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AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CEREAIS
EXTRUSADOS PARA CÃES
ANDERSON DUARTE
2005
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ANDERSON DUARTE
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CEREAIS EXTRUSADOS PARA CÃES
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Zootecnia, área de concentração em
Nutrição de Monogástricos, para obtenção do título
de “Mestre”.
Orientadora
Profa. Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2005
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Duarte, Anderson
Avaliação nutricional de cereais extrusados para cães / Anderson Duarte.
-- Lavras : UFLA, 2005.
59 p. : il.
Orientadora: Flávia Maria de Oliveira Borges Saad.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Cão. 2. Nutricional. 3. Cereal. I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD-636.70855
ANDERSON DUARTE
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CEREAIS EXTRUSADOS PARA
CÃES
Dissertação apresentada à Universidade Federal de
Lavras, como parte das exigências do Curso de
Mestrado em Zootecnia, área de concentração em
Nutrição de Monogástricos, para obtenção do título
de “Mestre”.
APROVADA em 04 de março de 2005
Prof. Paulo Borges Rodrigues UFLA
Prof. Raimundo Vicente de Sousa UFLA
Prof. Walter Motta Ferreira UFMG
Prof. Elias Tadeo Fialho UFLA
Profa. Flávia Maria de Oliveira Borges Saad
UFLA
(Orientadora)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
Ofereço
OfereçoOfereço
Ofereço
À minha querida esposa Adriana pelo companheirismo, amor,
dedicação, compreensão e incentivo em mais este desafio.
Aos meus pais, Maria das Graças e Paulo Renato, pela minha formação
moral e acadêmica.
Ao Miranda pela confiança, incentivo e oportunidade.
Ao Dr. Jim Corbin pelo incentivo e credibilidade.
A minha esposa e filha, amigos e professores que me ajudaram a cumprir
esta caminhada.
Dedico
DedicoDedico
Dedico
AGRADECIMENTOS
A DEUS, por todas as oportunidades e bênçãos.
À Universidade Federal de Lavras, pelas oportunidades oferecidas.
À professora Flávia Maria de Oliveira Borges, pela orientação, amizade,
apoio, dedicação, liberdade e confiança durante todas as etapas do mestrado.
Ao Antonio Teixeira de Miranda Neto pela amizade, pelos exemplos,
confiança, orientação e apoio.
Ao Dr. Jim Corbin, professor Emeritus da Universidade de Illinois,
Chicago, pela amizade, apoio e orientação.
Ao Edison Albano de Paiva pelo incentivo, apoio e orientação.
Ao Professor Raimundo Vicente de Sousa pela amizade incontestável,
apoio e incentivo, personagem excepcional nesta caminhada.
A todos professores dos Departamentos de Zootecnia pela formação
acadêmica e pelo apoio.
Ao amigo José Walter da Silva Júnior pelo grande auxílio e dedicação
durante as análises e estudos.
Aos amigos Derly Andrieli Ramos Pereira e José Eustáquio Carlota pelo
grande auxílio durante a condução deste experimento.
À Total Alimentos S.A. pelo apoio incondicional para a realização do
experimento.
A todos aqueles que, de alguma forma, contribuíram para a realização
deste trabalho.
BIOGRAFIA
ANDERSON DUARTE, filho de Paulo Renato Duarte e Maria das
Graças Oliveira Duarte, nasceu em Cubatão, SP, em 03 de junho de 1975.
Em fevereiro de 1995, ingressou na Universidade Estadual de Minas
Gerais, onde, em fevereiro de 2000, obteve o título de Engenheiro
Químico/Engenheiro de Alimentos.
Em fevereiro de 2004 iniciou o curso de Pós-graduação em Zootecnia
na Universidade Federal de Lavras-UFLA, concentrando seus estudos na área
de Nutrição de Monogástricos.
Em 04 de março de 2005 submeteu-se à defesa de dissertação para
obtenção do título de “Mestre”.
SUMÁRIO
Página
LISTA DE TABELAS......................................................................................... i
LISTA DE FIGURAS........................................................................................ iii
RESUMO........................................................................................................... iv
ABSTRACT ..................................................................................................... vi
1 INTRODUÇÂO................................................................................................1
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................3
2.1 Cereais na alimentação de cães .................................................................3
2.1.1 Milho (Zea mays)...............................................................................4
2.1.2 Milho Degerminado ...........................................................................5
2.1.3 Sorgo (Sorghum bicolor)....................................................................6
2.1.4 Arroz (Oriza sativa)............................................................................9
2.2 Carboidratos e o processamento de extrusão............................................10
2.2.1 O Processamento de extrusão...........................................................16
2.3 Medidas para avaliação de digestibilidade dos Nutrientes.....................18
3 MATERIAL E MÉTODOS............................................................................26
3.1 Local da realização do experimento........................................................26
3.2 Instalações ...............................................................................................26
3.3 Animais utilizados...................................................................................26
3.4 Preparação das dietas...............................................................................27
3.5 Equipamentos e Metodologia Utilizados................................................28
3.6 Duração do Experimento.........................................................................32
3.7 Colheita de amostras................................................................................33
3.7.1 Amostras de fezes ............................................................................33
3.7.2 Amostras das dietas..........................................................................33
3.8 Análises químicas e valores de energia metabolizável estimados...........33
3.9 Parâmetros avaliados...............................................................................35
3.10 Metodologia de cálculos........................................................................35
3.11 Delineamento experimental e análises estatísticas ................................35
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO....................................................................37
4.1 Digestibilidade da Matéria Seca..............................................................37
4.2 Digestibilidade aparente da Matéria Mineral ..........................................40
4.3 Digestibilidade aparente da Matéria Orgânica (MO) .............................41
4.4 Digestibilidade aparente da proteína bruta (PB).....................................43
4.5 Digestibilidade aparente da gordura por hidrólise ácida (GHA)............45
4.6 Digestibilidade aparente da Fibra Bruta (FB)........................................47
4.7 Digestibilidade do extrativo não nitrogenado (ENN).............................48
4.8 Digestibilidade da energia bruta.............................................................50
5 CONCLUSÃO: ..........................................................................................54
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................55
i
LISTA DE TABELAS
Página
TABELA 1 - Distribuição de ingredientes em alimentos para cães .....................3
TABELA 2 - Composição média bromatológica do milho integral, sorgo e
quirera de arroz.....................................................................................................5
TABELA 4 - Características do amido isolado do sorgo e do milho .................15
TABELA 5 - Variação na digestibilidade dos alimentos para os cães ...............23
TABELA 6 - Análise química do milho integral, milho degerminado, sorgo
integral e quirera de arroz utilizados no experimento.........................................28
TABELA 7 - Análise de Variância para digestibilidade.....................................36
TABELA 8 - Consumo, excreção e digestão (g) da matéria seca (MS) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz em cães ............37
TABELA 9 - Digestibilidade aparente (%) da matéria seca (MS) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz em cães ............38
TABELA 10 - Consumo, excreção e digestão (g) da Matéria Mineral (MM) do
milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz em cães..40
TABELA 11 - Digestibilidade aparente (%) da matéria mineral (MM) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz em cães ............41
TABELA 12 - Consumo, excreção e digestão (g) da matéria orgânica (MO) do
milho integral, milho degerminado, sorgo e quirera de arroz em cães ...............42
TABELA 13 - Digestibilidade aparente (%) da matéria orgânica (MO) do milho
integral, quirera de arroz, sorgo e milho degerminado em cães .........................42
TABELA 14. Consumo, excreção e digestão (g) da proteína bruta (PB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz, em cães ...........44
TABELA 15 - Digestibilidade aparente (%) da proteína bruta (PB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz, em cães ...........44
ii
TABELA 16 - Consumo, excreção e digestão (g) da gordura por hidrolise ácida
(GHA) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães................................................................................................................46
TABELA 17 - Digestibilidade aparente (%) da gordura por hidrólise ácida
(GHA) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães................................................................................................................46
TABELA 18 - Consumo, excreção e digestão (g) da fibra bruta (FB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz, em cães ...........47
TABELA 19 - Digestibilidade aparente da FB (%) do milho integral, milho
degerminado, sorgo integral e quirera de arroz, em cães....................................48
TABELA 20 - Consumo, excreção e digestão (g) da extrativo não nitrogenado
(ENN) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães................................................................................................................49
TABELA 21 - Digestibilidade aparente (%) do extrativo não nitrogenado
(ENN) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães................................................................................................................49
TABELA 22 - Consumo, excreção e digestão da energia bruta (kcal) do milho
integral, milho degerminado, sorgo e quirera de arroz, em cães ........................51
TABELA 23 - Digestibilidade aparente (%) da energia bruta (EB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz, em cães ...........51
TABELA 24 - Energia digestível do milho integral, milho degerminado, sorgo
integral e quirera de arroz na matéria seca (Kcal/Kg) para cães.........................53
iii
LISTA DE FIGURAS
Página
FIGURA 1 - Estrutura parcial da amilose (Adaptado de Chaplin, 2004)...........12
FIGURA 2. Estrutura parcial da amilopectina (Adaptado de Chaplin, 2004). ...13
FIGURA 3 - Modelo do equipamento de extrusão.............................................17
FIGURA 4 - Modelo canhão da extrusora..........................................................18
FIGURA 5 - Equipamento de bombeamento desenvolvido pelo autor utilizado
para introdução do alimento pelo tubo gastro-esofágico. ...................................30
FIGURA 6 - Intubação gastro-esofágica. ...........................................................31
FIGURA 7 - Intubação completa e bombeamento.............................................31
FIGURA 8 - Dieta pronta para introdução gastro-esofágica. .............................32
iv
RESUMO
DUARTE, Anderson. Avaliação nutricional de cereais extrusados para cães.
2005. 59 p. Dissertação (Mestrado em Zootecnia) Universidade Federal de
Lavras, Lavras, MG.
*
O objetivo deste trabalho foi avaliar a digestibilidade de matérias-primas de
origem vegetal (milho, milho degerminado, sorgo e quirera de arroz) submetidas
ao processamento de extrusão. Quatro tratamentos foram oferecidos aos cães,
compostos unicamente do cereal a ser testado, além de suplementados com
0,15% de premix mineral vitamínico. Foram selecionados oito cães da raça
FOXHOUND AMERICANO, machos, com idade de três anos e peso médio de
32,0 Kg + 2,4 Kg semelhantes. Cada tratamento, de um total de quatro, foi
oferecido a dois cães, durante quatro períodos, perfazendo um total de oito cães
por tratamento. Cada um dos quatro períodos experimentais foi constituído de
cinco dias, em um total de vinte dias. Nos três primeiros dias de cada período os
animais receberam 500 gramas de cada tratamento diluídos em 500 ml de água
previamente aquecida a 36
o
C, utilizando o método de alimentação forçada por
intubação gástrica, diariamente, de uma vez. O alimento foi administrado
através de um tubo de látex (com dimensão de 3/4 de polegada de diâmetro e 60
cm de comprimento), introduzido pela boca até o estômago. Durante os dois dias
finais de cada período os animais continuaram a ser alimentados exclusivamente
via tubo, e procedeu-se a coleta total de fezes para avaliação de digestibilidade
dos nutrientes. Nas amostras de alimentos e fezes foram realizadas análises de
matéria seca, fibra bruta, gordura em hidrólise ácida, proteína bruta, matéria
mineral, extrativo não nitrogenado e energia bruta. O delineamento foi em duplo
quadrado latino (quatro tratamentos, quatro períodos e oito cães) totalizando 32
unidades experimentais e as médias dos coeficientes de digestibilidade dos
vários nutrientes dos tratamentos experimentais, foram comparados pelo teste
SNK. Os resultados para o milho degerminado foram: coeficiente de
digestibilidade aparente da matéria seca (CDAMS) = 67,82%; da matéria
orgânica (CDAMO) = 71,60%; da proteína bruta (CDAPB) = 69,95%; da
gordura em hidrólise ácida (CDAGHA) = 79,52%. Estes resultados mostram que
o milho degerminado é um ingrediente de baixo valor nutricional quando
comparado com o milho integral (CDAMS, 82,28); (CDAMO, 87,19); (CDAPB,
73,28); (CDAGHA, 88,72), sorgo (CDAMS, 86,43); (CDAMO, 87,48);
*
Comitê de Orientação: Prof.(a) Flávia Maria de Oliveira Borges Saad UFLA
(orientadora), Prof. Paulo Borges Rodrigues UFLA, Prof. Raimundo Vicente
de Sousa
v
(CDAPB, 71,01); (CDAGHA, 86,88) e quirera de arroz (CDAMS, 95,00);
(CDAMO, 95,62); (CDAPB, 82,57); (CDAGHA, 92,66). Não houve diferenças
significativas (P>0,05) entre o milho integral e o sorgo. A quirera de arroz
apresentou maior coeficiente de digestibilidade dos nutrientes dentre os
ingredientes avaliados.
vi
ABSTRACT
DUARTE, Anderson. Nutritional evaluation of extruded cereals for dogs. 2005.
59 p. Dissertation (Master in Animal Science) Federal University of Lavras,
Lavras, Minas Gerais, Brazil.
*
The objective of this experiment was to evaluate the digestibility of the
nutrientes of vegetable source (yellow corn, yellow corn without germ, sorghum
and brewers rice), submited in a extrusion process. Four treatments was offer to
the dogs, compound only from the cereal to be tested, over and above of the
supplementation with 0,15% of mineral and vitamin premix. Was selected eight
dogs of breed AMERICAN FOXHOUND, males, with similar age (3 years) and
weight (32,0 kg + or - 2,4 Kg). Each treatment, in the total of four, was offer to
two dogs per period, during four periods, in the total of the eight dogs per
treatment. Each one of the four experimental periods was formed of five days.
In the first three days of each period the animals received 500 grams of each
treatment diluted in 500 ml of warm water until 36
o
degrees Celsius, on the
feeding method for gastric intubation, daily, only once time. The feed was
administrated over of a flexible tube (with 3/4 inch of diameter and 60 cm of
length) introduced from the mouth until the stomach. During the final two days
of each period the animals stayed with exclusively feeding by tube, and
procedure the total faeces collection to evaluate the digestibility of the nutrients.
In the samples of feeds and faeces were submitted to analysis of dry matter,
crude fiber, crude fat, crude protein, crude ash, not nitrogen extractive and crude
energy. The experimental design was in double latin square (four treatments,
four periods and eight dogs) with a total of 32 experimental units and the means
of digestibility coefficient of the various nutrients of the experimental treatments
were compared by SNK. The results to the yellow corn without germ shown
were apparent digestibility coefficients of the dry matter (ADCDM) = 67,82; of
the organic matter (ADCOM) = 71,60; of the crude protein (ADCCP) = 69,95;
of crude fat (ADCCFat) = 79,52. These results showed that the yellow corn
without germ is a ingredient of lower nutritional value when compared with
yellow corn (ADCDM, 82,28); (ADCOM, 87,19); (ADCCP, 73,28); (ADCCFat,
88,72), sorghum (ADCDM, 86,43), (ADCOM, 87,48); (ADCCP, 71,01);
(ADCCFat, 86,88) and brewers rice (ADCDM, 95,00), (ADCOM, 95,62);
(ADCCP, 82,57); (ADCFat, 92,66). Without significative differences (P<0,05)
in the nutritional points between the yellow corn and the sorghum and the
*
Guidance Committee: Prof.(a) Flávia Maria de Oliveira Borges Saad– UFLA
(adviser), Prof. Prof. Paulo Borges Rodrigues – UFLA, Prof. Raimundo Vicente
de Sousa - UFLA.
vii
brewers rice showed the higher digestibility coefficient of the nutrients between
the evaluated ingredients.
1
1 INTRODUÇÂO
Após serem domesticados, os cães e gatos passaram a viver junto da
sociedade humana e tiveram sua alimentação bastante modificada. A história
evolucionária dos es comprova que, muito tempo, eles possuem uma dieta
onívora, porém rica em proteína e gordura de origem animal (Tardin, 2002).
os gatos mantiveram o seu hábito de carnívoros quase estritos.
Atualmente a alimentação destes animais está bem distante da de seus
antepassados. A tecnologia de extrusão e também os custos fizeram com que o
carboidrato se tornasse um importante componente das rações comerciais. Hoje
os carboidratos advindos de cereais como milho e seus derivados, além de outros
cereais como o sorgo e o arroz, desempenham um importante papel junto a estas
dietas.
No Brasil, o progresso da indústria de alimentos para cães e gatos,
denominados “Pet Food”, vem se apresentando muito rápido e dinâmico,
exigindo pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos que satisfaçam as
necessidades nutricionais dos animais, mas também as expectativas de seus
proprietários.
O mercado de alimentos para estes animais movimenta hoje cerca de
dois bilhões de reais no Brasil. Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes
de Alimentos para Animais (ANFAL, 2005), a produção de alimento
industrializado para cães e gatos passou de 220 mil toneladas no ano de 1994
para 1.428.000 toneladas de ração em 2004; uma estimativa, para 2005, de
1.502.000 toneladas, e o setor é responsável por 12.000 empregos diretos
somente na indústria.
Diante desse cenário nacional, a indústria é carente de informações
referentes aos ingredientes disponíveis no país. A maioria dos trabalhos
realizados com ingredientes de origem vegetal é oriunda de outros países, sendo
2
que muitos deles de caráter confidencial das empresas que atuam no ramo, sem
considerar que determinadas situações são específicas de cada continente, como
o tipo de milho utilizado e o seu beneficiamento, dos quais resultam ingredientes
amplamente utilizados na alimentação destes animais de companhia.
Além disso, muitos dos dados disponibilizados sobre o valor nutricional
e digestibilidade destes ingredientes são obtidos por extrapolações de outras
espécies, como suínos e aves. Considerando que para estes animais a forma de
processamento da dieta é distinta daquela utilizada em alimentos para animais de
companhia, normalmente peletização e extrusão, respectivamente, supõe-se que
tais medidas nutricionais não são adequadas para serem aplicadas em cães e
gatos.
Assim, os valores de digestibilidade dos princípios nutritivos (matéria
seca, proteína, fibra, carboidratos, etc) dos ingredientes de origem vegetal
podem ser muito diferentes quando submetidos ao processo de extrusão,
comumente utilizado na produção de alimentos comerciais para cães e gatos.
Deste modo, a Universidade Federal de Lavras, junto à Total Alimentos
S.A., busca, através deste projeto, o melhor conhecimento de algumas das
matérias-primas nacionais, através do estudo do valor nutricional de quatro
ingredientes de origem vegetal, milho integral moído, quirera de arroz, sorgo
integral moído e milho degerminado, submetidos à mesma condição de
processamento de extrusão e oferecidos puros, por técnica de alimentação
forçada a cães adultos.
3
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Cereais na alimentação de cães
Os cães e gatos são considerados carnívoros anatomicamente, mas isto
não significa que sua dieta deva conter somente produtos de origem animal, mas
sim que estes sejam os componentes majoritários na composição da dieta. Os
componentes vegetais constituem uma fonte considerável de energia e fibra e
podem ser incorporados respeitando as limitações impostas pelas
particularidades nutricionais destes animais (Borges, 2002).
Segundo Borges (2002), os alimentos para cães podem ser divididos de
acordo com o seu teor de umidade em alimentos úmidos (75% de umidade),
semi-úmidos (20 a 75%de umidade) e secos (< que 20% de umidade). Os
alimentos úmidos e semi-úmidos apresentam uma maior quantidade de produtos
de origem animal, enquanto os alimentos secos apresentam uma maior
quantidade de cereais. Na tabela abaixo encontram-se os níveis de cereais
normalmente encontrados em rações para cães.
TABELA 1 - Distribuição de ingredientes em alimentos para cães
Ingredientes Cães em crescimento Cães adultos
Origem animal 40 – 60% 20 - 40%
Origem vegetal –protéico 0 -10% 10 –20 %
Origem vegetal –cereais 20 –40% 30 –70%
Minerais e vitaminas 6 -8% 3-5%
Borges (2002)
4
Entre os cereais mais comumente utilizados em alimentos processados
para cães encontram-se o milho e seus derivados, o arroz e seus derivados e, em
menor proporção, o sorgo.
2.1.1 Milho (Zea mays)
Provavelmente, o milho é a mais importante planta comercial com
origem nas Américas. indicações de que sua origem tenha sido no México,
América Central ou Sudoeste dos Estados Unidos. É uma das culturas mais
antigas do mundo, havendo provas, através de escavações arqueológicas e
geológicas, medições por desintegração radioativa, de que é cultivado pelo
menos 5.000 anos. Logo depois do descobrimento da América, foi levado para a
Europa, onde era cultivado em jardins, até que seu valor alimentício tornou-se
conhecido (Duarte, 2000b).
Dentro da evolução mundial de produção de milho, o Brasil tem se
destacado como terceiro maior produtor, ficando atrás apenas dos Estados
Unidos e da China, superando, no ano de 2001, 41,5 milhões de toneladas
(Duarte, 2000b).
A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas
de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta
tecnologia. Na realidade, o uso do milho em grão como alimentação animal
representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70% no
mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 50% são destinados a esse fim, enquanto,
no Brasil, o uso de milho em grão varia de 60 a 80%, dependendo da fonte da
estimativa e de ano para ano. Além dos suínos e dos frangos, o milho faz parte
da alimentação de ruminantes e outros pequenos animais. Atualmente, a
produção de ração para pequenos animais (pet food) tem constituído um
5
mercado crescente para o uso desse cereal, dado o crescimento da demanda por
alimento de melhor qualidade para esses animais (Duarte, 2000b).
A qualidade do milho pode ser afetada pela variedade. A composição
média do grão de milho é 60% de amido, 6,5% de cascas, 10% de glúten, 5% de
germe e 15% de água. Existem cultivares com alta proteína QPM (Quality
Protein Maize) e outros com altos conteúdos de óleo. O processamento do grão
de milho pode alterar o seu valor nutritivo pela moagem, gelatinização,
floculação e laminação (Gonçalves & Borges, 1997). Na Tabela 2 estão descritas
as composições médias bromatológicas do milho integral, sorgo e quirera de
arroz.
TABELA 2 - Composição média bromatológica do milho integral, sorgo e
quirera de arroz
Cereal
MS
(%)
Amido
(%)
PB
(%)
EE
(%)
FB
(%)
MM
(%)
Milho 87,10 62,30 8,57 3,46 1,95 1,28
Sorgo 86,72 59,80 8,80 2,82 2,23 1,52
Quirera de arroz 88,56 73,00 8,59 0,83 0,45 0,97
(Adaptado de Rostagno et al., 2004).
2.1.2 Milho Degerminado
É o produto obtido do milho integral após a remoção do gérmen e do
tegumento. O processo de degerminação permite a retirada do gérmen do grão, e
é no gérmen que se concentra o teor de óleo do milho. Com a separação, obtém-
se grão com menos óleo, menor acidez e maior vida útil e, a partir do gérmen,
pode ser produzido o óleo.
O milho degerminado tem grande aceitação em cervejarias e indústrias
fabricantes de salgadinhos e cereais matinais, podendo se apresentar como um
ingrediente opcional na alimentação de animal.
6
TABELA 3 - Composição milho degerminado
Cereal
MS
(%)
PB
(%)
EE
(%)
FB
(%)
MM
(%)
Milho degerminado 88,00 6,00 1,00 2,00 2,00
(Sindirações-2005)
2.1.3 Sorgo (Sorghum bicolor)
A origem do sorgo está provavelmente na África, embora algumas
evidências indiquem que possam ter havido duas regiões de dispersão
independentes, a África e a Índia (Ribas, 2000). O sorgo foi introduzido no
Brasil no início do século XX, mas desde então nunca se firmou como uma
cultura com características comerciais marcantes (Duarte, 2000a).
O sorgo é indicado como um bom substituto do milho na produção
agrícola e na alimentação animal, mas aspectos culturais que afetam o
comportamento dos agentes do agronegócio do Brasil dificultam esta
substituição e geram problemas de mercado para o produto (Duarte, 2000a).
O maior uso de grãos de sorgo no Brasil está na avicultura e
suinocultura. Bovinos, eqüinos e pequenos animais são também consumidores,
mas em menor proporção. Praticamente não consumo de sorgo na
alimentação humana (Ribas, 2000).
Na realidade, o produtor de sorgo é quase que integrado com algumas
firmas produtoras de rações, uma vez que colocar o produto nos canais normais
de comercialização é difícil (Duarte, 2000a).
Estima-se que a produção de grãos de sorgo poderá se elevar até 4 a 5
milhões de toneladas nesta década, sem risco de excesso de oferta, uma vez que
o balanço demanda/oferta de milho está ajustado e, mais recentemente, o país
recomeçou a exportar este cereal com bons resultados financeiros para
produtores e exportadores (Ribas, 2000).
7
Toda a planta de sorgo possui aproximadamente os mesmos níveis de
proteína, amido e lipídios, entre outros. Entretanto, rios compostos fenólicos
podem ocorrer ou não, entre eles o tanino, que tem ação antinutricional,
principalmente para os animais monogástricos.
Segundo Magalhães et al. (2002), a presença do tanino no grão de sorgo
depende da constituição genética do material. Os genótipos que possuem os
genes dominantes B
1
e B
2
são considerados sorgo com presença de tanino. No
passado, era comum encontrar a classificação de sorgo nos grupos I, II e III,
representando, respectivamente, teores baixos, médios e altos de tanino. Hoje,
sabe-se que o tanino está presente ou ausente no grão. A pesquisa tem mostrado
que percentuais abaixo de 0,70% no grão, verificados em algumas análises
laboratoriais, são devidos a outros fenóis e não ao tanino condensado e, portanto,
não são prejudiciais à dieta dos animais.
Os vários compostos fenólicos presentes no grão de sorgo podem afetar
a cor, a aparência e a qualidade nutricional. Esses compostos podem ser
classificados em três grupos básicos: ácidos fenólicos, flavonóides e taninos. Os
ácidos fenólicos são encontrados em todo tipo de sorgo, porém os flavonóides
não são detectados em todos eles. O fenol conhecido como tanino encontra-se
concentrado na testa da semente. A testa é um tecido altamente pigmentado,
localizado logo abaixo do pericarpo, e sua existência é fator determinante da
presença de tanino em sorgo. Existem duas classes de taninos: hidrolisáveis e
condensados. Não evidências da presença de grandes quantidades de tanino
hidrolisável no sorgo. o tanino condensado é aquele encontrado em sorgo
resistente a pássaros (Magalhães et al., 2002).
Os ácidos fenólicos não têm efeito adverso na qualidade nutricional,
porém podem causar cor indesejável aos alimentos quando processados sob
condições alcalinas. Os flavonóides, a exemplo dos ácidos fenólicos, também
não causam problemas na digestibilidade e palatabilidade do sorgo. Constituem
8
um amplo grupo de compostos fenólicos encontrados nas plantas, sendo que
alguns deles estão entre os principais pigmentos presentes em vegetais.
O principal problema que o tanino causa, quando presente no sorgo, é a
complexação com proteínas, o que vai afetar a digestibilidade e modificar a
palatabilidade (sabor adstringente). O efeito do tanino na digestibilidade "in
vitro" da matéria seca tem sido provado em vários estudos, nos quais foi
detectada correlação negativa entre a presença de tanino no grão e a
digestibilidade.
Segundo Borges (2002), a digestão do amido do sorgo ocorre de forma
mais lenta que do amido do milho, o que levou algumas empresas a pesquisar e
patentear a utilização destas fontes em rações para cães. A digestão lenta dos
carboidratos tanto do sorgo quanto da cevada resultaria em moderados níveis de
glicose após as refeições. Estes níveis moderados de glicose poderiam ser
interessantes no controle da diabetes e em algumas condições especiais, como
dietas para o controle da obesidade, em que níveis moderados e persistentes de
glicose ajudariam a inibir o consumo e controlar a fome nestes animais.
O processo de extrusão nas rações de cães e gatos pode melhor a
digestibilidade da proteína do sorgo. Fapojuwo et al. (1987) avaliaram as
variáveis de extrusão, incluindo umidade (15 e 25%) e temperatura (50, 125 e
200
o
C), em duas variedades de sorgo de baixo-tanino. A digestibilidade da
proteína foi calculada através da analise de pepsina "in vitro". A extrusão
melhorou a digestibilidade de 45,9 a 74,6% e de 43,9 a 68,2% para as duas
variedades, respectivamente. A temperatura foi a variável de extrusão que mais
influenciou a digestibilidade, enquanto a umidade não apresentou nenhum efeito
significante.
Do mesmo modo, Suzuki et al. (1991) estudaram o efeito da extrusão na
digestibilidade da proteína do sorgo. Camundongos de quatro semanas foram
alimentados "ad libitum” com dietas contendo grão de sorgo sem tratamento
9
(Sorgo bicolor), sorgo extrusado (180
o
C) ou dieta completa extrusada contendo
de 10% levedura. A utilização de nitrogênio líquido foi mais alta na dieta
completa, seguidos por sorgo extrusado e grãos, respectivamente. Os resultados
sugerem que a extrusão aumenta o valor nutritivo global das proteínas, embora
apresente como desvantagem uma redução do conteúdo de lisina disponível.
2.1.4 Arroz (Oriza sativa)
O arroz é um dos cereais mais cultivados no mundo, sendo a base da
alimentação humana, principalmente oriental, há milhares de anos. Existem
centenas de variedades de arroz. No entanto, estas podem ser agrupadas em três
grandes grupos: Índica, Japónica e Fragrante. A principal diferença entre elas é o
tipo de amido presente no grão (Ania, 2003).
O Índica (agulhas, agulhinha) é a variedade mais comum em todo o
mundo. O grão é longo e fino. O amido é constituído essencialmente pela cadeia
linear, a amilose (Ania, 2003).
O Japónica (carolinos) é a variedade mais apreciada no Japão,
precisamente pela sua maior capacidade de absorver sabores, que advém da
superior capacidade de absorção de água, motivada por uma maior porcentagem
de amilopectina. O grão é arredondado, podendo ser mais longo (carolino – mais
apreciado em Portugal) ou quase redondo (médio e curto mais apreciado na
Espanha e na Itália) (Ania, 2003).
As variedades de arroz Fragrante são variedades muito semelhantes ao
Ìndica, o amido é também essencialmente amilose. A diferença é que rende mais
em climas frios do que o Ìndica, ganhando mercado em países como Reino
Unido e Estados Unidos (Ania, 2003).
A quirera de arroz é o fragmento de grão de arroz descascado e polido
que passa em peneira de furos circulares de 1,6 milímetros de diâmetro. Muito
10
utilizada na alimentação animal, a quirera de arroz é bastante semelhante ao
arroz em relação a sua composição química.
Silva Junior (2004) encontrou valores de digestibilidade da matéria seca
de 87,43% em uma dieta para cães contendo 60 % de quirera de arroz,
superiores (P<0,05) àqueles encontrados para dietas com 60% de sorgo integral
(81,11% ) e com 60% de milho integral (82,94%). O autor afirma que um dos
motivos pelos quais a digestibilidade da matéria seca da dieta com arroz foi
superior (P<0,05) às demais foi a maior digestibilidade do amido, de 98,12;
81,11 e 82,94 % para o arroz, sorgo e milho, respectivamente.
2.2 Carboidratos e o processo de extrusão
O nome carboidrato vem do francês “hidrate de carbone”, aplicado para
compostos contendo C, H e O, sendo que H e O estão presentes na mesma
proporção que a água. - (CH
2
O)n, em que n > 3. Nos alimentos, é a fração que
menos fornece energia, comparada com proteínas e gorduras, em uma base
molar (proteína = 4,15 Kcal/ grama, gorduras e óleos = 9,02 kcal/g, carboidratos
= 4,00 Kcal /grama). Entretanto, como nos alimentos vegetais, os carboidratos
são os constituintes mais importantes (40 a 75%), acabam sendo os que mais
contribuem energicamente na alimentação animal, com exceção dos carnívoros
em regime dietético natural, à base somente de produtos de origem animal, como
na natureza (Borges & Ferreira, 2004).
Embora na natureza cães e gatos tenham uma dieta composta quase que
exclusivamente por produtos de origem animal, isto não ocorre na criação
doméstica destes animais. Hoje a quase totalidade dos alimentos secos para cães
apresentam-se extrusados ou expandidos, um processamento que depende da
presença de carboidratos (Borges & Ferreira, 2004) .
Segundo Borges & Ferreira (2004), estes processamentos melhoraram
consideravelmente a digestibilidade, textura, palatabilidade e valor nutritivo dos
11
alimentos secos. O processo consiste em submeter a mistura de matérias-primas
hidratada a efeitos conjugados de pressão e temperatura (90 a 150
0
C) por um
curto espaço de tempo (20 a 30 segundos) e, logo em seguida, promover uma
queda súbita de ambos, provocando uma pressão negativa e uma expansão da
matéria.
Este processo leva à ruptura da parede celular dos vegetais, com
exposição e gelatinização dos grânulos de amido, além de provocar uma
estabilidade microbiológica. a proteína praticamente não sofre nenhuma
alteração de qualidade.
Segundo Borges & Ferreira (2004), no processo de extrusão a
quantidade e o tipo de amido da mistura são determinantes na qualidade do
grânulo. Misturas com um alto teor de gordura (acima de 20%) ou com baixa
quantidade de amido resultam em um grânulo pouco expandido e pouco
crocante, o que não é desejável sob o ponto de vista industrial.
Segundo Twomey et al. (2002), o processo de extrusão envolvido na
produção de alimentos para cães e gatos é adequado para gelatinizar o amido e
aumentar sua digestibilidade.
Segundo citações de Silva Júnior (2004), os carboidratos o os
principais constituintes energéticos dos vegetais, representando entre 60% a 90%
do seu peso seco (Buléon et al., 1998; Case et al., 1998). O polissacarídeo de
armazenamento de origem vegetal mais importante na natureza é o amido
(Lehninger et al., 1995), que é um homopolissacarídeo constituído apenas de
moléculas de glicose, sob a forma de polímeros não solúveis, com ligações
hidrogênio intra e intermoléculas, originando uma estrutura coesa e organizada
denominada grânulo ou grão de amido, (Figueiredo & Guerreiro, 2003;
Lehninger et al., 1995; Mori, 2004; Nunes, 1998).
O amido é a principal forma de armazenagem de carboidratos dos
cereais, consistindo em amilopectina, um polímero de cadeia ramificada de
12
glicose; e de amilose, um polímero de cadeia linear. O conteúdo médio de amido
dos cereais é de 70 %; a amilopectina tem 70 a 80 % e amilose, os restantes 20 a
30 %. Fatores tanto genéticos como ambientais influenciam no teor de amilose
do sorgo (Borges & Ferreira, 2004)
Ainda segundo citações de Silva Júnior (2004), a amilose consiste de
cadeias longas, não ramificadas, de unidades de glicose conectadas por ligações
α1- 4. A Figura 1 apresenta uma representação da estrutura parcial da amilose
(Chaplin, 2004; Figueiredo & Guerreiro, 2003; Lehninger et al., 1995).
FIGURA 1 - Estrutura parcial da amilose (Adaptado de Chaplin, 2004).
A amilose é quebrada pela enzima α-amilase de duas em duas moléculas
de glicose, fornecendo maltose como produto final. A enzima α-glucosidase, ou
maltase, produzida na mucosa intestinal, quebra a maltose em duas moléculas de
glicose (Nunes, 1998).
Ainda segundo Silva Júnior (2004), em revisão sobre o assunto, a
amilopectina (Figura 2) é altamente ramificada, mas a maior parte da molécula é
composta por cadeias lineares de ligações α1-4. Entretanto, nos pontos de
13
ramificação, chamados pontos brancos, que aparecem entre cada 24 a 30
moléculas de glicose, ocorrem ligações do tipo α1-6 (Chaplin, 2004; Figueiredo
& Guerreiro, 2003; Lehninger et al., 1995; Nunes, 1998). Duas enzimas são
capazes de agir nas ligações da cadeia da amilopectina. A α-amilase quebra a
cadeia linear, chegando bem próxima da ramificação, produzindo maltose e um
oligossacarídeo pequeno e ramificado. Este é atacado pela enzima intestinal
oligo-1,6-glucosidase (isomaltase) e, subseqüentemente, os pequenos resíduos
lineares são atacados pela α-amilase e maltase, gerando moléculas de glicose
(Nunes, 1998).
FIGURA 2. Estrutura parcial da amilopectina (Adaptado de Chaplin, 2004).
14
A digestibilidade do amido no grão do cereal determina o conteúdo
energético disponível do grão e é dependente do tipo de cadeia de amido e da
hidrólise por enzimas pancreáticas. Neste aspecto, cães são mais hábeis em
digerir o amido da dieta que gatos, que apresentam uma reduzida quantidade de
amilase pancreática e têm uma intolerância mesmo a níveis moderados de
carboidratos. Mesmo para cães, o grau de digestão do carboidrato dependerá do
processamento que a dieta foi submetida (Borges e Ferreira, 2004)
Segundo Borges & Ferreira (2004), as propriedades fisico-químicas do
amido repercutem nas características de textura e nutricionais da ração preparada
com o sorgo. O comportamento do amido na água depende da temperatura e de
sua concentração. O amido do grão de sorgo apresenta uma absorção muito
baixa de água à temperatura ambiente (um grau de inchamento muito pequeno),
entretanto esta absorção aumenta com o aumento da temperatura, resultando em
uma solubilização da amilose e da amilopectina, com a formação de uma
solução colóide. Este processo é denominado gelatinização. Por outro lado, o
tratamento térmico do amido em ausência de água leva a uma expansão da
massa sem perda de material solúvel, produzindo uma desgelatinização parcial
do amido, que passa de um estado solúvel, disperso e amorfo a um estado
cristalino insolúvel. Este fenômeno é denominado retrocessão.
A amilose apresenta maior capacidade de retrocessão, enquanto a
amilopectina apresenta uma maior capacidade de gelatinização. Ambos os
processos são importantes na qualidade dos grânulos e na qualidade nutricional
das rações para cães (Borges & Ferreira, 2004).
A gelatinização e a capacidade de inchamento são determinantes para a
qualidade da extrusão; uma maior gelatinização do amido determina uma melhor
extrusão e um grânulo de melhor qualidade. Na Tabela 4 são apresentadas
algumas características físicas do amido do sorgo e do milho (Borges & Ferreira,
2004).
15
TABELA 4 - Características do amido isolado do sorgo e do milho
Grão Amilose
(%)
Temperatura
gelatinização
(ºC)
Capacidade
de ligação à
água (%)
Inchamento
a 90°C (%)
Solubilidad
e
90°C (%)
Inicial Final
Sorgo
24,0 68,5 75,0 105 22 22
Sorgo
açucareiro
1,0 67,5 74,0 - 49 19
Milho
21.1 61,1 68,7 87,5 13,1 9,16
FAO (2002)
A variação na capacidade de ligação da água (83,6 a 99,5 %) obedece
provavelmente às diferenças na proporção relativa do amido amorfo e cristalino
do grânulo. O amido amorfo tem uma maior capacidade de absorção da água que
o amido cristalino e, por isso, é maior no sorgo que no milho (FAO, 2002).
A capacidade de inchamento dos cereais guarda uma correlação alta e
positiva dentro de todas as qualidades organolépticas da ração, como textura,
sabor e aceitabilidade. Por outro lado, o conteúdo de amilose guarda uma
correlação negativa com todas as características organolépticas (FAO, 2002).
A natureza química do amido, especialmente o conteúdo de amilopectina
e de amilose, repercutem na digestibilidade. A digestibilidade do amido é maior
no sorgo açucareiro (amilose baixa) que nos grãos normais de sorgo e milho. Em
um experimento com es testando a digestibilidade de várias fontes de amido,
Murray & Fahey (1999) encontrou que o sorgo apresentou 80 e 84% de
digestibilidade para a matéria seca e a matéria orgânica, respectivamente. A
presença de taninos no grão também é outro fator que contribui para a má
digestibilidade do amido em algumas variedades de sorgo, visto que o tanino
pode inibir a amilase pancreática.
16
Além das características de processamento, a maior quantidade de
amilopectina presente no sorgo pode ser interessante sob o ponto de vista
nutricional. A digestão do amido do sorgo ocorre de forma mais lenta que do
amido do milho, o que levou algumas empresas a pesquisarem e patentearem a
utilização destas fontes em rações para cães (Borges & Ferreira, 2004).
2.2.1 O Processo de extrusão
O Processo de cozimento por extrusão tem sido usado em alimentos para
cães e gatos mais de 50 anos. O primeiro alimento extrudado foi
desenvolvido pela Ralston Purina Company, em 1954 (Corbin, 2003).
Extrusoras são equipamentos complexos que podem trazer mudanças
significativas para ingredientes alimentícios sob condições tipicamente
empregadas no processo de cozimento. O processo de cozimento por extrusão
pode controlar uma imensidão de características do produto, como forma,
densidade, rehidratação, textura e cozimento (Carvalho, 2002).
A seleção das matérias-primas empregadas, é de extrema importância e
impacto ao processamento à qualidade do produto final, diretamente relacionada
à textura do produto final, à uniformidade, à maquinabilidade (extrudabilidade),
à qualidade nutricional e à viabilidade econômica.
Segundo Smith (1975), citado por Carvalho (2002), extrusão é o
processo de cozimento realizado pela combinação de umidade, pressão, calor e
atrito mecânico no interior de um tubo.
Os cães são incapazes de digerir adequadamente o amido, a menos que
este seja processado por meio da cocção ou extrusão (Tardin, 2002). Assim, os
alimentos comerciais para cães são extrusados. Neste processo, o amido é
gelatinizado e passa a ser digerido e aproveitado pelos cães.
17
No processo de extrusão, a quantidade e o tipo de amido da mistura são
determinantes na qualidade do “pelet”. Misturas com um alto teor de gordura
(acima de 20%) ou com baixa quantidade de amido resultam em um “pelet”
pouco expandido e pouco crocante, o que não é desejável sob o ponto de vista
industrial (Borges, 2002).
Além de serem necessários ao processo de extrusão para moldar o
alimento, os cereais são fontes mais econômicas de nutrientes (Tardin, 2002).
Assim, o amido, hoje representado pelos cereais, compõe a maior parte da
formulação de alimentos completos para cães (Lewis et al., 1994).
FIGURA 3 - Modelo do equipamento de extrusão.
18
FIGURA 4 - Modelo canhão da extrusora.
2.3 Medidas para avaliação de digestibilidade dos nutrientes
Os carnívoros são animais adaptados a dietas concentradas e altamente
digestíveis, sendo caracterizados por um intestino simples e curto (Ahlstrom &
Skrede, 1998; Kendall, 1981). O cão é um animal carnívoro por definição, mas
onívoro por convenção. Assim, é mais bem definido como carnívoro não estrito
(Mohrman, 1979).
Segundo Silva et al. (1999), a maioria das empresas produtoras de ração
para pequenos animais no Brasil ainda não mantêm como rotina a realização de
análises de digestibilidade, como preconizam os protocolos científicos ditados
pela Association of American Feed Control Officials (AFFCO), órgão regulador
que baliza o desenvolvimento e a comercialização de rações nos Estados Unidos.
Isto porque, o Ministério da Agricultura, até então, não estabelece exigências
para correlacionar o estudo da digestibilidade à qualidade do produto em questão
e, por conseguinte, seu registro e ingresso no mercado consumidor brasileiro.
Os valores de energia metabolizável (EM) para a maioria dos
ingredientes individuais não foram determinados para cães. As tabelas de
nutrição (National Reserch Council - NRC, 1985) não fornecem os valores de
19
energia digestível (ED) e nem de EM dos diversos ingredientes. Por essa razão,
aproximações do conteúdo de EM pode ser estimadas (Silva et al., 1999).
Segundo Silva et al. (1999), um método recomendado para o cálculo está
baseado na admissão da digestibilidade aparente de 80% para proteína, 90% para
extrato etéreo e 85% para extrato o-nitrogenado (ENN). Os coeficientes de
digestão resultantes são, então, multiplicados pelos valores de energia bruta de
4,40 (5,65 - 1,25 ); 9,40 e 4,15 Kcal para proteína, extrato etéreo e extrato não-
nitrogenado, respectivamente. Admite-se que a EM não foi derivada da fibra
bruta. Os valores resultantes de 3,50; 8,46 e 3,50 Kcal são estimativas razoáveis
da EM disponível para os cães provenientes da proteína, gordura e carboidrato
(ENN) de ingredientes de alimentos comumente utilizados na fabricação dos
alimentos para cães (NRC, 1985). Entretanto, os valores médios da
digestibilidade aparente da proteína, extrato etéreo e extrato não-nitrogenado
devem ser usados com cautela, pois podem subestimar o valor da EM em
alimentos que contenham pouca fibra ou pouco tecido conectivo e sub-produtos
de origem animal, ou superestimá-lo em alimentos derivados de plantas e cereais
que contenham elevado conteúdo de fibra (NRC, 1985).
A digestibilidade do amido do cereal determina o conteúdo energético
disponível do grão e é dependente do tipo de cadeia de amido e da hidrólise por
enzimas pancreáticas. Neste aspecto, cães são mais hábeis em digerir o amido da
dieta que gatos, que apresentam uma reduzida quantidade de amilase
pancreática, com intolerância mesmo a níveis moderados de carboidratos.
Mesmo para cães, o grau de digestão do carboidrato dependerá do
processamento a que o alimento foi submetido (Borges, 2002).
Os cães são incapazes de digerir adequadamente o amido, a menos que
este seja processado por meio da cocção ou extrusão (Tardin, 2002).
Silva Junior (2004), avaliando a resposta glicêmica e insulinêmica pós-
prandial de cães recebendo três tipos diferentes de cereais (milho, sorgo e arroz),
20
entrando em uma mesma proporção na dieta, encontrou altas digestibilidades do
amido: 95,61%, 94,68 %, 98,12% para o milho, sorgo e arroz, respectivamente.
Segundo Silva Júnior (2004), possivelmente diferentes proporções dos tipos de
amido (amilose e amilopectina) presentes na quirera de arroz, em relação aos
outros cereais, bem como as reações ocorridas durante o processamento, podem
também ter contribuído para a maior digestibilidade do amido total do arroz em
relação aos demais grãos.
A digestibilidade é um fator que deve sempre ser levado em conta
quando são analisados alimentos para animais. A digestibilidade constitui uma
medida de qualidade da dieta porque determina, de forma direta, a proporção de
nutrientes disponíveis para absorção pelo animal. Os fabricantes avaliam a
digestibilidade dos seus produtos através de ensaios alimentares (Case et al.,
1998). Logo, informações da digestibilidade dos ingredientes puros,
devidamente processados, são valiosas no âmbito nutricional, auxiliando os
profissionais de nutrição a identificarem, dentre as matérias-primas disponíveis
no mercado nacional, qual a melhor formulação, a fim de serem atingidos os
melhores coeficientes de digestibilidade no alimento final.
Andrigueto (1981) define digestibilidade como sendo a fração do
alimento consumido que não é recuperada nas fezes ou quanto do nutriente
ingerido foi absorvido pela mucosa intestinal. Case et al. (1998) consideram a
digestibilidade como sendo uma medida de qualidade das rações, pois estabelece
a proporção de nutrientes disponíveis que serão absorvidos pelo organismo. O
coeficiente de digestibilidade aparente (CDA) permite estimar o percentual de
nutrientes absorvidos (Lôbo Júnior, 2000). Segundo Nunes (1998) e Case et al.
(1998), pode-se utilizar a seguinte fórmula para o cálculo do coeficiente de
digestibilidade aparente:
CDA = Nutriente ingerido – Nutriente excretado x 100
Nutriente ingerido
21
Segundo Schang (1987), um ponto importante na acurácia da grande
maioria das metodologias diretas para estimar digestibilidade é a quantificação
correta das excretas, com duas alternativas metodológicas: colheita total ou
utilização de indicadores.
Ainda segundo Schang (1987), na primeira metodologia o animal é
alimentado com uma dieta de composição conhecida, sendo quantificada a
ingestão de nutrientes e recolhidas todas as excretas. Desta forma, é realizado
um balanço entre o que foi ingerido e o que foi eliminado e a diferença
corresponde aos nutrientes efetivamente digeridos e absorvidos.
A digestibilidade é denominada “aparente” porque as fezes são
importante via de eliminação de minerais, compostos nitrogenados (proteínas) e
lipídios, provenientes da descamação da mucosa, enzimas digestivas e bile
(Church & Pond, 1988).
Ainda segundo Church & Pond (1988), a técnica de colheita total
envolve o pressuposto de que as fezes produzidas em determinado período de
tempo são correspondentes ao alimento ingerido no mesmo período. Existem
erros inerentes a este pressuposto, pois as taxas de ingestão e excreção variam.
Todavia, em períodos de colheita de três ou mais dias, esse erro diminui. A
maior objeção à colheita total é que o consumo de alimentos e a eliminação de
fezes são difíceis de se medir corretamente. Uma alternativa indicada é a
utilização de indicadores externos, como óxido de cromo (Cr
2
O
3
), ou do próprio
alimento, como lignina ou cinzas insolúveis em ácido.
Estes ensaios biológicos incluem um período de tempo para adaptar o
animal à alteração da dieta e remover do trato gastrintestinal a alimentação
anterior. Períodos de um dia têm sido propostos como suficientes para aves,
exceto para alimentos mais fibrosos, para os quais períodos maiores têm sido
preconizados. Já outros autores indicam períodos maiores, de até cinco dias
(Sibbald, 1982).
22
Para obter a digestibilidade de um alimento ou dieta completa, a
metodologia de avaliação mais utilizada é aquela denominada de “tradicional”,
com colheita total de excreta. Esta metodologia se aplica bem a dietas
completas; entretanto, a ingestão espontânea de um alimento teste torna-se
difícil. Por isso, a metodologia de colheita total de excreta é conjugada à
metodologia de substituição proposta por Matterson et al. (1965). A metodologia
de substituição apresenta como característica primária a utilização de uma dieta
basal administrada a um grupo de animais controle, na qual um de seus
constituintes é substituído pelo ingrediente a ser utilizado, além do consumo ser
ad libitum. Segundo Schang (1987), esse procedimento assume que toda
variação no resultado da digestibilidade da dieta é devida ao ingrediente teste,
não levando em consideração o nível de inclusão e o valor extra-calórico de
alguns alimentos.
Assim, uma metodologia de alimentação forçada foi proposta para aves,
por Sibbald (1976), na qual o alimento é oferecido puro, forçadamente, através
da intubação do animal. Guardadas as devidas proporções, esta metodologia
pode ser aplicada para cães quando se deseja obter o valor de digestibilidade de
alimentos puros.
A digestibilidade constitui uma medida da qualidade da dieta porque
determina, de forma direta, a proporção de nutrientes disponíveis para absorção
pelo organimo (Case et al., 1998). Logo, a informação referente à digestibilidade
do alimento é de suma importância , uma vez que pouco serve a informação
sobre o conteúdo de um alimento quando não se conhece a sua digestibilidade.
Por exemplo, duas dietas com teores iguais de proteínas (28%), dietas A e C,
porém uma com 70,25 % de digestibilidade das proteínas (dieta A) e a outra,
com 85,9% (dieta C). Isto significa que, de fato, o produto da dieta A
proporciona menos de 20% de proteína digerível; por outro lado, a dieta C
apresenta aproximadamente 24% de proteína digerível (Tabela 5).
23
TABELA 5 - Variação na digestibilidade dos alimentos para os cães
DIETA
A B C
Digestibilidade de Proteínas (%) 70,25 85,86
Digestibilidade das Gorduras (%) 82,70 90,42 90,72
Digestibilidade da Fibra (%) 17,44 48,53 61,48
Pontuação Fecal 3,95 4,47 4,48
Volume Fecal 162,38 89,18 46,48
Case et al., 1998.
Inicialmente, a dieta teste é administrada aos animais durante um
período de dois a três dias, para permitir que eles se habituem ao produto.
Depois deste tempo, durante um a dois dias, determina-se a quantidade de
alimento consumido e de matéria fecal excretada. Esta última representa o
resíduo não assimilado do alimento administrado. Posteriormente, realizam-se
análises laboratoriais do alimento e da matéria fecal para determinar o grau de
nutrientes de ambos e, por subtração, calcula-se a quantidade de nutrientes
assimilados. A expressão destes resultados em percentagem e denominada
“coeficiente de digestibilidade” (Case at al., 1998). Neste tipo de estudo, os
dados obtidos são denominados “coeficientes de digestibilidade aparentes”
porque as fezes também contêm resíduos metabólicos que procedem do próprio
animal e não da dieta.
Os alimentos de qualidade para animais geralmente têm coeficientes de
digestibilidade ligeiramente superiores e os seus subprodutos apresentam uma
digestiblidade significativamente inferior. Um alimento de baixo coeficiente de
digestibilidade contém uma proporção elevada de componentes que o trato
digestivo não consegue digerir. Estes componentes atravessam o intestino
grosso, onde são parcial ou totalmente fermentados pelas bactérias do cólon.
24
Uma fermentação bacteriana excessiva ou rápida produz flatulência, fezes moles
e, ocasionalmente, diarréia. Além destes efeitos secundários, um alimento que
seja pouco digerível deve ser administrado em maior quantidade, dado que o
animal absorve uma menor proporção de nutrientes do alimento em questão. À
medida que é consumida uma maior quantidade, também aumenta a velocidade
de passagem pelo trato digestivo. A passagem rápida do alimento através do
intestino diminui a digestibilidade da dieta e contribui para o aumento do
volume de fezes, assim como para a produção de gases (flatulência).
A digestibilidade de um alimento para animais diminui com a presença
de níveis elevados de fibra dietética, cinzas, fitatos e proteínas de baixa
qualidade. Um processamento inadequado ou sujeito a níveis de temperatura
excessivamente altos afeta negativamente a digestibilidade do produto. O amido
presente nos cereais como sorgo, milho, arroz e milho degerminado apresentam
uma absorção muito baixa de água à temperatura ambiente. Entretanto, esta
absorção aumenta com a elevação da temperatura, resultando em uma
solubilização da amilose e da amilopectina, com a formação de uma solução
colóide (Mori, 2004). Quando o amido é aquecido na presença de água, grandes
modificações ocorrem na sua estrutura. A energia térmica introduzida no sistema
enfraquece as pontes de hidrogênio entre as moléculas de amilose e da
amilopectina, a estrutura granular tem sua tensão diminuída e a água começa a
penetrar no interior dos grânulos. Mantendo-se o aquecimento, verifica-se o
aumento das dimensões dos grânulos, devido a uma maior quantidade de água
que vai entrando e se ligando às suas moléculas. Devido à grande quantidade de
hidroxilas (OH) presente nos grânulos, estes facilmente estabelecem pontes de
hidrogênio com a água; diz-se, então, que o amido se gelatiniza. Este processo é
denominado gelatinização (Borges, 2002; Figueiredo & Guerreiro, 2003).
Por outro lado, o tratamento térmico inadequado do amido, ou seja, em
ausência de água, leva a uma expansão da massa sem perda de material solúvel,
25
produzindo-se a desgelatinização parcial do amido, que passa de um estado
solúvel, disperso e amorfo, a um estado cristalino insolúvel. A este fenômeno se
o nome de retrocessão (Borges, 2002; Figueiredo & Guerreiro, 2003). A
gelatinização aumenta a digestibilidade do amido, ao passo que a retrocessão
diminui.
Essas estimativas do conteúdo de EM dos vários ingredientes estão
sujeitas a crítica, visto que consideram iguais os valores de digestibilidade da
proteína, extrato etéreo e extrato não-nitrogenado para todos os alimentos. Nesse
sentido, a avaliação da digestibilidade "in vivo" de cada ingrediente que compõe
uma ração é mais precisa e adequada para a formulação de rações para pequenos
animais.
Logo, a digestibilidade dos alimentos aumenta com a inclusão de
ingredientes de alta qualidade, níveis elevados de gordura e processamento
adequado.
26
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local da realização do experimento
O experimento foi realizado entre os dias 11 e 31 de agosto de 2004, na
cidade de Três Corações, localizada no sul de Minas Gerais, região sudeste do
Brasil. As coordenadas geográficas da cidade são latitude 21º42´00´´S e
Longitude 45º15´30´´W.Gr. A umidade relativa do ar média é de 76,6%. A
cidade possui clima mesotérmico e seu ponto culminante possui cerca de 1.200
m de altitude (Aondefica, 2004).
3.2 Instalações
Foram utilizadas as instalações da estação experimental da empresa
Total Alimentos S/A, na cidade de Três Corações. Cada animal foi
acondicionado em canil individual com área média de 3,5 m
2
(Figura 3), sendo o
piso do canil de cimento liso, sem solário, para que fosse possível a coleta total
de fezes. Os bebedouros utilizados foram do tipo nipple”, fixados na parede do
fundo do canil a uma altura média de 50 cm.
3.3 Animais utilizados
Utilizaram-se cães da raça Foxhound Americano, machos, inteiros, com
idade média de três anos (+ seis meses). Foram selecionados 8 animais de peso
médio aproximado de 35 quilos (+ 2,4 quilos), distribuído em quatro
tratamentos, durante quatro períodos consecutivos. Os cães apresentaram-se
saudáveis à avaliação clínica, não sendo diagnosticada nenhuma enfermidade.
Na estação experimental, todos os cães foram vermifugados quatro vezes ao ano
e vacinados contra raiva e demais doenças anualmente.
27
3.4 Preparação das dietas
As dietas (tratamentos) foram preparadas em condições ótimas e
idênticas de processamento pela empresa Total Alimentos S.A. e oferecidas aos
animais da estação de pesquisa da empresa. Quatro dietas (tratamentos) foram
oferecidas aos animais, compostas unicamente do cereal a ser testado (milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz), cuja composição
encontra-se na tabela 6. Os cereais passaram por um processo de moagem com
peneira de 1,0 mm e foram então extrusados em uma extrusora Wenger
®
modelo
X-185. O processo de extrusão foi conduzido a uma mesma vazão de 2.000
Kg/Hr, uma velocidade de faca de 750 RPM (rotações por minuto), uma
temperatura entre 80
o
C
a 85
o
C no condicionador da extrusora e uma adição de
13,5% de água no processamento.
Os cereais (milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera
de arroz) entraram em uma proporção de 99,85% na dieta e, foram
complementados com 0,15% de premix mineral vitamínico, proporcionando as
necessidades mínimas de microelementos minerais e vitamínicos (AAFCO,
1994), fornecendo, por quilograma de produto, 14.000 U.I de vitamina A; 8 mg
de vitamina B1; 8 mg de vitamina B2; 8 mg de vitamina B6; 200 mcg de
vitamina B12; 2.000 u.i. de vitamina D; 80 u.i. de vitamina E; 1,5 mg de
vitamina H; 60 mg de vitamina PP; 1,5 mg de vitamina K; 120 mg de Zinco; 1,5
mg de Ácido Fólico; 20 mg de Ácido Pantotênico; 15 mg de Cobre; 0,5 mg de
Cobalto; 120 mg de Ferro; 3 mg de Iodo; 1 g de Magnésio; 60 mg de Manganês
e 0,2 mg de Selênio.
28
TABELA 6 - Análise química do milho integral, milho degerminado, sorgo
integral e quirera de arroz utilizados no experimento
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
Integral
Quirera de
Arroz
Matéria Seca
92,37 92,11 91,12 87,94
Umidade
7,63 7,89 8,88 12,06
Energia Bruta (kcal/kg MN)
4040 3851 4044 3741
Proteína Bruta (% MN)
7,06 10,56 8,94 8,07
Gordura – GHA (% MN)
4,93 4,06 4,27 3,27
Matéria Mineral (% MN)
1,26 6,13 1,59 1,00
Fibra Bruta (% MN)
1,69 4,41 1,72 0,32
ENN
1
(% MN)
77,43 66,95 74,6 75,28
1
Obtido por cálculo = 100 (Umidade + Proteína Bruta + Gordura por hidrólise ácida+
Matéria Mineral+Cinzas)
3.5 Equipamentos e Metodologia Utilizados
Com base na metodologia de alimentação gástrica em neonatos, foi
desenvolvido pelo autor e utilizado um sistema para introdução do alimento por
intubação gastro-esofágica, de forma a proceder a alimentação forçada dos cães,
conforme Figuras 5, 6 e 7.
O sistema de bombeamento consiste de um sistema variador de
freqüência do motor modelo 2807 Danfoss e uma bomba helicoidal, com vazão
de 60 a 120 cm
3
/hora, modelo NEMO 4NU04, que tem por finalidade bombear o
ingrediente/alimento em fluxo contínuo. Esta bomba é dotada em uma entrada
com um funil em 60
o
graus em aço inoxidável com a finalidade de
abastecimento do sistema de bombeamento; possui, acoplado a sua saída, um
tubo flexível, de material atóxico, com diâmetro de 3/4 de polegadas e
comprimento suficiente para ser introduzido até o estomago do cão/animal.
O tubo para a alimentação deve alcançar o estômago do animal, não
devendo ser longo demais, pois poderá exercer pressão ou causar perfuração. O
tubo pode ser medido ao longo do corpo do animal, externamente, considerando
29
a ponta do focinho até a última vértebra da costela, que pode ser identificada por
apalpação manual e, em seguida, colocando-se uma fita adesiva no tubo para
marcar a distância correta até o estômago.
O ingrediente a ser testado, no caso extrudado, cuja capacidade de
absorção de água é muitas vezes aumentada pelo processamento de extrusão,
quando dissolvido em água aquecida, deverá ser imediatamente bombeado a fim
de evitar o aumento de viscosidade e a consistência da massa, impossibilitando o
bombeamento.
Em seguida, o animal deverá ser colocado com a cabeça estendida, mas
não erguida, de modo que o tubo deslize para dentro do esôfago. Isto ajuda a
evitar que o fluido alcance as vias respiratórias. No momento inicial da
introdução do tubo será encontrado, uma leve resistência; deve-se manter a
pressão constante , reação normal do esfíncter pilórico, que a princípio se contrai
para, na seqüência, relaxar e permitir a passagem do tubo.
O tubo deverá ser lubrificado com o próprio alimento a ser entubado a
fim de facilitar o seu deslizamento até o estômago, e deverá ser inserido
delicadamente através da boca, faringe e esôfago até o estômago.
30
FIGURA 5 - Equipamento de bombeamento desenvolvido pelo autor utilizado
para introdução do alimento pelo tubo gastro-esofágico.
31
FIGURA 6 - Intubação gastro-esofágica.
FIGURA 7 - Intubação completa e bombeamento.
32
3.6 Duração do Experimento
O experimento teve duração de 20 dias, divididos em quatro períodos de
cinco dias, período em que todos os oitos cães receberam as quatro dietas de
maneira alternada. Nos três primeiros dias de cada período experimental
procedeu-se a fase de adaptação, em que os animais foram entubados e
receberam 500 gramas de cada dieta dissolvidos em 500 gramas de água
aquecida a 36
o
C, conforme Figura 8.
FIGURA 8 - Dieta pronta para introdução gastro-esofágica.
Os animais foram submetidos aos tratamentos sempre no mesmo horário
pela manhã, às 11:00 horas, horário usual no qual os animais recebem sua
alimentação rotineira na estação de pesquisa.
A fase de colheita total de fezes para avaliação da digestibilidade
ocorreu durante os dois dias finais de cada período experimental, quando os
33
animais continuaram a ser alimentados exclusivamente via tubo, com seus
respectivos tratamentos e água.
3.7 Colheita de amostras
3.7.1 Amostras de fezes
A colheita de fezes foi realizada para cálculo de digestibilidade aparente
da matéria seca, digestibilidade aparente da energia bruta, digestibilidade
aparente da matéria mineral, digestibilidade aparente da proteína bruta,
digestibilidade aparente da matéria orgânica, digestibilidade aparente da fibra
bruta e digestibilidade aparente do extrativo não nitrogenado. Colheram-se todas
as fezes de cada animal num período de dois dias. As amostras foram
embaladas, identificadas e congeladas a -15ºC para posterior análise.
3.7.2 Amostras das dietas
No final do período experimental colheram-se amostras de cada
ingrediente, cerca de 2 kg de cada uma, as quais foram embaladas em saco
plástico específico, identificadas e armazenadas em local fresco e ao abrigo da
luz para posteriores análises físico-químicas.
3.8 Análises químicas e valores de energia metabolizável estimados
As análises de energia bruta foram realizadas no Laboratório de Pesquisa
Animal do Departamento de Zootecnia da UFLA, MG, e as demais análises
foram realizadas no laboratório interno da empresa Total Alimentos S.A, em
Três Corações, MG. As análises dos ingredientes e fezes foram realizadas em
triplicata e são descritas a seguir:
34
Matéria pré-seca (dietas e fezes): obtida em estufa de ventilação
forçada a 60ºC por 72 horas e, posteriormente, moída em peneira de 1
mm em moinho tipo Thomas Willey, segundo AOAC (1995).
Matéria seca - MS (dietas e fezes): obtida em estufa a 105ºC por 24
horas, segundo AOAC (1995).
Energia bruta (dietas e fezes): obtida pela queima total das amostras,
utilizando-se calorímetro adiabático PARR, segundo Silva & Queiroz
(2002).
Proteína bruta PB (dietas e fezes): estimada a partir da porcentagem
de N, pelo método de Kjedahl, segundo AOAC (1995).
Gordura por hidrólise ácida - G.H.A (dietas): a determinação do teor
de extrato etéreo das amostras foi feita por hidrólise ácida, segundo
recomendações do AOAC (1995).
Fibra bruta –FB (dietas e fezes): as amostras secas e desengorduradas
foram submetidas à digestão ácida e básica, segundo AOAC(1995).
Matéria mineral – Cinzas (dietas e fezes): determinada por incineração
completa em mufla a 600ºC, segundo AOAC (1995).
Energia metabolizável estimada: a energia metabolizável das dietas
experimentais foi estimada segundo recomendações da Instrução
Normativa n
o
09, de 09 de julho de 2003, do Ministério da Agricultura,
Brasil (2003) com modificações propostas por Atwater (1910), em que
cada grama de proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE) e extrativo não
nitrogenado (ENN) é multiplicada por 3,5, 8,5 e 3,5, respectivamente,
obtendo-se o resultado em calorias por grama. O valor de ENN é obtido
pela diferença matemática dos níveis de garantia impressos no rótulo, ou
seja: [100 - (% umidade + % proteína bruta + % gordura + % fibra bruta
+ % matéria mineral)].
35
3.9 Parâmetros avaliados
Para todos os tratamentos avaliou-se a digestibilidade da matéria seca,
matéria orgânica, minerais totais, energia bruta, proteína, fibra bruta, gordura
por hidrólise ácida e extrativo não nitrogenado.
3.10 Metodologia de cálculos
Equações utilizadas no cálculo de Digestibilidade Aparente dos
Nutrientes (Silva & Queiroz, 2002):
g Nutriente ingerido. – g Nutriente excretado.
___________________________________________________________
X 100
Coeficiente de
Digestibilidade =
Aparente
g Nutriente ingerido.
A energia digestível das dietas foi obtida pela subtração da energia bruta
das fezes da energia bruta ingerida pelo animal.
ED (Kcal/Kg) = EB consumida – EB excretada nas fezes
Consumo de MS
3.11 Delineamento experimental e análises estatísticas
O delineamento utilizado foi o quadrado latino duplo (4 períodos e 4
dietas, com 2 repetições por período, totalizando oito cães). Após a seleção, os
tratamentos foram sorteados por método totalmente aleatório aos cães, de modo
a existirem dois cães para cada tratamento no mesmo período, assim, cada
tratamento teve oito repetições. Depois de sorteados, os animais foram
identificados com coleiras e placas com seus referidos tratamentos. O esquema
da análise de variância está apresentado na tabela 7.
36
TABELA 7 - Análise de Variância para digestibilidade
FONTES DE VARIAÇÃO GRAUS DE LIBERDADE
Tratamento
Linhas (períodos)
Colunas (animais)
Resíduo
03
03
07
07
Total 31
MODELO ESTATÍSTICO:
Yijk = µ + Ti + Pj + Ck + eijk
Onde:
Yijk = Observação da variável referente ao tratamento i na linha j e coluna k.
µ = média geral
Ti = o efeito do tratamento i (i = 1, 2, 3, 4)
Pj = o efeito do período j (j = 1, 2 , 3, 4)
Ck = o efeito do animal k (k = 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8)
Eijk = o erro experimental, que por hipótese tem distribuição normal e média
zero.
As análises foram efetuadas no Laboratório de Computação Científica
(LCC) da Universidade Federal de Lavras (MG). Foram realizadas análises
estatísticas descritivas e o procedimento adotado foi o do pacote estatístico
“SISVAR for Windows” (Ferreira, 2000).
As médias dos coeficientes de digestibilidade dos vários nutrientes
(matéria seca, proteína, lipídios, fibra, matéria mineral, ENN, MO) das dietas
experimentais foram comparadas pelo teste SNK (nível de significância 5%)
(Cochran & Cox, 1957) .
37
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Digestibilidade da Matéria Seca
Os valores médios de consumo, excreção e digestão em gramas da
matéria seca (MS) das dietas encontram-se na Tabela 8. Estes valores, bem
como todos os outros referentes ao consumo e excreção de proteína bruta,
gordura em hidrólise ácida, matéria mineral, matéria orgãnica, fibra bruta e
energia bruta (EB), são apresentados neste trabalho. Embora o tenham sido
submetidos à análise estatística, são importantes, pois servem como referência
para futuros trabalhos com cães, uma vez que os dados de excreção para esta
espécie são escassos.
Para um consumo forçado de 500 gramas de alimento (MN), verificou-se
uma variação numérica no consumo da matéria seca entre os tratamentos, devido
à variação entre os teores de umidade.
TABELA 8 - Consumo, excreção e digestão (g) da matéria seca (MS) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz em
cães
Consumo, excreção e digestão (g) da MS
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera
de arroz
Consumo de ração (g MS)
461,90 460,60 455,60 439,70
Excreção fecal (g MS)
63,36 148,15 61,80 21,96
Matéria seca digerida (g)
398,47 312,37 393,80 417,73
Os valores encontrados para excreção fecal são um importante parâmetro
na busca de um alimento completo com um menor volume de fezes, um ponto
de grande interesse do proprietário, além de ser um indicador “popular” de
qualidade do alimento completo. Segundo Twomey et al. (2002), a qualidade das
fezes é uma fator importante através do qual o proprietário julga a qualidade de
38
um alimento para cães. Um alimento comercial que produza um grande volume
de fezes seria um indicativo da baixa digestibilidade e, portanto, rejeitado pelos
proprietários e criadores. Neste caso, a quirera é o cereal de escolha para a
redução do volume fecal, enquanto o milho degerminado deve ser utilizado com
parcimônia devido a este mesmo critério.
Como o consumo de alimento e a excreção fecal determinam o
desaparecimento dos nutrientes no trato digestivo e constituem as duas variáveis
para obtenção de digestibilidade aparente, procederam-se os cálculos para a
obtenção do coeficiente de digestibilidade da matéria seca, com os valores
apresentados na Tabela 9.
TABELA 9 - Digestibilidade aparente (%) da matéria seca (MS) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz
em cães
Cereal Média
1
Ep
Milho integral
86,28b 0,78
Milho degerminado
67,82c 0,84
Sorgo integral
86,43b 1,04
Quirera de arroz
95,00a 0,72
CV
2,65
1
Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
As digestibilidades da matéria seca do milho e do sorgo não
apresentaram diferença significativa (P>0,05), enquanto a quirera de arroz e o
milho degerminado diferiram entre si (P<0,05) e das demais. O milho
degerminado apresentou a menor digestibilidade da matéria seca. Com exceção
do milho degerminado, as demais dietas apresentaram um bom coeficiente de
digestibilidade.
Silva et al. (1999), avaliando a digestibilidade do milho pré-cozido para
cães, encontraram um coeficiente médio de digestibilidade da matéria seca de
39
94,30%, valor acima do encontrado neste experimento para o milho integral.
Segundo os autores, o valor encontrado ficou acima daqueles referenciados em
outros trabalhos (Fahey et al., 1990a,b; Muir et al., 1996, citados por Silva et al.,
1999). Entretanto, naqueles trabalhos os valores foram obtidos com rações
experimentais em que o nível de fibra bruta era maior que o encontrado no milho
pré-cozido, o que, possivelmente, pode ser válido também para o milho utilizado
neste experimento.
Silva Júnior (2004) encontrou valores de 82,94; 81,11 e 87,43% de
digestibilidade aparente das dietas, trabalhando com dietas para cães contendo
60% de milho, de sorgo ou de arroz, respectivamente. Estes valores foram
menores numericamente que os encontrados neste experimento, entretanto os
valores de Silva Junior correspondem a uma dieta em que o cereal participava
em 60%, enquanto neste experimento os cereais foram avaliados puros.
O erro padrão da média (Ep) foi baixo para todos os alimentos avaliados,
demonstrando uma boa reprodutibilidade dos resultados encontrados. O maior
Ep para esta variável foi encontrado para o sorgo, 1,04.
O alto coeficiente de digestibilidade aparente para a quirera de arroz
pode ser devido ao baixo teor de fibra bruta (tabela 2 – Material e Métodos) e ao
alto teor de ENN, que representa, ao menos parcialmente, os teores de amido do
alimento. Como todas as dietas foram processadas nas mesmas condições e
durante o processamento ocorreu uma ruptura de células com disponibilidade
dos nutrientes para a digestão (Gonçalves & Borges, 1997), o alto ENN da
quirera de arroz pode ter feito a diferença na digestibilidade total da matéria
seca, embora outros nutrientes como a proteína e a gordura (GHA) tenham
apresentado também digestibilidade mais elevada (P<0,05) que os outros
alimentos.
Considerando que um dos diferenciais para alimentos Premium e Super
Premium está correlacionado com coeficientes de digestibilidade acima de 85%,
40
o ingrediente mais indicado é a quirera de arroz. Entretanto, o milho e o sorgo
também apresentam coeficientes de digestibilidade bastante adequados.
o milho degerminado não deverá ser utilizado neste tipo de alimentos,
ou pelo menos deve ter sua incorporação restrita a quantidades mínimas, de
modo a não comprometer a digestibilidade total do alimento. Por outro lado, este
ingrediente pode ser considerado na elaboração de alimentos denominados
“light” com baixa densidade energética, destinados para controle e redução de
peso em animais obesos.
4.2 Digestibilidade aparente da matéria mineral
O milho degerminado apresentou as mais altas ingestões e excreções de
matéria mineral, devido à alta porcentagem deste elemento no ingrediente
(Tabela 10). Esta alta porcentagem possivelmente é devido, à alta quantidade de
fibra, pois sabe-se que a fibra bruta está intimamente relacionada com valores de
sílica e cinzas insolúveis em ácido (CIA) no alimento. Quanto mais alta a fibra
bruta, maiores os teores de CIA.
os valores médios de digestibilidade aparente da matéria mineral (%)
dos alimentos são apresentados na Tabela 11.
TABELA 10 - Consumo, excreção e digestão (g) da Matéria Mineral (MM) do
milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de
arroz em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera de
arroz
Consumo de MM (g)
6,30 30,65 7,95 5,00
Excreção de MM(g)
5,03 26,10 5,77 2,95
MM digerida (g)
1,27 4,55 2,18 2,05
41
TABELA 11 - Digestibilidade aparente (%) da matéria mineral (MM) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz
em cães
Alimento Média
1
Ep
Milho integral
20,16b 4,34
Milho degerminado
14,86b 3,37
Sorgo integral
27,48ab 5,29
Quirera de arroz
41,08a 8,11
CV
59,42
1- Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
A quirera de arroz e o sorgo apresentaram os valores de digestibilidade
da matéria mineral semelhantes (P>0,05), embora a quirera tenha diferido
estatisticamente do milho integral e do milho degerminado, enquanto o sorgo foi
estatisticamente semelhante a estes dois alimentos (P>0,05).
O alto coeficiente de variação encontrado demonstra que esta medida é
muito instável e que, possivelmente, falhas metodológicas ou mesmo excreções
endógenas de minerais (tais como o cálcio biliar) possam ter contribuído para
que o erro padrão da média, principalmente da quirera, apresentasse elevado
valor.
4.3 Digestibilidade aparente da Matéria Orgânica (MO)
Os dados médios de consumo, excreção e digestão (g) da matéria
orgânica (MO) das dietas são apresentados na Tabela 12.
A matéria orgânica é obtida pela subtração da matéria mineral da matéria
seca e, portanto, sofre influência destas duas variáveis. A excreção de matéria
orgânica do farelo de arroz segue sendo bem menor, numericamente, que a
excreção de matéria mineral dos outros alimentos. Isto faz com que a
42
digestibilidade da matéria orgânica da quirera de arroz seja significativamente
superior a todos os outros alimentos, conforme se observa na Tabela 13.
TABELA 12 - Consumo, excreção e digestão (g) da matéria orgânica (MO)
do milho integral, milho degerminado, sorgo e quirera de
arroz em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera
de arroz
Consumo de MO (g)
455,55 429,90 447,65 434,70
Excreção de MO (g)
58,34 122,07 56,04 19,01
MO digerida (g)
397,21 307,83 391,61 415,69
TABELA 13 - Digestibilidade aparente (%) da matéria orgânica (MO) do milho
integral, quirera de arroz, sorgo e milho degerminado em cães
Alimento Média
1
Ep
Milho integral
87,19b 0,74
Milho degerminado
71,60c 0,70
Sorgo integral
87,48b 0,98
Quirera de arroz
95,62a 0,64
CV
2,36
1
Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
Observou-se que a média da digestibilidade aparente da MO (%) não
diferiu (P>0,05) para os alimentos milho integral e sorgo e que, entretanto, estes
dois alimentos apresentam diferença quando comparados com o milho
degerminado, sendo que este último apresentou o menor coeficiente de
digestibilidade da matéria orgânica. a quirera de arroz apresentou os maiores
valores de digestibilidade aparente da matéria orgânica, diferindo (P<0,05) de
todos os tratamentos.
A natureza química do amido, especialmente os conteúdos de
amilopectina e de amilose, repercute na digestibilidade. A digestibilidade do
43
amido é maior no sorgo açucareiro (amilose baixa) que nos grãos normais de
sorgo e milho. Em um experimento com cães, testando a digestibilidade de
várias fontes de amido, Murray & Fahey (1999) encontraram que o sorgo
apresentou 80 e 84% de digestibilidade para matéria seca e matéria orgânica,
respectivamente, valores menores que os encontrados neste experimento.
Murray & Fahey (1999), avaliando a digestão ileal de várias farinhas de
cereais para cães, encontraram que o milho apresentou 85 e 89% de
digestibilidade para a matéria seca e matéria orgânica, respectivamente, valores
semelhantes aos encontrados neste experimento. Já para a quirera de arroz os
autores encontraram 84 e 89% de digestibilidade para a matéria seca e matéria
orgânica, respectivamente, valores menores que os encontrados neste
experimento.
As diferenças nos resultados deste trabalho, quando comparados aos de
Murray & Fahey (1999), se devem, possivelmente, à metodologia utilizada na
execução daquele experimento. Murray & Fahey (1999) obtiveram a
digestibilidade ileal, enquanto neste experimento os valores de digestibilidade
foram fecais. Além disso, os autores mencionados trabalharam com dietas em
que os cereais participam de 43,6 a 51,9%, além de 26,4 a 34,35% de
subprodutos de frango.
4.4 Digestibilidade aparente da proteína bruta (PB)
Os dados médios de consumo, excreção e digestão (g) da proteína bruta
(PB) das dietas são apresentados na Tabela 14. Apesar de o consumo de
proteína bruta do milho degerminado ter sido superior aos demais alimentos, o
mesmo não manteve esta diferença para a proteína bruta digerida, apresentando
valores próximos aos demais alimentos, uma vez que o volume de proteína bruta
excretado foi bastante elevado.
44
TABELA 14. Consumo, excreção e digestão (g) da proteína bruta (PB) do
milho integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de
arroz, em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera de
arroz
Consumo de PB (g)
35,30 52,80 44,70 40,35
Excreção de PB(g)
9,43 16,02 12,96 7,03
PB digerida (g)
25,87 36,78 31,74 33,32
Para a digestibilidade aparente da proteína bruta (Tabela 15), os
alimentos milho integral, sorgo e milho degerminado não apresentaram
diferença significativa entre si (P> 0,05), apesar de o milho degerminado ter
apresentado um valor maior de proteína bruta excretada. Porém, a quirera de
arroz apresentou-se significativamente diferente dos demais alimentos,
apresentando uma maior digestibilidade aparente da PB (P<0,05).
O milho e a quirera apresentaram valores, para o erro padrão da média,
mais baixos que o sorgo e o milho degerminado.
TABELA 15 - Digestibilidade aparente (%) da proteína bruta (PB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães
Cereal Média
1
Ep
Milho integral
73,28b 1,57
Milho degerminado
69,65b 5,84
Sorgo
71,01b 8,49
Quirera
82,57a 2,20
CV
8,11
1
Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
Twomey et al. (2002), em um experimento para avaliar o uso de sorgo e
milho como alternativas para o arroz em alimentos para cães, encontraram
45
digestibilidades aparentes da proteína de 87; 83 e 85% para o arroz, milho e
sorgo, respectivamente, valores mais elevados que os encontrados neste
experimento. Murray & Fahey. (1999) também encontraram valores de
digestibilidade aparente da proteína bruta de 85, 86 e 83% para o arroz, milho e
sorgo, respectivamente, valores também maiores que os obtidos neste
experimento. Como os resultados dos dois autores foram obtidos em dietas em
que, além do cereal, outros ingredientes como a farinha de carne entravam em
sua composição, possivelmente os altos valores foram resultantes de um valor de
aditividade entre aminoácidos.
Silva et al. (1999) encontraram valores de digestibilidade da proteína
bruta do milho pré-cozido de 78,45%, valor acima do encontrado neste
experimento, porém mais próximo; todavia do mesmo modo como Twomey et
al. (2002), Murray & Fahey (1999), Silva et al. (1999) também trabalharam com
uma dieta composta, em que o cereal testado não era o único ingrediente da
dieta.
Os dados encontrados pelos autores citados e os encontrados neste
experimento reforçam a hipótese da necessidade de mais pesquisas referentes ao
valor aditivo das proteínas quando os alimentos são misturados em várias
proporções em uma dieta.
4.5 Digestibilidade aparente da gordura por hidrólise ácida (GHA)
Os valores médios de consumo, excreção e digestão (g) da gordura
(GHA) das dietas são apresentados na Tabela 16. Apesar de os cães recebendo o
alimento quirera de arroz apresentarem o menor consumo de gordura, quando
comparados aos cães recebendo os demais alimentos, foram os que apresentaram
menor valor excretado, o que pode ser evidenciado através dos valores de
digestibilidade aparente da gordura encontrados na Tabela 17.
46
TABELA 16 - Consumo, excreção e digestão (g) da gordura por hidrolise ácida
(GHA) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e
quirera de arroz, em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera de
arroz
Consumo de GHA (g)
24.65 20.30 21.35 16.35
Excreção de GHA (g)
2.78 4.16 2.80 1.20
GHA digerida (g)
21.87 16.14 18.55 15.15
TABELA 17 - Digestibilidade aparente (%) da gordura por hidrólise ácida
(GHA) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e
quirera de arroz, em cães
Alimento Média
1
Ep
Milho integral
88,72b 1,19
Milho degerminado
79,52c 1,18
Sorgo integral
86,88b 1,61
Quirera de arroz
92,66a 1,26
CV
3,22
1
Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
Não ocorreu diferença significativa (P>0,05) entre a digestibilidade
aparente do milho integral e o sorgo. Porém, uma diferença significativa
(P<0,05) foi encontrado entre a quirera de arroz e o milho degerminado e entre
ambos e os demais alimentos avaliados. A quirera de arroz foi o alimento que
apresentou maior digestibilidade aparente para GHA (%).
Em experimento realizado por Murray & Fahey (1999), foram
encontrados valores de digestibilidade de gordura de 94, 93 e 94% para o milho,
sorgo e arroz, respectivamente, valores acima dos encontrados neste
experimento, porém próximos para a digestibilidade da gordura para a quirera de
arroz. Do mesmo modo, os valores encontrados por Twomey et al. (2002), para
47
a digestibilidade de gordura para o milho, sorgo e arroz foram elevados, de 97,
96 e 97%, respectivamente. Vale ressaltar novamente que os referidos autores
trabalharam com dietas em que, além dos cereais testados, outros ingredientes,
em particular a gordura de frango, faziam parte da composição básica; portanto,
interações de aditividade entre os nutrientes podem ter ocorrido.
4.6 Digestibilidade aparente da Fibra Bruta (FB)
TABELA 18 - Consumo, excreção e digestão (g) da fibra bruta (FB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera de
arroz
Consumo de FB (g)
8,45 22,05 8,60 1,60
Excreção de FB(g)
7,76 19,90 8,59 2,61
FB digerida (g)
0,69 2,15 0,01 -1,01
Observa-se, pela Tabela 18, um elevado consumo de fibra bruta
proveniente do milho degerminado, uma vez que o mesmo apresenta altos
teores de fibra bruta na sua composição básica (Tabela 6).
Nota-se que a fibra bruta digerida para todos os alimentos apresenta-se
em quantidades baixas quando comparadas com seus respectivos consumos,
inclusive com valores negativos. Isto confirma a incapacidade de digestão de
fibra bruta pelos cães, evidenciada na Tabela 19.
A digestibilidade negativa encontrada na fibra bruta da quirera de arroz
(Tabela 19) se deve, possivelmente, à imprecisão e à falta de acurácia da técnica
de fibra bruta, quando utilizada em alimentos com baixos teores de fibra. Isto
pode ser confirmado pelos altos erros padrão da média (Ep) daqueles alimentos
com baixa fibra (sorgo, milho integral e quirera) e pelo elevado coeficiente de
48
variação (329,0 %). Por outro lado, a técnica parece ser adequada para o milho
degerminado, que apresenta em torno de 20% de fibra bruta, o que pode ser
confirmado pelo baixo erro padrão da média deste alimento (1,96) quando
comparado aos demais.
Estes achados corroboram com os resultados obtidos por Murray &
Fahey (1999) em um experimento com o objetivo de avaliar farinhas
selecionadas com alto teor de amido como ingredientes em dietas caninas, os
quais encontraram valores negativos de digestibilidade ileal da fibra dietética
total do milho (-5,0%).
TABELA 19 - Digestibilidade aparente da FB (%) do milho integral, milho
degerminado, sorgo integral e quirera de arroz, em cães
Alimento Média Ep
Milho integral
8,145 4,96
Milho degerminado
9,77 1,96
Sorgo integral
0,090 7,13
Quirera de arroz
-63,051 8,12
CV
329
Os valores encontrados neste experimento, quando comparados com os
valores encontrados por Murray & Fahey (1999), reforçam a afirmação de que a
metodologia de fibra bruta não é a mais indicada para este tipo de avaliação.
4.7 Digestibilidade do extrativo não nitrogenado (ENN)
Os valores médios de consumo, excreção e digestão (g) do extrativo não
nitrogenado (ENN) das dietas são descritos na Tabela 20, enquanto os valores
médios de digestibilidade encontram-se na Tabela 21.
O extrativo não nitrogenado, por ser uma medida obtida por cálculos,
sofre uma influência direta dos erros inerentes, acumulados pela técnica
49
bromatológica utilizada para avaliar os valores de todos os outros nutrientes. A
alta digestibilidade do ENN estaria relacionada a todos os erros acumulados
pela metodologia de Weende, principalmente a metodologia de fibra bruta, pois
a fibra solubilizada pelos reagentes pode ser bem elevada, principalmente
quando é medida em alimentos concentrados. Logo, esta diminuição da fibra
real do alimento é adicionada como ENN no alimento, enquanto, nas fezes, isto
ocorre em menor grau. Estes pontos poderiam levar a uma superestimativa dos
coeficientes de digestibilidade do ENN.
TABELA 20 - Consumo, excreção e digestão (g) da extrativo não nitrogenado
(ENN) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e
quirera de arroz, em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo
integral
Quirera de
arroz
Consumo de ENN (g)
387,15 334,75 373,00 376,40
Excreção de ENN(g)
36,83 77,57 29,47 7,18
ENN digerida (g)
350,32 257,18 343,53 369,22
TABELA 21 - Digestibilidade aparente (%) do extrativo não nitrogenado
(ENN) do milho integral, milho degerminado, sorgo integral e
quirera de arroz, em cães
Alimento Média
1
Ep
Milho integral
90,48c 0,63
Milho degerminado
76,82d 0,52
Sorgo integral
92,10b 0,62
Quirera de arroz
98,09a 0,36
CV
1,6
1- Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
50
Observou-se que as digestibilidades do ENN entre todos os alimentos
foram estatisticamente diferentes entre si (P<0,05) .
A quirera de arroz apresentou o maior coeficiente de digestibilidade do
extrativo não nitrogenado, diferindo (P<0,05) de todos os outros tratamentos.
Por outro lado, o sorgo apresentou a segunda maior digestibilidade do
extrativo não nitrogenado.
Estes resultados possivelmente são devidos ao processamento de
extrusão, que aumentou significativamente a digestibilidade do extrativo não
nitrogenado, que representa, pelo menos em grande parte, a digestibilidade do
amido.
O alto valor de ENN encontrado neste experimento para a quirera de
arroz foi semelhante ao de Twomey et al. (2002), que relataram um valor de
100% para a digestibilidade do amido do arroz. Da mesma forma, Murray &
Fahey (1999) encontraram uma digestiblidade do amido ileal e trato-
gastrointestinal total também de 100% para o milho, sorgo e arroz.
Silva Júnior (2004) encontrou valores de digestibilidade do amido
menores que os trabalhos citados, porém bastante elevados, de, 96, 95 e 98%
para dietas com milho, sorgo e quirera de arroz, respectivamente.
4.8 Digestibilidade da energia bruta
Os dados médios de consumo, excreção e digestão em kcal da energia
bruta (EB) das dietas são apresentados na Tabela 18. Embora os animais tratados
com quirera de arroz tenham apresentado a menor ingestão de energia bruta,
devido aos valores baixos desta medida encontrados para este alimento (tabela
6), foram os que apresentaram, numericamente, o valor mais alto de energia
bruta digerida, igualando-se aos valores encontrados para milho integral e sorgo.
Por outro lado, o milho degerminado apresentou uma grande excreção fecal de
51
energia bruta, com valores numéricos de EB digerida bem menores que dos
outros alimentos. Para que esta comparação possa ser feita estatisticamente
foram obtidos os coeficientes de digestibilidade da energia bruta, expressos na
Tabela 22.
TABELA 22 - Consumo, excreção e digestão da energia bruta (kcal) do milho
integral, milho degerminado, sorgo e quirera de arroz, em cães
Milho
integral
Milho
degerminado
Sorgo Quirera
Consumo de EB
(kcal)
2020,0 1926,0 2022,0 1870,0
Excreção de EB(kcal)
266,75 523,00 258,25 91,37
EB digerida (kcal) 1753,37 1403,00 1764,00
1779,25
TABELA 23 - Digestibilidade aparente (%) da energia bruta (EB) do milho
integral, milho degerminado, sorgo integral e quirera de arroz,
em cães
Alimento Média
1
Ep
Milho integral
86,79 b 0,79
Milho degerminado
72,84 c 0,74
Sorgo integral
87,23 b 0,99
Quirera de arroz
95,12 a 0,71
CV
2,51
1
Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
O erro padrão da média foi baixo para todos os alimentos, embora o do
sorgo tenha sido ligeiramente superior aos demais.
A quirera de arroz apresentou o maior coeficiente de digestibilidade da
energia bruta (P<0,05), enquanto as digestibilidades da EB do milho e sorgo não
apresentaram diferenças significativas (P>0,05) entre si, mostrando a
52
similaridade do valor nutricional dos dois ingredientes. Já o milho degerminado
apresentou o menor coeficiente de digestibilidade da energia bruta.
Com exceção do milho degerminado, a digestibilidade da energia bruta
para as demais dietas apresentou um bom coeficiente de digestibilidade da
energia bruta, o que as torna aptas a serem utilizadas em alimentos de alta
qualidade, denominados Premiun e Super Premiun.
Twomey et al. (2002) encontraram valores para digestibilidade da
energia bruta de 85, 87 e 90% para o milho, sorgo e arroz, respectivamente,
valores muito próximos dos encontrados neste experimento para o milho e sorgo
e menores que o encontrado para quirera de arroz.
Silva et al. (1999) encontraram uma digestiblidade aparente para o
milho pré-cozido de 93%, acima do encontrado neste experimento.
Na Tabela 24 são apresentados os valores médios de Energia Digestível
de cada alimento, seu erro padrão da média, seu desvio padrão e seus valores
mínimos e máximos.
O milho integral e o sorgo não apresentaram diferença significativa
(P>0,05) entre si, contrariando o que normalmente se encontra para aves e
suínos, para os quais o sorgo apresenta um valor energético em torno de 90% do
valor energético do milho (Rostagno et al., 2004). Este fato provavelmente se
deve ao processamento destes alimentos para as várias espécies. Enquanto para
aves e suínos tais avaliações são realizadas nos alimentos crus ou peletizados,
para cães a avaliação foi feita nos alimentos extrusados. É sabido que o processo
de extrusão aumenta a gelatinização do amido e melhora a digestibilidade de
outros nutrientes, como a proteína e a gordura, por modificações nas
propriedades da fibra solúvel e insolúvel dos alimentos. Um incremento de fibra
solúvel provocado pelo processo de extrusão facilitaria a exposição dos outros
nutrientes às enzimas gastrintestinais dos animais, aumentando,
conseqüentemente, a digestibilidade dos mesmos.
53
TABELA 24 - Energia digestível do milho integral, milho degerminado, sorgo
integral e quirera de arroz na matéria seca (Kcal/Kg) para cães
Média Ep
Milho integral
3796b 34,5
Milho degerminado
3046c 31,1
Sorgo integral
3872b 43,7
Quirera de arroz
4046ª 30,2
C.V (%)
2,5
1
Valores em uma mesma coluna, seguidos de letras distintas, diferem estatisticamente
pelo teste de SNK (P< 0,05).
A quirera de arroz apresentou os valores mais altos de energia digestível
aparente, enquanto o milho degerminado, o valor mais baixo (P<0,05).
Silva Júnior (2004) encontrou valores de energia digestível de 3699,
3629 e 3740 Kcal/Kg de matéria seca para dietas com milho, sorgo e quirera de
arroz, respectivamente; entretanto, os valores encontrados pelo autor são
referentes ao valor de energia digestível aparente das dietas contendo apenas
60% do cereal a ser testado, o que pode justificar as variações nos resultados
quando comparados aos encontrados neste experimento. O mesmo ocorreu com
Silva et al. (1999), que encontraram valores de energia digestível, para o milho
pré-cozido para cães, de 3523 Kcal/Kg de matéria seca.
Por outro lado, Murray & Fahey (2002) encontraram valores de energia
digestível bastante elevados para o milho, sorgo e quirera de arroz, de 4137,
4235 e 4316 Kcal/Kg de matéria seca, respectivamente.
Mais uma vez, o milho degerminado demonstra ser um ingrediente que
deve ser utilizado com cautela do ponto de vista nutricional.
54
5 CONCLUSÕES
Nas condições experimentais apresentadas pode ser concluído que:
A quirera de arroz apresentou maior coeficiente de digestibilidade dos
nutrientes dentre os alimentos avaliados.
O milho degerminado é um ingrediente de baixo valor nutricional
quando comparado com o milho integral, sorgo e arroz, devendo ter sua
utilização restrita somente à alimentos comerciais de baixa densidade energética,
como aqueles para redução e controle de peso em cães.
O milho integral e o sorgo apresentaram valores de digestibilidades da
matéria seca, matéria orgânica, proteína bruta, gordura em hidrolise ácida e
energia bruta semelhantes, colocando o sorgo como um novo ingrediente a ser
explorado para a alimentação de cães, inclusive em substituição parcial ou total
do primeiro.
55
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