraiva
1,142
3.252
8.295
4.139
4.156
169
679
865
871
815
832
830
745
611
838
528
323
144
46
Jardim Ozanan –NI
Lot. Lagoinha – NI
Leão XIII – NI
Resid. Carajás – NI
Jardim Xangrilá – NI
Pampulha I – NI
9
Lot. Pampulha II – NI
1.932
6.530
3.258
3.272
133
534
681
686
642
655
654
586
481
660
415
254
113
36
Jd. Inconfidência
Jd. Indaiá
Jd. das Acácias
Jd. Karaíba
22
Ipanema Sul
Jd. Karaíba
2,780
3.252
8.295
4.139
4.156
169
679
865
871
815
832
830
745
611
838
528
323
144
46
S. Mônica Rem.
Santa Luzia
Santa Luzia
0,708
1.178
3.855
1.924
1.931
79
315
402
405
379
387
386
346
284
389
245
150
67
21
Parque Granada
Buritis
Parque Granada
0,479
2.290
6.523
3.255
3.268
133
534
680
685
641
654
653
586
481
659
415
254
113
36
Sâo Jorge I
São Jorge III
São Jorge III- Prol.
Resid. Viviane
São Grabriel
Seringueira
São Jorge
4,817
6.427
21.348
10.653
10.695
435
1.746
2.227
2.242
2.099
2.141
2.137
1.917
1.573
2.156
1.358
830
369
117
Sítio R. P. Laranj.
Laranjeiras
São Jorge II
São Jorge IV
Paineiras
21
Jd. Aurora
Laranjeiras
4,934
4.473
14.546
7.258
7.288
297
1.190
1.517
1.527
1.430
1.459
1.456
1.306
1.072
1.469
925
566
252
80
ANEXO 8
Livros Grátis
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