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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
FERNANDO ROBERTO FERREIRA SILVA
ESTUDO COMPARATIVO DE CARRAGENANAS
COMERCIAIS KAPPA, IOTA E LAMBDA NO PROCESSO
INFLAMATÓRIO EM RATOS: EDEMA INTRAPLANTAR E
PLEURISIA
NATAL
2005
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FERNANDO ROBERTO FERREIRA SILVA
ESTUDO COMPARATIVO DE CARRAGENANAS
COMERCIAIS KAPPA, IOTA E LAMBDA NO PROCESSO
INFLAMATÓRIO EM RATOS: EDEMA INTRAPLANTAR E
PLEURISIA
Dissertação apresentada ao Departamento de
Bioquímica da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte como requisito parcial para obtenção do
título de Mestre em Bioquímica.
Orientadora: Edda Lisboa Leite
NATAL
2005
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FERNANDO ROBERTO FERREIRA SILVA
ESTUDO COMPARATIVO DE CARRAGENANAS COMERCIAIS KAPPA, IOTA E
LAMBDA NO PROCESSO INFLAMATÓRIO EM RATOS: EDEMA
INTRAPLANT AR E PLEURISIA
Dissertação apresentada ao
Departamento de Bioquímica da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte como requisito parcial para
obtenção do título de Mestre em
Bioquímica.
Aprovado em: 19/07/2005
BANCA EXAMINADORA
Dedico esta obra
À Professora Edda Lisboa Leite, por ter sido sempre muito mais que orientadora. Fica aqui
minha gratidão pela orientação, amizade e, com certeza, nunca esquecerei esses quase 5
anos de convivência.
Aos meus pais, Maria e Dias, pelo incentivo incondicional e compreensão para que este
trabalho pudesse se realizar.
AGRADECIMENTOS
Aos professores: Hugo, Luís, Fernanda, Maurício, Selma, Jacira, Suely e Elizeu. Vocês
foram muito importantes, cada um do seu jeito, para minha formação como aluno,
biólogo e como homem. Muito obrigado!
À Professora Dilma pelo carinho, preocupação e por sempre ter se mostrado a disposição
para ajudar. Obrigado pela força!
À Professora Eliza Xavier pelo carinho, apoio, amizade e por ter sempre me socorrido
quando precisei. Grato!
À Creuza por ter sido a primeira pessoa a me trazer para um laboratório de bioquímica,
fazendo com que despertasse o interesse pela biologia. Obrigado também pelo incentivo
e preocupação (quase de mãe) comigo.
As amigas Karla e Valquíria pela amizade, pelas conversas na bancada e pela grande ajuda
nos meus primeiros passos no laboratório.
À Celina. Quando você entrou no laboratório, imaginei que não iríamos ter um bom
relacionamento. Entretanto, você mostrou ser, acima de tudo, uma grande amiga.
Obrigado pela grande participação e colaboração para que eu pudesse chegar até aqui
hoje. Gosto muito de você! Cheiros!
À Cybelle pela grande ajuda na realização desse trabalho e pela amizade. Muito obrigado!
Aos colegas do laboratório (antigos e novos): Glória, Luciana, Lydice, Antônio Carlos, Vivi,
Gabi, Carol, Tarciana, Carol, Micheline, Yuly, Leonardo, Duda, Leandro. Obrigado pela
ajuda e pelo ótimo convívio.
Aos colegas da turma do mestrado: Ivan, Raquel, Ciro, Rose, Olívia, Patrícia, Beth.
Obrigado pela amizade, brincadeiras e pela troca de experiências. Ficarei com saudades
de vocês!
A todos colegas do departamento, muito obrigado pela colaboração.
Aos amigos da minha turma da graduação, em especial: Lula, Pedro, Dulcian, Lorena,
Recy, Kuka, Felippe, Ramona, Alexsandra, Fabíola, Bia, Márcia, Danile e Thaís.
Obrigado pela amizade e por todos os momentos de descontração. Gosto muito de vocês
todos e nunca os esquecerei.
À Aretha. Se cheguei até aqui hoje, muito devo a você. Essa conquista também é sua, muito
obrigado!
Aos amigos e colegas de Biologia, em especial Denis, Matheus e Lobinho. Muito obrigado!
À minha amiga Thasia pela amizade e torcida para realização desse trabalho.
Aos meus amigos da UERN: Tanísia, Dinaide, Ovídio, Jesus, Amanda, Denise, Lara, João,
Rodrigo, etc. Por terem agüentado minha ausência e terem me ajudado bastante para
que não fosse reprovado. Muito grato a todos vocês!
Aos meus eternos amigos da ETFRN: Véio, Chaguinha, Djanilton, Soft, Gustavinho e Hugo.
Vocês são grandes amigos e contem sempre comigo, do mesmo modo que sei que posso
sempre contar com vocês. Grande abraço e obrigado pela amizade sincera e verdadeira!
À Fernanda. Obrigado por ter agüentado minhas ausências, meu estresse e por estar sempre
disposta a me ajudar no que fosse preciso. Muitíssimo obrigado! Amo você!
RESUMO
As carragenanas comerciais Iota, Kappa e Lambda são raramente puras e,
normalmente, apresentam vários outros tipos de polímeros. A quantidade exata de
impurezas depende do método de extração e da alga utilizada. Logo, diferentes
métodos têm sido utilizados para a determinação do conteúdo das carragenanas,
tento em vista que elas são extensivamente usadas nas indústrias alimentícia, de
cosméticos e farmacêutica. A eletroforese desses compostos provou que eles são
constituídos de polissacarídeos sulfatados. Estes compostos foram caracterizados
por métodos colorimétricos e foi observado que a carragenana Lambda possui o
maior teor de sulfato (33,38%). Esses polímeros foram analisados por
espectroscopias de IV e
13
C RNM. Estes polissacarídeos consistem principalmente
de unidades alternadas de galactose e anidrogalactose sulfatadas. Foi possível
avaliar a ação inflamatória desses diferentes compostos através de um modelo
clássico de inflamação, que é o de inflamação aguda, na pata de ratos, induzida por
carragenanas. O edema plantar foi induzido pela injeção das carragenanas (N, L e O)
na pata direita de ratos machos da raça Wistar (175-200g). A inflamação aguda
induzida por carragenanas foi expressa pela relação tempo-edema e medida pelo
volume do edema plantar. Para isto, foi utilizado um paquímetro, que confere mais
precisão a mensuração da inflamação (inchaço na pata do rato). Os resultados
mostraram que a carragenana Kappa (1%) induz um edema de 3,7mm e o aumento
de volume do edema é tempo e dose-dependente; a Iota (0,2%) provoca um edema
de 4mm; e a Lambda (1%) um edema de 3,6mm. O outro modelo usado neste
estudo comparativo é baseado na inflamação da pleura (pleurisia). A injeção de
carragenanas na cavidade pleural dos ratos induz uma resposta inflamatória aguda
caracterizada pelo acumulo de líquido na cavidade pleural, um grande número de
neutrófilos e aumento na produção de NO. A carragenana Iota provocou a
inflamação intensa, o que pode ser comprovado pela verificação do volume do
exudato (1,52 ml), o teor de nitrato/nitrito (63,478 nmol/rato) e a contagem de
leucócitos polimorfonucleares - PMN (4902 x 10
3
células). A avaliação quantitativa
da inflamação em ratos é um parâmetro importante para a avaliação da eficácia de
drogas antiinflamatórias.
Palavras-chave: Carragenana. Edema plantar. Inflamação.
ABSTRACT
The Iota, Kappa and Lambda commercial carrageenans are rarely pure and normally
contain varying amounts of the other types of carrageenans. The exact amount of
impurity depends on the seaweed source and extraction procedure. Then, different
analysis methods have been applied for determination of the main constituents of
carrageenans because these three carrageenans are extensively used in food,
cosmetic and pharmaceutical industry. The electrophoresis of these compounds
proved that the carrageenans are constituted by sulfated polysaccharides. These
compounds were characterized by colorimetric methods and was observed that the
Lambda carrageenan shown the greater value (33.38%) of sulfate. These polymers
were examined by means of
13
C NMR spectroscopy and infrared spectra. The
polysaccharides consisted mainly of units alternating of sulfated galactoses and
anhydrogalactoses. The aim of the study was also to test the inflammatory action of
these different polysaccharides. A suitable model of inflammation is acute sterile
inflammation of the rat hind limb induced by carrageenan. Paw edema was induced
by injecting carrageenans (N, L and O) in saline into the hind paw of a male Wistar rats
(175–200 g). The pathway to acute inflammation by carrageenan (kappa, iota and
lambda) were expressed as time-edema dependence and measured by paw edema
volume. For this purpose, was used an apparatus (pakymeter), which makes it
possible to measure the inflammation (swelling of the rat foot) with sufficient
accuracy. The results showed that N-carrageenan (1%) have an edema of 3.7 mm
and the paw edema increase was time and dose dependent; the L-carrageenan
(0.2%) caused an edema of 4 mm and the O-carrageenan (1%) caused an edema of
3.6 mm. Other model was used in this study based in the inflammation of pleura for
comparatives studies. Injection of carrageenans into the pleural cavity of rat induced
an acute inflammatory response characterized by fluid accumulation in the pleural
cavity, a large number of neutrophils and raised NO production. The levels of NO
were measured by Griess reactive. The L-carrageenan caused the greater
inflammation, because it has high concentration of nitrite/nitrate (63.478 nmoles/rat),
exudato volume (1.52 ml) and PMNs (4902 x 10
3
cells). Quantitative evaluation of
inflammations of rats is a useful and important parameter for the evaluation of the
efficacy of anti-inflammatory drugs.
Key-words: Carrageenan. Paw edema. Inflammation.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Estrutura das unidades dissacarídicas repetitivas dos
três principais tipos de carragenanas: L, N e O. 28
FIGURA 2 Síntese do óxido nítrico a partir da L-arginina. 37
FIGURA 3 Perfil eletroforético das carragenanas comerciais L, N, O
(50 Pg de cada) em gel de agarose, tampão PDA.
OR - Origem. 52
FIGURA 4 Espectro Infravermelho (400 a 4000 cm
-1
) das carragenanas
Comerciais N, L e O. 56
FIGURA 5 Espectro de RMN
13
C da carragenana N. 62
FIGURA 6 Espectro de RMN
13
C da carragenana O. 62
FIGURA 7 Espectro de RMN
13
C da carragenana L. 63
FIGURA 8 Edema plantar resultante da inflamação induzida por
carragenana N. 68
FIGURA 9 Edema plantar resultante da inflamação induzida por
carragenana L. 70
FIGURA 10 Edema plantar resultante da inflamação induzida por
carragenana O. 72
FIGURA 11 Análises histológicas das carragenana N na indução do
edema eplantar em ratos Wistar após 3h da injeção intraplantar.
A - animais que receberam salina (NaCl 0,9%); B - animais que
receberam carragenana N (1%). HEX20 74
FIGURA 12 Análises histológicas das carragenanas L e O na indução do
edema plantar em ratos Wistar após 3h da injeção intraplantar.
A - animais tratados com carragenana L (1%); B - animais
tratados com carragenana O (1%). HEX20 75
FIGURA 13 Concentrações de nitrato/nitrito no exudato pleural 4 h após
indução das carragenanas nas cavidades pleurais de ratos
Wistar. O controle deste experimento foi realizado com a injeção
de salina (NaCl 0,9%). Foram utilizados 6 animais por grupo.
*** P < 0.001 vs. Salina. 79
FIGURA 14 Contagem de leucócitos do exudato pleural após 3 h de indução
das carragenanas nas cavidades pleurais de ratos Wistar.
O controle deste experimento foi realizado com a injeção de
salina (NaCl 0,9%). Foram utilzados 6 animais por grupo.
** P < 0.01 vs. Salina, *** P < 0.001 vs. Salina. 82
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Código alfabético para as carragenanas e sua respectiva
nomenclatura IUPAC. 25
TABELA 2 Composição química das carragenanas comerciais L, N e O. 54
TABELA 3 Bandas típicas, seus respectivos grupos funcionais e as
ocorrências nas carragenanas comerciais utilizadas neste estudo. 58
TABELA 4 Deslocamentos químicos das unidades mais comuns das
carragenanas L, N e O. 60
TABELA 5 Avaliação da atividade anticoagulante das carragenanas
comerciais L, N e O sobre a via intrínseca da cascata de
coagulação (aPTT) comparando-as com a atividade
da heparina padrão. 65
TABELA 6 Avaliação da atividade anticoagulante das carragenanas
comerciais L, N e O sobre a via extrínseca da cascata de
coagulação (PT) comparando-as com a atividade da heparina
padrão. 65
TABELA 7 Volume do exudato retirado da cavidade pleural após
indução de pleurisia pelas carragenanas comerciais L, N e O. 77
LISTA DE ABREVIATURAS/SIGLAS
E Beta
N Capa
L Iota
O Lambda
P Miu
Q Niu
T Téta
Pg Micro grama
5-HT Serotonina
AA Ácido araquidônico
AT Antitrombina
°C Graus centígrados
13
C Isotópo 13 do carbono
C
1
Carbono 1
C
2
Carbono 2
C
3
Carbono 3
C
4
Carbono 4
C
5
Carbono 5
C
6
Carbono 6
C2 Componente do sistema complemento
C3a Fragmento a do componente 3 do sistema complemento
C4 Componente do sistema complemento
C5a Fragmento a do componente 5 do sistema complemento
CETAVLON Brometo de cetil trimetilamônio
cm Centímetro
D
2
O Água deuterada
eNOS Oxido nítrico sintase endotelial
g Grama
1
H Isotópo do Hidrogênio
HCl Ácido Clorídrico
HE Hematoxilina-eosina
IL-1 Interleucina 1
IL-6 Interleucina 6
IL-8 Interleucina 8
iNOS Oxido nítrico sintase induzível
IV Infravermelho
KBr Brometo de potássio
KCl Cloreto de Potássio
L-NAME N
G
-nitro-L-arginina-metiléster
L-NMMA N
G
-monometil-L-arginina
L-NNA N
G
-nitro-L-arginina
LTB
4
Leucotrieno
LTC
4
Leucotrieno
LTD
4
Leucotrieno
LTE
4
Leucotrieno
M Metil éter
mg Miligrama
min Minuto
mM Milimolar
mm Milímetro
N Normal
N
2
O
3
Óxido nitroso
NaCl Cloreto de sódio
NADPH Nicotinamida-adenina dinucleotídeo fosfatado reduzida
NF-NE Fator nuclear capa beta
NGF Fator de Crescimento Nervoso
nmol nano mol
nNOS Oxido nítrico sintase neuronal
NO Óxido Nítrico
NO
3
-
Íon nitrato
NOS Oxido nítrico sintase
NSAID Drogas aintiinflamatórias não esteroidais
O
2
Oxigênio
ONOO
-
Peroxinitrito
OR Origem
P Acetal piruvato
P
450
-like Família citocromo (hemeproteínas)
PDA 1,3 diaminopropano acetato
PGD
2
Prostaglandina D
2
PGE
2
Prostaglandina E
2
PGF
2
Prostaglandina F
2
PMN Polimorfonuclear
ppm Partes por milhão
RNM Ressonância Nuclear Magnética
S Éster de sulfato
TNF Fator de Necrose Tumoral
TNF-D Fator de Necrose Tumoral D
TNF-E Fator de Necrose Tumoral E
TXA Tromboxano
UI/mg Unidades Internacionais por miligrama
W/W Weight/Weight (peso/peso)
X Xilose
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 19
1.1. ALGAS MARINHAS 19
1.1.1. Considerações gerais 19
1.2. ALGAS VERMELHAS 20
1.3. ÁGAR 21
1.4. CARRAGENANAS 22
1.4.1. Considerações gerais 22
1.4.2. Nomenclatura 24
1.4.3. Estrutura 26
1.5. INFLAMAÇÃO 29
1.5.1. Mediadores inflamatórios 30
1.5.2. Inflamação x coagulação 34
1.6. ÓXIDO NÍTRICO 36
1.6.1. Síntese e metabolismo 36
1.6.2. Isoenzimas 37
1.6.3. Implicações do NO na inflamação 40
2. OBJETIVOS 41
3. MATERIAIS E METÓDOS 42
3.1. MATERIAL BIOLÓGICO 42
3.1.1. Animais 42
3.2. CARRAGENANAS 43
3.3. OUTROS MATERIAIS 43
3.4. MÉTODOS 43
3.4.1. Caracterização química das carragenanas 43
3.4.1.1. Eletroforese em gel de agarose 43
3.4.1.2. Análises químicas 45
3.4.1.2.1. Polissacarídeos totais 45
3.4.1.2.2. Proteína 45
3.4.1.2.3. Sulfato 45
3.4.2. Espectroscopia de Infravermelho (IV) 46
3.4.3. Ressonância nuclear magnética (RNM)
13
C 46
3.4.4. Avaliação In Vitro da atividade anticoagulante 46
3.4.4.1. aPTT - Tempo de tromboplastina parcialmente ativada 46
3.4.4.2. PT - Tempo de pró-trombina 47
3.4.5. Edema plantar 47
3.4.5.1. Análises histológicas 48
3.4.6. Pleurisia 49
3.4.6.1. Avaliação dos teores de nitrato/nitrito 50
3.5. ANÁLISES ESTATÍSTICAS 50
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO 51
4.1. CARACTERIZAÇÃO QUÍMICA 51
4.1.1. Eletroforese em gel de agarose 51
4.1.2. Dosagens químicas 53
4.2. ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO (IV) 55
4.3. RESSONÃNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA (RNM)
13
C 59
4.4. AVALIAÇÃO IN VITRO DA ATIVIDADE ANTICOAGULANTE 64
4.5. EDEMA PLANTAR 67
4.5.1. Análises histológicas 73
4.6. PLEURISIA 76
4.6.1. Teores de nitrito/nitrato 77
5. CONCLUSÕES 83
REFERÊNCIAS 84
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1. INTRODUÇÃO
1.1. Algas marinhas
1.1.1. Considerações gerais
As algas marinhas fazem parte do grupo dos seres mais simples, uma vez
que não apresentam órgãos e sistemas e são completamente dependentes da água,
pois não possuem vasos. Entretanto, essa aparente simplicidade não é refletida no
que diz respeito à composição de seus constituintes, os quais sempre foram objetos
de estudo (McCANDLES, CRAIGIE, 1979).
Há cerca de cinco décadas passadas o mundo ocidental desconhecia
praticamente tudo acerca das algas. Entretanto, atualmente, muito já se conhece
sobre seus constituintes, como, por exemplo, que são ricos em proteínas,
mucilagens, carboidratos, vitaminas, fósforo, iodo, potássio, cloro, entre outros.
Alguns desses elementos presentes nas algas não são encontrados com freqüência
em outros organismos, por isso, até em quantidades diminutas estes têm grande
importância (NOSEDA, 1994).
As indústrias de alimentos e cosmética foram às pioneiras no uso das algas
marinhas como fonte de matéria-prima para seus produtos. Contudo, o grande
centro das atenções, atualmente, é o uso das algas como fonte de compostos para a
indústria farmacêutica, destacando-se nesse aspecto os seus polissacarídeos
constituintes (McCANDLES, CRAIGIE, 1979). Nesse contexto, é imprescindível
salientar a importância da extração de compostos de fontes vegetais, reduzindo aí o
risco de contaminação viral, fato ocorrido com grande freqüência nas matérias-
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primas animais.
As três principais divisões de macroalgas marinhas são as Phaeophyta (as
algas marrons), Chlorophyta (algas verdes) e Rhodophyta (algas vermelhas), que
juntos compreendem 7000 espécies (RORRER, CHENEY, 2004).
1.2. Algas vermelhas
As algas vermelhas (Rhodophyta) são um dos três principais grupos de
organismos fotossintéticos primários. Elas são o principal constituinte das
comunidades de macroalgas desde os pólos até os trópicos, e são importantes
produtores primários nos ecossistemas marinhos costeiros. Apesar de uma
diversidade enorme de formas de vida e estratégias reprodutivas, as algas
vermelhas não apresentam diferenciação tissular verdadeira, o que leva à alguns
autores especularem que elas representam os eucariotos mais primitivos (REITH,
1995; STILLER, HALL, 1997)
Elas se caracterizam por possuir como pigmentos a clorofila a, a clorofila d,
carotenóides e ficobilinas (ficocianina, aloficocianina e ficoeritrina), que mascaram a
tonalidade verde das clorofilas, deixando a alga com seu tom avermelhado
característico. A presença da ficoeritrina permite-lhes absorver a luz azul podendo
assim, sobreviver a profundidades muito superiores às das outras algas. Já foram
encontradas algas desta divisão a mais de 260 metros de profundidade, desde que a
água seja límpida o suficiente para permitir a passagem de luz (CRAIGIE, 1990).
O material de reserva das algas vermelhas é o amido florídeo. A sua parede
celular consiste em uma trama de polissacarídeos como celulose, xilano ou manano,
coberta de mucilagens polímeras de galactose, como ágar e carragenana,
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constituindo assim a matriz da parede celular dessas algas (CRAIGIE, 1990;
PAINTER, 1983). Além disso, essas duas substâncias são responsáveis pela
importância econômica das Rhodophytas: o ágar é amplamente utilizado na indústria
farmacêutica e na cultura de bactérias; e as carragenanas são bastante utilizadas
como agente emulsificante ou estabilizante principalmente em alimentos (RAVEN,
EVERT, EICHHORN, 1996).
1.3. Ágar
O ágar é sintetizado pelas espécies de algas do gênero Gelidum, Gracilaria,
Acanthopeltis, Ahnfeltia, Ceramium, Campylaephora, Phllophora e Pterocladia spp.
O extrato de algas produtoras de ágar vem sendo comercializado há 700 anos no
Japão e posteriormente comercializado também pela Espanha, Coréia, Rússia, EUA,
dentre outros países. O ágar é extraído por meio de água quente e consiste de um
polímero de galactose (LEE, 1992).
Este polímero pode ser separado em duas frações: agarose e a agaropectina.
Este último pode conter substituintes como metil, sulfato e ácido pirúvico. Essa
substituição fornece ao polímero suavidade, flexibilidade e também propriedades
elásticas. A maior parte dos resíduos da galactose da agaropectina tem um
substituinte de éster sulfato, mas a agarose caracteriza-se pelo baixo teor de sulfato.
A incorporação do sulfato às substâncias orgânicas ocorre por uma reação direta,
intermediada por nucleotídeos sulfatados. A gelificação do ágar na solução aquosa
é reversível e quando o gel é aquecido há uma quebra nas ligações por pontes de
hidrogênio. O resfriamento proporciona ligações por pontes de hidrogênio formando
uma dupla hélice. Quanto mais sólido maior a formação de pontes de hidrogênio
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(LEE, 1992).
O ágar hidratado adquire consistência lisa decorrente de seu intumescimento
e pelo fato de não ser irritante favorece o peristaltismo normal e é usado como
laxativo. É usado também como agente emulsificante, gelificante para supositórios,
lubrificante cirúrgico, como excipiente e desintegrante de comprimidos e auxilia no
processamento de alimentos e em outras técnicas industriais. Além dessas
utilidades, é importante para o cultivo de bactérias, já que fazem parte do meio de
cultura utilizado nas placas de Petri (RENNENBERG, 1984).
A agarose também tem aplicação especial no diagnóstico clínico: é usada
como matriz na imunodifusão, na separação de globulinas e de outras proteínas por
eletroforese e em cromatografias de gel filtração (KANNO et al., 1990).
1.4. Carragenanas
1.4.1. Considerações Gerais
As carragenanas são conhecidas desde o século XIX quando eram extraídas
da alga vermelha Chondrus crispus e utilizadas pela população da cidade irlandesa
de “Carrageen”, como agente emulsificante e gelificante em alimentos caseiros
(NOSEDA, 1994). Atualmente estes compostos são objeto de estudos e muitos
trabalhos têm sido desenvolvidos com relação a sua estrutura, propriedades físico-
químicas como viscosidade, variações inter e intra-específicas, biossíntese e
aplicações industriais dentre outras (DE RUITER, RUDOLPH, 1997).
Atualmente, o termo “carragenana” descreve uma classe de galactanas
sulfatadas que ocorrem como constituinte da parede celular de diversas espécies
22
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de algas marinhas vermelhas (TOJO, PRADO, 2003). Juntamente com os alginatos
e o ágar, as carragenanas formam um grupo de substâncias biopoliméricas
complexas chamado ficocolóides, que são colóides, principalmente, de natureza
hidrofílica (FERNÁNDEZ et al., 2003). Essa característica tem conferido as
carragenanas enorme importância na indústria alimentícia, estando presente na
composição de cremes, gelatinas, queijos, achocolatados, dentre outros produtos.
Somando-se a isso, elas são também utilizadas em produtos não alimentícios como
em formulações farmacêuticas e cosméticos (THERKELSEN, 1993; IMESON, 2000;
VAN DE VELDE, DE RUITER, 2002). Em geral, são utilizadas como agentes
gelificantes, estabilizantes e viscosos.
Além disso, as carragenanas vêm sendo utilizadas como ferramentas para
investigar o processo inflamatório em ratos e camundongos (LEVY, 1969). Quando
injetada subcutâneamente na superfície plantar em uma pata de rato, ela causa uma
inflamação característica, que pode ser usada para quantificar o poder da ação de
drogas antiinflamatórias (SAMMONS et al., 2000).
A inflamação induzida pela carragenana é um processo muito complexo,
envolvendo um grande número de mediadores e caminhos para produzir a
hiperalgesia inflamatória (SAMMONS et al., 2000). Dentre esses mediadores
podemos destacar produtos do metabolismo do ácido araquidônico (BLACKHAM et
al., 1979), conteúdos de mastócitos (histamina, 5-HT) (BURITOVA et al., 1997; DI-
ROSA, SORRENTINO, 1968; KOCHER et al., 1987), neurocininas (substância P)
(CODERRE, MELZACK, 1991), citocinas (IL-1E) (IANARO et al., 1999), óxido nítrico
(SALVEMINI et al., 1996), fator de crescimento nervoso (NGF) (McMAHON, 1996) e
muitos outros. Entretanto, o papel exato de cada um desses componentes na
inflamação induzida por carragenana não está ainda bem definido.
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1.4.2. Nomenclatura
Os estudos com as carragenanas iniciaram-se com o fracionamento destes
polímeros em duas frações: uma insolúvel em KCl 0,125 M e outra solúvel nesta
mesma solução, a primeira denominou-se Kappa carragenana e a segunda Lambda
carragenana (SMITH, COOK, 1953). Surgia, assim, a primeira diferenciação de
carragenanas quanto à nomenclatura.
Hoje em dia, habitualmente, todas as carragenanas são identificadas por um
prefixo grego, indicando o principal componente da amostra. Essa nomenclatura é
usada universalmente na indústria, na ciência e na legislação correspondente.
Entretanto, esse critério não é usado para descrever polímeros mais complexos de
forma não ambígua. Para descrever estruturas mais complexas, uma nomenclatura
alternativa para carragenanas e agar foi criada. (KNUTSEN et al., 1994) Este código
alfabético (Tabela 01) é encontrado na IUPAC e segue uma descrição sistemática de
moléculas de polímeros complexos, tendo como estrutura ideal a seqüência
alternada de (o3)-E-D-Galactopiranose e (o4)-D -D-Galactopiranose ou (o4) 3,6-
anidro-D-D-Galactopiranose.
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TABELA 01: Código alfabético para as carragenanas e sua respectiva nomenclatura
IUPAC.
Letra código Encontrado nas
carragenanas
Nomenclatura IUPAC*
G
E (o3)-E-D-Galactopiranose
D Não encontrada**
(o4)-D -D-Galactopiranose
DA
E,N (o4) 3,6-anidro-D-D-Galactopiranose
S
N, L, O, P, Q, T
Éster sulfato (O-SO
3
-
)
G2S
O, T (o3)-E-D-Galactopiranose 2-sulfato
G4S
N, L, P, Q (o3)-E-D-Galactopiranose 4-sulfato
DA2S
L, T (o4) 3,6-anidro-D-D-Galactopiranose 2-sulfato
D2S,6S
O, Q (o4)-D -D-Galactopiranose 2,6-disulfato
D6S
P (o4)-D -D-Galactopiranose 6-sulfato
* Nomenclatura: International Union of Pure And Applied Chemistry (McNAUGHT, 1996)
** Não encontrada em carragenanas de ocorrência normal, mas em amostras dessulfatadas
Essa nomenclatura baseada em códigos alfabéticos (letras) ganha espaço
nas publicações científicas que tratam de carragenanas e ágars. Muitos autores
descrevem estruturas complexas usando essa nomenclatura. Em adição as
notações (S) para éster de sulfato, existem (M) para metil éter, (P) para acetal
piruvato e unidades glicosidícas como a xilose (X) são introduzidas para descrever
carragenanas com diferentes substituintes (MILLER, BLUNT, 1998).
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1.4.3. Estrutura
Até meados deste século as carragenanas eram consideradas como
homopolissacarídeos constituídos de D-galacotose, embora este polissacarídeo
representasse apenas 35 a 40 % do polissacarídeo ou 60% da matéria orgânica do
mesmo (NOSEDA, 1994). Os estudos relatam que a hidrólise ácida destes
compostos levava ao surgimento de um composto denominado de 5-hidrometilmetil-
2-furfural. A sua presença sugeria aos pesquisadores uma reação positiva das
carragenanas com reativos específicos para cetoses induzindo alguns
pesquisadores a supor a presença de frutose nestes polímeros. Posteriormente,
sugeriu tratar-se de 3,6-anidro-D-D-anidrogalactose, conhecido como um carboidrato
lábil ácido (HAWORTH et al., 1940).
Carragenanas são uma família de galactanas sulfatadas, lineares e solúveis
em água. São formadas de (o3)-ȕ-D-galactopiranose (Unidades G) e (o4)-Į-D-
galactopiranose (Unidades D) ou (o4)-3,6 anidro-Į-D-galactopiranose (Unidades
DA), formando a unidade repetitiva dissacarídica das carragenanas. Além de
galactose e sulfato, outros resíduos de carboidratos (como por exemplo xilose,
glicose e ácidos urônicos) e substituintes (como por exemplo metil e piruvato) podem
estar presentes em preparações de carragenanas (VAN DE VELDE et al., 2002).
26
Carragenanas naturais são uma mistura de polissacarídeos, fazendo com que
o termo unidade dissacarídica repetitiva passe a ser utópico (VAN DE VELDE et al.,
2004). Os três principais tipos de carragenanas são Iota, Kappa e Lambda (Figura
1). As duas primeiras contêm unidades de 3,6 anidrogalactose e são polímeros
formadores de gel e a última contém apenas unidades de galactose e atua como um
agente espessante (DE RUITER, RUDOLPH, 1997). Essa diferença reológica
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resulta do fato de que as unidades DA da L e N possuem a conformação
1
C
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,
enquanto que a unidades D da O não possui essa conformação. A conformação
1
C
4
das unidades 3,6-anidrogalactopiranosil nas carragenanas L e N forma uma estrutura
secundária helicoidal, que é essencial para as propriedades formadoras de gel.
Logo, a presença de unidades dissacarídicas sem o anel 3,6-anidro previne a
formação dessa estrutura helicoidal e, conseqüentemente, a gelificação das
carragenanas (VAN DE VELDE et al., 2002).
Todos os tipos de carragenanas ocorrem em estados de alto grau de
polimerização bem como alto grau de polidispersão (GLICKSMAN, 1983; PICULELL,
1995). As formas comerciais dessas carragenanas são quase sempre impuras e
normalmente contém vários outros tipos de polímeros, levando em conta a forma de
extração e a alga utilizada (HARRIS, 1990).
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FIGURA 1: Estrutura das unidades dissacarídicas repetitivas dos três principais tipos
de carragenanas: L, N e O (DYRBY et al.,2004).
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1.5. Inflamação
Inflamação pode ser definida como sendo um conjunto complexo de reações
que ocorrem no tecido conjuntivo vascularizado, levando ao acúmulo de líquido e
células no interstício ou líquido intersticial (PEREIRA, BOGLIOLO, 1998). A
inflamação pode ser assim considerada uma reação de defesa local (MAJNO,
PALADE,1961).
A resposta inflamatória tem por objetivo sanar o dano que a causou e induzir
a reparação, no caso de destruição de células e tecidos por reposição de células e
tecidos mortos por células sadias, oriundas do epitélio adjacente (reepitelização), por
células do parênquima (regeneração) ou células do estroma (cicatrização).
A inflamação pode ser aguda ou crônica. A aguda é a de curta duração,
ocorrendo nas primeiras horas, dias e caracteriza-se pela não especificidade e
grande quantidade de exudação do fluido e de proteínas do plasma para o interstício
com o objetivo de eliminar os tecidos mortos, proteger contra infecção local e
permitir o acesso do sistema imune à área danificada. (MAJNO, 1961; BUTCHIER,
1991; STEVENS, LOWE 1998). Persistindo o agente lesivo, inicia-se a fase crônica,
que é de longa duração e está, na maioria das vezes, associada com a presença de
células (linfócitos, macrofágos, dentre outras), angiogenêse, fibrose e necrose de
tecidos (DRAY, 1995; POBER, COTRAN, 1990).
Independente do que venha a causar a inflamação, ocorre a indução da
liberação de mediadores pelos mastócitos, plaquetas e leucócitos nas reações
imunes ou seguindo-se ao dano tecidual, estes atuam conjuntamente com outras
moléculas liberadas pelos sistemas de enzimas plasmáticas controlando a
permeabilidade vascular e o suprimento sanguíneo.
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1.5.1. Mediadores Inflamatórios
O conceito de mediadores da inflamação está em substâncias endógenas ou
exógenas que uma vez ativadas participam, desencadeando, mantendo e/ou
amplificando os diversos processos envolvidos na resposta inflamatória. Para que
uma determinada substância seja considerada um mediador da reação inflamatória é
necessário que ela se enquadre em alguns critérios como: serem isoladas do foco
inflamatório; se injetados, provocarem reação inflamatória; se bloqueados,
impedirem o fenômeno inflamatório (VASCONCELOS, 2000).
Esses mediadores podem ser exógenos advindos de bactérias, vírus,
protozoários e endógenos, aqueles produzidos pelo próprio organismo como as
cininas, fatores de coagulação, sistema complemento, dentre outros (FANG et al.,
1997).
Dentre os mediadores endógenos destacam-se a histamina, o principal
mediador pré-formado da inflamação, que é liberada pelos mastócitos, basófilos e
plaquetas sempre que haja qualquer estímulo físico ou químico indutor de
inflamação, provocando vasodilatação arteriolar, aumento da permeabilidade
vascular, além de atuar como potente fator quimiotático para eosinófilos (MAJNO,
PALADE, 1961).
Além dela, existe um grupo de mais de 30 proteínas, chamado sistema
complemento, que interagem entre si e com outras moléculas do sistema imune
propiciando muitas das funções efetoras do sistema imune (KIM et al., 2004). Esse
sistema pode atuar através de três vias: a clássica, que é ativada por complexo
antígeno-anticorpo e é mais rápida; a alternativa, que é ativada por fatores não
imunológicos e é mais lenta; e a via das lectinas, que consiste de uma nova forma
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de ativação para os componentes C2 e C4 da via clássica (LAPPEGARD et al.,
2004). Os principais componentes efetores desse conjunto de proteínas são C3a e
C5a: o primeiro é produzido tanto na via clássica quanto na alternativa e atua
aumentando a permeabilidade vascular na microcirculação o que implica na
formação do edema; o segundo componente também aumenta a permeabilidade
vascular, mas também é altamente quimiotático para neutrófilos, basófilos e
monócitos. Além disso, esse sistema atua na opsonização e lise de
microorganismos, desgranulação de mastócitos, dentre outras funções (KIM et al.,
2004).
A cascata ou sistema de coagulação possui a função primordial de controlar a
perda de sangue nos animais superiores com vistas à manutenção da homeostase
(DAVIE et al., 1991). Esse controle se dá devido a esse sistema induzir a formação
de fibrina quando acionado, esta, por sua vez, é um elemento essencial para a
formação do trombo sangüíneo. Este é desencadeado pela injúria tecidual ou por
fatores liberados pelos tecidos, e tem como função, delimitar a área inflamada
impedindo desta forma a dispersão de qualquer agente infeccioso dentro do
organismo hospedeiro (LEVI et al., 2002; LEVI, 2004).
É importante observar que as três vias importantes controladoras da cascata
de coagulação são: antitrombina (AT), proteína C ativada / proteína S e inibidor da
via do fator tecidual (WU, THIAGARAJAN, 1996). A antitrombina inibe a trombina
(efeito antiinflamatório indireto) e liga-se a glicosaminoglicanos específicos, na
ausência de heparina, na superfície das células endoteliais, induzindo a síntese de
prostaciclinas, que inibem a agregação plaquetária, expressão de moléculas de
adesão, a ligação de neutrófilos às células endoteliais e ainda atenuam a liberação
de IL-6, IL-8 e TNF a partir das células endoteliais (SOUTER et al., 2001). AT é
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capaz de inibir a produção de fator nuclear kapa B (NF-kB), fundamental na geração
da resposta inflamatória. Este último é translocado para o núcleo onde modula a
expressão de uma variedade de genes incluindo citocinas, fatores de crescimento,
proteínas de fase aguda, moléculas de adesão celular entre outros (CHEN et al.,
2001).
Além do Sistema de Coagulação existe o Sistema Fibrinolítico que age no
processo de coagulação desfazendo os trombos e mantendo um fluxo sangüíneo
contínuo. Com relação à resposta inflamatória, este sistema ativa o Sistema
Complemento e atua também no aumento da permeabilidade vascular
(CARMELIET, COLLEN, 1997).
O Sistema Cinina (Peptídeos básicos) é um sistema de enzimas que
influenciam a pressão sangüínea, a permeabilidade vascular, a contração dos
músculos lisos, a ativação das plaquetas e estimulam os receptores para dor
(MARGOLIUS, 1995). Estes compostos são formados enzimaticamente pela ação de
glicoproteínas chamadas calicreínas. Estas estão presentes no plasma e em
diversos tecidos e possuem propriedades catalíticas sobre os cininogêneos
precursores das cininas. Nos mamíferos são encontradas a bradicinina,
lisilbradicinina e metil-lisilbradicinina (GUYTON, HALL, 2002).
O Ácido Araquidônico (AA) é encontrado em fosfolipídeos de membranas
celulares em mastócitos, basófilos, macrófagos e células endoteliais. Seus
metabólitos são bastante conhecidos como mediadores do processo inflamatório e
subdividem-se em duas classes: Leucotrienos (LTB4, LTC4, LTD4 e LTE4) e as
Prostaglandinas (PGE
2
, PGD
2
, PGF
2
, PGI
2
e Tromboxano TxA
2
). Esta última é
formada através da via da Ciclooxigenase e age na vasodilatação, inibição da
agregação de plaquetas, potencialização da dor, vasocronstrição e modula a
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função de macrófagos (FUNK, 2001). O TxA
2
é o principal produto plaquetário e atua
como um potente agregador plaquetário e vasoconstritor. A PGI
2
causa
vasodilatação e potencializa a formação do edema enquanto que a PGE
2
está
envolvida na patogenia da febre, da dor e da inflamação (FUNK, 2001; KUMAR,
SHIVKAR, 2004). Por outro lado, a PGD
2
é o principal produto da Via Ciclooxigenase
nos mastócitos, promovendo a dilatação e permeabilidade vascular local agindo
também como um potente quimiotático de neutrófilos (SIMMONS et al., 2004)
.
Já os Leucotrienos são formados a partir da via da lipooxigenase e promovem
quimiotaxia, aumento da permeabilidade vascular, agregação e pavimentação de
leucócitos nas células endoteliais e vasoconstrição (FUNK, 2001).
As citocinas são um tipo especial de mediadores que podem ser produzidos
pelas células do tecido afetado, e atraem linfócitos e fagócitos (LUSTER, 1998).
Assim como, estão envolvidos na regulação de células inflamatórias e no
crescimento e diferenciação de leucócitos imaturos (LIN, 1996). Dentre os prinicipais
representantes podemos citar as interleucinas e o Fator de Necrose Tumoral (TNF).
Este é expresso sob duas formas: TNFD (produzido por macrófagos) e TNFE ou
linfotoxina (linfócitos T). Os TNFD e E, no endotélio, induzem uma série de
mudanças (segundo o nível de estímulo para a transcrição de genes) chamado de
ativação do endotélio, ocorre aumento da produção de moléculas de adesão e
mediadores químicos (citocinas, quimiocinas, fatores de crescimento, NO).
Promovendo assim a marginação e migração dos leucócitos para o local da
inflamação (STITES et al., 1997).
Dentre as interleucinas, destacam-se a IL-8, que é um poderoso
quimioativador e ativador de neutrófilos, e a IL-1, que é um poderoso vasodilatador.
As ações combinadas desses compostos na fase aguda da inflamação são
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responsavéis por alterações sistêmicas como febre, sudorese, anorexia
(XANTHOULEA et al., 2004; SAMA et al., 2004 ).
1.5.2. Inflamação X coagulação
Inflamação e coagulação possuem grande importância no estudo de doenças
vasculares. Ultimamente, as evidências de ligação entre esses dois sistemas estão
cada vez maiores, ao passo que não apenas a inflamação dispara a coagulação,
mas o inverso também é observado. Como exemplo dessa íntima relação podemos
destacar a ativação da coagulação e deposição de fibrina como uma conseqüência
da inflamação, este mecanismo é bem conhecido e pode ser visto como uma parte
essencial da defesa do hospedeiro contra agentes infecciosos e células estranhas,
em um esforço para conter o invasor e limitar a resposta imune a uma área restrita
(LEVI et al., 2004; LEVI, 2004).
As proteases envolvidas na coagulação induzem os mediadores pró-
inflamatórios que tem atividade pró-coagulante amplificando, assim, a cascata de
coagulação, como podemos observar na expressão de material pró-coagulante
pelas células inflamatórias pode iniciar a ativação da coagulação, e a trombina
gerada irá tanto atuar na ativação de plaquetas como na formação do trombo.
Dessa forma, é importante salientar que a ativação da inflamação leva a um
aumento da coagulação e que esta última tem uma ação indutora sobre as células
inflamatórias, fato comprovado, por exemplo, com a ativação de receptores celulares
específicos em células endoteliais pela trombina, o que pode afetar, por exemplo, a
produção de citocinas ou a apoptose de células inflamatórias (LEVI, VAN DER
POLL, BULLER, 2004).
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Assim, para a compreensão da atividade inflamatória de determinados
compostos é fundamental a mensuração da participação desses compostos na
cascata de coagulação.
ROSENBERG e DAMUS, (1973) demonstraram que a heparina exercia o seu
efeito anticoagulante potencializando a ação inibitória da antitrombina (AT) sob a
trombina e outras proteases da coagulação. TOLLEFSON, BLANK, (1981) e
posteriormente CHURCH et al., (1988) estudaram a ação anticoagulante de
glicosaminoglicanos, dermatam sulfato, e de compostos polianiônicos, inclusive,
polinucleotídeos fosfatados. Os autores observaram que esta ação ocorria também
via interação com o co-fator II da heparina.
O primeiro relato de extratos de algas marinhas com propriedades
anticoagulante foi feito por CHARGAFF et al., (1936) em estudos realizados com a
alga vermelha Iridae laminarioides. Esta galactana possuía 30 UI/mg de atividade
anticoagulante comparado a heparina (155 UI/mg). Desde que estes estudos foram
realizados, têm sido feitos muitos outros relacionando essa atividade com a
propriedade anti-hemostática dos extratos e de frações purificadas das algas
vermelhas, marrons e verdes (LEVI et al., 2004).
Com relação ao estudo da atividade anticoagulante em algas vermelhas, já
foram pesquisadas mais de 40 espécies (SHANMUGAN, MODY, 2000). Dentro
desse contexto, muitos desses estudos são sobre a atividade anticoagulante de
carragenanas (HAWKINS, LEONARD, 1962; HAWKINS, LEONARD, 1963;
ANDERSON, DUNCAN, 1965; ANDERSON, 1967; KINDNESS et al., 1979).
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1.6. Óxido Nítrico
Esta pequena molécula tem efeitos fascinantes desde a manutenção inicial da
vida, através do controle da circulação placentária, como também efeitos letais
consideráveis, por exemplo, no choque séptico. Além disso, sua atividade na imuno-
regulação está presente na inflamação e nos mecanismos de auto-imunidade
(FILHO, ZILBERSTEIN, 2000).
1.6.1. Síntese e metabolismo
O óxido nítrico é uma molécula gasosa simples, habitualmente encontrada no
ar atmosférico em pequenas quantidades, altamente tóxica devido à presença de
radical livre (elétron extra) que a torna um agente químico altamente reativo. Quando
diluído, o NO tem uma meia vida de menos de 10 segundos devido à sua rápida
oxidação a nitrito e nitrato. O NO liga-se à hemoglobina e outras proteínas que
contém o núcleo heme levando ao término de sua atividade biológica (SNYDER,
BREDT, 1992).
A Figura 2 mostra a reação química para formação do NO, onde a L-arginina
é transformada em um intermediário (N-hidroxi-L-arginina), sendo necessário
NADPH e O
2
para a produção de L-citrulina e NO. A L-arginina é um aminoácido
semi-essencial produzido no organismo, porém em quantidades reduzidas. Além do
ciclo da uréia, ela é utilizada na síntese de creatina e fornece ornitina para a síntese
de poliaminas.
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FIGURA 2: Síntese do óxido nítrico a partir da L-arginina.
A síntese enzimática da L-citrulina pode ser inibida por análogos da L-arginina
como N
G
-monometil-L-arginina (L-NMMA), N
G
-nitro-L-arginina (L-NNA) e N
G
-nitro-L-
arginina-metiléster (L-NAME) (SNYDER, BREDT, 1992; REES et al., 1990). Estes
inibidores têm grande importância na pesquisa dos efeitos do NO nos tecidos, uma
vez que a substituição da L-arginina irá inibir a produção de NO e,
conseqüentemente, seus efeitos.
A demonstração da produção de NO é muito difícil e sempre feita por via
indireta. Ela pode ser realizada considerando-se a concentração de nitrito e nitrato
como indicadores da produção de óxido nítrico ou a utilização dos análogos da L-
arginina, sendo a ausência do efeito encontrado imputado a não produção de NO.
1.6.2. Isoenzimas
Hemeproteínas da família citocromo P450-like são capazes de sintetizar o
NO. As NO sintases (NOS) são dependentes de O
2
, NADPH, flavinas e biopterinas
para exercer sua atividade. Existem três isoformas de NOS, chamadas de acordo
com o tipo celular ou com as condições onde foram identificadas inicialmente -
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endotelial NOS (eNOS), neuronal NOS (nNOS) e induzível NOS (iNOS). Cada
isoforma é produto de um gene isolado: o gene para eNOS está localizado no
cromossomo humano 7, o gene para nNOS no cromossomo 12 e o gene para iNOS
no cromossomo 17 (VALLANCE, 2003; WANG, MARDSEN, 1995).
a) Neuronal NOS
A nNOS ou isoforma I está presente em neurônios centrais e periféricos e
atua, principalmente, como um neurotransmissor não-clássico (não é empacotada
em vesículas e liberadas em quanta) ou neuromodulador (GARTHWAITE,
BOULTON, 1995). Além dessas funções, esta molécula está envolvida na mediação
da hiperalgesia em diversos modelos de inflamação, assim como, a inibição da
produção de NO gera efeitos analgésicos (LOU, CZIDOVA, 2000).
Ela está localizada em muitas regiões do cérebro, principalmente no cerebelo,
hipotálamo e lobo olfatório.
b) Endotelial NOS
Foi demonstrado que o relaxamento da artéria de coelho mediante a presença
de acetilcolina dependia da integridade do endotélio (FURCHGOTT, ZAWADSKI,
1980). Se o endotélio for removido, o relaxamento ocorre através de outros
mediadores (noradrenalina), mas não pela acetilcolina. Esse fato é mediado pela
liberação de óxido nítrico do endotélio e tem sido demonstrada em artérias,
arteríolas, veia e vênulas em uma série de espécies, incluindo humanos, in vivo ou in
vitro (VALLANCE et al., 1989).
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A inibição farmacológica da eNOS com análogos da L-arginina não impede
apenas a resposta a acetilcolina ou outro mediador endotélio-dependente, mas
também causa um aumento substancial na resistência vascular sistêmica
(VALLANCE et al., 1989). Dessa forma, a administração sistêmica de inibidores da
eNOS aumenta a pressão arterial causando hipertensão devido ao aumento da
resistência vascular (BARBA et. al., 2000).
O óxido nítrico previne a adesão de plaquetas e leucócitos no endotélio,
assim como inibe a formação de agregados plaquetários e estimula a desagregação
desses agregados (RADOMSKI et al., 1996).
c) Induzível NOS:
Inicialmente, foi descoberta a forma induzível (isoforma II) em macrófagos de
murinos (GREEN et al., 1990). Ela é transcricionalmente regulada, ou seja, após a
estimulação por lipopolissacarídeos bacterianos (endotoxina) ou várias citocinas pró-
inflamatórias (interleucina-1, interferon-J ou TNF-D) a transcrição gênica é
estimulada, o RNAm para iNOS aparece e a enzima é sintetizada (PALMER et. al.,
1993).
A indução desta enzima parece ser um importante mecanismo de defesa do
hospedeiro contra alguns patógenos. E o mecanismo chave desse processo parece
ser a reação entre o NO e o O
2
, que é altamente favorável e rápida levando a
produção de peroxinitrito (ONOO
-
). Entretanto, este peroxinitrito pode se isomerizar
à forma de nitrato (NO
3
-
), que é um potente oxidante, podendo causar graves danos
celulares assim como estimular a produção de outros radicais como os radicais
hidroxi (BECKMAN, KOPPENOL, 1996).
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1.6.3. Implicações do NO na inflamação
O papel do NO na inflamação é um dos aspectos mais estudados na fisiologia
nos últimos anos. Muitos estudos mostram um importante papel do NO como agente
antiinflamatório, entretanto muitos outros demonstram a participação dessa molécula
como indutora de disfunções teciduais e da ativação de células inflamatórias. Esse
aparente paradoxo pode ser entendido estudando-se a química fisiológica do NO e
seu metabolismo determinando, assim, uma distinção entre os efeitos deletérios e
benéficos desse composto (GRISHAM et al., 1999).
A química fisiológica do NO é um processo complexo englobando enumeras
reações potenciais. A química é o fator determinante para a elucidação dos efeitos
desta molécula nos sistemas biológicos. Esses efeitos podem ser classificados em
direitos, onde o NO interagem diretamente com a molécula biológica, e indiretos,
onde intermediários derivados do NO interagem com o sistema biológico (WINK,
MITCHELL, 1998).
A interação direta do NO com proteínas metálicas ou com radicais orgânicos
livres representam as duas principais formas de efeitos biológicos deste composto
nos sistemas biológicos (WINK et al., 1997; PADMAJA, HUIE, 1993). Em contraste,
os efeitos indiretos são mediados por espécies oxidas de nitrogênio altamente
reativas, formadas pela reação do NO com O
2
e O
2
-
. Essas espécies estão
associadas com a fisiopatologia de diversos modelos de inflamação (GRISHAM et
al., 1998; NATHAN, 1997; WINK, MITCHELL, 1998) e as mais significantes são
óxido nitroso (N
2
O
3
) e peroxinitrito (ONOO
-
), que induzem dois tipos de estresse
químico: oxidação e nitrosação (WINK, MITCHELL, 1998).
40
Objetivos
2. OBJETIVOS
Este trabalho tem por objetivo geral a comparação da atuação das três
principais carrragenanas comerciais (Kappa, Lambda e Iota) como indutores do
processo inflamatório: edema intraplantar e pleurisia.
Pode-se também mencionar alguns objetivos específicos, tais como:
x Caracterizar quimicamente as três carragenanas;
x Analisar os compostos por métodos espectroscópicos: infravermelho e
ressonância nuclear magnética;
x Avaliar a influência das carragenanas na duas vias da cascata de
coagulação;
x Verificar a ação das carragenanas no edema intraplantar em ratos;
x Mensurar o poder desses compostos como agentes indutores do processo
inflamatório, usando como modelo o da pleurisia.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Material Biológico
3.1.1. Animais
Ratos da linhagem Wistar com seis a oito semanas de idade, pesando entre
175-200g, obtidos no biotério do Departamento de Bioquímica/UFRN, foram
utilizados em todos os experimentos deste estudo e mantidos em gaiolas individuais,
com livre acesso à comida e água e em condições controladas de iluminação (ciclo
12 h claro/ escuro) e temperatura (24 r 2ºC).
3.2. Carragenanas
As carragenanas foram adquiridas da Sigma Chemical Co. (St. Louis, Mo,
EUA), conforme especificações abaixo:
x Carragenana Iota (Tipo V, C-3799) - extraída da alga Eucheuma spinosa;
x Carragenana Kappa (Tipo III, C-1263) - extraída da alga Eucheuma cottonii;
x Carragenana Lambda (Tipo VI, C-3889) - extraída das algas Gigartina acicularis
e Gigartina pistillata.
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3.3. Outros materiais
x Ácido Sulfúrico foi adquirido da Merck (Darmstadt, Alemanha);
x Azul de Toluidina e Coomasie briliant blue R 250 foram adquiridos da Sigma
Chemical Co. (St. Louis, Mo, EUA);
x Agarose (Stanford Low Mr) adquirido da Bio Rad Laboratories (Richmond, CA.
EUA);
x Cloreto de sódio, ácido acético, ácido clorídrico da Reagen Quimibrás Indústrias
Químicas S.A. (Rio de Janeiro, RJ, Brasil);
x 1,3–diamino propano adquiridos da Aldrich Chemical Co. Inc. (WI, EUA);
x Brometo de cetiltrimetilamônio (CETAVLON) da Britsh Drug House Chemical Ltd.
(Poole, Inglaterra);
x Todos os demais reagentes foram da melhor qualidade possível.
3.4. Métodos
3.4.1. Caracterização química das carragenanas
3.4.1.1. Eletroforese em gel de agarose
A agarose (0,6%) foi diluída em tampão 1,3 diaminopropano acetato (PDA)
0,05 M, pH 9,0 foi colocado sobre lâminas de vidro medindo (7,5x 5,0x 0,2cm) e
(7,5x 10x 0,2cm) até o resfriamento e formação do gel. Alíquotas de 5 Pl (50 Pg das
amostras) foram aplicadas em canaletas no gel e submetidas à eletroforese (5 V/cm
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durante 1 hora), em uma cuba resfriada a 4ºC. A origem das aplicações corresponde
ao pólo negativo. (DIETRICH, DIETRICH, 1977).
Após o tempo previsto de migração eletroforética para o sistema de tampão
PDA, os compostos foram precipitados no gel de agarose pela submersão da lâmina
por um tempo mínimo de duas horas, a temperatura ambiente, em CETAVLON 0,1%
(brometo de N-cetil-N-N-N-trimetilamônio). Após a precipitação dos polissacarídeos,
o gel foi seco sob uma corrente contínua de ar quente e corado com azul de
toluidina 0,1 %, numa solução de ácido acético 1% e etanol 50%, onde o excesso de
corante foi removido em solução descorante, uma solução preparada a partir de
ácido acético 1% em etanol 50 %. A etapa de descoloração do gel de agarose foi
então repetida até que o fundo da lâmina descora-se completamente. Em seguida, o
gel foi então posto para secar a temperatura ambiente.
As bandas de migração eletroforética das carragenanas foram reveladas pela
metacromasia específica de cada composto. Aqueles compostos ricos em sulfato
demonstraram uma coloração azul/arroxeada característica, enquanto aqueles cujas
cargas negativas são fornecidas pelas carboxilas necessitam de uma imersão em
solução de acetato de sódio 0,2M pH 5,8 (NEWTON et al, 1974) apresentando
então, uma coloração roxa avermelhada como descrita por McCULLY, (1965).
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3.4.1.2. Análises químicas
3.4.1.2.1. Determinação dos polissacarídeos totais
A quantificação dos açúcares totais foi realizada pelo método do fenol/ácido
sulfúrico de acordo com DUBOIS et al., (1956), empregando-se como padrão L-
galactose como monossacarídeo padrão. As leituras foram realizadas a 490 nm.
3.4.1.2.2. Determinação de proteínas
O conteúdo de proteína foi determinado com o reagente de Croomassie blue
R segundo o método de SPECTOR, (1978) e a leitura realizada a 595 nm,
empregando-se como padrão albumina de soro bovina.
3.4.1.2.3. Determinação de sulfato
O teor de sulfato total foi determinado, após hidrólise ácida (HCl 6N, 6 horas,
100ºC), por turbidimetria pelo método da gelatina-bário (DODGSON, PRICE, 1962).
O sulfato de sódio (1 mg/ml) foi utilizado como padrão sendo submetido às mesmas
condições das amostras em estudo.
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3.4.2. Espectroscopia de Infravermelho (IV)
A espectroscopia de infravermelho foi realizada em espectrofotômetro FT-IR
ABB Bomem modelo MB 104, de 4000 a 400 cm
-1
. Os polissacarídeos (5 mg) foram
analisados após secagem sob a forma de pastilha de KBr.
As análises foram realizadas no Departamento de Química da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte.
3.4.3. Ressonância Nuclear Magnética (RNM)
13
C
Os espectros da ressonância magnética nuclear foram obtidos a 80ºC
utilizando 10 mg das amostras. Elas foram dissolvidas em 0,5 mL de água deuterada
(D
2
O) a 99,75% e todos os espectros foram obtidos a 60º C com supressão da água
por pressaturação. Todos os deslocamentos químicos foram relativos ao ácido
trimetilpropriônico.
As análises foram realizadas no Istituto Scientifico di Chimica e Biochimica G.
Ronzoni localizado na Itália.
3.4.4. Avaliação in vitro da atividade anticoagulante
3.4.4.1. aPTT – Tempo de tromboplastina parcialmente ativada
Foram colocadas em um tubo de ensaio e misturadas cuidadosamente, 9
partes de sangue humano colhido recentemente com 1 parte de citrato de sódio.
Esta mistura contendo o anticoagulante foi centrifugado a aproximadamente
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1000g a fim de provocar a separação das partes líquida e sólida. O plasma obtido foi
então acondicionado em um tubo limpo e seco. Foram utilizados no ensaio 0.1 ml de
plasma e 0.1 ml de cefalina líquida (ativada com complexo Caolin). Os reagentes
foram homogeneizados e incubados por 3 min à 37ºC. Foi adicionado 0.1 ml de
Cloreto de cálcio aquecido à 37ºC. A leitura foi realizada em coagulômetro a fim de
se observar a formação ou não da rede de fibrina.
3.4.4.2. PT – Tempo de protrombina
O plasma foi obtido da mesma forma que mencionado no item 3.5.4.1.
Adicionou-se ao plasma 0.1 ml do reagente REPLASTIN (tromboplastina extraída do
cérebro de coelho). Incubou-se 0,1 ml de cloreto de cálcio 25mM à 37ºC e o tempo
de PT foi avaliado em um coagulômetro.
3.4.5. Edema plantar
Neste estudo foram formados 12 grupos (n=5):
x Carragenana Kappa 0,1%, 0,2%, 0,5% e 1%;
x Carragenana Lambda 0,1%, 0,2%, 0,5% e 1%;
x Carragenana Iota 0,1%, 0,2%, 0,5% e 1%.
Inicialmente, os animais foram anestesiados com éter. Em seguida, o edema
plantar foi induzido pela injeção subcutânea, na pata direita do rato, de 0,1 ml das
soluções dos grupos acima listados. O edema planar foi medido imediatamente
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após a injeção e em intervalos de 1, 2, 3, 4, 8, 12 e 24h com um paquímetro, sempre
com o animal anestesiado. O grupo controle foi realizado injetando-se, na pata
esquerda do rato, 0,1 ml de solução salina (NaCl 0,9%) em todos os animais (de
todos os grupos). O edema será medido da mesma forma que nos grupos teste.
Para o cálculo da determinação do edema, considerou-se o valor do edema como
sendo a diferença entre o valor obtido nos grupos (pata direita) e o valor obtido no
controle (pata esquerda).
3.4.5.1. Análises histológicas
A região plantar das patas dos ratos foram seccionadas com vistas à
realização de lâminas histológicas. Logo em seguida, foram realizadas as fixações
dos tecidos seccionados com formol a 10% com a finalidade de evitar a destruição
das células por suas próprias enzimas (autólise) ou por bactérias. A desidratação e
outras etapas do tratamento teve como objetivo a extração da água dos tecidos pela
submersão dos mesmos em banhos com concentrações crescentes de etanol a 70%
até etanol absoluto. Este solvente foi então substituído por xilol, substância miscível
com o meio de inclusão. Desta forma, os tecidos tornam-se translúcidos, razão
porque essa etapa foi denominada diafanização ou clareamento. Por último, foi
realizada a inclusão dos fragmentos mergulhados em parafina. Os cortes teciduais
foram colocados em moldes retangulares, formando um bloco que foram
subseqüentemente seccionados por navalhas de aço do micrótomo de 2 a 3 µm e
colocados numa lâmina com adesivo especial denominado de organosilano
Posteriormente, foram realizadas as colorações hematoxilina e eosina (JUQUEIRA,
CARNEIRO, 2004).
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3.4.6. Pleurisia
Neste experimento, foram formados 4 grupos (n=5):
x Controle – solução salina (NaCl 0,9%);
x Carragenana Kappa 1%;
x Carragenana Lambda 1%;
x Carragenana Iota 1%.
A indução de pleurisia por carragenanas foi realizada segundo CUZZOCREA
et al., 1998. Os ratos foram anestesiados com éter e submetidos a um incisão na
pele à nível do sexto espaço intercostal. Os músculos subjacentes foram dissecados
e 0,2 ml de solução salina (grupo controle) ou 0,2 ml de carragenana 1% (grupos
das carragenanas) foi injetada na cavidade pleural. Após 4h da injeção de salina ou
carragenanas, os animas foram sacrificados pela inalação de clorofórmio ou éter. A
cavidade torácica foi cuidadosamente aberta e a cavidade pleural foi lavada com 2
ml de solução salina contendo heparina (5 U/ml) e indometacina (10 Pg/ml). O
exudato juntamente com a solução usada para lavar a cavidade pleural foram
removidas por aspiração (seringa) e o volume total medido. O exudato que foi
contaminado com sangue, foi descartado. O volume do exudato foi calculado pela
subtração do volume de solução salina (2 ml) do volume total recolhido. Os
leucócitos presentes no exudato foram corados pela solução de Türck e então
contados na câmara de Neabauer.
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3.4.6.1. Avaliação dos teores de Nitrato / Nitrito
A produção de nitrito e nitrato, um indicador da síntese de NO, foi medida no
exudato como previamente descrito (CUZZOCREA et al., 1998). Inicialmente, o
nitrato no exudato foi reduzido a nitrito pela incubação com a enzima nitrato redutase
(670 um/ml), na presença de NADPH (160 PM) à temperatura ambiente por 3h. Após
esse tempo, a concentração de nitrito foi medida pela reação de Griess, pela adição
de 100 Pl desse reagente para 100 Pl da amostra. A densidade ótica à 540 nm foi
medida usando-se um leitor de ELISA. As concentrações de nitrito foram calculadas
comparando-se a densidade ótica das amostras com soluções padrão de nitrito de
sódio preparado em solução salina.
3.5. Análises Estatísticas
Para a análise estatística do grupo controle e dos modelos experimentais de
inflamação foram utilizados os seguintes testes:
x Estatística de Bartlett para verificar a homogeneidade das variâncias, onde
um valor baixo de P indica que as populações são diferentes;
x Análise de variância (ANOVA one-way) - compara três ou mais grupos
definindo se a diferença entre os grupos é significativa (P<0,05);
x Teste de Tukey-Kramer, para determinar que grupos diferem entre os valores
obtidos para o grupo controle e os experimentais (comparações múltiplas);
x Teste de Kolmogorov e Smirnov - verifica se os dados formam uma
distribuição Gauseana.
50
Resultados e Discussão
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1.Caracterização química das carragenanas
4.1.1. Eletroforese em gel de agarose
As análises das carragenanas e outros hidrocolóides por muitos
pesquisadores foram realizadas por eletroforese e cromatografia em camada
delgada, usando uma variedade de materiais de suporte incluindo acetato celulose,
agarose, papel e gel de sílica. (SCHERZ, 1986; PECHANEK et. al., 1982). Nos
últimos dez anos o emprego de eletroforese capilar tem sido um método bastante
utilizado para a análise de carboidratos (NOVOTNY, 1977; NOVOTNY, SUDOR,
1993).
Neste trabalho utilizamos a eletroforese em gel de agarose como já descrito
no item 3.5.1.1. Como as carragenanas são dotadas de grupos sulfatos e estes têm
a capacidade de interagir com a diamina presente no tampão diaminopropano
acetato formando um complexo decorrente das interações entre as cargas negativas
dos grupos sulfatos e as positivas da diamina; esta forma de caracterização é
bastante satisfatória no estudo envolvendo carboidratos. Polissacarídeos acídicos,
como as carragenanas, podem ser identificados por apresentarem uma cor
metacromática característica, típica da interação com os grupos sulfatos, quando
reage com azul de toluidina. Analisando-se a Figura 3, observa-se que nas três
carragenanas há uma grande coloração nas origens e não se formaram bandas
típicas, fatos estes atribuídos a alta viscosidade dos compostos que impossibilita ou
dificulta a mobilidade no gel de agarose e a existência de mais de uma população de
52
Resultados e Discussão
polissacarídeos em cada carragenana. Além disso, verifica-se a maior coloração da
carragenana O, o que implica em uma maior quantidade de sulfato em relação as
outras duas carragenanas. Dado esse, que corrobora com a estrutura ideal para as
três carragenanas.
OR
ț
ȜȚ
FIGURA 3: Perfil eletroforético das carragenanas comerciais L, N, O (50 Pg de cada)
em gel de agarose, tampão PDA. OR - Origem.
53
Resultados e Discussão
4.1.2. Dosagens químicas
Existem diversos métodos para se quantificar os polissacarídeos em animais
e vegetais (ROBERTS, QUEMENER, 1999). Os métodos mais utilizados são os
métodos colorimétricos, que se baseiam na coloração destes polímeros frente a uma
série de reagentes como o azul de metileno (SOEDJAK, 1994), a orto-toluidina
(GRAHAM, 1972), entre outros. Todos eles avaliam-se a complexação de reagentes
(contendo orcinol, alfa naftol, resorcinol, dentre outros) com poliânions formando
complexos coloridos que podem ser quantificados por meio de leituras
espectrofotométricas.
Como os polissacarídeos analisados neste trabalho contêm baixo grau de
impureza nós resolvemos quantificá-los utilizando o método de DUBOIS et al.,
(1956) que quantifica açúcares totais. Pode-se observar na Tabela 2 que a
carragenana L apresentou maiores teores de polissacarídeos totais (64.98%),
seguido da carragenana O (61.2%) e da carragenana N (60,26%).
Outra determinação importante nestes compostos está relacionada com os
teores de sulfato, uma vez que estes grupos químicos são responsáveis por
inúmeras interações das carragenanas com proteínas e com outros carboidratos. Os
teores de sulfato nas três carragenanas apresentaram valores diferenciados (Tabela
2), sendo a carragenana O a mais sulfatada (33,38%), seguida da carragenana L
(27,2%), enquanto a carragenana N foi a que apresentou menor percentual de
sulfato (17,89%). Este resultado está de acordo com os citados na literatura, que
afirmam que os teores de sulfato estão compreendidos entre 15 e 40% (ROBERTS,
QUEMENER, 1999).
54
Resultados e Discussão
A Tabela 2 mostra ainda que a N-, L- e O-carragenanas apresentaram baixos
teores de proteínas (0,2, 0,1 e 0,1%), o que corrobora com o fato dos compostos
serem puros e, conseqüentemente, livres de contaminação com este nutriente.
TABELA 2: Composição química das carragenanas comerciais L, N e O.
Carrageenanas Proteína
a
Polissacarídeos Totais
b
(%)
Sulfato
c
N
0,2 60,26 17,89
L
0,1 64,98 27,2
O
0,1 61,2 33,38
a - SPECTOR, 1978
b - Pelo método DUBOIS et al., (1956).
c - Quantificado pelo método turbidimétrico de DOGSON, PRICE, (1962)
55
Resultados e Discussão
4.2.Espectroscopia de Infravermelho (IV)
A espectroscopia de infravermelho (IR) tem sido largamente usada na
caracterização das carragenanas
N
,
O
e
L
(STANCIOFF, STANLEY, 1969;
McCANDLES et al., 1973; McCANDLES et al., 1982; DAWES et al., 1977; WHYTE
et al., 1985; ROCHAS et al., 1986). É um método rápido, não destrutivo e requer
apenas pequena quantidade de amostra (5mg). As absorbâncias das bandas de
infravermelho revelam informações à cerca da presença ou não de alguns grupos
químicos. Isto é de fundamental importância não só na caracterização de alguns
grupos funcionais, como nas modificações químicas induzidas nos mesmos.
Os espectros de infravermelho das carragenanas comerciais
N
,
O
e
L
utilizadas neste trabalho, são mostrados na Figuras 4. Nos três espectros observam-
se bandas de absorção típica por volta de 1250 cm
-1
, que correspondem aos grupos
éster-sulfato e bandas de 1100-1000 cm
-1
características para os polissacarídeos
(TURQUOIS et al., 1996). Além disso, pode-se observar que as bandas mostraram-
se com traços nítidos (bem definidos), o que indica a presença reduzida de
impurezas nas carragenanas comerciais, fato que acontece com certa freqüência
com esse tipo de amostra.
Algumas bandas são utilizadas para diferenciação entre as carragenanas,
como, por exemplo: absorções na região 805-800 cm
-1
caracterizam um grupo
sulfato no C
2
da 3,6-anidrogalactose, que é típico da carragenana L; absorções na
região 820-810 cm
-1
caracterizam um grupo sulfato no C
2
da galctose, que típico da
carragenana O (TURQUOIS et al., 1996).
56
Resultados e Discussão
FIGURA 4: Espectro Infravermelho (400 a 4000 cm
-1
) das carragenanas
comerciais N, L e O.
57
Resultados e Discussão
A Tabela 3 traz os principais grupamentos químicos encontrados nos
polissacarídeos e em carragenanas, juntamente com suas respectivas bandas
típicas de absorção. Além disso, ela mostra, de forma simplificada, as bandas
encontradas nas três carragenanas comerciais utilizadas nesse estudo.
Observe nesta tabela que todos os grupamentos químicos observados nas
carragenanas em questão estão de acordo ou corroboram com as estruturas
apresentadas na Figura 1, indicando, mais uma vez, a ausência de outros
compostos ou de uma mistura de carragenanas.
58
Resultados e Discussão
TABELA 3: Bandas típicas, seus respectivos grupos funcionais e as ocorrências nas
carragenanas comerciais utilizadas neste estudo.
cm
-1
Grupos funcionais Carragenanas Referências
3400-3000 O-H
N, L, O
E
2920 C-H
N, L, O
A
1380-1355 Sulfatos
N, L, O
A
1250-1230 O=S=O
N, L, O
B, D
1190 S=O
N, L, O
E
1125 Ligações glicosídicas
N, L, O
E
1080-1040 C-O + C-OH
N, L, O
C, E, F
1026 S=O in C2
O
E
1012 S=O in C6
O
E
1002 Ligações glicosídicas
N, L, O
E
970-965 Ligações glicosídicas
N, L, O
E
930 C-O-C (3,6-anidrogalactose)
N, L
A, D, E,G
900-890
Grupo C6 na E-D-galactose O
E, H
850-840 Grupo C4-O-S na galactose
N, L
D, E, G
830-825 C2-O-S na galactose
O
D
820-810 C6-O-S
O
D, E
805-800 C2-O-S na 3,6-anidrogalactose
L
A, D, E, G
705 Sulfatos em C4, galactose
N, L
E
615-608 O=S=O
N, L, O
E
580 O=S=O
N
, L, O
E
A – ROCHAS et al., 1986
B – BELTON et al., 1988
C – WILSON et al., 1987
D - JACOBSSON, HAGMAN, 1993
E - SEKKAL, LEGRAND, 1993
F – BELTON et al., 1989
G - SEKKAL et al., 1993
H - MATSUHIRO, RIVAS, 1993
59
Resultados e Discussão
4.3.Ressonância Nuclear Magnética (RNM)
13
C
A espectroscopia RNM tem fornecido grandes avanços para a elucidação de
estruturas e configurações de todos os tipos de macromoléculas biológicas
(ROBERTS, QUEMENER, 1999). A espectroscopia de RNM
13
C fornece
informações sobre todos os átomos de carbono da molécula e conseqüentemente a
estrutura dos polímeros analisados, não só de carboidratos como de outras
macromoléculas biológicas. (ZINOUM et al., 1993; McCANDLES, GRETZ, 1984).
Nos dias atuais, a espectroscopia RNM (tanto
1
H como
13
C) é uma das
principais ferramentas para determinação da estrutura química de amostras de
carragenanas (ROBERTS, QUEMENER, 1999; USOV, 1998).
Os espectros das carragenanas consistem, cada um, de 12 sinais,
correspondendo aos 12 átomos de carbono das duas unidades dissacarídicas
repetitivas (Tabela 4). Os dados desta tabela são organizados a partir de
comparações dos espectros das carragenanas com os espectros do metil-ȕ-D-
galactopiranose (GORIN, MAZUREK, 1975) e do metil-3,6-anidro-Į-galactopiranose
(BALZA et al., 1977), que são monômeros modelos para as unidades de
carragenanas.
60
Resultados e Discussão
TABELA 4: Deslocamentos químicos das unidades mais comuns das carragenanas
L, N e O.
Carragenanas Unidades C
1
C
2
C
3
C
4
C
5
C
6
Referência
N
G4S 104.7 71.72 80.98 76.25 77.00 63.49 A
DA 97.34 72.11 81.41 80.54 79.07 71.72 A
L
G4S 104.43 71.53 79.06 74.34 77.04 63.52 B
DA2S 94.29 77.15 80.04 80.55 79.29 72.02 B
O
G2S 105.61 79.61 77.99 66.35 76.51 63.45 A
D2S,6S 93.85 97.04 71.76 82.61 70.89 70.25 B
A - USOV et al., 2002
B - VAN DE VELDE, PEREIRA, ROLLEMA, 2004
No presente estudo, justifica-se o emprego da RMN no sentido de se
comprovar os tipos de polissacarídeos utilizados, pelos motivos já explicitados
anteriormente.
Apesar da viscosidade acentuada de alguns destes polímeros, os espectros
obtidos foram de boa qualidade, bem definidos e sem formação de perfis largos,
sugerindo que as amostras foram criteriosamente dissolvidas, como podemos
observar nas figuras 5, 6 e 7.
As espectroscopias de RMN das carragenanas utilizadas neste estudo
mostraram que todas elas apresentam uma região de carbonos anoméricos bastante
simples. A ressonância observada em 104,2 ppm corresponde ao C-1 da E-
galactose, o sinal químico observado a 96,8 ppm é atribuído ao C-1 da D-galactose
ligada a E-galactose 2S. Estes resultados são coincidentes com os obtidos para
61
Resultados e Discussão
carragenana N por NOSEDA (1994) e USOV et al., (2002) e podem ser observados
na Figura 5.
O espectro da carragenana O apresenta um sinal a 103,9 ppm atribuído ao C-
1 da E-galactose 2-sulfato ligada a 3,6 anidrogalactose redutora. Ainda, na região do
carbono anomérico foi observado um sinal de baixa intensidade a 101,9 ppm,
atribuído ao C-1 E-galactose 2-sulfato ligada a D-3,6 anidrogalactose 2-sulfato. Tais
dados corroboram também, com os obtidos por NOSEDA (1994) em estudos com
carragenanas. Neste mesmo espectro podemos observar um outro sinal a 93,8 ppm
sugerindo a presença de uma D-galactose redutora (Figura 6).
O espectro de
13
C da carragenana L (Figura 7) apresenta um sinal a 103,9
ppm e outro a 93,8 ppm. Estes sinais são decorrentes da presença no polímero de
E-galactose unida a 3,6–anidrogalactose.
Vale salientar que alguns sinais atribuídos a carragenana O por diversos
autores (FALSHAW, FURNEAUX, 1994; STORTZ et al., 1994) são diferentes dos
encontrados neste trabalho. Estas divergências são comuns segundo NOSEDA,
(1994) e decorrentes das diversas temperaturas utilizadas na RMN e as diferentes
massas moleculares dos polímeros.
Com a finalidade de simplificar o estudo das três carragenanas analisamos
apenas a região anomérica, uma vez que é ela que determina que tipos de unidades
constituem a molécula, logo, os demais carbonos são apenas utilizados como
ferramenta auxiliar (TURQUOIS et al., 1996).
62
Resultados e Discussão
FIGURA 5: Espectro de RMN de
13
C da carragenana Kappa.
FIGURA 6: Espectro de RMN de
13
C da carragenana Lambda.
63
Resultados e Discussão
FIGURA 7: Espectros de RMN de
13
C das carragenanas Iota.
64
Resultados e Discussão
4.4. Avaliação in vitro do efeito anticoagulante
A atividade anticoagulante das carragenanas comerciais N, L e O foram
avaliadas segundo os métodos aPTT e PT, como já descritos nos itens 3.5.4.1 e
3.5.4.2., utilizando-se para isto plasma humano de doadores saudáveis.
Os resultados obtidos no ensaio aPTT demonstraram que as carragenanas
em questão apresentaram baixa atividade anticoagulante na via intrínseca da
cascata de coagulação quando comparadas a heparina padrão, como pode-se
observar na Tabela 5.
As carragenanas N e L apresentaram atividade anticoagulante significativa
(132,3 e 240s, respectivamente) em uma concentração muito elevada (100 Pg/ml),
revelando um atividade muitas vezes inferior à heparina padrão e, pelo menos, cinco
vezes menor do que a carragenana O, que obteve o mesmo resultado da
carragenana L com uma concentração de 20 Pg/ml. Esses resultados estão de
acordo com os obtidos por HAWKINS, LEONARD, (1962) e HAWKINS, LEONARD,
(1963), onde a carragenana O foi a de maior atividade, entretanto esta atividade foi
quinze vezes menor do que a heparina padrão e, por outro lado, quatro vezes maior
do que a carragenana N.
Os resultados obtidos no ensaio PT só vieram confirmar os obtidos no aPTT,
ou seja, demonstraram que estes polissacarídeos possuem baixa ação
anticoagulante também na via extrínseca da cascata de coagulação quando
comparadas com a heparina.
As carragenanas N e L na concentração de 100 µg/ml apresentaram
coagulação nos tempos 31,07 e 30,5s, respectivamente (Tabela 6), valores esses
65
Resultados e Discussão
que estão muito aquém da heparina padrão (120s com apenas 5 µg/ml). No entanto,
a carragenana
O
foi, mais uma vez, a que apresentou maior efeito anticoagulante
(atingiu 120s com 20 µg/ml). Esses resultados também estão de acordo com a
literatura (HAWKINS, LEONARD, 1962; HAWKINS, LEONARD, 1963).
TABELA 5: Avaliação da atividade anticoagulante das carragenanas comerciais N, O
e L sobre a via intrínseca da cascata de coagulação (aPTT) comparando-as com a
atividade da heparina padrão.
Concentração (Pg)
0 5 10 15 20 40 60 100
Heparina padrão 34,3 240 240 240 240 240 240 240
Carragenana N
34,3 n.d.
a
n.d.
a
n.d.
a
55,7 88,3 108,7 132,3
Carragenana O
34,3 47,87 70,7 116,8 240 240 240 240
Carragenana L
34,3 n.d.
a
n.d.
a
n.d.
a
36,1 54,1 87,9 240
Todos os valores em segundos (s).
a
- não determinado.
TABELA 6: Avaliação da atividade anticoagulante das carragenanas comerciais N, O
e L sobre a via extrínseca da cascata de coagulação (PT) comparando-as com a
atividade da heparina padrão.
Concentração (Pg)
0 5 10 15 20 40 60 100
Heparina padrão 0 120 120 120 120 120 120 120
Carragenana N
0 n.d.
a
n.d.
a
n.d.
a
16,93 23 25,33 31,07
Carragenana O
0 9,53 14,13 83,57 120 120 120 120
Carragenana L
0 n.d.
a
n.d.
a
n.d.
a
25,4 25,53 27,87 30,5
Todos os valores em segundos (s).
a
- não determinado.
66
Resultados e Discussão
O fato dos resultados terem indicado a carragenana O como a de maior
atividade dentre as carragenanas se deve, provavelmente, ao maior conteúdo de
sulfato deste composto (SHANMUGAN, MODY, 2000), o que foi comprovado pela
eletroforese (Figura 3) e pela dosagem de sulfato (Tabela 2). Resultados
semelhantes foram encontrados com carragenana O extraída de Phyllophora
brodiaei e Grateloupia turuturu (EFIMOV et al., 1983), que demonstraram alta
atividade anticoagulante.
Entretanto, o conteúdo de sulfato, algumas vezes, pode não estar diretamente
relacionado com a atividade anticoagulante dessas moléculas (ANDERSON,
DUNCAN, 1965). Outros fatores devem ser levados também em consideração:
tamanho do polímero, e a presença de uma região pentassacarídica altamente
aniônica como é observado na heparina (LEVI, 2004).
O mecanismo de ação da atividade anticoagulante de carragenanas vêm
sendo bastante estudado (DI ROSA, 1972). Devido a sua alta viscosidade, as
carragenanas têm propensão à formação de agregados insolúveis com as proteínas
do plasma como o fibrinogênio. Logo, formas degradadas de carragenanas
produzem complexos solúveis com fibrinogênio em pH fisiológico (BJORK et al.,
1989). O mecanismo da atividade anticoagulante da carragenana é exibido via
inibição da trombina (KINDNESS et al., 1979), fato comprovado pela atividade da
carragenana O tanto na via intrínseca quanto na extrínseca (Tabelas 4 e 5). Estudos
com substratos cromogênicos revelaram que essa atividade antitrombina pode ser
mediada via AT-III (Antitrombina III), o mecanismo principal de atuação da heparina
(KINDNESS et al., 1979). Dessa forma, pode-se afirmar que a inibição da trombina
pelas carragenanas pode ocorrer diretamente (mecanismo desconhecido) ou
indiretamente via cofator II da heparina (HC-II).
67
Resultados e Discussão
4.5. Edema plantar
A indução da inflamação local pelas carragenanas é uma forma muito comum
de se avaliar a eficácia e os mecanismos de ação de alguns fármacos como: drogas
aintiinflamatórias não esteroidais (NSAID), tendo em vista que com o progresso da
inflamação, uma série de eventos passa a ocorrer como: a liberação acentuada de
bradicinina e histamina; o acumulo de liquido e células no local da inflamação
(FUJISAWA et al., 2005). Vale ressaltar que na fase inicial da inflamação (edema 0-1
h) não ocorre inibição do processo pelos NSAID, fato que remete a importância da
mensuração do que ocorre com o processo inflamatório por um pouco mais de
tempo (até 24h).
A injeção intraplantar da carragenana comercial N em ratos Wistar ocasionou
a formação de um edema máximo de 3,7 mm nos animais que receberam a
concentração de 1%, no tempo de 8h, em relação aos animais controle que
receberam solução salina. As concentrações 0,1, 0,2 e 0,5% apresentaram volumes
máximos do edema da ordem de 2,2; 2,75 e 2,85 mm após 2, 3 e 3h da aplicação da
carragenana, respectivamente (Figura 8).
A análise estatística desses grupos mostra que a diferença entre eles é
extremamente significativa (P<0,0001) quando comparado ao grupo controle. O
teste Tukey-Kramer avaliou a significância dos grupos dois a dois e o resultado foi
que apenas houve uma diferença significativa entre o grupo 1% e os demais grupos
(P<0,001 com relação ao grupo 0,1%; P<0,01 com relação ao grupo 0,2%; e P<0,05
com relação ao grupo 0,5%).
68
Resultados e Discussão
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0123481224
Tempo (h)
Edema plantar (mm)
K 0,1 %
K 0,2 %
K 0,5 %
K 1 %
FIGURA 8: Edema plantar resultante da inflamação induzida por carragenana N.
69
Resultados e Discussão
Devido as diferentes características químicas destes polissacarídeos, as
carragenanas O e L tiveram também seus efeitos avaliados neste mesmo processo.
Os resultados mostraram que estas carragenanas apresentam, também, um forte
efeito indutor do processo inflamatório, conforme mostram as Figuras 9 e 10.
Observa-se na Figura 9 que a injeção intraplantar da carragenana comercial L
em ratos Wistar ocasionou a formação de um edema máximo de 4 mm nos animais
que receberam a concentração 0,2%, no tempo de 2h, em relação aos animais
controle que receberam solução salina, ao contrário das outras duas carragenanas
onde sempre o valor máximo foi observado na concentração máxima.
A análise estatística desses grupos mostra que a diferença entre eles é
extremamente significativa (P<0,0001) quando comparado ao grupo controle. O
teste Tukey-Kramer avaliou a significância dos grupos dois a dois e o resultado foi
que não há diferença significativa (P<0,05) entre nenhum dos grupos quando
comparados entre si, demonstrando que o efeito (produção do edema) provocado
pela carragenana L não depende da concentração.
70
Resultados e Discussão
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
4.5
0123481224
Tempo (h)
Edema plantar (mm)
I 0,1 %
I 0,2 %
I 0,5 %
I 1 %
FIGURA 9: Edema plantar resultante da inflamação induzida por carragenana L.
71
Resultados e Discussão
Como observado no edema induzido pela carragenana N, o edema induzido
pela O também teve seu valor mais elevado (3,6 mm) no grupo 1% nos tempos 1 e
3h (Figura 10).
A análise estatística desses grupos mostra que a diferença entre eles é
extremamente significativa (P<0,0001) quando comparado ao grupo controle. O
teste Tukey-Kramer avaliou a significância dos grupos dois a dois e o resultado foi
que não há diferença significativa entre o grupo 1% e o 0,1% (P<0,01) e entre o 1%
e 0,2% (P<0,05).
A análise realizada comparando-se as carragenanas em cada concentração
duas a duas, através do teste Tukey-Kramer, mostrou que na concentração 0,1%,
não há diferença significativa (P>0,05) entre as carragenanas N e O, mas existe
diferença (P<0,01) entre a L e as demais. Resultado semelhante observou-se para a
concentração 0,2%, onde só houve diferença entre a carragenana L comparada com
a N (P<0,05) e a O (P<0,05). Já nas concentrações 0,5 e 1% não foram observadas
diferenças significativas entre as carragenanas.
72
Resultados e Discussão
0
0.5
1
1.5
2
2.5
3
3.5
4
0123481224
Tempo (h)
Edema plantar (mm)
L 0,1 %
L 0,2 %
L 0,5 %
L 1 %
FIGURA 10: Edema plantar resultante da inflamação induzida por carragenana O.
73
Resultados e Discussão
4.5.1. Análise histológica
A análise das lâminas dos animais tratados apenas com solução salina
(animais controle) e coradas com HE mostraram pele e tecido sem anormalidades e
ausência de reação inflamatória (Figura 11-A).
As análises histológicas dos animais tratados com as carragenanas
demonstraram uma grande infiltração de células. Todas as carragenanas
provocaram injúria tecidual com grande infiltração de neutrófilos quando comparado
com os animais que receberam apenas solução salina (Figuras 11-B, 12-A e 12-B).
O recrutamento de neutrófilos para o tecido inflamado é decorrente da
liberação de citocinas e isto pode levar a destruição tecidual pela produção de
espécies reativas de oxigênio, enzimas e citocinas (CUZZOCREA et al., 1999).
As evidências obtidas, somadas neste trabalho sugerem que todos os tipos
de carragenanas possuem um grande potencial inflamatório, entretanto, como já
discutido no item anterior, as carragenanas N e O (1%) demonstraram uma
quantidade maior de infiltrado celular, uma vez que foram elas que ocasionaram o
edema maior nesse tempo (3h).
74
Resultados e Discussão
A
B
FIGURA 11: Análises histológicas das carragenana N na indução do edema eplantar
em ratos Wistar após 3h da injeção intraplantar. A - animais que receberam salina
(NaCl 0,9%); B - animais que receberam carragenana N (1%). HE X20.
75
Resultados e Discussão
A
B
FIGURA 12: Análises histológicas das carragenanas L e O na indução do edema
plantar em ratos Wistar após 3h da injeção intraplantar. A - animais tratados com
carragenana L (1%); B - animais tratados com carragenana O (1%). HEX20.
76
Resultados e Discussão
4.6. Pleurisia
A injeção intrapleural de carragenana é uma das formas de indução do
processo inflamatório e com o progresso deste processo ocorre a liberação de
células, as quais se tornam numerosas com o decorrer da inflamação (FUJISAWA et
al., 2005).
A injeção de 0.2 ml das três carragenanas na cavidade pleural dos ratos
Wistar provocou uma resposta inflamatória aguda, que é caracterizada pela
acumulação de exudato inflamatório nos respectivos ratos. A Tabela 7 mostra que o
volume do exudato para os ratos tratados com a carragenana L foi 1,52 r 0,051, para
os tratados com a O foi de 1,35 r 0,022 e 1,28 r 0,057 para os tratados com a
carragenana N. Esses resultados corroboram com os encontrados na literatura que
indicam volumes entre 1,4 e 1,6 ml, contudo, como já mencionado, não havendo
qualquer menção à cerca do tipo de carragenana utilizada nesses trabalhos.
A análise estatística desses dados mostra que eles são extremamente
significantes (P<0,0001) segundo a ANOVA. O teste Tukey-Kramer mostrou que a
diferença observada entre os grupos estudados e o grupo controle foi altamente
significativa (P<0,001), entretanto entre os grupos O e N não se observou
significância (P>0,05). Além disso, os dados distribuíram-se de forma Gausiana
(teste de Kolmogorov e Smirnov).
77
Resultados e Discussão
TABELA 7: Volume do exudato retirado da cavidade pleural após indução de
pleurisia pelas carragenanas comerciais L, N e O.
Volume do exudato (ml)
Solução salina
0,15 r 0,05
Carragenana L 1,52 r 0,051***
Carragenana N 1,28 r 0,057***
Carragenana O 1,35 r 0,022***
***P<0,001 comparado com o controle.
4.6.1. Teores de nitrito/nitrato
A injeção de carragenanas no espaço pleural induziu a inflamação nesta
região levando a infiltração de leucócitos na cavidade pleural. Esta cavidade foi
lavada e o líquido pleural foi utilizado para contagem de células e determinação de
NO (nitrato e nitrito). O exudato plasmático resultante foi heparinizado com o objetivo
de se quantificar os teores de leucócitos presentes no líquido pleural e quantificação
dos níveis de NO
2
/NO
3
. A inflamação pleural decorrente da ação destes
polissacarídeos mobilizou rapidamente sistemas alvos, afetando os linfonodos e
aumentando o número de leucócitos circulantes, bem como os presentes na
cavidade pleural.
78
Resultados e Discussão
A Figura 13 mostra os teores de nitrito/nitrato produzidos após administração
das carragenanas. Conforme esta Figura, as carragenanas provocaram resultados
significantes (P<0.001) quando comparados ao controle (solução salina), segundo
os testes ANOVA e Tukey-Kramer. A carragenana L gerou 63,478 r 2,580 nmol de
nitrato/nitrito, valor que está de acordo com o obtido na mensuração do volume do
exudato, uma vez que foi essa carragenana que provocou o maior aumento no
volume do exudato. Além disso, a quantidade de nitrato/nitrito foi duas vezes maior
em relação aos valores obtidos para as outras duas carragenanas: N (25,042 r 0,719
nmol) e O (33,172 r 0,887 nmol). Segundo o teste Tukey-Kramer, a variação entre
os grupos é altamente significativa (P<0.001).
79
Resultados e Discussão
80
0
10
20
30
40
50
60
70
Salina Kappa Lambda Iota
Nitrato/Nitrito (nmol)
***
***
***
FIGURA 13: Concentrações de nitrato/nitrito no exudato pleural 4 h após indução
das carragenanas nas cavidades pleurais de ratos Wistar. O controle deste
experimento foi realizado com a injeção de salina (NaCl 0,9%). Foram utilizados 6
animais por grupo. *** P < 0.001 vs. Salina.
Resultados e Discussão
Segundo MARZOCO et al., (2004), os neutrófilos tem também a propriedade
de infiltrarem no tecido pulmonar, estando esta infiltração, associada com a
peroxidação lipídica. A Figura 14 mostra que todas as carragenanas desenvolveram
pleurisia aguda, produzindo um exudato turvo contendo uma larga quantidade de
leucócitos polimorfonucleares (PMN) e a relação obtida na determinação de
nitrato/nitrito foi mantida: a L gerou a maior quantidade de células (4902 r 289,43 x
10
3
células), seguida pela O (4540 r 1133,2 x 10
3
células) e N (3666 r 436,38 x 10
3
células). Segundo as análises estatísticas (ANOVA e Tukey-Kramer), as
carragenanas produziram uma resposta significativa quando comparadas ao grupo
controle (P<0,01 para a N vs. Salina e P<0,001 para a L e O vs. Salina). Entretanto,
entre os grupos das carragenanas observa-se significância apenas entre as
carragenanas N e a L (P<0,05).
A análise dos dados da contagem de células e da mensuração do teor de
nitrato/nitrito mostrou que ambos se distribuem de forma Gausiana, segundo o teste
de Kolmogorov e Smirnov. Já o teste de Bartlett indicou valores de P=0,0482 e
P=0,0028, respectivamente, sugerindo que em ambos os casos houveram
diferenças significantes entre os grupos, ou seja, que os experimentos foram
eficazes ao que se propunham.
Estes resultados relacionados aos teores de nitrato/nitrito e a contagem de
células sugerem haver uma relação complexa entre a resposta inflamatória
ocasionada pelas carragenanas e as estruturas desses compostos, tendo em vista,
por exemplo, que a carragenana mais sulfatada (carragenana O) não apresentou
resposta satisfatória, indicando que o teor de sulfato não é um fator determinante.
Por outro lado, as carragenanas L e N possuem em sua unidade dissacarídica os
81
Resultados e Discussão
mesmos constituintes, entretanto provocaram respostas extremamente diferentes,
fato que pode ser atribuído ao teor de sulfato maior da carragenana L, que foi a que
apresentou a resposta mais satisfatória. Diante do exposto, fica claro a complexa
interação existente entre a estrutura e resposta resultante, sendo o teor de sulfato
apenas mais um dos fatores determinantes, juntamente com a conformação
espacial, interação com outras moléculas, dentre outros.
82
Resultados e Discussão
83
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
Salina Kappa Lambda Iota
Número de células (x10
3
)
**
***
***
FIGURA 14: Contagem de leucócitos do exudato pleural após 3 h de indução
das carragenanas nas cavidades pleurais de ratos Wistar. O controle deste
experimento foi realizado com a injeção de salina (NaCl 0,9%). Foram utilzados
6 animais por grupo. ** P < 0.01 vs. Salina, *** P < 0.001 vs. Salina.
Conclusões
CONCLUSÕES
As análises estruturais confirmaram que as três carragenanas comerciais
utilizadas nesse estudo são satisfatoriamente puras e possuem estruturas
correlatas com as indicadas como ideais na literatura.
Já os testes biológicos demonstraram que as três carragenanas possuem
atividade inflamatória sendo, portanto, uma excelente ferramenta na avaliação da
eficácia de drogas antiinflamatórias. Contudo, essa atividade verificada ocorreu
de forma diferenciada entre as três carragenanas, sendo a carragenana L a que
apresentou melhores resultados tanto na indução do edema intraplantar quanto
na pleurisia, sendo assim a mais indicada nesse tipo de estudo.
83
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