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Valquíria Greco Arênas
Avaliação da qualidade de vida de pacientes com
insuficiência renal crônica em tratamento por diálise
peritoneal automatizada e hemodiálise utilizando o
instrumento SF-36
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Área de concentração: Nefrologia
Orientador: Prof. Dr. Elias David Neto
São Paulo
2006
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Valquíria Greco Arênas
Avaliação da qualidade de vida de pacientes com
insuficiência renal crônica em tratamento por diálise
peritoneal automatizada e hemodiálise utilizando o
instrumento SF-36
Dissertação apresentada à Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Mestre em Ciências
Área de concentração: Nefrologia
Orientador: Prof. Dr. Elias David Neto
São Paulo
2006
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DEDICATÓRIA
Ao meu Amado Esposo Odilon, que acolheu carinhosamente o meu desejo
de realizar esta pós-graduação e, durante esta caminhada foi um ótimo
companheiro, me apoiando com muito mais força, compreensão e paciência
do que eu poderia desejar.
Ao meu filho Diogo, que ilumina nossa vida e me faz acreditar que tudo tem
o momento certo para acontecer.
À Minha Querida Família que me ensina grandes valores, acredita em meus
sonhos e sempre faz o impossível para me ajudar a transformá-los em
realidade.
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Elias David Neto que me apresentou ao mundo da pesquisa
clínica científica e possibilitou a realização de um sonho. Minha eterna
gratidão!
À Dra Francine Lemos, Dr Jerônimo R Centeno, Dr Kald A Abadalah,
Dra Lilian Monteiro Araújo, Dra Maria Alipia Rodi e Dr Nilton Machado,
minha gratidão por participarem com dicas, sugestões, questionamentos e
apoio na realização do estudo.
Aos meus amigos da Equipe de Enfermagem da UNTR - Unidade de
Nefrologia, Diálise e Transplante Renal, especialmente à minha amiga e
coordenadora Luciene de Fátima N M de Barros e ao amigo Elias Gabriel
da Silva. Obrigada pelo apoio, paciência e carinho durante a realização
deste estudo.
A todos os pacientes que tive oportunidade de cuidar e conviver. Obrigada
por me ensinarem lições de Coragem, Força, Perseverança, Gratidão, Fé e
Amor.
À Querida Sra Geraldine Szurdoki Suranye, pelo empenho e a dedicação
ao realizar a revisão ortográfica do estudo.
A todos os funcionários da Faculdade de Medicina da Universidade de
São Paulo que colaboraram em algum momento para a realização do estudo
e, especialmente, ao Prof Dr. Rui Toledo Barros e a secretária Eliana que
orientavam pacientemente nosso percurso na pós-graduação.
Foram muitas as pessoas que colaboraram a realização deste estudo e,
mesmo não sendo citadas neste documento, recebam meu carinho e minha
gratidão!
NORMATIZAÇÃO ADOTADA
Esta dissertação está de acordo com as seguintes normas, em vigor no
momento desta publicação:
Referências: adaptado de International Committee of Medical Journals
Editors (Vancouver)
Universidade de São Paulo. Faculdade de Medicina. Serviço de Biblioteca e
Documentação. Guia de apresentação de dissertações, teses e monografias.
Elaborado por Anneliese Carneiro da Cunha, Maria Julia de A. L. Freddi,
Maria F. Crestana, Marinalva de Souza Aragão, Suely Campos Cardoso,
Valéria Vilhena. 2a ed. São Paulo: Serviço de Biblioteca e Documentação;
2005.
Abreviaturas dos títulos dos periódicos de acordo com List of Journals
Indexed in Index Medicus.
Sumário
Lista de figuras
Lista de tabelas
Lista de quadros
Resumo
Summary
1 INTRODUÇÃO...........................................................................................01
1.1 - O conceito qualidade de vida................................................................04
1.2 - Qualidade de vida na saúde.................................................................07
1.3 - Instrumentos para medir qualidade de vida..........................................10
1.3.1 - O instrumento SF-36 ..............................................................12
1.3.2 - O instrumento SF-36 na Nefrologia................................... ....14
2 OBJETIVOS...............................................................................................19
3 ASPECTOS ÉTICOS.................................................................................20
3.1 - Comissão de ética para análise de projetos de pesquisa.....................20
3.2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido......................................20
4 MÉTODOS..................................................................................................21
4.1 - Desenho do estudo...............................................................................21
4.2 – Local da pesquisa.................................................................................21
4.3 - Seleção de pacientes............................................................................22
4.3.1 - Critérios de inclusão................................................................22
4.3.2 - Critérios de exclusão...............................................................23
4.3.3 - Inscrição de pacientes.............................................................23
4.4 - Coleta de dados..............................................................................................23
4.5 – Análise estatística.................................................................................28
5 RESULTADOS...........................................................................................30
5.1 - Seleção dos pacientes......................................................................... 30
5.2 - Dados demográficos, sociais e econômicos ........................................31
5.3 - Dados clínicos ......................................................................................32
5.4 - Qualidade de Vida ................................................................................36
5.4.1 - Análise do coeficiente de correlação de Pearson: SF-36 e
parâmetros clínicos e laboratoriais .......................................38
5.4.2 - Analise Multivariada ................................................................40
6 DISCUSSÃO..............................................................................................41
6.1 – Aspectos Gerais ..................................................................................41
6.2 - Qualidade de Vida.................................................................................44
7 CONCLUSÃO.............................................................................................55
8 ANEXOS.....................................................................................................56
A - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO ........56
B – FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL...........................................62
C – QUESTIONÁRIO SF-36...............................................................65
D - CÁLCULO DO ESCORE DO QUESTIONÁRIO SF-36.................72
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................78
10 BIBLIOGRAFIAS CONSULTADAS.........................................................91
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Distribuição percentual dos pacientes de DPA e HD quanto à Co-
morbidades ................................................................................34
Figura 2 - Distribuição percentual dos pacientes de DPA e HD quanto à
questão 2 do SF-36 .................................................................36
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Características demográficas, sociais e econômicas dos pacientes
em programa de HD e DPA .......................................................32
Tabela 2 -Características clínicas dos pacientes no programa de HD e
DPA............................................................................................33
Tabela 3 -Escores obtidos nos domínios do Questionário SF-36 dos
pacientes nos programas de HD e DPA
....................................................................................................37
Tabela 4 -Coeficiente de correlação de Pearson significativos entre
domínios do SF-36 e parâmetros clínicos, laboratoriais, para o
total de pacientes em HD (n=79) e DPA
(n=22).........................................................................................38
LISTA DE QUADROS
Quadro 1-Distribuição dos pacientes DPA quanto à prescrição de diálise
....................................................................................................35
Quadro 2- Distribuição dos pacientes de HD quanto ao acesso vascular e
prescrição de diálise...................................................................35
RESUMO
Arênas VG. Avaliação da qualidade de vida de pacientes com insuficiência
renal crônica em tratamento por diálise peritoneal automatizada e
hemodiálise utilizando o instrumento SF-36 [dissertação]. São Paulo:
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo; 2006.
INTRODUÇÃO: A avaliação da QV tem se destacado de modo crescente
em pesquisas clínicas de pacientes com insuficiência renal crônica terminal
(IRCT), sendo o SF-36 um dos instrumentos mais utilizados nesta
população. O objetivo deste estudo foi avaliar e comparar a QV nos
pacientes com IRCT que estavam em tratamento dialítico de DPA e HD
utilizando o SF-36 e avaliar se parâmetros sociais, demográficos,
econômicos, clínicos e de adequação em diálise interferem na QV desses
grupos. MÉTODOS: este estudo transversal, prospectivo e observacional, foi
realizado em uma unidade de diálise satélite no município de São Paulo, em
dezembro de 2003. Foram incluídos no estudo os pacientes de DPA ou HD,
com tempo na terapia maior que 90 dias, idade entre 18 e 75 anos, com
domínio da língua portuguesa e que concordaram em responder o
instrumento para avaliação da QV. Participaram 22 pacientes de DPA e 79
de HD. Através do prontuário médico, foram coletados dados demográficos,
sociais, econômicos, informações clínicas e exames laboratoriais. A QV foi
avaliada apenas uma vez durante entrevista com a pesquisadora. Os valores
obtidos na QV foram cruzados com as demais variáveis para verificar se
havia interação significativa. RESULTADOS: Os grupos foram muito
semelhantes entre si na maioria das variáveis analisadas. Na HD observou-
se tempo maior de tratamento (p=0.002) e níveis de albumina sérica mais
elevados que DPA (p<0,001). Em DPA, mais pacientes possuíam seguro
saúde privado (p=0,018). A avaliação da QV é semelhante em quase todos
os domínios do SF-36, a única diferença significativa ocorreu no Aspecto
Físico, onde HD teve um escore maior que DPA (p=0,007). Não ocorreu
nenhuma interação significativa entre este domínio e as demais variáveis
analisadas que justificasse a diferença encontrada. CONCLUSÃO: A QV foi
muito semelhante entre as duas modalidades de diálise. O grupo de HD
apresentou melhor resultado em relação ao Aspecto Físico, sendo que este
fato parece depender unicamente do método dialítico.
Descritores: 1.Qualidade de vida 2.Insuficiência renal crônica 3.Diálise
peritoneal 4.Diálise renal 5.Questionários
Summary
Arênas VG. Evaluation of Quality of Life of end-stage renal disease patients
treated with either automatic peritoneal dialysis or hemodialysis using SF-36
questionnaires. [dissertation]. Faculty of Medicine, University of São Paulo,
SP (Brazil); 2006.
The evaluation of health-related Quality of Life (Qol) is fundamental when
searching for better treatment in end-stage renal disease (ESRD). The SF-36
is the most used questionnaire for this population. The purpose of this study
was evaluated and compared the Qol in ESRD patients during either
automatic peritoneal dialysis (APD) or hemodialysis (HD) treatment using the
SF-36. METHODS: this is a prospective, cross-sectional and observational
study, performed in a single dialysis facility in the city of São Paulo. Patients,
with an age between 18 and 75 years, should be for more than 90 days in
therapy and besides showing fluency in Portuguese language should be able
to understand the questionnaire. Twenty-two APD and 79 HD patients were
enrolled. The social, demographics, economics, clinical and laboratories
information were colleted from the electronic data base. The Qol was
assessed once an interview with one of the authors. The scores of SF-36
was correlated with the others variables to verify possible interactions.
RESULTS: Both groups were very similar in most of the analyzed variables.
Time in therapy was longer (p=0.002) and serum albumin level was higher
(p<0,001) for the HD group than APD. In APD group more patients had
private health insurance (p=0,018). The scores of SF-36 were similar in the
various dimensions of the Qol questionnaire. The mean score for Physical
Functioning was higher in HD than in APD (p=0,007). No significant
interactions between the SF-36 dimensions and the others variables
explained this difference. CONCLUSION: The Qol was very similar between
these two dialysis modalities. The HD group showed better scores in
Physical Functioning and this seemed to depend on the type of dialysis
modality only.
Descriptors: 1.Quality of life 2.Chronic kidney failure 3.Peritoneal dialysis
4.Renal dialysis 5.Questionnaires
1
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento tecnológico ocorrido nas últimas décadas tem
contribuído significativamente para o avanço na área da saúde. Na
Nefrologia, estes avanços foram muito marcantes nos últimos 30 anos,
melhorando a sobrevida e a qualidade de vida do paciente portador de
insuficiência renal aguda e crônica (1). Na terapia renal substitutiva, destaca-
se neste processo a utilização de sistema de purificação de água mais
eficiente como osmose reversa, a produção de equipamentos mais seguros
e o desenvolvimento de materiais biocompatíveis (membranas dialisadoras e
circuitos extra-corpóreos). O aprimoramento das técnicas para acesso
vascular e peritoneal e a criação de sistemas fechados para diálise
peritoneal representaram avanços para as duas modalidades de diálise: a
hemodiálise e a diálise peritoneal. Atualmente, além de ter acesso ao
tratamento dialítico de melhor qualidade, os pacientes portadores de
insuficiência renal crônica também têm acesso a um arsenal medicamentoso
mais específico para as complicações da doença renal crônica (1, 2). O
resultado final destes avanços é uma melhor condição do paciente nos três
tipos de tratamento disponíveis para a insuficiência renal crônica: a
hemodiálise (HD), a diálise peritoneal (DP) e o transplante renal (Tx).
A hemodiálise é um processo extra-corpóreo de depuração do sangue
que exige um sistema de fornecimento de solução de diálise e um filtro com
uma membrana semipermeável. É através da membrana semipermeável
2
que ocorrem as trocas de soluto entre o sangue e a solução de diálise, por
processo de difusão, e a retirada de água do sangue através do processo de
convecção. Como o sangue circula pelo sistema extra-corpóreo em um fluxo
alto, entre 300 à 400ml/min, faz-se necessário utilizar um acesso vascular
próprio para o procedimento. O acesso vascular preferencial é a fístula
artério-venosa (FAV), seguida por cateteres venosos de curta ou longa
permanência. A utilização de enxertos heterólogos ou enxertos com material
sintético como o politetrafluoretileno-PTFE é uma outra opção para os
pacientes com problemas de anatomia vascular (1, 2).
A diálise peritoneal é um processo de depuração do sangue intra-
corpórea e extra-renal, onde a membrana peritoneal é o mediador entre o
sangue dos capilares peritoneais e a solução de diálise infundida na
cavidade peritoneal. As etapas da diálise peritoneal consistem em: 1)
infundir a solução dialítica na cavidade peritoneal, 2) deixar este conteúdo
por um determinado período na cavidade para que ocorram as trocas entre
sangue e fluido e, 3) realizar a drenagem do fluido que está no abdômen do
paciente. O tratamento é realizado pelo próprio paciente ou familiar a nível
domiciliar. Existem dois tipos de diálise peritoneal: a técnica manual e a
automatizada. A Técnica manual é conhecida por Diálise Peritoneal
Ambulatorial Contínua (DPAC) onde a técnica é realizada manualmente pelo
paciente ou seu cuidador. Na terapia por Diálise Peritoneal Automatizada
(DPA), utilizam-se equipamentos eletrônicos denominados cicladoras de
dialisato. Estas cicladoras realizam as etapas de diálise peritoneal
automaticamente, ou seja, o processo é repetido pelo equipamento várias
3
vezes durante um determinado período. Ao término da terapia de DPA o
paciente pode permanecer com a cavidade seca (sem solução de diálise),
com a cavidade úmida (solução de diálise na cavidade) ou ainda, se for
necessário, pode sair com cavidade úmida e fazer troca manual durante o
dia para otimizar a diálise. Para realizar a DP é preciso implantar um cateter
flexível que permita o acesso à cavidade peritoneal. No Brasil o cateter mais
utilizado é o de Tenckhoff com 2 “cuffs”. A este cateter, acopla-se um
extensor. Desta maneira, o comprimento aproximado da parte externa deste
conjunto (cateter + extensor) é de aproximadamente 38 cm. (1, 3, 4).
O transplante renal é uma modalidade de terapia renal substitutiva que
teve um grande avanço nos últimos anos (5, 6). O melhor conhecimento da
resposta imunológica e o surgimento de diferentes medicações
imunossupressoras aumentaram significativamente a sobrevida do enxerto
renal a curto prazo. No entanto, a melhora da sobrevida a longo prazo não
ocorreu na mesma proporção e por esta razão, cerca de 20 a 30% dos
pacientes retornam ao tratamento dialítico ao final do 5º ano de transplante
(7, 8)
Uma das etapas fundamentais no tratamento do paciente com
insuficiência renal crônica é o esclarecimento das diferentes modalidades da
terapia renal substitutiva, suas vantagens e desvantagens. Esta é uma
responsabilidade da equipe médica e de enfermagem e envolve a
valorização dos aspectos clínicos e sociais de cada indivíduo. Além de
oferecer um tratamento dialítico adequado, é crucial que se preserve o
máximo possível o estilo de vida do paciente. Faz-se necessário, portanto
4
que os profissionais adotem estratégias para avaliar a qualidade de vida
(QV) e o bem-estar do paciente e de sua família (9).
1.1- O conceito Qualidade de Vida
É difícil definir o conceito de QV apesar de este termo ser,
historicamente, objeto de reflexão de vários estudiosos.
Um dos registros mais antigos desse assunto está relacionado ao
filósofo Aristóteles. No raciocínio aristotélico “há algum bem para o qual
todas as ações convergem” e que este bem é o “sumum bonun”, o bem
maior e supremo, denominado pelo filósofo de “eudaimonia”. O seu
significado seria a sensação de realização plena atingida pelo exercício das
virtudes. Contudo, não seria esta apenas uma experiência subjetiva, mas um
conceito muito mais amplo e rico, que envolve e articula o potencial mental,
as sensações e o intelecto. É um conceito que abrange a realização das
potencialidades humanas, o exercício da cidadania e a satisfação subjetiva
com a vida (10).
Outra abordagem filosófica de QV é apresentada por Zhan,
relacionando o tema à tradição da cultura chinesa. Nesta visão são
identificados os princípios de “Yin” versus “Yang”, entendendo que a QV está
vinculada ao equilíbrio entre as forças energéticas positivas (Yin) e negativas
(Yang), possibilitando atingir a plenitude da vida (11).
Ao final da II Grande Guerra, o termo QV foi introduzido no vocabulário
norte-americano como crítica aos resultados de políticas que enfatizavam o
progresso econômico e tecnológico dos países e o fluxo de bens de
5
consumo. Sendo que este crescimento econômico incontrolável poderia
comprometer tanto a “qualidade das condições externas de se viver”
(poluição, exaustão de recursos naturais) quanto a “qualidade interna da
vida humana” (12). A QV foi defendida por diferentes governantes
americanos. Thomas Jefferson ampliou o conceito de QV para incluir o
pressuposto de “Felicidade” como um direito inalienável na Constituição dos
Estados Unidos (13). Já Lyndon Johnson em seu programa de governo
enfatizava: “... os objetivos não podem ser medidos através do balanço dos
bancos. Eles só podem ser medidos através da qualidade de vida que
proporcionam às pessoas“ e reforçava: “... a boa vida requer mais que a
simples afluência de bens materiais” (14, 15).
A partir dos anos 60 e 70, o conceito QV foi aplicado por economistas e
sociólogos, visando definir índices de qualidade de vida humana para
diferentes sociedades. Esses índices foram definidos através de parâmetros
como renda, emprego, educação, função física, lazer, transporte e moradia.
Posteriormente, os economistas desenvolveram outros indicadores
econômicos, entre eles a taxa de desemprego e o produto interno bruto
(PIB). Esses indicadores deveriam refletir o impacto que determinadas
políticas governamentais tinham sob o bem-estar econômico e social da
população (16-18).
Entretanto, Campbell, em estudo realizado nos Estados Unidos,
demonstrou que o conceito de “Felicidade” para a população havia diminuído
de uma forma constante no período entre 1957 e 1972, apesar de todos os
indicadores sócio-econômicos terem aumentado. Isso reflete que os
6
indicadores descrevem as condições de vida que podem influenciar a
experiência de vida do individuo, mas são insuficientes para avaliar a
experiência propriamente dita (19).
O interesse em estudos relacionados à QV é crescente, mas não mais
exclusividade dos economistas e sociólogos. Atualmente as discussões
envolvem um grupo mais heterogêneo constituído por cientistas sociais, e
profissionais de saúde que buscam exaustivamente a compreensão sobre o
que é “qualidade de vida” a fim de defini-la de forma precisa (20).
Ruffino-Netto considerou:
“... qualidade de vida boa ou excelente aquela que
ofereça um mínimo de condições para que os indivíduos
nela inseridos possam desenvolver o máximo de sua
potencialidade, sejam estas: viver, sentir ou amar,
trabalhar produzindo bens ou serviços; fazendo ciência
ou artes; vivendo para ser meios utilitários fins, ou
simplesmente existindo. Todos são seres vivos que
procuram se realizar”.
Este autor ressalta que, qualidade de vida excelente, boa, regular ou
má deveria ser adjetivada não só pelos que observam os viventes, mas
também pelos autores dessas vidas, os que as estão vivendo (21).
Forattini considera fácil entender os obstáculos que se apresentam
para alcançar uma conceituação precisa do que vem a ser qualidade de
vida, pelo inerente caráter subjetivo (22).
7
Diferentes autores concordam que o conceito QV tem uma dimensão
subjetiva, ou seja, a qualidade de vida percebida pelo indivíduo depende do
grau de satisfação que ele experimenta no momento, sendo que esta
percepção pode ser influenciada pela cultura, ética, religião e outros valores
pessoais (11, 16, 22).
Paschoal faz uma abordagem clara sobre esta discussão: “qualidade
de vida é um conceito que está submetido a múltiplos pontos de vista e que
mais tem variado para um mesmo indivíduo, conforme o decorrer do tempo,
de época para época, de país para país, de cultura para cultura, de classe
social para classe social e até mesmo de indivíduo para indivíduo” (17).
1.2 – Qualidade de Vida na Saúde
Desde os tempos de Hipócrates, a QV tem sido mencionada como a
conseqüência do cuidado médico. Em sua formação, os médicos são
instruídos para aceitar a responsabilidade de maximizar o bem-estar de seus
pacientes através do alívio do sofrimento e da cura de doenças quando
possível (20).
Na área de saúde, a avaliação dos tratamentos sempre foi baseada em
parâmetros como controle de sintomas, expectativa de vida, morbidade e
mortalidade. Entretanto, a QV surge como uma nova dimensão a ser
considerada na avaliação dos resultados dos tratamentos e do bem-estar
subjetivo do paciente (23, 24).
8
Complementando este raciocínio, Ide defende que “se é válido salvar
vidas, não é cabível negligenciar a qualidade dessa vida, e nem a percepção
que cada paciente tem dessa vivência” (25).
Clapis refere que muitos pesquisadores datam o início oficial do termo
qualidade de vida e conceitos relacionados no cuidado à saúde por volta de
1947, quando a Organização Mundial de Saúde definiu saúde como um
estado de bem-estar físico, mental e social, mais que simplesmente como
ausência de doença e enfermidade (26).
As primeiras investigações sobre o conceito de QV na saúde começam
a surgir depois dessa data, apesar do termo ter sido considerado como
categoria do Index Medicus há menos de 30 anos (13). Um dos pioneiros da
medicina a introduzir uma escala para medir a QV do paciente foi Karnofsky
em 1948. Sua escala foi denominada de Karnofsky Performance Status
Scale e enfatizava a função física e o desempenho do paciente (11).
A partir deste momento, progressivamente, surgiram estudos na
literatura médica propondo medidas e escalas para avaliar a QV. Neste
processo, as preocupações com outras dimensões da vida do indivíduo
foram se tornando mais evidentes, ultrapassando a saúde funcional (26).
Apesar da ampla discussão sobre o tema nas últimas décadas, ainda
não foi obtido um consenso entre os pesquisadores em relação à
conceituação.
Kimura refere:
Qualidade de vida é um conceito multidimensional e
embora haja controvérsias sobre o real significado
9
dessa expressão, há concordância entre autores
quanto à inclusão de aspectos relacionados à
capacidade funcional, às funções fisiológicas, ao
comportamento afetivo e emocional, às interações
sociais, ao trabalho e à situação econômica, centrados
na avaliação subjetiva dos indivíduos. Assim, a
qualidade de vida apresenta-se como um construto
multifatorial, muito mais amplo do que meramente a
presença ou ausência de saúde (24).
Valderrabano e cols, a definiram como a percepção do paciente sobre
seu bem-estar, sua capacidade para realizar tarefas e seu estado de saúde
em três aspectos: psicológico, físico e social (27)
A primeira padronização do conceito surgiu em 1994, onde
Organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de vida como:
“a percepção do indivíduo de sua posição na vida no
contexto da cultura e sistemas de valores nos quais
ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,
padrões e preocupações” (28, 29).
Entretanto, é consenso que a mais apropriada fonte de informações
sobre a QV é o próprio paciente, sendo medida conforme os grupos de
pacientes a definem, podendo variar entre os vários grupos e conforme os
10
efeitos dos tratamentos, bem como o significado atribuído pelos pacientes
aos seus benefícios e prejuízos, a curto e longo prazo (30-32).
1.3 – Instrumentos para medir Qualidade de Vida
Nos últimos anos tem-se observado um grande interesse em
desenvolver instrumentos de avaliação de QV e bem-estar, com diferentes
formas de aplicação, extensão e ênfase do conteúdo. Como grande parte
destes questionários foi desenvolvida na língua inglesa, atualmente
preconiza-se que não sejam desenvolvidos novos questionários, mas seja
feita a tradução, adaptação cultural e validação destes instrumentos para
utilizá-los na cultura alvo (14, 24, 33).
Existem diferentes instrumentos e questionários que podem ser
aplicados para atingir resultados quantitativos sobre a QV de um
determinado grupo, porém estes instrumentos, didaticamente, são divididos
em dois grupos: genéricos e específicos (34, 35)
I – Instrumentos genéricos
São instrumentos aplicáveis em uma ampla variedade de populações,
não exigindo que tenham características ou condições específicas de
doença ou outros aspectos especiais, geralmente são utilizados para
comparar grupos de diferentes enfermidades e também para comparar os
resultados com a população geral. Este instrumento tende a ser de fácil
11
aplicação, sem dificuldades de entendimento para o paciente e ser sensível
a pequenas variações da QV (29).
Fazem parte deste grupo:
Instrumentos de avaliação de estado de saúde: foram criados para serem
aplicados em diversas patologias por proporcionarem uma avaliação
abrangente sobre a QV. Permitem a comparação dos efeitos de uma
intervenção terapêutica em diferentes patologias e podem ser utilizados para
qualquer população. Sua desvantagem é que não permitem o estudo de
alguns aspectos particulares de determinados pacientes, podendo deixar de
detectar uma melhora ou piora quando esta acontece. Neste grupo,
destacam-se o Sickness Impact Profile (SIP), Nottingham Health Profile,
EuroQOL (EQ-5D), Schedule for Evaluation of Individual Quality of Life
(SEIQOL), Patient Generated Index (PGI), Medical Outcomes Study 36-item
Short-Form Health Survey (SF-36), World Health Organization Quality of Life
(WHOQOL-100) e a forma abreviada do mesmo (29, 34, 35)
Medidas de utilidade (utility): são medidas provenientes da área
econômica que refletem a preferência do paciente por determinados
tratamentos ou intervenções e podem ser um indicador de estado de saúde
atual ou esperado de um indivíduo. São eficientes para determinar a melhora
do paciente, mas insuficientes para identificar as dimensões específicas do
estado de saúde (34, 35).
12
II – Instrumentos Específicos
Estes instrumentos avaliam indivíduos com condição ou doenças
específicas, têm o potencial de serem sensíveis às variações que ocorrem
para a população característica e também para investigar particularidades da
condição clínica em questão. Esses instrumentos podem ser aplicados para
comparar diferentes tratamentos aplicados em grupos de pacientes com o
mesmo quadro clínico, pois proporcionam informações clínicas relevantes
relacionadas aos procedimentos terapêuticos. Neste grupo destacam-se:
Kidney Diseases and Quality of Life – Short-form (KDQOL-SF), American
Rheumatism Association (ARA), Katz Activities of Daily Living (ADL)
Instruments, Quality of life in Epilepsy (QOLIE-89), Pediatric Asthma Quality
of Life Questionnaire (PAQOL) (29, 33-35).
1.3.1 – O Instrumento SF-36
Entre os diversos instrumentos de avaliação de QV disponíveis na área
de saúde, destaca-se o Medical Outcomes Study 36-Item Short Form Health
Survey (SF-36). Este instrumento foi desenvolvido por Ware & Sherbourne
em 1992 (34), cuja versão em português foi desenvolvida e validada por
Ciconelli em 1997 com um grupo de pacientes portadores de artrite
reumatóide. O questionário foi submetido a um processo de tradução e
adaptação cultural, onde suas propriedades de reprodutibilidade, validade e
susceptibilidade à alteração foram consideradas satisfatórias. A avaliação da
reprodutibilidade intra e inter observador do instrumento não é
estatisticamente significante em seus oito domínios (35-37).
13
O SF-36 é um questionário multidimensional genérico, que avalia a QV
relacionada à saúde. É caracterizado pela facilidade de aplicação e
compreensão. É bastante útil nas comparações dos problemas de
enfermidades diferentes e na avaliação dos benefícios relativos aos
diferentes tipos de tratamentos. O SF-36 é adequado para ser aplicado pelo
próprio indivíduo, para administração computadorizada ou administração por
um entrevistador capacitado, pessoalmente ou por telefone. Tem sido
administrado com êxito em populações gerais em todo o mundo, assim
como em pacientes jovens (indicado a partir de 14 anos) e adultos com
moléstias específicas (35, 37, 38).
O instrumento consiste em 36 itens agrupados em 8 domínios:
Capacidade Funcional (CF), Aspectos Físicos (AF), Dor (DF), Estado Geral
de Saúde (SG), Vitalidade (VT), Aspectos Sociais (AS), Aspectos
Emocionais (AE) e Saúde Mental (SM). Cada questão é apresentada
seguida de escores numéricos, devendo ser escolhida apenas uma
alternativa por questão. O SF-36 também inclui uma questão de avaliação
comparativa entre as condições de saúde atual e há um ano atrás (Anexo C)
(35, 37, 38).
Na avaliação dos resultados são atribuídos escores (Anexo D),
isoladamente para cada questão, que a seguir são transformados em uma
escala de 0 a 100 (Raw scale), onde Zero corresponde ao pior estado geral
de saúde e 100 ao melhor estado de saúde para cada domínio. Não existe
ponto de corte e cada domínio é avaliado separadamente. Propositalmente a
escala não admite um valor único que resuma toda a avaliação,
14
caracterizando um estado geral de saúde melhor ou pior. Esta estratégia
evita que haja uma tendência a não se identificar os reais problemas
relacionados à saúde do indivíduo ou ainda subestimá-los (35).
Os domínios avaliados pelo SF-36 podem ser agrupados em dois
grandes componentes: físico e mental. O Componente Físico envolve:
Aspectos Físicos, Capacidade Funcional, Dor, Vitalidade e Estado Geral de
Saúde, já o Componente Mental inclui Aspectos Emocionais, Aspectos
Sociais, Saúde Mental, Vitalidade e Estado Geral de Saúde. As variáveis de
Estado Geral de Saúde e Vitalidade são incluídas nos dois componentes
(35)
1.3.2 O Instrumento SF-36 na Nefrologia
Em Nefrologia, o SF-36 tem sido aplicado nas três opções de
tratamento renal: transplante, hemodiálise e diálise peritoneal.
No transplante renal existem muitos artigos onde este instrumento foi
utilizado com diferentes objetivos, por exemplo: comparação da QV entre
pacientes que haviam feito transplante duplo (rim e pâncreas) com pacientes
que transplantaram somente rim e também eram diabéticos (39, 40);
descrição da QV antes e depois do transplante renal e comparação com QV
de outros que foram submetidos à Tx de coração, pulmão e fígado (41);
avaliação da QV entre grupos de pacientes de hemodiálise e transplante
renal (42, 43).
15
Diversos estudos foram realizados com o objetivo de comparar a QV
entre os diferentes métodos dialíticos.
Blake e cols, em 2000, realizaram o estudo multicêntrico, transversal,
com o objetivo de avaliar as relações entre QV, vínculo empregatício e
função física nos pacientes com IRC com idade entre 18-65 anos. Foram
estudados pacientes em hemodiálise, diálise peritoneal e pacientes
transplantados. O instrumento utilizado para avaliar QV foi o SF-36 e, para
avaliar o nível de emprego, foi usado o método International Labour Office.
Os resultados mostraram que a QV dos pacientes renais é reduzida nos
domínios Físicos e Sociais do SF-36 em relação à população normal. Os
pacientes desempregados apresentaram escores mais baixos que os
empregados nos Aspectos Físicos, Capacidade Funcional, Dor, Estado
Geral de Saúde, Vitalidade e Aspectos Emocionais. Na análise de regressão
múltipla verificou-se que idade, sexo feminino e diagnóstico de doença
músculo-esquelética são fatores que predispõe a pior função Física (44).
O “NECOSAD Study Group” avaliou a QV em um grupo de pacientes
com insuficiência renal crônica na fase pré-dialítica e comparou os
resultados entre os pacientes com diferentes intenções de tratamento,
hemodiálise e diálise peritoneal. De modo geral, todos os pacientes
apresentaram QV mais baixa que o grupo controle. Observou-se que os
pacientes pré-hemodiálise apresentaram escores significativamente mais
baixos em relação à pré-diálise peritoneal (p = 0,04). Porém, os autores
concluíram que as análises multivariadas utilizadas para conhecer as
16
diferenças caso-mix deste estudo foram insuficientes para eliminar os efeitos
da escolha da modalidade na QV. (45)
O estudo “Self-assessed quality of life in peritoneal dialysis patients”,
teve os seguintes objetivos: i) medir a QV entre pacientes de diálise
peritoneal, ii) avaliar os fatores que interferem na QV, iii) avaliar alterações
na QV após um determinado tempo (over time) e iv) comparar a QV do
paciente em diálise peritoneal e hemodiálise. O instrumento SF-36 foi
aplicado com 3 meses e após dois anos de tratamento. Os pacientes de
diálise peritoneal apresentaram escore de componente físico mais baixo que
os pacientes de hemodiálise, sendo que este resultado estava relacionado
com níveis mais baixos de albumina sérica na população de diálise
peritoneal. Porém, no decorrer do tratamento os pacientes de DP se
mostraram mais estáveis. O escore de aspecto mental foi semelhante entre
os dois grupos. (46).
Kutner em 2000 investigou os fatores associados com QV em pacientes
no início do tratamento dialítico de hemodiálise e diálise peritoneal com
aproximadamente 60 dias de tratamento, utilizando os instrumentos SF-36 e
o KDQol. As informações obtidas por estes questionários foram relacionadas
com variáveis demográficas e clínicas, dados de diálise e nível de atividade
física. Na conclusão verificou-se que realizar atividade física é um fator com
associação significativa na avaliação do paciente sobre sua função física.
Porém é necessário realizar outros estudos comparando atividade física com
outras informações clínicas (adequação de diálise, diagnóstico precoce ou
tardio de falência renal crônica) (47).
17
De Wit avaliou a QV de pacientes em diálise peritoneal automatizada
(DPA) comparando com pacientes de Diálise Peritoneal Ambulatorial
Contínua (DPAC) e a população geral. Observou-se que tanto pacientes de
DPA quanto DPAC tiveram função física da QV prejudicada em relação à
população geral. Os pacientes de DPA apresentaram melhores escores em
saúde mental que os de DPAC, não havendo diferenças significantes em
outros aspectos de QV. Na conclusão verificou-se que a QV de pacientes
em DPA é, pelo menos, igual à QV de pacientes em DPAC (48).
No Brasil, Romão estudou a “Qualidade de vida de pacientes com
insuficiência renal crônica em programa de hemodiálise” através do SF-36 e
relacionou os achados com dados sócio-demográficos, clínicos, laboratoriais
e da saúde física (escala de Karnofsky) e mental (índice cognitivo de
depressão) (9).
Este mesmo instrumento foi utilizado por Rodrigues Neto e cols. em
2000, ao realizar um estudo com o objetivo de avaliar a validação do SF-36
e verificar a QV dos pacientes em estágio final de doença renal (IRCT) no
início do tratamento dialítico de manutenção (HD). Os resultados obtidos no
SF-36 foram correlacionados com os escores de um grupo controle que
respondeu ao questionário Kidney Disease Questionare (KDQ). Concluiu-se
que o SF-36 tem uma constituição válida para ser aplicada com pacientes de
IRCT no Brasil (49).
O mesmo pesquisador apresentou estudo prospectivo para avaliar a
QV de pacientes com insuficiência renal crônica no primeiro ano de
hemodiálise através do SF-36. Foram avaliadas as características sócio-
18
demográficas, clínicas e laboratoriais, além dos cuidados pré-diálise e o
impacto dessas variáveis sobre a QV. Também foi avaliado se a versão em
Português tem a propriedade de medida sensível a mudanças. Observou-se
que QV melhorou após 6 meses de tratamento, mas continuou limitada.
Identificaram-se poucas variáveis relacionadas com redução da QV, sendo o
baixo nível socioeconômico a principal. O SF-36 mostrou ter sensibilidade a
mudanças conforme o tempo de diálise nos pacientes com insuficiência
renal crônica (50).
A maioria das referências citadas foram estudos comparativos entre
hemodiálise, diálise peritoneal e transplante. No entanto, são poucos os
estudos que especificam qual método de diálise peritoneal está sendo
avaliado (Diálise Peritoneal Automatizada/DPA ou Diálise Peritoneal
Ambulatorial Contínua/DPAC).
É relevante a diferenciação entre os tipos de diálise peritoneal nos
estudos, pois as décadas de 80 e 90 foram marcadas pela expansão da
DPA no Brasil e no mundo, em substituição ao sistema manual de diálise
peritoneal. No entanto, não há publicações de estudos brasileiros que
discutam QV de pacientes de DPA, isoladamente ou em comparação com
outros métodos. Neste estudo, avaliamos a qualidade de vida entre de
pacientes submetidos à diálise peritoneal automática e hemodiálise.
19
2 OBJETIVOS
Primário:
- avaliar e comparar a QV nos pacientes com insuficiência renal crônica
que estejam em tratamento dialítico por diálise peritoneal automática e
hemodiálise, utilizando o instrumento SF-36.
Secundário:
- avaliar se parâmetros sociais, demográficos, econômicos, clínicos e
de adequação em diálise interferem na QV dos pacientes de diálise
peritoneal automática e hemodiálise.
20
3 ASPECTOS ÉTICOS
3.1 - Comissão de ética para análise de projetos de pesquisa
A Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa – CAPPesq
da diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade de Medicina da
Universidade de São Paulo, em sessão de 10.12.2003, aprovou o Protocolo
de Pesquisa nº931/03, referente ao presente estudo, apresentado pelo
Departamento de Clínica Médica, inclusive o Termo de Consentimento Livre
e Esclarecido.
3.2 - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Os pacientes que compreenderam o estudo e concordaram em
participar assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo
A), aprovado pela CAPPesq para serem inscritos no estudo. A natureza do
estudo foi completamente explicada ao indivíduo e/ou ao seu representante
legal. Os pacientes foram orientados quanto à garantia confidencial dos
dados, à não identificação do participante, ao caráter voluntário da
participação, ao direito de interromper a participação a qualquer momento,
sem prejuízo de qualquer natureza.
Nos casos em que um representante legal deu o consentimento em
nome do paciente, o paciente foi informado sobre o estudo na extensão
compatível com a sua capacidade de compreensão.
21
4 MÉTODOS
4.1 – Desenho do estudo
Este é um estudo transversal, prospectivo e observacional para avaliar
a QV de pacientes renais crônicos em programa de diálise peritoneal
automática e hemodiálise, utilizando o instrumento SF-36.
4.2 – Local da pesquisa
O centro foi selecionado com base nos seguintes critérios:
número significativo de pacientes no tratamento de DPA e de
HD;
acesso do pesquisador aos recursos do centro participante;
Baseado nestes critérios, definiu-se a UNTR – Unidade de Nefrologia,
Diálise e Transplante Renal para realização do estudo. Este centro é uma
clínica satélite, privada, localizada na região central do município de São
Paulo. A unidade atende pacientes conveniados com o Sistema Único de
Saúde (SUS) e seguradoras de saúde privadas.
A assistência é direcionada a pacientes com falência renal, sendo que
os serviços disponíveis na unidade são: acompanhamento no tratamento
conservador, tratamento dialítico de HD, DPAC e DPA, encaminhamento e
acompanhamento no transplante renal.
22
Todos os pacientes em hemodiálise da unidade utilizam máquinas de
proporção, modelo SPS1550, fabricada por Baxter Healthcare Co – USA. A
meta terapêutica da unidade é a de atingir um KT/V diário 1.2.
Todos os pacientes de DPA da unidade de diálise utilizam a cicladora
Home Choice - Baxter Healthcare Co – USA. A meta terapêutica na unidade
é atingir um KT/V semanal 2.2.
4.3 – Seleção de pacientes
A proposta do projeto foi estudar todos os pacientes com diagnóstico
de IRCT, que realizassem tratamento dialítico crônico de DPA e HD na
instituição pesquisada, considerando que atendessem a todos os critérios de
inclusão.
4.3.1 – Critérios de inclusão
Pacientes que realizavam tratamento dialítico crônico de DPA ou HD
há, no mínimo, 90 dias;
Pacientes que apresentavam idade igual ou superior a 18 anos e igual
ou inferior a 75 anos no período da coleta de dados, independente do sexo;
Pacientes com domínio da língua portuguesa;
Pacientes que demonstravam competência em assinar Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido;
Pacientes que concordaram em responder ao instrumento de coleta
de dados;
23
4.3.2 – Critérios de exclusão
Pacientes que apresentavam limitações físicas, como: afasia,
internação hospitalar;
Pacientes com incapacidade mental;
Pacientes que não desejassem, ou fossem incapazes de assinar
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
4.3.3 – Inscrição de Pacientes
Analisou-se o prontuário dos pacientes que realizavam tratamento
dialítico de HD e DPA no centro participante na data base estabelecida para
o levantamento de dados. Os pacientes que atenderam todos os critérios de
inclusão foram entrevistados pelo pesquisador e convidados para participar
do estudo.
Os pacientes que concordaram em participar assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e foram distribuídos para um dos
seguintes grupos:
Grupo 1: Pacientes em DPA;
Grupo 2: Pacientes em HD.
4.4 – Coleta de dados
A data base estabelecida para o levantamento dos pacientes ativos em
terapia renal substitutiva da unidade de diálise foi 10 de dezembro de 2003.
24
Com base no levantamento de pacientes ativos, definiram-se quais
pacientes de DPA e HD atendiam os critérios de inclusão.
Os pacientes que se mantiveram elegíveis foram abordados
pessoalmente pelo pesquisador, que lhes explicou os objetivos da pesquisa
e solicitou sua participação no estudo.
Após a etapa anterior, o pesquisador convocou individualmente os
pacientes para a entrevista. O local e o horário da entrevista foram
agendados conforme a disponibilidade, do paciente de modo que não
prejudicasse seus compromissos com o tratamento ou situações
particulares.
Todos os dados foram coletados exclusivamente pelo pesquisador no
período de dezembro de 2003 a março de 2004 e registrados no prontuário
eletrônico da unidade de diálise.
No momento da entrevista o pesquisador preencheu a ficha individual
dos participantes com os dados sociais, demográficos, econômicos, clínicos
e laboratoriais (Anexo B). As demais informações foram obtidas através de
revisão do prontuário eletrônico e confirmadas pelo paciente durante a
entrevista para avaliação da QV. As variáveis demográficas, sociais e
econômicas constaram de data de nascimento, sexo, raça, estado civil, nível
de escolaridade, tipo de seguro de saúde, situação no mercado de trabalho,
renda mensal familiar (em salário mínimo-SM). Com relação ao estado civil
considerou-se o fato do paciente ter um parceiro estável ou não.
As informações clínicas coletadas foram: tipo de tratamento, tempo de
tratamento dialítico, doença de base para a IRCT e co-morbidades. Co-
25
morbidades foram definidas como doenças não renais que tenham sido
diagnosticadas antes ou durante a terapia dialítica. No momento da
entrevista verificou-se a pressão arterial, peso e altura do paciente, sendo
que para os pacientes de HD considerou-se o peso médio pós-diálise
daquele mês. Com base no peso e altura aplicou-se a fórmula para calcular
o índice de massa corpórea (IMC = peso dividido pela altura elevada ao
quadrado).
Para as análises laboratoriais utilizaram-se os resultados dos exames
de rotina do centro de diálise, sendo que para o estudo foram compilados os
resultados de hemoglobina (Hb), hematócrito (Ht), Kt/V e albumina.
Hb e Ht: foi utilizado o resultado do exame equivalente ao mês em
que os pacientes de DPA e HD responderam o questionário sobre QV. A
meta da clínica é a obtenção de nível de Hb entre 10 e 13 g/dl e de
hematócrito de 30 a 45%, sendo assim pacientes com Hb menor que 10g/dl
(<10) foram considerados com anemia;
Kt/v II: este exame foi equivalente ao mês em que o paciente de HD
respondeu o questionário sobre QV. Para o cálculo foi utilizada a fórmula do
Daugirdas II. A meta da clínica é a obtenção de Kt/V igual ou maior () 1,2;
KT/v semanal: foi utilizado para os pacientes de DPA. Considerando-
se o resultado mais recente. A rotina na unidade de diálise é a coleta a cada
4 meses ou sempre que houver indicação médica. A meta da clínica é a
obtenção de Kt/V igual ou maior () 2,2;
Albumina sérica: foi considerado resultado mais próximo à data da
entrevista para coleta dos dados (Intervalo menor que 3 meses). Todas as
26
análises são realizadas no mesmo laboratório que utiliza o método verde
bromocresol, sendo considerado como valor de referência o nível sérico de
albumina entre 3,8 e 5,5 g/dl. Nível menor que 3,8 g/dl foi considerado baixo.
A QV dos pacientes foi avaliada através do instrumento SF-36 (Anexo
C).
Em relação ao preenchimento do questionário, os pacientes com
limitações físicas (ex: membro imobilizado ou amputado), bem como
pacientes que optaram por serem entrevistados durante HD, mas tinham
fístula artério-venosa puncionada no mesmo membro utilizado para
escrever, a pesquisadora auxiliou no preenchimento das questões, ou seja,
o próprio paciente lia a questão e indicava qual item deveria ser assinalado.
Com os pacientes de baixo nível de instrução ou acuidade visual
diminuída, as questões eram lidas em voz alta e pausadamente, fora do
horário de diálise, e então o paciente dizia qual item o pesquisador deveria
assinalar. Para os casos de dúvidas sobre o instrumento, era realizada a
leitura pausada da questão quantas vezes fossem necessárias, visando não
interferir, induzir ou sugerir as respostas.
Os domínios do instrumento são compostos da seguinte maneira:
Capacidade funcional (questão 3): composta por 10 itens que avaliam
tanto a presença quanto a amplitude das limitações relacionadas à
capacidade física, com três níveis de resposta (muita limitação, pouca
limitação, sem limitação);
Aspectos Físicos (questão 4): composta por 4 itens onde são
abordadas as limitações no tipo ou quantidade de tempo de dedicação ao
27
trabalho ou outras atividades e quanto estas limitações físicas dificultam
outras atividades diárias regulares do indivíduo e o seu trabalho.
Dor (questões 7 e 8): compostas por 2 itens. Avalia a intensidade e
interferência nas atividades de vida diária do indivíduo.
Estado geral de saúde (questões 1 e 11): composta por 5 itens. Uma
questão é de múltipla escolha que varia de excelente a muito ruim e outra
com 4 itens do tipo falso e verdadeiro para avaliação da saúde.
Vitalidade (questão 9, itens a, e, g, i): composta por 4 itens, considera
o nível de energia, vigor, vontade e de fadiga como esgotamento e cansaço.
Aspectos Sociais (questões 6 e 10): composta por 2 itens, analisa a
integração do indivíduo em atividades sociais e define diferentes níveis de
atividade social (família, amigos, vizinhos ou grupos).
Aspectos Emocionais (questão 5): composta por 3 itens onde são
abordadas as limitações no tipo ou quantidade de tempo de dedicação ao
trabalho ou outras atividades, devido a problemas emocionais, como
depressão e ansiedade.
Saúde Mental (questão 9, itens b, c, d, f, h): composta por 5 itens que
incluem as principais dimensões de avaliação da saúde mental e bem-estar
psicológico, felicidade, tranqüilidade e alterações do comportamento, ou
descontrole emocional como depressão, nervosismo e desânimo.
O SF-36 também inclui uma questão de avaliação comparativa entre a
condição de saúde atual e há um ano atrás, sendo que este item (questão 2)
não entra na análise geral de nenhum domínio da escala (35, 37).
28
As respostas do SF-36 foram lançadas no prontuário eletrônico do
paciente, para posteriormente calcular os escores de cada domínio (Anexo
D).
4.5 – Análise estatística
Os dados são apresentados sob a forma de percentual, média e desvio
padrão. Valor de p<0.05 foi considerado estatisticamente significante.
Para a análise estatística foram utilizados dois aplicativos estatísticos:
Minitab Versão 14,2 (Minitab CoUSA) e Statxact-4 Versão 4 (Cytel
Software Co – USA).
Primeiramente foram realizadas análises específicas para cada variável
social, demográfica e econômica, são elas:
- Teste Qui-quadrado: utilizado para as variáveis sexo, raça, união estável e
atividade profissional;
- Teste t-Student para médias foi aplicado para a idade;
- Teste exato de Fisher foi aplicado nas variáveis: escolaridade, renda
familiar, seguro saúde, doença renal primária e co-morbidades;
- Teste não paramétrico de Kruskal-Wallis: foi empregado na variável tempo
em diálise.
- CORRELAÇÃO DE PEARSON: aplicado entre os domínios do SF-36 e as
variáveis idade, escolaridade, tempo de terapia, IMC, co-morbidades,
albumina, Hb, Ht, Kt/V.
29
Para avaliar a interação entre os domínios de QV e as demais variáveis
já citadas foram feitas análises multivariadas, a partir da Análise de
Variância (ANOVA) e Análise de Covariância (ANCOVA).
- ANOVA: utilizada para as variáveis: sexo, raça, escolaridade, união
estável, atividade profissional, renda familiar, seguro saúde e também as
variáveis clínicas doença renal primaria, anemia, albumina e KT/V
adequado;
- ANCOVA: aplicada para idade e tempo em diálise.
30
5 RESULTADOS
5.1 - Seleção dos pacientes
Em 10 de dezembro de 2003 a unidade tinha um total de 194 pacientes
ativos, sendo: 131 no programa de HD, 55 no programa de DPA e 08 no
programa de DPAC.
08 pacientes foram excluídos por realizarem DPAC;
Do grupo em DPA foram excluídos 33 pacientes. Dois
pacientes foram excluídos por terem idade menor que 18 anos,
13 por terem idade maior que 75 anos, 6 por terem tempo de
tratamento inferior a 90 dias, 4 por não aceitarem participar do
estudo, 6 apresentavam alguma limitação física, mental ou
intelectual e 2 pacientes que evoluíram a óbito antes da
abordagem sobre o estudo.
Do grupo em HD foram excluídos 52 pacientes. Quatro
pacientes foram excluídos por terem idade menor que 18 anos,
8 por terem idade maior que 75 anos, 18 por tempo de
tratamento menor que 90 dias, 01 foi transferido para outro
serviço, 12 não aceitaram participar do estudo, 09
apresentavam algum tipo de limitação física, mental ou
intelectual.
Desse modo, totalizou 101 pacientes elegíveis para participarem do
estudo (79 em HD e 22 em DPA).
31
Todas as entrevistas foram realizadas pela pesquisadora, sendo que
apenas uma foi realizada durante visita domiciliar, as demais foram
efetuadas na unidade de diálise.
5.2 - Dados demográficos, sociais e econômicos
As características demográficas, sociais e econômicas destes
pacientes estão apresentadas detalhadamente na Tabela 1.
Os grupos foram semelhantes em relação à: idade, sexo, raça, união
estável, escolaridade, atividade profissional e renda familiar. Na variável
seguro/convênio de saúde, o grupo em DPA apresentou aproximadamente o
dobro do percentual de pacientes com seguro em relação ao grupo de HD
(63 vs 35%, p=0.018).
Na variável raça o percentual de negróides em HD era o dobro do
percentual no grupo de DPA (36.7 vs18%). Do mesmo modo, o percentual
de pacientes orientais no grupo de DPA era 3 vezes maior que HD (14 vs
3.8%), porém ambas sem diferença estatística (p= 0.09).
32
Tabela 1 – Características demográficas, sociais e econômicas dos
pacientes em programa de HD e DPA
HD DPA p
N
79 22
Idade (anos)
Média ± DP* 47,5 ±14,8 52,2±15,4 NS
Sexo (%)
Masculino
Feminino
38 (48,1)
41 (51,9)
9 (40,9)
13 (59,1)
NS
Raça (%)
Branco
Negróide
Oriental
47 (59,5)
29 (36,7)
3 (3,8)
15 (68)
4 (18)
3 (14)
NS
União estável (%)
Sim
Não
51 (64,6)
28 (35,4)
12 (54,5)
10 (45,5)
NS
Escolaridade (%)
Analfabeto
Alfabetizado
Primeiro grau
Segundo grau
Superior
5 (6,3)
4 (5,1)
35 (44,3)
22 (27,8)
13 (16,5)
-
1 (4,5)
8 (36,4)
5 (22,7)
8 (36,4)
NS
Atividade profissional (%)
Sim
Não
20 (25,3)
59 (74,7)
6 (27,3)
16 (72,7)
NS
Renda familiar (%)
</= 1 SM
1-4 SM
> 4 SM
4 (5,1)
38 (48,1)
37 (46,8)
-
7 (31,8)
15 (68,2)
NS
Seguro saúde privado (%)
Sim
Não
28 (35,4)
51 (64,6)
14 (63,6)
8 (36,4)
0,018
NOTA: %= porcentagem; DP=Desvio Padrão; NS = não significativo; SM = salário mínimo.
5.3 - Dados clínicos
A Tabela 2 apresenta as informações relacionadas à condição clínica
dos dois grupos. Novamente os grupos foram semelhantes em relação à
doença renal primária, tipos de co-morbidades, percentual de pacientes
anêmicos e com Kt/V adequado.
33
Tabela 2 - Características clínicas dos pacientes no programa de HD e
DPA
HD DPA p
N
79 22
Tempo em diálise (dias)
Média ± DP* 1062 ± 748 517 ± 403 0,002
Doença renal primaria (%)
GNC
Nefroesclerose
DM
NTI
DPAD
33 (41,8)
23 (29,1)
16 (20,3)
3 (3,8)
4 (5,0)
13 (59,1)
4 (18,2)
3 (13,6)
2 (9,1)
-
NS
Co-morbidades (%)
Cardiovascular
HAS
HCV positivo
DM
IMC > 30%
Outros
Hiperpara
2ário
17 (21,5)
37 (46,8)
11(13,9)
19 (24,1)
8 (10,1)
8 (10,1)
9 (11,4)
9 (40,9)
6 (27,3)
5 (22,7)
4 (18,2)
2 (9,1)
6 (27,3)
1(4,5)
NS
Anemia (%)
Sim
Não
20 (25,3)
59 (74,7)
3 (13,6)
19 (86,4)
NS
Kt/V adequado (%)
Sim
Não
50 (63,3)
29 (36,7)
15 (68,2)
7 (31,8)
NS
Albumina sérica (%)
< 3,8g/dl
3,8 - 5,5g/dl
3 (3,8)
76 (96,2)
9 (40,9)
13 (59,1)
< 0,001
NOTA : %= porcentagem; DM = Diabete Melito; DP=Desvio Padrão; DPAD = Doença
Policística Autossômica Dominante; GNC= Glomerulonefrite Crônica; HAS= Hipertensão
Arterial Sistêmica; HCV = Hepatite C; Hiperpara 2
ario
= Hiperparatireoidismo Secundário;
IMC= índice de massa corporal; NTI= Nefrite Túbulo Intersticial; NS = não significativo.
O grupo em HD estava em tratamento há mais tempo que o grupo em
DPA (p=0.002) e apresentava mais pacientes com nível sérico de albumina
adequado (p < 0.001). A média na concentração de albumina sérica no
grupo em HD foi maior que em DPA (4.25± 0.29 vs 3.77 ± 0.37 g/dl
p<0,001).
Na variável anemia, nota-se que a freqüência de pacientes anêmicos é
praticamente o dobro no grupo de HD em relação ao grupo de DPA, apesar
de não ter diferença estatística entre os grupos.
34
Em relação à co-morbidades o percentual de pacientes em DPA com
doenças cardiovasculares foi o dobro do percentual em HD (40.9 vs 21.5%;
p = 0.056). Em contrapartida, o percentual de pacientes com HAS foi maior
nos pacientes em HD. Estas diferenças são ilustradas na Figura 1.
Figura 1 - Distribuição percentual dos pacientes de DPA e HD quanto à
Co-morbidades
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
cardio
vascular
HAS HCV
positivo
DM IMC >30% hiperpara
2ario
outros
percentual
DPA HD
NOTA: DM = Diabete Melito; HAS= Hipertensão Arterial Sistêmica; HCV = Hepatite C;
Hiperpara 2
ario
= Hiperparatireoidismo Secundário; IMC= índice de massa corporal;
OUTROS = Artrite Reumatóide, Litíase Renal, Hemofilia B, Gastrite Crônica, Doença de Von
Willebrand, Retinopatia, Hipotireoidismo, Lupus Eritematoso Sistêmico, Bronquiectasia e
Hiperuricemia.
Todos os pacientes em DPA utilizavam solução de diálise a base de
dextrose e tinham cateter peritoneal de Tenckhoff acoplado ao extensor
denominado equipo de transferência de 6 polegadas – Baxter Healthcare Co
– USA. Os dados relacionados à prescrição de diálise (modalidade de DPA,
freqüência semanal e tempo de terapia) podem ser observados no Quadro 1.
35
Quadro 1 - Distribuição dos pacientes de DPA quanto à prescrição de
diálise
DESCRIÇÃO n = 22 (%)
Modalidade
Cavidade seca
Dia úmido
Cavidade úmida + troca diurna
19 (86,4)
01 (4,5)
02 (9,1)
Acesso peritoneal
Cateter Tenckhoff 22 (100)
Freqüência
(dias/semana)
7
6
5
20 (90,1)
01 (4,5)
01 (4,5)
Tempo de terapia
(horas/noite)
8-10
< 8
20 (90,9)
2 (9,1)
No Quadro 2 são apresentadas as informações clínicas do grupo de
HD, relacionadas ao acesso vascular, freqüência de diálise e tempo de
terapia.
Quadro 2 - Distribuição dos pacientes de HD quanto ao acesso vascular
e prescrição de diálise
DESCRIÇÃO n = 79 (%)
Modalidade
HD clássica 79 (100)
Acesso vascular
Fístula artério-venosa (FAV)
Cateter Longa Permanência
74 (93,6)
05 (6,4)
Freqüência (dias/semana)
3 79 (100)
Tempo de terapia (horas)
3
3:30
4
06 (7,6)
45 (57,0)
28 (35,4)
36
5.4 - Qualidade de Vida
Todos os pacientes responderam ao questionário proposto. Nenhuma
pergunta deste questionário foi deixada sem resposta e a questão que
provocou maior dificuldade de entendimento dos pacientes foi número 11.
Os resultados da questão 2 são apresentados na Figura 2. Pode-se
observar um percentual relativamente maior de pacientes em DPA que
sentiram sua condição de saúde melhor que um ano atrás se comparada
com o grupo de HD, embora sem significância estatística.
Figura 2 - Distribuição percentual dos pacientes de DPA e HD quanto a
respostas da questão 2 do SF-36
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
MUITO
MELHOR
UM POUCO
MELHOR
QUASE A
MESMA
UM POUCO
PIOR
MUITO PIOR
Percentual
HD %
DPA %
37
Na Tabela 3 observam-se os oito escores (média + desvio padrão)
referentes aos domínios do questionário SF-36. Os dados mostram que não
existe diferença estatística significativa entre os grupos HD e DPA em seis
domínios: Capacidade Funcional, Dor, Estado Geral de Saúde, Vitalidade,
Aspectos Emocionais e Saúde Mental.
Em dois domínios: Aspectos Físicos (p = 0.007) e Aspectos Sociais,
pacientes do grupo de DPA demonstraram QV inferior àquela apresentada
pelo grupo de HD, embora sem atingir diferença estatística nos Aspectos
Sociais (p= 0.073).
Tabela 3 - Escores obtidos nos domínios do Questionário SF-36 dos
pacientes nos programas de HD e DPA
NOTA: NS= não significativo
HD DPA p
N
79 22
Capacidade Funcional
61,4 ± 23,4 55,7 ± 296 ns
Aspectos Físicos
55,7 ± 40,8 29,5 ± 35,0 0,007
Dor
52,2 ± 26,9 62,3 ± 22,4 ns
Estado Geral de Saúde
51,9 ± 25,6 56,1 ± 20,9 ns
Vitalidade
58,9 ± 22,5 55,6 ± 23,4 ns
Aspectos Sociais
76,1 ± 23,0 64,7 ± 26,6 0,073
Aspectos Emocionais
67,1 ± 40,8 62,1 ± 42,8 ns
Saúde Mental
68,7 ± 22,7 68,9 ± 22,5 ns
38
5.4.1 - Análise do coeficiente de correlação de Pearson: SF-36 e
parâmetros clínicos e laboratoriais
Ao realizar a análise das correlações isoladamente para os grupos do
estudo (HD e DPA) percebem-se diferenças entre eles. A tabela 4 apresenta
os resultados significativos do coeficiente de correlação de Pearson entre os
componentes do SF-36 e parâmetros clínicos e laboratoriais.
Tabela 4 - Coeficiente de correlação de Pearson significativos entre
domínios do SF-36 e parâmetros clínicos, laboratoriais,
para o total de pacientes em HD (n=79) e DPA (n=22)
HD DPA
CF DF AS SG CF AE SM
Idade
- - - -
(0,524**)
- -
IMC
(0,312**)
-
0,260*
- -
(0,453*) (0,465*)
Co-
morbidade
(0,282**)
- - - - - -
Albumina
-
0,253*
- -
0,618*
- -
Kt/V
- - -
0,225*
- - -
NOTA: * = p <0.05; ** = p <0.01; ( ) = Valor negativo; AE = Aspecto Emocionais; AS =
Aspecto Social; CF = Capacidade Funcional; DF = Dor; IMC = índice de massa corpórea;
SG = Estado Geral de Saúde; SM = Saúde Mental;
39
No domínio Capacidade Funcional (CF), o grupo de HD apresentou
correlações negativas significantes com IMC e número total de co-
morbidades, ou seja, quanto menor o IMC ou o número total de co-
morbidades do paciente melhor foi o escore de Capacidade Funcional do
paciente de HD.
Ainda no domínio Capacidade Funcional, o grupo de DPA apresentou
uma característica única: correlação negativa com a Idade (quanto mais
idoso o paciente, pior sua avaliação da Capacidade Funcional). Também
ocorreu correlação positiva muito intensa com albumina sérica, assim quanto
maior o nível de albumina, melhor o escore de Capacidade Funcional.
Para os pacientes de Hemodiálise somente Dor correlacionou-se com
albumina sérica, ou seja, quanto maior a albumina maior o escore para Dor.
Ter um escore alto para dor não significa que tem mais dor e sim melhor QV
relacionada a este domínio.
O domínio Estado Geral de Saúde (SG) apresentou correlação
positiva com Kt/V apenas para o grupo de HD.
Nas correlações do Componente Mental, o grupo de HD apresentou
correlação positiva entre Aspectos Sociais e a variável IMC. Entretanto, no
grupo de DPA houve um comportamento diferente: os domínios Aspectos
Emocionais e Saúde Mental apresentaram correlação negativa com IMC, ou
seja, quanto maior o IMC pior o escore de QV para esses dois domínios para
pacientes de DPA.
Os demais domínios do SF-36 não apresentaram correlações
significativas com nenhuma das variáveis analisadas.
40
5.4.2 - Análise Multivariada
Foram realizadas análises multivariadas para verificar se existiam
outras interações em relação ao domínio Aspecto Físico, independentes do
tipo de diálise, que pudessem justificar a diferença obtida entre os grupos de
HD e DPA.
As análises foram realizadas entre o domínio Aspectos Físicos e as
variáveis: idade, sexo, raça, união estável, escolaridade, atividade
profissional, renda familiar, seguro saúde, tempo de diálise, doença renal
primária, anemia, Kt/V adequado e albumina sérica. Não foi constatada
interferência dessas variáveis. Assim a diferença encontrada é justificada
unicamente pelo método de diálise utilizado.
Houve uma discreta interação entre Aspectos Físicos e as variáveis
união estável e Kt/V adequado, contudo esses níveis de interação não
atingiram o valor de significância estatística (0,077 e 0,099 respectivamente).
41
6 DISCUSSÃO
6.1 – Aspectos Gerais
Segundo o Censo dos Centros de Diálise no Brasil, realizado pela
Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), têm ocorrido um crescimento
significativo no número de pacientes em programa de DPA. Em 1999 haviam
195 pacientes (0,5 % da população em diálise). Este número aumentou para
1570 em 2002 (2,9 %) e 2073 no ano de 2005 (3,8%) (51).
A expansão da DPA no Brasil pode ser justificada por fatores
econômicos e clínicos. A cicladora para DPA foi introduzida no Brasil na
década de 80 quando todos os custos com a terapia eram pagos com
recursos dos próprios pacientes, fato que restringia o seu uso a uma
pequena parte da sociedade. Na década seguinte, esta modalidade passou
a ser custeada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e por algumas
seguradoras privadas, disponibilizando assim, a terapia a um percentual
muito maior de pacientes renais.
Do ponto de vista clínico, uma grande vantagem da DPA sobre a DPAC
é a flexibilidade da prescrição dialítica. É possível adaptar a prescrição às
necessidades clínicas do paciente, favorecendo melhores “clearances” e
beneficiando especialmente pacientes com déficit de ultrafiltração (alto
transportador). Além desse fator, a DPA permite reduzir o número de
trocas/dia, com conseqüente redução do risco de infecção, além de
42
promover maior liberdade de horários, mais conforto, sem aumentar o tempo
dedicado pelo paciente às trocas (4).
Por esses motivos, os profissionais têm a percepção que DPA oferece
melhor Qualidade de Vida aos pacientes que outras modalidades como
DPAC ou HD. As controvérsias sobre este fato (45, 46, 48, 52) e a
inexistência de estudos na população brasileira sobre o tema incentivaram a
realização deste estudo.
Dos pacientes em DPA no Brasil, o maior número de casos está
localizado no Estado de São Paulo (970 pacientes em 2005) (51). Assim,
vislumbrou-se a possibilidade de realizar tal estudo devido à disponibilidade
de um centro de diálise no município de São Paulo ter uma população
grande em DPA e vínculo profissional com os autores. Estes fatores
permitiriam a análise da totalidade do grupo de pacientes e a liberdade de
acesso aos recursos materiais e prontuários médicos.
Por outro lado, em um estudo unicêntrico existe a possibilidade de a
população ter o viés da prática médica daquele grupo específico, pois os
atendimentos são realizados conforme protocolos da unidade e todos os
pacientes utilizam o mesmo sistema para realizar a terapia.
Um dos aspectos a ser comentado é se a população estudada
representa uma amostra da população em HD e DPA no Brasil.
Na data base estabelecida para avaliação dos pacientes ativos, a
unidade tinha 186 pacientes de HD e DPA, porém depois de observados os
critérios de exclusão restou uma amostra final para o estudo de 101
pacientes, que equivale a 54.3% do total. Em relação ao grupo de
43
hemodiálise a população final do estudo correspondia a 60.3% do total no
grupo. Já em DPA a população final representava 40% da amostra inicial.
Existia um predomínio de pacientes com idade superior a 75 anos no grupo
de DPA sobre o de HD (DPA 23.6% e HD 10.1%) e por isso optou-se por
excluir esta população.
A unidade de diálise onde foi realizado o estudo tinha uma população
em DPA de 55 pacientes. Este número representava aproximadamente 5%
da população de DPA do Estado de São Paulo e superava a média de
pacientes em vários outros estados brasileiros conforme constatado no
Censo Brasil 2005 (51). Após a exclusão de pacientes de acordo com os
critérios definidos para este estudo, a população inicial foi reduzida (n=22).
No entanto, ela ainda representou 2,2% da população de DPA no Estado.
Outro fator que colaborou para a elevada taxa de exclusão foi a
utilização de um instrumento para avaliação da QV que exige um nível de
compreensão mínimo por parte do colaborador.
Mesmo havendo uma diferença no tamanho das populações em HD e
DPA, não se observou diferenças significativas entre os grupos nas variáveis
demográficas e sociais. Nas variáveis econômicas, documentou-se uma
maior freqüência de pacientes em DPA que possuíam seguros privados de
saúde. Se isto representa uma distinção econômica entre os grupos ela
deveria favorecer o grupo de DPA.
Do mesmo modo os dados clínicos e a maioria dos fatores de risco
foram semelhantes entre os dois grupos. Segundo o registro Latino-
americano de Diálise e Transplante publicado em 1997, a principal causa de
44
IRC no Brasil era a glomerulonefrite crônica, seguida de hipertensão arterial
e diabete mellitus (53). Esses dados coincidem com os observados nos
grupos de HD e DPA deste estudo e também com os resultados obtidos em
outros trabalhos realizados com pacientes de HD no município de São Paulo
(9, 43).
Apesar do alto índice de exclusão pode-se perceber que a amostra final
do estudo preservou-se semelhante à população dialítica brasileira (51).
Além disso, os dados dos pacientes em HD neste estudo assemelham-se
aos obtidos em outro estudo realizado em São Paulo (43).
Assim as populações estudadas, tanto em HD quanto em DPA, eram
semelhantes entre si e aparentemente refletiam a população brasileira em
terapia dialítica, o que permitiu a comparação entre as duas modalidades de
terapia dialítica aqui analisadas.
6.2 - Qualidade de Vida
Um motivo para extensa discussão seria a decisão sobre qual
instrumento de medida da Qualidade de Vida deveria ser utilizado no estudo.
Em revisão sobre os instrumentos utilizados para avaliar a QV de
pacientes com IRCT, o SF-36 surge entre os mais frequentemente utilizados
neste grupo (9, 23, 27, 35, 37-46, 48-50, 52, 54-70). Sua freqüente
aplicabilidade em populações renais deve-se ao fato que seus 8 domínios
terem constituição válida para abordar os principais pontos relacionados à
saúde do individuo. Além disso, sua praticidade e baixo custo favorecem sua
utilização em larga escala (27, 38).
45
Assim, dos diferentes instrumentos utilizáveis para medir Qualidade de
Vida, nenhum parece possuir vantagens claras sobre os outros. A escolha
de um deles, como no presente estudo, parece depender da validação do
instrumento na língua em que ele será aplicado, de uma escolha do
investigador e não de um consenso da comunidade científica.
De modo geral, existem muitos estudos que utilizaram o SF-36 para
avaliar a QV de pacientes com IRCT, porém grande parte deles é voltada
para população em HD isoladamente (55) ou comparando-a com pacientes
transplantados (42, 43). São menos freqüentes os trabalhos comparando a
QV entre pacientes de HD e DP (46, 52, 56, 58, 61, 65, 67-71) e este
percentual fica ainda menor quando a avaliação é específica para a
modalidade de DPA (48, 63). Desse modo, esta análise oferece a
oportunidade de comparar essas duas modalidades dialíticas.
Os resultados obtidos neste estudo expressam uma diferença na
Qualidade de Vida dos dois tipos de modalidade dialítica.
O SF-36 inclui uma questão de avaliação comparativa entre a condição
de saúde atual e a condição há um ano atrás (Questão 2). Neste estudo é
interessante ressaltar que um percentual muito maior de pacientes em DPA
do que no grupo HD, apontou que se sentia muito melhor em relação há um
ano atrás, apesar de não ter sido demonstrado diferença significativa entre
os grupos. É comum que as publicações não citem os resultados desta
questão, talvez por se tratar de uma percepção subjetiva do indivíduo sobre
sua situação geral de saúde. Porém o fato dela ser avaliada de modo isolado
e não entrar no escore de nenhuma dimensão do SF-36 possibilita que ela
46
seja utilizada como um parâmetro para avaliar a satisfação do paciente com
a terapia. Recentemente alguns pesquisadores têm se dedicado a elaborar
instrumentos que possam medir a satisfação com o tratamento para
pacientes com falência renal crônica, tanto na prática clínica como em
estudos clínicos (72, 73). No entanto, como os pacientes em HD estavam
sendo tratados há aproximadamente 3 anos enquanto os em DPA há
somente 1,5 anos, é possível que a melhora referida pelos pacientes em
DPA reflita a mudança de um estado pré-dialítico para um dialítico estável.
Isto poderia não ser percebido no grupo em HD que estava estável em
diálise há mais tempo.
Em relação aos domínios do Componente Mental, não houve diferença
estatística significativa entre a população deste estudo. Entretanto, o grupo
de DPA apresentou uma tendência a índices mais baixos no domínio
Aspectos Sociais, em relação ao grupo de HD. Os motivos prováveis para
esta diferença não são claros para nós, pois para o grupo de DPA não foi
constatada nenhuma correlação ou interação entre este domínio e as
demais variáveis analisadas no estudo.
Na literatura encontram-se estudos onde os índices do Componente
Mental são melhores para os pacientes de PD em relação à HD (52, 63) e
também aqueles que não encontraram diferença entre as duas modalidades
terapêuticas no Componente Mental (46, 58, 71)
No Componente Físico do SF-36, a única diferença significativa
observada entre os grupos foi encontrada no domínio Aspectos Físicos,
sendo que DPA apresentou escores inferiores aos de HD. No SF-36, este
47
domínio é avaliado através da questão número 4 do questionário e nela são
abordadas as limitações do paciente em relação ao tempo dedicado ao
trabalho, o tipo, a quantidade e a dificuldade de realizar estas tarefas, ou
seja, avalia unicamente o impacto da saúde do paciente sobre seu
desempenho em relação ao seu “trabalho”. Na análise de interação entre
tipo de diálise, Aspectos Físicos e as variáveis sociais, demográficas,
econômicas e clínicas, não se observou nenhuma interação significativa.
Contudo, no grupo DPA, constatou-se que os pacientes que tinham parceiro
estável ou estavam com Kt/V adequado apresentaram uma tendência a
escores melhores na avaliação de Aspectos Físicos.
Estes resultados são semelhantes aos observados por outros
investigadores. No estudo realizado por Mittal e cols, os autores concluíram
que os pacientes de PD apresentaram piores resultados no Componente
Físico quando comparados ao grupo de HD, mas no Componente Mental os
resultados foram similares (46). Já no estudo realizado por Diaz-Buxo e cols,
o grupo de DPA, comparado a DPAC e HD, apresentou escore mais baixo
para o Componente Físico, porém manteve escore mais alto para o
Componente Mental (63).
Um dos estudos pioneiros na utilização do SF-36 para comparar a QV
entre HD e DP, atingiu resultados contrários aos observados neste estudo.
Os resultados mostraram que pacientes de DP tiveram escores melhores
que HD nos domínios Saúde Mental, Dor, Aspectos Emocionais e Aspectos
Físicos (52). Entretanto, os mesmos autores em estudo prospectivo,
multicêntrico, posterior, para comparar a QV entre HD e DP com 3, 6, 12 e
48
18 meses de terapia concluíram que o domínio Aspectos Físicos da QV do
grupo de HD possuía resultados melhores no decorrer da terapia em relação
ao grupo de DP (65).
Existem estudos que obtiveram resultados diferentes aos deste. No
realizado por Manns e cols, foi avaliada a percepção de QV entre pacientes
de DP e HD no inicio da terapia e após 6 e 12 meses. Foram utilizados três
instrumentos para avaliar QV e os autores concluíram que não existia
diferença significativa na percepção de QV relacionada à saúde para
pacientes renais crônicos no inicio ou ao longo do primeiro ano de terapia
(58). Também não foi demonstrada nenhuma diferença nos resultados
relacionados à QV entre o grupo de DP e HD no estudo realizado por de Wit
e cols, mesmo este autor tendo utilizado dois instrumentos de perfil de saúde
(Short-Form 36 e EuroQol/EQ-5D) e dois métodos de preferência em saúde
(Standard Gamble e Time Trade Off (71).
Buscando esclarecer se os resultados contraditórios na QV entre os
pacientes de HD e DP eram decorrentes do instrumento utilizado para
avaliar a QV, Wu e cols compararam a QV de pacientes de HD e DP no
inicio e após 1 ano de tratamento, utilizando 2 tipos de instrumentos:
genérico e específico para pacientes em estágio terminal de doença renal.
Na conclusão verificou-se que, em relação ao SF-36, o grupo de HD teve
resultados melhores em dois domínios (Aspectos Físicos e Estado Geral de
Saúde), porém no instrumento específico os resultados não foram
consistentes (56).
49
Mesmo pacientes tratados por dois tipos diferentes de DP, DPA e
DPAC, podem apresentar QV distintas, como no estudo multicêntrico
realizado por Wit et al, onde foi comparada a QV dessas duas modalidades.
Os pacientes de DPA e DPAC tiveram a avaliação do domínio Aspectos
Físicos prejudicada quando comparada à população geral, porém sem
diferenças na Saúde Mental. Os pacientes de DPA apresentaram melhores
escores em Saúde Mental que os de DPAC, com menores índices de
ansiedade e depressão. (48).
A dúvida sobre quais os principais fatores que influenciam na QV dos
pacientes renais é comum no cotidiano dos profissionais de saúde. Na
literatura encontram-se referências sobre algumas variáveis tidas como
fortes influencias na avaliação da QV de pacientes com IRCT, como idade,
tempo de terapia, nível socioeconômico, anemia, número de co-morbidades,
Kt/V adequado e nível de albumina sérica.
Neste estudo, verificou-se que a idade apresentou correlação inversa
com o domínio Capacidade Funcional (capacidade física de desenvolver
atividades diárias|) apenas para o grupo de DPA, ou seja, quanto mais idoso
o paciente em DPA pior a avaliação da sua Capacidade Funcional. Embora
de fácil entendimento nem todos os estudos encontram esta relação inversa.
Em estudo realizado por Rebollo e cols, foi avaliado a QV de dois grupos de
pacientes com IRCT, um grupo com idade inferior a 65 anos e outro com
idade superior a 65 anos, sendo que os autores concluíram que os pacientes
mais idosos tiveram uma avaliação da QV melhor que os pacientes mais
novos (42).
50
No estudo realizado com pacientes italianos no programa de HD para
verificar a QV através do SF-36, verificou-se que nos pacientes com mais de
70 anos de idade os escores de QV eram muito próximos aos obtidos com a
população geral menos idosa da região (64).
Nos Estados Unidos (EUA) foi desenvolvido um estudo onde se
comparou a QV de pacientes de DPA com idade superior a 65 anos com os
grupos de pacientes mais jovens. Constatou-se que apesar do grupo idoso
ter maiores índices de mortalidade, falhas na técnica de diálise e peritonites
em relação aos pacientes mais jovens, na avaliação da QV não houve
diferença significativa entre os grupos (60).
É importante reconhecer que a realidade das estruturas direcionadas
ao atendimento do idoso em países europeus e EUA é muito diferente dos
recursos disponíveis no Brasil. Este quadro socioeconômico pode favorecer
a adaptação da população idosa européia e norte-americana à rotina
terapêutica contrariamente ao que ocorre em nosso país.
Este estudo não conseguiu esclarecer o motivo de não ocorrer
correlação entre idade e Capacidade Funcional com os pacientes de HD. A
prática clínica sugere que um fator que poderia influenciar este resultado é a
freqüência com que os pacientes de HD comparecem à unidade de diálise
para realizar a terapia. Os pacientes são obrigados a realizar alguma
atividade física (andar, subir e descer de meios de transporte, etc) e talvez
estas tarefas melhorem sua condição física para realizar as demais
atividades diárias. Porém não existem estudos científicos que possam
comprovar esta hipótese.
51
Outro aspecto a ser analisado é o tempo de terapia que foi maior nos
pacientes em HD. No entanto, não se observou qualquer correlação entre
tempo de terapia e os domínios do SF-36. Existem estudos demonstrando
que os pacientes de HD apresentam melhores escores de QV relacionada
ao componente Físico, após 6, 12 e 18 meses de tratamento, quando
comparados com pacientes de DP (58, 65). O tempo de terapia pode
influenciar de dois modos distintos. O fato de o paciente estar a mais tempo
em terapia facilitaria a adaptação do tratamento à sua rotina, entretanto
poderia gerar insatisfação e desânimo em relação ao mesmo.
O aspecto sócio-econômico obviamente tem que ser analisado uma vez
que foi observada uma freqüência maior de pacientes com seguro saúde
privado no grupo DPA. Embora os grupos fossem semelhantes no
percentual de pacientes com algum tipo de atividade profissional
remunerada, o grupo de DPA apresentou um percentual maior de pacientes
com renda familiar superior a quatro salários-mínimos e nível de
escolaridade superior, mas não estatisticamente significante. Estes dados
poderiam sugerir uma população com nível socioeconômico melhor no grupo
de DPA. De fato, Sesso e cols, ao avaliarem o impacto do nível
socioeconômico de pacientes com IRCT na QV, demonstraram que
pacientes com baixo nível socioeconômico tiveram escores mais baixos em
todas as dimensões do SF-36 quando comparados com pacientes de nível
mais alto e concluíram que nível socioeconômico é um importante fator de
associação com QV para pacientes com IRCT (57). Assim, a melhor
condição socioeconômica do grupo DPA neste estudo poderia proporcionar
52
um viés de melhor qualidade de vida para este grupo, porém o resultado foi
exatamente o oposto fortalecendo a hipótese de que esta variável não afetou
o resultado.
A anemia é a principal manifestação hematológica da uremia e também
um dos fatores com maior impacto negativo na QV, porém a utilização de
eritropoetina tem mostrado benefícios em relação a isto (27, 53, 54). Em um
dos estudos pioneiros na avaliação da QV entre pacientes de HD e DP, foi
identificado que baixos níveis de hemoglobina estavam relacionados com
piores resultados de QV (52). Fadil-Romão mostrou que valores de Hb e Ht
têm correlação direta com Aspecto Físico do SF-36, ou seja, quanto maior o
nível de hemoglobina, maior o escore para Aspectos Físicos (9). Na
população estudada constatou-se baixa ocorrência de anemia, sem
diferença significativa entre as terapias, embora um percentual de pacientes
com anemia no grupo HD fosse o dobro do grupo de DPA. Este dado
poderia ter provocado um erro a favor de DPA, mas não ao contrário.
Vários estudos constataram que o elevado número de co-morbidades
está relacionado com piores escores de QV (27, 52, 74). Neste estudo, não
foi constatada diferença estatística significativa entre os grupos em relação
às co-morbidades. Entretanto, verificou-se uma correlação inversa
significativa entre esta variável e Capacidade Funcional somente para o
grupo HD, o que parece de fácil interpretação. No entanto, a ausência de
correlação entre co-morbidades, no grupo de DPA, com os domínios do SF-
36 não tem entendimento tão claro.
53
A eficiência do processo dialítico, avaliada pelo Kt/V uréia, é
questionada sobre seu impacto na QV. Em estudo transversal realizado por
Chen e cols, que compararam a QV de pacientes de DP e HD de acordo
com Kt/V uréia ou com a depuração semanal de creatinina (CCr), concluiu-
se que Kt/V adequado, mas não CCr adequado, apresenta melhores
escores de QV e sugeriu o Kt/V como um parâmetro mais adequado de
avaliação clínica quando o foco for a QV (75).
Neste estudo, a grande maioria dos pacientes apresentou Kt/V
adequado sem diferença estatística significativa entre os grupos e esta
variável não apresentou correlação com as demais analisadas ou com os
itens do SF-36. Portanto, o Kt/V desta população não poderia ter
influenciado o resultado obtido na avaliação da QV entre os dois grupos
estudados.
O estado nutricional do paciente é também um fator que interfere na
morbidade e mortalidade dos pacientes com IRCT e exerce influencia
importante na avaliação da QV desse grupo (27, 54). Alguns estudos
referem que baixos níveis de albumina sérica têm relação com escores mais
baixos de QV, principalmente em domínios relacionados ao Componente
Físico (46, 64).
Neste estudo verificou-se que o grupo de HD apresentava maior nível e
mais pacientes com albumina sérica adequada em relação ao grupo de
DPA. A albumina sérica apresentou correlação positiva com o domínio
Capacidade Funcional para o grupo DPA. Para o grupo de HD a correlação
ocorreu entre albumina e o domínio Dor Física. No entanto, estes dois
54
domínios não diferiram entre os grupos. Quando se analisa isoladamente os
grupos, entende-se que a albumina pode interferir na avaliação da QV do
indivíduo de DPA e HD para alguns domínios específicos do Componente
Físico, porém neste estudo não houve correlação ou interações diretamente
com o domínio Aspectos Físicos do questionário SF-36, o que possivelmente
afasta sua influência nos resultados obtidos.
O Índice de Massa Corpórea (IMC) é amplamente utilizado como um
complemento na avaliação nutricional dos pacientes. Observou-se que o
grupo de HD teve correlação inversa entre IMC e Capacidade Funcional
(quanto mais obeso o paciente, pior o escore para realização de atividades
cotidianas). Também ocorreu correlação direta com o domínio Aspectos
Sociais, porém as análises realizadas neste estudo não conseguiram
esclarecer os motivos desta correlação.
Em resumo, este estudo constatou uma semelhança na avaliação dos
pacientes em HD e DPA sobre sua QV em quase todos os domínios do
instrumento SF-36. Contudo, o grupo de DPA avaliou-se com um déficit em
sua disposição para a execução de tarefas relacionadas ao trabalho e
atividades diárias (domínio Aspectos Físicos) não havendo nenhuma
interação entre este dado e as demais variáveis analisadas. É interessante
ressaltar que, apesar de uma das principais vantagens da modalidade de
DPA ser a liberdade e flexibilidade de horários para permitir a realização de
atividades diárias, esta disponibilidade de tempo não superou a indisposição
para a realização destas tarefas.
55
7 CONCLUSÃO
1 – A Qualidade de Vida dos pacientes em DPA e HD é muito
semelhante em quase todos os domínios do SF-36.
2- O Aspecto Físico, que avalia a capacidade de realizar tarefas do
cotidiano do paciente, é significativamente menor no grupo DPA do que no
de HD.
3- Este resultado não parece estar relacionado com nenhuma das
variáveis estudadas, mas unicamente com o método dialítico.
56
8 ANEXOS
Anexo A – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Título da pesquisa: Avaliação da Qualidade de Vida de pacientes com
insuficiência renal crônica em tratamento por diálise peritoneal automatizada
e hemodiálise utilizando o instrumento SF-36
Pesquisador executante: Enfª Valquíria Greco Arenas
Orientador: Prof. Dr. Elias David Neto
Projeto científico para o Curso de Mestrado da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo - USP
Este documento, chamado de Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido, tem a intenção de explicar ao senhor (a) uma pesquisa
científica que realizaremos nesta clínica e convidá-lo a participar deste
trabalho.
Atualmente, os profissionais de saúde estão preocupados com as
conseqüências do tratamento de doenças crônicas no dia-a-dia dos
pacientes e familiares. Diversos pesquisadores concluíram que não basta
avaliar os resultados de uréia, potássio, creatinina, etc, dos pacientes, é
57
preciso se perguntar: Qual é a Qualidade de Vida dessas pessoas? O que
pode interferir na sua Qualidade de vida?
O objetivo principal desta pesquisa é avaliar a Qualidade de vida dos
pacientes que apresentam Insuficiência Renal Crônica e fazem diálise. Para
isso utilizaremos um questionário e algumas informações do prontuário
médico do paciente.
Serão convidados para participarem do estudo somente os pacientes
que estejam fazendo tratamento de Hemodiálise e Diálise Peritoneal
Automatizada (cicladora) no mínimo há 90 dias, com idade igual ou maior
que 18 anos ou igual ou menor de 75 anos, que aceitem participar deste
estudo. Não poderão participar pessoas que tenham incapacidade mental ou
outros problemas de saúde que dificultem o entendimento dos
procedimentos da pesquisa.
Formaremos 2 grupos: grupo 01 com os pacientes de diálise peritoneal
automatizada e grupo 02 com os pacientes de hemodiálise. Para os dois
grupos serão feitas as mesmas etapas.
Etapa 1: apresentaremos ao Sr e seus familiares os objetivos e os
procedimentos do estudo. Caso o Sr concorde em participar, deverá assinar
este documento.
Etapa 2: o pesquisador copiará algumas informações do seu
prontuário. As informações copiadas serão: idade, data de nascimento, sexo,
estado civil, nível de escolaridade, se está trabalhando ou não, renda familiar
média, qual é o seguro de saúde, o seu tipo de tratamento, tempo de
tratamento, qual a doença que o levou a ter o problema renal e outras
58
doenças existentes. Também serão copiados resultados de alguns exames
realizados mensalmente na clínica UNTR, como: hemoglobina, hematócrito
(anemia) albumina e Kt/V (adequação na diálise). O paciente não precisará
fazer nenhum exame além dos que são feitos na rotina mensal na
clínica. Nesta etapa o Sr não precisará estar na clínica, caso seja
necessário, a pesquisadora entrará em contato para esclarecer qualquer
dúvida sobre as informações.
Etapa 3: O Sr deverá preencher um questionário para podermos avaliar
sua Qualidade de Vida. A pesquisadora entrará em contato com o Sr para
agendar o melhor dia, local e horário para o preenchimento do questionário.
A pesquisadora ou outra pessoa treinada por ela estará acompanhando o
paciente durante esta entrevista. Como critério para aplicação deste
questionário, seu acompanhante não poderá ficar com o Sr no momento de
responder às perguntas.
Para avaliar a Qualidade de Vida será usado o questionário chamado
de SF-36, que tem 36 perguntas e o Sr deverá escolher qual a resposta que
mais se encaixa na sua situação. Caso o Sr não entenda o que está escrito,
o pesquisador não poderá explicar a pergunta, apenas irá repetir a pergunta
quantas vezes forem necessárias até que o Sr a compreenda. O Sr terá que
responder este questionário somente uma vez e o tempo previsto para
responder as perguntas pode variar de 20 a 60 minutos.
Esta pesquisa não irá interferir no tratamento do Sr, apenas irá avaliar a
sua Qualidade de Vida. Todas as medicações, prescrição de diálise e
59
exames de rotina seguirão as orientações do médico responsável pelo seu
tratamento.
O inconveniente gerado ao Sr será o comparecimento à clínica para
responder ao questionário. Caso o Sr não tenha condições físicas de ir à
clínica para a entrevista, a pesquisadora irá avaliar a possibilidade de
realizar uma visita à sua casa para o Sr responder o questionário.
Todas as informações coletadas no estudo estarão sob a
responsabilidade da pesquisadora. Todas as respostas serão analisadas e
os resultados do trabalho serão publicados, mesmo que sejam negativos.
Porém, não serão divulgados os nomes ou iniciais dos pacientes
participantes do estudo, somente a pesquisadora terá acesso a estas
informações.
O Sr tem a liberdade de escolher se quer participar ou não do estudo.
Mesmo que o Sr aceite contribuir com o estudo, o Sr tem o direito de desistir
a qualquer momento. A sua saída do estudo não irá interferir nos serviços
que o Sr ou qualquer membro de sua família recebam da clínica UNTR.
Caso o Sr não queira mais colaborar com o estudo, este documento perde
seu valor.
O Sr participará como colaborador deste estudo, não terá nenhuma
despesa ou custo por esta colaboração, mas também não receberá nenhum
benefício financeiro por sua participação.
A qualquer momento o Sr poderá solicitar ao pesquisador as
informações sobre os procedimentos, riscos e benefícios da pesquisa e
também esclarecimentos sobre dúvidas referentes ao estudo.
60
Acreditamos que este estudo auxiliará os profissionais de Nefrologia a
terem uma maior compreensão da Qualidade de Vida dos pacientes nos
diferentes tratamentos e quais os fatores que podem melhorar ou piorar esta
qualidade. Além disso, os pacientes que participarem do estudo tem a
vantagem de terem um acompanhamento mais intensivo, além dos cuidados
médicos e de enfermagem que são da rotina da UNTR.
Independentemente dos resultados alcançados com este estudo,
positivos ou não, nos comprometemos a publicá-lo, garantindo que não
serão mencionados os nomes dos pacientes que colaboraram.
Este documento pode conter palavras que o Sr não entenda. Peça
ajuda para a enfermeira Valquíria, ela poderá lhe explicar qualquer palavra
ou informação que não esteja clara. O Sr pode levar para casa uma pia
não assinada deste formulário de consentimento para pensar e falar com
parentes e amigos antes de tomar a sua decisão.
Se aceitar participar do estudo, o Sr ou seu responsável legal deverá
assinar este documento juntamente com o pesquisador, em três vias. Uma via
será entregue ao paciente/responsável, outra permanecerá com s
pesquisadora e a outra será arquivada no seu prontuário.
Caso o Sr tenha algum problema com a pesquisadora ou com os
procedimentos realizados no estudo, o Sr tem o direito de procurar o
pesquisador responsável – Dr Elias ou mesmo a Comissão de Ética para
Análise de Projetos de Pesquisa do Hospital das Clínicas da Faculdade de
Medicina da USP. Os telefones e endereços estão relacionados abaixo:
61
Pesquisador Executante:
Enfermeira Valquíria Greco Arênas
Rua Frei Caneca, 351 – São Paulo.
Telefone: (11) 3255 5404 Celular: (11) 8136 5896
Pesquisador Responsável:
Professor Dr Elias David Neto
Instituto Central – Hospital das Clínicas, 7º andar, sala 7122.
Telefone: 3069 7238
CAPPesq – Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
_____________________________________________________________
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter
entendido o que me foi explicado, consinto em participar do presente
protocolo de pesquisa.
São Paulo, de de 200 .
Assinatura do sujeito da pesquisa ou responsável legal
Assinatura do pesquisador (carimbo ou nome legível)
62
Anexo B – FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL
FICHA DE CONTROLE INDIVIDUAL
Cód. _______ data: ____/_____/____
Idade: ___________ Data Nasc: ____/_____/ ____
Sexo: ( 1 ) feminino ( 2 ) masculino
Cor: ( 1 ) negróide ( 2 ) branco ( 3 ) oriental
Estado civil:
( 1 ) solteiro ( 2 ) casado ( 3 ) divorciado ( 4 ) viúvo ( 5 ) outros
Escolaridade:
( 1 ) analfabeto ( 2 ) alfabetizado ( 3 ) primeiro grau
( 4 ) segundo grau ( 5 ) nível superior
Mercado de trabalho:
( 1 ) empregado ( 2 ) desempregado ( 3 ) aposentado ( 4 ) autônomo
( 5 ) outros
63
Renda mensal familiar em SM (salário mínimo):
( 1 ) </= 1 SM ( 2 ) 1 – 4 SM ( 3 ) > 4 SM
Tratamento: ( 1 ) DPA ( 2 ) HD
Tempo de tratamento: ____________________________
Seguro Saúde:
( 1 ) SUS ( 2 ) Seg. Privado Qual? ____________________
Doença de base: ( 1 ) Diabetes Mellitus
( 2 ) Nefrosclerose hipertensiva
( 3 ) NTI
( 4 ) Glomerulonefrite crônica
( 5 ) DPAD
Doenças associadas: ( 1 ) DM
( 2 ) Doenças cardiovasculares
( 3 ) Hipertensão
( 4 ) HCV positivo
( 5 ) Outras ___________________
( 6 ) IMC > 30%
( 7 ) hiperparatireoidismo secundário
64
PA: ________________
PESO: ______________
ALTURA: ____________
EXAMES LABORATORIAIS – Data _______________
Hb/Ht: ________
Kt/V semanal: ___________
Albumina sérica: _________
INFORMAÇÕES COLETADAS POR: _______________________________
65
Anexo C – QUESTIONÁRIO SF-36
Pesquisa em saúde: SF-36
Cód: __________ data: ____/_____/_____
Instruções: Esta pesquisa questiona você sobre a sua saúde. Estas
instruções nos manterão informados de como você se sente e quão bem
você é capaz de fazer suas atividade de vida diária. Responda cada questão
marcando a resposta como indicado. Caso você esteja inseguro em como
responder, por favor, tente responder o melhor que puder.
1-Em geral, você diria que sua saúde é:
(circule uma)
Excelente........................................................................................................ 1
Muito boa....................................................................................................... 2
Boa................................................................................................................. 3
Ruim............................................................................................................... 4
Muito Ruim...................................................................................................... 5
2. Comparada há um ano atrás, como você classificaria sua saúde em
geral agora? (circule uma)
Muito melhor agora do que um ano atrás....................................................... 1
Um pouco melhor agora do que um ano atrás............................................... 2
Quase a mesma de um ano atrás.................................................................. 3
Um pouco pior agora do que um ano atrás.................................................... 4
Muito pior agora do que um ano atrás............................................................ 5
66
3. Os seguintes itens são sobre atividades que poderia fazer atualmente
durante um dia comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade fazer
essas atividades? Neste caso, quanto?
(circule um número em cada linha)
Atividades Sim.
Dificulta
muito
Sim.
Dificulta
um pouco
Não. Não
Dificulta
de modo
algum
a. Atividades vigorosas, que
exigem muito esforço, tais como
correr, levantar objetos pesados,
participar em esportes árduos
1 2 3
b. atividades moderadas, tais
como mover uma mesa, passar
aspirador de pó, jogar bola, varrer
a casa
1 2 3
c. Levantar ou carregar
mantimentos
1 2 3
d. Subir vários lances de escada 1 2 3
e. Subir um lance de escada 1 2 3
f. Curvar-se, ajoelhar-se ou
dobrar-se
1 2 3
g. Andar mais de um quilômetro 1 2 3
h. Andar vários quarteirões 1 2 3
i. Andar um quarteirão 1 2 3
j. Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
67
4. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes
problemas com o seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como
conseqüência de sua saúde fisica?
(circule um número em cada linha)
Sim Não
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava
ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c. Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras
atividades?
1 2
d. Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outra atividade
(por exemplo: necessitou de um esforço extra)?
1 2
5. Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes
problemas com o seu trabalho ou outra atividade regular diária, como
conseqüência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido
ou ansioso)?
(circule um número em cada linha)
Sim Não
a. Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao
seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b. Realizou menos tarefas do que gostaria? 1 2
c. Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com
tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
68
6. Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou
problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em
relação à família, vizinhos, amigos ou em grupo?
(circule uma)
De forma nenhuma......................................................................................... 1
Ligeiramente................................................................................................... 2
Moderadamente.............................................................................................. 3
Bastante.......................................................................................................... 4
Extremamente................................................................................................ 5
7. Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?
(circule uma)
Nenhuma. ...................................................................................................... 1
Muito leve.. .................................................................................................... 2
Leve.......... ..................................................................................................... 3
Moderada.. ..................................................................................................... 4
Grave............ ................................................................................................. 5
Muito grave. ................................................................................................... 6
8. Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu
trabalho normal (incluindo tanto o trabalho fora de casa e dentro de casa)?
(circule uma)
De maneira alguma........................................................................................ 1
Um pouco....................................................................................................... 2
Moderadamente.............................................................................................. 3
Bastante.......................................................................................................... 4
Extremamente................................................................................................ 5
69
9. Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem
acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão,
por favor, dê uma resposta que mais se aproxima da maneira como você se
sente em relação às últimas 4 semanas.
(circule um número em cada linha)
Todo
tempo
A maior
parte do
tempo
Uma
boa
parte
do
tempo
Alguma
Parte
Do
tempo
Uma
pequena
parte do
tempo
Nunca
a, Quanto tempo
você tem se sentido
cheio de vigor, cheio
de vontade, cheio de
força?
1 2 3 4 5 6
b. Quanto tempo
você tem se sentido
uma pessoa muito
nervosa?
1 2 3 4 5 6
c. Quanto tempo
você tem se sentido
tão deprimido que
nada pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
d. Quanto tempo
você tem se sentido
calmo ou tranqüilo?
1 2 3 4 5 6
e. Quanto tempo
você tem se sentido
com muita energia?
1 2 3 4 5 6
70
f. Quanto tempo você
tem se sentido
desanimado e
abatido?
1 2 3 4 5 6
g. Quanto tempo
você tem
se sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
h. Quanto tempo
você tem se sentido
uma pessoa feliz?
1 2 3 4 5 6
i. Quanto tempo você
tem se sentido
cansado?
1 2 3 4 5 6
10. Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde
física ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades
sociais (como visitar amigos, parentes, etc.)?
(circule uma)
Todo o tempo................................................................................................. 1
A maior parte do tempo.................................................................................. 2
Alguma parte do tempo................................................................................. 3
Uma pequena parte do tempo....................................................................... 4
Nenhuma parte do tempo.............................................................................. 5
71
11. O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?
(Circule um número em cada linha)
Definiti-
vamente
Verdadeiro
A
maioria
das
vezes
verdadeiro
Não
sei
A
maioria
das
vezes
falso
Definiti-
vamente
falso
a. Eu costumo adoecer
um pouco mais
facilmente que as
outras pessoas
1 2 3 4 5
b. Eu sou tão saudável
quanto qualquer
pessoa que eu
conheço
1 2 3 4 5
c. Eu acho que minha
saúde vai piorar
1 2 3 4 5
d. Minha saúde é
excelente
1 2 3 4 5
72
Anexo D - CÁLCULO DO ESCORE DO QUESTIONÁRIO SF-36
FASE 1: Ponderação dos dados
Questão Pontuação
01 Se a resposta for: A pontuação será:
1 5,0
2 4,4
3 3,4
4 2,0
5 1,0
02 Manter o mesmo valor
03 Sorna de todos os valores
04 Soma de todos os valores
05 Sorna de todos os valores
06 Se a resposta for: A pontuação será:
1 5
2 4
3 3
4 2
5
1
73
07 Se a resposta for: A pontuação será:
1 6,0
2 5,4
3 4,2
4 3,1
5 2,2
6 1,0
08 A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7
Se 7 = 1 e se 8 = 1 o valor da questão é (6)
Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 1 o valor da questão é (5)
Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 2 o valor da questão é (4)
Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 3 o valor da questão é (3)
Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 4 o valor da questão é (2)
Se 7 = 2 a 6 e se 8 = 5 o valor da questão é (1)
Se a questão 7 não for respondida o escore da questão 8
passa a ser o seguinte:
Se a resposta for (1) a pontuação será (6)
Se a resposta for (2) a pontuação será (4,75)
Se a resposta for (3) a pontuação será (3,5)
Se a resposta for (4) a pontuação será (2,25)
Se a resposta for (5) a pontuação será (1,0)
09 Nesta questão a pontuação para os itens a. d, e, h
deverá seguir a seguinte orientação:
Se a resposta for 1 o valor será (6)
Se a resposta for 2 o valor será (5)
Se a resposta for 3 o valor será (4)
Se a resposta for 4 o valor será (3)
Se a resposta for 5 o valor será (2)
Se a resposta for 6 o valor será (1)
74
9 Para os demais itens (b, c, f, g, i) o valor será mantido o
mesmo.
10 Considerar o mesmo valor
11 Nesta questão os itens deverão ser somados, porém os
itens b e d devem seguir a seguinte pontuação:
Se a resposta for 1 o valor será (5)
Se a resposta for 2 o valor será (4)
Se a resposta for 3 o valor será (3)
Se a resposta for 4 o valor será (2)
Se a resposta for 5 o valor será (1)
FASE 2: Cálculo do Raw Scale
Nesta fase você irá transformar o valor das questões anteriores em notas de
8 domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0 = pior e 100 = melhor
escore para cada domínio. É chamado de Raw Scale porque o valor final
não apresenta nenhuma unidade de medida.
Domínios:
1. Capacidade Funcional
2. Aspectos Físicos
3. Dor
4. Estado Geral de Saúde
5. Vitalidade
6. Aspectos Sociais
75
7. Aspectos Emocionais
8. Saúde Mental
Para isso, você deverá aplicar a seguinte fórmula para o cálculo de cada
domínio:
Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100
Variação (Score Range)
Na fórmula, os valores de limite inferior e Variação (Score Range) são fixos e
estão estipulados na tabela abaixo:
Domínio Pontuação da (s)
Questão (ões)
Correspondente
Limite
Inferior
Variação
(Score
Range)
Capacidade Funcional
03 10 20
Aspectos Físicos
04 4 4
Dor
07 + 08 2 10
Estado Geral da
Saúde
01 +11 5 20
Vitalidade
09 (somente os itens
a + e + g + i )
4 20
Aspectos Sociais
06 +10 2 8
Aspectos Emocionais
05 3 3
Saúde Mental
09 (somente os itens
b + c + d + f + h)
5 25
76
Exemplos de cálculos:
1- Capacidade Funcional: (ver tabela)
- verificar a pontuação obtida na questão 03, ex: 21
- aplicar a fórmula
Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100
Variação (Score Range)
Capacidade funcional: 21 – 10 x 100 = 55
20
O valor para o domínio capacidade funcional é 55, numa escala que varia de
0 a 100, onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor.
2- Dor: (ver tabela)
- verificar a pontuação obtida nas questões 07 e 08, ex: 5,4 e 4. Somando as
duas teremos 9,4
- aplicar a fórmula
Domínio: Valor obtido nas questões correspondentes - Limite inferior x 100
Variação (Score Range)
Dor = 9,4 – 2 x 100 = 74
10
77
O valor para o domínio Capacidade Funcional é 74, numa escala que varia
de 0 a 100, onde 0 é o pior estado e 100 é o melhor.
Observações:
O cálculo deverá ser feito para todos os domínios, obtendo 8 notas no
final, que serão mantidas separadamente, não se podendo somá-las e fazer
uma média.
A questão 02 não faz parte do cálculo de nenhum domínio, ela é
utilizada somente para se avaliar o quanto o paciente está melhor ou pior
comparado há um ano atrás.
Se algum item não for respondido, você poderá considerar a questão
se esta tiver sido respondida em 50% ou mais dos seus itens.
78
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