Download PDF
ads:
Carla Sonsino Pereira
Antropometria e biomecânica comparativa da locomoção de
corredores com e sem desigualdade estrutural de comprimento
de membros inferiores
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Ciências
Área de concentração: Movimento, Postura
e Ação Humana
Orientadora: Profa. Dra. Isabel de Camargo
Neves Sacco
São Paulo
2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Carla Sonsino Pereira
Antropometria e biomecânica comparativa da locomoção de
corredores com e sem desigualdade estrutural de comprimento
de membros inferiores
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
para obtenção do título de Mestre em
Ciências
Área de concentração: Movimento, Postura
e Ação Humana
Orientadora: Profa. Dra. Isabel de Camargo
Neves Sacco
São Paulo
2006
ads:
DEDICATÓRIA
Eu dedico este trabalho aos meus pais que sempre acreditaram em mim e me
incentivaram em todas as fases da minha vida, sem falar no quanto eles insistiram para que
eu seguisse a carreira acadêmica. Na realidade eles já deviam saber o que eu só descobri a
pouco, a minha paixão pela pesquisa e pelas salas de aulas.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a FAPESP pelo apoio financeiro concedido, por dois anos,
tornando possível minha total dedicação à realização deste estudo (Processo nº 03/08165-7).
Agradeço aos meus pais que desde a minha graduação insistiam para que eu fizesse o
mestrado. Eles sempre estiveram presentes, em todas as etapas da minha vida, e nesta não
poderia ser diferente, me apoiando e incentivando sempre. Muito obrigada, pois eu sei que
sempre pude e poderei contar com vocês. Agradeço ao meu marido, Beto, ou melhor,
Tilanguinho, que sempre me apoiou. Obrigada por ter agüentado as várias horas, dias e
semanas que eu fiquei isolada sentada em frente ao computador. Ao meu irmãozinho, já não
tão “inho”, um amigo que eu sempre posso contar. Agradeço de coração a Bel, minha
orientadora, amiga, extremamente competente e profissional, que apesar de só um ano mais
velha que eu, foi muitas vezes mãezona, nos mantendo embaixo de suas asas. Muito
obrigada por me ensinar tanto! Só uma pessoa como você me faria render o que eu rendi
nesses últimos anos. Às minhas amigas do peito, Giovana (nem sei como essa ainda me
agüenta!), Adelle, Sâmia, Patrícia, Sandrinha, Luciana e Tatiana que me ouviram tantas
vezes reclamando da correria, que entenderam meus sumiços, que participaram da pesquisa,
me ajudaram com os resumos em inglês, nossa! Valeu!!! Aos meus amigos que mesmo não
tão presentes no meu dia a dia eu sei que sempre torcem por mim. Ao Tavinho, Marcos
Duarte, e ao Rogério pela grande e fundamental ajuda com a função em ambiente Matlab.
Sem a ajuda de vocês a análise dos dados teria sido.... um sofrimento. Aos companheiros do
laboratório de biomecânica do movimento e postura, por deixarem claro o significado de um
trabalho em equipe. A Mariane e ao Marcelo que foram essenciais na primeira etapa da
pesquisa, sem vocês não teria sido possível atingir um n deste tamanho. Agradeço à Escola
de Educação Física da Polícia Militar de São Paulo, em especial ao Ten. Carlos Enrique
Forner que acreditou no meu trabalho desde o início, ao Coronel Ivens Catalano que
autorizou a participação dos alunos da escola neste estudo. Ao PA club, especialmente às
professoras Simone Machado e Cláudia Pangone, que além de participarem do estudo,
encaminharam vários de seus alunos para as análises. O meu muito obrigada aos 230
sujeitos que participaram da pesquisa, seja somente na primeira ou em todas as etapas,
foram vocês que tornaram possível a realização desse estudo. Quero agradecer também as
pessoas que me incentivaram a ir aos Congressos Brasileiro e Internacional de Biomecânica,
e às pessoas que eu conheci durante esses eventos, pois foi a partir daí que obtive a certeza
de que eu estava no lugar certo, estudando biomecânica, e que é este caminho que eu quero
seguir. E por último, mas não menos importante, à Latifinha que muitas vezes foi minha
grande companheira, agüentando meus estresses sem reclamar, mas sim me acalmando por
meio dos seus beijinhos, isto é, suas lambidinhas.
Enfim, obrigada a todos que de alguma forma fazem parte da minha vida.
NORMALIZAÇÃO ADOTADA
Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no momento desta
publicação:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals Editors (Vancouver)
Universidade de São Paulo, Faculdade de Medicina, Serviço de Biblioteca e Documentação.
Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha Maria Julia de A. L. Freddi, Maria F. Crestana,
Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso Valéria Vilhena. 2ª. Ed. São Paulo;
Serviço de Biblioteca e Documentação; 2005.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals Indexed in Index
Medicus.
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS..........................................................................................9
LISTA DE FIGURAS ...........................................................................................................................................11
LISTA DE TABELAS ..........................................................................................................................................13
SUMMARY ..........................................................................................................................................................16
1. INTRODUÇÃO............................................................................................................................................1
2. OBJETIVOS................................................................................................................................................4
2.1 O
BJETIVOS DA PARTE 1.................................................................................................................................4
2.2 O
BJETIVOS DA PARTE 2.................................................................................................................................5
3. REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DA LITERATURA........................................................................................6
3.1. E
TIOLOGIA DA DESIGUALDADE DE MEMBROS INFERIORES E PATOLOGIAS ASSOCIADAS ..................................6
3.2. M
ÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA DESIGUALDADE DE MEMBROS INFERIORES .....................................................10
3.3. M
ÉTODOS DE MEDIÇÃO EM BIOMECÂNICA PARA AVALIAR DESIGUALDADE DE MEMBROS INFERIORES .............17
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS......................................................................................................................23
4.1. C
ASUÍSTICA ...........................................................................................................................................23
4.2. P
ROTOCOLO EXPERIMENTAL...................................................................................................................25
4.3. T
RATAMENTO MATEMÁTICO DOS DADOS DA FORÇA REAÇÃO DO SOLO.......................................................34
4.4. A
NÁLISE E TRATAMENTO ESTATÍSTICO ....................................................................................................38
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS..................................................................................................40
5.1. R
ESULTADOS DA PARTE 1.......................................................................................................................40
5.1.1. Entrevista Pessoal – Epidemiologia.....................................................................................40
5.1.2. Medidas Antropométricas e Escanometria de membros inferiores......................................46
5.2. R
ESULTADOS DA PARTE 2.......................................................................................................................49
5.2.1. Andar....................................................................................................................................49
5.2.2. Correr...................................................................................................................................52
5.2.3. Redistribuição do Grupo Desigualdade ...............................................................................55
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ..........................................................................................................60
6.1. D
ISCUSSÃO DA PARTE 1.........................................................................................................................60
6.2. D
ISCUSSÃO DA PARTE 2.........................................................................................................................64
7. CONCLUSÕES.........................................................................................................................................71
ANEXO A - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EM PARTICIPAÇÃO DA PESQUISA – PARTE 173
ANEXO B - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EM PARTICIPAÇÃO DA PESQUISA – PARTE 274
ANEXO C ............................................................................................................................................................75
ANEXO D - FICHA DE AVALIAÇÃO INICIAL....................................................................................................76
ANEXO E - FICHA DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA...............................................................................78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................................79
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.........................................................................................................................85
APÊNDICE – ROTINA ‘LD’ DO MATLAB..............................................................................................................
LISTA DE ABREVIATURAS, SÍMBOLOS E SIGLAS
MI Membro Inferior
MMII Membros Inferiores
D Direito
E Esquerdo
MID Membro Inferior Direito
MIE Membro Inferior Esquerdo
EIAS/MM Medida clínica que utiliza a distância compreendida entre a espinha ilíaca
antero superior e a borda superior do maléolo medial para obter o
comprimento dos MMII
EIAS/ML Medida clínica que utiliza a distância compreendida entre a espinha ilíaca
antero superior e a borda superior do maléolo lateral para obter o
comprimento dos MMII
Crista/MM Medida clínica que utiliza a distância compreendida entre a crista ilíaca e a
borda inferior do maléolo medial para obter o comprimento dos MMII
Umbigo/MM Medida clínica que utiliza a distância compreendida entre a cicatriz umbilical
e a borda inferior do maléolo medial para obter o comprimento dos MMII
p nível descritivo do teste
FRS Força de Reação do Solo
GC Grupo Controle
GD Grupo Desigualdade
PC Peso Corporal
Fz
1
Primeiro Pico de Força
Fz
2
Segundo Pico de Força
F
min
Fase de apoio
TCz
1
Taxa de Crescimento 1 (Fz
1
/tz
1
)
TCz
2
Taxa de Crescimento 2 (Fz
2
/tz
2
)
PO Taxa de Propulsão
tz
1
Tempo para atingir Fz
1
tz
1
Tempo de ocorrência de Fz
1
tz
2
Tempo para atingir Fz
2
tz
2
Tempo de ocorrência de Fz
2
t
min
Tempo de ocorrência do F
min
F
max
Pico de força máximo
F
min
Pico de força mínimo
ID Impulso de desaceleração
IA Impulso de aceleração
IS Índice de Simetria
ISA Índice de Simetria Absoluto
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Ilustração do método clínico que utiliza a distância compreendida entre EIAS e maléolo medial
para obter o comprimento do MI.................................................................................................... 11
Figura 2 - A. presença de desigualdade de membros inferiores causando desnivelamento da pelve. B.
Utilização de blocos com espessuras definidas sob o MI menor com conseqüente nivelamento da
altura das cristas ilíacas (Song et al., 1997) ..................................................................................14
Figura 3 - A. Componente ICP; B. Componente book correction (Hanada et al., 2001)................................ 16
Figura 4 - Ilustração do “Palpation Meter” – PALM (Orthentics, 2005) .......................................................... 16
Figura 5 - Diagrama de blocos das etapas do protocolo metodológico da parte 1 ........................................ 26
Figura 6 - Diagrama de blocos das etapas do protocolo metodológico da parte 2 ........................................ 29
Figura 7 - Imagem da disposição da plataforma de força no Laboratório de Biomecânica do Movimento e
Postura Humana – FOFITO – FMUSP .......................................................................................... 30
Figura 8 - Imagem de um dos sujeitos do presente estudo durante o tempo de apoio na plataforma de força
durante o correr representando uma tentativa válida .................................................................... 30
Figura 9 - Representação das variáveis estudadas da FRS vertical durante o andar: Fz
1
, o primeiro pico de
força; Fz
min
, força mínima; Fz
2,
o
segundo pico de força; TCz
1,
a taxa de crescimento 1, TCz
2
, a
taxa de crescimento 2, e PO, taxa de propulsão ........................................................................... 33
Figura 10 - Representação das variáveis estudadas da FRS vertical durante o correr: Fz
1
, o primeiro pico de
força; Fz
2
, segundo pico de força; TCz
1
, a taxa de crescimento 1;
TCz
2
, a taxa de crescimento 2; e
PO, taxa de propulsão ................................................................................................................... 33
Figura 11 - Representação das variáveis estudadas da FRS horizontal durante o andar e o correr: Fx
min,
força
mínima; Fx
máx
, força máxima; impulso de desaceleração (ID); e impulso de aceleração (IA)....... 34
Figura 12 - Ilustração da rotina “LD” em ambiente matlab que representa a curva da FRS vertical do andar e
as variáveis: Fz
1
, o primeiro pico de força; Fz
min
, força mínima e Fz
2
, o segundo pico de força... 35
Figura 13 - Ilustração da rotina “LD” em ambiente matlab que representa a curva da FRS vertical do correr e
as variáveis: Fz
1
, o primeiro pico de força; Fz
min
, força mínima e Fz
2
,
o segundo pico de força ... 36
Figura 14 - Ilustração da rotina “LD” em ambiente matlab que representa a curva da FRS horizontal do andar
e correr e as variáveis: Fx
min,
equivalente ao pico de força de desaceleração, Fx
máx
equivalente ao
pico de força de aceleração........................................................................................................... 37
Figura 15 - Tempo de prática de atividade física dos sujeitos da parte 1 (n = 230)......................................... 40
Figura 16 - Tempo de prática de corrida dos sujeitos da parte 1 (n = 230) ..................................................... 41
Figura 17 - Volume semanal de corrida dos sujeitos da parte 1 (n = 230)....................................................... 41
Figura 18 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC) e Desigualdade (GD), e CV (%), lados
maior e menor durante o andar...................................................................................................... 50
Figura 19 - Curvas médias da FRS horizontal dos Grupos Controle (GC) e desigualdade (GD), e CV (%),
lados maior e menor durante o andar............................................................................................ 51
Figura 20 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC) e Desigualdade (GD) e CV (%), lados
maior e menor durante o correr ..................................................................................................... 53
Figura 21 - Curvas médias da FRS horizontal dos Grupos Controle (GC) e Desigualdade (GD) e CV (%),
lados maior e menor durante o correr............................................................................................53
Figura 22 - Curvas médias da FRS vertical do Grupo Desigualdade (GD), lado maior e menor, durante o
correr; As setas destacam as diferenças significativas.................................................................. 54
Figura 23 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC
2
) e Desigualdade (GD
2
), lados maior e
menor durante o andar; a seta destaca a diferença significativa................................................... 56
Figura 24 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC
2
) e Desigualdade (GD
2
), lados maior e
menor durante o correr; a seta destaca a diferença significativa encontrada................................ 57
Figura 25 - Curvas médias da FRS vertical do Grupo Desigualdade (GD
2
), lado maior e menor durante o
correr; as setas apontam as diferenças estatísticas significativas................................................. 58
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Média, desvio-padrão e as freqüências observadas das variáveis demográficas e clínicas dos sujeitos
avaliados na parte 1 (n=230) ......................................................................................................... 42
Tabela 2 - Médias, desvios-padrão das variáveis e freqüências demográficas e clínicas nos grupos com e sem
desigualdade na parte 1 do estudo................................................................................................ 43
Tabela 3 - Freqüências de desordens ortopédicas nos corredores do grupo desigualdade e no grupo sem
desigualdade entrevistados na parte 1 do estudo ......................................................................... 44
Tabela 4 - Médias, desvios-padrão das variáveis e freqüências demográficas e clínicas nos corredores com
volume semanal maior e menor que 20 Km (parte 1).................................................................... 45
Tabela 5 - Freqüências do número de desordens ortopédicas apresentadas pelos corredores com volume
semanal maior e menor que 20 Km (parte 1) ................................................................................ 45
Tabela 6 - Valores médios, desvios-padrão e valores de p das medidas clínicas (n=230), da medida radiográfica
(n=47), e das desigualdades absoluta e normalizada, entre os membros inferiores dos corredores
na parte 1 do estudo...................................................................................................................... 47
Tabela 7- Valores da correlação de Pearson e valores de p entre as medidas antropométricas clínicas e a
medida radiográfica de comprimento de MI, lado direito e lado esquerdo (n= 47)........................ 47
Tabela 8 - Valores das médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal durante
o andar no Grupo Desigualdade (GD) e no Grupo controle (GC).................................................. 50
Tabela 9 - Valores das médias, desvio padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absolutos das variáveis de
FRS vertical e horizontal durante o andar no Grupo Desigualdade (GD) e no grupo controle (GC)
....................................................................................................................................................... 51
Tabela 10 - Médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal durante o correr no
Grupo Desigualdade (GD) e no Grupo controle (GC).................................................................... 52
Tabela 11- Médias, desvio-padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absoluto das variáveis de FRS vertical
e horizontal durante o correr no Grupo Desigualdade (GD) e no grupo controle (GC) ................. 55
Tabela 12 - Médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal durante o andar .. 56
Tabela 13 - Médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal durante o correr.. 58
Tabela 14 - Médias, desvio-padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absoluto das variáveis de FRS vertical
e horizontal durante o andar nos grupos desigualdade (GD
2
) e controle (GC
2
)............................ 59
Tabela 15 - Médias, desvio-padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absoluto das variáveis de FRS vertical
e horizontal durante o correr nos grupos desigualdade (GD
2
) e controle (GC
2
)............................ 59
RESUMO
Pereira, C.S. Antropometria e Biomecânica comparativa da locomoção de corredores com e
sem desigualdade de comprimento de membros inferiores [dissertação]. São Paulo:
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo, SP; 2006.
Existe uma alta incidência de desigualdade de membros inferiores na população geral,
podendo ser do tipo estrutural, onde existe diferença no comprimento de estruturas ósseas,
ou funcional, como resultado de alterações mecânicas dos membros inferiores (MMII). A
desigualdade pode ainda ser classificada quanto a sua magnitude, sendo discreta, moderada,
ou grave. São muitos os métodos antropométricos utilizados para avaliar a desigualdade,
entre os mais usados estão os métodos clínicos, como o uso de fita métrica para medir a
distância entre duas saliências ósseas. Além destes, os métodos radiográficos também
podem ser usados, porém com menor freqüência devido ao custo elevado e exposição à
radiação. As desigualdades discretas têm sido associadas especificamente à fratura por
estresse, dor lombar e osteoartrite. Quando uma desigualdade está presente em indivíduos
cuja sobrecarga mecânica é acentuada pela sua prática profissional, diária ou recreativa,
estas desordens podem se manifestar precoce e gravemente. O objetivo deste estudo foi
comparar diversas medidas antropométricas de comprimento de MMII usadas na prática
clínica com a escanometria em corredores, e estudar a Força Reação do Solo durante a
marcha e a corrida de corredores com desigualdade estrutural discreta de membros
inferiores. Observou-se que a presença de desigualdade de membros inferiores foi associada
à maior incidência de sintomas nos quadris e joelhos nos corredores. As medidas clínicas
EIAS/MM (R=0,96; p=0,000), EIAS/ML (R=0,97; p=0,000), Crista/MM (R=0,95; p=0,000) e
Umbigo/MM (R=0,92; p=0,000) apresentaram alta correlação com a escanometria.
Entretanto, somente a medida clínica Umbigo/MM (0,8 ± 0,6 cm; 0,8 ± 0,5%) detectou
desigualdade absoluta e normalizada entre os membros semelhante à escanometria (0,6 ±
0,5 cm; 0,8 ± 0,6%). Observou-se que quanto maior a desigualdade, maior a sobrecarga em
ambos MMII, cargas estas capazes de causar em longo prazo desordens ortopédicas. Os
sujeitos com desigualdade de 0,5 a 2,0 cm, durante o andar, apresentaram no MI menor
maiores valores de Fz
min
(0,56 ± 0,08 PC); e maiores valores de Fz
2
e PO no MI menor
durante o correr (2,48 ± 0,22 PC; 17,18 ± 3,35 PC/s). E os sujeitos com desigualdade de 1,0
a 2,2 cm apresentaram no MI maior uma menor Taxa de Crescimento 1 (9,19 ± 1,49 PC/s)
em comparação ao controle (10,44 ± 1,72 PC/s) durante o andar; maiores valores de Fz
1
no
MI maior (1,70 ± 0,17 PC) em relação ao controle (1,57 ± 0,16PC), e ainda maiores valores
de Fz
2
e PO no MI menor (2,55 ± 0,22 PC; 17,07 ± 3,31 PC/s) durante o correr. No entanto,
os sujeitos com desigualdade discreta de membros inferiores apresentaram a marcha e a
corrida simétricas de acordo com os valores obtidos pelo Índice de Simetria Absoluto das
variáveis da FRS vertical e horizontal.
Descritores: Biomecânica, Antropometria, Corrida, Marcha, Desigualdade de membros
inferiores, Movimento (física).
SUMMARY
Pereira,CS. Comparative Anthropometry and Biomechanics of locomotion in runners with and
without structural leg length discrepancy [dissertation]. São Paulo: Faculty of Medicine,
University of São Paulo, SP (Brazil); 2006.
There is a high incidence of leg length discrepancy (LLD) in general population, which could
be structural, when the difference occurs in bone structures, or functional, as a result of
mechanical changes at the lower limbs. The discrepancy can also be classified by its
magnitude, being mild, intermediate, or severe. Many anthropometric methods are used to
evaluate discrepancy, however the most common are clinical methods, which use a tape to
measure the distance between two bone landmarks. Radiographic methods can also be used,
although they are characterized by high cost and radiation exposure. Mild LLD has been
associated with stress fractures, lower back pain and osteoarthritis. When the discrepancy
occurs in subjects whose mechanical loads are increased by their professional, daily or
recreational activities, these disorders might appear early and severely. The aim of this study
was to compare several anthropometric measurements of LLD used in clinical practice with
the scanogram in runners, and to study the ground reaction forces during gait and running in
runners with mild and structural LLD. Results demonstrated an association between LLD and
higher incidence of symptoms in runners' hips and knees. Clinical measures ASIS/MM
(R=0.96; p=0.000), ASIS/LM (R=0.97; p=0.000), Crest/MM (R=0.95; p=0.000) and
Umbilicus/MM (R=0.92; p=0.000) presented high correlation with scanogram. Although, only
the clinical measurement Umbilicus/MM (0.8 ± 0.6 cm; 0.8 ± 0.5%) detected absolute and
relative discrepancy between lower limbs similar to that detected with scanogram (0.6 ± 0.5
cm; 0.8 ± 0.6%). Results also showed that increasing discrepancy leads to overloads in both
lower limbs, which may lead to orthopedic disorders after extended periods. Subjects with mild
LLD of 0.5 to 2.0 cm presented higher values of Fz
min
(0.56 ± 0.08 BW) at the shorter limb
during gait, and higher values of Fz
2
and PO at the shorter limb (2.48 ± 0.22 BW; 17.18 ± 3.35
BW/s) during running. Subjects with mild discrepancy of 1.0 to 2.2 cm presented a smaller
rate of load 1 (9.19 ± 1.49 BW/s) at the longer limb during gait in comparison to control
subjects (10.44 ± 1.72 BW/s), and higher values of Fz
1
at the longer limb during running (1.70
± 0,17BW ) relative to control subjects (1.57 ± 0.16PC). Subjects with mild discrepancy also
showed higher values of Fz
2
and PO at the shorter limb (2.55 ± 0.22 BW; 17.07 ± 3.31 BW/s).
Nevertheless, subjects with mild LLD displayed symmetrical gait and running according to
values obtained by Absolute Symmetric Index of vertical and horizontal GRF variables.
Uniterms: Biomechanics, Anthropometry, Running, Gait, Leg Length Inequality, Motion
(Physics).
1
1. INTRODUÇÃO
Anisomelia é a condição na qual os membros se apresentam de forma assimétrica, e
quando isso ocorre nos membros inferiores (MMII) é chamada discrepância ou desigualdade
de membros inferiores (McCaw e Bates, 1991). Essa desigualdade de membros inferiores é
observada em 65 a 70% da população normal, e uma desigualdade discreta, inferior a 2,0
cm, afeta 1 em cada 1000 pessoas (Kaufman et al., 1996). De acordo com Hanada et al.
(2001), grande parte da população assintomática apresenta pelo menos uma discreta
desigualdade de membros inferiores. Os homens são mais acometidos que as mulheres em
uma razão de 1,95:1 em todas as idades (Guichet et al., 1991).
A desigualdade pode ser classificada como estrutural quando há uma diferença no
comprimento de estruturas ósseas (Langer, 1976; Gurney, 2002) ou funcional como resultado
de alterações mecânicas do membro inferior.
Os efeitos dessa desigualdade têm sido um assunto controverso na literatura há algum
tempo, assim como os seus vários métodos de medição, as intervenções apropriadas e as
lesões associadas. Nichols (1960) usou como parâmetro de medição a distância entre a
espinha ilíaca ântero-superior e a borda superior do maléolo medial. Gofton (1971) criticou
esta medida e afirmou que os métodos radiográficos são mais precisos, mas nem sempre
disponíveis na prática clínica, métodos estes como: ortoroentegenograma, escanometria,
radiografia digital computadorizada, ressonância nuclear magnética, tomografia
computadorizada e US tridimensional (Gurney, 2002).
2
A desigualdade de membros inferiores tem sido relacionada a uma série de desordens
musculoesqueléticas, mas os autores ainda não chegaram a uma magnitude consensual para
causar estas desordens.
Gofton (1985) cita que desigualdade de membros inferiores da ordem de 1,25 cm leva
a inclinação da borda superior do sacro com escoliose compensatória na coluna lombar.
Kaufman et al. (1996) descrevem que desigualdades superiores a 2,0 cm resultam em
assimetria da marcha se comparado com sujeitos sem desigualdades.
Dahl (1996) afirma que discrepâncias de 1,0 a 1,5 cm são comuns e geralmente não
causam qualquer desordem musculoesquelética ou sintoma, podendo não necessitar de
tratamento. Entretanto, o autor cita que escoliose estrutural, dor lombar, artrose lombar e
sacro ilíaca, degeneração do quadril do membro inferior maior, artrose fêmoro-patelar,
contratura em eqüino do pé, calosidades, aumento do consumo de energia durante a marcha
e distúrbios temporais e dinâmicos na marcha, podem estar associados à desigualdade de
membros inferiores.
Friberg (1983) apesar de assumir como clinicamente pouco significante uma
desigualdade menor que 0,5 cm, observou uma associação desta pequena diferença com dor
lombar e dor no quadril. Song et al (1997) observaram que em presença de desigualdade de
5,5% do MI maior os sujeitos adotam estratégias compensatórias dinâmicas e estáticas como
posicionamento em eqüino do membro inferior menor, saltito do membro inferior maior,
aumento da flexão e circundução do membro inferior maior.
Schuit et al. (1989), Sutherland (1995) e Kaufman et al. (1996) observaram que a
marcha de sujeitos com desigualdade de membros inferiores apresenta uma característica
claudicação que está associada à diminuição do tempo de apoio no lado menor, diminuição
da velocidade, aumento da cadência e diminuição no comprimento do passo no lado menor.
3
O tratamento da desigualdade de membros inferiores vai desde o uso de palmilhas ou
calços nos calçados a técnicas cirúrgicas de alongamento ou encurtamento do membro,
variando de acordo com a magnitude da desigualdade (Gurney, 2002).
São muitos os métodos utilizados para quantificar uma desigualdade de membros
inferiores, no entanto, ainda permanece a dúvida sobre qual método clínico é o mais preciso
e acurado em relação aos métodos radiográficos. Vários estudos têm investigado os efeitos
da desigualdade nas lesões ortopédicas, no entanto pouco se discutiu a respeito das
desigualdades discretas (inferiores a 3,0 cm), que muitas vezes são tidas como normais.
Acredita-se ser de extrema importância estudar algumas medidas clínicas amplamente
utilizadas na prática clínica na tentativa de determinar se estas são ou não ferramentas
eficientes para medir a desigualdade de membros inferiores, e analisar os efeitos dessas
desigualdades discretas em sujeitos praticantes de corrida, uma vez que estes sofrem alta
sobrecarga em seu aparelho locomotor devido a rotina cíclica e intensa de treinamento.
Parte-se da premissa que os métodos clínicos atualmente utilizados para detectar
desigualdade de membros inferiores são precisos em quantificar estas desigualdades já que
são amplamente descritos na literatura e utilizados na clínica, e que desigualdades discretas
podem ser capazes de causar algum tipo de desordem nos padrões dinâmicos da locomoção
e, cronicamente, nas estruturas do aparelho locomotor.
Diante disso, buscou-se investigar métodos de avaliação dessa desigualdade de
membros inferiores e verificar se indivíduos com desigualdade discreta de membros inferiores
adotam mecanismos compensatórios biomecânicos de forma a minimizar as sobrecargas
advindas das desigualdades de membros inferiores.
4
2. OBJETIVOS
Considerando que o presente trabalho busca responder problemas científicos de
naturezas diferentes, optou-se por dividi-lo em duas partes, sendo a primeira parte referente
ao estudo dos métodos de medição da desigualdade de membros inferiores, e a segunda
parte, ao estudo da biomecânica da locomoção de corredores com desigualdade estrutural
discreta de membros inferiores.
2.1 Objetivos da Parte 1
Geral
- Estudar a validade de quatro medidas antropométricas clínicas de comprimento de
membro inferior, bem como as desigualdades detectadas por elas, utilizando a medida
radiográfica da escanometria como teste ouro em corredores de média e longa distância.
Específicos
- Identificar os principais sintomas e lesões existentes em corredores de média e longa
distância com e sem desigualdade de membros inferiores;
- Avaliar o comprimento dos membros inferiores e as desigualdades entre os membros de
corredores de média e longa distância e comparar quatro medidas antropométricas
clínicas: distância linear entre espinha ilíaca ântero-superior e o maléolo medial; distância
linear entre espinha ilíaca ântero-superior (EIAS) e o maléolo lateral; distância linear entre
crista ilíaca e maléolo medial; distância linear entre cicatriz umbilical e o maléolo medial
5
- Avaliar, comparar e correlacionar o comprimento dos MMII, e as desigualdades entre os
membros, detectados pelas medidas antropométricas clínicas e pela escanometria em
corredores de média e longa distância.
2.2 Objetivos da Parte 2
Geral
- Verificar o efeito das desigualdades discretas de membros inferiores em corredores de
média e longa distância no comportamento da força reação do solo e suas variáveis
relacionadas durante a locomoção.
Específicos
- Avaliar e comparar as variáveis da Força Reação do Solo vertical e horizontal durante a
marcha e a corrida entre corredores com e sem desigualdade discreta de membros
inferiores;
- Avaliar e comparar as variáveis da Força Reação do Solo vertical e horizontal durante a
marcha e a corrida entre o lado maior e o menor de corredores com desigualdade
discreta de membros inferiores.
6
3. REVISÃO E ATUALIZAÇÃO DA LITERATURA
3.1. Etiologia da desigualdade de membros inferiores e patologias associadas
A discrepância ou desigualdade de membro inferior pode ser dividida em dois grupos
etiológicos: discrepância anatômica ou estrutural e discrepância funcional (Langer, 1976;
Eichler, 1977; Song et al., 1997). Na desigualdade estrutural de membros inferiores, também
conhecida como desigualdade verdadeira, há uma diferença no comprimento de estruturas
ósseas, podendo ser congênita ou adquirida (Langer, 1976; Gurney, 2002). A funcional pode
ocorrer devida uma rotação da pelve causada por rigidez articular e/ou mau alinhamento
axial, incluindo escoliose (Eichler, 1977),
ou ainda como resultado de alterações mecânicas
do membro inferior (MI), tais como fraqueza muscular, pronação ou supinação de um pé em
relação ao outro, encurtamento dos adutores /abdutores do quadril (Gurney, 2002). Neely
(1998) cita ainda uma terceira classificação – a desigualdade ambiental - freqüentemente
causada por inclinação da via durante a corrida.
A desigualdade de membros inferiores tanto anatômica quanto funcional pode ainda
ser subdividida em 3 categorias baseadas em sua magnitude: discreta = inferior a 3,0 cm;
moderada = entre 3,0 e 6,0 cm e grave = maior que 6,0 cm, segundo Reid e Smith (1984), e
White et al. (2004).
Para Nichols (1960), MMII com desigualdade entre si de causa idiopática ocorrem em
aproximadamente 7% da população sem causar desordens musculoesqueléticas. Em
crianças, desigualdades de 1,0 a 1,5 cm são comuns e geralmente não causam qualquer
desordem ou sintoma podendo não necessitar de tratamento (Amstutz e Sakai, 1978; Dahl,
7
1996). Siffert (1987) acredita que desigualdades da ordem de 1,0 a 2,5 cm são raramente
sintomáticas. E Gofton (1985) afirma que desigualdade dos membros inferiores de 1,25 cm já
leva a uma inclinação lateral da borda superior do sacro da ordem de 4° com escoliose
compensatória da lombar, onde o esforço ou estresse persistente em estruturas como
ligamentos e músculos podem levar a dor. Para este autor é rara a dor nas costas estar
associada com desigualdades inferiores a 0,9 cm.
Desigualdades maiores que 2,0 cm chamam a atenção de ortopedistas porque são
pouco toleradas pelos pacientes que demonstram anormalidades de marcha e podem
desenvolver deformidades progressivas de coluna. Esses problemas secundários são mais
importantes com o aumento da desigualdade (Guichet et al., 1991; Neely, 1998). Entretanto,
Siffert (1987) e Dahl (1996) atestam que quanto maior for a estatura do paciente mais bem
tolerada será a desigualdade de membros inferiores.
Dahl (1996) e Hanada et al. (2001) afirmam que uma magnitude suficiente de
desigualdade de membros inferiores pode levar a um número grande de problemas incluindo:
aumento de energia dispendida na marcha, contratura em eqüino do tornozelo no MI menor,
artrite de quadril e joelho no MI maior, artrose fêmoro-patelar, artrose lombar e sacro ilíaca,
dor lombar, escoliose compensatória, calosidades, e distúrbios de marcha. Shuit et al. (1989),
citam que uma inclinação para baixo da pelve ipsilateral ao MI menor e flexão do joelho
contralateral, com intuito de equalizar os MMII, diminuem o desvio do centro de gravidade e
reduzem o gasto energético. Para Mann et al. (1984) uma desigualdade de membros
inferiores pode levar a atrofia muscular, antepé varo, genu valgum, fratura por estresse na
tíbia, fêmur ou pelve geralmente no MI menor, rotação lateral do MI menor, pinçamento lateral
no joelho, tendinite da banda iliotibial, e ainda subluxação patelar. Giles e Taylor (1981)
acrescentam ainda que pode ocorrer um desequilíbrio muscular por todo o membro inferior e
8
tronco, e dificuldades psicológicas associadas às conseqüências estéticas da deformidade
postural. Fann (2003) acredita que uma dor miofascial pode surgir devido à assimetria
postural causada pela obliqüidade pélvica, por desigualdade de membros inferiores. Essa
assimetria postural pode impor desvantagens mecânicas e aumentar o estresse no sistema
musculoesquelético.
Nichols (1960) encontrou desigualdades de 1,25 cm ou mais em 22% dos 180
pacientes com dor lombar por ele estudados. Para este autor a presença desta desigualdade
pode estar associada à dor lombar, ou dores no MI menor, sendo que para ele a dor lombar
aparece no final da adolescência ou no início da fase adulta. Korpelainen (2001) atesta que a
origem das fraturas por estresse tanto em atletas como em recrutas militares é suposta na
maioria dos casos como sendo biomecânica, com as forças que excederam os limites críticos
agindo em um elemento do sistema locomotor, e cita que fraturas por estresse ocorrem com
a mesma freqüência tanto no MI maior quanto no MI menor e são bastante freqüentes nos
pés e pernas.
Helliwell (1985) discute que as alterações mais encontradas associadas à
desigualdade são escoliose e inclinação pélvica, sendo que ambos podem levar a dor lombar
crônica. Em seu estudo acompanhou 18 pacientes com desigualdade de MMII superior a 2,0
cm e observou que após o uso de calços permanentes nos calçados por pelo menos 3 meses
o sintoma de dor lombar desapareceu ou melhorou em 89% dos casos. Assim, para este
autor, a desigualdade de membros inferiores é uma causa facilmente corrigível e prontamente
identificável de dor lombar crônica, devendo-se, portanto medir os MMII dos pacientes com
dor nas costas.
Moseley (1990) e Menelaus (1991) sugerem como tratamento a equalização dos
membros pelo uso de palmilhas ou calços, ou ainda cirurgias para encurtar ou alongar o
9
membro dos sujeitos com desigualdade. Estes autores observaram que sujeitos com
desigualdade de membros inferiores andam com uma claudicação característica e podem
apresentar dor lombar.
No entanto, Gross (1983), após avaliar o uso de calços em corredores com
desigualdade de membros inferiores concluiu que desigualdades discretas inferiores a 2,5 cm
não pareceram prejudicar as atividades desses corredores, e que o uso de calços não
mostrou ser eficiente.
Hanada et al. (2001) observou uma maior prevalência de desigualdade de MMII em
pacientes com dor lombar crônica do que sem ela. Essas assimetrias são dadas como fator
contribuinte para o surgimento de dor lombar crônica e, mesmo que a prevalência de
desigualdade seja maior nesses sujeitos, nem todos os indivíduos com desigualdade ou
obliqüidade pélvica apresentaram sintomas dolorosos. Já Biering (1984) concluiu que embora
um número alto de pessoas com história de dor lombar apresente desigualdade de membros
inferiores, em seu estudo a desigualdade não foi um fator predisponente para dor lombar em
um ano.
Heilig (1978) cita que a desigualdade de membros inferiores ou desproporção na
estrutura pélvica, não importando a origem, pode afetar o equilíbrio postural, produzir
alterações desconfortáveis na coluna, e predispor o sujeito à lesões complexas,alterando os
“inputs” e “outputs” neurais. Além disso, atesta que é comum ocorrer aumento da lordose
lombar em indivíduos com desigualdade de membros inferiores, o que pode levar ao
encurtamento do músculo psoas, resultando em um torque flexor maior e uma maior tensão
nos músculos extensores. As estratégias compensatórias dinâmicas e estáticas utilizadas
pelos pacientes na tentativa de igualar os MMII podem ser: posicionamento em eqüino do MI
menor, saltito do MI maior, aumento da flexão e circundução do MI maior (Song et al., 1997).
10
Para os pacientes mais suscetíveis ao estresse da assimetria postural, um adequado
realinhamento da pelve deve restaurar a simetria biomecânica, reduzindo a tensão muscular
conseguindo reduzir ou eliminar a dor na região lombar (Hanada et al., 2001).
Contradizendo alguns estudos até então discutidos, McCaw e Bates (1991), e Petrone
(2003) concluíram que desigualdades discretas têm sido associadas especificamente a 3
desordens ortopédicas: fraturas por estresse, dor lombar e osteoartrite. Além disso, Mahar e
Macleod (1985) ao simular uma desigualdade inferior a 1,0 cm observaram que este valor já
pode levar a uma mudança da principal posição do centro de pressão e a um aumento do
desequilíbrio postural em bipedestação estática.
Brunet et al. (1990), após analisar 1505 questionários respondidos por corredores,
detectaram que os desequilíbrios biomecânicos como a desigualdade de membros inferiores,
parecem ser um dos maiores contribuintes para a ocorrência de lesões na corrida. Os autores
observaram ainda um aumento significante no número de fraturas por estresse, dor lombar,
dor no quadril, e problemas discais ou vertebrais em corredores com desigualdade de
membros inferiores de até 1,25 cm ou maior que 1,25 cm. Amadio e Duarte (1997)
descrevem que a magnitude da força vertical pode atingir de 2 a 4 vezes o peso corporal,
para corridas recreativas e de velocidade respectivamente. Estes autores citam ainda uma
diminuição do tempo de apoio em relação ao andar de 600 para cerca de 200ms levando a
uma maior carga mecânica imposta ao aparelho locomotor durante a corrida em relação ao
andar.
3.2. Métodos de avaliação da desigualdade de membros inferiores
11
São vários os métodos descritos na literatura para avaliar a desigualdade de membros
inferiores, incluindo as mais diversas medidas clínicas, que podem ser realizadas na clínica
de maneira rápida sem custo adicional ou exposição à radiação, ou ainda medidas
radiográficas mais precisas, no entanto expõem os sujeitos à radiação, além de apresentar
um custo elevado.
Nichols e Bailey (1955) destacaram que a medida feita da EIAS à ponta do maléolo
medial (Figura 1), com a fita métrica passando uniformemente na borda medial da patela
garantindo que os joelhos do paciente se encontrem em extensão e o tornozelo devidamente
encostado na maca, podem ser aceitas como ferramenta diagnóstica para desigualdades de
1,25 cm ou mais, porém para desigualdades menores que 1,25 cm, esta ferramenta não é
confiável a menos que baseada na média de 4 medidas, por meio de 4 examinadores.
Figura 1 - Ilustração do método clínico que utiliza a distância compreendida entre EIAS e
maléolo medial para obter o comprimento do MI
Gogia e Braatz (1996) compararam a medida entre a EIAS ao maléolo medial com a
escanometria e constataram que o uso da fita métrica é válido, preciso e seguro, desde que
as medidas sejam repetidas por vários avaliadores.
12
Dahl (1996) descreve que o exame clínico para detectar desigualdades de membros
inferiores deve ser feito com o paciente em pé, observando-o no plano frontal anterior e
posterior pela altura dos quadris, joelhos e pés, e então se colocam blocos de 1,0 cm sob o
MI menor até nivelar a crista ilíaca e o tronco. Se a escoliose desaparecer é resultado de uma
desigualdade de membros inferiores, e a medida verdadeira da desigualdade é feita com o
paciente em supino, usando como parâmetro a crista ilíaca anterior e a borda inferior do
maléolo medial, tal como descreveu Nichols (1960). Helliwell (1985) em seu estudo, também
utilizou o método que utiliza como marcas ósseas a crista ilíaca anterior e o maléolo medial
para medir o comprimento dos MMII.
Hoppenfeld (1997) descreve que a uma medida real dos MMII é a distância
compreendida entre a EIAS e o maléolo medial, tal como descreveram Nichols (1960) e Dahl
(1996), entretanto, a palpação das EIAS pode ser desconfortável para alguns sujeitos. Com
este método pode-se determinar se a desigualdade é devido à tíbia ou ao fêmur,
posicionando o paciente em decúbito dorsal com os membros flexionados a 90° e os pés
apoiados na mesa, se um dos joelhos se mostrar mais alto que o outro, a tíbia deste membro
será maior, e se um dos joelhos se projeta mais à frente em relação ao outro, o fêmur será
maior. Este autor cita ainda uma medida aparente realizada com o paciente em decúbito
dorsal e MMII em posição neutra, como sendo a distância entre a cicatriz umbilical e o
maléolo medial, pois uma desigualdade aparente pode estar presente como resultado de uma
obliqüidade pélvica ou deformidade em flexão ou adução da articulação do quadril, e com
esta medida esta obliqüidade não seria levada em consideração.
Woerman e Binder-Macleod (1984) após testarem a precisão e a exatidão de cinco
métodos clínicos que avaliam desigualdade de comprimento de membros inferiores
encontraram que dentre os métodos indiretos, o método que utiliza blocos em baixo do
13
calcanhar do MI menor do sujeito, com o mesmo em posição ortostática, se mostrou ser o
mais preciso e acurado, e dentre os métodos diretos, ou seja, métodos que utilizam uma fita
métrica para medir a distância entre duas marcas anatômicas, a técnica mais precisa e
acurada foi a que utiliza a EIAS e o maléolo lateral.
Uma maneira de avaliar desigualdade funcional de membros inferiores causada por
obliqüidade pélvica é o teste Wilson Barstow (Nadler et al., 1998), muito usado em avaliação
osteopática normal. O paciente é posicionado em supino e mantém os quadris e joelhos
flexionados enquanto mantém seus pés sobre a mesa, então é instruído a elevar as nádegas
da mesa até que as coxas estejam alinhadas com o tronco e quadris. A altura dos maléolos é
comparada lado a lado, e qualquer elevação de um lado comparado ao outro em dois testes
consecutivos é considerado positivo.
Gofton (1971) critica a medida padrão, feita com fita métrica, entre espinha ilíaca
antero superior e maléolos, pois acredita que pequenos graus de desigualdade são
facilmente mascarados e que o efeito total da desigualdade é absorvido pelos quadris e
pelve. Cita que os métodos radiográficos são mais precisos, mas nem sempre disponíveis na
prática clínica. Este autor utilizou o método da colocação de blocos com determinadas
espessuras sob os MMII menores para avaliar a desigualdade de membros inferiores. O
paciente se posiciona em pé, olhando para frente, com os pés em paralelo sobre um degrau,
joelhos em extensão e pelve alinhada dividindo o peso entre os pés, o examinador se
posiciona atrás do paciente. Se uma desigualdade significante estivesse presente poderiam
ocorrer 3 possibilidades: a) uma saliência lateral na porção proximal da coxa do MI maior; b)
escoliose; c) as mãos do examinador que estavam sobre as cristas ilíacas do paciente
apresentariam alturas diferentes. O próximo passo era a colocação de blocos com espessura
apropriada embaixo do pé do possível membro menor e então se observava as 3 etapas
14
descritas anteriormente (Figura 2). Com os blocos, as coxas apareceriam simétricas, a coluna
alinhada e as mãos do examinador niveladas. O último passo do exame era a colocação dos
blocos no possível MI maior, e ter certeza que as 3 observações anteriores apareceriam
agora de forma exagerada. A espessura do bloco que levou à simetria da pelve era a
indicação da quantia de desigualdade presente.
Figura 2 - A. presença de desigualdade de membros inferiores causando desnivelamento da
pelve. B. Utilização de blocos com espessuras definidas sob o MI menor com
conseqüente nivelamento da altura das cristas ilíacas (Song et al., 1997)
Gurney (2002) descreveu 3 métodos radiográficos para medir a desigualdade de
membros inferiores que são: a) ortoroentegenograma que envolve uma única exposição dos
MMII incluindo quadris e tornozelos, mas está sujeito a distorção da imagem; b) escanometria
que usa 3 exposições, uma para os quadris, uma para os joelhos e uma para os tornozelos,
anulando dessa forma o erro de ampliação mas aumentando o tempo de execução, o custo e
a exposição à radiação; e c) radiografia digital computadorizada que minimiza a exposição à
radiação, reduz os erros matemáticos e é precisa até mesmo em presença de deformidade
angular. Este autor cita ainda que ultra-som tridimensional, ressonância nuclear magnética, e
15
tomografia computadorizada também podem ser utilizados para determinar o comprimento
dos MMII.
Song et al. (1997) compararam o uso de blocos, fita métrica para medir a distância
linear entre a EIAS e o maléolo medial, e o ortoroentegenograma, e não encontraram
diferença percentual entre o comprimento dos membros menor e maior em todos os métodos
utilizados.
Mann et al. (1984) utilizaram o método de palpação e observação da altura das cristas
ilíacas na posição ortostática para detectar diferença na altura das cristas ilíacas. Esta altura
pode ser classificada como igual, baixa do lado esquerdo, ou baixa do lado direito. Dez
sujeitos foram analisados duas vezes por 11 avaliadores. Os avaliadores foram divididos em
3 grupos pelo tipo de experiência, sendo um grupo formado por estudantes de fisioterapia,
outro por fisioterapeutas com experiência clínica em reabilitação, e um grupo de
fisioterapeutas com experiência clínica em ortopedia. Devido a alta variabilidade dos dados
obtidos os autores concluíram que este método não apresentou uma alta confiabilidade.
Hanada et al. (2001) avaliaram se a desigualdade era significante pela palpação das
cristas ilíacas; se esta pareceu clinicamente significante, a extensão da desigualdade era
então medida por meio da sua correção com um livro (técnica “Iliac Crest Palpation and Book
Correction” - ICPBC). O livro era aberto e colocado embaixo do pé do membro menor até que
as cristas estivessem niveladas por palpação. O livro era removido, as páginas eram
firmemente comprimidas e essa “correção” da desigualdade era medida. Radiografias eram
feitas para detectar se as EIAS estavam niveladas. A técnica ICPBC é fidedigna, segura e
moderadamente válida. O componente ICP (“Iliac Crest Palpation” – palpação da crista ilíaca)
do teste foi usado para detecção do comprimento dos MMII e o componente BC (“Book
Correction”, correção pelo livro) para quantificar a desigualdade entre os membros (Figura 3).
16
Figura 3 - A. Componente ICP; B. Componente book correction (Hanada et al., 2001)
Recentemente o “Palpation Meter” (PALM) (Medidor de Palpação) foi desenvolvido
para medir desigualdade de membros inferiores na posição em pé (Petrone, 2003). O PALM
(Figura 4), um instrumento fidedigno, válido e preciso para medir diferença na altura da crista
ilíaca em qualquer sujeito, palpa a parte mais superior da crista ilíaca. A distância da cabeça
do calibrador é lida a partir do milímetro mais próximo, enquanto que o ângulo de inclinação é
lido a partir do grau mais próximo. A diferença entre a altura das cristas é calculada pela
calculadora do PALM. É importante reconhecer que medida da desigualdade pelo método
PALM é uma estimativa indireta de uma desigualdade verdadeira (Petrone, 2003).
Figura 4 - Ilustração do “Palpation Meter” – PALM (Orthentics, 2005)
17
Biering (1984) destacou que muitas técnicas têm sido usadas para medir o
comprimento dos MMII, incluindo fita métrica e radiografias, mas que a maioria dos estudos
avalia a desigualdade de membros inferiores estaticamente, podendo falhar em detectar
aquelas desigualdades que podem ser totalmente compensadas, porém podem se manifestar
em avaliações dinâmicas como na avaliação da marcha.
É importante observar ainda que a maioria dos métodos descritos na literatura
despreza possíveis alterações nos pés, e a maioria desses métodos é utilizada para aferir o
comprimento dos MMII e não a desigualdade existente entre os membros. Por meio destas
medidas de comprimento a desigualdade pode ser obtida de maneira indireta, uma vez que
se faz necessária a realização de um cálculo matemático para se obter a desigualdade entre
os membros. A exceção fica por conta do método que utiliza blocos com espessuras pré-
definidas, ou o método da correção pelo uso de livro, que além de levar em consideração os
pés, têm como objetivo detectar a desigualdade entre os membros.
3.3. Métodos de medição em biomecânica para avaliar desigualdade de membros
inferiores
A avaliação da Força Reação do Solo (FRS) pode fornecer uma medida indireta da
magnitude e razão de cargas aplicadas na extremidade inferior durante atividades de suporte
de carga (Bassey et al., 1997), e estas medidas feitas durante habilidades de locomoção, por
serem objetivas, podem refletir diferenças cinemáticas dos MMII, e podem ainda servir como
parâmetros para investigar assimetrias entre membros (Herzog et al.,1989).
Para Kaufman et al. (1996), o exame estático pode documentar uma deformidade
anatômica que pode ser parcialmente ou totalmente compensada pelas adaptações
18
funcionais dinâmicas, só sendo possível discriminar entre desigualdade funcional ou
estrutural de membros inferiores por meio da análise biomecânica da marcha. Os autores
avaliaram o tempo de apoio simples durante a marcha, o primeiro e o segundo pico da força
vertical e a taxa de carga e descarga da FRS componente vertical em 20 crianças com idade
média de 9 anos com desigualdade de membros inferiores detectada por meio da
escanometria e observaram assimetrias na marcha. Foi utilizada análise de regressão linear
para relacionar desigualdade de membros inferiores e assimetrias nos parâmetros
biomecânicos da marcha. Os autores concluíram que houve uma boa relação entre a quantia
de assimetria de cada parâmetro da marcha e a desigualdade de membros inferiores, e que
quanto maior a desigualdade entre os membros, maior foi o grau de assimetria na marcha.
Quarenta e cinco a 70% da variação na assimetria da marcha foi explicada pela variação no
comprimento do membro, sendo que discrepâncias de 2,0 cm (1,1 – 3,2 cm) e
percentualmente 3,7 % (2,2 – 5,1%) resultaram em assimetrias
de marcha acima do padrão
normal.
O Índice de simetria de variáveis biomecânicas pode ser um dos métodos para se
avaliar padrões de marcha em pacientes com desigualdade, pois ajuda a estimar a amplitude
aceitável de diferença e determinar simetrias nas variáveis antes e depois da correção da
desigualdade.
Robinson et al. (1987), propuseram o Índice de simetria, de acordo com a seguinte
fórmula:
()
%100.
2
1
ED
ED
XX
XX
IS
+
=
19
onde IS é o índice de simetria, X
D
é a variável de marcha para o membro inferior direito e X
E
a
correspondente variável para o membro inferior esquerdo (Robinson et al., 1987; Herzog et
al., 1989; Zifchock et. al., 2005).
Esta definição de índice de simetria (IS) pode ser usada para medidas de variáveis da
locomoção tanto cinemáticas quanto cinéticas. O valor do índice igual a zero indica que não
há diferença entre as variáveis para o lado direito e esquerdo e, portanto, há uma perfeita
simetria na locomoção. Um valor positivo do índice indica que a magnitude do membro direito
é maior que a do membro esquerdo; um valor negativo do índice indica que a magnitude do
membro direito é menor que a magnitude do membro esquerdo.
Karamanidis et al. (2003) atestam que embora a equação descrita por Robinson et al.
(1987) seja útil, possivelmente não demonstra a real simetria dos indivíduos pertencentes a
um determinado grupo, uma vez que se metade dos sujeitos apresentarem um IS de - 10% e
a outra metade de + 10%, o valor médio do índice para este grupo será zero. Por conta disso,
esses autores sugeriram um IS modificado chamado índice de simetria absoluto (ISA) e
descrito pela seguinte equação:
()
%100.
2
1
//
ED
ED
XX
XX
ISA
+
=
Um valor de ISA igual a zero indica que as variáveis que foram mensuradas X
D
e X
E
foram idênticas, e dessa forma, que houve uma perfeita simetria no movimento.
White et al. (2004) calculou IS das forças de reação do solo componente vertical
observadas durante o andar em uma esteira rolante com 2 plataformas de força em uma
velocidade que variou de 1,3 a 1,5 m/s, e comparou esses valores entre os grupos
desigualdade de membros inferiores verdadeira (desigualdade anatômica de 1,0 – 3,0 cm),
grupo saudável (sem desigualdade ou desigualdade inferior a 0,5 cm), e o grupo com
desigualdade de membros inferiores simulada (membro inferior esquerdo elevado em 1,31
20
cm). Os autores analisaram os índices de simetria para as variáveis: primeiro pico de força
(Fz
1
), taxa de crescimento 1, a qual é definida pela razão entre Fz
1
e o tempo para atingir Fz
1
(TCz
1
), segundo pico de força ou pico de impulsão (Fz
2
), e a taxa de propulsão, a qual é
definida pela razão entre Fz
2
e o tempo da ocorrência de Fz
2
até a retirada do pé (TP).
Observaram assimetrias em três das quatro medidas para o grupo com desigualdade
verdadeira em relação ao grupo saudável (Fz
1
, TCz
1
e Fz
2
), sendo que foram observados
maiores valores no MI menor. Os autores concluíram que desigualdades maiores que 1,0 cm
resultam em assimetrias de cargas verticais, e que de maneira geral o MI menor, tanto no
grupo desigualdade simulada quanto no grupo desigualdade verdadeira, apresentou maiores
cargas e maiores taxas, com exceção para a taxa de propulsão que foi maior no MI maior do
grupo desigualdade verdadeira.
McCrory et al. (2001) após analisar as variáveis: Fz
1
, porcentagem do ciclo que
ocorreu o primeiro pico de força; Fz
2
, porcentagem do ciclo que ocorreu o segundo pico de
força, TCz
1
; Taxa de propulsão
TP, Impulso da força vertical; e tempo de apoio da FRS no pré
e pós-operatório de sujeitos com artroplastia de quadril, observaram que a TCz
1
foi o
parâmetro mais sensível para medir assimetrias em MMII.
Schuit et al. (1989), Sutherland (1995) e Kaufman et al. (1996) observaram uma
característica claudicação em sujeitos com desigualdade de membros inferiores e discutiram
que isto poderia estar associado à diminuição do tempo de apoio no lado menor, diminuição
da velocidade do andar, aumento da cadência e diminuição no comprimento do passo no lado
menor.
Song et al. (1997) avaliaram em 35 crianças com idade média de 13 anos a amplitude
de movimento articular em todos os planos, a cinemática de quadris, joelhos e tornozelos
durante a marcha nos planos sagital e frontal, os torques isocinéticos de MMII, e as medidas
21
antropométricas de MMII comparadas ao ortoroentegenograma com objetivo de analisar os
mecanismos compensatórios adotados durante a marcha na presença de desigualdade de
membros inferiores. A medida da discrepância foi feita por meio de 3 técnicas: a)
ortoroentegenograma, b) com o uso de blocos embaixo do MI menor, c) e com fita métrica
medindo a distância entre a espinha ilíaca ântero-superior e o maléolo medial. Quando a
desigualdade entre os MMII foi de 5,5%, as crianças andavam na ponta dos pés, levando a
um maior trabalho mecânico pelo MI maior, e maior deslocamento vertical do centro de
gravidade se comparado com crianças sem desigualdades. O trabalho mecânico total para
estes autores foi a medida das contrações musculares concêntricas e excêntricas que
atuaram na articulação, avaliadas no teste isocinético.
Liu et al. (1998) estudaram 30 jovens com idade média de 14 anos que apresentavam
desigualdade de membros inferiores de 0,9 a 4,7 cm. Através dos resultados da análise de
regressão linear, os autores mostraram que desigualdades de 2,33 cm levavam a uma
marcha simétrica normal. Concluíram que pacientes com desigualdade de membros inferiores
adotavam mecanismos compensatórios como uma maior extensão do joelho ou quadril no MI
menor na tentativa de corrigir a desigualdade, e questionaram o uso de calços e os seus
efeitos na simetria da marcha uma vez que é difícil determinar a altura exata do calço para
gerar uma simetria total.
Cahalan et al. (1992) analisaram as variáveis de FRS em 100 sujeitos normais. Os
autores sugeriram que não existe diferença estatisticamente significante na marcha de
sujeitos normais com exceção para o tempo de apoio do MI direito, maior, em relação ao MI
esquerdo, no entanto, os autores questionaram o quanto essa diferença de duração do apoio
poderia ser clinicamente relevante.
22
Bhave et al. (1999), em um estudo prospectivo, realizaram a análise da marcha no pré
e pós-operatório de alongamento de membro de 18 sujeitos com idade média de 24 anos, e
desigualdades de 4,9 cm em média avaliadas por meio de radiografias, e compararam os
resultados com um grupo controle composto por 20 sujeitos. As variáveis analisadas na fase
de apoio foram: Fz
2
e TCz
2
. Os autores observaram uma assimetria significante na fase de
apoio da marcha de pacientes com desigualdade moderada de membros inferiores,
assimetria esta que foi eliminada após a cirurgia de alongamento de membro realizada para
equalizar os MMII, e um alívio nos sintomas de dor lombar após o uso de calços nos
calçados, também em função da correção da desigualdade.
Vink e Huson (1987) avaliaram o tempo de trote, ângulo de rotação pélvica e atividade
dos músculos lombares durante o andar de 20 sujeitos sem história de dor lombar com
desigualdade artificial de membros inferiores (de 1,0 a 4,0 cm). Os autores observaram que
sujeitos com desigualdade artificial maior do que 2,0 cm apresentaram uma maior duração da
fase de balanço e uma diminuição da fase de apoio em ambos os MMII em comparação ao
grupo sem desigualdade. Também observaram que a desigualdade de membros inferiores
causou inclinação pélvica durante a posição ereta, entretanto durante o andar a influência de
uma desigualdade artificial na inclinação pélvica é pequena se comparado com a posição
estática. Dessa forma, a hipótese de que o andar na presença de desigualdades produz dor
lombar causada por inclinação pélvica não se confirmou. No entanto, a previsão de que a
atividade muscular lombar aumentaria no momento do toque do calcanhar do membro maior
no solo se confirmou. Com o membro elevado em 3,0 cm ou mais, o tempo de atividade
muscular no momento do toque do calcanhar aumentou de maneira significante em 83,5%
dos eletrodos colocados nos sujeitos.
23
4. CASUÍSTICA E MÉTODOS
Conforme descrito nos objetivos, este estudo foi composto por duas partes. Este
capítulo seguirá esta mesma lógica na apresentação da casuística, métodos e materiais
utilizados em cada parte do estudo.
4.1. Casuística
Para a primeira parte do estudo correspondente à avaliação antropométrica clínica de
MMII, o design de amostragem foi não probabilístico, por conglomerados totalizando um n de
230 corredores. Ainda para a primeira parte do estudo, mas agora correspondente à
avaliação radiográfica, a amostragem foi probabilística dentro da amostra avaliada
clinicamente e totalizou um n de 47 corredores. Para a segunda parte do estudo, todos os
sujeitos da sub-amostra radiográfica (n=47) foram convidados a participar, mas 13 desistiram
de continuar, com isso chegou-se a um n de 34 corredores dentre os quais 22 com
desigualdades maiores que 0,5 cm e 12 com desigualdades menores que 0,5 cm baseado
em Friberg (1983).
Os sujeitos avaliados eram todos praticantes de corrida por pelo menos três vezes por
semana há no mínimo um ano, de ambos os sexos, voluntários, assintomáticos, sem
presença de qualquer lesão musculoesquelética que os tenha afastado de suas práticas
esportivas há pelo menos seis meses, com idades entre 18 e 45 anos.
Os conglomerados para a primeira parte do estudo foram formados por duas grandes
instituições que organizam corredores e pessoas fisicamente ativas, e também por grupos de
24
corredores que participam regularmente de provas de rua na cidade de São Paulo. As duas
instituições foram: o Centro de treinamento do Grupo Pão de Açúcar "PA Club" e a Escola de
Educação Física da Polícia Militar de São Paulo. Após apresentação dos objetivos do projeto,
ambas instituições disponibilizaram seus atletas e alunos para participarem do presente
estudo. Inicialmente, os corredores foram informados dos objetivos do projeto e foram
instruídos a permitir sua participação no estudo por meio de um termo de consentimento
aprovado pela CAPPesq HCFMUSP tanto para a parte 1 quanto para a parte 2 do projeto
(ANEXOS 1 e 2).
Dentre os 230 corredores da primeira parte do estudo, os que apresentaram
desigualdade de membros inferiores igual ou superior a 1,0 cm em pelo menos uma das
medidas clínicas realizadas foram selecionados para fazer parte de um grupo denominado
Grupo Desigualdade, e destes seriam sorteados 40 corredores para aferir o comprimento dos
MMII por meio da escanometria. O restante dos sujeitos formou o Grupo sem desigualdade
de membros. A decisão pelo valor de corte em 1,0 cm foi tomada com base em algumas
críticas na literatura. Friberg (1983) associou desigualdades de 0,5 cm à presença de dor
lombar e no quadril. No entanto, relatou que os métodos clínicos diretos (fita métrica) e
indiretos (blocos sob os pés) são imprecisos e inexatos em relação à medida radiográfica, e
que, desigualdades reais têm sido por muitas vezes hiperestimadas ou ainda detectadas no
lado errado por diferentes avaliadores utilizando diferentes medidas clínicas. Gofton (1985)
citou ainda que a quantidade de desigualdade encontrada pela radiografia foi freqüentemente
menor do que a encontrada clinicamente. Portanto, optou-se por aumentar de 0,5 cm para 1,0
cm o corte por acreditarmos que com este limite de desigualdade clínica a medida
radiográfica pudesse detectar desigualdades de pelo menos 0,5 cm para compor a amostra
da segunda parte do estudo.
25
A seleção dos sujeitos que realizaram a medida radiográfica ocorreu de forma aleatória
entre os sujeitos do grupo desigualdade até que o n de 40 fosse atingido.
Dentre os 40 sujeitos que realizaram a escanometria, 18 apresentaram desigualdade
inferior a 0,5 cm, e 22 sujeitos maior ou igual a 0,5 cm. Com a desistência de 13 sujeitos que
não quiseram participar da parte 2 do estudo, tendo a maioria deles desigualdade inferior a
0,5 cm, e pela necessidade de aumentar a amostra, especialmente do grupo sem
desigualdade (inferior a 0,5 cm na escanometria), para a parte 2 do estudo, mais 7 sujeitos
foram aleatoriamente selecionados para realizar a escanometria e completar 47 corredores
avaliados pela escanometria.
Todos os sujeitos que realizaram a escanometria na parte 1 foram convidados a
participar da parte 2 do estudo - análise biomecânica da marcha e da corrida. Trinta e quatro
sujeitos (24 homens e 10 mulheres) com idade média de 30,6± 4,4 anos (20 -41 anos) foram
avaliados na segunda parte do estudo. Estes sujeitos foram divididos em dois grupos: Grupo
Desigualdade (GD), composto por 22 corredores com discreta desigualdade do tipo estrutural
(superior ou igual a 0,5 cm) pela escanometria; e um Grupo Controle (GC), composto por 12
corredores sem desigualdade estrutural (inferiores a 0,5 cm) pela escanometria. O valor de
0,5 cm foi escolhido como corte para esta etapa por ter sido o menor valor de desigualdade
detectado por medida radiográfica citado dentro da literatura pesquisada a apresentar
associação com alguma desordem ortopédica (Friberg, 1983).
4.2. Protocolo Experimental
O protocolo experimental foi aprovado pela Comissão de Ética para Análise de
Projetos de Pesquisa – CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da
Faculdade de Medicina da USP com o número de referência 608/03 (ANEXO 3).
26
O protocolo experimental da Parte 1 foi composto de três etapas (Figura 5):
(a) entrevista pessoal (ANEXO 4);
(b) coleta das medidas antropométricas clínicas dos MMII (ANEXO 5);
(c) coleta das medidas radiográficas dos MMII.
Figura 5 - Diagrama de blocos das etapas do protocolo metodológico da parte 1
Parte 1
ENTREVISTA PESSOAL
Medidas Antropométricas Clínicas
de Membros inferiores
QUESTIONÁRIO
FITA MÉTRICA METÁLICA
Comprimento de MMII e
Desigualdade de MMII
Corredores com
Desigualdade de MMII (GD)
A
mostra n = 47
ESCANOMETRIA
Raios X
Comprimento dos MMII e
Desigualdade entre os MMII
Dados pessoais
Sintomas e lesões pré - existentes
EIAS – MM
EIAS – ML
Crista – MM
Umbigo - MM
Amostra n = 230
27
A entrevista e as medidas clínicas em supino duraram aproximadamente 20 minutos e
foram realizadas em ambiente externo. Na etapa da medida radiográfica, os sujeitos que
foram sorteados e se disponibilizaram a continuar no estudo agendavam previamente o
exame e se deslocavam até o setor de Radiologia do Laboratório de Medicina Diagnóstica
Delboni Auriemo, na cidade de São Paulo, para a realização desta medida. Cada sujeito
levou em torno de 40 minutos para completar os procedimentos da escanometria.
Na primeira etapa do protocolo da parte 1, foram questionados os dados pessoais e
antropométricos dos sujeitos, o nível de atividade física, doenças ortopédicas pré-existentes,
e nível de dor em segmentos corporais específicos por meio de um questionário (ANEXO 4).
Em seguida, os sujeitos se deitaram em supino em uma maca e as mensurações de
comprimento dos MMII foram feitas duas vezes em seqüência com o uso de uma fita métrica
metálica. Os dados para análise do comprimento dos membros inferiores foram obtidos por
meio da média dessas duas mensurações seqüenciais.
As medidas antropométricas clínicas avaliadas foram: espinha ilíaca ântero-superior e
a borda superior do maléolo medial (EIAS/MM) (Nichols e Bailey, 1955; Nichols, 1960; Beattie
et al., 1990; Gogia e Braatz, 1996; Hoppenfeld, 1997; Song et al., 1997); espinha ilíaca
ântero-superior e a borda superior do maléolo lateral (EIAS/ML) (Woerman et al., 1984); crista
ilíaca anterior e a borda inferior do maléolo medial (Crista/MM) (Helliwell, 1985; Dahl, 1996);
cicatriz umbilical e a borda inferior do maléolo medial (Umbigo/MM) (Hoppenfeld, 1997)
(ANEXO 5).
As cristas ilíacas e as EIAS foram demarcadas por meio da utilização de marcadores
adesivos. Para localizar o ponto das cristas ilíacas a serem utilizados durante as
mensurações, as mãos da examinadora foram apoiadas nas cristas ilíacas dos sujeitos, e em
seu ponto mais anterior, coincidindo com a região tenar das mãos da examinadora, foi
28
colocado um marcador adesivo de cada lado da pelve. A partir desta marcação, as EIAS
eram facilmente identificadas e demarcadas, uma vez que estas estão localizadas
inferiormente ao ponto mais anterior das cristas ilíacas (Hoppenfeld, 1997).
Outra marcação feita foi a parte inferior da cicatriz umbilical para a realização da outra
medida antropométrica clínica de MMII.
Todas as escanometrias foram realizadas por um único técnico em radiologia. Foi
solicitado que os sujeitos deitassem em supino na mesa de raios–X mantendo a pelve
nivelada e os MMII em posição anatômica. Uma régua metálica rádio–opaca foi colocada na
mesa entre os MMII dos sujeitos, e uma série de três radiografias foi feita, com o canhão
central de raios-X sendo posicionado sequencialmente acima das articulações dos quadris,
joelhos e tornozelos (Cunha et al,. 1996; Terry et al., 2005). O comprimento do fêmur foi
definido pela distância compreendida entre o ponto superior da cabeça femoral ao ponto mais
distante do côndilo femoral medial, e o comprimento da tíbia, do ponto mais interno do platô
tibial medial ao ponto médio da superfície articular do tálus (CUNHA et al., 1996).
O comprimento dos MMII tanto das medidas clínicas como da medida radiográfica foi
expresso em centímetros e a desigualdade entre os MMII foi obtida pela diferença absoluta
em centímetros do comprimento do MI maior pelo comprimento do MI menor. A partir deste
valor, pode-se expressar a desigualdade normalizada por meio do percentual do comprimento
da extremidade maior (Kaufman et al., 1996), definido pela equação (1):
)(
(%)
cmMI
MIMI
anormalizaddeDesigualda
Maior
MenorMaior
= (1)
onde MI
maior
é o comprimento do membro inferior maior, MI
menor
é o comprimento do membro
inferior menor.
O protocolo experimental da parte 2 foi composto de duas etapas (Figura 6):
a) Avaliação biomecânica da marcha;
29
b) Avaliação biomecânica do correr.
Figura 6 - Diagrama de blocos das etapas do protocolo metodológico da parte 2
Estas etapas da segunda parte do estudo tiveram a duração de aproximadamente 40
minutos e foram realizadas no Laboratório de Biomecânica do Movimento e Postura Humana
do Departamento de Fonoaudiologia, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo.
A locomoção foi avaliada segundo variáveis da FRS. Uma plataforma de força tipo
AMTI - modelo OR 62000 foi utilizada para a aquisição da FRS. A plataforma encontrava-se
embutida no meio de uma passarela de 10 metros de comprimento, de forma que o sujeito
não precisava modificar seu padrão de locomoção para pisar na plataforma (Figura 7).
PARTE 2
Avaliação Biomecânica da
Locomoção
Plataforma de Força AMTI
FRS Vertical e Horizontal
Marcha Correr
Amostra GC = 12
GD = 22
30
Figura 7 - Imagem da disposição da plataforma de força no Laboratório de Biomecânica do
Movimento e Postura Humana – FOFITO – FMUSP
Durante as coletas, os sujeitos usaram o tênis que utilizam durante a prática da corrida,
e, portanto, já estavam habituados a eles. Os sujeitos andaram em cadência auto-
selecionada, e em seguida correram em uma velocidade compatível à velocidade de
aquecimento aproximando-se de 9km/h, determinados pelo tempo que os corredores levaram
para percorrer os 10 metros da passarela. Os corredores repetiram cinco vezes o andar e o
correr para cada MI, totalizando 20 passagens pela passarela. Uma passada intermediária foi
coletada para o MI maior e para o MI menor em cada movimento avaliado (Figura 8). As
análises foram feitas por meio da média destas cinco coletas de cada MI para cada
movimento (Diss, 2001).
Figura 8 - Imagem de um dos sujeitos do presente estudo durante o tempo de apoio na
plataforma de força durante o correr representando uma tentativa válida
31
Para efeito de habituação ao ambiente de coleta, previamente à avaliação biomecânica
da locomoção, os sujeitos foram orientados a andar pela passarela em uma velocidade
confortável quantas vezes fosse necessário até que um padrão similar na curva de FRS
vertical em duas tentativas seqüenciais fosse observado. Nesta observação, para assegurar o
processo de habituação, buscou-se obter um impulso horizontal de desaceleração
semelhante ao de aceleração durante a fase de apoio no andar e correr, conforme
recomendou Nigg (1986).
Após a aquisição das 10 tentativas para o andar, houve novamente uma habituação
para a habilidade do correr. Os sujeitos foram orientados a correr pela passarela em uma
velocidade confortável similar a um aquecimento pré-corrida, até que o movimento
novamente se tornasse adaptado ao ambiente de coleta. Mais uma vez esta habituação foi
finalizada quando um padrão similar da curva da FRS vertical em duas tentativas seqüenciais
foi observado.
Para determinar a freqüência de amostragem do sinal evitando o efeito de sub-
amostragem (ALIASING) e que dados em excesso fossem coletados, realizou-se a análise
das harmônicas baseada na Transformação de Fourier. Esta análise estima a freqüência
natural e minimiza erros aleatórios brutos obtidos na plataforma de força eliminando assim
amplitudes indesejáveis. Para que o sinal seja adequadamente amostrado e filtrado é preciso
que se determine o conteúdo harmônico do sinal e sua freqüência fundamental, e para tal
observa-se o momento em que ocorre uma queda significativa da freqüência do sinal, o que
representa o início do ruído (Winter, 1990).
As análises das harmônicas foram feitas no Programa Origin 6.0 utilizando a função
FFT (Transformação de Fourier). As freqüências dos sinais obtidos durante os movimentos
que foram analisados no presente estudo se encontraram abaixo de 100Hz. Portanto,
32
baseado no teorema de Nyquist, que atesta que a freqüência de amostragem deve ser pelo
menos o dobro da componente de maior freqüência do sinal a ser amostrado, adquirimos os
dados com freqüência de amostragem de 1000 Hz, e a posteriori um filtro passa baixa de
200Hz foi utilizado na etapa do tratamento matemático dos dados, respeitando os resultados
da transformada FFT realizada.
Os dados foram normalizados pelo peso corporal (PC) de cada sujeito para permitir a
comparação entre sujeitos com diferentes massas corporais.
As variáveis da FRS componente vertical que foram analisadas para o andar (Figura 9)
foram: Fz
1 -
primeiro pico de força, equivalente ao momento do toque do calcanhar no solo;
Fz
min
, força mínima, equivalente ao apoio médio; Fz
2 -
segundo pico de força, equivalente ao
momento de propulsão; TCz
1,
a taxa de crescimento 1, representada por Fz
1
/tz
1
, sendo tz
1
igual tz
1
menos
t
inicial
;
TCz
2
, a taxa de crescimento 2, representada por Fz
2
/tz
2
, sendo tz
2
igual a tz
2
menos t
min
; e a taxa de propulsão ou taxa de descarga (PO), representada por
Fz
2
/(t
final
- tz
2
)
, sendo (t
final
- tz
2
)
a diferença entre o tempo em que ocorre o final do ciclo do
apoio e o instante de ocorrência de Fz
2
, correspondente à fase de retirada dos dedos do solo.
Para o correr as mesmas variáveis foram analisadas, exceto a variável Fzmin (Figura
10).
33
0 20406080100
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
PO
tz
final
TCz
2
TCz
1
tz
min
tz
2
tz
inicial
tz
1
tz
2
tz
1
Fz
min
Fz
2
Fz
1
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
ANDAR
Figura 9 - Representação das variáveis estudadas da FRS vertical durante o andar: Fz
1
, o
primeiro pico de força; Fz
min
, força mínima; Fz
2,
o
segundo pico de força; TCz
1,
a
taxa de crescimento 1, TCz
2
, a taxa de crescimento 2, e PO, taxa de propulsão
0 20406080100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
PO
tz
final
TCz
2
TCz
1
tz
2
tz
min
tz
1
tz
inicial
Fz
min
tz
2
tz
1
Fz
2
Fz
1
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
CORRER
Figura 10 - Representação das variáveis estudadas da FRS vertical durante o correr: Fz
1
, o
primeiro pico de força; Fz
2
, segundo pico de força; TCz
1
, a taxa de crescimento 1;
TCz
2
, a taxa de crescimento 2; e PO, taxa de propulsão
34
Com relação à componente horizontal da FRS, as variáveis analisadas para o andar e
para o correr foram: Fx
min,
força mínima, equivalente ao pico de força de desaceleração;
Fx
máx
, força máxima, equivalente ao pico de força de aceleração; Impulso de Desaceleração
(ID); e Impulso de Aceleração (IA) (Figura 11).
020406080100
-0,3
-0,2
-0,1
0,0
0,1
0,2
0,3
IA
ID
F
min
F
max
FRS HORIZONTAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
Figura 11 - Representação das variáveis estudadas da FRS horizontal durante o andar e o
correr: Fx
min,
força mínima; Fx
máx
, força máxima; impulso de desaceleração (ID);
e impulso de aceleração (IA)
4.3. Tratamento matemático dos dados da Força Reação do Solo
Para realizar as análises dos 20 arquivos de cada um dos 34 sujeitos avaliados, uma
rotina escrita em código Matlab foi criada (ANEXO 6). Esta rotina recebeu o nome de LD
(“length discrepancy”). Primeiramente foram definidos os dados do arquivo de cada sujeito,
sendo GC ou GD, o grupo o qual o sujeito pertencia; o número do sujeito; o movimento
executado; o lado analisado; e por último a tentativa coletada resultando em um arquivo de
35
saída de extensão .txt (ex.: GC01AA01). Os dados eram então normalizados pelo peso
corporal de cada sujeito, e um filtro Butterworth de segunda ordem, passa baixa de 200 Hz foi
utilizado.
Seqüencialmente os gráficos foram plotados, sendo que o tempo inicial e final de cada
passo, tanto para o correr quanto para o andar, eram definidos manualmente. A partir dessas
informações, o sinal coletado foi interpolado na base de tempo em função do tempo de apoio
(0 a 100%).
Para a FRS componente vertical, quando o “andar” estava sendo analisado, o Fz
1
foi
detectado como sendo o ponto de maior valor na primeira metade da curva de força, e o Fz
2
o ponto de maior valor na segunda metade da curva de força. O Fz
min
foi definido como o
menor valor entre o primeiro e o segundo pico de força máxima. O tempo de ocorrência de
cada um desses eventos foi também determinado (Figura 12).
Figura 12 - Ilustração da rotina “LD” em ambiente matlab que representa a curva da FRS
vertical do andar e as variáveis: Fz
1
, o primeiro pico de força; Fz
min
, força mínima
e Fz
2
, o segundo pico de força
Já para a análise do “correr”, a primeira variável a ser definida foi o Fz
2
, por este ser o
ponto de maior valor em uma curva padrão de FRS vertical durante a corrida. O Fz
1
foi
36
definido como sendo o ponto de maior valor antes da ocorrência de Fz
2
. O tempo de
ocorrência desses eventos também foi definido (Figura 13).
Figura 13 - Ilustração da rotina “LD” em ambiente matlab que representa a curva da FRS
vertical do correr e as variáveis: Fz
1
, o primeiro pico de força; Fz
min
, força mínima
e Fz
2
,
o segundo pico de força
Com relação a FRS horizontal para o andar e o correr, os picos de menor e maior valor
apresentados durante o tempo de apoio foram definidos como o Fx
min
e Fx
máx
(Figura 14). O
instante em que a força de desaceleração cessava dando início à força de aceleração foi
definido como sendo o último ponto negativo antes da ocorrência de Fx
máx
. Dessa forma, os
impulsos de desaceleração e aceleração puderam ser calculados como sendo a área superior
e inferior da curva, obtidos por meio da função integral (trapz).
A curva de FRS horizontal para o correr apresentou o mesmo padrão do obtido para o
andar, por conta disso uma única curva ilustrativa demonstrando as variáveis analisadas, e
representando os dois movimentos estudados é apresentada.
37
Figura 14 - Ilustração da rotina “LD” em ambiente matlab que representa a curva da FRS
horizontal do andar e correr e as variáveis: Fx
min,
equivalente ao pico de força de
desaceleração, Fx
máx
equivalente ao pico de força de aceleração
A matriz de saída, tanto para a componente vertical como para a componente
horizontal da FRS forneceu os dados normalizados pelo tempo de apoio, com os valores da
média, desvio padrão e coeficiente de variação (CV) de cada variável da FRS calculada.
Outra variável estudada que foi calculada a partir das variáveis da FRS foi o índice de
simetria absoluto (ISA) para: Fz
1
; Fz
min
; Fz
2
; Fx
max
; e Fx
min
para o andar e para o correr, com
exceção de Fz
min
. Esta variável foi calculada baseada no índice de simetria absoluto descrito
por Karamanidis et al. (2003) que modificaram o índice de simetria proposto por Robinson et
al. (1987). Tal índice é obtido por meio da seguinte equação (2):
()
100.
2
1
//
(%)
MenorMaior
MenorMaior
XX
XX
ISA
+
=
(2)
onde X
Maior
é a variável de marcha para o MI maior, e X
Menor
a correspondente variável para o
MI menor.
O valor do índice igual a zero indica que não há diferença para determinada variável
entre o lado maior e o menor e, portanto, há uma perfeita simetria da marcha.
38
4.4. Análise e Tratamento Estatístico
As análises estatísticas foram feitas no programa Statistica 6.0. A análise descritiva e
das freqüências foi realizada e os dados foram representados em termos de suas medidas de
tendência central e variação: média e desvio-padrão, e distribuição de porcentagens.
Na análise estatística inferencial, para realizar a comparação dos dados
epidemiológicos entre os grupos com e sem desigualdade na primeira parte do estudo, foi
utilizado o teste qui-quadrado.
Já para a comparação das variáveis em escala de razão (medidas antropométricas
clínicas e radiográficas, e FRS) entre os grupos desigualdade e sem desigualdade na
primeira parte do estudo, e entre os grupos controle e desigualdade na segunda parte do
estudo, foi necessário inicialmente testar a normalidade dos dados e para isso utilizou-se o
teste de Shapiro Wilks.
Os dados de comprimento dos MMII apresentaram um padrão de distribuição normal,
portanto os grupos e medidas foram comparados por meio de testes paramétricos. Utilizou-se
duas ANOVAS one-way para medidas repetidas e post hoc de Scheffé para comparar as
medidas antropométricas e a radiográfica em cada lado. Para comparar entre os lados e
verificar se havia desigualdade de membros inferiores, utilizou-se o teste t pareado.
As desigualdades absolutas e normalizadas obtidas pelas cinco medidas realizadas
não apresentaram um padrão de distribuição normal, logo as análises comparativas entre as
desigualdades foram feitas por meio de testes não paramétricos. O teste ANOVA de
Friedman foi usado para comparar as desigualdades obtidas pelas cinco medidas.
Também foi realizado um estudo de correlação entre as medidas clínicas e a
radiológica, e para isso utilizou-se a correlação de Pearson.
39
Os dados obtidos com a análise biomecânica da marcha e da corrida também
apresentaram um padrão normal de distribuição, por conta disso as análises comparativas
foram feitas através de testes paramétricos. Para a análise comparativa entre os grupos GD e
GC utilizou-se o teste t para amostras independentes para as comparações intergrupos, e o
teste t pareado para as comparações intragrupos (entre os lados, maior e menor).
Adotou-se um nível de significância de 0,05 para considerar diferenças estatisticamente
significativas.
A hipótese fundamental para a parte 1 do experimento era de que as medidas
antropométricas clínicas deveriam ser altamente correlacionadas com a medida radiográfica
tanto para expressar o comprimento do MI quanto para expressar as desigualdades entre os
MMII. Também se estabeleceu a hipótese de que as medidas antropométricas clínicas
deveriam aferir a presença ou não da desigualdade de forma semelhante à aferição feita pela
medida radiográfica. E ainda, os comprimentos mensurados a partir das medidas
antropométricas clínicas deveriam ser semelhantes aos da medida radiográfica.
A hipótese para a parte 2 foi de que os sujeitos com desigualdade discreta do tipo
estrutural de membros inferiores apresentariam alterações nas variáveis da FRS em relação
aos sujeitos sem desigualdade. E ainda que essas alterações da FRS durante o correr
apareceriam de forma mais expressiva do que no andar.
40
5. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS
5.1. Resultados da Parte 1
5.1.1. Entrevista Pessoal – Epidemiologia
Dentre os 230 sujeitos que participaram da 1ª parte do projeto, 186 eram do sexo
masculino e 44 do sexo feminino. As idades variaram entre 18 e 45 anos, sendo que a média
foi de 28,7 ± 7,2 anos. O tempo que os sujeitos praticavam atividade física, e o tempo de
prática da corrida foram divididos em cinco categorias como estão representados nas Figuras
15 e 16. Quarenta e um porcento dos sujeitos (94) que praticavam a corrida por pelo menos
três vezes por semana, a faziam há mais de três anos. E cerca de 35% dos sujeitos (81)
praticavam alguma outra modalidade de atividade física há mais de 10 anos.
1 - 3 anos (59; 25,7%)
mais que 10 (81; 35,2%)
3 - 5 anos (21; 9,1%)
5 - 10 anos (69; 30,0%)
Tempo que pratica Atividade Física
Figura 15 - Tempo de prática de atividade física dos sujeitos da parte 1 (n = 230)
41
mais que 10
(
34; 14,8%
)
5 - 10 anos ( 30; 13,0%)
1 - 3 anos (136; 59,1%)
Tempo que pratica corrida
Figura 16 - Tempo de prática de corrida dos sujeitos da parte 1 (n = 230)
A quilometragem que os sujeitos treinavam por semana também foi dividida em cinco
categorias, podendo-se observar a sua distribuição na Figura 17. Cerca de 42% dos sujeitos
(97) corriam mais de 20Km por semana. Somente 7,4% dos sujeitos (17) afirmaram ter
conhecimento da desigualdade de seus MMII, e 7,0% dos sujeitos (16) usavam ou já usaram
algum tipo de órtese nos calçados em função de sua desigualdade.
0 - 10 km (71; 30,9%)
mais de 50
(
25; 10,9%
)
31 - 50 km (32; 13,9%)
21 - 30 km (40; 17,4%)
11 - 20 km (62; 27,0%)
Km corridos / semana
Figura 17 - Volume semanal de corrida dos sujeitos da parte 1 (n = 230)
42
Sessenta e sete porcento dos sujeitos entrevistados (154) já experimentaram algum
tipo de dor em alguma das articulações dos MMII, sendo que 13,9% dos sujeitos (32) já
sofreram dor no quadril, e 43% no joelho (99). Ainda com relação aos sintomas e/ou lesões
associadas à desigualdade, observou-se que 43,5% dos sujeitos (100) apresentaram dor
lombar, e 4,3% (10) já sofreram fratura por estresse (Tabela 1).
Tabela 1 - Média, desvio-padrão e as freqüências observadas das variáveis demográficas e
clínicas dos sujeitos avaliados na parte 1 (n=230)
Variáveis Grupo Inicial (n=230)
Idade (anos) 28,7 ± 7,2
Gênero masculino (%) 80,9
Gênero feminino (%) 19,1
Dor lombar (%) 43,5
Fratura por estresse (%) 4,3
Dor no Quadril (%) 13,9
Dor no Joelho (%) 43
Dos 230 sujeitos avaliados, 74,3% (171) apresentaram desigualdade de membros
inferiores superior a 1,0 cm em pelo menos uma das medidas clínicas realizadas. A partir
desse dado, dois grupos experimentais foram formados, Grupo Desigualdade de membros
(n=171) e o Grupo Sem Desigualdade de membros (n=59).
Dentre os 171 sujeitos pertencentes ao Grupo Desigualdade, 83% deles (142) eram do
sexo masculino, e cerca de 69% (118) apresentaram algum sintoma e/ou lesão nos MMII.
Entre os 59 sujeitos do Grupo Sem Desigualdade, 74,6% (44) eram do sexo masculino, e
61% dos sujeitos (36) apresentaram algum sintoma e/ou lesão nos MMII.
Como demonstrado na Tabela 2, ao se observar a freqüência com que as desordens
ortopédicas (sintomas e/ou lesões) ocorreram em ambos os grupos, nota-se uma incidência
43
de dor no quadril e nos joelhos significativamente maior nos sujeitos com desigualdade de
membros inferiores, indo de acordo com a literatura (Mann et al., 1981; Dahl, 1996; Hanada
et al., 2001). Para as outras alterações ortopédicas estudadas não se consegue diferenciá-
los, uma vez que tanto os sujeitos do grupo desigualdade quanto os sujeitos do grupo sem
desigualdade apresentaram alta incidência de dor lombar, sendo que a dor lombar foi ainda
mais comum no grupo sem desigualdade. A incidência de fratura por estresse foi baixa em
ambos os grupos, porém o grupo sem desigualdade apresentou maior número de casos. Por
conta disso, optou-se por determinar o número de desordens ocorridas em cada grupo,
independente do tipo, na tentativa de verificar se a desigualdade estava ou não interferindo
na presença de desordens no aparelho locomotor.
Tabela 2 - Médias, desvios-padrão das variáveis e freqüências demográficas e clínicas nos
grupos com e sem desigualdade na parte 1 do estudo
Variáveis Grupo Desigualdade
(n=171)
Grupo Sem Desigualdade
(n=59)
p
Idade (anos) 28,5 ± 7,1 29,2 ± 7,6 -
Gênero masculino (%) 83 74,6 -
Gênero feminino (%) 17 25,4 -
Dor Lombar (%) 42,1 47,5 >0,05
Fratura por Estresse (%) 3,5
6,8 >0,05
Dor no Quadril (%) 16,4 6,8 0,046
Dor no Joelho (%) 46,2 33,9 0,049
Teste Qui-Quadrado (p < 0,05)
Observou-se então a ocorrência de desordens com incidências semelhantes nos dois
grupos estudados, como descrito na Tabela 3.
44
Tabela 3 - Freqüências de desordens ortopédicas nos corredores do grupo desigualdade e no
grupo sem desigualdade entrevistados na parte 1 do estudo
Número de
Desordens (%)
Grupo Desigualdade
(n=171)
Grupo Sem Desigualdade
(n=59)
p
Nenhuma 31,0 39,0 0,260
1 36,8 32,2 0,521
2 25,7 23,7 0,760
3 5,8 5,1 0,826
4 0,6 0 0,556
Teste Qui-Quadrado (p < 0,05)
Nota-se dessa forma, que a incidência de alterações ortopédicas esteve presente em
ambos os grupos (Tabela 2), e ainda assim, ao se observar o número destas alterações
apresentadas pelos sujeitos do Grupo Desigualdade e do Grupo Sem Desigualdade, não se
observou diferenças significativas entre os grupos (Tabela 3).
No entanto, a desigualdade de membros inferiores não é a única variável que pode ter
interferido no surgimento ou não de desordens nos sujeitos por nós analisados, a intensidade
de treinamento também é uma possível causa de lesões.
Por conta disso, buscou-se relacionar o número de sintomas e lesões apresentados
pelos sujeitos com o volume de treino semanal destes corredores como forma de identificar
se este fator era mais preponderante do que a desigualdade na presença de sintomas e/ou
lesões. O objetivo foi observar se os corredores que tinham um volume semanal de treino
maior também apresentavam um número maior de lesões e sintomas independentemente da
presença de desigualdade.
Cento e trinta e três sujeitos corriam menos que 20 Km/ semana e 97 mais, e suas
desigualdades absolutas e normalizadas não foram significativamente diferentes entre si. Os
resultados dos sintomas e lesões podem ser observados nas Tabelas 4 e 5.
A média das desigualdades absoluta e normalizada dos 133 corredores que tinham
volume semanal inferior a 20 km foi respectivamente de: 0,9 ± 0,8 cm e 1,0 ± 0,9% na
45
medida EIAS/MM; de 1,0 ± 0,9 cm e 1,1 ± 0,9% na EIAS/ML; de 1,1 ± 1,0 cm e 1,2 ± 1,0%
na Crista/MM; e de 0,7 ± 0,6 cm e 0,7 ± 0,6% na medida Umbigo/MM.
Já os 97 sujeitos que corriam mais de 20 Km/ semana apresentaram respectivamente
desigualdades absoluta e normalizada média de 0,9 ± 0,8 cm e 1,0 ± 0,8%, respectivamente,
na medida EIAS/MM; de 0,9 ± 0,7 cm e 0,9 ± 0,7% na EIAS/ML; de 1,0 ± 0,8 cm e 1,0 ±
0,8% na Crista/MM; e de 0,7 ± 0,6 cm e 0,7 ± 0,6% na medida Umbigo/MM.
Tabela 4 - Médias, desvios-padrão das variáveis e freqüências demográficas e clínicas nos
corredores com volume semanal maior e menor que 20 Km (parte 1)
Variáveis < 20 Km/sem (n=133) > 20 Km/sem (n=97) p
Idade (anos) 27,5 ± 6,9 30,3 ± 7,5 -
Gênero masculino (%) 82,7 78,4 -
Gênero feminino (%) 17,3 21,6 -
Dor lombar (%) 49,6
35,1 0,027
Fratura por estresse (%) 2,3 7,2 0,068
Dor no Quadril (%) 13,5 14,4 0,845
Dor no Joelho (%) 48,9 35,1 0,036
Teste Qui-Quadrado (p < 0,05)
Tabela 5 - Freqüências do número de desordens ortopédicas apresentadas pelos corredores
com volume semanal maior e menor que 20 Km (parte 1)
Número de
Desordens (%)
< 20 Km/sem (n=133) > 20 Km/sem (n=97) p
Nenhuma 26,3 42,3 0,011
1 38,3 32 0,317
2 30,1 18,6 0,084
3 5,3 6,2 0,764
4 0 1,0 0,240
Teste Qui-Quadrado (p < 0,05)
A partir desses resultados pode-se afirmar que ambos os grupos apresentaram
incidência similar de dor no quadril; e que como esperado o número de fraturas por estresse
foi maior no grupo que corria mais de 20Km/ semana, embora não significativa; por outro
46
lado, contrariando as expectativas, os sintomas de dor lombar e dor no joelho estiveram mais
presentes nos sujeitos que correm menos de 20 Km/ semana, e que de uma maneira geral os
sujeitos que corriam mais de 20Km/ semana apresentaram menor número de queixas. Tais
achados podem ser justificados por um melhor condicionamento físico e muscular dos
corredores com maior volume semanal de treino, que embora adotem uma carga de
treinamento mais intensa, esta carga possa estar devidamente periodizada evitando dessa
forma o surgimento de lesões.
5.1.2. Medidas Antropométricas e Escanometria de membros inferiores
Entre as cinco medidas de comprimento de MMII analisadas, constataram-se
diferenças estatisticamente significantes entre todas as medidas em ambos os membros.
Também se observou que somente a medida clínica EIAS/ML apresentou valores
estatisticamente diferentes para o MI direito e o esquerdo, ou seja, detectaram desigualdade
estatisticamente significante entre os lados, no entanto não se pode afirmar que as
desigualdades possivelmente existentes e detectadas pelas outras medidas não tenham
significância clínica.
Os valores médios, desvios-padrão e valores de p das medidas clínicas analisadas e
das desigualdades, absoluta e normalizada, encontradas entre os MMII dos 230 sujeitos
avaliados na primeira parte do estudo, e dos 47 sujeitos que realizaram a escanometria estão
descritos na Tabela 6.
47
Tabela 6 - Valores médios, desvios-padrão e valores de p das medidas clínicas (n=230), da
medida radiográfica (n=47), e das desigualdades absoluta e normalizada, entre
os membros inferiores dos corredores na parte 1 do estudo
VARIÁVEIS MID (cm) MIE (cm) Desigualdade
absoluta (cm)
Desigualdade normalizada
(% MI maior)
EIAS/MM
88,2 ± 4,9
88,1 ± 4,9 1,0 ± 0,8
a
1,1 ± 0,9
a
EIAS/ML 90,1 ± 5,0
d
89,9 ± 5,0
d
1,0 ± 0,7
b
1,1 ± 0,8
b
Crista/ MM 96,5 ± 5,4
96,4 ± 5,5 1,1 ± 1,0
a, b, c
1,1 ± 1,0
c
Umbigo/MM 99,4 ± 5,1
99,4 ± 5,2 0,8 ± 0,6
a, b, c
0,8 ± 0,5
a, b, c
Escanometria 82,5 ± 4,9
83,0 ± 5,6
0,6 ± 0,5
a, b, c
0,8 ± 0,6
a, b
p 0,000
1
0,000
1
0,018
2
0,009
2
1
Teste ANOVA para medidas repetidas, post hoc Scheffé (p < 0,05)
2
ANOVA de Friedman, Wilcoxon (p<0,05).
a,b,c,d
representam diferenças estatisticamente significativas.
Ao se correlacionar os comprimentos dos MMII detectados pelas medidas
antropométricas clínicas com os detectados pela medida radiográfica em ambos os lados,
observou-se uma alta e significativa correlação de todas as medidas com a escanometria,
como se pode observar na Tabela 7.
Tabela 7- Valores da correlação de Pearson e valores de p entre as medidas antropométricas
clínicas e a medida radiográfica de comprimento de MI, lado direito e lado esquerdo
(n= 47)
MEDIDAS CLÍNICAS DIREITO ESQUERDO
R p R p
EIAS/MM x Escanometria 0,964 0,000 0,873 0,000
EIAS/ML x Escanometria 0,967 0,000 0,892 0,000
Crista/ MM x Escanometria 0,945 0,000 0,865 0,000
Umbigo/MM x Escanometria 0,921 0,000 0,848 0,000
Com relação às desigualdades, dentre os 47 sujeitos que realizaram a escanometria,
6,4% (3) não apresentaram desigualdade estrutural entre os MMII apesar de tê-la
apresentado nas medidas clínicas. Em 10,6% (5) dos sujeitos a desigualdade foi devido a
diferença de comprimento do fêmur, em 10,6% (5) devido a diferença de comprimento na
48
tíbia, e em 72,3% (34) dos sujeitos a desigualdade de membros inferiores foi devido a
diferença de tamanho tanto do fêmur quanto da tíbia. A desigualdade média absoluta
encontrada entre os MMII a partir das escanometrias foi de 0,6 ± 0,5 cm (0 - 2,25 cm),
equivalente a 0,8 ± 0,6% (0 - 2,6%) do MI maior, desigualdade esta suficiente para causar
alterações ortopédicas (Friberg, 1983) ou ainda assimetrias de cargas pelo IS (White et al.,
2004).
Ao se comparar as desigualdades absolutas obtidas por cada medida clínica e a
radiográfica, observou-se que as medidas EIAS/MM e EIAS/ML detectaram a mesma quantia
de desigualdade entre os membros, entretanto estas e a medida Crista/MM se apresentaram
diferentes estatisticamente da medida radiológica (EIAS/MM: p=0,010; EIAS/ML: p=0,002;
Crista/MM: p=0,013). Somente a desigualdade absoluta obtida pela medida Umbigo/MM se
mostrou estatisticamente semelhante à desigualdade obtida pela escanometria (p=0,577).
Com relação às desigualdades normalizadas detectadas pelas cinco medidas
realizadas, notou-se que as medidas EIAS/MM (p=0,027) e EIAS/ML (p=0,009) apresentaram
desigualdades diferentes estatisticamente das desigualdades apresentadas pela medida
radiográfica, e somente os valores obtidos pelas medidas Crista/MM (p=0,130) e Umbigo/MM
(p=0,633) foram similares aos valores obtidos pela escanometria, como pode ser observado
na Tabela 6.
Diante desses resultados, constatou-se que as medidas clínicas EIAS/MM e EIAS/ML,
apesar da alta correlação com a medida radiográfica, não se mostraram precisas em detectar
desigualdade entre os MMII por apresentar valor de desigualdade, tanto absoluta quanto
normalizada, estatisticamente diferente dos valores obtidos pela escanometria. Já a medida
clínica Umbigo/MM obteve desigualdade absoluta semelhante à escanometria, e as medidas
Crista/MM e Umbigo/MM obtiveram desigualdade normalizada semelhante aos valores
49
obtidos pela escanometria, demonstrando serem métodos precisos na detecção de
desigualdade de membros inferiores.
Também se verificou se as medidas antropométricas foram eficientes em detectar o
mesmo lado maior que a escanometria detectou, independente da quantia de desigualdade.
Observou-se que dos 47 sujeitos avaliados, a medida EIAS/MM acertou o lado maior em
68,1% dos sujeitos (32); a medida EIAS/ML em 61,7% (29); a medida Crista/MM em 59,6%
(28); e a medida Umbigo/MM em 53,2% dos sujeitos (25), no entanto essas diferenças
apresentadas entre as medidas não mostraram significância estatística no teste Qui-
Quadrado realizado, ou seja, todas as medidas foram sensíveis da mesma forma para
detectar o lado da desigualdade.
5.2. Resultados da Parte 2
5.2.1. Andar
Quando comparadas as variáveis da FRS vertical e horizontal durante o andar
intergrupos (GC x GD) e intragrupo para a horizontal, não foram observadas diferenças
estatisticamente significativas em todas as variáveis analisadas tanto no MI maior quanto no
MI menor. Na comparação intragrupo entre os lados, como esperado, GC não apresentou
diferenças estatísticas entre os MMII em todas as variáveis. Em relação ao GD, observou-se
que somente a variável Fz
min
foi significativamente maior no membro menor (p=0,041) destes
sujeitos como descrito na Tabela 8. Deve-se destacar que dentro do grupo GD as
desigualdades variaram de 0,5 a 2,0 cm (1,0 ± 0,5 cm; 1,2 ± 0,5%), com intervalo de
confiança de 99% e, portanto, com tal variação, acredita-se que outras prováveis diferenças
50
poderiam ter sido mascaradas já que a possível variabilidade dos padrões da FRS poderia
subestimar diferenças.
Tabela 8 - Valores das médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e
horizontal durante o andar no Grupo Desigualdade (GD) e no Grupo controle (GC)
GD (n=22) GC (n=12)
VARIÁVEIS MI Maior MI Menor P
MI Maior MI Menor P
Fz
1
(PC) 1,30 ± 0,09 1,29 ± 0,10 0,550 1,29 ± 0,12 1,29 ± 0,10 0,733
Fz
2
(PC) 1,17 ± 0,07 1,18 ± 0,06 0,441
1,16 ± 0,08 1,17 ± 0,06 0,221
Fz
min
(PC)
0,56 ± 0,08 0,57 ± 0,07 0,041 0,57 ± 0,10 0,56 ± 0,10 0,106
TC
1
(PC/s) 9,66 ± 1,79 9,68 ± 1,73 0,902 10,44 ± 1,72 10,42 ± 1,62 0,932
TC
2
(PC/s) 6,75 ± 0,92 6,73 ± 0,86 0,888 7,04 ± 0,86 7,16 ± 0,80 0,436
PO (PC/s) 8,70 ± 1,33 8,57 ± 1,17 0,371 8,89 ±1,34 8,89 ± 1,41 0,991
Fx
max
(PC) 0,26 ± 0,03 0,25 ± 0,03 0,624 0,25 ± 0,03 0,25 ± 0,03 0,845
Fx
min
(PC) 0,22 ± 0,04 0,22 ± 0,04 0,474 0,21 ± 0,04 0,21 ± 0,03 0,912
Imp
Desaceleração
4,33 ± 0,76 4,22 ± 0,96 0,399 4,39 ± 1,02 4,23 ± 0,82 0,217
Imp
Aceleração
5,90 ± 0,65 5,87 ± 0,70 0,813
5,89 ± 0,81 5,75 ± 0,78 0,167
Teste t pareado (p < 0,05)
As figuras 18 e 19 ilustram as curvas médias da FRS vertical e horizontal, durante o
andar, respectivamente para o lado maior e menor, do grupo controle e do grupo
desigualdade.
0 20406080100
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
GC X GD - ANDAR MI MAIOR
C.V.GC = 5,37%
C.V.GD = 4,20%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
020406080100
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
GC
GD
GC X GD - ANDAR MI MENOR
C.V.GC = 4,29%
C.V.GD = 4,40%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
Figura 18 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC) e Desigualdade (GD),
e CV (%), lados maior e menor durante o andar
51
020406080100
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
GC X GD - ANDAR MI MAIOR
C.V.GC = 4,56%
C.V.GD = 3,75%
FRS HORIZONTAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
020406080100
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
GC X GD - ANDAR MI MENOR
C.V.GC = 3,68%
C.V.GD = 3,88%
FRS HORIZONTAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
Figura 19 - Curvas médias da FRS horizontal dos Grupos Controle (GC) e desigualdade
(GD), e CV (%), lados maior e menor durante o andar
Com relação ao índice de Simetria Absoluto (ISA) calculado para as variáveis Fz
1
, Fz
2
,
e Fz
min
da FRS vertical, e para as variáveis Fx
max
e Fx
min
da FRS horizontal durante o andar,
não foram observadas diferenças significativas entre GC e GD para todas as variáveis
analisadas. Os valores do ISA para as variáveis da FRS vertical em ambos os grupos foram
pequenos (ISA < 4,0%) (Herzog et al., 1988); e tanto em GC quanto em GD os valores de ISA
para as variáveis da FRS horizontal permaneceram muito próximos de zero, indicando,
segundo Robinson et al. (1987), Herzog et al. (1988), e Karamanidis et al. (2003), uma
simetria entre os MMII, logo um andar simétrico, como podemos observar na Tabela 9.
Tabela 9 - Valores das médias, desvio padrão e valores de p dos Índices de Simetria
Absolutos das variáveis de FRS vertical e horizontal durante o andar no Grupo
Desigualdade (GD) e no grupo controle (GC)
VARIÁVEIS GD (n=22) GC (n=12) p
ISA Fz
1
(%) 3,5 ± 1,8 4,0 ± 2,0 0,409
ISA Fz
min
(%) 2,1 ± 0,9 1,9 ± 0,9 0,636
ISA Fz
2
(%) 3,4 ± 1,6 3,9 ± 1,5 0,414
ISA Fx
max
(%) 0,6 ± 0,4 0,5 ± 0,2 0,289
ISA Fx
min
(%) 0,6 ± 0,4 0,6 ± 0,3 0,571
Teste t para amostras independentes (p < 0,05)
52
5.2.2. Correr
Quando comparadas as variáveis da FRS vertical e horizontal durante o correr
intergrupos observou-se que não houve diferenças significativas. Na comparação intragrupo
entre os lados, como esperado, GC novamente não apresentou diferenças estatísticas entre
os MMII para todas as variáveis analisadas. Já no grupo GD, provavelmente em função da
variação das desigualdades encontradas de 0,5 a 2,0 cm neste grupo, observou–se que
somente as variáveis Fz
2
e PO foram significativamente maiores no MI menor (p=0,008;
p=0,018 respectivamente) como se pode observar na Tabela 10.
Tabela 10 - Médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal
durante o correr no Grupo Desigualdade (GD) e no Grupo controle (GC)
GD (n=22) GC (n=12)
VARIÁVEIS MI Maior MI Menor p MI Maior MI Menor p
Fz
1
(PC) 1,63 ± 0,29 1,62 ± 0,31 0,792 1,57 ± 0,16 1,66 ± 0,16 0,076
Fz
2
(PC)
2,42 ± 0,21 2,48 ± 0,22
0,008
2,44 ± 0,21 2,42 ± 0,21 0,592
TC
1
(PC/s) 44,56 ± 14,93 44,81 ± 14,14 0,859 46,85 ± 10,58 50,80 ± 14,92 0,226
TC
2
(PC/s) 37,60 ± 9,77 37,59 ± 8,57 0,993 38,51 ± 6,66 38,80 ± 6,49 0,738
PO
(PC/s)
16,50 ± 3,33 17,18 ± 3,35 0,018 17,39 ± 3,69 16,92 ± 3,08 0,390
Fx
max
(PC) 0,30 ± 0,05 0,30 ± 0,06 0,813 0,32 ± 0,08 0,32 ± 0,07 0,607
Fx
min
(PC) 0,28 ± 0,07 0,27 ± 0,07 0,548 0,26 ± 0,04 0,27 ± 0,06 0,694
Imp
Desaceleração
5,27 ± 1,62 5,27 ± 2,06 0,979 4,76 ± 1,28 4,93 ± 2,43 0,718
Imp
Aceleração
8,60 ± 1,67 8,53 ± 2,00 0,779 9,14 ± 2,66 9,03 ± 2,70 0,626
Teste t pareado (p < 0,05)
As figuras 20 e 21 ilustram as curvas médias da FRS vertical e horizontal,
respectivamente, durante o correr para os lados maior e menor do grupo controle e do grupo
desigualdade. E a Figura 22 ilustra as curvas médias de FRS vertical de GD destacando a
comparação entre o MI maior e o MI menor.
53
020406080100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
GC X GD - CORRER MI MAIOR
C.V.GC = 9,70%
C.V.GD = 8,37%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
0 20406080100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
GC X GD - CORRER MI MENOR
C.V.GC = 9,94%
C.V.GD = 8,45%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
Figura 20 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC) e Desigualdade (GD) e
CV (%), lados maior e menor durante o correr
0 20406080100
-0,30
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
GC X GD - CORRER MI MAIOR
C.V.GC = 9,59%
C.V.GD = 7,91%
FRS HORIZONTAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
020406080100
-0,30
-0,25
-0,20
-0,15
-0,10
-0,05
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
GC X GD - CORRER MI MENOR
C.V.GC = 8,56%
C.V.GD = 7,47%
FRS HORIZONTAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
Figura 21 - Curvas médias da FRS horizontal dos Grupos Controle (GC) e Desigualdade
(GD) e CV (%), lados maior e menor durante o correr
54
0 20406080100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
GD - CORRER - MI MAIOR X MI MENOR
C.V.MI MAIOR = 8,37%
C.V.MI MENOR = 8,45%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
MI MENOR
MI MAIOR
Figura 22 - Curvas médias da FRS vertical do Grupo Desigualdade (GD), lado maior e
menor, durante o correr; As setas destacam as diferenças significativas
Com relação ao ISA durante o correr, novamente não foram observadas diferenças
significativas entre os grupos em todas as variáveis analisadas, no entanto, obtiveram-se
maiores valores de ISA para o primeiro pico de força vertical, e pequenos valores de ISA no
segundo pico de força vertical para ambos os grupos (Herzog et al., 1988). Já o ISA para as
variáveis da FRS horizontal, mais uma vez permaneceu muito próximo de zero, indicando
novamente, segundo Robinson et al. (1987) e Karamanidis et al. (2003), uma simetria entre
os MMII em relação às forças horizontais, logo uma corrida simétrica, como se pode observar
na Tabela 11.
55
Tabela 11- Médias, desvio-padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absoluto das
variáveis de FRS vertical e horizontal durante o correr no Grupo Desigualdade
(GD) e no grupo controle (GC)
VARIÁVEIS GD (n=22) GC (n=12) p
Fz
1
(%) 12,4 ± 7,8 13,0 ± 6,2 0,831
Fz
2
(%) 4,7 ± 1,9 6,0 ± 3,7 0,197
Fx
max
(%) 0,9 ± 0,6 1,2 ± 0,6 0,222
Fx
min
(%) 1,3 ± 0,8 1,5 ± 0,8 0,381
Teste t para amostras independentes (p < 0,05)
5.2.3. Redistribuição do Grupo Desigualdade
Diante destes resultados apresentados, pode-se afirmar que a forma como esses
grupos foram constituídos em função de discretas desigualdades, menores e maiores que 0,5
cm, não foi suficiente para detectar sutis diferenças nas variáveis biomecânicas durante o
andar e o correr entre os grupos, já que só se observaram diferenças significativas nas
análises intragrupo.
Por essa razão, optou-se então por experimentar aumentar a diferença da
desigualdade entre os grupos, ou seja, distanciá-los quanto à quantidade de desigualdade de
membros inferiores presente nesses sujeitos, e refazer as análises buscando obter resultados
mais esclarecedores. Com isso, poderíamos ter mais certeza de que discretas desigualdades
de fato mudam ou não a dinâmica do andar e correr.
Para tal, reorganizou-se o grupo desigualdade, nomeado de GD
2
composto por 10
corredores com desigualdade de membros inferiores superior a 1,0 cm pela escanometria; e
manteve-se o grupo controle (GC
2
), composto por 12 corredores com desigualdade inferior a
0,5 cm pela escanometria.
Apesar da desigualdade média do GD
2
ter sido maior nesta nova análise (1,3 ± 0,3 cm;
1,6 ± 0,5%), e ter variado de 1,0 - 2,2 cm (intervalo de confiança de 99%), ainda não se
56
observou diferença estatisticamente significativa em nenhuma das variáveis da FRS
horizontal, durante o andar e correr, tanto nas análises intergrupos quanto intragrupos
(Tabela 12).
Já para a FRS vertical durante o andar, a TC
1
no MI maior foi significativamente menor
no GD em relação ao GC (p=0,048), como descrito na Tabela 12 e Figura 23.
Tabela 12 - Médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal
durante o andar
GD
2
(n=10) GC
2
(n=12)
VARIÁVEIS MI Maior MI Menor p
1
MI Maior MI Menor p
1
Fz
1
(PC) 1,29 ± 0,07 1,30 ± 0,09 0,439 1,29 ± 0,12 1,29 ± 0,10 0,733
Fz
2
(PC) 1,15 ± 0,07 1,15 ± 0,08 0,514 1,16 ± 0,08 1,17 ± 0,06 0,221
Fz
min
(PC) 0,56 ± 0,06 0,58 ± 0,06 0,318 0,57 ± 0,10 0,56 ± 0,10 0,106
TC
1
(PC/s) 9,19 ± 1,49 9,45 ± 1,66 0,144 10,44 ± 1,72 10,42 ± 1,62 0,932
TC
2
(PC/s) 6,65 ± 1,03 6,58 ± 0,99 0,523 7,04 ± 0,86 7,16 ± 0,80 0,436
PO
(PC/s)
8,28 ± 1,40 8,02 ± 1,29 0,132 8,89 ±1,34 8,89 ± 1,41 0,991
Fx
max
(PC) 0,25 ± 0,03 0,24 ± 0,03 0,854 0,25 ± 0,03 0,25 ± 0,03 0,845
Fx
min
(PC) 0,21 ± 0,03 0,21 ± 0,04 0,626 0,21 ± 0,04 0,21 ± 0,03 0,912
Imp
Desaceleração
4,28 ± 0,72 4,18 ± 0,98 0,630 4,39 ± 1,02 4,23 ± 0,82 0,217
Imp
Aceleração
5,57 ± 0,61 5,60 ± 0,69 0,862 5,89 ± 0,81 5,75 ± 0,78 0,167
0,048
2
1
Teste t pareado
2
Teste t para amostras independentes (p < 0,05)
0 20406080100
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
GC X GD - ANDAR MI MAIOR
C.V.GC = 5,37%
C.V.GD = 3,94%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
0 20 40 60 80 100
-0,2
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
GC
GD
GC X GD - ANDAR MI MENOR
C.V.GC = 4,29%
C.V.GD = 4,10%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
Figura 23 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC
2
) e Desigualdade
(GD
2
), lados maior e menor durante o andar; a seta destaca a diferença
significativa
57
Para a FRS vertical durante o correr, os corredores com desigualdade de 1,0 a 2,2 cm
(GD
2
) apresentaram maiores valores de Fz
1
em relação aos sujeitos controle em ambos os
membros, porém somente no MI maior essa diferença foi significativa (p=0,048) indicando
maiores cargas no MI maior destes sujeitos com maiores desigualdades (Figura 24, Tabela
13).
0 20406080100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
GC X GD - CORRER M I MAIOR
C.V.GC = 9,70%
C.V.GD = 8,26%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
0 20406080100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
GC X GD - CORRER M I MENOR
C.V.GC = 9,94%
C.V.GD = 7,62%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
GC
GD
Figura 24 - Curvas médias da FRS vertical dos Grupos Controle (GC
2
) e Desigualdade
(GD
2
), lados maior e menor durante o correr; a seta destaca a diferença
significativa encontrada
Na análise intragrupo entre os lados, o GC novamente não apresentou diferenças
significativas entre o membro maior e o menor. Por outro lado, em GD as variáveis Fz
2
e PO
foram significativamente maiores no MI menor, exatamente como observado nas análises
anteriores. Além disso, observaram-se maiores valores de TC
1
também no MI menor nestes
sujeitos. Esses resultados podem ser visualizados na Tabela 13 e Figura 25.
58
Tabela 13 - Médias, desvio padrão e valores de p das variáveis da FRS vertical e horizontal
durante o correr
GD
2
(n=10) GC
2
(n=12)
VARIÁVEIS MI Maior MI Menor p
1
MI Maior MI Menor p
1
Fz
1
(PC)
1,70 ± 0,17 1,77 ± 0,24 0,241 1,57 ± 0,16 1,66 ± 0,16 0,076
Fz
2
(PC) 2,47 ± 0,21 2,55 ± 0,22 0,014 2,44 ± 0,21 2,42 ± 0,21 0,592
TC
1
(PC/s) 45,38 ± 11,24 47,99 ± 14,00 0,045 46,85 ± 10,58 50,80 ± 14,92 0,226
TC
2
(PC/s) 38,41 ± 8,71 41,22 ± 9,53 0,229 38,51 ± 6,66 38,80 ± 6,49 0,738
PO
(PC/s)
16,33 ± 3,32 17,07 ± 3,31 0,046 17,39 ± 3,69 16,92 ± 3,08 0,390
Fx
max
(PC) 0,29 ± 0,05 0,29 ± 0,06 0,718 0,32 ± 0,08 0,32 ± 0,07 0,607
Fx
min
(PC) 0,29 ± 0,06 0,29 ± 0,07 0,808 0,26 ± 0,04 0,27 ± 0,06 0,694
Imp
Desaceleração
5,64 ± 1,71 5,69 ± 1,92 0,904 4,76 ± 1,28 4,93 ± 2,43 0,718
Imp
Aceleração
8,26 ± 1,78 8,10 ± 2,11 0,662 9,14 ± 2,66 9,03 ± 2,70 0,626
0,048
2
1
Teste t pareado
2
Teste t para amostras independentes (p < 0,05)
0 20 40 60 80 100
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
GD - CORRER - MI MAIOR X MI MENOR
C.V. MI MAIOR = 8,26%
C.V. MI MENOR = 7,62%
FRS VERTICAL (PC)
TEMPO (% APOIO)
MI MENOR
MI MAIOR
Figura 25 - Curvas médias da FRS vertical do Grupo Desigualdade (GD
2
), lado maior e
menor durante o correr; as setas apontam as diferenças estatísticas significativas
Não foram observadas diferenças significativas no ISA de todas as variáveis da FRS
avaliadas, tanto no andar quanto no correr, seguindo o mesmo padrão observado nas
análises anteriores.
59
Tabela 14 - Médias, desvio-padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absoluto das
variáveis de FRS vertical e horizontal durante o andar nos grupos desigualdade
(GD
2
) e controle (GC
2
)
VARIÁVEIS GD
2
(n=10) GC
2
(n=12) p
ISA Fz
1
(%) 3,0 ± 1,3 4,0 ± 2,0 0,191
ISA Fz
min
(%) 2,0 ± 0,8 1,9 ± 0,9 0,907
ISA Fz
2
(%) 3,1 ± 1,9 3,9 ± 1,5 0,297
ISA Fx
max
(%) 0,6 ± 0,2 0,5 ± 0,2 0,219
ISA Fx
min
(%) 0,6 ± 0,3 0,6 ± 0,3 0,887
Teste t para amostras independentes (p < 0,05)
Tabela 15 - Médias, desvio-padrão e valores de p dos Índices de Simetria Absoluto das
variáveis de FRS vertical e horizontal durante o correr nos grupos desigualdade
(GD
2
) e controle (GC
2
)
VARIÁVEIS GD
2
(n=10) GC
2
(n=12) p
ISA Fz
1
(%) 9,4 ± 4,5 13,0 ± 6,2 0,148
ISA Fz
2
(%) 4,8 ± 4,5 6,0 ± 3,7 0,417
ISA Fx
max
(%) 1,0 ± 0,6 1,2 ± 0,6 0,353
ISA Fx
min
(%) 1,3 ± 0,5 1,5 ± 0,8 0,435
Teste t para amostras independentes (p < 0,05)
60
6. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
6.1. Discussão da Parte 1
As medidas antropométricas clínicas analisadas no presente estudo apresentaram
alta correlação com a medida radiográfica para expressar o comprimento do MI de acordo
com nossa hipótese inicial, entretanto nem todas as medidas clínicas estudadas foram
precisas em aferir a desigualdade entre os membros de forma semelhante ao que a
escanometria aferiu.
Os resultados demonstraram que o número de queixas apresentadas tanto pelos
sujeitos com desigualdade quanto pelos sujeitos sem desigualdade foram estatisticamente
semelhantes, no entanto, identificou-se uma incidência maior de dor no quadril e dor no
joelho nos corredores de média e longa distância do grupo desigualdade em comparação aos
corredores do grupo sem desigualdade, indicando que a desigualdade discreta pode interferir
na presença ou não de sintomas e/ou lesões ortopédicas, indo de acordo com estudos
prévios que associam a desigualdade de membros inferiores ao surgimento de artrite no
quadril (Gofton, 1971; Brunet et al., 1990; Dahl, 1996; Song et al., 1997), e dor na região da
articulação do joelho, que pode ser devida à osteoartrite no joelho, artrose fêmoro-patelar,
tendinite da banda ou ainda tendinite patelar iliotibial (Dahl, 1996; Hanada et al., 2001; Mann
et al., 1984).
Após analisar se o volume semanal de treino estaria interferindo no surgimento de
alterações ortopédicas em corredores com desigualdades, observou-se que os corredores
que corriam mais de 20Km/ semana, embora tenham apresentado maior número de fraturas
61
por estresse, concordando com Brunet et al. (1990), de uma maneira geral, apresentaram
menor número de sintomas e lesões e mesma quantidade de desigualdade que o grupo que
corria menos do que 20Km/ semana. Este fato pode ser justificado por uma adequada
periodização do treinamento ou ainda por uma melhor adaptação ao gesto esportivo
praticado nestes corredores com volume semanal maior que 20 km/semana.
No entanto, mais uma vez ficou claro que a desigualdade de membros inferiores é um
fator predisponente ao surgimento de lesões, uma vez que neste caso, o fator volume de
treino semanal levantado aqui como outra variável interveniente, não interferiu no número de
desordens.
Pode-se dizer que as medidas clínicas analisadas nesse estudo foram eficientes para
medir o comprimento dos MMII, por apresentarem alta correlação com o teste ouro, a
escanometria. Estas medidas podem ser confiáveis e válidas desde que uma mesma medida
seja utilizada em uma mesma pesquisa, usando um mesmo protocolo, como por exemplo, em
um estudo onde se mede o comprimento dos MMII antes e depois de uma intervenção
cirúrgica, ou ainda, em pacientes com sintomatologia em MMII ou coluna, onde o exame do
comprimento dos membros inferiores se faz necessário, essas medidas clínicas podem ser
recursos eficientes e de baixo custo capazes de detectar tais comprimentos.
Somente a desigualdade absoluta entre os MMII obtida pela medida Umbigo/MM foi
semelhante à obtida pela medida radiográfica, já para a desigualdade normalizada tanta a
medida Crista/MM quanto a medida Umbigo/MM obtiveram desigualdades estatisticamente
similares às obtidas pela escanometria.
Por outro lado, as medidas EIAS/MM e EIAS/ML, apesar da alta correlação
apresentada com a medida radiográfica, obtiveram desigualdades, absoluta e normalizada,
estatisticamente diferentes das desigualdades obtidas pela escanometria, concordando com
62
Nichols e Bailey (1955) que atestam que a medida EIAS/MM não é uma ferramenta confiável
para desigualdades inferiores a 1,25 cm e discordando de Woerman et al. (1984) que
descreve a medida EIAS/ML como a ferramenta clínica mais exata e precisa dentre os
métodos diretos.
Vale destacar que para executar a medida clínica EIAS/MM a fita métrica metálica é
posicionada proximalmente na região medial (EIAS) e é direcionada para a região medial
distalmente (borda superior do maléolo medial), e para executar a medida clínica EIAS/ML a
posição inicial proximal é a mesma, porém a fita métrica metálica é direcionada para a região
lateral distalmente (borda superior do maléolo lateral). Já para realizar as medidas clínicas
Crista/MM e Umbigo/MM, tanto a crista quanto a cicatriz umbilical estão situadas
medialmente, e a fita métrica metálica é direcionada distalmente, em ambos os casos, para a
borda inferior do maléolo medial. Diante disso, podemos justificar que a presença de uma
assimetria na circunferência da coxa pode ter interferido nos resultados obtidos pela medida
EIAS/MM, e a presença de obliqüidade pélvica ou desvios unilaterais ao longo do eixo do
membro pode ter interferido nos resultados da medida EIAS/ML (Woerman et al.,1984).
Esses resultados podem ser explicados também pela utilização da borda superior dos
maléolos durante a execução das mensurações utilizada pelas medidas EIAS/MM e EIAS/ML
ao invés da borda inferior utilizada pelas medidas clínicas Crista/MM e Umbigo/MM, uma vez
que se constatou durante as coletas, que a borda inferior dos maléolos era mais facilmente
identificável, sendo ainda mais fácil identificar a borda inferior do maléolo lateral independente
da massa corporal do sujeito.
Considerando que a desigualdade absoluta deve ser utilizada quando o objetivo for
uma medida precisa da desigualdade, como por exemplo, a correção da mesma pelo uso de
palmilhas corretivas; e a desigualdade normalizada deve ser utilizada para a comparação
63
entre sujeitos ou grupos, por levar em conta a estatura dos sujeitos, pode-se dizer então, que
somente a medida clínica, Umbigo/MM, analisada nesse estudo, se mostrou precisa em
quantificar a desigualdade absoluta entre os membros inferiores para que se possa com
precisão corrigir as desigualdades.
Com isso, diante da impossibilidade de realizar a escanometria, se o objetivo for o
tratamento da desigualdade, sugere-se a utilização da medida clínica Umbigo/MM para
detectar a desigualdade absoluta, porém se o objetivo for comparar as desigualdades dentro
de um grupo de sujeitos, sugere-se a utilização das medidas Crista/MM ou Umbigo/MM para
detectar a desigualdade normalizada entre os MMII.
Ainda podemos citar que todas as medidas antropométricas clínicas utilizadas neste
estudo acertaram o lado do membro maior com mais de 50% de certeza, contudo pode-se
dizer também que essas medidas hiper estimaram a desigualdade em mais da metade dos
sujeitos, indo novamente de acordo com Gofton (1985), que encontrou menores
desigualdades na radiografia em comparação às encontradas clinicamente.
Deve-se acrescentar que nenhuma das medidas aqui realizadas levou em conta
possíveis alterações nos pés, uma vez que até mesmo na escanometria somente o
comprimento dos ossos da coxa e perna, fêmur e tíbia, são mensurados. No entanto,
acreditamos que as adaptações nos pés podem ocorrer na tentativa de diminuir ou aumentar
o comprimento de um membro. Diante disso, sugerimos que se aprofundem e detalhem
estudos nesta temática, considerando que uma análise da FRS, ou ainda uma análise de
pressão plantar, poderia nos responder se está ou não ocorrendo uma adaptação dinâmica
do pé durante a locomoção.
64
Vale ressaltar ainda a importância de um achado clínico, pois se sabe que a
significância estatística pode não representar com exatidão a importância clínica de uma
desigualdade de MMII, e vice versa.
6.2. Discussão da Parte 2
Algumas variáveis de FRS analisadas nesse estudo se apresentaram
significativamente diferentes nos corredores com desigualdade de membros inferiores, tanto
no membro maior quanto no membro menor. Diferenças estas observadas entre os lados, e
também em comparação ao grupo controle. A hipótese de que os sujeitos com desigualdade
discreta do tipo estrutural de membros inferiores apresentariam alterações nas variáveis da
FRS durante o correr, de forma mais expressiva que no andar, em relação aos sujeitos sem
desigualdade, também foi confirmada.
Os resultados indicaram que desigualdades estruturais discretas de até 2,2 cm não
foram suficientes para causar alteração na FRS horizontal tanto na marcha quanto na corrida.
Já para a componente vertical da FRS observou-se que independente da quantia de
desigualdade apresentada, diferenças marcantes foram observadas na comparação
intragrupo entre os membros inferiores dos sujeitos com desigualdade, sendo que o MI menor
apresentou maiores valores de Fz
min
durante o andar, e maiores valores de TC
1
, Fz
2
e PO
durante o correr.
Este maior valor de Fz
min
encontrado no MI menor dos sujeitos com desigualdade de
0,5 a 2,0 cm (intervalo de confiança de 99%) durante o andar indica uma redução de força
durante o apoio médio, representando uma menor eficiência mecânica deste membro devido
a uma menor absorção de energia, uma vez que quanto menor o valor de Fz
min
, maior será a
65
absorção de energia pela atividade muscular do MI (Winter, 1990). As alterações
apresentadas pelos sujeitos com desigualdade durante o correr só vêm reforçar a hipótese de
menor eficiência mecânica deste MI menor, uma vez que maiores valores de taxa de
crescimento 1, segundo pico de força vertical e taxa de propulsão representam uma
sobrecarga para este membro durante todo o apoio.
A maior taxa de crescimento 1 apresentada pelos sujeitos com maiores desigualdades
(1,0 a 2,2 cm) durante o correr indica que o MI menor foi submetido a picos de força maiores
ou iguais com tempos iguais ou menores para atingir estes picos, representando altas forças
de impacto no momento do choque do calcanhar com o solo o que pode desencadear o
aparecimento de lesões no MI menor desses corredores. McCrory et al. (2001) qualificaram a
taxa de crescimento como sendo o parâmetro mais sensível para mensurar assimetrias nos
MMII. E Christina et al. (2001) observaram um aumento significativo da taxa de crescimento
da força de impacto após fadiga induzida da musculatura flexora de corredores, e ainda
relacionou esta alteração à incidência de lesões comuns nos MMII de corredores, pode-se
concluir então que as maiores taxas obtidas no presente estudo podem ser uma das causas
da alta incidência de desordens ortopédicas encontrada nos corredores com desigualdade de
membros inferiores analisados.
Durante o correr, o maior segundo pico de força no MI menor e maior taxa de
propulsão obtido pelos sujeitos com desigualdade, independente da quantia desta, aponta
para uma sobrecarga ativa maior neste membro uma vez que este pico é considerado o pico
ativo da FRS devido a ação dos músculos extensores de tornozelo. Concordando com White
et al. (2004), que observaram que durante a marcha em velocidade auto-selecionada (cerca
de 5,0 km/h), de uma maneira geral, o MI menor em sujeitos com desigualdade estrutural de
membros inferiores apresentaram maiores cargas. Estes autores encontraram uma maior
66
taxa de propulsão no MI maior durante a marcha, o que também foi observado por Perttunnen
et al. (2004), diferente do que o presente estudo observou. Embora as forças de impacto
representadas pelo primeiro pico de força estejam mais associadas à sobrecarga, e
conseqüentemente às lesões crônicas, Messier et al. (1991) sugerem que as forças ativas
representadas pelo segundo pico de força e taxa de propulsão também representam um
papel importante no surgimento de várias lesões agudas vinculadas à pratica da corrida. Os
maiores valores de Fz
2
associados a uma maior taxa de PO no membro menor significam que
maiores picos de força foram obtidos com tempo igual ou menor para concluir o apoio,
podendo indicar que a fase de propulsão, mais precisamente a fase da retirada dos dedos do
solo no MI menor dos sujeitos com desigualdade aconteceu mais rapidamente levando o MI
maior a encurtar o seu tempo de balanço. Assim, provavelmente o membro maior balançou
mais rápido e levou menos tempo para se chocar com o solo novamente. Este resultado está
de acordo com Vink e Huson (1987) que encontraram uma diferença no comprimento do
passo, e na duração da fase de balanço para cada membro em indivíduos com desigualdade
de membros inferiores.
Com relação à comparação intergrupos, só surgiram diferenças quando se comparou o
grupo controle à sujeitos com desigualdade superior a 1,0 cm (desigualdade de 1,0 - 2,2 cm,
intervalo de confiança de 99%). Essas diferenças intergrupos foram observadas no MI maior
dos sujeitos com desigualdade, que apresentaram menor TC
1
durante o andar e maior Fz
1
durante o correr, e confirmaram nossa hipótese inicial de que sujeitos com desigualdade
discreta estrutural de membros inferiores apresentariam alterações nas variáveis da FRS em
comparação aos sujeitos sem desigualdade.
Esta menor taxa de crescimento 1 no MI maior durante o andar de sujeitos com
maiores desigualdades indica que o MI maior desses sujeitos levou mais tempo para atingir o
67
primeiro pico de força vertical do que o MI maior de sujeitos sem desigualdade, o que pode
representar um mecanismo compensatório adotado na tentativa de reduzir sobrecargas no
momento do ataque do calcanhar ao solo, uma vez que quanto maior o tempo entre o início
do apoio e a ocorrência de Fz
1
, maior será o amortecimento e a absorção de cargas. No
entanto, sabe-se que mecanismos musculares ativos levam em torno de 50 ms para serem
ativados, e que de uma maneira geral o primeiro pico de força durante a corrida ocorre por
volta dos 35 ms, sugerindo que se algum mecanismo compensatório ocorreu, foi um ajuste
passivo. Wright et al. (1998) discutiram estes mecanismos compensatórios passivos quando
simularam a fase de impacto em uma corrida com intuito de analisar as possíveis adaptações
musculoesqueléticas à diferentes solados, e o que os autores observaram foi que as forças
de impacto foram reguladas por respostas mecânicas passivas do sistema esquelético,
indicando que nenhuma adaptação ativa foi necessária para produzir este ajuste.
E a maior Fz
1
no MI maior durante o correr nos corredores com maiores desigualdades
em comparação ao GC vai ao encontro dos resultados de maiores Fz
2
e PO no MI menor
(comparação intragrupo), que sugerem uma retirada mais rápida do solo do MI menor
provavelmente devido a uma maior ativação de seus extensores de tornozelo. Desta forma, a
fase de balanço do MI maior deve ter sido reduzida e conseqüentemente devido a maior
velocidade de impacto vertical, uma maior força de ataque do calcanhar com o solo ocorreu
no MI maior, e, portanto um maior impacto, tal como descrito por Bus, (2003). Tais resultados
corroboram com os achados de Hreljac (2004) que cita que a magnitude da força de impacto
durante a corrida é determinada por fatores que antecedem a aterrissagem e o contato do pé
com o solo, tais como a velocidade e a geometria de colocação do pé no solo, a velocidade
do centro de massa no instante do contato, a área de contato, e as propriedades mecânicas
68
dos materiais biológicos e do calçado, além da atividade muscular excêntrica dos flexores de
tornozelo (Winter, 1990).
Os resultados obtidos no presente estudo também estão de acordo com Kaufman et al.
(1996) que encontraram maiores cargas no MI maior de sujeitos com maiores desigualdades
indicando uma maior sobrecarga neste membro no momento do choque do calcanhar com o
solo.
Schuit et al. (1989) e Sutherland (1995) associaram a diminuição do tempo de apoio no
lado menor e a diminuição no comprimento do passo também no lado menor com a
característica claudicação em sujeitos com desigualdade de membros inferiores;
características estas não observadas no presente estudo, mas conforme discussão anterior,
poder-se-ia chegar a estas conclusões pelos dados da FRS analisados. Estudos futuros com
o uso da cinemática poderiam corroborar com tais especulações.
Para McCaw (1991), uma maior sobrecarga no MI maior dos sujeitos com
desigualdade de membros inferiores, como a observada nos sujeitos do presente estudo,
pode ser a responsável pelo surgimento de desordens ortopédicas como osteoartrite de
quadril e joelho, fratura por estresse e ainda dor lombar, o que de certa forma justificaria a
alta incidência de lesões, tais como as citadas anteriormente que foram encontradas nos
sujeitos do presente estudo.
As variáveis Fz
2
e PO no MI menor dos sujeitos de GD e GD
2
se comportaram da
mesma maneira indicando que a magnitude da desigualdade, desde que discreta, pouco
interferiu nestas variáveis durante a corrida. Porém, com esta maior distinção entre os grupos
estudados (GC
2
– GD
2
), a partir do aumento da magnitude da desigualdade de membros
inferiores, maiores foram as alterações nas variáveis de FRS, o que foi confirmado pela maior
TC
1
apresentada no MI menor de GD
2
, e também pelas diferenças significativas encontradas
69
entre GD
2
e GC
2
(maiores Fz
1
e TC
1
no MI maior de GD
2
). Estes resultados estão de acordo
com Kaufman et al. (1996) que observaram em seu estudo que de maneira geral, todos os
parâmetros de FRS vertical tenderam a uma maior assimetria quanto maior a desigualdade
de membros inferiores.
Segundo Robinson et al. (1987), Herzog et al. (1989), e Zifchock et. al. (2005) valores
do índice de simetria próximos de zero indicam um andar e uma corrida simétricos, e de
acordo com os ISA da FRS horizontal durante o andar e o correr, os sujeitos de ambos os
grupos apresentaram a marcha e a corrida simétricas já que seus valores do índice de
simetria absoluto foram muito próximos de zero.
De um modo geral o mesmo aconteceu com os ISA da FRS vertical, uma vez que não
foram observadas diferenças significativas entre os grupos, e os valores do ISA durante a
marcha e a corrida foram pequenos e semelhantes aos encontrados por Cahalan et al. (1992)
em sujeitos normais durante o andar, indicando que ambas estão simétricas. A única exceção
ficou por conta do ISA do primeiro pico de força que apresentou maior valor durante a corrida
em ambos os grupos. White et al. (2004) encontraram maior valor desse IS em sujeitos com
desigualdade estrutural de membros inferiores ao se comparar esses sujeitos com sujeitos
considerados normais, isto é, com desigualdade inferior a 0,5 cm
Para Kaufman et al. (1996) desigualdades de 2,0 cm equivalentes a 3,7% do MI maior
levam a uma marcha assimétrica, e para estes autores quanto maior a desigualdade de
membros inferiores maior a assimetria em cada parâmetro da marcha, contrariando os
achados deste estudo uma vez que ambos os grupos estudados, em todas as análises,
apresentaram valores de ISA muito próximos para todas as variáveis de FRS analisadas.
Vale ressaltar que a velocidade adotada durante as análises da corrida neste estudo foi
de aquecimento, logo, com maiores velocidades as alterações poderiam ser mais evidentes.
70
Esta hipótese pode ser reforçada pelos achados do presente estudo quando maiores
diferenças foram observadas no correr em relação ao andar.
Acredita-se também que a presença de desigualdade faça com que esses sujeitos
adotem mecanismos compensatórios com objetivo de promover um padrão de marcha
eficiente, como foi constatado tanto em crianças como em adultos (Schuit et al., 1989;
D’Amico et al., 1985; Kaufman et al., 1996), mecanismos estes que podem incluir uma
supinação do pé do lado menor e pronação do lado maior capazes de equilibrar o
comprimento dos membros (Bhave et al., 1999; Subotinick, 1976). No entanto, essas
adaptações utilizadas na tentativa de igualar funcionalmente a desigualdade podem levar a
um aumento de sobrecarga em um dos membros favorecendo o surgimento de sintomas e/ou
lesões (Kaufman et al., 1996). Destacando que a pronação excessiva do retropé tem sido
amplamente relacionada ao aparecimento de lesões nos MMII (Bus, 2003; Nigg, 2000).
Acredita-se que a análise cinemática, ou ainda a avaliação da distribuição de pressão
plantar durante a marcha e a corrida desses corredores, poderiam explicar funcionalmente as
alterações e compensações supostamente adotadas. Portanto, sugere-se que estas análises
sejam realizadas de forma a investigar mais profundamente os mecanismos que o aparelho
locomotor adota na condição de desigualdade dos membros inferiores.
71
7. CONCLUSÕES
Os resultados apontaram que independente do volume semanal de treino, uma
desigualdade estrutural discreta de MMII pode estar relacionada ao surgimento de sintomas
e/ou lesões no sistema musculoesquelético, em especial nas articulações do joelho e quadril.
Todas as medidas antropométricas clínicas analisadas neste estudo mostraram-se
válidas para medir o comprimento dos MMII por apresentar alta correlação com a medida
radiográfica, entretanto foi questionável o poder das medidas EIAS/MM e EIAS/ML em
quantificar precisamente as desigualdades. A medida Umbigo/MM obteve desigualdade
absoluta e normalizada semelhante à obtida pela medida radiográfica, e a medida Crista/MM
obteve desigualdade normalizada semelhante aos valores obtidos pela escanometria,
demonstrando serem os métodos mais precisos dentre as medidas clinicas analisadas no
presente estudo.
Pode-se dizer então, que as medidas Crista/MM e Umbigo/MM são recursos eficientes
e de baixo custo capazes de detectar desigualdade de membros inferiores quando a
realização da medida radiográfica não for possível. Ressaltando que para se obter resultados
válidos com a utilização de métodos clínicos, sempre o mesmo método deve ser utilizado em
uma mesma pesquisa, utilizando um mesmo protocolo, tomando cuidado com o
posicionamento do sujeito e com as vestimentas por ele utilizadas.
Independente do método de avaliação escolhido, a utilização da borda inferior dos
maléolos como saliência óssea distal é recomendada por ser mais facilmente identificável, na
tentativa de diminuir o erro das medidas.
72
Sujeitos com desigualdade estrutural discreta de membros inferiores apresentaram
alterações nas variáveis da FRS vertical durante o correr de forma mais expressiva do que no
andar, e em relação aos sujeitos sem desigualdade. Essas alterações apresentadas pelos
sujeitos com desigualdade indicam que maiores sobrecargas acontecem no MI maior na fase
de carga, e no MI menor na fase de propulsão, indicando que tanto o MI maior quanto o MI
menor de sujeitos com desigualdade discreta de membros inferiores são suscetíveis ao
surgimento de sintomas e/ou lesões devido à sobrecarga imposta a eles durante a corrida,
muito mais do que durante a marcha. Os resultados apontaram ainda que quanto maior a
desigualdade de membros inferiores, maior a sobrecarga, e o efeito cumulativo dessa carga
aumentada por longos períodos poderia desencadear dor lombar, fratura por estresse e ainda
precoce degeneração articular.
73
ANEXO A - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EM PARTICIPAÇÃO DA
PESQUISA – PARTE 1
Projeto de pesquisa: Antropometria e Biomecânica comparativa da locomoção de corredores
com e sem desigualdade estrutural de comprimento de membros inferiores
Parte 1
Este projeto tem como objetivo central avaliar a medida do comprimento das pernas, como
andam e correm indivíduos com desigualdade das pernas. Tem-se como objetivo investigar
possíveis conseqüências no andar e no correr em função de diferenças de comprimento de
membros. Para isso, o (a) senhor (a) será avaliado (a) através de alguns testes que estão
descritos com mais detalhes abaixo. Os estágios 1 e 2 serão realizados na Cidade Universitária
(em frente à Escola de Educação Física da USP) e terá duração de aproximadamente 20 minutos.
O estágio 3 será realizado no Laboratório Delboni Auriemo. Os resultados, guardadas as devidas
identificações e mantida a confidencialidade, serão analisados e utilizados única e exclusivamente
para fins científicos. Os procedimentos descritos abaixo não oferecem qualquer risco ao senhor
(a).
Estágio 1
: o(a) senhor(a) será entrevistado através de um questionário sobre sua história geral,
seus dados pessoais e doenças já existentes.
Estágio 2
: será feita uma medição com fita métrica de suas pernas estando o(a) senhor(a)
deitado em uma maca.
Estágio 3
: o(a) senhor(a) fará uma radiografia (raios X) de suas pernas para avaliarmos as
diferenças de comprimento de membros.
O Senhor (a) tem a liberdade de desistir de sua participação nesta pesquisa a qualquer
momento sem prejuízo ao senhor (a). Caso necessite entrar em contato com os pesquisadores
responsáveis por esta pesquisa o sr (a) deve entrar em contato com a docente responsável
pela pesquisa: Profa. Dra. Isabel de Camargo Neves Sacco – tel. 3091.7464. Estaremos a sua
disposição.
Após o conhecimento dos testes aos quais estarei me submetendo, concordo em participar deste
projeto de pesquisa, na condição de voluntário permitindo a realização destes testes, conforme
condições descritas acima.
Assinatura do voluntário: _______________________________________________
Assinatura do pesquisador: ______________________________________________
Data: ____/____/____.
74
ANEXO B - CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO EM PARTICIPAÇÃO DA
PESQUISA – PARTE 2
Projeto de pesquisa: Antropometria e Biomecânica comparativa da locomoção de corredores
com e sem desigualdade estrutural de comprimento de membros inferiores
Parte 2
Este projeto tem como objetivo central avaliar a medida do comprimento das pernas, como
andam e correm indivíduos com desigualdade das pernas. Tem-se como objetivo investigar possíveis
conseqüências no andar e no correr em função de diferenças de comprimento de membros.
Detectamos nas primeiras etapas deste projeto, através da medida de suas pernas com fita métrica e
raios-X, uma desigualdade no comprimento dos seus membros inferiores; então realizaremos agora
uma avaliação do seu andar e do seu correr. O Estágio 4 será realizado no Laboratório de
Biomecânica do Movimento e Postura Humana do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e
Terapia Ocupacional - Faculdade de Medicina - USP e terá duração de aproximadamente 40 minutos.
Os resultados, guardadas as devidas identificações e mantida a confidencialidade, serão
analisados e utilizados única e exclusivamente para fins científicos. Os procedimentos descritos
abaixo não oferecem risco ao senhor (a).
Estágio 4
: Avaliação da biomecânica da marcha: o(a) senhor(a) caminhará e correrá sobre uma
passarela por aproximadamente 15 minutos fazendo uso do seu tênis habitual de corrida, para
posterior análise que faremos.
O Senhor (a) tem a liberdade de desistir de sua participação nesta pesquisa a qualquer
momento sem prejuízo ao senhor (a). Caso necessite entrar em contato com os pesquisadores
responsáveis por esta pesquisa o sr (a) deve entrar em contato com a docente responsável
pela pesquisa: Profa. Dra. Isabel de Camargo Neves Sacco – tel. 3091.7464. Estaremos a sua
disposição.
Após o conhecimento dos testes aos quais estarei me submetendo, concordo em participar deste
projeto de pesquisa, na condição de voluntário permitindo a realização destes testes, conforme
condições descritas acima.
Assinatura do voluntário: _______________________________________________
Assinatura do pesquisador: ______________________________________________
Data: ____/____/____
75
ANEXO C
76
ANEXO D - FICHA DE AVALIAÇÃO INICIAL
Data da avaliação: ____/____/____.
1) Dados Pessoais
Nome: ________________________________________________. Identificação: _______.
End: _____________________________________________________. Tel: ___________.
Profissão: __________________. Idade: ____. Sexo: ____. Massa: _____.Estatura: _____.
2) Pratica atividade física? Sim ( ) Não ( ). Há quanto tempo? _____meses/ano.
Que tipo? Aeróbia ( ) RML ( ) Alongamento ( ) Outras ( ) _________________.
Quantas vezes por semana? 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) 6 ( ) 7 ( )
3) Há quanto tempo você corre freqüentemente?
a) menos que um ano d) 5 - 10 anos
b) 1 - 3 anos e) mais que 10 anos
c) 3 - 5 anos f) não corro
4) Quantos quilômetros por semana?
a) 0- 10 Km d) 31- 50 km
b) 11 - 20 Km e) mais de 50 km
c) 21- 30 km
5) Você usa órteses? (palmilhas para corrigir mau alinhamento)?
a) não b) sim c) já usei, mas não uso mais
6) Já recebeu diagnostico de fratura de estresse por um médico?
a) não; d) sim, na perna (fíbula ou tíbia)
b) sim, na região anterior do e) sim, no fêmur
c) sim, no calcanhar
7) Você tem discrepância no comprimento de membros inferiores diagnosticada?
a) não b) sim, 0 – 1 cm c) mais que 1 cm.
Porque realizou a medida?
Dor lombar ( ) Escoliose ( ) Má postura ( ) Avaliação ( ).
8) Que parte do seu sapato gasta mais rápido?
a) lado de fora do calcanhar d) interno a parte anterior do pé
b) interno ao calcanhar e) todo o pé
c) lateral a parte anterior do pé
77
9) A maioria de suas lesões tem sido associadas a:
a) nunca tive lesão g) com o intervalo de treinamento
b) quilometragem excessiva h) treino nas montanhas
c) rápida alteração na rotina de treinamento i) com as provas
d) alteração no tipo de superfície j) tênis velho
e) nenhuma causa desconhecida k) outras causas
f) anormalidade biomecânica conhecida
10) Já teve dor lombar? a) sim; b) não.
Qual a freqüência? a) Diariamente b)Semanal c)Mensal d)Sempre.
A dor aparece quando? a) Fica em pé b) Anda c) Senta d) Acorda.
A dor desaparece quando?
a) Senta b) Deita c) Dorme d) Com remédio.
A dor é:
a) Constante b) Incomoda c) Suportável d) Incapacitante
Quantifique sua dor:
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Muito pouca Insuportável
11) Já teve dor no quadril? (...) sim; (...) não.
12) Já apresentou dor no joelho? (...) sim; (...) não.
13) Qual método de tratamento das lesões funcionou melhor para você?
a) nunca precisei de tratamento f) órteses
b) alterar minha rotina de treinamento g) modificar a superfície da corrida
c) redução da quilometragem h) mudar o calçado
d) medicação e/ou gelo e calor i) outro tratamento
e) alongamentos
14) Realizou algum tipo de cirurgia ortopédica? (...) Sim (...) Não.
Qual? ______________________________________Quando? _________________.
78
ANEXO E - FICHA DE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA
Identificação: ___________________________________Data: ____/____/____.
MEDIDA DOS MEMBROS INFERIORES:
Membros MI Direito (cm) MI Esquerdo (cm)
Parâmetros 1ª. medida 2ª. medida 1ª. medida
2ª. medida
EIAS - borda superior
do maléolo medial
EIAS – borda superior
do maléolo lateral
Crista Ilíaca - borda inferior
do maléolo medial
UMBIGO – borda inferior
do maléolo medial
79
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Amadio AC, Duarte M. Fundamentos biomecânicos para a análise do movimento humano.
São Paulo: Laboratório de Biomecânica/Eefeusp; 1996.
Amstutz HC, Sakai DM. Equalization of leg length. Editorial Comments. Clin Orthop. 1978;
136 ; 2-5.
Bassey EJ, Littlewood JJ, Taylor SJG. Relations between compressive axial forces in an
instrumented massive femoral implant, ground reaction forces, and integrated
electromyographs from vastus lateralis during various osteogenic exercises. J. Biomech.
1997; 30: 213 – 23.
Beattie P, Isaacson K, Riddle DL, Rothstein JM. Validity of derived measurements of leg
length differences obtained by use of a tape measure. Phys Ther. 1990; 70 (3): 150 - 7.
Biering SF. Physical measurements as risk indications for low back trouble over a one – year
period. Spine. 1984; 9: 106 – 19.
Bhave A, Paley D, Herzenberg JE. Improvement in gait parameters after lengthening for the
treatment of limb length discrepancy. J Bone Joint Surg. 1999; 81A (4): 529 – 34.
Brunet ME, Cook SD, Brinker MR, Dickinson JA. A survey of running injuries in 1505
competitive and recreational runners. J Sports Med Phys Fitness. 1990; 30 (3): 307 – 15.
Bus SA. Ground reaction forces and kinematics in distance running in older-aged men. Med
Sci Sports Exerc. 2003; 35 (7): 1167 – 75.
Cahalan TD, King L, Chao EYS. Symmetry of the vertical ground reaction force in normals.
Proceedings of the European Symposium on Clinical Gait Analysis. 1992; 79 – 82; Zurich,
Switzerland. 1992.
80
Christina KA, White SC, Gilchrist LA. Effect of localized muscle fatigue on vertical ground
reaction forces and ankle joint motion during running. Hum Mov Sci. 2001; 20: 257-76.
Cunha LAM, Pauleto AC, Oliva Filho AL, Moura MFA, Penkal ML. Influência do
posicionamento osteoarticular e dos possíveis erros técnicos nos valores obtidos em
escanometrias. Rev. Bras. Ortop. 1996 Mar; 31 (3): 240 - 6.
Dahl MT. Limb length discrepancy. Pediatrics Clinics of North America. 1996; 43 (4): 849 - 65.
D’Amico JC, Dinowitz HD, Polchaninoff M. Limb length discrepancy. An eletrodynographic
analysis. J Am Podiat Assn. 1985; 75: 639 - 43.
Diss CE. The reliability of kinetic and kinematic variables used to analyse normal running gait.
Gait Posture. 2001; 14: 98 – 103.
Eichler J. Methodological errors in documenting leg length and leg length discrepancies. In:
Hungerford D.S., ed. Leg length discrepancy, the injured knee. Prog. Orthop. Surg. New York
Springer – Verlag. 1977. P. 29 – 39.
Fann AV. Validation of postural Radiographs as a Way to Measure Change in Pelvic Obliquity.
Arch Phys Med Rehabil. 2003 Jan; 84: 75 - 8.
Friberg O. Clinical symptoms and biomechanics of lumbar spine and hip joint in leg length
inequality. Spine. 1983: 8 (6): 643 - 51.
Giles LGF, Taylor JR. Low back pain associated with the leg length inequality. Spine. 1981; 6:
510 – 21.
Gofton JP. Studies in osteoarthritis of the hip. Part IV: Biomechanics and clinical
considerations. Can Med Assoc J. 1971; 104: 1007 – 11.
Gofton JP. Persistent low back pain and leg length disparity. J Rheumatol. 1985; 12: 747-750.
Gogia PP, Braatz JH. Validity and reliability of leg length measurements. J Orthop Sports
Phys Ther. 1996; 8 (4): 185 - 8.
81
Gross RH. Leg length discrepancy in marathon runners. Am J Sports Med. 1983; 11: 121–4.
Gurney B. Review, Leg length discrepancy. Gait Posture. 2002; 15: 195 - 206.
Guichet JM, Spivak JM, Trouilloud P, Grammont PM. Lower Length Discrepancy – An
Epidemiologic Study. Clinical Orthopaedics and Related Research. 1991; 272: 235 – 441.
Hanada E, Kirby RL, Mitchell M, Swuste JM. Measuring Leg-Length Discrepancy by the “Iliac
Crest Palpation and Book Correction” method: Reliability and Validity. Arch Phys Med Rehabil.
2001; 82: 938 - 42.
Heilig D. Principles of Lift Therapy. JAOA. 1978 Feb; 77: 466 - 72.
Helliwell M. Leg length inequality and low back pain. The Practioner 1985; 229: 483 - 5.
Herzog W, Nigg BM, Read LJ, Olsson E. Asymmetries in ground reaction force patterns in
normal human gait. Med. Sci Sports Exerc. 1989; 21 (1): 110 - 4.
Hoppenfeld S. Physical Examination of the Spine and Extremities. New York: Appleton-
Century-Crofts. 1997.
Hreljac A. Impact and overuse injuries in runners. Med Sci Sports Exerc. 2004; 36 (5): 845 - 9.
Karamanidis K, Arampatzis A, Bru”ggemann GP. Symmetry and reproducibility of kinematic
parameters during various running techniques. Med Sci Sports Exerc. 2003; 35 (6): 1009 – 16.
Kaufman KR, Miller LS, Sutherland D. Gait asymmetry in patients with limb length inequality. J
Pediatr Orthop. 1996; 16: 144 - 50.
Korpelainen R. Risk Factors for Recurrent Stress Fracture in Athletes. Am J Sports Med .
2001; 29 (3): 304 - 10.
Langer S. Structural short leg shortage: a case report. J Am Podiatry Assoc. 1976; 66: 38 –
40.
Liu XC, Fabry G, Molenares G, Lammens J, Moens P. Kinematic and Kinetic asymmetry in
patients with leg length discrepancy. J Orthop Pediatric. 1998; 18 (2): 187 - 9.
82
Mann M, Glasheen-Wray M, Nyberg R. Therapist agreement for palpation and observation of
iliac crest heights. Phys Ther. 1984; 64 (3): 334 – 8.
Mann R, Baxter D, Letter L. Running Symposium. Foot and Ankle. 1981; 1(4): 190-224.
Messier SP, Davis SE, Curl WW, Lowrey RB, Pack RJ. Etiologic factors associated with
patellofemoral pain in runners. Med Sci Sports Exerc. 1991; 23: 1008 - 15.
McCrory JL, White SC, Lifeso RM. Vertical Ground reaction forces: objective measures of gait
following hip arthroplasty. Gait Posture. 2001; 14: 104 - 9.
Mahar RK, Macleod DA. Simulated leg length discrepancy: Its effects on mean center of
pressure position and postural sway. Arch Phys Med Rehabil. 1985 Dec; 66: 822 – 4.
McCaw ST, Bates BT. Biomechanical implications of mild leg length inequality. Br J Sports
Med. 1991;25 (1):10 - 3.
Menelaus MB. The management of limb inequality. New York: Churchill Livingstone; 1991. P.
4–5.
Moseley CF. Leg length discrepancy. In Lovell and winter’s Pediatric Orthopaedics. Edited by
R.T. Morissy. 3
rd
ed. Philadelphia: J.B. Lippincot; 1990; (2). P. 767 – 813.
Nadler S, Wu KD, Galski T, Feinberg J. Low back pain in college athletes: A prospective study
correlating lower extremity overuse or acquired ligaments laxity with low back pain. Spine.
1998; 23 (7): 828 - 33.
Neely FG. Biomechanical risk factor for exercise – Related lower limb injuries – Review article.
Sports Med. 1998; 26 (6): 395 - 413.
Nichols PJR. Short leg syndrome. Br Med J. 1960; 1: 1863 - 5.
Nichols PJR, Bailey NTJ. The accuracy of Measuring Leg Length Differences. An “observer
error” experiment. Br Med J. Nov 1955; 19: 1247 - 8.
Nigg BM. Biomechanics of running shoes. Champaign, IL: Human Kinetics; 1986.
83
Nigg BM. The Role of Impact Forces and Foot Pronation: A New Paradigm. Clin J Sports Med.
2000; 11: 2 - 9.
Orthentics [serial online] 2006 Mai [citado em 2006 Mai 12] Disponível na Internet via www.
URL. http://www.orthentics.com/index.htm
Perttunen JR, Anttila E, Södergard J, Merikanto J, Komi PV. Gait asymmetry in patients with
limb length discrepancy. Scan J Med Sci Sports. 2004; 14: 49 – 56.
Petrone MR. The Accuracy of the Palpation Meter (PALM) for Measuring Pelvic Crest Height
Difference and Leg Length Discrepancy. J Orthop Sports Phys Ther. 2003; 33 (6): 319-24.
Reid DC, Smith B. Leg length inequality: a review of etiology and management. Phys Can.
1984; 36: 177 – 82.
Robinson RO, Herzog W, Nigg BM. Use of force platform variables to quantify the effects of
chiropractic manipulation on gait symmetry. J Manipulative Physiol Ther. 1987; 10: 172 – 6.
Schuit D, Adrian M, Pidcoe P. Effect of heel lifts on ground reaction force patterns in subjects
with structural LLD. Phys Ther. 1989; 69: 663 – 70.
Siffert RS. Current concepts – Review – Lower limb length discrepancy. J Bone Joint Surg.
1987; 69A (7): 1100 - 6.
Song KM, Halliday SE, Little DG. The effect of limb length discrepancy on gait. J Bone Joint
Surg. 1997; 79A (11): 1690 - 8.
Subotnick SI. The short leg syndrome. J Am Podiatry Assoc. 1976; 66: 720 – 3.
Sutherland DH. Interpretation of Gait analysis data. San Diego, California: Children’s Hospital;
1995.
Takahashi T, Ishida K, Hirose D, Nagano Y, Okumiya K, Nishinaga M, Doi Y, Yamamoto H.
Vertical Ground Reaction Force Shape is Associated with Gait Parameters, Timed Up and Go,
and Functional Reach in Elderly Females. J Rehabil Med. 2004; 36: 42 – 5.
84
Terry Ma, Winell Jj, Green Dw, Schneider R, Peterson M, Marx Rg, Widmann RF.
Measurement variance in limb length discrepancy: Clinical and radiographic assessment of
interobserver and intraobserver variability. J Pediatr Orthop. Mar/Apr 2005; 25(2): 197 – 201.
Vink P, Huson A. Lumbar back muscle activity during walking with leg inequality. Acta Morphol
Neerl Scan. 1987; 25 (4): 261-71.
Winter DA. Biomechanics and Motor Control of Human Movement. 2
nd
ed. Waterloo, Ontario,
Canada: John Wiley& Sons, Inc.; 1990.
White SC, Gilchrist LA, Wilk BE. Asymmetric Limb Loading with True or Simulated Leg-Length
Differences. Clin Orthop Rel Res. April 2004; 1(421): 287-92.
Woerman AL, Stuart A, Binder-Macleod A. Leg length discrepancy assessment: Accuracy and
precision in five clinical methods of evaluation. J Orthop Sports Phys Ther. 1984; 5 (5): 230 -9.
Wright IC, Neptune RR, Van Den Bogert AJ, Nigg BM. Passive regulatilon of impact forces in
heel-toe running. Clin Biomech. 1998; 13: 521 – 31.
Zifchock RA, Davis I, Hamill J. Kinetic asymmetry in female runners with and without
retrospective tibial stress fractures. J Biomech. Nov 2005; article in press.
85
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Beal MC. Review of short leg problem. J Am Osteopath Assoc. 1950; 50: 109-21.
Giles LGF. Lumbosacral facetal ‘joint angles’ associated with leg length inequality. Rheumatol
Rehabil. 1981; 20: 233 – 8.
Gross RH. Leg length discrepancy: How much is too much? (Abstract) Orthopedics. 1978; 1
(4): 307-10.
Gross MT, Burns CB, Chapman SW, Hudson CJ, Curtis HS, Lehmann JR, et al. Reliability
and validity of rigid lift and pelvic leveling device method in assessing functional leg length
inequality. J Orthop Sports Phys Ther. 1998 April; 27 (4): 285-94.
Hellsing AL. Leg Length Inequality. A prospective study of young men during their military
service. Upsala J Med Sci. 1988; 93: 245-53.
Kiss S, et al. Ground Reaction Forces and Bone Parameters in Females with Tibial Stress
Fracture. Med Sci Sports Exerc. 2004; 36 (3): 397–404.
Krawiec CJ, Denegar CR, Hertel J, Salvaterra GF, Buckley WE. Static Innominate asymmetry
and leg length discrepancy in asymptomatic collegiate athletes. Man Ther. 2003; 8(4): 207-13.
Nourbakhsh MR, Arab AM. Relationship between mechanical factors and incidence of low
back pain. J Orthop Sports Phys Ther. 2002 Sep; 32 (9): 447– 459.
Santos HH, Cunha FR. A comparação da discrepância de membros inferiores entre atletas
fundistas e saltadores. Anais do X Congresso Brasileiro de Biomecânica, 2003; 1: 211 - 4.
Subotnick SI. Limb length discrepancies of Lower extremity (The short leg syndrome). J
Orthop Sports Phys Ther. 1981; 3 (1): 11 - 6.
APÊNDICE – ROTINA ‘LD’ DO MATLAB
function LD(label, peso);
%LD('GD03AD',653)
% 18/10 - Inicio do LEG DISCREPANCY
% Baseado em gaitway
close all;
% =================================================
% DEFINICAO DAS VARIAVEIS INICIAIS DADO O SUJEITO
% =================================================
grupo = label(1:2); % a 1a e 2a letra do label eh o grupo (ex: gc)
sujeito = label(3:4); % a 3a e 4a letra do label eh o sujeito (ex: 02)
movim = label(5); %movimento (ex. a ou c - andar ou correr)
lado = label(6); % lado (ex. a ou e - maior ou menor)
tentativa = {'01','02','03','04','05'};
%tentativa = {'01','02'};
ext = '.txt';
freq = 1000;
fc =200;
% ==========================================================
% Alterar o caminho dependendo da estrutura do diretorio dos dados
% ==========================================================
if grupo == 'GC'; caminho='GC/GC'; end;
if grupo == 'GD'; caminho='GD/GD'; end;
clc;
disp('Leg Discrepancy: Carregando arquivos');
% ==================================================
FZ1=zeros(5,1); FZ2=zeros(5,1); FZmin=zeros(5,1);
t_FZ1=zeros(5,1); t_FZ2=zeros(5,1); t_FZmin=zeros(5,1);
Tx_FZ1=zeros(5,1);Tx_FZ2=zeros(5,1);
Tx_FX1=zeros(5,1);Tx_FX2=zeros(5,1);
FXmax=zeros(5,1); FXmin=zeros(5,1);
t_FXmax=zeros(5,1); t_FXmin=zeros(5,1);
ImpDes=zeros(5,1); ImpAcel=zeros(5,1);
% ==========================================================
for t = 1:length(tentativa)
% ==========================================================
m = load([caminho sujeito '/' label char(tentativa(t)) ext]);
% Inicializacao das matrizes dos dados (para media de cada sujeito)
if t ==1; % Apenas para a 1a tentativa
x = zeros( length(m), length(tentativa) );
z = zeros( length(m), length(tentativa) );
inic_fim = zeros( length(tentativa), 2);
end;
% ======================================================
% Define as variaveis (colunas) tempo e Forcas Horizontal e Vertical
% ======================================================
time = 1:length (m); % TEMPO = comprimento da matriz
x(:, t) = m(:,2); % 2a coluna: Forca Horizontal (Antero Posterior)
z(:, t) = m(:,3); % 3a coluna: Forca Vertical
% ======================================
% Fator de correçao de libras para Newton
% ======================================
x(:, t) = x(:, t) * (4.45); z(:, t) = z(:, t) * (4.45);
% ======================================
% Normalizar os dados pelo Peso Corporal
% ======================================
x(:, t) = x(:, t) / (peso); z(:, t) = z(:, t) / (peso);
% ======================================================
% Definição do Offset ; Parte inicial do sinal antes do sujeito tocar plataforma
% ======================================================
z_off = mean(z(1:100, t));
x_off = mean(x(1:100, t))
% Apos verificar todos os sujeitos, observei que o menor t inicial ocorreu em 150 pontos, por isso o offset foi estabelecido como a media dos
100 primeiros pontos.
% Dada Freq. Coleta 1000 Hz e Tempo Coleta 4 seg
z(:, t) = z(:, t) - z_off; x(:, t) = x(:, t) - x_off;
% [a, b] = butter(ORDEM, Freq_Nyquist = Freq_Corte/(Freq_Amostragem/2) ); %Freq_Corte=200HZ; Freq_Amostragem=1000HZ
[a, b] = butter(2, fc/(freq/2));
xf = filtfilt( a, b, x(:, t) );
zf = filtfilt( a, b, z(:, t) );
% =================
% GRAFICOS INICIAIS
% =================
scr = get(0,'ScreenSize'); % Vetor com resolucao da tela [1 1 1024 768]
h1 = figure('Position',[1 1 scr(3) 0.9*scr(4)]); % Maximiza janela do grafico
h1 = plot( time, z(:, t), 'r.'); hold on; h1=plot(time, z(:, t), 'k-');
axis([min(time) max(time) min(z(:, t)) max(z(:, t))]);
xlabel('tempo (s)');ylabel('FZ (PC)');
title([label ' - Trial: ' char(tentativa(t))]);
grid;
clc;
disp('Marcacao dos ptos para zoom (Com MOUSE)');
disp('--------------------------------------');
disp('1o pto: antes do inicio do apoio');
disp('2o pto: logo apos fim do apoio');
disp(' ' );
% definicao do zoom
[xg1 yg1] = ginput(2);
%1o pto - antes do inicio do apoio
%2o pto - logo apos fim do apoio
axis([xg1(1) xg1(2) min(z(:,t)) yg1(2)]);
% Determina INICIO APOIO
ok = 1;
% while ok == 1;
while not(isempty(ok));
[tg2 zg2] = ginput(1);
i_find = find(time > tg2); i_1 = i_find(1);
i = (i_1 - 1) + find( z (i_1:length(z), t ) > zg2 );
inic_apoio = i(1) - 1 ;
h1 = plot( time(inic_apoio), z(inic_apoio, t), 'ro');
set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
disp('Confirmacao da Marcacao do Inicio do Apoio');
disp(' ');
ok = input('Ponto do Inicio do Apoio ok? [S] ou N = 1 > ');
%if ok == 1; h1 = plot( time(inic_apoio), z(inic_apoio, t), 'ko'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3); end;
if not(isempty(ok)); h1 = plot( time(inic_apoio), z(inic_apoio, t), 'wo'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3); end;
end;
disp(' ' );
disp('Confirmacao da Marcacao do FIM do Apoio');
disp(' ');
% Determina FIM APOIO
ok = 1;
while not(isempty(ok));
[tg2 zg2] = ginput(1);
i_find = find(time > tg2); i_1 = i_find(1);
i = (i_1 - 1) + find( z(i_1:length(z), t) < zg2 );
fim_apoio = i(1);
h1 = plot( time(fim_apoio), z(fim_apoio, t), 'ro');
set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
ok = input('Ponto do Fim do Apoio ok? [S] ou N = 1 > ');
%if ok == 1; h1 = plot( time(fim_apoio), z(fim_apoio, t), 'ko'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3); end;
if not(isempty(ok)); h1 = plot( time(fim_apoio), z(fim_apoio, t), 'wo'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3); end;
end;
inic_fim(t, 1) =inic_apoio;
inic_fim(t, 2) =fim_apoio;
t_apoio(t,1) = (inic_fim(t, 2) - inic_fim(t, 1))/1000;
%%%%% inicio da interplacao inicial %%%%%%%%%%%%%%%%
%Interpolacao do Apoio
t101 = 0:100; t101 = t101'; % tempo de apoio normalizado (0% a 100% passo 1%)
x101 = zeros( 101, length(tentativa) );
z101 = x101;
% for t = 1:length(tentativa);
nptos = inic_fim(t,2) - inic_fim(t,1) + 1;
tnptos = 100*(1/nptos:1/nptos:1)'; % Tempo apoio nao normalizado deve ser de 0 a 100 com tamanho de nptos !!
%yi = interp1(t_nao_normaliza, frs, t_normalizdo, 'spline')
x101(:,t) = interp1(tnptos, x(inic_fim(t,1) : inic_fim(t,2) , t), t101 , 'spline' ) ;
z101(:,t) = interp1(tnptos, z(inic_fim(t,1) : inic_fim(t,2) , t), t101 , 'spline' ) ;
% end;
%%%%%%%%% fim da interplacao inicial %%%%%%%%%%%%%%%%%
% ============================
% DEFINICAO : Fz1, Fz2
% ============================
% clc;close(1);
scr = get(0,'ScreenSize'); % Vetor com resolucao da tela [1 1 1024 768]
h1= figure('Position',[1 1 scr(3) 0.9*scr(4)]);
% h1 = plot(time(inic_apoio:fim_apoio), z(inic_apoio:fim_apoio, t), 'k.');hold on;
h1 = plot(t101, z101(:, t), 'k.');hold on;
title([label ' - trial: ' char(tentativa(t))]);
% ============== ROTINA PARA ANDAR ==============
if movim == 'A';
% FZ1
FZ1(t,1) = max( z101(1:50, t) );
i = find ( z101(1:50, t) == FZ1(t));
i_FZ1 = i(1);
t_FZ1(t,1) = t101(i(1))
FZ1(t)
t_apoio(t)
Tx_FZ1(t,1)= FZ1(t) / ( t_FZ1(t) )
Tx_FZ1(t,1)= FZ1(t)/(t_FZ1(t)*t_apoio(t)/100)
% FZ2
FZ2(t,1) = max( z101(51:101, t) );
i = t101(51) + find ( z101(51:101, t) == max(z101(51:101, t)) );
i_FZ2 = i(1);
t_FZ2(t,1) = t101(i(1))
FZ2(t) %Acrescentei na tentativa de corrigir o Tx_Fz2 (09/03/2006)
h1 = plot( t_FZ1(t), FZ1(t), 'ro'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
h1 = plot( t_FZ2(t), FZ2(t), 'rd'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
grid;
% Fymin
FZmin(t,1) = min( z101(i_FZ1 : i_FZ2, t) );
% se Fymin possuir 2 minimos iguais: min(find) vai resolver
i = min( find( z101(i_FZ1:i_FZ2, t) == FZmin(t) ) ) + i_FZ1 - 1;
i_FZmin = i(1);
t_FZmin(t,1) = t101(i(1)) %Acrescentei na tentativa de corrigir o Tx_Fz2 (09/03/2006)
FZmin (t) %Acrescentei na tentativa de corrigir o Tx_Fz2 (09/03/2006)
t_FZ2(t)
t_FZmin(t)
t_apoio(t) %Acrescentei as 3 linhas anteriores para tentar corrigir a Taxa de crescimento
Tx_FZ2(t,1)= FZ2(t) / (t_FZ2(t) - t_FZmin(t) )
Tx_FZ2(t,1)= FZ2(t)/((t_FZ2(t) - t_FZmin(t) )*t_apoio(t)/100)
%Acrescentei Push off rate que e obtida pelo FZ2/ (t_fim do apoio - t_Fz2) - 09/03/2006
PO(t,1)= FZ2(t) / (100 - t_FZ2(t) )
PO(t,1)= FZ2(t)/((100 - t_FZ2(t) )*t_apoio(t)/100)
h1 = plot(t_FZmin(t), FZmin(t),'gd'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
axis([0 100 min(z101(:,t)) max(z101(:,t) )]);
pause;
close(1);
end;
% ============== ROTINA PARA CORRER ==============
if movim == 'C';
% FZ2
FZ2(t,1) = max( z101(1:101, t) )
i = find ( z101(1:101, t) == max(z101(1:101, t)) );
i_FZ2 = i(1)
t_FZ2(t,1) = t101(i(1))
FZ2(t) %Acrescentei na tentativa de corrigir o Tx_Fz2 (09/03/2006)
h1 = plot( t_FZ2(t), FZ2(t), 'rd'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
axis([0 100 min( z101(:, t) ) max( z101(:, t) )]);
grid;
% FZ1
[ig zg] = ginput(1);
i_find = find(1:101 < ig);
i_1 = i_find(length(i_find));
FZ1(t,1) = max( z101(1:i_1, t) );
i = find( z101(1:i_1, t ) == FZ1(t) )
i_FZ1 = i
t_FZ1(t,1) = t101(i)
FZ1(t)
t_apoio(t)
Tx_FZ1(t,1)= FZ1(t) / ( t_FZ1(t) )
Tx_FZ1(t,1)= FZ1(t)/(t_FZ1(t)*t_apoio(t)/100)
h1 = plot( t_FZ1(t), FZ1(t), 'ro'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
% Fymin
FZmin(t,1) = min( z101(i_FZ1 : i_FZ2, t) );
% se Fymin possuir 2 minimos iguais: min(find) vai resolver
i = min( find( z101(i_FZ1:i_FZ2, t) == FZmin(t) ) ) + i_FZ1 - 2 ;
i_FZmin = i(1)
%t_FZmin(t) = i(1) modifiquei a linha debaixo para corrigir as taxas de crescimento
t_FZmin(t,1) = t101(i(1))
FZmin (t) %Acrescentei na tentativa de corrigir o Tx_Fz2 (09/03/2006)
t_FZ2(t)
t_FZmin(t)
t_apoio(t) %Acrescentei as 3 linhas anteriores para tentar corrigir a Taxa de crescimento
Tx_FZ2(t,1)= FZ2(t) / (t_FZ2(t) - t_FZmin(t) )
Tx_FZ2(t,1)= FZ2(t)/((t_FZ2(t) - t_FZmin(t) )*t_apoio(t)/100) % acrescentei esta linha apos reunião com Marcos
%Acrescentei Push off rate que e obtida pelo FZ2/ (t_fim do apoio - t_Fz2) - 09/03/2006
PO(t,1)= FZ2(t) / (100 - t_FZ2(t) )
PO(t,1)= FZ2(t)/((100 - t_FZ2(t) )*t_apoio(t)/100)
h1 = plot(t_FZmin(t), FZmin(t),'gd'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
pause;
clc;
close(1);
end;
% ============================
% DEFINICAO : FXmax, FXmin
% ============================
scr = get(0,'ScreenSize'); % Vetor com resolucao da tela [1 1 1024 768]
h1 = figure('Position',[1 1 scr(3) 0.9*scr(4)]);
h1 = plot(t101, x101(1:101, t), 'k.');hold on;
grid;
title([label ' - try: ' char(tentativa(t))]);
FXmax(t) = max( x101(1:101, t) )
i = find( x101(1:101, t) == FXmax(t) );
i_FXmax = i(1)
t_FXmax(t) = t101(i(1))
FXmin(t) = min( x101(1:101, t) )
i = find( x101(1:101, t) == FXmin(t) ) ;
i_FXmin = i(1)
t_FXmin(t) = t101(i(1))
h1 = plot( t_FXmax(t), FXmax(t), 'ro'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
h1 = plot( t_FXmin(t), FXmin(t), 'rd'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
axis([0 100 min(x101(:,t)) max(x101(:,t))]);
% Localizacao do ultimo valor positivo anterior ao FXmin (pto de alteracao do impulso)
i = find ( x101 (i_FXmin: i_FXmax, t) >= 0) + i_FXmin - 2 ;
i_zero = i (1)
t_zero(t) = t101(i (1))
h1 = plot( t_zero(t), x101(i_zero, t), 'go'); set(h1, 'markersize',6,'linewidth',3);
%Area de Desaceleracao
ImpDes(t) = trapz( x101(1:i_zero, t) )
%Area de Aceleracao
ImpAcel(t) = trapz( x101(i_zero:101, t) )
pause;
% =======================================================
end; %FIM DO LOOP >>>> for t = 1:length(tentativa)
% =======================================================
%Interpolacao do Apoio
t101 = 0: 100; t101 = t101'; % tempo de apoio normalizado (0% a 100% passo 1%)
x101 = zeros( 101, length(tentativa) );
z101 = x101;
for t = 1:length(tentativa);
nptos = inic_fim(t,2) - inic_fim(t,1) + 1;
tnptos = 100*(1/nptos:1/nptos:1)'; % Tempo apoio nao normalizado deve ser de 0 a 100 com tamanho de nptos !!
% yi = interp1(t_nao_normaliza, frs, t_normalizdo, 'spline')
x101(:,t) = interp1(tnptos, x(inic_fim(t,1) : inic_fim(t,2) , t), t101 , 'spline' ) ;
z101(:,t) = interp1(tnptos, z(inic_fim(t,1) : inic_fim(t,2) , t), t101 , 'spline' ) ;
end;
% Calcula matriz de saida com Tempo Normalizado, Media e Desvio
x_out = [ t101 mean( x101, 2 ) std( x101, 0, 2)];
z_out = [ t101 mean( z101, 2 ) std( z101, 0, 2)];
% Calcula o CV
%=================================
%BASEADO NA ROTINA VOLEI_130306
CV_x_out = sqrt (mean ((x_out(:,3)).^2))/mean (abs(x_out(:,2)))
CV_z_out = sqrt (mean ((z_out(:,3)).^2))/mean (abs(z_out(:,2)))
% Graficos Auxiliares
cor =['r' 'g' 'y' 'k' 'c'];
close all;
scr = get(0,'ScreenSize'); % Vetor com resolucao da tela [1 1 1024 768]
figure('Position',[1 1 scr(3) 0.9*scr(4)]); % Maximiza janela do grafico
subplot(211);
errorbar( z_out(:,1), z_out(:,2), z_out(:,3) ); hold on;
for t = 1:length(tentativa);
plot( t101, z101(:,t), cor(t) );
end;
legend('media','desvio', '1','2','3','4','5'); title(['FZ - FRS Normalizado - Sujeito: ' label]);
subplot(212);
errorbar( x_out(:,1), x_out(:,2), x_out(:,3) ); hold on;
for t = 1:length(tentativa);
plot( t101, x101(:,t), cor(t) );
end;
legend('media','desvio', '1','2','3','4','5'); title(['FX - FRS Normalizado - Sujeito: ' label]);
% =========================================================
% SALVA TUDO
% =========================================================
name = [grupo movim lado '.dt'];
name_xout = [label '_xout.dt'];
name_zout = [label '_zout.dt'];
if movim == 'A'; % ANDAR
out = [t_apoio t_FZ1 FZ1 t_FZ2 FZ2 Tx_FZ1 Tx_FZ2 FZmin FXmax FXmin ImpDes ImpAcel PO] ; % 13 colunas
fid_1 = fopen(name,'at+');
if fid_1 == -1; % checar se arquivos de saida ja existem, se nao existirem, cria o arquivo
grup = zeros(5*length(tentativa),13); %matriz 50 linhas (10 sujeitos*5trys ) e 13 col (13 var)
suj = str2num(sujeito);
grup( (5*suj - 4) : (5*(suj+1) - 4) -1 , : ) = out;
save(name,'grup','-ascii','-tabs')
else
grup=load(name);
suj=str2num(sujeito);
grup( (5*suj - 4) : (5*(suj+1) - 4) -1 , : ) = out;
save(name,'grup','-ascii','-tabs')
end;
fclose('all');
save(name_xout,'x_out','-ascii','-tabs')
save(name_zout,'z_out','-ascii','-tabs')
end;
if movim == 'C'; % CORRER
out = [t_apoio t_FZ1 FZ1 t_FZ2 FZ2 Tx_FZ1 Tx_FZ2 FXmax FXmin ImpDes ImpAcel PO]; % 12 colunas
fid_1 = fopen(name,'at+');
if fid_1 ==-1; % checar se arquivos de saida ja existem, se nao existirem, cria o arquivo
grup = zeros(5*length(tentativa),12); %matriz 50linhas (10 sujeitos*5trials ) e 12 col (12 var)
suj = str2num(sujeito);
grup( (5*suj - 4) : (5*(suj+1) - 4) - 1 , : ) = out;
save(name,'grup','-ascii')
else
grup=load(name);
suj=str2num(sujeito);
grup( (5*suj - 4) : (5*(suj+1) - 4) - 1 , : ) = out;
save(name,'grup','-ascii')
end;
fclose('all');
save(name_xout,'x_out','-ascii','-tabs')
save(name_zout,'z_out','-ascii','-tabs')
end;
% =======================================================
% =======================================================
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo