RESUMO
A metodologia utilizada pela inspeção animal na linha de abate tem gerado
controvérsias entre o que deve ser condenado e o que deve ser liberado ao
consumo. Acredita-se que certo número de órgãos não apresenta lesões
macroscópicas, mas muitas vezes, demonstram certo grau de lesão durante
observações microscópicas, indicando estado de doença. Ou, ainda, uma
condenação errônea sem apresentar lesões microscópicas correspondentes.
Realizou-se um estudo anatomopatológico em fígados de bovinos, os quais foram
divididos em dois grupos: condenados e não condenados pela Inspeção Estadual
em abatedouro comercial. A seleção foi realizada durante os trabalhos normais do
estabelecimento. Os fragmentos coletados dos referidos órgãos foram fixados em
formol neutro a 10% e, posteriormente processados para histologia e corados com
hematoxilina e eosina para leitura em microscópio de luz. Objetivou-se estabelecer
as causas mais freqüentes de condenações desses órgãos em frigoríficos
industriais, de acordo com os padrões do Serviço de Inspeção Estadual (SIE).
Avaliar, por meio do exame microscópico, os órgãos condenados e não condenados
pelo SIE. E, finalmente, identificar possíveis etiologias para as causas das
respectivas condenações. As causas de condenação pelos critérios do SIE foram:
telangiectasia (32,3%), fasciolose (18,5%), abscesso (18,0%), manchas claras e
irregulares (12,6%), aderência de diafragma ao fígado (6,0%), fígado de coloração
amarelada e friável (4,2%), pontos claros ou escuros (3,6%), nódulos (1,8%), e
causas diversas (3,0%). Por meio de exame microscópico esse grupo foi
representado por telangiectasia (25,7%), abscessos (18,0%), fasciolose (16,1%),
fibrose capsular (13,2%), necrose aleatória (8,4%), degeneração (3,6%), infiltrado
inflamatório (2,4%), neoplasia (1,8%), sem alterações (7,2%) e causas diversas
(3,6%). No grupo dos órgãos liberados para consumo, observou-se que 73,0% não
apresentaram alterações microscópicas; no entanto, 12,6% apresentaram infiltrado
inflamatório, 7,8% necrose aleatória, 4,8% telangiectasia e 1,8% fasciolose e causas
diversas. Concluiu-se que há erros no julgamento na linha de abate em decorrência
do exame superficial do órgão, já que 27% dos órgãos liberados apresentaram
lesões microscópicas. Também que em muitos casos o inspetor age com muito rigor
condenando totalmente o órgão, levando a grandes perdas econômicas.
Palavras-chave: Fígado. Lesão de abatedouro. Inspeção. Bovino.