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ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS ENTRE UMA
UNIVERSIDADE PÚBLICA E UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CENTRO SÓCIO-ECONÔMICO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
ÁLVARO JOSÉ DE SOUTO
ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS
ENTRE
UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA E UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
FLORIANÓPOLIS
2006
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Álvaro José de Souto
ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS
ENTRE
UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA E UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
Dissertação apresentada como requisito parcial à
Obtenção do grau de Mestre em Administração.
Universidade Federal de Santa Catarina.
Curso de Pós-Graduação em Administração.
Área de concentração em Políticas e Gestão
Institucional.
Orientador: José Nilson Reinert, Dr.
FLORIANÓPOLIS
2006
FICHA CATALOGRÁFICA
S89a Souto, Álvaro José de, 1977 -
Análise comparativa de custos entre uma universidade
pública e uma universidade privada [manuscrito] / Álvaro José de
Souto. – 2006.
88 folhas. : il., 20 quadros.
Cópia de computador (Printout(s)).
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Santa
Catarina, Centro Sócio-Econômico, 2006.
“Orientador: Prof. Dr. José Nilson Reinert”.
Bibliografía: f. 75-78.
1.Custo. 2.Ensino Superior. 3.Universidades e faculdades –
Finanças. II. Título.
CDU: 658.1
Patrícia Becker Marques - CRB 14/646
Álvaro José de Souto
ANÁLISE COMPARATIVA DE CUSTOS
ENTRE
UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA E UMA UNIVERSIDADE PRIVADA
Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do Grau de Mestre em
Administração na área de concentração em Políticas e Gestão Institucional do Curso de Pós-
Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina e aprovada, em sua
forma final, em 17 de fevereiro de 2006.
____________________________
Prof. Dr. Rolf Hermann Erdmann
Coordenador do Curso
Apresentada à Comissão Examinadora integrada pelos professores:
_________________________
Prof. Dr. José Nilson Reinert
Universidade Federal de Santa Catarina
__________________________
Prof. Dr. Pedro Antônio de Melo
Universidade Federal de Santa Catarina
________________________
Prof. Dr. Cesar Godoy Viera
Universidad Autonoma de Asuncion
DEDICATÓRIA
Dedico esta dissertação a minha mãe,
Arlete Pitz, por todo seu esforço
em busca dos recursos
necessários à minha formação.
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos, a Adriana Ferreira da Rocha,
que tem sempre, me dispensado incondicional apoio e aos funcionários
e professores da Universidade Federal de Santa Catarina
e da Universidade do Vale do Itajaí,
que por diferentes formas, contribuiram na
execução desta pesquisa.
EPÍGRAFE
Pensar é o trabalho mais duro que há.
O que é, provavelmente, o motivo pelo qual
tão pouca gente se dedica a fazê-lo.
Henry Ford
RESUMO
SOUTO, Álvaro José de. Análise comparativa de custos entre uma Universidade Pública e
uma Universidade Privada. 2005. 88 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Curso de
Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
Orientador: José Nilson Reinert, Dr.
Defesa: 17/02/2006.
No Brasil, são freqüentes as críticas às instituições federais de ensino superior, no que se refere
ao custo por aluno. Muitas críticas também são dirigidas às universidades privadas, acusadas de
não produzirem pesquisa e extensão. Entretanto, são raras as críticas que se apóiam em
evidências empíricas. A presente dissertação tem como objetivo fazer uma análise comparativa
dos custos entre uma universidade púbica e uma universidade privada. Foram selecionadas, para
a pesquisa, a maior universidade pública e a maior universidade privada do Estado de Santa
Catarina. Estas foram pesquisadas utilizando um método de custo denominado de ABCd -
Custeio Baseado nas Atividades Docentes das universidades, elaborado por uma pesquisa do
Curso de Pós-Graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, com o
objetivo de apuração de custos em Instituições Federais de Ensino Superior (IFES). Este método
teve sua aplicabilidade testada numa universidade privada, através deste trabalho dissertativo, que
tem como hipótese e constatação, a existência de diferenças significativas de custos nas
atividades fim, da universidade pública quando comparada com a universidade privada.
Palavras chaves: Educação, Custo, Universidade.
ABSTRACT
SOUTO, Álvaro José de. Análise comparativa de custos entre uma Universidade Pública e
uma Universidade Privada. 2005. 88 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Curso de
Pós-Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006.
Orientador: José Nilson Reinert, Dr.
Defesa: 17/02/2006.
In Brazil, Federal College Institutions are often criticized in reference to the cost per student. A
lot of criticism is also directed towards private institutions, accusing them of not producing
research and extension. However, these criticisms are rarely based on empirical evidence. The
present dissertation has the objective of making a comparative analysis between the costs of a
public university and a private university. For this research, the largest public university, and the
largest private university in the state of Santa Catarina were selected. These universities were
analyzed using a method of costs called ABCd- Costs Based on the Teaching Activities of the
Universities. This method was elaborated by the Post-Graduate Class in Administration of the
Federal University of Santa Catarina, in order to control costs in Federal University Institutions
(FUI), created for FUI, had its applicability tested in a Private University through this dissertative
work. This work has as hypotheses and evidence, the existence of meaningful differences in the
costs of the target activities when comparing the public university against the private university.
Key words: Education, Cost, University.
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Custo parcial não vinculado direta e indiretamente às atividades fim......................... 47
Quadro 2 – Custo total não vinculado direta e indiretamente às atividades fim............................. 47
Quadro 3 - Custo total vinculado direta e indiretamente às atividades fim..................................... 48
Quadro 4 - Custo das atividades de nível universitário................................................................... 49
Quadro 5 - Custo total das atividades de nível universitário.......................................................... 49
Quadro 6 - Custo das atividades de nível universitário.................................................................. 51
Quadro 7 - Custo médio da hora atividade fim............................................................................... 52
Quadro 8 - Custo médio padrão anual de um estudante de graduação............................................ 54
Quadro 9 - Custo médio real anual de um estudante de graduação................................................. 55
Quadro 10 - Custo médio da ociosidade do ensino de uma IFES................................................... 56
Quadro 11 – Número de vagas ociosas........................................................................................... 56
Quadro 12 - Custo médio da ociosidade do ensino por curso......................................................... 57
Quadro 13 - Quadro ABCd: comparativo de Custos entre UFSC e UNIVALI.............................. 58
Quadro 14 - Custo anual por estudante de graduação na UFSC e na UNIVALI............................ 63
Quadro 15 - Custo anual por estudante de pós-graduação na UFSC e na UNIVALI..................... 65
Quadro 16 - Custo anual de ensino por estudante na UFSC e na UNIVALI.................................. 66
Quadro 17 - Custo anual de ensino de graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI............ 67
Quadro 18 - Custo anual de ensino de pós-graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI..... 68
Quadro 19 - Custo anual da pesquisa na UFSC e na UNIVALI..................................................... 69
Quadro 20 - Custo anual da extensão na UFSC e na UNIVALI..................................................... 70
LISTA DE SIGLAS
ABC
Activity Based Costing (Custeio Baseado em Atividades)
ABCd
Custeio Baseado em Atividades Docentes
ANDIFES
Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino
Superior
BU
Biblioteca Universitária
HU
Hospital Universitário
IES
Instituição de Ensino Superior
IFES
Instituição Federal de Ensino Superior
INEP
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira
MEC
Ministério da Educação e Cultura
PNE
Plano Nacional de Educação
SAC
Sistema de Apuração de Custos
TCU
Tribunal de Contas da União
UFSC
Universidade Federal de Santa Catarina
UNIVALI
Universidade do Vale do Itajaí
SUMÁRIO
RESUMO.......................................................................................................................................................... VIII
ABSTRACT...................................................................................................................................................... IX
LISTA DE QUADROS..................................................................................................................................... X
LISTA DE SIGLAS.......................................................................................................................................... XI
1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 14
1.1 Tema ........................................................................................................................................................ 14
1.2 Problema de pesquisa............................................................................................................................... 19
1.3 Hipótese.................................................................................................................................................... 19
1.4 Objetivos da pesquisa............................................................................................................................... 19
1.4.1 Objetivo geral........................................................................................................................................ 20
1.4.2 Objetivos específicos............................................................................................................................. 20
1.5 Justificativa da pesquisa........................................................................................................................... 20
2 METODOLOGIA............................................................................................................ 23
2.1 Caracterização da pesquisa...................................................................................................................... 23
2.2 Perguntas da pesquisa.............................................................................................................................. 24
2.3 Delimitação do estudo.............................................................................................................................. 25
2.3.1 Sobre a UFSC....................................................................................................................................... 26
2.3.2 Sobre a UNIVALI................................................................................................................................. 26
2.4 Métodos e técnicas de coleta de dados..................................................................................................... 27
2.5 Análise de dados....................................................................................................................................... 27
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.................................................................................. 29
3.1 Ensino Superior Brasileiro...................................................................................................................... 29
3.1.1 Classificação das IES........................................................................................................................... 34
3.2 Custos e Ensino Superior......................................................................................................................... 36
3.2.1 Metodologia ABC................................................................................................................................ 39
3.2.2 Metodologia ABCd - Universidade...................................................................................................... 42
3.2.2.1 O modelo utilizado............................................................................................................................ 43
4 PESQUISA....................................................................................................................... 57
4.1 Custos gerais da UFSC e da UNIVALI....................................................................................................... 57
4.2 Análise comparativa de custos das atividades fins..................................................................................... 61
4.2.1 Custo anual da Pesquisa na UFSC e na UNIVALI.................................................................................. 62
4.2.2 Custo anual da Extensão na UFSC e na UNIVALI.................................................................................. 63
4.2.3 Custo anual do ensino de graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI......................................... 64
4.2.4 Custo anual do ensino de pós-graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI.................................. 65
4.2.5 Custo anual do estudante de graduação na UFSC e na UNIVALI........................................................... 67
4.2.6 Custo anual do estudante de pós-graduação na UFSC e na UNIVALI.................................................... 68
4.3 Aplicabilidade do método ABCd na Universidade Privada........................................................................ 69
5 CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES............................................ 72
5.1 Conclusões...................................................................................................................... 72
5.2 Sugestões e Recomendações........................................................................................... 73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................. 75
ANEXOS.............................................................................................................................. 79
Anexo 1 – Método ABCd – Universidade........................................................................................................ 80
Anexo 2 – Série histórica: População Universitária da UFSC: evolução do nº de discentes............................ 81
Anexo 3 – Série histórica: População Universitária da UFSC: evolução do nº de discentes e servidores........ 82
Anexo 4 – Série histórica UFSC: movimento do pessoal docente, ensino superior, segundo o regime de
trabalho, classe e titulação................................................................................................................................
83
Anexo 5 – Evolução da relação entre discentes, docentes e técnico-administrativos da UFSC....................... 84
Anexo 6 – Planilha de carga horária docente UNIVALI 2004......................................................................... 85
Anexo 7 – Quadro de matrícula oficial UNIVALI 2004................................................................................... 86
Anexo 8 – Quadro de titulação do corpo docente da UNIVALI 2004.............................................................. 87
Anexo 9 – Balancete UNIVALI 2003/2004...................................................................................................... 88
1 INTRODUÇÃO
Nesta parte do trabalho será apresentada a contextualização do tema de pesquisa; a
definição de seus objetivos, geral e específicos; assim como, o problema de pesquisa; a hipótese;
a justificativa para a realização deste trabalho de dissertação.
1.1 Tema
O tema deste trabalho é a análise comparativa de custos entre universidade pública e
universidade privada.
Sabe-se que a educação é hoje o setor que mais cresce no Brasil e no mundo. Esse
crescimento está acontecendo principalmente no setor privado, mas também no público. De
acordo com a pesquisa do Censo da Educação Superior, realizada pelo Instituto Nacional de
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC), houve aumento significativo no
número de estudantes matriculados e no número de concluintes nos cursos de graduação, de
Instituições de Ensino Superior (IES), nos últimos anos.
É sabido também, que os recursos repassados pelo Tesouro às Instituições Federais de
Ensino Superior (IFES) não são suficientes para atender toda a demanda.
Com o expressivo número de estudantes a espera de uma oportunidade para ingressar no
sistema de ensino superior público e gratuito, o que se discute hoje é a questão do aumento no
número de vagas nos cursos das universidades públicas. Porém, autores como Pacheco e Ristoff
(2004), que consideram bastante complexa a questão do aumento do número de vagas nas IFES,
colocam a seguinte pergunta: Como promover a expansão nos cursos de graduação dessas
universidades com as presentes dificuldades de investimento? Segundo os mesmos,
para que o País possa conquistar posição de destaque entre as nações e afirmar
efetivamente a sua soberania, são necessárias ações concretas que: 1) protejam o
interesse do Estado na educação superior, reafirmando a noção de que educação é, antes
de tudo, um bem público e não uma mercadoria, e 2) permitam expandir
agressivamente a oferta de vagas nas instituições federais e estaduais. (PACHECO e
RISTOFF, 2004, p.9).
Para Alonso (1999), as medidas de custos e de eficiência estão diretamente ligadas. Sem
“medida de custos, também não há medida de eficiência na administração pública, dado que a
eficiência é a relação entre os resultados e o custo para obtê-los. Sem um sistema de avaliação de
resultados e de custos, a administração pública abre margem para encobrir ineficiência”.
Porém, quando há medição dos resultados na administração pública federal, esta se
comporta de forma inadequada, principalmente quando está relacionada a custos, pois, como cita
Alonso (1999), “não há tradição em se medir custos no serviço público”. Por isso, programas de
qualidade não podem ser implantados e, caso sejam, serão inconsistentes e ineficientes. Com isso,
perguntas básicas ainda ficam sem resposta como, por exemplo: “Quanto custa uma aula? Quanto
custa um determinado serviço de saúde? Quanto custa a gestão de pessoal? Qual a eficiência de
cada organização do governo?” (ALONSO, 1999, p.43).
Diante desses relatos, julga-se essencial que, no setor público, que demanda preocupação
com o desempenho dos serviços, haja implantação de sistemas de informação gerenciais que
sustentem os processos decisórios da organização e contemplem medidas de resultados e custos
de obtenção, possibilitando, assim, melhoria considerável no desempenho do mesmo. (ALONSO,
1999).
Em linhas gerais, as universidades públicas brasileiras não têm seus orçamentos
calculados com base em critérios objetivos de planejamento. Dessa forma, a inexistência de um
sistema de custos ou de base de dados organizada e abrangente ou, ainda, a apuração incorreta
dos custos de um determinado serviço, acarretam ineficiência ou até mesmo a ausência de
avaliação.
A Lei Complementar n. 101, de 4 de maio de 2000, reforça a preocupação em conhecer os
custos no serviço público, em seu art. 50, § 3º, onde foi estabelecido que “a administração pública
manterá sistema de custos que permita avaliação e o acompanhamento da gestão orçamentária,
financeira e patrimonial” (BRASIL, 2004c).
Buscando o mesmo fim, porém específico às escolas básicas, o Inep/MEC firmou
convênio com oito universidades públicas responsáveis por investigar a relação custo-aluno nas
escolas em seus Estados, identificando as principais características: quanto à organização, ao
funcionamento e a gestão escolar. (BRASIL, 2004b).
O Tribunal de Contas da União (TCU), buscando acompanhar a evolução de aspectos
relevantes do desempenho das IFES, recomendou a apuração do custo por aluno nas mesmas.
(BRASIL, 2002).
Porém, a grande maioria dos sistemas propostos até então, na tentativa de evidenciar os
custos nas universidades, parece não satisfazer às necessidades dos gestores dificultando os
processos decisórios e a avaliação do desempenho institucional. Além disso, cada um emprega
diferentes metodologias, limitando possíveis comparações entre Instituições. Daí a necessidade
de um sistema que seja comum a todas as IES, pelo menos nos seus aspectos mais gerais.
O ensino superior no Brasil não apresenta um conjunto de dados organizados que
possibilite enquadrar as Instituições em seus vários aspectos. Os dados estatísticos existem em
razoável volume e periodicidade, mas ainda sem objetividade são, muitas vezes, precários e
pouco abrangentes.
Sequer há clareza sobre em que consiste o custo do ensino, em diferentes trabalhos e
autores distintos, incluem fatores diversos: custos das taxas que os estudantes pagam
quando o ensino não é gratuito, despesas que esses mesmos tem com livros e material
escolar, gastos que o governo incorre financiando o ensino público. (PEÑALOZA, 1999,
p.3).
Existe, também, uma confusão freqüente entre custo do ensino e custo da Instituição
(PEÑALOZA, 1999).
Como as instituições, especialmente as universidades, possuem múltiplas funções, o
custo total é, obviamente, mais elevado do que o custo do ensino, propriamente dito. A
não ser que seja possível distinguir o custo do ensino do custo total, as comparações
entre as instituições se tornam distorcidas pois, quanto maior o número de atividades que
a universidade desenvolve (ensino, pesquisa, prestação de serviços, extensão), maior o
custo total, mesmo que o custo do ensino não seja muito elevado. (PEÑALOZA, 1999,
p.3).
A necessidade em apurar os custos das IES, fez com que a Secretaria de Educação
Superior do Ministério da Educação (SESu/MEC) desenvolvesse o SAC - Sistema de Apuração
de Custos das Instituições Federais de Ensino Superior. O modelo agrega estudantes
matriculados em diferentes níveis - fundamental, médio, graduação e pós-graduação. Além de ser
único para um país com grandes diferenças regionais, o SAC também não vem atendendo às
necessidades dos gestores sobre informações de custos, afirma Peter et al (2003). Além disso, os
órgãos governamentais que divulgam o custo do aluno nem sempre explicam a metodologia para
o cálculo (AMARAL, 2004).
Um modelo adequado deveria distinguir aquela parcela de custos efetivamente dispendida
no ensino de graduação e pós-graduação pelas IFES (GAETANI e SCHWARTZMAN, 1991).
Um eficiente sistema de apropriação de custos nos levará a fazer as comparações que são
realmente relevantes. Assim, ao invés de compararmos custos de diferentes IFES,
passaremos a confrontar custos por alunos de um mesmo curso em diferentes IFES,
custo do ensino de graduação, custo do ensino de pós-graduação (...) e assim por diante.
(GAETANI e SCHWARTZMAN, 1991, p.9).
Estudos mostram que nas universidades federais, o orçamento executado decorrente dos
salários está entre 80% e 90% (PAUL e WOLYNEC, 1990; PETER et al., 2003; GAETANI e
SCHWARTZMAN, 1991). Considera-se, neste caso, que reduzir os custos não significa reduzir
os números na folha de pagamento, mas sim maximizar a capacidade produtiva, ou seja, garantir
a ocupação máxima da capacidade institucional.
Se uma universidade pública tem capacidade para atender um determinado número de
estudantes, quanto mais próximo deste for o número efetivo de matrículas, menor serão os custos
unitários. Nota-se que, desse modo, não existe perda de qualidade, pois a instituição está
preparada para atender o montante determinado. Poderia se falar em perda de qualidade se o
número de estudantes ultrapassasse a capacidade máxima permitida pela Instituição (REINERT,
2005a).
A relação estudante/docente deve ser vista como um indicador de possibilidades de
expansão das IFES. Porém, o aumento do número de vagas, não poderá ser acompanhado de
aumento na dotação orçamentária advinda do governo.
Um sistema de custos adequado às peculiaridades das IES, se faz essencial; serve como
fonte de informações gerenciais, visa à melhoria da eficácia e permite uma gestão efetivamente
autônoma (PETER, 2003). Sem medida de custos não há medida de eficiência, uma vez que esta
é obtida através da relação do resultado com o custo para obtê-lo.
Visando elaborar um método, para se chegar a uma base de informações confiável e
possível de proporcionar as instituições universitárias e também ao governo e a sociedade,
leituras e comparações, referentes aos custos de diferentes Instituições Universitárias, Reinert
(2005a), elaborou um método denominado ABCd.
Esse método tem particular importância num país em desenvolvimento, que precisa
otimizar seus recursos, fazer análises comparativas de custos. Dessa forma, este trabalho tenta
contribuir com a sociedade, aplicando tal metodologia de custos, fazendo uma análise
comparativa, apontando não somente a eficiência ou não de uma metodologia como, o que as
instituições tem gastado com ensino, pesquisa e extensão.
A questão do custo com educação superior esteve voltada, por muito tempo, à apuração
do custo para o indivíduo, ou seja, quanto representaria para a pessoa, em termos de
custos, freqüentar uma faculdade. Houve, no entanto, mudança nesse foco: a sociedade
quer saber se há controle do custo, por parte do governo, nas Instituições de Ensino
Superior (BRINKMAN, 2000 apud MORGAN, 2003, P.25).
1.2 Problema de pesquisa
Existem diferenças significativas de custos, nas atividades fins, entre universidades
públicas e universidades privadas?
1.3 Hipótese
Existem diferenças significativas de custos, nas atividades fins, entre universidades
públicas e universidades privadas.
1.4 Objetivos de pesquisa
Os objetivos são definidos para nortear o estudo. São classificados em duas categorias:
geral e específicos. Em seguida, será apresentado o objetivo geral e os objetivos específicos, que
nortearão o presente estudo.
1.4.1 Objetivo geral
Comparar os custos de uma universidade pública e uma universidade privada.
1.4.2 Objetivos específicos
Identificar e comparar nas universidades pesquisadas, o custo das atividades fins (pesquisa,
ensino e extensão);
Verificar a aplicabilidade do método ABCd na universidade privada.
1.5 Justificativa da pesquisa
A justificativa do estudo, fundamenta-se em três importantes questões, que são: o estudo e
aperfeiçoamento da administração de custos nas Instituições de Ensino Superior (IES); a idéia de
que as universidades públicas são onerosas e mais caras, do que as universidades privadas; a idéia
de que as universidades privadas não investem em pesquisa e extensão.
Segundo VanDerbeck (2003), a importância das informações contábeis para a operação
bem sucedida de uma organização, incluindo dados sobre custos específicos, foi reconhecida há
muito tempo. Entretanto, no atual ambiente da economia globalizada, essas informações são mais
importantes do que nunca. A contabilidade de custos fornece as informações que permitem a
gerência alocar recursos para as áreas mais eficientes e rentáveis da operação.
Para Castro (2000), seria falsa a conclusão fácil de que os dinossauros, universidades
pesadas, caras e pouco flexíveis, são as públicas e as gazelas, universidades ou faculdades
enxutas e competitivas, as privadas. Muitas universidades públicas são bem menos ineficientes
do que parece e muitas universidades privadas são manejadas por administrações com cabeça de
funcionário público ineficiente.
Após a abertura do mercado, como conseqüência dos passos velozes da globalização, a
questão relativa a custos passou a ser, mais do que nunca, de extrema importância. O ambiente de
extrema competição, no qual a maioria das organizações está inserida, tem levado os
administradores a buscar uma série de recursos que possam auxiliá-los no processo de melhor
gestão dos negócios.
Este cenário, impõe aos gestores de instituições públicas e privadas, maior rigor na
administração, na qualidade, na quantidade e na busca da total eficiência dos serviços prestados.
Visando um melhor aproveitamento das escassas verbas públicas e forte competitividade
do mercado universitário privado, os especialistas em gestão universitária, devem fazer pesquisas
sobre como estão administrando suas universidades, fazer comparativos e estar abertos ao
aperfeiçoamento contínuo dos métodos de custos e administração atualmente utilizados.
Para Patrício e Piñol (2001), uma maneira de se avaliar a eficiência relativa de uma
universidade, é através de comparações entre o custo por aluno dessas instituições, com o custo
por aluno de outras universidades, públicas federais, estaduais, privadas ou até mesmo
estrangeiras.
Esta forma possibilita demonstrar os custos em suas áreas ou centros de responsabilidades
e, principalmente, os custos dos diversos processos existentes na prestação dos serviços de
ensino, pesquisa e extensão, realizados no âmbito das universidades, facilitando um comparativo
e a tomada de decisão pelos seus gestores.
Para VanDerbeck (2003), relatórios operacionais reais devem ser medidos periodicamente
e comparados com os objetivos estabelecidos no processo de planejamento. Essa análise é uma
das principais partes do controle de custos porque ela compara o desempenho atual com o plano
como um todo. O montante em dinheiro real, unidades produzidas, horas trabalhadas ou materiais
usados são comparados com o orçamento, que é o plano operacional da gestão expresso em
termos quantitativos. Essa comparação é uma característica primária da análise de custos.
Segundo VanDerbeck (2003), relatórios produzidos pela mensuração e análise de
resultados operacionais podem identificar áreas problemáticas e desvios de plano. Uma ação
corretiva apropriada deve ser implementada onde necessário. Investigações podem revelar uma
fraqueza que deve ser corrigida, ou um ponto forte que deve ser melhor utilizado. A
administração deve ser preparada para melhorar as condições existentes.
Na visão de Hansen (2001), a contabilidade de custos não é neutra; ela não fica parada
nos fundos, meramente refletindo o que está acontecendo de forma imparcial. Ao invés disso, um
sistema de informação de contabilidade de custos também molda a organização. Portanto, é
crucial, que os proprietários, gestores e contadores estejam a par dos sinais que estão sendo
enviados pelo sistema de informações contábeis.
Para Hansen (2001), o processo de escolher entre alternativas competitivas é o que se
chama de tomada de decisão. Essa pervasiva função administrativa está entrelaçada com
planejamento e controle. Um gerente não consegue planejar sem tomar decisões. Gerentes
precisam escolher entre objetivos e métodos comparativos para cumprir com os objetivos
escolhidos. Decisões podem ser melhoradas se as informações sobre as alternativas forem
coletadas e tornadas disponíveis aos gerentes. Um dos principais papéis do sistema de
informações contábeis é fornecer informações que facilitem a tomada de decisões.
2 METODOLOGIA
A metodologia define como será realizada a pesquisa. Segundo Roesch (1996), “definir a
metodologia significa realizar uma escolha de como se pretende investigar a realidade.” Bruyne,
Herman e Schoutheete (1977), por sua vez, destacam que a metodologia não deve apenas explicar
seu próprio processo de investigação científica mas, também, os produtos dessa investigação, que
são as principais exigências de abundância na produção de resultados.
Sendo assim, a partir da revisão da literatura que embasa a fundamentação teórico-
empírica referente ao objeto desse estudo, é apresentado, neste capítulo, o referencial
metodológico que norteará a presente pesquisa.
2.1 Caracterização da Pesquisa
Através do método científico a pesquisa permite a obtenção de novos conhecimentos da
realidade social. Segundo Bruyne et al. (1977) existem vários modos de investigação e seu
emprego depende do objeto da pesquisa, do estado dos conhecimentos e das contingências na
realização do projeto. Os principais são: o estudo de caso, a análise comparativa, a
experimentação em laboratório ou de campo e a simulação em computador.
Para o desenvolvimento desta pesquisa será feita uma análise comparativa, de natureza
predominantemente quantitativa, mas também qualitativa, documental e descritiva.
Análise comparativa, segundo Bruyne (1977), é uma análise diacrônica, realizada com a
ajuda de dados tomados em momentos sucessivos do tempo que permitem discernir mais
seguramente a natureza e as causas dos fenômenos observados;
Segundo Malhotra (1993), o objetivo de uma pesquisa qualitativa é o de obter uma
compreensão da qualidade real das razões e motivações focalizadas, enquanto a quantitativa
busca quantificar os dados e generalizar os resultados da amostra para os interessados. Ainda,
segundo o autor, a pesquisa qualitativa restringe-se a um universo amostral mais reduzido, ao
passo que a quantitativa busca a validação das hipóteses mediante a utilização de dados
estruturados, estatísticos, com análise de um grande número de casos representativos,
recomendando um curso final da ação.
A pesquisa é documental, tendo em vista que se baseia em documentos fornecidos pelas
instituições pesquisadas, bem como documentos de órgão governamentais que regulam o ensino
superior brasileiro.
O trabalho é do tipo descritivo, pois procura descrever os fatos e fenômenos de forma
sistemática (ROESCH, 1996; RICHARDSON, 1985). É também exploratório, pois foca o desejo
de conhecer algo (TRIVIÑOS, 1987). Busca conhecimento um pouco mais profundo por um
assunto ainda não muito explorado (BEUREN, 2003).
2.2 Perguntas da Pesquisa
Considerando-se os objetivos da pesquisa, foram formuladas as seguintes questões:
Qual o custo das atividades fins (pesquisa, ensino e extensão), nas universidades pesquisadas?
O método ABCd tem aplicabilidade em universidade privada?
2.3 Delimitação do Estudo
O estudo foi realizado em duas universidades catarinenses, sendo elas, uma federal e a
outra fundacional/privada, conforme relação:
- UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina;
- UNIVALI – Universidade do Vale do Itajaí;
A UFSC e a UNIVALI atenderam todos os fatores considerados enriquecedores e
relevantes à pesquisa, começando pela complexidade tanto na estrutura física quanto na estrutura
acadêmica. Acredita-se que quanto mais complexa for a Instituição, mais fatores podem ser
abordados e mais interessante e completo se torna o estudo. Ambas as instituições possuem:
atividades de ensino básico (núcleos de desenvolvimento infantil e creches), fundamental
e médio (colégio de aplicação), técnico (escolas técnicas e colégios agrícolas) e de nível
universitário (cursos de graduação e pós-graduação stricto-sensu e lato-sensu);
atividades de pesquisa e extensão;
número significativo de cursos, principalmente de graduação;
cursos em implantação;
diferentes áreas de conhecimento;
expressivo corpo discente e docente;
unidades de apoio - hospital, biblioteca, restaurante, museu e outros.
Além disso, a UFSC e UNIVALI foram escolhidas tendo em vista o acesso
disponibilizado pelos gestores, localização geográfica e tamanho equivalente, dificultando assim,
possíveis vieses que pudessem deformar a avaliação comparativa.
2.3.1 Sobre a UFSC
A Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, foi criada em 1960, reunindo as
Faculdades de Direito, Medicina, Farmácia, Odontologia, Filosofia, Ciências Econômicas,
Serviço Social e Escola de Engenharia Industrial, sendo oficialmente instalada em 12 de março
de 1962.
A UFSC possui 57 departamentos e 2 coordenadorias especiais, os quais integram 11
unidades universitárias. São oferecidos 39 cursos de graduação com 52 habilitações, 88 cursos de
especialização, 48 cursos de mestrado e 33 cursos de doutorado, totalizando 29.895 estudantes de
ensino superior matriculados.
2.3.2 Sobre a UNIVALI
A Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI, é uma das maiores instituições de ensino
superior do Brasil. Localizada no litoral centro-norte de Santa Catarina, está presente nas cidades
de Itajaí, Balneário Camboriú, Biguaçu, Piçarras, São José e Tijucas.
A instalação da Universidade do Vale do Itajaí, em 21 de março de 1989, foi, na verdade,
seqüência natural da trajetória da Educação Superior em Itajaí e na região. Esta história iniciou
em 1964.
Atualmente, são mais de 30 mil alunos, mais de 50 cursos superiores – se somados os
cursos de graduação e os cursos seqüenciais de formação específica – entre mais de cem opções
de turno e local. Conta ainda com cerca de 36 cursos de especialização/aperfeiçoamento, 8 cursos
de mestrados e 2 doutorados. Além disso, dedica-se à Educação de Jovens e Adultos e à
Educação Básica – com o Colégio de Aplicação da Univali (CAU) em Itajaí, Tijucas e Balneário
Camboriú, atendendo mais de mil crianças e adolescentes, da Educação Infantil até o Ensino
Médio.
2.4 Métodos e Técnicas de Coleta de Dados
Num primeiro momento, fez-se uma revisão da bibliografia existente sobre custos e
gestão universitária. Foram consultados livros, revistas, internet e outros periódicos, com
informações sobre o assunto. Através deste levantamento bibliográfico, foi realizado o
embasamento teórico da pesquisa para posterior discussão dos resultados. Foram utilizados os
dados documentais da instituição. Utilizou-se a técnica da pesquisa. De posse de todas as
informações obtidas, partiu-se para a análise e a interpretação dos dados, de acordo com os
objetivos propostos na pesquisa e seu problema.
2.5 Análise dos Dados
Para que a análise de dados seja bem sucedida é necessário que ela esteja presente em
todas as fases da pesquisa, por meio da utilização de métodos e técnicas que permitem tratar o
problema com a maior objetividade possível. Miles e Huberman (1994) dividem a fase de análise
em três partes. A primeira delas, denominada de redução de dados, ocorre durante e após a coleta.
Visa acentuar, separar, focalizar, descartar e organizar os dados para permitir a extração e
verificação das conclusões. A segunda, trata da apresentação dos dados, que devem ser
compactados através do uso de matrizes, gráficos, diagramas ou redes para facilitar a análise. A
terceira e última parte, refere-se à extração das conclusões e verificação dos dados.
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta uma revisão da literatura relacionada ao assunto proposto, possibilitando seu
aprofundamento. Dessa forma, serão descritos alguns tópicos que se fazem necessários à elaboração do estudo.
3.1 O Ensino Superior Brasileiro
Para Velho (1997) e Viana (1998), ambos citando diversos autores sobre o assunto, a
história do desenvolvimento da educação e da ciência no Brasil tem sido habitualmente
classificada em quatro grandes períodos, a saber:
- Primeiro período - a partir do descobrimento do Brasil até os anos 30, com ênfase nas últimas
décadas do século XIX até a Revolução de 1930.
- Segundo período – a partir dos anos 30 até meados da década de 60. Caracterizado pela
reforma, em 1961, da educação brasileira e a criação da Universidade de São Paulo - USP.
- Terceiro período – a partir do golpe militar de 1964 até final da década de 80, caracterizado pela
Lei 5.540 de 20 de novembro de 1968, conhecida como a Lei da Reforma Universitária e pelo
surgimento das Fundações de Universidade.
- Quarto período – considerado a partir da década de 90 até os dias atuais. Caracterizado pela
promulgação da nova Constituição do Brasil em 1988 e a publicação da Lei 9.394 em 20 de
dezembro de 1996 que estabeleceu as novas diretrizes e bases para a Educação Nacional.
No primeiro período praticamente até 1808, os luso-brasileiros faziam seus estudos
superiores na Europa, principalmente em Portugal, pois a corte portuguesa não permitia a criação
de uma universidade brasileira.
O ensino superior brasileiro somente é instituído a partir
da vinda de D. João VI e da
conseqüente instalação da corte no Rio de Janeiro e devido às necessidades militares da Colônia
criam-se as aulas régias, os cursos e as academias. A partir
dessa época formaram-se, entre
outras, a Faculdade de Medicina da Bahia resultante da evolução dos cursos de anatomia, cirurgia
e medicina, assim como as Faculdades de Direito de São Paulo e
Recife resultantes dos seus
cursos jurídicos. Portanto, por volta de 1900 estava consolidado, no Brasil, o ensino superior em
forma de Faculdade ou Escola Superior.
Somente a partir da década de 20 começa o esboço de um
quadro diferente na educação
brasileira e, talvez em menor grau, na atividade científica, caracterizado principalmente pelo
culto
às artes e letras. Pelo interesse de cientistas estrangeiros na
flora e na fauna brasileira,
fundaram-se alguns museus, tornados centros de estudo e pesquisa, alguns anos mais tarde.
O segundo período, a partir da década de 20, deu início aos
esforços para transformação
do ensino superior no Brasil. O agrupamento de três ou mais faculdades podia legalmente
chamar-se universidade. Nesse contexto surgiram as Universidades de Minas Gerais (1933) e a
Universidade de São Paulo - USP (1934), expressando o nascimento da idéia de superar o simples
ajuntamento de faculdades e partindo para a criação de centro de debates livres de idéias
idealizados por Anísio Teixeira, ideais já sufocados em 1937, com a chegada da ditadura e
implantação do Estado Novo.
Passados alguns anos renascem com Darcy Ribeiro, os ideais de fazer universidade
voltada para a pesquisa, reflexão e renovação do saber. Surgiu, com esses conceitos a
Universidade de Brasília - UnB, cujo nascente desenvolvimento, em 1964, foi alvo das forças
contrárias à renovação das idéias as quais, mais uma vez, manifestaram-se em oposição à cultura.
Este período foi marcado também pela criação dos organismos Conselho Nacional de Pesquisa –
CNPq e da Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior – CAPES, ambas em
1951 para promoção da pesquisa e melhor qualificação do corpo docente. É deste período, a
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases – LDB (Lei 4.024/61), prevista pela Constituição
Federal de 1946, que entre muitos
deméritos, propiciou debates sobre a educação envolvendo
associações acadêmicas, universitárias e sindicais.
O terceiro período foi caracterizado por um conjunto de
ações, instituídas pelo regime
militar, para desenvolver as atividades científicas por meio de medidas como: a configuração de
um Sistema Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico envolvendo um amplo
programa de Pós-Graduação nas universidades brasileiras, a criação de um Fundo Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico, a reformulação do atual Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e
Tecnológico – CNPq, a criação do Programa de Desenvolvimento
Tecnológico – FUNTEC e da Financiadora de Estudos e Projetos – FINEP. Neste período,
também foi promulgada sob o amparo da Constituição de 1967, a Lei 5540/68, conhecida por
Reforma Universitária de 1968.
A partir da década de 80, de acordo com Velho (1997), o Governo se propôs a “estimular
as universidades a desenvolver pesquisas em conjunto com empresas privadas, criando uma
verdadeira integração empresa-escola e atendendo à concepção básica de indissociabilidade entre
ensino, pesquisa extensão”.
A pesquisa universitária passou a depender de projetos que,
se por um lado traziam
recursos, por outro exigiam cumprimento de prazos e qualidade de realização. Mas apesar do
caráter privado, as instituições de ensino particulares por espelharem sua estrutura funcional em
universidades públicas e principalmente serem obrigadas a seguir a legislação vigente, tornaram-
se burocráticas, o que dificultou ainda mais a consecução dos projetos de pesquisa, uma vez que
os mesmos, em sua maioria, eram de empresas privadas que alocavam os recursos e cobravam
eficácia na realização dos seus projetos nas
universidades.
Com a intenção de dinamizar suas estruturas e facilitar a busca de recursos por meio dos
consorciamentos entre universidade-empresa, as universidades brasileiras a partir da década de
80, passaram a utilizar-se da criação de fundações.
Nesse sentido, Queiroz (1985) afirma que:
“A função essencial das fundações tem sido a de prestar apoio às
atividades de pesquisa e extensão das instituições de ensino superior, pela
prestação de serviços técnicos, científicos e administrativos e pela
viabilização de recursos necessários a essas atividades. O exercício dessa
função é em geral reconhecido como ágil, autônomo e flexível, em
decorrência de forma jurídica e de plano contábil de natureza privada”.
Para Paula e Silva (1996) as relações entre universidade e empresa pareciam ter boas
expectativas pois, do lado da universidade, isso se deve à necessidade de novas fontes de recursos
e do lado do setor produtivo, a melhoria em sua posição num mercado de bens e serviços cada
vez mais competitivos. Passados alguns anos, a realidade é outra, que no entender de Queiroz
(1992) “As relações da Universidade tradicional com as empresas se limitavam à busca de
oportunidades para os estágios curriculares e à oferta dos seus formandos”.
Para Viana (1998), o quarto período inicia-se com o advento da nova constituição
brasileira, onde em seu artigo 207 consta que:
“As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa
e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao principio de
indissociabilidade entre ensino, pesquisa extensão”. (BRASIL, 1988:138)
Melo (1998) comenta que “O enunciado deste artigo é o único dispositivo em toda a carta
constitucional a cuidar da questão sob o ângulo da autonomia. O conceito é amplo e universal,
sendo um preceito fundamental para o pleno exercício das prerrogativas e funções sociais das
universidades brasileiras”.
Nesse sentido, Queiroz (1996) enfatiza que:
“... a autonomia universitária é um conceito universal que remonta à
própria origem da noção de Universidade. É requisito e estratégia para se
alcançar os fins e objetivos da Universidade”.
O Estado, sensível ao contexto, sancionou o Decreto nº 2.026 de 10 de outubro de 1996,
estabelecendo os procedimentos para o processo de avaliação dos cursos e instituições de ensino
superior e, em seguida, editou a Lei 9.394 em 20 de dezembro de 1996 que estabeleceu as novas
diretrizes e bases para a Educação Nacional, entre várias leis e decretos federais, portarias
ministeriais e resoluções, que consubstanciam o sistema brasileiro de ensino atual.
Na ocasião, a nova LDB, trouxe, já em seu caput, inovações administrativas e
pedagógicas substancialmente melhores do que a Lei 5.540/68 como: a criação de universidades
por campo de saber, a reorganização da universidade e criação de cursos à distância, por exemplo.
No que diz respeito ao ensino superior, assegura nos seus artigos 53, 54 e 55, elevado grau de
autonomia às universidades, conferindo maior flexibilização as sua ações e conseqüentemente
melhorias na prestação dos serviços de ensino, pesquisa e extensão.
Ao tratar do papel da universidade, dos centros de pesquisa e da empresa privada no
desenvolvimento da ciência e tecnologia no Brasil, Queiroz (1992) enfatiza que:
“ ... as universidades e as empresas que emergem nos anos 90 são muito
diferentes daquelas que prevaleceram nas últimas décadas. (...) Envolvidas
pela velocidade do desenvolvimento tecnológico decorrente do tratamento
cada vez mais rápido das informações, são obrigadas a adaptar-se às
exigências de contínua renovação em seus métodos e sistemas de
organização e trabalho”.
Observa-se, que as instituições universitárias, ainda precisam adequar-se às mudanças
trazidas pela conjuntura globalizada e pela sociedade da informação. Enquanto a área acadêmica
acessa as novas tecnologias e as emprega nas atividades formadoras de sua cadeia de valor, as
atividades de apoio ainda carecem de usar essas tecnologias na melhoria das informações de
custos e de gestão.
3.1.1 Classificação das IES
De acordo com Viana (1998) a Lei 9.394/96 e o Decreto 2.306/97 classificam as
instituições de ensino superior quanto à
natureza jurídica de suas mantenedoras e quanto a sua
organização acadêmica , da seguinte forma:
- Quanto à natureza jurídica das mantenedoras:
- Públicas – (“... criadas ou incorporadas, mantidas e
administradas pelo Poder Público”- inciso I
do artigo 19 da lei 9.393/96);
- Privadas – ( “... mantidas e administradas por pessoas físicas ou jurídicas de direito privado –
inciso II do artigo 19 da lei 9.394/96), estas compreendendo as seguintes categorias (artigo 20 da
lei 9.394/96 e incisos):
- Particulares – (“... instituídas e mantidas por uma pessoa ou mais pessoas físicas ou jurídicas de
direito privado”);
- Comunitárias – (“instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas jurídicas,
inclusive professores e alunos que incluam na sua entidade mantenedora representantes da
comunidade”);
- Confessionais(“ ... instituídas por grupos de pessoas físicas ou por uma ou mais pessoas
jurídicas que atendam orientação confessional e ideologia específicas ... que incluam na sua
entidade
mantenedora representantes da comunidade”);
- Filantrópicas – (“instituídas de acordo com as leis federais nº 1493/51, 3577/59, 7644/87,
8512/91, 8472/93, 8909/94, Decreto Federal nº 8742/93 e Resolução CNAS nº 66/96).
- Quanto à organização acadêmica:
- Universidades que se caracterizam por oferecer ensino,
pesquisa e extensão; ter autonomia
didática, administrativa e financeira e abrir e fechar cursos e vagas sem autorização, exceto para
cursos da área da saúde (Decreto Federal nº 2.306 de 19/08/97);
- Centros Universitários que se caracterizam por oferecer ensino de excelência; atuar em uma ou
mais áreas do
conhecimento; abrir e fechar cursos e vagas sem
autorização, exceto para cursos da
área da saúde (Decreto Federal nº 2.306 de 19/08/97);
- Faculdades Integradas que se caracterizam por aglutinar instituições (faculdades de diferentes
áreas do conhecimento; oferecer ensino e às vezes pesquisa e extensão; depender de autorização
do CNE para criar cursos e vagas);
- Faculdades, Institutos Superiores ou Escolas Superiores que se caracterizam por atuar em geral
em uma área do conhecimento; poder fazer ensino ou pesquisa e depender de autorização do CNE
para criar cursos e vagas. Viana (1998).
3.2 Custos e Ensino Superior
A contabilidade de custos originou-se da contabilidade financeira, no início da idade
média, afirma Guimarães (2000). Da época dos artesãos até os dias de hoje, inúmeras alterações
ocorreram em processos produtivos, como os avanços tecnológicos e a movimentação dos
mercados, trazendo uma necessidade de evolução das técnicas de custeio.
Segundo Sá (2000), as mudanças nos regimes de contabilidade de custos vêm desde a
última grande guerra mundial, na década de 40. Alguns trabalhos mostravam que a contabilidade
deveria acompanhar o progresso dos sistemas de produção.
Schmidt (2000), escreveu sobre alguns trabalhos de pensadores da contabilidade nas
décadas de 80 e 90, descrevendo o novo enfoque da contabilidade gerencial, fundamentando-se
em sistemas de custos gerenciais, sistemas de custos baseados em atividades, voltados para
acompanhamento da qualidade do produto e técnicas de mensuração de desempenho orientados
pelo cliente, estas novas realidades sociais geraram
transformações nas idéias tradicionais dos sistemas contábeis de custos.
Segundo Hansen (2001), o sitema de informações contábeis pode ser dividido em dois
subsistemas principais: (1) o sistema de informação de contabilidade financeira e (2) o sistema de
informações de gestão de custos.
Hansen (2001), diz que o sistema de informações de contabilidade financeira é um
subsistema de informações contábeis que está primariamente preocupado em produzir saídas para
os usuários externos. Entre suas saídas estão demonstrações financeiras tais como o balanço
patrimonial, a demonstração de resultado do exercício e a demonstração de fluxo de caixa para
usuários externos. Informações da contabilidade financeira são usadas para investimentos,
avaliações de administradores, monitoração de atividades e medidas regulatórias.
Ainda, segundo Hansen (2001), o sistema de informações de gestão de custos é um
subsistema de informações contábeis que está preocupado primariamente com a produção de
saídas para usuários internos, usando entradas e processos necessários para satisfazer os objetivos
gerenciais. O sistema de informação de gestão de custos tem três objetivos amplos: (1) Fornecer
informações para computar o custo de serviços, produtos e outros objetos de interesse da gestão;
(2) Fornecer informações para o planejamento e controle; (3) Fornecer informações para tomadas
de decisão.
Para VanDerbeck (2003), a contabilidade de custos fornece os dados detalhados sobre
custos que a gestão precisa para controlar as operações atuais e planejar para o futuro.
Na visão de Hansen (2001), sistemas de contabilidade gerencial são estruturados para
medir e atribuir custos para objetos de custo. Um objeto de custo é qualquer item, como produtos,
clientes, departamentos, processos, atividades, e assim por diante, para o qual os custos são
medidos e atribuídos.
A necessidade de apurar ou não os custos das organizações é imposta mais
pela
concorrência do que a livre consciência de gerir o empreendimento com informações fidedignas
do ambiente interno e externo da empresa, principalmente nos dias atuais, em que a globalização
da economia tornou o mercado bastante competitivo.
Em um mercado de grandes disputas por clientes, o conhecimento e a arte de bem
administrar são fatores determinantes do sucesso de uma empresa. Portanto, não se podem
relegar, a um plano secundário, os cálculos de custos pois eles são ferramentas auxiliares da boa
administração.
Nesse sentido Riccio (2000) afirma que:
“A crescente competitividade em todos os tipos de mercados tornou a
informação de custos uma das bases mais importantes da contabilidade
gerencial. Incrementou a ligação da contabilidade com outras disciplinas e
gerou novos paradigmas na gestão empresarial. A busca de respostas cada vez
mais precisas para os problemas das empresas fez crescer as discussões e a
pesquisa em torno das metodologias de custeio e da informação de custos”.
No livro “A Relevância da Contabilidade de Custos”, Johnson & Kaplan (1996), mesmo
traçando um perfil sobre a obsolescência dos sistemas
atuais de contabilidade gerencial, afirmam
que “nesta era de rápida mudança tecnológica, de vigorosa competição global e da enorme
expansão da capacidade de processamento das informações os sistemas de contabilidade
gerencial – por si sós –
não levarão a organização ao fracasso. Tampouco sistemas de
contabilidade gerencial excelentes irão assegurar seu sucesso. Mas eles podem contribuir para o
declínio ou
sobrevivência das organizações”.
Para tanto, os empresários não podem prescindir de uma organização de custos como
instrumento que irá determinar seus parâmetros de eficiência e rentabilidade, pois, apesar de não
garantir o sucesso do empreendimento, um sistema contábil gerencial fornece informações úteis e
oportunas para as atividades de controle dos processos internos, avaliação do custo e
rentabilidade dos produtos oferecidos e a
avaliação de desempenho dos gerentes, será um bom
instrumento de apoio para a administração dos negócios, neste mundo cada vez mais globalizado.
Assim, todo empresário consciente deve zelar por uma boa organização interna que mantenha,
para suas decisões, a apuração e o controle dos custos da companhia.
Uma outra razão da importância do conhecimento de custos para auxílio à gestão
empresarial foi o desenvolvimento de novos métodos de custeio: Custeio do Ciclo de Vida,
Custeio ABC, EVA, Custeio Kaizen, Custeio Meta, entre outros.
Portanto, a utilização múltipla do custo nas diversas atividades econômicas constitui um
fato conhecido e aceito. Assim, uma observação mais detalhada leva, inevitavelmente, à
conclusão de que a maioria das decisões diárias para a gestão dos negócios envolvem, em maior
ou menor escala, a variável custo.
Dentro da atividade empresarial, o volume dessas decisões permite que se
vislumbrem,
pelo menos, dois grandes grupos de finalidades: as contábeis e as administrativas.
As finalidades contábeis são aquelas que estão direcionadas à correta avaliação dos
estoques e dos resultados patrimoniais, financeiros e econômicos das
organizações e as
finalidades administrativas são aquelas que estão direcionadas para a tomada de decisões nas
organizações (IOB,1999).
3.2.1 Método ABC - Custeio Baseado em Atividades
O Custeio Baseado em Atividades – Activity Based Costing (ABC), é um método
poderoso aplicável a qualquer tipo de organização. Mesmo tendo suas origens nas fábricas,
atualmente muitas organizações que prestam serviços também estão obtendo benefícios com o
uso do ABC (KAPLAN e COOPER, 2000).
Enquanto os métodos de custeio tradicionais ou clássicos se preocupam somente com
exatidão e precisão dos números, o ABC busca, nesses mesmos números, as atribuições que lhe
assegurem a acurácia necessária à gestão baseada em atividades (NAKAGAWA, 2001). A idéia
básica do ABC é tomar os custos das diversas atividades da Instituição e entender seu
comportamento, encontrando bases que relacionem os produtos e essas atividades. Isso porque
esse método “pressupõe que as atividades consomem recursos, gerando custos, e que os produtos
utilizam tais atividades, absorvendo seus custos” (BORNIA, 2002).
A implantação do método ABC possibilita à organização “melhoria nas decisões
gerenciais, pois se deixa de ter produtos subcusteados ou supercusteados, permitindo-se a
transparência exigida na tomada de decisão” (COGAN, 2000). Possibilita redução de
desperdícios e melhoria dos processos. Os custos dos produtos podem ser calculados com maior
precisão. (COGAN, 2000; BORNIA, 2002).
O método ABC:
- identifica as reais fontes geradoras de custo em função dos geradores
de custos, podendo, desta forma, identificar exatamente quais e onde
os recursos vem sendo consumidos (...)
- identifica o custo efetivo dos produtos e processos em função da
eliminação das distorções propiciadas pelos atuais sistemas de rateio,
atribuindo aos objetos de custeio os custos efetivamente incorridos
(...)
- incentiva a integração entre as áreas envolvidas nos processos e
atividades, maximizando os esforços para a resolução de problemas e
aumento da qualidade (CANGI, 1995 apud AMARANTE, 2002).
Segundo Martins (2003), “o grande desafio, a espinha dorsal, a verdadeira arte do ABC
está na escolha dos direcionadores de custos”, que são os fatores que determinam a ocorrência de
uma determinada atividade. “Como as atividades exigem recursos para serem realizadas, deduz-
se que o direcionador é a verdadeira causa dos seus custos” (MARTINS, 2000).
Para efeito de custeio de produtos, o direcionador deve ser o fator que determina ou
influencia a maneira como os produtos consomem (utilizam) as atividades. Assim, o
direcionador de custo será a base utilizada para atribuir os custos das atividades aos
produtos. (MARTINS, 2003, p.96)
Bornia (2002), corrobora Martins (2003), quando explica que, utilizando os
direcionadores de custo, “o ABC objetiva encontrar os fatores que causam os custos, isto é,
determinar a origem dos custos de cada atividade para, desta maneira, distribuí-los corretamente
aos produtos, considerando o consumo das atividades por eles”.
Porém, deve-se saber que existem dois tipos de direcionador de custos: o direcionador de
custos de recursos e o direcionador de custos de atividades. O direcionador de custos de recursos
“identifica a maneira como as atividades consomem recursos e serve para custear as atividades,
ou seja, demonstra a relação entre os recursos gastos e as atividades” (MARTINS, 2003). É um
“mecanismo para rastrear e indicar os recursos consumidos pelas atividades” (NAKAGAWA,
2001). Os recursos são alocados às atividades, sendo usados somente quando não houver a
possibilidade de alocação direta a essas atividades (KAPLAN e COOPER, 2000).
O direcionador de custos de atividades “identifica a maneira como os produtos consomem
atividades e serve para custear produtos (ou outros custeamentos), ou seja, indica a relação entre
as atividades e os produtos” (MARTINS, 2003). Também é um mecanismo para rastreamento e
indicação, porém, não mais dos recursos consumidos pelas atividades, mas das atividades
necessárias para a fabricação de produtos (NAKAGAWA, 2001).
No entanto, de modo geral, não se pode afirmar a quantidade exata de direcionadores com
que se deve trabalhar, pois os direcionadores variam de organização para organização, “depende
do grau de precisão desejado e da relação custo-benefício (...) de como e por que as atividades
são executadas” (MARTINS, 2003).
3.2.2 Método ABCd – Custeio Baseado nas Atividades Docentes
O Método ABCd - Custeio Baseado nas Atividades Docentes das Universidades - é uma
proposta de apuração de custo para as IFES Brasileiras. Essa proposta teve como base outros
modelos já testados e viabilizados em Instituições Públicas do Ensino Superior no Brasil. O
método é resultado de uma pesquisa de dissertação, desenvolvida pelo Curso de Pós-Graduação
em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, por Clio Reinert
(REINERT, 2005a). Segundo a autora, este método é uma proposta simples e econômica de
apurar custos e se enquadra na realidade das IES brasileiras.
O ABCd, tem a hora atividade docente como base de rateio. Dessa maneira, a hora
atividade docente é computada de forma direta, seja dentro de uma sala de aula, de um hospital,
de um laboratório ou em qualquer outro espaço, seja referente à atividade de ensino, teórica ou
prática, que engloba a orientação, seja referente à atividade de pesquisa ou de extensão. O custo
da hora atividade docente será sempre o mesmo.
É fundamental ressaltar, que o método adotado, subtrai os custos que não estão
vinculados às atividades fim. Portanto, subtrai-se do orçamento geral: custos com inativos,
aposentados e pensionistas; precatórios; hospital e restaurantes universitário; moradia
estudantil; editora; imprensa.
Essa proposta, em princípio, não considera os custos referentes a obras e instalações.
Segundo Gaetani e Schwartzman (1991), considerar esses custos parece ser problemático, pois
podem existir muitas diferenças de uma Instituição para outra e a consideração dos mesmos
dificultaria um trabalho de comparação, caso fosse desejado. Com relação a obras,
principalmente, as distorções podem ser muito grandes não só em função da idade, do número de
prédios, mas do nível de sofisticação que cada construção recebe.
Os autores argumentam que do ponto de vista físico algumas Instituições já se encontram
consolidadas, enquanto outras continuam ampliando suas instalações. Limitações também se
fazem presentes quando se pretende realizar comparações entre as Universidades, “a construção
dos campi universitários ou de unidades isoladas pode ser significativa em algumas
universidades, mas os seus gastos não podem ser utilizados para efeitos de comparação, por não
se tratar de dispêndios de custeio” (GAETANI e SCHWARTZMAN, 1991).
O aprimoramento exigido para contabilizar este custo parece ser outro motivo relevante e
limitante, pois devem ser consideradas todas as obras, conhecer o tempo de existência de cada
uma delas e fazer seu custo de depreciação.
Se a Instituição achar interessante conhecer todos estes custos, chegará a resultados mais
precisos com certeza, porém o custo operacional de acompanhamento deverá ser levado em
consideração.
Esse foi o método utilizado para execução da pesquisa de custos proposta por esta
dissertação, comparando os custos da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC e
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI.
3.2.2.1 O modelo utilizado
Buscando responder as perguntas orientadoras da pesquisa e os objetivos deste estudo,
utilizou-se do ABCd - Custeio Baseado nas Atividades Docentes das Universidades, como
método de apuração de custos.
A seguir, estão descritos os passos principais da metodologia, conforme orientado por
Reinert (2005a).
1º passo - Definir o total de recursos a ser considerado
A primeira definição a ser feita é com relação ao total de recursos que deve ser
considerado, ou seja, deve-se definir o orçamento total que será considerado no cálculo.
Nesse caso, adotam-se as contribuições de Gaetani e Schwartzman (1991), de Morgan
(2004) e de Peñaloza (1999). Os autores ressaltam que muitas Instituições geram recursos
próprios, por isso, seria limitante considerar somente recursos oriundos do Tesouro. Segundo
Morgan (2004), em 2003, 35% dos recursos orçamentários da UnB eram provenientes de
arrecadação própria. Sendo assim, esta metodologia considera não só os recursos repassados pelo
Tesouro, mas todos aqueles que são contabilizados pela Instituição. Porém, exclui as despesas
extra orçamentárias cujo montante não é confiável, como propõe Peñaloza (1999).
2º passo – Obter o custo da Instituição não vinculado direta e indiretamente às atividades fim
Para isso, deve-se identificar os custos que não correspondem às atividades fim e nem
mesmo às atividades meio que visem cooperar com as atividades fim. Sendo assim, propõe-se
retirar as parcelas de custo destinadas ao (s): pessoal inativo, aposentado e pensionista;
precatórios; hospitais, maternidades e clínicas odontológicas; restaurantes, moradias estudantis,
editora e imprensa.
Quanto ao pessoal inativo, aposentados e pensionistas, esta proposta levou em
consideração as contribuições de Gaetani e Schwartzman (1991), principalmente. Para os autores,
estas parcelas devem ser obrigatoriamente excluídas do cálculo, pois são despesas referentes a
compromissos previdenciários que não tem nenhuma tradução em termos de produtos e serviços
no presente. A metodologia apresentada pelo TCU e as propostas apresentadas por Wolynec
(1990), Amaral (2004), Peter et al (2003) e Morgan (2004) também defendem tais exclusões.
Da mesma forma, a parcela referente aos precatórios é excluída do cálculo. Os precatórios
são dívidas judiciais das Universidades, não tendo nenhuma tradução em termos de produtos e
serviços no presente, por isso devem ser excluídas do montante considerado.
Quanto à parcela de custo referente aos órgãos de saúde – hospitais, maternidades e clínicas
odontológicas, levou-se em consideração, principalmente, as contribuições de Gaetani e
Schwartzman (1991), que julgam esses custos consideráveis a ponto de provocarem graves
distorções se inclusos no cálculo. Na verdade, esses serviços correspondem a políticas sociais que
extrapolam as necessidades das atividades fim.
As contribuições dos autores também foi ressaltada no que se refere à parcela de custo
referente à restaurantes. Nesta proposta, o restaurante também é visto como atividade social,
assim como os órgãos de saúde e, por essa razão, extrapola os objetivos finais. Além disso, parte
dos custos é coberta pela compra dos passes. Evidentemente, o restaurante universitário
oportuniza melhores condições para os estudantes carentes, mas não é necessário para que uma
atividade fim aconteça. Da mesma forma, não são considerados os custos referentes às moradias
estudantis universitárias.
O custo das editoras, imprensa e outros do gênero também são desconsiderados nesta
proposta, assim como procede Morgan (2004), quando apresenta sua metodologia. Segundo
Reinert (2005a), estas unidades não são necessárias para que as atividades fim aconteçam. Não
são custos da Universidade, mas opções. As editoras universitárias funcionam como incentivo a
produção científica, no entanto suas publicações são colocadas em segundo plano, uma vez que
as próprias organizações federais, como a CAPES, as consideram com pontuações inferiores às
de muitas editoras não universitárias.
Assim, chega-se ao custo parcial que não está vinculado direta e indiretamente às atividades fim.
(+) Parcela de custo destinada ao pessoal inativo, aposentados e pensionista
(+) Parcela de custo destinada aos precatórios
(+) Custo dos órgãos de saúde: Hospitais, Maternidades e Clínicas Odontológicas
(+) Custo do Restaurante
(+) Custo da Moradia Estudantil
(+) Custo da Editora
(+) Custo da Imprensa
(+) Custo de Rádio e Televisão
(+) Outros custos não previstos neste trabalho
(=) Custo parcial não vinculado direta e indiretamente às atividades fim
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 1: Custo parcial não vinculado direta e indiretamente às atividades fim.
Para chegar à composição total do custo não vinculado direta e indiretamente às
atividades fim, propõe-se retirar também, na medida do possível, um percentual do Custo da
Administração Superior (que aqui engloba os custos das Reitorias, Pró-Reitorias e Diretorias não
acadêmicas).
Para calcular esse percentual, faz-se necessário: (1) identificar o total do Custo da
Administração Superior; (2) identificar o percentual desse Custo em relação ao percentual que o
custo parcial não vinculado direta e indiretamente às atividades fim tem em relação ao total de
recurso considerado no cálculo; (3) transformar esse percentual em valor monetário.
(+) Custo parcial não vinculado direta e indiretamente às atividades fim
(-) Parcela do custo da administração superior
(=) Custo total não vinculado direta e indiretamente às atividades fim
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 2: Custo total não vinculado direta e indiretamente às atividades fim.
3º passo – Obter o custo da Instituição vinculado direta e indiretamente às atividades fim
Para isso, deve-se subtrair do montante considerado no 1º passo, o resultado obtido no 2º
passo.
Dessa forma, o custo total vinculado direta e indiretamente às atividades fim, é
representado no quadro a seguir.
(+) Recursos totais contabilizados pela Instituição
(-) Custo total não vinculado direta e indiretamente às atividades fim
(=) Custo total vinculado direta e indiretamente às atividades fim
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 3: Custo total vinculado direta e indiretamente às atividades fim.
4º passo – Obter o custo total das atividades de nível universitário (graduação e pós-graduação
stricto sensu)
Para isso, deve-se retirar o custo do Núcleo de Desenvolvimento Infantil (NDI), das
creches e dos Colégios de Aplicação e Agrícolas. Apesar dos mesmos serem atividades fim,
desenvolvem atividades de ensino, mas são de nível Universitário. Mesmo se forem vistos como
laboratórios, esses custos não devem ser considerados, pois as atividades desenvolvidas nessas
unidades poderiam ser realizadas em qualquer outra Instituição não vinculada a Instituição
Universitária, sem nenhum problema aparente. No caso das creches, dos NDIs e dos Colégios de
Aplicação é bom lembrar que não são exclusivos e nem preferenciais para filhos de professores e
servidores.
(+) Custo total da Instituição, vinculado direta e indiretamente às atividades fim
(-) Custo das atividades de nível não universitário
(-) Custo das creches
(-) Custo do Núcleo de Desenvolvimento Infantil
(-) Custo dos Colégios de Aplicação
(-) Custo dos Colégios Agrícolas
(=) Custo das atividades de nível Universitário
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 4: Custo das atividades de nível universitário.
Além disso, na medida do possível, propõe-se excluir uma parcela do Custo da
Administração Superior da mesma forma que já foi calculada no passo anterior.
Para calcular esse percentual, faz-se necessário: (1) identificar o total do Custo da
Administração Superior; (2) identificar o Custo das atividades de nível universitário em relação
ao total de recurso considerado no cálculo; (3) transformar esse percentual em valor monetário.
(+) Custo das atividades de nível universitário
(-) Parcela do custo da administração superior
(=) Custo das atividades de nível universitário
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 5: Custo total das atividades de nível Universitário.
Antes de dar prosseguimento ao modelo, julgou-se necessário fazer alguns
esclarecimentos.
Para responder as perguntas orientadoras da pesquisa, faz-se necessário que esses quatro
passos (acima mencionados) sejam concretizados. Quanto maior for a precisão dos números
utilizados, mais reais e precisos serão os resultados finais, pois é a partir do Custo das atividades
de nível universitário que se desdobram todos os outros custos. O quadro detalhado dos passos
iniciais é apresentado a seguir.
(+) Orçamento total
(-) Custo parcial da Instituição, não vinculado direta e indiretamente às atividades fim
(-) Parcela de custo destinada ao pessoal inativo, aposentados e pensionista
(-) Parcela de custo destinada aos precatórios
(-) Custo dos órgãos de saúde: Hospitais, Maternidades e Clínicas Odontológicas
(-) Custo do Restaurante
(-) Custo da Moradia Estudantil
(-) Custo da Editora
(-) Custo da Imprensa
(-) Custo de Rádio e Televisão
(-) Outros custos não previstos neste trabalho
(-) Parcela do custo da administração superior correspondente
(=) Custo total da Instituição, vinculado direta e indiretamente às atividades fim
(-) Custo das atividades de nível não Universitário
(-) Custo das creches
(-) Custo do Núcleo de Desenvolvimento Infantil
(-) Custo dos Colégios de Aplicação
(-) Custo dos Colégios Agrícolas
(-) Parcela do custo da administração superior correspondente
(=) Custo das atividades de nível universitário
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 6: Custo das atividades de nível Universitário.
De posse desses resultados, outros custos podem ser calculados. De acordo com os
objetivos e as perguntas orientadoras da pesquisa, seguem os passos 5, 6, 7, 8, 9, 10, 11 e 12.
5º passo – Custo de administração docente e de formação docente
Neste caso, deve-se: (1) identificar o total de horas de atividades dos docentes; (2)
identificar o total de horas de atividades de formação, bem como de administração docente; (3)
somar as duas últimas; (4) verificar o quanto esta soma representa no total em percentual; (5)
multiplicar este percentual pelo custo total das atividades de nível universitário, chegando, assim,
ao custo universitário da atividade fim.
6º passo – Custo de cada uma das atividades fim (ensino, pesquisa e extensão)
Neste caso, é preciso considerar a soma de horas das atividades de ensino, pesquisa,
extensão. Propõe-se: (1) somar os custos das três atividades e transformá-los em 100%; (2) alocar
no custo das três categorias citadas anteriormente os custos das atividades de administração e de
formação docente de acordo com o percentual de cada uma das três atividades fim, dentro dos
100%, obtendo-se os custos finais das atividades fim.
7º passo - Custo médio da hora atividade fim
Para o cálculo do custo médio da hora atividade fim, faz-se necessário dividir o custo das
atividades de nível universitário, pelo número de horas das atividades fim (ensino, pesquisa e
extensão).
Custo das atividades de nível universitário
Custo médio da hora atividade fim =
Número de horas (ensino, pesquisa e extensão)
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 7: Custo médio da hora atividade fim.
8º passo – Custo do ensino de graduação e de pós-graduação stricto sensu
O custo da atividade de ensino (obtido no 6º passo) engloba o custo da graduação, da pós-
graduação stricto sensu e da orientação. Para obter o custo do ensino de graduação e do ensino
de pós-graduação stricto sensu é preciso separar o número de horas dedicadas ao ensino de
graduação (incluindo as orientações) do número de horas dedicado ao ensino de pós-graduação
stricto sensu (incluindo a orientação). Com isso, pode-se calcular o percentual dedicado a cada
nível.
Dessa forma, multiplicando o percentual de cada nível no custo de cada uma das duas
categorias de ensino, pode-se obter o custo do ensino de graduação e o custo do ensino de pós-
graduação stricto sensu.
9º passo – Custo médio do ensino de um curso
O custo médio do ensino de um curso poderá ser calculado de duas maneiras. Na primeira
opção deve-se: (1) multiplicar o custo hora atividade fim do curso pelo número de horas que os
docentes dedicam ao curso, tanto para ensino, quanto para orientação. O custo hora atividade fim
docente será sempre o mesmo para qualquer curso, o que pode mudar, e muito, é o número de
estudantes por curso. Quanto maior o número de estudante num curso, menor seu custo per-
capita.
A segunda opção é mais precisa, porém mais trabalhosa. Nesse caso, cada Centro
Acadêmico será considerado um Centro de Custo, somente para este caso. São alocados nos
Centros todos os custos passíveis de serem alocados. Além de ser mais preciso, pode mostrar
diferenciais como os de laboratórios, que uns tem e outros não, ou tem em menor quantidade.
A proposta é considerar os Centros Universitários como centros de custo, sempre na
medida do possível. Para isso deve-se: (1) identificar os Centros Universitários; (2) alocar em
cada um deles todos os custos possíveis de serem alocados (fora o custo com pessoal); (3) somar
esses custos alocados em cada um dos Centros; (4) deduzir esses custos do custo total das
atividades fim; (5) ratear o custo que sobrou, ou seja, esse novo custo das atividades fim, pelo
percentual de atividade fim de cada Centro. Isso resulta no custo parcial de cada Centro. Em
seguida, deve-se (6) somar, em cada um dos Centros, os respectivos custos previamente
identificados.
Posteriormente, é preciso (7) que sejam identificadas quantas horas cada Centro tem
dentro de cada curso. A seguir , multiplica-se cada bloco de horas pelo custo da hora de cada
centro. Os resultados finais, ao serem somados, identificam o custo do curso que estiver sendo
analisado.
10º passo – Custo médio padrão anual de um estudante de graduação
Para obter o custo médio padrão
1
anual de um estudante de graduação, como numerador
considera-se o custo total do ensino de graduação. Como denominador, o somatório do número
de vagas oferecidas no vestibular, multiplicado pelo número de anos que o estudante tem para
concluir oficialmente o curso, considerando a idéia de fluxo contínuo. Há que se levar em conta
também, os cursos em implantação.
O mesmo raciocínio vale para os cursos de pós-graduação stricto sensu.
Custo total do ensino de graduação
Custo médio
padrão anual de
um estudante de
graduação =
Σ (n° de vagas oferecidas no vestibular). (n° de anos que o estudante tem
oficialmente para concluir o curso)
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 8: Custo médio padrão anual de um estudante de graduação.
1
“Custos-Padrão são custos predeterminados” (LEONE, 2000, p.66).
11º passo – Custo médio anual de um estudante de graduação (ou de pós-graduação stricto
sensu)
Para obter o custo médio anual de um estudante de graduação, considera-se o custo total
do ensino de graduação como numerador. No denominador estão os estudantes matriculados ao
longo do ano. Esse denominador deve levar em consideração os cursos semestrais e trimestrais.
Com isso tem-se, para os cursos semestrais, o somatório do número de estudantes matriculados
no primeiro semestre e no segundo semestre, dividido por dois; para os cursos trimestrais, o
somatório do número de estudantes matriculados no primeiro, segundo e terceiro trimestres,
dividido por três.
Esse sistema propõe não considerar o denominado “aluno especial”, pois o mesmo não
está aumentando o custo de qualquer curso. Ele aparece somente quando existe espaço ocioso na
turma e, além disso, não recebe a titulação da instituição. Ele é matriculado, mas apenas em uma
disciplina.
Custo total do ensino de graduação Custo médio real
anual de um
estudante de
graduação =
n° de estudantes matriculados ao longo do ano
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 9: Custo médio real anual de um estudante de graduação.
12º passo – Custo da ociosidade do ensino de uma IFES e custo da ociosidade do ensino por
curso
Para obter o custo da ociosidade do ensino de uma IFES deve-se subtrair o custo médio real do
estudante do custo médio padrão do estudante e multiplicar o resultado pelo número de vagas
ociosas.
(custo médio real do estudante – custo médio padrão do estudante)
X
Custo médio da
ociosidade do ensino
de uma IFES =
n° de estudantes matriculados ao longo do ano
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 10: Custo médio da ociosidade do ensino de uma IFES.
Para calcular o número de vagas ociosas deve-se: subtrair o número de vagas oferecidas no
vestibular pelo número de vagas ocupadas.
N° de vagas ociosas = n° de vagas oferecidas no vestibular - n° de vagas ocupadas
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 11: N° de vagas ociosas.
Para obter o custo médio da ociosidade do ensino por curso deve-se subtrair do custo
padrão do curso o custo médio do curso e multiplicar o resultado pelo número de vagas ociosas
no curso.
Custo médio do curso – custo padrão do curso
X
Custo médio da
ociosidade do ensino
por curso =
Número de vagas ociosas no curso
Fonte: Reinert (2005a).
Quadro 12: Custo médio da ociosidade do ensino por curso.
Após conhecer, através deste capítulo o método ABCd de forma orientadora e detalhada,
no próximo, tem-se executada a pesquisa, conforme os passos propostos pela autora da
metodologia.
4 PESQUISA
Este capítulo tem como objetivo trazer dados e análises, correspondentes aos objetivos de
pesquisa propostos pela dissertação.
A seguir, com base na pesquisa realizada nas duas IES e respeitando o método proposto
por Reinert (2005a), descrito no capítulo anterior, busca-se o comparativo de custos proposto
pelo presente trabalho dissertativo.
4.1 Custos gerais da UFSC e da UNIVALI
Quadro 13 – Quadro ABCd – Universidade: comparativo de Custos entre UFSC e
UNIVALI.
Quadro comparativo de custos entre UFSC e UNIVALI
UFSC UNIVALI
(+) Recursos totais repassados pelo Tesouro R$ 423.798.371,00
(1)
-
(+) outros recursos contabilizados pela Instituição R$ 9.656.194,81
(1)
R$ 171.064.039,00
(2)
(+) receita de pesquisa, ensino e extensão R$ 147.600.637,00
(2)
(+) verbas públicas para custeio R$ 1.405.299,00
(2)
(+) faturamento de serviços R$ 4.514.060,00
(2)
(+) outras receitas R$ 2.832.615,00
(2)
(-) despesas extra-orçamentárias de montante não confiável
(=) Custo total vinculado direta e indiretamente às atividades fim. R$ 433.454.565,81 R$ 171.064.039,00
(-) Custo com pessoal inativo (aposentados e pensionistas);
aposentados R$ 72.492.777,57
(1)
-
pensionistas R$ 9.975.939,40
(1)
-
(-) Custo com precatórios; R$ 9.601.234,00
(1)
-
(-) Custo dos órgãos de saúde: hospitais, maternidades e clínicas
odontológicas;
R$ 32.219.800,20
(1)
-
(-) Custo do Restaurante Universitário; R$ 1.520.940,10
(1)
(-) Custo de moradias estudantis;
(3)
-
(-) custo de Editora;
(3)
(-) custo de Imprensa; R$ 1.038.098,64
(9)*
(-) Custo de Rádio e Televisão;
(-) Outros custos não previstos; - -
pessoal docente cedido R$ 410.078,01
(1)
-
pessoal técnico cedido R$ 51.252,81
(1)
-
(-) Custo da administração superior correspondente;
(4)
(4)
(=) Custo das atividades fim. R$ 306.144.445,08 R$ 171.064.039,00
(-) Custo das atividades de ensino de nível pré-universitário;
(+) Custo das atividades pré-escolares; R$ 1.332.067,13
(9)*
(+) Custo do ensino fundamental;
(+) Custo dos Colégios de Segundo Grau; R$ 1.303.714,00
(5)
(+) Custo do Colégio de Aplicação R$ 6.690.272,09
(9)*
(+) Custo do Colégio Agrícula de Araquarí; R$ 1.860.368,84
(9)*
-
(+) Custo do Colégio Agrícula de Camboriú; R$ 3.514.390,55
(9)*
-
(+) Despesas de Custeio dos Colégios Agrículas; R$ 1.303.714,00
(5)*
-
(+) Custo da administração superior correspondente;
(4)
(4)
(=) Custo das atividades de ensino superior, pesquisa e extensão R$ 290.139.918,47 R$ 171.064.039,00
(/) total de horas semanais de atividades docentes fim (ensino, pesquisa e
extensão)
112.950
(6)
106.856
(10)
ensino 66.334
(6)
80.283
(10)
orientação 14.743
(6)
20.742
(10)
pesquisa 21.232
(6)
3.423
(10)
extensão 10.641
(6)
2.408
(10)
total 112.950
(6)
106.856
(10)
(=) Custo hora-semana da atividade fim (pesquisa, ensino, extensão) R$ 2.568,75 R$ 1.600,89
(/) 18 horas - UFSC
(/) 15 horas - UNIVALI
(=) Custo hora da atividade docente fim R$ 142,71 R$ 106,73
(x) horas-semana de atividades de pesquisa 21.232
(6)
3.423
(10)
(x) número de créditos 18 15
(=) custo anual das atividades de pesquisa R$ 54.539.625,93 R$ 5.479.836,52
(x) horas-semana de atividades de extensão 10.641
(6)
2.408
(10)
(x) número de créditos 18 15
(=) custo anual das atividades de extensão R$ 27.334.031,63 R$ 3.854.936,12
(x) horas-semana de atividades de ensino superior 66.334
(6)
80.283
(10)
(x) número de créditos 18 15
(=) custo anual das atividades de ensino superior R$ 170.395.231,09 R$ 128.523.666,28
(x) % horas de ensino de graduação no total destas atividades 0,86 0,97
(=) custo anual de ensino de graduação
R$ 146.539.898,74 **
R$ 124.860.741,79
por aluno R$ 7.924,93 R$ 4.723,67
(x) % horas de ensino de pós-graduação no total destas atividades 0,14 0,03
(=) custo anual do ensino de pós-graduação R$ 23.855.332,35 R$ 3.662.924,49
por aluno R$ 4.527,49 R$ 5.180,94
(x) horas-semana de atividades de orientação superior 14.743
(6)
20.742
(10)
(x) número de créditos 18 15
(=) custo anual das atividades de orientação superior R$ 37.871.029,82 R$ 33.205.600,08
(x) % horas de orientação de graduação no total destas atividades
(=) custo anual de orientação dos estudantes de graduação R$ 10.850.114,87
***
R$ 31.126.929,52
(x) % horas de orientação de pós-graduação no total destas atividades
(=) custo anual de orientação dos estudantes de pós-graduação
R$ 27.191.084,54 ****
R$ 2.078.670,57
por aluno R$ 5.160,58 R$ 2.940,13
custo da graduação R$ 157.390.013,61 R$ 155.987.671,31
(/) n. de matrículas 18.491
(6) *****
26.433
(10)
(=) custo por estudante de graduação R$ 8.511,71 R$ 5.901,25
custo da pós-graduação R$ 51.046.416,89 R$ 5.741.595,05
(/) n. de matrículas 5.269
(8)
707
(10)
(=) custo por estudante de pós-graduação R$ 9.688,07 R$ 8.121,07
(/) total de horas atividade docente 136.046
(6)
112.756
(10)
atividade docente fim 112.950
(6)
106.856
(10)
formação 7.806
(6)
816
(10)
administração 15.290
(6)
5.084
(10)
(=) custo hora-semana de atividade docente R$ 2.132,66 R$ 1.517,12
(/) horas-aula - UFSC 18
(/) horas-aula - UNIVALI 15
(=) custo hora-aula de atividade docente R$ 118,48 R$ 101,14
(x) horas de administração docente 15.290
(6)
5.084
(10)
(=) custo hora-aula da administração docente R$ 1.811.576,54 R$ 514.202,51
(x) horas de formação docente 7.806
(6)
816
(10)
(=) custo da formação docente R$ 924.863,73 R$ 82.531,32
Custo total do ensino de graduação
(/) S (n. de vagas oferecidas no vestibular) (x) n. padrão de anos p/ conclusão do
curso
(=) Custo médio padrão anual de um estudante de graduação
(11)
(11)
Custo total do ensino de graduação (ou de pós-graduação)
(/) n. de estudantes matriculados no curso
(=) Custo médio anual de um estudante de graduação (ou de pós-graduação)
(11)
(11)
Custo padrão de um estudante da IES
(x) número de vagas ociosas na IES
(=) custo da ociosidade do ensino na IES ou em um curso
(11)
(11)
Fonte:
Dados da UFSC: Reinert (2005b);
Dados da UNIVALI: Fornecidos pela UNIVALI e calculados pelo autor;
* Valor correspondente às despesas com a folha de pagamento da unidade;
** Foi tomado com referência o semestre 2004/1. Segundo a Coordenadoria Técnica de Ensino, houve um total de
12.987 horas didáticas (em sala de aula) dedicadas para os cursos de graduação e 2.052 horas didáticas dedicadas
para os cursos de pós-graduação. Totalizando 15.039 horas didáticas. Esses números correspondem
aproximadamente a 86% e 14% respectivamente;
*** Devido a não disponibilidade imediata de dados separados, referentes as atividades de orientação nos cursos de
graduação e nos de pós-graduação, tomou-se os percentuais dos créditos de ensino como sendo também para as
orientações;
**** Para fins desse cálculo tomou-se o número de estudantes matriculados somente na sede, nos cursos de mestrado
e doutorado e multiplicou-se por dois, considerando-se que cada estudante requer um total de duas horas semanais de
orientação. Dividiu-se o resultado desta multiplicação por 14.743, que corresponde ao total de horas de orientação,
declaradas pela UFSC e multiplicou-se o resultado desta divisão pelo custo total das orientações dos cursos de
graduação. A única diferença é que, neste caso, cada estudante requer uma hora semana de orientação;
***** Corresponde ao total de matrículas do primeiro semestre, mais o total de matrículas do segundo semestre,
dividindo-se o resultado por dois, o que reflete uma média de matrícula do ano de 2004.
Legenda: (1) dados fornecidos pelo Programa Integrado de Planejamento da UFSC;
(2) dados fornecidos pelo Balancete da Fundação UNIVALI;
(3) dados ainda não disponibilizados pela UFSC;
(4) dados ainda não calculados;
(5) dados fornecidos pelo Departamento de Gestão Orçamentária (DGO) da UFSC;
(6) dados fornecidos pela Coordenadoria Técnica de Ensino (CTE) da UFSC;
(7) dados fornecidos pelo sítio (CAD) da UFSC;
(8) dados fornecidos pela Pró-Reitoria de Pesquisa da UFSC;
(9) dados fornecidos pela Pró-Reitoria de Desenvolvimento da UFSC;
(10) dados fornecidos pela Pró-Reitoria de Ensino da UNIVALI;
(11) custo não calculado por falta de acesso aos dados.
4.2 Análise comparativa de Custos das atividades fins
Após a observação do quadro geral de custos das duas instituições, segue abaixo uma
análise específica dos custos relacionados às atividades fins, custo anual de pesquisa; custo anual
de extensão; custo anual de ensino, por estudante, de graduação; custo anual de ensino, por
estudante, de pós-graduação; custo anual da graduação e custo anual da pós-graduação das duas
Universidades.
Antes de dar início às análises específicas, se fez necessário entender como chegar ao
valor do custo das atividades de nível universitário, apontado na planilha ABCd. Este custo, é
importantíssimo, pois a partir dele se desdobrem todos os outros.
Para se chegar ao custo das atividades de nível universitário, Reinert (2005a), orienta
seguir quatro passos. O primeiro, é definir o total de recursos a ser considerado nas duas
instituições; segundo, obter o custo da instituição não vinculado direta e indiretamente às
atividades fim; terceiro, subtrair o custo da Instituição não vinculado direta e indiretamente às
atividades fim do total de recursos considerado, obtendo como resultado o custo total vinculado
direta e indiretamente às atividades fim. No quarto passo para se chegar ao custo das atividades
de nível universitário, deve-se subtrair do custo total vinculado direta e indiretamente às
atividades fim, custos de atividades que não são de nível universitário, como de creches, colégio
aplicação, colégios agrícolas e parcela de custo da administração universitária.
Após seguir os quatro passos descritos, alcançou-se o custo das atividades de nível
universitário, que dividido pelo total de horas semanais de atividades docentes fim, resulta no
valor do custo hora-semana da atividade fim. Este valor multiplicado ao número de horas de
pesquisa, ensino ou extensão faz chegar ao custo das diferentes atividades fins da instituição,
conforme demonstrado a seguir.
4.2.1 Custo anual da Pesquisa na UFSC e na UNIVALI.
O primeiro quadro, trás o comparativo do custo anual da pesquisa nas duas Universidades.
Este custo pode ser obtido, ao se multiplicar o custo hora-semana da atividade fim pelo número
de horas de pesquisa na Instituição.
Quadro 14 – Custo anual da pesquisa na UFSC e na UNIVALI.
Custo anual da pesquisa na UFSC e na UNIVALI.
UFSC UNIVALI
R$ 54.539.625,93 (1) R$ 5.479.836,52 (2)
Fonte: (1) Reinert (2005b);
(2) Calculado pelo autor, com base em dados fornecidos pela UNIVALI.
Percebe-se, no comparativo do custo anual da pesquisa entre as duas Instituições, um
valor bem menor na Universidade do Vale do Itajaí. O valor total da pesquisa das duas
Universidades, quando dividido por seu respectivo número de alunos, aponta um investimento de
apenas 11% na Universidade Privada, se comparado ao investimento em pesquisa constatado na
Universidade Pública.
Resultado, acredita-se, do menor número de cursos de pós-graduação encontrado na
Universidade Privada; da falta de políticas de recursos humanos, como a de dedicação exclusiva e
do menor índice de titulação dos professores da Universidade Privada, aqui pesquisada.
A UNIVALI pratica o regime conhecido como horista, onde o número de professores
com dedicação exclusiva não ultrapassa 30%, já a UFSC, possui um regime de trabalho, em
que mais de 90% dos professores são de dedicação exclusiva; outro fator de relavante
influência é o menor índice de titulação dos professores da Universidade Particular
pesquisada, a UNIVALI possui 68% de docentes mestres e doutores, contra 93% de mestres e
dourores da UFSC.
4.2.2 Custo anual da Extensão na UFSC e na UNIVALI.
O segundo quadro comparativo, corresponde ao custo anual da extensão nas duas
Universidades. Este custo pode ser obtido, ao se multiplicar o custo hora-semana da atividade
fim pelo número de horas de extensão da Instituição.
Quadro 15 – Custo anual da extensão na UFSC e na UNIVALI.
Custo anual da extensão na UFSC e na UNIVALI.
UFSC UNIVALI
R$ 27.334.031,63 (1) R$ 3.854.936,12 (2)
Fonte: (1) Reinert (2005b);
(2) Calculado pelo autor, com base em dados fornecidos pela UNIVALI.
O número constatado na UNIVALI, quando dividido pelo número de alunos de ensino
superior, resulta em apenas 15,4%, do valor investido pela UFSC.
Esse quadro, acredita-se, é da mesma forma que o anterior, influenciado, pela política de
carga horária, horista versus, de dedicação exclusiva e pela maior titulação dos docentes da
Universidade Federal.
Além disso a UFSC administra no Estado, várias fortalezas, museus e projetos em
parceria com o governo estadual e federal. A extensão da Universidade Particular tem orçamento
próprio e apesar de ter valor inferior vem se expandindo, tendo substancial valor nas
comunidades em que os projetos são executados.
4.2.3 Custo anual de ensino de graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI.
Obtem-se esse custo, multiplicando-se o percentual de horas de ensino de graduação,
pelo valor total do custo das atividades de ensino superior. Após obtido o resultado, que será
o do custo de ensino de graduação, basta dividir pelo número de alunos da graduação para se
obter o custo anual do ensino de graduação por estudante.
Quadro 16 – Custo anual de ensino de graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI.
Custo anual do ensino de graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI.
UFSC UNIVALI
R$ 7.924,93 (1) R$ 4.723,67 (2)
Fonte: (1) Reinert (2005b);
(2) Calculado pelo autor, com base em dados fornecidos pela UNIVALI.
Observa-se, neste comparativo, de custo anual de ensino de graduação, por estudante, uma
grande diferença. O valor na UNIVALI é, aproximadamente, 59,7% do valor da UFSC.
Neste caso, acredita-se, o regime horista, influencia a favor do baixo custo do ensino
de graduação, constatado na Universidade Privada, já que os professores são contratados
somente quando apontada real necessidade. Enquanto que, nas Universidades Públicas,
mesmo se não houver estudantes interessados na oferta de uma determinada disciplina, os
professores terão sua carga horária mantida, tendo em vista que não são horista e sim de
dedicação exclusiva.
4.2.4 Custo anual de ensino de pós-graduação por estudante na UFSC e na UNIVALI.
Multiplicando o percentual de horas de ensino de pós-graduação, pelo valor total do
custo das atividades de ensino superior, obtem-se o custo de ensino de pós-graduação, que
divido pelo número de alunos da pós-graduação, resulta no custo anual do ensino de pós-
graduação por estudante.
Quadro 17 – Custo anual de ensino de pós-graduação por estudante na UFSC e na
UNIVALI.
Custo anual do ensino de pós-graduação por estudante
na UFSC e na UNIVALI.
UFSC UNIVALI
R$ 4.527,48
(1)
R$ 5.180,94
(2)
Fonte: (1) Reinert (2005b);
(2) Calculado pelo autor, com base em dados fornecidos pela UNIVALI.
O custo de ensino de pós-graduação, num comparativo ao custo de ensino da graduação,
apresenta-se numa relação mais equilibrada, entre as duas Instituições.
Esta menor diferença é, provavelmente, derivada da regulamentação e avaliação imposta
pelo órgão do governo, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES). Pois, para que os programas de pós-graduação sejam bem avaliados e recomendados, a
CAPES considera, dedicação exclusiva, titulação, publicações, entre outros parâmetros, que
fazem as Universidades cumprirem ou não terem seus cursos recomendados. Tornando, desta
forma, os investimentos parecidos nas Instituições pesquisadas.
Por serem os cursos da Universidade Privada recentes, por necessitarem de boa avaliação
do órgão regulador, por terem o objetivo de crescer e se consolidar, tem recebido investimentos,
carga horária em regime de dedicação exclusiva e contratações necessárias. Em alguns casos,
grupos de professores da Universidade Privada, tem horas dedicadas para projetar novos cursos
stricto sensu. Uma realidade um pouco diferente da Universidade Pública, que tem o quadro de
professores sendo reduzido, aos poucos, nos últimos anos.
4.2.5 Custo anual por estudante de graduação na UFSC e na UNIVALI.
Multiplicando o custo hora-semana da atividade fim pelo número de horas de ensino de
graduação e número de horas de orientação para graduação, se chega ao valor do custo de ensino
e orientação da graduação. Somando o custo de ensino e orientação da graduação, tem-se o custo
de graduação, que dividido pelo número de alunos resulta no custo anual por estudante de
graduação.
Quadro 18 – Custo anual por estudante de graduação na UFSC e na UNIVALI.
Custo anual por estudante de graduação na UFSC e na UNIVALI.
UFSC UNIVALI
R$ 8.511,71 (1) R$ 5.901,25 (2)
Fonte: (1) Reinert (2005b);
(2) Calculado pelo autor, com base em dados fornecidos pela UNIVALI.
Percebe-se, no quadro anterior, um menor valor, no custo do estudante de graduação da
Universidade Privada em relação a Universidade Pública. Na tentativa de justificar esta diferença,
defende-se a hipótese, do resultado ser explicado pelo fato de a Universidade Pública ter um
quadro docente, com um número bastante superior de professores com dedicação exclusiva. A
diferença é bastante significativa, no que se refere ao regime de trabalho. Na Universidade
Federal, mais de 93% dos professores trabalham 40 horas semanais, enquanto na Universidade
Particular pesquisada, o regime é de professor horista e tem-se um número menor que 30% dos
professores trabalhando 40 horas semanais.
4.2.6 Custo anual por estudante de pós-graduação na UFSC e na UNIVALI.
O quadro seguinte, traz o custo anual por estudante de pós-graduação stricto sensu
(mestrado e doutorado), das duas Universidades.
Para se chegar ao custo anual por estudante de pós-graduação, basta multiplicar o custo
hora-semana da atividade fim pelo número de horas de ensino e número de horas de orientação
para pós-graduação. Assim será obtido o valor do custo de ensino e orientação da pós-graduação.
Somando o custo de ensino e orientação da pós-graduação, tem-se o custo total anual de pós-
graduação, que dividido pelo número de alunos resulta no custo anual por estudante de pós-
graduação.
Quadro 19 – Custo anual por estudante de pós-graduação na UFSC e na UNIVALI.
Custo anual por estudante de pós-graduação na UFSC e na UNIVALI.
UFSC UNIVALI
R$ 9.688,07 (1) R$ 8.121,07 (2)
Fonte: (1) Reinert (2005b);
(2) Calculado pelo autor, com base em dados fornecidos pela UNIVALI.
Observa-se, no quadro anterior, uma diferença menor no custo por estudante de pós-
graduação, do que a existente no custo do aluno de graduação.
Acredita-se que a paridade é derivada, como detalhada no item 4.2.4, pela regulamentação
e avaliação imposta pelo órgão do governo, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior (CAPES).
Quando comparado, somente o custo do ensino, por estudante de pós-graduação a
diferença apresentou-se menor entre as duas Universidades, inclusive, sendo o custo um pouco
maior na Universidade Privada, conforme argumentado no item 4.2.4. A explicação de no custo
por estudante de pós-graduação, ter a Universidade Privada custo inferior, é a diferença existente
no número de horas destinado a orientação, que é de uma hora/aula semana por orientação na
UNIVALI e duas horas/aula semana por orientação na UFSC. Este fator faz com que o custo da
orientação na Universidade Pública seja praticamente o dobro em relação a Universidade Privada,
o que influencia no custo do estudante de pós-graduação, já que este é a soma do custo de ensino
e orientação.
4.3 Aplicabilidade do método ABCd na Universidade Privada
O método ABCd – Custeio Baseado nas Atividades Docentes das Universidades, proposto
por Reinert (2005a) e utilizado por esta pesquisa, mostrou-se eficiente, orientador e fácil de ser
utilizado. Permitiu que se chegasse aos custos e conseqüentes análises, através de uma
metodologia simplificada e científica.
Porém, para se chegar aos resultados com mesmo padrão e critério na Universidade
Pública e Privada, algumas adaptações se fizeram necessárias, tais como:
Índice: Na Universidade Federal de Santa Catarina, há uma diferença no regime de
trabalho em relação à Universidade do Vale do Itajaí. Na primeira, cada hora de um professor na
sala de aula é multiplicada por até 2,5, para atividades extra-classe, como correção de provas e
preparação das aulas. No ano de 2004, este índice apresentou-se com uma média de 2,19. Na
Universidade Particular, por ter um regime horista, não há esse índice, essa multiplicação pelo
número de horas do professor na sala de aula. Por ter o método ABCd, confeccionado para
Universidade Públicas, se fez necessário algumas adequações, para que se pudesse fazer a análise
comparativa, entre essas adequações, está, multiplicar o número de horas apurado na
Universidade particular pelo mesmo índice, nesse caso, 2,19, visando uma uniformidade na
análise.
Número de créditos da instituição: A quantidade de horas equivalente a um crédito é
diferente nas duas Universidade pesquisadas. Na Universidade Federal um crédito equivale a 18
horas, enquanto na UNIVALI um crédito corresponde a 15 horas. Essa diferença, influencia na
planilha, na medida que em algumas situações se faz necessário a multiplicação pelo número de
créditos. A observação aqui a ser feita é que se tenha cuidado ao utilizar o método em outras
instituições, verificando se o número de horas para cada crédito.
Custos com precatórios; pessoal inativo (aposentados e pensionistas); com restaurante
universitário; moradias estudantis; hospitais Universitários: ao analisar a aplicabilidade do
método na Universidade Privada, cabe também ressaltar, que custos como os mencionados acima
nem sempre são existentes nas Instituições Privadas, por isso não constam na planilha ABCd,
neste trabalho apresentada. A Universidade Privada não possui precatórios, tampouco custos com
pessoal inativo, que quando aposentados ou pensionistas, passam a ser custo da previdência;
restaurantes universitários são comuns em todas as IES, no entanto nas IES particulares, na
maioria das vezes, não são subsidiados; no que corresponde às moradias estudantis, da mesma
forma, não há custos por não haver existência das mesmas nas IES privadas; quanto aos custos
com os hospitais universitários, no caso específico da Universidade do Vale do Itajaí –
UNIVALI, tem uma contabilidade separada ligada diretamente a Fundação mantenedora da
Instituição. Cabe, quando aplicar o método em outras instituições verificar de que forma a
contabilidade enquadra tais custos e se tiver ligado a Universidade, retirar conforme orienta a
metodologia.
Pela complexidade que é apurar custos de uma Instituição de Ensino Superior, pela
variedade e falta de padrão de outros métodos de apuração de custos, é que este método se mostra
uma boa opção. Um método novo, que reúne considerações de diversos autores renomados na
área e que ao ser aplicado em uma Universidade Privada precisou de poucas adaptação e
demonstrou-se viável. Cabe agora aplicar em outras instituições Públicas e Privadas com o
objetivo de novos testes e ajustes.
5 CONCLUSÕES, SUGESTÕES E RECOMENDAÇÕES
Baseando-se no estudo efetuado chegou-se a algumas conclusões, sugestões e
recomendações, apontadas a seguir.
5.1 Conclusões
Considerando a pesquisa realizada, constatou-se, através das análises comparativas,
que a UFSC, faz maior investimento em ensino, pesquisa e extensão. Considerando-se,
pesquisa e extensão, o valor investido pela Universidade Federal de Santa Catarina, é mais do
que seis vezes maior, do que na Universidade do Vale do Itajaí, a universidade privada
pesquisada. No entanto, uma área que há alguns anos, também na universidade pública tinha
maior investimento e que atualmente percebe-se menor disparidade, é a pós-graduação. O
número de cursos na universidade privada continua sendo menor, mas o investimento por
aluno é mais equilibrado entre as duas universidades, principalmente quando relacionado ao
ensino.
Pode-se evidenciar, que a UNIVALI vem buscando cumprir com o ideal de
universidade, que é o investimento não só em ensimo, mas também em pesquisa e extensão.
Não ter apontado investimento equivalente ao feito pela UFSC não descaracteriza a
instituição privada, como universidade. O menor investimento em pesquisa e extensão na
universidade privada deve motivar seus dirigentes a discutir metas e parâmetros mais
equilibrados, adotando instrumentos de melhoria contínua e distribuição de verbas, de forma
a justificar o conceito de universidade.
A crítica de que a intituição pública é onerosa e disperdiça recursos não pode ser
confirmada, tampouco rejeitada, por esta pesquisa. O que se pode evidenciar pela mesma, é
um maior investimento por parte da UFSC. No entanto, para se comprovar ou não a crítica de
que a universidade pública é onerosa, é necessário que se faça uma outra pesquisa, analisando
se o valor da pesquisa e da extensão é bem gasto, ou seja, quantos artigos publicados? Onde?
Quais os projetos de extensão? Importância? Complexidades?
A hipótese de que existem diferenças significativas de custos, nas atividades fins,
entre universidades públicas e universidades privadas, foi em grande parte confirmada. No
que se refere a ensino de graduação, pesquisa e extensão, realmente há diferenças
significativas de custos. A excessão está na análise dos custos de pós-graduação, onde os
custos são aproximados nas duas instituições, em função de regras bem estabelecidas e
cobradas pelos órgãos governamentais.
5.2 Sugestões e Recomendações
Sugere-se aos gestores de instituições de ensino superior, que apliquem o método
ABCd-Universidade em suas organizações, afim de conhecer os valores investidos e fazer
comparativos, referentes aos custos de ensino, pesquisa e extensão.
Recomenda-se a continuidade da pesquisa, fazendo recortes de tempo, para que se
possa perceber que tipo de evolução vem ocorrendo, tanto na universidade pública, quanto na
universidade privada. Qual investimento em pesquisa, ensino e extensão se tinha, por
estudante, há dez anos, por exemplo, comparando-os com os números atuais.
Recomenda-se ainda, que novas pesquisas, sejam executadas com instituições
equivalentes de outros Estados e até mesmo outros países, e que se divulgue os resultados
obtidos, através dos diferentes meios de publicações, a fim de dar aos gestores universitários
subsídios para conquista de maior eficiência na administração de suas universidades e mais
oportunidades àqueles jovens que, ainda estão fora do ensino superior.
Ressalta-se a importância, de na continuidade da pesquisa, se utilizar o mesmo método
para as análises comparativas. Lembra-se, que a evolução da pesquisa e da ciência esta
diretamente ligada não só a continuidade, como também aos registros, às publicações e
principalmente ao rigor científico.
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ANEXOS
MÉTODO ABCd – Universidade
para apuração de custos em Instituições de Ensino Superior
(+) Recursos totais repassados pelo Tesouro
(+) outros recursos contabilizados pela Instituição
(-) despesas extra-orçamentárias de montante não confiável
(=) Custo total vinculado direta e indiretamente às atividades fim.
(-) Custo com pessoal inativo (aposentados e pensionistas);
(-) Custo com precatórios;
(-) Custo dos órgãos de saúde: hospitais, maternidades e clínicas odontológicas;
(-) Custo do Restaurante Universitário;
(-) Custo de moradias estudantis;
(-) custo de Editora;
(-) custo de Imprensa;
(-) Custo de Rádio e Televisão;
(-) Outros custos não previstos;
(-) Custo da administração superior correspondente;
(=) Custo das atividades fim.
(-) Custo das atividades de ensino de nível pré-universitário;
(+) Custo das atividades pré-escolares;
(+) Custo do ensino fundamental;
(+) Custo dos Colégios de Segundo Grau;
(+) Custo da administração superior correspondente;
(=) Custo das atividades de ensino superior, pesquisa e extensão
(/) total de horas de atividades docentes fim (ensino, pesquisa e extensão)
(=) Custo hora da atividade docente fim
(x) horas de formação docente
(=) custo de formação docente
(x) horas de administração docente
(=) custo de administração docente
(x) horas de atividades de pesquisa
(=) custo das atividades de pesquisa
(x) horas de atividades de extensão
(=) custo das atividades de extensão
(x) horas de ensino e orientação superior
(=) custo das atividades de ensino e orientação
(/) % horas de ensino e orientação de pós-graduação no total destas atividades
(=) custo de ensino de pós-graduação
(/) % horas de ensino e orientação de graduação no total destas atividades
(=) custo de ensino de graduação
Custo do ensino, da pesquisa e da extensão por Centro de Ensino
Custo total do Centro (apurado ou estimado)
(x) % atividades de ensino no total de atividades docentes do Centro
(=) custo das atividades de ensino do Centro
(x) % atividades de pesquisa no total de atividades docentes do Centro
(=) custo das atividades de pesquisa do Centro
(x) % atividades de extensão no total de atividades docentes do Centro
(=) custo das atividades de extensão do Centro
(/) no. horas de atividade fim do Centro
(=) custo médio hora da atividade fim do Centro (ensino, pesquisa e extensão)
Custo do ensino de um curso
E (horas de ensino de cada centro de ensino dentro do Curso)
(x) custo médio hora da atividade fim correspondente de cada centro de ensino
(=) custo do ensino de um curso
Custo médio padrão
anual de um estudante de graduação (ou de pós)
Custo total do ensino de graduação
(/) Σ (n. de vagas oferecidas no vestibular) (x) n. padrão de anos para conclusão do curso
(=) Custo médio padrão anual de um estudante de graduação
Custo médio anual de um estudante de graduação (ou de pós-graduação stricto sensu)
Custo total do ensino de graduação (ou de pós-graduação)
(/) n. de estudantes matriculados no curso
(=) Custo médio anual de um estudante de graduação (ou de pós-graduação)
Custo da ociosidade do ensino de uma IFES ou de um curso
Custo padrão de um estudante da IFES (ou de um curso)
(x) número de vagas ociosas na IFES (ou em um curso)
(=) custo da ociosidade do ensino na IFES ou em um curso
COMPARATIVO DA CARGA HORÁRIA/UNIVALI - Janeiro a Dezembro de 2004
COMPARATIVO DA CARGA HORÁRIA - Janeiro a Dezembro de 2004
Tipo de Carga Horária Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Atividades Teóricas 13.288 13.201 12.777 13.036 13.089 13.098 12.965 12.164 12.682 12.737 12.692 12.534
Atividades Práticas 2.649 2.633 2.755 2.756 2.771 2.767 2.742 2.711 2.749 2.744 2.740 2.716
Atividades Extra Curriculares 5.411 5.394 3.627 3.600 3.640 3.649 3.612 3.605 3.639 3.641 3.678 3.701
Estágio 8.527 8.470 7.066 7.384 7.748 7.830 7.393 5.811 6.031 6.547 6.434 6.097
Monografia 1.025 1.025 761 948 991 998 994 00 00 00 00 00
Trabalho de Conclusão de Curso 1.695 1.695 1.171 1.223 1.220 1.213 1.195 2.684 3.289 3.117 3.069 3.057
Estágio (Escritório Modelo de
Advocacia - EMA)
00 00 00 00 00 00 00 654 654 658 660 632
Responsável por Atividade de
Conclusão do Curso
00 00 1.116 1.164 1.160 1.160 1.144 1.113 1.103 1.119 1.126 1.124
Pesquisa 1.503 1.499 1.503 1.539 1.559 1.542 1.513 1.363 1.438 1.430 1.417 1.499
Extensão 1.270 1.270 1.099 1.153 1.159 1.163 1.160 1.154 1.216 1.204 1.192 1.194
Programa de Mestrado 1.754 1.722 1.715 1.734 1.733 1.754 1.764 1.675 1.663 1.678 1.688 1.682
Programa de Doutorado 310 310 235 235 235 235 235 196 196 196 196 196
Manutenção Carga-Horária Mestrado 71 71 15 15 15 15 15 29 29 29 29 29
Manutenção Carga-Horária Doutorado 374 374 369 369 379 379 371 260 295 304 300 259
Administração Acadêmica (ProEn) 845 845 778 777 781 781 781 755 762 772 756 756
Administração Acadêmica (ProPPEC) 507 507 506 506 506 506 506 499 499 509 509 509
Administração Acadêmica (Reitoria) 711 711 556 556 556 564 573 666 666 666 634 614
Administração dos Centros/Cursos 2.290 2.258 2.273 2.277 2.273 2.273 2.283 2.271 2.271 2.271 2.271 2.271
Administração Fundação 424 424 526 532 536 572 540 578 587 595 579 579
PADEF 00 00 200 224 224 220 220 262 284 292 284 291
Educação a Distância 00 00 186 186 188 188 188 180 201 201 201 201
CAU 2.132 2.166 2.194 2.221 2.207 2.213 2.211 2.384 2.343 2.352 2.416 2.381
CAU Terceirão 143 143 137 137 139 139 139 135 139 139 139 139
Educação de Jovens e Adultos 1.096 1.096 1.144 1.144 1.144 1.144 1.144 1.142 1.150 1.146 1.146 1.146
Instituto de Fonoaudiologia 00 00 00 00 00 00 00 153 153 153 153 153
NELLE 00 00 00 00 00 00 00 193 182 182 182 182
TOTAIS 46.025 45.814 42.709 43.716 44.253 44.403 43.688 42.637 44.221 44.682 44.491 43.942
Fonte: Departamento de Administração Docente/ProEn, agosto de 2005
Observações: 1) A partir de agosto, a carga-horária de Monografia passou a ser computada juntamente com Trabalho de Conclusão de Curso
2) Até julho, a carga-horária de Estágio (EMA) era computada juntamente com a carga-horária de Estágio
3) Até fevereiro, a carga-horária de Responsável por Atividade de Conclusão de Curso era computada juntamente com a carga-horária de
Estágio
MATRÍCULA OFICIAL UNIVALI 2004
2004/I
2004/II
Colégio de Aplicação da UNIVALI – Itaj - Educação Infantil
- Ensino Fundamental
- Ensino Médio
94
405
361
100
417
347
Colégio de Aplicação da UNIVALI – Balneário Camboriú - Ensino Médio 17
16
Colégio de Aplicação da UNIVALI – Tijucas - Educação Infantil
- Ensino Fundamental
- Ensino Médio
-
179
130
-
185
129
Subtotal
1.186
1.194
Educação de Jovens e Adultos – Penha: - Ensino Fundamental
- Ensino Médio
25
150
34
197
Educação de Jovens e Adultos – Piçarras: - Ensino Fundamental
- Ensino Médio
63
160
94
218
Educação de Jovens e Adultos – Itajaí: - Ensino Fundamental
- Ensino Médio
158
156
99
219
Educação de Jovens e Adultos – Balneário Camboriú: - Ensino Fundamental 36
25
Educação de Jovens e Adultos – Biguaçu: - Ensino Fundamental 50
63
Educação de Jovens e Adultos – São José: - Ensino Fundamental 59
69
Subtotal
857
1.018
Graduação: - Campus Itajaí
- Campus Balneário Camboriú
- Campus Tijucas
- Campus Biguaçu
- Campus São José
- Campus Piçarras
- Alunos especiais (disciplinas isoladas e intercâmbio)
11.480
4.974
1.155
3.843
4.455
467
59
11.272
4.888
1.050
3.500
4.352
440
64
Subtotal
26.433
25.566
Pós-Graduação: - Lato Sensu
- Stricto Sensu
1.371
707
1.212
707
Subtotal
2.078
1.919
Outros: - NELLE (Núcleo de Estudos de Línguas e Literatura Estrangeira)
- SAPS (Setor de Atendimento ao Portador de Surdez)
218
78
340
77
Subtotal
296
417
TOTAL GERAL
30.850
30.114
Fonte: ProEn, 2004/II
Profª. Dra. Amândia Maria de Borba
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