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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO
PEDRO DA COSTA ARAÚJO
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS DE EX-ALUNOS DO CURSO DE
GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA: A PERCEPÇÃO DA CHEFIA
FLORIANÓPOLIS
2006
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PEDRO DA COSTA ARAÚJO
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS DE EX-ALUNOS DO CURSO DE
GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA
CATARINA: A PERCEPÇÃO DA CHEFIA
Dissertação apresentada como requisito para a
obtenção do grau de mestre em administração.
Universidade Federal de Santa Catarina. Curso
de s-Graduação em Administração. Área de
Concentração em Políticas e Gestão
Institucional.
Orientador: Profº. João Benjamim da Cruz
Júnior, PhD.
FLORIANÓPOLIS
2006
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PEDRO DA COSTA ARAÚJO
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS PRESENTES NA ATUAÇÃO
PROFISSIONAL DOS EX-ALUNOS DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM
ADMINISTRAÇÃO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA: A
PERCEPÇÃO DA CHEFIA
Esta dissertação foi julgada e aprovada para a obtenção do grau de Mestre em Administração na
área de concentração em Políticas e Gestão Institucional do Curso de Pós-Graduação em
Administração da Universidade Federal de Santa Catarina e aprovada, em sua forma final, em
10/07/2006.
Prof. Dr. Rolf Hermann Erdmann
Coordenador do CPGA
BANCA EXAMINADORA
Prof. Jo
ão Benjamim da Cruz Júnior, PhD.
Orientador (UFSC)
Prof. Dr. Gerson Rizzatti
Membro (UFSC)
Prof. Dr. Maur
ício Fernandes Pereira
Membro (UFSC)
Prof. Dr. M
ário César Barreto Moraes
Membro (UDESC)
À Maria Luiza, Hivy, Henrique e
Jefferson, que sempre me fazem
saborear o sentido de família.
AGRADECIMENTOS
A realização deste estudo o seria possível sem a colaboração de um grande
número de pessoas, às quais gostaria de expressar meus agradecimentos:
A meu pai Antônio, minha mãe Helena, meu sogro Cândido e minha sogra
Hildegard (in-memorian).
Ao Professor Edmon Duarte Nader que me ensinou a amar a sala de aula e aos
alunos.
Ao Professor João Benjamim da Cruz Júnior, pela amizade, dedicação, apoio e
orientação deste trabalho.
Aos Professores Gerson Rizzatti, Mário César de Barreto de Moraes e Maurício
Fernandes Pereira por aceitarem o convite para fazer parte da banca examinadora da
minha dissertação, bem como pelas contribuições oferecidas.
Aos professores do Curso de Administração da Universidade Federal de Santa
Catarina: Ademar Arcângelo Cirimbelli , Blasco Borges Barcelos, Espiridião Amin,
João Nilo Linhares, Liane Zanella, Luiz Moretto, Luiz Salgado Klaes, Maurício
Fernandes Pereira; Nelson Colossi; Pedro Carlos Schenini, Rachel Tolentino de
Carvalho, Raimundo Nonato de Oliveira Lima, colegas de departamento e
estimuladores de plantão.
A meu irmão Homero e sobrinho Fabrício, queridos e dedicados sócios de
experiências empreendedoras.
A meu tio e amigo Caetano que me acolheu no momento de mudança para
Florianópolis.
Ao amigo Carlos Alberto Pereira que me fez acreditar que empreender é possível.
A Rudy Fonseca, pela amizade, confiança e oportunidade de negócios.
Aos amigos, Elpídio Correa, Líbero Bez Batti, Lúcio Botelho, Mário Moraes,
Marcus Damásio, Vanderlei Silva, que consentiram em ceder um pouco do nosso tempo
livre para a elaboração deste trabalho.
A Antonio Getúlio Westrupp, Artenir Werner, Carlos Eduardo Viegas Orle,
Cláudio Ávila da Silva, João José Candido da Silva e Rodolfo Joaquim Pinto da Luz por
me oferecerem oportunidade de trabalho e amizade.
Aos colegas do mestrado, em especial Jerusa Guercio, Marcelo Castro, Tatiana
Ribeiro e Mauricio Teixeira Ferro pela amizade consentida e conquistada.
Ao Armando Vidal, Ralf Ebsen, Fernanda Ribeiro , Pedro Marangoni, Sérgio
Machado Wolff, Sílvio Machado que nunca faltaram na hora do apuro.
À Universidade Federal de Santa Catarina ao Centro Sócio-Econômico e ao
Departamento de Ciências da Administração, pela compreensão institucional em
investir no meu aprimoramento técnico-científico.
A todos os participantes e respondentes, sem os quais esta pesquisa seria
impossível de ser realizada.
Muito obrigado!
Em especial a DEUS pela vida!
A vida é aquilo que acontece enquanto
fazemos planos para o futuro!.
John Lennon
RESUMO
ARAÚJO, Pedro da Costa. Características empreendedoras de ex-alunos do curso de
graduação em Administração da Universidade Federal de Santa Catarina: a percepção
da chefia Florianópolis, 2006. 95 f. Dissertação... (Mestrado em Administração)
Curso de Pós Graduação em Administração, Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 2006.
Orientador: João Benjamim da Cruz Júnior, PhD
Defesa: 10/07/2006.
Esta dissertação teve como objetivo geral analisar as características empreendedoras, na
percepção da chefia, presentes na atuação profissional dos ex-alunos do curso de
graduação em administração na Universidade Federal de Santa Catarina formados no
período de 2000 a 2004. A dissertação está fundamentada, principalmente nos
argumentos teóricos de Dornelas (2003; 2005), Filion (1999; 2000) e Mc Clelland
(1972; 1987), que compreendem as características do empreendedor como sendo: visão
e capacidade de sonhar; senso de oportunidade; tomar decisões, iniciativa e liderança;
criatividade e inovação; relacionamentos (redes e equipes) e comprometimento. Em
relação aos aspectos metodológicos, trata-se de uma pesquisa qualitativa, descritiva,
realizada com 42 profissionais em cargos de chefia que avaliaram 42 ex-alunos do curso
de graduação em Administração. A escolha da amostra observou os critérios da
intencionalidade e acessibilidade. O instrumento de coleta de dados foi um questionário
estruturado com 45 indicadores das seis características, aos quais foram atribuídas
pontuações de 1 a 5. A análise e o tratamento dos dados foram desenvolvidos sob a
ótica predominantemente descritiva e qualitativa. Verificou-se, como conclusão, que os
administradores avaliados, demonstraram bom desempenho em quatro das
características analisadas (senso de oportunidade; tomada de decisões, iniciativa e
liderança; relacionamentos e comprometimento. Já nas demais características (visão e
capacidade de sonhar; criatividade e inovação) o desempenho foi considerado apenas
regular).
PALAVRAS-CHAVE: Empreendedorismo. Características empreendedoras. Ensino.
Curso Administração
ABSTRACT
This dissertation had as general objective to analyze the entrepreneurial characteristics,
in the perception of the leadership, presents in the former-students' of the graduation
course professional performance in administration in Universidade Federal de Santa
Catarina formed in the period from 2000 to 2004. The dissertation is based, mainly in
the theoretical arguments of Dornelas (2003; 2005), Filion (1999; 2000) and Mc
Clelland (1972; 1987), that understand the entrepreneur's characteristics as being: vision
and capacity to dream; opportunity sense; to take decisions / initiative / leadership;
creativity and innovation; relationships (nets and teams) and compromising. In relation
to the methodological aspects, it is a qualitative, descriptive research, accomplished
with 42 professionals in leadership positions that evaluated 42 former-students of the
graduation course in Administration. The choice of the sample observed the approaches
of the intentionality and accessibility. The instrument of collection of data was a
questionnaire structured with 45 indicators of the six characteristics, to which
punctuations from 1 to 5 were attributed. The analysis and the treatment of the data
were developed under the optic mainly descriptive and qualitative. It was verified, as
conclusion, that the appraised administrators, demonstrated good acting in four of the
analyzed characteristics (opportunity sense); to take decisions / initiative / leadership;
relationships (nets, teams) and compromising. Already in the other characteristics
(vision and capacity to dream; creativity and innovation) the acting was considered just
regular.
KEY-WORDS: Entrepreneurship. Entrepreneurial characteristics. Education.
Administration degree.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01: Característica I : Visão e capacidade de sonhar......................................50
FIGURA 02: Característica II: Senso de Oportunidade ...............................................50
FIGURA 03: Característica III: Tomada de decisão, iniciativa e liderança ..................51
FIGURA 04: Característica IV: Criatividade e Inovação.............................................52
FIGURA 05: Característica V: Relacionamentos (Redes e Equipes)............................53
FIGURA 06: Característica VI Comprometimento......................................................54
FIGURA 07: Fluxograma das etapas do desenvolvimento da dissertação ....................55
FIGURA 08: Fluxograma das etapas de formulação das características empreendedoras
...................................................................................................................................56
FIGURA 09: As características empreendedoras e seus respectivos indicadores..........57
:
LISTA DE QUADROS
QUADRO 01: Componentes das atividades empreendedoras......................................39
LISTA DE TABELAS
TABELA 01: Característica por ordem de importância: geral......................................61
TABELA 02: Características nas empresas privadas. ..................................................63
TABELA 03: Características por ordem de Importância: Empresa Pública..................64
TABELA 04: Características: Comparação Empresa Privada X Empresa Pública .......65
TABELA 05: Comprometimento: Empresa Privada x Empresa Pública ......................67
TABELA 06: Relacionamento (Redes e Equipes): Empresa Privada x Empresa Pública
...................................................................................................................................69
TABELA 07: Senso de Oportunidade: Empresa Privada x Empresa Pública ...............70
TABELA 08: Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança: Empresa Privada x Empresa
Pública........................................................................................................................72
TABELA 09: Visão e Capacidade de Sonhar: Empresa Privada x Empresa Publica ....74
TABELA 10: Criatividade e Inovação: Empresa Privada x Empresa Publica...............76
TABELA 11: Sexo do respondente x sexo dos avaliados ............................................78
TABELA 12: Características x escolaridade do respondente .......................................79
LISTAS DE GRÁFICOS
GRÁFICO 01: Característica por ordem de importância: geral....................................62
GRÁFICO 02: Características nas empresas privadas..................................................63
GRÁFICO 03: Características por ordem de Importância: Empresa Pública................64
GRÁFICO 04: Características: Comparação Empresa Privada X Empresa Pública......65
GRÁFICO 05: Comprometimento: Empresa Privada x Empresa Pública ....................67
GRÁFICO 06: Relacionamento (Redes e Equipes): Empresa Privada x Empresa
Pública........................................................................................................................69
GRÁFICO 07: Senso de Oportunidade: Empresa Privada x Empresa Pública..............71
GRÁFICO 08: Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança: Empresa Privada x Empresa
Publica........................................................................................................................73
GRÁFICO 09: Visão e Capacidade de Sonhar: Empresa Privada x Empresa Pública...74
GRÁFICO 10: Criatividade e Inovação: Empresa Privada x Empresa Pública.............76
GRÁFICO 11: Sexo do respondente x sexo dos avaliados...........................................78
GRÁFICO 12: Características x escolaridade do respondente .....................................80
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................15
1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA................................................................15
1.2 OBJETIVOS.........................................................................................................18
1.2.1 Objetivo geral ....................................................................................................18
1.2.2 Objetivos específicos..........................................................................................18
1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................18
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO.....................................................................20
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .........................................................................21
2.1 ATIVIDADE EMPREENDEDORA .....................................................................21
2.2 EMPREENDEDORISMO E DISCUSSÃO EDUCACIONAL ..............................23
2.3 EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR .............................................26
2.4 EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO ........................................................32
2.5 ABORDAGENS SOBRE O EMPREENDEDORISMO ........................................34
2.6 CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS .....................................................37
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..........................................................47
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA. ....................................................................47
3.2 ETAPAS DA PESQUISA: CARACTERÍSTICAS DE ANÁLISE DEFINIDAS
PARA ESTE ESTUDO...............................................................................................48
3.3 DELIMITAÇÃO DA POPULAÇÃO E DA AMOSTRA.......................................58
3.4 PLANO DE COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS. .................59
3.4.1 Tipos de dados ...................................................................................................59
3.4.2 Técnicas de tratamento e análise dos dados. .......................................................59
3.4.3 Limitações da pesquisa.......................................................................................60
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS: CARACTERÍSTICAS ......................61
4.1 CARACTERÍSTICAS POR ORDEM DE IMPORTÂNCIA .................................61
4.1.2 Características por ordem de Importância: Empresa Privada...............................62
4.1.3 Características por ordem de Importância - Empresa Pública..............................64
4.1.4 Características: Comparação Empresa Privada X Empresa Pública.....................65
4.2. ANÁLISE DAS CARACTERÍSITICAS E INDICADORES: EMPRESA
PRIVADA X EMPRESA PÚBLICA ..........................................................................66
4.2.1 Comprometimento: Empresa Privada x Empresa Pública....................................66
4.2.2 Relacionamento (Redes e Equipes): Empresa Privada x Empresa Pública...........68
4.2.3 Senso de Oportunidade: Empresa Privada x Empresa Pública.............................70
4.2.4 Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança: Empresa Privada x Empresa Pública ....72
4.2.5 Visão e Capacidade de Sonhar: Empresa Privada x Empresa Pública..................74
4.2.6 Criatividade e Inovação: Empresa Privada x Empresa Pública............................76
4.3 SEXO DO RESPONDENTE X SEXO DOS AVALIADOS..................................77
4.4 CARACTERÍSTICAS X ESCOLARIDADE DO RESPONDENTE .....................79
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................81
5.1 RECOMENDAÇÕES ...........................................................................................82
6 REFERÊNCIAS.....................................................................................................84
7 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA........................................................................87
APÊNDICE ...............................................................................................................89
15
1 INTRODUÇÃO
1.1 TEMA E PROBLEMA DE PESQUISA
O dinamismo científico e tecnológico e as mutações de valores das últimas
décadas, geraram mudanças significativas na sociedade, nas organizações e na formação
e desempenho dos administradores, principalmente nas suas características
empreendedoras.
Estas características são explicadas pelas teorias do empreendedorismo e sugerem
alternativas e possibilidades para o desenvolvimento de novas habilidades e
competências empreendedoras, e auxiliam os administradores a melhorar o desempenho
em suas atividades profissionais.
Pesquisas que serão citadas neste trabalho, têm mostrado que, a partir dos anos 80,
o empreendedorismo e os pequenos negócios cresceram a taxas mais significativas do
que em qualquer outra década dos últimos cem anos. Uma delas e que vem sendo
realizada sistematicamente em diversos países e publicada desde 1999, pelo Global
Entrepreneurship Monitor, é o relatório GEM (2005)
O Relatório GEM (2005) demonstra que a atividade empreendedora cresceu em
todos os países pesquisados. No Brasil, por exemplo, uma entre cada oito pessoas
adultas inicia um novo negócio (a maior taxa entre os países pesquisados). Nos Estados
Unidos, a proporção é uma em cada dez pessoas, na Austrália, é de uma em cada doze, e
na Alemanha, uma em cada 25 pessoas. A partir de estudos como esse, tem sido
ressaltada cada vez mais a importância das pequenas empresas e do empreendedorismo
no Brasil, o que já é reconhecido a mais tempo nos países desenvolvidos, devido ao
papel que desempenham na geração de empregos e de riquezas, mesmo em períodos de
recessão econômica.
No Brasil, o empreendedorismo aparece como um dos pontos chaves para
propiciar o crescimento e alternativas de trabalho para inúmeras pessoas.
Percebe-se , assim , que uma série de esforços, tanto da iniciativa privada como do
governo , estão sendo feitos no sentido de incentivar ações visando disseminar a cultura
empreendedora, financiar novos empreendimentos, na busca por novas relações de
trabalho e pela geração de fontes de riqueza. No Brasil, nestes últimos 20 anos, houve o
16
surgimento de diversos programas de desenvolvimento de empreendedores, com
destaque para os patrocinados pelo SEBRAE, SENAC e o SENAI. Percebe-se também,
que os meios acadêmicos atuam com mais ênfase em modelos de empreendedorismo
nos dias atuais, haja vista o grande número de eventos como congressos, seminários e
encontros voltados para discutir esse assunto.
Para Degen (1989), o desenvolvimento de novos empreendimentos é fundamental,
não para os que optaram por viver diretamente de seu trabalho como
empreendedores, mas também para os executivos que atuam em empresas, isto porque
as empresas precisam manter sua vitalidade empreendedora desenvolvendo novos
negócios a fim de continuar a crescer e não se tornar obsoletas no decorrer do tempo.
Os estudos sobre o tema empreendedorismo ampliaram-se a partir dos anos 80,
com foco, principalmente, nas características do empreendedor; que o considera para tal
como um indivíduo que cria ou que compra uma empresa e introduz inovações, assume
riscos, seja na forma de administrar, vender, fabricar, distribuir ou de fazer propaganda
dos seus produtos e/ou serviços. Considera-se também empreendedor, o empregado que
introduz inovações em uma organização existente, o que provoca o surgimento de
valores adicionais. (DEGEN, 1989; DOLABELA, 1999; FILION, 2000; GERBER,
2004).
Nesse sentido, as instituições de ensino devem prover aos alunos as competências
básicas para empreender, entendidas também como características empreendedoras,
assim como, despertar, aprimorar e desenvolver nos alunos o potencial empreendedor,
seja através de programas de empreendedorismo, de disciplinas específicas ou outras
práticas acadêmicas.
O ensino pode ser, então a base para a sustentação e formação de futuros
empreendedores. A difusão do paradigma empreendedor requer boa educação em todos
os níveis e visa, fornecer instrumentos necessários para a descoberta de novas
habilidades, competências, conhecimentos e experiências que contribuirão no
desenvolvimento pessoal e profissional.
Para Drucker (1987) , as empresas precisam de pessoas universalmente instruídas.
Isso implica em dizer que o ensino do empreendedorismo passa por todas as áreas do
conhecimento e por todas as pessoas envolvidas no processo ensinoaprendizagem. É
premissa que professores, técnicos administrativos, monitores e estagiários se reciclem
17
permanentemente em busca de atualização dos conceitos, técnicas e metodologias
inovadoras nos mais diversos segmentos do ensino.
O estudo realizado por Pantzier (2001) sobre a formação empreendedora no ensino
de graduação em Administração, demonstra que os cursos de administração tendem a
preparar bons executivos para a realidade das grandes organizações, mas ainda não
conseguem formar pessoas competentes para criar novas empresas. Pesquisando alunos
e ex-alunos do curso de graduação em Administração da Fundação Universidade
Regional de Blumenau (FURB), o autor verificou que a grande maioria dos
respondentes, ao escolherem o curso de graduação em Administração, o fez com o
objetivo de montar seu próprio negocio. Entretanto, 44% responderam que os
professores estimulam os alunos a trabalharem em uma empresa estruturada e 41%
responderam que os professores estimulam os alunos tanto a montarem seu próprio
negócio quanto para trabalharem em uma empresa já estruturada.
Apesar de algumas dificuldades ainda apontadas por pesquisadores em relação à
formação do empreendedor nos cursos de graduação em Administração no Brasil,
observa-se a tendência nas empresas de dar importância à gestão empreendedora, com
foco na inovação e criatividade. E se a evolução do mercado caminha para esse tipo de
papel do empreendedor, quer seja na criação do próprio negócio ou na gestão de um
negócio existente, percebe-se que algumas características se manifestam na atuação
do mesmo.
Diante disso, esta pesquisa tem como objetivo analisar as características
empreendedoras, na percepção da chefia, presentes na atuação profissional dos ex-
alunos do curso de graduação em administração, formados na Universidade Federal de
Santa Catarina - UFSC no período de 2000 a 2004.
Portanto, a pergunta de pesquisa a ser respondida pela dissertação é: Que
características empreendedoras estão presentes, e com que intensidade, na atuação
profissional dos ex-alunos do curso de graduação em administração na
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC na percepção da respectiva
chefia?
18
1.2 OBJETIVOS
1.2.1 Objetivo geral
Identificar as características empreendedoras e a intensidade com que ocorreu,
na percepção da chefia, presentes na atuação profissional dos ex-alunos do curso
de graduação em administração na UFSC no período de 2000 a 2004.
1.2.2 Objetivos específicos
Identificar as características empreendedoras mais utilizadas nos cursos de
graduação em administração e nos anais dos encontros que tratam de assuntos
sobre empreendedorismo.
Sistematizar um conjunto de características empreendedoras mais citadas na
literatura consultada.
Verificar se as características empreendedoras identificadas estão presentes na
atuação profissional dos ex-alunos; na percepção das respectivas chefias.
Procurar demonstra que, tanto nas empresas privadas quanto no setor público a
prática do empreendedorismo corporativo, contribui para a melhoria do
desempenho organizacional.
1.3 JUSTIFICATIVA
O presente trabalho contribui para redescobrir o ensino e a prática do
empreendedorismo, não no ambiente acadêmico, mas também no ambiente
organizacional.
No caso específico dos avaliadores, possibilita, além de uma visão mais realista da
atuação de administradores formados pela UFSC, reconhecer a importância do
desempenho empreendedor, principalmente em termos de empreendedorismo
corporativo, bem como, associar o tema ao desempenho organizacional.
Já no caso dos avaliados, este trabalho permite o conhecimento de como o seu
desempenho empreendedor está sendo julgado, o que constitui uma significativa
19
contribuição para o esforço de desenvolvimento profissional, e mesmo, para o
crescimento pessoal.
Este trabalho constitui-se ainda, em instrumento de provocação aos avaliadores
institucionais do currículo mínimo do curso de administração, que o que daqui pode
resulta, mais do que a inclusão/reforço da disciplina Empreendedorismo, e a inclusão
do enfoque empreendedor em todas as disciplinas da grade curricular.
Já no ponto de vista acadêmico,atende ao formulado por Castro (1977) que
considera três critérios devem ser atendidos por um estudo proposto para que se
justifique a sua realização de forma bem sucedida. Esses critérios são: A importância da
temática abordada, a sua originalidade e a viabilidade para a realização do mesmo. Para
Castro (1977) um tema é importante quando está ligado de alguma forma a uma questão
crucial que polariza ou afeta um segmento substancial da sociedade. Dessa forma a
presente dissertação se justifica por ser uma contribuição à área de estudo da ciência da
Administração e, através dos seus resultados, permitir ao Curso de Administração da
UFSC, direcionar ações que contribuam para a discussão de uma nova estrutura de
ensino pautada na formação empreendedora dos seus alunos. Em resumo, pode-se
afirmar que o resultado servirá como fonte de informação ao curso de administração da
UFSC, bem como aos próprios graduados e seus dirigentes, assim como, constituir um
acervo de informações estratégicas para as instituições universitárias.
A originalidade se dá na medida em que não foram encontrados estudos sobre
características empreendedoras observadas na atuação de ex-alunos do curso de
Graduação em Administração da UFSC, e que tal tema é relevante no processo
educacional de um curso de Administração que considere os paradigmas modernos de
desenvolvimento econômico e social.
A viabilidade do estudo foi garantida pelo envolvimento do pesquisador com o
tema empreendedorismo desde 1995, pela qualificação da orientação recebida, pela
disponibilidade de tempo para a execução da tarefa e ao apoio técnico e estrutural
disponibilizado pela UFSC, mais especificamente pelo Departamento de Ciências da
Administração no qual o pesquisador está lotado.
20
1.4 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A presente dissertação está estruturada em cinco capítulos. O primeiro, apresenta
uma visão geral do tema em investigação, especificando o problema de pesquisa, os
objetivos do estudo a justificativa para a sua realização, a delimitação do estudo e a
descrição dos principais termos..
O segundo capítulo é dividido em 4 partes que apresentam a fundamentação
teórica desenvolvida de acordo com a bibliografia pesquisada. Nas 4 partes deste
capítulo, são abordados os termos e expressões pertinentes. A primeira parte apresenta o
empreendedorismo, sua origem e os conceitos considerados básicos pela bibliografia
consultada. A segunda trata do empreendedorismo corporativo, a terceira das
abordagens: econômica, comportamental, social e de base no processo empreendedor, e
a quarta parte, as características de análise definidas para esse estudo.
O terceiro capítulo descreve os aspectos metodológicos que norteiam o estudo,
que incluem a caracterização, pergunta de pesquisa, definição dos termos e variáveis
que são objeto da investigação, delimitação, tipos e tratamentos de dados. O quarto
capítulo, apresenta a análise dos dados coletados e as possíveis comparações e deduções
e comprovando o alcance do objetivo geral e dos objetivos específicos formulados
E por fim, o quinto e último capítulo, apresenta as conclusões, recomendações e
sugestões para futuras investigações.
21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta seção, em que se desenvolve a revisão da literatura e apresentação dos termos
e expressões pertinentes ao estudo, está constituída de oito partes: atividade
empreendedora; as condições para empreender no Brasil; empreendedorismo e
discussão educacional; empreendedorismo e empreendedor; um novo conceito:
empreendedorismo corporativo; Abordagens sobre o Empreendedorismo: as correntes
de base econômica, de base comportamental, de base social e base no processo;
características empreendedoras: revisão de alguns autores e características de análise
definidas para este estudo.
2.1 ATIVIDADE EMPREENDEDORA
No Brasil, o empreendedorismo tem sido sistematicamente pesquisado desde
1999, quando estas pesquisas mostram que, a partir dos anos 80, os pequenos negócios
cresceram a taxas mais significativas do que em qualquer outra década dos últimos cem
anos. Micro e pequenas empresas no Brasil representam 99% das empresas existentes
no país e empregam com carteira assinada 35 milhões de pessoas (GLOBAL
ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2004, p.11).
A atividade empreendedora nasce, via de regra, a partir de dois principais
elementos, necessidade e oportunidade. No Brasil, 46 % das novas empresas são
constituídas por necessidade e 54 % por oportunidade. O empreendedorismo por
necessidade cresceu 6% no Brasil de 2001 até 2004, o que representa aproximadamente
o emprego de sete milhões de pessoas. Pode-se afirmar que quanto maior o
desenvolvimento do país, maior a oportunidade de negócio em relação a uma ação
empreendedora.
Em todas estas pesquisas, o Brasil manteve-se entre os sete países com taxas TEA
1
mais altas. Referente ao dado de escolaridade percebe-se que: o empreendedor
brasileiro, componente da TEA, tem baixa qualificação acadêmica, onde apenas 14%
dos empreendedores no Brasil têm formação superior (completa ou incompleta),
1
A TEA (Taxa de Atividade Empreendedora) é calculada através da porcentagem da força de trabalho
que está ativamente iniciando novos empreendimentos ou é proprietário gerente de negócios cujo período
de existência é inferior a 42 meses
.
22
percentual inferior aos do grupo de países de baixa renda per capita Peru, Uganda e
Equador, que apresentam 23%. A diferença fica ainda mais acentuada quando a
comparação é feita com países de alta renda per capita, como Japão, Suécia,
Dinamarca, Noruega, com 58% (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR,
2004), o que evidencia que quanto mais alto o nível de escolaridade de um país, maior é
a proporção de empreendedorismo por oportunidade.
É notável o fato de que em todos os países pesquisados, o setor que responde pela
maior parte dos novos empreendimentos é o de serviços orientados ao consumidor, com
maior proporção nos países de média e baixa renda per capita, sendo que, no Brasil, tal
participação atinge 58%. A explicação para tal ocorrência segundo o relatório, deve-se
ao fato de tais empreendimentos serem vinculados a segmentos tradicionais de baixo
teor de inovação e com investimento inicial de pouca monta e, também; porque os
serviços orientados ao consumidor são tipicamente menos intensivos em necessidade de
formalização, capital, tecnologia e conhecimento do que os serviços focados em
empresas (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2004).
O GEM levantou a situação do empreendedorismo em 42 países, e tomou como
base determinadas condições nacionais que afetam o empreendedorismo, (Apoio
financeiro, políticas e programas governamentais, educação e treinamento, pesquisa e
desenvolvimento, transferência de tecnologia, infraestrutura comercial e profissional,
abertura de mercado e barreiras comerciais, acesso à infra-estrutura física, normas
culturais e sociais, capacidade empreendedora, características da força de
trabalho,composição da população, contexto político institucional e social).
No Brasil os principais fatores limitantes ao empreendedorismo são: Apoio
financeiro (alto custo do dinheiro e dificuldade de acesso devido à burocracia e às
exigências de garantias reais); políticas governamentais (altos encargos tributários e
trabalhistas e da burocracia para a abertura de negócios); educação e treinamento (além
da precariedade da educação básica no país, e ainda, o fato do sistema educacional não
considerar as especificidades regionais brasileiras e não preparar o indivíduo para a
carreira de empreendedor) (GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2004).
Quanto aos fatores favoráveis, destacam-se: Infra-estrutura comercial e
profissional (atuação de organizações de apoio ao empreendedorismo para a elaboração
de projetos, cursos de capacitação, feiras e rodadas de negócios); composição da
23
população (diversidade ética e religiosa, tamanho da população); abertura de mercado e
clima econômico (embora largamente lembrado como elemento favorável, decorre de
uma faceta negativa, fruto da dificuldade de acesso ao mercado formal de trabalho e o
desemprego, que gera a necessidade de tornar-se um empreendedor.) (GLOBAL
ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2004).
Considerando-se as dificuldades e os fatores favoráveis, percebe-se uma condição
crítica quanto às condições para se empreender no Brasil, mas no entanto, uma certa
concordância referente às oportunidades para empreender, única condição em que a
média dos especialistas brasileiros é mais favorável que a média mundial (GLOBAL
ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2004 p.34).
No que tange às recomendações para o Brasil, o GLOBAL
ENTREPRENEURSHIP MONITOR apresenta algumas proposições, sendo 24% delas
relacionadas à área da educação e dirigidas à melhoria da qualidade de ensino no país.
Cabe destacar que esforços estão sendo feitos na área de educação empreendedora. Em
pesquisa realizada em 2003 chegou-se ao número de 112 mil universitários que tiveram
acesso a alguma disciplina sobre empreendedorismo entre 1998 a 2001 em 131
instituições de ensino superior. (EMPREENDEDORISMO, 2006).
2.2 EMPREENDEDORISMO E DISCUSSÃO EDUCACIONAL
Embora o fenômeno do empreendedorismo seja antigo, o debate em torno do tema
somente atingiu maior centralidade e relevância acadêmica a partir dos anos 80.
Segundo relata Dolabela (1999), o primeiro curso de empreendedorismo de que se tem
notícia surgiu em 1981, na escola de Administração de Empresas da Fundação Getúlio
Vargas, São Paulo, por iniciativa do professor Ronald Degen com o nome Novos
Negócios. A partir dessa primeira iniciativa, o ensino e a pesquisa sobre
empreendedorismo, ganharam legitimidade nas Instituições de Ensino Superior (IES).
Ainda conforme Dolabela (1999), em 1992 a Universidade Federal de Santa
Catarina UFSC, criou a Escola de Novos Empreendedores (ENE), que veio a se
constituir em um dos mais destacados projetos de empreendedorismo no Brasil. Em
1995, o Curso de Graduação em Administração da UFSC incluiu na grade curricular a
24
disciplina Criação e Desenvolvimento de Novas Empresas com o objetivo de começar
a promover a discussão desse tema com maior ênfase.
No início dos anos 90, o SEBRAE/MG, apoiou a criação do GEPE - Grupo de
Estudos da Pequena Empresa, no Departamento de Engenharia da Produção da
Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, com o objetivo de desenvolver estudos
na área de empreendedorismo. Entre as atividades realizadas pelo GEPE, destacou-se o
oferecimento de workshops nos anos de 1992 a 1994, ministrados pelos professores
canadenses Louis Jacques Filion, André Joyal e Dina Lavoie. O GEPE se transformou
em um núcleo de propagação do tema empreendedorismo no Brasil e a figura do
Professor Filion está definitivamente ligada à história do empreendedorismo no Brasil
(DOLABELA, 1999).
A Universidade de Brasília (UNB), criou em 1995, a Escola de Empreendedores
com o apoio do SEBRAE DF, e passou a ter uma atividade com o intuito de
sensibilizar a importância do ensino de empreendedorismo.
Dolabela (1999b), afirma que o ano de 1996 foi um marco na área do
empreendedorismo no Brasil. O programa Softex, criado pelo CNPq em 1992 e a partir
de 1997 gerido pela Sociedade Softex, com a finalidade de estimular a exportação do
software brasileiro, implantou dois projetos de destaque: o Gênesis, na área de
incubação universitária, e o Sofstart, na área de ensino de empreendedorismo. No
Brasil, foram instaladas 20 incubadoras de software, e a disciplina O empreendedor em
Informática, passou a ser ministrada em mais de 100 instituições de ensino. Ressalta-se
que a principal contribuição desses programas foi, a disseminação ampla de uma cultura
educacional que aproximou centros de pesquisa, empresas e forças da sociedade em um
único esforço para formar empreendedores.
Em 1997 foi criado em Minas Gerais o programa REUNE (Rede de Ensino
Universitário de Empreendedorismo), apoiado por um consórcio de instituições e
formado pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Sebrae de
Minas Gerais, Instituto Evaldo Lodi, Sociedade Mineira de Software e a Secretaria de
Estado de Ciência e Tecnologia e Fundação João Pinheiro, com o objetivo de
disseminar o ensino do empreendedorismo nas universidades do estado, sendo que a
partir de 1998, tal programa foi expandido para todo o Brasil.
25
O IEL Nacional, em parceria com Confederação das Indústrias - CNI, núcleos
regionais do IEL, Sebrae e diversas Instituições de Ensino Superior, desenvolve o
projeto denominado Ensino Universitário de Empreendedorismo que patrocina cursos
para preparar professores que desejam implantar disciplinas de empreendedorismo em
seus cursos, sendo que os referidos professores podem receber apoio financeiro do IEL
e demais patrocinadores.
De acordo com Dolabela (1999) até o início do ano de 2000 o projeto capacitou
632 professores universitários em 126 instituições de ensino superior, sendo 43%
públicas e as demais privadas. Segundo a PUC / Rio, atualmente o programa capacitou
mais de 2.400 professores e ofereceu disciplinas com conteúdos de empreendedorismo a
aproximadamente 100 mil alunos por ano (PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE
CATÓLICA DO RIO DE JANEIRO, 2006).
Uma iniciativa interessante é a da Junior Achievement, uma fundação educacional
sem fins lucrativos mantida pela iniciativa privada que, criada em 1919 nos Estados
Unidos, é uma das mais antigas organizações de educação em negócios. Seu objetivo é
despertar o espírito empreendedor nos jovens ainda na escola, estimular o
desenvolvimento pessoal, proporcionar uma visão clara do mundo dos negócios e
facilitar o acesso ao mercado de trabalho (JUNIOR ACHIEVEMENT SANTA
CATARINA. 2006).
Entre suas atividades, a Junior Achievement oferece programas de educação sobre
empreendedorismo, e realiza um paralelo entre aspectos econômicos e práticos,
viabiliza oportunidades para o estudo de experiências no sistema de livre iniciativa, tudo
isso por meio da parceria entre escolas e voluntários da classe empresarial que dedicam
parte de seu tempo a ensinar e compartilhar suas experiências com os alunos.
No Brasil, pode-se concluir que mesmo tendo ocorrido avanços, o ensino do
empreendedorismo, nas instituições de ensino, devido a sua relativa novidade, ainda
apresenta grandes desafios e alguns estudos já apontaram para essa questão. Dutra e
Peixoto (2001), por exemplo, em uma pesquisa nas IES do Paraná, perguntaram aos
coordenadores de curso sobre o enfoque dado ao ensino de Administração. Os
entrevistados responderam, com freqüência, que o curso oferece formação ao aluno para
trabalhar em uma empresa já estruturada e fornece instrumentos para elaboração de um
negócio próprio. Mas, ao analisar o conjunto de respostas dadas pelos alunos, percebe-
26
se que a ênfase dada em todos os cursos é para que o aluno trabalhe em uma empresa já
existente mais do que crie seu próprio negócio.
De acordo com Filion (1999) o Brasil pode ser caracterizado como um país onde
poderia ocorrer uma explosão empreendedora. No entanto, alguns obstáculos
precisariam ser vencidos: a falta de autoconfiança; a falta de confiança do brasileiro em
relação aos compatriotas; a necessidade de desenvolver abordagens próprias para o
Brasil que correspondam às características da cultura brasileira; disciplina; a
necessidade de compartilhamento; e a burocracia.
Contudo, apesar de algumas dificuldades ainda apontadas por pesquisadores em
relação à formação do empreendedor nos cursos de graduação brasileiros, observa-se
ênfase nas empresas, sobre a importância da gestão empreendedora, com foco na
inovação e criatividade. Portanto, como a evolução do mercado caminha para esse tipo
de papel empreendedor, quer seja na criação do próprio negócio ou na gestão de um
negócio existente, questiona-se até que ponto os profissionais formados em cursos de
administração brasileiros têm apresentado características empreendedoras na sua
atuação profissional.
2.3 EMPREENDEDORISMO E O EMPREENDEDOR
Os pesquisadores em empreendedorismo concordam que a origem deste conceito
está nas obras de Cantilon, (apud FILION, 1999), um banqueiro do início do século
XVIII que hoje, seria considerado como investidor em capital de risco. Cantilon vivia
em Paris, onde procurava nichos de mercado para investimentos que gerassem lucro. Na
sua visão, o empreendedor comprava a matéria-prima e a vendia a um preço maior, após
processá-la. No seu entendimento o lucro além do esperado, se ocorresse, estava na
inovação e pelo fato do empreendedor ter feito algo de novo e diferente, identificando,
portanto, uma oportunidade de negócios e seu correspondente risco.
Um século depois, por volta do ano de 1800, o economista francês Jean-Batist
Say, utilizou o termo empreendedor no livro Tratado de Economia
Política.(DRUCKER, 1987). Say considerou o desenvolvimento econômico como
resultado da criação de novos empreendimentos, ao estabelecer uma diferença entre os
lucros do empreendedor e aqueles do capitalista, por isso Filion (1999) considera Say
27
como sendo o pai do empreendedorismo.
Adam Smith (1937) por sua vez caracterizou o empreendedor como um
proprietário capitalista, um fornecedor de capital e, ao mesmo tempo, um administrador
intermediário entre o trabalhador e o consumidor.
O empreendedorismo é o principal fator de desenvolvimento econômico de um
país. Em resumo, este é o resultado de uma pesquisa efetuada pela GLOBAL
ENTREPRENEURSHIP MONITOR, (2004), que reuniu especialistas da Fundação
Kauffman, do Babson College de Boston e da London Business Schooll (2005).
Estas instituições, nos últimos anos, investigaram as complexas relações entre
empreendedorismo e crescimento econômico em 35 países. Segundo o Reynolds (apud
GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR, 2004), a pesquisa fornece evidências
conclusivas de que a principal ação de qualquer governo para promover o crescimento
econômico consiste em estimular e apoiar o empreendedorismo, que deve estar no topo
das prioridades das políticas públicas.
Dolabela (1999), endossa o argumento de que o empreendedorismo faz a grande
diferença para a prosperidade econômica e que um país sem altas taxas de criação de
novas empresas corre o risco de estagnação.
Dolabela (1999) divulga a importância do empreendedorismo porque este é um
fenômeno social e cultural e existem famílias, cidades, regiões e países mais
empreendedores que outros. Em síntese, suas pesquisas deixam claro que um pré-
requisito para a atividade empreendedora em um país é a existência de um conjunto de
valores sociais e culturais que possam encorajar a criação de novas empresas. Lembra,
ainda, que a sociedade brasileira valoriza o emprego, a estabilidade financeira e o nível
universitário como instrumentos fundamentais de realização pessoal, mas que é preciso
educar as crianças e os jovens dentro de valores como autonomia, independência,
capacidade de gerar o próprio emprego, de inovar e gerar riqueza, capacidade de
assumir riscos e crescer em ambientes instáveis, porque estes são os valores sociais que
irão conduzir países ao desenvolvimento.
Pode-se afirmar que:
O [...] tema central do empreendedorismo no Brasil deve ser a
construção do desenvolvimento humano e social includente e
sustentável. Em outras palavras: a eliminação da exclusão social tem
que constar de qualquer política educacional em nosso país e
confrontar a idéia tradicional do empreendedorismo centrado no fazer
28
empresarial, que, por ter como prioridade o crescimento econômico,
habitualmente, concentra renda e reproduz assim, padrões sócio-
econômicos geradores de miséria (DOLABELA, 2003, p.17).
Um outro conceito de empreendedorismo é o criado por Barreto (1998), que
considera o empreendedorismo como uma habilidade de criar e construir algo a partir de
muito pouco ou do quase nada. Não é uma característica de personalidade, embora seja
algo distinto, tanto nos indivíduos como nas instituições empreendedoras. O
empreendedorismo é tido como um comportamento ou um processo para iniciar e
desenvolver um negócio ou um conjunto de atividades com resultados positivos;
portanto, é a criação de valor através do desenvolvimento de uma organização.
Já para Dolabela (2003) empreender significa modificar a realidade para dela obter
a autorealização e oferecer valores positivos para a coletividade. O autor ainda afirma
que
[...] empreender é um processo essencialmente humano, em toda a
carga que isso representa: ações dominadas por emoção, desejos,
sonhos, valores, ousadia de enfrentar as incertezas e construir a partir
da ambigüidade e no indefinido, consciência da inevitabilidade do
erro em caminhos não percorridos, rebeldia e inconformismo, crença
na capacidade de mudar o mundo, indignação diante de iniqüidades
sociais. Empreender é principalmente, um processo de construção do
futuro. (DOLABELA 2003, p.29).
Pode-se compreender, portanto, empreendedorismo como sendo um processo no
qual ocorre a manifestação da vontade de alguém, na busca de respostas para o
desenvolvimento de habilidades que conduzam ao alcance de seus objetivos.
Novos empreendimentos surgem devido à existência de pessoas empreendedoras
que através de suas ões inovam e geram riquezas. O empreendedor é o agente do
processo de destruição criativa que, de acordo com Schumpeter (1982, p.112):
É o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor
capitalista constante e que cria novos produtos, novos mercados e,
implacavelmente, sobrepõe-se aos antigos métodos, menos eficientes
e mais caros, revolucionando sempre a estrutura econômica e
destruindo sem cessar, a antiga e, continuamente, criando uma nova.
Para Shapero e Skol (apud OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2003) empreendedor é
alguém que toma a iniciativa de reunir recursos de uma maneira nova ou para
reorganizar recursos de maneira a gerar uma organização, relativamente independente,
cujo sucesso é incerto.
Para Drucker (1987), os empreendedores constituem a minoria dentro das
29
pequenas empresas. Eles criam algo novo, algo diferente; eles mudam ou transformam
valores e, ainda, o empreendedor é aquele que pratica a inovação sistematicamente.
Busca as fontes de inovação e cria oportunidades.
Gerber (2004, p.15) apresenta uma visão mais ampla, ao afirmar que
[...] a personalidade empreendedora transforma a condição mais
insignificante numa excepcional oportunidade. O empreendedor é o
visionário dentro de nós. O sonhador. A energia por trás de toda
atividade humana. A imaginação que acende o fogo do futuro. O
catalisador das mudanças. É a personalidade criativa, sempre lidando
com o desconhecido, perscrutando o futuro, transformando
possibilidades em probabilidades, caos em harmonia.
Gerber (2004), discute ainda as diferenças entre o empreendedor, o administrador
e o técnico, conforme se observa abaixo:
a) O Empreendedor: transforma a situação mais trivial em uma oportunidade
excepcional; é visionário, sonhador, vive no futuro, nunca no passado e
raramente no presente; nos negócios é o inovador, o grande estrategista, o
criador de novos métodos para penetrar nos novos mercados.
b) O Administrador: é pragmático; vive no passado; almeja ordem; cria esquemas
extremamente organizados para tudo.
c) O Técnico: é o executor; adora consertar coisas; vive no presente; fica satisfeito
no controle do fluxo do trabalho; é um individualista determinado.
Kaufmann (1990) enfatiza que a capacidade empreendedora é a capacidade de
inovar, de tomar riscos inteligentemente, agir com rapidez e eficiência para se adaptar
às contínuas mudanças do ambiente econômico.
Para Filion (1991), um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e
realiza visões, além de ser ainda, uma pessoa criativa marcada pela capacidade de
estabelecer e atingir objetivos, mantendo um nível de consciência do ambiente em que
vive utilizando-a para detectar oportunidades de negócios.
Para Degen (1989) ser empreendedor significa ter, acima de tudo, a necessidade
de realizar coisas novas, colocar em prática idéias próprias, características de
personalidade e comportamento que nem sempre é fácil de se encontrar. Ele afirma
ainda que, as pessoas que têm necessidade de realizar se destacam porque,
independentemente de suas atividades, fazem com que as coisas aconteçam.
Bom Ângelo (2003, p.25) adota a definição de que:
30
Empreendedorismo é a criação de valor por pessoas e organizações
trabalhando juntas para implementar uma idéia por meio da aplicação
de criatividade, capacidade de transformação e o desejo de tomar
aquilo que comumente se chamaria de risco.
Para ele, não é simples identificar as características de um empreendedor; para tal,
é necessário examinar uma série de aspectos, alguns de ordem prática e outros
totalmente subjetivos. Deste modo, e na mesma linha dos autores anteriores, Bom
Ângelo (2003, p.51) defende que há pelo menos três características fundamentais que
revelam a vocação empreendedora. Elas são:
a) Vontade e habilidade para criar algo absolutamente inédito e que possa melhorar
as condições de vida da família, da empresa, da comunidade local ou da raça
humana.
b) Capacidade de encontrar novas utilidades para velhas idéias. O objeto dessa ação
de reciclagem deve resultar em beneficio coletivo.
c) Talento para melhorar a eficiência de um sistema processo ou produto, tornando-
o mais econômico, acessível e tecnicamente superior.
A partir dessa perspectiva, Bom Ângelo (2003) afirma que, ao identificar perfis
empreendedores, há padrões que se repetem nos mesmos. Por exemplo:
a) A crença no valor daquilo que é produzido para consumidores, clientes,
parceiros cooperativos, investidores, empregados e empregadores.
b) A capacidade para ouvir o não e jamais se abalar.
c) A competência para construir paradigmas de diferenciação.
d) Flexibilidade e teimosia.
Por fim, um diferencial desse autor com relação aos anteriores é que ele enfatiza a
importância do trabalho em equipe como a chave para se obter bons resultados nas
organizações. Para isso, comenta que, ao se tratar de trabalho em equipe, o que exige o
envolvimento com pessoas e atos solidários de todos os agentes, alguns fatores devem
ser considerados. Eles são: energia e disposição; autoconfiança; fixação de objetivos;
persistência; aprendizado pelo erro; divisão do conhecimento; desenvolvimento do
espírito crítico; capacidade de liderança provisória, consciência sobre uso de recursos;
consciência sobre riscos e possibilidades (BOM ANGELO, 2003, p. 80).
Uma constatação que poderia ser expressa é que nos estudos relacionados com o
empreendedor, existem diferenças na conceituação, porém, percebe-se um consenso no
31
que distingue o empreendedor das outras pessoas é a maneira de como ele percebe as
mudanças e lida com as oportunidades.
Wollheim e Marcondes (2003, p. 225) após 18 entrevistas com empreendedores
brasileiros, chegaram a algumas conclusões que podem auxiliar a completar o conjunto
de características do comportamento empreendedor, juntamente com os autores
previamente apresentados:
a) Empreendedores são seres diferentes com um certo grau de loucura (com uma
loucura boa); tem uma certa dose de obstinação e insanidade (ou coragem?)
para ir, em determinados momentos, contra tudo e contra todos.
b) Pouco do comportamento empreendedor é formal ou acadêmico; raros o os
empreendedores que se baseiam em teorias leituras ou qualquer outro tipo de
apoio. Dão, com freqüência, quase 100% de peso à intuição e muito pouco ao
resto.
c) Contudo são grandes observadores do mundo, sempre atentos ao que está
acontecendo, tirando daí suas maiores lições.
d) Empreendedores são inquietos e indignados. Não se contentarem com facilidade
e possuem um desejo de mudar o que está a sua volta, sendo bastante ativos e
inquietos.
e) Empreendedores não empreendem por dinheiro. A grande motivação de boa
parte dos grandes empreendedores é a de criar algo e tentar influenciar / mudar o
mundo. São grandes sonhadores
Nesse ponto cabe destacar o conceito de Brito e Wever (2004, p.15) ao descrever
que os [...] empreendedores são aqueles seres especiais dotados da incrível qualidade
de transformar sonhos em lucrativos negócios. Gente que enxerga longe e que consegue
vislumbrar alternativas e saídas para os mais diversos cenários.
Para exemplificar alguns conceitos com um enfoque mais pragmático, pode-se
fazer uso do trabalho de Brito e Wever (2004), pois eles entrevistaram vários
empreendedores brasileiros, para saber o que os mesmos entendem sobre o conceito de
empreendedor no Brasil:
a)
Nos Estados Unidos o empreendedor é tido como herói. No Brasil, é aquele
empregado que não deu certo e deu um jeito de continuar vivendo, Mark
Barcinski, sócio proprietário da Propay (BRITO; WEVER, 2004, p.28).
32
b) Empreendedores são perseverantes, determinados e cuidadosos, Carlos Tilkian
Presidente da Estrela (BRITO; WEVER, 2004, p.52).
c) O empresário não pára nunca, não tem sossego. Está sempre se atualizando.
Ninguém é um bom empresário se não se entregar totalmente ao negócio, Josué
Gomes da Silva, Presidente Coteminas (BRITO; WEVER, 2004, p.82).
Por fim, pode-se dizer que os conceitos sobre empreendedorismo e
empreendedor são os mais diversos. No entanto, apresentam um núcleo comum pois, na
sua essência, sugerem que são os empreendedores que fazem com que as pessoas se
movam e que as coisas aconteçam, tendo como princípio básico a crença de que sempre
existe uma melhor maneira de se fazer as coisas. E isso pode ser observado não somente
na atividade empresarial, mas em todas as atividades humanas.
2.4 EMPREENDEDORISMO CORPORATIVO
Como o estudo objetiva analisar a atuação de administradores formados pela
UFSC, que não são empresários, faz-se necessário discutir os conceitos de
empreendedor corporativo, que relacionam-se ao intra-empreendedorismo ou
empreendedorismo corporativo, ou seja, ao comportamento empreendedor de
empregados de uma dada empresa, pública ou privada. Um dos autores que se destacou
na década de 1980 ao cunhar o termo intra-empreendedorismo foi Gifford Pinchot III
(1989), que estudou o empreendedorismo, destacando o papel do empreendedor dentro
das organizações, e analisou como a inovação poderia ser buscada e desenvolvida
aplicando-se os conceitos do empreendedorismo interno para tal objetivo.
Para Pinchot III (1989, p.17) o comportamento do empreendedor corporativo é
caracterizado pelos Os Dez Mandamentos do Intrapreneur:
1) Vá para o trabalho a cada dia disposto a ser demitido;
2) Evite quaisquer ordens que visem interromper o seu sonho;
3) Execute qualquer tarefa necessária a fazer o seu projeto funcionar, a despeito de
sua descrição de cargos;
4)
Encontre pessoas para ajudá-lo;
5)
Siga sua intuição a respeito das pessoas que escolher e trabalhe somente com as
melhores;
33
6) Trabalhe de forma clandestina o máximo que puder. A publicidade aciona o
mecanismo de imunidade da corporação;
7) Nunca aposte em uma corrida, a menos que esteja correndo nela;
8) Lembre-se que é mais fácil pedir perdão do que pedir permissão;
9) Seja leal as suas metas, mas realista quanto as maneiras de atingi-las;
10) Honre seus patrocinadores.
Para Pinchot III (1989, p.26) [...] a contribuição dos intrapreneurs, está em
tornar novas idéias ou mesmo protótipos em realidades lucrativas. Em outras palavras,
Pinchot III (1989, p.28) afirma que [...] a decisão de transformar um conceito de
negócio em realidade, dentro da empresa, a despeito das barreiras e dos riscos, é o
grande papel do empreendedor corporativo. Para finalizar o:
[...] intrapreneurismo não é somente uma forma de se aumentar o
nível de inovação e de produtividade das organizações, embora o
faça. Mais importante, ele é uma forma de se organizar vastas
empresas, de modo que o trabalho volta a ser uma expressão alegre
da contribuição da pessoa à sociedade. (PINCHOT III, 1989, p.278).
Dornelas (2003) define empreendedorismo corporativo como sendo a
identificação, desenvolvimento, captura e implementação de novas oportunidades de
negócios que requerem mudanças na forma como os recursos são empregados nas
empresas; conduz à criação de novas competências empresariais que por sua vez
resultam em novas possibilidades de posicionamento no mercado, buscando um
compromisso de longo prazo e criação de valor para os acionistas, funcionários e
clientes.
Outra definição apresentada por Dornelas (2003, p.38), é a de que [...]
empreendedorismo corporativo é o processo pelo qual um indivíduo ou um grupo de
indivíduos, associados a uma organização existente, criam uma nova organização ou
instigam a renovação ou inovação dentro da organização existente.
Para Kurarakto e Hodgetts (apud CARDOSO; BARINI FILHO, 2003, p.69):
[...] intra-empreendedores não são necessariamente os inventores de
novos produtos ou serviços, mas as pessoas que podem transformar
idéias ou protótipos em realidades lucrativas. São as pessoas por
detrás dos produtos ou serviços. São formadores de equipes
comprometidos e fortemente orientados para ver suas idéias
tornarem-se realidade. Talvez o que é mais surpreendente: eles são de
inteligência mediana ou ligeiramente acima da média eles não são
gênios.
34
Outra contribuição a respeito de empreendedorismo corporativo foi formulada por
(BURGELMAN apud DORNELAS, 2003) e conceitua empreendedorismo corporativo,
como um processo pelo qual as empresas se envolvem na diversificação através de
desenvolvimentos internos. Tal diversificação requer combinações de novos recursos
para ampliar a ação da empresa a outras áreas, ou mesmo as atuais áreas de atuação,
correspondendo ao conjunto de oportunidades que a empresa está buscando.
As organizações não oferecerão limitações para a existência do empreendedor, se
a abordagem econômica for substituída pela abordagem comportamental ou abordagem
do processo.
O ambiente interno nas empresas é, no entanto, caracterizado pela abundância de
profissionais com comportamentos semelhantes aos dos gerentes convencionais,
conforme identificado por Schumpeter (1982, p. 55), ao distinguir aqueles que fazem
novas combinações dos que mantém o fluxo:
A atividade empreendedora não se restringe ao proprietário de empresa ou ao
capitalista, mas a todos que realizam novas combinações de recursos do ambiente
econômico, distinguindo-os dos dirigentes de empresas, que tem como objetivo operar
um negócio estabelecido e a manter o fluxo circular da economia operante.
Pode-se concluir até aqui que das definições apontadas entre o empreendedor e o
empreendedor corporativo ou intra-empreendedor não apresentam diferenças
expressivas. A visão do mundo e as atitudes são similares, os efeitos nos negócios são
equivalentes e a medição dos resultados da ação, parece seguir os mesmos critérios,
definidos pelos teóricos.
2.5 ABORDAGENS SOBRE O EMPREENDEDORISMO
A literatura sobre empreendedorismo reflete, a contribuição de estudiosos das
diversas áreas do conhecimento para explicar o processo de empreender.
As teorias econômicas associaram o empreendedor à inovação, à criatividade e à
capacidade de assumir riscos moderados. Segundo Drucker (1987) e Filion (1989), de
todos os economistas que tratam do assunto, foi Joseph Schumpeter (1959) quem deu
projeção ao tema, ao associar aos empreendedores a inovação e aos identificar como
35
agentes de mudança responsáveis por impulsionar e manter o motor capitalista
acionado.
Além de colocar o empreendedor como principal agente do desenvolvimento
econômico, Schumpeter (1959) afirmava que as atitudes dos empreendedores interferem
no equilíbrio ou inércia do mercado, provocando as mudanças capazes de gerar a
prosperidade econômica.
Outros economistas, tais como Knight, Kirzner e Lasso manifestaram grande
interesse pelo empreendedorismo, designando-o, apenas, como uma função
(MINTZBERG ; AHLSTRAND; LAMPEL, 2000)
A despeito da abordagem econômica nem sempre considerar o empreendedor
como o ator fundamental no processo de desenvolvimento, foram teóricos como
Schumpeter (1959) que identificaram alguns atributos diferenciados do empreendedor,
como capacidade de inovar, lidar com ambigüidades e incertezas, assumir riscos, que
serviram como ponto de partida para o surgimento da abordagem comportamental ao
estudo do empreendedorismo.
A abordagem comportamental tem como objetivo identificar as características
comportamentais dos indivíduos que criam empreendimentos. Estudiosos que adotaram
esta vertente verificaram que os empreendedores têm características psicológicas que os
diferenciam de outras pessoas.
As pesquisas de McClelland (1972; 1987) levaram-no a afirmar categoricamente
que, entre os motivos para empreender, a alta necessidade de realização é o mais forte
deles. Para McClelland (1972; 1987), pessoas com alto desejo de realização tendem a
dedicar mais tempo a tarefas desafiadoras e que envolvem riscos moderados. Na sua
visão, as pessoas com alta necessidade de realização preferem depender da própria
habilidade para a obtenção de resultados. Nas palavras de McClelland (1971) a
necessidade de realização pode ser definida como:
[...] esse alto desejo de realização que explica o comportamento dos
empreendedores pode ser resumido em desejo das pessoas pelas
responsabilidades das tomadas de decisões pessoais, preferência para
as decisões que envolvam um grau de risco moderado e o interesse
dessas pessoas em conhecimento concreto dos resultados das
decisões tomadas.
Mesmo que as pesquisas de natureza comportamental não tenham resultado no
estabelecimento de um padrão homogêneo de fatores para explicar o processo de
36
empreender, os estudos de McClelland (1971) são referencias de análise para a
compreensão do processo de empreendedorismo.
Young (apud SANTOS FILHO, 2003) é um dos pesquisadores que critica os
teóricos que tentam identificar empreendedores a partir de suas características
comportamentais. Para ele, os atributos e competências empreendedoras aparecem em
indivíduos como resultados particulares do ambiente familiar, experiências profissionais
anteriores, relações com determinados grupos e como reflexo de valores culturais
gerais.
A abordagem de base social apresenta variáveis que ajudam na compreensão do
processo empreendedor. Crença religiosa, experiência prévia no negócio, a influência e
estímulo de familiares, amigos e mentores, a história de vida, a imigração forçada, o
desemprego e demissões dentre outras experiências consideradas de mudanças forçadas
nas vidas das pessoas, são discutidas nas pesquisas de Bygrave, Shapero e Skol, Young
(apud OLIVEIRA; GUIMARÃES, 2003) e indicaram elementos que podem agir como
propulsores ou facilitadores ao empreendedorismo.
Além das competências empreendedoras e gerenciais estabelecidas pela literatura
como fundamentais para ocasionar taxas altas de empreendedorismo, bem como
possibilitar a sobrevivência dos novos e pequenos negócios, diversos estudos
(CROMIE, VAN de VEM, FERRAZ, KUPFER; HAGUENAUER, GATEWOOD,
PUGA, ZINGUER, LEBRAUSSER; ZAMIBBI apud OLIVEIRA; GUIMARÃES,
2003) mostram que o incremento do empreendedorismo para ser estimulado e bem
sucedido depende da infra-estrutura do país, das políticas públicas e do suporte das
agencias governamentais.
A crítica das pesquisas sobre traços diferenciais do comportamento dos
empreendedores evolui em paralelo com as de perspectiva econômica, mas ambas
mostraram-se insuficientes para abranger toda a complexidade do tema. Surgiram então
estudos baseados no processo empreendedor, nos quais se tenta entender a influência
dos aspectos humanos, do ambiente social e da cultura na formação e na ação do
empreendedor.
Segundo Cardoso e Barini Filho (2003):
[...] a conclusão mais evidente até aqui é o reconhecimento do valor
do comportamento e do processo empreendedor em detrimento dos
aspectos relacionados aos traços de personalidade. O reforço de tal
constatação vem das pesquisas mais rigorosamente conduzidas e que
37
não encontraram relação causal entre características de personalidade
dos empreendedores e o sucesso dos empreendimentos que
lideravam.
Ao considerar os aspectos até aqui relatados, parece que as linhas mais
promissoras de pesquisa estão focadas no processo empreendedor e do comportamento
expresso pelos mesmos. O enfoque do referido trabalho estaria então muito mais
voltado não para quem é o empreendedor mas sim, no que ele faz.
2.6 CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
Como demonstrado anteriormente, há um grande esforço, dos pesquisadores, em
identificar algumas características que sejam comuns aos empreendedores. Seria o caso
de saber se, por exemplo, empreendedores de sucesso demonstram características
comuns entre si, ou ainda, se eles têm algo de diferente quando comparados a outros
profissionais. Filion (2000) acredita que essas características podem variar de acordo
com as atividades e funções executadas pelo empreendedor ou, também, em decorrência
da etapa de crescimento da empresa. Mas no geral, mesmo que autores encontrem
diferentes características para o perfil do empreendedor, é consenso na literatura, a
dificuldade de se identificar características comuns, em função da grande diversidade de
resultados que as pesquisas têm apontado.
Por que esse interesse em identificar as características dos empreendedores?
Dolabela (1999) apresenta um argumento interessante. Para ele, conhecer o
comportamento empreendedor permite aprender a agir, adotar comportamentos e
atitudes adequadas. Nas palavras do autor as pesquisas têm contribuído para a
identificação e a compreensão de comportamentos que podem levar o empreendedor ao
sucesso, servindo de base para o ensino na área, e partindo dessa premissa:
[...] um dos caminhos centrais da pesquisa em empreendedorismo
consiste no estudo do ser humano e dos comportamentos que podem
conduzir ao sucesso. O indivíduo portador de condições de
empreender saberá aprender o que for necessário para criar,
desenvolver e realizar sua visão. (DOLABELA, 1999, p. 70).
Com esta visão, de que a pesquisa das características dos empreendedores pode
ser útil no avanço do conhecimento sobre o empreendedorismo, apresenta-se, a seguir a
contribuição de três autores que estudam o tema, a saber: Filion (1999, 2000), Dornelas
(2003, 2005) e McClelland (1972, 1987).
38
Louis Jacques Filion, professor titular e diretor da Cátedra de Empreendedorismo
da Escola Superior de Administração (HEC) de Montreal (Canadá), é especialista em
empreendedorismo em pequenas e médias empresas. De acordo com ele, quando nos
perguntamos o que de específico no comportamento empreendedor?, não se
encontram receitas ou um modelo único que conta de tudo o que faz, ou o que é ser
um empreendedor, porém é possível identificar pistas que podem ser úteis para os
interessados na prática empreendedora.
Segundo Filion (2000, p.226), houve, nos últimos anos, um surgimento de novas
categorias e tipos de empreendedores:
[...] que vão dos dirigentes de pequenas empresas familiares,
contentes em permanecer pequenos, aos visionários focalizados no
crescimento; dos trabalhadores autônomos voluntários ou
involuntários aos empreendedores tecnológicos que objetivam o
mercado internacional e procuram alianças para atingir essa meta; e
aos empreendedores sociais, que criam organizações sem fins
lucrativos.
Ele ilustra, com isso, a diversidade de possibilidades de atuação do profissional
empreendedor. Contudo, apesar dessa diversidade, é possível, segundo ele, identificar
alguns elementos básicos e aspectos essenciais que são comuns entre os
empreendedores e devem ser compreendidos por quem quer ser um.
Nesse sentido, com base na sua experiência em pesquisa, ensino e consultoria,
Filion (2000) identifica alguns elementos do comportamento empreendedor. Partindo da
premissa que o empreendedor desenvolve algumas atividades, que chama de atividades
críticas, ele descreve as características de cada uma delas, as competências necessárias
para executá-las e o aprendizado exigido para cada uma das atividades. As atividades
com as suas características, competências e aprendizado podem ser observadas no
Quadro 01.
39
QUADRO 01: Componentes das atividades empreendedoras
ATIVIDADES
CRÍTICAS
CARACTERÍSTICAS COMPETÊNCIAS APRENDIZADO
Identificar
oportunidades de
neg
ócio.
Faro / Intui
ção Pragmatismo Análise Setorial
Conceber visões Imaginação /
Independência / Paixão.
Concep
ção /
Pensamento Sistêmico
Avalia
ção de
recursos
Tomar decisões Julgamento / Prudência Visão Informação / Risco
Realizar visões. Flexibilidade/
Const
ância/
Tenacidade.
A
ção Feedback
Fazer o equipamento
funcionar.
Destreza Polivalência Técnica
Comprar Acuidade Negociação Diagnóstico
Colocar no mercado Diferenciação /
Originalidade
Agenciamento Marketing / Gest
ão
Vender Flexibilidade Adaptação Conhecimento do
cliente
Cercar-se Julgamento /
Discernimento
Comunicação Gestão de RH /
Compartilhar
Delegar Cautela. Relações / Equipe Holismo / Gestão
Operacional
Fonte: Adaptado de Filion (2000, p. 227)
No sentido de melhor compreender os componentes das atividades do
empreendedor, a partir da concepção de Filion (2000), descreve-se, abaixo, o
significado de cada uma das atividades críticas.
a) Identificar oportunidades de negócio: o empreendedor está sempre atento ao que
acontece no mercado, identificando potencialidades e nichos promissores de
negócio. Para isso, conta com uma forte intuição, que é resultante do seu
interesse prévio, atenção e familiaridade a um dado segmento, capacidade de
identificar idéias que dão resultados e têm um sentido prático, e conhecimento
profundo sobre a sua área de atuação.
b) Conceber visões: o empreendedor deve identificar o nicho, o espaço que
pretende ocupar no mercado bem como que tipo de organização que lhe
permitirá atingir o objetivo fixado. Para tanto , o empreendedor vale-se de sua
imaginação, paixão e criatividade, que é organizada e estruturada pelo
pensamento sistêmico, a partir do que se identificam, também, quais são os
recursos necessários e a melhor forma de utilizá-los para colocar as idéias em
prática.
40
c) Tomar decisões: é à atividade de fazer estimativas, análises, previsões e projetos
de modo a avaliar alternativas e definir o que é melhor para o negócio em função
da rentabilidade e lucratividade do mesmo. Tomar decisões depende do
julgamento e da ponderação do empreendedor, que exercita a previsão das
conseqüências de seus gestos buscando reduzir os riscos em suas tomadas de
decisão. Isso é possível a partir da coleta e análise de informações e concepção
de diferentes cenários possíveis.
d) Realizar visões: é a atividade específica de organização e execução da visão que
todo empreendedor deve apresentar, impedindo que sua visão fique só em
sonho. Tal realização exige iniciativa, energia e confiança, considerando o
ambiente de atuação cheio de transformações permanentes. Há, também, que se
considerar a necessidade de concentração dos esforços em objetivos definidos, a
fim de evitar a dispersão do que se pretende atingir. A motivação pelo concreto é
o que impulsiona o empreendedor à ação , a partir da sua necessidade de realizar
projetos.
e) Fazer o equipamento funcionar: é a atividade que permite o acompanhamento da
inovação tecnológica. refere-se à necessidade e conhecimento que o
empreendedor deve apresentar para conhecer as tecnologias e inovações
tecnológicas que incidem em seu negócio, bem como o domínio mínimo
necessário das mesmas. Como a tecnologia está sofrendo mudanças muito
rápidas, o empreendedor deverá demonstrar uma certa polivalência, dominando
o essencial das técnicas de seu campo de atuação e acompanhando as inovações.
f) Comprar: esta atividade, além do ato da compra em si (matérias-primas,
produtos acabados, equipamentos, serviços), abrange o conhecimento das
condições de compra. Exige conhecimento do que acontece no mundo dos
negócios (acuidade) e competência para realizar negociações.
g) Colocar no mercado: é a atividade que consiste em verificar como idéia do
empreendedor será aceita pelo mercado e se a mesma possui, no serviço ou
produto lançado, o diferencial que atenda o gosto dos consumidores. O
empreendedor deve estar atento à diferenciação e originalidade apresentada pelo
produto/serviço a ser oferecido bem como à necessidade de integração das
atividades de gestão, publicitárias ou promocionais. Cabe, também , ao
41
empreendedor ter domínio sobre os aspectos de produtos, preço, praça e
promoção (os chamados 4P´s de Marketing).
h) Vender: é a atividade crítica que consiste em efetuar vendas, não de produtos
e/ou serviços, mas também da venda constante da imagem da sua empresa e de
suas habilidades para investidores, clientes potenciais, empregados, gerentes de
instituições financeiras e fornecedores ou parceiros. O empreendedor precisa
exercer a atividade de venda com sensibilidade e flexibilidade, levando em
consideração as características das pessoas e do ambiente. O envolvimento do
empreendedor com o cliente facilitará que se tome conhecimento das
expectativas e necessidades deste, assim como o processo de tomada de decisão.
i) Cercar-se: é a atividade de atrair pessoas competentes, entendidas como aquelas
que complementem seus conhecimentos e experiências. O empreendedor deve
também cuidar da inserção das pessoas na empresa, bem como do seu
relacionamento com elas e entre elas. Além disso, deve apresentar a capacidade
de discernimento e julgamento visando harmonizar as tarefas que serão
cumpridas e as pessoas encarregadas de cumpri-las, através de um processo de
comunicação eficiente que propicie a confiança dos colaboradores internos e
externos. O empreendedor deve ser o líder do pessoal e o agente responsável
para manter a motivação dos mesmos.
j) Delegar: consiste em definir quais as tarefas que deverá executar e quais as que
devem ser feitas por colaboradores internos ou externos; deve, também, decidir,
através do planejamento, a quem recorrerá em diferentes tipos de situações. Para
isso, deverá ser hábil em manter ao redor de si uma equipe de pessoas
competentes, responsáveis por fazer as coisas acontecerem. O empreendedor
precisa aprender a administrar e a mandar fazer, seja delegando ou terceirizando.
Um segundo autor que pesquisa características empreendedoras é José Carlos
Assis Dornelas. Ele foi o primeiro professor visitante brasileiro no Babson College
(EUA), considerada uma das melhores escolas de ensino de empreendedorismo no
mundo,
Na tentativa de diferenciar o empreendedor do administrador, Dornelas (2005
p.32) coloca que o empreendedor de sucesso possui, além dos atributos do
administrador convencional, características extras e [...] alguns atributos pessoais que,
42
somados a características sociológicas e ambientais, permitem o nascimento de uma
nova empresa. A partir da análise de autores clássicos na área de administração que
escrevem sobre o papel e as funções do administrador, tais como Mintzberg e Stewart, o
autor conclui que [...] o empreendedor é um administrador, mas com diferenças
consideráveis em relação aos gerentes e executivos tradicionais, pois os
empreendedores são mais visionários que os gerentes. (DORNELAS, 2005, p.32).
Desse modo, entre as características específicas dos empreendedores de sucesso,
Dornelas (2005, p. 33) elege as 16 seguintes: são visionários; sabem tomar decisões; são
indivíduos que fazem a diferença; sabem explorar ao máximo as oportunidades; são
determinados e dinâmicos; são dedicados; são otimistas e apaixonados pelo que fazem;
são independentes e constroem o próprio destino; ficam ricos
2
; são líderes e formadores
de equipe; são bem relacionados (Networking); são organizados; planejam, planejam e
planejam; possuem conhecimento; assumem riscos calculados; criam valor , para a
sociedade.
Abaixo, apresenta-se um resumo dos principais elementos de cada uma das
características listadas por Dornelas (2005):
a) São visionários: significa tanto conseguir prever como será o futuro para os seus
negócios e sua vida quanto implementar seus sonhos.
b) Sabem tomar decisões: refere-se a demonstrar segurança para tomar decisões
corretas na hora certa e implementá-las.
c) São indivíduos que fazem a diferença: remete ao indivíduo realizador, aquele
que transforma idéias em produtos ou serviços, agregando valor.
d) Sabem explorar ao máximo as oportunidades: significa ter ou identificar boas
idéias e ser capaz de transformá-las em um negócio, de criar e influenciar
mercados.
e) São determinados e dinâmicos: refere-se à capacidade de vencer adversidades e
ultrapassar obstáculos no sentido de alcançar os objetivos propostos.
f) São dedicados: significa ter um grande comprometimento com o seu negócio ou
objetivo.
2
Em obra anterior, Dornelas (2003) não identificava essa característica. Apesar de ser pouco apresentada por outros
autores, mantém-se aqui a última versão das categorias citadas por Dornelas.
43
g) São otimistas e apaixonados pelo que fazem: significa ter adoração e amor ao
trabalho que realizam, fazendo com que geralmente empreendedores de sucesso
sejam grandes entusiastas com suas idéias e seu negócio.
h) São independentes e constroem o próprio destino: significa ter desejo de criar
algo novo mas, também, a intenção de ser não ser empregado ou subordinado e
ser o seu próprio patrão, gerando empregos.
i) Ficam ricos: normalmente é visto como uma conseqüência do sucesso dos
negócios.
j) São deres e formadores de equipes: significa saber valorizar, estimular e
recompensar seus colaboradores, formando equipes com pessoas competentes
que trabalham em torno de objetivos comuns.
k) São bem relacionados (Networking): significa ter a habilidade de construir e
manter uma ampla rede de colaboradores para auxiliá-los em diferentes
contextos e situações, dentro e fora da empresa.
l) São organizados, ou seja, conseguem distribuir de modo estruturado os meios de
que a empresa dispõe (seus diferentes recursos) para que ela tenha um bom
desempenho.
m) Planejam, planejam e planejam: corresponde à capacidade de estabelecer
detalhadamente as etapas, os recursos e as estratégias necessárias para a
efetivação e alcance dos objetivos formulados no seu negócio.
n) Possuem conhecimento: envolve ter domínio da área na qual atua e manter-se
atualizado no que se refere a informações sobre o seu negócio.
o) Assumem riscos calculados: encaram desafios, porém identificando possíveis
dificuldades e ameaças, avaliando as reais chances de sucesso.
p) Criam valor para a sociedade: refere-se ao uso da criatividade empreendedora
para soluções que além de melhorarem a vida das pessoas, geram empregos e
dinamizam a economia de cidades, estados e países.
É importante destacar que Dornelas (2005, p.70), ao identificar as características
comuns positivos na criação e aos empreendedores, considera que empreendedores [...]
não são apenas aqueles que têm idéias, criam novos produtos ou processos. São também
aqueles que implementam, lideram equipes e vendem suas idéias, ao adotarem um
conceito mais amplo do que é ser empreendedor.
44
O terceiro autor apresentado é David McClelland, psicólogo da Universidade de
Harvard, que na década de 1960, listou 42 diferentes características dos empreendedores
bem sucedidos. McClelland (1987) identificou nos empreendedores de sucesso um
elemento psicológico crítico, denominado por ele de motivação da realização ou
impulso para melhorar. A partir dessa descoberta, McClelland desenvolve o
treinamento da motivação para a realização, cuja finalidade seria desenvolver
(melhorar) e tornar esse impulso aplicável em situações práticas.
Com o objetivo de criar meios mais eficazes para a seleção e o desenvolvimento
da capacidade empreendedora, a USAID (Agência para o Desenvolvimento
Internacional dos Estados Unidos), a Consultoria Management Systems International
(MSI) e a empresa de consultoria McBeer & Company, de McClelland, iniciaram, em
1982, um projeto para estudos mais abrangentes do comportamento , onde o conceito de
motivação da realização aplicado em mais de 40 países até o final da década de 70,
apresentou resultados positivos na criação e desenvolvimento de negócios.
O projeto começou por um estudo em 34 países, a partir do qual se buscava
identificar as características comuns de comportamento dos empreendedores de sucesso;
na etapa seguinte, foram realizados instrumentos de seleção e treinamento, que
promoveram o desenvolvimento de algumas características apuradas na pesquisa. A
configuração definitiva do programa foi lançada oficialmente pela Organização das
Nações Unidas (ONU) em 1988, na Argentina, sendo em seguida aplicado no Chile,
Uruguai, Venezuela, Gana, Nigéria, Zimbábue e , a partir de 1990 , no Brasil, com bons
resultados, através de convênio do SEBRAE com a ONU.
Um dos aspectos importantes dos trabalhos de McClelland (1987) consiste em sua
abordagem das características das pessoas bem sucedidas. Ele coloca que habilidades
específicas da área, chamadas habilidades técnicas (por exemplo, marketing e finanças),
são fundamentais. Entretanto, ressalta que as características comportamentais é que
fazem a diferença e podem ser desenvolvidas também.
A partir dessas idéias, McClelland (1987) identificou dez principais
comportamentos do empreendedor de sucesso. Para ele, as características
comportamentais que os empreendedores devem apresentar ou precisam desenvolver ou
aprimorar são agrupadas em três conjuntos distintos: realização, planejamento e poder.
O conjunto da realização compreende:
45
Busca de oportunidade e iniciativa: aproveita oportunidades fora do comum para
começar um negócio novo, obter financiamentos, equipamentos, local de trabalho ou
assistência. É curioso e está sempre atento a qualquer oportunidade de conhecer um
empreendimento, é o indivíduo que realiza as atividades antes de solicitado ou forçado
pelas circunstâncias.
Persistência: é o comportamento que faz o empreendedor se movimentar diante de
um obstáculo significativo, buscando alternativas, agindo diante de dificuldades
relevantes, insistindo ou mudando de estratégia com a finalidade de enfrentar os
desafios. A persistência é a energia que faz o empreendedor trabalhar duro para atingir
seus objetivos.
Correr riscos calculados: analisa as alternativas e calcula riscos cuidadosamente,
agindo para diminuir tais riscos ou controlar resultados .Busca situações que implicam
desafios ou riscos moderados , porém, não aceita depender da sorte ou estar submetido a
fatores externos que não possa controlar.
Exigência de qualidade e eficiência: constantemente busca maneiras de realizar
tarefas com maior rapidez, menor custo e maior qualidade, experimentando soluções de
forma a realizar coisas que satisfaçam ou excedam os padrões de excelência.
Comprometimento: é o sacrifício e o esforço pessoal despendido para alcançar
seus objetivos e aceitar as responsabilidades pelas falhas no cumprimento de uma tarefa,
colabora com os seus empregados ou assumir o lugar dos mesmos para completar a
tarefa.
O conjunto de planejamento abrange:
a) Busca de informação: procura informações de clientes, fornecedores e
concorrentes, investiga como fabricar um produto ou fornecer um serviço, busca
informações para fundamentar e possibilitar a elaboração de estratégias
racionais, com boas chances de êxito.
b) Estabelecimento de metas: o empreendedor define objetivos e metas desafiantes
e com significado pessoal, cria objetivos e metas de longo prazo, claros e
específicos, estabelece objetivos e metas de curto prazo mensuráveis.
c) Planejamento e monitoramento sistemáticos: busca informações e atualiza
constantemente fontes de feedback que lhe permitam avaliar criticamente as
conseqüências das próprias ações.
46
E o conjunto de poder compreende:
Persuasão e redes de contato: faz uso de estratégias pró-ativas para influenciar ou
persuadir terceiros, utiliza-se de pessoas influentes como meio de alcançar seus
objetivos, age para desenvolver e manter um bom relacionamento comercial.
Independência e autoconfiança: mostra-se confiante na sua própria capacidade de
completar uma tarefa difícil ou de enfrentar um desafio, gosta de ser um elemento de
grande influência, já que busca o controle sobre os fatores que determinam os resultados
de uma ação.
47
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A partir da revisão da literatura que embasou a fundamentação teórico-empírica
referente ao objeto deste estudo, buscou-se resposta para o seguinte problema de
pesquisa: Que características empreendedoras estão presentes, e com que
intensidade, na atuação profissional dos ex-alunos do curso de graduação em
administração na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC na percepção
da respectiva chefia?
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA.
A natureza da pesquisa configurou-se como predominantemente qualitativa. Os
métodos qualitativos de pesquisa apresentam características próprias inseridas em
paradigmas que reconhecem a subjetividade nas interações humanas, a diversidade e a
complexidade dos fenômenos sociais, o que requer uma gama de possibilidades de
métodos que possa dar conta de descrever, compreender e interpretar essa realidade,
tendo em vista a especificidade do problema em estudo. A pesquisa qualitativa é
compatível com a apreensão do fenômeno a ser investigado, uma vez que essa
abordagem pressupõe a verificação de múltiplos fatores de um mesmo campo de estudo,
sobre características empreendedoras na percepção dos superiores (TRIVIÑOS, 1987).
Dessa forma, a abordagem qualitativa, para esse estudo, permitiu contextualizar as
características empreendedoras em níveis mais abrangentes e, assim, elucida se os ex-
alunos do curso de administração apresentam características empreendedoras ao
desempenhar suas funções.
A pesquisa qualitativa ocupa um reconhecido lugar entre as várias possibilidades
de se estudar fenômenos que envolvem os seres humanos e suas intrincadas relações
sociais estabelecidas em diversos ambientes (GODOY, 1995). Ela se preocupa com o
nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, trabalha com o universo de
significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um
espaço mais profundo das relações dos processos que não podem ser reduzidos à
medição de variáveis quantitativas.
Ao considerarmos os objetivos do presente estudo, a pesquisa caracterizou-se
como:
48
Pesquisa de campo, tendo em vista que foi realizado com superiores de
empresas onde trabalham os ex-alunos do curso de administração da
Universidade Federal de Santa Catarina. Segundo Godoy (1995) a pesquisa de
campo caracteriza-se pela investigação empírica onde ocorre ou ocorreu um
fenômeno, ou que dispõe de elementos para explicá-lo.
Pesquisa descritiva em função de que expõem características de determinada
população, ou de determinado fenômeno, estabelecendo correlações entre
variáveis (VERGARA, 1997). A investigação deste estudo teve como objeto
verificar junto aos superiores dos ex-alunos se eles apresentam características de
empreendedores no desenvolvimento de suas atividades profissionais.
Pesquisa multicasos, pois, procurou identificar, junto aos superiores de empresas
privadas e públicas se as características empreendedoras definidas para este
estudo estão presentes na atuação dos ex-alunos do curso de administração da
UFSC, formados no período de 2000 a 2004. Segundo Triviños (1987), este tipo
de pesquisa possibilita estudar duas ou mais entidades sem a preocupação de
comparar entre si os resultados obtidos de cada uma delas. O estudo do tipo
multicasos amplia a validade externa de um estudo de caso simples,
possibilitando assim uma visão mais abrangente do estudo.
3.2 ETAPAS DA PESQUISA: CARACTERÍSTICAS DE ANÁLISE DEFINIDAS
PARA ESTE ESTUDO.
Após a argumentação e discussão teórica dos três principais autores sobre
características do empreendedor, observa-se que é possível identificar algumas
semelhanças e diferenças entre os autores, sendo que algumas características citadas por
um autor, abrangem mais de uma de outro autor, além da diferença na terminologia
utilizada por cada um deles. Por exemplo, o que Filion (2000) chama de atividades
críticas (identificar oportunidades de negócios), McClelland (1987) chama de
comportamento empreendedor (busca de oportunidade e iniciativa) e Dornelas (2005)
chama de características comuns aos empreendedores (sabem explorar ao máximo as
oportunidades).
49
Assim, como não existe uma única terminologia utilizada para o estudo do
comportamento do empreendedor, cabe a cada pesquisador a interpretação e escolha da
terminologia a ser utilizada na sua pesquisa. Deste modo, optou-se por utilizar, neste
estudo, o termo características para representar qualquer aspecto que identifique melhor
o perfil do empreendedor, suas motivações e o que o leva a agir, bem como as razões do
seu sucesso.
Pretende-se aqui, em síntese, conhecer se o que é citado pela teoria como fatores
que exercem influência no comportamento do empreendedor pode ser encontrado na
prática diária de um grupo de administradores formados pela UFSC, a partir de seus
superiores imediatos.
A partir da análise das contribuições dos autores Filion (2000), Dornelas (20005) e
McClelland (1987), identificaram-se seis categorias de comportamento dos alunos, que
serão observadas, e posteriormente analisadas, para fins desse estudo, quais sejam:
I. Visão e Capacidade de sonhar;
II. Senso de oportunidade;
III. Tomar decisões, Iniciativa e Liderança;
IV. Criatividade e Inovação;
V. Relacionamentos (Redes e Equipes);
VI. Comprometimento.
Tais características foram selecionadas pela freqüência com que aparecem citadas,
tanto pelos autores escolhidos para embasar esta pesquisa, quanto pelos demais autores
consultados.
I. Visão e Capacidade de sonhar:
Chega-se a esta alternativa a partir do que Filion (2000) chama de conceber
visões, Dornelas (2005) chama de visionários e Mc Clelland (1987) chama de
estabelecimento de metas.
O empreendedor, visualiza com freqüência cenários diversos e pensa em
alternativas que respondem à idéia / ao formato de seu empreendimento. Esta
capacidade de gerar idéias, possibilita a solução de problemas e possibilita a produção
de bens e serviços que atendem necessidades individuais e/ou coletivas. A factibilidade
do sonho e a definição clara do mesmo representam um grande passo para o sucesso.
50
FIGURA 01: Característica I : Visão e capacidade de sonhar
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005) e Mc Clelland (1987)
II. Senso de oportunidade:
Já esta característica foi sistematizada a partir de que Filion (2000) chamou de
Conceber visões; o que Dornelas (2005) chamou de Ser visionário e o que Mc Clelland
(1987) chamou de estabelecer metas, consiste em identificar oportunidades no mercado
e transformá-las em bens e/ou serviços de sucesso, ou seja, que atendem a uma
necessidade de um grupo de pessoas e portanto são aceitos / demandados pelo mesmo.
Tais oportunidades podem se manifestar, por exemplo, pelo reconhecimento de
necessidades, deficiências, carências, tendências, mudanças de legislação, mudanças de
hábitos, etc. O empreendedor tem, em geral, uma atenção especial aos problemas do
dia-a-dia pois aí identifica oportunidades de novos negócios. A curiosidade e a
capacidade de observar as ocorrências do dia-a-dia podem conduzir a concepção de um
bem e/ou serviço inovador ou ser a efetivação de um novo negócio.
FIGURA 02: Característica II: Senso de Oportunidade
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005) e Mc Clelland (1987)
FILION: Conceber visões
DORNELAS: Ser visionário
MC CLELLAND:
Estabelecer metas
VISÃO E
CAPACIDADE DE
SONHAR
FILION: Identificar oportunidades de
negócio
DORNELAS: Saber explorar ao máximo
as oportunidades
MC CLELLAND: Buscar oportunidades
e iniciativas
SENSO DE
OPORTUNIDADE
51
III. Tomar decisões, Iniciativa e Liderança:
No caso dessa característica os pontos de partida foram conceitos de Filion (2000)
Tomar decisões; de Dornelas (2005) Saber tomar decisões; Ser líder e formador de
equipes; Assumir riscos calculados; e de Mc Clelland (1987) Planejar e monitor
sistemático; Ser independente e ter autoconfiança indica que normalmente o
empreendedor conta com uma dose extra de coragem e ousadia para tomar decisões pois
tal processo implica em identificar, através da análise de informações estruturadas,
alternativas possíveis para o seu negócio, tentando prever, também, quais serão os
possíveis resultados a serem obtidos em cada uma das escolhas. Cabe lembrar que um
empreendedor conhece a importância de dividir a responsabilidade da tomada de
decisão com a sua equipe e também a necessidade de a mesma ser ouvida. O
empreendedor deve sempre tomar a iniciativa de decidir.
FIGURA 03: Característica III: Tomada de decisão, iniciativa e liderança
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005) e Mc Clelland (1987)
IV. Criatividade e Inovação
No caso desta característica, partiu-se dos conceitos de Filion (2000) Conceber visões; Dornelas
(2005) Criar valor para sociedade. Nesta caso específico, dada a riqueza das contribuições de
outros autores, buscou-se subsídios nos trabalhos de Birley, Muzika (2001) Alcançar visão;
Shumpeter (1959) Criar novas formas de organização, produtos e serviços; Bom Ângelo (2003)
Gerar melhores produtos com menores preços; Morris, Kurartko (2002) Criar algo novo onde
não havia nada antes,
que para esse estudo refere-se à capacidade do empreendedor em
inventar novos produtos e/ou serviços ou de introduzir melhorias em produtos e/ou
serviços existentes. Sempre existe uma melhor forma de se fazer a mesma coisa e
FILION
:
Tomar decisões
DORNELAS: Saber tomar decisões; Ser
l
íder e formador de equipes; Assumir
riscos calculados
.
Mc CLELLAND: Planejar e monitor
sistem
ático; Ser independente e ter
autoconfiança.
TOMAR DECISÕES,
INICIATIVA E
LIDERANÇA.
52
muitas vezes pequenos detalhes, quando acrescentados ou suprimidos em produtos ou
serviços, podem trazer bons resultados para a empresa, seus clientes, empregados,
acionistas e sociedade em geral. Alterar, acrescentar, redesenhar, buscar novas
utilizações para um mesmo produto e/ou serviço, encontrar novos mercados e clientes,
isto é, buscar melhorias continuamente, pode exigir criatividade e inovação.
.
FIGURA 04: Característica IV: Criatividade e Inovação
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005), Birley e Muzyka, (2001),
Schumpeter (1959), Bom Ângelo (2003), Morris e Kurartko (apud DORNELAS, 2002).
Encontram-se na bibliografia outros autores que destacam a importância da
criatividade no estudo do empreendedorismo.
Sue Birley e Daniel Muzyka, (2001, p.xv) quando falam em processo
empreendedor, iniciam com a citação de que a criação de uma oportunidade geralmente
não ocorre da noite para o dia e explicitam que o estudo da capacidade empreendedora
é o estudo do processo por meio do qual ocorre a validação e criação de um conceito
de negócio e estratégia que ajudem a alcançar esta visão.
Segundo Bom Ângelo (2003, p. 26) os empreendedores entre algumas
características são criativos e comprometidos com a inovação.
O estudioso que defendeu o processo criativo no empreendedorismo com maior
ênfase foi Joseph Schumpeter (1959, p.111) para quem o empreendedor é aquele que
FILION
:
Conceber visões
DORNELAS:
Criar valor para sociedade
BOM ANGELO: Gerar melhores
produtos com menores pre
ços.
CRIATIVIDADE
E INOVAÇÃO
BIRLEY, MUZIKA
:
Alca
nçar visão.
SHUMPETER: Criar novas formas de
organiza
ção, produtos e serviços.
MORRIS, KURARTKO: Criar algo
novo onde n
ão havia nada antes.
53
destrói a ordem econômica existente por meio da introdução de novos produtos e
serviços, pela criação de novas formas de organização ou pela exploração de novos
recursos materiais.
Os estudos de Schumpeter (1959) contribuíram em muito para a teoria e a prática
do empreendedorismo sendo que no conceito em questão está implícito o processo de
destruição criativa entendido como o impulso fundamental que aciona e que põe em
marcha o motor capitalista, cria melhores produtos, novos mercados e oferece
alternativas aos métodos menos eficientes e mais caros (SCHUMPETER, 1959, p.113).
A lógica de tal raciocínio está bem citada por Bom Ângelo (2003, p.27) a
criatividade, permite sempre a geração de um produto melhor e mais barato.
Morris e Kurartko (apud DORNELAS, 2002, p.30) expressam que os
empreendedores criem algo novo onde não havia nada antes.
Percebe-se que, há várias ligações na bibliografia relacionado à criatividade e ao
empreendedorismo, motivo suficiente para o estudo de tal característica.
V. Relacionamentos (Redes e Equipes):
Para essa característica, utilizaram de Filion (2000) Delegar; Cercar-se
,
de
Dornelas (2005) Ser bem relacionado e de Mc Clelland (1987) Persuadir e redes de
contato. Qualquer empreendedor sabe a importância que uma boa rede de contatos pode
ter para o sucesso do seu empreendimento. Tal rede pode abranger diferentes tipos de
agentes, tais como clientes / usuários, colaboradores internos, fornecedores, acionistas,
parceiros, patrões, membros de associações de classe, concorrentes, especialistas na
mesma área de atuação, ente outros. Relacionamentos confiáveis demandam tempo para
frutificarem. Imagina-se que quanto mais emoção o empreendedor colocar neles, mais
cumplicidade ele terá.
FIGURA 05: Característica V: Relacionamentos (Redes e Equipes)
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005) e Mc Clelland (1987).
FILION
:
Delegar; Cercar
-
se.
DORNELAS:
S
er bem relacionado.
MC CLELLAND: Persuadir, e
redes contato.
RELACIONAMENTOS,
(REDES E EQUIPES)
54
VI. Comprometimento:
Para a construção dessa característica as contribuições dos autores escolhidos
forma: Dornelas (2005) Ser determinado e dinâmico; Ser dedicado; Ser otimista e
apaixonado pelo que faz; Criar valor para a sociedade. Mc Clelland (1987) Ter
comprometimento.
É comum que os empreendedores tenham uma grande paixão pelo seu negócio.
Isso decorre em muito de fazerem o que gostam e investirem muito do seu tempo,
esforço pessoal, inteligência e vontade em seus negócios, o que torna a tarefa mais leve
e prazerosa. Assim, empreendedores de sucesso adotam, muito freqüentemente, uma
postura pró-ativa, energizada e vencedora de obstáculos. A paixão pode resultar também
em uma maior concentração naquilo que está se fazendo, o que evita alguns desvios
prejudiciais aos objetivos que pretende se alcançar.
FIGURA 06: Característica VI Comprometimento
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Dornelas (2005) e Mc Clelland (1987)
Portanto, a elaboração da dissertação seguiu as etapas descritas no fluxograma
apresentado na figura a seguir.
DORNELAS: Ser deter
minado e
dinâmico; Ser dedicado; Ser otimista
e apaixonado pelo que faz; Criar
valor para a sociedade.
MC CLELLAND: Ter
comprometimento
COMPROMETIMENTO
55
FIGURA 07: Fluxograma das etapas do desenvolvimento da dissertação
Fonte: adaptado de Quivy & Campenhoudt, 1992.
A figura a seguir apresenta a estrutura básica adotada para a definição das
características empreendedoras definidas para o referido estudo.
Etapa 1
Tema e problema
Etapa 2
Pergunta de pesquisa
e
objetivos
Etapa 3
Levantamento na literatura
Etapa 4
Definição das características do empreendedor
Etapa 5
Elaboração do questionário, pesquisa de campo.
Etapa 6
Aná
lise das informações
Etapa 7
conclusões
56
FIGURA 08: Fluxograma das etapas de formulação das características empreendedoras.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005) e Mc Clelland (1987)
Consolidando as idéias dos fluxogramas elaborados, (FIGURAS 07 e 08), associadas às
características resgatadas do referencial teórico e identificadas nas figuras de 01 a 06,
torna-se possível, com base em Filion (2000), Dornelas (2005), Mc Clelland (1987),
Birley e Muzyka, (2001), Schumpeter (1959), Bom Ângelo (2003) e Morris e Kurartko
PROBLEMA DE PESQUISA
FILION
ATIVIDADES CRÍTICAS
Identificar oportunidades de negócio;
Conceber vis
ões;
Tomar decis
ões;
Realizar vis
ões;
Fazer o equipamento funcionar;
Comprar;
Colocar no mercado;
Vender;
Cercar-se;
Delegar.
DORNELAS
CARACTERISTICAS EMPREENDEDORAS
Visionários;
Sabem tomar decis
ões;
Fazem a diferen
ça;
Sabem explorar ao m
áximo as oportunidades;
S
ão determinados e dinâmicos;
S
ão dedicados; São otimistas e apaixonados pelo que
fazem;
S
ão independentes e constroem o próprio destino;
Ficam ricos;
S
ão líderes e formadores de equipe;
S
ão bem relacionados (Networking);
S
ão organizados;
Planejam;
Possuem conhecimento;
Assumem riscos calculados;
Criam valor para a sociedade.
MCCLELLAND
CARACTERISTICAS COMPORTAMENTAIS
Busca de oportunidade e iniciativa;
Persist
ência;
Correr riscos calculados;
Exig
ência de qualidade e eficiência;
Comprometimento;
Busca de informa
ção;
Estabelecimento de metas;
Planejamento e monitoramento sistem
ático;
Persuas
ão e redes de contato;
Independ
ência e autoconfiança.
CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS
57
(apud DORNELAS, 2005), definir as principais características empreendedoras e seus
respectivos indicadores. Estas características estão identificadas na figura a seguir.
FIGURA 09: As características empreendedoras e seus respectivos indicadores.
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Filion (2000), Dornelas (2005), Birley e Muzyka, (2001),
Schumpeter (1959), Bom Ângelo (2003), Morris e Kurartko (apud DORNELAS, 2005).
Feita a composição, o pesquisador foi verificar, junto aos superiores selecionados
para pesquisa, se os graduados do curso de administração da UFSC demonstravam
aquelas características no desempenho de suas atividades profissionais.
CARACTERÍSTICAS
INDICADORES
Visão e capacidade de sonhar
Senso de oportunidade
Tomar decisões,
iniciativa e liderança
Criativi
dade e inovação
Relacionamentos (redes e
equipes)
Comprometimento
Reconhecer novos cenários, apresentar novas idéias,
encontrar espaços, procurar novos horizontes, ter visão de
futuro, estabelecer metas e objetivos, planejar carreira
Apresentar idéias
, manifestar interesse, estar atento às
necessidades, estar atento aos problemas, conquistar novos
espaços, melhorar desempenho, defender idéias.
Calcular e assumir riscos, assumir responsabilidade, reso
lver
problemas, saber o momento de agir, julgar e ponderar,
reduzir riscos, ter segurança para tomar decisões, reconhecer
limitações pessoais.
Simplificar rotinas, sugerir soluções para problemas
incomuns, buscar soluções para problemas antigos, fazer
coisas novas, adaptar-se as mudanças, mostrar-
se receptivo,
lidar com inovações.
Agir de forma social, atrair pessoas, agir como facilitador,
manter a motivação, estimular a cooperação, incentivar o
melhor desempenho, reconhecer competências, escutar
colegas, agir de forma cordial.
Estar comprometido com os objetivos, emitir energia
positiva, persistir no alcance de objetivos, trabalhar com
determinação, demonstrar preocupações éticas, demonstrar
entusiasmo.
58
A delimitação dos indicadores, com base no referencial teórico, teve como
objetivo, realizar a definição do próprio questionário utilizado na pesquisa de campo.
Este questionário, por sua vez, foi elaborado com base nos indicadores que revelam as
características empreendedoras representadas na figura acima (FIGURA 09).
3.3 DELIMITAÇÃO DA POPULAÇÃO E DA AMOSTRA
Como o objetivo desse estudo foi o de conhecer as características empreendedoras
presentes na atuação profissional dos ex-alunos do Curso de Graduação em
Administração da Universidade Federal de Santa Catarina, partiu-se, inicialmente, de
um banco de dados elaborado pela Ação Júnior da UFSC, onde constam dados de
administradores formados entre 2000 e 2004
3
.
O banco de dados apresenta informações disponíveis de 103 formados (56 homens
e 47 mulheres), sendo que 59 trabalhavam em empresas privadas, 23 em empresas
públicas e 21 não trabalhavam. Dessa forma restaram 82 administradores que
interessavam à amostra.
Com eles foi feito contato por e-mail ou telefone, no intuito de identificar
interessados em participar dessa pesquisa que envolvia, necessariamente, dois
respondentes por caso: o próprio administrador formado na UFSC e seu superior. A
princípio, obtiveram-se 45 respostas positivas mas que, ao final, resultaram em 42
participações efetivas, sendo 28 de empresas privadas e 18 de empresas públicas.
A partir disso, foi definida a amostra com base nos critérios de acessibilidade,
intencionalidade e tipicidade. O critério da acessibilidade representa a possibilidade de
contato do pesquisador junto aos informantes dessas empresas (ex-alunos e suas
chefias). A intencionalidade significa o interesse do pesquisador em estudar empresas
públicas e privadas. Por fim, justifica-se a tipicidade por se considerar estes informantes
pessoas importantes por deterem conhecimento sobre o tema (VERGARA, 1997).
3
Esse banco de dados foi elaborado pela Ação Júnior com o objetivo de cadastrar todos os alunos
formados no Curso de Administração da UFSC ao longo de seu historia. Contudo, como a resposta dos
questionários para a sua elaboração foi voluntária, a base de dados não contém informações sobre todos
os alunos..
59
3.4 PLANO DE COLETA, TRATAMENTO E ANÁLISE DOS DADOS.
Neste item apresentam-se os tipos de dados utilizados na pesquisa e as técnicas
usadas para a coleta e análise dos mesmos no contexto da pesquisa.
3.4.1 Tipos de dados
Os dados utilizados nesta pesquisa foram oriundos de fontes primárias e
secundárias. Os dados primários foram obtidos pelo pesquisador, utilizando-se de
questionários estruturados que, segundo Richardson (1986), procuram saber o que,
como e por que algo ocorre, e de determinar a freqüência de certas ocorrências nas quais
o pesquisador acredita. Tais questionários foram aplicados nos meses de março e abril
de 2006.
Os dados secundários encontravam-se disponíveis em documentos fornecidos e
registros existentes nos órgão consultados (relação de formados no período de 2000 a
2004, fornecida pela coordenadoria do curso de administração da UFSC; relação dos
administradores formados pela UFSC e registrados no Conselho Regional de
Administração de Santa Catarina, fornecido pelo CRA; Cadastro dos alunos formados
em Administração pela UFSC, fornecido pela Ação Junior da UFSC); consistindo a
tarefa do pesquisador em análise documental, a qual é entendida, por Richardson
(1986), como uma observação que tem como objeto não os fenômenos sociais, quando e
como se produzem, mas manifestações que registram estes fenômenos e as idéias
elaboradas a partir delas.
Os dados secundários são aqueles não coletados primariamente pelo pesquisador e
que possuem outros propósitos além de atender às necessidades específicas da pesquisa
em andamento, estando catalogados e à disposição dos interessados.
3.4.2 Técnicas de tratamento e análise dos dados.
O tratamento dos dados foi realizado em quatro etapas, por meio de ferramentas
que são geralmente utilizadas para a criação de um Sistema de Apoio à Decisão - SAD.
Na primeira etapa, realizou-se a entrada dos dados, previamente formatados, em
planilhas Microsoft Excel.
60
Na segunda etapa foi criado um banco de dados no Microsoft SQL Server, para
onde os dados foram importados.
Na terceira etapa foi criado um cubo, utilizando a ferramenta Microsoft Analysis
Service, de forma a permitir todo o cruzamento dos dados obtidos.
As dimensões que foram criadas no cubo, e que podem ser utilizadas na análise
referem-se a dados do respondente e dados do avaliado.
Dados do Respondente: Nome; Nome da empresa; Cargo/função tempo de
serviço; Escolaridade; Tempo em que é chefe do avaliado; Sexo;
Dados do Avaliado: Nome; Ano de graduação; Sexo; Cargo/função e Tempo de
serviço.
As medidas que foram criadas no cubo, e que foram utilizadas na análise são:
Quantidade de Pontos;
Média de Pontos;
Quantidade de Empresas;
Quantidade de Avaliados.
Na quarta etapa foram gerados relatórios, por meio do Microsoft Excel, o que
permitiu a análise dos dados, cruzados das mais variadas formas possíveis.
Os dados coletados por meio de questionário, foram processados e analisados
seqüencialmente, cumprindo-se as seguintes etapas:
Tabulação de dados;
Processamento dos dados;
Análise dos dados sob a ótica, predominantemente, descritivo-qualitativa.
3.4.3 Limitações da pesquisa
Considerando-se algumas limitações de trabalhos que utilizam a pesquisa
empírica, citam-se a seguir as que foram consideradas as mais significativas em termos
de possíveis interferências em seus resultados:
Os dados foram obtidos com base na percepção dos informantes considerados
chaves por este pesquisador. Neste sentido, é possível que a percepção de alguns
destes, apresente determinadas peculiaridades, referentes a práticas avaliativas e pré-
concepções..
61
4 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS: CARACTERÍSTICAS
Neste capítulo são analisados os dados da pesquisa. As análises foram
desenvolvidas obedecendo a seguinte ordem: características por ordem de importância;
características por ordem de importância nas empresas privadas; características por
ordem de importância nas empresas públicas e características: comparação entre
empresas privadas e empresas públicas.
4.1 CARACTERÍSTICAS POR ORDEM DE IMPORTÂNCIA
Nesta seção são apresentadas as características empreendedoras que compuseram
a referida pesquisa e a ordem de importância atribuída a cada uma delas, aqui
apresentadas pela média obtida .
A média de cada característica é o resultado das médias dos indicadores que
compõem cada característica, dividida pelo número de indicadores.
A média dos indicadores é obtida pela soma dos pontos atribuídos ao indicador na
escala de 1 a 5, dividido pelo número de avaliações que é 42.
A média geral é obtida pelo somatório das médias para cada característica ,
dividido pelo número de características que é 6.
A apresentação foi feita em escala decrescente de média (da maior para a menor),
com pontos atribuídos de 1 a 5 para cada indicador.
TABELA 01: Característica por ordem de importância: geral
Característica por ordem de importância - geral Média
Comprometimento 4,39
Relacionamento (Redes e Equipes) 4,13
Senso e Oportunidade 4,07
Tomar decisão, Iniciativa e Liderança. 4,03
Visão e Capacidade de Sonhar 3,98
Criatividade e Inovação 3,86
Média geral 4,07
Fonte: Dados primários, 2006.
O gr
áfico a seguir ilustra com mais clareza o que foi exposto na tabela 01.
62
GRÁFICO 01:
Característica por ordem de importância: geral
3,5
3,6
3,7
3,8
3,9
4
4,1
4,2
4,3
4,4
4,5
Comportamento
Relacionamento
(Redes e
Equipes)
Senso de
oportunidade
Tomar
decisões,
Iniciativa e
Liderança
Visão e
Capacidede de
sonhar
Criatividade e
Inovação
Total
Fonte: Dados primários, 2006.
Observando a tabela e gráfico das características, percebe-se que a característica
Comprometimento, obteve a média mais alta, com pontuação de, 4,39 numa uma escala
de 1 a 5, o que pode ser considerado uma pontuação boa.
Já a característica Criatividade e Inovação foi aquela em que os avaliados
receberam as menores notas, o que fez com que a pontuação dia fosse de 3,86, o que
pode ser considerada uma pontuação regular. As demais características apresentaram as
seguintes pontuações: Relacionamento (redes e equipes) 4,13; Senso de oportunidade,
4,07; Tomar decisões, Iniciativa e Liderança, 4,03; Visão e Capacidade de Sonhar 3,98.
Pode-se concluir que os alunos de administração da UFSC, formados no período
de 2000 a 2004, na percepção de suas respectivas chefias, apresentaram uma média
geral de desempenho de 4,07 pontos nas características escolhidas para pesquisar ,o que
pode ser considerada uma boa pontuação, considerando-se a escala de 01 a 05.
4.1.2 Características por ordem de Importância: Empresa Privada
Nesta seção veremos por ordem de importância as características empreendedoras
de 28 ex-alunos que atuam em empresas privadas.
63
TABELA 02: Características nas empresas privadas.
Características Média
Comprometimento 4,40
Senso de Oportunidade 4,16
Relacionamento (Redes e Equipes) 4,16
Tomar decisões, Iniciativa e Liderança. 4,14
Visão e Capacidade de Sonhar 4,10
Criatividade e Inovação 4,03
Média geral 4,16
Fonte: Dados primários, 2006.
As características nas empresas privadas podem ser acompanhadas com mais
detalhes no gráfico 02.
GRÁFICO 02: Características nas empresas privadas.
3,8
3,9
4
4,1
4,2
4,3
4,4
4,5
Comportamento
Relacionamento
(Redes e
Equipes)
Senso de
oportunidade
Tomar
decisões,
Iniciativa e
Liderança
Visão e
Capacidede de
sonhar
Criatividade e
Inovação
Total
Fonte: Dados primários, 2006.
Ao analisar a tabela e o gráfico das características empreendedoras dos ex-alunos
que atuam em empresas privadas, verificou-se que a característica Comprometimento
foi a que mais se destacou, com uma pontuação media de 4.40, o que representa um
grau bom de desempenho.
A menor média de 3,97, foi a da característica Criatividade e inovação o que
expressa um grau regular de desempenho. As demais características empreendedoras
nas empresas privadas, apresentaram a seguinte pontuação dia: Senso de
oportunidade 4,16 ; Relacionamento (redes e equipes) 4,16; Tomar decisões, iniciativa
e liderança 4,14; Visão e capacidade de sonhar 4,03; sendo todos considerados graus
bons de desempenho.
64
4.1.3 Características por ordem de Importância - Empresa Pública
Nesta seção veremos por ordem de importância as características empreendedoras de 14
ex-alunos que atuam em empresas públicas.
TABELA 03: Características por ordem de Importância: Empresa Pública
Características Média
Comprometimento 4,35
Relacionamento (Redes e Equipes) 4,07
Senso e Oportunidade 3,89
Tomar decisões, Iniciativa e Liderança 3,82
Visão e Capacidade de Sonhar 3,74
Criatividade e Inovação 3,54
Média geral 3,89
Fonte: Dados primários, 2006.
No gráfico 03, podemos acompanhar a que foi exposto na tabela acima referente
as características por ordem de importância da empresa pública.
GRÁFICO 03: Características por ordem de Importância: Empresa Pública
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Comportamento
Relacionamento
(Redes e
Equipes)
Senso de
oportunidade
Tomar
decisões,
Iniciativa e
Liderança
Visão e
Capacidede de
sonhar
Criatividade e
Inovação
Total
Fonte: Dados primários, 2006.
Analisando a tabela e o gráfico das características empreendedoras dos ex-alunos
que atuam em empresas públicas verificou-se que a característica Comprometimento foi
a que mais se destacou, com uma pontuação media de 4,35 pontos, sendo considerado
um grau bom.
A menor m
édia de 3,54 pontos foi a da característica Criatividade e inovação, o
que expressa um desempenho regular. As demais características empreendedoras nas
empresas públicas, apresentaram a seguinte pontuação média: Relacionamento (redes e
equipes) 4,07, considerada boa e Senso de oportunidade 3,89; Tomar decisões.
65
iniciativa e liderança 3,82; Visão e capacidade de sonhar 3,54; podendo tais médias de
pontuação, serem consideradas como regulares.
4.1.4 Características: Comparação Empresa Privada X Empresa Pública
Nesta seção, apresentam-se, por ordem de importância as características
empreendedoras dos 42 ex- alunos que compõem esta pesquisa sendo que 28 ex-alunos
atuam em empresas privadas e 14 ex-alunos atuam em empresas públicas e as
respectivas médias de pontuações atribuídas pelos seus chefes respondentes.
TABELA 04: Características: Comparação Empresa Privada X Empresa Pública
Características Privada Pública Média
Comprometimento 4,40 4,35 4,39
Relacionamento (Redes e Equipes) 4,16 4,07 4,13
Senso e Oportunidade 4,16 3,89 4,07
Tomar decisões, Iniciativa e Liderança 4,14 3,82 4,03
Visão e Capacidade de Sonhar 4,10 3,74 3,98
Criatividade e Inovação 4,03 3,54 3,86
Média l geral 4,16 3,89 4,07
Fonte: Dados primários, 2006.
A comparação das características citadas na tabela 04, entre a empresa privada e
empresa pública, podem ser acompanhadas com mais clareza no gráfico a seguir.
GRÁFICO 04: Características: Comparação Empresa Privada X Empresa Pública
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
4,5
5
Comportamento
Relacionamento
(Redes e
Equipes)
Senso de
oportunidade
Tomar
decisões,
Iniciativa e
Liderança
Visão e
Capacidede de
sonhar
Criatividade e
Inovação
Privada
Pública
Fonte: Dados primários, 2006.
Analisando a tabela e o gráfico das características empreendedoras dos ex-
alunos que atuam em empresas privadas e públicas, percebe-se que a característica
66
Comprometimento foi a que mais se destacou em ambas, com uma pontuação dia de
4,38 sendo 4,42 nas empresas privadas e 4,30 nas empresas públicas, o que expressa um
desempenho considerado bom, pelos avaliadores em ambas as situações, porém
ligeiramente superior nas empresas privadas.
A característica que menos se destacou foi Criatividade e Inovação com
pontuação média de 3,8, sendo 3,97 nas empresas privadas e 3,52 nas empresas
públicas, o que expressa um desempenho em ambas e um pouco superior nas empresas
privadas.
As demais características analisadas apresentaram médias de pontuação maiores
nas empresas privadas em comparação com as empresas públicas, sendo mais
expressivas nas características Visão e capacidade de sonhar (4,10 x 3,74) e Tomar
decisões (4,02 x 3,90), e menos expressivas nas características Relacionamento (4,022 x
3,90) e Senso de Oportunidade (3,99 x 3,76).
4.2. ANÁLISE DAS CARACTERÍSITICAS E INDICADORES: EMPRESA
PRIVADA X EMPRESA PÚBLICA
Nesta seção é feita a análise das seis características pesquisadas com seus
respectivos indicadores, comparando os avaliados da empresa privada e os avaliados da
empresa pública.
4.2.1 Comprometimento: Empresa Privada x Empresa Pública.
A tabela abaixo apresenta a média das avaliações na empresa privada , na empresa
pública e a média geral de ambas, no tocante a característica Comprometimento.
67
TABELA 05: Comprometimento: Empresa Privada x Empresa Pública
Características Indicadores Privada Pública Média
Comprometimento
Demonstra preocupa
ções éticas com as
atividades da empresa
4,42 4,71 4,52
Realiza o seu trabalho com determinação 4,46 4,35 4,42
Demonstra entusiasmo com as atividades
da empresa
4,42 4,35 4,40
Tem um grande comprometimento com
os objetivos da empresa
4,46 4,21 4,38
Persiste no alcance dos seus objetivos 4,44 4,14 4,3
Emite energia positiva 4,21 4,35 4,26
Média Geral Média geral 4,40 4,35 4,39
Fonte: Dados primários, 2006.
O gráfico 05 ilustra com mais detalhes o que mostra a tabela acima, referente à
comparação do comprometimento da empresa privada com a empresa pública, com seus
respectivos indicadores.
GRÁFICO 05: Comprometimento: Empresa Privada x Empresa Pública
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
4,8
5
Demonstra
procupações
éticas com as
atividades da
empresa
Realiza o seu
trabalho com
determinação
Demonstra
entusiasmo com
as atividades da
empresa
Tem um grande
comprometimento
com os objetivos
da empresa
Persiste no
alcance dos seus
objetivos
Emite energia
positiva
Comprometimento
Privada
Pública
Fonte: Dados primários, 2006.
Ao analisar o gráfico e a tabela acima, percebe-se que o indicador que obteve a
maior média de pontos é, Demonstra preocupações éticas com as atividades da empresa;
com a média geral de 4,52, o que expressa um desempenho considerado bom na visão
dos avaliadores. .
Ao verificar a relação entre empresa pública e privada para o referido indicador
observa-se que a média é de 4,42 pontos nas empresas privadas e 4,71 pontos nas
empresas públicas, o que pode ser considerada ligeiramente favorável nas empresas
públicas.
68
Quanto ao indicador com a menor média de pontos é Emite energia positiva, com
4,26 pontos na média geral, o que pode ser considerada uma boa pontuação. Ao
verificar-se a relação entre empresas privada e pública para o referido indicador,
percebe-se que a média de 4,21 pontos nas empresas privadas e 4,35 pontos nas
empresas públicas, podendo ser considerada ligeiramente favorável nas empresas
públicas.
Já nos outros indicadores, tais como Realiza seu trabalho com determinação;
Demonstra entusiasmo com as atividades da empresa; Tem um grande
comprometimento com os objetivos da empresa e Persiste no alcance dos seus
objetivos, a média de avaliação é maior nas empresas privadas e nos indicadores
Demonstra preocupações éticas com as atividades da empresa e Emite energia positiva,
a média de avaliação é maior nas empresas públicas.
Conclui-se assim, pela análise de seus indicadores que a característica
Comprometimento com seus respectivos indicadores apresenta-se ligeiramente
favorável na empresa privada com média geral de 4.40 enquanto que na empresa
pública a média é de 4.35.
4.2.2 Relacionamento (Redes e Equipes): Empresa Privada x Empresa Pública
A tabela abaixo apresenta a média das avaliações nas empresas privadas, nas empresas
públicas e a média geral de ambas, no tocante à característica Relacionamento.
69
TABELA 06: Relacionamento (Redes e Equipes): Empresa Privada x Empresa Pública
Características Indicador Privada Pública Média
Relacionamento
(Redes e Equipes)
Age de forma cordial com os colegas de trabalho 4,42 4,64 4,50
Escuta os seus colegas de trabalho 4,35 4,35 4,35
Reconhece a competência profissional dos colegas 4,35 4,07 4,26
Consegue atrair pessoas competentes para
complementar seus conhecimentos e experiências 4,21 3,85 4,09
Age com imparcialidade ao lidar com quest
ões
profissionais e aspectos sociais da empresa 4,00 4,07 4,02
Age como facilitador do relacionamento, com e
entre as pessoas da empresa.
4,03 4,00 4,02
Contribui como agente respons
ável para manter a
motivação das pessoas 4,00 4,00 4,00
Incentiva os seus colegas para um melhor
desempenho 4,10 3,78 4,00
Estimula a cooperação e o espírito de equipe 3,96 3,85 3,92
Média Geral 4,16 4,07 4,13
Fonte: Dados primários, 2006.
O gr
áfico a seguir ilustra o que mostra a tabela 06, a comparação da característica,
Relacionamento (Redes e Equipes) entre empresas privadas com empresas pública, e seus
respectivos indicadores.
GRÁFICO 06: Relacionamento (Redes e Equipes): Empresa Privada x Empresa
Pública.
Fonte: Dados primários, 2006.
A característica Relacionamento (Redes e Equipes) é composta por 9 indicadores
que estão apresentados no gráfico e tabela acima. O indicador que mais se destacou na
média geral foi, Age de forma cordial com os colegas de trabalho e obteve a pontuação
média de 4,42 nas empresas privadas e 4,64 nas empresas públicas representando uma
boa pontuação e um pouco mais expressiva nas empresas públicas. O indicador que
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
4,8
5
Age com
imparcialidade
ao
lidar
com
questões
profissionais e
aspectos
sociais da
empresa
Age como
facilitador do
relacionamento,
com e entre as
pessoas da
empresa
Age de forma
cordial com os
colegas de
trabalho
Consegue atrair
pessoas
competentes
para
complementar
seus
conhecimentos
e experiências
Contribui como
agente
responsável
para manter a
motivação das
pessoas
Escuta os seus
colegas de
trabalho
Estimula a
cooperação e o
espírito de
equipe
Incentiva os
seus colegas
para um melhor
desempenho
Reconhece a
competência
profissional dos
colegas
Relacionamento (Redes e Equipes)
Privada
Pública
70
menos se destacou na média geral foi, Estimula a cooperação e o espírito de equipe
com a pontuação média de 3,96 nas empresas privadas e 3,85 nas empresas públicas, o
que demonstra na avaliação dos respondentes um desempenho regular por parte dos
avaliados, e ligeiramente mais expressivo nas empresas privadas. No indicador Age de
forma cordial com os colegas de trabalho, aparece a maior diferença de avaliação a
favor da empresa publica 4,64 por 4,42 para empresas privadas. A maior diferença a
favor da empresa privada aparece no indicador, Incentiva seus colegas para um melhor
desempenho, com média de 4,10 por 3,78 nas empresas públicas. Dos 9 indicadores
analisados em 5 a média de avaliação foi maior nas empresas privadas, em dois foi
maior nas empresas públicas e em 2 a avaliação foi igual.
4.2.3 Senso de Oportunidade: Empresa Privada x Empresa Pública
A tabela abaixo apresenta a média das avaliações na empresa privada , na empresa
pública e a média geral de ambas, no tocante a característica Senso de Oportunidade.
TABELA 07: Senso de Oportunidade: Empresa Privada x Empresa Pública
Características Indicador Privada Pública Média
Senso e
Oportunidade
Manifesta interesse em melhorar o seu
desempenho
4,42 4,28 4,38
Manifesta interesse e est
á atento ao que
acontece em sua área de atuação
4,42 4 4,28
Procura conquistar novos espa
ços na
empresa
4,33 3,92 4,19
Est
á atento aos problemas do dia a dia da
empresa
4,21 3,78 4,07
Está atento às necessidades do mercado 4,07 3,78 3,97
Apresenta id
éias e é capaz de colocá-las em
pr
ática
4,14 3,64 3,97
Tem dificuldade em apresentar e defender
suas id
éias
3,57 3,84 3,65
Média Geral 4,16 3,89 4,07
Fonte: Dados primários, 2006.
No gráfico a seguir, podemos acompanhar à característica Senso de Oportunidade,
e a comparação da mesma feita entre empresa privada e empresa publica.
71
GRÁFICO 07:
Senso de Oportunidade: Empresa Privada x Empresa Pública.
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
Manifesta
interesse em
melhorar o seu
desempenho
Manifesta
interesse e está
atento ao que
acontece em sua
área de atuação
Procura
conquistar novos
espaços na
empresa
Está atento aos
problemas do dia
a dia da empresa
Está atento às
necessidades do
mercado
Apresenta idéias
e é capaz de
colocá-las em
prática
Tem dificuldade
em apresentar e
defender suas
idéias
Senso e Oportunidade
Privada
Pública
Fonte: Dados primários, 2006.
A característica Senso de Oportunidade é composta por sete indicadores que estão
apresentados no gráfico e tabela acima.
O indicador que mais se destacou foi Manifesta interesse em melhorar o seu
desempenho e obteve a pontuação média de 4,42 nas empresas privadas e 4,28 nas
empresas públicas, expressando atuação considerada boa pelas chefias, nos dois casos.
O indicador que menos se destacou foi Tem dificuldade em apresentar e defender
suas idéias e obteve a pontuação média de 3,84 nas empresas públicas e 3,65 nas
empresas privadas, considerada uma pontuação regular e sensivelmente superior nas
empresas públicas. O indicador que menos se destacou nas empresas privadas foi Tem
dificuldades em apresentar e defender suas idéias com média de 3,57 podendo ser
classificada como pontuação regular. Já o indicador que menos se destacou nas
empresas públicas foi Apresenta idéias e é capaz de colocá-las em prática, com média
de 3,64 classificado como regular o desempenho dos avaliados, neste indicador.
Dos sete indicadores apresentados o único que favorece as empresas públicas é
tem dificuldade em apresentar e defender suas idéias com média de 3,84 comparada
com 3,57 nas empresas privadas.
Nos outros seis indicadores existe uma diferen
ça média aproximada de 9,35 % de
desempenho favorável para as empresas privadas.
72
Conclui-se que no conjunto dos seus sete indicadores, a característica Senso de
oportunidade, apresenta uma média de 4,16 considerada boa, nas empresas privadas; e
3,89 considerada regular nas empresas públicas.
4.2.4 Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança: Empresa Privada x Empresa Pública
A tabela abaixo apresenta a média das avaliações na empresa privada , na empresa
pública e a média geral de ambas, no tocante a característica Tomar Decisões, Iniciativa
e Liderança.
TABELA 08: Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança: Empresa Privada x Empresa
Pública
Característica Indicadores Privada Pública Média
Tomar decisões,
Iniciativa e
Lideran
ça Concentra-se nos problemas até resolvê-los 4,53 4,07 4,38
Assume responsabilidade pelos resultados obtidos 4,32 4,14 4,26
Reconhece suas limitações pessoais 4,21 4,14 4,19
Demonstra segurança na tomada de decisões 4,17 3,78 4,04
Busca reduzir os riscos de sua tomada de decisão 4,17 3,64 4,00
Julga e pondera as conseqüências de seus gestos 4,00 4,00 4,00
Demonstra que sabe o momento certo de agir 4,07 3,5 3,88
Procura calcular o risco de suas ações 3,89 3,71 3,83
Tem capacidade para assumir riscos 3,92 3,42 3,76
Total. 4,14 3,82 4,03
Média geral 4,14 3,82 4,03
Fonte: dados primários, 2006.
O gráfico 08 ilustra com mais clareza o que foi exposto na tabela acima, referente à
comparação da característica
Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança entre empresa
privada e empresa publica com seus respectivos indicadores.
73
GRÁFICO 08: Tomar Decisões, Iniciativa e Liderança: Empresa Privada x Empresa
Publica.
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
4,8
5
Concentra-se
nos problemas
até resolvê-los
Assume
responsabilidade
pelos resultados
obtidos
Reconhece suas
limitações
pessoais
Demonstra
segurança na
tomada de
decisões
Busca reduzir os
riscos de sua
tomada de
decisão
Julga e pondera
as
consequências
de seus gestos
Demonstra que
sabe o momento
certo de agir
Procura calcular
o risco de suas
ações
Tem capacidade
para assumir
riscos
Processo Decisório, Iniciativa e Liderança
Privada
Pública
Fonte: Dados primários, 2006.
A característica Tomar decisões, iniciativa e liderança é composta de nove
indicadores que estão apresentados no gráfico e tabela acima. O indicador que mais se
destacou na média das avaliações foi Concentra-se nos problemas até resolvê-los e,
com pontuação média de 4,38, sendo 4,53 nas empresas privadas e 4,07 nas empresas
públicas, permitindo considerar o desempenho dos avaliados nas empresas privadas
como boa nas empresas públicas, como bom; O indicador que menos se destacou na
média das avaliações foi Tem capacidade para assumir riscos e obteve pontuação
média de 3,76 sendo 3,92 nas empresas privadas e 3,42 nas empresas públicas. Isso
mostra que a atuação dos avaliados foi considerada regular em ambas, mas levemente
superior na empresas privadas. Os indicadores que mais se destacaram nas empresas
públicas foram Assume responsabilidade pelos resultados obtidos e Reconhece suas
limitações pessoais que obtiveram pontuação média de 4,14, considerada uma boa
pontuação.
Em oito dos nove indicadores desta característica, a média de pontuação é maior
nas empresas privadas do que nas empresas públicas e, no indicador Julga e pondera a
conseqüência de seus gestos ocorre igualdade de pontos com média de 4,0 pontos.
O indicador Busca reduzir os riscos de sua tomada de decisão é o que apresenta a
maior diferença de pontuação média e, obteve pontuação média de 4,17 nas empresas
privadas e 3,64 nas empresas públicas
74
Conclui-se que no conjunto dos nove indicadores a característica Tomar decisões,
iniciativa e liderança apresenta uma média de 4,14 nas empresas privadas, considerada
como boa e 3,82 nas empresas públicas, considerada regular.
4.2.5 Visão e Capacidade de Sonhar: Empresa Privada x Empresa Pública
A tabela abaixo apresenta a média das avaliações na empresa privada , na empresa
pública e a média geral de ambas, no tocante a característica Visão e Capacidade de
Sonhar.
TABELA 09: Visão e Capacidade de Sonhar: Empresa Privada x Empresa Publica
Característica Indicador Privada Pública dia
Visão e
Capacidade de
Sonhar
Estabelece vis
ão de futuro 4,21 4,14 4,19
Procura novos horizontes profissionais 4,28 3,92 4,16
Estabelece metas e objetivos pessoais
desafiantes 4,21 3,78 4,07
Faz planejamento de carreira 4,17 3,57 3,97
Encontra espa
ços para alcançar objetivos
fixados 4,03 3,71 3,92
Reconhece novos cenários com facilidade 3,92 3,5 3,78
Apresenta novas id
éias, para solução de
problemas 3,89 3,57 3,78
Média Geral 4,10 3,74 3,98
Fonte: Dados primários, 2006.
A característica Visão e Capacidade de Sonhar com seus respectivos indicadores
também são fonte de comparação entre empresa privada e empresa pública, é o que
podemos observar com mais detalhes no gráfico a seguir.
GRÁFICO 09: Visão e Capacidade de Sonhar: Empresa Privada x Empresa Pública
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
4,8
5
Estabelece
visão de futuro
Procura novos
horizontes
profissionais
Estabelece
metas e
objetivos
pessoais
desafiantes
Faz
planejamento
de carreira
Encontra
espaços para
alcançar
objetivos
fixados
Reconhece
novos cenários
com facilidade
Apresenta
novas idéias,
para solução de
problemas
Visão e Capacidade de Sonhar
Privada
Pública
Fonte: Dados primários, 2006.
75
A característica Visão e Capacidade de Sonhar é composta de sete indicadores
que estão apresentados no gráfico e tabela acima
O indicador que mais se destacou na média das avaliações foi Estabelece visão de
futuro com média de 4,19 pontos, sendo 4,21 pontos nas empresas privadas e 4,14 para
as empresas públicas, sendo a diferença entre ambas considerada insignificante. O
indicador que menos se destacou na média das avaliações foi Apresenta novas idéias
para a solução de problemas, com média de pontos de 3,78, sendo 3,89 pontos nas
empresas privadas e 3,57 pontos nas empresas públicas
O indicador que mais se destacou nas avaliações nas empresas privadas foi
Procura novos horizontes profissionais e obteve a pontuação média de 4,28 considerada
boa e, o indicador que mais se destacou nas empresas públicas foi Estabelece visão de
futuro e, obteve pontuação média de 4,14, considerada boa; destaque-se no entanto que
o mesmo indicador obteve pontuação média de 4,21 nas empresas privadas, um pouco
superior que nas avaliações nas empresas públicas. Destaque-se, no entanto que o
mesmo indicador obteve pontuação média de 4,21 nas empresas privadas, um pouco
superior que nas empresas públicas.
O indicador que menos se destacou nas empresas privadas foi Apresenta novas
idéias para solução de problemas e obteve pontuação média de 3,89 considerada
regular
O indicador que menos se destacou nas empresas públicas foi Reconhece novos
cenários com facilidade com pontuação média de 3,5 considerada regular..
Nos sete indicadores analisados, a média obtida pelos avaliados, nas empresas
privadas, foi superior a média obtida nas empresas públicas, sendo que o indicador com
maior proximidade foi Estabelece visão de futuro, com médias de 4,21 e 4,14
respectivamente, e o indicador com maior distanciamento foi Faz planejamento de
carreira, com 4,17 e 3,57 respectivamente.
Conclui-se que a característica Visão e capacidade de sonhar, no conjunto dos
sete indicadores analisados, apresenta a média de 4,10 nas empresas privadas,
considerada boa e média de 3,74 nas empresas públicas, considerada regular.
76
4.2.6 Criatividade e Inovação: Empresa Privada x Empresa Pública
A tabela abaixo apresenta a média das avaliações na empresa privada , na empresa
pública e a média geral de ambas, no tocante a característica Criatividade e Inovação.
TABELA 10: Criatividade e Inovação: Empresa Privada x Empresa Publica.
Característica Indicador Privada Pública Média
Criatividade e
Inova
ção
Mostra-se receptivo
à inovação 4,14 3,92 4,11
Gosta de fazer coisas novas 4,14 3,78 4,02
Adapta-se facilmente a mudanças 4,07 3,85 4,00
Simplifica rotinas e procedimentos
administrativos
4,10 3,28 3,83
Busca novas soluções para problemas antigos 4,00 3,35 3,78
Tem dificuldade em lidar com inovações 3,85 3,57 3,76
Sugere solu
ções inéditas para problemas
antigos 3,82 3,00 3,54
Média Geral 4,03 3,54 3,86
Fonte: Dados primários, 2006.
No gráfico 10 podemos observar com mais detalhes a comparação da
característica Criatividade e Inovação, entre a empresa privada e a empresa pública.
GRÁFICO 10: Criatividade e Inovação: Empresa Privada x Empresa Pública.
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
Adapta-se
facilmente a
mudanças
Busca novas
soluções para
problemas
antigos
Gosta de fazer
coisas novas
Mostra-se
receptivo à
inovação
Simplifica
rotinas e
procedimentos
administrativos
Sugere
soluções
inéditas para
problemas
antigos
Tem
dificuldade em
lidar com
inovações
Criatividade e Inovação
Privada
Pública
Fonte: Dados primários, 2006.
A característica Criatividade e Inovação é composta de sete indicadores que estão
apresentados no gráfico e tabela, em anexo.
77
O indicador que mais se destacou na média geral foi Mostra-se receptivo a
inovação com média geral de 4,11, sendo 4,21 nas empresas privadas e 3,92 nas
empresas públicas e sendo também o indicador que mais se aproxima nos dois
segmentos. O indicador que menos se destacou na média geral foi Sugere soluções
inéditas para problemas antigos com média geral de 3,54 , sendo 3,82 nas empresas
privadas e 3, 00 nas empresas públicas podendo tal diferença ser considerada razoável.
O indicador que mais se destacou nas empresas privadas foi Mostra-se receptivo a
inovação com média de 4,21 sendo que o mesmo indicador obteve média de 3,92 nas
empresas públicas. O indicador que mais se destacou nas empresas públicas foi adapta-
se facilmente a mudanças e obteve pontuação média de 4,00 considerada uma boa
pontuação. Destaque-se, no entanto que o mesmo indicador obteve pontuação média de
4,07 nas empresas privadas e pode ser considerado minimamente superior
O indicador que menos se destacou tanto nas empresas privadas quanto nas
empresas públicas foi Sugere soluções inéditas para problemas antigos com pontuação
média de 3,82 nas empresas privadas e 3,0 nas empresas públicas.
Dos sete indicadores analisados, a média obtida nas empresas privadas é superior à
média obtida nas empresas públicas, sendo que os indicadores com mais proximidade
foram Adapta-se facilmente a mudanças com médias de 4,07 e 3,85 respectivamente e,
Tem dificuldades em lidar com inovações com médias de 3,85 e 3,57 respectivamente.
Os indicadores com maior distanciamento foram sugere soluções inéditas para
problemas antigos com médias de 3,82 e 3,0 e, simplifica rotinas e procedimentos
administrativos com médias de 4,10 e 3,28 respectivamente.
Conclui-se que: a característica, criatividade e inovação no conjunto dos sete
indicadores analisados, obteve média de 4,03 nas empresas privadas, considerada boa e
média de 3,54 nas empresas públicas considerada regular e levemente superior de
melhor desempenho nas empresas privadas em comparação com as empresas públicas.
4.3 SEXO DO RESPONDENTE X SEXO DOS AVALIADOS
Nesta seção serão apresentados dados referentes à percepção dos respondentes
com relação aos avaliados, considerando-se a variável sexo e as seis características de
comportamento empreendedor pesquisadas. A amostra quanto ao sexo dos respondentes
é composta de 33 respondentes do sexo masculino e 09 do sexo feminino, ou seja, dos
78
42 respondentes a maioria é do sexo masculino, perfazendo um percentual de 78,5% da
amostra.
Quanto o sexo dos avaliados há de 23 elementos do sexo masculino e 19 do sexo
feminino, ou seja, 54,7 dos avaliados são do sexo masculino.
Observa-se pelos cruzamentos que 19 dos respondentes do sexo masculino
avaliaram homens e 14 avaliaram mulheres. No tocante a respondentes do sexo
feminino 3 avaliaram homens e 6 avaliaram mulheres.
TABELA 11: Sexo do respondente x sexo dos avaliados
SEXO AVALIADOR MULHER HOMEM
SEXO AVALIADO Mulher Homem Mulher Homem
Características
Média Média Média Média Média
Comprometimento 4,40 4,33 4,54 4,31 4,39
Criatividade e Inovação 3,59 4,14 3,71 4 3,86
Tomar decisões, Iniciativa
e Liderança
3,58 4,40 4,06 4,12 4,03
Relacionamento (Redes e
Equipes)
3,87 4,74 4,19 4,10 4,13
Senso e Oportunidade 3,95 4,14 4,02 4,13 4,07
Visão e Capacidade de
Sonhar
3,87 4,28 3,85 4,04 3,98
Média Geral 3,85 4,36 4,06 4,11 4,07
Fonte: Dados primários, 2006.
O gráfico 11 ilustra o que nos mostra a tabela acima, referente ao sexo do
respondente e o sexo dos avaliados e seus respectivos indicadores
GRÁFICO 11: Sexo do respondente x sexo dos avaliados
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
4,8
5
Comprometimento
Criatividade e
Inovação
Processo
Decisório,
Iniciativa e
Liderança
Relacionamento
(Redes e
Equipes)
Senso e
Oportunidade
Visão e
Capacidade de
Sonhar
F - F
F - M
M - F
M - M
Fonte: Dados primários, 2006.
79
Observando o gráfico e a tabela acima se verifica a possibilidade de quatro
combinações, quais sejam. Avaliador do sexo masculino e avaliado do sexo masculino;
avaliador do sexo masculino e avaliado do sexo feminino; avaliador do sexo feminino e
avaliado do sexo masculino; e avaliador do sexo feminino e avaliado do sexo feminino.
Quando o avaliador é do sexo masculino e o avaliado é do sexo feminino a média
é de 4,06 sendo considerada boa. Quando o avaliador é do sexo feminino e o avaliado
do sexo feminino a média é de 3,8 5 sendo considerada regular.
As variações nas avaliações quando o avaliador é do sexo masculino não são
expressivas, independente se o avaliado é do sexo masculino ou feminino com média
geral de 4,11 para o primeiro e 4,06 para o segundo. Já quando o avaliador é do sexo
feminino as variações são expressivas em quatro características e inexpressivas em duas
características; sendo que a maior variação ocorre na característica Relacionamento
(redes e equipes) com média de 4,74 para os avaliados do sexo masculino e 3,87 para os
avaliados do sexo feminino.
4.4 CARACTERÍSTICAS X ESCOLARIDADE DO RESPONDENTE
Nesta seção são analisados dados referentes á percepção dos respondentes nas
seis características nesta pesquisa considerando se o grau de instrução dos mesmos . A
referida amostra é composta de 42 respondentes sendo que dois possuem o ensino
fundamental completo, quatro o ensino médio completo 18 o ensino superior completo
e 18 pós-graduação.
TABELA 12: Características x escolaridade do respondente
Características Escolaridade
Fundamental Médio Pós-Graduado Superior Média Geral
Comprometimento 4,58 4,37 4,50 4,25 4,39
Criatividade e Inovação 4.00 3,53 3,96 3,83 3,86
Tomar decisões, Iniciativa e
Lideran
ça 4,00 4,05 4,10 3,97 4,03
Relacionamento (Redes e Equipes) 4,11 4,00 4,26 4,03 4,13
Senso e Oportunidade 4,35 4,07 4,13 3,99 4,07
Visão e Capacidade de Sonhar 4,00 3,71 4,01 4,01 3,98
Média Geral 4,15 3,95 4,15 4,01 4,07
Fonte: Dados primários, 2006.
No gráfico abaixo podemos acompanhar o grau de escolaridade do respondente
mediante as características também mostradas na tabela 12.
80
GRÁFICO 12: Características x escolaridade do respondente
3
3,2
3,4
3,6
3,8
4
4,2
4,4
4,6
4,8
Comprometimento
Criatividade e
Inovação
Processo
Decisório,
Iniciativa e
Liderança
Relacionamento
(Redes e
Equipes)
Senso e
Oportunidade
Visão e
Capacidade de
Sonhar
Fundamental
Médio
Pós-Graduado
Superior
Fonte: Dados primários, 2006.
Percebe-se que a média atribuída é de 4,17 pelos respondentes de pós-graduação,
4,15 pelos respondentes com o ensino fundamental, 4,01 pelos respondentes com curso
superior e 3,95 pelos do ensino médio. A média maior foi atribuída pelos os
avaliadores pós-graduados e a menor média pelos avaliadores com ensino médio.
Percebe-se, no entanto que não existem grandes variações nas médias atribuídas a cada
uma das características, todas se aproximando da média geral de 4,07, independente do
grau de instrução do respondente.
O maior afastamento manifesta-se na característica criatividade e inovação
quando o avaliador é de pós-graduação ou quando o avaliador é de nível médio com a
media de 3,96 quando se trata dos primeiros e 3,53 quando se trata dos segundos.
81
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve por finalidade analisar as características empreendedoras
presentes na atuação profissional dos ex-alunos do curso de graduação em
administração na UFSC, formados no período de 2000 a 2004, na percepção da
respectiva chefia.
Após consultas a várias obras que versam sobre o assunto, optou-se por um
referencial básico fundamentado em três autores, Dornelas, Filion e Mc Clelland, como
fontes principais de pesquisa, sendo tal contribuição mais evidente na parte referente à
escolha das características a serem estudadas.
Tomando por referência a fundamentação teórica e tendo por base as
características e os indicadores propostos pelos autores pesquisados, foi possível a
construção de seis características do comportamento empreendedor de uma forma
convergente. Para tanto, foi utilizado um questionário (Apêndice A), que foi preenchido
pelo avaliador, anotando-se o desempenho do avaliado em cada indicador em uma
escala com graduação de 1 a 5. Como primeiro objetivo específico foram identificadas
várias características empreendedoras. Após um esforço de sistematização seis delas
foram definidas como de interesse para este estudo.
Constata-se que, na percepção das respectivas chefias, as características
empreendedoras estão presentes na atuação dos ex- alunos, das quais quatro das seis
características (Comprometimento, Relacionamento, Senso de oportunidade e Tomar
decisões, iniciativa e liderança) demonstraram um bom desempenho, em termos de
comportamento empreendedor. Nas características restantes, (Visão e capacidade de
sonhar e Criatividade e inovação) o desempenho dos avaliados foi considerado regular.
Com exceção das características Senso de oportunidade e Relacionamentos (Redes
e Equipes), em todas as características pesquisadas, ficou demonstrado que há um
melhor desempenho empreendedor, quando os avaliados desempenham suas funções em
empresas privadas. Na comparação entre desempenho de ex-alunos em empresas
privadas e empresas públicas, a característica Comprometimento, foi a que obteve média
de pontuação mais próxima 4,40 por 4,35 e que atribui a tal diferença, um valor
insignificante. Já a característica, Criatividade e inovação, foi a que obteve média de
pontuação mais distante 4,03 e 3,54 e pode ser considerada significante.
82
Na escala de importância das características empreendedoras avaliadas,
considerando-se a média de pontos atribuídos na referida característica, a ordem
permaneceu a mesma nas empresas privadas e nas empresas públicas,
Hoje cada vez mais empresas demandam, profissionais com perfil empreendedor,
pois a necessidade das mesmas fornecerem apoio necessário para que os mesmos
desenvolvam suas habilidades.
Em contrapartida as pessoas serão chamadas cada vez mais a desempenhar papéis
empreendedores, uma das formas, de se manter o emprego e a competitividade das
empresas.
No plano da ética, está claro que os empreendedores bem sucedidos são aqueles
que se concentraram em seus objetivos e confiaram em seu próprio valor e não em
espertezas de legalidade duvidosa. Começamos a assistir ao fim dos abusos que
ocorriam no passado.(FILION, 2003, p. 28).
Empreendedores são responsáveis pelo desenvolvimento de uma empresa, de uma
cidade, de uma região, enfim pela construção de uma nação. O papel social talvez seja o
mais importante que o empreendedor assume em toda sua vida.
Todo mundo ou quase todo mundo, já domina as tecnologias básicas para viver na
sociedade atual: computador, caixa automático, banco eletrônico, pesquisa na Internet, e
outros recursos tecnológicos, mas o que vai realmente constituir um diferencial no
mercado e na vida, é o nível de autonomia das pessoas e não a capacidade de se adaptar
a mudanças, mas a de iniciá-la isso é o que chamamos de assumir uma cultura
empreendedora. (FILION, 2003, p. 19).
Para tal, seguem alguns tópicos que, considero fundamental na melhoria deste
processo, dos quais, chamarei a seguir de Recomendações e que, se implantados,
certamente serão de grande valia para acelerar a retenção dessa cultura.
5.1 RECOMENDAÇÕES
Realização de estudo que possibilite verificar a que ponto o curso de
Administração da Universidade Federal de Santa Catarina UFSC, contribui para a
formação empreendedora de seus alunos.
83
Realização de estudo complementar que possibilite uma auto-avaliação dos alunos
envolvidos na referida pesquisa, para se verificar as distâncias existentes entre a
percepção do respondente e a do avaliado.
Recomenda-se que o Ministério da Educação deva incentivar as instituições de
ensino para que todos os níveis mesclem, em seus projetos pedagógicos, uma formação
mais técnica com desenvolvimento de habilidades empreendedoras, por meio de uma
metodologia de solução de problemas.
Para estudos futuros, recomenda-se pesquisar o porquê as avaliações de empresas
públicas são menos positivas que nas empresas privadas.
Na visão dos especialistas que fizeram parte da pesquisa, o empreendedorismo
deve ser um conteúdo transversal a todas as disciplinas, e não se limitar apenas, a ser
uma cadeira eletiva.
Recomenda-se também que as instituições de ensino, devam detectar os alunos
talentosos em suas respectivas áreas de atuação e oferecer com isso, oportunidades
diferenciadas no processo educacional. As mesmas, também podem fortalecer
programas de capacitação virtual para empreendedores por meio de educação à
distância, dado o seu baixo custo e grande capacidade de abrangência.
84
6 REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Eduardo Borba de. Entrepreneurship e intrapreneurship: uma trajetória
literária de 1979 a 1988. São Paulo: Revista de Administração de Empresas, p. 67 79.
BARRETO, L. P. Educação para o empreendedorismo. Salvador: Escola de
Administração de Empresas da Universidade Católica de Salvador, 1998.
BIRLEY, Sue; MUZYKA, DANIEL f. Dominando os desafios do empreendedor.
São Paulo: Makron Books, 2001.
BOM ÂNGELO, Eduardo. Empreendedor corporativo: a nova postura de quem faz a
diferença. Rio de Janeiro: Elsevier. 2003.
BRITO, F.; WEVER, L. Empreendedores brasileiros: a experiência e as lições de
quem faz acontecer. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
CARDOSO, O.O.; BARINI FILHO, U. A abordagem cognitiva na formação da
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.
89
APÊNDICE
90
APÊNDICE A QUESTIONÁRIO
QUESTIONÁRIO
DADOS PESSOAIS DO RESPONDENTE
Nome: __________________________________________________________
Nome da empresa: ________________________________________________
Cargo/função: ____________________________________________________
Tempo de serviço:
0 a 2 anos
+ 2 a 5 anos
+ 5 a 10 anos
+ 10 anos
Escolaridade:
Fundamental
Médio
Superior Qual:
Pós-graduado Qual:
Outro Qual:
Tempo em que é chefe do (a) avaliado (a):
0 a 2 anos
+ 2 a 5 anos
+ 5 a 10 anos
INSTRUÇÕES PARA PREENCHIMENTO DO QUESTIONÁRIO
1. Leia com aten
ção as questões apresentadas abaixo.
2. Ao lado de cada quest
ão, numa escala de 1 a 5, assinale o número que melhor expresse a sua
opinião a respeito da pessoa que está sendo avaliada.
3. Assinale somente um n
úmero em cada questão.
4. O n
úmero 1(um) corresponde ao valor mínimo.
O n
úmero 2 (dois) corresponde a um valor entre o grau médio e o mínimo.
O número 3 (três) corresponde ao valor médio.
O n
úmero 4 (quatro) corresponde a um valor entre o grau máximo e médio.
O número 5 (cinco) corresponde ao grau máximo.
91
A tabela abaixo servir
á de orientação:
1 2 3 4 5
Nada Pouco Razoável Muito Muitíssimo
Ruim Pouco satisfatório Regular Bom Ótimo
Nunca Poucas vezes Às vezes Freqüentemente Sempre
Garantimos sigilo absoluto das suas opiniões sobre a pessoa avaliada.
A sua contribuição será muito importante para a condução desta pesquisa.
RELAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS DA PESSOA
AVALIADA
1 - Visão e Capacidade de sonhar
ESCALA
QUESTÕES
1 2 3 4 5
1.1 Reconhece novos cenários com facilidade
1.2 Apresenta novas idéias, para solução de problemas.
1.3 Encontra espaços para alcançar objetivos fixados
1.4 Procura novos horizontes profissionais
1.5 Estabelece visão de futuro
1.6 Estabelece metas e objetivos pessoais desafiantes
1.7
Faz planejamento de carreira
92
2 - Senso de Oportunidade
ESCALA
QUESTÕES
1 2 3 4 5
2.1 Apresenta idéias e é capaz de colocá-las em prática
2.2
Manifesta interesse e est
á atento ao que acontece em sua área de
atuação
2.3 Está atento às necessidades do mercado
2.4 Está atento aos problemas do dia-a-dia da empresa
2.5 Procura conquistar novos espaços na empresa
2.6 Manifesta interesse em melhorar o seu desempenho
2.7 Tem dificuldade em apresentar e defender suas idéias
3 - Processo Decisório, Iniciativa e Liderança
ESCALA
QUESTÕES
1 2 3 4 5
3.1 Tem capacidade para assumir riscos
3.2 Procura calcular o risco de suas ações
3.3 Assume responsabilidade pelos resultados obtidos
3.4 Concentra-se nos problemas até resolvê-los
3.5 Demonstra que sabe o momento certo de agir
3.6 Julga e pondera as conseqüências de seus gestos
3.7 Busca reduzir os riscos de sua tomada de decisão
3.8 Demonstra segurança na tomada de decisões
3.9 Reconhece suas limitações pessoais
93
4 Criatividade e Inovação
ESCALA
QUESTÕES
1 2 3 4 5
4.1 Simplifica rotinas e procedimentos administrativos
4.2 Sugere soluções inéditas para problemas incomuns
4.3 Busca novas soluções para problemas antigos
4.4 Gosta de fazer coisas novas
4.5 Adapta-se facilmente as mudanças
4.6 Mostra-se receptivo à inovação
4.7 Tem dificuldades em lidar com inovações
5 - Relacionamento (Redes e Equipes)
ESCALA
QUESTÕES
1 2 3 4 5
5.1 Age de forma cordial com os colegas de trabalho
5.2
Consegue atrair pessoas competentes para complementar seus
conhecimentos e experiências
5.3
Age como facilitador do relacionamento, com e entre as pessoas da
empresa
5.4
Contribui como agente respons
ável para manter a motivação das
pessoas
5.5 Estimula a cooperação e o espírito de equipe
5.6 Incentiva os seus colegas para um melhor desempenho
5.7 Reconhece a competência profissional dos colegas
5.8 Escuta os seus colegas de trabalho
5.9
Age com imparcialidade ao lidar com quest
ões profissionais e
aspectos sociais da empresa.
94
6 - COMPROMETIMENTO
ESCALA
QUESTÕES
1 2 3 4 5
6.1
Tem um grande comprometimento com os objetivos da
empresa
6.2 Emite energia positiva
6.3 Persiste no alcance dos seus objetivos
6.4 Realiza o seu trabalho com determinação
6.5 Demonstra preocupações éticas com as atividades da empresa
6.6 Demonstra entusiasmo com as atividades da empresa
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