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Aloha Lutfi
Deficiência auditiva em idosos: relatos orais
sobre o impacto proporcionado pelo uso do
Aparelho de Amplificação Sonora
MESTRADO EM FONOAUDIOLOGIA
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO
2006
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1
Aloha Lutfi
Deficiência auditiva em idosos: relatos orais
sobre impacto proporcionado pelo uso do
Aparelho de Amplificação Sonora
Dissertação apresentada à banca
examinadora da Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo, como exigência
parcial para obtenção do título de
MESTRE em Fonoaudiologia, sob a
orientação da Profª Dr
a
. Iêda C. Pacheco
Russo.
PUC
-
SP
2006
ii
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2
Aloha Lutfi
Deficiência auditiva em idosos: relatos orais
sobre o impacto proporcionado pelo uso do
aparelho de amplificação sonora
Presidente da banca: Profª Drª ...............................................
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr......................................................................................
Prof. Dr.......................................
...............................................
Prof. Dr......................................................................................
Aprovada em ......./......./.........
iii
3
DEDICATÓRIA
Ao meu pai Nêmer, ausente neste momento, porém de gra
nde
importância durante o início deste trabalho. Pelo carinho, amor,
ensinamentos e dedicação durante toda a minha vida. Que falta me
faz!
À minha mãe, por estar sempre ao meu lado, me amando e me
apoiando em todas as decisões.
Á minha irmã Luanda por ter ajudado nas leituras do trabalho e
pelo carinho.
Aos meus tios Fátima, Mansur e Eulina pelo apoio e incentivo.
iv
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço imensamente a Profª Drª Ieda Chaves Pacheco Russo, pela
paciência, dedicação, disponibilidade e amizade durante os anos de graduação e
do mestrado.
Ao
Prof. Dr. Luiz Augusto de Paula Souza ( Tuto ) e a Profa. Dra. Ana
Beatriz Nader pela disponibilidade em ler, analisar e contribuir no exame de
qualificação e defesa desta dissertação.
A
Profa. Dra. Eulina Pacheco Lu
tfi
e Prof. Dr. Mansur Lutfi pela revisão
ortográfica deste trabalho.
Ás colegas do mestrado
Daniela
, Juliana
,
Thaís
, pelo simples fato de
terem se tornado minhas amigas de verdade.
Ao amigo Alexandre Rillo, pela ajuda e disponibilidade para configuraçã
o
do trabalho.
Ás minhas queridas amigas Tatiana e Cíntia, pelo incentivo, força e pela
maravilhosa amizade.
Á
Marli
, por ter sido uma acolhedora nos momentos mais necessitados.
Aos sujeitos da pesquisa, pois sem eles, eu não teria podido realizar e
c
oncluir este trabalho.
Á todos aqueles que contribuíram para a realização desta dissertação.
OBRIGADA!!
v
5
AGRADECIMENTO ESPECIAL
A
CAPES
, Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior,
pela concessão da bolsa flexibilizada que possibilito
u o desenvolvimento desta
pesquisa.
vi
6
RESUMO
Lutfi A. Deficiência auditiva em idosos: relatos orais sobre o impacto proporcionado
pelo uso do Aparelho de Amplificação Sonora. [Dissertação de Mestrado]
Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo.
O
obj
etivo
deste estudo foi analisar, por meio de relatos orais, o impacto
proporcionado pelo uso de aparelho de amplificação sonora em idosos. Com o
intuito de situar o leitor a respeito do universo no qual esta pesquisa se insere, foi
efetuada uma revisão de literatura, com ênfase no processo de envelhecimento, na
deficiência auditiva e suas implicações e no uso da amplificação sonora.
Método:
Foi
empregado o procedimento da história oral temática, fazendo parte sete
colaboradores com idades entre 62 e 82 anos, portadores de deficiência auditiva
neurossensorial, usuários de aparelhos de amplificação sonora. Os
resultados
revelaram que alguns colaboradores desta pesquisa tiveram sua deficiência auditiva
descoberta, inicialmente, por algum membro da família ou amigos, em virtude das
críticas e discussões que as dificuldades auditivas geravam em seu ambiente.
Outros perceberam suas próprias dificuldades para compreender o que as pessoas
falavam de decidiram procurar pelo tratamento adequado. Para a maioria deles,
os
AAS proporcionaram melhora na qualidade de vida, levando-os a desfrutar
novamente do convívio social. O respeito da família e dos amigos retorna quando os
idosos estão com os aparelhos de amplificação sonora, e é justamente esse respeito
que faz deles, pessoas mais felizes e sociáveis.
Conclusão:
O impacto negativo
proporcionado pelo uso dos aparelhos de amplificação sonora tende a diminuir
quando os idosos estão satisfeitos com o que voltam a ouvir e com a vida que, aos
poucos, volta a ser o que era antes da deficiência auditiva. O procedimento da
história oral temática pode auxiliar na obtenção de mais informação, a fim de que
possamos melhor compreender as implicações psicossociais da deficiência auditiva,
trazendo
-nos a possibilidade de identificar e solucionar os problemas nessas áreas,
na medida que são verbalizados.
Palavras chave: idosos, envelhecimento, deficiência auditiva, auxiliares de
audição.
vi
i
7
ABSTRACT
Lutfi A. Hearing impairment in the elderly: verbal utterances about the impact
provided by the hearing aid usage. [Masters Dissertation]
Pontifícia Universidade
Católica de São Paulo.
The
purpose
of this study was to analyze, by means of verbal stories, the
impact caused by the use of hearing aids in the elderly. Aiming at placing the
reader
inside the universe of this research project, a literature review was
made, focusing the aging process, the hearing impairment and its implications
and the sound amplification usage.
Method:
The procedure used was the
gathering of the thematic verbal history in seven hearing impaired elderly
collaborators, all hearing aids wearers aging from 62 to 82 years old. The
results
revealed that some of the collaborators had their hearing impairment
detected by a member of the family s suspicion, due to quarrels an
d
arguments, which arouse from the hearing disability in their environment.
Others realized their own difficulties in understanding other person s speech
and decided to look for adequate treatment. For the majority of them the
hearing aids have offered an improvement in their quality of life, leading to a
social play enjoyment. The family and friend s respect comes back when they
are wearing their hearing aids and it is precisely this respect that makes them
happier and more sociable persons. Conclusion: The negative impact provided
by the hearing aid usage tends to decrease as the elderly become satisfied
with what they are listening to and with life, which, gradually, becomes to be
what it was before the hearing impairment. The thematic verbal history
proc
edure can help the gathering of more information so that we can better
understand the hearing impairment psychosocial implications, bringing us the
possibility of identifying and solving problems in these fields, as they are
uttered.
Key words: elderly, a
ging, hearing impairment, hearing aids.
vi
ii
8
SUMÁRIO
Pág.
Dedicatória
................................
................................................................
iv
Agradecimentos
................................................................
.............
v
Agradecimento Especial
................................................................
vi
Resumo
................................................................
..........................
vii
Abstract
................................................................
..........................
viii
Introdução
----------------------------------------------------------------
01
1.
Revisão da Literatura
--------------------------------
---------
05
2.
Universo da História Oral Temática
---------------------
13
3.
Procedimentos Metod
ológicos
----------------------------
16
4.
Textualização
--------------------------------
--------------------
19
5.
Considerações Finais
--------------------------------
---------
41
6.
Referências Bibliográficas
--------------------------------
--
47
7.
Anexos
--------------------------------
-----------------------------
54
ix
1
INTRODUÇÃO
Pensamentos distintos existem sobre a velhice no nosso país. O que antes
era visto como o final da vida, hoje é entendido como uma nova etapa, apenas mais
adiante e com novos caminhos a serem percorridos.
A velhice deve ser considerada como a idade da vivência e da experiência,
fase que não deve ser desperdiçada pelos idosos. A conscientização das
transformações vindas com a idade precisa estar clara para que estes idosos
estejam preparados para enfrentar esta nova realidade. Caso contrário, podem ter
uma vivência de solidão e abandono.
Além da preparação dos idosos para todas essas mudanças geradas com o
avanço da idade, a sociedade também precisa se preparar para acolher e cuidar
dessa população que aumenta constantemente. O número de idosos no Brasil teve
um grande aumento nos últimos anos. Segundo dados do IBGE (2000), esta
população representa hoje, um contingente de quase 15 milhões, número que
poderá ultrapassar os 30 milhões nos próximos 20 anos. Este aumento de idosos é
observado nos países desenvolvidos e também nos subdesenvolvidos. Com isso,
diversos profissionais têm voltado sua atenção para estes idosos, fazendo com que
tenham uma melhor qualidade de vida.
Dentre muitos problemas adquiridos com o envelhecimento, um deles é o de
comunicação, causado pela deficiência auditiva. Esta deficiência gera, no idoso, o
provável afastamento da sociedade devido às queixas de diminuição da audição e
dificuldades em comunicar-se com os outros. Como são problemas associados ao
envelhecimento, os idosos procuram se adaptar da melhor forma possível para que
possam ter uma melhora na sua qualidade de vida. Para isso, um tratamento
2
multiprofissional é o mais adequado nesse período da vida, já que outros problemas
podem surgir e prejudicar a integraçã
o dessa população na sociedade.
Segundo os dados do IBGE (2000), a deficiência auditiva ocupa o terceiro
lugar das deficiências no Brasil, ficando atrás da deficiência visual e da motora.
Ser um idoso portador de deficiência auditiva adquirida é algo
qu
e vai além do fato de o indivíduo ouvir bem, levando a
implicações psicossociais sérias para a vida deste indivíduo e
para que os que convivem com ele diariamente. É, portanto,
mais cômodo afastar-se das situações nas quais ocorra a
comunicação ao invés de
enfrentar embaraços decorrentes da
falta de compreensão ou respostas inapropriadas às questões
não entendidas corretamente (Russo, 1999)
Uma maneira de auxiliar a comunicação destes indivíduos é adaptarmos
aparelhos de amplificação sonora (AAS), na esperança de promover melhora no
relacionamento social. Isto porque a perda da audição causa nesses indivíduos a
falta de interesse em estar presentes nas atividades da vida diária, que a
comunicação está debilitada.
No entanto, a intenção da adaptação do AAS no idoso é fazer com que as
alterações psicossociais sejam amenizadas e que o prazer em comunicar-se com as
pessoas volte a fazer parte da sua rotina, que isso foi gradativamente diminuído.
No entanto, alguns idosos, ainda não têm a iniciativa de procurar profissionais da
área da Fonoaudiologia por se sentirem constrangidos com a deficiência auditiva ou,
até mesmo, com o uso do AAS perante a sociedade. Porém, a demora pela procura
de um profissional adequado pode afetar a adaptação do AAS.
3
Segundo Freire (1999), a comunicação é um meio vital para o ser humano
manter
-se ativo no seu ambiente e, desse modo, compreendemos a importância da
atuação do fonoaudiólogo no trabalho com o idoso. A Fonoaudiologia, por ser uma
ciência que se preocupa com a comunicação em seus mais variados aspectos, pode
oferecer a esses indivíduos uma oportunidade de reinserção na sociedade.
O valor da amplificação é de grande importância e determinante no processo
de reabilitação. O fonoaudiólogo precisa desenvolver no deficiente auditivo a
motivação necessária ao uso de sistemas de amplificação por meio de orientações e
aconselhamento, tanto ao indivíduo quanto à sua família. Uma vez que os idosos
podem voltar ao convívio e ao mundo da comunicação, aproximando-se de seus
familiares
e amigos, a relação custo-benefício do AAS torna-se vantajosa nesse
processo (Russo, 1999).
A avaliação audiológica é imprescindível para a determinação de
características físicas e eletroacústicas envolvidas no processo de seleção do AAS e
deverá incluir procedimentos como: audiometria tonal, logoaudiometria, pesquisa
dos limiares de desconforto e imitanciometria, assim como a aplicação de
questionários de auto-avaliação, antes e após o período de uso da prótese auditiva
(Russo e Almeida, 1996).
A importância de realizarmos uma avaliação audiológica objetiva e subjetiva
reside no fato de propiciar resultados mais amplos que possam ajudar na escolha do
melhor AAS para determinado idoso. O uso de questionários de auto-
avaliação
auxilia no processo de seleção do aparelho auditivo, porque o idoso pode responder
questões relacionadas ao seu dia-a-dia, diferentemente do que acontece com a
realização de exames objetivos.
4
Portanto, é fundamental conhecermos até que ponto os aspectos
biopsicossociais da deficiência auditiva interferem na vida desses idosos e como
enfrentam as dificuldades geradas pela deficiência auditiva antes da adaptação de
AAS.
Diante dessa realidade, este trabalho tem como
objetivo
analisar, por meio
de relatos orais, o impacto proporcionado pelo uso do AAS em idosos.
5
REVISÃO DE LITERATURA
Neste capítulo serão apresentados os principais estudos que forneceram a
fundamentação teórica da presente investigação. Para efeitos de leitura, priorizamos
o encadeamento de idéias no texto e não a cronolog
ia das citações.
1.1
Qualidade de vida no envelhecimento
Em 1987, Kalache et al. relataram que o envelhecimento da população
mundial é um fenômeno novo que, mesmo os países mais ricos e poderosos, ainda
estão tentando entender. O envelhecimento das pessoas não se restringe a uma
pequena parcela da população; no entanto, ainda diferenças entre o
envelhecimento nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Segundo os autores,
isso se deve ao fato de que o aumento do número de pessoas idosas em países
menos
desenvolvidos é decorrente do alto número de nascimentos durante as
primeiras décadas do século XX. Já o envelhecimento da população de países
europeus, nas últimas décadas, se deve à taxa de natalidade relativamente alta no
primeiro quarto do século, ass
ociada à taxa decrescente de mortalidade em todos os
grupos etários.
Segundo Moreira (1998), as mudanças da estrutura demográfica brasileira,
derivadas da ampla queda da fecundidade, resultam em um processo de
envelhecimento populacional, que ocorre a uma velocidade que não tem
correspondência na história da maioria dos países envelhecidos e tem
significativas implicações sociais. Em função dos diferenciais de mortalidade por
sexo, o envelhecimento tende a assumir maior dimensão entre as mulheres. Por
outro lado, por um certo período de tempo, a evolução da estrutura etária apresenta
6
uma taxa de dependência demográfica declinante, definindo um espaço temporal
para uma tomada de fôlego para enfrentar uma taxa de dependência que volta a
crescer sem, entretanto, atingir os níveis anteriores, mas que se transforma de
dependência jovem em dependência idosa.
Neri (2000) destacou que a preocupação com a qualidade de vida na velhice
ganhou uma relevância nos últimos 30 anos, na medida em que o crescimento do
núm
ero de idosos e a expansão de longevidade passaram a ser uma experiência
compartilhada por um número crescente de indivíduos, vivendo em muitas
sociedades. As questões que dizem respeito ao bem
-
estar físico, psicológico e social
dos idosos interessam cada vez mais aos planejadores de políticas de saúde,
educação, trabalho e seguimento social, assim como aos cientistas.
Como afirmou Albuquerque (2003), nas últimas décadas, foi observado um
nítido processo de envelhecimento na população em todos os países, o
s
desenvolvidos e os em desenvolvimento. A partir da década de 1960, surgiu a
necessidade de se avaliar a qualidade de vida percebida pelas pessoas. A autora
considerou que as avaliações subjetivas, além de definirem mais precisamente a
experiência de vida
dos indivíduos, levam em conta o significado que eles atribuem a
essas experiências.
Sousa et al. (2003) realizaram um estudo que teve como objetivo caracterizar
a qualidade de vida e bem-estar dos idosos portugueses, do ponto de vista do
próprio idoso, acima de 75 anos de idade. Para isso, utilizaram um instrumento na
versão portuguesa do
Easycare
(Elderly Assessment System/ Sistema de Avaliação
do Idoso), o qual avalia a percepção dos idosos em relação às suas capacidades. A
escala do
Easycare
pretende
ajudar os profissionais a melhorarem os cuidados que
prestam ao idoso, no entanto, os dados obtidos podem, ainda, ser utilizados para
7
avaliar problemas diversificados na população, necessidades e objetivos, que
auxiliam a gestão dos serviços e a formulação de políticas. Os resultados revelaram
que o questionário fornece boas qualidades psicométricas em quatro aspectos:
atividade de vida diária, bem-estar, mobilidade e comunicação. As autoras
concluíram que a qualidade de vida para a maioria dos idosos pode ser considerada
bastante positiva, sendo que uma minoria apresentou problemas de diminuição
cognitiva grave ou algum grau de dependência.
Segundo Albuquerque (2005), o processo de envelhecimento da população
brasileira sofreu uma transformação extremamente rápida, ocorrendo em poucas
décadas, embora tivesse sido anunciado pelos demógrafos. Porém, agora a
sociedade brasileira passou a ter consciência da sua extensão e das profundas
implicações que ele acarreta em vários aspectos da vida nacional. No entanto, as
pessoas ainda pensam que o Brasil é um país de jovens, o que traz conseqüências
importantes para o tratamento de questões fundamentais relacionadas ao processo
de envelhecimento.
Somos todos responsáveis pela formação de uma opinião pública que nos
conduza a uma postura de positividade em relação ao idoso, para que ele seja
reconhecido como capaz, produtivo, experiente, mas também portador de
necessidades específicas e, sobretudo, digno de respeito como pessoa e cidadão.
assim poderemos nos preparar para o rápido crescimento da população idosa
(Albuquerque, 2005).
8
1.2
Deficiência auditiva em idosos, sua avaliação e reabilitação.
Segundo Bess et al. (2001), a perda neurossensorial é uma conseqüência
freqüente do processo de envelhecimento. A presbiacusia (do Grego,
presby
, velho
e oukouein, para ouvir) é definida em senso restrito como a perda auditiva avaliada
em um indivíduo na quinta década de vida ou mais velho, decorrente exclusivamente
de mudanças relacionadas à idade, possivelmente com
uma base genética.
Idosos portadores de presbiacusia experimentam uma diminuição da
sensibilidade auditiva e uma redução na inteligibilidade da fala, o que vem a
comprometer seu processo de comunicação verbal. A perda auditiva em altas
freqüências torna a percepção dos sons consonantais mais difíceis, especialmente
quando a comunicação ocorre em lugares ruidosos. A queixa típica destes
indivíduos é a de ouvirem, mas não entenderem o que lhes é dito
(Russo, 1988).
A deficiência auditiva pode ter implicações no relacionamento social do idoso
por limitar a sua interação comunicativa. Desta forma, qualquer situação de
comunicação, os deixa embaraçados por não conseguirem acompanhar uma
conversa com os amigos ou familiares, principalmente em ambientes ruido
sos.
Muitos até, por não se sentirem à vontade para pedir que repitam a conversa,
deixam de freqüentar lugares movimentados, como cinema, teatro, festas, e
começam a se afastar do seu convívio social. Isso faz com que sua qualidade de
vida seja alterada, l
evando
-o à depressão e ao isolamento. Para aquele idoso ativo,
ainda trabalhador, faz com que sua motivação pelo trabalho seja reduzida (Signorini,
1989).
Russo (1999) relatou que as perdas auditivas geram dificuldades de
comunicação em qualquer idade, a
centuando
-se nos idosos, pois se torna mais um
9
fator de desagregação social. O declínio do
status
desses idosos na sociedade e na
família tende a isolá-lo e privá-lo de fontes de informação e comunicação, levando-
os a um profundo impacto social. Com o processo de comunicação afetado pelas
implicações psicossociais, os idosos passam a não desempenhar o mesmo papel na
sociedade, alterando sua qualidade de vida e também, das pessoas que com eles
convivem. A ansiedade gerada pela tentativa de compreender a mensagem que lhes
é passada aumenta a probabilidade de falha, o que produz então, a frustração e por
conseqüência, a raiva. Esta última leva os idosos ao afastamento da situação de
comunicação e ao isolamento da sociedade.
Kricos e Lesner (1995) enunciaram as principais implicações da deficiência
auditiva no idoso. Dentre outros aspectos, enfatizaram os seguintes: redução na
percepção da fala em várias situações e ambientes acústicos; alterações
psicológicas, como: depressão, embaraço, frustração, raiva e medo, causados por
incapacidade pessoal de comunicar-se com os outros; isolamento social: interação
com a família, amigos e comunidade seriamente afetada; incapacidade auditiva em
igrejas, teatro, cinema, rádio e TV; problemas de comunicação com médicos e
prof
issionais afins; problemas de alerta e defesa: incapacidade para ouvir pessoas e
veículos aproximando-se, panelas fervendo, alarmes, telefone, campainha da porta,
anúncios de emergências na mídia
.
Os familiares também poderiam ajudar muito mais o idoso, no que se refere à
sua não alienação à realidade presente, se fossem bem informados e orientados
em como proceder na interação com os membros mais velhos, portadores de
deficiência auditiva. E, de certa forma, os problemas de comunicação com este idoso
pod
eriam advir, entre outros fatores, do não envolvimento afetivo ou não
10
entrosamento no processo de interação, dificultando qualquer momento de
conversação (Lüders, 1999).
Hull (1999) relatou que o aumento da habilidade de comunicação reflete
positivamente em aspectos diferentes na vida da pessoa idosa. Quando esta
população perceber que a comunicação pode ocorrer com maior eficiência, eles irão
com freqüência se tornando mais independentes, mostrando um desejo maior de
melhorar a aparência pessoal e tendo ma
is vontade de se libertar.
Uma série de fatores pode alterar o processo de comunicação do idoso,
como: com quem a pessoa está falando (relação com interlocutor); sob que
condições o ato de comunicação ocorre (número de interlocutores, condições
ambientais
de ruído); o objetivo da comunicação verbal (social, de trabalho, de
negócios).
Mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas de audição, segundo dados
da Organização Mundial de Saúde. O que poderia ser um problema simples de ser
resolvido
- uma vez que a tecnologia atual proporciona uso de aparelhos quase
imperceptíveis
- ganha contornos de epidemia. Apenas 40% dos afetados
reconhecem a doença. A falta de informação e o preconceito fazem com que a
maioria demore, em média, seis anos para tomar uma pr
ovidência (Russo, 2004).
Almeida (2003) relatou que a re-inserção do idoso deficiente auditivo na
sociedade está ligada à contribuição do fonoaudiólogo, profissional que se preocupa
com a comunicação em seus vários aspectos, que é algo vital para os se
res
humanos. Por isso, o fonoaudiólogo não pode se limitar ao processo de avaliação
audiológica, seleção e adaptação do AAS. É necessário que sejam levados em
consideração os aspectos psicossociais que interferem nesta adaptação para que
seja possível mini
mizar as dificuldades relacionadas à perda auditiva.
11
Normalmente, o que acontece com o idoso que apresenta deficiência
auditiva, é não conseguir se adaptar ao uso da prótese auditiva. Isto ocorre porque
os sons ambientais são muito amplificados e, como estava acostumado a ouvir
com dificuldade, vivencia um certo desconforto com esses sons, o que pode dificultar
a sua adaptação. Com isso, a decisão sobre a audição e os procedimentos a serem
tomados, é exclusivamente do idoso. Se ele o tiver interesse em ouvir novamente
os sons que lhes eram importantes, nenhuma prótese auditiva, por mais eficaz que
seja, trará a satisfação de volta ao sujeito (Barboza, 1990).
Segundo Iório (1993), os testes realizados objetivamente, como o ganho
funcional, o ganho de inserção e os testes de reconhecimento de fala, não garantem
o sucesso do uso da amplificação sonora na rotina de vida diária. Por conta disso,
surgiram novos procedimentos de avaliação, os quais tentam averiguar a satisfação
do usuário em ambientes e si
tuações que fazem parte do seu dia
-a-
dia.
Segundo Russo (1999), a maioria dos idosos alega não saber da existência
da perda auditiva e, conseqüentemente, a falta da necessidade da amplificação
sonora, pois acredita que o uso do AAS chama atenção da sociedade para o
problema, tornando-os ainda mais velhos. A dificuldade financeira também é um
fator decisivo e determinante para alguém que se encontra em uma fase da vida na
qual sobrevive com aposentadoria e/ou suas economias. Outra dificuldade está
relacio
nada à manipulação e ajustes dos AAS, que muitos dos idosos apresentam
uma diminuição da capacidade visual e das habilidades motoras.
Avaliar o grau de satisfação do usuário de um AAS constitui uma tarefa
essencial, pois os fatores que contribuem para o sucesso da amplificação sonora
dependem muito da sua percepção e expectativa.
12
Almeida (2003) observou que a satisfação proporcionada pela amplificação
sonora envolve aspectos emocionais, como a expectativa, o desejo de uso da
amplificação e, também, aspe
ctos econômicos.
No Brasil, vem sendo crescente o interesse de fonoaudiólogos de atuarem
com a população de idosos deficientes auditivos, quer na prevenção, na avaliação
auditiva, quer na reabilitação. Nesse sentido, podemos destacar o trabalho pioneiro
de Russo (1988) que avaliou a audição de 169 idosos presbiacúsicos, com o
objetivo de verificar quais seriam as principais razões pelas quais esta população
oferecia resistência ao uso da amplificação sonora.
Os questionários de auto-avaliação podem oferecer ao paciente e ao
fonoaudiólogo a possibilidade de identificar áreas de problema e suas soluções,
além de permitir que o deficiente auditivo compreenda melhor sua situação (Miranda,
2002).
Diversos estudos traduziram e adaptaram para a Língua Portuguesa
,
questionários de avaliação do handicap auditivo (Carlos, 1994; Wieselberg, 1997;
Silveira, 1997; Noronha-Souza, 1998; Kobata, 2001; Silva et al, 2002; Sestren ,
2002; Lernic et al. 2005, de avaliação de estratégias de comunicação (
Signorini,
1989;
Boéchat, 1992; Radini, 1994; Freire, 1999; Nunes, 1999) de prevenção da
deficiência auditiva (Mesquita, 2001) de qualidade de vida (Sieg, 2002) e de
satisfação com o uso de aparelhos de amplificação sonora(Russo, 1988; Jóia, 1997;
Almeida, 1998;
Gordo,
1998;
Bortholuzzi, 1999
;
Ferrari, 1999; Carvalho, 2001;
Rossino, 2002; Miranda, 2002; Rodrigues, 2002; Assayag, 2003; Silva, 2003;
Bucuvic, 2003; Bañolas, 2004; Buzo et al, 2004; Anschau, 2004; Marques, 2004;
Pizan
-
Faria et al, 2004; Veiga, 2005; Peixoto,
2005;
Amorim, 2005).
13
UNIVERSO DA HISTÓRIA ORAL TEMÁTICA
A proposta deste trabalho é articular dois campos diferentes de
conhecimento, como a Fonoaudiologia e uma particularidade da História. No
entanto, essa articulação ajudará e indicará como proceder com nossos idosos em
determinadas situações da reabilitação auditiva.
Queiroz (1991) declarou que as histórias orais livremente narradas pelos
informantes compõem objetos cuja construção releva deles mesmos depois do
impulso inicial dado pelo entrevistador. Uma vez terminado o registro das histórias
orais, a próxima fase é a transcrição da fita, que tem duas finalidades: a de permitir
um manuseio fácil do material e a de permitir uma conservação mais longa e
eficiente do documento. O ideal é que esse procedimento seja feito pelo próprio
entrevistador, o qual fará apenas um exercício de memória da cena vivida,
detalhando as emoções, pausas, risadas, entre outros acontecimentos, durante a
construção da história de vida do informante, através da oralidade.
Para Ferreira e Amado (1996), a coleta de depoimentos de pessoas,
mediante a utilização de um gravador, iniciou-se na década de 40, com o jornalista
Allan Nervins, porém uma verdadeira expansão desse processo teve lugar, na
segunda metade dos anos 60 e ao longo da década de 70, tendo seu
desenvolvimento em vários países como, Estados Unidos, Inglaterra e França. A
história oral se afirmava como um instrumento de construção de identidade de
grupos e de transformação social. Contudo, o crescimento da história oral, na
época, não era voltado para a comunidade dos historiadores, os quais demoraram a
aceitá
-la e fazerem uso da metodologia. Hoje, ainda que objeto de poucos estudos
metodológicos mais consistentes, a história oral, não como uma disciplina, mas
como
um procedimento de pesquisa, tem-se revelado um instrumento importante,
14
possibilitando uma melhor compreensão da construção de estratégias de ação e das
representações de grupos ou indivíduos de uma dada sociedade.
A introdução da história oral no Brasil, embora date dos anos 70, somente
experimentou uma expansão significativa no início dos anos 90. Ela é mais do que
uma decisão técnica ou de procedimento; não é a depuração técnica de entrevista
gravada; nem pretende exclusivamente formar arquivos orais; tampouco é apenas
um roteiro para o processo detalhado e preciso de transcrição da oralidade; nem
abandona a análise à iniciativa dos historiadores do futuro. O historiador oral é algo
mais do que um gravador que registrará depoimentos dos indivíduos. Ele se
preocupará em realizar uma análise bem feita após colher os depoimentos (Ferreira
e Amado 1996).
Meihy (2000) relatou que a história oral tem como base o depoimento gravado
que objetiva o projeto de estudos determinado previamente e que orienta e organiza
a pesquisa. É um recurso moderno usado para a elaboração de documentos,
arquivamentos e estudos, referentes à experiência social de pessoas e de grupos. A
história oral é sempre história de tempo presente e também reconhecida como
história viva. A história oral tem três elementos na sua condição mínima: o
entrevistador, o entrevistado e a aparelhagem de gravação. É um procedimento
premeditado e seria ingênuo pensar que qualquer pessoa despreparada, pelo
simples fato de entrevistar alguém, estaria fazendo história oral. Para tanto, a
história oral é um conjunto de procedimentos que se iniciam com a elaboração de
um projeto e que continuam com a definição de um grupo de pessoas a serem
entrevistadas, com o planejamento da condução das gravações, com a transcr
ição,
conferência do depoimento, com a autorização para o uso, arquivamento e, sempre
que possível, com a publicação dos resultados que devem, em primeiro lugar, voltar
15
ao grupo que gerou as entrevistas. O autor ainda ressalva que existem três
modalidades
de história oral, sendo elas: de vida, temática e tradição oral.
Ressaltaremos nesse capitulo apenas a modalidade da história oral temática,
a qual foi utilizada na pesquisa.
Meihy (2000) ressaltou que a história oral temática se vale do produto da
entrev
ista, baseia-se em um assunto específico previamente estabelecido, sendo a
objetividade direta. Com isso, a hipótese do trabalho na história oral temática é
testada com insistência e o recorte do tema deve ficar explícito, que conste das
perguntas a serem feitas ao colaborador. Os questionários, então, podem ser diretos
e induzidos. Após a realização das entrevistas, deve-se passar por mais algumas
etapas como: transcrição das entrevistas, a textualização e a conferência. A
transcrição é a passagem do estágio da gravação oral para o escrito; no entanto o
acervo fraseológico e a caracterização vocabular de quem contou a história, devem
permanecer indicados. Na textualização, o texto é dominantemente do narrador,
que assume com exclusividade a primeira pessoa. Por fim, a conferência é o
momento em que, depois de trabalhado o texto, o autor entrega a versão para ser
autorizada pelo entrevistador.
16
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Durante a época da graduação, adquiri conhecimento e grande interesse na
área da Audiologia Clínica, principalmente quando se tratava da audição dos idosos.
Decidi então dar continuidade ao assunto do meu interesse e ingressar no mestrado,
para assim, realizar uma pesquisa voltada a esta população.
Ao tentar encontrar um assunto que fosse de grande importância para os
profissionais da nossa área, deparei-me com uma Tese de Doutorado, de uma outra
instituição e fora da área da Fonoaudiologia, que me despertou grande interesse,
pois abrangia um conteúdo novo e útil para ser estudado dentro da área de saúde,
sendo este, a História Oral.
Consegui definir com a orientadora, o que seria pesquisado e de uma maneira
distinta das quais foram estudadas dentro da Fonoaudiologia, que seria, então, o
impacto gerado pelo aparelho de amplificação sonora nos idosos, usando os
procedimentos da história oral temática.
Para fazer parte da pesquisa, os sujeitos precisaram obedecer aos critérios
de inclusão, ou seja, ser portador de deficiência auditiva neurossensorial
(independente do grau), ter 60 anos de idade ou mais para ser considerado idoso no
Brasil (Lei Federal 8.842/94), ter passado pelo processo de seleção e adaptação
de AAS, fazer uso mono ou binaural de AAS e apresentar condições físicas e
mentais suficientes para a realização da entrevista.
Este trabalho foi enviado e aprovado pela Comissão de Ética do Programa de
Estudos Pós-Graduados em Fonoaudiologia da PUC-SP sob o parecer de
0040/204 (Anexo 1). Portanto, todos os participantes receberam e assinaram um
Termo de Consentimento Esclarecido (Anexo 2), deixando claros os objetivos do
17
trabalho e os direitos a serem respeitados para a utilização dos seus dados e
também para a publicação da pesquisa.
Como eu o fazia parte de uma Instituição onde pudesse selecionar os
sujeitos, tive que me
dirigir aos colegas e familiares para que indicassem conhecidos
e que obedecessem aos critérios de inclusão determinados para a pesquisa. Foram
então, selecionados sete idosos, sendo quatro do gênero masculino e três do gênero
feminino, com idades entre 62 e 82 anos. O número de sujeitos ou colaboradores
limitou
-se ao número sete, pois durante a coleta de dados, pudemos perceber que o
conteúdo das entrevistas realizadas era suficiente e consistente para possibilitar a
análise do trabalho.
Após a seleção dos colaboradores, agendamos um horário com cada um
deles para a realização das entrevistas, com duração média de 35 minutos. Este
tempo foi suficiente para conseguirmos obter as informações necessárias e para não
levar à fadiga. A coleta de dados aconteceu na residência dos sujeitos para que não
houvesse impedimento na realização das entrevistas, simplesmente pela
impossibilidade de locomoção dos mesmos.
As entrevistas foram realizadas de forma aberta, com base em um guia
(Anexo 3) que nos orientou para os campos específicos a serem investigados nesse
estudo. Para registrar os dados a entrevista foi gravada em fita cassete, tendo sido
utilizado o gravador da marca Panasonic RN
-
305, modelo
Voice Activated System.
Iniciamos a entrevista com a explicação do objetivo do estudo aos sujeitos e
os assuntos que seriam abordados. Foi de grande importância a compreensão da
finalidade da entrevista, para que ela acontecesse de maneira adequada e que o
colaborador se sentisse à vontade para relatar o que julgasse
necessário.
18
Segundo Nader (1998), as entrevistas na história oral devem passar pelos
processos de transcrição e textualização. Entende-se por transcrição a passagem
literal do que foi gravado para a linguagem escrita. Nessa parte, o narrador extrai as
pa
lavras
-chave que darão sinuosidade à entrevista, assim como o tom
característico de cada narrador. Com isso, fica estabelecida a harmonia da
entrevista intencionada pelo narrador. A textualização é uma fase mais elaborada da
realização de um texto oral; é a organização do discurso com os requisitos
necessários aos de um texto escrito. A entrevista é elaborada pelo entrevistador,
incorporando as perguntas às narrativas do depoente, buscando tornar o texto mais
fluido e atraente ao leitor.
A fim de preservar a identidade dos participantes, usamos somente nomes
fictícios, apesar das textualizações haverem sido autorizadas por eles.
Para a análise dos dados, as entrevistas já textualizadas foram apresentadas
na íntegra.
19
TEXTUALIZAÇÃO
Neste capítulo as entrevistas estão apresentadas na íntegra, porém
textualizadas conforme mencionado nos procedimentos metodológicos. As mesmas
encontram
-
se em uma ordem cronológica de idade dos colaboradores.
4.1. Paulo
62 anos
(Três anos de uso do AAS
)
Meu nome é Pau
lo, tenho 62 anos e moro na cidade de Barretos.
Eu lembro que a primeira sensação que temos com a perda de audição é a de
não perceber ruídos, tais como: um celular com o volume baixo, a panela de pressão
quando inicia a fervura de seu conteúdo, uma torneira pingando. Isso, com certeza
traz um constrangimento porque sabemos que, algumas vezes, precisamos ser
chamados três ou quatro vezes para percebermos que as pessoas estão falando
conosco.
Depois de ter notado essas diferenças, a minha filha, que é fono
audióloga,
me orientou e me encaminhou para realizar um exame audiométrico, o qual
constatou a perda de audição nos dois ouvidos. No entanto, disseram que esse tipo
de perda era natural na minha idade.
Acredito ter feito o exame no ano de 2000, porém relutei quase dois anos
para comprar meus aparelhos auditivos. Quando eu os coloquei, a primeira
sensação foi a de que a perda auditiva é gradual e, aos poucos, acontece uma
recuperação. Por isso, é difícil ocorrer uma adaptação do ouvido como um todo. Um
outr
o problema que senti é que a audição proporcionada pelo uso do aparelho
auditivo não é igual à audição humana; percebia algumas nuances de diferenciação
de tonalidade média, grave e aguda. O aparelho torna o som agudo mais forte, o
20
que chega a ser estridente, como um barulho metálico. No entanto, a adaptação
mais difícil é a recuperação imediata de 100% da audição. Após um período com os
aparelhos e alguns ajustes finos necessários, hoje, eu me sinto bem, pois me
habituei a eles.
Eu uso os aparelhos sempre que tenho necessidade e não vou negar que
existe uma certa discriminação para quem convive com usuários de aparelhos de
amplificação sonora. Sempre que nos vêem, percebemos que algumas pessoas nos
olham. Uns não têm coragem de perguntar e outros perguntam: Por quê você os
usa? Para que servem? Comentam, ainda, que algum membro da família precisa
usar aparelho auditivo. Por curiosidade, querem saber: qual foi a minha sensação ao
colocá
-los ou como faço para usá-
los?
As mudanças relacionadas ao uso do aparelho auditivo são boas. Apesar de
serem abruptas, fazem uma enorme diferença. No meu caso, que a perda auditiva
não é tão grande, o fato de usar o aparelho auditivo ajuda muito. Percebo isso
quando estou dirigindo um carro, pois ouço ruídos que nunca havia percebido sem o
aparelho auditivo. Essas mudanças, embora positivas, são muito radicais e de difícil
adaptação, pois ouvimos tudo o que se passa a nossa volta, quer queiramos ou não.
Por muitas vezes, deixo de usá-lo. Não é fácil se adaptar com os sons mais altos
como muitas pessoas conversando em um mesmo ambiente, como barulho de
talheres ou pratos.
Eu sou uma pessoa apaixonada por música, porém, a que gosto é aquela do
meu tempo de juventude, ou seja, a dos anos 60 e 70. Música popular brasileira e
,
especialmente, músicas instrumentais, que são ricas em variação de sons agudos,
graves e médios. Causa-
me muita satisfação voltar a ouvir música.
21
Muitas vezes, fui ao meu quarto colocar o aparelho para voltar à sala e
ouvir um DVD musical como fazia em minha juventude. Ainda assim, percebo uma
falha do aparelho auditivo na amplificação de tonalidades variadas. Acho que eu sou
um tanto perfeccionista em relação às coisas, assim como a minha visão, audição,
tato. Para mim, é uma grande alegria voltar a ouvir como antes, quando eu tinha
25/30 anos e curtia música! Esses são realmente os únicos momentos em que me
sinto satisfeito com o aparelho auditivo. Uso-os na faculdade, em audiências das
quais participo e, nas aulas do último ano da Faculdade de Direi
to.
22
4.2. Francisca
63 anos
(Três anos de uso do AAS)
quatro anos, eu percebi que o estava ouvindo, imaginava que fosse
alguma coisa do dia
-a-
dia. Há três anos, uso aparelho auditivo.
Quando ficamos mais velhos, outros problemas surgem por causa da idade;
mesmo que não queiramos, eles aparecem. O que me fez procurar a ajuda dica
foi um problema de artrose. Comentei com o geriatra que não escutava mais como
antes e fui encaminhada a um médico otorrinolaringologista.
Após duas semanas, consegui marcar uma consulta para verificar o meu
problema de audição. Após fazer diversas perguntas, o médico pediu que realizasse
um exame com uma fonoaudióloga. Após o resultado, fui aconselhada a usar
aparelho auditivo. A fonoaudióloga disse que a minha audição não era tão ruim, mas
que o uso do aparelho auditivo poderia ajudar muito a minha vida. Os encontros com
a fonoaudióloga seguiram-se por mais duas ou três semanas, tempo suficiente para
encontrarmos o aparelho adequado para a minha perda de audição.
Na época, comprei dois aparelhos e foram muito bons. Um deles quebrou
após um ano de uso e não teve conserto. Tive que gastar mais dinheiro para adquirir
um novo aparelho, pois ele não é barato. Após comprá
-
lo voltei à fonoaudióloga para
que fossem feitos os mesmos ajustes efetuados no antigo aparelho, e estes foram
adequados. Minha vida realmente ficou muito melhor com o uso deles. Agora,
freqüento o consultório da fonoaudióloga de seis em seis meses, para a realização
de exames e ajustes necessários.
Consegui
apenas perceber que estava perdendo a audição, depois da
adaptação do aparelho auditivo. Antes disso, eu não notava a diferença.
23
Hoje, faço tudo o que não fazia antes por não estar ouvindo. Eu era uma
pessoa desanimada e que não gostava de sair de casa. Agora não! Voltei a ter a
minha vida de antes. Gosto de brincar com os meus dois netos. Quando vêm à
minha casa, fazemos uma bagunça gostosa, até porque, entendo tudo o que eles
falam. Meus filhos não precisam mais gritar para eu ouvir o que está sendo dito e
dar
-
lhes atenção.
Quando eu não usava os aparelhos auditivos, tinha deixado de fazer tudo isso
sem perceber. Não me importava, pois não tinha mais ânimo para a vida. No
entanto, agora, consigo ter disposição para as coisas. Sempre acordei muito cedo
para caminhar, fazer meus exercícios, que haviam sido deixados de lado. Agora tudo
está melhor. Eu era uma pessoa irritada com tudo e com todos, não gostava de
nada, só reclamava e não sabia o por que desses sentimentos. É engraçado o que a
surdez causa nas nossas vidas. Sem perceber tais mudanças, pensava ser normal,
mas me enganei. tiro meus aparelhos auditivos quando vou dormir ou tomar
banho; estão comigo em todas as outras atividades.
Freqüento aulas de tricô e posso agora conversar com as outras colegas que
participam destas aulas, que notaram a diferença que os aparelhos auditivos
proporcionaram à minha vida. Relataram que, antes deles, eu o era a mesma
pessoa. Algumas faziam brincadeiras com relação aos aparelhos, chegando a dizer
que pretend
iam procurar um médico para saber se estavam ficando surdas, pois não
queriam ficar como eu. Isso é conseqüência da propaganda que faço dos meus
aparelhos auditivos.
Eu não sei mais o que é a vida sem os meus aparelhos. Eu tiro os óculos,
mas não os aparelhos dos ouvidos! Uma pessoa surda não vive, não tem contato
com as pessoas. A minha vida social é tão importante que não sei ficar sem ela.
24
4.3.
José
70 anos
(Seis anos com uso do AAS)
Eu descobri que estava perdendo a audição quando eu tinha mais ou menos
64 anos de idade. Os meus filhos e amigos sempre reclamavam porque eu pedia
para que a conversa fosse repetida ou porque eu ouvia a televisão muito alta. Aos
poucos, esta pressão foi piorando. Os filhos insistiam para que eu procurasse um
médico,
mas eu não aceitava.
Quase um ano depois, resolvi que precisava mesmo procurar um médico,
pois as reclamações em relação à minha audição estavam cada vez mais constantes
e aquilo me incomodava muito. Marquei a consulta com o médico e, na semana
seguint
e, fiz o exame de audição. A fonoaudióloga disse que eu tinha uma perda
auditiva por causa da idade e que o ideal era colocar aparelhos auditivos. Não era o
que eu gostaria de ouvir, mas aceitei a idéia de experimentar. Eu não pretendia
comprar os aparelhos, pois além de caros, eu não gostaria de usá-los. A
fonoaudióloga, então, testou os aparelho, ajustando-os à minha necessidade.
Experimentei
-os durante uma semana, para depois retornar ao consultório. Bom
mesmo aqueles aparelhos não tinham ficado. Foi incômodo ficar com aquilo nos
ouvidos; o som não é o mesmo. No entanto, passei uma semana inteira tentando me
acostumar com o aparelho, ou melhor, com dois aparelhos. Realizei alguns exames
com e sem os aparelhos auditivos, nos quais eu precisava repetir algumas palavras
ou frases que a fonoaudióloga solicitasse.
Os sons mais fortes produziam dor nos meus ouvidos, situações nas quais eu
abaixava o volume, seguindo a orientação da fonoaudióloga. Após outra semana de
experiência, retornei ao consultório e decidimos que o melhor era a compra dos
meus aparelhos auditivos, pois me ajudariam bastante nas situações de vida diária.
25
Foi o que fiz! Comprei os aparelhos auditivos e precisei voltar à fonoaudióloga para
os necessários ajustes, pois o ruído que eles faziam
, às vezes, era incômodo.
Aos poucos fui me adaptando aos dois aparelhos que adquiri, mas assim
mesmo, não era o que eu gostaria. Para ser honesto, não os uso como deveria usar.
Eu realmente não gosto dos aparelhos.
Para determinadas atividades os aparelhos auditivos são muito bons. Posso
assistir TV e entender o que é falado. Conversar com as pessoas sem precisar pedir
que repitam o que disseram. Conversar com os amigos como conversava antes.
Porém, os aparelhos ficam nos ouvidos, incomodando o tempo tod
o!
Não consigo usar os aparelhos o dia inteiro porque fico irritado no final do dia!
É claro que cuido deles, têm me ajudado bastante, mas nem sempre. Eu realmente
gostaria de ter me adaptado melhor, mas infelizmente não foi o que aconteceu.
Acredito ser m
inha culpa, pois sinto
-
me envergonhado ao usar os aparelhos e notar
que as pessoas ao meu redor acham que é um bicho do outro mundo . Querendo
ou não, é assim que as pessoas nos olham e pensam. Chega a ser constrangedor!
Fico satisfeito com os aparelhos somente nas horas em que julgo necessário.
Ficar um dia inteiro com eles não é o ideal porque ainda os acho muito barulhentos.
Um dia, pretendo usá-los permanentemente, sem pensar no que as pessoas acham.
Gosto de usar e prefiro ficar com os aparelhos, pois me ajudam a conversar. Antes
do aparelho, eu ficava irritado por não conseguir entender o que as pessoas
falavam. Ouvia as vozes, porém, não entendia o que estava sendo dito. Dentro de
casa, era uma bagunça quando todos falavam ao mesmo tempo, mas eu a
penas me
retirava daquele ambiente. Hoje, eu consigo conviver melhor com os meus familiares
por causa dos aparelhos auditivos.
Embora esteja satisfeito, ainda preciso perder a vergonha de usá
-
los!
26
4.4.
Antônia
74 anos
(Um ano e meio de uso do AAS)
Durante a vida toda eu tive problema no meu ouvido direito. Nunca escutei
muito bem desse lado. Tive que fazer algumas cirurgias por conta de infecções do
lado direito e, por isso, não escuto nada desse lado.
Aos poucos comecei a notar diferença na minha audição do lado esquerdo,
pois eu estava me prendendo muito ao uso da leitura labial. Como a minha casa é
um sobrado, quando alguém me chamava no andar de cima, eu não escutava direito
e ficava repetindo o quê? para que pudessem falar novamente.
Como eu fazia um tratamento com um médico otorrinolaringologista, eu o
procurei depois de seis meses, quando notei a minha dificuldade em ouvir as
pessoas. Logo após a consulta, o médico solicitou que eu fizesse uma audiometria
com a fonoaudióloga do próprio consultório. Constatou que o ouvido esquerdo
estava ruim por causa da idade e, em seguida, já pediu para que eu experimentasse
um aparelho auditivo.
Dois meses foram suficientes para eu ir ao médico e logo comprar os
aparelhos auditivos. Não pesquisei e nem sei se existem aparelhos mais baratos ou
melhores do que esse que comprei. Havia alguns aparelhos, mas eram pequenos e,
como eu tive paralisia da mão, seria difícil para eu colocá-los. A minha irmã também
usa aparelhos auditivos, mas são aqueles que ficam do lado de fora da orelha e,
como os dela, eu não gostaria de colocar. Comprei então, o modelo intracanal,
recomendado pela fonoaudióloga. A minha filha pensa que existem aparelhos
mais modernos e que posso comprar outros, mas são os aparelhos digitais e o
preço é alto.
27
faz um ano que uso os aparelhos auditivos. Consegui me adaptar bem e
me sinto melhor, apesar de ter alguns problemas para manipulá-los. Voltei à
fonoaudióloga após seis meses, para fazer a primeira manutenção e verificar se
est
ava tudo bem com os aparelhos. Nesta empresa, existem técnicos que podem
consertar os aparelhos caso apresentem qualquer defeito.
Eu sempre fui muito alegre, brincalhona e estava me tornando uma pessoa
retraída. Como eu não escutava direito, não procurava dar palpite em nada, ficava
quieta em um canto, diferente de como estou agora com os aparelhos, pois acredito
ter voltado ao meu normal. Claro que a idade sempre nos traz seqüelas, mas o
importante é que agora eu ouço bem.
Antigamente, eu precisava assistir à televisão com volume alto e meus filhos
brigavam, chamando-me de surda . Eu dizia que realmente estava surda, pois não
escutava direito o que falavam comigo.
Uso os aparelhos todos os dias, apenas os tiro para tomar banho e dormir,
como me foi recom
endado.
Eu sou religiosa e espírita. Trabalho e freqüento um centro espírita porque
sou médium. No entanto, estava tendo dificuldades para exercer meu trabalho por
causa da deficiência auditiva. Depois da colocação dos aparelhos, voltei a participar
do grupo de trabalhadores do centro. E, também, por ser aposentada, freqüento
aulas de pintura, tapeçaria e, sempre que posso, procuro realizar mais atividades.
Gosto de ler, assistir palestras e conferências. Não faço questão de ir a bailes, pois
acredito ter passado da época de freqüentar esses lugares. Vou sim ao Horizonte
Azul, que por ser um clube da terceira idade, no qual encontro pessoas como eu. E
eu adoro, pois sou sozinha! Na verdade, moro com uma filha que é solteira, mas ela
trabalha como professora em Faculdade, na Prefeitura, mas nunca tem tempo, ou
28
seja, muita coisa eu também deixo de fazer por falta de companhia, e não porque
não me sinta bem. Sou uma pessoa fácil de fazer novas amizades; sempre me dou
bem com as pessoas ao meu redor, pois gosto de participar e conversar.
Antigamente, eu era meio borocoxô porque não escutava o que conversavam e era
constrangedor participar da conversa sem saber realmente o que estavam falando.
Parecia que falavam de mim, mas era um assunto completamente diferente, porém,
como ficava um pouco aérea, não sabia se participava ou se era melhor me retrair.
Estou bem atualmente!
A vida evidentemente mudou e melhorou muito!
Eu tenho uma certa dificuldade em falar ao telefone. Eu escuto e falo bem,
mas sinto interferência na ligação. Por isso, preciso tirar os aparelhos toda vez que
tenho que conversar ao telefone. Pretendia me adaptar melhor para falar ao
telefone usando os aparelhos, mas definitivamente, não consigo.
Hoje em dia, os meus filhos ficam bravos quando eu não coloco os aparelhos
auditivos, porque sabem que eu não ouço bem sem eles. A minha casa é muito
grande e quando a campainha toca, às vezes eu não escuto. No andar de cima, por
exemplo, se estou no banheiro, tem um corredor, depois o
closet,
em seguida,
o
meu quarto e, por fim, o banheiro. Escutar bem nessa distância é mesmo
complicado. Quando estou somente na sala, posso retirar os aparelhos porque
consigo ouvir tudo, no entanto, se eu for para outros ambientes, preciso deles. Em
determinados dias, a movimentação da casa é agitada, sendo necessário colocar e
tirar os aparelhos o tempo todo, pois tenho duas linhas telefônicas, ou seja, preciso
ficar com os aparelhos para ouvir o que falam dentro de casa e tirá-los para poder
falar ao telefone. Nessas horas
, prefiro ficar o dia inteiro sem os aparelhos auditivos.
29
Eu me acostumei a usar os aparelhos. Eu os uso para tudo! Na rua, para
dirigir, sempre estou com eles. E também, são fáceis de ajustar; o som diminui
quando a chave está para o lado esquerdo e aumenta quando está para o lado
direito; a pilha faz um barulho diferente para mostrar que precisa ser trocada. Faço
sempre a limpeza deles. Uma certa vez quebrou uma peça durante uma dessas
limpezas, mas no mesmo dia levei o aparelho para consertar.
Ôh surdinha! , era como a minha família me chamava. Sempre levei na
brincadeira, não me sentia ofendida, mas realmente era desagradável porque eles
falavam na frente de todo mundo. Sentia-me chateada em algumas situações.
Porém hoje, sinto
-
me bem e houve uma grande melhora.
Com a idade, quase todos perdem a audição e quando soube disso, fiquei
mais aliviada. Todos nós chegamos à terceira idade, todos nós envelhecemos. E
com a evolução do mundo, a melhoria vem para todos. Problemas nos dentes
podem ser resolvidos com transplantes, não é mais necessária aquela antiga
dentadura. Quando surge um determinado problema (doença), temos que aceitar e
nos tratar, olhar para trás e ver que há gente pior. Vivo bem monetariamente e posso
ter acesso a bons tratamentos.
Prec
isamos amadurecer com classe, sabendo o que é bom ou não para nós
mesmos.
30
4.5.
João
78 anos
(Quatro anos com uso do AAS)
Como? Como? Foi por causa de uma pergunta como esta que as pessoas se
queixavam de mim. Eram a esposa, os filhos e os amigos. Por isso, fiquei
preocupado e resolvi procurar um médico, o qual depois me encaminhou a uma
fonoaudióloga para a realização de exames.
Ao fazer o exame de audição, o resultado apontou que eu estava com uma
perda de 70% nos dois ouvidos. Segundo o médico, essa perda possivelmente
ocorreu pelo fato de eu ter trabalhado em lugares barulhentos, quando era mais
moço e, também, por causa da idade, mas que o uso de aparelhos auditivos seria
bom no meu caso.
Depois de aproximadamente um ano, quando eu freqüentava o clube da
terceira idade, apareceu uma fonoaudióloga para fazer propaganda de aparelhos
auditivos da empresa para a qual trabalhava. Decidi fazer então novos exames e
escolher um aparelho para usar. Mandei fazer um aparelho, o qual ficou muito bom,
mas
ao segundo eu o consegui me adaptar. Foi quando decidi manter o uso de
apenas um aparelho auditivo. Ao usar os dois aparelhos, os barulhos se
intensificavam e incomodavam, fazendo-me confundir o lado de onde os sons eram
provenientes. Eu ouvia as vozes dos dois lados e, ao invés de ajudar, os aparelhos
apenas me atrapalhavam. Nunca fui uma pessoa enjoada! Quando falaram que
precisava usar um aparelho auditivo, eu obedeci e realmente o uso sem reclamar,
mas não consegui me adaptar a dois aparelhos. Por isso, uso o aparelho apenas no
pior ouvido.
Uso o aparelho auditivo a quatro anos. O que eu não ouvia antes, passei a
ouvir agora; um passarinho cantando em uma árvore; o barulho do relógio na sala.
31
Tudo isso posso ouvir novamente! As pessoas não precisam mais chamar a
minha atenção para eu ouvir, ou seja, as reclamações também diminuíram, sinal de
que estou bem e melhor!
Nunca cheguei a me afastar dos amigos por causa da deficiência auditiva. Se
eu não entendia algo, pedia para repetirem até que eu entendesse. Hoje, a palavra
como? não é mais usada. Algumas vezes, quando eu não entendia o que as
pessoas falavam, eu balançava a cabeça mesmo sem entender, para não mostrar
que não tinha entendido ou para não pedir que repetissem alguma parte da
conversa. Eu percebia que as pessoas conversavam normalmente e dirigiam-se a
mim com o mesmo tom de voz, porém as outras pessoas entendiam tudo e eu não
entendia nada. Eu conseguia ouvir a voz das pessoas, mas não entendia o que
falavam, como se estivessem falando uma língua diferente do Português. Sentia
maior dificuldade com pessoas que têm uma voz mais nasal. Nunca entendi o
motivo! Isso sim melhorou para mim, pois hoje eu ouço bem melhor, sem me
preocupar em pedir para repetir.
Fico o dia inteiro com o aparelho, t
irando
-o apenas quando pretendo cochilar
na sala à tarde, após o almoço. Cheguei a entrar no chuveiro com o aparelho e
percebi depois, mas nada aconteceu porque não chegou a molhar.
Eu tive uma perfeita adaptação. Praticamente saí com o aparelho no ouvido
da empresa onde o comprei. A fonoaudióloga recomendou que seria melhor deixar
para colocá-lo somente em casa, até me adaptar e conseguir sair à rua, mas não foi
necessário. Eu saí da firma com ele e fui dirigindo o meu carro. De para , não o
tirei mais. Foi uma adaptação perfeita e rápida!
A última vez que voltei à firma para fazer a manutenção do aparelho no início
do ano (2005). A fonoaudióloga aproveitou para realizar um teste de audição, o qual
32
não revelou modificações. Como completará um ano da data da última revisão, está
quase na hora de voltar á firma.
Esse é o terceiro aparelho que compro nestes quatro anos. Eu comecei a
usar um aparelho e quebrou logo no começo do uso; acredito ter passado apenas
oito meses com ele. Não pretendo comentar a marca do aparelho para não denegrir
a imagem da empresa. O aparelho foi levado para conserto, o qual não adiantou
muito, já que em oito ou nove dias, ele apresentou defeito. Isso acontecia com os
dois aparelhos que eu tinha comprado. Decidi, então, n
ão fazer mais o conserto com
essas pessoas porque sempre me devolviam os aparelhos com os mesmos defeitos.
Procurei outro local e comprei um outro modelo e marca de aparelho auditivo. Até
hoje não houve problema algum, vamos ver até quando isto vai durar e o quanto ele
é melhor do que o antigo. Voltarei em breve para fazer a regulagem desse aparelho
e também para submeter
-me a novos testes audiométricos.
Se encontro uma pessoa com deficiência auditiva, eu a aconselho a usar
aparelhos auditivos. Parece que
é brincadeira, mas só percebemos que não ouvimos
bem depois de colocarmos os aparelhos auditivos. Passamos a ouvir muitas coisas
com eles, principalmente com a tecnologia que existe hoje em dia: com regulagem
automática de volume; etc. Isso é uma maravilha
de Deus. É bem avançado!
33
4.6. Antônio
82 anos
(Nove anos com uso do AAS)
Por ter uma filha fonoaudióloga, logo o meu problema de audição foi
identificado e fui encaminhado para uma outra conhecida fonoaudióloga, para que
pudesse fazer o exame audiom
étrico.
Em uma semana estávamos no consultório desta fonoaudióloga. Ela fez
alguns testes e, logo em seguida, mandou confeccionar os aparelhos auditivos.
Durante o período de experiência, precisei retornar ao consultório algumas vezes
para que fossem feitas regulagens e alterações de volume, aacertar o ideal para
os meus ouvidos.
Comprei e faço uso dos aparelhos nove anos e não consigo mais ficar
sem eles. Uso-os durante o dia e à noite. Coloco-os no período da manhã quando
acordo e vou até o fim da noite. Não preciso mexer em nada, como controle de
volume ou qualquer outro ajuste. Quando os tiro, deixo-os ao lado da minha cama,
pois caso haja necessidade, coloco-os imediatamente para ouvir o que estão
falando.
Os aparelhos mudam muito o som, por isso, precisaram ser regulados para
que eu pudesse me adaptar, mas isso ocorreu quase que de imediato, graças ao
trabalho da fonoaudióloga. Gostei muito, me acostumei e achei que estava ouvindo
bem logo no início. Não tive problemas com os aparelhos até hoje
e cuido muito bem
deles porque os considero peças importantes na minha vida. Quando estou sem os
aparelhos, sinto a sua falta e, pelo fato de serem muito sensíveis, o cuidado precisa
ser redobrado. Ainda pouco passei por isso. Sofri uma queda e precisei ser
hospitalizado, no entanto, um dos aparelhos resolveu apresentar defeito justamente
quando eu estava no hospital. A minha filha precisou chamar uma fonoaudióloga
34
que se disponibilizasse a ir ao hospital para tentar consertá-lo. Tudo foi feito de
imed
iato, o que foi positivo, pois não consigo passar muito tempo sem os aparelhos
auditivos.
Moro em uma região barulhenta da cidade de São Paulo; com isso, em alguns
momentos, não conseguia captar a conversa por causa do barulho que vinha de
fora, principalmente dos aviões que passam nas proximidades. Hoje, com os
aparelhos, os barulhos da rua não mais interferem. Eu viajo de avião com os
aparelhos e não acontece nada de errado, simplesmente porque estou
acostumado.
Sabe o que é a vida de um surdo e mudo? É justamente isso o que
acontece quando estou sem os meus aparelhos. Sinto-me um inútil, fico surdo!
Quando muitas pessoas conversavam ao meu lado, eu ficava indiferente, porque
não tinha como pedir para falarem mais baixo ou mais alto; já não os ouvia
.
Mas, me adaptei maravilhosamente bem e sinto-
me perfeito com eles!
Sempre fui uma pessoa correta e bastante disciplinada. Quando achei que
deveria usar os aparelhos auditivos, não me incomodei e os coloquei, sem pensar na
estética ou em que os outros pensariam a meu respeito. Ainda hoje, existem
curiosos que perguntam sobre os meus aparelhos. Acabo recomendando-os para
todas as pessoas, pois o bem que me fizeram foi grande demais!
35
4.7. Tânia
82 anos
(Nove anos de uso do AAS)
Meu nome é Tânia e tenho 82 anos de idade. Possivelmente, 10 anos eu
já apresentasse uma perda de audição, mas não tinha conhecimento.
Na época, eu morava com minha filha e minha neta. As duas chegavam em
casa e reclamavam do volume da televisão; era quando começava a discus
são
porque eu não percebia o volume excessivo. Durante uma conversa qualquer eu
pedia para que algumas partes da mensagem fossem repetidas, mas ambas nem
sempre colaboravam. Às vezes, quando repetiam, eu ainda assim não entendia o
que falavam. Não ouvir ou não entender são coisas bem diferentes e importantes,
mas as pessoas não compreendem!
Na época, eu tinha um médico geriatra muito bom e sempre me atendeu
muito atenciosamente. Conversei com ele e pedi para que me encaminhasse a um
médico otorrinolaringologista, que as minhas meninas diziam que eu precisava,
muito embora tivesse a certeza de que não apresentar nada de errado. O geriatra
estranhou, pois dentro de seu consultório, nunca havia percebido os meus
problemas de audição porque sempre nos entendemos bem. Nunca pedia para que
ele repetisse nossas conversas, porém conversávamos próximos um do outro.
Então, eu fui encaminhada diretamente para uma fonoaudióloga e foi com ela que
iniciei todo o processo. Ela me mostrou todo o despertar para a vida
nova!
Descobrimos que eu apresentava um déficit de 40 a 50% nos dois ouvidos e,
mesmo assim, eu vivia bem, achando que estava tudo em ordem. Fiz uma série de
exames, alguns minuciosos e demorados até a colocação dos aparelhos auditivos,
demorando aproxim
adamente quatro meses.
36
Quando eu os coloquei, fiquei assombrada. A coisa mais comovente! (choro).
Ao sair de casa, pude ouvir os passarinhos cantar. Era uma rua bastante arborizada,
mas eu não imaginava que havia passarinhos cantando. Eu ouvia as buzinas e
outros sons mais altos, mas nunca cheguei a ouvir os passarinhos. Mesmo nas
manhãs de trânsito intenso de veículos, eu ainda podia ouvi-los. Foi quando eu
realmente percebi que estava com a audição ruim. Colocar os aparelhos foi
impressionante! A emoção sentida é como se eu estivesse revivendo, um jeitinho de
recomeçar! Eu tinha a fonoaudióloga, a qual me ajudou muito, tendo paciência,
sendo alegre, me atendendo sempre muito bem. Sua capacidade é muito grande e,
assim, eu voltei a ouvir normalmente.
Eu toco piano, no entanto não ouvia as últimas notas antes de colocar os
aparelhos auditivos. Mesmo com a reclamação das minhas meninas e sem ouvir as
notas do piano, ainda assim eu não identificava o problema de audição. Achava que
era um defeito do meu piano. Chamei a pessoa que sempre o arruma para que ele
pudesse ver se estava tudo em ordem. Ao analisar o piano, ele disse que estava
tudo certo, que ele não apresentava defeito algum. Naquela hora, pensei que era ele
que não estava trabalhando corretamente como antes, ou seja, eu não percebia que
eu estava com problema e só fui percebê
-
lo após colocar os aparelhos auditivos.
Não demorou muito e eu estava ouvindo bem. No início, usei apenas um
aparelho. Nos primeiros dias, ele incomoda por ser muito pequeno para encaixar
corretamente no canal auditivo. Eu comecei bem e logo me acostumei com a
audição que tinha.
Com o passar do tempo, o meu aparelho ficou desatualizado e ao voltar à
fonoaudióloga, sentimos a necessidade de colocar um segundo aparelho. Passei
ent
ão, a usar os aparelhos auditivos nos dois ouvidos.
37
Os aparelhos possuem três funções diferentes, ou seja, quando apenas
converso com as pessoas, deixo-os em uma função e quando toco meu piano,
deixo
-
os em outra. No entanto, eu passei por um grande problem
a com os aparelhos
auditivos e o piano, pois por menor que fosse o volume com que que eu os
ajustasse, o som do piano ainda ficava muito alto. Eu morava em outra casa quando
usava apenas um aparelho, e nesta havia espaço para o som do piano amortecer,
pois
era um lugar grande. Mas aqui é menor e o som fica alto demais. Tento então,
tocá
-lo com a janela aberta e também pedi ao afinador para reduzir um pouco o
volume do piano. Dessa forma, melhorou muito, não sei como ficou para as
pessoas que me ouvem toc
ar do lado de fora!
Foi assim que as coisas aconteceram; pequenos ajustes e pequenos
conhecimentos para que as coisas possam ser melhores. Fiquei encantada com a
torcida das minhas meninas e agradecida pela sorte que tenho. Por tudo ter se
resolvido bem, c
oloquei
-me à disposição da fonoaudióloga para ajudar aqueles que
precisassem de mim. Certa vez ela ligou, pois uma pessoa gostaria de conversar
comigo sobre o aparelho auditivo. Cheguei também a ser entrevistada para um
jornal. Eu preciso fazer isso porque as pessoas não entendem ainda como o
aparelho auditivo nos beneficia. Eu me dispus a ajudar as pessoas que têm
problemas auditivos e, por isso, estou com você hoje. Para que você possa levar
essa mensagem a todas as pessoas que tenham problemas auditivos ou para
aquelas que ainda não sabem, para procurarem cuidados, pois a vida fica azul, cor
de rosa; caso contrário, é somente tristeza!
A vida é outra! Quando não ouvimos, ficamos sem poder participar,
conversamos apenas se a pessoa estiver muito perto e, mesmo assim, é difícil
quando várias pessoas conversando ao mesmo tempo. Isso não pode acontecer,
38
pois vamos nos afastando do mundo e o que realmente precisamos é de
convivência. Não chegou a acontecer comigo porque eu mesma não sabia que
estava sem ouvir direito e por não ter o costume de freqüentar festas. Se eu tivesse,
teria percebido melhor esse tipo de afastamento, porém sempre tive uma vida mais
restrita.
As mudanças em casa foram boas porque as minhas filhas perceberam que
eu realmente precisava dos aparelhos auditivos e elas não precisaram mais repetir,
diminuindo as causas das constantes brigas. É justamente isso que deve acontecer!
As pessoas que têm este problema de audição, precisam ser encaminhadas e
tratadas, mas algumas são teimosas e não q
uerem usar os aparelhos. Isso acontece
principalmente com os homens, por vaidade. Nós, mulheres, colocamos o cabelo na
frente da orelha para esconder os aparelhos, com os homens não á assim e
deixam de evoluir.
Foram realmente coisas boas na minha vida. Deve ser doloroso para as
pessoas que não têm recursos colocarem um aparelho auditivo; mesmo assim,
precisam procurar ajuda de um profissional. Acredito que seja uma obrigação, pois
estamos convivendo com os outros; afinal, temos família, filhos, netos e
amigos!
Hoje em dia eu tenho uma vida normal. Tive outros problemas de saúde os
quais não seriam tratados adequadamente sem o uso dos aparelhos, que com
eles consigo me comunicar melhor.
Sinto
-
me satisfeita e não apresento mais problemas de audição. Já
estou com
os aparelhos auditivos quase dez anos. Eu os coloco de manhã, mas quando
estou sozinha, às vezes, não os uso. A única pessoa que mora comigo é uma moça
que me acompanha, mas o tenho com quem conversar de manhã. O telefone eu
posso ouvir bem
sem precisar do aparelho.
39
No entanto, sou dependente dos meus aparelhos, por isso tenho cuidado
com as pilhas que uso. É como um carro que precisa de gasolina. Recordo-me que,
em 1998, iniciei um tratamento com acupuntura e durante as sessões, percebia q
ue
as pilhas dos aparelhos acabavam. No começo, achei que fosse algum tipo de
coincidência, mas aos poucos notei que eram as agulhas captavam a energia e
faziam com que meus aparelhos apitassem.
Vocês fonoaudiólogas são maravilhosas! É uma área muito boni
ta porque não
se trata de colocar o aparelho auditivo ou dizer uma simples palavra. Precisa haver a
bondade, a inteligência, o entendimento, a maneira de como cuidam de nós, isso
sim é muito importante. Não é apenas colocar o aparelho em nossos ouvidos, ma
s
são as pessoas que nos tratam e acertam. Eu ganhei a sorte grande! Conversando
com você, gostaria que soubesse disso, pois é uma pessoa jovem e ainda tem a
vida pela frente. A coisa mais linda é cuidar de alguém e depois essa pessoa dizer:
estou ouvindo (choro).
Assistir algum filme no cinema é muito interessante para mim. Não sei o
quanto afeta as outras pessoas, mas acho o cinema de hoje em dia muito alto e
antigamente não era assim. Eu não sei se é por causa dos meus aparelhos
auditivos, mas eu sinto diferença nesses filmes mais modernos e incrementados. O
moderno hoje é uma loucura e acho as próprias salas do cinema problemáticas. Por
isso, eu deixei de ir ao cinema.
Nunca deixei de fazer as coisas que gosto por causa de minha deficiência
auditiva,
até porque, antes de saber dela, eu continuava com a minha vida normal.
Os únicos problemas eram os atritos causados pela televisão alta quando a minha
filha e a minha neta moravam comigo.
40
A idade faz com que fiquemos sem saída, por isso, é preciso procurar ajuda
de quem entende do assunto para que tenhamos uma vida melhor. Não é porque
somos idosos que precisamos ficar de molho esperando o pior acontecer. Nós,
idosos, precisamos das fonoaudiólogas, de uma atenção especial porque perdemos
muito com a vida e com a idade, mas podemos recuperar enquanto estivermos
vivos!
41
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presente estudo foi analisar, por meio de história oral temática,
o impacto proporcionado pelo uso de Aparelhos de Amplificação Sonora (AAS) em
sete indivíduos idosos, com idades entre 62 e 82 anos, portadores de deficiência
auditiva neurossensorial, usuários destes sistemas.
Com o intuito de situar o leitor a respeito do universo no qual esta pesquisa se
insere, foi efetuada uma revisão de literatura, com ênfase no processo de
envelhecimento, na deficiência auditiva e suas implicações e no uso da amplificação
sonora.
Nesta revisão, foi constatado um aumento do número de estudos voltados à
população idosa, o que demonstrou o grande interesse e revelou a pr
eocupação
crescente dos profissionais da saúde com a qualidade de vida dessa população. O
Brasil não pode mais ser considerado um país de jovens (Kalache,1987; Néri,2000;
Albuquerque,2003; Sousa et al. 2003).
Os idosos necessitam de cuidados específicos por parte de profissionais
altamente preparados, que a sua inserção na sociedade tende a ser dificultada à
medida que a idade avança. Um obstáculo a essa inserção é a existência da
deficiência auditiva (presbiacusia), terceira causa de distúrbios que acometem o
idoso em nosso meio, a qual compromete o relacionamento social, isola e
estigmatiza esse idoso. O problema ainda se agiganta, tendo em vista que a
presbiacusia não possibilita o tratamento médico clínico ou cirúrgico, restando ao
idoso conformar-
se
com o uso de aparelhos de amplificação sonora, nem sempre
viável e aceito por razões econômicas, psicossociais e estéticas (Russo, 1988).
Eu ouço, mas não entendo é a queixa mais freqüente de idosos que
apresentam este tipo de perda auditiva, cujas con
seqüências podem comprometer
42
a sua qualidade de vida e comunicação, transformando-os em pessoas retraídas,
sem interesse, isoladas pela falta de comunicação com os outros. Para isso, a
adaptação do aparelho de amplificação sonora contribuirá para reduzir as
dificuldades auditivas e sociais desta população (Russo 1988; Signorini 1989)
Não ouvir ou não entender são coisas bem diferentes e importantes, mas as pessoas
não compreendem!
(Tânia)
Com a intenção de compreender melhor a deficiência auditiva do
idoso e suas
conseqüências, diversos estudos traduziram, adaptaram e utilizaram questionários
de auto-avaliação sobre a percepção do
handicap
auditivo
. Estes
instrumentos
abordam as possíveis dificuldades relacionadas à perda auditiva, vivenciadas nas
situ
ações de vida diária. Entretanto, embora eficiente, o uso destes instrumentos
mostrou
-se limitado, que dados subjetivos particulares mais aprofundados são
perdidos. Isto também se aplica ao o uso de instrumentos que avaliam o benefício e
a satisfação do
idoso com o uso de aparelhos de amplificação sonora.
Desse modo, o procedimento da história oral temática pode nos auxiliar na
obtenção de mais informação, a fim de que possamos melhor compreender as
implicações psicossociais da deficiência auditiva, trazendo nos a possibilidade de
identificar e solucionar os problemas nessas áreas, na medida em que são
verbalizados. Além disso, permite que o idoso fale livremente sobre sua vida,
valorizando os ganhos e reduzindo as perdas, pois ao falarmos em voz alta,
p
odemos tornar os nossos problemas passíveis de solução.
É uma excelente oportunidade para que ele possa compreender melhor as
suas limitações, valorizando, assim, o uso da amplificação sonora.
Alguns colaboradores desta pesquisa tiveram sua deficiência au
ditiva
descoberta, inicialmente, por algum membro da família ou amigos, em virtude das
43
críticas e discussões que as dificuldades auditivas geravam em seu ambiente.
Outros perceberam suas próprias dificuldades para compreender o que as pessoas
falavam e dec
idiram procurar pelo tratamento adequado.
Muitas vezes, os idosos deixam de procurar a ajuda de profissionais
capacitados por falta de conhecimento ou de informação sobre o assunto. Alguns
não notam suas dificuldades de comunicação e, em conseqüência, acabam se
isolando do convívio familiar e social, deixando de realizar as atividades que antes
davam prazer às suas vidas. Esse afastamento da sociedade gera outros
sentimentos que complicam ainda mais a relação com os outros interlocutores, como
raiva, frustração e dependência (Russo, 1999, 2004; Signorini, 1989; Kricos e
Lesner, 1885; Hull, 1999).
Todos os colaboradores da pesquisa demoraram pouco tempo para procurar
um profissional. Mesmo assim, após a realização dos exames audiométricos e a
constatação da
perda auditiva, alguns ainda relutaram em colocar os AAS.
A preocupação com a opinião dos outros e a vergonha foram aspectos
mencionados em mais de uma entrevista, como sendo um empecilho para a
colocação ou não aceitação do AAS, o que vai ao encontro das conclusões obtidas
por Russo (1888). Este é o denominado efeito do aparelho de amplificação sonora .
O idoso se sente mais velho por fazer uso de AAS, levando-o a deixar de usá-
los.
Podem comprá-los conforme solicitação, porém os AAS são deixados nas ga
vetas
por falta de orientação apropriada, por não terem tido boa adaptação ou
simplesmente por sentirem vergonha do que as pessoas poderão pensar. Ainda,
tentam usá-los dentro de casa ou somente nas situações de necessidade porque
muitos dos familiares insistem, que estes enfrentam grande dificuldade em
comunicar
-
se com eles.
44
Por isso, a participação da família é de extrema importância para minimizar as
conseqüências da deficiência auditiva, seja para a procura de um profissional, seja
durante o processo de adaptação do aparelho de amplificação sonora, inserido em
um programa de reabilitação amplo. Dessa forma, estariam melhor orientados e
aprenderiam novas estratégias para se comunicar com os idosos deficientes
auditivos, o que foi reforçado no estudo de
Lüders (1999).
Concordando com Almeida (2003), o fonoaudiólogo é o profissional
capacitado a ajudar os idosos deficientes auditivos a enfrentarem a sociedade após
o processo de adaptação, ajudando-os a minimizar os efeitos causados pelo uso do
aparelho de
amplificação sonora.
Alterações importantes aconteceram na vida dos colaboradores do presente
estudo, após a adaptação do AAS. Para a maioria deles, os AAS proporcionaram
melhora na qualidade de vida, levando-os a desfrutar novamente do convívio social.
Para Paulo e Antônio , a deficiência auditiva não os levou a este afastamento, ou
possivelmente, não o perceberam antes da colocação do AAS, assim como alguns
não notaram as dificuldades trazidas pela própria deficiência auditiva.
José relatou não ter tido uma boa adaptação durante os seis anos de uso
do AAS. No entanto, os outros apresentaram boa adaptação em tempo menor. Isso
nos faz pensar que o tempo não é um fator que determina a melhor adaptação em
um sujeito. Podemos acreditar, então, que outros fatores mais importantes impedem
alguns usuários de aceitar os AAS, o que concorda com Barboza (1990) ao relatar
que os idosos podem não conseguir se adaptar com os novos AAS, por estes
amplificarem muito os sons ambientais, o que atrapalha quem estava habituado a
ouvir com dificuldades.
45
O interesse em ouvir novamente o que é importante na vida, é característico
desses idosos, ou seja, não são os AAS ou somente o trabalho fonoaudiológico que
conseguirão fazer com que eles tenham melhor aceitação ou adaptação dos
aparelhos de amplificação sonora.
(José)
Os sons mais fortes produziam dor nos meus ouvidos, situações nas quais eu
abaixava o volume
(Paulo) Não é fácil se adaptar com os sons mais altos como muitas pessoas
conversando em um mesmo ambiente,
como barulho de talheres ou pratos .
A satisfação proporcionada pelo uso dos AAS envolve mais do que o seu
processo de adaptação. Envolve a emoção, as expectativas e o desejo diante do
que será novo na vida dessas pessoas, concordando com Almeida (2003).
Os idosos comentaram sobre as modificações que os aparelhos de
amplificação sonora trouxeram para a sua vida. Para alguns, ouvir o simples cantar
dos passarinhos e o som do relógio de parede foram suficientes para torná-
los
dependentes dos seus AAS. Foi surpreendente notar a emoção desses idosos ao
mencionarem os sons que não eram mais ouvidos. Sua emoção torna-se nossa,
pois somos nós, fonoaudiólogos, que tentamos devolver a estas pessoas uma forma
de serem reconhecidos, ouvidos e compreendidos pelos outros, por meio da
amplificação sonora e orientação. O respeito da família e dos amigos retorna quando
os idosos estão com os aparelhos de amplificação sonora, e é justamente esse
respeito que faz deles, pessoas mais felizes e sociáveis.
O impacto negativo proporcionado pelo uso dos aparelhos de amplificação
sonora tende a diminuir quando os idosos estão satisfeitos com o que voltam a ouvir
e com a vida que, aos poucos, volta a ser o que era antes da deficiência auditiva. A
população precisa estar ciente a respeito do que a deficiência auditiva representa e
46
deixar de tratar os idosos como deficientes mentais, abandonando-os por se
encontrarem em uma situação difícil. Precisamos estar atentos e dispostos a ajudar,
dando
-
lhes muita atenção, pois é disso que s
entem falta.
Diversos recursos tecnológicos estão hoje disponíveis para que os idosos
tenham melhor qualidade de vida. Além de médicos geriatras, tratamentos para
longevidade, tecnologias assistivas e legislação pertinente, os idosos conquistaram
o seu espaço na sociedade. Não devem ser tratados como incapazes, sendo
abandonados ou rejeitados, apenas por estarem mais velhos.
O idoso tem o direito de viver com dignidade e envelhecer com ela,
desfrutando dos bons momentos que ainda podem fazer parte das suas vidas e,
preferencialmente, próximo dos familiares e pessoas que o respeitem e saibam dar
carinho.
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120.
Sieg D. Qualidade de vida em idosos com perda auditiva, em um serviço público de
saúde: uma análise fonoaudiológica [dissertação]. o Paulo: Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo; 2002.
Signorini TLB. A deficiência auditiva do idoso e a implicação na comunicação.
[dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo; 1989.
Silva AS, Venites JP, Bilton TL. A relação entre o uso de A.A.S.I. e a melhora da
função cognitiva no envelhecimento. Distúrbios de Comunicação. São Paulo;
dezembro, 2002; 14 (1): 63
-
89.
53
Silva PAV. Estudo do grau de satisfação de indivíduos idosos deficientes auditivos
usuários de prótese auditiva. [Monografia]. São Paulo: CEDIAU; 2003.
Silveira KMM. A percepção da deficiência auditiva em grupos de idosos
institucionalizados da cidade de Franca. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo, 1997.
Sousa L, Galante H, Figueiredo D. Qualidade de vida e bem-estar dos idosos: um
estudo exploratório na população portuguesa. Revista Saúde Pública. São Paulo,
Junho, 2003; 37(03): 364
-
71.
Veiga LR, Merlo ARC, Mengue SS. Satisfação com a prótese auditiva na vida diária
em usuários do Sistema de Saúde do Exército. Revista Brasileira de
Otorrinolaringológica. São Paulo. J
an/Fev, 2005; 71 (1); 67
-
73.
Wieselberg MB. A auto-avaliação do handicap em idosos portadores de deficiência
auditiva: o uso do H.H.I.E. [dissertação]. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica
de São Paulo;1997.
54
ANEXOS
Anexo 1
55
Anexo 2
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
Nome do participante: ______________________________Data: __/___/___
Pesquisadora:
Aloha Lutfi. PUC
-
SP
Endereço: Rua Professor Fernando de Azevedo, 116
Bairro Parque Continental
São Paulo/SP: CEP: 05326
-
000 Tel (11) 3768
-
4986, Cel (11) 8383
-
8121.
Orientadora: Profa. Dra. Iêda Chaves Pacheco Russo. PUC
-
SP
O Sr (a) está sendo convidado (a) a participar da pesquisa que se intitula
Deficiência auditiva em idosos: relatos orais sobre o impacto proporcionado pelo
uso do Aparelho de Amplificação Sonora .
O objetivo deste estudo é analisar subjetivamente, por meio de relatos orais, a
qualidade de vida da população idosa, assim como a satisfação proporcionada p
elo
uso de aparelho de amplificação sonora.
Para tanto, o (a) Sr. (a) se submeterá a uma entrevista com duração média de 30
minutos. Caso o (a) Sr. (a) esteja cansado(a) a entrevista poderá ser interrompida ou
adiada. O Sr. (a) será comunicado, via correio ou telefone (a), quando os resultados
do trabalho estiverem concluídos.
Não existem benefícios diretos para o sujeito deste estudo. Entretanto os
resultados podem ajudar os pesquisadores a entender melhor o grau de satisfação
proporcionado pelo uso do
aparelho de amplificação sonora.
Não existem riscos ou desconfortos associados com este projeto.
Fica claro que sua participação é voluntária, não sendo obrigado a realizar a
entrevista se não quiser, mesmo que tenha assinado o consentimento para
parti
cipação. Se desejar, poderá retira-lo a qualquer momento e isto não trará
nenhum prejuízo ao seu atendimento.
A pesquisadora não pagará nenhum valor em dinheiro ou qualquer outro bem
pela sua participação, assim como o (a) (Sr a) não terá nenhum custo adic
ional.
Os seus dados serão mantidos em sigilo e serão analisados em conjunto com
os de outros pacientes e não serão divulgados isoladamente. O (a) Sr (a) poderá
56
esclarecer suas dúvidas durante toda a pesquisa com a fonoaudióloga Aloha Lutfi,
nos telefones
(11) 3768
-
4986/ 8383
-
8121
Eu, como pesquisadora responsável, comprometo-me a utilizar os dados
coletados somente para esta pesquisa.
Acredito ter sido suficientemente informado (a) a respeito do que li ou do que
foi lido para mim, descrevendo o estudo Deficiência auditiva em indivíduos idosos:
relatos orais sobre as satisfações proporcionadas pelo uso do Aparelho de
Amplificação Sonora .
Eu discuti com o fonoaudiólogo Aloha Lutfi a minha decisão em participar do
estudo. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os
procedimentos a serem realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de
confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que
minha participação é isenta de despesas. Concordo voluntariamente em partic
ipar
deste estudo e poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou
durante o mesmo, sem penalidades ou prejuízo, ou perda de qualquer benefício que
eu possa ter adquirido, ou no meu atendimento neste serviço.
____________________________
________ _____/_____/_____
Assinatura do participante Data
____________________________________ ______/______/_____
Assinatura da testemunha
Data
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e
Esclarecido deste paciente para a participação neste estudo.
____________________________________ ____/_____/_____
Assina
tura do responsável pelo estudo Data
57
Anexo 3
Guia da Entrevista
1.
Conte
-me tudo o que o Sr. (a) se lembre sobre a sua perda de audição
(quando, como, o que foi feito etc.) e também sobre os procedimentos pelos
quais o Sr. (
a) passou até colocar o aparelho de amplificação.
2.
Conte
-me quais as modificações que o Sr. (a) observou depois de colocar do
aparelho de amplificação. Foram mudanças boas ou ruins e por quê?.
3.
Quais as diferenças observadas com e sem o aparelho de amplific
ação,
conte
-me um pouco sobre a sua satisfação ou não com o uso do seu
aparelho.
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