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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PROGRAMA INTERUNIDADES DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENERGIA
ORLANDO LISITA JÚNIOR
Sistemas fotovoltaicos conectados à rede: Estudo de caso
- 3 kWp instalados no estacionamento do IEE-USP
São Paulo
2005
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ORLANDO LISITA JÚNIOR
Sistemas fotovoltaicos conectados à rede: Estudo de caso
- 3 kWp instalados no estacionamento do IEE-USP
Dissertação apresentada ao Programa
Interunidades de Pós-Graduação em Energia
da Universidade de São Paulo (Instituto de
Eletrotécnica e Energia / Escola Politécnica /
Instituto de Física / Faculdade de Economia
e Administração) para obtenção do título de
Mestre em Energia.
Orientador: Prof. Dr. Roberto Zilles
São Paulo
2005
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO PARCIAL E DIVULGAÇÃO TOTAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE.
Catalogação na Publicação
Serviço de Documentação do Programa Interunidades de Pós-Graduação em
Energia
Instituto de Eletrotécnica e Energia / Escola Politécnica / Faculdade de Economia e
Administração / Instituto de Física
Lisita Júnior, Orlando
Sistemas fotovoltaicos conectados à rede: Estudo de caso de 3 kWp
instalados no estacionamento do IEE-USP / Orlando Lisita Júnior;
Orientador Roberto Zilles. São Paulo, 2005.
81 f.: 29 fig.
Dissertação (Mestrado - Programa Interunidades de Pós-Graduação
em Energia) – Instituto de Eletrotécnica e Energia / Escola Politécnica /
Faculdade de Economia e Administração / Instituto de Física da
Universidade de São Paulo.
1. Sistemas Fotovoltaicos. 2. Conexão à rede. 3. Geração distribuida
FOLHA DE APROVAÇÃO
Orlando Lisita Junior
Sistemas fotovoltaicos conectados à rede: Estudo de caso - 3 kWp
instalados no estacionamento do IEE-USP
Dissertação apresentada ao Programa
Interunidades de Pós-Graduação em Energia
da Universidade de São Paulo (Instituto de
Eletrotécnica e Energia / Escola Politécnica /
Instituto de Física / Faculdade de Economia e
Administração) para obtenção do título de
Mestre em Energia.
Aprovado em:
Banca Examinadora
Prof. Dr. Roberto Zilles, IEE/USP
Prof. Dr. Murilo Tadeu Werneck Fagá, IEE/USP
Prof. Dr. Sérgio Henrique Fereira de Oliveira, UFMA
Para Cyro Lisita.
Para os homens e às mulheres que trabalham
para que a implantação da produção de
energia solar fotovoltaica se torne uma
realidade no Brasil.
Agradecimentos
Gostaria de registrar meus agradecimentos a todas as pessoas que, de alguma
forma, contribuíram para a realização deste estudo:
Ao professor Dr. Roberto Zilles, pela orientação sempre disponível, segura,
competente e amiga.
Aos professores do Instituto de Eletrotécnica e Energia (IEE-USP), pelos
momentos de aprendizagem e crescimento profissional.
À Alaan Brito, Federico Moranti, Ivo Salazar, Luis Oliveira, Miguel Salcedo e,
em especial, Wilson Macedo, colegas de Mestrado e Doutorado do Instituto
de Eletrotécnica e Energia (IEE-USP), por compartilharem interesses e
estudos sobre Energia Solar.
A Universidade Católica de Goiás e aos professores do Departamento de
Arquitetura, pela licença concedida.
Aos meus pais Orlando Lisita e Francisca Lisita, pela presença constante e
pelo apóio incondicional.
Às minhas irmãs e aos meus sobrinhos, Alessandra, Carmem, Thomas, Ciro
Filho, Giordano e Horácio.
Aos meus amigos, em particular Gerson Antônio, Ciro Arantes, Francisco,
Horácio, Benaias, Cláudia, Rosane, Romualdo, Selma, Kátia, Anselmo,
Maristela, Dalva, Sandra, Nilo, Ana Lúcia, Lana, Libâneo e Madalena, pela
amizade.
À Verbena Lisita, pela felicidade construída no dia a dia.
SUMÁRIO
Lista de Figuras............................................................................................................ 3
Lista de Tabelas............................................................................................................ 6
Resumo......................................................................................................................... 7
Abstract ........................................................................................................................8
INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 9
Capítulo 1 - SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE............... 13
1.1 Grandes centrais............................................................................................ 13
1.2 Produção distribuída ..................................................................................... 18
Capítulo 2 - GUIA DE INSTALAÇÃO DOS SISTEMAS FOTOVOLTAICOS
CONECTADOS À REDE ..................................................................... 25
2.1 Estrutura de suporte ...................................................................................... 25
2.2 Cabeamento .................................................................................................. 26
2.3 Proteção ........................................................................................................ 27
2.4 Tipos de conexão dos módulos..................................................................... 29
2.5 Inversor ......................................................................................................... 30
2.6 Ponto de interconexão................................................................................... 32
Capítulo 3 - DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE 3 kWp INSTALADO NO
ESTACIONAMENTO DO IEE-USP.................................................... 35
3.1 Introdução ..................................................................................................... 35
3.2 Escolha do local ............................................................................................ 35
3.3 Estrutura de suporte ...................................................................................... 37
3.4 Escolha dos módulos .................................................................................... 38
3.5 Escolha dos inversores.................................................................................. 39
3.6 Tipo de ligação.............................................................................................. 40
3.7 Escolha dos condutores................................................................................. 43
3.7.1 Trecho em corrente contínua (cc).................................................... 43
3.7.2 Trecho em corrente alternada (ca) ................................................... 44
3.8 Proteção ........................................................................................................ 44
3.8.1 Trecho em corrente contínua (cc).................................................... 44
3.8.2 Trecho em corrente alternada (ca) ................................................... 45
3.9 Aterramento .................................................................................................. 45
3.10 Medidores ..................................................................................................... 46
3.11 Visão global do sistema ................................................................................ 48
Capítulo 4 - ANÁLISE ECONÔMICA: ESTUDO DE CASO (3 kWp
CONECTADO À REDE DO LSF)........................................................ 49
4.1 Introdução ..................................................................................................... 49
4.2 Cálculo dos módulos..................................................................................... 50
4.3 Cálculo da estimativa de energia a ser produzida pelos módulos................. 51
4.4 Cálculo da energia economizada .................................................................. 55
4.5 Gastos de instalação...................................................................................... 57
4.6 Análise econômica........................................................................................ 58
4.7 Comparação com a Espanha ......................................................................... 65
4.8 Comparação com a Alemanha ...................................................................... 66
4.9 Resultados..................................................................................................... 67
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 74
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................... 78
TRABALHOS PUBLICADOS DURANTE A ELABORAÇÃO DESTA
MONOGRAFIA......................................................................................................... 81
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Foto da central fotovoltaica do Centro de Feiras e Comércio de
Munique (Alemanha). Fonte: Cunow (2001).......................................... 16
Figura 2 - Esquema de uma casa com instalação fotovoltaica conectada à rede
elétrica de baixa tensão: com painéis, medição e equipamentos de
consumo. (Fonte: Ecopower - Itália)....................................................... 19
Figura 3 - Curva de carga de uma residência (em vermelho), contrastada com
a curva de produção de um sistema fotovoltaico com 700 Wp
instalados (em verde). Fonte: Oliveira (2002) ........................................ 22
Figura 4 - Curva de carga de prédio comercial com o consumo de energia
(azul traço fino), Energia fotogerada (em vermelho) e Energia
comprada da concessionária (azul traço grosso). Fonte: Oliveira
(2002) ...................................................................................................... 23
Figura 5 - Instalação de inversores com a alimentação separada por pólo
positivo e negativo em eletrodutos. Foto Lisita Jr. (2004)...................... 27
Figura 6 - Sistema de proteção com chave fusível para cc e conectores.
Foto Lisita Jr. (2004)............................................................................... 28
Figura 7 - Esquema com Interconexão entre a medição e o consumo –
adaptado. Fonte: Zilles (2002) ................................................................ 32
Figura 8 - Esquema com Interconexão antes da medição – adaptado.
Fonte: Zilles (2002)................................................................................. 33
Figura 9 - Quadro de distribuição com a interconexão do sistema fotovoltaico.
Foto Lisita Jr (2004)................................................................................ 34
Figura 10 - Fachada frontal do novo prédio do IME/USP. Foto: L. G. Oliveira
(2004) ...................................................................................................... 36
Figura 11 - Esquema de sustentação.......................................................................... 37
Figura 12 - Estrutura de suporte. Foto Lisita Jr. (2004)............................................. 38
Figura 13 - Diagrama esquemático do sistema.......................................................... 40
Figura 14 - Inversores instalados na estrutura de suporte dos módulos, ao
tempo. Foto Lisita Jr. (2004)................................................................... 41
Figura 15 - Configuração das conexões..................................................................... 42
Figura 16 - Detalhe da ligação elétrica entre os módulos. Foto Lisita Jr (2004)....... 43
Figura 17 - Detalhe da proteção em cc e ca. Foto: Lisita Jr (2004)........................... 44
Figura 18 - Detalhe da medição. Foto Lisita Jr (2004).............................................. 46
Figura 19 - Esquema da ligação dos inversores monofásicos ao medidor
trifásico.................................................................................................... 47
Figura 20 - Esquema de ligação dos medidores com a carga .................................... 47
Figura 21 - Sistema completo. Foto Zilles (2005) ..................................................... 48
Figura 22 - Irradiação solar diária média na cidade de São Paulo............................. 53
Figura 23 - Produção mensal de energia elétrica pelo sistema fotovoltaico de
2,5 kWp................................................................................................... 68
Figura 24 - Produção diária de energia elétrica do sistema de 2,5 kWp, mês
maio......................................................................................................... 69
Figura 25 - Produção diária de energia elétrica do sistema de 2,5 kWp, mês
junho........................................................................................................ 69
Figura 26 - Produção diária de energia elétrica do sistema de 2,5 kWp, mês
julho......................................................................................................... 70
Figura 27 - Produtividade mensal do sistema de 2,5 kWp......................................... 71
Figura 28 - Fator de capacidade mensal do sistema de 2,5 kWp............................... 72
Figura 29 - Produção mensal de energia elétrica estimada e realmente
produzida pelo sistema fotovoltaico de 2,5 kWp .................................... 72
LISTA DE TABELAS
Tabela I. Maiores centrais fotovoltaicas da Alemanha......................................... 15
Tabela II. Tipos de inversores e principais características.
Fonte: Caamaño (1998)......................................................................... 31
Tabela III. Dados elétricos e físicos dos módulos APX-50 .................................... 39
Tabela IV. Dados elétricos e físicos dos inversores SB1100U ............................... 42
Tabela V. Irradiação em superfície horizontal....................................................... 52
Tabela VI. Irradiação em superfície inclinada de 23° em relação ao equador........ 52
Tabela VII. Cálculo mensal da energia produzida por meio de um sistema de
3 kWp com módulos fotovoltaicos, em São Paulo................................ 54
Tabela VIII. Cálculo do fator de recuperação do capital ........................................... 60
Tabela IX. Análise do custo do ciclo de vida para um SFCR de 3 kWp ................ 61
Tabela X. Tarifa da energia fotovoltaica na Alemanha divida por tipo de
instalação e potência. Fonte: “il sole a 360° janeiro de 2004”.............. 67
Tabela XI. Produção mensal e produtividade do sistema fotovoltaico
de 2,5 kWp ............................................................................................ 70
RESUMO
O presente trabalho investiga a viabilidade econômica da instalação de um
sistema de 3 kWp, conectada à rede elétrica de baixa tensão no Laboratório de
Sistemas de Fotovoltaicos do Instituto de Eletrotécnica e Energia - Universidade de
São Paulo, LSF-IEE/USP. Considerando que a barreira técnica para a disseminação
dessa forma de produção de energia elétrica de maneira descentralizada já foi
superada, estudar as barreiras econômicas poderá auxiliar na propagação dessa
tecnologia no país.
A questão da busca de fontes alternativas e renováveis de produção de
energia elétrica, que não ocasionem graves problemas ambientais, há muito deixou
de ser um sonho de idealistas. Já é uma realidade concreta e confiável, sendo visível
em muitos países. Hoje em dia, é possível encontrar os aerogeradores espalhados
pelos campos e orlas de vários países, além dos telhados fotovoltaicos em várias
edificações de diversos centros urbanos dos países mais ricos do mundo gerando
eletricidade limpa.
No Brasil, a tecnologia fotovoltaica ainda não conseguiu superar sua
principal barreira, a econômica, pois a energia gerada pelos módulos fotovoltaicos
continua possuindo um custo muito superior à gerada pelas hidrelétricas, principal
fonte da matriz elétrica nacional. Esse custo elevado também está presente em outros
países como a Espanha e a Alemanha, com matrizes energéticas diversas da
brasileira, sendo que isso não se constituiu em fator impeditivo para que nesses
países se desenvolvesse um forte mercado fotovoltaico. Isso se deve à adoção de
programas de incentivos que os governos locais deram para o crescimento da
indústria e depois para os consumidores.
Comparando os dados coletados neste estudo com a realidade dos países
citados, este trabalho mostra que a produção de eletricidade fotovoltaica, mesmo
considerando suas vantagens e seus benefícios, só se tornará viável e encontrará um
ambiente favorável para sua expansão no país se forem concedidos incentivos para
que a indústria fotovoltaica se desenvolva e se houver o pagamento de subsídios para
que o consumidor tenha interesse em investir nesse tipo de produção de energia
elétrica. O valor do subsídio calculado, visando apenas recompor o investimento
inicial, é de R$ 1,74 (um real e setenta e quatro centavos) para cada unidade de
energia produzida.
ABSTRACT
This research project investigates the economic viability of installing a 3-
kWp system, connected to the low voltage electrical network at the University of São
Paulo’s Electrotechnical and Energy Institute’s Photovoltaic System Laboratory
(Laboratório de Sistemas de Fotovoltaicos do Instituto de Eletrotécnica e Energia -
Universidade de São Paulo, LSF-IEE/USP). Since the technical barrier to
disseminate this type of electric energy production in a decentralized manner has
been overcome, studying the economic hurdles may help propagate this technology
in the country.
The search for alternative, renewable sources of electric energy production
that do not cause severe environmental problems has long gone beyond being an
idealistic dream. This is already a concrete and reliable reality in several of the
world’s rich countries, where one can now find aerogenerators covering fields and
coastal areas, and photovoltaic roofs installed in several buildings in many urban
centers, generating clean electricity.
In Brazil, photovoltaic technology has not overcome its main hurdle yet: the
price tag. The power generated by the photovoltaic modules is still much more
expansive than the one that is generated by the hydroelectric plants, the main source
for the national power grid. This cost is also high in other countries, such as Spain
and Germany, where the power matrices differ from the Brazilian one; but this was
no impediment for a strong photovoltaic market to be developed there, where local
governments adopted incentive programs to grow the industry and to encourage
consumers.
Comparing the data collected in this study to the reality in the above-
mentioned countries, this research project shows that the production of photovoltaic
electricity, even taking its advantages and benefits into account, will only be viable
and find an environment that will favor its expansion in the country if incentives are
granted to develop the photovoltaic industry and if subsidies are paid for the
consumer to be interested in investing in this type of energy. The value of the
subsidy, aiming only at recomposing the initial investment, has been calculated at
R$1.74 (one Real and seventy-four cents) for each energy unit produced.
INTRODUÇÃO
A atual crise do petróleo com os preços subindo a cada dia, chegando a
ultrapassar a barreira dos U$ 70,00 (setenta dólares); a crise do gás natural na Bolívia
(principal fornecedora desse produto ao Brasil)
1
; a escassez de recursos para a
construção de grandes obras civis (barragens); e os problemas ambientais causados
pelo alagamento de grandes áreas são fatos que motivam utilizar novas tecnologias
para a produção elétrica, de forma a reduzir a dependência externa (petróleo e gás
natural) e preservar o meio ambiente (usinas hidrelétricas), utilizando fontes
renováveis de energia.
A produção de energia elétrica utilizando a energia solar através dos
módulos fotovoltaicos, e a sua conexão com a rede elétrica de distribuição, é uma
realidade em diversos paises e vem crescendo e se consolidando como uma forma
limpa de se produzir eletricidade.
Um exemplo disso, segundo a revista Era Solar (n° 126, 2005), é a União
Européia, que terminou o ano de 2004 com uma potência instalada, contando apenas
sistemas conectados à rede elétrica, de aproximadamente 920,0 MW. Desse total,
43,76% (402,66 MW) foi instalado naquele ano. Ainda segundo essa publicação,
1
Em agosto de 2005, o preço do barril de petróleo ultrapassou a barreira dos U$ 70,00 devido ao nível
baixo dos estoques americanos, próximo ao inverno no hemisfério norte, e a passagem do furacão
Katrina pelo Golfo do México, que fez com que as companhias petrolíferas fechassem suas
explorações na região. A crise do gás natural na Bolívia está relacionada à nova lei de hidrocarbonetos
naquele país que aumentou a taxação sobre as empresas estrangeiras.
10
outro dado que demonstra o crescimento dessa indústria no mundo é a expansão da
produção de células fotovoltaicas que finalizou o ano de 2004 com uma fabricação
de 1.194,0 MWp, representando um acréscimo de 60,5 % em relação ao ano de 2003.
Entretanto no Brasil, a produção fotovoltaica conectada à rede elétrica (de
alta ou de baixa tensão) permanece restrita, não tendo ainda conseguido extrapolar os
muros dos laboratórios e dos centros de pesquisas. Isso se deve a existências de
barreiras de diversas ordens: econômica, financeira, políticas (falta de
regulamentação) e cultural (no país, quase a totalidade da produção elétrica é
centralizada e por meio de grandes barragens). A barreira técnica (montagem do
sistema, operação e a conexão com a rede elétrica de distribuição) pode ser
considerada vencida, pois como será demonstrado, tais questões não apresentam
complicações na sua execução.
Uma das vantagens da produção de energia elétrica por meio de módulos
fotovoltaicos é a possibilidade de se construir desde grandes usinas geradoras – em
se tratando de produção fotovoltaica –, próximas aos centros urbanos, como por
exemplo, a de Mühlhause (Baviera-Alemanha) de 6,3 MWp, até pequenas
instalações, conhecidas como produção distribuída, situadas nas coberturas dos
edifícios urbanos. Estas, principalmente, dispensam as longas e caras Linhas de
Transmissão (LT) que, além disso, ainda provocam impactos ambientais.
Assim como estas, outras vantagens serão discutidas neste trabalho,
ressaltando as principais barreiras que persistem e bloqueiam o desenvolvimento do
mercado ainda marginal e inexpressivo dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede
no país.
Neste trabalho, apresenta-se o detalhamento de um sistema fotovoltaico,
com potência de 3,0 kWp, que foi instalado no Instituto de Eletrotécnica e Energia da
Universidade de São Paulo (IEE-USP) como cobertura de parte de um
estacionamento. São apresentados os custos totais de instalação, a estimativa de
produção de eletricidade, os cálculos de avaliação da viabilidade financeira e o valor
do subsidio necessário para cobrir os gastos de instalação. O subsídio deverá ser
11
pago ao investidor sobre a produção de eletricidade fotogerada ao longo da vida útil
do sistema. Adicionalmente, são apresentados os resultados da produção mensal de
energia obtidos entre os meses de janeiro a julho de 2005.
O presente trabalho está dividido em quatro capítulos e uma conclusão, que
abordam os seguintes assuntos:
- Capítulo 1 – apresenta a situação atual da produção de eletricidade com
sistemas fotovoltaicos conectados à rede, separada em grandes centrais e
produção distribuída, com ênfase nesta, que são os sistemas conectados à
rede elétrica de baixa tensão montados em edificações urbanas.
- Capítulo 2 – traz um guia de instalação de um sistema fotovoltaico
conectado à rede elétrica de baixa tensão, no qual são apresentadas
informações sobre estrutura de suporte, sobre a escolha do tipo de
cabeamento no circuito de corrente contínua e na parte de corrente
alternada e também sobre os sistemas de proteção que devem ser
utilizados para garantir a segurança do usuário e das instalações; é
abordada ainda a questão do inversor que transforma a corrente contínua
(cc), entregue pelos módulos fotovoltaicos, em corrente alternada (ca)
para ser injetada na rede elétrica de distribuição; e por último indicam-se
as possíveis formas de interconexão, apresentando as vantagens e
desvantagens.
- Capítulo 3 – faz a descrição do novo sistema de 3,0 kWp, que foi
instalado em forma de cobertura de parte do estacionamento e alimentou
o Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos do IEE-USP, com a definição do
local; detalhamento da estrutura de suporte com a apresentação do
material empregado; apresentação dos módulos fotovoltaicos e dos
inversores cc/ca que foram utilizados nessa instalação; os tipos de ligação
série e paralelo empregados nesse novo sistema; e finalmente é
apresentada a interconexão e o sistema de medição que é feita tanto da
energia fotogerada como da energia consumida.
- Capítulo 4 – apresenta a análise econômica do sistema fotovoltaico
descrito no capítulo anterior com base na estimativa de produção elétrica
12
do sistema; demonstra a forma de calcular o número de módulos, a partir
da qual faz a estimativa da energia que pode ser produzida por estes,
considerando a irradiação solar no local e calculando assim a
produtividade e o fator de capacidade do sistema; prosseguindo,
apresenta-se o cálculo da energia economizada, ou seja, a energia que
deixará de ser comprada da concessionária. Com a demonstração dos
custos da instalação do sistema fotovoltaico de 3,0 kWp, é analisada a
viabilidade econômica e o valor do subsidio que deve ser pago para que a
energia elétrica produzida, ao longo de sua vida útil, cubra o
investimento feito na instalação do sistema. Neste capítulo, ainda é feita
uma comparação do valor do subsídio calculado com o que é pago na
Espanha e Alemanha, países que empregam esse instrumento. Por fim,
são apresentados os resultados da operação do sistema de janeiro a julho
de 2005 e comparados com a estimativa inicial.
- Conclusão – discute os resultados do sistema fotovoltaico implantado e
apresenta algumas sugestões para futuros trabalhos.
Capítulo 1
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE
Os sistemas fotovoltaicos conectados à rede podem ser de grande porte (as
centrais fotovoltaicas) ou de pequeno porte (descentralizada e instalada em
edificações urbanas).
1.1 Grandes centrais
Essa foi à forma inicial de fazer os sistemas fotovoltaicos conectados à rede.
Seguia a tradição da produção elétrica convencional, ou seja, grandes centrais gerando
grandes quantidades de energia. Nesses sistemas, a energia é entregue em alta tensão e
transmitida até os centros consumidores da mesma forma que nos sistemas
convencionais. Entre estas, podemos citar: Carrisa com 5,2 MWp (Califórnia – EUA –
1985); Rancho Seco com 2,0 MWp (Califórnia – EUA – 1984/86); Saijo com 1,2
MWp (Japão – 1985); Hespéria com 1,1 MWp (Califórnia – EUA – 1982)
2
.
A construção dessas centrais seguiu o padrão das usinas hidrelétricas, ou
seja, quanto maior a capacidade de produção da usina menor é o preço da energia
produzida. Acreditava-se que isso também ocorreria nas centrais fotovoltaicas. Após
2
Disponível no sitio www.pvportal.com.
14
os estudos dos dados obtidos nessas experiências, isso se provou equivocado, pois
essas grandes construções não fizeram o preço da energia fotovoltaica produzida
diminuir. Isso porque o rendimento dos módulos não está relacionado com o
tamanho da instalação e sim com o desenvolvimento tecnológico da produção das
células e com a economia de escala dessa fabricação. A quantidade de energia
elétrica produzida depende da quantidade de módulos instalados e o preço destes não
varia de forma significativa para uma grande instalação, não afetando o valor da
energia produzida.
Além disso, nesse tipo de produção de energia, não são aproveitadas
algumas das características importantes dos módulos fotovoltaicos, tais como:
- Possibilidade de instalar junto à carga, evitando assim perdas com a
transmissão e distribuição de energia;
- Possibilidade de utilização de telhados e a integração à edificação, fazendo
com que a produção de energia elétrica ocupe espaços já utilizados;
- Modularidade.
Apesar de não ter conseguido diminuir o preço da energia elétrica
fotovoltaica nessas experiências iniciais, o apelo por uma produção limpa, sem
poluição do ar com a queima de combustíveis fósseis e sem resíduos radioativos das
centrais nucleares, fez com que as grandes centrais fotovoltaicas voltassem a ser
implementadas. Isso ocorre principalmente na Alemanha que promete acabar com
suas usinas nucleares até 2010 e quer ampliar seu parque de produção de energia
elétrica com fontes renováveis de energia.
Como conseqüência do incentivo do governo às fontes renováveis de
energia, a Alemanha, que já era a maior produtora de energia eólica, se tornou, em
2004, o país com maior número de instalações fotovoltaicas em um ano
3
. Além
disso, as maiores centrais fotovoltaicas do mundo estão sendo construídas nesse país,
conforme se pode perceber pela tabela I.
3
Dados do sitio www.energias-renovables.com, consultado em 11/08/2005.
15
Ademais, a entrada de grandes companhias petrolíferas no ramo da energia
fotovoltaica tem ajudado a impulsionar o mercado de grandes centrais. Exemplo
disso é a multinacional inglesa British Petroleum (BP), que vem investindo na
construção de grandes centrais fotovoltaicas, tais como: a Central de Toledo com 1,0
MWp (Espanha – 1994) e mais recentemente a de Twenty-nine Palms, com 1,3
MWp (Califórnia – Estados Unidos – 2003).
Tabela I. Maiores centrais fotovoltaicas da Alemanha.
LOCAL POTÊNCIA INÍCIO DA OPERAÇÃO
Mühlhause (Baviera) 6,3 MWp Dezembro 2004
Bürstadt 5,0 MWp Fevereiro 2005
Espenhain 5,0 MWp Agosto 2004
Hemau (Hamburgo) 4,0 MWp 2003
Neustad 2,0 MWp 2002
Munique 2,1 MWp 2002
Sonnen (Hamburgo) 1,75 MWp 2002
Oberötzdorf-Untergriesbach (Passau) 1,7 MWp 2003
Fonte: PV Resourses.
4
Outra empresa do setor petrolífero que investe em sistemas fotovoltaicos é a
anglo-holandesa Shell que recentemente comprou a divisão de energia solar da
Siemens e criou a Shell Solar. Essa nova divisão construiu as seguintes centrais:
Vijfhuizen com 2,3 MWp (Holanda – 2002), Rotterdam com 500 kWp (Holanda –
2004), além da de Munique citada na tabela I.
O interesse das companhias petrolíferas advém da necessidade de se buscar
alternativas energéticas aos combustíveis fósseis (principalmente ao petróleo), cujas
reservas estão se esgotando.
Outros exemplos de grandes centrais fotovoltaicas são: Serre com
3,3 MWp (Salerno – Itália – 1994) e as recentemente montadas Tudela com 1,18
MWp (Navarra – Espanha – 2002); Rancho Seco com 3,9 MWp (Califórnia – EUA –
2000); Tucson com 3,78 MWp (Arizona – EUA – 2003).
4
Disponível no sitio www.pvresources.com/top5pvsystems, consultado em 23/11/2004
16
A seguir, serão apresentados alguns dados de algumas dessas centrais.
A central de Munique, Figura 1, é o maior exemplo de instalações
fotovoltaicas em telhados em todo o mundo. Localiza-se sobre o Centro de Feiras e
Comércio de Munique. Segundo Cunow (2001), essa central conta com 7.812
módulos de silício (Si) monocristalino de 130 Wp.
Figura 1. Foto da central fotovoltaica do Centro de Feiras e Comércio de Munique (Alemanha).
Fonte: Cunow, 2001.
Toda energia produzida é consumida pelo Centro, assim o sistema é livre de
perdas de transmissão e distribuição. Cabe ressaltar que em 2002 a Shell Solar
ampliou essa central com mais 1.058 kWp, passando assim para aproximadamente
2,1 MWp.
A central de Serre, na Itália, foi durante muitos anos a maior do mundo, já
que a central de Carrisa (EUA) foi desmontada antes que essa estivesse totalmente
instalada. Serre possui dez campos de 330 kWp: nove fixos com módulos de Si
policristalino e um com seguimento solar com módulos de Si monocristalino. Os
quase 60.000 módulos ocupam uma área de 26.500m
2
.
17
A central de Toledo
5
, na Espanha, tem uma potência instalada de 1,1 MWp,
distribuída em 7.936 módulos de células de Si monocristalino e policristalino,
divididos em três subsistemas: dois com potência de 450 kWp e um de 100 kWp,
sendo que este se encontra instalado em uma estrutura com seguimento solar eixo
norte-sul. Essa central ocupa uma área de 30.000 m².
A mais recente e maior central fotovoltaica da Espanha é a de Tudela, na
região de Navarra. Com potência instalada de 1,18 MWp, ela possui 10.080 módulos
ocupando uma área de 60.000 m². Seus arranjos possuem sistema de seguimento
solar eixo leste-oeste para otimizar a captação de luz solar
6
.
A maior central fotovoltaica do mundo está localizada em Mühlhausen na
Baviera, Alemanha
7
, e possui uma potência total instalada de 6,3 MWp. Essa central
faz parte do Parque Solar da Bavária, o maior do mundo, que conta ainda com outras
duas centrais com potência nominal de 1,9 MWp cada, situadas em Günching y
Minihof, totalizando 10,1 MWp. Possui sistema de seguimento solar e os 57.600
módulos fotovoltaicos ocupam uma área de aproximadamente 250.000 m
2
.
Com relação ao seguimento solar, presente em todas as novas grandes
centrais fotovoltaicas, Lorenzo (2004) afirma que o uso de seguimento solar melhora
o rendimento energético e econômico dos sistemas onde estão instalados, como
média estima um ganho de cerca de 35%. Ele cita ainda quatro tipos de seguimento
solar:
- em dois eixos – a superfície se mantém sempre perpendicular ao Sol;
- em um eixo polar – a superfície gira sobre um eixo orientado ao norte e
inclinado em um ângulo igual à latitude;
- em um eixo azimutal – a superfície gira sobre um eixo vertical e o ângulo
de inclinação da superfície é constante e igual ao da latitude;
- em um eixo horizontal – a superfície gira sobre um eixo horizontal e
orientado em direção norte-sul.
5
Dados do sitio www.toledopv.com, consultado em 06/03/2004.
6
Dados do sitio www.ehn.es, consultado em 06/03/2004.
7
Dados do sitio www.energias-renovables.com, consultado em 10/07/2005.
18
1.2 Produção distribuída
Como a proposta deste trabalho está relacionada à produção de energia
conectada à rede elétrica de baixa tensão, será apresentada uma análise mais
detalhada desse tipo de produção aplicada a pequenas instalações.
A chamada produção distribuída é constituída pelos módulos fotovoltaicos
montados diretamente nas edificações ou em outros locais, tais como coberturas de
estacionamentos, áreas livres etc. Essas edificações serão alimentadas pela energia
elétrica produzida por esses módulos, através de um inversor cc/ca,
concomitantemente com a rede elétrica de distribuição em baixa tensão na qual estão
interligadas. Esse sistema de produção de energia elétrica geralmente está presente
em residências e em pequenos comércios.
A produção distribuída é a forma de instalação de painéis fotovoltaicos
conectados à rede que mais tem se desenvolvido no mundo ultimamente e vem
contando com auxílio governamental em vários países como, por exemplo, o Ato que
concede prioridade a fontes de energia renováveis na Alemanha
8
e o Real Decreto
na Espanha
9
. A viabilidade dessas instalações pode ser comprovada, de acordo com
o Guia Solar – Greenpeace Espanha (2003), pelo êxito do programa alemão que teve
início em 1999 e terminou em junho de 2002, antes do previsto, com um total de 300
MW instalados.
Na Figura 2, encontram-se todos os elementos que são utilizados em uma
instalação solar fotovoltaica conectada à rede. Verificam-se os módulos onde ocorre
a transformação de luz em energia elétrica, o inversor, a rede elétrica de distribuição,
os medidores de energia e alguns exemplos de equipamentos de uso final de energia
elétrica.
8
Conhecido como projeto dos 100.000 telhados solares - Act on Granting Priority to Renewable
Energy Sources; Renewable EnergyAct, Germany, 2000
9
Real Decreto 2818/1998 y su posterior modificación del 2 de agosto de 2002 en el artículo 12 del
Real Decreto 841/2002 que actualiza la normativa existente al respecto y regula las relaciones entre el
productor de energía renovable y las compañías eléctricas.
19
As principais vantagens desses sistemas são:
- A energia é produzida junto à carga, diminuindo assim as perdas nas
redes de transmissão e distribuição;
- A produção de energia elétrica ocupa um espaço já utilizado, uma vez
que esta é integrada à edificação;
- Existe a coincidência no consumo, principalmente em se tratando de
prédios comerciais onde a maior utilização acontece no horário de maior
produção de energia pelos módulos;
Figura 2. Esquema de uma casa com instalação fotovoltaica conectada à rede elétrica de
baixa tensão: com painéis, medição e equipamentos de consumo.
Fonte: Ecopower - Itália
10
- O sistema possui modularidade, ou seja, pode ser ampliado conforme
haja aumento da carga da edificação, se houver espaço para isso;
- A montagem do sistema pode substituir materiais de revestimento e de
cobertura;
10
Disponível em: www.adriaticateam.com/ecopower/fotovoltaico/07_tetti.htm.
20
- É uma fonte de produção de energia elétrica inesgotável, que está
disponível praticamente em todos os locais, e produz energia limpa,
silenciosa e renovável, sem emitir gases causadores do efeito estufa.
Nos sistemas interligados à rede elétrica de distribuição, os geradores (módulos
fotovoltaicos) podem ser dimensionados para atender parte ou toda demanda da
edificação. Essa produção de energia elétrica ocorre em cc e a utilização de eletricidade é
feita em ca. Assim, é necessário um inversor que irá transformar cc em ca.
Uma das dificuldades de implementação desses sistemas é a oposição das
concessionárias de energia, pois estas temem a perda de faturamento. Essa
dificuldade é encontrada em várias partes do mundo. Um exemplo é Hong Kong,
onde o monopólio da rede de distribuição local cria obstáculos à entrada de produção
distribuída, afirma Yang (2003, p. 56):
Para sistemas conectados, um dos obstáculos para seu uso em Hong Kong é o
controle de monopólio da rede de distribuição local através de duas companhias
de energia.
O guia Solar do Greenpeace da Espanha (2003, p. 41) também denuncia
essa situação:
Infelizmente a atitude das companhias elétricas não são muito receptivas. Na
maioria dos casos o serviço de atendimento ao público não reconhece nem a
existência dos sistemas distribuídos de produção de eletricidade (particularmente
fotovoltaicos) conectados à rede.
Lorenzo (2003) fala da resistência das poucas companhias de distribuição
espanholas em aceitar a entrada dos sistemas fotovoltaicos, pois estes tendem a
reduzir o faturamento dessas empresas.
Porém, um dos fatores que mais influencia na dificuldade de uma maior
popularização desse tipo de produção de eletricidade é o alto preço dos módulos
fotovoltaicos. Por isso, é necessário que se institua algum tipo de subsídio que
incentive o desenvolvimento dessa tecnologia e favoreça a redução de preços por
meio do aumento do volume das vendas.
21
Esses subsídios devem ser voltados para incentivar a criação de empresas
nacionais com geração de empregos no país. A Alemanha, por meio de um outro
programa intitulado 1.000 telhados fotovoltaicos, que determinava que “os módulos
fotovoltaicos serão preferencialmente de fabricação alemã”, foi o primeiro país em
adotar essa estratégia.
Os subsídios concedidos pelo governo da Alemanha contemplavam 50%
dos gastos com os módulos, os suportes e a fixação destes ao telhado, os dispositivos
de proteção, os cabos dos circuitos de corrente contínua e de corrente alternada, o
inversor e a instalação do sistema. Os estados também poderiam dar uma subvenção
de até 20%. O que totalizaria 70% do valor da instalação. Além disso, segundo
Oliveira (2002), o valor pago pela energia produzida pelos módulos fotovoltaicos
(0,5051 €/kWh para instalações feitas até dezembro de 2001) era o maior valor entre
todas as fontes renováveis de energia.
Nas instalações residenciais conectadas à rede, pode-se utilizar tanto a
energia fotogerada como a convencional. Nesse tipo de conexão, não há a
necessidade de acumuladores de energia (baterias), pois quando se tem um
consumo elétrico maior que a eletricidade produzida pelos módulos fotovoltaicos
(isto ocorre normalmente ao amanhecer, durante a noite e nos dias sem ou com
baixa radiação solar), a rede irá fornecer a energia necessária para o perfeito
funcionamento da edificação. Ao contrário, quando se tem um consumo elétrico
baixo ou quando os módulos produzem eletricidade acima do que está sendo
consumido pela edificação, o excesso de energia elétrica é injetado na rede de
distribuição da concessionária. A legalização desses sistemas no nosso país ainda
depende de regulamentação.
A demonstração do descrito acima se encontra na Figura 3, sendo que no
período das 18h às 5h (noite e amanhecer), em que não se tem radiação solar, o
consumidor irá utilizar a energia da concessionária. No outro período, a residência
irá consumir a energia fotovoltaica que necessita e o restante da energia produzida
será vendida à concessionária.
22
Figura 3. Curva de carga de uma residência (em vermelho), contrastada com a curva de
produção de um sistema fotovoltaico com 700 Wp instalados (em verde).
Fonte: Oliveira, 2002.
Isso comprova que, dependendo do tamanho da instalação fotovoltaica, do
tipo de conexão à rede e dos hábitos de consumo do morador da residência, ele pode
deixar de pagar energia para a concessionária e passará a receber desta.
O balanço da compra e venda de energia pode ser feito mês a mês ou ao
final de um período de 12 meses, dependendo de como se estabeleça a
regulamentação desse tipo de comércio. No capítulo 3, será analisada a questão do
ponto de conexão, com as vantagens para os consumidores e para as concessionárias
em cada tipo de conexão. No Brasil, como os registradores de energia consumida
adotados são bidirecionais e, frente à ausência de regulamentação, tem-se, nos
sistemas fotovoltaicos em operação (todos em instituições de ensino/pesquisa), o que
se chama de netmetering. Trata-se de um sistema em que o disco do medidor de
energia possui dois tipos de rotação:
- rotação horário (o consumidor comprando energia da concessionária);
- anti-horário (o consumidor vendendo energia elétrica na rede de
distribuição da concessionária).
23
Outra forma de medição é com a instalação de dois medidores: um que
mede a energia produzida pelos módulos fotovoltaicos e o outro que registra o
consumo da energia recebida da concessionária. Dessa forma, pode-se oferecer
incentivo sobre toda a energia fotovoltaica produzida.
Nas instalações comerciais, de qualquer porte, há ainda uma vantagem
adicional que é a coincidência de produção e consumo de energia elétrica. Ou seja,
no período que mais se consome eletricidade é justamente o período que os módulos
fotovoltaicos estão produzindo energia elétrica. Com isso, dependendo do tamanho
da instalação, o consumo via concessionária poderá ser reduzido substancialmente.
Isso pode ser mais bem visualizado por meio da curva de carga, mostrada na Figura
4, do prédio administrativo do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, onde se
encontra instalado um sistema que possuía uma potência de 6,3 kWp (atualmente o
sistema possui uma potência aproximada de 12 kWp). Nessa figura, pode-se ver que
a produção de eletricidade pelos módulos fotovoltaicos supriu aproximadamente
17% (dezessete por cento) do consumo elétrico desse prédio em um dia.
Figura 4. Curva de carga de prédio comercial com o consumo de energia (azul traço fino),
energia fotogerada (em vermelho) e energia comprada da concessionária (azul traço grosso).
Fonte: Oliveira, 2002.
0 2 4 6 8 1012141618202224
hora
0
2
4
6
8
10
12
14
16
Potência (kW)
142kWh/dia
24kWh/dia
118kWh/dia
24
O traço fino em azul demonstra o consumo de energia elétrica de um dia
típico do local. A linha vermelha demonstra a energia elétrica produzida pelos
módulos fotovoltaicos instalados no referido prédio. A linha grossa azul mostra a
energia que foi comprada da concessionária, isto é, a diferença entre o que seria
consumido em um dia típico e o que foi produzido pelos módulos fotovoltaicos.
Nesse exemplo, visualiza-se a complementaridade entre a produção
fotovoltaica e o consumo elétrico da edificação. Se a potência instalada dos módulos
for aumentada, ocorrerá à diminuição da dependência da concessionária.
Capítulo 2
ORIENTAÇÕES BÁSICAS PARA A INSTALAÇÃO DOS
SISTEMAS FOTOVOLTAICOS CONECTADOS À REDE
Ao se definir pela instalação de um sistema fotovoltaico conectado à rede,
deve-se escolher um local que possua incidência de radiação solar na maior parte do
dia e que não tenha sombras provenientes de árvores, de tubulações de ventilação e
de estruturas existentes.
Deve ser, preferencialmente, voltado para o norte e os módulos deverão ter
uma inclinação igual à da latitude do local. Isso para se obter a maior produtividade
possível. Cabe aqui ressaltar que se trata de sistemas conectados à rede, pois se fosse
com sistema de acumulação, através de baterias, deveria ser a latitude mais 10° (dez
graus) para se ter um aproveitamento melhor nos meses com menor incidência da
radiação solar.
2.1 Estrutura de suporte
A estrutura de suporte dos módulos fotovoltaicos deve ser montada de
forma a facilitar tanto a instalação como a manutenção. Também deve ser projetada
para não ferir a estética e não quebrar a harmonia arquitetônica da edificação onde
vai ser montada. Sempre que possível, recomenda-se ser instalada o mais próximo do
26
ponto de conexão para diminuir o comprimento dos cabos elétricos que conduzirão a
energia produzida em corrente contínua até o inversor.
Independente do modelo, essas estruturas necessitam fazer frente a algumas
exigências que, segundo Lorenzo e Zilles (1994, p. 115-116), são as seguintes:
- Suportar ventos de até 150 km/h.
- Posicionar os módulos a uma altura de no mínimo 1 (um) metro do solo.
- Ser fabricada com materiais não corrosivos, como o ferro galvanizado e o
alumínio.
- Estar aterrada eletricamente, de acordo com as normas vigentes.
- Assegurar que as estruturas dos painéis tenham um bom contato com o
aterramento.
- Propiciar a integração estética com a edificação onde vai ser instalado.
2.2 Cabeamento
Quanto aos cabos que farão a condução da corrente contínua, é necessário
utilizar os que limitem ao máximo a queda de tensão e, para uma maior segurança
das instalações, eles devem:
- ser unipolares;
- possuir duplo isolamento;
- estar separados por pólos (positivo e negativo) e em eletrodutos distintos
(Figura 5);
- possuir caixas de passagem e de conexão, com boa vedação e isolamento,
e também separada por pólos;
- possuir isolamento que suporte temperaturas elevadas.
Esses requisitos asseguram uma maior confiabilidade ao sistema fotovoltaico,
pois diminuem as chances de ocorrer curtos-circuitos entre os potenciais positivo e
negativo decorrente de possíveis falhas. Além disso, ao se dimensionar esses cabos,
27
não se pode esquecer que a temperatura dos módulos fotovoltaicos pode ultrapassar os
50°C e, nessas condições, pela Norma Brasileira (NBR5410), a capacidade de
condução de corrente fica limitada a aproximadamente 40% daquela a 30°C.
Figura 5. Instalação de inversores. A alimentação elétrica é em corrente contínua separada
por pólo positivo e negativo em eletrodutos diferentes.
Foto: Lisita Jr., 2004.
Quanto aos cabos que farão a condução da corrente alternada, deve-se seguir o
que determina essa mesma norma (NBR5410) para instalações elétricas de baixa tensão.
2.3 Proteção
Após a passagem dos cabos em eletrodutos separados por pólos (positivo e
negativo), os condutores de corrente contínua (cc) devem chegar a uma proteção
28
antes de serem conectados ao inversor. Essa proteção serve para seccionar o circuito
de alimentação em cc, seja para a manutenção ou para qualquer ajuste no inversor.
O elemento de proteção utilizado nessa posição, normalmente, é o fusível de
cc, pois proporciona segurança ao usuário, quando instalado como chave
seccionadora, e possui um custo bem mais baixo que os disjuntores de cc (Figura 6).
Figura 6. Sistema de proteção com chave fusível para cc e conectores.
Foto: Lisita Jr., 2004.
Um dos principais riscos das instalações elétricas é o de contato com as
partes energizadas, que a NBR5410 classifica como:
Contatos diretos – que consistem no contato com partes metálicas
normalmente sob tensão (partes vivas);
Contatos indiretos – que consistem no contato com partes metálicas
normalmente não energizadas (massas), mas que podem ficar energizadas devido a
uma falha de isolamento.
As medidas de proteção descritas na NBR5410, para ambos os casos, podem
ser:
29
Medidas ativas – que consistem na utilização de dispositivos e métodos que
proporcionam o seccionamento automático do circuito quando ocorrerem situações
de perigo para os usuários;
Medidas passivas – que tratam da utilização de dispositivos e métodos que
limitem a corrente elétrica que pode atravessar o corpo humano ou impedir o acesso
às partes energizadas.
As proteções necessárias para evitar acidentes na parte da instalação em
corrente alternada já estão muito difundidas e definidas na norma supracitada com
destaque para a utilização dos dispositivos diferencial-residual (DR), que se tornaram
obrigatórios no Brasil apenas em 1997 com a revisão da norma NBR5410 e, mesmo
assim, apenas para áreas molhadas e/ou áreas externas (banheiros, cozinhas, áreas de
serviço etc.).
2.4 Tipos de conexão dos módulos
Os módulos fotovoltaicos podem ser conectados de duas formas:
- em série;
- em paralelo.
Na ligação em série, a conexão dos módulos é feita ligando-se o pólo
positivo de um módulo com o pólo negativo do outro e a saída é feita tomando o
positivo do primeiro módulo e o negativo do último módulo do conjunto em série.
Nesse tipo de conexão de módulos, a corrente total do conjunto é igual à corrente de
um módulo, porém a tensão do conjunto é igual à soma da tensão de cada um dos
módulos do conjunto, assim:
I
total
= I
1
= I
2
= I
n
V
total
= V
1
+ V
2
+ V
n
30
Na ligação em paralelo, a conexão dos módulos é feita ligando-se o pólo
positivo de um módulo com o positivo do outro e a saída é feita tomando o pólo
positivo e o negativo do último módulo do conjunto em paralelo. Nesse tipo de
conexão de módulos, a corrente total do conjunto é igual à soma das correntes de
cada módulo, porém a tensão do conjunto é igual à tensão de cada um dos módulos
do conjunto, assim:
I
total
= I
1
+ I
2
+ I
n
V
total
= V
1
= V
2
= V
n
O número de módulos que podem ser ligados em cada um dos dois tipos irá
depender do modelo do módulo e da faixa de tensão de entrada do inversor. Um
cuidado que deve ser tomado é para não ultrapassar a máxima tensão de circuito
aberto que o inversor possui.
A potência do sistema fotovoltaico é determinada pelos arranjos de módulos
conectados em paralelo, ou seja, quanto maior o número de arranjos em paralelo
maior será a potência do sistema.
2.5 Inversor
O inversor cc-ca de conexão à rede é responsável por transformar a energia
de corrente continua entregue pelos módulos fotovoltaicos para corrente alternada
senoidal. O inversor proporciona a energia em sincronismo de tensão e freqüência
com a existente na rede de distribuição.
Segundo Caamaño (1998), os inversores podem ser divididos em dois
grupos:
- pelo funcionamento;
- pelo dispositivo de interrupção.
31
Quando se analisa do ponto de vista do funcionamento, os inversores são
subdivididos em operação como fontes de tensão ou fontes de corrente; os inversores
podem, ainda, ser comutados pela rede (que são aqueles utilizados nas instalações
conectadas à rede elétrica de distribuição e que garantem o sincronismo com esta) ou
autocomutados, que independem dos parâmetros da rede.
Como os inversores são equipamentos de pequeno porte, não possuem
partes móveis e não produzem ruídos, podem ser instalados na parte interna da
edificação, sem com isso provocar grandes interferências no ambiente onde será
instalado, apenas estética (a esse respeito, consultar a Figura 5 na página 29).
Os inversores podem ainda ser instalados junto aos módulos fotovoltaicos,
na estrutura de suporte, por exemplo, desde que protegidos das intempéries ou
tenham índice de proteção (IP) adequado. A vantagem de colocá-los nessa posição é
diminuir a rede elétrica em corrente contínua dentro do ambiente interno da
edificação, diminuindo assim os riscos de acidentes.
A Tabela II mostra as principais características desses inversores.
Tabela II. Tipos de inversores e principais características.
Fontes de corrente Fontes de tensão
Simplicidade Tendência a melhorar a qualidade da rede
Tolerância a qualidade da rede Flexibilidade para operação com baterias
Mal funcionamento com rede defeituosa
Comutados pela rede Autocomutados
Simplicidade e robustez Tamanho relativamente pequeno
Elevada eficiência Corrente com pouca distorção
Impossibilidade de funcionamento em ilha Fator de potência elevado (próximo a 1)
Harmônicos de corrente elevados
Compromisso eficiência Ù qualidade da onda de
corrente
Exigem compensação reativa Possibilidade de funcionamento em ilha
Não recomendado para redes de baixa
qualidade
Fonte: Caamaño, 1998.
32
2.6 Ponto de interconexão
Uma posição ideal de interconexão entre a rede de distribuição da
concessionária e a saída do inversor é em um ponto entre o disjuntor geral da
edificação, junto à medição, e o quadro geral de distribuição (Figura 7). Em alguns
países, esse segundo ponto é antes do diferencial-residual geral. Como no Brasil esse
dispositivo não é obrigatório, como já mencionado, deve ser antes da proteção do
quadro de distribuição. A vantagem dessa posição é que, quando atua a proteção
geral da instalação (disjuntor termomagnético), isola o sistema fotovoltaico da rede
de distribuição e a atuação desse disjuntor do quadro geral isola o usuário do sistema
fotovoltaico (LORENZO, 2000).
Figura 7. Esquema com Interconexão entre a medição e o consumo – adaptado.
Fonte: Zilles, 2002.
Na interconexão apresentada na Figura 7, observa-se que a energia
fotogerada que não for consumida na própria edificação será entregue à rede de
distribuição, descontando o consumo acumulado no medidor, pois os medidores de
consumo de energia em baixa tensão no Brasil são bidirecionais.
Dependendo de como for regulamentada a comercialização dos fluxos de
energia, haverá desvantagem para o consumidor, pois quando consome da rede de
Gerador
Fotovoltaico
Inversor
cc/ac
Rede etrica
de distribuição
Carga
d
Edificão
Medidor bidirecional de ener
g
ia
kWh
Medidor de Energia
Fotovoltaica
Ponto de
fornecimento
disjuntor
kWh
QGD
33
distribuição, a energia é mais barata (hidrelétrica) que o excedente entregue à rede.
Para a concessionária, essa configuração também será desvantajosa, pois isso
representa uma perda de faturamento, uma vez que parte da energia consumida será
dos módulos fotovoltaicos e só uma parte passará pelo medidor e será faturada. Além
disso, quando a produção fotovoltaica for superior ao consumo da edificação, o
medidor da concessionária irá girar ao contrário, descontando a energia consumida.
Outra posição possível para se fazer a interconexão é antes do disjuntor
geral da medição (Figura 8). Nesse caso, será necessário colocar outro disjuntor para
isolar o sistema fotovoltaico da rede de distribuição.
Figura 8. Esquema com Interconexão antes da medição – adaptado.
Fonte: Zilles, 2002.
Com essa configuração e fazendo novamente a análise sob a ótica da
tarifação, teremos que a energia fotogerada será toda entregue à rede de distribuição
e será desvantajosa para o consumidor, a não ser que haja uma remuneração sobre o
total da energia fotogerada produzida (como ocorre hoje na Espanha). Do ponto de
vista da concessionária, não há perda, uma vez que toda energia consumida será
tarifada.
Um exemplo de como pode ser feita a conexão de um sistema fotovoltaico à
rede elétrica de baixa tensão pode ser visto na Figura 9. Nesse sistema, instalado no
Gerador
Fotovoltaico
Inversor
cc/ca
Rede etrica
de distribuição
Carga
Edificação
kWh disjuntor
Medidor de energia
disjuntor kWh
Medidor de Energi
a
Fotovoltaica
Ponto de
fornecimento
34
prédio administrativo do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP, há uma
potência de 12 kWp de módulos fotovoltaicos alimentando oito inversores cc-ca
(Figura 5) e a interconexão com a rede de distribuição acontece no Quadro Geral de
Baixa Tensão (QGBT), localizado dentro da edificação e após a medição, conforme
apresentado no esquema da Figura 7.
Figura 9. Quadro de distribuição com a interconexão do sistema fotovoltaico.
Foto: Lisita Jr., 2004.
A conexão do sistema fotovoltaico, da Figura 9, ocorre através dos três
primeiros fusíveis NH localizados do lado esquerdo do QGBT, que recebem os
condutores elétricos, com corrente alternada, provenientes dos inversores.
Capítulo 3
DESCRIÇÃO DO SISTEMA DE 3 kWp INSTALADO NO
ESTACIONAMENTO DO IEE/USP
3.1 Introdução
Neste capítulo, será apresentada a descrição da instalação de um sistema
fotovoltaico conectado à rede elétrica de baixa tensão, realizado pelo LSF
(Laboratório de Sistemas Fotovoltaicos) do IEE – USP que realizou a elaboração do
projeto; cotação e compra dos materiais (estrutura de suporte, módulos, cabos
elétricos, inversores, disjuntores, fusíveis cc etc.); e montagem e instalação dos
módulos fotovoltaicos com as ligações em série e paralelo, dos inversores e a
conexão com a rede elétrica de baixa tensão existente. Inicia-se com a escolha do
local para a implementação do projeto, prossegue analisando a estrutura de suporte,
os módulos, os inversores, a proteção, o sistema de medição e a conexão.
3.2 Escolha do local
Inicialmente, avaliou-se a instalação do sistema com potência nominal de 3
kWp na fachada do novo prédio administrativo/didático do Instituto de Matemática e
Estatística da USP (IME-USP), com as seguintes coordenadas: latitude: 23° 30’ S e
36
longitude: 46° 37’ W, situado à Rua Professor Luciano Gualberto, dentro do campus
na cidade de São Paulo.
Esse prédio possuía as características necessárias para a instalação de um
sistema fotovoltaico, como foi descrito no início do capítulo 2, pois a fachada do
edifício é voltada, com um pequeno desvio, para o norte geográfico e não possui
obstáculos para a incidência da radiação solar. Além disso, como a fachada é voltada
para uma rua de grande fluxo de pessoas e automóveis, haveria a vantagem do efeito
de divulgação da instalação.
A Figura 10 apresenta o prédio do IME-USP, ainda em construção, que
possui térreo e dois pavimentos e na parte superior do segundo pavimento uma
platibanda, detalhe arquitetônico para esconder o telhado. A proposta era instalar os
módulos com sua estrutura de suporte nessa platibanda. Entretanto, ao vistoriar a
edificação, constatou-se que a platibanda era de alvenaria e não de concreto
conforme suposição inicial e, por isso, não suportaria o peso dos módulos e sua
estrutura de suporte. Sendo assim, essa alternativa foi abandonada.
Figura 10. Fachada frontal do novo prédio do IME/USP.
Foto: L. G. M. Oliveira, 2004.
Outros estudos foram feitos e por fim decidiu-se pela instalação do sistema
no estacionamento do LSF do IEE – USP, dentro do campus na cidade de São Paulo.
37
Para esse sistema, optou-se por uma instalação diferente das demais
existente no IEE e da que seria executada no prédio do IME, ou seja, integrada à
edificação. Assim, a escolha foi por fazer uma cobertura de parte do estacionamento
do IEE, em frente ao LSF. Para tanto, na fase de elaboração do projeto, atentou-se
para que o sistema possuísse as características necessárias para a instalação de um
sistema fotovoltaico, como foi descrito no início do capítulo 2.
3.3 Estrutura de suporte
O material escolhido para a estrutura de suporte foi o alumínio, pois como a
instalação seria exposta diretamente às condições meteorológicas, necessitava de um
material que não sofresse danos com a ão da chuva e do Sol. Assim, toda a
estrutura é em alumínio, desde os postes de sustentação, tubos de 3”, passando pelas
barras de suporte transversais, perfis em “U” de 1½” x 2” x 1½” x ¼”, até os perfis
longitudinais, também em “U” e de dimensões 1¼” x 1¼” x 1/8”. Na Figura 11, tem-
se o esquema de sustentação.
A estrutura foi projetada com uma área de 40 m², ou seja, comprimento de
10 metros e largura de 4 metros, possibilitando assim cobrir quatro vagas do
estacionamento com 2,5 metros de largura cada uma.
Figura 11. Esquema de sustentação
38
Os postes de sustentação foram enterrados em aproximadamente 80
centímetros e chumbados com concreto, garantindo assim sua estabilidade. Estes
possuem diferentes tamanhos para proporcionar à estrutura uma inclinação de 23°,
que corresponde à latitude da cidade de São Paulo.
A estrutura com os 40 m², como pode ser vista na Figura 12, possibilita a
instalação dos 60 (sessenta) módulos fotovoltaicos que serão especificados a seguir.
3.4 Escolha dos módulos
Os módulos escolhidos foram os APX-50 do fabricante Astropower, que
utilizam silício policristalino
11
em suas células e possuem uma potência nominal de 50
Wp cada. A escolha por esse tipo de material foi em virtude de questões econômicas.
Figura 12. Estrutura de suporte.
Foto: Lisita Jr., 2004.
11
A diferença entre as células de silício mono e policristalino está relacionada ao processo de
fabricação, no qual a da primeira é mais rigoroso, fazendo que o grau de pureza das células
monocristalinas seja maior que as policristalinas, conseqüentemente possuindo uma maior eficiência.
39
As principais características elétricas e físicas desse modelo de módulo são
apresentadas na Tabela III.
Tabela III. Dados elétricos e físicos dos módulos APX-50.
Módulo – Astropower / APX 50
Potência máxima (Pmax) 50 Wp
Tensão de máxima potência (Vmp) 16,7 V
Corrente de máxima potência (Imp) 3,0 A
Corrente de curto circuito (Isc) 3,6 A
Tensão de circuito aberto (Voc) 21,5 V
Peso 8,5 kg
Largura 661 mm
Comprimento 994 mm
Área 0,65
Temperatura Nominal de Operação da Célula
(NOCT)
45 °C
Fonte: Catálogo da fabricante Astropower.
3.5 Escolha dos inversores
Como a instalação tem 60 módulos de 50 Wp e a potência nominal instalada
é de 3,0 kWp, decidiu-se por instalar três inversores, cada um com potência nominal
de 1,0 kW.
A relação potência nominal do inversor e a potência nominal dos módulos
ligados a ele é de aproximadamente 1. Nesse caso, não foi feito um
subdimensionamento do inversor, como ocorre em regiões de baixa irradiação solar
em que essa relação é de aproximadamente 0,7.
Na Figura 13, pode-se ver o diagrama unifilar da instalação dos três
inversores.
40
Rede elétrica
kWh
1.0kWp
1.0kWp
1.0kWp
1.1kW
1.1kW
1.1kW
220 VAC
Arranjo1
Arranjo2
Arranjo3
Figura 13. Diagrama unifilar do sistema.
Fonte: Zilles e Oliveira, 2001.
O inversor escolhido foi o modelo Sunnyboy 1100U da SMA. A razão da
escolha se deve ao fato de já ter sido utilizado em outros projetos do LSF do IEE –
USP sem terem apresentado nenhum tipo de problema, garantido assim a
confiabilidade do sistema. Além disso, esse modelo de inversor possui índice de
proteção (IP) que permite sua instalação externa. Como se pode ver na Figura 14, os
inversores foram fixados nos perfis transversais em “U” da estrutura de suporte.
A instalação dos inversores na estrutura de suporte possibilita que a parte do
sistema com corrente contínua (cc) fique reduzida ao próprio sistema fotovoltaico,
diminuindo os riscos de acidentes com esse tipo de corrente elétrica que são mais
difíceis de serem controlados.
As principais características elétricas e físicas desse modelo de inversor são
apresentadas na Tabela IV.
3.6 Tipo de ligação
Com a definição da disposição dos módulos fotovoltaicos na estrutura, foi
estudada a melhor forma de conexão entre os módulos. Após a analise de três
41
propostas, a escolhida foi aquela que apresentava a menor complexidade na
montagem com o menor custo de execução.
Figura 14. Inversores instalados na estrutura de suporte dos módulos, exposta diretamente às
condições meteorológicas.
Foto: Lisita Jr., 2004.
A configuração das conexões elétricas escolhidas está representada na
Figura 15 e consta de três arranjos, com 20 módulos em cada, sendo dois conjuntos
ligados em paralelo com dez módulos em série em cada conjunto.
Com essa configuração, as ligações elétricas de cada um dos três arranjos
têm uma potência nominal de 1 kWp e fornecem, em seu ponto de máxima
potência, 167 Vcc e uma corrente contínua de 6 A. Esses valores são obtidos nas
condições padrão, ou seja, irradiância incidente se 1.000 W/m² e a temperatura das
células de 25°C.
Na Figura 16, tem-se o detalhe da ligação elétrica, em série, de alguns
módulos que compõem o sistema de 3 kWp.
42
Tabela IV. Dados elétricos e físicos dos inversores SB1100U.
ENTRADA (CC)
Pmax. recomendada FV 1250 a 1400 Wp(stc)
Potência máxima 1100 Wp(ptc)
Tensão operação máxima 400 Vcc
Faixa Tensão FV 129-400 Vcc
Corrente entrada 10 A
Ripple Tensão <10 %
SAÍDA (CA)
Pmax. 1100 W
THD < 4 %
Tensão Rede 213 – 262 Vca
Freqüência Rede 59,3 - 60,6 Hz
Corrente saída 10 A
Defasameto fase 0 º
Eficiência 93 %
Peso 18,5 kg
Largura 320 mm
Altura 322 mm
Grau de proteção 65IP
Fonte: Catálogo da fabricante SMA.
Figura 15. Configuração das conexões.
43
3.7 Escolha dos condutores
3.7.1 Trecho em corrente contínua (cc)
Os condutores utilizados para a ligação dos módulos, em série e depois o
fechamento em paralelo, foram do tipo cabo flexível, unipolar de seção nominal de
(#) 6 mm² com isolamento simples e classe de tensão de 600 V. Esses cabos foram
fixados nos próprios módulos e nos perfis do sistema de sustentação por meio de
braçadeiras de pvc. Como a corrente prevista para cada arranjo é de 6 A e a distância
máxima de cada trecho de cabo é de aproximadamente 2,0 m, a utilização desses
cabos proporciona uma queda de tensão inferior a 1%.
Na ligação entre os arranjos de módulos fotovoltaicos e a entrada dos
inversores, em corrente contínua, também foram empregados os mesmos tipos de cabos.
Figura 16. Detalhe da ligação elétrica entre os módulos.
Foto: Lisita Jr., 2004.
44
3.7.2 Trecho em corrente alternada (ca)
Os condutores utilizados para a ligação da saída dos inversores, em corrente
alternada, e os medidores foram do tipo tripolar (fase, neutro e terra) com duplo
isolamento e classe de tensão de 600 V, com seção nominal (#) 6,0 mm². Como a
corrente de saída máxima do inversor é de 5 A e a distância entre os inversores e os
medidores é de aproximadamente 40,0 m, os cabos escolhidos não proporcionam
uma queda de tensão superior a 1%.
3.8 Proteção
3.8.1 Trecho em corrente contínua (cc)
A proteção utilizada entre os arranjos de módulos fotovoltaicos e cada um
dos três inversores foi a chave fusível, com isolamento para 600 V, com fusível para
cc de 10 A, como pode ser visto na Figura 17, que mostra a caixa geral de proteção
que está fixada ao lado dos inversores na estrutura de suporte dos módulos.
Figura 17. Detalhe da proteção em cc e ca.
Foto: Lisita Jr., 2004.
45
Nessa figura, aparecem os cabos, três positivos (na cor vermelha) e três
negativos (na cor preta), que vêm de cada um dos três arranjos já citados no item 3.6. Os
cabos de pólo positivo são conectados à chave fusível e os cabos de pólo negativo são
ligados aos conectores de passagem. Os seis cabos de saída vão alimentar os inversores.
Conforme já foi dito no capitulo 2, essa proteção visa possibilitar a
manutenção ou retirada do inversor em segurança, já que a corrente de curto-circuito
é baixa. Conforme Lorenzo e Caamaño (2000), esse valor é intrinsecamente limitado
(corrente de curto-circuito) a um valor inferior a 1,2 vezes o correspondente à
corrente nominal de operação.
3.8.2 Trecho em corrente alternada (ca)
A proteção utilizada entre os 3 (três) inversores e a medição, trecho do
circuito em corrente alternada, foi o disjuntor termo-magnético que protege o circuito
tanto contra sobrecargas quanto contra curtos-circuitos, tal como se pode observar na
Figura 17.
Essa proteção também serve para se abrir o circuito, isolando a produção
fotovoltaica do restante da instalação e possibilitando a manutenção na rede elétrica
de distribuição em corrente alternada sem riscos para os operadores do sistema.
Trata-se de um cuidado adicional, pois os inversores utilizados já possuem proteção
contra o ilhamento.
3.9 Aterramento
Todo material empregado na estrutura de suporte – postes e perfis – são de
alumínio e os módulos fotovoltaicos estão rigidamente fixados aos perfis de
sustentação que estão presos aos postes. Como estes estão enterrados cerca de 80
centímetros no chão, pode-se considerar que todo o sistema está convenientemente
aterrado, não necessitando assim de nenhum outro sistema de aterramento.
46
3.10 Medidores
Os medidores estão situados dentro do laboratório em uma caixa com tampa
de acrílico transparente, conforme pode ser visto na Figura 18. São do tipo trifásico
com trava sem serem bidirecionais, isto é, giram apenas em uma direção. Um deles
mede toda a energia elétrica fotovoltaica produzida pelo sistema de 3 kWp e o outro
mede o consumo de energia elétrica do laboratório que é suprido pela rede elétrica.
Para que cada um dos três inversores monofásicos (com tensão saída de 220
V entre fase-neutro) fosse ligado ao medidor trifásico (com tensão de 220 V entre
fases) do LSF, na entrada deste, foi feita uma ligação em Δ (delta) com cada inversor
alimentado duas fases.
O esquema dessa ligação está mostrado na Figura 19, no qual os inversores
monofásicos são conectados a um medidor de energia trifásico. O inversor 1 alimenta
as fases B e C, o inversor 2 alimenta as fases A e B e, por último, o inversor 3
alimenta as fases A e C.
Figura 18. Detalhe da medição.
Foto: Lisita Jr., 2004.
47
Figura 19. Esquema da ligação inversores monofásicos e medidor trifásico.
A carga do laboratório é alimentada tanto pela energia produzida pelo
sistema fotovoltaico como pela rede de distribuição. O diagrama unifilar dessa
alimentação com os medidores de energia é mostrado na Figura 20.
Figura 20. Diagrama unifilar dos medidores de energia e alimentação da carga.
G
e
r
ad
o
r
F o t o v o l
t a i c o
I
n v e
r
s
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M o n o f a si c o
C c /c a
R e d e e l é t r i c a
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C a r g a d a
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Q G D
L C
K W h kWh
L C
L
l i n h a
C – c a r g a
Q G D – q u a d r o
g e r a l
R e d e
K W h
Inversores
monofásicos
cc/ca
Medidor de energia
fotovoltaica trifásico
A B C
C
kWh
+
-
+
-
+
-
__
__
__
__
__
__
__
__
__
1
2
3
48
3.11 Visão global do sistema
Para que se tenha uma visão global do sistema, a Figura 21 mostra o sistema
após sua completa montagem e em pleno funcionamento.
Figura 21. Sistema completo.
Foto: R. Zilles, 2004.
Capítulo 4
ANÁLISE ECONÔMICA: ESTUDO DE CASO – 3 kWp
INSTALADOS NO ESTACIONAMENTO DO IEE-USP
4.1 Introdução
A análise econômica é feita com base no projeto de 3 kWp instalados no
estacionamento do IEE, conforme descrito no capitulo anterior, executado pelo LSF
e consta de:
a) Elaboração do projeto;
b) Compra;
c) Montagem;
d) Instalação de módulos fotovoltaicos;
e) Conexão com a rede elétrica de baixa tensão.
Descrevem-se ainda os gastos com a instalação e é feita uma análise
financeira de todo o projeto, utilizando ferramentas econométricas com o objetivo de
apresentar a real dimensão do empreendimento e de sua viabilidade financeira.
50
4.2 Cálculo dos módulos
Para definir qual o tamanho do sistema fotovoltaico que será instalado,
pode-se utilizar três formas de dimensionamento da potência nominal (em kWp) do
gerador fotovoltaico que, de acordo com Almonacid (2004), são:
a) Produção máxima de energia fotovoltaica;
b) Produção de energia fotovoltaica equivalente ao consumo da instalação
ao qual o gerador será conectado (auto-suficiência líquida);
c) Produção de energia fotovoltaica para atender uma determinada fração do
consumo elétrico.
No caso em tela, a definição da potência nominal foi em função dos
recursos financeiros disponíveis para a realização do sistema. O que em certa medida
se enquadra no item “c”, pois apenas parte do consumo elétrico será atendido pela
produção fotovoltaica. Com os recursos disponíveis, foi possível instalar 3,0 kWp.
A partir da potência nominal do gerador fotovoltaico, o dimensionamento
do número de módulos necessários para atender a essa solicitação é dado pela
seguinte equação:
Pp
Pt
N = (1)
No qual:
N – número de módulos necessários.
Pt – potência nominal total da instalação fotovoltaica, em Wp.
Pp – potência nominal de cada painel escolhido, em Wp.
Escolhendo-se módulos de 50 Wp, calcula-se a quantidade necessária,
que é:
51
50
000.3
=N
N = 60 módulos
4.3 Cálculo da estimativa de energia a ser produzida pelos painéis
Sabe-se que São Paulo está na latitude (S) 23° 30’ (23,50) e longitude (W)
46º 37’ (46,62)
12
e que possui uma irradiação diária solar média nos últimos dez anos
dada na tabela V, para superfícies horizontais, e na tabela VI, para superfícies
inclinadas em 23°, ambas em kWh/m²/dia
13
. A esse respeito, é importante ressaltar a
aleatoriedade da radiação solar (Lorenzo, 2004): por mais que se obtenha dados
sobre o comportamento da radiação, não se pode assegurar a repetição desse
comportamento no futuro, pois há a influência de fatores como mudanças climáticas,
aumento da emissão de gases poluentes etc. Além disso, para um mesmo lugar,
existem diferentes fontes de informação cujos conteúdos divergem
consideravelmente.
Como se pode ver a partir das duas tabelas e da Figura 22, a média anual de
irradiação no plano inclinado, 4,52 kWh/m²/dia, é superior a do plano horizontal 4,41
kWh/m²/dia, aliás, resultado já esperado, pois como discutido no capítulo 3, a
inclinação dos módulos em um ângulo igual ao da latitude do local de instalação
proporciona uma maior produção de energia para sistemas conectados à rede elétrica
de distribuição.
Logo, com os dados constantes na Tabela VI, pode-se calcular qual será a
energia que o sistema fotovoltaico poderá produzir mês a mês e a energia passível de
ser produzida em um ano.
12
Dados da apostila de energia solar, elaborado pelo Prof. Dr. Murilo Fagá, para o curso Energia
Solar – Conversão Térmica e Fotovoltaica, 3º trimestre/2002, IEE-USP.
13
Dados do sítio da NASA: http://eosweb.larc.nasa.gov/sse.
52
Tabela V. Irradiação em superfície horizontal.
Irradiação solar diária média sobre superfície horizontal (kWh/m
2
/dia)
Média de 10 anos para latitude - 23.5 e longitude - 46.62
Janeiro 5,44
Fevereiro 5,08
Março 4,69
Abril 4,05
Maio 3,40
Junho 3,28
Julho 3,41
Agosto 4,11
Setembro 3,86
Outubro 4,80
Novembro 5,38
Dezembro 5,53
Média Anual 4,41
Fonte: NASA.
14
Tabela VI. Irradiação em superfície inclinada de 23° em relação ao Equador.
Irradiação solar diária média em superfície inclinada (kW/m
2
/dia)
Inclinação 23°, Média 10 de anos para latitude - 23.5 e longitude - 46.62
Janeiro 5,01
Fevereiro 4,82
Março 4,74
Abril 4,43
Maio 3,86
Junho 4,00
Julho 4,06
Agosto 4,69
Setembro 3,98
Outubro 4,64
Novembro 5,00
Dezembro 5,03
Média Anual 4,52
Fonte: NASA.
15
A energia passível de ser produzida, medida em kWh, foi calculada
utilizando-se a equação (2).
14
Disponível: http://eosweb.larc.nasa.gov/sse, consultado em 25/09/2004.
15
Disponível: http://eosweb.larc.nasa.gov/sse, consultado em 25/09/2004.
53
Irradiação solar diária - média 10 anos
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
janeiro
março
maio
julho
setembro
novembro
Média
meses
kW/m²/dia
plano inclinado 23° plano horizontal
Figura 22. Irradiação solar diária para São Paulo, média de 10 anos, para o plano horizontal
e para uma inclinação de 23° em relação ao Equador.
Eg = P*HSP*η
CC/CA
(2)
Na qual:
Eg – energia produzida pelo gerador fotovoltaico, em kWh.
P – potência nominal do gerador fotovoltaico, em kW.
HSP – número de Horas de Sol Pleno em média diária a uma intensidade de
1.000W/m²; é equivalente a energia total diária incidente sobre a superfície do
gerador em kWh/m², dado em horas.
η
CC/CA
– rendimento do inversor de corrente contínua para corrente alternada.
Como já se calculou o número de módulos que serão utilizados no projeto,
tem-se a potência nominal do gerador fotovoltaico, tem-se também a irradiação solar
diária média mensal de o Paulo para um plano inclinado de 23° e tomando como
premissa que o rendimento médio do inversor seja de 85%, pode-se calcular o quanto
esse sistema fotovoltaico irá produzir de energia elétrica durante um mês.
Na Tabela VII, são apresentados os valores que se estima obter com essa
instalação fotovoltaica.
54
Nesse cálculo, não se levou em consideração o decréscimo na eficiência das
células devido à temperatura de operação, pois a produção acima é para condições
padrões (temperatura de células = 25°C). Segundo Lorenzo (2004), o rendimento de
uma célula solar decresce de 0,04 a 0,06% para cada grau centígrado (°C) de
aumento da temperatura da célula de silício.
Tabela VII. Cálculo mensal da energia produzida por meio de um sistema de 3,0
kWp com módulos fotovoltaicos, em São Paulo.
Potência
instalada
Irradiação solar
Rendimento do
inversor
Energia mensal
produzida
Mês Dias
(kWp) (kWh/m²) 85% (kWh)
Janeiro 31 3,00 5,01 0,85 396,04
Fevereiro 28 3,00 4,82 0,85 344,15
Março 31 3,00 4,74 0,85 374,70
Abril 30 3,00 4,43 0,85 338,90
Maio 31 3,00 3,86 0,85 305,13
Junho 30 3,00 4,00 0,85 306,00
Julho 31 3,00 4,06 0,85 320,94
Agosto 31 3,00 5,42 0,85 428,45
Setembro 30 3,00 3,98 0,85 304,47
Outubro 31 3,00 4,64 0,85 366,79
Novembro 30 3,00 5,00 0,85 382,50
Dezembro 31 3,00 5,03 0,85 397,62
Total 4.265,69
Com base nesses cálculos, o sistema fotovoltaico instalado no
estacionamento do LSF-IEE/USP, com potência nominal de 3,0 kWp, irá produzir
anualmente 4.265,69 kWh.
A partir dos dados da Tabela VI, pode-se afirmar que a produção diária
média anual é de 11,68 kWh/dia, ou seja, para cada kWp instalado, serão produzidos
1.421,90 kWh por ano. Esse valor é conhecido como a produtividade anual do
sistema.
Pode-se ainda calcular o fator de capacidade que, segundo Oliveira (2004), é
a capacidade que um sistema possui de produzir energia se operasse em sua potência
nominal durante as 24 horas do dia.
55
O cálculo do fator de capacidade anual é dado pela equação 4:
100*
365*24*)(
)(
(%)
hkWpPn
kWhEg
FC =
(4)
Na qual:
FC – fator de capacidade do sistema.
Eg – energia produzida pelo sistema em um ano.
Pn – potencia nominal do sistema fotovoltaico.
Assim, o fator de capacidade estimado para esse sistema é de:
%23,16100*
365*24*0,3
69,265.4
==FC
FC = 16,23%
4.4 Cálculo da energia economizada
Como a alimentação elétrica, convencional, do Laboratório de Sistemas
Fotovoltaicos do IEE/USP é feita em média tensão 13,8 kV pela Eletropaulo, a tarifa
que é empregada é a do Grupo A4 horo-sazonal azul. Nesse caso, será considerada
apenas a tarifa no horário fora de ponta
16
, pois o sistema fotovoltaico praticamente
não gera energia no horário de ponta
17
. Considerando uma tarifa de horo-sazonal azul
fora de ponta, têm-se duas tarifas: uma para o período seco
18
de R$ 132,25 o MWh
(mega-watt-hora) e para o período úmido
19
de R$ 117,82 o MWh
20
, valores de julho
de 2005, sem os encargos de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias),
16
O horário fora de ponta é das 20:30 às 17:30.
17
O horário de ponta é das 17:30 às 20:30 h
18
Período seco – período compreendendo os meses de maio a novembro.
19
Período úmido – período compreendido entre dezembro a abril.
20
Sitio da Eletropaulo www.eletropaulo.com.br/informaçõesuteis/tarifas, consultado em 20/07/2005.
56
PIS/COFINS (Programa de Integração Social/Contribuição para o Financiamento da
Seguridade Social) e ECE (Encargos sobre Comercialização de Energia).
Entretanto, como o objetivo deste trabalho é a análise para pequenas
instalações residenciais ou comerciais e, nesses casos, a ligação à rede de
distribuição da concessionária é feita por meio da rede de baixa tensão (220/127 V,
para São Paulo), a tarifa considerada será a dessa categoria de consumidor, chamada
de “Tarifas Grupo B” e cujo valor é de R$ 0,28721 o kWh (R$287,21/MWh) para
residencial. Para os consumidores comerciais e industriais incluídos no “Subgrupo
B3”, o valor passa para R$ 0,29906 o kWh (R$299,06/MWh).
Para efeito de cálculos, será considerada a tarifa residencial. Como sobre o
valor a ser pago incide o ICMS
21
de 25%, o ECE
22
e PIS/COFINS, o valor da tarifa
passa para R$ 0,41674 o kWh (R$416,74/MWh), portanto a energia economizada
durante um ano corresponderá em termos financeiros a uma redução dada pela
equação abaixo:
R$(eco) = Eg(ano) * T (5)
Na qual:
R$(eco) – valor em reais economizado durante um ano.
Eg(ano) – energia produzida pelo sistema fotovoltaico conectado à rede e que
deixará de ser comprada da concessionária.
T – tarifa em R$/kWh, que se paga à concessionária.
Assim, o valor anualmente economizado será de:
R$(eco) = 4.265,69 * 0,41674
R$(eco) = 1.777,68 (um mil e setecentos e setenta e sete reais e sessenta e oito
centavos).
21
Para valores de consumo acima de 200 kWh.
22
ECE – Encargo de Capacidade Emergencial = consumo em kWh * 0,00350.
57
Esse será o valor que o LSF do IEE-USP deixará de pagar anualmente de
tarifa de energia elétrica por ter instalado o sistema de produção de energia elétrica
com módulos fotovoltaicos.
4.5 Gastos de instalação
Para a instalação do sistema solar fotovoltaico já descrito, ou seja, 60
painéis de células de silício policristalino com potência de 50Wp cada modulo, foram
consultados três fornecedores e o menor preço encontrado foi de R$ 820,00
(oitocentos e vinte reais)
23
por módulo, ou seja, R$ 16,40 (dezesseis reais e quarenta
centavos) por Wp, perfazendo um total de R$ 49.200,00 (quarenta e nove mil e
duzentos reais). A compra foi efetuada em maio de 2004. Esses valores incluem
todas as despesas: impostos, fretes e taxas.
Para a conversão da energia fotogerada de corrente contínua para corrente
alternada, foram utilizados três inversores de 1.100 W. Após a consulta também a
três fornecedores, encontrou-se o menor preço
24
em R$ 6.678,00 (seis mil e
seiscentos e setenta e oito reais) por inversor, totalizando R$ 20.034,00 (vinte mil e
trinta e quatro reais). A compra foi efetuada em setembro de 2003. Esses valores
incluem todas as despesas: impostos, fretes e taxas.
O gasto com a estrutura e os postes de alumínio de 3” e dos perfis em “U”
foi de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), incluído nesse valor estão outros gastos de
menor monta tais como parafusos, porcas, arruelas, braçadeiras, cabos, fios,
terminais, fusíveis, disjuntores etc.
No levantamento total dos gastos, não foram incluídos os valores de mão-
de-obra de serralheiros, pedreiros, eletricistas, ajudantes e engenheiros, uma vez que
esse pessoal qualificado foi fornecido pelo IEE sem gastos para o LSF.
23
Cotação em 31/05/2004: R$ 3,128/dolar. Cotação Banco Central do Brasil em 20/12/2004.
Disponível em www.bc.gov.br/txcotacao.
24
Cotação em 30/09/2003: R$ 2,923/dolar. Cotação Banco Central do Brasil em 20/12/2004.
Disponível em www.bc.gov.br/txcotacao.
58
Portanto, o gasto total com a instalação do sistema de 3,0 kWp para a
produção de energia elétrica com módulos fotovoltaicos conectados à rede foi de R$
74.234,00 (setenta e quatro mil, duzentos e trinta e quatro reais), perfazendo um
valor de R$ 24,75 (vinte e quatro reais e setenta e cinco centavos) por Wp instalado.
4.6 Análise econômica
A necessidade de se fazer uma analise econômica do sistema que propicia a
conservação de energia elétrica é bem explicada no “Sumário Metodológico do
Estudo de Planejamento Integrado de Recursos para o Sistema Elétrico de Boa Vista
- RR” de Cássio Borras Santos e Ildo Luís Sauer (1998, p. 29):
Em muitos casos, tecnologias mais eficientes requerem um alto custo de
investimento. Torna-se necessária, então, uma metodologia que permita a
avaliação financeira dos custos efetivos do investimento adicional. O custo
efetivo depende da quantia adicional de investimento, da vida útil do
investimento, da quantidade de energia economizada e de um fator que forneça o
valor futuro de um investimento feito no presente.
O período de retorno simples (PRS) mede o prazo necessário para recuperar
o investimento realizado, resultando da relação entre o investimento inicial em
eficiência energética e as economias de energia obtidas a cada ano e é dada por:
)(
$)(
$)(
emanosonvestimentretornodoi
Roranoeconomiasp
Rtoinicialinvestimen
PRS == (6)
Nesse caso, obtém-se o seguinte resultado:
68,777.1
00,234.74
=PRS
anosPRS 76,41
=
Com esse resultado, vê-se que o investimento feito no sistema fotovoltaico
não se paga durante a vida útil prevista para o sistema que é de 30 (trinta) anos.
59
Entretanto, esse tipo de cálculo é simplista e de fácil utilização, porém não considera
o valor do dinheiro no tempo, ou seja, o custo do capital. Por isso, utiliza-se uma
outra figura de mérito econômico que é o período de retorno descontado (PRD), que
considera o valor do custo de capital, que é a taxa de desconto e o tempo de vida do
investimento realizado. Assim, calcula-se o período de tempo em que o investimento
será recuperado, utilizando-se a expressão abaixo:
)(.),( anoseminicialinvxPRSndnxFRCPRD
=
= (7)
Na qual:
n – tempo de vida útil do investimento.
FRC – fator de recuperação do capital.
PRS – período de retorno simples.
O fator de recuperação de capital (FRC) é outra figura de mérito
econômico que é utilizada para a análise de alternativas energéticas, que anualiza o
valor de um determinado investimento feito no presente, considerando uma
determinada taxa d de desconto e um período de n anos.
1)1(
)1(
),(
+
+×
=
n
n
d
dd
ndFRC (8)
Na qual:
d – taxa de desconto
n – número de anos
Pela fórmula acima, quanto mais elevada a taxa de desconto d, maior será o
período de retorno descontado do capital e mais longo o prazo de recuperação do
investimento realizado.
60
No presente caso, a vida útil estimada dos módulos fotovoltaicos é de 30
anos e a taxa de desconto é a definida pelo empréstimo bancário 12,0% (doze pontos
percentuais) ao ano. Assim, o fator de recuperação de capital será:
Tabela VIII. Cálculo do fator de recuperação do capital.
Vida (anos) 30
Taxa de Desconto 12%
FRC 0,124144
A partir daí, obtém-se o período de retorno descontado, expressão (7):
)(.),( anoseminicialinvxPRSndnxFRCPRD
=
=
anosPRD
x
x
P
RD
84,155
76,41124144,030
=
=
Ou seja, quando se consideram os juros, e foram utilizados valores abaixo
dos que o mercado costuma praticar, verifica-se que o tempo para recuperação do
capital investido é de cerca 5,2 vezes a vida útil, estimada, do empreendimento.
Pode-se ainda calcular o custo da energia em R$/kWh, considerando-se,
mais uma vez, a taxa de desconto (d), a inflação (i) e a vida útil do investimento em
produção de energia elétrica de acordo com as equações apresentadas a seguir:
CI
d
i
VP
2
1
1
1
+
+
=
(9)
Na qual:
VP1 – valor presente para um item que seria adquirido n anos mais tarde.
i – taxa de inflação.
d – taxa de desconto.
n – número de anos.
CI – custo inicial.
61
Enquanto que:
CIPaVP *2
=
(10)
Na qual:
VP2 – valor presente acumulativo para os gastos anuais fixos.
X
X
Pa
n
=
1
1
(11)
+
+
=
d
i
X
1
1
(12)
CI – custo inicial.
Para calcular o custo do ciclo de vida (CCV) e o custo do ciclo de vida
anualizado (CCVA), foram utilizadas as equações abaixo:
21 VPVPCCV
+
=
(13)
P
aX
CCV
CCVA
*
=
(14)
Com base nas equações anteriores, na inflação média anual de 2004 (7,6%)
e numa taxa de desconto de 12%, obteve-se os seguintes resultados apresentados na
Tabela IX.
Tabela IX. Análise do custo do ciclo de vida para um SFCR de 3 kW.
Custo Inicial (R$) VP (R$)
SISTEMA 74234,00 74.234,00
INV 10a 18600,00 12.458,20
INV 20a 18600,00 8.344,45
MANUT.a 200,00 3.421,248
CCV (R$) 98.457,91
CCVA (R$)
5.755,67
62
Também se considerou para a tabela anterior a troca dos inversores a cada
10 anos além de R$ 200,00 (duzentos reais) de manutenção anual.
O Custo da Energia Economizada (CEE) permite comparar
economicamente os investimentos em eficiência energética e em produção de
energia. A fórmula para realizar esse cálculo é a seguinte:
(
)
()
anokWhnomizadaenergiaeco
RCCVA
CEE
/
$
=
(15)
No presente estudo de caso, tem-se:
69,265.4
91,755.5
=CEE
CEE = 1,35 R$/kWh
Essa situação indica que serão gastos R$ 1,35 (um real e trinta e cinco
centavos) para se economizar uma unidade de energia consumida, ou 1,0 kWh, que
nesse caso foi considerado de R$ 0,41674 (aproximadamente quarenta e dois
centavos), com os impostos e taxas inclusos.
Pode-se, ainda, calcular o quanto do investimento será recuperado. Se esse
valor for maior que o investimento inicial, o empreendimento será lucrativo, caso
contrário será desvantajoso para o investidor. Esse calculo é feito dividindo-se o
valor economizado, que é o que se deixou de comprar de energia, pelo FRC(d,n),
conforme a fórmula abaixo:
),(
$)(Re
$)(Re
ndFRC
Rtorno
Rsultado =
(16)
Na qual:
63
Resultado – retorno do investimento aplicado.
Retorno – R$(eco) – é o valor em reais economizado durante um ano.
FRC(d,n) – Fator de Recuperação de Capital
Assim, tem-se que no período de trinta anos – expectativa de vida dos
módulos fotovoltaicos – e com uma taxa de juros de 12,0% ao ano – que é a taxa
definida na constituição brasileira e que ainda não foi regulamentada pelo Congresso
Nacional –, o resultado será de:
124144,0
68,777.1
$)(Re =Rsultado
Resultado(R$) = 14.319,50
Esse resultado diz que dos R$ 74.234,00 (setenta e quatro mil e duzentos e
trinta e quatro reais) gastos para se fazer essa instalação, depreciados em 30 anos,
serão recuperados somente R$ 14.319,50 (quatorze mil e trezentos e dezenove reais e
cinqüenta centavos) com a economia de energia.
Portanto, mesmo considerando as vantagens da alternativa de produção de
energia elétrica por meio de módulos fotovoltaicos, tais como: produção
descentralizada, limpa, renovável, silenciosa, em que não há gastos com combustível
e que também não produz resíduos poluentes, para que esta se torne viável e encontre
um ambiente favorável para sua expansão no país, incentivos e subsídios, pagos aos
investidores por parte de organismos governamentais, são necessários para eliminar a
barreira econômica.
O subsídio poderia ser na forma de remuneração da energia produzida pelo
sistema fotovoltaico. Nesse caso, seria utilizado um medidor que registra toda essa
energia produzida, conforme esquema apresentado na Figura 8. Assim, mesmo que
toda energia elétrica fotogerada tenha sido consumida na própria instalação, ou seja,
não tenha sido injetada na rede de distribuição da concessionária, o investidor seria
remunerado.
64
Outra forma de subsidio seria o pagamento apenas pela energia fotovoltaica
que é injetada na rede. Nesse caso, seria necessário um terceiro medidor para
registrar este valor.
Por fim, poderia ser adotado um aumento geral da tarifa de energia elétrica
horo-sazonal fora de ponta, que atinge apenas os grandes consumidores, para
financiar a instalação fotovoltaica. O valor do aumento seria extremamente elevado,
pois a diferença da tarifa atual (R$ 0,41674 por kWh, incluindo impostos e taxas)
para aquela que tornaria o Custo da Energia Economizada (CEE) economicamente
viável seria de R$ 1,37 kWh, ou seja, um aumento de aproximadamente 325%, o que
é totalmente descabido, pois afetaria a economia como um todo.
Quanto à forma de cálculo do subsídio, o valor da energia produzida deveria
ser de tal montante que cobrisse os gastos com o investimento feito. Pode-se calcular
esse valor da seguinte forma:
Na equação (16), temos o valor do FRC e o valor do Resultado(R$), que
deve ser igual ao valor do investimento. Assim, o valor do retorno dever ser:
),(
$)(Re
$)(Re
ndFRC
Rtorno
Rsultado =
124144,0
$)(Re
00,234.74
Rtorno
=
Retorno(R$/ano) = 9.215,70
Subtraindo desse valor o montante que já se obteve da equação (5), que dá o
valor da energia economizada, tem-se o valor total de subsídio que deverá ser pago
para que o empreendimento após 30 anos não dê prejuízo.
Pode-se escrever uma equação para determinar esse valor. Esta teria a
seguinte forma:
65
Subsídio(R$) = Retorno(R$) - R$(eco) (17)
Subsídio(R$) = 9.215,70 – 1.777,68
Subsídio(R$) = 7.438,02 (sete mil e quatrocentos e trinta e oito reais e dois
centavos).
Dividindo-se esse valor pela quantidade de energia produzida anualmente
pelo sistema solar fotovoltaico, tem-se o valor do subsídio por unidade de energia
(kWh):
)(
$) (
)/ $ (
kWh ada
E
nergiager
R
Subsídio
kWh
R
Subsidio
=
(18)
69,265.4
02,438.7
)/$( =kWhRSubsidio
74,1)/$(
=
kWhRSubsidio
O subsídio, de acordo com as condições de contorno existentes, deverá ser
de no mínimo 1,74 R$/kWh (um real e setenta e quatro centavos por unidade de
energia produzida), aproximadamente quatro vezes a tarifa convencional.
Contudo, a simples adoção de um programa com remuneração de quatro
vezes o valor da tarifa convencional não propiciará uma expansão significativa, uma
vez que o custo de instalação do sistema é muito elevado, aproximadamente R$
24,75 (vinte e quatro reais e setenta e cinco centavos) por Wp (watt-pico) instalado,
conforme demonstrado no item 4.4. Assim, subsídios para aquisição dos sistemas
também serão necessários para uma maior difusão da produção fotovoltaica
conectada à rede elétrica de distribuição.
4.7 Comparação com a Espanha
Caso esse sistema fosse instalado na Espanha, país que possui uma política
de incentivos aos consumidores que investem em fontes alternativas de energia,
66
como é o caso dos sistemas fotovoltaicos conectados à rede de baixa tensão, teria
direito a receber um subsídio por parte do governo.
Segundo o Real Decreto 2818/98, que regula as condições da conexão
fotovoltaica à rede do sistema elétrico espanhol, o subsidio na Espanha é dividido em
dois grupos:
a) pagamento de € 0,36 por kWh para sistemas com potência nominal de
até 5 kW;
b) pagamento de € 0,18 por kWh para sistemas com potência nominal
superior a 5 kW.
No caso da instalação no estacionamento do LSF-IEE/USP, o incentivo
pago seria o mais elevado, pois a potência nominal instalada é de 3,0 kWp, assim
teria direito ao subsídio de R$ 1,30
25
por kWh produzido.
Esse valor é inferior ao calculado como sendo necessário para que o
investidor no Brasil tenha um retorno em seu empreendimento, ou posto de outra
forma, caso se resolva subsidiar as instalações fotovoltaicas conectadas à rede no
Brasil, o incentivo terá de ser maior que o valor pago atualmente na Espanha. Cabe
ressaltar que algumas províncias espanholas, além desse subsídio federal, pagam
outro pela potência fotovoltaica instalada.
4.8 Comparação com a Alemanha
Assim como a Espanha, a Alemanha também paga incentivos aos
consumidores que investem em fontes energéticas limpas, como é o caso dos
sistemas fotovoltaicos conectados à rede de baixa tensão.
A tarifa da energia na Alemanha é dividida conforme a Tabela X:
25
Cotação R$ 3,6111/euro. Cotação Banco Central do Brasil em 20/12/2004. Disponível em
www.bc.gov.br/txcotacao.
67
Tabela X. Tarifa da energia fotovoltaica na Alemanha divida por tipo de instalação e
potência.
Tarifa por kWh de produção fotovoltaica na Alemanha Centavos de euro por MWh
Tarifa base (FV sobre terreno livre) 45,7
Telhado FV < 30 kW 57,4
Telhado FV (parte sistema) > 30 kW 54,6
Telhado FV (parte sistema) > 100 kW 54,0
Fachada FV < 30 kW 62,4
Fachada FV (parte sistema) > 30 kW 59,6
Fachada FV (parte sistema) > 100 kW 59,0
Fonte “Il sole a 360°, janeiro de 2004”
26
Como a instalação no estacionamento do LSF-IEE/USP é sobre uma faixa
de terreno livre de edificação, a tarifa de bonificação que seria paga, caso esse
sistema em análise houvesse sido instalado na Alemanha, seria de 0,457 euros/kWh,
o que equivale a um subsídio de R$ 1,650
27
por unidade de energia produzida,
totalizando um faturamento anual, aproximado, de R$ 8.150,00 (oito mil e cento e
cinqüenta reais) ou 10,50% do investimento inicial.
O valor do prêmio pago na Alemanha é praticamente igual – diferença de
R$ 0,09 – ao valor do subsídio calculado como sendo o mínimo necessário para que
o investidor no Brasil tenha um retorno em seu empreendimento, ou seja, se a opção
for pelo subsídio sobre a energia produzida pela instalação fotovoltaica, o incentivo
terá de ser igual ao que é pago na Alemanha, desde janeiro de 2004, e deverá ser
pago durante 30 anos.
4.9 Resultados
O sistema fotovoltaico descrito no capitulo 3 começou a operar no dia 15 de
dezembro de 2004, porém ao contrário dos cálculos efetuados nesse capítulo, a
potência real do sistema em funcionamento é de 2,5 kWp devido a quebra de um
26
Disponível em www.ilsoleatrecentosessantagradi.it/2004/gennaio2004.pdf.
27
Cotação R$ 3,6111/euro. Cotação Banco Central do Brasil em 20/12/2004. Disponível em
www.bc.gov.br/txcotacao.
68
módulo, antes mesmo da instalação. Em conseqüência desse problema, um arranjo
ficou com apenas nove módulos em série (o correto seriam dez módulos em série,
conforme descrito no item 3.6) e não pôde ser conectado ao inversor.
Como o sistema começou a operar na metade do mês de dezembro de 2004,
os resultados serão apresentados a partir do mês de janeiro de 2005. Esses resultados
mensais foram obtidos por meio da leitura do medidor trifásico analógico. A Figura
23 apresenta esses resultados de produção.
Produção Mensal
0,00
100,00
200,00
300,00
janeiro
fevereiro
março
a
bril
ma
i
o
junho
julho
Meses - 2005
kWh
jan a abr medição analógica
maio apartir do dia 7
julho até dia 26
Figura 23. Produção mensal de energia elétrica pelo sistema fotovoltaico de 2,5 kWp.
No início de maio de 2005, foi instalado um filtro de linha que permitiu a
coleta diária de dados sobre a produção do sistema, com potência instalada de 2,5
kWp. Com relação ao mês de julho, os dados foram coletados até o dia 26, em razão
da necessidade de conclusão desse estudo.
Esses valores coletados pelo sistema de armazenagem de dados são
divididos por campo (dois com 1,0 kWp e um com 0,5 kWp) e também é possível
obter a produção elétrica total do sistema dia a dia.
As Figuras 24, 25 e 26 apresentam a produção diária, dos três campos, e a
produção total do sistema fotovoltaico, ocorridas nos meses de maio, junho e julho
69
do presente ano. Como dito anteriormente, os dados começaram a ser armazenados
diariamente somente a partir do dia 07 de maio e, no mês de julho, esses dados foram
obtidos até o dia 26.
Produção diária - maio - 2005
0
2
4
6
8
10
12
7/5
9/5
11/5
13/5
15/5
17/5
19/5
21/5
23/5
25/5
27/5
29/5
31/5
Dia
kWh
Total Campo de 0,5 kWp Campo de 1,0 kWp Campo de 1,0 kWp
Figura 24. Produção diária de energia elétrica do sistema de 2,5 kWp, mês maio.
Produção diária - junho - 2005
0
2
4
6
8
10
12
1/6
3/6
5/6
7/6
9/6
11/6
13/6
15/6
17/6
19/6
21/6
23/6
25/6
27/6
29/6
Dia
kWh
Total Campo 0,5 kWp Campo 1,0 kWp Campo 1,0 kWp
Figura 25. Produção diária de energia elétrica do sistema de 2,5 kWp, mês junho.
70
Produção diária - julho - 2005
0
2
4
6
8
10
12
14
1/7
3/7
5/7
7/7
9/7
11/7
13/7
15/7
17/7
19/7
21/7
23/7
25/7
Dia
kWh
Total Campo 0,5 kWp Campo 1,0 kWp Campo 1,0 kWp
Figura 26. Produção diária de energia elétrica do sistema de 2,5 kWp, mês julho.
Com esses dados, é possível calcular a produtividade mensal do gerador
(Final yiels monthly) que é dado em kWh/kWp e vem a ser a quantidade de energia
elétrica produzida pela potência instalada, Wp. Os valores da produtividade podem
ser vistos na Tabela XI em que são apresentados juntamente com os valores mensais
de produção de energia elétrica pelo sistema fotovoltaico.
Tabela XI. Produção mensal e produtividade do sistema fotovoltaico de 2,5 kWp.
Mês – 2005
Produção mensal
kWh
Produtividade mensal
kWh/kWp
Janeiro 217,00 86,80
Fevereiro 228,00 91,20
Março 254,00 101,60
Abril 245,00 98,00
Maio 186,48 74,59
Junho 229,61 91,84
Julho 184,50 73,80
Ressaltando que os valores referentes aos meses de janeiro a abril são do
medidor analógico, que no mês de maio passou a ser digital a partir do dia 7 e que
em julho os dados são até o dia 26.
A Figura 27 apresenta o gráfico com a produtividade obtida pelo sistema
fotovoltaico instalado no estacionamento do IEE/USP com potência nominal de 2,5
kWp.
71
Produtividade mensal
0
20
40
60
80
100
120
janeiro fevereiro março abril maio junho julho
Meses - 2005
kWh/kWp
Figura 27. Produtividade mensal do sistema de 2,5 kWp.
Outro índice de mérito que ajuda a avaliar o desempenho do sistema
fotovoltaico é o fator de capacidade, cuja equação para o cálculo e a definição foram
apresentadas no início do capítulo (equação 4).
A Figura 28 apresenta o fator de capacidade nos meses de janeiro a julho de
2005. Lembrando que no mês de maio o valor se refere a 24 dias – do dia 7 ao dia 31
– e no mês de julho, vinte e seis dias – do dia 1° ao dia 26.
O fator de capacidade estimado na simulação inicial foi de 15,98%
(aproximadamente dezesseis pontos percentuais), valor acima do encontrado na
operação real do sistema fotovoltaico. As possíveis razões para essa distorção serão
apresentadas após a comparação mês a mês do que foi estimado e do que foi
produzido.
72
Fator de Capacidade FC [%]
11
11
12
12
13
13
14
14
janeiro fevereiro março abril maio junho julho
Meses - 2005
%
Figura 28. Fator de capacidade mensal do sistema de 2,5 kWp.
Na estimativa inicial, foi calculada a produção de energia elétrica que um
sistema de 3,0 kWp poderia produzir. Como o sistema foi reduzido para uma potência
nominal de 2,5 kWp, devido ao problema já relatado, os novos valores estimados e os
que realmente foram gerados pelo sistema são apresentados na Figura 29.
Produção Mensal
0
50
100
150
200
250
300
350
janeiro fevereiro março abril maio junho julho
Meses - 2005
kWh
Estimado Gerado
Figura 29. Produção mensal de energia elétrica estimada e realmente produzida pelo sistema
fotovoltaico de 2,5 kWp.
As possíveis causas da diferença entre o valor estimado e o valor realmente
produzido de energia elétrica podem ser:
- A potência nominal dos módulos informada pelo fabricante pode não
corresponder ao seu valor real;
73
- A irradiação na estimativa pode não corresponder aos valores atualmente
obtidos na cidade de São Paulo;
- As perdas devido ao aquecimento dos módulos podem ser superiores ao
valor considerado na estimativa;
- O rendimento do inversor pode ser inferior ao utilizado no cálculo da
estimativa.
A discrepância entre a potência informada pelo fabricante e o real valor
dessa potência quando medida é um problema recorrente. A esse respeito, Oliveira
(2002) afirma que a diferença entre a potência nominal e a real dos módulos provoca
diferenças nos cálculos dos índices de mérito. Outro que cita o mesmo problema é
Lorenzo (2002), ao informar que a potência fornecida pelos fabricantes pode ficar
entre 5% e 10% abaixo do que anunciam os catálogos, apresentando algumas vezes
percentuais inferiores a estes.
As perdas por aquecimento dos módulos fotovoltaicos se constituem em
outra razão para justificar a diferença entre a produção de energia elétrica medida e a
que foi estimada. Quanto a isso, Lorenzo (2002, 2004) informa que as perdas devidas
a temperatura de operação das células solares giram em torno de 6% e que a
temperatura das células depende da radiação incidente e da temperatura ambiente.
Com relação ao inversor, também, existem estudos que permitem supor que
um menor rendimento no seu funcionamento pode levar a explicar a divergência
entre os valores estimados e os adquiridos pela medição. É o que demonstra Oliveira
(2002) ao analisar a variação do rendimento de um inversor em função da energia
diária produzida. Também Lorenzo (2002) constata que as perdas, dependendo da
qualidade do inversor, variam de 15% a 20%.
Ainda com relação ao rendimento do inversor, outra hipótese que pode ser
considerada refere-se ao fato de que um dos inversores ter operado com apenas 50%
de sua capacidade nominal em razão da não-conexão de um dos arranjos que contava
com apenas nove módulos.
CONCLUSÃO
No momento em que o mundo se encontra em meio a outra crise do petróleo
com o preço do barril batendo recordes praticamente todos os dias, a necessidade do
estudo e da implementação de fontes alternativas de energia se torna cada vez mais
premente.
Assim, este estudo visou demonstrar a viabilidade técnica e a facilidade da
instalação de sistemas fotovoltaicos conectados à rede de distribuição de baixa tensão
(SFCR), no qual ficou claro que não existem dificuldades técnicas para a
consolidação dessa forma limpa de produção de energia elétrica.
Esses atributos são facilmente verificados ao se analisar a questão da União
Européia que, no ano de 2004, atingiu a marca de 1,0 GWp (um giga watt pico)
instalado, sendo aproximadamente 920 MWp conectados à rede, com previsão da
Comissão Européia de Energia de atingir 3,0 GWp em 2010. Além disso, em 2004, a
produção de células fotovoltaicas teve um crescimento de 60% sobre a produção de
2003
28
, comprovando que o mercado fotovoltaico está em expansão.
Enquanto isso no Brasil, mesmo com o conhecimento técnico disponível,
demonstrado na facilidade com que foi montado e colocado em operação o sistema
de 3,0 kWp, aqui descrito, os SFCR continuam confinados aos laboratórios e aos
centros de pesquisas, pois falta o mais importante que é a conquista de seu espaço
28
Fonte: Revista Era Solar, edicion 126, mayo/junio 2005.
75
junto à população e isso só será alcançado com um decidido apoio governamental
tanto com relação à questão econômica e financeira, como pela definição de uma
regulamentação técnica clara e desburocratizada que propicie a conquista do
mercado pelos SFCR.
Os incentivos no campo econômico e financeiro podem ser desde o
pagamento de subsídios para quem deseja gerar energia elétrica por meio dos SFCR,
como ocorre em alguns países do chamado primeiro mundo, como a Espanha e a
Alemanha, passando por incentivos à instalação dos sistemas com financiamento
com taxas de juros baixas e por longos prazos para o pagamento, fato que também
ocorre nos paises já citados.
Concomitante aos incentivos econômicos e financeiros, é importante que o
governo desenvolva uma política de produção de empregos, incentivando a abertura
de fábricas de montagens e/ou fabricação dos módulos fotovoltaicos e dos inversores
de corrente contínua para corrente alternada (cc/ca), qualificando e treinando mão-
de-obra para a instalação e manutenção dos SFCR, pois o pagamento de subsídios,
por parte do governo, só terá razão de existir se for para o desenvolvimento do setor
industrial brasileiro e a criação de empregos no país.
Quanto à falta de regulamentação, é premente que esta ocorra o mais
rapidamente possível, pois caso haja decisão de se eliminar as barreiras econômicas e
financeiras, as questões técnicas não podem impedir o desenvolvimento do mercado
fotovoltaico. É necessário que na regulamentação esteja prevista a obrigatoriedade da
compra da energia elétrica fotogerada pelas concessionárias distribuidoras, desde que
essa energia tenha qualidade mínima (sincronismo de freqüência e tensão, proteção
contra funcionamento em ilha, não injetar harmônicos na rede etc.), para ser injetada
na rede de distribuição. Com essa medida, o investidor terá segurança da venda da
energia produzida e, ao mesmo tempo, assegura-se o controle de qualidade da
energia distribuída.
Uma contribuição deste trabalho foi o cálculo do valor que deveria ser pago
como subsídio a um produtor independente de energia elétrica por meio de um
76
SFCR. O valor calculado seria suficiente apenas para pagar o investimento feito, o
que é insuficiente para desenvolver o mercado, uma vez que o investimento inicial é
extremamente elevado, o que desestimularia possíveis interessados.
Entretanto, sempre é bom realçar que nesses tipos de cálculos, que utilizam
matemática financeira, não são considerados os ganhos ambientais e sociais que essa
forma de produção de energia elétrica proporciona.
Também foi feita a descrição, passo a passo, de como deve ser feita a
instalação de um SFCR com os requisitos básicos para a escolha do local de
instalação, a montagem da estrutura de suporte dos módulos, como calcular o
número de módulos, a escolha e o dimensionamento dos condutores e das proteções
tanto no circuito de corrente contínua como na parte do circuito de corrente
alternada, como fazer as ligações em série e em paralelo, a conexão com o inversor e
as ligações dos medidores (um da energia produzida pelo sistema fotovoltaico e
outro da energia consumida pela carga).
O fator de capacidade estimado na simulação inicial foi de 15,98%
(aproximadamente dezesseis pontos percentuais), valor acima do encontrado na
operação real do sistema fotovoltaico. As possíveis razões para essa distorção serão
apresentadas após a comparação mês a mês do que foi estimado e do que foi produzido.
Porém, algumas tarefas ainda ficarão por concluir e podem servir como
sugestão para futuros trabalhos nessa área:
- Acompanhamento da energia elétrica produzida mensalmente para
levantamento da influência das variações climáticas na produção de
eletricidade por estação;
- Medição da potência real dos arranjos e do sistema fotovoltaico como um
todo e, com base nesse valor, recalcular os índices de mérito do sistema
instalado;
- Fazer o levantamento da eficiência média mensal do inversor por meio da
medição da produção diária de energia elétrica. Caso seja encontrado um
77
valor diferente do obtido neste trabalho, é importante recalcular os
índices de mérito do sistema instalado;
- Fazer a medição da irradiância e comparar com os valores utilizados
neste trabalho e, se necessário, rever os cálculos.
- Incluir o monitoramento da temperatura na parte posterior dos módulos e
analisar a influência desta no rendimento do sistema fotovoltaico.
EFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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