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DANOS À PRODUÇÃO E O CONTROLE QUÍMICO DA FERRUGEM
(Puccinia psidii) NA CULTURA DA GOIABEIRA
MARLON VAGNER VALENTIM MARTINS
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do
título de Doctor Scientiae em Produção
Vegetal
Orientador: Prof. Silvaldo Felipe da Silveira
CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ
JANEIRO – 2006
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DANOS À PRODUÇÃO E O CONTROLE QUÍMICO DA FERRUGEM (Puccinia
psidii) NA CULTURA DA GOIABEIRA
MARLON VAGNER VALENTIM MARTINS
Tese apresentada ao Centro de Ciências
e Tecnologias Agropecuárias da
Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, como parte
das exigências para obtenção do título de
Doctor Scientiae” em Produção Vegetal
Aprovada em 25 de janeiro de 2006
Comissão examinadora:
________________________________________________________
Hélcio Costa (D.Sc., Fitopatologia) – INCAPER
________________________________________________________
Juan Manuel Anda Rocabado (D.Sc., Produção Vegetal) - UENF
________________________________________________________
Prof. Luiz Antônio Maffia (Ph. D., Fitopatologia) – UFV
________________________________________________________
Prof. Silvaldo Felipe da Silveira (D.Sc., Fitopatologia) – UENF
(Orientador)
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BIOGRAFIA
Marlon Vagner Valentim Martins, filho de Roberto Fabri Martins e
Tomires de Melo Valentim Martins, nasceu em Varre-Sai, RJ, em 10 de abril de
1970.
Em dezembro de 1989, concluiu o curso técnico em Processamento de
Dados, no Colégio Pio XII, na cidade de Juiz de Fora, MG.
Em 1993, como aluno da primeira turma, iniciou o curso de Agronomia
pela Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF, na
cidade de Campos dos Goytacazes, RJ, graduando-se em dezembro de 1998.
Posteriormente, iniciou em março de 1999 o curso de mestrado na
mesma universidade, obtendo em março de 2001, o título de mestre em
Produção Vegetal, área de concentração em Fitossanidade.
No ano de 2001, ingressou no curso de doutorado em Produção Vegetal,
área de concentração em Fitossanidade pela UENF, concluindo em janeiro de
2006. Através de concurso público, ingressou em abril de 2005, no Instituto
Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural – INCAPER,
como pesquisador em Fitopatologia.
ii
Dedico
A Deus, pela força divina.
Aos meus pais, Roberto e Tomires, pelo apoio, carinho e por ter me
dado condições para que eu caminhasse com minhas próprias pernas durante
minha escalada profissional.
Aos meus irmãos, Marcu, Valéria, Márcio, cunhadas e aos meus
sobrinhos.
À minha esposa, Daniela Gonçalves, e à nossa querida filha Julia
Valentim que fortaleceram a minha vontade de vencer e seguir em frente.
Ao professor Silvaldo Felipe da Silveira que fortemente lutou e derrotou
um grande obstáculo em sua vida.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus.
À Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de
Janeiro - Faperj pela concessão da bolsa de estudo.
À Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro UENF e
ao Centro de Ciências e Tecnologias Agropecuárias pela oportunidade
concedida para a realização do curso de doutorado em produção Vegetal.
Ao professor Silvaldo Felipe da Silveira pela orientação científica e
profissional e pela amizade durante todo o decorrer do curso.
Aos amigos do laboratório, Alexandre Almeida, Arli de Fátima, Carlos
Eduardo Terra (Dudu), Cláudia, Débora Coracini, Elaine Cristina de Ponte
Melo, Inorbert de Melo Lima, Josil Barros, Juan M. A. Rocabado, Rodrigo,
Rosa Andréia, Rosana, Vicente Mussi Dias, pelo convívio e amizade durante
minha caminhada.
iv
Aos amigos do dia-a-dia Raul Carrielo, JoCarlos Mendonça, Paulo H.
A. Catunda, Vitor G. Correia, prof. Déborah Barroso, Flávio Tardin, Darroça.
Aos professores José Oscar de Lima e Almy Cordeiro pelos
ensinamentos e apoio ao trabalho.
Ao professor Ivo pela colaboração nas etapas iniciais da minha tese e
pela disposição em ceder o laboratório de química do CCT.
Ao professor Luiz Antônio Maffia pelos preciosos ensinamentos para a
vida científica.
Aos produtores Luiz Cláudio Macedo Ramos e Henrique pela grande
colaboração desprendida aos trabalhos realizados durante o doutorado, pois
sem o seu apoio não haveria possibilidade de realizar os experimentos.
Ao funcionário Moisés pela incansável participação e bom humor nas
etapas mais importantes dos experimentos de campo realizado em Praça João
Pessoa, município de São Francisco do Itabapoana-RJ.
Ao amigo Gilson pela amizade e pelo auxílio nas avaliações dos
experimentos de campo.
Ao funcionário Ederaldo pela colaboração nos trabalhos de tese.
Ao ex-funcionário Italvane Ferreira Porto (in memoriam) pela
colaboração nos trabalhos da tese.
Aos motoristas João, Samuel e principalmente Vilarim pela amizade e
pela paciência durante as viagens realizadas para o experimento.
Aos funcionários de campo, Gilberto, Antônio, Gordin, Oswaldo que
colaboraram com o trabalho.
Aos funcionários da biblioteca do CCTA Jovana, Aparecida, Paloma e
Vângela pela disposição nos empréstimos dos materiais bibliográficos.
v
Às funcionárias da secretaria de Coordenação de Pós-Graduação em
Produção Vegetal, Fátima, Patrícia.
À funcionária Rita da secretaria do Laboratório de Entomologia e
Fitopatologia.
Ao amigo Cláudio Pagotto pela colaboração na redação dos abstracts
dos capítulos da tese.
Ao Dr. César J. Fanton (Incaper) pela compreensão nos momentos finais
da minha tese.
A todas as outras pessoas e funcionários do CCTA que me ajudaram de
alguma maneira direta ou indiretamente.
vi
CONTEÚDO
Páginas
RESUMO...................................................................................... ix
ABSTRACT................................................................................... Xi
1.INTRODUÇÃO........................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................... 5
3. TRABALHOS ........................................................................... 11
3.1 EFEITO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS PULVERIZADOS EM
FOLHAS DE GOIABA NO CONTROLE DA FERRUGEM (Puccinia
psidii) EM
FRUTOS...............................................................................
11
RESUMO............................................................................ 11
ABSTRACT......................................................................... 12
INTRODUÇÃO ................................................................... 13
MATERIAL E MÉTODOS .................................................. 14
RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................... 16
CONCLUSÕES .................................................................. 19
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................... 19
3.2 CONTROLE QUÍMICO DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM
CONDIÇÕES DE CAMPO, NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO
RIO DE JANEIRO...............................................................
22
RESUMO............................................................................. 22
ABSTRACT ........................................................................ 23
INTRODUÇÃO.................................................................... 25
MATERIAL E MÉTODOS.................................................... 28
RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................... 31
CONCLUSÕES ................................................................... 42
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................... 43
vii
3.3 DANOS CAUSADOS PELA FERRUGEM (Puccinia psidii) NA
CULTURA DA GOIABEIRA NO NORTE FLUMINENSE
.............................................................................................
46
RESUMO............................................................................. 46
ABSTRACT......................................................................... 47
INTRODUÇÃO..................................................................... 49
MATERIAL E MÉTODOS ................................................... 51
RESULTADOS E DISCUSSÃO .......................................... 53
CONCLUSÕES.................................................................... 65
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................... 65
3.4 EFEITO PROTETOR E CURATIVO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS
NO CONTROLE DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM GOIABEIRA
............................................................................................
68
RESUMO............................................................................. 68
ABSTRACT ........................................................................ 69
INTRODUÇÃO..................................................................... 70
MATERIAL E MÉTODOS.................................................... 72
RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................... 74
CONCLUSÕES .................................................................. 80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................... 80
4. RESUMO E CONCLUSÕES .................................................... 84
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................ 86
viii
RESUMO
MARTINS, Marlon Vagner Valentim, Engenheiro Agrônomo, D. S.
Produção Vegetal; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
janeiro de 2006; Danos à produção e o controle químico da ferrugem (Puccinia
psidii) na cultura da goiabeira. Prof. Orientador: Silvaldo Felipe da Silveira.
Conselheiros: Luiz Antônio Maffia, Hélcio Costa & Juan Manuel Anda
Rocabado.
A ferrugem, causada por Puccinia psidii, é a principal doença da goiabeira no
Norte Fluminense. O controle químico da doença é a principal medida
empregada em lavouras comerciais. Esse trabalho objetivou avaliar a eficiência
de fungicidas sistêmicos e protetores no controle da ferrugem-da-goiabeira e os
danos à produção da fruta, decorrentes da doença. Em ensaios de campo e
casa-de-vegetação, avaliaram-se os fungicidas sistêmicos azoxystrobin (100
mg/L), cyproconazole (150 mg/L), epoxiconazole (150 mg/L), oxycarboxyn (930
mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L) e triadimenol (310
mg/L) pulverizados nas folhas para o controle da doença nos frutos jovens.
Nenhum dos fungicidas pulverizados nas folhas foi eficiente no controle da
doença nos frutos, tanto em campo como em casa-de-vegetação. Em 2003,
testaram-se os fungicidas azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L),
mancozeb (1600 mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L),
ix
triadimenol (310 mg/L), no controle da ferrugem em condições de campo.
Triadimenol teve maior produção dia (81,34 kg/planta) e menor incidência
de frutos doentes, mas foi estatisticamente igual ao azoxystrobin para área
abaixo da curva de progresso da doença (AACPD), taxa de progresso,
incidência xima e final de frutos doentes. Na testemunha houve maior
incidência de frutos doentes e baixa produção (61 frutos/plantas) e menor peso
médio (10,25 kg de frutos/planta). Tebuconazole, nas condições avaliadas, não
controlou a ferrugem neste primeiro ensaio. Em 2003 2004, empregaram-se
os fungicidas azoxystrobin (100 mg/L), mancozeb (1600 mg/L) tebuconazole
(150 mg/L), triadimenol (310 mg/L), e triadimenol foi o melhor fungicida no
controle da doença em nível de campo. Com esse fungicida a redução foi
superior ao tebuconazole, mas ambos não diferiram quanto à incidência final
de botões doentes, AACPD, incidência máxima e final de frutos doentes e taxa
de progresso da incidência de frutos doentes. Azoxystrobin e mancozeb foram
inferiores aos tratamentos triadimenol e tebuconazole no controle da doença.
Na testemunha, a produção foi baixa (17 frutos/planta) e incidência máxima de
frutos doentes foi de 89%, e diferiu estatisticamente dos fungicidas. Com os
dados obtidos em 2003 e 2003 – 2004, quantificaram-se as perdas decorrentes
de P. psidii. Na safra de 2003 2004, o número de botões infectados
relacionou-se às perdas de produção. Nos dois experimentos e para as
variáveis incidências máxima e final de frutos doentes e AACPD, as equações
de regressão explicaram a variação do dano à produção da goiabeira. Obteve-
se correlação positiva do número de botões e frutos sadios da planta com a
produção nos dois experimentos. Finalmente, tebuconazole (150 mg/L) e
triadimenol (310 mg/L) foram avaliados quanto ao efeito protetor e curativo no
controle da doença em frutos. Tanto triadimenol quanto tebuconazole tiveram
efeito residual de 21 dias em condições favoráveis à doença. Quando se
avaliou o efeito curativo, triadimenol D1 (187.5 mg/L), triadimenol D2 (310
mg/L) e tebuconazole (150 mg/L) foram eficientes no controle da doença em
frutos aos três e sete dias após a inoculação do fungo. Triadimenol D1 suprimiu
P. psidii em frutos jovens da goiabeira.
x
ABSTRACT
MARTINS, Marlon Vagner Valentim, Agronomist. Eng. Ph. D. Vegetal
Production; Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, January
2006; Damages to the production and chemical control of the guava rust
(Puccinia psidiiI). Professor Adviser: Silvaldo Felipe da Silveira. Committee
Members: Luiz Antônio Maffia, Hélcio Costa & Juan Manuel Anda Rocabado.
Puccinia psidii is the main disease of guava crops in the North Fluminense
region. Chemical control is the main strategy of disease control in commercial
guava
farmings. However, this work had as objective to evaluate systemic
fungicides and mancozeb efficiency in the control of guava rust and the
disease
effect on
fruit production damage. On field and greenhouse experiments, the
efficiency of azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L), epoxiconazole
(150 mg/L), oxycarboxyn (930 mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole
(150 mg/L) and
triadimenol (310 mg/L), sprayed in leaves to control disease in
young fruits
was evaluated. None of the fungicides sprayed in leaves was
efficient in the control fruits disease, either in field and greenhouse conditions.
In 2003,
azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L), mancozeb (1600
mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310
xi
mg/L) were
used for rust control in the field. Triadimenol was the best fungicide
with higher
average production (81,34 Kg/plant) and lower incidence of fruits
disease. Triadimenol results were statistically equal to azoxystrobin for Area
Under Disease Curve
(AUCPD), rate, maximum and final incidence of diseased
fruits. Control treatment (water) showed higher
incidence of the disease, lower
production (61 fruits/plant) and lower average weight (10,25 kg of fruits/plant).
Tebuconazole, did not controlled rust in this first assay. In 2003 2004, using
the fungicides azoxystrobin (100 mg/L), mancozeb (1600 mg/L) tebuconazole
(150 mg/L), and triadimenol (310 mg/L) for the disease control in the field, it was
demonstrated that triadimenol was the best treatment, however it did not
differed statistically from tebuconazole in regard the final incidence of flower
buds
disease, AUCPD, maximum and final incidence of fruits disease, rate of
progress of the fruits disease incidence, but it was the most productive of all
treatments. Azoxystrobin and mancozeb were inferior to the triadimenol and
tebuconazole treatment in the disease control. The control treatment
showed
low production (17 fruits/plant) and maximum incidence of fruits disease of 89%,
differing statistically with
the fungicide treatments. Through the data obtained in
first (2003) and second assay (2003 –2004), the damages to the production by
P. psidii incidence were quantified. In 2003-2004, the number of infected flower
buds was correlated
with the crop damage. In the two experiments, through the
maximum and final incidence of fruits disease and AUCPD, was demonstrated
that the regression equations showed significant relation between the disease
and crop damage. Positive correlation among number
of healthy flower buds
and fruits with the production was obtained. Finally, in field experiments the
protective and therapeutic effect of tebuconazole (150 mg/L) and triadimenol
(310 mg/L), for control of rust in fruits was verified. Either triadimenol and
tebuconazole showed a 21 days residual effect under favorable conditions to
the disease. On the other hand, when the therapeutic effect of triadimenol D1
(187.5 mg/L), triadimenol D2 (310 mg/L) and tebuconazole (150 mg/L) were
evaluated, it was verified that all fungicides and doses were efficient for
disease
control at third and seventh days after inoculation. Triadimenol D1 suppressed
P. psidii in young guava fruits.
xii
1. INTRODUÇÃO
A ferrugem, causada pelo fungo Puccinia psidii Winter, é a principal
doença da goiabeira na região de Campos dos Goytacazes-RJ (Silveira et al.,
1997) e no Brasil (Campacci, 1983, Manica et al., 2000). O patógeno infecta
diferentes espécies da família Myrtaceae e é também considerado de grande
importância nos plantios de eucalipto (Coutinho et al., 1998, Ferreira, 1989,
1983). Na goiabeira, a ferrugem infecta órgãos novos e tenros, como folhas
novas, botões florais e frutos novos.
No Norte Fluminense, os pomares de goiabeira são cultivados
principalmente com a variedade Paluma, que embora seja muito produtiva, é
suscetível à ferrugem. Nessa região, as condições climáticas são bastante
favoráveis à ferrugem, à exceção dos períodos mais frios e secos do ano (abril
- agosto) (Rocabado 2003). Essa doença causa danos em regiões onde o clima
é úmido, com temperaturas amenas e presença constante de molhamento
foliar na fase da emissão dos botões florais até frutos de aproximadamente 4
cm de diâmetro (Rocabado 2003, 1998). P. psidii causa perdas severas, seja
pela redução da produtividade ou da qualidade dos frutos (Rocabado 2003,
1
1998, Silveira et al., 1997). Em épocas de grande incidência da doença pode
haver perdas de até 100% na produção da planta, na ausência de controle
(Rocabado, 1998).
Os efeitos das condições climáticas no desenvolvimento das epidemias
de ferrugem nas culturas da goiabeira e eucalipto, foram estudados por
diversos autores (Carvalho et al., 1994, Rocabado, 2003, 1998, Ruiz et al.,
1989a, b). Silveira et al. (1997), constataram que em épocas de alta incidência
da doença a produção da variedade Paluma declina acentuadamente. Os
mesmos autores relataram, ainda, que a ferrugem ocasiona perda total da
produção da goiabeira em condições de campo (Rocabado, 2003, 1998,
Silveira et al., 1997).
As relações entre dano e doença causadas por ferrugens foram
estudadas em vários patossistemas (Groth et al., 1983, Jesus Junior et al.,
2001, Khan et al., 1997, Pataky, 1987, Pinho et al., 1999, Reis et al., 2000). A
maioria dos trabalhos conhecidos versa sobre danos em cereais ocasionados
por ferrugens foliares (Bowen et al., 1991, Groth et al.,1983, Khan et al., 1997,
Reis et al., 2000). Porém, deficiência de estudos de danos sobre ferrugens
que incidem sobre frutos em geral, que é o caso de muitos patossistemas
tropicais. Além disso, ainda não foram quantificados os danos causados pela
ferrugem sobre o rendimento da goiabeira. As análises sobre danos causados
por fitopatógenos podem ser informações úteis ao manejo de doenças de
plantas.
Embora a ferrugem incida sobre brotações novas da goiabeira, os danos
pela doença decorrem basicamente das lesões em botões e frutos novos,
como abortamento, mumificação ou apodrecimento por fungos oportunistas.
Dessa forma, o controle químico com fungicidas sistêmicos é recomendado
após o início de epidemias, uma vez que esses fungicidas podem impedir a
infecção e colonização de P. psidii nos tecidos novos da planta ou atuar sobre
as pústulas existentes. Epidemias de ferrugem ocorrem praticamente em
todas as safras de goiaba, e demandam pulverizações freqüentes com
fungicidas para o controle da doença a partir do estádio de botões.
Não obstante da sua importância, ainda não existem variedades
comerciais resistentes à doença (Vasconcelos et al., 1998), mas épocas de
2
escape para a produção da fruta podem ser inseridas no manejo da doença,
com base em estudos epidemiológicos regionais (Rocabado 2003, 1998). No
entanto, ainda, a principal medida de controle da doença é a pulverização com
fungicidas protetores e/ou sistêmicos.
poucos trabalhos relacionados ao controle químico de P. psidii em
pomares de goiabeiras. O emprego de fungicidas foi avaliado no controle do
fungo em folhas de mudas da goiabeira cultivadas em casa-de-vegetação (Ruiz
et al., 1991) e raras vezes em experimentos de campo (Ferrari et al., 1997,
Goes et al., 2004). Porém, a pesquisa visando a utilização de fungicidas no
controle da doença no campo tem sido limitada a fungicidas protetores, à base
de cobre e mancozeb. Entretanto, o controle da ferrugem com os fungicidas
protetores pulverizados (Ferrari et al., 1997, Goes et al., 2004, Ruiz et al.,
1991) podem não ser alcançados se não houver boa cobertura dos botões e
frutos da planta. Por outro lado, fungicidas sistêmicos empregados no controle
do fungo podem ser mais eficientes em vista da sua absorção e redistribuição
pelos órgãos da planta e pelo seu maior período residual.
Existem dificuldades no controle da doença, quando as operações de
poda do pomar de goiabeiras são executadas de forma contínua. Pomares com
essas características necessitam constantemente de pulverizações, uma vez
que a planta emite periodicamente brotações novas durante o seu ciclo de
desenvolvimento. A translocação dos fungicidas sistêmicos das folhas para os
frutos jovens nesse caso, provavelmente protegeria esses órgãos, mesmo com
um número reduzido de aplicações dos produtos químicos durante o ciclo da
planta. Ainda, resultados positivos de translocação de fungicidas sistêmicos
para frutos podem ser úteis em pomares onde os frutos novos são protegidos
por sacos de papel. Para isso, faltam evidências quanto à translocação de
fungicidas sistêmicos das folhas para os frutos jovens da goiabeira.
Em vista da suscetibilidade ao fungo, da grande aceitação no mercado in
natura e industrialização e por ocupar cerca de 90% das áreas plantadas com a
variedade Paluma no Brasil (FrutiSéries 1, 2001), tornam-se necessários
trabalhos visando otimizar e racionalizar o controle químico da ferrugem em
goiabais comerciais. Em experimentos realizados em pomares de o
Francisco do Itabapoana, RJ utilizaram-se fungicidas protetores e sistêmicos, e
3
se constatou que os fungicidas à base de triadimenol e tebuconazole,
pulverizados a cada 15 dias foram os mais eficientes no controle sob condições
favoráveis à doença (Capítulo 3.2). No entanto, ainda não existem informações
sobre os efeitos residual e curativo de triadimenol e tebuconazole sobre a
infecção do fungo em nível de campo, que podem gerar informações precisas
sobre os intervalos e épocas de aplicação dos fungicidas. Ademais, não
existem informações suficientes do controle químico da doença em condições
de campo, utilizando-se fungicidas sistêmicos e protetores e, sobre os danos
causados por P. psidii à produção da goiabeira, no Brasil e no mundo.
Esse trabalho objetivou avaliar: i em condições de campo, a eficiência
de mancozeb e de fungicidas sistêmicos dos grupos dos triazóis, estrobilurinas
no controle da ferrugem, em pomares de goiabeiras (variedade Paluma), sob
condições naturais de infecção de P. psidii; ii - a relação entre doença e dano
através dos níveis de doença gerados com o controle químico da ferrugem em
campo; iii - em condições de campo e casa-de-vegetação, a eficiência de
fungicidas aplicados nas folhas no controle da ferrugem em frutos jovens da
goiabeira; e iv - o efeito protetor e curativo de fungicidas sistêmicos mais
eficientes no controle da ferrugem em nível de campo.
4
2. REVISÃO DE LITERATURA
Puccinia psidii Winter, foi relatado pela primeira vez no Brasil atacando
a cultura da goiabeira (Psidium guajava L.) por Winter em 1884. O fungo que
se caracteriza por afetar plantas da família Myrtaceae, tem sido relatado em
vários gêneros, como o eucalipto (Eucalyptus spp), a jabuticabeira (Myrciaria
caulifora Berg.), o jambeiro (Syzygium jambos L.), a goiabeira (Psidium guajava
L.)(Alfenas et al., 1989, Coutinho et al., 1998, Ferreira, 1983). É considerada
uma ferrugem de ciclo incompleto, da qual apenas se conhecem os estádios de
écio (I), urédia (II), télia (III) e basídio (IV) (Ferreira, 1983). O estádio de pícnio
(0) nunca foi encontrado e o estádio de écio se confunde com o de urédia
(Ferreira, 1989).
A ferrugem-da-goiabeira ataca folhas novas e hastes herbáceas de
brotações, botões, flores e frutos novos. Os sinais da doença são de coloração
amarelada, que correspondem aos soros urediniais do fungo (Piccinin e
Pascholati, 1997). A infecção em flores resulta em abortamento e queda. Em
frutos novos, a ferrugem causa queda, mumificação, lesões necróticas e
deformações. Frutos com lesões necróticas de ferrugem tem seu valor
depreciado para consumo in natura (Castilho et al., 1982). Além dos danos
5
diretos nas flores e nos frutos, a doença reduz o vigor das plantas ao incidir nos
terminais de ramos, o que pode afetar as produções subseqüentes. Em
viveiros, ao incidir em terminais de ramos, folhas e brotações novas, a
ferrugem reduz o desenvolvimento e a qualidade das mudas (Vasconcelos et
al., 1998).
A temperatura, a água livre e a luz afetam significativamente as etapas
iniciais de infecção de plantas de eucalipto por urediniosporos de P. psidii
(Ruiz et al., 1989a, b). Por inibir a germinação de urediniosporos, a luz impede
a penetração do fungo e o processo inicial de colonização, durante o dia.
Urediniosporos germinam somente no escuro, na presença de água livre (entre
6 e
24 h de molhamento foliar), a temperatura de 10 a 30
o
C, com máximo de
germinação entre 15 e 20°C. Após penetração e incubação, luz e temperaturas
próximas a 20°C antecipam e estimulam a esporulação uredinospórica de P.
psidii. Em mudas de jambeiro, após inoculação artificial e incubação a 20°C,
com 12 h de fotoperíodo, os sintomas iniciam-se a partir do segundo ao quarto
dia e a esporulação pode ser observada a partir do quarto dia. Nestas
condições, esporulação xima ocorre entre 7 e 15 dias de incubação. Após
este período, as lesões tornam-se necróticas e a esporulação reduz. Há indícios
de que a luz estimule a produção de teliosporos, os quais ocorrem nas épocas
mais quentes do ano, com médias de temperaturas próximas a 25°C.
Temperaturas inferiores a 10 e superiores a 25
o
C são desfavoráveis à infecção,
a colonização e a esporulação urediniospórica de P. psidii em plantas de
eucalipto (Carvalho et al., 1994, Ruiz et al., 1989a, b). Em condições de campo,
o tempo de água livre na superfície foliar é fundamental para a infecção e o
progresso da ferrugem em plantas de eucalipto. Umidade relativa maior ou igual
a 90%, por no mínimo 8h diárias, sob temperaturas médias de 20 a 25
o
C,
correspondeu a maiores incrementos na intensidade da doença (Carvalho et al.,
1994, Ruiz et al., 1989a, b). Em goiabeira, variedade Paluma, as épocas do ano
com maior intensidade da doença foram aquelas que coincidiram com UR
mínima acima de 60%, temperatura mínima acima de 20
o
C e máxima ao redor
de 30
o
C, dias consecutivos com pelo menos 6h/dia com temperatura próxima a
6
25
o
C e dias consecutivos com pelo menos 12 h com temperaturas entre 15 e
25
o
C, associados à UR maior ou igual a 90% (Rocabado, 2003).
Além dos fatores climáticos, deve-se levar em conta os aspectos
fenológicos específicos de cada hospedeiro, tendo-se em vista a necessidade
de órgãos aéreos tenros, os únicos suscetíveis à infecção por P. psidii. Quando
brotações e frutos jovens são infectados, ocorre a esporulação do patógeno
entre 7 e 15 dias e os urediniosporos disseminados por ventos, chuvas e
insetos, somente resultarão em novas infecções quando na disponibilidade de
novas brotações e frutos jovens. Sob épocas do ano desfavoráveis à infecção
e/ou à emissão de brotações e frutos, o patógeno necessita contar com
mecanismos eficientes de sobrevivência, uma vez que ferrugens constituem
organismos parasitas obrigatórios, ou seja, não se multiplicam na ausência de
um hospedeiro suscetível. Assim, outras Mirtáceas poderiam estar relacionadas
à sobrevivência da ferrugem em condições desfavoráveis à epidemia.
Plantios mais espaçados e podas de condução em épocas de escape
da doença, que permitam aeração no interior da copa da planta, podem ser
medidas auxiliares para o controle da ferrugem. Por outro lado, a utilização de
variedades comerciais resistentes ainda não é uma medida explorada para a
goiabeira (Piccinin e Pascholati, 1997, Vasconcelos et al., 1998). No entanto,
Rocabado (2003), ao constatar que na variedade Rica, o período latente médio
do fungo foi maior, concluiu que essa variedade pode ser promissora em
programas de melhoramento genético vegetal para o desenvolvimento de
plantas resistentes à ferrugem. De todo modo, a pulverização de fungicidas
ainda é a principal medida de controle da doença, especialmente em
plantações de variedades muito produtivas, as quais são mais suscetíveis à
doença (Ferrari et al., 1997, Goes et al., 2004, Goes, 1997, Ruiz et al., 1991).
Dada a importância dos fungicidas triazóis, relata-se que os mesmos
têm o seu principal uso no controle de doenças foliares. Muitos fungicidas
desse grupo, são empregados no controle de diversas doenças de plantas,
com destaque para as ferrugens dos cereais (Goulart e Paiva, 1993, Mercer e
Ruddock, 2005, 2003), café (Garçon, et al., 2004, Chalfoun e Carvalho, 1999,
Santos et al., 2002, Silva-Acuña et al., 1993), essências florestais (Demuner e
7
Alfenas, 1991, Ruiz e Alfenas, 1989), ornamentais (Bonde et al., 1995, Buck e
Williams-Woodward, 2003, Ferreira e Nevill, 1989), óleos essenciais (Edwards
e Bienvenu, 2000), oleaginosas (Godoy e Canteri, 2004) e fruteiras (Carvalho
et al., 2002, Marchi et al., 2001a, 2001b, Nogueira, 1991, Ruiz et al., 1991).
Existem poucos trabalhos relatando o controle químico de P. psidii
infectando botões e frutos de goiabeira. No entanto, existem relatos do
emprego de fungicidas em experimento de casa-de-vegetação (Ruiz et al.,
1991) e em experimento de campo, especialmente com fungicidas protetores
(Ferrari et al., 1997, Goes et al., 2004). Porém, o uso de fungicidas sistêmicos
no controle da doença tem sido limitado.
A grande maioria dos fungicidas foi pulverizada preventivamente com
moléculas a base de cobre e mancozeb. Ferrari et al. (1997), empregaram
chlorothalonil, mancozeb e oxicloreto de cobre, e concluíram que todos os
produtos não foram estatisticamente diferentes entre si, mas que produtos a
base de chlorothalonil foi mais eficiente no controle da doença. Por outro lado,
Goes et al. (2004), em experimento realizado nos municípios de Monte Alto e
Vista Alegre do Alto-SP, constataram que os fungicidas protetores foram iguais
ao sistêmico tebuconazole no controle de P. psidii. Para os autores, oxicloreto
de cobre, hidróxido de cobre, óxido cuproso isoladamente ou em associação
com mancozeb e tebuconazole controlaram eficientemente a ferrugem.
Entretanto o fungicida mancozeb, muito utilizado no controle da doença, não
teve diferença significativa em relação à testemunha quanto à incidência de
frutos com ferrugem (Goes et al., 2004).
Sob condições controladas de inoculação e incubação, demonstrou-se a
eficiência de triadimenol, chlorothalonil, mancozeb, oxicloreto de cobre,
oxycarboxin e triforine no controle da ferrugem em folhas da goiabeira e
translocação ascendente e lateral de fungicidas sistêmicos, como triforine,
triadimenol e oxycarboxin, em folhas das mudas no controle da doença (Ruiz et
al., 1991). Tanto os fungicidas protetores como os sistêmicos apresentaram
efeito protetor de até 10 dias após a pulverização das folhas da goiabeira.
Quando se considerou o poder curativo dos fungicidas sistêmicos, concluiu-se
que triadimenol a 0,75 g/L foi o mais eficiente em inibir a infecção de P. psidii,
aos seis dias após a inoculação do fungo (Ruiz et al., 1991).
8
Além do controle químico com fungicidas protetores e sistêmicos ter se
mostrado eficiente na cultura da goiaba em condições de casa-de-vegetação,
os mesmos foram também promissores para a cultura do eucalipto (Demuner e
Alfenas, 1991, Ruiz e Alfenas, 1989, Ruiz et al., 1987). Para o patossistema P.
psidii e o eucalipto, Demuner e Alfenas (1991) empregaram os fungicidas
oxicarboxin, diniconazole, triadimenol molhável (PM) e granulado no
controle da doença. Esses autores concluíram que em mudas de eucalipto e
sob condições controladas, triadimenol PM (400 e 800 ppm) protegeu as
brotações das plantas por até 28 dias antes da inoculação com urediniosporos
do fungo (Demuner e Alfenas, 1991). Trabalhando com Eucalyptus grandis,
Ruiz e Alfenas (1989) determinaram a absorção e translocação dos fungicidas
sistêmicos triadimenol, triforine e oxicarboxin. Esses autores constataram que
triadimenol e triforine foram absorvidos pela superfície foliar dentro de trinta
minutos e que a translocação dos fungicidas nas folhas de plantas de eucalipto
é eficiente no controle de P. psidii (Ruiz e Alfenas, 1989).
As epidemias de doenças de plantas podem ser determinadas quando
se avalia a severidade ou a incidência da doença no tempo (Bergamin Filho,
1995, Campbell e Madden, 1990, Jesus Junior et al., 2004). Tanto a severidade
como a incidência podem ser empregadas para correlacionar o efeito das
doenças sobre a produção da cultura (Gaunt, 1995). Para algumas doenças
como as ferrugens, a severidade pode ser mais difícil de se correlacionar com
os danos, principalmente nos estádios finais da epidemia (Agrios, 1997). Os
danos provocados pelas doenças de plantas podem ser medidos pela
determinação da quantidade de doença em estádio específico ou em vários
estádios de crescimento do hospedeiro. A área abaixo da curva de progresso
da doença é também uma variável importante nas avaliações dos danos
provocados por fitopatógenos (Agrios, 1997).
Na cultura da goiabeira, a quantidade de frutos infectados por P. psidii é
determinante em reduzir a produção final da cultura (Rocabado, 2003, 1998).
Frutos com presença de pústulas na sua superfície tornam-se inviáveis para a
comercialização. Nesse caso a determinação da incidência seria mais
importante do que a severidade da doença, porque a presença de uma única
pústula da ferrugem condenaria o produto final. Finalmente, ainda não existem
9
trabalhos que retratem os danos provocados pela doença na goiabeira. A
construção de modelos de danos causados pela ferrugem nos diferentes
estádios de desenvolvimento fenológico do hospedeiro (botões e frutos), pode
tornar-se importante em auxiliar os produtores na tomada de decisão quanto ao
controle da doença. Como a ferrugem pode causar dano total à produção em
épocas favoráveis ao surgimento de epidemias (Rocabado, 2003, 1998,
Silveira et al., 1997), o controle químico pode ser indicado no controle da
doença com base no limiar de dano econômico. Segundo Reis (2004), o limiar
de dano econômico (LDE) é aquele em que o benefício de controle da doença
se iguala ao seu custo e, a partir desse limite os custos aumentam sem que
haja retorno esperado. Portanto, os benefícios esperados no controle poderão
ser alcançados desde que a doença não atinja o LDE. Ainda não existem
trabalhos que estabeleçam funções de dano que possam ser empregados
dentro do controle integrado da ferrugem.
10
3. TRABALHOS
3.1 EFEITO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS PULVERIZADOS EM FOLHAS
DE GOIABA NO CONTROLE DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM FRUTOS
RESUMO
A ferrugem das Mirtáceas, causada por Puccinia psidii, tem grande importância
econômica para a cultura da goiabeira na região Norte Fluminense, estado do
Rio de Janeiro. Em experimento de campo e casa-de-vegetação, avaliou-se a
eficiência de azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L),
epoxiconazole (150 mg/L), oxycarboxyn (930 mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L),
tebuconazole (150 mg/L) e triadimenol (310 mg/L) pulverizados nas folhas para
o controle da doença nos frutos jovens. Empregaram-se os fungicidas e
testemunha, pulverizada apenas com água. No campo, cada parcela constou
de aproximadamente 90 frutos de 1 cm de diâmetro, os quais foram protegidos
com sacos plásticos para evitar o contato direto com a calda fungicida.
Pulverizaram-se os fungicidas no período da manhã e ao final do mesmo dia,
inocularam-se os frutos com suspensão de 2 x 10
4
urediniosporos/mL. Após 7
dias, avaliou-se a incidência de frutos com ferrugem. Em casa-de-vegetação,
pulverizaram-se os mesmos fungicidas em plantas da variedade Paluma, de
1,5 anos de idade. Todos os frutos foram protegidos com sacos plásticos antes
das pulverizações. Vinte e quatro horas após a pulverização dos fungicidas,
inoculou-se suspensão de urediniosporos. Nenhum dos fungicidas pulverizados
nas folhas foi eficiente em reduzir a incidência da doença nos frutos, tanto em
campo quanto em casa-de-vegetação. Não houve diferença significativa entre
11
os tratamentos, quanto à incidência de frutos doentes. Concluiu-se que todos
os frutos jovens da planta deverão ser atingidos pela calda fungicida no
momento da pulverização, mesmo quando se empregam fungicidas sistêmicos.
Palavras-chaves: Mirtáceas, Puccinia psidii, urediniosporos
ABSTRACT
EFFECT OF FOLIAR SYSTEMIC FUNGICIDE SPRAYING IN THE CONTROL
OF GUAVA RUST (Puccini psidii) IN THE FRUITS
Puccinia psidii, causal agent of Mirtaceas rust is considered of immense
economic importance for the guava crop in the North Fluminense region, Rio de
Janeiro. Under field and greenhouse experiments, the efficiency of
azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L), epoxiconazole (150 mg/L),
oxycarboxyn (930 mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L),
and
triadimenol (310 mg/L) sprayed in leaves to control disease in the young
fruits
was evaluated. Approximately 90 fruits/plot, with 1 cm diameter, were
protected with plastic bags to prevent the direct fungicide contact. Then, the
fungicides were sprayed in the early morning period before the fruits being
inoculated with 2 x 10
4
urediniosporos/mL suspension at the same day on
evening. The incidence of fruits disease was evaluated after seven days. In
greenhouse, 1,5 year-old plants cv. Paluma were sprayed by the same
fungicides used in the first experiment. Prior to
the sprayings, all the fruits were
protected by plastic bags. Twenty-four hours after the fungicides spraying, fruits
were inoculated with urediniospore suspension. None of the fungicides sprayed
in leaves was efficient in the control of
fruits disease, either in field or
greenhouse. There was no significant difference between the treatments, in
regard incidence of rust in fruits. It was concluded that despite systemic
fungicides use for the rust control, all the young fruits have to be target of
fungicide spraying at the moment of application.
Key words: Mirtaceas, Puccinia psidii, urediniosporos
12
INTRODUÇÃO
Puccinia psidii Winter causa ferrugem em diversas espécies da família
Myrtaceae. Esta doença é considerada um problema em cultivos de eucalipto
(Coutinho et al., 1998, Ferreira, 1989, 1983) bem como em plantios de
goiabeira (Rocabado, 2003, 1998). De ocorrência ampla, o fungo também
ataca outras mirtáceas como a jabuticabeira (Myrciaria jaboticaba), araçazeiro
(Psidium cattleyanum), jambeiro (Syzygium jambos) e etc. A ferrugem é nativa
das Américas e ocorre do sul dos Estados Unidos a Argentina (Marlatt e
Kimbrough, 1979).
O fungo infecta órgãos jovens como folíolos, inflorescência, terminais de
ramos e frutos novos. Em eucalipto, a ferrugem causa deformações, redução
de crescimento e morte de mudas e brotações da soqueira (Ferreira, 1989). Na
goiabeira, embora o fungo ataque também folhas novas e brotações de mudas,
é pouco relevante em prejudicar o desenvolvimento de plantas adultas. No
campo, sua maior importância está relacionada à infecção em órgãos
reprodutivos da planta, como botões e frutos novos (Rocabado, 2003, 1998). A
ferrugem causa abortamento de botões e flores, prejudicando a produção final.
Em frutos formados, a ferrugem causa mumificação, deformação e queda
prematura. Em condições favoráveis à ferrugem e na ausência de controle
químico, pode haver perdas de até 100% na produção final (Rocabado, 2003,
1998).
Em condições ambientais favoráveis ao patógeno, os estádios
fenológicos potenciais à infecção situam-se desde a emissão dos botões florais
até os frutos atingirem o diâmetro aproximado de 4 cm. A partir desse tamanho,
o número de frutos doentes não mais aumenta, ou mesmo a incidência da
doença é reduzida devido à queda de frutos com ferrugem, atacados por
pragas ou podridões (Rocabado, 2003).
O uso de fungicidas é o método mais eficaz para o controle do fungo.
Fungicidas protetores e sistêmicos foram avaliados no controle de P. psidii na
cultura do eucalipto (Alfenas et al., 1993, Demuner e Alfenas, 1991, Ruiz e
Alfenas, 1989, Ruiz et al., 1987) e na goiabeira (Ferrari et al., 1997, Goes et al,
13
2004, Ruiz et al., 1991). Em condições de casa-de-vegetação, os fungicidas
triadimenol, triforine e oxicarboxin controlaram a doença nas folhas opostas e
superiores àquelas que receberam a calda fungicida (Ruiz et al., 1991). Em
mudas de eucalipto, os fungicidas triadimenol, triforine e oxicarboxin
controlaram a doença nas folhas próximas daquelas que receberam os
fungicidas (Ruiz e Alfenas, 1989). Esses autores confirmaram que houve
absorção pelas folhas das plantas pulverizadas e translocação dos fungicidas
para àquelas que não receberam a calda fungicida.
O controle da ferrugem-da-goiabeira é feito principalmente com a
pulverização de fungicidas protetores e/ou sistêmicos. Existe, no entanto,
dificuldades no controle da doença, quando as operações de poda do pomar de
goiabeiras são executadas de forma contínua. Pomares com essas
características necessitam constantemente de pulverizações, uma vez que a
planta emite periodicamente brotações novas. Nesse caso, a translocação dos
fungicidas sistêmicos das folhas para os frutos jovens é uma desejável. Além
disso, em pomares onde se pratica a proteção de frutos com sacos de papel, a
translocação de fungicidas sistêmicos das folhas para frutos pode controlar a
ferrugem em frutos anteriormente infectados.
Não existem informações que comprovem a translocação de fungicidas
sistêmicos para frutos jovens de goiaba, principais alvos da infecção por P.
psidii. Portanto, avaliou-se, em condições de campo e casa-de-vegetação, a
eficiência de fungicidas aplicados nas folhas no controle da ferrugem em frutos
jovens da goiabeira.
MATERIAL E MÉTODOS
Conduziram-se dois experimentos: em pomar comercial de goiabeiras,
variedade Paluma, situado no distrito de Praça João Pessoa, município de o
Francisco do Itabapoana, RJ e em casa-de-vegetação, situada na UENF, com
plantas da mesma variedade, de 1,5 ano de idade, cultivadas em vasos de 11 L
de solo.
14
1- Coleta, armazenamento e viabilidade do inóculo
De botões e frutos de goiabeira, variedade Paluma, coletaram-se
urediniosporos, os quais foram armazenados em tubos Eppendorf
®
abertos,
colocados no interior de potes de vidro de fechamento hermético, contendo
solução saturada salina de CaCl
2
sob 4
o
C (Suzuki e Silveira, 2003). Avaliou-se
a viabilidade dos esporos utilizando-se uma suspensão de urediniosporos
preparada em água destilada contendo 0,05% (v/v) de Tween 80%. Semearam-
se 300 µL da suspensão em meio de ágar, incubando-se em BOD e no escuro,
a 20
o
C, por 48 h, (Ruiz et al, 1989a). Após a contagem dos urediniosporos em
câmara de Neubauer, ajustou-se a concentração da suspensão de inóculo para
2 x 10
4
esporos/mL (Ruiz et al, 1991).
2- Pulverização dos fungicidas e avaliação dos resultados
O experimento de campo (09/2002) foi conduzido em delineamento
inteiramente casualizado (DIC), com oito tratamentos (azoxystrobin (100 mg/L),
cyproconazole (150 mg/L), epoxiconazole (150 mg/L), oxycarboxyn (930 mg/L),
pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310 mg/L) e
testemunha) e quatro repetições. Cada unidade experimental continha uma
planta adulta. Em cada planta, marcaram-se de 90 a 100 frutos, com
aproximadamente 1cm de diâmetro, os quais foram envoltos em saco plástico.
Pulverizaram-se 3 L da calda fungicida/ planta pela manhã com pulverizador
manual Trapp, com pressão variando de 150 a 180 libras.
O experimento em casa-de-vegetação (10/2002) foi conduzido em DIC,
com oito tratamentos (azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L),
epoxiconazole (150 mg/L), oxycarboxyn (930 mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L),
tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310 mg/L) e testemunha) e quatro
repetições. Cada parcela foi composta por quatro plantas em plena frutificação,
com frutos de aproximadamente 1 cm de diâmetro. Protegeram-se todos os
frutos com sacos plásticos e pulverizaram-se com 200 mL da calda fungicida/
planta durante à tarde com pulverizador manual (Guarani
®
).
Após 7 e 24 h da pulverização no experimento de campo e em casa-de-
vegetação, respectivamente, retiraram-se os sacos plásticos dos frutos e
inocularam-se com suspensão de 2 x 10
4
urediniosporos/ mL (Ruiz et al, 1991).
15
Avaliou-se, aos 7 dias, a incidência dos frutos com ferrugem. Efetuou-se
análise de variância (ANOVA) e teste de média de Tukey da incidência de
frutos com ferrugem, utilizando o programa SAEG 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve diferença significativa entre os tratamentos quanto à
incidência de frutos jovens com ferrugem (Figura A). Assim, quando aplicado
em folhas, nenhum fungicida sistêmico foi eficiente em controlar a doença nos
frutos jovens. Em casa-de-vegetação, constatou-se que não houve controle da
ferrugem nos frutos jovens quando todos os fungicidas foram aplicados sobre
toda a planta. Isto foi comprovado pela ocorrência de stulas de P. psidii na
superfície dos frutos avaliados (Figura B). Não houve diferença estatística entre
os tratamentos empregados quanto à incidência de frutos jovens com ferrugem,
comprovando o ocorrido em condições de campo.
O efeito dos fungicidas sistêmicos pulverizados em toda a planta,
provavelmente não inibiu a infecção do fungo nos frutos jovens da goiabeira.
Caso tenha ocorrido a translocação dos fungicidas das folhas para os frutos, a
concentração não foi efetiva e suficiente em inibir a infecção pela ferrugem.
A translocação de fungicidas sistêmicos foi avaliada em folhas de
mudas de goiabeiras da variedade Pirassununga, no controle da ferrugem
(Ruiz, et al., 1991). Foi constatado que os fungicidas oxicarboxin (750 mg/L),
triadimenol (375 mg/L e 750 mg/L) e triforine (280 mg/L) controlaram a doença
no par de folhas superior àquelas pulverizadas. A ausência de soros também
foi observada na folha oposta à pulverizada (Ruiz et al.,1991). Da mesma
maneira e para os mesmos fungicidas utilizados em mudas de goiabeira,
resposta semelhante foi obtida quando aplicados em mudas de eucalipto no
controle da ferrugem causada por P. psidii. Houve total controle da doença no
primeiro par de folhas superior ao pulverizado, ao passo que
16
CV. (%) = 30,12
C.V. (%) = 44,5
Figuras A e B. Incidência de frutos de goiaba com ferrugem (P. psidii), sob
condições de campo (A) e casa-de-vegetação (B), após a
pulverização dos fungicidas sistêmicos sobre as folhas para o
controle da doença em frutos jovens da goiabeira, variedade
Paluma. Médias seguidas da mesma letra não diferem
estatisticamente entre si ao nível de 5% probabilidade do teste
de Tukey. Legenda: teb tebuconazole; pyr pyraclostrobin;
tria triadimenol; oxi oxicarboxin; cyp cyproconazole; epo
epoxiconazole; azo – azoxystrobin; teste – testemunha.
0
5
1 0
1 5
2 0
2 5
3 0
3 5
4 0
te b p y r t r ia o x i c y p e p o a z o te s t e
F u n g ic id a s
Incidência de frutos doentes (%)
A
B
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
10 0
ep o tria pyr a zo c yp teb o xi te s te
F u n g icida s
Incidência de frutos doentes (%)
17
para a testemunha houve intensa esporulação do fungo (Ruiz e Alfenas, 1989).
Trabalho similar foi realizado na cultura do cafeeiro com respostas significativas
no controle de Hemileia vastatrix em folhas não pulverizadas adjacentes a que
recebeu o fungicida triadimefon (Nunes, 1986).
A translocação dos fungicidas sistêmicos está associada ao movimento
da seiva do xilema para as regiões de alta atividade transpiratória. Segundo
Patrick, (1988), citado por Lichtner, (2000), órgãos reprodutivos como frutos
apresentam baixa taxa de transpiração e estão conectados ao floema das
plantas, os responsáveis quase exclusivamente pelo transporte de água e
solutos para esses órgãos. Para a mobilidade via floema, os fungicidas devem
ter acesso ao citoplasma da folha, e via simplasto e em concentração
adequada, alcançar as regiões de dreno, como os frutos. Por outro lado,
apenas substâncias de baixo peso molecular, como acúcares, amino ácidos,
íons minerais e fitormônios atingem os órgãos de baixa taxa transpiratória
(Lichtner, 2000).
Segundo Rocabado, (2003), foi constatada a presença de grande
número de estômatos nos frutos da goiabeira (variedade Paluma), o que
provavelmente possibilitaria haver fluxo transpiratório para esses órgãos.
Nesse caso, se alguma conexão dos frutos com o xilema da planta existir,
haveria alguma translocação dos fungicidas sistêmicos pulverizados nas folhas
adjacentes para os frutos da planta a serem protegidos. No entanto, segundo
os resultados aqui obtidos é pouco provável haver essa conexão e a
dificuldade dos fungicidas em atingir o floema e translocarem-se para frutos de
goiaba em quantidades suficientemente fungitóxicas ao fungo.
Nos experimentos de campo e casa-de-vegetação, inocularam-se os
frutos após 7 e 24 h da pulverização, respectivamente. De acordo com Ruiz et
al. (1991), em mudas de goiabeira cultivadas em casa-de-vegetação, períodos
de 5 a 8 horas após a pulverização dos fungicidas nas folhas foram suficientes
para haver translocação para as folhas adjacentes e impedir assim, a infecção
da ferrugem. Nestes trabalhos, o tempo entre a pulverização dos fungicidas e
inoculação dos frutos jovens com a suspensão de urediniosporos da ferrugem,
de no mínimo sete horas, foi considerado suficiente para que os fungicidas
18
translocassem das folhas para os frutos jovens da goiabeira, e mesmo assim,
não houve inibição da infecção do fungo nos tecidos do hospedeiro.
Neste trabalho de se considerar que a pulverização dos fungicidas
deve ser feita com maior tecnologia, visando os frutos da planta. A qualidade
das pulverizações é de fundamental importância para o controle da ferrugem
em condições de campo.
CONCLUSÕES
Concluiu-se nestes experimentos que:
(i) Nenhum dos fungicidas sistêmicos testados no trabalho quando aplicado nas
folhas foi eficiente em controlar a ferrugem em frutos jovens; (ii) Todos os frutos
da goiabeira devem ser atingidos durante a pulverização dos fungicidas;
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Ruiz, R. A., Alfenas, A. C., Ferreira, F. A., Vale, F. X. (1989a) Influência da
temperatura, do tempo de molhamento foliar, fotoperiodo e da intensidade
de luz sobre a infecção de Puccinia psidii em eucalipto. Fitopatologia
Brasileira 14: 55-61.
Ruiz, R. A. R., Alfenas, A. C., Ferreira, F. A., Zambolim, L. (1987) Fungicidas
protetores e sistêmicos para o controle da ferrugem do eucalipto, causada
por Puccinia psidii. Revista Árvore 11: 56 – 65.
20
Suzuki, M. S., Silveira, S. F. (2003) Germinação in vitro de urediniosporos de
Puccinia psidii armazenados sob diferentes combinações de umidade
relativa e temperatura. Summa Phytopathologica 29: 188 – 192.
21
3.2 CONTROLE QUÍMICO DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM CONDIÇÕES
DE CAMPO, NA REGIÃO NORTE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
RESUMO
Puccinia psidii é a principal doença da goiabeira no Norte Fluminense. A
pulverização de fungicidas é a principal medida utilizada no controle da doença.
Objetivou-se avaliar a eficiência de fungicidas sistêmicos e protetores
(mancozeb) no controle da ferrugem em condições de campo. Em 2003,
azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L), mancozeb (1600 mg/L),
pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L) e triadimenol (310 mg/L) e
água (testemunha) foram aplicados a 3 L de calda/planta, a intervalos
quinzenais, intercalados semanalmente com oxicloreto de cobre (2400 mg/L).
As pulverizações iniciaram-se quando 47% em média de botões estavam com
ferrugem. Triadimenol foi o tratamento mais produtivo, com produção média
(81,34 kg/planta) e menor incidência final de frutos doentes (12%), mas o
diferiu estatisticamente de azoxystrobin quanto à área abaixo da curva de
progresso da doença (AACPD), taxa de progresso, incidência máxima e final de
frutos doentes. Na testemunha ocorreu maior incidência final de frutos doentes
(84%) e produção média baixa (10,25 kg de frutos/planta e 61 frutos/planta).
22
Tebuconazole, nas condições avaliadas, não foi eficiente no controle da
ferrugem no primeiro ensaio. Em 2003-2004, empregou-se azoxystrobin (100
mg/L), mancozeb (1600 mg/L) tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310 mg/L)
e água (testemunha), no controle da doença. Iniciou-se o controle com
pulverização de oxicloreto de cobre (2400 mg/L) quando em média 7% de
botões doentes foram detectados nas parcelas. Os fungicidas sistêmicos e
mancozeb foram aplicados em intervalos quinzenais, com 2 L da calda
fungicida/planta, aos 9 dias após a segunda pulverização com oxicloreto de
cobre. Triadimenol foi o tratamento que mais produziu, embora não diferiu
estatisticamente de tebuconazole quanto à incidência final de botões doentes,
AACPD, incidência máxima e final de frutos doentes e taxa de progresso. Na
testemunha, houve baixa produção (17 frutos/planta) e incidência máxima de
frutos doentes de 89%, diferindo estatisticamente dos demais tratamentos. As
pulverizações com os fungicidas sistêmicos e protetores (mancozeb) foram
necessárias para se obter produção comercial de goiaba nas condições do
ensaio.
Palavras-chaves: fungicidas, goiabeira, tebuconazole, triadimenol
ABSTRACT
CHEMICAL CONTROL OF THE RUST (Puccinia psidii), IN THE NORTH
REGION OF THE RIO DE JANEIRO STATE
Puccinia psidii is the main disease of guava crop in the North Fluminense
region. Chemical control is the main strategy for
disease control. This work had
as objective to evaluate the systemic fungicides and mancozeb efficiency in the
guava rust control at field conditions. In 2003, azoxystrobin (100 mg/L),
cyproconazole (150 mg/L), mancozeb (1600 mg/L), pyraclostrobin (100 mg/L),
tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310 mg/L) and control (water) were
applied at 3 L/plant, in 15 days intervals, intercalated weekly with copper
oxchloride (2400 mg/L). The sprayings started when 47%, of flower buds
23
showed rust signals. Triadimenol was the best fungicide with the higher average
production/plant (81,34 Kg) and lower incidence of disease (12%), but it did not
differed statistically from azoxystrobin for area under the progress of disease
(AUCPD), progress rate, maximum and final incidence of fruits disease. Control
plants showed higher incidence of the disease (84%) and lower production (61
fruits/plant) and average weight of fruits/plant (10,25 kg). Tebuconazole, did not
controlled guava rust in first experiment. In a second experiment, during 2003 to
2004, azoxystrobin (100 mg/L), mancozeb (1600 mg/L) tebuconazole (150
mg/L), triadimenol (310 mg/L) and control (water) were evaluated. Copper
oxchloride (2400 mg/L) spraying were initiated when 7% of diseased flower bud
averages were detected in the plots. Systemic fungicides and mancozeb were
applied with 2 L/plant, in 15 days intervals, at nine days after the second
spraying with copper oxchloride. Triadimenol was the best treatment, however it
did not statistically differed from tebuconazole in regard the final incidence of
fruits disease, AUCPD, maximum and final incidence of fruits, rate of progress
of the incidence of fruits. Azoxystrobin and mancozeb were inferior to
triadimenol and tebuconazole in the disease control. Control plants showed low
production (17 fruits/plant) and maximum incidence of fruits disease of 89%,
statistically differing from the fungicides. Triadimenol showed eradicating effect
on fruit disease. Triadimenol and tebuconazole sprayings were necessary in
order to get commercial guava production averages.
Key words: fungicides, guava, tebuconazole, triadimenol.
24
INTRODUÇÃO
A cultura da goiaba (Psidium guajava L.) tem grande potencial
econômico no cenário da fruticultura tropical. A planta é cultivada em vários
estados do Brasil e gera renda e oportunidade de trabalho nas zonas rurais.
Além de gerar divisas para os agricultores, tanto pelo mercado in natura como
pela indústria de processamento de polpa, a goiabeira apresenta propriedades
terapêuticas no combate ao câncer de próstata e a arteriosclerose (Neto et
al.,2003). O fruto é de grande aceitação pelo seu paladar agradável e pelo alto
teor em vitamina C (Medina, 1991), vitamina A, tiamina, fósforo e ferro (Castro
e Sigrist, 1991).
A produção de goiabas no Brasil ainda é insignificante comparada a
outras frutíferas. Segundo o IBGE (2003), nesse ano a cultura da goiaba
ocupou 17.776 ha plantados, com produtividade média de 18,7 t./ha. Ainda
assim, a produtividade média dos pomares no Brasil é menor que a de regiões
mais tecnificadas do estado de São Paulo, cujos rendimentos podem atingir até
50 t./ha (Rocha e Bemelmans, 2005).
Em 2004, o Estado do Rio de Janeiro ocupou o quinto lugar quanto à
produção no Brasil, com produtividade média de 17,5 t./ha (Francisco et al.,
2005). Em 2003, no Norte e Noroeste Fluminense havia 193 ha plantados com
goiabeiras e a produção foi de 3391 t. (IBGE, 2003). Apesar da expressiva
expansão da cultura de 1998 a 2002, no Norte e Noroeste Fluminense
(Brandão, 2004), a produtividade ainda é baixa e está aquém da obtida em
outras regiões. Esse fato somado a reduzida área cultivada, faz com que a
goiaba produzida na região seja insuficiente para abastecer a indústria local de
doces, o que obriga os empresários regionais a comprarem goiabas de outros
Estados (Lopes Riscado - Doces Nolasco, comunicaçao pessoal). Além disso,
a qualidade obtida para a venda de fruta in natura é, com freqüência,
insatisfatória. Pouco da quantidade produzida na região destina-se ao consumo
de mesa, e a maior parte da produção destina-se a matéria-prima de pequenas
fábricas artesanais de doces, especialmente situadas no município de São
João da Barra. Dentre os fatores que contribuem para essa baixa
25
competitividade da goiaba produzida no Norte Fluminense, destacam-se os
problemas fitossanitários.
No Norte Fluminense, a goiabeira está sujeita à ferrugem, causada por
Puccinia psidii Winter (Rocabado, 2003, 1998, Silveira et al., 1997). O fungo
incide em plantas da família Myrtaceae e foi relatado em vários gêneros,
como o eucalipto (Eucalyptus spp), a jabuticabeira (Myrciaria caulifora Berg.), o
jambeiro (Syzygium jambos L.), a goiabeira (Psidium guajava L.) e outros
(Ferreira, 1983, Alfenas et al., 1989, Coutinho et al., 1998). Na goiabeira, a
ferrugem incide em folhas novas e hastes herbáceas de brotações, em botões,
flores e frutos novos. Os sinais típicos da doença é a esporulação amarelada,
que corresponde aos soros urediniais do fungo (Piccinin e Pascholati, 1997). A
infecção em flores e frutos resulta em abortamento, queda, mumificação,
lesões necróticas e deformações.
A ferrugem no Norte Fluminense causa perdas, seja pela redução de
produtividade ou qualidade dos frutos (Rocabado 2003, 1998, Silveira et al.,
1997). Em épocas de grande incidência da doença e na ausência de controle, a
produção pode se reduzir em até 100%, principalmente em pomares cultivados
com a variedade Paluma (Rocabado, 1998). Mesmo com a redução
significativa da produção causada pelo fungo, pouco se tem pesquisado sobre
o controle da ferrugem no Brasil. Não existem variedades comerciais
resistentes (Vasconcelos et al., 1998). Épocas de escape para a produção da
fruta podem ser inseridas no manejo, com base em estudos epidemiológicos
regionais (Rocabado 2003, 1998). No entanto, a principal forma de controle da
doença é a pulverização de fungicidas protetores e/ou sistêmicos.
poucos trabalhos sobre o controle químico de P. psidii em pomares
de goiabeiras. O emprego de fungicidas foi avaliado no controle da doença em
folhas de mudas de goiabeira cultivadas em casa-de-vegetação (Ruiz et al.,
1991) e raras vezes em experimentos de campo (Ferrari et al., 1997, Goes et
al., 2004). Porém, a pesquisa sobre o uso de fungicidas no controle da doença
no campo tem sido limitada a fungicidas protetores, à base de cobre e
mancozeb. Ferrari et al. (1997) empregaram chlorothalonil, mancozeb e
oxicloreto de cobre e concluíram que todos os fungicidas foram
estatisticamente iguais entre si no controle do fungo, sendo chlorothalonil o
26
mais efetivo no controle da doença em frutos. Por outro lado, Goes et al. (2004)
em experimento de campo, constataram que os fungicidas protetores,
oxicloreto de cobre, hidróxido de cobre e óxido cuproso, foram iguais ao padrão
tebuconazole no controle de P. psidii. Os autores concluíram que oxicloreto de
cobre, hidróxido de cobre, óxido cuproso, isoladamente ou associados a
mancozeb controlaram a ferrugem. Entretanto, mancozeb quando aplicado
isoladamente não apresentou diferença significativa com a testemunha na
incidência de frutos com ferrugem (Goes et al., 2004).
Sob condições controladas de inoculação e incubação, demonstrou-se a
eficiência dos fungicidas sistêmicos e protetores, como triadimenol,
chlorothalonil, mancozeb, oxicloreto de cobre, oxycarboxin e triforine no
controle da ferrugem em folhas de mudas de goiabeira. Também se
demonstrou a translocação foliar ascendente e lateral dos fungicidas sistêmicos
triforine, triadimenol e oxycarboxin em brotações de mudas de goiabeira (Ruiz
et al., 1991). Tanto os fungicidas protetores quanto os sistêmicos tiveram efeito
protetor de a10 dias em folhas da goiabeira. Quando se considerou o efeito
curativo dos fungicidas sistêmicos, triadimenol a 0,75 g/L foi o mais eficiente
no controle da doença em mudas (Ruiz et al., 1991). Os mesmos fungicidas
foram também empregados no controle da ferrugem na cultura do eucalipto
(Demuner e Alfenas, 1991, Ruiz e Alfenas, 1989, Ruiz et al., 1987). Ao se
avaliarem os fungicidas oxicarboxin, diniconazole, triadimenol molhável
(PM) e granulado, sob condições controladas, triadimenol PM (400 e 800 mg/L)
protegeu as brotações de mudas de eucalipto por até 28 dias antes da
inoculação com urediniosporos do patógeno (Demuner e Alfenas, 1991). Ao se
determinarem a absorção e translocação dos fungicidas sistêmicos triadimenol,
triforine e oxicarboxin em folhas de Eucalyptus grandis., constatou-se que
triadimenol e triforine foram absorvidos pela superfície foliar dentro de 30 min e
que a translocação dos fungicidas nas folhas da planta foi eficiente no controle
de P. psidii (Ruiz e Alfenas, 1989).
Entretanto, não existem informações suficientes para se recomendar o
controle químico da ferrugem em condições de campo, utilizando fungicidas
sistêmicos, no Brasil e no mundo. Assim, objetivou-se avaliar em condições de
campo a eficiência de fungicidas sistêmicos (triazóis e estrobilurinas) e protetor
27
(mancozeb) no controle da ferrugem em pomares de goiabeiras, na variedade
Paluma, sob condições naturais de infecção de P. psidii.
MATERIAL E MÉTODOS
Eficiência dos fungicidas sistêmicos e protetor (mancozeb) no controle da
ferrugem em condições de campo
Conduziram-se dois experimentos em lavoura de produtor de goiaba,
situada no distrito de Praça João Pessoa, município de São Francisco do
Itabapoana RJ. A área experimental constou de goiabeiras adultas (variedade
Paluma) produtivas, cultivadas em espaçamento de 7 x 6 m. As plantas
receberam todos os tratos culturais pertinentes à cultura da goiaba, como poda,
adubação, irrigação, capina e controle de pragas. A poda foi realizada um s
após a colheita e o controle de pragas (psilídeos e gorgulho-da-goiabeira) foi
realizado mediante aplicações de inseticidas.Os fungicidas testados com suas
respectivas dosagens encontram-se no Quadro 1.
No primeiro experimento, conduzido de abril a outubro de 2003, os
fungicidas foram pulverizados em intervalos quinzenais, intercalados
(semanalmente) com oxicloreto de cobre (2400 mg/L), exceto na testemunha
em que se pulverizou água. Um volume de 3 L da calda fungicida/ planta foi
aplicado com um pulverizador estacionário, alimentado por força tratorizada,
sob pressão de 6 Bar,.pela manhã até o ponto de escorrimento. As
pulverizações se estenderam até o final do período suscetível dos frutos,
quando estes se encontravam com cerca de 4 cm de diâmetro. Empregou-se o
delineamento em blocos casualizados, com 7 tratamentos (6 fungicidas e
testemunha) e cinco repetições, e cada parcela constituída de uma planta.
Avaliou-se semanalmente a incidência de botões e frutos com ferrugem, até 70
dias após a emissão dos botões.
No segundo experimento, realizado de setembro de 2003 a maio de
2004, empregaram-se os fungicidas considerados mais promissores no primeiro
experimento (Quadro 1)
28
Quadro 1. Fungicidas empregados para o controle de P. psidii em goiabeira,
variedade Paluma, sob condições de campo no distrito de Praça
João Pessoa, município de São Francisco do Itabapoana-RJ, em
dois experimentos conduzidos em 2003 (experimento 1) e 2003
2004 (experimento 2)
Fungicida Grupo químico
Característica
Dose i.a (mg/L)
Azoxystrobin Estrobilurina Sistêmico 100
Cyproconazole Triazol Sistêmico 150
Mancozeb Ditiocarbamato
Protetor 1600
Pyraclostrobin Estrobilurina Sistêmico 100
Tebuconazole Triazol Sistêmico 150
Experimento
1
Triadimenol Triazol Sistêmico 310
Azoxystrobin Estrobilurina Sistêmico 100
Mancozeb Ditiocarbamato
Protetor 1600
Tebuconazole Triazol Sistêmico 150
Experimento
2
Triadimenol Triazol Sistêmico 310
Efetuaram-se pulverizações iniciais com oxicloreto de cobre a 2400 mg/L,
em todas as parcelas, exceto naquelas da testemunha, quando se verificou
incidência média de 7% de botões com ferrugem. As pulverizações
estenderam-se até verificar aproximadamente 10% de incidência nos botões e
frutos (média de todas as parcelas). A partir de então, iniciaram-se as
aplicações dos fungicidas em teste (Quadro 1), a intervalos quinzenais. Utilizou-
se um atomizador costal motorizado Guarani
®
(ULV-Super 73 c.c., motor 2T,
tanque de 18 L ) e bicos cones cheios de 1,5 L/min de vazão, o que possibilitou
aplicar 2 L de calda fungicida em cada planta. As pulverizações sempre
ocorreram na parte da manhã, até o ponto de escorrimento.
Empregou-se o delineamento em blocos casualizados, com cinco
tratamentos e cinco repetições, sendo cada parcela constituída de uma planta.
Avaliou-se a incidência de botões e frutos com ferrugem em intervalos de 15
29
dias. No final do ciclo da cultura, em ambos os experimentos, avaliou-se a
produção (número e peso dos frutos/ planta).
Análise de custos
Os custos médios por hectare da condução por uma safra da goiabeira,
variedade Paluma, cultivadas em espaçamento 7 x 6 m, os quais contabilizaram
as operações mecanizadas e manuais, insumos etc, bem como os custos de
administração do negócio, foram obtidos do Agrianual (2005). O preço de
mercado dos fungicidas foram referentes ao mês de outubro de 2004,
praticados pelas principais regiões consumidoras do estado de São Paulo
(Aenda, 2004). O preço médio de goiaba no Brasil, praticado no ano de 2004,
foi estimado em R$ 0,62/ Kg (Agrianual, 2005). Para o cálculo do custo total,
contabilizaram-se todas as operações realizadas na cultura de forma geral,
exceto o gasto com fungicidas. Para obter o rendimento líquido, utilizou-se o
valor do rendimento bruto (produção em Kg multiplicada pelo valor (R$) do Kg
da fruta) e extraiu-se o custo dos fungicidas, o custo total da condução da
cultura e mais o custo de R$ 45,69.ha
–1
, equivalente às duas pulverizações
iniciais com oxicloreto de cobre.
Análise estatística
Com os dados da incidência de botões e frutos com ferrugem, testou-se
o ajuste dos modelos lineares de progresso da doença: monomolecular,
gompertz, exponencial e logístico (Campbell e Madden, 1990). Além dos dados
de produção (peso e número de frutos/ planta), obtiveram-se as variáveis taxa
de progresso da incidência de frutos com ferrugem (“r”), área abaixo da curva
de progresso da ferrugem em frutos (AACPD), incidência xima e final de
frutos com ferrugem. Efetuou-se análise de variância de todas as variáveis e,
quando pertinente, compararam-se as médias pelo teste de Tukey, a 5% de
probabilidade, utilizando-se o programa estatístico SAEG 8.0 (Ribeiro Júnior,
2001).
30
RESULTADOS E DISCUSSÃO
No experimento 1, a epidemia da ferrugem-da-goiabeira iniciou logo
após o início da brotação da planta quando os primeiros botões surgiram.
Estimou-se uma incidência dia de 47% de botões doentes no talhão, antes
de serem iniciadas as pulverizações (Figura 1). Observou-se pelas curvas de
progresso obtidas que os fungicidas sistêmicos reduziram o progresso da
doença a partir do 21
o
. dia após a 1
a
. avaliação (Figura 1). Ao se avaliar a
incidência de botões doentes, aos 7 e 14 dias do início das avaliações, não foi
possível constatar diferença significativa entre os tratamentos. Verificou-se que
mesmo sob condições iniciais de alta incidência de botões doentes, os
fungicidas pulverizados sobre esses órgãos foram promissores no controle da
doença (Figura 1). O nível inicial de botões doentes o foi limitante para
discriminar os fungicidas mais eficazes no controle de P. psidii. Tebuconazole
foi o fungicida menos eficiente na fase inicial da epidemia, no experimento 1
(Figura 1). Isto pode ser explicado pelo fato das parcelas pulverizadas com
tebuconazole apresentarem, desde o início, os maiores percentuais de
botões doentes. Ademais, como observado durante as avaliações,
tebuconazole não erradicou as pústulas do fungo, como verificado para
triadimenol.
Sob condições de alta incidência de botões doentes, mancozeb não foi
eficiente em controlar a doença, já estabelecida, quando houve atraso na
pulverização. Ferrari et al. (1997), obtiveram resultados no controle da doença
utilizando aplicações quinzenais preventivas de mancozeb em situações de
campo. Goes et al. (2004), também confirmaram a eficiência de mancozeb no
controle de P. psidii na variedade Paluma, sob condições de campo, com
pulverizações semanais. Mancozeb também ofereceu proteção total em folhas
da goiabeira, sob condições controladas, quando aplicado 10 dias antes da
infecção do fungo (Ruiz et al., 1991).
No segundo experimento, mancozeb foi eficiente quando pulverizado
preventivamente em botões, não diferindo estatisticamente de triadimenol,
tebuconazole e azoxystrobin, até aos 24 dias após o início das avaliações
(Figura 2). Esses resultados corroboraram àqueles apresentados por Ferrari
31
Figura 1. Progresso da ferrugem (P. psidii) em botões e frutos de goiaba
(variedade Paluma) em experimento de campo (ano 2003), no
distrito de Praça João Pessoa, município de São Francisco do
Itabapoana-RJ. Efetuaram-se pulverizações de azoxystrobin (100
mg/L), cyproconazole (150 mg/L), mancozeb (1600 mg/L),
pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L), triadimenol
(310 mg/L), intercalados com oxicloreto de cobre (2400 mg/L). As
setas da abscissa numeradas em 1, 3, 5, 7 e 8 correspondem às
pulverizações com os fungicidas sistêmicos e mancozeb,
respectivamente aos 2, 16, 30, 43 e 58 dias do início do período
experimental (1
a
. avaliação de campo). A sigla Cu representa as
pulverizações com oxicloreto de cobre aos 9, 23 e 37 dias,
respectivamente, a partir da 1
a
avaliação de campo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
0 7 14 0 7 14 21 28 35 42 49 56 63 70
Dias
Incidência de botões e frutos doentes (%)
testemunha
pyraclostrobin
tebuconazole
azoxystrobin
cyproconazole
triadimenol
mancozeb
botões
1 Cu
1 Cu 3 Cu 5 Cu 7
32
et al. (1997), em que as pulverizações com mancozeb realizadas a cada
quinze dias preventivamente controlaram a doença no campo. Mesmo assim,
mancozeb foi menos eficiente que os outros fungicidas. Os dados de incidência
máxima e final da doença ainda revelaram que o tratamento mancozeb,
empregado como estritamente protetor, apresentou considerável nível de
doença, mesmo sendo aplicado sob alta e baixa quantidade de doença
(Quadro 2).
Observou-se para triadimenol redução na incidência de frutos doentes
a partir do 21
o
dia após o início das avaliações de campo. Os demais
tratamentos apresentaram incidências crescentes ou estáveis nas mesmas
condições (Figura 1). A tendência de declínio da curva de progresso da doença
para o tratamento triadimenol, tanto no primeiro experimento quanto no
segundo (Figura 2) foi relacionado à queda de frutos doentes (dados não
apresentados). Além da maior permanência de frutos sadios na goiabeira
quando da aplicação do fungicida triadimenol, notou-se também que o mesmo
erradicou e possibilitou a cicatrização de pequenas pústulas. Frutos com lesões
cicatrizadas foram considerados sadios, o que de certa forma diminuiu a
incidência de frutos doentes na planta.
No segundo experimento, a epidemia da ferrugem alcançou em média
7% dos botões doentes da planta quando foram iniciadas pulverizações.
Constatou-se que os fungicidas pulverizados foram eficientes em conter o
progresso da doença em condições de campo e que as condições ambientais
foram igualmente favoráveis à epidemia, como constatado nas parcelas
testemunhas (Figura 2). À exceção de mancozeb, os fungicidas aplicados no
início da epidemia (incidência de botões com ferrugem) resultaram em curvas
de progresso da doença menos acentuadas (Figura 2).
Diferente do ocorrido no experimento 1, o fungicida tebuconazole foi
eficiente em controlar a doença quando a incidência inicial de botões doentes
foi baixa (7% do talhão). Tebuconazole apresentou taxa de progresso da
doença positiva para as condições do experimento 2. Entretanto, teve menos
doença que azoxystrobin, mancozeb e testemunha (Figura 2).
33
34
Figura 2. Progresso da ferrugem (P. psidii) em botões e frutos de goiaba
(variedade Paluma) em experimento de campo (ano 2003-2004),
no distrito de Praça João Pessoa, município de o Francisco do
Itabapoana-RJ. Pulverizou-se inicialmente com oxicloreto de cobre
(2400 mg/L) e posteriormente com azoxystrobin (100 mg/L),
mancozeb (1600 mg/L), tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310
mg/L). A sigla Cu indica pulverizações com oxicloreto de cobre
(2400 mg/L) aos 3 e 10 dias, após o início das avaliações de
campo, exceto na testemunha (pulverizada com água). A seta 1
representa a pulverização dos fungicidas nos botões, aos 19 dias.
As setas 2, 3, 4, 5 e 6 representam as pulverizações dos fungicidas
durante a frutificação, a intervalos de aproximadamente 15 dias,
aplicados respectivamente aos 19, 28, 43, 57 e 72 dias, após a 1
a
avaliação de campo.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 3 10 14 24 14 24 38 52 66 87 102
Dias
Incidência de botoes e frutos doentes (%)
testemunha
mancozeb
tebuconazole
azoxystrobin
triadimenol
C
Cu
1
2
3
4
5
6
botões
35
Os fungicidas sistêmicos e mancozeb exerceram significativo controle da
doença em condições de campo quando comparado com a testemunha
pulverizada somente com água, no experimento 2. As pulverizações
preventivas com fungicidas sistêmicos ou mancozeb durante o ciclo da
goiabeira protegeram botões e frutos e, impediram o surgimento de novas
pústulas.
Oxicloreto de cobre também ofereceu alguma proteção aos botões,
quando pulverizado a intervalo de quinze dias, intercalado com os fungicidas
sistêmicos e mancozeb (Figura 1). no segundo experimento, as duas
aplicações de oxicloreto de cobre a 2400 mg/L, foram praticamente suficientes
para estabilizar por até 14 dias a epidemia no campo (Figura 2). Esses
resultados corroboram aos apresentados por Goes et al. (2004), onde
oxicloreto de cobre controlou a ferrugem em pomar de goiaba plantado com a
mesma variedade utilizada por nós.
A eficiência comprovada do oxicloreto de cobre no controle da ferrugem
da goiabeira e do eucalipto (Ferrari et al., 1997, Goes et al., 2004, Ruiz et al.,
1991, Ruiz et al., 1987), sugere que o mesmo pode ser empregado em
aplicações intercaladas semanalmente com fungicidas sistêmicos no controle
de P. psidii na cultura da goiabeira e, principalmente em pulverizações nos
estádios iniciais da frutificação, após a formação dos primeiros botões ou do
aparecimento das primeiras pústulas em botões sob condições favoráveis à
doença. Ademais, oxicloreto de cobre pode ser utilizado em sistema de rodízio
ou em mistura com fungicidas sistêmicos visando a redução do risco de
surgimento de resistência aos fungicidas sistêmicos. Todavia, fungicidas
cúpricos, em geral, não podem ser pulverizados quando os frutos de goiaba
atingem 2 ou mais centímetros de diâmetro, pois nesta fase são fitotóxicos,
imprimindo na casca manchas escurecidas (informação, Prof. Silvaldo Felipe
da Silveira).
Nos dois experimentos, não se observaram sintomas de fitotoxidez por
cobre, pois o oxicloreto de cobre foi pulverizado somente em fases nas quais
os frutos apresentavam-se próximos de 2 cm. Esses resultados corroboram
aos de Goes et al. (2004), em que frutos com diâmetro de 2,5 a 3,5 cm foram
36
sensíveis ao cobre. Assim sendo, justifica-se ainda mais o uso de outros
fungicidas protetores ou sistêmicos, particularmente nos estádios em que os
frutos tornam-se sensíveis à pulverização com fungicidas a base de cobre.
Azoxystrobin, apesar de ter sido considerado melhor que os outros
fungicidas sistêmicos e protetor (mancozeb), à exceção de triadimenol, no
primeiro experimento (Figura 1), não foi tão eficiente em controlar a doença no
segundo experimento (Figura 2), sendo inferior ao tebuconazole e triadimenol.
Apesar disso, azoxystrobin, por apresentar mecanismo de ação peculiar,
inibindo a produção de energia na mitocôndria bem como propriedades
mesostêmicas, pode oferecer efeito erradicante local sob alta pressão de
inóculo, como constatado no primeiro experimento, e ajudar a prevenir o
surgimento de linhagens resistentes a outros fungicidas, notadamente
tebuconazole e triadimenol (Ypema e Gold, 1999).
Em ambos experimentos, houve diferença significativa entre os
tratamentos empregados no controle da ferrugem em frutos, para a maioria das
variáveis analisadas (Quadro 2). Porém, no experimento 2, não foi verificada
diferença significativa da incidência máxima de frutos doentes entre mancozeb
e azoxystrobin, mas quanto à incidência final de frutos com ferrugem,
azoxystrobin foi estatisticamente superior ao mancozeb (Quadro 2). Quando se
compararam os fungicidas triadimenol, tebuconazole e azoxystrobin entre si,
não se obteve diferença estatística quanto à incidência máxima e final de frutos
doentes no experimento 2 (Quadro 2). Todavia, triadimenol apresentou os
menores valores de incidência máxima e final de frutos doentes, na ordem de
10 e 1%, respectivamente. A incidência máxima e final de frutos doentes para
tebuconazole foi de 20 e 13%, respectivamente. Essa diferença entre
triadimenol e tebuconazole pode ser atribuída ao fato mencionado do efeito
de triadimenol na cicatrização de pústulas pequenas. Triadimenol, mesmo com
dose superior, apresentou outros atributos positivos, como ausência de
sintomas de fitotoxidez e, em condições de alta incidência de frutos doentes, o
produto erradicou pequenas pústulas da ferrugem.
Nos estudos do progresso da doença, o modelo Monomolecular foi o
que apresentou o melhor ajuste dos dados obtidos em ambos os experimentos.
Quando se analisou a taxa de progresso da doença, verificou-se que não
37
houve diferença significativa entre os fungicidas sistêmicos e protetor
(mancozeb) em ambos os experimentos (Quadro 2). O tratamento testemunha
foi o que apresentou a maior taxa de progresso da doença, diferindo
estatisticamente de todos os fungicidas (Quadro 2). Segundo Rocabado (2003
e 1998), taxas elevadas de progresso da ferrugem foram verificadas em dois
anos de experimentos na mesma lavoura. Fato esse também verificado nas
parcelas testemunhas destes experimentos, na ausência de controle da
doença.
O tratamento mancozeb não foi estatisticamente diferente dos outros
três fungicidas no experimento 2, quanto à taxa de progresso da doença,
embora esta tenha sido superior as taxas de triadimenol, tebuconazole e
azoxystrobin. Por outro lado, mancozeb igualou-se à testemunha quanto à taxa
de progresso da doença (Quadro 2).
Constatou-se que a taxa de progresso para o fungicida triadimenol foi de
0,007 (experimento 1) e 0,004 (experimento 2). Os maiores valores de taxa
verificados para triadimenol no experimento 1 em relação ao 2, mostraram que
para o patossistema P. psidii e goiabeira, o estádio de botão deve ser
considerado relevante nas tomadas de decisão para o controle da doença no
campo. Isso se confirmou para o experimento 2, porque quando os botões
infectados foram pulverizados logo no início do aparecimento das primeiras
pústulas de ferrugem, o progresso da doença foi mais lento e o controle mais
efetivo. Notou-se que a taxa da doença nesse caso foi mais baixa para
triadimenol, aplicado quando a incidência de botões doentes foi de
aproximadamente 10% (Figura 2), do que quando a incidência em botões
ultrapassava os 53% no experimento 1 (Figura 1).
Quando se avaliou a AACPD, ficou também evidente a distinção entre
todos os fungicidas empregados no experimento 2. No entanto, valores
diferentes foram encontrados no experimento 1, onde todos os fungicidas
foram iguais entre si, com exceção da testemunha (Quadro 2). No experimento
2, a testemunha e triadimenol foram os que apresentaram o maior e menor
valor da área abaixo da curva de progresso da doença, respectivamente, tendo
tebuconazole, azoxystrobin e mancozeb valores intermediários para esta
variável (Quadro 2). Nesse experimento, o tratamento testemunha foi diferente
38
dos demais fungicidas e, triadimenol foi estatisticamente igual a tebuconazole,
mesmo apresentando AACPD de 909, inferior ao apresentado por
tebuconazole, que foi de 2146 (Quadro 2). Mancozeb e azoxystrobin
apresentaram AACPD muito semelhantes e, tebuconazole foi estatisticamente
igual ao azoxystrobin nas doses pulverizadas (Quadro 2). No entanto, os
fungicidas triadimenol e tebuconazole foram os melhores e os mais eficientes
no controle da doença no experimento 2.
Notou-se que o fungicida triadimenol controlou eficientemente a
ferrugem, uma vez que o produto provavelmente atua em pré e pós-infecção
e/ou sobre pústulas esporulantes do fungo. A excelente ação do fungicida
triadimenol refletiu-se na produção das plantas como verificado em todos os
dois experimentos (Quadro 2).
Relatou-se que a média nacional da produção de goiabas é de 19 t.ha
-1
(IBGE, 2003) e para o Estado do Rio de Janeiro a média ficou em torno de 17,5
t.ha
-1
, para o mesmo ano. Nos experimentos 1 e 2, estimou-se que a
produtividade média da goiabeira Paluma foi de aproximadamente 20 t, para o
melhor tratamento, triadimenol. Nesse caso, triadimenol foi o melhor fungicida
empregado no controle da ferrugem sob condições de campo, nos dois
experimentos, mesmo em aplicações tardias e precoces. Em aplicações
tardias, o fungicida triadimenol controlou a doença, como verificado no
experimento 1. Esse resultado corrobora com aqueles obtidos por Ruiz et al.
(1991), onde o controle da ferrugem do eucalipto não foi prejudicado por breves
atrasos na pulverização das plantas com triadimenol. Além de suas
características positivas, triadimenol pulverizado sobre botões inicialmente
doentes, pode também atuar na redução do inóculo inicial da lavoura,
mantendo os níveis baixos de doença e retardando o surgimento da epidemia
no campo.
A eficiência de triadimenol foi também verificada para o eucalipto
(Alfenas et al., 1993, Demuner e Alfenas, 1991, Ruiz et al., 1987) e
comprovada para o controle de P. psidii em folhas de mudas da goiabeira em
condições de casa-de-vegetação (Ruiz et al.,1991).
No experimento 2, notou-se que os fungicidas sistêmicos não precisaram ser
pulverizados antes do aparecimento das primeiras pústulas de ferrugem nos
39
botões, para se obter boa proteção dos frutos. Uma baixa percentagem de
botões com ferrugem pode ser admitida antes das pulverizações com
sistêmicos, uma vez que grande parte desses botões cai prematuramente da
planta. Todavia, recomenda-se aplicações preventivas com oxicloreto de cobre
(os mais baratos) na presença de baixa quantidade de doença, como
discutido. Entretanto, não faz sentido aplicações preventivas na cultura da
goiabeira, mesmo com cobre, na ausência de folhas, botões e frutos novos
com ferrugem. Segundo Corrêa et al. (2002), o índice de pegamento de frutos
na planta para a variedade Paluma é de 18,7%, tendo uma grande queda dos
mesmos ao longo do ciclo da cultura. Nesse caso, não se justifica, porém,
gastos desnecessários com fungicidas no controle de P. psidii, antes do
aparecimento de um baixo percentual de botões doentes. Em casos de atraso
no controle químico em épocas mais favoráveis à doença e sob alta pressão de
inóculo, a cultura pode ser podada novamente, visando induzir nova floração
em época menos favorável à doença.
Haja vista que os fungicidas foram testados quanto a sua eficiência,
estes também devem ser viáveis sob o ponto de vista econômico. Triadimenol
foi o que apresentou melhor resultado no controle da doença nos experimentos
1 e 2, maior produção em peso (Kg) e número de frutos/planta (Quadro 2),
mesmo quando houve alta e baixa incidência de botões doentes no início do
ciclo da cultura. Apesar da sua eficiência e ter apresentado o maior custo,
constatou-se que o rendimento líquido.ha
-1
, para triadimenol foi superior,
mesmo tendo os fungicidas azoxystrobin, mancozeb e tebuconazole
rendimento líquido
positivos (Quadro 3). Ressalta-se ainda que na ausência do
controle químico da doença, como verificado na testemunha, possibilidade
da safra ser inviabilizada economicamente (Quadro 3).
40
Quadro 3. Custos em reais.ha
-1
de cinco aplicações de fungicidas, baseados
em preços médios do mês de outubro de 2004, e rendimento da
goiabeira em reais.ha
-1
, para cada fungicida avaliado, conforme
dados do segundo experimento de controle químico da ferrugem
(P. psidii), realizado no distrito de Praça João Pessoa, município de
São Francisco do Itabapoana, RJ.
Fungicidas Rendimento bruto
(R$.ha
-1
)
Custo Fungicida
(R$.ha
-1
)
Rendimento
líquido (R$.ha
-1
)
*
Azoxystrobin 8.301,72 309,40 +3.568,43
Mancozeb 7.639,18 102,50 +3.112,79
Tebuconazole
9.607,63 220,20 +4.963,54
Triadimenol 12.722,62 345,70 +7.953,03
Testemunha 1.657,09 - -2.721,11
Legenda: * = Rendimento bruto custo fungicida R$ 45,69.ha
-1
(duas
pulverizações com oxicloreto de cobre) custo total. Os cálculos de
rendimento consideraram o preço de R$ 0,62.Kg
-1
do fruto no Brasil,
no ano de 2004, o custo total de condução da cultura de R$ 4.378,20
por safra (operações mecanizadas e manuais, administração e
insumos, exceto fungicidas), conforme levantamento em regiões
produtoras do Estado de São Paulo (Fonte: Agrianual, 2005) e o
valor estimado de duas pulverizações preventivas de oxicloreto de
cobre, a R$ 45,69.ha
-1
.
41
CONCLUSÕES
De acordo com os resultados apresentados, conclui-se:
(i) A ferrugem pode ser eficientemente manejada com aplicações
preventivas de oxicloreto de cobre e nos casos necessários, com
aplicações curativas de triadimenol, tebuconazole ou azoxystrobin,
quando aplicados no início da epidemia em condições de campo. (ii) A
ausência de controle químico sob condições favoráveis à ferrugem
resultou em danos de até 90% na produção da goiabeira nas condições
experimentais avaliadas. (iii) Fungicidas sistêmicos intercalados ou não
com oxicloreto de cobre foram eficientes no controle da doença em
condições de campo. (iv) A melhor eficiência dos fungicidas foi
observada quando as pulverizações foram iniciadas logo no começo da
epidemia, quando 7% dos botões encontravam-se doentes. (v) Duas
pulverizações iniciais aplicadas semanalmente com oxiclotreto de cobre
em plantas com 7% de botões doentes no talhão, seguidos de cinco
pulverizações quinzenais com fungicidas sistêmicos, como triadimenol
ou tebuconazole, proporcionaram controle efetivo da doença nas
condições de campo. (vi) Triadimenol foi eficiente em controlar a
ferrugem, tanto em condições de maior (+50%) ou de menor (7%)
incidência de botões doentes na planta. (vii) Triadimenol apresentou
efeito erradicante, possibilitando a cicatrizaçào de pequenas pústulas da
ferrugem-da-goiabeira, presentes nos botões e frutos. (viii) Mancozeb
aplicado em intervalos quinzenais foi o menos eficiente no controle da
doença em condições de campo. (ix) Todos os fungicidas nas doses
testadas não foram fitotóxicos à goiabeira.
42
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45
3.3 DANOS CAUSADOS PELA FERRUGEM (Puccinia psidii) NA CULTURA
DA GOIABEIRA NO NORTE FLUMINENSE
RESUMO
A ferrugem, causada pelo fungo Puccinia psidii, é uma das principais doenças
da cultura da goiabeira e de outras mirtáceas no Brasil. Incide em brotações e
órgãos reprodutivos das plantas e ocorre com freqüência em regiões onde o
clima é úmido, com temperaturas moderadas. Neste trabalho, quantificou-se a
redução na produção de goiaba (variedade Paluma) em função de níveis
crescentes de incidência da doença no início da floração e frutificação da
goiabeira. Dois experimentos foram conduzidos na região de São Francisco do
Itabapoana (RJ), nos períodos de abril a outubro de 2003 e de setembro de
2003 a maio de 2004. Empregou-se delineamento em blocos casualizados,
com sete tratamentos de fungicidas no primeiro experimento e cinco no
segundo, ambos com cinco repetições (1 planta/parcela). Diferentes níveis de
doença foram gerados com o uso dos fungicidas pulverizados nos estádios da
floração e frutificação. A incidência de botões e frutos doentes foi avaliada
desde a formação dos primeiros botões até quando a maioria dos frutos
atingiram 4 cm de diâmetro. Procedeu-se análise de regressão linear entre
46
incidência de botões e de frutos com ferrugem e queda na produção/ ha
(números e peso de frutos/ha). A produção atual, definida como aquela
referente ao melhor tratamento fungicida de cada experimento, foi utilizada
como base de cálculo na estimativa dos danos. No primeiro experimento, as
pulverizações foram iniciadas quando 50% ou mais dos botões se
encontravam doentes e, por isso, não foi possível estabelecer relação entre
incidência em botões e dano. No segundo experimento obteve-se relação
direta entre incidência de botões doentes e danos, o que justifica o controle
químico no início da floração. Nos dois experimentos, obtiveram-se relações
(equações) de dano significativas para as variáveis incidências máxima e final
de frutos doentes e área abaixo da curva de progresso da incidência de frutos
com ferrugem (AACPD), tanto para peso (kg) quanto para o número de
frutos/ha. Comprovou-se, experimentalmente, que na ausência de controle, a
ferrugem pode causar até 90% de redução na produção da goiabeira, sob
condições altamente favoráveis à doença.
Palavras-chaves: ferrugem, fungicidas, goiaba, Myrtaceae, Paluma
ABSTRACT
DAMAGE CAUSED BY RUST (Puccinia psidii) IN GUAVA CROP IN THE
NORTH FLUMINENSE REGION
Guava rust, caused by Puccinia psidii is the
main disease of guava crop and
Myrtaceae species in Brazil. The fungus infects new plant tissues and its
frequently incidence is common in regions where the weather is humid, with
moderate temperatures. In a field experiment, the damage caused by rust to
guava yield (cv. Paluma) as a function of increasing levels of disease incidence,
at the beginning of crop flowering and fructification, was quantified. Two
experiments were conducted in the São Francisco of Itabapoana (RJ), from
April to September 2003 and from October 2003 to May 2004. A statistical
outlining of random blocks with seven and five fungicides treatment were used
in the first and second experiment, respectively, with five replications (plant per
47
plot). Different disease levels were generated by sprayed fungicides in the plant
flower buds and fruits. The disease incidence of flower buds and fruits were
evaluated from flower buds initiation until fruits had reached 4 cm diameter. A
simple linear regression analysis was performed between disease incidence in
flower buds and fruits and the production damage/ha (fruits number and
weight/ha). The real production, defined as that regard to the best fungicide
treatment of each experiment was used as reference for damage estimation. In
the first experiment, fungicide aplication started when at least 50% of flower
buds were already showing signals of disease, so it was not possible to
established any relation among disease incidence in flower buds and damage.
However, in the 2
nd
experiment, such a relation was found (direct relation)
justifying the early chemical control at the beginning of flowering. In both
experiments, it was found significant damage relations (equations) for the
maximum and final incidence of fruits disease and the area under progress
disease curve (AUCPD), either for weight and number of fruits/ha. It was proved
that without control, guava rust can cause reduction up to 90% of crop yield, in
conditions highly favorable to disease.
Key words: fungicides, guava, Myrtaceae, Paluma, rust
48
INTRODUÇÃO
A ferrugem, causada pelo fungo Puccina psidii Winter, é a principal
doença da goiabeira na região de Campos dos Goytacazes-RJ (Silveira et al.,
1997) e no Brasil (Campacci, 1983, Manica et al., 2000). O patógeno infecta
diferentes espécies da família Myrtaceae e é considerado também de grande
importância nos plantios de eucalipto (Coutinho et al., 1998, Ferreira, 1989,
1983). Na goiabeira, a ferrugem infecta órgãos novos e tenros tais como folhas
novas, botões florais e frutos novos.
No Norte Fluminense, os pomares de goiabeira são cultivados
principalmente com a variedade Paluma, que embora seja bastante produtiva e
de fácil manejo é suscetível à ferrugem. As condições climáticas da região são
bastante favoráveis à ferrugem, à exceção dos dois a três meses mais quentes
(janeiro a março) e mais frios do ano (junho-julho) (Rocabado 2003, 1998). De
ocorrência generalizada no Brasil, a doença é observada causando danos nas
regiões onde o clima é úmido, com temperaturas amenas e presença constante
de molhamento foliar na fase da emissão dos botões florais (Rocabado 2003,
1998).
Os efeitos das condições climáticas no desenvolvimento das epidemias
causadas por P. psidii, nas culturas da goiabeira e eucalipto, foram estudados
por diversos autores (Carvalho et al., 1994, Rocabado, 2003, 1998, Ruiz et al.,
1989a, b). Em condições bastante especiais à infecção do fungo, Silveira et al.
(1997) constataram que em épocas de alta incidência da doença, a produção
da variedade Paluma declina acentuadamente. Os mesmos autores relataram
ainda que pode haver dano à produção da goiabeira, devido especificamente
ao ataque dessa doença em condições de campo.
As relações entre dano e doença causadas por ferrugens foram
estudadas em vários patossistemas (Groth et al., 1983, Jesus Junior et al.,
2001, Khan et al., 1997, Pataky, 1987, Pinho et al., 1999, Reis et al., 2000). A
maioria dos trabalhos conhecida versa sobre danos em cereais devido ao
ataque de ferrugens foliares (Bowen et al., 1991, Groth et al.,1983, Khan et al.,
1997, Reis et al., 2000). Porém, o exemplo de estudo de danos sobre
49
ferrugens que incidem sobre frutos em geral, que é o caso de muitos
patossistemas tropicais.
Embora, a ferrugem incida sobre brotações novas da planta, os danos
pela doença decorrem basicamente das lesões em botões e frutos novos, em
vista do abortamento, mumificação ou apodrecimento. Porém, em frutos, de
goiaba a ferrugem pode seguir o que se chama de via anti-horária de infecção
(Bergamin Filho, 1995), onde as lesões provocadas pelo fungo aumentam em
direção aos tecidos adjacentes da pústula (em diâmetro), comprometendo
totalmente a qualidade dos frutos. Dessa forma, o controle químico com
fungicidas sistêmicos pode ser recomendado no início de uma epidemia, uma
vez que podem impedir a infecção de P. psidii nos tecidos novos da planta ou
atuar sobre as pústulas já existentes, impedindo sua evolução.
Epidemias de P. psidii ocorrem praticamente em todas as safras
agrícolas de goiabas no Norte Fluminense, exigindo que pulverizações com
fungicidas sejam freqüentes para o seu controle a partir do estádio de botões
(Silveira et al., 1997). Apesar disso, ainda não foram quantificados os danos
causados pela ferrugem sobre o rendimento da planta.
Portanto, objetivou-se nesse trabalho caracterizar a relação entre
doença e dano a partir de dois experimentos de controle químico da ferrugem
em campo, no ano de 2003 e 2004 no distrito de Praça João Pessoa, município
de São Francisco do Itabapoana-RJ, por meio do emprego de fungicidas
sistêmicos e protetor (mancozeb).
50
MATERIAL E MÉTODOS
Dois experimentos foram conduzidos em lavoura comercial de goiaba,
situada no distrito de Praça João Pessoa no município de São Francisco do
Itabapoana RJ em duas safras sucessivas de produção. A área experimental
constou de goiabeiras adultas, variedade Paluma, em franca produção,
cultivadas em espaçamento de 7 x 6 m. As plantas do pomar foram submetidas
a todos os tratos culturais pertinentes à cultura da goiaba, como poda,
adubação, irrigação, capina e controle de pragas, principalmente gorgulho-da-
goiabeira e psilídeo.
No primeiro experimento, realizado de abril a outubro de 2003, utilizaram-
se os fungicidas sistêmicos azoxystrobin (100 mg/L), cyproconazole (150 mg/L),
pyraclostrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310 mg/L),
um fungicida protetor mancozeb (1600 mg/L) e testemunha pulverizada
somente com água. A ocorrência da ferrugem nos botões foi o indicativo para o
início das pulverizações. Os fungicidas foram aplicados em intervalos
quinzenais, intercalados (semanalmente) com pulverização de oxicloreto de
cobre (2400 mg/L). Foi utilizado um pulverizador estacionário (pressão de 6
Bar), alimentado por força tratorizada, para aplicação de 3 L da calda
fungicida/planta. As plantas foram pulverizadas ao final do período suscetível
dos frutos, quando estes atingiram tamanho aproximado de 4 cm de diâmetro.
No segundo experimento realizado de setembro de 2003 a maio de 2004,
utilizou-se em pulverizações iniciais, o oxicloreto de cobre a 2400 mg/L,
aplicados em todos os tratamentos, exceto na testemunha. As pulverizações
com cobre se estenderam até verificados aproximadamente 10% de infecção
nos botões. A partir dessas pulverizações iniciais, utilizaram-se os fungicidas
sistêmicos azoxystrobin (100 mg/L), tebuconazole (150 mg/L), triadimenol (310
mg/L), um fungicida protetor mancozeb (1600 mg/L) e testemunha (água),
pulverizados quinzenalmente. Utilizou-se um turbo-atomizador costal
motorizado ULV- Super, 73 c.c., 2T, com capacidade de 18 L (Guarani
®
), com
bico de vazão 1,5 L/min, aplicando-se 2 L da calda fungicida/planta na parte da
manhã até o ponto de escorrimento.
51
Empregou-se o delineamento em blocos casualizados, com sete e cinco
tratamentos, no primeiro e segundo experimentos, respectivamente, e com
cinco repetições. Cada parcela constituiu de uma única planta. As avaliações da
incidência de botões e frutos com ferrugem foram feitas a intervalos semanais,
no primeiro experimento, e a intervalo quinzenais, no segundo, e se estenderam
até aproximadamente 80 dias após a emissão dos primeiros botões. No final do
ciclo da cultura, em ambos os experimentos, procederam-se colheitas manuais
dos frutos, a intervalo de três dias. Todos os frutos de cada árvore ou parcela
foram contados e pesados em conjunto. Avaliou-se a produção dos tratamentos
pelo número e peso total de frutos/planta.
Análise de Danos
As relações entre incidência da doença e dano causado pela ferrugem-
da-goiabeira foram obtidas por regressão linear, utilizando-se para isso os
modelos de ponto crítico (PC) e Integral (I) (Y = b
o
+ b
1
x, e Y = b
o
+ b
1
(AACPD)
(Campbell e Madden, 1990), onde as variáveis x e AACPD são definidas como
a intensidade de doença (incidência de botões e/ou frutos com ferrugem) e
área abaixo da curva de progresso da incidência de frutos doentes,
respectivamente. A área abaixo da curva de progresso de doença (AACPD), foi
calculada com os dados originais de incidência da doença vs tempo, mediante
o programa AVACPD (Torrez e Ventura, 1991). No modelo de ponto crítico,
considerou-se ainda as variáveis incidência xima e final de botões doentes,
incidência máxima e final de frutos doentes e AACPD como variáveis
independentes. O dano, caracterizado através do peso e número de frutos/ha,
foi a variável dependente. O dano à produção da goiabeira foi definido como
DR = ((PA – PP)/PA)*100, onde, DR é o dano à produção, PA a produção atual
(máxima) da parcela mais produtiva e PP a produção da parcela em estudo. As
análises estatísticas foram feitas com o auxílio do programa SAEG 8.0 (Ribeiro
Júnior, 2001).
52
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Nos dois experimentos de campo, realizados em 2003 e 2004, os
fungicidas empregados no controle da ferrugem geraram níveis variados de
incidência de botões e frutos doentes (Capítulo 3.2). Verificou-se que a
incidência da ferrugem na floração e/ou frutificação refletiu diretamente na
produção final da goiabeira (Figuras 1, 2, 3, 4). Constatou-se que a ferrugem foi
a principal responsável pelo dano ocasionado à produção da lavoura. Isso foi
confirmado quando na ausência de controle químico, houve uma redução média
de 24.324 Kg/ha de goiaba, equivalendo a 91% da produção atual (média do
melhor tratamento), no primeiro experimento, enquanto que no segundo, esta
redução média foi de 88%, correspondendo a 19.627 Kg/ha de goiaba perdidos
(Quadros 1 e 2).
No primeiro experimento, ocorreu alta incidência de botões doentes,
antes de serem iniciadas as pulverizações. Por isso, a incidência máxima de
botões doentes não descreveu precisamente o dano em peso e número de
frutos/ha (Figuras 1 e 2). Mesmo o tendo sido obtida função de dano
consistente para a incidência máxima de botões doentes, tanto em peso quanto
em número de frutos/ha, os botões devem ser considerados nas avaliações da
doença no campo (Rocabado 2003, 1998). Além do mais, deve ser também
considerado a fase crítica e prioritária no controle preventivo da ferrugem,
especialmente quando se utilizam fungicidas protetores, os mais econômicos
(Capítulo 3.2). Notou-se também que a epidemia severa, na fase de botões,
resultou em alta incidência de frutos doentes no início da frutificação (inóculo
primário alto). Mesmo assim, obteve-se correlação significativa entre a
quantidade de botões sadios com a produção final (Quadro 3).
Quando a incidência máxima de botões doentes foi alta (acima de 50%)
no primeiro experimento, os fungicidas pulverizados não foram tão eficientes no
controle da doença, à exceção de um (Capítulo 3.2). Esses resultados
demonstraram que as pulverizações com fungicidas sistêmicos, devem ser
precedidas de avaliações da doença em nível de campo.
53
Figura 1. Relação entre dano (Kg/ha) causado por Puccinia psidii. e a incidência
máxima de botões doentes, incidência máxima e final de frutos
doentes e, AACPD. Diferentes intensidade de doença foram obtidas
com o uso de pulverizações com fungicidas sistêmicos e protetor
(mancozeb), no experimento realizado em 2003, em lavoura do distrito
de Praça João Pessoa, município de São Francisco do Itabapoana-
RJ.
D= 152,2x** + 4897,4
R
2
= 0,23
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
20 40 60 80 100
Incincia máxima de botões doentes (%)
Dano (Kg/ha)
D = 218,8x** + 5191,4
R
2
= 0,60
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
0 20 40 60 80 100
Incidênciaxima de frutos doentes (%)
Dano (Kg/ha)
D = 217,89x** + 7685,2
R
2
= 0,72
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
0 20 40 60 80 100
Incidência final de frutos doentes (%)
Dano (Kg/ha)
D = 4,04x **+ 5456
R
2
= 0,68
0
5000
10000
15000
20000
25000
30000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
AACPD
Dano (Kg/ha)
54
Figura 2. Relação entre dano (n
o
frutos/ ha) causado por Puccinia psidii. e a
incidência máxima de botões doentes, incidência xima e final de
frutos doentes e, AACPD. Diferentes intensidade de doença foram
obtidas com o uso de pulverizações com fungicidas sistêmicos e
protetor (mancozeb), no experimento realizado em 2003, em lavoura
do distrito de Praça João Pessoa, município de São Francisco do
Itabapoana-RJ.
D = 910,92x** + 26778
R
2
= 0,19
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
20 30 40 50 60 70 80 90 100
Incidência máxima de botões doentes (%)
Dano (No./ha)
D = 1386,2x** + 24542
R
2
= 0,55
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
0 20 40 60 80 100
Incidência máxima de frutos doentes (%)
Dano (No./ha)
D = 1424,9x** + 38520
R
2
= 0,71
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
200000
0 20 40 60 80 100
Incidência final de frutos doentes (%)
Dano (No./ha)
D = 25,974x** + 25184
R
2
= 0,65
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
180000
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
AACPD
Dano (No./ha)
55
Figura 3. Relação entre dano (Kg/ha) causado por Puccinia psidii. e a incidência
final de botões doentes, incidência máxima e final de frutos doentes e,
AACPD. Diferentes intensidades de doença foram obtidas com o uso
de pulverizações com fungicidas sistêmicos e protetor (mancozeb), no
experimento realizado em 2003 - 2004, em lavoura do distrito de
Praça João Pessoa, município de São Francisco do Itabapoana-RJ.
D = 339,7x** + 1021,8
R
2
= 0,76
0
5000
10000
15000
20000
25000
0 20 40 60
Incidência final de boes doentes (% )
Dano (Kg/ha)
D = 193,18x** + 1858,3
R
2
= 0,88
0
5000
10000
15000
20000
25000
0 20 40 60 80 100
Incidência m áxim a de frutos doentes (% )
Dano (Kg/ha)
D = 178,75x** + 3 801,3
R
2
= 0 ,86
0
50 0 0
100 00
150 00
200 00
250 00
0 20 40 60 80 10 0
In cidên cia final de fru to s d oentes (% )
Dano (Kg/ha)
D = 1,4221x** + 2277,8
R
2
= 0,85
0
5000
10000
15000
20000
25000
0 2500 5000 7500 10000 12500 15000
AACPD
Dano (Kg/ha)
56
Figura 4. Relação entre dano (n
o
frutos/ ha) causado por Puccinia psidii. e a
incidência final de botões doentes, incidência máxima e final de frutos
doentes e, AACPD. Diferentes intensidades de doença foram obtidas
com o uso de pulverizações com fungicidas sistêmicos e protetor
(mancozeb), no experimento realizado em 2003 - 2004, em lavoura do
distrito de Praça João Pessoa, município de São Francisco do
Itabapoana-RJ.
D = 1227,1x** + 16518
R
2
= 0,85
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
0 20 40 60 80 100 120
Incidência máxima de frutos doentes (%)
Dano (No./ha)
D = 1136,1x** + 28837
R
2
= 0,83
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
0 20 40 60 80 100 120
Incidência final de frutos doentes (%)
Dano (No./ha)
D = 2202,1x** + 10111
R
2
= 0,77
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
0 10 20 30 40 50 60 70
Incidência final de boes doentes (%)
Dano (No./ha)
D = 9,13x** + 18706
R
2
= 0,84
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
0 2000 4000 6000 8000 10000 12000 14000 16000
AACPD
Dano (No./ha)
57
Quadro 1. Dano à produção da planta medida em peso (Kg) e número de frutos/ha,
em experimento de campo (ano 2003), pulverizado com fungicidas
sistêmicos e protetor (mancozeb) no controle da ferrugem (Puccinia
psidii), no distrito de Praça João Pessoa, município de São Francisco do
Itabapoana-RJ.
Peso
Tratamento Kg/ha Desvio
padrão
Dano
(Kg/ha)
Desvio
padrão
Dano (%)
Desvio
padrão
Triadimenol
19.359 4.720 7.404 4.720 28 17,63
Azoxystrobin 11.940 7.163 14.828 7.163 55 26,76
Cyproconazole 10.642 1.865 16.121 1.865 60 6,96
Pyraclostrobin 9.499 6.385 17.264 6.385 65 23,85
Mancozeb 9.042 6.343 17.721 6.343 66 23,69
Tebuconazole 8.208 3.945 18.555 3.945 69 14,74
Testemunha 2.439 1.427 24.324 1.427 91 5,33
Número
Tratamento No./ha Desvio
padrão
Dano
(no./ha)
Desvio
padrão
Dano (%)
Desvio
padrão
Triadimenol 129.520 25.273 32.320 25.273 19 15,61
Azoxystrobin 74.018 44.912 87.822 44.912 54 27,75
Cyproconazole 65.926 9.205 95.914 9.205 59 5,68
Pyraclostrobin 61.499 44.948 100.341 44.948 62 27,17
Mancozeb 57.501 43.755 104.339 43.755 64 27,03
Tebuconazole 52.074 23.315 109.766 23.315 68 14,40
Testemunha 14.518 7.904 147.322 7.904 91 4,88
58
Quadro 2. Dano à produção da planta medida em peso (Kg) e número de frutos/ha,
em experimento de campo (ano 2003 - 2004), pulverizado com
fungicidas sistêmicos e protetor (mancozeb) no controle da ferrugem
(Puccinia psidii), no distrito de Praça João Pessoa, município de São
Francisco do Itabapoana-RJ.
Peso
Tratamento Kg/ha Desvio
padrão
Dano
(Kg/ha)
Desvio
padrão
Dano (%)
Desvio
padrão
Triadimenol
20.615 1.963 1.685 1.963 7,55 8,8
Tebuconazole 15.496 1.639 6.804 1.639 30,51 7,35
Azoxystrobin 13.389 3.200 8.910 3.200 40,0 14,35
Mancozeb 12.321 1.502 9.979 1.502 44,74 6,73
Testemunha 2.672 500 19.627 500 88,0 2,24
Número
Tratamento No./ha Desvio
padrão
Dano
(no./ha)
Desvio
padrão
Dano (%)
Desvio
padrão
Triadimenol
133.328 15.632 18.992 15.632 12,46 10,26
Tebuconazole 110.098 8.937 42.221 8.937 27,71 5,86
Azoxystrobin 85.156 18.147 67.164 18.147 44,09 11,91
Mancozeb 91.345 8.269 60.976 8.269 40,03 5,42
Testemunha 19.516 2.301 132.804 2.301 87,18 1,51
59
Quadro 3. Coeficientes de correlação (Pearson) entre produção (Kg/planta) e a
média do número total de botões e frutos sadios/ planta de
goiabeira, variedade Paluma, obtidos a partir de dois experimentos
de controle químico da ferrugem, causada por Puccinia psidii nos
anos de 2003 e 2003 2004, no distrito de Praça João Pessoa,
município de São Francisco do Itabapoana-RJ.
Variável e Experimento Correlação Person
Significância
Núm. máximo de botões/2003 0,72 0,033
Núm. final de botões/2003–2004 0,97 0,003
Núm. máximo de frutos/2003 0,82 0,012
Núm. máximo de frutos/2003-2004 0,97 0,003
Núm. final de frutos/2003 0,93 0,001
Núm. final de fruto/2003–2004 0,97 0,002
60
Com base nos resultados, para o manejo integrado da ferrugem, deve-
se efetuar o monitoramento mediante avaliação sistemática da incidência de
botões doentes, desde o início da brotação e emissão de botões. Isto foi
confirmado no segundo experimento (2003 - 2004) onde a avaliação
sistemática da incidência de botões doentes, resultou no controle da doença
(Capítulo 3.2).
Na primeira avaliação da doença do segundo experimento havia 0,5%
de botões infectados. Nessas circunstâncias, as condições climáticas foram
favoráveis a infecção da ferrugem e a partir da quinta avaliação (= incidência
final de botões doentes), o número de botões doentes já estava bem distribuído
na planta, mesmo após duas pulverizações com oxicloreto de cobre e uma com
os fungicidas sistêmicos empregados no experimento (Capítulo 3.2). Apesar da
evolução da doença no campo e da grande queda de botões sadios e doentes
ocorrer no ciclo da goiabeira (Manica et al., 2000), houve uma correlação
positiva de 97% entre botões sadios (quinta avaliação) com a produção da
planta (Quadro 3). Isso demonstrou que a manutenção de botões sadios na
planta é importante na predição da safra e na redução do dano à produção da
goiabeira.
Observou-se, no segundo experimento, que mesmo tendo a incidência
final de botões doentes atingido 25% do total emitido, a aplicação de
fungicidas, precedidas do monitoramento da doença, ofereceu proteção ao
restante dos botões, os quais, em grande parte garantiram produção
econômica nos melhores tratamentos (Capítulo 3.2). Assim sendo, considerou-
se que esse estádio de botões é determinante na produção da goiabeira e que
a proteção pela aplicação de fungicidas é desejável, mesmo havendo grande
queda de botões por abortamento natural e, ou pela própria ferrugem.
A incidência máxima e final de frutos doentes e a AACPD em frutos,
como esperado, apresentaram relação direta com os danos à produção em
relação ao peso e número de frutos/ha (Figuras 3 e 4). Todavia, no primeiro
experimento, apenas as variáveis de incidência final de frutos doentes e
AACPD apresentaram valores de coeficiente de determinação (R
2
) próximos de
0,70 quando o dano foi medido em Kg/ha (Figura 1). Já, no segundo
61
experimento, todas as variáveis analisadas explicaram a redução do peso e
número de frutos/ha.
No segundo experimento, obtiveram-se funções de dano significativas
não para incidência final de botões doentes, mas também para as variáveis
incidência máxima e final de frutos com ferrugem e AACPD em relação ao peso
e número de frutos/ha (Figuras 3 e 4). Obteve-se uma relação linear entre a
incidência máxima e final de frutos doentes e o dano à produção da goiabeira,
cujas equações de regressão linear explicaram acima de 80%, a variação do
dano em conseqüência do aumento de frutos doentes na planta (Figuras 3 e 4).
As equações de regressão linear simples demonstraram a importância da
doença nessa etapa de desenvolvimento da cultura. Por isso, considera-se que
a fase da frutificação, suscetível à infecção por P. psidii, é igualmente
determinante na produção da goiabeira.
Quando se confrontou o número de frutos sadios no final do período de
suscetibilidade com a produção final da goiabeira, obteve-se uma correlação de
97% entre estas variáveis, no segundo experimento (Quadro 3). Ou seja, essa
fase de desenvolvimento da planta deve também receber toda atenção quanto
ao controle químico da doença em condições ambientais favoráveis. Do
mesmo modo, aconteceu quando se analisou a variável AACPD, que
integraliza a incidência da doença por todo o período de avaliação (Campbell e
Madden, 1990). Obteve-se uma relação linear positiva entre o dano medido em
peso e número de frutos/ha e AACPD (Figuras 1, 2, 3 e 4 ), ou seja, a AACPD
é uma variável adequada para estimar danos no patossistema em estudo. A
AACPD permitiu dizer que as fases compreendidas dos botões florais até a
fase final de suscetibilidade dos frutos à doença, são limitantes à produção da
goiabeira. Esses relatos indicaram ainda que as fases de frutificação, dos
botões florais até frutos com aproximadamente 4 cm de diâmetro, devem ser
monitorada e pulverizada com fungicidas no controle da doença em condições
favoráveis.
Sugere-se, assim, que a fase de emissão de botões seja a etapa inicial
para estabelecimento do controle preventivo da doença, via pulverização com
fungicidas protetores. Como os botões são de curta duração na planta, os
fungicidas sistêmicos devem ser empregados preferencialmente quando do
62
surgimento dos primeiros frutos com ou sem ferrugem, sob condições
favoráveis à doença. Por outro lado, nos casos em que houver atraso ou
negligência no controle preventivo com fungicidas protetores, mesmo
considerando a curta duração dos botões nas plantas e em condições de
epidemias severas da ferrugem, fungicidas sistêmicos devem ser pulverizados
em botões (Capítulo 3.4).
Na safra do segundo experimento, verificou-se que o dano ocasionado
pela ferrugem-da-goiabeira na ausência de controle químico da doença foi
expressivo, representando 88% de redução da produção. Em compensação,
com o emprego do melhor fungicida, triadimenol, houve um dano pouco
expressivo na ordem de 7,55% na produção final da lavoura (Quadro 2).
A importância da P. psidii na região do Norte Fluminense foi relatada
em trabalhos de epidemiologia da doença em pomares de goiabeiras cultivados
com a variedade Paluma (Rocabado, 2003, 1998). Além disso, os dados
apresentados aqui indicaram que as funções de dano refletiram a importância
da doença em diminuir a produção da cultura durante as épocas mais
favoráveis ao surgimento das epidemias. As funções de dano demonstraram
que houve uma relação linear entre botões e/ou frutos com ferrugem e queda
de produção.
Quando se consideram frutos para o mercado de mesa, pode-se
levantar a hipótese de que a qualidade individual dos frutos poderia ser afetada
na presença de uma única pústula de ferrugem. Nessa situação, as perdas
poderiam ainda ser maiores, uma vez que um fruto com uma pústula perde o
valor comercial. O dano verificado na presença do fungicida triadimenol foi
menor, onde pequenas pústulas de ferrugem foram erradicadas e ocorreu a
cicatrização da lesão. Assim, um fruto com lesões cicatrizadas seria
contabilizado como fruto sadio e o dano nessa situação seria menor. Dessa
forma, as perdas econômicas tenderiam a ser menos expressivas considerando
os frutos para o mercado in natura.
Embora seja esperado obter relações diretas entre incidência de frutos
doentes e danos à produção, um fruto doente pode significar um fruto a menos.
Partiu-se da hipótese de que o alto índice de abortamento (80 a 90%) de botões
e frutos jovens de goiabeira poderia alterar esta relação, controlando
63
parcialmente a doença. Dessa maneira, somente 10 a 20% dos frutos novos que
permanecem na planta (Corrêa et al, 2002) refletem na produção final da
lavoura e a relação entre frutos doentes e dano, tende a partir daí a ser de 1:1,
ou seja, tanto para o mercado de mesa quanto para a indústria, um fruto com
ferrugem pode estar depreciado e desqualificado para o consumo.
Embora a infecção do fungo nos frutos se processe continuamente,
seguindo a via anti-horária de infecção (Bergamin Filho, 1995), ou seja, o
progresso da doença pode ser explicado tanto pelo surgimento de novas
lesões (via horária) quanto pelo crescimento das lesões existentes (via anti-
horária), o aumento na incidência de frutos doentes se até quando estes
atingem aproximadamente 4 cm de diâmetro (de 70 a 80 dias após a poda de
produção) (Capítulo 3.2, Rocabado, 2003, 1998). Dessa forma, os fungicidas
sistêmicos devem ser prioritariamente pulverizados para conter o surgimento
de novas pústulas e a evolução continuada das lesões esporulantes de P. psidii
sobre os frutos já remanescentes na planta.
Como verificado, as equações de dano geradas na fase dos frutos
podem expressar valores mais realistas devido à estabilização do número de
frutos na planta. Nessa etapa, o aumento ou diminuição do número de frutos
pode ser pequeno, o que possibilita avaliar mais precisamente a incidência da
doença no campo (Rocabado, 2003). Mesmo assim e apesar da grande queda
de botões da planta, não poderíamos negligenciar esse estádio no
monitoramento e no controle da doença em condições climáticas favoráveis à
infecção de P. psidii.
Finalmente, a partir da estimativa de produção para as diferentes épocas
do ano e a partir de dados obtidos em experimentos regionais, poder-se-ia
definir um limite a partir do qual, a pulverização tornar-se-á antieconômica,
considerando que alta incidência em botões e frutos novos é acompanhada de
severas reduções na produtividade.
64
CONCLUSÕES
Diferentes modelos matemáticos foram obtidos visando relacionar a
incidência de botões e frutos doentes com danos à produção, a partir de
experimento de controle químico no campo nos anos de 2003 e 2003 2004.
Os dados obtidos permitem concluir que:
(i) A fase inicial de floração (botões) deve ser monitorada quanto ao surgimento
da doença, a partir da emissão dos primeiros botões; (ii) As pulverizações com
fungicidas devem ser realizadas no início da floração e finalizadas quando os
frutos tornarem-se imunes (frutos com aproximadamente 4 cm de diâmetro) a
novas infecções; (iii) A incidência máxima e final de botões e frutos doentes
tiveram relação direta com a redução do rendimento da goiabeira; (iv) botões e
frutos sadios remanescentes na planta correlacionaram-se significativamente
com a produção final da goiabeira; (v) A incidência de botões doentes pode ser
utilizada como requesito para modelos de previsão e controle químico de
epidemias de ferrugem em frutos.
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67
3.4 EFEITO PROTETOR E CURATIVO DE FUNGICIDAS SISTÊMICOS NO
CONTROLE DA FERRUGEM (Puccinia psidii) EM GOIABEIRA
RESUMO
Fungicidas sistêmicos foram avaliados quanto ao efeito protetor e curativo no
controle da ferrugem. Realizaram-se dois experimentos de campo,
empregando-se os fungicidas triadimenol e tebuconazole. No primeiro
experimento, o efeito protetor dos fungicidas triadimenol (310 mg/L) e
tebuconazole (150 mg/L), foram avaliados em blocos casualizados e em
esquema de parcelas subdivididas (épocas de inoculação) com quatro
repetições. Após a pulverização dos fungicidas nas plantas adultas em estádio
de botões, as subparcelas foram inoculadas com suspensão de urediniosporos
aos 7, 14 e 21 dias. Avaliou-se semanalmente após cada época de inoculação,
a incidência de botões e/ou frutos com ferrugem. A testemunha (água) diferiu
dos fungicidas em todas as épocas de inoculação, mas não houve diferença
significativa entre os fungicidas tebuconazole e triadimenol quanto à incidência
de frutos doentes. Tanto triadimenol quanto tebuconazole protegeram os frutos
até 21 dias em condições favoráveis à doença. Em um segundo experimento
de campo, testaram-se triadimenol D1 (187,5 mg/L), triadimenol D2 (310 mg/L)
e tebuconazole (150 mg/L) quanto ao efeito curativo. Empregou-se o
delineamento em blocos casualizados, com quatro repetições em esquema de
parcelas subdivididas, sendo as subparcelas representadas pelas
pulverizações aos três e sete dias após a inoculação. Aos três e sete dias após
a inoculação com suspensão de urediniosporos, pulverizaram-se as
subparcelas com os fungicidas. Houve diferença estatística entre a testemunha
68
e os fungicidas. No entanto, não houve diferença significativa entre os
fungicidas e nem entre as épocas de pulverização quanto à incidência de frutos
com ferrugem. Triadimenol D1, triadimenol D2 e tebuconazole foram eficientes
aos 3 e 7 dias após a inoculação, sendo que a dose de triadimenol D1 foi
suficiente em suprimir a colonização por P. psidii em frutos jovens da goiabeira.
Palavras-chaves: tebucobazole, triadimenol, urediniosporos
ABSTRACT
PROTECTIVE AND THERAPEUTIC EFFECT OF SYSTEMIC FUNGICIDES IN
THE CONTROL OF GUAVA RUST (Puccinia psidii)
In this work, the protective and therapeutic effect of the systemic fungicides
were evaluated in the control of the guava rust. Protective effect of triadimenol
(310 mg/L) and tebuconazole (150 mg/L) was evaluated in statistical outlining of
blocks at random and in split-plot designs (inoculation time) with 4 replications.
At the 7th, 14th e 21st days after fungicide application on the plant buds, the
split-plots were inoculated with urediniospore suspension. The incidence of fruit
disease was evaluated weekly, starting after each period of inoculation.
Incidence of fruit disease was statistically equal for both of the fungicide
treatments, but differed from the control treatment for all the inoculation periods.
Either triadimenol and tebuconazole showed protective effect after 21 days. In
another experiment triadimenol D1 (187.5 mg/L), triadimenol D2 (310 mg/L) and
tebuconazole (150 mg/L) were tested
regardless of the therapeutic period. The
experimental design was the same as before, but spraying times were
investigated at the 3rd and 7th days after urediniospore inoculation. There was
no statistical difference on disease fruit
incidence among fungicides and
spraying time, but they differed from the control plants. All fungicides were
efficient in the disease control at 3 and 7 days after inoculation.
Keywords: tebuconazole, triadimenol, urediniosporos
69
INTRODUÇÃO
Puccinia psidii Winter, fungo pertencente à classe dos urediniomicetos é
considerado por vários autores (Coutinho et al., 1998, Ferreira, 1989, 1983)
como muito destrutivo em plantas da família Myrtaceae. O fungo infecta
diferentes hospedeiros, reduzindo o potencial produtivo de plantas como o
eucalipto (Eucaliptus spp), jabuticabeira (Myrciaria jaboticaba (Vell.)), goiabeira
(Psidium guajava), jambo (Syzygium jambos) e outras. Invariavelmente ocorre
infecção de tecidos novos, principalmente os órgãos tenros disponíveis nas
plantas. Os órgãos atacados pela doença mostram-se deformados e recobertos
por sinais da doença. Em eucalipto, os principais tecidos afetados são
brotações novas e folhas jovens (Ferreira, 1989, 1983). Em goiabeira
(Rocabado, 2003, 1998), os botões e frutos novos são os principais órgãos
infectados pelo fungo durante as epidemias no campo. Em jambeiro, o fungo
infecta folhas novas, além de flores e frutos imaturos (Tessmann et al., 2001).
A ferrugem tem sido considerada de grande importância econômica nas
regiões produtoras de goiaba (Piccinin e Pascholati, 1997). Na região Norte
Fluminense, a ferrugem causa prejuízos em goiabais cultivados com a
variedade Paluma (Rocabado, 1998). Como verificado em estudos anteriores
(Rocabado, 2003, 1998), a variedade Paluma é bastante suscetível, pois em
grande parte do ano as condições são favoráveis ao patógeno, podendo
acarretar danos de 100% à produção do pomar, na ausência de controle
químico. Diferente do eucalipto, que possui clones resistentes a P. psidii
(Junghans, et al., 2003), ainda não existem no Brasil e no mundo variedades
de goiabeiras comerciais resistentes a ferrugem (Vasconcelos et al., 1998).
Desde que a goiabeira se tornou comercialmente cultivada, o emprego
de fungicidas no controle de P. psidii tornou-se uma prática freqüente nas
regiões e épocas mais favoráveis à ferrugem. Diferentes medidas de controle
podem ser complementadas para esse fim, mas são paliativas. Na ausência do
controle químico, não se consegue impedir o rápido progresso da doença em
variedades suscetíveis. A principal medida de controle se baseia em
pulverizações com fungicidas protetores ou sistêmicos (Demuner e Alfenas,
70
1991, Ferrari et al., 1997, Goes et al., 2004, Goes, 1997, Kimati, 1995, Ruiz et
al., 1991, Ruiz e Alfenas, 1989).
Em se tratando da alta suscetibilidade da cultivar Paluma a ferrugem, da
sua grande aceitação no mercado in natura e industria, e por ocupar cerca de
90% das áreas plantadas no Brasil (FrutiSéries 1, 2001), tornam-se
necessários trabalhos visando otimizar e racionalizar o controle químico dessa
doença em goiabais comerciais.
Em experimentos de campo, realizados no distrito de Praça João
Pessoa, município de São Francisco do Itabapoana, RJ, utilizando fungicidas
protetores e sistêmicos, constatou-se que os fungicidas a base de triadimenol e
tebuconazole, pulverizados a cada 15 dias foram os mais eficientes no controle
da doença sob condições favoráveis. No entanto, apesar da eficiência dos
fungicidas em controlar o fungo em pomares comerciais, ainda não existem
informações sobre o efeito protetor e curativo de triadimenol e tebuconazole
sobre a infecção do fungo em nível de campo, o que possibilitaria definir com
maior precisão intervalos e épocas de aplicação destes produtos visando o
controle da ferrugem.
Considerando que o uso de fungicidas na agricultura pode onerar os
custos de produção, intoxicar os aplicadores, aumentar os riscos da presença
de resíduos dos produtos e selecionar raças do fungo resistentes aos
fungicidas aplicados, torna-se necessário estabelecer condições que otimizem
o uso destes fungicidas em lavouras de goiaba. Por isso, este trabalho
objetivou determinar o efeito protetor e curativo dos fungicidas sistêmicos,
tebuconazole e triadimenol, empregados no controle da ferrugem.
71
MATERIAL E MÉTODOS
Três experimentos foram realizados no período de setembro a
dezembro/2004, dois em lavoura comercial de goiaba (variedade Paluma), no
distrito de Praça João Pessoa, município de o Francisco do Itabapoana-RJ;
e outro experimento foi realizado no Campus da Universidade Estadual do
Norte Fluminense Darcy Ribeiro, em pomar de aproximadamente três anos de
idade (variedade Paluma), localizado na área experimental do Centro de
Ciências e Tecnologias Agropecuária (CCTA).
Experimento 1 – Efeito protetor dos fungicidas tebuconazole e triadimenol
em frutos de goiaba
Em um primeiro experimento, iniciado no mês de setembro de 2004,
selecionou-se pomar de goiabeiras adultas, variedade Paluma. A área
experimental constituiu-se de 30 plantas em frutificação, estádio de botões,
com espaçamento de 7 x 7, sendo consideradas apenas as 12 plantas centrais
nas avaliações. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em
esquema de parcelas subdivididas, com quatro repetições. Para isso,
considerou-se como parcelas a testemunha (água) e os dois fungicidas
(triadimenol e tebuconazole, nas doses de 310 mg/L e 150 mg/L,
respectivamente). As subparcelas constituíram-se de três épocas de
inoculação, quais sejam: 7, 14 e 21 dias após a pulverização. Cada unidade
experimental constituiu-se de dez ramos marcados com uma dia, de 90
botões.
No período de 05/10/2004, todas as plantas foram pulverizadas com 1,5
L da calda fungicida, exceto a testemunha. Utilizou-se um atomizador costal
motorizado ULV- Super 73 c.c., 2T e com capacidade de 18 L (Guarani
®
), com
bico de vazão 1,5 L/min, durante a parte da manhã. Em cada época de
inoculação (subparcela), inoculou-se com suspensão de 2 x 10
4
urediniosporos/mL, todos os botões marcados nos ramos. Cada unidade
experimental foi inoculada ao final do dia com 100 mL da suspensão de
72
urediniosporos preparada a base de água destilada e Tween 80% a 0,05% (v/v)
(Ruiz et al., 1991).
As avaliações da incidência de botões e/ou frutos com ferrugem em
cada unidade experimental foram feitas antes da inoculação e semanalmente,
após este procedimento. A incidência de botões e/ou frutos doentes foi
transformada de acordo com a fórmula √(x+05) e os dados transformados
submetidos à análise de variância e confrontados pelo teste de média Tukey a
5% de probabilidade, com auxílio do programa SAEG 8.0 (Ribeiro Júnior,
2001).
Experimento 2- Efeito curativo dos fungicidas tebuconazole e triadimenol
no controle da ferrugem
Para esse experimento, foi utilizado pomar implantado na Unidade de
Apoio a Pesquisa (UAP) no Campus da UENF, com a variedade Paluma,
estando as plantas com cerca de 2,5 anos de idade, em espaçamento de 6 m x
5 m.
Em novembro de 2004, selecionaram-se 32 plantas úteis no pomar, as
quais foram marcadas no estádio de frutificação. Marcou-se, para cada
repetição do tratamento, em média 50 frutos de aproximadamente 0,5 a 1 cm
de diâmetro/planta. O delineamento experimental foi o de blocos casualizados
com quatro repetições, em esquema de parcelas subdivididas. As parcelas se
constituíram dos fungicidas sistêmicos tebuconazole (150 mg/L), triadimenol D1
(187,5 mg/L), triadimenol D2 (310 mg/L) e testemunha (água), e as
subparcelas, os tempos de pulverização 3 e 7 dias após a inoculação. Cada
subparcela foi composta de uma planta.
Previamente as pulverizações, inoculou-se ao final do dia
aproximadamente 50 mL da suspensão de 2 x 10
4
urediniosporos/mL (Ruiz et
al., 1991) para cada ramo marcado das plantas úteis. Aos 3 e 7 dias da
inoculação, pulverizaram-se inteiramente as plantas com 500 mL da calda
fungicida e água (testemunha), com auxílio de um pulverizador costal manual
73
de capacidade de 10 L (Guarani
®
), até o ponto de escorrimento. As
pulverizações foram realizadas no início da manhã.
As avaliações foram realizadas aos 7 e 14 dias após a inoculação,
contabilizando o número de frutos doentes (incidência) em cada tratamento. Os
dados de Incidência de frutos doentes foram transformados de acordo com a
fórmula √(x+05) para as análises estatísticas. Procedeu-se a análise de
variância e teste de média Tukey e t” a 5% de probabilidade, com auxílio do
programa SAEG 8.0 (Ribeiro Júnior, 2001).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Experimento 1 – Efeito protetor dos fungicidas tebuconazole e triadimenol
em frutos de goiaba
Verificou-se no primeiro experimento, que a alta incidência da doença
ocorreu no tratamento testemunha. Constatou-se diferença significativa entre
os tratamentos e entre os períodos de inoculação. Porém, não se constatou
diferença significativa entre os dois fungicidas para todos os períodos de
inoculação (Quadro 1).
Nas plantas testemunha ocorreu alta incidência de frutos com ferrugem,
aos 21 dias da pulverização. A incidência de frutos com ferrugem atingiu, neste
período, valor médio de 58%, enquanto que triadimenol e tebuconazole
apresentaram valores de incidência de frutos doentes bem inferiores, de 9 e 12
%, respectivamente. Para os fungicidas triadimenol e tebuconazole, houve
ainda diferença significativa entre os períodos de inoculação dos botões e/ou
frutos da goiabeira (Quadro 1). Para triadimenol, a incidência de frutos doentes
aumentou pouco no decorrer do tempo. O efeito protetor desse fungicida e
tebuconazole se prolongou até aos 21 dias da pulverização (Quadro 1).
74
Quadro 1. Incidência (%) de frutos de goiaba, variedade Paluma, com ferrugem
(Puccinia psidii) em parcelas inoculadas com suspensão de
urediniosporos aos sete, quatorze e vinte e um dias após a
pulverização com tebuconazole (150 mg/L) e triadimenol (310
mg/L), em experimento de campo realizado no distrito de Praça
João Pessoa, município de São Franscisco do Itabapoana, RJ.
Período de inoculação
Fungicida 7 14 21 C.V. (%)
Tebuconazole
4
AB
b 0
B c 12
B a 23,43
Testemunha 8
A b 8
A b 58
A a 17,78
Triadimenol 1
B b 4
AB
ab 9
B a 42,55
C.V. (%) 37,12 41,52 23,40
* Legenda: Valores de incidência (%) foram transformados para (x+05).
Valores médios de incidência da doença seguidos da mesma letra maiúscula
nas colunas e minúscula nas linhas, não diferem estatisticamente entre si ao
nível de 5% de probabilidade do teste de média Tukey.
75
Fungicidas sistêmicos também apresentam efeito protetor, além de
curativo. Segundo, Buchemauer, 1982, citado por Paveley et al., (2000),
fungicidas triazóis empregados na cultura do trigo, além de apresentar efeito
curativo, também tem efeito protetor no controle da ferrugem dos cereais. A
proteção exercida por fungicidas sistêmicos tem sido relatada para inúmeros
patossistemas (Bonde et al., 1995, Demuner e Alfenas, 1991, Godoy e Canteri,
2004, Ruiz et al., 1991, Ruiz e Alfenas, 1989, Schöfl e Zinkernagel, 1997,
Schwabe et al., 1984). No presente experimento avaliou-se o efeito protetor
dos fungicidas triadimenol e tebuconazole no controle da ferrugem em botões
e/ou frutos da planta. Ambos os fungicidas protegeram os frutos contra
infecção por P. psidii até 21 dias, mesmo em condições favoráveis a doença
no campo.
Segundo Ruiz et al. (1991), o fungicida triadimenol na dose de 750 mg.
L
-1
proporcionou controle total da doença em folhas até dez dias após a
pulverização em mudas de goiabeira, cultivadas em casa-de-vegetação. Na
cultura da soja, o fungicida sistêmico tebuconazole (100 g i.a/ ha) preveniu a
infecção Phakopsora pachyrhizi H. Sydow & Sydow, por a 14 dias após a
pulverização do produto (Godoy e Canteri, 2004). Segundo esses autores,
tebuconazole apresentou 88% de controle efetivo da doença devido ao seu
efeito protetor. O fungicida tebuconazole conferiu proteção total contra a
formação de picnídio de Septoria tritici nas folhas do trigo, por 170 graus-dias
após a pulverização (Schöfl e Zinkernagel, 1997). Demuner e Alfenas (1991),
empregando a formulação molhável de triadimenol nas concentrações de
400 e 800 mg/L relataram que para o patossistema P. psidii em eucalipto,
houve proteção de até 28 dias após a aplicação do produto. Por outro lado,
Ruiz e Alfenas (1989), concluíram que a proteção do fungicida triadimenol a
0,75 mL i. a/L em eucalipto deu-se até 10 dias no primeiro par de folhas acima
daquelas que receberam a pulverização da calda fungicida. Neste experimento,
houve proteção de triadimenol e tebuconazole à infecção de P. psidii,
corroborando com os resultados de Demuner e Alfenas (1991) e Ruiz e Alfenas
(1989) no patossistema P. psidii x eucalipto.
A proteção conferida pelos triazóis ocorre após a penetração do fungo
no tecido do hospedeiro, ou seja, não atuam portanto, na germinação dos
76
esporos (Schöfl e Zinkernagel, 1997). Os fungicidas sistêmicos provavelmente
não atuam como barreiras de deposição na superfície dos tecidos, como ocorre
com os fungicidas protetores, que são excelentes na supressão da germinação
de esporos de fungos (Agrios, 1997, Suheri e Latin, 1991). Os fungicidas
triazóis o sistêmicos e sua concentração na epiderme do hospedeiro
decresce mais rapidamente que os compostos não sistêmicos (Schöfl e
Zinkernagel, 1997). Por isso, e devido a sua absorção no tecido do hospedeiro,
a proteção passa a ser efetiva principalmente dentro da planta (Paveley et al.,
2000).
Experimento 2 - Efeito curativo dos fungicidas tebuconazole e triadimenol
no controle da ferrugem
Além do efeito protetor de tebuconazole e triadimenol, constatou-se
também que os mesmos fungicidas apresentaram efeito curativo sobre as
infecções de P. psidii. Os resultados demonstraram que os fungicidas
triadimenol D1 (187,5 mg/L), triadimenol D2 (310 mg/L) e tebuconazole (150
mg/L) foram estatisticamente diferentes da testemunha, quanto à incidência de
frutos doentes quando pulverizados aos 3 e 7 dias após inoculação. Não houve
diferenças significativas entre os fungicidas empregados, mesmo quando o
triadimenol foi aplicado em menor dosagem (Quadro 2).Tanto aos 3 quanto aos
7dias após a inoculação, os fungicidas não foram estatisticamente diferentes, e
triadimenol na dose mais baixa controlou a doença (Quadro 2). A testemunha
(pulverizada com água) apresentou elevada incidência de frutos com ferrugem,
alcançando 43 e 42% de frutos doentes aos 3 e 7 dias após a inoculação,
respectivamente. Contrariando o encontrado para a testemunha, a
porcentagem de frutos doentes não ultrapassou 5%, quando se pulverizou com
triadimenol D1 (187,5 mg/L) e tebuconazole (150 mg/L) aos sete dias após a
inoculação do fungo. Por outro lado, triadimenol D2 (310 mg/L) não ultrapassou
2% de incidência de frutos doentes, quando pulverizado 3 dias após a
inoculação da suspensão de urediniosporos (Quadro 2). Quando se
confrontaram os valores de incidência de frutos doentes nas subparcelas
(pulverização aos 3 e 7 dias), verificou-se não haver diferenças significativas
entre os 2 tempos de pulverização (Quadro 2).
77
Quadro 2. Incidência (%) de frutos de goiaba, variedade Paluma, com ferrugem
(Puccnia psidii) após pulverizados com os fungicidas tebuconazole
(150 mg/L), triadimenol D1 (187,5 mg/L), triadimenol D2 (310 mg/L),
aos três e sete dias após a inoculação dos frutos com suspensão de
urediniosporos de P. psidii, em experimento de campo realizado no
Campus da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy
Ribeiro.
Período de pulverização
Fungicida
3 7 C.V. (%)
Testemunha
43 A a 42 A a 12,16
Tebuconazole
2 B a 5 B a 47,45
Triadimenol D1
1 B a 5 B a 54,75
Triadimenol D2
2 B a 0 B a 32,65
C.V.(%) 40,65 35,95
* Legenda: Dados da incidência foram transformados de acordo com a rmula
√(x+05). Valores médios de incidência da doença seguidos da
mesma letra maiúscula na coluna e minúscula na linha, o
diferem estatisticamente entre si ao nível de 5% de probabilidade
do teste de média Tukey e Teste – t, respectivamente.
78
O efeito da dose pôde também ser verificado neste experimento, onde
triadimenol D1 (187,5 mg/L) revelou resultados semelhantes ao ocorrido com
triadimenol D2 (310 mg/L), não sendo portanto estatisticamente diferente deste
e tebuconazole a 150 mg/L. Doses mais baixas poderiam ser empregadas em
estádios iniciais da infecção de P. psidii nos frutos jovens da goiabeira, com
resultados promissores. Neste trabalho, a utilização de uma dose mais baixa
aplicada aos 3 dias após a inoculação do fungo resultou no controle da doença.
Provavelmente ocorreu interferência nas fases iniciais da colonização de P.
psidii. Por outro lado, aos 7 dias após a inoculação do fungo, houve também
controle da doença com aplicação de triadimenol a 187,5 mg/L, equivalendo ao
ocorrido à dose de 310 mg/L. Segundo, Schöfl e Zinkernagel (1997), o efeito de
doses pode ser correlacionado com o tempo de pós-infecção nos tecidos do
hospedeiro. Berger (2004), relata que doses reduzidas a um quarto daquela
recomendada podem ser empregadas eficientemente quando a epidemia está
no seu início, mais especificamente, antes do final do primeiro ciclo de infecção
(ou primeira onda de infecção). Dessa forma, triadimenol aplicado em dose
reduzida poderia ser empregado em estratégia para retardar a epidemia da
ferrugem nos estádios de botões e/ou frutos da goiabeira em condições de
campo.
Em ensaios realizados em mudas de goiabeira sob condições de casa-
de-vegetação, Ruiz et al., (1991), avaliaram o efeito curativo de alguns
fungicidas sistêmicos no controle de P. psidii. Triadimenol nas duas doses
aplicadas (0,375 g/L e 0,75 g/L) proporcionou redução acentuada da doença
aos seis e nove dias após a inoculação (Ruz et al., 1991). Estes resultados são
similares aos encontrados no segundo experimento de campo, uma vez que
aos 7 dias da inoculação, houve consistente controle da doença em frutos de
goiabeira pulverizados com triadimenol D1 e D2 e, tebuconazole.
A eficiência dos fungicidas sistêmicos curativos foi também relatada em
diferentes patossistemas (Bonde et al., 1995, Godoy e Canteri, 2004, Poblete e
Latorre, 2001, Ruiz et al., 1991, Ruiz e Alfenas, 1989, Schwabe et al., 1984). O
efeito curativo foi avaliado também em outras doenças causadas por ferrugens.
Segundo Kable et al. (1987), propiconazole exerceu efeito curativo das
infecções causadas por Tranzschelia discolor em folhas de pessegueiro. De
79
acordo com Bonde et al., (1995), a infecção por Puccinia horiana, agente
etiológico da ferrugem branca do crisântemo, foi fortemente inibida pela
aplicação de myclobutanil, aos cinco dias após a inoculação do fungo.
O conhecimento do efeito curativo e protetor dos fungicidas triazóis
(triadimenol e tebuconazole) é importante para estabelecer o intervalo de
aplicação do produto no campo e/ou para proteger os frutos da goiabeira das
novas infecções do fungo e flexibilizar a pulverização. Finalmente, os
fungicidas tebuconazole e triadimenol tem potencial para aplicações
preventivas e sobre novas infecções de P. psidii em botões e/ou frutos de
goiabeira.
CONCLUSÕES
Pelos resultados obtidos, conclui-se:
(i) A proteção em frutos de goiaba contra a infecção por Puccinia psidii ocorre
até 21 dias, tanto para triadimenol quanto para tebuconazole ; (ii) Triadimenol a
187,5 e a 310 mg/L e tebuconazole a 150 mg/L podem ser empregados aos 3 e
7 dias após o início das infecções nos frutos de goiaba.
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83
4. RESUMO E CONCLUSÕES
Em ensaio de campo e casa-de-vegetação, avaliou-se a eficiência de
fungicidas sistêmicos pulverizados nas folhas para o controle da doença nos
frutos jovens da planta. Em outros experimentos de campo (2003 e 2003
2004), testaram-se os fungicidas sistêmicos e protetor (mancozeb) no controle
da ferrugem infectando botões e frutos da goiabeira. Através dos dados obtidos
no primeiro (2003) e segundo experimento (2003 2004), quantificou-se os
danos à produção da goiabeira provocados por P. psidii. Verificou-se ainda em
outros experimentos de campo e através da pulverização dos melhores
fungicidas, tebuconazole e triadimenol, o efeito protetor e curativo no controle
da ferrugem em frutos.
Ao se avaliar o efeito dos fungicidas sistêmicos pulverizados nas folhas
para o controle da doença em frutos, relatou-se que nenhum dos fungicidas
sistêmicos pulverizados nas folhas foi eficiente no controle da doença nos
frutos, tanto em condições de campo como em casa-de-vegetação.
Das pulverizações de fungicidas sistêmicos e protetor (mancozeb) no
controle da doença em condições de campo (ano 2003), triadimenol foi o
melhor fungicida, obtendo-se maior produção média/planta (81,34 kg) e menor
incidência de frutos doentes. A testemunha apresentou maior incidência da
84
doença e baixa produção (61 frutos/plantas) e menor peso médio (10,25 kg de
frutos/planta). No segundo experimento (ano 2003 2004), comprovou-se que
triadimenol e tebuconazole foram os melhores tratamentos, mas triadimenol foi
o mais produtivo dos dois. A testemunha pulverizada apenas com água,
apresentou baixa produção (17 frutos/planta) e incidência máxima de frutos
doentes de 89%. Triadimenol erradicou lesões esporulantes e as
pulverizações com os fungicidas triadimenol e tebuconazole foram necessárias
para se obter produção comercial.
Através dos dados de doença e produção obtidos no primeiro (2003) e
segundo experimento (2003 2004), demonstrou-se que apenas a incidência
máxima de botões doentes não correlacionou significativamente à produção da
goiabeira em 2003. Porém, no segundo experimento, o número máximo de
botões infectados correlacionou-se ao rendimento da cultura. As equações de
regressão obtidas tiveram relação linear positiva entre a incidência de botões
e/ou frutos doentes e o dano à produção. Para as condições do Norte
Fluminense, a doença deve ser monitorada e controlada com o emprego de
fungicidas protetores e/ou sistêmicos.
Ao se avaliar o efeito protetor observou-se que tanto triadimenol quanto
tebuconazole tiveram efeito protetor de 21 dias em condições favoráveis a
doenças. Quando se avaliou o efeito curativo, triadimenol D1 (187.5 mg/L),
triadimenol D2 (310 mg/L) e tebuconazole (150 mg/L) foram eficientes quando
pulverizados ao 3 e 7 dias após a inoculação.
85
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