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Se há um setor em Florianópolis que tem pouco a se queixar é o da construção e
venda de imóveis. A migração de ‘estrangeiros’ vindos de grandes centros
como São Paulo e Porto Alegre é seis vezes maior que no início da década. [...].
A procura é tão grande no centro que ‘sumiram’ os apartamentos de três
quartos, os preços dispararam e os bairros pertos viram alvos preferenciais.[...].
‘O crescimento da população nos últimos anos é uma coisa fantástica’ diz a
professora Maria Inês Sugai, do curso de Arquitetura da Universidade Federal
de Santa Catarina .[...]
Uma migração que empurrou para cima o setor da construção civil. Somente em
1997 e 1998, foram liberados quase 500mil metros quadrados.[...]. Na prática
significa que os construtores estavam de olho neste fluxo migrante. (DIÁRIO
CATARINENSE, Economia, 25/08/2002, p.18)
Assim, os empresários, agora já capitalizados, com suas empresas bem estruturadas,
observando um mercado voraz e altamente consumidor nas diversas classes sociais, devido
ao persistente e elevado déficit habitacional, começam a construir e a incorporar em todos
os pontos da cidade, lançando grandes e luxuosos condomínios, prédios comerciais e
loteamentos, tanto nos bairros adjacentes, como nas zonas balneárias do município.
Conforme bem relata Souza Lago (1996):
As praias do norte foram, de início, as mais valorizadas, por certo pelas suas
condições naturais e maior facilidade de acesso, apesar das estradas precárias. Sua
ocupação pelas elites da capital, no entanto, facilitou a implantação de alguns
serviços de infra-estrutura e a construção da rodovia, principal fator do
desenvolvimento turístico da área, com a instalação dos serviços complementares
inerentes a esta atividade, e o conseqüente crescimento da pressão imobiliária nos
seus balneários. [...]. A entrada do grande capital se deu mais recentemente e se
evidencia mais claramente nos empreendimentos de Jurerê Internacional e Praia
Brava, destinados à ocupação seletiva de elites urbanas. Estes grandes
empreendimentos turísticos procuraram ocupar os balneários que ainda
apresentavam largas extensões de terras vazias, onde não precisaram se envolver
com problemas de compras de múltiplos proprietários, desapropriações, etc...
A Origem do capital investido nestas praias é tanto externa, quanto de grupos
político-econômicos poderosos da própria cidade.
Outras praias, como a dos Ingleses, apresentam também um desenvolvimento
vertical recente e intenso, de caráter empresarial, mas a sua densidade é expressiva e
não oferece muitas alternativas de grandes áreas vazias. Sua ocupação é bastante
desordenada. [...]
Existem grandes projetos empresariais para as praias do Santinho e da Barra da
Lagoa, por exemplo. Esta última está sob a ameaça da construção de uma grande
marina, exatamente no local de desembocadura das águas da Lagoa da Conceição,
em direção ao mar. É um empreendimento que está sendo muito discutido pelos
grupos ecológicos e pelos conselhos comunitários e associações de moradores das
duas localidades.
(SOUZA LAGO, 1996, p. 70 - 72)