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As ideologias, a comunicação e a linguagem fazem parte da dinâmica de
organização do conhecimento social, onde os indivíduos controlam-se mutuamente, criam
laços de solidariedade e de diferenças.
Todo o conhecimento inicia-se na experiência. É nesta afirmativa que se baseia o
pensamento do filósofo alemão Immanuel Kant (1724-1804), a respeito da relação do
conhecimento inserido no senso comum e no conhecimento empírico, que para ele é
equivalente ao conhecimento científico.
Em sua obra Kant (1781) indaga:
Que outra coisa poderia despertar e pôr em ação a nossa capacidade de conhecer
senão os objetos que afetam os sentidos e que, por um lado, originam por si
mesmos as representações e, por outro lado, põem em movimento a nossa
faculdade intelectual e levam-na a compará-las, ligá-las ou separá-las,
transformando assim a matéria bruta das impressões sensíveis num conhecimento
que se denomina experiência? Assim, na ordem do tempo, nenhum conhecimento
precede em nós a experiência e é com esta que todo o conhecimento tem seu início
(p. 36).
Para Kant o conhecimento não resulta do modo como o mundo se apresenta aos
sentidos, mas, ao contrário, do modo como a mente humana “representa” ao organizar a
experiência sensorial. É uma construção do objeto pelo sujeito, assim como a ciência
somente é possível como construção subjetiva que impõe leis a estes objetos. Assim se
estabelece a relatividade dos nossos conhecimentos, pois o conhecimento e a ciência
variam, são verdades subjetivas e não absolutas.
Segundo Bazarian (1985) o agnosticismo de Kant indica que o mundo fenomênico
é um mundo formado na consciência. Não é possível conhecer como o mundo está
constituído em si, pois assim que se passa a conhecer as ‘coisas’, introduze-se nas formas a
priori da consciência, não tendo mais diante de si, a ‘coisa’ como é, mas sim como esta se
apresenta agora como fenômeno.
Paicheler (1986) aponta que podem surgir problemas interessantes para a
epistemologia a partir do avanço da compreensão da origem do saber do senso comum e