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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO PEDRO
CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM MEDICINA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: PEDIATRIA
ADRIANA ROCHA BRITO
ESTUDO DO AUTISMO ATRAVÉS DA IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO E DA
ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Niterói
2006
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ADRIANA ROCHA BRITO
ESTUDO DO AUTISMO ATRAVÉS DA IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO E DA
ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Dissertação apresentada ao curso
de pós-graduação da Faculdade de
Medicina da UFF como requisito
parcial para obtenção do grau de
Mestre. Área de Concentração:
Pediatria.
Orientadores: Prof. Dr. MARCIO MOACYR DE VASCONCELOS
Prof. Dr. JAIRO WERNER JR.
Niterói
2006
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ADRIANA ROCHA BRITO
ESTUDO DO AUTISMO ATRAVÉS DA IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO E DA
ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Dissertação apresentada ao curso de pós-
graduação da Faculdade de Medicina da UFF,
como requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre. Área de Concentração: Pediatria.
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profa. Dra. GESMAR VOLGA HADDAD HERDY
Universidade Federal Fluminense
_______________________________
Prof. Dr. EDSON FERREIRA LIBERAL
Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro
__________________________________________________________
Prof. Dr. ALAIR AUGUSTO SARMET MOREIRA DAMAS DOS SANTOS
Universidade Federal Fluminense
Niterói
2006
Ao que há de mais precioso na minha vida:
meus pais Manoel Francisco e Guiomar,
meu irmão Gilberto, minha cunhada e “irmã” Elisa
e meus queridos sobrinhos Ana Paula e Marcelo,
pelo amor e incentivo SEMPRE.
DEDICATÓRIA ESPECIAL
Não menos precioso foi o presente que a vida me deu por ter conhecido e
estar convivendo desde abril de 2001, com um admirável exemplo de ser humano,
que é o Prof. Marcio Vasconcelos.
Há 5 anos eu começava a dar os primeiros passos na Neuropediatria e ele
tem sido o sol deste caminho, iluminando o meu aprendizado com sua riqueza de
saber e, com suas palavras – o maior milagre humano – emerge o bem maior, a
supremacia do ato médico. Carinho, cuidado e atenção são gestos que distinguem
mera atuação profissional da vocação de quem trabalha com algo a mais do que um
simples caso médico, trabalha sim, com calor humano!
Hoje dividimos a correria da vida devido a enorme quantidade de pacientes,
seres humanos dos quais somos responsáveis, mas compartilhamos também da
bela amizade conquistada. E, num momento tão importante como este, gostaria de
expressar a minha gratidão por ele ter acreditado e apostado na minha capacidade
de superação.
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Jairo Werner Jr, pelos sábios ensinamentos e com quem
tive o privilégio de viajar por este fascinante mundo que é a Neuropsiquiatria Infantil.
Ao Dr. Romeu Côrtes Domingues, pela oportunidade inesquecível da realização de
um sonho.
Ao Dr. Luiz Celso Hygino da Cruz Júnior, pelas valiosas discussões sobre
Neurorradiologia e pela dedicação inestimável a pesquisa.
À Dra. Leise de Souza Rodrigues, pela extrema boa vontade e enorme capacidade
de trabalho no momento em que foi necessário.
Aos Drs. João Pedro Sevalho Gonçalves e Carlos Adolfo B. Pinto Calçada, pela
dedicação generosa a esta pesquisa.
Ao Dr. Adailton Tadeu Alves de Pontes, pela oportunidade que tive de presenciar a
sua dedicação ao autismo, no atendimento às crianças e no vasto conhecimento sobre o
assunto.
Aos alunos Fernanda Lopes Pércope, Tatiana Quinta Mendonça, Orli Carvalho da
Silva Filho e as ex-alunas Lívia Esteves e Marcela Rodrigues de Freitas, que vieram
compartilhar momentos importantes comigo na avaliação das crianças e discussão de
artigos sobre o tema.
À Dra. Rosiane da Silva Fontana, minha amiga e colega de mestrado, pela gentileza
de estar na véspera do seu casamento revendo uma infinidade de fichas empoeiradas
comigo à procura de pacientes para pesquisa.
E, sobretudo, meu agradecimento especial às crianças que participaram desta
pesquisa e aos seus pais que permitiram o exame, particularmente aquelas com transtorno
autista que necessitaram ser anestesiadas, apesar dos pais saberem que o exame não
modificaria a condição mórbida delas, e com quem aprendi muito sobre amor e superação.
“Do cérebro, e apenas do cérebro,
provêm nossos prazeres, risadas e gracejos,
bem como nossas tristezas, dores, pesares e lágrimas”.
Hipócrates.
“Aprender é a única coisa de que a mente
nunca se cansa, nunca tem medo e
nunca se arrepende”.
Leonardo da Vinci.
SUMÁRIO
RESUMO.................................................................................................................... 14
ABSTRACT................................................................................................................. 15
1
INTRODUÇÃO......................................................................................................... 16
2
O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA........................................................ 18
2.1 INTRODUÇÃO..................................................................................................... 18
2.2 DIAGNÓSTICO.................................................................................................... 19
2.2.1
Comprometimento qualitativo da interação social........................................... 19
2.2.2
Comprometimento qualitativo na comunicação............................................... 20
2.2.3
Padrões estereotipados de comportamentos, atividades e interesses........... 21
2.2.4 Triagem e instrumentos diagnósticos
.............................................................. 22
2.3 CONDIÇÕES MÉDICAS ASSOCIADAS.............................................................. 22
2.4 EVOLUÇÃO.......................................................................................................... 23
2.5 PREVALÊNCIA.................................................................................................... 23
2.6 ETIOLOGIA.......................................................................................................... 24
2.7 TEORIAS PROPOSTAS....................................................................................... 25
2.8 INVESTIGAÇÃO NEURORRADIOLÓGICA......................................................... 25
2.9 ESTUDOS DE NECROPSIA................................................................................ 31
3 ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
............ 33
4 IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO
..................................................................... 37
5 MATERIAL E MÉTODOS
........................................................................................ 40
5.1 SUJEITOS............................................................................................................ 40
5.2 SELEÇÃO DE CASOS E CONTROLES.............................................................. 40
5.3 EXAMES NEURORRADIOLÓGICOS.................................................................. 42
5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS............................................................................ 44
6 RESULTADOS
........................................................................................................ 48
6.1 DADOS DEMOGRÁFICOS.................................................................................. 48
6.2 DADOS DA ESPECTROSCOPIA........................................................................ 48
6.3 DADOS DA IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO.............................................. 54
7 DISCUSSÃO
........................................................................................................... 59
7.1 LITERATURA SOBRE ESPECTROSCOPIA....................................................... 60
7.2 LITERATURA SOBRE A IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO......................... 65
7.3 ACHADOS RELEVANTES................................................................................... 66
8 CONCLUSÕES
....................................................................................................... 69
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
........................................................................ 70
9.1 REFERÊNCIAS CITADAS................................................................................... 70
9.2 REFERÊNCIAS CONSULTADAS........................................................................ 76
10 APÊNDICES
.......................................................................................................... 79
10.1 MODELO DO FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO INFORMADO............... 80
10.2 MODELO DO QUESTIONÁRIO DO DSM-IV-TR COM
CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO AUTISTA.............................. 81
10.3 MODELO DO QUESTIONÁRIO DO CHECKLIST FOR AUTISM IN
TODDLERS (CHAT)................................................................................................... 82
10.4 MODELO DO QUESTIONÁRIO DO CHILDHOOD AUTISM RATING
SCALE (CARS)......................................................................................................... 83
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 1 Localização dos quatro voxels utilizados no exame de
espectroscopia de prótons com seus respectivos espectros............... 45
Fig. 2 Localização dos ROI’s utilizados no exame de imagem do
tensor de difusão.................................................................................. 47
Quadro 1 Estudos publicados sobre espectroscopia de prótons no autismo
clássico.................................................................................................. 68
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – Dados demográficos: Exame de espectroscopia........................... 49
TABELA 2 – Dados demográficos: Exame da imagem do tensor de difusão...... 49
TABELA 3 – Análise estatística do pico de N-acetil-aspartato entre casos e
controles........................................................................................ 50
TABELA 4 – Análise estatística da razão NAA/Cr entre casos e controles......... 51
TABELA 5 – Análise estatística da razão NAA/Cho entre casos e controles....... 51
TABELA 6 – Análise estatística do pico de colina entre casos e controles.......... 52
TABELA 7 – Análise estatística da razão Cho/Cr entre casos e controles.......... 52
TABELA 8 – Análise estatística do pico de creatina entre casos e controles...... 53
TABELA 9 – Análise estatística do pico de mio-inositol entre casos e
controles.......................................................................................... 53
TABELA 10 – Análise estatística da razão mI/Cr entre casos e controles............. 54
TABELA 11 – Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada
entre casos e controles em áreas medidas no plano sagital.......... 55
TABELA 12A – Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada entre
casos e controles em áreas medidas no plano axial...................... 56
TABELA 12B – Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada
entre casos e controles em áreas medidas no plano axial............. 57
TABELA 12C – Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada entre
casos e controles em áreas medidas no plano axial....................... 58
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
AF Anisotropia fracionada
CDA Coeficiente de difusão aparente
Cho Colina
Cr Creatina
DP Desvio padrão
DSM-IV-TR Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª
Edição – Texto Revisado (Associação Americana de Psiquiatria)
ERM Espectroscopia por ressonância magnética
ERM-H
1
Espectroscopia de prótons de hidrogênio por ressonância magnética
ERM-P
31
Espectroscopia de fósforo por ressonância magnética
FDA Food and Drug Administration
Gln Glutamina
Glu Glutamato
Glx Glutamina, glutamato e ácido gama-aminobutírico
HUAP Hospital Universitário Antônio Pedro
ITD Imagem do tensor de difusão
mI Mio-inositol
NAA N-acetil-aspartato
PCr Fosfocreatina
ppm Partes por milhão
PRESS point-resolved spectroscopy
QI Quociente de inteligência
RM Ressonância magnética
ROI Região de interesse (Region of interest)
RSR Relação sinal/ruído
SNC Sistema nervoso central
T Tesla
TE Tempo de eco
TR Tempo de repetição
UFF Universidade Federal Fluminense
RESUMO
OBJETIVOS: Analisar comparativamente a estrutura dos tratos cerebrais de
substância branca por meio da imagem do tensor de difusão e a composição
metabólica de áreas encefálicas através da espectroscopia de prótons por
ressonância magnética em crianças autistas e crianças normais, visando a
esclarecer a fisiopatologia do autismo.
POPULAÇÃO E MÉTODOS: A amostra deste estudo de casos-controles incluiu 10
meninos autistas (idade mediana 9,53 ± 1,80 anos), com critérios diagnósticos
estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 4ª
edição - Texto revisado (DSM-IV-TR) e 10 meninos sadios (idade mediana 8,52 ±
1,42 anos) para a realização da espectroscopia de prótons. Utilizou-se voxel único
de 8 cm
3
, com tempo de eco de 30 ms e tempo de repetição de 1.500 ms em
scanner de 1,5T e analisou-se as seguintes áreas cerebrais: cíngulo anterior, lobo
frontal esquerdo, estriado esquerdo e hemisfério cerebelar esquerdo. Estudaram-se
os picos e as razões dos metabólitos N-acetil-aspartato, colina, creatina e mio-
inositol. Em seguida realizou-se a imagem do tensor de difusão em 8 casos (idade
mediana 9,53 ± 1,83 anos) e 8 controles (idade mediana 9,57 ± 1,36 anos) no
mesmo equipamento clínico, e analisou-se a anisotropia fracionada das seguintes
regiões cerebrais: cerebelo, substância subcortical frontal, cíngulo anterior, corpo
caloso, núcleos basais, cápsula interna, tratos fronto-pontino e córtico-espinhal,
radiação óptica e fascículos longitudinais superiores e inferiores, bilateralmente.
RESULTADOS: No exame de espectroscopia, as crianças autistas apresentaram
elevação significativa dos picos de mio-inositol (p = 0,021) e colina (p = 0,042) no
cíngulo anterior e da razão mio-inositol/creatina no cíngulo anterior (p = 0,037) e no
estriado esquerdo (p = 0,035) em comparação aos controles. Não houve diferença
estatisticamente significativa nos valores encontrados no cerebelo e no lobo frontal
entre os dois grupos. Na imagem do tensor de difusão, os achados foram de
redução significativa do valor de anisotropia fracionada na parte anterior do tronco
do corpo caloso (p = 0,008), trato córtico-espinhal direito (p = 0,044), perna posterior
da cápsula interna direita (p = 0,003), perna posterior da cápsula interna esquerda (p
= 0,049), pedúnculo cerebelar superior esquerdo (p = 0,031), pedúnculo cerebelar
médio direito (p = 0,043) e pedúnculo cerebelar médio esquerdo (p = 0,039).
Encontramos valor aumentado de anisotropia fracionada no putame esquerdo dos
casos (p = 0,038).
CONCLUSÕES: Os achados da espectroscopia por ressonância magnética sugerem
disfunção do giro do cíngulo e estriado esquerdo, enquanto os resultados da
imagem do tensor de difusão revelam comprometimento da microestrutura da
substância branca no corpo caloso, cápsula interna e pedúnculos cerebelares
superior e médio no transtorno autista.
Palavras-chave: Autismo, criança, transtorno do espectro autista, espectroscopia de
prótons, imagem do tensor de difusão, ressonância magnética, neuroimagem.
ABSTRACT
OBJECTIVES: To analyze and compare cerebral white matter tracts’ structure
through diffusion tensor imaging and metabolic composition of brain areas through
proton magnetic resonance spectroscopy in autistic and normal children, aiming at
clarifying pathophysiology of autism.
POPULATION AND METHODS: This is a case-control study on a sample of 10
autistic boys (median age, 9.53 ± 1.80 years) that fulfilled diagnostic criteria
established by the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – 4th edition
– Revised Text (DSM-IV-RT) and 10 healthy boys (median age, 8.52 ± 1.42 years).
Twenty subjects underwent proton spectroscopy in a 1.5T scanner, which employed
a 8 cm
3
single voxel, echo time 30 ms, repetition time 1500 ms, and the following
brain areas were explored: anterior cingulate, left frontal lobe, left striatum and left
cerebellar hemisphere. Peaks and ratios of metabolites N-acetylaspartate, choline,
creatine, and myo-inositol were analyzed. Then, diffusion tensor imaging was applied
to 8 cases (median age, 9.53 ± 1,83 years) and 8 controls (median age 9.57 ± 1.36
years), and fractional anisotropy was calculated bilaterally for the following brain
regions: cerebellum, frontal subcortical matter, anterior cingulate, corpus callosum,
basal ganglia, internal capsule, frontospinal and corticospinal tracts, optic radiation,
and superior and inferior longitudinal fascicles.
RESULTS: In spectroscopy, autistic children showed a significant increase of myo-
inositol (p = 0,021) and choline (p = 0,042) peaks in anterior cingulate and of myo-
inositol/creatine ratio in anterior cingulate (p = 0,037) and left striatum (p = 0,035) in
comparison with controls. There was no statistically significant difference among
values for cerebellum and frontal lobe between the two groups. Diffusion tensor
imaging findings included significant reduction of fractional anisotropy in the anterior
part of corpus callosum (p = 0,008), right corticospinal tract (p = 0,044), posterior
limb of right internal capsule (p = 0,003), posterior limb of left internal capsule (p =
0,049), left superior cerebellar peduncle (p = 0,031), right middle cerebellar peduncle
(p = 0,043), and left middle cerebellar peduncle (p = 0,039). Fractional anisotropy
was found to be elevated in left putamen of affected children (p = 0,038).
CONCLUSIONS: Magnetic resonance spectroscopy findings suggest dysfunction of
cingulate gyrus and left striatum, while diffusion tensor imaging results have shown
impairment of white matter microstructure in corpus callosum, internal capsule, and
superior and middle cerebellar peduncles in autistic disorder.
Keywords: Autism, child, autism spectrum disorders, proton spectroscopy, diffusion
tensor imaging, magnetic resonance imaging, neuroimaging.
1 INTRODUÇÃO
O autismo ainda impõe à ciência muitas perguntas sem respostas.
Após duas décadas de pesquisas caras e difíceis, não temos um único teste
por imagem cerebral que possa ser usado para diagnosticar esta síndrome comum,
e os mistérios do autismo parecem continuar seguramente escondidos
(WILLIAMSOM, 2002, p. 313).
O autismo é um transtorno global do neurodesenvolvimento com
conseqüências sociais adversas para os indivíduos acometidos, com prevalência
atual de 1 caso para 167 crianças. Após 63 anos da 1ª descrição clínica do autismo,
seus aspectos comportamentais continuam sendo extensamente estudados. A
despeito disto, sua etiologia permanece indeterminada.
A ressonância magnética (RM) tem proporcionado uma verdadeira revolução
no estudo do sistema nervoso central (SNC) e tornou-se o método de escolha para
investigação de anormalidades estruturais e funcionais do cérebro, devido a sua alta
sensibilidade e resolução espacial, na ausência de exposição à radiação, o que é
particularmente importante em estudos de pesquisa envolvendo crianças (ACOSTA;
PEARL, 2004, p. 205). Por conseguinte, a neuroimagem tem sido uma ferramenta
valiosa na avaliação do cérebro de forma não-invasiva.
A RM foi desenvolvida em torno de 1945 como ferramenta para o estudo das
propriedades magnéticas do núcleo atômico, e os primeiros experimentos foram
realizados simultaneamente, mas independentemente, por Purcell e Bloch nos
Estados Unidos, que conquistaram o Prêmio Nobel de Física em 1952 por suas
descobertas.
A etiologia do autismo vem sendo investigada através do uso de várias
modalidades neurorradiológicas com resultados controversos. A espectroscopia por
ressonância magnética (ERM) é a única técnica não-invasiva que pode estimar
17
diretamente a bioquímica in vivo, medindo os níveis dos metabólitos em regiões pré-
definidas do cérebro, podendo revelar comprometimento do metabolismo cerebral
regional. A imagem do tensor de difusão (ITD) é uma modalidade nova de
investigação estrutural, e as pesquisas no campo do autismo baseadas nesta
técnica estão apenas começando. A ITD revela o trajeto e a integridade das
projeções de substância branca no encéfalo. Avalia a conectividade estrutural
oferecendo um promissor veículo para aumentar o nosso conhecimento a respeito
dos transtornos neuropsiquiátricos.
O objetivo deste estudo é analisar os metabólitos cerebrais por meio da
espectroscopia de prótons de hidrogênio por ressonância magnética (ERM-H
1
) e
avaliar a estrutura dos tratos de substância branca por meio da ITD em escolares
com diagnóstico de autismo, em áreas encefálicas potencialmente relacionadas à
fisiopatologia do transtorno e comparar os resultados com escolares sadios. Nós
temos expectativas de que ferramentas mais sensíveis como estas que estão
surgindo com o avanço da tecnologia irão ajudar a elucidar as causas do transtorno.
Os benefícios desta pesquisa dizem respeito à possibilidade de se definir um
recurso fidedigno para o diagnóstico dos transtornos do espectro autista. É fácil
imaginar a repercussão positiva que um instrumento de diagnóstico eficaz do
autismo teria para um transtorno de prevalência tão elevada.
2 O TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA
2.1 INTRODUÇÃO
O autismo é uma síndrome clínica que se caracteriza por deficiência
qualitativa da interação social recíproca, da comunicação verbal e não-verbal, das
atividades lúdicas e imaginativas e um repertório restrito de interesses e motivações,
com grande variação no grau de intensidade. Existe desde o nascimento e persiste
ao longo da vida (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2000).
Reconhecendo a grande variabilidade clínica que ocorre em indivíduos autistas,
existe agora um consenso geral de que existe um espectro, que inclui indivíduos
com todos os níveis de inteligência e habilidade de linguagem, tornando mais
apropriado o uso do termo transtorno do espectro autista.
O transtorno foi descrito pela 1ª vez pelo psiquiatra austríaco Leo Kanner, que
publicou em 1943 seu trabalho sobre “As perturbações autísticas do contato afetivo”
e, no ano seguinte, Hans Asperger, um pediatra austríaco, descreveu em seu
trabalho “Die Autistichen Psychopathen im Kindersaltern”, pacientes semelhantes ao
de Kanner, exceto por uma linguagem melhor e função cognitiva menos deficiente.
Até fins da década de 1960, o autismo era considerado uma forma de esquizofrenia
infantil e classificado dentro da categoria das “psicoses infantis”. Em 1980, com o
surgimento da 3ª edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais
(DSM-III), da Associação Americana de Psiquiatria, o autismo se converteu no
protótipo de um novo grupo de transtornos do desenvolvimento descrito sob o título
de Transtornos globais do desenvolvimento. Com a publicação do DSM-IV em 1994,
pela 1ª vez foi incluído o termo qualitativo para descrever as deficiências dentro dos
critérios maiores, definindo a extensão das deficiências ao invés da absoluta
19
presença ou ausência de um comportamento particular como suficiente para critério
diagnóstico. A classificação atual do DSM-IV-TR, publicado em 2000, usa o termo
transtorno global do desenvolvimento para abranger o largo espectro de distúrbios
do desenvolvimento com as características citadas anteriormente e incluem 5
subtipos comportamentais:
- Transtorno autista (autismo clássico);
- Síndrome de Asperger;
- Transtorno desintegrativo da infância (síndrome de Heller);
- Síndrome de Rett;
- TGD-SOE (transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação).
2.2 DIAGNÓSTICO
O diagnóstico é clínico e totalmente comportamental e baseia-se no
desenvolvimento atípico ou deficiente da interação social, na existência de
problemas na comunicação e na presença de um repertório restrito de atividades e
interesses (RODRÍGUEZ-BARRIONUEVO; RODRÍGUEZ-VIVES, 2002). O
transtorno deve manifestar-se antes dos três anos de vida. Até o momento não
existe marcador biológico específico.
2.2.1 Comprometimento qualitativo da interação social
As crianças autistas têm padrões de contato visual e expressão facial
atípicos. Evitam olhar nos olhos diretamente e carecem da capacidade de variar de
expressão para estabelecer um contato social, não tem habilidade para
compreender as sutilezas comunicativas das pessoas, como decifrar intenções
faciais e os sentidos implícitos num gesto ou num modo de olhar. O transtorno da
interação social pode se manifestar como isolamento social ou comportamento
social impróprio, com incapacidade para desenvolver laços afetivos e relações com
as crianças de sua idade. Alguns pais relatam que seus filhos apresentam, desde os
primeiros meses de vida, um comportamento atípico, tais como: não estendiam os
braços para ir com eles, não olhavam o rosto, ao carregá-los não adaptavam seu
corpo ao da mãe, pareciam calados e quietos a maior parte do tempo, pareciam
20
surdos já que não tinham reação quando chamados pelo nome, mas sim a outros
sons especiais como o esfregar de um papel de bala, ouvir a música de uma
propaganda ou um programa de rádio ou televisão. Nota-se sua incapacidade de
servir-se da “atenção conjunta”, definida como os comportamentos utilizados para
compartilhar a experiência de objetos e eventos com outros indivíduos, mediante a
qual trata-se de demonstrar interesse, diversão ou temor a um objeto, olhando
intencionalmente o objeto ou jogo e ao seu companheiro de brincadeira, o qual
indica que a atenção da outra pessoa é importante e desejável. A ausência de
reciprocidade social ou emocional é evidente, pois as crianças preferem a
brincadeira solitária e utilizam objetos não apropriados para brincar. Mostram
indiferença afetiva ou afetos impróprios e carência de empatia social ou emocional.
As crianças autistas têm dificuldade de interpretar o estado emocional dos outros,
não compreendem o pensamento a partir do contexto social e não deduzem o que,
possivelmente, as outras pessoas pensam — o que se convencionou chamar de
ausência de “teoria da mente”.
2.2.2 Comprometimento qualitativo na comunicação
As alterações na capacidade de comunicação com os demais afetam tanto as
habilidades verbais quanto não-verbais (RAPIN; DUNN, 2003). As crianças
acometidas podem ter atraso importante na aquisição da linguagem ou ausência
total dela.
Uma dificuldade básica é a falta do desenvolvimento de linguagem
comunicativa. Tem-se demonstrado que só a metade dos autistas desenvolvem uma
linguagem funcional, enquanto todos sofrem de importantes problemas de
compreensão. Alguns poucos são loquazes, mas não têm a capacidade para iniciar
ou manter uma conversação, isto é, não há engajamento verdadeiro numa
conversação recíproca, sua linguagem é repetitiva, com voz monótona, destituída de
contexto, de tom agudo, cadência e som de robô e ecolalia imediata e retardada.
Além disso, eles utilizam a terceira pessoa para referir-se a si mesmo e invertem os
pronomes. Às vezes pronunciam uma série de frases memorizadas de um programa
de televisão, inúteis para a comunicação. Podem cantar a mesma canção durante
horas. Alguns são mudos e parecem compreender muito pouco o que lhes é dito.
21
Estes sofrem de agnosia verbal auditiva, uma forma de disfasia receptiva grave, com
incapacidade para decifrar o código fonológico da linguagem. Outros repetem de
maneira incessante a mesma pergunta, ainda que conheçam a resposta, e não
usam gestos para manifestar seus desejos (RAPIN, 1996).
2.2.3 Padrões estereotipados de comportamentos, atividades e interesses
As crianças do espectro autista utilizam os brinquedos de maneira diferente
da sua aplicação habitual por outras crianças, como, por exemplo, enfileiram os
carrinhos, fazem girar suas rodas de forma prolongada, ou fazem com eles torres
perfeitas. A habilidade de algumas crianças para montar quebra-cabeças é notável.
Quando a brincadeira se desenvolve, ela é repetitiva, monótona, sem as
características do brincar espontâneo da criança normal, isto é, não se observam
nuances do verdadeiro jogo imaginativo ou simbólico. A brincadeira simulada com
outra criança, o brincar de “faz de conta” (brincar de esconder, simular a preparação
de comida), está além da capacidade dos autistas, já que estas atividades requerem
a compreensão de condutas complexas, sociais ou não-sociais. Não existe a
imitação própria da primeira infância, e as crianças apresentam atividades lúdicas
fora do contexto.
Elas podem ter uma extraordinária capacidade para perceber detalhes
insignificantes, associada à incapacidade para a abstração e formação de conceitos.
Observa-se grande interesse pelos aspectos elementares dos objetos, como seu
odor, sabor, textura, ou suas partes. Elas utilizam os sentidos, saboreiam objetos
não comestíveis, brincam de maneira obsessiva com a água, sentem prazer ao fazer
barulho com objetos de metal, parecem fascinados por movimentos como girar de
forma repetitiva uma moeda ou roda, ou abrir e fechar portas. Alguns sempre
carregam consigo uma corda, saco plástico, ou pano, isto é, mostram vinculação
com objetos inusitados. Estereotipias comportamentais variam desde simples
estereotipias motoras, como balançar as mãos, balanceios do corpo ou posturas
estranhas do corpo ou das mãos e insistência em determinadas rotinas e rituais
complexos, não funcionais, exibindo marcada resistência à mudança, inclusive com
freqüentes “acessos de fúria” se alguém tentar fazê-los mudar de atividade. Às
vezes se auto-agridem, dão tapas no próprio rosto, batem com a cabeça contra
22
parede, mordem as mãos ou arrancam crostas de feridas. Como acontece com
outras manifestações do autismo, a gravidade desse comportamento é muito
variável.
2.2.4 Triagem e instrumentos diagnósticos
Os critérios de diagnóstico do autismo clássico foram estabelecidos pelo DSM-
IV-TR (Apêndice 10.2, p. 81).
Um instrumento de triagem freqüentemente usado é a Lista de Verificação do
autismo em crianças pequenas (Checklist for autism in toddlers [CHAT], Apêndice
10.3, p. 82), a qual é designada para triagem aos 18 meses de idade (Baron-Cohen,
1992, p.839-843). Esta lista visa identificar comportamentos, que se ausentes aos 18
meses colocam a criança em risco de um transtorno da interação social e da
comunicação, tais como: o brincar de “faz de conta”, o apontar protodeclarativo e a
monitoração do olhar. Baron-Cohen et al (1996) concluíram que crianças mal
sucedidas nos 3 itens-chave têm 83,3% de risco específico para o autismo.
O instrumento Childhood Autism Rating Scale (CARS) é adotado para crianças
acima de 2 anos de idade (Apêndice 10.4, p. 83). O questionário inclui 15 itens e
utiliza uma pontuação para o reconhecimento e classificação do autismo, indicando
o grau de severidade do transtorno.
Nos últimos dez anos, surgiram dois novos instrumentos para definir o
diagnóstico de autismo que têm sido utilizados principalmente no contexto de
pesquisas científicas, a saber: The Autism Diagnostic Interview-Revised (ADI-R) e
The Autism Diagnostic Observation Schedule-General (ADOS-G).
2.3 CONDIÇÕES MÉDICAS ASSOCIADAS
Indivíduos com transtorno autista podem apresentar ansiedade, depressão,
afeto lábil, déficit de atenção com ou sem hiperatividade e comportamento agressivo.
As crianças autistas têm habilidades cognitivas que variam desde retardo mental
profundo até capacidades superiores. De toda forma, aquelas com capacidade
intelectual intacta são incapazes de perceber o que uma pessoa pensa ou
23
experimenta e como seu comportamento é percebido por outra pessoa (ausência de
teoria da mente). Aproximadamente 75% dos pacientes com transtorno autista têm
retardo mental.
Cerca de 10% dos indivíduos autistas tem surpreendentemente boa
habilidade musical, matemática ou visual-espacial, a despeito de profundas
deficiências em outros domínios e são chamados de idiot savants (HILL e Frith,
2003).
As convulsões são relativamente comuns no autismo, com um risco estimado
em 30-40%. Os tipos mais freqüentes são as crises parciais complexas, com ou sem
generalização secundária. Cerca de 25% apresentam convulsões na adolescência e,
até 65% tem anormalidades eletroencefalográficas inespecíficas.
Outro problema é a detecção da síndrome de Landau-Kleffner em pacientes
autistas não-verbais, onde somente a realização de um EEG de sono pode selar o
diagnóstico.
2.4 EVOLUÇÃO
A evolução do transtorno autista é variável. A metade apresenta muito pouco
ou nenhum progresso e a outra metade pode-se ver uma mínima melhora até um
inesperado progresso. Os parâmetros que melhor predizem a evolução são o
quociente de inteligência (QI) e a presença de linguagem (HOLGUÍN, 2003).
Durante a época escolar, os autistas com QI alto obtêm bons resultados,
devido a sua facilidade para recordar detalhes. Alguns freqüentam universidade e se
formam em carreiras de matemática ou física, mas ao enfrentar o dia-a-dia, que
exige habilidade social para lidar e resolver situações novas, os resultados declinam
de maneira dramática.
2.5 PREVALÊNCIA
A prevalência dos transtornos do espectro autista é de aproximadamente 1
caso para 167 crianças (Hill e Frith, 2003). Afeta mais meninos que meninas numa
proporção de 3-4:1. Ainda não se sabe se o aumento da prevalência nos últimos
24
anos se deve a diferenças de metodologia empregadas ou em aumento real na
freqüência do transtorno.
2.6 ETIOLOGIA
Existem crianças com síndromes neurológicas bem definidas que se
associam a um comportamento autista. Alguns fatores pré-natais incluem exposição
intrauterina à rubéola, talidomida ou valproato, esclerose tuberosa, síndrome de
Cornelia de Lange, anormalidades cromossômicas como a síndrome do X frágil,
síndrome de Angelman e, mesmo ocasionalmente, síndrome de Down, assim como
anormalidades cerebrais como a hidrocefalia. Afecções perinatais desempenham
pequeno papel causal. Condições pós-natais associadas com autismo são
fenilcetonúria não tratada, espasmos infantis, encefalite herpética e muito raramente
lesões focais cerebrais.
Houve relatos de que o transtorno era causado pela vacina MMR levando a
muito alarme e redução da imunização, mas essa hipótese já foi refutada, dado que
a vacina protege contra uma das causas estabelecidas de autismo, que é a
exposição intrauterina à rubéola (POSADA-DE LA PAZ; ARROYO; BOADA, 2005, p.
S192).
O risco para transtorno autista é maior entre irmãos de indivíduos com o
transtorno, dos quais 5% também apresentam a síndrome (AMERICAN
PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2000). Os estudos envolvendo gêmeos mostram um
aumento na concordância para o autismo de 36% ou mais para gêmeos
monozigóticos e de 0 a 24% entre gêmeos monozigóticos (DEUEL, 2002, p. 350).
Embora a etiologia do autismo ainda seja desconhecida, nos últimos anos têm
sido demonstradas evidências de que a genética desempenha um importante papel
no autismo primário e a combinação de vários genes específicos parece estar
implicada no desenvolvimento do transtorno, incluído os cromossomos 7q, 2q, 16p,
17q e 15q, que tem locus de sensibilidade. Outros estudos indicam que se trata de
uma entidade multifatorial com um componente genético poligênico e a ação de
elementos ambientais (TOAL; MURPHY, D.; MURPHY, K., 2005, p. 395). A rara
ocorrência de transtorno desintegrativo e o relato de regressão precoce da
linguagem e sociabilidade em aproximadamente 30% das crianças autistas sugerem
25
que em alguns casos o que é herdado talvez seja a susceptibilidade desordenada a
algumas influências ambientais deletérias.
2.7 TEORIAS PROPOSTAS
Muitas teorias para explicar as deficiências encontradas no autismo têm sido
propostas. A idéia surgida nos anos 60 de que a criança se tornaria autista em
resposta a uma “mãe geladeira”, representando uma fuga intencional e
esquizofrênica da realidade, já foi abandonada há muito.
Hoje existe uma tentativa de prover explicações em termos de falhas nos
mecanismos básicos da mente, subjacentes a funções mentais específicas, tais
como:
- Falência em adquirir a “teoria da mente”
- Fraqueza da coerência central
- Disfunção executiva
2.8 INVESTIGAÇÃO NEURORRADIOLÓGICA
Os estudos neurorradiológicos estruturais podem evidenciar as anomalias
próprias da doença de base, nos casos em que o comportamento autista esteja
associado a uma patologia determinada. No autismo idiopático, a neuroimagem
pode ser normal.
Kanner (1943), em seu relato original, descreveu 11 crianças e comentou a
ausência relativa de dismorfologia ao lado da presença de “cabeças grandes” em
cinco das crianças. Seguiram-se a esse uma variedade de estudos relatando
aumento do volume cerebral.
Hashimoto et al. (1992) estudaram a fossa posterior através de imagens de
RM na linha média do plano sagital, comparando três grupos: 12 crianças autistas
mentalmente retardadas, 15 crianças com retardo mental sem autismo e 14
controles sem anormalidades neurológicas ou comportamentais, porém com história
de cefaléia ou traumatismo craniano leve cujo exame de RM foi considerado
anatomicamente normal por um neurorradiologista, todos com idade entre 5 e 10
anos. Os autores encontraram tamanho do tronco encefálico total menor nos grupos
26
autista (p < 0,02) e com retardo mental (p < 0,002), sendo o tamanho do
mesencéfalo e bulbo menores no grupo autista (p < 0,01) e (p < 0,001) e no grupo
com retardo mental (p < 0,001) e (p < 0,002), respectivamente. A ponte foi menor
apenas no grupo com retardo mental (p < 0,05). As áreas relativas ao vermis
cerebelar não mostraram diferenças significativas entre os 3 grupos. Nos pacientes
autistas a razão mesencéfalo/fossa posterior foi menor (p < 0,05) em relação aos
outros dois grupos e a razão bulbo/fossa posterior menor nos grupos autista (p <
0,005) e com retardo mental (p < 0,05). A razão cerebelo/fossa posterior não
apresentou diferenças entre os três grupos avaliados. Aqui, gostaria de chamar
atenção para o fato de que a presença de indivíduos com condições neurológicas
usadas como controle não é adequado no caso de pesquisas científicas.
Courchesne et al. (1994) reanalisaram retrospectivamente 5 estudos que
conduziram exames do vermis cerebelar em pacientes autistas através de RM,
incluindo 2 publicações dos próprios autores. No total foram avaliados 78 autistas
com idade entre 2 e 53 anos e 91 controles de 2 a 37 anos. Os resultados revelaram
que as amostras de pacientes autistas eram na verdade constituídas de 2
subgrupos: um com hipoplasia dos lóbulos cerebelares VI-VII (de 84 a 92% dos
pacientes) e outro com hiperplasia (de 8 a 16% dos pacientes), sugerindo a
existência de 2 subtipos de anormalidades no vermis dentro da população autista.
Saitoh et al. (1995) analisaram a região posterior do hipocampo em 33
indivíduos autistas, destes 12 apresentavam retardo mental, de 5 a 42 anos de idade
comparando com 23 controles de mesma idade. Medidas do hipocampo não
mostraram diferenças significativas (p > 0,6) entre casos e controles, inclusive
quando foi comparado pacientes com e sem retardo mental dentro do grupo autista.
Ao contrário, medidas dos lóbulos vermianos VI e VII (p < 0,02) e da porção
posterior do corpo caloso (p < 0,03) apontaram diferenças significativas com redução
do tamanho dessas estruturas nos casos em relação aos controles.
Egaas, Courchesne e Saitoh (1995) realizaram RM, com objetivo de avaliar o
corpo caloso, em 51 pacientes autistas, sendo que 16 deles apresentavam retardo
mental, com idade entre 3 a 42 anos comparando com 51 controles de mesma faixa
etária. Os autores descreveram redução no tamanho total do corpo caloso (p <
0,031), porém quando a estrutura foi subdividida, apenas as regiões posteriores,
aonde axônios vindos do lobo parietal cruzam a linha média, alcançaram
significância estatística (p < 0,05) entre casos e controles. Os autores concluíram
27
que esse achado pode ser interpretado como evidência de que os lobos parietais
são anormais no autismo. É importante salientar que os autores não encontraram
diferenças estatisticamente significativas em qualquer uma das medida nos autistas
com e sem retardo mental associado.
Piven et al. (1997) examinaram o cerebelo de 35 sujeitos autistas de 12 a 29
anos, sendo que 11% apresentavam QI inferior a 70 comparando com 36 controles
de 13 a 28 anos de idade. Nenhuma anormalidade no tamanho dos lóbulos VI e VII
(vermis neocerebelar) foi encontrada, mas o volume total do cerebelo estava
significativamente aumentado (p < 0,0001), dado que é consistente com os achados
de aumento do volume cerebral total.
Baron-Cohen et al. (1999) estudou 6 autistas com idade média de 26,3 anos e
12 controles pareados para idade, preferência manual, QI e nível educacional,
através de RM funcional enquanto desempenhavam 2 tarefas, reconhecimento do
sexo e do estado mental a partir do julgamento da expressão dos olhos do outra
pessoa. A extração de informação socialmente relevante de um estímulo visual é
normalmente associada à ativação do giro temporal superior, áreas do córtex pré-
frontal e da amígdala. O grupo dos autistas parece não desempenhar a tarefa
usando a amígdala (p = 0,001) e ativou menos extensamente componentes frontais
(p = 0,001), com grande força de ativação nos giros temporais superiores direito (p =
0,002) e esquerdo (p = 0,004).
Aylward et al. (1999) relataram diminuição pronunciada no volume da
amígdala com (p = 0,006) e sem (p = 0,01) correção para volume cerebral total e
redução sutil do hipocampo (p = 0,04) em 14 rapazes autistas com inteligência
normal e idade entre 11 e 37 anos quando comparados a 14 controles de mesmo
sexo e idade. Os autores correlacionaram os resultados a achados histopatológicos
que sugerem que a redução de volume nessas estruturas está relacionada com a
redução na árvore dendrítica e ao desenvolvimento do neurópilo, e provavelmente
reflete o subdesenvolvimento das conexões de estruturas límbicas com outras partes
do cérebro, particularmente o córtex cerebral.
Hardan, Minshew e Keshavan (2000) publicaram um estudo no qual os
tamanhos de 7 subdivisões do corpo caloso foram medidas por RM em 22 sujeitos
autistas sem retardo mental e 22 controles, todos com idade média de 22,4 anos. Os
resultados revelaram adelgaçamento das regiões anteriores do corpo caloso nos
autistas: joelho (p = 0,05) e joelho e rostro juntos (p = 0,03). O grupo foi dividido por
28
faixa etária e nos sujeitos menores de 21 anos, que consistia de 12 autistas e 13
controles, as diferenças permaneceram significativas no joelho (p = 0,03) e no joelho
e rostro juntos (p = 0,03). Nenhuma diferença significativa no tamanho dos outros
segmentos foi encontrada. Esses achados são consistentes com disfunção do lobo
frontal. O mesmo grupo (2001) com o objetivo de obter medidas do volume cerebral
em autistas com inteligência normal avaliaram 16 sujeitos por RM comparando os
resultados com 19 indivíduos controles, todos com idade média de 22 anos. As
áreas medidas compreenderam o III, o IV e os ventrículos laterais, além do volume
cerebral total. Os autores demonstraram aumento de volume cerebral (p = 0,03) e III
ventrículo (p = 0,01) nos casos em relação aos controles. Os participantes foram
divididos em 2 grupos, e a diferença permaneceu significativa apenas no grupo dos
menores de 21 anos, que consistia de 11 autistas e 13 controles (p = 0,05).
Haznedar et al. (2000) utilizaram RM e tomografia por emissão de pósitron
para medir o volume e o metabolismo de glicose da amígdala, hipocampo e giro do
cíngulo em 17 pacientes adultos com idade média de 27,7 anos (10 com autismo e 7
com síndrome de Asperger) e 17 controles sadios com idade média de 28,8 anos.
Os autores encontraram volume menor no giro do cíngulo anterior direito dos casos
em relação aos controles. Os achados também mostraram significativa redução do
metabolismo de glicose no giro do cíngulo anterior (p < 0,02) e posterior (p < 0,01)
bilateralmente nos pacientes com síndrome de Asperger, porém no grupo autista o
hipometabolismo foi encontrado apenas no giro do cíngulo anterior (p < 0,01) e
posterior (p < 0,05) direito. Nenhuma diferença significativa entre os 2 grupos foi
encontrada no volume ou no metabolismo da amígdala e hipocampo.
Critchley et al. (2000) analisaram o fluxo sanguíneo cerebral em 9 indivíduos
de 37 anos de idade média com autismo de alto desempenho em comparação a 9
adultos controles idade média de 27 anos através de RM funcional. Uma série
padrão de faces com expressão facial de emoção intercalada com rostos neutros
eram apresentadas aos sujeitos e então se pedia o julgamento da expressão facial e
do sexo dos donos das faces apresentadas. Os autistas apresentaram aumento
significativo (p < 0,001) na ativação da junção hipocampo-amígdala direita, giro
fusiforme direito, córtex pré-frontal medial e cíngulo anterior, córtex pré-frontal
dorsolateral esquerdo, giro temporal superior esquerdo e cíngulo posterior no
processamento de expressões faciais.
29
Courchesne et al. (2001) avaliaram anormalidades no volume cerebral em 60
meninos autistas e 52 meninos normais, com idade entre 2 e 16 anos usando RM
cerebral e relataram que 90% dos autistas entre 2 e 4 anos apresentavam o volume
cerebral total maior que a média normal (p < 0,001) e, 37% estavam dentro dos
critérios para macrocefalia, com volumes que excediam 2 desvios-padrão,
contrastando com os autistas com idade entre 5 e 15 anos, cujo volume cerebral
total tendia a ser menor. Os autores também encontraram diferenças regionais nas
crianças autistas em relação aos controles, caracterizado por hiperplasia da
substância branca cerebelar (p < 0,001) e da substância branca (p < 0,001) e
cinzenta (p = 0,001) neocortical em idades de 2 a 3 anos com posterior lentificação
do crescimento, crescimento lento nos hemisférios cerebelares (p < 0,05) e vermis
pequeno (p < 0,05) em todas as idades examinadas. Os resultados indicam uma
regulação anormal do crescimento do cérebro resultando em um “supercrescimento”
em estágios precoces seguido por uma “lentificação” anormal do crescimento
durante o fim da infância, puberdade e adolescência.
Öktem et al. (2001) avaliaram 9 crianças com a síndrome de Asperger e 8
controles através de RM funcional durante tarefa envolvendo julgamento social.
Todos os sujeitos eram destros, com inteligência normal e idade entre 7 e 17 anos. A
tarefa consistia em instruir as crianças a pensarem em algumas questões, como: o
que fazer se você encontrasse um envelope na rua, que estivesse endereçado e
com um novo selo? O que fazer caso você descobrisse que seu amigo mentiu? Era
dado o tempo de 1 minuto, durante o qual era realizado o exame de RM e em
seguida eles davam a resposta ao término do exame. Em todos os controle e em 5
dos casos foram observados ativação ou supressão frontal ou fronto-parietal,
enquanto 4 casos não apresentaram mudanças detectáveis, mostrando diferença
altamente significativa entre os 2 grupos (p = 0,000). Os autores relatam que esses
achados indicam possível envolvimento dos lobos frontais na síndrome de Asperger.
Aylward et al. (2002) também sugeriram que o desenvolvimento do cérebro no
autismo segue um padrão anormal, com um acelerado crescimento em estágios
iniciais da vida. Os autores mediram o volume cerebral total em 67 autistas sem
retardo mental associado e 83 voluntários sadios, todos com idade entre 8 e 46
anos. A análise dos dados indicou que não houve diferença no volume cerebral
entre autistas e controles, porém quando a amostra foi restrita a indivíduos com
30
idade inferior a 12 anos, a diferença entre os grupos se aproximou da significância
estatística (p = 0,006), com volumes maiores entre os autistas.
Carper et al. (2002) utilizaram RM para quantificar volumes dos lobos
cerebrais em pacientes autistas e encontraram evidência de desenvolvimento
anormal, com muitas regiões mostrando sinais de hiperplasia de substâncias branca
e cinzenta, com o grau de hiperplasia parecendo respeitar um gradiente ântero-
posterior, isto é, mostrando maior aumento no lobo frontal e deixando de apontar
anormalidades significativas no lobo occipital. A amostra consistiu de 38 autistas e
39 controles, com idades entre 2 e 11 anos.
Sparks et al. (2002) também mediram volumes de áreas cerebrais através de
RM em 45 crianças com transtorno do espectro autista e comparou os resultados
com 26 crianças com desenvolvimento normal e 14 crianças com atraso do
desenvolvimento. As crianças portadoras de transtorno do espectro autista
apresentaram aumento do volume cerebral (p = < 0,004) em relação aos outros 2
grupos. Medidas da amígdala e hipocampo revelaram aumento bilateral proporcional
ao aumento do volume cerebral total.
Cody, Pelphrey e Piven (2002) reviram achados estruturais e funcionais no
autismo por meio de RM e concluíram que o aumento no tamanho dos cérebros dos
autistas é o sinal mais consistente encontrado no transtorno e recomendam que os
futuros estudos nesse campo utilizem amostras bem definidas de indivíduos.
Hardan et al. (2003) examinaram o volume do núcleo caudado e do putame
bilateralmente e estimaram o desempenho motor por meio de testes específicos em
40 indivíduos com autismo comparando com 40 controles sadios. Todos os
participantes apresentavam idade entre 8 e 45 anos e QI normal. Nenhuma
evidência de anormalidades anatômicas foi encontrada no núcleo caudado e
putame, antes e mesmo após ajuste para volume cerebral total nos casos versus
controles. A única correlação significativa foi observada entre o volume do caudado
e o item de maneirismos complexos do ADI-R (p = 0,04), sugerindo que indivíduos
com autismo perdem a relação normal que existe entre o desempenho de tarefas
motoras e o tamanho do núcleo caudado.
Brambilla et al. (2003) revisaram os estudos estruturais realizados por meio
de RM no autismo entre os anos de 1966 e 2003 e relataram que uma rede neural
desordenada provavelmente envolvendo o córtex têmporo-parietal, sistema límbico e
cerebelo parece estar envolvida na fisiopatologia do autismo, junto com o córtex pré-
31
frontal e corpo caloso. Os autores chamaram a atenção para os resultados
freqüentemente conflitantes dos exames, possivelmente limitados pela metodologia
do estudo e recomendam que futuras investigações devem incluir grupos bem
caracterizados de autistas e comparar com indivíduos sadios, não esquecendo de se
levar em consideração os fatores de confundimento, tais como: QI, idade, sexo,
preferência manual e posição sócio-econômica.
Herbert et al. (2004) analisaram o volume de áreas cerebrais comparando 13
meninos autistas, 21 crianças com desordem do desenvolvimento da linguagem e 19
controles, todos com idade entre 5 e 11 anos. Todos os lobos cerebrais mostraram
aumento no grupo autista, embora esse aumento tenha sido mais proeminente no
lobo frontal (p = 0,002).
Como se pode ver, nos últimos anos uma série de estudos de imagem
examinaram a anatomia e a função cerebral com o objetivo de elucidar as estruturas
anatômicas implicadas no autismo. Existem diversos estudos sobre a utilização da
RM sem conclusões definitivas. Portanto, até o momento não foi possível definir uma
alteração estrutural ou funcional específica do transtorno. O achado mais consistente
até o momento é a replicação da observação inicial de Kanner de volume cerebral
aumentado e existem evidências de que isto pode ser dependente da idade. Tem
sido proposto que crianças com o transtorno do espectro autista apresentam um
período inicial de crescimento cerebral acelerado seguido por um período de
desaceleração (COURCHESNE; REDCAY; KENNEDY, 2004). Junto às diferenças
no volume cerebral total, algumas regiões cerebrais específicas parecem
particularmente implicadas, incluindo regiões frontal, límbica, núcleos da base e
cerebelo. Em resumo, os dados sugerem que indivíduos com transtorno do espectro
autista têm anormalidades na anatomia e na conectividade do sistema cerebral
límbico-estriatal e isso é verdadeiro em amostras de diferentes países, culturas e
grupos de idade.
2.9 ESTUDOS DE NECROPSIA
Kemper e Bauman (1998) reviram achados da literatura e concluíram que os
dados sugerem 3 neuropatologias principais: desenvolvimento reduzido dos
neurônios do sistema límbico, diminuição congênita do número de células de
32
Purkinje no cerebelo e diferenças, relacionadas à idade, no tamanho e número de
neurônios dos núcleos cerebelares e olivares inferiores.
Estudos post-mortem têm fornecido rica informação da estrutura cerebral no
autismo e segundo Morant, Mulas e Hernández (2001) todas as investigações
realizadas concluem que as anormalidades encontradas eram coerentes com
afecção pré-natal do desenvolvimento de porções do sistema límbico e dos circuitos
do cerebelo antes da 30ª semana de gestação.
Casanova et al. (2002) obtiveram tecidos da coleção de Bauman e Kemper de
9 autistas com idade entre 5 e 28 anos e 11 controles normais de 3 a 25 anos, para
avaliação da arquitetura e densidade neuronal. Foram avaliadas as áreas de
Brodmann 9 (lobo frontal), 21 e 22 (lobo temporal) em ambos os hemisférios. Os
resultados indicaram a presença de estruturas verticais no neocórtex autista que são
arrumadas mais próximas e mais regularmente espaçadas em relação ao cérebro
dos controles. Esses achados indicam que os cérebros dos autistas exibem
reestruturação da anatomia básica e da unidade funcional do cérebro que é
numericamente definida durante a neurogênese. Alterações no número e no arranjo
das células das minicolunas pode potencialmente afetar a conectividade e, por
conseguinte as vias excitatórias e inibitórias do processamento de informações
dentro do domínio das macrocolunas.
3 ESPECTROSCOPIA DE PRÓTONS POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
A ERM identifica importantes metabólitos cerebrais invisíveis à RM
convencional, oferecendo informações metabólicas/bioquímicas sobre o parênquima
encefálico de forma não-invasiva (BRANDÃO; DOMINGUES, 2002, p. 2) e podendo
revelar comprometimento do metabolismo cerebral regional. A ERM-H
1
é um método
para investigação da neuroquímica celular in vivo (FRIEDMANN, et al, 2003, p.100).
A espectroscopia utiliza os mesmos princípios físicos da RM convencional,
diferindo na forma como os dados são processados e apresentados. Ao invés de
imagens, a ERM nos fornece os espectros, que são apresentados na forma de
gráficos (BRANDÃO; DOMINGUES, 2002, p. 2). Núcleos específicos contidos no
metabólito dão origem tanto a um único pico como a múltiplos picos que são
posicionados ao longo do eixo horizontal, que é o eixo da freqüência, e a posição de
um dado pico é conhecida como chemical shift, cuja unidade é dada em partes por
milhão (ppm) e decresce da esquerda para a direita, de 4,0 para 0. O eixo vertical se
refere à amplitude do sinal, com a área sob a curva de cada pico refletindo a
concentração do metabólito designado (VASCONCELOS, 2005, p. 34).
Em RM, a freqüência de ressonância (f) do núcleo é dada pela equação de
Larmor: f = γB
0
, onde γ é a razão giromagnética do núcleo e B
0
é a força do campo
magnético externo. Entretanto, o campo magnético “visto” por cada núcleo é
influenciado pelas diferentes substâncias químicas presentes ao seu redor. Núcleos
com diferentes “vizinhos químicos” irão apresentar freqüências de ressonância
levemente diferentes, fornecidas pela fórmula: f = γB
0
(1−σ
cs
), onde −σ
cs
é uma
constante de controle. Esta pequena alteração na freqüência de ressonância é a
base da ERM. (DROST; RIDDLE; CLARKE, 2002, p. 2178). Concluindo, a
freqüência de ressonância de um núcleo depende de seu ambiente químico (COX;
PURI, 2004, p. 357).
34
A imagem espectroscópica pode ser obtida a partir de vários átomos, por
exemplo: fósforo (P
31
), carbono (C
13
), sódio (Na
23
), flúor (F
19
), lítio (L
7
), hidrogênio
(H
1
). Este último é o mais comumente usado devido à sua abundância natural no
organismo e sua alta sensibilidade magnética em relação aos demais núcleos
(MAIER, 1995, p. 299).
A ERM requer um campo magnético forte, e um instrumento de
radiofreqüência transmite pulsos em determinada freqüência de ressonância para
observar o sinal de um núcleo específico na área de interesse (STANLEY, 2002, p.
316). Levando-se em conta que o posicionamento do voxel baseia-se na interseção
de três planos ortogonais equivalentes a três pulsos de rádio-freqüência (DROST;
RIDDLE; CLARKE, 2002, p. 2180), é preciso escolher o método de localização a ser
utilizado dentre as seqüências STEAM – “stimulated echo acquisition mode”, que
usa três pulsos de 90º para obter um “eco estimulado” – e a PRESS – “point
resolved spectroscopy”, que usa um pulso de 90º e dois de 180º para um “eco spin”.
Esta atualmente é a técnica usada pela maioria dos autores, uma vez que oferece o
dobro da relação sinal/ruído, tornando os picos dos espectros mais nítidos e
distinguíveis — e menor tempo de aquisição do espectro em comparação com a
seqüência STEAM (BRANDÃO; DOMINGUES, 2002, p. 4).
Para a realização da ERM-H
1
, também é necessário definir certos parâmetros
do exame, como o tempo de eco (TE), o tempo de repetição (TR), o número de
aquisições e a localização do voxel. Para o posicionamento do voxel na área
desejada, é necessário primeiro obter uma imagem de RM pesada em T1 ou T2
(VASCONCELOS, 2005, p. 34). Com um TE curto identifica-se um maior número de
metabólitos, sendo essencial para avaliar metabólitos compostos como a glutamina,
o glutamato, o N-acetilaspartilglutamato (NAAG), o mio-inositol, GABA e os lipídeos
(STANLEY, 2002, p. 317).
O exame espectroscópico pode ser realizado utilizando-se um único voxel ou
vários voxels posicionados simultaneamente (multivoxel). Na técnica de voxel único,
o “shimming”, para homogeneizar o campo magnético, é mais fácil e a supressão da
água e da gordura, mais eficaz, sendo a técnica mais utilizada. Chama-se CHESS
(“chemical shift selective saturation”) a técnica usada para suprimir o sinal da água
(BRANDÃO; DOMINGUES, 2002, p. 6).
Os neurometabólitos mais estudados por meio da ERM-H
1
são:
35
N-acetil aspartato (NAA) - marcador de densidade e viabilidade neuronal. A
ressonância do NAA situa-se em 2,02 ppm, com picos menores em 2,5 e 2,6 ppm.
Inclui o NAAG (VASCONCELOS, 2005, p. 35). O NAA é um dos mais abundantes
aminoácidos no SNC, localizado predominantemente nos neurônios, axônios e
dendritos. O NAA é sintetizado na mitocôndria neuronal e está estreitamente
relacionada com o metabolismo energético mitocondrial (TOAL; MURPHY, D.;
MURPHY, K., 2005, p. 396)
Creatina (Cr) - reservatório de fosfato de alta energia para geração de trifosfato
de adenosina (ATP) (DROST; RIDDLE; CLARKE, 2002, p. 2179) e, portanto,
marcador do metabolismo energético cerebral. O pico da Cr é visto em 3,03 e 3,94
ppm e inclui a fosfocreatina (Pcr), o ácido gama-aminobutírico, a lisina e a glutationa.
Varia pouco no tecido cerebral normal, por esse motivo comumente é usado como
padrão interno.
Colina (Co) - Abrange a colina livre e fosfocolina, componentes da síntese de
membrana, e glicerofosfocolina, um produto de quebra da degradação da
fosfatidilcolina da membrana. É um constituinte do metabolismo fosfolipídico da
membrana celular, sendo marcador de renovação da membrana (TOAL; MURPHY,
D.; MURPHY, K., 2005, p. 396). O pico da Cho ocorre em 3,22 ppm. É precursor da
acetilcolina e fosfatidilcolina.
— Mio-inositol (mI) - marcador glial localizado em astrócitos; produto da degradação
da mielina. É o mais importante osmólito ou regulador do volume celular; seu pico
ocorre em 3,56 e 4,06 ppm. O mI é um importante regulador do balanço osmótico
cerebral e é também o precursor do fosfoinositol, envolvido no sistema de 2º
mensageiro da membrana celular. (ROSS; SACHDEV, 2004, p. 85).
— Glutamina e glutamato (Glx) - Os dois metabólitos ressonam juntos, com picos em
2,1 a 2,55 ppm. O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório, enquanto a
glutamina participa da desintoxicação e regulação das atividades dos
neurotransmissores.
— Lactato - o pico de lactato ocorre em 1,32 e 1,33 ppm. Normalmente, o lactato é
baixo no tecido cerebral. Indicativo de metabolismo anaeróbico.
Em suma, por meio da ERM-H
1
pode-se estimar a viabilidade dos neurônios,
os ciclos de neurotransmissão de glutamato/glutamina, o sistema neuronal de GABA
e o metabolismo do segundo mensageiro, medidos, respectivamente, pelas
36
concentrações de NAA, glutamato/glutamina, GABA e mio-inositol. Também é
possível obter informações a respeito do metabolismo dos fosfolipídeos de
membrana, através da avaliação do pico de colina, que é primariamente composto
glicerolfosfocolina (um produto de quebra da membrana de fosfolipídeos) e
fosfocolina (precursor dos fosfolipídeos da membrana) Os picos de fosfocreatina e
creatina são indistinguíveis, e esses metabólitos são reagentes na reação da
creatinoquinase do fosfato de alta energia (STANLEY, 2002, p. 316).
A aplicação clínica da ERM foi aprovada pelo Food and Drug Administration
(FDA) em 1995.
4 IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO
Um dos mais importantes avanços na imagem de RM é a técnica denominada
ITD, que retrata os feixes de substância branca com base na capacidade de difusão
da água (PELED et al, 1998, p. 27), o que permite explorar a estrutura anatômica da
substância branca in vivo e estimar a integridade estrutural e conectividade da
microestrutura do tecido cerebral (SULLIVAN; PFEFFERBAUM, 2003, p. 244).
O acometimento da microestrutura da substância branca, detectável com a
imagem pesada em difusão, pode refletir dano da mielina, da estrutura microtubular
e da densidade axonal. O tensor de difusão contém informações sobre a orientação
espacial dos tratos nervosos (BASSER; PIERPAOLI, 1996, p. 209)
A incorporação dos princípios brownianos às novas técnicas de imagem
resultou no desenvolvimento da imagem por RM pesada em difusão. Quando as
moléculas de água se difundem igualmente em todas as direções, chamamos isto de
difusão isotrópica. Esse fenômeno é típico nos ventrículos. Na substância branca,
em conseqüência da arquitetura das fibras axonais, a difusão livre das moléculas de
água é impedida pela presença das membranas celulares, bainha de mielina e
outras estruturas, particularmente os tratos, refletindo as propriedades anisotrópicas
da substância branca. Assim, o movimento das moléculas de água é bem maior
longitudinalmente ao eixo axonal do que perpendicular a ele (ABE et al, 2002, p.
244).
A imagem do tensor de difusão permite visualizar esse movimento pela
caracterização da difusão da água num espaço tridimensional. Como o movimento
das moléculas de água é restrito ao contorno dos axônios, a visualização desse
movimento define a orientação dos tratos de fibras de substância branca (BARNEA-
GORALY et al, 2003, p. 82)
38
O tensor é uma construção matemática útil para descrever sistemas vetoriais
multi-dimensionais e é ideal para descrever a restrição da difusão de prótons pelos
tratos de substância branca, indicando a direção e magnitude da restrição. Oferece
um índice de coerência da direção das fibras do trato ou a integridade da estrutura
celular. Com base no tensor de difusão, muitas medidas quantitativas e absolutas
podem ser determinadas e mapeadas. Escalas métricas têm sido propostas para
simplificar a interpretação dos dados do exame, como o coeficiente de difusão
aparente (CDA) e a anisotropia fracionada (AF) (BASSER; PIERPAOLI, 1996, p.
209). A AF mede a fração da magnitude total da anisotropia de difusão. Os valores
de AF variam desde a difusão isotrópica total (graduada como 0) até a difusão
anisotrópica total (graduada como 1) (MOSELEY; BAMMER; ILLES, 2002, p. 398-
401).
Embora o CDA e a AF podem ser parâmetros independentes, em geral
quanto mais irrestritas as moléculas de água no tecido cerebral, mais alto é o CDA e
mais baixo a AF. As mudanças microestruturais podem ser estimadas apenas
aproximadamente pelos índices de CDA ou AF, mas a análise combinada desses 2
parâmetros é indispensável para prover informações mais pertinentes sobre as
alterações morfológicas e o mecanismo subjacente nas várias afecções (ABE et al,
2002, p. 244).
A maioria das medidas sobre difusão atualmente são feitas usando uma
variante da seqüência pesada em difusão, primeiro descrita por Stejskal e Tanner.
Sua abordagem inicial descrevia uma seqüência spin echo com a quantidade de
perda do sinal relacionada com a magnitude da difusão (MASUTANI et al, 2003, p.
53-54). Para propósitos práticos, usa-se uma imagem eco planar, SE, pesada em
T2, causando redução dos artefatos de movimento e da velocidade do tempo de
aquisição. A abordagem de Stejskal e Tanner utiliza dois pulsos magnéticos ou
gradientes para rotular os spins: a aplicação do 1º gradiente de difusão tira de fase
os prótons de água e, depois do segundo gradiente de difusão aplicado, alguns
desses prótons voltam a entrar em fase. Por conseguinte, existe uma diminuição do
sinal que depende em quão longe estas moléculas se movem (CRUZ; SORENSEN,
2005, p. 115-116).
Para avaliação das 9 matrizes tensoras requeridas pela descrição de Gauss
da mobilidade da água, o gradiente de difusão deve ser aplicado em pelo menos 6
direções não-colineares. Os eigenvalores representam os 3 principais coeficientes
39
de difusão ao longo de 3 direções coordenadas do elipsóide. Os eigenvetores
representam a direção do tensor (CRUZ; SORENSEN, 2005, p. 121).
Por meio da ITD podem ser obtidos parâmetros quantitativos da difusão da
água, que refletem preservação axonal, e imagens da organização da substância
branca global, que constituem o mapa colorido, desenvolvido para visualização da
orientação dos feixes de fibras. Por convenção, diferentes cores são atribuídas para
representar as diversas orientações das fibras ao longo dos 3 eixos espaciais
ortogonais: a cor vermelha para a direção esquerda-direita das fibras orientadas x; a
cor azul para direção superior-inferior das fibras orientadas y e a cor verde para
direção anterior-posterior das fibras orientadas z (CRUZ; SORENSEN, 2005, p. 121).
Embora o mapa possa prover algumas informações sobre o envolvimento
seletivo dos tratos nervosos, uma delineação mais precisa dessas anormalidades
requer técnicas para reconstrução do trajeto dos feixes. Estes são então delineados
por softwares que traçam a trajetória dos vetores representando a difusão da água.
O método de visualização dos feixes é chamado de tractografia ou fascigrafia por
RM, produzindo um mapeamento detalhado, não-invasivo, dos feixes da substância
branca, isto é, uma “dissecção in vivo” com o uso de instrumentos de computação
gráfica sobre as imagens em difusão por RM. Ademais, oferece uma análise da
preservação dos axônios, mapeia a orientação dos fascículos das fibras e delineia
as vias neurais específicas em alta resolução (TAYLOR et al, 2004, p. 203-204).
A aplicação clínica da ITD foi aprovada pelo FDA em 2001.
5 MATERIAL E MÉTODOS
5.1 SUJEITOS
Esta pesquisa foi aprovada pela Comissão de Ética em Pesquisa do Hospital
Universitário Antônio Pedro - Universidade Federal Fluminense em 19 de novembro
de 2003 (Registro no CEP: CMM/HUAP - 197/03).
As crianças autistas foram recrutadas inicialmente entre os pacientes que
freqüentam o ambulatório de Neuropediatria do Hospital Universitário Antônio Pedro
(HUAP), e crianças que participaram como controles de uma pesquisa prévia sobre
a utilidade da ERM no diagnóstico do transtorno do déficit de atenção/hiperatividade
(TDAH). Em vista das dificuldades encontradas no recrutamento, a pesquisadora
freqüentou o ambulatório de Autismo do Setor de Neurologia do Instituto Fernandes
Figueira (FIOCRUZ), a cargo do Dr. Adailton Pontes por um período de 6 meses,
que forneceu um total de 5 casos. Então, a amostra deste estudo incluiu 10 casos e
10 controles, todos os quais realizaram o exame de ERM-H
1
, e destes, 8 de cada
grupo foram submetidos ao exame de ITD.
5.2 SELEÇÃO DE CASOS E CONTROLES
Para o recrutamento dos casos (pacientes com diagnóstico de transtorno do
espectro autista), foram utilizados os seguintes critérios de inclusão:
a) Sexo masculino.
b) Faixa etária entre 6 e 12 anos.
c) Preferência manual direita.
41
d) Diagnóstico de transtorno do espectro autista, segundo os critérios do
DSM-IV-TR.
e) Leitura e assinatura pelos pais do formulário de consentimento informado,
autorizando a inclusão na pesquisa e a realização dos exames de imagem.
Os casos não podiam apresentar nenhum dos seguintes critérios de exclusão:
a) Presença de epilepsia.
b) Presença de doença neurodegenerativa.
c) Presença de malformações cerebrais.
d) História de meningite ou encefalite.
e) Lesões expansivas do SNC.
f) Qualquer outra doença neurológica.
g) História gestacional sugestiva de sofrimento fetal ou perinatal.
h) Outros casos de autismo na família.
i) Pacientes que não preencham adequadamente os critérios diagnósticos do
autismo.
j) Pacientes cujos pais não tenham preenchido o formulário de consentimento
informado.
Para o recrutamento dos controles, foram utilizados os seguintes critérios de
inclusão:
a) Crianças normais e sadias.
b) Sexo masculino.
c) Faixa etária entre 6 e 12 anos.
d) Preferência manual direita.
e) Bom rendimento escolar.
f) Leitura e assinatura pelos pais do formulário de consentimento informado,
autorizando a inclusão na pesquisa e a realização dos exames de imagem.
Os controles também não poderiam satisfazer nenhum dos critérios de
exclusão já descritos para os casos, exceto o item i e também não estar fazendo uso
de nenhuma medicação.
Qualquer criança caso apresentasse uma doença intercorrente que pudesse
alterar os resultados da pesquisa seria excluída do estudo.
Todas as crianças participantes foram submetidas a anamnese e exame
neurológico na consulta de recrutamento, além do preenchimento do formulário
42
contendo os critérios diagnósticos do DSM-IV-TR (Apêndice 10.2, p. 81) para os
casos, baseado na presença de 6 dos 12 sintomas comportamentais relacionados a
comprometimento na interação social, déficits na comunicação verbal e não-verbal,
interesses restritos e comportamento repetitivo. Então, ofereciam-se aos pais a
realização do exame e a inclusão da criança na pesquisa. Os pais que aceitaram
participar da pesquisa foram informados da necessidade de comparecer na Clínica
Multi-Imagem Ressonância Magnética, localizada na Rua Almirante Saddock de Sá,
nº 266 em Ipanema, Rio de Janeiro, para a realização do exame e instruídos acerca
do preenchimento e da assinatura de um documento denominado termo de
consentimento informado (Apêndice 10.1, p. 80) antes de serem submetidos ao
exame. Além disso, foram esclarecidas as dúvidas acerca da participação da criança
na pesquisa. Os pais das crianças que participaram do estudo receberam a quantia
de R$ 40,00 para custear as despesas com transporte e alimentação no dia do
exame.
5.3 EXAMES NEURORRADIOLÓGICOS
Todos os exames de RM foram realizados gratuitamente na clínica Multi-
Imagem Ressonância Magnética, sob a supervisão dos Drs. Romeu Côrtes
Domingues e Luiz Celso Hygino da Cruz Jr. no mesmo equipamento de 1,5T
(Symphony Maestro Class, Siemens, Germany).
Todos os pacientes passaram por um protocolo de imagem padronizado, que
incluía imagens anatômicas pesadas em T2 no plano axial (TE = 104 ms, TR = 4.330
ms), usada como guia para localização das áreas a serem avaliadas.
Para a realização do exame de ERM-H
1
, quatro voxels únicos de 8 cm
3
(2,0 x
2,0 x 2,0 cm) foram posicionados nas seguintes áreas cerebrais de interesse: lobo
frontal esquerdo, giro do cíngulo anterior, estriado esquerdo e hemisfério cerebelar
esquerdo (Fig. 1, p. 45); cada região foi processada sucessivamente. Utilizamos a
técnica PRESS, com TE de 30 ms, TR de 1.500 ms e 128 aquisições. O tempo
médio gasto no exame foi de 18 minutos. Foram medidos os picos e as razões dos
metabólitos NAA, Cho, Cr e mI.
Para a realização do exame de ITD, nas regiões encefálicas a serem
avaliadas foram posicionados ROI’s sobre a imagem pesada em T2 nos planos
43
sagital e axial (Fig. 2, p. 47) nas seguintes regiões, bilateralmente, com o respectivo
número de pixels entre parênteses: substância subcortical frontal (24), cabeça do
núcleo caudado (5), putame (12), pernas anterior e posterior da cápsula interna (5),
trato córtico-espinhal (5), trato fronto-pontino (5), substância branca cerebelar (89),
pedúnculos cerebelares superior (5) e médio (12), fascículos longitudinais superior
(12) e inferior (10), radiação óptica (5), corpo caloso (5), e giro do cíngulo anterior
(5). Então, os dados foram automaticamente transferidos para um mapa de AF. Os
valores médios da AF, com o respectivo desvio padrão para cada região, foram
gerados e registrados. A ITD por RM foi realizada utilizando-se a seqüência single-
shot echo-planar imaging com aquisição paralela pela técnica GRAPPA com fator de
aceleração dois, aplicando-se os gradientes de difusão em 12 diferentes direções
com valores de b = 0, 1.000 s/mm
2
, utilizando-se os seguintes parâmetros: TE de 90
ms; TR de 3.100 ms; campo de visão de 250x250 mm; 20 cortes contíguos com 5
mm de espessura; matriz de 192x192 mm; e 3 aquisições. O tempo médio de exame
foi 2:06 minutos. Os dados brutos da ITD foram transferidos para uma estação de
trabalho independente (Leonardo, Siemens, Germany) e foram pós-processadas
com o programa DTI Task Card (MGH-NMR Martino’s Center, Boston, USA). Então
gerou-se o mapa de AF. O mapa colorido da AF também foi determinado.
O risco inerente a este estudo dizia respeito à necessidade de realização de
anestesia para que a criança pudesse permanecer imóvel durante os 20 minutos
necessários para a execução dos dois exames neurorradiológicos. Sabe-se que,
raramente, um paciente pode ter uma reação adversa a uma substância anestésica.
Nove autistas receberam anestesia geral, procedimento este que foi realizado por
anestesista qualificado da equipe médica da Clínica. O anestésico utilizado foi o
sevoflurano, anestésico inalatório que, embora dispendioso, tem a excelente
vantagem de baixa solubilidade tecidual, permitindo rápido início de ação da
anestesia e recuperação mais rápida da consciência ao fim da anestesia (STEVENS;
KINGSTON, 1997). Além disso, o sevoflurano possui um registro de raríssimos
efeitos adversos.
44
5.4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Utilizou-se o programa EpiInfo 2000, versão 3.3.2, para compilação e análise
dos dados gerados pelos exames de ERM-H
1
e ITD dos casos e controles.
O teste de análise da variância (ANOVA) foi usado para análise estatística
das diferenças entre casos e controles na comparação dos picos dos metabólitos
NAA, Cho, mI e Cr e as razões sobre a Cr dos 3 primeiros, assim como da razão
NAA/Cho gerados pela espectroscopia e na comparação dos valores médios da AF
gerados pela ITD das diferentes regiões analisadas. Considerou-se que uma
diferença era estatisticamente significativa quando o valor de p foi menor ou igual a
0,05.
Nos resultados em que o teste de Bartlett mostrou p < 0,05, o que sugere que
o teste ANOVA não seria apropriado, avaliou-se a significância estatística por meio
do teste de Kruskal-Wallis.
Este estudo foi conduzido com a precaução de manter os radiologistas
“cegos” para a identidade e o diagnóstico dos sujeitos durante a análise dos
exames.
45
Figura 1 Localização dos quatro voxels utilizados no exame de espectroscopia de
prótons e seus respectivos espectros.
A Estriado esquerdo
B Hemisfério cerebelar esquerdo
46
C Cíngulo anterior
D Lobo frontal esquerdo
Figura 2 Localização dos ROI’s na imagem do tensor de difusão
Cápsula Interna SB Cerebelar Fascículo Long. Inf.
Cíngulo Anterior Corpo Caloso Trato Córtico-Espinhal
Fascículo Long. Sup. Trato Fronto-Pontino SB Subcortical Frontal
Ped. Cerebelar Médio Núcleos da base Ped. Cerebelar Sup.
Nota: Inf, inferior; Long, longitudinal; Ped, pedúnculo;
SB, substância branca; Sup, superior.
Obs: ROI’s localizados à esquerda da figura
correspondem ao lado direito do cérebro e aqueles à
direita da figura ao lado esquerdo do cérebro.
Radiação óptica
6 RESULTADOS
6.1 DADOS DEMOGRÁFICOS
A amostra final da pesquisa foi composta de 10 casos e 10 controles no
estudo da ERM-H
1
. A idade mediana das crianças autistas foi de 9,53 ± 1,80 anos e
dos controles foi de 8,52 ± 1,42 anos. Não houve diferença significativa na faixa
etária entre os dois grupos (p = 0,78). Todos os participantes eram destros e do sexo
masculino. Todas as crianças autistas também apresentavam retardo mental
associado, e 4 delas estavam usando medicações psicoativas na época da
realização do exame neurorradiológico. A Tabela 1 (p. 49) mostra a idade, data da
realização do exame de ERM-H
1
e uso de medicação na época do exame.
Do grupo anterior, 16 crianças também foram submetidas ao exame de ITD. A
idade mediana dos casos foi de 9,53 ± 1,83 anos e dos controles foi de 9,57 ± 1,36
anos, e também não foi encontrada diferença significativa em relação à faixa etária
entre os dois grupos (p = 0,37). Três de 8 casos estavam em uso de medicação. A
Tabela 2 (p. 49) mostra os dados demográficos dos sujeitos.
6.2 DADOS DA ESPECTROSCOPIA
A única alteração estrutural observada na imagem de RM no cérebro nas
crianças avaliadas foi um achado de megacisterna magna em um controle.
49
TABELA 1 Dados demográficos: Exame de espectroscopia
Sujeitos
Casos ou
controles
Idade
Data de
nascimento
Data do
exame
Medicamentos
1 Caso 7a 1m 17/12/1997 3/2/2005 Risperidona
2 Caso 10a 6m 12/8/1994 25/2/2005
3 Caso 10a 3/3/1995 3/3/2005 Fluoxetina e metilfenidato
4 Caso 8a 9m 26/7/1996 28/4/2005 Risperidona
5 Caso 11a 4m 26/12/1993 5/5/2005
6 Caso 6a 7m 28/10/1998 2/6/2005 Fluoxetina e metilfenidato
7 Caso 9a 6m 1/12/1995 23/6/2005
8 Caso 10a 2m 9/4/1995 7/7/2005
9 Caso 12a 21/3/1993 4/8/2005
10 Caso 9a 6m 24/1/1996 11/8/2005
11 Controle 11a 9m 2/9/1992 25/6/2004
12 Controle 8a 10/6/1996 9/7/2004
13 Controle 9a 20/7/1995 23/7/2004
14 Controle 8a 4m 4/4/1996 13/8/2004
15 Controle 8a 2m 10/6/1996 27/8/2004
16 Controle 10a 7m 2/2/1994 10/9/2004
17 Controle 8a 2m 3/7/1996 17/9/2004
18 Controle 7a 9m 9/12/1996 24/9/2004
19 Controle 10a 14/9/1994 8/10/2004
20 Controle 11a 7m 11/3/1993 15/10/2004
TABELA 2 Dados demográficos: Exame de imagem do tensor de difusão
Sujeitos
Casos ou
controles
Idade
Data de
nascimento
Data do
exame
Medicamentos
3 Caso 10a 3/3/1995 3/3/2005 Fluoxetina e metilfenidato
4 Caso 8a 9m 26/7/1996 28/4/2005 Risperidona
5 Caso 11a 4m 26/12/1993 5/5/2005
6 Caso 6a 7m 28/10/1998 2/6/2005 Fluoxetina e metilfenidato
7 Caso 9a 6m 1/12/1995 23/6/2005
8 Caso 10a 2m 9/4/1995 7/7/2005
9 Caso 12a 21/3/1993 4/8/2005
10 Caso 9a 6m 24/1/1996 11/8/2005
11 Controle 12a 11m 2/9/1992 22/8/2005
12 Controle 9a 2m 10/6/1996 22/8/2005
13 Controle 10a 1m 20/7/1995 22/8/2005
15 Controle 9a 7m 10/6/1996 1/2/2006
16 Controle 12a 2/2/1994 2/2/2006
17 Controle 9a 6m 3/7/1996 2/2/2006
18 Controle 9a 1m 9/12/1996 1/2/2006
19 Controle 11a 4m 14/9/1994 2/2/2006
50
Não houve diferença significativa nas concentrações de NAA e Cr e nas
razões NAA/Cr, NAA/Cho e Cho/Cr nas quatro áreas analisadas. Observamos
elevação do pico de Cho (p = 0,042) e do pico de mI (p = 0,021) no giro do cíngulo
anterior, e aumento da razão mI/Cr no giro do cíngulo anterior (p = 0,037) e no
estriado esquerdo (p = 0,035) das crianças autistas em comparação aos controles. O
pico de mI no estriado esquerdo mostrou tendência a elevação nos casos versus
controles, embora não tenha alcançado significância estatística (p = 0,054).
As Tabelas 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9 e 10 (p. 49-54) mostram a análise estatística e os
níveis dos metabólitos NAA, Cr, Cho e mI, bem como suas razões sobre a Cr e a
razão NAA/Cho.
TABELA 3 Análise estatística do pico de N-acetil-aspartato entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA,
PICO DE NAA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
6,62
6,06
2,46
1,06
5,11-11,70
3,66-7,43
0,131
Frontal esquerdo
Casos
Controles
4,76
4,09
1,32
1,15
3,16-6,76
2,69-6,09
0,202
Estriado esquerdo
Casos
Controles
5,69
4,69
2,46
0,78
3,79-11,00
4,22-6,22
0,104
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
5,24
5,04
2,14
0,49
3,82-9,87
4,65-5,94
0,364
significância do p no teste de Kruskal-Wallis.
51
TABELA 4 Análise estatística da razão NAA/Cr entre casos e controles.
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA.
RAZÃO NAA/CREATINA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
1,69
1,73
0,083
0,092
1,55-1,81
1,64-1,90
0,210
Frontal esquerdo
Casos
Controles
1,93
1,90
0,132
0,152
1,69-2,14
1,65-2,17
0,889
Estriado esquerdo
Casos
Controles
1,56
1,53
0,112
0,073
1,46-1,75
1,47-1,62
0,370
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
1,38
1,35
0,185
0,181
1,36-1,84
1,27-1,82
0,431
TABELA 5 Análise estatística da razão NAA/Cho entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA.
RAZÃO NAA/COLINA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
2,11
2,31
0,151
0,244
1,94-2,37
1,80-2,58
0,121
Frontal esquerdo
Casos
Controles
2,35
2,49
0,269
0,270
1,97-2,71
2,01-2,86
0,255
Estriado esquerdo
Casos
Controles
2,12
2,27
0,295
0,344
1,94-2,73
1,63-2,78
0,680
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
1,95
1,90
0,291
0,255
1,76-2,65
1,65-2,46
0,355
52
TABELA 6 Análise estatística do pico de colina entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA,
PICO DE COLINA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
3,13
2,66
1,18
0,60
2,24-5,80
1,44-3,46
0,042
Frontal esquerdo
Casos
Controles
1,92
1,59
0,79
0,55
1,23-3,40
1,12-2,71
0,153
Estriado esquerdo
Casos
Controles
2,42
2,24
1,38
0,45
1,79-5,67
1,62-2,80
0,325
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
2,59
2,74
1,21
0,31
1,86-5,62
1,99-3,13
0,970
significância do p no teste de Kruskal-Wallis.
TABELA 7 Análise estatística da razão Cho/Cr entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA.
RAZÃO COLINA/CREATINA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
0,78
0,76
0,048
0,075
0,73-0,86
0,66-0,92
0,387
Frontal esquerdo
Casos
Controles
0,80
0,76
0,095
0,081
0,72-1,03
0,66-0,95
0,258
Estriado esquerdo
Casos
Controles
0,69
0,64
0,062
0,115
0,63-0,79
0,57-0,95
0,551
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
0,68
0,73
0,055
0,047
0,65-0,82
0,62-0,77
0,863
53
TABELA 8 Análise estatística do pico de creatina entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA,
PICO DE CREATINA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
3,82
3,47
1,39
0,60
3,08-6,92
2,19-4,22
0,096
Frontal esquerdo
Casos
Controles
2,31
1,99
0,76
0,56
1,65-3,73
1,57-3,24
0,178
Estriado esquerdo
Casos
Controles
3,61
3,04
1,79
0,53
2,51-7,74
2,71-4,08
0,326
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
3,81
3,70
1,45
0,43
2,77-6,82
2,69-4,18
0,650
significância do p no teste de Kruskal-Wallis.
TABELA 9 Análise estatística do pico de mio-inositol entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA,
PICO DE MIO-INOSITOL
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
2,26
1,90
1,09
0,35
1,96-4,87
1,37-2,38
0,021
Frontal esquerdo
Casos
Controles
1,22
0,95
0,43
0,28
0,72-1,97
0,81-1,52
0,213
Estriado esquerdo
Casos
Controles
1,23
0,96
0,69
0,26
0,80-2,86
0,63-1,37
0,054
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
1,95
1,97
0,91
0,41
1,19-3,85
1,08-2,49
0,677
significância no teste de Kruskal-Wallis.
54
TABELA 10 Análise estatística da razão mI/Cr entre casos e controles
DP = desvio padrão; m = mediana; p = significância no teste ANOVA.
RAZÃO MIO-INOSITOL/CREATINA
ÁREA
m DP faixa p
Cíngulo anterior
Casos
Controles
0,64
0,56
0,074
0,062
0,55-0,81
0,46-0,66
0,037
Frontal esquerdo
Casos
Controles
0,47
0,49
0,085
0,044
0,41-0,62
0,45-0,57
0,974
Estriado esquerdo
Casos
Controles
0,32
0,28
0,044
0,060
0,31-0,44
0,21-0,38
0,035
Cerebelo esquerdo
Casos
Controles
0,54
0,52
0,075
0,071
0,39-0,63
0,37-0,60
0,508
6.3 DADOS DA IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO
Os resultados revelaram redução estatisticamente significativa da AF nos
casos em comparação aos controles nas seguintes regiões cerebrais: parte anterior
do tronco do corpo caloso (p = 0,008), trato córtico-espinhal direito (p = 0,044), perna
posterior da cápsula interna direita (p = 0,003), perna posterior da cápsula interna
esquerda (p = 0,049), pedúnculo cerebelar superior esquerdo (p = 0,031) e
pedúnculos cerebelares médios direito (p = 0,043) e esquerdo (p = 0,039).
Observou-se elevação significativa da AF apenas no putame esquerdo dos casos (p
= 0,038).
Não encontramos diferença estatisticamente significativa nas demais áreas
avaliadas, descritas na p. 43.
As Tabelas 11, 12A, 12B e 12C (p. 55-58) mostram a análise estatística e os
valores da AF comparando casos e controles.
55
TABELA 11 Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada entre casos
e controles em áreas medidas no plano sagital
ANISOTROPIA FRACIONADA
ÁREA
m DP faixa p
Corpo caloso 1
Casos
Controles
0,835
0,839
0,116
0,090
0,533-0,868
0,730-0,992
0,190
Corpo caloso 2
Casos
Controles
0,666
0,781
0,030
0,087
0,622-0,711
0,599-0,868
0,008
Corpo caloso 3
Casos
Controles
0,739
0,761
0,037
0,081
0,644-0,754
0,664-0,857
0,356
Corpo caloso 4
Casos
Controles
0,649
0,718
0,080
0,079
0,601-0.794
0,591-0,867
0,416
Corpo caloso 5
Casos
Controles
0,874
0,885
0,069
0,053
0,742-0,927
0,801-0,956
0,413
Cíngulo anterior D
Casos
Controles
0,271
0,245
0,107
0,147
0,154-0,424
0,153-0,508
0,710
Cíngulo anterior E
Casos
Controles
0,221
0,249
0,089
0,111
0,150-0,372
0,166-0,525
0,628
F. longitudinal inferior D
Casos
Controles
0,604
0,590
0,046
0,072
0,555-0,705
0,447-0,669
0,150
F. longitudinal inferior E
Casos
Controles
0,531
0,574
0,063
0,069
0,464-0,644
0,482-0,651
0,444
Abreviaturas: D, direito; DP, desvio-padrão; E, esquerdo; F., fascículo; m, mediana,
p = significância no teste ANOVA.
56
TABELA 12A Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada entre
casos e controles em áreas medidas no plano axial
ANISOTROPIA FRACIONADA
ÁREA
m DP faixa p
S. subcortical frontal D
Casos
Controles
0,408
0,358
0,077
0,039
0,220-0,448
0,316-0,435
0,749
S. subcortical frontal E
Casos
Controles
0,402
0,387
0,061
0,043
0,272-0,448
0,320-0,447
0,643
Trato córtico-espinhal D
Casos
Controles
0,692
0,777
0,072
0,054
0,628-0,808
0,706-0,864
0,044
Trato córtico-espinhal E
Casos
Controles
0,763
0,720
0,070
0,040
0,617-0,790
0,675-0,791
0,880
Trato fronto-pontino D
Casos
Controles
0,653
0,682
0,063
0,058
0,569-0,736
0,561-0,716
0,862
Trato fronto-pontino E
Casos
Controles
0,655
0,637
0,067
0,045
0,540-0,756
0,590-0,720
0,880
Cápsula interna D - PA
Casos
Controles
0,605
0,610
0,075
0,051
0,486-0,692
0,531-0,646
0,899
Cápsula interna E - PA
Casos
Controles
0,549
0,516
0,099
0,095
0,363-0,696
0,324-0,618
0,564
Cápsula interna D - PP
Casos
Controles
0,659
0,794
0,060
0,072
0,583-0,758
0,647-0,888
0,003
Cápsula interna E - PP
Casos
Controles
0,671
0,731
0,058
0,055
0,605-0,747
0,661-0,847
0,049
Abreviaturas: D, direita; DP, desvio-padrão; E, esquerda; S, substância; PA, perna
anterior, BP, braço posterior; m, mediana, p = significância no teste ANOVA.
57
TABELA 12B Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada entre
casos e controles em áreas medidas no plano axial
ANISOTROPIA FRACIONADA
ÁREA
m DP faixa p
Radiação óptica D
Casos
Controles
0,706
0,682
0,081
0,091
0,556-0,795
0,544-0,784
0,779
Radiação óptica E
Casos
Controles
0,604
0,678
0,093
0,065
0,500-0,747
0,599-0,768
0,090
F. longitudinal sup. D
Casos
Controles
0,544
0,618
0,089
0,074
0,472-0,717
0,480-0,724
0,142
F. longitudinal sup. E
Casos
Controles
0,581
0,577
0,083
0,069
0,450-0,670
0,501-0,706
0,467
S. branca cerebelar D
Casos
Controles
0,262
0,237
0,064
0,039
0,210-0,421
0,203-0,313
0,293
S. branca cerebelar E
Casos
Controles
0,247
0,245
0,079
0,052
0,203-0,453
0,187-0,366
0,820
P. cerebelar superior D
Casos
Controles
0,564
0,676
0,085
0,077
0,474-0,696
0,516-0,731
0,122
P. cerebelar superior E
Casos
Controles
0,563
0,687
0,055
0,094
0,482-0,660
0,516-0,760
0,031
P. cerebelar médio D
Casos
Controles
0,687
0,742
0,065
0,064
0,565-0,731
0,611-0,816
0,043
P. cerebelar médio E
Casos
Controles
0,692
0,746
0,083
0,038
0,546-0,750
0,677-0,792
0,039
Abreviaturas: D, direito; DP, desvio-padrão; E, esquerdo; F., fascículo; m, mediana;
P., pedúnculo; S., substância, p = significância no teste ANOVA.
58
TABELA 12C Análise estatística do valor médio da anisotropia fracionada entre
casos e controles em áreas medidas no plano axial.
ANISOTROPIA FRACIONADA
ÁREA
m DP faixa p
Núcleo caudado D
Casos
Controles
0,223
0,205
0,051
0,063
0,155-0,326
0,070-0,296
0,399
Núcleo caudado E
Casos
Controles
0,204
0,198
0,045
0,044
0,147-0,292
0,125-0,268
0,456
Putame D
Casos
Controles
0,202
0,212
0,029
0,043
0,170-0,257
0,109-0,247
0,681
Putame E
Casos
Controles
0,239
0,173
0,053
0,045
0,138-0,315
0,112-0,239
0,038
Abreviaturas: D, direito; DP, desvio-padrão; E, esquerdo; m, mediana,
p = significância no teste ANOVA.
7 DISCUSSÃO
Pouco é conhecido sobre a fisiopatologia do transtorno autista, e estudos
prévios focados na ERM em sujeitos autistas produziram resultados variáveis. Os
estudos baseados nas técnicas de neuroimagem estruturais e funcionais exploraram
principalmente o cíngulo anterior, os núcleos da base, o cerebelo e o lobo frontal,
com resultados controversos. Por esse motivo, elegemos estas áreas para o nosso
estudo de ERM.
Foram encontrados 17 artigos publicados na literatura médica dedicados ao
estudo do autismo por meio da espectroscopia. Apenas 2 dos 12 estudos de ERM-
H
1
envolvendo crianças com autismo clássico recrutaram crianças de um único sexo,
porém em ambos não houve grupo controle (PONS et al., 2004; CECIL et al., 2002),
e um deles envolveu a avaliação de um único menino. No trabalho de Sokol et al.
(2002) também não houve grupo controle. Portanto, dos 9 artigos que analisaram
comparativamente casos e controles, 8 sabidamente recrutaram crianças de ambos
os sexos, tornando suas amostras menos homogêneas. Perish-Alsina et al. (2002)
não informaram o sexo das crianças avaliadas. Os dois estudos realizados pelo
grupo de Hashimoto (1997 e 1998) relataram a presença de epilepsia associada ao
quadro clínico de autismo. Levitt et al. (2003) relataram o uso de medicamentos
psicoativos em 50% dos pacientes estudados. Nos estudos de Hashimoto et al.
(1997), Levitt et al. (2003) e Fayed e Modrego (2005), relatou-se a presença de
retardo mental associado ao transtorno autista.
A literatura sobre a ITD no autismo é bem mais escassa. Um levantamento
escrupuloso encontrou apenas um estudo sobre o tema, e também havia um
trabalho sobre a síndrome do X frágil, ambos os quais serão discutidos adiante.
Decidimos incluir o último trabalho porque 25% dos pacientes acometidos
apresentam o transtorno autista (VASCONCELOS, 2004, p. S77).
60
7.1 LITERATURA SOBRE ESPECTROSCOPIA POR RESSONÂNCIA MAGNÉTICA
Minshew et al. (1993) utilizaram a ERM-P
31
no estudo do córtex pré-frontal
dorsal de 11 indivíduos com autismo de alto-funcionamento, com idade entre 12 e 36
anos, e 11 controles com o objetivo de investigar o metabolismo energético cerebral
e de fosfolipídeos no autismo. Os autores encontraram diminuição dos níveis de PCr
e de terminações esterificadas no córtex pré-frontal bilateralmente dos casos em
comparação aos controles. Esses achados parecem consistentes com o aumento na
degradação ou déficit na produção das membranas cerebrais nos autistas.
O primeiro estudo através da ERM-H
1
em indivíduos autistas foi conduzido
por Hashimoto et al. (1997) que estudaram 28 autistas (alguns com retardo mental
associado), 28 pacientes com retardo mental e 25 crianças normais. Os autores
encontraram razão NAA/Cho menor em pacientes com retardo mental em
comparação aos outros dois grupos (p = 0,05), mas não houve diferença
estatisticamente significativa entre os grupos autista e controle nas razões NAA/Cr,
NAA/Cho ou Cho/Cr. O mesmo grupo (1998) comparou 3 casos da síndrome de
Rett, 23 pacientes autistas e 34 controles. O pico de NAA foi menor nos pacientes
com síndrome de Rett em relação aos controles. As razões de NAA/Cr, NAA/Cho e
Cho/Cr novamente não mostraram diferenças entre autistas e controles. Em ambos
os estudos, a região avaliada foi o lobo parietal direito.
Chugani et al. (1999) realizaram ERM-H
1
em 9 crianças autistas e 5 irmãos
delas para avaliação do NAA e lactato nos lobos frontal e temporal e no cerebelo.
Observou-se redução significativa do pico de NAA no cerebelo dos pacientes
autistas (p = 0,043), e detectou-se lactato no córtex frontal em apenas 1 criança
autista. Não houve diferença significativa nos lobos frontal e temporal entre os 2
grupos. Os autores concluíram que o achado de NAA baixo no cerebelo dos autistas
pode corresponder aos achados neuropatológicos de diminuição do número das
células de Purkinje e de células granulares no córtex cerebelar dos autistas.
Otsuka et al. (1999) examinaram a região do hipocampo-amígdala direito e o
hemisfério cerebelar esquerdo através de ERM-H
1
de 27 pacientes autistas e 10
crianças normais. O pico de NAA em ambas as regiões foi menor nos casos do que
nos controles (p = 0,042), mas não houve diferença significativa nos metabólitos Cr e
Cho. Os autores sugerem que a redução do pico de NAA possa estar relacionada
com aumento na densidade celular do sistema límbico e córtex cerebelar e redução
61
do número de células de Purkinje de crianças autistas e especulam que essa
diminuição possa refletir hipofunção ou imaturidade neuronal.
Hisaoka et al. (2001) estudaram 55 autistas e 51 crianças sadias, avaliando
os picos de NAA, Cr e Cho nos lobos frontal, parietal e temporal bilateralmente,
tegmento do tronco encefálico e giro do cíngulo. Os autores encontraram baixa
concentração de NAA nos lobos temporais bilateralmente, nas áreas 41 e 42 de
Brodmann (p < 0,05), e acreditam que este resultado pode indicar comprometimento
ou disfunção neuronal na área de Wernicke e sugerem a correlação com a
desordem de linguagem nos indivíduos autistas.
Kahne et al. (2002) injetaram em 3 ratas grávidas o agonista serotoninérgico
não-seletivo 5-metoxitriptamina (5-MT) e solução salina em 3 outras ratas. Após o
nascimento, do 1º ao 20º dias de vida as crias eram tratadas com as mesmas
substâncias, de acordo com o grupo original de tratamento. Os pesquisadores
observaram mudanças no comportamento, semelhantes ao autismo, em 20 ratos em
desenvolvimento tratados com o 5-MT em comparação com 20 controles. Destes,
nove animais de cada grupo foram submetidos a ERM-H
1
com o voxel posicionado
no cérebro do animal. Observou-se redução na razão NAA/Cr (p < 0,01) e aumento
nas razões Cho/Cr (p < 0,001) e mI/Cr (p < 0,02) nos animais tratados com 5-MT.
Segundo os autores, os resultados foram consistentes com os achados de Minshew
et al., podendo refletir aumento na degradação das membranas cerebrais.
Devido à prescrição cada vez maior de inibidores seletivos da recaptação da
serotonina a crianças com autismo e outros transtornos globais do desenvolvimento,
Strauss et al. (2002) avaliaram 16 crianças de 6 a 15 anos com transtorno autista ou
outro transtorno global do desenvolvimento através da espectroscopia de flúor por
ressonância magnética (ERM-F
19
) e compararam os dados com 28 adultos em
tratamento para depressão maior, transtorno obsessivo-compulsivo ou síndrome do
pânico, ambos os grupos recebendo fluvoxamina ou fluoxetina por pelo menos 6
semanas antes do estudo. Observou-se correlação significativa entre a dose e a
concentração da medicação no cérebro, tanto para a fluvoxamina (p = 0,001) quanto
para a fluoxetina (p = 0,03).
Sokol et al. (2002) analisaram por meio da ERM-H
1
10 crianças com
diagnóstico de autismo. Não houve grupo controle. O voxel foi colocado na região do
hipocampo e se estabeleceu uma alta razão Cho/Cr, que pode sugerir aumento da
proliferação celular ou síntese de colina, este último podendo ser consistente com os
62
recentes achados de aceleração do crescimento cerebral entre as idades de 2 e 3
anos. Os autores relataram uma associação entre razão Cho/Cr e a gravidade do
autismo (p=0,04) medida pela CARS.
Murphy et al. (2002) utilizaram a ERM-H
1
para examinar 14 adultos com
diagnóstico da síndrome de Asperger em comparação com 18 adultos controles.
Duas regiões de interesse foram escolhidas: lobo pré-frontal medial direito, incluindo
os giros pré-frontais superior e medial e parte do giro do cíngulo anterior; e lobo
parietal medial direito. Foram analisados os picos de NAA, Cr+PCr e Cho, bem como
as razões NAA/Cr+PCr, NAA/Cho e Cho/Cr+PCr. Nenhum dos sujeitos estava
usando medicação no momento do estudo e todos eram do sexo masculino. Os
achados mostraram aumento significativo da concentração de NAA (p = 0,002),
Cr+PCr (p = 0,03) e Cho (p = 0,003) no lobo pré-frontal dos casos, o que se
correlacionou com comportamento obsessivo, porém a comparação das razões
estudadas não detectou diferenças significativas entre os dois grupos, assim como
também não foram encontradas diferenças significativas nas concentrações e razões
dos metabólitos no lobo parietal. Os autores concluíram que os pacientes com
síndrome de Asperger não apresentaram a diminuição das concentrações cerebrais
de NAA e Cr+PCr que normalmente ocorre no final da adolescência.
Cecil et al. (2002) descreveram relato de caso de um menino de 5 anos
diagnosticado com autismo que vinha recebendo metilsulfonilmetano (MSM) como
suplemento de dieta alimentar e que os pais decidiram voluntariamente suspender
logo antes da realização do exame. Foi determinado o pico de MSM por meio de
ERM-H
1
no núcleo caudado, putame, cápsula interna e substância branca parietal à
esquerda, o que indica a sua passagem pela membrana hemato-encefálica e
acúmulo no cérebro, embora os efeitos dessa suplementação sejam desconhecidos.
Perich-Alsina et al. (2002) examinaram o tálamo esquerdo de 31 autistas e 15
controles. Cada grupo foi subdividido em 3 subgrupos segundo a idade: 0 a 3, 4
a 7
e 8 a 13 anos. Os autores descreveram redução na razão NAA/Cr e NAA/Cho (p <
0,05) no subgrupo dos autistas com idade acima de 8 anos, sugerindo um processo
de interrupção e regressão no desenvolvimento maturacional de estruturas
neuronais, que afetaria também o tálamo.
Friedman et al. (2003) realizaram ERM-H
1
em 25 crianças com diagnóstico de
transtorno do espectro autista, 13 crianças com desenvolvimento típico e 15 crianças
com atraso do desenvolvimento. Os resultados foram: redução do NAA no cíngulo
63
esquerdo, tálamo direito, giro temporal superior direito (p < 0,05), substância branca
frontal esquerda, cíngulo direito e substância branca parietal direita (p < 0,01);
redução da Cr no tálamo esquerdo, porção anterior do corpo caloso (p < 0,05),
substância branca frontal esquerda, ínsula esquerda e substância branca parietal
esquerda (p < 0,01); redução da Cho no tálamo esquerdo, giro temporal superior
direito (p < 0,05) e lobo temporal medial direito (p < 0,01) e, redução do mI na
substância branca parietal esquerda, occipital (p < 0,05), caudado direito e
esquerdo, ínsula direita e caloso anterior (p < 0,01) nos casos em comparação com
crianças com desenvolvimento normal, concluindo que anormalidades químicas
cerebrais estão presentes em crianças com transtorno do espectro autista dos 3 aos
4 anos de idade.
Com o objetivo de testar a hipótese de que desordens do
neurodesenvolvimento também possam ser causadas por transferência placentária
de anticorpos maternos, Dalton et al. (2003) recrutaram uma mãe de 38 anos com 3
filhos — o segundo com autismo de alto-funcionamento e o terceiro com distúrbio
específico da linguagem grave. Em seguida, injetaram o soro daquela mãe numa
rata grávida e o soro de quatro mães com filhos sadios em ratas controles. Foram
avaliadas as crias dessas ratas, compostas de 2 casos e 3 controles, e encontraram
alterações na região cerebelar, através de ERM, da razão Cho/água e Cr/água (p <
0,05), além de coordenação motora e exploração alteradas nos casos em relação
aos controles. Não foram encontradas alterações significativas na razão NAA/água.
O achado de comprometimento do comportamento exploratório nos ratos pode
corresponder ao repertório limitado de comportamento em indivíduos autistas. Os
autores sugerem que os anticorpos maternos talvez sejam importantes naqueles
casos de mães que tenham filhos afetados consecutivamente.
Levitt et al. (2003) analisaram os espectros de 22 autistas. O grupo controle
consistia de 20 sujeitos. Foram avaliadas 3 faixas axiais contíguas: uma no plano
medial dorso ventral dos núcleos da base, outra nos ventrículos e uma terceira na
região supraventricular. Nos dados dos autistas em comparação aos controles,
observaram-se NAA diminuído no corpo do núcleo caudado esquerdo e na
substância branca parietal e frontal esquerda, Cho reduzida no giro do cíngulo
ântero-inferior esquerdo, Cho e Cr aumentadas na cabeça do núcleo caudado
direito, Cr diminuída no corpo do núcleo caudado esquerdo e córtex occipital direito.
Tais achados foram atribuídos a alteração do metabolismo energético e/ou de
64
membrana. Vale ressaltar que apenas 1 autista apresentava retardo mental, e os
resultados encontrados não foram diferenciados em comparação com os autistas de
alto-funcionamento.
Pons et al. (2004) descreveram a associação de defeitos do DNA
mitocondrial, especialmente a mutação de mtDNA A3243G, com distúrbios do
espectro autista e submeteram 3 pacientes à espectroscopia de prótons, dois dos
quais apresentavam a mutação. No paciente sem mutação, os exames
demonstraram presença da mutação na mãe. Um voxel foi colocado
transversalmente abrangendo o cerebelo posteriormente e o corno anterior do
ventrículo lateral anteriormente, e outro voxel foi posicionado transversalmente ao
corno posterior do ventrículo lateral. O espectro dos corpos dos ventrículos laterais
revelou níveis moderadamente aumentados de ácido láctico em 1 paciente, e os
metabólitos do parênquima foram normais no cerebelo e no cérebro de todos os
pacientes.
Fayed e Modrego (2005) utilizaram a ERM-H
1
na avaliação de 21 crianças
autistas, 8 crianças com TDAH e 12 controles sadios. O estudo utilizou voxel único
localizado no centro semioval esquerdo. Os achados não demonstraram diferença
significativa nas relações metabólicas entre crianças autistas e os controles, porém o
grupo de crianças com TDAH apresentou concentração de NAA mais alta (p = 0,01).
Vale a pena ressaltar que os autores não encontraram diferenças nos resultados
entre os autistas que apresentam incapacidades do aprendizado em relação aos que
apresentam valores de QI dentro da normalidade.
Em suma, os estudos revelaram alterações espectroscópicas em indivíduos
com autismo, porém os trabalhos têm se concentrado principalmente na análise do
hipocampo, amígdala, cerebelo e córtex. Alguns dos estudos não discutiram as
técnicas ou medidas utilizadas, tampouco os detalhes da população estudada, como
idade, sexo e co-morbidade. Há necessidade de novos estudos que avaliem
indivíduos autistas sem retardo mental e crianças com retardo mental sem
diagnóstico de autismo, e os comparem com controles sadios.
O Quadro 1 (p. 68) mostra 10 estudos encontrados na literatura envolvendo a
ERM-H
1
de crianças diagnosticadas com autista clássico.
65
7.2 LITERATURA SOBRE IMAGEM DO TENSOR DE DIFUSÃO
Existe um único trabalho publicado na literatura médica sobre a imagem do
tensor de difusão em indivíduos autistas. Barnea-Goraly et al. (2004) utilizaram-na
para avaliar áreas encefálicas de 16 crianças e adolescentes do sexo masculino, 7
com diagnóstico de autismo de alto-funcionamento e 9 controles sadios. Apenas
sujeitos com QI igual ou superior a 70 foram incluídos no estudo. O exame foi
realizado em scanner de 3,0T e os parâmetros utilizados foram: TE de 106 ms; TR =
6.000 ms; campo de visão de 240 mm; matriz 128 x 128 mm; 19 cortes contíguos
com espessura de 5 mm. Calculou-se a AF para cada ROI. Os sujeitos com autismo
mostraram valores de AF significativamente reduzidos nas seguintes regiões:
cíngulo anterior bilateralmente estendendo-se ao tronco e joelho do corpo caloso,
áreas pré-frontais ventro-mediais e regiões pré-frontais abaixo do joelho do corpo
caloso. Também foram observados valores de AF reduzidos nas junções têmporo-
parietais bilateralmente e adjacente ao sulco temporal superior. No hemisfério
direito, esta alteração estendeu-se à radiação óptica e ao giro temporal médio,
aproximando-se da amígdala direita. Pontos adicionais de AF reduzida foram vistos
na radiação óptica esquerda, estendendo-se ao giro fusiforme esquerdo; no giro
temporal médio esquerdo aproximando-se da amígdala esquerda; e na substância
branca localizada entre o giro frontal médio e inferior direito e o centro semioval
direito. Não houve aumento significativo nos valores de AF no grupo autista em
relação ao grupo controle. Os resultados sugerem comprometimento dos tratos de
substância branca entre regiões implicadas na execução de funções sociais.
Outro estudo relevante do ITD é o de Barnea-Gorali et al. (2003) sobre os
tratos de substância branca em 10 pacientes femininas com diagnóstico de síndrome
do X frágil de 13,1 a 22,7 anos. O estudo comparou os resultados com 10 controles
de mesmo sexo e idade. O exame foi realizado em scanner de 1,5T e os parâmetros
utilizados foram: TE de 106 ms; TR = 6.000 ms; campo de visão de 240 mm; matriz
128 x 128 mm; 19 cortes contíguos com espessura de 5 mm. Observaram-se valores
significativamente reduzidos de AF no trato fronto-caudado esquerdo (p = 0,009),
coroa radiada e centro semioval esquerdo (p = 0,0008) e direito (p = 0,0004).
Embora não detectada na análise baseada no voxel, o valor médio de AF no trato
fronto-caudado direito também estava significativamente reduzido nos casos (p =
0,004). Os valores médios nos ROI’s colocados nas radiações ópticas não
66
apresentaram diferenças entre casos e controles. Os achados sugerem alterações
na densidade ou coerência na substância branca dos circuitos fronto-caudados,
assim como de áreas sensório-motoras bilateralmente.
7.3 ACHADOS RELEVANTES
A pesquisa atual recrutou apenas escolares destros do sexo masculino, o que
contribuiu para tornar a amostra mais homogênea. Por outro lado, é importante
ressaltar a presença de co-morbidade, pois todos os casos apresentavam retardo
mental associado ao quadro de autismo.
Nosso achado de aumento na concentração de Cho no cíngulo anterior
sugere distúrbio local do metabolismo da membrana em uma região que medeia as
emoções. A elevação no pico de mI no cíngulo anterior e da razão mI/Cr no cíngulo
anterior e estriado esquerdo apontam para a hipótese de que essas estruturas
participam da fisiopatologia do transtorno do espectro autista. É digno de nota
lembrar que o valor de p referente ao pico de mI no estriado esquerdo quase
alcançou valor de significância estatística. Não encontramos diferença
estatisticamente significativa nos valores encontrados no cerebelo e no lobo frontal
entre autistas e controles.
Apenas três estudos avaliaram o metabólito mI no autismo: Friedmann et al.
(2003), Fayed e Modrego (2005) e Kahne et al. (2002), este último realizado em
ratos. O primeiro encontrou diminuição do mI no caudado esquerdo, ao contrário do
nosso estudo, que encontrou aumento da concentração de mI no caudado esquerdo
do grupo autista. Fayed e Modrego não encontraram diferença significativa na razão
mI/Cr. Portanto, o achado de elevação da razão mI/Cr no cíngulo anterior e no
estriado esquerdo encontrado neste estudo não havia sido descrito previamente em
nenhum estudo de espectroscopia em sujeitos autistas.
Em comparação com o estudo de Barnea-Goraly et al. (2004), nossa
pesquisa sobre a ITD em crianças autistas encontrou redução similar da AF no
tronco do corpo caloso. A despeito dos dados conflitantes, pois não encontramos
diferenças significativas no giro do cíngulo, na radiação óptica e no joelho do corpo
caloso, os achados nos dois estudos provavelmente refletem disfunção das áreas
67
corticais supridas pelos tratos de substância branca analisados, por exemplo, o
córtex frontal relacionado com a parte anterior do tronco do corpo caloso.
Este estudo tem algumas limitações, como o tamanho relativamente pequeno
da amostra (n = 20) e o uso de medicamentos psicoativos por alguns sujeitos na
época da realização do exame neurorradiológico. Por razões éticas, não
suspendemos a medicação. Levando-se em conta o tamanho da amostra, são
necessários novos estudos em maior número de pacientes para confirmar nossos
achados. Como os sujeitos diagnosticados com transtorno do espectro autista
também apresentavam retardo mental, não é possível afirmar se as alterações
observadas estão relacionadas com o autismo ou o retardo mental, ou com ambos.
Estudos de imagem adicionais são necessários para estabelecer amostras
maiores que possam documentar a influência do QI e da idade e permitir correlações
entre as estruturas que estão funcionalmente conectadas ao cíngulo e aos núcleos
da base.
68
Quadro 1 Estudos publicados sobre espectroscopia de prótons no autismo clássico
Voxel
Estudo
População
(M/F)
Idade
(anos)
cm
3
Local
scanner
TE
(ms)
TR
(ms)
Seqüência
Achados nos casos em
comparação com controles
Hashimoto
et al. (1997)
28 casos (20/8)
28 RM (22/6)
25 controles (16/9)
2,8-12,2
2-13,3
2-13,8
8 e
27
Região parietal D
1,5T
270
1.500
STEAM
NAA/Cho com o aumento da idade em todos os grupos (p <
0,0002)
NAA/Cho no grupo com RM (p < 0,05), mas não apresentou
diferença entre os grupos autista e controle
Hashimoto
et al. (1998)
23 casos (19/4)
3 SR (0/3)
34 controles (22/12)
4,7-19,1
4, 11 e 23
4,5-20
8 e
27
Região parietal D
1,5T
270
1.500
STEAM
NAA na SR (p = ?)
NAA/Cho e NAA/Cr na paciente de 23 anos com SR (p = ?)
As razões NAA/Cr, NAA/Cho e Cho/Cr não apresentaram diferença
entre os grupos autista e controle
Chugani
et al. (1999)
9 casos (8/1)
5 controles (4/1)
3-12
6-14
8
Lobo frontal, temporal e
cerebelo
1,5T
30
2.000
STEAM
NAA cerebelo (p = 0,043)
Otsuka et al.
(1999)
27 casos (21/6)
10 controles (4/6)
2-18
6-14
6
Hipocampo-amígdala D e
hemisfério cerebelar E
1,5T
18
5.000
STEAM
NAA região hipocampo- amígdala D e hemisfério cerebelar E (p =
0,042)
Hisaoka et
al. (2001)
55 casos (47/8)
51 controles (26/25)
2-21
0,25 -15
3,4,
3 e
5,65
Córtex dos lobos
temporal, frontal e
parietal B, tegmento
tronco encefálico e giro
do cíngulo
1,5T
135
1.300
PRESS
NAA regiões temporais B (p < 0,05)
Sokol et al.
(2002)
10 casos (9/1)
0 controle
2-12 Hipocampo
2
1,5T 105
3.000
PRESS
Cho/Cr hipocampo
Perich-
Alsina et al.
(2002)
31 casos (?/?)
15 controles (?/?)
0-13
0-13
?
Tálamo E
?
68
1.500
?
NAA/Cr e NAA/Cho (p < 0,05) nos casos somente com idade entre
8 e 13 anos
Friedmann
et al. (2003)
45 casos (38/7)
13 controles (11/2)
15 com AD (6/9)
3,2-4,5
3-4,6
3,3-4,8
1
Frontal E, cíngulo E e D,
tálamo D, giro temporal
superior D, SB parietal D
1,5T
20 e
272
2.000
?
NAA cíngulo E, tálamo D, giro temporal superior D (p < 0,05), SB
frontal E, cíngulo D e SB parietal D (p < 0,01)
Cr tálamo E, caloso anterior (p < 0,05), substância branca frontal
E, ínsula E e SB parietal E (p < 0,01)
Cho tálamo E, giro temporal superior D (p < 0,05) e lobo temporal
medial D (p < 0,01)
mI SB parietal E, occipital (p < 0,05), caudado B, ínsula D e caloso
anterior (p < 0,01)
Levitt et al.
(2003)
22 casos (18/4)
20 controles (10/10)
5,4-15,7
6,8-16,3
1,2
Núcleos da base;
ventrículos; SB
supraventricular
1,5T
272
2.300
?
NAA corpo núcleo caudado E, SB parietal e frontal E
Cho giro cíngulo ântero-inferior E
Cho e Cr cabeça núcleo caudado D
Cr corpo núcleo caudado E e córtex occipital D
Fayed e
Modrego
(2005)
21 casos (18/3)
8 TDAH (3/5)
12 controles (12/0)
7,3 ± 4,1
9,1 ± 4,7
7,7 ± 0,3
8
Centro semioval E
1,5T
30
2.500
PRESS
NAA/Cr nos casos com TDAH (p = 0,012)
Não encontraram diferenças entre autistas e controles
Abreviaturas: AD, atraso do desenvolvimento; B, bilateral; Cho, colina; Cr, creatina; D, direito; E, esquerdo; M/F, proporção masculino/feminino;
mI, mio-inositol; NAA, N-acetilaspartato; RM, retardo mental; SB, substância branca; SR, síndrome de Rett; TDAH, transtorno do déficit de
atenção/hiperatividade.
8 CONCLUSÕES
a) As crianças autistas apresentaram elevação significativa dos picos de mio-
inositol (p = 0,021) e colina (p = 0,042) no cíngulo anterior e da razão mio-
inositol/creatina no cíngulo anterior (p = 0,037) e no estriado esquerdo (p = 0,035)
em comparação aos controles. Estes achados sugerem disfunção do giro do cíngulo
e do estriado esquerdo no transtorno autista.
b) Na imagem do tensor de difusão, os resultados revelaram redução
significativa da anisotropia fracionada nas crianças com transtorno autista na parte
anterior do tronco do corpo caloso (p = 0,008), no trato córtico-espinhal direito (p =
0,044), na perna posterior das cápsulas internas direita (p = 0,003) e esquerda (p =
0,049), no pedúnculo cerebelar superior esquerdo (p = 0,031) e nos pedúnculos
cerebelares médios direito (p = 0,043) e esquerdo (p = 0,040). O valor da AF no
putame esquerdo dos casos estava aumentado (p = 0,038). Tais achados sugerem
comprometimento dos tratos de substância branca nessas regiões em crianças
autistas.
c) Infelizmente, é difícil interpretar esses achados no presente. A explicação
para os resultados encontrados aguarda futuras pesquisas.
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10 APÊNDICES
80
10.1 MODELO DO FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Consentimento Esclarecido
Nome: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ D. N.: _ _ _/ _ _ _/ _ _ _
Idade: _ _ _ _ _ anos; R. G._ _ _ _ _ _ _ _ _ Registro no HUAP _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Responsável legal: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Parentesco: _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _
Título do projeto: Estudo do autismo através da imagem do tensor de difusão por ressonância
magnética.
Responsável pelo projeto: Dra. Adriana Rocha Brito
Departamento Materno-Infantil - Universidade Federal Fluminense (UFF).
Eu, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _, abaixo assinado,
responsável pelo meu parente próximo, _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _ _,
declaro ter pleno conhecimento do que se segue:
- que os objetivos desta pesquisa são:
a) definir a utilidade de um exame neurorradiológico (conhecido como imagem do tensor de
difusão por ressonância magnética) no diagnóstico do autismo;
b) analisar as alterações metabólicas cerebrais associadas ao autismo através do exame de
espectroscopia por ressonância magnética;
- que a pesquisa incluirá o preenchimento de alguns formulários e a realização gratuita de um exame
neurorradiológico na clínica Multi-Imagem, localizada na Rua Saddock de Sá, 266, Ipanema, Rio
de Janeiro - RJ. Também, poderão ser realizados outros exames laboratoriais, sempre com o meu
consentimento;
- que os únicos riscos associados à participação do meu parente nesta pesquisa dizem respeito à
anestesia geral que poderá ser usada para realização do exame neurorradiológico e aos efeitos
colaterais de medicamentos que meu parente vier a usar. A anestesia geral não será usada nas
crianças que participam da pesquisa como voluntários (controles). Se a anestesia geral for usada,
meu parente será acompanhado continuamente por um médico treinado e qualificado neste procedimento.
- que, única e exclusivamente a meu critério, meu parente poderá receber algum medicamento usado
no tratamento do autismo, cujos efeitos colaterais me serão explicados detalhadamente antes de eu
decidir sobre o uso de quaisquer medicamentos.
- que poderei suspender qualquer tratamento instituído, incluindo os medicamentos, no momento que eu desejar.
- que receberei respostas ou esclarecimentos sobre qualquer dúvida acerca dos procedimentos, riscos,
benefícios e outros assuntos relacionados com a pesquisa e o tratamento do meu parente;
- que poderei retirar a qualquer momento o meu consentimento e deixar de participar da pesquisa, sem
que isto traga prejuízo à continuação do tratamento do meu parente;
- que se manterá o caráter confidencial das informações relacionadas com a minha privacidade
;
- que obterei informações atualizadas durante o estudo, ainda que isto possa afetar a minha vontade de
continuar dele participando;
- da disponibilidade, por parte do HUAP, do tratamento médico a que meu parente terá direito em caso
de danos diretamente causados pela pesquisa;
- que o material obtido em filmagens e fotografias do meu parente será usado exclusivamente em
aulas, exposições em congressos e publicações técnicas e científicas.
- que eu receberei a quantia de R$ 40,00 (quarenta reais) para custear as despesas de transporte e
alimentação no dia do exame radiológico.
Niterói, _ _ _ de _ _ _ _ _ _ _ _ _ de 200_.
_____________________ _____________________
Assinatura do responsável Assinatura do médico
_________________________ __________________________
Assinatura da testemunha Assinatura da testemunha
81
10.2 MODELO DO QUESTIONÁRIO DO DSM-IV-TR COM CRITÉRIOS
DIAGNÓSTICOS PARA TRANSTORNO AUTISTA
A. Um total de 6 (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e
um de (3):
(1) Comprometimento qualitativo da interação social, manifestado por pelo menos dois dos
seguintes aspectos:
(a) comprometimento acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais,
tais como contato visual direto, expressão facial, posturas corporais e gestos para
regular a interação social
(b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível
de desenvolvimento
(c) ausência de tentativas espontâneas de compartilhar prazer, interesses ou
realizações com outras pessoas ( p.ex., não mostrar, trazer ou apontar objetos de
interesse)
(d) ausência de reciprocidade social ou emocional
(2) Comprometimento qualitativo da comunicação, manifestado por pelo menos um dos
seguintes aspectos:
(a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não
acompanhado por uma tentativa de compensar por meio de modos alternativos
de comunicação, tais como gestos ou mímica)
(b) em indivíduos com fala adequada, acentuado comprometimento da capacidade
de iniciar ou manter uma conversa
(c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática
(d) ausência de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos
próprios do nível de desenvolvimento
(3) Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados
por pelo menos um dos seguintes aspectos:
(a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de
interesse, anormais em intensidade ou foco
(b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (p.ex., agitar ou torcer mãos ou
dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo)
(d) preocupação persistente com partes de objetos
B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início
antes dos 3 anos de idade:
(1) interação social
(2) linguagem para fins de comunicação social
(3) jogos imaginativos ou simbólicos.
C. A perturbação não é melhor explicada por transtorno de Rett ou transtorno desintegrativo
da infância.
82
10.3 MODELO DO QUESTIONÁRIO DO CHECKLIST FOR AUTISM IN TODDLERS
(CHAT)
Parte A: Pergunte aos pais
1. Seu filho gosta de ser balançado, de sentar em seu joelho e pular, etc? ( ) SIM ( ) NÃO
2. Seu filho se interessa por outras crianças? ( ) SIM ( ) NÃO
3. Seu filho gosta de escalar objetos, tal como subir escadas? ( ) SIM ( ) NÃO
4. Seu filho gosta de brincar de esconde-esconde, de esconder o rosto e achar?
( ) SIM ( ) NÃO
5. Seu filho alguma vez brinca de “faz de conta”, por exemplo, fazer de conta que está
fazendo uma xícara de chá, usando uma xícara ou bule de brinquedo ou brincar fazendo de
conta com outros brinquedos ou objetos? ( ) SIM ( ) NÃO
6. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar ou pedir alguma coisa?
( ) SIM ( ) NÃO
7. Seu filho alguma vez usou o dedo indicador para apontar, indicando interesse por alguma
coisa? ( ) SIM ( ) NÃO
8. Seu filho consegue brincar adequadamente com brinquedos pequenos (ex. carrinhos ou
blocos para empilhar/montar) sem se limitar somente a levá-los à boca, manipulá-los sem
uma utilidade evidente ou jogá-los/derrubá-los? ( ) SIM ( ) NÃO
9. Seu filho alguma vez levou objetos até você (pai/mãe) para te mostrar alguma coisa?
( ) SIM ( ) NÃO
Parte B: Para observação do agente primário de saúde
i. Durante o encontro a criança estabeleceu contato ocular com você? ( ) SIM ( ) NÃO
ii. Obtenha a atenção da criança, então aponte para algum objeto interessante e diga: “Olha!
Um...(nome do brinquedo)”. Olhe para o rosto da criança. Ela olhou em volta para ver o que
você estava apontando? ( ) SIM ( ) NÃO
iii. Obtenha a atenção da criança, depois dê a ela uma miniatura de uma xícara de
brinquedo ou bule e diga: “Você pode fazer uma xícara de chá para mim?”. A criança fez de
conta que servia, bebia, etc? ( ) SIM ( ) NÃO
iv. Diga para a criança: “Onde está a luz?” ou “Mostre-me a luz”. A criança aponta para a luz
usando seu dedo indicador? ( ) SIM ( ) NÃO
v. A criança consegue construir uma torre com blocos? (Se positivo com quantos blocos?)
(Nº de blocos___________) ( ) SIM ( ) NÃO
83
10.4 MODELO DO QUESTIONÁRIO DO CHILDHOOD AUTISM RATING
SCALE (CARS)
I. Relacionamento com pessoas
1 Nenhuma evidência de dificuldade ou anormalidade no relacionamento com pessoas – O
comportamento da criança é apropriado para sua idade. Alguma timidez, comportamento
inquieto, importuno pode ser observada, mas não em grau atípico.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Relacionamento levemente anormal – A criança pode evitar olhar o adulto nos olhos,
evitar o adulto ou se tornar ansiosa se a interação for forçada, ser excessivamente tímido,
não ser tão responsivo ao adulto como é típico, ou se manter unido aos pais um pouco mais
que a maioria das crianças de mesma idade.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Relacionamento moderadamente anormal – A criança mostra indiferença (parece ignorar o
adulto) às vezes. Tentativas persistentes e forçadas são necessárias para obter atenção às
vezes. Contato mínimo é iniciado pela criança.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Relacionamento severamente anormal – A criança é consistentemente alheia ou não
percebe o que o adulto está fazendo. Ela quase nunca responde ou inicia o contato com o
adulto. Somente as tentativas mais persistentes para obtenção da atenção da criança têm
qualquer efeito.
II. Imitação
1 Imitação apropriada – A criança pode imitar sons, palavras e movimentos que são
apropriados para o seu nível de habilidade.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Imitação levemente anormal – A criança imita simples comportamentos como bater
palmas ou sons verbais simples a maioria do tempo; ocasionalmente, imita somente após
estimulação ou após um atraso.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Imitação moderadamente anormal – A criança imita somente parte do tempo e requer uma
considerável persistência e ajuda do adulto; freqüentemente imita somente após atraso.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Imitação severamente anormal – A criança raramente ou nunca imita sons, palavras ou
movimentos mesmo com estímulo e assistência do adulto.
III. Resposta emocional
84
1 Respostas emocionais apropriadas quanto a situações e a idade – A criança mostra tipo e
grau apropriado de resposta emocional como indicado por mudança na expressão facial,
postura e modos.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Respostas emocionais levemente anormais – A criança ocasionalmente exibe um tipo ou
grau algo inapropriado de reação emocional. Reações são algumas vezes não relacionadas
aos objetos e eventos em torno deles.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Respostas emocionais moderadamente anormais – A criança mostra sinais definitivos de
tipo e/ou grau inapropriado de resposta emocional. Reações podem ser completamente
inibidas ou excessivas e não relacionadas com a situação; a criança pode caretear, fazer
trejeitos, rir ou se tornar rígida, ainda que nenhuma emoção aparente produzida por objetos
ou eventos esteja presente.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Respostas emocionais severamente anormais – Respostas são raramente
apropriadas à situação; uma vez que a criança se insinua um certo humor, é muito
difícil mudar o humor. Contrariamente a criança pode mostrar emoções
extremamente diferentes quando nada é mudado.
IV. Uso do corpo
1 Uso do corpo apropriado a idade – A criança se move com a mesma facilidade, agilidade e
coordenação de uma criança normal de mesma idade
1.5 (se entre estes pontos)
2 Uso do corpo levemente anormal – Algumas peculiaridades menores podem estar
presentes, como um desajeitamento, movimentos repetitivos, coordenação pobre ou o
aparecimento raro de movimentos mais incomuns.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Uso do corpo moderadamente anormal – Comportamentos que são claramente estranhos
ou não usuais para criança dessa idade podem incluir movimentos estranhos dos dedos,
postura peculiar dos dedos ou corpo, olhar fixo ou picar o corpo, auto-agressão, balançar,
rodopiar/girar, sacudir os dedos ou andar na ponta dos pés.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Uso do corpo severamente anormal – movimentos intensos ou freqüentes do tipo
listado acima são sinais do uso do corpo severamente anormal. Esses
comportamentos podem persistir a despeito de tentativas de desencorajá-los ou de
envolver a criança em outra atividade.
V. Uso de objeto
85
1 Uso e interesse apropriado em brinquedos e outros objetos – A criança mostra interesse
normal em brinquedos e outros objetos apropriados ao seu nível de habilidade e usa esses
brinquedos de forma apropriada.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Uso e interesse levemente inapropriado em brinquedos e outros objetos – A criança pode
mostrar interesse atípico em um brinquedo ou brincar com ele de forma infantil inapropriada
(por ex: bater ou sugar o brinquedo).
2.5 (se entre estes pontos)
3 Uso e interesse moderadamente inapropriado – A criança pode mostrar pouco interesse
em brinquedos e outros objetos, ou podem ser preocupados com o uso do objeto ou
brinquedo de forma estranha. Ela pode focar em alguma parte insignificante do brinquedo,
se tornar fascinada com a luz refletindo do objeto, mover repetidamente alguma parte do
objeto, ou brincar com um objeto exclusivamente.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Uso e interesse severamente inapropriado - A criança pode se comprometer com os
mesmos comportamentos acima, com grande freqüência e intensidade. É difícil distrai-la
quando ocupada nessas atividades inapropriadas.
VI. Adaptação à mudança
1 Resposta à mudança apropriada para a idade – Enquanto a criança pode participar ou
comentar mudanças na rotina, ela aceita essas mudanças sem sofrimento indevido.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Adaptação à mudança levemente anormal – Quando o adulto tenta mudar tarefas a
criança pode continuar a mesma atividade ou usar o mesmo material.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Adaptação à mudança moderadamente anormal – A criança ativamente resiste a
mudanças na rotina, tenta continuar a atividade antiga, e é difícil desviar a sua atenção. Ela
pode se tornar zangada e infeliz quando a rotina estabelecida é alterada.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Adaptação à mudança severamente anormal – A criança mostra reações severas
à mudança. Se a mudança é forçada, ela se torna extremamente zangada ou não
cooperativa e responde com acessos de fúria / raiva.
VII. Resposta visual
1 Resposta visual apropriada para a idade – O comportamento visual da criança é normal e
apropriado para aquela idade. A visão é usada junto com outros sentidos como uma forma
de explorar um novo objeto.
1.5 (se entre estes pontos)
86
2 Resposta visual levemente anormal – A criança pode ser ocasionalmente lembrada para
olhar para objetos. A criança pode ser mais interessada em olhar para espelhos ou
iluminações do que olhar com atenção / deixar-se entrever, pode ocasionalmente fixar o
olhar à distância ou para longe no espaço, ou pode também evitar olhar pessoas nos olhos.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Resposta visual moderadamente anormal – A criança deve ser lembrada freqüentemente
para olhar o que ela está fazendo. Ela pode fixar o olhar no espaço, evitar olhar as pessoas
nos olhos, olhar para objetos de um ângulo incomum, ou levar objetos muito perto dos
olhos.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Resposta visual severamente anormal – A criança consistentemente evita olhar para
pessoas ou certos objetos e pode mostrar formas extremas de outras peculiaridades visuais
descritas acima.
VIII. Resposta auditiva
1 Resposta auditiva apropriada para a idade – O comportamento auditivo da criança é
normal e apropriado para idade. A audição é usada junto com outros sentidos.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Resposta auditiva levemente anormal – Pode existir alguma ausência de resposta, ou uma
leve super reação para certos sons. Respostas a sons podem ser atrasadas, e sons podem
necessitar repetição para sustentar a atenção da criança. A criança pode ser distraída por
sons estranhos.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Resposta auditiva moderadamente anormal – As respostas da criança aos sons variam;
freqüentemente ignoram sons no 1º momento; podem ficar assustados / aterrorizados ou
cobrir os ouvidos quando ouvir alguns sons do dia a dia.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Resposta auditiva severamente anormal – A criança responde exageradamente e/ou
reage de menos aos sons de um grau extremamente pronunciado/acentuado, indiferente ao
tipo de som.
IX. Uso e resposta à gustação, olfato e toque
1 Uso e resposta normal ao paladar, olfato e toque – A criança explora novos objetos de
uma forma apropriada para a idade, geralmente pelo tato e olhar. A gustação ou o olfato
pode ser usado quando apropriado. Quando reage a dor, a criança expressa desconforto,
mas não uma reação exagerada.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Uso e resposta levemente anormal ao paladar, olfato e toque – A criança pode persistir em
colocar objetos na boca; pode cheirar ou sentir o gosto de objetos não comestíveis; pode
87
ignorar ou reagir exageradamente à dor leve que uma criança normal pode expressar como
desconforto.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Uso e resposta moderadamente anormal ao paladar, olfato e toque – A criança pode ser
moderadamente preocupada em tocar,cheirar e sentir o gosto de objetos e pessoas. A
criança pode reagir muitíssimo ou pouco.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Uso e resposta severamente anormal ao paladar, olfato e toque – A criança é preocupada
em cheirar, sentir o gosto e tocar objetos mais pela sensação do que pela exploração ou uso
normal dos objetos. A criança pode completamente ignorar dor ou reagir muito fortemente a
um leve desconforto.
X. Medo ou nervosismo
1 Medo ou nervosismo normal – O comportamento da criança é apropriado tanto à situação
e a sua idade.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Medo ou nervosismo levemente anormal – A criança ocasionalmente mostra muito ou
pouco medo ou nervosismo comparado a reação de uma criança normal de mesma idade
em situação similar.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Medo ou nervosismo moderadamente anormal – A criança mostra tanto um pouco mais ou
um pouco a menos de medo do que é típico mesmo para criança jovem em similar situação.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Medo ou nervosismo severamente anormal – Medos persistem mesmo após experiências
repetidas com eventos e objetos inofensivos. É extremamente difícil acalmar ou confortar a
criança. A criança pode, contrariamente, falhar em mostrar apropriada consideração /
atenção para perigo que outras crianças de mesma idade evitam.
XI. Comunicação verbal
1 Comunicação verbal normal – apropriada à idade e situação.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Comunicação verbal levemente anormal – A linguagem mostra retardo global. A maioria
da fala é com significado; entretanto, alguma ecolalia ou inversão de pronomes pode
ocorrer. Algumas palavras peculiares ou jargão podem ser usados ocasionalmente.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Comunicação verbal moderadamente anormal – A linguagem pode estar ausente. Quando
presente, a comunicação verbal pode ser uma mistura de alguma fala com significado e
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alguma fala peculiar como jargão, ecolalia, inversão de pronome. Peculiaridades na fala com
significado incluem questionamento ou preocupação excessiva com tópicos particulares.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Comunicação verbal severamente anormal – A fala com significado não é usada. A
criança pode emitir gritos infantis, sons de animais ou sons esquisitos, barulhos complexos
parecidos com fala, ou pode mostrar uso persistente, bizarro de algumas palavras ou frases
reconhecíveis.
XII. Comunicação não verbal
1 Uso normal da comunicação não verbal – apropriada à idade e situação.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Uso levemente anormal da comunicação não verbal – Uso imaturo da comunicação não
verbal, pode somente apontar vagamente, ou alcançar o que ela quer, em situação nas
quais crianças de mesma idade podem apontar ou gesticular mais especificamente para
indicar o que elas querem.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Uso moderadamente anormal da comunicação não verbal – A criança é geralmente
incapaz de expressar necessidades ou desejos não verbais e não pode entender a
comunicação não verbal dos outros.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Uso severamente anormal da comunicação não verbal – A criança somente usa gestos
bizarros ou peculiares que não tem significado aparente, e não mostra consciência dos
significados associados com os gestos e expressões faciais dos outros.
XIII. Nível de atividade
1 Nível de atividade normal para idade e circunstâncias – A criança não é nem mais nem
menos ativa que a criança normal de mesma idade em similar situação.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Nível de atividade levemente anormal – A criança pode tanto ser levemente agitada/
inquieta ou um tanto vagarosa/lenta e se mover lentamente de vez em quando. O nível de
atividade da criança interfere somente levemente com sua performance.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Nível de atividade moderadamente anormal – A criança pode ser inteiramente ativa e
difícil de ser contida. Ela pode ter energia ilimitada/ infinita e pode não ir dormir prontamente
à noite. Contrariamente, a criança pode ser inteiramente letárgica e necessitar de uma
grande quantidade de estímulo para levá-la a se mover/andar de um lado para outro.
3.5 (se entre estes pontos)
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4 Nível de atividade severamente anormal – A criança exibe extremos de atividade ou
inatividade e pode mesmo passar de um extremo a outro.
XIV. Nível de consistência de resposta intelectual
1 Inteligência é normal e razoavelmente consistente através de várias áreas – A criança é
tão inteligente quanto crianças típicas de mesma idade e não tem qualquer habilidade ou
problemas intelectuais anormais.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Funcionamento intelectual levemente anormal – A criança não é tão esperta quanto
crianças típicas de mesma idade; habilidades parecem claramente retardadas através de
todas as áreas.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Funcionamento intelectual moderadamente anormal – Em geral, a criança não é tão
esperta/hábil como típicas crianças de mesma idade; entretanto, a criança pode funcionar
próxima do normal em uma ou mais áreas intelectuais.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Funcionamento intelectual severamente anormal – Enquanto a criança não é tão hábil
quanto a criança típica de sua idade, ela pode funcionar mesmo melhor que a criança
normal de mesma idade em uma ou mais áreas.
XV. Impressões gerais
1 Não autista – A criança não mostra nenhum dos sintomas característicos do autismo.
1.5 (se entre estes pontos)
2 Autismo leve – A criança mostra somente poucos sintomas ou leve grau de autismo.
2.5 (se entre estes pontos)
3 Autismo moderado – A criança mostra um número de sintomas ou grau moderado de
autismo.
3.5 (se entre estes pontos)
4 Autismo severo – A criança mostra muitos sintomas ou um grau extremo de autismo.
RESULTADO
: 15 – 30 = Não autista
30 – 37 = Autismo leve/ moderado
37 – 60 = Autismo severo
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