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RESUMO
Introdução: A Ressonância Magnética Funcional (RMf), como método de investigação não-
invasivo do funcionamento cerebral, permite a localização topográfica das áreas relacionadas à
memória e outras funções corticais superiores em indivíduos normais. Embora não nos
forneça, no momento atual, a riqueza e a dinâmica das inter-relações dos processos cognitivos,
vem trazendo grandes avanços ao conhecimento científico, planejamento terapêutico de
patologias que envolvem o Sistema Nervoso Central e para a pesquisa em Neurociência.
Objetivo: Este estudo buscou investigar, com RMf, as regiões encefálicas ativadas por
diferentes tarefas de memória visual em uma amostra de voluntários saudáveis.
Metodologia: Foi realizado um estudo transversal para avaliação da ativação funcional das
áreas encefálicas relacionadas à memória visual, em um grupo de 15 voluntários hígidos.
Todos os sujeitos realizaram avaliação neuropsicológica, preencheram duas escalas para
investigação de sintomatologia neuropsiquiátrica (Inventário de Depressão de Beck e
Inventário de Ansiedade de Beck), responderam a um questionário para exclusão de qualquer
patologia que pudesse alterar a performance durante as tarefas propostas (Questionário para
exclusão de patologia neurológica ou psiquiátrica), realizaram investigação da dominância
manual através de questionário específico (Teste de Dominância Manual modificado),
preencheram o “informativo ao paciente” do Centro de Diagnóstico por Imagem do Hospital
São Lucas da PUCRS e se submeteram ao exame de RMf, após afirmarem sua concordância
em participar do estudo (Termo de Consentimento Livre e Esclarecido).
Para estimulação da memória visual, durante a RMf, foram utilizadas duas tarefas de
memorização para posterior reconhecimento, incluindo estímulos de faces e figuras abstratas.
Todas as tarefas foram alternadas com período de repouso.
Resultados: As regiões ativadas na tarefa de memorização de faces não-familiares incluíram o
giro angular (lobo parietal), culmen (cerebelo anterior), ínsula, precuneus (lobo parietal), giro
frontal inferior (lobo frontal) e putâmen; a região ativada no reconhecimento de faces não-
familiares foi o precuneus (lobo parietal). As regiões ativadas na memorização de padrões
abstratos incluíram o tálamo, giro temporal transverso (giro de Heschl), declive (cerebelo
posterior), putâmen, ínsula e região occipital inferior; as regiões ativadas no reconhecimento
de padrões abstratos incluíram cerebelo anterior, giro temporal inferior (lobo temporal) e
declive (cerebelo posterior).
Conclusão: Foram observadas ativações em diversas regiões encefálicas, indicando que
circuitos neuronais multifocais são engajados na realização destas operações mentais. O
estudo da memória mantém-se como algo complexo, impossível de redução a uma única teoria
geral, seja ela em bases psicológicas, neurofisiológicas, entre outras. O objetivo atual parece
ser entender, tendo em vista a aplicação prática. Este estudo traz consigo novas perspectivas
para um melhor entendimento da memória visual em seres humanos, além de instigar a
continuidade das pesquisas em RMf.
Palavras chave: Ressonância magnética funcional, neuroimagem funcional, memória visual,
padrões-abstratos, faces não-familiares, dominância cerebral.