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ATIVADORES E CONCENTRAÇÕES DE METANOL E
DIMETILSULFÓXIDO NA QUALIDADE DO SÊMEN
CRIOPRESERVADO DE CURIMBA (Prochilodus lineatus)
ALÉSSIO BATISTA MILIORINI
2006
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ALÉSSIO BATISTA MILIORINI
ATIVADORES E CONCENTRAÇÕES DE METANOL E
DIMETILSULFÓXIDO NA QUALIDADE DO SÊMEN
CRIOPRESERVADO DE CURIMBA (Prochilodus lineatus)
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, área de concentração em Ciências
Veterinárias, para a obtenção do título de
"Mestre".
Orientador
Prof. Dr. Luis David Solis Murgas
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2006
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Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
Miliorini, Aléssio Batista
Ativadores e concentrações de metanol e dimetilsulfóxido na
qualidade do sêmen criopreservado de curimba (Prochilodus lineatus) /
Aléssio Batista Miliorini. -- Lavras : UFLA, 2006.
99 p. : il.
Orientador: Luis David Solis Murgas
Dissertação (Mestrado) – UFLA.
Bibliografia.
1. Curimba. 2. Sêmen. 3. Criopreservação. I. Universidade Federal de
Lavras. II. Título.
CDD-639.375
ALÉSSIO BATISTA MILIORINI
ATIVADORES E CONCENTRAÇÕES DE METANOL E
DIMETILSULFÓXIDO NA QUALIDADE DO SÊMEN
CRIOPRESERVADO DE CURIMBA (Prochilodus lineatus)
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Ciências
Veterinárias, área de concentração em Ciências
Veterinárias, para a obtenção do título de
"Mestre".
APROVADA em 4 de agosto de 2006.
Prof. Dr. Antonio Ilson Gomes de Oliveira - UFLA
Profa. Dra. Priscila Vieira Rosa Logato - UFLA
Prof. Dr. Oswaldo Pinto Ribeiro Filho - UFV
Prof. Dr. Luis David Solis Murgas
UFLA
(Orientador)
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
A Deus,
por meus dons, por seu Amor infinito e misericordioso.
Aos meus pais, João e Regina,
por sua simplicidade em me apoiar, por sua severidade em me disciplinar
e pelo grande Amor em me ensinar.
À minha esposa, Raquel,
por seu carinho, companheirismo e incentivo.
A todos aqueles que, de alguma forma, colaboraram para a
concretização deste curso e deste trabalho.
DEDICO
Aos meus queridos avós, João, Conceição, Antônio, Aristotelina e Elpídia,
pessoas muito amadas que lembrarei para sempre.
OFEREÇO
“Pensa como os sábios, mas fala como as pessoas simples” (Aristóteles), pois
“somente é útil o conhecimento que nos torna melhores” (Sócrates).
“Não há nada de nobre em sermos superiores ao próximo. A verdadeira nobreza
consiste em sermos superiores ao que éramos antes”.
AGRADECIMENTOS
À Universidade Federal de Lavras, pela excelência na educação superior,
em especial ao Departamento de Medicina Veterinária, pelo acolhimento.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pelo apoio financeiro.
Especial agradecimento ao amigo e professor Dr. Luis David Solis
Murgas, exemplo de pesquisador e de dedicação ao ensino, pelo apoio, sabedoria
e confiança.
Ao Prof. Dr. Antonio Ilson Gomes de Oliveira, pela colaboração nas
análises estatísticas, pela amizade e pelos conhecimentos transmitidos, expresso
meus agradecimentos.
Às colegas Gilmara Junqueira Machado Pereira, Juliana Milan de
Aquino Silva, Daniele de Lima, Ana Luísa Neves Alvarenga e Micaela Guidotti,
por toda a ajuda concedida.
À Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG) e a toda equipe da
Estação Ambiental de Itutinga, Gilson Antônio Azarias, Darly Quirino de Assis,
Jaílson Maximiano, André Ferreira da Silva, Rodney Resende e, em especial,
aos Drs. Newton José Schimit Prado e Oscar Moura, pela fundamental
cooperação.
Ao Núcleo de Estudos em Aqüacultura do Departamento de Zootecnia
da UFLA (NAQUA), em nome da Profa. Dra. Priscila Vieira Rosa Logato e ao
Departamento de Ciência do Solo da UFLA, em nome da Profa. Dra. Fátima
Maria de Souza Moreira, por todo o apoio dispensado.
Enfim, a todos que contribuíram para minha formação, e a DEUS, que a
todos observa e de todos cuida em cada momento de nossa jornada, agradeço.
BIOGRAFIA
ALÉSSIO BATISTA MILIORINI, filho de João Batista Miliorini e
Aparecida Regina da Silva Miliorini, nasceu no município de Lavras, Sul do
estado de Minas Gerais.
Em julho de 2005, colou grau em Medicina Veterinária, pela
Universidade Federal de Lavras.
Em agosto do mesmo ano, iniciou o Mestrado no Programa de Pós-
Graduação em Ciências Veterinárias, do Departamento de Medicina Veterinária
da Universidade Federal de Lavras, tendo defendido dissertação em 4 de agosto
de 2006.
SUMARIO
RESUMO..............................................................................................................i
ABSTRACT.........................................................................................................ii
1 INTRODUÇÃO..............................................................................................01
2 OBJETIVOS ..................................................................................................03
2.1 Objetivo geral ...............................................................................................03
2.2 Objetivos específicos ....................................................................................03
3 REVISÃO DE LITERATURA.....................................................................04
3.1 Curimba (Prochilodus lineatus)....................................................................04
3.2 Biologia seminal de peixes ...........................................................................07
3.2.1 Metabolismo espermático e plasma seminal..............................................08
3.2.2 Motilidade espermática de peixes..............................................................09
3.2.3 Morfologia espermática .............................................................................12
3.3 Soluções diluidoras e proporções de diluição do sêmen de peixes...............15
3.4 Soluções crioprotetoras do sêmen de peixes.................................................17
3.5 Soluções ativadoras da motilidade espermática de peixes............................20
3.6 Congelamento do sêmen de peixes...............................................................21
3.7 Descongelamento do sêmen de peixes..........................................................24
3.8 Capacidade de fertilização do sêmen in natura e do sêmen descongelado...25
4 MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................28
4.1 Local, reprodutores, manejo alimentar e seleção..........................................28
4.2 Hipofisação dos reprodutores .......................................................................29
4.3 Coleta e avaliação do sêmen in natura .........................................................29
4.4 Determinação da concentração espermática .................................................30
4.5 Avaliação da toxicidade das diferentes soluções crioprotetoras antes do
congelamento do sêmen...............................................................................31
4.6 Congelamento e descongelamento do sêmen ...............................................32
4.7 Análise morfológica do sêmen .....................................................................33
4.7.1 Patologias maiores .....................................................................................35
4.7.2 Patologias menores ....................................................................................37
4.8 Capacidade de fertilização espermática após o descongelamento ................37
4.9 Delineamento experimental e análise estatística...........................................39
1
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...................................................................43
5.1 Avaliação da toxicidade das diferentes soluções crioprotetoras antes do
congelamento...............................................................................................43
5.2 Motilidade espermática após o descongelamento.........................................47
5.3 Morfologia espermática após o descongelamento ........................................57
5.4 Capacidade de fertilização do sêmen descongelado .....................................70
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................75
7 CONCLUSÕES..............................................................................................76
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................77
ANEXOS............................................................................................................90
2
LISTA DE TABELAS
TABELA 1
Classificação dos crioprotetores quanto à permeabilidade
sobre a membrana celular.................................................... 17
TABELA 2
Soluções crioprotetoras utilizadas como tratamentos do
sêmen de curimba................................................................ 31
TABELA 3
Patologias dos espermatozóides examinadas no sêmen in
natura de curimba............................................................... 34
TABELA 4
Hierarquia das patologias espermáticas examinadas no
sêmen descongelado de curimba......................................... 35
TABELA 5
Médias de motilidade (%) do sêmen de curimba após a
diluição em diferentes soluções crioprotetoras e a adição
de diferentes ativadores....................................................... 43
TABELA 6
Médias da duração (segundos) da motilidade do sêmen de
curimba após a diluição em diferentes soluções
crioprotetoras e a adição de diferentes ativadores...............
46
TABELA 7
Médias de motilidade (%) do sêmen de curimba após o
descongelamento................................................................. 48
TABELA 8
Médias de motilidade (0-5) do sêmen de curimba após o
descongelamento................................................................. 51
TABELA 9
Médias da duração (segundos) da motilidade do sêmen de
curimba após o descongelamento........................................ 53
TABELA 10
Médias das patologias (%) do sêmen de curimba após o
descongelamento................................................................. 58
TABELA 11
Médias das patologias de cauda fortemente enrolada e
cauda degenerada (%) do sêmen descongelado de
curimba em relação ao crioprotetor utilizado...................... 60
TABELA 12
Médias de fertilização (%) do sêmen de curimba após o
descongelamento................................................................. 70
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1
Exemplar adulto de curimba (Prochilodus lineatus).......... 05
FIGURA 2
Sucessão de eventos desencadeadores da motilidade
espermática em espécies de água doce. Modificado de
Cosson (2004)..................................................................... 11
FIGURA 3
Seqüência de campos observados durante a análise
morfológica do sêmen de curimba. As setas indicam o
sentido da avaliação............................................................ 34
FIGURA 4
Regressão das médias de motilidade (%) do sêmen de
curimba diluído em soluções com concentrações
crescentes de crioprotetores................................................
45
FIGURA 5
Regressão das médias de motilidade (%) do sêmen de
curimba após o descongelamento, segundo as
concentrações de crioprotetores.......................................... 50
FIGURA 6
Regressão das médias de motilidade (0-5) do sêmen de
curimba após o descongelamento, segundo as
concentrações de crioprotetores.......................................... 52
FIGURA 7
Regressão das médias da duração (segundos) da
motilidade do sêmen de curimba após o
descongelamento, segundo as concentrações de metanol... 55
FIGURA 8
Regressão das médias da duração (segundos) da
motilidade do sêmen de curimba após o
descongelamento, segundo as concentrações de DMSO....
56
FIGURA 9
Regressão das médias das patologias totais (%) do sêmen
de curimba, após o descongelamento, segundo as
concentrações de crioprotetores.......................................... 59
FIGURA 10
Médias das patologias maiores (%) do sêmen de curimba.
(A) Sêmen in natura. (B) Patologias maiores (total). (C)
Cabeça degenerada. (D) Macrocefalia. Os traçados se
referem ao erro padrão da média.........................................
61
1
FIGURA 11
Médias das patologias maiores (%) do sêmen de curimba.
(A) Cauda fortemente enrolada. (B) Cauda fraturada. (C)
Cauda degenerada. (D) PID. Os traçados se referem ao
erro padrão da média........................................................... 62
FIGURA 12
Médias das patologias menores (%) do sêmen de curimba.
(A) Sêmen in natura. (B) Patologias menores (total). (C)
Cabeça isolada. (D) Cauda dobrada. Os traçados se
referem ao erro padrão da média......................................... 63
FIGURA 13
Patologias espermáticas maiores. A. Cabeças
degeneradas; B. Cabeças degeneradas e cauda fortemente
dobrada; C. Cabeça e peça intermediária degeneradas; D.
Cauda fraturada; E. Cauda degenerada; F. Cauda
fortemente enrolada............................................................. 65
FIGURA 14
Patologias espermáticas maiores. A. Cabeça com
contorno anormal (degenerada) e peça intermediária
degenerada (PID); B. Cabeça isolada com contorno
anormal (degenerada); C e D. Peças intermediárias
degeneradas; E. Cauda degenerada; F. Cauda fortemente
enrolada............................................................................... 66
FIGURA 15
Patologias espermáticas menores. A. Cabeça isolada e
com contorno normal; B. Gota citoplasmática proximal;
C e D. Gotas citoplasmáticas distais; E. Caudas dobradas;
F
. Cauda enrolada distalmente............................................
67
FIGURA 16
Médias de motilidade (%), duração (segundos) e
fertilização (%) do sêmen de curimba, antes e após o
congelamento, acrescido de concentrações crescentes de
(A) metanol e de (B) DMSO................................................
72
i
RESUMO
MILIORINI, Aléssio Batista. Ativadores e concentrações de metanol e
dimetilsulfóxido na qualidade do sêmen criopreservado de curimba
(Prochilodus lineatus). 2006. 99 p. Dissertação (Mestrado em Ciências
Veterinárias) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
1
O estudo foi conduzido entre novembro de 2005 e janeiro de 2006, a fim de
comparar a toxicidade e o efeito da adição de soluções crioprotetoras e
ativadoras ao sêmen de curimba (Prochilodus lineatus), antes e após o
congelamento. O sêmen de 10 reprodutores foi analisado e diluído em oito
soluções crioprotetoras (1:4), compostas por metanol ou dimetilsulfóxido
(DMSO), nas concentrações de 5%, 7,5% 10% e 12,5% (v:v). Os ativadores
utilizados foram a água destilada e o carbonato ácido de sódio (NaHCO
3
) a 1%
(v:v). Uma parte do sêmen diluído foi congelada enquanto a fração restante foi
mantida em repouso e avaliada após 10 minutos. Para o congelamento, as
amostras diluídas foram envasadas em palhetas de 0,5 ml e colocadas em botijão
de vapor de N
2
, permanecendo por 24 horas até serem submergidas em N
2
líquido por 4 dias. O descongelamento ocorreu em água a 60°C, por 8 segundos.
A concentração estimada de 7,84% de DMSO e a ativação por NaHCO
3
1%
foram menos tóxicas aos espermatozóides de curimba, propiciando as maiores
taxas (P<0,01) e durações da motilidade espermática (P<0,05). A maior taxa de
motilidade após o descongelamento pode ser obtida (P<0,01) a uma
concentração de crioprotetor de 8,79%, enquanto metanol (P<0,01) e DMSO
(P<0,05), nas concentrações de 12,5% e 8,37%, respectivamente, podem
proporcionar maiores durações da motilidade após o congelamento. Amostras
com DMSO apresentaram a menor (P<0,05) porcentagem de caudas fraturada e
degenerada. Houve uma redução linear (P<0,05) de 1,19% no índice de
patologias totais com o aumento na concentração de crioprotetor. Maiores
(P<0,05) taxas de fertilização foram obtidas nas amostras com metanol em
relação àquelas com DMSO e o tipo de ativador não influenciou a fertilização.
Considerando a variabilidade da análise de fertilização, o DMSO a 8,5%
proporciona proteção adequada às células espermáticas de curimba pré e pós-
congelamento, sendo recomendada sua utilização na rotina de estações de
piscicultura juntamente com a ativação do sêmen por NaHCO
3
1%.
1
Comitê Orientador: Prof. Luis David Solis Murgas - UFLA (Orientador), Prof. Antonio
Ilson Gomes de Oliveira - UFLA, Profa. Priscila Vieira Rosa Logato - UFLA.
ii
ABSTRACT
MILIORINI, Aléssio Batista. Activators and concentrations of methanol and
dimethyl sulphoxide in quality of cryopreserved sperm of curimba
Prochilodus lineatus. 2006. 99 p. Dissertation (Master in Veterinary Science) –
Federal University of Lavras, Lavras, Minas Gerais, Brazil.
1
This trial was carried out from November 2005 to January 2006, in order to
compare toxicity and the effect of the addition of cryoprotectant and activator
solutions to curimba Prochilodus lineatus semen, before and after freezing.
Semen samples of 10 breeders were analyzed and diluted in eight
cryoprotectants solutions (1:4). These were composed for methanol or dimethyl
sulphoxide (DMSO) in 5%, 7.5%, 10% and 12.5% (v:v) concentrations.
Activators evaluated were distilled water and 1% Sodium bicarbonate
(NaHCO
3
). A part of the diluted semen was frozen while the remaining fraction
was maintained in rest and evaluated after 10 minutes. For freezing, leftover
diluted semen was stored in 0.5 ml straws and placed in a dry shipper for 24
hours. Afterwards, they were immersed in liquid N
2
where remained for 4 days.
Milt samples were thawed by immersion in hot water bath (60°C) for 8 seconds.
The DMSO estimated concentration of 7.84% and the activation for NaHCO
3
1% were less toxicant to the curimba spermatozoids, propitiating the largest
rates (P<0.01) and durations of their motility (P<0.05). The largest motility rate
after thawing can be obtained (P<0.01) to 8.79% mean cryoprotectant
concentration, while methanol (P<0.01) and DMSO (P<0.05), in the
concentrations of 12.5% and 8.37%, respectively, can provide larger durations of
the motility after freezing. Samples with DMSO incited the smallest (P<0.05)
percentage of fractured and degenerate tail. There was a linear reduction
(P<0.05) of 1.19% in the percentage of total pathologies with the increase in the
cryoprotectant concentration. Larger (P<0.05) fertilization rates were obtained in
the samples with methanol in relation to those with DMSO and the activator
type did not influence it. Considering the variability of the fertilization analysis,
8.5% DMSO provides appropriate protection to the spermatic cells of curimba
before and after freezing, being recommended its use in the routine of fish
farming stations together semen activation for NaHCO
3
1%.
1
Guidance Committee: Prof. Luis David Solis Murgas - UFLA (Major Professor), Prof.
Antonio Ilson Gomes de Oliveira - UFLA, Profa. Priscila Vieira Rosa Logato - UFLA.
1
1 INTRODUÇÃO
A preocupação e o interesse no desenvolvimento de técnicas cada vez
mais apuradas de criopreservação de espermatozóides de peixes vão ao encontro
das questões econômicas e ecológicas atuais. As grandes barragens hidrelétricas
constituem obstáculo à rota migratória dos peixes de piracema e acabam por
reduzir ou eliminar sua eficiência reprodutiva, pois também causam modificação
do curso natural dos rios, transformando-os em uma sucessão de lagos artificiais
com a perda quase que completa de seu caráter fluvial. Muitas espécies
necessitam das inundações para ter acesso a lagoas para procriação e
desenvolvimento de larvas e alevinos que, por sua vez, são particularmente
sensíveis aos efeitos deletérios também causados pela urbanização, pela
agricultura e pela introdução de espécies exóticas. Outras razões, apontadas por
Godinho (2000) como responsáveis pelo declínio dos estoques de peixes de
piracema, incluem a pesca predatória e a sobrepesca, a captura em períodos de
desova, a poluição e o desmatamento da mata ciliar, que precipitam a
descaracterização e o desaparecimento do hábitat aquático natural.
A capacidade técnica de preservação de gametas e embriões de peixes e
de invertebrados aquáticos tem se expandido rapidamente nos últimos anos,
impulsionada, primariamente, pela indústria aqüícola e pela exigência social. A
criopreservação é importante no controle reprodutivo de muitos animais e sua
aplicação em peixes está em amplo desenvolvimento (Bedore, 1999). Esta
técnica envolve procedimentos que permitem o armazenamento de
espermatozóides em nitrogênio líquido, mantendo-se a viabilidade dos gametas
por tempo indefinido. Dessa maneira, a criopreservação é fundamental na rotina
da reprodução induzida e na melhoria genética das espécies de peixe,
aumentando as chances de se desenvolverem pesquisas, sobretudo no campo
2
genético, sendo indicada para minimizar a assincronia na maturação dos gametas
e facilitar o seu transporte. A reprodução artificial com sêmen fresco ou
descongelado revela, ainda, a possibilidade de limitar o estoque de machos na
piscicultura intensiva, propiciando uma exploração mais racional de
reprodutores geneticamente selecionados e uma redução dos custos de produção.
Ressalta-se, entretanto, que existem problemas ao se definirem
protocolos específicos de criopreservação do sêmen para cada espécie, uma vez
que mesmo as espécies que coabitam nossas bacias hidrográficas, tendem a
apresentar diferentes sensibilidades de seus espermatozóides à redução na
temperatura e ao contato com soluções crioprotetoras.
A curimba (Prochilodus lineatus) é uma das espécies de peixes de água
doce com maior significado na piscicultura comercial (Cerqueira & Fernandes,
2002), sendo muito apreciada na culinária dos estados da região nordeste do
Brasil (Maia et al., 1999). Um dos principais aspectos que estimulam o
desenvolvimento de biotécnicas que auxiliem na procriação da espécie é o fato
de que suas larvas são muito bem utilizadas como alimento de espécies
carnívoras na fase larval, além de servir como espécie-modelo no
desenvolvimento de pesquisas em biotecnologia reprodutiva, dadas sua elevada
prolificidade e facilidade de manejo.
3
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo geral
Este trabalho teve como objetivo geral desenvolver um protocolo de
criopreservação, em longo prazo, do sêmen de curimba.
2.2 Objetivos específicos
Especificamente, buscou-se:
avaliar a toxicidade de diferentes soluções crioprotetoras antes do
congelamento;
avaliar a eficiência de diferentes soluções crioprotetoras sobre a motilidade
espermática após o descongelamento;
comparar soluções ativadoras da motilidade dos espermatozóides de
curimba antes e após o congelamento;
avaliar o efeito protetor das soluções crioprotetoras testadas sobre o
porcentual de células espermáticas com anormalidades morfológicas após o
descongelamento;
analisar a capacidade de fertilização do sêmen descongelado;
comparar diferentes escalas de valorização da motilidade espermática de
peixes.
4
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 Curimba (Prochilodus lineatus)
Reino: Animalia;
Filo: Chordata;
Classe: Actinopterygii;
Ordem: Characiformes;
Família: Prochilodontidae;
Subfamíla: Prochilodontinae;
Gênero: Prochilodus;
Espécie: Prochilodus lineatus, Valenciennes, 1836.
Nomes populares: curimba, curimbatá, curimatã, corimba, corimbatá, papa-
terra e grumatã (Brasil) e sábalo (Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai).
Os membros da família Prochilodontidae apresentam larga distribuição
geográfica em toda a América do Sul, sendo encontrados nas bacias Amazônica,
do Orenoco, das Guianas, do Nordeste brasileiro (por exemplo, na do rio São
Francisco), do Paraná, Uruguai e Paraguai, do Leste brasileiro (por exemplo, na
do rio Paraíba do Sul) e da Patagônia (Reis et al., 2003).
A curimba (Figura 1) possui corpo alto, alongado, comprimido e cabeça
larga, podendo atingir mais de 74 cm de comprimento corporal (Sverlij et al.,
1993) e peso corporal superior a 6 kg (Cruz, 2001). A boca é circular e possui
lábios móveis providos de numerosos dentículos diminutos, dispostos em duas
séries. As nadadeiras anal, ventrais e caudal, são escamadas na base e são cinza-
amareladas e sem machas, nos adultos. Possui linha lateral completa e as
escamas dos machos são ásperas na borda exposta, sobretudo na época
5
reprodutiva (CEMIG/CETEC, 2000). A curimba prefere os ambientes lóticos,
em locais de águas mais lentas, mas pode ser encontrada em hábitats como os
cursos naturais de rios e águas com turbidez de reduzida à elevada (Reis et al.,
2003).
FIGURA 1. Exemplar adulto de curimba (Prochilodus lineatus).
A espécie realiza migração em massa rio acima, na época da reprodução,
que ocorre de novembro a janeiro (CEMIG/CETEC, 2000). Machos e fêmeas
são muito semelhantes externamente, contudo, os machos atingem a
competência reprodutiva aos dois anos (cerca de 24 cm de comprimento
corporal), em média, enquanto as fêmeas o fazem aos três anos, quando
apresentam um comprimento corporal médio de 31 cm.
É um peixe iliófago, tanto nas fases jovens como na fase adulta,
alimentando-se, no fundo da coluna de água, de organismos bentônicos e
microrganismos de decomposição (Logato, 2000). A prevalência desses recursos
em águas tropicais pode contribuir para a elevada ocorrência da curimba na
bacia do rio Paraná, onde responde por cerca de 60% de toda a ictiomassa
existente (Bonetto, 1994).
Como conseqüência do seu hábito alimentar, a curimba exerce
importante função no fluxo de energia dentro dos sistemas aquáticos que habita
(Jepsen et al., 1997; Winemiller, 1996). A utilização da espécie na rotina
6
reprodutiva em sistemas de consorciação tem se mostrado muito importante na
larvicultura de espécies carnívoras nessa fase do desenvolvimento, como a
piracanjuba (Brycon orbignyanus), o dourado (Salminus brasiliensis) e o jaú
(Zungaro jahu) (Murgas et al., 2003a). Alguns estudos têm demonstrado que as
larvas de dourado possuem predileção por larvas de curimba no início da
alimentação exógena (Schultz, 2003). Para Vega-Orellana et al. (2006), a
curimba apresenta elevada taxa de sobrevivência e possui tamanho apropriado à
alimentação de larvas de dourado à eclosão.
A curimba é um dos peixes de maior importância na piscicultura
comercial (Cerqueira & Fernandes, 2002), sendo sua carne muito apreciada,
sobretudo nos estados do nordeste do Brasil (Maia et al., 1999). Muitos
prochilodontídeos são importantes ainda para pisciculturas de subsistência, de
maneira que, segundo Sverlij et al. (1993), a pesca de curimba constitui 40% de
todo recurso advindo do rio Paraná, 86% do potencial ictiológico do rio da Prata
e 95% do rio Uruguai. Entretanto, é possível que esses dados estejam
superestimados em relação aos dias atuais, tendo em vista o crescente número de
barragens e a elevada deterioração limnológica pelas quais nossas reservas
hidrobiológicas foram submetidas no decorrer da última década.
Segundo o Ministério do Meio Ambiente (2005), a curimba é uma das
principais espécies de peixes utilizadas na aqüicultura continental nacional e sua
pesca foi responsável por 14,48% (1.277,5 toneladas) de toda a produção
extrativista de peixes do estado de Minas Gerais em 2004, sendo, inclusive, a
espécie mais visada por esta categoria de mercado.
Como outrora sugerido, e também em decorrência de seu hábito
alimentar, a curimba tem sido apontada como altamente susceptível à alteração
da qualidade da água, o que comprometeria a sobrevivência da espécie (Da Silva
et al., 2004; Martinez et al., 2004; Mazon & Fernandes, 1999). Além da
7
construção de hidrelétricas e do desaparecimento do habitat natural, a
urbanização, a atividade agrícola desmedida, a sobrepesca, a captura em
períodos de desova e a introdução de espécies exóticas representam as principais
causas para o declínio dos estoques de peixes de piracema (Carolsfeld et al.,
2003a).
Existe, dessa maneira, expressivo interesse no repovoamento de rios e de
reservatórios de usinas hidrelétricas, além do empenho na criação paralela da
curimba com espécies carnívoras na fase larval. A importância social da espécie
em certas regiões do Brasil e a estabilidade dos ecossistemas aquáticos tropicais
nos quais a curimba habita são outros fatores que fundamentam a conservação
da biodiversidade deste prochilodontídeo.
3.2 Biologia seminal de peixes
Estudos de biologia do sêmen de peixes foram iniciados no século XIX.
Várias características da biologia seminal de peixes foram rapidamente
identificadas: a imobilidade do espermatozóide no sêmen in natura, a curta
duração do seu desenvolvimento após sua ativação e a necessidade de diluição
em um meio hiposmótico para a iniciação do movimento espermático (Billard &
Cosson, 1992).
Segundo Bedore (1999), a motilidade espermática não deve ser tomada
como indicativo da qualidade seminal isoladamente. Outras características,
portanto, devem ser consideradas na caracterização da qualidade espermática.
Dentre elas, destacam-se a motilidade espermática e a taxa de fertilização (Rana,
1995), a concentração espermática (Bedore 1999; Cruz, 2001; Marques, 2001) e
a análise morfológica do sêmen (Kavamoto et al., 1999; Moraes et al., 2004).
8
3.2.1 Metabolismo espermático e plasma seminal
Sabe-se que o metabolismo basal dos espermatozóides e a energia
necessária à motilidade espermática são derivados do catabolismo de nutrientes
exógenos e endógenos, de maneira aeróbica ou anaeróbica (Stoss, 1983). Nas
espécies de peixes de fecundação interna, os espermatozóides são hábeis na
obtenção de energia a partir da realização da glicólise em processos anaeróbicos,
com possibilidade de haver metabolização de açúcares ovarianos como
substratos (Gardiner 1978, citado por Leung & Jamieson, 1991). Entretanto, a
atividade glicolítica de espermatozóides de peixes de fecundação externa é
muito limitada, sobretudo no metabolismo oxidativo (Harvey & Kelley, 1984),
reduzindo a validade do acréscimo de substratos energéticos exógenos ao plasma
seminal.
A composição bioquímica do plasma seminal varia amplamente entre as
espécies e entre indivíduos da mesma espécie, relacionando-se às diferentes
concentrações de proteínas, enzimas, lipídeos (Lahnsteiner et al., 1996; Perchec
et al., 1993), açúcares e ácidos (Piironen & Hyvärinen, 1983), responsáveis pelo
metabolismo das células espermáticas. A osmolaridade do plasma seminal de
espécies de água doce e salgada oscila em torno de 300 mOsm litro
-1
a 350
mOsm litro
-1
(Morisawa & Susuki, 1980).
O trifosfato de adenosina (ATP), segundo Billard et al. (1995), é a maior
fonte de energia durante o curto período de motilidade dos espermatozóides de
carpa (Cyprinus carpio), porém, é hidrolisado rapidamente na fase ativa da
motilidade. Segundo Gwo (1995), a mitocôndria é o reservatório endógeno de
fonte de energia para a motilidade de espermatozóides de peixes ovulíparos. A
motilidade dos espermatozóides em peixes marinhos, de acordo com o autor,
está diretamente relacionada à presença das mitocôndrias na peça intermediária.
9
Uma vez que 50%-80% das moléculas de ATP armazenadas sejam
consumidas, a motilidade do sêmen de carpa é interrompida e não é compensada
pela síntese de novas moléculas, cuja ocorrência é pouco significativa e de
pequena contribuição para a motilidade (Billard et al., 1995). Entretanto, Cosson
(2004) observou que espermatozóides que perderam a motilidade, após algum
tempo, têm restaurada sua capacidade de motilidade, sugerindo uma resposta à
reposição dos estoques de ATP por meio da via oxidativa do metabolismo
mitocondrial. Cosson et al. (1999), por sua vez, afirmam que a diminuição das
reservas intracelulares de ATP responde parcialmente e não integralmente à
redução da capacidade de movimentação dos espermatozóides. Para Bedore
(1999), após o término da glicólise, as células espermáticas utilizam
exclusivamente triglicerídeos para a obtenção de energia.
3.2.2 Motilidade espermática de peixes
Conforme Carolsfeld & Harvey (1999) e Godinho (2000), a motilidade
espermática é um dos principais parâmetros a serem considerados na análise da
qualidade do sêmen de peixes. Para tanto, deve-se levar em conta que a
motilidade espermática é influenciada por inúmeros fatores como temperatura,
estado nutricional, estado sanitário, condições de análise, soluções ativadoras
empregadas, espécie estudada e, segundo Rana (1995), um dos principais
moderadores da motilidade espermática é o progresso da época reprodutiva em
que os machos de piracema se encontram.
Os espermatozóides de peixes são imóveis nos testículos e no plasma
seminal de espécies de água doce. A motilidade é ativada quando o meio em que
os espermatozóides se encontram se torna hiposmótico, como a água do
ambiente externo (Cosson, 2004). A motilidade dos espermatozóides de
salmonídeos é suprimida pelo K
+
seminal contido no ducto espermático e é
10
iniciada pela redução da sua concentração na água doce onde ele é liberado
(Morisawa et al., 1983). Com a diminuição da concentração externa de íons K
+
,
ocorre o efluxo deste cátion para o meio extracelular, estimulando a abertura de
canais de Ca
++
e seu influxo para o interior da célula espermática. O aumento da
concentração intracelular de Ca
++
participa decisivamente na iniciação da
motilidade (Cosson, 2004). Fatores, como o pH ou outros íons presentes, podem
polarizar a membrana celular e estimular a motilidade dos espermatozóides dos
peixes (Morisawa et al., 1999). Como descrito por Takai & Morisawa (1995), a
isosmolaridade do meio impede a ativação da motilidade espermática;
diferentemente de teleósteos dulcícolas, é a hiperosmolaridade da solução em
redor dos espermatozóides que proporciona a ativação da motilidade
espermática em teleósteos de água salgada (Bedore, 1999).
A duração da motilidade do sêmen de teleósteos de água doce de
fertilização externa é bastante reduzida - entre 1 e 2 minutos (Billard & Cosson,
1992) e muito variável entre as espécies. As durações médias da motilidade do
sêmen in natura de curimba podem variar entre 612 segundos (Cóser et al.,
1984) e 43 segundos (Franciscatto et al., 2002).
Na Figura 2 estão relacionados os eventos possíveis desencadeados na
exposição espermática ao meio hiposmótico que culminam com a ativação da
motilidade espermática. Pelo esquema, pode-se verificar que a síntese de ATP
está condicionada à atividade da enzima ATPase que, por sua vez, depende da
concentração osmolar do meio intracelular. Uma reduzida osmolaridade interna
ativa a enzima, porém, à medida que a osmolaridade continua diminuindo, a
atividade ATPásica também é depletada e, juntamente com a redução dos
estoques de ATP, resulta em extinção da motilidade espermática. De acordo com
Perchec-Poupard et al. (1997), em ambiente hiposmótico, o volume
citoplasmático das células espermáticas de espécies de água doce pode aumentar
em até três vezes, em resposta ao influxo de água.
11
FIGURA 2. Sucessão de eventos desencadeadores da motilidade espermática
em espécies de água doce. Modificado de Cosson (2004).
A temperatura influencia decisivamente a duração da motilidade das
células espermáticas (Billard et al., 1995), uma vez que os complexos
enzimáticos, com destaque para a enzima ATPase, são termossensíveis e
possuem velocidades catalíticas ótimas em intervalos específicos de
temperatura. Assim, Billard et al. (1995) observaram uma duração, para a
motilidade espermática, igual a 30-40 segundos, a 20°C, em carpa, e Maria et al.
(2004) 486 segundos, a 26°C, em pacu (Piaractus mesopotmicus). Por sua vez,
Miliorini et al. (2005) observaram uma duração de até 184 segundos para o
Transferência do sêmen para água doce
Diminuição da osmolaridade externa
Osmorregulação = influxo de água
Diminuição da osmolaridade interna
Diminuição da concentração iônica interna
Diminuição dos estoques de ATP
Ligação da atividade da ATPase
Concentração iônica muito baixa para a
atividade da ATPase
Término da motilidade
Tempo 0
< 1s
> 1 min
12
sêmen descongelado de curimba, a 25°C. Da mesma maneira que afeta a
duração da motilidade espermática, a temperatura também pode interferir na
taxa deste parâmetro. Billard & Cosson (1992) observaram aumento na
percentagem de espermatozóides móveis de truta arco-íris (Oncorhyncus mykiss)
à medida que a temperatura da lâmina histológica aumentava durante a análise.
Algumas técnicas computadorizadas já foram desenvolvidas a fim de se
estimar a motilidade espermática de bagre africano (Clarias gariepinus) (Kime
et al., 1996), carpa (Christ et al., 1996) e Cottus gobio (Lahnsteiner et al., 1997).
Essas técnicas não são utilizadas freqüentemente devido à dificuldade de análise
imposta pelo curto período de duração da motilidade espermática de peixes.
Outros métodos, contudo, são rotineiramente empregados, embora acarretem um
grau de subjetividade elevado. Dentre eles, destacam-se a qualificação em escala
de 0-5 (Bedore, 1999; Cosson, 2004; Fauvel et al., 1999; Silveira, 2000), cujo
objetivo é reduzir o efeito da subjetividade da escala porcentual (Cruz, 2001;
Miliorini et al., 2002).
3.2.3 Morfologia espermática
Os principais tipos de espermatozóides de peixes incluem os de
fecundação externa e os espermatozóides de fecundação interna, com ou sem
acrossoma, uniflagelados ou biflagelados (Jamieson & Leung, 1991). Os
espermatozóides de peixes apresentam pouca variação estrutural entre as
espécies (Jamieson, 1991), reflexo da evolução de mais de 550 milhões de anos
(Janvier, 1999).
Assim como os espermatozóides de vertebrados, os espermatozóides de
peixes podem ser divididos morfologicamente em cabeça, peça intermediária e
cauda (Nagahama, 1983). A cabeça dos espermatozóides de peixes é, na maioria
dos grupos, destituída de acrossoma, o que é compensado pela presença da
13
micrópila no córion do oócito (Cosson et al., 1999). A cauda, ou flagelo, pode
ainda ser subdivida em colo e peças intermediária, principal e terminal, assim
como ocorre para os espermatozóides de mamíferos domésticos. O colo, ou peça
de conexão, representa a inserção do corpo basal do flagelo à cabeça. A peça
intermediária consiste de uma bainha mitocondrial disposta em hélice
responsável pela geração de energia necessária à propulsão mótil dos
espermatozóides (Hafez, 2004).
O espermatozóide de curimba apresenta uma cabeça arredondada
(Alexandrino et al., 1985), ligeiramente ovóide e carente de vesícula
acrossômica (Borges Filho, 1987). Assim como para outros teleósteos tropicais,
a cabeça do espermatozóide de curimba possui núcleo pequeno, redondo ou
ovóide com diâmetro variando de 2 µm a 3 µm. Apresentam dois centríolos; o
centríolo proximal é geralmente em ângulo reto ao centríolo distal, que forma o
corpo basal do flagelo. O flagelo contém um axonema com nove microtúbulos
duplos periféricos e um par de microtúbulos centrais (Marques, 2001). O flagelo
é extenso em relação àquele dos espermatozóides de mamíferos domésticos,
sendo a peça intermediária muito extensa (cerca de 1µm de comprimento;
Marques, 2001), em proporção ao comprimento total do flagelo.
Alterações ultra-estruturais no espermatozóide ocorrem após o aumento
ou a diminuição da osmolaridade do meio que os circunda. Estas alterações
podem ser fisiológicas ou patológicas. Espermatozóides de teleósteos marinhos
apresentaram intumescência do núcleo, rompimento da membrana plasmática,
desaparecimento de mitocôndrias, perda da membrana plasmática flagelar e
espiralização, ruptura ou aderência dos axonemas quando expostos a uma
solução hipotônica. Marques (2001) classifica estas modificações como
limitantes da duração da motilidade espermática.
14
Outros fatores podem conduzir a defeitos morfológicos em
espermatozóides. Segundo Herman et al. (1994), as patologias primárias (flagelo
dobrado, cabeça isolada, gotas citoplasmáticas proximal e distal) ocorrem
durante a espermatogênese em decorrência de causas que acometem os
reprodutores, tais como enfermidades, consangüinidade, restrição alimentar, e
estresse ambiental entre outros. Por outro lado, as patologias secundárias
(flagelo quebrado, enrolado, degenerado, macrocefalia, microcefalia) estariam
relacionadas aos procedimentos de manejo durante a coleta do sêmen e a
confecção das lâminas para avaliação de patologias (Herman et al., 1994).
Billard et al. (1977) mostraram que o sêmen de Dicentrarchus labrax
não apresenta características constantes durante todo o período de espermiação,
sendo sua qualidade afetada pelo processo de envelhecimento das células, que se
apresenta mais intenso no período posterior ao “pico” de reprodução (Billard &
Takashima, 1983).
O estudo morfológico das células espermáticas e sua relação com a
infertilidade dos machos alcançaram maior importância com o advento da
inseminação artificial em mamíferos, especialmente na espécie bovina
(Kavamoto et al., 1999). Em mamíferos domésticos, as patologias primárias se
referem às enfermidades testiculares, enquanto que as patologias espermáticas
secundárias se relacionam aos problemas de origem epididimária (Chenoweth,
2005).
O Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (1998) recomenda não
utilizar, na inseminação artificial ou monta natural de mamíferos, sêmen com
índices de espermatozóides com anormalidade acima de 30%, em bovinos e
eqüinos e de 20%, em ovinos e suínos. Moraes et al. (2004) registraram índices
de espermatozóides de curimba com anormalidades que atingiram valores em
torno de 40,2%, com a utilização de extrato bruto de hipófise de carpa. Este
15
valor pode ser julgado elevado, se comparado aos considerados aceitáveis para
mamíferos, porém, em peixes, essas referências ainda não foram estabelecidas.
Taddei et al. (2001) e Yao et al. (2000) sugerem que os exames
morfopatológicos dos espermatozóides de peixes devem ser incorporados à
rotina de avaliação do sêmen após a criopreservação. Todavia, pesquisas
relativas a técnicas práticas e simples para a verificação de anormalidades em
espermatozóides de peixes autóctones brasileiros são raras (Kavamoto et al.,
1999). A avaliação morfológica dos espermatozóides de peixes pode auxiliar na
caracterização de amostras seminais, fazendo inferência ao seu potencial
fertilizante ou de amostras congeladas de sêmen, e explicando insucessos de
reprodutores tidos como aptos após análises convencionais de motilidade
espermática.
3.3 Soluções diluidoras e proporções de diluição do sêmen de peixes
Os diluidores são soluções de sais ou de carboidratos adicionados ao
sêmen cuja função é manter a viabilidade das células espermáticas durante a
redução da temperatura. As condições mínimas requeridas de um diluidor
adequado são: isotonicidade, para que não haja ativação prévia da motilidade
espermática; estabilidade, pois suas características físico-químicas não devem
ser alteradas durante o contato com o sêmen; condutividade térmica elevada,
permitindo a rápida transferência de temperatura do meio externo para os
espermatozóides; esterilidade, ou seja, não devem veicular microrganismos
potencialmente nocivos às células espermáticas e, finalmente, servir de
carreador de crioprotetores. É importante que a motilidade dos espermatozóides
não seja ativada antes do congelamento e nem durante o descongelamento, pois
esta motilidade pode exaurir a reserva energética necessária à fertilização
(Legendre & Billard, 1980).
16
Diluidores desenvolvidos para sêmen de mamíferos têm sido
empregados com êxito em espécies de peixes. Resultados expressivos têm sido
obtidos com o diluidor Beltsville Thawing Solution (BTS, Minitüb
®
),
normalmente acrescido ao sêmen suíno durante seu resfriamento e
descongelamento (Murgas et al., 2001b). A concentração do diluidor BTS
utilizada foi de 4,5%, nos estudos de Miliorini et al. (2005), na diluição do
sêmen de curimba. Miliorini et al. (2004) utilizaram o mesmo diluidor na
concentração de 5% para o sêmen de curimba, obtendo resultados expressivos.
Outras espécies também tiveram o sêmen diluído com BTS, na mesma
concentração, tais como pacu (Piaractus mesopotamicus) (Miliorini et al., 2002;
Murgas et al., 2004), piapara (Leporinus obtusidens) (Murgas et al., 2003b) e
piracanjuba (Murgas et al., 2004). Estes trabalhos são pioneiros na adequação do
diluidor BTS ao sêmen de espécies de peixes migradoras.
Uma simples solução de glicose a 5% como veículo de crioprotetores
propiciou resultados excelentes para sêmen de salmonídeos (Harvey &
Carolsfeld, 1993). Outros diluidores, como Kurokura (Kurokura et al., 1984) e
NaCl, têm sido experimentados em sêmen de espécies nativas, como o piau-açu
(Leporinus macrocephalus) (Moraes, 2004) e piracanjuba (Bedore, 1999; Maria,
2005), respectivamente.
A proporção da diluição, embora variável entre pesquisadores, é um
detalhe metodológico importante porque pode significar um melhor
aproveitamento do sêmen, na caracterização de uma possível “dose fertilizante”,
como ocorre para ejaculados de mamíferos. Em peixes, esta variação também
ocorre. Enquanto Cóser et al. (1987) utilizaram uma taxa de diluição
sêmen:diluidor de 1,0:4,5 para pacu, Harvey & Kelley (1988) diluíram o sêmen
na proporção de 1:1 para tilápia (Oreochromis niloticus), Bedore (1999), 1:4
para pacu-caranha (P. mesopotamicus) e piracanjuba, Ribeiro & Godinho
(2003), 1:8 para piau-açu e Miliorini et al. (2005), 1:4 para curimba.
17
3.4 Soluções crioprotetoras do sêmen de peixes
A criopreservação de células adquiriu impulso quando pesquisas
relataram que o glicerol possui a capacidade de protegê-las contra efeitos
deletérios do congelamento (Cruz, 2001). A partir de então, várias outras
substâncias vêm sendo testadas com tal propósito (Godinho, 2000).
Soluções crioprotetoras são, portanto, substâncias acrescidas ao meio
diluidor do sêmen com a finalidade de proteger os espermatozóides durante o
congelamento e o descongelamento. Os crioprotetores impedem as criolesões,
mas, quando usados em concentrações elevadas, podem se tornar tóxicos aos
espermatozóides. Dentre as características desejáveis em um crioprotetor,
destacam-se a reduzida toxicidade e a alta solubilidade em água (Maria, 2005).
Os crioprotetores, como representado na Tabela 1, podem ser
classificados em intracelulares (ou solúveis) ou extracelulares (ou não solúveis).
O determinante são as propriedades físico-químicas (principalmente o peso
molecular) e a interação existente entre a substância e a membrana
citoplasmática.
TABELA 1. Classificação dos crioprotetores quanto à permeabilidade sobre a
membrana celular.
Crioprotetores intracelulares
(solúveis)
Crioprotetores extracelulares
(não solúveis)
Dimetilsulfóxido (DMSO) Glicose
Glicerol Sacarose
Metanol Gema de ovo
Etilenoglicol Leite desnatado
Propilenoglicol Soro
Propanodiol Água de coco
Fonte: Cruz (2001).
18
Os crioprotetores intracelulares evitam ou, pelo menos, diminuem a
formação de microcristais de gelo intracelulares, enquanto os crioprotetores
extracelulares atuam estabilizando e reparando externamente a membrana
celular. Os alvos da proteção proporcionada pelos crioprotetores intracelulares
são as enzimas lábeis (por exemplo, a catalase) e a estabilidade das proteínas em
soluções aquosas (Maria, 2005). Segundo Chao (1991), há um grande risco,
porém, na utilização de crioprotetores internos porque estes podem,
alternativamente, promover a desnaturação protéica, sobretudo sob elevadas
temperaturas, causando uma toxicidade nos sistemas enzimáticos e, por
conseguinte, celulares. Isso ocorre, principalmente, quando as concentrações de
crioprotetores internos são muito elevadas (Cruz, 2001). De acordo com
Simeone (1998), os crioprotetores internos mais efetivos são aqueles que
permeiam a membrana celular rapidamente.
Aparentemente, determinados crioprotetores agem melhor em
determinadas espécies do que em outras. A seleção do crioprotetor mais
adequado a ser utilizado pela primeira vez em uma espécie deve ser feita em
testes de tentativa e erro (Bedore, 1999). Como exemplo de diferença
interespecífica, cita-se o estudo de Carolsfeld et al. (2003b), que constataram
uma adequação do sêmen descongelado de várias espécies (inclusive da
curimba) à diluição por meio contendo DMSO 10% e glicose 5%, mas uma
toxicidade exacerbada do sêmen de surubim (Pseudoplatystoma corruscans) ao
mesmo diluidor.
A associação entre crioprotetores intracelulares e extracelulares é
conveniente e indicada por Carolsfeld & Harvey (1999) e por Godinho (2000).
Miliorini et al. (2005) constataram que a associação entre BTS, que apresenta
em sua constituição glicose em uma concentração de 3% após a diluição, e
quaisquer crioprotetores internos utilizados (DMSO ou metanol, a 10%)
proporcionaram taxas de fertilização para o sêmen descongelado de curimba
19
similares às do sêmen in natura. A associação de DMSO 10%, glicose 5% e
gema de ovo 10% tem sido utilizada com sucesso na criopreservação de sêmen
de curimba (Kavamoto et al., 1989; Silva, 2000), embora estudos preliminares
com preservação a curto prazo nessa espécie utilizando gema de ovo 10% não
tenham sido bem sucedidos.
O metanol, segundo Bedore (1999), é tido como o crioprotetor
intracelular mais permeável à membrana, porém, é aquele que apresenta a maior
toxicidade dentro de seu grupo, exceto para espermatozóides de tilápia (Harvey,
1983). Em estudos preliminares, Miliorini et al. verificaram que a utilização de
glicerol, propanodiol e etilenoglicol se mostrou tóxica e tornou o sêmen de
curimba impróprio ao congelamento.
Concentrações de DMSO de 5%, 10% e 15% foram menos tóxicas que o
propanodiol e o etilenoglicol, nas mesmas concentrações (Cruz, 2001). Alguns
autores, entretanto, se referem ao DMSO como tóxico em concentrações
superiores a 5% (Leung, 1987, citado por Bedore, 1999), sobretudo quando o
tempo de equilíbrio é extenso. Contrariamente, Viveiros (2002) verificou taxas
de eclosão semelhantes entre ovos oriundos da fecundação por sêmen in natura
e descongelado de bagre africano, utilizando concentrações de metanol e
DMSO de até 20,0%. Para Leung & Jamieson (1991), a possível toxicidade do
DMSO pode ser suprimida pela adição de amidos.
Em trabalhos com sêmen de pacu (Murgas et al., 2005) e de curimba
(Miliorini et al., 2005), uma concentração de 10% de DMSO proporcionou os
resultados mais expressivos, tanto para o resfriamento como para o
congelamento de sêmen, respectivamente, quando comparadas a outras
concentrações e ao metanol. Segundo Leung & Jamieson (1991), Ritar (1999) e
Wayman et al. (1998) o DMSO é um dos melhores crioprotetores para espécies
marinhas, enquanto Bedore (1999) e Fogli da Silveira et al. (1990) fazem
referência a espécies dulcícolas.
20
Segundo Bedore (1999), a carência de estudos bioquímicos acerca da
motilidade dos espermatozóides de teleósteos brasileiros dificulta a
determinação de soluções crioprotetoras mais eficientes na recuperação da
motilidade após o descongelamento.
3.5 Soluções ativadoras da motilidade espermática de peixes
A determinação da solução adequada à ativação da motilidade
espermática, sem comprometer a qualidade seminal, torna-se uma questão
importante em trabalhos de criopreservação em peixes (Bedore, 1999). Além
deste aspecto, três outros fatores devem ser considerados conjuntamente durante
a ativação da motilidade espermática: a concentração da solução ativadora, a
proporção ativador:sêmen e a característica seminal que se deseja avaliar.
Entre as soluções ativadoras mais empregadas pelos pesquisadores,
podem ser destacadas a água destilada e, em diferentes concentrações, o
carbonato ácido de sódio (NaHCO
3
) (Fogli da Silveira et al., 1990; Miliorini et
al., 2005), o cloreto de potássio (Lanhsteiner et al., 1995; Ravinder et al., 1997)
e até mesmo a uréia (Carolsfeld et al., 2003b).
O NaCl, na concentração de 50 mM, promoveu resultados
consistentemente superiores aos obtidos com NaHCO
3
1% na ativação da
motilidade espermática de pacu e piracanjuba (Bedore, 1999). Já Murgas et al.
(2005) constataram taxas de motilidade para o NaHCO
3
1% e NaCl 60 mM
superiores às induzidas pelas mesmas soluções na metade daquelas
concentrações, sugerindo um efeito benéfico de soluções com maior
osmolaridade para o sêmen de pacu. Cóser et al. (1984) sugerem o NaHCO
3
1%
como ativador de eleição para o sêmen de curimba descongelado, assim como
Cruz (2001) faz a mesma referência para a taxa e a duração da motilidade
espermática. Silveira (2000) observou que a solução de NaHCO
3
1% favoreceu
21
satisfatoriamente a taxa de motilidade do sêmen de matrinxã (Brycon cephalus),
porém, os oócitos, durante a fertilização, se aglutinaram no fundo do recipiente e
a taxa de eclosão foi nula.
O mesmo efeito foi verificado por Miliorini et al. (2005), para a duração
da motilidade, em que as soluções de NaHCO
3
60 mM e NaCl propiciaram
resultados superiores aos da água destilada, em amostras de sêmen de curimba
após a diluição com solução crioprotetora (pré-congelamento) e após o
congelamento. Entretanto, não notaram diferenças significativas entre as
soluções ativadoras citadas para o sêmen in natura.
A razão sêmen:ativador é outro aspecto que varia significantemente
entre espécies e, mesmo, entre pesquisadores (Cruz, 2001) e representa uma
dificuldade em relação à estimativa da motilidade espermática. Muitas vezes,
alguns espermatozóides encontram-se imóveis e em diluições subseqüentes
apresentam movimento. Uma diluição relativamente alta (1:1000) é necessária
ao início simultâneo da motilidade em 100% das células espermáticas (30 µl -50
µl de solução para ativar cerca de 2 µl de sêmen) (Bedore, 1999). Em baixas
diluições, somente alguns espermatozóides são ativados, enquanto outros têm
sua ativação tardia. Este fenômeno deve-se à diluição insuficiente ou à mistura
inadequada da solução ativadora com o sêmen, segundo a autora.
3.6 Congelamento do sêmen de peixes
A criopreservação envolve procedimentos que permitem o
armazenamento de espermatozóides em nitrogênio líquido, a uma temperatura
aproximada de -196°C, mantendo-se a viabilidade dos gametas por tempo
indefinido. Mins et al. (2000) verificaram que a percentagem de
espermatozóides móveis, contidos no sêmen criopreservado de esturjão, não
diminuiu ao longo de cinco anos de armazenamento.
22
Bancos de sêmen de peixes são arquivos de material genético congelado
utilizados em piscicultura e em programas de conservação de espécies
ameaçadas. Dentre as aplicações de bancos de sêmen em piscicultura, incluem-
se: a) utilização de número adequado de machos na produção massal de alevinos
com o propósito de se evitar ou reduzir endogenia; b) eliminação do problema
da assincronia reprodutiva entre machos e fêmeas; c) facilidade no
estabelecimento de programas de melhoramento genético; e) redução de custos
relativos à manutenção do plantel de reprodutores machos; f) maior segurança
quanto à sanidade do plantel (Ribeiro & Godinho, 2003) e g) oportunidade de
transporte de gametas sem perda da viabilidade (Miliorini et al., 2005).
Quando o sêmen é colocado diretamente no nitrogênio líquido, a
membrana plasmática e a peça intermediária podem desaparecer inteiramente.
Por outro lado, quando o sêmen é colocado no vapor de nitrogênio líquido, os
espermatozóides sofrem um congelamento gradual e as estruturas membranosas
não são muito alteradas, apesar de o aspecto da cromatina ser consideravelmente
modificado (Billard, 1983).
A formação de microcristais de gelo é deletéria aos espermatozóides por
duas razões principais: a osmoconcentração e a elevação da temperatura
intracitoplasmática. Com a desidratação pela retenção de água nos cristais, o
meio extracelular torna-se progressivamente mais concentrado e há uma
osmoconcentração também em regiões dentro do citoplasma. A
osmoconcentração extracelular, segundo Medeiros et al. (2002), ocasiona efluxo
de água e intensificação da concentração osmótica interna, o que promove
desnaturação das macromoléculas e crenação celular, podendo haver total
colapso da membrana celular.
O processo de cristalização resulta, ainda, em elevação momentânea da
temperatura, o que é prejudicial às células espermáticas. Em temperaturas em
torno de 5°C, a água intra e extracelular permanece super-resfriada e não se
23
cristaliza. Entre -5°C e -10°C, microcristais de gelo começam a se formar no
meio extracelular e o processo de desidratação se inicia. Os maiores prejuízos
conhecidos na estrutura do espermatozóide ocorrem no intervalo crítico entre
0°C e -40°C (Leung, 1991). A finalidade do processo de congelamento em
nitrogênio líquido é fazer com que a suspensão de células espermáticas atinja
temperaturas abaixo do ponto de congelamento do meio (super-resfriamento),
antes que haja a formação de microcristais de gelo nos meios intra e extracelular.
O sucesso do congelamento de sêmen com nitrogênio líquido exige que
as taxas de resfriamento estejam situadas entre 10°C e 50°C min.
-1
(Harvey &
Carolsfeld, 1993). Cruz (2001) congelou sêmen de curimba à taxa de 17,9-
52,9°C min.
-1
. A utilização de botijões contendo exclusivamente vapor de
nitrogênio líquido, como os utilizados por Harvey & Carolsfeld (1999), assegura
taxas de resfriamento compreendidas dentro deste intervalo. Resultados
satisfatórios com esta metodologia encontram-se disponíveis na literatura (Aoki
et al., 1997; Cruz, 2001; Serralheiro et al., 1999). Nesses trabalhos, a colocação
das amostras de sêmen em vapor de nitrogênio se mostrou eficaz na conservação
de sua qualidade.
Outro aspecto importante na transferência de temperatura é o tipo de
recipiente de envasamento do sêmen. Geralmente, são utilizadas palhetas de
0,25 ml, 0,5 ml, 1,0 ml, 1,2 ml, 2,5 ml e 5,0 ml de capacidade. A taxa de
fertilização com palheta de 1,2 ml foi semelhante àquela com palheta de 0,5 ml
para salmonídeos e a de 0,5 ml resultou em uma fertilização 40% inferior em
relação ao sêmen fresco (Lahnesteiner et al., 1997). As palhetas de 0,5 ml são as
mais utilizadas entre os pesquisadores no congelamento de sêmen de peixes.
Palhetas de 0,25 ml acondicionam pequeno volume de sêmen e palhetas muito
calibrosas não proporcionam um descongelamento uniforme, ou seja, a
superfície descongela mais rapidamente que a porção central (Carolsfeld &
Harvey, 1999).
24
Espermatozóides de várias espécies de peixes são congelados com
sucesso, embora, muitas vezes, as taxas de fertilização sejam inferiores às
obtidas com sêmen in natura. Leung & Jamielson (1991), em revisão sobre
criopreservação de gametas, listam mais de 50 espécies de peixes cujos
espermatozóides já foram criopreservados.
Para Cosson et al. (1999), uma taxa de motilidade espermática mínima
de 90% é adequada para se processar o congelamento do sêmen de peixes e,
segundo Cruz (2001), o período de tempo de congelamento não influencia a
qualidade do sêmen se este for mantido à temperatura constante de -196°C.
3.7 Descongelamento do sêmen de peixes
Enquanto o congelamento envolve a desidratação celular, o
descongelamento envolve uma reidratação das células, ocorrendo influxo de
água para o interior do citoplasma (Holt, 2000). A maioria das células suporta
um descongelamento rápido, mesmo que não se hidrate totalmente (Bedore,
1999).
O descongelamento rápido tem sido utilizado como medida importante
na prevenção de recristalização de gelo intracelular, letal para as células (Leung,
1991). As taxas de descongelamento mais bem sucedidas são aquelas que
envolvem altas temperaturas e reduzido intervalo de tempo de exposição (Scott
& Baynes, 1980). Em geral, o descongelamento sob temperaturas entre 50°C e
60°C resulta em excelentes resultados (Maria, 2005) entretanto, cuidados com o
superaquecimento devem ser assegurados.
As palhetas, normalmente, são descongeladas por imersão em água
aquecida (Amorim, 2002; Murgas et al., 2001a;). Existe uma numerosa variação
com relação à taxa de descongelamento. Cruz (2001), no descongelamento de
25
palhetas de 0,5 ml de sêmen de curimba, utilizou banho-maria à temperatura de
33°C, por 14 segundos, obtendo aceitáveis taxas e durações de motilidade do
sêmen de curimba pós-descongelamento. Miliorini et al. (2005), por sua vez,
utilizaram uma taxa de descongelamento de 60°C, por 8 segundos, após estudos
preliminares a temperaturas inferiores e tempos de exposição mais duradouros.
Outros estudos utilizaram taxas distintas, como 25°C por 30 segundos
(Lanhesteiner et al., 1997), para o sêmen de salmonídeos; 40°C por 5 segundos
(Horvath & Urbányi, 2000), para o sêmen de bagre africano e 60°C por 5
segundos (Murgas et al., 2001a), para o sêmen de piracanjuba. Carolsfeld et al.
(2003b) compararam o método usual de descongelamento à ativação direta do
sêmen ainda congelado à temperatura ambiente e não constatararm diferenças
entre os procedimentos quanto à eclodibilidade de ovócitos fecundados por
sêmen de algumas espécies de peixes brasileiros.
3.8 Capacidade de fertilização do sêmen in natura e do sêmen descongelado
A técnica de fertilização artificial de gametas de peixes representa um
enorme avanço em programas comerciais e de repovoamento de rios. Ela
apresenta várias vantagens, dentre as quais se sobressaem o aproveitamento de
gametas e o maior número de ovos férteis e de embriões viáveis. Com isso, o
sêmen extruído de um único macho pode fertilizar até cinco fêmeas (Billard,
1990).
O número de espermatozóides de peixes necessários para fertilizar um
oócito é relativamente elevado e dependente da espécie, variando até mesmo
entre indivíduos. De acordo com Billard & Cosson (1992), a distância que um
espermatozóide pode percorrer é menor do que todo o diâmetro de um oócito.
A obtenção de elevadas taxas de fertilização é limitada por dois fatores
primordiais, sendo eles a duração da motilidade espermática e o tempo de
26
abertura da micrópila. Quando altas taxas de fertilização são obtidas usando-se
uma proporção relativamente baixa de espermatozóides por oócito, significa
que, dentre outros aspectos, a espécie possui alta capacidade de fertilização
(Rurangwa et al., 1998).
A metodologia empregada por Poole & Dillane (1998), com sêmen de
truta marrom (Salmo trutta), envolveu a fertilização de 200-400 oócitos por um
volume de 0,01 ml de sêmen. Já Fogli da Silveira et al. (1988), diante das
condições experimentais no processo de fertilização de truta (Salmo irideus),
concluíram que 200 mil espermatozóides foi o número mínimo necessário à
fecundação de um oócito com uma taxa de fertilização considerada ótima. O
número mínimo de espermatozóides por oócito, para espécies de teleósteos de
águas tropicais, é pouco estudado, talvez pela não aplicação da biotecnologia de
congelamento na rotina de estações de piscicultura e ou relativa abundância de
exemplares de algumas espécies em certas regiões do país.
Em seu estudo, Marques (2001) observou que as taxas de fertilização
variaram de acordo com as incubadoras para as quais os oócitos foram
transferidos após a fertilização com sêmen de curimba resfriado em gelo. Nas
incubadoras com capacidade para 20 litros, obteve-se 38% de fertilização,
enquanto que, nas incubadoras de 60 litros, a taxa de fertilização máxima foi de
90%. Para amostras de sêmen de curimba congelado, Miliorini et al. (2005)
verificaram uma taxa de fertilização de 78%, quando se utilizaram incubadoras
de 20 L a uma temperatura estável de 28°C, observando (dados não publicados)
uma relevante redução nos valores obtidos para as incubadoras de 2 litros.
Para Marques (2001), uma taxa de motilidade espermática mínima com a
qual se poderiam ter aplicações práticas e que credenciaria uma amostra seminal
a fertilizar oócitos sadios é de 30% para o sêmen de piapara (L. elongatus) e de
piau-três-pintas (Leporinus friderici). O grau de patologias espermáticas pode
27
interferir decisivamente no potencial fertilizante dos espermatozóides. Sabe-se
que o congelamento induz a muitas dessas anormalidades morfológicas, e,
mesmo espermatozóides com motilidade evidente podem ser incapazes de
penetrar um oócito ou de levar a termo o desenvolvimento embrionário.
Ciereszko & Dabrowski (1994) e Rana & MacAndrew (1989) se referem
à taxa de fertilização como sendo a confirmação da manutenção da viabilidade
do sêmen preservado, todavia, resta a incerteza se este parâmetro deve ser
avaliado isoladamente, uma vez que a homogeneidade das condições de
fertilização constitui requisito imprescindível à sua validação.
28
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Local, reprodutores, manejo alimentar e seleção
O estudo foi conduzido durante a piracema, entre os meses de novembro
de 2005 e janeiro de 2006. No período, foram registrados os seguintes dados
climatológicos médios fornecidos pelo Sistema de Telemetria
Hidrometeorológica da Companhia Energética de Minas Gerais (STH-CEMIG):
índice pluviométrico médio de 4,1 mm, temperatura média do ar entre 17,4°C e
25,0°C e umidade relativa atmosférica média variando entre 66,3% e 100%.
Foram utilizados 10 machos de curimba ao longo do experimento, com
pesos corporais que variaram de 600 a 2.000 g (Anexo A) e que foram
capturados do rio Grande há cerca de dois anos. Os animais foram mantidos em
viveiros de terra da Estação Ambiental de Itutinga, da Companhia Energética de
Minas Gerais (EAI-CEMIG), município de Itutinga, Sul do estado de Minas
Gerais. Os reprodutores foram alimentados ad libitum com ração extrusada de
oito mm de diâmetro com 28% de proteína bruta (ração comercial), entre os
meses de março e agosto. Durante o período reprodutivo (entre os meses de
setembro e fevereiro), os animais foram alimentados com ração extrusada de
mesmo diâmetro e contendo 32% de proteína bruta. O sistema de alimentação
incluiu uma freqüência de três arraçoamentos diários.
Com o auxílio de redes de arrasto, foram selecionados os reprodutores
com a papila urogenital hiperêmica e que liberaram sêmen sob delicada
massagem sobre a parede da cavidade celomática. Esses animais foram
transportados para aquários de alvenaria (volume útil de 2.000 litros) localizados
no Laboratório de Piscicultura da EAI-CEMIG, sendo mantidos a uma
densidade de 6 animais por aquário. O nível de oxigênio dissolvido foi
monitorado e a temperatura da água foi mantida em torno de 28°C.
29
4.2 Hipofisação dos reprodutores
Cada reprodutor foi pesado e submetido ao tratamento hormonal com
extrato bruto de hipófise de carpa (EBHC) em duas dosagens, para indução à
espermiação. As doses prévia e definitiva consistiram de injeções
intramusculares de 0,5 e 5,0 mg de EBHC kg
-1
de peso corporal,
respectivamente, próximo à base da nadadeira dorsal, conforme metodologia
adotada por Miliorini et al. (2005). Observou-se um intervalo de 12 horas entre
as aplicações e o tempo entre a dose definitiva e a coleta de sêmen oscilou em
torno de oito horas.
4.3 Coleta e avaliação do sêmen in natura
Antes da coleta do sêmen, a papila urogenital e as superfícies
circunjacentes foram limpas e enxugadas com toalha de papel. Em seguida,
foram realizadas massagens manuais delicadas sobre a parede celomática, na
região da nadadeira anal, no sentido crânio-caudal. Durante a coleta, evitou-se a
contaminação do sêmen por fezes, urina, sangue ou água. As amostras de sêmen
foram coletadas em tubos de ensaio graduados estéreis, mantidos à temperatura
ambiente (em torno de 23°C) e protegidos da entrada de luz por papel opaco.
Uma alíquota de 10 µl de sêmen in natura de cada animal foi depositada
sobre uma lâmina histológica de vidro e, a seguir, homogeneizada com 40 µl de
água destilada. A motilidade espermática foi observada em microscópio óptico
de luz, sob aumento de 100 dioptrias e estimada em percentagem média de
espermatozóides móveis observados em três campos. A duração da motilidade
espermática foi estimada desde a homogeneização com água destilada até que
somente 10% dos espermatozóides do campo se encontrassem móveis.
30
Uma alíquota do sêmen in natura foi coletada para análise de
concentração e de morfologia espermáticas. Foram utilizadas somente as
amostras com taxa de motilidade espermática igual a 100% e que não
demonstraram ativação prévia da motilidade.
4.4 Determinação da concentração espermática
A concentração espermática foi estimada por meio da utilização de uma
câmara de Neubauer. Para tanto, uma alíquota de 10 µl de sêmen foi diluída em
990 µl de solução de formol-citrato (2,9 g de citrato de sódio, 4 ml de solução
comercial de formaldeído 35% e água destilada q.s.p. 100 ml). Em seguida,
foram tomados 10 µl da amostra diluída e procedida nova diluição em 990 µl de
solução de formol-citrato, resultando em uma diluição final de 1:10
4
(sêmen:formol-citrato). A concentração espermática foi estimada pela fórmula:
CE = N x FC;
em que:
CE é a concentração espermática (espermatozóides por mm
3
);
N é o número de células contadas na câmara de Neubauer.
e o fator de correção (FC) é dado por:
FC = (q x fd) / d;
em que:
q = 5, e representa a razão entre o número total de quadrículos da câmara de
Neubauer (25) e o número de quadrículos contados (5);
fd é o fator de diluição da alíquota de sêmen (= 10
4
);
d é a profundidade entre a lamínula e a câmara de Neubauer (= 0,1 mm).
31
4.5 Avaliação da toxicidade das diferentes soluções crioprotetoras antes do
congelamento do sêmen
Após a análise inicial, o sêmen in natura de oito reprodutores (Anexo A)
foi distribuído igualitariamente entre oito tubos de ensaio estéreis. Seguiu-se a
diluição lenta e gradativa das alíquotas por oito soluções crioprotetoras, na
proporção de uma parte de sêmen para quatro partes de solução. As soluções
foram compostas por dois crioprotetores, metanol e dimetilsulfóxido (DMSO),
em quatro concentrações (volume:volume - v:v) crescentes cada um: 5%, 7,5%,
10% e 12,5%, conforme detalhado na Tabela 2. A solução diluidora (base) para
cada crioprotetor consistiu de BTS (79,90 g de glicose; 12,71 g de citrato de
sódio; 2,65 g de ácido etilenodiaminotetracético; 2,65 g de carbonato ácido de
sódio; 159 g de cloreto de potássio e 0,50 g de sulfato de gentamicina) na
concentração final (massa:volume - m:v) de 5%.
TABELA 2. Soluções crioprotetoras utilizadas como tratamentos do sêmen de
curimba.
Tratamento
BTS
*
(% m:v)
Crioprotetor
Concentração
(% v:v)
A
1
5,0 Metanol 5,0
A
2
5,0 Metanol 7,5
A
3
5,0 Metanol 10,0
A
4
5,0 Metanol 12,5
B
1
5,0 DMSO 5,0
B
2
5,0 DMSO 7,5
B
3
5,0 DMSO 10,0
B
4
5,0 DMSO 12,5
* Belltsville Thawing Solution, Minitüb do Brasil - LTDA.
32
Todas as soluções crioprotetoras foram preparadas com uma hora de
antecedência da diluição para que houvesse a estabilização dos crioprotetores e
término das reações exotérmicas prejudiciais às células espermáticas.
Uma parte do sêmen diluído foi congelada, enquanto a fração restante foi
deixada em repouso por 10 minutos, à temperatura ambiente e protegida da luz.
Decorrido este período, as amostras diluídas foram ativadas por água destilada
ou solução de carbonato ácido de sódio 1% (m:v) - NaHCO
3
1%, tendo sua
motilidade estimada à semelhança do sêmen in natura.
4.6 Congelamento e descongelamento do sêmen
Imediatamente após a diluição pelas soluções crioprotetoras, as amostras
foram envasadas em palhetas de 0,5 ml (três palhetas por tratamento) que, por
sua vez, foram vedadas com massa cirúrgica estéril. Em seguida, as palhetas
foram acondicionadas em raques de polietileno e colocadas em botijão de vapor
de nitrogênio líquido (Taylor-Wharton, modelo CP 300, tipo dry shipper) para
resfriamento. Após 24 horas, as raques foram transferidas para um botijão de
armazenamento (Cryometal, modelo DS-18) e congeladas, permanecendo
submersas em nitrogênio líquido por quatro dias. O descongelamento ocorreu no
Laboratório do Setor de Fisiologia e Farmacologia da Universidade Federal de
Lavras (UFLA), em Lavras, Sul de Minas Gerais.
Foram descongeladas duas palhetas por tratamento e individualmente,
por imersão em água (banho-maria) a 60°C, durante oito segundos, sendo as
palhetas agitadas durante todo o procedimento. Estas foram enxugadas com
toalha de papel, tendo descartada a extremidade com massa cirúrgica e o sêmen
foi depositado em um tubo de ensaio estéril. Uma alíquota de 10 µl de sêmen
descongelado foi depositada sobre uma lâmina histológica previamente
focalizada em microscópio óptico sob aumento de 100 dioptrias. Após
33
confirmação da ausência de ativação, a amostra foi ativada mediante
homogeneização com 40 µl de água destilada ou solução de NaHCO
3
1%.
Foram comparadas duas escalas de valorização da motilidade do sêmen
descongelado, uma quantitativa e outra qualitativa. Pela escala quantitativa, a
motilidade espermática foi estimada em função da percentagem média de
espermatozóides móveis observados em três campos. A escala qualitativa,
proposta por Maggese et al. (1984), foi atribuída simultaneamente à escala
quantitativa e correlacionou as porcentagens de motilidade em categorias de 0 a
5, em que: 0 - nenhum espermatozóide móvel; 1 - motilidade de 1-20%; 2 -
motilidade de 21%-40%; 3 - motilidade de 41%-60%; 4 - motilidade de 61%-
80% e 5 - motilidade de 81%-100%. A duração (em segundos) da motilidade
espermática também foi estimada desde a homogeneização com o ativador até
que somente 10% dos espermatozóides do campo se encontrassem móveis.
4.7 Análise morfológica do sêmen
Foram utilizadas amostras de sêmen descongelado de sete animais
utilizados no congelamento e outros dois animais que também tiveram seu
sêmen congelado pelos protocolos testados, mas que não foram incluídos nos
ensaios anteriores. As análises morfológicas do sêmen descongelado foram
realizadas em microscópio óptico composto, com iluminação episcópica
fluorescente (Nikon, modelo OPTIPHOT-2), no Laboratório de Microbiologia
do Solo do Departamento de Ciência do Solo da UFLA.
Uma alíquota de 10 µl de sêmen descongelado foi diluída em 990 µl de
solução de formol-citrato. A seguir, uma fração de 10 µl da amostra fixada foi
depositada em lâmina histológica e coberta por lamínula. O exame consistiu da
observação da morfopatologia de 100 espermatozóides focalizados em diversos
campos ao longo de toda a lâmina conforme esquematizado na Figura 3.
34
FIGURA 3. Seqüência de campos observados durante a análise morfológica do
sêmen de curimba. As setas indicam o sentido da avaliação.
Sob um aumento de 1.000 dioptrias, foram investigadas as patologias de
cabeça, de peça intermediária e do restante da cauda (peças principal e terminal),
conforme resumido na Tabela 3.
TABELA 3. Patologias dos espermatozóides examinadas no sêmen in natura de
curimba.
Porção acometida Patologias maiores Patologias menores
Macrocefalia
Microcefalia
Cabeça
Degenerada
Isolada normal
Peça intermediária Degenerada (PID) Gota proximal
Fraturada
Fortemente enrolada
Restante da cauda
Degenerada
Dobrada
Gota distal
Quando os espermatozóides apresentaram patologias maiores e menores
simultaneamente, foram consideradas as patologias maiores e, quando dois tipos
de patologias de mesma categoria ocorreram simultaneamente, aquela de maior
implicação sobre a fertilização foi considerada (Tabela 4).
35
TABELA 4. Hierarquia das patologias espermáticas examinadas no sêmen
descongelado de curimba.
Tipo de
patologia
Ordem decrescente de sobreposição das patologias
Patologias
maiores
1º. Cabeça degenerada
2º. PID
3°. Cauda degenerada
4º. Cauda fraturada
5º. Cauda enrolada
6º. Macro(micro)cefalia
Patologias
menores
1º. Cabeça isolada normal
2º. Gota proximal
3º. Gota distal
4º. Cauda dobrada
Em virtude do pequeno número de ocorrências de gotas citoplasmáticas
nos espermatozóides, as patologias de gotas citoplasmáticas proximal e distal
foram desconsideradas na análise dos dados.
4.7.1 Patologias maiores
a) Macrocefalia e microcefalia
A macrocefalia foi observada naqueles espermatozóides que
apresentavam cabeça gigante, com contorno e forma anormais, sem aparente
degeneração cromatínica ou vacuolar.
Espermatozóides com cabeça de tamanho reduzido, com contorno e
forma anormais, sem degeneração cromatínica ou vacuolar aparentes foram
considerados microcefálicos.
36
b) Cabeça degenerada
Espermatozóides com cabeça de tamanho e forma normais, mas que
apresentavam contorno irregular e ou degenerações cromatínica ou vacuolar
aparentes foram considerados possuidores de cabeça degenerada.
c) Peça intermediária degenerada (PID)
A PID consistiu das alterações em espessura (terço médio da peça
intermediária), densidade, difração e comprimento da peça intermediária,
envolvendo seu contorno e sua inserção à cabeça (colo).
d) Cauda fraturada
Células espermáticas com fratura e retenção da cauda foram
classificadas como espermatozóides com cauda fraturada.
e) Cauda fortemente enrolada
A patologia de cauda fortemente enrolada consistiu da dobradura e
enovelamento da cauda sobre si mesma ou sobre a cabeça. Foram considerados
somente os enovelamentos que pudessem comprometer intensamente a
motilidade espermática (sobre a cabeça ou com grande extensão da cauda
acometida), sendo desconsiderados enovelamentos distais discretos.
f) Cauda degenerada
Espermatozóides que apresentaram descontinuidade da cauda a partir da
peça intermediária foram considerados possuidores de cauda degenerada.
37
4.7.2 Patologias menores
a) Cabeça isolada normal
Cabeças observadas sem cauda, porém sem qualquer alteração de cabeça
foram caracterizadas como cabeça isolada normal.
b) Cauda dobrada
A patologia de cauda dobrada significou a dobradura da cauda, em
diversos graus, sem envolver a si mesma ou a cabeça.
4.8 Capacidade de fertilização espermática após o descongelamento
Uma palheta de cada tratamento foi descongelada sete dias após o
congelamento, seguindo a mesma metodologia citada anteriormente e a
motilidade espermática (%) avaliada. Foram selecionadas as palhetas de quatro
reprodutores (tanto os reprodutores como as palhetas foram selecionados
aleatoriamente). O sêmen in natura desses machos foi utilizado para a
fertilização de oócitos, a fim de se estabelecer um controle para o sêmen.
Uma alíquota de 100 µl de cada palheta foi misturada a 0,1 g de oócitos
(aproximadamente 130 oócitos) de duas fêmeas (1.200 g e 1.800 g de peso
corporal). Neste trabalho, foi utilizada uma relação média de 5,26 (desvio
padrão de 1,08) x 10
9
espermatozóides por grama de oócitos, o que equivale a,
aproximadamente, 4,36 (desvio padrão de 0,83) x 10
6
células espermáticas por
oócito, valor cerca de dez vezes o utilizado para a fertilização do sêmen in
natura.
38
Antes de sua fertilização, entretanto, os oócitos recém-extruídos foram
avaliados sob microscópio estereoscópio binocular (Olympus, modelo SZ-40)
para a observação da migração do núcleo, sendo utilizadas as desovas que
apresentassem elevada proporção de oócitos com núcleo periférico e aspecto
homogêneo. Ambas as fêmeas utilizadas tiveram seus oócitos fertilizados com o
sêmen in natura de machos de comprovada qualidade espermática, a fim de se
estabelecer um controle para as fêmeas.
A fertilização foi iniciada pela adição de 10 ml da solução ativadora,
sendo testadas a água destilada e a solução de NaHCO
3
1%. O procedimento
(“pré-incubação”) durou dois minutos e envolveu a agitação delicada da mistura
“sêmen-oócitos”, sendo aclimatada gradualmente à temperatura da água de
incubação.
Os ovos foram, então, transferidos para incubadoras experimentais de
policloreto de vinila (PVC) de 1.200 ml de capacidade, acondicionadas em
caixas de água de 1.000 litros com sistema de circulação de água constante. A
incubação se manteve sob temperatura entre 24°C e 26°C e a taxa de fertilização
foi verificada de 7 horas a 8 horas após seu início. Para a estimação da taxa de
fertilização, foram realizadas duas amostragens individuais em cada incubadora
e contados cerca de 100 ovos em estereoscópio binocular. Foi considerada a taxa
de fertilização média entre cada amostragem, segundo a fórmula:
Taxa de fertilização = [E / (E + i)] x 100;
em que:
E é o número de embriões viáveis;
i é o número de ovos inviáveis.
39
4.9 Delineamento experimental e análise estatística
Utilizaram-se delineamentos diferentes. O teste de toxicidade e o
congelamento do sêmen foram conduzidos em delineamento de blocos
casualizados (DBC) com repetição dos tratamentos, sendo quatro blocos e duas
repetições por bloco. Os tratamentos foram dispostos em uma estrutura fatorial 2
x 4 x 2 (crioprotetores, concentrações e ativadores) e o controle local (blocos)
foi exercido sobre os pesos dos diferentes reprodutores (Tabela 1A).
O modelo estatístico utilizado foi o seguinte:
y
ijkm
= µ + C
i
+ N
j
+ A
k
+ B
m
+ (CN)
ij
+ (CA)
ik
+ (NA)
jk
+ (CNA)
ijk
+ e
ijkm
em que:
y
ijkm
é a observação obtida para o sêmen diluído pelo crioprotetor i, na
concentração j e acrescido do ativador k, no bloco m;
µ é a constante associada a cada observação;
C
i
é o efeito do crioprotetor i, sendo i = 1, 2;
N
j
é o efeito da concentração j de crioprotetor, sendo j = 1, 2, 3, 4;
A
k
é o efeito do ativador k, sendo k = 1, 2;
B
m
é o efeito do bloco m, sendo m = 1, 2, 3, 4;
(CN)
ij
é o efeito da interação entre o crioprotetor i e a concentração j;
(CA)
ik
é o efeito da interação entre o crioprotetor i e o ativador k;
(NA)
jk
é o efeito da interação entre a concentração j e o ativador k;
40
(CNA)
ijk
é o efeito da interação entre o crioprotetor i, a concentração j e o
ativador k;
e
ijkm
é o erro associado a cada observação, considerado normal e
independentemente distribuído com média 0 e variância σ
2
.
A análise morfológica do sêmen foi também conduzida em um DBC
com repetição dos tratamentos, sendo três blocos e três repetições por bloco. Os
tratamentos foram dispostos em uma estrutura fatorial 2 x 4 (crioprotetores e
concentrações) e o controle local também foi exercido sobre os pesos dos
reprodutores (Tabela 2A).
O modelo estatístico utilizado foi o seguinte:
y
ijk
= µ + C
i
+ N
j
+ B
k
+ (CN)
ij
+ e
ijk
em que:
y
ijk
é a percentagem de patologia obtida para o sêmen diluído pelo crioprotetor i,
na concentração j, no bloco k;
µ é a constante associada a cada observação;
C
i
é o efeito do crioprotetor i, sendo i = 1, 2;
N
j
é o efeito da concentração j de crioprotetor, sendo j = 1, 2, 3, 4;
B
k
é o efeito do bloco k, sendo k = 1, 2, 3;
(CN)
ij
é o efeito da interação entre o crioprotetor i e a concentração j;
e
ijk
é o erro associado à percentagem de patologia obtida para o sêmen diluído
pelo crioprotetor i, na concentração j, no bloco k, considerado normal e
independentemente distribuído com média 0 e variância σ
2
.
41
A análise da capacidade fertilizante do sêmen descongelado foi
conduzida em um delineamento inteiramente casualizado (DIC). Os tratamentos
foram dispostos em uma estrutura fatorial 2 x 4 x 2 (crioprotetores,
concentrações e ativadores).
O modelo estatístico utilizado foi o seguinte:
y
ijk
= µ + C
i
+ N
j
+ A
k
+ (CN)
ij
+ (CA)
ik
+ (NA)
jk
+ (CNA)
ijk
+ e
ijk
em que:
y
ijk
é a taxa de fertilização obtida para o sêmen diluído pelo crioprotetor i, na
concentração j e acrescido do ativador k.
µ é a constante associada a cada observação;
C
i
é o efeito do crioprotetor i, sendo i = 1, 2;
N
j
é o efeito da concentração j de crioprotetor, sendo j = 1, 2, 3, 4;
A
k
é o efeito do ativador k, sendo k = 1, 2;
(CN)
ij
é o efeito da interação entre o crioprotetor i e a concentração j;
(CA)
ik
é o efeito da interação entre o crioprotetor i e o ativador k;
(NA)
jk
é o efeito da interação entre a concentração j e o ativador k;
(CNA)
ijk
é o efeito da interação entre o crioprotetor i, a concentração j e o
ativador k;
e
ijk
é o erro associado à taxa de fertilização obtida para o sêmen diluído pelo
crioprotetor i, na concentração j e acrescido do ativador k, considerado
normal e independentemente distribuído com média 0 e variância σ
2
.
42
Todas as variáveis foram analisadas com o auxílio dos programas
Statistical Analysis System (SAS, 1995) e Sistema de Análise de Variância
(SISVAR) (Ferreira, 2004).
Antes de todas as análises, as variáveis foram investigadas quanto à
homogeneidade da variância e à normalidade dos resíduos. Aquelas cujos
resíduos não apresentaram distribuição normal foram transformadas em log
10
x
para sua normalização, sendo as médias posteriormente convertidas em seu
antilogaritmo para apresentação dos resultados. Nas características em que não
se conseguiu obter normalidade residual, utilizou-se o teste não-paramétrico de
Wilcoxon para comparar as médias.
Quando significativas, as médias das concentrações de crioprotetores
foram submetidas à análise de regressão.
43
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Avaliação da toxicidade das diferentes soluções crioprotetoras antes do
congelamento
Os valores médios de motilidade das amostras de sêmen submetidas à
análise de toxicidade estão representados na Tabela 5. Não houve interação
significativa entre a concentração e os crioprotetores utilizados, entretanto, foi
possível estabelecer um comportamento quadrático (P<0,05) da concentração
(Figura 4), independentemente do tipo de crioprotetor.
TABELA 5. Médias de motilidade (%) do sêmen de curimba após a diluição
em diferentes soluções crioprotetoras e a adição de diferentes
ativadores.
Concentrações (% v:v) Ativadores
Crioprotetores
5,0 7,5 10,0 12,5
Médias
dos
criop.
Água NaHCO
3
Metanol 84 (1,0) 87 88 78 84 (1,0) 88 (1,0)
Aa
81
Bb
DMSO 88 90 88 83 87 85
Ba
90
Aa
Médias dos ativadores
86 (1,0) 86
Médias das
concentrações
1
86 (1,0) 89 88 81 86 (1,0)
A,B
Médias seguidas de letras distintas, nas linhas, diferem entre si, pelo teste F (P<0,05).
a,b
Médias seguidas de letras distintas, nas colunas, diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
1
Efeito quadrático da concentração de crioprotetores (P<0,05).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
44
O acréscimo de DMSO e a ativação concomitante por NaHCO
3
1% se
mostraram menos (P<0,01) tóxicos ao sêmen de curimba, alcançando 90% de
motilidade média. Por outro lado, as amostras acrescidas de metanol
apresentaram as maiores (P<0,01) taxas médias de motilidade quando a ativação
foi procedida pela água destilada.
Miliorini et al. (2004) verificaram que o DMSO apresentou toxicidade
para o sêmen de curimba semelhante ao metanol e ao etilenoglicol na
concentração de 10%, após 6 horas de resfriamento, a 4°C. Entretanto, o DMSO
propiciou uma redução na motilidade superior (P<0,05) ao metanol nas 42 horas
seguintes. Segundo Bedore (1999), concentrações ou períodos de estabilização
elevados de DMSO podem provocar redução significativa na qualidade do
sêmen de peixes.
De acordo com a Figura 4, concentrações superiores a 7,84%
promoveram redução na motilidade espermática, cujo valor médio máximo
estimado foi de 89,3%, a exemplo do verificado por Cruz (2001), que estimou
valores de 70% e 62% de motilidade para o sêmen de curimba diluído em meio
contendo DMSO em concentrações de 5% e 10%, respectivamente.
45
FIGURA 4. Regressão das médias de motilidade (%) do sêmen de curimba
diluído em soluções com concentrações crescentes de
crioprotetores.
Na Tabela 6 são apresentadas as médias das durações da motilidade para
o sêmen de curimba submetido à análise de toxicidade. O DMSO foi superior
(P<0,05) ao metanol quando a ativação foi realizada por NaHCO
3
1% e, neste
caso, a ativação por NaHCO
3
1% proporcionou o menor (P<0,01) efeito tóxico
em relação à água destilada, alcançando 146 segundos.
80
81
82
83
84
85
86
87
88
89
90
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentração (% v:v) de crioprotetores
Motilidade (%)
Médias observadas
y = 1,8277 + 0,0314 x - 0,0020 x
2
R
2
= 98,57%
46
TABELA 6. Médias da duração (segundos) da motilidade do sêmen de curimba
após a diluição em diferentes soluções crioprotetoras e a adição de
diferentes ativadores.
Concentrações (% v:v) Ativadores
Crioprotetores
5,0 7,5 10,0 12,5
Médias
dos
criop.
Água NaHCO
3
Metanol 73 (1,2) 75 64 54 66 (1,0) 43 (1,1)
Ba
101
Ab
DMSO 75 83 67 70 73 37
Ba
146
Aa
Médias dos ativadores
40 (1,1) 122
Médias das
concentrações
74 (1,1) 79 66 61 70 (1,1)
A,B
Médias seguidas de letras distintas, nas linhas, diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
a,b
Médias seguidas de letras distintas, nas colunas, diferem entre si, pelo teste F (P<0,05).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
Cruz (2001) também verificou que as amostras acrescidas de DMSO
apresentaram durações médias da motilidade superiores àquelas acrescidas de
etilenoglicol e propanodiol, sendo a concentração de 15% (104 segundos) a
menos tóxica quando comparada às concentrações de 5% (67 segundos) e 10%
(84 segundos). Este comportamento não foi verificado neste ensaio de
toxicidade devido a não significância da concentração de crioprotetor sobre a
duração da motilidade espermática de curimba, mas foi para as amostras
descongeladas.
O NaHCO
3
tem sido utilizado com sucesso na ativação da motilidade do
sêmen de peixes. Miliorini et al. (2002) e Murgas et al. (2003b), observaram que
amostras de sêmen de pacu e de piapara (L. obtusidens), respectivamente,
ativadas com NaHCO
3
1% e acrescidas de DMSO 10%, apresentaram taxas e
durações médias da motilidade superiores àquelas ativadas por água destilada e
acrescidas de DMSO 5%. Amostras de sêmen de peixes de água doce ativadas
47
por concentrações inferiores de NaHCO
3
parecem não responder com a mesma
qualidade de movimentação, como observado por Miliorini et al. (2005) e
Murgas et al. (2005).
Alguns ensaios de criotoxicidade, como o empregado por Cruz (2001) e
Ribeiro & Godinho (2003), podem não avaliar o real efeito dos crioprotetores
sobre as células espermáticas. Nesses trabalhos, a solução crioprotetora foi
adicionada diretamente ao sêmen na lâmina histológica, sem haver um período
de equilíbrio entre o sêmen e as soluções. Em outros estudos, como o de Maria
(2005), o sêmen foi resfriado a 4°C e mantido diluído pelas soluções
crioprotetoras por até 48 horas. Como os procedimentos que antecedem o
congelamento do sêmen de peixes geralmente despendem pouco tempo, o
período de estabilização entre o crioprotetor e o sêmen (10 minutos) empregado
no presente estudo certamente favoreceu a manutenção da qualidade seminal de
curimba, permitindo o congelamento de amostras com viabilidade assegurada.
5.2 Motilidade espermática após o descongelamento
Não houve interação entre os crioprotetores e as concentrações utilizadas
e nem entre os crioprotetores e os ativadores. Na Tabela 7, são apresentados as
porcentagens médias para a motilidade espermática após o descongelamento. As
amostras do sêmen de curimba exibiram motilidades elevadas após o
descongelamento, sobretudo aquelas acrescidas de DMSO, cujo valor médio
(77%) foi superior (P<0,01) ao proporcionado pelo metanol (68%). A solução de
NaHCO
3
1% propiciou as mais altas (P<0,01) taxas de motilidade, a exemplo
dos resultados de Cruz (2001). Uma solução de NaCl 50 mM proporcionou
menor desorganização da estrutura do flagelo espermático de carpa que a água
destilada e a mudança osmótica foi suficiente para iniciar uma motilidade mais
duradoura (Billard et al., 1995).
48
TABELA 7. Médias de motilidade (%) do sêmen de curimba após o
descongelamento.
Concentrações (% v:v) Ativadores
Crioprotetores
5,0 7,5 10,0 12,5
Médias
dos
criop.
1
Água NaHCO
3
Metanol 63 (3,8) 70 74 67 68 (1,9)
B
59 (2,7)
78
DMSO 76 78 85 69 77
A
72
82
Médias dos ativadores
2
66 (1,9)
b
80
a
Médias das
concentrações
3
69 (2,7) 74 80 68 73 (1,3)
1
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
2
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
3
Efeito quadrático da concentração de crioprotetores (P<0,05).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
A associação de DMSO 10%, glicose 5% e gema de ovo 10% tem sido
utilizada com sucesso na criopreservação do sêmen de curimba (Kavamoto et
al., 1989 e Silva, 2000). Em ensaios preliminares, entretanto, Miliorini verificou
que a utilização de gema de ovo se mostrou tóxica ao sêmen pós-
descongelamento de curimba, quando comparada à incorporação de BTS. O
diluidor BTS foi utilizado, pela primeira vez, em ensaios com preservação de
espermatozóides de peixes nos trabalhos de Franciscatto et al. (2002), com
sêmen de curimba; de Miliorini et al. (2002), com sêmen de pacu e de Murgas et
al. (2003b), com sêmen de piapara (L. obtusidens). Dadas sua eficiência na
preservação qualitativa do sêmen de peixes e a preservação da imobilidade dos
espermatozóides, vários autores (Maria, 2005; Miliorini et al., 2004, 2005;
Murgas et al., 2003b, 2004, 2005 e Oliveira, 2006) passaram a empregá-lo em
trabalhos posteriores.
49
De acordo com Cosson et al. (1999), a fosforilação oxidativa
mitocondrial é altamente requerida para produzir energia durante o batimento
flagelar dos espermatozóides e a insuficiência de ATP é uma das principais
causas da redução da motilidade espermática. Lahnsteiner et al. (1993)
verificaram que o espermatozóide de truta arco-íris utiliza triglicerídeos e
glicose como fontes primárias de energia. É provável que o sêmen de curimba
apresente metabolismo semelhante e que a concentração de glicose exógena
empregada neste estudo (3%, após a diluição do sêmen) tenha sido suficiente
para suprir as necessidades metabólicas das células espermáticas.
Embora os procedimentos experimentais sejam conduzidos com o
máximo de higiene e anti-sepsia, dificilmente consegue-se eximir o sêmen de
alguma contaminação. A gentamicina é um aminoglicosídeo bactericida
amplamente empregado contra este grupo de bactérias (Rang et al., 1997). A
concentração final calculada de sulfato de gentamicina nas amostras de sêmen
do presente trabalho (250 µg ml
-1
) foi a mesma empregada por Maria (2005).
Segundo o autor, após quatro dias de resfriamento a 4°C, a sua incorporação
promoveu uma taxa de motilidade superior aos diluidores que não possuíam o
fármaco, embora testes de quantificação e identificação de microrganismos não
tenham sido realizados.
Houve resposta quadrática (P<0,01) da motilidade do sêmen
descongelado às concentrações de crioprotetores. Como pode ser inferido a
partir do estudo de regressão apresentado na Figura 5, uma concentração média
de crioprotetor de 8,79% pode proporcionar uma média de motilidade máxima
de 77,7% para o sêmen de curimba após o descongelamento. Não ocorreu,
entretanto, interação significativa entre o tipo de crioprotetor e sua concentração.
50
FIGURA 5. Regressão das médias de motilidade (%) do sêmen de curimba após
o descongelamento, segundo as concentrações de crioprotetores.
A análise qualitativa da motilidade do sêmen descongelado (Tabela 8)
apresentou resultados semelhantes aos apresentados na Tabela 7 para a escala
quantitativa, evidenciando não existirem diferenças entre o tipo de valorização
subjetiva, desde que ela seja criteriosa e realizada pelo mesmo avaliador.
Também não foi observada interação significativa entre o crioprotetor e
o ativador empregados, nem entre o crioprotetor e a concentração empregada.
Individualmente, a adição de DMSO e a ativação da motilidade por NaHCO
3
1%
proporcionaram escalas médias de motilidade correspondentes a 4,1 e 4,3,
respectivamente, sendo superiores (P<0,05), nessa ordem, ao metanol (3,6) e à
água destilada (3,8).
66
68
70
72
74
76
78
80
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentração (% v:v) de crioprotetores
Motilidade (%)
Médias observadas
y = 27,945 + 11,322 x - 0,644 x
2
R
2
= 79,51%
51
TABELA 8. Médias de motilidade (0-5) do sêmen de curimba após o
descongelamento.
Concentrações (% v:v) Ativadores
Crioprotetores
5,0 7,5 10,0 12,5
Médias
dos
criop.
1
Água NaHCO
3
Metanol 3,5 (0,2) 3,9 4,1 3,7 3,8 (0,1)
B
3,3 (0,1)
4,2
DMSO 4,0 4,2 4,6 3,7 4,1
A
3,8
4,4
Médias dos ativadores
2
3,6 (1,9)
b
4,3
a
Médias das
concentrações
3
3,8 (0,1) 4,0 4,2 3,7 4,0 (0,1)
1
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, pelo teste F (P<0,05).
2
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, pelo teste F (P<0,05).
3
Efeito quadrático da concentração de crioprotetores (P<0,01).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
A análise de regressão da escala qualitativa da motilidade do sêmen de
curimba (Figura 6) também apresentou um comportamento quadrático (P<0,01),
em que uma concentração de crioprotetor de 8,76% é capaz de proporcionar uma
motilidade máxima de grau 4,2. Esta concentração predita é praticamente igual à
estimada para a motilidade em escala quantitativa (8,79%) e corrobora a
similaridade entre as escalas.
52
FIGURA 6. Regressão das médias de motilidade (0-5) do sêmen de curimba
após o descongelamento, segundo as concentrações de
crioprotetores.
Os resultados para a motilidade após o descongelamento confirmam que
a taxa de descongelamento foi adequada ao sêmen de curimba, como em outros
trabalhos (Maria, 2005; Miliorini et al., 2005). A comparação entre os resultados
destes estudos e os obtidos por Cruz (2001), com uma taxa de descongelamento
de 30°C por 14 segundos, sugere que os espermatozóides de peixes são células
com relativa resistência a variações de temperaturas e que sua membrana
citoplasmática apresenta elevada hidrossolubilidade. Pode-se inferir, ainda, que
os meios intracelular e extracelular, em interação com os crioprotetores
utilizados, apresentem refratariedade à formação de cristais de gelo em um
intervalo térmico compreendido, ao menos, entre 30°C e 60°C.
Marques (2001) utilizou uma diluição de 200 vezes para a ativação da
motilidade espermática de curimba. Segundo Billard & Cosson (1992), Billard
3,6
3,7
3,8
3,9
4
4,1
4,2
4,3
4,4
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentração (% v:v) de crioprotetores
Motilidade (0-5)
Médias observadas
y = 1,547 + 0,613 x - 0,035 x
2
R
2
= 81,33%
53
et al. (1993) e Cosson et al. (1999) e, nessas condições, observa-se ativação
completa e homogênea do movimento dos espermatozóides. A diluição
empregada neste trabalho equivaleu a 4 vezes para o sêmen in natura e 16 vezes
para o descongelado e, ao microscópio óptico, houve ativação de todas as células
espermáticas do sêmen in natura. Evidentemente, para se evitarem
superestimações, foi procedida a avaliação de vários campos em diferentes
estratos da gota de mistura.
Os resultados para as durações médias da motilidade espermática após o
descongelamento (Tabela 9) mostram que tanto ativadores como crioprotetores
não interagiram estatisticamente.
TABELA 9. Médias da duração (segundos) da motilidade do sêmen de curimba
após o descongelamento.
Concentrações (% v:v) Ativadores
Crioprotetores
5,0 7,5 10,0 12,5
Médias
dos
criop.
Água NaHCO
3
Metanol 40 (1,1) 43 47 53 45 (1,0)
29 (1,1)
Ba
72
Ab
DMSO 48 54 62 38 50
25
Ba
99
Aa
Médias dos ativadores
27 (1,1) 84
Médias das
concentrações
1
43 (1,1) 48 54 45 48 (1,0)
A,B
Médias seguidas de letras distintas, nas linhas, diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
a,b
Médias seguidas de letras distintas, nas colunas, diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
1
Efeito linear da concentração de metanol (P<0,05) e efeito quadrático da concentração de
DMSO (P<0,01).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
54
O DMSO, como crioprotetor e o NaHCO
3
1%, como ativador,
propiciaram as maiores durações para a motilidade pós-congelamento (99
segundos), quando utilizados concomitantemente (P<0,01).
Comparando-se os resultados das Tabelas 6 e 9, pode-se constatar que o
congelamento pouco afetou a duração da motilidade espermática. Considerando-
se as durações de motilidade do sêmen in natura (Anexo A), pode-se inferir que
o acréscimo de glicose contida no diluidor BTS favoreceu o metabolismo
energético das células espermáticas.
Ainda em relação aos resultados apresentados na Tabela 9, foi obtida
uma interação (P<0,01) entre a concentração e o tipo de crioprotetor empregado
em relação à duração da motilidade do sêmen de curimba após o
descongelamento. As concentrações de metanol e de DMSO apresentaram
comportamentos linear (Figura 7) e quadrático (Figura 8), respectivamente.
Como evidenciado na Figura 7, à medida que se elevou a concentração
de metanol, houve um aumento (P<0,05) correspondente na duração da
motilidade espermática de curimba pós-congelamento, dentro dos limites das
concentrações estudadas, sendo que, com a adição de uma concentração de
12,5%, a duração média esperada é de 50,9 segundos e, para cada incremento de
1% de crioprotetor, corresponde um aumento esperado na duração da motilidade
de 1,45 s.
55
FIGURA 7. Regressão das médias da duração (segundos) da motilidade do
sêmen de curimba após o descongelamento, segundo as
concentrações de metanol.
O gráfico da Figura 8 representa a duração da motilidade espermática
pós-congelamento em função da concentração de DMSO empregada, segundo a
qual, a concentração de 8,37% pode proporcionar (P<0,05) uma duração média
máxima esperada de 60,9 segundos.
O metanol e o DMSO, nas concentrações de 12,5% e 8,37%,
respectivamente, podem ter exercido uma melhor proteção sobre as membranas
do sistema mitocondrial, diminuindo os danos durante o congelamento e ou
descongelamento e promovendo uma extensão do tempo de batimento flagelar.
y = 32,6588 + 1,4555 x
r
2
= 98,40%
0
10
20
30
40
50
60
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentração (% v:v) de metanol
Duração (s)
Médias observadas
y = 32,6588+ 1,4555 x
r
2
=98,40%
56
FIGURA 8. Regressão das médias da duração (segundos) da motilidade do
sêmen de curimba após o descongelamento, segundo as
concentrações de DMSO.
Cosson et al. (1999) e Legendre et al. (1996) comentam que a duração da
motilidade espermática em peixes teleósteos de água doce é muito curta e muito
variada entre as espécies. Entretanto, cabe descobrir qual a duração mínima
necessária à obtenção de índices reprodutivos satisfatórios.
Ensaios desta natureza são difíceis e poderiam ser conduzidos
agrupando-se animais com faixas de duração semelhantes e medindo a resposta
sobre taxas de fertilização e eclosão. No entanto, é mais prático e fidedigno
partir do pressuposto de que a duração da motilidade do sêmen in natura é
aquela que se adapta à biologia dos oócitos, mesmo sob condições mais
controladas que as do habitat natural. Assim, as durações médias da motilidade
do sêmen in natura de curimba estimadas por alguns autores foram de 612
segundos (Cóser et al., 1984), 152 segundos (Murgas et al., 1998), 111 segundos
0
10
20
30
40
50
60
70
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentração (% v:v) de DMSO
Duração (s)
Médias observadas
y = 1,0494 + 0,1757 x - 0,0105 x
2
R
2
= 83,78%
57
(Cruz, 2001), 96 segundos (Franciscatto et al., 2002) e 43 segundos
(Franciscatto et al., 2002). A variação entre esses trabalhos pode ser explicada,
principalmente, pelo momento considerado como término da motilidade. Por
exemplo, Murgas et al. (1998) consideraram a duração até que uma taxa de
motilidade de 50% fosse alcançada, enquanto Fransciscatto et al. (2002)
consideraram uma taxa de motilidade de 10%. É claro que o caráter subjetivo da
análise e as condições individuais dos reprodutores interferem na estimativa da
duração e na taxa de motilidade espermática. Outra explicação reside no fato de
que reprodutores no pico reprodutivo tendem a produzir mostras seminais com
taxas e durações da motilidade mais elevadas.
5.3 Morfologia espermática após o descongelamento
Não foi verificada diferença significativa entre nenhum dos
crioprotetores ou entre as concentrações destes sobre as patologias menores
(Tabela 10). Os dados indicam que houve uma redução linear (P<0,05) na
ocorrência de patologias totais com o aumento da concentração dos
crioprotetores, porém, sem interação entre o tipo e a concentração de
crioprotetor utilizado.
A percentagem média de patologias totais observada no sêmen in natura
(3%) foi muito inferior às observadas por Kavamoto et al. (1999) e Moraes et al.
(2004) e Murgas et al. (1998), que constatararam uma ocorrência de 7,22%,
9,54% e 40,2% de patologias totais no sêmen in natura de curimba,
respectivamente. Estes resultados confirmam que a análise morfológica dos
espermatozóides de peixes também reflete variações ambientais e genéticas,
além de sugerir que foram moderadas as porcentagens de patologias totais
observadas no sêmen descongelado (29,5%).
58
TABELA 10. Médias das patologias (%) do sêmen de curimba após o
descongelamento.
Alterações morfológicas (%)
Crioprotetores Concentrações (% v:v)
Maiores
1
Menores
NS
Totais
5,0 37,8 (3,8) 3,6 (0,6) 41,3 (3,8)
7,5 28,1 2,3 30,4
10,0 24,0 1,5 25,6
Metanol
12,5 27,0 3,2 30,2
5,0 28,7 2,6 31,2
7,5 24,6 2,4 27,0
10,0 24,8 1,3 26,1
DMSO
12,5 23,2 1,1 24,3
Média
27,3
(1,4) 2,3 (0,2) 29,5 (1,3)
Sêmen in natura
1,8
(0,8) 1,2 (0,4) 3,0 (0,8)
Maiores Menores Totais
2
5,0 33,2 (2,7) 3,1 (0,4) 36,3 (2,7)
7,5 26,3 2,4 28,7
10,0 24,4 1,4 25,8
Médias dos
crioprotetores
12,5 25,1 2,2 27,3
NS
Efeito não significativo das concentrações de crioprotetores (P>0,05).
1
Efeito não significativo entre as concentrações de crioprotetores (P>0,05), mas significativo
sobre as patologias de cauda fortemente enrolada e degenerada (P<0,05).
2
Efeito linear da concentração de crioprotetores (P<0,05).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
O incremento na concentração de crioprotetor, dentro dos limites
estudados, promoveu um efeito protetor (P<0,05) sobre os espermatozóides,
tendo a concentração de 12,5% permitido a ocorrência de somente 25% de
patologias totais (Figura 9).
A metodologia empregada neste estudo ratifica que a adição dos
crioprotetores estudados ao sêmen de curimba proporciona um efeito protetor
sobre as características bioquímicas, refletindo nos aspectos físicos das células
espermáticas após o descongelamento, em que um incremento de 1% de
crioprotetores pode proporcionar uma redução de aproximadamente 1,2% de
patologias totais.
59
FIGURA 9. Regressão das médias das patologias totais (%) do sêmen de
curimba, após o descongelamento, segundo as concentrações de
crioprotetores.
Segundo o Colégio Brasileiro de Reprodução Animal (1998), índices de
espermatozóides com anormalidades acima de 30%, 30% e 20% são
inapropriados à inseminação artificial de bovinos, eqüinos e suínos,
respectivamente. Como a fecundação artificial em curimba envolve a utilização
de uma elevada proporção entre espermatozóides e oócitos em um ambiente
controlado, é provável que o porcentual crítico de anormalidades espermáticas
de peixes de fecundação externa oscile em torno de 50%.
Entre as patologias maiores, somente aquelas de cauda degenerada e
cauda fortemente enrolada evidenciaram diferenças estatísticas, em função do
crioprotetor utilizado no congelamento do sêmen de curimba. Analisando-se a
Tabela 11, pode-se observar que o DMSO permitiu ummero menor de
patologias em ambos os casos, com 3,6% e 0,2% de patologias de cauda
0
10
20
30
40
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentração (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Médias observadas
y = 39,989 - 1,195 x
r
2
= 68,80%
60
fortemente enrolada e cauda degenerada, respectivamente, contra 5,5% e 0,8%
observados nas amostras diluídas por meio contendo metanol (P<0,05). As
patologias de cauda fortemente enrolada e cauda degenerada podem
comprometer a fertilização, principalmente por se tratarem de defeitos maiores.
A utilização de DMSO reduziu a ocorrência destes defeitos, o que pode refletir
em taxas de fertilização e eclosão superiores, desconsiderando os fatores
relativos aos oócitos.
TABELA 11. Médias das patologias de cauda fortemente enrolada e cauda
degenerada (%) do sêmen descongelado de curimba em relação
ao crioprotetor utilizado.
Alterações morfológicas
Crioprotetor
Cauda fortemente enrolada
1
Cauda degenerada
2
Metanol 5,5
B
0,8
B
DMSO 3,6
A
0,2
A
1
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste F (P<0,05).
2
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Wilcoxon (P<0,01).
Os fatores estudados não influenciaram o aparecimento das demais
patologias, que foi em número reduzido. Entre elas, a patologia de cabeça
degenerada foi aquela de maior freqüência, tendo sido verificados 24,7% e
15,4% nas amostras acrescidas de metanol 5% e DMSO 7,5%, respectivamente.
As patologias de microcefalia, cauda degenerada e PID não foram
observadas no sêmen in natura (Figura 10A), mas o congelamento provocou o
desenvolvimento das patologias de cauda degenerada e PID. As patologias
maiores observadas no sêmen descongelado estão representadas pelos gráficos
da Figura 10B-D e da Figura 11. Na Figura 12A estão representados os gráficos
das patologias menores observadas no sêmen in natura e, nas Figuras 12B-D, os
gráficos daquelas verificadas nos espermatozóides após o descongelamento.
61
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Cabeça
degenerada
Macrocefalia Cauda
fraturada
Cauda
enrolada
Tipos de Patologias
Patologias (%)
0
7
14
21
28
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
FIGURA 10. Médias das patologias maiores (%) do sêmen de curimba. (A) Sêmen in natura. (B) Patologias maiores
(total). (C) Cabeça degenerada. (D) Macrocefalia. Os traçados se referem ao erro padrão da média.
0
9
18
27
36
45
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
A
B
C
D
61
62
0
1
2
3
4
5
6
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v/v) de crioprotetor
Patologias (%)
Metanol DMSO
0
0,3
0,6
0,9
1,2
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
FIGURA 11. Médias das patologias maiores (%) do sêmen de curimba. (A) Cauda fortemente enrolada. (B) Cauda
fraturada. (C) Cauda degenerada. (D) PID. Os traçados se referem ao erro padrão da média.
0
1,7
3,4
5,1
6,8
8,5
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
A
C
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
D
B
62
63
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
Cabeça
isolada
Gota proximal Gota distal Cauda
dobrada
Tipos de Patologias
Patologias (%)
0
0,5
1
1,5
2
2,5
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
FIGURA 12. Médias das patologias menores (%) do sêmen de curimba. (A) Sêmen in natura. (B) Patologias menores
(total). (C) Cabeça isolada. (D) Cauda dobrada. Os traçados se referem ao erro padrão da média.
C
D
0
0,9
1,8
2,7
3,6
4,5
5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de crioprotetores
Patologias (%)
Metanol DMSO
A
B
63
64
Outras considerações podem ser feitas, observando-se os resultados
médios das outras patologias apresentadas nos gráficos das Figuras 10, 11 e 12,
levando-se em conta o segmento do espermatozóide afetado, as quais são
descritas a seguir.
a) Alterações de cabeça
Como comentado anteriormente, a patologia de cabeça degenerada
(Figuras 13A-C e 14A-B) apresentou a maior freqüência entre todas as
anormalidades espermáticas consideradas. A concentração de 10% dos
crioprotetores testados promoveu as menores freqüências de porcentagens de
cabeça isolada normal (Figura 15A), com 0,89% (metanol) e 0,22% (DMSO).
Esta patologia foi a mais freqüente (28,0%) entre as observadas por Kavamoto
et al. (1999) no sêmen in natura de curimba. Segundo os autores, no momento
da coleta, as células, possivelmente, se encontravam em uma fase de transição
entre espermátides e espermatozóides. O reduzido porcentual de cabeças
isoladas, observado no gráfico da Figura 12C, reforça a hipótese de que os
reprodutores se encontravam no ápice da estação reprodutiva.
Houve muita variação entre as concentrações de crioprotetores e as
porcentagens de macrocefalia observadas, tendo o metanol promovido um
índice mínimo de 0,11%, enquanto nenhuma das amostras acrescidas DMSO
apresentou tal anormalidade. Atribui-se esta variação ao influxo de líquido para
o citoplasma devido a uma possível hipotonicidade da solução de formol-citrato
utilizada na fixação dos espermatozóides. Este efeito pode ser minimizado pelo
tamponamento dessa solução fixadora e pela correção de sua isotonicidade.
65
FIGURA 13. Patologias espermáticas maiores. A. Cabeças degeneradas; B.
Cabeças degeneradas e cauda fortemente dobrada; C. Cabeça e
peça intermediária degeneradas; D. Cauda fraturada; E. Cauda
degenerada; F. Cauda fortemente enrolada.
A
A
B
B
C
C
E
E
F
F
D
D
66
FIGURA 14. Patologias espermáticas maiores. A. Cabeça com contorno
anormal (degenerada) e peça intermediária degenerada (PID); B.
Cabeça isolada com contorno anormal (degenerada); C e D.
Peças intermediárias degeneradas; E. Cauda degenerada; F.
Cauda fortemente enrolada.
A
A
B
B
C
C
E
E
F
F
D
D
67
FIGURA 15. Patologias espermáticas menores. A. Cabeça isolada e com
contorno normal; B. Gota citoplasmática proximal; C e D. Gotas
citoplasmáticas distais; E. Caudas dobradas; F. Cauda enrolada
distalmente.
A
A
B
B
C
C
E
E
F
F
D
D
68
b) Alterações de peça intermediária - PID
Com relação à ocorrência de PID (Figuras 13C, 14A, 14C e 14D), a
elevação na concentração de crioprotetores de 5% para 10% promoveu redução
média de 60% (de 4,67% para 1,89%) e de 28% (de 3,22% para 2,33%) nas
amostras contendo metanol e DMSO, respectivamente. Esta patologia é,
provavelmente, conseqüência da desestabilização das membranas lipoprotéicas
das células espermáticas, sobretudo das mitocôndrias, por influência do
congelamento. Este é o primeiro relato na literatura enfocando a ocorrência de
PID em espermatozóides de peixes.
c) Alterações de cauda
As concentrações mais baixas de crioprotetores promoveram as menores
porcentagens de cauda degenerada (Figuras 13E e 14E), equivalendo a 0,56%
para as amostras contendo metanol e não sendo verificada esta patologia nas
amostras acrescidas de DMSO. De acordo com os dados apresentados no
gráfico da Figura 11C, é possível inferir um efeito tóxico do metanol e do
DMSO superior ao seu efeito protetor sobre esse tipo de patologia, apesar de os
valores médios de ambos os crioprotetores em quaisquer concentrações não
comprometerem o potencial fecundante de uma amostra seminal descongelada.
Contrariamente ao observado para a patologia de cauda degenerada, os
crioprotetores, na concentração de 5%, propiciaram a maior ocorrência (7,22%
e 4,67% para o metanol e para o DMSO, respectivamente) de cauda fortemente
enrolada (Figuras 13F e 14F). Este comportamento corrobora o efeito protetor
da adição de crioprotetores sobre a estabilidade da membrana citoplasmática do
espermatozóide de curimba.
O metanol e o DMSO promoveram as menores porcentagens de cauda
dobrada (Figuras 13B e 15E) na concentração de 10% (0,56%), à semelhança do
que ocorreu para a patologia de cabeça isolada. As anormalidades morfológicas
69
da peça intermediária e da cauda causam alterações progressivas na motilidade,
aumentando o número de espermatozóides com movimentos circulares ou
oscilatórios e, consequentemente, a taxa de fertilização (Moraes et al., 2004).
Estes autores não verificaram a ocorrência de gotas citoplasmáticas distais no
sêmen in natura de curimba. As amostras seminais dos reprodutores utilizados
neste trabalho apresentaram valores médios de gotas proximais (Figura 15B) e
distais (Figuras 15 C e 15D) inferiores a 0,1%, após o descongelamento, e,
mesmo o sêmen in natura apresentou elevada homogeneidade entre os animais,
indicando que os mesmos se encontravam em um mesmo estágio de maturação
gonadal.
Os valores médios de cauda fraturada (Figura 13D), bem como das
demais patologias de cauda descritas, podem ser considerados reduzidos e
incapazes de comprometer a qualidade de uma amostra seminal. Percentuais
elevados de anormalidades, como cauda fraturada e cabeça isolada, podem estar
relacionados ao procedimento de preparação de lâminas de esfregaços (Moraes
et al., 2004). Estes autores, assim como Kavamoto et al. (1999), realizaram a
análise morfológica do sêmen de curimba por meio da confecção de esfregaços
corados, avaliando, assim, a ocorrência de patologias primárias ou secundárias
no sêmen in natura e constatando elevada freqüência dessas patologias. Estas
alterações, em contrapartida, não devem ser classificadas em defeitos primários
ou secundários, mas em maiores ou menores, uma vez que peixes são
destituídos de epidídimos.
O procedimento de avaliação de sêmen de mamíferos envolve a análise
morfopatológica dos espermatozóides e é considerada fundamental à
caracterização das amostras seminais (Hafez, 2004; Herman et al., 1994).
Todavia, os critérios utilizados para a avaliação do sêmen de peixes tem-se
baseado em exames de motilidade, concentração espermática e percentagem de
espermatozóides vivos e mortos, sem considerar a ocorrência de defeitos
70
morfológicos nas células espermáticas (Kavamoto et al., 1999), e os exames que
abordam esse parâmetro após a criopreservação restringem-se, praticamente, a
mudanças ultra-estruturais nos espermatozóides de peixes (Taddei et al., 2001;
Yao et al., 2000).
5.4 Capacidade de fertilização do sêmen descongelado
A análise estatística dos dados médios de fertilização não detectou
diferença significativa entre os ativadores, nem interação significativa entre os
crioprotetores e as concentrações testadas. Entretanto, observou-se maior
(P<0,05) taxa de fertilização nas amostras acrescidas de metanol em relação
àquelas amostras acrescidas de DMSO (em média, 53% maiores). Os resultados
estão resumidos na Tabela 12.
TABELA 12. Médias de fertilização (%) do sêmen de curimba após o
descongelamento.
Concentrações (% v:v) Ativadores
Crioprotetores
5,0 7,5 10,0 12,5
Médias
dos
criop.
1
Água NaHCO
3
Metanol 36,9 27,8 35,2 32,7 33,1 (4,2)
A
45,5
19,8
DMSO 22,3 17,1 15,7 7,1 15,6
B
4,9
9,9
Médias dos ativadores
30,0
18,7
Médias das
concentrações
29,6 22,4 25,4 20,0 24,4
1
Médias seguidas de letras distintas diferem entre si, pelo teste F (P<0,01).
Valores entre parênteses referem-se ao erro padrão da média.
71
As taxas de motilidade espermática e as taxas de fertilização oscilaram
pouco e, aparentemente, apresentaram uma relação direta entre si, sobretudo
para as amostras acrescidas de DMSO. De acordo com os gráficos da Figura 16,
o sêmen in natura apresentou taxa de fertilização reduzida em relação à taxa de
motilidade, evidenciando, provavelmente, uma influência da qualidade dos
oócitos sobre a fecundação e ou sobre o desenvolvimento embrionário inicial.
Comportamento semelhante, porém, menos acentuado, foi observado
para as amostras descongeladas acrescidas de metanol. Uma vez que o metanol
proporcionou as maiores durações médias da motilidade espermática pós-
descongelamento (Figura 16B), pode-se supor que as taxas de fertilização
também superiores sejam devido à prolongada capacidade de movimentação das
células espermáticas, tendo em vista a maior probabilidade de penetração em
micrópilas ainda patentes.
Segundo Cóser et al. (1987), as taxas de fertilização para o sêmen
descongelado são, em geral, mais baixas que aquelas obtidas a partir do sêmen
in natura. Assim, Kavamoto et al. (1989) já haviam obtido taxas de fertilização
de 78% com o sêmen descongelado e 92% com o sêmen de curimba in natura,
enquanto Cóser et al. (1992) obtiveram taxas de fertilização para o sêmen
descongelado de curimatã-pacu (Prochilodus marggravii) de até 84% em
relação àquela a partir de amostras de sêmen fresco.
Analisando os gráficos A e B da Figura 16 e, somando-se aos resultados
controversos encontrados pelos diferentes autores supracitados, verifica-se uma
influência significativa de fatores ambientais sobre a taxa de fertilização da
curimba, sobretudo a qualidade dos oócitos utilizados, tendo em vista os
excelentes resultados de motilidade espermática encontrados após o
descongelamento.
72
FIGURA 16. Médias de motilidade (%), duração (segundos) e fertilização (%)
do sêmen de curimba, antes e após o congelamento, acrescido de
concentrações crescentes de (A) metanol e de (B) DMSO.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
In natura 5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de metanol
Valores (% ou segundos)
Motilidade (%) Motilidade (s) Fertilização (%)
A
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
In natura 5,0 7,5 10,0 12,5
Concentrações (% v:v) de DMSO
Valores (% ou segundos)
Motilidade (%) Motilidade (s) Fertilização (%)
B
73
Silva (2000), em seu estudo de criopreservação do sêmen de curimba,
obteve taxas de fertilização do sêmen in natura e descongelado semelhantes
(49% e 56%, respectivamente), a exemplo do verificado no presente estudo, em
que as taxas médias de fertilização do sêmen descongelado foram semelhantes
às observadas para o sêmen in natura (40%), porém inferiores às das amostras
em relação às fêmeas utilizadas (76%). Portanto, é possível inferir que houve
manutenção da capacidade fertilizante do sêmen pós-congelamento e que a taxa
de fertilização foi influenciada decisivamente pelas fêmeas utilizadas neste
estudo.
As porcentagens reduzidas de patologias morfológicas observadas no
sêmen após o descongelamento favoreceram a manutenção das taxas de
fertilização do sêmen descongelado (em comparação às verificadas para o
sêmen in natura). Embora o DMSO tenha promovido um menor índice de
patologias totais, as porcentagens observadas nas amostras acrescidas de
metanol foram também reduzidas e não influenciaram a taxa de fertilização,
tendo em vista o efeito compensatório promovido pela elevada relação entre
espermatozóides e oócitos.
A taxa de fertilização é uma variável muito importante na avaliação de
protocolos reprodutivos em peixes, porém, torna-se ideal a realização de estudos
relacionando também a eclodibilidade e a taxa de sobrevivência de larvas
oriundas da fertilização de oócitos por células espermáticas criopreservadas.
Oliveira (2006) constatou taxas de eclosão semelhantes entre oócitos
fertilizados por sêmen de dourado in natura e criopreservado. O autor não
avaliou, contudo, o porcentual de sobrevivência das larvas eclodidas ou o
porcentual de larvas com alterações físicas. Além da redução na taxa de eclosão,
as anormalidades morfológicas dos espermatozóides poderiam propiciar o
aparecimento de alterações estruturais de larvas recém-eclodidas,
comprometendo sua sobrevivência.
74
Silveira (2000) propôs um efeito tóxico do NaHCO
3
sobre os oócitos de
B. cephalus. Isso não foi verificado no presente trabalho, uma vez que não foi
detectada diferença significativa entre os ativadores testados. A aglutinação dos
oócitos no fundo do recipiente provocada pelo NaHCO
3
1% não comprometeu a
qualidade da fertilização, sendo desfeita, no presente estudo, pela
homogeneização mais severa do precipitado. Cruz (2001) concluiu que, além de
atóxico, o NaHCO
3
proporcionou taxas de fertilização do sêmen de curimba
superiores às das amostras ativadas por água destilada, água corrente e soluções
salinas de NaCl. Estes resultados, provavelmente, se devem à maior proporção
de espermatozóides móveis e ou à maior duração da motilidade espermática
proporcionada pela solução de NaHCO
3
.
75
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A definição da metodologia ideal de criopreservação deve envolver a
utilização de amostras de sêmen descongeladas na rotina das estações de
piscicultura, propiciando a obtenção de dados zootécnicos com elevado número
de repetições em uma mesma época reprodutiva e entre diferentes épocas.
Decerto, as condições de cada estação de piscicultura estabelecem uma interação
entre a unidade produtiva e a biotecnologia empregada na criopreservação
seminal.
O conhecimento do número de patologias totais, bem como das
proporções ideais de espermatozóides vivos e mortos e de espermatozóides por
oócito, representará um importante avanço rumo ao conhecimento e ao
estabelecimento de doses mínimas de amostras de sêmen capazes de produzir
taxas de fertilização, eclodibilidade e sobrevivência de larvas satisfatórias e com
elevada repetibilidade.
Seguindo o exemplo da comercialização de doses inseminantes de
valiosos reprodutores de algumas espécies de mamíferos, a determinação de
“doses fertilizantes” de sêmen de peixes com elevada qualidade pode originar
um novo tipo de mercado e representar um profundo incremento no
melhoramento genético de espécies criadas intensivamente.
76
7 CONCLUSÕES
Sob as condições em que este experimento foi realizado, pode-se
concluir que:
o protocolo de criopreservação do sêmen de curimba deve envolver a
utilização de dimetilsulfóxido, na concentração de 8,5%, como solução
crioprotetora;
o NaHCO
3
1% deve ser utilizado como solução ativadora da motilidade dos
espermatozóides de curimba após o descongelamento;
a taxa de fertilização não deve ser considerada isoladamente na
caracterização da qualidade pós-congelamento do sêmen de peixes;
podem ser utilizadas tanto a escala porcentual como a quantitativa na
valorização da motilidade do sêmen de peixes.
77
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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90
ANEXOS
ANEXO A Página
TABELA 1A
Taxa e duração da motilidade e concentração do sêmen in
natura dos reprodutores de curimba utilizados na avaliação
da toxicidade de soluções crioprotetoras e no
descongelamento...................................................................
92
TABELA 2A
Taxa e duração da motilidade e concentração do sêmen in
natura dos reprodutores de curimba utilizados na análise
morfológica após o descongelamento................................... 92
ANEXO B
TABELA 1B
Análise de variância do efeito da adição de diferentes
soluções crioprotetoras sobre a motilidade (%) espermática
(variável transformada em log
10
x)......................................... 93
TABELA 2B
Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações
de crioprotetores sobre a motilidade (%) espermática
(variável transformada em log
10
x)......................................... 93
TABELA 3B
Análise de variância do efeito da adição das diferentes
soluções crioprotetoras sobre a duração (segundos) da
motilidade espermática (variável transformada em log
10
x)..
94
TABELA 4B
Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
motilidade (%) espermática................................................... 94
TABELA 5B
Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações
de soluções crioprotetoras sobre a motilidade (%) do
sêmen descongelado.............................................................. 95
TABELA 6B
Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
motilidade (0-5) espermática.................................................
95
TABELA 7B
Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações
de soluções crioprotetoras sobre a motilidade (0-5) do
sêmen descongelado.............................................................. 95
91
Página
TABELA 8B
Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
duração (segundos) da motilidade (variável transformada
em log
10
x).............................................................................. 96
TABELA 9B
Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações
de DMSO sobre a duração (segundos) da motilidade do
sêmen descongelado (variável transformada em log
10
x).......
96
TABELA 10B
Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações
de metanol sobre a duração (segundos) da motilidade do
sêmen descongelado (variável transformada em log
10
x).......
96
ANEXO C
TABELA 1C
Análise de variância do efeito do congelamento sobre as
patologias totais (%) observadas nos espermatozóides......... 97
TABELA 2C
Análise de regressão do efeito das concentrações de
soluções crioprotetoras sobre as patologias totais (%)
observadas nos espermatozóides........................................... 97
TABELA 3C
Análise de variância do efeito do congelamento sobre as
patologias menores (%) observadas nos espermatozóides.... 97
TABELA 4C
Análise de variância do efeito do congelamento sobre as
patologias maiores (%) observadas nos espermatozóides..... 98
TABELA 5C
Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
patologia de cauda enrolada (%) observada nos
espermatozóides.................................................................... 98
TABELA 6C
Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
patologia de cauda degenerada (%) observada nos
espermatozóides....................................................................
98
ANEXO D
TABELA 1D
Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
fertilização (%) do sêmen de curimba................................... 99
92
ANEXO A
TABELA 1A. Taxa e duração da motilidade e concentração do sêmen in natura
dos reprodutores de curimba utilizados na avaliação da
toxicidade de soluções crioprotetoras e no descongelamento.
Blocos Peso (g) Taxa (%) Duração (s)
Concentração
(x 10
9
sptz ml
-1
)
700 100 47 27,0
1
700 100 57 47,5
1500 100 40 34,0
2
1500 100 70 41,0
1600 100 55 38,0
3
1700 100 47 14,5
2000 100 55 20,0
4
2000 100 66 28,5
Média ± dp
1463 ± 509 100 ± 0 54 ± 10 31,3 ± 10,9
dp: desvio padrão.
TABELA 2A. Taxa e duração da motilidade e concentração do sêmen in natura
dos reprodutores de curimba utilizados na análise morfológica
após o descongelamento.
Blocos Peso (g) Taxa (%) Duração (s)
Concentração
(x 10
9
sptz ml
-1
)
600 100 68 70,0
700 100 47 27,0
1
700 100 57 47,5
1500 100 40 34,0
1600 100 55 38,0
2
1700 100 47 14,5
1900 100 47 56,0
2000 100 55 20,0
3
2000 100 66 28,5
Média ± dp
1411 ± 584 100 ± 0 57 ± 9 37,3 ± 17,8
dp: desvio padrão.
93
ANEXO B
TABELA 1B. Análise de variância do efeito da adição de diferentes soluções
crioprotetoras sobre a motilidade (%) espermática (variável
transformada em log
10
x).
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 3 0,00992 0,0453
CRIOPROTETOR (C) 1 0,00676 0,1721
CONCENTRAÇÃO (N) 3 0,01006 0,0431
ATIVADOR (A) 1 0,00007 0,8900
C*N 3 0,00140 0,7600
C*A 1 0,03168 0,0036
C / Água destilada (1) 0,00449 0,2652
C / NaHCO
3
1% (1) 0,03414 0,0026
A / Metanol (1) 0,01692 0,0319
A / DMSO (1) 0,01478 0,0447
N*A 3 0,00191 0,6601
C*N*A 3 0,00446 0,2968
Resíduo 102 0,00358
CV (%) 3,1
TABELA 2B. Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações de
crioprotetores sobre a motilidade (%) espermática (variável
transformada em log
10
x).
Causas de
variação
Graus de liberdade Quadrado médio Pr>Fc
b1 1 0,01268 0,0620
b2 1 0,01890 0,0230
Desvio 1 0,00046 0,7210
Resíduo 102 0,00357
94
TABELA 3B. Análise de variância do efeito da adição das diferentes soluções
crioprotetoras sobre a duração (segundos) da motilidade
espermática (variável transformada em log
10
x).
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 3 0,20404 0,0848
CRIOPROTETOR (C) 1 0,07002 0,3797
CONCENTRAÇÃO (N) 3 0,08102 0,4437
ATIVADOR (A) 1 7,52600 0,0000
C*N 3 0,01748 0,9005
C*A 1 0,39294 0,0390
C / Água destilada (1) 0,06561 0,3951
C / NaHCO
3
1% (1) 0,39734 0,0379
A / Metanol (1) 2,23980 0,0000
A / DMSO (1) 5,67913 0,0000
N*A 3 0,06596 0,5346
C*N*A 3 0,07120 0,5014
Resíduo 109 0,09001
CV (%) 16,3
TABELA 4B. Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
motilidade (%) espermática.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 3 1151,23698 0,0029
CRIOPROTETOR (C) 1 2320,50781 0,0020
CONCENTRAÇÃO (N) 3 869,98698 0,0132
ATIVADOR (A) 1 6398,63281 0,0000
C*N 3 146,02865 0,5980
C*A 1 508,00781 0,1421
N*A 3 402,27865 0,1648
C*N*A 3 144,98698 0,6009
Resíduo 109 232,33407
CV (%) 20,9
95
TABELA 5B. Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações de
soluções crioprotetoras sobre a motilidade (%) do sêmen
descongelado.
Causas de
variação
Graus de liberdade Quadrado médio Pr>Fc
b1 1 3,16406 0,9070
b2 1 2072,07031 0,0030
Desvio 1 534,72656 0,1320
Resíduo 109 232,33407
TABELA 6B. Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
motilidade (0-5) espermática.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 3 2,71875 0,0120
CRIOPROTETOR (C) 1 3,78125 0,0231
CONCENTRAÇÃO (N) 3 2,51042 0,0174
ATIVADOR (A) 1 16,53125 0,0000
C*N 3 0,51042 0,5438
C*A 1 0,78125 0,2971
N*A 3 1,55208 0,0945
C*N*A 3 0,38542 0,6549
Resíduo 109 0,71187
CV (%) 21,3
TABELA 7B. Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações de
soluções crioprotetoras sobre a motilidade (0-5) do sêmen
descongelado.
Causas de
variação
Graus de liberdade Quadrado médio Pr>Fc
b1 1 0,00000 0,9970
b2 1 6,12500 0,0040
Desvio 1 1,40625 0,1630
Resíduo 109 0,71187
96
TABELA 8B. Análise de variância do efeito do congelamento sobre a duração
(segundos) da motilidade (variável transformada em log
10
x).
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 3 0,15332 0,0061
CRIOPROTETOR (C) 1 0,05390 0,2183
CONCENTRAÇÃO (N) 3 0,05290 0,2174
ATIVADOR (A) 1 7,88456 0,0000
C*N 3 0,11766 0,0218
C*A 1 0,30255 0,0041
C / Água destilada (1) 0,05052 0,2332
C / NaHCO
3
1% (1) 0,30592 0,0039
A / Metanol (1) 2,54906 0,0000
A / DMSO (1) 5,63805 0,0000
N*A 3 0,06041 0,1674
C*N*A 3 0,02325 0,5776
Resíduo 109 0,03516
CV (%) 11,2
TABELA 9B. Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações de
DMSO sobre a duração (segundos) da motilidade do sêmen
descongelado (variável transformada em log
10
x).
Causas de
variação
Graus de liberdade Quadrado médio Pr>Fc
b1 1 0,03788 0,3020
b2 1 0,27760 0,0060
Desvio 1 0,06109 0,1900
Resíduo 109 0,03516
TABELA 10B. Análise de regressão do efeito das diferentes concentrações de
metanol sobre a duração (segundos) da motilidade do sêmen
descongelado (variável transformada em log
10
x).
Causas de
variação
Graus de liberdade Quadrado médio Pr>Fc
b1 1 0,13297 0,0540
b2 1 0,00128 0,8490
Desvio 1 0,00089 0,8740
Resíduo 109 0,03516
97
ANEXO C
TABELA 1C. Análise de variância do efeito do congelamento sobre as
patologias totais (%) observadas nos espermatozóides.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 2 136,7639 0,3500
CRIOPROTETOR (C) 1 401,3889 0,0816
CONCENTRAÇÃO (N) 3 389,5370 0,0354
C*N 3 89,8333 0,5548
Resíduo 62 128,0793
CV (%) 1,6
TABELA 2C. Análise de regressão do efeito das concentrações de soluções
crioprotetoras sobre as patologias totais (%) observadas nos
espermatozóides.
Causas de
variação
Graus de liberdade Quadrado médio Pr>Fc
b1 1 804,01111 0,0150
b2 1 364,50000 0,0970
Desvio 1 0,10000 0,9780
Resíduo 62 128,07930
TABELA 3C. Análise de variância do efeito do congelamento sobre as
patologias menores (%) observadas nos espermatozóides.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 2 10,01389 0,0543
CRIOPROTETOR (C) 1 11,68056 0,0638
CONCENTRAÇÃO (N) 3 7,93982 0,0744
C*N 3 4,38426 0,2705
Resíduo 62 3,27912
CV (%) 1,9
98
TABELA 4C. Análise de variância do efeito do congelamento sobre as
patologias maiores (%) observadas nos espermatozóides.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 2 88,43056 0,5179
CRIOPROTETOR (C) 1 276,12500 0,1546
CONCENTRAÇÃO (N) 3 295,60648 0,0943
C*N 3 73,75463 0,6469
Resíduo 62 132,98253
CV (%) 1,6
TABELA 5C. Análise de variância do efeito do congelamento sobre a patologia
de cauda enrolada (%) observada nos espermatozóides.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 2 10,29167 0,3882
CRIOPROTETOR (C) 1 66,12500 0,0157
CONCENTRAÇÃO (N) 3 21,38426 0,1237
C*N 3 12,31019 0,3364
Resíduo 62 10,71102
CV (%) 1,9
TABELA 6C. Análise de variância do efeito do congelamento sobre a patologia
de cauda degenerada (%) observada nos espermatozóides.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 2 0,03107 0,1868
CRIOPROTETOR (C) 1 0,06878 0,0553
CONCENTRAÇÃO (N) 3 0,00896 0,6855
C*N 3 0,00291 0,9222
Resíduo 62 0,01802
CV (%) 2,5
99
ANEXO D
TABELA 1D. Análise de variância do efeito do congelamento sobre a
fertilização (%) do sêmen de curimba.
Causas de variação
Graus de
liberdade
Quadrado
médio
Pr>Fc
BLOCO 3 651,95208 0,2324
CRIOPROTETOR (C) 1 3780,00769 0,0057
CONCENTRAÇÃO (N) 3 188,69960 0,7306
ATIVADOR (A) 1 1585,20968 0,0647
C*N 3 116,79404 0,8479
C*A 1 855,91936 0,1698
N*A 3 120,65838 0,8416
C*N*A 3 445,28856 0,3946
Resíduo 35 435,58980
CV (%) 81,1
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