Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: POLÍTICAS E GESTÃO INSTITUCIONAL
ANALISE DA UTILIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO
DE CAIXA COMO UM INSTRUMENTO DE GESTÃO
FINANCEIRA NAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL
ABERTO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
ALEXANDRE COSTA QUINTANA
FLORIANÓPOLIS
2004
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Catalogação na fonte por: Onélia Silva Guimarães CRB-14/071
Q7a Quintana, Alexandre Costa
Análise da utilização da demonstração do fluxo de caixa como um
instrumento de gestão financeira nas sociedades anônimas de capital
aberto do Estado do Rio Grande Sul / Alexandre Costa Quintana ;
orientador Valter Saurin. – Florianópolis, 2004.
102 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Santa Catarina,
Programa de Pós-Graduação em Administração, 2004.
Inclui bibliografia
1. Fluxo de caixa – Análise. 2. Gestão financeira. 3. Sociedades por
ações – Rio Grande do Sul – Contabilidade. 4. Capital (Economia).
I. Saurin, Valter. II. Universidade Federal de Santa Catarina. Programa de
Pós-Graduação em Administração. III. Título.
CDU: 658.5
ads:
1
ALEXANDRE COSTA QUINTANA
ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO
DE CAIXA COMO UM INSTRUMENTO DE GESTÃO
FINANCEIRA NAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL
ABERTO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Dissertação apresentada como requisito parcial à
obtenção do grau de Mestre em Administração.
Universidade Federal de Santa Catarina.
Programa de Pós-Graduação em Administração.
Área de Concentração em Políticas e Gestão
Institucional.
ORIENTADOR: Prof. Valter Saurin, Doutor
FLORIANÓPOLIS
2004
2
ALEXANDRE COSTA QUINTANA
ANÁLISE DA UTILIZAÇÃO DA DEMONSTRAÇÃO DO FLUXO
DE CAIXA COMO UM INSTRUMENTO DE GESTÃO
FINANCEIRA NAS SOCIEDADES ANÔNIMAS DE CAPITAL
ABERTO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Grau de Mestre em
Administração na área de concentração em Políticas e Gestão Institucional do Programa de
Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina e aprovada, em
sua forma final, em 07 de dezembro de 2004.
Prof. José Nilson Reinert, Dr.
Coordenador do Curso
Apresentada à Comissão Examinadora integrada pelos professores:
Prof. Valter Saurin, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Orientador
Prof. José Alonso Borba, Dr.
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC
Prof. André Andrade Longaray, Dr.
Fundação Universidade Federal do Rio Grande - FURG
3
Este trabalho é dedicado a minha esposa Cristiane
e aos meus filhos Karine e Sílvio.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, aos meus pais, Alvaro e Neuza, que contribuíram com a
base da minha educação, dando condições para que hoje, eu possa estar concluindo o curso de
mestrado. Agradeço, também aos meus sogros, Álvaro e Nifa, que viabilizaram todo o
período que estive afastado, através da acolhida a minha família.
Agradeço aos meus colegas, Annelise Zilio, Carla Bahry e Marcelo Machado, com os
quais realizei vários trabalhos no transcorrer do curso, e assim foram peças importantes no
resultado do meu trabalho.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Saurin, que durante todo o trabalho me deu
liberdade de pensar e buscar meus objetivos, colaborando de forma fundamental, na definição
dos caminhos deste trabalho. Também, agradeço ao Prof. Alonso, que mesmo não sendo
orientador, contribuiu em várias etapas do trabalho para alcançar os resultados obtidos.
Agradeço aos meus filhos, que mesmo não entendendo exatamente o que eu estava
fazendo, a cada viagem, estavam me esperando com muitos abraços e beijos.
Por fim, quero agradecer a pessoa mais importante neste período todo, a minha esposa,
Cris, meu “amore”, que foi fundamental para que eu pudesse chegar ao final do curso e tê-lo
concluído em menor tempo, pois ela cuidou dos nossos filhos, de nossa casa e de todas as
nossas coisas durante todo o transcorrer do curso, tendo que abrir mão de pretensões dela,
para poder dar condições para que eu pudesse chegar ao final deste trabalho.
5
RESUMO
QUINTANA, Alexandre Costa. Análise da utilização da Demonstração do Fluxo de Caixa
como um instrumento de gestão financeira nas sociedades anônimas de capital aberto do
Estado do Rio Grande do Sul. 2004. 102 f. Dissertação (Mestrado em Administração) –
Programa de Pós-Graduação em Administração. Universidade Federal de Santa Catarina,
Florianópolis, 2004.
Orientador: Prof. Valter Saurin, Doutor
Defesa: 07/12/2004
Este trabalho foi elaborado com o objetivo de analisar se efetivamente a Demonstração do
Fluxo de Caixa está sendo utilizada como um instrumento de gestão financeira, pelas
sociedades anônimas de capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul. Como fundamentação
desta pesquisa, foi feita uma revisão nos principais conceitos relacionados à administração
financeira, à gestão do fluxo de caixa e à estrutura da Demonstração do Fluxo de Caixa.
Foram identificados outros instrumentos de gestão financeira e as principais tomadas de
decisões da área financeira. Em termos metodológicos, foi elaborado um questionário
procurando responder aos objetivos da pesquisa e remetido às sociedades anônimas de capital
aberto do Estado do Rio Grande do Sul. Além disto, foi realizada uma análise documental nos
demonstrativos contábeis e financeiros destas sociedades. A partir dos dados dos
questionários, foi feita uma análise, pela qual conclui-se que a Demonstração do Fluxo de
Caixa está sendo utilizada como um instrumento de gestão financeira, por um número
reduzido de sociedades anônimas de capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul; e que a
mesma tem sido usada mais como um demonstrativo complementar que, em alguns
momentos, traz contribuição para a gestão.
Palavras-chave: Demonstração do Fluxo de Caixa; Gestão financeira; Sociedades anônimas
de capital aberto.
6
ABSTRACT
QUINTANA, Alexandre Costa. Analysis of the use of Cash Flow Statement as a tool for
financial management in open capital corporations in the State of Rio Grande do Sul,
Brasil. 2004. 102 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Programa de Pós-Graduação
em Administração. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2004.
Advisor: Prof. Valter Saurin, Doutor
Presentation: 07/12/2004
The purpose of this work is to verify whether Cash Flow Statement has really been employed
as a tool for financial management by open capital corporations in the State of Rio Grande do
Sul, Brazil. As a basis for this research, a review of key concepts related to financial
administration, cash flow management and the structure of the Cash Flow Statement was
conducted. Other tools for financial management and decision making in the financial field
were identified. In procedural terms, in order to accomplish the purpose of this research a
questionnaire was created and sent to open capital corporations in the State of Rio Grande do
Sul. Also a documental analysis of accounting and financial statements of those corporations
was conducted. The analysis of questionnaire answers shows that the Cash Flow Statement
has only been employed as a tool for financial management by a small number of open capital
corporations in the State of Rio Grande do Sul, and that this Statement has mainly been
employed as a complementary statement, which sometimes provides some contribution for
the management.
Key words: Cash Flow Statement; Financial management; Open capital corporations.
7
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - DFC pelo método direto................................................................................... 28
Figura 2 - DFC pelo método indireto................................................................................ 29
Figura 3 – Demonstração do Valor Adicionado............................................................... 36
Figura 4 – Demonstração do Resultado do Exercício....................................................... 37
Figura 5 – Forma de obtenção do EBITDA...................................................................... 39
Figura 6 – Balanço Patrimonial......................................................................................... 41
Gráfico 1 – Empresas que publicam a Demonstração do Fluxo de Caixa........................ 63
Gráfico 2 – Método usado para elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa........... 65
Gráfico 3 – Instrumento utilizado para definir a capac. de investimentos da empresa.... 68
Gráfico 4 – Instrumento utilizado para verificar se a empresa necessitará de recursos,
através da obtenção de financiamento.......................................................... 70
Gráfico 5 – Instrumento utilizado para projetar a capacidade de honrar seus
compromissos com terceiros......................................................................... 71
Gráfico 6 – Prazo de projeção do fluxo de caixa.............................................................. 73
Gráfico 7 – Grau de importância da DFC no processo de administração financeira....... 74
Gráfico 8 – Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa................................................ 75
Gráfico 9 – A DFC deve ser obrigatória ?......................................................................... 77
Quadro 1 – Medidas de desempenho da DFC................................................................... 33
Quadro 2 – Quocientes de análise financeira.................................................................... 42
8
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Empresas pesquisadas, classificadas por ramo de atividade.......................... 59
Tabela 2 – Responsável pelo controle de caixa................................................................ 61
Tabela 3 – Empresas que elaboram a Demonstração do Fluxo de Caixa........................ 62
Tabela 4 – Utilização de índices de desempenho na Demonstração do Fluxo de Caixa. 66
Tabela 5 – Instrumento utilizado na tomada de decisão na área financeira..................... 67
Tabela 6 – Cargo do funcionário...................................................................................... 80
9
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANNEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANTT Agência Nacional de Transportes Terrestres
CVM Comissão de Valores Mobiliários
DFC Demonstração do Fluxo de Caixa
DOAR Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos
DRE Demonstração do Resultado do Exercício
DVA Demonstração do Valor Adicionado
EBITDA Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and Amortization
FAS Financial Accounting Standards
FASB Financial Accounting Standards Board
FCO Fluxo Líquido de Caixa Gerado pelas Operações
IASB International Accounting Standards Board
IBRACON Instituto Brasileiro de Contadores
LAJIDA Lucro Antes dos Juros, Impostos, Depreciação e Amortização
NIC Norma Internacional de Contabilidade
VPL Valor Presente Líquido
10
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.................................................................................................... 12
1.1 Tema e problema de pesquisa................................................................. 12
1.2 Objetivos................................................................................................. 13
1.3 Justificativa............................................................................................. 14
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..................................................................... 16
2.1 Administração financeira........................................................................ 16
2.2 Administração do capital de giro............................................................ 18
2.3 Administração de disponibilidades......................................................... 20
2.4 Conceituação do Fluxo de Caixa............................................................ 21
2.5 A Demonstração do Fluxo de Caixa....................................................... 23
2.6 Formas de apresentação da Demonstração do Fluxo de Caixa............... 27
2.7 Vantagens e desvantagens da Demonstração do Fluxo de Caixa............ 30
2.8 Medidas de desempenho obtidas da Demonstração do Fluxo de Caixa.. 32
2.9 Instrumentos utilizados no processo de gestão financeira....................... 35
2.9.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)............................. 35
2.9.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE).................... 36
2.9.3 EBITDA.................................................................................... 38
2.9.4 Balanço Patrimonial.................................................................. 39
2.9.5 Análise financeira...................................................................... 41
2.10 Tomada de decisão na área financeira................................................... 43
2.11 Sociedades anônimas............................................................................. 46
3 METODOLOGIA................................................................................................ 49
3.1 Perguntas de pesquisa............................................................................. 49
3.2 Definição constitutiva dos termos........................................................... 50
3.3 Definição constitutiva das categorias...................................................... 51
3.4 Delineamento da pesquisa...................................................................... . 52
3.5 Objeto de estudo e elementos de análise................................................. 53
3.6 Coleta e análise de dados........................................................................ 53
3.6.1 Tipos de dados......................................................................... 54
3.6.2 Análise de dados...................................................................... 54
3.6.3 Instrumento de pesquisa.......................................................... 55
3.7 Limitações da pesquisa........................................................................... 56
11
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS................................ 57
4.1 Características das empresas................................................................... 57
4.2 Análise dos questionários....................................................................... 60
4.3 Análise dos documentos......................................................................... 81
4.4 Consolidação dos dados......................................................................... 86
5 CONCLUSÕES................................................................................................... 88
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 92
ANEXOS................................................................................................................. 95
12
1 INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta uma idéia geral sobre o tema em estudo, salientando algumas
informações importantes sobre a Demonstração do Fluxo de Caixa. Contempla, também, o
problema de pesquisa, além de descrever os objetivos geral e específicos do trabalho. Por
último, apresenta a justificativa do estudo.
1.1 Tema e problema de pesquisa
No início da década de 80, os órgãos internacionais de regulamentação contábil
iniciaram estudos para introduzir a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), em substituição
à Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos (DOAR), nos demonstrativos
contábeis. O primeiro país a oficializar essa substituição foi o Canadá, em setembro de 1985.
Em outros países, a DFC também foi oficializada como, por exemplo, nos Estados Unidos,
em novembro de 1987 e no Reino Unido, em 1991. No entanto, na França e na Alemanha
existe a recomendação de publicação dos dois demonstrativos (LUSTOSA, 1997).
No Brasil, o Projeto de Lei nº 3741, que tramita na Câmara dos Deputados, determina
a substituição citada no parágrafo anterior, pois a DFC vem sendo tratada como um
importante instrumento no processo de gestão financeira.
Tradicionalmente, o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício
são os principais demonstrativos utilizados para análise financeira, pois revelam muito sobre a
situação financeira, econômica e patrimonial de uma empresa; também descrevem sua história
recente de ganhos; mas não revelam ao seu usuário muito sobre como a empresa gerencia seu
caixa. A atividade de caixa é muito importante e é resumida na Demonstração do Fluxo de
Caixa que, conforme Iudícibus & Marion (1999, p.218), “demonstra a origem e a aplicação de
13
todo o dinheiro que transitou pelo caixa em um determinado período e o resultado desse
fluxo”, servindo, assim, a sua elaboração, também para fins de análise, juntamente com os
demais demonstrativos.
A importância da utilização da DFC, conforme o IBRACON – Instituto Brasileiro de
Contadores (1998, p.87), está em “proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis
uma base para avaliar a capacidade de a empresa gerar caixa e valores equivalentes à caixa e
às necessidades da empresa para utilizar esses fluxos de caixa”, servindo assim como um
instrumento para a tomada de decisões no contexto da gestão financeira.
Diante do exposto o problema de pesquisa foi: “A Demonstração do Fluxo de Caixa
está sendo utilizada como um instrumento de gestão financeira pelas sociedades anônimas de
capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul ?”
1.2 Objetivos
O objetivo geral desse estudo foi analisar se efetivamente a Demonstração do Fluxo de
Caixa está sendo utilizada como um instrumento de gestão financeira pelas sociedades
anônimas de capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul.
Os objetivos específicos foram:
a) Identificar se as empresas elaboram a Demonstração do Fluxo de Caixa como um
instrumento para tomada de decisão interna ou apenas para divulgação externa.
b) Verificar quais os tipos de decisões tomadas pelos administradores das empresas,
em função da utilização da Demonstração do Fluxo de Caixa.
c) Verificar se a Demonstração do Fluxo de Caixa é elaborada pelo método direto ou
pelo método indireto.
14
d) Verificar se as empresas utilizam medidas de desempenho para analisar sua
Demonstração do Fluxo de Caixa.
e) No caso das empresas que não utilizam a Demonstração do Fluxo de Caixa,
verificar quais são os instrumentos utilizados na gestão financeira.
1.3 Justificativa
O caixa é um instrumento aparentemente simples de ser definido, mas pode tornar-se
difícil demonstrá-lo dentro de determinado padrão. Por isso, com a utilização da
Demonstração do Fluxo de Caixa, o usuário dessa demonstração tem uma visão do
planejamento, da tomada de decisão e da capacidade do gestor em lidar com muitas das ações
concernentes ao caixa. A demonstração, conforme Iudícibus, Martins & Gelbcke (2000,
p.351), pode permitir que investidores, credores e outros usuários avaliem:
- a capacidade de a empresa gerar futuros fluxos líquidos positivos de caixa;
- a capacidade de a empresa honrar seus compromissos, pagar dividendos e retornar
empréstimos obtidos;
- a liquidez, solvência e flexibilidade financeira da empresa;
- a taxa de conversão de lucro em caixa;
- a performance operacional de diferentes empresas, por eliminar os efeitos de distintos
tratamentos contábeis para as mesmas transações e eventos;
- o grau de precisão das estimativas passadas de fluxos futuros de caixa;
- os efeitos, sobre a posição financeira da empresa, das transações de investimentos e de
financiamentos etc.
Atualmente, a Demonstração do Fluxo de Caixa é utilizada nos Estados Unidos, no
Canadá e em vários países, como um instrumento importante no processo de administração
financeira e contábil das empresas (LUSTOSA, 1997).
No Brasil, as empresas estão percebendo a importância desse instrumento, pois várias
delas já incorporaram a Demonstração do Fluxo de Caixa como um demonstrativo contábil a
ser anualmente publicado, junto aos relatórios administrativos elaborados pela empresa.
15
No meio acadêmico, a Demonstração do Fluxo de Caixa é alvo de uma série de
publicações, através de artigos e livros que enumeram as vantagens e utilidades desse
demonstrativo, como será constatado no decorrer deste trabalho.
A intenção deste estudo, em termos de acréscimo ao conhecimento existente, é mostrar
como as empresas estão utilizando a demonstração do fluxo de caixa na gestão das atividades
financeiras, principalmente no sentido de identificar as decisões mais importantes tomadas na
área financeira.
A gestão do fluxo de caixa não se constitui em preocupação exclusiva das grandes
empresas, mas das organizações em geral. Porém, para viabilizar este estudo, foi definida a
utilização das sociedades anônimas de capital aberto, porque estas, além de serem obrigadas a
publicar as demonstrações, precisam mostrar aos acionistas e futuros compradores de ações
como se apresentam suas condições financeiras. Por isso a Demonstração do Fluxo de Caixa
pode ser um importante instrumento de informações para essas pessoas ou empresas.
16
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo descreve os fundamentos teóricos dos principais pontos tratados neste
trabalho, começando pela estrutura financeira do caixa, ou seja, a administração financeira, a
administração de capital de giro, a administração de disponibilidades e a conceituação do
fluxo de caixa; em seguida, são colocadas as definições, as formas de apresentação e as
vantagens e as desvantagens da Demonstração do Fluxo de Caixa; além disso, são detalhadas
as medidas de desempenho dessa demonstração; por fim, tem-se uma noção sobre tomada de
decisões e sobre a caracterização das sociedades anônimas.
2.1 Administração financeira
Grande parte dos fatos que ocorrem nas empresas envolve a movimentação de
recursos financeiros. Por isso a administração financeira acaba tornando-se um elemento
indispensável no processo administrativo das empresas.
Conforme Hoji (2000, p.21), “os proprietários de empresas privadas esperam que seu
investimento produza um retorno compatível com o risco assumido, por meio de geração de
resultados econômicos e financeiros adequados por longo prazo”. Nas empresas públicas
também a geração desses resultados é importante, pois representa a possibilidade de que o
reinvestimento desses valores possa servir para executar a melhoria e a expansão dos serviços
oferecidos à comunidade.
O papel da administração financeira na empresa, conforme Gitman (1997), depende do
tamanho da empresa. A função financeira, em uma empresa pequena, pode ser realizada pelo
departamento de contabilidade. À medida que a empresa cresce, existe a possibilidade de
17
criação de um departamento financeiro separado da contabilidade e, dependendo do
organograma, ligado diretamente à presidência da companhia.
A importância da administração financeira encontra-se, conforme Zdanowick (2000),
na responsabilidade pela gerência das operações relativas à formação de recursos financeiros
que serão utilizados para o pagamento dos fatores de produção ou de serviços e a distribuição
desses recursos, bem como obrigações relacionadas as transações comerciais e de crédito da
empresa.
Na empresa, a administração financeira é exercida por uma pessoa ou um grupo de
pessoas que pode ter denominações tais como vice-presidente de finanças, diretor ou gerente
financeiro e controller. As atividades empresariais desenvolvidas por essas pessoas envolvem
a movimentação de recursos; por isso são definidas as funções básicas do administrador
financeiro de uma empresa que, conforme Hoji (2000), são: análise, planejamento e controle
financeiro; tomadas de decisões de investimentos; tomadas de decisões de financiamentos.
Com relação à análise, ao planejamento e ao controle financeiro, conforme Gitman
(1987, p.9) refere-se “à transformação dos dados financeiros, de forma que possam ser
utilizados para monitorar a situação financeira da empresa, avaliação da necessidade de se
aumentar (ou reduzir) a capacidade produtiva e determinação de aumentos (ou reduções) dos
financiamentos requeridos”. Mesmo considerando que as atividades dessa função estão
relacionadas com os demonstrativos financeiros elaborados pelo regime de competência, o
seu objetivo principal é avaliar o fluxo de caixa e desenvolver condições que garantam a
disponibilidade de recursos para atingir seus objetivos.
As decisões de investimentos referem-se aos recursos destinados à aplicação em
ativos, correntes ou não correntes, sempre levando em consideração a relação adequada de
risco e de retorno dos capitais investidos.
18
No que se refere à tomada de decisões de financiamentos, Sanvicente (1983, p.12)
explica que “o que se deseja fazer é definir e alcançar uma estrutura ideal em termos de fontes
de recursos, dada a composição dos investimentos”, tentando obter a combinação adequada
entre financiamentos de curto e longo prazo.
2.2 Administração do capital de giro
O capital de giro tem participação relevante no contexto operacional das empresas,
representando uma parcela significativa de seus ativos totais investidos.
Segundo Hoji (2000, p.109), capital de giro “é conhecido também como capital
circulante e corresponde aos recursos aplicados em ativos circulantes, que transformam-se
constantemente dentro do ciclo operacional”. O capital de giro fica girando na empresa e sua
transformação gera reflexos na contabilidade.
Conceitualmente, Neves & Viceconti (1998, p.243) dizem que capital de giro
“representa o capital circulante (ativo circulante), ou seja, os recursos que possuem constante
movimentação no período”. Por conseqüência, serve para identificar os recursos próprios e de
terceiros, que foram aplicados no ciclo operacional. Nota-se que esse ciclo representa a
aplicação de recursos na atividade da entidade até a formação dos estoques que, mediante
venda, voltarão a ser valores disponíveis.
Para Assaf Neto & Silva (1997, p.15), o capital de giro, também tratado como capital
circulante, “é representado pelo ativo circulante, isto é, pelas aplicações correntes,
identificadas geralmente pelas disponibilidades, valores a receber e estoques”. De uma forma
mais ampla, todos os recursos demandados por uma empresa para financiar suas necessidades
operacionais são considerados capital de giro.
19
A administração de capital de giro é um dos elementos mais significativos da
administração financeira. Segundo Gitman (1987, p.279), “a administração de capital de giro
abrange a administração de contas circulantes da empresa, incluindo ativos circulantes e
passivos circulantes”. Nesse contexto, o capital de giro precisa manter-se em um nível
satisfatório, ou seja, os ativos circulantes devem ser capazes de cobrir seus passivos
circulantes.
Para Ross, Westerfield & Jordan (1998, p.30), a gestão do capital de giro em uma
empresa “é uma atividade diária que visa assegurar que a empresa tenha recursos suficientes
para continuar suas operações e evitar interrupções muito caras”, com isso envolvendo várias
atividades relacionadas com recebimentos e desembolsos da empresa.
Na administração do capital de giro, explica Assaf Neto & Silva (1997, p.15), “são
estudados fundamentalmente o nível adequado de estoque que a empresa deve manter, seus
investimentos em créditos a clientes, critérios de gerenciamento de caixa e a estrutura dos
passivos correntes,” com a intenção da manutenção de determinado nível de rentabilidade e
liquidez, que seja consistente em relação aos objetivos enunciados pela empresa.
O princípio essencial da administração eficiente do capital de giro de uma empresa,
para Bodie & Merton (1999, p. 420), “é minimizar o volume dos investimentos da empresa
em ativos não-lucrativos, como contas a receber e estoques”, para assim maximizar o uso de
fonte de fundos gratuitos, como pagamentos recebidos dos clientes, salários provisionados e
contas a pagar, que normalmente não acarretam cobrança explícita de juros.
Conforme Hoji (2000), as principais fontes de financiamento do capital de giro são
onerosas, pois são representadas pelos empréstimos e financiamentos bancários e pelos
parcelamentos de impostos vencidos, que geralmente geram valores significativos de encargos
financeiros.
20
Para que as empresas alcancem um equilíbrio em seu capital de giro, é preciso
encontrar um equilíbrio financeiro que, conforme o conceito de Assaf Neto & Silva (1997,
p.24), “é verificado quando suas obrigações financeiras se encontram lastreadas em ativos
com prazos de conversão em caixa similares aos dos passivos”, ou seja, uma vinculação entre
liquidez dos ativos e os desembolsos demandados pelos passivos.
2.3 Administração de disponibilidades
A administração de disponibilidades é uma das principais áreas da administração do
capital de giro. De acordo com Hoji (2000, p.113), a administração eficiente das
disponibilidades “contribui significativamente para a maximização do lucro das empresas”.
A administração de disponibilidades é um importante elemento para que o
administrador financeiro analise até que ponto a falta de liquidez possa vir a provocar perdas
para a empresa, pois está inserido na administração do disponível, conforme Zdanowick
(2000, p.188-189), “o controle da eficiente utilização de recursos da empresa, em
investimentos facilmente conversíveis em numerário e das fontes externas que podem
proporcionar imediatos aportes de recursos financeiros quando necessários”.
O principal componente da administração de disponibilidades é o caixa, e esse é
controlado através da utilização do fluxo de caixa que é um eficiente instrumento gerencial,
ou seja, conforme Frezatti (1997, p.28) “é aquele que permite apoiar o processo decisório da
organização, de maneira que ela esteja orientada para os resultados pretendidos”.
Nesse sentido, Braga (1989, p. 124) afirma que “as projeções dos fluxos de entradas e
de saídas de numerário constituem um instrumento imprescindível na administração de
disponibilidades”, pois é fundamental conhecer antecipadamente a quantidade de recursos que
irá sobrar ou faltar nos próximos dias.
21
2.4 Conceituação do fluxo de caixa
A definição de fluxo de caixa, apesar de aparentemente simples, gera uma série de
interpretações. Conforme Blatt (2001, p.123), “a indústria financeira e profissionais de
contabilidade têm desenvolvido numerosos métodos para descrever o fluxo de caixa”. Assim,
dependendo da empresa e da técnica utilizada, o fluxo de caixa pode apresentar grandes
variações.
De uma forma conceitual, de acordo com Zdanowicz (2000, p.40), “denomina-se por
fluxo de caixa projetado ao conjunto de ingressos e desembolsos de numerário ao longo de
um período projetado”, servindo para representação da situação financeira de uma empresa,
levando em consideração as fontes de recursos e a forma de aplicação em elementos do ativo.
Assaf Neto & Silva (1997, p.35) define que “o fluxo de caixa é de fundamental
importância para as empresas, constituindo-se numa indispensável sinalização dos rumos
financeiros dos negócios”, pois a falta de caixa pode causar uma séria descontinuidade em
suas operações.
Para Zdanowicz (2000, p.125), o fluxo de caixa “é um dos instrumentos mais
eficientes de planejamento e controle financeiro”, constituindo-se, em conseqüência, em
elemento básico e indispensável para o administrador, sendo de grande importância para
avaliar a posição financeira da empresa a longo prazo.
É nesse contexto que Assaf Neto & Silva (1997) destacam o fluxo de caixa como um
instrumento que possibilita o planejamento e o controle dos recursos financeiros de uma
empresa, sendo, a nível gerencial, indispensável em todo o processo de tomada de decisões
financeiras.
Para Frezatti (1997), em algumas organizações, o fluxo de caixa serve como um
instrumento tático e, em outras, o alcance é maior, ou seja, sua utilização é estratégica. A
22
abordagem tática refere-se a um uso restrito e de acompanhamento do fluxo de caixa,
aparecendo como um cumpridor de determinações mais amplas e complexas, em que a
empresa já possui um escopo mais definido em termos estratégicos e quer apenas manter o
rumo. A abordagem estratégica é aquela que afeta o nível de negócios da empresa no curto
prazo, e principalmente no longo prazo, assim o fluxo de caixa tem efeito sobre questões
ligadas às decisões realmente estratégicas da empresa.
Conforme Teles (1997, p.70), “a empresa pode ter lucros fantásticos, e vendas
ascendentes, mas, se não tiver um fluxo de caixa adequado, corre o risco de não ter sua
continuidade amparada”, pois operações que geram direitos a receber de longo prazo, mesmo
sendo em valores expressivos, podem não ser adequados, se a empresa possuir obrigações a
curto prazo, que necessitem de capital de giro imediato.
A importância do fluxo de caixa também está na abrangência de sua interferência, pois
não só a área financeira deve estar comprometida com os resultados de caixa, mas também as
demais áreas da empresa, conforme destaca Assaf Neto & Silva (1997):
a área de produção muda os prazos de fabricação dos produtos, por conseqüência
promove alterações nas necessidades de caixa; da mesma forma, os custos de
produção têm significativos reflexos sobre o caixa;
as decisões de compras devem estar em sintonia com a existência de saldos
disponíveis de caixa, ou seja, deve haver preocupação com a sincronização dos fluxos
de caixa, avaliando-se a relação entre os prazos obtidos para pagamento das compras
com os definidos para recebimento das vendas;
políticas de cobrança mais ágeis e eficientes permitem a disponibilização dos recursos
financeiros de uma forma mais rápida, resultando em um importante reforço de caixa;
a área de vendas deve manter um controle mais próximo sobre os prazos concedidos e
sobre os hábitos de pagamentos dos clientes, de maneira a não pressionar
23
negativamente o fluxo de caixa, ou seja, as decisões envolvendo vendas devem ser
tomadas somente após uma prévia avaliação de suas implicações sobre os resultados
de caixa;
a área financeira deve avaliar cuidadosamente o perfil de seu endividamento, de forma
que os desembolsos necessários ocorram concomitantemente à geração de caixa da
empresa.
Além de sua interferência em outras áreas da empresa, o fluxo de caixa gera um
processo de administração desse fluxo que, conforme Hoji (2000), define as seguintes
atribuições:
controlar os recursos disponíveis em caixa e em contas bancárias;
elaborar a conciliação dos registros bancários;
planejar e executar ações no sentido de suprir as insuficiências de caixa, ou
maximizar, no caso das sobras de caixa;
analisar as alternativas de financiamento do capital de giro;
verificar antecipações de recebimentos e pagamentos;
elaborar e analisar a Demonstração do Fluxo de Caixa.
2.5 A Demonstração do Fluxo de Caixa
A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) não é, até o momento, uma demonstração
oficial exigida pela Lei nº 6.404/76, mas é um instrumento muito importante para a
administração financeira, pois, para Perez Júnior & Begalli (1999, p.178), essa demonstração
“já comprovou ser de extrema utilidade para diversos fins, dada sua simplicidade e
abrangência, principalmente no que diz respeito aos aspectos financeiros que envolvem o dia-
a-dia da entidade”.
24
O objetivo primário da DFC, segundo Iudícibus, Martins & Gelbcke (2000, p.351), “é
prover informações relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro de uma
empresa, ocorridos durante um determinado período”, facilitando o processo de administração
dos recursos disponíveis na empresa.
Para Thiesen (2000, p.10), a DFC “permite mostrar, de forma direta ou mesmo
indireta, as mudanças que tiveram reflexo no caixa”, identificando suas origens e aplicações.
De uma forma condensada, segundo Marion (1998, p.380), a DFC “indica a origem de
todo o dinheiro que entrou no caixa, bem como a aplicação de todo o dinheiro que saiu do
caixa em determinado período”, o mesmo autor lembra também que deve apresentar o
Resultado do Fluxo Financeiro.
A DFC diferencia-se das demais demonstrações contábeis, de acordo com Bodie &
Merton (1999), por não ser influenciada pela constituição de provisões contábeis, e assim
pode-se analisar o impacto dessas provisões nos resultados da empresa.
No Brasil, o Projeto de Lei nº 3.741, que tramita na Câmara dos Deputados, determina
a substituição da DOAR pela DFC. Por isso a demonstração ainda não está devidamente
regulamentada a nível nacional. No entanto no Canadá, nos Estados Unidos e no Reino
Unido, a DFC já foi oficializada em substituição à DOAR.
A DFC divide-se em três grupos: fluxo relativos às atividades operacionais, relativos
às atividades de financiamento e relativos às atividades de investimento. Assim, segundo
Salotti & Yamamoto (2004, p.7), a DFC torna-se “uma valiosa ferramenta para analisar os
efeitos das atividades operacionais, de investimento e de financiamento no fluxo de caixa de
um determinado período”.
De acordo com Iudícibus, Martins & Gelbcke (2000, p.352-353), são consideradas
atividades operacionais:
25
Entradas:
a) recebimentos pela venda de produtos e serviços a vista, ou das duplicatas correspondentes
no caso de vendas a prazo. Incluem também os recebimentos decorrentes dos descontos das
duplicatas emitidas contra as vendas a prazo efetuadas, de curto ou longo prazo, em bancos;
b) recebimento de juros sobre empréstimos concedidos e sobre aplicações financeiras em
outras atividades;
c) recebimento de dividendos pela participação no patrimônio de outras empresas;
d) qualquer outro recebimento que não se origine de transações definidas como atividades de
investimento ou financiamento, como: recebimentos decorrentes de sentenças judiciais;
indenizações por sinistros, exceto aquelas diretamente relacionadas a atividades de
investimento ou financiamento, como o sinistro em uma edificação, por exemplo; e reembolso
de fornecedores.
Saídas:
a) pagamentos a fornecedores referentes ao suprimento da matéria-prima para a produção ou
de bens para revenda. Se compra a prazo, pagamento do principal dos títulos de curto e longo
prazos a que se refere a compra;
b) pagamentos aos fornecedores de outros insumos de produção, incluídos os serviços
prestados por terceiros;
c) pagamentos aos governos federal, estadual e municipal, referentes a impostos, multas,
alfândega e outros tributos e taxas;
d) pagamento dos juros (despesas financeiras) dos financiamentos (comerciais e bancários)
obtidos.
Devem ser consideradas atividades de financiamento, conforme De Santi &
Olinquevitch (1993, p.168-169):
Fundos de caixa despendidos para:
- remuneração aos proprietários na forma de dividendos ou outras distribuições;
- pagamento de valores tomados por empréstimos, inclusive empréstimos de curto e longo
prazo, obrigações de leasing de capital e resgate de debêntures;
- reaquisição de ações próprias e outros títulos de emissão própria relativos ao patrimônio
líquido;
Fundos de caixa recebidos de :
- emissão de ações;
- subscrição de debêntures, hipotecas e empréstimos de curto e longo prazo;
Com relação às atividades de investimento, são elencadas por Iudícibus, Martins &
Gelbcke (2000, p.353) as seguintes operações:
Entradas:
a) recebimento do principal dos empréstimos concedidos ou da venda desses ativos a outras
entidades, exceto ativos financeiros classificados como equivalentes-caixa;
b) recebimento pela venda de títulos de investimento a outras entidades;
c) recebimento pela venda de participações em outras empresas;
d) recebimento pelo resgate de participações pelas entidades investidas;
e) venda de imobilizado e de outros ativos fixos utilizados na produção.
Saídas:
a) desembolso dos empréstimos concedidos pela empresa e pagamento pela aquisição de
títulos de investimento de outras entidades;
b) pagamento pela aquisição de títulos patrimoniais de outras empresas;
c) pagamento, no momento da compra ou em data próxima a esta, de terreno, edificações,
equipamentos ou outros ativos fixos utilizados na produção.
26
O órgão mundial, normatizador da contabilidade é o International Accounting
Standards Board (IASB) que, através da NIC 7 - Norma Internacional de Contabilidade,
definiu o objetivo e a forma de utilização da DFC.
De acordo com o IBRACON (1998) nessa norma, encontra-se a observação de que o
uso da DFC, juntamente com as demais demonstrações contábeis, pode proporcionar
informações que habilitam os usuários a avaliar as mudanças ocorridas nos ativos líquidos de
uma empresa, na sua estrutura financeira e, ainda, verificar o reflexo nas importâncias e nos
prazos dos fluxos de caixa.
O IBRACON (1998, p.88) também explica que, na NIC 7, existe uma definição dos
significados dos termos caixa e equivalentes à caixa, utilizando a seguinte forma: “caixa
compreende numerário em mão e depósitos bancários disponíveis” e “equivalentes à caixa
são investimentos a curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em
valores conhecidos de caixa e que estão sujeitos a um insignificante risco de mudança de
valor”. Essas definições se fazem necessárias para a padronização da demonstração.
Para Kroetz (2000, p.39), a DFC “apresenta a modificação no saldo das
disponibilidades da entidade durante determinado período, por meio dos fluxos de
pagamentos e recebimentos”, ressaltando que essa demonstração agrega os valores constantes
no caixa e nos bancos.
Por isso, nota-se que é importante destacar que, na elaboração da DFC, o conceito de
caixa é ampliado para também considerar os investimentos qualificados como equivalentes de
caixa. Conforme Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 352), “equivalentes-caixa são
investimentos de altíssima liquidez, prontamente conversíveis em uma quantia conhecida de
dinheiro e que apresentam risco insignificante de alteração de valor”. Deve-se ressaltar que a
definição citada é a adotada pelo IASB.
27
Para Marion (1998, p.381), a DFC “propicia ao gerente financeiro a elaboração de
melhor planejamento financeiro, pois numa economia tipicamente inflacionária não é
aconselhável excesso de caixa, mas o estritamente necessário para fazer face aos seus
compromissos”, pois com o planejamento financeiro o gerente identificará o momento correto
para contrair empréstimos para suprir a insuficiência de fundos, bem como aplicar no
mercado financeiro o excedente de recursos, proporcionando uma maior rentabilidade para a
empresa.
Marion (1998) também lembra que só com o conhecimento do passado é que se pode
fazer uma boa projeção do Fluxo de Caixa Futuro; e que a comparação do projetado com o
fluxo real irá indicar variações que demonstram as deficiências nas projeções, e servirá de
instrumento para aperfeiçoar as novas projeções de fluxos de caixa.
Com o uso da DFC, o administrador financeiro pode analisar o passado e,
possivelmente, poderá projetar o futuro fluxo de caixa da empresa. Assim, para Gitman (1997,
p.88) “o administrador deve dedicar atenção especial tanto às principais categorias do fluxo
de caixa quanto aos itens individuais de entradas e saídas de caixa, para detectar a ocorrência
de qualquer desvio em relação às políticas financeiras da empresa”, pois essa ação pode ser
usada para determinar se o que está planejado é desejável do ponto de vista dos fluxos de
caixa resultantes.
2.6 Formas de apresentação da Demonstração de Fluxo de Caixa
A DFC pode ser elaborada, segundo Neves & Viceconti (1998), através de duas
formas: o método direto e o método indireto.
O método direto, conforme descrito por Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 355),
“explicita as entradas e saídas brutas de dinheiro dos principais componentes das atividades
28
operacionais, como recebimentos pelas vendas de produtos e serviços e os pagamentos a
fornecedores e empregados”, resultando ao final o volume líquido de caixa provido ou
consumido pelas operações da empresa.
A elaboração da DFC pelo método direto encontra-se representada a seguir:
FLUXO DE CAIXA - MÉTODO DIRETO
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa
Fluxo de caixa das atividades operacionais:
Venda de mercadorias e serviços (+)
Pagamento de fornecedores (-)
Salários e encargos sociais dos empregados (-)
Dividendos recebidos (+)
Impostos e outras despesas legais (-)
Recebimento de seguros (+)
Caixa líquido das atividades operacionais (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de investimento:
Venda de imobilizado (+)
Aquisição de imobilizado (-)
Aquisição de outras empresas (-)
Caixa líquido das atividades de investimento (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de financiamento:
Empréstimos líquidos tomados (+)
Pagamento de leasing (-)
Emissão de ações (+)
Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-)
Aumento/diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa
Caixa e equivalentes de caixa - início do ano
Caixa a equivalentes de caixa - final do ano
Figura 1 - DFC pelo método direto
Fonte: TELES, 1997, p.69.
Para Campos Filho (1999), existem vantagens e desvantagens da utilização do método
direto. Como vantagens, ele cita: condições favoráveis para que a classificação dos
recebimentos e pagamentos seja feita por critérios técnicos e não fiscais; introduz com mais
rapidez a cultura de administrar pelo caixa; e facilita a disponibilidade das informações sobre
o caixa diariamente. Como desvantagens, surge o custo adicional e a dificuldade para
classificar recebimentos e pagamentos.
De acordo com Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 355), “o método indireto faz a
conciliação entre o lucro líquido e o caixa gerado pelas operações”, permitindo que o usuário
avalie quanto do lucro está sendo transformado em caixa a cada período.
29
A Figura descrita a seguir apresenta a demonstração da estrutura da DFC, quando
elaborada pelo método indireto.
FLUXO DE CAIXA - MÉTODO INDIRETO
Entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa
Fluxo de caixa das atividades operacionais:
Lucro líquido
Depreciação e amortização (+)
Provisão para devedores duvidosos (+)
Aumento/diminuição em fornecedores (+/-)
Aumento/diminuição em contas a pagar (+/-)
Aumento/diminuição em contas a receber (+/-)
Aumento/diminuição em estoques (+/-)
Caixa líquido das atividades operacionais (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de investimento:
Venda de imobilizado (+)
Aquisição de imobilizado (-)
Aquisição de outras empresas (-)
Caixa líquido das atividades de investimento (+/-)
Fluxo de caixa das atividades de financiamento:
Empréstimos líquidos tomados (+)
Pagamento de leasing (-)
Emissão de ações (+)
Caixa líquido das atividades de financiamento (+/-)
Aumento / diminuição líquido de caixa e equivalente de caixa
Caixa e equivalentes de caixa - início do ano
Caixa a equivalentes de caixa - final do ano
Figura 2 - DFC pelo método indireto
Fonte: TELES, 1997, p.69.
A diferença efetiva existente entre o método direto e o indireto é a estruturação do
fluxo de caixa das atividades operacionais, pois conforme Perez Jr. & Begalli (1999, p.179),
“o método indireto parte do resultado das operações sociais, isto é, o lucro líquido do período,
ajustado pelas despesas e receitas que não interferem diretamente no caixa ou
disponibilidades da entidade, tais como depreciações, amortizações, exaustões”. O método
direto demonstra todos os pagamentos e recebimentos relativos à atividade operacional das
empresas, considerando assim: as compras a vista; o pagamento das duplicatas; o pagamento
das despesas com salários e encargos; as demais despesas administrativas, gerais e
comerciais; as vendas a vista; o recebimento das duplicatas por vendas a prazo; e outros
recebimentos decorrentes das atividades sociais da empresa.
30
Em conseqüência pode-se afirmar que os fluxos das atividades de investimento e de
financiamento são iguais, tanto no método direto, como no indireto, pois, conforme observa
Neves & Viceconti (1998), a diferença entre os métodos está apenas na forma de apresentar
os recursos derivados das operações.
Existem também vantagens e desvantagens no uso do método indireto. Segundo
Campos Filho (1999), as vantagens são: o baixo custo, pois utiliza apenas o balanço dos dois
últimos períodos, a DRE e algumas informações complementares, e concilia lucro contábil
com fluxo de caixa operacional líquido, mostrando como se apresenta a diferença entre eles.
Como desvantagem, surge o tempo necessário para gerar as informações pelo regime de
competência e só depois convertê-las para o regime de caixa.
Conforme Krishnan & Largay III (2000), o IASB acredita que o método direto fornece
mais informações úteis e estimula as empresas para esse método, mas aproximadamente 2% a
3% das empresas utiliza o método direto. Esse percentual pode ser menor em alguns países
como, por exemplo, uma pesquisa realizada pelo Canadian Institute of Chartered Accountants
(1995) revelou que, entre 300 empresas que responderam, apenas uma indicou o método
direto.
2.7 Vantagens e desvantagens da Demonstração do Fluxo de Caixa
A DFC apresenta uma série de vantagens enumeradas por diversos autores. A seguir
serão descritas algumas destas vantagens:
Para Treuherz (1999), a grande vantagem da DFC é permitir o planejamento, para que
se possa identificar:
quanto a empresa possui de disponibilidade suficiente para cumprir seus
compromissos;
31
quando será necessário recorrer a empréstimos para cobrir eventuais deficiências de
fundos;
qual a média de recursos que a empresa necessita para os seus desembolsos
imediatos;
por meio de análise comparativa, verificar quanto tem sido gasto nos vários setores,
sendo possível corrigir erros;
se existem recursos em demasia, que precisam ser aplicados para aumentar a
rentabilidade da empresa.
Matarazzo (1984-1985) define que as principais vantagens da DFC são:
avaliar as possíveis alternativas de investimentos;
avaliar e controlar as decisões importantes tomadas na empresa, com sentido de
perceber os efeitos monetários, no decorrer do tempo;
avaliar o presente e o futuro do caixa da empresa, para que não chegue a situações
de falta de liquidez;
ter certeza que os eventuais excessos de caixa estão sendo devidamente aplicados.
Para Silva, Santos & Ogawa (1993), as vantagens da utilização da DFC são:
utilização de uma linguagem comum, o que favorece a adoção dessa demonstração;
facilidade de entendimento, por visualizar melhor o fluxo dos recursos financeiros;
utilização de um conceito mais concreto, mais crítico em qualquer empresa e
necessário no curto/curtíssimo prazo;
utilização nas decisões de futuros investimentos;
essencial para prever problemas de insolvência e, portanto, para avaliar os riscos do
negócio.
Silva, Santos & Ogawa (1993) também apresentam desvantagens na utilização da
DFC, conforme segue:
32
não existe consenso sobre que conceito de caixa utilizar; pode ser caixa e bancos;
ou pode incluir outros itens, como os títulos de curto prazo;
apresenta menos informações que a demonstração de origens e aplicações de
recursos;
não elimina totalmente o efeito da inflação;
fluxo de caixa pode ser tão manipulável quanto qualquer outra informação
contábil;
existe uma forte tendência de utilização do fluxo indireto, apesar dessa
metodologia não ser a mais recomendada.
2.8 Medidas de desempenho obtidas da Demonstração do Fluxo de Caixa
A DFC, da mesma forma que as outras demonstrações financeiras, pode ser analisada
com base em índices ou indicadores financeiros. Em função disso, Braga e Marques (2001)
propõem quatro categorias distintas de indicadores para medir o desempenho da DFC,
conforme quadro a seguir:
33
1ºcategoria Quocientes de cobertura de caixa Cobertura de juros com caixa = FCO antes de
juros e impostos / juros
Cobertura de dívidas com caixa = (FCO –
dividendo total) / exigível
Cobertura de dividendos com caixa = FCO /
dividendos totais
2ºcategoria Quocientes de qualidade do resultado Qualidade das vendas = caixa das vendas / vendas
Qualidade do resultado = FCO / resultado
operacional
3ºcategoria Quocientes de dispêndios de capital Aquisições de capital = (FCO - dividendo total) /
caixa pago por investimento de capital
Investimento/financiamento = fluxo de caixa
líquido para investimentos / fluxo de caixa líquido
de financiamentos
4ºcategoria Retornos do fluxo de caixa Fluxo de caixa por ação = (FCO – dividendos
preferenciais) / quantidade de ações ordinárias
Retorno do caixa sobre os ativos = FCO antes juros
e impostos / ativos totais
Retorno sobre passivo e patrimônio líquido = FCO
/ (patrimônio líquido + exigível a longo prazo)
Retorno sobre o patrimônio líquido = FCO /
patrimônio líquido
Quadro 1 – Medidas de desempenho da DFC
Fonte: BRAGA & MARQUES, 2001.
Na primeira categoria, os quocientes de cobertura possibilitam a avaliação da liquidez
do empreendimento. O índice de cobertura de juros com caixa informa o número de períodos
que as saídas de caixa pelos juros são cobertas pelos fluxos de FCO, excluindo desses os
pagamentos de juros e encargos de dívidas, imposto de renda e contribuição social sobre o
lucro. Em relação ao índice de cobertura de dívidas com caixa, ele serve para revelar o
número de anos que, no nível dos fluxos de caixa atuais, seriam necessários para quitar todo o
exigível. Por fim, o quociente de cobertura de dividendos com caixa fornece evidência da
34
capacidade de pagar dividendos preferenciais e ordinários atuais com base no fluxo de FCO
normal.
Com relação à segunda categoria que mostra os indicadores de qualidade do resultado,
pode-se verificar que o quociente qualidade das vendas serve para medir a proporção das
receitas de vendas convertidas em dinheiro no exercício pelos recebimentos e cobranças de
clientes. De uma maneira mais simples, o índice qualidade do resultado pretende fornecer
uma indicação da dispersão entre os fluxos de caixa e os lucros divulgados.
A terceira categoria abrange as medidas de dispêndios de capital. Em função disso, o
quociente de aquisições de capital sinaliza a habilidade do negócio em atender suas
necessidades por dispêndios líquidos de capital (aquisições menos alienações), sendo
calculado como fluxos de caixa operacionais retidos, divididos pelas aquisições líquidas de
ativos produtivos (imobilizado). Por outro lado, o índice investimento/financiamento compara
os fluxos líquidos necessários para finalidade de investimento, com aqueles gerados de
financiamentos.
Na quarta categoria estão os indicadores de fluxo de caixa por ação e retorno sobre o
investimento. O primeiro índice é o fluxo de caixa por ação, que é calculado dividindo o caixa
disponível aos acionistas ordinários pelo número médio ponderado de ações ordinárias em
circulação, sinalizando o fluxo do caixa operacional atribuível a cada ação ordinária. O
segundo índice é o retorno de caixa sobre os ativos totais, que equivale ao retorno sobre o
investimento total, a taxa de retorno contábil clássica fundamentada no regime de
competência. Com relação ao terceiro índice, ou seja, o retorno de caixa sobre passivo e
patrimônio líquido, é o que serve para sinalizar o potencial de recuperação de caixa do
negócio para os investidores, sejam eles credores ou acionistas. Por fim, o retorno sobre o
patrimônio líquido mede a taxa de recuperação de caixa dos investimentos realizados pelos
acionistas.
35
Todos os quocientes descritos formam um conjunto de informações que servirão para
analisar a previsão de fluxos futuros e a medição de desempenho dos fluxos correntes de
caixa, que, junto aos demais quocientes tradicionais, poderão representar um
acompanhamento mais detalhado da situação financeira das empresas e, por conseqüência, a
obtenção de elementos importantes no processo de gestão financeira.
2.9 Instrumentos utilizados no processo de gestão financeira
Além do fluxo de caixa e da DFC, outros instrumentos são utilizados durante o
processo de gestão financeira, servindo também para avaliar essa gestão. Por isso, este
capítulo tem a intenção de descrever esses instrumentos e defini-los de forma a ser
compreendida sua participação no processo de gestão financeira.
2.9.1 Demonstração do Valor Adicionado (DVA)
A Demonstração do Valor Adicionado não é um demonstrativo obrigatório, mas
algumas empresas estão utilizando e divulgando a DVA, conforme Neves & Viceconti (1998,
p.261), “como informação adicional nos relatórios de Administração ou como Nota
Explicativa às Demonstrações Financeiras”.
A DVA vem sendo utilizada como um instrumento de avaliação da gestão financeira,
pois de acordo com Blatt (2001, p.153), esse demonstrativo “tem como objetivo principal
informar o valor da riqueza criado pela empresa e a forma de sua distribuição”.
Segundo Kroetz (2000, p.42), por meio da DVA “é possível perceber a contribuição
econômica da entidade para cada segmento com que ela se relaciona. Constitui-se no Produto
Interno Bruto (PIB) produzido pela organização”.
36
A DVA pode ser apresentada da seguinte forma:
DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO
I – Geração do Valor Adicionado – Elementos:
Receitas Operacionais e não Operacionais
(-) Custo das Mercadorias, Produtos e Serviços Vendidos
(-) Serviços adquiridos de terceiros
(-) Materiais e Insumos, Energia, Comunicação, Propaganda, etc.
(-) Outros Valores
(=) Valor Bruto Adicionado
(-) Despesas de Depreciação, Amortização e Exaustão
(=) Valor Adicionado Líquido
(+)Valores remunerados por terceiros (juros, aluguéis e outros)
(=) Valor Adicionado à Disposição da Empresa
II – Distribuição do Valor Adicionado
Remuneração do Trabalho
Remuneração do Governo (Impostos e Contribuições)
Remuneração do Capital de Terceiros (Juros, Aluguéis, etc.)
Remuneração do Capital Próprio (Dividendos e Lucros Retidos)
Outros
(=) Total do Valor Distribuído (igual ao total gerado)
Figura 3 – Demonstração do Valor Adicionado
Fonte: NEVES & VICECONTI, 1998, p. 259.
Conforme demonstrado na Figura 3, a Demonstração do Valor Adicionado é dividida
em duas partes:
a parte superior representa o valor “gerado” pela atividade comercial da empresa
de comprar, estocar e vender;
a parte inferior explica a forma como o valor adicionado foi destinado ou
distribuído.
2.9.2 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE)
A DRE é outro instrumento utilizado para a avaliação da gestão financeira, pois
conforme Assaf Neto (2001, p.75), esse demonstrativo “visa fornecer, de maneira
esquematizada, os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos pela empresa em determinado
exercício social”. Assim, esses resultados mostram como apresenta-se a gestão econômica e o
37
reflexo futuro na gestão financeira, servindo de elemento para comparação com outras
empresas.
Para Iudícibus, Martins & Gelbcke (2000, p.290), a DRE “é a apresentação, em forma
resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social”, com a
finalidade de destacar o resultado líquido do período.
A DRE é estruturada, partindo do faturamento e deduzindo os custos e despesas
relativos às atividades da empresa, conforme modelo descrito a seguir:
DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO
Receita Operacional Bruta
Deduções da receita bruta
Receita Operacional Líquida
Custo dos produtos vendidos
Lucro Bruto
Despesas operacionais
Despesas com vendas
Despesas gerais e administrativas
Honorários da administração
Despesas financeiras
Receitas financeiras
Outras receitas operacionais
Outras despesas operacionais
Lucro Operacional
Resultados não operacionais
Lucro Antes do Imposto de Renda
Provisão para o imposto de renda
Participações estatutárias
Lucro Líquido do Exercício
Lucro por ação
Figura 4 – Demonstração do Resultado do Exercício
Fonte: BRAGA, 1989, p. 52.
De acordo com Zdanowick (2000, p.225), a utilização em conjunto do fluxo de caixa e
da DRE “oferecem cada vez mais segurança na administração dos recursos financeiros,
tornando-se um instrumento de grande valor, e indispensável no auxílio de gerenciar a
empresa”, pois com o fluxo de caixa a administração poderá sentir a real situação financeira
da empresa e proporcionará maior visão dos recursos disponíveis, enquanto a DRE informará
a situação econômica da empresa.
38
2.9.3 EBITDA
O EBITDA (Earning Before Interest, Taxes, Depreciation/Depletion and
Amortization) é uma medida financeira utilizada no mercado, o qual corresponde, em
português, a lucro antes dos juros, impostos (sobre lucros), depreciações/exaustões e
amortizações, equivalendo ao conceito restrito de fluxo de caixa operacional da empresa,
apurado antes do cálculo do imposto de renda.
O EBITDA, popularmente conhecido no Brasil como LAJIDA (Lucro Antes dos
Juros, Impostos, Depreciação e Amortização), de acordo com Vasconcelos (2002, p.41),
“engloba todos os componentes operacionais e, desta forma, compreende grande parte das
receitas auferidas e despesas incorridas, o que destaca a medida em relação ao Lucro Líquido
na visualização do desempenho operacional do negócio”, sendo assim um importante
indicador de desempenho financeiro.
Para Assaf Neto (2001, p.207), o EBITDA “revela, em essência, a genuína capacidade
operacional de geração de caixa de uma empresa, ou seja, sua eficiência financeira
determinada pelas estratégias operacionais adotadas”. Assim, quanto maior o índice, mais
eficiente será a formação de caixa proveniente das operações, e melhor a capacidade de
pagamento aos proprietários de capital e de investimentos demonstrada pela empresa.
O EBITDA é apurado através de dados obtidos na Demonstração do Resultado do
Exercício, conforme descrito a seguir:
39
DRE simplificado
Receita de Vendas
(-) CPV
= Lucro Bruto
(-) Despesas operacionais
Com vendas
Gerais e Administrativas
(=) EBITDA ou LUCRO OPERACIONAL AJUSTADO
(-) Despesas Escriturais (depreciação, exaustão e amortização)
= Lucro Operacional antes do IR e CS
(+ ou -) Receitas e Despesas Financeiras
= Lucro antes do IR e CS
(-) Provisão para IR e CS
= LUCRO LÍQUIDO
Figura 5 – Forma de obtenção do EBITDA
Fonte: VASCONCELOS, 2002, p.40.
De acordo com Vasconcelos (2000), a leitura proporcionada pela análise do EBITDA
apóia decisões diversas, a saber:
mudanças na política financeira da empresa;
visualização do grau de cobertura das despesas financeiras;
monitoramento de estratégias financeiras empreendidas;
pode ser utilizado como benchmark financeiro;
serve de base para avaliação de empresas, uma vez que evidencia a viabilidade dos
negócios (termômetro de eficiência e produtividade);
pode ser usada como base para pagamento de bônus a empregados;
trata-se de uma medida globalizada.
2.9.4 Balanço Patrimonial
O Balanço Patrimonial também é um demonstrativo que traz informações importantes
para a gestão financeira, mesmo sendo considerado um instrumento de contabilidade.
Conforme exposto por Kroetz (2000, p.36), “nele se sintetiza, na forma de origem e
aplicações, a riqueza da entidade, servindo de ferramenta para análises e controles,
40
objetivando estudar o comportamento e tendências do patrimônio”. Nesse sentido, essas
análises e controles realizados sobre esse demonstrativo servem como elemento necessário ao
processo de gestão financeira.
Segundo Iudícibus, Martins & Gelbcke (2000, p.26), o Balanço Patrimonial “tem por
finalidade apresentar a posição financeira e patrimonial da empresa em determinada data”,
representando, assim, uma posição estática da empresa.
O Balanço Patrimonial está estruturado em dois grandes grupos: o ativo e o passivo.
Conforme Perez Jr. & Begalli (1999, p.62), “o ativo é composto de bens e direitos de
propriedade da sociedade, enquanto o passivo é composto de obrigações e do patrimônio
líquido”.
O ativo está disposto em grupos de contas homogêneas ou de mesmas características.
Os itens do ativo, conforme esclarece Iudícibus (1988, p.57), “são agrupados de acordo com a
sua liquidez, isto é, de acordo com a rapidez com que podem ser convertidos em dinheiro”.
Assim, o ativo é composto pelos seguintes grupos: circulante, realizável a longo prazo e
permanente.
O passivo, conforme Iudícibus (1988, p.59), “agrupa contas de acordo com o seu
vencimento, isto é, aquelas contas que serão liquidadas mais rapidamente integram um
primeiro grupo”; as demais obrigações com prazo superior formam os grupos seguintes. O
passivo é composto pelos seguintes grupos: circulante, exigível a longo prazo, resultados de
exercícios futuros e patrimônio líquido.
Baseado nas informações descritas, o modelo estrutural do balanço patrimonial é o
seguinte:
41
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO PASSIVO
ATIVO CIRCULANTE PASSIVO CIRCULANTE
ATIVO REALIZÁVEL A LONGO PRAZO PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO
ATIVO PERMANENTE: RESULTADOS DE EXERCÍCIOS FUTUROS
INVESTIMENTOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO:
IMOBILIZADO CAPITAL SOCIAL
DIFERIDO RESERVAS DE CAPITAL
RESERVAS DE REAVALIAÇÃO
RESERVAS DE LUCROS
LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS
Figura 6 – Balanço Patrimonial
Fonte: IUDÍCIBUS; MARTINS & GELBCKE, 2000, p.27.
2.9.5 Análise financeira
A análise financeira, de acordo com Blatt (2001, p.61), “utiliza a informação contida
nos demonstrativos financeiros ou contábeis da entidade; as ferramentas primárias para
análise financeira são os índices financeiros”. Essa análise dedica-se ao cálculo de índices, de
forma a avaliar o desempenho passado e presente da empresa, seja através da comparação
com “padrões do ramo” em que atua, seja pela análise de séries temporais.
O objetivo da análise financeira, segundo Neves & Viceconti (1998), é fornecer dados
numéricos de dois ou mais exercícios, de maneira a contribuir ou instrumentar acionistas,
administradores, fornecedores, clientes, governo, instituições financeiras e investidores
interessados na situação da empresa, ou para tomar decisões.
A análise financeira deve ser vista, conforme Zdanowick (2000, p.57), “por uma
perspectiva qualitativa e quantitativa, tendo-se em mente conhecer as distintas possibilidades
e as várias modalidades pelas quais as inversões se transformam em recursos financeiros”, de
modo a analisar tanto os bens e direitos como as obrigações, para que em função das
composições existentes obtenha-se a melhor forma de administrar o fluxo de caixa dentro dos
melhores padrões de liquidez e rentabilidade.
42
Para um melhor detalhamento da análise financeira, estão enumerados a seguir os
principais índices utilizados:
Quocientes de liquidez Liquidez imediata = disponibilidades / passivo circulante
Liquidez corrente = ativo circulante / passivo circulante
Liquidez seca = ativo circulante - estoques / passivo circulante
Liquidez geral = ativo circulante + realizável a longo prazo / passivo
circulante + exigível a longo prazo
Quocientes de endividamento
Participação de capitais de terceiros sobre os recursos totais =
exigível total / exigível total + patrimônio líquido
Capitais de terceiros/Capitais próprios = exigível total / patrimônio
líquido
Participações das dívidas de curto prazo sobre o endividamento total
= passivo circulante / exigível total
Quocientes de atividade (rotação) Rotação de estoques = custo dos produtos vendidos / estoque médio de
produtos acabados
Prazo médio de recebimento de contas a receber = contas a receber
médio / vendas médias
Prazo médio de pagamento de contas a pagar = fornecedores médio /
compras médias a prazo
Rotação de ativo = vendas / ativo médio
Quocientes de rentabilidade Margem operacional = lucro operacional / Vendas líquidas
Margem líquida = lucro líquido / vendas líquidas
Giro do ativo = vendas líquidas / ativo total médio
Retorno sobre o investimento = margem líquida x giro do ativo
Retorno sobre o patrimônio líquido = lucro líquido / patrimônio
líquido
Quadro 2 – Quocientes de análise financeira
Fonte: IUDÍCIBUS, 1988.
Os quocientes de liquidez, segundo Blatt (2001, p.74), “são utilizados para indicar a
habilidade da empresa em fazer frente às suas obrigações”, auferindo a solidez do
embasamento financeiro da empresa.
Para Iudícibus (1988), os quocientes de endividamento relacionam as fontes de
recursos entre si, ou seja, os capitais próprios e os de terceiros. Assim, esses quocientes
indicam a relação de dependência da empresa com relação a capital de terceiros.
43
Os quocientes de atividade, conforme Iudícibus (1988, p.153), “representam a
velocidade com que elementos patrimoniais de relevo se renovam durante determinado
período de tempo”. Assim, normalmente são apresentados em dias, meses ou anos.
De acordo com Blatt (2001, p.82), os quocientes de rentabilidade são “usados para
medir a força de ganho de uma empresa”, servindo como medida de efetividade da gestão da
mesma.
Em síntese, a análise financeira é a representação da situação financeira, econômica e
de rentabilidade de uma empresa.
2.10 Tomada de decisão na área financeira
No dia-a-dia das empresas, a todo instante, o administrador precisa tomar decisões.
Essas decisões podem ser extremamente simples ou bastante complicadas, como decidir qual
investimento deve ser feito ou de qual fornecedor deve ser feita determinada compra. Enfim,
essas decisões podem afetar poucas pessoas ou podem definir o futuro da empresa.
A tomada de decisão na administração, segundo Megginson, Mosley & Pietri Jr.
(1998, p.194), “pode ser definida como a escolha consciente de um rumo de ação entre várias
alternativas possíveis para se chegar a um resultado desejado”, ressaltando que esta escolha
não é uma reação involuntária ou inconsciente, mas sim a busca pela melhor alternativa para
alcançar um bom resultado.
Para Securato (1996) a tomada de decisão é precedida de três elementos: a
experiência, o julgamento e o ambiente.
A experiência vem do conjunto de situações vividas por uma pessoa e será maior ou
menor em função da quantidade de vezes que o indivíduo se expôs ao processo decisório.
44
No julgamento, o administrador decidirá com base em sua experiência; mas um
julgamento mais preciso poderá até mesmo contrariar a sua experiência, pois no julgamento
devem ser consideradas as questões políticas de uma organização, que levam a uma postura
objetiva na realização de um trabalho, bem como no julgamento deve-se fazer um exame para
verificar a possibilidade de a decisão ser ou não efetivada.
Já o ambiente deve ser analisado sob dois aspectos, antes e depois da decisão. Pois é
fundamental um ambiente que facilite o processo decisório, ou seja, procurar soluções dentro
de sua vivência ou com leves modificações; soluções aceitáveis na experiência dos outros e
que daí surja um processo criativo para a solução do problema, sem esquecer que a decisão
tomada poderá afetar as pessoas, suas crenças, opiniões e conceitos preestabelecidos.
Para a tomada de decisão, é possível estruturar um processo decisório que sirva para
orientar um caminho para chegar à melhor alternativa. Para Lacombre & Heilborn (2003), as
etapas do processo decisório são:
a) identificar sintomas e sinais que indicam a existência de problema a ser solucionado
ou de alguma oportunidade a ser aproveitada;
b) análise do tipo de problema ou da oportunidade existente, através da coleta de
informações relacionadas à formulação de alternativas, identificando as causas que impedem
a obtenção de resultados melhores; nessa etapa, deve-se verificar se há realmente a
necessidade de uma decisão;
c) identificar soluções alternativas, verificando as informações pertinentes sobre as
alternativas identificadas; essas soluções devem convergir na direção dos objetivos da
organização; nessa etapa, devem-se definir os critérios a serem utilizados na decisão e as
ponderações ou prioridades respectivas, ou seja, a importância atribuída a cada critério;
d) análise das soluções alternativas e verificação de suas conseqüências, através do
cálculo dos custos e benefícios de cada uma delas;
45
e) avaliação das alternativas e escolha da mais adequada, considerando não só os
custos e benefícios, mas também: os riscos, os benefícios e os custos não financeiros, o
momento certo e as limitações de recursos;
f) comunicar a decisão escolhida a todos que irão participar da implantação e fazer a
preparação do plano dessa implantação; esse plano deve conter as metas e recursos a serem
utilizados, bem como definir as etapas e os responsáveis;
g) acompanhamento das ações necessárias à implantação da decisão e, se for o caso, à
tomada de ações corretivas.
Na área financeira, a decisão deve ser tomada com muitos cuidados por parte dos
executivos financeiros, porque, conforme Securato (1996, p.11), decidir “é a mais importante
função do Administrador e a que envolve a maior relação custo-benefício, quando se trata do
Administrador Financeiro”, pois poderá significar o fracasso ou o sucesso de toda uma
Administração.
Quando se trata de tomada de decisão na área financeira, um importante elemento é o
risco e a incerteza. De acordo com Securato (1996, p.21), “estão presentes em um grande
número de decisões do executivo que, em seu conjunto, podem levá-lo ao fracasso ou ao
sucesso e, com ele, a própria empresa”, pois várias são as situações em que uma operação no
mercado financeiro, que praticamente não apresentam riscos em um dia, levam bancos e
corretoras à liquidação no dia seguinte.
As principais áreas de decisões na administração financeira de uma empresa, segundo
Sanvicente (1983), são:
Investimento: onde se trata da avaliação e da escolha de alternativas de aplicação
de recursos nas atividades da empresa, o que envolve os investimentos em ativos
fixos e correntes.
46
Financiamento: nessa área, precisa-se definir a melhor estrutura em termos de
fontes de recursos, em função da composição de investimentos da empresa.
Utilização do lucro líquido: essa área preocupa-se com a destinação dos recursos
financeiros gerados pela própria empresa em suas atividades operacionais.
Percebe-se que essa área relaciona-se diretamente com as anteriores, pois essas são
fontes de recursos que deverão ser aplicados através de investimentos em outros
ativos.
Para Gitman (1997, p.622), “uma das decisões mais importantes que precisa ser
tomada com respeito aos itens circulantes da empresa é como usar os passivos circulantes
para financiar os ativos circulantes”. Isso constitui-se em administrar o capital de giro, onde o
fluxo de caixa torna-se elemento indispensável, pois os valores financiados pelo passivo
circulante irão circular pelo caixa e, por conseqüência, serão alvo de decisões sobre a forma
de sua utilização entre os elementos do ativo circulante. Sendo assim, também a
administração de capital de giro é uma das áreas de decisões na administração financeira.
2.11 Sociedades anônimas
A sociedade anônima é uma entidade empresarial intangível, criada por lei,
normalmente conhecida por pessoa jurídica e, de acordo com Gitman (1997, p.7), “tem
poderes semelhantes aos de uma pessoa, no sentido de que pode acionar e ser acionada
judicialmente, estabelecer contratos e ser parte deles, e adquirir propriedades em seu próprio
nome”. Apesar de apenas aproximadamente 15% das empresas estarem constituídas na forma
de sociedades anônimas, elas representam cerca de 90% das receitas e 80% dos lucros
líquidos de todas as empresas legalmente existentes.
47
Segundo Ross, Westerfield & Jordan (1998), as sociedades por ações possuem
algumas vantagens como, por exemplo, sua propriedade pode ser facilmente transferida, e a
sua duração é ilimitada. A sociedade por ações pode tomar empréstimo em seu próprio nome,
bem como os acionistas têm responsabilidade limitada pelas dívidas da empresa, não
excedente aos recursos investidos por eles na empresa.
Para Gitman (1997), os principais integrantes de uma sociedade anônima são os
acionistas, o conselho de administração e o presidente. Os acionistas, por serem detentores
das ações ordinárias e preferenciais, são efetivamente os donos da empresa e são responsáveis
pela escolha dos membros do conselho de administração. Esse conselho possui a autoridade
máxima na decisão dos assuntos da sociedade e, também, formula a política geral da empresa.
Já o presidente é o responsável pela administração do dia-a-dia da empresa, bem como
executa as políticas definidas pelo conselho de administração.
Para Ross, Westerfield & Jordan (1998, p.33), “o objetivo da administração financeira
numa sociedade por ações é maximizar o valor corrente de cada ação existente” e, de uma
forma mais geral, isso representa maximizar o valor de mercado do capital dos proprietários.
Esse objetivo será alcançado através do cuidado em tomar as decisões mais adequadas para a
empresa, na gestão dos recursos financeiros.
As sociedades anônimas podem ser diferenciadas como sociedades de capital aberto e
de capital fechado. Essa classificação é feita em função da existência ou não de valores
mobiliários negociados em bolsa ou no mercado de balcão.
Por isso, Casagrande Neto (1985, p.22) conclui que, em função da legislação atual, “é
considerada companhia aberta toda sociedade anônima que tenha registro na Comissão de
Valores Mobiliários (CVM) com conseqüente autorização para negociação de seus valores
mobiliários em Bolsa ou balcão”.
48
Já com relação à companhia fechada, Casagrande Neto (1985, p.22) classifica-a como
“aquela que obtém recursos de capital mediante subscrição de ações pelos próprios acionistas
ou por um grupo restrito de pessoas”, sem nenhuma negociação de valores em bolsa ou
balcão.
Para maior esclarecimento, é importante identificar que a Comissão de Valores
Mobiliários é uma autarquia vinculada ao Ministério da Fazenda, e foi criada, segundo
Almeida (1998, p.298), com o objetivo de “proteger os investidores em valores mobiliários,
atuando com zelo e eficiência pela efetiva moralização do mercado de capitais”.
49
3 METODOLOGIA
Este capítulo detalha os procedimentos metodológicos utilizados para responder ao
problema do presente estudo, baseando-se na fundamentação teórica desenvolvida no capítulo
anterior.
Conceitualmente, para Barros & Lehfeld (1986, p.1), metodologia “num nível
aplicado, examina e avalia as técnicas de pesquisa bem como a geração ou verificação de
novos métodos que conduzem à captação e processamento de informações com vistas à
resolução de problemas de investigação”.
Segundo Castro (1978, p.33), o objetivo da metodologia “é o de ajudar-nos a
compreender, nos mais amplos termos, não os produtos da pesquisa, mas o próprio processo”.
Assim, neste capítulo, parte-se da definição das perguntas de pesquisa e dos termos e
variáveis, bem como é feito o delineamento da pesquisa, definindo o objeto de estudo e os
elementos de análise. Na seqüência, demonstra-se como foi feita a coleta e a análise de dados.
Por fim, estão descritas as limitações da pesquisa.
3.1 Perguntas de pesquisa
O presente trabalho visa analisar se efetivamente a Demonstração do Fluxo de Caixa
está sendo utilizada como um instrumento de gestão financeira, pelas sociedades anônimas de
capital aberto do estado do Rio Grande do Sul.
Para alcançar o proposto, elaboram-se as seguintes perguntas de pesquisa:
a) As sociedades anônimas de capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul
elaboram a Demonstração do Fluxo de Caixa para utilização interna ?
50
b) As sociedades anônimas de capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul
elaboram a DFC, com a intenção de divulgação externa ?
c) A DFC, quando elaborada, é estruturada pelo método direto ou indireto?
d) Quais são os instrumentos utilizados na tomada de decisões na área financeira?
e) Quais os tipos de decisões na área financeira, tomadas em função da utilização
desses instrumentos?
f) As sociedades anônimas de capital aberto aplicam medidas de desempenho para
avaliar a DFC?
3.2 Definição constitutiva de termos
Conforme Lakatos & Marconi (1999, p.225), termos são conceitos “que sintetizam as
coisas e os fenômenos perceptíveis na natureza, do mundo psíquico do homem ou na
sociedade, de forma direta ou indireta”, esclarecendo o fato ou o fenômeno que está sendo
investigado.
Nesse sentido, apresenta-se a seguir a definição constitutiva dos principais termos que
são utilizados nesta pesquisa:
Fluxo de caixa
O termo fluxo de caixa é tratado de acordo com o conceito de Zdanowicz (2000, p.40),
que define o fluxo de caixa como o “conjunto de ingressos e desembolsos de numerário ao
longo de um período projetado”, servindo, em conseqüência, como um elemento básico e
indispensável para o administrador.
Sociedades anônimas de capital aberto
Para este trabalho, as sociedades anônimas de capital aberto são tratadas pelo seu
conceito legal que, conforme Casagrande Neto (1985, p.22), “é considerada companhia aberta
51
toda sociedade anônima que tenha registro na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) com
conseqüente autorização para negociação de seus valores mobiliários em Bolsa ou balcão”.
3.3 Definição constitutiva das categorias
Neste trabalho, a categoria de análise para a definição do instrumento de gestão
financeira são os tipos de decisões que podem ser tomadas pela empresa, quais sejam:
Decisões de Investimento
Para este trabalho, as decisões de investimento, conforme Sanvicente (1983), referem-
se à avaliação e à escolha de alternativas de aplicação de recursos nas atividades da empresa,
que envolve os investimentos em ativos fixos e correntes.
Decisões de Financiamento
Para Sanvicente (1983), as decisões de financiamento servem para definir a melhor
estrutura em termos de fontes de recursos, em função da composição de investimentos da
empresa.
Decisões na administração do capital de giro
Neste trabalho, a administração do capital de giro, de acordo com o definido por
Gitman (1997), representa as decisões tomadas com respeito aos elementos circulantes da
empresa.
Para operacionalizar esta categoria, foi verificado se as decisões de investimento,
financiamento e administração do capital de giro são feitas a partir da utilização da
Demonstração do Fluxo de Caixa, ou se a empresa usa outro elemento. Assim pôde-se
verificar se a DFC é efetivamente um instrumento de gestão financeira.
52
3.4 Delineamento da pesquisa
O delineamento é a forma como um problema é conceituado e disposto em uma
estrutura para experimentação, coleta e análise de dados. Esse é definido por Kerlinger (1980,
p.94) “como o plano e a estrutura da investigação concebidos de forma a obtermos respostas
para as perguntas da pesquisa”.
Para Gil (1994, p.70), o delineamento de pesquisa “ocupa-se precisamente do
contraste entre a teoria e os fatos e sua forma é a de uma estratégia ou plano geral que
determine as operações necessárias para fazê-lo”. Nesse momento, o pesquisador estará
preocupado efetivamente com os meios técnicos da investigação.
No tocante à tipologia, esta pesquisa caracteriza-se pelo tipo descritivo. Conforme
Cervo & Bervian (2002, p.66), a pesquisa descritiva “procura descobrir, com a precisão
possível, a freqüência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua
natureza e características”. A pesquisa descritiva ocorre mais freqüentemente nas ciências
sociais e humanas, tratando de dados e problemas que não constam em registro documental.
Quanto à abordagem do problema, o estudo utilizou uma abordagem quantitativa e
qualitativa para análise dos dados dos questionários e para a análise documental. Para
Richardson (1989, p.29), a abordagem quantitativa “caracteriza-se pelo emprego de
quantificação tanto nas modalidades de coleta de informações, quanto no tratamento delas por
meio de técnicas estatísticas”.
A pesquisa qualitativa, conforme Godoy (1995, p.58), “não procura enumerar e/ou
medir os eventos estudados, nem emprega instrumental estatístico”. Assim parte de questões
ou focos de interesses amplos, que vão se definindo no transcorrer do estudo.
Portanto, o delineamento estrutura os planos, com a intenção de obter respostas para o
problema em estudo.
53
3.5 Objeto de estudo e elementos de análise
O objeto de estudo desta pesquisa são as sociedades anônimas de capital aberto do
estado do Rio Grande do Sul, correspondendo a aproximadamente 60 empresas. O estudo foi
viabilizado com os dados dos questionários respondidos pelos responsáveis pela área
financeira dessas empresas, e com as informações constantes dos demonstrativos contábeis
publicados e registrados junto à Comissão de Valores Imobiliários (CVM).
O elemento de análise aborda a utilização da DFC e seu estudo documental como um
instrumento de gestão financeira, através de sua utilização para tomada de decisões
financeiras.
3.6 Coleta e análise de dados
A coleta de dados é a etapa inicial do tratamento dos dados. De acordo com Marconi
& Lakatos (1982, p.30), “é tarefa cansativa e toma, quase sempre, mais tempo do que se
espera”, exigindo paciência, perseverança e esforço pessoal do pesquisador, além do cuidado
no registro dos dados.
Em relação à coleta de dados, Barros & Lehfeld (1986, p. 108) afirmam que “significa
a fase da pesquisa em que se indaga e se obtém dados da realidade pela aplicação de
técnicas”. A forma de obtenção dos dados é definida em função do instrumento de pesquisa
escolhido, que pode ser um questionário ou uma entrevista.
54
3.6.1 Tipos de dados
Os dados primários, considerados neste trabalho, foram aqueles coletados através dos
questionários respondidos.
Os dados secundários são os documentos que foram publicados no Diário Oficial e em
jornais de circulação das imediações das empresas, bem como através do site da Comissão de
Valores Mobiliários que, por ser o órgão normatizador e controlador dessas empresas,
disponibiliza documentos, tipo demonstrações financeiras, relatórios, notas explicativas e
outros.
Portanto, os dados primários foram coletados pelo pesquisador junto à gerência
financeira das empresas, através da remessa dos questionários via postal e para o endereço
eletrônico, enquanto os dados secundários foram coletados através da Internet, que apresenta
as demonstrações financeiras das empresas.
3.6.2 Análise dos dados
Os dados analisados foram coletados através dos questionários e dos documentos
publicados pelas empresas.
A análise tem por objetivo, conforme Gil (1994, p.166), “organizar e sumariar os
dados de forma tal que possibilitem o fornecimento de respostas ao problema proposto para
investigação”. Já no que se refere a interpretação, o objetivo é procurar um sentido mais
amplo das respostas, o que é obtido através da relação com conhecimentos anteriormente
adquiridos.
55
Na análise, conforme Lakatos & Marconi (1982), são conhecidos os detalhes sobre os
dados, através do tratamento estatístico, com a finalidade de obter respostas às perguntas e
procura relacionar os dados aos objetivos propostos pela pesquisa.
3.6.3 Instrumento de pesquisa
O instrumento utilizado foi um questionário (estruturado), com perguntas abertas e
fechadas para os dados primários, e a análise documental referente às publicações dos
demonstrativos para os dados secundários.
Segundo Gil (1994, p.24), o questionário pode ser definido “como a técnica de
investigação composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por
escrito às pessoas”, lembrando que o objetivo dessa investigação é conhecer opiniões,
sentimentos, interesses, expectativas, etc.
De acordo com Richardson (1989), o questionário apresenta uma série de vantagens,
como um instrumento de pesquisa, conforme descrito a seguir:
permite obter informações de um grande número de pessoas, simultaneamente ou
em um tempo relativamente curto;
permite abranger uma área geográfica ampla;
apresenta relativa uniformidade de uma medição a outra, pelo fato de que o
vocabulário, a ordem das perguntas e as instruções são iguais para todos os
entrevistados;
no caso do questionário anônimo, as pessoas podem sentir-se com maior liberdade
para expressar suas opiniões;
fato de ter tempo suficiente para responder ao questionário pode proporcionar
respostas mais refletidas;
56
a tabulação de dados pode ser feita com maior facilidade e rapidez.
Por fim, Barros & Lehfeld (1986) esclarecem que, ao elaborar o seu instrumento de
pesquisa, o pesquisador deve estar preocupado em determinar o tamanho, o conteúdo, a
organização e a clareza na forma de apresentar as questões, com a finalidade de estimular o
informante a responder.
3.7 Limitações da pesquisa
A principal limitação ocorrida durante o transcorrer do trabalho foi a demora na
obtenção das respostas dos questionários, havendo a necessidade de reiterar várias vezes a
solicitação de respostas aos questionários. Por conseqüência, além do envio do questionário
via postal, houve a necessidade de envio via correio eletrônico e, por fim, contato telefônico
para obtenção das respostas.
Outra limitação do trabalho foi não poder identificar como os respondentes
interpretam o conceito de fluxo de caixa e Demonstração do Fluxo de Caixa, pois eles podem
não considerar diferentes esses instrumentos.
57
4 ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
No decorrer dos meses de maio, junho e julho de 2004 foram remetidos os
questionários da pesquisa para todas as Sociedades Anônimas de Capital Aberto do Estado do
Rio Grande do Sul que estavam, no início de maio de 2004, com seu registro em fase
operacional no cadastro da Comissão de Valores Imobiliários, ou seja, com todos os
documentos contábeis e societários atualizados e publicados, podendo realizar todas as ações
permitidas para uma Sociedade Anônima de Capital Aberto. Nota-se que, se a sociedade não
cumprir todas as obrigações definidas pela Comissão de Valores Mobiliários, terá seu registro
cancelado ou suspenso. Assim, as empresas que na data citada estavam com o registro dessa
forma não foram incluídas neste trabalho.
O número total de questionários remetidos foi de 60 (sessenta), e a forma de consulta
foi através do correio e por e-mail. Todas as empresas receberam o questionário por estas
duas formas de abordagem. Os questionários foram direcionados ao responsável pela área
financeira de cada empresa. Em alguns casos, houve a necessidade do contato telefônico para
identificar exatamente a pessoa responsável pela área, mas mesmo estas responderam aos
questionários por meio eletrônico.
4.1 Características das empresas
A principal característica das empresas pesquisadas é que todas são Sociedades
Anônimas de Capital Aberto, ou seja, conforme Casagrande Neto (1985), aquelas que
possuem registro junto à Comissão de Valores Imobiliários (CVM) e, por conseqüência, têm
autorização para negociar seus valores mobiliários em bolsa ou balcão. Com isso, só foi
58
remetido questionário para as empresas que estavam com seus registros junto à CVM, em
conformidade com a legislação.
Outra característica observada é que, além de possuírem a sede jurídica no Estado do
Rio Grande do Sul, foi verificado se as atividades administrativas e financeiras de cada
empresa eram controladas nessa sede, afim de que fosse traçado efetivamente um perfil das
empresas com controle financeiro de suas operações realizado no estado. Assim, foram
excluídas da pesquisa as empresas que possuem sede jurídica no estado do Rio Grande do Sul,
mas realizam o controle financeiro fora.
Os questionários remetidos representavam uma variedade de empresas, que atuam em
diversos ramos empresariais. Por isso, a Tabela 1 descreve o número de empresas por
atividade empresarial, para que possam ser conhecidos os tipos de empresas pesquisadas.
59
RAMO DE ATIVIDADE QUANTIDADE
Administração e participação 12
Fabricação de máquinas, equip., veículos e peças 7
Metalúrgica e siderúrgica 6
Instituições bancária e de crédito financeiro e
imobiliário
5
Avicultura, agropecuária, fruticultura e
reflorestamento
4
Alimentos 3
Petroquímicos e borracha 3
Energia elétrica 3
Indústria têxtil e calçados 3
Concessão e exploração de rodovias 2
Comércio varejista de vestuário 2
Telecomunicações 2
Refino e distribuição de petróleo e derivados 2
Comércio de artigos diversos 2
Indústria e comércio de equipamentos para
comunicação de dados
1
Abastecimento de água e tratamento de esgoto 1
Armazenagem e abastecimento 1
Construção de estradas 1
TOTAL 60
Tabela 1 – Empresas pesquisadas, classificadas por ramo de atividade
Fonte: Comissão de Valores Imobiliários/CVM/2004
60
Outra informação refere-se à natureza do controle acionário, 56 empresas pesquisadas
são de controle privado e 4 de controle estatal.
4.2 Análise dos questionários
Do total de questionários remetidos, foram recebidos, até a primeira quinzena de
agosto de 2004, 48 (quarenta e oito) respostas. Estas representaram o universo da pesquisa,
pois correspondem a 80% do total. Como as demais empresas foram contatadas através do
correio, de e-mail e por telefone, durante os meses de maio, junho e julho - e mesmo assim
não responderam - então foi encerrada a etapa de pesquisa, com as 48 respostas.
O instrumento de pesquisa era composto por um questionário com 19 questões, que
procuraram obter respostas às perguntas de pesquisas elaboradas neste trabalho. De acordo
com Gil (1994, p.24), o questionário pode ser definido “como a técnica de investigação
composta por um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às
pessoas”, com o objetivo conhecer opiniões, sentimentos, interesses, etc. Neste caso, as
questões foram elaboradas no sentido de verificar qual a utilidade da Demonstração do Fluxo
de Caixa no processo de gestão financeira.
A seguir estão descritas as questões, com suas respostas e a respectiva análise.
1ºQuestão: apenas identificar o Nome da Empresa.
A relação das empresas que responderam ao questionário encontra-se ao final deste
trabalho.
61
2ºQuestão: Na empresa, os controles de caixa são subordinados a:
FUNÇÃO QUANTIDADE %
Diretor Financeiro 14 29,1
Gerente Financeiro 24 50,0
Controller
6 12,5
Chefe de Contabilidade 3 6,3
Outro: Chefe Depto. Financeiro 1 2,1
TOTAL 48 100,0
Tabela 2 – Responsável pelo controle de caixa
Para Hoji (2000, p.23), a administração financeira de uma empresa “é exercida por
pessoas ou grupos de pessoas que podem ter diferentes denominações, como: vice-presidente
de finanças, diretor financeiro, controller e gerente financeiro”. A Tabela 2 indicou que o
controle de caixa fica normalmente subordinado ao gerente financeiro, com 50%, ou ao
diretor financeiro, com 29%; também foram indicados o controller e os chefes de
contabilidade e do departamento financeiro, conforme descrito na Tabela.
62
3ºQuestão: A empresa elabora a Demonstração do Fluxo de Caixa ? (como demonstrativo
contábil)
FUNÇÃO QUANTIDADE %
Sim 25 52
Não 23 48
TOTAL 48 100
Tabela 3 – Empresas que elaboram a Demonstração do Fluxo de Caixa
A Tabela 3 mostra que 52% das empresas pesquisadas elaboram a Demonstração do
Fluxo de Caixa. Em vista da proposta do Projeto de Lei nº 3.741, que está tramitando no
Congresso Nacional e que obriga a elaboração desse demonstrativo, haverá a necessidade de
adequação das empresas que ainda não o elaboram, enquanto as que já usam esse
demonstrativo, apenas terão que adaptar-se ao possível modelo que será proposto, já que no
Brasil não existe um modelo oficial de DFC.
63
4ºQuestão: A empresa publica, em jornal, a Demonstração do Fluxo de Caixa, junto às
demais demonstrações financeiras (contábeis)
40%
44%
16%
Sim
Não
Desnecessário
Gráfico 1 – Empresas que publicam a Demonstração do Fluxo de Caixa
O percentual de empresas que publicam a DFC representa 40% das empresas que
elaboram esse demonstrativo. Apesar da DFC apresentar uma melhor visualização do fluxo de
recursos financeiros, ainda são poucas as empresas que estão disponibilizando essa
informação. Considerando que o total de empresas que responderam ao questionário foi de 48,
a quantidade que a publica, torna-se, em relação percentual, menos significativa. Foram 10
empresas que responderam que a publicam, representando aproximadamente 21% do universo
pesquisado. E, ainda, considerando que as empresas pesquisadas são sociedades anônimas de
capital aberto, que precisam ser amplas em seus demonstrativos, assim mostrarão se é ou não
64
interessante ser acionista dessas empresas e a não elaboração da DFC representa uma perda
em termos de informação.
As empresas que a publicam representam poucos ramos de atividade: três são do setor
elétrico; três são empresas de participação e administração (holding); duas são relacionadas ao
refino e distribuição de petróleo e derivados; uma é de fabricação de carrocerias de veículos; e
uma, petroquímica.
Além disso, nota-se que 60% das empresas que elaboram a DFC, não a publicam, ou
seja, 15 empresas utilizam esse demonstrativo como um documento interno.
5ºQuestão: A empresa é de alguma forma obrigada a publicar a Demonstração do Fluxo de
Caixa? (por exemplo, por determinação de agência reguladora)
Apenas as empresas do setor elétrico são obrigadas a publicar a DFC, pois em função
da determinação da ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), que é a agência
reguladora do setor, as empresas devem publicá-la. As demais empresas publicam por
vontade própria. Por isso somente três empresas são obrigadas a publicar a DFC.
65
6ºQuestão: A Demonstração do Fluxo de Caixa é elaborada por qual método?
44%
56%
Direto
Indireto
Gráfico 2 – Método usado para elaboração da Demonstração do Fluxo de Caixa
O Gráfico 2 identifica que 56% das empresas que elaboram a DFC utilizam o método
indireto, enquanto o restante utiliza o direto, ou seja, 44%. É importante lembrar que o
método direto detalha as atividades operacionais, através da descrição de todos os pagamentos
e recebimentos, enquanto o método indireto é estruturado em função do ajuste do lucro
líquido do exercício para reconciliá-lo ao fluxo de caixa líquido das atividades operacionais.
Nesta questão, outra informação importante obtida, é que as empresas que publicam a
DFC utilizam o método indireto, pois 100% usam esse método; mas no que se refere às
empresas que a elaboram e não a publicam, a situação se inverte; ou seja, a maioria das
66
empresas utiliza o método direto, pois 11 empresas entre as 15 que não publicam a DFC,
usam esse método e apenas 4 usam o método indireto.
7ºQuestão: A empresa aplica índices de desempenho na Demonstração do Fluxo de Caixa?
RESPOSTAS QUANTIDADE
Sim 05
Não 19
Desnecessário 01
TOTAL 25
Tabela 4 – Utilização de índices de desempenho na Demonstração do Fluxo de Caixa
A Questão 7 era direcionada apenas para as empresas que elaboram a DFC, ou seja, 25
empresas, correspondendo a 52% do total pesquisado. Desta forma, a Tabela 4 mostra que
poucos são os índices de desempenho aplicados na DFC, não existindo um padrão comum.
Cinco empresas informaram que utilizam índices e os descreveram da seguinte forma:
“- Prazo médio de pagamentos e recebimentos, ciclo financeiro e operacional,
necessidade de capital de giro;
Liquidez de ativos, inadimplência, grau de endividamento;
Real versus orçamento;
Dados do ano corrente versus exercícios anteriores com base nas receitas líquidas;
Dados da empresa versus empresas do mesmo setor;
Comparativo entre a previsão de recebimentos e desembolsos, versus o realizado.”
Nota-se que os índices indicados pelas empresas não são indicadores específicos da
DFC, pois representam indicadores de análise financeira ou orçamentária. Isso indica que a
67
DFC é um instrumento complementar nessas análises, já que seus dados são utilizados para a
apuração dos índices citados.
8ºQuestão: Na tomada de decisões na área financeira, a empresa utiliza?
INSTRUMENTO QUANTIDADE %
Fluxo de caixa diário 38 79,2
Demonstração do fluxo de caixa 01 2,1
Os dois instrumentos 09 18,7
TOTAL 48 100,0
Tabela 5 – Instrumento utilizado na tomada de decisão na área financeira
A Tabela 5 evidencia que o principal instrumento utilizado na tomada de decisões na
área financeira é o fluxo de caixa diário, pois 79,2% das empresas que responderam ao
questionário optaram por esse instrumento.
A Questão 8 também serviu para identificar que, mesmo as empresas que elaboram a
DFC, acabam por utilizar o fluxo de caixa como instrumento de tomada de decisões, pois
apenas uma empresa utiliza a DFC como único instrumento e nove empresas usam a DFC e o
fluxo de caixa diário.
68
9ºQuestão: Para definir a capacidade de investimentos da empresa, quais são os instrumentos
financeiros utilizados?
46%
3%
27%
24%
Fluxo de caixa diário
Demonstração do fluxo
de caixa
Os dois instrumentos
Outros
Gráfico 3 – Instrumento utilizado para definir a capacidade de investimentos da empresa
Os investimentos representam a aplicação de recursos para manutenção das atividades
operacionais e com fins estratégicos. Considerando que uma das informações possíveis de ser
obtida na Demonstração do Fluxo de Caixa, seja a atividade de investimento da empresa,
assim, a 9ºQuestão, que está representada pelo Gráfico 3, perguntava qual o instrumento
utilizado para definir a capacidade de investimentos da empresa. O resultado demonstra que o
fluxo de caixa diário é o principal instrumento, com 46%, mas a DFC é utilizada em conjunto
com o fluxo de caixa em 27% das respostas. Novamente verifica-se que a DFC existe mais
69
como dado complementar do que efetivamente como um instrumento na definição da
capacidade de investimentos da empresa.
Nota-se, nessa questão, que 24% das respostas indicam outros instrumentos, que
servem para definir investimentos, além do fluxo de caixa e da Demonstração do Fluxo de
Caixa. Esses instrumentos não excluem o caixa, ou seja, servem para uso em conjunto. Por
isso são enumerados alguns desses elementos utilizados para definir investimentos, conforme
descrito a seguir:
planejamento financeiro mensal;
plano anual de investimentos;
padrão mínimo exigido por agência reguladora;
contrato com ANTT;
nível de endividamento;
geração de Caixa (EBITDA);
orçamento;
análise de investimento, através do VPL (valor presente líquido).
70
10ºQuestão: Para verificar se a empresa necessitará de recursos, através da obtenção de
financiamento, quais são os instrumentos financeiros utilizados?
64%
6%
22%
8%
Fluxo de caixa diário
Demonstração do fluxo de
caixa
Os dois instrumentos
Outros
Gráfico 4 – Instrumento utilizado para verificar se a empresa necessitará de recursos, através
da obtenção de financiamento
Da mesma forma que nas demais questões, o instrumento identificado como principal
para verificar se a empresa necessitará de recursos foi o Fluxo de Caixa diário, com 64%.
Percebe-se que, entre as empresas que elaboram a DFC, a maioria utiliza esse instrumento
para definir a obtenção de financiamentos, pois entre as 25 empresas que elaboram a DFC, 14
apontaram a DFC como um instrumento auxiliar na verificação da necessidade de recursos,
mesmo que em conjunto com o fluxo de caixa diário.
71
Percebe-se, na análise do Gráfico 4, que, efetivamente, verificar a necessidade de
recursos é uma função do fluxo de caixa e da DFC, pois o item “outros” foi apontado em 8%
das respostas, ou seja, é onde existe a menor utilização de outros instrumentos. Além disso, os
instrumentos apontados foram o planejamento financeiro mensal e a projeção do Balanço
Patrimonial e da Demonstração do Resultado do Exercício, que estão relacionados
diretamente com a projeção do fluxo de caixa. Por isso pode-se entender que o uso do fluxo
de caixa ou da DFC é fundamental para verificar a necessidade de recursos, através de
financiamentos.
11ºQuestão: Para projetar a capacidade de honrar seus compromissos com terceiros, quais
são os instrumentos financeiros utilizados?
62%
0%
25%
13%
Fluxo de caixa diário
Demonstração do fluxo de
caixa
Os dois instrumentos
Outros
Gráfico 5 – Instrumento utilizado para projetar a capacidade de honrar seus compromissos
com terceiros
72
Nessa questão, percebe-se que a utilização do fluxo de caixa diário é mais expressiva,
pois 62% das empresas responderam que utilizam apenas esse instrumento para verificar a
capacidade de honrar seus compromissos com terceiros e que outros 25% o utilizam em
conjunto com a DFC, ou seja, 87% das empresas pesquisadas usam o fluxo de caixa diário.
De outro lado, nessa questão, a DFC teve os menores percentuais de respostas, pois nenhuma
empresa apontou a utilização exclusiva da DFC, e 25% apontaram a utilização junto a outros
instrumentos.
Também foram apontados como instrumentos de gestão financeira, para projetar a
capacidade de honrar compromissos com terceiros, os seguintes elementos:
planejamento financeiro anual;
projeção EBITDA;
orçamento.
12ºQuestão: A empresa faz levantamento para verificar a capacidade de gerar futuros fluxos
líquidos de caixa?
Na análise do fluxo de caixa e da DFC, uma informação que poderá ser obtida pelo
usuário é a capacidade da empresa em gerar recursos no futuro para liquidar suas obrigações.
Nesse caso, a resposta a essa questão foi quase unânime, pois 94% dos respondentes
indicaram que fazem levantamento para verificar a capacidade de gerar futuros fluxos
líquidos de caixa, seja através da elaboração da DFC, seja pelo próprio fluxo de caixa diário.
73
13ºQuestão: Normalmente a projeção de fluxo de caixa é feita para um prazo de:
5
16
15
2
17
12
Uma semana
Um mês
Um trimestre
Um semestre
Um ano
Mais de um ano
Gráfico 6 – Prazo de projeção do fluxo de caixa
Neste trabalho, ficou identificado que a projeção de fluxo de caixa é uma atividade
presente em todas as empresas pesquisadas, através da análise do fluxo de caixa diário, da
DFC, ou da projeção orçamentária. Essas projeções são feitas em espaços de tempo
diferenciados, algumas empresas fazem projeções para um único período e outras fazem para
períodos diferenciados. Através da Questão 13, obteve-se a informação que o período mais
utilizado é o anual, com 17 respostas, seguido do mensal, com 16, e do trimestral, com 15;
mas as empresas fazem projeções também para períodos semanais, semestrais e até para mais
de um ano, conforme o Gráfico 6.
74
14ºQuestão: A empresa analisa se as estimativas passadas de fluxos de caixa, realmente, se
realizaram?
Uma das finalidades da DFC é permitir a avaliação do grau de precisão das estimativas
passadas dos fluxos futuros de caixa. Com isso, torna-se relevante verificar se o que foi
estimado se realizou.
Nessa questão 96% das empresas responderam que analisam se as estimativas feitas no
passado se realizaram.
15ºQuestão: A empresa considera a Demonstração do Fluxo de Caixa, em relação a sua
utilização no processo de Administração Financeira:
81%
17%
2%
Muita importância
Média importância
Pouca importância
Gráfico 7 – Grau de importância da DFC no processo de administração financeira
75
A importância da utilização da DFC, conforme o IBRACON – Instituto Brasileiro de
Contadores (1998, p.87), está em “proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis
uma base para avaliar a capacidade de a empresa gerar caixa e valores equivalentes à caixa e
as necessidades da empresa para utilizar esses fluxos de caixa”, servindo assim como um
instrumento para a tomada de decisões no contexto da gestão financeira.
Com base no Gráfico 7, nota-se que, apesar de 48% das empresas que responderam
aos questionários não elaborarem a DFC, mesmo assim, 81% dessas empresas consideram a
DFC um instrumento de muita importância no processo de administração financeira. Isso
pode indicar que, se esta demonstração passar a ser elaborada como um demonstrativo
obrigatório, poderá vir a ser mais utilizada na gestão financeira das empresas.
16ºQuestão: O modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa elaborado pela empresa é
baseado:
12%
20%
52%
16%
Normas Internacionais de
Contabilidade
Modelo FASB
Modelo próprio da empresa
Outros
Gráfico 8 – Modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa
76
Com relação aos modelos de DFC utilizados pelas empresas, observou-se que 32% das
empresas elaboram modelos baseados em normas internacionais ou em função do modelo
FASB (Financial Accounting Standards Board), e 52% elaboram modelos próprios. Essa
situação deve-se ao fato de que, no Brasil, não existe um modelo oficial de DFC, em função
de que essa demonstração não é obrigatória. Por isso seria importante que o Conselho Federal
de Contabilidade, responsável pela regulamentação contábil no Brasil, definisse um modelo
desse demonstrativo, pois, como visto nas questões iniciais, 52% das empresas pesquisadas
elaboram a DFC e parte delas a publicam como um demonstrativo contábil. Não existe,
porém, um modelo oficial dessa demonstração. Assim, as empresas acabam confeccionando
modelos próprios, que podem não aproveitar o potencial informativa da DFC.
É importante lembrar que o Projeto de Lei nº 3.741, que tramita na Câmara dos
Deputados, determina a substituição da DOAR pela DFC, mas não define um modelo para o
demonstrativo.
77
17ºQuestão: Na opinião do responsável pela área financeira da empresa, a Demonstração do
Fluxo de Caixa deve passar a ser elaborada e publicada como um demonstrativo contábil de
forma obrigatório pelas empresas?
52%
48%
Sim
Não
Gráfico 9 – A DFC deve ser obrigatória ?
A Questão 17 foi elaborada no sentido de verificar se as empresas consideravam
importante a obrigatoriedade na elaboração e publicação da DFC, obtendo 52% de respostas
positivas. Essa questão pedia uma justificativa à resposta, pelo que as respostas também
serviram para verificar qual o entendimento e qual a importância dada pelas empresas a esse
demonstrativo, pois vários foram os motivos apontados para tornar a DFC obrigatória e vários
foram os argumentos contrários à obrigatoriedade, conforme será descrito a seguir.
78
Entre as respostas a favor da obrigatoriedade na elaboração e publicação da DFC,
houve muitas ressaltando a utilidade do demonstrativo como instrumento de transparência da
empresa e, por conseqüência, como ferramenta para análise por parte do público externo
como, por exemplo, as citadas a seguir:
“É um instrumento que serve para o mercado analisar o desempenho da empresa.”
“Trata-se de uma importante ferramenta para a análise de investidores, concorrentes,
analistas de mercado, entre outros.”
“Mostra com transparência a empresa para o mercado e seus investidores.”
“Para que a gestão da empresa se torne mais transparente ante aos usuários da
mesma.”
“Seria de grande valia para os analistas e investidores nos estudos da saúde econômica
e financeira das empresas, pois esta demonstração possibilita que os interessados tenham um
maior grau de confiança e detalhamento nos indicadores por eles calculados.”
“Aumenta a transparência e a consistência das demonstrações financeiras.”
“A DFC é um instrumento importante para tornar transparente todas as captações e
aplicações de recursos da empresa, e tornar clara a saúde financeira da instituição.”
“Espelha a realidade do negócio da companhia.”
Outro ponto favorável à elaboração e publicação da DFC, refere-se à facilidade de
entendimento, como pode ser visto, nas seguintes respostas:
“Por ser um modelo simples e preciso para análise econômica da empresa.”
“Por refletir a saúde financeira da companhia e ser de fácil entendimento.”
“Possibilita uma leitura fácil e rápida para os que não possuem formação na área
contábil, mas, no entanto possuem algum tipo de interesse nas informações.”
Também foi citada a questão da projeção futura da empresa, como se verifica nessas
respostas:
79
“Porque reflete melhor a performance das operações da empresa, principalmente
quando se tratar de olhar para o futuro da organização.”
“Demonstrar a capacidade de geração de caixa e de pagamentos da empresa.”
Por outro lado, as empresas que responderam não, num percentual de 48%, também
descreveram os seus motivos. O item mais citado refere-se ao entendimento que as
informações relativas ao caixa são de interesse exclusivo dos departamentos internos da
empresa, como se percebe nas seguintes respostas:
“Por não achar relevante que tal informação que é mais de interesse interno da
empresa seja de conhecimento geral.”
“Esse demonstrativo é necessário exclusivamente aos diretores/acionistas/financeiro,
que, com base nesses dados tomam as decisões para a viabilidade do negócio e possíveis
melhorias/investimentos na empresa como um todo.”
“É um instrumento de gestão interna.”
“Os valores ali demonstrados são de interesse específico da área financeira e suas
diretorias.”
Outra resposta é que os demais demonstrativos já apresentam as informações
fornecidas pela DFC, sendo assim desnecessária a sua elaboração, como pode ser notado
nessas respostas:
“Entendo que os maiores interessados como a controladoria e acionistas possuem
através de relatórios gerenciais, todas as informações necessárias quanto aos recursos
disponíveis e captáveis.”
“Os demonstrativos atuais mais as notas explicativas atendem os interesses e
necessidades do mercado.”
80
“Cabe salientar que para um bom analista o DOAR – já de obrigatória divulgação –
apresenta a movimentação do fluxo de caixa das companhias, embora com um nível de
detalhamento menor.”
Nota-se, de uma forma geral, que a maioria das empresas reconhece a importância da
DFC, mesmo que seja para uso interno, sendo que apenas três empresas consideraram
desnecessária a sua elaboração.
18ºQuestão: Descreva as informações que julgar necessário:
Essa questão era aberta para informações complementares. Assim poucas empresas
utilizaram esse espaço. As colocações feitas foram no sentido de explicar as respostas
anteriores, ou justificar a forma de utilização do fluxo de caixa.
19ºQuestão: Cargo do funcionário que respondeu este questionário é:
CARGO QUANTIDADE
Gerente financeiro 12
Supervisor financeiro 7
Contador 7
Analista financeiro 5
Gerente de relações com investidores 5
Diretor financeiro 4
Gerente de controladoria 3
Analista contábil 2
Outros 3
TOTAL 48
Tabela 6 – Cargo do funcionário
81
Essa questão foi elaborada no sentido de verificar se a pessoa que respondeu ao
questionário estava efetivamente relacionada com o controle do fluxo de caixa. Assim,
constatou que 83% das pessoas que responderam exercem cargos de direção ou chefia nas
áreas financeira ou contábil, tendo conhecimento para poder-se considerar as respostas
adequadas. Além disso, dos 17% que não pertencem a essas áreas, mais da metade exerce
função de gerência, sendo profissionais que necessitam ter conhecimento da situação
administrativa e financeira da empresa.
4.3 Análise dos documentos
A análise documental teve como objetivo verificar como se apresentavam as
informações financeiras das empresas pesquisadas, em suas demonstrações contábeis e
financeiras publicadas. Para isso foi feita uma pesquisa junto aos dados constantes no “site”
da Comissão de Valores Mobiliários, que reproduzem todas as informações publicadas pelas
Sociedades Anônimas de Capital Aberto, visto que são informações públicas e, por isso,
disponíveis para consulta.
Através da análise de documentos das empresas, foi verificado que, além do fluxo de
caixa e da DFC, as empresas utilizam outros instrumentos para descrever a sua situação
financeira.
As informações que foram percebidas com mais constância foram: detalhamento dos
lucros auferidos na Demonstração do Resultado do Exercício, comparativo do resultado do
parâmetro EBITDA, informações relativas aos totais do ativo, passivo e patrimônio líquido do
Balanço Patrimonial, elaboração da Demonstração do Valor Adicionado, e descrição de
índices de análise financeira.
82
A informação relativa aos lucros auferidos na Demonstração do Resultado do
Exercício é utilizada como parâmetro para identificar a situação financeira da empresa, pois
conforme Assaf Neto (2001, p.75), esse demonstrativo “visa fornecer, de maneira
esquematizada, os resultados (lucro ou prejuízo) auferidos pela empresa em determinado
exercício social” e, por conseqüência, a geração desses lucros proporciona efeitos nas
finanças da empresa.
O detalhamento dos lucros é destacado, normalmente, no relatório de administração
(documento constante da publicação dos demonstrativos financeiros), com informações sobre
o resultado líquido do exercício, o resultado operacional e o resultado bruto, bem como sobre
a receita bruta e a receita líquida. Considerando que esses dados já constam da Demonstração
do Resultado do Exercício, a descrição deles no relatório de administração é feita com a
intenção de comparar os períodos e demonstrar as variações percentuais. Na análise dos
documentos, foi identificado o detalhamento desses dados em 30 empresas, ou seja, 62,5%
das empresas que responderam aos questionários.
O EBITDA, ou lucro antes dos juros, dos impostos (sobre lucros), das
depreciações/exaustões e amortizações é demonstrado também no relatório de administração.
Nota-se que esse parâmetro é utilizado para traçar comparativos de um período para o outro, e
para compará-lo com valores de empresas do setor. O EBITDA é outro instrumento muito
usado pelas empresas pesquisadas, pois 23 empresas citam esse parâmetro em seus relatórios,
considerando as 48 empresas que responderam ao questionário, o que equivale a 48%.
Para descrever como as empresas utilizam o EBITDA em seus relatórios, foram
transcritos, a seguir, trechos dos relatórios de administração das empresas pesquisadas,
obtidos na análise dos documentos contábeis publicados por essas empresas.
“O EBITDA ou LAJIDA, lucro antes dos juros, impostos, depreciação e amortização
foi de R$ 245.265 mil, inferior 16,3% em relação a 2002, os principais motivos foram a
83
redução da receita operacional líquida, uma vez que os custos de pessoal, materiais, serviços e
outros se mantiveram praticamente constantes.”
“A geração de caixa medida pelo EBITDA, foi de R$ 98.082 mil, resultado
ligeiramente menor em comparação com o ano anterior.”
“Mesmo com o crescimento nas vendas em 2003 o EBITDA foi menor em relação a
2002. Isso aconteceu porque a empresa não conseguiu repassar para os preços de vendas, na
sua integralidade, o aumento do custo de produção, junto às montadoras.”
“O caixa líquido da atividade operacional medido pelo método EBITDA (lucro antes
das despesas financeiras, impostos, equivalência patrimonial, depreciação e amortizações)
totalizou R$ 52,7 milhões e foi 10,5% superior a 2002.”
“Em comparação a 2002, quando o EBITDA foi de R$ 391,3 milhões, houve um
crescimento de 12,2%, comprovando que a Companhia foi mais eficiente em gerar caixa com
seus ativos operacionais.”
“A evolução negativa do EBITDA (lucro antes da depreciação, juros e impostos) de
R$ 168,4 milhões positivos em 2002 para R$ 10,9 milhões negativos em 2003, ocorreu
principalmente pelo incremento da provisão trabalhista.”
“A geração bruta de caixa consolidada (EBITDA) alcançou R$ 168 milhões ou 36%
mais que em 2002.”
“O EBITDA do exercício alcançou R$ 2,6 bilhões, 25,7% superior ao do ano de 2002.
Apesar deste crescimento, a margem EBITDA caiu para 19,77% contra 22,95% no ano
anterior, conseqüência do aumento do custo das vendas em proporção superior ao crescimento
da receita líquida de vendas.”
“A relação EBITDA/receita líquida atingiu 11,8%, ante 17,3% do ano anterior. A
queda do EBITDA e da relação EBITDA/receita líquida é resultado das dificuldades de
84
mercado explicitadas anteriormente, especialmente a elevação dos preços das matérias-
primas, que impactaram negativamente as margens de comercialização.”
“A Companhia apresenta uma estrutura de capitais compatível com o negócio, e a
constante evolução da geração de caixa (EBITDA) garante a manutenção da liquidez e
investimentos.”
“Afetada pela redução na lucratividade bruta, a geração operacional de caixa medida
pelo “EBITDA” (resultado operacional antes das despesas e receitas financeiras, impostos,
depreciação e amortização), apresentou recuperação nos dois últimos trimestres do exercício,
registrando no exercício, o valor de R$ 10,9 milhões.”
A Demonstração do Valor Adicionado também é um instrumento utilizado como
demonstrativo complementar às informações contábeis e financeiras. Pode-se verificar que
esse demonstrativo aparece como uma informação financeira, através do valor adicionado ao
negócio e como uma informação social, através do detalhamento da distribuição desse valor
adicionado. Quando utilizado com este último sentido, normalmente vem acompanhado do
balanço social.
Para Kroetz (2000, p. 15), o balanço social é elaborado com a intenção de “divulgar as
informações sociais e ecológicas, destinadas aos mais diversos usuários da contabilidade
(internos e externos), que refletem os impactos de algumas das mutações patrimoniais das
entidades na sociedade e no meio ambiente”, sendo considerado um instrumento gerencial
para atender uma exigência social, onde são encontrados dados que colaboram no
planejamento, no controle, na análise, na avaliação e, por conseqüência, na tomada de
decisões das empresas.
A Demonstração do Valor Adicionado, que informa o valor da riqueza criado pela
empresa e a forma de sua distribuição, foi elaborada por 11 empresas no exercício de 2003,
85
representando 23% do total de empresas do universo pesquisado neste trabalho, que
responderam ao questionário.
O Balanço Patrimonial é citado pelas empresas, principalmente para identificar os
totais do ativo, do passivo financeiro e do patrimônio líquido, pois dessa forma pode-se ter
uma visão do total de recursos que compõem a estrutura patrimonial da empresa.
Outro instrumento utilizado para demonstrar a situação da empresa é a análise
financeira através de índices. Apesar desse tipo de análise ser normalmente interna, constata-
se que várias empresas descrevem os seus índices no relatório de administração. Os índices
que foram informados nos documentos pesquisados são: margem bruta, margem operacional,
margem líquida, retorno sobre o patrimônio líquido, liquidez corrente, liquidez geral, grau de
endividamento de LP e lucratividade.
Além do exposto até aqui, a análise documental serviu para verificar se as informações
relativas a elaboração e a publicação da DFC, que constavam nos questionários respondidos,
eram confirmadas nos demonstrativos publicados.
Percebe-se efetivamente que entre as 48 empresas que responderam aos questionários,
apenas 10 empresas o publicam, conforme já apontado na análise dos questionários e
realmente todas as empresas que o publicaram utilizaram o método indireto.
Na análise dos documentos, também foi verificado que as 12 empresas que não
responderam ao questionário não publicam a DFC. Esse dado é importante, pois apesar destas
empresas não terem fornecido os dados para pesquisa, foi possível identificar que, do total de
sociedades anônimas de capital aberto do estado do Rio Grande do Sul, que estavam com seu
registro na CVM em fase operacional, apenas 10 publicam a DFC. Considerando o universo
de 60 empresas, isto representa que 16,7% efetivamente publicam a DFC.
86
4.4 Consolidação dos dados
A análise dos dados obtidos durante a pesquisa serviu para responder às perguntas de
pesquisa. Essas foram elaboradas para alcançar os objetivos específicos. Por isso, na
consolidação dos dados, é feita uma relação entre os dados da pesquisa e os objetivos
específicos.
O primeiro objetivo específico foi identificar se as empresas elaboram a demonstração
de fluxo de caixa como um instrumento para tomada de decisão interna ou apenas para
divulgação externa.
Por esse objetivo, ficou constatado que as empresas pesquisadas, que elaboram a DFC,
utilizam-na como um instrumento auxiliar na tomada de decisões internas na área financeira e
que uma parte dessas empresas publicam o demonstrativo para divulgação externa. Com isso,
as empresas que a elaboram representam 52% das respostas e as que a publicam, 21% do total
de empresas pesquisadas. Além disso, é importante destacar que as respostas das empresas
que elaboram a DFC foi no sentido de identificar esse instrumento como auxiliar na tomada
de decisões, pois menos de 6% das respostas apontaram esse demonstrativo como o principal
instrumento na tomada de decisões.
O segundo objetivo específico foi verificar quais os tipos de decisões tomadas pelos
administradores das empresas, em função da utilização da Demonstração de Fluxo de Caixa.
Para atender a esse objetivo, foram feitas perguntas no sentido de verificar que tipo de
decisão se relacionava com a DFC. Assim, notou-se que 30% das respostas identificaram a
definição da capacidade de investimentos da empresa como uma das decisões tomadas a partir
do uso da DFC. No que se refere a verificar se a empresa necessitará de recursos, através da
obtenção de financiamento, a DFC foi apontada por 28% das respostas como instrumento de
decisão. Para projetar a capacidade de honrar seus compromissos com terceiros, houve 25%
87
de respostas, indicando a DFC como instrumento para esse tipo de decisão. É importante,
ressaltar que a DFC aparece como um instrumento complementar na tomada dessas decisões.
O terceiro objetivo específico foi verificar se a Demonstração de Fluxo de Caixa é
elaborada pelo método direto ou pelo método indireto.
Neste objetivo ficou constatado que a DFC, quando elaborada com a intenção de
publicação, é feita pelo método indireto, pois 100% das empresas que a publicam apontaram
esse método. No entanto, quando as empresas a elaboram para uso interno, o método mais
usado é o direto. Entre as 15 empresas nessa situação, 73% identificou esse método.
O quarto objetivo específico foi verificar se as empresas utilizam medidas de
desempenho para analisar sua Demonstração do Fluxo de Caixa.
Na análise desse objetivo, ficou evidenciado que as empresas pesquisadas não utilizam
medidas de desempenho para analisar a DFC. Apenas registrou-se alguns índices de análise
financeira, que usam dados do demonstrativo.
O quinto objetivo específico foi verificar, no caso das empresas que não utilizam a
Demonstração do Fluxo de Caixa, quais são os instrumentos utilizados na gestão financeira.
Por esse objetivo, pode-se afirmar que, efetivamente, o principal instrumento de gestão
financeira é o fluxo de caixa diário, mas outros são utilizados e, conforme expostos nos
questionários, os instrumentos que fazem parte da gestão financeira são: planejamento
financeiro mensal, plano anual de investimentos, nível de endividamento, geração de caixa
(EBITDA), orçamento, análise de investimento através do VPL (valor presente líquido) e
projeção do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado. Além disso, as empresas
avaliam a gestão financeira, através desses instrumentos citados e da análise dos dados
constantes no Balanço Patrimonial, na Demonstração do Resultado do Exercício, na
Demonstração do Valor Adicionado, e na própria DFC, como já citado durante o trabalho.
88
5 CONCLUSÕES
Este trabalho teve com objetivo geral analisar se efetivamente a Demonstração do
Fluxo de Caixa está sendo utilizada como um instrumento de gestão financeira pelas
sociedades anônimas de capital aberto do Estado do Rio Grande do Sul, pois segundo
Iudícibus, Martins & Gelbcke (2000, p.351), a DFC serve para “prover informações
relevantes sobre os pagamentos e recebimentos, em dinheiro de uma empresa, ocorridos
durante um determinado período”, assim trazendo informações importantes no processo de
gestão financeira.
Durante o trabalho foram identificados os principais fundamentos relacionados à DFC,
para verificar como esse demonstrativo poderia colaborar na gestão financeira, sendo
percebido, conforme Treuherz (1999), que a grande vantagem da DFC é permitir o
planejamento, para que se possa saber: quanto a empresa possui de disponibilidade suficiente
para cumprir seus compromissos; quando será necessário recorrer a empréstimos para cobrir
eventuais deficiências de fundos; qual a média de recursos que a empresa necessita para os
seus desembolsos imediatos; por meio de análise comparativa, verificar quanto tem sido gasto
nos vários setores, podendo corrigir os possíveis erros e se existem recursos em demasia que
precisam ser aplicados para aumentar a rentabilidade da empresa.
Com base nas informações descritas no parágrafo anterior e na fundamentação teórica
deste trabalho, foi elaborado um questionário com a intenção de atingir o objetivo geral e os
objetivos específicos do mesmo. Após a tabulação dos dados do questionário e sua análise,
obteve-se algumas conclusões.
As conclusões relacionam-se aos objetivos específicos como, por exemplo, o objetivo de
identificar se as empresas elaboram a Demonstração do Fluxo de Caixa como um instrumento
para tomada de decisão interna ou apenas para divulgação externa. Pode-se concluir que 52%
89
das empresas pesquisadas elaboram a DFC, mas a utilizam como um instrumento “auxiliar”
na tomada de decisões internas na área financeira. Identificou-se que, também, uma parte das
empresas pesquisadas, correspondente a 21% do total, publicam o demonstrativo com a
intenção de divulgação externa, mesmo não sendo um demonstrativo obrigatório.
Após identificar-se que a DFC é utilizada como um instrumento “auxiliar” na tomada
de decisão, o próximo momento foi verificar quais os tipos de decisões tomadas pelos
administradores das empresas, em função da utilização da Demonstração de Fluxo de Caixa.
Este foi outro objetivo específico do trabalho, onde foi constatado que a DFC pode contribuir
para definição da capacidade de investimentos da empresa, para verificar se a empresa
necessitará de recursos, através da obtenção de financiamento e para projetar a capacidade de
honrar seus compromissos com terceiros, ou seja, efetivamente contribuindo para a tomada de
decisões internas na área financeira, mas normalmente sendo utilizada como instrumento
“auxiliar” nessas decisões.
Outro ponto constante da fundamentação teórica do trabalho era identificar qual o
método de elaboração da DFC, pois de acordo com Neves & Viceconti (1998), a DFC pode
ser elaborada de duas formas: o método direto e o método indireto. O direto, conforme
descrito por Iudícibus, Martins e Gelbcke (2000, p. 355), “explicita as entradas e saídas brutas
de dinheiro dos principais componentes das atividades operacionais, como recebimentos pelas
vendas de produtos e serviços e os pagamentos a fornecedores e empregados”. E o indireto,
segundo Perez Jr. & Begalli (1999, p.179), “parte do resultado das operações sociais, isto é, o
lucro líquido do período, ajustado pelas despesas e receitas que não interferem diretamente no
caixa ou disponibilidades da entidade, tais como depreciações, amortizações, exaustões”. Este
foi outro objetivo específico do trabalho, ou seja, identificar qual era o método mais utilizado,
sendo constatado que as empresas que publicam a DFC utilizam o método indireto, enquanto
as que a elaboram para uso interno, preferem o método direto. De qualquer forma, esta
90
informação mostra que, no Brasil, o método indireto é o mais usado nas publicações. Da
mesma forma, em outros países como o Canadá, conforme pesquisa realizada pelo Canadian
Institute of Chartered Accountants (1995), entre 300 empresas que responderam, apenas uma
indicou o método direto.
Considerando que parte das empresas pesquisadas elaboram e publicam a DFC,
também foi objetivo deste trabalho verificar se eram utilizadas medidas de desempenho para
analisar a DFC, mas constatou-se que essas medidas não são aplicadas sobre o demonstrativo,
pois apenas cinco empresas descreveram algum índice utilizado na análise financeira e
nenhum desses índices eram específicos da DFC, sendo apenas índices de análise de
desempenho financeiro, os quais são obtidos através de outros demonstrativos, com utilização
parcial da DFC.
Com os dados deste trabalho, pode-se afirmar que, no processo de gestão financeira, as
empresas utilizam diversos instrumentos, como planos de investimentos, orçamento, projeção
de demonstrativos, EBITDA, demonstrações contábeis e outros, mas que o principal
instrumento de gestão financeira é o fluxo de caixa diário, sendo a DFC utilizada como um
documento auxiliar desses. Essa conclusão responde ao último objetivo específico desse
trabalho, que era de verificar, no caso das empresas que não utilizam a Demonstração do
Fluxo de Caixa, quais são os instrumentos utilizados na gestão financeira.
Por fim, conclui-se que a DFC está sendo utilizada como um instrumento de Gestão
Financeira, por um número reduzido de sociedades anônimas de capital aberto do Estado do
Rio Grande do Sul. Isso tem sido usado mais como um demonstrativo complementar que, em
alguns momentos, traz contribuição para a gestão, respondendo assim ao objetivo geral deste
trabalho que era analisar se efetivamente a Demonstração de Fluxo de Caixa está sendo
utilizada como um instrumento de gestão financeira pelas sociedades anônimas de capital
aberto do Estado do Rio Grande do Sul.
91
Ainda é oportuno salientar que as limitações do trabalho detêm-se na população
pesquisada, pois as conclusões foram baseadas em informações de um grupo específico de
empresas, ou seja, sociedades anônimas de capital aberto do estado do Rio Grande do Sul.
Assim não se pode afirmar que este é o resultado de todos os tipos de empresas do país. Por
isso, como recomendações para futuros trabalhos, apresenta-se a possibilidade de aplicação da
pesquisa em outras regiões do país com a finalidade de ser obtida uma visão da utilização da
DFC em todo o país. Além disso, seria importante verificar como as empresas que não se
classificam como sociedades anônimas de capital aberto tratam a DFC.
Na pesquisa, também foi constatado que, além da DFC, existem outros instrumentos
importantes na gestão financeira. Por isso é recomendável a realização de estudos desses
instrumentos, principalmente no que se refere ao EBITDA, pois é um instrumento muito
utilizado pelas empresas, mas com poucos artigos e pesquisas realizados sobre o mesmo.
92
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Amador Paes de. Manual das sociedades comerciais. 10.ed.rev., atual. e ampl.
São Paulo: Saraiva, 1998.
ASSAF NETO, Alexandre, SILVA, César Augusto Tibúrcio. Administração do capital de
giro. 2.ed. São Paulo : Atlas, 1997.
__________. Estrutura e análise de balanços – um enfoque econômico-financeiro. 6. ed.
São Paulo: Atlas, 2001.
BARROS, Aidil Jesus Paes de, LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de
metodologia: um guia para a iniciação científica. São Paulo: McGraw-Hill, 1986.
BLATT, Adriano. Análise de Balanços – Estruturação e Avaliação das Demonstrações
Financeiras e Contábeis. São Paulo : MAKRON Books, 2001.
BODIE, Zvi, MERTON, Robert C.; trad. James Sudelland Cook. Finanças. Porto Alegre:
Artes Médicas Sul, 1999.
BRAGA, Roberto. Fundamentos e técnicas de administração financeira. São Paulo:Atlas,
1989.
___________, MARQUES, José Augusto Veiga da Costa. Avaliação da liquidez das
empresas através da análise da demonstração de fluxos de caixa. Revista Contabilidade &
Finanças – FIPECAFI – FEA – USP, São Paulo. FIPECAFI. v.14, nº 25. p. 6-23, janeiro/abril
2001.
BRASIL. Lei n.º 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações.
_______. Projeto de Lei nº 3741/2000. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6404, de 15 de
dezembro de 1976. Disponível em <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Quadros/Quadro_
PL/2000.htm> acesso em 18 set. 2003.
CAMPOS FILHO, Ademar. Demonstração dos fluxos de caixa: uma ferramenta
indispensável para administrar sua empresa. São Paulo : Atlas, 1999.
CASAGRANDE NETO, Humberto. Abertura do capital das empresas brasileiras: um
enfoque prático. São Paulo: Atlas, 1985.
CASTRO, Cláudio Moura. A Prática de Pesquisa. São Paulo: McGraw-Hill do Brasil, 1978.
CERVO, Amado Luiz, BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
DE SANTI, Armando, OLINQUEVITCH, José Leônidas. Análise de balanço para controle
gerencial. São Paulo : Atlas, 1993.
FREZATTI, Fábio. Gestão do fluxo de caixa diário. São Paulo : Atlas, 1997.
93
GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 4.ed. São Paulo: Atlas, 1994.
GITMAN, Lawrence J. Princípios de administração financeira. 7.ed. São Paulo: Harbra,
1997.
GODOY, Arilda Schmidt. Introdução à pesquisa qualitativa e sua possibilidades - uma
revisão histórica dos principais autores e obras que refletem esta metodologia de pesquisa em
Ciências Sociais. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v.35, nº2, p.57-63,
março/abril 1995.
HOJI, Masakazu. Administração Financeira – Uma Abordagem Prática. 2.ed. São Paulo :
Atlas, 2000.
IBRACON – Instituto Brasileiro de Contadores. Normas internacionais de contabilidade.
São Paulo: IBRACON/CFC, 1998.
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de balanços. 5.ed. São Paulo: Atlas, 1988.
___________,; MARION, José Carlos. Introdução à teoria da contabilidade: para o nível
de graduação. São Paulo : Atlas, 1999.
___________,; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade
das sociedades por ações: aplicável também às demais sociedades. 5º ed. São Paulo: Atlas,
2000.
KERLINGER, Fred Nichols. Metodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento
conceitual. São Paulo: EPU, 1980.
KRISHNAN, Gopal V., LARGAY III, James A. The Predictive Ability of Direct Method
Cash Flow Information. Journal of Business Finance & Accounting, 27 (1) & (2),
january/March 2000, 0306-686X.
KROETZ, Cesar Eduardo Stevens. Balanço social: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2000.
LACOMBE, Francisco José Masset, HEILBORN, Gilberto Luiz José. Administração:
princípios e tendências. São Paulo: Saraiva, 2003.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de Metodologia
Científica. São Paulo: Atlas, 1999.
_________,; MARCONI, Marina de Andrade. Técnicas de pesquisa: planejamento e
execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e
interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1982.
LUSTOSA, Paulo Roberto Barbosa. DOAR – uma morte anunciada. Caderno de Estudos –
FIPECAFI – FEA – USP, São Paulo. FIPECAFI. v.9, nº16, p.26-38, julho/dezembro 1997.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 8.ed. São Paulo: Atlas, 1998.
94
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise financeira de balanços: abordagem básica. São
Paulo: Atlas, 1984-1985.
MEGGINSON, Leon C., MOSLEY, Donald C., PIETRI JÚNIOR, Paul H. Administração
conceitos e aplicações. Tradução: Maria Isabel Hopp. 4.ed. São Paulo: Harbra, 1998.
NEVES, Silvério das, VICECONTI, Paulo Eduardo V. Contabilidade Avançada - e análise
das demonstrações financeiras. 7. ed. ampl., rev. e atual. São Paulo : Frase Editora, 1998.
PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; BEGALLI, Glaucos Antônio. Elaboração das
Demonstrações Contábeis. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
RICHARDSON, Roberto Jarry. Pesquisa Social: métodos e técnicas. São Paulo: Atlas, 1989.
ROSS, Stephen A., WESTERFIELD, Randolph W., JORDAN, Bradford D. Princípios de
administração financeira. Tradução: Antônio Zoratto Sanvicente. São Paulo: Atlas, 1998.
SALOTTI, Bruno Meirelles; YAMAMOTO, Marina Mitiyo. A estimativa do fluxo de caixa
das operações representa o real fluxo de caixa das operações? Revista Contabilidade &
Finanças – USP. São Paulo, n.35, p. 7-21, maio/agosto 2004.
SANVICENTE, Antônio Zoratto. Administração financeira. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1983.
SECURATO, José Roberto. Decisões financeiras em condições de risco. São Paulo: Atlas,
1996.
SILVA, César Augusto Tibúrcio; SANTOS, Jocineiro Oliveira; OGAWA, Jorge Sadayoshi.
Fluxo de caixa e DOAR. Caderno de estudos FIPECAFI / FEA - USP. São Paulo, n. 9, p. 37-
66, out./1993
TELES, Egberto Lucena. A demonstração do fluxo de caixa como forma de enriquecimento
das demonstrações contábeis exigidas por lei. Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília,
v.26, n.105, p.64-71, jul./1997.
THIESEN, João Arno de Oliveira. A demonstração do fluxo de caixa nas organizações e sua
importância como instrumento na tomada de decisão. Revista do Conselho Regional de
Contabilidade do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, n.100, p.8-13, mai./2000.
TREUHERZ, Rolf M. Análise Financeira por Objetivos. 5º ed. São Paulo : Pioneira, 1999.
VASCONCELOS, Yumara Lúcia. EBITDA como instrumento de avaliação de empresas.
Revista Brasileira de Contabilidade. Brasília, n.136, p.38-47, jul./ago.2002.
ZDANOWICZ, José Eduardo. Fluxo de caixa: uma decisão de planejamento e controle
financeiros. 8.ed. Porto Alegre : Sagra-DC Luzzatto, 2000.
95
ANEXOS
96
INSTRUMENTO DE PESQUISA
Questionário para pesquisa
1 - Nome da Empresa: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
2 - Na empresa, os controles de caixa são subordinados à:
( ) Diretor Financeiro
( ) Gerente Financeiro
( ) Controller
( ) Chefe de Contabilidade
( ) Outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
3 – A empresa elabora a Demonstração do Fluxo de Caixa ? (como demonstrativo contábil)
( ) Sim ( ) Não ( ) Desnecessário
4 – A empresa publica, em jornal, a Demonstração do Fluxo de Caixa, junto as demais
demonstrações financeiras (contábeis)?
( ) Sim ( ) Não ( ) Desnecessário
5 – A empresa é de alguma forma obrigada a publicar a Demonstração do Fluxo de Caixa?
(por exemplo, por determinação de agência reguladora)
( ) Sim ( ) Não
6 – A Demonstração do Fluxo de Caixa é elaborada por qual método?
( ) Direto, ou seja, demonstrando todos os pagamentos e recebimentos relativos as
atividades operacionais.
( ) Indireto, ou seja, ajustando o lucro líquido do exercício para reconciliá-lo ao fluxo de
caixa das atividades operacionais.
97
7 – A empresa aplica índices de desempenho na demonstração do fluxo de caixa?
( ) Sim. Favor descrevê-los ( ) Não ( ) Desnecessário
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
8 – Na tomada de decisões na área financeira, a empresa utiliza?
( ) Fluxo de caixa diário (controle interno)
( ) Demonstração do fluxo de caixa (demonstrativo contábil)
( ) Os dois instrumentos
9 – Para definir a capacidade de investimentos da empresa, quais são os instrumentos
financeiros utilizados ?
( ) Fluxo de caixa diário (controle interno)
( ) Demonstração do fluxo de caixa (demonstração contábil)
( ) Os dois instrumentos
( ) Outros. Quais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
10 – Para verificar se a empresa necessitará de recursos, através da obtenção de
financiamento, quais são os instrumentos financeiros utilizados ?
( ) Fluxo de caixa diário (controle interno)
( ) Demonstração do fluxo de caixa (demonstração contábil)
( ) Os dois instrumentos
( ) Outros. Quais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
98
11 – Para projetar a capacidade de honrar seus compromissos com terceiros, quais são os
instrumentos financeiros utilizados ?
( ) Fluxo de caixa diário (controle interno)
( ) Demonstração do fluxo de caixa (demonstração contábil)
( ) Os dois instrumentos
( ) Outros. Quais? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
12 – A empresa faz levantamento para verificar a capacidade de gerar futuros fluxos líquidos
de caixa?
( ) Sim ( ) Não
13 – Normalmente a projeção de fluxo de caixa é feita para um prazo de:
( ) Uma semana
( ) Um mês
( ) Um trimestre
( ) Um semestre
( ) Um ano
( ) Mais de um ano
14 – A empresa analisa se as estimativas passadas de fluxos de caixa, realmente, se
realizaram?
( ) Sim ( ) Não ( ) Desnecessário
15 – A empresa considera a Demonstração do Fluxo de Caixa, em relação a sua utilização no
processo de Administração Financeira:
( ) Um instrumento de muita importância
( ) Um instrumento com alguma utilidade
( ) Um instrumento de pouca importância
99
16 – O modelo de Demonstração do Fluxo de Caixa elaborado pela empresa é baseado:
( ) Normas Internacionais de Contabilidade.
( ) Modelo FASB (órgão de regulamentação contábil dos Estados Unidos)
( ) Modelo proposto por autor nacional. Qual ? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
( ) Modelo próprio da empresa.
( ) Outro: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
17 – Na opinião do responsável pela área financeira da empresa, a Demonstração do Fluxo de
Caixa deve passar a ser elaborada e publicada como um demonstrativo contábil de forma
obrigatória pelas empresas ?
( ) Sim ( ) Não
Por que? _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
18 – Descreva as informações que julgar necessário: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
_ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
19 – Cargo do funcionário que respondeu este questionário é _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
100
RELAÇÃO DAS EMPRESAS QUE RESPONDERAM AO
QUESTIONÁRIO
ADUBOS TREVO S.A.
AES SUL DISTRIB. GAÚCHA DE ENERGIA S.A.
AVIPAL S.A. AVIC. E AGROP.
BANCO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL S.A
BANRISUL ARMAZENS GERAIS S A.
BGPAR S/A
CELULAR CRT PARTICIPAÇÕES S.A.
CIA. ESTADUAL ENERG ELETR-CEEE
CIA. RIOGRANDENSE DE SANEAMENTO
COMPANHIA HABITASUL DE PARTICIPAÇÕES
CONCES. DA ROD. OSÓRIO-POA S/A - CONCEPA
COPESUL - COMPANHIA PETROQUÍMICA DO SUL
DANA-ALBARUS S.A. INDÚSTRIA E COMÉRCIO
DHB IND E COMERCIO S.A.
DIGITEL S.A. INDUSTRIA ELETRÔNICA
DIMED S.A. DISTRIBUIDORA DE MEDICAMENTOS
DISTRIB. PRODUTOS PETROLEO IPIRANGA S.A.
EMPRESA CONC.DE RODOV.DO SUL S/A ECOSUL
EXCELSIOR ALIMENTOS S.A.
FINANSINOS S/A-CRÉDITO, FINAN. E INVEST.
FORJAS TAURUS S.A.
FRAS-LE S.A.
101
GAZOLA S.A. INDÚSTRIA METALURGICA
GRANOLEO S.A. CI SEMS OLEAGS DER
GRAZZIOTIN S.A.
HERCULES S/A - FABRICA DE TALHERES
IND. MAQS. AGRICOLAS FUCHS S.A.
INDAC - INDÚSTRIA, ADM. E COMÉRCIO S.A.
IPIRANGA PETROQUIMICA S.A.
JOSAPAR- JOAQUIM OLIVEIRA S/A PARTICIP
LIVRARIA DO GLOBO S.A
LOJAS RENNER S.A.
MARCOPOLO S.A.
METALURGICA GERDAU S.A.
MINUPAR PARTICIPAÇÕES S.A.
MUNDIAL S. A - PRODUTOS DE CONSUMO
PANATLANTICA S.A.
PETROPAR S.A.
PETTENATI S.A. IND. TEXTIL
RANDON PARTICIPAÇÕES S.A.
RASIP AGRO PASTORIL S.A.
REFINARIA PET. IPIRANGA S.A.
RENNER PARTICIPAÇÕES S.A.
RIO GRANDE ENERGIA S.A.
SDV ADM-DE SHOPPING CENTERS S.A.
SEIVA S.A. - FLORESTA E INDÚTRIAS
102
TRAFO EQUIPAMENTOS ELETRICOS S.A.
ULBRA RECEBÍVEIS S.A.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo