Download PDF
ads:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
Patrícia Staciarini Anders
Avaliação do processo de descontaminação
de brocas odontológicas e seu impacto no
controle de infecção
Orientadora: Profª Drª Fabiana Cristina Pimenta
Co-Orientadora: Profª Drª Anaclara F. V. Tipple
Dissertação submetida ao CPGMT/IPTSP/UFG
como requisito parcial para a obtenção do Grau de
Mestrado na área de concentração em
Microbiologia
Dissertação de Mestrado
Goiânia-GO, 2006
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
Este trabalho está inserido no projeto de
pesquisa “Prevenção e controle de infecção
em serviços de saúde: buscando caminhos
para uma nova práxis”, do Núcleo de Estudos
e Pesquisa em Infecção Hospitalar da
Faculdade de Enfermagem da Universidade
Federal de Goiás
ads:
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus e a todas as pessoas que contribuíram para a realização
deste estudo, em especial:
Aos meus pais, meus eternos professores e incentivadores. Esta vitória e
várias outras que aconteceram na minha vida eu dedico a vocês, por me
ensinarem a lutar por meus ideais, e principalmente por confiarem em mim.
Vocês são muito especiais para mim!
As minhas queridas orientadoras, Fabiana Cristina Pimenta e Anaclara Ferreira
Veiga Tipple, pela paciência, dedicação, competência, incentivo, respeito e
amizade. Muito obrigada pelas orientações que nortearam a minha vida.
Ao meu namorado, Rander Alves de Oliveira, pelo incentivo e companheirismo
nos momentos mais difíceis...e alegres também. Agradeço-o pelo apoio
incondicional, paciência, amor, e por dividir comigo sonhos que em um futuro
não tão distante serão realizados.
Aos meus irmãos, Wendell Richard Anders e Fábio Staciarini Anders e
respectivas cunhadas, Ana Martins Gonçalves e Fernanda de Souza Lucas
pela ajuda nas digitações, correções e opiniões neste trabalho.
À minha vizinha e professora Maria Amélia Azevedo, pela amizade e auxílio
nas dúvidas de português.
À minha querida prima Carmen Edith Raposo, pelo grande coração e bondade.
Às minhas amigas Raíssa de Aquino, Marcela Monteiro de Carvalho, Clarissa
Irineu Carrijo, Bárbara de Souza Rocha, Daniela Pontes pela amizade e
carinho.
À mestre em Enfermagem, Enfª Solange do Socorro Fonseca Tavares, pelo
apoio imprescindível em várias etapas desta pesquisa.
Ao Prof. Dr. Joaquim Tomé de Souza, pelo suporte em estatística, e pela
atenção e presteza nas respostas às solicitações.
A todos os docentes do Mestrado em Microbiologia do Instituto de Patologia
Tropical e Saúde Pública, por terem feito parte desta minha caminhada, em
que o conhecimento aprendido foi extremamente válido e conclusivo para este
estudo. Em especial, ao Prof. Dr. Cleomenes Reis, exemplo de mestre e
amigo.
Aos membros das bancas de qualificação e defesa, pelas orientações e
sugestões: Dra. Adenícia Custódia Silva e Souza, Dr. Carlos de Paula e Souza,
Dr. Cleomenes Reis, Dr. Cláudio Rodrigues Leles, Dr. André Kipnis, Dr. José
Rodrigues.
Aos meus amigos e amigas do Departamento de Microbiologia do Instituto de
Patologia Tropical e Saúde Pública IPTSP, pela amizade verdadeira e
momentos de convívio que irão ficar na memória: Ana Cláudia Camargo, Lara
Stefania N.O. Leão, Alessandra Marques Cardoso, Renata Pereira Silva,
Daniella Vilela Lima, Mirian Rodrigues, Juliana Lamaro, Cristyane Benício,
Frederico M. Machado Neto, Thaís Teixeira, Letícia Aparecida Silva, Ana Paula
Rodrigues Correia, Luciana Oliveira, Rodrigo Alessandro Tôgo Santos, Aysha
Jussara Ivonilde Carrim, Karla Carvalho Miranda, Janine de Aquino Lemos e
Maíldes Francisca.
À Leda Maria de Almeida Valadão, Marieta Pereira de Morais Souza e Hildene
Menezes, pela presteza e amizade.
Ao Laboratório de Micologia do IPTSP, pela colaboração na parte prática deste
trabalho.
Aos colegas do SCIH/ CCIH do Hospital Materno Infantil, pela compreensão e
apoio na realização deste trabalho, e aos funcionários do Centro de Material e
Esterilização (CME) deste mesmo hospital pelo carinho dedicado.
Enfim, a todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste
trabalho, o meu sincero agradecimento.
Grande parte da vitalidade de uma amizade reside no respeito pelas
diferenças, não apenas em desfrutar das semelhanças.
James Fredericks
QUANTAS VEZES
Quantas vezes nós pensamos em desistir ,deixar de lado,
o ideal e os sonhos;
Quantas vezes batemos em retirada,com o coração
amargurado pela injustiça;
Quantas vezes sentimos o peso da responsabilidade, sem ter
com quem dividir;
Quantas vezes sentimos solidão, mesmo cercado de pessoas;
Quantas vezes falamos, sem sermos notados;
Quantas vezes lutamos por uma causa perdida;
Quantas vezes voltamos para casa com a sensação
de derrota;
Quantas vezes aquela lágrima, teima em cair, justamente
na hora em que precisamos parecer fortes;
Quantas vezes pedimos a Deus um pouco de força, um pouco
de luz;
E a resposta vem, seja lá como for, um sorriso, um olhar
cúmplice,
um bilhete, um gesto de amor;
E a gente insiste, insiste em prosseguir, em acreditar, em
transformar, em dividir, em estar, em ser;
E Deus insiste em nos abençoar, em nos mostrar o caminho:
aquele mais difícil, mais complicado, mais bonito.
E a gente insiste em seguir, porque tem uma missão...
Isto porque o futuro pertence àqueles que acreditam na
beleza de seus sonhos.
(autor desconhecido)
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS.................................................................................... V
LISTA DE TABELAS.................................................................................... VI
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ...................................................... VII
APRESENTAÇÃO........................................................................................ 01
RESUMO..................................................................................................... 03
ABSTRACT.................................................................................................. 04
1. INTRODUÇÃO......................................................................................... 05
2. OBJETIVOS ............................................................................................ 25
3. MATERIAL E MÉTODOS ........................................................................ 26
3.1. Seleção dos consultórios e agendamento para a coleta de dados .... 26
3.2. Procedimento de coleta de dados ...................................................... 27
3.3. Análise microbiológica das brocas ..................................................... 28
3.3.1. Isolamento dos microrganismos .................................................. 28
3.3.2. Identificação microbiana............................................................... 29
3.4. Análise de dados ................................................................................ 30
4. RESULTADOS, DISCUSSÃO E CONCLUSÃO ..................................... 31
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................ 32
6. ARTIGO .................................................................................................. 41
RESUMO .................................................................................................... 43
ABSTRACT ................................................................................................. 44
INTRODUÇÃO ............................................................................................ 45
MÉTODOS .................................................................................................. 46
Análise microbiológica das brocas ............................................................ 47
RESULTADOS ............................................................................................ 48
Contaminação microbiana ........................................................................ 49
Descontaminação das brocas odontológicas x contaminação microbiana 50
DISCUSSÃO................................................................................................ 52
Microrganismos isolados........................................................................... 56
CONCLUSÃO ............................................................................................. 58
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 59
APÊNDICES................................................................................................ 65
ANEXOS...................................................................................................... 66
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Distribuição das brocas odontológicas segundo o resultado do
teste de esterilidade, Distrito Central, Goiânia – GO, 2005 ...........................
62
Figura 2 – Distribuição dos métodos de descontaminação de brocas nos
consultórios cujos resultados foram positivos no teste de esterilidade,
Distrito Central, Goiânia – GO, 2005 ...........................................................
63
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização dos microrganismos isolados das brocas
odontológicas nos consultórios odontológicos particulares, Distrito Central,
Goiânia – GO, 2005 .......................................................................................
64
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ADA American Dental Association
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
BHI Brain Heart Infusion
BGN Bastonetes Gram-negativos
BGP Bacilos Gram-positivos
CDC
Centers for Disease Control and Prevention
CGP Cocos Gram-positivos
CVD
Chemical Vapor Deposition
ECN Estafilococos coagulase negativo
ECP Estafilococos coagulase positivo
EPI Equipamentos de Proteção Individual
FDA Food and Drug Administration
HBV Vírus da Hepatite B
HCV Vírus da Hepatite C
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
LAS-UCG Laboratório de Análises da Saúde da Universidade Católica de Goiás.
MS Ministério da Saúde
PP Precauções-Padrão
PU Precauções Universais
RPA Responsável pelo processamento de artigos
SMS Secretaria Municipal de Saúde
SOBECC Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização
TSB Caldo Triptona Soja
UFC Unidades formadoras de colônias
USA Estados Unidos da América
APRESENTAÇÃO
Brocas odontológicas: artigos críticos ou semicríticos?
A prática odontológica abrange uma grande variedade de procedimentos
que podem incluir desde um simples polimento para preparo cavitário até uma
complexa e extensa cirurgia de ossos e tecidos bucofaciais. Esses
procedimentos implicam no contato com secreções da cavidade bucal, o que
acaba aumentando a possibilidade de transmissão de microrganismos
potencialmente causadores de infecções tanto do paciente para paciente, como
dos profissionais para pacientes ou dos pacientes para profissionais (Miller &
Palenik 2001).
As brocas odontológicas são instrumentos rotatórios de corte ou
desgaste frequentemente utilizados por todos os cirurgiões dentistas,
independente da especialidade. De acordo com as diferentes formas básicas
das pontas ativas, podem ser utilizadas para distintas funções como, por
exemplo, remoção de tecido cariado, confecção de retenções e de paredes
circundantes, dar forma e contorno em cavidades, desgastar dentina ou
próteses, etc. (Mondelli et al. 1983). Independente de qual função será
empregada, as brocas requerem processamentos adequados para a
reutilização. Uma outra opção seria utilizá-las como artigos de uso único
(Centers for Disease Control and Prevention – CDC 2003).
Para definição do melhor método de reprocessamento das brocas deve-
se analisar primeiramente o risco potencial deste artigo para carrear
microrganismos causadores de infecção associado a sua utilização (CDC
2003). Desta forma, as brocas são consideradas artigos críticos, quando
penetram mucosas, tecidos subepiteliais e sistema vascular, bem como os que
estejam diretamente conectados com este sistema e devem ser esterilizados
para o próximo uso. Enquadram neste requisito as brocas utilizadas em
procedimentos cirúrgicos (Graziano & Graziano 2000, CDC 2003). São
consideradas artigos semicríticos quando entram em contato com pele não-
íntegra ou com mucosa íntegra como, por exemplo, quando utilizadas para
remoção de resinas em aparelhos ortodônticos e requerem, no mínimo,
desinfecção de alto nível (CDC 2003, Basso & Giunta 2004).
Esterilização e desinfecção são formas de descontaminação que é um
termo usado para descrever um processo ou tratamento que torna um artigo
seguro para o manuseio e uso (Souza et al. 1998). Para o Ministério da Saúde
(2000) e Dean & Wooten (1996), o método de descontaminação indicado para
as brocas odontológicas é a esterilização, para permitirem o reuso.
Portanto, alguns procedimentos que utilizam brocas, como preparos
cavitários e tratamentos endodônticos, geram discussões e opiniões
divergentes entre autores. Para Graziano et al. (2000), esses procedimentos
são considerados miniinvasivos e a desinfecção de alto nível confere
segurança necessária quando a esterilização não for possível.
Em relação aos procedimentos protéticos, Dean & Wooten (1996)
recomendam que se utilizem peças de mão e brocas esterilizadas, pois
eliminará a necessidade de desinfecção da prótese antes de inserir na boca do
paciente.
De uma forma geral, a literatura sempre que aborda aspectos do
processamento de artigos para o manuseio na cavidade bucal, acaba
preconizando o máximo de rigor, ou seja, a esterilização (Graziano & Graziano
2000, Dean & Wooten 1996). Isso se justifica pela particularidade da prática
odontológica onde há dificuldade de garantir que um artigo semicrítico ou até
mesmo não crítico, não venha a se transformar em crítico durante o
procedimento (Graziano & Graziano 2000). Uma diretriz básica para o efetivo
controle de infecção é: “Não desinfetar quando se pode esterilizar. Esterilizar é
a melhor conduta” (Ministério da Saúde 2000).
Estas discussões suscitaram algumas perguntas: quais os métodos de
descontaminação de brocas utilizados nos consultórios odontológicos do
município de Goiânia? O modo de descontaminação está sendo eficaz e condiz
com as recomendações propostas pelo Ministério da Saúde? Desta forma,
propõe-se com este estudo avaliar as brocas pós-processamento que estão
disponíveis ao uso, isolar e identificar os possíveis microrganismos
contaminantes e descrever o processo de descontaminação das brocas.
RESUMO
Objetivos: descrever o processo de descontaminação das brocas
odontológicas; avaliar a esterilidade das brocas pós-processamento que
estavam disponíveis ao uso; isolar e identificar os possíveis microrganismos
contaminantes. Métodos: Os dados foram coletados em 110 consultórios
odontológicos particulares do Distrito Central de Goiânia (GO) no período de
março/2004 a agosto/2005, por aplicação de um check-list, aferição da
temperatura quando da utilização de estufa e realização do teste de
esterilidade da broca. As brocas foram inoculadas em caldo infusão de cérebro
e coração com técnica asséptica. Os caldos de cultura foram incubados a 37ºC
por até 20 dias e ao apresentarem turvação, foram repicados em meios
específicos para isolamento dos microrganismos. Estes foram identificados de
acordo com características micro/macroscópicas, desenvolvimento em meios
de cultura seletivos, provas bioquímicas e técnicas automatizadas
(MicroScan
®
). Resultados: De um total de 110 brocas analisadas, 35 (31,8%)
estavam contaminadas. Os fungos filamentosos foram identificados em 13
(30,2%) brocas [Aspergillus sp (27,9%) e Micelia sp (2,3%)]; cocos Gram-
positivos (Staphylococcus sp) representaram 13 (30,2%) isolados
[Staphylococcus aureus (2,3%) e estafilococos coagulase negativos – ECN
(27,9%)], nove (20,9%) foram bacilos Gram-positivos e oito (18,6%)
microrganismos fastidiosos. Considerando os resultados obtidos, alguns fatores
podem ter interferido na qualidade da esterilização das brocas: a não utilização
ou inadequações no uso de detergentes enzimáticos; uso de produtos
abrasivos; inadequação no tempo de exposição/temperatura das estufas; kits
não individualizados para atendimento havendo manuseio excessivo dos
artigos; rompimento da cadeia asséptica pós-esterilização. Conclusões: A
freqüência de brocas contaminadas foi elevada (31,8%). Nos consultórios onde
detectou-se brocas contaminadas ocorreram falhas nas etapas operacionais do
processamento e/ou pós-esterilização.
Descritores: brocas odontológicas, processamento de artigos,
descontaminação, contaminação cruzada.
ABSTRACT
Objective: to describe the process of decontamination of burs, to assess the
microbial contamination of burs after- processing that were available to the use,
to isolate and to identify the possible microorganisms. Methods: This study was
conducted in 110 private dental offices of the central area of Goiânia-Goiás,
during the period of March/2004 to August/2005, using a check-list, measure of
dry heat sterilizer temperature and microbial burs tests. The burs were seeded
in brain heart infusion broth, incubated at 37ºC for 20 days and subcultured on
specific agar to isolate microorganisms. The isolates were identified by
micro/macroscopic characteristics, subcultured on specific agar,
biochemical/enzymatic test and automation technique (MicroScan
®
). Results:
A total of 110 burs were evaluated, and 35 (31.8%) were contaminated. Fungi
were detected in 13 (30.2%) burs [Aspergillus sp (27.9%) and Micelia (2.3%)];
Gram-positive cocci (staphylococci) represented 13 (30.2%) isolates [2.3%
Staphylococcus aureus and 27.9% (12) coagulase negative staphylococci], nine
(20.9%) isolates were Gram-positive bacilli and eight (18,6%) fastidioso
microorganisms. Considering the obtained results, some factors detected could
be interfered in the burs sterilization ineficiency: enzymatic detergent
inadequate use, abrasive products use, inadequate dry heat sterilization time
and temperature, multiple use burs kits and interruption the asseptical chain
after sterilization. Conclusion: The frequency of contaminated burs was high
(31.8%) and it was detected failures in operational steps of burs processing,
and/or after sterilization.
Keywords: Dental burs, articles processing, decontamination, cross
contamination.
1. INTRODUÇÃO
A preocupação e o estudo de medidas que visam proteger o homem das
doenças adquiridas a partir de seu ambiente de trabalho, se confundem com a
própria história da medicina (Pimenta et al. 1999).
Cavalcante & Pereira (2000) descreveram fatos dos anos 30 d.C, em
que trabalhadores expostos ao chumbo e mercúrio, tentavam utilizar bexigas
de animais à guisa de máscaras. O Levítico bíblico nos capítulos 13, 14 e 15
reporta sobre as doenças exantemáticas (lepras) e os cuidados com as roupas,
objetos e o isolamento dos enfermos (Guimarães Jr 2001).
Ainda precedente aos conhecimentos e princípios da microbiologia,
Semmelweis, em 1847 reconheceu as mãos como veiculadoras de “partículas
cadavéricas” e a importância da lavagem das mãos no controle das infecções
(Fernandes 2000).
Em 1863, durante a Guerra da Criméia, Florence Nightingale
estabeleceu estratégias relacionadas ao cuidado com o cliente e ambiente
hospitalar. O resultado de seu trabalho sobre a redução na mortalidade dos
clientes hospitalizados chegou a superar o de Semmelweis, pois não se atinha
apenas às técnicas assépticas, envolvia uma profunda reestruturação dos
hospitais e da própria profissão da enfermagem, demonstrando já naquela
época que o controle de infecção não está isolado de todos os fatores que
envolvem o atendimento (Fernandes 2000).
O fim da teoria espontânea comprovada por Pasteur e a anti-sepsia
desenvolvida por Lister, considerada então a era bacteriológica, forneceram
maior credibilidade para a busca de novos estudos sobre os microrganismos,
suas doenças e medidas de controle de infecção (Fernandes 2000).
Este conjunto de condutas, denominado de biossegurança, tem sido
intensamente estudado, avaliado, modificado e aperfeiçoado em virtude de ser
um dos principais instrumentos para o controle da transmissão e disseminação
dos microrganismos causadores de infecções (Pimenta et al. 1999, Arruda
2002).
Na prática odontológica, os profissionais começaram a reconhecer os
potenciais riscos de disseminação de microrganismos nos consultórios na
década de 70. Estudos experimentais desenvolvidos neste período, utilizando
tintas para contraste visual ou por fluorescência, demonstraram a ocorrência de
contaminação cruzada a partir das mãos dos profissionais e disseminação de
aerossóis produzidos por equipamentos rotatórios utilizados durante o
atendimento (Molinari & York 1987, Bentley et al. 1994, Molinari & Cottone
1996).
Somente com o surgimento e epidemia da Aids (Síndrome da
Imunodeficiência Adquirida), na década de 80, vinculada à disseminação,
severidade e letalidade da doença, houve maior conscientização dos
profissionais em relação ao controle de infecção, possibilitando o entendimento
dos riscos reais a que estão expostos durante os procedimentos laborais e a
importância de medidas protetoras (Ministério da Saúde 2000, Discacciati &
Vilaça 2001, Serra et al. 2001, Carvalho 2003, Rodrigues et al. 2005).
Embora esta atenção referente ao controle de infecção tenha se
intensificado após a emergência da Aids, sabe-se que o cirurgião-dentista
convive há longo tempo com outras infecções de alto risco de contaminação no
consultório odontológico (Costa & Funari 1997).
Do ponto de vista ocupacional, o vírus da Hepatite B (HBV) assume um
papel importante, pois apresenta risco de contágio de 57 vezes a mais que o
HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) e o risco de letalidade de 1,7 vezes
maior, apesar da característica letal do HIV (Ministério da Saúde 2000).
Felizmente, o risco para adquirir hepatite B pode ser minimizado, dentre outras
medidas preventivas, pela vacina que tem se mostrado eficaz após completado
o esquema vacinal de três doses. A triagem sorológica pós-vacinação é
recomendada a todos os indivíduos que realizaram o esquema completo para
determinar se houve resposta à vacinação e auxiliar na definição da profilaxia
pós–exposição apropriada ou a necessidade de revacinação (Cavalcante &
Pereira 2000).
Em estudo realizado com profissionais da área de saúde (enfermeiros,
médicos e odontólogos) de Goiânia (GO), Tipple et al. (2003) evidenciaram que
88% destes profissionais completaram o esquema vacinal contra Hepatite B,
porém apenas 27% realizaram triagem sorológica pós-vacinal. Em
contrapartida, Silva et al. (2005) referiram que 74,5% de profissionais de
laboratórios públicos e privados de Goiânia (GO) foram vacinados e destes,
89,9% apresentaram resposta vacinal satisfatória.
Dentre outros agentes infecciosos passíveis de transmissão em
consultórios odontológicos destacam-se o vírus da Hepatite C (HCV), vírus dos
herpes simples tipo I e II, Togavirus (rubéola), Treponema pallidum (sífilis),
Mycobacterium tuberculosis (tuberculose), Staphylococcus aureus (lesões
supurativas, bacteremias), entre outros (Molinari & Cottone 1996, Ministério da
Saúde 2000, Russo & Russo 2001, Centers for Disease Control and Prevention
– CDC 2003).
Apesar de já estabelecido o risco para a transmissão de vários
microrganismos causadores de doenças infecto-contagiosas durante
tratamentos odontológicos, um grande número de profissionais parece estar
indiferente à implantação de medidas de controle em seus consultórios (Faraco
& Moura 1992, Carvalho 2003). A não adoção de medidas para evitar
contaminações possibilita que os consultórios odontológicos se transformem
em verdadeiros focos de disseminação de microrganismos patogênicos,
provocando uma reação em cadeia denominada contaminação cruzada
(Medeiros 1998). Prevenir e controlar a contaminação cruzada no consultório
odontológico é uma exigência e direito do cliente e, sobretudo, uma declaração
de respeito à equipe de trabalho (Silva et al. 2002b).
Devido às condições específicas do trabalho odontológico, o cirurgião-
dentista e sua equipe têm um alto risco de aquisição de microrganismos
potencialmente causadores de infecção. O estreito contato físico entre
profissional e cliente, a alta rotatividade dos clientes, a realização do trabalho
na cavidade bucal que está colonizada por inúmeros microrganismos e que
possui alto potencial de sangramento, a produção constante de aerossóis pelo
uso de instrumentos rotatórios, dispersando microrganismos no ambiente,
colocam toda a área operatória e a equipe como potencialmente contaminadas
(Santos 2000).
A transmissão de microrganismos pode ocorrer por duas vias: por via
direta, do paciente para o profissional e vice e versa, por meio de lesões
infecciosas, sangue, saliva e secreções nasofaríngeas contaminados em
contato com pele lesada e/ou mucosa; por via indireta, mediante transferência
de microrganismos presentes em artigos, equipamentos e ambientes
contaminados. Para que ocorra esta transmissão e possível infecção, alguns
aspectos são importantes, tais como, a virulência e a concentração do agente,
o estado imunológico do hospedeiro e a integridade da pele e mucosas (portas
de entrada) (Samaranayake et al. 1995, Ministério da Saúde 2000, Graziano et
al., 2000, Tortora et al. 2003).
Com o objetivo de minimizar os riscos de transmissão de
microrganismos nos consultórios odontológicos, órgãos e instituições como os
CDC, American Dental Association (ADA), Ministério da Saúde (MS) e outros,
recomendam a prática de medidas de controle para prevenção de infecções
(ADA 1992, Ministério da Saúde 2000, CDC 2003). Dentre as medidas gerais,
indica-se a correta adoção das Precauções Universais (PU), atualmente
chamadas de Precauções-padrão (PP), que englobam medidas a serem
aplicadas nos cuidados a todos clientes, independente do diagnóstico, e que
objetivam a redução do risco de transmissão de microrganismos a partir de
fontes conhecidas e não conhecidas, partindo do princípio de que todos os
fluidos corporais, secreções e excreções são veículos importantes na
transmissão microbiana (Garner 1996, Ministério da Saúde 2000, Santos
2000).
As Precauções-padrão mantiveram a essência ou o fundamento das
precauções universais, com cuidados referentes à lavagem das mãos,
prevenção de acidentes com materiais perfurocortantes, utilização de
equipamentos de proteção individual, cuidados com equipamentos, artigos e
roupas contaminadas. No entanto, reformularam-se alguns aspectos, como a
extensão da utilização das barreiras de proteção a todos os fluidos orgânicos e
a prevenção da contaminação ambiental, com atenção ao manuseio e
transporte de equipamentos e roupas hospitalares sujas de sangue e
secreções orgânicas (Garner 1996, Leão & Grinbaum 1997).
Considerando-se a possível transmissão cruzada de microrganismos
por meio do instrumental, e a possibilidade do desenvolvimento de iatrogenias
infecciosas de origem exógena a partir destes artigos contaminados,
recomenda-se, como medida de controle, o processamento de artigos
(Ministério da Saúde 1994, Cunha et al. 2000, Ministério da Saúde 2001,
Sasamoto et al 2004).
O processamento de artigos compreende várias etapas: limpeza,
secagem, desinfecção/esterilização e armazenamento. A importância deste na
prevenção de infecção é evidente, pois artigos inadequadamente limpos,
desinfetados ou esterilizados tornam-se fonte de contaminação e risco de
aquisição de patógenos, tanto para o cliente como para o profissional
(Ministério da Saúde 1994, Cunha et al. 2000). Todo consultório odontológico
deve ser planejado prevendo uma área de processamento de artigos que,
preferencialmente, permita um fluxo unidirecional dos artigos, constituído de
espaço próprio para recebimento do material contaminado para limpeza,
acondicionamento, esterilização e estocagem (Graziano et al. 2000).
De acordo com a classificação de artigos proposta por Spaulding
(1968), a opção para a escolha do tipo de processamento de um artigo
dependerá primariamente, do risco potencial de aquisição de microrganismos
causadores de infecção, associado à sua utilização. Dessa forma,
procedimentos invasivos em pele e mucosas adjacentes, nos tecidos
subepiteliais, no sistema vascular bem como em todos os que estejam
diretamente conectados com este sistema, exigem artigos esterilizados –
artigos críticos; o manuseio de mucosas íntegras ou pele não-íntegra exige
esterilização, desinfecção de alto nível ou intermediário - artigos semicríticos; e
o manuseio em pele íntegra ou de artigos que não entram em contato com o
cliente requerem, no mínimo, limpeza ou desinfecção de baixo nível - artigos
não críticos (Kawagoe & Queiroz 1997, Cunha et al. 2000, Graziano &
Graziano 2000).
Durante a prática profissional, o cirurgião-dentista utiliza continuamente
uma variedade de artigos, dentre estes, críticos, semicríticos e não-críticos; é
fundamental que o profissional avalie e implemente o processo de
descontaminação adequado.
Esterilização, desinfecção e limpeza são formas de descontaminação
que é um processo ou tratamento que torna os artigos ou superfícies, seguros
para o manuseio e uso. Um processo de descontaminação não significa,
necessariamente, que este artigo está apto para sua utilização no cliente, uma
vez que o procedimento de descontaminação pode variar desde um processo
de esterilização ou desinfecção até a simples lavagem com água e sabão
(Souza et al. 1998, Favero & Bond 2001).
A necessidade de descontaminação de artigos reutilizáveis tem sido
enfatizada por vários autores, documentando o risco de infecção após
reprocessamento impróprio de itens referentes ao cuidado ao cliente (Daschner
1997, Ministério da Saúde 2001, Müller et al. 2001).
Dentre os artigos utilizados pelas diversas especialidades da
Odontologia e que apresentam dificuldades no processamento, devido a
pequena e detalhada estrutura, destacam-se as brocas odontológicas
(Whitworth et al. 2004).
As brocas são instrumentos rotatórios utilizadas rotineiramente na
prática odontológica para corte e desgaste de tecidos dentários e resinas. São
diferenciadas, basicamente, quanto à função (corte e desgaste), material
utilizado na fabricação (aço carbono, aço carbide, aço inoxidável, tungstênio,
níquel titânio, etc), formas básicas das pontas ativas (esféricas, cilíndricas,
tronco-cônicas, etc) e utilização (redução da estrutura dentária, remoção de
tecido cariado, confecções de retenções, dar forma e contorno em cavidades,
etc) (Mondelli et al. 1983, Ferreira et al. 2001).
Por serem utilizadas na boca, onde há presença natural de microbiota
residente, e por estarem sujeitas à contaminação por microrganismos
presentes na saliva e, eventualmente, no sangue, as brocas são consideradas
artigos contaminados após utilização e requerem processamento adequado
para o próximo uso (Siqueira 2000, Ferreira et al. 2001). Cottone et al. (1996),
Ministério da Saúde (2000) e CDC (2003) indicam para esses artigos a
esterilização.
Deve-se destacar que Graziano et al. (2000) questionaram a abordagem
das literaturas em geral, as quais preconizam o máximo de rigor (esterilização)
no reprocessamento de alguns artigos utilizados na prática odontológica,
tornando muitas vezes rituais inúteis e difíceis de serem operacionalizados.
Baseados na classificação de procedimentos médicos, proposta por Jorge Filho
(1997), Graziano et al. (2000) classificaram os procedimentos odontológicos
em não-invasivos, semi-invasivos e invasivos (amplamente invasivos e
miniinvasivos). Desta forma, consideram que, dentre os procedimentos
invasivos, os artigos utilizados em procedimentos odontológicos amplamente
invasivos, isto é, que penetram em tecidos estéreis, sem colonização local,
evidentemente devem ser esterilizados, preferencialmente por autoclavagem.
Mas no caso de artigos utilizados em procedimentos miniinvasivos, que
invadem pequenas incisões, como, por exemplo, as brocas em preparos
cavitários, devem sofrer esterilização; porém quando esta não for possível, a
desinfecção de alto nível confere a segurança necessária ao cliente.
Todavia, tendo-se em vista que há dificuldade na prática em garantir que
um artigo semicrítico ou até não crítico, não venha a se transformar em crítico
durante a sua utilização, indica-se a esterilização da maioria dos artigos
odontológicos (Graziano & Graziano 2000). Segundo o Ministério da Saúde,
(2001) esterilização é o processo de destruição de todas as formas de vida
microbiana, incluindo esporos, mediante a aplicação de agentes físicos,
químicos ou físico-químicos. Convencionalmente, considera-se um artigo
esterilizado quando a probabilidade de sobrevivência dos microrganismos
contaminantes é menor do que 1:1.000.000 (Ministério da Saúde 2001).
Qualquer que seja o processo a ser submetido o artigo
(desinfecção/esterilização), a primeira etapa, a qual garantirá a eficácia do
processo, é a limpeza (Basso & Giunta 2004). Comprova-se esta afirmação ao
analisar o estudo de Whitworth et al. (2004) em que grupos de brocas foram
contaminadas com Streptococcus sanguis e diferentes fluidos (sangue, saliva,
saliva + sangue) e, posteriormente, submetidas à autoclavação, sem a etapa
de limpeza. Os resultados mostraram que somente a autoclavação, sem
limpeza prévia, falhou, sendo recuperadas bactérias viáveis após o processo.
Para a Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização - SOBECC (2005) limpeza é o
procedimento utilizado para a remoção de sujidade visível, presente em
qualquer superfície do artigo, por ação manual ou automatizada.
A limpeza manual é bastante utilizada nos consultórios odontológicos,
porém, além de não ter o melhor desempenho quando comparado com
métodos automatizados, é o método que mais oferece riscos de acidentes e
contaminação do trabalhador, principalmente durante a lavagem de peças
pequenas e perfurocortantes como as brocas. Portanto é indispensável durante
a sua realização o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPI) como
gorro, máscara, óculos protetores, avental impermeável, luvas de borracha de
cano alto, botas ou sapatos fechados impermeáveis (Basso & Giunta 2004).
As lavadoras desinfetadoras, termodesinfetadoras, e ultra-sônicas
trazem grandes vantagens na segurança ocupacional, pois os artigos são
colocados diretamente, sujos, para serem processados sem contato manual
(Graziano & Graziano 2000, Basso & Giunta 2004, SOBECC 2005). Estes
equipamentos realizam a limpeza dos artigos por mecanismos de ação
específicos. Nas lavadoras desinfetadoras e termodesinfetadoras, a limpeza é
feita pela ação de jatos de água (turbilhonamento) e detergentes, para a
remoção da sujidade. Envolvem sucessivas etapas (pré-lavagem, lavagem com
detergente, enxágüe e secagem) que podem estar associados ou não com
altas temperaturas que promovem a desinfecção, juntamente com a limpeza.
Nas lavadoras ultra-sônicas a remoção da sujidade ocorre pelo processo de
cavitação, criando pressões negativas que dissolvem e dispersam os resíduos
aderidos aos artigos (Basso & Giunta 2004, SOBECC 2005).
Para Van Eldik et al. (2004), em um estudo experimental com limas
endodônticas contaminadas, avaliaram a eficácia de dois procedimentos de
limpeza, por ultrassom e termodesinfetadora, ambos seguidos de esterilização
em autoclave a vapor. A limpeza por ultrassom e por termodesinfetadora
reduziram em 99,76 e 99,96%, respectivamente, o número de bactérias.
Devido à complexa estrutura das brocas, estas apresentam difícil e
minuciosa limpeza. Vários estudos têm avaliado e comparado os métodos de
limpeza desses artigos para definir o melhor processo (Villasenor et al. 1992,
Bentley 1994, Penel et al. 2001, Whitworth et al. 2004).
Em um estudo comparativo da eficácia dos processos de limpeza
manual e automatizada de brocas, por meio de análise por microscopia
eletrônica, Penel et al. (2001) demonstraram que a limpeza por lavadoras ultra-
sônicas é superior à limpeza manual. Para Bentley (1994) as lavadoras ultra-
sônicas são recomendadas para limpeza de muitos artigos na prática dental,
inclusive brocas e limas.
Porém, Villasenor et al. (1992) ao analisarem duas marcas de lavadoras
ultra-sônicas, comprovaram que ambas causaram significativa deterioração nas
superfícies e no corte de brocas, além de falhas na remoção de sangue e
debris dentários destes artigos. Os dados conclusivos desse estudo
influenciaram para a não inclusão da limpeza ultra-sônica no estudo
comparativo de Whitworth et al. (2004), que avaliou a limpeza de brocas pelos
métodos manual, limpadores enzimáticos compostos por duas enzimas e a
lavadora termo-desinfetadora. Concluíram que os detergentes enzimáticos
foram eficazes para a limpeza de brocas quando estas são imersas no produto
imediatamente após o uso, porém a lavadora termo-desinfetadora foi o método
mais eficiente para limpeza destes artigos.
Nos últimos anos, o uso de detergentes enzimáticos vem sendo
largamente recomendado para todos os tipos de artigos. São compostos
basicamente por enzimas, surfactantes e solubilizantes e álcool isopropílico, os
quais removem a matéria orgânica do material em curto período de tempo, em
média 3 minutos (SOBECC 2005). A diluição do produto varia conforme o
fabricante e o seu uso não dispensa a ação mecânica, seja ela manual ou
automatizada (Graziano 2002, Basso & Giunta 2004). O mecanismo de limpeza
ocorre pela ação das enzimas sobre a matéria orgânica, que decompõe o
sangue e os fluidos corpóreos aderidos aos artigos, facilitando sua remoção e
promovendo uma limpeza adequada (SOBECC 2005).
A água utilizada no preparo da solução de detergente enzimático e/ou
enxágüe dos artigos deve ser livre de metais pesados para evitar danos, como
corrosão, e ser livre de impurezas para evitar contaminação do material após o
processamento (Basso & Giunta 2004).
A secagem dos artigos após a lavagem tem como objetivo evitar a
intercorrência da umidade (corrosão) nos processos posteriores, podendo ser
realizada com pano limpo e seco, com secadora de ar quente ou frio, em estufa
regulada para este fim ou em ar medicinal (Ministério da Saúde 1994,
Guimarães Jr 2001, Tipple et al. 2005).
Após as etapas de lavagem e secagem, os artigos devem ser
inspecionados para verificação da limpeza e funcionamento. Em condições
inadequadas de limpeza, eles se tornam inseguros para equipe e para o
cliente, e comprometem o processo seguinte (SOBECC 2005).
Para a esterilização de artigos termorresistentes em consultórios
odontológicos, é consenso que a autoclave (calor úmido na forma de vapor
saturado sob pressão) é o método de primeira escolha, pois oferece
segurança, eficiência, rapidez e economia (Ministério da Saúde 2001,
Guimarães Jr 2001). Porém, vários autores afirmam que este método provoca
corrosão e deterioração em instrumentais de corte, dentre eles as brocas
(Ferreira et al. 2001, Bianchi et al. 2003, Whitworth et al. 2004). O Ministério da
Saúde (2001) indica a autoclavação como primeira opção para metais com fio
de corte.
O mecanismo de ação das autoclaves tem por princípio a transferência
do vapor para os artigos a serem esterilizados, fazendo com que o efeito letal
seja decorrente da desnaturação de proteínas (Nakamura et al. 2003). Existem
quatro parâmetros essenciais que garantem a eficácia deste processo: o
tempo, a temperatura, pressão e qualidade do vapor (Rutala & Weber 2002). A
exposição do material deve ocorrer por um período de tempo específico com o
objetivo de promover a completa destruição dos microrganismos. Quando há
aumento da temperatura, o tempo necessário para a esterilização diminui.
Reciprocamente, se a temperatura diminuir, é necessário maior tempo de
exposição para assegurar a esterilização. A temperatura também é diretamente
proporcional à pressão existente na câmara na ausência de ar, pois este ar
residual faz com que a temperatura do vapor diminua (Nakamura et al. 2003).
Os tipos de autoclave atualmente disponíveis no mercado, gravitacional
e à vácuo, diferem entre si quanto ao tempo necessário para a operação
(Cunha et al. 2000) .
Nas autoclaves gravitacionais, o processo é lento e favorece a
permanência de ar residual por ser o ar removido por gravidade (Cunha et al.
2000). Em geral, o ciclo acontece em período de tempo de 20 minutos à
temperatura de 121ºC e sob pressão de 15 libras, conforme o fabricante. Ao
término do ciclo de esterilização o material permanece úmido, sendo
necessário um período de tempo adicional para a secagem do mesmo (Estrela
& Estrela 2003).
Nas autoclaves à vácuo, o ar é removido previamente, com formação de
vácuo por meio de uma bomba de vácuo (Pimenta et al. 1999, Cunha et al.
2000). Nestas autoclaves, o tempo de esterilização é menor, em média, de 3 a
6 minutos e a temperatura e pressão são maiores (134ºC/ 30 libras). A variação
no período de tempo das autoclaves à vácuo depende do tempo necessário
para se expulsar o ar residual, criar o vácuo e saturar a câmara com vapor
d’agua (Estrela & Estrela 2003)
Admite-se para a esterilização de artigos por calor úmido (autoclave a
vapor) que as embalagens sejam permeáveis ao vapor, como o papel grau
cirúrgico, papel crepado, não tecido, tyvek, filmes transparentes e tecido duplo
de algodão cru, não devendo utilizar recipientes metálicos fechados ou sem
perfurações que impeçam a penetração do vapor (Graziano et al. 2000,
SOBECC 2005).
Existem ainda autoclaves que realizam a esterilização rápida de
materiais termorresistentes denominados ciclos flash com relação
temperatura/tempo, em média de 132ºC por 3 minutos (Rutala & Weber 2002).
Este ciclo é recomendado para a esterilização de artigos apenas em situações
críticas, geralmente artigos que acidentalmente se contaminam durante o
procedimento em curso (Cunha et al. 2000, Ministério da Saúde 2001,
SOBECC 2005), não sendo indicado como alternativa para economizar tempo
ou reduzir a quantidade de instrumentos cirúrgicos. Ressalta-se que os artigos
esterilizados em autoclaves flash devam ser utilizados imediatamente após a
esterilização (Nakamura et al. 2003).
Originariamente, as autoclaves flash não permitiam o processo de
artigos embalados, porém as últimas gerações destes equipamentos permitem
esteriliza-los em embalagem simples com ciclo de secagem mais rápido. O
ciclo de esterilização com menor tempo acontece não pela diminuição do
tempo de exposição ao vapor, mas sim pela redução do tempo de secagem
que é menor por ser disposto apenas um único artigo na autoclave (Cunha et
al. 2000). Artigos embalados para os ciclos flash só são justificáveis se o
equipamento estiver longe do local de utilização ((Nakamura et al. 2003).
Embora as recomendações encontradas na literatura contra indiquem o
uso de ciclos flash para a esterilização rotineira, as justificativas apresentadas
não tem sido suficientemente exploradas evidenciando a necessidade de
ampliar o debate sobre este assunto. Uma vez que o ciclo flash seja utilizado,
cuidados devem ser obedecidos com vista a minimizar danos ao cliente
(Nakamura et al. 2003).
O método de esterilização mais difundido entre os dentistas brasileiros,
principalmente para materiais de corte, é o do calor seco em estufas elétricas
equipadas de termostato (Graziano et al. 2000).
Naressi et al. (2004) em estudo com 50 cirurgiões-dentistas da cidade de
São José dos Campos – SP, comprovou-se que a estufa ainda é o método
mais utilizado para esterilização de artigos (40,0%), e um dos fatores para não
se ter autoclave foi devido ao alto custo (70,0%). Em outro estudo realizado no
Distrito Central do município de Goiânia, dos 334 consultórios odontológicos
particulares visitados, 155 (46,4%) utilizavam a estufa como equipamento
esterilizante (Tavares 2005).
Nas estufas ou fornos de Pasteur, os artigos são aquecidos tanto por
condução quanto por convecção, e a ação biocida se dá por oxidação e
desidratação dos microrganismos. Este processo se faz de forma lenta e
irregular, requerendo longos períodos de exposição à temperaturas muito
elevadas, além de exigir embalagens que tenham boa condução de calor,
como caixas metálicas fechadas, frascos de vidro e papel alumínio (Graziano et
al. 2000, SOBECC 2005). O Ministério da Saúde indica o tempo/temperatura
de 170ºC por 60 minutos ou 160ºC por 120 minutos (Ministério da Saúde
2000).
Embora a utilização do calor seco seja um processo simples, exigem-se
cuidados, tais como, propiciar a livre circulação do ar por toda a estufa e entre
as caixas e observar rigorosamente o tempo de exposição que deve ser
considerado apenas quando a temperatura determinada for alcançada, sem
incluir o tempo gasto para o aquecimento. A abertura da estufa durante o ciclo
de esterilização, para a retirada ou a inclusão de instrumentais, invalida o
processo, devendo o tempo de exposição ser retomado quando a temperatura
preconizada for atingida novamente (Graziano et al. 2000). Para Cunha et al.
(2000), vários são os pontos críticos observados nesse processo: os
equipamentos atualmente disponíveis no mercado nacional não possuem
sistema de travamento de portas, possibilitando a abertura inadvertida,
invalidando o processo em curso; a temperatura real atingida pelos materiais e
equipamentos é impossível de mensuração na rotina diária; os indicadores
biológicos são de primeira geração, sendo a incubação feita apenas em
laboratório de microbiologia, com demora do resultado (2 a 7 dias).
Um estudo experimental realizado por Moura (1990) comprovou-se que
no interior da estufa houve diferenças significativas de temperatura em seis
pontos avaliados (prateleiras superior, média e inferior dos lados esquerdo e
direito) divergindo das temperaturas registradas no termômetro padrão da
própria estufa. O centro da câmara foi o que apresentou as temperaturas mais
baixas, onde se concentravam os chamados pontos frios. Estas alterações
térmicas contribuíram para variações nos resultados do monitoramento
microbiológico: a inativação de bactérias na forma vegetativa somente foi
alcançada em todos os pontos da câmara na temperatura de 190ºC (no
termômetro padrão) por duas horas e, para os esporos de Bacillus subtilis
(Bacillus atrophaeus), somente à 205ºC pelo mesmo período de tempo, dados
que contradizem às temperaturas e tempos indicados pelo Ministério da Saúde
(Ministério da Saúde 2000).
Esta autora comprovou ainda que, a quantidade de instrumentos
contidos na caixa interfere diretamente na propagação de calor. No estudo, o
monitoramento térmico foi realizado com caixas metálicas contendo grande
quantidade de instrumental (100, 200 e 300 instrumentos cirúrgicos por caixa),
e comprovou-se que quanto maior a quantidade de artigos no interior da caixa,
menor é a penetração de calor, e a necessidade de um período prolongado de
exposição ou aumento da temperatura para que ocorra inativação dos
microrganismos.
A esterilização por calor seco deve ser utilizada somente quando não for
possível a autoclavação, e nestes casos recomenda-se para o uso da estufa de
Pasteur: não colocar materiais no centro da mesma, onde se concentram os
chamados pontos frios; a carga deve ser a mais uniforme possível, com
pequena quantidade de instrumental, devendo-se elevar a temperatura do
termômetro padrão para 205ºC, como medida de segurança (Moura 1990).
Para o Ministério da Saúde (2001) e Padoveze (2003) o calor seco deve
ser utilizado somente para aqueles materiais que não possam ser esterilizados
pelo vapor, tais como óleos e pós. Porém estes materiais não são utilizados na
assistência odontológica e, por este motivo, os responsáveis pelos
processamentos de artigos deveriam adotar a autoclave como equipamento
esterilizante de escolha (Tavares 2005).
Tavares (2005), objetivando avaliar a eficácia da estufa de Pasteur como
equipamento esterilizante em consultórios odontológicos do Distrito Central de
Goiânia – GO, comprovou por meio de instrumentos de coleta de dados,
aferição de temperaturas e teste com indicador biológico (Bacillus atrophaeus),
que a estufa de Pasteur não foi eficaz em 46 (45,5%) consultórios
odontológicos pesquisados. Na avaliação, este estudo corroborou com outros
que indicam que este equipamento é suscetível a erros, fato este que resulta
no insucesso do processo de esterilização. A eficácia do método está
intimamente ligada ao cumprimento dos parâmetros preconizados, os quais
dependem da ação humana.
Outro método de esterilização de artigos termorresistentes são os
esterilizadores com pérolas de vidro também conhecidos como candle. Após a
lavagem e secagem, os artigos são disponibilizados sem invólucros no
aparelho e expostos a uma temperatura de 217 a 232ºC por um tempo de
exposição mínima de 20 a 45 segundos (Guimarães Jr 2001, Rutala & Weber
2002). A Food and Drug Administration - FDA tem questionado a segurança
desses equipamentos (Rutala & Weber 2002, CDC 2003).
Para a esterilização de artigos termossensíveis os processos mais
indicados são gás óxido de etileno, peróxido de hidrogênio e ácido peracético,
por meio de terceirização de serviços (Graziano et al 2000, Padoveze 2003).
Porém, o processo de esterilização química de artigos termossensíveis mais
aplicado em consultórios odontológicos é a imersão dos artigos em
glutaraldeído a 2% por um período de 8 a 10 horas (Ministério da Saúde 2001,
Padoveze & Dantas 2003).
O glutaraldeído é um dialdeído saturado com potente ação biocida,
utilizado para desinfecção de alto nível ou esterilização de artigos
termossensíveis, que não podem ser esterilizados pelos métodos físicos
tradicionais. A solução tem ação esporicida, quando ativada por agentes
alcalinizantes, atingindo um pH de 7,5 a 8,5. Uma vez ativada, a solução
mantém sua atividade biocida por 14 a 28 dias. Durante o uso repetido, a
atividade do desinfetante/esterilizante químico pode ser afetada por inúmeros
fatores: diluição, tempo de contato, pH, presença de matéria orgânica, validade
e temperatura. Existe no mercado uma fita-teste que quantifica a concentração
de glutaraldeído ativo em solução, contudo não deve ser utilizada para
prorrogar o tempo de utilização do produto, além do recomendado pelo
fabricante (Padoveze & Dantas 2003). O uso dos EPI (avental, luvas duplas de
látex, óculos de proteção e máscara de proteção com filtro químico) são
essenciais para proteção dos profissionais que manipulam estas substâncias
(Tipple et al 2004).
Em um estudo realizado por Prado & Santos (2002), 57,0% dos
cirurgiões-dentistas da cidade de Taubaté- SP utilizavam a esterilização
química, sendo que 29,0% realizavam-na de forma incorreta, 22,0%
confundiam-na com desinfecção e 6% não responderam ao questionário. Os
autores ressaltaram que a maioria dos profissionais utilizava glutaraldeído a 2%
para as brocas, com produto e tempo corretos, mas depois as enxugavam sem
remover totalmente o produto.
Outro agente químico, utilizado pelos cirurgiões dentistas, é a pastilha de
paraformaldeído, cujo princípio ativo é o formaldeído. De acordo com estudo
realizado por Graziano et al. (1991), comprovou-se a eficácia das pastilhas de
paraformaldeído como esterilizante químico sobre esporos de Bacillus subtilis
(Bacillus atrophaeus) e Clostridium sporogenes, apenas quando utilizadas em
recipientes fechados e aquecidos a 50ºC por um período de exposição de
quatro horas, com uma quantidade de pastilhas equivalente a 3% do volume do
recipiente e na presença de umidade máxima relativa do ar (100%). Embora
este processo seja reconhecido como esterilizante, o Ministério da Saúde
(2001) não recomenda sua utilização rotineira, devido à dificuldade técnica de
execução e de validação. Opções existentes no mercado oferecem maiores
vantagens e um processamento mais seguro para artigos termossensíveis
(Matsushita & Graziano 2003, SOBECC 2005). Devido à dificuldade do
manuseio, os métodos químicos não devem ser o processo de primeira escolha
na esterilização (Ministério da Saúde 2001).
Um correto processo de esterilização só acontece quando se completa
com eficácia e segurança todo o processamento de artigos, incluindo o
armazenamento e a distribuição do material (SOBECC 2005). É consenso na
literatura que o prazo de validade deva ser estabelecido por cada serviço, de
acordo com as características do invólucro selecionado, do método de selagem
das embalagens, do número e condição de manuseio dos pacotes antes do
uso e das condições de estocagem. Se o material apresentar suspeita de
recontaminação, não deve ser permitido o seu uso (Cunha et al. 2000, Pinter &
Gabrielloni 2000, Ministério da Saúde 2001). O Ministério da Saúde (2001)
preconiza o uso imediato dos artigos expostos à esterilização por agentes
químicos, proibindo o seu armazenamento.
Todas as etapas do processamento de artigos devem ser rigorosamente
seguidas e embasadas em documentos (normas e rotinas) que obedeçam à
legislação vigente. Para garantir a eficácia de qualquer um desses processos
são necessárias medidas de controle de qualidade, desde os produtos
adotados para a limpeza até a implementão de controles físicos, químicos e
biológicos no caso da esterilização por métodos físicos ou físico-químicos,
requerendo documentação sistemática da sua aplicação (SOBECC 2005). De
acordo com Cunha et al. (2000) e Miller & Pallenik (2001), no monitoramento
físico observa-se o funcionamento do equipamento por meio de registros de
tempo, temperatura e pressão; no monitoramento químico, indicadores com
mudanças de coloração monitoram um ou mais parâmetros da esterilização
com a finalidade de controlar a exposição interna e externa dos pacotes; no
que tange ao monitoramento biológico preparações de esporos de cepas
padronizadas [Bacillus stearothermophilus – autoclave; Bacillus subtilis
(Bacillus atrophaeus)– estufa] permitem a certificação da eficácia do processo
de esterilização.
Um problema muito discutido na prática odontológica é o fato de
processos de esterilização poderem provocar corrosão e desgaste no corte de
artigos, como, por exemplo, as brocas, inutilizando-as (Molinari et al. 1996,
Guimarães Jr 2001). Os processos de corrosão são considerados reações
químicas heterogêneas ou reações eletroquímicas que acontecem na
superfície do metal, na presença de oxigênio (Ferreira et al 2001).
A composição da liga metálica das brocas influencia diretamente na sua
resistência à corrosão: quanto maior quantidade de carbono na liga metálica,
maior dureza e menor resistência à corrosão, e quanto maior quantidade de
cromo, menor dureza, mas, em contrapartida, maior resistência à corrosão
(Ferreira et al. 2001). Dessa forma, as brocas de aço carbono são as mais
afetadas pelo processo progressivo de esterilização a vapor e por métodos
químicos, sendo indicado por Zettlemoyer et al. (1989) a esterilização por calor
seco. Para as brocas de aço, carbide ou tungstênio, o processo de
esterilização indicado pelo Ministério da Saúde (2000) é autoclave ou estufa.
Em um estudo realizado por Ferreira et al. (2001) os menores índices
de corrosão para brocas de aço carbono foram alcançados em primeiro lugar
pela esterilização pelo calor seco e, em segundo lugar, pela autoclavagem;
nesse caso, as brocas foram banhadas previamente em solução de nitrito de
sódio a 1%, lubrificante permeável ao vapor para prevenir processos
corrosivos. As brocas que mais sofreram pontos de corrosão neste estudo
foram as expostas a soluções químicas (glutaraldeído e formaldeído). Em
semelhante estudo, porém realizado com brocas diamantadas, a ação
corrosiva também foi maior após esterilização em glutaraldeído e autoclave
(Bianchi et al. 2003). De acordo com Zanon & Bohmgahren (1997), a imersão
de artigos metálicos com composições diferentes, em solução de glutaraldeído
a 2%, podem provocar corrosão eletrolítica, principalmente se houver contato
entre eles. As soluções neutras ou alcalinas possuem ação anticorrosiva
superior às ácidas (Ministério da Saúde 2001, Padoveze & Dantas 2003).
Segundo Dean & Wooten (1996), a esterilização por calor seco e por
óxido de etileno são os processos que menos provocam danos nas estruturas
das brocas, mas os esterilizantes por vapor químico também são aceitáveis. A
autoclave a vapor é considerada especialmente danosa para as brocas
compostas por aço carbono.
Como proposta de melhorar as limitações das brocas diamantadas
convencionais (heterogeneidade das formas dos grãos, dificuldade da
automatização durante a fabricação e diminuição da eficácia do corte devido a
esterilização repetida), Borges et al. (1999) investigaram um instrumento
rotatório com uma película contínua de diamantes obtida pela deposição de
vapor químico (Chemical Vapor Deposition - CVD) e compararam com uma
broca convencional. Verificaram por microscopia eletrônica que houve perda
significativa de partículas de diamante na broca convencional, ao contrário da
broca CVD que conservou as partículas e a longevidade do corte.
Apesar de vários estudos defenderem que os processos de
esterilização, principalmente químico e à vapor, influenciam na estrutura
funcional das brocas, outros autores avaliaram que o desgaste das pontas
diamantadas, foram similares em todos os métodos de esterilização seja este
químico, a vapor ou por calor seco (Gureckis et al. 1991, Silva et al. 2002a).
Desta forma, ainda não há um consenso da ação dos diferentes métodos de
esterilização sobre a estrutura e função das brocas.
Além dos problemas referentes à corrosão e desgaste de brocas
odontológicas associados aos processos de esterilização, do ponto de vista
microbiológico, estudos questionam o fato do reprocessamento das brocas ser
realmente eficiente na destruição de microrganismos, impedindo que estas
sejam veículos de contaminação cruzada.
Em um estudo realizado por Hogg & Morrison (2005) no Canadá, brocas
utilizadas após procedimentos cirúrgicos (40 brocas esféricas e 40 brocas com
fissuras) foram encaminhadas para o Centro de Material e Esterilização, para o
reprocessamento. Primeiramente, as brocas foram colocadas no ultra-som (3
minutos) e lavadas em uma termodesinfetora e, posteriormente, secas e
embaladas em papel grau cirúrgico para esterilização em óxido de etileno.
Após a esterilização, as brocas foram inoculadas com técnica asséptica em
tubos contendo meio de cultura específico, e incubadas a 37ºC por 72 horas. O
estudo revelou uma taxa elevada de contaminação bacteriana nas brocas
avaliadas (100% das brocas fissuradas e 45% das brocas esféricas), sugestivo
de estreptococos, pela Coloração de Gram. Assim sendo, para os autores, a
análise custo-benefício pode mostrar que para alguns instrumentais, como as
brocas cirúrgicas, o uso único é mais eficaz do que tentar um processo de
limpeza e esterilização que não possa ter garantia de qualidade. Isso porque
fatores humanos, mecânicos ou microbiológicos poderão afetar a qualidade do
processo de esterilização.
Rabello et al. (2001) realizaram uma pesquisa em 154 amostras de
instrumentais pós-processamento, e revelaram que 32% das brocas
odontológicas estavam contaminadas, e dentre os microrganismos encontrados
destacaram: bastonetes Gram-negativos não fermentadores, Corynebacterium
sp, Staphylococcus epidermidis, Enterobacter agglomerans, Micrococcus sp e
Bacillus sp.
Um dos métodos de se avaliar a qualidade do processamento de artigos
de um serviço é submeter os materiais a uma análise microbiológica,
evidenciando possível contaminação microbiana. Este estudo visa avaliar as
condições das brocas processadas e disponíveis ao uso nos consultórios
odontológicos particulares da cidade de Goiânia. A broca foi eleita objeto do
estudo por ser um artigo utilizado por grande parte dos cirurgiões-dentistas
independente da especialidade e por ser na maioria das vezes um artigo crítico
ou potencialmente crítico durante a utilização.
2. OBJETIVOS
- Descrever o processo de descontaminação das brocas
odontológicas;
- Avaliar a esterilidade das brocas odontológicas pós-
processamento que estavam disponíveis ao uso;
- Isolar e identificar os possíveis microrganismos contaminantes
das brocas odontológicas.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Estudo transversal, descritivo realizado em consultórios odontológicos
particulares, localizados no Distrito Sanitário Central do município de Goiânia
(GO), nos anos de 2004 e 2005. Este estudo foi realizado em parceria com a
Faculdade de Enfermagem da UFG com a colaboração direta de uma aluna do
programa de mestrado em Enfermagem para a coleta dos dados.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Goiânia,
existiam no ano de 2002, 1.870 consultórios odontológicos com alvará de
licença sanitária para funcionamento, distribuídos em 11 Distritos Sanitários:
Campinas, Central, Leste, Mendanha, Noroeste, Norte, Oeste, Sudeste, Sul e
Vale do Meia Ponte. O Distrito Central foi escolhido em razão da
representatividade significativa de 53% da amostra total dos consultórios
odontológicos. Definiu-se a amostragem do estudo a partir da realização de
cálculos estatísticos pelo programa EPI INFO versão 3.2 (CDC 2004),
estabelecendo-se que a mesma seria de 110 consultórios localizados no
Distrito Sanitário Central correspondendo a 10% da amostra.
Os setores que compõem o Distrito Sanitário Central são: Aeroporto,
Bairro Feliz, Centro, Criméia Leste, Criméia Oeste, Leste Universitário, Leste
Vila Nova, Norte Ferroviário, Nova Vila, Oeste, Santa Izabel, Sul, Vila Monticelli
e Vila Morais.
Após apreciação e aprovação do projeto por um Comitê de Ética e
Pesquisa da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia - GO (Anexo A), procedeu-
se à validação do instrumento de coleta de dados - check-list (Apêndice A) por
três avaliadores e posteriormente aplicou-se o teste piloto em 10 consultórios
particulares de Goiânia.
3.1. Seleção dos consultórios e agendamento para coleta de dados
O Departamento de Vigilância Sanitária Municipal da SMS disponibilizou
uma relação de nomes dos responsáveis técnicos e respectivos endereços dos
consultórios odontológicos, os quais foram distribuídos segundo a
proporcionalidade por bairro. O número pré-estabelecido de consultórios por
bairro era contemplado considerando-se os aceites obtidos para a participação
da pesquisa.
A partir de visita prévia aos consultórios amostrados, apresentava-se
uma carta de solicitação para realização do estudo (Apêndice B) ao
responsável técnico. O agendamento da coleta de dados era realizado após
consentimento prévio do responsável.
3.2. Procedimento de coleta de dados
Foi realizada no período de março de 2004 a agosto de 2005. Os dados
foram coletados após consentimento prévio pelos informantes (Apêndice C),
por meio da aplicação de um check-list, aferição da temperatura quando da
utilização de estufa e realização do teste de esterilidade da broca.
O preenchimento do check-list baseou-se na observação das etapas
operacionais do processamento de brocas odontológicas, envolvendo questões
referentes à limpeza, secagem, empacotamento, desinfecção/esterilização e
guarda. Desta forma, o preenchimento do check-list buscou apreender a rotina
de descontaminação das brocas durante a sua execução pelo Responsável
pelo Processamento de Artigos (RPA). Nos consultórios que utilizavam estufas
de Pasteur para esterilização das brocas, foi utilizado um termômetro Incoterm
®
para aferir a temperatura.
Para o teste de esterilidade, selecionou-se uma única broca por
consultório para a análise microbiológica. A seleção da broca-teste obedeceu
aos seguintes critérios de inclusão: 1) ter sido submetida a um método de
descontaminação; 2) ser considerada pelo RPA pronta para o uso.
Durante a realização do teste de esterilidade da broca utilizou-se luvas
esterilizadas, pinças esterilizadas envolvidas em papel grau cirúrgico e tubos
de ensaio contendo caldo BHI (Brain Heart Infusion) esterilizados. Durante a
rotina das coletas, as pinças foram autoclavadas no Centro de Material e
Esterilização da Faculdade de Odontologia – Universidade Federal de Goiás -
UFG, por ser uma unidade de referência no processamento de artigos
odontológicos.
Procedeu-se o teste de esterilidade da broca por meio de técnica
asséptica. O pesquisador fazia uso de jaleco, sapato fechado, gorro e máscara
durante a coleta. Após a higienização das mãos, calçava-se luvas esterilizadas
e, em seguida, solicitava-se ao auxiliar (RPA) para abrir o pacote de pinça
esterilizada. Com o auxílio da pinça retirava-se uma broca considerada
adequada ao uso, transferindo-a para um tubo de ensaio contendo caldo BHI.
A broca ficava imersa no caldo durante 20 minutos, sendo agitada várias
vezes. Após esse período, calçava-se outras luvas esterilizadas e, com o
auxílio de outra pinça esterilizada, retirava-se a broca do caldo.
3.3. Análise microbiológica das brocas
3.3.1. Isolamento dos microrganismos
Os tubos de ensaio, contendo o caldo BHI (Becton Dickinson
®
, USA)
inoculados com a broca, foram transportados ao laboratório de Bacteriologia
Médica do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública em containers
térmicos e incubados à 37ºC em estufa, por até 20 dias.
As amostras com detecção microbiana visível, ou seja, com turvação do
meio de cultura foram inicialmente submetidas a uma identificação presuntiva
com base em suas características tintoriais e morfológicas, pela coloração de
Gram. Posteriormente, foram semeadas em placas de ágar nutriente (DIFCO
®
,
USA) para o isolamento de colônias, e caso não houvesse desenvolvimento
neste meio eram semeadas em ágar sangue de carneiro 5% (blood agar base,
DIFCO
®
, USA). As colônias isoladas foram submetidas à coloração de Gram.
As características microscópicas e macroscópicas das colônias permitiram a
triagem para a seleção dos meios de cultura específicos e das provas de
identificação apropriadas (Koneman et al. 2001).
Os microrganismos isolados foram armazenados em frascos contendo
ágar nutriente (DIFCO
®
, USA) à temperatura de 4ºC e em caldo triptona soja
(DIFCO
®
, USA) suplementado com glicerol a 20% à temperatura de -20ºC.
3.3.2. Identificação microbiana
Os microrganismos foram identificadas de acordo com características
micro e macroscópicas, desenvolvimento em meios de cultura seletivos, provas
bioquímicas e técnicas automatizadas (Koneman et al. 2001).
A identificação automatizada foi realizada pelo sistema MicroScan
®
(Dade Behring – West Sacramento, Califórnia, USA) em colaboração com o
Laboratório de Análises da Saúde da Universidade Católica de Goiás (LAS-
UCG), utilizando o leitor automático autoSCAN 4
®
. Esse sistema consiste de
placas de microtitulação de plástico de tamanho padronizado (painéis), na qual
estão incluídos vários substratos reativos para a identificação de bactérias
Gram-positivas e Gram-negativas. A identificação é baseada na detecção de
mudança de pH, utilização de substratos e multiplicação microbiana na
presença de determinados agentes antimicrobianos.
As placas foram inoculadas com a suspensão bacteriana em estudo e
incubadas à 35ºC durante 24 horas. Um leitor automático interpreta os
resultados e o transforma em um código, o qual é traduzido pela base de dados
do sistema que fornece a identificação.
Identificação de cocos Gram-positivos
Os cocos Gram-positivos foram submetidos à prova da catalase,
repicados em ágar manitol salgado (Bio-Rad
®
, USA) e ágar sangue de carneiro
5% (Blood Agar Base, DIFCO
®
, USA) para a observação de suas
características coloniais (fermentação do manitol, perfil de hemólise e
macroscopia das colônias). Os estafilococos também foram submetidos à
prova da coagulase em tubo e em lâmina para a verificação da produção da
coagulase livre e ligada, respectivamente. A identificação automatizada foi
realizada pelo painel Pos Combo 21, no qual 27 testes foram avaliados:
desenvolvimento na presença de baixas concentrações de cristal violeta,
bacitracina (triagem para micrococos) e novobiocina; produção de glicosidases,
fosfatase alcalina, fosfatase indoxil, pirrolidonase, urease e hemolisinas;
redução do nitrato; Voges Proskauer; bile esculina; fermentação de
carboidratos (rafinose, lactose, trealose, sorbitol, arabinose, manose, manitol,
inulina, ribose); descarboxilação da arginina; utilização de piruvato; tolerância à
6,5% de NaCl; suscetibilidade à optoquina e bacitracina; produção de beta-
lactamases.
Identificação de Bacilos Gram-positivos e fungos filamentosos
Os bacilos Gram positivos foram repicados em placas de ágar nutriente
(DIFCO
®
, USA) e após 48 horas de incubação, submetidos à coloração de
Wirtz-Conklin (coloração de esporos), para detecção dos esporos.
As amostras de fungos filamentosos foram identificadas em colaboração
com a equipe do Laboratório de Micologia – IPTSP. Os fungos filamentosos
foram semeados em ágar Sabouraud (Acumedia
®
, USA) e incubados à
temperatura ambiente (22 a 30º C) por 3 a 5 dias. As colônias desenvolvidas
no ágar foram avaliadas macroscopicamente quanto as características
morfológicas (cor e aspecto da colônia) e por análise microscópica, do tipo de
hifas e corpos de frutificação, para identificação das espécies.
Os laudos (Apêndice D) com os resultados das análises foram entregues
aos respectivos responsáveis técnicos dos consultórios participantes do
estudo, juntamente com um documento contendo orientações sobre o
processamento de artigos (Apêndice E).
3.4. Análise de dados
Os dados foram codificados, tabulados e analisados no banco de dados
do programa EPI INFO, versão 3.3.2 (CDC 2004), e os gráficos e tabelas foram
processados no Microsoft Office Word 2003.
4. RESULTADOS, DISCUSSÃO E CONCLUSÃO
Os Resultados, Discussão e Conclusão estão apresentados na forma de
artigo.
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
1. American Dental Association – ADA 1992. Councils on dental materials,
instruments and equipment, dental therapeutics, dental resort and dental
practice: infection control recommendations for the dental office and the
dental laboratory. J Am Dent Assoc. Suppl 1: S1-8.
2. Arruda AKB 2002. Estudo das medidas de biossegurança nos serviços
odontológicos municipais de Natal – RN. Rev ABO Nac 10: 65-68.
3. Basso M, Giunta APN 2004. Limpeza e desinfecção de artigos médico-
hospitalares. In Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção
Hospitalar – APECIH. Limpeza, desinfecção de artigos e áreas hopitalares
e anti-sepsia. 2nd ed., São Paulo. p. 1-33.
4. Bentley EM 1994. The value of ultrasonic cleaners in dental practice. Br
Dent J 177: 53-56.
5. Bentley CD, Burkhart NW, Crawford JJ 1994. Evaluating spatter and
aerosol contamination during dental procedures. J Am Dent Assoc 125:
579-584.
6. Bianchi EC, Silva EJ, Cezar FAG, Aguiar PR, Bianchi AR, Freitas CA et al.
2003. Aspectos microscópicos da influência dos processos de
esterilização em pontas diamantadas. Mat Res 6: 203-210.
7. Borges Cf, Magne P, Pfender E, Heberlein J 1999. Dental diamond burs
made with a new tecnology. J Prosthet Dent 82: 73- 79.
8. Carvalho RCR 2003. Controle de Infecção: Biossegurança. In N Garone
Netto, RCR Carvalho, EMA Russo, MAP Sobral, MAAC Luz. Introdução à
Dentística Restauradora. Livraria Santos Editora Ltda. p. 3-15.
9. Cavalcante NJF, Pereira NA 2000. Saúde ocupacional. In AT Fernandes,
MOV Fernandes, N Ribeiro Filho. Infecção Hospitalar e suas Interfaces na
Área da Saúde, Editora Atheneu, São Paulo. p. 1287-1300.
1
As Referências Bibliográficas citadas estão de acordo com as normas adotadas pelo
periódico Memórias do Instituto Oswaldo Cruz.
10. Centers for Disease Control and Prevention 2003. Guidelines for Infection
Control in Dental Health-Care Settings. Morb Mortal Wkly Rep 52:1-61.
Disponível em: http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5217a1.htm.
Acessado em outubro de 2005.
11. Centers for Disease Control and Prevention 2004. Epi Info, version 3.3.2.
Disponível em <http:www.cdc.gov.htm>. Acessado em outubro de 2005.
12. Costa CR, Funari S 1997. Odontologia. In EAC Rodrigues, JS Mendonça,
JMB Amarante, MB Alves Filho, RS Grinbaum, R Richtmann. Infecções
Hospitalares: prevenção e controle, Sarvier, São Paulo. p. 296-303.
13. Cottone JA, Terezhalmy GT, Molinari JA 1996. Practical infection control in
dentistry, Lea & Febige, Philadelphia: 3-12.
14. Cunha AF, Miranda AMF, Rodrigues CT, Lech J, Graziano KUG, Sousa
LP, Calicchio LG, Sphair MK, Padoveze MC, Quelhas MCF, Bergo MCNC,
Castro MES, Moura MLPA, Silva MM, Pinheiro SMC, Oliveira TN 2000.
Recomendações práticas para processos de esterilização em
estabelecimentos de saúde. Komedi, Campinas, 95 p.
15. Daschner F 1997. Reutilização de artigos hospitalares. In EAC Rodrigues,
JS Mendonça, JMB Amarante, MB Alves Filho, RS Grinbaum, R
Richtmann. Infecções Hospitalares: prevenção e controle, Sarvier, São
Paulo. p. 440-446.
16. Dean Mc, Wooten RK 1996. Special infection control considerations:
restorative dentistry, periodontics, pediatric dentistry, prosthodontics,
endodontics, orthodontics, and oral and maxillofacial surgery. In JA
Cottone, GT Terezhalmy, JA Molinari. Practical infection control in
dentistry, Lea & Febige, Philadelphia. p. 255-280.
17. Discacciati JAC, Vilaça EL 2001. Atendimento odontológico ao portador de
HIV: medo, preconceito e ética profissional. Rev Pan Salud Publica/ Pan
Am J Public Health 9: 234-239.
18. Estrela C, Estrela CRA 2003. Esterilização e desinfecção. In C Estrela,
CRA Estrela. Controle de Infecção em Odontologia, Artes Médicas, São
Paulo. p. 111-125.
19. Faraco FN, Moura APF 1992. Controle do risco de transmissão de
doenças infectocontagiosas no consultório odontológico. Rev Paul
Odontol 14:14-18.
20. Favero MS, Bond WW 2001. Chemical Disinfection of medical and surgical
materials. In SS Block (editor). Disinfection, Sterilization, and Preservation,
Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia. p. 881-917.
21. Fernandes AT 2000. As bases do hospital contemporâneo: a enfermagem,
os caçadores de micróbios e o controle de infecção. In AT Fernandes,
MOV Fernandes, NF Ribeiro. Infecção Hospitalar e suas Interfaces na
Área da Saúde, Atheneu, São Paulo. p. 91- 128.
22. Ferreira EL, Ferraz GA, Padilha JC, Ruthes S 2001. Avaliação do efeito
dos processos de esterilização e desinfecção em brocas de aço carbono e
aço carbide associados ou não ao uso de lubrificantes. Rev ABO Nac 8:
375-381.
23. Garner JS 1996. Guideline for isolation precautions in hospitals. Infect.
Control Hosp Epidemiol 17: 54-80.
24. Graziano KU, Graziano RW 2000. Limpeza, desinfecção e esterilização de
artigos odontológicos e cuidados com o ambiente. In KU Graziano, EI
Manrique, AT Fernandes. Controle de Infecção na prática odontológica,
APECIH, São Paulo. p. 11-24.
25. Graziano KU, Silva A, Bianchi ERF 2000. Limpeza, Desinfecção,
Esterilização de Artigos e Anti-Sepsia. In AT Fernandes, MOV Fernandes,
NF Ribeiro. Infecção Hospitalar e suas Interfaces na Área da Saúde,
Atheneu, São Paulo. p. 266- 305.
26. Graziano KU 2002. Considerões sobre o uso de detergentes
enzimáticos no processo de limpeza: revisão de literatura. Rev SOBECC,
7: 18-22.
27. Graziano KU, Cianciarullo TI, Gontijo Filho PP 1991. Avaliação da
atividade esterilizante do paraformaldeído. Rev Esc Enf USP 25: 83-94.
28. Guimarães Jr J 2001. Biossegurança e Controle de Infeccção cruzada em
consultórios odontológicos. Livraria Santos Editora, Rio de Janeiro,536 p.
29. Gureckis KM, Burgess JO, Schwartz RS 1991. Cutting effetictiveness of
diamond instruments subjected to cyclic sterilization methods. J Prosthet
Dent 66: 721-6.
30. Hogg N, Morrison A 2005. Reesterilization of instruments used in a
hospital-based oral and maxillofacial surgery clinic. J Can Dent Assoc 71:
179-182.
31. Jorge Filho I 1997. Infecção e procedimentos invasivos. In EM Ferraz.
Infecção em cirurgia, Medsi, Rio de Janeiro. p. 115-30.
32. Kawagoe JY, Queiroz ML 1997. Normas básicas para a realização de
procedimentos. In EAC Rodrigues, JS Mendonça, JMB Amarante, MB
Alves Filho, RS Grinbaum, R Richtmann. Infecções Hospitalares:
prevenção e controle, Sarvier, São Paulo. p. 58-66.
33. Koneman EW, Allen SD,Janda WM, Schreckenberger PC, Winn Jr, WC
2001. Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. Medsi Editora,
São Paulo, 1465 p.
34. Leão MTC, Grinbaum RS 1997. Técnicas de Isolamento e Precauções. In
EAC Rodrigues, JS Mendonça, JMB Amarante, MB Alves Filho, RS
Grinbaum, R Richtmann. Infecções Hospitalares: prevenção e controle,
Sarvier, São Paulo. p. 373-384.
35. Matsushita MS, Graziano KU 2003. Esterilização por formaldeído. In
Associação Paulista de Controle de Estudos e Controle de Infecção
Hospitalar – APECIH. Esterilização de artigos em unidades de saúde. 2nd
ed., São Paulo. p. 108-113.
36. Medeiros UV 1998. Uso das normas de controle de infecção na prática
odontológica. RBO 55: 209-215.
37. Miller CH, Palenik CJ 2001. Sterilization, Disinfection, and asepsis in
dentistry. In SS Block. Disinfection, Sterilization, and preservation,
Lippincott Williams & Wilkins, Philadelphia. p. 1049 – 1068.
38. Ministério da Saúde, Brasil 1994. Manual de processamento de artigos e
superfícies em estabelecimentos de saúde. Coordenação de Controle de
Infecção Hospitalar , Brasília, 49 p.
39. Ministério da Saúde, Brasil 2000. Controle de infecções e a prática
odontológica em tempos de Aids: manual de condutas. Secretaria de
Políticas de Saúde, Coordenação Nacional de DST/Aids, Brasília, 118 p.
40. Ministério da Saúde, Brasil 2001.Orientações Gerais para Central de
Esterilização. Divisão de Controle de Infecção Hospitalar, Brasília, 54 p.
41. Molinari JA, Cottone JA 1996. Rationale for practical infection control in
dentistry. In JA Cottone, GT Terezhalmy.; J Molinari. A Practical infection
control in dentistry, Lea & Febiger, Philadelphia. p. 3-12.
42. Molinari JA, York J. 1987. Cross-contamination visalization. J Calif Dent
Assoc 15: 12-16.
43. Molinari JA, Rosen S, Runnells RR 1996. Heat sterilization and monitoring.
In JA Cottone, GT Terezhalmy.; J Molinari. A Practical infection control in
dentistry, Lea & Febiger, Philadelphia. p. 149-160.
44. Mondelli J, Ishikiriama A, Galan Jr J, Navarro MFL 1983. Dentística
operatória. 4 ed, Sarvier, São Paulo: 27-37.
45. Moura MLPA 1990. Estudo sobre a eficácia do método de esterilização
pelo calor seco, usando o forno de Pasteur – estufa. Tese (Livre Docência
em Enfermagem). Escola de Enfermagem do Centro de Ciências
Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro.
46. Müller S, Gruber AC, Hoefel HHK, Barros SGS 2001. Manometria
esofágica: limpeza e desinfecção do equipamento com glutaraldeído. Arq
Gastroenterol 38: 276-280.
47. Nakamura MHY, Padoveze MC, Quelhas MC, Kocssis E 2003.
Esterilização por vapor saturado sob pressão. In Associação Paulista de
Controle de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH.
Esterilização de artigos em unidades de saúde, São Paulo. p. 82-97.
48. Naressi SCM, Akama CM, Silva LMP, Siviero M 2004. Análise das formas
de esterilização e do meio de controle empregados pelos cirurgiões-
dentistas de São José dos Campos – SP. Rev Odontol UNESP 33: 169-
174.
49. Padoveze MC 2003. Outros métodos de esterilização por meios físicos e
tecnologias em desenvolvimento. In Associação Paulista de Controle de
Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH. Esterilização de
artigos em unidades de saúde, São Paulo. p. 98-107.
50. Padoveze MC, Dantas SRPE 2003. Esterilização por soluções químicas.
In Associação Paulista de Controle de Estudos e Controle de Infecção
Hospitalar – APECIH. Esterilização de artigos em unidades de saúde, São
Paulo. p. 116 -125.
51. Penel G, Iost A, Libersa JC 2001. Cleaning implantation burs:
observations using scanning electron microscopy. Bull Group Int Rech Sci
Stomatol Odontol 43:11-13.
52. Pimenta FC, Ito IY, Lima SNM 1999. Biossegurança em Endodontia. In C
Estrela, JAP Figueiredo. Endodontia: princípios biológicos e mecânicos,
Artes médicas, São Paulo .p. 386-438.
53. Pinter MG, Gabrielloni MC 2000. Central de Material e Esterilização. In AT
Fernandes, MOV Fernandes, NF Ribeiro. Infecção hospitalar e suas
interfaces na área da saúde, Editora Atheneu, São Paulo. p. 1041- 1060.
54. Prado MEM, Santos SSF 2002. Avaliação das condições de esterilização
de materiais odontológicos em consultórios na cidade de Taubaté. Rev.
Biociências 8: 1-10. Disponível em:
<http://www.unitau.br/prppg/publica/biocienc/index.htm>. Acessado em outubro
de 2005.
55. Rabello SB, Godoy CVC, Santos, FRW 2001. Presença de bactérias em
instrumentais e superfícies do ambiente clinico odontológico. Rev Bras
Odontol 58: 184-187.
56. Rodrigues MP, Domingos Sobrinho M, Silva EM 2005. Os cirurgiões-
dentistas e as representações sociais da Aids. Ciênc Saúde Coletiva 10:
463-472.
57. Russo E, Russo EMA 2001. Controle de infecção e normas de
biossegurança: uma necessidade e uma obrigação. Rev. Odontol. UNICID
13: 63-72.
58. Rutala WA, Weber DJ 2002. Draft Guideline for disinfection and
sterilization in healthcare facilities. Center for Diseases Control and
Prevention. HICPAC. Disponível em:
<http://www.cdc.gov/ncidod/hip/dsguide.htm>. Acessado em outubro de 2005.
59. Samaranayake IP, Scheutz F, Cottone JA 1995. Controle de Infecção para
a equipe odontológica. 2nd ed., Santos Editora, São Paulo, 146 p.
60. Santos, MV 2000. Medidas de prevenção das Infecções ocupacionais. In
Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar -
APECIH. Controle de Infecção na prática odontológica. São Paulo. 62-68.
61. Sasamoto SAA, Tipple AFV, Souza ACS, Paiva EMM, Souza CP, Pimenta
FC 2004. Evaluation of central supply units in public dental medicine
colleges in Brazil. Braz J Infect Dis 8: 445-453.
62. Serra MC, Garcia PPNS, Henriques C, Matsuzaki R 2001. O cirurgião-
dentista e o paciente HIV+. Rev Odontol UNESP 30: 97-106.
63. Silva PA, Fiaccadori FS, Borges AMT, Silva AS, Daher RR, Martins RMB,
Cardoso DDP 2005. Soroprevalence of hepatitis B vírus infection and
seroconvertion to anti-HBsAg in laboratory staff in Goiânia, Goiás. Rev
Soc Bras Med Trop 38: 153-156.
64. Silva AP, Menezes MM, Araújo RM 2002a. Influência da limpeza e
esterilização sobre a capacidade de desgastes de pontas diamantadas.
JBCJ Bras Clin Odontol Integr. 6: 239-245.
65. Silva PEB, Patrocínio MC, Neves ACC 2002b. Avaliação da conduta de
Biossegurança em clínicas odontológicas de graduação. Rev Biociências
8: 1-8.
66. Siqueira JTT 2000. Procedimentos odontológicos e o seu grau de
invasividade. In Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção
Hospitalar - APECIH. Controle de Infecção na prática odontológica. São
Paulo. p. 7-10.
67. Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização – SOBECC 2005. Práticas
Recomendadas da SOBECC: Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica
e Centro de Material e Esterilização, 3. ed., São Paulo, 158 p.
68. Souza ACS, Pereira MS, Rodrigues MA 1998. Descontaminação prévia de
materiais médicos-cirúrgicos: estudo da eficácia de desinfetantes químicos
e água e sabão. Rev. Latino-Am. Enfermagem 6: 95-105.
69. Spauding EH 1968. Chemical disinfection of medical and surgical
materials. In CA Lawrence, SS Block. Disinfection, sterilization, and
preservation. Lea & Febiger: Philadelphia. p. 517-531.
70. Tavares SSF 2005. Avaliação da eficácia da estufa de Pasteur como
equipamento esterilizante em consultórios odontológicos do Distrito
Central de Goiânia – GO. Dissertação de Mestrado (Mestrado em
Enfermagem). Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de
Goiás, Goiânia.
71. Tipple AFV, Souza ACS, Moraes MF, Santos SLV, Anders PS 2003. Risco
Biológico e medidas preventivas: conhecimento de profissionais da área
de saúde. Braz J Infect Dis 7 (Suppl 1):S22.
72. Tipple AFV, Souza ACS, Abreu NB, Domingues KK, Anders PS 2004. O
uso do Glutaraldeído em Serviços de Saúde e a segurança do
trabalhador. R Enferm UERJ 12:186-191.
73. Tipple AFV, Souza ACS, Nakatani AYK, Carvalho MVC, Faria RS, Paiva
EMM 2005. O processamento de artigos odontológicos em centros de
saúde de Goiânia. Robrac 14:15-20.
74. Tortora GJ, Funke BR, Case CL 2003. Microbiologia. 6. ed., Artmed, Porto
Alegre, 827 p.
75. Van Eldik DA, Zilm PS Rogers AH, Marin PD 2004. Microbiological
evaluation of endodontic files after cleaning and steam sterilization
procedutes. Australian Dental Journal 49: 122-127.
76. Villasenor A, Hill SD, Seale NS 1992. Comparison of two ultrasonic
cleaning units for deterioration of cutting edges and debris removal on
dental burs. Pediatric Dent 14: 326-330.
77. Whitworth CL, Martin MV, Gallagher M, Worthington HV 2004. A
comparison of decontamination methods used for dental burs. British
Dental Journal 197: 635-640.
78. Zanon U, Bohmgahren MF 1997. Esterilização, desinfecção e anti-sepsia.
In EM Ferraz. Infecção em cirurgia, Medsi, Rio de Janeiro. p. 577-608.
79. Zettlemoyer TL, Goerig AC, Nagy WW, Grabow W 1989. Effects of
sterilization procedures on the cutting efficiency of stainless steel and
carbon stell Gates Glidden drills. J Endod 15: 522-525.
6. ARTIGO
Avaliação do processo de descontaminação de brocas em consultórios
odontológicos
Artigo a ser submetido à publicação na Revista de Saúde Pública, ISSN 0034-
8910 (Instruções para autores, Anexo B).
Avaliação do processo de descontaminação de brocas em consultórios
odontológicos
Assessment of descontamination process of burs in dental offices
Patrícia Staciarini Anders
1
, Anaclara Ferreira Veiga Tipple
2
, Solange do
Socorro Fonseca Tavares
2
, Leda Maria de Almeida Valadão
1
, Edlaine
Rodrigues Montalvão
3
, Fabiana Cristina Pimenta
1
1
Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública/ Universidade Federal de
Goiás - UFG. Goiânia, GO, Brasil.
2
Faculdade de Enfermagem da UFG. Goiânia, GO, Brasil.
3
Laboratório de Análises da Saúde da Universidade Católica de Goiás.
Goiânia, GO, Brasil.
Correspondência/ Correspondence: Patrícia Staciarini Anders. Endereço:
Rua Cônego Evaristo, Quadra: 41, Lote: 15, Setor Criméia Oeste; Cep: 74563-
030, Goiânia, GO, Brasil. E-mail: [email protected]
Artigo extraído da dissertação de Mestrado intitulada “Avaliação do processo
de descontaminação de brocas odontológicas e seu impacto no controle de
infecção” apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Tropical
do Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de
Goiás.
Título abreviado: Descontaminação de brocas odontológicas
RESUMO
Objetivos: descrever o processo de descontaminação das brocas
odontológicas; avaliar a esterilidade das brocas pós-processamento que
estavam disponíveis ao uso; isolar e identificar os possíveis microrganismos
contaminantes. Métodos: Os dados foram coletados em 110 consultórios
odontológicos particulares do Distrito Central de Goiânia (GO) no período de
março/2004 a agosto/2005, por aplicação de um check-list, aferição da
temperatura quando da utilização de estufa e realização do teste de
esterilidade da broca. As brocas foram inoculadas em caldo infusão de cérebro
e coração com técnica asséptica. Os caldos de cultura foram incubados a 37ºC
por até 20 dias e ao apresentarem turvação, foram repicados em meios
específicos para isolamento dos microrganismos. Estes foram identificados de
acordo com características micro/macroscópicas, desenvolvimento em meios
de cultura seletivos, provas bioquímicas e técnicas automatizadas
(MicroScan
®
). Resultados: De um total de 110 brocas analisadas, 35 (31,8%)
estavam contaminadas. Os fungos filamentosos foram identificados em 13
(30,2%) brocas [Aspergillus sp (27,9%) e Micelia sp (2,3%)]; cocos Gram-
positivos (Staphylococcus sp) representaram 13 (30,2%) isolados
[Staphylococcus aureus (2,3%) e estafilococos coagulase negativos – ECN
(27,9%)], nove (20,9%) foram bacilos Gram-positivos e oito (18,6%)
microrganismos fastidiosos. Considerando os resultados obtidos, alguns fatores
podem ter interferido na qualidade da esterilização das brocas: a não utilização
ou inadequações no uso de detergentes enzimáticos; uso de produtos
abrasivos; inadequação no tempo de exposição/temperatura das estufas; kits
não individualizados para atendimento havendo manuseio excessivo dos
artigos; rompimento da cadeia asséptica pós-esterilização. Conclusões: A
freqüência de brocas contaminadas foi elevada (31,8%). Nos consultórios onde
detectou-se brocas contaminadas ocorreram falhas nas etapas operacionais do
processamento e/ou pós-esterilização.
Descritores: brocas odontológicas, processamento de artigos,
descontaminação, contaminação cruzada.
ABSTRACT
Objective: to describe the process of decontamination of burs, to assess the
microbial contamination of burs after- processing that were available to the use,
to isolate and to identify the possible microorganisms. Methods: This study was
conducted in 110 private dental offices of the central area of Goiânia-Goiás,
during the period of March/2004 to August/2005, using a check-list, measure of
dry heat sterilizer temperature and microbial burs tests. The burs were seeded
in brain heart infusion broth, incubated at 37ºC for 20 days and subcultured on
specific agar to isolate microorganisms. The isolates were identified by
micro/macroscopic characteristics, subcultured on specific agar,
biochemical/enzymatic test and automation technique (MicroScan
®
). Results:
A total of 110 burs were evaluated, and 35 (31.8%) were contaminated. Fungi
were detected in 13 (30.2%) burs [Aspergillus sp (27.9%) and Micelia (2.3%)];
Gram-positive cocci (staphylococci) represented 13 (30.2%) isolates [2.3%
Staphylococcus aureus and 27.9% (12) coagulase negative staphylococci], nine
(20.9%) isolates were Gram-positive bacilli and eight (18,6%) fastidioso
microorganisms. Considering the obtained results, some factors detected could
be interfered in the burs sterilization ineficiency: enzymatic detergent
inadequate use, abrasive products use, inadequate dry heat sterilization time
and temperature, multiple use burs kits and interruption the asseptical chain
after sterilization. Conclusion: The frequency of contaminated burs was high
(31.8%) and it was detected failures in operational steps of burs processing,
and/or after sterilization.
Keywords: Dental burs, articles processing, decontamination, cross
contamination.
INTRODUÇÃO
As infecções adquiridas na prática odontológica são decorrentes da
exposição dos pacientes e profissionais a uma variedade de microrganismos
presentes na mucosa bucal, saliva, secreções respiratórias e sangue
13
.
Considerando-se a possível transmissão cruzada de microrganismos,
por meio do instrumental, e a possibilidade do desenvolvimento de iatrogenias
infecciosas de origem exógena a partir destes artigos contaminados,
recomenda-se, como medida de controle, o processamento de artigos
4,9
.
O processamento de artigos compreende várias etapas. A limpeza é a
etapa primordial para a desinfecção/ esterilização, consistindo na remoção
mecânica da sujidade. A desinfecção é o processo de eliminação de
microrganismos na forma vegetativa, excetuando-se os esporos bacterianos. A
esterilização promove a completa eliminação ou destruição de todas as formas
de vida microbiana. Estes processos são realizados através de meios físicos,
químicos ou em associação
4,9,21
.
A opção para a escolha do tipo de processamento de um artigo
dependerá primariamente do risco potencial de aquisição de microrganismos
causadores de infecção associado a sua utilização. Desta forma,
procedimentos invasivos em pele e mucosas adjacentes, nos tecidos
subepiteliais, no sistema vascular e todos que estejam diretamente conectados
com este sistema, exigem artigos esterilizados – artigos críticos; o manuseio de
mucosas íntegras ou pele não-íntegra exige esterilização, desinfecção de alto
nível ou intermediário - artigos semicríticos; e o manuseio em pele íntegra ou
de artigos que não entram em contato com o cliente requerem limpeza ou
desinfecção de baixo nível - artigos não críticos
4
.
A esterilização, desinfecção ou limpeza são formas de
descontaminação, termo usado para descrever o tratamento que torna um
artigo seguro para o manuseio e uso. Portanto, a descontaminação, não
significa necessariamente, que o artigo está apto para utilização no cliente, isto
porque esse procedimento pode variar desde um processo de esterilização,
desinfecção ou até a simples lavagem com água e sabão
6
.
Dentre os artigos utilizados pelas especialidades da Odontologia e que
apresentam dificuldades no processamento, devido à pequena e detalhada
estrutura, destacam-se as brocas odontológicas
25
, instrumentos rotatórios
utilizados para corte e desgaste de tecidos dentários e resinas
7
.
Por serem utilizadas na boca, onde há presença natural de microbiota
residente, e por estarem sujeitas à contaminação por microrganismos
presentes na saliva e, eventualmente no sangue, as brocas são consideradas
artigos contaminados após sua utilização, e requerem processamento
adequado para o próximo uso
7
. O Ministério da Sáude
13
e Centers for Disease
Control and Prevention – CDC
2
indicam para estes artigos a esterilização. Uma
outra opção seria utilizá-las como artigos de uso único
2
.
Os objetivos desse estudo foram: descrever o processo de
descontaminação das brocas odontológicas; avaliar a esterilidade das brocas
pós-processamento que estavam disponíveis ao uso; isolar e identificar os
possíveis microrganismos contaminantes.
MÉTODOS
Estudo transversal, descritivo, realizado em 110 consultórios
odontológicos particulares, localizados no Distrito Sanitário Central do
município de Goiânia (GO), no período de março de 2004 a agosto de 2005.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, em Goiânia existiam 1.870
consultórios odontológicos com alvará de licença sanitária para funcionamento
no ano de 2002, distribuídos em 11 distritos sanitários. O Distrito Central foi
escolhido em razão da representatividade significativa de 53% da amostra total
dos consultórios odontológicos. Definiu-se a amostragem do estudo a partir da
realização de cálculos estatísticos, estabelecendo-se que a mesma seria de
110 consultórios localizados no Distrito Sanitário Central correspondendo a
10% da amostra. Após apreciação e aprovação do projeto por um Comitê de
Ética e Pesquisa procedeu-se a validação do instrumento de coleta de dados
(check-list) por três avaliadores, e aplicou-se o teste piloto em 10 consultórios
particulares de Goiânia.
Os dados foram coletados após consentimento prévio pelos informantes,
por meio da aplicação de um check-list, aferição da temperatura quando da
utilização de estufa e realização do teste de esterilidade da broca. O
preenchimento do check-list baseou-se na observação das etapas operacionais
do processamento de brocas (limpeza, secagem, empacotamento,
desinfecção/ esterilização e guarda). O preenchimento do check-list buscou
apreender a rotina de descontaminação das brocas durante a sua execução
pelo Responsável pelo Processamento de Artigos (RPA). Nos consultórios que
utilizavam estufas de Pasteur para esterilização das brocas, utilizou-se um
termômetro acessório (Incoterm
®
) para aferir a temperatura.
Para o teste de esterilidade, selecionou-se uma única broca por
consultório para a análise microbiológica. A seleção da broca-teste obedeceu
aos seguintes critérios: 1) ter sido submetida a um método de
descontaminação; 2) ser considerada pelo RPA pronta para o uso.
A coleta da broca procedeu-se com técnica asséptica. O pesquisador
fazia uso de jaleco, sapato fechado, gorro e máscara durante a coleta. Após a
higienização das mãos, calçava-se luvas esterilizadas e, em seguida, solicitava
o auxiliar (RPA) para abrir o pacote de pinça esterilizada. Com o auxílio da
pinça retirava-se uma broca considerada adequada ao uso, transferindo-a para
um tubo de ensaio contendo caldo BHI (Brain Heart Infusion) esterilizado. A
broca ficava imersa no caldo durante 20 minutos, sendo agitada várias vezes.
Após esse período, calçava-se outras luvas esterilizadas e com o auxílio de
outra pinça esterilizada retirava-se a broca do caldo.
Análise microbiológica das brocas
Os tubos de ensaio contendo o caldo BHI inoculados com a broca foram
transportados ao laboratório de Bacteriologia Médica do Instituto de Patologia
Tropical e Saúde Pública (UFG) em containers térmicos e incubados à 37ºC
por até 20 dias.
As amostras com detecção microbiana visível, ou seja, com turvação do
meio de cultura foram inicialmente submetidas a uma identificação presuntiva
com base em suas características tintoriais e morfológicas, pela coloração de
Gram. Posteriormente, foram semeadas em placas de ágar nutriente para o
isolamento de colônias, e caso não houvesse desenvolvimento neste meio
eram semeadas em ágar sangue de carneiro 5%. As colônias isoladas foram
submetidas à coloração de Gram. As características microscópicas e
macroscópicas das colônias permitiram a triagem para a seleção dos meios de
cultura específicos e das provas de identificação apropriadas
11
.
Os microrganismos isolados foram armazenados em frascos contendo
ágar nutriente à temperatura de 4ºC e em caldo triptona soja suplementado
com glicerol a 20% à temperatura de 20ºC. A identificação microbiana foi
realizada de acordo com o desenvolvimento em meios de cultura seletivos,
provas bioquímicas e/ou técnicas automatizadas
11
. Realizou-se a identificação
automatizada pelo sistema MicroScan
®
.
Os laudos com os resultados das análises foram entregues aos
respectivos responsáveis técnicos dos consultórios participantes do estudo,
juntamente com um documento contendo orientações sobre o processamento
de artigos.
Os dados foram codificados, tabulados e analisados no banco de dados
do programa EPI INFO
3
, versão 3.3.2, e os gráficos e tabelas foram
processados no Microsoft Office Word 2003.
RESULTADOS
Dos 110 consultórios que participaram do estudo, 99 (90,0%) realizavam
esterilização das brocas odontológicas; destes, 73 (66,4%) em estufa de
Pasteur, 23 (20,9%) em autoclave a vapor e três (2,7%) empregavam a
esterilização química, em glutaraldeído a 2%, de 8 a 10 horas. Quanto aos 11
(10,0%) consultórios que não esterilizavam as brocas odontológicas, 10 (9,1%)
realizavam desinfecção química e um (0,9%) após a limpeza, dispunha as
brocas em broqueiro com algumas pastilhas de paraformaldeído, sem
parâmetros pré-estabelecidos. Os desinfetantes adotados para a desinfecção
química nos consultórios foram: álcool a 70%, quaternário de amônio a 0,2% e
glutaraldeído a 2% por 30 minutos.
Objetivando-se avaliar a qualidade do processamento das brocas nos
consultórios odontológicos, realizou-se o teste de esterilidade desses artigos,
cujos resultados estão apresentados na Figura 1.
Contaminação microbiana
De um total de 110 (100,0%) brocas odontológicas analisadas, 35
(31,8%) estavam contaminadas e foram isolados 43 tipos de microrganismos
(Tabela 1).
Dos microrganismos isolados, 13 (30,2%) foram identificados como
fungos filamentosos dos gêneros Aspergillus sp e Micelia sp; 13 (30,2%) como
cocos Gram-positivos (CGP) do gênero Staphylococcus sp e nove (20,9%)
como bacilos Gram-positivos (BGP). Dos CGP, identificou-se um (2,3%)
estafilococo coagulase positivo - ECP (S. aureus) e 12 (27,9%) estafilococos
coagulase negativos - ECN (S. cohnii, S. warneri, S. epidermidis, S. auricularis,
S. hominis e S. saprophyticus).
Em oito (7,2%) amostras evidenciou-se a turvação do caldo de cultura,
entretanto após a semeadura em meios de culturas enriquecidos e seletivos,
não houve desenvolvimento microbiano nestes meios. Na análise desses
caldos de cultura, pela coloração de Gram, observou-se, dentre os
microrganismos fastidiosos, bastonetes Gram-negativos (BGN) curtos (7,0%),
CGP (7,0%) e BGP (4,7%). A tabela 1 mostra os microrganismos identificados.
Destaca-se que em seis brocas (5,4%) foi isolado mais de um
microrganismo como, ECN e BGP; ECN e fungo filamentoso; BGP e fungo
filamentoso; fungo filamentoso e BGN curtos. Em duas (1,8%) brocas isolou-se
espécies diferentes de ECN (S. cohnii e S. warneri; S. cohnii e S. hominis).
Descontaminação das brocas odontológicas X contaminação microbiana
Dos 99 (90,0%) consultórios que esterilizavam as brocas odontológicas,
32 (29,0%) apresentaram detecção microbiana no teste de esterilidade. Em
contrapartida, dos 11 (10,0%) que não esterilizavam as brocas evidenciou-se o
desenvolvimento microbiano em apenas três (2,7%).
Convém enfatizar os métodos de descontaminação utilizados pelos oito
(7,3%) consultórios que apesar de não esterilizarem as brocas não
apresentaram detecção microbiana no teste de esterilidade. Na etapa de
lavagem, observou-se o uso de: detergente enzimático (0,9%), saponáceos
(0,9%) e detergente comum (5,4%) associados à esponja de espuma (0,9%),
esponja ou pincel de aço (2,7%) e escova plástica (3,6%). Após a limpeza, os
oito (7,3%) consultórios imergiam as brocas em produtos químicos por
períodos de tempo variáveis. Destaca-se que dois (1,8%) consultórios não
secavam as brocas antes de imergir na solução. Deste modo, três (2,7%)
imergiam as brocas em álcool a 70% por até 6 horas, três (2,7%) em solução a
base de quaternário de amônio a 0,2% até o momento do uso, e dois (1,8%)
em glutaraldeído a 2%, sendo que um (0,9%) mantinha as brocas imersas por
40 minutos e outro (0,9%) até o momento do uso. Observou-se, ainda, que,
sete (6.4%) não realizavam o último enxágüe para remoção do desinfetante,
somente secavam as brocas e as guardavam nos broqueiros ou as utilizavam
diretamente nos clientes.
Quanto aos métodos de descontaminação utilizados pelos 35
consultórios que apresentaram desenvolvimento microbiano no teste de
esterilidade (Figura 2), observou-se, em relação a este quantitativo (n= 35),
que: 32 (91,4%) consultórios submetiam as brocas a um método de
esterilização, sendo 27 (77,1%) em estufa de Pasteur, quatro (11,4%) em
autoclave a vapor e um (2,9%) em glutaraldeído a 2%. Dos três (8,6%) que não
esterilizavam as brocas, observou-se que um (2,9%), após a limpeza com
detergente comum, armazenava-as em broqueiro com tampa, juntamente com
algumas pastilhas de paraformaldeído; e em dois (5,7%) consultórios realizava-
se a desinfecção por meio de imersão das brocas em álcool a 70% por 15
minutos e imersão em quaternário de amônio a 0,2% por 24 horas,
respectivamente.
Avaliando-se a etapa de limpeza das brocas, nos 35 consultórios, a
maioria (91,4%) realizava a limpeza manual, e três (8,6%) associavam a
limpeza manual à automatizada (cuba ultrassônica).
Em cinco (14,3%) consultórios verificou-se que as brocas eram imersas
em soluções desinfetantes, como álcool a 70% e hipoclorito de sódio a 1%,
previamente à limpeza manual com água e sabão.
Apenas seis (17,1%) consultórios utilizavam o detergente enzimático:
três (8,6%) associando-o à limpeza manual e automatizada, dois (5,7%)
associando-o somente à limpeza manual e um (2,9%) imergindo as brocas no
produto, porém não se realizava a fricção.
Constatou-se, ainda, que, 19 (54,3%) consultórios faziam uso de
materiais abrasivos (palha de aço, pincel com esponja de aço e saponáceos)
durante a lavagem das brocas.
Dentre os 31 (88,6%) consultórios que esterilizavam as brocas em
autoclave ou estufa encontrou-se duas práticas de confecção dos pacotes:
cinco (14,3%) consultórios utilizavam kits individualizados, ou seja, a broca era
embalada individualmente ou formando kits de brocas para utilização em um
único cliente; e 26 (74,3%) usavam kits não individualizados, em que todas as
brocas eram embaladas em um mesmo invólucro para o atendimento de vários
clientes, durante um ou mais períodos.
Dos consultórios que utilizavam estufa (77,1%), avaliou-se a relação
tempo de exposição/temperatura adotada para a esterilização. Considerou-se
como corretos os valores de tempo/temperatura preconizados pelo Ministério
da Saúde
13
: 160º por 120 minutos e 170º por 60 minutos. Foi possível a
realização do monitoramento térmico (termômetro acessório) do ciclo de
esterilização na estufa de Pasteur em 26 (74,3%) consultórios. Destes, 12
(34,3%) a temperatura estava dentro dos parâmetros preconizados e 14
(40,0%) não seguiam os parâmetros estabelecidos. Em um (2,9%) consultório,
a estufa estava embutida no armário, o que tornou inviável o uso do
termômetro acessório, considerando a relação tempo/temperatura ignorada.
Dos quatro (11,4%) consultórios que adotaram a autoclave para
esterilização das brocas, nenhum responsável pelo processamento soube
informar a relação tempo/temperatura utilizada, por ser o ciclo deste
equipamento automatizado.
DISCUSSÃO
Preconiza-se que as brocas odontológicas, por serem empregadas em
procedimentos na boca, devam ser esterilizadas
7,13
. Dos 110 consultórios
odontológicos participantes do estudo, 99 (90,0%) realizavam algum método de
esterilização das brocas. De acordo com esta constatação, pode-se inferir que
nesses consultórios, as brocas deveriam estar isentas de microrganismos, uma
vez que o processo de esterilização elimina todas as formas microbianas
21
.
Entretanto, obteve-se neste estudo resultados não esperados quanto à análise
microbiológica (teste de esterilidade) desses artigos, uma vez que dos 35
(31,8%) consultórios, nos quais as brocas estavam contaminadas, 32 (29,0%)
submeteram-nas à esterilização. Estes resultados revelam uma porcentagem
elevada de contaminação, com possíveis falhas nas etapas operacionais do
processamento e/ou após a esterilização.
Deve-se ressaltar que essa elevada freqüência de contaminação
(31,8%) detectada nesta investigação, é similar às taxas relatadas nos poucos
estudos existentes no Brasil. Russo et al
18
, em pesquisa realizada na cidade de
São Paulo, verificaram que de 106 brocas odontológicas analisadas pós-
processamento, 27 (25,5%) estavam contaminadas. Destas, 12 (11,3%)
apresentaram contagens de 1 a 100 unidades formadoras de colônias (ufc) e
15 (14,2%), contagens superiores a 1000 colônias de bactérias por
instrumento. Rabello et al
17
analisaram os riscos de contaminação de artigos e
superfícies em consultórios odontológicos da cidade do Rio de Janeiro.
Avaliaram 154 amostras do instrumental e detectaram a contaminação de
32,0% das brocas pós-processamento.
Nesse estudo, dos 11 (10,0%) consultórios que não esterilizavam as
brocas, em oito (7,3%) não houve desenvolvimento microbiano no teste de
esterilidade. Podem-se fazer algumas inferências: 1- houve suscetibilidade dos
microrganismos presentes nas brocas aos germicidas utilizados; 2- Resíduos
de desinfetantes nas brocas inibiram o desenvolvimento microbiano. Este fator
é relevante, pois sete (6,4%) consultórios não realizavam o último enxágüe
para remoção dos desinfetantes e durante a coleta, não foi utilizado nenhum
neutralizante no meio de cultura para inativar os possíveis resíduos dos
desinfetantes.
Verificou-se que a esterilização foi o método de escolha para o
processamento de brocas odontológicas na maioria dos consultórios avaliados.
No entanto, fatores intervenientes, pré e pós-esterilização, podem ter ocorrido,
contribuindo para a não eliminação microbiana ou possível contaminação pós-
esterilização. A garantia da esterilização exige o conhecimento e execução
adequada de cada fase do processamento de artigos
21
.
A limpeza prévia é o principal fator que reduz a carga microbiana dos
artigos, podendo diminuir até 4 log do total de microrganismos
19
. Se o artigo
não for adequadamente limpo e o número inicial de microrganismos
contaminantes (bioburden) for elevado há redução na probabilidade de
eliminação de tais patógenos ao final do processo de limpeza. A matéria
orgânica impede que o agente esterilizante entre em contato com o artigo
21
.
Dessa forma, quanto mais limpo estiver um artigo, menores as chances de
ocorrerem falhas na esterilização
15
.
Avaliando-se o processamento das brocas contaminadas nos 35
consultórios, em cinco (14,3%) as brocas eram imersas, ainda sujas, em
desinfetantes como o álcool a 70% e hipoclorito de sódio a 1%. Souza, Pereira
& Rodrigues
22
, avaliaram a eficácia de descontaminação prévia de materiais
médico-cirúrgicos, e comprovaram que tanto os desinfetantes utilizados
(glutaraldeído a 2%, hipoclorito de sódio a 1%, peróxido de hidrogênio a 6% e
álcool a 70%) quanto a ação mecânica com água e sabão foram eficazes na
redução do número de microrganismos na descontaminação prévia, conferindo
maior segurança para o manuseio. Porém essa última opção ainda apresentou
vantagens de economia de tempo, de materiais de consumo, recursos
humanos e a promoção de alta rotatividade do instrumental. A
descontaminação prévia com desinfetantes químicos, embora reduza
consideravelmente o número de microrganismos, não remove a sujeira do
material, exigindo a limpeza por meio de ação mecânica com água e sabão
22
.
De acordo com a SOBECC
21
, a limpeza pode ser realizada por ação
manual ou automatizada. A limpeza manual realizada em 32 (91,4%)
consultórios cujas brocas estavam contaminadas, além de não ter o melhor
desempenho, quando comparado com métodos automatizados, oferece maior
risco de exposição do trabalhador à materiais biológicos
1
.
Observou-se o uso de produtos abrasivos durante a limpeza manual em
19 consultórios (54,3%), medida contra-indicada, pois provocam microfissuras
na superfície do metal favorecendo o acúmulo de matéria orgânica e
microrganismos
21
. Descoteaux et al
5
avaliaram 32 artigos limpos selecionados
aleatoriamente no Centro de Material e Esterilização (CME). Sob inspeção
visual 90,6% destes aparentavam estar limpos, porém comprovaram por
microscopia eletrônica, a presença de sujidade residual em 84,3% dos artigos.
Dentre os locais que mais acumularam resíduos foram as junções, articulações
e ranhuras dos artigos.
A própria estrutura das brocas favorece a deposição de substrato
orgânico e formação de biofilme, devido principalmente as reentrâncias
encontradas nos diferentes formatos de pontas ativas. Por esse motivo
justifica-se a importância de se promover a limpeza imediata das brocas após
seu uso, pois o ressecamento do material biológico dificulta a limpeza e
compromete a qualidade do processo
24
. Recomenda-se para a lavagem
manual o uso de escovas de cerdas macias e esponjas associado a
detergentes enzimáticos
1
.
Os detergentes enzimáticos são produtos recomendados para auxiliar na
qualidade da limpeza, seja ela manual ou automatizada
21
. São compostos
basicamente por enzimas, surfactantes, solubilizantes e álcool isopropílico que
removem a matéria orgânica do artigo em curto período de tempo (em média 3
minutos)
21
. Dos 35 consultórios, seis (17,1%) utilizavam esse produto na
limpeza dos artigos. Chama a atenção o fato de apenas um (2,9%) consultório
imergir a broca no produto, não realizando fricção. Segundo Graziano
10
, os
detergentes enzimáticos devem ser utilizados como insumos adjuvantes da
limpeza e, não, como justificativa para eliminar a necessidade da ação
mecânica, medida intrínseca a este processo.
Dos três (8,6%) consultórios que não esterilizavam as brocas e
apresentaram resultados positivos na análise microbiológica, um utilizava, após
a limpeza, algumas pastilhas de paraformaldeído dentro do broqueiro, à
temperatura ambiente, sem parâmetros pré-estabelecidos e os outros
utilizavam desinfetantes químicos.
Embora o uso de pastilhas de paraformaldeído seja reconhecido como
esterilizante, quando obedecido critérios específicos de temperatura, tempo,
umidade e concentração do produto é, ainda, considerado um recurso
obsoleto, pois além de trazer riscos ocupacionais pela toxicidade do produto,
apresenta dificuldades de controle e de validação do processo de
esterilização
14
. De acordo com o estudo realizado por Graziano, Cianciarullo &
Gontijo Filho
8
, comprovou-se a eficácia das pastilhas de paraformaldeído como
esterilizante químico sobre esporos de Bacillus subtilis (Bacillus atrophaeus) e
Clostridium sporogenes, quando utilizadas em recipientes fechados e
aquecidos a 50ºC por um período de exposição de 4 horas, com uma
quantidade de pastilhas equivalente a 3% do volume do recipiente (3g/100 cm
3
)
e na presença de umidade máxima relativa do ar (100%). Portanto, à
temperatura ambiente, os esporos destes bacilos resistem aos vapores do
paraformaldeído, mesmo em exposições prolongadas
16
.
Os desinfetantes químicos utilizados nas brocas foram álcool a 70% e
quaternário de amônio a 0,2%, produtos com diferentes espectros de ação e
inativos para esporos bacterianos. Rutala & Weber
20
contra-indicam a
desinfecção química de artigos odontológicos críticos e semicríticos,
destacando a esterilização como a melhor opção.
Dentre os 31 (88,6%) consultórios que apresentaram contaminação nas
brocas após o processo de esterilização em autoclave ou estufa, um ponto
crítico observado em 26 (74,3%) refere-se a utilização de kits não
individualizados para o atendimento. Isto permitia que os broqueiros fossem
abertos várias vezes durante o atendimento de vários pacientes, ocorrendo
contaminação pelos aerossóis ou mesmo por pinças possivelmente não
esterilizadas que tocavam nas brocas. Outro fator preocupante foi que em
nove (25,7%) consultórios, as brocas após serem esterilizadas eram
transferidas para outro broqueiro utilizando pinças de transposição não
esterilizadas ou luvas de procedimento. E, em algumas situações observou-se
o contrário, o uso de pinça esterilizada, porém transferia as brocas para
recipiente não esterilizado, rompendo a cadeia asséptica.
Microrganismos isolados
A maior parte das infecções associadas à boca, mais especificamente
relacionadas aos procedimentos odontológicos, diz respeito às bacteremias
durante as intervenções odontológicas. Em conseqüência, tem-se septicemias,
endocardites infecciosas, osteomielites, artrite sépticas, dentre outras
23
.
Alguns microrganismos isolados das brocas odontológicas podem ser
encontrados no meio ambiente, como os bacilos Gram-positivos e fungos
filamentosos. Outros, como os estafilococos coagulase positivos (S. aureus) e
coagulase negativos, são integrantes da microbiota da pele, mucosas, conduto
auditivo e vias aéreas superiores
11
. Apesar de não serem encontrados
frequentemente na microbiota residente da boca, estes microrganismos podem
colonizar de modo transitório e causar infecções. Essas infecções
desenvolvem-se quando esses microrganismos atingem locais onde
habitualmente não são encontrados e os mecanismos de defesa do indivíduo
não são capazes de contê-los. Pacientes imunossuprimidos, portadores de
algumas condições sistêmicas, extremos de idade e desnutrição podem ter um
risco aumentado
12
.
De acordo com Marsh & Martin
12
, os bacilos Gram-positivos são
comumente isolados do biofilme dentário. Os estafilococos foram isolados de
algumas áreas com cáries de superfície radicular e de algumas bolsas
periodontais. Especificamente, os ECN e os S. aureus foram responsáveis por
10% e 20% das endocardites, respectivamente. Dois casos de infecção bucal
foram reportados por MRSA (Methicillin Resistant Staphylococcus aureus),
sendo a fonte de infecção as mãos do dentista que não utilizava luvas durante
os procedimentos. A similaridade dos isolados foi comprovada pelo perfil de
suscetibilidade. Os Aspergillus sp também foram relacionados à infecção na
boca.
O controle destas infecções representa um desafio na prática em
Odontologia por ser realizado em sítio multicolonizado. Uma rotina criteriosa de
manutenção da cadeia asséptica deve ser implantada para minimizar os riscos
de contaminação cruzada no serviço. Uma vez que, é dever dos profissionais
de saúde oferecer condições seguras de atendimento com menor risco da
possibilidade de transmissão microbiana.
Preocupados com o controle de infecção nos consultórios amostrados,
elaboramos um documento contendo orientações para o processamento de
artigos odontológicos, que foi repassando para os responsáveis técnicos,
juntamente com o resultado do laudo microbiológico.
CONCLUSÃO
Apesar da maioria dos consultórios realizarem a esterilização das brocas
odontológicas, houve falhas pré ou pós-esterilização que evidenciaram o
desenvolvimento microbiano no teste de esterilidade. Dentre os fatores
intervenientes à qualidade da esterilização das brocas destacam-se: não
utilização ou inadequações no uso de detergentes enzimáticos; uso de
produtos abrasivos; inadequação de tempo de exposição/temperatura das
estufas; kits não individualizados; rompimento da cadeia asséptica logo após a
esterilização.
Estes fatores relacionados à qualidade da esterilização são correlatos. A
simultaneidade das ações estava presente nos fatores pesquisados, alguns,
possivelmente, somando, e outros anulando; porém, a ação resultante foi a
influência de todos, o que resultou na detecção de contaminação microbiana
em 35 brocas.
Das 35 brocas contaminadas, foram isolados 43 tipos de
microrganismos e destes 13 (30,2%) foram fungos filamentosos (Aspergillus sp
e Micelia sp); 13 (30,2%) cocos Gram-positivos (Staphylococcus sp); nove
(20,9%) bacilos Gram-positivos e oito (18,6%) microrganismos fastidiosos. Dos
CGP, identificou-se um (2,3%) estafilococo coagulase positivo - ECP (S.
aureus) e 12 (27,9%) estafilococos coagulase negativos - ECN (S. cohnii, S.
warneri, S. epidermidis, S. auricularis, S. hominis e S. saprophyticus).
Há necessidade de se identificar as falhas, padronizar normas e rotinas
para melhor operacionalização das etapas do processamento das brocas, além
de implantar a educação permanente dos profissionais, o que contribuirá para a
diminuição de fatores de riscos de infecção e melhoria da qualidade
assistencial ofertada.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- Basso M, Giunta APN. Limpeza e desinfecção de artigos médico-
hospitalares. In: Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção
Hospitalar – APECIH. Limpeza, desinfecção de artigos e áreas hospitalares e
anti-sepsia. 2
nd
. ed. rev. São Paulo: APECIH; 2004. p. 1-33.
2- Centers for Disease Control and Prevention. Guidelines for Infection
Control in Dental Health-Care Settings. MMWR 2003 December; 52 (RR 17): 1-
61. Disponível em URL: http://www.cdc.gov/mmwr/preview/mmwrhtml/rr5217a1.htm
[2005 out 10].
3- Centers for Disease Control and Prevention 2004. Epi Info. Atlanta version
3.3.2.. Disponível em URL: http:www.cdc.gov.htm. [ 2005 out 28].
4- Cunha AF, et al. Recomendações práticas para processos de esterilização
em estabelecimentos de saúde. Campinas, São Paulo; Komedi; 2000. 95 p.
5- Descoteaux JG, Poulin EC, Julien M, Guidoin R. Residual organic debris
on processed surgical instruments. AORN J 1995; 62 (1):23-30.
6- Favero MS, Bond WW. Chemical Disinfection of medical and surgical
materials. In: Block SS, editor. Disinfection, Sterilization, and Preservation.
Philadelphia: Lippincott Williams & Wilkins; 2001. p. 881-917.
7- Ferreira EL, Ferraz GA, Padilha JC, Ruthes S. Avaliação do efeito dos
processos de esterilização e desinfecção em brocas de aço carbono e aço
carbide associados ou não ao uso de lubrificantes. Rev. ABO Nac. dez. 2000/
jan. 2001; 8 (6): 375-81.
8- Graziano KU, Cianciarullo TI, Gontijo Filho PP. Avaliação da atividade
esterilizante do paraformaldeído. Rev. Esc. Enf. USP 1991; 25 (1): 83-94.
9- Graziano KU, Silva A, Bianchi ERF. Limpeza, Desinfecção, Esterilização
de Artigos e Anti-Sepsia. In: Fernandes AT, Fernandes MOV, Ribeiro NF.
Infecção Hospitalar e suas Interfaces na Área da Saúde. São Paulo: Atheneu;
2000. p. 266- 305.
10- Graziano KU. Considerações sobre o uso de detergentes enzimáticos no
processo de limpeza: revisão de literatura. Rev. SOBECC 2002; 7 (4): 18-21.
11- Koneman EW, Allen SD, Janda WM, Schreckenberger PC, Winn JR WC.
Diagnóstico microbiológico: texto e atlas colorido. São Paulo; Medsi Editora
Médica e Científica Ltda; 2001. 1465 p.
12- Marsh P, Martin MV. Microbiologia oral. 4ª edição. São Paulo; Livraria
Santos Editora Ltda; 2005. p. 153-162.
13- Ministério da Saúde, Brasil. Controle de infecções e a prática odontológica
em tempos de Aids: manual de condutas. Brasília: Secretaria de Políticas de
Saúde, Coordenação Nacional de DST e Aids; 2000. 118 p.
14- Ministério da Saúde, Brasil. Orientações Gerais para Central de
Esterilização. Brasília; 2001. 54 p.
15- Padoveze MC. Outros métodos de esterilização por meios físicos e
tecnologias em desenvolvimento. In: Padoveze MC et al. Esterilização de
artigos em unidades de saúde. 2ª ed. rev. amp. São Paulo: APECIH; 2003. p.
98-107.
16- Pedrosa TMG, Couto RC, Pessoa LG, Poeck K. Reprocessamento de
materiais médico-hospitalares. In: Couto RC, Pedrosa TMG, Nogueira JM.
Infecção hospitalar e outras complicações não-infecciosas das doenças:
epidemiologia, controle e tratamento. Rio de Janeiro: MEDSI; 2003. p. 261-315.
17- Rabelo SB, Godoy CVC, Santos FRW. Presença de bactérias em
instrumentais e superfícies do ambiente clínico odontológico. Rev. Brasileira de
Odontologia 2001; 58 (3): 184-187.
18- Russo EMA, Mayer MPA, Garone Netto N, Carvalho RCR. Análise
microbiológica de instrumentos cortantes rotatórios coletados em consultórios
particulares. Rev. Odontol. UNICID 1998; 10 (2): 87-93.
19- Rutala WA. APIC Guideline for selectionand use of disinfectants. Am. J.
Infect . Control 1996; 24 (4): 313-342.
20- Rutala WA, Weber DJ. Draft Guideline for disinfection and sterilization in
healthcare facilities. 2002. Disponível em URL:
http://www.cdc.gov/ncidod/hip/dsguide.htm.
21- Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação
Anestésica e Centro de Material e Esterilização - SOBECC. Práticas
Recomendadas da SOBECC: Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e
Centro de Material e Esterilização. 3ª ed. São Paulo; SOBECC; 2005.158 p.
22- Souza ACS, Pereira MS, Rodrigues MA. Descontaminação prévia de
materiais médicos-cirúrgicos: estudo da eficácia de desinfetantes químicos e
água e sabão. Rev. Latino-Am. Enfermagem 1998; 6 (3): 95-105.
23- Teixeira M. Controle de infecção cruzada. In: Corrêa MSNP.
Odontopediatria na primeira Infância. São Paulo: Livraria Editora Santos; 1998.
24- Tipple AFV, Souza ACS, Nakatani AYK, Carvalho MVC, Faria RS, Paiva
EMM. O processamento de artigos odontológicos em centros de saúde de
Goiânia. Robrac 2005; 14(37): 15-20.
25- Whitworth CL, Martin MV, Gallagher M, Worthington HV. A comparison of
decontamination methods used for dental burs. BDJ 2004; 197 (10).
75
(68,2%)
35
(31,8%)
Houve detecção microbiana
Não houve detecção microbiana
Figura 1 – Distribuição das brocas odontológicas (n= 110) segundo o resultado
do teste de esterilidade, Distrito Central, Goiânia - GO, 2005.
32 (91,4%)
2 (5,7%)
1 (2,9%)
0
5
10
15
20
25
30
35
Esterilização
Desinfecção
Limpeza + Pastilha
de Paraformaldeído
Figura 2 – Distribuição dos métodos de descontaminação de brocas nos
consultórios (n=35) cujos resultados foram positivos no teste de esterilidade,
Distrito Central, Goiânia - GO, 2005.
Tabela 1 – Caracterização dos microrganismos (n= 43) isolados das brocas
odontológicas nos consultórios odontológicos particulares, Distrito Central,
Goiânia - GO, 2005.
Morfologia Microrganismos isolados N %
Aspergillus flavus
12 27,9 Fungos filamentosos
Micelia sterilia
01 2,3
Staphylococcus cohnii
04 9,3
Staphylococcus warneri
03 7,0
Staphylococcus epidermidis
02 4,7
Staphylococcus aureus
01 2,3
Staphylococcus auricularis
01 2,3
Staphylococcus hominis
01 2,3
Cocos Gram-positivos
Staphylococcus saprophyticus
01 2,3
Bacilos Gram-positivos BGP esporulados 09 20,9
BGN curtos 03 7,0
CGP 03 7,0
Microrganismos fastidiosos
BGP 02 4,7
TOTAL 43 100
Legenda: CGP – cocos Gram-positivos, BGP – bacilos Gram-positivos, BGN –
bastonetes Gram-negativos.
APÊNDICES
APÊNDICE A
CHECK LIST
1- Dados de identificação:
1.1- Código: ______________ 1.2- Data da coleta de dados: ___/___/___
1.2- Especialidade: _______________________________________________________
2- Área de processamento de artigos:
2.1- ( ) Área exclusiva para o processamento de artigos (com barreira física)
2.2- ( ) Área não exclusiva para o processamento de artigos. Justifique: ____________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
3- Infraestrutura disponível para o processamento de artigos:
3.1- ( ) Pia exclusiva para a lavagem de artigos
3.2- ( ) Pia exclusiva para a higienização das mãos
3.3- ( ) Estufa de Pasteur
3.4- ( ) Autoclave a vapor: ( ) Autoclave vertical ( ) Autoclave horizontal
3.5- ( ) Esterilizador de bolinhas
4- Limpeza das brocas odontológicas:
4.1- ( ) Manual
4.1.1- Materiais utilizados: ( ) escova plástica ( ) esponja de aço ( ) esponja de
espuma ( ) escova de madeira pincel com esponja de aço
( ) detergente comum ( ) detergente enzimático 3 enzimas ( ) detergente
enzimático 4 enzimas ( ) Outros _____________________________________
4.2- ( ) Mecânica 4.2.1- ( ) Cuba ultrassônica 4.2.2- Outro: _______________
4.2.3- Detergente utilizado: ( ) detergente comum ( ) detergente enzimático 3
enzimas ( ) detergente enzimático 4 enzimas ( ) Outros: __________________
4.3- ( ) Manual e mecânica. Especifique: ____________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
4.4- Realiza algum procedimento com as brocas antes da limpeza?
4.4.1- ( ) Sim, Especifique: _______________________________________________
4.4.2- ( ) Não
4.5- Após a limpeza, as brocas são submetidas a outro procedimento antes de serem
esterilizadas?
4.5.1- ( ) Sim. Especifique: _______________________________________________
4.5.2- ( ) Não
5- Enxágüe das brocas odontológicas:
5.1- ( ) água potável
5.2- ( ) Outros: _________________________________________________________
6- Secagem das brocas odontológicas:
6.1- ( ) Manual
6.1.1- Materiais utilizados: ( ) papel toalha de boa qualidade ( ) papel toalha
reciclado ( )toalhas de tecido. Período de troca: ____________________________
( ) Outros: _____________________________________________________________
6.2- ( ) Mecânica. Especifique: ____________________________________________
7- Método utilizado para o processamento de brocas odontológicas:
7.1- ( ) Desinfecção. Com que? Especifique: _________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7.2- ( ) Esterilização
7.3- ( ) Combinação de vários métodos. Especifique: ___________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
7.4- ( ) Outros: _________________________________________________________
______________________________________________________________________
8- Acondicionamento das brocas para serem esterilizadas em estufa ou autoclave.
8.1- ( ) Não utiliza invólucro. Especifique: ___________________________________
8.2- ( ) Utiliza invólucro. Especifique: ______________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
8.3- Uso de kits individualizados para atendimento? ( ) Sim ( ) Não
* Em caso negativo, como são montados os materiais para atendimento:
( ) Com pinça auxiliar esterilizada ( ) Com pinça auxiliar não esterilizada
( ) Com luvas esterilizadas ( ) Com luvas de procedimento ( ) Outro: ___________
* Sobre o manuseio da pinça:
( ) utiliza pinça da própria caixa estéril ( ) pinça imersa em solução: ____________
( ) a mesma pinça para todo o período ( ) a mesma pinça mais que um período
( ) Outros. Especifique: __________________________________________________
8.4- Os invólucros preparados para esterilização são rotulados adequadamente?
( ) Sim. Especifique: ____________________________________________________
( ) Não
9- Esterilização
9.1- ( ) Glutaraldeído a 2%
9.1.1- Tempo de exposição ao produto: ______________________________________
9.1.2- Utiliza técnica asséptica ( EPI, enxágüe, pinça esterilizada) para retirar as brocas:
9.1.2.1- ( ) Sim. Especifique: ______________________________________________
______________________________________________________________________
9.1.2.2- ( ) Não. Especifique: ______________________________________________
______________________________________________________________________
9.2- ( ) Estufa de Pasteur
9.2.1- Tempo/temperatura utilizada: _________________________________________
9.2.1.1- ( ) Com pré-aquecimento 9.2.1.2- ( ) Sem pré-aquecimento
9.2.2- Mantém a estufa fechada durante todo o ciclo? ( ) Sim ( ) Não
9.2.3- A carga ultrapassa 2/3 da câmara? ( ) Sim ( ) Não
9.2.4- Realiza manutenção preventiva? ( ) Sim. Freqüência: _____________________
( ) Não.
9.3- ( ) Autoclave a vapor
9.3.1- Tempo/temperatura utilizada: _________________________________________
9.3.2- A carga ultrapassa 2/3 da câmara? ( ) Sim ( ) Não
9.3.3- Realiza manutenção preventiva? ( ) Sim. Freqüência: ____________________
( ) Não.
9.4- ( ) Esterilizador de bolinhas
9.4.1- Tempo/ temperatura utilizada: ________________________________________
9.5- ( ) Pastilhas de paraformaldeído. Especifique a utilização: ___________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
9.6- ( ) Outros. Especifique: ______________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
10- Guarda das brocas: ___________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
11- Procedimentos proncipais em que o dentista utiliza brocas em seu consultório:
1- ____________________________________________________________________
2- ____________________________________________________________________
3- ____________________________________________________________________
12- Análise microbiológica das brocas:
Resultado: _____________________________________________________________
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
APÊNDICE B
UNIVERDIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
MESTRADO EM MICROBIOLOGIA
ORIENTADOR: Profª Drª Fabiana Cristina Pimenta
CO-ORIENTADORA: Profª Drª Anaclara Ferreira Veiga Tipple
CARTA AO ESTABELECIMENTO ODONTOLÓGICO
Goiânia, 01 de junho de 2004.
De: Patrícia Staciarini Anders
Para: Responsável técnico pelo consultório odontológico.
Caro sr.(a), sou aluna do Curso de Mestrado em Microbiologia do
Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública da Universidade Federal de
Goiás e estou desenvolvendo a pesquisa sobre ”Análise microbiológica de
brocas pós-processamento em consultórios odontológicos do município de
Goiânia”. Os meus objetivos com este estudo são: analisar brocas pós-
processamento para evidenciar possível contaminação microbiana e identificar
os possíveis fatores de risco relacionados as brocas contaminadas.
Solicito ao responsável técnico deste consultório odontológico
autorização para coletar os dados a serem analisados na construção desta
Dissertação de Mestrado. Para tanto, necessitarei observar a realização do
processamento das brocas odontológicas, por meio de: 1) aplicação de um
questionário junto ao profissional responsável pelo preparo dos materiais; 2)
monitoramento do processamento das brocas observando todas as etapas do
processo, utilizando um check-list; 3) realização do teste de esterilidade da
broca disponibilizada ao uso no cliente, com posterior incubação e cultura a
serem feitas no Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública (IPTSP). Devo
perfazer uma carga horária de 1 hora para coletar estes dados.
Caso seja de seu interesse, emitiremos um relatório contendo a
conclusão das análises feitas em seu estabelecimento.
Desde já, agradecemos a sua atenção. Cordialmente,
_________________________________________
Enfª. Patrícia Staciarini Anders
___________________________________________
Profª. D. Fabiana Cristina Pimenta
___________________________________________
Profª. D. Anaclara Ferreira Veiga Tipple
APÊNDICE C
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
MESTRADO EM MICROBIOLOGIA
ORIENTADORES: Profª Drª Fabiana Cristina Pimenta
CO-ORIENTADORA: Profª Drª Anaclara F. Veiga Tipple
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO:
Declaro, a quem possa interessar, que a mestranda PATRÍCIA
STACIARINI ANDERS tem o consentimento para utilizar, garantindo o meu
anonimato, os dados coletados para a elaboração da pesquisa científica sobre
“ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE BROCAS PÓS-PROCESSAMENTO EM
CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS DO MUNICÍPIO DE GOIÃNIA”. Afirmo,
outrossim, ter recebido todas as informações necessárias para que
espontaneamente respondesse às perguntas formuladas”.
Goiânia, ____/____/_______.
_____________________________________________
ASS. DO DEPOENTE
APÊNDICE D
UF
G
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMGEM
Rua Delenda Rezende de Melo, S/N - Setor Universitário - Goiânia - GO
CEP 74605-050 - Fone (062) 521.18.37 – 209.61.02 - FAX (062) 521.18.39
LAUDO MICROBIOLÓGICO
PROJETO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE BROCAS PÓSPROCESSAMENTO EM
CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS DE GOIÂNIA
.
Código do Consultório:____________________________
Análise microbiológica: Realizou-se teste de esterilidade de broca pós –
processamento para detecção de contaminação microbiana.
Data da coleta:_____________________________
RESULTADO: Houve crescimento microbiano na
cultura da broca analisada.
INTERPRETAÇÃO: Houve falhas em alguma das etapas do processamento das
brocas.
______________________________________
Responsável Técnico
Goiânia, __/__/_____.
UF
G
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA TROPICAL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMGEM
Rua Delenda Rezende de Melo, S/N - Setor Universitário - Goiânia - GO
CEP 74605-050 - Fone (062) 521.18.37 – 209.61.02 - FAX (062) 521.18.39
LAUDO MICROBIOLÓGICO
PROJETO: ANÁLISE MICROBIOLÓGICA DE BROCAS PÓSPROCESSAMENTO EM
CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS DE GOIÂNIA
.
Código do Consultório:____________________________
Análise microbiológica: Realizou-se teste de esterilidade de broca pós –
processamento para detecção de contaminação microbiana.
Data da coleta:_____________________________
RESULTADO: Não Houve crescimento microbiano na
cultura da broca analisada.
INTERPRETAÇÃO: Processamento das brocas adequado.
______________________________________
Responsável Técnico
Goiânia, __/__/_____.
APÊNDICE E
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS
INSTITUTO DE PATOLOGIA TROPICAL E SAÚDE PÚBLICA
FACULDADE DE ENFERMAGEM
O
O
R
R
I
I
E
E
N
N
T
T
A
A
Ç
Ç
Õ
Õ
E
E
S
S
P
P
A
A
R
R
A
A
O
O
P
P
R
R
O
O
C
C
E
E
S
S
S
S
A
A
M
M
E
E
N
N
T
T
O
O
D
D
E
E
A
A
R
R
T
T
I
I
G
G
O
O
S
S
O
O
D
D
O
O
N
N
T
T
O
O
L
L
Ó
Ó
G
G
I
I
C
C
O
O
S
S
Patrícia S. Anders
2
; Solange S. F. Tavares
3
; Anaclara F. V. Tipple
4
, Fabiana C. Pimenta
5
1- Higienização das mãos:
A importância da higienização das mãos na prevenção de infecções em estabelecimentos de saúde é
baseada na sua capacidade de abrigar microrganismos e transferí-los de uma superfície para a outra por
contato direto (pele) ou indireto (objetos). A indicação e a freqüência da lavagem das mãos varia de
acordo com o tipo e a intensidade da atividade a ser executada. Recomenda-se a lavagem das mãos: ao
iniciar o turno de trabalho; antes de calçar as luvas e imediatamente após retirá -las; antes e após cuidados
de rotina com pacientes; entre atividades com o mesmo paciente, para evitar a transmissão cruzada; após
manuseio de equipamentos sujos e/ou contaminados; após contato com sangue, saliva ou secreções
purulentas; após a remoção de equipamentos de proteção individual; antes e após preparo de alimentos;
após a realização de funções fisiológicas; quando as mãos estiverem sujas.
A lavagem básica das mãos tem por princípio remover a sujidade e a microbiota transitória das mãos,
por meio de água e sabão líquido associados à fricção. Um outro procedimento, a anti-sepsia das mãos,
promove uma ação letal ou inibitória do crescimento microbiano, pela aplicação de um germicida
classificado como anti-séptico (exemplos: álcool a 70%, clorexidina). Com a finalidade de anti-sepsia, a
aplicação do anti-séptico deve ser precedida pela higienização com água e sabão ou uso de sabões anti-
sépticos.
2- Limpeza dos artigos: Recomenda-se o uso de detergente enzimático, produto composto por enzimas,
surfactantes e solubilizantes que atuam em substratos protéicos, lipídicos e carboidratos auxiliando na
remoção da matéria orgânica em curto período de tempo. Estão disponíveis no mercado produtos com
quantidades diferentes de enzimas, sendo os que possuem três enzimas os mais indicados. Utilizar escova
plástica e/ou esponja de espuma. Não se recomenda o uso de escovas com cabo de madeira. O uso de
esponja de aço e outros produtos abrasivos são contra-indicados, pois promovem ranhuras no
instrumental, o que facilita o depósito de microrganismos e matéria orgânica e dificulta a remoção dos
mesmos. Falhas na limpeza dos artigos impedem a desinfecção e a esterilização.
- Equipamentos de Proteção Individual (EPI): gorro, avental impermeável, óculos de proteção, máscara,
luvas de borracha de cano longo, sapato fechado impermeável.
2
Mestranda em Microbiologia pelo Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública – IPTSP/ UFG
3
Mestranda em Enfermagem pela Faculdade de Enfermagem – FEN/ UFG
4
Prof. Dr. Adjunto da FEN/ UFG
5
Prof. Dr. Adjunto da FEN/ UFG
3- ENXÁGUE DOS ARTIGOS: deve ser abundante, em água potável e corrente; sobras de sabão danificam o
material. o uso de água ddd (deionizada, destilada e desmineralizada) vem sendo recomendado para o
último enxágüe dos artigos, visando o aumento de sua vida útil. isto pode ser viabilizado pela adaptação
de filtro especial acoplado à torneira.
4- Secagem dos artigos: Recomenda-se o uso de toalhas de tecido exclusivas para esta finalidade,
preferencialmente pequenas e que devem ser substituídas após umedecidas. Não lavar as toalhas em
domicílio. Recomenda-se terceirizar o serviço de lavagem das mesmas, caso não possua espaço próprio
(lavanderia) aprovado pela Vigilância Sanitária Municipal. A secagem dos artigos também pode ser feita
com toalhas de papel de boa qualidade.
5- Empacotamento dos artigos:
- Invólucros utilizados para esterilização em estufa
: caixas metálicas fechadas; papel alumínio e vidros
refratários;
- Invólucros utilizados para esterilização em autoclave
: tecido de algodão cru (gramatura: 200 g/m
2
;
número de fios: acima de 56 fios/cm
2
), papel grau cirúrgico, papel crepado, não tecido, tyvek e filmes
transparentes (polipropileno, polietileno, poliéster, nylon ou poliamida, PVC, poliestireno, acetato de
celulose, EVA, PETG).
- Utilizar kits individualizados de instrumentais para atendimento/ procedimento. Para as brocas
recomenda-se preparar kits individualizados contendo o conjunto de brocas a ser usado.
6- Esterilização dos artigos em estufa:
- Restringir o uso da estufa para esterilizar instrumentais de corte, óleos e pós;
- Utilizar indicador químico classe I específico para estufa (fita termossensível) para monitoramento de
artigos que foram expostos ao processo de esterilização. Colocar externamente em todos os invólucros,
com tamanho de fita de, no mínimo, 5 cm (3 listras).
- Utilizar termômetro acessório para a estufa;
- O tempo para esterilização deve ser considerado a partir do momento da aferição da temperatura
indicada no termômetro acessório. As temperaturas/tempo preconizadas para esterilização em estufa de
Pasteur são: 170ºC por 1 hora ou 160°C por 2 horas;
- Dispor os artigos na estufa da seguinte forma: não sobrepor os artigos; não encostar uns nos outros;
não encostar nas paredes internas da estufa; não utilizar o centro e a base (resistência) da estufa; colocar
pequenas quantidades de instrumentos dentro dos invólucros; a carga não deve ultrapassar 2/3 da
capacidade da câmara;
- Manter a estufa fechada durante todo o ciclo de esterilização. A abertura da estufa ocasionará a queda
imediata da temperatura e interferirá diretamente no ciclo de esterilização;
- Realizar manutenção periódica do equipamento;
- Observação: A utilização de pinça auxiliar (seca ou imersa em solução) para a retirada de artigos
esterilizados comprometem a esterilidade do material possibilitando sua contaminação antes mesmo de
ser utilizado para o atendimento do cliente. Recomenda-se a separação dos materiais na etapa de preparo,
em kits individualizados por atendimento/ procedimento.
7- Esterilização dos artigos em autoclave:
- Todos artigos termorresistentes compatíveis com umidade devem ser autoclavados. Os parâmetros
essenciais que garantem a eficácia do processo de esterilização devem ser monitorados (tempo,
temperatura, pressão e qualidade do vapor).
- A relação temperatura e tempo a que são expostos os materiais na esterilização variam de acordo com o
tipo de autoclave (gravitacionais e pré-vácuo) e tipo de ciclo de material (superfície e espessura). Os
materiais de superfície são aqueles cujo vapor tem contato apenas com a superfície dos artigos a serem
esterilizados, sem penetração pelas estruturas da matéria prima constituinte (ex.: instrumentais, borrachas
e plásticos não porosos). Os materiais de densidade ou espessura são aqueles cujo vapor deve penetrar
pela estrutura do material para garantir o nível de segurança de esterilidade (ex.: tecidos). Em autoclaves
gravitacionais, a temperatura indicada é de 121 a 126º C a 15 minutos (material de superfície) ou 30
minutos (para materiais de densidade). Para autoclaves pré-vácuo, a temperatura é de 132º C a 4 minutos
para qualquer ciclo.
- Para a reutilização das canetas de alta rotação recomenda-se a esterilização em autoclave a vapor.
8- Esterilização por pastilhas de paraformaldeído: A utilização de pastilhas de formalina
(paraformaldeído) para esterilização de artigos é um recurso obsoleto, não sendo recomendado por vários
orgãos nacionais e internacionais, pois além de trazer riscos ocupacionais, há dificuldade de controle e de
validação do processo de esterilização.
9- Guarda e distribuição dos artigos odontológicos:
- Acondicionar artigos esterilizados em armários fechados e exclusivos, localizado a 20 cm do piso, 40
cm do teto e 05 cm da parede, fora da área de atendimento e de fácil limpeza e desinfecção (álcool a
70%). Realizar a limpeza e desinfecção do armário semanalmente, no momento que a maioria dos artigos
estiverem em uso para evitar o manuseio desnecessário de artigos esterilizados;
- A prática de utilizar a própria estufa ou autoclave como armário é totalmente contra-indicada.
10- Vacinação: Recomenda-se a vacinação contra hepatite B (03 doses) para o profissional que realiza o
processamento de artigos. Os profissionais devem conhecer sua resposta vacinal em triagem sorológica
pós-vacinação (anti-Hbs). O profissional não respondedor ao primeiro esquema deve receber um novo
esquema completo (3 doses). É indicado reforço das vacina tetânico-diftérico a cada 10 anos.
- Todo acidente envolvendo material biológico deve ser notificado. Existem medidas profiláticas pós
acidente que minimizam o risco de infecção, e a primeira medida a ser tomada é a lavagem exaustiva com
água e sabão em lesão percutânea e com soro fisiológico se houver exposição em mucosas.
Referências Bibliográficas:
1- Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar – APECIH. Esterilização de Artigos
em Unidades de Saúde. São Paulo (SP): APECIH; 2003.
2- Sociedade Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de
Material e Esterilização - SOBECC. Práticas Recomendadas: Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica,
Centro de Material e Esterilização. São Paulo (SP): SOBECC; 2003.
ANEXOS
Santa Casa de Rua Campinas, n. 1135 Setor
Americano
Misericórdia o Brasil - Goiânia - GO
Cep 74530-240
de Goiânia Fone: (062) 254-4000
Centro de Ensino e Pesquisa
À
Dra Adenícia Custodia Silva e Souza
Da: Comissão de Bioética
Data: 11/04/2003
Protoc: 010/03
A Comissão de Bioética da Santa Casa de Misericórdia de Goiânia tem o prazer de
cumprimentá-la, e ao mesmo tempo informar que o seu Projeto de Pesquisa,
intitulado
"Prevenção e controle de infecção em serviços de saúde: buscando
caminhos para uma nova práxis."
Na mesma ocasião também foram analisados
os sub-projetos: 1 - Métodos de Proteção Anti-lnfecciosa e o Controle das
Infecções; 2 - A Execução de Técnicas e Procedimentos de Enfermagem e suas
Implicações para a Prevenção e Controle das Infecções e 3 - O Controle de
Infecção na Perspectiva da Proteção Profissional e aprovado por esta Comissão
em reunião do dia 22/04/2003.
Recomendamos fiel observância aos termos da Resolução n° 196/96, do
Conselho Nacional de Saúde, durante toda a pesquisa.
Solicitamos o encaminhamento de relatórios periódicos a esta Comissão de
Bioética, informando sobre as experimentações, desenvolvimento da pesquisa e
resultados.
Informamos que caso a coleta de dados se estenda à Santa Casa de Misericórdia
de Goiânia deverá ser encaminhada à esta Comissão nova Folha de Rosto para
pesquisa.
Atenciosamente,
ANEXO A
__________________________________________________________________
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo