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literato da língua portuguesa, escritos no clássico "Os Lusíadas", de Luiz Vaz de
Camões, em cujo intróito exclama epicamente: "As armas e os barões
assinalados, que da ocidental praia lusitana..., em perigos e guerras esforçados
mais do que prometia a força humana, e entre gente remota edificaram Novo
Mundo, que tanto sublimaram". De verdade, em Osasco, como em todas as
searas, eles ajudaram a levantar uma grandiosa Comunidade e a encantam
sempre com sua lealdade de conduta e seriedade de propósitos. Em São Paulo
predominaram os italianos, embarcados em Gênova, na Lombardia e na Calábria
e aqui em Osasco se multiplicaram na área central, e jamais deixaram de cooperar
com o seu desenvolvimento, enquanto seus descendentes continuam a obra
primordial dos fundadores da Vila. [...] Mas como são economizadores por hábito e
zelosos trabalhadores, acabaram prosperando vertiginosamente e se tornaram
capitães de Industria na Capital de São Paulo. Os armênios, de modo muito
arrojado, se agruparam na Várzea de Presidente Altino loteada pela Cia. Cerâmica
Industrial, e, simultaneamente às construções de seus próprios lares, edificaram
sua Igreja Apostólica São João Batista e a sua Escola, de nome Externato José
Bonifácio. Desde logo, incrementaram o Escotismo, o esporte e os corais
musicais, e seu espírito coletivista esteve ligado à saudosa Pátria [...] Tem sido
admirável a integração dos armênios no seio da coletividade osasquense, com
visível miscigenação, de forma tal que, nos tempos atuais, desponta uma robusta
e generosa Sociedade armeno-brasileira e seus descendentes ocupam as mais
expressivas missões nas áreas da economia, comércio, ciências sociais, jurídicas
e vida pública. Os eslavos, como russos, poloneses e búlgaros, lituanos também
igualmente levantaram suas igrejas, haja vista a Batista de Presidente Altino e a
Ortodoxa do Jardim Agu. A maioria destes imigrantes se engajou no então
Frigorífico Wilson, de preferência nas suas câmaras frias, cujo rigor de
temperatura eles suportavam com naturalidade, além de outras empresas da
época. Os espanhóis não se ativeram especificamente a uma profissão, mas são
hábeis comerciantes e se integraram com aquele espírito alegre e envolvente,
talvez motivados pelos ideais do romantismo dos cavaleiros andantes, que
ricamente se lê do Dom Quixote de la Mancha, de Miguel Cervantes de Saavedra.
Os japoneses, seja como feirantes e ativos mercadores de produtos utilizados no
dia-a-dia, sempre se revelaram progressistas e serenos de comportamento.
Trabalham em silencio, traduzindo muito respeito e sentimento interior. É inegável
a contribuição permanente dos imigrantes dos continentes europeu e asiático, que
transferiram aos seus descendentes a tarefa progressista pelo bem geral, em
retribuição ao hospitaleiro acolhimento que receberam do governo, do povo e das
leis liberais do Brasil (Sanazar, s/d:44-47).