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MARIA ELIZABETH GEMAQUE COSTA
ANÁLISE CLÍNICA DA DOENÇA PERIODONTAL EM PACIENTES
DIABÉTICOS TIPO 2 CORRELACIONADA COM O NÍVEL DE
HEMOGLOBINA GLICADA E PROTEÍNA C-REATIVA.
Belém
2006
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Maria Elizabeth Gemaque Costa
ANÁLISE CLÍNICA DA DOENÇA PERIODONTAL EM PACIENTES
DIABÉTICOS TIPO 2 CORRELACIONADA COM O NÍVEL DE
HEMOGLOBINA GLICADA E PROTEÍNA C-REATIVA.
Dissertação apresentada à Universidade
Federal do Pará para obter o título de
Mestre pelo Programa de Pós - Graduação
em Odontologia.
Área de concentração: Periodontia
Orientador: Prof. Dr. Adriano Corrêa
Co-Orientador: Prof. Dr. João Soares Felício
Belém
2006
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Catalogação-na-Publicação
Serviço de Documentação Odontológica
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará
Adriano Maia Corrêa;
Soares Felício. – Belém, 2006.
107p. :fig, 30cm
eriodontia) – Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Pará.
1. Doença Periodontal 2. Diabetes 3. Diagnóstico Laboratorial
CDD 3201- 7684
Costa, Maria Elizabeth Gemaque
Análise clínica da doença periodontal em pacientes diabéticos tipo 2
correlacionada com o nível de hemoglobina glicada e proteína c-reativa/
Maria Elizabeth Gemaque Costa; orientador
co-orientador João
Dissertação (Curso de Mestrado – Programa Pós-graduação em
Odontologia. Área de Concentração em P
Costa, Maria Elizabeth Gemaque
Análise clínica da doença periodontal em pacientes diabéticos tipo 2
correlacionada com o nível de hemoglobina glicada e proteína c-reativa/
Maria Elizabeth Gemaque Costa; orientador Adriano Maia Corrêa;
co-orientador João Soares Felício. – Belém, 2006.
107p. :fig, 30cm
Dissertação (Curso de Mestrado – Programa Pós-graduação em
Odontologia. Área de Concentração em Periodontia) – Faculdade de
Odontologia da Universidade Federal do Pará.
1. Doença Periodontal 2. Diabetes 3. Diagnóstico Laboratorial
CDD 3201- 7684
DEDICATÓRIA
À Deus, pelo seu imenso amor e sua presença constante em minha vida .
À Francisco Gemaque Álvaro “in memória”
e Maria de Lourdes Gemaque,
meus pais, pelo incentivo que sempre me deram aos estudos, pelo amor, dedicação
e pela vida.
À José Alegria Costa, meu marido, pelos vinte e oito anos juntos (e por ter
contribuído para o nosso maior e melhor sonho - nossos filhos).
À Bruno, Karina e Angelo Gemaque, meus filhos, por toda dedicação nesta
caminhada, pela paciência, compreensão e todo amor dedicado.
Aos meus irmãos, Maria de Fátima e Maria de Jesus “in memória”, Luiz,
Francisco, Miguel, Constantino, Angela e Cristina pela grande amizade que nos une.
Amo muito todos vocês!
AGRADECIMENTOS
À Adriano Maia Corrêa, meu orientador, pela confiança sempre demonstrada.
À João Soares Felício, meu co-orientador, pela orientação e disponibilidade.
Ao prof. Dr. Manuel Ayres, pelo apoio na elaboração dos dados estatísticos
deste trabalho.
As meninas do Centro de pesquisa do Hospital Universitário João de Barros
Barreto, pela triagem dos participantes diabéticos estudados.
À Karina Gemaque, minha filha e Manuela Lima, amiga, pela força, carinho e
ajuda sempre atenciosa.
Aos amigos, em especial a Wagner Almeida de Andrade, que de alguma
forma me apoiaram e torceram por mim.
Aos participantes diabéticos e do grupo controle, pela confiança e
participação neste projeto de pesquisa.
Ao Laboratório Paulo Azevedo, em especial a minha amiga Carla Dias, pela
realização de todos os exames nos participantes da pesquisa clínica.
Muito obrigada!
RESUMO
"Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém, há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis."
Bertolt Brecht
Costa MEG. Análise clínica e laboratorial da doença periodontal em pacientes
diabéticos Tipo 2 [Dissertação de Mestrado]. Belém: Universidade Federal do Pará;
2006.
RESUMO
O diabetes mellitus é uma desordem patológica de origem endócrina que
provoca inúmeras alterações de ordem sistêmica. Tem sido considerado que o
diabetes influencia na instalação e progressão da doença periodontal a exemplo
da dificuldade cicatricial, mas também sofre influência da mesma, posto que o
curso clínico da doença periodontal pode alterar o metabolismo da glicose e,
conseqüentemente, dificultar o controle do diabetes. Desta forma, a estreita
relação entre a doença periodontal e diabetes tem sido motivo de preocupação
entre os cirurgiões-dentistas. O objetivo deste estudo foi avaliar a condição
clínica do periodonto em indivíduos diabéticos tipo 2 e a necessidade de
tratamento periodontal através do Registro Periodontal Simplificado (PSR),
juntamente com análise laboratorial (HbA1c e Proteína C- reativa ultra-sensível-
PCR). Dos 88 participantes do estudo, 5,69% apresentaram-se livre de doença;
36,36% apresentaram-se com gengivite e 57,95% apresentaram-se com
periodontite. No grupo dos indivíduos não diabéticos, 51,06% tiveram
periodontite, enquanto 65,85% dos diabéticos apresentaram a doença. A doença
periodontal apresentou-se mais grave na faixa etária de 60-69 anos (grupo
controle) e 70-79 anos (grupo diabéticos). Todos os diabéticos apresentaram
doença periodontal, e o escore 3 (50,34%) o mais prevalente. No grupo controle
89,36% apresentaram doença periodontal, e o escore 2 (31,25%) foi o mais
prevalente. Apesar dos altos níveis de proteína C-reativa e de hemoglobina
glicada, não houve associação com a gravidade da doença periodontal nos
participantes do estudo.
Palavras- Chave: Diabetes Mellitus - Doença Periodontal Inflamatória - Registro
Periodontal Simplificado (PSR)
Costa MEG. Clinical and laboratorial analysis of the periodontal disease in diabetic
patients Type 2 [Dissertação de Mestrado]. Belém: Universidade Federal do Pará;
2006.
ABSTRACT
Diabetes Mellitus is an endocrine disease that causes a large number of
systemic disorders. It has been considered that diabetes may influence the
installation and advancing of inflammatory periodontal disease, as seen with the
wound healing difficulty, but is also influenced by periodontal disease, since the clinic
course of periodontal disease may affect the glucose metabolism and diabetic
control. So, the interrelationship between diabetes and periodontal disease has
troubled the dental professionals. The aim of this study was to evaluate the clinical
condition of periodontium in diabetic individuals type 2 and the necessity of
periodontal treatment through Periodontal Screening Records (PSR), in conjunction
with laboratorial analysis (HbA1c and high-sensitivity C-reactive protein-CRP). Of the
88 participants of the study, 5,69% had been presented free of disease; 36,36% had
been presented with gingivitis and 57,95% had been presented with periodontitis. In
the group of the not diabetic individuals, 51.06% had periodontitis, while 65.85% of
the diabetic had presented the disease. The periodontal disease was presented more
serious in the age group of 60-69 years (group not diabetic) and 70-79 years (group
diabetic). All the diabetic had presented periodontal disease, and the score 3
(50,34%) was most prevalent In the group of the not diabetic individuals 89,36% had
presented periodontal disease, and the score 2 (31,25%) was most prevalent.
Although the high levels of C-reactive protein and the glycosylated hemoglobin, it did
not have association with the gravity of the periodontal disease in the participants of
the study.
Key-Words : Diabetes Mellitus - Inflammatory Periodontal Disease - Periodontal
Screening Records (PSR)
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Histologia do periodonto sadio. E= esmalte; C= cemento; D= dentina;
OE= epitélio bucal; SE= epitélio sulcular; JE= epitélio juncional; GCT=
tecido conjuntivo gengival; AB= osso alveolar; PDL= ligamento
periodontal............................................................................................19
Figura 2.2 - Visualização da linha mucogengival (setas)......................................19
Figura 2.3 - Duas partes da gengiva podem ser diferenciadas: a gengiva livre
(FG) e a gengiva inserida (AG).........................................................21
Figura 2.4 - Dimensões fisiológicas do periodonto de proteção............................21
Figura 2.5 - Desenho retrata as várias fases da organização do ligamento
periodontal que se forma concomitantemente com o desenvolvimento
da raiz e a erupção do dente.............................................................22
Figura 2.6 - Progressão da doença periodontal....................................................23
Figura 4.1 - Profundidade de Sondagem..............................................................65
Figura 4.2. - Boca dividida em sextantes...............................................................66
LISTA DE TABELAS
Tabela 5.1- Distribuição por sexo, entre os participantes do grupo diabéticos e
grupo controle..................................................................................69
Tabela 5.2- Distribuição por faixa etária entre os participantes do grupo
controle............................................................................................70
Tabela 5.3- Distribuição por faixa etária entre os participantes do grupo
diabéticos........................................................................................70
Tabela 5.4- Distribuição etária da doença periodontal no grupo controle..........71
Tabela 5.5- Distribuição etária da doença periodontal no grupo diabéticos......71
Tabela 5.6- Distribuição dos participantes de acordo com a sua condição
periodontal.......................................................................................72
Tabela 5.7-......... Média de HbA1c e PCR entre os participantes do grupo
Diabéticos.......................................................................................74
Tabela 5.8-......... Média de HbA1c e PCR entre os participantes do grupo controle.74
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
GPA alfa 1 glicoproteína
AAP American Academy of Periodontology
ADA American Diabetes Association
CCS Centro de Ciências da Saúde
SBD Sociedade Brasileira de Diabetes
CP citoplasmáticos
HDL colesterol
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CPITN Community Periodontal Index of Treatment Needs
DM diabetes mellitus
NIDDM diabetes mellitus não dependente de insulina
DP doença periodontal
Dr doutor
OSE epitélio do sulco
JE epitélio juncional
OE epitélio bucal
HbA1 hemoglobina glicada
HLA do inglês “ Human Leukocytes Antigen” traduzido como Antígenos
Leucocitários Humanos
HIV human imunnedeficiency virus
CEJ junção cemento-esmalte
MGJ junção mucogengival
µl microlitros
mm milímetros
mg/l miligramas por litro
mg/dl miligramas por decilitros
mg/dia miligramas por dia
OMS Organização Mundial de Saúde
PSR do inglês “Periodontal Screening Records” traduzido como Registro
Periodontal Simplificado
PA pressão arterial
CP processo citoplasmático
PCR proteína c reativa
CT tecido conjuntivo subjacente
VLDL triglicérides
UFPA Universidade Federal do Pará
IMC índice de massa corpórea
LISTA DE SÍMBOLOS
% porcento
número
* asterisco
+/- mais ou menos
β beta
maior ou igual
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO.....................................................................................16
2 REVISÃO DE LITERATURA..........................................................................18
2.1 Características clínicas do periodonto sadio.................................................18
2.2 Doença periodontal...........................................................................................23
2.2.1 Gravidade da doença periodontal.....................................................................23
2.2.2 Patógenos relacionados à destruição periodontal.............................................27
2.2.3 Proteína C-reativa.............................................................................................31
2.3 Diabetes mellitus................................................................................................35
2.3.1 Classificação.....................................................................................................37
2.3.2. Epidemiologia...................................................................................................39
2.3.3 Sintomas do diabetes........................................................................................42
2.3.4 Complicações do diabetes................................................................................42
2.4 Relação entre diabetes mellitus e doença periodontal...................................45
3 PROPOSIÇÕES.................................................................................................60
3.1 Geral....................................................................................................................60
3.2 Específico............................................................................................................60
4 MATERIAL E MÉTODOS....................................................................61
4.1 Análise clínica....................................................................................................62
4.2 Análise laboratorial............................................................................................67
4.3 Análise estatística..............................................................................................67
5. RESULTADOS....................................................................................69
6. DISCUSSÃO.......................................................................................76
7. CONCLUSÕES...................................................................................87
REFERÊNCIAS......................................................................................88
ANEXOS.................................................................................................95
16
1 INTRODUÇÃO
A boca, por não ser um órgão isolado do corpo humano, deve ser vista como
parte integrante deste, influenciando e sendo influenciada pelo mesmo. A saúde
bucal, portanto, deve estar inserida no contexto da saúde geral ou sistêmica.
O reconhecimento da natureza infecto-inflamatória das doenças periodontais
(DP) redundou no estabelecimento de correlações entre a presença dessas doenças
e a condição sistêmica do paciente, colocando essas patologias no cenário
sistêmico, daí a expressão “Medicina Periodontal”.
A relação entre diabetes mellitus (DM) e a doença periodontal já é objeto de
estudo há muitos anos, a partir de uma associação biológica na qual pessoas
diabéticas têm maior susceptibilidade para muitos tipos de infecção (GREGHI et al.,
2002).
Descoberto no Egito há mais de 3.500 anos, ainda hoje o diabetes mellitus
representa um problema de importância crescente em saúde pública, sendo um dos
mais fortes fatores de risco para a doença periodontal.
Considerando-se risco de progressão da doença periodontal em diabéticos
sem adequado controle metabólico, tem sido sugerido que o tratamento periodontal
pode ter efeito positivo no controle do diabetes. É bom lembrar que, embora existam
evidências clínicas e epidemiológicas que mostrem uma melhoria nos níveis
glicêmicos após tratamento periodontal, não se tem comprovação estabelecida da
contribuição da terapia periodontal sobre o controle da hiperglicemia em pacientes
portadores de diabetes mellitus (TAYLOR, 1999).
17
A relação entre controle metabólico do diabetes e doença periodontal não
está clara, embora muitos estudos relacionem pior controle glicêmico com aumento
da destruição periodontal, porém outros estudos têm-se dirigido a investigar a
inversão dessa relação, a fim de melhorar o prognóstico sombrio do diabetes.
18
2 REVISÃO DE LITERATURA
A doença periodontal tem o seu início com a própria história da humanidade.
É identificada em todas as civilizações do mundo e considerada o segundo problema
da odontologia em saúde pública, onde se prevê que 80% da população já tem a
gengivite podendo chegar à periodontite (MATIELLO, 1998).
2.1 Características clínicas do periodonto sadio
A inserção do dente no alvéolo só é possível devido à presença de
numerosas fibras colágenas (fibras principais), com arranjo em feixes, outros
componentes da matriz de tecido conjuntivo e vasos sanguíneos. Este sistema serve
como mecanismo de revestimento e suporte do dente (Figura 2.1) (TEN CATE,
1994).
19
Figura 2.1 – Histologia do periodonto sadio. E= esmalte; C= cemento;
D= dentina; OE= epitélio bucal; SE= epitélio sulcular; JE=
epitélio juncional; GCT= tecido conjuntivo gengival; AB=
osso alveolar; PDL= ligamento periodontal. Fonte: Rose et
al., 2002.
O periodonto pode ser dividido em periodonto de proteção (mucosa alveolar,
gengiva ou mucosa ceratinizada, sulco gengival, epitélio juncional e inserções
conjuntivas) (Figura 2.2) e periodonto de sustentação (cemento, ligamento
periodontal e osso alveolar) (FIGUEIREDO; PARRA, 2002).
0,69 mm
0,97 mm
1,07 mm
Figura 2.2 – Dimensões fisiológicas do periodonto de proteção
.
Fonte: Lindhe, Karring, Lang, 1997
20
A mucosa alveolar ou mucosa de revestimento apresenta-se de cor vermelha,
flexível e fina, permitindo maior agressão dos microorganismos. A gengiva ou
mucosa ceratinizada é dividida em gengiva livre e inserida (Figura 2.3). Suas
características clínicas quando no seu estado sadio são: em direção à coroa, a
gengiva de cor rósea termina na margem gengival livre que possui um contorno
parabólico. Em sentido apical, a gengiva é contínua com a mucosa alveolar (mucosa
de revestimento), que é frouxa e de cor vermelha mais escura, da qual é separada
por uma linha limitante facilmente reconhecida, chamada de junção mucogengival ou
linha mucogengival (Figura 2.4). Além disso, a gengiva inserida com freqüência
apresenta um pontilhado delicado, que lhe confere um aspecto de casca de laranja.
Todavia o pontilhado esta presente somente em 40% dos indivíduos. O sulco
gengival promove uma distância entre a cavidade bucal e o epitélio juncional. O
epitélio juncional difere morfologicamente do epitélio bucal e do sulco, sendo mais
largo na parte da coroa e mais estreito na junção cemento esmalte, ou seja, sendo
mais permeável que o epitélio bucal ou sulcular. Sofre uma renovação celular
contínua a partir da camada basal, servindo de passagem para os produtos
bacterianos do sulco para o tecido conjuntivo e para os fluídos e células do tecido
conjuntivo ao sulco. As inserções conjuntivas representam um conjunto de fibras
colágenas localizadas apicalmente ao epitélio juncional, garantindo uma firme
inserção da gengiva ao dente (LINDHE; KARRING; LANG, 1997).
21
Figura 2.3 – Duas partes da gengiva podem ser diferenciadas: a gengiva livre
(FG) e a gengiva inserida (AG).Fonte: Lindhe, Karring, Lang, 1997
Figura 2.4 – Visualização da linha mucogengival (setas).
O cemento radicular, por sua vez, é um tecido calcificado que recobre as
superfícies radiculares e, ocasionalmente, pequenas porções das coroas dos
dentes. É essencial para fixação normal dos dentes. Por servir como junção para as
fibras de Sharpey ao tecido conjuntivo gengival, assim como ao ligamento
periodontal e ao osso alveolar. Alem disso, possui função protetora aos dentes, por
ser menos suscetível a reabsorção que o osso (TEN CATE, 1994).
Cada dente é unido e separado do osso alveolar adjacente por uma estrutura
de suporte maciça de colágeno, o ligamento periodontal. Esse arranjo, é claro,
resiste ao deslocamento dental esperado durante a função normal. É essencial à
mobilidade do dente, sendo esta em grande parte, determinada pela largura, altura e
22
qualidade do ligamento periodontal. Forma-se na medida em que o dente se
desenvolve e irrompe na cavidade bucal (Figura 2.5). A forma estrutural não se
esboça até que o dente entre em oclusão e seja aplicada a força funcional
(FIGUEIREDO; PARRA, 2002).
Figura 2.5 – As várias fases da organização do ligamento periodontal que se forma
concomitantemente com o desenvolvimento da raiz e a erupção do
dente.
Fonte: Figueiredo, Parra, 2002.
O processos alveolar é a parte da maxila e da mandíbula que forma e
sustenta os alvéolos dos dentes. Desenvolvem-se em conjunto com o
desenvolvimento e erupção dos dentes e são gradativamente reabsorvidos com a
perda dos dentes, pois a condição de sua existência é a presença da raiz dentária.
Em conjunto com o cemento e o ligamento periodontal, o osso alveolar constitui os
tecidos de sustentação dos dentes são responsáveis pela distribuição das forças
geradas durante a mastigação e outras formas de contato entre os dentes
(FIGUEIREDO; PARRA, 2002).
23
2.2 Doença periodontal
A doença periodontal é o comprometimento dos tecidos periodontais pelo
processo inflamatório, que leva à reabsorção do osso, ou seja, a destruição do
mesmo que está ao redor das raízes dos dentes, diferente da gengivite em que não
há alteração óssea, pois a inflamação só atinge a gengiva, o periodonto de proteção
(Figura 2.6).
A taxa de destruição do osso varia consideravelmente de uma pessoa para
outra e até mesmo de uma área para outra na mesma boca, devido às diferenças
específicas individuais, e no que diz respeito (idade, sexo, grau de educação, nível
sócio-econômico) resposta tecidual, à irritação bacteriana que será responsável,
juntamente com o padrão de resposta do hospedeiro, pela progressão da doença
periodontal (MATIELLO, 1998).
Doen
ç
a Periodontal
g
raveDoen
a Periodontal Moderada
Periodonto Sadio
Figura 2.6 – Progressão da doença periodontal.
24
2.2.1 Gravidade da doença periodontal
Hugson, Koch e Rylander (1981) analisaram a prevalência e a distribuição da
gengivite e da periodontite em crianças e adolescentes europeus. Foram avaliados
500 indivíduos, distribuídos em 5 grupos (3, 5, 10, 15 e 20 anos), contendo em cada
grupo 100 indivíduos respectivamente. Aproximadamente 50% dos pertencentes ao
grupo dos 3 anos e quase todas as crianças nos grupos de idade mais velhos
apresentaram a placa visível. Os achados clínicos correspondentes à inflamação
gengival estiveram presentes em 35% no grupo de 3 anos e 65 a 97% nas crianças
mais velhas e adolescentes. Bolsas profundas foram encontradas em 17% no grupo
de 15 anos e 21% no grupo de 20 anos. Quatro indivíduos no grupo de 15 anos e os
adolescentes do grupo de 20 anos mostraram sinais visíveis de periodontite.
Concluindo que a prevalência e gravidade da doença periodontal se agrava com o
aumento da idade.
Para Hugson e Jordan (1982), após estudarem a severidade da doença
periodontal em uma amostra aleatória de 600 indivíduos, na faixa-etária de 20 a 70
anos, residente na cidade de Jonkoping (Suécia), observaram que a gengivite foi
mais comum nos jovens, enquanto em adultos verificou-se um processo inflamatório
envolvendo, além do periodonto de proteção, o periodonto de sustentação. A
distribuição da freqüência dos indivíduos de acordo com a gravidade da doença
periodontal foi determinada. A análise foi baseada no registro clínico da gengivite,
nas profundidades de bolsa e em mudanças qualitativas e quantitativas do osso
alveolar em um exame intrabucal. Nos grupos de idade 20 e 30 anos, 96% e 85%
dos indivíduos, respectivamente, tiveram tecidos periodontais saudáveis, sendo
25
agrupados como estando com a gengivite sem sinais de comprometimento ósseo.
Nos grupos de idade 40, 50 e 70 anos nenhum dos indivíduos estava livre dos sinais
de gengivite e periodontite. Portanto, as formas mais graves parecem ainda estar
mais evidentes em indivíduos de maior faixa-etária.
Machion et al. (2000) avaliaram a prevalência de bolsas periodontais em
pacientes atendidos na clínica da Faculdade de Odontologia de Piracicaba -
UNICAMP, identificando alguns fatores de risco associados à doença periodontal e
elucidando a sua etiologia para posterior desenvolvimento de procedimentos
preventivos e terapêuticos. Foram avaliados 100 pacientes através do levantamento
dos dados contidos nas fichas clínico-anamnésicas, sendo consideradas bolsas de
profundidade: 3 mm, 5 mm, 7 mm e 10 mm, levando-se em consideração a
profundidade de sondagem e o sextante em que se localizavam. Os resultados
foram comparados entre as profundidades de sondagem e as variáveis idade, sexo,
bem como sua distribuição por sextantes.. A sondagem foi realizada em quatro faces
do dente – lingual, vestibular, mesial e distal. Para a análise da variável idade, foram
considerados três grupos: grupo I - 15 a 30 anos; grupo II - 31 a 50 anos; e grupo
II - acima de 50 anos. Dos 100 pacientes analisados, 32 pertenciam ao sexo
masculino e 68 ao sexo feminino. Foi encontrado um total de 3.634 bolsas
periodontais. As bolsas de profundidade 3 mm foram as mais prevalentes (57,3%),
seguidas as de profundidade 5 mm (29,7%), 7 mm (11%) e 10 mm (2%). O gênero
masculino deteve 36,7% das bolsas enquanto que o feminino, 63,3%. A distribuição
das bolsas periodontais por sextantes foi relativamente uniforme. Nos três diferentes
grupos etários, observou-se maior profundidade de sondagem a partir dos pacientes
do grupo II.
26
As doenças periodontais, agora reconhecidas como infecções bacterianas,
estão entre as doenças mais comuns e crônicas do ser humano, afetando 5 a 30%
da população adulta na faixa etária de 25 a 75 anos ou mais, segundo Genco em
1998 (citado por ROSE et al., 2002).
Maia, Silva e Carvalho (2005), após uma extensa revisão de literatura que
abrangeu o período de 1988 a 2004, afirmaram que as doenças do periodonto estão
relacionadas a fatores determinantes como a idade, até bem recentemente o
aumento da idade era relacionado à degradação da condição periodontal, porém
hoje, essa associação não é mais aceita ocorrendo apenas em indivíduos que
desenvolvem condições patológicas periodontais na fase adulto jovem. Outro fator
determinante seria o sexo, sendo as doenças periodontais mais freqüentes e graves
em homens. O nível sócio-econômico, relacionado às baixas condições de instrução
e higiene bucal, principalmente no aparecimento da gengivite, diferente da
periodontite, onde esta relação não é tão direta. E o tabaco, devido deficiente
resposta imunológica do fumante e as condições sistêmicas, apesar de poucas
evidências.
Ng e Leung (2006) avaliaram o estado da saúde periodontal em uma amostra
de 767 indivíduos, selecionados a partir do estudo em um centro comunitário (n =
1000). A associação entre os fatores psicológicos e o nível de inserção periodontal
clínico foi estudada. A amostra incluiu indivíduos que apresentavam a cavidade
bucal com nível de inserção periodontal clínico 2mm (grupo de perda de inserção
periodontal saudável ou baixa) e indivíduos que apresentavam a cavidade bucal com
nível de inserção periodontal clínico > 3mm (grupo de perda de inserção periodontal
alta ou grave). Um total de 727 indivíduos (95%) preencheram o questionário com
perguntas sobre o perfil da saúde bucal e sintomas periodontais apresentados pelos
27
mesmos durante 12 meses precedentes. Os dados obtidos foram associados entre
si e posteriormente analisados. Uma comparação das contagens do perfil da saúde
bucal nos grupos com perda de inserção periodontal saudável ou baixa e dos grupos
com perda de inserção periodontal alta ou grave revelou diferenças significativas em
relação as sub-escalas: limitação funcional, dor física, desconforto psicológico e
inabilidade física e psicológica. Aqueles indivíduos que apresentavam um
comprometimento tanto físico quanto psicológico, em sua maioria, faziam parte do
grupo com perda de inserção clínica alta ou grave, concluindo que uma associação
significativa entre a qualidade de vida da saúde bucal e a doença periodontal estão
interligadas. As dificuldades na qualidade de vida do indivíduo pode desencadear
problemas periodontais destrutivos.
2.2.2 Patógenos relacionados à destruição periodontal
As doenças periodontais são causadas pelo acúmulo de placa bacteriana ou
biofilme, também referida como placa dental, constituídas predominantemente por
bactérias anaeróbicas gram-negativas, as quais ativam mecanismos teciduais,
produzindo uma série de eventos inflamatórios e imunológicos e conduzindo à
destruição nos tecidos. Nas bolsas periodontais, a localização ou distribuição dos
patógenos pode relacionar-se à destruição periodontal.
Em 1988, Socransky et al. analisaram amostras de placa subgengival em 275
sítios ativos e inativos em 35 indivíduos com doença periodontal destrutiva. Os
patógenos periodontais incluíram Actinobacillus actinomycetemcomitans,
28
Bacteroides forsythus, Bacteroides gingivalis, Bacteroides intermedicus, Bacteroides
melaninogenicus, Peptostreptococcus micros, Streptococcus intermedius e Wolinella
recta. O Streptococcus intermedius foi associado positivamente com o Streptococcus
mitis e o Streptococcus sanguis, mas associado negativamente com o Bacteroides
forsythus. Em contraposição, os Wolinella recta foram associados negativamente
com o Streptococcus mitis e o Streptococcus sanguis, mas associado positivamente
com o Bacteroides forsythus, os Streptococcus sanguis, Streptococcus uberis, P.
acnes, Capnocytophaga ochracea e Actinomyces mostraram associações negativas
com os 4 patógenos periodontais suspeitos, enquanto os Porphyromonas gingivalis,
o Fusobacterium nucleatum e Eubacterium mostraram somente associações
positivas ou "neutras". Relatando que as interações microbianas são importantes
nas diferentes condições periodontais, assim, podem resultar em saúde ou doença
periodontal. Parece provável que certas associações podem favorecer a colonização
de espécies potencialmente virulentas (associação positiva), ou ainda, serem
antagonistas a esta colonização (associação negativa). Concluindo que a doença
periodontal destrutiva depende da natureza compatível do hospedeiro ou espécies
benéficas colonizando a margem gengival que favoreçam a colonização de outras
espécies. A presença de espécies consideradas patógenos periodontais, em sítios
sem evidências de destruição periodontal torna claro que, para a ocorrência da
doença periodontal, os patógenos são necessários, mas não suficientes,
dependendo também dos fatores de risco (bolsas profundas, retenção de placa,
restaurações defeituosas), fatores genéticos e resposta imunológica do hospedeiro.
As doenças periodontais são infecções associadas com as bactérias
patogênicas específicas que colonizam a área subgengival. Ao menos dois destes
microorganismos, Porphyromonas gingivalis e Actinobacillus
29
actinomycetemcomitans, também invadem o tecido periodontal e são patógenos
virulentos. A iniciação e a progressão de infecções periodontais são modificadas
claramente pelas circunstâncias locais e sistêmicas, constituindo os fatores de risco.
Estes incluem doença pré-existente como bolsas profundas, retenção de placa
associadas com as restaurações defeituosas. Os fatores de risco sistêmico,
recentemente, têm sido identificados por estudos epidemiológicos, usando análises
estatísticas multifatoriais; sendo os mais relevantes, aqueles portadores de diabetes
mellitus, especialmente nos indivíduos em quem o controle metabólico é pobre e no
tabagismo. Estes dois fatores de risco afetam a iniciação e a progressão da
periodontite, e as tentativas de controlar estes fatores são agora um componente
importante da prevenção e tratamento da doença periodontal do adulto. Estudos
recentes incluem o “stress” e a osteopenia como sendo fatores de risco para a
periodontite, além das variantes associadas com a doença periodontal, incluindo o
gênero (homens apresentam maior prevalência da doença), idade (as doença são
mais presentes nas pessoas idosas), e fatores hereditários. Entretanto, há ao menos
dois significativos riscos, o fumo e o diabetes, os quais demandam atenção na
prevenção atual da doença periodontal (GENCO, 1996).
Ximenez-Fyvie, Haffajee e Socransky (2000) compararam os
microorganismos presentes na placa supra e subgengival em 22 indivíduos com
periodontos saudáveis e 23 com periodontite. Avaliaram um total de 2358 amostras
de placa bacteriana coletadas da face mesial de cada dente com exceção dos 3°
molares, utilizando para identificação dos microorganismos estudos feitos com DNA.
Foram identificadas as seguintes bactérias: Porphyromonas gingivalis, Bacteroides
forsythus e Treponema denticola detectados na placa supragengival em ambos os
indivíduos com saúde periodontal como nos portadores de periodontite. A espécie
30
Actinomyces teve sua taxa dominante tanto na placa sub quanto na supragengival
de periodontos saudáveis e comprometidos. Os resultados mostraram que 63.2% de
quatro espécies de Actinomyces estavam presentes na placa supragengival em
relação a 47.2% na placa subgengival em periodontos saudáveis. Já em relação ao
periodonto comprometido o percentual foi de 48% presente na placa supragengival e
37.8% na subgengival. Uma proporção aumentada de P. gingivalis, B. forsythus, e
espécies de Prevotella, Campylobacter e Treponema foram detectados na placa
subgengival em indivíduos com periodontite. P. gingivalis, B. forsythus e T. denticola
eram significativamente mais prevalente nas amostras das placas supra e
subgengival dos indivíduos com periodontite. A diferença principal entre a placa
supra e subgengival assim como entre a saúde e a doença foi na proporção e no
nível de determinadas espécies de Actinomyces presentes.
Estudos recentes sugeriram que as mudanças na prevalência e ou proporção
de microorganismos distintos caracterizam o perfil da microbiota subgengival das
populações.
Ximenes-Fyvie et al. (2006) determinaram as espécies dos microorganismos
da placa subgengival em indivíduos mexicanos com periodontite crônica não tratada.
Um total de 44 indivíduos com periodontite crônica e 20 apresentando periodonto
saudável (não fumantes) foram selecionados. Medidas clínicas incluindo acúmulo de
placa, eritema gengival, sangramento à sondagem, supuração, profundidade de
sondagem e o nível de inserção foram registrados em seis locais de cada dente. Até
28 amostras de placa subgengival foram obtidas de cada participante e uma análise
individual foi realizada para determinar os níveis, a proporção e a prevalência de 40
espécies de microorganismos usando a técnica de hibridização. Os Porphyromonas
gingivalis, Treponema denticola e Tannerella forsythensis foram as únicas espécies
31
que apresentaram níveis médios elevados em indivíduos com periodontite. As
proporções dos P. gingivalis (P <0.001), T. forsythensis (P <0.01) e espécies
complexas (P. gingivalis, T. forsythensis e T. denticola, P <0.001) foram também
significativamente mais elevadas nos indivíduos com periodontite. Os indivíduos
periodontalmente saudáveis abrigavam uma proporção significativamente maior de
espécies dos Actinomyces (P <0.05). Nenhuma diferença significativa foi detectada
na porcentagem dos portadores de alguma das espécies testadas. Os resultados
revelaram que a microbiota subgengival de indivíduos mexicanos com periodontite
crônica não tratada, demonstrou um aumento no nível, prevalência e na proporção
dos patógenos periodontais clássicos. Entretanto, a prevalência e a proporção de
espécies da microbiota específica variaram significativamente dos resultados de
outros estudos em indivíduos com diferente localização geográfica.
2.2.3 Proteína C-reativa
Cada vez mais, surgem evidências para uma relação de fatores de riscos
para doenças periodontais. Proteína C-reativa (PCR), tem sido implicada a doença
periodontal, sendo encontrada em altos níveis em indivíduos adultos com
periodontite, comparados com indivíduos saudáveis.
Okada e Murakami (1998) afirmaram com base na literatura que as proteínas
solúveis que servem como mediadores da função celular são produzidas por vários
tipos de células, tais como as citocinas. Evidências têm revelado o papel importante
das citocinas, não somente na homeostase tecidual, mas também na patogênese de
32
muitas doenças infecciosas. Recente pesquisa sobre a atividade biológica do
periodonto normal e a patogênese da doença periodontal, esclareceu a participação
de várias citocinas nas atividades biológicas observadas nos sítios. O papel crucial
das citocinas na manutenção da homeostase tecidual, requer um balanço delicado
entre as atividades anabólica e catabólica. Em particular, os fatores de crescimento,
tais como o fator de crescimento do fibroblasto, fator de crescimento derivado das
plaquetas, fator de crescimento semelhante à insulina e fator de transformação de
crescimento (TGF-beta) desempenham papel importante na modulação e
proliferação e/ou migração de células no periodonto e na produção de várias
matrizes extracelulares por estas células. Por outro lado, há dúvida sobre a
produção excessiva e/ou contínua das citocinas nos tecidos periodontais inflamados,
e se estas não seriam responsáveis pelo progresso da periodontite e,
conseqüentemente, destruição do tecido periodontal. Particularmente, as citocinas
inflamatórias, como as interleucina 1α, interleucina 1β, interleucina 6 e interleucina 8
estão presentes nos tecidos periodontais doentes, e sua produção parece ter um
importante papel no recrutamento dos leucócitos e na destruição tecidual crônica. É
possível que o monitoramento da produção de citocinas ou do seu perfil possa
permitir o diagnóstico do estado e/ou a susceptibilidade individual para doença
periodontal. Além disso, embora a hipótese fosse ainda discutida, sugere-se que as
células (Th1 e Th2) com diferente citocina desempenhem papéis específicos na
imunopatogênese de doenças periodontais.
Noack et al. (2001) chamaram atenção sobre a elevação da proteína C-
reativa como preditor para o risco aumentado de doença cardiovascular. Os níveis
elevados de PCR em pacientes foram relatados por diversos grupos. Neste estudo
174 indivíduos foram avaliados quanto ao nível de PCR no plasma, e sua relação
33
com a gravidade da doença periodontal. Os níveis de PCR foram avaliados através
de imunodifusão. 59 indivíduos apresentaram perda de inserção clínica moderada
(2.39+/-0.29 mm) e 50 apresentaram perda de inserção clínica elevada (3.79+/-0.86
mm) em comparação a 65 participantes com periodonto saudável (grupo controle)
(perda de inserção clínica, 1.74+/-0.18 mm). A perda de inserção clínica,
profundidade de sondagem e a porcentagem de bolsas periodontais 5 mm foram
medidas. A presença de patógenos periodontais Porphyromonas gingivalis,
Prevotella intermedia, Campylobacter recta e Bacteroides forsythus na amostra de
placa subgengival foi analisada por imunofluorescência. Estes autores observaram
aumento significativo nos níveis de PCR em indivíduos com doença periodontal
quando comparados ao grupo controle (p = 0.036). Aqueles com níveis elevados de
perda de inserção clínica tiveram níveis significativamente mais elevados do PCR
(4.06+/-5.55 mg/l) do que o controle (1.70+/-1.91 mg/l), p = 0.011. Os níveis de PCR
foram ajustados frente as variáveis: idade, fumo, índice de massa corpórea (IMC),
triglicerídeos e colesterol. A porcentagem dos indivíduos com níveis elevados de
PCR, bolsas 3 mm foi significativamente mais elevados nos grupo com perda de
inserção clínica elevada (38%; 95% Cl: 26.7%, 49.3%) quando comparados ao
grupo controle (16.9%; 95% CI: 9.25%, 24.5%), p = 0.011. A presença de patógenos
periodontais nas amostras de placa subgengival foram associados positivamente
com os níveis elevados de PCR (p = 0.029). Os resultados obtidos foram: aumento
do nível de PCR em pacientes com periodontite, de acordo com a gravidade da
doença, após o ajuste das variaveis (idade, fumo, índice de massa corpórea,
triglicerídeos e colesterol.
Mattila et al. (2002) realizaram um estudo sobre o efeito do tratamento
periodontal em relação ao nível da proteína C-reativa e fibrinogênio. Foram
34
avaliados 35 pacientes antes e após o início do tratamento periodontal, observando
que o nível desta proteína diminui significativamente após o tratamento (1.05 mg/l
para 0.7 mg/l), diferentemente do nível de fibrinogênio que permaneceu sem
alteração. Para os autores a reação inflamatória sistêmica decorrente da doença
periodontal é responsável pela elevação do nível de proteína c-reativa somente em
alguns indivíduos, o que demonstra que a elevação ocorrida, bem como a
diminuição de sua magnitude, não está associada diretamente com a gravidade da
doença periodontal. Porém o nível de proteína C-reativa diminui após o início de
tratamento periodontal (nos indivíduos que apresentavam nível elevado desta
proteína), o que favorece para um menor risco para doença cardiovascular.
Yamazaki et al. (2005), objetivando avaliar se a presença de periodontite
crônica e subseqüente tratamento periodontal podia influenciar o nível de Proteína c-
Reativa (PCR), interleucina- 6 e fator de necrose tumoral (TNF- alpha) na população
japonesa, coletaram o sangue de 24 pacientes (15 mulheres e 9 homens) na faixa
etária de 20-59 anos, com periodontite moderada e avançada. Também foi obtido o
sangue de 23 participantes sem periodontite (13 mulheres e 10 homens) - grupo
controle. Ambos os grupos passaram por um exame clínico que avaliou: registro de
controle de placa, profundidade de sondagem, nível de inserção e reabsorção
óssea. Posteriormente à coleta, os portadores de periodontite foram encaminhados
para tratamento periodontal para uma segunda coleta do sangue comparando o
antes e após tratamento. Os resultados obtidos mostraram que o nível médio de
PCR era de 317.0 ng/ml antes do tratamento e após de 261.5 ng/ml; o nível médio
de TNF-alpha foi de 1.81 pg/ml contra 1.59 pg/ml na reavaliação e o nível médio de
interleucina- 6 foi de 0.70 pg/ml contra 0.69 pg/ml após a terapia. O valor médio do
PCR, TNT- alpha e interleucina- 6 no grupo controle foram respectivamente 195.0
35
ng/ml, 2.35 pg/ml e 0,56 pg/ml. O estado clínico do periodonto apresentou uma
melhora em todos os pacientes que seguiram o tratamento, porém ainda houve uma
tendência para elevação do nível de PCR em pacientes que receberam tratamento
quando comparado ao grupo controle.
2.3 Diabetes mellitus
O Diabetes Mellitus é uma doença de relato milenar, acompanhando a
humanidade até os dias de hoje. É um importante problema mundial de saúde, tanto
em termos de número de pessoas afetadas e dados sobre incapacidade,
mortalidade prematura, quanto nos custos envolvidos no controle e no tratamento de
suas complicações.
Segundo a American Diabetes Association (2001), o diabetes é um termo
usado para descrever um grupo de desordens metabólicas distinguidas por
tolerância alterada da glicose e metabolismo de carboidrato alterado.
Para Lauda, Silveira e Guimarães (1998), a partir de uma vasta revisão de
literatura, o diabetes mellitus resulta da ausência ou da insuficiência relativa de
insulina, causada tanto pela baixa produção pelo pâncreas como pela falta de
resposta dos tecidos periféricos ao hormônio. A insulina atua, fundamentalmente, na
regulação do metabolismo dos carboidratos e a sua escassez ocasiona diminuição
da entrada de glicose sanguínea nos tecidos e conseqüente aumento do seu nível
no sangue, caracterizando o quadro de DM.
36
Foram estudados 55 índios Pima masculinos e 35 Caucasianos masculinos
com tolerância normal da glicose. A ação da insulina foi mensurada usando a técnica
hiperinsulinemia e a composição corpórea foi determinada pela densitometria. Os
resultados mostraram que ambos os grupos apresentaram um significante declínio
da ação da insulina com o aumento da obesidade, na proporção aumentada de 28-
30% de massa gorda (BOGARDUS, 1985).
Em 1996, Gunham et al. fizeram um estudo comparativo entre o número de
células de Langerhans na gengiva de pacientes portadores de diabetes tipo 1 e de
pacientes normais usando método imunoistoquímico. Foi observado um número
maior de células de Langerhans nos pacientes diabéticos, sugerindo que estas
células desempenham um papel no desenvolvimento da gengivite em diabéticos.
O mecanismo da doença periodontal avançada em pacientes diabéticos pode
envolver o estresse oxidativo do tecido gengival, induzido pelos efeitos da
glicolisação avançada das proteínas plasticas (AGE), um produto irreversível da
glicolisação não enzimática e oxidação das proteínas e dos lipídios que se
acumulam no plasma e no tecido em diabéticos. O aumento das proteínas
plasmáticas glicosiladas (AGE) foram observadas nos tecidos gengivais humanos,
quando comparados com o não diabéticos. De acordo com os dados, a
imunoistoquímica para oxigenase-1, um marcador do estresse oxidativo, aumentou
no tecido vascular gengival de ratos diabéticos e nos humanos quando comparados
com o controle nos ratos não diabéticos. Estes dados sugerem que as proteínas
plasmáticas presentes na gengiva em diabéticos podem ser associadas com o
estresse oxidativo, um mecanismo potencial para acelerar o dano tecidual
(SCHMITD et al., 1996).
37
2.3.1 Classificação
A classificação atualmente recomendada, incorpora o conceito de estágios
clínicos do DM, desde a normalidade, passando para a tolerância à glicose
diminuída e/ou glicemia de jejum alterada, até o DM propriamente dito.
Sabe-se hoje que diversas condições podem levar ao diabetes, porém a
grande maioria dos casos está dividida em dois grupos: Diabetes Tipo 1 e Diabetes
Tipo 2 (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2001).
Diabetes Tipo 1 - essa forma de diabetes é resultado da destruição das
células β pancreáticas por um processo imunológico, ou seja, pela formação de
anticorpos pelo próprio organismo contra as células β levando a deficiência de
insulina. Eles estão presentes em cerca de 85 a 90% dos casos de diabetes no
momento do diagnóstico. Em geral costuma acometer crianças e adultos jovens,
mas pode ser desencadeado em qualquer faixa etária.
Diabetes Tipo 2 - Nesta forma de diabetes está incluída a grande maioria dos
casos (cerca de 90% dos pacientes diabéticos). Nesses pacientes, a insulina é
produzida pelas células β pancreáticas, porém, sua ação está dificultada,
caracterizando um quadro de resistência insulínica. Isso vai levar a um aumento da
produção de insulina para tentar manter a glicose em níveis normais. Quando isso
não é mais possível, surge o diabetes. A instalação do quadro é mais lenta e os
sintomas - sede, aumento da diurese, dores nas pernas, alterações visuais e outros -
podem demorar vários anos até se apresentarem. Se não reconhecido e tratado a
tempo, também pode evoluir para um quadro grave de desidratação e coma.
38
O diabetes do tipo 2 não está relacionado com genes do complexo HLA e/ou
respostas auto-imune. Sua etiologia baseia-se na predisposão genética, que
dificulta a ação da insulina no músculo, tecido gorduroso e fígado, sendo comum em
pessoas acima de 35 anos, e sua ocorrência aumenta com o avanço da idade,
principalmente na presença da obesidade e sedentarismo (representa 90% do total
de pacientes diabéticos).
Outros tipos de diabetes são bem mais raros e incluem defeitos genéticos da
função da célula β, defeitos genéticos na ação da insulina, doenças do pâncreas
(pancreatite, tumores pancreáticos, hemocromatose), outras doenças endócrinas
(Síndrome de Cushing, hipertireoidismo, acromegalia) e uso de certos
medicamentos.
Tolerância diminuída da glicose e glicose de jejum alterada são termos
usados para descrever um estágio metabólico intermediário que está entre
metabolismo normal da glicose e o diabetes franco. Não são mais empregados os
termos insulino-dependente e insulino-não dependente, nem os termos adulto, senil
e juvenil ligados a diabetes, segundo o Consenso Brasileiro sobre Diabetes (2002).
A idade de início do diabetes tipo 2 é variável, embora seja mais freqüente
após os 40 anos de idade, com pico de incidência aos 60 anos. Estudos que aliam a
obesidade à idade superior a 40 anos indicam este ponto de corte da idade como
discriminatório entre os dois tipos de diabetes. Por outro lado, outros associam a
ausência de episódio agudo de cetoacidose e idade superior a 20 anos como
indicadores da presença de diabetes do tipo 2. Portanto, a idade de forma isolada
parece não definir a classificação, mas se aliada a outras variáveis como obesidade
e ausência de cetoacidose pode sugerir o tipo de diabetes. Deve ser levado em
conta que, embora a ocorrência de cetoacidose seja característica do estado de
39
deficiência insulínica do tipo 1, o paciente tipo 2 pode apresentar este quadro
(GROSS et al., 2002).
A cetoacidose é incomum em diabetes tipo 2 e geralmente ocorre associada a
stress por outras patologias, tais como infecções. Os níveis plasmáticos de insulina
nestes pacientes são inicialmente normais ou podem até aumentar nos estágios
iniciais antes de decrescer a níveis abaixo do normal. A patogênese precisa deste
tipo de diabete é desconhecido, embora sejam reconhecidos como fatores
etiológicos a idade, obesidade e uma predisposição genética (MISTRO et al.,2003)
2.3.2 Epidemiologia
Independentemente de seu grau de desenvolvimento, inúmeros países vêm,
nos últimos anos, reconhecendo o diabetes mellitus como um problema de saúde
pública. Além disso, a importância do diabetes como problema de saúde está
crescendo, tanto em virtude do aumento de sua prevalência e incidência, como das
suas repercussões sociais e econômicas, traduzidas pelas mortes prematuras,
absenteísmo e incapacidade para o trabalho, como pelos custos associados ao seu
controle ou ao tratamento de suas complicações.
Para avaliar a prevalência do diabetes e a intolerância à glicose na população
urbana brasileira, foi utilizada uma amostra aleatória de 21.847 indivíduos na faixa
etária de 30-69 anos de nove grandes cidades. Os indivíduos foram selecionados
primeiramente através do teste de glicose em jejum. Todos os selecionados
positivos (glicose em jejum 5.6 mm/L) e os selecionados negativamente,
40
receberam 75g de glicose e submeteram-se ao teste de curva glicêmica. As taxas
totais foram de 7.6 e 7.8% para o diabetes e intolerância à glicose, respectivamente.
Tanto os homens (7.5%) quanto às mulheres (7.6%) tiveram taxas similares do
diabetes. As taxas foram também similares entre brancos (7.8%) e não brancos
(7.3%). A prevalência do diabetes aumentou de 2.7% na faixa etária 30-39-anos
para 17.4% na faixa etária de 60-69-anos. O diabetes foi mais prevalente entre os
indivíduos com menor número de anos de educação formal, mas esta diferença
desapareceu após o ajuste da idade. A história familiar do diabetes foi associada
com um aumento duplo na prevalência do diabetes (12.5 contra. 5.8%); e o aumento
da obesidade (11.6 contra. 5.2%). Os pacientes com diabetes que desconheciam a
sua enfermidade representavam 46% do total. Entre os casos diagnosticados de
diabetes, 22.3% não estavam sob tratamento, 7.9% dependiam de insulina, 40.7%
controlavam a doença com hipoglicemiante e 29.1% só tratavam com dieta
balanceada. A prevalência do diabetes foi de 0.1( grupo < 30 anos), 3.2 (30-69 anos)
e 11.6% (grupo > 70 anos). A prevalência do diabetes no Brasil é comparável com
os países desenvolvidos, onde é considerado um importante problema de saúde
(MALERBI; FRANCO, 1992).
Para Costa et. al. (2006) com o objetivo de comparar a prevalência de
diabetes mellitus em população adulta, residente em área urbana, segundo auto-
referência e valores de exame de glicemia de jejum; realizaram um estudo
transversal de base populacional, com 1.968 pessoas de 20 a 69 anos, residentes
na zona urbana da cidade de Pelotas, Estado do Rio Grande do Sul, em 2000.
Estimaram uma amostra de 1.800 indivíduos. Foram feitas visitas domiciliares em 40
setores censitários sorteados aleatoriamente. Foi aplicado um questionário
padronizado a todos participantes da pesquisa, incluindo perguntas sobre a
41
presença de "açúcar no sangue", e quando afirmativo, se algum médico havia
confirmado a doença. Uma sub-amostra de 367 participantes foi sorteada para
realização de exames, entre os quais glicemia de jejum. Adotou-se como ponto de
corte da glicemia de jejum para reconhecimento de diabetes 126 mg/dl e 140 mg/dl.
Realizou-se apenas uma aferição de glicemia de jejum e não foram investigados
sinais e sintomas da doença. Dos entrevistados, 110 referiram a presença de
diabetes mellitus com diagnóstico confirmado pelo médico. Para as 367 pessoas
submetidas aos exames laboratoriais, a prevalência de diabetes auto-referido e
confirmada por médico foi de 7,1%. Em relação à distribuição das variáveis
socioeconômicas e demográficas, verificou-se que em ambas as amostras
analisadas, a maioria das pessoas era do sexo feminino, aproximadamente 70% dos
participantes tinha menos de 49 anos e mais de 70% dos indivíduos vivia com renda
familiar menor que três salários-mínimos. As estimativas de prevalência encontradas
são compatíveis com as obtidas em outras investigações nacionais. Os estudos
epidemiológicos de base populacional são raros no Brasil e podem contribuir para o
planejamento em saúde.
2.3.3 Sintomas do diabetes
O DM pode ser associado a várias condições bucais, incluindo alterações no
fluxo salivar e constituintes da saliva, aumento da incidência de infecções bucais,
42
queimação na boca, alterações na cicatrização de feridas e aumento na prevalência
e gravidade da doença periodontal (GROSSI; GENCO,1998).
Orso e Pagnoncell (2002), após realizarem uma revisão de literatura, citam
que o DM pode apresentar-se de maneira assintomática, no entanto, o cirugião-
dentista deve estar atento a sinais e sintomas como: sonolência, perda de peso,
cansaço físico e mental, turvação da visão, poliúria (necessidade excessiva de
urinar); polidipsia (ingestão de muito líquido); fome excessiva (polifagia);
formigamento e dormência, entre outros.
2.3.4 Complicações do diabetes
O aumento da viscosidade do soro no diabetes está ligado à presença de
seqüelas microvasculares e às mudanças na composição das proteínas do soro. A
mudança principal é um declínio na albumina e um aumento nos níveis de proteínas
de fase-aguda. A albumina e cinco proteínas de fase-aguda: α-1 glicoproteína ácida,
α-1 antitripsina, hepatoglobina, ceruloplasmina, e proteína C-reactiva, foram
medidas. Os níveis de albumina e de proteínas de fase- aguda foram mensuradas
no diabetes do adulto (principalmente tipo II) e comparados com aqueles indivíduos
com intolerância a glicose e indivíduos saudáveis. A hepatoglobina, α-1 glicoproteína
ácida e a proteína C-reativa aumentaram nos indivíduos diabéticos e com
intolerância a glicose. O nível da albumina no soro diminuiu acentuadamente
enquanto a hiperglicemia avançou. As proteínas de fase-aguda também
aumentaram nos participantes com intolerância a glicose e diabetes. A elevação
43
destas proteínas não diferiram com o grau de controle ou duração do diabetes.
Quando os diabéticos foram divididos em dois grupos: com e sem evidência clínica
detectável de seqüela microvascular, houve elevação da hepatoglobina, proteína C-
reativa e da α-1 glicoproteína ácida e decréscimo da albumina. Os níveis destas
proteínas, particularmente hepatoglobina, foram correlacionadas também com a alta
viscosidade do soro. O decréscimo da albumina e a elevação das proteínas de fase-
aguda são maiores nos diabéticos com microangiopatia, desenvolvendo intolerância
a glicose e contribuindo substancialmente para elevação da viscosidade no plasma
em diabéticos (McMILLAN, 1989).
Segundo Brownlee (1994), nos pacientes diabéticos com permanência da
hiperglicemia, há um aumento no acúmulo destas proteínas glicosadas, conhecidas
como o (AGEs) produtos finais da ampliação avançada, formada em diabéticos e
não-diabéticos, entretanto, seu acúmulo é aumentado em pacientes diabéticos com
permanência da hiperglicemia. O efeito acumulativo é um estreitamento progressivo
do lúmen dos vasos e perfusão diminuída dos órgãos afetados, propiciando
complicações cardiovasculares.
A aterosclerose representa a principal causa de mortalidade dos diabéticos. A
hipótese para a lesão inicial da aterosclerose é a disfunção endotelial. Ou seja,
haveria formação do AGE em artérias centrais e periféricas e, dessa forma,
contribuiria significativamente para complicações macrovasculares do diabetes. O
colágeno modificado na parede dos vasos se ligaria covalentemente com
lipoproteínas de baixo peso circulantes, contribuindo para a formação da
aterosclerose (MONNIER et al., 1996).
Grossi e Genco (1998), relataram que a susceptibilidade do diabético em
desenvolver doença periodontal está relacionada com a duração do diabetes. Isto
44
ocorre porque a acumulação de AGEs (compostos derivados da glicose que se
acumulam nos tecidos e plasma de diabéticos) afetaria a migração e atividade
fagocitária de células mono e polimorfonucleares, resultando em estabelecimento de
maior quantidade de microbiota subgengival patogênica.
Para Mealey em 2000 (citado ROSE et al., 2002), a hiperglicemia resulta em
alterações no metabolismo de lipídeos, assim como em glicolisação não-enzimática
de proteínas como o colágeno, podendo levar à espessura aumentada da parede
dos vasos e formação de ateromas e microtrombos em grandes vasos, e alterações
nas funções das células endoteliais e permeabilidade vascular na microvasculatura.
O diabetes tem sido associado classicamente a um grupo de complicações
micro e macrovasculares. As complicações microvasculares da retinopatia,
nefropatia e neuropatia são especificamente associadas ao diabetes, e o risco da
doença macrovascular é aumentado em pacientes diabéticos, principalmente na
presença de aterosclerose nesses pacientes (AMERICAN DIABETES
ASSOCIATION, 2001). A hiperglicemia desempenha um papel primário na iniciação
e progressão dessas complicações.
O diabetes mellitus não compensado pode apresentar complicações
gravíssimas, incluindo o óbito, o que torna importante o conhecimento desta doença,
principalmente, a conduta ideal para o cirurgião- dentista, uma vez que 50% dos
enfermos desconhecem a sua doença. Entretanto, deve-se afastar o conceito de que
o diabético que possui sua enfermidade controlada é mais susceptível a infecções
do que o indivíduo metabolicamente “normal”, segundo Mistro et al., em 2003 após
uma revisão de literatura.
O fator causal primário de desenvolvimento das alterações vasculares no
diabético é a prolongada exposição à hiperglicemia. Essas alterações impedem a
45
difusão do oxigênio, a eliminação de metabólitos, a migração de leucócitos e a
difusão de fatores imunes (quimiocinas, por exemplo), contribuindo para o
agravamento da periodontite no diabético (MADEIRO; BANDEIRA; FIGUEIREDO,
2005).
Recentemente, experimentos e estudos observacionais têm evidenciado
estreita relação entre características qualitativas da dieta e ocorrência de
enfermidades crônico-degenerativas, como as doenças cardio-vasculares, o
diabetes mellitus não insulino-dependente, diferentes tipos de câncer e mesmo a
obesidade. Os diabéticos que possuem resistência insulínica, a obesidade, está
presente na maioria dos pacientes.
2.4 Relação entre diabetes mellitus e doença periodontal
A relação entre o diabetes mellitus e a doença periodontal vem sendo
estudada há muito tempo. No decorrer da última década um grande número de
evidências científicas sugeriram uma notável associação entre as infecções orais
(vírus, bactérias, fungos) e as doenças sistêmicas (doenças cardiovasculares,
aterosclerose, prematuridade e baixo peso dos bebês, diabetes, infecções pelo HIV
e outras).
S
astrowijoto et al. (1989), mensuraram os valores de hemoglobina glicada de
22 participantes diabéticos tipo 1 (dependentes de insulina) e dividiram os mesmos
em 2 grupos: (HbA1c 9.9%) e com (HbA1c 7.7%). Foram examinados 44 sítios
subgengivais avaliados quanto à presença de Actinobacillus actinomycetemcomitans
46
e as espécies Capnocytophaga. Nenhuma diferença significativa foi demonstrada
entre os participantes nos 2 grupos no que diz respeito à condição periodontal. Nem
a idade, tempo de duração do diabetes mellitus influenciaram os parâmetros
periodontais. Em ambos os grupos, a profundidade de bolsa foi 4 mm, sendo
associada significativamente com o aumento do inchaço e sangramento após
sondagem e grande quantidade de placa. Uma elevada proporção de cultivo de A.
actinomycetemcomitans (4,3%; escala de 2,8-5,8%), Bacteroides gingivalis (33,2% e
34,6%) e Bacteroides intermedius (4,2%; escala 0.001-13,5%) foram isoladas e
avaliadas de bolsas periodontais comprometidas. Nos pacientes diabéticos com
pobre controle metabólico, Bacteroides intermedius foram isolados das bolsas
periodontais comprometidas e estavam presentes em (7,2%; escala 0,3-12,5%).
Independente do grau do controlo metabólico, baixa porcentagem da espécies
Capnocytophaga também foram isoladas e estavam presentes em (0,9%; escala
0.003-3,9%) e (1,4%; escala 0,04-4,9%). Concluiram que o controle metabólico
parece não ter nenhum efeito direto no periodonto. Além disso, o papel da espécie
de Capnocytophaga na patogênese da doença periodontal infecciosa nos pacientes
diabéticos tipo 1 parecem super-estimadas.
Gusberti et al. (1983), examinando a ocorrência de gengivite de 77 crianças
entre 6 e 15 anos, numa população jovem de diabéticos insulino-dependentes,
observavam o estágio da gengivite, fase da puberdade e o nível de glicose e de
hemoglobina glicada no sangue. A amostra da placa bacteriana foi removida de uma
ou mais superfícies proximais dos dentes de cada indivíduo e cultivada sob
condições anaeróbicas e aeróbicas em meios não-seletivos e seletivos. O total da
flora cultivada e a porcentagem de algumas bactérias periodontogênicas foram
determinadas. Antes da puberdade, as crianças com níveis "elevados" de
47
hemoglobina glicada tiveram também níveis elevados de gengivite quando
comparadas com crianças com controle metabólico "normal" do diabetes. Durante a
puberdade, o nível da gengivite aumentou independentemente dos níveis de glicose
em jejum no sangue e da porcentagem de hemoglobina glicada. A microbiota da
placa marginal foi composta predominantemente por bactérias facultativas
anaeróbicas. A porcentagem de Capnocytophaga sp e Actinomyces naeslundii foram
estatísticamente mais elevada no início da puberdade, sugerindo que uma bactéria
específica na composição da microbiota da placa marginal ocorreu em resposta às
mudanças desencadeadas pelas crianças diabéticas juvenis neste período da idade.
Estes autores sugeriram que crianças diabéticas com pobre controle glicêmico
tinham maior incidência de inflamação gengival grave que crianças diabéticas
controladas.
A relação entre diabetes mellitus e o estado da saúde bucal foi determinado
em índios Pima (Arizona). Esta tribo de americanos nativos tem a incidência e a
prevalência mais elevada do mundo relatada em indivíduos diabéticos tipo 2. A
profundidade de inserção, perda óssea alveolar, idade, sexo, índice de cálculo,
índice da placa, índice gengival, fluorose, e índice CPOD assim como o grau do
diabetes foram avaliados em 1.342 índígenas que eram parcialmente dentados. A
prevalência e a gravidade da doença periodontal destrutiva foram determinadas
medindo a profundidade de inserção e a perda óssea da crista alveolar foi avaliada
através de radiografias. Somente o grau do diabetes, a idade e a presença de
cálculo subgengival foram associados significativamente com aumento da
prevalência e o grau de gravidade da doença periodontal. O grau do diabetes foi
relacionado significativamente e fortemente com a prevalência e gravidade da
doença. Os indivíduos com diabetes tipo 2 apresentaram um risco aumentado de
48
periodontite destrutiva com uma relação das probabilidades de 2.81 (intervalo 1.91 a
4.13 da confiança de 95%), quando a perda de inserção foi usada para mensurar a
doença. A relação das probabilidades para indivíduos diabéticos foi de 3.43
(intervalo 2.28 a 5.16 da confiança de 95%) onde a perda do osso foi usada para
medir a destruição periodontal. Estes achados demonstraram aumento do risco do
diabetes em desenvolver doença periodontal destrutiva três vezes maior. Além
disso, o diabetes aumenta o risco de desenvolver a doença periodontal de uma
maneira que não pode ser explicada na base da idade, sexo e a higiene ou outras
medidas dentais (EMRICH; SHLOSSMAN; GENCO, 1991).
Löe (1993), comparando estudos realizados em indivíduos diabéticos tipo 2
da comunidade indígena (Arizona) e diabéticos dinamarqueses tipo 1, observou que
pacientes com 30 a 40 anos de idade portadores de diabetes tipo 1 foram os que
tiveram maior destruição periodontal. Reconhecendo a doença periodontal como a
sexta complicação mais comum do diabetes mellitus, sugerindo uma atenção mais
delicada frente a estes pacientes.
Com o aumento do número de diabéticos na população e pesquisas
controversas em relação ao diabetes e a periodontite, Oliver e Tervonen (1994)
fizeram uma revisão de literatura com o objetivo de esclarecer se o diabetes pode
ser considerado um fator de risco para a periodontite. Variações no tipo, controle
metabólico e duração do diabetes foram estudados. Os diabéticos que mantiveram
o controle metabólico razoavelmente bom não haviam perdido mais dentes ou
apresentado maior perda de inserção periodontal em relação aos não diabéticos,
embora tivessem maior número de bolsas periodontais. Os diabéticos com mal
controle metabólico portadores de cálculo extenso em seus dentes apresentaram
mais periodontite e perda dental do que os diabéticos controlados e os não
49
diabéticos. Os mecanismos pelos quais o DM poderia levar a uma maior
predisposição ao estabelecimento e progressão da doença periodontal foram
sugeridos: a) alterações vasculares decorrentes do espessamento da membrana
basal, prejudicando a difusão do oxigênio, nutrientes e leucócitos polimorfonucleares
para os tecidos; b) deficiência na função de leucócitos polimorfonucleares; c)
alterações no metabolismo do colágeno - aumento da degradação pela enzima
colagenase e predisposição genética. Para os autores, o fato de minimizar a
presença de placa e cálculo na cavidade bucal com instrução de higiene bucal, além
do cuidado profissional regular são fatores importantes para diminuir o risco de
periodontite em diabéticos. O risco pareceu ser semelhante entre diabéticos com
bom controle glicêmico e não diabéticos, e foi maior em pacientes com DM de longa
duração.
O grau de controle dos níveis glicêmicos, duração da doença e a idade do
paciente são fatores relacionados positivamente com prevalência e gravidade da
doença periodontal em pacientes diabéticos.
Karjalainen e Knuuttilla (1996) estudaram a saúde gengival (sangramento ao
sondar) e a higiene bucal (porcentagem de placa) em 2 grupos de crianças e
adolescentes com diabetes mellitus insulino-dependente. O primeiro grupo de
estudo incluiu 12 crianças e adolescentes diabéticos recentemente diagnosticados
(idade 6.3-14.0 anos, 5 meninos e 7 meninas), examinados no terceiro dia após a
entrada no hospital e em 2 semanas e 6 semanas após a iniciação do tratamento
com insulina. O sangramento gengival havia diminuído após 2 semanas de
tratamento (37.8% para 19.0%. p< 0.001) e permaneceu no mesmo nível quando
examinado um mês mais tarde, quando o nível da glicose estava excelente. Um
outro grupo de 80 crianças e adolescentes diabéticos insulino-dependentes (idade
50
11.7 - 18.4 anos, 44 meninos e 36 meninas) com uma duração média do diabetes 6
anos (3-15 anos) foram examinados 2 vezes em intervalos de 3 meses. Os
participantes com pobre controle glicêmico (hemoglobina glicada- HbA1, 13%)
tiveram maior sangramento gengival (46.3% no grupo 1 e 41.7% no grupo 2) do que
aqueles com valores próximos a 10% de HbA1 (sangramento gengival médio 35.2%
e 26.9%, respectivamente) ou aqueles com valores HbA1 entre 10 a 13%
(sangramento gengival médio 35.6% e 33.4%, respectivamente). As diferenças
foram significativas em ambos os grupos (p< 0.05) e permaneceram significativas
após o controle das variantes entre os grupos em relação a diferença nas idades,
início do diabetes, duração do diabetes e estágio da puberdade. Os resultados não
foram relacionados com as diferenças ou mudanças no estado da placa dental,
suportando o conceito que o desequilíbrio do metabolismo da glicose associado com
o diabetes, predispõe a inflamação gengival. Conseqüentemente, embora nem toda
a gengivite progrida para a periodontite destrutiva, a prevenção da inflamação
gengival deve ser enfatizada, particularmente nas crianças e nos adolescentes com
diabetes mal controlado.
A hipótese de que a periodontite nos indivíduos com diabetes mellitus não
insulino dependente aumente o risco do pobre controle glicêmico, levou Taylor et al.,
em 1996 a estudarem residentes da comunidade Indígena, dentados, na faixa etária
de 18 a 67 anos. Estes foram diagnosticados como portadores de diabetes mellitus
não dependente de insulina: quando o nível de glicose no plasma foi de 200 mg/dL
após um teste de tolerância a glicose e a hemoglobina glicada foi menor que 9%.
Foram excluídos da pesquisa os indivíduos que não conseguiram a permanência de
seus dentes durante o período do estudo (2anos). A periodontite grave foi
diagnosticada quando: a perda de inserção periodontal foi menor que 6 mm ou
51
maior apenas em um único ponto de registro do dente ou ainda quando a perda
óssea radiográfica representou 50% ou mais no dente. Os dados clínicos da perda
de inserção periodontal estavam presentes em 80 indivíduos, após um único exame
no intervalo de 2 anos e em 9 indivíduos, após dois exames no mesmo período. A
perda óssea radiográfica estava presente em 88 indivíduos após um único exame no
intervalo de 2 anos e em 17 indivíduos, após dois exames no mesmo período. O
pobre controle glicêmico foi caracterizado, quando o nível de HbA foi 9%. Os
resultados consideram a periodontite grave como um fator de risco para o pobre
controle glicêmico e sugere que os médicos que tratam pacientes com o diabetes
mellitus devem estar atentos aos sinais de periodontite grave para maior controle do
diabetes.
A eliminação da infecção e melhora da inflamação periodontal reduzem
significativamente o nível de hemoglobina glicada em um curto tempo, melhorando,
portanto, o controle metabólico dos diabetes. Grossi et al. (1997) estudaram os
efeitos do tratamento periodontal no nível do controle metabólico dos diabéticos. Um
total de 113 americanos nativos (81 feminino e 32 masculino) que sofriam da doença
periodontal e diabetes mellitus não dependente de insulina (NIDDM) foram
distribuídos em 5 grupos de tratamento. O tratamento periodontal foi constituído de
raspagem ultrassônica e curetagem associado com terapia antimicrobiana: 1) água
tópica e doxiciclina sistêmica 100 mg por 2 semanas; 2) clorexidina tópica 0.12%
(CHX) e doxiciclina sistêmica 100 mg por 2 semanas; 3) iodo-povidine tópico e
doxiciclina sistêmica 100 mg por 2 semanas; 4) clorexidine tópica 0.12% e placebo;
5) água tópica e placebo (grupo de controle). As avaliações foram executadas antes
e em 3 e 6 meses após o tratamento, e incluíram profundidade de sondagem, nível
de inserção clínica, e detecção de Porphyromonas gingivalis na placa subgengival e
52
a determinação do nível de glicose e hemoglobina glicada (HbA1c). Após o
tratamento todos os grupos de estudo mostraram melhoria clínica e microbial. Os
grupos tratados com doxiciclina mostraram redução na profundidade de sondagem e
Porphyromonas gingivalis comparados ao grupo de controle. Todos os 3 grupos que
receberam a doxiciclina sistêmica mostraram, em 3 meses, reduções significativas
(P 0.04) na HbA1c (quase 10% do valor do pré-tratamento). Concluindo que o
tratamento eficaz da infecção periodontal e redução da inflamação está associado
com a redução no nível de hemoglobina glicada. O controle da infecção periodontal
deve ser uma parte importante no manejo de pacientes com diabetes mellitus.
Estudo sobre o grau de comprometimento dos tecidos periodontais entre
pacientes diabéticos e não-diabéticos com DP demonstraram que os indivíduos
diabéticos apresentavam maiores valores de profundidade de sondagem, perda de
inserção, níveis de perda óssea e prevalência mais acentuada de periodontite
avançada
Taylor et al., em 1998, testaram a hipótese de que pessoas com diabetes
mellitus não dependente de insulina têm um risco maior na progressão da perda
óssea alveolar do que aqueles sem diabetes, no período do estudo de 2 anos. Os
dados da saúde bucal dos residentes da comunidade Indígena foram analisados em
362 indivíduos, na faixa etária de 15 a 57anos. Trezentos e trinta e oito participantes
tiveram menos que 25% de perda óssea radiográfica, do que aqueles que não
desenvolveram o diabetes e nem perderam nenhum dente durante o período do de 2
anos. O nível de perda óssea obedeceu à escala de 0-4 analisada em radiografias
panorâmicas e correspondeu, respectivamente, a uma perda óssea de 0%, de 1%-
24%, de 25%- 49%, de 50%- 74%, ou de 75% ou mais. Os diabéticos foram
associados positivamente com a perda óssea, quando as variáveis foram
53
controladas, sugerindo uma taxa aumentada de glicose associada com a progressão
de perda óssea alveolar.
O diabetes tem sido considerado como um fator de risco para a doença
periodontal grave. Assim como a doença periodontal pode contribuir para gravidade
do diabetes mellitus através do descontrole metabólico. Os autores propuseram que
a infecção mediada pela síntese e secreção de citocinas e a presença de toxinas
bacterianas podem amplificar a glicolisação não enzimática das proteínas
plasmáticas (AGE). A infecção e as proteínas plasmáticas glicosiladas ajudam a
explicar o aumento da destruição tecidual periodontal vista nos diabéticos, e como a
infecção periodontal pode complicar a gravidade do diabetes e o grau de controle
metabólico. Este duplo caminho proposto de destruição tecidual sugere que o
controle da infecção periodontal crônica é essencial para conseguir o controle a
longo prazo do diabetes mellitus. Evidência suporta a hipótese que a eliminação da
infecção periodontal usando antibióticos sistêmicos melhore o controle metabólico do
diabetes, definido pela redução de hemoglobina glicada ou redução da insulina
(GROSSI; GENCO, 1998).
Ainda não está bem claro se alterações no metabolismo de lipídios e glicose
são a causa ou a conseqüência das doenças periodontais.
A hiperlipidemia e a hiperglicemia são fatores de risco para a doença
cardiovascular. Algumas evidências indicam que a doença periodontal está
associada com o risco aumentado da doença cardiovascular. Para esta associação,
foram estudadas as variáveis químicas sanguíneas. Foram mensurados os níveis de
lipídios no plasma e o nível de glicose em jejum em 39 indivíduos com doença
periodontal moderada (50-60 anos) e os resultados foram comparados com aqueles
que encontravam-se com 40 anos, sendo realizado pareamento por sexo (grupo
54
controle). Ambos os grupos apresentavam-se saudáveis de acordo com sua história
médica. O total de colesterol, baixa densidade de lipoproteínas do colesterol e
triglicerídeos foram significativamente mais elevados em indivíduos com doença
periodontal em aproximadamente 8% (p<0.03), 13% (p<0.003) e 39% (p<0.001),
respectivamente, quando comparado ao grupo controle. Embora os indivíduos com
diabetes fossem excluídos do estudo, foram encontrados níveis significativamente
mais elevados de glicose no sangue no grupo de estudo do que no grupo controle
(85 +/- 25 versus 73 +/- 17 mg/dl; p<0.02). Os resultados indicam que a
hiperlipidemia e o pré-diabetes podem ser associados com a doença periodontal em
indivíduos saudáveis. Os dados obtidos não permitem afirmar que a doença
periodontal causa um aumento na hiperlipidemia em um estado de pré-diabetes ou
ainda que a doença periodontal e a doença cardiovascular compartilham da
hiperlipidemia e do estado pré-diabetes como fatores de risco comuns (LOSCHE et
al., 2000).
Outros estudos deram somente um suporte marginal para a relação entre o
controle glicêmico e a extensão e gravidade da doença periodontal, enquanto outros
não mostraram relação.
Tervonen et al. (2000), realizaram um estudo com o objetivo de avaliar o grau
de perda óssea marginal em um grupo de 35 indivíduos portadores de diabetes
mellitus tipo 1 (24-36 anos) e 10 indivíduos não diabéticos (grupo controle) com
idade pareada. O grupo dos diabéticos foi dividido em 3 subgrupos (D1, D2, D3) de
acordo com a gravidade do estado do diabetes. O nível do osso alveolar foi medido
através de radiografias panorâmicas (maxila e mandíbula) na região dos molares
tanto na face mesial como na distal. Concluíram que os diabéticos tipo 1 tem um
efeito modificador na perda óssea marginal. Uma tendência aumentada para a perda
55
óssea marginal nos diabéticos mal controle metabólico (D3). Os diabéticos com
controle metabólico bom e sem nenhuma complicação (D1) são mais suscetíveis à
perda óssea marginal do que o grupo contole dos não diabéticos da mesma idade.
Estes achados confirmaram a perda óssea aumentada da sustentação periodontal
nos indivíduos com diabete mal controle metabólico com idade avançada.
Stewart et al. (2001),
para avaliar o efeito da terapia periodontal no controle
glicêmico, estudaram 36 pacientes diabéticos tipo 2, que foram submetidos ao
tratamento periodontal durante um período de 18 meses. Um grupo controle também
com 36 indivíduos foi selecionado aleatoriamente da mesma população das pessoas
com diabete, que permaneceram sem tratamento. Durante um período de 9 meses
de observação, houve uma melhora de 6.7% no controle glicêmico no grupo controle
quando comparado a 17.1% no grupo do tratamento, uma diferença estatisticamente
significativa. Parâmetros que poderiam confundir ou modificar este controle
glicêmico foram controlados (tratamento de infecções, controle do peso e mudança
na medicação). Concluindo a importância da terapia periodontal no controle
glicêmico dos pacientes diabéticos tipo 2.
Em um estudo feito por Tsai, Hayes e Taylor (2002) para avaliar a associação
entre controle glicêmico de diabéticos tipo 2 e doença periodontal grave na
população adulta dos Estados Unidos, os participantes foram submetidos ao exame
de taxa glicêmica em jejum. Os que apresentaram o nível de glicose >126 mg/dl,
foram considerados diabéticos, os quais foram divididos em 2 grupos: pobre controle
glicêmico, quando a hemoglobina glicada >9% e bom controle glicêmico, quando a
hemoglobina glicada foi 9%. Foram examinadas 4.343 pessoas com idade entre 45
e 90 anos. Foi definido como doença periodontal grave a ocorrência em mais de 2
sítios, de perda de inserção >6 mm e no mínimo uma profundidade de bolsa >5 mm.
56
Os indivíduos com pobre controle glicêmico tiveram uma maior prevalência para a
doença periodontal grave do que aqueles sem diabetes (relação das probabilidades
= 2.90; CI de 95%: 1.40. 6.03), após controle das variáveis: idade, nível de instrução,
fumo e cálculo. Para os participantes com bom controle glicêmico, houve uma
tendência para uma maior prevalência de doença periodontal grave (relação das
probabilidades = 1.56; CI de 95%: 0.90. 2.68). Os resultados forneceram evidências
para suportar uma associação entre o mal controle glicêmico e a periodontite grave.
Recente trabalho epidemiológico sugere uma associação entre a gravidade
da doença periodontal e o risco da doença cardiovascular. O estudo objetivou
verificar se os níveis de marcadores inflamatórios sistêmico e cardiovascular
poderiam ser modificados depois do tratamento periodontal. Os indivíduos adultos
que aguardavam tratamento periodontal foram selecionados de maneira aleatória.
24 dos indivíduos receberam tratamento imediato (grupo estudo) e 15 receberam o
tratamento após o tempo previsto (grupo controle). Foram coletados dados clínicos e
os exames laboratoriais foram feito antes e 6 semanas após a conclusão do
tratamento ou após um período de 3 meses para o grupo controle. O exame
periodontal incluiu profundidade de sondagem, perda de inserção, contagem do
índice de placa e índice de sangramento. O exame laboratorial foi analisado para
determinar o nível de fibrinogênio, proteína C-reativa, fator de necrose tumoral,
interleucina 6 e interleucina 1-β. Os autores observaram que o índice de placa,
índice de sangramento, profundidade de sondagem apresentaram grandes melhoras
(p<0.002). Entretanto, não houve nenhuma diferença estatística significante nos
níveis de proteína C-reativa, fator de necrose tumoral, interleucina 6 e interleucina 1-
β. A melhoria na saúde periodontal não influenciou os níveis de marcadores
vasculares (IDE et al., 2003).
57
Saremi et al. (2005), em um estudo prospectivo com 628 pacientes diabéticos
tipo 2 com idade 35 anos, avaliaram o efeito da doença periodontal sobre a
mortalidade global e por doença cardiovascular em Índios Pima no Arizona. A
anormalidade periodontal foi classificada como ausente, leve, moderada e grave
com base nas radiografias panorâmicas e exames clínicos dentários. Para todas as
mortes, as causas de base e as que contribuíram para a morte foram avaliadas pela
revisão dos relatórios clínicos e relatórios de autópsia, achados ao exame médico e
atestados de óbito. As taxas de morte por doença cardíaca isquêmica e nefropatia
foram mais altas nos indivíduos com doença periodontal grave que naqueles com
doença periodontal ausente, leve ou moderada. As outras causas de morte foram
menos afetadas pela presença da doença periodontal grave. Além desses fatores,
os indivíduos com doença periodontal grave tinham índice de massa corpórea (IMC)
menor, o que pode refletir a doença de base, menores taxas de tabagismo, níveis
mais altos de glicemia em jejum e HbA1c, eram mais idosos e apresentavam
duração mais longa do diabetes. O que refletiu que a doença periodontal é um
preditor forte de mortalidade para doença cardíaca isquêmica e nefropatia diabética.
O fator determinante da doença periodontal é o biofilme dental (placa
bacteriana), cujos efeitos são agravados frente às alterações histopatológicas e
metabólicas características do diabetes. Graus variáveis de inflamação podem ser
encontrados relacionados a um controle insatisfatório de placa. Alterações no
ambiente subgengival, tais como aumento dos níveis da glicose e uréia no fluido
crevicular gengival, favorecem o crescimento de algumas espécies bacterianas. As
alterações vasculares apresentadas pelo doente descompensado têm estreita
relação com a instalação e progressão da doença periodontal (MADEIRO;
BANDEIRA; FIGUEIREDO, 2005).
58
Uma relação próxima entre diabetes e periodontite crônica tem sido
demonstrada. Foram encontrados previamente Porphyromonas gingivalis
(microorganismos patogênicos capaz de causar infecção) em pacientes diabéticos
do tipo 2 com periodontite. Takeda et al. (2006) estudaram se outros marcadores
biológicos vistos frequentemente em pacientes diabéticos do tipo 2 estavam
relacionados ao desenvolvimento da periodontite. Participaram da pesquisa 97
pacientes diabéticos do tipo 2 com e sem periodontite, os quais tiveram suas
condições periodontais e do diabetes avaliadas. A porcentagem (%) dos dentes com
perda de inserção > 5 mm de todos os dentes de cada participante foi usada como
índice da destruição periodontal. Foi feita a coleta de sangue dos mesmos e os
níveis de hemoglobina glicada (HbA1c), proteínas glicosadas (AGEs), proteína c-
reativa (CRP), citocinas (fator de necrose tumoral [ TNF ]-α e interleucinas [IL]-1β)
foram verificados. As amostras da placa subgengival foram também examinadas
para avaliar a ocorrência de Actinobacillus actinomycetemcomitans, Tannerella
forsythensis, Treponema denticola e Prevotella intermedia. As proteínas glicosadas
(AGEs) foram associadas significativamente com a destruição periodontal, visto que
nenhum outro marcador bioquímico ou ocorrência bacteriana mostrou um
relacionamento claro com esta condição. Estas proteínas podem estar associadas
com a periodontite nos diabéticos e podem ser úteis como marcadores biológicos
que refletem tal destruição.
O tratamento da doença periodontal em pacientes diabéticos foi relatado
como tendo um efeito benéfico no controle da glicose. Bolsas profundas estão
significativamente associadas com o desenvolvimento de intolerância a glicose em
indivíduos não diabéticos. Estes achados sugerem que a doença periodontal é um
fator de risco para o diabetes, embora outras evidências sejam necessárias.
59
Saito et al. (2006) avaliaram um total de 193 homens japoneses (50 a 54
anos) portadores de no mínimo 10 dentes. A perda do osso alveolar dos dentes
posteriores foi medida através de uma radiografia panorâmica. O teste bucal de
tolerância a glicose foi administrado definindo os participantes como portadores de
tolerância reduzida à glicose. A relação entre a perda do osso alveolar e aos
resultados do teste bucal de tolerância a glicose foram analisados. A proporção dos
indivíduos com tolerância reduzida a glicose aumentou significativamente naqueles
com elevada perda de osso alveolar (p <0.05). Concluiram que o grau de perda do
osso alveolar foi associado significativamente com a tolerância reduzida a glicose,
sugerindo que a periodontite está sim associada com o controle glicêmico.
60
3 PROPOSIÇÕES
3.1 Geral
- Correlacionar o diabetes mellitus com a doença periodontal.
3.2 Específica
-Avaliar através do PSR (Registro Periodontal Simplificado) a prevalência,
gravidade e necessidades básicas de tratamento da doença periodontal em
diabéticos tipo 2 e não diabéticos.
- Associar os parâmetros clínicos da doença periodontal com os dados
laboratoriais entre os participantes do estudo.
61
4 MATERIAL E MÉTODOS
Esta pesquisa inclui avaliação de sítios periodontais de 88 participantes
divididos em 2 grupos: grupo dos diabéticos tipo 2 (41) integrantes do GRUPO DE
PACIENTES DIABÉTICOS DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO JOÃO DE BARROS
BARRETO, escolhidos ao acaso com idade variando entre 31 e 73 anos, de ambos
os sexos e o grupo controle de participantes não portadores do diabetes mellitus
(47), também escolhidos ao acaso com idade próxima ao grupo dos diabéticos de
ambos os sexos. O critério adotado para que um participante diabético fosse
considerado tipo 2 era quando o diagnóstico da doença tenha ocorrido após os 30
anos de idade e, não apresentou necessidade de insulina exógena no primeiro ano
após o diagnóstico (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2003).
Foram excluídos do nosso estudo os indivíduos fumantes, portadores de
edentulismo total, os que relataram história de tratamento periodontal e uso de
medicação antibiótica há menos de três meses.
Todos os participantes foram informados por escrito e verbalmente sobre a
metodologia, justificativa e objetivo deste estudo, e preencheram o termo de
consentimento livre e esclarecido aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)
do Centro de Ciências da Saúde (CCS) da Universidade Federal do Pará (UFPA),
segundo o protocolo n°026/2005 CEP/UFPA-CCS.
62
4.1 Análise clínica
Todos os participantes responderam um questionário que continha
informações sobre idade, sexo, antecedentes familiares, portador ou não do
diabetes mellitus, tempo de duração do diabetes (caso positivo) ocorrência de
complicações, observação da medicação em uso e posologia que estava sendo
seguida, presença de alterações metabólicas pré-existentes como cardiopatias,
retinopatias, neuropatias, angiopatias, nefropatias, enfim análise da história médica
pregressa. Os participantes foram questionados quanto ao acompanhamento
médico e odontológico. Os prontuários médicos serviram de base para obtenção de
dados em relação à ocorrência de DM na família (referente ao grupo dos diabéticos),
à idade de estabelecimento da doença, à dependência ou não de insulina e à
ocorrência de complicações relacionadas ao DM, como a hipoglicemia e a
cetoacidose diabética. Todos os participantes passaram por uma consulta médica
prévia, onde foram solicitados exames laboratoriais do tipo: hemoglobina glicada,
nível de PCR ultra sensível. Em seguida, foram encaminhados para uma análise
clínica, onde se avaliou a condição e necessidade de tratamento periodontal,
empregando-se o método do PSR (Registro Periodontal Simplificado).
O exame intra-bucal foi realizado em cadeira odontológica sob luz artificial
com auxílio de espelhos bucais planos, pinças clínicas, sondas periodontais da
marca Trinity (de fabricação nacional) semelhantes às sondas número 621 da
Organização Mundial de Saúde (OMS), sempre executado pelo mesmo operador
calibrado, com vestimentas adequadas (gorro, máscara, e luvas descartáveis)
utilizando autoclave para esterilização do instrumental.
63
Para análise dos parâmetros periodontais foi utilizado método PSR (Registro
Periodontal Simplificado) desenvolvido em 1992 pela Associação Americana de
Odontologia (American Dental Association) juntamente com a Academia Americana
de Periodontia (American Academy of Periodontology) que tem por objetivo a
identificação precoce da doença periodontal. O método PSR preconiza a divisão da
boca em sextantes, um total de seis sextantes e o registro foi feito de acordo com o
quadro 4.1 abaixo:
Quadro 4.1 – Descrição dos escores pelo método do PSR
VALORES
DESCRIÇÃO
Código 0
Faixa colorida da sonda totalmente visível, sem sangramento a
sondagem, ausência de cálculo e excessos de margens restauradoras.
Tal registro, quando estiver em maior número para o paciente implica
apenas em necessidade de se manter medidas preventivas adequadas;
Código 1
A tarja colorida da sonda permanece completamente visível no sulco
mais profundo do sextante, não são encontrados cálculos nem margens
defeituosas do periodonto, mas detecta-se algum sangramento após a
sondagem delicada. As necessidades de tratamento constituem-se de
eliminação da placa supragengival pelo profissional e instrução de
higiene bucal;
Código 2
A tarja colorida da sonda ainda está completamente visível, mas há
sangramento após a sondagem, presença de cálculos supragengivais
ou subgengivais e/ou margens defeituosas. Implica necessidade de
64
raspagem e polimento das superfícies dentais, remoção dos excessos
de restaurações, e medidas preventivas adequadas como instrução de
higiene bucal;
Código 3
A tarja colorida da sonda se encontra parcialmente submersa, ou seja,
presença de bolsa de 3,5 a 5,5mm, indicando a necessidade de exame
periodontal complementar apenas do sextante com periodontograma,
radiografias, medidas de bolsa e nível de inserção, mapeamento do
sextante afetado para determinar o plano de tratamento necessário;
Código 4
A tarja colorida da sonda desaparece completamente na bolsa,
indicando uma profundidade de mais de 5,5mm. Por ser considerada
periodontite avançada, há a necessidade de se realizar um minucioso
exame periodontal convencional de toda boca, fazendo medições de
bolsas, periodontograma, radiografias entre outros. Implica necessidade
de tratamento periodontal especializado e complexo;
Código *
Quando for vista qualquer das anomalias a seguir, coloca-se um
asterisco após o número do código: envolvimento de furca, mobilidade
dos dentes, problema mucogengival ou recessão gengival estendendo-
se até a tarja colorida da sonda (3,5mm ou mais);
Código X
Quando o sextante apresentar menos de dois dentes, sendo
considerado ausente.
A sonda periodontal utilizada foi a do tipo 621 OMS da marca Trinity,
recomendada pela ADA e AAP para o exame. Apresenta uma esfera de 0,5mm de
diâmetro na sua ponta ativa, de particular importância para detecção de cálculo,
65
evitando também o aprofundamento excessivo na bolsa periodontal. É considerada
atraumática, e de maior confiabilidade na detecção de sangramento gengival. Uma
faixa colorida entre as medidas de 3.5 a 5.5mm representa um sistema de medidas,
que permite a identificação de bolsas de 3.5 a 5.5mm e bolsas acima de 5.5mm.
A sonda foi utilizada percorrendo sua ponta ativa pelo sulco de todos os
dentes presentes de cada indivíduo, tomando-se o cuidado de exercer mínima
pressão da ponta na base do sulco, e colocou-se a ponta ativa o mais paralelamente
possível ao longo eixo dentário (Figura 4.1).
Figura 4.1 – Profundidade de Sondagem
Dividiu-se a boca em seis sextantes (Figura 4.2), ou seja, em regiões
compreendendo os dentes 17-14, 13-23, 24-27, 37-34, 33-43 e 44-47, não sendo
levando em consideração os terceiros molares.
Para estratificação da condição periodontal, foram atribuídas as seguintes
denominações de acordo com Covington, Breault e Hokett, em 2003.
Livre de doença: quando o participante apresentasse o escore 0 em todos os
seis sextantes.
Gengivite: quando o participante apresentasse o escore 1 e 2 e não mais que
uma vez o escore 3.
66
Periodontite: quando o participante apresentasse o escore 3 em dois ou mais
sextantes e no mínimo uma vez o escore 4.
6
5
4
3
2۫
1
Figura 4.2 – Boca dividida em sextantes.
Os dados coletados foram registrados em ficha apropriada, segundo
recomendação da ADA e AAP, que permite registro segundo a divisão da boca em
sextantes.
O trabalho teve por objetivo a identificação da situação periodontal destes
participantes, os quais receberam orientação de higiene durante a consulta.
67
4.2 Análise laboratorial
Após a consulta médica os participantes diabéticos foram encaminhados a um
laboratório particular de análises clínicas, Dr. Paulo Azevedo, onde foi feita a coleta
de sangue venoso com seringa e agulha descartável, este procedimento referente à
coleta de sangue também foi aplicada aos participantes não diabéticos. A
determinação da hemoglobina glicada foi avaliada em equipamento automatizado
pelo método de cromotografia líquida de alta performance por troca iônica (HPLC),
utilizando um reagente da marca Bio-rad.
A avaliação quantitativa do PCR ultra-sensível foi realizada em equipamento
automatizado pelo método de nefelometria, utilizando um reagente da marca Dade-
behring.
Foram considerados como valores de normalidade para estes exames
laboratoriais: hemoglobina glicada (HbA1c) entre 3.9% a 6.2%; nível de PCR ultra-
sensível valor de referência até 0.11mg/dl.
4.3 Análise estatística
Foi utilizado neste estudo, o programa Microsoft Office Excel 2003 para
digitação e análise estatística dos dados obtidos. Para análise das variáveis
quantitativas foi aplicado o Teste “t” de Student e para análise das variáveis de
68
contagem foi aplicado o Teste do Qui-Quadrado (χ
2
). Todos os testes foram
aplicados ao nível de 5% de probabilidade.
69
5 RESULTADOS
Dentre os 88 participantes estudados, 41 eram diabéticos tipo 2 (grupo
diabéticos) e 47 eram não diabéticos (grupo controle). Dos 41 diabéticos, 27
(65,85%) eram do sexo feminino e 14 (34,15%) do sexo masculino. A idade variou
de 31 a 70 anos. Dos 47 não diabéticos, 34 (72,34%) eram do sexo feminino e 13
(27,66%) do masculino. A idade variou de 30 a 79 anos (Tabela 5.1).
Tabela 5.1- Distribuição por sexo, entre os participantes do grupo diabéticos e
grupo controle.
A distribuição dos 47 participantes não diabéticos de acordo com a faixa
etária em porcentagem: 30-39 (19,15%), 40-49 (14,89%), 50-59 (27,66%), 60-69
(25,53%), 70-79 (12,77%). Houve um maior predomínio também na faixa etária de
50-59 anos de idade (Tabela 5.2).
70
Tabela 5.2- Distribuição por faixa etária entre os participantes do grupo
controle
.
A distribuição dos 41 participantes diabéticos tipo 2 de acordo com a faixa
etária, em porcentagem: 30-39 (7,32%), 40-49 (14,63%), 50-59 (43,9%), 60-69
(26,83%), 70-79 (7,32). Houve um maior predomínio na faixa etária de 50-59 anos
de idade (Tabela 5.3).
Tabela 5.3- Distribuição por faixa etária entre os participantes do grupo
diabéticos.
A distribuição dos participantes diabéticos segundo o seu controle metabólico
mostra que 80,5% dos participantes apresentavam-se mal controlados, segundo
critério do laboratório onde foi realizado cada exame de hemoglobina glicada e
19,5% apresentavam-se bem controlados.
71
Com relação a distribuição da doença periodontal de acordo com a faixa
etária no grupo controle, pôde-se observar que na faixa de 60-69 anos houve maior
porcentagem de periodontite (Tabela 5.4).
Tabela 5.4- Distribuição etária da doença periodontal no grupo controle.
A distribuição da doença periodontal de acordo com a faixa etária no grupo
diabéticos, apresentou-se mais grave na faixa de 70-79 anos, com maior
porcentagem de periodontite (Tabela 5.5).
Tabela 5.5- Distribuição etária da doença periodontal no grupo diabéticos.
72
Analisando o maior escore do exame do PSR de cada participante do grupo
controle, observou-se que 10,6% participantes apresentaram PSR zero; 10,6%
apresentaram PSR 1; 12,8% apresentaram PSR 2; 59,6% apresentaram PSR 3 e
6,4% apresentaram PSR 4.
Analisando o maior escore do exame PSR de cada participante diabético,
nenhum participante apresentou PSR zero ou 1, ou seja, sextante hígido ou apenas
com sangramento; 12,2% apresentaram pelo menos 1 sextante com PSR 2; 51,2%
apresentaram pelo menos 1 sextante com PSR 3 e 15 36,6% apresentaram pelo
menos 1 sextante com PSR 4.
Foi aplicado o teste Qui-quadrado para distribuição dos participantes de
acordo com a sua condição periodontal presente nos grupos controle e diabéticos.
Os resultados mostraram que a porcentagem de participantes de acordo com a sua
condição periodontal se distribui estatisticamente semelhante nos dois grupos (χ
2
=
5,29; p= 0,0709), apesar de que nenhum participante diabético estar livre de doença
periodontal (Tabela 5.6).
Tabela 5.6- Distribuição dos participantes de acordo com a sua condição
periodontal.
Para comparar as médias de hemoglobina glicada dos participantes nas duas
condições de doença periodontal apresentada no grupo dos diabéticos (gengivite e
73
periodontite), foi aplicado o teste “t” de Student. Não foi observada diferença
significativa entre as duas condições de doença (p=0,0872) (Gráfico 5.1).
Hemoglobina Glicosilada %
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
GP
Gengivite
Periodontite
Condições
do Periodonto
Gráfico 5.1- Média de hemoglobina glicada nas duas condições de doença
periodontal no grupo diabéticos.
Não houve diferença significativa entre as médias de tempo de duração do
diabetes nos participantes segundo as duas condições de doença periodontal,
tornando claro que a gravidade da doença periodontal não sofreu influencia do
tempo de duração do diabetes (gengivite=7,1 anos; periodontite=10,8 anos; teste “t”,
p= 0,095).
Foi utilizado o teste “t” de Student no grupo controle para comparar as médias
de PCR e HbA1c dos participantes com a sua condição periodontal (livre ou doente)
(p=0,562; p=0,891 respectivamente), mostrando que não houve diferença
significativa entre elas.
74
Tabela 5.7- Média de HbA1c e PCR entre os participantes do grupo controle.
No grupo dos diabéticos o mesmo teste foi aplicado para as mesmas
variáveis com a gravidade da doença periodontal (gengivite e periodontite) (p=0,940;
p= 0,444 respectivamente), mostrando também que não houve diferença significativa
entre essas condições.
Tabela 5.8- Média de HbA1c e PCR entre os participantes do grupo
diabéticos.
Os participantes do grupo controle livre de doença periodontal apresentaram-
se com 2,8 dentes perdidos, média estatisticamente inferior à obtida pelos
participantes com doença periodontal (média de 7,87 dentes perdidos, teste “t”,
p=0,006). Por sua vez estes com doença também apresentaram médias
estatisticamente diferentes, quando separados em grupos com gengivite (média de 6
dentes perdidos) e periodontite (média de 9, 75 dentes perdidos, teste “t”, p=0,002).
75
No grupo dos diabéticos os participantes com gengivite apresentaram média
de 18,64 dentes perdidos, enquanto os com periodontite média de 15,71 dentes
perdidos, médias estatisticamente iguais pelo teste “t”, p=0,849.
76
6 DISCUSSÃO
DM é uma doença que vem crescendo enormemente em todo mundo,
inclusive no Brasil, sendo que boa parte delas ignora sua condição e, portanto, não
recebe qualquer tipo de cuidado ou tratamento. O número cresce a cada ano. A
Sociedade Brasileira de Diabetes informa que a prevalência do diabetes mellitus
entre a população de 30 a 69 anos de nove capitais brasileiras (Brasília, Recife,
Fortaleza, Belém, Rio de Janeiro, Salvador, João Pessoa, Porto Alegre e São Paulo)
é de 7,6%. É considerada a doença endócrina metabólica mais comum, estimativas
epidemiológicas indicam um aumento ainda maior destes índices para próxima
década. Isso se deve, principalmente, a existência de poucos programas de
educação e de capacitação profissional em diabetes e de recursos escassos para a
prevenção e controle da moléstia (OLIVEIRA, 2003).
Pelo menos 171 milhões de pessoas tem diabetes no mundo. Este quadro
deve dobrar em 2030. Nos países em desenvolvimento, o número de pessoas com
diabetes deverá aumentar em torno de 150% nos próximos 25 anos. O aumento
global de diabetes ocorrerá devido ao envelhecimento da população e ao
crescimento populacional. No que se refere, a idade pode-se verificar uma maior
prevalência de DM (78,05%) na faixa etária de 35 a 64 anos. Além da idade, o
progresso também acarreta em mudanças de costumes que implica num aumento
de problemas como obesidade, dietas pouco saudáveis e estilos de vida
sedentários. Nos países desenvolvidos, a maioria das pessoas com diabetes estão
com idade superior a 64 anos (aposentados), entretanto, nos países em
77
desenvolvimento os que são mais freqüentemente afetados encontram-se na mesma
faixa etária desta pesquisa (Organização Pan-Americana da Saúde, 2005).
Apesar da crescente informação e divulgação a respeito dos males
decorrentes do DM, percebe-se que a metade dos pacientes desconhecem o
diagnóstico e ¼ dos reconhecidamente portadores de DM não faz qualquer tipo de
tratamento (MALERBI; FRANCO, 1992). Porém, esta incidência ainda é maior nos
países desenvolvidos, devido à modificação nos hábitos alimentares e com o
sedentarismo dos tempos modernos (MONDINI; MONTEIRO, 1994). Contudo,
ressalta-se que todos os participantes diabéticos que fizeram parte de nosso
experimento eram conscientes de sua enfermidade e encontravam-se sob
tratamento médico rigoroso.
Mesmo adotando esta filosofia como rotina, ainda houve participantes
classificados como sendo mal controlados. Estes recebiam esta denominação
quando os resultados de glicemia foram acima dos parâmetros referenciados pelo
laboratório, quantificados em 80,5% de participantes mal controlados e 19,5% bem
controlados. Muitas vezes, os indivíduos mal controlados são aqueles que não
seguem corretamente o seu tratamento, que não se preocupam com a saúde de
forma geral, reflexo muitas vezes da não aceitação de sua própria doença.
O bom controle metabólico é necessário para minimizar, ou pelo menos
postergar o aparecimento das complicações sistêmicas e infecções. O exame
considerado padrão ouro no controle do diabetes mellitus é a hemoglobina glicada
(HbA1c), também denominada de hemoglobina glicada ou glico-hemoglobina. A
glicose se une à hemoglobina no sangue e forma a hemoglobina glicada. Esta
ligação dura aproximadamente 8 semanas. Assim, a determinação desta é útil, pois
reflete diretamente a concentração média de glicose, na qual os glóbulos vermelhos
78
foram expostos durante a sua permanência no sangue. Este exame expressa o grau
de controle de um período de tempo e não somente um determinado momento como
a glicemia. Devendo ser repetido a cada 4 meses em pacientes compensados e a
cada 3 meses nos pacientes mal controlados.
No entanto, a medição da glicemia dos pacientes pode ser realizada no
consultório odontológico previamente ao tratamento odontológico, porém a análise
da hemoglobina glicada necessariamente é feita em laboratórios clínicos. Muitas
vezes os pacientes não possuem condição econômica para realizá-los, tornando-se
de fundamental importância o exame de glicemia realizado pelo cirurgião-dentista.
Sendo assim o plano de tratamento deste paciente vai depender do seu controle
glicêmico e das limitações sistêmicas que ele pode apresentar devido às
complicações, tais como: cardiopatias, nefropatias, neuropatia, macroangiopatia e
microangiopatia. Estas complicações estão relacionadas tanto ao mal controle
metabólico da doença quanto ao tempo de duração.
As alterações microvasculares e neuropáticas embora sejam muito
importantes no diabetes mellitus tipo II, as complicações crônicas mais devastadoras
são atribuídas à doença macrovascular. A grande incidência da doença
macrovascular deve-se, além da hiperglicemia, às doenças metabólicas que
antecedem o diabetes mellitus e que compõem a síndrome X - doença
multimetabólica com graus variáveis de: intolerância à glicose, obesidade de
distribuição central, hipertensão, dislipidemia (aumento de VLDL-triglicérides e
diminuição de HDL-colesterol), resistência à insulina, hiperinsulinemia, alteração de
fatores de coagulação circulantes (fibrinogênio, PAI-1 e hiperuricemia). A todos estes
agravantes soma-se a inatividade física (SILVA, 1998).
79
Sousa et al. (2003), após uma vasta revisão da literatura, citaram que o DM
tem sido associado a várias condições bucais: hipoplasia e hipocalcificação do
esmalte; alterações no fluxo salivar e constituintes da saliva, levando a diminuição
do fluxo (xerostomia), aumento da acidez e da viscosidade (fatores de risco para
cárie); aumento da incidência de infecções bucais; queimação na boca; glossodínia;
ardor na língua; eritema; distúrbios de gustação; alterações na cicatrização de
feridas e aumento na prevalência e gravidade da doença periodontal. O maior
conteúdo de glicose e cálcio na saliva favorece o aumento na quantidade de
cálculos e fatores irritantes nos tecidos.
Curiosamente, muitos diabéticos sequer têm conhecimento de que há uma
relação de causa e efeito entre o diabetes e a doença periodontal, e vice-versa. A
doença periodontal é a manifestação odontológica mais comum, estando presente
em 75% destes pacientes diabéticos. Além disso, emergências como a hipoglicemia
e a cetoacidose metabólica podem ocorrer durante o atendimento, e o cirurgião-
dentista deve estar atento para suspeitar previamente de um diabetes mellitus não
diagnosticado (SOUSA et al., 2003).
O diabetes mellitus é uma doença metabólica crônica que tem como principal
fator de risco a hereditariedade. Caracteriza-se por hiperglicemia (TAYLOR et al.,
1998) em resposta a uma insuficiência total ou relativa de insulina, devido a uma
baixa produção pelo pâncreas, ou por carência de resposta dos tecidos periféricos a
própria insulina (GUNHAN et al., 1996). Ocasionando alterações no metabolismo de
lipídios, proteínas e principalmente da glicose (CONSENSO BRASILEIRO SOBRE
DIABETES, 2000).
A gênese da hiperglicemia envolve uma tríade de anormalidades que inclui
aumento da produção hepática de glicose e alteração na secreção e ação da
80
insulina. A gravidade e o nível de contribuição desta anomalia são variáveis e estão
relacionados à heterogeneidade da expressão metabólica do diabetes. Enquanto no
paciente magro, a deficiência da secreção insulínica é o fator predominante, no
obeso, predomina a resistência à ação do hormônio e a hiperinsulinemia, que é, no
entanto, insuficiente para sobrepujar esta resistência, controlar o aumento da
glicemia e dos ácidos graxos livres. A perda da primeira fase da secreção de insulina
(resposta aguda) é precoce, está sempre presente, e tem forte impacto na
homeostase da glicose pós-prandial (SILVA, 1998).
Quando ocorre uma deficiência de insulina, o organismo não consegue
absorver a glicose do sangue, acarretando hiperglicemia e outras complicações
metabólicas secundárias. Neste caso, o tratamento consiste na aplicação de insulina
exógena, pois as células produtoras de insulina são destruídas por um infiltrado
linfoplasmocitário (DUARTE, 2000).
Em razão destas complicações secundárias que foi estudado um grupo de
pacientes portadores de diabetes mellitus; relacionando o papel da doença
periodontal e verificando o grau de resposta inflamatória por meio de marcadores da
inflamação.
Dessa forma, a amostra foi composta de 88 participantes, divididos em 2
grupos: 41 diabéticos tipo 2 e 47 não diabéticos. Os participantes diabéticos
atendidos nesta pesquisa faziam parte do grupo de pacientes diabéticos do hospital
universitário João de Barros Barreto, e os não diabéticos foram escolhidos
aleatoriamente.
Dentre os participantes diabéticos estudados, observou-se um predomínio de
diabéticos na faixa de 5-10 anos de duração do diabetes, tanto entre homens
(21,95%) quanto entre as mulheres (41,46%).
81
Vale ressaltar que, com o passar do tempo de duração de diabetes, uma
importante conseqüência da hiperglicemia crônica é a formação e acúmulo de AGEs.
Estas têm maior efeito em nível celular. Um receptor para AGEs conhecido como
RAGE (receptor para AGE) foi identificado na superfície das células endoteliais,
neurônios, células musculares lisas e monócitos/ macrófagos. A interação entre
AGEs e seu receptor RAGE na membrana dos monócitos/ macrófagos resulta na
produção aumentada de citocinas pró-inflamatórias, tais como interleucinas-1 (IL1) e
fator de necrose tumoral, e fatores de crescimento, tais como fator de crescimento
derivado das plaquetas e fator de crescimento semelhante à insulina. Essas
citocinas e fatores de crescimento contribuem para um processo inflamatório crônico
(formação do ateroma). Além disso, a interação AGE-RAGE resulta em uma série de
alterações celulares que levam ao desenvolvimento de disfunções cardiovasculares
e prejuízos na resposta imunológica destes pacientes (SCHMITD et al., 1996).
O desenvolvimento desta doença aumenta quando há uma predisposição
genética, embora os fatores ambientais facilitem o seu aparecimento. Este distúrbio
metabólico diminui a resistência dos tecidos à infecção e provoca deficiência no
processo de cicatrização.
Apesar de saber-se que o diabetes altera o processo cicatricial e
conseqüentemente, modifica a resposta inflamatória frente a agressões microbianas,
assim em nosso trabalho observou-se que 80,5% dos participantes, os quais
apresentaram-se mal controlados, não demonstraram associação com a gravidade
da doença periodontal. Estas mesmas observações também foram vistas por
S
astrowijoto et al. (1989), onde os valores de hemoglobina glicada de 22
participantes diabéticos tipo 1 (dependentes de insulina) foram divididos em 2
grupos: (HbA1c 9.9%) e com (HbA1c 7.7%), verificando-se que não houve
82
nenhuma diferença significativa entre os participantes nos 2 grupos no que diz
respeito à condição periodontal. Nem a idade, nem o tempo de duração do diabetes
mellitus influenciaram os parâmetros periodontais.
Em contra partida, achados diferentes foram os apresentados pelos autores
Emrich, Shlossman e Genco, em 1991, quando estudaram os índios Pima (Arizona),
onde ocorreu a mais alta prevalência de diabetes tipo 2 do mundo, mostraram que a
periodontite é muito mais prevalente e grave nos indivíduos diabéticos e que as
lesões profundas contribuem para o aumento da concentração de hemoglobina
glicada no soro, desfavorecendo o controle do diabetes. Tsai, Hayes e Taylor (2002)
também mostraram que o pobre controle glicêmico em pacientes diabéticos tipo 2
resulta em uma doença periodontal mais grave, mesmo tendo um controle sobre as
variáveis modificadoras da progressão da doença (idade, nível de educação,
fumo...).
Observa-se, porém, uma maior ocorrência de certas infecções em pacientes
com DM, com curso menos favorável para algumas delas. Há também tipos de
infecção quase exclusivas do paciente com DM. Experimentalmente, observa-se
depressão da atividade dos neutrófilos, menor eficiência da imunidade celular,
alterações dos sistemas antioxidantes e menor produção de interleucinas (ROCHA
et al., 2002).
Assim sendo, foi aplicado em nossos participantes para avaliação de sua
condição periodontal o índice PSR (Registro Periodontal Simplificado), o qual foi
desenvolvido em 1992, pela Associação Dental Americana juntamente com a
Academia Americana de Periodontia para atender às
necessidades dos Cirurgiões
Dentistas, Clínicos
Gerais que vinham sendo acionados na justiça por pacientes que
alegavam terem visitado
periodicamente seus dentistas e, apesar disto, se
83
encontravam com problemas periodontais sérios; a fim de facilitar a identificação
precoce da doença. O PSR é um método de avaliação periodontal eficiente que se
destaca pela sua facilidade e simplicidade de execução, por sua sensibilidade e por
ser objetivo, sendo indicado para uso rotineiro em todas as áreas da Odontologia, e
facilita a detecção precoce da doença periodontal, localizando e documentando
através de uma sondagem simplificada, as necessidades de tratamento periodontal
especializado dos pacientes, preenchendo os requisitos odonto-legais. As
informações obtidas após o exame são de fácil compreensão para o paciente,
facilitando a conscientização em relação às condições de saúde e a comunicação
entre o Clínico Geral e o Periodontista, podendo reduzir o número de dentes
condenados periodontalmente pelo diagnóstico precoce (SANTOS JÚNIOR et al.,
2002).
Descrevendo de forma geral os participantes estudados, podemos relatar com
relação ao índice PSR, que no grupo não diabético somente 10,64% apresentaram-
se livre de doença, 38,3% apresentaram-se com gengivite e 51,06% apresentaram-
se com periodontite. Já no grupo dos diabéticos, não houve participantes livre de
doença periodontal, 34,15% apresentaram-se com gengivite e 65,85%
apresentaram-se com periodontite, demonstrando que as complicações periodontais
e o diabetes mellitus estão diretamente relacionados.
No que diz respeito à distribuição da doença periodontal relacionada ao sexo,
verificou-se que dos 88 participantes da pesquisa, 37,7% eram do sexo feminino, os
quais apresentaram gengivite, diferente dos 33,33% do sexo masculino. Em relação
à periodontite, em que já ocorreu perda do aparato de inserção, observou-se que
57,38% estavam presentes no sexo feminino, enquanto que 59,26% no sexo
masculino. Apesar da literatura mostrar que gengivite assim como a periodontite são
84
mais freqüentes em homens do que em mulheres, provavelmente em razão de uma
pior higiene bucal
e menor freqüência de visitas ao dentista (MAIA; SILVA;
CARVALHO, 2005).
Outro ponto de análise utilizado foi a quantificação da proteína C-reativa para
demonstrar o grau de inflamação frente aos patógenos periodontais nos pacientes
portadores ou não de DM. Sabe-se que atualmente, este teste laboratorial
apresenta-se como um importante marcador da resposta inflamatória frente a
agressões bacterianas, daí a decisão nossa de quantificar para avaliar a resposta
frente à doença periodontal. Dentre os participantes da nossa pesquisa tanto no
grupo controle quanto no grupo diabéticos não mostraram associação positiva entre
o nível de proteína C-reativa e a gravidade da doença periodontal. Estes resultados
foram presentes no estudo feito por Ide et al. (2003), onde não houve nenhuma
diferença estatística significante nos níveis de proteína C-reativa, após tratamento
periodontal, ainda que estabelecida a melhoria na saúde. A doença periodontal pode
induzir a uma grande resposta inflamatória no periodonto, entretanto isto não tem
sido totalmente elucidado, assim como, quanto da resposta inflamatória no
periodonto pode influenciar o nível dos marcadores inflamatórios sistêmicos
(OKADA; MURAKAMI, 1998).
Relacionando a faixa etária dos participantes diabéticos com o número de
dentes perdidos, observamos que os participantes na faixa etária de 70-79 anos
apresentaram valores significativamente maiores. No grupo controle a faixa etária
com maior número de dentes perdidos permaneceu a mesma (70-79 anos).
Na nossa pesquisa foram selecionados participantes diabéticos tipo 2, pela
sua maior representação dentre a população diabética, 78,05% dos participantes
diabéticos do estudo encontram-se acima de 50 anos, com maior predomínio na
85
faixa etária de 50-59 anos de idade. O início do diabetes tipo 2 é gradual, de fato,
como a maioria dos pacientes estão acima do peso, a obesidade freqüentemente
induz à resistência à insulina acometendo principalmente adultos a partir dos 50
anos (BOGARDUS, 1985).
Bactérias patogênicas são essenciais para o início da periodontite, mas os
pacientes respondem diferentemente à agressão bacteriana. Apenas 20% da
variabilidade na expressão das doenças periodontais pode ser explicada pelo
componente bacteriano da doença (HART; KORNMAN, 1997).
As primeiras reações do periodonto, frente à presença da placa bacteriana,
são inflamatórias e imunológicas com o intuito de proteger dada a invasão
microbiana nos tecidos gengivais. Dependendo da lesão tecidual causada pelas
reações de defesa do hospedeiro, podemos observar a gengivite ou periodontite.
Bolsas periodontais profundas alocam número expressivo de microrganismos, sendo
a maioria Gram-negativos anaeróbios. Três espécies se destacam: Actinobacillus
actinomycetemcomitans, Porphyromonas gingivalis e Prevotella intermedia, devido a
sua alta freqüência em lesões periodontais e do seu potencial patogênico (GENCO,
1996).
Segundo Grossi e Genco (1998), as infecções crônicas por bactérias gram -
negativas de origem periodontal podem induzir resistência à insulina contribuindo
para hiperglicemia e complicando o controle metabólico do diabetes.
As concentrações de proteína C-reativa no sangue se elevam com o fumo,
com o aumento de peso, com o diabetes, com a hipertensão arterial e com o passar
dos anos (VARELLA, 2006). Nesta pesquisa não houve uma associação do nível do
PCR com a hemoglobina glicada e com a gravidade da doença periodontal.
Sugerindo talvez a interferência de variáveis como hipertensão, doença
86
cardiovascular, nefropatias, retinopatia, que não representaram critérios de exclusão
da pesquisa.
Já quando o nível de PCR foi comparado entre os participantes diabéticos e
controle, os diabéticos apresentaram valores mais elevados, devido ao fato destes
apresentarem um risco aumentado de doença cardiovascular, o aumento nos níveis
da PCR poderia refletir, em parte, o componente inflamatório do processo
aterosclerótico, tão prevalente entre os indivíduos acometidos pelo diabetes. E
ainda, uma resposta inflamatória talvez possa ser desencadeada dentro dos
mecanismos fisiopatológicos do diabetes (McMILLAN, 1989).
O conhecimento de como uma doença se comporta em uma comunidade e de
fundamental importância para o planejamento, execução e avaliação de serviços
odontológicos voltados à prevenção e controle desta. Assim, a identificação de um
fator de risco para o diabetes que apresente elevada prevalência e que seja
modificável ou tratável é extremamente interessante, pois poderia levar à melhor
controle glicêmico da doença em questão.
A não observância em nosso estudo da correlação da severidade da doença
periodontal com o controle metabólico do diabetes deve-se provavelmente as
diferenças nas medidas usadas para avaliar a destruição periodontal, diferenças nos
métodos de diagnóstico usados para definir o diabetes e o seu controle, e a
diferença racial encontrada em cada grupo.
87
7 CONCLUSÃO
Este estudo teve as seguintes conclusões:
Dos 88 indivíduos, 5,69% apresentaram-se livre de doença, 36,36%
apresentaram-se gengivite e 57,95% apresentaram-se com periodontite.
51,06% dos indivíduos não diabéticos tiveram periodontite, enquanto 65,85%
dos indivíduos do grupo dos diabéticos tiveram.
A doença periodontal apresentou-se mais grave na faixa etária de 60-69 anos
(grupo controle) e 70-79 anos (grupo diabéticos).
100% dos indivíduos diabéticos apresentaram doença periodontal, sendo o
escore 3 (50,34%) o mais prevalente. No grupo controle 89,36%
apresentaram doença periodontal, sendo o escore 2 (31,25%) o mais
prevalente.
Com relação à condição periodontal apresentada pelos escores do PSR
observou-se que, nos participantes, a necessidade de tratamento implica em:
tratamento periodontal especializado em 87,8% dos pacientes diabéticos,
contra 66% dos participantes do grupo controle. 12,2% dos participantes
diabéticos e 34% do grupo controle necessitam apenas de procedimentos
relativamente simples como raspagem e instrução de higiene bucal.
Apesar dos altos níveis de proteína C-reativa e de hemoglobina glicada, não
houve associação com a gravidade da doença periodontal nos participantes
do estudo.
88
REFERÊNCIAS
American Diabetes Association. Report of the expert committe on the diagnosis and
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95
APÊNDICE A – Termo de consentimento esclarecido para a pesquisa clínica
CONSENTIMENTO PRÉ-INFORMAÇÃO
Tendo pleno conhecimento que este estudo tem como principal objetivo
estudar o estado da gengiva dos participantes portadores de diabetes do tipo 2 e
relacionar o estado da gengiva e do periodonto (se há inflamação, pouco ou muita
inflamação) com a idade do participante, tempo que tem diabetes, controle do
diabetes (para isto precisamos do exame de glicose, hemoglobina glicada, pcr).
Realizaremos um exame que consiste em verificar se existe ou não cálculo (tártaro),
a quantidade de placa bacteriana existente (utilizaremos um corante que irá colorir
todos os lugares que estiverem mal escovados e depois removeremos este corante
com uma escovação correta) e o grau de inflamação da gengiva. Para isto,
utilizaremos uma sonda metálica, que é um palitinho de metal milimetrado, que
colocamos entre a gengiva e o dente para ver se a gengiva sangra ou não e quanto
do palitinho que entra entre a gengiva e o dente, e radiografias se for necessário.
Com esta pesquisa, avaliaremos as possíveis relações entre a gravidade da
doença periodontal e o diabetes mellitus.
Esta pesquisa não trará nenhuma despesa para o participante, pois os
procedimentos fazem parte do tratamento.
A(s) cirurgia(s) seja extração do dente ou cirurgia periodontal, só serão
indicadas caso os procedimentos básicos de raspagem não forem suficientes para o
sucesso do tratamento periodontal e para o próprio controle da glicemia. Os
participantes que tiverem indicação de cirurgia estão sujeitos a riscos inerentes a
qualquer cirurgia realizada em participantes diabéticos, como: hipoglicemia,
alterações na pressão arterial, infecção no local da cirurgia, demora na cicatrização.
Para evitar que estes riscos ocorram, antes de qualquer procedimento cirúrgico,
serão pedidos exames de glicemia, hemograma, tempo de sangramento, aferição da
pressão arterial e a cirurgia será realizada com todos os cuidados de biosegurança.
Se mesmo com todos os cuidados descritos houver algum dano decorrente
dos riscos previstos na cirurgia, pretaremos assistência ao participante.
96
Toda e qualquer dúvida do participante e/ou responsáveis poderá ser
esclarecida.
A participação nesta pesquisa é voluntária (não é obrigatória) e não
influenciará o atendimento normal do participante, caso o participante não queira
participar da pesquisa. Todos os dados confidenciais, identificação do participante
têm garantia de sigilo absoluto, em defesa da privacidade dos paticipantes.
O participante que quiser participar da pesquisa possui o direito de se retirar
da pesquisa a qualquer momento, sem qualquer penalização ou prejuízo de seu
tratamento dentário.
( . ) Sim, quero participar da pesquisa, e estou recebendo uma cópia deste
documento.
___________________________________________________________________
Nome do participante
___________________________________________________________________
Assinatura do participante ou do responsável
___________________________________________________________________
Assinatura da pesquisadora: Maria Elizabeth Gemaque Costa CRO-PA: 714
97
APÊNDICE B – Ficha clínica
I – IDENTIFICAÇÃO
: Nº
______________
NOME: ___________________________________________________ DATA DE NASC.:
____/____/____
IDADE: _
_
___________ SEXO: ______ RAÇA: __________________ ESTADO CIVIL:
_______________
A
TIVIDADE ATUAL: _____________________________ PROFISSÃO:
___________________________
NAC.: ________________ NATURAL: ________________ PROCED
Ê
NCIA:
________________________
ENDEREÇO: _______________________________________________TELEFONE:
___________________
II – ANAMNESE
:
1 Você se encontra em tratamento médico?
SIM NÃO
Em caso afirmativo, qual é a sua doença?
2 Você teve alguma doença grave, cirurgia ou foi hospitalizado nos últimos
5 anos?
SIM NÃO
3 Você está tomando algum medicamento com ou sem prescrição médica?
SIM NÃO
Em caso afirmativo indicar a medicação e posologia
4 Você tem ou teve algumas das doenças citadas abaixo?
a Algum problema nas válvulas cardíacas
SIM NÃO
Você tem dor no peito sob pressão?
SIM NÃO
Você respira mal após exercício moderado ou quando deitado?
SIM NÃO
b Alergia
SIM NÃO
A que substância
SIM NÃO
c Isquemias ou Derrame Cerebral
SIM NÃO
d Diabetes
SIM NÃO
e Hepatite ou doença Hepática
SIM NÃO
f AIDS ou Infecção pelo HIV
SIM NÃO
g Pressão Alta
SIM NÃO
h Discrasias Sangüíneas
SIM NÃO
i Epilepsia ou outra doença neurológicas
SIM NÃO
J Câncer
SIM NÃO
k Você já teve algum problema grave em algum tratamento dentário anterior
SIM NÃO
Em caso de resposta afirmativa, cite o problema
l Você já teve algum problema que não foi mencionado acima
SIM NÃO
Qual?
FICHA CLÍNICA
98
m Você tem algum problema relacionado ao seu ciclo menstrual
SIM NÃO
n Qual a sua queixa principal?
Eu certifico que li e compreendi todo o texto acima, não acusarei o dentista ou qualquer
membro de sua equipe por erros e omissões que tenha cometido no preenchimento desta
ficha.
___________________________________
Assinatura do Participante
Data :_____/_____/_____
Achados significativos a partir do questionário e da
entrevista bucal:
Considerações a respeito do tratamento dentário
__________________________________________ _____/_____/_____
Assinatura do Dentista Data
ATUALIZAÇÃO DA HISTÓRIA MÉDICA
DATA COMENTÁRIOS ASSINATURA
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
99
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
____/____/____ _____________________________ ________________________
100
APÊNDICE C – Ficha de exame periodontal
FICHA DE EXAME PERIODONTAL
MÉTODO PSR
Nome: _____________________________________________________________
Data do Exame: _____/_____/_____
QUADRANTE
QUADRANT
E
QUADRANT
E
QUADRANT
E
QUADRANT
E
QUADRANT
E
101
APÊNDICE D – Ficha de exame Laboratorial
FICHA DE EXAME LABORATORIAIS
Nome:_______________________________________________________
Pré-operatórios:
Hemoglobina Glicada _______________
PCR ultra-sensível ______________
102
APÊNDICE E – Ficha de exame Grupo Diabéticos (dado laboratorial)
Paciente
Sexo
Idade
IMC
PCR
HbA1c
Duração da
Diabetes
DP
Nº de
Dentes
perdido
s
1 F 52 20.37 0,79 10,6% 6 anos G 26
2 F 68 32.90 0,96 6,9% 18 anos P 20
3 F 49 29.0 0,02 9,9% 6 anos P 16
4 F 70 21.51 0,36 4,8% 10 anos P 16
5 M 73 27.79 0,02 6,1% 9 anos P 23
6 F 57 25.21 0,12 12,2% 5 anos P 14
7 M 31 35.84 0,28 9,2% 1 anos P 11
8 M 61 35.54 0,6 8,6% 8 anos P 4
9 F 53 39.50 0,36 5% 20 anos P 17
10 F 54 29.15 2,4 9,3% 8 anos P 24
11 F 47 29.33 0,52 11,1% 7 anos P 8
12 F 59 23.07 0,11 8,6% 15 anos P 15
13 M 55 29.47 0,52 7,1% 10 anos P 23
14 F 48 27.42 0,43 11% 10 anos P 16
15 M 48 33.45 0,25 6,7% 5 anos P 6
16 F 56 32.47 0,41 6,7% 10 anos G 19
17 M 66 27.77 0,09 8,2% 15 anos P 9
18 M 70 25.30 0,84 9,4% 30 anos P 22
19 F 63 30.73 0,48 9% 10 anos P 25
20 F 53 20.25 0,05 7,6% 5 anos P 17
21 F 55 31.98 0,8 9,2% 5 anos G 27
22 F 34 21.66 0,69 10,2% 3 anos G 11
23 M 63 29.09 0,23 5,3% 5 anos G 2
24 F 64 25.39 0,34 4,7% 5 anos G 25
25 F 66 29.26 0,24 11,3% 5 anos P 25
26 F 59 20.09 0,92 6,8% 30 anos P 22
27 F 57 23.01 0,39 6% 20 anos G 12
28 F 55 27.19 0,3 12,4% 10 anos G 26
29 M 51 24.05 0,16 6,4% 10 anos P 19
30 M 67 25.0 0,21 9,3% 10 anos G 20
31 M 46 19.11 0,04 11% 10 anos P 9
32 M 54 25.95 0,19 6,7% 2 anos P 13
33 F 63 27.16 0,31 9,7% 3 anos G 26
34 F 49 37.34 1,54 6,4% 3 anos G 22
35 F 63 33.33 0,22 4,9% 5 anos G 11
36 F 36 14.47 0,05 12,8% 5 anos G 10
37 M 67 23.55 0,03 7,2% 20 anos P 10
38 F 51 22.05 0,17 12,3% 15 anos P 12
39 F 57 25.83 3,19 11% 4 anos P 19
40 F 56 27.57 0,66 6% 10 anos G 24
41 M 51 31.29 0,15 8,8% 6 anos P 9
103
APÊNDICE F – Ficha de exame Grupo Diabéticos (dado clínico)
Paciente 1º S 2º S 3º S 4º S 5º S 6º S
Maior
escore
1 nulo nulo nulo nulo 3 2 3
2 3 nulo 3 4 3 3 4
3 3 3 4 4 3 4 4
4 3 3 3 nulo 4 3 4
5 nulo nulo nulo 4 4 3 4
6 3 2 nulo 3 2 3 3
7 3 2 3 3 2 3 3
8 3 3 3 3 2 3 3
9 3 2 3 3 2 3 3
10 nulo 4 nulo nulo 4 4 4
11 3 3 3 2 3 3 3
12 nulo 3 3 3 2 2 3
13 2 3 nulo nulo 4 3 4
14 3 4 4 3 3 3 4
15 3 2 4 4 2 3 4
16 nulo 2 nulo nulo 2 nulo 2
17 3 2 nulo 4 2 2 4
18 nulo nulo nulo 3 3 nulo 3
19 nulo nulo nulo nulo 4 nulo 4
20 nulo 3 nulo 3 3 nulo 3
21 nulo nulo nulo nulo 2 nulo 2
22 nulo nulo 2 2 3 2 3
23 2 2 2 2 2 2 2
24 nulo nulo nulo nulo 3 nulo 3
25 nulo nulo nulo 3 4 nulo 4
26 nulo nulo nulo nulo 4 nulo 4
27 2 2 2 nulo 3 2 3
28 nulo nulo nulo nulo 2 nulo 2
29 nulo nulo nulo 2 3 3 3
30 2 nulo nulo nulo 2 nulo 2
31 2 2 4 4 4 4 4
32 3 2 3 2 2 2 3
33 nulo nulo nulo nulo 3 nulo 3
34 nulo nulo nulo 3 2 2 3
35 nulo 2 2 2 2 3 3
36 3 2 nulo 2 2 2 3
37 4 3 3 3 3 3 4
38 2 2 3 nulo 3 2 3
39 nulo 3 nulo nulo 3 nulo 3
40 nulo nulo nulo nulo 3 nulo 3
41 4 4 4 4 3 4 4
104
APÊNDICE G – Ficha de exame Grupo Controle (dado laboratorial)
Paciente
Sexo
Idade
IMC
PCR
HbA1c
DP
Nº de
Dentes
perdidos
1 F 30 20.16 0,02 4.3% L 6
2 F 30 20.37 0,02 8% L 4
3 M 31 24.70 0,02 5% G 4
4 F 38 19.68 0,08 4.4% G 3
5 M 30 22.64 0,03 5.3% G 5
6 M 36 25.56 0,23 6% L 0
7 F 78 24.69 0,02 4.7% P 12
8 48 26.47 0,08 5% P 8
9 F 54 30.31 0,25 5% P 6
10 M 61 28.54 0,11 5.2% P 4
11 F 54 26.12 0,07 5.2% G 3
12 M 70 26.18 0,81 6.4% P 9
13 F 47 27.34 0,05 6.3% L 2
14 F 50 28.11 0,03 7.8% G 6
15 F 56 24.79 0,04 4.5% P 8
16 F 54 26.25 0,63 7.7% G 6
17 F 35 20.23 0,04 4.6% G 4
18 F 57 24.63 0,06 5.2% P 9
19 F 52 24.44 0,15 5.7% P 15
20 F 44 26.12 0,05 5.7% G 4
21 M 62 26.54 0,2 5% G 0
22 F 79 23.30 0,02 8% P 15
23 F 52 21.69 0,01 7.8% G 7
24 F 58 25.41 1,51 4.5% P 16
25 F 50 23.94 0,03 5.1% P 6
26 M 55 24.96 0,11 5% P 10
27 M 52 26.14 0,08 4.9% G 6
28 F 40 20.76 0,08 6.6% G 5
29 F 44 23.72 0,08 9.1% G 6
30 F 54 22.65 0,16 5% P 5
31 F 61 28.51 0,11 7.1% P 8
32 F 38 22.14 0,05 4.8% G 4
33 M 30 20.19 0,03 4.3% L 2
34 F 42 20.57 0,02 4.2% P 6
35 M 46 24.92 0,04 5.8% G 6
36 F 65 24.75 0,03 4.9% P 9
37 F 61 22.15 0,06 5.3% P 15
38 F 62 25.69 0,04 4.5% P 10
39 F 65 26.12 0,02 5.8% P 11
40 F 64 27.18 0,08 6.1% P 9
41 F 67 23.86 0,04 4.3% P 6
42 F 70 30.11 5.2% P 15
43 F 69 33.62 6.8% P 12
F
105
44 M 75 28.06 5.7% G 15
45 M 67 30.15 6.8% P 10
46 M 68 29.49 6.5% G 9
47 F 72 32.12 7.2% G 15
106
APÊNDICE H – Ficha de exame Grupo Controle (dado clínico)
Paciente 1º S 2º S 3º S 4º S 5º S 6º S
Maior
escore
1 0 0 0 0 0 0 0
2 0 0 0 0 0 0 0
3 1 0 1 2 0 2 2
4 1 0 0 1 0 1 1
5 1 1 2 1 1 2 2
6 0 0 0 0 0 0 0
7 nulo 2 3 3 2 nulo 3
8 3 2 nulo 2 2 3 3
9 3 2 3 3 2 2 3
10 3 0 2 3 2 3 3
11 1 0 1 1 0 1 1
12 3 nulo 3 2 2 3 3
13 0 0 0 0 0 0 0
14 1 0 1 3 1 1 3
15 3 2 3 2 nulo 2 3
16 1 1 2 3 1 2 3
17 1 0 1 1 0 1 1
18 nulo 3 3 3 3 4 4
19 nulo 2 3 3 2 nulo 3
20 0 0 0 1 0 1 1
21 1 0 1 1 0 1 1
22 nulo 2 3 nulo 3 nulo 3
23 2 1 2 2 2 3 3
24 nulo 4 nulo 4 3 nulo 4
25 2 2 3 2 2 3 3
26 nulo 2 3 nulo 2 3 3
27 3 1 nulo 2 1 2 3
28 2 0 2 1 0 2 2
29 2 1 2 nulo 1 2 2
30 3 2 3 3 2 4 4
31 2 nulo nulo 3 2 3 3
32 2 1 2 2 1 2 2
33 0 0 0 0 0 0 0
34 3 2 2 2 3 3 3
35 1 3 1 nulo 1 1 3
36 3 2 3 2 2 3 3
37 3 nulo nulo nulo 2 3 3
38 2 3 nulo 2 nulo 3 3
39 3 nulo 3 nulo 3 3 3
40 2 3 2 3 3 3 3
41 3 2 3 3 2 3 3
42 3 nulo nulo nulo 2 3 3
43 3 2 nulo nulo 2 3 3
107
44 2 nulo nulo nulo nulo 2 2
45 3 2 3 3 2 3 3
46 3 2 nulo 2 nulo 2 3
47 3 nulo 2 nulo 2 nulo 3
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