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COMPORTAMENTO DE LINERS SOB A INFLUÊNCIA DE
UM CONTAMINANTE ORGÂNICO
Augusta Brenner dos Santos
Porto Alegre
Abril, 2005.
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AUGUSTA BRENNER DOS SANTOS
COMPORTAMENTO DE LINERS SOB A INFLUÊNCIA DE
UM CONTAMINANTE ORGÂNICO
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em
Engenharia na modalidade Acadêmico.
Porto Alegre
Abril, 2005.
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Santos, Augusta B.
Título: Comportamento de Liners sob a Influência de
um Contaminante Orgânico/ Augusta Brenner dos
Santos Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
n p.
Comportamento de Liners sob a Influência de
Contaminante, Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul; Mestre. Orientador: Consoli, Nilo;
Heineck, Karla Orientador.
1. Assunto I. Condutividade Hidráulica.
CCAA2
AUGUSTA BRENNER DOS SANTOS
COMPORTAMENTO DE LINERS SOB A INFLUÊNCIA DE
UM CONTAMINANTE ORGÂNICO
Esta dissertação de mestrado foi julgada adequada para a obtenção do título de MESTRE EM
ENGENHARIA e aprovada em sua forma final pelos professores orientadores e pelo
Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do
Sul.
Porto Alegre, abril de 2005.
Prof. Nilo César Consoli,
Ph. D. pela Concordia University, Canada
Orientador
Prof. Karla Salvagni Heineck,
D.Sc. pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Orientadora
Prof. Américo Campos Filho
Coordenador do PPGEC/UFRGS
BANCA EXAMINADORA
Prof. Fernando Schnaid
Ph.D. University of Oxford-Inglaterra
Prof. Juan Antonio Altamirano Flores
D.Sc. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, D.Sc. Université de Poitiers, França
Prof. Gilliane Christine Sills
Ph.D. pela University London
Dedico este trabalho a minha mãe Marlene pelo apoio
durante o período de seu desenvolvimento.
AGRADECIMENTOS
Para a realização desta dissertação, diversas pessoas e instituições foram importantes. Eis a
forma que encontrei para prestar meu reconhecimento, agradeço:
A minha mãe por toda a força dada durante o mestrado.
Aos meus orientadores Nilo César Consoli e Karla Salvagni Heineck pelos ensinamentos,
dedicação, confiança prestada e pelos constantes incentivos.
Ao bolsista de iniciação científica Carlos Emmanuel Ribeiro Lautenschläger pelo apoio e
dedicação.
À Refinaria Alberto Pasqualini REFAP S.A., a qual forneceu amostras de combustível para o
desenvolvimento da pesquisa.
Ao professor Juan Flores pelo apoio dado nos ensaios de difração de raios x.
Aos funcionários João Nelson Diniz pelo apoio, pelas dicas.
Aos colegas mestrandos e doutorandos, especialmente Rodrigo Montemezzo, Rodrigo
Caberlon, Alexandre Knop e Rosemar Lemos.
Há muitas maneiras de avançar, mas só uma maneira de
ficar parado.
Franklin D. Roosevelt
I
RESUMO
SANTOS, A.B. Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante
Orgânico. 2005. Dissertação (Mestrado em Geotecnia) Programa de Pós-Graduação em
Engenharia, UFRGS, Porto Alegre.
O presente trabalho tem como objetivo investigar o comportamento hidráulico e mecânico de
misturas de Solo-Bentonita (SB) e de Solo-Cimento-Bentonita (SCB) quando permeada com
água e óleo diesel, bem como analisar a influência da variação do teor de cimento com a
finalidade de propiciar resultados capazes de auxiliar para um projeto construtivo de barreiras
verticais de contaminantes. O programa experimental consistiu na realização de ensaios de
compressão não-confinada, ensaios de condutividade hidráulica com um permeâmetro de
parede rígida do tipo Compaction mold e ensaios de difração de raios-X a fim de se estudar o
comportamento das misturas de SB e SCB em termos de resistência e permeabilidade. Os
resultados dos ensaios realizados para cada tipo de mistura foram analisados separadamente.
A análise dos resultados permitiu identificar as alterações provocadas na condutividade
hidráulica pela variação do fator a/c e do líquido percolante. Os resultados dos ensaios de
compressão não-confinada demonstraram uma maior resistência com a diminuição do fator
a/c. A mistura de SB apresentou um aumento da condutividade hidráulica quando permeada
com óleo diesel comparado com o valor encontrado quando permeado com água, o que pode
ser explicado pelo inchamento intracristalino demonstrado pelo ensaio de difração de raios-X.
As amostras de SCB, devido à introdução de cimento, apresentaram um acréscimo inicial na
condutividade hidráulica (permeadas com água) quando comparadas com amostras de SB,
seguidas de uma redução na condutividade hidráulica quando permeadas com óleo diesel.
Palavras-chave: condutividade hidráulica, contaminante orgânico, bentonita, montmorilonita,
solo residual, cimento
II
ABSTRACT
SANTOS, A.B. Behavior Of Liners Under The Influence Of An Organic Contaminant.
2005. (M.Sc. Thesis in Engineering) Graduate Course in Civil Engineering, UFRGS, Porto
Alegre.
Behavior Of Liners Under The Influence Of An Organic Contaminant
The objective of this work is to study the mechanical and hydraulic behavior of soil-cement-
bentonite (SCB) and soil-bentonite (SB) mixes when permeated with water and diesel oil, as
well as to investigate the influence of cement content with the purpose of providing results
capable of helping the design of vertical cutoff walls. Unconfined compression tests,
hydraulic conductivity test with a compaction mold permeameter and X-ray diffraction tests
were carried out in order to study the SCB and SB mixes behavior in unconfined strength and
hydraulic conductivity terms. The analysis of the results allowed to identify changes in
hydraulic conductivity due to the variation of the water-cement ratio and permeant fluid. The
results of the unconfined compression tests demonstrated that the samples with water-cement
ratio = 2 reached higher shear strengths than the other samples with water-cement ratio = 4
and 6. The SB mixes presented an increase of the hydraulic conductivity when permeated
with diesel oil when compared with the same samples permeated with water, which can be
explained by the intracrystalline swelling, demonstrated by the X-ray diffraction test. The
SCB mixes, due to the introduction of cement, have an initial increase in hydraulic
conductivity (permeated with water), when compared with SB mix, followed by a reduction
of the hydraulic conductivity when diesel oil is permeated.
Key words: hydraulic conductivity, organic contaminant, bentonite, montmorilonite, residual
soil, cement.
III
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
1.1 PROBLEMA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA.....................................................................................................1
1.2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................................................1
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO....................................................................................................................2
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................................3
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ....................................................................................................................................3
2.2 SLURRY WALLS .............................................................................................................................................................3
2.2.1 Barreiras de Solo-Bentonita..................................................................................................................................4
2.2.2 Barreiras de Solo-Cimento-Bentonita..................................................................................................................7
2.3 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM SOLOS ...................................................................................................9
2.3.1 Condutividade hidráulica em meios saturados e a Lei de Darcy....................................................................9
2.3.2 Fatores que interferem na condutividade hidráulica .......................................................................................11
2.4 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO POROSO...........................................................................................................12
2.5 CONTAMINANTE......................................................................................................................................................19
2.6 PERMEÂMETRO DE PAREDE RÍGIDA X PERMEÂMETRO DE PAREDE FLEXÍVEL .......................19
2.7 FLUÍDOS ORGÂNICOS E SUA INTERAÇÃO COM O SOLO .......................................................................21
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL......................................................................................23
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................................23
3.2 ENSAIOS PRELIMINARES DE CARACTERIZAÇÃO.....................................................................................23
3.2.1 Caracterização dos Materiais ..............................................................................................................................23
3.3 DEFINIÇÃO DA DOSAGEM DOS MATERIAIS NAS MISTURAS..............................................................24
3.4 MATERIAIS UTILIZADOS NA PESQUISA ........................................................................................................24
3.4.1 Solo..........................................................................................................................................................................25
3.4.2 Bentonita.................................................................................................................................................................29
3.4.3 Cimento...................................................................................................................................................................30
3.4.4 Água........................................................................................................................................................................31
3.4.5 Óleo Diesel.............................................................................................................................................................32
3.5 MÉTODOS UTILIZADOS.........................................................................................................................................32
3.5.1 Coleta e preparação dos materiais ......................................................................................................................33
3.5.2 Preparação dos corpos de prova.........................................................................................................................33
3.5.3 Ensaios de Caracterização...................................................................................................................................34
3.5.4 Ensaios de Compressão não-confinada.............................................................................................................34
3.5.5 Ensaios de Condutividade Hidráulica................................................................................................................35
3.5.6 Análise por Difração de Raios X........................................................................................................................38
4 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISES ........................................................................39
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................................39
4.2 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO NÃO CONFINADA..........................................................39
IV
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
4.3 ENSAIOS DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA SEGUNDO A NORMA ASTM D5856 ......................40
4.3.1 Resultados da amostra Solo-Bentonita (SB)....................................................................................................40
4.3.2 Resultados da amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) com fator água-cimento 2..................................43
4.3.3 Resultados da amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) com fator água-cimento 4..................................46
4.3.4 Resultados da amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) com fator água-cimento 6..................................50
4.2.5 Resultados globais.................................................................................................................................................53
4.4 ANÁLISES POR DIFRAÇÃO DE RAIOS X.........................................................................................................55
4.4.1 Resultado da análise de Difração de Raios X - Amostra natural..................................................................56
4.4.2 Resultado da análise de Difração de Raios X da amostra tratada com Etileno Glicol..............................57
4.4.3 Resultado da análise de Difração de Raios X da amostra Calcinada...........................................................57
4.4.3 Resultado da análise de Difração de Raios X da amostra de Bentonita Saturada com Óleo Diesel.......58
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES .......................................................................................60
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS ..................................................................................................................................60
5.2 MONTAGEM DO EQUIPAMENTO.......................................................................................................................60
5.3 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA ........................................................................................................................60
5.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS...................................................................................................61
REFERÊNCIAS......................................................................................................................62
V
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1: Formação do filter cake: (a) deposição das partículas coloidais nos vazios do solo;
(b) filtração da lama por diferença de pressões; (c) formação do filme protetor ao longo da
face da escavação (Fonte: Xanthakos, 1979)..............................................................................5
Figura 2.2 Lançamento da mistura de Solo-Cimento-Bentonita para dentro da trincheira
(Fonte: Ryan e Day, 2002)..........................................................................................................7
Figura 2.3 Lâminas de uma montmorilonita..........................................................................14
(Fonte: Site:www.systemmud.com.br) .....................................................................................14
Figura 2.4 Comparação do inchamento de uma montmorilonita cálcica e sódica (Fonte:
Site:www.systemmud.com.br)..................................................................................................15
Figura 2.5 Comparação entre estruturas das argilas ..............................................................16
(Fonte: Site:www.systemmud.com.br) .....................................................................................16
Figura 3.1 - Mapa da localização da Vila Scharlau (Thomé, 1999). ........................................25
Figura 3.2 Jazida de arenito Botucatu na localidade de Vila Scharlau (Caberlon, 2004). ....26
Figura 3.3 Curva granulométrica do SRAB (Heineck, 2002). ..............................................28
Figura 3.4 Curva de compactação do SRAB (Knop, 2003). .................................................28
Figura 3.5 - Distribuição Granulométrica da Bentonita Sódica ...............................................30
Figura 3.6 Vista geral dos permeâmetros instalados em uma capela de exaustão de gases ..35
Figura 3.7 Permeâmetro Detalhe dos cilindros - (1), do cilindro que contém o líquido
permeante (2) e do tubo graduado para a leitura da vazão (3)..................................................36
Figura 3.8 Esquema do Permeâmetro....................................................................................37
Figura 4.1 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra Solo-Bentonita permeada
com água ...................................................................................................................................41
Figura 4.2 Resultado do Vp/Vv x Tempo na amostra Solo-Bentonita permeada com água .41
Figura 4.3 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra Solo-Bentonita permeada
com óleo diesel.........................................................................................................................42
Figura 4.4 Resultado do Vp/Vv x Tempo na amostra Solo-Bentonita permeada com óleo
diesel.........................................................................................................................................43
Figura 4.5 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator a/c =2
permeado com água ..................................................................................................................44
Figura 4.6 Resultado do Vp/Vv x Tempo na amostra SCB fator a/c=2 permeada com água45
Figura 4.7 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator a/c =2
permeada com óleo diesel.........................................................................................................45
VI
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
Figura 4.8 Resultado do Vp/Vv x Tempo na amostra SCB fator a/c=2 permeada com óleo
diesel.........................................................................................................................................46
Figura 4.9 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator a/c =4
permeada com água ..................................................................................................................47
Figura 4.10 Resultado Vp/Vv x Tempo na amostra SCB fator a/c=4 permeada com água ..48
Figura 4.11 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator a/c =4
permeada com óleo diesel.........................................................................................................49
Figura 4.12 Resultado do Vp/Vv x Tempo na amostra SCB fator a/c=4 permeada com óleo
diesel.........................................................................................................................................49
Figura 4.13 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator a/c =6
permeada com água ..................................................................................................................50
Figura 4.14 Resultado Vp/Vv x Tempo na amostra SCB fator a/c=6 permeada com água ..51
Figura 4.15 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator a/c =6
permeada com óleo diesel.........................................................................................................52
Figura 4.16 Resultado do volume de entrada e saída na amostra SCB fator a/c=6 permeada
com óleo diesel.........................................................................................................................52
Figura 4.17 Resultado da condutividade hidráulica para a água ...........................................54
Figura 4.18 – Resultado da condutividade hidráulica para óleo diesel....................................55
Figura 4.20 - Difratograma de Raios X. Amostra natural........................................................56
Figura 4.21 - Difratograma de Raios X. Amostra tratada com etileno glicol...........................57
Figura 4.22 - Difratograma de Raios X da bentonita calcinada ...............................................58
Figura 4.23 - Difratograma de Raios X. Amostra de bentonita saturada com óleo diesel. ......59
VII
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 Dosagem de materiais aplicados em misturas de Solo-Cimento-Bentonita..........8
Tabela 2.2 Classificação das Argilas .....................................................................................13
Tabela 3.1 Dosagem dos Materiais........................................................................................24
Tabela 3.1 Índices Físicos do SRAB.....................................................................................27
Tabela 3.2 - Índices Físicos da Bentonita Sódica .....................................................................30
Tabela 3.3 Teor de componentes do cimento Portland (% em massa) (ABCP, 2003)..........31
Tabela 3.4 Características físicas e mecânicas do cimento CP V ARI (Feuerharmel, 2000)
..................................................................................................................................................31
Tabela 3.5 Informações sobre óleo diesel (REFAP, 2003) ...................................................32
Tabela 4.1 Resultados do programa de ensaios de compressão não-confinada ....................39
Tabela 4.2 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Bentonita (SB)...........................40
Tabela 4.3 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) fator
a/c=2 .........................................................................................................................................43
Tabela 4.4 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) fator
a/c=4 .........................................................................................................................................46
Tabela 4.5 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) fator
a/c=6 .........................................................................................................................................50
Tabela 4.6 Resumo dos resultados.........................................................................................53
VIII
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
SIGLAS E SÍMBOLOS
A: Área da seção transversal
ABCP: Associação Brasileira de Cimento Portland
ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas.
ARI: Alta resistência inicial
C
u
: Coeficiente de Uniformidade
D: Constante Dielétrica
D
10
: Diâmetro efetivo
D
50
: Diâmetro Médio
DECIV: Departamento de Engenharia Civil
h: Variação de altura entre dois pontos
s: Variação de distância entre dois pontos
H
: Gradiente da carga hidráulica no espaço tridimensional
g: Aceleração da gravidade
γ
d
: Densidade máxima
γ
0
: Massa específica da água
γ
s
: Densidade Real dos Grãos
i: Gradiente hidráulico
IP: Índice de Plasticidade
k: Coeficiente de condutividade hidráulica
LC: Limite de Contração
LL: Limite de Liquidez
LP: Limite de Plasticidade
p: Pressão piezométrica
PPGEC: Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil
Q: Vazão
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
16
REFAP: Refinaria Alberto Pasqualini S. A.
RS: Rio Grande do Sul
SB: Solo-Bentonita
SCB: Solo-Cimento-Bentonita
SRAB: Solo residual de arenito Botucatu
UFRGS: Universidade Federal do Rio Grande do Sul
v: Velocidade de percolação
ω
ot
: Umidade ótima
z: Cota do ponto
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMA E RELEVÂNCIA DA PESQUISA
Normalmente os solos com altos teores de argila apresentam baixos valores de condutividade
hidráulica. Devido a essa característica as misturas de Solo-Bentonita (SB) e Solo-Cimento-
Bentonita (SCB) vem sendo cada vez mais utilizadas nos últimos anos como uma forma de
barreira vertical de contenção de contaminantes, sendo que sistemas de barreiras verticais
utilizando estes materiais apresentam uma maior rapidez construtiva e um menor custo que
outros processos construtivos consagrados.
Este sistema de barreiras recebe a denominação de Slurry Walls e consiste numa matriz de
solo e bentonita, com ou sem a presença do cimento Portland. Deve, contudo, apresentar uma
umidade suficiente para manter a mistura com baixa consistência para possibilitar seu
escoamento dentro da barreira.
As barreiras verticais de contenção têm a finalidade de evitar a contaminação do lençol
freático ou de áreas específicas através de seu confinamento, de tal forma que impeça o
contato com as plumas de contaminantes encontradas no solo, sendo que estas plumas podem
ser geradas de várias maneiras: vazamento de tanques de combustível, rompimento de canos,
despejo de produtos químicos inadequados, etc. Desta forma esta pesquisa se propõe a
analisar o comportamento hidráulico do compósito Solo-Bentonita e Solo-Cimento-Bentonita
quando permeado com óleo diesel encontrado no comércio brasileiro, simulando o
comportamento do liner quando em contato com um contaminante orgânico.
1.2. OBJETIVOS
Esta pesquisa tem como objetivo verificar o comportamento hidráulico e mecânico de
misturas de Solo-Bentonita e solo-cimentobentonita com a finalidade de propiciar resultados
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
2
capazes de auxiliar um projeto construtivo de barreiras verticais de contenção de
contaminantes utilizando estes materiais.
A partir do objetivo geral os seguintes objetivos específicos foram estabelecidos:
a) Analisar o comportamento mecânico das misturas Solo-Bentonita e Solo-
Cimento-Bentonita, avaliando o ganho de resistência mecânica com diferentes
fatores água-cimento (a/c);
b) Estudar o comportamento hidráulico das misturas quando percolados com água
e contaminante;
c) Comparar o comportamento das misturas com cimento (Solo-Cimento-
Bentonita) e sem cimento (Solo-Bentonita).
1.3 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Para apresentação da dissertação, optou-se pela seguinte estrutura:
a) Capítulo 1: Apresenta-se a introdução, onde constam os problemas e a
relevância da pesquisa, bem como os objetivos desta pesquisa;
b) Capítulo 2: Revisão bibliográfica dos principais assuntos referentes a esta
pesquisa, priorizando trabalhos científicos que pudessem fornecer subsídios
para o desenvolvimento de um programa experimental adequado à pesquisa
proposta;
c) Capítulo 3: É apresentada a etapa de laboratório com uma descrição detalhada
do programa experimental, consistindo na exposição e caracterização dos
materiais, métodos, equipamentos utilizados e detalhes acerca da preparação
dos corpos de prova;
d) Capítulo 4: São apresentados os resultados obtidos, bem como são feitas as
análises e estabelecidas discussões dos ensaios de laboratório, buscando o
entendimento das características mecânicas e hidráulicas das misturas de Solo-
Cimento-Bentonita, assim como a influência do líquido percolante no
comportamento da mistura;
e) Capítulo 5: As conclusões do trabalho são apresentadas e feitas sugestões para
as próximas pesquisas.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
3
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste capítulo é apresentado uma revisão bibliográfica das barreiras tipo Slurry Walls,
seguido de uma revisão sobre condutividade hidráulica de solos saturados, caracterização do
meio poroso e do contaminante, interação solo-contaminante e finalmente uma revisão sobre
os tipos de permeâmetros mais utilizados.
2.2 SLURRY WALLS
As barreiras verticais de contenção, conhecidas como Slurry Walls, consistem em uma
escavação em forma de trincheira, normalmente com 0,60 a 1,50 m de largura (D’Appolonia,
1980), em que as paredes da escavação são suportadas por uma “lama de bentonita”, que
posteriormente enrijece dentro do trecho ou é substituída por um material geotécnico (solo).
Este sistema vem, nos últimos anos, substituindo outros processos construtivos consagrados
de barreiras de contenção, como por exemplo: estacas-pranchas, paredes diafragma entre
outros, principalmente pela sua maior rapidez construtiva e ao seu menor custo (Xanthakos,
1979).
Op. cit. menciona que geralmente estas trincheiras são preenchidas com Solo-Bentonita ou
Solo-Cimento-Bentonita, e passam a constituir uma barreira de materiais misturados por
equipamentos móveis, que acompanham o ritmo da escavação. Entre eles pode-se citar as
retro-escavadeiras e as carregadeiras de esteiras. Esta é a principal razão para a alta
produtividade e diminuição dos custos das barreiras tipo Slurry Walls.
As barreiras podem ser classificadas da seguinte forma segundo op. cit.:
a) De acordo com o material de preenchimento (backfill) da trincheira, elas podem
ser classificadas como Solo-Bentonita, Cimento-Bentonita e Solo-Cimento-
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
4
Bentonita, sendo tratada nesta revisão apenas as barreiras de Solo-Bentonita e
Solo-Cimento-Bentonita, que são alvo desta pesquisa;
b) Dependendo da estratigrafia do subsolo, elas podem ser cravadas em um
substrato ou suspensas;
c) Podem ter função estrutural, de acordo com as condições da morfologia e da
estratigrafia do local;
d) Dependendo das condições do local, elas podem estar, ou não, em um ambiente
agressivo;
e) E ainda, podem ser abertas ou fechadas, dependendo da geometria.
Outra forma de liner muito utilizado, conforme Broderick e Daniel (1990), é a argila
compactada. Broderick e Daniel (1990) enfatizam dois tipos de argilas compactados usados,
um deles através de misturas com aditivos e outro é a estabilização mecânica:
a) Na mistura com aditivos espera-se estabilizar o solo por cimentação das
partículas de argila, aumentando a resistência do solo e pelo fechamento parcial
dos poros da massa de solo, esperando-se fazer o solo resistir por reorientação
das partículas (floculação e quebra por encolhimento) e assim eliminar os
efeitos adversos da permeação com químicos orgânicos;
b) A estabilização mecânica, usando uma grande energia de compactação (Proctor
modificado) ou aplicando uma tensão de compressão maior ou igual a 70 kPa
(10 psi), é utilizada para tornar uma argila compactada invulnerável ao ataque
de químicos orgânicos. Um aumento da resistência proporcionado pela
alteração estrutural do solo pode também ser obtido mecanicamente,
densificando a massa de solo, promovendo a reorientação das partículas e
evitando a quebra das partículas.
2.2.1 Barreiras de Solo-Bentonita
Este tipo de barreira começou a ser utilizada, com o passar do tempo, para o controle das
infiltrações nas escavações (fundações, aterros) e, principalmente, para evitar as infiltrações
de poluentes carregados através do lençol freático contaminado (Ryan e Day, 2002).
O primeiro passo depois de aberta a barreira é lançar a lama bentonítica, que por diferença de
pressão penetrará nos vazios do solo adjacente. Neste processo se formará o filter cake, que é
uma fina camada que se forma na interface da lama e do solo, sendo que esta camada se dá
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
5
pelo acúmulo nos poros das partículas do solo adjacente de grupos de partículas sólidas,
denominados colóides.
Após alguns segundos, o filter cake é coberto por uma fina camada de bentonita, também
chamada de filme protetor. O processo é ilustrado na Figura 2.1. Nesse estágio, a barreira está
impermeável e oferece completa resistência a penetração de líquidos. A pressão lateral
exercida pela lama bentonítica no trecho age contra o filter cake estabilizando as paredes da
escavação, evitando assim, o seu colapso (Xanthakos, 1979).
A lama bentonítica é mantida, durante toda a escavação, pelo menos 60 cm acima do nível
d’água dentro do solo e, no máximo, 90 cm abaixo do nível da superfície.
Figura 2.1: Formação do filter cake: (a) deposição das partículas
coloidais nos vazios do solo; (b) filtração da lama por diferença de
pressões; (c) formação do filme protetor ao longo da face da
escavação (Fonte: Xanthakos, 1979).
O backfill, ou material de preenchimento, apresenta uma composição de acordo com as
necessidades de projeto, sendo que nesta mistura, a bentonita sempre está incluída. Para
Xanthakos (1979), a bentonita contribui para uma granulação adequada do material, o que,
por sua vez, esta relacionada com a condutividade hidráulica do material de preenchimento.
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
6
Segundo D’Appolonia (1980) se o material de preenchimento apresentar uma alta
condutividade hidráulica, então a condutividade hidráulica da barreira Solo-Bentonita é
função do filter cake. Já, por outro lado, se a condutividade hidráulica do backfill for baixa,
então a condutividade hidráulica da barreira é uma função do material de preenchimento.
A granulometria do solo utilizado na mistura é outro fator muito importante na condutividade
hidráulica do material de preenchimento como um todo, sendo que quanto menor a
condutividade hidráulica no solo, menor será a condutividade hidráulica da mistura de Solo-
Bentonita. Desta forma, solos com maior porcentagem de finos plásticos na sua granulometria
irão apresentar menores valores de condutividade hidráulica se comparados a materiais de
maior diâmetro e não-plásticos (Xanthakos, 1979; D’Appolonia, 1980).
O material de preenchimento deve ser uma pasta saturada tendo baixa resistência ao
cisalhamento para ser capaz de escoar facilmente, mas ao mesmo tempo ter rigidez suficiente
para permanecer estável numa declividade de 10:1. Esta consistência corresponde a um slump
de 10 a 15 cm e uma quantidade de água na mistura de Solo-Bentonita normalmente entre 25
a 30% em relação ao peso total (D’Appolonia, 1980).
Para se obter uma baixa condutividade hidráulica em barreiras de Solo-Bentonita é essencial a
aplicação de uma grande quantidade de finos com características plásticas na sua
granulometria, mas ao mesmo tempo a inserção desse material irá gerar uma alta
compressibilidade. Uma combinação ótima para se gerar um material de baixa condutividade
hidráulica e compressibilidade consiste de uma matriz granular cujos vazios gerados serão
preenchidos por solos de grãos finos e bentonita. D’Appolonia (1980), por exemplo, sugere a
combinação de uma areia com 20 a 30% de materiais finos (partículas de solo que passam
pela abertura da peneira de nº200) de características plásticas.
As amostras de Solo-Bentonita apresentam valores de condutividade hidráulica inferiores às
das misturas de Solo-Cimento-Bentonita (Azambuja, 2004).
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
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2.2.2 Barreiras de Solo-Cimento-Bentonita
As barreiras de Solo-Cimento-Bentonita (SCB) são construídas da mesma forma que as
barreiras de Solo-Bentonita, porém são mais rasas normalmente apresentando uma
profundidade inferior a 15m (Ryan e Day, 2002), sendo que isto depende do tipo do solo no
local.
A mistura da lama de SCB é bastante difícil de ser realizada, devido à adição do cimento,
devendo ser misturada até atingir uma forma homogênea.
Para Xanthakos (1979), a bentonita serve como sustentação para as partículas de cimento,
evitando a segregação da lama.
Este processo é conhecido como sendo de execução em duas etapas. A primeira etapa consiste
da escavação do trecho e a outra é o enchimento da trincheira, conforme ilustra a Figura 2.2
(Ryan e Day, 2002).
Figura 2.2 Lançamento da mistura de Solo-Cimento-Bentonita para
dentro da trincheira (Fonte: Ryan e Day, 2002).
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Segundo Ryan e Day (2002) as dosagens usuais são as seguintes, conforme a Tabela 2.1:
Tabela 2.1 Dosagem de materiais aplicados em misturas de Solo-
Cimento-Bentonita
Materiais Quantidades (%)*
Bentonita 2 - 3
Cimento 10 - 20
Solo e Água A determinar
(Fonte: Ryan e Day, 2002).
* Percentual calculado em relação ao peso total da mistura
Conforme Broderick e Daniel (1990) a adição de cimento Portland melhora a resistência
química do solo ao ataque de químicos orgânicos. Podendo, em alguns casos, a condutividade
hidráulica do solo estabilizado com cimento e permeado com químicos orgânicos ser menor
que a condutividade hidráulica do solo não estabilizado e permeado com água.
A condutividade hidráulica de uma mistura de Solo-Cimento-Bentonita é um resultado de
complexas interações entre os vários componentes da mistura. Segundo Ryan e Day (2002), o
cimento Portland interfere na capacidade de uma mistura de solo e bentonita de atingir baixos
valores de condutividade hidráulica, mas por outro lado, o cimento aumenta a resistência da
mistura, sendo que esta resistência é função do fator água-cimento e da sua idade.
Segundo Ryan e Day (2002) as especificações para a resistência mínima das barreiras de
Solo-Cimento-Bentonita variam em um intervalo de 100 a 700 kPa, sendo que alguns projetos
exigem um mínimo de resistência de 200 kPa aos 28 dias. Entretanto, existem numerosos
fatores que devem ser considerados para a determinação da resistência mínima de uma
barreira de Solo-Cimento-Bentonita, entre os quais estão:
a) O custo do cimento que aumenta quase que em proporção direta em relação à
resistência mínima especificada;
b) O acréscimo excessivo de cimento pode gerar juntas e diminuir
consideravelmente a flexibilidade da barreira sob a ação de carregamentos,
com isso, aumentando as chances de aparecimento de fissuras na barreira;
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
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c) O efeito negativo que o cimento tem sobre a condutividade hidráulica da
barreira, levando a valores maiores em relação às barreiras de Solo-Bentonita.
2.3 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA EM SOLOS
2.3.1 Condutividade hidráulica em meios saturados e a Lei de Darcy
Levando-se em consideração as areias, o solo pode ser visto como um material poroso e
permeávelconstituído por diversos canais, interconectados uns aos outros, o que permite que a
água seja armazenada devido ao equilíbrio hidrostático ou flua através da ação da gravidade.
Outro fator importante deste tipo de solo é sua baixa compressibilidade, o que acarreta numa
baixa transferência de pressões entre grãos e água, o que resulta num solo muito permeável
(Vargas, 1977).
Pinto (2000) relatou que os solos residuais e solos evoluídos pedologicamente apresentam
estruturas com macroporos, pelos quais a água percola com maior facilidade. Nestes solos,
mesmo que as partículas sejam pequenas, os vazios entre as aglomerações das partículas são
grandes e é por eles que a água flui.
Por outro lado, as argilas apresentam um comportamento diferente do apresentado pelas
areias, pois é um solo com alta compressibilidade, o que acarreta numa alta transferência de
pressão entre o solo e a água e uma conseqüente baixa permeabilidade (Vargas, 1977).
Outro fator que contribui para compor as características da condutividade hidráulica de um
solo é a força atrativa das partículas a que está sujeita a água. A uma distância de algumas
moléculas, a força atrativa entre o grão sólido e os íons da água é da ordem de milhares de
atmosferas, mesmo a temperaturas de 15ºC a 25ºC, formando assim uma camada de água com
um vínculo muito forte com os grãos. Uma segunda camada iônica contribui, embora com
menor intensidade, para a coesão dos solos. A espessura dessa dupla camada iônica de água
vai expressar as propriedades físicas do solo em nível macroscópico através da coesão e
capilaridade (Vargas, 1977).
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O engenheiro francês Henry Darcy em 1856 realizou experimentos clássicos sobre o
escoamento laminar através de um meio poroso. Estes experimentos foram feitos com filtros
de areia, os quais foram percolados por água (Lambe, 1979).
O movimento dos fluídos no meio poroso é limitado por constrições, de modo que a
geometria real do fluxo é muito complexa para ser estudada em detalhes. Além disso, a
velocidade de um fluído no meio poroso é variável segundo a distribuição granulométrica, o
arranjo e a forma dos grãos. Sendo assim, devido a complexidade da determinação da
velocidade intergranular, a velocidade dos fluídos no meio poroso é geralmente descrita em
termos macroscópicos, denominada de velocidade de fluxo, fluxo específico ou velocidade de
Darcy (Halliday e Resnick, 1979).
Considerando um solo permeável com um fluxo permanente de um fluído não-viscoso e sob a
ação da gravidade, aplica-se à equação de Bernoulli expressa por:
cte
g
v
z
p
=++
2
2
0
γ
(1)
onde p é a pressão piezométrica num ponto qualquer,
é a massa específica da água,
z é a cota do ponto,
g é a aceleração da gravidade e
v é a velocidade de percolação nesse ponto.
Sendo que a velocidade de percolação num ponto é a razão entre a vazão Q de água que
atravessa uma seção transversal A em um determinado tempo t; assim:
A
Q
v
=
.
(2)
Na maioria dos problemas de percolação de água através dos solos o último termo da equação
de Bernoulli pode ser desprezado, pois o valor de v é muito pequeno. Entretanto aparece uma
perda de carga devido a uma deflexão nas alturas entre os fluxos de dois pontos quaisquer h.
Esta deflexão vai representar a perda de carga do fluxo na distância s. Com esta duas
grandezas define-se uma relação que chama-se de gradiente hidráulico (i):
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s
h
i
s
=
0
lim (3)
que representa a dissipação de energia por unidade de peso de fluxo, a uma distância s.
Os resultados de Darcy levaram a seguinte expressão:
ikv .
=
(4)
onde k representa o coeficiente de condutividade hidráulica e a velocidade de percolação (v) é
diretamente proporcional ao gradiente hidráulico (i).
Porém, um dos pontos fracos da lei de Darcy é que esta é limitada a um escoamento vertical
de um líquido de massa específica constante através de um meio permeável de seção
transversal constante. Desta forma, onde o fluxo se torna não estacionário ou o solo não seja
tão uniforme, a carga hidráulica pode não decrescer linearmente ao longo da direção do fluxo.
Assim, onde o gradiente da carga hidráulica ou a condutividade é variável torna-se necessário
considerar os valores localizados do gradiente, fluxo e condutividade, ao invés de valores
médios para o solo como um todo. Uma expressão mais exata e generalizada para a Lei de
Darcy, é, portanto, escrita na forma diferencial e tridimensional:
Hkv
= (5)
onde H
é o gradiente da carga hidráulica no espaço tridimensional.
2.3.2 Fatores que interferem na condutividade hidráulica
Daniel (1994) relata que o coeficiente de condutividade hidráulica não só varia com os tipos
de solos, mas também em um mesmo solo, dependendo essencialmente da temperatura. E
ainda cita um estudo anterior apresentado em 1981 por Olson e Daniel, que relata que a
condutividade depende também das propriedades do líquido permeado.
Boyton e Daniel (1985) relatam que a condutividade hidráulica pode sofrer interferência do
teor de umidade na moldagem, o grau de saturação, o método de compactação, o esforço de
compactação, o gradiente hidráulico, o tamanho dos aglomerados de partículas de solo, a
distribuição dos poros, a idade da amostra a ser testada, o índice de vazios e outros.
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Mitchell (1976) ainda cita a concentração eletrolítica, a composição e natureza de cátions
adsorvidos, grau de saturação, índice de vazios e tensões atuantes na amostra.
Conforme Pinto (2000) o grau de saturação é um fator importante, visto que a percolação de
água não remove todo ar existente num solo não saturado e estas bolhas de ar contidas pela
tensão superficial da água que constituem obstáculos ao fluxo de água. Assim o coeficiente de
permeabilidade de um solo não saturado é menor do que aqueles apresentados pelos solos
totalmente saturados. Op. cit. relata ainda que a condutividade hidráulica depende da
disposição relativa dos grãos. Solos residuais por apresentarem macroporos apresentam maior
condutividade hidráulica. Este fator é marcante também no caso de solos compactados.
Geralmente quando compactado mais seco, a disposição das partículas (estrutura chamada
floculada) permite maior passagem de água do que quando compactado mais úmido (estrutura
dispersa), ainda que com o mesmo índice de vazios.
2.4 CARACTERIZAÇÃO DO MEIO POROSO
Um dos principais fatores que ira interferir na condutividade hidráulica é o meio poroso que
será utilizado, sendo normalmente utilizado como meio poroso a argila. Sendo elas formadas
essencialmente por silicatos hidratados de alumínio, ferro e magnésio (Santos, 1989).
Segundo Pereira (2003) a maioria dos minerais de argilas apresentam morfologia planar como
as micas. Dependendo da proporção entre sílica e alumina, tal como 1:1, 2:1 e 2:2, podem
receber diferentes classificações, conforme a Tabela 2.2.
Conforme citado por Santos (1989) a classificação dos argilominerais recomendada pelo
Comitê International pour L’Etude dês Argiles (CIPEA, Mackenzie, 1959), esses minerais são
subdivididos em duas grandes classes:
a) Os silicatos cristalinos com reticulado em camadas, ou forma lamelar, também
chamados de filossilicatos;
b) Os silicatos com reticulado de estrutura fibrosa.
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Tabela 2.2 Classificação das Argilas
Grupo Estrutura
Sílica: Alumina
Troca Catiônica Distância
Interatômica (Å)
Hidratação /
Inchamento
Caolinita 1 : 1 Nenhuma 7,2 Nenhum
Talco 2 : 1 Nenhuma 9,3 Nenhum
Esmectita 2 : 1 Na+, Ca+2, K+,
Mg+2
11 – 15 Variável
Vermiculita 2 : 1 K+, Mg+2 14 – 15 Variável
Ilita 2 : 1 K+ 10 Nenhum
Mica 2 : 1 K+ 10 Nenhum
Clorita 2 : 2 Mg(OH)
2
ou Fe 14 Nenhum
Atapulgita 2 : 1 Nenhuma 12 Nenhum
(Fonte: Site:www.systemmud.com.br)
Os filossilicatos são os mais encontrados na natureza e a classificação desse grupo é feita em
função das suas propriedades estruturais, tais como distância interplanar basal, grau de
substituição na camada octaédrica, expansibilidade pela introdução de moléculas polares entre
camadas basais e do tipo de arranjo ao longo dos eixos cristalográficos que definem as
espécies de um grupo mineral. Este grupo apresenta os seguintes subgrupos: a) caolinita; b)
esmectita ou montmorilonita; c) vermiculita; d) mica hidratada ou hidrômica; e) clorita; f)
argilominerais de camadas mistas ou interestratificadas.
As argilas mais importantes utilizadas para a contenção de escavações e em barreiras de
contenção pertencem ao grupo das esmectitas. Elas são as maiores componentes das
bentonitas que são argilas industrializadas fortemente hidratáveis aplicadas na lama de
perfuração. Possuem propriedades viscosificantes, formadora de gel e de controle de
filtrações. O termo bentonita é utilizado comercialmente para denominar a montmorilonita
que possui o sódio como cátion trocável, que é um tipo de esmectita (Pereira, 2003).
Conforme podemos observar na Figura 2.3, o cristal de montmorilonita consiste de três
camadas: alumina sobreposta e sotoposta por sílica como se fosse um sanduíche (Pereira,
2003).
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Figura 2.3 Lâminas de uma montmorilonita.
(Fonte: Site:www.systemmud.com.br)
As argilas são agregadas em pacotes laminares como um baralho de cartas. Cada lâmina mede
10Å, ou seja, cada milímetro comporta 1 milhão de lâminas. Se pudessem ser espalhadas uma
ao lado da outra, as lâminas presentes em 1 g de argila ocupariam área de 750 m². Ao
entrarem em contato com água, os pacotes de argila vão se separando a medida que a água
penetra entre as camadas. Este efeito é chamado de dispersão a separação das lâminas
aumenta sua área de superfície exposta com as cargas atraindo as moléculas de água criando o
efeito gel (Pereira, 2003).
As esmectitas apresentam partículas de pequeno diâmetro e extremamente finas, suas
variedades possuem geralmente um elevado grau de propriedades plásticas e coloidais, e
apresenta grandes variações em suas propriedades físicas, sendo estas variações
freqüentemente atribuídas a variações na natureza dos cátions trocáveis que neutralizam a
estrutura cristalina e a fatores estruturais e composicionais (Santos, 1989).
As características das esmectitas incluem grande capacidade de troca catiônica, grande área
superficial e baixa condutividade hidráulica para a água (Gleason et al., 1997).
Segundo Maciel Filho (1997) as esmectitas são caracterizadas pelo seu poder de retenção de
água, expansibilidade elevada e por se tornar plásticas em um teor de umidade superior ao
correspondente ao da caolinita. A caolinita possui carga elétrica negativa e fraco poder de
retenção para a água em comparação com os minerais dos outros grupos, praticamente não
apresenta expansibilidade e torna-se plástica em teores de umidade relativamente baixos.
Conforme estudo de Alther (1982, 1987); Rescke e Haug (1991), citados em Gleason et al.
(1997), a maior parte das bentonitas são sódicas ou cálcicas e são caracterizadas pelo tipo de
cátion externo, que é absorvido na superfície da partícula da argila durante a formação do
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mineral. A bentonita sódica é usada mais extensivamente que a bentonita cálcica devido a sua
superior capacidade de expansão e sua menor condutividade hidráulica na água.
A capacidade da argila em trocar cátions, a área de superfície das placas e a quantidade de
água adsorvida refletem sua reatividade. Os dois últimos são dados físicos. O primeiro é o
dado químico que pode ser medido e indica com precisão a presença das esmectitas nas
formações perfuradas ou no próprio fluído. A capacidade de troca catiônica da esmectita é 10
vezes maior que das outras, em média. A troca deixa elétrons excedentes, ou seja, cargas
negativas nas superfícies das lâminas. Estas são compensadas por cátions adsorvidos que
unirão as placas em grandes pilhas. Os cátions podem ser monovalentes como o Na
+
ou
bivalentes como o Ca
+2
e o Mg
+2
. Desta forma, a montmorilonita pode ser cálcica ou sódica.
Na Figura 2.4 pode-se observar uma comparação entre o inchamento de uma bentonita sódica
e cálcica (Pereira, 2003).
Figura 2.4 Comparação do inchamento de uma montmorilonita
cálcica e sódica (Fonte: Site:www.systemmud.com.br).
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Como já mencionado, o cristal de montmorilonita consiste de 3 camadas. Se a superfície
negativa da placa está associada a uma nuvem de cátions, a extremidade ou aresta possui
cargas positivas expostas, resultantes de rupturas da estrutura cristalina do mineral (tendência
de ir se quebrando em plaquetas menores). O espaço intercamadas, dependendo do cátion
presente, será de 9,8 Å (Na
+
) ou 12,1 Å (Ca
+2
), preenchido com moléculas de água
firmemente aderidas. Em contato com a água doce, esta por sua natureza bipolar invade o
espaço intercamadas que expande com a argila adsorvendo grandes porções de água. A
dispersão resultante gera o que nós conhecemos como viscosidade. A expansão nas
montmorilonitas de cálcio chega a 17 Å e nas montmorilonitas de sódio, a 40 Å. A força de
atração intercamadas exercida pelo Ca
+2
é 4 vezes maior que o Na
+
e impede a penetração de
maior quantidade de água. Este fato resulta em viscosidades 4 vezes maiores das bentonitas
sódicas em relação às bentonitas cálcicas (Pereira, 2003).
A Figura 2.5 apresenta um quadro mostrando a estrutura das argilas.
Figura 2.5 Comparação entre estruturas das argilas
(Fonte: Site:www.systemmud.com.br)
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A esmectita é muito mais expansiva que a ilita e a clorita, mais ainda que a caolinita.
Formações argilosas contendo esmectita vão ser conseqüentemente sensíveis a presença de
água. Muitas destas formações contêm variados tipos e quantidades de argilas. Quanto maior
a presença de esmectita, maior a reatividade (Pereira, 2003).
Segundo Grim (1962), a água pode estar presente na argila de três formas: (1) nos poros, nas
superfícies e ao redor das extremidades das partículas discretas dos minerais que compõem o
meio poroso, sendo que esta água pode ser removida com baixa energia; (2) entre as camadas
das células unitárias das vermiculitas, esmectitas e nas formas hidratadas da haloisita, sendo
que a água retida nesse processo é a que provoca a expansão das esmectitas (bentonita); e (3)
no retículo cristalino nos minerais dos tipos sepiolita, atapulgita e paligorskita.
Grim (1962) ainda apresenta evidências de que a água adsorvida pelos argilominerais se
encontra num estado físico incomum, diferente do estado líquido, sendo que este estado é
considerado incomum devido as moléculas da água apresentarem-se em condições
semelhantes ao estado sólido, embora não na forma de gelo. Neste estado físico alterado, as
moléculas da água encontram-se a distâncias relativamente pequenas da superfície da
partícula de argila, essa espessura pode variar mesmo em se tratando de uma mesma espécie
mineral. A água que está com estado físico alterado pode voltar ao estado normal (líquido) de
forma gradual ou abrupta, dependendo de fatores como regularidade física, quantidade e
homogeneidade na distribuição das cargas elétricas na superfície do argilomineral.
A maior ou menor espessura da camada de água incomum está associada a superfícies planas.
Nas superfícies irregulares a espessura dessa água é menor, em conseqüência, as superfícies
dos planos basais do retículo cristalino tendem a apresentar películas de água incomum com
maior espessura, principalmente nos espaços interlamelares dos minerais do grupo das
esmectitas (Grim, 1962).
Esse fenômeno é conseqüência do caráter polar da molécula da água. Uma vez que as
superfícies das argilas são normalmente carregadas com cargas elétricas negativas, as
moléculas de água se orientam com os respectivos pólos positivos que aderem à superfície
negativa das partículas de argila, a segunda camada de moléculas de água seriam orientadas
devido a atração pelo pólo negativo da primeira camada de moléculas de água já aderidas e
orientadas. Este tipo de arranjo poderia ser continuado indefinidamente. Porém, isso não
ocorre, porque as moléculas de água possuem energia térmica e tendem a estar num estado de
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movimento contínuo. Conforme conceitos clássicos da teoria coloidal, o movimento devido à
agitação térmica se oporá à orientação regular. Teoricamente, logo em contato com a
superfície do argilomineral, as moléculas de água estarão altamente orientadas, diminuindo à
medida que se afastam da superfície do argilomineral, onde a agitação térmica é maior. Este
modelo, entretanto, apresenta falha, pelo fato da superfície das argilas não ser um plano
carregado eletricamente de forma uniforme, e das moléculas de água não agirem como
“pequenas barras imantadas bipolares” (Grim, 1962).
Grim (1962) cita um modelo para o sistema água argila que é bastante satisfatório, esse
modelo considera que a distância entre o átomo de oxigênio e o átomo de hidrogênio é de
0,96 Å e o ângulo do arranjo da molécula de água em forma de “V” varia entre 103
o
e 106
o
,
muito próximos do ângulo dos tetraedros do filossilicato, que é de 109
o
. A forma e a
distribuição das cargas da molécula de água assemelham-se, então, a um tetraedro, com dois
cantos positivos e dois negativos. Quando duas moléculas de água se aproximam, há uma
atração eletrostática entre o canto do tetraedro positivo de uma molécula com o canto
negativo da outra, formando-se um agrupamento de moléculas de água de forma tetraedral,
semelhante à estrutura da água em estado sólido na forma de gelo. Essa “lâmina” de H
2
O está
composta de moléculas de água unidas em grupos hexagonais de rede hexagonal estendida.
A superfície do mineral de argila é composta por átomos de oxigênio ou por grupos de
hidroxilas organizadas em um padrão hexagonal que, de acordo com Hendricks e Jefferson
(1938), Macey (1942) e Forslind (1948), citados por Grim (1962), podem coincidir com um
padrão semelhante à estrutura da água, sabendo-se que o retículo cristalino de muitos minerais
de argila contém elétrons em excesso que surgem com a substituição isomórfica de cátions no
seu retículo cristalino. Assim, por razões estruturais, bem como pela presença de cátions
adsorvidos, as moléculas de água estariam integrando-se ao retículo cristalino do
argilomineral.
Pelo exposto, pode se constatar uma grande afinidade físico-química entre a água e os
minerais de argila. Tal afinidade é responsável pelas características de plasticidade e de
expansividade das argilas quando em presença de água.
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2.5 CONTAMINANTE
O óleo diesel é um combustível de composição complexa, constituído basicamente por
hidrocarbonetos parafínicos, olefínicos e aromáticos e, em menor quantidade, por substâncias
cuja fórmula química contém átomos de enxofre, nitrogênio, metais, oxigênio, etc (site:
www.refap.petrobras.com.br).
Estes hidrocarbonetos são formados por moléculas constituídas de 8 a 40 átomos de carbono,
normalmente, sendo, portanto mais pesados do que aqueles que compõe a gasolina.
O óleo diesel é formulado através da mistura de diversas correntes como gasóleos, nafta
pesada, diesel leve e diesel pesado, provenientes das diversas etapas de processamento do
petróleo bruto (op. cit.).
Op. cit. relata que os principais riscos estão associados à ingestão e aspiração. Contatos
ocasionais com a pele provocam lesões irritativas. Contato com os olhos causam irritação com
vermelhidão das conjuntivas
Op. cit. relata ainda que o produto apresenta moderada volatilidade, com cheiro característico
desagradável. O produto pode formar películas superficiais sobre a água, sendo
moderadamente prejudicial à vida aquática. O seu derramamento podem causar mortalidade
dos organismos aquáticos, prejudicar a vida selvagem, particularmente as aves, além de
transmitir qualidades indesejáveis à água, afetando o seu uso. O óleo diesel pode afetar o solo
e, por percolamento, degradar a qualidade das águas do lençol freático.
2.6 PERMEÂMETRO DE PAREDE RÍGIDA X PERMEÂMETRO DE
PAREDE FLEXÍVEL
Os permeâmetros podem ser classificados como permeâmetros de paredes rígidas e
permeâmetros de paredes flexíveis.
O permeâmetro de parede flexível é mais confiável em função do selamento que a membrana
proporciona ao redor de toda a amostra. Possui vantagens como: amostras indeformadas
podem ser facilmente testadas, a contra-pressão pode ser utilizada para saturar a amostra e as
tensões verticais e horizontais podem ser facilmente monitoradas.
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Os permeâmetros de paredes rígidas consistem em tubos rígidos que contém a amostra a ser
permeada, a amostra tende a apresentar menor expansividade que a amostra ensaiada em um
permeâmetro de parede flexível, além de uma maior facilidade no uso, porém apresenta como
desvantagem a não saturação total da amostra, a impossibilidade de saturação por contra
pressão, a não existência de controle sobre as pressões atuantes na amostra e a existência da
possibilidade de haver fluxo lateral pelas paredes do tubo do permeâmetro.
Na pesquisa em questão será utilizado o permeâmetro tipo Compaction mold permeameter,
dessa forma atem-se a atenção a ele: neste modelo o solo é compactado dentro do tubo em que
é realizado o ensaio e o teste de condutividade hidráulica é conduzido através da aplicação de
uma carga hidráulica.
Daniel (1994) cita que a realização dos ensaios de permeabilidade devem ser feitos com
controle de entrada de líquido na amostra. Sendo que esta entrada pode ser feita de três
formas:
a) Carga Constante: Este sistema possui a vantagem da pressão constante na
amostra, visto que a carga hidráulica é constante, além da simplicidade de
cálculo, sendo este o tipo de carga utilizada nesta pesquisa;
b) Carga Variável: Existem duas formas de ser realizado: a) com carga hidráulica
variável e carga hidráulica de saída constante (atmosfera). b) com cargas
hidráulicas de entrada e de saída variáveis, recomendado para solos com baixa
condutividade hidráulica. Apresenta como desvantagem a variação de carga
que pode liberar bolhas de gás dissolvidas e também pode causar variações na
tensão efetiva, resultando na consolidação da amostra;
c) Fluxo constante: o líquido é bombeado através da amostra a uma taxa de fluxo
constante e medição de perda de pressão ocasionada pela passagem do líquido
pela amostra através de transdutor diferencial de pressão. Possui a vantagem da
possibilidade de realização de ensaios em curto espaço de tempo e automoção
total do equipamento.
Daniel (1994) relatou também critérios que devem ser observados para determinar quando um
ensaio esta finalizado: a) Quando percolado com água, os fluxos de entrada e saída devem ser
razoavelmente iguais, a condutividade hidráulica deve estar estabilizada e ainda devem ter
sido coletados pontos suficientes para um resultado representativo. b) Quando percolado com
compostos químicos devem ser observados ainda os seguintes critérios: o volume de líquido
permeado corresponda a dois volumes de poros da amostra, a composição química do líquido
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de saída deve ser igual a composição química do líquido de entrada, e ainda devem ser
plotadas as concentrações de todos os íons críticos do líquido efluente.
De acordo com Broderick e Daniel (1990), se for possível prevenir as mudanças na estrutura
do solo durante a percolação com um agente químico, pode-se manter a baixa condutividade
hidráulica inicial do solo. Esta prevenção pode ser feita através da estabilização química,
adicionando cimento ou cal para aumentar a resistência mecânica e tampar parcialmente os
poros, ou através da estabilização mecânica, densificando a amostra de solo. Observou-se que
as partículas são mais resistentes à alteração (floculação ou orientação) quando estão em uma
configuração mais densa, mostrando que o aumento do esforço de compactação possui um
grande potencial para a estabilização da argila contra ataque químico.
Muitos compostos químicos orgânicos tendem a encolher a dupla camada de íons que está ao
redor das partículas de argila, causando a floculação das mesmas. Esta floculação resulta em
um encolhimento no esqueleto do solo e no aparecimento de fissuras. Os compostos orgânicos
podem também desidratar as zonas entre as camadas de argilas expansivas. A combinação de
floculação, fissuração e redução de espessura da dupla camada de íons levam ao aumento da
condutividade hidráulica.
2.7 FLUÍDOS ORGÂNICOS E SUA INTERAÇÃO COM O SOLO
Anandarajah (2003) relata que quando as argilas saturadas são permeadas com fluídos
orgânicos como o heptano, tem se notado um aumento da condutividade hidráulica, sendo que
se supõem geralmente que este aumento se dê pela combinação de mudanças físico-químicas
(isto é, compressão da espessura da dupla camada) e a conseqüente alteração da estrutura
interna (isto é, redução do aglomerado), sendo que os mecanismos que leva a estas alterações
são: (1) formação de quebras devido a redução do aglomerado e (2) e aumento uniforme da
porosidade intersticial do volume de solo devido a redução do aglomerado.
Em estudos de Verwey e Overbeek (1948) e Mitchell (1993), citados por Anandarajah (2003),
que estudaram a teoria da dupla camada, constataram que um decréscimo da constante
dielétrica do fluído causa uma diminuição na espessura da dupla camada, permitindo que se
aproximem uma das outras. Isto conduz a uma redução do conglomerado do solo. Se isto
ocorre sob a condição de um volume constante, então a permeabilidade aumenta.
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
22
Oliveira (2001) afirma que a condutividade hidráulica saturada de solos argilosos é
fortemente influenciada pelas propriedades físico-químicas dos líquidos percolantes e pelas
características dos argilominerais do meio.
Para um mesmo líquido, quanto maior for a fração argila, menor será a permeabilidade deste
meio, pois maior será a interação líquido-superfície do argilo mineral (Oliveira, 2002).
Broderick e Daniel (1990) concluíram que os químicos orgânicos mais agressivos são os com
menores constantes dielétricas. Líquidos com baixas constantes dielétricas são mais
agressivos porque a espessura da dupla camada adjacente à partícula de argila é diretamente
proporcional a constante dielétrica D.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
23
3 PROGRAMA EXPERIMENTAL
3.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Para atingir o objetivo principal deste trabalho, ou seja, a investigação da condutividade
hidráulica dos meios porosos argilosos, utilizou-se dois grupos de compósitos, um de SRAB e
bentonita e o outro de SRAB, cimento e bentonita, visando avaliar a influência do uso do
cimento Portland sobre a condutividade hidráulica do meio percolado com hidrocarbonetos.
O primeiro passo foi a realização de ensaios preliminares de caracterização dos solos
utilizados, sendo eles: solo residual de arenito Botucatu (SRAB) e bentonita sódica.
Posteriormente foram definidas as dosagens das misturas de SCB a serem trabalhadas nesta
dissertação, através dos resultados de ensaios de compressão simples. O terceiro passo
realizado foi a análise do comportamento hidráulico das amostras através de ensaios de
condutividade hidráulica realizados em um permeâmetro de parede rígida e análises por
difração de raios X.
3.2 ENSAIOS PRELIMINARES DE CARACTERIZAÇÃO
3.2.1 Caracterização dos Materiais
Os ensaios de caracterização física nas matrizes de solo residual e bentonita compreenderam:
a) Ensaios de granulometria;
b) Limites de Atterberg;
c) Massa específica real dos grãos;
d) Teor de umidade.
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
24
Os resultados destes ensaios serão apresentados posteriormente junto com outras
características destes materiais.
3.3 DEFINIÇÃO DA DOSAGEM DOS MATERIAIS NAS MISTURAS
Após a realização de vários testes a fim de determinar a dosagem das misturas optou-se pelas
seguintes dosagens, conforme a Tabela 3.1:
Tabela 3.1 Dosagem dos Materiais
Bentonita (%) Teor de Umidade (%) Fator a/c Cimento (%)
12,0 100,0 0 0
12,0 100,0 2 25
12,0 100,0 4 12,5
12,0 100,0 6 8,3
O teor de bentonita é a relação entre o peso da bentonita seca e o peso total de sólidos na
amostra. Optou-se por esta dosagem pois com ela se conseguiu obter uma amostra com alta
trabalhabilidade e sem que houvesse a segregação dos materiais.
A escolha de diferentes fatores água-cimento para uma mesma umidade tem como objetivo
verificar a interferência da adição do cimento no comportamento hidráulico da mistura.
3.4 MATERIAIS UTILIZADOS NA PESQUISA
Os materiais utilizados nesta pesquisa bem como suas características e procedências são
apresentadas abaixo:
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
25
3.4.1 Solo
O solo utilizado no desenvolvimento desta pesquisas é uma areia fina siltosa, mal graduada e
fracamente plástica. Trata-se de um solo residual pertencente ao horizonte C, substrato de
arenito, pertencente à denominada Formação Botucatu.
A jazida de onde foram coletadas as amostras apresenta um talude, de aproximadamente 20 m
de altura, situado às margens da rodovia estadual RS-240, na localidade de Vila Scharlau,
município de São Leopoldo / RS, conforme as Figura 3.1 e Figura 3.2.
Figura 3.1 - Mapa da localização da Vila Scharlau (Thomé, 1999).
Brasil
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
26
Figura 3.2 Jazida de arenito Botucatu na localidade de Vila Scharlau
(Caberlon, 2004).
O solo residual de arenito Botucatu já foi empregado em várias pesquisas no PPGEC/UFRGS
[e.g: Núñez (1991), Thomé (1999), Casagrande (2001), Heineck, (2002)], em que foi
constatada a homogeneidade da camada ao longo de sua profundidade.
As propriedades físicas médias do solo determinadas por Nuñez (1991) e Thomé (1999) estão
apresentadas na Tabela 3.1, sendo utilizado neste trabalho os resultados obtidos por Thomé
(1999).
A Figura 3.3 apresenta a curva granulométrica obtida por Thomé (1999) para o solo residual
com o uso de defloculante.
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
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Tabela 3.1 Índices Físicos do SRAB
Propriedades
Valores médios
(Nuñez,1991)
Valores médios
(Thomé, 1999)
Limite de Liquidez (LL) 21% 22%
Limite de Plasticidade (LP) 17% 19%
Índice de Plasticidade (IP) 4% 3%
Limite de Contração (LC) 19% -
Peso Específico 2,67 g/cm
3
2,67 g/cm
3
Diâmetro Efetivo (D
10
) 0,003mm 0,004mm
Diâmetro Médio (D
50
) - 0,09mm
Coeficiente de Uniformidade (C
u
) 43 30
Densidade Máxima (γ
d
) (Proctor Normal) 17,40 N/m
3
-
Umidade Ótima (ω
ot
) (Proctor Normal) 15,90%
Densidade Máxima (γ
d
) (Proctor Modif.) 18,90 N/m
3
19,40 N/m
3
Umidade Ótima (ω
ot
) (Proctor Modif.) 13,90% 12,10%
A curva granulométrica adotada foi a determinada por Heineck (2002) e confirmada por
ensaios preliminares de peneiramento, em que se verifica um solo composto por 5% de argila
(<0,002mm), 38,9% de silte (0,002 a 0,075mm) e 56,1% de areia, sendo que 47,3% deste
percentagem é composta por areia fina (0,074 a 0,042mm) e somente 8,8% de areia média
(0,042 a 2,0mm), conforme Figura 3.3. Assim sendo, de acordo com a NBR 6502 (ABNT,
1995), o material é classificado como uma areia siltosa, e conforme ASTM D 2487 (1993),
classifica-se como SM (areia siltosa).
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
28
Figura 3.3 Curva granulométrica do SRAB (Heineck, 2002).
Nuñez (1991) ainda determinou as principais propriedades físico-químicas do solo em
questão, com ênfase dada a mineralogia e à composição química da fração argila. Todas as
análises realizadas indicaram a predominância do argilo mineral caolinita, observando-se
também a presença de 3,2% de hematita, que é o óxido responsável pela cor rosada
característica do solo.
Figura 3.4 Curva de compactação do SRAB (Knop, 2003).
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)
Percentagem retida (%)
16
16,2
16,4
16,6
16,8
17
17,2
17,4
17,6
17,8
18
9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
Umidade (%)
Peso Específico Seco (KN/m³)
Knop (2003)
Heineck (2002)
Casagrande (2001)
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
29
Para sua utilização selecionou-se apenas a fração que passou na malha de 0,250 mm e que
ficou retida na malha de 0,125 mm. Com essa seleção, grande parte dos resíduos de origem
orgânica, fração mais grosseira e dos minerais pesados, fração mais fina, foram removidos.
3.4.2 Bentonita
Material primariamente formado por argilo minerais do grupo das esmectitas, sendo elas
caracterizadas pelo cátion externo adsorvido na superfície da partícula da argila durante a
formação do mineral, podendo este ser o sódio ou o cálcio. A bentonita sódica é mais
habitualmente utilizada na selagem e na impermeabilização por possuir uma maior capacidade
de expansão e menor condutividade hidráulica na água do que a bentonita cálcica conforme
estudos de Alther (1982, 1987); Reschke e Haug, (1991), citados por Gleason (1997). Em
contra partida, a bentonita cálcica é mais estável quimicamente quando exposta a certos
compostos químicos. No estudo em questão será utilizado a bentonita sódica.
A qualidade de uma bentonita pode ser avaliada através de medidas indiretas, como: avaliação
dos Limites de Atterberg e de ensaios de expansão livre, ou seja, quanto maior o Limite de
Plasticidade e o Limite de Liquidez, melhor a qualidade da bentonita. Para uma bentonita
sódica de média qualidade o Limite de Liquidez encontra-se entre 300 e 500% e uma de alta
qualidade entre 500 e 700%.
Os testes de expansão livre mostram que quanto maior a capacidade de expansão da bentonita,
melhor a sua qualidade (Heineck, 2002).
As principais características deste material são sua grande afinidade com a água, grande
capacidade de troca catiônica e baixa condutividade hidráulica para a água devido a sua
grande capacidade de expansão, sendo um exemplo de sua aplicação as barreiras verticais, em
que estas encontram-se confinadas e devido a expansão das partículas, estas são forçadas
umas contra as outras preenchendo os vazios e formando uma barreira contra a passagem de
fluídos.
A bentonita utilizada foi adquirida comercialmente. As características determinadas em
laboratório da bentonita sódica utilizada nos experimentos estão apresentadas na Tabela 3.2,
bem como na Figura 3.5.
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
30
Tabela 3.2 - Índices Físicos da Bentonita Sódica
Índices Físicos Bentonita Sódica
Limite de Plasticidade (LP) 139%
Limite de Liquidez (LL) 608%
Índice de Plasticidade (IP) 466%
Peso Específico 2,66 g/cm
3
Figura 3.5 - Distribuição Granulométrica da Bentonita Sódica
Através da curva granulométrica verifica-se um solo com 36% de argila (<0,002mm) e 64%
de silte (entre 0,002 a 0,075mm), sendo assim classificada como CH (argila inorgânica de alta
plasticidade) pela classificação unificada (ASTM D 2487/93). Este ensaio foi realizado em
conjunto com Lemos (2005).
3.4.3 Cimento
Como agente cimentante adotou-se cimento tipo Portland CP-V de alta resistência inicial
(ARI) da marca Cauê, adquirido junto a um estabelecimento comercial da cidade de Porto
Alegre (RS-Brasil), este cimento tem a peculiaridade de atingir altas resistências iniciais já
DISTRIBUIÇÃO GRANULOMÉTRICA
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0,001 0,01 0,1 1 10 100
Diâmetro dos grãos (mm)
Percentagem retida (%)
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
31
nos primeiros dias da aplicação. A composição do cimento CP-V, segundo a Associação
Brasileira de Cimento Portland (ABCP), está apresentado na Tabela 3.3. Ainda de acordo com
a ABCP, a alta resistência inicial do cimento Portland CP V ARI deve-se a uma diferente
composição do clínquer, em termos de quantidade dos componentes.
Feuerharmel (2000) apresentada as características físicas e mecânicas do cimento CPV - ARI,
aqui apresentadas na Tabela 3.4.
Tabela 3.3 Teor de componentes do cimento Portland (% em massa)
(ABCP, 2003)
Sigla Clínquer + sulfatos de cálcio Material carbonático
CP V - ARI 95 – 100% 0 – 5%
Tabela 3.4 Características físicas e mecânicas do cimento CP V
ARI (Feuerharmel, 2000)
Finura Tempo de pega Resistência à compressão
Massa específica
(kg / m³ )
Início
(min)
Fim
(min)
1 dia
(MPa)
3 dias
(MPa)
7 dias
(MPa)
28 dias
(MPa)
Média 3,11 195 296 23,5 39,2 45,2 53,3
Mínimo 3,11 165 258 22,1 37,8 41,6 51,4
Máximo 3,11 218 365 25,2 41,8 47,2 53,6
Desvio Padrão 0,00 14 27 0,9 0,9 1,2 1,3
3.4.4 Água
A água destilada foi utilizada na preparação de todos os corpos de prova, durante os ensaios
de condutividade hidráulica foi utilizado também água destilada.
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Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
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3.4.5 Óleo Diesel
Empregou-se como contaminante à base de hidrocarbonetos nesta pesquisa, o óleo diesel,
obtido junto à Refinaria Alberto Pasqualini S.A. REFAP (2003), da cidade de Canoas/RS. O
óleo diesel apresenta um comportamento não volátil, sendo imiscível em água. A densidade
unitária do óleo diesel é de 0,839 e uma viscosidade de 1,8. Demais dados sobre o óleo diesel
são apresentados na Tabela 3.5.
Tabela 3.5 Informações sobre óleo diesel (REFAP, 2003)
Componente Concentração
Hidrocarbonetos saturados 70 – 75% (volume)
Hidrocarbonetos olefínicos < 1% (volume)
Hidrocarbonetos aromáticos 20 – 30% (volume)
Enxofre < 0,5% (peso)
Ponto de Ebulição 174°C
Tem como características o ponto de fulgor < - 43ºC e temperatura de auto-ignição em 257ºC.
Suas propriedades físico-químicas vão desde sua aparência, que se denomina “líquido
amarelo límpido (isento de materiais em suspensão)”, passando por sua solubilidade (sendo o
mesmo insolúvel em água) e cheiro característico.
Em caso de contaminação de água, o produto pode formar películas superficiais sobre a água.
É moderadamente tóxico à vida aquática. Pode transmitir qualidades indesejáveis à água,
afetando o uso. Quanto à contaminação do solo, por percolação pode degradar a qualidade das
águas do lençol freático, além de contaminar as plantas existentes. Seu pH medido em
laboratório está em torno de 5,8 (Caberlon, 2004).
3.5 MÉTODOS UTILIZADOS
A seguir será descrito o método utilizado para a preparação e moldagem dos corpos de prova
e os métodos de ensaio empregados durante o programa experimental.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
33
3.5.1 Coleta e preparação dos materiais
Primeiramente as amostras de solo (solo residual de arenito Botucatu) foram coletadas na
jazida de origem, no estado deformado, trazidas para o laboratório, secas ao ar, destorroadas,
peneiradas e devidamente estocadas em recipientes adequados, tudo segundo a NBR 6457
(ABNT, 1986a).
3.5.2 Preparação dos corpos de prova
A moldagem dos corpos de prova para os ensaios de compressão simples foi realizada em
moldes bipartidos de PVC com 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura. Devido aos altos
teores de umidade das misturas, os moldes de PVC foram vedados lateralmente e
inferiormente através da aplicação de borracha de silicone, com o objetivo de evitar a fuga de
água através do molde. Como não foi possível a compactação da amostra em camadas, a
mistura dos materiais foi devidamente despejada dentro dos moldes até uma altura de 100
mm.
Para a preparação das amostras os componentes foram adicionados em um recipiente
colocando-se primeiramente a bentonita e o SRAB, misturando-se até atingir uma certa
homogeneização. A seguir se colocava aos poucos a água; caso fosse uma amostra com
cimento este também seria adicionado aos poucos. Esta seqüência foi a mais apropriada, pois
permitiu que os grumos de bentonita formados em contato com a água fossem facilmente
desagregados, propiciando assim uma melhor homogeneização da mistura. Os corpos de
prova foram preparados um a um, ou seja: cada corpo de prova teve uma mistura de solo,
cimento, bentonita e água preparada separadamente. Durante este processo todas as
precauções foram tomadas no sentido de se evitar as perdas de umidade por evaporação.
Concluído o processo de moldagem, a desmoldagem do corpo de prova só foi feita quando o
mesmo apresentou resistência suficiente capaz de não provocar danos na amostra (em torno
de 48 horas). Feita a desmoldagem, os corpos de prova foram pesados com precisão de 0,01
gf, medidos com precisão de 0,01 cm e logo após acondicionados em sacos plásticos até
completar o período de cura de 7 dias após o período de moldagem (incluído os dois dias para
a desmoldagem).
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
34
Para os ensaios de condutividade hidráulica seguiu-se a mesma forma de preparação, porém o
material era despejado no próprio cilindro do permeâmetro, onde permanecia curando durante
24h e então iniciava-se o ensaio.
3.5.3 Ensaios de Caracterização
Os ensaios de caracterização física nas matrizes de solo residual e bentonita seguiram as
seguintes especificações:
a) Ensaios de granulometria: a análise granulométrica da bentonita foi realizada
seguindo o procedimento proposto na NBR 7181 (ABNT, 1984c), sendo
utilizada a solução de hexametafosfato de sódio como agente defloculante;
b) Limites de Atterberg: os limites de liquidez (LL) e de plasticidade (LP) foram
determinados segundo a NBR 6459 (ABNT, 1984a) e a NBR 7180 (ABNT,
1984b) respectivamente;
c) Massa específica real dos grãos: foi determinada conforme o procedimento
proposto na NBR 6508 (ABNT, 1984d);
d) Teor de umidade: a determinação deste parâmetro seguiu o método descrito no
anexo da NBR 6457 (ABNT, 1986a).
3.5.4 Ensaios de Compressão não-confinada
A realização dos ensaios de compressão simples seguiu os procedimentos descritos na NBR
12025/90-Moldagem e Cura de corpos-de-prova cilíndricos. A prensa utilizada para a ruptura
dos corpos de prova é da marca Wykeham Farrance, adaptada com anéis dinamométricos de 3
kN e 6 kN, previamente calibrados. Após o período de cura de 7 dias, os corpos de prova
foram cisalhados.
No programa de ensaios de compressão não-confinada foram realizados ensaios com os
fatores a/c, sendo eles: sem cimento, 2, 4 e 6, que representam uma quantidade de 25, 12,50%,
respectivamente.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
35
3.5.5 Ensaios de Condutividade Hidráulica
Nos ensaios de condutividade hidráulica foram realizados segundo a ASTM D 5856,
utilizados permeâmetros do tipo Compaction mold permeameter, sendo que este permeâmetro
foi desenvolvido e construído no Environgeo/UFRGS, o permeâmetro em questão foi
desenvolvido em conjunto com Lemos (2005) no desenvolvimento de sua tese de doutorado
que ainda esta em andamento.
Entre as partes do equipamento estão: cilindro de aço inox para a colocação da amostra e em
que é moldada a amostra, e cilindro, também em aço inox, para armazenamento do
contaminante.
No desenvolvimento deste equipamento teve-se o cuidado de utilizar materiais inertes ao
ataque de produtos químicos e tóxicos, como é o caso dos hidrocarbonetos que constituem o
óleo diesel utilizado nesta pesquisa. Deste modo, grande parte das peças que compõem o
equipamento são de aço inox. Em virtude do alto custo do aço inox, algumas partes em que
não há contato com material contaminante são constituídas de outros materiais como o latão.
Foi utilizada uma tubulação de nylon por ser inerte ao ataque do óleo diesel.
A seguir, as Figuras 3.6 e 3.7 apresentam fotos do permeâmetro, bem como alguns detalhes
dos mesmos.
Figura 3.6 Vista geral dos permeâmetros instalados em uma capela
de exaustão de gases
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Figura 3.7 Permeâmetro Detalhe dos cilindros - (1), do cilindro
que contém o líquido permeante (2) e do tubo graduado para a leitura
da vazão (3).
O projeto e construção do equipamento foram realizados no Environgeo, sendo que a
totalidade das peças que constituem o equipamento foram usinadas sob encomenda; as
conexões, válvulas e tubos foram adquiridos no comércio especializado. Após a conclusão da
montagem do equipamento iniciou-se o teste do equipamento, em que se simulou as
condições do ensaio com o objetivo de verificar o funcionamento e a estanqueidade do
equipamento.
Nestes ensaios foram utilizadas cargas constantes através da aplicação de ar comprimido
numa interface ar/água, regulada com um registro de pressão de precisão de 12kPa, resultando
em um gradiente hidráulico de 8,3. A amostra foi moldada no próprio cilindro, de 15 cm de
diâmetro por 15 cm de altura, em que foi realizado o ensaio de condutividade hidráulica.
A Figura 3.8 apresenta um esquema do permeâmetro utilizado.
2
1
3
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
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Figura 3.8 Esquema do Permeâmetro
Os ensaios de condutividade hidráulica obedeceram as seguintes etapas:
a) Preparação da amostra, conforme já mencionado anteriormente;
b) Colocação da amostra no cilindro, deixando a mesma curar durante vinte e
quatro (24) horas;
c) Início do ensaio de condutividade hidráulica com a percolação de água da base
para o topo da amostra com uma carga de 12 kPa e gradiente hidráulico de 8,3,
tendo-se o cuidado de retirar todas as bolhas de ar encontradas na tubulação
através da percolação de água pela base da amostra;
d) Retirada de leituras regulares no ensaio medindo-se a altura do material
permeante no reservatório de contaminante, com o auxílio de um tubo
graduado conectado ao reservatório, onde se podia verificar o nível do líquido
permeante e juntamente com o valor do peso do líquido já permeado pode-se
calcular a condutividade hidráulica da amostra;
e) Continuidade do ensaio até se obter a estabilidade da condutividade hidráulica,
ou seja, no mínimo quatro valores de condutividade hidráulica próximos;
f) Depois de obtida esta estabilidade, parava-se o ensaio, isolando-se a amostra
através do fechamento das válvulas e retirando-se a pressão aplicada;
g) Posteriormente era substituída no reservatório de contaminante a água por óleo
diesel, tomando-se novamente o cuidado de retirar as bolhas de ar que ficaram
na tubulação.
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38
h) Reinício do ensaio com a mesma carga e o mesmo gradiente hidráulico, até se
obter novamente a estabilidade da condutividade hidráulica, com pelo menos
quatro leituras de condutividade hidráulica aproximadas.
i) Após o término do ensaio o equipamento era desmontado para a limpeza e
descontaminação do mesmo.
Foram realizados quatro ensaios de condutividade hidráulica, sendo eles com fatores a/c 2, 4 e
6 e um sem a presença de cimento. Estes ensaios foram realizados tendo como material
permeante a água e o óleo diesel.
3.5.6 Análise por Difração de Raios X
Posteriormente, para um melhor entendimento dos resultados de condutividade hidráulica,
foram realizadas análises de Difração de Raios X.
Foram realizadas três análises na bentonita utilizada, sendo elas:
a) Difração de Raios X, amostra natural;
b) Difração de Raios X, amostra tratada com etileno glicol;
c) Difração de Raios X, amostra calcinada.
Sendo ainda realizada uma análise na bentonita saturada em óleo diesel:
a) Difração de Raios X, amostra natural.
Estes ensaios foram realizados no Laboratório de Difração de Raios X do Instituto de
Geociência da UFRGS.
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Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
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4 RESULTADOS OBTIDOS E ANÁLISES
4.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste capítulo encontram-se os resultados dos ensaios e análises feitas no programa
experimental realizado nesta pesquisa.
4.2 ENSAIOS DE RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO NÃO CONFINADA
Os ensaios de resistência à compressão não confinada foram realizados de forma padronizada
para todos os corpos de prova quanto ao tempo de cura, no caso sete dias, com imersão prévia
ao rompimento.
A Tabela 4.1 apresenta o resultado destes ensaios.
Tabela 4.1 Resultados do programa de ensaios de compressão não-
confinada
Fator água-cimento (a/c) Teor de Umidade (%) Resistência (MPa)
0 (sem cimento) 100 *
2 100 0,45
4 100 0,16
6 100 0,05
* Não houve um endurecimento da amostra, não se podendo desmoldar e por conseqüência
não foi possível realizar o ensaio de compressão não-confinada.
Pode-se observar que a resistência à compressão não-confinada aumentou com o acréscimo da
quantidade de cimento na amostra ou com o menor fator água/cimento, como esperado.
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4.3 ENSAIOS DE CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA SEGUNDO A NORMA
ASTM D5856
Os ensaios de condutividade hidráulica foram realizados de forma padronizada para todas as
amostras ensaiadas.
A seguir são apresentadas as tabelas e as figuras com os resultados dos ensaios de
condutividade hidráulica.
4.3.1 Resultados da amostra Solo-Bentonita (SB)
A Tabela 4.2 apresenta os parâmetros de moldagem para a amostra em questão:
Tabela 4.2 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Bentonita
(SB)
Propriedades Valores
Teor de Umidade 102%
Peso Específico Natural 1,34 g/cm
3
Peso Específico Seco 0,66 g/cm
3
Índice de Vazios 3,1
A amostra de Solo-Bentonita quando percolada com água apresentou inicialmente uma
condutividade hidráulica na ordem de 10
-6
cm/s. Posteriormente houve uma diminuição
gradativa de seu valor chegando a um valor médio de condutividade hidráulica de k=1,7.10
-7
cm/s, sendo que foi permeado na amostra um volume equivalente a 0,2 vezes o seu volume de
vazios.
A seguir é apresentado na Figura 4.1 o gráfico do volume percolado dividido pelo volume de
vazios (Vp/Vv) x k, tendo a água como líquido permeante.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
41
Ensaio SB - Água
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.1 – Resultado da condutividade hidráulica para a amostra
Solo-Bentonita permeada com água
Na Figura 4.2 pode-se observar o comportamento do preenchimento do volume de poros com
o tempo. O grande intervalo entre as leituras no intervalo de 40 a 120 horas deve-se a
impossibilidade de leituras no final de semana.
Ensaio SB - Água
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.2 Resultado do Vp/Vv x tempo na amostra Solo-Bentonita
permeada com água
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
42
A seguir é apresentado na Figura 4.3 o gráfico do Vp/Vv x k tendo como líquido permeante o
óleo diesel, onde se percebe uma mudança na condutividade hidráulica após a percolação de
aproximadamente 0,2 Vp/Vv de óleo diesel, indicando que este quando percolado na amostra
de SB ocasiona mudanças no comportamento hidráulico. No caso da amostra percolada com
óleo diesel observa-se uma baixa condutividade hidráulica inicial, com valores em torno de
2,5.10
-7
cm/s. A partir de um determinado momento a amostra apresentou um rápido aumento
do valor da condutividade hidráulica sendo o seu valor médio de 9,6.10
-5
cm/s. Este fenômeno
será explicado, mais adiante, com o auxílio do ensaio de Difração de Raios X.
Ensaio SB - Óleo Diesel
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.3 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra
Solo-Bentonita permeada com óleo diesel
Na Figura 4.4 apresenta-se o comportamento do Vp/Vv da amostra permeada com óleo diesel,
onde se pode perceber com o aumento da condutividade hidráulica se dá após a passagem de
aproximadamente 0,06 volume de vazios de óleo diesel através da amostra.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
43
Ensaio SB - Óleo Diesel
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Fi
gura 4.4 Resultado do Vp/Vv x tempo na amostra Solo-Bentonita permeada com óleo diesel
4.3.2 Resultados da amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) com fator
água-cimento 2
A Tabela 4.3 apresenta parâmetros de moldagem para a amostra em questão:
Tabela 4.3 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Cimento-
Bentonita (SCB) fator a/c=2
Propriedades Valores
Teor de Umidade 98%
Peso Específico Natural 1,37 g/cm
3
Peso Específico Seco 0,69 g/cm
3
Índice de Vazios 2,9
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
44
A amostra SCB, quando percolada com água, apresentou um valor médio de condutividade
hidráulica de 4,3.10
-6
cm/s. Na Figura 4.5 é apresentado o gráfico do Vp/Vv x k para esta
amostra SCB, sendo permeado aproximadamente 1,8 vezes o volume de vazios da amostra.
Ensaio SCB (fator a/c=2) - Água
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.5 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra
SCB com fator a/c =2 permeado com água
Na Figura 4.6 pode-se ver comportamento do fluxo de água na amostra com o tempo quando
permeada com água, sendo observado 1Vp/Vv em aproximadamente 40 horas.
A amostra SCB permeada com óleo diesel apresentou uma condutividade hidráulica inicial
com uma ordem de grandeza de 10
-6
cm/s, se estabilizou com uma ordem de grandeza de 10
-7
cm/s, tendo como valor médio de condutividade hidráulica de 7,5.10
-7
cm/s. Não foram
observadas grandes mudanças na condutividade hidráulica do SCB (fator a/c=2),
provavelmente devido ao efeito da cimentação, sendo permeado cerca de 0,6 vezes o volume
de vazios da amostra.
O gráfico apresentado na Figura 4.7 demonstra o desenvolvimento do ensaio.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
45
Ensaio SCB (fa/c=2) - Água
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.6 Resultado do Vp/Vv x tempo na amostra SCB fator a/c=2
permeada com água
Ensaio SCB (fator a/c=2) - Óleo Diesel
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4 1,6 1,8 2
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.7 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra
SCB com fator a/c =2 permeada com óleo diesel
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
46
Na Figura 4.8 pode-se observar quantos volumes de vazios já foram permeados com óleo
diesel através da amostra com o tempo, onde se observa que foi percolado aproximadamente
0,4 Vp/Vv em 175 horas.
Ensaio SCB (fa/c=2) - Óleo Diesel
0
0,2
0,4
0,6
0,8
1
1,2
1,4
1,6
1,8
2
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.8 Resultado do Vp/Vv x tempo na amostra SCB fator a/c=2
permeada com óleo diesel
4.3.3 Resultados da amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) com fator
água-cimento 4
A Tabela 4.4 apresenta os parâmetros de moldagem para a amostra em questão:
Tabela 4.4 – Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Cimento-
Bentonita (SCB) fator a/c=4
Propriedades Valores
Teor de Umidade 99%
Peso Específico Natural 1,35 g/cm
3
Peso Específico Seco 0,68 g/cm
3
Índice de Vazios 3,0
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
47
A amostra de Solo-Cimento-Bentonita apresentou uma grande estabilidade desde o início do
ensaio, quando percolado com água, tendo seu valor de condutividade hidráulica médio igual
a 1,4.10
-5
cm/s. Foram percolados aproximadamente 3,5 o volume de vazios da amostra A
Figura 4.9 representa o desenvolvimento do ensaio.
Ensaio SCB (fator a/c=4) - Água
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.9 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com fator
a/c =4 permeada com água
Na Figura 4.10 pode-se observar quantos volumes de vazios foram permeados com água
através do tempo, percebendo-se 3Vp/Vv em aproximadamente 50 horas.
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
48
Ensaio SCB (fa/c=4) - Água
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
3,5
4
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.10 Resultado Vp/Vv x tempo na amostra SCB fator a/c=4 permeada
com água
A amostra SCB com fator a/c= 4 quando permeada com óleo diesel apresentou uma evolução
diferenciada. No início do ensaio quase não havia percolação de fluído, e, devido ao grande
calor, houve uma grande evaporação de material no recipiente de coleta do material
percolado, o que gerou valores não significativos de condutividade hidráulica. Desta forma,
foram descartados estes valores. O ensaio estabilizou-se com um valor médio de
condutividade hidráulica de 3,8.10
-8
cm/s.
Novamente, não foi observado o grande aumento na condutividade hidráulica que foi
observado para o ensaio SB, devido, provavelmente ao efeito da formação de estrutura em
função da cimentação.
A Figura 4.11 apresenta os resultados deste ensaio, onde se pode observar que foi percolado
apenas 0,03 vezes o volume de vazios da amostra, isto se deu devido ao fato as amostra a
amostra apresentar uma baixa condutividade hidráulica e mesmo deixando percolar por um
grande tempo foi percolado pouco material.
Pode-se observar na Figura 4.12 o comportamento Vp/Vv através do tempo.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
49
Ensaio SCB (fator a/c=4) - Óleo Diesel
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,005 0,01 0,015 0,02 0,025 0,03 0,035 0,04 0,045 0,05
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.11 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com
fator a/c =4 permeada com óleo diesel
Ensaio SCB (fa/c=4) - Óleo Diesel
0
0,005
0,01
0,015
0,02
0,025
0,03
0,035
0,04
0,045
0,05
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.12 Resultado do Vp/Vv x tempo na amostra SCB fator a/c=4 permeada
com óleo diesel
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
50
4.3.4 Resultados da amostra Solo-Cimento-Bentonita (SCB) com fator
água-cimento 6
A Tabela 4.5 apresenta os parâmetros de moldagem para a amostra em questão:
Tabela 4.5 Parâmetros de moldagem para a amostra Solo-Cimento-
Bentonita (SCB) fator a/c=6
Propriedades Valores
Teor de Umidade 98%
Peso Específico Natural 1,37 g/cm
3
Peso Específico Seco 0,69 g/cm
3
Índice de Vazios 2,9
A amostra SCB com fator a/c 6 apresentou, quando permeada com água, uma alta
condutividade hidráulica, sendo o seu valor médio igual a 5,9.10
-5
cm/s, sendo permeados um
volume de aproximadamente 2,7 vezes o volume de vazios.
A Figura 4.13 apresenta o resultado deste ensaio.
Ensaio SCB (fator a/c=6) - Água
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.13 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com
fator a/c =6 permeada com água
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
51
Na Figura 4.14 observa-se o Vp/Vv através do tempo na amostra SCB fa/c=6.
Ensaio SCB (fa/c=6) - Água
0
0,5
1
1,5
2
2,5
3
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.14 Resultado Vp/Vv x Tempo na amostra SCB fator a/c=6 permeada
com água
Quando se colocou o óleo diesel como agente permeante obteve-se uma rápida queda inicial
na condutividade hidráulica da amostra passando seu valor para uma ordem de 10
-7
cm/s. O
valor médio da condutividade hidráulica ficou em torno de 1,7. 10
-6
cm/s. Durante este ensaio
foi percolado um volume de aproximadamente 0,4 vezes o volume de vazios da amostra.
Novamente, como nos outros ensaios com cimentação, não houve grande aumento da
condutividade hidráulica como ocorreu no ensaio SB.
Na Figura 4.15 pode-se observar o desenvolvimento do ensaio.
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
52
Ensaio SCB (fator a/c=6) - Óleo Diesel
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25 0,3 0,35 0,4 0,45
Vp/Vv
k (cm/s)
Figura 4.15 Resultado da condutividade hidráulica para a amostra SCB com
fator a/c =6 permeada com óleo diesel
Observa-se na Figura 4.16 quantos volumes de vazios foram percolados através do tempo.
Ensaio SCB (fa/c=6) - Óleo Diesel
0
0,05
0,1
0,15
0,2
0,25
0,3
0,35
0,4
0,45
0 50 100 150 200 250 300 350
Tempo (horas)
Vp/Vv
Figura 4.16 Resultado do volume de entrada e saída na amostra SCB
fator a/c=6 permeada com óleo diesel
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
53
4.2.5 Resultados globais
A seguir apresenta-se a planilha com o resumo dos resultados
Tabela 4.6 Resumo dos resultados
Propriedades SB SCB (fa/c=2) SCB (fa/c=4) SCB (fa/c=6)
Teor de Umidade 102% 98% 99% 98%
Peso Específico Natural 1,34 g/cm
3
1,37 g/cm
3
1,35 g/cm
3
1,37 g/cm
3
Peso Específico Seco 0,66 g/cm
3
0,69 g/cm
3
0,68 g/cm
3
0,69 g/cm
3
Índice de Vazios 3,1 2,9 3,0 2,9
Cond. Hidráulica (água) 1,7.10
-7
cm/s 4,3.10
-6
cm/s 1,4.10
-5
cm/s 5,9.10
-5
cm/s
Cond. Hidráulica (óleo diesel) 9,6.10
-5
cm/s 7,5.10
-6
cm/s 3,8.10
-8
cm/s 1,7.10
-6
cm/s
Pode-se observar nos resultados para as amostras percoladas com água, um aumento da
condutividade hidráulica de 2,5.10
-7
cm/s, para a amostra não cimentada para um valor na
ordem de 10
-5
cm/s para o caso das amostras de Solo-Cimento-Bentonita com fatores de
água/cimento 4 e 6, como esperado, corroborando os resultados obtidos por Azambuja, 2004.
A Figura 4.17 apresenta o gráfico dos ensaios permeados com água:
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
54
Ensaio Água
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 4
Vp/Vv
K (cm/s)
SCB (f a/c=2)
SCB (f a/c=4)
SCB (f a/c=6)
SB
Figura 4.17 Resultado da condutividade hidráulica para a água
Já quando as amostras foram percoladas com óleo diesel, obteve-se o menor valor de
condutividade hidráulica para a amostra Solo-Cimento-Bentonita com fator água/cimento 4,
sendo este valor de 5,7.10
-8
cm/s. A amostra de Solo-Bentonita apresentou um valor próximo
a este até um determinado momento do ensaio quando a condutividade hidráulica teve um
súbito aumento no seu valor.
A Figura 4.18 apresenta estes resultados:
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
55
Ensaio Óleo Diesel
1,00E-09
1,00E-08
1,00E-07
1,00E-06
1,00E-05
1,00E-04
1,00E-03
0 0,2 0,4 0,6 0,8 1 1,2 1,4
Vp/Vv
k (cm/s)
SCB (f a/c=2)
SCB (f a/c=4)
SCB (f a/c=6)
SB
Figura 4.18 Resultado da condutividade hidráulica para óleo diesel
Pode-se observar no gráfico acima que os ensaios cimentados não apresentaram um súbito
aumento na condutividade hidráulica como ocorreu no ensaio SB.
O ensaio SCB com fator a/c=4 foi o que apresentou os melhores resultados de condutividade
hidráulica para o óleo diesel, sendo que foi ele, também, que apresentou a melhor
trabalhabilidade durante a moldagem entre os ensaios cimentados. A amostra SCB com fator
a/c=2, devido a maior quantidade de cimento, apresentou uma menor trabalhabilidade e a
amostra SCB com fator a/c=6 apresentou uma pequena segregação dos materiais.
4.4 ANÁLISES POR DIFRAÇÃO DE RAIOS X
A bentonita foi analisada por técnicas de Difração de Raios X, de acordo com a rotina de
preparação de argilominerais do Laboratório de Difração de Raios do Instituto de Geociências
da UFRGS, obedecendo-se as seguintes condições:
a) Bentonita não saturada. Nesta situação foram preparadas três laminas de
bentonita orientada, nas condições, Natural, Glicolada e Calcinada;
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
56
b) Bentonita saturada com óleo diesel.
4.4.1 Resultado da análise de Difração de Raios X - Amostra natural
A Figura 4.20 representa o difratograma da amostra natural de bentonita, em que se observa o
pico da montmorilonita em 12,973 Å, caracterizando-se por apresentar uma marcada
assimetria para valores mais elevados. No mesmo difratograma observam-se traços de
caolinita e quartzo, respectivamente.
Figura 4.20 - Difratograma de Raios X. Amostra natural
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
57
4.4.2 Resultado da análise de Difração de Raios X da amostra tratada com
Etileno Glicol
A Figura 4.21 representa o difratograma da amostra de bentonita tratada com etileno glicol,
em que se observa o deslocamento do pico da montmorilonita da amostra natural em 12,973 Å
para 17,115 Å. Este pico caracteriza-se por uma significativa cristalinidade e simetria.
Ocorrem como traços caolinita e quartzo.
Figura 4.21 - Difratograma de Raios X. Amostra tratada com etileno
glicol
4.4.3 Resultado da análise de Difração de Raios X da amostra Calcinada
A Figura 4.22 representa o difratograma da bentonita natural calcinada a 500ºC. Pelo processo
de calcinação o pico característico da montmorilonita natural de 12,973 Å desloca-se para
9,940 Å que define a montmorilonita colapsada. Como conseqüência, também, da calcinação,
o pico da caolinita desaparece por completo por colapso estrutural. Entretanto, o quartzo
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
58
permanece por tratar-se de um mineral de comportamento refratário nessa faixa de
temperatura.
Figura 4.22 - Difratograma de Raios X da bentonita calcinada
4.4.3 Resultado da análise de Difração de Raios X da amostra de Bentonita
Saturada com Óleo Diesel
A Figura 4.23 representa o difratograma da amostra de bentonita saturada com óleo diesel.
Destaca-se neste difratograma o posicionamento do pico da montmorilonita em 12,826 Å. O
pico da montmorilonita em 12,826 Å indica uma redução distância entre os planos atômicos
ou planos basais (d) quando comparado com a amostra natural que apresenta o pico da
montmorilonita em 12,973 Å. Por outra parte, a comparação da amostra glicolada com o pico
da montmorilonita em 17,115 Å com a amostra saturada com óleo diesel (d=12,826), equivale
a uma significativa redução do inchamento intracristalino da montmorilonita. Este inchamento
intracristalino é produzido pelo líquido que penetra e provoca o afastamento recíproco entre
os planos basais da montmorilonita.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
59
Este comportamento poderá estar relacionado com o aumento da permeabilidade da amostra
em determinados teores de óleo diesel. Pode ser sugerido que o óleo diesel satura a amostra
expulsando a água presente nos sítios de inchamento intracristalino da montmorilonita. O
aumento da porosidade por estar relacionado, também, à redução da propriedade expansiva da
bentonita. Por isso, uma vez atingido o ponto de saturação em óleo diesel, a água presente é
expulsa, diminuindo o tamanho das massas de bentonita, que se “contraem” aumentando a
porosidade e conseqüente permeabilidade da amostra.
Figura 4.23 - Difratograma de Raios X. Amostra de bentonita saturada
com óleo diesel.
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
60
5 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Neste capítulo são apresentadas as considerações finais em relação à montagem do
equipamento e a condutividade hidráulica. Para finalizar são propostas sugestões para futuros
trabalhos neste segmento.
5.2 MONTAGEM DO EQUIPAMENTO
O permeâmetro de parede rígida desenvolvido no Environgeo/UFRGS segue a norma
americana ASTM D 5856. Este equipamento foi projetado e construído para receber e resistir
a contaminantes químicos presentes em amostras de solo contaminado ou como líquido
permeante, através de peças e conexões de aço inox e tubulações de nylon.
O equipamento mostrou-se muito eficaz quanto à realização de ensaios de condutividade
hidráulica, tendo sua eficiência comprovada também quanto ao uso de materiais
contaminantes nos ensaios. Não apresentando desgaste de seus componentes ou tubulações no
período de realização dos ensaios.
5.3 CONDUTIVIDADE HIDRÁULICA
A condutividade hidráulica da amostra Solo-Bentonita aumentou com a percolação de óleo
diesel, o que pode em parte ser explicado por meio de difração de raios X, pois com óleo
diesel como agente percolante há uma significativa redução do inchamento intracristalino da
montmorilonita.
__________________________________________________________________________________________
Comportamento de Liners sob a Influência de um Contaminante Orgânico
61
Para as amostras de Solo-Cimento-Bentonita pode-se observar uma diminuição da
condutividade hidráulica quando comparamos os resultados obtidos da amostra permeada
com água e óleo diesel.
Os melhores resultados, ou seja, o menor valor de condutividade hidráulica para a amostra
permeada com óleo diesel foi alcançado com a amostra Solo-Cimento-Bentonita com fator
água/cimento igual a 4, sendo este valor de 5,7.10
-8
cm/s.
5.4 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Para futuros trabalhos fica aqui as seguintes sugestões:
a) Realização de ensaios de condutividade hidráulica para outros materiais
permeantes;
b) Realização de microscopia eletrônica para as amostras;
c) Uso de outros materiais como agentes cimentantes.
__________________________________________________________________________________________
Augusta Brenner dos Santos. Porto Alegre: PPGEC/UFRGS, 2005.
62
REFERÊNCIAS
AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. Standard Classification of
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