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AVALIAÇÃO DA FREQÜÊNCIA DE METILAÇÃO DE
PROMOTORES GÊNICOS NAS SÍNDROMES
MIELODISPLÁSICAS DA INFÂNCIA
DANIEL ONOFRE VIDAL
Dissertação apresentada à Fundação Antônio
Prudente para obtenção do título de Mestre em
Ciências
Área de concentração: Oncologia
Orientador: Dr. Luiz Fernando Lopes
Co-Orientador: Dr. André Luiz Vettore
São Paulo
2005
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FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do Centro de Tratamento e Pesquisa
Hospital do Câncer A.C. Camargo
Vidal, Daniel Onofre.
Avaliação da freqüência de metilação de promotores gênicos nas
síndromes mielodisplásicas da infância / Daniel OnofreVidal-- São Paulo,
2005.
78p.
Dissertação(mestrado)-Fundação Antônio Prudente.
Curso de Pós-Graduação em Ciências-Área de concentração: Oncologia.
Orientador: Luiz Fernando Lopes
Descritores: 1. SÍNDROMES MIELODISPLÁSICAS/genética. 2. MEDULA
ÓSSEA. 3. METILAÇÃO DE DNA. 4. CRIANÇA.
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DEDICATÓRIA
Gostaria de dedicar está dissertação as pessoas que me acompanham desde os
primeiros passos, das primeiras palavras, das primeiras decepções, das alegrias e que
muitas vezes deixaram seus sonhos de lado para me ajudar a realizar os meus. Meus
pais, Dagoberto e Ângela.
Ao meu grande amigo, meu irmão Diego, companheiro pra qualquer coisa a
qualquer hora, mas principalmente por me apoiar e dividir a felicidade de minhas
conquistas e das suas também.
Especialmente a minha namorada, futura esposa, pelo apoio, compreensão e
carinho que tem me dado nesses cinco anos de convivência diária. Isso só pode ser
amor mesmo. Te amo!!!
As crianças com câncer que, em sua inocência, nunca abdicaram do direito de
viver e sorrir, fazendo nossas vidas mais felizes e nos dando força para continuar...
Dedico a meu orientador e ao meu co-orientador por acreditarem em mim,
pela paciência, pelo aprendizado, pela amizade e pela confiança.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a meu orientador Dr. Luiz Fernando Lopes por ter aberto as portas
dessa nova fase da minha vida, pela confiança em mim e em meu trabalho, por tudo
que me ensinou em relação a seu trabalho tão competente, pela paciência, pela
dedicação, pela amizade e pelo agradável convívio durante esse período.
Ao meu co-orientador Dr. André Luiz Vettore pela imensa contribuição neste
trabalho. Por contribuir em minha formação compartilhando seus conhecimentos, por
ter acreditado em mim, pela amizade e pelas grandiosas discussões sobre os mais
variados assuntos.
À Dra. Otávia Caballero, que apesar do pouco tempo de convivência
contribuiu em muito para minha formação e engrandecimento, não apenas sendo um
exemplo de uma ótima profissional, mas também por ser um exemplo de vida a ser
seguido.
Ao Dr. André Carvalho, que foi muito importante para o fechamento deste
trabalho por meio das discussões e opiniões e também pela orientação em algumas
análises.
Às grandes amigas Mariana Brait e Márcia Dellamano, minhas irmãs mais
velhas do lab, que me acolheram na minha chegada e que apesar da distância nunca
deixaram de me ajudar. Companheiras de grandes comemorações e de muitas risadas
durante o tempo em que estavam por aqui.
À Valéria Paixão, que com seu jeito meio elétrico se demonstrou uma grande
pessoa com uma personalidade marcante, por ter me ensinado muitas coisas no lab. e
pelas conversas sinceras e conselhos.
A Dra. Maria Isabel Achatz, pela amizade, por sempre me apoiar e também
pelas conversas entre um experimento e outro. Te admiro, pelo seu exemplo de
mulher, mãe e profissional, muito obrigado!!!
À Andréa Seixas pela grande amizade, pelo agradável convívio, pela
paciência e principalmente pelo tabule que eu dividia com a Márcia.
À todo pessoal do laboratório pela agradável convivência e grande amizade:
Adriana Bulgarelli, Danielle Renzoni; Fabio Piccoli; Fabrício de Carvalho, Roberta
Félix, Luciane Kagohara, , Fernanda Góes, Dinamar Gaspar.
Aos amigos desde os tempos da faculdade e que hoje fazem parte da minha
caminhada: Fabiana Bettoni, Lílian Pires e Raphael Bessa.
À Dra. Maria do Rosário Lattore, que em plena véspera de Natal teve
disponibilidade e paciência me ensinando e me ajudando com as análises estatísticas
deste trabalho.
Ao Dr. Julio César Santin, por ter ajudado com a coleta das amostras de MO
dos pacientes e a toda equipe do Instituto Dante Pazzanese pela grande ajuda e
disposição que demonstroram pra colaborar com este trabalho.
À Dra. Elizabete X. Souto e a Dra. Mary O. Santana por toda a ajuda com o
arquivo de lâminas do qual foram retiradas as amostras.
À todos os profissionais que fazem parte do GCB-SMD-PED, pois sem o
esforço de vocês não seria possível a realização deste trabalho.
À Amandina Morbeck, pela ajuda com todas as informações do banco de
pacientes cadastrados no GCB-SDM-PED.
Ao Dr. Ricardo Renzo Brentani, diretor do Instituto Ludwig e Presidente do
Hospital do Câncer A.C. Camargo pelas excelentes condições de trabalho.
Ao diretor da pós-graduação Dr. Luiz Fernando Lima Reis por apoiar e
acreditar em nossa formação e trabalho.
À Ana Maria Kuninari e Marcia Hiratani, por todo carinho, pela atenção e por
sempre estarem dispostas a escutar e ajudar no que fosse preciso.
À todas as meninas da biblioteca: Suely Francisco; Maria Adriana M.
Bassols; Francyne Pólen G. Lima; e Rosinéia Aguiar Carneiro, pelo competente
trabalho, pelo carinho e atenção, pela enorme ajuda e dedicação quando eu descia
para ficar algum tempo na biblioteca trabalhando.
Aos médicos, residentes e funcionários do Departamento de Pediatria do
Hospital do Câncer A.C. Camargo pela importante colaboração e paciência.
Aos membros da banca de qualificação desta dissertação: Dr. Alex Fiorini,
Dra. Marilda de Souza e Dra. Helena Brentani pelo tempo atribuído à leitura dos
relatórios e pelas sempre proveitosas sugestões.
À Isabel C. Carneiro (Bel) e Sirléia M. Sampaio (Léia), por todas as risadas e
também por organizar nossa bagunça com os materias que usamos no dia a dia.
Ao CNPq pela bolsa de estudos concedida, a FAPESP pelo apoio financeiro
através do CEPID e ao Instituto Ludwig de Pesquisa Sobre o Câncer pelo apoio
financeiro e pela oportunidade de desenvolver nosso projeto.
A todos que de alguma maneira contribuíram para a realização deste trabalho.
A Banca Julgadora da Dissertação pelo tempo atribuído à leitura desta
dissertação.
AGRADECIMENTOS ESPECIAIS
Agradeço especialmente a minha família, por todo o amor que tem me dado
durante esses anos.
Ao meu amor, Aninha, e a sua família, Senhor Valentim, Senhora Lourdes,
Senhor Manuel e Valmor, por terem me acolhido muito bem em suas vidas e pela
força e conselhos que tem me dado nesses anos de convivência.
À todas as crianças, que fazem nossas vidas mais felizes e surpreendentes.
À minhas grandes amigas, Letícia Olops e Edaíse M. Silva, por esses dois
anos de convivência diária, pela compreensão, companheirismo e por me mostrar que
o universo feminino pode ser mais complexo do que eu poderia imaginar. Nunca vou
esquecer esses dias que passei com vocês.
À outras duas grandes amigas, Mariana Maschietto e Amanda Gonçalves, por
tudo que tem feito por mim, por dividir suas alegrias e conquistas comigo e também
por esses seis anos de uma forte amizade.
À minhas “irmãzinhas”, Aline Bolpetti e Vanessa Pereira, nunca vou
esquecer o trio (FB) que formávamos na faculdade e pela amizade que se estenderá
pelo resto de nossas vidas.
À s amigas Mariana Brait e Márcia Dellamano por tudo o que fizeram por
mim, pelo meu aprendizado e principalmente pela grande amizade.
À todos que contribuíram de alguma forma para essa conquista.
RESUMO
Vidal DO. Avaliação da freqüência de metilação de promotores gênicos nas
síndromes mielodisplásicas da infância. São Paulo; 2005. [Dissertação de
Mestrado-Fundação Antônio Prudente].
As Síndromes Mielodisplásicas (SMD) compreendem um grupo heterogêneo de
desordens clonais de células-tronco hematopoéticas, sendo caracterizada por um
processo de hematopoese deficiente e pela alta probabilidade de progressão para a
Leucemia Mielóide Aguda (LMA). Apesar de rara na infância, o prognóstico para
essa doença é desfavorável e a maioria dos pacientes pediátricos evoluem a óbito em
consequência da transformação leucêmica ou devido a complicações decorrentes da
evolução da doença (infecções e hemorragias). A metilação anormal, que ocorre na
região promotora dos genes está associada ao silenciamento gênico. Esta alteração
quando ocorre em genes com característica de supressão tumoral tem sido
relacionada ao início e progressão do câncer e, por isso pode ser considerada como
um marcador em potencial para a doença. Tais marcadores podem ser importantes
para a detecção do câncer em estágios mais precoces, na determinação de
prognóstico, no seguimento da doença e na determinação de resposta a terapia. Os
objetivos deste estudo foram avaliar o padrão de metilação de 14 genes (CDKN2B,
CDKN2A, CALCA, CDH1, HIC1, GSTP1, p73, p14
ARF
, MGMT, APC, RARβ,
CDH13, DAPK e TIMP-3) com característica de supressão tumoral em 12 amostras
de aspirado de medula óssea (a fresco) e 13 amostras de esfregaço de MO de
pacientes pediátricos acometidos pela SMD e verificar a correlação desses dados
com as características clínico-laboratorias dos pacientes. Os DNAs foram extraídos a
partir das amostras e submetidos a reação de MSP. Os genes que apresentaram
maiores freqüências de metilação nas amostras foram: CALCA (76%), GSTP1 (52%)
e CDKN2B (50%). Para os outros 11 genes analisados as freqüências encontradas
foram menores que 25% ou não foi possível detectar a presença de metilação em
nenhuma das amostras analisadas. A metilação do promotor do gene GSTP1 foi
correlacionada, com significância estatística, a maiores taxas de hemoglobina e
hematrócrito nesses pacientes. Os resultados do presente estudo sugerem que o
padrão de metilação da SMD em crianças é semelhante ao de adultos e que a
metilação nesses genes pode vir a ser usada como uma ferramenta para auxiliar no
diagnóstico e tratamento da SMD. No entanto, estudos mais amplos que concentrem
uma maior casuística são necessários para a confirmação destes achados.
SUMMARY
Vidal DO. [Aberrant methylation of gene promoter in childhood
myelodysplastic syndrome]. São Paulo; 2005. [Dissertação de Mestrado-Fundação
Antônio Prudente].
The myelodysplastic syndrome (MDS) encloses a heterogeneous group of clonal
hematopoetic stem cell disorders and it is characterized by ineffective hematopoesis
and by a high incidence of progression to AML (Acute Myeloid Leukemia). Despite
the rarity in childhood, the disease prognostic is poor and the majority of the patients
die in consequence of the leukemic transformation or complications involved in the
evolution of the MDS (infections and hemorrhage). The abnormal methylation in the
promoter region of some genes is related to gene silence. The abnormal methylation
could be involved with initiation and progression of cancer when it occurs in tumor
suppressor genes. For this reason it has been evaluated as potential markers for the
detection of the cancer in early stages (before the clinical manifestation), for the
prognostic determination, for the follow-up of the disease progression and for the
determination of the response to therapy. We analyzed the aberrant methylation
profile of the promoter region of 14 genes (CDKN2B, CDKN2A, CALCA, CDH1,
HIC1, GSTP1, p73, p14
ARF
, MGMT, APC, RARβ, CDH13, DAPK e TIMP-3) with
tumor suppression features in 12 bone marrow aspirate samples and 13 bone marrow
smear samples of pediatric patients diagnosed with MDS. DNA of these samples was
extracted and submitted to MSP. The most frequently methylated genes were CALCA
(76%), GSTP1 (52%) and CDKN2B (50%). For the other genes the methylation
frequency was below 25%. We tried to correlate the methylation profile with clinic-
laboratorial parameters. GSTP1 promoter methylation was significantly correlated
with higher rates of red blood parameters. Our results suggest that the methylation
pattern in childhood MDS could be similar to the methylation pattern in adults MDS
and that the methylation of the genes presented here can be used as a tool to improve
the diagnostic and treatment of the MDS.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Esquema modificado representando a hierarquia da hematopoiese na
medula óssea. 3
Figura 2 MSP do gene CDKN2A. 35
Figura 3 Amplificação de um fragmento de 252 pb do gene hMLH1 a partir de
amostras de DNA obtidas de esfregaços de MO corados e não-corados 36
Figura 4 Amplificação de um fragmento de 252 pb do gene hMLH1 a partir de
amostras de DNA obtidas de esfregaços de MO de diferentes períodos de
estocagem. 37
Figura 5 Amplificação de um fragmento de 252 pb do gene hMLH1 a partir de
amostras de DNA obtidas de medula óssea total de 3 pacientes com SMD. 38
Figura 6 Perfil de metilação em uma amostra de MO a fresco (SMD41) e uma
amostra de esfregaço de MO (L167) obtidas do mesmo paciente. 39
Figura 7 Perfil de metilação da região promotora dos genes CALCA, GSTP1 e
CDKN2B nas 25 amostras de MO incluídas neste estudo. 43
Figura 8.
Perfil de metilação na região promotora dos genes CALCA, GSTP1 e
DAPK. 44
Figura 9. Curvas de sobrevida global em relação ao perfil de metilação da região
promotora dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B.
51
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Seqüência dos iniciadores utilizados na MSP. 29
Tabela 2 Temperaturas utilizadas nas reações de MSP. 30
Tabela 3 Número e porcentagem de pacientes acometidos por SMD segundo
características demográficas e clínicas. 32
Tabela 4 Descrição da média e desvio padrão das características clínico-
laboratoriais dos pacientes acometidos por SMD. 33
Tabela 5 Freqüência de metilação na região promotora dos 14 genes estudados
nas amostras de MO de pacientes acometidos pela SMD e nas amostras
de MO sem neoplasia. 42
Tabela 6 Correlação do padrão de metilação dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B
com as características demográficas e clínicas dos pacientes acometidos
pela SMD. 46
Tabela 7 Correlação do padrão de metilação dos genes CALCA e GSTP1
combinados, com as características demográficas e clínicas dos pacientes
acometidos pela SMD. 47
Tabela 8 Descrição da idade e das características laboratoriais segundo o padrão de
metilação dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B. 49
Tabela 9 Descrição das características laboratoriais segundo o padrão de metilação
combinado dos genes CALCA e GSTP1. 50
LISTA DE ABREVIATURAS
AA anemia aplástica
APC adenomatosis polyposis coli
CALCA calcitonin-related polypeptide (alpha)
CCG Children's Cancer Group
CDH1 cadherin 1(E-cadherin)
CDH13 cadherin 13(H-cadherin)
CDKI cyclin-dependent kinase inhibitor
CDKN2A cyclin-dependent kinase inhibitor 2A (p16)
CDKN2B cyclin-dependent kinase inhibitor 2B (p15)
CT células tronco
DAPK death-associated protein kinase
DHL desidrogenase lática
DNA ácido desoxirribonucleico
DNMT DNA methyltransferase
dNTPs deoxinucleotídeos fosfato
E.U.A. Estados Unidos da América
E2F E2F transcription factor
EDTA ethylenediaminetetracetic acid
EWOG-MDS European Working Group in Myelodysplastic Syndrome
FAB French-American-British Group (classificação para SMD)
FAP Fundação Antônio Prudente
GCB-SMD-PED Grupo Cooperativo Brasileiro de Síndrome Mielodisplásica em Pediatria
GSTM1 glutathione S-transferase M1
GSTP1 glutathione S-transferase pi
GSTT1 glutathione S-transferase theta 1
HDAC histone deacetylases
HIC1 hypermethylated in cancer 1
HL60 linhagem celular de leucemia promielocítica aguda
hMLH1 humam Mut-L Homologue 1
IDPC/SP Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia – São Paulo
IPSS International Prognostic Scoring System
LLA leucemia linfocítica aguda
LMA leucemia mielóide aguda
LMC leucemia mielóide crônica
LMMJ leucemia mielomonocítica juvenil
µg micrograma
µL microlitro
µM micromolar
M molar
mm milímetro
mM milimolar
mm
3
milímetros cúbicos
MBP methyl CpG binding protein
MeCP methyl-core binding protein
MgCl
2
cloreto de Magnésio
MGMT O-6-methylguanine-DNA methyltransferase
MO medula óssea
MSP methylation specific PCR
NaOH hidróxido de sódio
NF1 neurofibromin 1
NFKB nuclear factor of kappa light polypeptide gene enhancer in B-cells
ng nanograma
NQO1 NAD(P)H dehydrogenase, quinone 1
N-ras neuroblastoma RAS viral (v-ras) oncogene homolog
p14
ARF
cyclin-dependent kinase inhibitor 2B, isoform 3
pb pares de bases
PCR reação em cadeia da polimerase cuja sigla do inglês é Polimerase Chain
Reaction
RA anemia refratária
RAEB anemia refratária com excesso de blastos
RAEB-t anemia refratária com excesso de blastos em transformação
RARβ retinoic acid receptor ( beta)
RARS anemia refratária com sideroblasto anelado
RC citopenias refratárias
SMD síndrome mielodisplásica
SP sangue periférico
TIMP3 tissue inhibitor of metalloproteinase 3
t-MDS/AML leucemia mielóde aguda transformada a partir de estado mielodisplásico
TMO transplate de medula óssea
TP53 tumor protein p53
U unidades
ÍNDICE
1 INTRODUÇÃO 1
1.1 Hematopoese 1
1.2 Leucemias na Infância 3
1.3 A Síndrome Mielodisplásica 4
1.4 A Síndrome Mielodisplásica na Infância 7
1.5 Aspectos Moleculares 10
1.6 Alterações Citogenéticas e SMD 13
1.7 Metilação e SMD 13
2 OBJETIVOS 20
2.1 Objetivo Geral 20
2.2 Objetivos Específicos 20
3 MATERIAL E MÉTODOS 22
3.1 Casuística 22
3.2 Extração, Quantificação e Avaliação do DNA 23
3.3 Tratamento com Bissulfito de Sódio 24
3.4 Reação de MSP (Methylation Specific PCR) 25
3.5 Variáveis do Estudo 26
3.6 Análise Estatística 27
3.7 Aspectos Éticos 27
4 RESULTADOS 31
4.1 Casuística 31
4.2 Tratamento com Bissulfito de Sódio e MSP de Pequenas Quantidades
de DNA 34
4.3 Padronização da Extração de DNA de Esfregaço de Medula Óssea 35
4.4 Extração, Quantificação e Avaliação do DNA Extraído das Amostras
de Medula Óssea 37
4.5 Perfil de Metilação para as Amostras de Medula Óssea dos Indivíduos
sem SMD e dos Pacientes com SMD 39
4.6 Correlação entre os Dados Demográficos, Clínicos e Laboratoriais e o
Padrão de Metilação dos Genes 45
4.6.1 Correlação do Padrão de Metilação dos Genes CALCA, GSTP1 e
CDKN2B 45
4.6.1.1 Com os parâmetros demográficos e clínicos 45
4.6.1.2 Com os parâmetros laboratoriais (hemograma) 48
4.6.1.3 Com a sobrevida global 51
5 DISCUSSÃO 52
6 CONCLUSÕES 67
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 68
ANEXO
Anexo I Termo de consentimento pós-informado.
Anexo II Apresentação dos dados individuais para cada um dos pacientes
incluídos no estudo.
1
1 INTRODUÇÃO
1.1 HEMATOPOESE
A medula óssea (MO), um dos maiores órgãos do corpo humano, é o sítio de
formação das células sanguíneas pós-nascimento. No adulto normal, a MO é
responsável pela produção e exportação, para o sangue periférico (SP), de cerca de
2,5 bilhões de hemácias, 2,5 bilhões de plaquetas e 1 bilhão de granulócitos por quilo
de massa corpórea por dia. Essa atividade pode ser aumentada em até 10 vezes
quando necessário, como em casos de resposta inflamatória (ROTHSTEIN 1993).
A hematopoese começa na vida intra-uterina e apresenta diferentes sítios de
acordo com o desenvolvimento. Até os 2 meses de vida intra-uterina os sítios
hematopoéticos se concentram no saco vitelínico, entre 2 e 9 meses, principalmente
no fígado (e baço, em menor proporção) e a partir do nascimento na MO. A MO
origina-se dos corpos vertebrais e os primeiros espaços medulares são supridos por
vasos sanguíneos e células reticulares adventícias do tecido conectivo. Estas
estruturas irão formar o estroma medular e seu microambiente condicionador que,
numa etapa futura, permitirão o assentamento e colonização das células-tronco, bem
como a proliferação e maturação das futuras células sanguíneas.
A MO pode ser subdividida em dois grupos distintos, o estroma e o
parênquima medular. O estroma medular é formado por uma complexa malha de
vasos sanguíneos, organizada em unidades repetidas. Pequenos vasos retornam a
cavidade medular combinando-se para formar sinusóides venosos, os quais são
2
rodeados de tecido hematopoético. A parede desses sinusóides é formada por uma
camada unicelular que aparenta ser uma membrana basal. Essa membrana é contínua
e as células da MO passam para a corrente sanguínea penetrando entre essas células
endoteliais, sendo esse processo mediado por fatores que modulam e possibilitam
essa passagem. O estroma é também formado por células reticulares adventícias do
tecido conectivo, o qual ancoram o tecido hematopoético ativo na MO. O parênquima
medular é formado pelas células hematopoéticas originais derivadas das células-
tronco, e que se constituem nas linhagens eritróide, granulocítica
(neutro/eosino/basofílica), monocítica e megacariocítica (ROTHSTEIN 1993,
ALBERTS et al. 1994).
Sob o ponto de vista funcional, as células hematopoéticas podem ser
agrupadas em três classes, que abrangem um espectro de células em diferentes
momentos de diferenciação (Figura 1). A classe das células-tronco (CT) apresenta
grande capacidade de se auto-renovar, bem como de originar as múltiplas linhagens
hematopoéticas. No estágio subseqüente de diferenciação, encontra-se a classe das
células progenitoras que se originam a partir das células-tronco e são
morfologicamente indistinguíveis entre si, sendo que a diferença entre elas só pode
ser evidenciada pela sua capacidade de formar linhagens celulares diferentes. A
próxima classe é a dos precursores (blastos), na qual as células progenitoras adquirem
características antigênicas permitindo sua diferenciação em sub-linhagens, ou seja,
perdem características de multilinhagem ganhando especificidade. Estas células são
largamente estocadas na MO, o que permite um rápido recrutamento e migração
destas para o sangue periférico e tecidos quando necessário (ROTHSTEIN 1993;
ALBERTS et al. 1994).
3
células precursoras
linfócito T
linfócito B
(linfoblastos)
neutrófilo
(mieloblastos)
monócito
Célula
progenitora
eosinófilo
Célula tronco
plaquetas
basófilo
eritrócitos
Figura 1 – Esquema modificado representando a hierarquia da hematopoese n
a
medula óssea (ROTHSTEIN 1993).
1.2 LEUCEMIAS NA INFÂNCIA
Apesar de rara, a leucemia é a doença maligna mais comum na infância
correspondendo aproximadamente a 30% dos casos de câncer pediátrico. Oitenta e
cinco por cento (85%) das crianças apresentam leucemia linfocítica aguda (LLA),
10% apresentam leucemia mielóide aguda (LMA) e 5% leucemia mielóide crônica
(LMC). As leucemias linfocíticas crônicas não se manifestam na infância (GOLUB e
ARCECI 2002).
4
As LLAs têm pico de incidência entre os 2 e 5 anos de idade. Nos Estados
Unidos (E.U.A), são diagnosticadas aproximadamente 2.500
a 3.500 crianças com
LLA por ano, apresentando uma incidência de 30 ou 40 casos novos por milhão por
ano em crianças abaixo dos 14 anos de idade (ROTHSTEIN 1993).
A LMA representa um grupo heterogêneo de desordens hematológicas que se
originam dentro da medula óssea nos precursores das linhagens celulares mielóide,
monocitóide, eritróide e megacariocítica. Pode ser considerada como evento primário
(LMA de novo), como evento secundário (LMA pós-quimioterapia) ou como
resultado de uma transformação a partir de um prévio estado mielodisplásico (t-
MDS/AML) (GOLUB e ARCECI 2002).
1.3 A SÍNDROME MIELODISPLÁSICA
A Síndrome Mielodisplásica (SMD) abrange um grupo heterogêneo de
desordens clonais de células hematopoéticas que acomete principalmente indivíduos
adultos de meia idade ou idade avançada (50 a 70 anos). A SMD é caracterizada por
baixa celularidade (citopenia) do sangue periférico, hipercelularidade da medula
óssea, alterações morfológicas em uma ou mais linhagens celulares e pela
possibilidade de transformação leucêmica. A SMD portanto já foi chamada de pré-
leucemia, uma vez que existe a possibilidade de transformação para LMA em uma
proporção significante de pacientes (HASLE et al. 1999; MIYAZATO et al. 2001;
TORRE et al. 2002) podendo também ocorrer mais raramente a transformação para
LLA (SATO et al. 2004). Este fenômeno sugere que, de fato, a célula que dá origem a
SMD pode originar-se de uma célula progenitora hematopoética multipotente
5
(segundo estágio de diferenciação), ou até mesmo da célula-tronco onipotente e
indiferenciada (primeiro estágio) (STEENSMA e TEFFERI 2003). O tempo
necessário para a transformação para LMA (t-MDS/AML) pode variar de uma forma
consideravelmente lenta (anos) até aquelas com rápida transformação (2 ou 3 meses).
Sendo que, nos adultos essa transformação, quando ocorre, parece ser mais lenta do
que nas crianças (LUNA-FINEMAN et al. 1999; LOPES e LORAND-METZE 1999;
LOPES et al. 2002; WOODS et al. 2002).
A SMD pode ocorrer como uma desordem hematopoética primária, ou seja
SMD de novo, ou pode ser um evento secundário, após o tratamento quimioterápico
de outros tipos de tumores primários com agentes alquilantes (e.g. ciclofosfamida),
agonistas e antagonistas de topoisomerase II (e.g. etoposide) ou ainda após o
tratamento com radioterapia, por meio de radiação ionizante. A SMD secundária foi
primeiramente descrita em pacientes tratados para a doença de Hodgkin, mielomas
múltiplos, câncer de ovário e recentemente após altas doses de quimioradioterapia
(HASLE et al. 1999; MIYAZATO et al. 2001; LOPES et al. 2002; WOODS et al.
2002).
Em 1982, o grupo French-American-British (FAB) propôs uma classificação
baseada na morfologia das células e na porcentagem de blastos encontrados no
sangue periférico e na medula óssea. Segundo esta classificação, as SMD podem ser
divididas em cinco grupos: a) anemia refratária (RA), caracterizada pela presença de
até 1% de blastos no SP e menos de 5% de blastos em MO com hiperplasia eritróide e
discreta eritropoese; b) RA com sideroblasto anelado (RARS), que é semalhante a
RA, entretanto apresenta dismorfismo na morfologia das células vermelhas no SP e a
presença de sideroblastos e mais de 15% de precursores eritróides em MO; c) RA
6
com excesso de blastos (RAEB), apresentando menos que 5% de blastos e citopenia
de 2 ou 3 linhagens hematopoéticas em SP e com 5 a 20% de blastos e 2 ou 3
linhagens apresentando dismorfismo em MO; d) RA com excesso de blastos em
transformação (RAEB-t), apresentando 5 a 29% de blastos e bastonetes de Auer no
SP e 20 a 30% de blastos e bastonetes de Auer na MO, além das demais alterações
descritas para a RAEB; e e) a Leucemia Mielomonocítica Juvenil (LMMJ),
caracterizada pela presença de até 5% de blastos, mais de 1x10
9
monócitos/L de SP e
a presença de 1 a 20% de blastos com monocitose em MO (BENNETT et al. 1982).
A incidência da SMD, atualmente, é bastante discutida devido a dificuldade
de se obter estimativas precisas, uma vez que a classificação desta doença somente foi
estabelecida em 1982. Ainda assim, alguns casos de SMD permanecem
inclassificáveis, apresentando dificuldade para o diagnóstico. Em meados de 1970,
nos E.U.A, a incidência da SMD foi estimada em 1.500 novos casos por ano.
Entretanto, estimativas mais recentes sugerem um número no mínimo 10 vezes maior.
Se comparado à incidência da SMD em relatos de estudos ingleses, que
demonstraram taxas de 9,3 a 12,6 casos por 100.000 habitantes por ano, somente nos
E.U.A deveriam ser diagnosticados mais de 30.000 novos casos de SMD anualmente.
Dessa forma, acredita-se que se levando em conta apenas as estimativas mais
conservadoras (2 a 4 casos por 100.000 habitantes por ano), a ocorrência da SMD de
adultos seja pelo menos tão comum como a LMA (STEENSMA e TEFFERI 2003).
A partir do estabelecimento da classificação FAB em 1982, muitos estudos
foram propostos com intuito de avaliar uma série de fatores para a criação de um
sistema de escore para a predição de prognóstico dos pacientes acometidos por SMD,
ou seja, fatores esses significantes para prever a história natural da doença
7
(progressão para LMA), bem como a sobrevida desses pacientes (STEENSMA e
TEFFERI 2003). O estudo mais utilizado atualmente com este intuito é o
International Prognostic Scoring System (IPSS) desenvolvido por GREENBERG et
al. em 1997. Neste trabalho, com a realização de uma análise multivariada de 816
pacientes adultos acometidos por SMD de novo, sem prévio tratamento, os autores
utilizaram fatores (porcentagem de blastos na MO, cariótipo e citopenias em SP) que
permitem agrupar os pacientes em grupos de risco bem definidos (baixo risco, risco
intermediário 1, risco intermediário 2 e alto risco) que apresentam média de sobrevida
(em anos) de 5,7, 3,5, 1,2, 0,4, respectivamente (GREENBERG et al. 1997).
1.4 A SÍNDROME MIELODISPLÁSICA NA INFÂNCIA
A SMD é relativamente incomum em crianças, representando em torno de 3%
a 7% das malignidades hematológicas pediátricas e ao contrário dos adultos, na
infância ocorre a predominância dos subtipos morfológicos mais agressivos da
doença, no caso RAEB, RAEB-t e LMMJ. O prognóstico para essa doença na
infância é desfavorável, sendo que a maioria dos pacientes evolui a óbito,
apresentando sobrevida, para aquelas crianças que não disponibilizam de doador de
medula óssea compatível para transplante, de apenas 20-25% em 5 anos nos
subgrupos RAEB e RAEB-t, de acordo com dados do Grupo Cooperativo Brasileiro
de Síndrome Mielodisplásica em Pediatria (GCB-SMD-PED) (LOPES e LATORRE
2003). Esta baixa taxa de sobrevida se deve, principalmente, em decorrência da
transformação leucêmica ou por posteriores complicações, como infecções e
hemorragias. Em crianças a transformação leucêmica é mais rápida e pode ser vista
8
em 15 a 70% dos pacientes, dependendo do tipo de SMD e da faixa etária do
paciente, sendo que nesta faixa os pacientes também apresentão maior risco de
transformação leucêmica (JAKAB et al. 1999; LOPES et al. 2002; WOODS et al.
2002).
Algumas anormalidades congênitas estão associadas ao desenvolvimento da
SMD na infância como a síndrome de Down, a anemia de Fanconi (associação com
genes de reparo a danos no DNA), a neurofibromatose tipo 1 (associada a fatores de
crescimento e apoptose), entre outras (GOLUB e ARCECI 2002).
Apesar de ainda ser usada em crianças, a classificação FAB está gerando
amplo debate na comunidade científica, pois teve como base a SMD de adultos tendo-
se mostrado inconsistente e imprecisa para abordagem na infância (HASLE e
KERNDRUP 2001; MANDEL et al. 2002). Desde 1982, outros autores (BADER-
MEUNIER et al. 1996; HARRIS et al. 1999) vêm propondo classificações para a
SMD pediátrica, sendo a mais recente a de HASLE et al. (2003) que classifica a SMD
na infância em três grupos principais: a) doença mielodisplásica/ mieloproliferativa, a
qual inclui LMMJ, b) doença (SMD/LMA) relacionada à Síndrome de Down e c)
SMD de novo, a qual teve os subgrupos RAEB (2 a 19% de blastos em SP ou 5 a 19%
de blastos em MO) e RAEB-t (20 a 29% de blastos em SP ou MO) mantidos, como
na classificação FAB. Essa nova classificação enfatiza os subtipos pediátricos de
SMD, unindo os subgrupos RA e RARS dentro de uma nova classe denominada
citopenias refratárias (RC).
Segundo dados do grupo brasileiro (PAULA 2004), 56,9% dos pacientes
diagnosticados com SMD são do subtipo RAEB e quando agrupados, os casos de
RAEB-t, esse número sobe para 61,2%, de acordo com a classificação FAB. Em
9
relação a outros grupos internacionais, a maioria dos casos se concentra nas LMMJ
assim como na China com 45,8% dos casos (CHAN 2003), no Canadá com 37,2%
(LUNA-FINEMAN et al. 1999) e no Reino Unido com 49,6% (PASSMORE et al.
2003). A LMMJ é apontada como um subtipo de SMD e considerada uma síndrome
mieloproliferativa que se comporta diferentemente dos outros subtipos de SMD. No
trabalho de WOODS et al. (2002) os autores relatam 2,7% de RA, 44,5% de RAEB e
35,1% de RAEB-t, dados esses semelhantes aos achados do grupo brasileiro.
A carência de dados em relação a SMD pediátrica reflete a falta de
conhecimento de algumas formas existentes de SMD (HASLE et al. 1999; MANDEL
et al. 2002). Assim, até o presente momento apenas três estudos populacionais
enfocando a SMD pediátrica foram realizados. Segundo estes estudos, na Dinamarca,
a SMD infantil representa 9% de todas neoplasias hematológicas da infância, tendo
uma incidência anual de 1,8 casos/milhão/crianças < 14 anos (HASLE et al. 1995), no
Canadá, representa 6% (HASLE et al. 1999) e na Inglaterra, 4,3% com uma
incidência anual de 0,8 casos/milhão/crianças < 14 anos (PASSMORE et al. 2003).
Os autores procuram abranger todos tipos já conhecidos de SMD na faixa pediátrica,
sendo que essa discrepância de resultados pode ser explicada pelo fato de que a
incidência possa estar sub ou superestimada devido aos diferentes critérios
diagnósticos adotados por cada grupo, como a contagem de blastos, inclusão ou não
de síndromes associadas entre outros. Esforços recentes têm sido empregados na
tentativa de se chegar a uma estimativa de incidência mais precisa (HASLE et al.
1999; MANDEL et al. 2002).
Atualmente, não há na literatura um sistema de predição de prognóstico
desenvolvido a partir de pacientes pediátricos com SMD. Dessa forma, os sitemas de
10
escore prognóstico embasados em características de pacientes adultos, quando
aplicados a infância não atingem resultados satisfatórios. Estudos desenvolvidos pelo
Grupo de Trabalho Europeu em SMD da Infância (EWOG-MDS) (HASLE et al.
2000), no Japão (SASAKI et al. 2001) e na Inglaterra (PASSMORE et al. 2003)
avaliaram o uso do IPSS em SMD pediátrica e todos chegaram a conclusão que o
sistema é limitado para o emprego em pediatria. Na infância, o único fator que parece
ser relevante para o prognóstico dos pacientes é a anormalidade citogenética,
especialmente a monossomia do cromossomo 7 (PASSMORE et al. 2003).
A imprecisão no diagnóstico e na classificação da SMD pediátrica parece
influenciar nas estratégias de tratamento. Muitos casos não apresentam progressão
apesar de não receber qualquer forma de tratamento, enquanto que, outros mostram
curso severo da doença embora seja empregada uma quimioterapia intensiva. Dessa
forma, ainda hoje, não existe um consenso a respeito de alguma terapia efetiva para
esses pacientes. No momento, apenas o transplante de medula óssea (TMO) alogênico
oferece a cura potencial para a doença. (JAKAB et al. 1999).
1.5 ASPECTOS MOLECULARES
A progressão histopatológica do tecido normal para o câncer é um processo de
múltiplos passos, no qual várias lesões genéticas críticas se acumulam culminando na
transformação cancerígena. O desenvolvimento e progressão da SMD a partir de
estágios precoces até estágios mais avançados da doença e sua eventual
transformação para leucemia parecem estar de acordo com este conceito
(STEENSMA e TEFFERI 2003). Por isso, a SMD representa um excelente modelo de
11
desenvolvimento leucêmico com aumento progressivo de blastos envolvendo a
medula óssea. Embora, anormalidades cromossômicas possam ser demonstradas em
50-60% dos casos de novo, alterações moleculares responsáveis pelo início e
evolução dessa desordem ainda são desconhecidas (QUESNEL et al. 1998; TIEN et
al. 2001).
Alterações que ocorrem exclusivamente ou mais comumente em células
cancerígenas podem ser usadas para identificar estas células, sendo importantes na
detecção do câncer em estágios mais precoces (antes da manifestação clínica), na
determinação de prognóstico, no monitoramento da progressão da doença e na
determinação da resposta a terapia (SIDRANSKY 2002).
A identificação dessas alterações no seguimento de doenças hematopoéticas
pode ser importante para a avaliação da evolução dos pacientes (LEITH e
WILLMAN 1996), como mutações nos genes associados à perda do controle de
crescimento celular nas LLA que conferem pior prognóstico a esses pacientes.
Estudos utilizando tais alterações no monitoramento da resposta a terapia estão
resultando em importantes achados sobre a biologia das leucemias (APPELBAUM
1999), como em relação à sensibilidade ou resistência das células leucêmicas a
determinadas classes de drogas.
Mutações que ocorrem no gene supressor de tumor, TP53 e em oncogenes da
família RAS também têm sido descritas nas SMD, entretanto suas incidências ainda
permanecem incertas. Mutações no gene TP53 estão associadas em 5 a 10% dos casos
em adultos, principalmente nos que apresentam doença mais avançada e cariótipo
complexo (HIRAI 2003). Alterações no TP53 cooperam com a ativação de oncogenes
como o RAS, contribuindo para tumorigênese. A família gênica RAS é composta por
12
uma série de elementos regulatórios críticos na transdução de sinal, proliferação
celular e manutenção do fenótipo maligno. Sabe-se que os genes dessa família são
ativados por mutações pontuais e dentre elas as mutações no N-ras são as mais
freqüentes, estando presentes em 10 a 15% dos casos de SMD de adultos, sendo
associadas a uma menor sobrevida e a maior probabilidade de transformação
leucêmica (HIRAI 2003; MUFTI et al. 2003). A associação de mutações responsáveis
pela ativação de oncogenes da família RAS ou inativação do NF1 coexistindo com
alterações do cromossomo 7 é observada em muitas crianças com SMD sugerindo
que essas alterações podem cooperar para o processo de leucemogênese (LUNA-
FINEMAN et al. 1999).
Polimorfismos em certos genes também estão associados com o aumento da
suscetibilidade ao câncer. O benzeno, um potente agressor da medula óssea, é
parcialmente inativado pela enzima quinona redutase codificada pelo gene NQO1. A
substituição de um aminoácido em determinada seqüência desse gene gera uma
mutação “missense” que em homozigose inativa completamente a ação enzimática da
quinona redutase, tornando o paciente mais suscetível a desenvolver a SMD (NAOE
et al. 2000). Alterações nos genes GSTT1 e GSTM1, detoxificadores de carcinógenos
como os agentes alquilantes, também são encontradas em pacientes com SMD e
LMA, entretanto parecem ser eventos independentes na evolução da doença, não
sendo relacionados a alterações cromossômicas ou a mutações em genes como o
TP53 e RAS. Esses fatos também sugerem a relação entre o polimorfismo de alguns
genes e o aumento da suscetibilidade a SMD (SASAI et al. 1999).
13
1.6 ALTERAÇÕES CITOGENÉTICAS E SMD
Muitas alterações citogenéticas já foram descritas para SMD e entre as mais
comuns estão as deleções totais ou parciais dos cromossomos 5, 7, 11, 12, 20 e a
trissomia do cromossomo 8 (HOFMANN et al. 2004), sendo que algumas dessas
também estão presentes na t-MDS/AML (AKTAS et al. 2000; GOLUB e ARCECI
2002; TORRE et al. 2002; WOODS et al. 2002).
Na criança, as alterações cromossômicas mais freqüentes envolvem o
cromossomo 7, tais como monossomia 7 (-7) ou deleção 7q (-7q) que estão presentes
em 55 a 70% dos casos, seguida por trissomia do cromossomo 8. A monossomia 7
está associada a um pior prognóstico da doença nessas crianças, pois se acredita que
nessa região estejam localizados um ou mais genes supressores de tumor ou ainda
genes envolvidos no controle da hematopoese (HASLE et al. 1999; PASSMORE et
al. 2003). A trissomia 8 em crianças está presente em torno de 5% dos casos, sendo a
segunda alteração cromossômica mais encontrada (PASSMORE et al. 2003).
A deleção 5q, também conhecida como a síndrome 5q-, é a alteração
cromossômica mais comum na SMD de adultos e está presente em aproximadamente
20% dos pacientes acometidos por esta doença sendo associada a um bom
prognóstico (HOFMAN et al. 2004).
1.7 METILAÇÃO E SMD
A pesquisa nos últimos 10 anos indica que alterações epigenéticas
desempenham um papel importante no processo de tumorigênese (MOMPARLER
14
2003). Fatores epigenéticos são aqueles que alteram o fenótipo sem alterar o
genótipo, ou seja, não causam alterações na seqüência de DNA (FEINBERG 2001).
A metilação, principal processo epigenético envolvido na regulação da
expressão gênica, é um processo biológico que consiste na adição de um radical metil
(CH
3
) nas bases nitrogenadas citosinas (C) que estão localizadas na posição 5’ de
guaninas (G). Este fenômeno pode ser freqüentemente observado nas ilhas de CpG,
que são seqüências de DNA que apresentam uma alta concentração do dinucleotídeo
CG e estão presentes, principalmente, nas regiões promotoras dos genes
(MOMPARLER 2003). A presença destes radicais metil na região promotora dos
genes está associada a supressão da expressão gênica. (MOMPARLER 2003; LAIR
2003).
As DNA metiltransferases (DNMT) são um grupo de enzimas (DNMT1,
DNMT1b, DNMT1o, DNMT1p, DNMT2, DNMT3a, DNMT3L e DNMT3b com
suas isoformas) responsáveis por transferir o radical metil para a citosina (DAS e
SINGAL 2004). O primeiro gene de DNMT identificado em organismos eucariotos
foi clonado em camundogos há quase uma década, o Dnmt1. Este gene é conservado
entre os organismos eucariotos e ortólogos deste gene foram identificados em várias
espécies, incluíndo a humana (DNMT1). A DNMT1 é responsável pela manutenção
dos padrões de metilação e apresenta uma alta afinidade com substratos
hemimetilados. Essa enzima também é capaz de promover a metilação de novo em
células adultas e esse mecanismo pode ser estimulado por estruturas de DNA
aberrante e resíduo de citosinas metiladas em simples ou dupla fita de DNA. As
DNMT3a e DNMT3b também são responsáveis por estabelecer os padrões de
15
metilação de novo, que então serão mantidos pela DNMT1 (SINGAL e GINDER
1999; JONES e BAYLIN 2002; DAS e SINGAL 2004).
Um dos mecanismos utilizados pelas células humanas normais para regular a
expressão de determinados genes é a metilação, sendo que o padrão de metilação do
DNA é conservado após a duplicação e divisão celular pela atividade da DNMT1.
Nessas células a metilação também está envolvida em processos como a inativação do
cromossomo X na mulher e no imprinting genômico (JONES e LAIRD 1999;
MOMPARLER 2003).
Apesar do conhecimento de que a metilação do DNA pode atuar com um
regulador negativo da transcrição gênica, os mecanismos envolvidos nesta regulação
ainda não estão completamente definidos. Três possíveis mecanismos podem explicar
a repressão transcricional devido a metilação do DNA. O primeiro refere-se a
interferência direta dos grupos metil que impedem a ligação de fatores de transcrição
ao DNA. Alguns fatores de transcrição, como E2F e NF-κB, reconhecem seqüências
contendo dinucleotídeos CpG, entretanto essa ligação é impedida quando esses
resíduos apresentam-se metilados (JONES e LAIRD 1999). O segundo seria a ligação
de repressores transcricionais específicos, conhecidos como as proteínas ligantes da
citosina metilada, as quais reconhecem e se ligam a seqüências de DNA metilado por
meio de domínios de ligação ao CpG metilado, o que por sua vez também impediria a
ligação de fatores de transcrição ao DNA. A MeCP1 e MeCP2 foram as primeiras
proteínas descritas que fazem parte desta classe de repressores e também já foram
descritas como envolvidas no mecanismo de repressão trancricional de Neurospora.
Atualmente, outras proteínas foram descritas, incluindo a MBD1, MBD2, MBD3,
MBD4 e Kaiso (DAS e SINGAL 2004). O terceiro mecanismo pelo qual a metilação
16
pode mediar a repressão transcricional é pela alteração da estrutura da cromatina. As
proteínas MeCP2, MBD2 e MBD3 formam complexos que contém deacetilases de
histonas (HDAC), enzimas que removem o grupo acetil das histonas permitindo
assim, uma compactação da cromatina, o que dificulta ainda mais a ligação dos
fatores de transcrição ao DNA (SINGAL e GINDER 1999; DAS e SINGAL 2004).
Acredita-se que os três mecanismos atuem em sinergismo.
A hipótese postulada por Knudson de que seria necessário a ocorrência de
dois eventos para a completa inativação de genes supressores de tumor é crucial para
o entendimento do processo de tumorigênese. Acreditava-se que esses eventos só
poderiam ocorrer como consequências de danos ao genoma, os quais são descritos
como perdas do material cromossômico ou mutações da informação genética, o que
provoca grandes perdas na atividade gênica e, portanto predispõe ao desenvolvimento
do câncer. Atualmente, o fato da metilação de promotores gênicos estar associada ao
silenciamento da transcrição e a observação desta alteração em células tumorais, pode
sugerir que esta seria uma via em potencial a ser acrescentada na teoria de Knudson
para inativação de genes supressores de tumores (DAS e SINGAL 2004).
Recentemente, tem sido observado com freqüência a ocorrência de metilação
exacerbada (hipermetilação) nas regiões promotoras de genes normamelmente não
metilados, nas células normais, em um grande número de tumores. Estes genes estão,
geralmente, envolvidos no controle do ciclo e morte celular, como CDKN2B,
CDKN2A¸ p14
ARF
, p73 e DAPK (ESTELLER et al. 1999), com o sistema de reparo de
DNA, como MGMT, na supressão do processo de metástase, como TIMP-3
(ZÖCHBAUER-MÜLLER et al. 2001), com a supressão tumoral, como APC e HIC1,
e genes envolvidos em adesão celular, como CDH1 e CDH13 (MARUYAMA et al.
17
2001). A hipermetilação parece ocorrer em estágios precoces do desenvolvimento
tumoral e aumenta, progressivamente, com o desenvolvimento do fenótipo maligno.
A detecção de metilação anormal ou hipermetilação tem sido utilizada como um
marcador em potencial para o câncer (HERMAN et al. 1998; ESTELLER et al. 1999;
JONES e LAIRD 1999; SANCHEZ-CESPEDES et al. 2000; MOMPARLER 2003).
Alterações epigenéticas, como a metilação, são freqüentemente encontradas em
pacientes adultos com LMA e LLA,
e também já foram relatadas na SMD
(PREISLER et al. 2001; CHEN e WU 2002).
Alguns grupos já avaliaram a freqüência e a importância da hipermetilação da
região promotora de alguns genes em pacientes com SMD. Todos estes estudos
enfocaram a SMD em idade adulta e concentraram seus esforços em dois genes
inibidores de ciclinas dependentes de quinases (CDKI), CDKN2B e CDKN2A, que
estão envolvidos no controle do ciclo celular, e no gene CALCA (calcitonina) que está
envolvido com a regulação dos níveis de cálcio no sangue. UCHIDA et al. (1997)
demonstraram a hipermetilação de CDKN2B em 78% dos pacientes adultos que
apresentavam RAEB e RAEB-t, e também em pacientes que evoluíram para LMA.
QUESNEL et al. (1998) observaram a hipermetilação desse gene em 73% dos
pacientes adultos de alto risco, segundo o IPSS, e em 100% dos pacientes com
transformação leucêmica. TIEN et al. (2001) também obtiveram resultados
semelhantes e ainda associaram o aumento na freqüência de hipermetilação desse
gene de acordo com a progressão da doença quando realizado o acompanhamento e
monitoramento da mesma. Todos esses trabalhos associaram a hipermetilação de
CDKN2B com maior risco de progressão para LMA e também com um pior
prognóstico para os pacientes adultos. Ao contrário de CDKN2B, o gene CDKN2A foi
18
demonstrado como não metilado (0%) em pacientes adultos com SMD (UCHIDA et
al. 1997).
IHALAINEN et al. (1993) encontraram hipermetilação de CALCA em 92 %
dos pacientes adultos estudados. Dos pacientes que se apresentavam metilados para
este gene faziam parte todos os pacientes de baixo risco, segundo o IPSS, que tinham
RA, sugerindo o envolvimento precoce da hipermetilação desse gene na cascata de
desenvolvimento da SMD até t-MDS/AML. DHODAPKAR et al. (1995) mostraram a
hipermetilação do gene CALCA em 65% de pacientes adultos com SMD, não
relacionando com os subtipos da doença, entretanto demonstrando pior prognóstico
para esses pacientes por predizer uma possível transformação leucêmica.
Outros genes têm sido avaliados quanto ao seu padrão de metilação em
desordens hematopoéticas, principalmente nas leucemias agudas. O gene CDH1,
envolvido na adesão celular, foi descrito como hipermetilado em 32 a 78% de
pacientes com LMA e em 53% de pacientes com LLA. O gene HIC1, candidato a
gene supressor tumoral, está hipermetilado em 10% dos pacientes com LMA e em 50
a 100% para LLA (LEONE et al. 2002). O gene GSTP1 não apresenta alta freqüência
de hipermetilação na LMA (MELKI et al. 1999)
e o gene p73 também demonstrou
baixa freqüência de metilação (18%) em LLA (GARCIA-MANERO et al. 2003).
Além desses, os perfis de metilação de outros genes como o p14
ARF
, MGMT,
APC, RARβ, CDH13, DAPK e o TIMP-3 têm sido investigados em uma série de
outros tipos de tumores, em adultos, como os de cavidade oral, pulmão, mama, cólon,
prostáta e bexiga (TSUCHIYA et al. 2000; MARUYAMA et al. 2001;
ZÖCHBAUER-MÜLLER et al. 2001).
19
Devido à carência de dados em estudos moleculares que abordam a SMD na
infância, aos recentes estudos que descrevem a ocorrência de metilação em alguns
genes nas leucemias agudas da infância e na SMD de adultos e aos achados em
relação ao tratamento de pacientes adultos com SMD utilizando-se drogas
desmetilantes, o presente estudo buscou avaliar a freqüência de metilação de 14 genes
nas SMD da infância e verificar seu impacto na evolução dos pacientes acometidos
por esta desordem hematopoética.
20
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O presente trabalho visa estabelecer a freqüência de metilação da região
promotora de genes alvos nas síndromes mielodisplásicas da infância, dos subtipos
RAEB e RAEB-t.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1. Determinar a freqüência de metilação da região promotora dos genes
CDKN2B, CDKN2A, CALCA, CDH1, HIC1, GSTP1, p73, p14
ARF
, MGMT,
APC, RARβ, CDH13, DAPK e TIMP-3 em amostras de medula óssea de
pacientes em idade pediátrica com SMD e em amostras de medula óssea sem
neoplasia.
2. Determinar a freqüência de metilação da região promotora dos genes mais
freqüentemente metilados, definidos na etapa anterior, em amostras de
lâminas de esfregaço de medula óssea de pacientes em idade pediátrica com
SMD.
21
3. Correlacionar os dados clínico-laboratoriais dos pacientes acometidos pela
SMD pediátrica com a freqüência de metilação das regiões promotoras dos
genes estudados.
22
3 MATERIAL E MÉTODOS
3.1 CASUÍSTICA
Foram incluídas neste estudo 30 amostras de medula óssea total de pacientes
com idade pediátrica (0 a 16 anos) acometidos por Síndrome Mielodisplásica,
subgrupos RAEB ou RAEB-t, diagnosticados no período de agosto de 1989 a outubro
de 2003, sendo 12 amostras de MO total a fresco e 18 amostras de esfregaço de MO.
Todas as amostras foram provenientes do Grupo Cooperativo Brasileiro em Síndrome
Mielodisplásica Pediátrica (GCB-SMD-PED), incluindo os casos do Departamento de
Pediatria – Hospital A.C. Camargo – S.P.
Como controle de MO sem neoplasia foram utilizadas 2 amostras de medula
óssea total a fresco colhidas de pacientes pediátricos cardiopatas encaminhados para
cirurgia cardíaca no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC/SP). Também
foram incluídas 10 amostras de esfregaço de MO, colhidas pelo Departamento de
Pediatria – Hospital A.C. Camargo – S.P, no momento do estadiamento, de pacientes
pediátricos acometidos por retinoblastoma intraocular sem infiltração da MO (essas
MO foram consideradas sem neoplasia), no período de dezembro de 2001 a janeiro de
2004.
As amostras de MO total a fresco foram coletadas em EDTA, separadas em
alíquotas de 600µl e estocadas a -70
o
C.
As amostras foram colhidas e utilizadas após assinatura do termo de
consentimento pós-informado pelos pais ou responsáveis pelos pacientes (anexo I).
23
3.2 EXTRAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO DNA
Para a extração do DNA das amostras de medula óssea total foi utilizado o kit
Perfect gDNA Blood Mini (Eppendorf), conforme protocolo fornecido pelo
fabricante. Essa extração consistiu na digestão do tecido com a enzima Proteinase K,
seguido da ligação e lavagem do DNA em uma coluna de filtragem e sua posterior
eluição.
Para extração do DNA das amostras de esfregaço de MO foi utilizado o kit
Nucleon HT for Hard Tissue (Amersham). O tecido foi previamente retirado de uma
lâmina de esfregaço (raspado) com auxílio de lâmina de bisturi e posteriormente
submetido a extração de DNA, conforme protocolo fornecido pelo fabricante.
Resumidamente, essa extração consistiu na digestão do tecido com Proteinase K,
desproteinização com uma solução de perclorato de sódio, extração do DNA com
clorofórmio, seguida de precipitação do DNA com etanol absoluto e subseqüente
lavagem com etanol a 70%.
Os DNAs extraídos a partir de MO total a fresco foram quantificados por
espectrofotômetro (GENEQUANT pro - Amersham) e diluídos para obter-se uma
concentração final de 50ng/µl. Para se avaliar a qualidade do DNA foi realizada uma
reação de PCR utilizando iniciadores desenhados nos íntrons 12 e 13 do gene hMLH1
(human mult-L homologue 1 – NM_000249) ( Direto - 5’ TTG TGT CTC TAG TTC
TGG 3’ e Reverso - 5’ CAT TGT TGT AGT AGC TCT GC 3’). Com o uso desses
iniciadores intrônicos, a amplificação de um fragmento de 252 pares de base indica a
presença do DNA genômico na amostra. Essa reação foi realizada sob as seguintes
condições: 1,5 mM de MgCl
2
, 0,2mM de dNTPs, 0,3µM de cada iniciador, 1X
24
Tampão de PCR, 1,5U de Taq DNA Polymerase (Invitrogen) e 2µl de DNA (50ng/µl)
em um volume final de reação de 25µl. O programa de PCR utilizado foi: 94
o
C por 5
minutos; 35 ciclos de 94
o
C por 30 segundos, 60°C por 45 segundos e 72
o
C por 45
segundos; 72
o
C por 7 minutos. Para a visualização dos produtos amplificados as
amostras foram aplicadas em gel de poliacrilamida a 8% e coradas com nitrato de
prata (SANGUINETTI et al. 1994).
Devido à pequena quantidade do material proveniente de esfregaço de lâmina
de MO, a reação de PCR para confirmação da presença de DNA foi realizada
conforme descrito acima, entretanto, em cada reação foram adicionados 2µl de DNA
sem qualquer tipo de quantificação prévia.
3.3 TRATAMENTO COM BISSULFITO DE SÓDIO
Os DNAs das amostras foram submetidos ao tratamento de bissulfito de sódio
conforme descrito por GOLDENBERG et al. (2004), com algumas adaptações. Este
tratamento converte as citosinas não-metiladas em uracilas, enquanto as citosinas
metiladas permanecem inalteradas.
Resumidamente, a 500ng do DNA genômico foi adicionado água para um
volume final de 17µl. A esse DNA foram adicionados 3µl de uma solução contendo
3M de Hidróxido de Sódio (NaOH) e esta mistura foi mantida por 20 minutos a 50°C.
Em seguida adicionou-se 500µl da solução de Bissulfito de Sódio (2,5M de Bissulfito
de Sódio, 125mM de Hidroquinona e 350mM de NaOH) e incubou-se por 3 horas a
70°C. O DNA tratado foi purificado com o kit Wizard DNA Clean-up System
(Promega), conforme protocolo fornecido pelo fabricante, eluído em 45µl de água e
dessulfonado com 5µl de uma solução contendo 3M de NaOH por 10 minutos a
25
temperatura ambiente. O DNA foi então precipitado pela adição de 45µl de 7,5M de
Acetato de Amônio, 350µl de etanol absoluto e 1µl de glicogênio (20mg/ml) e
incubado a -20°C por 16 horas. Após 15 minutos de centrifugação a 13.000 rpm a
4°C, o DNA foi lavado com 500 µl de etanol 70%, solubilizado em 50µl de água e
estocado a -70°C até o uso.
3.4 REAÇÃO DE MSP (METHYLATION SPECIFIC PCR)
Foram realizadas reações de PCR específicas para detecção de metilação
(MSP - methylation specific PCR) conforme descrito por HERMAN et al. (1996),
para cada um dos 14 genes incluídos nesta análise.
Nestes experimentos, na amplificação por PCR utilizam-se dois pares de
iniciadores, um dos pares reconhece especificamente as seqüências com as citosinas
mantidas em suas posições originais (metiladas), enquanto o outro é específico para
as timinas nos lugares das citosinas (seqüências não-metiladas).
Para as reações de MSP foram utilizados iniciadores complementares a região
promotora dos genes CDKN2A, TIMP-3, MGMT, DAPK, CDH1, p14
ARF
e GSTP1,
conforme descrito por ZÖCHBAUER-MÜLLER et al. (2001), para o gene RARβ,
conforme descrito por UEKI et al. (2000), para o gene APC, conforme descrito por
ESTELLER et al. (2000), para o gene CDH13, conforme descrito por TOYOOKA et
al. (2002), para o gene CDKN2B, conforme descrito por CHAN et al. (2002), para o
gene p73, conforme descrito por SIU et al. (2002) e para o gene HIC1 conforme
descrito por DONG et al. (2001). Os iniciadores para o gene CALCA foram
desenhados utilizando o programa MethPrimer (Tabela 1) (LI e DAHIYA 2002).
26
As reações de PCR foram realizadas utilizando-se o kit Platinum Taq DNA
Polymerase (Invitrogen). As condições de reação utilizadas foram: 0,2mM de dNTPs;
0,5µM de cada iniciador; 0,5U de Platinum Taq DNA Polymerase; 1,5mM MgCl
2
e
1X Tampão de Reação, em um volume final de 25µl. O programa de PCR utilizado
foi: desnaturação inicial de 95
o
C por 2 minutos, seguido por 10 ciclos de 95
o
C por 30
segundos, a primeira temperatura de annealing por 1 minuto e 72
o
C por 1 minuto,
depois, mais 10 ciclos de 95
o
C por 30 segundos, a segunda temperatura de annealing
por 1 minuto e 72
o
C por 1 minuto, por último, foram mais 15 ciclos de 95
o
C por 30
segundos, a terceira temperatura de annealing por 1 minuto e 72
o
C por 1 minuto. Para
finalizar, incubou-se a 72
o
C por 7 minutos. Em cada reação foram adicionados 2µl do
DNA proveniente das MO a fresco tratado com bissulfito de sódio (conforme descrito
acima), diluído cinco vezes em água. Para as amostras de esfregaço de MO foram
adicionadas 2µl de DNA sem diluição prévia.
As temperaturas de annealing e o tamanho esperado dos fragmentos
amplificados com cada par de iniciadores estão descritos na Tabela 2.
Para a visualização dos fragmentos amplificados, os produtos de PCR foram
separados por eletroforese em gel de poliacrilamida 8% e corados com nitrato de
prata.
3.5 VARIÁVEIS DO ESTUDO
As variáveis demográficas incluídas neste estudo foram sexo, idade, raça e
antecedentes de SMD na família. As variáveis clínicas-laboratorias foram palidez,
hepatomegalia, esplenomegalia, adenomegalia, classificação da doença,
transformação leucêmica, óbito, seguimento do paciente, contagem de glóbulos
27
vermelhos, contagem de glóbulos brancos, taxa de hemoglobina, taxa de hematócrito,
contagem de plaquetas, de bastonetes, de células segmentadas, de monócitos e
porcentagem de blastos na MO. Os valores para cada variável foram obtidos a partir
dos exames referentes ao momento do diagnóstico, assim como as amostras, e estão
dispostos no Anexo II.
3.6 ANÁLISE ESTATÍSTICA
Primeiramente, as variáveis foram analisadas descritivamente por meio de
proporções ou da média e desvio padrão a depender de serem do tipo qualitativa ou
quantitativa, respectivamente. A seguir, para as associações entre as variáveis
qualitativas demográficas e clínicas e a freqüência de metilação dos genes foi
utilizado o teste de Fisher. Para as variáveis quantitativas, a comparação entre o
padrão de metilação foi avaliada através do teste não-paramétrico de Mann-Whitney.
Também foram estimadas as curvas de possibilidade de sobrevida acumulada
utilizando o estimador produto-limite de Kaplan-Meier sendo a comparação das
mesmas feito pelo teste log-rank.
As diferenças foram consideradas significativas quando o p foi menor que
0,05 e todas as análises foram feitas utilizando o programa SPSS versão 10.0.
3.7 ASPECTOS ÉTICOS
O presente projeto foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa do
Hospital do Câncer A.C. Camargo - Fundação Antônio Prudente (FAP) – S.P. em
adendo do dia 30/09/2003, protocolo número 503/03, e pelo Comitê de Ética em
28
Pesquisa do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia (IDPC/SP), em reunião do dia
06/05/2003, protocolo número 3166/2003.
29
Tabela 1 - Seqüência dos iniciadores utilizados na MSP.
D: Iniciador direto; R: Iniciador reverso.
Gene
Seqüências dos iniciadores
para a situação metilada (5’- 3’)
Seqüências dos iniciadores
para a situação não-metilada (5’- 3’)
Referências
CDKN2A
D - TTATTAGAGGGTGGGGCGGATCGC
R - GACCCCGAACCGCGACCGCGACCGTAA
D - TTATTAGAGGGTGGGGTGGATTGT
R – CAACCCCAAACCACAACCATAA
Zöchbauer-Müller
et al
.
(2001)
TIMP-3
D -
CGTTTCGTTATTTTTTGTTTTCGGTTTC
R -
CCGAAAACCCCGCCTCG
D -
TTTTGTTTTGTTATTTTTTGTTTTTGGTTTT
R - CCCCCAAAAACCCCACCTCA
Zöchbauer-Müller
et al
.
(2001)
MGMT
D -
TTTCGACGTTCGTAGGTTTTCGC
R -
GCACTCTTCCGAAAACGAAACG
D -
TTTGTGTTTTGATGTTTGTAGGTTTTTGT
R -
AACTCCACACTCTTCCAAAAACAAAACA
Zöchbauer-Müller
et al
.
(2001)
DAPK
D - GGATAGTCGGATCGAGTTAACGTC
R - CCCTCCCAAACGCGA
D - GGAGGATAGTTGGATTGAGTTAATGTT
R – CAAATCCCTCCCAAACACCAA
Zöchbauer-Müller
et al. (2001)
CDH1
D - TTAGGTTAGAGGGTTATCGCGT
R - TAACTAAAAATTCACCTACCGAC
D - TAATTTTAGGTTAGAGGGTTATTGT
R – CACAACCAATCAACAACACA
Zöchbauer-Müller et
al. (2001)
P14
ARF
D - GTGTTAAAGGGCGGCGTAGC
R - AAAACCCTCACTCGCGACGA
D - TTTTTGGTGTTAAAGGGTGGTGTAGT
R – CACAAAAACCCTCACTCACAACAA
Zöchbauer-Müller
et al. (2001)
GSTP1
D - TTCGGGGTGTAGCGGTCGTC
R - GCCCCAATACTAAATCACGACG
D - GATGTTTGGGGTGTAGTGGTTGTT
R – CCACCCCAATACTAAATCACAACA
Zöchbauer-Müller
et al
.
(2001)
RARβ
D - GGATTGGGATGTCGAGAAC
R
- TACAAAAAACCTTCCGAATACG
D - AGGATTGGGATGTTGAGAATG
R – TTACAAAAAACCTTCCAAATACA
Ueki et. al. (2000)
APC
D - TATTGTGGAGTGGGGGTC
R - TGCACGAACTCCCGACGA
D - GTGTTTTATTGTGGAGTGTGGGTT
R – CCAATCAACAAACTCCCAACAA
Esteller et al
.
(2000)
CDH13
D - TCGCGGGGTTCGTTTTTCGC
R - GATGTTTTCATTCATACACGCG
D - TTGTGGGGTTGTTTTTTGT
R – AACTTTTCATTCATACACACA
Toyooka et. al. (2002)
CDKN2B
D - GCGTTCGTATTTTGCGGTT
R - CGTACAATAACCGAACGACCGA
D - TGTGATGTGTTTGTATTTTGTGGTT
R – CCATACATAACCAAACAACCAA
Chan et. al. (2002)
P73
D - GGACGTAGCGAAATCGGGGTTC
R - ACCCCGAACATCGACGTCCG
D - AGGGGATGTAGTGAAATTGGGGTTT
R – ATCACAACCCCAAACATCAACATCCA
Siu et. al. (2002)
HIC
D - TCGGTTTTCGCGTTTTGTTCGT
R - AACCGAAAACTATCAACCCTCG
D - TTGGGTTTGGTTTTTGTGTTTTG
R – CACCCTAACACCACCCTAAC
Dong et. al. (2001)
CALCA
D - GTTTTGGAAGTATGAGGGTGACG
R - TTCCCGCCGCTATAAATCG
D - TTTTAGGTTTTGGAAGTATGAGGGTGATG
R – TTCCCACCACTATAAATCA
*
* Os iniciadores para CALCA foram construídos utilizando-se o programa MethPrimer
30
Tabela 2 - Temperaturas utilizadas nas reações de MSP.
U = produto obtido da amplificação com os iniciadores desenhados para as seqüências não-metidadas.
Gene Temperaturas da PCR (
o
C)* Tamanho esperado dos fragmentos (pb)
CDKN2A 66 – 64 – 62
U – 151
M – 150
TIMP-3 62 – 60 – 58
U – 122
M – 116
MGMT 64 – 62 – 60
U – 93
M – 81
DAPK 62 – 60 – 58
U – 106
M – 98
CDH1 58 – 56 – 54
U – 97
M – 115
P14 64 – 62 – 60
U – 132
M – 122
GSTP1 62 - 58 – 56
U – 97
M – 91
RARβ 58 – 56 – 54
U – 100
M – 100
APC 62 – 60 – 58
U – 108
M - 98
CDH13 62 – 60 – 58
U – 243
M – 243
CDNK2B 64 – 62 – 60
U – 154
M – 148
P73 68 – 66 – 64
U – 69
M – 60
HIC1 60 – 58 – 56
U – 118
M – 95
CALCA
56 (U)
**
68 (M)
**
U – 105
M – 100
M = produto obtido da amplificação com os iniciadores desenhados para as seqüências metidadas.
*
Temperaturas de annealing usadas nas reações de PCR.
**
Para CALCA as reacões foram feitas utilizando temperaturas únicas e diferentes para o annealing dos
iniciadores.
31
4 RESULTADOS
4.1 CASUÍSTICA
As características demográficas, clínicas e laboratoriais dos pacientes
pediátricos acometidos pela SMD, subtipo RAEB ou RAEB-t, foram obtidas a partir
de um levantamento feito no arquivo de documentos (ficha clínica, exames) do GCB-
SMD-PED e todos valores obtidos referem-se ao momento do diagnóstico, assim
como as amostras.
A idade dos pacientes variou de 8 meses a 15 anos de idade (média= 5,4
anos). Em nossa casuística há o predomínio da raça branca (62,5%). Os achados mais
freqüentes ao exame físico nos pacientes deste estudo foram palidez (65,2%) e
hepatomegalia (54,2%). Em nossa população não foi possível observar diferença
entre a proporção de pacientes do sexo masculino e feminino (razão 0,92:1). Em
relação à evolução dos pacientes de nosso estudo podemos observar que 54,2% foram
a óbito e 33,3% apresentaram transformação para leucemia. Ainda, em nossa
população, há o predomínio (88%) dos pacientes classificados com SMD subtipo
RAEB, segundo a classificação FAB(Tabela 3). O tempo de sobrevida dos pacientes
foi em média de 19 meses (desvio padrão= 15,8 meses) A caracterização da
população segundo as características clínica-laboratoriais está descrita na Tabela 4.
32
Tabela 3 - Número e porcentagem de pacientes acometidos por SMD segundo
características demográficas e clínicas.
Variável categoria N
o*
%
**
Sexo
Masculino 12 48
Feminino 13 52
Raça
branco 15 65,2
pardo/mulato 3 13
ignorado 5 21,8
Palidez
ausente 8 34,8
presente 15 65,2
Hepatomegalia
a
ausente 11 45,8
presente 13 54,2
Esplenomegalia
a
ausente 16 66,7
presente 8 33,3
Adenomegalia
b
ausente 17 73,9
presente 6 26,1
Classificação FAB
RAEB 22 88
RAEB-t 3 12
Transformação
leucêmica
não 12 66,7
sim 6 33,3
Óbito
não 11 45,8
sim 13 54,2
a
O fígado e baço foram considerados aumentados quando se
apresentaram > 2cm do rebordo costal ao exame físico
b
gânglios palpáveis e aumentados
*
Quando os dados não foram obtidos os pacientes não foram
considerados na análise
**
porcentagem em relação aos pacientes que apresentavam os dados
para a variável.
33
Tabela 4. Descrição da média e desvio padrão das características clínico-laboratoriais
dos pacientes acometidos por SMD.
Características N
*
Média desvio padrão
Labaratoriais
*
Glóbulos vermelhos
14 3063571,0 1210617,18
(/mm
3
)
Hemoglobina
20 7,97 2,98
(g/dl)
Hematócrito
18 24,48 11,19
(%)
Plaquetas
19 95789,47 66824,46
(/mm
3
)
Glóbulos brancos
19 10915,79 20119,59
(/mm
3
)
Bastonetes (%) 19 2,55 3,38
Segmentados (%) 20 29,15 17,93
Monócitos (%) 20 8,61 8,11
Blastos (%) 24 11,06 6,18
idade (anos) 23 5,2 4,46
*
Quando os dados não foram obtidos os pacientes não foram
considerados na análise.
34
4.2 TRATAMENTO COM BISSULFITO DE SÓDIO E MSP DE
PEQUENAS QUANTIDADES DE DNA
Devido a pequena quantidade de DNA obtido a partir da extração dos
esfregaços de MO foi necessário otimizar a reação de MSP a partir de pequenas
quantidades de DNA tratado com bissulfito de sódio. Sendo assim, 100 a 400ng de
DNA de sangue periférico e de linhagem celular de leucemia promielocítica aguda
(HL60) foram tratados com bissulfito de sódio e ressuspendidos em 50µl de água.
Um microlitro de cada DNA tratado foi submetido a reação de MSP para o gene
CDKN2A. A linhagem celular HL60 foi utilizada porque outros autores já haviam
demonstrado que o gene CDKN2A se encontrava metilado nesta linhagem. Como
pode ser observado na Figura 2, até mesmo com a utlilização de 100ng de DNA
tratado foi possível detectar o produto na reação de MSP e que a quantidade de DNA
tratado não influencia no resultado da MSP.
Este fato nos permitiu acreditar que seria possível a utilização de DNA
extraído a partir de lâminas de esfregaço de medula óssea total. Desta forma,
pudemos incluir no nosso estudo mais 18 casos de SMD, aumentando o número de
amostras analisadas.
35
6
400ng
1
100ng
5
200ng
2
200ng
3
400ng
4
100ng
NO
Ma U M U M U M U M U M U M U M
200 bp
100 b
Figura 2 - MSP do gene CDKN2A. As reações foram realizadas com diferentes quantidades de DNA
tratado com bissulfito de sódio (100, 200 e 400ng). Ma: marcador de peso molecular (Laedder 100bp -
Invitrogen); U: situação não-metilada; M: situação metilada. 1, 2 e 3: diferentes quantidades de DNA
de sangue periférico tratadas com bissulfito de sódio. 4, 5 e 6: diferentes quantidades de DNA de
HL60 tratadas com bissulfito de sódio. NO: controle negativo da reação de MSP (ausência de DNA).
Gel de poliacrilamida 8% corado com prata.
4.3 PADRONIZAÇÃO DA EXTRAÇÃO DE DNA DE ESFREGAÇO
DE MEDULA ÓSSEA
Para verificar a viabilidade da obtenção de DNA a partir de amostras de
esfregaço de MO foram realizados experimentos utilizando-se algumas lâminas de
esfregaço de MO, provenientes do laboratório clínico, obtidas de pacientes sem SMD
no momento de coleta para estadiamento.
O material destas lâminas foi raspado com auxílio de bisturi e foi submetido a
extração de DNA com o kit Nucleon HT for Hard Tissue (Amersham), de acordo com
o protocolo do fabricante. Após ressuspensão, em 20µl de água, esse DNA foi
quantificado gerando resultados que variavam entre quantidades de 300 a 500ng de
DNA, confirmando a expectativa de se obter pouco DNA a partir deste material. A
presença de DNA foi verificada através da amplificação de um fragmento de 252 pb
do gene hMLH1. Assim, 100ng de DNA de cada amostra foram submetidos à reação
de PCR com iniciadores localizados nos introns 12 e 13 do gene hMLH1 (Figura 3).
36
Foram utilizados esfregaços de MO sem coloração e esfregaços de MO corados com
corante Giemsa para estudos de citologia. Estes experimentos demonstraram que seria
possível extrair das lâminas de esfregaços de MO quantidades de DNA suficientes
para desenvolver as análises de metilação e que o fato das lâminas estarem coradas
não interfere no processo de extração do DNA.
2 C+
NO
Ma
1
300 pb
hMLH1
200 pb
Figura 3. Amplificação de um fragmento de 252 pb do gene hMLH1 a partir de amostras de
DNA obtidas de esfregaços de MO corados e não-corados. Ma: marcador de peso molecular
(Laedder 100bp - Invitrogen); 1: esfregaço de MO sem coloração. 2: esfregaço de MO corado. C+:
controle positivo da reação de PCR (DNA genômico). NO: controle negativo da reação de PCR
(ausência de DNA). Gel de poliacrilamida 8% corado com prata.
O próximo passo foi avaliar se o tempo de estocagem desses esfregaços de
MO influenciaria na qualidade do DNA. Para isto foi extraído o DNA de esfregaços
de MO feitos nos anos de 1980 e de 2003. Assim, após quantificação 100ng de DNA
de cada amostra foi submetido à reação de PCR para a amplificação do fragmento do
gene hMLH1 (Figura 4). A partir deste experimento observou-se que o tempo de
estocagem parece não interferir na qualidade do DNA obtido. Assim, pudemos
concluir que seria possível extrair DNA de lâminas de esfregaço de MO que
estivessem estocadas há muito tempo.
37
C+
NO
1
2
Ma
300 pb
hMLH1
200 pb
Figura 4 - Amplificação de um fragmento de 252 pb do gene hMLH1 a partir de amostras de
DNA obtidas de esfregaços de MO de diferentes períodos de estocagem. Ma: marcador de peso
molecular (Laedder 100bp - Invitrogen); 1: esfregaço de MO feito no ano de 1980. 2: esfregaço de MO
feito no ano de 2003. C+: controle positivo da reação de PCR (DNA genômico). NO: controle
negativo da reação de PCR (ausência de DNA). Gel de poliacrilamida 8% corado com prata.
4.4 EXTRAÇÃO, QUANTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DO DNA
EXTRAÍDO DAS AMOSTRAS DE MEDULA ÓSSEA
O DNA foi extraído a partir de 200µl de cada uma das 12 amostras de MO a
fresco de 12 pacientes com SMD e de 18 amostras de esfregaço de MO de pacientes
com SMD (cada amostra era proveniente de duas lâminas de esfregaço de MO de
cada um dos 18 pacientes com SMD).
As amostras de MO a fresco foram quantificadas e resultaram em quantidades
de DNA que variaram entre 3µg a 28µg. Como era esperado um baixo rendimento na
extração de DNA das amostras de esfregaço de MO, esses não foram quantificados a
fim de evitar a perda de DNA. A presença de DNA foi verificada para as 12 amostras
de MO a fresco, através da amplificação do fragmento do gene hMLH1 a partir de
100ng de DNA de cada amostra. A Figura 5 exemplifica o resultado da reação de
PCR obtido com o DNA proveniente de 3 das 12 amostras de MO a fresco (SMD 19,
21 e 23).
38
SMD
19
SMD
21
SMD
23
Ma
C-
C+
400pb
300pb
hMLH1
200pb
Figura 5. Amplificação de um fragmento de 252 pb do gene hMLH1 a partir de amostras de
DNA obtidas de medula óssea total de 3 pacientes com SMD. Ma: marcador de peso molecular
(Laedder 100bp - Invitrogen); C+: controle positivo (DNA genômico), C-: controle negativo (ausência
de DNA). Gel de poliacrilamida 8% corado com prata.
O mesmo experimento foi realizado utilizando-se 2µl do DNA (sem prévia
quantificação) das 18 amostras de DNA provenientes dos esfregaços de MO. Embora,
em nenhuma destas amostras tenha sido possível a visualização do fragmento de
252pb do gene hMLH1 que evidenciaria o êxito da extração de DNA todas as
amostras foram submetidas ao tratamento com Bissulfito de Sódio e posterior reação
de MSP. Foram extraídos também os DNAs de 10 amostras de esfregaços de MO de
pacientes com retinoblastoma intraocular sem invasão de células tumorais na MO
(controle sem neoplasia) e de 2 amostras de MO a fresco colhidas do esterno de
crianças submetidas à cirurgia cardíaca (controle sem neoplasia). Sem prévia
quantificação, 2µl de cada DNA extraído destas amostras-controle de MO foram
submetidos a amplificação do fragmento de 252pb do gene hMLH1 e em todas foi
possível a visualização do fragmento esperado. A partir deste resultado essas
amostras foram quantificadas e 1µg de DNA de cada amostra foi submetido ao
tratamento com Bissulfito de Sódio e realização das reações de MSP.
39
4.5 PERFIL DE METILAÇÃO PARA AS AMOSTRAS DE MEDULA
ÓSSEA DOS INDIVÍDUOS SEM SMD E DOS PACIENTES COM SMD
A fim de confirmar se o padrão de metilação encontrado nas amostras de
esfregaço de MO não sofre alterações devido ao processo de fixação e estocagem do
material, os DNAs de uma amostra de MO a fresco e de uma amostra de esfregaço de
MO (corado) obtidos do mesmo paciente tiveram seu padrão de metilação avaliado
para os genes CALCA e GSTP1. Como pode ser observado na figura 6, o padrão de
metilação para os 2 genes avaliados é idêntico em ambas as amostras. Ou seja, o
processo de preparação, estocagem e coloração por que passam as amostras de
esfregaço de MO parece não introduzir alterações no padrão de metilação.
B.
A.
L167
SMD41
L167
SMD41
Ma U M U M
Ma U M U M
100 pb
100 pb
Figura 6. Perfil de metilação em uma amostra de MO a fresco (SMD41) e uma amostra de
esfregaço de MO (L167) obtidas do mesmo paciente. A. gene CALCA B. gene GSTP1 Ma:
marcador de peso molecular (Laedder 100bp - Invitrogen); U: situação não-metilada; M: situação
metilada. Gel de poliacrilamida 8% corado com prata.
O próximo passo do estudo foi avaliar o perfil de metilação dos genes
selecionados nas 12 amostras de MO a fresco de pacientes acometidos pela SMD.
Para 6 dos 14 genes analisados (CDKN2A, HIC1, p73, DAPK, APC e TIMP-3) não foi
possível detectar a presença de metilação na região promotora. Os quatro genes que
40
apresentaram a sua região promotora mais freqüentemente metilada nestas amostras
foram: CALCA (83,3%), CDH1 (75%), GSTP1 (58,3%) e CDKN2B (50%). Nos
outros quatro genes restantes (p14
ARF
, RARβ, MGMT e CDH13), as freqüências de
metilação encontradas foram menores que 30% (Tabela 4).
Em seguida, foi avaliado o padrão de metilação da região promotora dos 14
genes selecionados nas 12 amostras de MO sem neoplasia (controle). Para 9 genes
(HIC1, p14
ARF
, p73, DAPK, APC, TIMP-3, MGMT, CDH13 e CDKN2B) não foi
detectada a presença de metilação da região promotora. Para o gene RARβ foi
possível detectar a metilação da região promotora em 25% das amostras, enquanto
que, o gene CALCA apresentou-se metilado em 16,6% das amostras e os genes
CDKN2A e GSTP1 estavam metilados em 8,3% das amostras. O gene CDH1
demonstrou ser freqüentemente metilado (66,6%) nessas amostras (Tabela 4).
Embora o gene CDH1 tenha apresentado uma alta freqüência de metilação nas
amostras de MO (75%), este gene também se apresentou bastante metilado nas
amostras de controle sem neoplasia (66%) e por isso esse gene foi excluído das
demais análises.
A próxima etapa da analise foi a avaliação da freqüência de metilação dos três
genes que apresentaram maior freqüência de metilação (CALCA, GSTP1 e CDKN2B)
nas 18 amostras de esfregaço de MO. Em 5 destas amostras não foi possível observar
a amplificação de nenhum fragmento na reação de MSP, seja o fragmento
representando a situação não-metilada, seja o fragmento da situação metilada. Isto
pode ter ocorrido devido a ausência de DNA destas amostras. Portanto, o estudo
prosseguiu com 13 amostras de esfregaço de MO. Os genes CALCA e GSTP1
apresentaram uma freqüência de metilação na sua região promotora de 69,2% e
41
46,2%, respectivamente (Tabela 4). Mesmo após exaustivas tentativas, o gene
CDKN2B não pode ter a freqüência de metilação de sua região promotora
determinada nestas 13 amostras de esfregaço de MO, pois a reação de MSP para este
gene nessas amostras apresentou sempre uma grande inespecificidade, dificultando
assim a sua análise.
Quando a análise da freqüência de metilação dos genes CALCA e GSTP1 foi
realizada combinando-se os resultados obtidos com as 25 amostras de MO (a fresco e
lâminas) de pacientes acometidos pela SMD as freqüências de metilação observadas
foram de 76% e 52%, respectivamente (Tabela 4).
Considerando os 25 casos estudados, podemos observar o perfil de metilação
dos três genes mais freqüentemente metilados, individualmente, na figura 7. Se
analisarmos apenas os genes CALCA e GSTP1 podemos observar que 88% dos
pacientes apresentam metilação para pelo menos um dos genes e ainda que 40%
apresentam metilação para ambos. Para ilustrar os resultados, a figura 8 mostra o
padrão de metilação detectado nas regiões promotoras dos genes CALCA, GSTP1 e
DAPK em amostras de MO.
42
Tabela 5. Freqüência de metilação na região promotora dos 14 genes estudados nas
amostras de MO de pacientes acometidos pela SMD e nas amostras de MO sem
neoplasia.
Freqüência de Metilação % (n)
Gene MO a fresco (12) Esfregaço de MO (13)
MO a fresco +
Esfregaço de MO (25)
MO s/neoplasia (12)
CALCA
83,3 (10) 69,2 (9) 76 (19) 16,6 (2)
CDH1
75 (9) - - 66,6 (8)
GSTP1
58,3 (7) 46,2 (6) 52 (13) 8,3 (1)
CDKN2B
50 (6) - - 0
CDH13
25 (3) - - 0
MGMT
16,6 (2) - - 0
p14ARF
16,6 (2) - - 0
RARβ
8,3 (1) - - 25 (3)
CDKN2A
0 - - 8,3 (1)
HIC1
0 - - 0
p73
0 - - 0
DAPK
0 - - 0
APC
0 - - 0
TIMP-3
0 - - 0
43
No. Caso Amostras
*
CALCA GSTP P15
38 SMD 4
43 SMD 36
41 SMD 234
112 SMD 7
115 SMD 10
132 SMD 14
142 SMD 16
135 SMD 17
185 SMD 19
195 SMD 21
166 SMD 23
139 SMD 1271
9
L31
-
12 L35 -
16 L39 -
18 L54 -
48 L175 -
52 L196 -
145 L746 -
169 L771 -
170 L833 -
172 L854 -
181 L931 -
193 L1023 -
198 L1041 -
Figura 7 - Perfil de metilação da região promotora dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B nas 25
amostras de MO incluídas neste estudo. Caixas pretas, amostras que são metiladas. Caixas brancas,
amostras que são não-metiladas.
*
SMD – amostras de MO a fresco. L – amostras de esfregaço de MO.
44
B.
A.
Figura 8. Perfil de metilação na região promotora dos genes CALCA, GSTP1 e DAPK. Após a reação
de MSP, os produtos obtidos foram separados por eletroforese em gel de poliacrilamida 8% e
visualizados através da coloração com prata. A. Status de metilação para o gene CALCA nas amostras
4, 10 e 14. B. Status de metilação para o gene GSTP1 nas amostras L746 e L833. C. Status de
metilação para o gene DAPK nas amostras 21 e 23. Ma: marcador de peso molecular (Laedder 100bp -
Invitrogen); U: situação não-metilada; M: situação metilada; LU: DNA de linfócitos normais utilizado
como controle para a situação não-metilada; LM: DNA de linfócito metilado in vitro utilizado como
controle da situação metilada; HCT116: linhagem celular de adenocarcinoma coloretal (controle da
situação metilada para CALCA); NO: controle negativo da reação de MSP (ausência de DNA).
U M U M Ma U M U M U M
LM
LU
L833
L746
0
NO
HCT116
4
10
14
NO
LU
Ma U M U M U M U M U M U M
100 bp
100 pb
C.
Ma U M U M U M U M U M
LM
LU
23
21
NO
100 pb
45
4.6 CORRELAÇÃO ENTRE OS DADOS DEMOGRÁFICOS,
CLÍNICOS E LABORATORIAIS E O PADRÃO DE METILAÇÃO DOS
GENES
Após a verificação de que apenas 3 dos 14 genes (CALCA, GSTP1 e
CDKN2B) apresentavam uma elevada freqüência de metilação em suas regiões
promotoras, nas amostras de MO dos pacientes com SMD e baixa freqüência de
metilação nos controles de MO sem neoplasia, partimos para verificar se existia
alguma correlação entre presença da metilação da região promotora destes três genes
e características demográficas e clínicas destes pacientes. Também foi observado
perfil de metilação desses pacientes segundo suas características laboratoriais
(hemograma).
4.6.1 CORRELAÇÃO DO PADRÃO DE METILAÇÃO DOS GENES
CALCA, GSTP1 e CDKN2B
4.6.1.1 Com os Parâmetros Demográficos e Clínicos
Em uma primeira análise foi feita a associação entre o padrão de metilação
dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B, separadamente, em relação as características
demográficas e clínicas, não demonstrando correlações estatisticamente significativas
para as variáveis estudadas (Tabela 6).
Na análise da associação entre o padrão de metilação dos genes CALCA e
GSTP1 combinados, e as características demográficas e clínicas também não foi
possível observar correlações estatisticamente significativas (Tabela 7).
46
Tabela 6 - Correlação do padrão de metilação dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B
com as características demográficas e clínicas dos pacientes acometidos pela SMD.
U: não metilado; M: metilado
CALCA
GSTP1 CDKN2B
U M U M U M
Variável
categoria
n
o
(%)
**
n
o
(%)
P
*
n
o
(%) n
o
(%)
P
n
o
(%) n
o
(%)
P
Sexo
Masculino 1 (16,7) 11 (57,9) 5 (41,7) 7 (53,8) 3 (50) 3 (50)
Feminino 5 (83,7) 8 (42,1)
0,160
7 (58,3) 6 (46,2) 3 (50) 3 (50)
1,000
Total 6 (100) 19 (100) 12 (100) 13 (100)
0,695
6 (100) 6 (100)
Raça
branco 3 (100) 12 (80) 8 (88,9) 7 (77,8) 5 (100) 3 (75)
pardo/mulato - 3 (20)
1,000
1 (11,1) 2 (22,2)
1,000
- 1 (25)
0,444
Total 3 (100) 15 (100) 9 (100) 9 (100) 5 (100) 4 (100)
Palidez
ausente 1 (20) 7 (38,9) 5 (41,7) 3 (27,3) 1 (20) 2 (33,3)
presente 4 (80) 11 (61,1)
0,621
7 (58,3) 8 (72,7)
0,667
5 (80) 4 (66,7)
0,545
Total 5 (100) 18 (100) 12 (100) 6 (100) 6 (100)
Antecedente
de SMD
a
não 2 (100) 14 (87,5) 10 (100) 6 (75) 1 (16,7) 3 (50)
sim - 2 (12,5)
1,000
- 2 (25)
0,183
5 (83,3) 3 (50)
1,000
Total 2 (100) 16 (100) 10 (100) 8 (100) 6 (100) 6 (100)
Hepatomegalia
b
ausente 2 (40) 9 (47,4) 5 (41,7) 6 (50) 5 (100) 4 (80)
presente 3 (60) 10 (52,6)
1,000
7 (58,3) 6 (50)
1,000
- 1 (20)
1,000
Total 5 (100) 19 (100) 12 (100) 12 (100) 5 (100) 5 (100)
Esplenomegalia
b
ausente 3 (60) 13 (68,4) 8 (66,7) 8 (66,7) 2 (33,3) 3 (50)
presente 2 (40) 6 (31,6)
1,000
4 (33,3) 4 (33,3)
1,000
4 (66,7) 3 (50)
1,000
Total 5 (100) 19 (100) 12 (100) 12 (100) 6 (100) 6 (100)
Adenomegalia
c
ausente 3 (60) 14 (77,8) 8 (66,7) 9 (81,8) 4 (66,7) 4 (66,7)
presente 2 (40) 4 (22,2)
0,576
4 (33,3) 2 (18,2)
0,640
2 (33,3) 2 (33,3)
0,545
Total 5 (100) 18 (100) 12 (100) 11 (100) 6 (100) 6 (100)
Transformação
leucêmica
não 1 (50) 11 (73,3) 5 (55,6) 7 (87,5) 3 (50) 5 (83,3)
sim 1 (50) 4 (26,7)
0,515
4 (44,4) 1 (12,5)
0,294
3 (50) 1 (16,7)
1,000
Total 2 (100) 15 (100) 11 (100) 8 (100) 6 (100) 6 (100)
a
História familiar de SMD
b
O fígado e baço foram considerados aumentados quando se apresentaram > 2cm do rebordo costal ao
exame físico
c
gânglios palpáveis e aumentados
*
P: teste de Fisher
**
número e porcentagem de pacientes estudados para cada variável.
47
Tabela 7 - Correlação do padrão de metilação dos genes CALCA e GSTP1
combinados, com as características demográficas e clínicas dos pacientes acometidos
pela SMD.
a
História familiar de SMD
metilação de CALCA e GSTP1
nenhum pelo menos 1 ambos
Variável categoria
n
o
(%)
**
n
o
(%) n
o
(%)
P
*
Sexo
Masculino - 6 (50) 6 (50)
Feminino 3 (100) 6 (50) 4 (40)
0,186
Total 3 (100) 12 (100) 10 (100)
Raça
branco 2 (100) 7 (87,5) 6 (75)
pardo/mulato - 1 (12,5) 2 (25)
0,638
Total 2 (100) 8 (100) 8 (100)
Palidez
ausente 1 (33,3) 4 (36,4) 3 (33,3)
presente 2 (66,7) 7 (63,6) 6 (66,7)
0,988
Total 3 (100) 11 (100) 9 (100)
Antecedente
de SMD
a
não 2 (100) 8 (100) 6 (75)
sim - - 2 (25)
0,245
Total 2 (100) 8 (100) 8 (100)
Hepatomegalia
b
ausente 1 (33,3) 5 (45,5) 5 (50)
presente 2 (66,7) 6 (54,5) 5 (50)
0,878
Total 3 (100) 11 (100) 10 (100)
Esplenomegalia
b
ausente 2 (66,7) 7 (63,6) 7 (70)
presente 1 (33,3) 4 (36,4) 3 (30)
0,953
Total 3 (100) 11 (100) 10 (100)
Adenomegalia
c
ausente 1 (33,3) 9 (81,8) 7 (77,8)
presente 2 (66,7) 2 (18,2) 2 (22,2)
0,244
Total 3 (100) 11 (100) 9 (100)
Transformação
leucêmica
não 1 (50) 4 (57,1) 7 (87,5)
sim 1 (50) 3 (42,9) 1 (12,5)
0,346
Total 2 (100) 7 (100) 8 (100)
b
O fígado e baço foram considerados aumentados quando se apresentaram > 2cm do rebordo costal ao
exame físico
c
gânglios palpáveis e aumentados
*
P: teste do Qui-quadrado
**
número e porcentagem de pacientes estudados para cada variável
48
4.6.1.2 Com os Parâmetros Laboratoriais (Hemograma)
Em um segundo momento foi feita à análise entre o padrão de metilação dos
genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B, separadamente, segundo as características
laboratoriais dos pacientes. Em relação ao padrão de metilação do gene CALCA não
foi possível observar correlações estatisticamente significativas para as variáveis
estudadas. O mesmo foi observado para o gene CDKN2B (Tabela 8). Entretanto,
quando avaliamos as características laboratoriais em relação ao padrão de metilação
do gene GSTP1 foi possível observar que este apresentou correlação estatisticamente
significativa com as taxas de hemoglobina e de hematócrito (p=0,044 e p=0,029,
respectivamente). Também foi possível observar que a metilação deste gene
apresentou uma tendência a se correlacionar com a taxa de glóbulos vermelhos
(p=0,054) e contagem de glóbulos brancos (p=0,088) (Tabela 8).
A associação do padrão de metilação dos genes CALCA e GSTP1,
combinados, demonstrou que em relação as características laboratoriais dos pacientes,
a correlação com as taxas de hemoglobina e hematrócrito se mantêm estatisticamente
significativas (p=0,012 e p=0,005, respectivamente). Nesta análise também foi
possível observar que a correlação com a taxa de glóbulos vermelhos torna-se
estatisticamente significativa (p=0,016), entretanto para os pacientes que apresentam
um ou ambos genes metilados em relação aos que não possuem nenhum dos genes
metilados foi mantida a tendência de correlação com a contagem de glóbulos brancos
(p=0,083) (Tabela 9). Para as variáveis restantes não foi possível observar correlações
estatisticamente significativas.
49
Tabela 8 - Descrição da idade e das características laboratoriais segundo o padrão de
metilação dos genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B.
U: não-metilado; M: metilado
Características
Labaratoriais
*
CALCA N
o
Média (dp
**
) P
***
GSTP1 N
o
Média (dp) P
CDKN2B N
o
Média (dp) P
Glóbulos vermelhos
(/mm
3
) U 3
3653333,00
(544105,88)
U 7
2424285,71
(1122970,12)
U 4
2935000,00
(1643664,60)
M 12
2934167,00
(1251947,27)
0,233
M 8
3650000,00
(919720,45)
0,054
M 5
3290000,00
(1408918,02)
0,730
total 15 total 15 total 9
Hemoglobina
(g/dl) U 5 8,64 (2,06) U 11 6,69 (2,67) U 6 8,78 (3,86)
M 18 7,73 (3,03)
0,446
M 12 9,06 (2,58)
0,044
M 6 7,96 (3,33)
0,937
total 23 total 23 total 12
Hematócrito
(%) U 5 26,80 (5,66) U 10 18,70 (9,40) U 6 25,16 (13,98)
M 16 23,63 (11,59)
0,445
M 11 29,56 (8,76)
0,029
M 6 25,55 (12,98)
0,937
total 21 total 21 total 12
Plaquetas
(/mm
3
) U 3
88333,33
(53910,42)
U 10
87500,00
(73251,85)
U 5
96000,00
(61688,73)
M 18
95777,78
(68761,78)
1,000
M 11
101272,73
(60867,22)
0,512
M 5
99600,00
(71814,34)
0,841
total 21 total 21 total 10
Glóbulos brancos
(/mm
3
) U 5
22600,00
(37821,89)
U 11
15872,73
(25716,34)
U 6
4533,33
(2491,32)
M 17
6288,24
(6460,64)
0,401
M 11
4118,18
(2111,79)
0,088
M 5
4840,00
(3296,66)
0,931
total 22 total 22 total 11
Bastonetes (%)
U 4 5,50 (9,11) U 10 3,50 (4,47) U 6 2,00 (2,28)
M 18 2,53 (3,48)
1,000
M 12 2,71 (5,22)
0,346
M 5 1,72 (1,22)
0,931
total 22 total 22 total 11
Segmentados (%)
U 5 29,00 (13,71) U 11 32,54 (20,34) U 6 33,50 (20,91)
M 18 29,72 (18,66)
0,857
M 12 26,83 (14,62)
0,347
M 6 21,66 (12,27)
0,394
total 23 total 23 total 12
Monócitos (%)
U 5 5,00 (3,80) U 11 8,09 (9,74) U 6 12,66 (13,51)
M 18 8,62 (8,56)
0,446
M 12 7,60 (6,07)
0,695
M 6 8,88 (4,11)
0,937
total 23 total 23 total 20
Blastos (%)
U 5 10,30 (8,91) U 12 11,70 (6,60) U 6 9,88 (3,21)
M 19 11,26 (5,57)
0,265
M 12 10,41 (5,96)
0,551
M 6 6,95 (3,12)
0,132
total 24 total 24 total 12
idade (anos)
U 4 2,77 (2,63) U 11 4,77 (4,08) U 6 4,50 (2,57)
M 19 5,70 (4,65)
0,324
M 12 5,58 (4,94)
0,880
M 6 5,68 (6,57)
0,699
total 23 total 23 total 12
*
Parâmetros retirados do exame de hemograma
*
dp – desvio padrão
**
P: teste de Mann-Whitney
50
Tabela 9 - Descrição das características laboratoriais segundo o padrão de metilação
combinado dos genes CALCA e GSTP1.
*
Parâmetros retirados do exame de hemograma
Características
Labaratoriais
*
padrão de metilação
de CALCA/GSTP1
N
o
Média (dp
**
) P
***
Glóbulos vermelhos
(/mm
3
) nenhum 2 3840000,00 (636396,10)
pelo menos 1 6 2095000,00 (804307,15)
ambos 7 3702857,14 (980199,20)
0,016
total 15
Hemoglobina
(g/dl) nenhum 2 10,10 (1,55)
pelo menos 1 12 6,36 (2,23)
ambos 9 9,50 (2,69)
0,012
total 23
Hematócrito
(%)
nenhum 2 31,30 (3,25)
pelo menos 1 11 17,80 (7,66)
0,005
ambos 8 31,72 (9,11)
total 21
Glóbulos Brancos
(/mm
3
)
nenhum 2 50250,00 (56214,99)
pelo menos 1
12
7216,67 (7477,22)
ambos
8
4100,00 (2109,16)
0,083
total 22
**
dp – desvio padrão
***
P: teste de Kruskal-Wallis
51
4.6.1.3 Com a Sobrevida Global
Em uma terceira análise foi aplicado o método de Kaplan-Meier relacionando
o perfil de metilação da região promotora de cada um dos três genes em relação à
sobrevida global, entretanto não foi possível determinar uma correlação
estatisticamente significativa (Figura 9).
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
CALCA
metilado
não metilado
p= 0,655
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
GSTP
metilado
não metilado
p= 0,708
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
CDKN2B
metilado
não metilado
p= 0,523
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
CALCA
metilado
não metilado
p= 0,655
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
CALCA
metilado
não metilado
p= 0,655
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
GSTP
metilado
não metilado
p= 0,708
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
GSTP
metilado
não metilado
p= 0,708
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
CDKN2B
metilado
não metilado
p= 0,523
tempo de sobrevida (meses)
60483624120
SobrevidaGlobal (%)
1.0
.8
.6
.4
.2
0.0
CDKN2B
metilado
não metilado
p= 0,523
Figura 9 – Curvas de sobrevida global em relação
ao perfil de metilação da região promotora dos
genes CALCA, GSTP1 e CDKN2B.
52
5 DISCUSSÃO
Neste estudo foi analisado o padrão de metilação da região promotora de 14
genes (CDKN2B, CDKN2A, CALCA, CDH1, HIC1, GSTP1, p73, p14
ARF
, MGMT,
APC, RARβ, CDH13, DAPK e TIMP-3) em 12 amostras de MO a fresco de pacientes
acometidos por SMD, subtipos RAEB e RAEB-t, cadastrados no arquivo do GCB-
SMD-PED. Os genes mais freqüentemente metilados nestas amostras (CALCA,
GSTP1 e CDKN2B) tiveram seu padrão de metilação também avaliado em um outro
grupo de 13 amostras de esfregaço de MO de pacientes acometidos pela SMD. A
partir dos resultados tentamos correlacionar o padrão de metilação dos genes mais
freqüentemente metilados com as características demográficas, clínicas e laboratoriais
desses pacientes.
Após uma busca por informações na literatura, ao que parece, nosso estudo foi
o primeiro a avaliar o padrão de metilação da região promotora de um grupo de genes
em amostras de MO de pacientes pediátricos acometidos pela SMD. Três dos genes
incluídos em nossa análise (CALCA, CDKN2A e CDKN2B), também já haviam sido
estudados, por outros grupos, em amostras de MO de pacientes acometidos pela
SMD, entretanto, estes grupos avaliaram as freqüências de metilação da região
promotora destes genes em amostras de pacientes adultos. Para os outros 11 genes
não encontramos relatos na literatura de estudos que avaliam os perfis de metilação
de suas regiões promotoras em amostras de MO de pacientes acometidos pela SMD,
independente da faixa etária.
53
A SMD em crianças é uma doença rara e apresenta baixa incidência que varia
de 0,8 a 1,8 casos/milhão/crianças < 14 anos, segundo os estudos populacionais
desenvolvidos até o momento (HASLE et al. 1995; PASSMORE et al. 2003). Devido
à raridade da SMD em crianças, é importante ressaltar que a casuística de nosso
estudo (25 amostras de SMD, subtipo RAEB ou RAEB-t) é bastante razoável quando
comparada à casuística de trabalhos descritos na literatura para os estudos que
envolvem metilação em SMD de adultos, os quais variam de 15 a 50 pacientes
distribuídos entre todos subtipos da SMD (IHALAINEM et al. 1993; DHODAPKAR
et al. 1995; UCHIDA et al. 1997; QUESNEL et al. 1998, VOSO et al. 2004).
Inicialmente, para a realização de nosso estudo, foram obtidas 12 amostras de
DNA de MO a fresco de pacientes pediátricos com SMD colhidas no período de
fevereiro de 2000 a outubro de 2003. Devido à raridade da SMD na infância e com
intuito de aumentar a nossa casuística, optamos por incluir em nosso estudo 13
amostras de esfregaço de MO, provenientes do arquivo de lâminas do GCB-SMD-
PED colhidas no período de agosto de 1989 a abril 2003.
A decisão de utilizar amostras de esfregaço de MO neste estudo assumiu o
pressuposto de que seria possível a utilização de pequenas quantidades de DNA para
o tratamento de Bissulfito de Sódio e subseqüente reação de MSP. Os primeiros
autores que descreveram essa técnica recomendaram a utilização de pelo menos 1µg
de DNA para o tratamento com Bissulfito de Sódio (HERMAN et al. 1996). Nós
realizamos experimentos preliminares que demonstraram que seria possível obter
resultados satisfatórios com pequenas quantidades de DNA (100ng) e que a
concentração de DNA utilizada no tratamento com Bissulfito de Sódio e posterior
54
reação de MSP não interfere nos resultados observados. Desta forma, pudemos
utilizar amostras de esfregaço de MO, aumentando o número de amostras analisadas.
Outro ponto importante avaliado foi confirmar se o padrão de metilação das
amostras de esfregaço de MO poderia ser comparado ao das amostras de MO a
fresco, ou seja, se o fato desse material ter sido manipulado para a fixação em uma
lâmina e em alguns casos corado, não resultaria em alterações no seu padrão de
metilação. Para esclarecer este fato o padrão de metilação da região promotora dos
genes CALCA e GSTP1 foi analisado em uma amostra de MO a fresco e em uma
amostra de esfregaço de MO do mesmo paciente. O padrão de metilação observado
foi idêntico em ambos os genes, indicando que a manipulação da MO durante o
processo de esfregaço parece não interferir no padrão de metilação do DNA. Esses
resultados também permitiram a utilização de amostras de esfregaço de MO de
crianças acometidas por retinoblastoma intraocular, sem invasão de células tumorais
na MO, ou seja, MO considerada sem neoplasia como grupo controle de nosso
experimento. Também foram utilizadas como controle sem neoplasia, amostras de
MO colhidas do externo de crianças submetidas a cirurgia cardíaca no Instituto Dante
Pazzanese de Cardiologia (IDPC/SP). Entretanto, esta abordagem logo se mostrou
pouco viável, pois, as crianças cardiopatas, geralmente, são submetidas a este tipo de
cirurgia antes do primeiro ano de vida e, o fato destas crianças serem muito pequenas,
impedia que quantidades suficientes de MO fossem obtidas.
Neste estudo, optamos por utilizar as amostras de pacientes classificados nos
subtipos RAEB e RAEB-t da SMD, de acordo com a classificação FAB. Não foram
incluídas as amostras de LMMJ, pois, apesar de ser considerado um subtipo de SMD,
trata-se de uma doença mieloproliferativa. As amostras de RA não foram incluídas,
55
pois, no momento da estruturação deste estudo, apenas 3 amostras deste subtipo
provenientes de esfregaço de MO estavam disponíveis.
Em relação à população do nosso estudo podemos observar que a amostra
estudada tem características semelhantes a do grupo brasileiro, em que predominam
os subtipos RAEB e RAEB-t. A média de idade (5,4 anos) dos pacientes do nosso
estudo apresentou-se semelhante a média de idade (5,2 anos) encontrada para os
pacientes com SMD (93 casos) cadastrados no grupo brasileiro (PAULA 2004),
enquanto que para outros estudos essa média de idade variou entre 3,1 anos (Reino
Unido, PASSMORE et al. 2003) e 6,9 anos (Polônia, WÖJCILK e USSOWICZ
2003). Os achados mais freqüentes ao exame físico nos pacientes deste estudo foram
palidez (65,2%) e hepatomegalia (54,2%), sendo semelhante aos dados encontrados
pelo grupo brasileiro, com 61,3% e 54,8%, respectivamente. Não houve em nossa
população uma diferença entre a proporção de pacientes do sexo masculino e
feminino (0,92:1), enquanto que os dados do grupo brasileiro revelam uma ligeira
predominância do sexo masculino (razão 2,4:1). Nos estudos de outros grupos
internacionais também ocorre uma pequena predominância do sexo masculino sendo
a maior razão de 4:1 na Grécia (POLYCHRONOPOULOU 2003) e a menor de 1,3:1
no Reino Unido (PASSMORE et al. 2003). Dos pacientes estudados, 54,2% foram a
óbito e 33,3% apresentaram transformação para leucemia, o que também é visto para
os pacientes do grupo brasileiro com 54,8% e 36,5%, respectivamente. Nos estudos
desenvolvidos pelos grupos internacionais a freqüência de transformação leucêmica
se apresenta bastante variável, sendo o grupo grego o qual apresentou maior
porcentagem de transformação com 51% dos pacientes e o grupo turco (The Turkish
56
National Pediatric MDS Study Group 2003) o que apresentou menor porcentagem
com 25% dos pacientes.
Os genes que apresentaram sua região promotora mais freqüentemente
metilada nas 12 amostras de MO a fresco foram: CALCA (83,3%), CDH1 (75%),
GSTP1 (58,3%) e CDKN2B (50%). Em um segundo momento do estudo foram
iniciadas as análises para as amostra de MO sem neoplasia, quando então foi possível
observar que o gene CDH1 apresentava-se freqüentemente (66,6%) metilado nestas
amostras. Esta porcentagem elevada nas amostras de MO sem neoplasia nos levou a
buscar informações na literatura. GUTIERREZ et al. (2003) avaliaram a freqüência
de metilação dos genes CDH1, DAPK, MGMT, p73, CDKN2A, CDKN2B e p14
ARF
em
129 amostras (MO ou SP) de pacientes pediátricos acometidos por LLA. Com o
intuito de analisar se haveria alguma interferência da metilação de algum gene em
linfócitos normais, os autores também verificaram o padrão de metilação desses genes
em 17 amostras normais de sangue (12 adultos e 5 crianças). Após a reação de MSP
apenas para o gene CDH1 foi possível observar a presença do fragmento metilado em
algumas dessas amostras normais. Recentemente, LOMBAERTS et al. (2004)
relataram a presença de metilação no gene CDH1 em amostras de tumores de mama
que expressavam a proteína e-caderina. Os autores observaram que para esses casos o
tecido tumoral apresentava um infiltrado leucocitário. A análise da metilação do
promotor do gene CDH1, através de MSP, em leucócitos normais purificados, revelou
a presença de metilação na região promotora deste gene nestas células. Podemos
observar em nossos dados uma alta freqüência de metilação do gene CDH1 tanto nas
amostras de SMD (71,4%,) quanto nas MO sem neoplasia (controle) (66,6%),
entretanto esse achado pode ser devido à presença desses leucócitos na MO e não das
57
células displásicas e/ou blásticas. Por isso decidimos não avaliar o perfil de metilação
do gene CDH1 em nossas amostras de MO total.
Assim, prosseguimos com a análise nas 13 amostras de esfregaço de MO dos
três genes mais freqüentemente metilados (CALCA, GSTP1 e CDKN2B) nas 12
amostras de MO a fresco. A freqüência de metilação para a região promotora do gene
CALCA foi de 69,2% e para GSTP1 de 46,2%. Não foi possível avaliar a freqüência
de metilação para o gene CDKN2B nessas amostras, pois, mesmo depois de várias
alterações efetuadas nas condições da reação, vários fragmentos inespecíficos eram
sempre formados durante a MSP, o que impossibilitou a análise deste gene.
Nosso estudo parece ser o primeiro a avaliar a freqüência de metilação da
região promotora do gene CALCA em crianças acometidas por SMD. Nossos dados
demonstraram que foi possível detectar a presença de metilação do gene CALCA em
76% das amostras, resultados semelhantes aos descritos na literatura para SMD de
adultos.
Aparentemente, até o momento, apenas dois grupos avaliaram o padrão de
metilação da região promotora do gene CALCA em amostras de MO e SP de
pacientes acometidos pela SMD. IHALAINEN et al. (1993) avaliaram a freqüência
de metilação do gene CALCA em 26 amostras de pacientes adultos acometidos pela
SMD (3 RA, 4 RARS, 15 RAEB, 3 RAEB-t e 1 t-MDS/AML). Os autores
observaram a metilação do gene CALCA em 92% das amostras, ou seja, este gene
estava metilado na maioria das amostras, independente do subtipo da doença. Os
autores observaram também que a metilação deste gene não está relacionada a
porcentagem de blastos encontrados na MO e ainda que os dois pacientes que
apresentaram um padrão normal de metilação para este gene tiveram doença estável
58
durante 3 e 6 anos. A partir deste estudo não foi possível estabelecer o papel da
metilação do gene CALCA no processo da SMD, entretanto como este gene foi
encontrado metilado em amostras de MO de pacientes com RA, os autores sugerem
que esta alteração deva ocorrer em um estágio relativamente precoce da doença não
estando envolvida com o processo de transformação leucêmica.
Um segundo grupo avaliou o padrão de metilação do gene da CALCA em 19
amostras de MO de pacientes adultos acometidos pela SMD (8 RA, 2 RARS, 8
RAEB, 1 RAEB-t) (DHODAPKAR et al. 1995). Os autores observaram a metilação
deste gene em 68% das amostras. Esses autores, também não encontraram uma
correlação entre a metilação do gene e os subtipos da doença, bem como com a
porcentagem de blastos das amostras de MO. Entretanto, das 8 amostras de RA, 6
apresentaram metilação do gene CALCA. A partir destes dados estes autores também
sugerem que a metilação do gene CALCA deva estar envolvida com estágios mais
precoces da doença. Neste trabalho, os autores demonstram uma diferença
estatisticamente significativa em relação à sobrevida global e a metilação do gene
CALCA, sendo que os pacientes que apresentaram a metilação para este gene tem
sobrevida de 30% aos 17 meses (log rank p=0,04), enquanto que dos não-metilados
todos os pacientes estavam vivos neste período.
Em nosso trabalho foi possível avaliar a freqüência de metilação do gene
CDKN2B nas 12 amostras de MO a fresco. Nossos dados são semelhantes aos
achados da literatura para a SMD de adultos, sendo que foi possível observar a
presença de metilação em 50% das amostras de MO para SMD pediátrica.
UCHIDA et al. (1997) avaliaram a freqüência de metilação do gene CDKN2B
em 30 pacientes adultos com SMD. Desses, 12 apresentavam RA ou RARS, 18
59
RAEB ou RAEB-t, sendo que 10 tinham t-MDS/AML. Esse gene demonstrou uma
freqüência de metilação de 50% nas amostras de SMD de adultos. Uma análise mais
detalhada revelou que apenas 8% dos pacientes com RA ou RARS apresentavam a
metilação deste gene, enquanto que, este gene estava metilado em 78% dos pacientes
com RAEB ou RAEB-t. Os autores analisaram ainda o padrão de metilação de 4
pacientes em dois momentos, ao diagnóstico e na transformação leucêmica. E
puderam observar que no momento da transformação leucêmica havia um aumento na
freqüência de metilação deste gene, associando assim a metilação do gene CDKN2B
ao processo de transformação leucêmica. Os autores também avaliaram a freqüência
de metilação do gene CDKN2A e observaram que nenhuma das amostras apresentava
metilação para esse gene. Nossos resultados também demonstram que não foi
possível observar a metilação deste gene nas amostras estudadas, ou seja,
aparentemente, o gene CDKN2A encontra-se não-metilado tanto nos casos de SMD
de adultos como nas SMDs da infância.
QUESNEL et al. (1998), por meio da técnica de MSP, também avaliaram a
freqüência de metilação do gene CDKN2B em 44 pacientes adultos com SMD (10
RA, 2 RARS, 18 RAEB, 5 RAEB-t e 9 t-MDS/AML) e observaram uma freqüência
de metilação de 38% nas amostras. Esses autores relataram que só foi possível
detectar a metilação nas amostras que apresentavam uma porcentagem de blastos
acima dos 10% e sugeriram que esta alteração parece estar envolvida com estágios
mais avançados da doença. Os autores também avaliaram a freqüência de metilação
de amostras seqüenciais de DNA de 4 pacientes a partir do diagnóstico até a
transformação leucêmica e observaram que a metilação do gene CDKN2B foi
adquirida de acordo com a evolução da doença. Segundo os autores, a metilação do
60
gene CDKN2B está correlacionada com uma menor taxa de sobrevida global (p=
0,049).
Não está bem estabelecido na literatura que a SMD se inicia na fase de RA e
com um aumento progressivo de blastos evolua para os estágios de RAEB e RAEB-t.
Desta maneira, acreditamos que, mesmo encontrando a metilação do gene CALCA em
amostras de RA não é possivel correlacionar este achado ao início do
desenvolvimento da SMD como fizeram os grupos que avaliaram a metilação deste
gene em pacientes adultos. Em nosso estudo não foi possível avaliar o papel da
metilação dos genes CALCA e CDKN2B na transformação leucêmica, pois não
dispúnhamos de amostras de casos de t-MDS/AML.
A glutationa S-transferase (GST) é uma importante família de enzimas
envolvida no metabolismo de inúmeros agentes químicos tóxicos, como os
organofosfatados, os agentes alquilantes e os hidrocarbonetos aromáticos policíclicos.
A baixa atividade desta enzima pode predispor alguns indivíduos a falência da
medula óssea, resultando em um provável aumento da suscetibilidade a toxinas
endógenas ou provenientes do meio externo (SUTTON et al. 2004). Também se
acredita que essas enzimas tenham um papel importante na proteção do DNA contra
danos oxidativos (JERÓNIMO et al. 2002).
O gene GSTP1 codifica uma das enzimas que faz parte da família GST e ao
que parece, até o momento, nenhum trabalho na literatura pesquisada avaliou o perfil
de metilação deste gene em amostras de MO de pacientes acometidos pela SMD, seja
em adultos ou em crianças. O nosso estudo demonstrou a presença de metilação na
região promotora do gene GSTP1 em 52% das 25 amostras de MO de crianças com
SMD. O padrão de metilação deste gene tem sido muito estudado em outras
61
neoplasias, como na LMA, tanto de adultos como de crianças. Os trabalhos que
avaliam a metilação deste gene, em LMA, demonstraram que o GSTP1 não apresenta
alta freqüência de metilação (MELKI et al. 1999; ESTELLER et al. 2001; HARADA
et al. 2002). Os estudos de ESTELLER et al. (1998) demonstraram que a metilação
deste gene pode ser observada em tumores de mama, fígado e próstata.
Recentemente, SUTTON et al. (2004) desenvolveram um estudo com a finalidade de
determinar a freqüência de deleções homozigotas dos genes GSTT1 e GSTM1 que
codificam enzimas da família GST em amostras de MO de pacientes acometidos por
anemia aplástica (AA) ou SMD. Os autores relataram que o genótipo nulo para ambos
genes era significativamente mais encontrado nos pacientes caucasianos acometidos
pela SMD. A partir destes resultados eles concluíram que o genótipo nulo para
GSTT1 e/ou GSTM1 estava associado a um maior risco de desenvolver SMD. Estudos
anteriores que avaliaram a freqüência do genótipo nulo para os genes GSTT1 ou
GSTM1 também associaram estas alterações a pacientes que apresentavam desordens
na MO, como o aumento da freqüência do genótipo nulo do gene GSTT1 em
pacientes brancos norte-americanos e japoneses acometidos pela SMD (CHEN et al.
1996; SASAI et al. 1999). O aumento da freqüência do genótipo nulo do gene
GSTM1 também foi descrito em pacientes gregos acometidos pela SMD (TSABOURI
et al. 2000). Como a metilação da região promotora dos genes está associada ao
silenciamento gênico na maioria das vezes, a metilação do gene GSTP1 pode resultar
em uma diminuição na expressão deste gene. Sendo assim, os nossos resultados
parecem sugerir que o mecanismo de metilação também deve estar associado à
inativação do gene GSTP1 contribuindo para o aprarecimento do genótipo nulo e,
conseqüentemente, predispor o indivíduo ao desenvolvimento da SMD.
62
Ainda, em relação a esses três genes encontrados como mais freqüentemente
metilados (CALCA, CDKN2B e GSTP1) em nosso trabalho, devemos considerar as
diferentes abordagens metodológicas empregadas para a análise de metilação.
IHALAINEN et al. (1993) e DHODAPKAR et al. (1995) utilizaram uma técnica
baseada na digestão com enzimas de restrição e posterior hibridização com uma
sonda (Southern blot) para a observação dos fragmentos metilados ou não metilados.
Dessa maneira dependendo da sonda a ser utilizada a região genômica analisada do
gene da CALCA pode ser diferente, o que pode ter levado ao achado de freqüências de
metilação diferente para este gene nestes dois trabalhos. A comparação com os
resultados do nosso trabalho deve ser feita com cuidado, uma vez que utilizamos a
técnica de MSP e a região genômica analisada também pode ter sido diferente das
descritas por esses autores. UCHIDA et al. (1997) avaliaram a freqüência de
metilação do gene CDKN2B, encontrando uma frequência de metilação de 50%,
entretanto os autores utilizaram a técnica de digestão com enzimas de restrição
seguida por Southern blot. QUESNEL et al. (1998), por meio da técnica de MSP,
analisaram a metilção do gene CDKN2B em SMD de adultos e utilizando os mesmos
iniciadores do nosso estudo encontraram uma freqüência de metilação de 38%,
resultado que se aproxima do nosso (50%). Neste caso devemos considerar que os
autore não estratificaram os subgrupos da doença em suas análises o que pode ter
levado a uma frequência de metilação menor, uma vez que a metilação do gene
CDKN2B parece estar ligada a estágios mais tardios da SMD. Recentemente,
HASEGAWA et al. (2005) analisaram a freqüência de metilação dos genes CDKN2A
e CDKN2B em SMD da infância, por meio de MSP e utilizando os mesmos
iniciadores do nosso estudo. Os autores descreveram o gene CDKN2A como não
63
metilado em suas amostras e o gene CDKN2B apresentando-se metilado em 78% de
suas amostras, resultados semelhante aos nossos com 0% e 50%, respectivamente.
Dessa forma, devido as diferentes metodologias utilizadas para a análise de metilação
os resultados devem ser observados com atenção, ainda mais se comparados ao de
outros trabalhos descritos na literatura. Entretanto nossos resultados também
demonstram-se semelhantes a outros que utilizaram a técnica de MSP para a análise
de metilação, tanto em crianças como em adultos, sugerindo desta forma que o padrão
de metilação na SMD da infância parece ser semelhante ao padrão de metilação da
SMD de adultos e ainda que o gene GSTP1 parece ser metilado na SMD de adultos.
Embora a nossa casuística apresente um numero satisfatório de pacientes para
uma doença rara, ao que parece ela ainda não é grande o suficiente para nos permitir
conclusões. Neste estudo, três genes (CALCA, GSTP1 e CDKN2B) demonstraram-se
mais freqüentemente metilados nas amostras de MO dos nossos pacientes. O padrão
de metilação desses genes foi correlacionado com as características demográficas,
clínicas e laboratoriais (hemograma) dos pacientes e alguns resultados sugerem
tendências para algumas variáveis estudadas.
Poucos escores para avaliação de prognóstico são descritos na literatura para
as SMDs. O primeiro deles descrito em 1988 por WORSLEY et al. (Bournemouth)
utilizou parâmetros como a taxa de hemoglobina, número de neutrófilos, número de
plaquetas e porcentagem de blastos para estratificar os pacientes em grupos de risco.
A medida que outros trabalhos com essa mesma finalidade foram sendo
desenvolvidos houve a inclusão ou exclusão de alguns desses parâmetros para essa
estratificação. AUL et al. (1992) utilizaram a porcentagem de blastos, número de
plaquetas, taxas de hemoglobina (limite de corte - 9 g/dl) e nível de DHL
64
(desidrogenase lática) em seu escore. Com o passar dos anos e o conhecimento das
alterações citogenéticas presentes nas SMD, o cariótipo passou a ser incluído em
estudos de escore de prognóstico, mostrando ser importante tanto para predizer a
evolução da doença como a sobrevida global dos pacientes (MOREL et al. 1993;
GREENBERG et al. 1997). Nossos dados demonstraram que a metilação do gene
GSTP1 estava relacionado com maiores taxas das variáveis estudadas na série
vermelha do sangue periférico. Dados do GCB-SMD-PED (PAULA 2004) mostraram
que é característica dos pacientes acometidos pela SMD apresentar baixas taxas de
hemoglobina e de hematrócrito. Outros grupos internacionais também demonstram
essas baixas taxas de hemoglobina e hematócrito em suas populações (LUNA-
FINEMAN et al. 1999; KARDOS et al. 2003; POLYCHRONOPOULOU 2003). A
metilação do gene GSTP1 individualmente ou associada a metilação do gene da
CALCA, mesmo considerando essas baixas taxas de hemoglobina e hematócrito,
demonstra que ainda assim foi possível estratificar os pacientes nestes grupos.
Neste momento do estudo é difícil avaliar o impacto da metilação destes genes
em relação às correlações observadas. Entretanto, com o aumento da casuística ou
mesmo com os avanços no conhecimento da biologia das SMD, alterações como a
metilação poderão vir a ser utilizadas em escores prognósticos ou até mesmo permitir
que se estabeleçam fatores prognósticos independentes.
Nossos resultados demonstraram que levando em conta os genes CALCA e
GSTP1 nas 25 amostras de MO analisadas, foi possível observar que pelo menos um
desses genes estava metilado em 88% das amostras e que ambos estavam metilados
em 40% das amostras. Apenas 12% das amostras não apresentaram metilação para
nenhum desses genes. Nas amostras de MO sem neoplasia podemos observar que em
65
apenas 16,6% das amostras pelo menos um desses genes estava metilado e que ambos
estavam metilados em apenas 8,3%, enquanto que a metilação não foi detectada para
nenhum dos genes em 83,3% dessas amostras. Isso sugere que a análise do padrão de
metilação desses genes possa vir a ser utilizada como uma ferramenta de rotina para
complementar o diagnóstico da SMD, além da citologia, histologia e citogenética.
Atualmente, não existe um tratamento padrão para a SMD da infância e
apenas o transplante de medula óssea (TMO) alogênico pode oferecer a cura potencial
para a doença (JAKAB et al. 1999). Estudos preliminares têm avaliado a utilização de
drogas que provocam a desmetilação do DNA, como a azacitidina (5-azacytidina) e a
decitabina (5-Aza-2’-deoxicitidina), no tratamento da SMD de adultos. Em um estudo
envolvendo 29 pacientes adultos com SMD (RAEB e RAEB-t), a administração de
decitabina promoveu a remissão completa em 29% dos pacientes e parcial em 18%,
com média de duração da resposta de 8 meses (SILVERMAN 2001). Em outro
estudo, fase I/II, 43 pacientes adultos receberam infusões continuas de azacitidina
durante 7 dias, sendo que 49% responderam ao tratamento, dentre os quais 37% com
resposta das três linhagens hematopoiéticas, tanto completa como parcial e com
duração da resposta em média de 15 meses (LEONE et al. 2002). DASKALAKIS et
al. (2002) demonstraram, em 23 pacientes adultos com SMD, uma freqüência de
hipermetilação de 65% para o gene CDKN2B, dos quais 12 foram submetidos a
tratamento com decitabina, sendo que 9 apresentaram resposta hematológica ao
tratamento e ainda 3 desses entraram em remissão completa. Nossos resultados
demonstraram que o padrão de metilação encontrado nos pacientes com SMD
pediátrica parece ser semelhante ao padrão de metilação dos pacientes adultos com
SMD, apesar dos poucos trabalhos encontrados na literatura que avaliaram o padrão
66
de metilação de genes na SMD. Isto sugere que talvez a utilização de drogas que
provocam a desmetilação do DNA possa vir a auxiliar no tratamento das SMD da
infância, após a confirmação de seus benefícios no tratamento da SMD em adultos. A
utilização de drogas desmetilantes aplicadas em estudos de fase III para a SMD de
adultos já está em prática em diversos protocolos investigacionais.
Embora os resultados obtidos neste estudo indiquem a correlação entre a
metilação da região promotora de genes com parâmetros laboratoriais dos pacientes,
um estudo mais amplo, com um número maior de amostra e com a inclusão de
amostras de outros subtipos de SMD (RA e LMMJ) é necessário para demonstrar, de
forma irrefutável, esses achados. Isso também seria importante para o entendimento
do real papel da metilação de alguns genes na evolução da SMD.
67
6 CONCLUSÕES
Foi possível utilizar pequenas quantidades de DNA (100 a 400ng) para fazer o
tratamento de Bissulfito de Sódio e reação de MSP.
Foi possível extrair quantidades suficientes de DNA a partir de lâminas de
esfregaço de MO, tratá-los com Bissulfito de Sódio e realizar as reações de
MSP.
Os resultados obtidos com as amostras de esfregaço de MO são semelhantes
aos obtidos com as amostras de MO a fresco, sugerindo que o padrão de
metilação seja mantido independentemente do manejo da amostra para a
confecção de esfregaço em lâmina.
Os resultados sugerem que o padrão de metilação na SMD da infância parece
ser semelhante a SMD de adultos, com maior freqüência de metilação dos
genes CALCA (76%), o GSTP1 (52%) e o CDKN2B (50%). Nos outros onze
genes estudados, as freqüências de metilação foram menores que 25%.
A metilação da região promotora do gene GSTP1 se correlacionou, com
significância estatística, com o aumento nas taxas de parâmetros da série
vermelha do sangue periférico nos pacientes acometidos por SMD.
68
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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