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Para viabilizar as atividades de seus produtores, portanto, a cooperativa está tendo de
adotar novas estratégias, tentando melhorar a remuneração que seus produtores recebem por
seus produtos. No caso do leite, a viabilização do cooperado, na visão dos gestores, passava
pela independência da cooperativa na comercialização do produto. Para isto ela construiu a
plataforma de leite, para ter maior poder de barganha na negociação e conseguir um melhor
preço pelo seu produto. A decisão de ficar na atividade e investir no leite foi uma forma de
manter sua representatividade frente ao seu quadro social, reafirmando o compromisso que
ela tem com a viabilização das atividades de seus cooperados. Se saísse da atividade leiteira,
estaria abandonando uma atividade praticada por grande parte do seu quadro social.
No sistema que a Coopermil trabalhava com a Avipal-Elegê, a cooperativa tinha muito
pouco poder de barganha, porque o leite já era recolhido diretamente para os caminhões da
Elegê, e era resfriado na plataforma de recebimento da Elegê. Hoje, com o recolhimento em
caminhões próprios e a venda do leite já resfriado, espera-se um preço melhor pelo produto.
Este recolhimento próprio ainda permite que seja feita uma separação do leite de acordo com
sua qualidade, e no futuro próximo, a venda de um produto com características determinadas,
com maior qualidade, a exemplo do que já ocorre hoje no Paraná, com o “Pool de leite
ABC”
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No setor leiteiro, a cooperativa ainda pretende, após a construção da plataforma,
investir em uma indústria de leite na região. Esta indústria, no entanto, deverá partir de um
investimento conjunto com outras cooperativas, provavelmente através desta central de
cooperativas criada recentemente, a Coceagro. A idéia também é industrializar o produto em
parceria com as outras cooperativas de leite do estado que já possuem suas próprias plantas
processadoras. A princípio, a Coopermil produziria leite em pó e leite condensado, que são
produtos ainda não trabalhados pelas cooperativas do estado, e comercializaria os produtos
com as marcas já consolidadas destas cooperativas que já industrializam seu produto. A
Coopermil ainda aproveitaria os canais de comercialização já estabelecidos, economizando
desta forma no estabelecimento de marca e logística de distribuição.
O estabelecimento de parcerias para a industrialização torna-se indispensável pela
dificuldade, já apontada por Bialoskorski (2002) e Cook (1995), das cooperativas buscarem
recursos para investimento. A plataforma de recebimento está sendo construída com recursos
próprios e com financiamento do BRDE. A criação de uma indústria, no entanto, requer um
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Pool de leite ABC é o nome dado ao projeto de captação de leite de qualidade feito pelas cooperativas Arapoti,
Batavo e Castrolanda, no PR. Através deste projeto, são selecionados produtores que se enquadram nos
requisitos de qualidade do leite, este leite é coletado separadamente e vendido para a produção de derivados
específicos, de qualidade, e por isso recebem um preço premium.