À guisa de comentário, a problemática relacionada a testes em
humanos já provoca muita polêmica no Brasil, como se observa através de artigo
publicado no Jornal da Tarde, de 13/09/2005
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, que relata que a cada ano, 600
mil participam de pesquisas clínicas. Em 2004, o Brasil aprovou 1.911 projetos de
pesquisa. Já em 2005, só até julho, foram 3.780, quase todos realizados por
laboratórios internacionais.
Para 2006, o recrutamento de cobaias humanas está crescendo
ainda mais; lembre-se no Brasil o serviço de cobaia humana não é remunerado,
recebendo-se apenas o reembolso por gastos com transporte e alimentação
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que “os EUA já tentaram enfraquecer as exigências da Declaração de Helsinque, que pretende
estabelecer padrões éticos internacionais para a pesquisa com seres humanos”. (p.A2)
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Disponível em www://http.ethosvitae.com.Br/si/site/401101?idioma=português. Acesso em
29/12/2005.
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Íntegra da Notícia veiculada no Jornal da Tarde de 13/09/2005: “No Brasil, a cada ano, 600 mil
participam de pesquisas clínicas. (...) mesmo assim, a aposentada Maria da Conceição Nunes, 63
anos, decidiu suspender por 50 dias o uso de medicamentos para controle que ingere há anos.
Bronquite crônica também mata, sobretudo crianças. Apesar do medo, a dona de casa Marta
Regina Marques não hesitou em assinar um documento que autorizava a aplicação de remédios
desconhecidos em seu filho Marcelo, de nove anos. Não se trata só de gente corajosa. As duas
mulheres têm em comum a falta de um plano de saúde capaz de suprir suas necessidades
médicas. É pelo mesmo motivo que, a cada ano, cerca de 600 mil brasileiros aceitam participar de
experimentos médicos. ‘É claro que a maioria dos voluntários não colabora com pesquisas por se
preocupar com o desenvolvimento da Ciência. No Brasil, que tem um sistema de saúde muito
precário, o sujeito vê no teste a chance de receber atendimento médico primoroso’, diz a
presidente da Sociedade Brasileira de Profissionais em Pesquisa Clinica, Greyce Lousana. Em
2004, o Brasil aprovou 1.911 projetos de pesquisa. Já em 2005, só até julho, foram 3.780, quase
todos realizados por laboratórios internacionais. Para o próximo ano, o recrutamento de cobaias
humanas deve crescer ainda mais, já que até a heroína da novela das oito resolveu transformar
seu belo corpinho em campo de testes. Em América, Sol (Deborah Secco) permite a instalação de
um chip em seu organismo para ganhar dinheiro. Ainda que tal idéia pareça ser ótima fonte de
renda, vale lembrar que no Brasil o serviço não é remunerado. Por aqui, quem aceita passar por
rato de laboratório recebe só reembolso por gastos com transporte e alimentação. Marta, a mãe
que emprestava seu filho para testes contra bronquite, recebia R$30 reais em vale-refeições por
consulta. Parece pouco, mas a quantia pode trazer alívio imediato para uma família como a dela,
cujo orçamento nunca ultrapassa R$400. ‘Tenho três filhos e só meu marido trabalha, fazendo
bicos como técnico de ar condicionado. Com os vales, eu comprava carne e frutas para as
crianças. Não é toda semana que podemos ter a geladeira cheia.’ Mais do que diversificar o
cardápio da família, a inclusão em uma pesquisa clínica garantia ao garoto Marcelo atendimento
médico sem filas, com direito a exames agendados e até motorista particular. ‘Moramos em uma
casa de um só cômodo, caindo aos pedaços. Eu nunca teria como pagar um plano de saúde.
Quando Marcelo era bebê, cheguei a pegá-lo no colo, no meio da madrugada, e sair a pé para o
posto de saúde. Quando chegava lá, mal olhavam para ele’, lembra. Quem participa de um teste é