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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ – UEM
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA – UEL
ÉRGIO MESSIAS DOS SANTOS
A PRESENÇA E A SUSTENTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR NA ÁREA DE
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: PERDA OU BUSCA DE UMA
IDENTIDADE?
O caso da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região - ADETEC
LONDRINA
2004
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ÉRGIO MESSIAS DOS SANTOS
A PRESENÇA E A SUSTENTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR NA ÁREA DE
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: PERDA OU BUSCA DE UMA
IDENTIDADE?
O caso da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região - ADETEC
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em
Administração – Mestrado em Gestão de Negócios – da
Universidade Estadual de Maringá em consórcio com a
Universidade Estadual de Londrina, como requisito parcial
para a obtenção do título de Mestre.
Orientadora: Profa. Dra. Elisa Yoshie Ichikawa
LONDRINA
2004
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ÉRGIO MESSIAS DOS SANTOS
A PRESENÇA E A SUSTENTABILIDADE DO TERCEIRO SETOR NA
ÁREA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO: PERDA OU
BUSCA DE UMA IDENTIDADE?
O caso da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região -
ADETEC
Dissertação aprovada como requisito para obtenção do grau
de Mestre no Programa de Pós-Graduação em
Administração, Universidade Estadual de Maringá e
Universidade Estadual de Londrina, pela seguinte banca
examinadora:
Aprovada em 14 de outubro de 2004
______________________________________
Profª. Drª. Elisa Yoshie Ichikawa (PPA-UEM)
Orientadora
__________________________________________
Prof. Dr. Edmundo Escrivão Filho (USP-São Carlos)
_________________________________________
Profª. Drª Hilka Pelizza Vier Machado (PPA-UEM)
A você, Maria Alzira, muito mais que esposa,
amiga, companheira e cúmplice de minhas
utopias.
A vocês, Paola, Tales e Pablo, meus queridos
filhos, a grande razão da minha vida.
Ao querido Milan, meu inexplicável recomeço,
A você Luna, por razões que só Freud explica.
Dedico este trabalho.
AGRADECIMENTOS
São inúmeros os meus cúmplices nesta empreitada. Especialmente a vocês, o meu muito
obrigado:
minha família como um todo, pela paciência e compreensão;
tia Georgina, por sua “septuagenária” sabedoria e pela presença constante em momentos
decisivos de minha vida;
meus irmãos Marta, Vanderlei, Chiquinha e João Paulo, pela torcida, incentivo e ajuda;
Suely e Zé Roberto, pelo apoio de sempre e pelo ombro amigo,
Beatriz, D. Zulmira e Sr. Jairo, pela amizade, apoio e bom humor,
Prof
a
Elisa, minha orientadora, por sua disponibilidade, competência, profissionalismo e por
suas ricas contribuições que tanto me ajudaram a sair de minhas encruzilhadas metodológicas,
cognitivas e existenciais;
integrantes da banca de qualificação deste trabalho, Prof
a
Hilka e Prof. Giovanni pelas ricas
sugestões;
membros da banca examinadora, por terem aceito avaliar este trabalho;
professores do Programa, que muito contribuiram para o meu crescimento;
companheiros de sala, pela amizade e pelas experiências compartilhadas;
Francisco e Bruhmer, pela amizade, competência e ótimo atendimento;
meu amigo Amanthea, a quem aprendi muito a admirar por sua lealdade, generosidade,
coerência, disciplina e rigor metodológico e com quem compartilhei muitos momentos nesta
trajetória;
amigos Saulo, Paulo Lacerda e Desirê pela amizade, pela ajuda e pelas trocas que não foram
poucas;
Prof. Neumar e Prof
a
Ivete das Faculdades Nobel pelo incentivo e apoio;
amiga Maria Lisabete, a Prof
a
Bety, por sua amizade e pelo incentivo de sempre;
Prof
a
Márcia Bortolocci e Prof
a
Celestina, pela amizade e pelas sugestões dadas,
Sendin, da ADETEC, pelo apoio decisivo à realização deste trabalho. Registro aqui minha
admiração à sua coerência e ao seu comprometimento como pesquisador;
Tadeu e Mário, da ADETEC, pelas valiosas informações passadas,
demais colaboradores, da ADETEC, pelas entrevistas concedidas,
Deus, como não poderia deixar de ser, pela co-autoria, pela co-orientação e pelo dom da vida.
O DISFARCE
Cansado da sua beleza angélica, o Anjo vivia ensaiando caretas
diante do espelho. Até que conseguiu a obra-prima do horror. Veio,
assim dar uma volta pela Terra. E Lili, a primeira meninazinha que
o avistou, põe-se a gritar da porta para dentro de casa: “Mamãe!
Mamãe! Vem ver como o Frankenstein está bonito hoje!”
Mário Quintana
SANTOS, Érgio Messias dos. A presença e a sustentabilidade do Terceiro Setor na área
de ciência, tecnologia e inovação: perda ou busca de uma identidade? O caso da
Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região – ADETEC. 2004.
Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Estadual de Londrina.
RESUMO
Através desta pesquisa estudou-se um suposto dilema enfrentado pelas Organizações do
Terceiro Setor: de um lado conduzir suas atividades fiéis aos seus propósitos principais e à
sua
razão de ser
ou de outro lado, pressionadas pelos ambientes nos quais estão inseridas,
adotar práticas que conflitam com os diferenciais que as legitimam como Terceiro Setor. Há
indícios de que essas Organizações nascem vocacionadas para a gestão social, guiadas por
uma missão peculiar, o que demanda uma gestão também diferenciada. Entretanto, com o
decorrer do tempo, essas Organizações parecem receber pressões ambientais que interferem
nos seus propósitos e na sua missão. Tudo não passaria de uma boa adaptabilidade se essas
práticas não interferissem na identidade dessas organizações conforme é tratado ao longo da
dissertação. Com isso, o trabalho procura analisar as influências dos ambientes técnico e
institucional no processo de construção, manutenção e desconstrução identitária do Terceiro
Setor. A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva e exploratória. Com o
objetivo de vivenciar uma situação real que auxiliasse o estudo, o trabalho, além de se valer
da revisão bibliográfica, concretizou-se com uma pesquisa de campo realizada por meio de
um estudo de caso unitário em uma ONG denominada ADETEC – Associação do
Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região. Esta ONG atua na área de Ciência e
Tecnologia (C&T) o que torna a pesquisa mais instigante ao mostrar como a atuação do
Terceiro Setor pode ser ampliada para além do círculo da filantropia e da assistência social,
dentre outras esferas. Os dados primários do trabalho foram obtidos mediante a aplicação de
entrevistas semi-estruturadas junto aos stakeholders internos e externos da ADETEC em
busca de informações que pudessem clarificar o problema, tendo o pesquisador se utilizado
ainda da observação não participante na ADETEC. Os dados secundários foram coletados
mediante pesquisa documental. O estudo do fenômeno identitário e das suas crises no âmbito
das Organizações do Terceiro Setor ganha relevância ao mostrar que essas organizações têm
um papel e uma missão muito peculiares, por isso, precisam ser analisadas e geridas segundo
perspectivas também peculiares. Em seu aspecto teórico a pesquisa torna-se relevante por
tratar de temas também relevantes representados respectivamente pelo Terceiro Setor e pela
Identidade que ao final se fundem. Sob o aspecto prático, estudar o Terceiro Setor torna-se
prioridade ao se constatar o seu crescimento nos últimos anos e verificar que ele é uma força
econômica, especialmente na geração de empregos em um momento de desemprego
estrutural. Ao fim dos trabalhos os dados coletados e analisados permitiram concluir que a
identidade da ADETEC tem sido ameaçada pela dependência de recursos imprescindíveis à
sua sustentabilidade. A busca desses recursos (atividade meio) concorre com a sua missão
(atividade fim). Além disso, ficou visível que a ADETEC recebe fortes pressões do seu
ambiente institucional. Essas pressões se devem muito ao fato de a ADETEC atuar na área de
C&T na cidade e na região, o que demanda uma forte interação com os diversos agentes
públicos.
Palavras-chave: Ciência e Tecnologia; Identidade; Terceiro Setor.
SANTOS, Érgio Messias dos. The presence and the survival of Third Sector in the
science, technology and innovation field: losing or searching of a identity? The case of
Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região – ADETEC. 2004.
Dissertação (Mestrado em Administração) – Universidade Estadual de Londrina.
ABSTRACT
We studied a supposed dilemma faced by the Organizations of the Third Sector: on the one
hand, they lead activities according to their fundamental reasons of existing, and on the other
hand, they are forced to adopt practices that may be in conflict with the features that justify
them as Third Sector. There are reasons to believe that that these Organizations are born with
vocation for the social administration, which demands an differentiated administration.
However, it seems that these Organizations have their original purposes and their mission
changed through interference of their environment. As expected, that wouldn’t be more than
healthy adaptability, if those practices didn’t interfere in a fundamental way with the Identity
of those Organizations. This will be subject of our discussion throughout this study. This
work aims to analyze the influences of the technical and institutional environment upon the
process of construction, maintenance and demolition the Third Sector’s Identity. The research
is characterized as qualitative, descriptive and exploratory. This work is a field research,
constituted as a case study of a NGO (Non-governmental Organization) named ADETEC
(Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região – Association for
Technological Development of Londrina and Area). ADETEC acts in the Science and
Technology field (S &T), which makes the research even more stimulating, as it is an
example of the Third Sector operating beyond philanthropy and social assistance. The primary
data of the work were obtained by two strategies: (1) application of semi-structured interviews
(searching information that could clarify the problem) with internal and external stakeholders
of ADETEC, and (2) non-participant observation. The secondary data were collected through
documental research. The study of the Identity phenomenon and of its crises within the scope
of the Organizations of the Third Sector gains relevance, as it shows how peculiar are both the
role and the mission of those Organizations. Therefore, they need to be analyzed (and also
managed) according to an also peculiar perspective. In its theoretical aspect, the research is
relevant for treating with two relevant subjects: the Third Sector and Organizational Identity,
which merge together at the end. In a practical view, studying the Third Sector turns to a
priority when we verify its persistent economic growth (specially its employing potential) in a
moment of structural unemployment. The collected and analyzed data lead to the conclusion
that the Identity of ADETEC has been threatened by the dependence of resources that are
essential to its survival. The search for those resources (means) competes with its mission
(ends). Besides that, it became clear that ADETEC is under strong pressure of its institutional
environment. This seems to be related to the fact that ADETEC operates in the Science and
Technology field in the city and its domain, which demands support to its initiatives coming
from several local public agents.
Key words: Science and Technology; Identity; Third Sector;
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 – Representação gráfica do Terceiro Setor............................................... 38
FIGURA 2 – Localização geográfica da cidade de Londrina e região......................... 91
FIGURA 3 – Estrutura organizacional da ADETEC................................................... 127
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1 – Principais desafios enfrentados por ONGs de Maringá....................... 54
GRÁFICO 2 – Estratégias utilizadas pelas ONGs de Maringá..................................... 55
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 – SETORIZAÇÃO DOS AGENTES POR FINALIDADES................... 39
QUADRO 2 – DISTRIBUIÇÃO DOS ÓRGÃOS DA ADETEC X QUANTIDADE
DE COLABORADORES..............................................................................................
92
QUADRO 3 – SINOPSE DA ESTRATÉGIA METODOLÓGICA.............................. 106
LISTA DE SIGLAS
ACIL - Associação Comercial e Industrial de Londrina
ADETEC – Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região
ANPAD – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração
CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica
CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CODEL - Conselho de Desenvolvimento de Londrina
COMAS - Conselho Municipal de Assistência Social de Maringá
COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica
COROL - Cooperativa Agropecuária de Rolândia
C&T - Ciência e Tecnologia
CTS - Ciência, Tecnologia e Sociedade
EMBRAPA/Soja - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuári
FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná
FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos
FUNTEL - Fundação do Ensino Técnico de Londrina
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
IPPA - Instituição Pública de Pesquisa Agropecuária
MARE - Ministério de Administração e Reforma do Estado
ONG – Organização Não-Governamental
OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
PLT – Programa Londrina Tecnópolis
PLATALI - Plataforma de Alimento
PLATCON - Plataforma do Conhecimento
PLATIN - Soluções em Tecnologia da Informação
PLATSAÚDE - Plataforma da Saúde
SERCOMTEL - Serviço de Comunicações Telefônicas de Londrina
SGI – Sistema de Gestão Integrada
SIAP – Sistema de Informação e Apoio a Projetos da ADETEC
SOFTEX: Sociedade para Promoção da Excelência do Software
TECPAR: Instituto Tecnológico do Paraná
UEL - Universidade Estadual de Londrina
UNIFIL - Centro Universitário Filadélfia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................... 14
1.1 Contextualizando a pesquisa................................................................................. 14
1.2 Problematizando a Pesquisa................................................................................. 18
1.3 Objetivos................................................................................................................ 23
1.3.1 Objetivo Geral........................................................................................................ 23
1.3.2 Objetivos Específicos............................................................................................. 23
1.4 Justificativa Teórica e Prática................................................................................ 24
1.5 Organização da Dissertação.................................................................................. 27
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA.................................................... 29
2.1 As Organizações e os seus Ambientes: uma perspectiva institucional................. 30
2.2 Terceiro Setor: abordagem conceitual .................................................................. 36
2.2.1 Apresentando as ONGs: uma volta no tempo ...................................................... 44
2.2.2 Ambientes Técnico e Institucional no Terceiro Setor: busca de excelência ou de
legitimidade?.......................................................................................................... 49
2.2.2.1 A Presença do Terceiro Setor na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação: uma
atuação singular..................................................................................................... 56
2.2.3 Aspectos Organizacionais do Terceiro Setor: uma gestão peculiar...................... 60
2.3 Identidade: abordagem conceitual........................................................................ 64
2.3.1 Identidade e metáforas......................................................................................... 70
3 METODOLOGIA.................................................................................................... 77
3.1 Perguntas de Pesquisa......................................................................................... 77
3.2 Delineamento da Pesquisa.................................................................................... 78
3.3 Coleta de Dados..................................................................................................... 81
3.3.1 Dados Primários.................................................................................................... 81
3.3.1.1 Entrevistas Individuais........................................................................................... 82
3.3.1.2 Entrevistas Grupais - Focus Group........................................................................ 84
3.3.1.3 Observação Não Participante................................................................................ 87
3.3.2 Dados Secundários................................................................................................ 89
3.3.2.1 Pesquisa Documental............................................................................................ 89
3.3.3 Escolha dos Sujeitos da Pesquisa.......................................................................... 90
3.3.3.1 Informações sobre a Instituição Hospedeira do Estudo de Caso.......................... 90
3.3.3.2 Justificativas da Escolha da Instituição Hospedeira do Estudo de Caso............... 94
3.3.3.3 Procedimentos para Realização da Pesquisa....................................................... 95
3.3.3.4 Critérios de Escolha dos Entrevistados................................................................. 96
3.3.3.5 Escolha do Informante-chave............................................................................... 97
3.3.3.6 Escolha dos Demais Entrevistados....................................................................... 97
3.4 Análise dos Dados................................................................................................ 99
3.5 Sinopse da Estratégia Metodológica..................................................................... 105
3.6 Definição de Termos............................................................................................. 107
3.7 Limitações da Pesquisa......................................................................................... 112
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS....................................... 114
4.1 Londrina à Procura de Uma Nova Identidade: desvendando a história da
ADETEC.................................................................................................................. 115
4.2 Conhecendo a ADETEC....................................................................................... 122
4.2.1 Identificação, Missão e Objetivos da ADETEC..................................................... 122
4.2.2 Estrutura Organizacional e Ajustes Efetivados...................................................... 126
4.2.2.1 Processos de Trabalho da ADETEC....................................................................... 132
4.2.3 Sustentabilidade e Captação de Recursos na ADETEC................................... 137
4.2.4 Ambientes da ADETEC: interações e pressões...................................................... 141
4.2.5 Stakeholders Internos: representações da ADETEC....................... 147
5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ............................................................. 154
REFERÊNCIAS..................................................................................................... 167
ANEXOS................................................................................................................. 177
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 Contextualizando a Pesquisa
O mundo organizacional, tal como a sociedade, é um universo complexo e em
permanente expansão, podendo ser observado sob uma diversidade de olhares. Por isso, a
análise e a compreensão desse universo requer contextualizações e recortes. Em termos de
recorte, esta pesquisa foca as Organizações do Terceiro Setor e suas questões identitárias,
analisadas no contexto atual. Neste título introdutório é feita uma breve discussão sobre os
desafios impostos às organizações como um todo nos dias de hoje, derivando-se para uma
abordagem mais específica a respeito das Organizações do Terceiro Setor.
O cenário atual tem sido marcado por instabilidade, turbulência, mudanças e
movimento, sendo pertinente a declaração de Freitas (2000b):
De todas as imagens que nos vêm à mente, quando falamos no ambiente
atual, uma se apresenta de forma predominante como causa e conseqüência
de tudo o mais: mudanças aceleradas constantes. Vivemos uma torrente de
mudanças nos vários campos do social e do humano sem nenhum precedente
na História. A palavra que define o momento é ´complexidade` (FREITAS,
2000b, p. 7).
Esse momento é definido por alguns autores como modernidade tardia ou pós-
modernidade
1
e tem merecido atenção especial de estudiosos de várias áreas. Neste cenário,
torna-se redundante afirmar que as organizações pós-modernas, dentre elas, as do Terceiro
Setor, são desafiadas a atender as mais variadas demandas. Também é recorrente lembrar que
1
A discussão sobre a pós-modernidade caracteriza-se em torno das mudanças estéticas, sociais e tecnológicas
que vêm ocorrendo no mundo desde a segunda metade do século XX em contraposição às categorias
tradicionais e até então vigentes de verdade, razão e progresso, dentre outras (PAULA, 2001). O homem pós-
moderno tem sua vida mediada por um mar de símbolos, pelas novidades e pelos eventos artificiais onde tudo
passa ser julgado por critérios técnicos e comerciais. O homem (sujeito humanista) é declarado morto e em seu
lugar surge um sujeito coisificado, fragmentado e descentrado (ALVESSON e DEETZ, 1999; WOOD JR.,
1999). Este assunto estará sendo abordado de forma detalhada ao longo deste trabalho.
15
em um ambiente marcado por desafios e concorrências e pela hegemonia do mercado e da
tecnologia, as organizações sejam premidas a alcançar resultados a qualquer preço,
privilegiando-se ferramentas e instrumentos, ficando muitas vezes esquecidas dimensões
subjetivas, porém relevantes ao trabalho do administrador (MORGAN, 1996).
Um exemplo de dimensão esquecida é a identidade. E é sobre a questão identitária que
autores como Carrieri (2001) e Freitas (2000b) alertam sobre uma profunda crise vivida na
atualidade. Referências sociais, morais, culturais e religiosas, até então tradicionais, são
fragmentadas pela exaltação da imagem, da aparência, do consumo e da superficialidade. Um
Estado cada vez mais fraco abdica de suas responsabilidades, transferindo suas atribuições às
organizações civis por meio de terceirizações e principalmente, privatizações (FREITAS,
2000b):
Investidas como o novo pólo da legitimação social e como o lugar que pode
responder pelo esfacelamento dos vínculos sociais e pelas questões
identitárias, as organizações modernas – com ênfase nas grandes empresas –
constroem para e de si uma auto-imagem grandiosa, que vai enraizar-se num
imaginário próprio, que é repassado não apenas para os seus membros
internos mas também para a sociedade no seu conjunto (FREITAS, 2000b, p.
10).
Castells (2000) lembra que a vida das pessoas e a sociedade, estão sendo moldadas
pelas tendências conflitantes da globalização e da identidade. Sobre isso, também são
ilustrativos os estudos de Giddens (2002) e Hall (2000), que dentre outros autores, tratam da
crise de identidade por que passam a sociedade, os sujeitos e as diversas instituições neste
início de século XXI. Sobre isso, Rolnik (2004) afirma:
[...] a mesma globalização que intensifica as misturas e pulveriza as
identidades, implica também na produção de kits de perfis-padrão de acordo
com cada órbita do mercado, para serem consumidos pelas subjetividades,
independentemente de contexto geográfico, nacional, cultural, etc.
Identidades locais fixas desaparecem para dar lugar a identidades
globalizadas flexíveis que mudam ao sabor dos movimentos do mercado e
com igual velocidade (ROLNIK, 2004, p.1).
16
Segundo Santos (1994, p. 32), “a preocupação com a identidade não é, obviamente,
nova. Podemos dizer até que a modernidade nasce dela e com ela. O primeiro nome moderno
da identidade é a subjetividade. O colapso da cosmovisão teocrática medieval trouxe consigo
a questão da autoria do mundo e o indivíduo constituiu a primeira resposta”. As questões
identitárias, seja no âmbito individual, social ou organizacional, permeiam as relações dos
sujeitos enquanto atores da sociedade e das organizações.
No âmbito das Organizações do Terceiro Setor, o tema identidade adquire relevância,
principalmente quando se pretende compreender como essas Instituições
2
respondem às
pressões impostas pelo cenário atual. Autores como Alves (2002a), Cardoso, R. (2000),
Carvalho (1999), Coelho (2000), Diniz et al. (2002), Hudson (2004), Montaño (2002), Rifkin
(2000) e Teodósio (2004), dentre outros, apontam os desafios do Terceiro Setor para construir
e manter sua identidade sob tanta pressão e turbulência. A seguir, são reproduzidos
fragmentos de escritos de alguns dos autores citados.
Inicialmente, Cardoso, R. (2000, p. 7), ao se referir ao Terceiro Setor, afirma que:
“Tudo isso é novo e está se configurando debaixo de nossos olhos. O próprio conceito de
Terceiro Setor, seu perfil e seus contornos ainda não estão claros nem sequer para muitos dos
atores que o estão compondo.” Rifkin (2000, p. 20) lembra que “o problema do Terceiro
Setor é que ainda não tem consciência de sua condição. Falta-lhe uma identidade. Sem
identidade não há poder.” Hudson (2004, p. 7) declara que “existem vários nomes que de um
modo geral fazem parte deste setor. Cada qual estabelece fronteiras diferentes, mas todos se
sobrepõem: [...]”. Finalmente, Carvalho (1999, p.1) aponta a existência de um debate nas
Organizações do Terceiro Setor que orbita “entre a preservação da identidade dessas
2
A palavra instituição é utilizada ao longo desta dissertação com dois sentidos, dependendo do contexto em que
ela está empregada. Aqui por exemplo, o termo é usado como sinônimo de Organização do Terceiro Setor.
Neste caso, trata-se de um recurso utilizado pelo autor do trabalho para evitar o uso repetitivo da palavra
organização. Em outras situações o termo está ligado à Teoria Institucional e se refere às normas e regras que
regem a bem vivência de grupos e organizações.
17
organizações com base em valores como cooperação e solidariedade, e a busca de padrões de
eficiência e de eficácia que as está levando a assumir práticas importadas das empresas
subordinadas aos ditames do mercado.”
No âmbito das organizações como um todo, e, por analogia, também no âmbito do
Terceiro Setor, Freitas (2000b, p.11) alerta que “a palavra ‘excelência’ mudou, recentemente,
de significado. [...] Ela adquiriu mobilidade, transformou-se num patamar, numa seqüência
sempre ascendente de posições, num quebra-recordes, numa corrida de ultrapassagem”.
Aktouf (1996), se referindo às organizações de uma forma geral, salienta que tamanha
multiplicidade de demandas ambientais, mercadológicas e sócio-econômicas implica a quebra
de paradigmas e a busca de novos modelos e novas práticas. Vale ressaltar que, por extensão,
o pensamento de Aktouf (1996) também se aplica ao Terceiro Setor.
Em suma, a literatura pesquisada mostra as Organizações do Terceiro Setor neste
início de milênio no meio de um grande dilema. De um lado, precisam ser fiéis aos seus
propósitos, às suas causas, aos seus ideais de solidariedade, justiça social e preservação
ambiental, dentre outras. Por outro lado, essas mesmas Organizações, pressionadas pelos
ambientes nos quais estão inseridas, passam a adotar práticas que, embora eficazes para as
empresas lucrativas, conflitam com os diferenciais que legitimam o Terceiro Setor, como
exclusivo em relação aos demais Setores. O fato é que as Entidades
3
do Terceiro Setor por
uma questão de sobrevivência, são premidas a se enquadrar nas regras do mercado. Tudo isso
seriam indicadores de flexibilidade e de adaptabilidade se essas práticas não interferissem no
processo de construção e desconstrução da identidade do Terceiro Setor, conforme é
apresentado no tópico seguinte.
3
Nesta dissertação o termo entidade refere-se a cada um dos diversos segmentos que compõem as Organizações
do Terceiro Setor, tais como: associações, fundações, ONGs, cooperativas, institutos, dentre outros segmentos
(BARBOSA e OLIVEIRA, 2002).
18
1.2 Problematizando a Pesquisa
Pesquisadores do Terceiro Setor têm reiterado que a dinâmica das Organizações Sem
Fins Lucrativos é muito peculiar, se comparada à dinâmica das demais organizações. Tanto é
assim que Barros (2002) sugere abordagens organizacionais diferenciadas dentro do próprio
universo das Entidades do Terceiro Setor. Ao analisar as especificidades das ONGs
4
Organizações Não-Governamentais, Barros (2002) afirma:
Nosso trabalho incorpora dois objetivos principais: primeiro, propor uma
tipologia nova, que procurará esclarecer suas diferenças, baseada naquilo
que mais as caracteriza, ou seja, em sua natureza, objetivo e estrutura
específica, e nas necessidades administrativas que destas decorrem; segundo,
estabelecer, mais uma vez, a autenticidade e a unicidade do projeto não-
governamental, e reclamar a necessidade de uma teoria organizacional
diferenciada (BARROS, 2002, p.1).
Originalmente, as Organizações do Terceiro Setor surgem, na sua maioria,
vocacionadas para o bem estar coletivo, para o desenvolvimento social e guiadas por uma
missão muito peculiar, o que demanda modelos organizacionais diferenciados, como foi
assinalado anteriormente. Entretanto, com o decorrer do tempo, essas Organizações recebem
uma série de pressões ambientais que acabam por interferir no seu modelo organizacional e na
sua missão. Como exemplos de pressões, têm-se:
imposição de normas pelo governo, por empresas, parceiros, financiadores e
mantenedores, dentre outros, para participação em projetos sociais e captação de
recursos,
4
Dentre as entidades que compõem o portfólio das Organizações do Terceiro Setor, as ONGs – Organizações
Não-Governamentais, sem fins lucrativos, ganharam visibilidade nos últimos anos por sua atuação e
combatividade em prol de causas ligadas à cidadania e à defesa do meio ambiente, dentre outras (COELHO,
2000; THOMPSON, 2000; ABONG, 2000). O papel e os propósitos das ONGs estão detalhados em capítulo
específico deste trabalho.
19
excessiva valorização de práticas de gestão tidas como bem sucedidas nas
empresas privadas e que são passadas ao Terceiro Setor como promessa de solução
para a maioria dos seus problemas administrativos,
universalização do paradigma da eficiência e da eficácia que leva as organizações
de uma forma geral, e, dentre elas, o Terceiro Setor, a uma permanente busca de
resultados superavitários a qualquer preço,
a crença na panacéia de cursos, treinamentos e publicações como forma de
redenção e superação de todos os desafios do Terceiro Setor,
em suma, as Organizações do Terceiro Setor estão submetidas ao mito da
profissionalização e ao mito da eficiência.
Essas pressões acabam refletindo na identidade e na singularidade do Terceiro Setor
criando um padrão ideal de atuação das suas entidades com o nivelamento de experiências e
práticas, configurando o que Dimaggio e Powell (1983) chamam de isomorfismo
institucional. Referindo-se aos processos isomórficos e à mudança organizacional, Alves e
Koga (2003, p. 2) afirmam que “muitas vezes organizações que atuam em um mesmo campo
são muito semelhantes, quer seja em sua forma, quer seja em suas práticas.”
Uma outra pressão que tem causado impacto nas Organizações do Terceiro Setor é a
questão dos recursos. Embora eles sejam imprescindíveis à sobrevivência das Entidades, para
Montaño (2002), a atividade de captação de recursos no Terceiro Setor vem se transformando
em um fim, ao invés de um meio, o que, segundo o autor, distorce a razão de ser das
Organizações Sem Fins Lucrativos, contribuindo para perda da sua identidade. Essa perda de
identidade se agrava na medida em que, por contingências ligadas a questões de
sustentabilidade e por analogia, ao que se pratica no mercado de uma forma geral, essas
20
Organizações passam a privilegiar a venda de produtos e de serviços em detrimento à sua
verdadeira missão.
Não menos preocupante é a excessiva prioridade dada por algumas Entidades à
racionalização de procedimentos e à redução de custos como forma de demonstrar bom
desempenho e alcance de excelência, tendo como referência os padrões utilizados em
organizações públicas e principalmente privadas. Embora não se referindo especificamente ao
Terceiro Setor, mas sendo a ele aplicável por analogia, convém lembrar Freitas (2000b, p.11)
quando a autora afirma que “perseguir a excelência mutável não é apenas obrigação, mas a
sina de todos. As empresas tornam-se o lugar em que essa sina deve ser vivida e vão cobrar
rigorosamente de cada indivíduo que não apenas seja, mas que queira ser esse herói
incansável”. Segundo a autora, “uma espécie de esquizofrenia coletiva tomou conta de todos –
em especial dos altos escalões, já que o risco de ser superado no menor espaço de tempo
possível está sempre à porta” (FREITAS, 2000b, p.11).
Em se tratando de Terceiro Setor qual é o conceito de desempenho e de excelência?
O fato é que, em nome dessa excelência tão cultuada no mercado, o Terceiro Setor pode
perder a sua singularidade em termos de ser e agir, fazendo com que suas Entidades tornem-
se apenas mais uma igual a tantas outras. Nesse caso, é ilustrativa a citação de Carvalho
(1999) sobre o Terceiro Setor, ao afirmar que “a defesa de sua identidade independente e
contestatória, características fundamentais das organizações dos novos movimentos sociais,
alternam, deste modo, com a busca da construção de uma imagem de eficiência ante o público
e os elementos chave dos poderes instituídos” (CARVALHO, 1999, p.13).
Também relevante, sob o ponto de vista identitário no Terceiro Setor, são os embates
travados por estudiosos e que se polarizam ideologicamente ao longo da literatura consultada.
Afinal, o que é o Terceiro Setor, a que veio e efetivamente a quem interessa? A promulgação
da Lei 9790 de 23.03.99 estabelece um marco legal para o Terceiro Setor no Brasil, refletindo
21
“o reconhecimento social e político do papel estratégico que o Terceiro Setor pode
desempenhar como parceiro do poder público” (BARBOSA; OLIVEIRA, 2002, p.109). Vale
dizer que essa lei, sob o pretexto de regulamentar o Terceiro Setor, foi muito mais uma forma
do poder público estabelecer controles sobre as Organizações Sem Fins Lucrativos. Percebe-
se ao longo da pesquisa bibliográfica que o Terceiro Setor “permanece vulnerável a várias
tensões internas e repressões externas. Além disso, várias percepções errôneas a seu respeito
limitam sua capacidade de lidar efetivamente com os seus verdadeiros desafios”
(SALAMON, 1998, p. 9).
Exemplificando, de um lado, Falconer (1999, p.9) sustenta que “[...] o Terceiro Setor
surge como portador de uma nova e grande promessa: a renovação do espaço público, o
resgate da solidariedade e da cidadania, a humanização do capitalismo e, se possível, a
superação da pobreza”. Utópica e pretensiosa, principalmente por se referir à humanização do
capitalismo e à possível superação da pobreza, a posição de Falconer reproduz, ainda que nas
entrelinhas, o discurso de muitos autores. No pólo oposto, Montaño (2002) vê na idolatria ao
Terceiro Setor uma forma de viabilização e legitimação do ajuste neoliberal que está em curso
no mundo atual com a gradativa saída do Estado de áreas que tradicionalmente foram suas.
Neste sentido, o autor afirma que:
[...] escamotear a veracidade deste processo exige um duplo caminho: [...] o
da indução a uma imagem mistificada da construção e ampliação da
cidadania e democracia, porém retirando as reais condições para sua efetiva
concretização; [...] o da indução a uma imagem ideológica de transferência
de atividades, de uma esfera estatal satanizada [...] para um ‘santificado’
setor (MONTAÑO, 2002, p. 22).
Esse embate ideológico é identificado por Carvalho (1999, p.1) ao afirmar que as
diversas entidades sem fins lucrativos que compõem o amálgama do Terceiro Setor
“convivem sob uma combinação dos elementos políticos, ideológicos, econômicos e sociais
que caracterizam um determinado momento histórico de um país que, por definição, será
diferente de qualquer outro cenário geográfico e temporal”.
22
Com o objetivo de vivenciar uma situação real que auxiliasse o estudo e a
compreensão das questões até aqui problematizadas, este trabalho, além de se valer da
revisão bibliográfica, concretizou-se com uma pesquisa de campo realizada por meio de um
estudo de caso em uma ONG que atua na área de Ciência e Tecnologia (C&T). Essa ONG,
denominada ADETEC – Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região,
passa doravante a ser chamada apenas de ADETEC. Vale registrar que a opção por
compreender os conflitos identitários da ADETEC se deve ao fato:
de sua identidade ser construída pela interação de diversos atores organizacionais
que fazem parte dos seus conselhos e da sua diretoria, atores esses, oriundos de
diversas instituições da iniciativa privada, do poder público e das universidades,
de ela estar submetida a uma série de pressões ambientais, especialmente no que
se refere a necessidade de recursos para a sua sustentabilidade. A ênfase na
atividade de captação de recursos pode estar desviando a Organização do seu foco,
de a Entidade estar inserida em um ambiente complexo composto de um lado, pela
área de Ciência e Tecnologia da cidade e da região representada pelo IAPAR –
Instituto Agranômica do Paraná, EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária e UEL – Universidade Estadual de Londrina, dentre outras
instituições, e de outro lado, por estar ligada ao desenvolvimento regional. Neste
caso, a ADETEC é também envolvida pelo ambiente sócio-político da cidade e da
região.
23
Com isso, a problematização até aqui desenvolvida embasou a seguinte questão de
pesquisa:
Como os ambientes
5
técnico e institucional da ADETEC influenciam a construção,
a manutenção e a desconstrução da sua identidade enquanto Organização do
Terceiro Setor?
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral
Compreender as influências dos ambientes técnico e institucional da ADETEC no
processo de construção, manutenção e desconstrução da sua identidade enquanto Organização
do Terceiro Setor.
1.3.2 Objetivos Específicos
desvendar a história da Instituição;
conhecer os objetivos e a missão da ADETEC;
descrever a estrutura organizacional da Instituição e os ajustes organizacionais
experimentados por ela;
conhecer os processos de trabalho da ADETEC;
5
O ambiente técnico se relaciona ao espaço de competição na ótica econômica e funciona mediante troca de
bens e serviços. A organização nele inserida é avaliada pela qualidade do seu trabalho sob a perspectiva da
eficiência. Neste ambiente, estruturas racionais são aquelas que eficiente e efetivamente produzem bens e
serviços específicos, que de modo eficaz atingem seus objetivos. O ambiente institucional se relaciona à
elaboração e à difusão de regras e procedimentos, que propiciam às organizações legitimidade e suporte. Neste
ambiente, a organização se adapta às regras socialmente constituídas para obter legitimidade e apoio
24
analisar a forma de sustentabilidade econômica da Instituição em termos de captação e de
dependência de recursos;
estudar a interação ambiental da ADETEC e levantar a composição dos seus ambientes
técnico e institucional;
observar como os stakeholders
6
internos lidam com as pressões ambientais impostas a
eles e à ADETEC;
captar as representações que os stakeholders internos têm da ADETEC.
1.4 Justificativas Teórica e Prática
Em seu aspecto teórico este trabalho torna-se relevante por tratar de temas instigantes
representados respectivamente pelo Terceiro Setor e pela Identidade, que ao final se fundem
em um recorte que contempla a questão identitária das Organizações Sem Fins Lucrativos.
Sobre o Terceiro Setor no Brasil, a produção científica na área dos Estudos Organizacionais
ainda é marcada pela escassez de publicações, embora as pesquisas sobre o assunto venham
aumentando, conforme pode ser comprovado nos últimos Encontros Anuais da ANPAD –
Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Administração. O Terceiro Setor é
objeto de estudo recente e tem atraído o interesse tanto do meio acadêmico quanto da
sociedade como um todo. Segundo Falconer (1999, p. 1) “aqui, o Terceiro Setor não é um
(MACHADO-DA-SILVA e GONÇALVES, 1999). Uma definição mais abrangente dos ambientes técnico e
institucional é apresentada em capítulo específico deste trabalho.
6
A organização não é apenas uma instituição sócio-econômica que prospera em função de investimentos e de
lucros. Não se restringe apenas aos seus proprietários e acionistas. Há um conjunto de pessoas ou de
instituições que também têm interesse em que a organização seja bem sucedida. Nesse sentido, os stakeholders
são grupos ou indivíduos que podem afetar ou serem afetados pela organização quando essa realiza os seus
objetivos. Ex: acionistas, empregados, clientes, fornecedores, distribuidores, concorrentes e a sociedade de
forma geral, dentre outros (CAMPOS, 2002; ARRUDA e CARDOSO, 2003). Stakeholders no Terceiro Setor:
voluntários, funcionários, mantenedores, associados, Governo em nível municipal, estadual e nacional,
parceiros, outras entidades e a sociedade de uma forma geral, dentre outros.
25
tema extensivamente pesquisado, existindo ainda poucos estudos empíricos abrangentes, e um
número insignificante, até recentemente, com enfoque organizacional”.
Referindo-se às ONGs brasileiras, Barros (2002, p.1) afirma que os estudos sobre
essas Organizações “ainda são limitados e carecem de consistência, demonstrando a
necessidade enfática de que seja feita uma investigação mais profunda do fenômeno pela
comunidade de pesquisadores.” O autor registra que a área de administração tem se
empenhado na tentativa de compreender a dinâmica e a forma organizacional das ONGs
principalmente em decorrência do vertiginoso crescimento dessas Entidades, fruto do
aumento dos problemas sociais e da gradativa reforma e enxugamento do Estado brasileiro
(BARROS, 2002).
Quanto ao tema identidade vale registrar que ele “tem sido bastante enfatizado em
estudos relativos a fenômenos sociais contemporâneos. Tanto do ponto de vista pessoal,
quanto social, a identidade é importante para melhor compreensão de práticas singulares ou
coletivas, desencadeadas na atualidade” (MACHADO, 2003, p.52). Embora nesta pesquisa a
questão identitária seja analisada sob o recorte do Terceiro Setor, é oportuno lembrar que as
crises de identidade não se restringem apenas a esse tipo de organização. Nesse início de
Terceiro Milênio, dominado por um mundo globalizado onde as identidades são cada vez
mais fragmentadas, os diversos atores sociais e organizacionais tentam encontrar o seu
verdadeiro papel. Sobre isso, Thompson (2000) adverte que:
Neste final do século XX, praticamente todas as instituições e “setores”
sociais estão enfrentando graves problemas de identidade, no sentido de
saber qual é o seu papel diante das mudanças sociais, políticas, econômicas e
globais das últimas décadas. Hoje, se perguntássemos o que é o Estado ou o
que é a empresa, acredito que nenhum funcionário público ou pensador do
Estado, assim como nenhum empresário ou pensador de empresa, poderia
definir qual é o seu papel nos anos que vêm pela frente (THOMPSON, 2000,
p. 42).
26
O estudo do fenômeno identitário e das suas crises no âmbito das Organizações do
Terceiro Setor ganha relevância especial ao mostrar que essas Organizações têm um papel e
uma missão muito peculiares. Por isso, precisam ser vistas, analisadas e administradas
segundo perspectivas peculiares. Nesse sentido, o Terceiro Setor, tal como se apresenta, a
identidade, tal como é construída e desconstruída, e as crises daí decorrentes, são produtos de
um mundo que se guia por uma extrema racionalidade e que a cada dia se perde em si mesmo.
Sob o ponto de vista prático, estudar as Organizações Sem Fins Lucrativos torna-se
relevante quando se verifica que, além de ser guiado por uma missão altruísta e solidária, o
Terceiro Setor representa uma grande força econômica, especialmente na geração de
empregos, em um momento em que o desemprego se constitui em um dos maiores desafios
sociais. No Brasil, os dados disponíveis, indicam uma significativa importância do Terceiro
Setor para a economia. A pesquisa que coletou estes dados mostra que:
São cerca de 1.120.000 as pessoas ocupadas e com remuneração, no setor
sem fins lucrativos em 1995. É um volume sob certos pontos de vista
considerável – por exemplo, cerca de o dobro de servidores públicos federais
na ativa (da administração direta, das autarquias e fundações do poder
executivo), que em 97 contavam-se em 512 mil (cf. dados do MARE,
Ministério da Administração e Reforma do Estado) (LANDIN; BERES,
1999, p. 23)
Aqui ainda é oportuno lembrar Rifkin (2000), em sua análise sombria sobre a questão
do desemprego estrutural no mundo, acenando que o Terceiro Setor será nos próximos anos
um dos poucos segmentos em expansão e que continuarão a gerar demandas de trabalhadores
de diferentes níveis e perfis.
Além da relevância das questões anteriores, a pesquisa torna-se instigante ao mostrar
como a atuação do Terceiro Setor pode ser ampliada para além do círculo da filantropia e da
assistência social, dentre outras esferas. O Estudo de Caso desenvolvido neste trabalho analisa
a presença de uma ONG - a ADETEC, na área de Ciência e Tecnologia (C&T) e o seu papel
nos arranjos e nas articulações institucionais na cidade de Londrina e região. A presença da
27
ADETEC nesta área é bastante ilustrativa e cumpre o que Toro (2000, p.35) chama de papel
de “contribuir para a construção do projeto de nação.” Neste sentido, o autor afirma que:
um dos grandes desafios do Terceiro Setor é encontrar um ponto orientador
ao conjunto das múltiplas ações institucionais que executa: desde os
processos de autodesenvolvimento através das formas associativas de base
(organizações comunitárias, empresas de autogestão etc.), passando pelas
ações de acompanhamento e serviços (assistência, socorro, assessoria,
treinamento, apoio financeiro, etc.) [...] (TORO, 2000, p.35).
Em suma, este trabalho abre espaço sob a perspectiva identitária para o seguinte
questionamento: como o Terceiro Setor pode conciliar o desafio da legitimidade, o desafio da
eficiência, o desafio da sustentabilidade e outros desafios impostos pelos ambientes que o
cercam, com as suas causas centrais e com a sua verdadeira razão de ser?
1.5 Organização da Dissertação
Para atingir os seus objetivos, esta dissertação foi estruturada em cinco capítulos, a
saber: 1. Introdução; 2. Fundamentação Teórica; 3. Metodologia; 4. Apresentação dos
Resultados e 5. Conclusões e Recomendações. O primeiro capítulo apresenta a pesquisa
contextualizando o seu objeto de estudo no tempo e no espaço e oferece ao leitor uma visão
geral do tema, bem como do por quê e do para quê de o estudo estar sendo realizado. Com
isso, são apresentados, além do objeto de estudo da pesquisa, sua problematização, os
objetivos pretendidos com o trabalho e as justificativas de sua execução. O segundo capítulo
descreve as teorias e os conceitos que embasaram a condução do trabalho. Esse quadro teórico
de referência contempla prioritariamente abordagens ligadas ao Terceiro Setor, à Identidade e
à interação ambiental vista sob a perspectiva da Teoria Institucional. Já os procedimentos
metodológicos necessários à condução da pesquisa são discutidos e detalhados no terceiro
capítulo. O quarto capítulo se inicia com a história da ADETEC desde o seu o surgimento até
os dias atuais, onde são resgatados os principais fatos e as ações dos principais atores
28
envolvidos no processo. Em seguida, ainda no quarto capítulo são analisados e apresentados
os dados colhidos durante a pesquisa. O resultado dessa análise serve de subsídio às
conclusões finais sobre o trabalho, possibilitando verificar se os objetivos inicialmente
propostos foram atingidos. Essa conclusão é apresentada no quinto capítulo. Finalmente, são
apresentados como anexos, as informações e os documentos julgados de interesse para
pesquisa e que foram citados ao longo do texto.
29
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-EMPÍRICA
O presente quadro teórico de referência dá sustentação às questões discutidas neste
trabalho, contribuindo para a compreensão dos problemas abordados. Para isso, foram
consultados vários autores cujas idéias são utilizadas e oportunamente transcritas ao longo do
texto. Quanto à importância da fundamentação teórica em um trabalho de pesquisa, Triviños
(1995, p. 99) lembra que, naturalmente, existem realidades simples que “não precisam de
nenhuma teoria para serem compreendidas em toda sua extensão e significado. Mas os fatos
sociais e educacionais, geralmente complexos, não só precisam como exigem um suporte de
princípios que permitam atingir os níveis da verdadeira importância do que se estuda”. Na
seqüência, o autor afirma que a revisão da literatura permite ao pesquisador “familiarizar-se,
em profundidade, com o assunto que lhe interessa.” Richardson (1999, p. 60), sugere que “o
pesquisador deverá realizar uma interpretação do fenômeno, historicamente ou apenas na fase
atual, analisando criticamente as diversas concepções e perspectivas apresentadas, mediante
referência a tudo o que se escreveu sobre ele.”
Com isso, neste tópico, recupera-se e confronta-se um rol de teorias que trata da
Identidade e do Terceiro Setor, tendo como recorte os conflitos que envolvem a construção, a
manutenção e a desconstrução identitária nas Organizações sem Fins Lucrativos. As
discussões ocorrem tendo como pano de fundo dois eixos temáticos. De um lado, as
Organizações do Terceiro Setor são analisadas sob a perspectiva da Teoria Institucional
especialmente no que se refere ao estudo das relações dessas Organizações com os seus
ambientes, levando-se em conta questões ligadas a recursos, sustentabilidade e legitimidade,
30
dentre outras. De outro lado, a questão identitária é apresentada a partir de uma perspectiva
pessoal, social e organizacional, tendo como base autores como Caldas e Wood Jr.(1997),
Castells (2000), Freitas (2000b), Hall (2000), Giddens (2002) e Machado (2003), dentre
outros. Quanto à questão identitária, esta revisão bibliográfica vale-se de um enfoque
interdisciplinar ao utilizar conceitos de outras áreas, dentre elas a sociologia, a psicologia e a
literatura.
A bibliografia consultada mostra que o desafio das Organizações do Terceiro Setor
está em buscar, construir e manter uma identidade coerente com os seus propósitos, ainda que
sob a permanente ameaça de desconstrução dessa mesma identidade por pressões ambientais,
especialmente, pressões impostas pela racionalidade do mercado e pelas ações políticas de
Estados e governos. O quadro teórico de referência é enriquecido com a contribuição de obras
literárias ricas em metáforas identitárias, como Macunaíma, de Mário de Andrade, e Morte e
Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Essas metáforas, ao explorarem a dimensão
fictícia das crises de identidade dos seus personagens, ilustram e auxiliam o entendimento dos
conflitos reais que permeiam as Organizações Sem Fins Lucrativos. Em suma, trata-se de um
recurso utilizado para melhorar a compreensão do fenômeno estudado. A comparação entre o
imaginário literário e a realidade do Terceiro Setor mostra que a questão identitária desse
Setor se assemelha à sina de Macunaíma e à saga de Severino. Tanto para os personagens
fictícios quanto para os atores do Terceiro Setor a busca da identidade é uma questão de
sobrevivência, embora em ambos os casos, tanto na ficção quanto na realidade, essa
identidade se mostre cada vez mais dispersa e fragmentada.
2.1 As Organizações e os Seus Ambientes: uma perspectiva institucional
31
As organizações de uma forma geral, inclusive as do Terceiro Setor, estão inseridas
em ambientes com os quais interagem. A Teoria Institucional estuda as transações entre as
organizações e os seus ambientes, levando em conta a dimensão cultural envolvida nestas
interações, dimensão composta por regras, leis, normas e valores, dentre outros aspectos. Ao
tratar das instituições, Scott (1995, p. 33) afirma que elas “consistem de estruturas normativas,
regulativas e cognitivas, e de atividades que fornecem estabilidade e significado ao
comportamento social”. Segundo o autor, as “instituições são embasadas por vários suportes,
representados por culturas, estruturas, e rotinas que operam em níveis múltiplos” (SCOTT,
1995, p. 33).
Ilustrando as relações entre as organizações e os seus ambientes, é possível afirmar
que uma organização excessivamente burocrática, mais voltada para as suas realidades
internas do que para as externas, pode perder sensibilidade em relação ao ambiente no qual
está inserida, tornando-se alienada e desconectada das demandas e pressões. Em uma situação
inversa, em que forças ambientais passam indiscriminadamente a transgredir as prioridades
internas, pode se instalar uma perda de foco ou perda da missão organizacional. A partir do
momento em que o lema organizacional passa a se basear no cumprimento cego dos “ditames
ambientais”, infringindo causas centrais, crenças compartilhadas e conflitando com princípios
básicos, instaura-se a desestabilidade organizacional. Esses exemplos mostram a importância
de as organizações manterem uma relação de equilíbrio com os seus ambientes, e, ao mesmo
tempo, apontam os reflexos de um eventual desequilíbrio com esses ambientes no processo de
construção, manutenção e desconstrução da identidade organizacional.
Para os autores que tratam da relação das organizações com os seus ambientes sob a
perspectiva institucional (DIMAGGIO e POWELL, 1983; SCOTT, 1995; CARVALHO et al.,
1999; INOCÊNCIO-RODRIGUES e MACHADO-DA-SILVA, 2001 e JACOMETTI e
MACHADO-DA-SILVA, 2003) essa interação pressupõe adaptação e reação às demandas
32
dirigidas às Organizações sob uma vigilante percepção das transformações da sociedade e do
mercado. Segundo Jacometti e Machado-da-Silva (2003, p.2) “é inegável que os fatores
ambientais interferem continuamente numa organização, de modo que os seus processos
internos não estão imunes às influências do contexto mais amplo que a circunda.”
É interessante registrar que “ao longo da evolução do estudo das organizações, o que
se entende como ambiente sofreu profundas e importantes mudanças. Nas proposições
analíticas pioneiras acerca das organizações, os ambientes eram percebidos como meras
categorias residuais sem nenhuma importância e influência sobre a própria organização, que
era o único foco da investigação” (CARVALHO et al 1999, p. 6). Inocêncio-Rodrigues e
Machado-da-Silva (2001, p.2), lembram que “durante um longo período, o ambiente teve
tratamento eminentemente determinístico como se ele representasse um mundo objetivamente
construído e, portanto, suas pressões pudessem ser enfrentadas por meio de metas e objetivos
bem elaborados.” Os autores afirmam que a perspectiva “ambiental é um dos fatores
fundamentais para entender a dinâmica das organizações e sua relação com as outras
organizações. A Teoria Institucional veio confirmar esta importância na medida em que
argumenta que as organizações precisam de legitimidade de seus intermediários e/ou
beneficiários” (DAFT apud INOCÊNCIO-RODRIGUES e MACHADO-DA-SILVA 2001,
p.2).
Scott (1995, p. 132) afirma que as “organizações são afetadas e até mesmo penetradas
por seus ambientes, mas elas tamm são capazes de responder a estas influências atuando
criativa e estrategicamente”. Para o autor, tais “organizações são produtos ou criaturas dos
seus respectivos ambientes institucionais, embora a maioria das organizações modernas se
constitua como jogadores ativos e, não como entes passivos e de pouca importância”
(SCOTT 1995, p. 132).
33
Dentre as definições apresentadas por diversos autores sobre ambiente, este trabalho
destaca que “o ambiente refere-se a fenômenos externos, como as condições tecnológicas, a
legislação, a conjuntura política e econômica, as condições demográficas da população, a
atuação de outras organizações, a disponibilidade de recursos e condições culturais”
(ANDREWS apud JACOMETTI e MACHADO-DA-SILVA, 2003, p. 2).
Vale evidenciar a ampliação conceitual da visão de ambiente para ambiente técnico e
ambiente institucional. De um lado, o ambiente técnico pode ser entendido como o espaço de
competição na ótica econômica, sendo caracterizado como o que funciona mediante troca de
bens ou serviços, de modo que a organização nele inserida seja avaliada pela qualidade do seu
trabalho sob a perspectiva de eficiência. De outro lado, o ambiente institucional se caracteriza
pela elaboração e difusão de regras e procedimentos, que proporcionam às organizações
legitimidade e suporte (MEYER e ROWAN apud MACHADO-DA-SILVA e GONÇALVES,
1999). Nesse sentido é oportuno lembrar que:
as duas dimensões ambientais – técnica e institucional – exemplificam dois
significados contrastantes da racionalidade. Ambientes técnicos incorporam
a conotação de que estruturas racionais são aquelas que eficiente e
efetivamente produzem bens e serviços específicos – que de modo eficaz
realizam objetivos específicos”. Em contrapartida, “ambientes institucionais
representam a conotação contida no conceito de rationale: a extensão na
qual um valor, uma teoria, uma explicação que justifica ações passadas, e
fazê-lo de modo compreensível e aceitável (SCOTT apud MACHADO-DA-
SILVA e GONÇALVES,1999, p. 222).
Alves e Koga (2003, p.2) ressaltam que “muitas vezes, organizações que atuam em um
mesmo campo são muito semelhantes, quer seja em sua forma, quer seja em suas práticas”.
Trata-se de um processo de homogeneização. Dimaggio e Powell (1983) apontam três
mecanismos de mudança institucional isomórfica a saber: isomorfismo coercitivo, mimético e
normativo. A mesma definição e classificação é dada por autores como Carvalho et al. (1999);
Carvalho (2000); Prates (2000); Rossetto (2000); Neto Sacomano e Truzzi (2002) e Alves
(2004)
34
O isomorfismo coercitivo segundo Dimaggio e Powell (1983) e Alves e Koga (2003),
resulta de pressões formais e informais feitas nas organizações por outras organizações ou
instituições das quais as primeiras são dependentes, considerando ainda as influências
culturais impostas pelos ambientes nos quais a organização está inserida. Para os autores,
essas pressões se manifestam e se materializam por meio de ações de força, persuasão ou por
convites para participarem de coalizões ou de associações.
Em última instância trata-se de um ambiente legal que interfere nos aspectos do
comportamento e da estrutura das organizações. Esse processo isomórfico resulta em
organizações mais homogêneas dentro de determinados domínios e mais organizadas ao redor
de regras institucionalizadas.
Um típico caso de isomorfismo coercitivo pode ser apresentado através das mudanças
organizacionais provocadas por pressões governamentais, normalmente aquelas resultantes de
ajustes de legislação. Nesta situação, o ambiente legal afeta muitos aspectos do
comportamento e da estrutura das organizações (DIMAGGIO e POWELL, 1983; ALVES e
KOGA, 2003). Outros exemplos são ilustrativos:
Em determinadas circunstâncias, a mudança organizacional é uma resposta
direta à ordem governamental: fabricantes adotam novas tecnologias de
controle da poluição para adequarem-se às regulamentações ambientais;
organizações sem fins lucrativos mantém contas, e contratam contadores,
para ajustarem-se às exigências das leis sobre impostos; e organizações
empregam funcionários que sofrem discriminações da sociedade para livrar-
se de alegações de discriminação” (DIMAGGIO e POWELL, 1983, p. 150).
O isomorfismo mimético é observado nas situações em que uma organização imita
práticas de outra como forma de se proteger contra ameaças ou incertezas ambientais. Esse
caso de isomorfismo se materializa sempre em situações em que tecnologias organizacionais
são pouco compreendidas, objetivos não são claros ou quando o ambiente cria algum tipo de
incerteza simbólica (DIMAGGIO e POWELL, 1983; ALVES e KOGA, 2003).
35
Dimaggio e Powell (1983, p. 152) destacam que as organizações tendem a
“modelarem-se com base em organizações similares em seu campo/área que elas percebem
serem mais legitimadas ou bem sucedidas.” Como exemplos de processos isomórficos
miméticos têm-se os programas de qualidade total e os programas de reengenharia. É
oportuno destacar que as consultorias organizacionais são difusoras de processos isomórficos
miméticos.
Segundo Dimaggio e Powell (1983, p. 151) “um dos exemplos mais dramáticos de
modelagem (copiar/adaptar-se a um modelo) foi o esforço dos modernizadores japoneses no
final do século XIX em basear/modelar novas iniciativas governamentais em protótipos
ocidentais aparentemente bem sucedidos.” Em contrapartida:
As corporações americanas estão agora devolvendo a gentileza através da
implementação dos modelos japoneses para lidar com os problemas de
produtividade e pessoal em suas próprias empresas. A rápida proliferação de
círculos de qualidade e questões sobre a qualidade de vida no trabalho em
empresas americanas, é, pelo menos em parte, uma tentativa de copiar os
sucessos japoneses (DIMAGGIO e POWELL, 1983, p. 151).
Finalmente, o isomorfismo normativo se apresenta baseado em processos de
profissionalização, entendidos como a busca por membros de uma categoria de condições e
métodos de trabalho, para controlar a produção e para estabelecer uma base cognitiva e
legitimação para sua autonomia ocupacional (DIMAGGIO e POWELL, 1983; ALVES e
KOGA, 2003).
Citando Larson, Dimaggio e Powell (1983, p. 152), destacam que a profissionalização,
neste caso deve ser entendida como “sendo a batalha coletiva dos membros de uma ocupação
para definir as condições e os métodos de seu trabalho, para controlar ´a produção dos
produtores` para estabelecer uma base cognitiva e legitimação para sua autonomia
ocupacional.” Uma ilustração sobre as pressões normativas pode ser dada através da
homogeneização a seguir:
36
Existem associações profissionais para definição e promulgação de regras
normativas sobre comportamento organizacional e profissional. Tais
mecanismos criam um conjunto de indivíduos quase intercambiáveis que
ocupam posições similares em uma ampla gama de organizações e possuem
uma similaridade de orientação e disposição que podem suprimir variações
na tradição e controle que podem de outra maneira formatar o
comportamento organizacional (PERROW apud DIMAGGIO e POWELL,
1983, p. 152).
O debate sobre a interação entre as Organizações e os seus ambientes, tendo como
pano de fundo a Teoria Institucional e como recorte o Terceiro Setor contribui para o
entendimento do problema central desta pesquisa que está focado na necessidade de
compreensão das influências das pressões ambientais no processo de construção, manutenção
e desconstrução da Identidade da ADETEC enquanto Organização do Terceiro Setor. No
subtítulo seguinte o Terceiro Setor é apresentado e revelado.
2.2 Terceiro Setor: abordagem conceitual
Nos últimos anos o Terceiro Setor vem alcançando grande visibilidade, embora essa
terminologia seja ainda pouco compreendida. As pessoas têm, em geral, idéias distorcidas
sobre o que é Terceiro Setor. Algumas o associam às ONGs, outras o associam à caridade, à
filantropia ou às ações religiosas. Segundo Coelho (2002), há também quem associe Terceiro
Setor à economia, ligando-o ao setor terciário (de serviços) em contraponto ao setor primário
(agricultura) e ao setor secundário (indústria). Para Fischer e Falconer (1998, p. 13), “[...] o
Terceiro Setor foi se ampliando sem que esse termo, usado para designá-lo, seja
suficientemente explicativo da diversidade de elementos componentes do universo que
abrange.” Sobre a mesma questão, Landin e Beres (1999) destacam que:
37
Essa noção de ´terceiro setor` evoca não apenas um conjunto diversificado
de organizações como também, metaforicamente, um espaço de afirmação
de valores e práticas sociais que não pertencem ao terreno do mercado, como
altruísmo, compromisso social, solidariedade, laços comunitários,
ambientalismo etc. Ou seja, por um lado, a expressão terceiro setor – ou
outras equivalentes, como setor sem fins lucrativos – é carregada de eficácia
simbólica, encarnando idéias e ideais de diversas fontes de inspiração, como
religiosas, espirituais, morais ou políticas (LANDIN e BERES, 1999, p. 8).
Vale observar que essa dificuldade conceitual se deve em parte “ao fato de que ainda
há pouca pesquisa sobre o Terceiro Setor no Brasil [...]” (ALVES, 2002b, p. 1). O Terceiro
Setor constitui-se em uma área de estudos ainda em formação. Com isso, muitas dúvidas
ainda pairam “acerca da validade e da utilidade de seu paradigma tri-setorial, que classifica as
organizações em setores” (FALCONER, 1999, p. iii).
Uma forma de definir o Terceiro Setor tem sido conceituá-lo como um conjunto de
organizações privadas sem fins lucrativos que geram bens, serviços públicos e privados. Por
meio desse conceito, tais organizações têm como objetivo o desenvolvimento político,
econômico, social e cultural no meio em que atuam. Ao Estado é atribuída a designação de
Primeiro Setor; ao mercado, de Segundo Setor; e às Organizações Sem Fins Lucrativos, de
Terceiro Setor. Segundo Teodósio (2003), uma forma usual de representar o Terceiro Setor é
a visualizada na figura a seguir que mostra os campos estatal, privado e público não-
governamental distintos, porém se sobrepondo em algumas situações:
38
Figura 1 – Representação Gráfica do Terceiro Setor
Fonte: Teodósio (2003, p. 1)
Segundo Hudson (2004), o Terceiro Setor se compõe de organizações cujos principais
objetivos são sociais ao invés de econômicos. Neste caso, o termo Terceiro Setor diferencia
essas organizações do setor privado e do setor público. O autor enfatiza que o traço comum
que une essas organizações é sua orientação por determinados valores pelos quais são criadas
e, na medida do possível, mantidas por pessoas que acreditam que mudanças são necessárias e
que desejam, elas mesmas, tomar providências nesse sentido. Ainda sobre a questão de traços
comuns às organizações do Terceiro Setor, Bava (2000, p. 50) enfatiza que neste caso “o
elemento de identidade é o fato de tais instituições serem sem fins lucrativos, não se pautarem
portanto, pelas leis mercantis e caracterizarem-se pela promoção de interesses coletivos.”
Referindo-se ao Terceiro Setor como sem fins lucrativos ou simplesmente não
lucrativo, Alves (2002b, p. 2) alerta que “o termo ´não-lucrativo` também não apresenta um
caráter consensual. A principal crítica que o termo recebeu (e ainda recebe) é de ter sido
cunhado a partir de comparações negativas entre as ações na esfera do mercado e as ações em
Primeiro Setor
ESTADO
Segundo Setor
INICIATIVA PRIVADA
Terceiro Setor
SOCIEDADE
CIVIL
39
seu campo.” O autor conclui afirmando que “essas negativas nos dizem mais sobre o que o
setor não-lucrativo não é [...]”. Com esse mesmo enfoque Fernandes (1994, p. 127) lembra
que “a idéia de um ´terceiro setor` supõe um ´primeiro` e um ´segundo`, e nesta medida faz
referência ao Estado e ao mercado. A referência, no entanto, é indireta, obtida pela negação -
´nem governamental, nem lucrativo.”
Como mais uma referência, Canton (2002, p. XVI) registra que o Terceiro Setor
“implica um conjunto de iniciativas privadas com fins públicos. Assim, representa, dentro de
tal conjuntura, um espaço de participação e experimentação de novos modos de pensar e agir
sobre a realidade social. É o surgimento de uma esfera pública não-estatal e de iniciativas
privadas de sentido público”. Para a autora, as parcerias a que ela chama de tripartites
(Estado, iniciativa privada e sociedade civil) são fundamentais para a obtenção dos resultados
pretendidos. A quadro a seguir ilustra esse conceito:
Quadro 1: Setorização dos Agentes por Finalidades
AGENTES FINALIDADE SETOR
Privados Privada Mercado
Públicos Pública Estado
Privados Pública Terceiro Setor
Fonte: Alves (2002b, p. 7)
Referindo-se às parcerias entre a iniciativa privada e a sociedade civil, Canton (2002)
adverte que essas parcerias “[...] nunca poderão ser um substituto total para a provisão
essencial do Estado. A equação é óbvia, a operação nem tanto. Trata-se de uma revolução nos
papéis sociais tradicionais, que requer maturação para ser absorvida” (CANTON, 2002, p.
XV). Sobre o assunto, Montaño (2002) alerta para o fato de que, nos países em
40
desenvolvimento, o rápido crescimento do Terceiro Setor encobre a reforma neoliberal do
Estado que culmina com a retirada paulatina de suas responsabilidades em relação a uma série
de questões sociais.
Segundo o autor:
se é verdade que, impulsionados pelas parcerias com o Estado, o número de
ONGs e ‘organizações sociais’ vêm crescendo, assim como a dimensão do
chamado ‘Terceiro Setor’ vem aumentando, é equivocado supor sem mais
nem menos que este processo seja compensatório da clara
desresponsabilização estatal e do capital perante a resposta às seqüelas da
questão social (MONTAÑO, 2002, p. 224).
Neste sentido, Bava (2000) destaca que:
De uma economia de mercado que antes era regulada pela ação do Estado
com o propósito de garantir uma cobertura de demandas sociais,
reconhecidas como direitos por força das mobilizações da sociedade civil,
passamos a uma sociedade de mercado, onde as regras de convivência social
são ditadas pela disputa entre os mais fortes e os mais fracos (hobbesiana)
(BAVA, 2000, p.44).
O apogeu do Terceiro Setor e sua crescente atuação nas diversas instâncias
sociais é decorrente de um Estado cada vez mais debilitado e cada vez mais incapaz de atuar
como indutor do desenvolvimento, fazendo com que a questão social seja transferida para os
governos locais e para as instituições da sociedade civil. Segundo Bava (2000, p.45) “de fato,
a questão social se inscreve cada vez com maior força na agenda de amplos setores da
sociedade civil, através de bandeiras, como a redução de desigualdades sociais, o
investimento em educação, a criação de oportunidades de desenvolvimento para as pessoas
mais pobres.” A concentração da riqueza e a fragilização do papel regulador do Estado, fruto
do modelo econômico neoliberal comprometem qualquer ação política de intervenção por
parte da esfera pública em busca de cidadania. Nesse cenário é penalizada a democracia não
só no âmbito nacional, mas em uma escala quase que planetária, gerando possibilidades das
mais diversas rupturas institucionais. Paradoxalmente, o que é colocado em cheque é o
41
domínio das elites a partir do momento em que a criatura pode se voltar contra o criador
(BAVA, 2000). Sobre o enfraquecimento do Estado, Meireles e El-Aouar (2002) lembram
que as idéias neoliberais surgem de forma hegemônica na década de 1970. No decorrer dos
nos anos 1980 começam a ser implementadas pelos governos da Inglaterra (Thatcher) e
Estados Unidos (Reagan) propagando-se para outros países, inclusive da América Latina, a
exemplo do Chile e do Brasil. Segundo os autores:
Tais idéias traziam no seu escopo o enxugamento da máquina estatal por
meio de privatizações, desregulamentação, reforma fiscal, descentralização
e, principalmente, redução da aplicação de recursos na área social. Essas
mudanças foram decisivas, sob essa nova ótica, inclusive por contribuir para
realçar as chamadas ´ONGs`, organismos Não-Governamentais sem fins
lucrativos, que assumiriam o papel de ocupar espaços, sobretudo no âmbito
social, deixados pelos governos que adotaram políticas e estratégias
neoliberais (Meireles e El-Aouar, 2002, p. 6)
Com base nos relatos anteriores conclui-se, segundo Montaño (2002) que o
desenvolvimento do Terceiro Setor acontece como resposta à desresponsabilização do Estado,
à desoneração do capital e à autoresponsabilização do cidadão e da comunidade em geral.
Neste caso, enquanto o neoliberalismo reforma o Estado, setores progressistas dão suas
contribuições no seio da sociedade civil, tanto que “para o Banco Mundial e outras
instituições multilaterais, o Terceiro Setor, tendo à frente as ONGs, tem um importante papel
executor de políticas sociais, articulado e complementar à ação do Estado” (BAVA, 2002, p.
53).
Além das ONGs, o Terceiro Setor é composto por uma rede de entidades, tais como
institutos, cooperativas, associações e fundações, dentre outras. Sobre esta questão, Alves
(2002b, p. 13) afirma que o “Terceiro Setor é um termo guarda-chuva em que se incluem
vários tipos de organizações e, no qual, ao mesmo tempo, incluem-se também diferentes
marcos teóricos.” Ainda com relação ao vasto portfólio de entidades que compõem o Terceiro
Setor, Fischer e Falconer (1998) afirmam que:
42
no mesmo e diversificado leque de entidades podem ser encontradas
empresas de grande porte e alta rentabilidade, que adotaram a forma jurídica
legal de fundações apenas como meio formal lícito de protegerem-se das
exigências fiscais e tributárias, ao lado de associações comunitárias
empenhadas em defender interesses sociais ou prestar serviços públicos, que
optaram por decisão semelhante pela necessidade de legalizar um
movimento informal que assumiu maiores proporções (FISCHER e
FALCONER, 1998, p. 12-13).
No âmbito global são encontrados termos como: ´setor da caridade`, ´setor
independente`, ´setor voluntário`, ´organizações não-governamentais`, ´economia social`,
´filantropia`, etc.. Em suma, isso é mais um dificultador para as pesquisas comparativas
focadas no estabelecimento de relações de semelhanças entre esses setores nos diversos países
(ALVES, 2002b). Em um esforço de teorização e de sistematização do Terceiro Setor,
Fernandes (2000) observa que “sendo tantos e tão variados os componentes desse ´Terceiro
Setor`, que sentido há em agrupá-los todos sob um mesmo nome? Vejo quatro razões
principais, que se manifestam não apenas na retórica, mas também, e talvez sobretudo, em
programas e plataformas de natureza prática” (FERNANDES, 2000, p. 29). As razões
enumeradas pelo autor são:
Faz contraponto às ações de governo. Destaca a idéia de que os bens e
serviços públicos resultam não apenas da atuação do Estado, mas também de
uma formidável multiplicação de iniciativas particulares [...].
Faz contraponto às ações do mercado. Abre o campo dos interesses
coletivos para a iniciativa individual. Ou melhor, empresta-lhe uma nova
forma e uma nova visibilidade, uma vez que os indivíduos sempre foram
chamados, em alguma medida, a contribuir para o bem comum.
Tradicionalmente, esse chamamento era feito, sobretudo, pelas instituições
religiosas, que assumiam para si a tarefa de transformar em serviços os
apoios recebidos. [...].
Empresta um sentido maior aos elementos que o compõem. Em contraste
com a simbologia dominante no pós-guerra, marcada pelas divisões
dicotômicas, recupera o valor do pensamento trinário, também de profundas
ressonâncias em nossa memória cultural. Modifica, pois, os termos de
oposição central do período anterior (Estado x mercado), realçando o valor
43
tanto político quanto econômico das ações voluntárias, sem fins lucrativos.
[...].
Projeta uma visão integradora da vida pública. Chama-se terceiro por que
supõe um primeiro e um segundo. Enfatiza, portanto, a complementaridade
que existe (ou deve existir entre ações públicas e privadas). Sem o Estado,
as ações do Terceiro Setor sucumbiriam na anarquia [...] (FERNANDES,
2000, p. 29-31).
Diante dessas opiniões e referências, Montaño (2002, p.56-57) questiona: “que
conceito é esse que reúne, no mesmo espaço, organizações formais e atividades informais,
voluntárias e/ou individuais; entidades de interesse político, econômico e singulares;
coletividades das classes trabalhadoras e das classes capitalistas; cidadãos comuns e políticos
ligados ao poder estatal?”. Segundo o autor “este conceito, mais do que uma ‘categoria’
ontologicamente constatável na realidade, representa um constructo ideal que, antes de
esclarecer sobre um ‘setor’ da sociedade, mescla diversos sujeitos com aparentes igualdades
nas atividades, porém com interesses, espaços e significados sociais diversos, contrários e até
contraditórios” (MONTAÑO, 2002, p.57).
O grande aumento do número de entidades do Terceiro Setor nos últimos anos, tanto
na esfera mundial quanto no âmbito nacional, tendo como conseqüência um incremento no
número de parcerias (CANTON, 2002; SALAMON 1998; FISCHER e FALCONER 1998), é
para Montaño (2002) sintomático. Segundo o autor, a função dessas parcerias entre os três
setores (Estado, iniciativa privada e sociedade civil) pode ser uma forma de encobrir e gerar
aceitação da população a um processo claramente estratégico de reestruturação do capital.
Na opinião do autor desta dissertação as dificuldades conceituais identificadas e
abordadas no decorrer deste título se resumem na:
escassa teorização sobre o Terceiro Setor por tratar-se de uma área relativamente
nova,
44
falta de clareza sobre o papel do Terceiro Setor resultando com isso em uma
conseqüente generalização do termo,
coexistência de uma grande diversidade de entidades sob um mesmo teto - o do
Terceiro Setor,
predominância de uma abordagem conceitual que privilegia o desdobramento tri-
setorial, rígido e estanque.
Em que pesem as dificuldades conceituais serem comuns à maioria dos trabalhos de
pesquisa, especialmente no caso desta dissertação, essas dificuldades tornam-se relevantes na
medida em que podem interferir no processo de construção e manutenção da identidade das
Organizações do Terceiro Setor. Sobre as dificuldades conceituais, Fischer e Falconer (1998)
lembram que:
Ao contrário do que pode parecer à primeira vista, essa questão sobre a falta
de precisão conceitual do nome que define o conjunto dessas organizações
não é uma polêmica vazia e de interesse exclusivamente acadêmico.
Observando o comportamento das próprias entidades verifica-se a não
identificação com o termo de manifestação clara e unânime de pertencer ao
Terceiro Setor. Algumas organizações, principalmente aquelas com fortes
raízes ideológicas de cunho político ou religioso, preferem ressaltar sua
identidade própria, como se temessem que a agregação com as outras
provocasse uma espécie de diluição dos valores e preceitos norteadores de
sua atuação (FISCHER e FALCONER, 1998, p. 13).
O conjunto das dificuldades apontadas pode ser um dos fatores que inibe a interação e
a obtenção de sinergia entre o Terceiro Setor e os seus ambientes. Essas interferências serão
exploradas e compreendidas ao longo da pesquisa.
2.2.1 Apresentando as ONGs: uma volta no tempo
Ao fazer alusão às origens do Terceiro Setor e à gênese das entidades que com o
tempo se transformaram em ONGs, Hudson (2004) destaca que:
45
As primeiras civilizações egípcias desenvolveram um severo código moral
com base na justiça social. Esse código encorajou as pessoas a ajudar os
outros em suas necessidades – por exemplo, ao transportar um pobre para o
outro lado do rio sem cobrar. O próprio faraó contribuiu ao dar abrigo, pão e
roupas para os pobres, quase 5.000 anos atrás. [...] Na antiga India, o
imperador budista Asoka (aprox. 274-232 a.C.) proporcionou instalações
médicas, mandou que fossem cavados poços e, já preocupado com o meio
ambiente numa época remota, plantou árvores para o deleite do povo. Na
antiga sociedade grega, viajantes recebiam tanto comida como abrigo nas
casas dos ricos ou então partilhavam a hospitalidade dos camponeses
(HUDSON, 2004, p. 1).
Segundo o autor, no decorrer da história, “a caridade tem estado intimamente
relacionada com o crescimento das organizações religiosas. [...] As primeiras igrejas cristãs
criaram fundos para apoio às viúvas, órfãos, enfermos, pobres, deficientes e prisioneiros. No
mundo islâmico, a filantropia foi usada para montar grandes hospitais” (HUDSON, 2004, p.
1-2). Diniz e Mattos (2002) ratificam que além dos registros de filantropia e caridade em
sociedades antigas como Egito, Índia e Grécia, dentre outras, passando pela Idade Média e
chegando ao Século XIX, constata-se que as organizações sociais do mundo ocidental “eram
predominantemente vinculadas às igrejas católicas, evangélicas e protestantes. Constituíam-se
de orfanatos, asilos, escolas, hospitais, além de outras formas de organização para o benefício
de populações carentes, num mundo desprovido de equipamentos sociais públicos, capazes de
atender as necessidades básicas dos mais empobrecidos” (DINIZ e MATTOS, 2002, p. 3).
Os autores registram que o aparecimento da nomenclatura Organizações Não-
Governamentais (ONGs) só vai ocorrer após a II Guerra Mundial. Mas é nos últimos anos que
as ONGs ganharam visibilidade junto à sociedade, tanto que para muitas pessoas o termo
Terceiro Setor se resume a essas entidades e às suas atividades. Respeitadas por uma série de
intervenções, principalmente ambientais e sociais, e observadas por uma diversidade de
olhares, as ONGs conquistaram mentes e corações junto a diversas instâncias da sociedade.
Referindo-se ao surgimento das ONGs na América Latina, Fernandes (1994) afirma
que talvez seja esse o sintoma mais claro e original do que depois se transformaria no
46
conceito de um “terceiro setor”. O autor pondera que embora não passando de pequenos
segmentos na época, as ONGs por suas características reuniam com nitidez a idéia do
“privado com funções públicas”. Para Thompson (2000, p. 41), essas ONGs surgem em
alguns países da América Latina nas décadas de 1960 e 1970 “dotadas de uma presença
importante publicamente, e com apoio considerável de diferentes agências de cooperação
internacional.” De forma bastante pontual, Fernandes (1994) destaca que:
Os dados recolhidos dos diretórios projetam um quadro nítido: as ONGs
tornaram-se um fenômeno massivo no continente a partir da década de 1970.
Cerca de 68% surgiram depois de 1975. Um número significativo (17%)
data de 1950 a 1960 e os restantes 15% distribuem-se de maneira regular
pelas décadas anteriores. Simplificando, pode-se dizer que organizações
criadas antes de 1970 foram assimiladas pelo circuito das ONGs, o qual
tornou-se visível enquanto tal nos fins dos anos 70 ou começos dos anos 80.
O próprio nome, originário das nomeclaturas da ONU, e que é ainda objeto
de algum debate, tornou-se geralmente reconhecido em meados dos anos 80
(FERNANDES, 1994, p. 69-70).
Neste caso, segundo Thompson (2000), as Organizações Não-Governamentais
despontam dentro do seguinte contexto:
representavam formas de ação política que se opunham ao autoritarismo reinante
nos regimes militares então vigentes;
tinham, em princípio, caráter transitório, cuja tendência seria a de desaparecerem
com o retorno da democracia e com a revitalização das formas tradicionais de
representação, tais como partidos políticos e sindicatos;
representavam núcleos de energia social que transcendiam o nível corporativo das
suas orientações de ação sendo normalmente dotadas de forte identificação com os
setores populares e alinhadas com as causas dos indivíduos ou setores excluídos,
47
surgiam marcadas pela independência e pela total autonomia com relação ao
Estado e a qualquer forma de poder político. Afinal, tinham a sua sustentabilidade
garantida por recursos de agências de cooperação internacionais;
desenvolveram estratégias de fazer política de maneira diferente e desvinculada
das formas tradicionais, estabelecendo uma estreita relação com os novos
movimentos sociais emergentes, como os da mulher, dos direitos humanos, da
ecologia, das associações de bairros, dentre outros.
O autor ressalta ainda que “mesmo no México, onde a continuidade institucional não
havia se rompido, as ONGs eram portadoras de uma nova cultura política, ante a incapacidade
do sistema político de dar resposta às demandas sociais” (THOMPSON, 2000 p. 41). Na trilha
histórica, a década de 1980 foi marcada pelo desenvolvimento dos processos de
redemocratização política em quase todos os países da região. Vale salientar que estes
processos, nos quais as ONGs tiveram um papel de destaque, foram seguidos por políticas
econômicas recessivas que penalizaram e vêm penalizando as populações menos favorecidas,
diga-se de passagem, as mesmas a que se destinavam as ações das ONGs (THOMPSON,
2000). A América Latina, com exceção de Cuba, embora redemocratizada, tornou-se palco de
grandes ajustes econômicos, redução dos programas sociais, aumento do desemprego e da
inflação. Um novo contexto político-econômico implicou a mudança das instituições e a
percepção sobre elas. Thompson (2000) lembra que nesse cenário:
[...] em particular, começa a confundir-se e desvanecer-se aquela percepção
de um Terceiro Setor formado por dois blocos preponderantes de
instituições: um histórico, tradicional e conservador, integrado pelas
organizações de caridade e beneficência, voltadas para o serviço social e,
outro, as novas ONGs, guiadas por uma lógica política alternativa opositora,
moderna, e voltadas para o desenvolvimento social sustentável
(THOMPSON 2000, p. 44-45).
48
A partir de então a atuação das ONGs migra de um plano mais político em direção a
um plano mais utilitarista. Neste início de século XXI com um Estado ainda em crise as
ONGs “passam a assumir lugar de destaque na provisão de necessidades coletivas”
(MEIRELES e EL-AOUAR, 2002, p. 10). Neste sentido, Thompson (2000) lembra que
embora as ONGs tenham procurado se adequar às novas demandas, ao mesmo tempo elas
passam a enfrentar uma grande crise de identidade enquanto Organizações Não-
Governamentais, ao terem de redefinir-se em termos de estratégias de atuação:
Já não se trata de que as ONGs sejam sinônimo de sociedade civil, mas sim
sinônimo de um conjunto mais amplo e heterogêneo, com diversos interesses
e agendas, dialético e contraditório, de organizações sem fins lucrativos, de
um Terceiro Setor que começa a explorar novos diálogos e uma nova cultura
de participação cidadã (THOMPSON, 2000, p. 45).
Vale registrar que como entidade do Terceiro Setor e tal como ele, também as ONG
experimentam uma crise de identificação com o termo ONG. Segundo Coelho (2000, p. 64),
na verdade, o problema “está na generalização da denominação ´organização não-
governamental`.[...] O termo não proporciona, assim, uma descrição inteiramente adequada à
realidade, deixando de chamar a atenção para a diversidade desse conjunto de entidades”
(COELHO 2000, p. 64). Sobre o assunto, a autora relata um caso bastante ilustrativo ocorrido
durante uma pesquisa em 1994:
Nós também cometemos esse mesmo equívoco na pesquisa para o Banco
Mundial/Secretaria do Estado da Educação. Quando todas as entidades que
se encaixavam no perfil – sem fins lucrativos e que ofereciam um serviço
público para a população carente na área de educação infantil – foram
convocadas para um seminário explicativo das intenções de um convênio e
da realização de uma pesquisa, poucas responderam prontamente à
convocação. E isso aconteceu porque as entidades não se reconhecem como
organizações não-governamentais, denominação empregada na carta de
convocação. Muitas acharam inclusive que foram convidadas por engano
(COELHO, 2000, p. 65).
49
Fischer e Falconer (1998, p. 14) confirmam a ilustração anterior. Para os autores, no
Brasil, o termo ONG foi adotado “mais por influência dos financiadores internacionais do que
por uma tendência espontânea das organizações. Atualmente, muitas entidades não aceitam
essa denominação por considerá-la restritiva ou mesmo por ela omitir princípios e valores que
lhes são mais caros do ponto de vista ideológico, o que, na sua opinião, expressam com mais
clareza sua missão institucional.”
Redefinir papéis, repensar a missão, buscar novas estratégias de atuação, encontrar
novas alternativas e novos diálogos: como e até que ponto isso afeta a identidade das ONGs?
Segundo Roesch (2003) o grande desafio das ONGs hoje é conseguir novas formas de
sustentação financeira, reduzindo a sua dependência de recursos por meio do fortalecimento
das relações com organismos privados e estatais, cuidando para que essas parcerias não
desvirtuem os papéis originais de representação e de defesa de interesses e independência
política. São questões a serem melhor compreendidas nas discussões que se seguem e na
pesquisa de campo.
2.2.2 Ambientes Técnico e Institucional no Terceiro Setor: busca de excelência ou de
legitimidade?
Como já foi mencionado anteriormente, as Organizações estão inseridas em ambientes
com os quais interagem, sujeitando-se às suas pressões por recursos, pressões potencializadas
por regras, leis, normas e valores, dentre outros aspectos. Com as Organizações do Terceiro
Setor não é diferente. Referindo-se à relação entre o Terceiro Setor e o seu contexto
institucional, Carvalho (2000) afirma que:
O contexto institucional, que emerge de um painel sobre o Terceiro Setor,
mantém a força de valores considerados universais como a solidariedade, o
voluntariado e a cooperação. No entanto, constata-se o deslocamento de
alguns parâmetros em direção a modelos de estruturação e de gestão do
trabalho caracterizados pela complexidade e a formalização de processos
50
organizacionais, a dependência de instituições do seu ambiente e a
submissão a critérios de eficiência técnica. Estas mudanças profundas que já
se verificaram nas ONGs européias, parecem agora ser responsáveis por
alterações significativas na configuração das ONGs brasileiras
(CARVALHO, 2000, p. 2).
Com relação aos ambientes organizacionais e dentre eles os do Terceiro Setor, é
oportuno reiterar que a perspectiva institucional os concebe formados por recursos humanos,
materiais e econômicos, porém agregados a elementos culturais – valores, símbolos, mitos,
sistema de crenças e programas profissionais. Nesse caso, Carvalho (2000) assegura que, sob
a ótica institucional, o mercado deixa de ser a única ou prevalecente “realidade social”. Com
isso, a primazia de ser o motor da racionalização e da burocratização desloca-se para o
Estado, cujas funções reguladoras organizam e legitimam a vida coletiva na sociedade.
Assim, na perspectiva institucional, a concorrência por recursos e clientes é superada
pela busca de legitimidade institucional. Logo, o foco de análise dos ambientes desloca-se
para o sistema legal composto por um conjunto de normas instituídas pelo Estado, cujo papel
é legitimar tais normas.
Aqui vale retomar de forma sintética os conceitos de ambiente técnico e de ambiente
institucional, já apresentados anteriormente. O primeiro está voltado para os produtos gerados
pelas organizações e é representado pela produção de bens e serviços. Já o segundo é
acrescido da vertente simbólica. Enquanto o ambiente técnico exerce controle sobre os
produtos gerados pelas organizações, o ambiente institucional é caracterizado pela elaboração
de normas e exigências a que as organizações devem se submeter, caso queiram obter apoio e
legitimidade do ambiente (SCOTT apud CARVALHO, 2000).
Por fim, “não é somente a ênfase no ambiente a principal contribuição da abordagem
institucional, mas, principalmente, de trazer para o primeiro plano da interpretação, questões
como a legitimidade e o isomorfismo, considerando-os fatores vitais para sua sobrevivência”
51
(CARVALHO, 2000, p.3). A legitimidade mencionada pela autora deve ser entendida como
o estoque de apoio obtido pela organização no seu ambiente, principalmente no âmbito
cultural e simbólico. As Organizações do Terceiro Setor, por suas características, constroem
junto à sociedade um importante capital de credibilidade e legitimidade. Carvalho (1999)
lembra que há um crescente interesse da população por questões éticas, questões ligadas à
solidariedade e à preservação ambiental, dentre outras causas defendidas pelo Terceiro Setor,
em contrapartida a uma reprovação por determinados comportamentos empresariais
antagônicos aos mencionados valores sociais.
Quanto ao isomorfismo, cujos conceitos e mecanismos também já foram detalhados
anteriormente, vale lembrar que as Organizações do Terceiro Setor são submetidas a pressões
dos três tipos isomórficos, a saber:
isomorfismo coercitivo: resulta das pressões formais e informais exercidas para o
cumprimento de pré-requisitos para formalização de acordos e de parcerias, ajustes
organizacionais, cumprimento de legislações municipais, estaduais e nacionais, ou
ainda cumprimento de determinadas decisões de órgãos fomentadores de recursos;
isomorfismo mimético: resulta das pressões impostas pelo mercado, por outras
organizações, por mantenedores e fomentadores de recursos no sentido das
Organizações do Terceiro Setor utilizarem instrumentos e práticas de gestão
testadas e aprovadas no âmbito do mercado ou de outras instituições;
finalmente, o isomorfismo normativo se assenta em processos de
profissionalização. Atualmente o Terceiro Setor vivencia uma busca desenfreada
por capacitações e treinamentos, especialmente em decorrência das pressões
ambientais impostas pelo mecanismo do isomorfismo mimético.
52
Os desafios enfrentados pelas Organizações do Terceiro Setor, principalmente aqueles
ligados às pressões ambientais a que estão sujeitas, podem ser melhor compreendidos por
meio dos mecanismos isomórficos apresentados anteriormente e materializados através dos
exemplos a seguir. O primeiro deles, abordado por Alves e Koga (2003) e Alves (2004), trata
do isomorfismo coercitivo gerado com o processo que culminou com o novo marco legal do
Terceiro Setor no Brasil através da Lei n. 9.790/99 promulgada em 23 março de 1999 que
criou a figura jurídica das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP
cujos detalhes são mostrados por Barbosa e Oliveira (2002) e Szazi (2003) e que dentre
outras intenções, objetivava:
a simplificação dos procedimentos para o reconhecimento institucional das
entidades como Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público, bem
como a facilitação das parcerias com o poder público, por meio de critérios
mais diretamente dependentes da averiguação da eficácia e da eficiência da
organização (ALVES e KOGA, 2003, p.6).
Ao mencionar “o estabelecimento de critérios mais diretamente dependentes da
averiguação da eficácia e da eficiência da organização”, a Lei 9.790/99 concretamente
formaliza o controle do Terceiro Setor pelo poder público através de uma série de exigências
e parâmetros contidos naquele documento. Neste caso, a Lei 9790 previa um prazo inicial de
até dois anos para que as entidades sem fins lucrativos que já dispusessem de certificado de
fins filantrópicos e títulos de utilidade pública “pudessem se qualificar como OSCIP (desde
que atendidos os requisitos legais exigidos), sendo-lhes assegurada a manutenção simultânea
destes títulos durante esse período (até 23/03/2001)” (ALVES, 2004, p.3). Considerando a
baixa adesão por parte das entidades ao novo dispositivo legal, o prazo original de dois anos
foi prorrogado por mais três (até 23/03/2004) através da Medida Provisória 2.123-29 de
23.02.2001. Ao tratar do impacto da legislação no Terceiro Setor, Coelho (2002) afirma que:
O impacto da legislação não poderia ser subestimado. Em primeiro lugar,
porque em grande parte é ela que determina o tamanho do setor, ao ampliar
53
ou restringir o escopo legal que permite às entidades nele se identificarem e,
dessa forma, serem consideradas sem fins lucrativos. Em segundo lugar,
pelos benefícios econômicos que podem ser alcançados por elas. A
ampliação ou a restrição das possibilidades legais desses benefícios pode
significar a sobrevivência ou a morte de várias organizações (COELHO,
2002, p. 97).
O próximo exemplo ilustra um caso de isomorfismo normativo decorrente da
exagerada fixação das Organizações do Terceiro Setor em atingir excelência e eficácia por
meio de treinamentos e capacitações. Vale dizer que neste exemplo a busca por excelência e
eficácia decorre de uma coerção por parte de parceiros e mantenedores das Organizações Sem
Fins Lucrativos e sobretudo do próprio poder público conforme foi mostrado em Alves e
Koga (2003, p.6) no exemplo anterior. Neste caso, pressões do isomorfismo coercitivo geram
pressões caracterizadas como isomorfismo normativo. Esse exemplo se concretiza com uma
análise feita pelo autor desta dissertação da grade de palestras promovidas pelo Projeto
Londrina 1000 ONGs na cidade de Londrina – PR (SANTOS e ICHIKAWA, 2004). Esse
projeto é coordenado pela Prefeitura Municipal da cidade junto com o Conselho de
Desenvolvimento de Londrina - CODEL, em parceria com outras entidades locais e tem como
objetivo integrar e capacitar as Organizações Sem fins Lucrativos da cidade e região. No ano
de 2003, o Projeto promoveu palestras voltadas para as entidades do Terceiro Setor de
Londrina e região no período de 06 de agosto a 26 de novembro. De um total de dezessete
palestras proferidas no período, pelo menos nove delas, ou seja, mais da metade, foram
voltadas para a captação de recursos ou para a busca de excelência. Dentre os vários temas
tratados nas palestras, destacam-se: a profissionalização das organizações sociais; gestão,
marketing e prestação de contas no Terceiro Setor; comunicação como estratégia de
visibilidade do Terceiro Setor; contabilidade, tributos e isenções no Terceiro Setor;
sustentabilidade no Terceiro Setor; elaboração e resultados de Projetos Sociais no Terceiro
Setor. Nenhuma palestra, pelo menos em termos de descrição temática, teve a preocupação de
54
discutir outras questões além daquelas meramente utilitaristas (PROJETO LONDRINA 1000
ONGs, 2003). A grade das palestras consta do anexo 9.
Finalmente, a prioridade dada para a busca de recursos pelas Organizações do Terceiro
Setor, bem como as estratégias adotadas para a captação desses recursos, representam um
exemplo pelo qual pode se verificar a conjunção de três isomorfismos, o coercitivo, o
mimético e o normativo. O exemplo foi retirado de uma pesquisa realizada por Franco et al.
(2003) em Maringá-PR, no período compreendido entre janeiro e fevereiro de 2003, junto a
uma amostra de vinte e cinco ONGs filiadas ao Conselho Municipal de Assistência Social
(COMAS) de Maringá – PR. Dentre as informações analisadas foram recortadas as seguintes:
Gráfico 1 - Principais desafios enfrentados por ONGs de Maringá
92%
72%
56% 56%
20%
4% 4%
80%
obtenção de recursos financeiros
conseguir doadores permanentes
adquirir mão-de-obra voluntária
permanente
adquirir mão-de-obra especializada
profissional
realizar convênios/parcerias com
estado e setor empresarial
outros
formalização legal da organização
transparência no computo dos
resultados
Fonte: Franco et al. (2003, p.10)
No quesito “principais desafios enfrentados pelas organizações pesquisadas”, para
Franco et al (2003, p.10), as informações coletadas mostram que os dois maiores desafios se
referem a obtenção de recursos financeiros (92%) e conseguir doadores permanentes (80%).
55
Esses dois desafios associados ao de realizar convênios/parcerias com o estado e o setor
empresarial (56%) se resumem no problema central das entidades que é a captação de
recursos imprescindíveis à sobrevivência de cada uma delas. Pela análise das informações e
pelo o que já foi discutido anteriormente sobre as questões isomórficas, é possível presumir
uma forte presença do isomorfismo coercitivo nos desafios ligados à obtenção de recursos
financeiros, identificação de doadores permanentes, realização de convênios/parcerias com o
estado e o setor empresaria e, formalização legal da organização. Esses casos implicam a
formalização de acordos e o cumprimento de determinados pré-requisitos, dentre outras
exigências. Já o isomorfismo normativo se manifesta no desafio ligado a aquisição de mão-
de-obra especializada profissional. Esse caso se relaciona aos processos de profissionalização
e de busca por capacitações e treinamentos.
Gráfico 2 – Estratégias utilizadas pelas ONGs de Maringá
16%
16%
40%
40%
48%
52%
52%
56%
60%
80%
elaboração de campanha de captação
saneamento legal da instituição
bom relacionamento com doadores potenciais
troca de experiência com outras organizações
transparência financeira da instituição por meio de
balanço social
estar bem informado sobre as fontes de financiamentos
e seu perfil
utilizão da técnica de marketing
ampliação e diversificação das fontes de captação
produção de bens
rofissionalização das instituições
Fonte: Franco et al. (2003, p.14)
56
No quesito “estratégias utilizadas pelas organizações pesquisadas para aumentar a
eficiência da atividade de captação de recursos” a troca de experiências com outras
organização foi a escolhida por 52% das entidades entrevistadas. Aqui se manifesta uma forte
presença do isomorfismo mimético representado pelo compartilhamento de experiências,
instrumentos e práticas testadas e aprovadas em outras organizações.
Os reflexos das pressões ambientais no Terceiro Setor, manifestadas através dos
isomorfismos mimético, normativo e coercitivo, podem resultar na ruptura de valores centrais
das Organizações Sem Fins Lucrativos e conseqüentemente em crises de identidade. Essa
questão será analisada mais adiante.
2.2.2.1 A Presença do Terceiro Setor na Área de Ciência, Tecnologia e Inovação: uma
atuação singular
A produção teórica e a vivência prática mostram que a visibilidade do Terceiro Setor
tem sido muito marcada pela atuação das suas entidades em áreas sociais e filantrópicas,
cujos trabalhos são conduzidos em sua maioria por institutos, igrejas, fundações e
associações, dentre outras. Uma atuação especial é creditada às ONGs reconhecidas como
trincheiras de direitos humanos, de questões ambientais e de outras causas sociais. Entretanto,
a atuação do Terceiro Setor não pára por aí. Especialmente nos últimos anos, inserida em um
ambiente cada vez mais turbulento e complexo, a sociedade vem gerando novas demandas e
novas possibilidades que culminam com a presença do Terceiro Setor em instâncias
tradicionalmente não ocupadas por ele como é o caso da área de Ciência e Tecnologia
(C&T).
57
O trânsito do Terceiro Setor na área de C&T implica a redefinição do seu papel, a
busca de novas estratégias de atuação, a conciliação de vários interesses e sobretudo a
exploração de novos diálogos como forma de o Terceiro Setor reforçar a sua identidade ou
até quem sabe, reconstruí-la. Nesse sentido, a área de C&T se apresenta como um importante
espaço a ser ocupado e explorado. Quanto a isso, Toro (2000) enfatiza que:
todas as ações do Terceiro Setor são intervenções sociais: buscam modificar
modos de pensar e/ou modos de atuar e/ou modos de sentir. Esse conjunto de
modificações vai construindo uma pedagogia social (uma ´Paidéia`) que
forma culturas ante as mudanças, segundo o enfoque que a referida
intervenção tenha. Se a intervenção é assistencialista, cria a dependência; se
autoritária, cria a baixa estima; se é clientelista, cria uma cultura de adesão;
se é democrática, cria cidadania e autonomia (TORO, 2000, p. 36).
Para Toro (2000), compete ao Terceiro Setor, nas suas várias esferas, construir formas
de intervenção social democráticas, que transformem os atores sociais em sujeitos sociais ou
cidadãos. O espaço de C&T surge como uma das grandes possibilidades de mudança neste
início de século.
O marco teórico pesquisado mostrou que atuação do Terceiro Setor em C&T no Brasil
se restringe a alguns centros e tem sido focada na coordenação e implementação de pólos
tecnológicos e sistemas regionais de inovação, a exemplo do trabalho desempenhado em
Londrina e região pela ADETEC. Como ilustração, Gomes (1995) realizou estudos de caso
sobre cinco pólos tecnológicos brasileiros: São José dos Campos, São Carlos e Campinas no
Estado de São Paulo, Campina Grande no Estado da Paraíba e Florianópolis no Estado de
Santa Catarina.
Os resultados da pesquisa mostraram que à exceção de Campinas, nas demais
localidades, o Terceiro Setor tem desempenhado um papel estratégico nesse tipo de arranjo. A
experiência de S. José dos Campos - SP tem à sua frente a Fundação Pólo Tecnológico de São
José dos Campos e Vale do Paraíba – Pólo Vale, cuja finalidade principal é “a criação e a
58
gestão de pólos tecnológicos, visando materializar, oportuna, econômica e eficientemente, a
inovação e o progresso tecnológico, através de apoio a empresas nascentes de base
tecnológica ou a empresas já existentes que necessitem atingir um nível tecnológico mais
moderno [...]” (GOMES, 1995, p. 38).
O caso de São Carlos – SP, é representado pela Fundação Parque de Alta Tecnologia
de São Carlos – PaqTc-Scar criada formalmente em 1984, porém já concebida a partir dos
anos 1980. Em Campina Grande – PB, o Terceiro Setor atua através da Fundação Parque
Tecnológico da Paraíba – PaqTc-PB.
Em Florianópolis o papel do Terceiro Setor está por conta da Fundação Centro
Regional de Tecnologia em Informática – CERTI, que foi, segundo Gomes (1995) o
responsável pelos elementos conceituais e operacionais básicos do Projeto Pólo Tecnológico
da Grande Florianópolis – TECNÓPOLIS.
Como elo comum, além de atuar na área de C&T, essas Fundações têm o desafio de
articular forças junto aos agentes públicos e privados, estão sujeitas a pressões do ambiente
político-administrativo municipal e de uma forma geral, não têm auto-sustentação financeira,
já que não dispõem de orçamento próprio
Ícones de prosperidade e desenvolvimento, as inovações tecnológicas recentes acenam
para um mundo mais integrado e de crescente nível de bem estar (MARCOVITCH, 2000).
Entretanto, há ainda uma grande distância entre o aceno e a realidade.“Esse horizonte, já
alcançado por segmentos da sociedade humana, é acompanhado por nuvens de insegurança.
As promessas de integração global têm dado espaço a fragmentações que promovem a
exclusão” (MARCOVITCH, 2000, p. 122).
Os avanços na área de Ciência e Tecnologia são imprescindíveis. Mas quando são
conduzidos sem sensibilidade, sem participação social e sem ter como foco o bem comum,
59
induzem a tensões desestabilizadoras. Parece estar aí um grande nicho a ser explorado pelo
Terceiro Setor: seja como uma entidade que integra demandas e ofertas tecnológicas, seja
como sujeito que reivindica pesquisas em benefício de grupos ou populações, seja como
elemento que possibilita uma maior participação da sociedade em uma área até então distante
e hermética ao acesso do homem comum e, finalmente, como uma instituição que possibilita a
interação entre empresas, pesquisa e governo.
Em relação a esse tipo de interação – empresas, pesquisa e governo - é ilustrativo um
exemplo dado por Sendin (2000) que relata a dificuldade das Instituições Públicas de Pesquisa
Agropecuária (IPPA´s) em estabelecer parcerias com empresas privadas em decorrência das
limitações legais impostas a essas IPPA´s. Nesse caso, tais parcerias só puderam ser
viabilizadas a partir de entidades do Terceiro Setor, representadas por Fundações privadas que
passaram a intermediar tais interações, rompendo com o aparato institucional vigente e
viabilizando o funcionamento das redes de inovação.
No âmbito social, é ilustrativo o caso de hermetismo observado a partir da análise da
exclusão digital a que está submetida grande parte da população brasileira. A tecnologia
digital disponibiliza a cada dia novos recursos e máquinas mais potentes, a Internet é cada vez
mais veloz, os softwares são cada vez mais amigáveis com os seus usuários. Entretanto, o
acesso a essas melhorias ainda é restrito a um número bem reduzido de pessoas. Nesse
sentido, torna-se bastante oportuna a citação de Cerezo (2002) ao afirmar que “como primeira
análise, os estudos sociais de ciência e tecnologia, ou estudos sobre Ciência, Tecnologia e
Sociedade (CTS), constituem hoje um vigoroso campo de trabalho, no qual se busca entender
o fenômeno científico-tecnológico no contexto social, tanto na relação com suas
condicionantes sociais, quanto no que se refere a suas conseqüências sociais e ambientais”
(CEREZO, 2002, p. 3). O autor, ao convidar o leitor para uma reflexão final ao término do
seu artigo, pondera que “a ciência e a tecnologia atuais não costumam atuar como agentes
60
niveladores, tal como fizeram outras inovações do passado, como o rádio ou o antibiótico,
mas sim, tende a tornar os ricos mais ricos e os pobres mais pobres, acentuando a desigual
distribuição da riqueza entre classes sociais e entre nações” (CEREZO, 2002, p. 24).
Da mesma forma, nas palavras finais de um outro trabalho, Santos e Ichikawa (2002)
lembram que incluir a participação cidadã plena em C&T mostra-se, portanto, um objetivo
bastante complexo de ser alcançado, haja vista que “os próprios cientistas e pesquisadores têm
resistência quanto a se abrirem à discussão pública de suas atividades e que esta proposta
envolve também a participação na definição de políticas públicas e a discussão dos próprios
objetivos das organizações governamentais e privadas envolvidas com a pesquisa científica”
(RIVER PATH ASSOCIATES apud SANTOS e ICHIKAWA 2002, p. 267-268).
Feitas essas considerações e retomando o que foi abordado no capítulo inicial retorna-
se ao fato de que a presente pesquisa analisa as questões identitárias do Terceiro Setor, tendo
como recorte a presença desse segmento na área de ciência e tecnologia (C&T). Neste caso,
ao atuar na área de Ciência e Tecnologia, as Organizações do Terceiro Setor têm, além dos
desafios naturais inerentes ao seu papel, o desafio de obter legitimidade transitando em uma
área que por natureza é guiada por paradigmas racionais, mas que ao mesmo tempo por
envolver agentes públicos, políticos e sociais demanda um esforço dirigido de diálogo e
articulação, ponto forte das Organizações Sem Fins Lucrativos.
2.2.3 Aspectos Organizacionais do Terceiro Setor: uma gestão peculiar
Uma questão polêmica que tem gerado debates no universo do Terceiro Setor é o
modelo de gestão adequado às Organizações Sem Fins Lucrativos. Para Teodósio (2004,
p.18), “vários autores apontam a necessidade de profissionalização dos indivíduos que atuam
nessa área, sobretudo aqueles que desempenham papéis gerenciais.” Segundo o autor,
pensando dessa forma, estaria se presumindo contratar gestores com sólida formação e
61
domínio de técnicas administrativas tornando o Terceiro Setor mais ágil e articulado, voltado
para o cumprimento dos seus objetivos enquanto um guarda-chuva de várias instituições
sociais. Teodósio (2004) conclui afirmando que:
Nesse movimento, as organizações estatais e privadas seriam espaços
geradores de tecnologias gerenciais a serem incorporadas pelos gestores do
Terceiro Setor. Isso se daria não só pela alocação de ex-executivos privados
nessa área, mas também pela ação de consultores e pela incorporação de
modelos gerenciais de órgãos e empresas financiadoras e/ou controladoras
das organizações do Terceiro Setor (TEODÓSIO, 2004, p. 18).
Com isso, vai se construindo o paradigma de que “as organizações de voluntariado
podem variar freqüentemente entre si, em razão de seus objetivos, suas origens históricas e
geográficas, suas formas de financiamento e marco legal ao qual estão subordinadas mas, há
um certo consenso em torno de que todas terão que gerir adequadamente seus recursos para
conseguir alcançar os objetivos para as quais foram criadas” (CARVALHO, 1999, p.8). Na
esteira das novas práticas administrativas, Barros (2002) lembra que questões como
“avaliação de resultados, planejamento estratégico, administração de recursos humanos,
administração por objetivos, captação de recursos são alguns dos temas recorrentes, cuja
abordagem tem o propósito de dar eficiência ao trabalho das ONG” (BARROS, 2002, p.3).
A recorrência temática mencionada por Barros (2002) pode ser ilustrada por um caso
acompanhado por este pesquisador e já apresentado anteriormente, que analisou a grade de
palestras oferecidas pelo Projeto Londrina 1000 ONGs, onde mais da metade das palestras
disponibilizadas às Organizações do Terceiro Setor durante o segundo semestre de 2003
tratavam de práticas administrativas que trariam maior agilidade, competência e
profissionalismo para o Terceiro Setor, práticas essas em princípio testadas e aprovadas nas
nas organizações empresariais (PROJETO LONDRINA 1000 ONGs, 2003; SANTOS e
ICHIKAWA, 2004). É oportuno lembrar que a utilização sem critério de técnicas gerenciais
oriundas da esfera privada pode não atender às especificidades da gestão social, um aspecto
tão singular das Organizações do Terceiro Setor (TEODÓSIO, 2004). Ferramentas e
instrumentos utilizados com sucesso, ou nem tanto assim, na esfera do mercado,
62
necessariamente não são adequados à esfera da gestão social. Técnicas e jargões amplamente
difundidos na gestão estratégica empresarial não se aplicam ao Terceiro Setor. Afinal, qual é
o indicador de um bom resultado na gestão social? Que critérios devem ser utilizados para
medir eficiência e eficácia no âmbito das Instituições Sem Fins Lucrativos? Neste sentido,
Rifkin (2002) indaga e instiga:
Qual é a diferença entre o capital social e o capital de mercado? Adam Smith
elabora a melhor definição do capital de mercado. Cada indivíduo maximiza
seus próprios interesses no mercado e isso faz com que os interesses da
comunidade avancem. Essa é a filosofia tradicional do mercado. O capital
social está baseado numa teoria completamente diferente. Cada pessoa dá de
si para a comunidade, otimizando o bem-estar desta e, portanto, otimizando
os interesses pessoais de cada indivíduo (RIFKIN, 2002 p. 20-21).
Alves (2002a) lembra que a gestão social é de uma forma geral fundada na
racionalidade substantiva, diferentemente da racionalidade instrumental mais característica da
gestão estratégica praticada nas empresas. Citando Weber, o autor destaca que a racionalidade
substantiva “é determinada pela crença consciente em valores – éticos, estéticos, religiosos ou
sob qualquer outra forma que se manifestem – próprios e absolutos de uma conduta, sem
relação alguma com o resultado [...].” Já a racionalidade instrumental “é determinada por
comportamentos esperados tanto dos objetos do mundo exterior quanto dos outros homens.
Esses comportamentos esperados são ´as condições` ou ´os meios` com que se pode contar
para atingir fins próprios racionalmente ponderados e perseguidos” (WEBER apud ALVES,
2002a, p. 2).
Serva (1993), ao pesquisar um grupo de organizações alternativas ou coletivistas por
ele, denominadas substantivas, percebeu que essas instituições têm como características “uma
preocupação com o efetivo resgate da condição humana. Autenticidade, respeito à
individualidade, dignidade, solidariedade, afetividade, são alguns dos aspectos marcantes”
(SERVA, 1993, p. 38). A narrativa do autor sugere que ao contrário das organizações
63
denominadas burocráticas, marcadas pela estrutura rígida e formal da racionalidade
instrumental, as organizações substantivas:
parecem brotar pela força espontânea de milhares de indivíduos, espalhados
por todo o mundo, que têm-se reunido em torno de ideais e princípios
determinantes de ações conjuntas, as quais, por sua vez, acabam
configurando práticas sócio-organizacionais relativamente
descompromissadas com o estatuto essencialmente sistêmico da sociedade
burocratizada (SERVA, 1993, p. 37).
Não é propósito desta discussão estabelecer um embate entre organizações
burocráticas e organizações substantivas, nem mesmo fazer uma apologia a um conceito de
Terceiro Setor focado na “visão romântica da organização horizontal baseada na igualdade e
na ausência de hierarquia e autoridade” conforme menciona Carvalho (1999, p. 8). Isso
poderia parecer utopia. Também não se pretende estabelecer uma fronteira entre os conceitos
de racionalidade substantiva e racionalidade instrumental, até porque, no dia a dia
organizacional, as racionalidades parecem se complementar, uma vez que nem sempre as
organizações são guiadas puramente para uma racionalidade ou para outra. O que se observa é
que nas Organizações do Terceiro Setor, por suas características, a racionalidade substantiva
parece predominar. Entretanto, “a profissionalização crescente dessas organizações tem
significado a adoção da gestão empresarial e, conseqüentemente, está deixando seus valores
de solidariedade, liberdade, e autonomia ameaçados pela instrumentalidade” (MARÇON e
ESCRIVÃO FILHO, 2001, p. 8). Nesse sentido, Diniz e Mattos (2002) destacam que:
se as Organizações Não-Governamentais não podem evitar a assimilação das
práticas gerenciais modernas, tampouco devem procurá-las. Sem dúvida, as
mudanças profundas que o mundo atravessa requerem profissionalismo e
flexibilidade organizacional para adaptação aos novos contextos. No entanto,
as organizações do Terceiro Setor, devem estar atentas às trocas que existem
entre voluntariado e profissionalismo; entre a informalidade, que lhes
confere uma originalidade especial, e a institucionalização necessária para
transformar êxitos isolados em realizações permanentes (DINIZ e MATTOS,
2002, p. 14).
64
Sob o aspecto indentitário, as Organizações do Terceiro Setor, para serem fiéis e
coerentes à sua missão, necessitam ser geridas de maneira singular como uma Organização
do Terceiro Setor, exclusivas e distintas das demais. Neste caso, cabe aos dirigentes e aos
teóricos do Terceiro Setor construirem e experimentarem diferentes referenciais teóricos
organizacionais que possam dar conta das especificidades dessas novas Organizações.
2.3 Identidade: abordagem conceitual
As mudanças experimentadas pela humanidade nos últimos tempos, motivadas
principalmente pelo reordenamento da economia mundial, pela globalização dos mercados e
pelos avanços tecnológicos implicam a construção e a desconstrução de crenças e de valores.
Mais do que nunca, os grandes desafios do homem pós-moderno têm sido os de gerir
diversidades, articular relacionamentos e, sobretudo, encontrar-se como sujeito das mudanças.
Neste sentido, Giddens (2002, p.22) sustenta que “o mundo moderno é um ‘mundo em
disparada’: não só o ritmo da mudança social é muito mais rápido que em qualquer sistema
anterior; também a amplitude e profundidade com que ela afeta práticas sociais e modos de
comportamento preexistentes são maiores”. Coracini (2004) lembra que o mundo atual está
cada vez mais fragmentado, apesar das pretensões globalizantes que assediam tanto a
economia quanto os setores educacionais, seja em nível mundial, seja em nível local.” Jayme
(2002) aponta para as discussões que vêm sendo travadas nas ciências sociais sobre a questão
identitária com diagnósticos de uma ´crise` que levaria ao declínio das antigas identidades
dando lugar a identidades fragmentadas e dispersas.
65
Como ponto de apoio e para melhor compreensão dessas questões, Hall (2000) faz
uma retrospectiva no tempo e sugere três concepções identitárias a partir dos seus
respectivos sujeitos, a saber:
a identidade do sujeito do Iluminismo,
a identidade do sujeito sociológico e
a identidade do sujeito pós-moderno.
A identidade do sujeito do Iluminismo esteve baseada em uma idéia de homem
unificado, centrado e contínuo, no sentido de que nada muda durante a sua existência. Esse
sujeito era dotado das capacidades de razão, de consciência e de ação. Tratava-se de uma
identidade individualista e centrada no “eu”. Já o sujeito sociológico era relacional. A
concepção dessa visão era a interação do “eu” com a sociedade, o mundo pessoal e o mundo
público. O sujeito pós-moderno é exatamente o fruto das rupturas e das fragmentações dos
sujeitos anteriores. A identidade unificada e estável se fragmenta e se desdobra em várias
outras. Conforme Hall (2000) e Jayme (2002) o sujeito pós-moderno não tem uma identidade
fixa ou permanente. Esse sujeito “assume identidades diferentes em diferentes momentos,
identidades que não são unificadas ao redor de um ´eu` coerente” (HALL, 2000, p. 13).
Vale lembrar que o fato de as identidades tornarem-se fragmentadas não significa a
perda delas. Essa fragmentação implica um processo dinâmico no qual as identidades estáveis
do passado, uma vez rompidas, abrem a possibilidade de novas articulações, resultando na
criação de novas identidades e na produção de novos sujeitos (HALL, 2000). Isso porque
identidades são imprescindíveis como fontes de significado e de referência para os atores
sociais (CASTELLS, 2000).
Voltando mais ao passado, Caldas e Wood Jr. (1997) afirmam que o conceito de
identidade tem suas raízes no pensamento clássico. Segundo os autores, o emprego original do
termo identidade é contemporâneo da lógica, da álgebra e da filosofia. “O ´princípio da
66
identidade` por exemplo, é um dos axiomas da lógica. Segundo ele, dada uma entidade, ela é
idêntica a si mesma; ou seja, para qualquer x, x é sempre igual a x” (CALDAS e WOOD JR.,
1997, p. 8).
O termo também se relaciona à filosofia clássica, que associa identidade à idéia de
permanência, singularidade e unicidade. “Tal conceito é atribuído a Heráclito, que viveu entre
os séculos VI e V a.C. É seu o famoso argumento de que um indivíduo pode, e ao mesmo
tempo não pode, entrar duas vezes no mesmo rio, porque apesar de todos os seus constituintes
materiais terem sofrido uma transformação, de certa forma o rio ainda é o mesmo” (CALDAS
e WOOD JR., 1997, p. 8).
Caldas e Wood Jr. (1997) lembram ainda que o conceito de identidade, inicialmente
restrito ao indivíduo, extrapolou para muitos campos do conhecimento, passando a ser
aplicado a outros objetos de estudo, tais como, grupos sociais e organizacionais, dentre outros.
Caldas e Wood Jr. recordam que a noção psicanalítica de identidade individual foi talvez a
primeira e mais influente utilização do conceito nas ciências sociais. Segundo os autores,
“Freud, por exemplo, usou a expressão ´identidade interior` para descrever a razão pela qual
tinha sido tão atraído pelo judaísmo.” [...] Na concepção psicanalítica “o termo ´identidade`
deriva dos vocábulos latinos idem e identitas (ambos significando ´o mesmo` e do vocábulo
entitas - entidade). Ao combinar essas raízes, identidade poderia então significar ´a mesma
entidade`” (CALDAS e WOOD JR., 1997, p. 9).
O conceito de identidade dentro da noção psicanalítica foi popularizado por teóricos
do campo hoje conhecido como Psicologia Diferencial. Neste sentido, segundo Caldas e
Wood Jr. (1997), são relevantes as contribuições de Erik Erikson, que introduziu e divulgou,
nas ciências comportamentais, o termo ´crise de identidade`.
Assim, a noção psicanalítica de identidade individual tomou o sentido de
unicidade e continuidade, de um processo localizado no indivíduo, porém
influenciado pelo seu meio e pela sua cultura. Colocado de outra maneira, o
67
conceito mais popularizado de identidade define-se como uma classificação
do self que expressa o indivíduo como reconhecidamente diferente dos
demais, e como similar a membros da mesma classe (CALDAS e WOOD
JR., 1997, p. 10).
Hoje, o tema identidade toma força, ganha novos contornos e uma relevância pouco
vista em outras épocas. Tudo aponta para a constatação de que a humanidade vive uma séria
crise de identidade. A situação traz à tona a indagação existencial do sujeito do Iluminismo
com a clássica pergunta: afinal quem sou eu? Ou a indagação do sujeito sociológico: quem
somos nós e quem são vocês? Ou ainda, a reflexão shakespeariana: “ser ou não ser: eis a
questão”. Esses são aspectos aparentemente simples, mas que têm sido problematizados como
centrais para os estudos da identidade.
Ao tratar da identidade no contexto organizacional moderno, Freitas (2000b, p. 8)
afirma serem claras “ [...] as referências à fragmentação, fragilização e crise identitária, que
cientistas políticos, sociólogos, antropólogos, psicanalistas e outros especialistas tentam
compreender”. Ainda, segundo a autora, “várias têm sido as tentativas de se precisar melhor
se o que ocorre no momento é apenas um mal-estar no processo de identificação ou algo mais
acentuado e que poderia ser chamado de crise de identidade!” (FREITAS, 2000b, p.8).
Castoríadis (apud Freitas, 2000b, p. 8-9) completa: “existe não apenas um mal-estar, mas uma
bela crise da sociedade como um todo, que tem sua origem não apenas numa crise de valores,
mas também nas significações imaginárias sociais”.
As discussões sobre a identidade envolvem múltiplos enfoques de análise, dentre eles
os estudos que abordam a identidade pessoal, social, organizacional e a identidade no trabalho
(MACHADO, 2003). Para o atingimento dos objetivos desta pesquisa, procura-se
compreender a identidade enquanto fenômeno social e organizacional; passando por uma
breve discussão sobre a identidade pessoal. Na esfera pessoal, Dubar (apud Machado, 2003,
p. 53) afirma que “a identidade constitui uma tentativa de explicação do conceito de si, sendo
68
fruto de uma construção psicológica. É processo em construção, definido pela intermediação
constante das identidades assumidas e das identidades visadas”. Com isso:
construir a própria identidade é, portanto, permanente desafio no sentido de
encontrar o equilíbrio entre aquilo que se é e o que os outros esperam que
nós sejamos. O outro é o espelho social que permite ao indivíduo
reconhecer-se, avaliar-se e aprovar-se. Sob essa perspectiva, o eu não existe,
a não ser em interação com os outros (WHETTEN e GODFREY apud
MACHADO, 2003, p. 54).
Ao se referir aos níveis de análise no estudo da identidade, Machado (2003) afirma
que, embora se estabeleça essa diferenciação para fins de estudo, há uma ligação entre as
distintas formas estabelecidas, pois todas elas são embasadas no comportamento de
indivíduos e grupos. Para a autora, uma identidade bem construída é aquela “que delineou os
limites entre a individualidade e os grupos aos quais a pessoa está vinculada. O resultado é
que, embora reunidos na presença física, o eu e o grupo se encontram separados nos processos
psíquicos” (MACHADO, 2003, p. 55). Nesse caso, para Machado (2003, p. 53), “mesmo a
identidade organizacional, que parece mais centrada nas organizações, só pode ser explicada a
partir do comportamento humano nas organizações.” Isso reforça a existência de um forte
entrelaçamento entre a identidade pessoal e as demais.
No âmbito social, Castells (2000), Giddens (2000) e Hall (2000) destacam que o
modus vivendi do homem contemporâneo e, conseqüentemente, a construção da sua
identidade, são fortemente influenciados pelas turbulências da sociedade pós-moderna e pelas
conseqüências da globalização. Sobre isso é oportuno lembrar que a realidade social é
interativa, vivida e apreendida em um contínuo simbólico de significações compartilhadas
(BERGER e LUCKMANN, 2001).
69
Castells (2000, p. 24) lembra que “a construção social da identidade sempre ocorre
em um contexto marcado por relações de poder [...].” Com isso o autor propõe “uma distinção
entre três formas e origens de construção de identidades [...]”. Essas formas se resumem em:
Identidade legitimadora: introduzida pelas instituições dominantes da sociedade
no intuito de expandir e racionalizar sua dominação em relação aos atores sociais;
Identidade de resistência: criada por atores que se encontram em
posições/condições desvalorizadas ou estigmatizadas pela lógica da dominação,
construindo assim trincheiras de resistência;
Identidade de projeto: quando os atores sociais, utilizando-se de qualquer tipo de
material cultural ao seu alcance, constroem uma nova identidade capaz de
redefinir sua posição na sociedade e, ao fazê-lo, de buscar a transformação de toda
a estrutura social.
Segundo Castells (2000), a classificação apresentada não é estanque. Isto quer dizer
que uma identidade que nasce em clima de resistência pode se transformar em identidade de
projeto ou mesmo em identidade legitimadora. A tipologia proposta por Castells (2000)
auxilia na compreensão do dilema identitário vivido pelas Organizações do Terceiro Setor.
Neste sentido, as entidades sem fins lucrativos, especialmente as ONGs, são, na sua maioria,
idealizadas e criadas com base em valores altruístas e solidários, surgindo como trincheiras de
resistência a identidades legitimadoras presentes no contexto político-econômico-social. Com
o decorrer do tempo, a partir de suas opções e ações especialmente no que se referem ao
cumprimento ou não dos propósitos para os quais essas organizações foram criadas, elas
podem continuar como identidade de resistência ou transformarem-se em identidade de
projeto ou ainda aderir às identidades legitimadoras, tornando-se mais uma delas.
70
Finalmente, na esfera organizacional, o conceito de identidade está relacionado a um
conjunto de características próprias e exclusivas, que refletem a personalidade da empresa ou
instituição. Compõe-se da definição clara para os membros da organização acerca do seu
negócio, da sua missão, da sua visão e dos seus valores. “A identidade organizacional
diferencia uma organização de outra, confere-lhe unicidade. O caráter distintivo possibilita
destacar no que uma organização se diferencia das demais” (CESAR e MACHADO-DA-
SILVA, 2002, p. 10).
Há uma relação muita próxima entre identidade e cultura organizacional, já que a
primeira é construída e mantida através de crenças, valores e pressupostos básicos, dentre
outros atributos culturais. Carrieri (2001) lembra que essa relação toma uma forma dialética.
“Pelos estudos da identidade enriquece-se a compreensão das culturas e pelo estudo das
culturas compreende-se as identidades. A interdependência da cultura e da identidade torna-as
vulneráveis a qualquer transformação em uma delas” (CARRIERI, 2001, p. 1). Em qualquer
organização, a questão identitária transita por uma rede de significados simbólicos, tecida
dentro de um complexo jogo de interações, envolvendo diversas interpretações. Segundo o
autor, ao construírem sua identidade, indivíduos, grupos e organizações são induzidos a
internalizarem símbolos, valores, signos, mitos e histórias, que confirmam ou reforçam uma
cultura e uma identidade que, muitas vezes, nem lhes pertence (CARRIERI, 2001).
Scott e Lane (apud MACHADO, 2003, p.60) afirmam que “a identidade
organizacional compreende o processo, atividade e acontecimento por meio dos quais a
organização se torna específica na mente dos seus integrantes”. Trata-se de um processo
comportamental, comunicacional e simbólico, que é dinamicamente construído por meio de
interações sociais, identificações e afiliações. É esse caráter distintivo, que em um primeiro
momento torna singular a maioria das entidades do Terceiro Setor. Ao perder esse diferencial,
essas entidades deixariam de ser exclusivas (GIOIA, SCHULTZ e CORLEY, 2000).
71
2.3.1 Identidade e metáforas
A linguagem, em todas as suas formas, constitui-se em um importante veículo
simbólico de acesso e entendimento das representações humanas, valendo-se de imagens,
vozes, histórias, textos e dos mais diversos tipos de mídias. Os problemas de identidade no
Terceiro Setor podem ser melhor compreendidos com a utilização de ilustrações, analogias e
exemplos obtidos de forma interdisciplinar em outras áreas do conhecimento. A
administração, por exemplo, utiliza-se de informações da sociologia, da psicologia, da
filosofia, da antropologia, da comunicação, da história e da literatura, dentre outras áreas.
Como exemplo, são promissoras as contribuições da história oral à pesquisa qualitativa nas
organizações (ICHIKAWA e SANTOS, 2003). Não menos relevantes são as contribuições da
antropologia e da pesquisa etnográfica. Neste sentido, Bresler (1997) apresenta uma análise
sobre o papel dos uniformes, que ele chama de roupas surradas e que eram utilizadas pelos
trabalhadores de uma marcenaria como um ícone da identidade daquele grupo. Se de um lado,
o que criava a identificação e unia os operários, além do trabalho executado, eram os seus
uniformes, de outro lado, o uso do mesmo uniforme era o que os diferenciava entre patrões e
empregados.
Ainda como veículo de acesso e compreensão do universo organizacional, vem
crescendo nos últimos anos o uso e as interpretações de metáforas. Neste caso, diferentemente
da sua função na literatura, onde são usadas como artifício de linguagem para dar maior
beleza e estética à narrativa, no âmbito da administração, as metáforas representam uma nova
forma de abordar o complexo e paradoxal mundo das organizações. Desta forma é que
Morgan (1996) propõe uma interpretação da realidade organizacional a partir de metáforas,
comparando as instituições a imagens que permitem vê-las como máquinas, organismos
vivos, cérebros, culturas, sistemas políticos, prisões psíquicas, fluxos e transformações, e
72
ainda, como instrumentos de dominação. Jaime Júnior (2002) sugere que a cultura
organizacional seja vista, lida e interpretada sob a perspectiva metafórica de um texto de
múltiplos significados. Em Mintzberg et al. (2000), os autores utilizam-se da metáfora de um
safári na selva da administração estratégica e de uma fábula em forma de poema, denominada
Os Cegos e o Elefante de autoria de John Godfrey Saxe, para abordar cada uma das escolas do
pensamento estratégico.
Como suporte ao referencial teórico sobre identidade, este trabalho se utiliza do
conteúdo parcial de dois textos literários, dos quais se emprestam metáforas para melhor
embasar a pesquisa. Das duas obras literárias escolhidas, uma é mostrada de forma sintética e
outra apresentada sob a forma de fragmentos. É oportuno destacar que a literatura, enquanto
fenômeno social, oferece um privilegiado espaço para o ser humano entender a questão
identitária no seu mais amplo sentido, seja no âmbito individual, seja no âmbito coletivo. Na
literatura, os conflitos identitários são vividos pelos personagens do mundo da ficção, assim
como na vida real os conflitos são vividos por pessoas, por grupos ou por organizações.
Dentre os exemplos apresentados, a primeira ilustração sobre um caso de construção ou
procura de identidade pode ser vista por meio de recorte literário estampado na obra
Macunaíma, de Mário de Andrade (1992), publicada pela primeira vez em 1928. Macunaíma,
a personagem central, percorre o Brasil, indo e vindo, além e aquém das suas fronteiras,
numa viagem alucinada em busca de sua identidade.
Contextualizando a obra dentro da época em que foi escrita, uma das questões cruciais
problematizada pelo autor era a busca da identidade étnica do povo brasileiro. Ao longo do
texto a questão principal estava em descobrir a ascendência étnica de Macunaíma. Branco,
descendente de europeu; negro, descendente de africanos ou um nativo, descendente de
índios? Ou seria a personagem o resultado da fusão das três raças? Macunaíma sonhava-se
branco. Repelia qualquer outra possibilidade diferente dessa.
73
Um segundo caso ilustra a questão da identidade pessoal e pode ser observado em
outro recorte literário, onde Ciampa (1987) interpreta a questão do dilema identitário da
personagem Severino do poema Morte e Vida Severina, de Melo Neto (1976). Ciampa (1987)
utiliza esse poema como suporte da sua investigação sobre a identidade. Embora sendo um
ensaio sobre psicologia social, área onde atua Ciampa, o trabalho traz uma contribuição
interdisciplinar para a área de estudos organizacionais ao ser utilizado nesta pesquisa para
mostrar a importância da identidade para Severino enquanto indivíduo e comparativamente
para as Entidades Sem Fins Lucrativos enquanto Organizações do Terceiro Setor. Afinal,
como diz o autor, “a identidade se constitui num tema apaixonante, desafiante e pertinente.
Onde houver gente, haverá questão de identidade” (CIAMPA, 1987, p. 14). A seguir é
apresentada a análise de alguns fragmentos do poema:
O meu nome é Severino
não tenho outro de pia.
Como há muitos Severinos
que é santo de romaria,
deram então de me chamar
Severino de Maria;
Como há muitos Severinos
com mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Maria
do finado Zacarias.
Conforme Ciampa (1987, p.19), “o poema tem início com a personagem
principal, Severino, explicando quem é; por aí se percebe que o primeiro recurso de que lança
mão é fornecer seu nome, seu nome próprio, o único que lhe foi dado e com o qual se
identifica”. Ainda sobre o narrador, Ciampa (1987, p. 19) complementa: “recorre a um
substantivo (‘uma palavra que nomeia o ser’) para indicar sua identidade. Mas apesar de usar
um substantivo próprio, seu nome não parece suficiente para que sua identidade seja
74
reconhecida por outros”. O autor observa que o narrador “recorre a outros substantivos
próprios: os nomes da mãe e do pai. Com isso, define uma posição social: está localizado
numa família determinada. Começa a se definir pelas reações sociais mais primárias; é filho
de Maria, órfão de Zacarias. São três personagens que se definem reciprocamente; pai, mãe,
filho. É suficiente?” (CIAMPA, 1987, p.20)
Mas isso ainda diz pouco:
há muitos na freguesia,
por causa de um coronel
que se chamou Zacarias
e que foi o mais antigo
senhor desta sesmaria.
Aqui o narrador “coloca-se dentro de uma perspectiva histórica, falando algo do
passado. Com isso, revela a função homogeneizadora do poder que produziu muitos
Severinos, que têm dificuldade de se distinguir. Faz nova tentativa” (CIAMPA, 1987, p.20):
Como então dizer quem fala
ora a Vossas Senhorias?
Vejamos: é o Severino
da Maria do Zacarias,
lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Na urgência de se identificar, o narrador “procura precisar melhor a região geográfica
de onde é originário. E esta delimitação deixa clara a impossibilidade de se fazer conhecer
apenas com nomes próprios – seu ou dos pais – que possam identificá-lo, pois o nome já não é
um substantivo próprio; torna-se substantivo comum” (CIAMPA, 1987, p.20-21). O narrador
assim se declara ao continuar:
Mas isso ainda diz pouco:
75
se ao menos mais cinco havia
com nome de Severino
filhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,
já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serra
magra e ossuda em que eu vivia.
Na sua angústia, o narrador “buscando a diferença encontra a igualdade: se é diferente
de seus pais, Maria e Zacarias, é igual a outros Zeferinos, igualmente filhos de iguais-
diferentes Zacarias e Marias. Insiste. Se a articulação da igualdade e da diferença se mostrou
insatisfatória na tentativa que faz de dizer quem é, talvez a descrição do seu físico – seu corpo
– poderá individualizá-lo, identificando-o. Mas é em vão” (CIAMPA 1987, p.21):
Somos muitos Severinos
iguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grande
que a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescido
sobre as mesmas pernas finas
e iguais também porque o sangue
que usamos tem pouca tinta.
Membro de uma espécie homogênea e sem qualquer distinção “Severino parece
perceber a impossibilidade de dizer quem é [...], por isso, encerra seu discurso de auto-
apresentação, preparando-se para se transfigurar num ator” (CIAMPA, 1987, p. 24):
Mas, para que me conheçam
melhor vossas senhorias
e melhor possam seguir
a história de minha vida,
passo a ser o Severino
que em vossa presença emigra.
76
Para os propósitos desta pesquisa, a ilustração de Morte e Vida Severina se encerra
aqui, embora a análise de Ciampa (1987) continue ao longo do texto mostrando a desesperada
busca de Severino para encontrar-se a si próprio. Nesse sentido, o autor do poema faz o
seguinte alerta logo na sua abertura: “o retirante explica ao leitor quem é e a que veio”
(MELO NETO, 1976, p. 73).
Andrade (1992) e Melo Neto (1976) trilham respectivamente o difícil desafio da
construção da identidade pessoal de Macunaíma e de Severino. Segundo Machado (2003,
p.53) “o conceito de si é, portanto, uma construção complexa, fruto de uma relação dialética
que considera o indivíduo igual a seus pares, mas único na sua existência, na sua experiência
e vivência pessoal”. Vale registrar, segundo a autora, que [...] “o estudo da identidade envolve
múltiplos níveis de análise”, porém todos explicados [...] “a partir do comportamento
humano” (MACHADO, 2003, p. 53).
E é assim que, estabelecendo-se as devidas comparações com o objeto de estudo desta
pesquisa, especialmente quanto ao dilema identitário que envolve o Terceiro Setor, torna-se
possível inferir que a situação das Organizações Sem Fins Lucrativos pode ser vista como a
sina de Severino e de Macunaíma, se não na essência, pelo menos na aparência.
O marco teórico consultado mostra que o termo Terceiro Setor é genérico, abrangente
e carece de maior precisão. Dentre os autores estudados, alguns destacam que a questão da
terminologia é sim relevante para a construção de um referencial identitário para o Setor que
ainda não tem uma identidade definida (COELHO, 2000; RIFKIN, 2002; MARÇON e
ESCRIVÃO FILHO, 2001).
Analisando a ficção nas obras literárias e a situação do Terceiro Setor descrita na
revisão bibliográfica, observa-se que em ambos os casos, tanto na ficção, quanto na literatura
específica, a identidade está difusa. Há ainda um agravante: as Organizações do Terceiro
77
Setor, além de enfrentarem o desafio de encontrar a sua identidade como o fazem os
personagens literários, sofrem muitas pressões ambientais representadas pelos isomorfismos
coercitivo, mimético e normativo, cujos reflexos podem interferir na razão de ser dessas
organizações. Pretende-se que essas questões sejam esclarecidas ao final da pesquisa de
campo, cuja metodologia é detalhada a seguir.
3. METODOLOGIA
A fundamentação teórica apresentada no capítulo anterior teve como objetivo ajudar
na compreensão do fenômeno investigado nesta pesquisa. Concluída a revisão da literatura,
este capítulo apresenta os procedimentos metodológicos necessários ao atingimento dos
objetivos pretendidos pelo trabalho.
3.1 Perguntas de Pesquisa
As perguntas de pesquisa apresentadas neste item foram elaboradas com o propósito
de auxiliar na busca pela resposta da questão central da dissertação que é:
78
Como os ambientes técnico e institucional da ADETEC influenciam a construção, a
manutenção e a desconstrução da sua identidade enquanto Organização do Terceiro
Setor?
A opção metodológica pela utilização de perguntas de pesquisa, ao invés da
formulação de hipóteses ocorreu em virtude da natureza deste estudo: qualitativo, exploratório
e descritivo. Nesse sentido, Triviños (1995, p.105) explica que “as hipóteses, em geral,
pertencem ao campo dos estudos experimentais. Os outros tipos de estudo, descritivos e
exploratórios, aceitam, geralmente, questões de pesquisa, perguntas norteadoras”. Da mesma
forma, Richardson (1999, p. 104), afirma que “sem embargo, deve-se salientar que nem todos
os tipos de pesquisa requerem hipóteses. Nos planos explicativos, em que o pesquisador
deseja conhecer ou levantar aspectos gerais de um tema, e nos planos descritivos, que
pretendem aprofundar aspectos de um fenômeno, não se precisa de hipóteses.” Com isso, os
objetivos propostos para esta dissertação estão vinculados à busca de respostas ou de
explicações para as seguintes perguntas de pesquisa:
de que forma e em que contexto a ADETEC foi criada?
quais são os objetivos e a missão da ADETEC?
quais são as peculiaridades da estrutura organizacional da ADETEC e quais foram
os ajustes organizacionais experimentados pela Instituição?
como se apresentam os processos de trabalho na ADETEC?
quais são as formas de sustentabilidade econômica da ADETEC em termos de
captação e de dependência de recursos?
de que forma se compõem os ambientes técnico e institucional da ADETEC?
como os stakeholders internos lidam com as pressões impostas a eles e à
79
ADETEC pelos seus ambientes?
quais as representações que os stakeholders internos têm da ADETEC?
3.2 Delineamento da Pesquisa
A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa, descritiva e exploratória, tendo
sido desenvolvida através de um estudo de caso unitário. Godoy (1995b, p. 25), explica que
“o estudo de caso tem se tornado a estratégia preferida quando os pesquisadores procuram
responder às questões ‘como’ e ‘por quê’ certos fenômenos ocorrem, quando há pouca
possibilidade de controle sobre os eventos estudados e quando o foco de interesse é sobre
fenômenos atuais, que só poderão ser analisados dentro de algum contexto de vida real.”
Dentre as vantagens apontadas para o estudo de caso como opção metodológica está o
fato de que ele se caracteriza como um tipo de pesquisa que analisa o objeto de estudo na sua
mais ampla profundidade (GODOY, 1995b; TRIVIÑOS,1995). Pode-se afirmar que o estudo
de caso “visa ao exame detalhado de um ambiente, de um simples sujeito ou de uma situação
em particular” (GODOY, 1995b, p. 25).
Yin (2001) e Godoy (1995b) apontam um estudo de caso como unitário quando o
objeto de análise refere-se a uma única experiência. Torna-se múltiplo, quando o objeto se
estende por duas ou mais experiências, propiciando a comparação entre elas. Por se tratar de
uma única organização, este estudo caracteriza-se como unitário.
Para Godoy (1995a), uma pesquisa é descritiva quando os dados coletados são
apresentados através de transcrições de entrevistas e anotações de campo, nunca sendo
expressos de forma quantitativa ou numérica. A autora lembra que “quando o estudo é de
caráter descritivo e o que se busca é o entendimento do fenômeno como um todo, na sua
80
complexidade, é possível que uma análise qualitativa seja a mais indicada” (GODOY, 1995a,
p. 63).
Segundo Triviños (1995), um estudo exploratório é aquele que possibilita ao
investigador aumentar sua experiência sobre um determinado tema, assunto ou problema. Ao
conduzir um estudo exploratório, o pesquisador aprofunda seu estudo sobre um determinado
objeto ou situação, extrapolando as informações até então disponíveis na literatura.
Gil e Johnson (1999, p.43) ratificam esse entendimento ao afirmarem que “as
pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar
conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses
pesquisáveis para estudos posteriores [...], habitualmente envolvem levantamento
bibliográfico e documental, entrevistas e estudos de casos.”
Quanto ao enfoque qualitativo, Cassel e Symon (1994) afirmam que uma abordagem
desta natureza é mais focada em temas emergentes e em descrições ideográficas, sendo menos
conduzida por hipóteses muito específicas e estruturas categóricas, o que proporciona maior
flexibilidade no processo de pesquisa e fornece uma visão holística de situações ou
organizações que os pesquisadores estão procurando entender.
Já para Godoy (1995a), a opção pelo enfoque qualitativo depende da “natureza do
problema que se quer estudar e das questões e objetivos que orientam a investigação.”
Segundo a autora, “embora haja muita diversidade entre os trabalhos denominados
qualitativos, alguns aspectos essenciais identificam os estudos desse tipo” (GODOY, 1995a,
p.63 ). De acordo com a autora, os seguintes aspectos caracterizam os estudos qualitativos: “a
pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental, [...] a pesquisa qualitativa é descritiva, [...] o significado que as
pessoas dão às coisas e à sua vida são a preocupação essencial do investigador, [...] e os
pesquisadores utilizam o enfoque indutivo na análise de seus dados” (GODOY, 1995a, p.62-
81
63 ). Richardson (1999, p. 79) afirma que “a abordagem qualitativa de um problema, além de
ser uma opção do investigador, justifica-se, sobretudo, por ser uma forma adequada para
entender a natureza de fenômeno social.”
Considerando o que foi relatado e tendo em conta as especificidades do objeto de
estudo desta dissertação, a opção metodológica pela pesquisa qualitativa, descritiva e
exploratória através de um estudo de caso unitário foi a que se mostrou mais apropriada às
necessidades deste trabalho.
3.3 Coleta de Dados
A conjunção de diferentes formas de coleta de dados em um estudo de caso, além de
possibilitar uma compreensão do problema de pesquisa em maior profundidade, oferece
diferentes visões e perspectivas do fenômeno em estudo. As informações necessárias ao
alcance dos objetivos deste trabalho foram obtidas a partir de dados primários e secundários
descritos a seguir.
3.3.1 Dados Primários
Godoy (1995b, p. 27) afirma que em um estudo de caso “os dados devem ser coletados
no local onde eventos e fenômenos que estão sendo estudados naturalmente acontecem,
incluindo entrevistas, observações, análise de documentos e, se necessário, medidas
82
estatísticas.”
Minayo (1996, p. 107), ao tratar do trabalho de campo na pesquisa qualitativa salienta
que “ao lado da observação participante, a entrevista – tomada no sentido amplo de
comunicação verbal, e no sentido restrito de colheita de informações sobre determinado tema
científico – é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo.”
Os dados primários desta pesquisa foram obtidos mediante a aplicação de entrevistas
semi-estruturadas junto aos stakeholders internos e externos da ADETEC. A composição
desses stakeholders foi tratada durante a discussão sobre o critério de escolha dos sujeitos de
pesquisa no título “3.3.3.6”.
Os sujeitos foram entrevistados individualmente, à exceção de quatro ex-
colaboradores
7
, que integravam uma estrutura interna da ADETEC denominada PLATIN -
Plataforma Londrina de Tecnologia da Informação, apresentada e discutida nos títulos
“3.3.3.1” e “4.2.2” deste trabalho. Esses ex-colaboradores foram abordados mediante
entrevista grupal denominada Focus Group, cuja técnica é detalhada mais adiante. As
questões exploradas em cada uma das entrevistas constam dos roteiros descritos nos anexos 1,
2 e 3 deste trabalho. Os critérios para escolha dos entrevistados estão detalhados nos títulos
“3.3.3.4” a “3.3.3.6” desta dissertação. A coleta dos dados primários foi ainda complementada
com a técnica denominada observação não participante, detalhada no título “3.3.1.3”.
3.3.1.1 Entrevistas Individuais
7
O termo colaboradores refere-se às pessoas que prestam serviços de forma direta ou indireta à ADETEC,
incluindo funcionários com vínculo empregatício (equipe operacional) e voluntários (integrantes da Diretoria e
dos Conselhos Administrativo, Técnico e Fiscal). Os ex-colaboradores são, portanto, ex-funcionários ou ex-
voluntários.
83
Para Yin (2001), as entrevistas são importantes fontes de informação para um estudo
de caso. King (1994) afirma tratar-se de um método qualitativo amplamente usado em
pesquisas organizacionais. Ainda para King (1994), as entrevistas são métodos altamente
flexíveis, podendo ser aplicadas em quase todos os lugares, sendo capazes de produzir dados
de grande profundidade.
Segundo o autor, a entrevista semi-estruturada é bastante apropriada quando um
rápido relato descritivo de um tópico é exigido, quando informações efetivas devem ser
coletadas, quando a natureza e a extensão das prováveis opiniões dos participantes sobre o
tópico de pesquisa não são muito bem conhecidas com antecedência e não podem ser
facilmente quantificados (KING, 1994).
Sobre a especificidade das entrevistas, Minayo (1996, p. 121) afirma que “quando se
trata de apreender sistemas de valores, de normas, de representações de determinado grupo
social, ou, quando se trata de compreender relações, o questionário se revela insuficiente.”
Segundo a autora, “o que torna a entrevista instrumento privilegiado de coleta de informações
para as ciências sociais é a possibilidade de a fala ser reveladora de condições estruturais, de
sistemas de valores, normas e símbolos [...]” (MINAYO, 1996, p.109).
Considerando as peculiaridades desta pesquisa e o referencial teórico consultado, foi
possível concluir que a opção pelo uso de entrevistas atendeu às necessidades deste trabalho
em termos de coleta de dados. Vale destacar que as entrevistas podem ser individuais ou
grupais (KING, 1994; KRUEGER 1994; MINAYO, 1996; OLIVEIRA e FREITAS, 1998;
GIOVINAZZO, 2001). Enquanto as individuais estão focadas no entrevistador e no
entrevistado, visto como um ator individual, as grupais são realizadas buscando-se uma visão
coletiva dos vários atores sociais.
Embora não se referindo de forma específica a uma entrevista individual, Minayo
(1996) assegura que uma entrevista é uma “conversa a dois, feita por iniciativa do
84
entrevistador, destinada a fornecer informações pertinentes para um objeto de pesquisa, e
centrada (pelo entrevistador) em temas igualmente pertinentes com vistas a este objetivo”
(KAHN e CANNEL apud MINAYO, 1996, p.108).
Neste trabalho, as entrevistas individuais, do tipo semi-estruturadas, foram aplicadas
de maneira que os atores organizacionais falassem das questões colocadas, de forma livre e
com a abrangência necessária, seguindo na medida do possível, os roteiros constantes dos
anexos 1, 2 e 3. Ressalte-se que o pesquisador tomou os devidos cuidados para que esses
roteiros servissem apenas como guia das entrevistas e não como um instrumento que viesse a
“engessar” as falas dos entrevistados. Tanto é assim que, no início de cada entrevista, como
forma de descontração, os sujeitos eram convidados a falar sobre a ADETEC de uma forma
geral, enfocando um aspecto que mais lhe interessasse naquele momento. Só então, a
conversa era retomada para o roteiro. Mediante garantia de sigilo quanto à identidade dos
entrevistados e comprometimento quanto ao uso restrito dos dados coletados apenas nesta
pesquisa, solicitou-se dos entrevistados autorização para que suas falas fossem registradas em
gravador de áudio, facilitando o trabalho posterior de transcrição e tratamento dos dados.
3.3.1.2 Entrevistas Grupais - Focus Group
Uma entrevista pode se tornar uma fonte de informações muito eficaz quando o
pesquisador deseja obter dados a respeito de “fatos; idéias, crenças, maneira de pensar;
opiniões, sentimentos, maneiras de sentir; maneiras de atuar; conduta ou comportamento
presente ou futuro; razões conscientes ou inconscientes de determinadas crenças...”
(JAHODA apud MINAYO, 1996 p.108). Muitas vezes, uma entrevista só não basta. Questões
subjetivas, para serem compreendidas, exigem o maior número possível de informações.
85
Neste caso, uma entrevista grupal ou Focus Group pode se constituir em uma eficiente forma
de se obter dados complementares.
“O Focus Group é um tipo de entrevista em profundidade realizada em grupo, cujas
reuniões apresentam características definidas quanto à proposta, tamanho, composição e
procedimentos de condução.” [...] Neste tipo de entrevista, “o foco ou o objeto de análise é a
interação dentro do grupo. Os participantes influenciam uns aos outros pelas respostas às
idéias e colocações durante a discussão, estimulados por comentários ou questões fornecidos
pelo moderador (pesquisador ou outra pessoa)” (OLIVEIRA e FREITAS, 1998, p. 83).
Segundo Giovinazzo (2001, p. 4), “o Focus Group teve origem na Sociologia. Hoje, é
amplamente utilizado na área de marketing e também tem crescido em popularidade em
outros campos de ação. Dentro da ciência social, foi Robert Merton quem publicou o primeiro
trabalho utilizando o Focus Group [...].”
A autora ressalta que “o uso do Focus Group é particularmente apropriado quando o
objetivo é explicar como as pessoas consideram uma experiência, uma idéia ou um evento,
visto que a discussão durante as reuniões é efetiva em fornecer informações sobre o que as
pessoas pensam ou sentem ou, ainda, sobre a forma como agem” (GIOVINAZZO 2001, p. 5).
A técnica do Focus Group combina elementos da entrevista individual com a observação
participante em grupo. Oliveira e Freitas (1998) apontam vantagens e desvantagens desta
técnica em relação a outros métodos:
Vantagens:
permite a coleta de dados em um curto espaço de tempo,
é comparativamente fácil de ser conduzida,
oportuniza a coleta de dados a partir da interação do grupo, o qual se concentra no
tópico de interesse do pesquisador,
86
demanda baixo custo para ser implementada.
Desvantagens:
exige entrevistadores cuidadosamente treinados,
a discussão deve ser conduzida em ambiente propício ao diálogo,
dificuldade em reunir em um mesmo grupo todos os sujeitos,
não permite ao pesquisador saber se a interação grupal reflete ou não o
comportamento individual.
O referencial teórico que trata desta técnica contempla uma série de cuidados para
que os trabalhos não sofram vieses. Dentre as recomendações dadas por Oliveira e Freitas
(1998) destacam-se:
a necessidade de um bom planejamento,
o cuidado com o tamanho dos grupos,
a seleção adequada dos participantes,
a definição prévia do nível de envolvimento do moderador na condução dos
trabalhos em função das características dos participantes e dos propósitos da
pesquisa,
a correta escolha do local,
e, finalmente, um cuidado especial com o conteúdo da entrevista.
Nesta pesquisa, optou-se por utilizar a técnica Focus Group para entrevistar quatro
stakeholders representados por ex-integrantes da ADETEC. Oliveira e Freitas, (1998, p.87),
ao tratarem do tamanho dos grupos entrevistados através dessa técnica destacam ser
“recomendável que os grupos tenham tamanho médio, isto é, sejam constituídos por seis a dez
87
pessoas.” Neste trabalho, isso foi desconsiderado, já que o grupo de interesse era
originalmente formado por quatro pessoas. Quanto à aplicação da técnica, foram tomadas as
seguintes providências com vistas a minimizar possíveis distorções entre os dados obtidos em
nível grupal e aqueles que poderiam estar sendo coletados em nível individual:
a sessão de Focus Group foi precedida por uma reunião com os participantes,
quando o moderador, neste caso, o próprio pesquisador, apresentou as questões
abordadas conforme o roteiro de entrevistas constante do anexo 1,
neste momento, o moderador clarificou os objetivos do trabalho, detalhou as
regras da técnica e solicitou a colaboração dos participantes,
de forma semelhante ao roteiro das entrevistas individuais, o roteiro do Focus
Group foi elaborado com base em questões semi-estruturadas que propiciaram aos
entrevistados falarem sobre os assuntos de forma livre e com a abrangência
necessária,
durante os trabalhos de aplicação da técnica o moderador esteve atento e procurou
interpretar os diversos papéis assumidos por cada um dos participantes dentro do
grupo, identificando os mínimos sinais verbais e não-verbais de cada entrevistado,
as falas dos participantes, na medida em que iam ocorrendo, foram sendo
armazenadas em um gravador de áudio. Todavia, além do uso do gravador, essas
falas também foram sendo registradas na medida do possível pelo próprio
moderador em um caderno de anotações de campo,
registraram-se ainda os aspectos comportamentais dos participantes percebidos
pelo moderador durante a aplicação da técnica.
88
3.3.1.3 Observação Não Participante
Para Triviños (1995, p. 153), “ ‘observar’, naturalmente, não é simplesmente olhar.
Observar é destacar de um conjunto (objetos, pessoas, animais etc) algo especificamente,
prestando, por exemplo, atenção em suas características (cor, tamanho etc)”.
Continua o autor afirmando que “observar um ‘fenômeno social’ significa, em
primeiro lugar, que determinado evento social, simples ou complexo, tenha sido
abstratamente separado de seu contexto, para que, em sua dimensão singular, seja estudado
em seus atos, atividades, significados, relações, etc.” (TRIVIÑOS, 1995, p. 153).
Observar de forma participante, ou não, exige do pesquisador sensibilidade, atenção e
sobretudo a disposição em despir-se de pré-conceitos, já que a observação é um ato subjetivo
por excelência. A observação depende da percepção, da sensibilidade e da ótica de cada
observador. Toda realidade ou fenômeno são interpretados a partir da visão e das redes de
significação de um determinado observador. Em um processo de pesquisa científica, o
conceito de observação não participante está relacionado ao fato de ela ser externa ao objeto
analisado, ou seja, o pesquisador não toma parte ou não se envolve diretamente com o seu
objeto de estudo como membro do grupo observado, atuando tão somente como observador
atento (ANGUERA, 1997; RICHARDSON, 1999).
Richardson (1999) lembra que é fundamental existir uma relação de transparência,
confiança e descontração entre observador e observado. Isso implica o tempestivo
esclarecimento dos objetivos da técnica junto ao grupo observado. Neste trabalho, o
pesquisador utilizou a técnica da observação não participante assistemática, embora o foco da
observação estivesse a todo o momento atrelado aos objetivos desta pesquisa. As observações
ocorreram nas dependências da ADETEC durante as visitas que foram feitas àquela
89
Organização e enfocaram prioritariamente, artefatos físicos, diálogos, sistemas e normas,
estrutura organizacional, atividades de trabalho, eventos, reuniões e demais rituais diários.
Todas as observações, percepções relevantes e conclusões obtidas a partir desta
técnica foram registradas no caderno de anotações de campo para posterior confronto e
análise conjunta com os resultados das demais técnicas de coleta de dados.
3.3.2 Dados Secundários
Os dados secundários se constituem em importante fonte de evidências (YIN, 2001).
No caso do objeto de estudo desta pesquisa, a análise de documentos que registram a história,
que resgatam cenários e contextos e que retratam os acontecimentos relevantes para a
Instituição no decorrer dos últimos dez anos foram de grande utilidade para a compreensão da
dinâmica de interação da Organização com os seus ambientes ao longo do tempo e, por
extensão, para compreensão das suas questões identitárias.
Nesta pesquisa, os dados secundários foram obtidos por meio de pesquisa documental
através da análise do corpus descrito a seguir.
3.3.2.1 Pesquisa Documental
90
Os registros documentais constituem-se em uma rica fonte de informações sobre os
diferentes momentos da vida de uma empresa porque são, em todos os níveis, um dos
principais subprodutos da interação e da comunicação entre indivíduos e grupos
organizacionais (CASSELL e SYMON, 1994).
É oportuno lembrar que uma pesquisa documental deve ser feita de forma relativizada
e contextualizada em um determinado cenário ou época. “De fato, é importante, ao se revisar
os documentos, compreender-se que eles foram escritos com algum objetivo específico e para
algum público específico, diferentes daqueles do estudo de caso que está sendo realizado”
(YIN, 2001, p. 110).
Também é oportuno registrar que em uma pesquisa como esta, a escolha dos
documentos não é um processo aleatório. Essa escolha sempre estará atrelada às
peculiaridades e aos objetivos do trabalho (GODOY, 1995b). Assim, no presente estudo, a
pesquisa documental baseou-se na análise:
de atas e memórias de reuniões realizadas na ADETEC,
das correspondências trocadas em nível interno (memorandos, circulares e
portarias) e em nível externo (cartas e ofícios),
de informações divulgadas através do site da ADETEC na “Web”,
dos registros de arquivos em meio físico (pastas e outros papéis) e em meio
eletrônico (arquivos de computador),
de eventuais produções audiovisuais ou vídeográficas,
de clippings
8
impressos e eletrônicos e comunicados de imprensa,
das matérias publicadas periodicamente no Informativo ADETEC News.
91
Observações relevantes e conclusões obtidas a partir da análise documental foram
registradas no caderno de anotações de campo para posterior confronto e análise conjunta com
os resultados das demais técnicas de coleta de dados.
3.3.3 Escolha dos Sujeitos da Pesquisa
3.3.3.1 Informações sobre a Instituição hospedeira do Estudo de Caso
O Estudo de Caso desta pesquisa foi desenvolvido na ADETEC – Associação do
Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região, entidade civil, sem fins lucrativos, de
caráter educacional, de pesquisa e fomento, voltada para o desenvolvimento tecnológico e
regional do Norte do Paraná. A ADETEC está sediada na cidade de Londrina-PR, localizada a
379 km de Curitiba e 528 km de São Paulo. A atuação da entidade se estende por mais seis
municípios além da sua sede, conforme ilustrado na figura a seguir:
Figura 2 – Localização geográfica da cidade de Londrina e região
8
Recortes ou seleções de notícias divulgadas em um veículo de comunicação: jornal impresso, TV ou
no Rádio
92
Fonte: Programa Londrina Tecnópolis – mapa da região - disponível:
http://www.adetec.org.br
As atividades da ADETEC são executadas por um grupo de 83 colaboradores
distribuídos entre voluntários e funcionários. Esses colaboradores estão assim distribuídos:
Quadro 2 – Distribuição dos órgãos da ADETEC x quantidade de colaboradores
órgãos quantidade de colaboradores
Diretoria
08 participantes efetivos,
03 conselheiros honorários
Conselho de Administração 33 integrantes (17 titulares e 16 suplentes)
Conselho Fiscal 5 integrantes (3 titulares e 2 suplentes)
Conselho Técnico 21 integrantes
Equipe Operacional 13 integrantes
A distribuição detalhada dos cargos e dos nomes dos stakeholders internos,
93
separadamente por Conselhos, Diretoria e Equipe Operacional consta dos anexos (4, 5,6) e do
título “4.2.2” deste trabalho (ADETEC, 2004a). Os integrantes da Diretoria e dos Conselhos
são voluntários que auxiliam a ADETEC com suas experiências e saberes e são provenientes
de diversas instituições tradicionais da cidade e região, onde mantêm seus vínculos de
trabalho. Dentre as instituições que cedem voluntários à ADETEC, destacam-se as seguintes:
Prefeitura Municipal de Londrina,
Governo do Estado do Paraná,
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná,
UEL - Universidade Estadual de Londrina,
EMBRAPA/Soja - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária,
COROL - Cooperativa Agropecuária de Rolândia,
Jornal Folha de Londrina,
COPEL - Companhia Paranaense de Energia Elétrica,
FIEP - Federação das Indústrias do Estado do Paraná,
Sociedade Rural de Londrina,
ACIL - Associação Comercial e Industrial de Londrina,
Sindicato Rural de Londrina,
CEFET de Cornélio Procópio: Centro Federal de Educação Tecnológica,
FUNTEL - Fundação do Ensino Técnico de Londrina,
SERCOMTEL - Serviço de Comunicações Telefônicas de Londrina,
UNIFIL - Centro Universitário Filadélfia,
94
Mulheres de Negócios de Londrina,
SOFTEX: Sociedade para Promoção da Excelência do Software.
Também cedem voluntários à ADETEC tradicionais empresas da cidade, tais como:
Milênia, Exactus, A.Yoshii, S L Alimentos e GPDR.
Ao contrário dos componentes da Diretoria e dos Conselhos, os integrantes da Equipe
Operacional são remunerados por meio de salários ou bolsas de pesquisa. A sustentabilidade
da Instituição é explicada e detalhada por ocasião da análise e tratamento dos dados coletados.
A coordenação geral da ADETEC, as atividades de marketing e divulgação, os
trabalhos administrativos, os controles financeiros e o SIAP – Serviço de Informação e Apoio
a Projetos são conduzidos pela Equipe Operacional cujo detalhamento também é mostrado,
durante a apresentação e análise dos dados, ao final deste trabalho.
O gerenciamento dos programas e dos projetos sob responsabilidade da ADETEC
está a cargo de quatro plataformas tecnológicas
9
de trabalho, a saber:
PLATIN: Plataforma Londrina de Tecnologia da Informação
PLATCON: Plataforma do Conhecimento,
PLATSAÚDE: Plataforma da Saúde,
PLATALI: Plataforma Agroalimentar de Londrina,
3.3.3.2 Justificativa da Escolha da Instituição Hospedeira do Estudo de Caso
9
Uma plataforma tecnológica pode ser conceituada como um conjunto de soluções tecnológicas que articula
demandas e ofertas tecnológicas para uma determinada área ou setor, representando o locus de cruzamento,
encaminhamento e condução de projetos cooperativos. As plataformas propiciam relações (enlaces) entre
diversos atores, de forma semelhante ao modelo de interações/negociação entre empresas, fornecedores e
95
A aplicação deste Estudo de Caso na ADETEC teve por base, dentre outras, as
seguintes razões:
a ADETEC é uma tradicional ONG da cidade de Londrina com uma história de
dez anos de lutas em prol do desenvolvimento da cidade e da região, período em
que acumulou um vasto leque de realizações (anexo 13);
a Instituição atua na área de ciência, tecnologia e inovação, onde desempenha o
papel de agente de integração para o desenvolvimento econômico e social do
Norte do Paraná, cumprindo uma missão relevante em uma área pouco explorada
pelo Terceiro Setor;
a ADETEC transita pelas mais diversas esferas institucionais tanto em nível de
poder público (âmbito local, estadual e nacional), quanto em nível privado
(empresas da região);
por ser uma Instituição do Terceiro Setor, enfrenta, como as demais congêneres,
dificuldades ligadas à captação e à dependência de recursos. Além disso, como as
suas co-irmãs, sofre as mais variadas pressões dos ambientes nos quais está
inserida;
é uma organização composta em termos de equipes de trabalho por uma Diretoria,
Conselho de Administração, Conselho Técnico e Conselho Fiscal, Equipe
Operacional (Coordenação Executiva), onde trabalha um contingente de
colaboradores oriundos das mais diversas áreas e instituições da cidade e região;
a diversidade de stakeholders internos implica um emaranhado de valores e
crenças que interagem com a Instituição;
clientes (ZAWISLAK, 2004; CHIARELLO; ROCHA, 2004). Na ADETEC, o conceito de plataforma está
ligado ao conceito de segmentação das atividades da Instituição.
96
essa singularidade, por um lado, é bastante positiva por propiciar à ADETEC uma
diversidade de experiências e de saberes. Todavia, tal condição pode resultar em
conflitos culturais, ideológicos e identitários.
3.3.3.3 Procedimentos Para Realização da Pesquisa
Inicialmente, em outubro de 2003, foi feito um contato informal com a Administração
da ADETEC através da Coordenação do SIAP - Sistema de Informação e Apoio a Projetos da
ADETEC, ocasião em que foi solicitada autorização para realização desta pesquisa. Esse
pedido foi formalizado conforme correspondência de 15.12.2003 (anexo 10) carta entregue à
Instituição em janeiro de 2004.
A resposta formal da ADETEC autorizando a realização dos trabalhos foi expedida
conforme OF. 016/2004 de 06.02.2004 (anexo 11). Neste ofício, a ADETEC sugeriu que os
contatos com relação à pesquisa fossem mantidos com o Eng. Agr. Paulo Varela Sendin,
Coordenador do SIAP – Sistema de Informação e Apoio a Projetos da ADETEC, no caso, a
pessoa apta para prestar as informações necessárias.
Foram mantidos contatos pessoais com o Coordenador do SIAP em meados de
fevereiro de 2004 para definição de agendas e formas de trabalho e, em 19.03.2004, para
discussão dos critérios de escolha dos entrevistados. Novas visitas à Organização foram feitas
em abril de 2004, ocasião em que foram definidos os sujeitos de pesquisa, tendo a coleta de
dados sido iniciada em junho e concluída em agosto de 2004.
3.3.3.4 Critérios de Escolha dos Entrevistados
97
Diferentemente de um trabalho quantitativo, onde a ênfase está na representatividade
numérica, em um trabalho qualitativo, a preocupação do pesquisador está muito mais voltada
para o aprofundamento e para a busca de compreensão do fenômeno sob estudo a partir das
percepções de um determinado grupo social (MINAYO, 1996). Sobre a forma de escolha de
um grupo de sujeitos de pesquisa, Minayo (1996, p. 102) afirma que “seu critério portanto não
é numérico. Podemos considerar que uma amostra ideal é aquela capaz de refletir a totalidade
nas suas múltiplas dimensões.” Dentre várias sugestões, a autora destaca ser necessário
“definir claramente o grupo social mais relevante para as entrevistas e para a observação. [...]
Ao mesmo tempo privilegiar os sujeitos sociais que detêm os atributos que o investigador
pretende conhecer” (MINAYO, 1996, p. 102).
Com isso, neste trabalho, a escolha dos entrevistados recaiu sobre os atores que
estavam mais familiarizados com o objeto estudado ou que já haviam estado antes nestas
condições (ex-colaboradores da ADETEC). A escolha desses atores foi feita de forma
criteriosa e mesclada, de maneira que fosse representativa em termos de pontos de vista,
experiências, viés histórico e visões, não importando, neste caso, a quantidade de
entrevistados.
3.3.3.5 Escolha do Informante-chave
Em um trabalho qualitativo, para ser considerado informante-chave, é necessário que o
sujeito, além de conhecer em profundidade os assuntos tratados em uma determinada
pesquisa, também esteja estrategicamente posicionado no sistema social estudado. Neste
sentido, Ichikawa (2001, p. 75), ao tratar do assunto se reporta a Taylor e Bogdan e afirma:
98
“[...] o primeiro entrevistado seria aquele que notoriamente tivesse grande parte das
informações registradas em sua memória, e a partir de seu depoimento é que os outros
entrevistados seriam contatados.” Assim, para este trabalho foi escolhido como informante-
chave o Eng. Agr. Paulo Varela Sendin, Coordenador do SIAP, que muito auxiliou o
pesquisador na coleta de informações e na escolha dos demais entrevistados. O Sr. Sendin foi
também entrevistado como stakeholder interno. Sua entrevista, a primeira que foi realizada,
além de ser juntada às demais prestou-se para validar as questões constantes do roteiro de
entrevista (anexo 2). A escolha do informante-chave levou em conta o perfil, a experiência, o
posicionamento estratégico e o estreito envolvimento do Sr. Sendin com a ADETEC, fazendo
parte inclusive do grupo que idealizou a sua criação.
3.3.3.6 Escolha dos Demais Entrevistados
Além do informante-chave, foram escolhidos mais doze sujeitos para as entrevistas,
tendo sido designados oito para as entrevistas individuais e quatro para a entrevista grupal
através da técnica Focus Group. Dos oito sujeitos escolhidos para as entrevistas individuais,
um deles era stakeholder externo e sete, stakeholders internos. O critério para escolha dos
sujeitos se pautou pela:
expectativa das contribuições que eles poderiam estar dando à pesquisa com suas
informações,
análise do perfil, da experiência, do posicionamento estratégico e sobretudo do
comprometimento de cada sujeito com as causas e com as ações da ADETEC.
Nesse caso, de nada valeria estar entrevistando sujeitos que, embora ocupassem
funções estratégicas na Organização, como, por exemplo, membro de um dos Conselhos ou
99
da Diretoria, não detivessem as informações desejadas, quer seja por conhecerem pouco a
Entidade, quer seja por não serem tão comprometidos. Os sujeitos de pesquisa foram assim
escolhidos e caracterizados:
stakeholder externo:
um empresário, ex-participante da Diretoria da ADETEC, que possui um “bom
viés histórico” da mesma e um ótimo trânsito entre os sócios da Organização e o
empresariado da cidade. Este stakeholder foi presidente da Associação Comercial
e Industrial de Londrina - ACIL em uma época em que a ADETEC estava sediada
nas dependências daquela associação,
stakeholders internos:
dois integrantres da Equipe Operacional, sendo o primeiro, Coordenador
Executivo da ADETEC e também um dos idealizadores da sua criação e o
segundo, responsável pela área de Administração e Finanças da Organização,
um integrante da Diretoria com atuação na área acadêmica - cedido pela UEL,
três integrantes dos Conselhos de Administração e Técnico, sendo um, vinculado à
EMBRAPA, o outro vinculado à UEL e também um dos envolvidos na criação da
Entidade e um terceiro, empresário cujo empreendimento funciona no mesmo
prédio atualmente ocupado pela ADETEC. Neste caso, além da relação de
Conselheiro e além da proximidade física, este empresário mantém com a
Entidade uma relação de parceria já que cede à ADETEC sem qualquer tipo de
ônus ou cobrança de aluguel as instalações ocupadas.
cinco ex-colaboradores da ADETEC, sendo um, ex-integrante da PLATCON e
quatro, ex-integrantes da PLATIN. Desses ex-colaboradores, atualmente quatro
100
são pequenos empresários e um atua na área de consultoria organizacional na
cidade de Londrina e região.
Na escolha dos sujeitos de pesquisa, além dos critérios ligados à competência,
posicionamento estratégico, comprometimento e experiência dos envolvidos, procurou-se
mesclar os sujeitos de forma que o grupo de entrevistados fosse composto de representantes
da área acadêmica e do meio empresarial.
3.4 Análise dos Dados
Os trabalhos de transcrição das entrevistas gravadas, bem como os trabalhos de análise
das informações coletadas, tiveram início no final de agosto de 2004 tão logo concluída a
realização dessas entrevistas em nível individual e grupal. As percepções relevantes e as
conclusões obtidas a partir das técnicas da observação não participante e da análise
documental foram sendo registradas no caderno de anotações de campo no decorrer das
visitas à ADETEC. Essas informações juntamente com os resultados das entrevistas
subsidiaram a apresentação e a análise dos dados, detalhadas nesta dissertação. A seguir são
descritos os procedimentos metodológicos que nortearam a análise dos dados coletados.
As gravações das entrevistas individuais e grupais foram armazenadas em dez fitas
cassetes com uma hora de gravação cada. Essas fitas foram ouvidas pelo pesquisador, sendo
que, das dez fitas, seis foram transcritas integralmente para um arquivo eletrônico de dados
através do aplicativo MS WORD. As quatro restantes foram transcritas de forma parcial para o
mesmo arquivo, porém foram integralmente ouvidas. Neste caso, por opção do pesquisador,
foram transcritos os fragmentos das falas julgadas relevantes para a pesquisa. Os trabalhos de
transcrição geraram ao seu final dez textos distintos, a saber:
101
nove textos contendo cada um deles as percepções dos nove sujeitos entrevistados
individualmente,
um texto com as percepções dos quatro sujeitos entrevistados através da técnica do
Focus Group.
Na medida do possível, tentou-se registrar nas transcrições, além das palavras
significantes, os silêncios, risos, repetições, interrupções, lapsos de memória, sons, etc. Cada
um dos textos acima foram desdobrados em textos menores, a saber:
textos individuais compostos pelos fragmentos de falas mais relevantes de cada
um dos entrevistados,
texto grupal composto pelos fragmentos de falas mais relevantes colhidos durante
o Focus Group,
textos coletivos correspondentes à junção dos fragmentos individuais compostos
pelas falas mais relevantes dos entrevistados, separadas de acordo com cada uma
das questões de pesquisa: história da Entidade, objetivos e missão, processos de
trabalho, estrutura e ajustes, forma de sustentabilidade, pressões ambientais,
percepções e representações dos stakeholders.
Como construção humana, os textos acima são carregados de valores, de crenças, de
ideologias, de significados manifestos e latentes, o que dificulta a sua análise pura e simples,
somente pela abordagem denominada Análise de Conteúdo citada por Richardson (1999),
Triviños (1995) e Godoy (1995b), e exaustivamente tratada na obra de Bardin (1977). Sobre
isso, Godoy (1995b) afirma que “nos seus primórdios, a análise de conteúdo sofreu
10
as
influências da busca da cientificidade e da objetividade, recorrendo a um enfoque quantitativo
10
grifo do pesquisador
102
que lhe atribuía
11
um alcance meramente descritivo.” Continuando, a autora termina dizendo
que “nesse caso, as informações obtidas pelo emprego da técnica se reduziam
12
aos índices de
freqüência com que surgem certas características do conteúdo.”
Nesta discussão, é oportuno resgatar Minayo (1992, p.200) que afirma: “a Análise de
Conteúdo na sua história mais recente, isto é, enquanto técnica de tratamento de dados
considerada cientificamente, é caudatária das metodologias quantitativas, buscando sua lógica
na interpretação cifrada do material de caráter qualitativo.”
Berelson, citado por Minayo (1992) e um dos pais teóricos da análise de conteúdo nos
Estados Unidos assim a define: “é uma técnica de pesquisa para descrição objetiva,
sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das comunicações e tendo por fim
interpretá-los” (BERELSON apud MINAYO, 1992, p. 200). Segundo Minayo (1992), os
grifos anteriores foram colocados intencionalmente por ela, para enfatizar os adjetivos que
fazem parte do vocabulário da sociologia positivista. Utilizando uma citação de Ichikawa
(2001, p.84), pode-se dizer que as questões levantadas colocaram o pesquisador e a pesquisa
em uma “encruzilhada metodológica”, pois a intenção deste pesquisador era realizar uma
análise de conteúdo qualitativa, e não quantitativa, conforme apregoado por Bardin (1977).
Uma alternativa foi dada por Minayo (1992) quando ela afirma que “na busca de
atingir os significados manifestos e latentes no material qualitativo, têm sido desenvolvidas
várias técnicas como Análise de Expressão, Análise de Relações, Análise Temática e Análise
da Enunciação” (MINAYO, 1992, p. 204). Outra sugestão é feita por Gomes (1996), quando o
autor propõe a utilização de categorias específicas como forma de análise dos dados colhidos
em uma pesquisa qualitativa. Nesse caso, “as categorias podem ser estabelecidas antes do
trabalho de campo, na fase exploratória da pesquisa, ou a partir da coleta de dados “[...]
11
grifo do pesquisador
12
grifo do pesquisador
103
trabalhar com categorias significa agrupar elementos, idéias, ou expressões em torno de um
conceito capaz de abranger tudo isso” (GOMES, 1996, p. 70).
Assim, segundo Selltiz (apud Gomes 1996, p. 72), pode-se apontar “três princípios de
classificação para estabelecermos conjuntos de categorias” a saber:
em cada análise deve-se trabalhar com um principio único de classificação,
um conjunto de categorias deve ser exaustivo,
as categorias de um conjunto devem ser mutuamente exclusivas.
Embora derivadas da Análise de Conteúdo desenvolvida por Bardin (1977), a Análise
da Enunciação proposta por Minayo (1992) bem como a Categorização proposta por Gomes
(1996), atenderam as peculiaridades desta pesquisa. Vale lembrar que essas técnicas
significaram um ponto de partida para a aproximação da realidade que se queria compreender.
Neste caso, os vieses de interpretação foram tanto menores na medida em que a análise dos
dados foram feitas em conjunção com outras percepções.
Tendo como base as metodologias propostas por (Minayo, 1992, p. 206-208) e
(Gomes, 1996, p.70-74), apresenta-se a seguir a sinopse da análise elaborada neste trabalho e
adaptada à realidade desta pesquisa. A análise utilizou os dados transcritos e transformados
em textos, cuja descrição foi apresentada nos parágrafos anteriores:
Primeira fase:
foi feita uma primeira leitura com a correspondente interpretação dos textos
(individuais e coletivos) construídos a partir das transcrições das falas extraídas
das entrevistas efetuadas,
104
observou-se que para os propósitos deste trabalho a qualidade do material colhido
seria muito mais relevante do que a sua quantidade e que cada fala se constituiria
em uma unidade básica,
procurou-se destacar nos textos construídos as palavras, os termos ou as
expressões que estariam indicando ou denotando idéias ligadas a: processos de
trabalho na ADETEC, estrutura organizacional e ajustes, sustentabilidade e
dependência de recursos e pressões ambientais,
da mesma forma, procurou-se destacar nos mesmos textos, palavras, termos ou
expressões que estariam indicando ou denotando as representações e as
percepções que os stakeholders teriam sobre a ADETEC no que se refere à sua
identidade. Convencionou-se que a existência das expressões abaixo em uma frase
que se referia à ADETEC seria indicativo de percepção identitária por parte do
entrevistado:
9 ela é....., é igual a...., é diferente de.....,
9 foi.....e hoje é....., sempre foi......,deveria ser......
Segunda fase:
foi realizada uma nova leitura dos textos produzidos,
foram juntadas as falas similares agregando-as em blocos distintos segundo a
classificação estabelecida anteriormente (processos de trabalho na ADETEC,
estrutura organizacional e ajustes, sustentabilidade e dependência de recursos e
pressões ambientais), reservando espaços suficientes para futuras anotações,
conservou-se das transcrições, tanto o registro das palavras (significantes) como os
silêncios, risos, repetições, interrupções, lapsos, sons, etc.
105
Terceira fase:
promoveu-se a análise das informações produzidas na fase anterior,
buscou-se o significado explícito e subjacente de cada uma das falas transcritas,
levou-se em conta os possíveis aspectos não explícitos e não verbalizados que, por
um lado poderiam estar enviesando os resultados e por outro, clarificando-os
(ideologias, pausas, reinícios, tom de voz, reincidências de determinados
vocábulos, etc.),
juntou-se e comparou-se o resultado desta análise com os dados anotados na
planilha de campo (percepções colhidas durante a pesquisa) e com o resultado da
análise documental, resultando daí as conclusões apresentadas no capítulo “4”
desta dissertação.
No exame dos documentos consultados no decorrer da coleta dos dados secundários
(pesquisa documental), além da meticulosa análise dos conteúdos constantes de cada
documento, procurou-se fazer uma contextualização do seu conteúdo no tempo e no espaço
buscando-se compreender as condições que levaram à geração do referido documento.
3.5 Sinopse da Estratégia Metodológica
O quadro apresentado na próxima página aponta as conexões existentes entre os
objetivos, as perguntas de pesquisa e a coleta de dados do trabalho. A ilustração contribui para
que se tenha uma melhor visão e uma melhor compreensão sobre a pesquisa como um todo.
106
QUADRO 3 – Sinopse da Estratégia Metodológica
107
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
perguntas de pesquisa roteiro de
entrevista:
questões
análise documental observação não
participante
anexo
1
anexo
2
Desvendar a história da
ADETEC
De que forma e em que
contexto a ADETEC foi
criada?
3, 6, 8, 9 Atas de reuniões,
arquivos, clippings
memórias,
Conhecer os objetivos e
a missão da ADETEC
Quais são os objetivos e a
missão da ADETEC?
1, 7 1, 4, 6 Estatuto e atas de
reuniões
Descrever a estrutura
organizacional da
Instituição e os ajustes
organizacionais
experimentados por ela
Quais são as
peculiaridades da
estrutura organizacional
da ADETEC e quais
foram os ajustes
organizacionais
experimentados pela
Instituição?
8 2, 3 memórias de reuniões,
atas, organogramas,
fluxogramas, ADETEC
News, etc.
seções e
plataformas,
eventos, locais de
trabalho, reuniões,
rituais diários, etc
Conhecer os processos
de trabalho da ADETEC
Como se apresentam os
processos de trabalho na
ADETEC?
1 memórias de reuniões,
atas, organogramas,
ADETEC News,
projetos, relatórios de
eventos, etc.
seções e
plataformas, locais
de trabalho,
reuniões, rituais
diários, etc.
Analisar a forma de
sustentabilidade
econômica da Instituição
em termos de captação e
de dependência de
recursos
Quais são as formas de
sustentabilidade
econômica da ADETEC
em termos de captação e
de dependências de
recursos?
10 4, 5 memórias de reuniões,
atas, ADETEC News,
registros, relatórios,
banco de dados, etc.
seções e
plataformas,
eventos, locais de
trabalho, reuniões,
rituais diários, etc.
Estudar a interação
ambiental da ADETEC
e levantar a composição
dos seus ambientes
técnico e institucional
De que forma se
compõem os ambientes
técnico e institucional da
ADETEC?
4 7 memórias de reuniões,
atas, ADETEC News,
registros, relatórios,
banco de dados, etc.
seções e
plataformas,
eventos, locais de
trabalho, reuniões,
rituais diários, etc
Observar como os
stakeholders internos
lidam com as pressões
ambientais impostas a
eles e à ADETEC
Como os stakeholders
internos lidam com as
pressões impostas a eles e
à ADETEC pelo seus
ambientes?
4, 9 7 memórias de reuniões,
atas, ADETEC News,
registros, relatórios,
banco de dados, etc.
seções e
plataformas,
eventos, locais de
trabalho, reuniões,
rituais diários, etc.
Captar as representações
que os stakeholders
internos têm da
ADETEC
Quais as representações
que os stakeholders
internos têm da
ADETEC?
1,2,3,
5,6,7, 9,
4,6,8, 9,
10
atas de reuniões,
ADETEC News,
registros, relatórios,
banco de dados,
publicações etc.
eventos, rituais,
reuniões, nas
seções e
plataformas,
através dos
artefatos visíveis,
etc.
Obs: o roteiro de entrevista do stakeholder externo (anexo 3) não consta deste quadro uma vez que os anexos
1 e 2 são suficientes para responder as questões de pesquisa propostas para este trabalho.
108
3.6 Definição de Termos
A elaboração de um relatório de pesquisa exige uma série de cuidados especialmente
no que se refere ao uso de determinados termos ou expressões. Neste sentido, Richardson
(1999, p. 305) assinala que o pesquisador deve “dar a devida importância a cada palavra.
Conhecer o significado das palavras, antes de usá-las. Evitar falsos sinônimos, nome vulgar
ou familiar das coisas”.
A seguir são definidos alguns termos utilizados de forma recorrente ao longo desta
dissertação. Embora esses termos tenham sido referenciados e conceituados pelo marco
teórico durante a elaboração deste trabalho, aqui, as definições são feitas com base nos
significados que cada termo assumiu diante das peculiaridades e das especificidades dessa
pesquisa.
Ambiente Técnico
Nesta pesquisa, o conceito de ambiente técnico está relacionado ao espaço onde a
ADETEC atua, com o qual ela interage e estabelece relações de troca de bens e de serviços
por ela produzidos. O desempenho da ADETEC é avaliado pelos diversos agentes locais e
regionais, a partir da sua eficiência organizacional e da qualidade dos bens e serviços
oferecidos. Para tanto, a Entidade carece de informações e de recursos. Na ADETEC, estes
insumos são estocados respectivamente nas competências e nos saberes dos seus múltiplos
colaboradores e nas estruturas imprescindíveis à condução dos seus trabalhos, representadas
por recursos físicos, materiais e financeiros. Exemplificando, o ambiente técnico da ADETEC
envolve uma série de atividades e os respectivos beneficiários dessas atividades, a saber:
109
os serviços operacionais executados diariamente,
a condução e a gestão dos projetos captados,
a coordenação do Programa Londrina Tecnópolis e dos seus respectivos projetos,
a interação com a UEL, EMBRAPA, IAPAR, dentre outros agentes.
Ambiente Institucional
Já o conceito de ambiente instituticonal utilizado neste trabalho está relacionado às
regras e às normas impostas à ADETEC para que ela obtenha legitimidade e apoio dos
diversos agentes, inclusive estaduais e nacionais. Trata-se de um ambiente permeado por
aspectos sociais e culturais movidos por sistemas simbólicos, representados por regras
normativas e outros processos regulativos formais ou não. Como a ADETEC atua na cidade
de Londrina e na região na área de inovação e desenvolvimento tecnológico e capta recursos
tanto em nível municipal, quanto em nível estadual e nacional, pode-se afirmar que ela
transita por diversos ambientes institucionais, sofrendo evidentemente suas pressões, já que,
convicções culturais e processos regulativos podem variar de grupo para grupo, até mesmo
dentro de uma cidade ou região. Alguns exemplos do ambiente institucional que envolve a
ADETEC são:
a legislação aplicável ao Terceiro Setor no Brasil, representada por diversas leis e
decretos, tendo como marco, a Lei 9.790 de 23 de março de 1999 que trata em
especial das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Públicos (OSCIPs),
as respectivas legislações estaduais e municipais,
110
as diversas normas e regras impostas para a formalização de convêncios e
captação de projetos, exigidas por parceiros, governos e órgãos financiadores,
as exigências tácitas impostas por instâncias políticas e empresariais,
principalmente da cidade e região, além de valores e crenças de determinados
grupos ou etnias.
Identidade Organizacional
Nesta dissertação a identidade organizacional é compreendida a partir da ótica dos
stakeholders internos da ADETEC. Neste caso, o que os stakeholders pensam da Entidade?
Como a ADETEC é representada na mente desses stakeholders? O que diferencia ou torna a
ADETEC exclusiva em relação a outras Organizações do Terceiro Setor? O que pode ser
considerado central, distintivo e duradouro na ADETEC? Entende-se como central a razão de
ser, a finalidade ou o propósito principal da Organização que é ser um agente de integração
para o desenvolvimento tecnológico de Londrina e região. Considera-se como distintivo, a
definição de seu posicionamento no contexto sócio-econômico e cultural da cidade e da
região. É o que torna a ADETEC singular e diferente. Finalmente, como aspecto duradouro,
tem-se o papel representado pela ADETEC neste mesmo contexto. Como exemplo, é
transcrito a seguir, o fragmento de uma fala colhida em uma entrevista realizada com um dos
stakeholders internos em uma situação em que a ADETEC é lembrada por sua combatividade,
sua utopia e principalmente por sua luta inglória:
Mas eu penso que por enquanto a ADETEC está meio como Dom Quixote:
carregando uma bandeira, lutando, lutando, mas há o lado do poder público
que não chegou a ter toda sensibilidade que precisaria ter [...]. (D1).
111
ONG – Organização Não-Governamental
Nesta pesquisa o termo ONG – Organização Não-Governamental é atribuído à
ADETEC por força do seu estatuto e da sua missão. Além disso, ao longo do trabalho referiu-
se às ONGs para identificar uma das entidades que hoje compõem o portfólio das
Organizações do Terceiro Setor. Historicamente, surgiram como organizações formadas por
um voluntariado combativo e engajado politicamente e que na sua atuação, acabaram
ocupando espaços de grande visibilidade na esfera pública e, por isto, para distingui-las dos
organismos estatais, foram denominadas Organizações Não-Governamentais – ONG. Essas
organizações tiveram um papel decisivo contra os regimes autoritários instalados na América
Latina a partir da década de 60, tendo ganhado destaque nos últimos anos por sua atuação e
combatividade em prol de causas ligadas à cidadania e à defesa do meio ambiente, dentre
outras. Atualmente, as ONGs estão voltadas para a transformação da sociedade atuando em
atividades como: educação, saúde, defesa de minorias, cultura, ecologia, dentra outras
atividades, como é o caso da ADETEC que atua na área de C&T. Há algum tempo o nome
ONG ainda guardava a sua originalidade e distinguia um conjunto de organizações da
sociedade brasileira, autônomas, voltadas para a construção da cidadania e para a prestação de
serviços, dentro de um ideário de democracia, cidadania e participação. Atualmente, muitas
organizações com valores e formas de atuação diversas estão dentro do guarda-chuva ONG,
que, por sua vez insere-se no guarda-chuva Terceiro Setor.
112
Stakeholder Interno
Considerando que os stakeholders são grupos ou indivíduos que podem afetar ou
serem afetados pela organização quando essa procura atingir os seus objetivos, nesta
dissertação o conceito de stakeholders internos é atribuído aos colaboradores e ex-
colaboradores da ADETEC que prestam ou já prestaram serviços à Instituição, seja na forma
voluntária, seja na forma de funcionários com vínculo empregatício. Esses stakeholders
compõem-se de integrantes e ex-integrantes dos Conselhos, da Diretoria ou das equipes de
trabalho vinculadas à Coordenação Executiva.
Terceiro Setor
O termo Terceiro Setor foi um dos mais recorrentes neste trabalho e foi utilizado para
designar um conjunto de organizações privadas sem fins lucrativos, que geram bens, serviços
públicos e privados, contrapondo-se ao conceito de Primeiro Setor representado pelo Estado
(governo) e ao de Segundo Setor representado pelas empresas (mercado). Uma outra forma
de caracterizar o Terceiro Setor é defini-lo como sendo o setor que representa um conjunto de
iniciativas da sociedade civil organizada, tendo como foco o desenvolvimento social, com
base na ação voluntária, sem qualquer finalidade lucrativa. Há uma infinidade de
organizações que compõem o guarda-chuva do Terceiro Setor, cujas diferenciações estão no
porte, nas áreas e nas formas de atuação e no tipo de público beneficiado ou associado. Aí se
enquadra a ADETEC como uma entidade do Terceiro Setor que atua na área de C&T.
113
3.7 Limitações da Pesquisa
Ao término desta pesquisa detectou-se algumas limitações enfrentadas na condução
dos trabalhos, principalmente ao se cotejar os procedimentos metodológicos propostos na
fase preparatória da pesquisa com a realidade encontrada em campo.
A primeira limitação identificada foi a dificuldade de se entrevistar alguns dos sujeitos
de pesquisa previamente escolhidos em função da impossibilidade de se encontrar uma
agenda disponível para tal. Houve um caso em que foram mantidos mais de dez contatos com
a secretária de um empresário, sem contudo lograr êxito. Embora esse entrevistado tenha sido
substituido por outro, o sujeito inicialmente indicado era o que reunia as melhores condições
para falar do assunto.
Durante os trabalhos de transcrição de dados do gravador para o editor eletrônico de
textos, percebeu-se que em algumas entrevistas havia palavras inaudíveis e de difícil
compreensão, decorrentes talvez do mal posicionamento do gravador na mesa durante as
entrevistas.
Duas entrevistas foram ligeiramente prejudicadas sem contudo refletir no resultado
final da pesquisa. Em uma delas, o entrevistado relatou que apesar de fazer parte do Conselho
Técnico da ADETEC, havia estado fora do Brasil nos últimos seis meses e portanto se sentia
pouco apto para tratar dos temas propostos. A entrevista foi feita e retirado dela os dados
julgados relevantes para o estudo. Como o Conselho Técnico conta com vinte e um membros
presume-se que a ausência do entrevistado não tenha afetado os trabalhos da Entidade. Em
um outro caso, deparou-se com um entrevistado que falava de forma ininterrupta, fugindo
sempre do foco da entrevista. Apesar disso, ele era convidado a voltar a falar sobre o tema
proposto. Com isso, a entrevista foi concluída e os dados úteis ao trabalho devidamente
114
aproveitados.
Um ponto que merece ser destacado é sobre a própria natureza desta dissertação. Por
se tratar de uma pesquisa qualitativa, realizada através de um estudo de caso, cujos dados
foram, na sua maioria, colhidos através de entrevistas semi-estruturadas, isto, por si só,
poderia sujeitar a pesquisa a vieses provenientes das subjetividades:
que poderiam surgir da relação entre entrevistador e entrevistados;
que poderiam ocorrer na transcrição e na análise dos dados colhidos no trabalho.
Ao final, acredita-se que esses possíveis vieses e limitações foram superados,
principalmente pela opção em se conduzir o trabalho recorrendo a várias fontes de consultas,
pela procura em se orientar o estudo pelo referencial teórico consultado e pela triangulação de
informações resultantes de diferentes técnicas de coleta de dados.
115
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
A ADETEC foi citada ao longo deste trabalho e apresentada durante a descrição dos
procedimentos metodológicos desta pesquisa como a instituição hospedeira do presente
estudo de caso
13
.
Neste capítulo, a história da ADETEC é desvendada, o seu passado é resgatado e os
principais atores que estiveram envolvidos com a sua criação são relembrados. Essa viagem
no tempo e no espaço mostra uma estreita relação entre a história da ADETEC e o
desenvolvimento sócio-econômico de Londrina e da região, nos últimos dez anos.
Ainda neste capítulo, são analisados e apresentados outros dados relevantes colhidos
na pesquisa e relacionados à ADETEC no que se refere aos seguintes assuntos:
objetivos e missão,
estrutura organizacional e ajustes realizados,
processos de trabalho,
sustentabilidade e dependência de recursos,
análise ambiental,
representações dos stakeholders internos sobre a identidade da ADETEC.
Como forma de ilustrar as análises e as interpretações dos dados, são transcritos ao
longo do texto, fragmentos das falas dos entrevistados e recortes dos documentos consultados
durante os trabalhos. Com o intuito de se manter a privacidade dos sujeitos entrevistados, os
fragmentos de falas foram identificados de acordo com a seguinte convenção:
13
Vide título 3.3.3.1 desta pesquisa.
116
informante chave: IC,
integrante da Diretoria: DI,
integrantes da equipe operacional: EO1 e EO2,
integrantes dos conselhos técnico e administrativo: CO1, CO2 e CO3,
ex-colaborador da ADETEC – entrevista individual: ECI,
ex-colaboradores da ADETEC – entrevista focus group: ECFG
stakeholder externo: SE
4.1 Londrina à Procura de Uma Nova Identidade: desvendando a história da
ADETEC
A cidade de Londrina se firmou ao longo da sua história e principalmente nas últimas
décadas como um pólo de desenvolvimento do Norte do Paraná, cuja região abriga um
contingente superior a dois milhões de habitantes, empresas de vários segmentos industriais,
universidades, faculdades, centros de pesquisa e de desenvolvimento, onde atuam
pesquisadores e profissionais de alto nível, em diversas especialidades. Isso possibilita a
geração de conhecimentos imprescindíveis à criação de inovações tecnológicas (ADETEC,
2004a; PROGRAMA, 2004).
Entretanto, uma retrospectiva histórica da cidade e da região mostra que a mudança de
vocação ou de concepção de desenvolvimento de um paradigma totalmente agrário para um
paradigma tecnológico exigiu esforços e a atuação de vários atores. Vale dizer que a
existência dos atuais ativos e dos insumos necessários à inovação tecnológica é fruto de muito
esforço. Uma volta ao passado de Londrina mostra que, além da necessidade de se encontrar
um novo rumo para a cidade, a criação de um organismo que articulasse os saberes
117
disponíveis e que servisse de elo entre os poderes público e privado, entre a academia e as
empresas, e que fosse responsável pelas gestões das atividades que envolvessem inovação e
tecnologia se fazia mais do que necessária.
A criação desse organismo vai acontecer em 1993, com o surgimento da ADETEC –
Associação de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região, responsável pela
articulação de diversos programas de inovação, empreendedorismo, desenvolvimento regional
e fomento em atividades de arranjos tecnológicos. A ADETEC surgiu com o propósito de
interligar esforços, concretizando o sonho de tornar a região um destacado pólo de inovação
tecnológica do país (ADETEC, 2004a; PROGRAMA, 2004).
O resgate da história da ADETEC não pode ser dissociado de um breve resgate da
história de Londrina. Nesse sentido, como foi mencionado anteriormente, a posição que a
cidade ocupa hoje como pólo de desenvolvimento regional é resultado de uma construção ao
longo dos anos. Sendin (2002, p. 2) assinala que a região de Londrina “constitui-se em
paradigma de desenvolvimento a partir da década de 30, quando se iniciou o desbragamento
da área, com base no aproveitamento de suas ótimas condições edáficas
14
, viabilizado através
de um modelo de colonização baseado na pequena propriedade e na exploração
cafeeira”.Sendin (2004) lembra que por sua alta produtividade, a região polarizou, na época,
um fluxo migratório atípico que fez com que sua população atingisse a marca de setenta mil
habitantes no final da década de 1940.
Nessa trilha histórica, constata-se que “nos anos seguintes o crescimento populacional
e econômico continuou fortemente baseado no setor agrícola, especialmente na cafeicultura,
levando Londrina a ser a segunda cidade do estado, perdendo apenas para a capital, Curitiba,
na década de 60” (SENDIN, 2002, p. 2).
14
Termo que se refere a características ou qualidades do solo quanto a sua fertilidade.
118
Adversidades climáticas, especialmente uma trágica geada ocorrida em julho de 1975,
associadas a problemas econômicos que afetaram a política cafeeira nacional, marcaram
profundamente a região e culminaram com o quase desaparecimento do plantio do café na
década de 70. A bem da verdade, esses acontecimentos vieram consolidar um processo já
iniciado no final da década de 1960, marcado pela opção por parte de um grande número de
produtores pelo plantio de culturas anuais, a exemplo do atual binômio soja/trigo que viria a
substituir o café (SENDIN, 2002).
Isso teve como conseqüência uma maior concentração das propriedades em direção a
uma “latifundização”
15
. É claro que esse processo implicou a redução de postos de trabalho
no campo e no inevitável êxodo rural, já que as culturas anuais, normalmente mecanizadas,
empregavam um contingente muito menor de pessoas (SENDIN, 2002). Sendin (2002, p. 2-
3), ao fazer menção à Revista Rumos do Norte lembra que:
dessa forma, a partir da década de 70 ocorre na região de Londrina uma
verdadeira “perda de identidade”, pois a cidade que era conhecida como
“capital do café”, deixa de sê-lo de fato a partir de 1975 (após a geada),
embora continue a manter uma fixação cultural com o produto, denominando
seu estádio de futebol de “Estádio do Café” e inaugurando um grande centro
de compras denominado de Shopping Catuaí (uma variedade de café), além
de várias outras manifestações dessa relação emocional que, a partir dessa
década, não mais se embasava na realidade.
Sendin (2002) recorda que esses acontecimentos levaram algumas pessoas mais
comprometidas e envolvidas intelectualmente com a questão do desenvolvimento regional a
questionar qual seria a identidade futura da cidade, que já deixara de ser a capital do café.
Nessa época, um grupo de cerca de quatro ou cinco pessoas ligadas ao IAPAR – Instituto
Agronômico do Paraná e à UEL – Universidade Estadual de Londrina passaram a se reunir
eventualmente para discutir a situação sócio-econômica e as possíveis perspectivas para a
região. Quanto aos vários encontros realizados, Sendin (2002, p. 3), enfatiza que:
15
Gradativa substituição de pequenas propriedades rurais normalmente de cunho familiar por extensas áreas
mecanizadas, cuja posse passa a ser de grandes empresas ou de grandes proprietários.
119
o objetivo maior dessas discussões sempre foi o de conhecer as
potencialidades e as deficiências regionais e buscar mecanismos que
possibilitassem mobilizá-las em benefício do bem estar e da qualidade de
vida da população. Esse processo, iniciado de forma mais concreta por volta
de janeiro de 1988, evoluiu ciclicamente nos anos seguintes, com a inserção
de novos atores, culminando em 1993 com a criação da ADETEC [...].
16
Sendin (2002) lembra que a criação da ADETEC, enquanto Organização do Terceiro
Setor, foi uma atitude pioneira, principalmente em se tratando da sua presença na área de
Ciência, Tecnologia e Inovação. Para o autor, “boa parte deste processo transcorreu alguns
anos antes da disseminação do debate sobre a transferência de ações do setor público para o
Terceiro Setor, ocorrido de maneira mais intensa a partir de 1995, com as propostas
produzidas no âmbito do Ministério de Administração e Reforma do Estado – MARE”
(PEREIRA, apud SENDIN, 2002, p. 3-4).
Ao resgatar os contextos trilhados pela ADETEC, percebe-se que, de fato, as
discussões e mobilizações que originaram a Instituição antecedem, se não no todo, pelo
menos em parte, o período em que mais se debateram as idéias de um Estado brasileiro
mínimo, com a transferência de muitas das suas atribuições à iniciativa privada e, por
extensão, às Organizações do Terceiro Setor.
Sendin (2002, p. 6) registra que na esfera local e regional o processo preparatório de
criação da ADETEC:
mobilizou mais de 200 lideranças [...] e esse alto índice de participação de
per se já poderia ser considerado como um resultado altamente significativo.
No evento propriamente dito a imprensa local, ao resumir os debates
realizados [...] calculou a presença de 160 pessoas que participaram
ativamente, durante um dia todo, das discussões havidas em torno de cinco
painéis, cujos temas foram: Ciência e Tecnologia, Questões Sociais,
Agropecuária, Indústria e Comércio/Serviços.
Para Sendin, (2002), com esse movimento, a região parece ter despertado para os
diversos aspectos do desenvolvimento econômico e para a compreensão de que “crescimento”
16
Grifo do pesquisador
120
é diferente de “desenvolvimento”, embora ambos estejam interligados. Trata-se também de
um marco histórico que despertou a consciência dos envolvidos nas discussões sobre a
necessidade de institucionalizar a iniciativa de se criar o que viria a ser depois a ADETEC
para que as idéias propostas tivessem um mínimo de possibilidade de serem implementadas.
Assim, na esteira das discussões e das articulações:
diversas reuniões, formais e informais, foram realizadas durante o ano de
1993, culminando com a fundação da ADETEC em 23 de setembro de 1993,
em reunião realizada na Folha de Londrina. Nessa reunião, imediatamente
após a decisão de se constituir a Associação, foi também escolhida sua
primeira estrutura organizacional, cujo órgão de definição de estratégias era
um Conselho Deliberativo, com três Membros Honorários e 14 Membros
efetivos (SENDIN, 2004, p. 9).
Conforme Sendin (2002, p. 9-10), a ADETEC nasceu tendo como principal objetivo
articular ou aprovar projetos, programas, e todo tipo de ação voltada para o
desenvolvimento tecnológico de Londrina e região, que resultem em progresso social e
cultural de sua população”
17
. Desde o processo preparatório de sua criação, iniciado em
1988, passando por sua instituição formal em 23 de setembro de 1993, até os dias atuais, a
história da ADETEC confunde-se com a última década da história de Londrina e região,
estando intimamente ligada às decisões políticas e econômicas tomadas pelos vários agentes
nas esferas regional e municipal.
Também não há como deixar de lado as decisões tomadas em nível estadual e
nacional, bem como os reflexos de uma nova ordem política, social e econômica, a
globalização que se acelerou no mundo, principalmente a partir da última década.
Parafraseando Bauer (1999), o fluxo de capitais e o nível de interdependência entre nações e
trans-organizações é tamanho que um simples bater de asas de uma borboleta em Pequim
pode causar inúmeros estragos mundo afora.
17
Grifo do autor
121
Nos seus dez anos de existência, a ADETEC tem se destacado por suas realizações
cuja descrição consta do anexo 13 desta dissertação. Vale dizer que algumas dificuldades
iniciais foram visivelmente superadas pelos bons resultados alcançados. Segundo Sendin
(2002, p. 10):
No caso dos fracassos iniciais, insere-se a intensa participação no
movimento local que buscava trazer uma unidade do CEFET – Centro
Federal de Educação Tecnológica, para Londrina e que não produziu os
resultados esperados, embora chegasse até mesmo a ocorrer a assinatura de
Convênio entre a Prefeitura e o Ministério da Educação com esse objetivo
[...]. Outra tentativa frustrada, embora de menor repercussão política foi a
proposta de criação de uma ´Casa da Ciência`, com fins de divulgação de
C&T em Londrina. Após inúmeras reuniões e promessas de destinação de
um local pelo poder público, a iniciativa não se concretizou.
O estoque de experiências da ADETEC e os bons resultados obtidos a partir da sua
interação com os diversos atores organizacionais e agentes econômicos da região
proporcionaram a concepção e a criação em 1998 do Programa Londrina Tecnópolis – PLT,
coordenado pela ADETEC e implementado a partir de janeiro de 2000. É oportuno registrar
que o PLT é hoje uma das maiores “bandeiras” da ADETEC, constituindo-se em prioridade
absoluta.
O PLT se compõe de “um conjunto de ações estratégicas que consolidarão a região de
Londrina até 2010, como um dos três principais pólos de inovação tecnológica do país, de
forma a assegurar, a seus habitantes, qualidade de vida ambiental e social cada vez melhor”
(PROGRAMA, 2004). O Programa foi concebido com base em uma estrutura de quatro
plataformas tecnológicas e quatro serviços de apoio representados pela PLATIN, PLATALI,
PLATSAÚDE, PLATCON, SIAP, ANIMAÇÃO e SGI, além de Pólos de Tecnologia da
Informação e Comunicação implementados nas cidades de Apucarana e Arapongas. As
atribuições de cada plataforma tecnológica são detalhadas ao final deste capítulo, no título que
discute a estrutura organizacional da ADETEC e os ajustes nela efetuados.
122
Sobre o PLT, é ainda oportuno registrar que enquanto eram colhidos os dados para
esta dissertação, um dos assuntos mais discutidos, tanto na ADETEC, quanto nas várias
instâncias políticas, sociais e econômicas da cidade, era o início da construção do Parque
Tecnológico de Londrina "Francisco Sciarra”, destinado a abrigar toda a estrutura do
Programa. Neste sentido, é ilustrativa a transcrição da notícia abaixo divulgada no
informativo ADETEC NEWS n
o
117 de 17 de maio de 2004:
Codel inicia obras do Parque Tecnológico em junho
Após um exaustivo trabalho de planejamento, a Companhia de
Desenvolvimento de Londrina divulgou na semana passada o edital de
concorrência pública para as obras de infra-estrutura do Parque Tecnológico
de Londrina "Francisco Sciarra". A empresa vencedora, que será conhecida
no dia 02 de junho, terá quatro meses (até setembro) para concluir as obras
da rede de água, esgoto, galerias pluviais e asfalto do terreno de 126.000m2,
localizado na saída de Londrina para São Paulo, onde está sendo implantado
o Parque Tecnológico. O investimento público nessas obras será de R$ 780
mil. Simultaneamente, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) investirá
R$ 120 mil na implantação da rede elétrica do empreendimento. Assim que o
posteamento estiver instalado, a Sercomtel implantará a rede de fibra ótica
do Parque, para permitir comunicações de alta velocidade.
Revisitar o passado de Londrina e da ADETEC foi uma forma de compreender o
contexto que levou à sua criação e conhecer os diversos atores envolvidos neste processo.
Desvendar a história da ADETEC pode auxiliar na compreensão da sua realidade atual,
sobretudo no que se refere às suas questões identitárias. Os parágrafos anteriores mostraram
que a ADETEC foi pensada, “formatada” e criada para auxiliar a cidade a encontrar novos
rumos, novos caminhos, nova identidade, já que perdera a condição que a diferenciava de
outros centros, ou seja, o fato de ter sido até então a “capital do café”. A criação da ADETEC
estabelece uma ruptura entre uma concepção de desenvolvimento baseada na agricultura com
forte ênfase na monocultura do café e uma concepção de desenvolvimento baseada na gestão
do conhecimento e na tecnologia da informação.
123
A seguir, a ADETEC de hoje é apresentada e analisada com base em uma série de
dados colhidos durante esta pesquisa.
4.2 Conhecendo a ADETEC
A retrospectiva histórica mostrada no título anterior confirmou que a história da
ADETEC esteve organicamente ligada à recente história de Londrina, uma cidade desafiada a
encontrar uma nova vocação. Nos próximos títulos, com a apresentação e a análise dos
demais dados colhidos durante esta pesquisa, a ADETEC poderá ser mais bem conhecida e
sua identidade melhor compreendida.
4.2.1 Identificação, Missão e Objetivos da ADETEC
A ADETEC - Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região,
sediada em Londrina – PR, na Avenida Santos Dumont n
o
505, foi constituída como pessoa
jurídica de direito privado sem fins lucrativos em 4 de outubro de 1993, com duração por
tempo indeterminado. De acordo com o Art. 2
o
do seu Estatuto Social (anexo 12), em termos
de finalidade e objetivo social, a missão da ADETEC é: “ser um agente de integração para o
desenvolvimento tecnológico da Região de Londrina contribuindo para o bem estar social de
seus parceiros e colaboradores e para a democratização do conhecimento executando ações de
interesse comunitário [...]”.
A ADETEC foi reconhecida como Entidade de Utilidade Pública pelo Município de
Londrina em 11 de julho de 1994 (Lei 5.827), pelo Estado do Paraná em 12 de julho de 1994
(Lei 11.889) e pela União em 13 de agosto de 2001 (Portaria 735 do Ministério da Justiça).
Foi também reconhecida como OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público
em 12 de dezembro de 2002, ato publicado no Diário Oficial da União em 16 de dezembro de
124
2002 (ADETEC, 2004a).
Em 23 de março de 2004, a ADETEC, que era detentora dos títulos de OSCIP e de
Entidade Pública Federal, deixou de ser OSCIP, ficando apenas com o título de Entidade
Pública Federal, Estadual e Municipal. A seguir é transcrita a notícia veiculada no
Informativo ADETEC News 116 - de 25 de março de 2004 que trata da opção da entidade:
ADETEC fica só com um título federal
OSCIP ou entidade de utilidade pública federal? - eis a questão. A
ADETEC, que ostentava os dois títulos, tinha que optar por um deles e
abdicar do outro até o dia 23 de março último. A opção foi feita: desde
então, deixamos de ser organização da sociedade civil de interesse público
(OSCIP) e ficamos apenas como entidade de utilidade pública federal (e
também estadual e municipal, acrescente-se). A razão da escolha está
vinculada às isenções que a ADETEC pode obter no recolhimento de
contribuições patronais, informa o gerente administrativo-financeiro, Mário
Germiniano. Mário explica que a necessidade de fazer a opção por um dos
títulos estava prevista na Lei 9.790/99, que criou a figura jurídica da OSCIP
e deu prazo de cinco anos para que as entidades que já detinham o título de
utilidade pública federal (outorgado pelo Ministério da Justiça, tanto quanto
o de OSCIP) fizessem a escolha. A ADETEC era uma dessas. Segundo
Mário, as vantagens de uma condição ou de outra são muito semelhantes -
"temos a mesma possibilidade de obter redução de contribuições federais,
por exemplo, e também de obter doações da União", diz ele - mas a escolha
do título de utilidade pública federal se deveu a uma situação especial: só
com ele a ADETEC pode requerer o certificado de entidade beneficente de
assistência social, que é fornecido pelo Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS), e que dá direito à isenção da cota patronal junto ao INSS,
gerando boa economia para a entidade.Não basta, porém, a entidade ser de
utilidade pública federal para ser reconhecida como entidade beneficente de
assistência social; precisa, também, destinar 20% dos recursos que arrecada
a projetos que tenham a população como beneficiária. "Nós já temos
algumas atividades com esse foco, como o Programa de Alfabetização
Digital e o de Inclusão Digital, nos quais são aplicados recursos próprios da
ADETEC em benefício da população", acrescenta o gerente. Daí a intenção
de requerer o certificado do (CNAS), o que deverá ser feito em breve.
(ADETEC, 2004c).
Segundo informações do Gerente Administrativo-Financeiro mencionado na nota
anterior, o que mais pesou na decisão da ADETEC em optar pelo título de Entidade de
Utilidade Pública Federal ao invés de OSCIP foi o fato daquele título ser mais antigo e mais
difícil de ser obtido pelos requisitos legais. A Entidade vê nessa opção vantagens de se
pleitear determinadas isenções tributárias no futuro. Segundo o entrevistado, de imediato, não
125
houve qualquer ganho concreto.
Pelos documentos consultados vê-se que a missão da ADETEC de “ser um agente de
integração para o desenvolvimento tecnológico da região de Londrina, contribuindo para o
bem estar social de seus parceiros [...]” é desafiante, principalmente, por envolver os mais
diversos ativos e atores participantes do desenvolvimento regional. Isso exige da Entidade um
grande esforço de articulação entre demandas e interesses da sociedade e do poder público,
aqui representado principalmente pelos governos municipais. O desafio é ainda maior ao se
constatar que a ADETEC atua em uma região que extrapola a jurisdição local, ou seja,
procura integrar os benefícios do desenvolvimento no eixo Apucarana, Londrina e Cornélio
Procópio, englobando as cidades de Arapongas, Rolândia, Cambé, Ibiporã, Jataizinho e Uraí,
o que implica diversos conflitos de interesses, especialmente na esfera política de cada
município. De acordo com os depoimentos a seguir, as ações da ADETEC são pautadas,
sempre que possível, por sua missão e pelo seu estatuto:
[...] eu diria, bem por linha, o documento básico que é o estatuto da entidade.
Então o estatuto da entidade, eu diria, ou melhor, com certeza é a nossa
constituição. Lá se definem alguns papéis da assembléia geral, do conselho
de administração, do conselho técnico, diretoria, conselho fiscal e outras, e o
relacionamento dessas instâncias decisórias com a equipe funcional (EO2).
[...] porque cumprir a missão faz parte da sobrevivência. Não tem sentido
sobrevivência sem cumprimento da missão, né? [...]- Eu acho que é o
conceito de uma organização que tenta cumprir sua missão. Missão dela,
colaborar e apoiar o desenvolvimento tecnológico da região. Ela vem
fazendo isso às vezes com maior ênfase, às vezes com menor, dependendo
dos recursos que ela consegue captar (IC).
A despeito de uma preocupação quase que generalizada dos entrevistados no sentido
de a ADETEC manter-se no seu foco, a fala de alguns deles aponta uma apreensão no sentido
de que a missão da Entidade tem sido ameaçada, principalmente por questões ligadas à sua
sustentabilidade.
126
A leitura e a análise das atas das reuniões realizadas nos últimos dois anos com a
Diretoria e os Conselhos, apontam que os assuntos tratados naquelas reuniões coadunam com
a missão e com os objetivos da Entidade, embora seja possível perceber um grande dispêndio
de tempo e um esforço concentrado da ADETEC em tratar de temas ligados a sua
sustentabilidade, principalmente em relação à captação de projetos e à celebração de
convênios.
No geral, a conclusão que se tem é que os objetivos e a missão da Entidade estão
claros e bem delineados no estatuto da entidade (anexo 12). Pelas entrevistas, o conceito de
missão pareceu estar internalizado entre os colaboradores da ADETEC, tanto que, a palavra
missão foi uma das mais citadas pelos entrevistados com o sentido de foco, razão de ser e até
de uma bússola da Entidade. Nas consultas documentais, especialmente na pesquisa das atas
de reuniões, o conceito de missão parece permear as discussões e as decisões. A despeito
dessa preocupação coletiva aparentemente internalizada pelos atores da ADETEC em cumprir
a sua missão, há relatos que mostram um outro lado. Um exemplo está no depoimento a
seguir:
[...] A maior dificuldade, a maior ameaça à ADETEC no seu foco, foi e é
realmente a questão da sustentabilidade. Por quê? O fato de não ter uma
sustentação segura, obriga a estrutura a despender esforços brutais na
questão de gerar recursos para a entidade. Então primeiro, tira uma
capacidade, um esforço grande; eu calcularia que a gente acaba tirando 70%
do nosso esforço para carrear, para tentar ganhar recursos [...](EO1).
Trata-se de uma informação preocupante, já que os esforços despendidos para
captação de recursos estão tirando a ADETEC do seu foco. Essa questão é retomada e
analisada com maior profundidade ainda neste capítulo ao se tratar da “Sustentabilidade e
Dependência de Recursos na ADETEC”.
Dando seqüência à apresentação da ADETEC e à construção de reflexões que
auxiliem na compreensão de suas questões identitárias o próximo título discute e analisa a sua
127
estrutura organizacional e os ajustes nela realizados.
4.2.2 Estrutura Organizacional e Ajustes Efetivados
Por sua natureza e pelo seu porte, a ADETEC está estruturada em instâncias
estratégicas e órgãos operacionais. Em nível estratégico a instância maior de deliberação da
Entidade é a Assembléia Geral composta pelos Conselhos de Administração, Conselho Fiscal,
Conselho Técnico, Diretoria e por todos os associados quites com suas obrigações sociais.
Segundo o Art. 19 do Estatuto da ADETEC (anexo 12), a Assembléia Geral deve se reunir
“ordinariamente, no mínimo uma vez por ano, nos primeiros seis meses seguintes ao
encerramento do exercício social [...]”. Em termos extraordinários, a Assembléia Geral será
convocada e reunida sempre que houver necessidade.
Em que pese a existência das instâncias deliberativas, no âmbito operacional, o órgão
que de fato conduz as atividades da Entidade no seu dia a dia é a Coordenação Executiva,
subdividida em plataformas tecnológicas, equipes de trabalho e um Serviço de Informação e
Apoio a Projetos - SIAP. A estrutura organizacional da ADETEC pode ser visualizada no
organograma da figura 3, a seguir. A título de esclarecimento, no mencionado organograma a
sigla da PLATIN aparece ligada à sigla da SOFTEX – Sociedade Brasileira de Promoção da
Excelência em Software para identificar a integração da PLATIN à SOFTEX. Essa ligação
aparece nos organogramas utilizados pela Entidade.
128
Figura 3 – Estrutura Organizacional da ADETEC
Conselho Fiscal
Portal Animação Formacon Adm. Financeira SIAP PLATIN/SOFTEX PLATSAÚDE PLATCON PLATALI
Coordenação Executiva
Diretoria
Conselho de Administração Conselho Técnico
Assembléia Geral
Fonte: área de Administração e Finanças da ADETEC
A Diretoria da ADETEC é composta por um Presidente, Vice-Presidente Empresarial,
Vice-Presidente Acadêmico, Vice-Presidente Institucional, Primeiro Secretário, Segundo
Secretário, Primeiro Tesoureiro, Segundo Tesoureiro e Três Conselheiros Honorários. Os
Conselheiros Honorários, com direito a voto nas reuniões, integram a Diretoria em caráter
permanente, sendo compostos por pessoas que já tenham exercido os cargos de Diretor-
Presidente ou Presidente do Conselho de Administração. Segundo o Art. 39 do Estatuto da
ADETEC compete ao Diretor-Presidente representar ativa e passivamente a entidade em
termos jurídicos, administrativos e comerciais.
O Conselho Fiscal é composto por cinco representantes, sendo três titulares e dois
suplentes, o Conselho Técnico por vinte e um integrantes e o Conselho de Administração por
129
trinta e três representantes, sendo, dezessete titulares e dezesseis suplentes. Um dos
Conselheiros é eleito Presidente do Conselho de Administração. Os nomes dos respectivos
Conselheiros e as Instituições que representam, bem como os nomes dos componentes da
Diretoria da atual gestão, constam dos anexos 4 e 5. Já a composição da Equipe Operacional
vinculada à Coordenação executiva consta do anexo 6.
Os integrantes dos Conselhos e da Diretoria são voluntários que cumprem mandato de
dois anos na Entidade, sendo tais mandatos renovados nos anos ímpares. Especialmente com
relação à periodicidade de troca de Diretores e de Conselheiros, a ADETEC vem adotando
algumas práticas que minimizam possíveis problemas de descontinuidade administrativa. São
elas:
os Conselheiros são indicados por instituições e empresas parceiras da ADETEC.
Neste caso, a representação institucional é permanente,
com isso, a despeito de haver troca de conselheiros de um mandato para outro, a
instituição que indica continua sendo a mesma. Isso, de certa forma, possibilita
uma continuidade em termos de filosofia de trabalho,
tanto os Conselheiros como os Diretores podem ser reeleitos,
a Diretoria é indicada pelo Conselho de Administração e referendada pela
Assembléia Geral,
a troca de Diretores e de Conselheiros não acontece em bloco entre uma gestão e
outra e sim, de forma gradativa ao longo das gestões.
Em termos operacionais, os programas e projetos da ADETEC são geridos pelas
quatro plataformas tecnológicas apresentadas no organograma: PLATIN, PLATCON,
PLATSAÚDE, PLATALI com o apoio do SIAP – Serviço de Informação e Apoio a Projetos
130
e das demais equipes que compõem a Coordenação Executiva. Os projetos negociados e
captados são alocados e gerenciados, dependendo da sua natureza, dentro de uma das
plataformas tecnológicas, configurando no caso das plataformas uma estrutura por projetos.
Sobre essa questão é oportuno observar os depoimentos a seguir:
Se a gente for pensar numa estrutura, visualizar uma estrutura da ADETEC
neste período, ou seria uma estrutura por projeto, ou mais ainda uma
estrutura matricial. E as pessoas não ficavam só num projeto, elas acabavam
participando de mais de um projeto, ou de mais um programa dentro do
grande Programa Londrina Tecnópolis (IC).
Então, em termos de estrutura, ela vem se cristalizando dentro dos projetos
do Programa Londrina Tecnópolis, mas embora a gente tenha tido algumas
discussões sobre esta necessidade de estruturação, nunca chegou a ser
totalmente formalizado isso (IC).
Em termos de ajustes, constata-se que a mudança mais significativa enfrentada pela
ADETEC nos últimos anos foi a ocorrida em meados de 2003. Na época, a Entidade
enfrentou sérios desafios em termos de sustentabilidade. Com o fim dos convênios entre a
ADETEC e a FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos para implantação do Programa
Londrina Tecnópolis e atrasos na liberação de novos recursos, a Instituição teve que operar
diversos ajustes internos para superar aquele momento:
As atividades de comunicação e marketing, inclusive o programa de TV,
assim como a Plataforma de Saúde e o Sistema de Gestão foram
temporariamente suspensos [...]. As atividades administrativas da entidade
também foram afetadas, com redução de jornada de trabalho e de salários
para equilibrar as contas (ADETEC, 2003a, p. 3).
Entretanto, a experiência que parece ter sido mais traumática na época foi a reestruturação
da PLATIN, que teve grande parte da sua estrutura desmembrada, tendo sido os
correspondentes colaboradores realocados no mercado:
quatro deles constituíram uma nova empresa (spin-off) na cidade de Londrina,
131
dois deles tiveram suas competências aproveitadas em uma tradicional empresa da
área de tecnologia da informação instalada na cidade.
Com os ajustes efetuados, a PLATIN, que era a maior plataforma da ADETEC ficou com
uma estrutura bastante reduzida e que permanece até hoje, tendo à sua frente apenas uma
pessoa na função de coordenador da Plataforma:
[...] a Plataforma de Tecnologia da Informação do Programa Londrina
Tecnópolis também está passando por uma importante transformação. Na
semana passada, a Diretoria da ADETEC autorizou a equipe da PLATIN a
constituir uma empresa privada, especializada em Engenharia de Software,
para continuar trabalhando em colaboração com a Plataforma [...]. Nas
próximas semanas a ADETEC vai selecionar um novo coordenador para a
PLATIN, que dará seqüência ao plano de trabalho da plataforma, em
colaboração com a equipe que se despede (ADETEC, 2003, p. 3).
Em que pese o fato da empresa criada com o desmembramento citado se propor a
trabalhar em parceira com a Plataforma, bem como o fato da PLATIN, ainda que com uma
estrutura enxuta continuar com os seus propósitos originais de dar suporte ao PLT, não há
dúvidas de que o ajuste efetuado representou uma ruptura nos objetivos da ADETEC afetando
sua missão, tanto no plano concreto quanto no plano simbólico. Vale dizer que a PLATIN,
por sua atuação e seu foco voltado para a área de soluções em tecnologia da informação
constitui-se em um dos importantes pilares da missão da ADETEC que é “ser um agente de
integração para o desenvolvimento tecnológico da Região de Londrina [...]”.
Também no rol dos ajustes feitos para contenção de despesas e manutenção da
sustentabilidade da ADETEC vale dizer que as plataformas PLATCON e PLATSAÚDE
tiveram suas atividades provisoriamente suspensas. Essas atividades vêm sendo
gradativamente retomadas. Sobre os ajustes realizados são ilustrativos os seguintes
depoimentos:
132
Eu acho que os ajustes aí foram derivados, digamos, do crescimento e
redução do tamanho. Os ajustes não chegaram a ser assim uma decisão –
vamos reajustar desse jeito ou daquele jeito. O que aconteceu é que a
implantação do Programa Londrina Tecnópolis se expandiu muito. De
repente, pegando só o pessoal do nível mais técnico trabalhando, eu acho
que deveria ter aí umas quinze ou vinte pessoas. E depois que isso foi
reduzido no último ano, aí passou a ser um tamanho bem menor. E isso,
claro, provoca mudança na estrutura, mas derivada muito do tamanho (IC).
O que aconteceu é que com as mudanças todas, governamentais, perda de
rotina, perda de memória, no caso, acabou acontecendo que além do recurso
para a continuidade ser menor, a liberação desses recursos atrasou. O recurso
que era para sair em junho, julho, foi sair em outubro, novembro [...] (EO1).
Em termos de estrutura, o arcabouço organizacional da ADETEC mostra-se
compatível com a sua missão e com os seus objetivos. De um lado, as instâncias deliberativas
compostas pela Assembléia Geral, pelos Conselhos e por uma Diretoria são similares às
praticadas em outras ONGs, conforme atestam Barbosa e Oliveira (2002). Por outro lado, a
existência de uma Coordenação Executiva subdividida em plataformas tecnológicas, equipes
de trabalho e um Serviço de Informação e Apoio a Projetos – SIAP, é bastante peculiar à
missão e aos propósitos da ADETEC.
Em termos de ajustes, os dados colhidos mostram que eles foram decorrentes de
rearranjos internos realizados como forma da Entidade sobreviver a um momento difícil,
enfrentado no ano de 2003. Os ajustes e suas conseqüências deixam visíveis a fragilidade da
ADETEC na questão ligada à dependência de recursos. Como foi mencionado anteriormente,
a Organização despende muita energia e criatividade para conseguir recursos e reduzir custos
como forma de se manter viável. A solução adotada pela ADETEC (ajuste organizacional e
suspensão de atividades) não é nova e tem sido adotada como sobrevivência pelas
organizações de uma forma geral e tamm pelo Terceiro Setor em momentos de crises
financeiras. A prática da ADETEC configura o que Dimaggio e Powel (1983) chamam de
isomorfismo mimético. No caso da ADETEC, a suspensão temporária de atividades e de
projetos, e principalmente o desmembramento da PLATIN, foram as soluções encontradas.
133
Embora não havendo manifestações explícitas de que os ajustes organizacionais e as
práticas de suspensão de atividades tenham afetado a identidade da Organização (muitos
entrevistados negam essa possibilidade), o fato é que, o cotejo dessas informações com a
missão da ADETEC, deixou claro que neste caso sacrificou-se o foco em prol da
sobrevivência.
Com o objetivo de apresentar mais informações sobre a ADETEC, o próximo título
descreve as atividades desenvolvidas no âmbito das plataformas tecnológicas e das equipes de
trabalho vinculadas à Coordenação Executiva.
4.2.2.1 Processos de trabalho da ADETEC
Na Organização pesquisada os processos de trabalho acontecem em duas instâncias
distintas, de forma peculiar a cada uma delas. Na instância deliberativa, conduzida no âmbito
da Assembléia Geral, dos Conselhos e da Diretoria são tomadas as decisões estratégicas e
traçadas as diretrizes da Entidade em reuniões específicas, ordinárias ou extraordinárias. Um
exemplo de decisão tomada no nível estratégico foi a autorização para o desmembramento da
PLATIN ocorrida em meados de 2003, decisão esta tomada pela Diretoria da Entidade. Como
já foi mencionado anteriormente, por força do Estatuto da ADETEC, a Assembléia Geral se
reúne de forma ordinária, no mínimo uma vez por ano, nos primeiros seis meses seguintes ao
encerramento do exercício social. O encerramento do exercício social da ADETEC coincide
com o encerramento do ano civil. As reuniões ordinárias da Diretoria são mensais e as dos
Conselhos são semestrais.
As tarefas diárias ocorrem na esfera da Coordenação Executiva, sendo executadas
pelas plataformas tecnológicas e pelas demais equipes de trabalho. É interessante reiterar que
as atividades desenvolvidas dentro das plataformas tecnológicas estão, em sua maioria,
134
atreladas ao PLT – Programa Londrina Tecnópolis. A seguir são apresentadas de forma
resumida, as atividades desenvolvidas pelas plataformas e pelas demais equipes de trabalho:
PLATIN – Plataforma Londrina de Tecnologia da Informação:
atuação no fortalecimento da indústria de software na região, adotando padrões
tecnológicos e de qualidade de software internacionalmente aceitos e criando
competências para a captação de grandes projetos de desenvolvimento nos mercados
nacional e internacional. Atuação ainda no desenvolvimento da competência regional em
softwares para telecomunicações, articulando projetos cooperados entre empresas
demandantes e fornecedoras de tecnologia, com participação das Universidades e
profissionais da região. Esse trabalho é vinculado a um núcleo da PLATIN denominado
NUCOM. A PLATIN é atualmente coordenada e conduzida por um colaborador;
PLATALI – Plataforma de Alimentos:
atuação na organização das empresas do setor alimentar, integrando-as aos demais
elementos da cadeia. Desenvolvimento de programas de empreendedorismo junto a
estudantes e professores de graduação, mestrado, doutorado e junto a pesquisadores,
incentivando a criação de novas empresas de base tecnológica no setor. Criação e apoio a
programas de pré-incubação de projetos e incubação de empresas inovadoras na área de
alimentos. Criação de programas de apoio à inovação tecnológica no setor, envolvendo
projetos cooperativos, transferência de tecnologia, estágios supervisionados, apoio à
propriedade intelectual. A plataforma é conduzida atualmente por três colaboradores (um
fixo e dois em projetos) além da participação de representantes da UEL e da EMBRAPA;
135
PLATCON – Plataforma do Conhecimento:
articulação e integração dos ofertantes de Educação, P&D e Serviços Tecnológicos em
áreas estratégicas para o desenvolvimento regional. Trabalhos na geração de uma base de
dados consistente sobre as competências disponíveis na região (parceria com o SIAP –
Sistema de Informação e Apoio a Projetos). Realização de trabalho nessa base de dados
como ferramenta de comunicação e marketing com o mercado de Londrina e região,
visando a atração de empreendimentos de base tecnológica. Envolvimento na
sensibilização da comunidade em geral, especialmente das escolas de primeiro e segundo
graus, para a nova realidade mundial da Sociedade do Conhecimento, seus riscos e
oportunidades, através de disciplinas específicas, feiras de ciências, museu da ciência e
outros mecanismos. A PLATCON esteve com suas atividades temporariamente suspensas
estando em fase de reativação;
PLATSAÚDE – Plataforma da Saúde:
A PLATSAÚDE está temporariamente com suas atividades suspensas;
PORTAL – Portal Londrina Tecnópolis:
comunicação e marketing via Internet. Utiliza atualmente em torno de três colaboradores;
ANIMAÇÃO:
comunicação, marketing, secretaria, organização de eventos. Atividades conduzidas por
dois colaboradores;
136
FORMACON – Programa de Formação Continuada:
venda de cursos e treinamento. Capacitação de estudantes e profissionais de informática e
Engenharia nos padrões adotados pela Fábrica de Software e NUCOM. Formação de
profissionais de administração, marketing e vendas para atuar em negócios envolvendo
tecnologias avançadas. Atividades em processo de terceirização com a utilização de
quatro colaboradores;
ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA:
condução de toda parte administrativa e financeira da ADETEC. Controles de uma forma
geral, inclusive de custos. Sete colaboradores estão envolvidos nestas atividades;
SIAP – Sistema de Informação e Apoio a Projetos:
desenvolvimento de uma base integrada de dados sobre a região, reunindo as diversas
bases existentes e mantendo-a permanentemente atualizada (parceria com a PLATCON).
Disponibilização dessa base à população através da Internet. Atendimento das demandas
do Programa Londrina Tecnópolis e do mercado, em termos de estudos e projetos.
Prestação de serviços de assessoria e consultoria especializada. Disponibilização de um
sistema para ações de comunicação e marketing (parceria com a ANIMAÇÃO),
divulgação às empresas e instituições de oportunidades para desenvolvimento de projetos.
O SIAP utiliza os trabalhos de dois colaboradores.
Finalizando a descrição das atividades desenvolvidas em nível operacional, é oportuno
destacar a existência de uma ferramenta de gestão denominada SGI – Sistema de Gestão
137
Integrada, acoplado em avançados recursos de informática e que se presta como um Sistema
de Gestão para a ADETEC, voltado especialmente para o gerenciamento do PLT. Essa
solução não chegou a ser concluída, estando em uso, apenas parte dela.
Os dados coletados mostram que a comunicação flui bem nas equipes operacionais,
tanto internamente (dentro de cada equipe) como entre uma equipe e outra. Este processo é
facilitado pela proximidade física das pessoas e pelo fato da Coordenação Executiva ser
composta por um grupo de trabalho relativamente pequeno. Também é relevante o fato de as
equipes de trabalho estarem distribuídas em salas de tamanho médio, todas localizadas em um
mesmo pavimento do prédio. Em nível de cada equipe ocorrem reuniões pontuais sempre que
há algum problema específico para ser resolvido. Em nível decisório, há um comitê que se
reúne semanalmente ou sempre que necessário. Esse comitê é composto pelo Coordenador
Executivo, pelo gestor da área de Administração e Finanças, pelo gestor do SIAP e pelos
coordenadores das plataformas tecnológicas.
As visitas realizadas na ADETEC acompanhadas da observação não participante
possibilitaram ao pesquisador depreender que os processos de trabalho da Entidade são bem
mais informais do que aqueles praticados nas demais empresas, aproximando a ADETEC das
organizações chamadas por Serva (1993) e Serva (1997) de “organizações substantivas”.
Neste sentido, o depoimento a seguir é, no mínimo, ilustrativo:
Poderia dizer que os processos de trabalho aqui, que eles são muito
informais, até pelo tamanho da equipe e pelo comprometimento das pessoas
com a entidade. Não existe uma relação de trabalho mais rígida, formal.
Pelo menos o pessoal mais técnico, não se sente, digamos, empregado da
ADETEC. Sempre puxando um empreendimento, como algo até meio
sonhador (IC).
Em termos de processos de trabalho, os dados apresentados mostram que as atividades
desenvolvidas pelas equipes de trabalho e pelas plataformas tecnológicas e o portfólio de
138
serviços disponibilizados à cidade e à região é um esforço da ADETEC em cumprir a sua
missão. A Entidade surpreendeu na medida em que foi pesquisada, principalmente pela
constatação do grau de profissionalismo de algumas pessoas que coordenam as equipes
analisadas.
Um clima organizacional de aparente harmonia parece envolver as pessoas e suas
tarefas. Não se trata de fazer apologia a um local etéreo povoado por criaturas sobre-
humanas. É claro que existem os conflitos inerentes a todo ambiente de trabalho. Entretanto, o
que parece ser o diferencial dos processos de trabalho da ADETEC em relação a outras
instituições, é que os seus colaboradores mostram-se mais comprometidas do que o normal,
com as tarefas que executam. Neste caso, sob a ótica identitária, os processos de trabalho da
ADETEC dão à Entidade características próprias e exclusivas, diferenciando-a de outras
empresas ou instituições (CESAR e MACHADO-DA-SILVA, 2002). Todavia, sob outros
aspectos, a ADETEC não parece tão exclusiva. É o que passa a ser visto no título seguinte.
4.2.3 Sustentabilidade e Captação de Recursos na ADETEC
O esforço da ADETEC em cumprir sua missão oferecendo um portfólio de serviços à
cidade e à região tem um custo financeiro que precisa ser coberto. Para equilibrar essa
equação há apenas uma solução: captação de recursos. O descasamento entre os custos e as
fontes de recursos para cobri-los parece aumentar. Isso tem sido um grande desafio para o
Terceiro Setor como um todo. Com a ADETEC não é diferente. Afinal, a Entidade precisa se
manter e com isso a questão de sua sustentabilidade torna-se cada vez mais prioritária:
Bom, o problema principal em qualquer organização sempre é dinheiro.
Qualquer organização e até de qualquer indivíduo.Se você não sobrevive,
você morre. Não tem opção. Então, a questão de captação de recursos passa
a ser uma coisa importantíssima. Sem isso você não consegue sobreviver [...]
(IC).
139
Os dados analisados nos títulos anteriores apontam que nas reuniões dos Conselhos e
da Diretoria, um dos temas recorrentes tem sido a questão de recursos, de forma direta ou
subjacente. A situação começa a se tornar problemática a partir do momento em que esses
mesmos dados apontam que a Instituição despende muita energia buscando formas de se
manter. É exatamente ai que Montãno (2002) alerta para o risco da atividade de captação de
recurso tornar-se um fim e não um meio.
O dilema se estabelece a partir do momento em que o Terceiro Setor sai de uma
posição passiva de esperar pela ajuda pública e privada e vai à caça. Fica claro que se a
entidade dispusesse de fontes próprias de recursos e de repasses do poder público de forma
regular, isso poderia assegurar uma visão de futuro, pelo menos de médio prazo e muitos
esforços que hoje são carreados para uma atividade meio (captar recursos), seriam deslocadas
para a atividade fim (fazer gestão social).
Como uma alternativa de fazer frente às suas despesas de custeio, a ADETEC recebe
contribuições mensais de empresas associadas, de sócios âncoras e de sócios mantenedores.
Os nomes desses doadores constam nos anexos 7 e 8 deste trabalho. Todavia, o montante
arrecadado é bem inferior aos gastos da Entidade.
Essa situação leva à necessidade de a Entidade buscar complemento de receitas por
meio de parcerias formalizadas junto a Universidades, Institutos de Pesquisa, Órgãos de
Fomento e Poder Público e até mesmo através da prestação de serviços, como a realização de
consultorias ou a venda de treinamentos. A venda de serviços e a realização de consultorias
não seriam preocupantes se fossem esporádicas e se constituíssem em uma forma alternativa
de complementar as receitas Essas ações tornam-se problemáticas na medida em que passam a
ser contumazes, transformando-se, como já foi mencionado anteriormente, em atividade fim.
140
Uma forma de enfrentar o impacto da escassez de recursos mantendo a
sustentabilidade da ADETEC tem sido a de interromper temporariamente determinadas
atividades ou suspender por um determinado tempo, alguns projetos que aguardariam a
normalização da situação. Essa foi a alternativa encontrada pela ADETEC para superar as
dificuldades enfrentadas em meados de 2003.
Entendendo que a decisão tomada tenha sido a mais adequada para o problema na
época, já que de outra forma corria-se o risco até de desativar equipes, ainda assim, há que se
reconhecer que a suspensão de um projeto ou de uma atividade, por mais temporária que seja,
colide frontalmente com a razão de ser da ADETEC.
A pesquisa mostrou que a sustentabilidade da Instituição está bastante atrelada na
formalização de convênios para gerenciamento e execução de projetos. A título de exemplo,
valores expressivos foram e são repassados para a Entidade por conta dos projetos ligados ao
Programa Londrina Tecnópolis - PLT. Com relação ao financiamento de projetos, os dados
da pesquisa apontaram que ao liberar recursos, muitos financiadores não levam em conta os
custos administrativos do projeto que, no caso, acabam recaindo sobre a ADETEC, que por
sua vez, não dispõe de orçamento específico para essas despesas. Tratam-se de custos
variáveis que aumentam na mesma proporção em que aumentam os projetos em curso. Como
exemplos podem ser citados custos com telefone, custos com viagens e deslocamentos, dentre
outros. Como os recursos de cada projeto são repassados sem qualquer sobra financeira, a
ADETEC, paradoxalmente, acaba assumindo um ônus na medida em que capta um novo
projeto:
[...] geralmente, quando você pega recursos da FINEP ou do Governo do
Estado, não se paga conta de água, luz, telefone [...], não é orçado dentro do
projeto. Na verdade, nenhuma instituição dessa paga, entendeu? Ai pega...
(ECFG).
Os organismos dão dinheiro, mas eles não dão dinheiro para taxas de
administração. Eu tenho projetos que foram captados via ADETEC, via
141
Platali, mas não existe um recurso para a administração. A ADETEC assume
despesas decorrentes da necessidade. Se são do Governo do Estado eles
chamam: “Vocês têm que vir aqui porque nós vamos fazer uma reunião
assim, assim, ...” E alguém tem que ir e não tem orçamento para ir [...] (D1).
A situação só não é pior pois, em contrapartida, cada projeto captado gera recursos
para remunerar os pesquisadores e ao mesmo tempo gera dividendos sociais e tecnológicos
para cidade e região. A seguir, é apresentado um inventário dos projetos que estão andamento
na ADETEC. Dois desses projetos estão com os seus recursos em fase de liberação:
Projetos vinculados ao Programa Londrina Tecnópolis - PLT,
Projeto “Arranjos Produtivos Agro-Industriais na Região de Londrina” Recursos:
FINEP, quatro empresas locais e Governo do Estado do Paraná,
Projeto “SIAP: Sistema de Informação e Apoio a Projetos da ADETEC” Recursos:
SEBRAE,
Projeto “Produção de Filmes Biodegradáveis à Base de Amido”
Recursos: Governo do Estado do Paraná - em fase de liberação,
Projeto “Centro de Referência em P&D de Alimentos Funcionais”
Recursos: Governo do Estado do Paraná - em fase de liberação.
Os desafios aqui apresentados foram detectados durante esta pesquisa. Percebe-se que
os stakeholders da Entidade têm noção dessas dificuldades e na medida do possível têm
procurado soluções preservando o seu foco. O que torna a questão preocupante é que, como já
foi mencionado, a contumaz busca de recursos despende muito tempo e energia da ADETEC
e isso pode, por si só, constituir um desvio de foco.
Outras possíveis ameaças à missão da ADETEC são discutidas no próximo título, que
trata da relação da Entidade com os seus ambientes e das pressões por eles impostas.
142
4.2.4 Ambientes da ADETEC: interações e pressões
As organizações estão inseridas em ambientes com os quais interagem e com os quais
buscam estabelecer transações de equilíbrio. O desequilíbrio nessas relações é uma disfunção
que pode interferir na identidade da organização.
Os principais ambientes com os quais a ADETEC interage são: a área de Ciência e
Tecnologia da cidade e da região, representada pelo IAPAR, EMBRAPA, UEL e empresas do
setor de informática, além de outras instituições que compõem o seu ambiente técnico. Em
decorrência da sua missão ligada ao desenvolvimento tecnológico, a ADETEC, em termos de
ambiente institucional, está organicamente vinculada ao ambiente sócio-político e empresarial
da cidade de Londrina e da região. Essa composição ambiental é ratificada pelos depoimentos
a seguir:
A gente tem dois grandes ambientes. Um é o ambiente geral de ciência e
tecnologia. Pela missão da ADETEC, ela obrigatoriamente está inserida
neste ambiente. Em nível regional, municipal envolve IAPAR, envolve
EMBRAPA, envolve UEL, outras entidades de ensino superior, e envolve
algumas entidades do terceiro setor que existem também aqui. Envolve o
SBPC, envolve FAUEL, ITEDES, FAPEAGRO e outras entidades que
trabalham, algumas até do terceiro setor que trabalham com a área de ciência
e tecnologia. E por se preocupar com o desenvolvimento regional, a
ADETEC está envolvida também no ambiente, digamos, sócio-político da
região [...] (IC).
[...] é uma coisa importante. A gente analisa o seguinte: a ADETEC tem três
pernas mais fortes, e é importante para ela que raramente as três pernas estão
funcionando bem. Uma perna nós podemos dizer que é a academia, a
universidade, principalmente a UEL, IAPAR e EMBRAPA; e desses,
especialmente a Universidade. A outra perna é o setor empresarial,
principalmente a ACIL, a FIEP. Uma terceira perna é o setor público,
principalmente a prefeitura, os órgãos. Ela é um elemento que procura
integrar estes três dentro de um projeto para a região. Então, realmente as
mudanças nessas áreas influenciam bastante, a ADETEC é muito permeável
a esse tipo de coisa. O que a gente procura é sempre manter um canal aberto.
O que seriam as pernas fortes da ADETEC, o que está garantindo o trabalho
da ADETEC? Na área pública, principalmente a FINEP; na área privada, a
gente vem recebendo um apoio bom da FIEP, e esperamos a partir de agora,
melhorar bem o trânsito, o relacionamento com a Associação Comercial; e
na área acadêmica, nossa perna forte é uma área onde a gente tem menos
143
problemas, porque existe mais cooperação com a UEL, com o IAPAR, com
a EMBRAPA (EO1).
Como forma de otimizar a interação com os seus ambientes, a ADETEC se utiliza das
seguintes estratégias de comunicação
:
elaboração e expedição do ADETEC News, um informativo eletrônico que veicula
notícias de interesse da área de C&T e que tem como público em torno de quatro
mil destinatários. A periodicidade desse informativo era inicialmente semanal,
tornando-se depois quinzenal. Atualmente, o ADETEC News tem tido uma
periodicidade próxima da mensal.
promoção de diversos eventos já inseridos no calendário de eventos da cidade e
tradicionalmente conduzidos no decorrer do ano pela Entidade: Mostra
Internacional de Tecnologias e Agronegócios – Ruraltech, Destaque Tecnológico
– Prêmio Banco do Brasil, Jornada Tecnológica Internacional de Londrina, Fórum
Londrina Tecnópolis e Maratona de Empreendedores. Nesses eventos,
normalmente a ADETEC tem o apoio ou o patrocínio da FINEP, TECPAR, Itaipu
Binacional, Banco do Brasil e Sociedade Rural de Londrina, dentre outros
parceiros. Os eventos são eficazes instrumentos de promoção e aproximação da
Entidade aos seus diversos públicos. Isso remete ao que Canton (2002) comenta,
que no âmbito do Terceiro Setor, os eventos são bastante estratégicos para dar
maior visibilidade às suas Entidades.
ocupação de espaços na imprensa escrita, especialmente nos Jornais Folha de
Londrina e Jornal de Londrina. Consulta realizada nos arquivos de press clipping
da ADETEC mostrou durante o ano de 2003 a publicação de vinte e oito matérias
144
no Jornal Folha de Londrina e vinte e cinco no Jornal de Londrina. No ano de
2002 foi detectada a divulgação de trinta e três matérias na Folha de Londrina e
trinta e nove no Jornal de Londrina.
As matérias publicadas privilegiam a divulgação e a avaliação dos eventos
promovidos pela ADETEC, bem como à condução do Programa Londrina Tecnópolis. A
ADETEC tem um bom trânsito junto ao Jornal Folha de Londrina e ao Jornal de Londrina,
considerados os veículos de maior tiragem e circulação na cidade e na região. Vale destacar
que a Entidade manteve durante o ano de 2002 (janeiro a dezembro) um programa de
televisão na Rede SBT de Londrina, em formato de entrevistas com políticos, personalidades
da cidade, profissionais, professores e outras entidades do Terceiro Setor. Esse programa de
TV foi suspenso em 2003 como forma de se reduzir custos. Também a alteração na
periodicidade do informativo ADETEC News foi decorrente de medidas para contenção de
custos. Nesse caso, houve a suspensão do contrato de trabalho de um jornalista que dava
assessoria de imprensa à ADETEC, cuidando inclusive da editoração do ADETEC News.
Em que pesem as estratégias mencionadas para dar maior visibilidade à organização,
percebe-se que a ADETEC não é devidamente reconhecida na sociedade de Londrina. Isso foi
constatado pelo autor desta dissertação ao longo da pesquisa e mais especificamente durante
as entrevistas. Em contato com pessoas do segmento empresarial, de prestação de serviços e
mesmo do segmento acadêmico, quando se falava da ADETEC, a reação quase sempre era de
surpresa ao ouvirem sobre os trabalhos realizados pela Entidade. Com isso, nota-se que se faz
necessária uma melhor articulação da ADETEC com o ambiente político-empresarial da
cidade. Neste sentido, é oportuno refletir sobre o depoimento a seguir:
Talvez aí também esteja uma grande falha da ADETEC dela tá, mas não é
culpa dela também, porque ela tem que estar lá no dia a dia dela, é o que
falamos, ela tem que desviar do seu foco para ir colocando o dinheiro no
145
caixa. Mas desviando o seu foco ela não consegue estar levando para a
comunidade a verdadeira vocação dela. Então eu vejo que a comunicação
hoje, puxa vida, a classe empresarial, se você pegar eu tenho praticamente
certeza, talvez não vão bater números aí, mais de 50% de empresários que
nem sabem o que é a ADETEC e nem sabem a principal vocação dela.
Apesar da ADETEC já ter 10 anos. Embora passe anualmente aquela
divulgação anual, aquele jantar e ainda eu acho que nós não estamos
conseguindo levar isso num processo de comunicação mais eficiente, sabe?
Então fica no meio de uma elite intelectual, daquelas pessoas, dos
empresários que se identificam com o processo, mas veja, nós temos
inúmeros empresários aqui em Londrina que mexem na área de tecnologia
que poderiam estar lá, de repente, levando as suas dúvidas para a ADETEC e
fazendo algumas parcerias, né? Eu acho que nós ainda falhamos por isso
(SE).
No âmbito público, o
ambiente político mostra-se especialmente crítico para os
trabalhos da ADETEC, principalmente em virtude da troca de políticos a cada eleição, o que
implica em descontinuidade dos trabalhos. Em épocas de eleições municipais como as
previstas para o mês de outubro de 2004, o trabalho de articulação da ADETEC é
intensificado. A Entidade tem promovido reuniões com os candidatos à prefeitura local,
apresentando-lhes os ativos tecnológicos da cidade, o andamento dos seus trabalhos e ao
mesmo tempo procurando ouvir desses candidatos o que eles pretendem, se eleitos, fazer em
relação a essa área. O informativo ADETEC News n
o
119 de 19 de julho de 2004 divulga aos
seus leitores a iniciativa da ADETEC:
Adetec apresenta propostas para eleições 2004
Continuidade do Programa Londrina Tecnópolis, como estratégia de
inserção competitiva da região na Economia do Conhecimento; consolidação
do Parque Tecnológico de Londrina como importante habitat de inovação;
fortalecimento das competências regionais em Alimentos Funcionais,
software e serviços e Tecnologias da Saúde, que são aquelas em que a região
pode ser mais competitiva; implantação do Fundo Municipal de Ciência e
Tecnologia. Estas são as principais propostas da Associação do
Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região para os candidatos a
prefeito e vereador de Londrina nas eleições deste ano. Elaborado pelo
Conselho Técnico da Adetec, formado por 17 especialistas de importantes
instituições e empresas da região, e referendado pelo Conselho de
Administração na semana passada, o documento começa a ser entregue hoje
(19 de julho) pelo diretor presidente, Florindo Dalberto, pelo presidente do
CA, Oezir Kantor, e outros diretores da entidade.Os primeiros candidatos a
receber a proposta serão Alex Canziani, PTB (hoje às 10:00 hs), Barbosa
Neto, PDT (hoje 15:00 hs), Luiz Carlos Hauly, PSDB (amanhã 10:00 hs),
146
Antonio Belinati, PSL (amanhã 12:00 hs), Félix Ribeiro, PMN (amanhã
14:00 hs) e Elza Correia, PMDB (amanhã 15:30 hs); os demais abriram suas
agendas para a próxima semana.Além do documento de quatro páginas, a
Adetec está oferecendo a todos os candidatos a possibilidade de realizar
seminários para suas coligações partidárias, candidatos a vereador e equipes
de campanha, para aprofundar os temas e propostas para o desenvolvimento
tecnológico da cidade nos próximos anos."Esperamos contribuir com o
debate eleitoral, ajudando a população e a próxima administração municipal
a sintonizar Londrina com essa grande tendência mundial, que é a criação de
empresas, empregos e riqueza social a partir do conhecimento gerado em
universidades, institutos de pesquisa e empresas de base tecnológica" - diz
Florindo Dalberto, presidente da Adetec.
Ao longo da fundamentação teórica deste trabalho foi afirmado, com base em Scott
(1995, p. 132), que “as organizações são afetadas e até mesmo penetradas por seus ambientes”
ou ainda, que as organizações estão inseridas em ambientes com os quais interagem. No
Terceiro Setor, especialmente em uma Entidade como a ADETEC, que tem sua missão
voltada para a área de Desenvolvimento, Inovação e C&T, as influências ambientais se
potencializam, especialmente no que se refere ao ambiente sócio-político. Nesse ambiente, a
Organização acaba se sujeitando a uma série de pressões isomórficas, conforme discutem
Dimaggio e Powell (1983) ao afirmarem que, organizações que atuam em um mesmo campo
tornam-se muito semelhantes quer seja em sua forma, quer seja em suas práticas, moldadas
por pressões ambientais
Na ADETEC, a influência do ambiente institucional pode conduzir ao fenômeno
denominado por Dimaggio e Powell (1983) de isomorfismo coercitivo. Neste caso, as
pressões ambientais decorrem da imposição à Entidade de regras e normas para que ela
obtenha legitimidade e apoio dos diversos agentes com os quais interage. O ambiente
institucional da ADETEC utiliza-se de regras normativas e de outros processos regulativos
formais ou não. Pelo fato de a Entidade atuar em C&T na cidade de Londrina e na região e
pelo fato de ela depender de recursos das três esferas públicas (municipal, estadual e
nacional), pode-se afirmar que ela transita por diversos ambientes institucionais, sofrendo
147
pressões em diferentes níveis, já que, além de normas coletivamente conhecidas (leis e
regulamentos), há as convicções culturais e os processos regulativos informais, que podem
variar de grupo para grupo, até mesmo dentro da mesma cidade. Como exemplos de pressões
isomórficas no nível coercitivo têm-se:
as respectivas legislações, principalmente as municipais e as estaduais, que
moldam a forma de a Entidade agir e atuar,
as normas e as regras impostas por parceiros, governos e órgãos financiadores que
condicionam a formalização de convênios e a condução de projetos ao
cumprimento de determinados requisitos,
as exigências tácitas impostas por políticos e empresários, principalmente na
esfera municipal e regional, para concessão de ajuda ou estabelecimento de
parcerias.
Os dados colhidos através dos documentos consultados e das entrevistas realizadas
ratificam que a ADETEC está inserida em diversos ambientes, sendo os mais representativos
para a Entidade, o seu ambiente técnico ligado a área de Ciência e Tecnologia da cidade de
Londrina e região composto pelo IAPAR, EMBRAPA, UEL e empresas do setor de
informática e o seu ambiente institucional representado pelas instâncias sócio-políticas,
especialmente na esfera do governo municipal. Para a ADETEC é um desafio conciliar os
interesses da sociedade, das empresas, das instituições políticas com os seus propósitos e sua
missão.
A pesquisa detectou que as ações do poder público municipal no que se refere ao
desenvolvimento tecnológico e à inovação nem sempre estão afinadas com as aspirações da
Entidade. Ademais, como já foi mencionado anteriormente, há o problema da descontinuidade
148
administrativa decorrente das trocas políticas que ocorrem entre as sucessivas gestões
executivas e legislativas, especialmente no âmbito do governo municipal.
As pressões ambientais no caso da ADETEC, principalmente a do ambiente político,
acaba por exercer limites e impor regras que interferem no caráter identitário da Organização.
Vale destacar que a questão ambiental está intimamente ligada à questão de sustentabilidade,
já que muitos dos recursos da ADETEC vêm ou pelo menos deveriam vir dos seus ambientes
técnico e institucional, sendo neles reinvestidos através da disseminação de novas práticas
tecnológicas e benefícios sociais. Finalizando esta análise, constata-se que a ADETEC ao
cumprir sua missão de “ser um agente de integração para o desenvolvimento tecnológico da
região de Londrina [...]”, desempenha funções que são funções públicas, com um custo baixo,
com eficiência e com transparência, paradoxalmente, sem o aporte equivalente dos recursos
que o Governo estaria gastando se estivesse conduzindo o processo que, diga-se de passagem,
é de sua responsabilidade. Neste caso, a pressão do ambiente político acaba se transformando
metaforicamente em “falta de pressão”, ou seja, em um certo “desinteresse”.
No próximo título são apresentadas e analisadas as percepções e as representações dos
entrevistados em relação à ADETEC. Afinal, sob a ótica identitária, o que a ADETEC
simboliza ou representa para cada stakeholder abordado?
4.2.5 Stakeholders Internos: representações da ADETEC
Neste título são descritas algumas das representações da ADETEC feitas pelos
stakeholders entrevistados. Em um primeiro depoimento, a ADETEC é comparada a Dom
Quixote em uma alusão à sua combatividade, à sua luta inglória, à sua utopia:
Mas eu penso que por enquanto a ADETEC está meio como Dom Quixote:
carregando uma bandeira, lutando, lutando, mas há o lado do poder público
que não chegou a ter toda sensibilidade que precisaria ter para... e por outro
149
lado, eu penso que você, sendo Prefeito, deve ter uma visão de futuro. Mas
quando você dá uma volta pela periferia e vê as necessidades prementes, é
meio complicado você dizer o que é mais importante. Sonhar com uma
Tecnópolis, que por outro lado digamos os setores da economia não sentiram
a necessidade ou atender pessoas que estão morrendo na fila de um hospital.
É complicado(D1).
N
o depoimento a seguir, a combatividade parece ruir. Para o entrevistado, surgem
sintomas de renúncia e a ADETEC é representada ao lado da academia e da área de
tecnologia. Parece faltar-lhe mais articulação com os demais segmentos da sociedade local:
[...] naquela época, fazem quatro anos atrás, todo um trabalho feito, ou seja,
a Tecnópolis sendo confeccionada, foi lançada, ia... e foi bom, foi bom para
cidade, foi bom para a ADETEC, mas eu acho que ela ficou muito no campo
técnico, né, e no campo acadêmico e não conseguimos levar isso pro lado,
mostrar e contagiar principalmente o poder público, o empresariado, a
comunidade, falar: “moçada, ó, tá, a vocação nossa, vamos lá, trazer
empresa, vamos fazer esse trabalho!” Ai a ADETEC não teve essa força.
Não foi culpa dela, mas aí, o que se faltou na época. Faltou uma ACIL
abraçar, uma UEL, uma EMBRAPA, IAPAR. Hoje não sei como está a
Tecnópolis, creio aos trancos e barrancos, como está a ADETEC [...] (SE).
Já no próximo depoimento, há a percepção de algo inacabado e inconcluso no
desenvolvimento regional e no próprio papel da ADETEC:
E também olha, a identidade com..., vamos dizer, com o modelo empresarial
de produção da nossa região, né... Nós, eu acho, ainda que estamos mais na
área do foco de software, né, de tecnologia. A gente não consegue ainda
fazer a ponte, por exemplo, com uma sociedade rural, agro-business,
agronegócios, que é fundamental para a nossa região, de criar uma cadeia
efetiva aqui. Tá faltando alguma coisa que a gente não consegue identificar.
Sinceramente, nos dois anos que eu fiquei na ACIL, eu procurei ficar atento,
por isso que eu conheci o pólo de Belo Horizonte, o pólo de Campinas [...]
(SE).
Alguns entrevistados citaram palavras e expressões que caracterizam os desafios
identitários da Organização. Também relataram fatos que marcaram a ADETEC e que por
sua natureza consistem em eventos que auxiliam na compreensão da sua identidade
organizacional. As falas a seguir ilustram essas questões:
150
Eu enxergo a ADETEC como um organismo importantíssimo para a nossa
cidade [...]. Ou seja, é fundamental que a ADETEC..., que ela continue no
seu foco criando a oportunidade de desenvolvimento e a grande esperança.
Eu como londrinense, ainda tenho dentro do meu coração que uma hora a
ADETEC consiga identificar realmente e atrair essas empresas que possam
estar criando esse desenvolvimento sustentável em nossa região (SE).
Por mais que você procure se manter na missão, uma ou outra coisa
acontece. Acaba escapando algumas coisas; você acaba [...]. Eu acho até que
aconteceu no caso da PLATIN, conflito entre captação de recurso e inserção
no mercado. De repente você estava competindo no mercado. Um outro
conflito que acontece face à inserção em uma realidade sócio-política, é que
a política existe e exige opções, né? (IC).
Os entrevistados a seguir apresentaram diferentes percepções sobre a ADETEC,
enquanto Organização do Terceiro Setor. Essas percepções como não poderia deixar de ser,
variam de acordo com a ótica de cada observador:
[...] Em não conheço nenhuma ONG na área de C&T que tenha dado certo
(ECFG).
É uma entidade necessária para que as estruturas locais, na área de ciência e
tecnologia sejam reunidas, coordenadas, enfim, trabalhem em colaboração
para fazer articulação com as competências locais em ciência e tecnologia
(E02).
O desenvolvimento não acontece assim, por um acaso, né? Não é só jogar ali
e deixar. Você tem que trabalhar isso. Você tem que saber das necessidades
das empresas. Acho que isso, a ADETEC, de uma forma bem ou mal e com
falta de recursos, ela vem fazendo, que é exatamente saber das necessidades
das empresas e tentar, pelo menos, resolvê-las. Às vezes, poderia fazer muito
mais [...] (EC1).
Alguns entrevistados admitem que certas condições ambientais adversas contribuem
para que a ADETEC acabe deixando o seu foco para se sustentar e sobreviver, mesmo que
isso implique em prejuízos identitários:
[...] A maior dificuldade, a maior ameaça à ADETEC no seu foco, foi e é
realmente a questão da sustentabilidade. Por quê? O fato de não ter uma
sustentação segura, obriga a estrutura a despender esforços brutais na
151
questão de gerar recursos para a entidade. Então, primeiro, tira uma
capacidade, um esforço grande; eu calcularia que a gente acaba tirando 70%
do nosso esforço para carrear, para tentar ganhar recursos [...] (EO1).
O papel da ADETEC, eu acho que é este: cultura, animação e articulação. As
ações concretas eu acho que vêm de outra instância. Por motivo de
sobrevivência, a ADETEC acabou sendo obrigada a assumir projetos que ela
vai vender estes recursos. O papel dela não é este. A cidade deveria criar um
mecanismo para pagar e pagar bem as pessoas que estão na ADETEC (C01).
A solidificação da identidade se desenvolve pelo desejo e pelo trabalho executado e
reconhecido por alguns dos entrevistados:
Enfim, são pessoas que têm também uma compreensão boa da missão, da
sua atividade, e uma visão, uma compreensão, porque a gente compartilha
também da missão da entidade como um todo. Então sobre isso a gente
percebe muito compromisso, muita motivação do pessoal que mantém coeso
este esqueleto, mesmo nos momentos de maior dificuldade (E01).
Olha, como é que eu vejo, conceituo a ADETEC: eu vejo que ela tem este
caráter de ser uma entidade bastante original, não só para Londrina, Paraná,
mas em termos de Brasil nós vamos encontrar poucas, porque ela tem um
sentido de uma visão ampla, e ao mesmo tempo ela é uma entidade que
planeja, pensa e executa, pelo menos, parte de sua missão. Ela consegue
integrar estes três setores que é o acadêmico, o empresarial e o público.
Então, eu vejo como uma entidade bem original, inovadora neste aspecto, e
acho que entre erros e acertos, não foi impossível passar dois anos sem fazer
muita burrada, mas entre erros e acertos, eu acho que o nosso saldo é
positivo [...] (EO1).
Não, ali tem gente trabalhando. Chega lá as pessoas estão fazendo. Então,
realmente é levado a sério. Tem as funções muito bem definidas, aquele
pessoal todo que está trabalhando e levado muito a sério. E eles também,
profissionalmente, ganham muito, porque como acaba formando uma equipe
heterogênea de formação, as discussões são muito ricas (D1).
Finalizando, parte dos entrevistados julga que a identidade da ADETEC está atrelada a
determinadas pessoas que, pelos serviços prestados à Organização e pelo tempo que atuam na
Entidade, tornaram-se metaforicamente “a cara da Organização”. Tanto que, sobre esta
questão, um entrevistado afirma que a ADETEC tornou-se “fulanizada”. Outros depoimentos
ratificam essa observação:
152
O grande responsável hoje pela ADETEC é o Tadeu. É ele que tem sido,
vamos dizer assim, a alma da Adetec
(CO1).
Em Barcelona tem um negócio muito interessante, a gente conversou com
uma pessoa que é uma espécie de animador, o Tadeu de lá (CO1).
Olha, eu diria o seguinte: a Adetec, ela foi montada na cabeça do Tadeu
Felismino. Ele é o principal mentor [...] 100% das idéias nasceram na cabeça
dele. Isso tem o seu lado negativo e seu lado positivo (CO2).
Machado (2003) lembra que a identidade organizacional aparentemente focada nas
organizações, só pode ser explicada e compreendida a partir do comportamento humano.
Neste sentido, cada indivíduo estabelece com a organização uma relação diferenciada e tem
dela uma visão muito singular. Isso vai depender da percepção, da sensibilidade, da posição e
da ótica de cada um dos atores organizacionais, vistos enquanto observadores. No caso da
ADETEC especificamente, na percepção dos diversos stakeholders, a identidade da
instituição está intimamente ligada à figura de um líder dentro da Entidade.
As narrativas colhidas nas entrevistas e transcritas sob a forma de fragmentos de falas
trazem as representações e os significados da ADETEC para cada um dos stakeholders
entrevistados, mostrando como a Entidade é vista, interpretada e representada. Assim, os
depoimentos apresentados mostraram que cada um dos atores organizacionais tem uma
percepção bastante pessoal a respeito da Organização. Estar ciente sobre as percepções
individuais e sobre as nuances presentes nas falas dos entrevistados pode facilitar a
compreensão da questão identitária da ADETEC.
Dentre os aspectos mais citados pelos entrevistados, destacam-se aqueles em que a
ADETEC é diferenciada como:
combativa, desafiadora, cheia de garra e até sonhadora - Dom Quixote:
153
Mas eu penso que por enquanto a ADETEC está meio como Dom Quixote:
carregando uma bandeira, lutando, lutando, mas há o lado do poder público
que não chegou a ter toda sensibilidade.
original, útil e imprescindível ao desenvolvimento local:
Eu enxergo a ADETEC como um organismo importantíssimo para a nossa
cidade. [...] Ou seja, é fundamental que a ADETEC, ela continue no seu foco
criando a oportunidade de desenvolvimento [...].
É uma entidade necessária para que as estruturas locais, na área de ciência e
tecnologia sejam reunidas, coordenadas, enfim, trabalhem em colaboração
[...]
Olha, como é que eu vejo, conceituo a ADETEC: eu vejo que ela tem este
caráter de ser uma entidade bastante original, não só para Londrina, Paraná,
mas em termos de Brasil [...]
mal compreendida e até resignada por não cumprir integralmente seu papel:
Tá faltando alguma coisa que a gente não consegue identificar.
Sinceramente, nos dois anos que eu fiquei na ACIL, eu procurei ficar atento
[...].
Vamos dizer que ela não tem se desviado da sua missão. Todo esforço que
ela desenvolve é no cumprimento da missão ou com coisas muito centrais à
missão ou pelo menos com coisas que a apóiam, ajudam a cumprir a missão.
Foge na prestação de serviços [...].
ameaçada em termos identitários:
[...] A maior dificuldade, a maior ameaça à ADETEC no seu foco, foi e é
realmente a questão da sustentabilidade. Por quê? O fato de não ter uma
sustentação segura, obriga a estrutura despender esforços brutais na questão
de gerar recursos para a entidade. Então primeiro, tira uma capacidade, um
esforço grande; eu calcularia que a gente acaba tirando 70% do nosso
esforço para carrear, para tentar ganhar recursos [...].
Por mais que você procure se manter na missão uma ou outra coisa acontece.
Acaba escapando algumas coisas; você acaba [...].
154
Compreender o que os stakeholders pensam sobre a ADETEC e o que a ADETEC
representa para eles, implica dentre outros aspectos interpretar uma rede de significados
simbólicos tecida dentro de um complexo jogo de interações entre esses atores e a própria
Entidade. Neste caso, a identidade da ADETEC pode ser delineada pelos grupos que dela
fazem parte. A identidade organizacional é construída na cabeça dos seus colaboradores,
sendo fruto de uma elaboração psicológica.
Os dados apresentados e analisados até aqui, juntamente com o quadro teórico de
referência utilizado nesta dissertação irão embasar as conclusões e as recomendações
propostas no próximo capítulo.
155
5. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES
Esta pesquisa teve início com uma série de relatos bibliográficos que tratavam dos
desafios enfrentados pelas Organizações do Terceiro Setor em manter a sua identidade
coerente com a sua missão frente às pressões ambientais exercidas por outras organizações,
por regras e normas, pelo mercado, pelo governo e, sobretudo pela escassez de recursos
imprescindíveis à condução de projetos sociais. A principal questão discutida relacionava-se
ao dilema enfrentado por essas Organizações: sobrevivência ou coerência? Como a
sobrevivência fala alto, a preocupação estava em saber até que ponto, ao privilegiar a sua
sobrevivência, o Terceiro Setor não estaria perdendo suas características centrais, o seu foco,
a sua razão de existir, enfim, a sua identidade.
Uma outra questão instigante que norteou a realização deste trabalho estava em
desvendar a atuação do Terceiro Setor na área de Ciência, Tecnologia e Inovação,
extrapolando o círculo da filantropia e da assistência social, áreas tradicionalmente ocupadas
pelas Organizações Sem Fins Lucrativos. Ao atuar na área de C&T e ao participar de
diversos arranjos e articulações institucionais, o Terceiro Setor estaria perdendo ou
construindo uma nova identidade?
Para responder a essas questões, optou-se por conhecer a real situação de uma
Organização Não-Governamental – ONG - que atuasse na área de C&T, observando in loco
os seus conflitos de identidade ou a inexistência desses conflitos, tendo em conta a sua
natureza (Terceiro Setor) e a sua área de atuação (C&T). Essa vivência ocorreu na ADETEC
– Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região, por meio do estudo de
caso, que ora se encerra.
156
Em termos de referenciais teóricos esta pesquisa foi realizada ao abrigo de um grupo
de teorias envolvendo Identidade e Terceiro Setor, tendo como pano de fundo a Teoria
Institucional especialmente no que se refere ao estudo das relações da ADETEC com os seus
ambientes, levando-se em conta questões ligadas a recursos, sustentabilidade, legitimidade e
isomorfismo, dentre outras. A abordagem sobre a Teoria Institucional baseou-se em autores
como Dimaggio e Powell (1983), Scott (1995), Carvalho et al. (1999), Inocêncio-Rodrigues e
Machado-da-Silva (2001) e Jacometti e Machado-da-Silva (2003), dentre outros. A Teoria
Institucional fundamentou a compreensão a respeito de como a ADETEC se submete à
pressões institucionais do seu ambiente para se legitimar e sobreviver.
A abordagem identitária apresentada a partir de uma perspectiva pessoal, social e
organizacional, teve como base autores como Caldas e Wood Jr. (1997), Castells (2000),
Freitas (2000b), Hall (2000), Giddens (2002) e Machado (2003), dentre outros.
Sob a perspectiva Institucional, a ADETEC transita pelas mais diversas esferas, tanto
em nível de poder público (âmbito local, estadual e nacional), quanto em nível privado
(empresas da região). Os dados obtidos na pesquisa indicam que em termos de ambiente
técnico, a interação da ADETEC acontece de forma mais representativa na área de Ciência e
Tecnologia da cidade de Londrina e região especialmente com o IAPAR, EMBRAPA, UEL e
empresas do setor de informática. Em termos de ambiente institucional a interação é mais
relevante com as instâncias sócio-políticas do governo municipal, principalmente com as
prefeitura da cidade e da região. Em Londrina, as interações com o poder público acontecem
com maior intensidade através do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia da cidade.
Percebe-se que é um desafio para a ADETEC conciliar os interesses da sociedade, das
empresas, das instituições políticas com os seus objetivos e sua missão. Entretanto, esse é seu
papel.
157
Tendo como suporte as teorias já mencionadas, a pesquisa na ADETEC teve como
ponto central a seguinte problematização: como os seus ambientes técnico e institucional
estariam influenciando a construção, a manutenção e a desconstrução da sua identidade
enquanto Organização do Terceiro Setor? Por sua vez, essa problematização se desdobrou
nas perguntas de pesquisa listadas a seguir, sendo que, cada uma delas, corresponde
respectivamente, aos objetivos específicos da dissertação.
Vale destacar que os dados coletados, analisados e apresentados neste trabalho
mostraram que os objetivos inicialmente propostos para esta dissertação foram alcançados. O
cruzamento das informações colhidas com cada uma das perguntas de pesquisa levou às
seguintes conclusões:
De que forma e em que contexto a ADETEC foi criada?
O resgate histórico sobre a criação da ADETEC mostrou os atores envolvidos, os fatos
relevantes, as principais razões e o contexto que culminou com a criação da Entidade. É
oportuno destacar que o surgimento da ADETEC se deu em um momento em que a cidade de
Londrina enfrentava uma forte crise de identidade gerada pela perda da sua vocação inicial até
então vinculada ao cultivo e à produção do café, fato que havia dado à cidade a alcunha de
“capital do café”.
Fruto da articulação de vários segmentos locais que buscavam identificar as
potencialidades e as deficiências regionais e com isso encontrar novas alternativas sócio-
econômicas, a ADETEC nasceu com o principal objetivo de articular ou aprovar projetos,
programas, e todo tipo de ação voltada para o desenvolvimento tecnológico de Londrina e
região visando o progresso social e cultural de sua população.
158
A retrospectiva histórica da ADETEC aponta que ela surgiu a partir de um ideal de
solidariedade, participação voluntária e visível preocupação em encontrar saídas para o
desenvolvimento sócio-econômico da cidade e da região. Constatou-se que ao longo da sua
existência, a ADETEC foi aos poucos recebendo uma série de pressões ambientais ao mesmo
tempo em que sempre lutou para sobreviver frente a uma crescente demanda por recursos.
Quais são os objetivos e a missão da ADETEC?
É possível concluir que a missão e os objetivos da ADETEC estiveram e estão
fortemente ligados ao papel de “agente de integração para o desenvolvimento tecnológico de
Londrina e região”.
Há para os stakeholders entrevistados uma noção muito forte de que a ADETEC tem
que se guiar por sua missão. Percebe-se que na Entidade o conceito de missão está ligado ao
cumprimento do seu papel enquanto agente de integração do desenvolvimento regional. A
missão é o foco, é a razão de ser da ADETEC. Na organização, penalizar a missão é uma
“heresia”, exceto em situações que configurem ameaça à sua sobrevivência.
Quais são as peculiaridades da estrutura organizacional da ADETEC e quais foram
os ajustes organizacionais experimentados pela Instituição?
O arcabouço organizacional da ADETEC está estruturado em instâncias estratégicas
representadas pela Assembléia Geral, Conselhos e Diretoria, além dos órgãos operacionais
vinculados à Coordenação Executiva também denominada Equipe Operacional.
159
Uma das peculiaridades na estrutura da Entidade é o fato de os integrantes dos
Conselhos e da Diretoria serem voluntários cedidos à ADETEC por diversas instituições da
cidade de Londrina e da região. Esses voluntários trabalham para a Organização durante dois
anos com possibilidade de repetição por períodos sucessivos. De um total de oitenta e três
colaboradores, setenta são voluntários e treze são funcionários ou bolsistas.
Durante a pesquisa não foram constatados conflitos decorrentes dessa diversidade de
voluntários. Ao contrário, conclui-se que os voluntários parecem oferecer à Organização uma
diversidade de experiências e de saberes.
Quanto aos ajustes organizacionais, há uma lembrança marcante na Entidade sobre a
reestruturação da PLATIN ocorrida em meados de 2003, quando a maior plataforma da
ADETEC ficou reduzida à apenas um integrante. O desmembramento da PLATIN como já foi
discutido no tópico 4.2.2, parece ter representado um duro golpe à missão e aos objetivos da
Entidade por sua atuação e foco voltado para a área de soluções em tecnologia da informação
– um dos importantes pilares da missão da ADETEC.
Como se apresentam os processos de trabalho na ADETEC?
A pesquisa possibilitou compreender os processos de trabalho da ADETEC a partir do
mapeamento e da descrição das atividades desenvolvidas pela instância deliberativa da
Entidade (Assembléia Geral, Conselhos e Diretoria) e pelos órgãos vinculados à Coordenação
Executiva, cujo detalhamento consta do tópico 4.2.2.1 já apresentado anteriormente.
Conclui-se que a comunicação flui bem nas várias instâncias da ADETEC e em
especial nas Equipes Operacionais. Percebe-se um visível comprometimento dos atores
organizacionais com as atividades que lhes são atribuídas e um bom clima de trabalho na
160
Organização. Ratificando o que já foi mencionado sob a ótica identitária, os processos de
trabalho da ADETEC dão-lhe características próprias e exclusivas, diferenciando-a de outras
organizações.
Quais são as formas de sustentabilidade econômica da ADETEC em termos de
captação e de dependência de recursos?
De acordo com a pesquisa, as formas de sustentabilidade e as fontes de recursos da
ADETEC representam um dos pontos frágeis da Entidade. A sobrevivência da ADETEC
depende do aporte de recursos que deve ser proporcional à estrutura vigente e
conseqüentemente à quantidade de projetos sociais em andamento e à demanda de serviços.
Isso implica sobrevivência, e, se a questão é sobreviver, suspendem-se projetos,
prorrogam-se trabalhos, promovem-se ajustes e o mais crítico: dedica-se uma grande parte do
tempo para essa finalidade (busca de recursos) considerada atividade meio, em detrimento à
atividade fim representada pela condução de diversos projetos e serviços vinculados à missão.
É oportuno destacar que só a atividade fim personaliza e traz diferenciais à ADETEC,
sedimentando sua identidade.
Não deixa de ser curioso o fato de que mesmo havendo um consenso na Entidade
sobre a importância de atuar de acordo com a missão e de que penalizar a missão pode ser
uma “heresia”, essa missão acaba sendo engolida pela tarefa de captar recursos. Neste sentido,
os dados falam por si mesmos. Para tanto é oportuno reproduzir os fragmentos de entrevistas
a seguir, já apresentados anteriormente:
Bom, o problema principal em qualquer organização sempre é dinheiro.
Qualquer organização e até de qualquer indivíduo.Se você não sobrevive,
você morre. Não tem opção. Então, a questão de captação de recursos passa
a ser uma coisa importantíssima. Sem isso você não consegue sobreviver [...]
(IC).
161
[...] A maior dificuldade, a maior ameaça à ADETEC no seu foco, foi e é
realmente a questão da sustentabilidade. Por quê? O fato de não ter uma
sustentação segura, obriga a estrutura a despender esforços brutais na
questão de gerar recursos para a entidade. Então, primeiro, tira uma
capacidade, um esforço grande; eu calcularia que a gente acaba tirando 70%
do nosso esforço para carrear, para tentar ganhar recursos [...] (EO1).
Sob o aspecto identitário, a captação e o estoque de recursos chega a ter um papel de
hegemonia na ADETEC. Neste caso, a existência de recursos implica a existência de
identidade, da mesma forma que, a inexistência do primeiro implica a inexistência do
segundo. Um exemplo pode ser dado pelo Programa Londrina Tecnópolis – PLT – que tem
tido prioridade no repasse de recursos. Ai percebe-se em alguns momentos que em termos de
visibilidade a ADETEC acaba em certas situações sendo ofuscada pelo PLT, quando na
realidade o PLT é apenas um dos Programas ou uma das prioridades geridas pela ADETEC.
De que forma se compõem os ambientes técnico e institucional da ADETEC e como os
stakeholders internos lidam com as pressões impostas a eles e à Organização pelos
seus ambientes?
Ao identificar os ambientes técnico e institucional da ADETEC conforme Machado-
da-Silva e Gonçalves (1999), e ao analisar as pressões impostas a ela por esses ambientes, esta
pesquisa mostrou que esse é outro ponto crítico no dia a dia da Organização.
Vale lembrar que aqui se manifesta o fenômeno denominado por Dimaggio e Powell
(1983) de isomorfismo coercitivo, quando pressões ambientais impõem regras e normas,
modelando a ADETEC para que ela obtenha legitimidade e apoio dos diversos agentes com
os quais interage.
162
Sob a égide do ambiente institucional, os dados colhidos permitem concluir que as
ações do poder público, especialmente no âmbito municipal, nem sempre estiveram afinadas
com as aspirações da ADETEC no que se refere às prioridades e às diretrizes para o
desenvolvimento tecnológico municipal e regional. Essa situação se agrava quando há
possível troca de prefeitos, como a prevista para este ano em decorrência das eleições
municipais. Neste caso, a ADETEC tem feito o possível para minimizar essas pressões,
buscando articulação política e institucional com os diversos agentes públicos e com todos os
candidatos à prefeitura de Londrina.
Como foi mencionado no tópico 4.2.4, pelo fato de a ADETEC atuar na área de
Ciência, Tecnologia e Inovação na cidade de Londrina e região, e pelo fato de ela depender de
recursos das três esferas públicas (municipal, estadual e nacional), constata-se que ela transita
por diversos ambientes institucionais, sofrendo pressões em diferentes níveis, já que, além de
normas coletivamente conhecidas (leis e regulamentos), há as normas culturais e os processos
regulativos informais, que podem variar de grupo para grupo, até mesmo dentro da própria
cidade. Como exemplos de pressões isomórficas no nível coercitivo, têm-se:
as legislações, principalmente na esfera municipal, que moldam a forma da
Entidade agir e atuar e não contemplam no orçamento do município qualquer
tipo de verba ou de repasse para a ADETEC custear pelo menos parte dos
gastos necessários ao cumprimento da sua missão,
as normas e regras impostas por parceiros, governos e órgãos financiadores
que condicionam a formalização de convênios e a condução de projetos ao
cumprimento de determinados requisitos,
163
as exigências impostas por segmentos políticos e empresariais tanto na esfera
municipal quanto regional, para a formalização de acordos e parcerias.
A atuação em C&T constitui-se em um diferencial para a ADETEC e representa a
busca de uma nova identidade para o Terceiro Setor, já que, no Brasil, poucas Entidades
atuam nesta área. Todavia, paradoxalmente, esse fato pode se converter em uma ameaça
identitária. Isso porque, ao assumir atribuições do poder público, conforme prevê sua missão,
que é a de ser um agente de integração para o desenvolvimento tecnológico de Londrina e
região, sem uma agenda política integrada e sem um compromisso financeiro por parte dos
municípios, a ADETEC é amordaçada pelo círculo vicioso da escassez de recursos que afeta a
sua sustentabilidade que, por sua vez, interfere no seu foco e que, por sua vez, reflete na sua
identidade.
Quais as representações que os stakeholders internos têm da ADETEC?
O dados sobre as representações que os stakeholders internos têm da ADETEC e a
forma como compreendem a sua identidade indicam que o conceito de identidade
organizacional compartilhado pelos entrevistados está mais ligado ao conceito de missão, de
razão de existir. Houve poucas representações simbólicas que fizessem alusão à singularidade
e à exclusividade da ADETEC em relação a outras organizações semelhantes.
Como já foi mencionado no título 4.2.5, dentre os aspectos mais citados pelos
entrevistados, destacam-se aqueles em que a ADETEC é diferenciada como:
164
combativa, desafiadora, cheia de garra e até sonhadora, como Dom Quixote,
original, útil e imprescindível ao desenvolvimento loca
l,
mal compreendida e resignada por não cumprir integralmente seu papel,
ameaçada em termos identitários.
Compreender o que os stakeholders pensam sobre a ADETEC e o que a ADETEC
representa para eles implica, dentre outros aspectos, interpretar uma rede de significados
simbólicos tecida dentro de um complexo jogo de interações entre esses atores e a própria
Entidade. A identidade organizacional da ADETEC constrói-se na cabeça dos seus
stakeholders.
Com essa pesquisa foi possível constatar que a realidade concreta tem muitos pontos
em comum com o que é descrito no referencial teórico. O cotejo dos dados da pesquisa e das
observações feitas em campo com a literatura consultada permitiu chegar às conclusões
anteriores, com destaque para o fato de que a identidade da ADETEC tem sido de fato
ameaçada por sua dependência de recursos e pelas pressões do seu ambiente técnico e
institucional.
Com relação à perda de identidade do Terceiro Setor, a despeito das conclusões
anteriores, vale registrar que a ADETEC não vive no todo o que está posto na literatura. A
bibliografia pesquisada, com poucas exceções, generaliza a crise identitária no Terceiro Setor
como se a maioria das suas entidades estivesse navegando sem rumo e atuando sem qualquer
foco. Generaliza-se também quando se trata da profissionalização das organizações do
Terceiro Setor, ficando a impressão de que ao buscar treinamentos e ao utilizar ferramentas de
gestão, o Terceiro Setor estaria se desconfigurando como tal.
Essa generalização pode ser atribuída ao próprio autor deste trabalho, que na fase
165
inicial da pesquisa, compartilhou dessa ideologia. O fato é que, na prática, os dirigentes da
ADETEC fazem o que podem para realizar os seus propósitos. Eles estão focados em sua
missão institucional, só fugindo dela pelas razões já expostas anteriormente, principalmente
no que se refere à dependência de recursos e às pressões do ambiente institucional.
Esta dissertação caminha para o seu término sinalizando o fim de uma jornada, não o
final da trajetória iniciada com a pesquisa. Sobre o tema, muitas questões ainda podem e
devem ser exploradas, ensejando as seguintes recomendações para estudos futuros:
quanto ao Terceiro Setor, há ainda inúmeras lacunas a serem compreendidas.
Como foi exaustivamente comentado ao longo do trabalho, trata-se de uma área
recente e com produção científica ainda bastante escassa. Por abarcar um vasto
leque de entidades, cada uma delas com peculiaridades muito próprias, o estudo
do Terceiro Setor torna-se complexo, exigindo acuradas delimitações. A atuação
do Terceiro Setor na área de C&T, por estar restrita a um pequeno número de
entidades, apresenta-se como um universo a ser mais bem desvendado. Com isso,
recomenda-se um maior aprofundamento no tema, promovendo-se análises
comparativas entre as entidades que atuam em C&T;
a questão identitária é instigante e atual. Por dispor de uma vasta literatura que
aborda uma diversidade de enfoques, a identidade merece ser retomada e estudada.
O estudo da identidade, tendo como pano de fundo o Terceiro Setor é um outro
universo que se abre com inúmeras possibilidades, principalmente se analisado
tendo como desafio a busca de formas alternativas de sustentabilidade que
conciliem sobrevivência e identidade, já que, pela pesquisa realizada, a
dependência de recursos apresentou-se como o ponto crítico para a manutenção da
166
identidade da ADETEC;
a questão da visibilidade das Organizações do Terceiro Setor merece estudos
específicos através de trabalhos interdisciplinares envolvendo a área de
administração e comunicação, no sentido de esclarecer a opinião pública e
principalmente os stakeholders externos sobre o papel desempenhado pelas
Organizações Sem Fins Lucrativos.
Finalizando este trabalho, o seu autor julga ter vivenciado uma experiência
enriquecedora tanto no plano pessoal quanto no profissional. Fica a expectativa de que esta
pesquisa possa contribuir com a Academia, com a ADETEC e com outras Organizações do
Terceiro Setor a partir das seguintes reflexões:
até que ponto existe coerência entre o papel desempenhado por uma determinada
Entidade em relação aos propósitos para os quais ela foi criada?
o que de fato diferencia ou torna essa Entidade exclusiva e singular em relação a
outras?
o que pode ser considerado central, distintivo e duradouro nesta Entidade em
relação às demais?
como se dá a interação entre essa Entidade e os seus ambientes e que tipo de
pressões podem estar interferindo na sua atuação?
quais os dilemas enfrentados por uma Entidade do Terceiro Setor que atua fora das
áreas tradicionais ligadas à filantropia e à assistência social?
até que ponto a presença do Terceiro Setor na área de Ciência, Tecnologia e
Inovação representa perda ou busca de uma identidade?
167
No caso da ADETEC, os dados colhidos e apresentados nesta pesquisa apontam que a
sua presença na coordenação e na implementação de um Pólo Tecnológico e de um Sistema
Regional de Inovação implica a conciliação de vários interesses, a exploração de novos
diálogos e, sobretudo o desenvolvimento de uma postura basicamente voltada para a
articulação. Trata-se sem dúvida, de um grande desafio para uma Organização do Terceiro
Setor que busca encontrar uma nova identidade.
168
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178
ANEXO 1
Roteiro da Entrevista Grupal - Focus Group Com os Ex-Colaboradores da
ADETEC/PLATIN
1) O que você entende por uma ONG – Organização Não-Governamental? Na sua opinião,
que tipo de Organização é a ADETEC?
2) Se a ADETEC pudesse ser pessoalizada e pudesse falar, o que ela diria sobre os seus
sonhos, suas frustrações e suas realizações?
3) Ao comparar o momento presente da ADETEC com o seu passado, utilize frases curtas ou
palavras que representem pontos fortes e pontos fracos da Instituição em cada um dos
momentos:
ADETEC HOJE
pontos fortes pontos fracos
ADETEC ONTEM
pontos fortes pontos fracos
4) A ADETEC está inserida em um ambiente. Quais dos elementos desse ambiente você
julga que exercem maiores pressões à Entidade e aos seus colaboradores?
5) Cite valores marcantes que norteiam sua vida pessoal, bem como aqueles que norteiam sua
vida enquanto profissional da ADETEC.
6) Reflita sobre o que leva um grupo de pessoas a criar uma Instituição como a ADETEC e
indique quais as categorias de valores estariam presentes na sua criação e quais estão
presentes nas suas ações atuais?
Obs: é possível que uma determinada categoria de valores tenha estado presente na criação
da ADETEC e ainda continue sendo percebida nas ações atuais da Instituição, assim
como é possível que uma determinada categoria esteja ausente em ambos os
momentos.
179
CATEGORIAS DE VALORES
voltadas a: norteadoras da
criação da ADETEC:
percebidas nas atuais
ações da ADETEC:
orientações ideológicas,
orientações religiosas,
idéias desenvolvimentistas e crenças na
transformação social,
mais uma opção para realização de trabalho
voluntário
busca de independência em relação ao
estado e ao mercado,
gestão alternativa: vivência de igualdade e
participação democrática,
caráter reivindicativo e denunciador,
gestão social,
gestão estratégica
utilização de práticas gerenciais bem
sucedidas em empresas lucrativas,
prioridade na procura por fontes de recursos
e de financiamentos,
ênfase no desempenho e nos resultados
financeiros,
OUTRAS CATEGORIAS - relacionar uma
a uma e assinalar nas colunas ao lado se
essas categorias estão relacionadas à criação
da ADETEC ou às suas ações atuais:
7) Que conceito você tem da ADETEC enquanto Organização?
8) Você tem conhecimento de algum ajuste organizacional experimentado pela ADETEC?
Quais são os reflexos desses ajustes para a Instituição?
9) Como você percebe as práticas de gestão utilizadas hoje na ADETEC e em que nível elas
são mais voltadas à gestão social ou para a gestão de resultados?
10) De que forma a ADETEC se mantém enquanto uma Organização sem Fins Lucrativos e
qual sua opinião acerca das suas fontes de recursos e das suas estratégias para captá-los?
180
ANEXO 2
Roteiro da Entrevista Individual: stakeholders internos
1) Fale sobre os processos de trabalho da ADETEC em termos de sistemas de comunicação,
componentes tecnológicos, sociais e de gestão, dentre outros.
2) Comente sobre a atual estrutura organizacional da ADETEC. O que levou a Instituição a
formatar essa estrutura?
3) A ADETEC passou nos últimos tempos por ajustes organizacionais? Cite o porquê desses
ajustes e fale das suas conseqüências.
4) Qual é a importância dada na ADETEC a temas ligados a: custos, captação de recursos,
ajustes organizacionais, viabilidade econômica e resultados financeiros, dentre outros?
5) Como a ADETEC se sustenta financeiramente? Descreva suas estratégias de captação e a
forma como lida com a dependência de recursos.
6) Que conceito você tem da ADETEC enquanto Organização?
7) A ADETEC está inserida em um ambiente. De que forma esse ambiente influencia a
Instituição e os seus colaboradores?
8) Resgatando a história da ADETEC, na sua opinião quais foram os valores marcantes que
determinaram a sua criação? Você se recorda de algum conflito de valores entre os atores
envolvidos nesse processo?
9) Hoje, quais são os valores marcantes que norteiam as ações da Instituição? Existem
conflitos de valores entre os atores atuais?
10) Como os valores pessoais dos colaboradores da ADETEC interferem na Identidade da
Organização?
181
ANEXO 3
Roteiro da Entrevista Individual: stakeholder externo
1) De uma forma geral o que você sabe sobre a ADETEC?
2) Que conceito você tem da ADETEC enquanto Organização?
3) Você acha que a ADETEC cumpre o seu papel?
4) Fale sobre os ambientes nos quais a ADETEC está inserida. Quais os tipos de pressões
esses ambientes exercem sobre a Instituição?
5) Na sua opinião quais são os valores marcantes que norteiam as ações de uma Organização
como a ADETEC?
182
ANEXO 4
COMPOSIÇAO DA DIRETORIA, CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
E CONSELHO FISCAL
DIRETORIA (gestão 2003-2005)
Presidente: Florindo Dalberto / IAPAR
Vice Empresarial: Atsushi Yoshii / A Yoshii
Vice Acadêmica: Maria Victória Eiras Grossmann / UEL
Vice Institucional: Antonio Sergio de Oliveira / Corol
1. Secretário: Luiz Fernando de Almeida Kalinowski
2. Secretário: Rosângela Borges Pimenta
1. Tesoureiro: Lúcio Kamiji / Softex
2. Tesoureiro Dionísio Luiz P. Gazziero / Embrapa
Cons. Honorário João Milanez / Folha de Londrina
Cons. Honorário Elsson M. Spigolon / COPEL
Cons. Honorário Luiz Cesar A. Guedes / Milênia
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Município de Londrina: Gabriel R. Campos / Amarildo Geraldo Tarden
Estado do Paraná/SETI: Mariano De M. Macedo / Ricardo Costa de Oliveira
A Yoshii: Atsushi Yoshii / Leonardo Makoto Yoshii
Milênia Agroc. : Carlos Alberto L. Geirinhas / Luiz Cesar A. Guedes
FIEP: Octaviano Duarte / Clovis Coelho de Souza
ACIL: José Augusto Rapcham
Soc.Rural: Oezir Marcello Kantor / Pedro Branco
Sindicato.Rural: Luiz Fernando A. Kalinowski / Mylton Casaroli Junior
UEL: Caio Abércio Da Silva / Berenice Quinzani Jordão
IAPAR: Onaur Ruano / Antônio Costa
Embrapa/Soja: Alexandre José Cattelan / Vera de Toledo Benassi
CEFET (Cornélio Procópio): Rosângela Borges Pimenta / Paulo Cesar Moseli
Funtel/Ipolon: Moisés Pedro Betoni / Luiz Carlos Magalhães e Silva
SERCOMTEL: Mário Jorge Oliveira Tavares / Antonio Gomes
SL Alimentos : Luiz Meneghel Neto / José Maurício Thomaz Setti
COPEL:
Roberley H.L. Savariego / Antonio Lemes Proença
Junior
GPDR: Alexandre Barroso / Jorge Dimov Junior
Presidente do Conselho de
Administração:
Oezir Marcello Kantor
CONSELHO FISCAL
Roberto Kazuo Okamura / Ronaldo Piazzalunga
Rubens Bento / José Pereira da Silva
Paulo Sérgio M. Souza
Fonte: <http://www.adetec.org.br/adetec/perfil.htm> Acesso em: 24 abr.2004
183
ANEXO 5
COMPOSIÇÃO DO CONSELHO TÉCNICO
CONSELHO TÉCNICO
Antonio Carlos R. Silva IAPAR/Universidade do Campo
Antonio Sérgio de Oliveira UEL/Corol
Adail Roberto Nogueira Unifil
Amélio Dall' Agnol Embrapa Soja
Archibaldo T. C. Vicentini Exactus/Unifil
Carlos Dias Maciel UEL/Engenharia Elétrica
Elsson Marcos Spigolon COPEL
Francisco Luiz Perez Secco Sercomtel
Ivan F. Lupiano Dias UEL
José Francisco F. de Toledo Embrapa/Soja
Lucy Woellner dos Santos IAPAR
Luiz Fernando Kalinowski IAPAR/Sindicato Rural
Márcio José de Almeida UEL/Saúde
Vitória Arabela Sahão Ass. Mulheres de Negócios
Maria Victória E. Grossmann UEL/Alimentos
Milton Faccione UEL/ Depto. Química
Ségio Akio Tanaka Unifil / K2
Rui Sérgio S. F. da Silva UEL/Alimentos
Samuel Silva da Silva UEL/Saúde
José Maurício Thomaz Setti SL Alimentos
Yoshiya Nakagawara S. Ferreira UEL/Geociências
Fonte: <http://www.adetec.org.br/adetec/perfil.htm> Acesso em: 24 abr.2004
184
ANEXO 6
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE OPERACIONAL
Coordenação:
Tadeu Felismino
Coordenação Técnica:
Mauro Ruiz
Administração e Finanças:
Mário Germiniano
Elissandra L. Santos Maronato
Gilson Almeida
Secretária Executiva
Alice Hocama
Comunicação e Eventos
Hosana Lopes Francisco
Platin - Soluções em Tecnologia da Informação
Flávio Andrade
Platcon - Plataforma do Conhecimento
Silas Barros
Platsaúde - Plataforma da Saúde
Portal Londrina Tecnópolis
Carlos Trindade
Platali - Plataforma de Alimento
Plínio Uchôa
SGI - Sistema de Gestão
Mauro Ruiz
Siap - Informações & Apoio a Projetos
Paulo Varela Sendin
Fonte: <http://www.adetec.org.br/adetec/perfil.htm> Acesso em: 24 abr.2004
185
ANEXO 7
SÓCIOS E PARCEIROS DA ADETEC
SÓCIOS ÂNCORAS
COPEL
SERCOMTEL
IEL
MILÊNIA AGRO CIÊNCIAS S/A
SÓCIOS MANTENEDORES
A.Yoshii Engenharia e Construção
FUNTEL
Hospital Evangélico
FEALQ – Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz
Centro de Diagnóstico de Arritmias Cardíacas
CIDLAB Clínico – Centro de Investigação Diagnóstica S/C Ltda.
UniFil - Universidade Filadélfia de Londrina
HN Gerenciamento de Recursos Humanos
PRÓ-SAÚDE - Profissionais Associados
Nortis Farmacêutica
Richard Poli Soares
PARCEIROS/CONVÊNIOS**
BANCO DO BRASIL - Superintendência de Londrina
CITPAR - Centro de Integração de Tecnologias do Paraná
CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
CODEL - Companhia de Desenvolvimento de Londrina
FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos
ISE - Instituto Superior da Empresa
Ministério da Agricultura e do Abastecimento
SETI - Secretaria de Est. Ciência e Tecnologia/Paraná Tecnologia
Sociedade SOFTEX
(**) Recursos para projetos e eventos
SÓCIOS COLABORADORES***
ACIL - Associação Comercial e Industrial de Londrina
AETEEL - Ass. Engenheiros de Telecomunicações e Elétro-Eletrônica
Associação dos Jornais Diários
CEAL - Clube de Engenharia e Arquitetura
UNIFIL - Centro Universitário Filadélfia
CML - Câmara Municipal de Londrina
EMBRAPA/CNPSoja
FAPEAGRO - Fundação de Pesquisa do Agronegócio
GPDR - Grupo Promotor do Desenvolvimento Regional
IAPAR - Instituto Agronômico do Paraná
PPE - Programa Paraná Europa
SEBRAE - Serviço de Apoio à Pequena Empresa no Paraná
SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
SINDUSCON - Sindicato da Indústria da Construção Civil do Norte do Paraná
SRP - Sociedade Rural do Paraná
(***) Não participam financeiramente
PARCEIROS INTERNACIONAIS***
186
AGROPÓLO DE QUEBEC, Canadá
DEMOCENTER - Módena, Itália
IBI - International Business Incubator, San José, Califórnia, EUA
IC2 - Austin, Texas, EUA
Universidade Lille – França
OBS:
Em nível nacional a ADETEC é filiada à ANPROTEC e Sociedade SOFTEX.
Fonte: <http://www.adetec.org.br/adetec/perfil.htm> Acesso em: 24 abr.2004
187
ANEXO 8
CATEGORIAS DE SÓCIOS DA ADETEC
São as seguintes as categorias de sócios:
"Âncoras: pessoas jurídicas que dão contribuições financeiras mensais equivalentes ou
superiores a 5 (cinco) vezes a maior contribuição de Sócio Mantenedor;
"Mantenedores: pessoas jurídicas que contribuem mensalmente com a Sociedade, conforme
tabela aprovada pelo Conselho de Administração (veja os valores ao final da ficha de
filiação);
"Colaboradores: pessoas físicas ou jurídicas que queiram se aproximar e contribuir com a
ADETEC por seus princípios, objetivos e forma de atuação.
Os associados poderão ainda contar com a seguinte estrutura de apoio da entidade:
1) Locação a preços reduzidos de auditório com capacidade para 70 lugares, carteiras tipo
universitária, climatizado;
2) Apoio para a realização de eventos de seu interesse;
3) Apoio a projetos de inovação, transferência de tecnologia e funding;
4) Participação em lista "mailing" através de e-mail do Boletim Eletrônico ADETEC News;
5) Locação a custos reduzidos de dois laboratório de informática, um com oito máquinas e
outro com 12.
Fonte: <http://www.adetec.org.br/adetec/perfil.htm> Acesso em: 24 abr.2004
188
ANEXO 9
GRADE DE TREINAMENTOS E PALESTRAS
PROJETO LONDRINA 1000 ONGS
Agenda 17 toda Quarta tem palestra do terceiro setor
TODA QUARTA
(de agosto até novembro - agenda 17)
Tem Palestra sobre o Terceiro Setor
Local: Auditório Twin Business Towers sobre loja Av Tiradentes, 501
Horário: 17 ás 18:30 horas
Promoção:
PREFEITUA DO MUNICÍPIO DE LONDRINA
MUNDO AMBIENTALMENTE SUSTENTÁVEL
MUNDO SOCIALMENTE JUSTO É POSSÍVEL
ECONOMIA SOLIDÁRIA
Empresas +
Governo +
Organizações do Terceiro Setor +
RESULTADO : CIDADANIA
Inscrições
: Na Codel/projeto Mil ONGs pelo fone 3357-2300 Ramal 237
Aberto a todas ONGs/OSCIPs - vagas limitadas pelo auditório.
Parceiros nesta idéia:
> Paulo Magno Sercomtel
> Irene Mologni UEL Universidade Estadual de Londrina
> Luís César Auvray Guedes da Milênia Agro Ciência S/A
> Denise M. Caldeirão da Milênia Agro Ciência S/A
> Unopar (Estão estudando assunto- contato Prof Rubens de França Texeira)
> Neiva de Cassia Vieira Cedempt
> Inbrape (Estão sendo convidados- contato Prof Ivan Dutra )
> Terezinha de Almeida - HU-tec Fundação de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológio do Hospital Universitário do Norte Pr
> Ana Carolina Zavataro Nascimento - OPIS - Organização de Planejamento e Impulso Social
> Antonio Villas Bôas Neto - Remets - Rede de mobilização das entidades e ongs do terceiro setor.
> Denice A. Alves - GAOS Gestão e Assessoria de Organizações Sociais
> Milson Antonio Ciriaco Dias - Auditor da Prefeitura Municipal de Londrina e Prof. da UNIFIL (Ciências Contábeis)
> Reinaldo Zanardi - Jornalista e assessor do Núcleo de Comunicação da Prefeitura Municipal de Londrina Prof. da Unopar.
> Orion Barbosa - coordenador do Selo Social de Pnota Grossa Pr.
Serão de agosto até novembro na agenda -17
.
AGOSTO/03
06 - O que as empresas esperam das ONGs - Paulo Magno C. Leite Sercomtel S.A. Telecomunicações
13 - Por que profissionalizar as Organizações Sociais? Denice A. Alves - GAOS Gestão e Assessoria de Organizações Sociais
20-O desafio da construção de uma gestão atualizada do terceiro setor - Selma Frossard Costa Prof UEL e Prof do Inbrape/ Coordenadora Técnica do
Meprov (Ministério Evangélico Pro-Vida
27- Gestão de Marketing para organizações de terceiro setor - Antonio Villas Bôas Neto - Remets - Rede de mobilização das entidades e ongs do
terceiro setor.
18:30 horas Lançamento do livro: Gestão de Marketing para organizações de terceiro setor dos autores Antonio Villas Bôas Neto, Monalisa Stefani e
Sady Pezzi Jr.
SETEMBRO/03
03 - Qual o real posicionamento das organizações do terceiro setor, diante das atribuições do Estado - Luis Miguel Luzio dos Santos Prof da UNOPAR
10 - Prestação de Contas de projetos patrocinados: como realizá-la? Paulo Magno C. Leite Sercomtel S.A. - Telecomunicações
17 - Associação , fundação, OSCIPs, institutos e outras; conceitos e diferenças - Ana Carolina Zavataro - OPIS
24 -Comunicação como estratégia de visibilidade do terceiro setor - Reinaldo Zanardi - Jornalista e assessor do Núcleo de Comunicação da Prefeitura
Municipal de Londrina Prof da Unopar.
OUTUBRO/03
01 - A contabilidade nas organizações sociais, tributos e isenções - Milson Antonio Ciriaco Dias - Auditor da Prefeitura Municipal de Londrina e Prof.
189
da UNIFIL (Ciências Contábeis)
08 - Sustentabilidade: O que é? Como proceder? Paulo Magno C. Leite Sercomtel S.A. - Telecomunicações
15 - O Estatuto da ONGs e o Novo Código Civil Brasileiro Terezinha de Almeida HU-tec Fundação
22- A experiência da 1º Feira do Selo Social de Ponta Grossa- Pr - Orion Barbosa coordenador do Selo Social.
29-Responsabilidade Social Empresarial - Luís César Auvray Guedes da Milênia Agro Ciência S/A
NOVEMBRO/03
05 - OPIS- Organização de Planejamento e Impulso Social, Proposta de trabalho - Patrícia Grassano Pedalino.
12 - Como elaborar projetos em R.S.E. Responsabilidade Social Empresarial - Paulo Magno C. Leite- Sercomtel S.A. - Telecomunicações
19-
26- Resultados de Projetos Sociais e impacto nas organizações do terceiro setor - Neiva de Cassia Vieira - Cedempt
OBS 1: ainda não confirmarão datas (e temas) as seguintes pessoas/instituições:
Irene Mologni UEL Universidade Estadual de Londrina - Como Uma Boa Administração Pode Tornar a Organização Social Bem Sucedida!
Denise M. Caldeirão da Milênia Agro Ciência S/A
OBS 2: Outro evento programado para Londrina em setembro/03
COORDENAÇÃO
:
Dr. Lúcio Tedesco Marchese – Diretor-Presidente da Fundação HUTEC
Dra. Terezinha A A Almeida – Coordenadora / Assessora Jurídica da Fundação HUTEC
Prof. Hamil Adum Filho – Diretor-Presidente da Fundação FAUEL
Dra. Cláudia Prochet – Assessora Jurídica da ACIL
CURSO DE EXTENSÃO:
"CURSO DE EXTENSÃO - AS FUNDAÇÕES E OUTRAS ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR NO
NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO"
Informações e Incrições:
Fundação HUTEC: Sra. Hae
(43) 3325-0724 / 3334-0145 – hutec@sercomtel.com.br
Sra. Zuleika: (43) 3371-2496
meirequina@yahoo.com.br
Carga Horária: 15 horas
Apoio: Londrina MIL ONGs/ CODEL
Tema
Professor
19/Set/03
(sexta-feira)
18:00 – 19:30 Entrega de credenciais19:30 – 20:15 Aula Inaugural: As fundações de apoio na atualidade.
Conferencista:Dr. Lúcio Tedesco Marchese (Londrina-PR)
20:15 – 21:15 – Conferência: As Fundações e o Cenário de Mudanças Introduzido pelo Novo Código Civil: viabilidade legal.
21:15 – 21:30: Debate Interativo
Conferencista:Dr. José Eduardo Sabo Paes (Brasília-DF)
Presidente da Mesa:Prof. Eduardo Di Mauro (Londrina – PR)
21:30 – 22:30 – Noite de Autógrafos: Relançamento da 4ª Edição do Livro "Fundações e Entidades de Interesse Social, Aspectos jurídicos,
administrativos, contábeis e tributários"
190
Autor:Dr. José Eduardo Sabo Paes (Brasília-DF)
20/Set/03
(sábado)
08:30 – 09:30 – Conferência: As Fundações e o Controle do Ministério Público09:30 – 10:00: Debates
10:00 – 10:15: Coffee Break
Conferencista:Dr. José Eduardo Sabo Paes (Brasília – DF) Presidente da Mesa:Prof. Hamil Adum Filho (Londrina – PR)
Debatedor: Dr. Cláudio Rubino Zuan Esteves (Londrina – PR)
10:15 – 11:15 – Conferência: As fundações como Instrumento de Cidadania
11:15 – 12:00: Debate
Conferencista:Dr. Luiz Carlos Merege (São Paulo – SP)
Presidente da Mesa:Profa. Márcia Helena Carvalho Lopes (Londrina-PR)
Debatedor: Dra. Iglair Terezinha M. Chiamulera (Curitiba – PR)
25/Set/03
(quinta-feira)
19:30 – 20:30 – Conferência: Utilidade Pública Federal (Lei n. 91/35 e Decreto n. 50.517/61): critérios para concessão e direitos e deveres da entidade
reconhecida.
20:30 – 20:45: Debates
20:45– 21:00 Coffee Break
Conferencista:Dr. Bruno Gomes Farias (Brasília – DF)
Presidente da Mesa:Dr. Aparecido José Andrade (Londrina – PR)
Debatedor:Dr. Roberto de Mello Severo (Londrina-PR)
21:00 - 22:00 – Conferência: OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Lei nº 9.790/99): critérios para concessão e direitos e
deveres da entidade reconhecida.
22:00 – 22:30: Debates
Conferencista:Dra. Carolinda Rodrigues Chaves (Brasília – DF)Presidente da Mesa:Dr. Francisco Eugênio A. de Souza (Londrina-PR)
Debatedor:Dr. Nelson Sokolowiski (Londrina – PR)
26/Set/03
(sexta-feira)
19:30 – 20:30: Conferência: O papel das Fundações de Apoio: composição diretiva.20:30 – 21:00: Debates
21:00 – 21:15: Coffee Break
191
Conferencista: Dr. Edson Luís Peters (Curitiba-PR)
Presidente da Mesa:Dr. David Dequech Neto (Londrina-PR)
Debatedor:Dr. Roberto de Mello Severo (Londrina-PR)Dr. Marcel Antoine Haswany (Londrina-PR)
21:15 – 22:15: Conferência: O Estatuto das Fundações e o Novo Código Civil: perfil jurídico e responsabilidade dos dirigentes
22:15 – 22:45: Debates
Conferencista:Dr. Edson Luís Peters (Curitiba – PR)
Presidente da Mesa:Dr. José Antônio André (Londrina – PR)
Debatedores: Dr. Roberto de Mello Severo (Londrina-PR)
Sr. Jeremias Bequer Brizola (Londrina – PR)
27/Set/03
(sábado)
08:45 – 09:30: Conferência: Obrigações e Encargos Sociais Decorrentes da Prestação de Trabalho e de outras Relações Jurídicas 09:30 – 10:00: Debates
10:00 – 10:15: Coffee Break
Conferencista:Dra. Neide Akiko Fugivala Pedroso (Londrina – PR) Presidente da Mesa:Profa. Wilma Jandre Melo (Londrina – PR) Debatedor: Dr.
Marcos de Queiroz Ramalho (Londrina – PR)
10:15 – 11:15: Conferência: Obrigações Fiscais e Tributárias das Fundações 11:15 – 11:45: Debate
Conferencista: Dr. Joseman Aurélio Fernandes (Londrina – PR)
Presidente da Mesa:Prof. Paulo César Carvalho de Souza (Londrina–PR)Debatedor: Prof. Sadi Chaiben (Londrina – PR)
COORDENAÇÃO:
Dr. Lúcio Tedesco Marchese – Diretor-Presidente da Fundação HUTECDra. Terezinha A A Almeida – Coordenadora / Assessora Jurídica da Fundação
HUTEC
Prof. Hamil Adum Filho – Diretor-Presidente da Fundação FAUEL
Dra. Cláudia Prochet – Assessora Jurídica da ACIL
Valor do Investimento:
Até 30/08/2003:.................R$ 400,00
Até 15/09/2003:.................R$ 2 X 220,00
Funcionários/UEL e Estudantes que comprovarem essa qualidade: 50 Vagas
Até 30/08/2003:.................R$ 200,00
Até 15/09/2003:.................R$ 2 X 110,00
Informações e Incrições:
Fundação HUTEC: Sra. Hae
(43) 3325-0724 / 3334-0145 – hutec@sercomtel.com.brSra. Zuleika: (43) 3371-2496 zufrari@yahoo.com.br
meirequina@yahoo.com.br
192
Observações:
VAGAS: Limitadas.
CERTIFICADOS: fornecidos ao final do curso.
PERGUNTAS P/ DEBATEDORES E CONFERENCISTAS: devem ser enviadas por E-MAIL ou FAX.
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1 - Apresentação
2 - O Projeto Inicial Mil ONGs
3 - Catálogo endereços das ONGs de Londrina.
4 - Cursos do Terceiro Setor em Londrina
5 - Agenda 17 "toda Quarta tem palestra do terceiro setor"
6 - Links
7 - Projeto oportunidade solídária
8 - Feira da oportunidade para ONGs no Terminal
9 - Pesquise na internet Agentes Financeiros
ANEXO 10
SOLICITAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA: UEL-PPA/ADETEC
193
194
195
ANEXO 11
AUTORIZAÇÃO PARA REALIZAÇÃO DA PESQUISA: ADETEC/PPA-UEL
196
197
ANEXO 12
ESTATUTO DA ADETEC
198
ADETEC - ASSOCIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE LONDRINA E
REGIÃO
ESTATUTO SOCIAL
Redação consolidada com as alterações introduzidas pela AGE de 27/09/2003
DENOMINAÇÃO, DURAÇÃO E SEDE
Art. 1°
.
A Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina e Região
, também
designada pela sigla
“ADETEC”
, constituída em 4 de Outubro de 1993, é uma pessoa
jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, e duração por tempo indeterminado, com
sede e foro na Avenida Santos Dumont, nº 505, no município de Londrina, Estado do
Paraná, Brasil.
FINALIDADE E OBJETIVO SOCIAL
Art. 2º
. A ADETEC tem por missão “Ser um agente de integração para o desenvolvimento
tecnológico da Região de Londrina, contribuindo para o bem estar social de seus parceiros e
colaboradores e a democratização do conhecimento, executando ações de interesse
comunitário”, nas áreas de:
I)
Educação
: visando o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a
melhor qualificação para o trabalho;
II)
Cultura
: visando o desenvolvimento das formas de expressão, dos modos decriar,
fazer e viver, das criações científicas, artísticas e tecnológicas, do esporte, do
turismo, da preservação e valorização do patrimônio cultural;
III)
Ensino, Treinamento e Aperfeiçoamento
: visando o desenvolvimento comunitário
e sócio-econômico, a qualidade e a produtividade, a melhor qualificação para o
trabalho e a redução do desemprego;
IV)
Ecologia e Biodiversidade
: visando alcançar um ecossistema equilibrado,
protegendo o meio-ambiente e as formas de vida preservando-os para a presente e
as futuras gerações;
V)
Pesquisa Científica e Tecnológica
: visando o bem público e o progresso das
ciências, aplicando-as na solução de problemas comunitários e no desenvolvimento
do sistema produtivo;
VI)
Desenvolvimento Institucional
: visando a dignidade da vida, os valores sociais, o
respeito às instituições democráticas e à livre iniciativa, uma sociedade livre, justa e
solidária, a redução das desigualdades sociais e regionais, a prevalência dos direitos
humanos, a informação e a conscientização social como ítens estratégicos para o
desenvolvimento harmônico e sustentado, o apoio à consolidação dos blocos
econômicos e de integração regional e a cooperação ampla e sem fronteiras para o
progresso.
PATRIMÔNIO, RECEITAS E APLICAÇÃO DOS RECURSOS
Art. 3º
. O patrimônio da Entidade será constituído:
I) pelas dotações em bens móveis e imóveis e em dinheiro que lhe forem concedidas;
199
II) por contribuições, doações, auxílios, subvenções e legados que lhe venham a ser
destinados; e
III) por bens e direitos que venha a adquirir.
Art. 4º
. Constituem receitas da ADETEC:
a)
as provenientes da administração do seu
patrimônio;
b)
as contribuições, a qualquer título, que lhe forem feitas por pessoas físicas ou
jurídicas, públicas ou privadas, nacionais, estrangeiras ou internacionais;
c)
as provenientes
de contratos, convênios, acordos ou documentos similares ou de eventuais Termos de
Parcerias e Contratos de Gestão;
d)
as decorrentes do exercício de suas atividades;
e)
outras receitas que venha a arrecadar ou que lhe sejam destinadas.
Art. 5º
. A fim de cumprir suas finalidades, a ADETEC poderá firmar convênios, contratos,
termos de parceria, contratos de gestão ou outros instrumentos, com empresas públicas ou
privadas, pessoas físicas ou jurídicas, no âmbito federal, estadual ou municipal ou outros
setores desses níveis de governo, organizações nacionais, estrangeiras ou internacionais,
ou outras entidades.
Art. 6º
. A ADETEC poderá atuar em todo o território nacional, diretamente ou através de
filiais, departamentos ou representantes, os quais se regerão igualmente por estas
disposições estatutárias.
Art. 7º
. A ADETEC poderá instituir programas de bolsas-auxílio, de estudos e/ou de
pesquisa, conforme a Lei n.º 9.250/95; instituir e gerir programas de estágios e de
integração profissional, para todos os níveis de escolaridade, conforme a Lei n.º 6.494/77 e
o Decreto n.º 87.497/82; e instituir programas de trabalho voluntário, conforme lei n.º
9.608/98.
Art. 8º
. O patrimônio e as receitas da entidade, bem como todos os seus recursos e
excedentes financeiros, serão aplicados exclusivamente para manutenção e
desenvolvimento de seus objetivos sociais, definidos neste Estatuto.
Art. 9º
. A entidade não distribui entre seus sócios ou associados, conselheiros, diretores,
empregados ou doadores, eventuais excedentes operacionais, brutos ou líquidos,
dividendos, bonificações, participações ou parcelas de seu patrimônio, auferidos mediante o
exercício de suas atividades, aplicando-os integralmente na consecução de seus objetivos
sociais.
DESTINAÇÃO DOS BENS
Art. 10
. Em caso da extinção da ADETEC, todos os seus bens reverterão para uma ou mais
instituições que tenham finalidades similares às da Entidade e que tenham tal condição
reconhecida pelas autoridades competentes.
Art. 11
. Na hipótese da entidade obter e, posteriormente, perder a qualificação instituída
pela Lei 9.790/99, o acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos
provenientes da celebração de Termos de Parceria e Contratos de Gestão, durante o
período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa jurídica,
qualificada nos termos da lei federal, preferencialmente que tenha o mesmo objetivo social.
200
ASSOCIADOS
Art. 12
. A Entidade terá como Associados tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas
voltadas aos seus objetivos sociais, que contribuam para com a Entidade, atendendo os
seguintes critérios:
Parágrafo Primeiro:
Para admissão no quadro social a diretoria analisará o pedido de
associação e aprovará, caso os seguintes critérios estejam atendidos:
I) Declaração na própria ficha de filiação de que a pessoa física ou jurídica está
ciente e de acordo com seus direitos e deveres dispostos nos artigos 14 e 15
desse estatuto;
II) A pessoa física ou jurídica goze de idoneidade moral;
III) Tenha sido indicada formalmente por um dos membros do Conselho de
Administração ou da Diretoria;
Parágrafo Segundo:
Será excluído do quadro social, mediante decisão de diretoria, o
associado que:
I) Sendo âncora ou mantenedor deixar injustificadamente de contribuir para com a
entidade por mais de 120 dias.
II) Deixar de cumprir com suas obrigações previstas no artigo 15 deste estatuto.
III) A pedido do próprio associado que manifestar formalmente perante a diretoria da
entidade o interesse em não mais pertencer ao seu quadro social.
Parágrafo Terceiro
: Da decisão da Diretoria que resultou a exclusão de associado, cabe
recurso à Assembléia Geral.
Art. 13
. São as seguintes as categorias de sócios:
I) Âncoras: pessoas jurídicas com contribuições financeiras mensais equivalentes ou
superiores a 5 (cinco) vezes a maior contribuição de Sócio Mantenedor;
II) Mantenedores: pessoas jurídicas que contribuam mensalmente com a
Entidade, conforme tabela aprovada pelo Conselho de Administração; e
III) Colaboradores: pessoas físicas ou jurídicas que concordem com os princípios e
objetivos da ADETEC e queiram contribuir com sua atuação.
Art. 14
. São direitos dos Associados:
I) Utilizar-se dos estudos, pesquisas e informações não confidenciais elaborados pela
Entidade;
II) Freqüentar a sede social e participar de seus eventos;
III) Votar e ser votado para os cargos da administração; e
IV) Tomar parte nas Assembléias Gerais.
Parágrafo Primeiro
: Os Sócios Âncoras terão vaga assegurada no Conselho de
Administração da Entidade a partir da gestão seguinte a seu ingresso.
Parágrafo Segundo
: Poderão ser concedidas pela Diretoria vantagens especiais a Sócios
Ancoras e Mantenedores nos serviços prestados pela entidade como forma de incentivar
este tipo de filiação.
Art. 15
. São deveres dos Associados:
201
I) Cumprir e fazer cumprir o presente Estatuto;
II) Cumprir voluntariamente os compromissos assumidos pazra com a ADETEC; e
III) Acatar voluntariamente as decisões do Conselho de Administração e da Diretoria.
ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
Art. 16
. A ADETEC será constituída e administrada pelos seguintes órgãos:
I) Assembléia Geral
II) Conselho de Administração
III) Conselho Fiscal
IV) Diretoria
Art. 17
. Os membros da estrutura organizacional da Entidade, no exercício regular de suas
atribuições e competências, bem como os Associados, não respondem solidária ou
subsidiariamente pelas obrigações ou encargos da Entidade.
Art. 18
. Os membros do Conselho de Administração, do Conselho Fiscal e da Diretoria, no
exercício destas funções, não perceberão da Entidade remuneração de qualquer espécie,
sendo o exercício de suas funções considerado como prestação de relevantes serviços à
comunidade.
Parágrafo Único
– Os Conselheiros e Diretores poderão ser ressarcidos, quando
couber, de eventuais despesas decorrentes de atividades exercidas em benefício ou
representação da entidade, tais como: deslocamento, alojamento ou alimentação.
ASSEMBLÉIA GERAL
Art. 19
. Órgão máximo de deliberação da Entidade, a Assembléia Geral é composta pelo
Conselho de Administração, Conselho Fiscal, Diretoria e por todos os associados quites
com suas obrigações sociais, devendo reunir-se, ordinariamente, no mínimo uma vez por
ano, nos primeiros seis meses seguintes ao encerramento do exercício social, para:
I) Aprovar a prestação de contas do exercício findo, após o parecer do Conselho Fiscal;
II) Eleger nos anos ímpares e destituir, quando couber, nos termos deste estatuto, o
Conselho de Administração e o Conselho Fiscal.
Art. 20
. Nas Assembléias Gerais de eleição do Conselho de Administração, os votos dos
associados terão os seguintes pesos proporcionais: ----------
“Artigo Revogado”
I) Âncoras: peso 6 (seis) -----------------------------------
“Artigo Revogado
II) Mantenedores: peso 3 (três) ----------------------------
“Artigo Revogado”
III) Colaboradores: peso 1 (um) ----------------------------
“Artigo Revogado”
Art. 21
. A Assembléia Geral será convocada extraordinariamente para:
I) Decidir, sobre reformas do Estatuto, entrando as alterações em vigor na data de seu
registro em Cartório.
202
II) Decidir, em Assembléia Geral especialmente convocada para esse fim, sobre a
extinção da Sociedade, quando se tornar impossível a continuação de suas
atividades.
Art. 22
. A convocação da Assembléia Geral será feita pelo Presidente do Conselho de
Administração ou por dois terços dos membros desse Conselho ou, ainda, por um quinto de
seus associados
Art. 23
. Para as deliberações referentes a destituição de diretores e conselheiros, e
alteração do estatuto é exigido o voto concorde de dois terços dos presentes à assembléia
especialmente convocada para este fim, não podendo ela deliberar, em primeira
convocação, sem a maioria absoluta dos associados, ou com menos de um terço nas
convocações seguintes.
Parágrafo Único
– Ocorrendo empate nas deliberações, o Presidente do Conselho
exercerá o direito do voto adicional de desempate.
Art. 24
. Os editais de convocação das Assembléias Gerais, que deverão conter a indicação
da pauta, local, dia e horário, serão publicados na imprensa com antecedência mínima de 7
(sete) dias, dispensando-se tal publicação com o encaminhamento dos editais aos membros
mediante protocolo.
Art. 25
. A Assembléia será instalada em primeira convocação com a maioria dos associados
e em segunda convocação, com qualquer número, meia hora após.
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO
Art. 26
. O Conselho de Administração é o órgão superior de gestão da entidade, devendo o
seu funcionamento e as suas deliberações atenderem aos pressupostos que, a
respeito,estabelecem a lei e este estatuto.
Art. 27
. O Conselho de Administração será constituído por 11 (onze) membros eleitos pela
Assembléia Geral entre os associados, não computando-se nesse número os sócios
âncoras, que terão assento garantido no Conselho.
Parágrafo Único
- Na composição do conselho será observado o equilíbrio entre Sócios
Mantenedores e Sócios Colaboradores.
Art. 28
. O mandato dos membros do Conselho de Administração é de dois anos, admitida a
recondução.
Parágrafo Primeiro
– Em caso de vacância, a Assembléia subseqüente indicará o
Conselheiro substituto, que completará o mandato do substituído.
Parágrafo Segundo
– Os Conselheiros que venham a ser indicados para integrar a
Diretoria da Entidade, devem renunciar ao assumirem as funções executivas.
Parágrafo Terceiro
- No caso de Associados pessoas jurídicas, os representantes poderão
ser substituídos a qualquer tempo, mediante comunicação oficial do associado.
Parágrafo Quarto
– Quando no exercício da Presidência do Conselho, o Conselheiro
permanecerá no órgão e no cargo até o final do respectivo mandato, mesmo que sua
203
representação de Associado Pessoa Jurídica tenha cessado, nos termos do parágrafo
terceiro desse artigo.
Art. 29
. O Conselho de Administração reunir-se-á ordinariamente duas vezes por ano e
extraordinariamente sempre que for convocado: a) pelo seu Presidente, b) por um terço de
seus membros, c) por um terço dos Associados ou d) por solicitação do Diretor Presidente.
Art. 30
. Para deliberação em primeira convocação, o Conselho deverá ter um quorum
mínimo de sete membros; em segunda convocação, meia hora após, com qualquer número.
Parágrafo Único
– O Diretor Presidente da Entidade participará das reuniões do Conselho,
sem direito a voto.
Art. 31
. As reuniões do Conselho de Administração serão presididas por seu presidente,
que convocará um dos presentes para secretariar a reunião. Na sua ausência, serão
presididas por outro Conselheiro por ele indicado ou pelo Diretor Presidente.
Parágrafo Único
– Ocorrendo empate nas deliberações, o Presidente do Conselho
exercerá o direito do voto adicional de desempate.
Art. 32
. Os Editais de convocação das Reuniões do Conselho de Administração deverão
conter a indicação do dia, hora e local da reunião, bem como a pauta dos assuntos a serem
tratados, devendo ser encaminhados a todos os membros do Conselho, mediante protocolo
ou correio registrado, com, no mínimo, cinco dias de antecedência.
Art. 33
. É de competência exclusiva do Conselho de Administração:
I) Determinar o âmbito e a forma de atuação, definir as políticas, diretrizes, estratégias
e planos da Entidade, para consecução do seu objetivo;
II) Aprovar Contratos de Gestão ou Termos de Parceria da Entidade com o Poder
Público;
III) Aprovar a proposta orçamentária e o programa de investimentos da Entidade;
IV) Designar e dispensar os membros da Diretoria;
V) Aprovar, por maioria de dois terços de seus membros, o regulamento próprio
contendo procedimentos a serem adotados para a contratação de obras, serviços,
compras e alienações e o plano de cargos, salários e benefícios dos empregados da
Entidade;
VI) Aprovar e encaminhar, quando couber, ao órgão superior de fiscalização da
execução de Contratos de Gestão ou Termos de Parceria, os relatórios gerenciais e
de atividades da Entidade, elaborados pela Diretoria;
VII) Fiscalizar o cumprimento das diretrizes e metas definidas, examinar atos e
documentos administrativos, aprovar os demonstrativos financeiros e contábeis e as
contas anuais da Entidade, com o auxílio, se couber, de Auditoria externa
independente;
VIII) Eleger, entre seus membros, o Presidente do Conselho de Administração, ao qual
caberá, nas reuniões, o voto de desempate;
IX) Em caso de vacância, indicar um membro entre os associados para ocupar vaga no
Conselho de Administração, Conselho Fiscal ou Diretoria, até sua apreciação na
Assembléia subseqüente, que deverá ocorrer em até 90 dias.
204
CONSELHO FISCAL
Art. 34
. O Conselho Fiscal será composto por três membros e seus respectivos suplentes,
todos profissionais conhecedores das áreas contábil ou de auditoria, eleitos pela Assembléia
Geral, com mandato coincidente com os do Conselho de Administração e da Diretoria, com
direito a reeleição.
Art. 35
. Compete ao Conselho Fiscal:
I) Examinar os registros de escrituração da entidade;
II) Opinar sobre os balanços e relatórios de desempenho financeiro e contábil esobre
as operações patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos
superiores da entidade;
III) Requisitar, a qualquer tempo, documentação comprobatória das operações
econômico-financeiras realizadas pela entidade;
IV) Contratar e acompanhar o trabalho de auditores externos independentes;
V) Analisar pedidos de disponibilização de bens e patrimônio;
VI Convocar extraordinariamente a Assembléia Geral;
VII) Eleger, entre seus membros, o seu Presidente, que coordenará os trabalhos.
Parágrafo Único
– O Conselho Fiscal deliberará por maioria simples e se reunirá
ordinariamente pelo menos duas vezes ao ano e, extraordinariamente, sempre que for
convocado pelo Conselho de Administração ou pela Diretoria.
DIRETORIA
Art. 36.
A Diretoria será constituída por a) um Diretor Presidente, b) um Vice-Presidente
Empresarial, c) um Vice-Presidente Acadêmico, d) um Vice-Presidente Institucional, e) um
Diretor 1º Tesoureiro, f) um Diretor 2º Tesoureiro, g) um Diretor 1º Secretário e h) um Diretor
2º Secretário.
Parágrafo Primeiro
– As pessoas que tenham exercido os cargos de Diretor Presidente ou
Presidente do Conselho de Administração da ADETEC integrarão a Diretoria, em caráter
permanente, na função de Conselheiro Honorário, com direito a voz nas decisões, mas sem
obrigatoriedade de presença para efeito de quorum.
Parágrafo Segundo
– O Presidente será substituído, em seus impedimentos eventuais,
pelos vice presidentes, em ordem a ser estabelecida por decisão da Diretoria.
Parágrafo Terceiro
– Havendo vacância do cargo de presidente por mais de três meses, o
Conselho de Administração fará a substituição.
Art. 37
. O Regimento Interno da Entidade disporá sobre as áreas especializadas em que se
desdobrará a Diretoria e sobre as rotinas de gestão e a competência de cada um de seus
membros.
Art. 38
. Compete à Diretoria a administração geral da Entidade, praticando todos os atos
legais para uma eficiente e eficaz gestão e as ações necessárias à plena atuação do
Conselho de Administração – definida neste Estatuto – e todos os demais atos que não
sejam de competência exclusiva do próprio Conselho.
205
REPRESENTAÇÃO DA ENTIDADE
Art. 39
. Compete ao Diretor Presidente representar ativa e passivamente a entidade, em
juízo ou fora dele, dirigir os negócios ordinários da entidade e fixar as normas de
administração, podendo constituir procuradores, mandatários ou prepostos com fins
específicos.
Art. 40
. Todos os documentos que obriguem a entidade, inclusive contratos, convênios,
termos de parcerias, cheques bancários e outros, serão assinados conjuntamente por dois
Diretores, podendo os mesmos serem representados por procuradores constituídos por
instrumento público.
EXERCÍCIO FINANCEIRO E ESCRITURAÇÃO
Art. 41
. O exercício financeiro coincidirá com o ano civil, encerrando-se em 31 de dezembro
de cada ano.
Art. 42
. A Entidade manterá escrituração de suas receitas e despesas, em livros revestidos
de formalidades capazes de assegurar sua exatidão
Art. 43
. Os livros poderão ser em folhas soltas, numeradas e arquivadas e serão vistados
periodicamente pelo Conselho Fiscal.
PRESTAÇÃO DE CONTAS
Art. 44
. A prestação de contas da entidade observará, no mínimo:
I) Os princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de
Contabilidade;
II) A publicidade, por qualquer meio eficaz, no encerramento do exercício fiscal, do
relatório das atividades e das demonstrações financeiras, incluindo as certidões
negativas de débitos do INSS e FGTS, sendo colocados à disposição para o exame
de qualquer cidadão.
III) A realização de auditoria, inclusive por auditores externos independentes, se for o
caso, da aplicação dos eventuais recursos objeto de Termos de Parcerias, conforme
previsto em regulamento e instruções do Decreto Federal nº. 3100/99, de 30/6/1999.
IV) A prestação de contas de todos os recursos e bens de origem pública recebidos pela
entidade, será realizada conforme determinado no parágrafo único do Artigo 70, da
Constituição Federal.
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 45
. A Entidade adotará práticas de gestão administrativa necessárias e suficientes a
coibir a obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em
decorrência da participação no respectivo processo decisório.
Art. 46
. A Entidade é politicamente neutra, sendo expressamente vedado seu apoio ou
oposição a partido político ou a qualquer candidato a cargo eletivo.
206
Art. 47.
A Entidade não permitirá qualquer tipo de discriminação por raça, cor, idade, sexo,
condição social, credo ou religião.
Art. 48
. Aprovada, em assembléia, a presente alteração, o estatuto entra em vigor na data
de seu registro.
Art. 49
. Os casos omissos neste Estatuto, ou urgentes, serão solucionados pelo Presidente
do Conselho ou pelo Diretor Presidente, “ad referendum” do Conselho de Administração.
Londrina, Estado do Paraná, 2 de Outubro de 2003
.
..................................................
Diretor Presidente da
ADETEC - ASSOCIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO DE LONDRINA E
REGIÃO
207
ANEXO 13
PRINCIPAIS REALIZAÇÕES DA ADETEC
- Junho/93 - Criação do Movimento Pró-Pólo Tecnológico de Londrina
- 04/10/93 - Fundação da Associação do Desenvolvimento Tecnológico de Londrina
- Março/94 - Instalação da sede da ADETEC nas dependências da ACIL (até julho 99)
-
15/04/94 - Assinatura de Convênio ADETEC/CODEL para gestão da Incubadora Industrial de Londrina (encerrado em
abril/99)
- 10/12/94 - Inauguração da Incubadora Industrial de Londrina
-
Julho/94 - Reconhecimento legal como Entidade de Utilidade Pública pelo Município de Londrina e pelo Estado do
Paraná
- 1º/03/96 - Instituição do Núcleo SOFTEX Norte do Paraná, com assinatura de Protocolo ADETEC/CNPq
-
Agosto/97 - Implantação do Centro de Apoio ao Empresário – CEPAT, com assinatura de Acordo entre ADETEC -
ACIL – BRDE - CODEL - FIEP - SEID.
-
Outubro/98 - Assinatura de Convênio ADETEC/Prefeitura de Londrina, para suporte a projetos estratégicos do
Município (Encerrado em outubro/99)
- Dezembro/98 - Instituição do projeto LONDRINA TECNÓPOLIS
-
Dezembro/99 - Implantação do projeto LONDRINA TECNÓPOLIS, com instalação de escritório e formação de equipe -
Acordo entre ADETEC - CNPq - SETI/Paraná Tecnologia - IPPUL - FIEP/IEL - IPT S.Paulo - UEL – IAPAR
-
10/Novembro/00 - Apresentação pública dos resultados do projeto Londrina Tecnópolis com assinatura de resolução
conjunta instituindo o Conselho de Cidadãos, o Comitê Executivo e o Conselho Técnico Internacional do projeto.
-
Março/2001 – Inauguração da Platin – Plataforma Londrina de Tecnologia da Informação com o apoio do TECPAR
através da REDE TIC, Implantação da PLATALI – Plataforma Agroalimentar e PLATCON – Plataforma do
Conhecimento.
-
Maio/2001 – A Adetec é designada "Núcleo de Referência em Sistema Local de Inovação" pelo SEBRAE /
ANPROTEC.
- Agosto/2001 – A Adetec é reconhecida como entidade de "Utilidade Pública Federal".
-
Setembro/2001 – A PLATALI é reconhecida pelo MCT/CNPq/Finep/Governo do Estado com um dos três Arranjos
Produtivos Locais prioritários do Estado do Paraná.
- Setembro/2001 – A PLATIN foi credenciada consultora e certificadora oficial pela "Rational Software Corporation"
-
Dezembro/2001 – Assinado convênio com a FINEP – Financiadora de Estudos e Projetos, no âmbito do Fundo Verde-
Amarelo para desenvolvimento do Projeto Londrina Tecnópolis.
PRINCIPAIS RESULTADOS
Incubadora Industrial de Londrina (04/94 a 04/99)
- 47 empresas participaram do processo de incubação, das quais 35 continuavam em atividade em 04/99
- 22 foram graduadas, 18 permaneciam incubadas e 7 foram desligadas por insucesso
- Das 22 graduadas, 5 encerraram atividades pós-incubação
- A taxa de mortalidade acumulada, entre 94 e 99, oscilou de 9% a 14,8%, uma das menores do país
- A taxa de ociosodade da Incubadora era de 14,2% em 12/98.
-
As 17 empresas graduadas em atividade geravam um faturamento anual de R$ 6.538.000,00 e 733 postos de trabalho,
sendo 112 diretos e 621 indiretos.
- As 18 ainda incubadas faturavam R$ 1.001.500,00 e geravam 87 postos de trabalho, sendo 78 diretos e 9 indiretos.
Obs:
Cada emprego gerado na INCIL custava em média R$ 3,5 mil ao Poder Público
Empresas que mais se destacaram: Silvia Doré (confecções femininas para executivas), GRC Sacolas Plásticas, Essco
(eletrônica de potência), Odonto-Lógika (produtos odontológico inovadores), Spyctron (eletrônica de potência),
Traccer (software).
Fonte: <http://www.adetec.org.br/adetec/perfil.htm> Acesso em: 24.04.2004.
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