A atividade moluscicida dos extratos brutos de C. urucurana sobre caramujos infectados foi mais acentuado do
que sobre caramujos não-infectados. Em bioensaio realizado com caramujos não-infectados, os resultados
prévios, foram, para taxa de mortalidade, de 26,6% em 100ppm e em concentrações menores 50, 25 e 12,5ppm
não foi apresentada bioatividade. Nos testes com caramujos infectados apresentou 100% de mortalidade nas
concentrações de 100 e 50ppm, em 24 horas de exposição ao extrato. Após 36 horas do início da exposição em
25ppm, apresentou 40% de taxa de mortalidade. Estes dados mostram que houve maior sensibilidade à
atuação dos extratos em caramujos infectados comparado aos não-infectados.
Foi significativa a diferença encontrada na taxa de mortalidade
entre os extratos de M. pubescens e C. urucurana para as concentrações de
25 e 12,5 ppm. Pode-se afirmar, com 95% de confiança, que os extratos de
M. pubescens provocam maior mortalidade em caramujos infectados com
Schistosoma mansoni que os extratos de C. urucurana, considerando-se as
concentrações de 25 e de 12,5 ppm. Em concentrações maiores, ambas
apresentam a mesma mortalidade. Entretanto, o extrato de P. emarginatus,
mesmo a 100ppm, não causou mortalidade nos caramujos infectados.
Os moluscicidas utilizados apresentaram algum efeito de toxicidade na fisiologia dos caramujos infectados em
curto espaço de tempo. Estudos mostram que B. glabrata apresenta grande capacidade de adaptar-se às
condições ecofisiológicas adversas, entre elas a da infecção (Becker 1980; Shaw, Erasmus 1987; Bezerra et al.
1999; Alcanfor 2001). Pela condição fisiológica de infecção, o caramujo já apresenta certas deficiências
nutricionais que são desviadas para a manutenção do ciclo biológico do parasito, que retira do hospedeiro os
substratos essenciais à sua multiplicação (Becker 1980). Trabalhos realizados por Bacila (1970), Richards
(1967) e Bezerraet al (1999) têm mostrado que, em condições contrárias, o caramujo readapta seu metabolismo
no sentido de garantir sua sobrevivência no ambiente. Neste bioensaio não foi observada tal situação e sim a
morte dos caramujos expostos.
Os estudos realizados por Tenge et al (1979), Liebsch, Becker (1990) e Zelck (1999), demonstraram que
caramujos infectados sofrem alterações fisiológicas e metabólicas, que poderiam ser comparadas com o
metabolismo adaptativo do caramujo em jejum onde, em ambas as situações, precisam garantir a sobrevivência
da espécie. Apesar destas condições de adaptação, onde o caramujo B. glabrata pode sobreviver por algum
tempo, os experimentos realizados neste trabalho mostraram que, quando expostos aos extratos, tais ajustes
não ocorreram no sentido de garantir a sobrevivência temporária dos mesmos.