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ADRIANA YURI TASHIMA
AVALIAÇÃO IN VITRO DA MORFOLOGIA E DA CAPACIDADE DE
PARALISAÇÃO DE LESÕES INCIPIENTES DE CÁRIE ARTIFICIALMENTE
INDUZIDAS EM DENTES DECÍDUOS APÓS IRRADIAÇÃO COM LASER
DE Er:YAG
São Paulo
2006
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Adriana Yuri Tashima
Avaliação in vitro da morfologia e da capacidade de paralisação
de lesões incipientes de cárie artificialmente induzidas em dentes
decíduos após irradiação com laser de Er:YAG
Dissertação apresentada à Faculdade
de Odontologia da Universidade de São
Paulo, para obter o título de Mestre,
pelo Programa de Pós-Graduação em
Odontologia.
Área de Concentração:
Odontopediatria
Orientadora: Profa. Dra. Ana Estela
Haddad
São Paulo
2006
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AUTORIZAÇÃO
Autorizo a reprodução e divulgação total ou
parcial deste trabalho, por qualquer meio
convencional ou eletrônico, para fins de estudo
e pesquisa, desde que citada a fonte e
comunicado ao autor, a referência em que
consta a citação.
Adriana Yuri Tashima
______________________
Assinatura
Instituição / Departamento: FOUSP / Departamento de
Ortodontia e Odontopediatria
Local e data:
Endereço:
E-mail:
FOLHA DE APROVAÇÃO
Tashima AY. Avaliação in vitro da morfologia e da capacidade de
paralisação de lesões incipientes de cárie artificialmente induzidas em
dentes decíduos após irradiação com laser de Er:YAG [Dissertação de
Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2006.
São Paulo, / / 2006
Banca Examinadora
1)Prof(a). Dr(a). ____________________________________________________________
Titulação:__________________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_________________________________
2) Prof(a). Dr(a).____________________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_________________________________
3)Prof(a). Dr(a). ____________________________________________________________
Titulação: _________________________________________________________________
Julgamento: __________________ Assinatura:_________________________________
Dedico este trabalho
Aos meus pais, ROSA e GOITI, e minha irmã, LUCIANA,
por todo amor, incentivo, paciência e cooperação.
Obrigada por tudo que fizeram para que meu sonho se
tornasse realidade. Sem vocês eu não estaria aqui!
À DEUS,
por estar presente na minha vida, me protegendo,
iluminando meu caminho e me dando forças para que
eu possa atingir meus ideais.
Agradecimentos Especiais
À minha orientadora, Profa. Dra. Ana Estela Haddad,
que mesmo à distância, esteve presente nos momentos necessários,
acreditando no meu trabalho, compreendendo e respeitando meu tempo,
limites e decisões. Admiro muito você, como pessoa e como profissional!
Aos meus “co-orientadores e anjos da guarda”, Fausto e Ricardo,
pela ajuda, contribuição e pontos de vista “divergentes” que propiciaram o
desenvolvimento deste trabalho e meu crescimento científico.
Obrigada pelo apoio, amizade, carinho e força que vocês me deram em
todas as etapas deste trabalho. Adoro vocês!!!
Agradecimentos
Ao Prof. Dr. Antonio Carlos Guedes-Pinto, a quem sempre admirei e respeitei
como pessoa e profissional. Obrigada pelos ensinamentos, conselhos,
conversas e por possibilitar o desenvolvimento deste trabalho no curso de
pós-graduação.
À Profa. Dra. Célia Regina Martins Delgado Rodrigues, pelo carinho, amizade
apoio, ensinamentos, paciência e disponibilidade que sempre me
proporcionou em todos os momentos. Admiro muito você como pessoa e
profissional!!!
À Profa. Marcia Turolla Wanderley, pelo carinho, apoio, amizade e presença
em todos os momentos da minha vida profissional e pessoal. Seus
ensinamentos e incentivos sempre contribuíram para o meu crescimento
profissional. Obrigada por ser esta pessoa especial!
À Profa. Dra. Maria Salete Nahás Pires Corrêa, pelo grande exemplo de vida
e dedicação à Ciência. Obrigada pela sua ajuda e orientação em muitos
momentos!
Ao Prof. Dr. José Carlos Petrossi Imparato, pela competência, convivência,
ajuda, oportunidades e ensinamentos recebidos.
Ao Prof. Dr. Marcelo José S. Bönecker, pelo incentivo, amizade e pelas
palavras de apoio que foram muito importantes para mim!
À Profa. Dra. Ana Lídia Ciamponi, pela amizade, convivência e
conhecimentos transmitidos, meus sinceros agradecimentos.
À Profa. Dra. Claudia Perez Trindade, pelo carinho, amizade, alegria e apoio
durante todas as etapas da minha vida acadêmica!!!
Às minhas amigas, Elaine, Gabriela, Cristiane, Suzana e Daniele, pela
presença em todos os momentos da minha vida. Obrigada pela amizade,
apoio, carinho e estímulo que vocês sempre me deram. Vocês são pessoas
muito importantes na minha vida!!!
Aos meus colegas de pós-graduação: Alessandra, Anna Paula, Daniela,
Fausto, Fernanda Morais, Fernanda Nahás, Francisco, Luciana Butini, Luciana
Sanglard, Marise, Monique, Ricardo, Sandra, Selma e Thiago, pela amizade,
convivência e inúmeros momentos de descontração e alegria que me
proporcionaram durante estes dois anos.
Aos meus amigos Cássio e Dani, pelo apoio, amizade, companhia, ajuda e
confiança no meu trabalho!!! Vocês são pessoas muito especiais na minha
vida.
Ao Thiago, pela amizade, apoio e ensinamentos durante todo curso.
Obrigada principalmente pela ajuda e pelas considerações durante a
finalização deste trabalho.
À Cris Zardetto, pela pessoa especial que é, por estar sempre presente em
vários momentos importantes do meu curso! Obrigada pela amizade, ajuda,
apoio e carinho!!!
À Fê Morais, Lu Butini e Selma, pela amizade, apoio e ajuda durante todo o
curso. Obrigada por tudo!!!!
À Glenda e Cristina, pela amizade, apoio e força em vários momentos da
minha vida!
À Marize, Clemência, Fátima e Júlio, funcionários da Disciplina de
Odontopediatria da FOUSP, por estarem sempre dispostos a ajudar, pelo
carinho, convivência, torcida e amizade!
Ao Prof. Dr. Carlos de Paula Eduardo, por permitir a utilização dos aparelhos
de laser do Laboratório Especial de Laser em Odontologia (LELO) da FOUSP.
À Patrícia Freitas, por compartilhar seu conhecimento e pela amizade, ajuda
e paciência no esclarecimento das minhas dúvidas que foram essenciais
para o engrandecimento de minha pesquisa.
À Lili, Jô, Haroldo e Leila, funcionários e estagiária do LELO - FOUSP, pela
gentileza, amizade, ajuda, paciência e torcida nos momentos de dificuldade
e durante o desenvolvimento da fase experimental.
À Profa. Dra. Denise Zezell e Cebolinha, do Instituto de Pesquisas Energéticas
e Nucleares da USP, pela ajuda, disponibilidade e orientações.
Ao Prof. Dr. Nicolau, Fernando, Douglas e às alunas da pós-graduação, do
Centro de Pesquisas em Biologia Oral do Departamento de Materiais
Dentários da FOUSP, pela ajuda e por possibilitar a utilização do laboratório
durante a fase experimental.
À Rosa, Mirtes, Antônio e Silvio, funcionários da Disciplina de Materiais
Dentários da FOUSP, pela ajuda e atenção que sempre tiveram comigo!
À Patrícia, técnica da Disciplina de Patologia da FOSUP, pela ajuda,
disponibilidade e competência durante a fase experimental.
À Soninha e Arnaldo, funcionários da Disciplina de Dentística da FOUSP, que
sempre foram gentis comigo e me auxiliaram em vários momentos.
À Cátia, Alessandra e Nair, secretárias da Pós-Graduação da FOUSP, pela
paciência e ajuda diante das dificuldades e conquistas desse período.
Ao Issac, Rodolfo, Cecília e Jaqueline, do Instituto de Geologia da USP, pela
ajuda, atenção e utilização do laboratório.
À bibliotecária Vânia, obrigada pela ajuda na revisão e normatização das
referências bibliográficas.
À Solange, pela confecção da ficha catalográfica.
Ao Banco de Dentes Humanos da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (FOUSP) e aos pacientes que doaram seus dentes
decíduos e possibilitaram a realização deste estudo.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
pela concessão da bolsa de estudo durante o curso de Pós-Graduação.
A todas as pessoas que, com as mais simples palavras, gestos e auxílio, me
ajudaram no desenvolvimento deste trabalho.
Quando amamos e
acreditamos do fundo de nossa
alma em algo, nos sentimos
mais fortes que o mundo, somos
tomados de uma serenidade
que vem da certeza de que
nada poderá vencer nossa fé.
Esta força faz com que sempre
tomemos as decisões certas, nas
horas certas, e quando
atingimos o nosso objetivo,
ficamos surpresos com nossa
própria capacidade”
Paulo Coelho
Tashima AY. Avaliação in vitro da morfologia e da capacidade de
paralisação de lesões incipientes de cárie artificialmente induzidas em
dentes decíduos após irradiação com Laser de Er:YAG [Dissertação de
Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP; 2006.
RESUMO
O objetivo deste estudo in vitro foi avaliar a morfologia e a paralisação da
progressão de lesões de cárie artificiais em esmalte após irradiação da
superfície com laser de Er:YAG (KaVo Key II). A amostra (120 blocos de
esmalte de dentes decíduos), submetida à ciclagem de pH durante 7 dias,
foi divida aleatoriamente entre as fases experimentais. Na fase morfológica
os espécimes receberam os seguintes tratamentos: controle (C), laser focado
(LC), laser desfocado 3mm (L3), laser desfocado 6mm (L6), e foram
preparados para microscopia eletrônica de varredura. Para avaliação da
efetividade do laser os espécimes foram divididos entre 9 grupos
experimentais: controle negativo (CN), controle positivo (CP), laser focado
(LC), laser desfocado 3mm (L3), laser desfocado 6mm (L6), aplicação tópica
de flúor (F), LC mais flúor (LCF), L3 mais flúor (L3F) e L6 mais flúor (L6F). Os
grupos foram submetidos a novo desafio cariogênico (exceto grupo CN)
seguido de preparo para microscopia de luz polarizada. Os dados obtidos
foram analisados usando os testes estatísticos ANOVA e LSD. Imagens com
lupa estereoscópica também foram realizadas e o resultado submetido aos
testes estatísticos Qui-quadrado, Exato de Fisher e teste de concordância. A
análise visual e morfológica mostrou ablação superficial da lesão de
mancha branca irradiada no grupo LC, aumento de porosidade foi
visualizado no grupo L3 assim como ausência de alteração morfológica no
grupo L6. Os resultados da microscopia de luz polarizada mostraram que a
irradiação do laser mais flúor impediu a progressão da cárie, nos grupos LCF,
L3F e L6F e reduziu o corpo da lesão no grupo L6F. Pode-se concluir que a
associação entre o laser de Er:YAG desfocado 6mm mais aplicação de flúor
diminuiu a profundidade da lesão incipiente de cárie sem ocasionar
alteração morfológica e que os demais grupos em que a associação entre
laser e flúor estava presente foram efetivos na paralisação das lesões.
Palavras-Chave: Laser de Er:YAG; Mancha branca; Fluoretos tópicos;
Dentes decíduos; Esmalte; Desmineralização.
Tashima AY. In vitro morphological assessment and inhibition of artificial
incipient caries lesions after Er:YAG laser irradiation on primary teeth
[Dissertação de Mestrado]. São Paulo: Faculdade de Odontologia da USP;
2006.
ABSTRACT
The aim of this in vitro study was to evaluate the morphological effects of
Er:YAG laser (KaVo Key II) irradiation on artificial enamel caries lesions and its
ability to arrest the progression of these lesions. The sample (120 enamel
blocks from primary teeth) was previously submitted to pH-cycling and then
randomly divided into the groups. In the morphological analysis, the
specimens were subdivided into 4 groups: control (C), focused laser (LC),
defocused laser 3mm (L3), defocused laser 6mm (L6) and then prepared for
scanning electron microscopy. To evaluate the effectiveness of the laser on
incipient caries lesions, the specimens were divided into 9 groups: negative
control (NC), positive control (PC), focused laser (LC), defocused laser 3mm
(L3), defocused laser 6mm (L6), topical fluoride application (F), LC and
fluoride (LCF), L3 and fluoride (L3F) and L6 and fluoride (L6F). All groups were
submitted once again to ph cycling (except NC) and prepared for polarized
light microscopy. ANOVA and LSD statistical tests were used. Images were
also observed under stereoscopic loupe and were submitted to Chi-square
test, Fishers´ exact test and reproducibility assessment. Visual and
morphological evaluations showed that superficial ablation was present on
the artificial white spot caries lesions in group LC, porosity increase in group L3
and no morphological alteration in group L6. Results under polarized light
microscopy showed that laser irradiation and fluoride was able to arrest the
caries progression in groups LCF, L3F and L6F and reduce the lesion´s depth in
L6F. In conclusion, it was detected that the association of Er:YAG defocused
laser 6mm irradiation and fluoride was able to reduce the depth of the
artificial incipient caries lesions without producing any morphological
alteration and that the association of laser and fluoride was effective in
arresting incipient caries lesions .
Uniterms: Er:YAG Laser; Dental white spots; Topical fluorides; Primary teeth;
Enamel; Demineralization.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 4.1 Seleção e preparo da amostra para desenvolvimento de lesões
artificiais de cárie incipiente.............................................................53
Figura 4.2 Diagrama do estudo preliminar: determinação dos
parâmetros.........................................................................................56
Figura 4.3 Tratamento e preparo dos espécimes para Microscopia
Eletrônica de Varredura (MEV)........................................................60
Figura 4.4 Preparo dos espécimes para microscopia de luz
polarizada...........................................................................................63
Figura 5.1 Imagens dos espécimes do grupo controle...................................68
Figura 5.2 Imagens dos espécimes do grupo laser de Er:YAG focado........69
Figura 5.3 Imagens dos espécimes do grupo laser de Er:YAG desfocado
3 mm...................................................................................................70
Figura 5.4 Imagens dos espécimes do grupo laser de Er:YAG desfocado
6 mm....................................................................................................71
Figura 5.5 Imagens obtidas através da lupa estereoscópica dos espécimes
analisados (aumento 20X) e por microscopia de luz polarizada
(aumento 20X) dos diferentes grupos experimentais....................73
Figura 5.6 Gráfico representando as médias de profundidade das lesões
(µm) nos diferentes grupos experimentais. Letras diferentes
mostram diferença estatisticamente significante entre os grupos
(p<0.05) e a distância entre as barras denota os desvios
padrões...............................................................................................74
LISTA DE TABELAS
Tabela 4.1 Determinação dos parâmetros utilizados em modo contato
(n=2).....................................................................................................55
Tabela 4.2 Parâmetros do laser, valores das áreas e densidades de energia
utilizadas...............................................................................................57
Tabela 4.3 Condições experimentais analisadas..............................................58
Tabela 4.4 Descrição das condições experimentais propostas......................61
Tabela 5.1 Comparação entre os grupos experimentais.................................66
Tabela 5.2 Número de amostras, médias e desvio-padrão da profundidade
das lesões de cárie (µm) de cada grupo experimental...............72
Tabela 5.3 Resultado da análise de Variância para verificar a influência dos
tratamentos experimentais sobre a profundidade das lesões
incipientes de cárie............................................................................72
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
C
controle
CP
controle positivo
CN
controle negativo
F
flúor
LC
laser de Er:YAG, modo focado (em contato)
LCF
laser de Er:YAG, modo focado, mais flúor
L3
laser de Er:YAG, modo desfocado, 3 mm
L3F
laser de Er:YAG, modo desfocado, 3 mm mais flúor
L6
laser de Er:YAG, modo desfocado, 6 mm
L6F
laser de Er:YAG, modo desfocado, 6 mm mais flúor
ATF
aplicação tópica de flúor
o
C
grau Celsius
CaCl
2
cloreto de cálcio
CaF
2
fluoreto de cálcio
CO
2
dióxido de carbono
cm
centímetro
DES
solução desmineralizadora
Er,Cr:YSGG
érbio-cromo: ítrio-escândio-gálio-granada
Er:YAG
érbio: ítrio-alumínio-granada
Er:YSGG
érbio: ítrio-escândio-gálio-granada
g
grama(s)
h hora
Hz
hertz
IPEN
Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares
J
joule
J/cm
2
joule(s) por centímetro quadrado
KCl
cloreto de potássio
KOH
hidróxido de potássio
L
litro
M
molar
MEV
Microscópio Eletrônico de Varredura
mg
miligrama
mJ
milijoule
mL
mililitro
mm
milímetro
NaH
2
PO
4
fosfato de sódio
Nd:YAG
neodímio: ítrio-alumínio-granada
nm
nanômetro
n
número
pH
logaritmo negativo da concentração hidrogeniônica (-log
[H+])
ppm
parte(s) por milhão
RE solução remineralizadora
s
segundo
µ
micro
W Watt
SUMÁRIO
p.
1 INTRODUÇÃO..........................................................................................
23
2 REVISÃO DA LITERATURA........................................................................
26
2.1 Modelos de indução in vitro de lesões artificiais de
cárie.........................................................................................................
27
2.2 Efeitos dos diferentes tipos de aparelhos de laser na prevenção
da doença cárie...................................................................................
28
2.3 Laser de Er:YAG......................................................................................
31
3 PROPOSIÇÃO..........................................................................................
44
4 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................
45
4.1 Material...................................................................................................
45
4.2 Métodos..................................................................................................
49
4.2.1 características do laser de Er:YAG......................................................
50
4.2.2 preparo da amostra..............................................................................
50
4.2.2.1 seleção e preparo dos dentes decíduos...........................................
50
4.2.2.2 criação das lesões artificiais de cárie.................................................
51
4.2.3 estudo preliminar...................................................................................
54
4.2.4 análise morfológica...............................................................................
58
4.2.4.1 lupa estereoscópica.............................................................................
59
4.2.4.2 microscopia eletrônica de varredura................................................
59
4.2.5 análise em microscópio de luz polarizada.........................................
61
5 RESULTADOS............................................................................................
65
5.1 Análise em Lupa Estereoscópica........................................................ 65
5.2 Análise em Microscópio Eletrônico de Varredura.............................
66
5.3 Análise em Microscópio de Luz Polarizada........................................
72
6 DISCUSSÃO..............................................................................................
76
7 CONCLUSÃO...........................................................................................
92
REFERÊNCIAS.........................................................................................................
93
APÊNDICE...............................................................................................................
102
ANEXO................................................................................................................... 103
23
1 INTRODUÇÃO
O laser (acrônimo de light amplification by stimulated emission of
radiation = amplificação da luz pela emissão estimulada de radiação) é uma
tecnologia que vem sendo progressivamente incorporada na Odontologia,
e sua utilização na Odontopediatria, Cirurgia, Dentística, entre outras
especialidades, tem sido amplamente investigada.
No início, apenas Faculdades de Odontologia e centros de pesquisas
podiam utilizar este recurso, pois o alto custo e tamanho dos primeiros
equipamentos dificultavam sua aquisição. Com a evolução do
conhecimento e difusão desta nova tecnologia na comunidade científica, a
utilização na prática odontológica promoveu o surgimento de novos
equipamentos tornando este recurso mais acessível e viável para ser utilizado
no consultório tanto em tecidos moles, com os lasers de diodo, neodímio -
Nd:YAG e dióxido de carbono – CO
2
(GOHARKHAY et al., 1999) quanto em
tecidos duros com os lasers de CO
2
(FEATHERSTONE et al., 1998; RODRIGUES et
al., 2004), Nd:YAG (BAHAR; TAGOMORI, 1994; KIMURA et al., 1997; TSAI et al.,
2002), diodo (SANTAELLA et al., 2004; WETTER et al., 2002), érbio – Er:YAG e
Er,Cr:YSGG (FREITAS, 2005; SCHWARZ et al., 2003; THEODORO et al., 2004) e
CO
2
(KLEIN et al., 2005; WITTSCHIER, 2001).
De acordo com o espectro de emissão e o comprimento de onda, os
lasers podem estar na faixa do ultravioleta (abaixo de 400 nm), vermelho
visível (620-780 nm) ou infravermelho (acima de 790 nm). Entre os tipos de
24
lasers usados na Odontologia temos o de argônio (488 ou 514 nm), CO
2
(9300; 9600 e 10600 nm), diodo (830; 980 nm), Nd:YAG (1064nm), Er:YAG (2940
nm), Er,Cr:YSGG (2790 nm) e hólmio - Ho:YAG (2120 nm) (COLUZZI, 2000;
STABHOLZ et al., 2003; WITTSCHIER, 2001).
O efeito da irradiação vai depender do comprimento de onda do
laser e das características de absorção do tecido alvo. Ao atingir o tecido
alvo, a luz poderá sofrer absorção, reflexão, espalhamento e/ou transmissão,
resultando em diferentes efeitos terapêuticos (COLUZZI, 2000; PEARSON;
SCHUCKERT, 2003; RODRIGUES et al., 2004; STABHOLZ et al., 2003).
Os lasers podem ser classificados em baixa potência, com efeitos não
térmicos que podem ser fotoquímicos e fotofísicos gerando como resposta
final efeitos fotobiológicos nos tecidos irradiados, e de alta potência, com
efeitos térmicos produzindo coagulação, corte, vaporização, ablação e
carbonização ou efeitos (EDUARDO; GOUW-SOARES; HAYPEK, 2002).
Uma das linhas de atuação do laser é na prevenção da cárie
dentária. Tanto o laser de CO
2
(FEATHERSTONE et al., 1998; HSU et al., 2001;
KLEIN et al., 2005; RODRIGUES et al., 2004; TSAI et al., 2002) quanto o de
argônio (FLAITZ et al., 1995; HAIDER; WHITE; RICH, 1999; HICKS et al., 2003;
HICKS et al., 2004; OHO; MORIOKA, 1990; WESTERMAN et al., 2002) tem
apresentado bons resultados nessa área, sendo empregados para aumentar
a resistência ácida do esmalte hígido frente ao desafio cariogênico.
Pesquisas utilizando outros comprimentos de onda, como Nd:YAG
(HOSSAIN et al., 2001; MORIOKA; TAGOMORI, 1988), diodo (KATO, 2004;
SANTAELLA et al., 2004), Er:YAG (FLAITZ et al., 1995; LIU; LIU; STEPHEN, 2006),
25
Er,Cr:YSGG (FREITAS, 2005), têm sido desenvolvidas para verificar a sua
efetividade no controle da doença cárie.
Apesar do conhecimento científico alcançado sobre a doença cárie
e da comprovada efetividade dos métodos preventivos atualmente
disponíveis, a presença da lesão de mancha branca ainda é um quadro
freqüentemente observado e representa o sinal clínico da presença de
doença/atividade de cárie (TEN CATE, 2004). Neste estágio o controle é feito
sem a necessidade de tratamento invasivo, pois a camada superficial do
esmalte dentário ainda se mantém íntegra (BACKER-DIRKS, 1966).
Alguns trabalhos mostram a efetividade do laser aplicado, sobre
superfície hígida, visando promover aumento da resistência do esmalte
frente ao desafio cariogênico, de dentes bovinos ou em dentes
permanentes humanos, porém poucos são os estudos envolvendo dentes
decíduos.
Com exceção do estudo que utilizou o laser de neodímio em esmalte
bovino (TAGOMORI et al., 1991) nenhum estudo, no entanto, avaliou a
efetividade do laser de érbio na paralisação e até remineralização de lesões
de mancha branca em dentes decíduos, motivando a realização do
presente estudo para avaliar a efetividade do laser de Er:YAG na
paralisação e possível remineralização de lesões de cárie incipientes
artificiais em dentes decíduos.
26
2 REVISÃO DA LITERATURA
A primeira evidência clínica da presença da doença cárie na
cavidade bucal é o aparecimento da lesão de mancha branca que é
caracterizada pela presença da superfície externa aparentemente intacta,
enquanto a subsuperfície apresenta-se desmineralizada.
Diante deste quadro de atividade de cárie, para que haja controle
adequado, é fundamental inserir o paciente em um programa de promoção
de saúde, ou seja, modificar os padrões de higiene (promover a
desorganização do biofilme bacteriano), os hábitos alimentares (controlar a
freqüência de ingestão de alimentos cariogênicos) e associar o uso racional
do flúor tópico com o controle profissional do biofilme para que se obtenha
paralisação e/ou remineralização destas lesões.
Dentro deste contexto, o laser surgiu como uma alternativa para o
controle da doença cárie, pois estudos realizados sobre o esmalte hígido
sugerem que sua aplicação promove um aumento na resistência do esmalte
frente ao desafio cariogênico.
Pesquisas realizadas com lasers de CO
2
, Nd:YAG e argônio, associados
ou não ao flúor tópico na forma de gel ou verniz, mostraram resultados
favoráveis na paralisação da doença cárie. A aplicação do laser de Er:YAG
e Er,Cr:YSGG na área da prevenção de cárie ainda é recente e poucos
trabalhos foram até então publicados sobre o tema, sendo um campo ainda
aberto para investigação. Muitos estudos mostraram aumento da resistência
27
ácida do esmalte hígido após irradiação com o laser (APEL et al., 2002a;
APEL et al., 2004; BEVILACQUA, 2002; DELBEM et al., 2003; FLAITZ et al., 1995;
HAIDER; WHITE; RICH, 1999
; OHO; MORIOKA, 1990), porém poucos estudos
foram realizados sobre o esmalte desmineralizado (TAGOMORI et al., 1991).
Antes de indicar o uso clínico do laser, é importante que sejam
desenvolvidas pesquisas in vitro de modo a avaliar a efetividade do laser
sobre o esmalte e verificar se os parâmetros testados podem ocasionar
possíveis danos ao tecido pulpar, causado pela elevação da temperatura
na câmara pulpar, e ao tecido periodontal, o que inviabilizaria sua
utilização.
2.1 Modelos de indução in vitro de lesões artificiais de cárie
Diversos são os modelos experimentais descritos na literatura que são
utilizados para promover a formação in vitro de lesões de cárie
(FEATHERSTONE, 1996), assim como para determinar a resistência ácida e
possível capacidade de remineralização do esmalte submetido à irradiação
do laser. Os modelos mais utilizados são os modelos de desmineralização,
que utilizam tampão ácido, e os modelos de desmineralização e
remineralização, através da ciclagem de pH.
No modelo de desmineralização as lesões de cárie em esmalte, são
produzidas com o uso de um gel acidificado (pH entre 4,25 – 4,5 com adição
28
de ácido láctico) (FLAITZ et al., 1995; ISSA et al., 2003; WESTERMAN et al., 2002)
ou solução de tampão lactato (pH 4,5) (CECCHINI, 2001; TSAI et al., 2002). Os
períodos de tempo variam em cada estudo, de acordo com o desafio
cariogênico que se deseja empregar.
O modelo de desmineralização e remineralização, através da
ciclagem de pH, tem sido frequentemente citado nos estudos, pois simula
melhor a condição presente na cavidade oral (ARGENTA; TABCHOURY;
CURY, 2003; DELBEM et al., 2003; FEATHERSTONE et al., 1998; ITTHAGARUN, WEI,
2000; KLEIN et al., 2005; MENDES; NICOLAU, 2004; TEN CATE; DUIJSTERS, 1982).
Neste modelo a amostra é submetida a soluções desmineralizadoras (DES) e
remineralizadoras (RE), alternadamente, para promover a formação das
lesões de cárie sendo que, o período de ciclagem, varia de acordo com o
desafio cariogênico que cada autor deseja desenvolver em seu estudo (Ex:
3h DES / 21h RE e 8h DES / 16h RE).
2.2 Efeitos dos diferentes tipos de aparelhos de laser na prevenção da
doença cárie
Na odontologia, os aparelhos de laser apresentam diferentes
indicações de uso de acordo com o comprimento de onda, densidade de
energia (fluência), taxa de repetição (freqüência) e tempo de exposição.
Dependendo dos parâmetros escolhidos e das características e
29
propriedades ópticas de cada tipo de laser, os mesmos podem ser aplicados
em tecidos moles ou tecidos duros.
O laser pode ser empregado no diagnóstico da cárie (por
fluorescência), na remoção de tecido cariado, no tratamento da
hipersensibilidade dentinária, no clareamento dental, na redução
microbiana em tratamento periodontal e endodôntico, em cirurgia
periapical, no controle de herpes labial e úlcera aftosa, mucosite e em
cirurgia (EDUARDO; GOUW-SOARES; HAYPEK, 2002; PARKINS et al., 1991;
PEARSON; SCHUCKERT, 2003; STABHOLZ et al., 2003; WITTSCHIER, 2001).
Na prevenção da doença cárie, os lasers também têm sido utilizados e
avaliados para determinar sua efetividade no controle e/ou paralisação de
lesões de cárie incipientes. Resultados positivos foram encontrados com os
lasers de CO
2
e de argônio (FLAITZ et al., 1995; FEATHERSTONE et al., 1998;
HAIDER; WHITE; RICH, 1999; HICKS et al., 2003; HICKS et al., 2004; KLEIN et al.,
2005; TSAI et al., 2002; WESTERMAN et al., 2002).
O laser de diodo, muito utilizado em procedimentos cirúrgicos,
também foi testado na prevenção de cárie, porém os resultados não foram
favoráveis provavelmente devido à sua absorção limitada pelo tecido
mineralizado. Alguns estudos mostraram que, após a irradiação do laser de
diodo sobre o esmalte, áreas de fusão e ressolidificação com redução da
rugosidade superficial e do diâmetro dos poros são observadas e que esta
modificação poderia estar associada com o aumento da resistência do
esmalte ao ataque ácido (EBEL, 2003; OLIVEIRA et al., 2001; WETTER et al.,
2002). Porém quando foram realizados estudos sobre a efetividade do laser
30
de diodo em comparação ao verniz de flúor, sobre o esmalte de dentes
humanos, observou-se que os resultados com os parâmetros experimentais
testados não foram favoráveis e a aplicação tópica de flúor promoveu
maior resistência frente ao desafio ácido do que o uso isolado do laser
(KATO, 2004; SANTAELLA et al., 2004).
Há evidências na literatura que o laser de Nd:YAG também poderia
ser empregado com resultados favoráveis na prevenção de lesões de cárie.
Nas análises em microscópico de luz e eletrônico de varredura foi observado
que a irradiação do laser de Nd:YAG, sobre o esmalte, promoveu fusão e
ressolidificação, com ausência de formação de cavidade no esmalte
(HOSSAIN et al., 2001; PELINO et al., 1999;). O aumento da resistência ácida
do esmalte de dentes hígidos foi observado após uso de laser de Nd:YAG,
tanto em associação ou não à aplicação de flúor tópico quanto com
corantes fotoabsorvedores escuros como nanquim ou carvão (BAHAR;
TAGOMORI, 1994; BOARI; ZEZELL; EDUARDO, 1999; HOSSAIN et al., 2001;
MORIOKA; TAGOMORI, 1988; MYAKI et al., 1998).
Poucos foram os estudos descritos na literatura que utilizaram o esmalte
desmineralizado como substrato para análise da efetividade da irradiação
do laser. Trabalhos com o laser de Nd:YAG, com metodologia semelhante à
apresentada neste estudo, mostraram que a irradiação no
esmalte
desmineralizado com laser de Nd:YAG resultou em alta resistência ácida
com remineralização da zona superficial do esmalte (TAGOMORI et al.,
1991).
2.3 Laser de Er:YAG
31
Embora o laser de Er:YAG seja originalmente indicado para a remoção
de tecido cariado e para preparos cavitários, sem causar injúrias térmicas
aos tecidos remanescentes ou polpa (HIBST; KELLER, 1989), sua utilização para
prevenção da formação de lesões de cárie com diferentes parâmetros
também tem sido investigada.
A aprovação de sua utilização em preparos cavitários ocorreu em
1997, pela Food and Drug Administration (FDA), nos Estados Unidos (COZEAN
et al., 1997; STABHOLZ et al., 2003), sendo o primeiro laser a ser aprovado
para este procedimento podendo ser utilizado com segurança e
efetividade. Pela grande absorção pela hidroxiapatita e água, este laser
está indicado para ser aplicado em tecidos duros (FRENTZEN; KOORT, 1992;
HIBST; KELLER, 1989).
Diversas pesquisas foram desenvolvidas na busca por parâmetros
adequados do laser de Er:YAG, para utilização tanto em esmalte quanto em
dentina, bem como sua associação com corantes e presença ou ausência
de refrigeração também foram objetos de pesquisas principalmente quando
se avaliavam alterações morfológicas do esmalte irradiado (BURKES et al.,
1992; HOSSAIN et al., 2000; MORIOKA; TAGOMORI; OHO, 1991; SAKAKIBARA et
al., 1994).
Diversos estudos têm buscado avaliar a resistência ácida do esmalte
após irradiação com laser de Er:YAG e seu possível efeito preventivo.
Resultados favoráveis, ou seja, maior resistência ácida do esmalte após
32
irradiação com o laser de Er:YAG, foram encontrados, embora não esteja
ainda elucidado o mecanismo que leva ao aumento da resistência ácida
ocasionado pela irradiação do laser (BEVILACQUA, 2002; CECCHINI, 2001;
HOSSAIN et al., 2000; WATANABE et al., 1998).
A análise em MEV mostrou que as superfícies irradiadas do esmalte e
da dentina apresentaram ablação dos tecidos dentais propiciando uma
superfície rugosa que poderia contribuir para o acúmulo de placa
bacteriana na região em comparação com uma superfície hígida (lisa).
Assim o ideal seria que se conseguisse aumentar a resistência dental sem, no
entanto, provocar irregularidades na superfície (BEVILACQUA, 2002).
Morioka, Tagomori e Oho (1991) analisaram os efeitos da resistência
ácida do esmalte humano após irradiação com laser de Er:YAG (NEC Inc.)
associado ou não a corantes brancos e pretos. As condições analisadas
neste estudo foram: energia variando de 0,39 – 0,92 J, diâmetro do feixe de 3
mm e taxa de repetição de 10, 2 e 1 Hz. Após irradiação, a amostra foi
exposta a 50 ml de gel tampão lactato (pH 4,5), 37
o
C, com posterior análise
por microrradiografias. A energia de 0,39 J e 10 Hz promoveu alta redução
da descalcificação tanto com ou sem corante enquanto a energia de 0,92 J
e 2 Hz produziu resistência ácida apenas com o corante. Na análise de
microscopia eletrônica de varredura observou-se que a superfície irradiada
sem corante estava rugosa. Quando os corantes foram comparados, foi
observado que a superfície que recebeu irradiação com corante branco
obteve alteração moderada em comparação com o corante preto. Os
autores concluíram que o laser de Er:YAG produziu resistência ácida
33
significante e que apesar do corante preto produzir maior resistência, o uso
do corante branco produziu menor dano ao esmalte.
Watanabe et al. (1998) analisaram a susceptibilidade do esmalte
dental à dissolução ácida após irradiação de laser de Er:YAG (Erwin). As
especificações deste laser foram comprimento de onda 2,94 µm, energia de
saída 30-350 mJ, taxa de repetição 1; 3,3; 5 e 10 Hz, energia de 25, 50, 100 e
150 mJ, com 5 disparos, sob irrigação de água (4 cc/min), usando sonda em
contato e ângulo de irradiação de 45º contra a superfície dentária. Após
irradiação os dentes foram colocados em solução desmineralizadora de
tampão lactato (pH 4,5) durante 4 dias. Microrradiografia, MEV e análise
dispersiva de raios x foram utilizadas neste estudo. Os resultados mostraram
que o esmalte irradiado apresentava defeito. A resistência ácida foi
observada na superfície de esmalte irradiado sendo melhor com 50 mJ. Os
resultados mostraram que este laser pode ser utilizado para prevenção,
porém outras avaliações devem ser realizadas para determinar o
mecanismo de resistência ácida pela irradiação do laser.
Hossain et al. (2000) avaliaram o efeito da irradiação do laser de
Er:YAG (400 mJ; 2 Hz; 5 s), com ou sem refrigeração de água, na resistência
ácida do esmalte hígido. Após irradiação as amostras foram submetidas a
uma solução de ácido lático (pH 4,8) a 36
o
C, durante 24 h. A quantidade de
íons cálcio presentes na solução foi determinada pela espectrometria de
absorção atômica e a análise superficial, pela microscopia eletrônica de
varredura (MEV). Os resultados deste estudo mostraram que a menor
quantidade de cálcio foi obtida das amostras irradiadas sem refrigeração e
34
que na ausência de água ocorreu fusão do esmalte, diferente da amostra
irradiada refrigerada com água, cuja superfície do esmalte apresentou
prismas mais evidentes. Os autores concluíram que a irradiação com laser de
Er:YAG, com ou sem refrigeração de água, foi efetiva na prevenção da
cárie porém os resultados mostraram que a ausência de refrigeração
promoveu maior resistência à desmineralização.
Hsu (2000) realizou irradiações com diferentes parâmetros do laser de
Er:YAG no esmalte para determinar a densidade de energia limite necessária
para obter um efeito destrutivo na superfície do esmalte. Os espécimes
irradiados com energia de 60 mJ, 2 Hz, a 1 mm de distância, com 3-4 pulsos,
sendo posteriormente submetidos ao modelo de ciclagem de pH por 20 h
em solução desmineralizadora (pH 4,5) e 4 h em solução remineralizadora
(pH 7,0) durante 2 dias. A análise em microscopia de luz polarizada mostrou
aumento na porosidade do esmalte causado pela desmineralização artificial
e na concentração de carbonato na superfície do esmalte em direção à
junção amelodentinária. A progressão da desmineralização foi interrompida
na margem onde o esmalte foi irradiado demarcando áreas com o mesmo
padrão do esmalte normal. Este fenômeno indicaria uma proteção contra a
desmineralização induzida pelo laser. O autor concluiu que a irradiação com
o laser de Er:YAG tem potencial para reduzir ou prevenir a desmineralização
do esmalte dental.
Cecchini (2001) avaliou in vitro as alterações morfológicas e a
resistência do esmalte dental à desmineralização por ácidos, após
irradiação com laser de Er:YAG (KaVo Key II). O laser utilizado apresenta as
35
seguintes especificações, comprimento de onda de 2,94 μm, taxa de
repetição de 1 a 15 Hz, energia de pulso variável entre 60 e 500 mJ e
diâmetro do feixe de 0,63 mm para a peça de mão 2051, não contato, e
0,32 mm para peça de mão 2055, com fibra contato 2055 (50/10). A amostra,
composta por terceiros molares, foi preparada e submetida a diferentes
tratamentos (n=10): (a) 60 mJ; 2 Hz; 33,3 J/cm
2
, ponta 2051, modo não
contato; (b) 80 mJ; 2 Hz; 44,4 J/cm
2
, ponta 2051, modo não contato; (c) 120
mJ; 2 Hz; 66,6 J/cm
2
, ponta 2051, modo não contato; (d) 64 mJ; 2 Hz; 20
J/cm
2
, ponta 2055, fibra 50/10, modo contato; (e) 86,4 mJ; 2 Hz; 26,9 J/cm
2
,
ponta 2055, fibra 50/10, modo contato; (f) 135 mJ; 2 Hz; 42,2 J/cm
2
, ponta
2055, fibra 50/10, modo contato; (g) controle (esmalte hígido). Após a
irradiação, as amostras foram submetidas a 2 ml de gel de tampão acetato
(pH 4,5) durante 8 h. A análise por espectrometria mostrou aumento da
resistência à desmineralização por ácidos com irradiações de 60 e 80 mJ,
fibra não contato, e com 64,8 mJ, fibra contato, devido ao aumento das
concentrações de cálcio e fósforo observado. Com relação à microscopia
eletrônica de varredura, as irradiações promoveram uma superfície de
esmalte rugosa, esbranquiçada, com ausência de zonas de fusão e
ressolidificação e aspectos de favos de mel, bem como áreas sem alteração
morfológica em locais onde não ocorreu a irradiação.
Apel et al. (2002a) avaliaram in vitro a solubilidade ácida do esmalte
dental após irradiação subablasivas dos lasers de Er:YAG (2,94 µm) e Er:YSGG
(2,79 µm). A influência da aplicação do flúor antes da irradiação do laser
também foi avaliada. Para este estudo foram utilizados 294 blocos de
36
esmalte bovino (4 x 4 mm) divididos aleatoriamente em 14 grupos (n = 21):
controle (CG), Er:YAG e Er:YSGG usando densidades de energia de 4; 6 e 8
J/cm
2
e os mesmos parâmetros foram repetidos após a imersão em solução
de fluoreto de sódio 1% durante 15 minutos sendo que um grupo recebeu
apenas tratamento de flúor. O equipamento testado era um sistema de laser
experimental, Tipo 1-2-3 modular da Schwartz Eletro-Optics. Este sistema
permitia a troca dos cristais de laser tornando possível a emissão de luz com
comprimento de onda de 2,94 µm para o laser de Er:YAG e de 2,97 µm para
o laser de Er:YSGG, ambos operando no modo free-running. As densidades
de energia foram estabelecidas antes do início deste experimento. A
freqüência de 5 Hz e o tempo de exposição de 25 s, com total de 125 pulsos,
foi aplicada em cada espécime. A seguir os espécimes foram
desmineralizados em 3 ml de solução tampão acetato (pH 4,5). Os
espécimes foram armazenados em banho de água com temperatura
controlada de 37
o
C, durante 24 h, com agitação. Após este período, os
espécimes foram removidos da solução desmineralizadora e o conteúdo de
cálcio da solução foi determinado pela espectrometria de absorção
atômica. Os resultados indicaram uma menor solubilidade do cálcio após a
irradiação de densidades de energia maiores do laser. Maior diminuição da
solubilidade foi observada com o laser de Er:YSGG a 8 J/cm
2
(redução de
20% em comparação com o grupo controle) porém as diferenças entre os
grupos laser e o controle não foram estatisticamente significantes. Uma
significante redução do conteúdo de cálcio foi encontrada na solução
desmineralizadora nos grupos que receberam flúor, e a adição do laser não
37
aumentaram a resistência ácida. Os autores concluíram que apesar do laser
de érbio apresentar um potencial para aumentar a resistência ácida, sua
aplicação exclusiva para prevenção de cárie não foi eficaz nas condições
examinadas.
Bevilacqua (2002) avaliou in vitro a incorporação de flúor e a
resistência ácida do esmalte dental bovino após irradiação com diferentes
densidades de energia, com laser de Er:YAG pulsado (Opus 20),
comprimento de onda de 2,94 μm, potência variando de 1 a 12 W, taxa de
repetição de 7 a 12 Hz, diâmetro do feixe na região de contato de 1mm. Na
primeira parte do experimento, 30 dentes foram submetidos a diferentes
parâmetros de irradiação, abaixo e na faixa do limiar de ablação, seguidos
pela análise em microscopia eletrônica de varredura para verificar as
características morfológicas e se houve ablação ou não do esmalte. A
irradiação em modo contato com 31,84 J/cm
2
, provocou ablação do
esmalte semelhante à observada após condicionamento com ácido
fosfórico. As irradiações com 25,47 e 19,10 J/cm
2
, modo contato, também
produziram ablação com superfície mais irregular. As densidades de energia
de 2,08; 1,8 e 0,9 J/cm
2
não produziram alterações morfológicas. Na
segunda parte do experimento 80 amostras foram submetidas aos seguintes
tratamentos: (a) controle – aplicação tópica de flúor fosfato acidulado (ATF);
(b) condicionamento com ácido fosfórico a 37% seguido de ATF; (c)
irradiação com 250 mJ; 7 Hz; 31,84 J/cm
2
; modo contato, seguido de ATF; (d)
irradiação com 200 mJ; 7 Hz; 25,47 J/cm
2
; modo contato, seguido de ATF; (e)
irradiação com 150 mJ; 7 Hz; 19,10 J/cm
2
; modo contato, seguido de ATF; (f)
38
irradiação com 250 mJ; 7 Hz; 2,08 J/cm
2
; distância 3,0 cm, modo não
contato, seguido de ATF; (g) irradiação com 200 mJ; 7 Hz; 1,8 J/cm
2
;
distância 2,6 cm, modo não contato, seguido de ATF; (h) irradiação com 100
mJ; 7 Hz; 0,9 J/cm
2
; distância 2,6 cm, modo não contato, seguido de ATF.
Após receber os tratamentos propostos, a amostra foi submetida à 2 ml de
solução de ácido acético (pH 4,5) durante 8 h. As soluções foram analisadas
pela espectrometria de absorção atômica e espectrofotometria e os íons
flúor, cálcio e fósforo foram quantificados. A autora concluiu que todos os
grupos irradiados com laser antes do flúor foram melhores que o grupo
controle com maior incorporação de flúor nos dentes irradiados com baixas
densidades de energia (1,8 e 0,9 J/cm
2
). Diminuição na desmineralização do
esmalte foi observada nos grupos que receberam tratamento com ácido
fosfórico e irradiação com energia mais alta (31,84 J/cm
2
).
Delbem et al. (2003) analisaram in vitro, o efeito do laser de Er:YAG
sobre o esmalte humano (terceiros molares extraídos) na formação de
fluoreto de cálcio (CaF
2
) após a aplicação de flúor e sua ação anti-
cariogênica. O laser pulsado de Er:YAG (KaVo) de 2,94 um foi utilizado com
os seguintes parâmetros: feixe desfocado, sem spray, distância de 40 mm da
superfície da amostra, energia de 60 mJ, taxa de repetição de 1 Hz, tempo
de exposição de 10 s, feixe de saída de 0,63 mm, densidade de energia de
0,95 J/cm
2
, duração de pulso de 250-500 µsec e peça de mão 2051. O flúor
fosfato acidulado a 1,23% em gel (ATF) foi aplicado com cotonete, durante 4
minutos, seguido de enxágüe durante 1 minuto. Cento e vinte blocos de
esmalte (3 x 3 mm) foram armazenados em solução de formaldeído 2%, em
39
temperatura ambiente, pH 7,0 e divididos para serem submetidos aos
seguintes tratamentos (n = 30): (a) controle, (b) laser de Er:YAG, (c) ATF e (d)
laser de Er:YAG + ATF. Oitenta blocos foram submetidos à ciclagem de pH
durante 14 dias. Nos demais 40 blocos, o fluoreto de cálcio foi medido antes
da ciclagem com desafio cariogênico alto sendo 10 dias com 20 ml de
solução de desmineralização contendo cálcio 2,0 mM, fosfato 2,0 mM em
tampão acetato 0,075 M, pH 4,3 durante 3 h e 10 ml de solução
remineralizadora contendo cálcio 1,5 mM, fosfato 0,9 mM, KCL 150 mM em
tampão Tris 0,1 M, pH 7,0 durante 21 h e nos finais de semana armazenados
em solução remineralizante. Após a ciclagem de pH os blocos foram
submetidos aos testes de microdureza superficial, microdureza em corte
transversal e análise da concentração de flúor, na forma de fluoreto de
cálcio. Os resultados mostraram que houve uma redução significante na
microdureza superficial em todos os grupos experimentais sendo que o grupo
controle apresentou uma alta diminuição e o grupo laser de Er:YAG+ATF
mostrou a menor diminuição. Os grupos ATF e laser de Er:YAG mostraram os
mesmos resultados. A porcentagem do conteúdo mineral nas profundidades
10, 20 e 40 µm foi menor nos grupos controle e Er:YAG e maior nos grupos ATF
e Er:YAG+ATF. A quantidade de CaF
2
depositado antes da ciclagem de pH
foi maior no grupo ATF quando comparado ao grupo Er:YAG+ATF. Os grupos
controle e laser de Er:YAG mostraram os menores valores. Os autores
concluíram que após a irradiação do laser de Er:YAG no esmalte humano há
menor perda mineral superficial e os resultados foram melhores com a
associação do laser com o flúor. Além disso, relataram que a irradiação do
40
laser influencia na deposição de CaF
2
no esmalte, resultando em ação anti-
cariogênica superficial, porém não em profundidade.
Apel et al. (2004) investigaram, in situ, o efeito de parâmetros
subablasivos dos lasers de Er:YAG e Er:YSGG sobre o esmalte humano. Os
voluntários utilizaram aparelho removível contendo três espécimes que
sofreram os seguintes tratamentos: sem tratamento, Er:YAG com 6 J/cm
2
e
Er:YSGG com 8 J/cm
2
ambos com 5 Hz e 125 pulsos durante 25 s (amostra =
18 espécimes). Metade da janela de 4 x 6 mm recebeu tratamento e a
metade não tratada serviu como superfície controle. Os voluntários
receberam orientação para removê-los durante a alimentação e higiene,
sendo indicado uso de dentifrício sem flúor durante o período experimental.
Após 7 dias, foi realizado teste de microdureza superficial com 4
indentações, com carga de 400 g e tempo de 10 s, para análise da
desmineralização. Os resultados mostraram que não houve diferença
estatisticamente significante nos valores da microdureza antes e depois do
período experimental, independente do tipo de aparelho de laser utilizado e
da realização ou não de irradiação. Os autores concluíram que houve uma
tendência de aumento na resistência à cárie após a irradiação subablasiva
do laser de érbio.
Apel et al. (2005) analisaram os efeitos in situ da irradiação com
densidades de energia subablasivas de laser de érbio na estrutura e na
resistência ácida do esmalte dental pelo microscópio de varredura confocal
a laser. Para isto, 12 espécimes (4 x 6 mm) foram divididos nos grupos
experimentais sendo que três espécimes foram irradiados com Er:YAG (6
41
J/cm
2
) e três com Er:YSGG (8 J/cm
2
) ambos com 5 Hz e 125 pulsos, durante
25 s, sem refrigeração de ar ou água. Após tratamento os espécimes foram
incluídos em aparelho removíveis para utilização durante 1 semana. Os
voluntários receberam orientação para removê-los durante a alimentação e
higiene e foi indicado uso de dentifrício sem flúor durante o período
experimental. Os resultados da análise qualitativa com microscópio confocal
mostraram finas fendas/rachaduras na superfície do esmalte que recebeu
irradiação com os parâmetros analisados, porém sem características de
ablação, em todos os espécimes, com ambos os lasers. Foi possível observar
desmineralização em profundidade no esmalte. Superfícies não irradiadas
apresentaram característica de desmineralização decorrente do desafio
ácido, ou seja, as superfícies foram acometidas uniformemente mostrando
sinais de desintegração do esmalte aprismático externo e estes efeitos foram
menos pronunciados no esmalte irradiado. Os autores concluíram que as
modificações (fendas) produzidas pelos parâmetros subablasivos do laser de
Er:YAG analisados neste estudo impedem sua utilização para a prevenção
da cárie, pois destroem a integridade da superfície do esmalte.
Liu, Liu e Stephen (2006) avaliaram quais os possíveis parâmetros, para
a prevenção de cárie, induzida pelo laser de Er:YAG (Opus 20). Para isto,
vinte e um molares humanos, sem cárie, foram utilizados neste estudo. Os
dentes foram recobertos com esmalte de unha deixando duas janelas de 4 x
1 mm na superfície vestibular e lingual. O laser de Er:YAG, de comprimento
de onda de 2,94 µm, foi utilizado com energias de 100, 200 e 300 mJ e
respectivas densidades de energia de 12,7; 25,5 e 38,2 J/cm
2
, sem água na
42
peça de mão, com 10 Hz e tamanho do spot de 1,0 mm. Como o tamanho
da janela era de 4 x 1 mm e o spot focal do laser apresentava 1 mm de
diâmetro, foi realizado 4 irradiações de 1 s cada. Estas energias, 100, 200 e
300 mJ, foram escolhidas baseados em estudos pilotos prévios destes autores,
sendo considerados parâmetros subablasivos, visto que são muito menores
que as energias utilizadas na remoção de cárie e no preparo cavitário, 600-
700 mJ, e por não ocasionar danos à estrutura normal do dente. Após o
tratamento com laser, cada dente foi divido longitudinalmente, no sentido
mésio-distal, sendo recobertos com verniz de unha e secos durante 24 h. Um
ciclo de pH de 2 dias foi realizado com 18 h em solução desmineralizadora e
6 h em solução remineralizadora com agitador com velocidade de 130 rpm
a 37
o
C. A solução DES continha ácido acético a 0,05 M, íons cálcio 2,2 mM e
fosfato 2,2 mM em pH 4,5 e a solução RE, de pH 7,0, continha cloreto de
potássio 0,15 M, íons cálcio 1,5 mM, fosfato 0,9 mM e a troca das soluções
era diária. Os espécimes foram acondicionados em potes plásticos com
100% de umidade. Após este período, secções de aproximadamente 120 µm
de espessura foram obtidas. Água foi utilizada como solução de embebição,
e as lâminas foram avaliadas no microscópio de luz polarizada e uma área
representativa da lesão de cada fatia foi selecionada e medida. Os
resultados da análise qualitativa mostraram que o esmalte irradiado pareceu
não ser afetado e permaneceu indistinguível das áreas não tratadas e das
tratadas com laser spots. Quando visualizada com lupa estereoscópica, a
superfície do esmalte revelou-se sem cratera, rachadura ou melting
(derretimento) e fusão. A análise quantitativa mostrou que, em comparação
43
com o grupo controle, o tratamento com laser de 100 e 200 mJ promoveu
significativa proteção contra a desmineralização do esmalte, ao contrário
do parâmetro de 300 mJ. A profundidade da lesão do grupo 200 mJ foi
menor que do grupo 100 mJ apesar desta diferença não ser significante. Os
autores concluíram que a faixa de energia ideal para irradiação do Er:YAG
foi estabelecida para promover a inibição da desmineralização do esmalte
conseqüentemente a prevenção da cárie.
Como pode ser observado, os estudos da literatura mostraram que,
dependendo do parâmetro utilizado, o laser foi capaz de promover
aumento da resistência ácida do esmalte hígido. Estudos recentes
investigam a utilização de parâmetros subablasivos do laser de Er:YAG para
promover prevenção da doença cárie, porém parâmetros ideais ainda não
foram estabelecidos. Além disso, nenhum trabalho foi realizado utilizando
como substrato o esmalte desmineralizado de dente decíduo.
44
3 PROPOSIÇÃO
A proposição deste estudo in vitro foi:
1. determinar os parâmetros subablasivos de utilização do laser de
Er:YAG para irradiação sobre lesões incipientes de mancha branca,
artificialmente induzidas, no esmalte de dentes decíduos humanos;
2. comparar a efetividade do uso do laser de Er:YAG, isoladamente e
associado à aplicação tópica de flúor, na paralisação destas lesões.
45
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Material
Foram utilizados, no presente trabalho, os seguintes materiais e
equipamentos:
I. Equipamentos pertencentes ao Laboratório Especial de Laser em
Odontologia (LELO) do Departamento de Dentística da FOUSP:
¾ Equipo Odontológico KaVo: micromotor, contra-ângulo, peça-reta,
seringa tríplice e sugador a vácuo;
¾ Aparelho de Laser de Er:YAG (KaVo KEY II – Projeto FAPESP, Processo n
o
97/10823-0) e óculos de proteção apropriado para este comprimento
de onda.
II. Equipamentos pertencentes ao Departamento de Dentística da FOUSP:
¾ Labcut Modelo 1010 (Extec);
¾ Disco de corte diamantado (Buehler);
46
¾ Discos de lixas abrasivas de carboreto de silício com diferentes
granulações 120, 240, 400, 600, 1000, 1200, 4000 (Buehler Ltda.);
¾ Politriz Ecomet 3 (Buehler);
¾ Paquímetro digital (Mitutoyo).
III. Equipamentos pertencentes ao Centro de Pesquisas em Biologia Oral do
Departamento de Materiais Dentários da FOUSP:
¾ Medidor de pH;
¾ Agitador magnético;
¾ Balança analítica.
IV. Equipamentos pertencentes ao Instituto de Geologia da USP:
¾ Lupa estereoscópica (ZEISS 475200/ 9001);
¾ Microscópio óptico Zeiss acoplado a uma câmera Sony, programa de
análise de imagens Leica Qwin (Leica Microsystems)
47
V. Equipamentos pertencentes ao Departamento de Patologia da FOUSP:
¾ Aparelho de metalização Sputter Coater modelo FL 9496 (Balzers
Union);
¾ Câmara de Vácuo (Pelco-2251).
VI. Equipamento pertencente ao Instituto de Pesquisas Energéticas e
Nucleares:
¾ Microscópio eletrônico de varredura Phillipps XL, série 30 (Eindhover).
VII. Materiais utilizados:
¾ água destilada e deionizada;
¾ alta e baixa rotação;
¾ cera pegajosa (Kerr Corporation) e cera utilidade (Horus Dentsply);
¾ detergente à base de lauril-dietil éter sulfato de sódio (tergentol);
¾ disco diamantado;
¾ escova tipo Robson (KG Sorensen);
¾ éster de cianoacrilato em gel (Super Bond);
¾ glutaraldeído a 2% com tampão fosfato;
¾ filme laboratorial (parafilm)
48
¾ fita adesiva;
¾ flúor fosfato acidulado 1,23% gel (DFL);
¾ lâminas de microscópio (Projecta);
¾ lima endodôntica tipo K#30 (Maillefer);
¾ pedra pomes (SSWhite);
¾ potes plásticos de 25 ml;
¾ régua endodôntica milimetrada;
¾ resina cristal ortoftálica transparente (Redelease Produtos para
Indústria Ltda);
¾ resina epóxica de secagem lenta (Araldite profissional, 24 horas);
¾ 2
os
molares decíduos cedidos pelo Banco de Dentes Humanos - FOUSP;
¾ seringa de insulina;
¾ solução desmineralizadora contendo CaCl
2
(2,2 mM); NaH
2
PO
4
(2,2
mM); ácido acético (0,05 M) com pH 4,8 ajustado com solução de
KOH 1M, por litro de solução;
¾ solução remineralizadora contendo CaCl
2
(1,5 mM); NaH
2
PO
4
(0,9 mM)
e KCl (0,15 M) em pH 7,0 ajustado com KOH 1M, por litro de solução;
¾ solução salina a 0,9%;
¾ soluções de concentrações crescentes de álcoois (25%, 50%, 75%, 90%,
100%);
49
¾ suporte metálico para leitura em MEV (stubs - Electron Microscopy
Sciences);
¾ verniz ácido resistente (esmalte de unha);
¾ vidrarias.
4.2 Métodos
Este estudo foi realizado em 2 etapas.
Na primeira parte foram testados diferentes parâmetros do aparelho
de laser de Er:YAG, de modo a determinar quais poderiam ser aplicados
sobre as lesões de cárie incipientes produzidas artificialmente sem que
promovessem perda estrutural visível na superfície do esmalte irradiado.
Na segunda parte deste estudo foi verificado se os parâmetros
determinados anteriormente para o laser de Er:YAG seriam efetivos na
paralisação de lesões de manchas brancas artificiais quando comparados
com a aplicação tópica de flúor isolada e com a associação dos métodos.
Esta pesquisa foi desenvolvida após aprovação do projeto de pesquisa
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da
Universidade de São Paulo (CEP - FOUSP) - Parecer de aprovação Protocolo
227/04 (Anexo A).
50
4.2.1 características do laser de Er:YAG
O laser de Er:YAG (modelo KaVo KEY Laser 2 – KaVo) emite no
comprimento de onda de 2,94 μm, com taxa de repetição variando entre 1
e 15 Hz, energia de pulso variável entre 60-500 mJ, largura de pulso entre 250
e 500 μs, podendo ser utilizado em modo focado ou desfocado, associado
com refrigeração através de spray de ar/água ou somente ar e feixe com
diâmetro de 0,63 mm e 0,32 mm dependendo da peça de mão utilizada. Por
trabalhar na faixa de espectro eletromagnético na região do infravermelho,
não visível, o laser de érbio apresenta acoplado um laser guia de diodo de
baixa potência, com comprimento de onda de 635 nm, vermelho, para
facilitar a visualização do local de incidência do feixe.
4.2.2 preparo da amostra
4.2.2.1 seleção e preparo dos dentes decíduos
A amostra consistiu de 30 segundos molares decíduos provenientes do
Banco de Dentes Humanos da Faculdade de Odontologia da Universidade
de São Paulo (FOUSP) (Fig. 4.1).
51
Os dentes obtidos foram escovados em água corrente, seguido de
profilaxia na parte coronária com caneta de baixa rotação, escova de
Robinson e pasta contendo pedra pomes e detergente à base de lauril-dietil
éter sulfato de sódio seguido de lavagem abundante em água corrente.
Após a secagem, os dentes decíduos foram observados em lupa com
aumento de duas vezes, sendo excluídos da amostra os dentes que
apresentassem trincas, restaurações, fluorose ou lesão de cárie na superfície.
Os dentes foram armazenados em soro fisiológico (trocado
semanalmente) e mantidos sob refrigeração, até a realização da fase
experimental.
4.2.2.2 criação das lesões artificiais de cárie
Os dentes decíduos selecionados foram cortados com disco
diamantado, em baixa rotação, sob refrigeração com água, no sentido
mésio-distal e vestíbulo-lingual, de modo a obtermos quatro espécimes a
partir de cada elemento dentário (total = 120 espécimes).
Um retângulo de filme laboratorial de 2 mm de largura por 3 mm de
comprimento foi cortado e colado no terço médio de cada espécime e, a
seguir, a superfície foi recoberta com duas camadas de verniz ácido-
resistente. Após secagem do verniz, os retângulos de filme laboratorial foram
52
removidos, de modo a deixar uma janela de 2 x 3 mm sem cobertura (Fig.
4.1).
Após este procedimento, os espécimes estavam prontos para serem
submetidos ao processo de indução artificial de formação de lesões de
cárie. Para este estudo foi escolhido o modelo de desmineralização e
remineralização através de ciclagem de pH, de ten Cate e Duijsters (1982)
modificado por Mendes e Nicolau (2004).
Neste modelo experimental, a amostra foi submetida a soluções
alternadas de desmineralização e remineralização, durante 7 ou 14 dias
ininterruptos, de acordo com a fase experimental, em temperatura ambiente
e sem agitação (Fig. 4.1).
Os espécimes foram colocados individualmente em potes plásticos
contendo 10 ml de solução desmineralizadora (DES) durante 8 h e a seguir,
em 10 ml de solução remineralizadora (RE) durante 16 h, com trocas diárias
sendo mantidas em temperatura ambiente. As soluções foram preparadas
com água destilada e deionizada, mantidas sob refrigeração até o
momento da utilização (Fig. 4.1).
53
Seleção da Amostra
Ö
Obtenção dos espécimes
(n= 120)
Ø
Ciclagem de pH (7 dias)
Formação da lesão de
Ý Þ
cárie incipiente artificial
Õ
Solução DES
(8 h)
Solução RE
(16 h)
Ø
Divisão aleatória dos espécimes para receber os
diferentes tratamentos experimentais e análises.
Figura 4.1 - Seleção e preparo da amostra para desenvolvimento de lesões artificiais de
cárie incipiente
54
4.2.3 estudo preliminar
Na literatura pudemos observar que quase todos os estudos
relacionados com a utilização do laser na prevenção de cárie foram
realizados sobre a superfície hígida, tanto em dentes bovinos quanto em
dentes humanos permanentes e decíduos.
Sendo assim, na ausência de parâmetros ideais que pudessem ser
indicados para utilização sobre lesões incipientes de cárie, um estudo
preliminar para determinação de parâmetros que não provocassem danos
superficiais sobre lesões incipientes de mancha branca foi necessário para a
continuidade deste estudo. A intenção foi obter parâmetros subablasivos
que não promovessem alterações morfológicas visíveis ou perda estrutural na
superfície irradiada.
Nesta fase, 5 segundos molares decíduos foram utilizados (total = 18
espécimes). A seleção e preparo dos espécimes ocorreram conforme
descrição acima e, inicialmente foi testado o modelo de ciclagem de pH
para formação das lesões de cárie incipientes com duração de 14 dias. Este
estudo se baseou inicialmente na metodologia e nos resultados obtidos por
Bevilacqua (2002) e Cecchini (2001).
O laser de Er:YAG (KaVo KEY Laser II) foi utilizado com peça de mão
2055, fibra 50/10, ponta de prevenção, com diâmetro da fibra 0,47 mm,
comprimento da fibra 10 mm e fator de transmissão 0,54.
55
Inicialmente os parâmetros discriminados na tabela 4.1 foram utilizados
no modo focado, com incidência do feixe perpendicular à superfície do
espécime, de modo a varrer toda a área delimitada, em apenas um sentido.
As energias de 60, 80 e 120 mJ também foram testadas com
afastamento da fibra em 1 mm. A densidade de energia foi calculada para
cada parâmetro por meio da fórmula descrita abaixo. Na irradiação em
modo focado, a área da fibra foi considerada durante o cálculo.
Densidade de Energia =
Energia
Área
Tabela 4.1 - Determinação dos parâmetros utilizados em modo focado (n=2)
Energia
(mJ)
Energia de
saída (mJ)*
Diâmetro
(mm)
Área
(cm
2
)
Freqüência
(Hz)
Densidade
de energia
(J/cm
2
)
250,00 135,00 0,47 1,7349 x 10
-3
2 77,81
160,00 86,40 0,47 1,7349 x 10
-3
2 49,80
120,00 64,80 0,47 1,7349 x 10
-3
2 37,35
100,00 54,00 0,47 1,7349 x 10
-3
2 31,12
80,00 43,20 0,47 1,7349 x 10
-3
2 24,90
60,00 32,40 0,47 1,7349 x 10
-3
2 18,67
*
energia de saída = energia x fator de transmissão da fibra (0,54)
Como a ponta de prevenção 50/10 não apresenta saída de água, foi
realizado refrigeração com ar da seringa tríplice associado à sucção com
bomba à vácua durante a irradiação da amostra, seguindo as normas
internacionais de utilização dos lasers de alta potência (CECCHINI, 2001;
GUTKNECHT; EDUARDO, 2004).
Tanto na análise visual quanto em lupa estereoscópica com aumento
de 20X, puderam ser observadas alterações morfológicas em todas as
amostras, desde ablação superficial até cavitação, quando se utilizou o laser
56
no modo focado e no modo desfocado com distância de 1 mm entre o
feixe e a superfície irradiada (Figura 4.2).
Amostra selecionada
(n=18 espécimes)
250 mJ,
focado
Ø
Ciclagem de pH (14 dias)
160 mJ,
focado
Ø
120mJ,
focado
Lesão incipiente
de cárie artificial
100mJ,
focado
Ø
80mJ,
focado
60mJ,
focado
120 mJ,
desfocado,
1mm
80 mJ,
desfocado,
1mm
Irradiação com laser de
Er:YAG (KaVo Key II)
Ö
Parâmetros Experimentais
60 mJ,
desfocado,
1mm
Imagem obtida (aumento de 20X)
Figura 4.2 – Diagrama do estudo preliminar: determinação dos parâmetros
57
Dada a necessidade de obtenção de parâmetros subablasivos para
aplicação sobre as lesões de cárie incipientes artificiais e como energias
menores que 60 mJ não poderiam ser programadas neste aparelho,
alteração na área irradiada foi um artifício utilizado neste estudo pois deve-
se lembrar que a densidade de energia é inversamente proporcional à área
irradiada (quanto maior a área irradiada, menor a densidade de energia
aplicada).
O aumento da área irradiada foi possível com maior distanciamento
entre a ponta ativa do laser e a superfície irradiada sendo que as distâncias
de 3 e 6 mm foram testadas neste estudo.
A área irradiada foi calculada a partir de 5 irradiações de cada
distância (3 ou 6 mm) realizadas sobre papel carbono e o diâmetro de cada
medida foi obtido com paquímetro digital. A média dos valores dos
diâmetros foi determinada para obtenção da área irradiada e
consequentemente cálculo da densidade de energia. Na tabela 4.2 estão
discriminados os parâmetros que foram utilizados nas demais fases
experimentais.
Tabela 4.2 - Parâmetros do laser, valores das áreas e densidades de energia utilizadas
Grupo
Distância do
feixe (mm) /
modo
Energia
(mJ)
Diâmetro
(cm)
Área
(cm
2
)
Densidade
de energia
(J/cm
2
)
Taxa de
repetição
(Hz)
LC focado 60
*
0,047 1,7349 x 10
-3
(fibra)
18,67 2
L3 3 mm,
desfocado
60
*
0,113 10,0287 x 10
-3
(focada)
3,23 2
L6 6 mm,
desfocado
60
*
0,199 31,1025 x 10
-3
(focada)
1,04 2
*
energia do display (60 mJ por pulso) x fator de transmissão da fibra (0,54) = energia
de saída (32,4 mJ).
58
Para padronização das distâncias, uma lima endodôntica foi utilizada
como instrumento auxiliar, sendo presa à ponta de prevenção com fita
adesiva, e antes de cada irradiação a medida foi confirmada com régua
endodôntica, para evitar possíveis variações (NAVARRO, 2002).
4.2.4 análise morfológica
Nesta fase foi determinado a alteração morfológica superficial
produzida por diferentes parâmetros do laser de Er:YAG, sobre lesões de
cárie artificialmente induzidas no esmalte de dentes decíduos através da
lupa estereoscópica e do microscópio eletrônico de varredura (MEV).
A amostra consistiu de 3 segundos molares decíduos (total = 12
espécimes) que foram preparados de acordo com descrição anterior. Nesta
fase a ciclagem de pH foi realizada durante 7 dias com as mesmas soluções
descritas anteriormente. A alteração na duração da ciclagem foi realizada,
pois durante o estudo preliminar, foi possível visualizar pequenas perdas
estruturais em alguns espécimes antes de serem submetidos aos tratamentos
experimentais com laser de Er:YAG.
Após divisão aleatória dos espécimes, as seguintes condições
experimentais foram realizadas (Tabela 4.3).
Tabela 4.3 - Condições experimentais analisadas
Grupo
(n=3)
Distância do
feixe (mm)
Energia
(mJ)
Densidade de
energia (J/cm
2
)
Taxa de repetição
(Hz)
C controle - - -
LC - 60 18,67 2
L3 3 mm 60 3,23 2
L6 6 mm 60 1,04 2
59
4.2.4.1 análise em lupa estereoscópica
Imagens dos espécimes antes e depois dos tratamentos experimentais
foram obtidas com o auxílio da lupa estereoscópica (aumento 20X - Figuras
5.1a, 5.2a, 5.3a e 5.4a). A presença ou ausência de alterações superficiais
visíveis foram analisadas por três examinadores cegos, pré-calibrados, e os
dados foram submetidos aos testes estatísticos Qui-quadrado, Exato de Fisher
e teste de concordância de Cohen’s kappa (programa GMC versão 7.7).
4.2.4.2 microscopia eletrônica de varredura
Imediatamente após receber os tratamentos descritos acima, os
espécimes foram imersos em glutaraldeído a 2% tamponado com fosfato
durante 12 h (Fig. 4.3a). Posteriormente foram lavados com água destilada e
desidratados com seqüência de soluções crescentes de álcool (25 a 100%)
durante um dia (Fig. 4.3b).
Após secagem da amostra, inicialmente em capela e posteriormente
na câmara à vácuo, os espécimes foram fixados nos stubs com éster de
cianoacrilato em gel (fig. 4.3c), para posterior metalização com fina
camada de ouro (Fig. 4.3d).
A amostra metalizada foi mantida em câmara de vácuo, para evitar
umidificação, até realização da análise morfológica no microscópio
eletrônico de varredura (Fig. 4.3e).
60
Grupos Experimentais (n=3)
Controle
LC - Laser Er:YAG
modo focado
L3 - Laser Er:YAG
desfocado, 3 mm
L6 - Laser Er:YAG
desfocado, 6mm
Ø
Preparo para MEV
a. Glutaraldeído 2%
com tampão fosfato
Ö
b. Desidratação seguido de
secagem da amostra
Ø
d. Metalização da amostra
com ouro
Õ
c. Montagem do espécime
no stub
Ø
e. Análise em MEV
Figura 4.3 - Tratamento e preparo dos espécimes para MEV
61
4.2.5 análise em microscópio de luz polarizada
Nesta fase foi realizada avaliação comparativa da efetividade de
diferentes condições experimentais em promover a paralisação das lesões
de cárie incipientes induzidas artificialmente.
A mesma seqüência de preparo da amostra e os mesmos parâmetros
do laser de Er:YAG analisados na fase anterior foram aplicados em
associação ou não com a aplicação tópica de flúor, sobre as lesões
incipientes de cárie artificiais desenvolvidas.
Após divisão aleatória, a amostra (total = 90 espécimes) foi submetida
aos tratamentos experimentais discriminados a seguir (tabela 4.4).
Tabela 4.4 - Descrição das condições experimentais propostas
Grupo
(n = 10)
Parâmetro
Energia
(mJ)
1
Taxa de
repetição (Hz)
Densidade de energia
(DE = J/cm
2
)
CN Controle negativo (lesão de cárie inicial - baseline)
CP Controle positivo (submetido a 2 ciclagens de pH, sem tratamento)
F Aplicação Tópica de Flúor
*
LC focado 60 2 18,67
LCF focado + F
*
60 2 18,67
L6 desfocado, 6 mm 60 2
1,04
L6F desfocado, 6 mm + F
*
,
60 2
1,04
L3 desfocado, 3 mm 60 2
3,23
L3F desfocado, 3 mm + F
*
60 2
3,23
*
1cc de flúor fosfato acidulado 1,23% durante 4 minutos.
1
energia do display (60 mJ por pulso) x fator de transmissão da fibra (0,54) = energia
de saída (32,4 mJ).
A irradiação com laser de Er:YAG seguiu os parâmetros definidos
anteriormente e a aplicação tópica de flúor foi padronizada utilizando
62
seringa de insulina, portanto cada espécime recebeu 1 cc de flúor fosfato
acidulado 1,23%, durante 4 minutos.
Após a realização dos tratamentos descritos acima, os grupos, com
exceção do controle negativo, foram submetidos a novo ciclo de pH, por
mais 14 dias. Após o término deste período os espécimes foram preparados
para análise em microscopia de luz polarizada (Figura 4.4).
Os espécimes foram incluídos em resina cristal ortoftálica transparente
(Fig. 4.4a). Após 24 h, a amostra foi seccionada em máquina de corte
(Labcut) para obtenção de secções de aproximadamente 400 μm de
espessura de cada espécime (Fig. 4.4b)
As secções, imersas em água, tiveram a face polida com lixa d’água
de carboneto de silício granulação de 600 e 1200, sendo coladas em
lâminas de microscópio com resina epóxica de secagem lenta e, após
pressão leve, mantidas em estufa a 50
o
C, durante 24 h.
Após secagem da resina, a parte não polida foi desgastada
inicialmente com lixas de carboneto de silício 120, 240, 400, 600 e 1000 em
máquina politriz refrigerada por água seguida de desgaste manual com
seqüência de lixas de carboneto de silício de números 1200, 2400 e 4000.
Cada secção foi desgastada visando obter secções com espessura de
aproximadamente 100 μm, medidos com paquímetro digital (Fig. 4.4c).
As lâminas obtidas foram mergulhadas em água destilada por 24 h
para posterior análise em microscópio óptico Zeiss com câmera digital Sony
acoplado a um computador (Figura 4.4d).
63
Grupos Experimentais (n=10)
CN – Controle Negativo
CP – Controle Positivo
F - Flúor
LC - Laser modo focado
L3 - Laser desfocado 3 mm
L6 - Laser desfocado 6 mm
LCF - Laser modo focado
associado ao flúor
L3F - Laser desfocado 3 mm
associado ao flúor
L6F - Laser desfocado 6 mm
associado ao flúor
Ø
Nova Ciclagem de pH (14 dias)
Ø
Preparo para Microscopia de Luz Polarizada
b. Corte para obtenção
das secções
Õ
a. Inclusão dos espécimes em resina
ortoftálica (24 h)
Ø
c. Confecção das lâminas
Ö
d. Microscópio de Luz Polarizada
Figura 4.4 - Preparo dos espécimes para microscopia de luz polarizada
64
O exame foi realizado com transmissão de luz polarizada (aumento de
100X) e placa de quartzo e a profundidade do corpo da lesão foi
determinada pelo programa de análise de imagens Leica Qwin conforme
descrição de Mendes e Nicolau (2004).
Os dados obtidos foram submetidos à análise estatística pelos testes de
Normalidade Kolmogorov-Smirnov, Análise de Variância (ANOVA) e LSD. O
nível de significância adotado para as análises foi de 5 %.
65
5 RESULTADOS
5.1 Análise em Lupa Estereoscópica
Nas imagens do grupo LC, obtidas com lupa estereoscópica (aumento
de 20X) foi possível observar alterações visíveis, com características de
ablação na superfície do esmalte que recebeu irradiação com laser de
Er:YAG no modo focado(Figura 5.2a).
Neste mesmo aumento, não foi possível detectar alterações visíveis,
após os diferentes tratamentos experimentais, nas superfícies dos espécimes
dos grupos C (Figura 5.1a) e L3 (Figura 5.3a) e L6 (Figura 5.4a), com as
densidades de energia estabelecidas por este trabalho.
O teste Qui-Quadrado mostrou que entre os grupos C x LC, LC x L6 e LC
x L3 foram encontradas diferenças estatisticamente significantes na
alteração do esmalte após os tratamentos propostos (p<0,01) (Tabela 5.1).
O teste exato de Fisher mostrou que as comparações entre os grupos
C x L6, C x L3 e L6 x L3 não foram significantes (p>0,05) (Tabela 5.1).
O teste de concordância de Cohen’s kappa mostrou um alto grau de
concordância inter-examinadores com valores variando de 0,936 a 0,968
(concordância quase perfeita).
66
Tabela 5.1 - Comparação entre os grupos experimentais
Grupos experimentais Significância (p)
C x LC p<0,01*
C x L6 p>0,05**
C x L3 p>0,05**
LC x L6 p<0,01*
LC x L3 p<0,01*
L6 x L3 p>0,05**
* Teste Qui-Quadrado
** Teste Exato de Fisher
5.2 Análise em Microscópio Eletrônico de Varredura
Na fotomicrografia do grupo C pode-se visualizar a lesão de cárie
incipiente artificial com irregularidade superficial, porosidade (Fig. 5.1e –
aumento de 2000X) e perda estrutural sugestiva do início de cavitação (Fig.
5.1d – aumento de 2000X). Foi visualizado também áreas com esmalte
desmineralizado sem alteração morfológica, mesmo com aumento de 4000X
(Fig. 5.1f).
A fotomicrografia do grupo LC mostrou que a irradiação do laser de
Er:YAG no modo focado sobre a lesão incipiente de cárie, não ocorreu de
maneira uniforme pois, apesar de se tentar varrer toda a superfície
delimitada, foi possível distinguir áreas irradiadas das áreas não irradiadas
(Fig. 5.2c – aumento de 200X). A visualização do interior da área irradiada
(spot) mostrou áreas com características de ablação, em diferentes
profundidades (Fig. 5.2d – aumento de 500X). A lesão de cárie incipiente
67
irradiada mostrou padrão superficial irregular, com exposição dos centros ou
da periferia dos prismas de esmalte, criando um aspecto similar a “favos de
mel” (Fig. 5.2e – aumento de 2000X). Áreas não irradiadas presentes entre os
spots mostraram o mesmo aspecto superficial observado na Fig. 5.1f, ou seja,
ausência de alteração morfológica visível com o mesmo aumento (Fig. 5.2f –
aumento de 4000X).
A fotomicrografia do grupo L3 sugere um aspecto superficial regular
após irradiação, com laser de Er:YAG desfocado a uma distância de 3mm,
sobre a lesão de cárie incipiente, criando um padrão morfológico
homogêneo (Fig. 5.3d e 5.3e – aumento de 2000X, e 5.3f – aumento de
4000X). Nas fotomicrografias 5.3d e 5.3e observa-se exposição dos prismas de
esmalte, similar ao padrão de desmineralização ácida. Imagem sugestiva de
aumento da porosidade na superfície pode ser observado na Fig. 5.3f.
Na fotomicrografia do grupo L6 não foi observado alteração superficial
após a irradiação com laser de Er:YAG desfocado a uma distância de 6mm,
sobre a lesão de cárie incipiente (Fig. 5.4d e 5.4e – aumento de 2000X) e esta
característica foi mantida mesmo em maior aumento (Fig. 5.4f – aumento de
4000X). Padrão morfológico homogêneo, com manutenção das
características superficiais da lesão incipiente artificial, similar ao observado
no grupo C (Fig. 5.1f) foi observado na Fig. 5.1f com o mesmo aumento
(4000X).
68
Grupo Controle (C)
Inicial
Final
5.1a – imagem obtida com lupa
estereoscópica (20X).
5.1b – visão geral do espécime (25X).
5.1c – interface entre o esmalte hígido (*) e
lesão incipiente de cárie (*) (2000X).
5.1d – área com pequena perda estrutural
(seta no início de cavitação – 2000X).
5.1e – presença de porosidade e superfície
irregular (área delimitada - 2000X).
5.1f – esmalte desmineralizado, com
ausência de alteração morfológica (4000X).
Figura 5.1 - Imagens dos espécimes do grupo controle
69
Grupo Laser Er:YAG Focado (LC)
Inicial
Final
5.2a – imagem obtida com lupa
estereoscópica (20X).
5.2b - visão geral do espécime (25X).
5.2c – irradiação não uniforme, sendo
possível diferenciar áreas irradiadas (*)
e não irradiadas (*) (200X).
5.2d – visão aproximada do interior da área
irradiada sendo possível distinguir ablação
em diferentes profundidades (500X).
5.2e – superfície irradiada com aspecto
característico de favos de mel (2000X).
5.2f – área não irradiada da lesão
de cárie incipiente (4000X).
Figura 5.2 - Imagens dos espécimes do grupo laser Er:YAG focado
70
Grupo Laser Er:YAG desfocado 3 mm (L3)
Inicial
Final
5.3a – imagem obtida com lupa
estereoscópica (20X).
5.3b - visão geral do espécime (25X).
5.3c – interface entre esmalte hígido (*) e
esmalte desmineralizado irradiado (*) (2000X)
5.3d – lesão de cárie incipiente
irradiada (2000X).
5.3e – superfície irradiada em maior
aumento (4000X).
5.3f – observar a porosidade presente
no esmalte desmineralizado irradiado
(seta) (4000X).
Figura 5.3 - Imagens dos espécimes do grupo laser de Er:YAG desfocado 3mm
71
Grupo Laser Er:YAG desfocado 6mm (L6)
Inicial
Final
5.4a – imagem obtida com lupa
estereoscópica (20X).
5.4b - visão geral do espécime (25X).
5.4c - interface entre esmalte hígido (*) e
esmalte desmineralizado irradiado (*) (2000X)
5.4d – lesão de cárie incipiente irradiada
sem alteração morfológica visível (2000X).
5.4e – ausência de alteração morfológica
na superfície irradiada (2000X).
5.4f – visão aproximada da
imagem anterior (4000X).
Figura 5.4 - Imagens dos espécimes do grupo laser de Er:YAG desfocado 6 mm
72
5.3 Análise em Microscópio de Luz Polarizada
Com o analisador de imagens foi possível realizar a detecção do
corpo da lesão e medir a profundidade das lesões produzidas. Os resultados
da profundidade das lesões de cárie nos diferentes grupos experimentais
foram comparados e estão descritos a seguir (Fig. 5.5).
A diferença no número de espécimes de cada grupo experimental se
deve a perdas durante o preparo das amostras para análise em microscópio
de luz polarizada.
Os valores das médias e do desvio-padrão dos grupos experimentais
(p<0,05) e do Teste ANOVA (Análise de Variância) complementado pelo
teste LSD estão descritos, respectivamente, nas tabelas 5.2 e 5.3.
Tabela 5.2 – Número de amostras, médias e desvio-padrão da profundidade das lesões de
cárie (μm) de cada grupo experimental
Grupos Experimentais n Média Desvio-padrão (±)
CP (controle positivo) 10 260,5 60,5
CN (controle negativo) 8 210,5 51,4
LC (laser focado) 9 257,6 69,0
LCF (laser focado flúor) 8 199,4 76,9
F (flúor) 7 185,3 52,2
L6 (laser desfocado 6 mm) 10 213,3 41,5
L6F (laser desfocado 6 mm flúor) 9 157,5 31,1
L3 (laser desfocado 3 mm) 10 199,9 36,5
L3F (laser desfocado 6 mm flúor) 10 166,8 57,9
Tabela 5.3 – Resultado da análise de Variância para verificar a influência dos tratamentos
experimentais sobre a profundidade das lesões incipientes de cárie
Fonte de variação Soma dos
quadrados
Grau de
liberdade
Quadrados
médios
F P
Entre grupos 94595,46 8 11824,43 4,00 0,0006
resíduo 212602,74 72 2952,82
Total 307198,21 80
73
GRUPOS EXPERIMENTAIS
Grupo CN Grupo C Grupo F
Antes Depois
Antes Depois
Antes Depois
Grupo LC Grupo L6 Grupo L3
Antes Depois
Antes Depois
Antes Depois
Grupo LCF Grupo L6F Grupo L3F
Antes Depois
Antes Depois
Antes Depois
Figura 5.5 - Imagens obtidas através da lupa estereoscópica dos espécimes analisados
(aumento 20X) e por microscopia de luz polarizada (aumento 20X) dos
diferentes grupos experimentais
74
A Análise de Variância mostrou que houve diferença estatisticamente
significante entre os grupos ao nível de 0,1% (p = 0,0006). Para determinar
entre quais grupos esta diferença esteve presente foi aplicado o teste LSD
(apêndice A e Fig. 5.6).
Profundidade das lesões (µm)
Figura 5.6 - Gráfico representando as médias de profundidade das lesões (µm) nos diferentes
grupos experimentais. Letras diferentes mostram diferença estatisticamente
significante entre os grupos (p<0,05) e a distância entre as barras denota os
desvios padrões
75
De acordo com o gráfico, podemos observar que:
a. O grupo CN apresentou diferença estatisticamente significante
(p<0,05) apenas em comparação com o grupo L6F;
b. As lesões do grupo CP e o grupo LC foram significantemente
maiores do que as lesões dos grupos LCF, F, L6F, L3 e L3F (p<0,05);
c. Houve diferença estatisticamente significante entre o grupo L6 e o
L6F (p<0,05);
d. As demais comparações não foram estatisticamente significantes
(p>0,05);
e. A comparação entre o grupo F e L6F foi estatisticamente significante
a nível de 5% porém comparados com o grupo CN, apenas o grupo L6F
além de ser efetivo na paralisação da lesão incipiente de cárie, foi capaz de
reduzir a profundidade da lesão;
f. Os grupos LCF, F, L6F, L3 e L3F foram capazes de impedir a
progressão da lesão de cárie incipiente (paralisaram a lesão de cárie).
76
6 DISCUSSÃO
Apesar da prevalência da doença cárie ter diminuído em alguns
países, seu controle ainda representa um grande desafio para o profissional
(FEATHESTONE, 1999). O uso racional do flúor está consagrado pela literatura
como método preventivo no controle e/ou remineralização de lesões de
mancha branca, sendo eficaz desde que integrado com modificações na
dieta e na higiene e controle profissional do biofilme. Neste caso o flúor atua
promovendo uma redistribuição de íons no corpo da lesão incipiente de
cárie, criando um influxo de íons flúor e reduzindo a porosidade sub-
superficial destas lesões (HOLMEN et al., 1986).
Dentro deste contexto, os lasers de alta potência têm sido testados em
diferentes estudos que visam seu emprego como um método coadjuvante
na prevenção da formação de novas lesões de cárie. Diferentes
comprimentos de onda, equipamentos, tempos de aplicação, densidades
de energia, modelos de desafio cariogênico e distâncias na irradiação tem
sido testados (CLARKSON; RAFTER, 2001) na busca do protocolo ideal de
utilização, que produza efeitos preventivos/terapêuticos, sem ocasionar
efeitos colaterais indesejados. Por isso futuras investigações in vitro e in situ
devem ser conduzidas visando obter um protocolo, para aplicação em
ensaios clínicos, que seja seguro para ser recomendada na prevenção da
77
doença cárie na prática clínica (APEL et al., 2004; KAWASAKI; TANAKA;
TAKAGI, 2000).
Na literatura consultada foi encontrado um único trabalho (TAGOMORI
et al., 1991), com metodologia semelhante à utilizada neste estudo, que
avaliou o efeito da irradiação do laser de Nd:YAG, e não do Er:YAG, na
paralisação da progressão de lesões incipientes de cárie. Todos os demais
estudos baseiam seus resultados na efetividade de diferentes comprimentos
de onda do laser sobre o esmalte hígido de dentes bovinos ou humanos,
decíduos ou permanentes (
FLAITZ et al., 1995; HAIDER; WHITE; RICH, 1999; LIU;
LIU; STEPHEN, 2006; OHO; MORIOKA, 1990). Alta resistência ácida e
remineralização da zona superficial do esmalte desmineralizado, após
irradiação com laser, foram obtidas nestes trabalhos.
No modelo experimental proposto neste trabalho, procurou-se
comparar o efeito de um método já consagrado, que é a aplicação de
tópica de flúor, com a irradiação do laser de Er:YAG, associado ou não ao
flúor, na paralisação de lesões incipientes de cárie. Neste estudo a
aplicação de tópica de gel de flúor fosfato acidulado 1,23% após a
irradiação com laser de Er:YAG foi escolhida, pois estudos prévios mostraram
que esta variável promovia maior resistência ácida, maior captação de
fluoreto pelo esmalte quando comparado com a aplicação do flúor seguida
do laser (TAGOMORI; MORIOKA, 1989) e superfície irradiada mais
homogênea, com menor porosidade nas micrografias eletrônicas de
varredura (HICKS et al., 2003). Além disso, quando foi comparada a redução
78
na profundidade da lesão de cárie, não foi observada diferença
estatisticamente significante, em relação ao momento de aplicação do flúor
antes ou depois da irradiação do laser (FLAITZ et al., 1995).
Apesar das pesquisas envolvendo o laser de érbio, serem recentes, e
da metodologia e dos parâmetros aplicados no presente estudo serem
inéditos, o aumento na resistência ácida e da remineralização da zona
superficial do esmalte das lesões de mancha branca foram resultados
promissores encontrados neste estudo, principalmente quando a associação
entre o laser e a aplicação tópica de flúor estava presente, da mesma forma
que ocorreu quando outros estudos da literatura foram realizados na
superfície hígida do esmalte (FLAITZ et al., 1995; HOSSAIN et al., 2001; LIU; LIU;
STEPHEN, 2006). Estes resultados favoráveis apontam para a necessidade de
estudos in situ e in vivo que possam confirmar sua aplicabilidade clínica no
tratamento não invasivo de lesões de mancha branca de cárie.
Parâmetros maiores do que os testados nesta pesquisa têm sido
empregados na remoção do tecido cariado e na realização de preparos
cavitários, sem ocasionar elevação de temperatura a níveis críticos (acima
de 5,5ºC), o que poderia ocasionar danos irreversíveis ao tecido pulpar, ao
tecido periodontal e aos tecidos adjacentes (GERALDO-MARTINS et al., 2005;
OELGIESSER; BLASBALG; BEM-AMAR, 2003; PAGHDIWALA; VAIDYANATHAN;
PAGHDIWALA, 1993; ZACH; COHEN, 1965;).
Devido à grande interação do laser de Er:YAG (2,94 µm) com a água e
a hidroxiapatita (BACHMANN; ZEZELL, 2005; HIBST; KELLER, 1989), ocorre rápido
79
aquecimento superficial do tecido irradiado, reduzindo sua penetração em
profundidade e, conseqüentemente diminuindo o risco de aumento de
temperatura a níveis críticos nas camadas mais profundas (KELLER; HIBST,
1989; PAGHDIWALA; VAIDYANATHAN; PAGHDIWALA, 1993).
Devido a estas considerações, apesar de não ter sido realizada a
avaliação prévia da temperatura pulpar com os parâmetros analisados
neste estudo, acreditamos que, o uso do laser de Er:YAG no modo
desfocado, 3 ou 6 mm, está dentro de parâmetros considerados seguros
para o tecido pulpar e periodontal e para o remanescente dental.
Estudo prévio mostrou que a irradiação acima de 10 J/cm
2
, promoveu
elevação na temperatura pulpar acima do limiar de segurança (THEODORO
et al., 2003). Com a irradiação do laser de Er:YAG no modo focado, maior
densidade de energia foi aplicada, ao redor de 18 J/cm
2
, além do risco de
danos à polpa, ablação superficial do esmalte foi um achado contra-
indicando seu uso clínico sobre a lesão de mancha branca (Fig. 5.2).
No que diz respeito à refrigeração, como a ponta de prevenção 50/10,
utilizada com o laser de Er:YAG, não apresenta saída de água, e com base
na literatura consultada, optou-se pela utilização de refrigeração apenas
com ar da seringa tríplice associado à sucção com bomba à vácuo para
tentar diminuir o aumento brusco da temperatura e a possível inalação de
tecido que poderia ser ablasionado (HOSSAIN et al., 2000). Apesar do
resfriamento com spray de água estar relacionado à menor elevação da
temperatura pulpar, maior eficiência na ablação no esmalte hígido é obtida.
80
Portanto, levando em consideração o risco da ablação, o possível benefício
da prevenção de cárie com o laser seria prejudicado (BURKES et al., 1992;
HOSSAIN et al., 2000; LIU; LIU; STEPHEN, 2006; PAGHDIWALA; VAIDYANATHAN;
PAGHDIWALA, 1993). Outro fator negativo para a indicação do uso de spray
de água seria a necessidade de aplicação de uma energia mais alta para
que a prevenção de cárie fosse induzida, e isto acarretaria no aumento dos
danos aos tecidos dentários periféricos (LIU; LIU; STEPHEN, 2006).
Estudos mais recentes também têm se preocupado com a
determinação de parâmetros subablasivos do laser de Er:YAG, ou seja,
parâmetros que não promovam alterações morfológicas macroscópicas
visíveis - ablação ou fusão (melting) da superfície irradiada - mas que sejam
capazes de induzir alterações na composição química ou estrutural no
tecido alvo (esmalte), de modo a torná-lo mais resistente frente a um desafio
ácido (APEL et al., 2002a; APEL et al., 2004; APEL et al., 2005; BEVILACQUA,
2002; DELBEM et al., 2003; FREITAS, 2005).
Foi ressaltado ainda que, conforme o parâmetro utilizado, diferentes
padrões superficiais do tecido alvo poderiam ser observados, e que a
avaliação morfológica e ultra-estrutural da área irradiada complementariam
os estudos que avaliam a resistência ácida do esmalte irradiado
(
BEVILACQUA, 2002; CECCHINI, 2001; HAIDER; WHITE; RICH, 1999; MORIOKA;
TAGOMORI; OHO, 1991).
O limiar de ablação do laser de Er:YAG, determinado sobre o esmalte
hígido, se encontra ao redor de 7-11 J/cm
2
com 5 Hz (APEL et al., 2002b;
FRIED et al., 1996; LI; CODE; De MERWE, 1992) e 18,6 J/cm
2
com 2 Hz (LI;
81
CODE; De MERWE, 1992). Entretanto, mesmo com a aplicação de uma
densidade de energia menor, 6 J/cm
2
, alterações que não eram percebidas
durante a inspeção visual macroscópica, foram visualizadas no microscópio
de varredura confocal a laser, o que segundo estes autores contra-indicaria
seu uso clínico principalmente quando utilizado sobre o esmalte dental
hígido (APEL et al., 2005).
Devemos ter em mente que estes estudos sobre efetividade e
morfologia sempre foram conduzidos sobre o esmalte hígido, e a utilização
destes parâmetros deve ser analisada com cuidado durante a elaboração
de novas pesquisas principalmente quando a metodologia incluir diferentes
tipos de substrato e tecido alvo. Estudo prévio da literatura mostrou que, ao
comparar o grau de ablação após irradiação do laser de Er:YAG, sobre o
esmalte hígido e cariado, um aumento da profundidade das crateras
ocorreu quando a lesão de cárie estava presente (HIBST; KELLER, 1989).
Resultados do estudo preliminar desenvolvido nesta pesquisa, que utilizou
lesões incipientes de cárie, confirmam este fato (Fig. 4.2).
A partir da análise dos parâmetros obtidos por estudos prévios, onde o
laser foi irradiado sobre o esmalte hígido, e visto que não haviam sido
estabelecidos previamente parâmetros que pudessem ser empregados
sobre lesões de mancha branca sem que danos irreversíveis à superfície
dentária fossem observados, percebeu-se a necessidade de testar novos
parâmetros a partir dos dados obtidos sobre o esmalte hígido.
82
As imagens da figura 4.2, obtidas com lupa estereoscópica, ilustram a
fase preliminar deste estudo, onde se pode observar que todos os
parâmetros testados, que haviam sido propostos para irradiação sobre o
esmalte hígido, promoveram ablação quando irradiados sobre o esmalte
desmineralizado. A partir da análise destas imagens, modificações na
metodologia inicial foram necessárias.
Inicialmente optou-se pela modificação do período de
desenvolvimento das lesões incipientes de cárie (baseline), prévio à
irradiação. A duração da ciclagem de pH sofreu redução, de 14 para 7 dias,
pois além da observação de perda de integridade superficial (pequenas
cavitações) em poucos espécimes quando o período de ciclo maior foi
utilizado, havia ainda a preocupação do comportamento da superfície
desmineralizada após os tratamentos experimentais seguido de novo
período de ciclagem de pH de 14 dias.
Outra modificação do projeto original esteve relacionada aos
parâmetros aplicados. Devido à desmineralização superficial presente nos
espécimes testados, a irradiação com densidades de energia consideradas
ótimas para o dente hígido promoveu grande perda estrutural na lesão de
mancha branca (Fig. 4.2). Como o equipamento de laser de Er:YAG utilizado
nesta pesquisa não permitia ajuste de energias menores que 60 mJ e, como
a aplicação deste parâmetro sobre a lesão de mancha branca promoveu
grandes danos superficiais (ablação / perda estrutural), um recurso utilizado
foi o aumento na distância focal, consequentemente aumento da área de
83
irradiação, para diminuir a densidade de energia aplicada sobre o tecido
alvo visto que a densidade de energia e a área irradiada são inversamente
proporcionais. A partir destas considerações e como a distância focal de 1
mm, comparado à irradiação do laser no modo focado, pareceu não
influenciar nas características morfológicas do esmalte irradiado, distâncias
de 3 e 6 mm foram também testadas, pois não foi possível identificar
alterações morfológicas macroscópicas visíveis após sua aplicação (Fig. 5.3a
e 5.4a). Deste modo densidades de 3,23 e 1,04 J/cm
2
, respectivamente com
irradiação desfocada 3 mm e 6 mm, puderam ser testadas e, após
observação com lupa estereoscópica e MEV, foi possível comprovar a
ausência de alteração morfológica no esmalte desmineralizado irradiado
com estes parâmetros (Fig. 5.3 e 5.4).
Neste estudo, a variação na densidade de energia obtida entre a
irradiação do laser de érbio no modo focado e desfocado 3 mm foi grande,
com densidade de energia respectiva de 18,67 e 3,23 J/cm
2
, não sendo
possível a determinação exata do limiar de ablação. Decorrente destes
achados seria interessante que futuras pesquisas determinassem o limiar de
ablação do tecido desmineralizado (mancha branca), de modo que se
obtenha o máximo de efeito terapêutico/preventivo, sem alterações
irreversíveis e indesejadas, tanto para o tecido alvo quanto para as
superfícies adjacentes, e sem efeitos nocivos, à superfície do esmalte, após o
tratamento.
Alguns autores relataram ainda, que o aumento da resistência ácida
estaria diretamente relacionado com o aumento da densidade de energia
84
irradiada no esmalte hígido (TAGOMORI; MORIOKA, 1989), porém como foi
observado anteriormente, este tipo de recurso não poderia ser empregado
quando se trabalha com esmalte desmineralizado, pois mesmo que
densidades de energia superiores mostrassem que a paralisação da lesão de
cárie poderia ocorrer, ablação superficial foi uma complicação indesejada
e as imagens do estudo preliminar deste trabalho confirmam esta afirmação
(Fig. 4.2).
A irradiação do laser de Er:YAG, no modo focado (18,67 J/cm
2
), tanto
na observação com lupa estereoscópica quanto na MEV, mostrou uma
superfície altamente irregular com presença de áreas de ablação (Fig. 5.2a,
5.2b, 5.2c e 5.2d). Assim como em estudos anteriores (BEVILACQUA, 2002;
CECCHINI, 2001; HAIDER; WHITE; RICH, 1999), um padrão homogêneo de
irradiação não foi encontrado em nenhum espécime avaliado neste grupo,
ou seja, foi possível distinguir as áreas irradiadas, onde se observava spots
bem definidos com diferentes graus de profundidade de ablação e áreas
não irradiadas (Fig. 5.2c e 5.2d). Portanto, apesar da associação do laser no
modo focado e flúor ter sido efetiva na paralisação da lesão de cárie e no
aumento da resistência à desmineralização ácida, sua utilização na clínica
se tornaria inviável devido aos danos superficiais irreversíveis ocasionados.
Com relação aos parâmetros testados com laser de Er:YAG no modo
desfocado, apesar do benefício do aumento da resistência ácida no
esmalte desmineralizado, estudos com lasers ainda não foram desenvolvidos
para confirmar se esta superfície irradiada estaria propícia à maior adesão
microbiana ou ao maior acúmulo de biofilme bacteriano como questionado
85
por estudos prévios (CECCHINI, 2001; FREITAS, 2005). Assim futuros estudos
para determinar a adesão bacteriana sobre a superfície irradiada também
devem ser realizados para que seus resultados possam complementar o
presente trabalho.
Diferente dos resultados favoráveis obtidos com a aplicação do laser
para prevenção da formação de novas lesões de cárie (DELBEM et al., 2003;
HOSSAIN et al., 2000; MORIOKA; TAGOMORI; OHO, 1991; WATANABE et al.,
1998), alguns estudos mostraram apenas uma tendência de efeito protetor
dos lasers de Er:YAG e Er:YSGG quando irradiados sobre o esmalte hígido,
tanto nos estudos que avaliaram a solubilidade do cálcio quanto na
avaliação in situ (APEL et al., 2002a; APEL et al., 2004).
Alguns autores relataram ainda que densidades de energias mais
baixas, entre 4 a 8 J/cm
2
, também não foram efetivas quando comparados
com o esmalte hígido (APEL et al., 2002a; APEL et al., 2004). Entretanto,
quando parâmetros subablasivos menores foram utilizados no presente
estudo, entre 1,04 e 3,23 J/cm
2
, foi possível observar um efeito preventivo
significante mesmo sobre lesões de mancha branca.
No presente estudo observamos que, em comparação com o controle
positivo, a irradiação isolada com laser de Er:YAG desfocado, com distâncias
de 6 e 3 mm, promoveu redução na profundidade do corpo da lesão,
respectivamente, de 18 e 23%. Estes resultados corroboram com a literatura
que mostrou redução ao redor de 34% a 44%, na profundidade da lesão
com o uso isolado do laser de argônio (FLAITZ et al., 1995; WESTERMAN et al.,
2002).
86
Estudo prévio, citou um possível sinergismo na associação do érbio
com o flúor, com conseqüente diminuição da perda mineral superficial,
quando comparado com o uso isolado do flúor (DELBEM et al., 2003).
Assim
como demais trabalhos na literatura (ANDERSON et al., 2000; DELBEM et al.,
2003; FEATHERSTONE et al., 1998; FLAITZ et al., 1995; TAGOMORI; MORIOKA,
1989), neste estudo resultados melhores, com diferença estatisticamente
significante (p<0,05) também foram obtidos com a associação do Er:YAG
com o flúor nos grupos LCF e L6F em comparação, respectivamente, com os
grupos LC e L6 (Fig 5.6). Exceção ocorreu no trabalho que relatou que a
associação entre o laser e a aplicação tópica de flúor promoveu aumento
na solubilidade após a irradiação adicional do laser, porém neste caso, o
flúor foi aplicado antes do laser (APEL et al., 2002a).
Embora alguns autores acreditem numa ação anti-cariogênica
apenas superficial (DELBEM et al., 2003), promovendo paralisação da lesão
de cárie e não sua remineralização, como observado neste estudo, nos
grupos laser Er:YAG focado associado ao flúor, laser Er:YAG desfocado 6 mm
associado ao flúor, laser Er:YAG desfocado 3 mm associado ou não ao flúor
(Fig. 5.6), este trabalho também mostrou que ocorreu redução da
progressão da profundidade da cárie com resultados similares aos
observados com os lasers de CO
2
, argônio e Nd:YAG, ou seja, o laser
influenciou a formação das lesões de cárie sub-superficiais (ANDERSON et al.,
2000; FLAITZ et al., 1995).
Variação considerável na porcentagem de redução da profundidade
da lesão de cárie foi observada quando a associação entre o laser e o flúor
87
estava presente. Os valores variaram entre 27% a 50% sendo dependentes
dos parâmetros empregados nos diversos estudos (
FLAITZ et al., 1995; FRIED et
al., 1996; LIU; LIU; STEPHEN, 2006; YOUNG; FRIED; FEATHERSTONE, 2000). Os
dados observados no presente estudo mostraram redução na profundidade
da lesão de cárie ao redor de 39% quando o laser de Er:YAG desfocado 6
mm foi associado à aplicação tópica de flúor.
Várias explicações poderiam ser sugeridas para explicar a efetividade
deste parâmetro, laser Er:YAG desfocado a 6 mm associado à aplicação do
gel fluoretado, na redução do corpo das lesões de cárie. O aumento da
resistência ácida e do efeito anti-cariogênico poderia ser decorrente da
maior formação de fluoreto de cálcio após a aplicação do laser devido à
possível modificação na superfície da lesão de cárie, assim como ocorre
maior formação de fluoreto de cálcio em lesões de mancha branca do que
sobre o esmalte hígido (BRUUN; GIVSKOV 1991; DELBEM et al., 2003; LEME et
al., 2003). Além disso, é possível que devido à maior reatividade deste
tecido, o laser poderia aumentar mais ainda a irregularidade superfícial,
permitindo que o flúor apresentasse maior interação com esta superfície
alterada (FLAITZ et al., 1995).
O esmalte alterado pela associação poderia permitir a reprecipitação
ou “aprisionamento” de íons cálcio, fosfato e fluoreto liberados durante a
formação da lesão de cárie promovendo certo grau de proteção contra o
desafio cariogênico (FLAITZ et al., 1995; HICKS et al., 2003; MORIOKA;
TAGOMORI; OHO, 1991).
88
Alguns autores acreditam que após a irradiação do laser sobre a
superfície do esmalte ocorre formação de microporosidades que são
decorrentes da perda de compostos orgânicos, água, e carbonato. Estas
microporosidades criadas pela irradiação do laser poderiam facilitar a
captura dos íons cálcio, fosfato e flúor liberados, que agiriam como sítios de
reprecipitação mineral durante o desafio cariogênico (FEATHERSTONE; FRIED;
DUHN, 1998; OHO; MORIOKA, 1990). No entanto, nas imagens obtidas em
MEV, não foi observado grandes diferenças morfológicas superficiais entre o
grupo L6 e o grupo C, exceção de ligeira irregularidade superficial presente
no primeiro grupo (respectivamente fig. 5.4f e 5.1f). No grupo L3 a imagem
da figura 5.3f sugere ligeiro aumento da porosidade, porém esta
característica não foi constante em todos os espécimes deste grupo.
Assim como a deposição do fluoreto de cálcio varia conforme a
condição superficial do esmalte, ou seja, em comparação com o esmalte
sadio há maior deposição de fluoreto de cálcio no esmalte com lesão de
cárie (BRUUN; GIVSKOV 1991), a irradiação com o laser de Er:YAG poderia ter
tornado o esmalte desmineralizado mais reativo à aplicação e interação
com o flúor.
Outra possível explicação seria uma alteração morfológica na zona
superficial da lesão de cárie, permitindo maior permeabilidade aos íons
cálcio e fosfato com conseqüente diminuição efetiva do corpo da lesão.
Estudos mostraram que a utilização de produtos fluoretados de alta
concentração, como o flúor gel fosfato acidulado ou o verniz fluoretado,
89
dificultariam a entrada de íons para o corpo da lesão (LEME et al., 2003;
MAIA; de SOUZA; CURY, 2003). A alta concentração de flúor permitiria uma
mineralização rápida da zona superficial, fazendo com que a lesão se
tornasse paralisada, mas dificultaria a remineralização do corpo da lesão. No
presente trabalho o laser de Er:YAG, ao contrário, poderia ter alargado essas
vias de difusão, reduzindo a profundidade da lesão e possibilitando um efeito
sinérgico entre o laser e o flúor. No entanto, se realmente essa alteração
morfológica ocorreu, não foi possível de ser detectada nas fotomicrografias
da MEV.
Alterações da composição química do esmalte (e não morfológica),
decorrente do efeito térmico após a irradiação dos lasers no tecido alvo
como foi sugerido previamente por outros autores (DELBEM et al., 2003; FLAITZ
et al., 1995; FOWLER; KURODA, 1986; FRIED et al., 1996), poderia ser um outro
mecanismo que explicaria os resultados favoráveis obtidos pelo grupo L6F.
Alguns autores acreditam que a irradiação do esmalte, com determinados
parâmetros, acarretaria no aumento da densidade do esmalte decorrente
dos efeitos térmicos de fusão e ressolidificação tecidual (HOSSAIN et al., 2001;
MORIOKA; TAGOMORI; OHO, 1991), porém para que a fusão da superfície
irradiada tivesse ocorrido seriam necessárias energias maiores do que as
utilizadas no presente estudo. Com estas densidades de energia baixas só é
possível promover aquecimento da água, produção de vapor e pressão no
interior do esmalte sem que ressolidificação ou fusão da estrutura do cristal
do esmalte seja observada (DELBEM et al., 2003).
90
Alguns autores sugerem que o aquecimento da superfície do esmalte,
induzido pelo laser, poderia modificar a estrutura cristalina do esmalte, pois
foi observado que temperaturas entre 300-400
o
C diminuiriam a solubilidade
do esmalte com conseqüente redução da profundidade da lesão devido à
perda de carbonato e água (FOWLER; KURODA, 1986; FLAITZ et al., 1995;
OHO; MORIOKA, 1990). Temperaturas acima de 320
o
C seriam alcançadas
com densidades de energia maiores que 7 J/cm
2
, acima do limiar de
ablação (FRIED et al., 1996). Este mecanismo poderia explicar o resultado
favorável na paralisação da lesão de cárie encontrado no grupo laser no
modo focado associado ao flúor. Porém como comentado anteriormente, a
ablação resultante deste parâmetro inviabilizaria sua utilização clinica.
Como pode ser observado, o mecanismo responsável pelo aumento
da resistência ácida do esmalte hígido após irradiação com diferentes
comprimentos de onda do laser não está totalmente esclarecido. Várias
hipóteses foram sugeridas, porém não existe consenso sobre este assunto.
Como o comportamento da lesão de cárie incipiente irradiada com laser de
Er:YAG e o mecanismo responsável pela paralisação destas lesões ainda não
foram explorados, futuros estudos devem ser realizados para que o
entendimento deste mecanismo seja alcançado e, conseqüentemente, sua
indicação como coadjuvante no tratamento de lesões de cárie ocorra de
maneira eficiente e segura.
A longevidade dos efeitos da radiação do laser e a necessidade de
controles após o tratamento com laser de alta potência têm sido
questionadas pela literatura. Ainda não foi determinada a durabilidade do
91
tratamento para que se possa estabelecer prazos para o retorno do
paciente, para consultas de controle e manutenção. Nesse sentido, novos
estudos in vivo devem ser propostos para avaliar a duração deste efeito
preventivo (FREITAS, 2005).
O resultado deste estudo mostrou que o laser de Er:YAG, de alta
potência, pode ser um coadjuvante no controle da doença cárie. Porém,
outros estudos in vitro para buscar novos parâmetros, que possam ser
aplicados sobre lesões de mancha branca, e para analisar a adesão
microbiana nesta superfície modificada por laser, e estudos in situ, devem ser
realizados para confirmar os resultados obtidos com este estudo. Só então
será possível a realização de estudos clínicos para viabilizar a aplicação do
laser de Er:YAG na paralisação e remineralização de lesões incipientes de
cárie, sem promover prejuízos irreversíveis na superfície irradiada.
92
7 CONCLUSÃO
A partir dos resultados obtidos no presente estudo, podemos concluir
que:
1. A observação das superfícies tratadas mostraram que a irradiação
com laser de Er:YAG no modo focado, 60 mJ; 2 Hz; 18,67 J/cm
2
, sobre a lesão
de mancha branca artificial no esmalte decíduo, produziu ablação
superficial. Além disso, a irradiação não ocorreu de maneira uniforme sendo
possível distinguir áreas irradiadas e não irradiadas.
A observação dos espécimes dos grupos laser de Er:YAG no modo
desfocado, com distância de 3mm (60 mJ; 2 Hz; 3,23 J/cm
2
) e de 6mm (60
mJ; 2 Hz; 1,04 J/cm
2
) sugerem ausência de alteração superficial.
2. Assim como o uso isolado do flúor, a associação entre a irradiação
com laser de Er:YAG e o flúor foi capaz de impedir a progressão da lesão de
cárie, nos grupos laser no modo focado associado com o flúor, laser
desfocado, com distância de 3 mm e 6 mm, associado ao flúor. Porém
apenas a irradiação com laser de Er:YAG desfocado com distância de 6 mm
associado ao flúor foi capaz de promover a redução da profundidade das
lesões incipientes de cárie artificiais em dentes decíduos humanos.
93
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102
APÊNDICE A – Resultados teste ANOVA complementado pelo teste LSD
Contraste Diferença 95% CI
CP x CN
49,98 -1,40 a 101,37
CP x F
75,26 21,87 a 128,64 *
CP x L3
60,59 12,14 a 109,03 *
CP x L3F
93,70 45,26 a 142,15 *
CP x L6
47,26 -1,19 a 95,70
CP x L6F
102,99 53,22 a 152,77 *
CP x LC
2,92 -46,85 a 52,69
CP x LCF
61,09 9,71 a 112,47 *
CN x F
25,27 -30,79 a 81,34
CN x L3
10,60 -40,78 a 61,99
CN x L3F
43,72 -7,66 a 95,10
CN x L6
-2,73 -54,11 a 48,66
CN x L6F
53,01 0,38 a 105,65 *
CN x LC
-47,07 -99,70 a 5,57
CN x LCF
11,11 -43,05 a 65,27
F x L3
-14,67 -68,05 a 38,71
F x L3F
18,45 -34,93 a 71,83
F x L6
-28,00 -81,38 a 25,38
F x L6F
27,74 -26,85 a 82,33
F x LC
-72,34 -126,93 a -17,75 *
F x LCF
-14,17 -70,23 a 41,90
L3 x L3F
33,12 -15,32 a 81,56
L3 x L6
-13,33 -61,77 a 35,12
L3 x L6F
42,41 -7,36 a 92,18
L3 x LC
-57,67 -107,44 a -7,90 *
L3 x LCF
0,50 -50,88 a 51,89
L3F x L6
-46,45 -94,89 a 2,00
L3F x L6F
9,29 -40,48 a 59,06
L3F x LC
-90,79 -140,56 a -41,02 *
L3F x LCF
-32,61 -84,00 a 18,77
L6 x L6F
55,74 5,97 a 105,51 *
L6 x LC
-44,34 -94,11 a 5,43
L6 x LCF
13,83 -37,55 a 65,22
L6F x LC
-100,08 -151,14 a -49,01 *
L6F x LCF
-41,90 -94,54 a 10,73
LC x LCF
58,17 5,54 a 110,81 *
* significante (p<0,05)
103
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