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AVALIAÇÃO DE FONTES NITROGENADAS
NA ETOLOGIA INGESTIVA E
DESEMPENHO DE VACAS GIR LEITEIRAS
THIAGO ALVES PRADO
2006
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THIAGO ALVES PRADO
AVALIAÇÃO DE FONTES NITROGENADAS NA ETOLOGIA
INGESTIVA E DESEMPENHO DE VACAS GIR LEITEIRAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do curso
de Mestrado em Zootecnia, área de
concentração em Nutrição de Ruminantes, para
a obtenção do título de "Mestre".
Orientador
Prof. José Camisão de Souza
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2006
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2
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Prado, Thiago Alves
Avaliação de fontes nitrogenadas na etologia ingestiva e desempenho de vacas
de vacas Gir leiteiras / Thiago Alves Prado. -- Lavras : UFLA, 2006.
72 p. : il.
Orientador: José Camisão de Souza.
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Amiréia 150S. 2. Uréia. 3. Nitrogênio não protéico. 4. Lactação. 5. Rumen.
I. Universidade Federal de Lavras. II. Título.
CDD-636.2142
3
THIAGO ALVES PRADO
AVALIAÇÃO DE FONTES NITROGENADAS NA
ETOLOGIA INGESTIVA E DESEMPENHO DE
VACAS GIR LEITEIRAS
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do curso
de Mestrado em Zootecnia, área de
concentração em Nutrição de Ruminantes, para
a obtenção do título de "Mestre".
APROVADA em 24 de março de 2006
Prof. Dr. Iran Borges UFMG
Prof. Dr. Leonardo de Oliveira Fernandes EPAMIG/FAZU
Profa. Dra. Lúcia de Fátima Andrade Correia Teixeira UFLA
José Camisão de Souza
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
A Deus,
que sempre se fez presente
de tantas formas,
mas nunca despercebidas;
OFEREÇO
Ao meu pai, Prof. Gilmar, exemplo de profissionalismo e humildade
a serem seguidos;
A minha mãe, dona de palavras recheadas de conforto;
Aos meus irmãos, de sangue ou não.
DEDICO
AGRADECIMENTOS
Meus sinceros agradecimentos ao meu primeiro orientador, professor
Júlio César Teixeira (in memoriam), detentor do conhecimento e educador até o
último momento.
Ao atual orientador, professor José Camisão de Souza, verdadeiro
amigo, obrigado por me receber de braços abertos.
Aos componentes da banca que gentilmente aceitaram o convite para
compartilhar conhecimentos e me auxiliar na ascensão profissional.
À EPAMIG, que cedeu o espaço e os animais para a realização da
pesquisa em questão.
À FAZU/FUNDAGRI, que auxiliou ao fornecer materiais e estagiários a
fim de contribuir para o sucesso de cada etapa do projeto.
Aos monitores responsáveis pelos setores.
Aos companheiros de república, amigos de todos os momentos, Caio,
Félix e Jorge.
Aos colegas e amigos conquistados nesta jornada em Lavras.
Aos amigos de Uberaba.
À família Callegari, que tanto me ensinou.
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................. ii
ABSTRACT............................................................................................................................. ii
INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 1
REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................. 3
2.1 A raça Gir............................................................................................................................ 3
2.2 Uréia ................................................................................................................................... 4
2.3 Amiréia ............................................................................................................................... 7
2.3.1 Amiréia na nutrição de vacas leiteiras ............................................................................. 8
2.4 Efeitos da alimentação sobre a composição do leite........................................................... 8
2.4.1 Gordura do leite ............................................................................................................... 9
2.4.2 Proteína do leite ............................................................................................................. 10
2.4.3 Lactose do leite .............................................................................................................. 11
2.5 Comportamento ingestivo................................................................................................. 12
2.5.1 A teoria da distensão ruminal influenciando no comportamento ingestivo
de bovinos leiteiros. ................................................................................................................ 12
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................. 14
3.1 Locais e animais utilizados............................................................................................... 14
3.2 Período pré-experimental e adaptação dos animais.......................................................... 16
3.3 Período experimental ........................................................................................................ 17
3.4 Tratamentos ...................................................................................................................... 17
3.5 Coleta de dados................................................................................................................. 20
3.6 Análises químicas ............................................................................................................. 21
3.7 Delineamento e análise estatística .................................................................................... 22
RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................... 25
4.1 Consumo........................................................................................................................... 25
4.2 Produção de leite, conversão alimentar, variação depeso vivo, composição e
qualidade do Leite................................................................................................................... 37
4.3 Atividade mastigatória...................................................................................................... 51
CONCLUSÕES..................................................................................................................... 64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................................ 66
i
ii
RESUMO
ALVES PRADO, Thiago. Avaliação de Fontes Nitrogenadas na Etologia
Ingestiva e Desempenho de Vacas Gir Leiteiras. LAVRAS: UFLA, 2006.
72p. (Dissertação - Mestre)
O objetivo do presente trabalho foi promover um estudo comparativo de quatro
dietas contendo fontes de NNP e uma dieta à base de farelo de soja, sobre o
consumo, produção e qualidade do leite, e comportamento ingestivo de vacas
leiteiras da raça Gir. O presente experimento foi conduzido no município de
Uberaba, MG. Foram utilizadas 20 vacas Gir multíparas e primíparas, recebendo
silagem de milho e os seguintes tratamentos: FS - farelo de soja como único
concentrado protéico integrante da ração; UR 3% de uréia; AM1 5,4% de
amiréia; e AM2 – 8,1% de amiréia, todos estes teores no concentrado. Os
animais foram locados em baias individuais que continham cocho para
volumoso e bebedouro. O delineamento experimental utilizado foi em blocos
casualizados (DBC). O consumo de matéria seca (CMS), foi superior (P<0,05)
em AM1 (160,68 g/kg PV
0,75
) e AM2 (153,93 g/kg PV
0,75
) em comparação a UR
(128,22 g/kg PV
0,75
). Porém, o CMS foi inferior em AM1 e AM2 (P<0,05) em
relação à FS (169,26 g/kg PV
0,75
). A produção de leite foi superior (P<0,05) em
FS (12,7 kg/dia), AM1 (12,4 kg/dia) e AM2 (12,7 kg/dia) em relação à UR (9,4
kg/dia). A produção de sólidos totais no leite foi superior (P<0,05) em FS (1734
g/dia), AM1 (1745 g/dia) e AM2 (1727 g/dia) em relação à UR (1297 g/dia). O
teor de gordura no leite foi superior (P<0,05) em AM1 (5,2 %) em relação à FS
(4,1 %) e AM2 (4,5%), não diferindo (P>0,05) em comparação a UR (4,7 %). O
teor de uréia no leite foi maior (P<0,05) em AM2 (13,3 mg/dL) em relação à FS
(10,6 mg/dL), não diferindo (P>0,05) de UR (11,9 mg/dL) e AM1 (11,5 mg/dL).
Concluiu-se que a inclusão da Amiréia 150S na dieta de vacas Gir, foi capaz de
elevar o consumo e produção leiteira, incluindo sólidos, em relação a dietas
tradicionais contendo uréia.
Comitê Orientador: José Camisão de Souza - UFLA (Orientador), Juan Ramón
Olalquiaga Perez – UFLA, Antônio Ricardo Evangelista - UFLA.
iii
ABSTRACT
ALVES PRADO, Thiago. Evaluation of Nitrogen Sources on Ingestive
Ethology and Production in Gir Cows. LAVRAS: UFLA, 2006. 72p.
(Dissertation - Ruminant nutrition)
The objective of this study was to promote a comparative study of four diets
containing Urea, Amirea150S (two levels) or neither one, on intake, milk
production and quality and intake behavior of penned Gir cows. This trial was
conducted at the EPAMIG experimental station in Uberaba-MG. Twenty
multiparous and primiparous Gir cows received corn silage and concentrates as
follows: FS – only soybean meal as the protein source; UR – 3.0 % urea; AM1 –
5.4 % amirea; AM2 8.1%. Animals were housed in individual pens. A
randomized block design was used where four blocks were formed to control
previous cow milk production. Dry matter intake (DMI) was greater (p<0.05) for
AM1 (160.68 g/kg PV
0.75
) and AM2 (153.93 g/kg PV
0.75
) compared to UR
(128.22 g/kg PV
0.75
). However DMI was smaller (p<0.05) for FS (12.7 kg/d),
AM1 (12.4 kg/d) and AM2 (12.7 kg/d) compared to UR (9.4 kg/d). Total milk
solid production was greater (p<0.05) for FS (1734 g/d), AM1 (1745 g/d) and
AM2 (1727 g/d) compared to UR (1297 g/d). Mild fat was greater (p<0.05) for
AM1 (5.2%) compared to FS (4.1%) and AM2 (4.5%), but did not differ
(p>0.05) from UR (4.7%). Milk urea was greater (p<0.05) for AM2 (13.3
mg/dL) compared to FS (10.6 mg/dL), but it did not differ (p>0.05) form UR
(11.9 mg/dL) and AM1 (11.5 mg/dL). It is concluded that the inclusion of
Amirea 150S on the diet of Gir cows was able to increase DMI and milk
production, including milk solids, compared to current urea based diets.
Guidance Committee: José Camisão de Souza - UFLA (Major Professor), Juan
Ramón Olalquiaga Perez – UFLA, Antônio Ricardo Evangelista - UFLA.
INTRODUÇÃO
Os ruminantes, para atingirem produções máximas estipuladas pela
carga genética, necessitam consumir níveis adequados de energia, proteína,
minerais e algumas vitaminas. Para que estes níveis requeridos sejam fornecidos
com sucesso, é preciso elevar a quantidade de concentrado oferecido. Este fato é
agravado no período seco, quando os alimentos volumosos (pastagens, forragens
conservadas, cana) não apresentam níveis suficientes dos nutrientes necessários
para maximizar a produção (Silva et al., 2002).
Dentre estes nutrientes, a proteína se destaca por suas baixas
concentrações nos alimentos volumosos oferecidos aos animais no período seco
do ano. Assim, o aproveitamento das diferentes fontes protéicas vem sendo
bastante estudado pela comunidade científica mundial, porque a proteína é tida
como um dos nutrientes de custo mais elevado na dieta dos ruminantes. Tanto
que a economia da produção acaba por ser altamente dependente da eficiência de
utilização deste nutriente. Por isso, o estudo do uso de fontes alternativas de
proteína na alimentação animal tem se tornado cada vez mais importante, uma
vez que as fontes convencionais de proteínas (farelos) concorrem com a
alimentação humana e, conseqüentemente, possuem preços cada vez mais
elevados.
Os ruminantes (em atividade simbiótica com variadas populações de
microorganismos) são capazes de converter nitrogênio de origem não protéica
(uréia, nitratos, biureto, purinas, pirimidinas, ácido úrico, glicosídeos
nitrogenados, alcalóides, sais de amônio) em proteínas de baixo custo e de
altíssima qualidade (proteína microbiana). Cresce, então, o interesse pelo estudo
da utilização destas fontes nitrogenadas não protéicas (NNP) na alimentação
destes animais, o que representa uma importante alternativa no preenchimento
2
das exigências em proteína, ao mesmo tempo em que reduz o custo deste
nutriente na alimentação dos animais (Huber, 1984; Teixeira & Salvador, 2004).
O objetivo do presente trabalho foi promover um estudo comparativo de
quatro dietas contendo fontes de NNP e uma dieta à base de farelo de soja, sobre
o consumo, produção e qualidade do leite, e comportamento ingestivo de vacas
leiteiras da raça Gir estabuladas e avaliadas por cem dias.
3
REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 A raça Gir
A raça zebuína Gir tem sua origem no noroeste da Índia, ao sul de
Katliavar, nas montanhas de Gir, de onde seu nome é proveniente. Segundo
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS CRIADORES DE ZEBU, ABCZ (2004),
em outras regiões deste país, como Rayputana e Baroda, também são
encontrados rebanhos de Gir puros, em grande escala.
Inicialmente, no Brasil, esta raça foi direcionada à produção de carne.
Somente a partir de 1940 é que seu potencial leiteiro foi observado. Portanto,
aquela década é tida como um marco importante na história do Gir no Brasil,
considerando que, a partir de então, os criadores desviaram suas metas, dando
início a um processo de seleção voltado para a produção de leite. Associado a
isso, o Gir prestou-se muito bem a cruzamentos com raças européias de aptidão
leiteira, com a finalidade de obter-se a heterose (“choque de sangue”),
permitindo conciliar rusticidade e elevada produção de leite (Neiva, 1998).
De acordo com ABCZ (2004), o tipo morfológico da raça atende aos
requisitos de um animal moderno produtor de carne e leite, ainda que tenham
sido observadas linhagens que se destacam mais pela produção leiteira. Os
controles oficiais apontam produções médias de 3.198 kg de leite (305 dias, 2
X), sendo comuns lactações acima de 4.000 kg ou até 5.000 kg leite. Algumas
lactações oficiais ultrapassaram a produção de 10.000 kg/leite. Por esse
aspecto, a raça Gir é a preferida para cruzamentos leiteiros, principalmente com
a raça holandesa.
4
2.2 Uréia
Segundo NATIONAL RESEARCH COUNCIL, NRC (1976), quem
primeiro relatou que os ruminantes poderiam utilizar NNP para converter em
proteína foi Weiske e colaboradores, em 1879. Após esta descoberta, o assunto
passou a ser muito pesquisado por nutricionistas alemães. Em 1939, estes
compostos nitrogenados já faziam parte das dietas de animais nos Estados
Unidos.
Embora exista uma variedade de fontes de NNP (tais como purinas,
pirimidinas, uréia, biureto, ácido úrico, glicosídeos nitrogenados, alcalóides, sais
de amônio e nitratos), a uréia, devido ao baixo custo, disponibilidade e emprego,
é uma das mais utilizadas (Teixeira & Salvador, 2004).
A uréia é uma fonte de NNP altamente solúvel em água e em álcool.
Constitui um composto orgânico, sólido, de cor branca e cristalizado por meio
do sistema prismático. É classificada quimicamente como amida e, por isso, é
considerada como um composto NNP; possui em sua composição pequena
quantidade de ferro e chumbo, que não são considerados tóxicos (Teixeira &
Salvador, 2004).
Ao entrar em contato com o fluido ruminal, a uréia sofre hidrólise por
ação da enzima urease e é convertida em amônia. Esta reação ocorre muito
rapidamente (Boin, 1984). Segundo Siciliano-Jones (2005), 100g de fluido
ruminal podem converter 100mg de uréia em amônia em 1 hora. O maior
problema na utilização eficiente da uréia pelos microrganismos do rúmen é a
rápida liberação da amônia que não coincide com o metabolismo energético
microbiano, reduzindo consideravelmente a fixação de N (nitrogênio),
ocasionando perdas. Esta amônia que permanece inutilizada é removida do
ambiente ruminal, principalmente por difusão (pelas papilas ruminais), podendo,
posteriormente, retornar ao rúmen ou ser perdida como uréia na urina (Teixeira
& Salvador, 2004).
5
A uréia dietética, se consumida em alta quantidade em um curto espaço
de tempo, pode apresentar-se tóxica aos ruminantes. Isso porque a amônia
removida do ambiente ruminal é transportada até o fígado onde será convertida
em uréia novamente (ciclo da uréia). Grandes quantidades de amônia chegando
ao fígado podem exceder sua capacidade de conversão e esta (NH
3
), que é
altamente tóxica, passa a se acumular na corrente sanguínea, provocando
distúrbios metabólicos que podem levar o animal à morte (Harmeyer & Martens,
1980; Van der Walt, 1993; Leek, 1996).
Os sintomas da intoxicação por uréia são: inquietação, falta de
sensibilidade, tremor muscular e do couro, salivação excessiva, defecação e
micção freqüentes, respiração rápida, falta de coordenação, rigidez dos membros
dianteiros, prostração, tetania e morte (Bartley & Helmer, 1971; Owens &
Bergen, 1983).
Teixeira (1992) apresentou os principais fatores que afetam diretamente
a utilização da uréia dentro do rúmen: adaptação dos animais, essencial antes de
iniciar o fornecimento de uréia, devido ao aumento de retenção de nitrogênio
apresentado após o início do fornecimento da uréia; teor de enxofre, para
promover a síntese de aminoácidos sulfurados, necessários para compor a
estrutura peptídica, sendo o vel recomendado, em uma relação N:S, de 10:1 a
15:1; fatores inerentes ao animal idade, categoria e tipo de exploração - não
sendo recomendável fornecer uréia a bezerros muito jovens, animais fracos,
debilitados ou doentes.
Outro fator a ser considerado é a urease, devido à taxa de hidrólise da
uréia ser aproximadamente quatro vezes superior à capacidade de utilização da
amônia. Alguns alimentos contêm, naturalmente, urease em sua constituição,
como a soja integral e, neste caso, deve-se evitar a mistura destes dois
ingredientes ao “ar livre”, para garantir que a uréia não seja hidrolisada a amônia
antes mesmo de se integrar no ambiente ruminal, constituindo uma perda de N
6
para atmosfera. A concentração e o tipo de fonte da energia também são fatores
relacionados à utilização da uréia, sendo este último considerado um dos mais
importantes.
Os carboidratos são utilizados como fontes energéticas, sendo o amido
superior aos açúcares solúveis (sacarose, frutose, etc.) e à celulose. Isso ocorre
porque as amiloses e as amilopectinas apresentam uma velocidade de liberação
de energia compatível com uma melhor utilização da uréia (açúcares solúveis
apresentam hidrólise muito rápida e a celulose muito lenta). Esta
compatibilidade pode ser aumentada pela gelatinização do amido, obtida por
extrusão. Este processo, além de aumentar a velocidade de liberação da energia,
reduz o pH do meio ruminal, diminuindo a atividade da urease; e finalmente a
concentração de nitrogênio na dieta, a uréia é mais bem utilizada quando o nível
e a qualidade da proteína forem baixos.
A uréia também pode afetar diretamente o consumo das dietas,
deprimindo a ingestão e, conseqüentemente, afetando diretamente os níveis de
produção (Boin, 1984). Frequentemente, trabalhos vêm demonstrando que este
efeito depressivo quase sempre segue acompanhado de menores índices de
produção (Oliveira et al., 2001; Silva et al., 2001). Segundo Teixeira & Salvador
(2004), isso pode ocorrer não devido ao gosto amargo que a uréia apresenta,
caracterizando baixa aceitabilidade, mas também pela baixa eficiência em
fornecer N para os microrganismos sintetizarem suas proteínas.
Portanto, a uréia possui vários inconvenientes de utilização e isso é
agravado pela baixa qualidade de mão-de-obra rural brasileira, que acaba por
não adotar as formas corretas de utilização deste produto, podendo, até mesmo,
levar os animais a quadros de intoxicação irreversíveis que ocasionam a morte.
7
2.3 Amiréia
Devido aos vários inconvenientes do uso da uréia, pesquisadores da
Universidade do Estado do Kansas, nos Estados Unidos, desenvolveram um
produto que combinou uma fonte de NNP (uréia) e amido de grãos de cereais
processado em extrusora, sob alta temperatura e pressão. Surgiu a “starea”
(starch = amido e urea = uréia) que, durante este processamento ocorre uma
gelatinização do grânulo de amido e a uréia passa de uma estrutura cristalina
para uma forma não-cristalina. Grande parte destas se encontra envolvida pela
porção gelatinizada do amido, melhorando, sobretudo, a aceitabilidade do
produto pelos animais (Bartley & Deyoe, 1975).
No Brasil, este tipo de produto foi desenvolvido na década de 1980, pela
Universidade Federal de Lavras (na época Escola Superior de Agricultura de
Lavras) e recebeu o nome de amiréia (Maia et al, 1987).
A amiréia 150S, assim como a “starea”, é um complexo nitrogenado não
protéico de liberação lenta, contendo 150% de equivalente protéico em sua
constituição mais o elemento enxofre balanceado com o N em uma relação N:S
de 10:1. Este alimento processado praticamente corrige as desvantagens da
uréia, pois, além de diminuir a velocidade de hidrólise da uréia, fornece também
energia em forma de amido gelatinizado, que é de alta disponibilidade para os
microrganismos. O processamento melhora o equilíbrio da velocidade de
degradação de ambos os nutrientes, promovendo uma síntese de proteína
microbiana mais eficiente, reduzindo a toxicidade potencial da uréia (Bartley &
Deyoe, 1975; Teixeira & Salvador, 2004).
Segundo Teixeira & Salvador (2004), a amiréia 150S também é capaz de
elevar o consumo de matéria seca em relação aos produtos contendo uréia. Isso
ocorre porque o amido gelatinizado, componente que envolve a uréia, é de alta
aceitabilidade. A amiréia 150S aumenta a eficiência de fixação do N pelos
microrganismos do rúmen, elevando também a capacidade de fermentação da
8
fibra (FDN), produzindo maior consumo e índices produtivos. Freqüentemente
são encontrados trabalhos que comprovam estas informações (Helmer et al.,
1971; Vilela, 2003; Carmo, 2001).
2.3.1 Amiréia na nutrição de vacas leiteiras
A utilização de amiréia pode aumentar a síntese de proteína microbiana,
suprindo o fornecimento de NNP necessário. Segundo Teixeira & Salvador
(2004), a proteína microbiana chega a suprir 81% da exigência total em proteína
verdadeira que chega ao intestino delgado.
Vacas de menor produção são mais dependentes da proteína microbiana
que vacas de maior produção, podendo responder, de maneira mais eficaz, à
utilização da amiréia 150S, segundo observação de Teixeira & Salvador (2004).
Em estudos realizados com animais de corte zebuínos, verificou-se uma
elevação no consumo da dieta quando se utilizou amiréia em relação ao
tratamento que ofereceu somente farelo de soja como fonte de proteína (7,55 VS
5,85 kg MS/dia, respectivamente). Neste mesmo estudo, as digestibilidades
aparentes da matéria seca (MS) e matéria orgânica (MO) não diferiram
significativamente, porém, as de FDN e FDA foram superiores nos tratamentos
que ofereceram amiréia, indicando a necessidade dos animais em receber dietas
contendo uma quantidade mínima de fonte NNP (Oliveira Junior et al., 2004).
2.4 Efeitos da alimentação sobre a composição do leite
Vários são os fatores que podem afetar a composição do leite. Segundo
Fonseca (1993) e Park & Jacobson (1996), os principais grupos de fatores são:
nutricionais, fisiológicos, ambientais e genéticos. Os fatores nutricionais
constituem um dos principais e fazem variar a composição do leite produzido
9
pela glândula mamária de acordo com termos quantitativos e qualitativos da
matéria seca.
2.4.1 Gordura do leite
Segundo Fonseca (1993), o teor de gordura do leite é o componente que
mais pode se alterar com a variação da dieta, considerando vacas recebendo
nutrição adequada. Normalmente, esta variação está associada ao teor de fibra
em detergente neutro (FDN) da dieta total (relação volumoso:concentrado) e na
capacidade dos microrganismos do rúmen fermentar esta fibra, produzindo
ácidos graxos voláteis (AGV) como produto final, como maiores proporções de
ácido acético em relação ao propiônico e o butírico.
O ácido acético, segundo Teixeira & Teixeira (2001), é o precursor da
gordura do leite em vacas leiteiras e se constitui, juntamente com os demais
AGVs, na principal fonte energética dos ruminantes.
Portanto, quando são utilizados, em dietas de vacas de leite, ingredientes
que auxiliam no aumento da atividade microbiana de degradação da FDN, é de
se esperar que os teores de gordura do leite se elevem, contribuindo,
essencialmente, para o incremento no teor de sólidos totais no leite.
o decréscimo na concentração de gordura do leite, geralmente, está
associado ao fornecimento de dietas ricas em carboidratos fermentáveis (amido).
Estes glicídeos solúveis, quando fornecidos em grande quantidade, podem afetar
negativamente o crescimento de bactérias, principalmente do grupo celulolítico
(que degrada celulose), que são muito sensíveis à queda do pH ruminal. Sendo
assim, o aparecimento de ácido acético na corrente sanguínea tende a diminuir,
reduzindo a passagem deste para as células epiteliais da glândula mamária,
deprimindo a % de gordura do leite (Park & Jacobson, 1996).
10
tanto experimentos que registram tanto alterações negativas
(Windschitl, 1991) quanto positivas (Helmer et al., 1971; Carmo, 2001).
2.4.2 Proteína do leite
Assim como ocorre com a lactose, a proteína do leite, freqüentemente,
não sofre muita variação com mudanças na dieta. Porém, em menor magnitude
que a gordura do leite, podem ocorrer alterações nos teores de proteína no leite
(Vilela, 2003).
Os componentes da proteína do leite são, principalmente, caseínas,
lactoalbuminas, lactoferrina, enzimas lisossômicas e, em menores proporções, as
imunoglobulinas (Park & Jacobson, 1996). Pode também vir a constituir
proteína do leite o nitrogênio não protéico presente na corrente sanguínea que
passa passivamente para as células da glândula mamária. Casper et al. (1990)
observaram que a proteína do leite se elevou consideravelmente em dietas ricas
em uréia.
Alterações negativas podem ocorrer por desnutrição generalizada dos
animais, diminuindo consideravelmente a proporção de proteína no leite, e
associado a isso, a redução de sólidos totais e produção do leite (Fonseca, 1993)
ou, ainda, por restrição protéica por meio da dieta. Porém, a elevação no teor de
proteína do leite, em animais bem nutridos, não ocorre com tanta freqüência.
Pequenos incrementos podem ocorrer com a elevação da proteína da dieta, mas
estes, normalmente, não são significativos.
Vários são os experimentos nos quais o se observaram variações na
proteína do leite (Cameron et al., 1991; Windschitl, 1991; Lines & Weiss, 1996;
Garcia-Bojalil et al., 1998; Santos et al., 1998; Oliveira et al., 2001; Carmo,
2001 e Sannes et al., 2002).
11
2.4.3 Lactose do leite
Este componente dos sólidos totais do leite é o que menos varia de
acordo com a dieta fornecida aos animais. Fonseca (1993) cita que reduções no
teor de lactose do leite são freqüentemente observadas em animais subnutridos e
somente dessa forma ocorreriam alterações no teor de lactose do leite. Porém,
Vilela (2003) encontrou variações quadráticas no teor de lactose do leite em
animais bem nutridos.
A lactose é o principal componente do leite responsável pelo controle da
pressão osmótica (Neiva, 1996). Ou seja, leite mais concentrado em sólidos
totais deve apresentar menor teor de lactose e vice-versa, para que a produção do
leite não se altere tanto, principalmente em vacas cuja carga genética não
permita elevações muito expressivas na produção. Este poderia ser um fator de
variação da lactose no leite.
Os elementos precursores da lactose no leite são glicose e galactose. O
ácido propiônico também participa indiretamente como precursor da lactose do
leite. Afinal, este pode ser convertido à glicose por via neoglicogênica nas
células da glândula mamária. Portanto, um aumento na produção de ácido
propiônico em nível ruminal, teoricamente, poderia influenciar no teor de lactose
do leite (Rigout et al., 2002).
O fator genético também pode agir alterando proporções de lactose no
leite (Welper & Freeman, 1992). Porém, segundo estes mesmos autores, a
lactose varia menos que a gordura e a proteína do leite.
Vários são os experimentos nos quais não observaram variações na
lactose do leite (Helmer et al., 1971; Windschitl, 1991; Broderick et al., 1993;
Carmo, 2001 e Sannes et al., 2002).
12
2.5 Comportamento ingestivo
Os bovinos apresentam características particulares para comer,
mastigar e cortar os seus alimentos. Os dentes incisivos têm a função de cortar a
forragem e os molares de esmagar e triturar. Esses animais pastam,
principalmente, durante o dia, começando ao nascer do sol e parando ao pôr do
sol, enquanto exploram, caminham ou ruminam ao mesmo tempo. As distâncias
percorridas variam com o clima, a topografia e a disponibilidade de forragem.
Em média, um bovino pasta cerca de 5 km por dia; o gado zebu pasta mais
tempo e a maior distância que raças européias. Alguns fatores podem interferir
no comportamento ingestivo dos animais, como o olfato e o paladar, que podem
reduzir ou aumentar o consumo. A digestibilidade da dieta também interfere no
consumo quando a porcentagem de fibra é elevada. Portanto, os fatores que
interferem na digestibilidade das forragens podem influenciar no comportamento
ingestivo (Klemn, 1996).
2.5.1 A teoria da distensão ruminal influenciando no comportamento
ingestivo de bovinos leiteiros
A teoria da distensão ruminal é a mais bem aceita na comunidade
científica para explicar as atividades que envolvem o consumo voluntário de
bovinos leiteiros. Segundo Teixeira & Teixeira (2001), pesquisadores
observaram que o consumo é limitado pela capacidade do rúmen;
conseqüentemente, o momento que marca o enchimento do rúmen está ligado ao
término de uma refeição voluntária. O conceito de refeição refere-se ao “período
distinto em que os animais se alimentam”, podendo haver pequenos intervalos
entre refeições.
Portanto, alterações na digestibilidade de certos alimentos e na sua taxa
de passagem implicam em mudanças na velocidade de esvaziamento do rúmen,
13
alterando os tempos de ingestão e ruminação, assim como o consumo de matéria
seca (Teixeira & Teixeira, 2001).
Outras causas da diminuição na ingestão de matéria seca, também
associadas à teoria da distensão ruminal, envolvem o aumento no volume de
órgãos abdominais (por gordura abdominal ou útero pregnante), podendo causar
uma compressão no rúmen, refletindo negativamente no consumo (Teixeira &
Teixeira, 2001). Isso justifica os baixos consumos de matéria seca em vacas de
gestação avançada e logo após o parto.
14
MATERIAL E MÉTODOS
3.1 Local e animais utilizados
O experimento foi conduzido na Fazenda Experimental Getúlio Vargas
(FEGT) da EPAMIG (Centro Tecnológico do Triângulo e Alto Paranaíba), no
município de Uberaba, MG, situado na região do Triângulo Mineiro, vale do Rio
Grande, a 19º45’27’’ de latitude Sul, 47º55’36’’ de longitude oeste e altitude
média de 801m. Segundo Abdala et al. (2003), o clima do município é
classificado como AW (tropical quente), com temperatura média anual de
22,6ºC e umidade relativa do ar de aproximadamente 68%.
O rebanho Gir Leiteiro da FEGT/EPAMIG foi formado em 1948 e conta
com a tradição de ser o segundo mais antigo plantel da raça Gir no Brasil,
praticando seleção para leite desde então. O rebanho apresenta média de curral
de 11kg/vaca/dia (150 vacas em lactação, com duas ordenhas diárias utilizando
ordenha mecânica, sem necessidade de ‘pear’ as vacas). Segundo controle oficial
executado pela Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), 60% das
vacas têm produção acima de 3 mil kg de leite, sendo o período médio de
lactação de 295 dias (EMPRESA BRASILEIRA DE PESQUISA
AGROPECUÁRIA, EPAMIG, 2005).
Deste rebanho, foram utilizadas 20 vacas em lactação, multíparas (de
segunda ordem de lactação em diante) e primíparas (primeira lactação).
No período pré-experimental, ou seja, trinta dias antes da data prevista de
parto, as vacas foram mantidas em regime de pastejo sobre capim-mombaça,
recebendo, todas, a mesma dieta suplementar. Este espaço, designado como
maternidade das vacas, também era utilizado por outras vacas do rebanho da
FEGT.
15
Estes animais, 48 horas após o parto, foram confinados em 20 baias (uma
para cada vaca), contendo, em cada uma delas, um cocho para fornecimento do
volumoso + concentrado e um bebedouro. A área de cada baia era de 20m
2
e
todas continham espaço com sombreamento artificial (sombrite 50%), com áreas
padronizadas em 1/3 (um terço) da área total para evitar o estresse calórico das
vacas. O croqui de distribuição dos animais nas baias está disposto na Figura 1.
FIGURA 1 - Desenho esquemático das parcelas experimentais
Pode-se observar, na Figura 1, que todas as baias tinham acesso a: um
corredor de circulação lateral, destinado ao trânsito das vacas e direcionamento
destas à ordenha e um corredor de circulação central, destinado ao trator e
carreta forrageira e, ainda, aos tratadores e monitores auxiliares. No início e no
final do corredor central estão localizadas duas áreas destinadas, de maneira
geral, às manobras do referido veículo e à observação de cio das vacas, com
auxílio de rufião da raça Girolando.
A localização do experimento na FEGT foi escolhida de maneira
estratégica, de modo que não ficasse muito distante da ordenha e do curral de
manejo, ambos a menos de 100 m das baias.
16
Os bezerros das vacas permaneceram em um piquete com boa oferta de
forragem (capim-mombaça) recebendo, ainda, concentrado peletizado (o mesmo
que vinha sendo utilizado na fazenda). Este piquete era localizado a uma
distância considerável das vacas, de modo que estas tivessem contato com seus
respectivos bezerros somente no parto e 48 horas após este, e nas ordenhas.
3.2 Período pré-experimental e adaptação dos animais
Para garantir as mesmas condições ao rebanho no período pré-parto (pré-
experimento), as vacas permaneceram sob pastejo em um piquete, onde
recebiam também silagem de milho à vontade e 2 kg de concentrado, com
fórmula padronizada pelo profissional responsável da FEGT.
Somente 48 horas após o parto elas foram alimentadas com as novas
dietas (dietas experimentais). Esta medida foi adotada para melhor adaptação
das vacas às novas condições de manejo, visto que a separação gradual da fêmea
e do bezerro mostrou ser uma prática de manejo eficaz. A partir do momento em
que as vacas iniciaram o consumo da nova dieta, houve um outro período de
adaptação de 14 dias, com o objetivo de minimizar os possíveis efeitos de dietas
anteriores nos dados que foram coletados após o parto. No início da adaptação,
as vacas receberam 25 kg de silagem de milho e 2,5 kg de concentrado,
divididos em duas refeições iguais, uma pela manhã (7 horas) e outra ao
entardecer (17 horas). Após a adaptação, a silagem de milho foi fornecida à
vontade. As quantidades de concentrado foram elevadas gradativamente até o
10º dia pós-parto, quando elas passaram a receber 5 kg de concentrado ao dia,
podendo esta quantidade variar de acordo com as pesagens de leite semanais na
seguinte proporção: 1 kg de concentrado para cada 2,5 kg de leite produzido +
25 kg de silagem de milho (ambas as quantidades divididas em duas refeições).
A partir de então, as vacas foram consideradas prontas para serem avaliadas.
17
3.3 Período experimental
O experimento teve início no dia 24 de junho de 2004 (parto da primeira
vaca) e fim no dia 21 de novembro de 2004 (saída da vaca que pariu por último),
totalizando, portanto, 150 dias de duração. Cada vaca foi avaliada por um
período de 100 dias, partindo do dia do parto, ou seja, os primeiro 50 dias de
experimento foram marcados pelo período em que as vacas estavam parindo,
iniciando a fase de adaptação e avaliativa.
3.4 Tratamentos
Os tratamentos seguiram a seguinte ordem e identificação: Tratamento 1
(FS) dieta à base de silagem de milho mais uma suplementação concentrada,
contendo farelo de soja como fonte protéica; Tratamento 2 (UR) silagem de
milho mais uma suplementação concentrada contendo uréia (3% de uréia no
concentrado); Tratamento 3 (AM1) silagem de milho mais uma
suplementação concentrada contendo amiréia 150S (5,4% de amiréia 150S no
concentrado); Tratamento 4 (AM2) silagem de milho mais uma
suplementação concentrada contendo amiréia 150S (8,1% de amiréia 150S no
concentrado). Todas as dietas eram isoprotéicas e isoenergéticas entre si. O
elemento enxofre (S) foi balanceado com o nitrogênio (N), obedecendo a uma
relação 10:1 (N:S).
A composição das dietas das vacas, após a formulação, em kg de MS
por dia, encontra-se na Tabela 1.
18
TABELA 1. Composição, em kg de MS, das dietas experimentais utilizadas
considerando vacas de 450 kg de peso vivo, com expectativa de
produção de 15 kg de leite por vaca ao dia.
INGREDIENTES FS UR AM1 AM2
Silagem demilho 8,100 8,100 8,100 8,100
Uréia 0,000 0,150 0,000 0,000
Amiréia 150S 0,000 0,000 0,270 0,405
Concentrado 4,500 4,350 4,230 4,095
Total 12,600 12,600 12,600 12,600
Pelos dados da Tabela 1 pode-se observar que a quantidade de uréia
fornecida no tratamento UR foi de 150g. O tratamento AM1 forneceu a mesma
equivalência protéica de UR, considerando que a amiréia 150S possui,
aproximadamente, 50% de uréia em sua composição.
A composição percentual das dietas das vacas, em % da MS total,
encontra-se na Tabela 2.
TABELA 2. Composição percentual das dietas experimentais utilizadas, em
MS.
INGREDIENTES FS UR AM1 AM2
Silagem de milho 64,286 64,286 64,286 64,286
Uréia 0,000 1,190 0,000 0,000
Amiréia 150S 0,000 0,000 2,143 3,214
Concentrado 35,714 34,524 33,571 32,500
Total 100,000 100,000 100,000 100,000
19
Observa-se, pelos dados da Tabela 2, que a relação volumoso (V):
concentrado (C) previamente estimada ficou em aproximadamente 65:35 (V:C).
Todas as dietas acima descritas foram balanceadas de acordo com as
exigências descritas pelo NATIONAL RESEARCH COUNCIL, NRC (2001).
Pode-se observar, pela Tabela 3, a composição do concentrado, em %
(MS), contendo também os custos por kg (U$/kg) dos respectivos concentrados
obtidos em junho de 2004.
TABELA 3. Fórmulas dos concentrados respectivos de cada tratamento (base
MS).
Tratamentos Custo
INGREDIENTES
FS (%) UR (%) AM1 (%) AM2 (%) (U$/kg)
Premix mineral 0,10 0,10 0,10 0,10 0,767
Calcário calcítico 2,64 2,45 2,44 1,60 0,020
Fosfato bicálcico 1,40 1,93 1,90 2,03 0,262
Cloreto de sódio 0,80 0,80 0,80 0,80 0,067
Milho grãos 51,54 71,02 66,96 70,47 0,100
Farelo de soja 43,52 20,70 22,40 16,90 0,262
Amiréia 150 0,00 0,00 5,40 8,10 0,283
Uréia 0,00 3,00 0,00 0,00 0,300
Total 100,00 100,00 100,00 100,00
Custo (U$/kg) 0,170 0,141 0,146 0,143
É importante observar, na Tabela 3, que o custo apresentado, em dólar
(U$), foi calculado a partir da cotação do dólar registrada no segundo semestre
de 2004 (R$ 3,00).
Os resultados das análises bromatológicas dos concentrados que fizeram
variar os tratamentos encontram-se na Tabela 4.
20
TABELA 4. Níveis de proteína bruta, cálcio, fósforo, nutrientes digestíveis
totais (NDT) e nitrogênio não protéico (NNP) encontrados nos
concentrados dos diferentes tratamentos (base MS).
Nutrientes
FS UR AM1 AM2
Proteína bruta (%) 22,40 23,50 23,80 24,00
Cálcio (%) 1,49 1,50 1,50 1,49
Fósforo (%) 0,70 0,69 0,68 0,69
NDT (%) 83,00 86,00 85,00 87,00
NNP (%) 0,70 1,17 1,17 1,70
É importante observar, pela Tabela 4, a semelhança nos níveis dos
nutrientes presentes nos concentrados dos diferentes tratamentos, caracterizando
dietas isoprotéicas e isoenergéticas.
3.5 Coleta de dados
As vacas foram ordenhadas duas vezes ao dia (às 6 horas e às 18 horas)
com ordenhadeira mecânica. A quantificação do leite foi feita a cada 7 dias,
assim como a amostragem do mesmo, sendo uma para cada turno, em frascos
próprios (fornecidos pelo laboratório) para análise. Estas foram enviadas no dia
seguinte da coleta para o Laboratório de Fisiologia da Lactação do
Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz
(ESALQ), localizado em Piracicaba, SP.
As vacas foram pesadas logo após a parição e, a partir de então, seus
pesos foram determinados a cada 14 dias. O horário estabelecido para estas
pesagens foi logo após a ordenha da manhã (7 horas).
21
O volumoso era pesado diariamente, ajustando-se a quantidade a ser
fornecida de acordo com a sobra, ou seja, se o que restasse de alimento fosse de
5% a 10% a mais que o dia anterior, a quantidade era reduzida, a fim de evitar
desperdício de silagem. Mas, se não existisse sobra ou a quantidade fosse
desprezível (abaixo de 500g), a massa de volumoso era elevada, para garantir
sobra no dia seguinte. O concentrado também era pesado diariamente e seu
fornecimento variava de acordo com a pesagem de leite, determinada a cada
semana, sempre obedecendo à relação 1 kg de ração para cada 2,5 kg de leite
produzido. No dia seguinte, as sobras eram pesadas, a fim de determinar o
consumo de cada vaca, segundo metodologia adaptada, descrita por Silva et al.
(2001). Amostras de volumoso, concentrado e respectivas sobras, eram coletadas
semanalmente (toda sexta-feira), para as determinações laboratoriais.
Também foram realizadas três avaliações comportamentais de atividade
mastigatória, observando-se a ação de cada vaca a cada 5 minutos (Krause &
Combs, 2003), durante 24 horas. Estas observações foram repetidas durante três
dias (11 de setembro de 2004, 26 de setembro de 2004 e 6 de outubro de 2004)
tendo início às 6 horas da manhã e fim às 6 horas da manhã do dia seguinte. As
ações das vacas foram classificadas em alimentando, ruminando e ócio.
3.6 Análises químicas
Foram feitas análises laboratoriais para se determinar a composição
bromatológica dos ingredientes utilizados nas dietas experimentais. Amostras do
volumoso (silagem de milho) e concentrado foram analisadas para matéria seca
(MS), proteína bruta (PB), extrato etéreo (EE), fibra bruta (FB), matéria mineral
(MM), extrativo não nitrogenado (ENN), nutrientes digestíveis totais (NDT),
cálcio (Ca), fósforo (P), fibra em detergente neutro (FDN), fibra em detergente
22
ácido (FDA), hemicelulose e NNP, no Laboratório de Nutrição das Faculdades
Associadas de Uberaba (FAZU). As análises de MS, PB, EE, FB, MM, ENN e
NDT foram realizadas de acordo com as metodologias descritas por AOAC
(1990). Para FDN e FDA, foram utilizadas as metodologias propostas por van
Soest et al. (1991). Para NNP, considerou-se o que foi proposto por Malafaia &
Vieira (1997).
As amostras de leite foram enviadas ao Laboratório de Fisiologia da
Lactação do Departamento de Zootecnia da Escola Superior de Agricultura Luiz
de Queiroz (ESALQ), localizado em Piracicaba, SP, para determinar
concentração de gordura, proteína, lactose, sólidos totais e nitrogênio uréico no
leite, pelo processo infravermelho.
3.7 Delineamento e análise estatística
Foi utilizado o delineamento em blocos ao acaso (DBC), com 4 blocos
que controlaram a produção de leite anterior das vacas. As vacas primíparas
ocuparam 1 dos 4 blocos, sendo estas com produção de leite anterior ainda
desconhecida. A casualização das parcelas experimentais foi realizada e a
distribuição das vacas nos respectivos tratamentos é apresentada no Quadro 1.
23
QUADRO 1. Casualização dos tratamentos nas vacas que participaram do
experimento, sendo Trat. o respectivo tratamento sorteado para
as vacas de número “N”, dia de previsão de parto (DPP), ordem
de lactação (LAC), peso (kg), produção de leite atual (PL) e
produção de leite anterior (PLA).
TRAT N DPP LAC PESO PL PLA
AM1 176 4 1 - - -
FS 603 6/ago 1 - - -
UR 199 7 1 - - -
AM2 567 1 - - -
AM2 491 18 1 - - -
FS 582 25 1 - - -
UR 178 21 1 - - -
AM1 194 30 1 - - -
UR 110 22 2 435 2242 2242
AM1 529 10 2 378 2508 2508
FS 497 29 2 410 2709 2709
AM2 138 5 6 420 3929 2754
UR 377 9 4 440 3356 2995
AM1 2055 3 2 460 3116 3116
AM2 235 5 5 435 4445 3144
FS 116 25 9 434 3669 3165
UR 114 29 5 448 3968 3968
FS 1754 17 7 454 4407 4407
AM1 1986 31 2 535 4525 4525
AM2 442 17 3 460 4530 4530
24
O modelo matemático estatístico utilizado foi:
Y
ijk
= µ + t
i
+ b
j
+ s
k
+ e
ijk
Em que:
Y
ijk
é o valor observado do tratamento
i
na repetição
j
;
µ é uma constante associada a todas as observações;
t
i
o efeito do tratamento
i
, com
i
= 1, 2,...,
t
;
b
j
o efeito do bloco
j
, com
j
= 1, 2,...,
r
s
k
o efeito do dia de amostragem
k
, com
k
= 1, 2,...,
s
e
ijk
o erro experimental associado a Y
ijk
que, por hipótese, tem distribuição
normal de média zero e variância σ
2
.
As variáveis, em geral, foram analisadas como medida repetida pelo
procedimento MIXED do Statistical Analysis System, SAS
(SAS, 1998). A
estrutura de covariância utilizada foi aquela com maior valor para o critério de
informação de Akaike, considerando a estrutura auto-regressiva de ordem 1, AR
(1). As médias de cada tratamento foram comparadas por meio de contrastes
ortogonais.
25
RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Consumo
Os resultados obtidos para consumo de matéria seca em kg/dia (CMS
kg/dia), em porcentagem do peso vivo dos animais/dia (CMS % PV/dia), em
gramas por kg de peso metabólico/dia (CMS g/kg PV
0,75
/dia) estão apresentados
na Tabela 5.
26
TABELA 5. Consumo de matéria seca, em kg por dia (CMS kg/dia), em porcentagem do peso vivo dos animais por dia
(CMS % PV/dia), em gramas por kg de peso metabólico por dia (CMS g/kg PV
0,75
/dia).
Tratamentos Contrastes – Probabilidades
V a r i á v e i s
FS
1
UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
CMS
(kg/dia)
15,9260 12,8566 16,0571 15,9458 0,2551 <0,0001 <0,0001 <0,0001 0,6950
0,7380
0,9525
CMS
(% PV)
4,3298 3,3647 4,0619 3,8725 0,0645 <0,0001 <0,0001 <0,0001 0,0078
0,0441
0,0001
CMS
(g/kg PV
0,75
)
169,26 128,22 160,68 153,93 2,7654 <0,0001 <0,0001 <0,0001 0,0351
0,0856
0,0010
* EPM – erro padrão da média.
1
FS Fornecimento de silagem de milho mais uma suplementação concentrada, contendo farelo de soja como fonte
protéica e sem alguma fonte protéica provinda de nitrogênio não protéico; UR - fornecimento de silagem de milho mais
uma suplementação concentrada contendo uréia (3% de uréia no concentrado); AM1 - fornecimento de silagem de milho
mais uma suplementação concentrada contendo amiréia 150S (5,4% de amiréia 150S no concentrado); AM2 -
Fornecimento de silagem de milho mais uma suplementação concentrada contendo amiréia 150S (8,1% de amiréia 150S
no concentrado)
26
27
Todavia, quando Sannes et al., (2002) aumentaram o nível de uréia de
dietas fornecidas a vacas lactantes de 0,29% na dieta total para 0,77%, elevando
também o nível de proteína da ração, encontraram maior CMS. Neste caso, se o
nível de proteína bruta da dieta for limitante, a adição de uréia favorece o CMS,
por auxiliar no fornecimento de N ao ambiente ruminal, proporcionando
melhores condições de crescimento bacteriano.
Santos et al. (1998), ao tentar elevar a proteína não degradável do rúmen
de dietas isoprotéicas e isoenergéticas de 24 vacas holandesas lactantes,
compararam a utilização de três ingredientes nitrogenados: uréia, farelo de soja e
farinha de peixe. Neste caso, o tratamento contendo uréia (0,8% da dieta total)
obteve maior CMS em relação aos demais tratamentos. Este resultado discorda
do presente experimento, possivelmente, devido a menor quantidade de uréia
utilizada (0,8%) em relação ao presente experimento (1%), ambos em relação à
dieta total. Além disso, a fonte de carboidrato utilizada no experimento de
Santos et al. (1998) foi sorgo tratado por elevadas temperaturas e
posteriormente, prensado. Este tipo de processamento em fontes de amido como
o sorgo ou milho aumenta a quantidade de carboidrato fermentável no rúmen, o
que resulta em melhor disponibilidade de energia para os microrganismos
ruminais e maior sincronismo com a fixação de nitrogênio. Conseqüentemente, o
ambiente ruminal se torna mais favorável ao aproveitamento da uréia,
minimizando os efeitos negativos que ela possa causar no consumo de matéria
seca (Teixeira & Salvador, 2004).
No presente experimento, a fonte de carboidrato utilizada foi milho
moído sem qualquer tratamento, exceto no processamento da amiréia 150S, em
que o misturados milho e uréia associados a uma extrusão conjunta que
culmina em semelhante sincronismo obtido nas dietas de Santos et al. (1998).
Helmer et al. (1971), utilizando vacas lactantes (raças européias)
alimentadas com três diferentes dietas contendo uréia, amiréia ou farelo de soja
28
em sua composição, verificaram que aquela contendo amiréia não diferiu quanto
ao CMS do tratamento contendo farelo de soja. na dieta contendo uréia, o
CMS foi menor que os demais, concordando com os resultados obtidos neste
experimento.
Teixeira et al. (2000), utilizando machos leiteiros alimentados com feno
de capim-braquiária e 4 diferentes dietas contendo amiréia 45S (45% PB), uréia
ou farelo de soja como fonte de nitrogênio para os animais, não observaram
diferença entre os diversos tratamentos, discordando, em partes, do presente
experimento, que encontrou menor consumo quando a uréia foi utilizada.
Bartley & Deyoe (1975) realizaram uma revisão de dez trabalhos
pesquisados, contendo uréia em algum dos tratamentos, e tendo como objeto de
estudo vacas em lactação, constataram que cinco destes trabalhos apresentaram
menor consumo do concentrado contendo uréia como um dos ingredientes
nitrogenados.
Vilela (2003), avaliando níveis crescentes de amiréia 150S (semelhante
à utilizada neste experimento, dietas isoprotéicas) para vacas mestiças (Holandês
X Gir), observou resposta quadrática no consumo de matéria seca, com CMS
crescente até níveis de substituição de 33% de amiréia 150S no concentrado.
Carmo (2001), estudando diferentes dietas contendo uréia (2% da dieta
total) ou amiréia 150S (na mesma proporção nitrogenada que o tratamento com
uréia) ou somente farelo de soja como fonte de nitrogênio, para vacas
Holandesas em final de lactação, não observou diferença estatística quanto ao
CMS kg/dia para os diferentes tratamentos.
Para CMS % PV/dia, foi observado, assim como CMS kg/dia, que o
tratamento UR foi estatisticamente inferior aos demais tratamentos (P<0,0001).
Porém, uma resposta estatística diferenciada foi encontrada entre os tratamentos
FS, AM1 e AM2 (4,3%; 4,1%; 3,9% do PV, respectivamente). Neste caso,
houve maior consumo para FS, tanto em relação a AM1 (P=0,0078) quanto
29
AM2 (P=0,0001). Finalmente, também foi notada diferença estatística entre os
tratamentos AM1 e AM2 (P=0,0441), tendo AM1 sido superior a AM2. É
importante observar que os consumos encontrados no presente experimento, em
média 4% do PV, são superiores aos encontrados na literatura (3% a 3,5% do
PV). Esta diferente resposta ingestiva pode ser intrínseca ao comportamento
ingestivo diferenciado da raça Gir. Segundo ABCZ (2005), a raça Gir possui
dupla aptidão e, portanto, tende a converter o alimento ingerido não em leite,
mas tamm para o crescimento e acabamento de carcaça, o que pode explicar
os elevados consumos encontrados ao final do período experimental (100 dias =
4,5% do PV), afetando o CMS médio. Além disso, este período final de
avaliações coincidiu com o pico de CMS normal de uma vaca leiteira.
Estes resultados concordam, exceto em valores absolutos, com os
obtidos por Oliveira et al. (2001) e Silva et al. (2001), em que o CMS % PV
decresceu à medida que se aumentou a inclusão de uréia na dieta.
Para CMS g/kg PV
0,75
/dia, os resultados obtidos no tratamento UR, em
relação aos demais tratamentos, foram semelhantes aos obtidos para CMS kg/dia
e CMS % PV, em que UR foi estatisticamente inferior aos demais tratamentos
(P<0,0001). Assim como observado para CMS % PV, houve maior consumo
para FS, tanto em relação a AM1 (P=0,0351) quanto a AM2 (P=0,0010). Entre
AM1 e AM2, neste caso, não houve diferença estatística.
No experimento de Vilela (2003), o CMS % PV e g/kg PV
0,75
/dia, nos
diferentes níveis de substituição de amiréia 150S, obteve resposta quadrática
com consumos máximos nos veis de substituição de 37,5% e 35,89%,
respectivamente. Estes valores representam, respectivamente, 4,7% e 4,5% de
amiréia 150S no concentrado. No presente experimento, AM1 representa 5,4%
de amiréia no concentrado e AM2, 8,1%. É importante observar que,
numericamente, neste experimento, as proporções de amiréia 150S no
concentrado foram muito superiores às utilizadas no trabalho de Vilela (2003).
30
Mayer et al. (1997), utilizando 1% de uréia no concentrado de vacas
mestiças lactantes, não observaram diferença estatística quando compararam
tratamentos que continham esta proporção de uréia e tratamentos que não
continham uréia, para CMS (kg/dia, % PV e g/kg PV
0,75
/dia).
No experimento de Windschitl (1991), também não foi encontrada
diferença estatística quando a uréia foi incluída (0,7% da dieta total) na dieta de
vacas lactantes para CMS % PV.
Mesmo com maiores níveis de inclusão (1,5% da dieta total) Broderick,
Craig e Ricker (1993) não encontraram diferença estatística para CMS % PV
entre os tratamentos que continham ou não uréia em sua composição.
Wilson et al. (1975) encontraram que o ponto limite para que a uréia,
fornecida de forma pura junto ao concentrado, passasse a afetar negativamente
CMS, foi de 2% do concentrado utilizado. No presente experimento, a proporção
utilizada foi de 3% no concentrado ou, aproximadamente, 1% da dieta total. Este
nível foi recomendado por Vilela & Silvestre (1985) e é utilizado rotineiramente
pela maior parte dos produtores rurais brasileiros.
Os resultados obtidos para consumo de fibra em detergente neutro
(CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA), proteína bruta (CPB) e nitrogênio
não protéico (CNNP), em kg por dia (kg/dia), em porcentagem do peso vivo dos
animais por dia (% PV/dia) e em gramas por kg de peso metabólico por dia
(g/kg PV
0,75
/dia), estão apresentados nas Tabelas 6 e 7.
31
TABELA 6. Consumo de fibra em detergente neutro (CFDN), fibra em detergente ácido (CFDA), em kg por dia (kg/dia),
em porcentagem do peso vivo dos animais por dia (% PV/dia) e em gramas por kg de peso metabólico por
dia (g/kg PV
0,75
/dia).
Tratamentos Contrastes – Probabilidades
V a r i á v e i s
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
CFDN
(kg/dia)
6,5483 5,5011 6,8583 6,6736 0,1313 <0,0001 <0,0001 <0,0001
0,0825
0,2845
0,4579
CFDN
(% PV)
2,0418 1,6961 1,9954 1,8873 0,0332 <0,0001 <0,0001 0,0007 0,3000
0,0264
0,0031
CFDN
(g/kg PV
0,75
)
66,1674 51,6232 65,5116 61,3104 1,4401 <0,0001 <0,0001 0,0002 0,7299
0,0424
0,0208
CFDA
(kg/dia)
3,2031 2,7507 3,2778 3,1331 0,0561 <0,0001 <0,0001 0,0001 0,3051
0,0600
0,3334
CFDA
(% PV)
1,2261 1,0757 1,1915 1,1284 0,0136 <0,0001 <0,0001 0,0105 0,0701
0,0033
<0,0001
CFDA
(g/kg PV
0,75
)
29,5439 23,2265 28,6107 26,0637 0,5957 <0,0001 <0,0001 0,0027 0,2430
0,0055
0,0005
* EPM – erro padrão da média
31
32
TABELA 7. Consumo de proteína bruta (CPB) e nitrogênio não protéico (CNNP), em kg por dia (kg/dia), em
porcentagem do peso vivo dos animais por dia (% PV/dia) e em gramas por kg de peso metabólico por
dia (g/kg PV
0,75
/dia).
Tratamentos Contrastes – Probabilidades
V a r i á v e i s
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
CPB
(kg/dia)
2,3957 2,0243 2,4464 2,5033 0,0648 0,0008 0,0003 <0,0001 0,5670
0,5237
0,2325
CPB
(% PV)
1,0264 0,9127 1,0066 0,9970 0,0164 0,0002 0,0011 0,0023 0,3893
0,6754
0,2074
CPB
(g/kg PV
0,75
)
20,6114 15,7470 20,0891 19,9107 0,7168 0,0002 0,0007 0,0009 0,6003
0,8584
0,4826
CNNP
(kg/dia)
0,6652 0,6770 0,7161 0,7432 0,0127 0,4980 0,0406 0,0020 0,0105
0,1415
0,0005
CNNP
(% PV)
0,6045 0,6061 0,6145 0,6185 0,0028 0,6679 0,0507 0,0075 0,0216
0,3317
0,0031
CNNP
(g/kg PV
0,75
)
1,6393 1,7279 2,1188 2,3249 0,1296 0,6210 0,0463 0,0051 0,0173
0,2685
0,0019
* EPM – erro padrão da média
32
33
Para CFDN kg/dia, não houve diferença estatística entre os tratamentos
FS, AM1 e AM2. Porém, UR foi inferior aos demais tratamentos (P<0,0001).
Para CFDN % PV/dia, o tratamento UR continuou a apresentar-se
inferior aos demais tratamentos (P<0,0001 para FS e AM1, e P=0,0007 para
AM2). Neste caso, AM2 foi estatisticamente inferior a FS (P=0,0031) e AM1
(P=0,0264). Porém, FS foi estatisticamente semelhante a AM1 (P>0,05).
Para CFDN g/kg PV
0,75
/dia, o tratamento UR foi inferior aos demais
tratamentos (P<0,0001 para FS e AM1, e P=0,0002 para AM2). O tratamento
AM2 foi inferior a FS (P=0,0208) e AM1 (P=0,0424). O tratamento FS foi
semelhante a AM1.
Para CFDA kg/dia, não houve diferença entre os tratamentos FS, AM1 e
AM2. Porém, UR foi inferior aos demais tratamentos (P<0,0001 para FS e AM1
e P=0,0001 para AM2).
Para CFDA % PV/dia, o tratamento UR foi inferior aos demais
tratamentos (P<0,0001 para FS e AM1, e P=0,0105 para AM2). O tratamento
AM2 foi inferior a FS (P<0,0001) e AM1 (P=0033). Não houve diferença
estatística entre FS e AM1.
Para CFDA g/kg PV
0,75
/dia, o tratamento UR permaneceu inferior aos
demais tratamentos (P<0,0001 para FS e AM1, e P=0,0027 para AM2).
Semelhante resposta foi observada para AM2, em que este foi inferior a FS
(P=0,0005) e AM1 (P=0,0055). O tratamento FS foi semelhante a AM1.
O CFDN é largamente avaliado nos diversos experimentos que testam
uréia para animais de corte e leite (Carmo, 2001; Oliveira et al., 2001; Silva et
al., 2001; Vilela et al., 2003; Vilela, 2003). Porém, não se pode dizer o mesmo
para CFDA, sendo esta uma variável menos observada (Carmo, 2001 e Vilela et
al., 2003).
Oliveira et al. (2001) observaram resposta quadrática quando avaliaram
o CFDN kg/dia e % PV/dia, apresentando consumos máximos de FDN em 6,99
34
kg e 1,56% PV, respectivamente para inclusão de 1,17% e 1,1% de uréia na
dieta total. Carmo (2001) não encontrou diferença para CFDN e CFDA (kg/dia)
quando comparou o uso de uréia ou amiréia 150S ou farelo de soja em dietas de
vacas ao final da lactação. Ambos os experimentos discordam, portanto, do
presente experimento em que, no tratamento UR, encontrou menor consumo de
FDN e FDA (kg/dia ou % PV/dia).
os resultados encontrados por Silva et al. (2001) concordam com os
deste experimento. Estes autores demonstraram que a crescente inclusão de uréia
na dieta fez declinar linearmente o consumo de FDN, redução esta atribuída à
diminuição no CMS, que acabou por refletir no consumo de FDN.
Vilela (2003) verificou resposta quadrática quando usou crescentes
níveis de substituição de amiréia 150S por farelo de soja, obtendo ponto máximo
de ingestão de FDN, quando incluiu 6,3%, 4,66% e 4,25% de amiréia 150S no
concentrado, respectivamente para CFDN kg/dia, %PV e PV
0,75
/dia. Os
resultados então concordam com este experimento, que encontrou maior
tolerância de inclusão de amiréia 150S no concentrado, somente quando foi
considerado CFDN kg/dia; no restante das variáveis, níveis menores de inclusão
responderam com maiores consumos.
Vilela et al. (2003) realizaram um experimento utilizando cana-de-
açúcar como volumoso para a dieta de vacas mestiças em lactação. Os
tratamentos consistiam em adicionar a este volumoso a uréia, juntamente com
fontes fareladas diversas. Observaram que os consumos de FDN e FDA foram
maiores quando a uréia foi fornecida juntamente com alguma fonte de energia
em relação aos tratamentos, realçando, então, a importância de disponibilizar
energia para os microorganismos fixarem de maneira mais eficiente o nitrogênio
(N) oferecido pela uréia.
Mabjeesh et al. (1997), trabalhando com vacas multíparas em lactação,
observaram semelhante consumo de FDN entre dietas com alta ou baixa
35
degradabilidade de proteína do rúmen, assim como foi observado no CMS
destas mesmas dietas.
Cameron et al. (1991), assim como Mabjeesh et al. (1997), não notaram
influência da uréia no CFDN. O CMS também acompanhou o CFDN, assim
como CFDA.
Para CPB kg/dia, % PV/dia e g/kg PV
0,75
/dia, foi observado que o
tratamento UR foi estatisticamente inferior aos demais tratamentos (P<0,01). Os
tratamentos FS, AM1 e AM2 foram semelhantes entre si.
Nos experimentos de Oliveira et al. (2001) e Silva et al. (2001), o
consumo de PB (kg/dia) decresceu com o aumento na inclusão da uréia na dieta.
Este fato foi atribuído à redução linear no CMS, que influiu no CPB. Estes
resultados concordam com os encontrados neste experimento.
Carmo (2001) não observou diferença estatística quando avaliou o CPB
para dietas contendo uréia ou amiréia 150S ou farelo de soja, discordando dos
presentes resultados, nos quais houve menor consumo para o tratamento
contendo uréia.
Vilela (2003) encontrou resposta quadrática quanto ao CPB (kg/dia e
g/kg PV
0,75
/dia), apresentando consumos máximos para níveis de substituição de
amiréia 150S por farelo de soja de 30% e 36%, respectivamente. Estes valores
correspondem a 3,8% e 4,6% de amiréia 150S no concentrado. O presente
experimento observou que o CPB (kg/dia e g/kg PV
0,75
/dia) não foi alterado
quando o nível de inclusão de amiréia 150S se elevou a até 8,1% do
concentrado.
No experimento de Cameron et al. (1991), devido ao fato de as dietas
não serem isoprotéicas e o CMS ser semelhante entre os tratamentos que
continham uréia, o CPB foi maior para as dietas ureadas. Porém, o CPB, neste
caso, não refletiu em maior produção de leite, indicando menor eficiência de
fornecimento de N pelos tratamentos ureados.
36
Todavia, Mabjeesh et al. (1997) encontraram semelhante CPB entre os
tratamentos. Como as dietas eram isoprotéicas e o CMS não se alterou ao longo
dos tratamentos, é justificável que o CPB também não varie.
Para CNNP kg/dia, os tratamentos FS e UR foram inferiores a AM1
(P=0,0105 e P=0,0406, respectivamente, para FS e UR) e AM2 (P=0,0005 e
P=0,0020, respectivamente para FS e UR). Porém, FS foi semelhante a UR,
assim como AM1 foi semelhante a AM2.
Para CNNP % PV/dia, o tratamento FS foi inferior a AM1 (P=0,0216) e
AM2 (P=0,0031). Porém, não houve diferença entre AM1 e AM2. O tratamento
UR foi inferior a AM2 (P=0,0075) e semelhante a FS (P>0,05) e AM1
(P=0,0507). É importante observar que o contraste ortogonal realizado entre os
tratamentos UR e AM1 gerou uma probabilidade muito próxima do limite de
“0,05”, considerado aceitável para afirmar-se diferença.
Para CNNP g/kg PV
0,75
/dia, os tratamentos FS e UR foram inferiores a
AM1 (P=0,0173 e P=0,0463, respectivamente, para FS e UR) e AM2 (P=0,0019
e P=0,0051, respectivamente, para FS e UR). Porém, FS foi estatisticamente
semelhante a UR, assim como AM1 foi semelhante a AM2.
Há uma carência de trabalhos que procederam à medição do consumo de
NNP para maiores discussões. Porém, o que pode ser observado com os
resultados obtidos neste experimento é que, mesmo elevando-se a concentração
de NNP na forma de amiréia 150S nos tratamentos AM1 e AM2, foi possível
elevar o CNNP (kg/dia, % PV e g/kg PV
0,75
/dia). Conseqüentemente, os
consumos de MS, FDN, FDA e PB ou foram pouco afetados ou não foram
afetados por estes tratamentos. Isso discorda do que é citado na maior parte dos
experimentos que utilizaram crescentes níveis de NNP em forma de uréia na
dieta de bovinos e acabaram por concluir níveis máximos de inclusão de NNP
(Oliveira et al., 2001; Silva et al., 2001).
37
O presente experimento, apoiado por outros (Carmo, 2001; Vilela,
2003), vem demonstrar que a proporção de NNP na dieta pode ser elevada sem
alterar o consumo, pela administração correta de amiréia 150S para vacas em
lactação nestas condições experimentais.
Segundo Teixeira & Salvador (2004), a uréia pode limitar o consumo
por ter gosto amargo, influenciando negativamente na palatabilidade da dieta e
também por ser menos eficiente no fornecimento de N para os microrganismos
do rúmen. Este fato pode ser reduzido com o uso da amiréia 150S, um complexo
de liberação lenta de NNP, palatável, contendo uréia e milho extrusado.
4.2 Produção de leite, conversão alimentar, variação de peso vivo,
composição e qualidade do leite
Nas Tabelas 8 e 9 são apresentados os resultados obtidos para produção
de leite (PL kg/dia), conversão alimentar (CA kg MS consumida por kg MS
produzida), produção de leite corrigida para gordura a 4% (PLC 4% gord.
kg/dia), variação de peso vivo por dia (VPVD kg PV/dia), proporção de gordura
no leite (gordura %), proteína no leite (proteína %), lactose no leite (lactose %),
sólidos totais (sólidos totais %), produções diárias de gordura (gordura g/dia),
proteína (proteína g/dia), lactose (lactose g/dia), sólidos totais (sólidos totais
g/dia) e presença de uréia no leite (uréia mg/dL).
38
TABELA 8. Produção de leite (PL kg/dia), produção de leite corrigida para gordura a 4% (PLC 4% gord. kg/dia),
Conversão Alimentar (CA kg MS consumida por kg MS produzida), variação de peso vivo por dia (VPVD
kg PV/dia), proporção de gordura no leite (gordura %), proteína no leite (proteína %), produções diárias de
gordura (gordura g/dia) e proteína (proteína g/dia).
Tratamentos Contrastes – Probabilidades
V a r i á v e i s
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
PL
(kg/dia)
12,7258 9,4183 12,4606 12,7307 0,8558 0,0148 0,0217 0,0144 0,8251
0,8212
0,9967
CA**
(kgMS/kg
Prod)
6,3787 6,7398 5,9683 6,6759 0,5241 0,6119 0,2318 0,9139 0,5600
0,2304
0,6478
VPVD
(Kg/dia)
-0,3811 -0,3440 -0,1126 -0,0655 0,1194 0,8249 0,1765 0,1145 0,1207
0,7747
0,0776
PLC 4% gord.
(kg/dia)
13,7977 10,9921 14,7607 14,0232 0,8276 0,0318 0,0057 0,0207 0,4220
0,5309
0,8504
Gordura
(% do leite)
4,1388 4,7028 5,2055 4,5279 0,1778 0,0452 0,0633 0,4957 0,0011
0,0179
0,1512
Gordura
(g/dia)
507,37 443,66 593,72 572,26 30,1239 0,1613 0,0036 0,0100 0,0649
0,6178
0,1574
Proteína
(% do leite)
3,5775 3,6171 3,6680 3,5115 0,0915 0,7659 0,6961 0,4268 0,4974
0,2439
0,6212
Proteína
(g/dia)
451,18 334,56 444,37 438,60 23,6710 0,0047 0,0059 0,0087 0,8424
0,8643
0,7164
* EPM – erro padrão da média
** CA conversão alimentar em kg de matéria seca por kg de matéria seca do leite produzido mais kg de ganho médio
diário.
38
39
TABELA 9. Proporções de lactose no leite (lactose %), sólidos totais (sólidos totais %), produções diárias de lactose
(lactose g/dia), sólidos totais (sólidos totais g/dia) e presença de uréia no leite (uréia mg/dL).
Tratamentos Contrastes – Probabilidades
V a r i á v e i s
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
Lactose
(% do Leite)
4,7750 4,5745 4,6498 4,7950 0,0369 0,0024 0,1686 0,0011 0,0333
0,0153
0,7118
Lactose
(g/dia)
612,18 429,15 571,27 596,33 40,8715 0,0083 0,0279 0,0130 0,4926
0,6684
0,7902
Sólidos t
otais
(% do leite)
13,4971 13,8418 14,4372 13,8840 0,2376 0,3278 0,0961 0,9014 0,0162
0,1211
0,2770
Sólidos t
otais
(g/dia)
1734,04 1297,28 1745,32 1727,00 105,0250
0,0127 0,0097 0,0130 0,9408
0,9027
0,9633
Uréia no leite
(mg/dL)
10,6138 11,9508 11,5482 13,3434 0,6966 0,2017 0,6840 0,1793 0,3616
0,0894
0,0179
* EPM – erro padrão da média
39
40
Para PL e PLC 4% gord. kg/dia, pode-se observar, na Tabela 8, que o
tratamento UR apresentou menores valores de produção em relação aos
tratamentos FS (P=0,0148 para PL e P=0,0318 para PLC 4% gord.), AM1
(P=0,0217 para PL e P=0,0057 para PLC 4% gord.) e AM2 (P=0,0144 para PL e
P=0,0257 para PLC 4% gord.). Os tratamentos FS, AM1 e AM2 não foram
estatisticamente diferentes (P>0,05).
Vilela (2003) encontrou resposta quadrática quando usou crescentes
níveis de substituição do farelo de soja por amiréia 150S, mas houve acentuado
declínio na produção quando o farelo de soja foi totalmente substituído pela
amiréia 150S. Carmo (2001) não observou diferença estatística quando
comparou uréia, amiréia 150S e farelo de soja sobre a produção e produção de
leite corrigida (3,5% gordura).
Helmer et al. (1971), utilizando 18 vacas lactantes alimentadas com três
diferentes dietas contendo uréia ou amiréia (23%PB) ou farelo de soja,
encontraram menor produção de leite somente para o tratamento contendo uréia
na dieta. Estes resultados concordam com o presente experimento que, apesar de
ter testado uma amiréia com maior concentração protéica (150%PB), também
não encontrou diferença estatística entre os tratamentos que utilizaram somente
farelo de soja como fonte protéica e os dois que continham amiréia 150S.
A produção pode ser drasticamente afetada pelo consumo de matéria
seca, segundo Oliveira et al. (2001). No presente experimento, o menor consumo
de matéria seca associado ao menor aproveitamento da amônia no rúmen pode
ter afetado negativamente a produção de leite.
Oliveira et al. (2001) e Silva et al. (2001) observaram redução na
produção de leite à medida que se adicionou uréia à dieta de vacas lactantes.
Além do menor CMS, a causa desta menor produção de leite também foi
atribuída ao menor aproveitamento da amônia ruminal pelos microrganismos.
41
Mayer et al. (1997), utilizando 12 vacas lactantes alimentadas com 4
diferentes dietas, tendo duas destas 1% de uréia no concentrado, não observaram
diferença entre quaisquer tratamentos, quanto a PL e PLC (4% gordura). Garcia-
Bojalil et al. (1998), utilizando 25 vacas lactantes alimentadas com 4 diferentes
dietas, duas contendo 0,9% de uréia na dieta total, não observaram diferença
entre os tratamentos quando analisaram as variáveis PL e PLC (4% gordura).
Assim como observado por Oliveira et al. (2001), nestes casos, também não
foram observadas diferenças no CMS. Em outros casos, nos quais o consumo de
matéria seca também não variou, a PL e PLC permaneceram semelhantes entre
tratamentos (Cameron, 1991; Broderick et al., 1993; Baker et al., 1995; Lines &
Weiss, 1996).
Em um experimento realizado por Santos et al. (1998), as três dietas
testadas (uréia, farelo de soja e farinha de peixe) eram oferecidas para vacas de
menores (27 kg/vaca/dia) e maiores produções (40 kg/vaca/dia). As de menor
produção apresentaram maior produção de leite para o tratamento contendo uréia
em relação ao farelo de soja. Para estas vacas, a PLC (3,5% gord.) não foi
diferente entre os tratamentos. as de maior produção apresentaram PL e PLC
(3,5% gord.) menor para o tratamento com uréia. O experimento em questão
usou, como fonte de energia, grãos de sorgo tratados por temperatura e pressão
(processo semelhante ao que ocorre na amiréia extrusão) e esse tipo de fonte
energética auxilia muito no aproveitamento do N fornecido pela uréia. Portanto,
Santos et al. (1998) destacaram, de maneira muito importante, a necessidade de
se fornecer, juntamente com a uréia, uma fonte de energia adequada para o
crescimento microbiano.
Segundo uma revisão realizada por Bartley & Deyoe (1975), dentre 10
trabalhos avaliados que continham uréia em pelo menos um dos tratamentos,
70% destes apresentaram a uréia como inferior aos demais tratamentos. Estes 7
experimentos entram em concordância com o presente experimento. Outro dado
42
muito importante que deve ser relatado é que, dentre o total de 20 trabalhos
avaliados, todos contendo amiréia em um dos tratamentos, 19 demonstraram
resultados de PL semelhantes aos tratamentos com farelo de soja ou outras
fontes naturais de proteína. Estes dados são de grande valor e mostram que a
amiréia pode substituir o farelo de soja parcialmente sem afetar a produção de
leite dos animais.
Não foi encontrada diferença para CA entre qualquer tratamento
(P>0,05).
Oliveira et al. (2001) também não observaram diferença quando
avaliaram a eficiência alimentar dos animais. Porém, Silva et al. (2001)
encontraram resposta linear crescente, à medida que foi aumentada a proporção
de uréia na dieta, para esta mesma variável.
A forma de obtenção da eficiência alimentar de Oliveira et al. (2001) e
Silva et al. (2001) é diferente da conversão alimentar encontrada neste
experimento. Eficiência alimentar corresponde simplesmente à relação entre
produção de leite (kg/dia) sobre o consumo de matéria seca (kgMS/dia). a
conversão alimentar obtida neste trabalho representa o CMS (kgMS/dia) sobre a
soma de produção de sólidos totais diária (kg de matéria seca do leite/dia) e
ganho de peso diário, excluindo o período de balanço energético negativo das
vacas. Todavia, por interessar, neste caso, somente os valores relativos dos
tratamentos e não os absolutos, as medidas se tornam comparáveis.
No experimento de Teixeira et al. (2000), utilizando animais de corte,
também não houve diferença para a variável CA ao longo dos tratamentos
contendo amiréia 45S ou uréia ou somente farelo de soja como fonte de N para
dieta dos animais.
Na revisão realizada por Bartley & Deyoe (1975), avaliando 16
experimentos com animais de corte em terminação, alimentados com dietas
contendo uréia ou amiréia (“starea”) ou somente farelo de soja como fonte de N
43
nas dietas, 100% dos trabalhos não apresentaram diferença para CA. Somente
quando foram avaliados animais em período inicial de alimentação o tratamento
contendo uréia apareceu como inferior em CA, em somente um dos
experimentos, dentre 8 estudados.
Em um estudo realizado por Santos et al. (1998) utilizando vacas
lactantes com dietas contendo uréia ou farelo de soja ou farinha de peixe como
fontes de N para avaliar a conversão alimentar, o tratamento com farinha de
peixe foi o que proporcionou melhor conversão que o tratamento com uréia.
Porém, o tratamento com farelo de soja foi semelhante aos outros tratamentos.
Isso ocorreu devido ao fato do tratamento com uréia ter obtido um maior CMS,
mas ter produzido semelhante quantidade de leite.
Não houve diferença estatística para as médias de variação do peso vivo
por dia (VPVD) dos animais entre todos os tratamentos.
As médias de variação de peso vivo indicaram perda generalizada de
massa corpórea. O tratamento UR pode ter sido altamente influenciado pelo
baixo CMS que, além de refletir na PL, influenciou o VPVD. Os demais
tratamentos também perderam peso vivo, porém, este tipo de resposta é
observado em animais de aptidão leiteira que convertem alimento em leite e não
necessariamente massa corpórea.
Carmo (2001), concordando com este experimento, não observou
diferença nos tratamentos quando avaliou a variação de peso corporal de vacas
lactantes que receberam uréia, amiréia ou farelo de soja como suplementos
protéicos da dieta. Nesse experimento, o escore corporal variou entre os
tratamentos, indicando melhores condições para o tratamento com amiréia.
Windschitl (1991) observou melhores condições de variação de peso no
tratamento contendo farelo de soja do que o tratamento contendo uréia. O
presente experimento, portanto, discorda dos resultados encontrados, pois, as
médias para variação de peso do tratamento contendo farelo de soja, em relação
44
ao tratamento contendo uréia, foram semelhantes entre si. Provavelmente, isso
tenha sido reflexo do CMS menor no tratamento contendo uréia no experimento
de Windschitl (1991).
Quando foi analisada a variável gordura %, verificou-se que FS foi
inferior a AM1 (P=0,0011) e UR (P=0,0452), mas não diferiu de AM2. O
tratamento AM1 também foi superior a AM2 (P=0,0179), todavia, foi
semelhante a UR (P=0,0633). Os tratamentos UR e AM2 não diferiram entre si.
Para produção de gordura diária (g/dia), foi observado que UR foi
inferior a AM1 (P=0,0036) e AM2 (P=0,0100), mas não foi diferente de FS. Os
tratamentos FS, AM1 e AM2 não foram diferentes.
Contrariamente ao que foi observado neste experimento, Vilela (2003)
não observou variação na % de gordura do leite, quando foram elevados os
níveis de amiréia 150S na dieta. Porém, Carmo (2001) observou maior
proporção de gordura no leite no tratamento que continha uréia em comparação
com o restante (amiréia 150S e farelo de soja). O presente experimento
encontrou um resultado que diferencia-se dos demais experimentos citados
(Carmo, 2001; Vilela, 2003). Neste caso, o tratamento que continha amiréia
150S em menor proporção (5,4%) apresentou-se com maior média % gordura no
leite.
Este fato pode ser atribuído a um eficiente fornecimento de amônia aos
microrganismos do rúmen, principalmente bactérias celulolíticas (altamente
dependentes da amônia como fonte de N), favorecendo, assim, o seu
crescimento. Este grupo de bactérias é capacitado a trabalhar a fibra no ambiente
ruminal e um dos principais produtos da degradação destes carboidratos
estruturais é o ácido acético, precursor da gordura do leite. Portanto, pode-se
deduzir que, provavelmente, a amiréia 150S, fornecida em níveis de 5,4% do
concentrado, para vacas Gir lactantes, promove um incremento significativo de
45
gordura no leite, por beneficiar a degradação das fibras e maior produção de
ácido acético, principalmente.
Oliveira et al. (2001) não encontraram influência da crescente adição de
uréia à ração sobre a % de gordura no leite. Porém, Silva et al. (2001),
realizando semelhante experimento, encontraram valores decrescentes de % de
gordura no leite, à medida que se aumentou a quantidade de uréia na ração das
vacas lactantes. Neste caso, os autores atribuíram a redução da % de gordura no
leite ao menor CMS. Todavia, o CMS aparentemente não afetou a % de gordura
no leite no presente experimento, tendo em vista que o tratamento UR foi o que
apresentou o menor CMS dentre todos os tratamentos e, consecutivamente,
apresentou alta % de gordura no leite, sendo maior que o tratamento FS.
Cameron et al. (1991), Broderick et al. (1993), Baker et al. (1995),
Mayer et al. (1997), Garcia-Bojalil et al. (1998), Santos et al. (1998) Sannes et.
al. (2002) e Vilela et al. (2003) não encontraram diferença no uso da uréia em
dietas de vacas lactantes sobre a % de gordura no leite. Entretanto, Helmer et al.
(1971) observaram maiores % de gordura no leite quando foram utilizadas uréia
ou amiréia 150S na dieta de vacas lactantes em relação ao tratamento com farelo
de soja, concordando com o presente experimento.
Porém, em um experimento realizado por Windschitl (1991), no qual
vacas lactantes foram alimentadas com três dietas contendo farelo de soja ou
uréia ou farinha de peixe, o autor encontrou menor % e produção de gordura no
leite para os tratamentos contendo uréia ou farinha de peixe em relação ao farelo
de soja. Neste caso, a produção de gordura no leite também ficou comprometida
e apresentou semelhante resultado estatístico em relação a % de gordura no leite.
Este resultado diferiu-se do presente experimento, o que pode ser explicado pela
diferença de potencial produtivo entre as vacas deste e daquele experimento.
A produção de gordura no leite (g/dia), aparentemente, foi influenciada
pela % de gordura no leite e pela quantidade de leite produzida. Oliveira et al.
46
(2001) e Vilela et al. (2003) concordam que a produção de gordura no leite é
altamente influenciada pela PL para vacas que possuem maiores índices de
produção. Nos dados aqui obtidos, o tratamento com menor produção leiteira foi
inferior aos tratamentos AM1 e AM2, porém, como FS reduziu muito sua
proporção de gordura no leite, o tratamento UR equiparou-se a FS, apesar de
este (FS) não ter diferido de AM1 e AM2. Ou seja, como este experimento
trabalhou com vacas de menor produção, a variável produção de gordura do leite
(g/dia) pode não ser tão afetada pela PL. Verifica-se, então, que a baixa
proporção de gordura no leite observada no tratamento FS influenciou
negativamente na produção de gordura no leite deste mesmo tratamento.
Para percentagem de proteína, não houve diferença entre os tratamentos
FS, AM1, AM2 e UR. Porém, a produção diária de proteína no leite (g/dia) foi
menor para o tratamento UR em relação aos demais (P<0,01). O restante dos
tratamentos não diferiu entre si.
Cameron et al. (1991), Windschitl (1991), Lines & Weiss (1996),
Garcia-Bojalil et al. (1998), Santos et al. (1998), Oliveira et al. (2001), Carmo
(2001) e Sannes et al. (2002) não observaram variação na % de proteína no leite,
concordando com os resultados obtidos neste experimento. Porém, Helmer,
Bartley & Deyoe (1971) observaram que o tratamento contendo uréia no
concentrado apresentou maiores proporções de proteína no leite em 2 dos 3
períodos de lactação estudados.
Silva et al. (2001) encontraram efeito quadrático na % de proteína no
leite à medida que foi aumentando a quantidade de uréia ao dia, obtendo níveis
máximos de 3,4% de proteína no leite e 664,44 g de proteína por dia, para os
níveis de 3,88% e 4,44% de NNP (nitrogênio não protéico).
Vilela (2003) demonstrou que a % de proteína no leite diminuiu
linearmente com a adição de amiréia 150S às dietas de vacas lactantes.
47
Casper et al. (1990) observaram maiores teores de proteína no leite para
o tratamento contendo uréia+milho. Segundo este autor, isso pode ocorrer
devido ao aparecimento de NNP no leite.
Na maior parte dos experimentos (Helmer et al., 1971; Garcia-Bojalil, et
al., 1998; Santos et al., 1998; Carmo, 2001; Oliveira et al., 2001; Silva et al.,
2001 e Vilela, 2003), a produção de proteína do leite diária variou de acordo
com a produção de leite, assim como observado no presente experimento.
Para lactose %, os tratamentos FS e AM2 apresentaram as maiores
médias em relação a UR (P=0,0024 e P=0,0011, respectivamente em relação a
FS e AM2) e AM1 (P=0,0333 e P=0,0153, respectivamente em relação a FS e
AM2). Os tratamentos FS e AM2 não diferiram estatisticamente entre si, assim
como não houve diferença estatística entre UR e AM1.
A produção diária de lactose (g/dia) foi menor para UR em relação a FS
(P=0,0083), AM1 (P=0,0279) e AM2 (P=0,0130). Não houve diferença
estatística entre os tratamentos FS, AM1 e AM2.
Os resultados encontrados para % de lactose no leite foram contrários
aos observados por Vilela (2003), que registrou efeito quadrático para esta
variável. À medida que aumentou o nível de amiréia 150S no concentrado, o
nível de lactose elevou-se e depois tendeu a declinar, enquanto que, no presente
experimento, o tratamento com maior quantidade de amiréia 150S ou aquele que
não continha amiréia 150S (FS) apresentaram as maiores médias de % de
lactose.
Helmer et al. (1971), Windschitl (1991), Broderick et al. (1993), Carmo
(2001) e Sannes et al. (2002) não encontraram variação na % de lactose no leite.
A produção de lactose diária acompanhou a produção de leite.
Porém, este experimento encontrou variação na % lactose do leite e duas
hipóteses podem ser formuladas para explicar esta variação. A primeira parte do
princípio de que as dietas FS e AM2 tenham produzido maiores proporções de
48
ácido propiônico em relação a UR e AM2 que, por sua vez, produziram maiores
proporções de ácido acético. Como o ácido propiônico pode ser convertido a
glicose por gliconeogênese nas células epiteliais da glândula mamária (Neiva,
1996), ele se tornaria um precursor de lactose do leite em potencial. A segunda
hipótese parte do pressuposto de que a lactose participa como controladora da
pressão osmótica (Neiva, 1996).
Considerando-se que os tratamentos AM1 e UR apresentaram maiores
produções de gordura no leite em relação aos demais, o teor de lactose no leite
poderia ter diminuído nestes tratamentos, dando lugar a outros constituintes dos
sólidos totais (gordura). Como as vacas são de média a baixa produção, o
volume de leite produzido, potencialmente, não se eleva muito, então, para
manter uma pressão osmótica adequada, o teor de lactose variou negativamente.
Estas poderiam ser as possíveis respostas teóricas para o fato ocorrido. Para
confirmar tais respostas, novos experimentos, dosando-se as diversas frações de
sólidos totais do leite (gordura, proteína e lactose) envolvendo vacas Gir, devem
ser feitos, pois, nesse sentido, estes são escassos.
Para sólidos totais (%), o tratamento AM1 foi superior a FS (P=0,0162),
mas não foi diferente dos demais tratamentos. Os tratamentos FS, UR e AM2
não foram estatisticamente diferentes entre si.
Ao avaliar a produção de sólidos totais por dia (g/dia), verificou-se que
UR foi inferior aos tratamentos FS (P=0,0127), AM1 (P=0,0097) e AM2
(P=0,0130). Entretanto, FS, AM1 e AM2 não diferiram entre si.
Casper et al. (1990) não encontraram diferença quando avaliaram a
influência do uso de uréia ou farelo de soja juntamente com diferentes fontes
energéticas. Helmer et al. (1971) também não observaram variação na
percentagem de sólidos totais ao estudar o uso de amiréia, uréia e farelo de soja
para vacas lactantes. De maneira semelhante, Vilela (2003) não encontrou tal
diferença. Porém, Carmo (2001) encontrou maior proporção de sólidos totais no
49
tratamento que continha uréia. O presente experimento encontrou maior
produção de sólidos no leite somente para o tratamento AM1 em relação a FS,
assim como maiores proporções de gordura foram encontradas para estes
tratamentos em avaliação. Provavelmente, esta variação da gordura interferiu no
resultado final de sólidos totais no leite.
Windschitl (1991) observou maior produção de sólidos totais no
tratamento contendo farelo de soja em relação ao que continha uréia. Esta
diferença acompanhou o teor de gordura no leite, que foi maior para o
tratamento com farelo de soja.
Neste experimento, assim como na maior parte dos experimentos
pesquisados (Helmer et al., 1971; Casper et al., 1990; Carmo, 2001; Vilela,
2003), a produção de sólidos (g/dia) totais acompanhou a produção de leite.
Quando se verificou a presença de uréia no leite, observou-se que AM2
apresentou média superior a FS (13,3 VS 10,6 mg/dL, respectivamente), mas
não diferiu dos demais tratamentos. Os tratamentos FS, UR e AM1 não foram
estatisticamente diferentes.
O aparecimento de maior quantidade de uréia no leite em tratamentos
com altas proporções de amiréia 150S no concentrado (AM2 8,1% de amiréia
no concentrado) também foi encontrado por Vilela (2003), que observou teores
crescentes de uréia no leite com o aumento no nível de amiréia 150S na dieta
dos animais. É importante observar que o aumento gradativo de proporções de
NNP na dieta pode desbalancear a relação CHO:NNP, diminuindo o
aproveitamento do N pelos microrganismos e elevando os teores de uréia no
leite.
Vilela (2003) encontrou valores médios de uréia no leite de 17,94 mg/dL
no mais alto nível de substituição de amiréia 150S por farelo de soja (100%),
enquanto que o valor máximo encontrado neste experimento foi de 13,3 mg/dL
(8,1% de amiréia 150S no concentrado). Este valor se aproxima dos valores
50
estimados pela equação da regressão linear obtida por Vilela (2003) para
equivalente nível de substituição do farelo de soja, reforçando que os resultados
aqui obtidos estão em consonância com os relatados pelo autor.
Barker et al. (1995), trabalhando com vacas Holandesas alimentadas
com quatro dietas, sendo duas contendo uréia em sua constituição, encontraram
maiores proporções de uréia no leite para os respectivos tratamentos ureados. O
primeiro tratamento possuía 1% de uréia na dieta total (semelhante ao
tratamento UR) e apresentou média de 18,6 mg/dL de uréia no leite. Neste
experimento, usando este mesmo vel de uréia na dieta total, o valor médio
encontrado foi de 11,95 mg/dl. Esta diferença numérica pode ter ocorrido devido
ao menor CMS encontrado no presente experimento em relação aos outros
tratamentos, o que limitou o consumo de NNP e, conseqüentemente, o
aparecimento de uréia no leite. Broderick et al. (1993) também encontraram
maiores proporções de uréia no leite quando incluíram este composto nas dietas
de vacas lactantes.
O maior aparecimento de uréia no leite das vacas do tratamento AM2
em relação a FS pode indicar menor eficiência de aproveitamento do NNP
oferecido por estes ingredientes às bactérias que utilizam este substrato no
rúmen dos animais.
Segundo Vilela (2003), o aparecimento de uréia no leite tem extremo
valor para a indústria de laticínios, tendo em vista que a fabricação de derivados
do leite depende de quantidade de N protéico no leite e não NNP, como é o N-
uréico.
51
4.3 Atividade mastigatória
Os resultados obtidos para o tempo gasto nas atividades de
comportamento mastigatório observadas (alimentação, ruminação e ócio) por
um período de 24 horas estão apresentados na Tabela 10. Estes dados estão
expressos em horas por dia (h/dia) e representam o total da respectiva atividade
diária.
52
TABELA 10. Tempo gasto nas atividades de comportamento mastigatório observadas (alimentação, ruminação e ócio)
por um período de 24 horas, expressos em horas por dia (h/dia).
Tratamentos Contrastes - Probabilidades
Atividades
(h/dia)
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
Alimentação
(total)
4,37 4,05 4,74 4,17 0,22 0,3113 0,0416 0,7457 0,2462
0,0748
0,4829
Ruminação
(total)
7,15 6,84 7,07 6,48 0,39 0,5961 0,6826 0,5081 0,9024
0,2918
0,2427
Ócio
(total)
6,24 6,69 5,75 6,97 0,36 0,3792 0,0851 0,5853 0,3580
0,0307
0,1653
* EPM – erro padrão da média
52
53
Analisando-se o tempo total de alimentação, observou-se que somente
AM1 foi superior a UR (4,74 VS 4,05, respectivamente) e os demais tratamentos
não apresentaram diferenças estatísticas entre si.
Mendonça et al. (2004), analisando o comportamento ingestivo de vacas
leiteiras alimentadas com dietas à base de cana-de-açúcar ou silagem de milho,
observaram que não houve diferença para os tempos médios de alimentação.
Miranda et al. (1999), utilizando 24 novilhas mestiças Holandês-Zebu
alimentadas com seis dietas experimentais à base de cana-de-açúcar,
suplementadas com duas fontes de NNP uréia ou cama de frango, em
substituição parcial da uréia e três fontes de probióticos, mais farelo de
algodão, fosfato bicálcio, calcário e sal no concentrado, avaliaram o tempo gasto
para a alimentação e observaram que não houve diferenças entre os tratamentos.
Estes resultados concordam parcialmente com os obtidos no presente
experimento, exceto pelo tratamento AM1 ter se mostrado superior (P=0,0416) a
UR. Sendo assim, em discordância com Miranda et al. (1999) e Mendonça et al.
(2004), o presente trabalho observou que fontes de NNP mais eficientes, como a
amiréia 150S, foram capazes de aumentar o tempo de alimentação de vacas Gir
em lactação, provavelmente devido à maior palatabilidade desta fonte de NNP
(amiréia 150S) e à melhor sincronização entre a velocidade de degradação da
energia e do nitrogênio, aumentando a eficiência de fixação de N pelas bactérias
do rúmen, afetando o tempo de esvaziamento do rúmen, o que refletiu no CMS
e, conseqüentemente, no comportamento ingestivo das vacas.
Miranda et al. (1999) encontraram tempo médio para alimentação, no
tratamento que continha uréia, igual a 5 h e 18’’ (5,3 h), sendo este superior aos
tratamentos do presente experimento. Isso ocorreu, provavelmente, devido Às
grandes diferenças nas lactações das vacas de cada experimento. Além disso,
deve-se lembrar que as dietas dos experimentos possuíam diferentes volumosos
(silagem de milho e cana-de-açúcar).
54
Deswysen et al. (1991), trabalhando com 12 ovinos jovens ou adultos,
verificaram a influência da adição de metionina nas dietas destes animais sobre
seu comportamento ingestivo e não encontraram diferença estatística para tempo
de ingestão total. Portanto, neste experimento, a fonte de N suplementada não
foi capaz de afetar positivamente o tempo de ingestão total, como o foi quando
se utilizou amiréia 150S para vacas Gir em lactação. Robinson et al. (1999)
também não observaram variação no tempo de ingestão de vacas holandesas
lactantes quando foram suplementadas com lisina e metionina protegidas da
fermentação ruminal. Neste caso, o tempo de ingestão (5,6 horas) foi superior
aos tempos encontrados neste experimento. Isso pode ter ocorrido devido ao fato
de as vacas utilizadas terem médias de produção de 34 kg de leite por dia,
enquanto que, no presente experimento, essa média não ultrapassou 13 kg de
leite por dia.
Costa et al. (2003) avaliaram a influência ambiental e do período de
lactação sobre o comportamento ingestivo de vacas Jersey com média de
produção de 13 kg de leite/dia. Para a variável tempo de ingestão”, foi
observado que nos dois primeiros períodos pós-parto (30 e 60 dias) obtiveram-se
as maiores médias de tempo de ingestão (6,2 e 5,9 horas) em relação ao terceiro
e último período de 90 dias (5,4 horas). Também foi observado que, em épocas
quentes (novembro, dezembro e janeiro, com temperatura média de 22ºC), o
tempo de alimentação foi maior que em épocas frias (agosto, setembro e
outubro, com temperatura média de 16ºC). Todos estes tempos totais de ingestão
superaram os encontrados neste experimento. É importante observar que os
animais estavam estabulados em sistema “free-stall”, enquanto que os deste
experimento não. Sistemas que proporcionam melhores condições de ambiência,
como é o caso do “free-stall”, minimizam o “stress” calórico, favorecendo o
CMS e a produção de leite. No presente experimento, tentou-se minimizar estas
condições estressantes, adicionando-se ao sistema telas de sombrite. Todavia, o
55
sistema “free-stall” ainda oferece melhores condições de conforto térmico que
aquele utilizado no presente experimento.
Porém, Kononoff & Heinrichs (2003), testando a influência do tamanho
da partícula da silagem (22mm vs. 4,8mm) e o tipo de fibra utilizado em dietas
de vacas holandesas lactantes sobre o comportamento ingestivo, não observaram
diferença entre os tratamentos, mas obtiveram menores tempos gastos na
ingestão, estando estes próximos a 4,31h/dia. Já Krause e Combs (2003)
encontraram menor tempo de ingestão para forragens com menor tamanho de
partícula (3,6h/dia) em relação às forragens com maior tamanho de partícula
(4,2h/dia). Estes tempos foram semelhantes aos encontrados no presente
experimento (4,33h/dia).
Burger et al. (2000), trabalhando com bezerros holandeses alimentados
com dietas contendo diferentes níveis de concentrado e feno de capim coast-
cross, observaram que o tempo de alimentação diminuiu com o aumento na
proporção do concentrado na dieta total. Estes autores concluíram, então, que a
maior proporção de concentrado na dieta foi responsável por queda no tempo de
ingestão diário. Isso poderia estar relacionado com o decréscimo da população
de bactérias celulolíticas, pois, estas são responsáveis pela degradação da fibra
no rúmen, influenciando diretamente no esvaziamento do mesmo, sendo
capazes, então, de alterar o comportamento ingestivo das vacas. Observa-se,
assim, que, neste caso, o fator que alterou o comportamento ingestivo foi a
relação volumoso:concentrado da dieta. Porém, este experimento mostrou que
outros fatores, como uma fonte eficiente de NNP no concentrado, também
podem influenciar o comportamento ingestivo.
Abel-Caines et al. (1997) encontraram maior tempo de ingestão
(4,47h/dia) para vacas holandesas lactantes quando receberam soja integral mais
casquinha de soja em relação a dietas contendo caroço de algodão (3,65h/dia).
Segundo o autor, a casquinha de soja foi a responsável por estimular o tempo de
56
ingestão. Deve-se observar também que a dieta contendo caroço de algodão
continha maior quantidade de proteína não-degradável no rúmen que a dieta
contendo soja.
Para tempo total de ruminação, não houve diferença entre os tratamentos
(P>0,05).
O resultado do presente experimento concordou com o resultado do
experimento de Miranda et al. (1999), que avaliaram os tempos de ruminação
não encontrando diferença entre os diferentes tratamentos. Semelhantes
resultados foram encontrados por Deswysen et al. (1991) e Mendonça et al.
(2004), ambos concordando, portanto, com o presente experimento.
no trabalho de Burger et al. (2000), foi observado que a ruminação
diminuiu com o aumento dos níveis de concentrado. Leek (1996) esclarece que,
para haver a ruminação, é necessário que as partículas da dieta tenham um
tamanho mínimo para a estimulação do rúmen. Allison (1996) também comenta
que a diminuição da ruminação também pode ser causada pela queda do pH
ruminal, diminuindo sua flora microbiana. Considerando que nenhum destes
fatores pôde ser observado neste experimento, é justificável que não haja
diferença estatística entre os tratamentos.
Robinson et al. (1999) observaram maior tempo gasto em ruminação de
vacas lactantes para os tratamentos contendo aminoácidos protegidos da
degradação ruminal (9,11h/dia) em relação ao controle (8,24h/dia).
No experimento de Abel-Caines et al. (1997), no tratamento contendo
caroço de algodão constatou-se maior tempo de ruminação em relação ao
tratamento com soja integral mais casca. Isso se deve, segundo estes autores, a
um fator principal: a casca da soja foi importante para auxiliar na eficiência
microbiana, diminuindo os tempos necessários para ruminação.
Na atividade de ócio total não houve diferença entre os tratamentos FS,
UR e AM1, mas observou-se diferença entre os tratamentos AM1 e AM2
57
(P=0,0307), tendo os animais do tratamento AM2 permanecido por mais tempo
em estado de ócio. O tratamento AM2 foi semelhante aos tratamentos FS e UR.
Mendonça et al. (2004) observaram que, na dieta à base de silagem de
milho, os animais ficaram menos tempo em ócio, comparados àqueles
alimentados com cana-de-açúcar, mas não houve diferença no tempo entre as
dietas à base de cana-de-açúcar, independentemente da relação
concentrado:volumoso ou do vel de uréia das dietas. Porém, o resultado deste
experimento discorda dos resultados obtidos pelos autores, o que,
provavelmente, ocorreu porque o tratamento AM2 obteve tempos de
alimentação e ruminação menores. Mas, deve-se observar que ele obteve os
melhores de eficiência de alimentação e ruminação de FDN (Tabelas 12 e 13).
No experimento de Burger et al. (2000), o tempo em ócio elevou-se
linearmente com o aumento dos níveis de concentrado. O que pode ter sido
reflexo também do menor tempo de ruminação observado pelos tratamentos com
altos níveis de concentrado, restando mais tempo para o ócio.
Os resultados referentes às médias de eficiência de alimentação e
ruminação da fibra em detergente neutro (FDN) e matéria seca (MS), expressas
em kg por h (FDN kg/h e MS kg/h), são apresentados nas Tabelas 11 e 12.
58
TABELA 11. Médias de eficiência de alimentação da fibra em detergente neutro (FDN) e matéria seca (MS), expressas
em kg por hora (FDN kg/h e MS kg/h).
Tratamentos Contrastes - Probabilidades
Eficiência de
alimentação
1
(kg/h)
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
FDN 1,14 1,17 1,25 1,29 0,12 0,8745 0,6068 0,4518 0,5032
0,8078
0,6590
MS 3,34 3,17 3,29 3,75 0,31 0,6982 0,7919 0,1973 0,9008
0,2957
0,3534
* EPM – erro padrão da média
1
Eficiência de alimentação representa o CMS (kg/dia) e CFDN (kg/dia) divididos pelo tempo de alimentação em 24
horas, expresso em horas por dia (h/dia).
58
59
TABELA 12. Médias de eficiência de ruminação da fibra em detergente neutro (FDN) e matéria seca (MS), expressas
em kg por hora (FDN kg/h e MS kg/h).
Tratamentos Contrastes – Probabilidades
Eficiência de
ruminação
1
(kg/h)
FS UR AM1 AM2
EPM*
UR vs.
FS
UR vs.
AM1
UR vs.
AM2
FS vs.
AM1
AM1
vs.
AM2
FS vs.
AM2
FDN 0,71 0,65 0,85 0,82 0,046 0,3904 0,0086 0,0221 0,0463
0,6310
0,1110
MS 2,11 1,78 2,24 2,36 0,133 0,1008 0,0271 0,0085 0,4817
0,5536
0,2056
* EPM – erro padrão da média
1
Eficiência de ruminação – representa o CMS (kg/dia) e CFDN (kg/dia) divididos pelo tempo de ruminação em 24 horas,
expresso em horas por dia (h/dia).
59
60
Tanto para eficiência de alimentação FDN kg/h quanto para MS kg/h,
não houve diferença significativa entre os diferentes tratamentos aplicados (FS,
UR, AM1 e AM2).
A eficiência de alimentação no trabalho de Mendonça et al. (2004)
obteve diferença estatística somente para MS, sendo maior para a dieta com
cana-de-açúcar, 1% de uréia, 50% de concentrado e menor para a dieta com 40%
de concentrado com a mesma quantidade de uréia, discordando deste
experimento. Essa discordância se deve à proporção concentrado: volumoso que,
no experimento citado, variou entre os tratamentos e também à dificuldade dos
microrganismos em digerir a fibra da cana-de-açúcar, que é de baixa qualidade
comparada à fibra de silagem de milho, afetando a taxa de passagem.
No trabalho de Abel-Caines et al. (1997) houve uma pior eficiência de
alimentação da FDN para o tratamento contendo soja integral mais casca em
comparação ao caroço de algodão, mostrando que ingeriram a mesma
quantidade de FDN, porém, o tratamento com soja integral gastou mais tempo
de alimentação.
No experimento de Deswysen et al. (1991), não foi observada diferença
estatística para eficiência de alimentação da MS ao incluir metionina na dieta de
vaca lactantes.
Ao avaliar a eficiência de ruminação da FDN (kg de FDN/h) verificou-
se diferença estatística entre os tratamentos UR e AM1 (P=0,0086), UR e AM2
(P=0,0221) e FS e AM1 (P=0,0463), sendo AM1 com a maior eficiência em
relação a UR e FS, seguido por AM2 que foi superior a UR (P=0,0221), mas
semelhante a FS (P>0,05). Não houve diferença estatística entre UR e FS, assim
como AM1 e AM2.
Houve diferença significativa para a eficiência de ruminação da MS (kg
de MS/h) entre os tratamentos UR e AM1 (P=0,0271) e UR e AM2 (P=0,0085),
sendo que os tempos superiores foram para AM1 e AM2 em relação a UR. Para
61
o tratamento FS, não foi encontrada diferença estatística entre os demais
tratamentos. Os tratamentos AM1 e AM2 não diferiram entre si.
Para eficiência de ruminação expressa em g MS/h, Mendonça et al.
(2004) observaram que os resultados foram semelhantes entre as diferentes
dietas. a eficiência de ruminação da FDN, expressa em g FDN/h, foi maior
para as dietas à base de silagem de milho e não houve diferença significativa na
eficiência de ruminação de FDN para dietas à base de cana-de-açúcar. Segundo
os autores, isso ocorreu, provavelmente, devido à diferença na degradação
ruminal da FDN entre essas fontes de volumosos.
No trabalho de Miranda et al. (1999), os animais alimentados com cama
de frango apresentaram melhor eficiência de ruminação de MS e FDN, pois
gastaram menor tempo de ruminação e tempo numericamente menor com
alimentação. Segundo os autores. Isso, provavelmente, ocorreu devido ao maior
teor de matéria seca das dietas suplementadas com cama de frango. neste
experimento, a razão para a eficiência de ruminação ter sido maior nos
tratamentos AM1 e AM2, em relação ao tratamento UR, não pode ser
relacionada a diferenças nos tempos de ruminação entre tais tratamentos, pois,
neste trabalho, os tempos foram semelhantes estatisticamente. Portanto, neste
caso, o que fez variar a eficiência de ruminação da fibra foi a maior ingestão de
fibra pelas vacas destes tratamentos (AM1 e AM2), ou seja, em comparação ao
tratamento UR, as vacas do AM1 e AM2 ingeriram mais fibra e tiveram tempos
de ruminação semelhantes.
Burger et al. (2000) observaram que a eficiência de ruminação da MS
aumentou linearmente com a elevação dos veis de concentrado na dieta,
contudo, quando determinada apenas sobre a fração de volumosa da dieta,
decresceu linearmente. A eficiência de ruminação da FDN também diminuiu
linearmente. É importante observar, neste experimento, que a eficiência de
ruminação da fibra foi amplamente afetada pelo aumento gradativo de
62
concentrado da dieta. Isso, provavelmente, ocorreu devido a uma depressão no
crescimento de bactérias, principalmente celulolíticas, capazes de degradar a
fibra ingerida pelo ruminante. No presente experimento, observou-se que as
dietas que continham amiréia 150S melhoraram, de maneira geral, a eficiência
de ruminação da fibra, provavelmente, pelo fato de esse produto fornecer
amônia e energia de maneira adequada às bactérias celulolíticas, substrato este
essencial ao crescimento deste grupo de microrganismos.
Krause et al. (2003), trabalhando com vacas em lactação, observaram
resposta quadrática quando adicionaram crescentes níveis de amido de milho às
dietas para eficiência de ruminação da FDN. Este experimento registra um ponto
importante: maiores quantidades de concentrados energéticos presentes em
dietas podem diminuir a eficiência de ruminação da FDN, mas, existe um ponto
ótimo de inclusão necessário para fornecer energia para os próprios
microrganismos do rúmen maximizarem seu crescimento.
Para Deswysen et al. (1991), não foi encontrada diferença estatística
para eficiência de ruminação da MS, quando foi incluído metionina na dieta de
vacas lactantes em estudo.
Porém, Abel-Caines et al. (1997) encontraram pior eficiência de
ruminação quando o caroço de algodão foi incluído na dieta de vacas lactantes
em substituição à soja integral mais casca. Isso, segundo os autores,
provavelmente, ocorreu devido ao fato do caroço de algodão possuir grandes
quantidades de óleo que deprimem o crescimento microbiano. Apesar da soja
integral também possuir óleo em sua constituição, segundo os autores, a casca
fornecida juntamente com o grão parece ter beneficiado o crescimento
microbiano.
Em um trabalho desenvolvido por Yang et al. (2001) utilizando vacas
em lactação foi verificada a interferência da relação volumoso:concentrado
(V:C), tamanho de partícula e processamento dos grãos sobre a eficiência de
63
ruminação da FDN e MS. Esta variável foi altamente influenciada pela relação
V:C, na qual a mais eficiente em ruminar FDN e MS foi 35:65 em relação a
55:45. Este experimento entra em discordância com Burger et al. (2000) que
encontraram o contrário. Entretanto, Yang et al. (2001) utilizaram um
concentrado rico em fibra de boa qualidade para a relação de V:C de 35:65. Isso
pode ter influenciado positivamente na ruminação da FDN e MS.
Portanto, dentre todos os experimentos citados, é possível observar que
vários são os fatores que afetam a atividade mastigatória, e a eficiente utilização
do nitrogênio foi um deles. Outros fatores, como condições climáticas e período
de lactação, também podem influenciar na atividade mastigatória (Costa et al.,
2003).
64
CONCLUSÕES
A amiréia 150S é capaz de elevar a concentração de NNP da dieta,
melhorando o consumo de MS e suas derivações, em relação a dietas contendo
uréia como fonte de NNP. Conseqüentemente, a produção de leite acaba sendo
beneficiada, assim como o produtor rural que dela depende para se manter na
atividade.
A amiréia 150S também influencia positivamente a produção de sólidos
totais no leite de vacas Gir lactantes e sua proporção no mesmo. Ganha destaque
aqui o teor de gordura do leite, que se eleva em relação às dietas, tendo como
base protéica somente farelo de soja.
O teor de lactose do leite, apenas em condições extremamente específicas
e incomuns, também pode ser influenciado pela incorporação da amiréia 150S
ou uréia às dietas.
Fisiologicamente, a elevação das concentrações de NNP das dietas por
meio da amiréia 150S não é tão eficiente em fornecer nitrogênio aos
microrganismos quanto o seu fornecimento tradicional (AM1), tendo em vista
que as concentrações de uréia no leite são elevadas, em relação às dietas tendo
como base protéica somente farelo de soja.
A amiréia 150S é capaz de alterar o comportamento ingestivo,
influenciando positivamente tanto no aumento do tempo de ingestão quanto na
eficiência de ruminação. Pode-se deduzir, então, que a amiréia 150S auxilia no
crescimento bacteriano ruminal, podendo melhorar a integridade da saúde do
complexo rúmen-retículo, melhorando a ruminação da FDN.
Os reflexos desta capacidade podem ser importantes não para os
índices produtivos, mas também para os índices econômicos da atividade,
constituindo uma alternativa de alimentação que não deve ser descartada,
65
devido, principalmente, ao quadro econômico brasileiro tão variável. Todavia,
vê-se a necessidade de mais pesquisas, sobretudo com animais mais rústicos,
como os da raça Gir, representando a realidade do pequeno produtor rural
brasileiro.
66
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