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ANA MARIA DE ABREU
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL PARA A LÍNGUA
PORTUGUESA DO FEAR AVOIDANCE BELIEFS QUESTIONNAIRE
(FABQ) EM PORTADORES DE DOR LOMBAR CRÔNICA
FRANCA
2006
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ANA MARIA DE ABREU
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL PARA A LÍNGUA
PORTUGUESA DO FEAR AVOIDANCE BELIEFS QUESTIONNAIRE
(FABQ) EM PORTADORES DE DOR LOMBAR CRÔNICA
Dissertação apresentada à Universidade
de Franca – UNIFRAN, como exigência
parcial para a obtenção do título de
Mestre em Promoção de Saúde.
Orientadora: Profa. Dra. Sônia Maria
Vicente Cardoso
FRANCA
2006
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DEDICO este trabalho ao meu marido Will pelo apoio, paciência,
incentivo e amor incondicional que me proporcionaram
tranqüilidade e força para chegar até aqui. Te amo;
à minha linda filha Sofia, razão do meu viver. Que os momentos de
ausência possam ser compensados por um futuro de conquistas e
alegria;
à minha amada mãe Neuza, sempre amiga, companheira e sempre
presente em todas as jornadas ao longo desta vida. Você é demais!
ao meu querido pai René, um dos grandes responsáveis pela minha
formação moral e acadêmica e por vários bons momentos
compartilhados;
aos meus irmãos, José Antônio e Gabriela; meus cunhados meus
afilhados e sobrinhos, pela feliz e agradável convivência.
Amo todos vocês!
AGRADEÇO a Deus que me concedeu força, paciência e coragem
para atingir meus objetivos;
à minha orientadora, Dra. Sônia Maria Vicente Cardoso, pelo apoio
e sabedoria na condução deste trabalho. Obrigada por acreditar na
minha capacidade;
ao meu co-orientador, Professor Dr. Sérgio do Nascimento Kronka,
pela atenção, empenho e sugestões oportunas durante todas as
etapas. Sua participação foi fundamental para a realização deste
trabalho;
à Professora e amiga, Dra. Luci Fuscaldi Teixeira-Salmela, fonte de
inspiração, que com seu carinho e total desprendimento me guiou e
ajudou a superar os momentos de dificuldade;
aos Professores, Dr. José C. Barbosa e Dra. Branca Maria de
Oliveira Santos, pela disponibilidade e contribuição impar na fase
final do trabalho;
à Ana Paula de L. Pfister pelo amizade e companheirismo;
à amiga Solange Ribeiro pelo incentivo e apoio durante esta árdua
caminhada;
ao Presidente da FUNEDI/UEMG, Prof. Gilson Soares, pelo suporte
e incentivo profissional;
à colega de trabalho e amiga, Cecília Ferreira de Aquino, pela
devoção, disponibilidade e contribuições enriquecedoras;
à Viviane Gontijo Augusto pela amizade, contribuições e por
participar da escolha inicial do tema deste trabalho;
as companheiras de viagem, Déia, Dani, Karina e Ana Paula , pelos
momentos de descontração e estresse compartilhados, sempre
acompanhados por uma boa cerveja gelada;
a todos aqueles que, mesmo não tendo sido citados, contribuíram de
forma especial e única.
Contemplar a si mesmo no espelho
mergulhar em seu sigilo interior,
explorar seu potencial infinito e
surpreender-se,
ao descobrir que a maior de todas as crises
é aquela gerada, criada e alimentada
pelo próprio homem.
O antídoto para esta crise, porém,
consiste em conhecer o próprio criador,
enriquecer conhecimentos,
somar experiências,
ousar, avançar, crescer, vencer e
continuar crescendo,
sabendo que o homem é sempre capaz
de seguir avante, desafiando seus próprios limites
e superando a si mesmo.”
(Carlos Wizard Martins)
RESUMO
ABREU, Ana Maria de. Tradução e adaptação cultural para a língua portuguesa do
Fear Avoidance Beliefs Questionnaire (FABQ) em portadores de dor lombar crônica.
2006. 80f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de
Franca, Franca – SP.
O objetivo do presente estudo foi realizar a tradução, a adaptação transcultural para
o português e avaliar as propriedades psicométricas do Fear Avoidance Beliefs
Questionnaire (FABQ). Este questionário avalia as crenças e medos dos pacientes
sobre como as atividades físicas (FABQ-Phys) e o trabalho (FABQ-Work) poderiam
afetar sua dor lombar. O FABQ foi traduzido e adaptado para o português, seguindo
metodologia determinada, e submetido à avaliação de sua confiabilidade. A versão
adaptada do instrumento, FABQ-VP, foi aplicada em 53 indivíduos com dor lombar
crônica não específica. Nenhum pedido de ajuda na interpretação do questionário foi
feito durante a fase de aplicação e nenhum item foi deixado sem responder. A
reprodutibilidade do teste-reteste e a consistência interna das subescalas foram
altas (ICC=0,84 e α =0,80 para a FABQ-Phys e ICC=0,91 e α =0,90 para a
FABQ-Work). O método de regressão múltipla Stepwise estimou a correlação
isolada dos itens com suas subescalas. Todos os itens apresentaram correlação
significativa. O item quatro da FABQ-Phys mostrou o melhor resultado, explicando
83% da variação do escore final. Na FABQ-Work o item 11 apresentou a correlação
mais forte, explicando 76% da variação do escore final. A Escala Visual Numérica
e o Questionário Roland Morris foram utilizados para medir a intensidade da dor e o
grau de incapacidade, respectivamente. A correlação destas variáveis clínicas com
as subescalas do FABQ foi avaliada através do coeficiente de correlação de
Pearson. Os resultados mostraram uma correlação positiva entre as subescalas e a
intensidade de dor. Considerando o grau de incapacidade, houve uma correlação
moderada (r=0,72) com a FABQ-Work e uma correlação fraca com a FABQ-Phys
(r=0,35). Nenhuma correlação significativa foi encontrada entre as subescalas
FABQ-Phys e a FABQ-Work. As propriedades psicométricas avaliadas na versão
portuguesa do Fear Avoidance Beliefs Questionnaire são confiáveis. Com base
nestes achados, pode-se afirmar que o FABQ-VP apresenta um potencial de
aplicabilidade clínica significativo para avaliar as crenças e medos dos portadores de
dor lombar em relação às suas atividades físicas e laborais. No entanto, estudos
futuros são necessários para elaborar as questões da relação do FABQ-VP com
outras variáveis clínicas
Palavras chaves: tradução; adaptação transcultural; propriedades psicométricas;
Fear Avoidance Beliefs Questionnaire; dor lombar crônica.
ABSTRACT
ABREU, Ana Maria de. Translation and cultural adaptation to Portuguese language
of Fear Avoidance Beliefs Questionnaire (FABQ) in individual with chronic low back
pain. 2006. 80f. Dissertação (Mestrado em Promoção de Saúde) – Universidade de
Franca, Franca – SP.
The aim of the present study was to translate, make a transcultural adaptation to
Portuguese, and investigate the psychometrics properties of the Fear Avoidance
Beliefs Questionnaire (FABQ) The questionnaire assess the patients beliefs and
fears about how physical activity (FABQ-Phys) and work (FABQ-Work) could affect
their low back pain. The FABQ was translated and adapted to Portuguese, following
the recommended methodology, and submitted to reliability tests. The adapted
version of the instrument, FABQ-VP, was administered to 53 individuals with non-
specific chronic low back pain. No request for aid in interpretation of the
questionnaire was made during the application phase and no item was left
unanswered. The test-retest reproducibility and the internal consistency of subscales
were high (ICC=0,84 and α =0,80 for FABQ-Phys and ICC=0,91 and α =0,90 for
FABQ-Work). The Stepwise Multiple Regression estimated the isolated correlation of
the items with their subscales. All the items showed a significant correlation with the
subscales. The item four of the FABQ-Phys showed the best result, accounting for
83% of the variance in the final score. In FABQ-Work the item 11 showed the
strongest correlation, accounting for 76% of the variance in the final score. The
Visual Numerical Scale and the Roland Morris Questionnaire were used to measure
the intensity of pain and the level of disability, respectively. The relationship of these
clinical variables and the subscales of FABQ was estimated by the Pearson
Correlation Coefficient. The results showed a positive correlation among the
subscales and the pain intensity. Regarding the level of disability, there was a
moderate correlation (r=0,72) with the FABQ-Work and a weak correlation with the
FABQ-Phys (r=0,35). No significant correlation was found between the subscales
FABQ-Phys and FABQ-Work. The psychometrics properties assessed in the
Portuguese version of the Fear Avoidance Beliefs Questionnaire are reliable. Based
on these findings, it can be affirmed that the FABQ has significant potential for clinical
applications to assess the fear avoidance beliefs of individuals with low back pain
about their physical and work activities. However, future studies are necessary to
elaborate questions about the relationship of FABQ-VP with other clinical variables.
Key words: translation; transcultural adaptation; psychometrics properties; Fear
Avoidance Beliefs Questionnaire; chronic low back pain
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO....................................................................................................... 13
1.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA....................................................................... 17
1.1 ASPECTOS GERAIS DA DOR LOMBAR................................................... 17
1.2 CRENÇAS E MODELOS DE COMPORTAMENTOS RELACIONADOS
À DOR CRÔNICA......................................................................................
22
1.3 FEAR AVOIDANCE BELIEFES QUESTIONNAIRE (FABQ)...................... 26
2.
CASUÍSTICA E MÉTODOS........................................................................ 28
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO........................................... 28
2.2 TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO FEAR AVOIDANCE
BELIEFS QUESTIONNAIRE (FABQ)..........................................................
29
2.2.1 Tradução da versão original para a língua portuguesa............................... 29
2.2.2 Retro-tradução (Back-translation)................................................................ 30
2.2.3 Revisão da tradução por um comitê multidisciplinar de especialistas......... 30
2.2.4 Pré - teste.................................................................................................... 32
2.2.5 Síntese dos procedimentos do processo de tradução e adaptação
cultural do FABQ para o português.............................................................
34
2.3
A
VALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOM
É
TRICAS DA VERSÃO
FINAL EM PORTUGUÊS DO FABQ........................................................
35
2.3.1 Confiabilidade.............................................................................................. 35
2.3.2 Validade....................................................................................................... 36
2.4 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS.................................... 38
2.4.1 Local do estudo........................................................................................... 38
2.4.2 Amostra........................................................................................................ 38
2.4.3 Instrumentos de coleta de dados................................................................. 39
2.4.4 Operacionalização da coleta de dados........................................................ 39
2.4.5 Tratamento estatístico dos dados................................................................ 40
3.
RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................. 42
3.1 PARECER DO COMITÊ MULTIDISCIPLINAR DE ESPECIALISTAS......... 42
3.2 CARACTERIZACÃO DA AMOSTRA........................................................... 43
3.3 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO FABQ........................................ 46
3.3.1 Repetibilidade.............................................................................................. 47
3.3.2 Consistência interna.................................................................................... 47
3.3.3 Relação entre os itens e as subescalas do FABQ-VP................................ 49
3.3.4 Relação do FABQ-VP com as variáveis clínicas......................................... 50
CONCLUSÕES..................................................................................................... 54
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 56
APÊNCIDES.......................................................................................................... 65
ANEXOS................................................................................................................ 68
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Modelo cognitivo-comportamental do medo do movimento e
recidiva da lesão.............................................................................
24
Figura 2 - Modelo cognitivo-comportamental da dor crônica.......................... 25
Figura 3 - Síntese da tradução e adaptação cultural do FABQ para o
português........................................................................................
34
Gráfico 1 - Caracterização da amostra de acordo com o sexo (n=53)........... 43
Gráfico 2- Distribuição do tempo de evolução do quadro álgico..................... 44
Gráfico 3 - Caracterização da amostra de acordo com a atividade física........ 44
Gráfico 4 - Caracterização da amostra quanto à situação profissional............ 45
Quadro 1- Princípios do modelo biomédico..................................................... 22
Quadro 2 - Linhas gerais para preservar a equivalência nas traduções
e adaptações culturais de instrumentos de medidas de saúde....
28
Quadro 3 - Tradução e adaptação cultural do FABQ para o português........... 33
Tabela 1- Características clínicas da amostra (n=53).................................... 45
Tabela 2- Consistência interna das subescalas do FABQ em estudo
internacionais.................................................................................
48
Tabela 3- Sumário dos resultados da análise de regressão Stepwise da
subescala FABQ-Phys e seus itens...............................................
49
Tabela 4- Sumário dos resultados da análise de regressão Stepwise da
subescala FABQ-Work e seus itens..............................................
50
Tabela 5- Relação entre Escala Visual Numérica (EVN), Questionário
Roland Morris (QRM), FABQ-Phys e FABQ-Work, através do
Coeficiente de Correlação de Pearson.........................................
51
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
DLC - Dor Lombar Crônica
EVN – Escala Visual Numérica
FABQ - Fear Avoidance Beliefs Questionnaire
FABQ -VP - Fear Avoidance Beliefs Questionnaire Versão Portuguesa
FABQ-Phys - Fear Avoidance Beliefs Questionnaire relacionado à atividades físicas
FABQ-Work - Fear Avoidance Beliefs Questionnaire relacionado ao trabalho
ICC – Intraclass Correlation Coeficient
QRM - Questionário Roland Morris
13
INTRODUÇÃO
A dor lombar é uma disfunção de etiologia complexa que tem atingido
proporções alarmantes nas últimas décadas (DE VITTA, 1996; MOORE et al., 2000).
Dentre os distúrbios dolorosos, as algias lombares constituem uma causa freqüente
de morbidade e incapacidade, sendo ultrapassada somente pela cefaléia (CECIN,
1996). Embora a humanidade padeça há tempos síndromes dolorosas lombares,
estas ainda são um grande problema de saúde pública (COCICOV et al., 2004). Nos
países industrializados a dor lombar afeta principalmente a população
economicamente ativa sendo que aproximadamente 60% a 80% destes indivíduos,
em alguma fase de sua vida, são acometidos por esta patologia (WADDELL,
1987; LINTON e ANDERSON, 2000; VLAEYEN et al., 1999).
As lombalgias representam um grande problema sócio-econômico
da sociedade moderna (COURY e RODGHER, 1997). Além dos custos diretos
despendidos com cuidados médicos, existem também aqueles relacionados com a
diminuição da produtividade e absenteísmo (VAN TULDER, KOES e BOUTER,
1997; FORTES, SOUZA e BARROS FILHO, 2000; JENSEN et al., 2001).
Normalmente, a dor lombar aguda não específica apresenta evolução
satisfatória e a maioria dos pacientes retorna às atividades entre quatro a oito
semanas (SCHEER, WATANABE e RADACK, 1997; KOLE SNIJDERS, VLAEYEN e
GOOSSENS, 1999; SWINKELS-MEEWISSE et al., 2003). No entanto, 10% a 20 %
dos portadores de lombalgia desenvolvem um quadro crônico e são responsáveis
pela maior parte dos custos associados às doenças ocupacionais (FURLAN et al.,
2001; FERREIRA et al., 2002; FRITZ e GEORGE, 2002;).
A Dor Lombar Crônica (DLC) não deve ser considerada um fenômeno
meramente físico sendo influenciada também por variáveis psicológicas e
emocionais (VLAEYEN, KOLE SNIJDERS e BOEREN, 1995; OLIVEIRA, 2000; VAN
TULDER et al., 2000; SHARP, 2001).
14
Portadores de DLC apresentam crenças sobre sua dor que são
baseadas em um aprendizado sócio-cultural que pode variar de uma comunidade
para outra (OLIVEIRA, 2000; MOON e LIV, 1998; WALSH e RADCLIFFE, 2002).
As crenças distorcidas irão contribuir para o aparecimento de
comportamentos desadaptados como uso abusivo de medicação, inatividade
prolongada e incapacidade (GEISSER, HAIG e THEKSEN, 2000; TRUNCHON e
FILLION, 2000; PINCUS et al., 2002). Indivíduos com DLC, freqüentemente, relatam
uma intolerância às atividades físicas devido ao aumento da dor (VERBUNT et al.,
2001). Nestes casos, o medo da dor é mais provocativo que o movimento realizado
(KEEN et al.,1999; CROMBEZ et al.,1999, AL-OBAIDI et al., 2000).
A abordagem da dor lombar é complexa e extensa. Estudos de revisão
e meta análises têm sido realizados com o objetivo de melhorar e avaliar a eficácia
do tratamento da DLC (NORDIN, ALEXANDRE e CAMPELO, 2003; MOFFETT et al.,
1999). Evidências recentes mostram que a avaliação dos aspectos psicológicos e
culturais na DLC são tão importantes quanto os aspectos físicos e biológicos
(SYMONDS et al. ,1996; VLAEYEN e LINTON, 2000; SWINKELS-MEEWISSE et al.,
2003 ).
Atualmente, a comunidade médico-científica tem procurado
desenvolver métodos de avaliação que sejam capazes de monitorar os resultados
dos tratamentos existentes assim como os aspectos emocionais e sociais envolvidos
no processo saúde-doença. A viabilização dessas evidências tem sido reforçada
pelo surgimento de instrumentos padronizados (CAMPOS et al., 2003). Caso o
instrumento selecionado tenha sido desenvolvido em outro país, é imprescindível
uma tradução criteriosa e, se necessárias, adaptações culturais (GUILHEMIN,
BOMBARDIER e BEATON, 1993; JORGE, 1998;).
A respeito da tradução e adaptação cultural de questionários, Ciconelli
et al, (1999) comentam que:
“Cada sociedade tem suas próprias crenças, atitudes, costumes,
comportamentos e hábitos sociais. Essas regras ou conceitos refletem a
cultura de um país e também o diferenciam de outros. Quando propomos a
tradução de um questionário, este deve apresentar-se em linguagem
simples e clara e manter-se equivalente no que tange a seus conceitos
culturais”
15
A tradução e adaptação cultural de questionários têm sido uma forma
simples e econômica de aquisição de medidas válidas e confiáveis (TEIXEIRA-
SALMELA, MAGALHÃES e SOUZA, 2004). A utilização destes questionários permite
uma documentação sistematizada da evolução do paciente além de auxiliar na
fundamentação da prática clínica (SAMPAIO, MANCINI e FONSECA, 2002).
Uma das inquietações desta pesquisadora, fisioterapeuta especialista
em reabilitação ortopédica e esportiva pela Universidade Federal de Minas Gerais -
UFMG, foi encontrar um questionário que abordasse os aspectos cognitivos dos
portadores de dor lombar crônica em relação ao medo do movimento durante as
atividades de vida diária e laborais.
Este interesse foi decorrente de uma experiência de quase uma
década de atendimento a um grande número de portadores de DLC que, por algum
motivo desconhecido, mostraram-se resistentes à realização de exercícios físicos ou
ao retorno às suas atividades ocupacionais e que não respondiam bem aos
tratamentos propostos. A desmotivação dos pacientes dificultava a implementação
de estratégias terapêuticas eficientes e conseqüentemente os resultados eram
frustrantes.
Após extensa revisão bibliográfica através de consultas a bancos de
dados como PUBMED, SCIELO e LILACS, a autora encontrou um instrumento de
avaliação já validado em outros países e com grande aceitação no meio científico,
no caso o Fear Avoidance Beliefs Questionnaire (FABQ).
O FABQ, desenvolvido por Waddell et al. (1993) na língua inglesa, é
um dos questionários mais utilizados na literatura internacional para avaliar como as
crenças do paciente a respeito das atividades físicas e ocupacionais poderiam afetar
sua dor nas costas. Este questionário já foi traduzido e validado nos idiomas:
alemão, francês e espanhol (PFINGSTEN et al., 2000; CHAORY et al., 2004;
KOVACS et al., 2006).
Como não existe no Brasil nenhum questionário que se encaixe neste
perfil, à tradução, adaptação cultural e avaliação das propriedades de medida do
FABQ para a língua portuguesa, seria de grande valia.
Mediante o exposto, é de extrema importância levantamento de
algumas perguntas como: quais as possíveis aplicações, contribuições e limitações
do questionário em questão na avaliação de portadores de DLC?
16
Estas respostas podem nortear e aprimorar o tratamento da DLC a
partir de um enfoque multidisciplinar.
Assim, o presente estudo teve como objetivos:
Realizar a tradução e adaptação transcultural do Fear Avoidance Beliefs
Questionnaire (FABQ) para a língua portuguesa.
Analisar seu conteúdo para melhor adequação à realidade brasileira.
Verificar suas propriedades de medida, por meio da análise da confiabilidade e
validade da sua aplicação em portadores de DLC e indicar as contribuições e
limitações na prática clínica.
17
1. REVISÃO DA LITERATURA
1.1. ASPECTOS GERAIS DA DOR LOMBAR
A síndrome dolorosa lombar, também conhecida como lombalgia,
pode ser definida como uma dor localizada na região inferior do dorso em uma área
situada entre o último arco costal e a prega glútea. Quando a dor irradia desta
região para uma ou ambas as pernas é denominada lombociatalgia (CECIN, 1996).
Seu início pode ser insidioso, vago ou muito intenso (PEREIRA, SOUZA e
SAMPAIO, 2001). Geralmente, caracteriza-se por restrição dos movimentos do
tronco e presença de espasmo na musculatura paravertebral provocados pelo
quadro álgico (SANTOS et al., 2004).
A estrutura anatômica e biomecânica da coluna lombar é complexa.
Sua estabilidade depende da integridade de seus ligamentos, de uma boa
congruência articular e de um bom equilíbrio muscular. O disco intervertebral exerce
um importante papel na absorção da energia mecânica. A interação destes fatores
durante o movimento permite que a coluna lombar seja capaz de suportar cargas em
diversas direções ( THOMPSON, 2004).
As causas da dor lombar podem ser: congênitas, degenerativas,
inflamatórias, infecciosas, tumorais e mecânico-posturais. Os fatores mecânico-
posturais representam a maior parte das algias da coluna lombar referidas pela
população. Nestes casos ocorre um desequilíbrio entre a carga que é aplicada na
região durante atividades que geram esforço e a capacidade da coluna lombar em
receber e absorver estas cargas (ANDRADE, ARAÚJO & VILAR, 2005).
A etiologia da dor lombar é bastante discutida e variada podendo ser
desencadeada por fatores de risco biológicos, mecânicos e cognitivos (PINTO &
CHEDID, 2003; MORAES, 2003).
18
Segundo Kolyniak, Cavalcanti & Aoki (2004), normalmente a lombalgia
está associada ao sedentarismo ou à sobrecarga ocupacional, sendo considerada
uma das mais comuns doenças hipocinéticas, ou seja, patologias onde o indivíduo
apresenta uma diminuição do movimento corporal.
Dentre os fatores que contribuem para a complexidade do processo de
avaliação da dor lombar podemos citar a subjetividade dos parâmetros de
mensuração da dor, a influência dos fatores psicológicos e a influência dos aspectos
legais relacionados ao trabalho (MENDES, 2003).
Com o intuito de facilitar a abordagem terapêutica na prática clínica,
as lombalgias são classificadas em categorias ou fases dependendo de sua
especificidade, tempo de duração e origem (MORAES, 2003).
A lombalgia denominada específica é decorrente de uma causa
conhecida e é caracterizada por um diagnóstico muito bem definido podendo estar
relacionada a uma desordem, patologia ou disfunção. As causas mais comuns de
lombalgias específicas são: hérnia discal, espondilólise, fraturas, tumores, infecções
e doenças inflamatórias (CECIN, 1997).
Já as lombalgias inespecíficas são idiopáticas, apresentam um
diagnóstico pouco definido e representam 80% de todos os casos registrados em
pacientes adultos portadores de dor lombar (CECIN, 1997; MORAES, 2003).
Segundo NORDIM et al. (1998), a lombalgia inespecífica acomete
indivíduos entre 20 a 55 anos de idade e é caracterizada por dor mecânica na região
lombosacra que varia com o movimento e que ás vezes irradia para os membros
inferiores. Além disso apresenta boa resposta à medicação e bom prognóstico.
A história natural da lombalgia inespecífica favorece seu prognóstico na
maioria dos casos. Normalmente, 90% dos casos são solucionados em um período
de três meses e em alguns casos pode existir recorrência. Indivíduos cuja
recuperação não ocorreu em poucas semanas apresentam um maior risco de
recorrência, cronicidade e cuidados prolongados. A identificação prévia dos fatores
de risco destes indivíduos é um ponto de partida importante no processo de
tratamento (NORDIM et al., 1998).
As algias lombares também podem ser classificadas em agudas,
subagudas e crônicas, dependendo do tempo de duração da dor (MENDES, 2003;
MORAES, 2003; SIQUEIRA, 2005). Segundo estes autores a divisão dos períodos
19
de evolução da dor seria: lombalgia aguda quando o tempo de dor está dentro de
um período de zero a quatro semanas de duração; subaguda dentro de período de
quatro a 12 meses de duração e crônica dentro de um período de 12 ou mais meses
de duração.
Siqueira (2005), relata que os indivíduos portadores de dor lombar
aguda costumam apresentar uma regressão e melhora do quadro clínico em poucos
dias, com ou sem tratamento. Nestes casos, os achados clínicos são proporcionais
ao relato da dor. Já na dor crônica, a intensidade da dor torna-se gradativamente
dissociada da origem ou distúrbio físico inicial e não responde bem aos tratamentos
convencionais.
Os portadores de DLC normalmente tornam-se inativos e acabam
adotando um papel de doente. Assim sendo, a dor crônica não deve ser diferenciada
da dor aguda somente pelo tempo de evolução de dor, mas também pelos seus
aspectos biopsicossociais (WADDELL, 1987). Os pacientes que não se recuperam
em poucas semanas apresentam um risco maior de recorrência e cronicidade
(MORAES, 2003).
A Internacional Association for Study of Pain (IASP) caracteriza a dor crônica
com uma dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável, que
persiste por mais de três meses e que pode ou não estar associada à danos
teciduais. Esta definição enfatiza a influência das variáveis psicológicas no quadro
álgico (SHARP, 2001).
Apesar dos avanços tecnológicos dos métodos diagnósticos e
ergonômicos, as lombalgias tiveram um crescimento 14 vezes maior que o
crescimento da população na última década (PEREIRA, SOUZA & SAMPAIO, 2001).
Na escala dos distúrbios musculoesqueléticos dolorosos que afetam a população, a
dor lombar é bastante comum sendo ultrapassada somente pela cefaléia (CECIN,
1997).
As lombalgias são consideradas um dos grandes problemas de saúde
pública dos países industrializados devido ao alto índice de morbidade, diminuição
de produtividade, absenteísmo e incapacidade para o trabalho (KOVACS et al.,
2005).
Cerca de 60% a 80% da população adulta já apresentou algum
episódio de dor lombar em algum momento de suas vidas, sendo a maioria adulta e
jovens em fase economicamente ativa. Por isso, além de afetar a qualidade de vida
20
de milhões de trabalhadores, a dor lombar gera repercussões sócio-econômicas
significativas (MORAES, 2003).
No Brasil, a lombalgia está entre as vinte queixas mais comuns dos
indivíduos que procuram o sistema de saúde pública, com uma taxa de
15 por 100 consultas por ano (COURY & RODGHER, 1997; PEREIRA, SOUZA &
SAMPAIO, 2001).
Segundo Silva, Fasca e Valle (2004), cerca de 10 milhões de
brasileiros ficaram incapacitados por causa desta morbidade. Calcula-se que uma
média de sete milhões de trabalhadores portadores de lombalgia estão afastados de
suas atividades laborais, recebendo auxílio do estado e gerando um gasto de 56
bilhões de dólares por ano.
Nos Estados Unidos, a estatística nacional indica uma prevalência
anual geral de 15% a 20% lombalgia na população em idade produtiva. Por ano
perdem-se aproximadamente 175 milhões de dias de trabalho, com perda adicional
de produtividade de 20 bilhões de dólares (IJZELENBERG & BURDORF, 2004). A
procura por serviços de saúde pelos portadores de dor lombar resultam em
aproximadamente 13 milhões de consultas médicas. Normalmente, as cirurgias de
coluna representam 12% desses casos (NORDIN et al., 1998) O resultado desta
situação é grave sob o ponto de vista sócio-econômico e os danos são incalculáveis
(DEYO, 1998).
Os gastos anuais com as lombalgias na Nova Zelândia chegam a
quatro bilhões de dólares sendo que, 75% a 90% destes gastos são atribuídos a um
grupo relativamente pequeno de pacientes com dor lombar crônica (SWINKELS-
MEEWISSE et al., 2003).
Apesar da alta prevalência geral da dor lombar somente uma pequena
porcentagem da população irá desenvolver um quadro crônico, cerca de 10% a
20 % dos casos de lombalgias (WOBY et al., 2004). Mesmo assim, os custos
referentes à utilização do sistema de saúde pelos portadores de dor lombar crônica
são preocupantes (FURLAN et al., 2001; FERREIRA et al., 2002; WOBY et al.,
2003).
Normalmente, a dor lombar crônica é considerada um fenômeno
multidimensional decorrente de um conjunto de fatores: biológicos, sócio-
21
demográficos, psicológicos e comportamentais (SMITH, HOPTON & CHAMBERSM,
1999; ARAÚJO, LINARES & COELHO, 2004; SILVA, FASCA & VALLE, 2004).
Inúmeras circunstâncias podem contribuir para o processo de
cronificação da síndrome dolorosa lombar tais como: insatisfação laboral, obesidade,
fumo, sedentarismo, má postura, processos degenerativos, disfunções emocionais e
outros (KUMMEL, 1996). Ao contrário do que a maioria das pessoas pensam, nem
sempre a percepção e a persistência da dor estão associadas à presença de um
processo inflamatório específico (SHARP, 2001).
Segundo Moffett, Carr & Howarth (2004), é recomendado que os
portadores de dor lombar crônica sejam encorajados a retornar às suas atividades
diárias o mais cedo possível, evitando desta forma os efeitos deletérios da
imobilização. Desta forma, o indivíduo deixa de ser passivo e começa a ser
responsável pela evolução do seu processo de recuperação juntamente com a
equipe de saúde. No entanto, existem vários fatores psicológicos que retardam este
retorno. O relato de incapacidade do paciente baseado nas restrições das atividades
de vida diárias pode ser derivado de crenças aprendidas durante sua vivência.
A distorção na percepção e interpretação da dor muitas das vezes é
decorrente de padrões culturais vivenciados que influenciam no comportamento de
como reagir, tratar e lidar com a doença. É comum o indivíduo acreditar no seu
papel de doente e achar que não é capaz de realizar as tarefas de vida diária. Isto
dificulta a implantação de programas de prevenção e tratamento (WADDELL, 1987)
A identificação precoce dos pacientes com DLC é necessária para a
otimização dos planos de tratamento, prevenção do processo de cronificação da dor
e redução das conseqüências sócio-econômicas acarretadas pela mesma
(SWINKELS-MEEWISSE et al., 2003).
O desenvolvimento de métodos de avaliação e estratégias terapêuticas
que identifiquem as variáveis físicas, psicológicas e sociológicas é de
fundamental importância para o sucesso do tratamento da dor lombar crônica. Por
isso, é necessária uma abordagem multidisciplinar na avaliação, diagnóstico e
tratamento das dores crônicas (MORAES, 2003).
1.2. CRENÇAS E MODELOS DE COMPORTAMENTOS RELACIONADOS À
DOR CRÔNICA
22
Oliveira (2000), relata que a dor crônica não é meramente uma
sensação física. Sendo assim, o conhecimento exclusivo dos mecanismos
fisiológicos torna-se insuficiente no diagnóstico da mesma, sendo necessárias
também avaliações que abordem os aspectos sociais e psicológicos da dor.
O mecanismo exato e os fatores que influenciam no processo de
cronificação da dor ainda são obscuros. Vários modelos têm sido desenvolvidos ao
longo dos anos com o intuito de esclarecer a complexidade das dores crônicas
(SHARP, 2001).
Segundo George, Bialosky & Fritz (2004), o primeiro modelo de
comportamento da dor relatado na literatura foi o modelo biomédico proposto por
René Descartes. Este modelo era baseado exclusivamente na avaliação dos sinais e
sintomas das patologias. Acreditava-se que a intensidade da dor estava diretamente
associada à extensão da lesão tecidual (Quadro 1).
Quadro 1 - Princípios do modelo biomédico
- acreditar que o dano é proporcional à lesão
- enfatizar a avaliação dos sinais e sintomas da lesão
- enfocar a dor na prescrição do tratamento
- evitar movimentar-se durante o período de dor
- prescrever intervenções terapêuticas, inclusive cirurgias
- encorajar o paciente a ser passivo
Fonte: George, Bialosky & Fritz, 2004
Com o tempo este modelo foi apresentando limitações e incoerências.
Por exemplo: era muito comum o indivíduo apresentar uma lesão pequena e um
quadro álgico intenso. Desde então a dor crônica tem sido objeto de pesquisa de
várias áreas da ciência da saúde (Crombez et al., 1999).
Melzack & Wall (1965), desenvolveram a proposta da Teoria das
Comportas que enfatizava a agregação de vários elementos como: emoção,
cognição, motricidade e sensações na contribuição da modulação, percepção e
23
resposta à dor. A dimensão ou extensão do processo doloroso dependeria do
somatório de um ou mais destes elementos.
Esta teoria foi a base para a nova visão do processo de cronificação da
dor e incentivou outros pesquisadores a buscarem respostas para a complexidade
da evolução das dores crônicas (LIMA, NEVES & SÁ, 2005).
Uma teoria cognitivo-comportamental sobre a evolução da dor crônica
foi proposta por Turk & Kerns (1983). Esta teoria mostra como as crenças e
pensamentos do indivíduo alteram seu comportamento e sua forma de confrontar
com o problema. Os autores acreditavam que a participação ativa dos portadores de
dores crônicas em seus tratamentos era essencial para a melhora da evolução da
dor
Seguindo esta linha de raciocínio Lethem et al. (1983) citaram pela
primeira vez o termo “fear avoidance” ao descrever um modelo de percepção
exagerada da dor. De acordo com este modelo existem dois tipos de resposta à dor:
uma resposta adaptativa de confrontação e uma resposta não adaptativa de
evitação. O autor sugere que o comportamento do indivíduo frente à dor irá
depender do tipo de resposta adotada.
O confrontador costuma ver a dor como algo temporário preparando-
se assim para lidar com a mesma e sendo motivado a retornar ao trabalho e às
atividades de vida diária. Conseqüentemente, a extensão do mecanismo psicológico
é pequena, o que facilita o processo de cura ou melhora do quadro álgico. Já o
evitador, ao contrário, cria situações onde há um aumento da sua crença individual
do medo do movimento e da atual situação de incapacidade. Ele acredita que o
movimento pode piorar a sua dor. O comportamento de evitação, nestes casos,
pode ser prolongado além do tempo desejado e é considerado um dos fatores
causais do processo de cronificação da dor. (BUER & LINTON, 2002).
Na tentativa de explicar “como” e “porquê” alguns indivíduos portadores
de lesões músculo-esqueléticas desenvolvem um ciclo crônico, Vlaeyen,
Kole-Snijder & Boeren (1995), elaboraram um modelo cognitivo-comportamental
para representar o medo do movimento e a recidiva de lesão (Figura 1).
LESÃO
24
Figura 1: Modelo cognitivo-comportamental do medo do movimento e recidiva da
lesão.
Fonte: Vlaeyen et al., 1995
Neste modelo observa-se que a experiência dolorosa quando
vivenciada de forma positiva, ativa e confrontante facilita o processo de cura e
melhora da lesão. Quando a mesma experiência é encarada de forma negativa ou
dramática pode prejudicar a recuperação do paciente. O medo do movimento pode
desencadear um ciclo vicioso podendo levar o indivíduo à depressão e
incapacidade.
Vlaeyen, Seelen & Peters (1999), utilizaram o termo “cinesiofobia” para
caracterizar a condição onde o indivíduo apresenta um medo excessivo, irracional e
debilitante do movimento. Este comportamento desadaptado é considerado um dos
principais fatores que contribuem para o processo de cronificação do quadro
álgico.
Seguindo a mesma linha de raciocínio Sharp (2001), desenvolveu um
modelo cognitivo-comportamental de dor crônica com a proposta de associar a
dimensão dos problemas gerados pela dor crônica e a maneira com que os pacientes
reagem à dor . Neste modelo, pode-se observar que a percepção dolorosa pelo
portador de dor crônica pode ser influenciada por aspectos fisiológicos, psicológicos
e culturais (Figura 2).
Componentes
com
p
ortamentais
Influências
iatro
g
ênicas
Percepção
de do
r
Não Dramatiza
ç
ão
Dramatização
Confronto
Depressão
Incapacidade
Desuso
Recuperação
Medo do movimento/
recidiva
Evitação
ESPERIÊNCIA
DOLOROSA
25
Figura 2: Modelo cognitivo-comportamental da dor crônica.
Fonte: Sharp, 2001.
Vários são os fatores que causam, perpetuam ou exacerbam a dor
crônica. Dentre eles, situa-se a crença do paciente em ter uma doença
incapacitante ou incurável. Os fatores iatrogênicos, os aspectos comportamentais e
culturais podem exacerbar a percepção da dor e reforçar um comportamento
inadequado frente ao estímulo doloroso. Isto pode contribuir para a instalação de um
quadro de hipervigilância onde o indivíduo apresenta alterações do humor,
irritabilidade e sensação de incapacidade. Desta forma não podemos determinar
um único fator responsável pela manutenção do quadro doloroso. (SHARP, 2001).
Fatores neurais e somáticos contribuem para a perpetuação de dor,
mesmo após a resolução da doença (JENSEN & KAROLY, 1992; WALSH &
RADCLIFFE. , 2002). A influência dos aspectos psicossocioculturais interfere no
modo do indivíduo perceber, expressar e lidar com a dor (LINTON & ANDERSON,
2000; VAN TULDER, KOES & BOMBARDIER, 2002; SHARP, 2001; LIMA et al.,
2005).
O comportamento da dor é derivado das várias percepções,
sentimentos e atitudes vivenciados pelo paciente. O comportamento de doença é
História de
aprendizado
A
lterações
de humo
r
Comportamentos
motores
Hipervigilância
(
ou foco somático
)
Aspectos
culturais
Portador de dor
crônica
Respostas
fisioló
g
icas
26
considerado anormal quando este é desproporcional ao nível da extensão da lesão
ou da gravidade da patologia presente (OLIVEIRA, 2000).
Na maioria dos casos, os portadores de DLC apresentam
comportamentos distorcidos resultantes de crenças e sentimentos vivenciados. É
muito comum associar o aumento da dor com a realização de qualquer tipo de
atividade física (TRUNCHON & FILLION, 2000). Este tipo de crença leva o indivíduo
à inatividade. Nestes casos, o medo da dor é mais provocativo que o movimento
realizado (WADDELL et al., 1993; CROMBEZ et al. ,1999; GEISSER, HAIG &
THEKSEN, 2000).
A experiência dolorosa causada por uma lesão pode resultar em medo
de movimentar-se ou machucar-se novamente. Este medo e as expectativas de que
as conseqüências adversas irão aumentar com o movimento podem ser a razão dos
pacientes evitarem as atividades do dia a dia (VERBUNT et al., 2003). Estes
pacientes costumam apresentar atitudes contraproducentes ao seu próprio
tratamento, favorecendo desta forma à instalação de um quadro crônico (ARAÚJO,
LINARES & COELHO, 2004).
Portanto, outras variáveis podem e devem ser avaliadas para o melhor
entendimento do sofrimento do portador de dor lombar crônica (WADDELL et al.,
1993; CROMBEZ et al., 1999; VOWLES & GROSS, 2003).
1.3. FEAR AVOIDANCE BELIEFS QUESTIONNAIRE (FABQ)
O Fear Avoidance Beliefs Questionnaire (FABQ) foi desenvolvido por
Waddell et al. em 1993 na língua inglesa. Sua elaboração foi baseada em modelos
cognitivos comportamentais que abordavam o medo, as crenças e os
comportamentos de evitação dos pacientes portadores de dores crônicas em
relação a atividade física e o trabalho. O questionário FABQ original (ANEXO A)
contém 16 itens de auto- relato que são divididos em duas sub escalas.
A escala um aborda os medos e crenças dos portadores de dor lombar
crônica DLC em relação ao trabalho e a escala dois aborda os medos e crenças dos
portadores de DLC em relação às atividades físicas. (PFINGSTEN et al., 2000).
27
Cada item é graduado em uma escala Likert de sete pontos que varia
de zero (discordo completamente) a seis (concordo completamente) de acordo com
a resposta do paciente (JACOB et al., 2001).
Waddell et al. (1993), avaliaram as propriedades psicométricas do
FABQ e os resultados foram coerentes com que o questionário se propunha avaliar.
A consistência interna das subescalas obtida no teste de reprodutibilidade foi de
α=0,88 para a subescala relacionada ao trabalho e α=0,77 para a subescala
relacionada às atividades físicas. Estes dados conferiram uma boa confiabilidade
para o questionário de uma forma geral. No entanto, a análise isolada dos itens
mostrou que os itens 13,14 e 16 eram redundantes e que itens 1 e 8 apresentaram
uma correlação pequena com demais. Desta forma, estes itens ficaram excluídos da
soma do escore final apesar de continuarem fazendo parte do questionário.
A soma de pontos é feita para cada uma das subescalas,
isoladamente, com o intuito de diferenciar os medos e crenças dos avaliados em
relação às atividades físicas e profissionais.
A distribuição dos pontos do questionário FABQ ficou assim:
Escala 1: medos e crenças relacionadas ao trabalho.
- Soma dos itens 6, 7 , 9, 10, 11, 12 e 15 com um
- O escore final pode variar entre 0 e 42 pontos.
Escala 2: medos e crenças relacionadas às atividades físicas.
- Soma dos itens 2, 3, 4 , 5.
- o escore final pode variar entre 0 e 24 pontos.
Os itens 1, 8, 13, 14 e 16 não entram na contagem de pontos.
A tradução e validação do FABQ já foi realizada nos idiomas: alemão
francês e espanhol (PFINGSTEN et al., 2000; CHAORY et al., 2004; KOVACS et al.,
2006). Para a utilização do FABQ em portadores de DLC no Brasil é necessária a
tradução e adaptação cultural do mesmo para a língua portuguesa e a avaliação de
suas propriedades de medida.
CAPÍTULO 2
28
2. CASUÍSTICA E MÉTODOS
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO METODOLÓGICO
A pesquisadora seguiu, em linhas gerais, a proposta metodológica
divulgada internacionalmente por Guilhemin, Bombardier & Beaton (1993), conforme
o resumo apresentado no Quadro 2.
Quadro 2 - Linhas gerais para preservar a equivalência nas traduções e
adaptações culturais de instrumentos de medidas de saúde
1. Tradução
- produzir várias traduções / utilizar tradutores qualificados
2. Retro-tradução (Back-translation)
- produzir em número igual às traduções / utilizar tradutores apropriados
3. Comitê de revisão
- constituir um comitê para comparar as versões traduzidas
- a constituição do comitê deve ser multidisciplinar
- modificar instruções ou formato
- modificar / rejeitar itens inapropriados
- certificar-se que a tradução está completamente compreensível
- checar a equivalência transcultural da versão traduzida
4. Pré-teste
- verificar a equivalência através das técnicas apropriadas
5. Aferição dos escores
- considerar adaptações dos escores para o contexto cultural a ser adotado
Fonte: Adaptada de Guilhemin, Bomardier & Beaton, 1993.
Os autores realizaram uma revisão bibliográfica sistemática sobre a
tradução e adaptação cultural de instrumentos de medidas de qualidade de vida e
estado de saúde com a proposta de padronizar, direcionar e facilitar o trabalho de
pesquisadores que se interessam por esta área.
29
O presente estudo baseou-se em uma investigação metodológica com
o intuito de traduzir, adaptar culturalmente, verificar as propriedades de medidas e
apontar as limitações e contribuições do FABQ na língua portuguesa através de sua
aplicação em portadores de dor lombar crônica.
O mesmo foi realizado em duas etapas interligadas: na primeira foi
realizada a tradução e adaptação cultural do instrumento e na segunda a avaliação
de suas medidas psicométricas.
2.2 TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO CULTURAL DO FEAR AVOIDANCE BELIEFES
QUESTIONNAIRE (FABQ)
A tradução dos instrumentos avaliativos internacionais é necessária
para padronizar sua utilização de acordo com o contexto cultural de cada país.
Alguns fatores como linguagem, uso de expressões idiomáticas e aspectos culturais
têm uma grande influência na validação destes instrumentos (BIGHETTI, 2003).
2.2.1 Tradução da versão original para a língua portuguesa
A primeira etapa objetivou a tradução detalhada do contexto da escala
original para a realidade brasileira. Foram realizadas duas traduções
independentes do texto original por tradutores estrangeiros, bilíngües,
juramentados e residentes no país há mais de 30 anos . Os tradutores sabiam o
motivo do trabalho mas não tiveram contato um com o outro. As dúvidas relativas ao
conteúdo técnico do questionário foram discutidas com a autora deste trabalho
(ANEXOS B e C).
2.2.2 Retro-tradução (back-translation)
30
As retro-traduções também foram realizadas por tradutores
qualificados, com amplo domínio dos idiomas inglês e português, e em número igual
às traduções. Os mesmos não tinham ciência dos objetivos do estudo em questão.
Desta forma, os tradutores traduziram novamente para o inglês as versões
traduzidas para o português (ANEXOS D e E).
Após a obtenção das retro-traduções a pesquisadora fez a comparação
do material e concluiu que apenas o item 8 gerou uma diferença de tradução.
2.2.3 Revisão da tradução por um comitê multidisciplinar de especialistas
Nesta etapa, após as traduções e retro-traduções, constituiu-se um
comitê multidisciplinar composto por quatro especialistas da área da saúde para
analisar e discutir as traduções de item por item do Fear Avoidance Beliefs
Questionnaire. Este comitê foi formado por:
Um médico anestesiologista, especialista em Clínica de Dor pela
Universidade de Barcelona - Espanha e vasta experiência no tratamento de
indivíduos portadores de dores crônicas, dentre elas, a dor lombar.
Uma fisioterapeuta, professora universitária, Mestra em Ciência da
Reabilitação pela UFMG, com experiência em tratamento de portadores de
lombalgias crônicas.
Uma psicóloga, professora universitária, Mestra em Psicologia pela USP e
experiência na área de Terapia Cognitivo Comportamental.
A autora deste trabalho, também fisioterapeuta, especialista em Fisioterapia
Ortopédica e Traumatológica pela UFMG, com experiência no tratamento de
portadores de lombalgias crônicas.
O objetivo da revisão por um comitê de profissionais bilíngües e que
dominam o assunto foi garantir que a versão traduzida do questionário ficasse o
mais próxima possível da versão original e ao mesmo tempo pudesse ser facilmente
entendida por seus entrevistados no Brasil.
31
Para isto foram verificadas as equivalências transculturais entre a
versão original e a versão traduzida, conforme sugerido por Guilhemin, Beaton &
Bombardier (1993) e Ciconelli (2003). Dentro deste contexto os seguintes aspectos
foram considerados:
Equivalência semântica: adequação do significado das
palavras de acordo com o vocabulário e gramática. Muitas
palavras de um determinado idioma, quando traduzidas, não
possuem o mesmo sentido.
Equivalência idiomática: adequação das expressões coloquiais
e idiomáticas.
Equivalência cultural ou experimental: retratação de
situações equivocadas que não são coerentes com o contexto
cultural.
Equivalência conceitual: referente à validade do conceito
explorado.
Todos os componentes do comitê estavam cientes do objetivo do
instrumento avaliado. Após exaustiva discussão de item por item, o comitê chegou à
conclusão que o item oito da versão original “I have a claim for compensation for my
pain” fosse adaptado para a língua portuguesa da seguinte forma “eu tenho uma
reivindicação de pensão em virtude da minha dor” objetivando um melhor
entendimento dos leitores.
Com o intuito de preservar a linguagem internacionalmente conhecida
decidiu-se manter a sigla FABQ-VP (versão portuguesa) para o instrumento
traduzido.
Outro ponto facilitador de entendimento internacional foi a classificação
das sub-escalas em FABQ-Work para a escala 1 que aborda as crenças em relação
às atividades ocupacionais e FABQ-Phys para a escala 2 que aborda os medos e
crenças relacionadas ao trabalho.
2.2.4 Pré-teste
32
Após a aprovação da versão portuguesa final do FABQ pelo comitê de
especialistas, 10 indivíduos adultos, portadores de dor lombar há mais de três meses
e que não apresentavam dificuldade de compreensão ou qualquer outro déficit
cognitivo, foram selecionados para o pré-teste.
Eles foram esclarecidos do objetivo da atividade em questão e
responderam ao mesmo questionário, duas vezes, com um intervalo de 10 dias. A
aplicação de todos os questionários foram realizadas pela autora.
O objetivo do pré-teste foi avaliar o entendimento, a estabilidade e a
constância das respostas fornecidas pelos entrevistados durante a repetibilidade do
questionário.
Os entrevistados não verbalizaram dificuldades nem dúvidas a respeito
dos itens abordados pelo FABQ. Assim sendo, depois da realização de todos estes
procedimentos, a versão final traduzida do FABQ para o português foi a versão
utilizada nesta pesquisa (Quadro 3).
33
Quadro 3 - Tradução e adaptação transcultural do FABQ para o português
FEAR AVOIDANCE BELIEFES QUESTIONNAIRE – VERSÃO PORTUGUESA (FABQ-VP)
INSTRUÇÕES: Logo abaixo encontram-se itens relacionados com o relato de alguns pacientes sobre sua
dor.
0 = discordo completamente 1 = discordo razoavelmente 2 = discordo ligeiramente
3 = não sei dizer 4 = concordo ligeiramente 5 = concordo razoavelmente
6 = concordo completamente
Para cada afirmação, favor circular um número de 0 a 6, para informar quanto às atividades físicas como:
fletir o tronco, levantar, caminhar ou dirigir, afetam ou afetariam sua dor nas costas.
1. Minha dor foi causada por atividade física 0 1 2 3 4 5 6
2. A atividade física faz minha dor piorar 0 1 2 3 4 5 6
3 .A atividade física pode afetar minhas costas 0 1 2 3 4 5 6
4. Eu não deveria realizar atividades físicas que poderiam
Fazer a minha dor piorar 0 1 2 3 4 5 6
5. Eu não posso realizar atividades físicas que poderiam
fazer minha dor piorar 0 1 2 3 4 5 6
Para cada afirmação, favor circular um número de 0 a 6, para informar quanto o seu trabalho normal, afeta
ou afetaria sua dor nas costas.
6. Minha dor foi causada pelo meu trabalho ou por um 0 1 2 3 4 5 6
acidente de trabalho
7. Meu trabalho agravou minha dor 0 1 2 3 4 5 6
8. Eu tenho uma reivindicação de pensão em virtude
da minha dor 0 1 2 3 4 5 6
9. Meu trabalho é muito pesado para mim 0 1 2 3 4 5 6
10. Meu trabalho faz ou poderia fazer minha dor piorar 0 1 2 3 4 5 6
11. Meu trabalho pode prejudicar minhas costas 0 1 2 3 4 5 6
12. Eu não deveria realizar meu trabalho normal com
minha dor atual 0 1 2 3 4 5 6
13. Eu não posso realizar meu trabalho normal com
minha dor atual 0 1 2 3 4 5 6
14. Eu não posso realizar meu trabalho normal até que
minha dor seja tratada 0 1 2 3 4 5 6
15. Eu não acho que estarei de volta ao trabalho normal
dentro de três meses 0 1 2 3 4 5 6
16. Eu não acho que algum dia estarei apto para retornar
ao meu trabalho 0 1 2 3 4 5 6
FABQ-Work -alternativas relacionadas ao trabalho (itens: 6;7;8;9;10;11;12;e15) ______________________
FABQ-Phys - alternativas relacionadas à atividade física (itens: 1;2;3;4;e 5) _________________________
Pontuação: quanto maior o escore, maior é a crença do indivíduo em relação à atividade física e/ou
atividade ocupacional e a piora da sua dor nas costas.
OBS: os itens 1,8, 13, 14 e 16 não entram na contagem de pontos
2.2.5. Síntese dos procedimentos do processo de tradução e adaptação cultural
do FABQ para o português
A versão final foi aprovada pelo Comitê de Ética da Universidade de
Franca em reunião realizada no dia 25 de outubro de 2004, Protocolo no. 098/04
(ANEXO F). Com o intuito de facilitar o entendimento dos leitores, a síntese de todo
o processo de tradução e adaptação cultural do FABQ para a língua portuguesa
encontra-se na Figura 3.
FIGURA 3
Síntese da tradução e adaptação cultural do FABQ para o português
FABQ - Versão original
02 tradutores
juramentados
Supervisão da
pesquisadora
TRADUÇÃO INICIAL
VERSÃO PORTUGUÊS
02 back-
translators
RETRO-TRADUÇÃO
VERSÃO INGLÊS
Supervisão da
pesquisadora
REVISÃO PELO COMITÊ DE ESPECIALISTAS
VERSÃO TRADUZIDA PARA O PORTUGUÈS
PRÉ
-
TESTE
FABQ-VP - VERSÃO FINAL
Traduzida e adaptada para a língua portuguesa
Equivalência
Semântica e
idiomática
Equivalência
Cultural
35
2.3 AVALIAÇÃO DAS PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA VERSÃO FINAL
EM PORTUGUÊS DO FABQ
Após completada a primeira fase de tradução e adaptação cultural do
FABQ para língua portuguesa foram avaliadas as propriedades psicométricas da
versão final.
As propriedades psicométricas de um instrumento estão relacionadas
aos aspectos psicológicos e cognitivos abordados pelo mesmo. Todos os
instrumentos avaliativos que englobam questões psicossociais devem ter suas
propriedades de medida avaliadas (NORONHA, VENDRAMINI & CANGUÇU , 2003).
A avaliação das aplicações práticas desses instrumentos devem satisfazer pelo
menos dois requisitos básicos: confiabilidade e validade (PORTNEY & WATKINS,
2000; BUNCHAFT & CAVAS, 2002).
“Não é suficiente apenas verificar se um instrumento mede o que ele se
propõe a medir, mas, é necessário também verificar se ele está mensurando o
fenômeno de forma estável, consistente e confiável”(BIGHETTI, 2003).
Segundo Lino (1999), mesmo quando as propriedades já foram
avaliadas pelo instrumento original, é fundamental a realização de novos testes de
confiabilidade e validade, levando-se em conta que, ao ser aplicado em grupo de
indivíduos diferente do original as propriedades podem mudar sob diferentes
condições de aplicação.
2.3.1. Confiabilidade
Segundo Guilhemin, Bombardier & Beaton (1993), a confiabilidade é o
grau de coerência ou precisão com que um instrumento mede o que se propõe. A
confiabilidade de uma escala ou questionário representa a reprodutibilidade ou
fidedignidade dos seus resultados em diferentes momentos de sua aplicação, sendo
um elemento essencial para garantir a veracidade das aferições (BUNCHAFT &
CAVAS, 2002; MAIA FILHO & GOMES, 2004).
36
Mensurações dos mesmos indivíduos, em diferentes ocasiões,
produzindo resultados semelhantes conferem ao instrumento uma boa confiabilidade
(BIGHETTI, 2003).
O teste-reteste consiste na aplicação de um mesmo instrumento, em
um mesmo grupo e em um intervalo de tempo satisfatório para a interpretação dos
resultados. Após as aplicações deve-se calcular o coeficiente de correlação entre as
duas séries de medidas. Esta técnica avalia a estabilidade temporal do instrumento
(BUNCHAFT & CAVAS, 2002). Segundo Portney & Watkins (2000), o ICC (Intraclass
Correlation Coeficient) seria o índice mais apropriado para o teste-reteste.
Outra medida importante é a consistência interna, que reflete a
dimensão com que os itens de um questionário medem o mesmo fenômeno,
propiciando desta forma a avaliação de confiabilidade do mesmo (BIGHETTI, 2003).
A homogeneidade de uma escala é garantida pela correlação moderada entre os
itens e a correlação de cada item com o escore total (MAIA FILHO & GOMES, 2004).
Dentre as medidas de coeficientes de consistência interna mais utilizadas está o
Coeficiente Alfa de Crombach (BUNCHAFT & CAVAS, 2002; QUEIJO, 2002;
BIGHETTI, 2003; MAIA FILHO & GOMES, 2004; GUANILO, 2005).
2.3.2 Validade
A validade de um instrumento refere-se à habilidade do mesmo em
medir aquilo que se propõe (QUEIJO, 2002, NORONHA et al., 2003). Segundo
Bighetti (2003) a validade interpreta os dados que se originam de um procedimento
específico em relação à proposta para a qual um instrumento está sendo usado. Os
processos de validação são baseados em alguns tipos de evidências que podem
oferecer um suporte de validade de testes. As evidências que suportam as hipóteses
dos testes são geralmente classificadas em quatro tipos de validade: de face, de
critério, de conteúdo e de constructo (PORTNEY & WATKINS, 2000) conforme
resumido a seguir:
Validade de face: indica que um instrumento aparenta testar o que se propõe
a testar. É considerada a forma mais fraca de medida de validade.
37
Validade de conteúdo: Indica que os itens que constituem um instrumento
representam adequadamente a amostra de um universo de conteúdo que
define as variáveis que estão sendo avaliadas. Mais utilizado em questionário
e inventários.
Validade de critério: indica que os resultados de um instrumento, o teste
alvo, pode ser usado como uma medida substitutiva para um teste “padrão
ouro” estabelecido. Pode ser testada como validade concorrente ou preditiva.
- Validade concorrente: aplicação de dois instrumentos equivalentes ao
mesmo tempo, na mesma amostra. Mais frequentemente utilizada quando o
teste alvo é considerado mais eficiente que o teste “padrão ouro” e, portanto,
pode ser utilizado ao invés do teste padrão ouro.
- Validade preditiva: estabelece que os resultados do teste alvo podem ser
utilizados para predizer eventos futuros.
Validade de constructo: estabelece a habilidade de um instrumento para
medir um constructo abstrato e o grau com que este instrumento reflete os
componentes teóricos de constructo.
Segundo Queijo (2002), a validade de constructo preocupa-se com a
teoria que sustenta o teste e não pode ser definitivamente comprovada. Seu
processo é contínuo e através de novos testes novas predições poderão ser feitas e
deverão ser testadas.
“O constructo é uma hipótese que procura explicar um aspecto abstrato da
saúde a partir de determinados comportamentos, atitudes e sentimentos”
(MAIA FILHO & GOMES, 2004)
Neste estudo somente a validade de conteúdo das subescalas e dos
itens do FABQ foi analisada já que no Brasil não existe um questionário,
considerado “padrão ouro”, que aborde as crenças dos portadores de DLC em
relação às atividades físicas impedindo desta forma a validação de critério.
38
2.4 PROCEDIMENTOS PARA A COLETA DE DADOS
2.4.1 Local do estudo
O estudo foi realizado em um ambulatório que atende pacientes
usuários de vários convênios, inclusive SUS, e três clínicas particulares localizadas
no município de Divinópolis, na região centro-oeste do estado de Minas Gerais. Tais
unidades de saúde destinam-se ao atendimento de pacientes portadores de
distúrbios neurológicos e ortopédicos, dentre eles os portadores de dor lombar
crônica.
2.4.2 Amostra
Os indivíduos foram encaminhados por médicos, especialistas em
ortopedia e traumatologia, que atendem nas redes públicas e particulares do
município de Divinópolis.
Após avaliação médica foram selecionados 53 pacientes, portadores
de dor lombar, seguindo os critérios de inclusão do presente estudo.
Os critérios de inclusão foram: indivíduos portadores DLC não
específica, com queixas por mais de 03 meses, de ambos os sexos, com idade entre
20 e 75 anos e que não apresentavam alterações cognitivas.
Os fatores de exclusão para a participação no estudo foram: pacientes
portadores de tumores, traumas, infecções, outras desordens inflamatórias agudas,
compressão de raízes nervosas, déficits neurológicos e distúrbios cognitivos. Foram
também excluídos indivíduos analfabetos já que os pacientes selecionados deveriam
ler e responder aos questionários aplicados.
39
2.4.3 Instrumentos de coleta de dados
O FABQ foi aplicado com o objetivo de avaliar as crenças dos
entrevistados sobre as atividades físicas ou laborais e suas interferências na dor
lombar (APÊNDICE A).
A Escala Visual Numérica (EVN), instrumento unidimensional de
mensuração de dor, foi utilizada para caracterizar a intensidade da dor (ANEXO G).
Nesta escala de 10 pontos, a dor pode ser classificada em escores que variam de
zero (ausência de dor) a dez (dor de intensidade insuportável). Entre zero e quatro a
dor é considerada fraca, entre quatro e sete a dor é considerada moderada e entre
sete e dez é considerada forte (WALL & MELZACK, 1990).
O grau de incapacidade física dos indivíduos foi avaliado através do
questionário Roland-Morris Brasil (ANEXO H). Neste questionário de 24 alternativas
sobre o grau de incapacidade dos pacientes portadores de dor lombar, os indivíduos
deveriam responder “sim” para as alternativas que descrevem seu estado físico
atualmente e “não” para as alternativas que não se enquadram no mesmo. Este
questionário tem como ponto de corte o escore “14”, ou seja, os indivíduos avaliados
com um escore maior que 14 apresentam incapacidade. Quanto maior o escore,
maior a incapacidade apresentada (NUSBAUM et al., 2001; SIQUEIRA, 2005).
2.4.4 Operacionalização da coleta de dados
O primeiro passo para a realização deste estudo foi o encaminhamento
do projeto para o Comitê de Ética da Universidade de Franca e só depois da
declaração de aprovação (ANEXO F) é que foi iniciada a seleção da amostra e
coleta de dados.
Os indivíduos selecionados, depois de informados quanto aos objetivos
do estudo pela pesquisadora, voluntariamente, assinaram um termo de
consentimento livre e esclarecido (APÊNDICE B) concordando em participar do
mesmo.
40
Inicialmente foram preenchidos os dados demográficos para a
caracterização da amostra (nome, idade, sexo, endereço, profissão e escolaridade)
que se encontravam no cabeçalho da ficha de avaliação do FABQ-VP
(APÊNDICE A). Em seguida os mesmos responderam às questões deste
questionário.
Logo após, a Escala Numérica de Dor (ANEXO G) e o Questionário
Roland-Morris (ANEXO H) foram aplicados com o intuito de avaliar a intensidade da
dor e o grau de incapacidade, respectivamente.
Todas as fichas de avaliação foram preenchidas pelos entrevistados,
individualmente, e sob a supervisão da pesquisadora que esteve presente durante o
tempo de aplicação de todos os questionários com o intuito de esclarecer qualquer
dúvida.
A planilha eletrônica do Excel-98 - Microsoft Windows foi utilizada para
arquivar os dados coletados e facilitar a análise estatística.
2.4.5. Tratamento estatístico dos dados
Para avaliar o grau de repetibilidade através do Coeficiente Intra
Classe (ICC) e a consistência interna, através do Alfa de Crombach, utilizou-se o
pacote estatístico SPSS (Statistical Package for Social Sciences), versão 13.0.
O ICC reflete o grau de correspondência e concordância entre escores
e é calculada através de uma análise de variância estimada. Quanto mais próximo
de um estiver o resultado do ICC mais confiável é o instrumento. Para a
confiabilidade do teste-reteste ser considerada adequada devemos ter o ICC > 0,80
(PORTNEY & WATKINS, 2000)
O Coeficiente Alfa de Crombach é uma medida de correlação capaz de
refletir o grau de co-variância dos itens entre si (BUNCHAFT & CAVAS, 2002;
QUEIJO, 2002). Ele é baseado no pressuposto que, ao avaliar uma variável comum,
os itens de um instrumento estão positivamente correlacionados uns com os outros
(BIGHETTI, 2003). O teste de Crombach fornece um índice que varia de 0 a 1.
Quanto mais próximo do valor 1, mais confiável é a variável. Não é desejável que o
alfa de Crombach seja menor que 0,80 (GUANILO, 2005).
41
Para avaliar as demais propriedades de medida utilizou-se o
Procedimento de Regressão Múltipla com seleção de variáveis pelo método
Stepwise através programa SAS (Statistical Analisys System). O Stepwise e o
Coeficiente de Pearson foram utilizados para verificar a correlação entre os itens e
das subescalas do questionário com outras variáveis clínicas, respectivamente. O
nível de significância estabelecido para as análises realizadas foi de 0,05.
A regressão múltipla Stepwise é geralmente escolhida para estudos
exploratórios onde o pesquisador está interessado em descrever relações pouco
conhecidas entre as variáveis. Neste tipo de regressão, a seleção da seqüência de
entrada dos preditores é feita estatisticamente, sem um modelo teórico consistente a
ser seguido (ABBAD & TORRES, 2002).
O método Stepwise permite selecionar sub-conjuntos de variáveis
independentes capazes de explicar a variabilidade da variável dependente. A análise
de regressão é realizada em passos (steps) objetivando avaliar a contribuição de
cada variável independente no modo seqüencial. Primeiramente, todas as variáveis
independentes são correlacionadas com a variável dependente e aquela que
apresentar a melhor correlação é a primeira a entrar na equação do passo um. Este
processo continua até que todas as variáveis independentes sejam adicionadas no
modelo (PORTNEY & WATKINS, 2000).
Segundo os autores, os coeficientes de correlação são utilizados para
descrever quantitativamente a força e a direção da relação entre duas variáveis.
Estes coeficientes podem variar de +1 a -1. Quanto mais próximo de um, mais forte
é a associação entre as variáveis. As correlações que variam entre 0,00 e 0,25 são
consideradas insignificantes, as que variam de 0,25 e 0,50 sugerem um grau fraco
de relação, as situadas entre 0,50 e 0,75 são classificadas entre moderadas e boas
e as pontuadas acima de 0,75 são fortes. O coeficiente de Pearson, desenvolvido
pelo inglês Karl Pearson, é um dos mais utilizados em trabalhos estatísticos. O
resultado é fornecido através dos símbolos (r) e (ρ -rho) para os dados da amostra.
42
CAPÍTULO 3
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 PARECER DO COMITÊ MULTIDISCIPLINAR DE ESPECIALISTAS
Após detalhada avaliação de item por item da versão traduzida para o
português do FABQ, o comitê de especialistas decidiu por unanimidade modificar o
item oito “I have a claim for compensation for my pain” para “eu tenho uma
reivindicação de pensão em virtude da minha dor” objetivando um melhor
entendimento dos leitores no Brasil.
Com o intuito de preservar a linguagem internacionalmente conhecida
decidiu-se manter a sigla FABQ adicionando VP (versão portuguesa) para o
instrumento traduzido.
Apesar da versão original desenvolvida por Waddell et al. (1993)
utilizar a classificação para as sub escalas de FABQ1 e FABQ2, o comitê optou por
FABQ-Work para a escala um que aborda os medos e crenças relacionadas ao
trabalho e FABQ-Phys para a escala dois que aborda as crenças em relação às
atividades físicas. Crombez et al. (1999), Vowles & Gross (2003) e Kovacs et al.
(2006), também utilizaram essas siglas em seus estudos. Na tradução francesa do
FABQ Chaory et al. (2004), utilizaram as siglas FABWORK e FABPHYS sem o hífen
para a classificação das sub escalas.
Já Pfingstein et al. (2000), optaram por subdividir o questionário em
três subescalas: Fator 1, onde os itens 6, 7, 9, 10 e 11 abordam o trabalho como
causa da dor; Fator 2, onde os itens 12, 13, 14, 15 e 16 abordam o prognóstico de
retorno ao trabalho e Fator 3, onde os itens 1, 2, 3, 4, e 5 estão relacionados com a
atividade física.
43
3.2 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
Foram selecionados 53 indivíduos portadores de DLC não específica,
com tempo de evolução de dor superior à três meses, dos quais 49% eram homens
e 51% eram mulheres, conforme ilustrado no Gráfico 1. Estes resultados
assemelham-se com os estudos de Pfingstein et al. (2000) e Moffett, Carr & Howarth
(2004), onde a amostra também era constituída por 49% de homens e 51% de
mulheres.
sexo da amostra (n=53)
26
27
homens
mulheres
Gráfico 1 - Caracterização da amostra de acordo com o sexo (n=53)
Em relação ao número de indivíduos selecionados, Maia Filho &
Gomes (2004), sugeriram que para a adaptação cultural e validação de um
questionário o tamanho amostral mínimo necessário fosse de 50 indivíduos. Em um
estudo que realizou a tradução e adaptação cultural da
Tampa Scale for
Kinesiophobia (TASK), Siqueira (2005) utilizou uma amostra de 50 indivíduos
portadores de dor lombar crônica para a realização do trabalho apresentando
resultados satisfatórios no final.
O tempo de evolução do quadro doloroso apresentou uma média de
16,9 ± 14,31, com uma variação de três a 60 meses (Gráfico 2).
Estes resultados mostraram-se próximos dos resultados obtidos na
versão original. Waddell et al. (1993), encontraram uma média do tempo de duração
do quadro álgico de 13,7 meses com desvio padrão de 19,8.
44
0
1
2
3
4
5
6
3
meses
8
meses
18
meses
28
meses
38
meses
Gráfico 2 - Distribuição do tempo de evolução do quadro álgico
Quanto à realização de atividades físicas, dos 53 indivíduos avaliados
somente 44% realizavam alguma tipo de atividade física que variavam entre duas e
cinco vezes por semana.
66%
34%
sedentários
atividade física
Gráfico 3 - Caracterização da amostra de acordo com a atividade física.
No presente estudo, 46% do indivíduos avaliados eram empregados,
42% profissionais autônomos, 6% aposentados e 6% donas de casa.
45
46%
42%
6%
6%
Empregados
Autônomos
Aposentados
Do lar
Gráfico 4 - Caracterização da amostra quanto à situação profissional
As demais características clínicas necessárias para a caracterização
da amostra encontram-se detalhadas na Tabela 1.
Tabela 1 - Características clínicas da amostra (n=53)
Variável Média Desvio padrão Mínimo-Máximo
Idade 45,98 13,03 20 - 74
Tempo de evolução DLC (meses) 16,96 14,31 03 - 36
Intensidade da dor (END) 5,68 1,90 01 - 09
Incapacidade (QRM) 12,55 6,02 01 - 22
FABQ-Work 27,72 10,75 0 - 42
FABQ-Phys 13,08 7,31 0 - 24
FABQ Total 40,80 18,06 06 - 63
A média de idade dos indivíduos que compuseram a amostra foi de
45,98 anos, com uma variação entre 20 -74 anos e desvio padrão 13,03. Estudos
internacionais apresentaram resultados semelhantes. No estudo realizado por
Pfingstein et al. (2000), a idade do indivíduos variou de 23-63, com uma média de
44,6 anos e desvio padrão de 10,6.
Na tradução para o francês realizada por Chaory et al. (2004) a média
de idade da amostra foi de 46,0 ± 7,5, variando de 28-59 anos. Já na versão original,
46
desenvolvida por Waddell et al. (1993), a média de idade dos participantes foi um
pouco menor (39,7 ± 11,7).
Estes resultados reforçam as evidências apresentadas por Swinkels-
Meewisse et al. (2003), sugerindo que a dor lombar acomete principalmente os
indivíduos economicamente ativos. No presente estudo, apenas 12% da amostra
não trabalhava (Gráfico 4).
Quanto à avaliação da incapacidade, utilizando o questionário
Roland-Morris, a amostra apresentou um escore médio de 12,55 ± 6,02. Este
resultado mostrou-se inferior ao ponto de corte (15) recomendado por Nusbaum et
al. (2001), indicando que em média, os indivíduos avaliados não apresentaram
incapacidade. Entretanto, os escores individuais variaram de 1 a 22, sendo que
42,5% apresentaram um escore maior que 15. Estes dados demonstraram uma
grande variabilidade da amostra. Achados semelhantes foram encontrados por
Woby et al. (2004), em um estudo que avaliou o grau de incapacidade dos
portadores de DLC (13,1 ± 4,6). Os autores da tradução do QRM para o português
(NUSBAUN et al., 2001) também relataram uma média do escore de 13,9 ± 5,44,
que se aproxima dos resultados do presente estudo.
A média da intensidade de dor, avaliada por meio da EVN (que
varia de 0 a 10), foi de 5,68
± 1,90, indicando um grau de intensidade de dor
considerado moderado. Crombez et al. (1999) e Nusbaun et al. (2001), também
reportaram uma média de intensidade de dor próxima destes resultados (6,17
± 2,35 e 6,6
± 2,81, respectivamente).
A subescala FABQ-Work do estudo em questão apresentou um escore
médio de 27,72
± 10,75 e a subescala FABQ-Phys de 13,08 ± 7,31. Resultados
parecidos foram encontrados no estudo de Chaory et al (2004), que reportaram uma
média de 25,3 ± 12,2 para o FABQWORK e de 12,5 ± 6,2 para o FABQPHYS
.
George et al. (2004), relataram que, no FABQ, escores maiores que 15
para a escala de atividades físicas e maior que 34 para a escala de trabalho são
indicadores potentes para a crença de medo e evitação de atividade físicas e
laborais. Portanto, os entrevistados do presente estudo apresentaram crenças e
medos moderadas em relação ao modo como as atividades físicas e laborais
poderiam interferir na sua dor lombar.
3.3 PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DO FABQ-VP
47
3.3.1 Repetibilidade
Para avaliar a confiabilidade do instrumento, considerando sua
estabilidade ou constância, utilizou-se a medida de repetibilidade através d a análise
teste-reteste em 10 indivíduos. O intervalo entre a primeira e a segunda aplicação foi
de 10 dias.
O FABQ foi aplicado pela autora do trabalho, devidamente treinada, de
forma a garantir a estabilidade das medidas e evitar interferências de outros fatores
que poderiam ser gerados com a inclusão de outro avaliador.
Após análise estatística obteve-se os valores do ICC de 0,91 para a
FABQ-Work e 0,84 para a FABQ-Phys, indicando uma boa reprodutibilidade das
respostas. Chaory et al. (2004) realizaram o teste-reteste com um intervalo de
apenas 14 horas e apresentaram resultados inferiores aos do presente estudo (0,88
para a FABQWORK e 0,72 para a FABQPHYS). Já os resultados encontrados por
Waddell et al. (1993), que realizaram o teste-reteste em um intervalo de 48 horas
apresentaram valores maiores (r=0,95 para a escala relacionada ao trabalho e
r=0,88 para a escala relacionada com as atividades físicas).
Desta forma não podemos associar os resultados de acordo com o
intervalo de tempo entre as aplicações. Talvez o fator mais decisivo para uma
melhor repetibilidade seja o grau de entendimento dos entrevistados em relação aos
itens do questionário.
3.3.2 Consistência interna
A consistência interna, outra medida de confiabilidade, reflete a
dimensão com que os itens de um questionário medem o mesmo fenômeno. A
homogeneidade de uma escala é garantida pela correlação moderada entre os itens
(MAIA FILHO & GOMES, 2004).
A análise de consistência interna do FABQ-VP foi realizada através do
coeficiente alfa de crombach aplicado às subescalas e os resultados encontrados
48
foram satisfatórios. Os coeficientes de confiabilidade foram α=0,90 para a subescala
FABQ-Work e α=0,80 para a FABQ-Phys.
Segundo Lino (1999) o alfa de crombach adequado para os
instrumentos que se encontram em estágios iniciais de desenvolvimento deve ser
maior que 0,70 e para os instrumentos já desenvolvidos maior que 0,80. Dentro
desta perspectiva, obteve-se uma boa consistência interna para as duas subescalas
do FABQ-VP.
Outros estudos internacionais também avaliaram a consistência interna
das subescalas do FABQ conforme ilustrado na Tabela 2.
Tabela 2 – Consistência interna das subescalas do FABQ em estudos internacionais
Autores α de crombach
FABQ-Work
α de crombach
FABQ-Phys
Waddell et al. (1993) 0,88 0,77
Combrez et al. (1999) 0,84 0,57
Pfingstein et al. (2000) 0,94 0,64
Jacob et al. (2001) 0,89 0,70
Kovacs et al. (2006) 0,93 0,73
É interessante observar que nestes estudos somente a subescala
relacionada ao trabalho apresentou um alfa adequado. O mesmo não aconteceu
com a subescala relacionada às atividades físicas. Crombez et al. (1999) e
Jacob et al. (2001), sugeriram que, provavelmente, o baixo valor do alfa da
FABQ-Phys estivesse relacionado com o pequeno número de itens (quatro) da
mesma.
Como o estudo de Waddell et al. (1993) refere-se ao desenvolvimento
do questionário original, o valor de α=0,77 da FABQ-Phys é considerado adequado.
No presente estudo o valor do alfa de crombach da subescala FABQ-Phys também
foi menor que a do FABQ-Work, porém os valores estavam de acordo com o ponto
de corte desejável sugerido por Lino (1999).
3.3.3 Relação entre os itens e as subescalas do FABQ-VP
49
A regressão ltipla pelo método Stepwise foi utilizada para analisar a
correlação entre os itens do questionário e as subescalas. No presente estudo,
utilizou-se como variável dependente o resultado dos escores no FABQ-Work ou
FABQ-Phys e como variáveis independentes cada item do questionário.
Neste método, verificou-se no passo 1, qual item tem maior correlação
com a variável dependente (subescalas do FABQ) incluindo-o no modelo. No passo
2, verificou-se entre os itens restantes, qual o segundo mais correlacionado e assim
por diante até o final de todos os itens. O grau de ajuste da regressão da regressão
foi representado pelo coeficiente de determinação R
2
. Quando todos os itens que
apresentam correlação com a variável dependente foram incluídos, obteve-se o
modelo final ajustado paras as duas subescalas (Tabela 4 e 5).
Tabela 3 – Sumário dos resultados da análise de regressão Stepwise da subescala
FABQ-Phys e seus itens
Passo Entrada da
variável
R
2
(parcial)
R
2
(modelo)
C (p) Valor de F Pr > F
1 Item 4 0,8284 0,8284 1785,78 246,15 <0,0001
2 Item 2 0,1019 0,9303 698,023 73,17 <0,0001
3 Item 3 0,0335 0,9638 342,123 45,30 <0,0001
4 Item 5 0,0318 0,9956 4,0284 347,12 <0,0001
Através da análise realizada observou-se que todos os itens
apresentaram correlação significativa com a subescala FABQ-Phys. O item 4
explicou 83% da variação do escore final da mesma, ou seja, foi o item que melhor
se correlacionou com a subescala FABQ-Phys. O item 5 foi o que apresentou a
menor correlação, explicando uma variação adicional de 3,2% no escore final.
50
Assim como na subescala FABQ-Phys os resultados encontrados na
análise do modelo Stepwise, conforme ilustrado na tabela 5, também mostraram
uma correlação significativa dos itens isolados e a subescala FABQ-Work.
Tabela 4 – Sumário dos resultados da análise de regressão Stepwise da subescala
FABQ-Work e seus itens
Passo Entrada da
variável
R
2
(parcial)
R
2
(modelo)
C (p) Valor de F Pr > F
1 Item 11 0,7645 0,7645 1597,17 165,57 <0,0001
2 Item 9 0,1007 0,8652 895,265 37,35 <0,0001
3 Item 15 0,0658 0,9310 437,123 46,77 <0,0001
4 Item 6 0,0322 0,9632 214,271 41,95 <0,0001
5 Item 12 0,0126 0,9758 128,232 24,45 <0,0001
6 Item 10 0,0125 0,9883 42,9339 49,01 <0,0001
7 Item 7 0,0052 0,9934 8,7918 35,52 <0,0001
O item 11 explicou 76% da variação do escore final, ou seja, foi o
item que melhor se correlacionou com a subescala FABQ-Work. O item 7 foi o que
apresentou a menor correlação, explicando uma variação adicional de 0,5% no
escore final.
3.3.4 Relação do FABQ-VP com as variáveis clínicas
O coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado com o objetivo de
analisar a relação entre as subescalas do FABQ, a intensidade da dor e o grau de
incapacidade (Tabela 3). Segundo Portney e Watkins (2000), os coeficientes são
classificados conforme o valor encontrado: 0 e 0,25 são insignificantes; ente 0,25 e
0,50 são fracos; entre 0,50 e 0,75 são moderados e acima de 0,75 são fortes.
51
Tabela 5 – Relação entre Escala Visual Numérica (EVN), Questionário Roland
Morris (QRM), FABQ-Phys e FABQ-Work, através do Coeficiente de Correlação de
Pearson
EVN QRM FABQ-Phys FABQ-Work
EVN
Correlação de Pearson
Significância
1
0,803*
,000
0,326*
0,017
0,761*
,000
QRM
Correlação de Pearson
Significância
0,803*
,000
1
0,010
0,349*
,000
0,722*
FABQ-Phys
Correlação de Pearson
Significância
0,326*
0,017
0,349*
0,010
1
0,067
0,633
FABQ-Work
Correlação de Pearson
Significância
0,748*
,000
0,722*
,000
0,067
0,633
1
* a correlação é significativa no nível de 5% de probabilidade.
As crenças e os medos relacionados ao movimento em portadores de
dor crônica são considerados fatores contribuintes importantes para a instalação ou
manutenção de um quadro de incapacidade (CROMBEZ et al., 1999; GEISSER,
HAIG & THEISEN, 2000; FRITZ & GEORGE, 2002).
O FABQ é considerado um instrumento apropriado para identificar
pacientes com dor lombar crônica que apresentam crenças de medo e evitação do
movimento, estando desta forma mais propensos a desenvolver um condição de
incapacidade prolongada com restrição nas atividades de vida diária e no trabalho
(CROMBEZ et al., 1999; JACOB et al., 2001; VERBUNT et al., 2001; BUER &
LINTON, 2002; FRITZ & GEORGE, 2002; VOWLES & GROSS, 2003; WOBY et al.,
2004; GEORGE, BIALOSKY & FRITZ, 2005).
Os resultados da correlação entre as subescalas do FABQ e o grau
de incapacidade, avaliado pelo QRM, foram significativos para as duas subescalas.
Estes dados corroboram com os resultados de outros estudos (WADDELL et al.,
1993; VOWLES & GROSS, 2003; WOBY et al., 2004; KOVACS et al., 2006).
A subescala FABQ-Work apresentou uma correlação moderada
(r=0,722 e p<0,05) com o QRM, porém, muito próxima do ponto de corte da
correlação forte (r=0,75) sugerida por Portney e Watkins (2000).
52
Este resultado se repetiu em relação a associação da intensidade de
dor com as subescalas do FABQ. Os resultados apontaram uma correlação forte da
FABQ-Work (r=0,761 e p<0,05 ) com a EVN. Crombez et al. (1999), relataram que
somente a subescala FABQ-Work apresentou correlação significativa com a
intensidade da dor.
Já na FABQ-Phys o grau de correlação com o grau de incapacidade
(r=0,349 e p<0,05) e com a intensidade da dor (r=0,326 e p<0,05) foi relativamente
fraca. Estes achados podem ser explicados pelo alto nível de sedentarismo da
amostra. Dos 53 indivíduos avaliados, 66% eram sedentários (Gráfico 3). Outro dado
importante, que pode ter contribuído para os resultados baixos, é que a média do
escore final do FABQ-Phys foi menor que a do FABQ-Work (Tabela 1).
O presente estudo encontrou uma forte correlação entre intensidade e
dor e grau de incapacidade (r=0,803 e p<0,05). Woby et al. (2004) encontraram uma
variância adicional de 43% entre dor e incapacidade, sugerindo que a intensidade da
dor pode ser um fator importante no aumento ou manutenção da incapacidade.
Contrariando os autores supracitados, Waddell et al. (1993) e Crombez
et al.(1999), mostraram que a relação entre a intensidade da dor e o grau de
incapacidade foi relativamente fraca.
Não houve correlação significativa entre as subescalas FABQ-Phys e
FABQ-Work (r=0,067; p=0,633) no presente estudo. Estes dados contrariam os
achados de outros estudos onde os autores apontaram uma forte correlação entre
as duas subescalas (WADDELL et al., 1993; CROMBEZ et al., 1999; VOWLES &
GROSS, 2003; SWINKELS-MEELWISE, 2003).
Já Woby et al. (2004), também não encontrou correlação significativa
entre as duas subescalas. Eles consideraram os resultados coerentes já que as
subescalas são conceitualmente diferentes.
Ao analisar os itens das duas subescalas pode-se afirmar que elas
abordam atividades diferentes dentro de contexto social. Normalmente, estas
situações são vivenciadas de maneira independente, apresentando uma diferença
na duração, frequência e intensidade de cada atividade. Desta forma, as subescalas
tornam-se independentes podendo se utilizadas de maneira isolada.
A idéia de que as subescalas são independentes foi reforçada no
estudo de Moffett, Carr & Howart (2004), onde os autores utilizaram somente a
subescala FABQ-Phys para avaliar a relação das crenças e os medos dos
53
portadores de dor lombar em relação às atividades físicas e através dos resultados
desenvolverem um programa de tratamento .
As crenças e medos relacionadas ao movimento devem ser levadas
em consideração no processo de tratamento dos portadores de DLC. Estes
pacientes devem ser alertados que sua dor nas costas pode estar sendo gerada por
comportamentos inadequados. Tais comportamentos podem propiciar a instalação
ou manutenção de uma quadro de incapacidade.
Apesar da versão do FABQ traduzida para o português apresentar
dados confiáveis, é recomendável que a mesma seja aplicada em outras
amostragens e associada com outros instrumentos padronizados, visando uma
melhor pesquisa sobre sua validade.
54
CONCLUSÕES
A tradução e adaptação transcultural do Fear Avoidance Beliefs
Questionnaire (FABQ) para a língua portuguesa apresentaram adequada
adaptação semântica com boa compreensão de todas as questões.
As subescalas FABQ-Phys e FABQ-Work mostraram boa repetibilidade e boa
consistência interna dos itens, tornando o FABQ-VP um instrumento confiável
e adequado para aplicabilidade clínica em portadores de DLC.
A FABQ-Phys apresentou uma correlação relativamente fraca com o grau de
incapacidade e com a intensidade da dor. O alto nível de sedentarismo (66%)
da amostra pode ter sido um fator contribuinte para estes resultados.
Nenhuma correlação foi encontrada entre as subescalas FABQ-Phys e
FABQ-Work. Estes resultados podem estar associados com a diferença
conceitual das subescalas, ou seja, a FABQ-Phys contem questões
específicas sobre as atividade físicas enquanto a FABQ-Work aborda
atividades relacionadas ao trabalho. Normalmente, estas situações são
vivenciadas de maneira independente dentro de um contexto social.
O presente estudo atendeu às expectativas da autora ao apresentar
evidências que o FABQ-VP é um instrumento confiável para para avaliar as
crenças e medos dos portadores de dor lombar em relação às atividades
físicas e laborais. No entanto, estudos futuros são necessários visando a
validação do FABQ-VP através de sua associação com outros instrumentos
padronizados.
55
A mudança de paradigma da avaliação do modelo biomédico, que reforça a
visão fragmentada do ser humano, deve ser abolida. Por isso é importante o
surgimento de novos instrumentos padronizados que avaliem os indivíduos de
forma holística.
A avaliação das variáveis biológicas, psicológicas e sociais é fundamental
para um diagnóstico coerente e para nortear as decisões terapêuticas. Para
que a dor lombar crônica seja tratada com sucesso é necessária uma
abordagem multidisciplinar.
56
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65
APÊNDICES
66
APÊNDICE A
67
APÊNDICE B
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, ......................................................................................................................,
RG....................................................., CPF...................................................................,
abaixo qualificado, DECLARO para fins de participação em pesquisa, na condição de (
sujeito objeto da pesquisa / representante legal do sujeito objeto da pesquisa ), que fui
devidamente esclarecido a respeito do Projeto desenvolvido por Ana Maria de Abreu,
fisioterapeuta e mestranda em Promoção de Saúde pela Universidade de Franca, quanto
aos seguintes aspectos:
- justificativa, objetivos e procedimentos da pesquisa;
- forma de acompanhamento e benefícios esperados;
- garantia de esclarecimentos antes e durante o curso da pesquisa;
- liberdade de recusar a participar ou retirar meu consentimento, em qualquer
fase da pesquisa, sem penalização alguma e sem prejuízo ao seu cuidado;
- garantia de sigilo quanto aos dados confidenciais com privacidade;
DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter
entendido o que nos foi explicado, consinto voluntariamente em participar (que meu
dependente legal participe ) desta pesquisa.
QUALIFICAÇÃO DO DECLARANTE
Objeto da Pesquisa / Representante Legal (nome).......................................................
........................................................................................................................................
RG: ....................................Data de nascimento: __/__/____ Sexo: M ( ) F ( )
Endereço:.......................................................................................................................
Bairro: ...................................Cidade:.......................... Estado: ....................................
Cep: .....................................Telefones de contato: ......................................................
____________________________
Assinatura do declarante
DECLARAÇÃO DO PESQUISADOR
DECLARO, para fins de realização de pesquisa, ter elaborado este Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), cumprindo todas as exigências contidas nas
alíneas acima elencadas e que obtive, de forma apropriada e voluntária, o consentimento do
declarante acima qualificado para a realização desta pesquisa.
__________________________________
Assinatura do pesquisador
Franca, ___ de ____________de 2004.
68
ANEXOS
69
ANEXO A
70
ANEXO B
71
ANEXO C
72
ANEXO D
73
ANEXO E
74
ANEXO F
75
ANEXO G
ESCALA VISUAL-NUMÉRICA (EVN)
OBS: classificar sua dor em notas que variam de 0 a 10, de acordo com a
intensidade da sensação.
0__1__2__3__4__5__6__7__8__9__10
CLASSIFICAÇÃO DA DOR:
Zero (0) = Ausência de Dor
Um a Três (1 a 3) = Dor de fraca intensidade.
Quatro a Seis (4 a 6) = Dor de intensidade
moderada.
Sete a Nove (7 a 9) = Dor de forte intensidade.
Dez (10) = Dor de intensidade insuportável.
76
ANEXO H
VERSÃO PORTUGUÊS-BRASIL DO QUESTIONÁRIO ROLAND-MORRIS
INSTRUCÕES:
Quando suas costas doem, você pode encontrar dificuldade em fazer algumas
coisas que normalmente faz . Esta lista possui algumas frases que as pessoas tem
utilizado para se descreverem quando sentem dores nas costas. Quando você
ouvir
estas frases pode notar que algumas se destacam por descrever você hoje. Ao ouvir
a lista pense em você hoje. Quando você ouvir uma frase que descreve você hoje,
responda “
sim”. Se a frase não descreve você, então responda “não” e siga para a
próxima frase. Lembre-se, responda sim apenas à frase que tiver certeza que
descreve você hoje.
FRASES:
1 . [ ] Fico em casa a maior parte do tempo por causa de minhas costas.
2. [ ] Mudo de posição freqüentemente tentando deixar minhas costas confortáveis.
3. [ ] Ando mais devagar que o habitual por causa de minhas costas.
4. [ ] Por causa de minhas costas eu não estou fazendo nenhum dos meus
trabalhos que geralmente faço em casa.
5. [ ] Por causa de minhas costas, eu uso o corrimão para subir escadas.
6. [ ] Por causa de minhas costas, eu me deito para descansar mais
freqüentemente.
7. [ ] Por causa de minhas costas, eu tenho que me apoiar em alguma coisa para
me levantar de uma cadeira normal.
8. [ ] Por causa de minhas costas, tento conseguir com que outras pessoas façam
as coisas por mim.
9. [ ] Eu me visto mais lentamente que o habitual por causa de minhas costas.
10. [ ] Eu somente fico em pé por períodos curtos de tempo por causa de minhas
costas.
11. [ ] Por causa de minhas costas evito me abaixar ou me ajoelhar.
12. [ ] Encontro dificuldades em me levantar de uma cadeira por causa de minhas
costas.
13. [ ] As minhas costas doem quase que o tempo todo.
14. [ ] Tenho dificuldade em me virar na cama por causa das minhas costas.
15. [ ] Meu apetite não é muito bom por causa das dores em minhas costas.
16. [ ] Tenho problemas para colocar minhas meias (ou meia calça) por causa das
dores em minhas costas.
17. [ ] Caminho apenas curtas distâncias por causa de minhas dores nas costas.
18. [ ] Não durmo tão bem por causa de minhas costas.
19. [ ] Por causa de minhas dores nas costas, eu me visto com ajuda de outras
pessoas.
20. [ ] Fico sentado a maior parte do dia por causa de minhas costas.
21. [ ] Evito trabalhos pesados em casa por causa de minhas costas.
22. [ ] Por causa das dores em minhas costas, fico mais irritado e mal humorado
com as pessoas do que o habitual.
23. [ ] Por causa de minhas costas, eu subo escadas mais vagarosamente do que o
habitual.
24. [ ] Fico na cama a maior parte do tempo por causa de minhas costas.
ESCORE FINAL:_________
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