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RESUMO
Este trabalho apresenta uma avaliação preliminar do potencial da quitosana,
na forma pulverizada (QTS3), como um agente remediador de efluente de indústria
têxtil. A capacidade de remediação de QTS3 foi avaliada comparativamente à físico-
química e biológica convencional (ETE), através de ensaios físico-químicos (redução
de cor, pH, condutividade, dureza e teor de metais) e bioensaios com organismos
bioindicadores (Artemia sp, Daphnia magna e Vibrio fischeri). Também foram
realizados testes de toxicidade subcrônica através da inibição de germinação de
sementes, do crescimento de plântulas e de inibição de raízes de bulbos de cebola
(Allium cepa). Além disto, foram verificados alguns biomarcadores de estresse
oxidativo (lipoperoxidação - TBARS, concentração de GSH, atividade da catalase) e
de genotoxicidade (fragmentação do DNA e teste de micronúcleos) em peixes
(Danio rerio). Os resultados obtidos demonstraram que a quitosana removeu
aproximadamente 80% dos corantes e reduziu significativamente a condutividade, a
dureza e a concentração dos íons de metais existentes no efluente não remediado
(EB). Porém, a remediação convencional causou um aumento na concentração de
alguns íons de metais. O efluente EB foi altamente tóxico para V. fischeri (FD=64),
porém os efluentes remediados (ETE e QTS3) não apresentaram toxicidade aguda
(FD=1). O efluente QTS3 não causou toxicidade aguda aos microcrustáceos
(Artemia sp e D. magna), enquanto o ETE causou toxicidade apenas à D. magna
(FD=4). Na verificação da toxicidade subcrônica através da inibição de germinação
de sementes e do crescimento de plântulas de A. cepa, não foram constatadas
diferenças significativas entre os efluentes. Foi observada uma inibição no
crescimento das raízes de bulbos expostos ao EB, porém esta foi maior no ETE e o
QTS3 causou menor inibição. A remediação com quitosana levou também a uma
redução de toxicidade verificada através dos biomarcadores de estresse oxidativo
em D. rerio que apresentou menores níveis de lipoperoxidação (TBARS=55,06 ±
11,42 nmol.g
-1
), enquanto os peixes expostos ao ETE apresentaram valores maiores
(78,60 ± 4,45 nmol.g
-1
). Igualmente, com relação à GSH, os animais expostos ao
QTS3 (8,34 ± 0,94 µmol.g
-1
) não apresentaram diferença significativa em relação ao
grupo controle (9,17 ± 0,30 µmol.g
-1
), enquanto os peixes expostos ao ETE (13,70 ±
1,46 µmol.g
-1
) apresentaram maiores níveis de GSH. Com relação à CAT,
novamente os peixes expostos ao QTS3 (118,30 ± 9,30 mmol.min
-1
.g
-1
) não
apresentaram diferença do grupo controle (103,65 ± 10,76 mmol.min
-1
.g
-1
), enquanto
os expostos ao EB (45,85 ± 1,90 mmol.min
-1
.g
-1
), apresentaram uma atividade
diminuída. O QTS3 levou a uma redução da genotoxicidade verificando-se menor
dano ao DNA (3,00 ± 0,70) e menor freqüência de micronúcleos (0,37 ± 0,12 ‰),
comparativamente aos peixes expostos ao efluente ETE, que apresentaram valores
maiores para ambos (8,25 ± 1,10 e 0,57 ± 0,08
‰, respectivamente). Estes
resultados permitem concluir que a quitosana pulverizada pode ser utilizada como
agente de remediação de efluentes têxteis com vantagens ambientais,
comparativamente à remediação efetuada pela empresa que utiliza coagulante
inorgânico tóxico. Além de que confirmaram a adequação dos bioindicadores e
biomarcadores empregados neste estudo no monitoramento da remediação de
efluentes industriais.
Palavras-chave: efluente têxtil, remediação, quitosana, testes de toxicidade aguda,
estresse oxidativo, biomarcadores.