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SSUNÇÃO
AVALIAÇÃO DO TRAUMATISMO EM DENTE
DECÍDUO E DA SEQÜELA NO DENTE
PERMANENTE SUCESSOR
Dissertação apresentada à Faculdade de
Odontologia da Universidade Estadual
Paulista “Júlio de Mesquita Filho”-UNESP
como parte dos requisitos para a
obtenção do título de MESTRE EM
ODONTOPEDIATRIA
Orientador: Prof. Dr. Robson Frederico Cunha
Co-Orientador: Prof. Dr. Antônio Ferelle
ARAÇATUBA
2005
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Assunção, Luciana Reichert da Silva
A851a Avaliação do traumatismo em dente decíduo e da seqüela no
dente permanente sucessor
/ Luciana Reichert da Silva Assunção. -
Araçatuba : [s.n.], 2005
186 f. : il. ; tab.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual Paulista,
Faculdade de Odontologia, Araçatuba, 2005
Orientador: Prof. Dr. Robson Frederico Cunha
Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Ferelle
1. Traumatismos dentários 2. Dentição primária 3. Dentição
permanente 4. Hipoplasia do esmalte dentário
Black D27
CDD 617.645
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urriculares
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S
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SSUNÇÃO
NASCIMENTO.....................: 02.06.1976- LONDRINA/PR
FILIAÇÃO..........................: Jair Poeiras Assunção
Maricley Reichert da Silva Assunção
1995/1999........................: Curso de Graduação, Pontifícia
Universidade Católica do Paraná,
PUC/PR, Curitiba-PR
2000/2001.........................: Curso de Aperfeiçoamento em
Odontologia para Bebês,
Bebê Clínica, Universidade Estadual
de Londrina, UEL, Londrina-PR
2001/2002.........................: Curso de Especialização em
Odontopediatria, Universidade Norte
do Paraná, UNOPAR, Londrina-PR
2004/2005.........................: Curso de Pós-Graduação em
Odontopediatria, nível de Mestrado,
Faculdade de Odontologia de
Araçatuba, UNESP
Associações de classe..........: Associação Odontológica do Norte do
Paraná (AONP)
Sociedade Brasileira de Pesquisa
Odontológica (SBPqO)
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D
edicatória
Dedico este trabalho:
Ao meu Deus,
O Autor da Vida...
Aquele que, sem palavras, me compreendeu, me convidando gentilmente
para Sua doce presença, onde pude extrair força e sabedoria em todos os
momentos que precisei.
“Não tenho palavras pra agradecer Tua bondade,
Dia após dia me cercas com fidelidade,
Nunca me deixes esquecer,
Que tudo que tenho,
Tudo o que sou,
E o que vier a ser,
Vem de Ti, Senhor”
(Letra: Igreja Batista da Lagoinha)
Aos meus queridos pais, Jair e Maricley,
os quais, mesmo na ausência e distância,
me proporcionaram alcançar muitas vitórias
como esta, sendo os grandes responsáveis pela
minha formação e merecedores de toda a minha honra.
Às minha irmãs Juliana, Fabiana, Adriana e Tatiana
e aos meus irmãos Rodrigo e Thiago,
com quem tenho a grande felicidade de
contar com o apoio, amizade e momentos de tanta alegria,
mesmo diante de obstáculos e vicissitudes que a vida nos apresenta...
À minha querida e amada sobrinha Giovanna,
um presente que Deus nos enviou, e que,
mesmo sem ter a plena consciência
por seus poucos meses de vida, me proporcionou,
através de seu sorriso e olhar lindo e meigo,
a crer que vale realmente a pena lutar pelos nossos sonhos.
Amo vocês!
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A
gradecimentos
E
speciais
Ao Professor Dr. Robson Frederico Cunha, pelo exemplo
de dedicação, experiência e competência, como orientador
deste trabalho e pela sensibilidade como me acolheu
nos momentos que mais precisei, me apoiando e me
incentivando a conquistar meus objetivos, tornando-se,
para mim, um grande amigo.
Meus mais sinceros agradecimentos...
Ao Professor Dr. Antônio Ferelle, pela sua experiência,
dedicação e confiança em mim depositada,
me proporcionando utilizar um material
que sintetiza anos de seu trabalho e dedicação.
Muito obrigada por esses seis anos de convivência!
“Bons professores falam com a voz, professores fascinantes falam com os
olhos, (....) Um bom professor é lembrado, um professor fascinante é um
mestre inesquecível, (...) Um bom professor educa para uma profissão,
um professor fascinante educa para a vida”
Augusto Cury
À Faculdade de Odontologia de Araçatuba, na pessoa dos professores Dr.
Paulo Roberto Botacin, digníssimo Diretor e Dr. Célio Percinoto,
digníssimo Vice-Diretor.
Ao Curso de Pós-Graduação em Odontopediatria da Faculdade de
Odontolgia de Araçatuba –UNESP, na pessoa de seu coordenador Prof.
Dr. Carlos Alberto Botazzo Delbem.
Aos docentes da Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de
Odontologia de Araçatuna, UNESP, Prof. Dr. Célio Percinoto, Prof. Dr.
Alberto Carlos Botazzo Delbem, Profª Dra. Rosângela dos Santos Nery,
Profª Dra. Sandra M. H. C. Ávila de Aguiar, exemplos de dedicação, pela
agradável convivência e conhecimentos transmitidos.
Aos funcionários da Disciplina de Odontopediatria, Mário, Maria e Berta,
pelo auxílio indispensável e momentos de descontração.
À todos os colegas do curso de Pós-Graduação em Odontopediatria
(Mestrado e Doutorado) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba –
UNESP, pela convivência carinhosa.
Aos meus amigos de turma Márcio, Gracieli, Antônio, Ana Carolina e
Karina, pelas trocas de conhecimentos e momentos de alegria. Em
especial, à Gracieli e ao Márcio, pelo apoio, carinho e profunda amizade.
À minha querida amiga Mariana, do Doutorado em Odontopediatria,
alguém muito especial, que Deus me presenteou com uma amizade
sincera e preciosa... sou muita grata de coração.
Às minhas amigas Daniela do Doutorado em Odontopediatria, Janaína do
Mestrado em Odontopediatria, e ao querido amigo Michel, do Mestrado
em Periodontia, por todo o incentivo, carinho e amizade.
Aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de Odontologia de Araçatuba
da UNESP, Ana Cláudia, Luzia, Ivone, Cláudio, Maria Cláudia, Izamar,
Marina, Alexandra e Jéssica pela atenção e afeto que nos recebem. Em
especial à Ana Cláudia pela revisão deste trabalho.
À Marina e Valéria, da Seção de Pós-Graduação da Faculdade de
Odontologia de Araçatuba- UNESP, pelo profissionalismo e atenção
sempre carinhosa.
Aos docentes da Bebê Clinica da Universidade Estadual de Londrina,
Profª Dra. Farli Aparecida Carrilho Boer, Profª Dra. Cássia Cilene Dezan,
Profª Marília Franco Punhagui, Profª Beatriz Brandão Scarpelli, Profª Dra.
Wanda Frossard, Profª Dra. Leila Maria Cesáreo Pereira Pinto e Profª Dra.
Rosani Aparecida Alves-Souza, grandes responsáveis também pela minha
formação profissional, pelo apoio e por me acolherem de uma forma tão
especial.
Em especial, ao Prof Dr. Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter, sem
dúvida, um exemplo de coragem e dedicação a nossa profissão e à Leila,
mais que uma professora e orientadora durante a especialização, uma
grande amiga, que tanto me incentivou a conquistar este sonho.
Aos funcionários da Bebê Clínica da Universidade Estadual de Londrina,
Valéria, Vanilda, Graça, Sônia, Eveline, Sandra, Alba e Jane, pela
prontidão em me ajudar e agradável convivência.
Aos alunos de Especialização em Odontopediatria da Universidade
Estadual de Londrina, Berenice, Luciana, Juliana, Elton, Bruno e Roberta
pela gentileza em me ajudarem durante a execução das fotografias.
À Maria Luiza Hiromi Iwakura, pela disposição em realizar a análise
estatística dos dados.
À minha grande amiga Raquel, mais que uma amiga, uma irmã, que,
mesmo de longe, me apoiou com suas sábias palavras e orações.
À querida Regina Maura, minha grande amiga, que me acolheu em sua
casa como uma filha, me apoiando de uma forma tão especial... por
chorar e rir comigo... muito obrigada... de todo o meu coração.
Aos queridos da Igreja Bíblica Restauração, minha segunda família,
Pastor Augustinho, Rosana, Adelaide, Carol, Lídia, Pedro, Vívian, Miriam,
Lílian, Rose, Abner e Júnior...por terem me sustentado em oração e por
me acolherem de uma forma tão especial. Em especial à Rosana,
exemplo de fé, que se tornou uma mãe para mim e ao querido Júnior,
pelo apoio e incentivo.
À minha professora de inglês, Virgínia, que se tornou uma amiga, por me
auxiliar na tradução do resumo.
Aos pacientes, pais e responsáveis, pelo comparecimento aos exames,
sem o qual, este trabalho não se realizaria.
À Coordenadoria de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão de recursos que possibilitou a realização deste
Curso de Mestrado.
À todos aqueles que, de certa forma, contribuíram para a elaboração e
conclusão deste trabalho,
Minha eterna gratidão...
E
pígrafe
“Há dois tipos de sabedoria: a inferior e a superior.
A sabedoria inferior é dada pelo quanto uma pessoa sabe e a superior é
dada pelo quanto ela tem consciência de que não sabe.
Os verdadeiros sábios são os mais convictos de sua ignorância.
A sabedoria superior tolera, a inferior, julga;
a superior, alivia, a inferior culpa;
a superior perdoa, a inferior condena.
Na sabedoria inferior há diplomas, na superior ninguém se diploma, não
há mestres nem doutores, todos são eternos aprendizes.”
AUGUSTO CURY, 2002
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esumo
ASSUNÇÃO, L. R. S. Avaliação do traumatismo em dente decíduo e da
seqüela no dente permanente sucessor. Araçatuba, 2005. 186 f. Dissertação
(Mestrado)– Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista, Araçatuba,
2005.
Estudos mostram que os traumatismos na dentição decídua são
comuns, podendo trazer também comprometimentos aos dentes permanentes em
desenvolvimento. O propósito desta pesquisa foi avaliar os traumatismos em dentes
decíduos e as seqüelas nos dentes permanentes sucessores, em crianças atendidas
no Pronto Atendimento da Bebê Clínica, da Universidade Estadual de Londrina,
entre os anos de 1992 a 2002. Da análise de 1703 prontuários que apresentavam
relato de traumatismos nos dentes decíduos, 864 atenderam os critérios de inclusão
propostos para este estudo, sendo que 409 crianças foram localizadas e
compareceram ao local de exame. Os prontuários destas crianças foram estudados
a fim de se obter informações a respeito do trauma. O exame clínico e radiográfico
foi realizado com o objetivo de verificar as seqüelas nos dentes permanentes em
decorrência dos traumatismos nos antecessores decíduos. Para a análise destas
seqüelas, a amostra foi dividida em 2 grupos, sendo o Grupo I constituindo as
crianças com apenas uma ocorrência de traumatismo nos dentes decíduos e o
Grupo II, aquelas com mais de uma ocorrência. A freqüência de injúrias traumáticas
nos dentes decíduos foi de 31,9% no total dos 1703 prontuários avaliados. Das
crianças examinadas, o gênero masculino foi o mais acometido (57%) e a idade da
criança no momento do trauma entre 6 e 24 meses, a mais observada (38,4%). As
quedas de uma forma geral, e entre estas, aquelas causadas pelo andar e correr
foram os fatores etiológicos mais predominantes (37,8%). O tempo decorrido entre
o trauma e a procura por atendimento foi mais averiguado no periodo de até 1 dia
(43,5%). Dos 679 dentes decíduos avaliados, o incisivo central superior direito foi o
mais afetado (42,0%) e a subluxação, o tipo de traumatismo mais prevalente
(32,5%). Quanto ao tratamento instituído ao dente decíduo, o acompanhamento foi
o tipo mais observado (73,8%). De um total de 668 dentes permanentes
examinados, foi verificada uma freqüência de 21% de seqüelas em decorrência dos
traumatismos nos dentes decíduos antecessores. À avaliação clínica, as manchas
brancas ou amarelo-amarronzadas do esmalte foram as mais observadas nos
Grupos I e II, com 16,4% e 24,2%, respectivamente. As hipoplasias foram as
alterações coronárias mais detectadas radiograficamente, sendo de 14,6% no Grupo
I e de 16,6% no Grupo II. As alterações radiculares foram raras, sendo observada
apenas a dilaceração radicular em um caso (0,4%) entre as crianças do Grupo I.
Não houve diferença estatisticamente significante em relação à freqüência dos
distúrbios entre os Grupos I e II. As crianças com idades entre 6 e 36 meses e os
traumatismos dos tipos luxação intrusiva e avulsão estavam relacionados com a
maior ocorrência das seqüelas nos dentes permanentes sucessores aos decíduos
traumatizados. Em conclusão aos resultados obtidos, a maioria dos aspectos
estudados mostrou semelhança com os dados presentes na literatura.
Palavras-chave: Traumatismos dentários. Dentição primária. Dentição
permanente. Hipoplasia do esmalte dentário.
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ASSUNÇÃO, L. R. S. Evaluating dental trauma in primary teeth and its
sequelae in the permanent successor teeth. Araçatuba, 2005. 186 f.
Dissertação (Mestrado)– Faculdade de Odontologia, Universidade Estadual Paulista,
Araçatuba, 2005.
Studies show dental trauma in primary teeth as common happening and
the risk of compromising the permanent teeth in developing process. The purpose
of this research was to evaluate the dental trauma in primary teeth and its sequelae
in the successor permanent teeth in children attended at Pronto Atendimento da
Bebê Clínica, State University of Londrina, from 1992 to 2002. From the analysis of
1703 children presenting cases of dental trauma in primary teeth, 864 attended the
criteria of inclusion proposed to this study. From the total above 409 children were
located and came to the examine place. The data of these children were studied in
order to obtain precise information regarding trauma. The clinical and radiographic
exams were carried out with the objective to verify sequelae in the permanent teeth
due to traumas caused on the predecessor deciduous. For the analysis of these
sequelae the sample was divided into 2 groups: Group I, consist of children with
only one occurrence of trauma in the primary teeth and group II, of those with
more occurrences. The frequency of traumatic injuries in the deciduous teeth was
31,9% in total of the 1703 cases evaluated. From the examined children, masculine
gender was the most compromised (57%) and the age of the child in the moment
of the trauma was between 6 and 24 moths (38,4%). Falls in general, among those
caused by walking and runnings were the etiologic predominant factors (37,8%).
The time between trauma and seeing the dentist was done in a period of a day
(43,5%). From 679 deciduous teeth evaluated, the right maxillary central incisor
was the most affected (42,0%) and the subluxation, type of trauma more frequent
(32,5%). In regard to the treatment recommended to the primary teeth, monitoring
was the most used (73,8%). On the total of 668 permanent teeth examined, was
verified a frequency of 21% of sequelae regarding trauma in predecessor primary
teeth. In the clinical evaluation, the white or yellow-brown discoloration of enamel
was the most apparent in group I and group II, with 16,4% and 24,2%,
respectively. The hypoplasias were the coronaries alteration most detected in the
radiographic exam, with 14,6% in-group I and 16,6% in-group II. The root
alterations were rare, only observed the radicular dilacerations in one case (0,4%)
among children of group I. There were no difference estatistically significant in
relation to a frequency of disturbs between group I and group II. The children aged
between 6 and 36 months and the traumatisms of intrusive luxation and
exarticulation were related to the most cases of sequelae in the successors
permanent teeth of the traumatized primary teeth. In conclusion to the obtained
results, most of the studied aspect showed similarity with the data in the literature.
Key words: Dental trauma. Primary dentition. Permanent dentition. Enamel Dental
Hypoplasia.
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iguras
FIGURA 1- Técnica radiográfica do paralelismo 88
FIGURA 2- Técnica radiográfica oclusal anterior 89
FIGURA 3- Distribuição do percentual das crianças avaliadas em relação ao gênero 93
FIGURA 4- Distribuição do percentual dos dentes decíduos traumatizados em
relação ao arco dentário 99
FIGURA 5- Distribuição do percentual dos dentes permanente com e sem seqüelas 108
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ista de
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abelas
TABELA 1- Classificação da intensidade das luxações intrusivas 84
TABELA 2- Classificação da intensidade das luxações extrusivas 85
TABELA 3- Distribui
ç
ão do número e percentual da idade das crian
ç
as no
momento do trauma 93
TABELA 4- Distribuição do número e percentual dos fatores etiológicos 94
TABELA 5- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre a idade da
criança no momento do trauma e o gênero 95
TABELA 6- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre a idade da
criança no momento do trauma e o fator etiológico 96
TABELA 7- Distribuição do número e percentual das crianças em relação ao
tempo decorrido entre o trauma e a procura por atendimento
(DEMORA) 97
TABELA 8- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre o tempo
decorrido entre o trauma e a procura por atendimento (DEMORA) e o
encaminhamento de outros locais 98
TABELA 9- Distribui
ç
ão do número e percentual de dentes envolvidos por
ocorrência 98
TABELA 10- Distribui
ç
ão do número e percentual dos dentes decíduos
traumatizados 100
TABELA 11- Distribui
ç
ão do número e percentual dos tipos de traumatismos em
relação aos dentes afetados 101
TABELA 12- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre as associa
ç
ões
de fraturas e os tipos de traumatismos avaliados 102
TABELA 13- Distribuição do número e percentual da rela
ç
ão entre o tipo de
traumatismo e o gênero 103
TABELA 14- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre o tipo de
traumatismo e a idade da criança no momento do trauma 104
TABELA 15- Distribuição do número e percentual do número de dentes em
relação ao tipo de traumatismo e o tempo decorrido entre o trauma e
a procura por atendimento (DEMORA) 105
TABELA 16- Distribuição do número e percentual dos tipos de tratamentos
instituídos aos dentes decíduos 106
TABELA 17- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre o tipo de
traumatismo e o tratamento instituído aos dentes decíduos 107
TABELA 18- Distribui
ç
ão do número e percentual dos dentes permanentes
examinados clinicamente nas crianças pertencentes ao Grupo I 108
TABELA 19- Distribui
ç
ão do número e percentual dos dentes permanentes
examinados clinicamente nas crianças pertencentes ao Grupo II 109
TABELA 20- Distribui
ç
ão do número e percentual das seqüelas observadas
clinicamente nos dentes permanentes do Grupo I 109
TABELA 21- Distribui
ç
ão do número e percentual das seqüelas observadas
clinicamente nos dentes permanentes do Grupo II 110
TABELA 22- Distribui
ç
ão do número e percentual dos dentes permanentes
examinados radiograficamente nas crianças pertencentes ao Grupo I 111
TABELA 23- Distribui
ç
ão do número e percentual dos dentes permanentes
examinados radiograficamente nas crianças pertencentes ao Grupo II 112
TABELA 24- Distribui
ç
ão do número e percentual das altera
ç
ões coronárias
observadas radiograficamente nos dentes permanentes do Grupo I 112
TABELA 25- Distribui
ç
ão do número e percentual das altera
ç
ões coronárias
observadas radiograficamente nos dentes permanentes do Grupo II 113
TABELA 26- Distribuição do número e percentual das altera
ões radiculares
observadas nos dentes permanentes do Grupo I 114
TABELA 27- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre o
g
rau de
intensidade e os tipos de traumatismos nos dentes decíduos 114
TABELA 28- Distribuição do número e percentual da rela
ç
ão entre a dire
ç
ão de
deslocamento radicular e os tipos de traumatismos nos dentes
decíduos 115
TABELA 29- Distribui
ç
ão do número e percentual da freqüência das seqüelas
observadas clinicamente nos dentes permanentes dos Grupos I e II 115
TABELA 30- Distribui
ç
ão do número e percentual da freqüência das altera
ç
ões
coronárias observadas radio
g
raficamente nos dentes permanentes
dos Grupos I e II 116
TABELA 31- Distribui
ç
ão do número e percentual da freqüência das altera
ç
ões
radiculares observadas nos dentes permanentes dos Grupos I e II 116
TABELA 32- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre a freqüência
das seqüelas observadas clinicamente e a idade da crian
ç
a no
momento do trauma no Grupo I 117
TABELA 33- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre a freqüência
das altera
ç
ões coronárias observadas radio
g
raficamente e a idade da
criança no momento do trauma no Grupo I 118
TABELA 34- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre os tipos das
seqüelas observadas clinicamente e a idade da crian
ç
a no momento
do trauma no Grupo I 119
TABELA 35- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre os tipos das
altera
ç
ões coronárias observadas radio
g
raficamente e a idade da
criança no momento do trauma no Grupo I 120
TABELA 36- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre a freqüência
das seqüelas observadas clinicamente e o tipo de traumatismo no
Grupo I 121
TABELA 37- Distribui
ç
ão do número e percentual da rela
ç
ão entre a freqüência
das altera
ç
ões coronárias observadas radio
g
raficamente e o tipo de
traumatismo no Grupo I 122
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ista de
A
breviaturas
1. DEMORA – Tempo decorrido entre o trauma e a procura por atendimento
2. SUBL - Subluxação
3. LUX INT - Luxação Intrusiva
4. LUX LAT - Luxação Lateral
5. LUX EXT – Luxação Extrusiva
6. AVUL - Avulsão
7. LUX LAT + LUX INT – Luxação Lateral associada à Luxação Intrusiva
8. FE – Fratura de Esmalte
9. FED – Fratura de Esmalte-Dentina
10. FCC – Fratura Coronária Complicada
11. FCRnC – Fratura Corono-Radicular não Complicada
12. FCRC – Fratura Corono-Radicular Complicada
13. FRAD – Fratura Radicular
14. Ac - Acompanhamento
15. InstProt – Instalação de prótese
16. Ex - Exodontia
17. Esp - Esplintagem
18. Rep - Reposicionamento
19. RepEsp – Reposicionamento e Esplintagem
20. ReimpEspEnd – Reimplante, Esplintagem e Tratamento Endodôntico
21. MBAAE – Mancha branca ou amarelo-amarronzada do esmalte
22. MBAAHE – Mancha branca ou amarelo-amarronzada do esmalte com
hipoplasia circular do esmalte
23. DC – Dilaceração coronária
24. DE – Distúrbios na erupção
25. DR – Dilaceração radicular
S
umário
1 Introdução 27
2 Revisão da Literatura 31
2.1 Traumatismos na dentição decídua 31
2.2 Seqüelas na dentição permanente 57
3 Proposição 78
4 Material e Método 80
4.1 Caracterização da amostra 80
4.2 Seleção da amostra 81
4.2.1 Critérios de inclusão 81
4.3 Avaliação dos traumatismos nos dentes decíduos 82
4.3.1 Idade da criança 82
4.3.2 Fator etiológico 83
4.3.3 Tipos de traumatismos dos dentes decíduos 83
4.3.4 Intensidade dos traumatismos 84
4.3.5 Direção de deslocamento do dente decíduo 85
4.3.6 Tempo decorrido entre o trauma e o atendimento 85
4.3.7 Tratamento instituído ao dente decíduo 85
4.4 Avaliação das seqüelas nos dentes permanentes 86
4.4.1 Calibração intra-examinador 86
4.4.2 Divisão da amostra 86
4.4.3 Avaliação clínica 86
4.4.4 Avaliação radiográfica 87
4.5 Análise estatística 90
5 Resultado 92
6 Discussão 125
6.1 Traumatismos na dentição decídua 127
6.2 Seqüelas na dentição permanente 137
7 Conclusão 149
Referências 151
Anexos 160
I
I
n
n
t
t
r
r
o
o
d
d
u
u
ç
ç
ã
ã
o
o
Introdução 27
1 I
ntrodução
Os traumatismos dentofaciais são considerados problemas de saúde
pública segundo a Organização Mundial da Saúde. Entretanto, em contraste às
doenças cárie e periodontal, dados relevantes em relação à sua freqüência e
severidade são ainda insuficientes na maioria dos países, principalmente naqueles
em desenvolvimento (ANDREASEN; ANDREASEN, 2002).
A maioria dos estudos encontrados na literatura direciona-se mais à
dentição permanente, observando-se, em períodos recentes, uma preocupação mais
evidente em se pesquisar os traumatismos ocorridos na dentição decídua.
O fato de muitos estudiosos mostrarem que crianças de pouca idade
são altamente suscetíveis a sofrerem injúrias traumáticas, principalmente por
estarem em uma fase de desenvolvimento psíquico e motor (ANDREASEN; RAVN,
1972; CROLL et al., 1987; FERELLE, 1991; GARCIA-GODOY et al., 1979; LUZ; Di
MASE, 1994) e, somando-se à importância da dentição decídua nos aspectos
funcionais e psicológicos para a criança (CUNHA, 2003), podem estar colaborando
para a propagação de pesquisas direcionadas a indivíduos de tenra idade. Estudos
de âmbito internacional como de Andreasen e Ravn (1972), na Dinamarca, Gálea
(1984), na ilha de Malta, Garcia-Godoy et al.
(1987), na Republica Dominicana e no
Brasil, os de Bijella et al.
(1990) e de Cardoso e Rocha
(2002) verificaram uma alta
prevalência de traumatismos em crianças de 1 a 4 anos de idade.
Outro fator muito importante para o desenvolvimento destes estudos
foi a inserção e evolução da “Odontologia para o Bebê”, onde, dentro de sua
filosofia preventivo-educativa, tem gerado centros especializados para a assistência
Introdução 28
de crianças de 0 a 3 anos de idade, inclusive atendimentos de urgência que
categorizam os de traumatismos dentários (CUNHA et al., 2003; WALTER et al.,
1999).
Nessa nova perspectiva, Ferelle (1991), realizou um estudo de
traumatismos em crianças atendidas no programa “Bebê-Clínica” (Clínica
Odontológica para Bebês) da Universidade Estadual de Londrina, pioneira deste
atendimento no Brasil, onde observou uma prevalência de 15,71% em uma amostra
de 1534 crianças. Da mesma maneira, Cunha et al. (2001) observaram que 16,3%,
de 1654 pacientes atendidos na Bebê Clínica, da Universidade Estadual Paulista de
Araçatuba, apresentaram história de traumatismos.
Entretanto, os dados epidemiológicos relacionados aos traumatismos
dentários são controversos devido à metodologia empregada e às diversidades das
variáveis pesquisadas, métodos de classificação dos traumatismos e locais de
execução das pesquisas (BASTONE et al., 2000).
Outro importante aspecto determinado pelos traumatismos na
dentição decídua é o potencial destes impactos em causar danos aos dentes
permanentes sucessores (ANDREASEN; RAVN, 1972). Estas alterações têm sido
investigadas por pesquisadores em seres humanos (BRIN et al., 1984) e
experimentalmente em animais (ANDREASEN, 1976).
A proximidade anatômica entre a raiz do decíduo e a coroa do dente
permanente, explica por que os traumatismos nos dentes decíduos podem provocar
alterações sobre o dente permanente sucessor (BIJELLA et al., 1990; DIAB;
ELBADRAWY, 2000; POMARICO et al., 2005; VON ARX, 1993). Em um estudo
cefalométrico, com o objetivo de verificar a relação entre incisivos centrais decíduos
Introdução 29
e seus permanentes sucessores, Smith e Raap (1980) observaram que a distância
entre ambos se mantém dentro de um valor de 3mm até a reabsorção do decíduo e
oclusão final do permanente.
Segundo Andreasen (2001), as pesquisas mostram uma prevalência de
12 a 69% de distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes em
decorrência de traumatismos nos predecessores decíduos. No Brasil, encontramos o
estudo clínico de Macari (2004) utilizando uma amostra mais significativa e relatos
de casos clínicos como de Oliveira et al. (1995) e Pomarico et al.
(2005).
Estudos também mostram que fatores específicos relacionados ao
traumatismo nos dentes decíduos podem determinar a freqüência e o grau de
severidade das alterações provocadas nos permanentes sucessores. Sendo assim,
quanto menor a idade da criança no momento do trauma, maiores são as seqüelas
nos dentes sucessores (ANDREASEN; RAVN, 1971) e quanto mais severa a injúria
no dente decíduo, maior a freqüência e severidade dos distúrbios no dente
permanente (ZILBERMAN et al.,1986).
A Bebê Clínica, da Universidade Estadual de Londrina, paralelamente à
assistência odontológica educativo-preventiva aos bebês, dispõe de um Pronto
Atendimento para o tratamento de urgências direcionado a crianças de 0 a 6 anos
de idade. O fato de se realizar uma pesquisa sobre traumatismos em dentes
decíduos em um serviço odontológico de urgência inserido em um programa
especializado para bebês, nos motivou a realizar o presente estudo. Além disso, no
Brasil, os estudos são escassos quando se trata de avaliação das seqüelas nos
dentes permanentes em decorrência de traumatismos na dentição decídua.
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Revisão da Literatura 31
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Com finalidade didática, esta revisão foi dividida nos seguintes tópicos:
traumatismos na dentição decídua e seqüelas na dentição permanente em
decorrência desses traumatismos.
2.1 Traumatismos na dentição decídua
Em 1970, na Dinamarca, Andreasen realizou um estudo em 1298 casos
de injúrias traumáticas que representaram 3.026 dentes traumatizados, sendo 787
dentes decíduos. Os resultados mostraram que o incisivo central superior foi o dente
mais afetado em ambas as dentições, sem predileção pelo lado e as luxações foram
as mais observadas na dentição decídua, especialmente as intrusivas. Dos casos de
fraturas coronárias e radiculares, metade estava acompanhada por lesões no lábio.
Luxações intrusivas foram acompanhadas por lesões no lábio inferior e no queixo,
assim como as subluxações, luxações extrusivas e avulsões também mostraram
uma alta freqüência de injúrias nos lábios.
Em 1972, Andreasen e Ravn apresentaram um estudo epidemiológico
de traumatismos ocorridos na dentição decídua e permanente em 5 escolas públicas
em Copenhagen, Dinamarca. Os traumatismos dentários foram observados em 30%
da amostra na dentição decídua e 22% na dentição permanente. Não houve
diferença estatisticamente significante entre os gêneros. Em ambas as dentições, o
incisivo central superior foi o dente mais comumente afetado. As luxações foram os
Revisão da Literatura 32
tipos de traumatismos mais prevalentes na dentição decídua. Foi observado um pico
da ocorrência de traumatismos nas idades entre 2 e 4 anos para pacientes do
gênero masculino, e nas idades de 2 a 3 anos para os do feminino. Sugerem a
relação desta alta freqüência de traumatismos em idades menores, em ambos os
gêneros, com o aprendizado do andar e correr.
Na Finlândia, Haavikko e Rantanen (1976) realizaram um
acompanhamento em 67 crianças com história de traumatismo dentário, totalizando
121 dentes decíduos. As ocorrências de traumatismos apresentaram um pico de
incidência na faixa etária entre 1 e 3 anos. Não houve diferença entre os gêneros
masculino e feminino, sendo que as meninas apresentaram um número ligeiramente
maior de ocorrências que os meninos. Todos os dentes decíduos afetados eram do
arco superior, sendo 76% incisivos centrais e 24% incisivos laterais. Foi observado
maior ocorrências de traumas afetando apenas um dente (49,25%), seguido de dois
dentes (32,83%), quatro dentes (11,94%) e três dentes (5,97%). A queda foi o
principal fator etiológico (58,3%), seguido da queda da própria altura (19,9%),
acidentes de trânsito (8,5%) e queda de bicicleta (5%). Os traumas dos tipos
deslocamento prevaleceram em 72,7% dos casos, sendo 32,3% de intrusões e
2,5% de extrusões. Nenhum tratamento específico foi necessário em 71,9% dos
dentes decíduos traumatizados, sendo, porém, realizadas exodontias em 24% dos
casos devido à falta de cooperação da criança.
Traumatismos ocorridos nas dentições decídua e permanente foram
avaliados por Garcia-Godoy et al. (1979) em Santo Domingo, na República
Revisão da Literatura 33
Dominicana. A amostra consistiu de 105 crianças de diferentes idades totalizando
149 dentes traumatizados. Dos pacientes examinados, 64,8% apresentaram apenas
um dente afetado, 34,3% dois dentes e apenas uma criança (0,9%) apresentou 4
dentes traumatizados. Os incisivos centrais superiores foram os dentes mais
afetados, seguido dos incisivos laterais superiores, sem diferença significante entre
os gêneros. A queda contra objetos foi o fator etiológico relatado em 94% da
amostra. Na dentição decídua, foi observada uma proporção maior de ocorrência
entre as meninas e a concussão, o tipo de trauma mais prevalente (47,6%), em
ambos os gêneros.
Em 1983, Garcia-Godoy et al. realizaram um estudo em pré-escolares
também na República Dominicana com o intuito de verificar a prevalência de injúrias
traumáticas em incisivos e caninos decíduos. A amostra constou de 800 crianças
com idades entre 3 e 5 anos, pertencentes a 24 escolas públicas e particulares. Os
resultados mostraram um total de 375 dentes traumatizados em 280 pré-escolares,
mostrando uma prevalência de traumatismos de 35% do total de crianças
examinadas. As meninas apresentaram mais episódios de injúrias quando
comparado aos meninos, sendo, porém, uma diferença não estatisticamente
significante. Em ambos os gêneros, a faixa etária mais atingida foi a de 4 a 5 anos,
sendo as fraturas coronárias de esmalte e dentina os tipos de traumatismos mais
prevalentes (32,6%), seguido das fraturas de esmalte (31,2%) e concussões
(23,5%). As injúrias de luxações e avulsões totalizaram 11,4% dos casos. Os
autores enfatizam o fato de que, em estudos retrospectivos, algumas lesões podem
Revisão da Literatura 34
não ser detectadas, pois só serão registradas se apresentarem sinais e sintomas
durante o exame.
Através de um estudo retrospectivo realizado na cidade de Bauru, São
Paulo, Yared (1983) avaliou 576 crianças com idades entre 10 e 72 meses, de
ambos os gêneros. Destas, 157 (30,2%) apresentaram história de injúrias
traumáticas nos incisivos decíduos. A faixa etária mais prevalente foi a de 10 a 24
meses, não encontrando, porém, diferença estatisticamente significante entre os
gêneros. O arco dentário superior foi o mais atingido, sendo os incisivos centrais, os
dentes mais afetados com 92,36%, seguido dos laterais com 5,56%. Em relação ao
tipo de traumatismos, a autora observou que a subluxação foi o tipo mais
prevalente (38,05%), seguido da subluxação com fratura de esmalte (21,07%),
fraturas coronárias (18,23%), concussão (7,55%), fratura radicular (6,20%),
intrusão (4,40%) e avulsão (1,57%). A presença de 2 dentes traumatizados por
criança foi um achado comum.
Galea (1984) avaliou traumatismos na dentição decídua em 74
crianças menores de 5 anos de idade no Hospital de St. Luke, na ilha de Malta.
Observou um pico de incidência entre 1 e 2 anos de idade, sendo que 52% das
crianças do gênero masculino e 67% do feminino vivenciaram o trauma nesta faixa
etária. Em ambos os gêneros, 31% das injúrias foram causadas por quedas.
Quedas da altura foram duas vezes mais prevalentes nas meninas (27%), enquanto
que, 10% das injúrias nos meninos foram causados por colisões contra objetos. Os
incisivos centrais superiores foram os dentes mais envolvidos (71%). Os tipos de
traumas mais prevalentes (80%) foram a subluxação e os traumatismos de
Revisão da Literatura 35
deslocamento. As associações entre os traumatismos de deslocamento e a
ocorrência de fraturas foram raras, sendo as fraturas observadas com a subluxação
em 1 dente, subluxação associada à intrusão em 1 dente e subluxação associada à
extrusão em 2 dentes.
Em 1984, Meadow et al. avaliaram 338 dentes traumatizados em
crianças atendidas em um hospital infantil na cidade de Boston, Estados Unidos e
em duas clínicas particulares da mesma cidade. A causa destas injúrias foi devido a
queda em 62% dos casos. Dos indivíduos examinados, 17% apresentaram relato
anterior de traumatismo no mesmo dente. Na dentição decídua, dos traumatismos
do tipo deslocamento, as luxações prevaleceram (72%), seguido da subluxação
(50%). A maioria dos casos de intrusão e avulsão eram em dentes decíduos, sendo
de 85% e 66%, respectivamente. As fraturas coronárias de esmalte foram as mais
observadas nesta dentição em 35% dos casos. A maioria das ocorrências
apresentou apenas um dente afetado.
Garcia-Godoy et al., em 1987, estudaram a etiologia dos traumatismos
na dentição decídua, bem como a distribuição por idade, gênero, local do acidente,
variações sazonais e tipo mais freqüente, em um Centro Odontológico Pediátrico na
República Dominicana. A amostra consistiu de 114 crianças, sendo 69 do gênero
masculino e 45 do feminino, totalizando 196 dentes decíduos traumatizados. Em
ambos os gêneros, os autores observaram uma maior prevalência nas idades entre
1 e 2 anos. Os tipos de traumas mais averiguados foram respectivamente a
concussão (34,7%) e a luxação (14,4%). Quanto ao fator etiológico, quedas contra
Revisão da Literatura 36
objetos (chão, cadeira, etc.) mostraram serem os mais evidentes, sendo o local de
maior ocorrência dentro de casa (64,9%). Foi observado que 38,7% do total das
crianças procuraram com seus respectivos responsáveis, o tratamento no mesmo
dia do acidente, enquanto que 37,8% em um intervalo de 1 a 7 dias. O mês de
agosto foi o mais predominante em relação à ocorrência dessas injúrias, coincidindo
com o período de férias.
Harrington et al. (1988) apresentaram um estudo epidemiológico de
traumatismos dentofaciais em crianças atendidas em um serviço emergencial de um
hospital infantil na cidade de Kansas, Estados Unidos. A amostra foi composta de
501 crianças atendidas no ano de 1986 com história de traumatismo. Meninos
apresentaram maior freqüência de injúrias (75%). Os traumatismos dentários foram
observados em 70% das crianças com idade igual ou inferior a 6 anos, sendo o pico
de incidência entre 1 e 2 anos. Crianças de 1 a 6 anos também apresentaram maior
prevalência de traumatismos do tipo deslocamento. Das fraturas coronárias, 42%
estavam relacionadas à dentição decídua. As quedas lideraram as causas que
provocaram os traumas em 55% dos casos, apresentando também outros fatores
etiológicos mais sérios, como assaltos e acidentes automobilísticos, devido ao local
onde foi realizada a pesquisa.
Com o propósito de avaliar a prevalência de traumatismos na dentição
decídua em Baghdad, no Iraque, Yagot et al. (1988) examinaram 2389 crianças. O
exame foi realizado em 32 creches, sendo 1403 crianças do gênero masculino e 968
do feminino, e faixa etária de 1 a 4 anos. A prevalência de dentes anteriores
Revisão da Literatura 37
traumatizados foi de 24,4%. As 584 crianças com traumatismos perfizeram um total
de 901 dentes traumatizados. Não houve diferença estatisticamente significante
entre os gêneros. Foi observado um aumento da freqüência dos traumatismos com
o aumento da idade. A maioria das crianças apresentou apenas um dente
traumatizado (59,8%), vindo na seqüência: 29,1% com dois dentes, 8,2% com três
e 2,9% com quatro dentes afetados. O dente mais acometido foi o incisivo central
superior em 61,6% dos casos, seguido do incisivo lateral superior (32,6%) e canino
superior e incisivo inferior, ambos com 5,8%. O tipo de traumatismos mais
observado entre os meninos e as meninas foi a fratura de esmalte (81,3% e 87,2%,
respectivamente).
Em 1990, Bijella et al., realizaram um estudo domiciliar com a
finalidade de verificar a ocorrência dos traumatismos em incisivos decíduos em
crianças brasileiras. A amostra constou de 576 crianças, sendo 295 do gênero
masculino e 281 do feminino, com idades variando entre 10 e 72 meses. Exames
clínico e radiográfico foram realizados em 157 crianças. A faixa etária mais
acometida foi a de 10 a 24 meses de idade e os incisivos centrais os dentes mais
afetados. Foi observado que 38,05% dos tipos de traumatismos foram a
subluxação, seguido da subluxação com fratura coronária de esmalte (18,23%),
fraturas coronárias (18,23%), hiperemia pulpar (7,55%), fratura radicular (6,20%),
intrusão (4,40%) e avulsão (1,57%).
Em sua tese de doutorado, Ferelle (1991) apresentou um estudo de
prevalência, fatores etiológicos, localização e dentes mais afetados por injúrias
Revisão da Literatura 38
traumáticas na dentição decídua. A amostra foi composta por 1534 crianças de 0 a
30 meses de idade atendidas na Bebê Clínica, da Universidade Estadual de
Londrina. Verificou que 241 crianças (15,71%) apresentaram história de
traumatismos. A faixa etária mais susceptível às injurias traumáticas foi a localizada
entre 13 e 18 meses de idade, com um pico de ocorrência aos 24 meses. Houve
uma prevalência maior das injúrias traumáticas para o gênero masculino, na faixa
etária de 7 a 12 meses de idade. Os tipos de traumas mais prevalentes foram a
fratura de esmalte e a subluxação, ambos com 16,48%. A soma das lesões dos
tecidos duros e da polpa (49,43%) foi próxima das lesões aos tecidos periodontais
(50,56%). Em relação à freqüência dos diferentes tipos de injúrias quanto ao
gênero, apenas a luxação extrusiva mostrou diferença significante para o feminino.
Os fatores etiológicos mais observados foram a queda por andar ou correr
(68,88%), queda de objetos altos (14,52%), queda contra objetos (8,30%), queda
de objetos móveis (6,22%) e os de causas mais raras e de difícil catalogação, como
“mordendo um brinquedo”, compôs apenas 2,07% do total. Os dentes mais
afetados foram aqueles pertencentes ao arco superior em 97,42% dos casos, sendo
os incisivos centrais superiores os mais acometidos (86,08%). A prevalência maior
das injúrias ocorreu em apenas um dente (61,42%), seguido de dois dentes
(33,71%), três dentes (3%) e quatro dentes (1,87%). O autor finaliza enfatizando
a importância da existência de centros especializados para a faixa etária estudada,
proporcionando um atendimento diferenciando e promovendo a conscientização dos
pais ou responsáveis da necessidade do acompanhamento dos casos de
traumatismos na dentição decídua.
Revisão da Literatura 39
Em um estudo de Fleming et al. (1991), foi realizada uma análise a
respeito dos principais motivos pela procura de tratamento em um serviço
emergencial odontológico de um hospital infantil na Irlanda. Os traumatismos
dentários consistiram o segundo motivo mais observado (39%). Crianças do gênero
masculino vivenciaram mais traumatismos dentários que as do feminino, sendo,
porém, menor a diferença entre os gêneros em crianças pré-escolares quando
comparado aos de idade escolar. Em crianças menores de 5 anos, foi observado um
pico na freqüência aos 2 anos de idade. As quedas e acidentes causados por
bicicletas foram os fatores etiológicos mais evidentes, sendo que a maioria das
quedas ocorreu em crianças com 2 anos de idade. Dos casos de injúrias
traumáticas, 42,7% envolveram apenas um dente e 38,5% dois dentes, sendo os
incisivos centrais superiores os mais afetados. O trauma do tipo subluxação foi o
mais observado na dentição decídua. Em razão do grande número de emergências
odontológicas entre crianças, os autores ressaltam a necessidade de melhor
treinamento dos profissionais da área para que sejam realizados o correto
diagnóstico e o tratamento apropriado destes casos.
Com o propósito de investigar o tipo e prevalência de injúrias
dentárias traumáticas em um serviço odontológico direcionado a crianças em
Washington, Estados Unidos, Perez et al. (1991) examinaram 227 pacientes
atendidos entre setembro de 1989 a agosto de 1990. As seguintes informações
foram obtidas de cada criança: idade e gênero da criança, momento e causa do
trauma, presença ou não de injúrias aos tecidos moles intra e/ou extraorais, tipo do
trauma (deslocamento e/ou fratura) e presença ou não de fratura do osso alveolar.
Revisão da Literatura 40
As fraturas foram classificadas de acordo com o sistema de classificação de Ellis. Os
traumas de deslocamento foram divididos em 4 Grupos: Grupo 1 (sensibilidade à
percussão e/ou mobilidade, porém sem deslocamento), Grupo 2 (extrusão do
elemento dentário em direção axial, vestibular, lingual, mesial ou distal), Grupo 3
(intrusão) e Grupo 4 (avulsão). Os resultados mostraram que pacientes do gênero
masculino apresentaram uma maior freqüência de traumatismos dentários do que
os do gênero feminino e o fator etiológico por queda foi o mais observado. Em
relação ao tipo de traumatismo, aproximadamente 33% dos pacientes sofreram
fraturas dentárias, sendo estas divididas em 61 dentes permanentes em 44
pacientes examinados e 46 dentes decíduos em 31 pacientes examinados. Em 142
pacientes examinados foram diagnosticados traumatismos do tipo deslocamento,
sendo estes observados em 133 dentes permanentes em 63 pacientes e 148 dentes
decíduos em 79 pacientes examinados. Dos 227 pacientes atendidos no período
deste estudo, 13 (5,5%) apresentaram fratura do osso alveolar. Injúrias aos tecidos
moles estavam presentes na metade dos casos. Os autores ressaltam a importância
da inclusão do tratamento aos tecidos moles quando associados aos traumatismos
dentários.
No Brasil, um estudo retrospectivo avaliando a prevalência de injurias
dentárias em um atendimento emergencial foi realizado por Luz e Di Mase (1994).
Foram selecionados 271 prontuários de pacientes com história de traumatismo
dental. Foram coletados dados sobre a idade do paciente, tipo de trauma, causas da
injúria e o mês que ocorreu a lesão. Na faixa etária de 0 a 5 anos, foi observada
uma prevalência maior de crianças do gênero masculino quando comparado ao
Revisão da Literatura 41
feminino, liderando também a queda como o tipo de fator etiológico mais
observado. Os incisivos centrais foram os dentes mais acometidos. O incisivo central
superior foi o dente mais freqüentemente envolvido em ambas as dentições. Das
luxações, as laterais foram as mais prevalentes (27,3%), enquanto as extrusivas
foram as menos comuns (3,7%). O período de maior prevalência dos traumas
dentários foi entre os meses de Dezembro e Fevereiro.
Schatz e Joho (1994) realizaram um estudo retrospectivo em 480
dentes traumatizados do Departamento de Odontologia da Escola de Medicina da
Universidade de Gênova, Suíça. Do total de dentes avaliados, 252 eram decíduos e
228 permanentes. Informações sobre etiologia, tipo e extensão do trauma, idade e
gênero do paciente, bem como as variações sazonais foram averiguadas. Os
resultados mostraram que as crianças do gênero masculino foram as mais
envolvidas. Das injúrias observadas, 34% ocorreram na escola, 43% em casa e
23% em práticas de esporte e acidentes automobilísticos. A maioria dos casos
ocorreu durante a primavera e o verão (61%). Os incisivos superiores foram os
dentes mais atingidos (59%), e traumas de luxação os mais observados na dentição
decídua (81%).
Nos Estados Unidos, Soporowski et al. (1994), com o objetivo de
investigar sobre o prognóstico e variáveis que poderiam estar relacionadas aos
traumatismos de luxações, examinaram 307 dentes decíduos. Os resultados
revelaram que 80,8% dos dentes afetados eram os incisivos centrais e em 91,2%, o
envolvimento era no arco superior. Em relação à idade, houve uma significante
Revisão da Literatura 42
associação entre intrusões e crianças de menor idade. A maioria dos examinados
consistia de crianças do gênero masculino (62,6%), não havendo relação
estatisticamente significante entre o gênero e o fator etiológico ou tipo de
traumatismo. A maior parte dos traumas ocorreu devido à queda (71,6%). Quanto
ao tipo de trauma, a maioria compreendia as luxações laterais (57%), seguido das
avulsões (19,2%), intrusões (15,3%) e luxações extrusivas (8,5%), sendo que, o
tipo de tratamento executado era significativamente relacionado ao tipo de trauma.
Onetto et al.
(1994) relataram que 73 crianças, em uma amostra de
227 prontuários examinados, sofreram traumatismos na dentição decídua. O estudo
foi realizado no Serviço de Traumatologia Dental direcionado à crianças em
Valparaiso, Chile. As quedas foram os motivos mais comuns para a ocorrência das
injúrias. O tipo de trauma mais observado foram as luxações (extrusivas ou laterais)
em 26% dos casos, vindo na seqüência, as intrusões (21%) e as subluxações e
concussões (18%). Nas idades abaixo de 4 anos, foi observado apenas um ou dois
dentes afetados. Em 52% das crianças, o atendimento ocorreu após 24 horas da
ocorrência do trauma. Para os autores, a demora pela busca ao atendimento
odontológico pode estar relacionada ao fato de que, crianças com traumatismos
procuram primeiramente as emergências nos hospitais públicos e só depois são
encaminhadas ao atendimento especializado.
Fried e Erickson, em 1995, pesquisaram a incidência, classificação,
métodos de tratamento e seqüelas dos traumas em dentes decíduos anteriores.
Os autores afirmaram que um diagnóstico cuidadoso e a documentação do caso
Revisão da Literatura 43
são fundamentais para o tratamento de qualquer injúria traumática. Esses
procedimentos deveriam incluir o tempo decorrido entre o acidente e a busca
pelo atendimento, quais cuidados foram realizados imediatamente após o
trauma, a necessidade da profilaxia contra o tétano, e um acompanhamento
cuidadoso para a avaliação de prováveis seqüelas. Quanto mais severos forem os
traumas, mais freqüentes deverão ser os acompanhamentos para oportunas
intervenções na tentativa de minimizar as malformações dos dentes permanentes
em decorrência do trauma nos decíduos.
Um estudo retrospectivo sobre traumatismos dentários na Singapura,
Ásia, foi realizado por Sae-Lim et al. (1995). A amostra consistiu de pacientes
atendidos em um hospital entre os anos de 1990 a 1992 em horários fora do
expediente. Dados a respeito do trauma foram coletados dos prontuários. Dos 2194
prontuários examinados, 461 (21%) apresentaram história de traumatismo e
correto preenchimento dos dados. Do total de dentes afetados, 21% pertenciam à
dentição decídua, sendo os dentes superiores os mais afetados. Em relação à idade,
houve maior freqüência entre crianças de 2 a 3 anos e de 3 a 4 anos. As luxações
foram os tipos de trauma mais observados nos dentes decíduos, destacando-se a
subluxação. Finalizando, os autores ressaltam a necessidade de documentações
mais padronizadas, incluindo informações mais precisas sobre a história do trauma,
para facilitar a instituição de medidas preventivas e a realização de mais pesquisas
na população estudada.
Revisão da Literatura 44
Wilson, em 1995, em seu estudo sobre o manejo de traumas em
dentes decíduos e dentes permanentes em desenvolvimento, afirmou que crianças
com idades entre 1 e 2 anos representam o grupo de maior risco às injúrias dentais,
e que meninos estariam mais sujeitos a traumas do que meninas, sendo os incisivos
os dentes mais acometidos. Afirmou ainda que, à medida que as crianças começam
a andar, o número de injúrias aumenta devido à falta de estabilidade, sendo as
quedas o fator etiológico mais freqüente. Devido à resiliência do osso alveolar, as
crianças tenderiam a sofrer luxações, incluindo avulsões, preferencialmente às
fraturas. Fraturas corono-radiculares e fraturas radiculares seriam pouco comuns em
pacientes muito novos, sendo mais comuns em crianças com idade entre 3 e 4
anos, onde as raízes já estão formadas e inicia-se a reabsorção radicular fisiológica.
A concussão seria outra injúria bastante freqüente, mas pouco relatada, por se
tratar de uma injúria de caráter secundário, que resulta em pouco ou nenhum
sangramento, onde os pais dificilmente dão a importância necessária.
No ano seguinte, no Canadá, Fried et al. (1996) investigaram fatores
epidemiológicos, seqüelas e o prognóstico de dentes decíduos anteriores os quais
sofreram traumatismo do tipo subluxação. Dados de 207 dentes foram avaliados
através dos prontuários de 134 pacientes, sendo 81 do gênero masculino e 53 do
feminino e média de idade de 3 anos e meio no momento do acidente. O incisivo
central foi o dente mais afetado (66,2%), seguido do incisivo lateral (33,3%). A
queda sofrida dentro de casa foi o fator etiológico mais evidente (52%). Outros
tipos de traumatismos associados às subluxações também foi um achado comum
(63,4%).
Revisão da Literatura 45
No mesmo ano, Osuji (1996) objetivou investigar a ocorrência, causa e
severidade de traumatismos em dentes anteriores em uma população atendida em
um hospital da Nigéria, assim como avaliar o intervalo entre o momento do acidente
e a busca por atendimento. Dados foram recolhidos dos prontuários de pacientes
atendidos entre os anos de 1989 e 1990. Os seguintes aspectos foram registrados:
idade e gênero da criança, causa, tipo e severidade do trauma, dentes afetados,
onde e como ocorreu o acidente, além de possíveis complicações decorrentes dos
traumatismos. Dos prontuários analisados, 122 apresentaram registro de
traumatismos dentários, totalizando 253 dentes decíduos afetados. Os meninos
apresentaram uma freqüência ligeiramente maior de traumas dentários que as
meninas. A faixa etária mais acometida foi entre 4 e 5 anos. As quedas foram as
principais causas em 88% dos casos. Foi observado que 47% das crianças
apresentaram dois dentes afetados e 32% apenas um dente, sendo os superiores os
mais acometidos. Os tipos de traumatismos mais observados foram a subluxação
(58,3%), seguido da avulsão (15,4%) e intrusão (12,3%). O intervalo entre o
trauma e a procura por tratamento variou de 30 minutos a 5 anos, sendo observado
uma tendência a protelar esta procura, aumentando o risco de complicações devido
ao trauma.
Otuyemi et al. (1996) realizaram, também na Nigéria, um estudo
epidemiológico das injúrias traumáticas em incisivos e caninos decíduos de 1401
crianças pré-escolares, com idades variando entre 1 e 5 anos. A prevalência de
trauma dentário foi de 30,8%, não havendo diferença significativa entre os gêneros.
Revisão da Literatura 46
A fratura coronária de esmalte foi o tipo mais comum (66,8%), sendo os incisivos
centrais superiores, os dentes mais acometidos (68,4%) e a maioria das crianças
apresentou o envolvimento de apenas um dente (61,6%).
Na Suécia, Borssén e Holm (1997) objetivaram avaliar a prevalência
de traumatismos na dentição decídua, totalizando 673 dentes. Foi observada uma
freqüência de traumatismos quase duas vezes maior nos meninos quando
comparado às meninas, sendo 64% e 36% respectivamente. Em relação à idade, o
estudo revelou um pico na incidência aos 4 anos na dentição decídua para ambos os
gêneros, sendo os incisivos centrais superiores os dentes mais afetados.
Um estudo foi realizado por Lombardi et al. (1998) com o intuito de
levantar aspectos relacionados aos traumatismos em dentes decíduos em um
hospital infantil, em Washington, Estados Unidos. Os dados coletados incluíram:
idade, gênero, data do atendimento, tipo de trauma, localização, fator etiológico e
tratamento realizado. Do total dos prontuários examinados, 181 pertenciam a
crianças do gênero feminino e 306 do gênero masculino. A idade média observada
foi de 5,46 anos, sendo alta a freqüência dos traumatismos ao redor dos 2 anos de
idade. A queda foi o fator etiológico mais observado, sendo dentro de casa mais
freqüente em crianças menores e fora de casa, nas crianças maiores. Para 227
pacientes, a visita de urgência devido ao trauma foi o motivo do primeiro contato
com o dentista, sendo que 189 crianças possuíam idades inferiores ou iguais a 3,5
anos. O tempo de procura pelo atendimento foi dividido em 5 grupos, sendo: menos
de 2 horas (112 pacientes), de 2 a 6 horas (169 pacientes), de 6 a 12 horas (11
Revisão da Literatura 47
pacientes) e tempo superior a 12 horas (125 pacientes). Em 70 casos, o intervalo
entre o acidente e a busca por tratamento não era conhecido. Os tipos de
traumatismos que estavam mais relacionados ao intervalo inferior ao de 2 horas,
eram as luxações com deslocamento, lacerações e avulsões. Dos 562 dentes
traumatizados na dentição decídua, 286 eram dos tipos luxação lateral, intrusão e
avulsão. Dos 562 dentes decíduos traumatizados, 240 foram extraídos.
No Brasil, Mestrinho et al.
(1998) avaliaram a prevalência de
traumatismos dentários em pré-escolares os quais possuíam limitações no acesso ao
atendimento odontológico. A amostra foi composta por 1853 crianças de 1 a 5 anos
de idade pertencentes a escolas públicas em Florianópolis, Santa Catarina. Os
resultados mostraram uma prevalência de traumatismos de 10% em crianças com
menos de 2 anos de idade, 12% entre 3 e 4 anos e 20% aos 5 anos. Não houve
diferença na freqüência de injúrias em relação ao gênero. A ocorrência de traumas
afetando um único dente foi a mais observada em todas as faixas etárias, sendo os
incisivos centrais superiores os mais acometidos (88%). A descoloração coronária
(47%) e a fratura coronária de esmalte (41%) foram os tipos de injúrias mais
prevalentes. O aumento da freqüência de traumatismos em relação à idade,
segundo os autores, é um fator que indica o acúmulo de necessidades de
tratamento em uma população com acesso limitado ao atendimento odontológico.
Hargreaves et al.
(1999) realizaram um estudo em 1466 crianças na
África do Sul com o intuito de verificar a prevalência de traumatismos na dentição
decídua. A amostra constou de crianças com idades entre 1 e 5 anos e pertencentes
Revisão da Literatura 48
a diferentes grupos étnicos. Além do exame clínico, um questionário direcionado aos
responsáveis foi aplicado para obter informações a respeito do trauma. Os
resultados mostraram uma freqüência de 15% de traumatismos entre as crianças. A
faixa etária mais predominante foi entre 4 e 5 anos (20,6%). Os meninos sofreram
mais injúrias que as meninas, sendo, pom, uma diferença não estatisticamente
significante. O tipo de trauma mais prevalente foi a fratura de esmalte (71,8%),
seguido da fratura de esmalte e dentina (11,2%), perda do elemento dentário
(8,2%) e descoloração (5,6%). A maioria das crianças mostrou apenas um dente
afetado (69,5%), sendo a freqüência de dois ou mais dentes injuriados menor que
6%.
Em 1999, Holan e Ram, em Jerusalém, avaliaram as seqüelas em
incisivos decíduos intruídos. O grupo estudado consistia de 110 crianças que
procuraram atendimento entre os anos de 1991 a 1996, totalizando 172 dentes
intruídos. Foi possível o acompanhamento por pelo menos 1 ano após a visita inicial.
Os dados colhidos incluíam: detalhes demográficos, idade da criança no momento
do trauma dentário, dente afetado, grau da intrusão (completa ou parcial), direção
do ápice (vestibular ou lingual), presença de fratura alveolar e necessidade de
prescrição medicamentosa. Os autores encontraram que a idade variou de 12 a 72
meses no momento do trauma. As crianças do gênero masculino foram as mais
acometidas (63%). Foi observado que 57% das crianças apresentaram somente um
dente intruído, 34% tiveram dois dentes intruídos, 4% apresentaram intrusão de
três dentes e em 5% houve a intrusão dos quatro incisivos superiores. A intrusão
dentária parcial foi observada em 58% dos dentes, enquanto que em 39% a
Revisão da Literatura 49
intrusão foi total. Dos dentes decíduos intruídos, 68% não foram extraídos na visita
inicial e, após mais de 36 meses de acompanhamento, permaneceram sem
complicações. A reerupção total foi observada em 88% dos casos, sendo a posição
ectópica dos dentes que reerupcionaram, um achado comum. A obliteração do canal
pulpar foi uma seqüela comum após a intrusão dos incisivos decíduos. A
antibioticoterapia não pareceu afetar a sobrevivência de dentes decíduos intruídos
e, em alguns casos, o tratamento endodôntico foi necessário. Concluíram que a
maioria dos incisivos intruídos, reerupcionam e sobrevivem sem complicações por
mais de 36 meses, mesmo nos casos de intrusão total.
Alexandre et al., em 2000, com o objetivo de identificar as causas mais
comuns da luxação intrusiva em dentes decíduos e determinar sua freqüência,
avaliaram 180 prontuários odontológicos de pacientes com história de traumatismo
dentário atendidos na clínica de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da
Universidade Estadual do Rio de Janeiro. Dos 180 prontuários examinados, 137
estavam relacionados à dentição decídua e 43 à dentição permanente. Os pacientes
foram atendidos no período de 1995 a 1998, sendo 104 deles do gênero masculino
e 76, do gênero feminino, com idades variando entre 1 e 14 anos. Os tipos de
traumatismos mais comumente encontrados foram a luxação intrusiva (29%),
fratura de coroa sem exposição pulpar (18%) e fratura de esmalte (13%). A
quantidade de meninos com traumatismos dentários foi ligeiramente maior que a de
meninas, sendo a faixa etária mais afetada a de 1 a 3 anos, em ambos os gêneros.
Na dentição decídua, a luxação intrusiva foi o tipo de trauma mais observado
(43%), seguido da subluxação (13%). Nas idades de 1 a 3 anos e 5 anos, o fator
Revisão da Literatura 50
etiológico mais predominante foram as quedas da própria altura, e quedas de
objetos altos nas outras idades. Os autores recomendam aos profissionais que, nas
consultas de rotina, informem aos responsáveis pelo paciente, a necessidade do
atendimento imediato em casos de traumatismos dentários.
Objetivando descrever a etiologia dos traumatismos dentários,
Bastone et al. (2000), levantaram importantes artigos sobre este tema em ambas as
dentições, decídua e permanente. Relataram que há uma diversidade na
classificação dos traumatismos, mencionando a preconizada por Andreasen como
sendo a mais completa, permitindo interpretações mais detalhistas. Entre outras
estão a proposta por Garcia-Godoy a qual difere das demais principalmente por
especificar, no caso de fraturas, quando houve ou não envolvimento de cemento e a
de Ellis, sendo esta uma classificação simplificada que agrupa vários tipos de
traumatismos e permite interpretações subjetivas por incluir termos como “simples”
ou “extensa”. As três classificações citadas são modificações daquela preconizada
pela Organização Mundial da Saúde. A prevalência de traumas na dentição decídua
é maior entre as idades de 10 e 24 meses, segundo um estudo brasileiro, enquanto
que outros estudos que investigaram todas as faixas etárias, observaram um pico
na incidência dessas injúrias dos 18 aos 23 anos, 6 aos 13 anos e 11 aos 15 anos de
idade. Meninos tendem a apresentar maior freqüência de traumatismos na dentição
permanente, enquanto que, na dentição decídua, não houve diferenças significantes
entre os gêneros. Acidentes dentro de casa foram os mais reportados para os
traumatismos na dentição decídua, enquanto os ocorridos fora de casa, como nas
escolas, os mais relacionados aos traumas na dentição permanente. A queda foi o
Revisão da Literatura 51
fator etiológico mais predominante em ambas as dentições. Fraturas não
complicadas da coroa sem exposição pulpar foram os tipos de traumatismos mais
relatados na dentição permanente, enquanto que as subluxações e avulsões os que
mais acometem a dentição decídua. Os incisivos centrais superiores foram os dentes
mais afetados em ambas as dentições, seguidos dos incisivos laterais superiores.
Por fim, destacaram a dificuldade de se comparar resultados de diferentes estudos
sobre traumatismos dentais em função da falta de uma padronização na
classificação desses traumatismos, bem como da variedade dos dados levantados.
Diab e Elbadrawy, em 2000a, realizaram uma revisão de literatura a
respeito da luxação intrusiva em dentes decíduos. Observaram que o pico de
intrusão, em crianças, varia de 1 a 3 anos de idade e que após os 4 anos de idade,
com o início da reabsorção radicular, outros tipos de luxações, como a avulsão, são
mais freqüentes. Ressaltam a importância de um protocolo no atendimento a
crianças que sofreram este tipo de trauma, incluindo fatores como a anamnese
(história médica e odontológica), o comportamento da criança e os exames clínico e
radiográfico. O tratamento das intrusões depende da direção e severidade do
trauma, presença de fratura alveolar e grau de comprometimento com o dente
permanente em desenvolvimento. No caso de se optar por manter o dente na
cavidade bucal, defendem a importância do acompanhamento periódico destes
dentes.
Com o propósito de reunir dados pertencentes a 1654 pacientes
atendidos na Bebê-Clínica da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual
Paulista de Araçatuba, Brasil, Cunha et al. (2001) observaram uma prevalência de
Revisão da Literatura 52
traumatismos dentários em 16,3% do número total de pacientes. Houve uma maior
predominância de pacientes do gênero masculino (62,6%), de crianças com idades
de 1 a 2 anos (39,9%) e o incisivo central superior foi o dente mais atingido (86%).
A queda foi o fator etiológico mais predominante (58,3%), sendo também a fratura
coronária não complicada o tipo de traumatismos mais observado (48,4%). O
tempo decorrido entre o trauma e a busca pelo atendimento foi também avaliado,
sendo que em 22,7% dos casos a procura ocorreu entre 3 e 15 dias. Apontam que
um dos motivos pela demora na busca do atendimento esteja relacionado ao fato
de que, a fratura coronária de esmalte, seja uma lesão de menor severidade e de
nenhuma interferência na oclusão.
Na Arábia Saudita, Al-Jundi (2002) realizou um estudo com o objetivo
de determinar a incidência e padrões de emergências odontológicas resultante de
injúrias traumáticas, assim como o tipo de tratamento realizado. Foram examinados
os prontuários de crianças as quais foram atendidas no período de agosto de 1998 a
setembro de 1999. Dos 6200 prontuários analisados, 195 (31%) eram de
emergências causadas por traumatismos dentários, perfazendo um total de 287
dentes afetados. As idades variaram de 15 meses a 14 anos, sendo a média de 9,3
anos. Do total destes traumatismos, apenas 5,2% estavam relacionados à dentição
decídua, sendo os incisivos os únicos envolvidos. Observaram que o pico de idade
foi de 8 anos para ambos os gêneros, sendo também 75,4% envolvendo crianças do
gênero masculino e 24,6% do gênero feminino. Dos casos examinados, 43,1% não
procuraram atendimento no momento do trauma, mas apenas após o aparecimento
de complicações nos dentes atingidos. Daqueles que procuraram atendimento logo
Revisão da Literatura 53
após o trauma (27%), 76,9% não receberam nenhum tipo de tratamento, 16,9%
apenas foram medicados e 6,2% receberam tratamento emergencial principalmente
sob a forma de curativos. O principal fator etiológico, segundo o autor, foi a queda
por brincadeiras (58,5%), seguido da queda de objetos altos (13,8%) e o fator
menos prevalente foi acidentes automobilísticos com apenas 1,5% dos casos.
Cardoso e Rocha (2002) objetivaram identificar alguns fatores
relacionados com a ocorrência de traumatismos em crianças assistidas na Clínica de
Odontopediatria da Universidade Federal de Santa Catarina. Foram examinadas 85
crianças, incluindo 44 meninos e 41 meninas, com idades variando de 10 meses a 6
anos. Observaram uma prevalência maior destas ocorrências em crianças com
idades entre 1 e 3 anos, sendo que 54,1% apresentaram mais de um dente
traumatizado. Os dentes mais afetados foram os ântero-superiores em 98,7% dos
casos e as luxações foram os tipos de traumatismos mais prevalentes (85,4%)
quando comparado às fraturas (14,6%). Das luxações, a subluxação foi o tipo mais
encontrado (38,8%). A queda foi o fator etiológico mais registrado (78%). Em
relação ao tempo de busca para o atendimento odontológico, a maioria, 41,9%, o
fez nas primeiras 24 horas, seguido de 20,3% dentro de uma semana, 17,6% em
um período de até 1 mês, 8,1% até 6 meses, 8% após um ano e 4,1% dentro de
um ano.
No mesmo ano, Flores (2002) realizou uma revisão de literatura,
incluindo 75 artigos dos anos de 1981 a 2002, a respeito da epidemiologia e formas
de tratamento de injúrias traumáticas da dentição decídua. A autora relata que,
Revisão da Literatura 54
geralmente, traumatismos dentários na dentição decídua não são considerados
como situações de urgência, pois, normalmente, os pais não procuram atendimento
nas referidas situações. Entretanto, quando ocorre sangramento de tecidos moles
da região afetada, a busca por tratamento é imediata. A dificuldade do manejo do
comportamento em crianças pequenas, o risco de causar danos ao dente
permanente em desenvolvimento e a falta de uma diretriz em relação ao tipo de
tratamento nessas situações, têm determinado a extração como forma mais
apropriada de tratamento em dentes decíduos traumatizados.
Provenzano et al. (2002) realizaram um estudo de prevalência de
traumatismos ocorridos na dentição decídua em crianças atendidas no Pronto
Atendimento da Bebê Clínica da Universidade Estadual de Londrina. Foram avaliados
3.860 prontuários dos anos de 1992 a 2000, totalizando 1772 tipos de traumatismos
na dentição decídua. Os resultados mostraram que o tipo mais freqüente foi a
subluxação com 26,46%, seguido da luxação intrusiva (19,96%), avulsão (11,73%),
luxação lateral (6,37%) e luxação extrusiva (2,08%). Dentro das fraturas, foi
observada maior freqüência das fraturas de esmalte com 6,89%, fraturas de
esmalte e dentina com 6,47%, seguido das demais: esmalte e dentina com
exposição pulpar (5,36%), esmalte e dentina e cemento com exposição pulpar
(1,12%). Os autores, concluindo, advertem para o fato de que, dependendo da
idade da criança e da severidade do trauma, possíveis seqüelas poderão ocorrer
tanto aos dentes decíduos como aos permanentes sucessores em desenvolvimento.
Em 2002, Saroglu e Sönmez avaliaram o tipo e a prevalência de
injúrias dentais referentes a Escola de Odontologia, Departamento de
Revisão da Literatura 55
Odontopediatria da Universidade de Ankara, na Turquia. Foram examinados 147
pacientes e 234 dentes traumatizados durante um período de 18 meses.
Observaram uma freqüência destes traumatismos de 14,52% na dentição decídua e
de 85,47% na dentição permanente. Dos dentes decíduos envolvidos, todos eram
do arco superior, sendo os elementos 51 e 61 os mais afetados, em ordem
crescente. O fator etiológico mais predominante foi a queda para ambas as
dentições. A luxação extrusiva foi o tipo de traumatismo mais observado na
dentição decídua, sendo alta a porcentagem de envolvimento de lesões de tecido
mole. Concluindo, defendem a necessidade de um maior treinamento no
atendimento e prevenção de traumatismos dentários aos profissionais da saúde,
bem como maiores esclarecimentos dos mesmos em relação aos pais.
Della Valle et al. (2003) estudaram a ocorrência de lesões traumáticas
em crianças de 0 a 36 meses atendidas na Clínica de Bebês de uma instituição
pública no Rio de Janeiro. Observaram uma freqüência de 22,5% de traumatismos
nos prontuários examinados, sendo mais prevalente em crianças do gênero
feminino (61,1%). A queda da própria altura foi o fator etiológico mais relatado
(75,9%). A fratura coronária de esmalte (7,9%) e a intrusão (7,1%) foram os tipos
de traumas mais observados. Os tratamentos executados foram a proservação
(17,1%), restaurações estéticas (4,6%), pulpectomias (3,8%), exodontias (2,1%) e
reposição dentária (0,4%). Foi encontrada uma porcentagem maior de traumatismo
(84,2%) em crianças com faixa etária entre 19 e 36 meses. Algumas associações
que mostraram relação estatisticamente significante foram: gênero feminino e
trauma, queda da própria altura e intrusão, queda da própria altura e avulsão,
Revisão da Literatura 56
queda do berço e fratura da coroa, queda do andador e intrusão, e colisão e
intrusão. Concluindo, defendem a prevenção do trauma como um objetivo a ser
alcançado na prática odontológica, através de métodos educativos direcionados aos
pais com a finalidade da redução da ocorrência de traumatismos em bebês.
Objetivando verificar a epidemiologia de traumatismos dentários em
crianças na Turquia, Kargul et al. (2003), avaliaram a história de 300 indivíduos,
totalizando 446 dentes traumatizados. Destes, 113 eram dentes decíduos e a
maioria das crianças, do gênero masculino. As quedas não específicas foram os
fatores etiológicos mais relatados. Em relação ao tipo de trauma, a fratura coronária
de esmalte foi a mais prevalente, sendo os incisivos superiores decíduos, os dentes
mais afetados. O tipo de tratamento mais executado foi o acompanhamento em 45
dentes.
Kramer et al., em 2003, avaliaram 1545 crianças, com idades de 0 a 6
anos, pertencentes a 28 creches públicas na cidade de Canoas, Santa Catarina.
Entre as crianças examinadas, 817 eram do gênero masculino e 728 do feminino. A
maior ocorrência dos traumatismos foi observada nas idades entre 3 e 4 anos,
sendo que os meninos sofreram mais injúrias que as meninas, não havendo, porém,
relação estatisticamente significante quando cada idade era analisada
separadamente. A maioria das crianças possuía apenas um dente afetado, sendo o
incisivo central superior o mais comumente observado (80,5%), seguido dos
incisivos laterais superiores (15%) e os incisivos inferiores (4,1%). O tipo de
traumatismo mais prevalente foi a fratura de esmalte (75,5%). Comparando os
Revisão da Literatura 57
resultados deste trabalho com outros presentes na literatura, os autores observaram
a necessidade de mais estudos epidemiológicos nessa área, usando-se metodologia
padronizada a fim de se compreender melhor as complexidades da epidemiologia
dos traumatismos dentários e permitir a implementação de estratégias para reduzir
a freqüência dos mesmos. Também enfatizam a importância de um programa
educacional direcionado aos pais ou responsáveis para incentivá-los a buscar o
tratamento imediatamente após a ocorrência destas injúrias.
Em 2004, Nogueira et al.
realizaram uma pesquisa sobre a prevalência
de traumatismos dentários em crianças de 0 a 5 anos de idade no município de
Belém, Pará. Um total de 2021 crianças pertencentes a 6 creches foram
examinadas, totalizando 206 com história de traumatismos dentários (10,19%). A
amostra demonstrou diferenças pouco expressivas quanto ao gênero, sendo que do
total de crianças examinadas, 10,78% dos meninos e 9,65% das meninas eram
portadores de traumas nos dentes decíduos. Foi observada uma prevalência maior
no gênero masculino aos 3 anos de idade, enquanto que no gênero feminino, aos 5
anos. A arcada superior foi a mais atingida, sendo os dentes ântero-superiores os
mais afetados. Em relação ao tipo de trauma, foi verificado um percentual maior de
trauma com fratura coronária de esmalte, seguido de fratura de esmalte e dentina
sem exposição pulpar. As quedas foram os principais motivos para a ocorrência dos
traumatismos em 66% dos casos. Os autores, concluindo, enfatizam a pouca
importância dado ao trauma dental pela população em geral, principalmente devido
à falta de conhecimento sobre este assunto.
Revisão da Literatura 58
2.2 Seqüelas na dentição permanente
Schreiber (1959) apresentou um estudo de 118 crianças que sofreram
traumatismos nos incisivos decíduos. Destas, 68 eram meninos e 50 meninas, sendo
que a época do acidente foi mais observada entre as idades de 1 ano e meio e dois
anos e meio. Para o acompanhamento periódico, 42 crianças compareceram às
visitas. Em 15 casos, os dentes decíduos foram extraídos por motivos diversos que
não permitiam sua manutenção na cavidade bucal. As crianças foram
acompanhadas até a erupção dos dentes permanentes sucessores, onde, em 8
casos, manchas brancas ou amarronzadas na região incisal foram detectadas. Em
apenas 1 caso, a hipoplasia foi observada.
No estudo clínico de Ravn (1968), foi realizado um acompanhamento
de 248 dentes decíduos traumatizados com o objetivo de avaliar as seqüelas que
ocorriam nestes dentes, assim como nos seus sucessores permanentes. Os dentes
decíduos foram divididos em 2 grupos de acordo com o período de atendimento,
sendo o Grupo 1 compreendendo os pacientes atendidos entre os anos de 1959 a
1962 e o Grupo 2 de 1963 a 1966. Dos 20 dentes decíduos que sofreram avulsão no
Grupo 1, 17 mostraram seus sucessores permanentes com alterações de
desenvolvimento, sendo que, as hipoplasias externas de esmalte foram observadas
nos casos em que o trauma ocorreu em pacientes mais jovens (dos 9 meses aos 2
anos e quatro meses de idade). As hipoplasias internas de esmalte ocorreram em
idades maiores, ou seja, dos 2 anos e 7 meses aos 4 anos de idade. Quando os 40
casos de intrusão foram analisados no Grupo 1, 23 apresentaram distúrbios nos
Revisão da Literatura 59
permanentes, sendo que destes, 16 apresentaram hipoplasia interna de esmalte, 6
com hipoplasia externa de esmalte e somente 1 apresentou dilaceração. Em relação
ao traumatismo de luxação, todos os 6 dentes decíduos acompanhados no Grupo 1
tiveram seus permanentes sucessores com hipoplasias externas de esmalte.
Em 1971, Andreasen e Ravn, realizaram um estudo clínico e
radiográfico em 103 pacientes e 213 dentes decíduos traumatizados, com o objetivo
de constatar o efeito de injúrias traumáticas na dentição decídua sobre seus
sucessores permanentes. As variáveis analisadas foram: a freqüência e tipos de
distúrbios de desenvolvimento encontrados entre os dentes permanentes sucessores
após diferentes tipos de traumatismos nos decíduos antecessores e identificar os
fatores clínicos relacionados a estes traumatismos que poderiam influenciar na
freqüência e tipos destes distúrbios. Os tipos de traumatismos ocorridos na dentição
decídua avaliados foram os seguintes: subluxação, luxação intrusiva, luxação
extrusiva, luxação lateral e avulsão. A idade da criança no momento do trauma, o
gênero, o número e a localização dos dentes decíduos afetados, o grau de
deslocamento do dente decíduo, o estágio de desenvolvimento radicular do dente
decíduo, a presença ou ausência de fratura do osso alveolar, a presença ou
ausência de dilaceração gengival, o intervalo entre o acidente e a busca pelo
tratamento, o tipo de tratamento instituído ao dente decíduo traumatizado e o
estágio de desenvolvimento do dente permanente sucessor no momento do trauma
foram também registrados. Os tipos de distúrbios de desenvolvimento na dentição
permanente foram classificados em: mancha branca ou amarelo-amarronzada do
esmalte, mancha branca ou amarelo-amarronzada do esmalte com hipoplasia
Revisão da Literatura 60
circular do esmalte, mal formação do tipo odontoma, dilaceração da coroa,
duplicação radicular, angulação radicular vestibular, angulação radicular lateral ou
dilaceração, suspensão parcial ou completa da formação radicular, seqüestro dos
germes dos dentes permanentes e distúrbios na erupção. Os resultados mostraram
que, dos 213 dentes permanentes envolvidos, 88 (41%) mostraram algum tipo de
distúrbio de desenvolvimento. Destes, 49 (23%) apresentaram mancha branca ou
amarela de esmalte, 26 (12%) mancha branca ou amarela de esmalte com
hipoplasia circular, 6 (3%) dilaceração coronária, 3 (1%) angulação lateral radicular
ou dilaceração e 4 (2%) suspensão parcial ou completa da formação radicular. Os
distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes foram menos freqüentes em
casos em que o trauma ocorreu em idades superiores a 4 anos quando comparado
a grupos mais jovens. Especialmente as manchas brancas ou amarelo-amarronzadas
com hipoplasias circulares do esmalte foram mais evidentes em indivíduos com
idades entre 1 e 3 anos, enquanto que, as manchas sem hipoplasias também foram
registradas em crianças com 1 a 5 anos de idade. As manchas de esmalte
ocorreram em ambos os estágios iniciais da formação coronária e radicular do dente
permanente, enquanto que as manchas associadas à hipoplasias de esmalte foram
encontradas apenas entre os dentes permanentes durante os estágios iniciais de
formação da coroa. O tipo de traumatismo na dentição decídua foi um fator
significante no aparecimento das alterações de desenvolvimento na dentição
permanente, sendo as luxações intrusivas e as avulsões os tipos mais associados
com estes distúrbios (69% e 52%, respectivamente). A fratura do osso alveolar
associada a traumatismos na dentição decídua aumentava significativamente o
aparecimento dos distúrbios de desenvolvimento na dentição permanente, enquanto
Revisão da Literatura 61
que, o tipo de tratamento instituído ao dente decíduo afetado não mostrou
influência significativa sobre a freqüência das alterações no permanente
correspondente. Asseveram também que a avaliação da extensão das complicações
após traumatismos sofrido no início da infância deve aguardar até a erupção
completa de todos os dentes permanentes envolvidos, um problema que deve ser
considerado no caso de uma ação legal ou indenização de seguros. Contudo,
atestam que as seqüelas mais sérias, ou seja, os distúrbios que alteram a
morfologia dental, podem ser diagnosticados radiograficamente no primeiro ano
após o traumatismo.
No mesmo ano, Andreasen et al. (1971), analisaram através do exame
clínico, radiográfico, microrradiográfico e microscópico, 207 dentes permanentes
que sofreram alterações em decorrência de injúrias nos antecessores decíduos. As
observações desta pesquisa indicaram que o traumatismo interfere com a
mineralização do esmalte, enquanto a formação da matriz pareceu não estar
envolvida. Os autores também viram que a configuração da área hipomineralizada
coincide com a área de mineralização secundária.
Cutright (1971), analisando achados histológicos decorrentes de
diferentes tipos de traumatismos em dentes de suínos, discute como estes achados
estão relacionados às condições patológicas encontradas nos dentes permanentes
após sua erupção. O autor observou que, as hipocalcificações e hipoplasias de
esmalte causadas pela intensa reação inflamatória, ocorreram apenas nos casos
onde o trauma afetou diretamente os ameloblastos ou quando ocorria uma intensa
reação inflamatória próxima ao germe do permanente. Quando 1mm ou menos de
Revisão da Literatura 62
osso ou tecido permanecia intacto entre o dente traumatizado e o germe do
sucessor permanente, isto minimizava ou isentava os danos que poderiam afetar
estes germes. Os ameloblastos também poderiam ser afetados por inflamações,
produzindo lesões hipoplásicas em variadas profundidades, além da ocorrência de
hipocalcificações. Formações de dentina reparadora, proliferação do epitélio do
órgão do esmalte e formações de cistos também constituíram os achados
histológicos descritos pelo autor. Dilacerações como resultado do deslocamento de
parte do germe do dente permanente também foram detectadas neste estudo. O
autor, por fim, correlaciona as observações histológicas registradas nesta pesquisa
com as seqüelas detectadas clinicamente após a erupção dos dentes. Enfatiza
também que, embora o germe dentário possua uma certa resistência contra lesões
traumáticas e infecções, dependendo da severidade das mesmas, seqüelas
certamente poderão ocorrer.
Andreasen e Ravn (1973) estudaram as alterações de esmalte em
dentes permanentes provenientes de traumatismos nos decíduos antecessores.
Foram avaliadas 487 crianças, sendo 251 meninos e 236 meninas, provenientes de
5 escolas públicas em Copenhagen, na Dinamarca. A região selecionada para este
estudo possuía baixa concentração de flúor na água de abastecimento (0,5 ppm de
flúor). No momento do exame, as idades variaram de 9 a 17 anos. Dados sobre
uma possível história de trauma nos dentes decíduos foram coletados dos
prontuários pertencentes ao Serviço Odontológico Pré-Escolar, onde as crianças
receberam atendimento durante as idades de 3 a 7 anos. Posteriormente, um
questionário foi aplicado aos pais a respeito da história dos traumatismos, incluindo
Revisão da Literatura 63
perguntas sobre o tipo e localização do trauma, assim como a idade da criança no
momento do acidente. Como grupo controle, 111 crianças (51 meninos e 60
meninas) foram aleatoriamente escolhidas nas 5 escolas, sendo que estas não
receberam assistência no Serviço Odontológico Pré-Escolar. Avaliando-se os
resultados dos questionários enviados aos pais e os dados obtidos nos prontuários,
as crianças foram divididas em dois grupos, sendo o “Grupo-Trauma” consistindo de
147 crianças e o “Gupo-Não Trauma”, ou seja, crianças sem história de
traumatismos, perfazendo um total de 340 indivíduos. Somente as hipoplasias
internas de esmalte com diâmetro inferior a 0,5 mm foram observadas com a
mesma freqüência em ambos os grupos. Já as hipoplasias internas brancas de
esmalte com diâmetro igual ou superior a 0,5 mm, bem como as hipoplasias
brancas externas e amarelo-amarronzadas internas e externas, foram mais
prevalentes no grupo que sofreu traumatismos na dentição decídua. Estes achados
nos dentes permanentes representaram para os autores, uma boa definição clínico-
patológica das alterações provenientes de traumatismos. Entretanto, não puderam
identificar, neste estudo, os fatores relacionados à alta freqüência de hipoplasias
menores no grupo de crianças que não apresentaram história de traumatismo.
Como a amostra pertencia a uma região com baixa concentração de flúor na água
de abastecimento, o efeito da fluorose foi eliminado pelos autores.
Von Gool (1973) examinou 18 pacientes que apresentavam 20 dentes
com distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes, sendo que, 18 dentes
apresentavam dilacerações e 2 com hipoplasias. A história prévia de traumatismos
foi averiguada em 13 dos 18 pacientes avaliados. Em 11 pacientes, a idade no
Revisão da Literatura 64
momento do trauma era conhecida, sendo as seguintes: em 2 indivíduos, o
traumatismo ocorreu na idade de 1 ano, 1 aos 2 anos, 3 aos 2 anos e meio, 4 aos 3
anos e meio e 1 aos 4 anos de idade. Todos os dentes afetados se tratavam de
incisivos, sendo que a proporção entre a arcada superior e inferior era 4:1. O autor
aponta a luxação intrusiva nos dentes decíduos como a maior responsável pelas
dilacerações que podem afetar os permanentes sucessores e enfatiza a importância
do acompanhamento periódico.
Em um estudo clássico de Andreasen (1976), o autor avaliou as
alterações histológicas imediatas e tardias na odontogênese de dentes permanentes
após a intrusão dos decíduos correspondentes, bem como analisou o efeito do tipo
de tratamento instituído ao dente decíduo afetado na freqüência destas alterações.
O material consistiu de 18 macacos jovens que apresentavam os dentes decíduos
em fase de complementação radicular e o germe do dente permanente
apresentava-se na fase entre a formação da metade da coroa e o início da formação
radicular. Os incisivos centrais decíduos foram intruídos aproximadamente 4 mm em
uma direção axial, utilizando-se um martelo metálico. 5 macacos foram sacrificados
10 a 15 minutos após o trauma experimental. Nos 13 animais restantes, um incisivo
central foi preservado na maxila, enquanto o outro foi extraído 1 hora após o
trauma. Neste grupo, os animais foram sacrificados 6 semanas pós-operatório. As
alterações imediatas observadas no primeiro grupo consistiam em contusão e
deslocamento do epitélio reduzido do órgão do esmalte e um leve deslocamento do
tecido dentário duro em relação à bainha epitelial de Hertwig. As alterações tardias
averiguadas no segundo grupo foram as metaplasias do epitélio reduzido do órgão
Revisão da Literatura 65
do esmalte para um epitélio escamoso composto de duas camadas de células. As
alterações tardias nos dentes sucessores permanentes ocorreram em ambos os
tipos de tratamento executados no segundo grupo, ou seja, nos dentes decíduos os
quais foram preservados e naqueles que foram submetidos à extração. Porém, o
autor observou que estas mudanças foram mais pronunciadas no grupo de dentes
que foram mantidos em posição após serem intruídos. Também foi observado o
efeito da inflamação periapical em dentes decíduos sobre os sucessores
permanentes, a qual poderá também ocasionar alterações similares ao trauma,
como foi averiguado neste estudo. Estes achados levaram o autor a afirmar que a
extração imediata de dentes decíduos intruídos poderia limitar os danos ao germe
sucessor permanente. Entretanto, assevera também que estes achados não
poderiam estender-se à prática clínica, pois não se sabe se estas alterações
observadas histologicamente seriam, de fato, detectáveis clinicamente.
A freqüência e tipos de distúrbios de desenvolvimento em dentes
permanentes após a intrusão nos decíduos antecessores também foram avaliados
por Ravn (1976). O autor procurou correlacionar o aparecimento dos distúrbios de
desenvolvimento com a idade da criança no momento do trauma, bem como
analisar a influência do tratamento realizado nos dentes decíduos traumatizados em
relação a estes distúrbios. Foram avaliados 78 crianças e um total de 100 dentes
permanentes cujos antecessores decíduos foram intruídos. Foi observado que a
intrusão é rara após os 4 anos de idade, concentrando-se nas idades entre 1 e 3
anos. O autor correlaciona este fato com a reabsorção fisiológica da raiz do dente
decíduo, tendo o seu início após os 3 anos de idade, aumentando a freqüência das
Revisão da Literatura 66
luxações e avulsões. A prevalência de alterações de desenvolvimento nos dentes
permanentes foi de 54%, sendo a hipoplasia branca de esmalte a mais freqüente.
Em relação ao tipo de tratamento instituído ao dente decíduo intruído, este não
mostrou associação significante com o aparecimento das seqüelas nos permanentes
sucessores. Assim, em 14 casos em que o dente decíduo foi extraído imediatamente
ou 6 meses após o trauma, 10 (72%) mostraram algum tipo de distúrbio no
sucessor permanente. Da mesma forma, dos 86 dentes decíduos que re-
erupcionaram espontaneamente, em 44 (52%), também foi observado distúrbios
nos respectivos permanentes. A diferença entre ambos não foi estatisticamente
significante. Isto levou o autor a concluir que, os distúrbios aos dentes permanentes
em desenvolvimento ocorrem no momento do trauma, sendo o tratamento posterior
realizado de pouca importância como um fator etiológico destas ocorrências.
No ano seguinte, Thylstrup e Andreasen (1977), avaliaram o efeito da
intrusão de dentes decíduos nos permanentes sucessores. O estudo foi realizado em
macacos cujos incisivos decíduos superiores e inferiores foram intruídos. Os dentes
do lado esquerdo foram extraídos uma hora após o trauma, enquanto que os do
lado direito foram mantidos nos alvéolos. Os resultados obtidos revelaram que,
intrusões obtidas experimentalmente em dentes decíduos, podem causar distúrbios
nas faces vestibulares dos dentes permanentes sucessores. Macroscopicamente,
essas lesões correspondem às opacidades brancas de esmalte já descritas em
incisivos permanentes de humanos. Não houve relação entre o tipo de tratamento
executado com a freqüência e extensão destes distúrbios.
Revisão da Literatura 67
Em 1978, Stewart estudou as possíveis causas que provocaram
dilacerações coronárias em 41 incisivos centrais permanentes em pacientes com
idades entre 7 e 14 anos. Do total de dentes avaliados, 9 apresentaram o distúrbio
causado por traumatismos nos dentes decíduos predecessores. A idade no momento
do trauma variou de 20 meses a 4 anos. As alterações macroscópicas observadas
incluíram alterações no desenvolvimento do germe no momento do trauma, sulcos
hipoplásicos no esmalte circundando a coroa e zonas de descoloração na superfície
do esmalte. Também foi observado que 4, dos 9 pacientes deste grupo,
apresentavam alterações nos dentes adjacentes causados também pelo
traumatismo.
Brin et al. (1984) afirmaram que os possíveis efeitos deletérios nas
coroas e raízes de dentes permanentes após traumatismos nos decíduos
correspondentes são aplicados a fatores tais como: o grau de reabsorção da raiz do
dente decíduo no momento do trauma, a direção da força traumática, o tipo de
trauma ocorrido no dente decíduo e o grau de desenvolvimento do germe do dente
permanente no momento do trauma. Porém, atestam que não existe uma atenção
especial nos estudos realizados no que se refere à influência dos traumatismos na
dentição decídua sobre a posterior posição dos dentes permanentes na arcada após
sua erupção. Assim, os autores realizaram uma pesquisa com o intuito de verificar a
prevalência de distúrbios morfológicos nos incisivos permanentes devido a trauma
nos dentes decíduos predecessores, bem como avaliar a posição dos permanentes
sucessores em relação aos demais dentes. O exame constou de 110 crianças e 253
dentes decíduos traumatizados. Um total de 414 incisivos permanentes foi avaliado,
Revisão da Literatura 68
sendo que destes, 134 (32%) apresentaram descoloração na coroa, sendo a
mancha branca a mais evidente. Hipoplasias foram observadas em 11% dos dentes
examinados, sendo que nestes casos, 77% estavam associadas com descoloração
coronária. A região do terço incisal foi a mais afetada por estes defeitos em todas as
idades, sendo, porém mais prevalente em crianças mais jovens. 25% dos dentes
permanentes examinados cujos decíduos correspondentes não sofreram
traumatismos apresentaram também algum tipo de defeitos de mineralização. Foi
constatado também que traumatismos na dentição decídua não influenciaramm na
posterior posição na arcada dos dentes permanentes sucessores.
No ano seguinte, Ben Bassat et al. (1985) objetivaram avaliar o efeito
de traumatismos em incisivos decíduos sobre os sucessores permanentes em
diferentes estágios de desenvolvimento, já que, em um estudo anterior realizado
pelos mesmos autores, a idade cronológica da criança no momento do trauma não
mostrou ser um fator significante quando associado à presença de defeitos de
desenvolvimento nos dentes permanentes. Foram examinados 124 incisivos
permanentes cujos incisivos decíduos predecessores haviam sofrido algum tipo de
traumatismo. Foi analisado, através de radiografias, o grau de desenvolvimento dos
incisivos centrais e laterais como proposto por Nolla (1960) e o grau de
desenvolvimento ou reabsorção fisiológica das raízes dos incisivos decíduos.
Manchas nas coroas foram observadas em 24 dentes (16%), afetando todas as
idades principalmente entre os estágios 3 e 6 de Nolla. Hipoplasias observadas em
13 dentes (9%) ocorreram apenas em crianças com idades de 1 a 3 anos e nos
estágios 1 a 5 de Nolla. O tipo de trauma que mais provocou alterações de
Revisão da Literatura 69
desenvolvimento nos dentes sucessores permanentes foi a luxação (50%). Segundo
os autores, não houve relação significante entre o grau de reabsorção fisiológica da
raiz dos dentes decíduos e a presença de distúrbios de desenvolvimento nos
sucessores permanentes.
Com o objetivo de avaliar o efeito de traumatismos na dentição
decídua sobre o desenvolvimento radicular dos dentes permanentes sucessores,
Zilberman et al. (1986), avaliaram clínica e radiograficamente, os dentes
permanentes de 34 crianças. A maioria desses pacientes sofreu o trauma entre as
idades de 1 a 3 anos e meio, onde o mais comum dentre os tipos de traumatismos
foi o deslocamento do dente para palatino e as luxações. Os 129 incisivos
permanentes totalmente erupcionados examinados foram divididos em dois grupos:
(1) 68 incisivos permanentes cujos antecessores decíduos haviam sofrido
traumatismos e (2) 61 incisivos permanentes sucessores de dentes decíduos não
traumatizados, localizados adjacentes àqueles que sofreram traumatismos. Os
resultados mostraram que apenas 6 crianças (17,6%) apresentaram distúrbios de
desenvolvimento na raiz do dente permanente ou alguma condição patológica
observada no osso circundante à raiz. Os distúrbios na formação radicular
apareceram em dentes os quais foram traumatizados entre os estágios 2 e 8 de
Nolla e especialmente nos tipos de traumatismos mais severos. A dilaceração
radicular ocorreu em 6 (4,7%) incisivos permanentes, sendo 5 sucessores de dentes
decíduos traumatizados e um deles pertencia ao grupo cujos antecessores decíduos
não haviam sofrido traumatismos. Outro importante fator mencionado que poderia
influenciar na transmissão da força de impacto durante o traumatismo seria o
Revisão da Literatura 70
comprimento da raiz dos dentes decíduos. Nesta investigação, a maior parte dos
incisivos decíduos apresentou desenvolvimento radicular completo ou estavam
apenas no início da reabsorção radicular fisiológica no momento do trauma.
Ressaltam a importância de um acompanhamento periódico, clínico e radiográfico,
já que algumas das condições patológicas se desenvolvem após algum tempo em
que o trauma ocorreu.
No estudo de Croll et al. (1987), onde apresentaram um estudo de
observação clínica e histológica de 138 dentes decíduos traumatizados e
posteriormente extraídos em variados intervalos de tempo, asseveram que o
profissional deve decidir sobre o apropriado tratamento, considerando o risco de
lesões ao germe do dente permanente. Das opções de tratamento, incluindo
reposição e estabilização do dente luxado, tratamento endodôntico ou extração,
consideram esta última como a opção que poderia causar menor risco ao germe do
dente permanente sucessor. Assim, enfatizam da importância de um cuidadoso
acompanhamento após traumatismos em dentes decíduos e assim mesmo estes
cuidados não poderão assegurar a ausência de distúrbios nos permanentes
sucessores.
Em 1992, Holan et al., com o propósito de avaliar o efeito de
traumatismos, infecção do canal radicular e tratamento de incisivos decíduos não-
vitais sobre seus permanentes sucessores, avaliaram clinica e radiograficamente 117
dentes permanentes. Estes foram divididos em três grupos: Grupo A, incluindo 29
incisivos permanentes cujos decíduos antecessores traumatizados haviam sido
Revisão da Literatura 71
tratados endodonticamente devido à necrose pulpar, Grupo B, consistindo de 29
incisivos permanentes cujos decíduos antecessores traumatizados não receberam
nenhum tipo de tratamento ou foram extraídos e Grupo C, composto por 59
incisivos permanentes sem história de traumatismo nos antecessores decíduos. Os
resultados mostraram uma freqüência semelhante de defeitos de desenvolvimento
nos dentes permanentes nos Gupos B e C, sendo 20,7% e 23,8%, respectivamente.
No Grupo A, a incidência de alterações nos dentes permanentes examinados era de
2 a 3 vezes maior quando comparado aos demais grupos. Porém, relacionam este
fato à possibilidade maior de ocorrências de traumas mais severos nos dentes
decíduos do Grupo A, resultando em necrose da polpa. Concluem que a preservação
dos dentes decíduos traumatizados através do tratamento endodôntico oferece
vantagens significantes em relação à sua extração precoce.
Von Arx (1993) avaliou 114 crianças e um total de 255 dentes
permanentes cujos decíduos predecessores haviam sofrido traumatismos. Estes
foram classificados em seis tipos: fratura da coroa e/ou raiz sem exposição pulpar,
fratura da coroa e/ou raiz com exposição pulpar, subluxação, luxação parcial,
luxação total (avulsão) e intrusão. Os dentes permanentes foram divididos em 2
grupos de acordo com o estágio de erupção, sendo o Grupo A, os dentes que não
haviam ainda erupcionados e aqueles com apenas a borda incisal visível na cavidade
bucal, e Grupo B, os dentes cuja erupção era parcial, com menos da metade da
coroa visível e aqueles com erupção completa. Os exames clínico e radiográfico
foram realizados no Grupo B e apenas a execução do exame radiográfico foi
possível no Grupo A. Os resultados mostraram que dos 144 dentes do Grupo B, 33
Revisão da Literatura 72
apresentaram distúrbios de desenvolvimento, enquanto que dos 11 dentes
pertencentes ao Grupo A, em 8 alguma alteração foi observada através do exame
radiográfico. As alterações observadas foram: 28 dentes permanentes com
hipoplasias de esmalte, sendo que destes, 12 apresentaram apenas descoloração da
coroa, 10 apresentaram defeitos de esmalte e em 6 foram observados a associação
das descolorações e defeitos. As dilacerações coronárias foram detectadas em 7
dentes permanentes, em 4 malformações radiculares e em 2 dentes foram
constatadas malformações do tipo odontoma. A luxação intrusiva foi o tipo de
trauma que mais provocou distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes
sucessores, totalizando 54% do número total de casos. Exceto às descolorações do
esmalte, todos os outros tipos de alterações estavam relacionadas a algum período
específico no qual o trauma ocorreu. Assim, odontomas se desenvolveram em
períodos iniciais de formação do germe do dente permanente, geralmente ao redor
de um ano de idade, dilacerações coronárias mostraram serem mais evidentes nas
idades entre 1,5 e 3,5 anos no momento do trauma e as malformações radiculares
foram mais freqüentes entre os 4 e 5 anos de idade. O autor sugere o fato de a
mineralização do esmalte ainda ocorrer até o momento da erupção do elemento
dentário, como sendo a explicação da presença das descolorações coronárias em
todos os grupos de idade.
No estudo de Soporowski et al. (1994), dos 307 dentes decíduos
traumatizados e periodicamente acompanhados, em 169 (55%) foi possível a
avaliação do sucessor permanente. Destes, 13 (7,7%) apresentaram defeitos de
hipoplasia, sendo que as luxações intrusivas foram relacionadas a este tipo de
Revisão da Literatura 73
seqüela em 17,4% dos casos, comparados com 7,1% das luxações laterais e 5,7%
nas avulsões. Não foram observadas relações estatisticamente significantes entre a
presença de defeitos de estrutura nos dentes permanentes com o tipo de trauma,
tipo de tratamento instituído, nos casos das luxações lateral e intrusiva, assim como
no desenvolvimento de necrose nos dentes decíduos traumatizados.
Em 2000b, Diab e Elbadrawy, em uma terceira parte de revisão, onde
levantaram importantes artigos sobre luxações intrusivas em dentes decíduos,
analisaram o efeito deste tipo de traumatismo sobre os dentes sucessores
permanentes. Foram abordados quatro fatores que poderiam influenciar no tipo e
na freqüência dos distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes. A idade
da criança se trata de um destes fatores, onde as evidências na maioria dos estudos
mostram que quanto menor for a idade da criança no momento do trauma, mais
severos serão os distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes
sucessores. Isto se deve ao fato de que os germes dos dentes permanentes são
altamente sensíveis nos estágios iniciais de desenvolvimento, os quais ocorrem
entre as idades de 4 meses a 4 anos. Alguns dos artigos levantados pelos autores
mostram que até os 3 anos de idade da criança, a coroa do dente permanente é
mais suscetível aos traumas nos decíduos predecessores, terminando sua formação
neste período. Com o início do desenvolvimento radicular, entre as idades de 3 e 4
anos, a raiz, por sua vez, se torna mais vulnerável e poderá sofrer deformações
devido aos traumatismos que ocorrerem neste período. Outros fatores averiguados
foram a direção de deslocamento do dente decíduo intruído e a severidade do
trauma. Quando a força de intrusão é aplicada na face lingual do dente decíduo, faz
Revisão da Literatura 74
com que haja o deslocamento da raiz em direção ao germe do dente permanente
sucessor, aumentando o risco de lesões nos mesmo. Da mesma maneira, intrusões
mais severas, onde mais de 50% da coroa do dente decíduo é intruída no interior
do osso, maior também a probabilidade da ocorrência de distúrbios no dente
permanente. O quarto fator revisado foi o tipo de tratamento instituído ao dente
decíduo traumatizado, havendo controvérsias nos estudos levantados em relação a
este aspecto. A maioria dos estudos não encontrou relação significante na
freqüência ou extensão de distúrbios de desenvolvimento no dente permanente
sucessor quando o decíduo é extraído imediatamente ou é preservado, aguardando-
se sua re-erupção espontânea. Contudo, outros autores asseveram que a
probabilidade da ocorrência de anomalias de desenvolvimento nos dentes
permanentes é menor quando se realiza a exodontia imediata do dente decíduo
traumatizado. O aparecimento de distúrbios na dentição permanente quando se
elege a proservação como tratamento do dente decíduo intruído, pode estar
relacionado às seqüelas que poderão ocorrer neste último. A necrose e subseqüente
inflamação periapical no dente decíduo poderão atingir o germe do dente
permanente sucessor, levando a metaplasias no epitélio do esmalte e, em alguns
casos, alterações também na dentina, como mostram alguns estudos. Concluindo,
apontam o acompanhamento periódico destes pacientes como fator fundamental na
detecção precoce de degeneração pulpar ou sinais de inflamação nos tecidos
periradiculares. Também destacam a necessidade de informar os pais no que se
refere às conseqüências dos traumatismos na dentição decídua sobre o
desenvolvimento dos permanentes sucessores.
Revisão da Literatura 75
Flores (2002), em uma revisão a respeito da epidemiologia e formas
de tratamento de injúrias traumáticas da dentição decídua, assevera que, em
crianças maiores de 2 anos de idade, a intrusão e a avulsão são os tipos de
traumatismos que mais podem afetar o desenvolvimento do sucessor permanente,
já que, neste período, ocorre a calcificação do terço incisal e médio da matriz do
esmalte, podendo provocar hipoplasias nestes últimos.
Em 2004, Macari examinou 152 crianças com história de traumatismos
na dentição decídua e que foram atendidas na Clínica de Odontopediatria da
Faculdade de Odontologia de Araçatuba e na Clínica de Odontopediatria do Curso de
Odontologia de Barretos. As avaliações clínica e radiográfica foram realizadas em
264 dentes anteriores permanentes, verificando a ocorrência de seqüelas em
relação à idade da criança no momento do trauma e ao tipo do traumatismo. Do
total de dentes permanentes examinados, 45,8% apresentaram distúrbios de
desenvolvimento. A seqüela mais freqüente foi a hipomineralização do esmalte
(50,5%), seguida da hipomineralização associada à hipoplasia do esmalte (16,6%).
A idade da criança no momento do trauma apresentou associação estatisticamente
significante com a presença das seqüelas, sendo a maior freqüência na faixa etária
de 12 a 23 meses e menor na de 60 a 71 meses. O tipo de trauma na dentição
decídua que mais ocasionou seqüelas nos dentes permanentes foi a luxação
intrusiva (40,5%), seguido da avulsão (24%).
Os estudos clínicos até aqui citados, nesta segunda parte da revisão da
literatura, relacionam-se com a utilização de uma amostra maior de pacientes.
Revisão da Literatura 76
Entretanto, torna-se importante referenciar, entre esta literatura especializada,
relatos de casos clínicos que também reportam as seqüelas nos dentes permanentes
decorrentes de injúrias traumáticas nos dentes decíduos antecessores. Em alguns
destes artigos, mais de um dos tipos de distúrbios de desenvolvimento foram
observados no mesmo paciente. Assim, as manchas brancas ou amarelo-
amarronzadas de esmalte e as manchas com hipoplasias de esmalte foram
observadas por Ben-Bassat et al. (1989), Kaufman et al. (1990), Pomarico et al.
(2005) e Via Júnior (1968). Kaufman et al. (1990), Maragakis (1995), Michanowicz
(1963) e Pomarico et al. (2005) averiguaram casos de dilacerações coronárias. As
malformações semelhantes a odontomas foram relatadas por Kaufman et al. (1990)
e Oliveira et al. (1995). A duplicação radicular foi reportada no caso clínico de
Kaufman et al. (1990). As dilacerações radiculares foram encontradas por
Edmonson e Crabb (1975) e, Glenn e Stanley
(1960). Já Ben-Bassat et al. (1989),
Cole e Welbury (1999) e Korf (1965) observaram distúrbios na erupção de dentes
permanentes em decorrência dos traumatismos nos antecessores decíduos.
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Proposição 78
3 P
roposição
Foi objetivo deste estudo:
1-Verificar os traumatismos em dentes decíduos em relação aos
seguintes fatores:
1.1- Gênero e idade da criança,
1.2- Fatores etiológicos,
1.3- Tempo decorrido entre o trauma e a procura pelo atendimento,
1.4- Dentes afetados,
1.5- Tipos de traumatismos,
1.6- Tipos de tratamentos instituídos aos dentes decíduos traumatizados.
2-Avaliar as seqüelas nos dentes permanentes sucessores, analisando-
se os seguintes aspectos:
2.1- Freqüência e tipos de seqüelas,
2.2- Relação da freqüência e os tipos de seqüelas com a idade da criança no
momento do trauma,
2.3- Relação da freqüência de seqüelas e o tipo de traumatismo do dente
decíduo.
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Material e Método 80
4 M
aterial e
M
étodo
Previamente à realização deste estudo, o projeto foi submetido à
apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa (Resolução nº 01 de 13/06/98 do
Conselho Nacional de Saúde) da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP, e
Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual de Londrina, UEL, o qual obteve
aprovação (Protocolo 2004-00795 e Protocolo 169/04)(Anexos 1 e 2).
4.1 Caracterização da amostra
Em 1985, a Disciplina de Odontopediatria da Universidade Estadual de
Londrina, em convênio com a FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) criou o
programa “Bebê-Clínica”: plano de atendimento odontológico no primeiro ano de
vida (WALTER et al., 1985, apud FERELLE, 1991)
1
.
Para a realização da prática da Odontologia para Bebês, Walter et al.
(1999) estabelecem três níveis de programas de acordo com o risco individual da
criança: educativo, preventivo e curativo. O tratamento curativo, por sua vez, foi
dividido em curativo primário, envolvendo a adequação do meio bucal, curativo
secundário ou especializado, onde é realizado como complementação do primário
ou na resolução específica dos problemas bucais do bebê, e, por fim, o tratamento
curativo de urgências, destinado à resolução de problemas relativos à dores,
infecções, inflamações e traumatismos.
1. WALTER, L.R.F.; HOKAMA, N.; IEGA, R.; FERELLE, A.; PELANDA, V.L.G.; FROSSARD,
W.T.G.; FRANCO, M.F.P. Plano de atendimento odontológico no primeiro ano de
vida. Londrina, 1985. (Relatório de Pesquisa, Projeto FINEP- Universidade Estadual
de Londrina nº 43.85.0053.00).
Material e Método 81
Sendo assim, a Bebê Clínica, da Universidade Estadual de Londrina,
disponibiliza à população de Londrina e região um Pronto Atendimento para a
assistência e tratamento das urgências odontológicas. Este serviço é direcionado à
crianças de 0 a 6 anos de idade que apresentem problemas prioritários quanto à
sua resolução.
4.2 Seleção da amostra
Foram analisados 5330 prontuários pertencentes a crianças assistidas
no Pronto Atendimento da Bebê Clínica, da Universidade Estadual de Londrina,
entre os anos de 1992 a 2002.
4.2.1 Critérios de inclusão
A partir desta amostra, foram selecionados para participarem desta
pesquisa, pacientes cujos prontuários incluíram os seguintes critérios:
a) aqueles que constaram relatos de traumatismos em dentes
decíduos anteriores, estando impreterivelmente registrado os dentes afetados e
tipos de traumatismos da dentição decídua,
b) traumatismos ocorridos na dentição decídua dos tipos: subluxação,
luxação intrusiva, luxação extrusiva, luxação lateral e avulsão:
c) faixa etária dos pacientes, no momento do trauma, ter sido entre 6
meses e 5 anos;
d) faixa etária para o exame clínico e radiográfico, no máximo, de 12
anos.
Material e Método 82
As crianças selecionadas foram localizadas por meio de contato
telefônico e os pais ou responsáveis convidados para trazê-las ao local do exame.
Caso não atendessem ao primeiro convite, eram novamente contactadas. Havendo
a recusa do segundo convite, a criança era excluída da pesquisa.
4.3 Avaliação dos traumatismos nos dentes decíduos
Os prontuários das crianças que atenderam aos requisitos de seleção e
aqueles que compareceram ao dia do exame foram estudados a fim de se obter
informações a respeito do trauma (Anexos 3 e 4). Foram pesquisados os seguintes
fatores: a idade da criança no momento do trauma, o gênero, o fator etiológico, os
dentes afetados, o tipo e a intensidade do traumatismo, a direção de deslocamento
do dente afetado, tempo decorrido entre o acidente e o atendimento e o tipo de
tratamento instituído ao dente decíduo traumatizado. Também foi registrado o fato
da criança ter sido ou não encaminhada de outro local. Todos os dados foram
transportados para uma ficha elaborada para este estudo (Anexo 5).
4.3.1 Idade da criança
De acordo com a idade no momento dos traumatismos, dividimos as
crianças nas seguintes faixas etárias: 6 a 24 meses, 25 a 36 meses, 37 a 48 meses
e 49 a 60 meses.
Material e Método 83
4.3.2 Fator etiológico
Os registros das causas que determinaram a ocorrência dos
traumatismos seguiram a metodologia proposta por Ferelle (1991). Os fatores
etiológicos foram divididos da seguinte forma:
1-As Quedas, que foram, por sua vez, subdivididas em:
1.1-Queda por andar e correr,
1.2-Queda de objetos altos (cama, berço, portão, cadeira, sofá, etc.),
1.3-Queda contra objetos (mesa, banheira, escada, balanço, etc.),
1.4-Queda de objetos móveis (carrinho de bebê, voador, motoca,
triciclo, etc.).
2-Outros fatores, sendo as causas mais raras e de difícil catalogação
(mordendo um brinquedo, “enroscou” o dente na corda de uma violinha, etc.).
4.3.3 Tipos de traumatismos dos dentes decíduos
Os tipos de traumatismos foram classificados como proposto por
Andreasen e Andreasen (2001), baseando-se no sistema adotado pela Organização
Mundial de Saúde (Anexo 6). Entretanto, desta referida classificação somente foram
avaliados os traumas do tipo subluxação, luxação intrusiva, luxação extrusiva,
luxação lateral e avulsão.
Justifica-se a seleção destes tipos de traumatismos dos dentes
decíduos, por apresentarem, segundo a literatura, maior possibilidade de
provocarem danos aos dentes sucessores permanentes em desenvolvimento.
Material e Método 84
A ocorrência de fraturas associadas a estes tipos de traumatismos foi
também registrada, utilizando-se a classificação proposta por Andreasen e
Andreasen (2001) (Anexo 6).
4.3.4 Intensidade dos traumatismos
A intensidade do traumatismo foi analisada nos casos de luxação
intrusiva, luxação extrusiva e luxação lateral através das informações constante nos
prontuários. Para os casos de luxações intrusivas e extrusivas, esta análise foi
complementada através do exame das radiografias arquivadas.
A classificação da intensidade da luxação intrusiva seguiu a proposta
metodológica de Von Arx (1995), apud Diab e Elbadrawy (2000a), tomando-se
como referência o dente adjacente não afetado, como mostra a Tabela 1. No caso
da luxação extrusiva, o grau de intensidade foi categorizado seguindo critérios
elaborados especificamente para este estudo (Tabela 2), tomando-se também como
referência o dente adjacente não afetado.
Tabela 1- Classificação da intensidade das luxações intrusivas
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIO
LEVE Menos de 50% da coroa intruída
MODERADA Mais de 50% da coroa intruída
SEVERA Coroa totalmente intruída
Material e Método 85
Tabela 2- Classificação da intensidade das luxações extrusivas
CLASSIFICAÇÃO CRITÉRIO
LEVE Deslocamento de até 1 mm
MODERADA Deslocamento de 1 a 3 mm
SEVERA Deslocamento maior que 3 mm
4.3.5 Direção de deslocamento do dente decíduo
Foi verificado se o deslocamento da raiz do dente traumatizado
ocorreu em direção lingual ou labial, tomando-se como referência a imagem
radiográfica do momento do trauma. Esta avaliação foi realizada nos casos de
traumas dos tipos luxação intrusiva e lateral.
4.3.6 Tempo decorrido entre o trauma e o atendimento
O período decorrido entre o trauma e o atendimento foi dividido nas
seguintes categorias: até 1 dia, de 2 a 15 dias, de 16 a 30 dias e período maior que
30 dias (Pugliesi, 2002).
4.3.7 Tratamento instituído ao dente decíduo
Foram analisados os tipos de tratamento instituídos aos dentes
decíduos afetados para solucionar o trauma, sendo os seguintes: acompanhamento;
instalação de prótese; exodontia; reposicionamento; reposicionamento e
esplintagem; reimplante, esplintagem e tratamento endodôntico.
Material e Método 86
4.4 Avaliação das seqüelas nos dentes permanentes
4.4.1 Calibração intra-examinador
Foi realizada através do estudo da classificação proposta por
Andreasen (2001), complementando-a com fotografias de casos clínicos
representativas destes critérios.
4.4.2 Divisão da amostra
Para a análise das seqüelas dos dentes permanentes sucessores aos
decíduos traumatizados, dividimos a amostra em dois grupos: Grupo I, sendo
constituído das crianças que apresentaram relato de apenas uma ocorrência de
traumatismo nos dentes decíduos e Grupo II, as crianças com mais de uma
ocorrência.
4.4.3 Avaliação clínica
Realizado o consentimento livre e esclarecido (Anexo 7), foi executado
o exame clínico, por um examinador previamente calibrado, nos dentes
permanentes sucessores aos decíduos traumatizados que apresentaram coroas
totalmente erupcionadas. Este exame foi feito sob luz artificial, utilizando-se espelho
clínico plano. Previamente a este exame, foi realizada profilaxia profissional com
pedra pomes, água e escova tipo Robinson, com auxílio do micro-motor.
A presença de alterações de desenvolvimento nos dentes permanentes
examinados foi registrada na ficha clínica (Anexo 8). Estas alterações foram
classificadas segundo Andreasen (2001) em: mancha branca ou amarela
Material e Método 87
amarronzada do esmalte, mancha branca ou amarela amarronzada do esmalte com
hipoplasia circular do esmalte, dilaceração coronária e distúrbios na erupção.
Quando foi observada mancha associada ou não a hipoplasia, a sua
localização também foi registrada em: terço coronário incisal, terço coronário médio
ou terço coronário cervical.
Em todos os casos de alterações observadas clinicamente, os dentes
examinados foram fotografados para documentação. Quando houve algum
comprometimento estético e/ou funcional para a criança, esta foi encaminhada para
o tratamento específico.
4.4.4 Avaliação radiográfica
Para esta análise, foram selecionados somente os pacientes que
apresentavam idade superior a 3 anos na época do trauma para a avaliação das
alterações radiculares, tendo sofrido traumatismos mais severos, ou seja, luxação
intrusiva, luxação lateral, luxação extrusiva e avulsão. As crianças que
apresentavam os dentes permanentes ainda não irrompidos na cavidade bucal
também foram submetidas à esta avaliação.
O aparelho de Raios X usado foi o Spectro II da marca Dabi Atlante,
de 50 Kv e 10 mA, com foco de 0,8 mm x 0,8 mm, cilindro direcional e voltagem de
115 a 220 volts. A freqüência do aparelho é de 60 Hz, com voltagem no tubo de 50
Kv e filtragem de alumínio de 2mm.
A técnica executada foi a do paralelismo (Mc CORMACK apud
WHERMANN; MANSON-HING, 1985) utilizando-se suporte porta-filme, tamanho
infantil, para padronização das radiografias e tempo de exposição de 0,6 segundos
Material e Método 88
(Figura 1). Em alguns casos, onde houve dificuldade no uso do suporte porta-filme,
a técnica utilizada foi a oclusal anterior ou Randall com 0,5 segundos de tempo de
exposição (MATHEWSON, PRIMOSCH, 1995)(Figura 2). Em ambas as técnicas,
foram usadas películas radiográficas Kodak E-Speed, tamanho número 2 (31 x 41
mm). A criança foi devidamente protegida com avental e gargantilha de chumbo. As
radiografias foram reveladas pelo método tempo-temperatura e arquivadas em
cartelas de plástico com o número de registro da criança.
FIGURA 1-Técnica radiográfica do paralelismo
Material e Método 89
FIGURA 2-Técnica radiográfica oclusal anterior
As alterações observadas radiograficamente foram anotadas em ficha
específica (Anexo 8), utilizando-se também a classificação de Andreasen (2001):
-Alterações coronárias,
-Presença de odontoma,
-Duplicação radicular,
-Angulação radicular vestibular,
-Dilaceração radicular,
-Suspensão parcial ou completa da formação radicular,
-Seqüestro dos germes dos dentes permanentes,
-Alterações na erupção.
Material e Método 90
4.5 Análise estatística
Os resultados foram avaliados com o auxílio do programa estatístico
EPIINFO, versão 6.04. A análise estatística foi realizada através do Teste de Qui-
quadrado (χ2) ao nível de significância de 5%.
R
R
e
e
s
s
u
u
l
l
t
t
a
a
d
d
o
o
Resultado 92
5 R
esultado
Da análise dos 5330 prontuários, foi observado que 1703
apresentavam relato de traumatismos nos dentes decíduos (31,9%), totalizando
2062 dentes traumatizados.
Destes prontuários avaliados, 864 (50,7%) atenderam os critérios
de inclusão propostos para este estudo, sendo que 409 crianças (47,3%) foram
localizadas e compareceram ao local do exame.
As outras 455 crianças (52,7%) não participaram pelos seguintes
motivos: 359 (78,9%) não foram localizadas, 61 (13,4%) não compareceram por
falta de interesse dos responsáveis e 35 (7,7%) por residirem em regiões
afastadas.
Dos 409 pacientes avaliados, 235 (57%) pertenciam ao gênero
masculino e 174 (43%) ao feminino (Figura 3).
57%
43%
Masculino
Feminino
FIGURA 3- Distribuição do percentual das crianças avaliadas em relação ao gênero
Resultado 93
Foi observado que 20 crianças (4,8%) apresentaram registros de
mais de uma ocorrência de traumatismo na dentição decídua, sendo que destas,
17 possuíam 2 ocorrências nos respectivos prontuários e 3 crianças apresentaram
3. Sendo assim, as 409 crianças totalizaram 432 ocorrências de diferentes tipos
de traumatismos, as quais foram analisadas. Importante também ressaltar que
das 20 crianças com mais de um episódio de trauma, 11 (55%) sofreram a injúria
no mesmo elemento dentário.
A Tabela 3 mostra a distribuição dos traumatismos dentários segundo
a faixa etária no momento do trauma, observando-se uma maior prevalência entre
6 e 24 meses (38,4%), seguido por 25 e 36 meses (30,8%).
Tabela 3- Distribuição do número e percentual da idade das crianças no momento
do trauma
FAIXA ETÁRIA
(em meses)
N %
6 – 24 166 38,4
25 – 36 133 30,8
37 – 48 72 16,7
49 – 60 59 13,7
Não consta 2 0,5
TOTAL 432 100,0
Resultado 94
Na Tabela 4, encontra-se a distribuição dos fatores etiológicos que
ocasionaram os traumatismos, mostrando que a queda por andar ou correr
(37,8%), seguido da queda contra objetos (18,8%) foram os mais observados. Em
58 ocorrências (13,4%) não foi possível verificar este fator devido à falta de
informações nos prontuários.
Tabela 4- Distribuição do número e percentual dos fatores etiológicos
FATORES ETIOLÓGICOS N %
1-Quedas
1.1-Andar, correr
1.2-De objetos altos
1.3-Contra objetos
1.4-De objetos móveis
163
71
81
41
37,8
16,4
18,8
9,4
Outros 18 4,2
Não consta 58 13,4
TOTAL 432 100,0
Para a análise da Tabela 5 e 6, dividimos as idades das crianças no
momento do trauma em duas faixas etárias: 6 a 36 meses e 37 a 60 meses.
A Tabela 5 apresenta a relação entre o gênero e a idade da criança no
momento do trauma, observando maior prevalência de crianças entre 6 e 36 meses
e de 37 a 60 meses para o gênero masculino. Duas crianças foram excluídas por
não constarem as idades no momento do trauma.
Resultado 95
Tabela 5- Distribuição do número e percentual da relação entre a idade da criança
no momento do trauma e o gênero
Teste χ2 = 9,89
p valor = 0,0016 (estatisticamente significante)
A Tabela 6 apresenta a relação entre a idade da criança no momento
do trauma e os fatores etiológicos registrados. Os resultados mostram uma alta
prevalência de crianças em ambas as faixas etárias com as quedas por andar e
correr, não havendo relação estatisticamente significante na associação destes
fatores. 60 casos foram excluídos desta análise por não apresentarem o fator
etiológico e a idade da criança.
FAIXA ETÁRIA
(em meses)
GÊNERO
M F
TOTAL
6 – 36 155 144
(51,8%) (48,2%)
299
(100,0%)
37 – 60 90 41
(68,7%) (31,3%)
131
(100,0%)
TOTAL 245 185 430
Resultado 96
Tabela 6- Distribuição do número e percentual da relação entre a idade da criança
no momento do trauma e o fator etiológico
Teste χ2 = 4,93
p valor = 0,2942
A seguir, a Tabela 7 especifica a distribuição do tempo decorrido entre
o trauma e a procura por atendimento (DEMORA). Os resultados salientam uma
maior prevalência para o período de até 1 dia (43,5%), seguido por aquele
compreendido entre 2 e 15 dias (34%). Observa-se que em 52 casos (12%) essa
informação não constava nos prontuários.
FATORES
ETIOLÓGICOS
FAIXA ETÁRIA
(em meses)
6 – 36 37 – 60
TOTAL
1-Quedas
1.1-Andar, correr
1.2-De objetos altos
1.3-Contra objetos
1.4-De objetos móveis
118 44
(46,3%) (37,6%)
48 22
(18,8%) (18,8%)
50 31
(19,6%) (26,5%)
25 16
(9,8%) (13,7%)
162
70
81
41
Outros 14 4
(5,5%) (3,4%)
18
TOTAL 255 117
(100,0%) (100,0%)
372
Resultado 97
Tabela 7- Distribuição do número e percentual das crianças em relação ao tempo
decorrido entre o trauma e a procura por atendimento (DEMORA)
DEMORA N %
Até 1 dia 188 43,5
2 – 15 dias 147 34,0
16 – 30 dias 11 2,5
> 30 dias 34 8,0
Não consta 52 12,0
TOTAL 432 100,0
Para a análise da Tabela 8, o período decorrido até a busca pelo
atendimento foi agrupado em duas categorias: de 1 até 15 dias e acima de 16 dias.
Esta tabela apresenta a relação entre o tempo decorrido entre o trauma e a procura
por atendimento (DEMORA) e o encaminhamento de outros locais. Houve maior
prevalência de ocorrências no período de 1 a 15 dias em ambas as situações
analisadas. Importante esclarecer que 52 ocorrências foram excluídas por não
constarem este tempo de demora.
Resultado 98
Tabela 8- Distribuição do número e percentual da relação entre o tempo decorrido
entre o trauma e a procura por atendimento (DEMORA) e o
encaminhamento de outros locais
Teste χ2 = 0,09
p valor = 0,7664
A Tabela 9 apresenta o número de dentes envolvidos nas lesões
traumáticas, sendo o envolvimento de apenas um dente o mais prevalente,
acometendo 245 ocorrências (56,7%).
Tabela 9- Distribuição do número e percentual de dentes envolvidos por ocorrência
DEMORA ENCAMINHAMENTO
NÃO SIM
TOTAL
1 – 15 dias 174 161
(88,3%) (88,0%)
335
16 dias 25 20
(11,7%) (12,0%)
45
TOTAL 197 183
(100,0%) (100,0%)
380
NÚMERO DE DENTES ENVOLVIDOS N %
1 dente envolvido 245 56,7
2 dentes envolvidos 147 34,0
3 dentes envolvidos 25 5,8
4 dentes envolvidos 14 3,3
9 dentes envolvidos 1 0,2
TOTAL 432 100,0
Resultado 99
As 432 ocorrências de traumatismos totalizaram 679 dentes decíduos
afetados. A figura 4 apresenta a distribuição destes dentes em relação à arcada
dentária. Foi observada uma grande predominância de dentes acometidos
pertencentes ao arco superior (95%).
95%
5%
Arco Superior
Arco Inferior
FIGURA 4-Distribuição do percentual dos dentes decíduos traumatizados em relação ao
arco dentário
De acordo com a Tabela 10, observa-se que, do total de 679 dentes
decíduos traumatizados, o incisivo central superior direito foi o mais afetado com
285 ocorrências (42,0%), vindo na seqüência o incisivo central superior esquerdo
com 278 (41,0%).
Resultado 100
Tabela 10- Distribuição do número e percentual dos dentes decíduos traumatizados
A Tabela 11 apresenta os tipos de traumatismos ocorridos nos dentes
avaliados. Observa-se que o tipo mais prevalente foi a subluxação com 221 casos
(32,5%), vindo a seguir a luxação intrusiva com 202 (29,7%) e a avulsão com 140
(20,6%).
DENTES
ENVOLVIDOS
N %
51 285 42,0
52 37 5,4
61 278 41,0
62 45 6,6
53 3 0,4
63 1 0,2
71 8 1,2
72 5 0,7
81 12 1,8
82 3 0,4
83 2 0,3
TOTAL 679 100,0
Resultado 101
Tabela 11- Distribuição do número e percentual dos tipos de traumatismos em
relação aos dentes afetados
Foi verificado que dos 679 dentes decíduos traumatizados, 49 (7%)
apresentavam registros de fraturas associadas aos tipos de traumatismos avaliados,
sendo que, para esta análise, 2 dentes foram excluídos por não especificarem os
tipos destas fraturas.
A Tabela 12 mostra os tipos de fraturas em relação aos tipos de
traumas, mostrando que as fraturas de esmalte foram os tipos mais prevalentes nas
luxações intrusivas (57,0%) e nas subluxações (43,7%). Já as fraturas corono-
radiculares complicadas foram as mais observadas nas luxações laterais (37,5%),
enquanto que, as luxações extrusivas apresentaram a mesma prevalência para as
fraturas de esmalte e as radiculares, ambas com 50,0%.
TIPOS DE TRAUMATISMOS N %
Subluxação 221 32,5
Luxação Intrusiva 202 29,7
Luxação Lateral 95 14,0
Luxação Extrusiva 14 2,0
Avulsão 140 20,6
Lux Lat + Lux Int 7 1,2
TOTAL 679 100,0
Resultado 102
Tabela 12- Distribuição do número e percentual da relação entre as associações de
fraturas e os tipos de traumatismos avaliados
TRAUMA
FRATURA
SUBL LUX INT LUX LAT LUX EXT TOTAL
FE 7
(43,7%)
12
(57,0%)
2
(25,0%)
1
(50,0%)
22
FED 3
(18,7%)
5
(24,0%)
1
(12,5%)
0
9
FCC
0
2
(9,5%)
1
(12,5%)
0 3
FCRnC 0
2
(9,5%)
0
0 2
FCRC 1
(6,4%)
0
3
(37,5%)
0 4
FRAD 5
(31,2%)
0
1
(12,5%)
1
(50,0%)
7
TOTAL 16
(100,0%)
21
(100,0%)
8
(100,0%)
2
(100,0%)
47
Resultado 103
A Tabela 13 especifica a relação entre o tipo de traumatismo e o gênero
da criança. Não houve relação estatisticamente significante entre estes fatores.
Tabela 13- Distribuição do número e percentual da relação entre o tipo de
traumatismo e o gênero
Teste χ2 = 5,29
p valor = 0,3818
A Tabela 14 analisa a relação entre o tipo de traumatismo dos dentes
decíduos e a idade da criança no momento do trauma, sendo esta também divida
em duas faixas etárias. A luxação intrusiva mostrou maior prevalência nas idades
entre 6 e 36 meses, enquanto que a subluxação foi mais evidente entre 37 e 60
meses. Esclarecemos que, 2 dentes foram excluídos desta análise por não constar a
idade da criança no momento do trauma.
TIPO DE TRAUMA GÊNERO
M F
TOTAL
SUBLUXAÇÃO 136 85
(35,4%) (28,8%)
221
LUXAÇÃO INTRUSIVA 103 99
(26,8%) (33,6%)
202
LUXAÇÃO LATERAL 56 39
(14,6%) (13,2%)
95
LUXAÇÃO EXTRUSIVA 7 7
(1,8%) (2,4%)
14
AVULSÃO 78 62
(20,3%) (21,0%)
140
LUX LAT + LUX INT 4 3
(1,1%) (1,0%)
7
TOTAL 384
295
(100,0%) (100,0%)
679
Resultado 104
Tabela 14- Distribuição do número e percentual da relação entre o tipo de
traumatismo e a idade da criança no momento do trauma
TIPO DE TRAUMA IDADE
(EM MESES)
6 – 36 37 – 60
TOTAL
SUBLUXAÇÃO 142 79
(30,0%) (38,7%)
221
LUXAÇÃO INTRUSIVA 153 49
(32,3%) (24,0%)
202
LUXAÇÃO LATERAL 73 21
(15,4%) (10,2%)
94
LUXAÇÃO EXTRUSIVA 8 6
(1,6%) (2,9%)
14
AVULSÃO 92 47
(19,4%) (23,0%)
139
LUX LAT + LUX INT 5 2
(1,3%) (1,2%)
7
TOTAL 473
204
(100,0%) (100,0%)
677
Teste χ2 = 4,08
p valor = 0,0455 (estatisticamente significante)
Para a análise da Tabela 15, onde mostra a relação entre o tipo de
traumatismo e o tempo decorrido entre o trauma e a procura pelo atendimento
(DEMORA), este intervalo também foi agrupado nos dois períodos já mencionados,
ou seja, de 1 até 15 dias e de 16 até acima de 30 dias. Observa-se que a
subluxação (33,2%), seguido da luxação intrusiva (30,2%) prevaleceram no período
de 1 a 15 dias, enquanto que, a avulsão mostrou ser o tipo mais observado no
período acima de 16 dias (35,6%). Não foi possível realizar esta análise em 67
casos de tipos de traumatismos por não constar o tempo decorrido até o
atendimento.
Resultado 105
Tabela 15- Distribuição do número e percentual do número de dentes em relação ao
tipo de traumatismo e o tempo decorrido entre o trauma e a procura
por atendimento (DEMORA)
Teste χ2 =17,17
p valor = 0,041 (estatisticamente significante)
Para a avaliação dos tipos de traumatismos aos dentes decíduos na
Tabela 16, é importante elucidar que, 101 dentes foram excluídos, por receberem
tipos de tratamentos direcionados à solução das seqüelas em decorrência destes
traumatismos. Assim, observa-se que, dos 578 dentes decíduos que receberam
tratamentos para a resolução do trauma, a maioria constituiu em acompanhamento
destas injúrias (73,8%).
DEMORA
TRAUMA
1 – 15 dias
16 dias
TOTAL
Subluxação 178
(33,2%)
22
(28,9%)
200
Luxação Intrusiva 162
(30,2%)
21
(27,6%)
183
Luxação Lateral 84
(15,7%)
6
(7,9%)
90
Luxação Extrusiva 13
(2,4%)
0
(0,0%)
13
Avulsão 93
(17,4%)
27
(35,6%)
120
Lux Lat + Lux Int 6
(1,1%)
0
(0,0%)
6
TOTAL 536
(100,0%)
76
(100,0%)
612
Resultado 106
Tabela 16- Distribuição do número e percentual dos tipos de tratamentos instituídos
aos dentes decíduos
A Tabela 17 especifica a relação entre o tipo de traumatismo com o
tipo de tratamento executado nos dentes decíduos. Observa-se que o
acompanhamento prevaleceu na maioria dos tipos de traumatismos avaliados,
exceto na luxação extrusiva onde foi maior a porcentagem das exodontias em
46,1% dos casos.
TRATAMENTO N %
Ac 427 73,8
InstProt 39 6,7
Ex 28 4,8
Esp 55 9,5
Rep 11 1,8
ReEsp 18 2,1
ReimpEspEnd 0 0,0
TOTAL 578 100,0
Resultado 107
Tabela 17- Distribuição do número e percentual da relação entre o tipo de
traumatismo e o tratamento instituído aos dentes decíduos
Para a avaliação das seqüelas nos dentes permanentes, esclarecemos
que, no total, foram examinados 668 dentes permanentes e, seguindo a proposta
metodológica, estes foram analisados da seguinte forma: 382 foram avaliados
somente clinicamente, 135 somente radiograficamente e 151 foram analisados
clínica e radiograficamente.
TRATAMENTO
TRAUMA
Ac
InstProt Ex Esp Rep RepEsp TOTAL
Subl
142
(75,5%)
0 3
(1,7%%)
43
(22,8%)
0 0 188
(100,0%)
Lux Int
134
(84,2%)
0 12
(7,5%)
3 4
(5,2%)
5
(3,1%)
159
(100,0%)
Lux Lat
53
(61,6%)
0 7
(8,1%)
7
(8,1%)
6
(7,1%)
13
(15,1%)
86
(100,0%)
Lux Ext
5
(38,4%)
0 6
(46,1%)
2
(15,5%)
0 0 13
(100,0%)
Avul
88
(69,2%)
39
(30,8%)
0 0 0 0 127
(100,0%)
Lux Lat + Lux Int 5
(83,3%)
0 0 0 1
(16,7%)
0 6
(100,0%)
TOTAL
427
39
28
55
11
18
578
Resultado 108
A seguir, a Figura 5 mostra a distribuição do percentual de seqüelas
verificadas no total dos dentes permanentes examinados (n=668), mostrando uma
prevalência destes distúrbios em 137 dentes (21%).
FIGURA 5- Distribuição do percentual dos dentes permanentes com e sem seqüelas
A Tabela 18 especifica a distribuição de 500 dentes permanentes
examinados clinicamente no Grupo I, apresentando maior prevalência para o
incisivo central superior direito com 44,4%.
Tabela 18- Distribuição do número e percentual dos dentes permanentes examinados
clinicamente nas crianças pertencentes ao Grupo I
DENTE N %
11 222 44,4
12 23 4,6
21 206 41,2
22 28 5,6
31 6 1,2
32 4 0,8
41 9 1,8
42 2 0,4
TOTAL 500 100,0
21%
79%
S/ Seqüela
C/ Seqüela
Resultado 109
A Tabela 19 apresenta a distribuição de 33 dentes permanentes
avaliados clinicamente nas crianças do Grupo II, destacando-se o incisivo central
superior direito como os mais prevalentes (45,4%).
Tabela 19- Distribuição do número e percentual dos dentes permanentes examinados
clinicamente nas crianças pertencente ao Grupo II
Na seqüência, a Tabela 20 informa a distribuição dos tipos de
seqüelas observadas clinicamente no Grupo I, destacando-se a mancha branca ou
amarelo-amarronzada do esmalte como a mais prevalente (16,4%).
Tabela 20- Distribuição do número e percentual das seqüelas observadas
clinicamente nos dentes permanentes do Grupo I
DENTES N %
11 15 45,4
12 2 6,1
21 14 42,4
22 2 6,1
TOTAL 33 100,0
SEQÜELA N %
MBAAE 82 16,4
MBAAHE 19 3,8
DC 1 0,2
DE 3 0,6
NENHUMA 395 79,0
TOTAL 500 100,0
Resultado 110
Neste grupo, foi verificado que, das 101 manchas brancas ou amarelo-
amarronzadas do esmalte e manchas brancas ou amarelo-amarronzadas com
hipoplasia do esmalte, 69 (68,3%) estavam localizadas no terço incisal da coroa, e,
32 (31,7%) no terço médio da coroa. Não foi observada nenhuma destas seqüelas
no terço cervical da coroa.
A Tabela 21 fornece a distribuição das seqüelas dos dentes
examinados clinicamente no Grupo II, destacando-se a mancha branca ou amarelo-
amarronzada do esmalte em 24,2% dos casos.
Tabela 21- Distribuição do número e percentual das seqüelas observadas
clinicamente nos dentes permanentes do Grupo II
Neste grupo, das 9 manchas brancas ou amarelo-amarronzadas do
esmalte e manchas brancas ou amarelo-amarronzadas com hipoplasia do esmalte, 7
estavam localizadas no terço incisal da coroa (77,6%), 1 no terço médio (11,2%) e
1 no terço cervical da coroa dentária (11,2%).
SEQÜELA N %
MBAAE 8 24,2
MBAAHE 1 3,1
NENHUMA 24 72,7
TOTAL 33 100,0
Resultado 111
A Tabela 22 apresenta a distribuição dos 262 dentes permanentes
examinados radiograficamente no Grupo I, observando um maior número para o
incisivo central superior direito com 38,9%.
Tabela 22- Distribuição do número e percentual dos dentes permanentes
examinados radiograficamente nas crianças pertencentes ao Grupo I
A Tabela 23 apresenta a distribuição dos 24 dentes permanentes
avaliados radiograficamente no Grupo II, destacando-se o incisivo central superior
esquerdo com 41,6% do total dos dentes examinados.
DENTE N %
11 102 38,9
12 17 6,5
13 3 1,1
21 101 38,6
22 23 8,7
23 1 0,5
31 4 1,5
32 3 1,1
41 4 1,5
42 2 0,8
43 2 0,8
TOTAL 262 100,0
Resultado 112
Tabela 23- Distribuição do mero e percentual dos dentes permanentes
examinados radiograficamente nas crianças pertencentes ao Grupo II
Dos 262 dentes avaliados radiograficamente no Grupo I, 123 (46,9%)
não estavam irrompidos na cavidade bucal. A Tabela 24, a seguir, mostra a
distribuição das alterações coronárias observadas radiograficamente, destacando as
hipoplasias como as mais prevalentes com 14,6% dos casos, vindo a seguir a
dilaceração coronária com 1,7%.
Tabela 24- Distribuição do número e percentual das alterações coronárias
observadas radiograficamente nos dentes permanentes do Grupo I
DENTE N %
11 6 25,0
12 3 12,6
21 10 41,6
22 5 20,8
TOTAL 24 100,0
SEQÜELA N %
HIPOPLASIA 18 14,6
DC 2 1,7
NENHUMA 103 83,7
TOTAL 123 100,0
Resultado 113
Dos 24 dentes permanentes avaliados radiograficamente no Grupo II,
12 (50%) ainda não haviam irrompido na cavidade bucal. A Tabela 25 apresenta a
distribuição das alterações coronárias observadas nestes dentes, mostrando defeitos
hipoplásicos em 16,6% dos casos.
Tabela 25- Distribuição do número e percentual das alterações coronárias
observadas radiograficamente nos dentes permanentes do Grupo II
A Tabela 26 informa as alterações radiculares observadas no Grupo I,
mostrando que a maioria (99,6%) não apresentou distúrbio no desenvolvimento
radicular. A dilaceração radicular estava presente em apenas 1 caso (0,4%).
Ressaltamos que a raiz encontrava-se no início de seu desenvolvimento em 15%
dos dentes avaliados.
SEQÜELA N %
HIPOPLASIA 2 16,6
NENHUMA 10 83,4
TOTAL 12 100,0
Resultado 114
Tabela 26- Distribuição do número e percentual das alterações radiculares
observadas nos dentes permanentes do Grupo I
Dos 24 dentes avaliados radiograficamente no Grupo II, não foi
encontrada nenhuma alteração radicular, sendo que, em 8% destes dentes, a raiz
encontrava-se em início de seu desenvolvimento.
A Tabela 27 apresenta o grau de intensidade dos traumatismos nos
dentes decíduos avaliados, salientando o grau leve como o mais prevalente.
Observa-se também uma grande prevalência de casos onde não foi possível verificar
esta categoria, principalmente nas luxações laterais (62,9%).
Tabela 27- Distribuição do número e percentual da relação entre o grau de
intensidade e os tipos de traumatismos nos dentes decíduos
SEQÜELA N %
DR 1 0,4
NENHUMA 261 99,6
TOTAL 262 100,0
INTENSIDADE
TIPO DE TRAUMA
LEVE
N %
MODERADA
N %
SEVERA
N %
NÃO CONSTA
N %
Luxação Intrusiva 82 80,3 47 90,3 36 66,6 37 34,2
Luxação Lateral 11 10,7 0 16 29,6 68 62,9
Luxação Extrusiva 9 9,0 0 2 3,8 3 2,9
TOTAL 102 100,0 47 100,0 54 100,0 108 100,0
Resultado 115
A Tabela 28 especifica a direção do deslocamento radicular durante a
ocorrência dos traumatismos nos dentes decíduos, destacando-se a direção labial
em todos os tipos de traumas avaliados nesta categoria.
Tabela 28- Distribuição do número e percentual da relação entre a direção de
deslocamento radicular e os tipos de traumatismos nos dentes decíduos
A Tabela 29, a seguir, mostra a relação da freqüência das seqüelas
observadas clinicamente entre os Grupos I e II. Não houve relação
estatisticamente significante quanto à esta freqüência entre os grupos avaliados.
Tabela 29- Distribuição do número e percentual da freqüência das seqüelas
observadas clinicamente nos dentes permanentes dos Grupos I e II
Teste χ2 = 0,20
valor p= 0,6563
DESLOCAMENTO
TIPO DE TRAUMA
LABIAL
N %
LINGUAL
N %
NÃO
CONSTA
N %
Luxação Intrusiva 92 63,8 15 78,9 95 72,5
Luxação Lateral 52 36,2 4 21,1 36 27,5
TOTAL 144 100,0 19 100,0 131 100,0
GRUPOS SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
GRUPO I 395 105
(79%) (23%)
500
(100,0%)
GRUPO II
24 9
(72,7%) (27,3%)
33
(100,0%)
Resultado 116
A Tabela 30 mostra a associação entre a freqüência das alterações
coronárias avaliadas radiograficamente entre os Grupos I e II. Não houve relação
estatisticamente significante quanto à esta freqüência entre os grupos avaliados.
Tabela 30- Distribuição do número e percentual da freqüência das alterações
coronárias observadas radiograficamente nos dentes permanentes dos
Grupos I e II
Teste χ2 = 0,06
valor p= 0,6187
A Tabela 31 apresenta a associação da freqüência de alterações
radiculares avaliadas radiograficamente entre os Grupos I e II. Não houve diferença
estatitisticamente significante para esta associação.
Tabela 31- Distribuição do número e percentual da freqüência das alterações
radiculares observadas nos dentes permanentes dos Grupos I e II
Teste χ2 = 2,07
valor p= 0,9103
GRUPOS SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
GRUPO I
103 20
(83,7%) (16,3%)
123
(100,0%)
GRUPO II
10 2
(83,4%) (16,6%)
12
(100,0%)
GRUPOS SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
GRUPO I
261 1
(99,6%) (0,4%)
262
(100,0%)
GRUPO II
24 0
(100,0%) (0,0%)
24
(100,0%)
Resultado 117
A Tabela 32 especifica a relação entre a freqüência das seqüelas
observadas clinicamente e a idade da criança no momento do trauma no Grupo I.
Verifica-se uma alta prevalência de seqüelas em crianças com idades entre 6 e 24
meses (47,6%) e entre 25 e 36 meses (31,4%).
Tabela 32- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das
seqüelas observadas clinicamente e a idade da criança no momento do
trauma no Grupo I
Teste χ2 =14,85
valor p= 0,0019 (estatisticamente significante)
FAIXA ETÁRIA SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
6 – 24 meses 123 50
(31,1%) (47,6%)
173
25 – 36 meses 116 33
(29,3%) (31,4%)
149
37 – 48 meses 81 10
(20,5%) (9,6%)
91
49 – 60 meses 75 12
(19,1%) (11,4%)
87
TOTAL 395 105
(100,0%) (100,0%)
500
Resultado 118
A Tabela 33 relaciona a freqüência das alterações coronárias
observadas radiograficamente com a idade da criança no momento do trauma no
Grupo I. Observa-se uma maior prevalência destas seqüelas nas idades de 6 a 24
meses (25,4%). Esclarecemos que 2 dentes foram excluídos por não especificar a
idade da criança.
Tabela 33- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das
alterações coronárias observadas radiograficamente e a idade da
criança no momento do trauma no Grupo I
Teste χ2=8,80
valor p= 0,0032 (estatisticamente significante)
FAIXA ETÁRIA SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
6 – 24 meses 50 17
(48,6%) (25,4%)
67
25 – 36 meses 29 2
(28,1%) (6,5%)
31
37 – 48 meses 12 1
(11,7%) (7,7%)
13
49 – 60 meses 10 0
(11,6%)
10
TOTAL 101 20
(100,0%) (100,0%)
121
Resultado 119
A seguir, a Tabela 34 apresenta a relação dos tipos de seqüelas
observadas clinicamente e as diferentes faixas etárias estudadas no Grupo I. Os
resultados mostram que as manchas brancas ou amarelo-amarronzadas do esmalte
foram mais prevalentes nas idades entre 6 e 24 meses (40,2%) e entre 25 e 36
meses (36,5%). Já as manchas associadas às hipoplasias do esmalte mostraram
relação estatisticamente significante nas idades de 6 a 24 meses com 73,9% dos
casos. A dilaceração coronária e os distúrbios eruptivos também foram mais
prevalentes nesta faixa etária.
Tabela 34- Distribuição do número e percentual da relação entre os tipos das
seqüelas observadas clinicamente e a idade da criança no momento
do trauma no Grupo I
* = significante a nível de 5%
SEQÜELAS
FAIXA ETÁRIA
MBAAE
MBAAEH*
DC
DE
Nenhuma
TOTAL
6 – 24 meses 33
(40,2%)
14
(73,9%)
1
(100,0%)
2
(66,6%)
123
(31,1%)
173
25 – 36 meses 30
(36,5%)
3
(15,8%)
0 0 116
(29,3%)
149
37 – 48 meses 7
(8,7%)
2
(10,3%)
0 1
(33,4%)
81
(20,5%)
91
49 – 60 meses 12
(14,6%)
0 0 0 75
(19,1%)
87
TOTAL 82
(100,0%)
19
(100,0%)
1
(100,0%)
3
(100,0%)
395
(100,0%)
500
Resultado 120
A Tabela 35 especifica a relação entre as alterações coronárias verificadas
radiograficamente com a idade da criança no momento do trauma no Grupo I,
mostrando maior prevalência das hipoplasias (83,5%) e em todos os casos de
dilacerações coronárias nas idades entre 6 e 24 meses. Nesta análise, 2 dentes
foram excluídos por não especificar a idade da criança no momento do trauma.
Tabela 35- Distribuição do número e percentual da relação entre os tipos das
alterações coronárias observadas radiograficamente a idade da criança
no momento do trauma no Grupo I
SEQÜELAS
FAIXA ETÁRIA
HIPOPLASIA
DC
Nenhuma
TOTAL
6 – 24 meses 15
(83,3%)
2
(100,0%)
50
(49,5%)
67
25 – 36 meses 2
(11,1%)
0 29
(28,7%)
31
37 – 48 meses 1
(5,6%)
0 12
(11,8%)
13
49 – 60 meses 0 0 10
(10,0%)
10
TOTAL 18
(100,0%)
2
(100,0%)
101
(100,0%)
121
Resultado 121
A Tabela 36 registra a relação da freqüência das seqüelas observadas
clinicamente e o tipo de traumatismo no Grupo I, destacando-se a luxação intrusiva
com 44,7%, seguido da avulsão com 34,2%.
Tabela 36- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das
seqüelas observadas clinicamente e o tipo de traumatismo no Grupo I
Teste χ2=51,26
valor p= 0,00000001 (estatisticamente significante)
TIPO DE
TRAUMA
SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
Subl 158 12
(40,0%) (7,0%)
170
Lux Int 99 47
(25,0%) (44,7%)
146
Lux Lat 63 9
(16,0%) (12,5%)
72
Lux Ext 10 1
(2,5%) (9,0%)
11
Avul 61 36
(15,4%) (34,2%)
97
Lux Lat + Lux Int 4 0
(1,1%)
4
TOTAL 395
105
(100,0%) (100,0%)
500
Resultado 122
A Tabela 37 demonstra a relação da freqüência das alterações
coronárias observadas radiograficamente e o tipo de traumatismo no Grupo I,
mostrando maior prevalência destas alterações na avulsão com 60% dos casos
avaliados.
Tabela 37- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das
alterações coronárias observadas radiograficamente e o tipo de
traumatismo no Grupo I
Teste χ2=21,15
valor p= 0,0007 (estatisticamente significante)
TRAUMA SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
Subl 36 0
(35,0%)
36
Lux Int 20 5
(19,5%) (25,0%)
25
Lux Lat 24 2
(23,3%) (10,0%)
26
Lux Ext 2 1
(1,9%) (5,0%)
3
Avul 19 12
(18,4%) (60,0%)
31
Lux Lat + Lux Int 2 0
(1,9%)
2
TOTAL 103
20
(100,0%) (100,0%)
123
Resultado 123
Em relação às alterações radiculares, o único caso observado foi a
dilaceração radicular que estava relacionada ao traumatismo do tipo luxação lateral,
sem constar a idade da criança no momento do trauma.
D
D
i
i
s
s
c
c
u
u
s
s
s
s
ã
ã
o
o
Discussão 125
6 D
iscussão
A realização desta pesquisa pôde reforçar a relevância do tema
proposto, em dois aspectos: o primeiro, relacionado à epidemiologia dos
traumatismos nos dentes decíduos, mostrou a complexidade do assunto, não
somente em razão de sua alta prevalência, como também pelos próprios fatores que
lhe são inerentes e que influenciam direta ou indiretamente sua ocorrência. O
segundo aspecto, tratando-se de suas conseqüências, em nosso caso, a repercussão
destas injúrias sobre os dentes permanentes sucessores em desenvolvimento,
também retratou a abrangência do tema, podendo trazer comprometimentos mais
sérios e ainda mais desafiadores quanto à sua resolução.
Vários são os delineamentos utilizados para a avaliação dos
traumatismos dentários: os estudos transversais ou de prevalência como o de
Kramer et al. (2003) e os estudos longitudinais, que, por sua vez, são divididos em
estudos prospectivos como o de Andreasen e Ravn (1971) e os retrospectivos,
exemplificando nesta categoria a pesquisa de Holan e Ram (1999). Em relação a
este último, muitos são realizados por meio de questionários ou através da
avaliação de fichas clínicas (BIJELLA et al., 1990; BORSSÉN; HOLM, 1997; FLEMING
et al., 1991; HARRINGTON et al., 1988; LOMBARDI et al., 1998; OSUJI, 1996).
Em relação ao local da pesquisa, a literatura apresenta pesquisas de
traumatismos em dentes decíduos realizadas em residências (YARED, 1983), em
Discussão 126
hospitais (ANDREASEN, 1970) e em escolas (YAGOT et al., 1988). Encontramos,
também, avaliações destes traumatismos em clínicas especializadas para o
atendimento de crianças da primeira infância (CUNHA et al., 2001; FERELLE, 1991),
onde, nestes casos, como assevera Pugliesi (2002) proporcionam mais fidelidade no
registro dos resultados em razão do acompanhamento periódico realizado.
O Pronto Atendimento da Bebê Clinica, da Universidade Estadual de
Londrina (UEL), embora não sendo específico para o atendimento das crianças
pertencentes ao programa e que, por sua vez, recebem esta atenção periódica,
estabeleceu um protocolo para o atendimento dos traumatismos em dentes
decíduos, priorizando, dentro das limitações de cada caso, uma filosofia mais
conservadora para o tratamento e o acompanhamento destas injúrias (WALTER et
al
.
, 1999). Esta diretriz no atendimento facilitou ao pesquisador na obtenção dos
registros das variáveis analisadas, não eliminando as dificuldades inerentes dos
estudos retrospectivos, onde as anotações não são padronizadas em razão de terem
sido realizadas por vários profissionais.
Em relação a este aspecto, é válido discutirmos a afirmação de Feldens
et al. (2005), que trazem a possibilidade, nestes estudos retrospectivos, de redução
nos índices de prevalência de traumatismos aos tecidos de sustentação, pois além
dos sinais e sintomas não estarem evidentes na época do exame, são raramente
relatados pelos pais. Entretanto, a utilização de fichas de urgências neste
levantamento, contendo registros fornecidos próximos à ocorrência do trauma,
Discussão 127
possibilitou a obtenção de informações mais seguras do que aquelas obtidas por
meio de questionários (MACARI, 2000).
Após estas considerações, discorreremos os resultados apresentados
com os relatados na literatura, dividindo este capítulo de discussão em duas partes:
a primeira, abordando os traumatismos da dentição decídua e a segunda, as
seqüelas dos dentes permanentes em decorrência destes traumatismos.
5.1 Traumatismos na dentição decídua
A prevalência de traumatismos em dentes decíduos verificada neste
estudo foi de 31,9%, concordando com os demais trabalhos presentes na literatura
que mostram uma prevalência de 14 a 36% (ANDREASEN; RAVN, 1972; CUNHA et
al., 2001; FERELLE, 1991; GARCIA-GODOY et al., 1983; HARGREAVES et al., 1999;
MESTRINHO et al., 1998; OTUYEMI et al., 1996; YAGOT et al., 1988).
Um aspecto interessante quanto ao resultado desta prevalência é que,
quando comparado ao estudo de Ferelle (1991), onde avaliou crianças de 0 a 30
meses de idade também atendidas na Bebê Clínica (UEL), porém pertencentes ao
programa educativo-preventivo, verificou uma menor prevalência, sendo esta de
15,71%. Esta diferença pode ser explicada pela própria característica da amostra,
onde, no presente estudo, foram avaliados prontuários de crianças que procuraram
o atendimento de urgência da clínica, colaborando para o aumento do número de
ocorrência das injúrias traumáticas.
Discussão 128
As crianças do gênero masculino apresentaram maior número de
ocorrências que as do gênero feminino (Figura 3), estando também de acordo com
vários estudos (BIJELLA et al., 1990; BORSSÉN; HOLM, 1997; CUNHA et al., 2001;
FLEMING et al., 1991; FRIED et al., 1996; KARGUL et al., 2003; SOPOROWSKI et
al., 1994), embora outros relatam um número ligeiramente maior de ocorrências
entre as meninas (HAAVIKKO; RANTANEN, 1976; GALEA, 1984; GARCIA-GODOY et
al., 1983). Pugliesi (2002) relaciona a maior prevalência de traumas nos meninos
com as características próprias do gênero, manifestando, mesmo em idades
precoces, maior impulsos por brincadeiras e atividades em geral, predispondo-os
mais aos traumas que as meninas. Já Vanderas e Papagiannoulis (1999) atribuem
este fato ao maior nível de epinefrina, dopamina e estresse emocional nas crianças
do gênero masculino.
Em relação à idade da criança no momento do trauma, foi observada
uma alta prevalência na faixa etária de 6 a 24 meses com 38,4%, seguido de 25 a
36 meses de idade com 30,8% (Tabela 3). Este resultado corrobora com relatos da
literatura que estudaram crianças com faixa etária semelhante (CARDOSO; ROCHA,
2002; FLEMING et al., 1991; GALEA, 1984; HAAVIKKO, RANTANEN, 1976;
HARRINGTON et al., 1988).
Em nosso estudo, foi observada também a redução das ocorrências
dos traumatismos com o aumento da idade, discordando dos achados de Mestrinho
et al. (1998), no Distrito Federal, e Yagot et al. (1988), em Baghdad, onde
observaram uma relação diretamente proporcional da freqüência dos traumatismos
Discussão 129
em dentes decíduos com o aumento da idade. Entretanto, como alegam os próprios
autores, as referidas pesquisas foram realizadas em creches, sugerindo um acúmulo
das ocorrências em crianças mais velhas, já que foram também incluídas injúrias
aos tecidos duros.
As quedas perfizeram 82,4% do total dos fatores etiológicos, sendo
estes resultados congruentes com os estudos da literatura (CUNHA et al., 2001;
DELLA VALLE et al., 2003; FLEMING et al., 1991; HAAVIKKO; RANTANEN, 1976;
HARRINGTON et al., 1988; LOMBARDI et al., 1998; MEADOW et al., 1984; ONETTO
et al., 1994; SAROGLU; SÖNMEZ, 2002). Quando analisadas separadamente, as
quedas causadas pelo andar e correr foram as mais prevalentes em 37,8% dos
casos (Tabela 4), concordando com os achados de Ferelle (1991), onde, utilizando a
mesma metodologia proposta neste estudo, observou este fator etiológico como o
mais prevalente em 68,88% dos casos.
Quando associada a faixa etária com o gênero, encontramos relação
estatisticamente significante, sendo que, na faixa etária de 6 a 36 meses, as
crianças do gênero masculino apresentaram maior prevalência (Tabela 5). Estes
resultados divergem do trabalho de Yagot et al. (1988) onde não encontraram
diferença significante para esta categoria, porém corroboram com os estudos de
Ferelle (1991) e Garcia-Godoy et al. (1987) que observaram relação
estatisticamente significante entre o gênero masculino e idades menores.
Discussão 130
Muitos estudos confirmam a alta suscetibilidade das crianças menores
a sofrerem traumatismos dentários, por estarem em seu aprendizado do andar e
aliado a fatores comportamentais como, a curiosidade exacerbada e à falta de
percepção do perigo, a colocam como sujeitos em potencial dos traumatismos
faciais (BASTONE et al., 2000; CUNHA, 2003; DIAB; ELBADRAWY, 2000a;
HAAVIKKO; RANTANEN, 1976; MOSS; MACCARO, 1985). Como também afirma
Levine (1982), a injúria, na maioria das vezes, resulta de uma queda e que esta,
por sua vez, está relacionada ao aprendizado do andar. Embora nossos resultados
mostrem uma maior prevalência de crianças de 6 a 36 meses associada às quedas
pelo andar e correr, não houve relação estatisticamente significante quando
relacionado os fatores etiológicos com a faixa etária (Tabela 6).
Em relação ao tempo decorrido entre o trauma e o atendimento, foi
observada uma concentração no número de ocorrências nos períodos de até 1 dia e
de 2 a 15 dias, sendo maior a prevalência na procura pela assistência odontológica
dentro de 24 horas (até 1 dia) com 43,5% (Tabela 7). Estes achados endossam os
resultados de Cardoso e Rocha (2002), Lombardi et al. (1998), Onetto et al. (1994)
e Osuji (1996) que também observaram maior procura dentro de 24 horas após o
acidente, se aproximando também com os de Pugliesi (2002), onde verificou o
maior número de casos no período de 1 a 15 dias. Importante ressaltarmos, que,
embora conscientes que esta procura deva ser a mais imediata possível, a alta
prevalência do período de até 1 dia reflete uma conscientização satisfatória dos
responsáveis em relação ao trauma dentário na população estudada.
Discussão 131
Quando associamos este período entre o trauma e a assistência
odontológica, com o fato das crianças terem sido ou não encaminhadas de outros
locais de atendimento, não observamos relação estatisticamente significante,
havendo maior prevalência no período de 1 a 15 dias para ambas as situações, ou
seja, 88,3% para as crianças sem encaminhamento e 88,0% para os casos de
encaminhamentos (Tabela 8). Este dado diverge da opinião de Onetto et al. (1994),
em um estudo sobre traumatismos dentários em Valparaíso, no Chile, onde
relacionam a maior demora na busca por atendimento, ao fato das crianças
procurarem primeiramente as emergências dos hospitais públicos para depois serem
levadas às Faculdades de Odontologia.
Quando analisado o número de dentes afetados (Tabela 9), houve
concordância com vários estudos que também mostram uma maior prevalência do
envolvimento de apenas um dente (CUNHA, 2003; FERELLE, 1991; FLEMING et al.,
1991; GARCIA-GODOY et al., 1979; HARGREAVES et al., 1999; PUGLIESI, 2002;
YAGOT et al., 1988), embora outros relatam maior acometimento de dois dentes
(ANDREASEN, 1970; CARDOSO; ROCHA, 2002; OSUJI, 1996; SCHATZ; JOHO, 1994;
YARED, 1983).
Dos 679 dentes decíduos traumatizados avaliados, a maioria pertencia
ao arco superior (Figura 4), sendo os incisivos centrais os mais afetados (Tabela
10), estando de acordo com vários estudos presentes na literatura (ANDREASEN,
1970; ANDREASEN; RAVN, 1972; BIJELLA et al., 1990; BORSSÉN; HOLM, 1997;
CUNHA et al., 2001; FERELLE, 1991; FRIED et al., 1996; KARGUL et al., 2003;
Discussão 132
KRAMER et al., 2003; SOPOROWSKI et al., 1994). Saroglu e Sönmez (2002)
verificaram que, de 234 dentes decíduos traumatizados, todos pertenciam ao arco
superior.
Conforme já mencionado durante a explicitação da metodologia, foram
selecionados, para a realização desta pesquisa, os tipos de traumatismos nos dentes
decíduos que possuem maior potencial em causar danos aos permanentes
sucessores. Apesar da utilização deste critério, convém discorrermos os resultados
da Tabela 11, onde observamos a subluxação (32,5%) como o tipo de traumatismo
mais prevalente, seguido da luxação intrusiva (29,7%) e da avulsão (20,6%). No
estudo de Andreasen e Ravn (1971), avaliando o efeito dos traumatismos de 213
dentes decíduos sobre os permanentes sucessores, também selecionaram os
mesmos tipos de traumatismos deste estudo, e, ao contrário de nossos resultados,
observaram maior prevalência para as luxações extrusivas.
Ainda em relação aos resultados da Tabela 11, estudos relatam as
luxações como os tipos de traumatismos mais prevalentes na dentição decídua
(ANDREASEN; RAVN, 1972; CARDOSO; ROCHA, 2002; HAAVIKKO; RANTANEN,
1976; MEADOW et al., 1984), corroborando com nossos achados os relatos de
Gálea (1984), Osuji (1996) e Sae-Lim et al. (1995), onde apontam as subluxações
como as mais evidentes. Em nossa avaliação, as luxações extrusivas foram as
menos prevalentes (2%), estando este valor próximo aos resultados de Cunha et al.
(2001) com 1%, Ferelle (1991) com 3%, Kramer et al. (2003) com 0,5% e Yagot et
al. (1988) com 1%. Andreasen (1970) e, Saroglu e Sönmez (2002) observaram
Discussão 133
maior prevalência de luxações extrusivas entre os tipos encontrados na dentição
decídua (34% e 38,23%, respectivamente). Estes autores associam este resultado
com a maior resiliência do osso nas crianças de pouca idade e, que, por sua vez,
resultam em maior comprometimento aos tecidos de sustentação durante o
impacto.
Do total de dentes decíduos avaliados neste estudo, foram
encontrados apenas 49 (7%) associados a traumatismos aos tecidos duros e à
polpa, sendo que, as luxações intrusivas foram os tipos mais prevalentes nas
referidas associações (Tabela 12). Andreasen (1970) e Cunha (2003) também
relataram uma baixa prevalência de associações entre os traumas relacionados às
estruturas de sustentação e aos tecidos duros. Este fato pode ser justificado através
da asserção de Andreasen e Andreasen (2001), onde afirmam que, dependendo da
velocidade do impacto, os danos são transmitidos ou às estruturas de sustentação
ou aos tecidos duros. Sendo assim, segundo estes autores, quando há ocorrência de
um impacto com baixa velocidade, os danos são mais freqüentes nas estruturas de
sustentação, em contraste aos de alta velocidade, onde as fraturas dentais são mais
pronunciadas.
Não houve relação estatisticamente significante entre o gênero da
criança e o tipo de traumatismo no dente decíduo (Tabela 13), confirmando os
resultados de Schatz e Joho (1994) que também não encontraram associação entre
o tipo e severidade do trauma em relação ao gênero da criança. Entretanto, Ferelle
Discussão 134
(1991) observou relação significante entre crianças do gênero feminino e a luxação
extrusiva.
Ao analisarmos a associação entre os tipos de traumatismos e a faixa
etária (Tabela 14), verificamos uma relação estatisticamente significante, onde
observamos uma alta prevalência dessas injúrias nas idades entre 6 e 36 meses.
Estes resultados estão de acordo com Harrington et al. (1998) que encontraram
maior ocorrência destes traumatismos em crianças de pouca idade avaliadas em um
hospital, divergindo, porém, de Mestrinho et al. (1998), onde observaram uma baixa
prevalência dos traumatismos de deslocamento em crianças de 1 a 4 anos de idade,
examinadas em creches. Entretanto, neste último estudo, esta diferença foi
justificada pelos próprios autores, que, observando uma alta prevalência de
descoloração coronária em crianças de maior idade, atribuem este fato à
ocorrências de luxações e subluxações nas idades menores, as quais, em razão do
local da pesquisa, não puderam ser registradas pelos examinadores.
Estatisticamente, houve relação significante entre os tipos de
traumatismos e o tempo decorrido até a busca pelo atendimento (Tabela 15),
havendo uma alta prevalência para o período de 1 a 15 dias para a maioria dos
tipos de traumatismos avaliados. Pugliesi (2002), analisando traumatismos aos
tecidos de sustentação e aos tecidos duros, também encontrou relação
estatisticamente significante entre o tipo de trauma dentário sobre o tempo de
procura pelo atendimento, ou seja, esta procura foi mais rápida quanto mais grave
fosse o trauma. A autora observou que, em 51,1% dos casos de traumatismos aos
Discussão 135
tecidos de sustentação, a busca pelo atendimento ocorreu no período de 1 a 15 dias
após o trauma.
Os traumatismos mais severos geralmente são acompanhados por
lacerações dos tecidos moles e presença de sangue, colaborando para o aumento
da ansiedade dos responsáveis pela criança (Andreasen, 1970; Flores, 2002).
Garcia-Godoy et al. (1989), avaliando as razões que motivaram os pais de crianças
que sofreram traumatismos dentários a procurarem atendimento odontológico,
constataram que, nas ocorrências de luxações, a busca pelo atendimento estava
relacionado à presença de choro e sangue. Entretanto, nos foi inevitável realizar a
seguinte argüição: por que as avulsões, consideradas traumatismos de categoria
severa, foram as mais prevalentes no período de procura acima de 16 dias? A
explicação mais plausível para esta dúvida foi a de que, em muitos casos de
crianças com os dentes decíduos avulsionados, a procura pelo atendimento na Bebê
Clínica (UEL) foi para a confecção de prótese dentária e não propriamente devido ao
trauma, sendo estas crianças, geralmente, encaminhadas de outros locais que não
oferecem este tipo de tratamento.
O tratamento das lesões traumáticas em dentes decíduos é um
assunto que recentemente tem merecido um destaque na literatura especializada.
Nos casos de dentes luxados, a extração dentária sempre foi o tratamento de
escolha, justificando-se pela dificuldade do manejo em crianças menores, pelo risco
de dano ao germe do sucessor permanente e pela falta de um guia de orientação
de procedimentos (CUNHA, 2003).
Discussão 136
Como comentado no início deste capítulo, a terapêutica dos
traumatismos em dentes decíduos da Bebê Clínica da Universidade Estadual de
Londrina, baseando-se em experiências desenvolvidas desde 1986, quando da
implantação definitiva do programa, segue um protocolo de atendimento,
procurando mudar a opinião, quase geral, de que o tratamento de escolha em
dentes decíduos traumatizados deva ser a exodontia (WALTER et al., 1999).
Sendo assim, os resultados da Tabela 16 refletem este conceito, onde
na grande maioria dos casos, o tratamento instituído aos dentes decíduos
traumatizados foi o acompanhamento destas injúrias (73,8%). Posicionando-se
favoravelmente a esta perspectiva, Cunha (2003), avaliando traumatismos em
crianças da Bebê Clínica da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, UNESP,
também observou maior prevalência de acompanhamentos em 85,4% dos casos,
mesmo para os traumatismos do tipo deslocamento.
Portanto, defendemos, dentro do bom senso e da particularidade de
cada caso, formas mais conservadoras de tratamentos aos dentes decíduos
traumatizados, fundamentando-nos também nas pesquisas experimentais de
Thylstrup e Andreasen (1977), e mais recentemente, de Torriani (2001), onde não
encontraram alterações significantes sobre os dentes sucessores permanentes,
entre a conduta de manter ou extrair o dente decíduo traumatizado.
Ainda na Tabela 16, o fato de não encontrarmos nenhum caso de
reimplante de dentes decíduos, baseia-se na própria conduta preconizada pela Bebê
Discussão 137
Clínica (UEL), que é a de não reimplantar dentes decíduos avulsionados. Boer
(2002), estudando o reimplante de dentes decíduos de cães, verificou alterações
nos tecidos de sustentação do dente decíduo, impossibilitando sua manutenção na
cavidade bucal.
Ao analisarmos separadamente os tipos de traumatismos com os
tratamentos executados, na Tabela 17, observamos que, em quase todos, o
acompanhamento prevaleceu, com exceção da luxação extrusiva, onde apresentou
um número ligeiramente maior de exodontias, sendo este procedimento realizado
no primeiro dia do atendimento. Borssén e Holm (2000) mostraram que, dos casos
de luxações extrusivas em dentes decíduos, 70% foram extraídos imediatamente,
ou seja, também no primeiro dia de atendimento. Este tipo de traumatismo interfere
com uma certa freqüência na oclusão dentária, sendo indicado, nestes casos a
exodontia do dente afetado (FLORES, 2002; TAHMASSEBI; O’SULLIVAN, 1999).
5.2-Seqüelas na dentição permanente
A freqüência de distúrbios de desenvolvimento nos dentes
permanentes foi de 21% no total dos dentes examinados (FIGURA 5), estando de
acordo com a freqüência de 17 a 57% encontrada na literatura (ANDREASEN;
RAVN, 1971; BEN BASSAT et al., 1985; BEN BASSAT et al., 1989; BRIN et al., 1984;
MACARI, 2004; RAVN, 1968; RAVN, 1976; ZILBERMAN et al., 1986).
Discussão 138
Dos 409 pacientes examinados, 389 (95,1%) apresentaram apenas um
relato de traumatismo na dentição decídua nos prontuários, enquanto que, 20
crianças (4,9%) apresentaram mais de um episódio de traumatismo. Este número é
bem menor do relatado por Osuji (1996), onde, em um estudo com 122 crianças,
observou que, 68% delas apresentavam mais de uma ocorrência de trauma.
Cardoso e Rocha (2002) verificaram que 16,7% das crianças examinadas possuíam
mais de uma ocorrência afetando o mesmo dente, sendo que, em nossa pesquisa,
das 20 crianças com relato de mais de um episódio de traumatismo dentário,
apenas 11 (2,7%) apresentaram a mesma situação.
Sendo assim, para a análise das seqüelas nos dentes permanentes em
decorrência dos traumatismos na dentição decídua, dividimos a amostra em 2
grupos: o Grupo I, constituindo-se das 389 crianças que apresentaram apenas um
relato de traumatismo no respectivo prontuário e, Grupo II relacionado às 20
crianças com mais de um episódio destas injúrias.
A justificativa para a formação destes dois grupos foi que, durante a
elaboração da metodologia deste estudo, nos pareceu interessante verificarmos se,
estas crianças com mais de uma ocorrência de traumatismo nos dentes decíduos,
poderiam apresentar uma maior freqüência de seqüelas nos dentes permanentes
sucessores. Além disto, fica evidente a necessidade desta divisão, já que, como
mencionado, muitas destas crianças tiveram os mesmos dentes decíduos afetados
em mais de um destes episódios, podendo influenciar durante as associações
Discussão 139
propostas, como a idade da criança no momento do trauma ou o tipo de
traumatismo sofrido pelo dente decíduo.
Nas Tabelas 18 e 19 observamos que, 500 dentes permanentes
pertencentes às crianças do Grupo I e 33 do Grupo II, foram examinados
clinicamente, totalizando 533 dentes. Muitos estudiosos observaram uma grande
prevalência de manchas amarelo-amarronzadas com e sem hipoplasias nos dentes
permanentes em decorrência de traumatismos nos decíduos antecessores
(ANDREASEN; RAVN, 1973; BEN BASSAT et al., 1985; BRIN et al., 1984; MACARI,
2004; RAVN, 1968; RAVN, 1976). Andreasen e Ravn (1971), avaliando os mesmos
tipos de traumatismos analisados no presente estudo, observaram que, em 88
dentes permanentes com alterações de desenvolvimento, 23% apresentavam
mancha branca ou amarelo-amarronzada de esmalte e em 12%, manchas
associadas a hipoplasias do esmalte. Comparando nossos resultados, observamos
uma prevalência semelhante para as manchas brancas ou amarelo-amarronzadas do
esmalte, sendo de 16,4% e 24,2%, porém uma porcentagem menor para as
manchas com hipoplasias, com 3,8% e 3,1% para os Grupos I e II, respectivamente
(Tabelas 20 e 21).
No estudo clínico e histológico de Andreasen et al. (1971) a respeito
das manchas do esmalte, verificaram que, nestes casos, os traumatismos interferem
com a mineralização do esmalte, enquanto a formação da matriz aparentemente
não é envolvida. Neste mesmo estudo, observaram que, os produtos da
decomposição do sangue na área traumatizada podem infiltrar-se nas áreas de
Discussão 140
mineralização, resultando em manchas com colorações mais escuras, geralmente,
dos tipos amarelo-amarronzadas. Também Via Júnior (1968) aponta como origem
específica das hipoplasias, como sendo uma interrupção do suprimento sanguíneo
aos ameloblastos formadores da matriz do esmalte.
A localização clínica das manchas, associadas ou não a hipoplasias do
esmalte, também foi verificada, prevalecendo o terço incisal da coroa para o Grupo
I com 68,3% e para o Grupo II, com 77,6%. Estes resultados corroboram com os
achados de Brin et al. (1984) que observaram esta região como a mais afetada,
sendo mais prevalente em crianças mais novas quando da ocorrência do trauma.
Embora a relação entre a localização dessas manchas com a idade da criança no
momento do trauma não foi realizada, a alta prevalência da faixa etária entre 6 e 24
meses verificada neste estudo, pode ser um indicativo para esta freqüência, já que,
nestas idades, os incisivos encontram-se ainda nas fases inicias da formação da
coroa dentária (NOLLA, 1960).
Os distúrbios de erupção foram pouco freqüentes, observados em
apenas 3 dos 500 dentes avaliados clinicamente no Grupo I (Tabela 20). Esta
alteração pode ser relacionada com anormalidades presentes no tecido conjuntivo
que recobre o germe dental (DIBIASE, 1971) e a perdas precoces do dente decíduo,
resultando em erupção ectópica do sucessor permanente (BRIN et al., 1988). Casos
clínicos relacionados a distúrbios de erupção de dentes permanentes em
decorrência de traumatismos nos decíduos foram relatados por Cole e Welbury
(1999) e Korf (1965).
Discussão 141
As tabelas 22 e 23 mostram que 262 dentes permanentes
pertencentes às crianças do Grupo I, e 24 dentes do Grupo II foram avaliados
radiograficamente, totalizando 286 dentes. Andreasen e Ravn (1971) asseveram
que, as seqüelas mais sérias, ou seja, os distúrbios que causam alterações na
morfologia dental, podem ser diagnosticados radiograficamente no primeiro ano
após o traumatismo. Em nossa pesquisa, através do exame radiográfico,
observamos alterações coronárias em 16,3% dos casos no Grupo I e em 16,6% no
Grupo II (Tabelas 24 e 25).
A imagem radiográfica das hipoplasias observadas estava de acordo
com Andreasen (2001), onde comenta que, estes defeitos revelam uma área
radiolúcida correspondente ao defeito do esmalte posicionado coronariamente,
podendo ser diagnosticadas antes mesmo da erupção do dente permanente. Estas
alterações totalizaram 14,6% e 16,6% das ocorrências de alterações coronárias
para os Grupos I e II, respectivamente (Tabelas 24 e 25).
Constatamos as dilacerações coronárias em 0,2% dos casos avaliados
clinicamente (Tabela 20) e em 1,7% daqueles diagnosticados radiograficamente
(Tabela 24), sendo, em ambas as avaliações, no Grupo I. Estes resultados se
aproximam dos relatados por Andreasen e Ravn (1971), onde observaram uma
prevalência de 3% dos dentes avaliados com esta alteração. Porém, divergem de
Von Arx (1993), onde verificou esta malformação em 7 de um total de 41 dentes
traumatizados em decorrência de injúrias nos antecessores decíduos, dando um
percentual de 17% de casos com esta alteração.
Discussão 142
Em relação às alterações radiculares, estas foram raras, sendo
observada apenas a dilaceração radicular em um dos dentes avaliados do Grupo I
(Tabela 26). Andreasen e Ravn (1971) observaram que, de 213 dentes
permanentes avaliados, 7 apresentaram malformações radiculares, sendo que
destes, 3 foram classificadas como dilacerações. Já Zilberman et al. (1986),
avaliando o efeito dos traumatismos na dentição decídua sobre o desenvolvimento
radicular dos dentes permanentes sucessores, observaram a dilaceração radicular
em 4,7% dos casos. Importante ressaltarmos que, devido à idade da criança no
momento do exame, em 15% das avaliações no Grupo I e em 8% no Grupo II, as
raízes encontravam-se na fase inicial de seu desenvolvimento, impossibilitando,
nestes casos, a análise destas alterações radiculares.
Considerando a intensidade dos traumatismos sobre os dentes
decíduos, os nossos resultados apresentaram uma maior prevalência de
traumatismos nos dentes decíduos de classificação leve com 102 casos (Tabela 27).
Entretanto, se somarmos os valores das intensidades moderadas e severas, obtêm-
se 101 tipos de traumatismos inseridos nestas categorias. Embora, para o presente
momento, não foi possível verificarmos a relação entre o grau de intensidade e a
presença de seqüelas nos dentes permanentes sucessores, Diab e Elbadrawy
(2000b) asseveram que, nos casos de luxações intrusivas em dentes decíduos,
existe uma alta correlação entre o grau de intensidade do trauma com a freqüência
e severidade dos distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes. Da
mesma maneira, Zilberman et al. (1986) observaram que, as crianças que
apresentaram os tipos de traumas mais severos nos dentes decíduos, foram aquelas
Discussão 143
com distúrbios mais graves no desenvolvimento radicular dos dentes permanentes
sucessores.
Ainda em relação a este assunto, é importante também esclarecermos
que, em 108 tipos de traumatismos, este aspecto não foi verificado, principalmente
nos casos de luxações laterais (62,9%). Isto se deu ao fato de que, durante o
atendimento, a intensidade do trauma não é rotineiramente registrada pelos
profissionais e também devido às limitações inerentes do exame radiográfico, onde
o mesmo proporciona apenas uma imagem bidimensional da região, dificultando
esta avaliação, principalmente nas luxações laterais.
Também procuramos averiguar a direção de deslocamento radicular
do dente decíduo, onde pudemos observar uma maior prevalência no sentido labial
(Tabela 28). Este fato pôde ser verificado radiograficamente, sendo que, quando
houver o deslocamento do dente decíduo em sentido contrário ao germe do
permanente em desenvolvimento, a imagem radiográfica apresentará suas
dimensões reduzidas. Por outro lado, se o dente decíduo deslocar-se em direção ao
germe do dente permanente, a imagem radiográfica será alongada (WALTER et al.,
1999). Em 131 casos das luxações intrusivas e laterais avaliadas, este aspecto não
foi possível ser determinado pela falta de registro dos prontuários e também pelo
fato de que, durante a análise das radiografias, nem sempre esta revelava nitidez
da relação entre a raiz do dente decíduo e a coroa do sucessor permanente.
Discussão 144
Segundo alguns estudos, somente quando ocorre um impacto na face
lingual da coroa dos dentes decíduos, pode resultar no deslocamento lingual da raiz,
ou seja, em direção ao germe do dente permanente em desenvolvimento,
aumentando a possibilidade de danos a estes últimos. (ANDREASEN; ANDREASEN,
2001; ANDREASEN; RAVN, 1971; RAVN, 1976; ZILBERMAN et al., 1986). Em nossa
experiência, observamos que são raras as ocorrências de traumatismos em dentes
decíduos causados nestas situações, sendo que, geralmente os impactos ocorrem
frontalmente na superfície vestibular dos dentes, deslocando a coroa para lingual e
a raiz para labial. Infelizmente, também não foi possível verificarmos a relação da
direção de deslocamento dos dentes decíduos e a freqüência de distúrbios nos
permanentes sucessores, sendo este, certamente, um aspecto a ser investigado em
um futuro próximo.
Embora alguns estudos encontrados excluam as crianças com mais de
uma ocorrência de traumatismos nos dentes decíduos para a análise dos distúrbios
nos permanentes sucessores (ANDREASEN; RAVN, 1971; BRIN et al., 1984;
ZILBERMAN et al., 1986), nos pareceu importante, como já comentado, verificarmos
se este fato interferiria na freqüência das seqüelas nos dentes permanentes.
Contudo, como pôde ser observado nas Tabelas 29, 30 e 31, não houve associação
significante quando analisamos a freqüência destas seqüelas em ambas as
avaliações, clínica e radiográfica, em relação aos Grupos I e II. Estes dados podem
sugerir que, nem todas as 20 crianças pertencentes ao Grupo II sofreram a injúria
exatamente no mesmo elemento dentário durante estes episódios e também pelos
diferentes graus na severidade dos traumatismos durante estas ocorrências.
Discussão 145
Os resultados das Tabelas 32 e 33 mostram a alta suscetibilidade de
crianças com idades menores a manifestarem alterações nos dentes permanentes
em desenvolvimento após o trauma nos dentes decíduos, sendo esta relação
significante estatisticamente. Estes achados confirmam relatos na literatura, como o
de Andreasen e Ravn (1971) que observaram uma freqüência das alterações de
desenvolvimento de 63% na idade de 2 anos, de 53% nas idades entre 3 e 4 anos e
de 24% aos 5 e 6 anos. Também Ben Bassat et al. (1985) asseveram que a
freqüência de seqüelas nos dentes permanentes em decorrência de traumatismos
nos antecessores decíduos está relacionada com a idade, de maneira inversamente
proporcional. Estes resultados, associados à alta prevalência dos traumatismos em
crianças de pouca idade, fato este encontrado também neste estudo, enfatizam a
importância do acompanhamento destas injúrias até a erupção dos dentes
permanentes sucessores. Entretanto, observamos que este aspecto nem sempre é
observado, principalmente em clínicas onde os pacientes e seus responsáveis não
estão efetivamente educados em relação à importância destas visitas periódicas.
Quando analisados os tipos de seqüelas em relação à idade da criança
no momento do trauma, a mancha branca ou amarelo amarronzada do esmalte
prevaleceu nas idades entre 6 e 36 meses, sendo, porém, também observada em
outras faixas etárias (Tabela 34), corroborando os relatos da literatura
(ANDREASEN; RAVN, 1968; BEN BASSAT et al., 1985; RAVN, 1968). Segundo Croll
et al. (1987) o fato da mineralização do esmalte se prolongar até a erupção do
dente, explica por que as manchas podem ocorrer em diferentes idades.
Discussão 146
Já as manchas associadas à hipoplasias verificadas clinicamente e
também aquelas detectadas radiograficamente foram mais observadas nas idades
entre 6 e 24 meses (Tabelas 34 e 35), confirmando estudos que relacionam a
presença deste tipo de seqüela com idades entre 1 e 3 anos no momento do trauma
(ANDREASEN; RAVN, 1971; BEN BASSAT et al., 1985). Diab e Elbadrawy (2000b)
afirmam que, como a formação da coroa geralmente está completa aos 3 anos de
idade, esta se torna menos sensível às injúrias, e conseqüentemente, as hipoplasias
são menos freqüentes a partir desta idade. Da mesma forma, as dilacerações
coronárias observadas clínica (Tabela 34) e radiograficamente (Tabela 35)
ocorreram em idades inferiores aos 24 meses, confirmando o estudo de Macari
(2004) que observou este tipo de alteração nas crianças que presenciaram o trauma
com menos de 12 meses de idade. Entretanto, nossos resultados divergem dos
achados da mesma autora em relação aos distúrbios de erupção dentários, onde
observou relação com idades maiores, ou seja, entre 48 a 59 meses. Nossos
resultados encontraram 2 casos deste distúrbio em crianças com 6 a 24 meses de
idade e 1 na faixa etária compreendida entre 37 e 48 meses (Tabela 34).
A associação entre a presença de seqüelas nos dentes permanentes e
os tipos de traumatismos nos antecessores decíduos também mostrou relação
estatisticamente significante (Tabelas 36 e 37), sendo mais observadas nos casos
de luxações intrusivas e avulsões, concordando com os dados da literatura
(ANDREASEN; RAVN, 1971; BRIN et al., 1984; MACARI, 2004; SOPOROWSKI et al.,
1994; VON ARX, 1993). Zilberman et al. (1986), avaliando o efeito dos
traumatismos na dentição decídua sobre o desenvolvimento radicular, observaram
Discussão 147
as alterações radiculares em traumatismos mais severos. Em nosso estudo, o único
caso de alteração radicular estava associado à luxação lateral.
Ao final desta discussão, é lícito exteriorizarmos nosso desejo de que,
os resultados apresentados neste estudo, possam contribuir para o aprimoramento
de um assunto de vasta importância dentro da Odontologia, particularmente na
Odontopediatria, que é o traumatismo no dente decíduo. Embora, muitos estudos
presentes na literatura já tenham explorado seus aspectos epidemiológicos em
várias regiões do mundo, entendemos que a presente pesquisa possui um
diferencial que foi o local de sua realização. Além disso, em relação à repercussão
das injúrias que acometem os dentes decíduos sobre os permanentes em
desenvolvimento, ficou evidente a necessidade de um minucioso acompanhamento
e da execução de programas educativos que visem a promoção da saúde no que se
refere aos traumatismos alvéolo-dentários. Por fim, consideramos oportuna a
necessidade do prosseguimento de estudos nesta área, principalmente os clínicos
de cunho longitudinais e também os experimentais para que, mais subsídios sejam
fornecidos, considerando a importância do diagnóstico, plano de tratamento,
prognóstico e prevenção dos traumatismos dentários.
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Conclusão 149
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onclusão
Em conclusão a proposição do presente trabalho, baseando-se na
metodologia proposta e nos resultados obtidos, podemos inferir que:
1- Em relação aos fatores analisados quanto aos
traumatismos na dentição decídua:
1.1-O gênero, a faixa etária, o fator etiológico, o número de dentes
envolvidos, o dente mais afetado e o tipo de traumatismo mais observado,
apresentaram resultados semelhantes aos relatados na literatura,
1.2-A prevalência do intervalo de até 1 dia entre a ocorrência do
trauma e a procura pelo atendimento reflete a maior preocupação dos responsáveis
em razão da severidade dos tipos de traumatismos estudados,
1.3-O acompanhamento das injúrias traumáticas como tratamento de
eleição, mostrou a possibilidade de uma abordagem terapêutica mais conservadora
para estas ocorrências.
2- Em relação aos aspectos avaliados quanto às seqüelas nos
dentes permanentes:
2.1-A freqüência encontrada está de acordo com os parâmetros
presentes na literatura (21%), prevalecendo as manchas brancas ou amarelo-
amarronzadas de esmalte,
2.2-Atenção especial deve ser proporcionada para crianças que
sofreram traumas em idades menores (6 a 36 meses), especialmente nos casos da
luxação intrusiva e avulsão.
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eferências
2
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A
A
n
n
e
e
x
x
o
o
s
s
Anexos 160
A
nexos
ANEXO 1
Anexos 161
ANEXO 2
Anexos 162
ANEXO 3
Anexos 163
ANEXO 4
Anexos 164
ANEXO 5
AVALIAÇÃO DOS TRAUMATISMOS NOS DENTES DECÍDUOS
Nome: ______________________________________ N º prontuário: ______
Data de Nascimento: ____/_____/____ Idade: _____ anos _______ meses
Nome do responsável: ____________________________________________
Grau de parentesco: ____________________
Endereço: _______________________________________________________
Telefone: ____________________ Cidade: _______________ UF: _________
1- Data trauma: _________ Data atendimento: _________
2-Fator etiológico:
3-Encaminhado de outro local? ( ) sim ( ) não
4- Dente(s) afetados: ________________
5- Tipo de trauma:
( ) subluxação dente(s): _______
( ) luxação intrusiva dente(s): ________
( ) luxação extrusiva dente(s): _________
( ) luxação lateral dente(s):__________
( ) avulsão dente(s):___________
( ) luxação lateral + luxação intrusiva dente(s):_________
( ) luxação lateral + luxação extrusiva dente(s):__________
6- Associado à fratura? ( ) sim ( ) não ( ) não consta
7- Se a resposta anterior for afirmativa, tipo de fratura:
( ) fratura de esmalte dente(s):__________
Anexos 165
ANEXO 5
( ) fratura de esmalte e dentina dente(s):__________
( ) fratura coronária complicada dente(s):________
( ) fratura corono-radicular não complicada dente(s):_________
( ) fratura corono-radicular complicada dente(s):_________
( ) fratura radicular dente(s):____________
8- Intensidade do trauma:
( ) leve dente(s):_______
( ) moderado dente(s):______
( ) severo dente(s):______
( ) não consta dente(s):______
9- Direção do deslocamento radicular:
( ) labial dente(s):______
( ) lingual/palatino dente(s):_______
( ) não consta dente(s):________
10- Tratamento:
( ) acompanhamento dente(s):________
( ) instalação de prótese dente(s):______
( ) exodontia iente(s):_______
( ) esplintagem dente(s):_________
( ) reposicionamento dente(s):_______
( ) reposicionamento e esplintagem dente(s):_________
( ) reimplante, esplintagem e tratamento endodôntico dente(s):_________
( ) não consta dente(s):__________
Anexos 166
ANEXO 6
CLASSIFICAÇÃO DAS INJÚRIAS TRAUMÁTICAS DENTÁRIAS SEGUNDO
ANDREASEN (2001)
1-Traumatismos aos Tecidos Duros Dentais e à Polpa
1.1-Fratura Incompleta de Esmalte: Fratura incompleta (trinca) sem perda de
substância dental
1.2-Fratura de Esmalte: Fratura com perda de susbstância dental restrita ao esmalte
1.3-Fratura de Esmalte-Dentina: Fratura com perda de substância dental restrita ao
esmalte e à dentina, mas sem envolver a polpa
1.4-Fratura Coronária Complicada: Fratura envolvendo esmalte e dentina, e
expondo a polpa
1.5-Fratura Corono-Radicular Não-Complicada: Fratura envolvendo esmalte, dentina
e cemento, mas sem expor a polpa
1.6-Fratura Corono-Radicular Complicada: Fratura envolvendo esmalte, dentina e
cemento, e expondo a polpa
1.7-Fratura Radicular: Fratura envolvendo dentina, cemento, e a polpa
2-Traumatismos aos Tecidos de Sustentação
2.1-Concussão: Traumatismo aos tecidos de suporte do dente do dente sem
aumento de mobilidade ou deslocamento do dente, mas com uma marcante
sensibilidade à percussão
2.2-Subluxação: Traumatismo aos tecidos de suporte do dente do dente com
aumento de mobilidade, mas sem deslocamento do dente
2.3-Luxação Extrusiva: Deslocamento parcial do dente para fora de seu alvéolo
2.4-Luxação Lateral: Deslocamento do dente em uma direção diferente da axial
2.5-Luxação Intrusiva: Deslocamento do dente para dentro do osso alveolar
2.6-Avulsão: Deslocamento completo do dente para fora do seu alvéolo
Anexos 167
ANEXO 7
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezados pais ou responsável,
Esta pesquisa tem como objetivo investigar a freqüência e tipos de distúrbios de
desenvolvimento em dentes permanentes anteriores decorrentes de traumatismos nos
dentes decíduos correspondentes.
Para a coleta dos dados será realizado o exame clínico nos dentes permanentes
sucessores de decíduos traumatizados. Profilaxia será também realizada, utilizando-se
pedra pomes e água sobre a superfície dos dentes a serem examinados. Nos casos onde
ocorreram tipos de traumatismos mais severos (luxação intrusiva, luxação extrusiva,
luxação lateral e avulsão) e a criança, no momento do trauma, estava com idade superior a
3 (três) anos, o exame radiográfico será também necessário. Para este exame, a criança
será devidamente protegida com avental e gargantilha plumbíferos. Os dentes
permanentes que ainda não estão presentes na cavidade bucal também serão
radiografados. Nos casos onde houve comprometimento estético e/ou funcional à criança,
esta será encaminhada para o tratamento específico.
Os dados coletados serão analisados com objetivos científicos, incluindo posterior
publicação dos resultados em revistas e livros especializados.
A participação da pesquisa não acarretará nenhum desconforto ou risco à
integridade física do paciente, assim como nenhuma despesa financeira ao seu
responsável. Está garantido o sigilo das informações obtidas e garantem-se, também, os
esclarecimentos necessários sobre a metodologia aplicada antes e durante a pesquisa.
A inclusão do paciente neste projeto será determinada por seu responsável legal,
cabendo-lhe o direito de desistência ou retirada do consentimento, se assim o quiser, em
qualquer fase da pesquisa.
Foi me explicado que a referida pesquisa não implicará danos à saúde do meu
filho(a) e, sendo só para o momento, ratifico a autorização.
Eu,_______________________________________________________________,
responsável pelo menor _______________________________________, estou ciente do
acima exposto e concordo plenamente em participar.
Londrina, _____ de __________________ de __________.
_______________________________ ____________________________
Pais/Responsável Luciana Reichert da Silva Assunção
Pesquisadora
Anexos 168
ANEXO 8
AVALIAÇÃO DE SEQÜELAS NOS DENTES PERMANENTES
Nome: ______________________________________ N º prontuário: ______
Data de Nascimento: ____/_____/____ Idade: _____ anos _______ meses
Nome do responsável: ____________________________________________
Grau de parentesco: ____________________
Endereço: _______________________________________________________
Telefone: ____________________ Cidade: _______________ UF: _________
1- Exame clínico:
1.1- Dente(s) examinado(s):
( ) 11 ( )12 ( ) 13 ( ) 21 ( ) 22 ( ) 23
( ) 31 ( ) 32 ( )33 ( ) 41 ( )42 ( )43
1.2- Observações clínicas:
( ) mancha branca ou amarela amarronzada do esmalte
Dente(s):_________
Localização: ( )1/3 incisal ( )1/3 médio ( ) 1/3 cervical
( ) mancha branca ou amarela amarronzada com hipoplasia
Dente(s):________
Localização: ( )1/3 incisal ( )1/3 médio ( ) 1/3 cervical
( ) dilaceração coronária dente(s): ____
( ) distúrbio de erupção dente(s): ____
( ) nenhuma dente(s):____
Anexos 169
ANEXO 8
2- Exame radiográfico:
2.1- Dente(s) examinado(s):
( ) 11 ( )12 ( ) 13 ( ) 21 ( ) 22 ( ) 23
( ) 31 ( ) 32 ( )33 ( ) 41 ( )42 ( )43
2.2- Observações radiográficas:
( ) alterações coronárias dente(s): ____
( ) odontoma dente(s): ____
( ) duplicação radicular dente(s):____
( ) angulação radicular vestibular dente(s):____
( ) dilaceração radicular dente (s):___
( ) suspensão parcial ou completa da formação radicular dente(s):____
( ) seqüestro dos germes dos dentes permanentes dente(s):____
( ) nenhuma dente(s):____
3- Observações:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________
Anexos 170
ANEXO 9
ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO
Efeito dos traumatismos em dentes decíduos sobre os sucessores permanentes: um estudo
clínico e radiográfico em 668 dentes
Assunção LRS, Cunha RF, Ferelle A
Resumo – O propósito do presente estudo foi avaliar a freqüência e tipos de seqüelas nos
dentes permanentes em decorrência de traumatismos nos decíduos antecessores. Foram
examinadas 409 crianças com relato de traumatismo nos dentes decíduos, totalizando 668
dentes permanentes. De acordo com o número de episódios de traumatismos, a amostra foi
dividida em 2 Grupos, sendo o Grupo I constituindo as crianças com apenas uma ocorrência
de traumatismo nos dentes decíduos e o Grupo II, aquelas com mais de uma ocorrência. O
exame clínico mostrou maior prevalência de manchas amarelo-amarronzadas, seguido das
manchas associadas a hipoplasias, em ambos os grupos. A dilaceração coronária e os
distúrbios eruptivos foram observados clinicamente apenas no Grupo I com 0,2% e 0,6% dos
casos, respectivamente. As alterações coronárias também foram verificadas
radiograficamente nos dentes ainda não irrompidos, sendo as hipoplasias observadas em
14,6% dos casos no Grupo I e em 16,6% do Grupo II. Também foram observadas, no exame
radiográfico, 2 dentes com dilaceração coronária e 1 com dilaceração radicular, todos
pertencentes ao Grupo I. Não houve associação estatisticamente significante quando
comparado a freqüência das seqüelas em relação aos dois grupos avaliados. A idade da
criança no momento do trauma e o tipo do traumatismo do dente decíduo mostraram relação
estatisticamente significante quanto à freqüência das seqüelas nos permanentes sucessores.
Palavras-chave: traumatismos dentários, dentição primária, dentição permanente, hipoplasia
do esmalte dentário
1-Introdução
O traumatismo dentário constitui um sério problema de saúde e uma das
principais causas de urgência em Odontologia, resultando não somente em um dano físico,
mas também emocional, tanto na criança, como nos seus pais (1).
Anexos 171
Estudos mostram que traumatismos na primeira dentição são comuns com
uma freqüência variando de 11 a 30% (2). Vários pesquisadores observam que crianças
pequenas são altamente suscetíveis a sofrerem traumatismos, sendo os dentes decíduos
ântero-superiores os mais afetados, principalmente os incisivos centrais (2-7).
Além da relevância epidemiológica, outra importância determinada pela
dentição decídua é o potencial que tem de causar danos aos dentes permanentes sucessores
após traumatismos (3, 8-10). Estas alterações têm sido investigadas por pesquisadores
clinicamente em seres humanos (11) e experimentalmente em animais (12).
A proximidade anatômica entre a raiz do decíduo e a coroa do dente
permanente, explica por que os traumatismos nos dentes decíduos podem provocar alterações
sobre o dente permanente sucessor (4,9,13,14). Em um estudo cefalométrico, com o objetivo
de verificar a relação entre incisivos centrais decíduos e seus permanentes sucessores, Smith
e Raap (15) observaram que a distância entre ambos se mantém dentro de um valor de 3mm
até a reabsorção do decíduo e oclusão final do permanente.
Segundo Andreasen (10), as pesquisas mostram uma prevalência de 12 a 69%
de distúrbios de desenvolvimento nos dentes permanentes em decorrência de traumatismos
nos predecessores decíduos. Além disso, estudos também mostram que fatores específicos
relacionados ao traumatismo nos dentes decíduos podem determinar a freqüência e o grau de
severidade das alterações provocadas nos permanentes sucessores. Sendo assim, quanto
menor a idade da criança no momento do trauma, maiores são as seqüelas nos dentes
sucessores (16) e quanto mais severa a injúria no dente decíduo, maior a freqüência e
severidade dos distúrbios no dente permanente (17).
O propósito do presente estudo foi avaliar a freqüência e tipos de seqüelas nos
dentes permanentes sucessores em decorrência dos traumatismos nos decíduos antecessores,
Anexos 172
assim como investigar a relação desta freqüência com a idade da criança no momento do
trauma e o tipo de traumatismo.
2-Material e método
Um estudo sobre a prevalência de traumatismos na dentição decídua foi
realizado em 5330 prontuários pertencentes a crianças assistidas no Pronto Atendimento da
Bebê Clínica, da Universidade Estadual de Londrina, entre os anos de 1992 a 2002.
Foram utilizados para participarem desta pesquisa os pacientes que atenderam
os seguintes critérios de inclusão: a) aqueles que constaram relatos de traumatismos em
dentes decíduos anteriores, estando impreterivelmente registrado os dentes afetados e tipos
de traumatismos da dentição decídua, b) traumatismos ocorridos na dentição decídua dos
tipos: subluxação, luxação intrusiva, luxação extrusiva, luxação lateral e avulsão, c) faixa
etária dos pacientes, no momento do trauma, ter sido entre 6 meses e 5 anos e d) faixa etária
atual, para o exame clínico e radiográfico, no máximo de 12 anos.
Os prontuários das crianças que atenderam aos requisitos de seleção e que
compareceram ao dia do exame foram estudados a fim de se obter informações a respeito do
gênero, idade da criança no momento do trauma, dentes afetados e tipo de traumatismo. De
acordo com a idade no momento dos traumatismos, as crianças foram divididas nas seguintes
faixas etárias: 6 a 24 meses, 25 a 36 meses, 37 a 48 meses e 49 a 60 meses.
Para a análise das seqüelas dos dentes permanentes sucessores aos decíduos
traumatizados, a amostra foi dividida em dois grupos: Grupo I, constituindo as crianças que
apresentaram relato de apenas uma ocorrência de traumatismo nos dentes decíduos e Grupo
II, as crianças com mais de uma ocorrência.
O exame clínico foi executado por um examinador previamente calibrado, sob
luz artificial, utilizando-se espelho clínico plano. A presença de alterações de
Anexos 173
desenvolvimento nos dentes permanentes examinados foi registrada em ficha clínica
elaborada para este estudo. Estas alterações foram classificadas segundo Andreasen (10) em:
mancha branca ou amarela amarronzada do esmalte, mancha branca ou amarela amarronzada
do esmalte com hipoplasia, dilaceração coronária e distúrbio de erupção. Quando foi
observada mancha associada ou não a hipoplasia, a sua localização também foi registrada
em: terço coronário incisal, terço coronário médio ou terço coronário cervical.
Para a avaliação radiográfica, foram selecionados somente os pacientes que
apresentavam idade superior a 3 anos na época do trauma e também aqueles que
apresentavam os dentes permanentes ainda não irrompidos na cavidade bucal. A técnica
executada foi a do paralelismo (18) utilizando-se suporte porta-filme, tamanho infantil, para
padronização das radiografias e tempo de exposição de 0,6 segundos. Em alguns casos, onde
houve dificuldade no uso do suporte porta-filme, a técnica utilizada foi a oclusal anterior ou
Randall com 0,5 segundos de tempo de exposição (19). As alterações observadas
radiograficamente também foram anotadas em ficha específica, utilizando-se a mesma
classificação das alterações clínicas (10), sendo as seguintes: alterações coronárias, presença
de odontoma, duplicação radicular, angulação radicular vestibular, dilaceração radicular,
suspensão parcial ou completa da formação radicular, seqüestro dos germes dos dentes
permanentes e distúrbios na erupção.
Os resultados foram avaliados com o auxílio do programa estatístico
EPIINFO, versão 6.04. A análise estatística foi realizada através do Teste de Qui-quadrado
(χ2) ao nível de significância de 5%.
3-Resultado e Discussão
Da análise dos 5330 prontuários, 864 (50,7%) atenderam os critérios de
inclusão propostos para este estudo. 409 crianças (47,3%) foram localizadas e compareceram
Anexos 174
ao local do exame, sendo 235 (57%) do gênero masculino e 174 (43%) do feminino. Este
resultado está de acordo com vários estudos que mostram a maior prevalência de
traumatismos entre os meninos (4,5,6,20-23) embora outros relatam um número ligeiramente
maior de ocorrências entre as meninas (24-26).
Segundo a idade da criança no momento do trauma, foi observada maior
prevalência entre 6 e 24 meses com 38,4%, seguido por 25 e 36 meses com 30,8% (Tabela
1). Este resultado corrobora com relatos da literatura que estudaram crianças com faixa etária
semelhante (1,21,25,24,27).
A distribuição dos tipos de traumatismos estudados está especificada na
Tabela 2, mostrando a subluxação como a mais prevalente (32,5%). Conforme já
mencionado durante a explicitação da metodologia, foram selecionados, para a realização
desta pesquisa, os tipos de traumatismos nos dentes decíduos que possuem maior potencial
em causar danos aos permanentes sucessores. No estudo de Andreasen e Ravn (16),
avaliando o efeito dos traumatismos de 213 dentes decíduos sobre os permanentes
sucessores, também selecionaram os mesmos tipos de traumatismos deste estudo, e, ao
contrário de nossos resultados, observaram maior prevalência para as luxações extrusivas.
Das 409 crianças avaliadas, 389 (95,2%) apresentaram apenas uma ocorrência
de traumatismo na dentição decídua, constituindo o Grupo I e 20 crianças (4,8%) com
registro de mais de uma ocorrência constituiram o Grupo II. Este número é bem menor do
relatado por Osuji (28), onde, em um estudo com 122 crianças, observou que 68% delas
apresentavam mais de uma ocorrência de trauma.
Embora alguns estudos encontrados excluam as crianças com mais de uma
ocorrência de traumatismos nos dentes decíduos para a análise dos distúrbios nos
permanentes sucessores (11,16,17), nos pareceu importante a necessidade desta divisão para
verificarmos se este fato interferiria na freqüência das seqüelas nos dentes permanentes.
Anexos 175
Entretanto, não houve associação significante quando analisamos a freqüência destas
seqüelas em ambas as avaliações, clínica e radiográfica, em relação aos Grupos I e II. Estes
dados podem sugerir que, nem todas as 20 crianças pertencentes ao Grupo II sofreram a
injúria exatamente no mesmo elemento dentário durante estes episódios e também pelos
diferentes graus na severidade dos traumatismos durante estas ocorrências.
Foram examinados 668 dentes permanentes e, seguindo a proposta
metodológica, estes foram analisados da seguinte forma: 382 foram avaliados somente
clinicamente, 135 somente radiograficamente e 151 foram analisados clínica e
radiograficamente.
Do total, 137 dentes permanentes apresentaram seqüelas em decorrência dos
traumatismos nos dentes decíduos antecessores, dando uma freqüência de 21% destes
distúrbios, estando de acordo com os relatos da literatura que mostram valores entre 17 a
57% (11,16,29,30-32).
Foram avaliados 533 dentes clinicamente, sendo que destes, 500 pertenciam
ao Grupo I e 33 ao Grupo II. A mancha branca e amarelo-amarronzada de esmalte foi a
alteração clínica mais prevalente com 16,4% e 24,2%, seguido da mancha com hipoplasia de
esmalte com 3,8% e 3,1%, nos Grupos 1 e 2, respectivamente (Tabela 3 e 4). Muitos
estudiosos observaram uma grande prevalência de manchas amarelo-amarronzadas com e
sem hipoplasias nos dentes permanentes em decorrência de traumatismos nos decíduos
antecessores (11,29,31-32). Andreasen e Ravn (16), avaliando os mesmos tipos de
traumatismos analisados no presente estudo, observaram que, em 88 dentes permanentes
com alterações de desenvolvimento, 23% apresentavam mancha branca ou amarelo-
amarronzada de esmalte e em 12%, manchas associadas a hipoplasias do esmalte.
A localização destas manchas foi mais observada no terço incisal (68,3% para
o Grupo I e 77,6% para o Grupo II). Estes resultados corroboram com os achados de Brin et
Anexos 176
al. (11) que observaram esta região como a mais afetada, sendo mais prevalente em crianças
mais novas quando da ocorrência do trauma. Embora a relação entre a localização dessas
manchas com a idade da criança no momento do trauma não foi realizada, a alta prevalência
da faixa etária entre 6 e 24 meses verificada neste estudo, pode ser um indicativo para esta
freqüência, já que, nestas idades, os incisivos encontram-se ainda nas fases inicias da
formação da coroa dentária (34).
Os distúrbios de erupção foram pouco freqüentes, observados em apenas 3
dos 500 dentes avaliados clinicamente no Grupo I (Tabela 3). Esta alteração pode ser
relacionada com anormalidades presentes no tecido conjuntivo que recobre o germe dental
(35) e a perdas precoces do dente decíduo, resultando em erupção ectópica do sucessor
permanente (11). Casos clínicos relacionados a distúrbios de erupção de dentes permanentes
em decorrência de traumatismos nos decíduos foram relatados por Cole e Welbury (36) e
Korf (37).
Andreasen e Ravn (16) asseveram que, as seqüelas mais sérias, ou seja, os
distúrbios que causam alterações na morfologia dental, podem ser diagnosticados
radiograficamente no primeiro ano após o traumatismo. Foram analisados 286 dentes
radiograficamente, sendo 262 do Grupo I e 24 do Grupo II. As alterações coronárias foram
observadas em 16,3% de 123 dentes ainda não irrompidos na cavidade bucal no Grupo I
(Tabela 5) e em 16,6% de 24 dentes na mesma situação no Grupo II (Tabela 6). Os defeitos
hipoplásicos foram os mais observados em ambos os grupos, sendo a dilaceração coronária
diagnosticada em 2 dentes pertencentes ao Grupo I (Tabelas 5 e 6).
Constatamos as dilacerações coronárias em 0,2% dos casos avaliados
clinicamente e em 2% daqueles diagnosticados radiograficamente no Grupo I (Tabelas 3 e
5). Estes resultados se aproximam dos relatados por Andreasen e Ravn (16), onde
observaram uma prevalência de 3% dos dentes avaliados com esta alteração. Porém,
Anexos 177
divergem de Von Arx (14), onde verificou esta malformação em 7 de um total de 41 dentes
traumatizados em decorrência de injúrias nos antecessores decíduos, dando um percentual de
17% de casos com esta alteração.
Em relação às alterações radiculares, estas foram raras, sendo apenas
observada a dilaceração radicular em um dos dentes avaliados do Grupo I (Tabela 7).
Andreasen e Ravn (16) observaram que, de 213 dentes permanentes avaliados, 7
apresentaram malformações radiculares, sendo que destes, 3 foram classificadas como
dilacerações. Já Zilberman et al. (17), avaliando o efeito dos traumatismos na dentição
decídua sobre o desenvolvimento radicular dos dentes permanentes sucessores, observaram a
dilaceração radicular em 4,7% dos casos. Importante ressaltarmos que, devido à idade da
criança no momento do exame, em 15% das avaliações no Grupo I e em 8% no Grupo II, as
raízes encontravam-se na fase inicial de seu desenvolvimento, impossibilitando, nestes casos,
a análise destas alterações radiculares.
Os resultados das Tabelas 8 e 9 mostram a alta suscetibilidade de crianças
com idades menores a desenvolverem alterações nos dentes permanentes em
desenvolvimento, sendo esta relação significante estatisticamente. Estes achados confirmam
relatos na literatura, como o de Andreasen e Ravn (16) que observaram uma freqüência das
alterações de desenvolvimento de 63% na idade de 2 anos, de 53% nas idades entre 3 e 4
anos e de 24% aos 5 e 6 anos.
A associação entre a presença de seqüelas nos dentes permanentes e os tipos
de traumatismos nos antecessores decíduos também mostrou relação estatisticamente
significante (Tabelas 10 e 11), sendo mais observadas nos casos de luxações intrusivas e
avulsões, concordando com os dados da literatura (5,11,14,16). Zilberman et al. (17),
avaliando o efeito dos traumatismos na dentição decídua sobre o desenvolvimento radicular,
Anexos 178
observaram as alterações radiculares em traumatismos mais severos. Em nosso estudo, o
único caso de alteração radicular estava associado à luxação lateral.
4-Conclusão
Em conclusão a proposição do presente trabalho, baseando-se na metodologia
proposta e nos resultados obtidos, podemos inferir que:
4.1-A freqüência encontrada está de acordo com os parâmetros presentes na
literatura (21%), prevalecendo as manchas brancas ou amarelo-amarronzadas de esmalte.
4.2-Deve ser proporcionada atenção especial para as crianças que sofreram
traumas em idades menores (6 a 36 meses), especialmente nos casos da luxação intrusiva e
avulsão.
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Anexos 179
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Anexos 181
TABELAS:
Tabela 1- Distribuição do número e percentual da faixa etária das crianças no momento do trauma
Tabela 2-Distribuição do número e percentual dos tipos de traumatismos em relação aos
dentes afetados
FAIXA ETÁRIA
(em meses)
TOTAL %
6 – 24 166 38,4
25 – 36 133 30,8
37 – 48 72 16,7
49 – 60 59 13,7
Não consta 2 0,5
TOTAL 432 100,0
TIPOS DE TRAUMATISMOS TOTAL %
Subluxação 221 32,5
Luxação Intrusiva 202 29,7
Luxação Lateral 95 13,9
Luxação Extrusiva 14 2,0
Avulsão 140 20,6
Lux Lat + Lux Int 7 1,3
TOTAL 679 100,0
Anexos 182
Tabela 3- Distribuição do número e percentual de seqüelas observadas clinicamente no
Grupo I
Tabela 4- Distribuição do número e percentual das seqüelas observadas clinicamente no Grupo II
Tabela 5- Distribuição do número e percentual das alterações coronárias observadas
radiograficamente no Grupo I
SEQÜELA
TOTAL
N %
MBAAE 82 16,4
MBAAHE 19 3,8
DC 1 0,2
DE 3 0,6
NENHUMA 395 79,0
TOTAL 500 100,0
SEQÜELA
TOTAL
N %
HIPOPLASIA 18 14,6
DC 2 1,7
NENHUMA 103 83,7
TOTAL 123 100,0
SEQÜELA
TOTAL
N %
MBAAE 8 24,2
MBAAHE 1 3,1
NENHUMA 24 72,7
TOTAL 33 100,0
Anexos 183
Tabela 6- Distribuição do número e percentual das alterações coronárias observadas
radiograficamente no Grupo II
Tabela 7- Distribuição do número e percentual das alterações radiculares avaliadas no Grupo I
SEQÜELA
TOTAL
N %
MBAAE 8 24,2
MBAAHE 1 3,1
NENHUMA 24 72,7
TOTAL 33 100,0
SEQÜELA
TOTAL
N %
DR 1 0,4
NENHUMA 261 99,6
TOTAL 262 100,0
Anexos 184
Tabela 8- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das seqüelas
observadas clinicamente e a idade da criança no momento do trauma no Grupo I
Teste χ2 =14,85
valor p= 0,0019 (estatisticamente significante)
Tabela 9- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das alterações
coronárias observadas radiograficamente e a idade da criança no momento do
trauma no Grupo I
Teste χ2=8,80
valor p= 0,0032 (estatisticamente significante)
FAIXA ETÁRIA SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
6 – 24 meses 123 50
(31,1%) (47,6%)
173
25 – 36 meses 116 33
(29,3%) (31,4%)
149
37 – 48 meses 81 10
(20,5%) (9,6%)
91
49 – 60 meses 75 12
(19,1%) (11,4%)
87
TOTAL 395 105
(100,0%) (100,0%)
500
FAIXA ETÁRIA SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
6 – 24 meses 50 17
(48,6%) (25,4%)
67
25 – 36 meses 29 2
(28,1%) (6,5%)
31
37 – 48 meses 12 1
(11,7%) (7,7%)
13
49 – 60 meses 10 0
(11,6%)
10
TOTAL 101 20
(100,0%) (100,0%)
121
Anexos 185
Tabela 10- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das seqüelas
observadas clinicamente e o tipo de traumatismo no Grupo I
Teste χ2=51,26
valor p= 0,00000001 (estatisticamente significante)
TIPO DE
TRAUMA
SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
Subl 158 12
(40,0%) (7,0%)
170
Lux Int 99 47
(25,0%) (44,7%)
146
Lux Lat 63 9
(16,0%) (12,5%)
72
Lux Ext 10 1
(2,5%) (9,0%)
11
Avul 61 36
(15,4%) (34,2%)
97
Lux Lat + Lux Int 4 0
(1,1%)
4
TOTAL 396
105
(100,0%) (100,0%)
500
Anexos 186
Tabela 11- Distribuição do número e percentual da relação entre a freqüência das alterações
coronárias observadas radiograficamente e o tipo de traumatismo no Grupo I
Teste χ2=21,15
valor p= 0,0007 (estatisticamente significante)
TRAUMA SEQÜELAS
SEM COM
TOTAL
Subl 36 0
(35,0%)
36
Lux Int 20 5
(19,5%) (25,0%)
25
Lux Lat 24 2
(23,3%) (10,0%)
26
Lux Ext 2 1
(1,9%) (5,0%)
3
Avul 19 12
(18,4%) (60,0%)
31
Lux Lat + Lux Int 2 0
(1,9%)
2
TOTAL 104
20
(100,0%) (100,0%)
123
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