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Pessoas que têm envolvimento com a cidade, vem aqui, moram determinado tempo, daí, de
repente, já vira político, já vira prefeito, vira dono da cidade. (...) não há um
comprometimento com esse lugar. Eu acho que isso é uma coisa que atrapalha muito a
cidade. (...) as outras cidades que têm uma população mais radicada, mais típica, ela tem
mais representatividade porque tem pessoas que nascem, crescem e morrem naquela cidade.
Aqui você tem uma reunião, por exemplo, aí quando chega a hora das apresentações, as
pessoas se apresentam, daí um é de São Paulo, outro é de Santa Catarina, outro é não sei de
onde, aí eu levanto e digo que sou de Foz do Iguaçu, todo mundo me olha como se eu fosse
um bicho raro, é estranho isso (FOZ-1).
Foz do Iguaçu tinha poucos profissionais com formação pra dar aula na própria faculdade.
Então vinham muitos profissionais de fora. E era que eles vinham dar aula e iam embora.
Então um ano, um ano e meio, é, o corpo docente não foi, assim, formado por docentes de
Foz do Iguaçu. Então o comprometimento era menor (FOZ-3).
“Foz do Iguaçu é um dos maiores centros turísticos do mundo, com pessoas de
todo o planeta chegando diariamente para apreciar as suas belezas naturais” (FOZ DO
IGUAÇU, 2003). Nessas circunstâncias muitas pessoas se instalam na cidade na
tentativa de se estabelecer, mas muitas retornam ao seu local e origem não se
comprometendo com afinco à cidade, e às suas necessidades, o que foi destacado por
alguns entrevistados como fator marcante na cultura da cidade, que se refletia também
na cultura organizacional da FACISA.
A minha cidade é completamente diferente do que você por aí (as sedes das outras
faculdades). (...) Eu acho que a gente leva muito assim, a característica da cidade, né. É uma
coisa assim bem diferente, né. Foz do Iguaçu é uma cidade atípica né, você tem marca de
tudo né, que é a marca dela, né. É exatamente ser essa mistura de coisas, de raça, de
pensamento, de gente, de cabeça, de formação, de tudo né, e isso acaba se refletindo na
instituição, né. Eu acho que o preconceito fica neutralizado, exatamente por causa da..... de
muita raça, dessa convivência com as fronteiras, né, essa ingerência de culturas estrangeiras,
árabes, chineses, italianos, alemães, paraguaios. (...) Você cria uma tolerância de convívio
tranqüila. (...)
Nós temos brasileiros, com paraguaios e argentinos aqui, não na universidade, na
universidade é muito pouco. Então você tem toda uma cultura na cidade, que é uma cultura
muito miscigenada. (...) Depois nós temos árabes, chineses, (...) você tem grupos islâmicos
aqui na cidade com mesquita (...) você observa na cidade pessoas vestidas com.... oriental, e
em sala de aula também. Isso no começo todo mundo estranha, é natural. Mas depois fica
mais ... (...) Além do que o pessoal aqui fala muito o portunhol, é uma mistura de língua, de
moeda (...) no feriado prolongado a Itaipu teve 20 mil visitantes, o Parque Nacional teve 20
mil visitantes (...) Hoje por exemplo tá tendo um Congresso Nacional de Cardiologia, isso
aqui vira uma coisa quase rotineira. É uma cultura muito atípica, porque tem de tudo (...) Eu
estive em sala de aula com 7 nacionalidades diferentes, por exemplo, no segundo grau. E nós
temos na universidade gente desse tipo, é, várias nacionalidades, ou de vários estados. Quer