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RESUMO
A apolipoproteína B (apo B) é a única proteína da lipoproteína de baixa densidade
(LDL) e está envolvida no transporte e metabolismo do colesterol. Polimorfismos de
único nucleotídeo (SNPs) do gene da apo B humana têm sido associados ao risco para
a Doença Arterial Coronariana (DAC). Uma amostra de 210 indivíduos submetidos à
cineangiocoronariografia, foi classificada em 3 grupos iguais (N=70) caracterizados
como DM2−DAC− (grupo controle), DM2−DAC+ (presença de DAC e ausência de
Diabetes mellitus tipo 2) e DM2+DAC+ (presença de DAC e Diabetes mellitus tipo 2).
A DAC foi definida como a presença de estenose maior que 50% em qualquer artéria
coronária, e o diagnóstico do DM2 foi estabelecido pelos critérios da Associação
Americana de Diabetes. A proporção homens/mulheres nos grupos foi: 33/37
(DM2−DAC−), 52/18 (DM2−DAC+) e 43/27 (DM2+DAC+). A idade média foi de 62
± 10 anos nos três grupos. Foram analisadas as variáveis idade, sexo, tabagismo,
pressão arterial sistólica e diastólica, índice de massa corporal, presença de hipertensão
e história familiar para DAC, bem como as concentrações séricas do perfil lipídico
(colesterol total, HDL-C, LDL-C e triglicérides), apolipoproteína A1 e B, glicemia e
hemoglobina glicada. O grupo DM2+DAC+ apresentou concentrações séricas de
triglicérides com médias superiores às do grupo controle (P<0,001), e concentrações
séricas de HDL-C com médias inferiores às do grupo controle (P=0,001). Os
polimorfismos XbaI (exon 26) e EcoRI (exon 29) do gene da apo B foram
caracterizados por PCR-RFLP, sendo os fragmentos de DNA, após a restrição,
identificados por eletroforese em agarose e corados com brometo de etídeo. As
freqüências genotípicas encontradas para o polimorfismo XbaI foram 0,171, 0,458 e
0,371 para o grupo DM2−DAC−; 0,214, 0,479 e 0,307 para o grupo DM2−DAC+; e
0,171, 0,386 e 0,443 para o grupo DM2+DAC+, respectivamente, para os genótipos
X+X+, X+X− e X−X−. As freqüências genotípicas encontradas para o polimorfismo
EcoRI foram 0,728, 0,229 e 0,043 para o grupo DM2−DAC−; 0,657, 0,314 e 0,029
para o grupo DM2−DAC+; e 0,700, 0,257 e 0,043 para o grupo DM2+DAC+,
respectivamente, para os genótipos E+E+, E+E− e E−E−. Não houve diferença
significativa entre as freqüências alélicas dos polimorfismos XbaI e EcoRI do gene da
apo B (P=0,8331 e P=0,5828, respectivamente; Teste Exato de Fisher bidirecional)
quando comparados os 3 grupos em estudo; nem entre as freqüências genotípicas
(P=0,9439 e P=0,6701, respectivamente; Teste Exato de Fisher bidirecional). A
freqüência do genótipo X−X−/E+E+ do polimorfismo XbaI/EcoRI do gene da apo B
comparada à dos demais genótipos, mostrou diferença significativa (χ
2
(1)
=6,43;
P=0,0112) entre os grupos DM2−DAC+ e DM2+DAC+, sendo mais freqüente neste
último, validando o uso deste genótipo como marcador adicional de risco em estudos
populacionais, para a DAC na presença de DM2.
Palavras-chave: Doença Arterial Coronariana, DAC, Diabetes mellitus tipo 2, apolipoproteína
B, apo B, apo B-100, polimorfismo de único nucleotídeo, SNP, Polimorfismo
de Comprimento de Fragmento de Restrição, RFLP, XbaI, EcoRI.