Download PDF
ads:
Marta Helena Souza De Conti
Avaliação de um Programa
multiprofissional de preparo para a
gestação e parto – repercussões
maternas e perinatais
Tese apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Ginecologia, Obstetrícia e
Mastologia, Área de Obstetrícia da Faculdade
de Medicina de Botucatu – Unesp, para a
obtenção do título de Doutor.
Orientadora: Profª Drª Iracema de Mattos Paranhos Calderon
Botucatu
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA SEÇÃO TÉCNICA DE AQUISIÇÃO E TRATAMENTO
DA INFORMAÇÃO
DIVISÃO TÉCNICA DE BIBLIOTECA E DOCUMENTAÇÃO - CAMPUS DE BOTUCATU - UNESP
BIBLIOTECÁRIA RESPONSÁVEL: SELMA MARIA DE JESUS
De Conti, Marta Helena Souza.
Avaliação de um Programa multiprofissional de preparo para a gestação e
parto – repercussões maternas e perinatais / Marta Helena Souza De Conti.
. – 2006.
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Medicina
de Botucatu, 2006.
Orientador: Iracema Mattos Paranhos Calderon
Assunto CAPES: 40101150
1. Gravidez - Fisioterapia 2. Parto 3. Obstetrícia
CDD 615.8
Palavras-chave: Antropometria; Gestação; Programa de preparo do parto;
Resultados maternos e perinatais; Satisfação das usuárias
ads:
Dedicatória
Dedicatória
Bruno, lívia e fábio
Companheiros incansáveis.
Incentivo e apoio constante
Minha família
Meu porto seguro
Minha mãe, Cleide
Exercício perene do
Amor materno
Dedicatória
À Profª Doutora
Iracema de Mattos Paranhos
Calderon
Doação do conhecimento,
dedicação extrema na busca
do crescimento pessoal de
seus alunos.
Agradecimentos
Agradecimentos
A Deus, por minha saúde e vontade de servir.
Aos meus pais e parentes, pelo entendimento das horas em
que estive ausente.
À minha mãe, por seu gesto de amor, carinho e
companheirismo nas inúmeras viagens à Botucatu, durante
minha convalescença.
As minhas amigas “de sempre” Elenice e Tânia, pelo
incentivo e momentos compartilhados.
À Universidade do Sagrado Coração, Curso de Fisioterapia
e colegas docentes pelo suporte e condições fornecidas.
Ao Programa de Pós-Graduação em Ginecologia Obstetrícia e
Mastologia, área Obstetrícia pelo acolhimento.
À Professora Titular Marilza Vieira Cunha Rudge, por
apoiar o Programa Multiprofissional de Preparo para Parto
e Maternidade.
À Professora Doutora Ivete Dalben e Doutor Joélcio
Francisco Abbade, pela dedicação na análise estatística.
Aos Docentes, residentes e funcionários da Disciplina de
Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Botucatu, pela
colaboração no PMPMa.
À Cristiane, Cida, Fernanda e Ana pelo pronto
atendimento, dedicação e simpatia.
Aos Funcionários Janete, Nathanael, Regina e Lilian da
secção de Pós – Graduação da Faculdade de Medicina de
Botucatu, pelas inúmeras orientações achuradas de carinho
e compreensão.
Às bibliotecárias Meire, Rose e Luciana pelos serviços
prestados.
Em especial, à minha orientadora, Doutora Iracema de
Mattos Paranhos Calderon que exerceu sua função com
desempenho, exigência, competência e respeito. Sua
magnitude humana e espiritual a torna incomparável.
Minha eterna gratidão e reconhecimento
Sumário
SUMÁRIO
Apresentação da Tese
Artigo I Efeitos da assistência multiprofissional , incluindo
exercício físico, na antropometria materna, na gestação e no pós-
parto
Resumo
Abstract
Introdução
Objetivos
Sujeitos e Método
Resultados
Discussão
Referências Bibliográficas
Artigo II Efeitos das técnicas fisioterapêuticas no prognóstico
do parto e do recém-nascido
Resumo
Abstract
Introdução
Objetivos
Sujeitos e Método
Resultados
Discussão
Referências Bibliográficas
Artigo III Avaliação do programa Multiprofissional de Preparo
para o Parto e Maternidade (PMPMa) Satisfação das
Participantes.
Resumo
Abstract
Introdução
Objetivos
Sujeitos e Método
Resultados
Discussão
Referências Bibliográficas
Artigo 1
7
Artigo 1
Artigo 1
8
Efeitos da assistência multiprofissional, incluindo exercício físico, na
antropometria materna, na gestação e no pós-parto.
Effecs of multi-professional assistance, including physical exercise, on
pregnancy and post-partum.
Marta H. S. De Conti
1,2
Tânia T. S. Prevedel
1
Ivete Dalben
3
Marilza V.C. Rudge
1
Iracema M.P. Calderon
1
.
1 – Programa de Pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, área de
concentração Obstetrícia Departamento de Ginecologia e Obstetrícia /
Faculdade de Medicina de Botucatu Universidade Estadual PaulistaUnesp /
Brasil
2 – Faculdade de Fisioterapia – Universidade do Sagrado Coração/Bauru / Brasil
3 Grupo de Apoio à Pesquisa / Faculdade de Medicina de Botucatu Universidade
Estadual PaulistaUnesp / Brasil
Endereço para correspondência:
Marta H.S. De Conti
Depto. de Ginecologia e Obstetrícia / Faculdade de Medicina de Botucatu–Unesp
Distrito de Rubião Júnior, s/nº. Botucatu, SP / Brasil
CEP 18618970
E-mail:
madeconti@yahoo.com.br
Artigo 1
9
RESUMO
Objetivo: Estudar as repercussões do Programa Multiprofissional de Preparo para o
Parto e Maternidade (PMPMa) sobre a antropometria materna na gestação e pós-
parto. Método: ensaio clínico não randomizado, com 71 gestantes primigestas, de
baixo risco, distribuídas em grupo Estudo (n=38) e Controle (n=33), de acordo com o
PMPMa. Comparou-se a antropometria materna na gestação evolução do peso e da
perimetria materna (circunferências e linha nigra), e as respectivas involuções no pós-
parto, além do IMC pré-gravídico e no pós-parto. As médias foram avaliadas pela
análise de variância (ANOVA) e, as proporções, pelo qui-quadrado, com p<0,05.
Resultados: não houve diferença entre os grupos na antropometria materna na
gestação, exceto pelo menor incremento da linha nigra no grupo Estudo (p= 0,001).
Observou-se diferença significativa no pós-parto, relacionada à redução significativa
no peso (p=0,02) e na circunferência umbilical (p=0,00) no grupo Estudo.
Conclusão: O PMPMa, com técnicas fisioterapêuticas, não influenciou a
antropometria na gestação, exceto pela redução na linha nigra, e favoreceu involução
mais acentuada da perimetria umbilical e do peso materno no pós-parto.
Palavras-chave: gestação, antropometria materna, involução corporal.
Artigo 1
10
ABSTRACT
Objective: To study the repercussions of the Maternity and Delivery Multi-
professional Preparation Program (PMPMa) on pregnancy and post-partum maternal
anthropometry. Method: a nonrandomized clinical trial with 71 low-risk women
pregnant for the first time, distributed in (Study n=38 and Control n=33) in the
PMPMa with educational, physiotherapeutic and interactive activities. Maternal
anthropometry during gestational and post-partum period, characterized by weight
gain or reduction, body mass index and perimetry was compared. Means were
assessed by variance analysis (ANOVA) and the study of proportions by qui-square
test (x
2
), with p<0,05. Results: No difference was found between groups in the
maternal anthropometry analysis during pregnancy, except for the smaller increment
of the linea ni’gra in the Study group (p= 0,001). A significant difference between the
pregnant women in the post-partum period, related to a significant weight reduction
(p=0,02) and umbilical circumference (p=0,00), was observed, in the Study group.
Conclusion: The PMPMa, with physiotherapeutic techniques, did not influence
maternal anthropometry on pregnancy, except for the reduction of linea ni’gra and
favored a more marked involution of the umbilical perimetry and maternal weight in
the post-partum period.
Key-words: pregnancy; maternal anthropometry; body involution.
Artigo 1
11
INTRODUÇÃO
A gestação se caracteriza por período de inúmeras adaptações metabólicas (1),
circulatórias (2) e músculo-esqueléticas (3), resultantes de hormônios que interagem
no corpo feminino. Este processo seqüencial exige do organismo materno condições
para seu desenvolvimento (3) e associa-se a modificações fisiológicas nos
compartimentos hídricos e energéticos e no desenvolvimento do bloco feto-
placentário (4). As repercussões da gravidez no sistema músculo-esquelético
contribuem para relatos constantes de desconfortos e resultam em grandes ajustes na
postura estática e dinâmica das mulheres (3,57).
Ressalta-se a importância das adaptações músculo-esqueléticas nas gestantes e, como
resultado da secreção de relaxina, frouxidão ligamentar generalizada e instabilidade
das articulações. Entre as estruturas mais acometidos estão membros inferiores,
segmento lombossacro (3,6,8,9) e membros superiores, com rotação interna do úmero
e protrusão escapular (9). A ação hormonal no sistema osteoarticular e
músculotendíneo e o aumento gradativo do peso corporal materno contribuem para
alterações do equilíbrio e maior esforço muscular nos dois últimos trimestres da
gestação (5).
A instabilidade pélvica durante a gestação ocasiona tensionamento muscular,
tendíneo e, em algumas situações, compressão do plexo sacral e coccígeo. Os
movimentos respiratórios são acompanhados por movimentação do sacro em relação
ao eixo transverso superior. A cada inspiração há flexão e conseqüente
posteriorização da base do sacro e, ao contrário, a cada expiração ocorre extensão do
Artigo 1
12
sacro e deslocamento anterior de sua base. Em condições de sobrecarga, essas
alterações promovem tensão nas estruturas músculotendíneas (10).
Na gestação, o ganho de peso materno exacerba e sobrecarrega a sustentação
muscular, podendo afetar o seu desempenho durante o exercício (11). Por outro lado,
o depósito materno é fonte de reserva energética importante para o crescimento fetal,
para o trabalho de parto e para a lactação (12).
A literatura relaciona várias técnicas e recursos para a mensuração da composição
corporal durante a gestação e, entre elas, a bioimpedância seria o método de escolha.
Entretanto, o alto custo do equipamento e, em algumas situações, a dificuldade
técnica de adaptação das gestantes, inviabilizam seu uso de rotina na gestação (5,7).
A antropometria materna, incluindo avaliação do ganho de peso, índice de massa
corporal (IMC) e perimetria de circunferências e segmentos do corpo, seria outro
método utilizado para tal fim. Essas avaliações, apesar das controvérsias sobre os
locais e distribuição da massa corporal ao longo da gestação, são recursos validados
pela praticidade e baixo custo (11).
A antropometria na avaliação da composição corporal foi padronizada desde 1878 e é
adotada até hoje por cientistas e fisiologistas do exercício (13). Para a medição das
circunferências ou diâmetros corporais (perimetria) utiliza-se fita de pano ou metal,
com precisão de 0,5 centímetros, em marcos específicos (14). As mensurações
específicas para diagnóstico funcional podem ser do tipo linear, relativas a
comprimento de um determinado segmento, ou circunferência, com pontos de
referência específicos (15,16). Em gestantes, a medida linear compreende a linha
nigra (do processo xifóide ao arco ântero-superior da sínfise púbica) (3) e as
Artigo 1
13
circunferências umbilical, das mamas e pélvica, referenciadas, respectivamente, por
cicatriz umbilical, mamilos e proeminências ósseas da
pelve (9).
A National Academy of Sciences (16) e o Manual da Vigilância Alimentar e
Nutricional – SISVAN (17) orientam que o ganho de peso materno é dependente do
estado nutricional pré-gestacional e que deve ser avaliado pelo IMC pré-gravídico. De
acordo com o IMC no início do pré-natal, estima-se o ganho de peso ideal,
individualizado em semanas/trimestres de gestação e relacionado às classes do IMC
(baixo peso, adequado, sobrepeso e obesidade) (Quadro 1).
Quadro 1 Ganho de peso (GP; Kg) recomendado durante a gestação, relacionado ao
índice de massa corporal (IMC) e ao estado nutricional inicial
Estado Nutricional
IMC Inicial
GP (Kg) total 1º
trimestre
GP (Kg)/ semana
2º e 3º trimestres.
GP (Kg) total
Gestação
Baixo Peso (BP) 2,3 0,5
12,5 18,0
Adequado (A) 1,6 0,4
11,5 16,0
Sobrepeso (S) 0,9 0,3
7,0 11,5
Obesidade (O)
0,3 7,0
Fonte: Institute of Medicine, 1990 e Word Health organization – WHO, 1995 (17).
Os instrumentos atuais de avaliação relacionam o ganho de peso materno à estatura e
à idade gestacional. Alguns estudos (12,18) estabelecem como limite de risco para o
baixo peso ao nascer o percentual de adequação peso/altura inferior a 95% (< P5) na
10
a
semana e menor que 120% (< P20) entre 40 e 41 semanas de gestação.
Os efeitos da prática de exercícios sobre a evolução do ganho de peso materno, a
distribuição da massa corporal e a involução corporal no pós-parto são controversos.
Artigo 1
14
Horns et al. (19), comparando primíparas sedentárias e praticantes de atividade física
regular durante o último trimestre de gravidez, concluíram que a prática de exercícios
não interferiu com o ganho de peso materno. Ao contrário, Clapp e Litte (20)
afirmaram que as gestantes praticantes de atividade física recreacional durante o
terceiro trimestre tiveram redução na velocidade de ganho de peso. Em nosso meio,
um ensaio clínico randomizado evidenciou que praticar hidroginástica, da 16
a
à 38
a
semana de gestação, não prejudicou a evolução do ganho de peso materno em
primigestas e adolescentes de baixo risco. Ao contrário, melhorou a qualidade da
composição corporal, favorecendo o incremento de massa magra, com manutenção da
proporção de gordura ao longo da gestação (5). Apesar dessas controvérsias, a
intensidade leve a moderada dos exercícios e a manutenção da freqüência cardíaca
materna no limite de 140bpm, entre outros cuidados técnicos, são recomendações de
consenso na literatura (21).
A falta de evidências científicas (22) sobre os efeitos da prática de exercício na
antropometria materna, na gestação e na involução corporal pós-parto, definiu os
objetivos deste estudo analisar as repercussões de técnicas fisioterapêuticas,
aplicadas no Programa Multidisciplinar de Preparo para o Parto e Maternidade
(PMPMa), sobre a antropometria materna na gestação e no pós-parto.
Artigo 1
15
PACIENTES E MÉTODO
Este trabalho é parte do projeto previamente aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Medicina de BotucatuUnesp, aos 06/11/2000.
Desenho e local do estudo. Ensaio clínico, não-randomizado, realizado no Serviço de
Obstetrícia – assistência ao pré-natal, parto e puerpério, da Faculdade de Medicina de
Botucatu (FMBotucatuUnesp).
Seleção dos sujeitos. Participaram do estudo 80 gestantes acompanhadas no
ambulatório de pré-natal de primigestas de baixo risco da FMBotucatu–Unesp, que
preencheram os seguintes critérios de inclusão:– nuliparidade, ausência de doença
clínica ou obstétrica, gestação única e idade gestacional entre 18 e 22 semanas. Como
critérios de exclusão foram considerados:– descontinuidade da assistência pré-natal,
parto fora do Serviço e não-adesão ao PMPMa, definida por três faltas consecutivas
ou não.
Grupos de gestantes. Foram constituídos dois grupos de gestantes, de acordo com a
participação Grupo Estudo (GE; n= 40) ou não Grupo Controle (GC; n= 40) no
PMPMa. Todas as mulheres foram abordadas no local de atendimento ambulatorial,
esclarecidas e convidadas a participarem do PMPMa e do projeto de pesquisa. Para
adequação das condições físicas, materiais e de pessoal, as participantes do GE foram
atendidas em subgrupos de oito a 12 gestantes. A cada subgrupo Estudo constituído,
iniciava-se o recrutamento do mesmo número de gestantes para o subgrupo Controle
que, necessariamente, tinham que confirmar a intenção de participar do PMPMa,
ainda que não sofressem a intervenção. Independentemente do grupo Estudo ou
Artigo 1
16
Controle, todas as gestantes assinaram o termo de consentimento, formalizando a
livre aceitação em participar do projeto de pesquisa.
Variáveis. A variável independente foi caracterizada por participar ou não do
PMPMa. As variáveis de controle foram representadas por idade materna (em anos
completos), idade gestacional inicial (no início do PMPMa; confirmada por ultra-
sonografia precoce), idade gestacional final (no final do PMPMa), peso (Kg) e índice
de massa corporal (IMC; Kg/m
2
) pré-gravídico. As variáveis dependentes,
relacionadas a antropometria materna, foram definidas pelo ganho de peso materno
(diferença de peso do início para o final do PMPMa; Kg) e pelo incremento da
perimetria (cm) das circunferências maternas, da mama, umbilical e cintura pélvica, e
da linha nigra, calculada pela diferença das medidas no início e final do PMPMa. As
variáveis dependentes, relacionadas à involução corporal materna, considerada do
final do programa para o terceiro dia de puerpério, foram definidas por IMC (Kg/m
2
),
perda de peso (Kg) e diferença/involução na perimetria dos mesmos segmentos
avaliados na gestação. O IMC, pré-gravídico e pós-parto, foi categorizado em baixo
peso (< 18,5 Kg/m
2
), adequado (18,5 e < 25 Kg/m
2
), sobrepeso ( 25 e < 30 Kg/m
2
)
e obesidade ( 30 Kg/m
2
) (17). O GP foi categorizado em adequado (8Kg GP 16)
e inadequado (GP <8Kg ou GP >16Kg) (17).
PMPMa. O programa desenvolvido por De Conti et al. (3) e Consonni et al. (19), foi
aplicado para as gestantes do grupo Estudo, nas manhãs que antecediam as consultas
de pré-natal realizadas no período da tarde. O PMPMa se desenvolveu em 10
encontros, com freqüência quinzenal nos seis primeiros e semanal nos quatro últimos.
Cada encontro teve duração de três horas e era composto de três atividades básicas:–
Artigo 1
17
educativa, de interação e fisioteapêutica. A atividade educativa, extensiva a todas as
gestantes de cada subgrupo Estudo, teve duração aproximada de 50 minutos. A partir
daí, metade delas participava, alternadamente, das atividades de interação e
fisioterapêutica, com duração média de 50 minutos cada. Do período total de três
horas, 15 a 20 minutos foram reservados para intervalo.
De interesse neste estudo, a atividade fisioterapêutica foi coordenada pela
fisioterapeuta da equipe, incluindo treino respiratório, cinesioterapia e orientações
posturais, incluindo as relativas a atividades de vida diárias (AVDs).
As técnicas fisioterapêuticas foram aplicadas na seguinte ordem: (a) Treino
respiratório – as gestantes foram treinadas para adotarem o padrão respiratório 1:1
(inspiração nasal profunda diafragmática seguida de expiração oral/frenolabial),
específico para os intervalos entre as contrações do trabalho de parto. Após a 36ª
semana, foram orientadas para realizarem exercícios respiratórios e manobras de
esforço (Valsalva) no período expulsivo do trabalho de parto. O treino respiratório
teve duração máxima de oito minutos, com pequenas pausas para descanso a cada três
ou quatro movimentos respiratórios, iniciando-se com as gestantes em decúbito
lateral esquerdo e, posteriormente, alterando para a posição supina. (b) Cinesioterapia
seqüências de exercícios de alongamento e fortalecimento muscular de intensidade
leve,
adequadas para a idade gestacional, iniciada por exercícios metabólicos em
membros superiores fechamento e abertura dos dedos das mãos, e em membros
inferiores dorso-flexão e circuncisão do tornozelo; seguida de uma série de
alongamentos da cadeia posterior de tronco e membros inferiores, principalmente,
músculos eretores da coluna, quadrado lombar, glúteos máximo, médio e mínimo,
Artigo 1
18
ísquio-tibiais e adutores da coxa, e finalizada por fortalecimento dos músculos
abdutores da coxa e do assoalho pélvico, principalmente os perineais. Após esses
exercícios, foi aplicado alongamento para os músculos peitorais e da cadeia ântero-
posterior dos membros superiores e cervicais. Cada sessão de cinesioterapia teve
duração média de trinta minutos, com pequenas pausas para descanso, e todos os
exercícios foram associados ao padrão respiratório 1:1. Durante esta prática, a
freqüência cardíaca (FC) materna não ultrapassou 140bpm (20). (c) Orientações
Posturais teve duração máxima de doze minutos, fase em que as gestantes foram
posicionadas para relaxamento corporal e receberam informações sobre a melhor
postura para dormir, sentar, levantar da cama e para realizar as AVDs afazeres
domésticos, cuidados pessoais e de higiene, entre outras. As participantes do PMPMa
foram estimuladas a manter diariamente as posturas corretas e praticar os exercícios
cinesioterápicos em casa, com freqüência mínima de três vezes semanais.
Processamento e análise dos dados. Os dados coletados foram registrados em
protocolo específico e armazenados em banco de dados do software Excel. As médias
aferidas foram comparadas pela análise de variância (ANOVA) e, as proporções, pelo
teste do qui-quadrado
(26). A significância estatística foi confirmada no limite de 5%
(p < 0,05).
Artigo 1
19
RESULTADOS
Estes resultados referem-se a 71 gestantes, primigestas e de baixo risco, distribuídas
em dois grupos: Controle (n = 33) e Estudo (n = 38). Das 80 gestantes que aceitaram
participar do projeto, nove foram excluídas e desconsideradas na análise dos
resultados: duas do grupo Estudo, por não-adesão ao PMPMa, e sete do Controle,
por gemelaridade (n=1), parto fora do serviço (n=3) e abandono do pré-natal (n=3)
(Figura 1).
80 primigestas / baixo risco aceitaram participar do projeto
Critérios de inclusão:
nuliparidade, ausência doença, gestação
única
,
18 – 22 semanas
PMPMa +
n = 40
PMPMa
n = 40
Critérios de exclusão: abandono pré-natal
parto fora do Serviço não-adesão PMPMa
Grupo Controle
PMPMa –
n = 33
Excluídas
gemelaridade (1)
abandono pré-natal (3)
parto fora do Serviço (3)
n = 7
Excluídas
não-adesão PMPMa (2)
n = 2
Incluídas
p
ara análise
Grupo Estudo
PMPMa +
n = 38
Figura 1 Fluxograma de seleção e inclusão das gestantes no estudo
Artigo 1
20
O IMC pré-gravídico, o peso corporal inicial e a idade gestacional final foram
estatisticamente semelhantes entre os grupos, à exceção da idade materna e da idade
gestacional inicial. No grupo Controle a idade média foi de 20,8 e, no Estudo, de
17,9 anos (p< 0,014). A média da idade gestacional inicial das gestantes participantes
do PMPMa foi de 18,4 semanas, com diferença estatística (p< 0,03) em relação ao
grupo Controle (19,5 semanas) (Tabela 1).
Tabela 1 Idade materna, IMC e peso pré-gravídicos e idade gestacional inicial e
final nos grupos Controle e Estudo
Controle Estudo
Variávies
m dp m dp p
Idade materna (anos) 20,8 5,7 17,9 2,9 0,014
IMC pré-gravídico (Kg/m
2
) 22,6 3,6 21,8 3,3 0,310
Peso pré-gravídico (Kg) 56,7 9,8 54,6 9,2 0,374
Id. gestacional inicial (sem) 19,5 1,3 18,4 1,7 0,003
Id. gestacional final (sem) 39,2 1,5 39,0 1,3 0,669
sem = semanas
IMC= índice de massa corporal
O incremento nas circunferências da mama, umbilical e pélvica, e do peso materno
(GP) não diferenciou os grupos no período de aplicação do PMPMa. O único
diferencial foi o incremento da linha nigra, menor no Estudo (8,9cm) e maior no
Controle (14,2cm), com significância estatística (p= 0,001). A involução corporal no
pós-parto, avaliada do final do PMPMa para o terceiro dia de puerpério, evidenciou
diferença significativa entre os grupos, relacionada à perda de peso (p= 0,022) e à
diferença na circunferência umbilical (p= 0,000). As puérperas do grupo Estudo
perderam mais peso (7,8 vs 6,0 Kg) e apresentaram maior redução na circunferência
umbilical (14,4 vs 8,2cm). As demais avaliações pós-parto não diferenciaram os
grupos (p >0,05) (Tabela 2).
Artigo 1
21
Tabela 2 Incremento na gestação e redução pós-parto da perimetria, das
circunferências, da linha nigra e do peso corporal, e IMC pós-parto
nos grupos Controle e Estudo
Controle Estudo
m dp m dp p
na gestação
Circ. Mama (cm) 5,1 2,5 5,3 4,0 0,818
Circ. Umbilical (cm) 16,0 4,6 15,2 7,4 0,577
Linha Nigra (cm)
14,2 7,9 8,9 4,1 0,001
Circ. Pélvica (cm) 3,8 2,1 5,0 4,4 0,154
Ganho Peso (Kg) 9,2 4,3 10,2 5,3 0,420
no pós-parto
Circ. Mama (cm) 2,0 4,3 1,5 2,7 0,536
Circ.Umbilical (cm) 8,2 4,4 14,4 5,7 0,000
Linha Nigra (cm) 8,9 9,9 9,9 4,4 0,564
Circ. Pélvica (cm) 3,8 2,1 5,0 4,4 0,154
Involução Peso (Kg) 6,0 3,3 7,8 3,0 0,022
IMC (Kg/m
2
) 25,6 3,2 24,0 3,9 0,065
IMC = índice de massa corporal no pós-parto
A proporção de gestantes com GP adequado (8Kg GP 16) ou inadequado (<8Kg
ou >16Kg) também não diferenciou os grupos Controle e Estudo (p >0,05).
Independentemente do grupo, a maioria das gestantes teve GP adequado, em pequena
proporção delas o incremento foi maior que 16Kg e cerca de 40% teve incremento
menor que 8Kg durante o período de aplicação do PMPMa (Figura 2).
Artigo 1
22
0 20 40 60 80 100
CONTROLE
ESTUDO
GP > 16Kg
GP 8 a 16Kg
GP < 8Kg
p= 0,288
p= 0,257
p= 0,478
Figura 2 Percentual (%) de gestantes distribuídas nas categorias de ganho de peso
(GP) na gestação nos grupos Controle e Estudo.
Artigo 1
23
A proporção de gestantes e puérperas classificadas de acordo com o IMC apresentou
distribuição semelhante entre os grupos (p> 0,05), tanto no período pré-gestacional
(Figura 3A), como no puerpério (Figura 3B).
9,1
72,7
15,2
3,0
21,0
63,2
13,2
2,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0,0
51,5
42,4
6,1
2,6
68,4
18,4
10,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
A
Percentual (%)
CONTROLE ESTUDO
> 0,05
B
Percentual (%)
CONTROLE ESTUDO
> 0,05
Figura 3 Percentual (%) de gestantes distribuídas nas categorias de IMC pré-
gravídico (A) e pós-parto (B) nos grupos Controle e Estudo
Artigo 1
24
DISCUSSÃO
Os resultados deste estudo evidenciaram que o PMPMa não influenciou na evolução
do peso materno e da perimetria das mamas, do abdome e da pelve, no período
gestacional. Entretanto, as participantes do PMPMa tiveram menor incremento da
linha nigra na gestação e maior redução no peso e na circunferência umbilical pós-
parto.
Os efeitos da prática de atividade física na gestação já foram avaliados por diferentes
marcadores, tipos de exercício e desenhos de estudo, com resultados controversos e,
até o momento, sem evidência científica (22). Na literatura consultada não foram
encontrados estudos que associassem cinesioterapia e antropometria materna,
avaliada por circunferências e medidas lineares de segmentos corporais, e isto
dificulta a interpretação dos resultados.
Outra dificuldade técnica foi a falta de espaço físico e de pessoal, para aplicação do
PMPMa, especificamente, da atividade fisioterápica, o que não permitiu a
randomização das gestantes. Esse problema foi parcialmente contornado pela
homogeneidade entre os grupos. À exceção da idade materna e de início do PMPMa,
o peso e o IMC pré-gravídico foi estatisticamente semelhante entre os grupos. Assim,
as variáveis diretamente relacionadas ao estado nutricional e à adaptação metabólica
materna na gestação (11,16,19,27) foram controladas e os efeitos do
PMPMa/cinesioterapia puderam ser avaliados de maneira satisfatória.
Importante ressaltar que os valores aqui observados não devem ser considerados
como padrões de normalidade, pela dificuldade de se dissociar o peso feto-anexial do
Artigo 1
25
peso corporal materno, pela não-definição de técnicas específicas na avaliação da
evolução/composição corporal na gestação (5), além do tamanho da amostra.
Entretanto, as informações aqui obtidas, com comprovada homogeneidade entre os
grupos, poderão contribuir como referencial de evolução da perimetria e do peso
materno, associada à aplicação de técnicas fisioterapêuticas na gestação de baixo
risco.
A preocupação da equipe de saúde e da própria gestante é direcionada para o ganho
de peso necessário e suficiente para o desenvolvimento fetal e adequado para
favorecer a involução corporal no pós-parto (5). Nesse contexto, os resultados deste
trabalho confirmaram alguns efeitos benéficos nas participantes do PMPMa, que
sofreram a intervenção fisioterápica. Comparadas às gestantes/puérperas do grupo
Controle, o menor incremento na linha nigra durante a gestação refletiu distribuição
adequada da gordura abdominal, sem prejuízo do ganho de peso na gestação. A
observação de redução mais acentuada na circunferência umbilical e no peso
corporal pós-parto inferiu melhor involução corporal no puerpério, mais
especificamente, no peso corporal e nas dimensões do abdome.
A ausência de efeito adverso do exercício sobre a evolução do peso materno na
gestação, em primigestas e sedentárias, já foi observada por outros autores (5,19). Ao
contrário, alguns pesquisadores, já relacionaram a prática de atividade física
recreacional no terceiro trimestre de gestação com a menor velocidade de ganho de
peso materno (20).
Neste estudo, chama atenção o fato de que, apesar da média de ganho de peso
adequada nos dois grupos, cerca de 40,0% das gestantes tiveram incremento de peso
Artigo 1
26
inferior a 8kg. Isso não deve estar relacionado ao PMPMa ou aos exercícios
aplicados às gestantes do grupo Estudo e alguns pontos devem ser considerados na
interpretação dessa ocorrência. A proporção de gestantes com GP <8Kg foi
estatisticamente semelhante nos dois grupos e não apenas no grupo que sofreu a
intervenção. O IMC pré-gravídico foi classificado como baixo peso em 21,0% das
participantes do PMPMa e, de acordo com a literatura (16,17), isto deve ter
influenciado o menor ganho de peso materno durante a gestação. Da mesma maneira,
o percentual de peso adequado e de sobrepeso/obesidade não se diferenciou entre os
grupos, antes ou depois do parto, reforçando que o PMPMa não resultou em qualquer
efeito adverso sobre a evolução do peso materno durante a gestação. Finalmente,
segundo recomendações básicas de especialistas (21), os exercícios aplicados no
PMPMa eram de intensidade leve e a freqüência cardíaca materna não ultrapassou
140bpm.
A distribuição da massa corporal na gestação é espalhada por todo o corpo, sendo a
maior parte retida na região do tronco (28), neste estudo avaliada pelas
circunferências da mama, do abdome e da pelve. O PMPMa e a prática de exercício
não diferenciou a perimetria destas circunferências específicas, inferindo que as
adaptações corporais maternas foram adequadas, apesar da intervenção. Entretanto, a
menor extensão da linha nigra em relação ao Controle indicou redução na
adiposidade da região abdominal no grupo Estudo. As praticantes de atividade
fisioterápica no PMPMa tiveram a protrusão abdominal normal da gestação, sem
acúmulo de gordura no abdome, caracterizando distribuição mais adequada da massa
corporal materna, importante para o desenvolvimento fetal (5). Tais resultados
ratificam achados anteriores, ainda que demonstrados por outro tipo de atividade
Artigo 1
27
física e de marcadores da composição corporal. A prática de hidroginástica na
gestação favoreceu incremento da massa magra e manutenção da gordura relativa,
sem prejuízo no peso dos recém-nascidos de adolescentes e primigestas de baixo
risco (5).
A prática de exercícios de intensidade leve/moderada no PMPMa favoreceu a
redução do peso materno e da circunferência umbilical no pós-parto. A aceleração do
processo de involução corporal no pós-parto é desfecho favorável à imagem corporal
e conseqüente auto-estima, refletindo na qualidade de vida. A melhoria na imagem
corporal e promoção da auto-estima já foram relacionadas à prática de exercício na
gestação, em revisão sistemática de qualidade (22).
Apesar da impossibilidade de distinguir as ações específicas de cada atividade
aplicada no PMPMa, os resultados deste trabalho evidenciaram que a prática de
exercícios de intensidade leve/moderada favoreceu a distribuição adequada da
gordura abdominal na gestação, sem prejuízo no incremento de peso materno, e a
involução corporal mais acelerada no puerpério. Estas diferenciações são de interesse
na fisiologia da gestação, do parto e puerpério, resultando em melhoria na qualidade
da composição corporal materna e sua involução pós-parto.
Do ponto de vista científico, os resultados deste estudo deverão contribuir para a
falta de evidência sobre a interação exercíciogravidez (22,29). Do ponto de vista
assistencial, a instituição de assistência multidisciplinar, incluindo atividade
fisioterápica, é prática que deve ser estimulada, pois deverá beneficiar o
desenvolvimento fetal, o desempenho no parto e, sobretudo, a vivência da
maternidade
(23).
Artigo 1
28
REFERÊNCIAS
1. Bessinger RC, Mcmurray RG: Substrate utilization and hormonal responses to
exercise in pregnancy. Rev Clin Obstet Gynecol 2003; 46:467-478.
2. Desai DK, Moodley J, Naidoo DP: Echocardiografhic assessment of
cardiovascular hemodynamics in normal pregnancy. Obstet Gynecol 2004; 104:
20-29.
3. De Conti MHS, Calderon IMP, Consonni EB, Prevedel TTS, Dalben I, Rudge
MVC: Efeitos de técnicas fisioterapêuticas sobre os desconfortos músculo-
esquelético da gestação.Rev Bras Ginecol Obstet 2003; 25:647–654.
4. Morais A.AC, Tavares G.M, Pezzin AC, Moana AA, Galvão HP, Faintuch J:
Avaliação da composição corporal em gestantes de termo. Rev. Assoc Méd Bras
1997; 43: 109-13.
5. Prevedel TTS, Calderon IMP, De Conti MH, Consonni EB, Rudge MVC:
Repercussões maternas e perinatais da hidroterapia na gravidez. Rev Bras
Ginecol Obstet 2003; 25:53–59.
6. De Conti, MH.S, Calderon IMP, Rudge MVC: Desconfortos Músculo-
esqueléticos da Gestação: uma visão obstétrica e fisioterapêutica. Femina 2003;
31: 531-535.
Artigo 1
29
7. Artal R, Wiswell RA, Drinkawater BL: O exercício na gravidez. 2ªed. São
Paulo: Manole 1999.
8. Wang SM, Dezinno P, Maranets I, Berman MR, Caldwell-Andrews AA, Kain
ZN: Low back pain during pregnancy: prevalence, risk factores, and outcomes.
Obstet Gynecol 2004; 104: 65-70.
9. Polden M, Mantle J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. São Paulo: Santos
2000.
10. Clay JH, Poundes DM: Massoterapia clínica integrando “Anatomia e
Tratamento”. São Paulo: Manole 2003.
11. Girândola RN, Khodiguian N, Artal R, Wiewell A: Composição corporal na
Gravidez. In O exercício na gravidez. 2ª ed. São Paulo: Manole 1999; 99-108.
12. Carmo MGT, Colares LGT, Pereira GS, Soares EA, Sampaio NA, Armanda
MCS et al. Avaliação ponderal de gestantes atendidas na Maternidade Escola da
UFRJ e sua relação com o peso ao nascer. J Bras Ginecol 1998; 108: 151-157.
13. Tritschler K: Medição e avaliação em educação física e esportes de Barrow &
McGee. São Paulo: Manole 2003.
14. Behnke AR, Wilmore JH. Evaluation and regulation of body buil and
composition. Englewood Cliffs: Prentice Hall 1974.
Artigo 1
30
15. Silva OL. Semiologia do aparelho locomotor. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan
2003.
16. Gonçalves GBH, Dias MCAP: Nutrição na gestação. In: Fisioterapia aplicada à
obstetrícia. Aspectos de ginecologia e neonatologia. 3ed. Rio de Janeiro: Medsi
2002; 89-99.
17. Fagundes AA, Barros DC, Dura HA, Sardina LNV, Pereira MM, Leão MM et al.
Vigilância alimentar e nutricional – SISVAN: orientações básicas para a coleta,
processamento, análise de dados e informações em serviços de saúde. Brasília:
Ministério da Saúde 2004.
18. Tedesco JJA. A grávida: suas indagações e as dúvidas do obstetra. São Paulo:
Atheneu 2002.
19. Horns PN, Ratcliffe LP, Leggett JC: Pregnancy outcomes among active and
sedentary primiparous women. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs 1996; 25:49-54.
20. Clapp JF, Little KD: Effect of recreational exercise on pregnancy weight gain
and subcutaneous fat deposition. Med Sci Sports Exerc 1995; 27: 824-830.
21. ACOG (Ameriacn College of Obstetricians and Gynecologists). Committee on
Obstetric; Exercise during pregnancy and the postpartum period. Pratice n 167
267. Am Col Obstet Gynecol 2002; 322:193- 194.
22. Kramer MS. Aerobic exercise for women during pregnancy. (Cochrane review).
In: The Cochrane Library, Issue 1, 2004> Oxford: Update Software.
Artigo 1
31
23. Consonni HB. Aspectos psicológicos na gravidez e parto. Femina 2003; 31: 577-
81.
24. Ministério da Saúde: Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher.
Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de políticas de Saúde, Área Técnica de
Saúde da Mulher. 2001: 175-181.
25. Fechina RH, Schwaecz R, Díaz AG: Vigilancia del crecimiento fetal. Manual de
autoinstruccion. Uruguai: Centro Latinoamericano de Perinatologia Y Desarrollo
Humano – CLAP 1996.
26. SSPSS for windows [computer software]. Version 10.0.7. Chicago[IL]:
Computerized Statical Systems 1999.
27. Batista DC, Chiara VL, Gugelmin AS, Martins PD: Atividade física e gestação:
saúde da gestante não atleta e crescimento Fetal. Rev Bras Saúde Mater Infant
2003; 3: 1-9.26.
28. McNitt-Gray JL. Biomecânica relacionada ao exercício na gravidez. In O
exercício na gravidez. 2ª ed. São Paulo: Manole 1999; 99-108.
29. MacCarthy EA, Strauss BJ, Walker SP, Permezel M. Determination of maternal
body composition in pregnancy and its relevance to perinatal outcomes. Obstet
Gynecol Survey 2004; 59:731-42.
Artigo 2
32
Artigo 2
Artigo 2
33
Efeitos das técnicas fisioterapêuticas no prognóstico do parto
e do recém-nascido.
The effects of physiotherapeutic techniques on the prognostic
of delivery and newborn.
Marta Helena Souza De Conti
1, 2
Elenice Bertanha Consonni
1
Tânia Terezinha Scudeller Prevedel
1
Joélcio Abadde
1
Marilza Vieira Cunha Rudge
1
Iracema de Mattos Paranhos Calderon
1
(1)
– Programa de Pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, área de
concentração Obstetrícia Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da
Faculdade de Medicina de Botucatu – Universidade Estadual Paulista /Unesp –
Brasil.
(2)
Faculdade de Fisioterapia, Universidade do Sagrado Coração – Bauru - Brasil
Endereço para correspondência: Marta H.S. De
Conti. Departamento de Ginecologia e
Obstetrícia da Faculdade de Medicina de
Botucatu–Unesp. Distrito de Rubião Júnior, s/nº.
Botucatu, SP, CEP 18618-970.
E-mail:
madeconti@yahoo.com.br
Artigo 2
34
RESUMO
Objetivo: Estudar as repercussões no parto e no recém-nascido de técnicas
fisioterapêuticas aplicadas no Programa Multiprofissional de Preparo para o Parto e
Maternidade (PMPMa). Método: Ensaio clínico, não randomizado, com 71 gestantes
primigestas, de baixo risco, distribuídas em grupo Estudo (n=38) e Controle (n=33),
de acordo com o PMPMa. Comparou-se a evolução do trabalho de parto (TP), a via
de parto e o prognóstico neonatal (idade gestacional, peso, Apgar e tempo de
internação). As médias foram comparadas pela análise de variância (ANOVA); as
proporções, pelo teste do qui-quadrado (
2
), além do calculo do número necessário
para o tratamento (NNT) e análise de sobrevida. A significância estatística foi
definida pelo limite de 5% (p<0,05). Resultados – No grupo Estudo, 90,3%
desenvolveram o período de inclinação máxima da fase ativa do TP em no máximo,
4 horas (p=0,00). A via de parto vaginal foi predominante no Grupo Estudo (81,6%)
(p=0,04). Peso dos recém-nascidos, Apgar e idade gestacional não diferenciaram os
grupos. A alta hospitalar ocorreu em menor tempo nos recém-nascidos do Estudo
(p=0,03). Conclusões – O PMPMa, com técnicas fisioterapêuticas, favoreceu a
redução do período final da fase ativa do TP, o parto vaginal e a alta dos recém-
nascidos.
Palavras-chave – Gestação; Programas de preparo à maternidade; Técnicas
fisioterapêuticas, resultados do parto e neonatais.
Artigo 2
35
ABSTRACT
Objective: To study the repercussions, in delivery and newborn, of
physiotherapeutic techniques applied in the Maternity and Delivery Multi-
professional Preparation Program (PMPMa). Method: A nonrandomized clinical
trial with 71low-risk women pregnant for the first time, distributed in Study group
(n=38) and Control (n=33), according to MDMPP. The evolution of labor, fashion of
delivery and neonatal prognostic (gestational age, weight, Apgar and time of
hospitalization were compared. The means were compared by variance analysis
(ANOVA); the proportions, by the qui-square test (
2
), besides the necessary
number for treatment (NNT) and survival analysis. The statistical significance was
defined by the 5% (p<0,05) limit. Results – In the Study group, 90.3% developed the
maximum inclination period of labor’s active phase, in the maximum of 4 hours
(p=0.00). Vaginal delivery predominated in the Study group (81,6%) (p=0,04).
Newborns’ weight, Apgar and gestational age were not different between groups.
Hospital release took place in a smaller time for the newborns in the Study group
(p=0,03). Conclusions – The PMPMa, with physiotherapeutic techniques, favored
the reduction of labor’s active phase final period, vaginal delivery and the release of
newborns.
Key-words: Pregnancy; Maternity preparation Programs; Physiotherapeutic
Techniques; Delivery results and neonatals.
Artigo 2
36
INTRODUÇÃO
A gravidez é período de intensas adaptações fisiológicas, emocionais, culturais e
sociais na vida da mulher
1
. É caracterizada por seqüências de eventos que, muitas
vezes, não se consegue retratar, pela afetividade e emoção envolvidas neste processo.
Consonni
2
ressalta que a experiência da gravidez pode ser vista como um grande
acontecimento no desenvolvimento global da mulher. No entanto, pela labilidade
emocional e por mais que o tenha desejado, a realização desse desejo pode não trazer
as sensações esperadas para o seu novo papel de gestante, ou mesmo, de mãe.
As adaptações fisiológicas são constantes e consideráveis no período gestacional,
entre elas, a tumefação observada nos tecidos moles. Aproximadamente 80% das
gestantes referem edema durante algum estágio de sua gravidez, podendo resultar em
compressões de nervos periféricos
3
. Observa-se, também nas mulheres grávidas, o
aumento da frouxidão ligamentar, causado pelos hormônios estrogênio e relaxina,
responsáveis pela instabilidade articular e conseqüentes traumas músculo-
esqueléticos
3,4
. Perante a complexidade e especialização dos mecanismos
fisiológicos, físicos e emocionais, envolvidos no processo gestacional, nenhum ajuste
aparentemente normal deverá ser afetado
1
.
O ganho de peso corporal materno é constituído pelo desenvolvimento do feto, da
placenta, do líquido amniótico, do aumento na volemia, das mamas, do tecido
adiposo e do compartimento extravascular. Estes ajustes são conseqüências de
estímulos hormonais, responsáveis pelas adaptações metabólicas no organismo
materno
5
. A prática regular de atividade física em gestantes é importante recurso para
Artigo 2
37
a manutenção do peso
5
. O exercício é processo pelo qual a energia é transformada
em movimento e, inevitavelmente, em calor
1
.
O total domínio e a compreensão das atividades físicas a serem oferecidas às
gestantes é fator primário para o sucesso. Atualmente, muitas mulheres procuram por
práticas de exercícios físicos durante a gravidez. O Ameicam College of
Obstetricians and Gynecology (ACOG), visando assegurar a saúde materna e fetal,
publicou algumas orientações utilizadas como guia para a aplicação de exercício na
gestação
6,7
. Recentemente, o ACOG divulgou um artigo recomendando trinta
minutos de exercícios diários para gestantes sem complicações ou, em condições de
doença não-complicada.
A pesquisa realizada por Soultanakis-Aligianni (2003) refere indagações
relacionadas às alterações na temperatura materna, como resposta térmica à
intensidade e duração do exercício
9
. A escala normal de temperatura durante o
exercício varia de acordo com as condições do ambiente, a intensidade, a duração e
características próprias do individuo
9,10
. As mudanças nos níveis de concentração
hormonal, resultantes da aplicação de exercício durante a gravidez, parecem estar
relacionadas não somente à intensidade e duração, mas ao meio físico em que é
aplicado (ar ou àgua)
10
.
Estudos reportam que os tipos de treinamento de atividade física ou aplicabilidade de
exercícios são limitados na mulher grávida e recomendam intensidade moderada, por
20 a 60 minutos, com conseqüente redução da intensidade na progressão da gravidez
10, 11
. Em ensaio clínico randomizado realizado por Prevedel et al
12
, comprovou-se
que a prática de hidrocinesioterapia na gestação não influenciou na prematuridade e
Artigo 2
38
no baixo peso ao nascer. Esta comprovação se repetiu em outra pesquisa de Prevedel
em 2005
5
, que avaliou o efeito do exercício na àgua sobre a composição corporal e o
prognóstico neonatal, confirmando ausência de prejuízo fetal. Os recém-nascidos
eram de termo e peso adequado, com índices de Apgar e tempo de permanência
hospitalar adequados para o baixo risco obstétrico.
No solo, De Conti et al.
4
observaram a diminuição da intensidade, freqüência e
duração dos desconfortos músculo-esqueléticos em participantes de um programa de
assistência multiprofissional, incluindo aplicação de exercícios de intensidade leve.
A aplicação de exercícios tem sido motivo de especulações científicas quanto aos
seus efeitos e resultados para a gravidez. O stress físico, que poderia ser observado
em exercícios recreacionais, não evidenciou diminuição na idade gestacional ao
nascimento
13
. Sternfeld
14
relata que o efeito da estimulação da noradrenalina
materna ocorrida com o exercício pode ser neutralizado pelo aumento de
catecolaminas fetal, refratária à noradrenalina materna e, assim, protege o feto do
excesso de atividade uterina.
As alterações endócrinas, promovendo maior flexibilidade das articulações e
ligamentos pélvicos, são outros aspectos benéficos do exercício sobre o trabalho de
parto e parto
15
. As condições musculares favoráveis das gestantes que praticam
exercícios auxiliam na capacidade respiratória exigida no momento do parto, na
expulsão do feto e na redução dos desconfortos do parto
4
.
De acordo com alguns estudos, o exercício físico supervisionado, aplicado durante a
gestação favorece a redução de tempo do trabalho de parto
2
e das taxas de cesárea
2
, a
recuperação no pós-parto e não contribui para a prematuridade
14,16
. Entretanto, outros
Artigo 2
39
resultados são discordantes. As controvérsias e a falta de evidência científica
17
sobre
os efeitos da prática de exercícios na gestação definiram os objetivos deste estudo:
avaliar os efeitos das técnicas fisioterapêuticas aplicadas no Programa
Multidisciplinar de Preparo para o Parto e Maternidade (PMPMa) sobre a evolução
do trabalho de parto, a via de parto e o prognóstico do recém-nascido, em
participantes e não-participantes do PMPMa.
Artigo 2
40
PACIENTES E MÉTODO
Este trabalho é parte do projeto previamente aprovado pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Faculdade de Medicina de BotucatuUnesp, aos 06/11/2000.
Desenho e local do estudo. Ensaio clínico, não-randomizado, realizado no Serviço
de Obstetrícia – assistência ao pré-natal, parto e puerpério, da Faculdade de Medicina
de Botucatu (FMBotucatuUnesp).
Seleção dos sujeitos. Participaram do estudo 80 gestantes acompanhadas no
ambulatório de pré-natal de primigestas de baixo risco da FMBotucatu–Unesp, que
preencheram os seguintes critérios de inclusão:– nuliparidade, ausência de doença
clínica ou obstétrica, gestação única e idade gestacional entre 18 e 22 semanas.
Como critérios de exclusão foram considerados:– descontinuidade da assistência pré-
natal, parto fora do Serviço e não-adesão ao PMPMa, definida por três faltas
consecutivas ou não.
Grupos de gestantes. Foram constituídos dois grupos de gestantes, de acordo com a
participação Grupo Estudo (GE; n= 40) ou não Grupo Controle (GC; n= 40) no
PMPMa. Todas as mulheres foram abordadas no local de atendimento ambulatorial,
esclarecidas e convidadas a participarem do PMPMa e do projeto de pesquisa. Para
adequação das condições físicas, materiais e de pessoal, as participantes do GE
foram atendidas em subgrupos de oito a 12 gestantes. A cada subgrupo Estudo
constituído, iniciava-se o recrutamento do mesmo número de gestantes para o
subgrupo Controle que, necessariamente, tinham que confirmar a intenção de
participar do PMPMa, ainda que não sofressem a intervenção. Independentemente do
Artigo 2
41
grupo Estudo ou Controle, todas as gestantes assinaram o termo de consentimento,
formalizando a livre aceitação em participar do projeto de pesquisa.
Variáveis: A variável independente foi caracterizada por participar ou não do
PMPMa. As variáveis de controle foram representadas por idade materna (em anos
completos), idade gestacional inicial (no início do PMPMa; confirmada por ultra-
sonografia precoce), idade gestacional final (no final do PMPMa) e índice de massa
corporal (IMC; Kg/m
2
) pré-gravídico. As variáveis dependentes relacionadas às
repercussões no parto, foram definidas por via de parto categorizada em vaginal ou
cesárea; duração do período de inclinação máxima da fase ativa (dilatação cervical
de 6 a 10 cm) registrada em minutos, e duração (minutos) do período expulsivo,
avaliados pelo partograma
18
. O período de inclinação máxima da fase ativa (6 a 10
cm de dilatação) foi categorizado em ( ou que quatro horas; a duração do período
expulsivo, e que trinta minutos. As variáveis dependentes, relacionadas ao
prognóstico do recém-nascido foram definidas por idade gestacional ao nascimento
classificada em pré-termo (<37 semanas) e termo ( 37 semanas); peso do recém-
nascido avaliado em quilogramas e classificado em ou que 2.500g
19
; índices
de Apgar – categorizados em e a sete
19
e tempo de internação classificado em
e que três dias.
PMPMa. O programa desenvolvido por De Conti et al.
4
e Consonni et al.
2
, foi
aplicado para as gestantes do grupo Estudo, nas manhãs que antecediam as consultas
de pré-natal realizadas no período da tarde. O PMPMa se desenvolveu em 10
encontros, com freqüência quinzenal nos seis primeiros e semanal nos quatro
últimos. Cada encontro teve duração de três horas e era composto de três atividades
Artigo 2
42
básicas:– educativa, de interação e fisioteapêutica. A atividade educativa, extensiva
a todas as gestantes de cada subgrupo Estudo, teve duração aproximada de 50
minutos. A partir daí, metade delas participava, alternadamente, das atividades de
interação e fisioterapêutica, com duração média de 50 minutos cada. Do período total
de três horas, 15 a 20 minutos foram reservados para intervalo.
De interesse neste estudo, a atividade fisioterapêutica foi coordenada pela
fisioterapeuta da equipe, incluindo treino respiratório, cinesioterapia e orientações
posturais, incluindo as relativas a atividades de vida diárias (AVDs).
As técnicas fisioterapêuticas foram aplicadas na seguinte ordem: (a) Treino
respiratório – as gestantes foram treinadas para adotarem o padrão respiratório 1:1
(inspiração nasal profunda diafragmática seguida de expiração oral/frenolabial),
específico para os intervalos entre as contrações do trabalho de parto. Após a 36ª
semana, foram orientadas para realizarem exercícios respiratórios e manobras de
esforço (Valsalva) no período expulsivo do trabalho de parto. O treino respiratório
teve duração máxima de oito minutos, com pequenas pausas para descanso a cada
três ou quatro movimentos respiratórios, iniciando-se com as gestantes em decúbito
lateral esquerdo e, posteriormente, alterando para a posição supina. (b)
Cinesioterapia seqüências de exercícios de alongamento e fortalecimento muscular
de intensidade leve,
adequadas para a idade gestacional, iniciada por exercícios
metabólicos em membros superiores fechamento e abertura dos dedos das mãos, e
em membros inferiores dorso-flexão e circuncisão do tornozelo; seguida de uma
série de alongamentos da cadeia posterior de tronco e membros inferiores,
principalmente, músculos eretores da coluna, quadrado lombar, glúteos máximo,
médio e mínimo, ísquio-tibiais e adutores da coxa, e finalizada por fortalecimento
Artigo 2
43
dos músculos abdutores da coxa e do assoalho pélvico, principalmente os perineais.
Após esses exercícios, foi aplicado alongamento para os músculos peitorais e da
cadeia ântero-posterior dos membros superiores e cervicais. Cada sessão de
cinesioterapia teve duração média de trinta minutos, com pequenas pausas para
descanso, e todos os exercícios foram associados ao padrão respiratório 1:1. Durante
esta prática, a freqüência cardíaca (FC) materna não ultrapassou 140bpm
6,7
. (c)
Orientações Posturais teve duração máxima de doze minutos, fase em que as
gestantes foram posicionadas para relaxamento corporal e receberam informações
sobre a melhor postura para dormir, sentar, levantar da cama e para realizar as AVDs
afazeres domésticos, cuidados pessoais e de higiene, entre outras. As participantes
do PMPMa foram estimuladas a manter diariamente as posturas corretas e praticar os
exercícios cinesioterápicos em casa, com freqüência mínima de três vezes semanais.
Processamento e análise dos dados. Os dados coletados das gestantes, do parto e dos
recém-nascidos, foram registrados em protocolos específicos e armazenados em
banco de dados do software Excel, especialmente trabalhado, para que as variáveis
de interesse aos objetivos propostos pudessem ser selecionadas e submetidas ao
estudo estatístico.
As médias aferidas foram comparadas pela análise de variância (ANOVA) e, as
proporções, pelo teste do qui-quadrado
21
. Calculou-se o número necessário de
tratamentos (NNT), relacionado a parto vaginal, final da fase ativa 4 horas e alta
dos recém-nascidos 3 dias, e a análise de sobrevida, relativa ao tempo de evolução
do período final da fase ativa para ocorrência de parto vaginal
20
. A confirmação de
significância estatística foi definida pelo limite de 5% (p < 0,05).
Artigo 2
44
RESULTADOS
Estes resultados referem-se a 71 gestantes, primigestas e de baixo risco, distribuídas
em dois grupos: Controle (n = 33) e Estudo (n = 38). Das 80 gestantes que
aceitaram participar do projeto, nove foram excluídas e desconsideradas na análise
dos resultados: duas do grupo Estudo, por não-adesão ao PMPMa, e sete do
Controle, por gemelaridade (1), parto fora do serviço (3) e abandono do pré-natal (3)
(Figura 1).
80 primigestas / baixo risco aceitaram participar do projeto
Critérios de inclusão: nuliparidade, ausência doença,
gestação única, 18 – 22 semanas
PMPMa
n
=
40
PMPMa +
n
=
40
Critérios de exclusão: abandono pré-natal parto fora do
Serviço não-adesão PMPMa
Grupo Controle
PMPMa –
n = 33
Excluídas
gemelaridade (1)
abandono pré-natal (3)
parto fora do Serviço (3)
Excluídas
não-adesão PMPMa (2)
n = 2
Incluídas na análise
Grupo Estudo
PMPMa +
n = 38
Figura 1 Fluxograma de seleção e inclusão das gestantes no estudo
Artigo 2
45
As variáveis de controle, índice de massa corporal (IMC) pré-gravídico e a idade
gestacional final foram semelhantes entre os grupos. Observou-se diferença
significativa entre os grupos na idade materna e na idade gestacional inicial do
PMPMa. No grupo Controle, a idade média foi de 20,8 e, no Estudo, de 17,9 anos (p
=0,014). A média da idade gestacional inicial das gestantes participantes do PMPMa
foi de 18,4 semanas, significativamente menor que no Grupo Controle (19,5
semanas; p =0,03) (Tabela 1).
Tabela 1. Idade materna, índice de massa corporal (IMC) pré-gravídico e idade
gestacional inicial e final nos grupos Controle e Estudo.
Controle Estudo
m dp M dp p
Idade materna (anos) 20,8 5,7 17,9 2,9 0,014
IMC pré-gravídico (Kg/m
2
) 22,6 3,6 21,8 3,3 0,310
Idade gestacional inicial (sem.) 19,5 1,3 18,4 18,4 0,003
Idade gestacional final (sem.) 39,2 1,5 39,0 1,3 0,669
sem. = semanas de gestação
As variáveis dependentes, relacionadas à via de parto e duração do trabalho de parto,
foram estatisticamente diferentes entre os grupos. Observou-se que 81,6% das
mulheres do grupo Estudo pariram por via vaginal e apenas 18,4% delas foi
submetida à cesárea. Esses índices foram melhores que os observados no grupo
Controle, com 60,6% de parto vaginal e 39,4% de cesárea (p =0,04). A evolução do
trabalho de parto nas parturientes do grupo Estudo teve, também, menor duração. A
cérvicodilatação de 6 a 10cm, caracterizando o período de inclinação máxima da fase
ativa, se estendeu por 321,5 min no grupo Controle e por tempo bem menor no
Artigo 2
46
Estudo (132,9 min; p =0,000). Nesse grupo, 90,3 % das parturientes que evoluíram
para o parto vaginal desenvolveram o final da fase ativa (6 a 10cm) em, no máximo,
quatro horas. No Controle, essa proporção foi estatisticamente inferior (35,0%; p
=0,00). O período expulsivo teve duração semelhante entre os grupos (p =0,13) e, na
maioria das gestantes, não se estendeu por mais de 30 minutos (Tabela 2 e Figura 2).
Os indicadores relacionados ao prognóstico neonatal foram adequados para o baixo
risco obstétrico e não dependeram do grupo avaliado. A idade gestacional menor que
37semanas, o peso do recém-nascido inferior a 2.500gramas e os índices de Apgar
<7 foram minoria nos dois grupos e sem diferença significativa (p >0,05). Entretanto,
o tempo esperado de alta hospitalar dos recém-nascidos, até três dias no baixo risco,
foi mais freqüente no grupo Estudo (84,2 vs 48,5%; p =0,03) (Tabela 2).
Artigo 2
47
igura 2. Duração do período de inclinação máxima da fase ativa (6-10cm) e do
período expulsivo do trabalho de parto nos grupos Controle e Estudo.
321,5
132,9
21,8
16,4
0
50
100
150
200
250
300
350
minutos
Controle
Estudo
p = 0,000
p = 0,133
Fase Ativa
(6 a 10 cm)
Período Expulsivo
F
Artigo 2
48
Tabela 2. Via de parto, duração do período de inclinação máxima na fase ativa (FA)
e do período expulsivo e resultados neonatais nos grupos Controle e
Estudo.
Controle Estudo
Via de parto
n % N % p
Vaginal 20 60.6 31 81.6
Cesárea 39.4 7 18.4
0,04
13
Inclinação máxima FA
4horas
7 35.0 28 90.3
> 4horas 13 65.0 9.7
0,00
3
Período expulsivo
30min.
15 75.0 29 93.5
> 30min. 5 25.0 2 6.5
0,13
Resultados neonatais
IG < 37 sem. 0,67 3 9.1 1 2.6
Peso < 2.500g 5 15.2 7.9 0,77
< 7
7
36.4 13.2
3
Apgar 1º min. 4 12.1 3 7.9 0,42
Apgar 5º min. <
Alta 3dias
16 48.5 32 84.2 0,03
Alta 4 a 7dias 12 5
Alta > 7dias 5 15.1 1 2.6
sem. = semanas de
min= minutos
gestação
a Tabela 3 estão os resultados do número necessário de tratamentos (NNT), com os
respectivos intervalos de confiança a 95%, relativos a ocorrência de parto vaginal
(NNT = 4,8), duração do período de inclinação máxima na fase ativa (6 a 10cm) de
até quatro horas (NNT = 1,8) e alta hospitalar dos recém-nascidos em até três dias
(NNT = 2,8).
N
Artigo 2
49
Tabela 3. Número necessário de tratamentos (NNT) e intervalo de confiança a 95%
(IC 95%) para parto vaginal, duração do período de inclinação máxima na
fase ativa (FA) e alta hospitalar dos recém-nascidos (RN) nos grupos
Controle e Estudo.
NNT IC95%
Parto vaginal 4,8
12,0 21,6
Inclinação máxi a FA 4h 15 6
RN 3dias
m
1,8
,0 18,
Alta hospitalar
2,8
14,0 19,6
A análise de sobrevida demonstrou comportamento diferenciado na ocorrência de
21
igu po na
evolução no final da FA nos grupos Controle e Estudo.
parto vaginal em função do tempo de evolução no final da FA do trabalho de parto.
No grupo Estudo, os intervalos de tempo foram significativamente menores que os
observados no Controle (p = 000) (Figura 3)
.
T
empo (minutos)
8006004002000-200
Ocorrência de parto (%)
1,
2
1,
0
0,
8
0,
6
0,
4
0,
2
0,
0
-0,2
Estudo
Controle
p
= 0,000
F ra 3. Análise de sobrevida ocorrência de parto vaginal em função do tem
Artigo 2
50
DISCUSSÃO
Os resultados deste trabalho evidenciaram que o PMPMa, incluindo técnicas
T e a análise de
-randomização, os resultados são
favoráveis do PMPMa
3
.
fisioterapêuticas, favoreceu o parto vaginal e a cérvicodilatação da fase ativa do
trabalho de parto em tempo adequado, sem qualquer prejuízo para o feto ou recém-
nascido. Ao contrário, a grande maioria dos recém-nascidos de mães participantes do
PMPMa recebeu alta hospitalar com, no máximo, 72 horas de vida.
Tais resultados são animadores, sobretudo, quando se considera o NN
sobrevivência. Foi necessário aplicar a intervenção em 4,8, 1,8 e 2,8 gestantes
primigestas de baixo risco, respectivamente, para o desfecho de parto vaginal,
cérvicodilatação de 6 a 10cm em até quatro horas e alta do recém-nascido nos
primeiros três dias de vida. Além disso, a curva de evolução para o parto foi
estatisticamente diferenciada, reforçando que as gestantes participantes do PMPMa
tiveram melhor desempenho no trabalho de parto.
Resguardadas as limitações da amostra e da não
animadores e sustentam a validade do estímulo a programas multidisciplinares no
pré-natal. Neste trabalho, nenhuma gestante tinha passado pela experiência da
gravidez e todas estavam na mesma condição de enfrentamento “do desconhecido”.
Independentemente da faixa etária, mais jovem no grupo Estudo, essas gestantes não
tiveram dificuldade de assimilação, de realização ou de participação nas atividades
propostas, mesmo sendo teoricamente mais imaturas que o grupo controle. A
interação, a prática de exercício e as respostas às dúvidas mais freqüentes são
determinantes no controle da ansiedade-estado e influenciaram nos resultados
Artigo 2
51
Ainda não há evidência científica sobre os efeitos da atividade física na gestação
17
e
a literatura apresenta resultados divergentes. Entretanto, outros pesquisadores
21
gestação. A prematuridade e o baixo peso são os principais destaques,
s e a grande maioria dos nascimentos aconteceu no
também já destacaram a relação benéfica entre exercício e parto natural. Estudo
similar evidenciou maior risco de nascimentos por cesárea em nulíparas sedentárias,
comparadas às fisicamente ativas, especialmente nos dois primeiros trimestres de
gestação
.
A literatura também é controversa em relação ao risco fetal, decorrente da prática de
exercício na
pelo gasto energético e menor ganho de peso materno, associados ao efeito do
exercício no estímulo à atividade uterina e conseqüente antecipação do parto
22
. Na
revisão sistemática da Biblioteca Cochrane, o risco de prematuridade, relacionada à
prática de exercício, é estatisticamente significativo (RR= 2,29; IC 95% 1,02
5,13). Entretanto, os revisores consideram ainda inconsistência nesses dados, pelo
resultado da análise da idade gestacional ao nascimento e pelo pequeno número de
estudos de qualidade incluído
17
.
Este trabalho não comprovou tais resultados, a idade gestacional ao nascimento não
diferenciou os grupos de gestante
termo. Esses desfechos estão de acordo com outros autores que consideram que a
prática de exercícios físicos, devidamente monitorizados, regulares e aplicados por
profissionais qualificados, não contribui para a prematuridade
5,16,22
. Ao contrário, o
grupo Controle apresentou um percentual de cerca de 9,0% de parto ocorrido antes
da 37
a
semana de gestação. Embora semelhantes aos 2,6% do grupo Estudo, pelos
cálculos estatísticos, tais achados se destacam, fazem diferença na prática clínica e
Artigo 2
52
indicam que vários outros fatores devem estar envolvidos na gênese da
prematuridade. O mesmo se diga em relação aos percentuais de baixo peso (15,2%) e
de Apgar <7 no primeiro minuto (12,1%) no grupo Controle que, apesar de
comparáveis estatisticamente, corresponderam a quase o dobro do observado no
grupo de participantes do PMPMa. De modo indireto, isto reforça a validade ao
estímulo na promoção da assistência multiprofissional durante a gestação.
O tempo de alta hospitalar dos recém-nascidos pode ser utilizado como marcador
indireto da saúde perinatal. Dos recém-nascidos de mães que participaram do
, inclui
ospitalar
PMPMa, 84,2% recebeu alta hospitalar até o terceiro dia de vida e isto foi um
diferencial significativo em relação ao grupo Controle (48,5%). Esses resultados
reforçam a opinião de que o exercício adequado e monitorado em sua intensidade,
tipo e ambiente não causam prejuízo neonatal
9,10,2226
. As normas pré-estabelecidas
pelo ACOG
6
orientaram as técnicas fisioterapêuticas aplicadas no PMPMa.
Neste estudo, o atendimento multiprofissional ndo técnicas fisioterapêuticas,
favoreceu o parto vaginal, a redução do tempo do trabalho de parto e a alta h
do recém-nascido em tempo adequado, sem prejuízo do prognóstico perinatal,
associado à qualidade do atendimento humanizado. Do ponto de vista prático, os
benefícios da humanização na assistência pré-natal e no parto e a ausência de riscos
para o recém-nascido, já justificam o estímulo, a manutenção e a replicação do
PMPMa na melhoria da qualidade da assistência obstétrica. Do ponto de vista
científico, os resultados deste trabalho, além de ratificarem os anteriormente
observados em nosso meio
2,4,5,12
e apesar das limitações, deverão contribuir para
definir a validade da prática de exercícios físicos na gestação.
Artigo 2
53
REFERÊNCIAS
1. Romem Y, Masakin DI, Artal R. Ajustes fisiológicos e endocrinológicos à
gravidez. In: O exercício na gravidez. 2a ed. São Paulo: Mamole; 1999. p. 9-29.
o parto e maternidade – ansiedade materna e resultados perinatais. [dissertação]
3.
MVC. Efeitos de técnicas fisioterápicas sobre os desconfortos da gestação. Rev
5.
da adaptação materna `a gestação.
6. American College of Obstetricians and Gynecologists. [Technical Bulletin
2. Consonni, HB. Repercussões de um programa multiprofissional de preparo para
Botucatu. Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista; 2001.
Ritchie JR. Ortopedic considerations during pregnancy. Clin Obstet Gynecol
2003; 46(2): 456-66.
4. De Conti MHS, Calderon IMP, Consonni EB, Prevedel TTS, Dalben I, Rudge
Bras Ginecol Obstet 2003; 25:647–4.
Prevedel TTS. Capacidade cardiovascular e composição corporal relacionadas à
hidrocinesioterapia nos períodos críticos
[tese]. Botucatu. Faculdade de Medicina, Universidade Estadual Paulista; 2005.
n.189]. Exercise during pregnancy and the postpartum period. Int J Gynaecol
Obstet 1994; 45:65–70.
Artigo 2
54
7. American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG-Committee
Opinion nº 267. Exercise during pregnancy and the postpartum period. Obstet
Gynecol 2002;99:171–3.
8. Lewallen LP. Healthy behaviors and sources of healthy information among low-
income pregnancy women. Public Health Nurs 2004; 21(3):200-6
9. Soultanakis-Aligianni H. Thermoregulation during exercise in pregnancy. Clin
Obstet Gynecol 2003: 46(2):442-35.
10. Bessinger RC, Mcmurray RG. Substrate utilization and hormonal responses to
exercise in pregnancy. Clin Obstet Gynecol 2003: 46(2) 467-78.
11. Barracho ELLS. Fisioterapia aplicada à obstetrícia.Aspectos.3a ed. Rio de
Janeiro: Medsi; 2002.
12. Prevedel TTS, Calderon IMP, De Conti MH, Consonni EB, Rudge MVC.
Repercussões maternas e perinatais da hidroterapia na gravidez. Rev Bras
Ginecol Obstet 2003; 25:53–9.
13. Clarke PE, Goss H. Women’s behaviours, beliefs and information sources about
physical exercise in pregnancy. Rev Midwifery 2004; 20:133-41.
14. Sternfeld B. Physical activity and pregnancy outcome: review and
recommendations. Sports Med 1997; 23:33-47.
Artigo 2
55
15. Hartmann S, Bung p. Physical exercise during pregnancy: physiological
considerations and recommendations. J Perinat Med 1999; 27:204-15.
16. Lederman SA. Preganancy weight gain and postpartum loss: avoiding obesity
while optimizing the growth and development of the fetus. J Am Med Womens
Assoc 2001; 56:53-8.
17. Kramer MS. Aerobic exercise for women during pregnancy, Cochrane Rev.
2004; (1).
18. Ministério da Saúde: Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à mulher.
Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de Políticas de Saúde, Área Técnica de
Saúde da Mulher; 2001. p. 175-81.
19. Fechina RH, Schwaecz R, Díaz AG: Vigilancia del crecimiento fetal. Manual de
autoinstruccion. Uruguai: Centro Latinoamericano de Perinatologia Y Desarrollo
Humano –CLAP; 1996.
20. SSPSS for windows [computer software]. Version 10.0.7. Chicago[IL]:
Computerized Statical Systems; 1999.
21. Bungum TJ, Peaslee DL, Jackson AW, Perez MA. Exercise during pregnancy
and type of delivery in nulliparae. J Obstet Gynecol Neonatal Nurs 2000;
29:258-64.
Artigo 2
56
22. Dye TD, Oldenettel D. Physical activity and risk of preterm labor: an
epidemiological review and synthesis of recent literature. Semin Perinatol 1996;
20:334-9.
23. Bishop KR, Dougherty M, Money R, Gimotty P, Williams B. Effects of age,
parity, and adherence on pelvic muscle response to exercise. J Obstet Gynecol
Neonatal Nurs 1992; 21: 401-6.
24. Rössner S. Physical activity and prevention and treatment of weight gain
associated with pregnancy: current evidence and research issues. Med & Sci
Sport Exerc 1999; 31:560-3.
25. O’toole ML. Physiologic aspects of exercise in pregnancy. Clin Obstet Gynecol
2003; 46:379-89.
26. Maciel FA, Cavalli RC, Prado MFM, Cunha SP, Duarte G. Exercício físico na
gravidez. Femina 2003; 31:253-7.
Artigo 3
57
Artigo 3
Artigo 3
58
Avaliação do Programa Multiprofissional de Preparo Para o Parto e
Maternidade (PMPMa) Satisfação das Participantes
Evaluation of the Maternity and Delivery Multi-professional Preparation Program
(PMPMa) – Satisfaction of Participants.
Marta Helena Souza De Conti
1, 2
Elenice Bertanha Consonni
2
Alberto De Vitta
1
Rachel Confeti dos Santos
3
Marilza Vieira Cunha Rudge
2
Iracema de Mattos Paranhos Calderon
2
Faculdade de Fisioterapia, Universidade do Sagrado Coração/BauruSP/ Brasil.
1
Programa de Pós-graduação em Ginecologia, Obstetrícia e Mastologia, área de
concentração Obstetrícia Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade
de Medicina de Botucatu – Universidade Estadual Paulista /Unesp – Brasil.
2
Programa de Aprimoramento – FUNDAP, FM Botucatu
– Unesp, SP/Brasil.
3
Endereço para correspondência:
Marta H. S. De Conti. Departamento de
Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de
Medicina de Botucatu–Unesp. Distrito de Rubião
Júnior, s/nº. Botucatu, SP, CEP 18618-970.
E-mail:
madeconti@yahoo.com.br
Artigo 3
59
RESUMO
Objetivo: conhecer e descrever o grau de satisfação das participantes do Programa
Multiprofissional de Preparo para o Parto e Maternidade (PMPMa), em relação ao
programa em si, ao preparo para a maternidade, ao desempenho e segurança no parto
e à experiência de parir. Método: estudo prospectivo e descritivo, incluindo 38
primigestas de baixo risco, que participaram do PMPMa e deram à luz no Serviço.
Aplicou-se questionário específico no terceiro dia pós-parto, onde se quantificou a
satisfação das participantes, relacionada à experiência da maternidade (gestação,
parto, amamentação e cuidados com o bebê), ao número e duração dos encontros e à
avaliação do PMPMa. Resultados: a maioria das participantes referiu grau elevado
de satisfação com o preparo para a gestação (94,7%), o parto (92,1%), os cuidados
com o bebê (94,7%) e a amamentação (86,9%); considerou bom o número (79,2%) e
a duração (89,5%) dos encontros; julgou que a gravidez foi tranqüila ou ideal
(94,7%); o parto foi igual ou melhor que o imaginado (75,0%); não teve ou sentiu
dores suportáveis (79,0%); estava bastante preparada para o parto (76,3%) e a
experiência de parir foi avaliada como agradável ou emocionante por 92.1% das
gestantes. Na opinião geral das gestantes, o PMPMa foi válido e deve continuar.
Conclusões: A validade do PMPMa foi confirmada pela satisfação das participantes,
especialmente relacionada ao preparo para a maternidade e à experiência de parir,
além da avaliação favorável à continuação do programa.
Palavras-chave: gestação, pré-natal e parto, assistência multiprofissional, satisfação
do usuário.
Artigo 3
60
ABSTRACT
Objective: To study and describe the satisfaction degree of women who participated
in the Maternity and Delivery Multi-professional Preparation Program (PMPMa), in
relation to the program itself, preparation for maternity, performance and safety at
delivery, and the experience of giving birth. Method: A prospective and descriptive
study including 38 low-risk women, pregnant for the first time, who gave birth at the
Service. Questionnaires were applied on the third day following delivery, thus
quantifying the participants satisfaction regarding maternity experience (pregnancy,
delivery, breast-feeding and care with the baby), number and duration of
appointments and the evaluation of PMPMa. Results: most participants reported a
high satisfaction degree as for preparation for pregnancy (94.7%), delivery (92.1%),
care with the baby (94.7%) and breast-feeding (86.9%); considered good the number
(79.2%) and duration (89.5%) of appointments; thought pregnancy tranquil and ideal
(94.7%); delivery was equal or better than that imagined (75.0%); had none or felt
bearable pains (79.0%); was quite prepared for delivery (76.3%) and the experience
of giving birth was regarded as pleasant or exciting by 92.1% of the pregnant
women. In their overall opinion, PMPMa was worth it and must go on. Conclusions:
the validity of the PMPMa was confirmed by the participants satisfaction, specially
related to the preparation for maternity and the experience of giving birth, besides
favorable evaluation for the keeping of the program.
Key-words: pregnancy; prenatal and delivery; multi-professional assistance; user´s
satisfaction.
Artigo 3
61
INTRODUÇÃO
O modelo de assistência obstétrica, estudada e discutida mundialmente por
profissionais da saúde, ressalta a importância da adoção de medidas que reorientem
as práticas durante a gestação, parto e maternidade. Este enfoque visa a humanização
da assistência à maternidade, por meio da abordagem multiprofissional participativa,
destacando a figura da gestante na gravidez, parto e puerpério, ou seja, na
maternidade. O processo de humanização estimula o curso natural da gestação e
evidencia a redução de intervenções cirúrgicas desnecessárias.
1
Apesar dos relatos de atenção psicológica e física durante a gestação serem antigos,
os cuidados pré-natais destinados às gestantes são imprescindíveis e, sobretudo, com
controle médico e exames específicos para se detectar possíveis problemas.
2
No
contexto atual, a gravidez passou a ser vista como um acontecimento fisiológico e, na
grande maioria das vezes, saudável, com tendência mundial crescente de incentivo ao
parto vaginal e à amamentação.
3
A educação por métodos informativos se iniciou quando as mulheres começaram a
compartilhar informações sobre o parto com suas mães, amigas e filhas.
4
A atenção
às orientações para as mulheres grávidas, aliada ao incentivo à atividade física
durante esse período tem mudado os indicadores de saúde na gravidez, diminuindo
os gastos hospitalares, a morbidade materna e perinatal e, garantindo qualidade no
pós-parto e lactação.
5,6
Alguns estudos
3,4,7
ressaltam o interesse no bem-estar materno e fetal e evidenciam
os aspectos emocionais, físicos e sociais vivenciados no período gestacional, parto e
puerpério, com a aplicação de programas de assistência multiprofissional. Esses
Artigo 3
62
programas de preparo para o parto, caracterizado pelo desenvolvimento de métodos
educativos, atenção psicológica adequada e preparo físico específico, estão se
tornando comuns e cada vez mais procurados pela maioria das gestantes.
5
As metas
resumem-se em assegurar à gestante o controle sobre seu corpo e sua gestação,
introduzindo-as na prática de exercícios que resultam em equilíbrio físico e psíquico,
com conseqüente sensação de bem-estar.
3,5,7,8
Apesar das mais variadas abordagens nos métodos de preparo para o parto, dois
enfoques principais são destacados na literatura:– a necessidade de informação sobre
as adaptações do organismo materno e a importância do preparo físico e emocional
para o momento do parto e para a relação com o recém-nascido.
3,9,10
A maioria dos
programas oferece condições para que as gestantes compreendam, aceitem e
pratiquem conhecimentos e atitudes relacionados ao processo gestacional,
1113
ao
parto,
3
puerpério e recém-nascido,
3,7,8
além de ressaltarem o valor da interação
imediata entre mãe e filho no desenvolvimento físico e afetivo da criança.
10,14,15
Em
estudo realizado por Consonni
3
, com programa de enfoque multiprofissional,
aplicado desde a 18
a
semana até o final da gestação, considerou-se a oportunidade
única para a gestante enfrentar, de forma consciente, os problemas psicológicos
vivenciados nesse período. Os resultados mais brilhantes puderam ser observados no
controle da característica de ansiedadeTraço e na redução significativa dos índices
de parto cesárea.
A garantia da qualidade dos serviços prestados se relaciona não só aos resultados,
estatisticamente comprovados, do desfecho obstétrico e perinatal, mas também à
percepção da satisfação da gestante com o atendimento recebido.
16
Alguns
estudos
1618
demonstraram que a satisfação do paciente é vista como uma construção
Artigo 3
63
multidimensional, em que o indivíduo pode estar satisfeito com um ou mais aspectos
da assistência à saúde e, ao mesmo tempo, insatisfeito com outros. Freqüentemente,
as dimensões da satisfação referem-se à competência técnica, ao ambiente físico, à
acessibilidade, aos aspectos financeiros e às expectativas atingidas.
16,18
Porém, vários
autores são unânimes em afirmar que a satisfação está relacionada com as
expectativas do paciente.
1719
A satisfação obtida a partir de uma intervenção é difícil de ser mensurada, pois
reflete opiniões subjetivas que podem ser alteradas quando o paciente muda suas
expectativas e necessidades, ainda que o objeto da avaliação (a assistência)
permaneça constante.
17
A aplicação de questionários representa um dos métodos
mais utilizados para avaliar a satisfação do usuário nos serviços de saúde.
17,20
Tal
prática contribui para caracterização da estrutura, do processo (métodos utilizados) e
dos resultados da assistência, além de, auxiliar na implantação de estratégias
facilitadoras para a adesão ou recrutamento de novos pacientes.
17
Atualmente, observam-se mudanças no comportamento dos usuários dos serviços de
saúde. Cada vez mais o paciente exige envolvimento nas decisões relativas à
condição de sua saúde e avalia de maneira efetiva a execução e a qualidade da
assistência prestada. Isso pode gerar satisfação ou insatisfação.
21
Considerando-se a validade da assistência multiprofissional em Obstetrícia e a
importância da satisfação das gestantes/parturientes, em seus múltiplos aspectos, é
objetivo deste estudo avaliar o grau de satisfação das participantes do Programa
Multiprofissional de Preparo para o Parto e Maternidade (PMPMa), em relação ao
programa em si; ao preparo para a gestação, parto, amamentação e cuidados com o
recém-nascido; ao desempenho e segurança no parto e à experiência de parir.
Artigo 3
64
MÉTODO
Este trabalho é parte integrante de projeto previamente aprovado pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Faculdade de Medicina de BotucatuUnesp. Trata-se de estudo
prospectivo e descritivo, realizado no Serviço de Obstetrícia da Faculdade de
Medicina de BotucatuUnesp.
Foram sujeitos deste estudo 38 gestantes primigestas de baixo risco, que participaram
do PMPMa, aplicado da 18ª22ª semana até o final da gestação, e que deram à luz no
Serviço.
O PMPMa se desenvolveu em 10 encontros, com freqüência quinzenal nos seis
primeiros e semanal nos quatro últimos. Cada encontro teve duração de três horas e
era composto de três atividades básicas: educativa, fisioteapêutica e de interação. A
primeira atividade desenvolvida era a educativa, extensiva a todas as gestantes de
cada grupo, com duração aproximada de 50 minutos. A partir daí, metade delas
participaram, alternadamente, das outras atividades – fisioterapêutica e de interação,
com duração média de 50 minutos cada. No período total de três horas, 15 a 20
minutos eram reservados para intervalo e lanche. A atividade Educativa constituiu-se
de palestras e discussões sobre a gravidez, parto, puerpério e cuidados com o recém-
nascido. Os temas, previamente definidos, eram apresentados pelos profissionais de
saúde do Serviço e discutidos informalmente com as gestantes. Foi incluída uma
visita à maternidade, onde as participantes conheceram suas dependências unidade
de internação da mãe e do recém-nascido (alojamento conjunto) e as salas de pré-
parto e parto. A atividade Fisioterapêutica, coordenada pela fisioterapeuta da equipe,
Artigo 3
65
incluiu avaliação inicial, treino respiratório e cinesioterapia (exercícios de
alongamento e fortalecimento muscular), além de orientações posturais, incluindo as
atividades de vida diárias (AVDs). Após a 36ª semana, as gestantes receberam
orientações específicas para o período expulsivo do parto, constituída de exercícios
respiratórios e manobras de esforço.
7
A atividade de Interação foi coordenada pela
psicóloga da equipe e representou um espaço de discussão sobre as experiências com
a gestação, as vivências emocionais envolvidas na situação de ter um filho e o
impacto da gravidez no contexto familiar. O tema central das discussões foi o
assunto apresentado pelos profissionais de saúde na atividade educativa, embora
pudesse ser desviado conforme o interesse do grupo naquele momento. Os últimos
15 minutos foram reservados para relaxamento físico e mental.
Para a caracterização das gestantes, considerou-se a idade (anos completos), renda
familiar (em reais), grau de escolaridade (anos) e situação conjugal (com ou sem
companheiro), obtidas na avaliação fisioterapêutica inicial, e o IMC pré-gravídico
(Kg/m
2
), calculado pelos dados antropométricos da carteira de pré-natal. As
características obstétricas foram definidas pela via de parto (vaginal ou cesárea), pela
duração do período de inclinação máxima (610cm) da fase ativa (menor ou igual e
maior que quatro horas) e período expulsivo (menor ou igual e maior que
30minutos), avaliadas no partograma do Serviço.
22
A satisfação das participantes do PMPMa foi analisado por meio de questionário
específico, adaptado de outros da literatura
1921
e aplicado no terceiro dia pós-parto.
O questionário foi constituído por 12 questões de múltipla escolha, relacionadas ao
programa em si; ao preparo para a gestação, parto, amamentação e cuidados com o
Artigo 3
66
recém-nascido; ao desempenho e segurança no parto e à experiência de parir.
Finalizando, o questionário apresentava uma questão aberta, de resposta opcional
(comentários), onde as participantes expressaram as suas críticas e sugestões,
consideraram os pontos fortes e fracos e relataram sua avaliação sobre a validade e a
continuidade do PMPMa (Quadro 1).
Para a interpretação dos resultados, considerou-se o percentual de respostas dentro de
cada categoria nas questões de múltipla escolha. Na questão aberta, foram
consideradas a freqüência e a síntese de opiniões.
23
Artigo 3
67
Quadro 1. Questionário de avaliação aplicado no terceiro dia do pós-parto.
1Ter participado do grupo de
gestantes te ajudou a se preparar para
a gestação:
7Por ter participado do grupo de
gestantes você acha que sua gestação
foi:
pouco como você queria que fosse (ideal)
muito tranqüila
não ajudou conturbada (complicada)
não sabe dizer não sabe dizer
2Ter participado do grupo de
gestantes te ajudou a se preparar para
parto:
8Por ter participado do grupo de
gestantes você acha que seu parto foi:
pouco como tinha imaginado (ideal)
muito melhor que o imaginado
não ajudou pior que o imaginado
não sabe dizer não sabe dizer
3Ter participado do grupo de
gestantes te ajudou a se preparar para
cuidar do bebê:
9Quanto às dores no parto você acha
que foram:
pouco não teve dores
muito suportáveis
não ajudou insuportáveis
não sabe dizer não sabe dizer
4Ter participado do grupo de
gestantes te ajudou a se preparar para
a amamentação:
10Em relação ao que estava
acontecendo no parto, você acha que:
pouco sabia tudo e o que fazer
muito não tinha idéia
não ajudou sabia, mas se descontrolou
não sabe dizer não sabe dizer
5Quanto ao número de encontros
você acha que foi:
11Em relação à hora do parto, você
acha que estava:
bom bem preparada
excessivo (muito grande) pouco preparada
pouco (insuficiente) nada preparada
não sabe dizer não sabe dizer
6Quanto ao tempo de duração de
cada encontro você acha que foi:
12Pra você, a experiência de dar à luz
foi:
bom emocionante
longo (demorado) agradável
curto (pouco tempo) razoável
não sabe dizer frustrante
13Comentários sobre o grupo de gestantes:
Artigo 3
68
RESULTADOS
Estes resultados referem-se à opinião de 38 gestantes, primigestas e de baixo risco,
que participaram do Programa Multidisciplinar de Preparo para o Parto e
Maternidade (PMPMa) e que, em questionário específico, aplicado no terceiro dia
pós-parto, emitiram suas opiniões sobre o preparo para a maternidade, os encontros
realizados, o desempenho e a segurança no parto e a experiência de parir..
As participantes do PMPMa tinham idade média de 17,9 (2,9) anos, índice de
massa corporal (IMC) pré-gravídico de 21,8 (3,3) Kg/m
2
e renda familiar média de
R$ 500,30 (357,10) A maioria delas (94,7%) freqüentou escola por, no máximo, 11
anos e 39,5% não tinha companheiro fixo. A ocorrência de parto vaginal foi de
81,6% e apenas 18,4% das participantes do PMPMa foram submetidas à cesárea
(Tabela 1). As indicações das sete cesáreas foram: falha de indução (2/7), parada
secundária da dilatação (2/7) apresentação pélvica (1/7) e desproporção céfalo-
pélvica (2/7).
Em relação à duração do trabalho de parto, 90,3% das participantes desenvolveram o
período de inclinação máxima da fase ativa em até 4horas e 93,5% concluíram o
período expulsivo em, no máximo, 30minutos. A maioria dessas gestantes (84,2%), e
seus recém-nascidos, recebeu alta hospitalar no terceiro dia de pós-parto.
Artigo 3
69
Tabela 1. Idade materna, índice de massa corporal (IMC) pré-gravídico, renda
familiar, escolaridade, situação conjugal e via de parto nas participantes
do PMPMa
Participantes do PMPMa
m dp
Idade materna (anos) 17,9 2,9
IMC pré-gravídico (Kg/m
2
) 21,8 3,3
Renda familiar (R$) 500,3 351,7
n %
Escolaridade
8anos
17 44,7
9 11 anos
19 50,0
12 anos
2 5,3
Sem companheiro 15 39,5
Via de parto
Vaginal 31 81,6
Cesárea 7 18,4
De acordo com a percepção das gestantes no preparo para a gestação, 94,7%
confirmou grau elevado e nenhuma delas se sentiu insatisfeita. Percentuais idênticos
foram observados no preparo para cuidar do bebê. Quanto ao preparo para o parto,
92,1% das gestantes referiu grau elevado de satisfação e, no preparo para a
amamentação, 86,9% sentiram-se altamente preparadas, com grau elevado de
satisfação. Percentuais menores, correspondentes a 2,6%, foram relacionados à
insatisfação no preparo para o parto e a amamentação. A maioria das gestantes
(79,2%) julgou bom o número total de 10 encontros, 10,5% considerou pouco e
apenas 2,4% delas achou que este número foi excessivo. Percentuais comparáveis
foram relacionados ao tempo de duração dos encontros do PMPMa (Tabela 2).
Artigo 3
70
Tabela 2. Grau de satisfação relativo ao preparo para maternidade e ao número e
duração dos encontros, de acordo com a avaliação das participantes do
PMPMa
Participantes do PMPMa
Grau de satisfação elevado médio Insatisfação
Preparo para n % n % n %
Gestação 36 94,7 2 5,3
Parto 35 92,1 2 5,3 1 2,6
cuidados com o bebê 36 94,7 2 5,3
Amamentação 33 86,9 4 10,5 1 2,6
Número de encontros n %
Bom 30 79,2
Muito 1 2,6
Pouco 4 10,5
não sabe dizer 3 7,9
Duração dos encontros n %
Bom 34 89,5
Muito
Pouco 4 10,5
não sabe dizer
Em relação à gestação, 94,7% das mulheres considerou que a gravidez foi ideal ou
transcorreu de forma tranqüila. O parto foi considerado igual ou melhor que o
esperado por 75,0% das gestantes, ainda que 23,7% sentiu que foi pior que o
esperado. Estes resultados foram equivalentes aos observados na percepção quanto às
dores do parto 79,0% das gestantes referiu que não sentiu ou teve dor suportável;
18,4% delas avaliou as dores como insuportáveis. Das 38 gestantes participantes do
PMPMa, 29 (76,3%) se julgaram bastante preparadas para enfrentar o parto, seis
delas (15,8%) delas acharam que estavam pouco preparadas e, três (7,9%), nada
preparadas. Quanto à experiência de parir, a maioria julgou agradável (7,9%) ou
emocionante (84,2%) e duas delas (5,3%) sentiram-se frustradas (Tabela 3).
Artigo 3
71
Tabela 3. Grau de satisfação relativo à experiência na gestação e no parto, de acordo
com a avaliação das participantes do PMPMa
Participantes do PMPMa
Gestação
n %
Ideal 10 26,3
Tranqüila 26 68,4
Conturbada
não sabe dizer 2 5,3
Parto
igual ou melhor 27 75,0
Pior 9 23,7
não sabe dizer 2 5,3
Dores no parto
não teve / suportáveis 30 79,0
Insuportáveis 7 18,4
não sabe dizer 1 2,6
Preparo para o parto
Bastante 29 76,3
Pouco 6 15,8
Nada 3 7,9
Experiência de parir
agradável 3 7,9
emocionante 32 84,2
razoável 1 2,6
frustrante 2 5,3
Nas respostas da questão aberta, a maioria das gestantes destacou a importância do
PMPMa no cuidado com o recém-nascido e considerou que o programa foi bom,
tanto para ela, com para o seu filho. Apesar das dores, consideradas insuportáveis por
seis entre as sete gestantes submetidas à cesárea, a maioria delas sentiu-se segura, por
conhecer o ambiente e conseguirem entender o que estava acontecendo. Finalmente,
reforçaram a validade de continuar com o PMPMa, para beneficiar, também, outras
mães e recém-nascidos.
Artigo 3
72
DISCUSSÃO
Os resultados obtidos neste estudo indicaram que, na opinião das gestantes, o grau de
satisfação em relação ao preparo para a maternidade foi elevado. A grande maioria
das gestantes considerou estar preparada para a gestação, o parto, os cuidados com o
bebê e para a amamentação. Esses resultados reforçaram o benefício da assistência
multiprofissional, representada neste estudo, pelo PMPMa.
Os trabalhos disponíveis recomendam a observação de condições básicas para a boa
análise da satisfação dos usuários, como a clara definição das questões e o acesso aos
diferentes aspectos dos cuidados à saúde.
20
O questionário, especialmente adaptado
aos interesses na avaliação do PMPMa e de seus desfechos, parece ter sido adequado.
Aliada à satisfação em relação ao preparo para a maternidade, cerca de 80 a 90,0%
das participantes relatou ser bom o número e a duração dos encontros previstos no
programa. A constatação de que participar do PMPMa não comprometeu suas
atividades domésticas, profissionais, de estudo ou de lazer, associado ao prognóstico
favorável da gestação e do parto, deve ter influenciado favoravelmente esse
resultado.
Vários autores
1619,23
ressaltam a importância da avaliação dos usuários de serviços
de saúde, enfocando a qualidade da assistência que, além da tecnologia, da
capacidade profissional e da estrutura, também pode ser mensurada pela satisfação
do paciente.
18
A comunidade científica dispõe de vários instrumentos para tal
avaliação, porém a maioria deles foi proposto e validado em países desenvolvidos.
No Brasil, os aspectos diferenciados na política de saúde, na cultura da população e
Artigo 3
73
na assistência hospitalar justificam a adaptação e adequação dos questionários
disponíveis.
1820,24
Assim, definiu-se pela aplicação de questionário especifico,
especialmente adaptado pelas pesquisadoras, considerando as características
peculiares das usuárias do Serviço baixo nível sócio-econômico e cultural.
Neste estudo, as respostas das gestantes indicaram resultados desejáveis em relação
ao PMPMa e, de modo indireto, avaliaram favoravelmente os profissionais
envolvidos, o espaço físico disponível e a dimensão alcançada pelas informações
transmitidas às participantes. A percepção da qualidade do atendimento, relacionada
ao preparo físico e à participação nas reuniões, com decorrente informação e
integração, influenciou positivamente no transcorrer de uma gestação tranqüila e
ideal, relatada pela maioria das participantes, e caracterizou a assistência
humanizada.
Os programas com enfoque multiprofissional têm sido valorizados na humanização
da assistência a gestação, parto, puerpério e maternidade, pela abordagem de três
componentes básicos no acompanhamento pré-natal – o cognitivo, o físico e o
emocional. Nesse contexto, o referencial teórico e prático, oferecido nas atividades
educativas e de interação, possibilitou à gestante não só melhor entendimento da
fisiologia de todo o processo, como maior integração com a equipe de saúde e
ambientalização nas instalações hospitalares. Essas ações permitiram desmistificar e
minimizar o estresse da internação e do parto.
3,7
A preocupação da equipe multiprofissional com o período gestacional é evidente na
literatura. O equilíbrio físico e psicológico faz-se necessário para o bem-estar e a
satisfação das gestantes, parturientes e puérperas e objetiva o preparo diante das
Artigo 3
74
novas situações, emoções, percepções e pensamentos.
3,4,7,8
Do ponto de vista de
estudiosos, esses aspectos são vivenciados no processo da maternidade, pois é tempo
de reformulação de identidade, de reordenação no espaço e nas relações interpessoais
e de maturação da personalidade da mulher.
15
Os exercícios físicos e as orientações
posturais, aplicados na atividade fisioterapêutica, contribuíram para a sensação de
bem-estar e o desempenho no parto das participantes do PMPMa. O preparo
adequado e o bom desempenho no parto são efeitos esperados com a prática de
atividade física na gestação.
8
A maioria das participantes do PMPMa se considerou preparada para o parto, o que
contribuiu para a percepção e o julgamento de que o parto foi igual ou melhor do que
o imaginado, com dores suportáveis ou até ausentes na maioria das gestantes do
PMPMa. A experiência de parir foi, sem dúvida, o desfecho mais valorizado,
avaliado como emocionante por 84,2% das participantes do programa. O índice
animador de parto vaginal (81,6%), associado ao menor tempo de trabalho de parto,
foi determinante na satisfação sobre a experiência de parir. Apesar disso, uma
minoria percebeu a experiência no parto como razoável (2,6%) ou frustrante (5,3%).
A interação de vários fatores, próprios da população assistida ou de causa obstétrica,
deve explicar esse resultado negativo. Entre eles, a dificuldade na assimilação das
informações transmitidas, decorrente da situação conjugal inadequada (39,5%) e do
baixo grau de escolaridade (44,7%), e o percentual de gestantes (18,4%) que
considerou as dores do parto insuportáveis ou foi submetida à cesárea.
Ainda que aplicado só para as participantes do PMPMa, as respostas ao questionário
reforçaram a importância da assistência obstétrica multiprofissional, relacionando
Artigo 3
75
múltiplos aspectos e interações. A avaliação das usuárias do Serviço destacou
benefícios do programa no preparo do processo da maternidade, favorecendo a
evolução normal da gestação e o parto vaginal. Sobretudo, julgaram válida a sua
continuação. Considerando a tendência crescente à humanização da assistência e ao
parto natural, esses resultados devem ser confirmados em estudos futuros,
especificamente desenhados para este fim.
Artigo 3
76
REFERÊNCIAS
1. Consonni HB. Aspectos psicológicos na gravidez e parto. Femina 2003; 31:
577-81.
2. Balaskas J. Gravidez natural. São Paulo: Manole; 1999.
3. Consonni HB. Repercussões de um programa multidisciplinar de preparo para o
parto e maternidade – ansiedade materna e resultados perinatais. [Dissertação
mestrado]. Botucatu: Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de São
Paulo; 2001.
4. . Standing TS. Maternal education during the perinatal period. Clin Perinatol
1998; 25: 389-403.
5. Artal R, Wiswell RA, Drinkawater BL. O exercício na gravidez. São Paulo:
Manole; 1999.
6. Polden M. Mantle J. Fisioterapia em ginecologia e obstetrícia. São Paulo:
Santos; 2000.
7. De Conti MHS, Calderon IMP, Consonni EB, Prevedel TTS, Dalben I, Rudge
MVC. Efeitos de técnicas fisioterápicas sobre os desconfortos músculo-
esqueléticos da gestação. Rev Bras Ginecol Obstet 2003; 25: 647–4.
Artigo 3
77
8. Prevedel TTS, Calderon IMP, Rudge MVC. A prática da atividade física na
gestação – aspectos atuais. Femina 2003; 31: 749–53.
9. Sabatino H, Cordeiro SN, Limoli C, Calsavara MGF, Verdiani LA. Moderno
método de preparação psicofísica para gestantes com o intuito de reduzir altos
índices de cesáreas desnecessárias. J Bras Ginecol 1996; 106: 263-70.
10. Sant’Anna UC, Duarte NM. Curso de preparo ao parto: opinião de mães quanto
a contribuição no desempenho do parto. Rev Gaúcha Enferm 1991; 12: 15-9.
11. Goodwin A, Astbury J, McMeeken J. Body image and psychological well-being
in pregnancy. A comparison of exercisers and non-exercisers. Aust N Z J Obstet
Gynecol 2000; 40: 442-7.
12. Ferreira CHJ, Nakano AMS. Lombalgia na gestação: etiologia, fatores de risco e
prevenção. Femina 2000; 28: 435-8.
13. Mesquita MRS, Bertini AM. Alterações do sistema osteoarticular na gravidez
normal. In:Tratado de obstetrícia – Febrasgo. Rio de Janeiro: Revinter; 2000.
14. Pinto e Silva Jl, Chinaglia MLM. Gravidez na adolescência: programa de
atendimento. J Fed Bras Soc Ginecol Obstet 2000; 3: 11-3.
15. Gonçalves SCM, Saldanha AAW, Mendonça D. Aspectos relevantes do
atendimento psicológico no ciclo grávido-puerperal. J Bras Ginecol 1998;
108:223-9.
Artigo 3
78
16. Tahara ATS, Lucena RAPV, Oliveira APP, Santos GR. Satisfação do paciente:
refinamento de instrumentos de avaliação de serviços de saúde. Rev Bras
Enferm 1997; 50: 497-506.
17. Goldstein MS, Elliott SD, Guccione AA. The development of an instrument to
measure satisfaction with physical therapy. Phys Ther 2002; 80: 853-62.
18. Roush SE, Sonstroem RJ. Development of the physical therapy outpatient
satisfaction survey. Phys Ther 1999; 79:159-70.
19. Kotaka F, Pacheco MLR, Higaki Y. Avaliação pelos usuários dos hospitais
participantes do programa de qualildade hospitalar no Estado de São Paulo,
Brasil. Rev Saúde Pública 1997; 31: 171-7.
20. Verdessi BD, Jará G, Fuentes R, Gonçalvez JC, Espejo F, Azevedo AC. The
Role of discriminant analysis in the refinement of customer satisfaction
assessment. Rev Saúde Pública 2000; 34: 623-30.
21. Viana SO, Morato LG, Makino AT, SampaioRF, Bonfin HC. Caracterização e
análise da satisfação da clientela atendida pela Fisioterapia do serviço de
atenção à saúde do trabalhador/UFMG. Rev Bras Fisioter 2003; 7: 237-44.
22. Ministério da Saúde: Parto, aborto e puerpério: assistência humanizada à
mulher. Brasília: Ministério da Saúde, Secretaria de políticas de Saúde, Área
Técnica de Saúde da Mulher. 2001: 45-63.
23. Norman GR, Streiwner, DL. Biostatitics: The base essentials. St. Lowis:
Mosby- year book; 1994.
Artigo 3
79
24. Kloetzel K, Bertoni AM, Irazoqui MC, Campos VPG, Santos RN. Controle de
qualidade em atenção primária à saúde. A satisfação do usuário. Cad Saúde
Pública 1998; 14: 263-8.
Anexos
80
ANEXOS
Anexos
81
Anexo 1 - Comitê de Ética em Pesquisa
Anexos
82
Anexo 2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Eu,.........................................................................................................., gestante
atendida no Ambulatório de Pré- Natal do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina de Botucatu, registrada sob o número (RG)................................... fui
convidada a participar de uma pesquisa com um programa de preparo para a
gestação, parto e pós-parto a ser desenvolvida neste mesmo hospital. Antes de
assinar este termo e, de livre vontade aceitar o convite, fui esclarecida nos seguintes
aspectos:
1. Este programa será conduzido pela fisioterapeuta Marta Helena Souza De Conti ,
sob orientação da D
ra
Iracema de Mattos P. Calderon e tem como objetivo, avaliar
os resultados de um Programa de Preparo de Gestantes desenvolvido neste
hospital; No decorrer do programa as gestantes participarão de grupos
educativos, com informações sobre a gestação, parto, pós-parto e recém-nascido,
além de atividades de relaxamento e exercícios leves;
2. Durante a execução do programa as gestantes serão avaliadas e entrevistadas,
onde será garantido total sigilo à todas participantes do estudo. Nomes ou
quaisquer outras informações que poderiam identificar a participante não serão
revelados;
3. Poderei desistir do programa à qualquer momento, por qualquer motivo, sem
que com isso, eu seja dispensada do acompanhamento pré-natal na Faculdade de
Medicina de Botucatu;
4. Por limitações de espaço físico, de material e de pessoal poderei ou não participar
do Programa;
Tendo lido e entendido os esclarecimentos acima e por aceitar que o resultado deste
estudo possa ser utilizado para ajudar outras gestantes, concordo em participar do
programa.
Botucatu,................de.........................de........................
------------------------------------------ ----------------------------------------------
Gestante Marta Helena Souza De Conti
Anexos
83
Anexo 3 - Ficha de Avaliação fisioterapêutica
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Botucatu
PROGRAMA DE PREPARO PARA O PARTO E A MATERNIDADE
Ficha de Avaliação Fisioterapêutica
1-Dados pessoais:
Nome: cor( ) REG.GERAL:
Idade: data nascimento:
Estado Civil: profissão:
Endereço: telefone:
Procedência: naturalidade:
Inicio do TTO: término:
2.1-Dados clínicos:
2.1.1-Antecedentes obstétricos:
2.1.2 -Aborto:
2.2-Antecedentes cirúrgicos
2.3-Antecedentes ginecológicas:
a) Menarca:
b) Ciclo menstrual:
c) Duração
d) Método contraceptivo:
e) Afecções
2.4- D.U.M. D.P.P.
3-Avaliação Fisioterápica
3.1-Idade gestacional :
3.2-Peso
Pré-gestacional Atual Pós-parto
imediato
3.3- Altura
3.4-Perimetria
Data/idade gestacão. Pós-parto imediato
Circunf.umbigo
Circunf. Pelve
Circunf. Mamas
Linha nigra
3.5-Nível de esclarecimento à respeito da amamentação:
Anexos
84
a)Tempo de amamentação:
b)Postura de amamentação:
3.6-Conhecimento das transformações gestacionais:
3.7-Expectativas do futuro parto:
3.8-Nível de atividades pré-gestacional (atividade fisica):
4.0-Exame físico:
4.1-
Pressão Arterial (mmHg) Freqüência Cardíaca ( bpm)
1º =
2º =
3º =
4º=
5º=
6º=
7º=
8º=
9º=
10º=
4.2-Inspeção postural:
4.3-Tônus muscular geral:
4.4-Expansão pulmonar:
4.5-Tipo de respiração:
4.6-Hábitos:(alimentares)
(vícios)
Anexos
85
Anexo 4 - Protocolo de coleta de dados do parto e dos recém-nascidos.
PROTOCOLO DE DADOS MATERNOS E PERINATAIS . Nº___________________
DADOS DO PARTO
Nome:__________________________________
_______________________________________
R.G.:___________________________________
Idade: _________
Paridade Atual: G______ P______ A______
Patologia:_______________________________
_______________________________________

DATA DO PARTO: ______/______/______
Via de Parto: ____________________________
Indicação:_______________________________
_______________________________________
Duração da Fase Ativa: _____________ (horas)
Duração do Expulsivo: _______________ (min)

ANALGESIA:
sim
não
Tipo: __________________________________
Momento:
< 6 cm
6 cm
expulsivo

Complicações no parto: _________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________

Tempo de internação: _______________dias

Observações: _________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
_______________________________________
DADOS DO RECÉM-NASCIDO
R.G.: ______________________________________
Peso: ___________ gramas Sexo:
F
M
Idade Gestacional: ___________________(sem/dias)

CAPURRO: _____________________________

CLASSIFICAÇÃO DO RN:
T-AIG
PT-AIG
T-PIG
PT-PIG
T-GIG
PT-GIG
APGAR 1º min
< 7
7
APGAR 5º min
< 7
7

COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS:
DNN
DRL
TTRN
SDR

ICTERÍCIA:
Fisiológica
Incompatibilidade ABO
Incompatibilidade Rh
Poliglobulia

HipoG
sim
não

MF_____________________________________
________________________________________

OF
sim
não

ONN precoce:
sim
não

Tempo de internação: ___________________dias

Observações: ____________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
Preenchido por: _____________________________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo