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PUC Minas
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA
MESTRADO EM ENGENHARIA AUTOMOTIVA
INFLUÊNCIA DE SOLICITAÇÕES TÉRMICAS NA
RESISTÊNCIA À FADIGA DO AÇO AISI 304L
Dissertação apresentada ao Departamento de
Engenharia Mecânica da PUC Minas pelo aluno
Pedro Eliezer de AraĂşjo JĂşnior como parte dos
requisitos para obtenção do título de M
ESTRE EM
CIÊNCIAS EM ENGENHARIA MECÂNICA.
Banca Examinadora:
Prof. Ernani Sales Palma, Dr.-Ing. - PUC Minas - Orientador
Tanius Rodrigues Mansur, Dr. - CDTN – Co-Orientador
Prof. José Alexander Araújo, PhD – UNB – Examinador Externo
Prof. José Rubens Gonçalves Carneiro, D.Sc. - PUC Minas – Examinador Interno
Belo Horizonte, 01 de Abril de 2005
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Ao Professor Ernani Sales Palma, pela orientação, dedicação e amizade.
Ao Tanius Rodrigues Mansur, pelas discussĂľes, sugestĂľes e ajuda prestada em
todas as fases deste trabalho.
A minha famĂ­lia por todo o apoio e incentivo. A Silvana pelo amor.
Agradeço a Capes pelo fomento a pesquisa no fornecimento da bolsa de estudo
cedida, sem a qual não seria viåvel a realização deste trabalho.
Ao Álvaro, pelas discussþes, sugestþes e ajuda prestada em todas as fases deste
trabalho.
Aos todos os colegas, professores e funcionårios do Programa de Pós-Graduação
em Engenharia Mecânica.
À Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e ao CDTN, pelo fornecimento
de equipamentos e material para a realização deste trabalho.
ii
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos a todos que de alguma forma contribuĂ­ram para a
realização deste trabalho e em especial às seguintes pessoas e instituiçþes:
• Ernani Sales Palma - PUC Minas – agradecimento especial
• Tanius Rodrigues Mansur – CDTN
• Álvaro Alvarenga Júnior – UFMG
• Todos os colaboradores - Laboratórios CDTN
• Ronaldo Nunes de Andrade Ávila – FIAT Automóveis
• Fundação Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -
CAPES - pelo financiamento do trabalho.
• Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear - CDTN - pela cessão do
LaboratĂłrio de AnĂĄlise de TensĂľes e material consumĂ­vel.
• Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas – pela
oportunidade.
iii
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RESUMO
As tubulaçþes do sistema de refrigeração primårio de reatores nucleares estão
sujeitas a variaçþes tÊrmicas que provocam fadiga tÊrmica no aço AISI 304L. Este
trabalho tem como objetivo determinar o dano provocado pela fadiga tĂŠrmica em
corpos-de-prova de aços inoxidåveis AISI 304L. A pesquisa foi dividida em duas
fases. Na primeira etapa foram realizados ensaios de fadiga mecânica flexo-
rotativa, ensaios de tração e ensaios de dureza em corpos-de-prova virgens. Com
os dados obtidos nestes ensaios pode-se determinar os limites de escoamento,
de resistência à tração e de resistência à fadiga do material. Curvas S-N-P
tambÊm foram traçadas a partir destes dados. Na segunda fase, corpos-de-prova
virgens foram inicialmente submetidos a ensaios de fadiga tĂŠrmica entre 250 ÂşC e
500 ºC. Em seguida, eles foram submetidos a ensaios de fadiga mecânica flexo-
rotativos. Os dados obtidos na segunda fase serviram para comparar e analisar
as alteraçþes nas propriedades mecânicas do material após o dano tÊrmico.
Finalmente, os resultados foram correlacionados e discutidos.
iv
ABSTRACT
The pipeline of the primary system of refrigeration in nuclear power plants are
subject to temperature variations that cause thermal fatigue in steel AISI 304. The
goal of this work is to determine the damage caused by the thermal fatigue in
specimens of stainless steel AISI 304L. The research was divided in two phases.
In the first stage fatigue rotation-bending tests, tensile tests and hardness tests
were carried out in virgin specimens. With the data obtained in these tests it can
be determined the yield stress, tensile strength and fatigue strength and S-N
curve. In the second phase, virgin specimens were initially submitted to thermal
fatigue between 250 ÂşC and 500 ÂşC and then fatigue tests. After that they had
been submitted the fatigue tests mechanics bending-rotation. These data were
considered to compare and to analyze the alterations in the mechanical properties
of the material after the thermal damage. Finally, the results were correlated and
discussed.
v
SUMÁRIO
Simbologia
viii
Capítulo 1- Introdução e Objetivos
1
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
3
2.1 - Fadiga 3
2.2 - Esforços de Fadiga 4
2.3 – Fadiga Controlada por Tensão 5
2.3.1 - Determinação das Curvas S-N-P e Limite Resistência à Fadiga 7
2.4 - Fadiga Controlada por Deformação 9
2.5 - Mecânica da Fratura Linear Elåstica 10
2.6 - Efeitos da TensĂŁo MĂŠdia 11
2.7 - Comparação de MÊtodos 12
2.8 - AcĂşmulo de Dano 13
2.9 - Contagem de Ciclos 14
2.10 - Fadiga TĂŠrmica 15
2.10.1 - Relacionamento da Fadiga TÊrmica à Fad. Cont. por Deformação 16
2.11 - Estado Atual da Arte 18
CapĂ­tulo 3 - Materiais e MĂŠtodos
29
3.1 – Fluxograma 30
3.2 – Material 31
3.3 – Metodologia 32
3.4 – Ensaios de Tração 33
3.5 - Ensaios de Dureza 33
3.6 – Ensaios de Fadiga Flexo-Rotativos 33
3.7 – Corpos-de- Prova Utilizados 34
3.8 - Ensaios de Fadiga TĂŠrmica 35
vi
SumĂĄrio
vii
3.9 – Planejamento dos Ensaios para a Determinação da Curva S-N-P 37
3.10 – Limite de Resistência à Fadiga Empírico 40
3.11 – Modelos de Regressão para Dados Oriundos de Ensaios de Vida
Acelerados
42
3.12 – Ajuste do Modelo de Regressão Base 43
3.13 – Simulação do Método “up-and-down” 45
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
47
4.1 – Material 47
4.2 – Composição Química 47
4.3 – Ensaios de Tração 56
4.4 – Ensaios de Dureza 57
4.5 – Caracterização Metalográfica do Aço AISI 304L 58
4.6 – Determinação dos Limites de Resistência à Fadiga Empíricos 60
4.7 – Planejamento de Ensaios 60
4.8 – Ensaios de Fadiga Mecânica Experimental – Corpos-de-Prova
Virgem
62
4.9 – Ajuste do Modelo de Regressão Base 63
4.10 – Modelo de Regressão e os Dados Experimentais obtidos para o
Levantamento da Curva S-N-P
65
4.11 – Ensaios de Fadiga Térmica e Mecânica – Experimentais 69
CapĂ­tulo 5 - ConclusĂŁo e SugestĂľes
74
ReferĂŞncias BibliogrĂĄficas
77
Anexos
83
SIMBOLOGIA
SĂ­mbolos
bf – Expoente de resistência à fadiga
BWR – Reator de água em ebulição
C – Constante
cd – Expoente de ductilidade em fadiga
C
G
- Fator de tamanho
C
L
- Fator de carga
CP – Corpo-de-prova
C
R
– Fator de confiabilidade
C
S
- Fator de acabamento superficial
C
T
- Fator de temperatura
d
a
/d
N
– Taxa de propagação da trinca por fadiga [m/ciclos]
DEDP - Densidade de energia de deformação plåstica
DSA – Deformação dinâmica por envelhecimento
F
A
- Força externa aplicada
K
1
– Coeficiente de resistência
K
mĂĄxs
sc – Fator de intensidade de tensão na sobrecarga
K
mĂĄx
cr – Fator de intensidade de tensão no carregamento
LCF – Fadiga de baixo ciclo
viii
Simbologia
ix
m – Expoente de resistência à deformação
MFLE – Mecânica da fratura linear elástica
n
e
– Expoente ou parâmetro do encruamento
n
a
- NĂşmero de corpos-de-prova usados no nĂ­vel de tensĂŁo mais alto
n
b
- NĂşmero de corpos-de-prova usados no nĂ­vel de tensĂŁo mais baixo
n
m
- NĂşmero de corpos-de-prova usados no nĂ­vel de tensĂŁo intermediĂĄrio
i
n - NĂşmero de ciclos aplicados ao material Ă  tensĂŁo
i
σ
i
N - NĂşmero de ciclos da curva S-N-P correspondentes Ă  tensĂŁo
i
S
n
1
- NĂşmero de corpos-de-prova usados nos nĂ­veis de tensĂľes intermediĂĄrios
entre n
b
e n
m
n
2
- NĂşmero de corpos-de-prova usados nos nĂ­veis de tensĂľes intermediĂĄrios
entre n
a
e n
m
N
f
– Total de ciclos até a falha
P
a
- Probabilidade de falha no nĂ­vel de tensĂŁo mais alto
P
b
– Probabilidade de falha no nível de tensão mais baixo
P
m
– Probabilidade de falha no nível de tensão intermediário
P
0
– Probabilidade de falha ao nível de projeto
PWR – Reatores pressurizados a água
R
A
- Rugosidade mĂŠdia
RCS - Sistema de refrigeração do reator primårio
S
e
– Limite de resistência à fadiga [MPa]
e
S
~
– Limite de resistência à fadiga estimado [MPa]
V
a
- VariĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel mais alto
V
0
- VariĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel de projeto
V
b
- VariĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel mais baixo
Simbologia
x
V
m
- VariĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel intermediĂĄrio
VSE - energia de deformação virtual
V
1
- VariĂĄveis de tensĂľes no nĂ­vel intermediĂĄrio entre V
b
e V
m
V
2
- VariĂĄveis de tensĂľes no nĂ­vel intermediĂĄrio entre V
a
e V
m
TMF – Fadiga termo-mecânica
x
a
- Variåvel de transformação no nível mais alto
x
b
- Variåvel de transformação no nível mais baixo
x
o
- Variåvel de transformação ao nível de projeto
SĂ­mbolos Gregos
σ – Tensão [MPa]
σ
a
–Amplitude da tensão alternada [MPa]
σ
f
– Resistência à fratura do material [MPa]
σ
f
’
– Coeficiente de resistência à fadiga [MPa]
σ
0,2
– Resistência ao escoamento [MPa]
σ
R
– Resistência à tração [MPa]
σ
u
– Limite de resistência à tração do material [MPa]
ε – Deformação
Îľ
f
– Ductilidade à fratura do material
Îľ
f
’
– Coeficiente de ductilidade à fadiga
Îľ
e
– Deformação elástica
Îľ
p
– Deformação plástica
∆ε – Variação total da deformação elástica
Simbologia
xi
∆ε
e
– Variação da deformação elástica
∆ε
p
– Variação da deformação plástica
∆k – Faixa do fator de intensidade de tensão [MPa
m ]
∆T - Variação da temperatura na superfície do corpo-de-prova
∆T
o
– Variação da temperatura de dano de fadiga térmica
Abreviaturas
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AISI – American Iron and Steel Institute
ASM – American Society for Metals
ASTM – American Society of Testing and Materials
CDTN – Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear
PUC Minas – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
SAE – Society of Automotive Engineers
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
1.1 - Introdução
Os componentes mecânicos usados em vårias aplicaçþes de engenharia
são projetados para resistirem à fadiga mecânica, fadiga tÊrmica e fadiga por
“fretting”.
O conhecimento sobre as propriedades mecânicas do material e as
condiçþes as quais o metal serå submetido são fatores importantes para
projetar componentes mais seguros e com vida mais longa.
O limite de resistência à fadiga Ê umas das propriedades mecânicas do
material que Ê usada como parâmetro para calcular a vida dos componentes.
Este limite Ê alterado, quando o metal sofre variaçþes de temperatura. A
influĂŞncia da temperatura pode ser determinada, utilizando-se corpos-de-prova
do mesmo aço que foi empregado na fabricação dos componentes ou
equipamentos para realização de ensaios de fadiga tÊrmica.
1.2 Objetivo
A expressĂŁo fadiga tĂŠrmica ĂŠ usada para referir-se as falhas
provocadas pelos esforços repetidos induzidos termicamente, como aquelas
que resultam de gradientes de temperatura. É um fenômeno complexo e tem
sido investigado em muitos ramos da indĂşstria, principalmente nas ĂĄreas
nucleares, onde as variaçþes tÊrmicas são comuns. O objetivo deste trabalho
consiste em determinar a influência das variaçþes tÊrmicas na resistência à
fadiga dos corpos-de-prova do aço inoxidåvel AISI 304L. Essa influência serå
observada atravÊs das curvas S-N-P que serão traçadas usando dados
1
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
2
obtidos de ensaios de fadiga mecânica com corpos-de-prova de aço
inoxidĂĄvel AISI 304L. Os ensaios serĂŁo divididos em duas etapas. Na
primeira etapa serĂŁo utilizados corpos-de-prova virgens. Na segunda etapa,
novos corpos-de-prova virgens serĂŁo inicialmente submetidos a ensaios de
fadiga tÊrmica e posteriormente a ensaios de fadiga mecânica. Os resultados
serĂŁo discutidos e correlacionados.
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Fadiga
A anĂĄlise de componentes estruturais utilizados na indĂşstria pode ser
realizada atravĂŠs das tĂŠcnicas desenvolvidas pelos pesquisadores dos campos
da Fadiga, Mecânica da Fratura, Confiabilidade Estrutural, Extensometria,
Fotoelasticidade e MĂŠtodos NumĂŠricos de AnĂĄlise Estrutural.
Os componentes mecânicos quando submetidos a carregamentos
cĂ­clicos sofrem danos microscĂłpicos irreversĂ­veis, causados por tensĂľes e
deformaçþes em regiþes críticas. Os danos de fadiga são produzidos pelas
deformaçþes plåsticas cíclicas que provocam a nucleação de uma ou mais
trincas microscĂłpicas, que crescem enquanto houver energia no sistema. ApĂłs
o coalescimento, estas microtrincas formam uma trinca principal que propagarĂĄ
atĂŠ o colapso do material, apĂłs um certo nĂşmero de ciclos.
As microtrincas sofrem influência da composição química, tamanho de
grãos, inclusþes, segregaçþes no material, tensþes cíclicas e processos
tĂŠrmicos. Na Fig. 2.1 pode ser observado o desenvolvimento de redes de
trincas superficiais sob fadiga tĂŠrmica.
3
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
4
Figura 2.1 - Rede de trincas por fadiga tÊrmica, obtidas no aço 316L
(Fissolo et al, 2002)
O mecanismo de formação de falha por fadiga em metais baseia-se na
formação de bandas de escorregamento persistentes, causadas pelas
movimentaçþes de discordâncias no reticulado cristalino em pequenas
distâncias, levando à formação de intrusþes, extrusþes e protusþes na
superfície do material, ou em locais para nucleação de trincas, por acumularem
grande deformação plåstica. Estas trincas propagam-se em cada ciclo de
tensão atÊ a instabilidade determinada pela mecânica da fratura. Na
determinação do limite de resistência à fadiga do material devem ser
considerados os fatores microscĂłpicos e macroscĂłpicos (Mansur, 2002;
Mitchell, 2001; Suresh, 1998; Dieter, 1988; Dowling, 1999; Hertzberg, 1996).
2.2 Esforços de Fadiga
A fadiga pode ser provocada por esforços cíclicos, cargas vibratórias ou
variaçþes tÊrmicas ao longo do tempo, conforme mostrado na Fig. 2.2. Os
carregamentos de fadiga podem ser de amplitude constante ou tensĂľes
regulares e de amplitude variĂĄvel ou tensĂľes irregulares ou aleatĂłrias.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
5
Figura 2.2 – Flutuações da temperatura de água na autoclave e da carga
durante a fadiga tĂŠrmica (Hayashi, 1998c).
Alguns exemplos de componentes sujeitos a esforços cíclicos são
aqueles encontrados em usinas nucleares, que em geral sĂŁo solicitados por
temperaturas que variam no tempo. A fadiga sob amplitude de carga constante
geralmente ocorre em peças de måquinas rotativas, tais como eixos e
engrenagens. Por outro lado, as ondas nos navios, a vibração nas asas de
aeronaves, o trĂĄfego em pontes e transientes tĂŠrmicos sĂŁo exemplos de
carregamentos variåveis em amplitude e freqßência (Willems et al., 1983).
Na maioria das aplicaçþes de engenharia Ê mais freqßente encontrar
carregamentos variĂĄveis durante a vida Ăştil dos componentes. Nestes casos, as
solicitaçþes reais são simplificadas, sendo representadas por vårias
combinaçþes de carregamentos constantes. Um caso mais complexo Ê quando
o carregamento alĂŠm de ser variĂĄvel, ĂŠ irregular (Dowling, 1999).
Os mĂŠtodos de dimensionamento Ă  fadiga sĂŁo: fadiga controlada por
tensão, fadiga controlada por deformação e mecânica da fratura aplicada à
fadiga (Collins, 1993 e Bannantine et al., 1990).
2.3 Fadiga Controlada por TensĂŁo
O mĂŠtodo de fadiga controlada por tensĂŁo ĂŠ recomendado para casos
onde as tensĂľes atuantes estĂŁo dentro do limite elĂĄstico do material e a vida
desejada ĂŠ longa, ou seja, ĂŠ necessĂĄria uma grande quantidade de ciclos para
que ocorra a falha por fadiga. Este mÊtodo considera todas as deformaçþes
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
6
como sendo elĂĄsticas, desprezando a componente plĂĄstica. Assim, as
deformaçþes envolvidas devem ser pequenas (Bannantine et al., 1990).
O diagrama S-N, desenvolvido por August WĂśhler em 1860, ĂŠ obtido
atravĂŠs de resultados de ensaios com carregamento totalmente reverso, ou
seja, com tensĂŁo mĂŠdia nula. As curvas de fadiga sĂŁo obtidas apĂłs submeter
alguns corpos-de-prova padronizados a uma sĂŠrie de ensaios com
carregamentos cĂ­clicos. Inicialmente a amplitude de tensĂŁo mĂĄxima ĂŠ alta, na
ordem de 2/3 do limite de resistência à tração. Os ensaios são realizados atÊ a
fratura do corpo-de-prova. Repete-se o mesmo procedimento para novos
corpos-de-prova do mesmo lote com amplitude de tensĂŁo progressivamente
decrescente. Os ensaios devem ser realizados em corpos-de-prova ou mesmo
em componentes da própria estrutura, conforme recomendação da norma
ASTM E-466, Conducting Constant Amplitude Axial Fatigue Tests of Metallic
Materials, com carregamento totalmente reverso (ASME, 1998; Bannantine et
al., 1990; Collins, 1993; Suresh, 1998; Alvarenga JĂşnior, 2001; Mansur, 2002).
A vida de um componente ĂŠ considerada infinita quando a amplitude da
tensĂŁo alternada nĂŁo ultrapassar o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do material,
independente do nĂşmero de ciclos. Acima de 10
6
ciclos, a tensĂŁo alternada
mantĂŠm-se constante, principalmente para materiais endurecidos por
encruamento e aços carbono (Norton, 1996; Suresh, 1998; Bannantine et al,
1990; Collins, 1993; Alvarenga JĂşnior, 2001; Mansur, 2002).
O limite de resistĂŞncia Ă  fadiga pode ser determinado atravĂŠs de ensaios
realizados na prĂłpria estrutura ou ensaios em protĂłtipos de tamanho real
simulando condiçþes próximas da realidade. PorÊm, estes ensaios são de
difícil execução e demandam tempo e dinheiro, sendo aceitåvel utilizar ensaios
em corpos-de-prova confeccionados com o mesmo material (Santos, 1999).
Alguns fatores afetam diretamente o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do
material durante os ensaios para obtenção das curvas S-N e
Îľ-N. TensĂľes
residuais, concentraçþes de tensão, temperatura, ambiente, alÊm do
tratamento da superfĂ­cie e geometria dos corpos-de-prova do material podem
alterar o resultado dos ensaios. Portanto, ĂŠ necessĂĄrio enfatizar que nĂŁo hĂĄ
meio teórico confiåvel de se predizer o tempo de iniciação e propagação de
uma trinca por fadiga, sendo que em alguns casos sĂŁo usados corpos-de-prova
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
7
para apresentar resultados mais compatĂ­veis com a realidade (Willems et al.,
1983).
A fadiga ocorre em 95% ou mais dos casos na camada superficial
(Bannantine et al., 1990). As trincas superficiais sĂŁo aceleradas pelas tensĂľes
residuais de tração na superfície do componente. O gradiente de tensþes na
superfície cresce com o aumento do diâmetro do corpo-de-prova (Makkonen,
2003). Componentes mecânicos com superfícies åsperas e irregulares
apresentam limite de resistĂŞncia Ă  fadiga inferior aos mesmos componentes
com superfĂ­cies lisas (Norton, 1996 e Collins, 1993). Deve-se ter cuidado com
algumas operaçþes de polimento, uma vez que podem proporcionar tensþes
residuais de tração (Bannantine et al., 1990). A rugosidade superficial tem
influĂŞncia no limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do material, porĂŠm a maior influĂŞncia
ĂŠ devido Ă s tensĂľes residuais superficiais (SAE, 1997).
Os tratamentos superficiais como revestimento tÊrmico e mecânico
produzem tensþes internas (tensþes residuais) e mudanças permanentes de
forma e de dimensþes (distorçþes), que modificam o limite de resistência à
fadiga do material. As tensĂľes residuais de compressĂŁo aumentam o limite de
resistência à fadiga do material, enquanto as tensþes residuais de tração
reduzem este limite. Expansþes e contraçþes associadas com transformaçþes
estruturais do material podem provocar o surgimento de tensĂľes residuais e
distorçþes, proporcionando assim a formação de trincas (Bannantine et al.,
1990; Collins, 1993; SAE, 1997).
Um processo corrosivo pode ser a causa do surgimento da trinca
superficial por onde se inicia a fadiga. Quando a fadiga ocorre em ambientes
corrosivos, a propagação da trinca Ê acelerada. A associação dos dois efeitos
causa a falha do material em um nĂşmero de ciclo inferior ao encontrado para
cada um dos fenĂ´menos isoladamente (Bannantine et al., 1990; Collins, 1993;
Norton, 1996; SAE, 1997).
2.3.1 Determinação das Curvas S-N-P e do Limite de Resistência à Fadiga
Os resultados de ensaios de fadiga apresentam nĂşmeros de ciclos
diferentes para a mesma amplitude de tensĂŁo alternada, a qual ĂŠ chamada de
dispersĂŁo. Essa dispersĂŁo ĂŠ menor quanto maior for o valor da amplitude de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
8
tensão alternada e vai aumentando com a redução do valor das amplitudes de
tensĂľes alternadas. ConseqĂźentemente, a dispersĂŁo ĂŠ maior para valores
prĂłximos do limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do material. Essa dispersĂŁo ĂŠ
influenciada pelas condiçþes dos ensaios, alinhamento dos corpos-de-prova no
equipamento de ensaio, tensão mÊdia, rotação do ensaio, fabricação e
variação na composição química das amostras e preparação da superfície. A
anålise estatística da dispersão pode ser realizada com o auxílio da distribuição
de Weibull ou a distribuição log-normal. A distribuição log-normal mostra-se
adequada para ensaios de fadiga (Freitas e Colosimo, 1997; Mansur et al.,
2002). Os resultados dos ensaios são interpretados a partir da construção das
curvas S-N-P, que ĂŠ uma famĂ­lia de curvas S-N com probabilidade de falha ou
confiabilidade constante.
Existem vĂĄrios mĂŠtodos para construir as curvas S-N-P e determinar o
limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do material. A escolha do mĂŠtodo mais adequado
segue alguns critĂŠrios como quantidade de amostras disponĂ­veis, tempo e
objetivo da anĂĄlise. Os principais fatores que afetam os resultados dos ensaios
e as curvas S-N-P são: condiçþes superficiais, tensþes residuais, tensþes
mÊdias, tipos de carregamentos aplicados, freqßências de aplicaçþes das
cargas, condiçþes do meio ambiente e a microestrutura do material (Collins,
1993; Mansur, 2002).
O mÊtodo padrão e o mÊtodo de construção da curva com tensão
constante são recomendados para traçar as curvas S-N-P, enquanto o mÊtodo
da sobrevivĂŞncia, o mĂŠtodo do degrau, o mĂŠtodo Prot, o mĂŠtodo do valor
extremo e o método “up-and-down” são recomendados para a determinação
do limite de resistência à fadiga. O método “up-and-down” é recomendado para
ensaios mecânicos específicos de fadiga e para anålise dos dados oriundos
deste tipo de ensaio, sendo útil para estimar a mÊdia e a variância do limite de
resistĂŞncia Ă  fadiga (Collins, 1993).
No método “up-and-down”, o limite de resistência à fadiga do material é
determinado a partir de no mĂ­nimo quinze corpos-de-prova. O primeiro corpo-
de-prova ĂŠ ensaiado com uma tensĂŁo alternada superior ao valor do limite de
resistĂŞncia Ă  fadiga do material, que deve ser estimado empiricamente. Este
valor Ê estimado a partir do limite de resistência à tração ou limite de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
9
escoamento, dependendo das equaçþes utilizadas. Caso o corpo-de-prova
frature antes da vida previamente definida, o prĂłximo deverĂĄ ser ensaiado com
uma tensĂŁo inferior. Caso contrĂĄrio, a amplitude da tensĂŁo alternada sofrerĂĄ
um acrĂŠscimo. O procedimento se repete atĂŠ esgotar o nĂşmero de amostras,
mantendo sempre a relação de alternância, independentemente da ocorrência
de falha ou nĂŁo, como pode ser visualizado na Fig. 2.3.
0246810121416
1
NĂşmero dos Corpos-de-Prova
Amplitude de TensĂŁo Alternada (MPa)
x Rompeu
o NĂŁo Rompeu
Figura 2.3 – Ensaio experimental de “up-and-down” (esquemático)
2.4 Fadiga Controlada por Deformação
O mĂŠtodo
Îľ-N, tambĂŠm conhecido por fadiga de baixo ciclo ou fadiga
controlada por deformação Ê recomendado para casos onde as amplitudes de
tensþes alternadas são altas o suficiente para causar deformação plåstica no
material. ConseqĂźentemente, o nĂşmero de ciclos ĂŠ baixo, ou seja, a vida do
material ĂŠ curta.
A componente da deformação plåstica Ê mais crítica em componentes
com entalhes. Os entalhes sĂŁo regiĂľes onde as tensĂľes mĂĄximas se elevam
bastante, causando deformação plåstica no material, conseqßentemente
favorecem a nucleação e a propagação de trincas e deste modo, danos de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
10
fadiga. Tanto a ASTM como a SAE recomendam este mĂŠtodo para calcular a
vida de um corpo-de-prova sujeito a deformaçþes plåsticas (Bannantine et al.,
1990; Collins, 1993; Goswami, 1997; Socha, 2003; Curtis et al., 2003; Suresh,
1998).
Os ensaios de fadiga sĂŁo realizados em corpos-de-prova entalhados,
onde as tensĂľes residuais sĂŁo mĂĄximas na raiz do entalhe e existe uma maior
probabilidade de nucleação de trinca. O mÊtodo
Îľ-N ĂŠ mais adequado para
estimar a nucleação da trinca, ficando a anålise da propagação para ser
determinada pela mecânica da fratura linear elåstica (Bannantine et al., 1990;
Collins, 1993; Goswami, 1997; Adib e Pluvinage, 2003).
2.5 Mecânica da Fratura Linear Elåstica
A mecânica da fratura Ê aplicada na caracterização da propagação da
vida do material durante a trinca. A mecânica da fratura considera o
comportamento da extensão da trinca como uma função das cargas aplicadas.
Essa tĂŠcnica ĂŠ usada para resolver problemas prĂĄticos de engenharia, tais
como anålises de falhas, seleção de material e predição da vida da estrutura
(Dally e Riley, 1991).
O mÊtodo da mecânica da fratura linear elåstica assume a existência de
trincas jå nucleadas e estima o tempo de propagação da trinca atÊ a ocorrência
da falha. Para componentes com imperfeiçþes ou defeitos, o tamanho da
imperfeição Ê considerado como trinca inicial. Para materiais livres de defeitos,
as aproximaçþes da mecânica da fratura podem ser usadas para determinar a
propagação (Bannantine et al., 1990; Adib e Pluvinage, 2003; Collins, 1993).
A mecânica da fratura linear elåstica trabalha com pequenas
deformaçþes plåsticas na ponta da trinca. Quando os níveis de tensþes
provocam grandes deformaçþes, comparadas às dimensþes da trinca Ê
recomendado o uso das teorias da mecânica da fratura elasto-plåstica (Adib e
Pluvinage, 2003; Bannantine et al., 1990; Collins, 1993; Forth et al., 2003;
Socha, 2003; Wahab et al., 2002).
O nĂşmero de ciclos que define a vida total de um componente submetido
a cargas cíclicas Ê a combinação entre o número de ciclos necessårio à
nucleação da trinca e o número correspondente a propagação atÊ a falha final.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
11
Em alguns casos, onde hå concentraçþes de tensão ou defeitos de superfície,
o tempo de nucleação Ê muito curto e a trinca Ê formada logo no começo da
vida total. Materiais cuidadosamente acabados e livres de defeitos, a nucleação
de pequenas trincas surge apĂłs 70% da vida total, que depois coalescem
formando uma trinca dominante. O tamanho da trinca pode ser monitorado por
diferentes tipos de microscĂłpios ou usando tĂŠcnica de replicagem (Bannantine
et al., 1990; Collins, 1993; Curtis et al., 2003; Forth et al., 2003; Socha, 2003;
Suresh, 1998). Wahab (2002) sugere integrar a lei de Paris modificada, entre
os limites de comprimento inicial e final da trinca para o cĂĄlculo do nĂşmero de
ciclos atĂŠ a falha.
Os projetos podem ser desenvolvidos para que um componente tenha
uma falha segura ou vida segura, ou seja, a trinca nĂŁo atinja o tamanho crĂ­tico
entre intervalos especificados de inspeção. Um componente trincado pode ser
mantido em serviço, aumentando a sua vida útil (Bannantine et al., 1990).
2.6 Efeitos da TensĂŁo MĂŠdia
Na anĂĄlise de fadiga de um material ĂŠ necessĂĄrio estimar a influĂŞncia da
tensĂŁo mĂŠdia na vida dos componentes e no limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do
material. As tensĂľes mĂŠdias de compressĂŁo aumentam a resistĂŞncia Ă  fadiga
do material, conseqĂźentemente aumentam a vida, enquanto que tensĂľes
mÊdias de tração reduzem o limite de resistência à fadiga e a vida. Em virtude
disso, em alguns casos sĂŁo introduzidas tensĂľes residuais de compressĂŁo com
o objetivo de melhorar o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do material (Gong e
Norton, 1996; Bannantine et al., 1990).
Os efeitos das tensĂľes mĂŠdias sĂŁo significativos para pequenas
deformaçþes plåsticas, onde as deformaçþes elåsticas são dominantes, porÊm
tem efeitos reduzidos em vidas curtas, onde predomina as deformaçþes
plåsticas. Nas altas deformaçþes plåsticas, ocorre o relaxamento da tensão
mĂŠdia (Bannantine et al., 1990; Collins, 1993).
Manson e Halford (1981) modificaram os termos elĂĄsticos e plĂĄsticos da
equação
ξ-N, procurando manter a independência da razão de deformação
elasto-plĂĄstica da tensĂŁo mĂŠdia. Smith et al., (1970), propuseram a anĂĄlise da
tensĂŁo mĂŠdia atravĂŠs da tensĂŁo mĂĄxima em um determinado ciclo.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
12
2.7 Comparação de MÊtodos
Não existe um mÊtodo melhor para todas as situaçþes. O mais
adequado ĂŠ usar mĂŠtodos combinados, aproveitando suas potencialidades. A
escolha do mĂŠtodo mais adequado ĂŠ baseada no material, histĂłria do
carregamento, geometria do componente e conseqßências das falhas dos
componentes, custo/benefĂ­cio (Bannantine et al., 1990).
O mĂŠtodo S-N ĂŠ mais barato e mais rĂĄpido. As anĂĄlises das constantes
dos materiais sĂŁo bem mais simples. Os projetistas tĂŞm mais experiĂŞncia e
mais segurança no seu uso, devido às inúmeras pesquisas desenvolvidas
durante mais de um sĂŠculo de existĂŞncia. Exige um nĂ­vel menor de
conhecimento dos profissionais, quando comparado com os outros métodos. É
o mĂŠtodo mais comum, bem empregado para estimar vidas iniciais, porĂŠm de
menor interesse dos pesquisadores (Bannantine et al., 1990; Collins, 1993).
Quando as tensĂľes envolvidas sĂŁo baixas e as histĂłrias de amplitudes
sĂŁo constantes, envolvendo projetos de vidas longas, esse mĂŠtodo trabalha
bem. Uma das principais desvantagens deste mĂŠtodo ĂŠ desprezar as
deformaçþes plåsticas, a nucleação e propagação das trincas (Bannantine et
al., 1990; Collins, 1993, Suresh, 1998).
O mÊtodo de fadiga controlado por deformação Ê mais adequado para
altas tensĂľes e vidas curtas, onde o fator custo ĂŠ muito importante. As
constantes envolvidas ainda nĂŁo foram devidamente analisadas e testadas,
conseqĂźentemente nĂŁo apresentam uma confiabilidade requerida pelos
projetistas.
Este mÊtodo Ê recomendado para estimar a nucleação da trinca,
podendo ser usado para anĂĄlise de acĂşmulo de danos, componentes com
geometrias complexas e ambientes de altas temperaturas (Bannantine et al.,
1990; Collins, 1993).
O mÊtodo da mecânica da fratura linear elåstica Ê o de maior interesse
dos pesquisadores. A sua maior vantagem Ê estimar a propagação da trinca,
conseqĂźentemente monitorar o crescimento da mesma. A sua maior dificuldade
estĂĄ em estimar o inĂ­cio da trinca (Adib e Pluvinage, 2003; Bannantine et al.,
1990; Collins, 1993; Curtis et al., 2003; Forth et al., 2003; Socha, 2003).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
13
2.8 AcĂşmulo de Dano
A deformação elåstica pode causar dano, quando as tensþes atuantes
encontrem-se entre o limite de escoamento do material e o limite de resistĂŞncia
Ă  fadiga do material. Muitos pesquisadores consideram que o dano ĂŠ
provocado pela deformação plåstica cíclica microscópica na ponta da trinca. A
fadiga ĂŠ caracterizada pelo processo de acĂşmulo de dano, o qual vai
consumindo a vida Ăştil do material. O dano por fadiga ĂŠ acumulativo e
irrecuperĂĄvel (Adib e Pluvinage, 2003; Collins, 1993, Suresh, 1998).
O dano de fadiga durante a nucleação Ê diferente da propagação. O
dano pode ser medido e observado durante a propagação, porÊm Ê muito
complexo de ser medido durante a nucleação (Bannantine et al., 1990; Socha,
2003).
O processo de dano pode ser dividido em trĂŞs fases: comportamento
elåstico ou elåstico-plåstico das tensþes-deformaçþes em um material sem
danos, nucleação e crescimento das pequenas trincas atÊ a coalescência das
trincas e, finalmente, a formação de uma trinca dominante que, em seguida,
propaga atĂŠ o colapso do material (Socha, 2003).
VĂĄrias teorias de acĂşmulo de danos foram propostas, podendo ser
divididas entre teorias lineares e teorias nĂŁo lineares de acĂşmulo de danos
(Collins, 1993; Fatemi e Yang, 1998).
A curva S-N indica que um componente sujeito a uma tensĂŁo S
1
, a falha
por fadiga ocorrerĂĄ apĂłs um nĂşmero de ciclos N
1
. Segundo Miner, quando o
nĂşmero de ciclos ĂŠ interrompido antes N
1
, produzirå uma fração de dano D
1
. As
tensþes aleatórias provocam fração de danos aleatórios que vão se somando
ao longo do tempo atĂŠ provocar a falha por fadiga (Bannantine et al., 1990;
Collins, 1993).
A regra de Miner considera o acĂşmulo linear de dano como
independente da variação da amplitude de tensþes, porÊm dados
experimentais concluĂ­ram que essa ĂŠ a principal deficiĂŞncia deste mĂŠtodo. O
cĂĄlculo do acĂşmulo de dano ĂŠ diferente para cada fase do processo de falha
por fadiga, onde a regra de Miner Ê recomendada para fase de nucleação da
trinca (Banantine et al., 1990; Collins, 1993; Fatemi e Yang, 1998; Socha,
2003).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
14
Com o objetivo de corrigir algumas discrepâncias foram desenvolvidas
as teorias nĂŁo lineares de acĂşmulo de danos. Alguns problemas prĂĄticos estĂŁo
atrelados a elas, tais como a necessidade de muitos ensaios, corpos-de-prova
com propriedades mecânicas semelhantes e cålculos complicados. Bannantine
et al., 1990 e Collins1993 citam: Marco-Starkey, Henry, Gatts, Corten-Dolan,
Marin e Manson como exemplos de algumas teorias clĂĄssicas.
Novas teorias foram propostas como: teoria do ponto do joelho da curva
S-N-P, modelo contĂ­nuo nĂŁo linear para danos em fadiga e modelo nĂŁo linear
de acĂşmulo de danos utilizando-se de energia total absorvida de Shang e Yao.
Existem inĂşmeras teorias que se propĂľem a estudar e quantificar danos em
materiais, sendo divididas entre determinĂ­sticas e probabilĂ­sticas.
2.9 Contagem de Ciclos
A anĂĄlise de componentes sujeitos a carregamentos aleatĂłrios ĂŠ
realizada reduzindo os histĂłricos complexos em nĂşmeros de eventos que
podem ser comparados com dados de ensaios de amplitude constante
(Bannantine et al., 1990).
Dentre os vĂĄrios mĂŠtodos de contagem de ciclos, o mais usado ĂŠ o
“rainflow” (Bannantine et al., 1990; Collins 1993; Tovo, 2002).
O método “rainflow” para contagem de ciclos relaciona os loops de
histerese fechado na resposta da tensão-deformação do material sujeita a
carregamentos cíclicos para um dado histórico de deformação. Durante o
processo de carregamento e descarregamento, o material se comportarĂĄ como
se relembrasse seu estado de deformação anterior e Ê conhecido como
memĂłria do material (Bannantine et al., 1990).
Um algoritmo de “rainflow” modificado foi proposto levando em
consideração o efeito da seqßência de carregamento ao longo do tempo. Cada
meio ciclo crescente ĂŠ registrado e tratado como um evento de dano. Quando o
meio ciclo nĂŁo fecha um loop de histerese ĂŠ chamado de loop virtual de
histerese e dependendo do carregamento esse loop pode ser fechado ou
incrementado (Anthes, 1997).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
15
2.10 Fadiga TĂŠrmica
A expressĂŁo fadiga tĂŠrmica foi empregada inicialmente para um tipo de
falha que se tem lugar nos metais com rede nĂŁo cĂşbica, quando a temperatura
flutua lentamente sem nenhuma contração externa aplicada ao material. As
falhas surgem devido aos esforços internos proporcionados pela anisotropia da
expansĂŁo tĂŠrmica. Posteriormente, a expressĂŁo foi usada para referir-se as
falhas provocadas pelos esforços repetidos induzidos termicamente.
Mudanças periódicas de temperatura ou múltiplas mudanças cíclicas
provocam a variação da energia interna, produzindo alteraçþes na geometria,
nas propriedades fĂ­sicas do material, alĂŠm de possibilitar o surgimento de
trincas em componentes estruturais. Esse processo de origem e crescimento
de dano ĂŠ conhecido como fadiga tĂŠrmica (Zuchowski, 2000).
Trielsch, em 1952, pesquisou sobre as caracterĂ­sticas particulares de
fadiga tĂŠrmica e choques encontrados na solda. Em 1953, Manson verificou os
problemas associados à seleção dos materiais para o uso em turbinas de gås.
Coffin e Manson, em 1954, trabalhando independentemente em problemas de
fadiga tÊrmica propuseram equaçþes sobre amplitude de deformação plåstica.
Northcott e Baron, em 1956, comentaram sobre a fadiga tĂŠrmica na indĂşstria de
engenharia pesada. Glenny, em 1961 e Baron, em 1962, examinaram a
influência de uma ampla gama de parâmetros na resistência à fadiga tÊrmica
(King e Smith, 1966). Em 1960, em Los Alamos, foi relatado o primeiro caso de
dano por fadiga tĂŠrmica nas indĂşstrias nucleares (Fissolo et al, 2002).
Nos últimos tempos tem acontecido uma proporção elevada de falhas de
equipamentos operando a temperaturas elevadas devido Ă  fadiga tĂŠrmica. Foi
observado que em turbinas a gås, as variaçþes råpidas de temperatura nas
lâminas e nos tubos das lâminas provocaram problemas sÊrios. Nas centrais
elĂŠtricas, as trincas produzidas pela fadiga podem ser resultado do
umedecimento das superfĂ­cies metĂĄlicas quentes, ou por trabalho intermitente,
pois os esforços tÊrmicos aparecem toda vez que a usina påra ou entra em
funcionamento. Atualmente, estas falhas podem se constituir como problemas
para estruturas de aviĂľes submetidas a um aquecimento cinĂŠtico. Problemas
de fadiga tĂŠrmica sĂŁo comuns em vĂĄrios tipos de reatores nucleares. As
grandes flutuaçþes tÊrmicas na tubulação do sistema de refrigeração de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
16
reatores råpidos são possíveis causas de nucleação e propagação de redes de
trincas.
De acordo com vĂĄrios autores (Knotek et al., 1993; Shivpuri et al., 1995,
Yu, 1995 e Wang, 1997), a fadiga tĂŠrmica ĂŠ um dos mecanismos de desgaste
de moldes de injeção de alumínio, podendo atuar isoladamente ou em
conjunto. A fadiga tĂŠrmica ocorre devido ao fato do molde estar sempre a uma
temperatura significativamente inferior Ă  da liga de Al que estĂĄ sendo injetada.
ConseqĂźentemente, a superfĂ­cie de trabalho da ferramenta ĂŠ submetida a uma
dilatação seguida de uma contração a cada ciclo de injeção. Esse trabalho
mecânico induz a nucleação e propagação de trincas tÊrmicas, que são trincas
perpendiculares Ă  superfĂ­cie. Para um controle mais efetivo das trincas
tÊrmicas Ê necessåria uma escolha adequada do aço e principalmente do
tratamento tĂŠrmico.
Equipamentos operando a temperaturas elevadas produzem tensĂľes
tĂŠrmicas, porĂŠm estudos realizados indicaram que as falhas acontecem devido
às contraçþes e expansþes que surgem durante o processo de acionamento e
parada destes equipamentos. Ensaios realizados em turbinas a gĂĄs, com
paradas e partidas repetidas produziram trincas de fadiga tĂŠrmica com poucos
ciclos de operação.
O crescimento das trincas Ê influenciado pelas variaçþes tÊrmicas
repetidas, freqßência dos ciclos, porcentagem de carbono na liga, ductilidade,
elementos de liga e impurezas, tamanho dos grãos, condiçþes de ensaios,
resistência à fluência viscosa, deformaçþes tÊrmicas, resistência à deformação
cíclica, combinação de esforços e tensþes tÊrmicas.
2.10.1 Relacionamento da Fadiga TĂŠrmica com a Fadiga Controlada por
Deformação
Fadiga tÊrmica Ê o termo usado para relacionar as variaçþes dos
gradientes de temperatura ao carregamento e as deformaçþes cíclicas. Os
problemas de fadiga tĂŠrmica envolvem todas complexidades dos
carregamentos mecânicos e todos os problemas induzidos pela temperatura.
Manson realizou ensaios de fadiga de baixo ciclo envolvendo deformação
mecânica cíclica e comparou com corpos-de-prova completamente
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
17
restringidos, com ciclos tĂŠrmicos variando entre 200ÂşC e 500ÂşC, tendo 350ÂşC
como temperatura mĂŠdia. Observando a Fig. 2.5 percebe-se que para uma
mesma faixa de deformação plåstica, o número de ciclos atÊ a falha (N
f
) ĂŠ
muito menor para os corpos-de-prova deformados ciclicamente pela
temperatura do que os deformados mecanicamente. As discrepâncias entre os
resultados podem ter vårias origens e uma delas Ê a taxa na qual a deformação
cĂ­clica ĂŠ induzida. Resultados obtidos de ensaios de Inconel indicam uma boa
correlação entre ensaios mecânicos e ensaios tÊrmicos, porÊm Ê necessårio
cuidado na predição do comportamento tÊrmico da fadiga de baixo-ciclo
atravÊs dos resultados dos ensaios mecânicos e vice-versa (Collins, 1993).
Figura 2.5 – Comparação entre as deformações térmicas cíclicas e
mecânicas cíclicas a elevadas temperaturas na região de fadiga de baixo ciclo,
AISI 347.
Ensaios de fadiga termo-mecânica constituem um mÊtodo importante
para simular o comportamento das tensþes-deformaçþes cíclicas e processos
de dano de componentes em serviço. Algumas investigaçþes mostraram que a
vida em fadiga termo-mecânica de um componente real Ê muito mais curta do
que aquela da fadiga isotĂŠrmica na temperatura mĂĄxima e na amplitude de
tensĂŁo correspondente (Liu et al., 2002).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
18
2.11 Estado Atual da Arte
Fadiga ĂŠ um assunto que vem sendo estudado desde o sĂŠculo XIX
devido a sua importância para estimar a vida de elementos estruturais
submetidos a esforços repetitivos. Muitos artigos jå foram publicados sobre o
assunto. Entretanto, o assunto ĂŠ complexo e tem muito ainda a ser explorado
devido Ă  amplitude do tema.
O estudo da fadiga iniciou com Albert em 1837. Em 1860, WĂśhler usou a
combinação de tensão e números de ciclos no dimensionamento de estruturas
para resistir a esforços repetitivos. Entre 1880 e 1886, Bauschinger publicou
seus estudos sobre a mudança do limite elåstico por ciclos de tensão
freqĂźentemente repetidos. Gerber, em 1874 e Goodman, em 1899, sugeririam
a metodologia para a determinação da vida de componentes solicitados por
cargas flutuantes, com tensĂľes alternadas e mĂŠdias superpostas. A teoria de
acúmulo teve contribuiçþes de: Palmgren em 1924, Langer em 1927, Russian
Serensen em 1938 e Miner em 1945. Em 1954, Coffin e Manson, trabalhando
independentemente em problemas de fadiga tĂŠrmica, introduziram o conceito
de fadiga de baixo-ciclo, SchĂźtz (1996).
King e Smith (1966) revisaram os avanços realizados desde 1960 dos
ensaios e dos processos estruturais de deformação do material sob fadiga
tĂŠrmica.
Voorwald e Torres (1991) estudaram a viabilidade do uso da teoria de
Miner em dados experimentais de uma liga de alumĂ­nio 2024-T3 e analisaram a
aplicabilidade da relação n
i
/Ni como parâmetro de dano. Foi observado que em
ensaios realizados sob carregamentos de amplitude variĂĄvel, aparecem efeitos
de interação responsåveis por uma taxa de crescimento da trinca por fadiga
diferente da obtida em carregamentos de amplitude constante. Estas
diferenças são atribuídas à interação em d
a
/d
N
(taxa de propagação da trinca
por fadiga) quando a amplitude do carregamento cĂ­clico ĂŠ aumentada ou
reduzida. A intensidade do retardo na taxa de propagação da trinca por fadiga
estå diretamente associado à relação entre os fatores de intensidade de tensão
na sobrecarga (K
mĂĄx
) e no carregamento (K
mĂĄx
) de amplitude constante, Eq.
(2.1).
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
19
crk
sck
mĂĄx
mĂĄx
(2.1)
Godefroid e Bastian (1991) verificaram a validade dos modelos
existentes de propagação de trinca de fadiga que levam em consideração a
razĂŁo R entre tensĂľes (tensĂŁo mĂŠdia). Os modelos dividem-se em trĂŞs grupos:
modelos empíricos, que não levam em consideração o fenômeno do
fechamento da trinca; modelos empíricos, que levam em consideração o
fenĂ´meno do fechamento da trinca e os modelos analĂ­ticos, que levam em
consideração o fenômeno de fechamento da trinca. Dentre os modelos
analisados, o modelo de Newman, que ĂŠ um modelo analĂ­tico, nĂŁo depende do
material estudado e reĂşne as principais variĂĄveis para o fenĂ´meno de
fechamento de trinca.
Kenedi e Castro (1991) discutiram em seu trabalho os princĂ­pios do
correlacionamento de duas metodologias de projeto Ă  fadiga estudada de
forma estaque: o mĂŠtodo de Coffin-Mason (Îľ-N) e a MFLE. O mĂŠtodo Îľ-N foi
usado para fazer previsĂľes de d
a
/d
N
, usando os modelos baseados em
acúmulo de dano e baseados em densidade de energia de deformação plåstica
(DEDP).
Shimakawa et al. (1992) apresentaram formulaçþes fundamentais do
mÊtodo de avaliação e verificaçþes por anålises de mÊtodo dos elementos
finitos. Os códigos de anålise de propagação de trincas, THERST1 e
THERST2, foram desenvolvidos com base na mecânica da fratura linear
elåstica para calcular o comportamento da propagação da trinca por fadiga sob
tensþes tÊrmicas, devido a flutuaçþes de temperatura de alta freqßência,
conhecida como “corrente térmica flutuante”. Os dados experimentais foram
obtidos em ensaios de alto ciclo de fadiga tĂŠrmica e o efeito das mĂşltiplas
trincas foi analisado pelo MEF.
Zauter et al. (1994) utilizaram o aço inox austenítico 304L para realizar
ensaios de fadiga termo-mecânica (TMF), com deformação plåstica controlada
em vĂĄcuo. O artigo estuda o dano acumulado durante o carregamento de
fadiga termo-mecânica. A resposta e a vida dos corpos-de-prova são
determinadas pela fase e pelo intervalo de temperatura. Os ensaios foram
realizados com pequeno gradiente de temperatura e com poucos valores. A
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
20
variação tÊrmica, tanto em fase, como fora de fase, tem números similares de
ciclos atĂŠ a falha, para os intervalos de temperatura sob o regime de fluĂŞncia.
Quando a interação fadiga/fluência acontece durante o ciclo em fase, o material
sofre um dano interno provocado pelas trincas intergranulares. Em
contrapartida, a variação tÊrmica fora de fase inibe o dano. Uma equação Ê
proposta, podendo ser usada para calcular a temperatura de transição entre a
fadiga isolada e a fadiga/fluĂŞncia.
Fissolo et al. (1996) realizaram ensaios SPLASH e CYTHIA com o
objetivo de estudar o comportamento da fadiga tÊrmica em aços 316 L. O
ensaio SPLASH serve para determinar o nĂşmero de ciclos capaz de produzir
uma trinca de comprimento entre 50 e 150 Âľm. Este ensaio foi realizado com
temperaturas variando entre 250 ÂşC e 550 ÂşC. O nĂşmero de ciclos tĂŠrmicos
para nucleação decresceu com o aumento do gradiente de temperatura,
quando o tempo de permanência não era significativo. A nucleação Ê atrasada
quando o tempo de permanĂŞncia ĂŠ significativo. Durante os ensaios e cĂĄlculos
foi observado que não existe grandes variaçþes no gradiente entre o centro e a
superfĂ­cie do corpo-de-prova. A rugosidade foi precisamente controlada (R
a
≤
0,8 ¾m) para evitar a nucleação prematura. Nos ensaios CYTHIA foi usado
ultra-som para medir o tamanho das trincas. Os dados da nucleação das
trincas foram analisados usando o cĂłdigo RCC-MR, em seguida foram
comparados com as curvas de fadiga isotÊrmica controlada por deformação. O
modelo proposto por Haigh e Skelton foi usado para estimar a propagação de
trincas sujeitas a carregamentos de fadiga tĂŠrmica.
Hayashi et al. (1998a) desenvolveram um equipamento para realizar
ensaios de fadiga tĂŠrmica com ĂĄgua pura a altas temperaturas. Nos ensaios
foram usados corpos-de-prova em aço tipo 304 e 316NG e os dados serviram
para discutir a relação entre resistência à fadiga tÊrmica e a resistência à fadiga
mecânica. Inicialmente, foram testados corpos-de-prova cilíndricos de mesmo
diâmetro, vazados e sólidos, ficando comprovado que os corpos-de-prova ocos
alcançam amplitudes de tensþes maiores para um mesmo período de tempo. O
equipamento possui uma autoclave, por onde circula ĂĄgua pressurizada a alta
e a baixa temperatura que serve para aquecer e refrigerar o corpo-de-prova,
simulando um ambiente de BWR. Os ensaios concluíram que as diferenças nas
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
21
propriedades mecânicas dos aços 304 e 316NG são muito pequenas. O
comportamento do crescimento das trincas curtas foi quase o mesmo para
fadiga tÊrmica e para fadiga mecânica, usando as mesmas condiçþes de
ensaio. As trincas foram medidas ao longo do corpo-de-prova.
Hayashi (1998b) realizou ensaios de fadiga tÊrmica em tubos de aço
carbono (JIS STS410), que foram colocados em uma autoclave, usando ĂĄgua
pura pressurizada para simular um ambiente de BWR. Os dados destes
ensaios foram comparados com ensaios de fadiga mecânica ao ar, realizados
com corpos-de-prova sólidos. Durante os ensaios, as propriedades mecânicas
deste aço, tais como limite de escoamento, resistência à tração e alongamento
decresceram com a elevação da temperatura. O tamanho da trinca foi medida
na direção do centro do corpo-de-prova. Na comparação entre fadiga tÊrmica e
fadiga mecânica dos aços carbono Ê necessårio levar em consideração os
efeitos da concentração de oxigênio dissolvido, taxa de deformação e a
temperatura da ågua, sendo recomendado o uso da equação de Higuchi-Iida.
Li et al. (1998) estudaram a resistência dos aços H13 e H21 quando
submetidos a diferentes tratamentos tĂŠrmicos e definiram a vida necessĂĄria
para uma trinca alcançar o valor de 0,25 mm. AlÊm disso, a expressão N
i
=
k(∆T - ∆T
o
)
-2
, derivada da expressĂŁo modificada de Manson-Coffin, foi proposta
com o intuito de descrever a vida necessåria para nucleação de uma trinca por
fadiga térmica. Quando ∆T < ∆T
o
, onde ∆T é a variação da temperatura na
superfície do corpo-de-prova e ∆T
o
ĂŠ temperatura de dano de fadiga tĂŠrmica, a
vida dos componentes fabricados com esses aços tende para o infinito, ou
seja, nĂŁo sofrem danos por fadiga tĂŠrmica. Quando a temperatura de tĂŞmpera
do aço H21 é aumentada de 1150 ºC para 1200 ºC, ∆T
o
varia de 388 ÂşC para
416 ºC, aumentando conseqßentemente a resistência à fadiga tÊrmica. O aço
H13 quando temperado a 1050 ÂşC e a temperatura de revenimento ĂŠ alterada
de 560 ºC para 600 ºC, ∆T
o
aumenta de 436 ÂşC para 476 ÂşC, logo aumenta a
resistência à fadiga tÊrmica. Os estudos mostraram que o aço H13 tem melhor
resistência à fadiga tÊrmica do que o aço H21.
Belyaeva et al. (2000) investigaram a nucleação de trincas por fadiga
tÊrmica dos aços ferríticos-martensíticos MANET-II, 12Cr-1.5NiMo e F28H-mod
antes e depois da radiação por neutrôns. Os ensaios foram realizados usando
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
22
corpos-de-prova cilĂ­ndricos com entalhes, variando a temperatura entre 50 ÂşC e
350 ÂşC por mais de 1 x 10
4
ciclos. Cada corpo-de-prova possui quatro entalhes
diferentes. Foram detectadas trincas com comprimento entre 0,01 e 0,02 mm,
apĂłs 3 x 10
3
ciclos e prĂłximas as pontas dos entalhes, onde as tensĂľes
tÊrmicas variaram com seus raios. Os danos provocados pela radiação de
neutrĂ´ns nĂŁo se mostraram significativos quando operando acima de 300 ÂşC. A
nucleação das trincas por fadiga tÊrmica surgiu primeiro nos aços MANET-II,
em seguida nos aços 12Cr-1.5NiMo e por fim nos F28H-mod.
Zuchowski (2000) estudou a energia como um critĂŠrio de falha,
encontrando dificuldades em avaliar a porção de energia específica usada para
danificar o material em um ciclo. Neste artigo foi proposto um novo parâmetro
de dano e critÊrio de falha. O trabalho de deformação foi usado como
parâmetro de dano material para estados uniaxiais e planos de tensþes. O
mesmo se mostrou não dependente dos parâmetros de carregamento do
processo, como por exemplo, tensão e temperatura. Para verificação
experimental do critĂŠrio de falha, foram utilizados corpos-de-prova sĂłlidos e
tubulares em aço resistente ao calor e um aço ao carbono. Foram realizados
ensaios de tração com corpos-de-prova virgens e danificados. Os dados foram
usados para calcular o parâmetro de dano. A emissão acústica foi aplicada na
verificação das mudanças que acontecem em aços sob condiçþes de fadiga
tÊrmica e em ensaios de tração. Foi determinado que um número acumulado
de impulsos de emissĂŁo acĂşstica em uma determinada fase do processo de
carregamento e nĂşmero de ciclos pode ser aceito como uma medida de
extensĂŁo de dano material. A influĂŞncia do estado de tensĂŁo na vida de
componentes estruturais, o mecanismo de falha sob condiçþes tÊrmicas,
nucleação e propagação de trincas, como tambÊm o tipo de fratura, foram
analisados. Foi proposto um conceito no qual cargas mecânicas e tÊrmicas
tornam-se equivalentes, onde as duas classes de cargas sĂŁo comparadas em
condiçþes de energia. TambÊm foi proposto um novo mÊtodo de determinação
de temperatura equivalente constante.
Kwon et al. (2001) investigaram os efeitos do envelhecimento tĂŠrmico no
aço inoxidåvel duplo austenítico-ferrítico fundido (CF8M) em simulaçþes de
fadiga de baixo ciclo. Estes aços são usados em componentes do sistema de
refrigeração do reator primårio (RCS). Suas propriedades mecânicas e
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
23
microestrutura sĂŁo alteradas quando expostos a temperaturas e pressĂľes
elevadas por um longo período de tempo. O aço CF8M Ê degradado quando
atinge a temperatura de 475 ÂşC e quando o reator opera com ĂĄgua
pressurizada entre 290-330 ÂşC. Com o intuito de acelerar artificialmente a
degradação do aço CF8M, corpos-de-prova foram submetidos à temperatura
de 430 ÂşC, durante 300 h e 1800 h. Quando comparadas Ă s propriedades
mecânicas do aço virgem com a do mesmo aço degradado, constatou-se que
as amplitudes de tensþes aumentaram com a degradação do aço. O aço exibiu
caracterĂ­sticas de endurecimento cĂ­clico.
Hoffman e Hoffman (2001) pesquisaram a combinação de corrosão e
fadiga a qual estĂŁo expostos os componentes estruturais de aeronaves durante
a aterrissagem nos porta-aviĂľes. Todos as aeronaves da marinha sĂŁo
projetadas para uma vida segura, onde devem suportar todos os
carregamentos antes da falha. Para predição de ocorrência de nucleação da
trinca na fuselagem do avião Ê usado um algoritmo baseado em aproximação
da curva Îľ-N. Nos projetos dos componentes estruturais usados pela marinha ĂŠ
usado tanto o critÊrio de vida segura como de tolerância de dano. A
combinação de fadiga e corrosão pode afetar a frota em termos de segurança,
disponibilidade e manutenção. O tamanho da trinca estå diretamente
relacionado à quantidade de horas de vôo, onde o critÊrio de vida em serviço Ê
adotado. A vida em serviço Ê baseada em requerimentos operacionais, critÊrios
de projeto, anĂĄlises tĂŠcnicas e resultados de ensaios de fadiga.
De acordo com Zhuang e Halford (2001), os tratamentos mecânicos
superficiais, tais como jateamento de granalhas, “autofretage”, expansão de
furo, endurecimento superficial (laser shock peening), polimento de baixa
plasticidade, induzem tensĂľes residuais de compressĂŁo. Eles concluĂ­ram que
as tensþes residuais de relaxamento provocadas pelos esforços cíclicos
reduzem os benefĂ­cios dos tratamentos acima mencionados. Foi proposto
ainda um modelo analítico para estimar a influência dos parâmetros: magnitude
e distribuição das tensþes residuais, o grau de laminação a frio requerida,
tensĂľes mĂŠdias e alternadas, e o nĂşmero de ciclos aplicados do carregamento.
Uma malha usando camada superficial muito fina foi empregada para ajudar na
simulação das tensþes residuais de relaxamento. Os resultados do modelo
numĂŠrico validaram os resultados analĂ­ticos das tensĂľes residuais de
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
24
relaxamento para os vårios parâmetros.
Vasudevan et al. (2001) propuseram a unificação de parâmetros críticos
para danos de fadiga: , k
k∆
max
e tensĂľes internas. O k
max
ĂŠ influenciado pelas
tensĂľes internas e pelo carregamento. O intuito foi diminuir as disparidades
båsicas entre os experimentos e as interpretaçþes/modelos nas anålises de
processos de fadiga. O dano de fadiga ĂŠ dividido em dois modos: vida-segura e
tolerância de dano. O dano completo de fadiga tem quatro estågios: nucleação
da trinca, trincas curtas, trincas longas e a falha final. MĂŠtodos analĂ­ticos foram
usados para minimizar incertezas na anĂĄlise de danos de fadiga. A
confiabilidade da fadiga de componentes estruturais estĂĄ relacionada Ă 
longevidade, possibilidade de previsĂľes e capacidade de controle. Foram
usadas simulaçþes numÊricas para predizer a vida dos componentes
analisados. As tensĂľes internas sĂŁo responsĂĄveis pelo crescimento acelerado
em trincas curtas, regiĂľes de subcarregamento e crescimento desacelerado
durante sobrecargas.
Liu e Wang (2001) introduziram o conceito de energia de deformação
virtual (VSE) como sendo inteiramente baseado na fĂ­sica. O mĂŠtodo da VSE ĂŠ
usado para predizer a vida à fadiga multiaxial de duas ligas de aço inoxidåvel
tipo 316 sujeitas a condiçþes de carregamento biaxial. O mÊtodo tambÊm foi
empregado para descrever os modos de fratura, nucleação, orientação e
crescimento das trincas. Os resultados dos ensaios mostraram que o mĂŠtodo
da VSE Ê superior ao baseado na faixa de deformação equivalente para
estimar Ă  vida sob carregamento cĂ­clico.
Pan e Nicholas (2001) examinaram os efeitos das tensĂľes mĂŠdias
sujeitas às solicitaçþes multiaxiais onde as tensþes aplicadas estão bem abaixo
da tensĂŁo de escoamento do material e o comprimento da trinca ĂŠ
relativamente grande comparado com o tamanho da zona plĂĄstica. Teorias de
fadiga multiaxial com aproximaçþes baseadas nas tensþes e deformaçþes tem
sido a principal ferramenta para estimar a durabilidade estrutural na indĂşstria
automotiva. A relação uniaxial de Goodman Ê generalizada para demonstrar os
efeitos das tensþes mÊdias na vida da fadiga sujeita a condiçþes de
carregamentos multiaxiais. A generalização, tambÊm, Ê aplicåvel para relaçþes
constantes nĂŁo-lineares da vida da fadiga no diagrama de Haigh. Os resultados
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
25
obtidos sugerem que algumas combinaçþes de amplitude de tensþes e tensþes
mÊdias podem ser usadas como parâmetro de controle em experimentos de
projeto para posterior validação dos efeitos das tensþes mÊdias sob
circunstâncias de carregamentos cíclicos proporcionais as multiaxiais.
Fissolo et al. (2002) realizaram dois tipos de ensaios de fadiga tĂŠrmica
em aços inoxidåveis austeníticos AISI 304L e 316L. O ensaio SPLASH
investiga as mĂşltiplas redes de trincas superficiais e o ensaio CYNTHIA
investiga o crescimento de uma Ăşnica trinca por fadiga tĂŠrmica. Os corpos-de-
prova foram submetidos às variaçþes tÊrmicas entre 100 ºC e 550 ºC, similares
Ă s usadas em componentes de reatores nucleares. Para temperaturas abaixo
de 125 ÂşC nenhuma trinca foi detectada atĂŠ 1 x 10
6
ciclos. Entretanto, hĂĄ um
råpido decrÊscimo na vida para nucleação da trinca de fadiga, quando a
temperatura ĂŠ mantida a 300 ÂşC, quando foram medidas trincas superficiais
entre 50 – 100 µm. Não foram observadas diferenças significativas entre os
aços AISI 304L e AISI 316L. O mÊtodo dos elementos finitos foi utilizado para
modelar o crescimento das trincas na direção radial do corpo-de-prova e estes
dados foram comparados com dados experimentais. Foi realizado ainda um
estudo sobre a propagação de rede de trincas múltiplas, onde ficou
comprovado que o efeito escudo pode conduzir a uma redução dramåtica da
taxa de crescimento de trinca.
Liu et al. (2002) investigaram o comportamento da fadiga termo-
mecânica (TMF) de uma superliga fundida K417 baseada em níquel sob o
carregamento em fase e fora de fase com temperatura variando entre 400 a
850°C. Os resultados revelaram que a tendência ao endurecimento cíclico sob
fadiga termo-mecânica e isotÊrmica era mais elevada do que aquela sob
ensaios eståtico de tração a 850°C. A fadiga isotÊrmica produz uma tensão de
escoamento cíclica mais elevada do que a fadiga termo-mecânica. Na
correspondente amplitude de deformação, a vida da fadiga termo-mecânica era
mais baixa do que aquela da fadiga isotĂŠrmica, e a vida da fadiga termo-
mecânica cíclica fora de fase era mais elevada do que em fase. Com auxílio de
um microscĂłpio de varredura foi observado que as superfĂ­cies fraturadas e as
seçþes longitudinais revelaram uma fratura intergranular sob a fadiga termo-
mecânica em fase que conduziu à diminuição na vida da fadiga.
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
26
Tovo (2002), em sua pesquisa, relaciona os vĂĄrios mĂŠtodos de
contagem de ciclos com soluçþes analíticas disponíveis para danos de fadiga
no domínio de freqßência. Foram realizadas simulaçþes numÊricas dos
métodos de contagem de ciclos, onde o “rainflow” demonstrou resultados mais
interessantes. Baseando-se nas investigaçþes teóricas de possíveis
combinaçþes de picos e vales em carregamentos Gaussianos e ajustes
numÊricos, foi proposta uma nova aproximação para avaliar danos de fadiga
através do “rainflow”.
Socha (2003) propôs um novo mÊtodo experimental para investigação
de fadiga atravÊs das observaçþes sobre deformação plåstica em aços
estruturais. Os dados obtidos nos ensaios mostraram que inicialmente
pequenas trincas nucleiam, crescem e coalescem formando uma trinca
principal que provoca a falha do material. Cerca de 80% da vida ĂŠ consumida
durante a nucleação e crescimento das pequenas trincas, antes delas se
coalescerem. O acĂşmulo de dano deve ser calculado separadamente para as
fases de nucleação, coalescência e propagação atÊ a falha. Foi proposto um
algoritmo que pode ser usado para estimar a vida a fadiga de componentes a
partir de dados gravados de histĂłrico de carregamento.
Rau et al. (2003) pesquisaram os efeitos dos carregamentos mecânicos
e tĂŠrmicos que estĂŁo submetidas Ă s pĂĄs de turbinas. Os carregamentos
tĂŠrmicos variam tanto na parte interna, como na parte externa desses
componentes. As deformaçþes produzidas pelo aquecimento da superfície
externa sofrem restriçþes devido ao resfriamento da superfície interna. Nos
ensaios de fadiga isotÊrmicos e termomecânicos, foi usado um corpo-de-prova
comum. Nos ensaios de fadiga termomecânicos complexos foram usados dois
corpos-de-prova, todos usando o aço austenítico AISI 316L. Os resultados dos
ensaios foram comparados e analisados. Os ensaios de fadiga isotĂŠrmico e
termomecânico foram realizados com temperatura entre 200 ºC e 650 ºC, onde
cada ciclo tem 90s, num total de 1 x 10
3
ciclos. O ensaio de fadiga isotĂŠrmico
foi realizado com deformação total controlada.
Curtis et al (2003) assumem que o desempenho do jateamento
controlado de granalhas dependerå do balanço entre seus efeitos benÊficos e
prejudiciais. O jateamento controlado de granalhas afetarĂĄ o estĂĄgio de dano
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
27
de fadiga que corresponde à nucleação e propagação das trincas curtas, onde
elas representam mais que 70% da vida a fadiga de um componente. Para que
uma trinca seja interrompida Ê necessårio satisfazer duas condiçþes: a zona
plĂĄstica na ponta da trinca ĂŠ restringida pelas barreiras (microestruturais) e as
tensĂľes locais nas barreiras na frente das trincas sejam incapazes de estender
a plasticidade da ponta da trinca alĂŠm de tais barreiras. Existem dois efeitos do
jateamento controlado de granalhas que são significativos para interrupção da
trinca de um material de superfĂ­cie projetado: as tensĂľes residuais
compressivas e a rugosidade da superfĂ­cie, onde a anterior ĂŠ benĂŠfica e a
última prejudicial. Foram analisadas as condiçþes de contorno usando dois
modelos micro-mecânicos para sensitividade do entalhe. Conseqßentemente,
os elevados valores da relação de tensão promoverão a melhoria da vida à
fadiga pelo jateamento controlado de granalhas, os baixos valores da relação
de tensão promoverão a melhoria da interrupção da trinca pelo jateamento
controlado de granalhas. Os benefĂ­cios do jateamento controlado de granalhas
mostram-se mais significativos quando sĂŁo aplicados nĂ­veis de tensĂľes mais
baixos e consequentemente altos ciclos. Em geral, jateamento controlado de
granalhas aumenta o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga dos materiais.
Adib e Pluvinage (2003) investigaram os aspectos teĂłricos e numĂŠricos
do mÊtodo de aproximação volumÊtrica, dando ênfase às características
intrĂ­nsecas, hipĂłteses e sua aplicabilidade para vĂĄrios componentes
entalhados. A aproximação volumÊtrica estå relacionada ao campo de
intensidade de tensĂľes. Os modelos de tensĂľes mĂŠdias, intensidade de
tensþes e aproximação volumÊtrica podem ser classificados como mÊtodos
macro-mecânicos. Esses mÊtodos servem para estimar a vida de fadiga em
aplicaçþes pråticas de engenharia. As aproximaçþes macro-mecânicas
ignoram as trincas existentes em todos os corpos-de-prova. O mĂŠtodo dos
elementos finitos elasto-plĂĄstico foi utilizado para determinar as tensĂľes
efetivas, a zona plĂĄstica efetiva e o relativo gradiente de tensĂľes. As
estimativas de falhas por fadiga obtidas atravÊs de simulaçþes foram
semelhantes a resultados obtidos experimentalmente, para os vĂĄrios tipos de
entalhes geomĂŠtricos.
Makkonen (2003) declara que o efeito estatĂ­stico do tamanho do
componente e o efeito do gradiente de tensĂľes ou efeito geomĂŠtrico do
Capítulo 2 – Revisão Bibliográfica
28
tamanho sĂŁo fatores que explicam o efeito do tamanho do entalhe. O efeito
estatístico do tamanho Ê calculado baseado na distribuição da profundidade
måxima da trinca nucleada em corpos-de-prova com variação da årea
solicitada. O efeito geomĂŠtrico do tamanho depende do gradiente de tensĂľes e
pode ser estimado com o auxílio da mecânica da fratura linear elåstica. Um
Ăşnico mĂŠtodo nĂŁo pode ser usado para predizer o limite de fadiga de entalhes
afiados ou cegos.
Susmel (2004) propĂ´s um mĂŠtodo de engenharia apropriado para
predizer o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga dos componentes com e sem entalhes,
submetidos a carregamentos de fadiga uniaxiais e multiaxiais. Conceitos sobre
o comportamento das trincas no material metĂĄlico sob cargas cĂ­clicas uniaxiais
foram estendidos às situaçþes multiaxiais de fadiga. Os limites de resistência à
fadiga foram estimados considerando o estado linear-elĂĄstico de tensĂŁo no
centro do volume estrutural. O tamanho do volume estrutural foi considerado
constante, isto ĂŠ, independente do tipo de carregamento aplicado, mas
diferente para materiais distintos. As prediçþes foram feitas utilizando critÊrio
multiaxial de fadiga proposto por Susmel e Lazzarin´s (2002), aplicados usando
o estado linear-elĂĄstico de tensĂŁo determinado no centro do volume estrutural.
A precisĂŁo deste mĂŠtodo foi verificada usando-se dados da literatura e dados
de ensaios em corpos-de-prova entalhados, sujeitos a carregamentos de fadiga
uniaxial e multiaxial. Essa aproximação serve como ferramenta para predizer o
limite de resistĂŞncia Ă  fadiga de componentes entalhados, independentemente
do material, da característica da concentração de tensão e do tipo carga
aplicada.
CAPÍTULO 3
MATERIAIS E MÉTODOS
3.1. Fluxograma
A metodologia de ensaios seguida neste trabalho estĂĄ mostrada na Fig.
3.1. O fluxograma proporciona uma visão geral da seqßência de experimentos.
29
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
Barras – AISI 304
Corpos-de-Prova Virgens sem Rosca
Corpos-de-Prova Virgens com Rosca
Ensaio de Tração Fadiga TÊrmica
Fadiga Mecânica
Fadiga Mecânica
Amostras
Composição Química
Metalografia
Dureza Difração de Raio-X
Microssonda
Grupo 1 - Vida Longa
Ensaio de Tração
Grupo 2 - Vida IntermediĂĄria
Grupo 3 – Vida Curta
Figura 3.1 – Fluxograma com a seqüência de experimentos
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
31
3.2. Material
O material dos corpos-de-prova utilizados neste trabalho Ê o aço
inoxidável austenítico AISI/ABNT 304L (SAE 30304L, V–304L, DIN X 2 CrNi 18
9 e WNr 1.4306). Este aço Ê utilizado nas tubulaçþes do sistema de
refrigeração primårio do reator da Usina de Angra 1.
O aço normalizado apresenta as seguintes propriedades mecânicas:
limite de escoamento nominal de 245 MPa, limite de resistência à tração de
590 MPa, alongamento total de 50 %, dureza de 160 HB e estricção de 60%
(Catålogo Villares). A composição química nominal deste aço Ê apresentada na
Tab. 3.1 (CatĂĄlogo Villares).
Tabela 3.1 – Composição química do aço AISI 304L
Elemento C Si Mn Cr Ni Mo P S N
% 0,03 - - 19,00 10,00 - - - -
A anĂĄlise quĂ­mica do material foi realizada usando-se um espectrĂ´metro
de emissĂŁo Ăłtica, marca ARL, modelo 3560 OES. Foi retirada uma amostra de
cada barra no estado de recebimento, totalizando 11 amostras. Cada barra tem
4 m de comprimento, 5/8” de diâmetro e 1,55 kg/m de densidade linear.
Após os ensaios de fadiga mecânica, foram escolhidos quinze corpos-de-
prova que foram divididos em trĂŞs grupos. O primeiro grupo ĂŠ composto dos
corpos-de-prova que tiveram vida longa, o segundo grupo ĂŠ composto dos
corpos-de-prova que tiveram vida intermediĂĄria e finalmente, o terceiro grupo ĂŠ
composto dos corpos-de-prova com vida curta. Para cada nĂ­vel de tensĂŁo foi
escolhido um corpo-de-prova de cada um dos grupos citados acima. Os
corpos-de-prova acima selecionados foram submetidos Ă  anĂĄlise quĂ­mica,
representando os grupos descritos.
Os dados obtidos da anĂĄlise quĂ­mica, serviram para verificar a influĂŞncia
da composição química na susceptibilidade à formação de trincas em função
da relação
(
)
eq
Ni
Cr
. Os valores do Cr
eq
e do Ni
eq
foram determinados por meio
das Equaçþes (3.1) e (3.2) e em seguida usados como dados de entrada em
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
32
um diagrama estrutural de aços contendo cromo e níquel (Padilha e Guedes,
1994). O diagrama permite que se obtenha, a microestrutura a ser obtida para
uma determinada composição química.
NCMnCoNiNi
eq
5,7305,0
+
+
++=
(3.1)
NbMoSiCrCr
eq
5,05,12 +++=
(3.2)
Amostras dos extremos dos corpos-de-prova pertencentes ao primeiro,
segundo e terceiro grupo foram retiradas para ensaios metalogrĂĄficos. As
amostras foram retiradas em corte transversal, depois lixadas e polidas atĂŠ a
pasta de diamante de granulometria 0,25 Âľm. Em seguida, foram atacadas com
åcido oxålico 10%, para revelação de sua microestrutura. Após o ataque
químico, as amostras foram fotografadas com câmera digital e depois
processadas para melhor identificação dos detalhes da microestrutura.
A tÊcnica de Difração de Raio-X foi empregada para detectar a presença
e porcentagem de ferrita em cada amostra. A Equação (3.3) foi usada para
indicar a presença de precipitados e depois confirmada utilizando Microssonda
(Padilha e Guedes, 1994).
CoNiTaNbTi
SiVWMoMnCr
%177,0%226,022,1%7,1%44,2
%58,1%02,2%97,0%76,1%31,0%)Creq(%peso
−−+++
+
+
+
+
+
=
(3.3)
3.3. Metodologia
As propriedades mecânicas do aço AISI 304L foram determinadas
atravÊs de ensaios de tração, ensaios de dureza, ensaios de fadiga flexo-
rotativos e ensaios de fadiga tĂŠrmica. As barras foram divididas em corpos-de-
prova virgens com rosca e sem rosca. Alguns corpos-de-prova com rosca
foram separados e submetidos a ensaios de tração para determinação do limite
de escoamento e limite de resistência à tração. O restante dos corpos-de-prova
com rosca foram submetidos a ensaios de fadiga tĂŠrmica e, em seguida, a
ensaios de fadiga flexo-rotativos. Os corpos-de-prova sem rosca foram
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
33
submetidos a ensaios de fadiga flexo-rotativos para determinação do limite de
resistĂŞncia Ă  fadiga. Alguns destes corpos-de-prova foram selecionados e
submetidos a ensaios de tração e dureza.
3.4. Ensaios de Tração
Os ensaios de tração foram realizados segundo a norma ASTM E-23,
usando-se uma máquina universal de ensaios, marca Instron – TDML, com
capacidade de 98 kN, velocidade do cabeçote de 200 mm/min e a temperatura
ambiente. Nos ensaios, foram usados corpos-de-prova como recebidos e
corpos-de-prova danificados apĂłs 2 x 10
6
ciclos, ou seja, apĂłs fadiga
mecânica.
3.5. Ensaios de Dureza
Os ensaios de dureza Vickers foram realizados conforme recomenda a
norma ASTM E-92, utilizou-se uma mĂĄquina Wolpert. As durezas obtidas foram
do tipo Vickers, com carga de ensaio de 20 kg e penetrador de base piramidal
com ângulo de 136
o
.
3.6. Ensaios de Fadiga Flexo-Rotativos
Os ensaios de fadiga flexo-rotativos foram realizados na mĂĄquina
mostrada na Fig. 3.2. Este equipamento foi projetado e fabricado pelo CDTN.
Figura 3.2 – Máquina de fadiga flexo-rotativa aberta.
Este tipo de måquina usa um sistema de balança. De um lado Ê
colocada a massa proporcional Ă  tensĂŁo desejada. Do outro lado existe uma
massa de compensação. O sistema de aplicação de forças Ê apresentado
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
34
esquematicamente na Fig. 3.3. A força externa F
A
provoca um momento fletor
constante no corpo-de-prova.
Figura 3.3 – Esquema que apresenta a aplicação de tensões
A mĂĄquina ĂŠ refrigerada a ĂĄgua, anulando os efeitos da temperatura
durante os ensaios. Um motor elÊtrico de 3500 rpm produz as rotaçþes no
corpo-de-prova. Estas rotaçþes são registradas por um contador eletrônico com
capacidade de contar atĂŠ 10
9
ciclos. ApĂłs a falha do corpo-de-prova, ocorre o
desligamento automĂĄtico da mĂĄquina.
A mĂĄquina foi projetada com um fator multiplicador de 10. Assim, atravĂŠs
de um sistema de alavancas toda massa colocada na balança produz no corpo-
de-prova uma força 10 vezes maior. O corpo-de-prova Ê fixado na måquina em
dois pontos, simulando uma viga bi-engastada, com duas cargas concentradas
eqĂźidistantes. O corpo-de-prova fica submetido a um momento fletor constante
no seu centro.
3.7. Corpos-de-Prova Utilizados
Todos os corpos-de-prova foram usinados utilizou-se uma mĂĄquina de
controle numÊrico e, posteriormente, retificados, seguindo uma composição
sugerida por Cazaud (1957), ASTM E 466-96 e norma DIN 50113 (Mansur,
2002). Os corpos-de-prova usados nos ensaios de fadiga flexo-rotativos
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
35
seguiram as dimensĂľes apresentadas na Fig. 3.4. Nos corpos-de-prova
submetidos aos ensaios de fadiga tÊrmica e ensaios de tração foram usinadas
roscas em suas extremidades, conforme Anexo Ι.
Figura 3.4 – Corpo-de-prova e respectivas dimensões (em mm)
A rugosidade mĂŠdia foi medida utilizando-se o rugosĂ­metro Talysurf-10
(CDTN). A rugosidade foi medida na seção útil do corpo-de-prova. Em cada
corpo-de-prova foram realizadas leituras utilizando um sensor que varreu
automaticamente uma distância prÊ-definida. A rugosidade mÊdia (R
A
)
encontrada foi igual a 0,077 Âľm.
3.8. Ensaios de Fadiga TĂŠrmica
Os ensaios de fadiga tĂŠrmica foram realizados, utilizando-se corpos-de-
prova virgens. O ciclo tĂŠrmico segue os passos abaixo descritos:
a. O corpo-de-prova ĂŠ introduzido numa cuba de teflon (isolante elĂŠtrico),
depois ĂŠ montado numa mĂĄquina de ensaio de fluĂŞncia, sendo
tracionado constantemente atravĂŠs de um dispositivo de alavanca (Fig.
3.5). A tração aplicada foi de 38,4 MPa, equivalente à pressão måxima
do fluído no sistema de remoção de calor residual, durante a operação
no circuito primĂĄrio do reator tipo PWR;
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
36
Figura 3.5 – Corpo-de-prova montado na máquina de ensaio de fluência
b. Dois termopares sĂŁo presos no centro do corpo-de-prova: um fica de
reserva, enquanto o outro faz a leitura em tempo real, todas as leituras
de temperatura sĂŁo enviadas para o controlador;
c. O controlador Eurotherm 2116 (Fig. 3.6) foi programado tendo como
parâmetros à temperatura inferior de 250 ºC e temperatura superior de
500 ÂşC. O controlador alimenta eletricamente um circuito composto por
um contator externo, um contator interno, uma vĂĄlvula solenĂłide e um
contador eletrônico de ciclo, com faixa de medição de 10
9
ciclos;
Figura 3.6 – Controlador, contador de ciclos e contator externo
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
37
d. Quando a temperatura atinge 250 ÂşC, o contador de ciclos registra um
novo ciclo, o contator externo fecha a vĂĄlvula solenĂłide (Fig. 3.7) que ĂŠ
normal aberta e aciona o contator interno. O contator interno comanda o
acionamento e desligamento do transformador retificador TRR 2350
BAMBOZZI, com capacidade de 1500 Å e 2,5 V. O transformador
retificador quando acionado aquece o corpo-de-prova por efeito Joule
atĂŠ a temperatura de 500 ÂşC.
Figura 3.7 – Válvula solenóide normal aberta
e. Quando o controlador ĂŠ informado pelo termopar que a temperatura
atingiu 500 ÂşC, a corrente que alimenta o contator externo ĂŠ
interrompida. ConseqĂźentemente, o contator interno desliga o
transformador e a vĂĄlvula solenĂłide, que ĂŠ normal aberta, deixando
passar o ar comprimido que refrigera o corpo-de-prova atĂŠ a temperatura
de 250 ÂşC.
f. O ar comprimido ĂŠ fornecido por dois compressores que funcionam de
forma intercalada, nunca funcionando ao mesmo tempo. Quando a
temperatura do corpo-de-prova atinge 250 ÂşC, um novo ciclo ĂŠ iniciado.
Este processo ĂŠ repetido durante 2 x 10
3
ciclos, com tempo mĂŠdio de 20
s/ciclo.
3.9. Planejamento dos Ensaios para a Determinação da Curva S-N-P
A primeira famĂ­lia de curvas S-N-P foi determinada utilizando-se corpos-
de-prova virgens que foram danificados somente por meio de ensaios de fadiga
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
38
mecânica. A segunda família foi determinada utilizando corpos-de-prova
danificados termicamente durante 2 x 10
3
ciclos e, em seguida, submetidos a
ensaios de fadiga flexo-rotativos. Os ensaios mecânicos para obtenção de
informaçþes para o estudo de fadiga foram realizados na forma de ensaios de
vida acelerada (Freitas e Colosimo, 1997), onde a variĂĄvel resposta de
interesse ĂŠ o tempo atĂŠ a ocorrĂŞncia da falha e a variĂĄvel dependente ĂŠ o nĂ­vel
de amplitude de tensĂŁo desenvolvida no corpo-de-prova.
O planejamento dos ensaios de vidas acelerados se divide em dois
grupos: forma de ensaios e plano experimental. Escolher um plano
experimental significa: determinar o nĂşmero de nĂ­veis de tensĂľes, determinar
os nĂ­veis de tensĂľes e determinar a quantidade de corpos-de-prova que deverĂĄ
ser usado em cada nĂ­vel de tensĂŁo (Freitas e Colosimo, 1997).
Os planos experimentais sĂŁo divididos em: planos tradicionais, planos
Ăłtimos e planos de compromisso. Os planos de compromisso apresentados por
Meeker & Hahn (1985) sĂŁo uma proposta intermediĂĄria entre os tradicionais e
os Ăłtimos. Estes planos utilizam no mĂ­nimo trĂŞs nĂ­veis de tensĂľes: alto,
intermediårio e baixo, mantendo o número de corpos-de-prova numa proporção
de 4:2:1, para os respectivos nĂ­veis baixo, intermediĂĄrio e alto. Como os nĂ­veis
de tensĂľes alternadas mais baixos apresentam uma maior dispersĂŁo, ĂŠ
recomendado ensaiar com o maior nĂşmero de corpos-de-prova para estes
ensaios.
No levantamento da curva S-N-P foram usados setenta corpos-de-prova,
divididos em cinco níveis de tensão. A determinação dos níveis de tensþes e a
quantidade de corpos-de-prova que foram usados em cada nĂ­vel de tensĂŁo
podem ser resumidas por meio dos seguintes passos (Freitas e Colosimo,
1997):
a. Para o cålculo dos níveis de tensþes, foi usada a relação de potência
inversa. TambÊm foi considerado que a distribuição que melhor
representa os ensaios de fadiga ĂŠ a log-normal. Os primeiros nĂ­veis de
tensĂľes a serem definidos sĂŁo V
a
e V
0
;
2,0
8,0
σ
=
a
V (3.4)
)ln(
aa
Vx −= (3.5)
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
39
V
a
ĂŠ a variĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel mais alto, sendo recomendado que
100% dos corpos-de-prova falhem neste nĂ­vel de tensĂŁo.
2,00
51,0
σ
=V (3.6)
)ln(
00
Vx −= (3.7)
V
0
ĂŠ variĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel de projeto, sendo recomendado usar um
valor abaixo do limite de resistĂŞncia Ă  fadiga estimado. Entretanto, V
b
que ĂŠ
variĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel mais baixo, deve ser usada como o valor mais
prĂłximo do limite de resistĂŞncia Ă  fadiga estimado.
b
x
b
eV
−
=
(3.8)
bab
xxxxx ´)(
00
+
+= (3.9)
Os valores de x
b
’
, p
b
, x
b
’
, p
m
são fornecidos pelas Tab. B.4a – B.4d
(Freitas e Colosimo, 1997):
A variĂĄvel de tensĂŁo no nĂ­vel intermediĂĄrio (V
m
) foi determinada usando
as Eq. (3.10) e Eq. (3.11).
mam
xxxxx ´)(
00
−
+= (3.10)
m
x
m
eV
−
=
(3.11)
As variĂĄveis de tensĂľes no nĂ­vel intermediĂĄrio (V
1
e V
2
) foram
determinadas usando as Eq. (3.12) e Eq. (3.13).
2
1
mb
VV
V
+
=
(3.12)
2
2
ma
VV
V
+
=
(3.13)
b. Para determinar a quantidade de corpos-de-prova que foi usada em
cada nĂ­vel de tensĂŁo, foram adotados alguns critĂŠrios:
a) respeitar proporção 4:2:1;
b) a probabilidade dos corpos-de-prova falharem no nĂ­vel de tensĂŁo mais alto ĂŠ
de 100% (P
a
= 1);
c) a distribuição Ê log-normal para planos experimentais de compromisso;
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
40
d) serĂŁo usados nos ensaios setenta corpos-de-prova.
Para calcular o nĂşmero de corpos-de-prova usados no nĂ­vel de tensĂŁo
mais baixo (n
b
), foi usada a Eq. (3.14).
b
b
p
n
3
=
(3.14)
Para calcular o nĂşmero de corpos-de-prova usados no nĂ­vel de tensĂŁo
intermediĂĄrio (n
m
), foi usada a Eq. (3.15).
m
m
p
n
11
=
(3.15)
Para calcular o nĂşmero de corpos-de-prova usados no nĂ­vel de tensĂŁo
mais alto (n
a
), foi usada a Eq. (3.16).
2
m
a
n
n =
(3.16)
Para calcular o nĂşmero de corpos-de-prova usados nos nĂ­veis de
tensĂľes intermediĂĄrios (n
1
e n
2
), foram usadas as Eq. (3.17) e Eq. (3.18).
2
1
bm
nn
n
+
=
(3.17)
2
2
am
nn
n
+
= (3.18)
3.10. Limite de ResistĂŞncia Ă  Fadiga EmpĂ­rico
O limite de resistĂŞncia Ă  fadiga empĂ­rico foi determinado usando a Eq.
(3.19) proposta por Bannantine et al (1990) e pela Eq. (3.20) proposta por
Cazaud. Cazaud propĂ´s que o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do Material pode
ser estimado usando uma combinação das equaçþes de Haigh, Mailander,
Stribeck, Rogers e Houdresmouty.
)(5,0
~
RTSGLue
CCCCCS
σ
=
(3.19)
onde,
C
L
- Fator de carga;
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
41
C
G
- Fator de tamanho;
C
S
- Fator de acabamento superficial;
C
T
- Fator de temperatura;
C
R
– fator de confiabilidade;
σ
u
– Limite de resistência à tração do material.
8
MMMMMMMM
S
5432312322211
~
e
+
+
+
+
+++
=
(3.20)
onde;
M
1
ĂŠ (FĂłrmula de Haigh)
Re
S
σ
0,6
~
=
M
21
ĂŠ (FĂłrmula de Mailander)
Re
S
σ
0,20) (0,49
~
+=
M
22
ĂŠ (FĂłrmula de Mailander)
Re
S
σ
0,20)- (0,49
~
=
M
23
ĂŠ (FĂłrmula de Mailander)
Re
S
σ
0,30)- (0,65
~
=
M
31
ĂŠ (FĂłrmula de Stribeck) )0,20)((0,285
2,0
~
σσ
++=
Re
S
M
32
ĂŠ (FĂłrmula de Stribeck) )0,20)(-(0,285
2,0
~
σσ
+=
Re
S
M
4
ĂŠ (FĂłrmula de Rogers)
2,0
~
4,00,25
σσ
+=
Re
S
M
5
ĂŠ (FĂłrmula de Houdresmouty - Mailander) 5) ,215(0
2,0
~
++=
Re
S
σσ
sendo,
σ
0,2
– Limite de escoamento do material;
σ
R
– Limite de ruptura do material;
~
e
S
– Limite de resistência à fadiga estimado.
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
42
3.11. Modelos de RegressĂŁo para Dados Oriundos de Ensaios de Vida
Acelerados
Os ensaios de fadiga apresentam uma dispersĂŁo no nĂşmero de ciclos
para um mesmo nĂ­vel de tensĂŁo alternada aplicada, ou seja, segue uma
distribuição de probabilidade. A distribuição de probabilidade que melhor
representa os ensaios de fadiga Ê a distribuição log-normal (Freitas e
Colosimo, 1997; Mansur, 2002a).
Os modelos aplicados na anĂĄlise de dados de confiabilidade sĂŁo
construĂ­dos para o logarĂ­tmico do tempo de falha
Τ
, ou seja,
()
Τ
= lnY . Para
estes modelos ĂŠ sugerido que
Y
tem uma distribuição com parâmetro de
locação
()
x
Âľ
e parâmetro de escala 0>
Γ
(Mansur, 2002a).
Adota-se a notação
(
)
x
Âľ
para indicar que o parâmetro de locação da
distribuição de
Y
depende da variĂĄvel de tensĂŁo
(
)
x
a
, que ĂŠ para o caso de
fadiga mecânica a amplitude de tensão alternada,
σ
.
Este procedimento aplica-se qualquer que seja a distribuição suposta
para Y.
O modelo tem a seguinte forma geral (Mansur, 2002a).
()
Îľ
β
β
Γ++=Τ= xY
10
ln (3.21)
onde
Τ representa o tempo de falha,
(
)
Aln
0
=
β
e w
=
β
A e são parâmetros característicos do material utilizado, mÊtodo de ensaio,
geometria e fabricação dos corpos-de-prova.
w
Γ
Ê o parâmetro de escala, o qual
corresponde ao desvio padrĂŁo, constante para todos os nĂ­veis de tensĂŁo e
Îľ
tem uma distribuição que independe da variåvel " . "x
A Equação (3.21) de
Y
pode ser reescrita como
()
Îľ
Âľ
Γ+=
x
Y (3.22)
onde
()
x
x 10
β
β
Âľ
+= (3.23)
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
43
Depois que os parâmetros são estimados, o próximo passo Ê utilizar
algum mÊtodo para verificação da adequação do modelo. Freitas e Colosimo
(1997) sugerem alguns procedimentos para estimação dos parâmetros do
modelo e verificação da adequação do mesmo.
O limite de resistĂŞncia Ă  fadiga pode ser estimado, seguindo o
procedimento abaixo (Mansur, 2002a):
a. Obter os dados experimentais de um ensaio de vida acelerada;
b. Estimar os parâmetros do modelo segundo a distribuição de
probabilidade log-normal;
c. Verificar a adequação do modelo atravÊs da validação das suposiçþes
associadas ao mesmo;
d. Utilizar a função de confiabilidade
(
)
(
)
tPR ≥
Τ
=
Τ
correspondente Ă 
distribuição log-normal encontrando por meio do cålculo inverso qual o
valor da variĂĄvel de tensĂŁo (tensĂŁo alternada aplicada) , que
corresponde a um valor de
0
.
(
)
(
)
tPTR ≥
Τ
=
ĂŠ a probabilidade
de que o tempo atÊ a falha do aço seja maior do que um tempo t
determinado, 2 x 10
6
ciclos neste trabalho;
x
(
)
%50
=
Τ
R
e. O valor obtido em “d” é o limite de resistência à fadiga.
3.12. Ajuste do Modelo de RegressĂŁo Base
Foram usados nos ensaios de fadiga setenta corpos-de-prova em cinco
nĂ­veis de tensĂŁo, os dados foram usados para levantar a curva S-N-P
experimental. A distribuição escolhida para este trabalho foi a log-normal
(Mansur, 2000b; Freitas e Colosimo, 1997).
A estimativa dos parâmetros deste modelo e a verificação da adequação
do mesmo foram feitas utilizando-se o software estatĂ­stico MINITAB, versĂŁo 12.
Para a certificação da proximidade das estimativas produzidas pelo
mÊtodo ajustado, foram simulados atravÊs da utilização do MINITAB, 100
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
44
valores para cada um dos nĂ­veis de tensĂŁo existentes nos dados experimentais
e foram calculadas as probabilidades de falha em cada nĂ­vel de tensĂŁo.
A seguir foram utilizados a função de confiabilidade da distribuição log-
normal e o cĂĄlculo inverso para estabelecer o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga para
o aço sob estudo (Mansur, 2002a).
Sabe-se (Freitas e Colosimo, 1997) que a função de confiabilidade da
log-normal ĂŠ dada por:
() ( )
tPR ≥Τ=Τ (3.24)
()
()


















Γ
−−
−Φ=
ˆ
ˆˆ
ln
ˆ
010
xt
TR
ββ
(3.25)
Onde
ÎŚ
é o percentil da distribuição normal padrão, , , e Γ são os
parâmetros estimados pelo modelo,
t ĂŠ o tempo de vida de interesse, neste
caso 2 x 10
0
ˆ
β
1
ˆ
β
ˆ
6
ciclos e ĂŠ o nĂ­vel de tensĂŁo.
0
x
A partir da expressĂŁo para
(
)
ΤR
ˆ
da log-normal pode-se estabelecer o
cålculo inverso (obtenção de ) da seguinte forma:
0
x
()
[
0
1
1
0
ln
1
β
β
−+ΓΦ=
−
tx
]
•
•
•
(3.26)
1−
ÎŚ ĂŠ o valor de z (normal padrĂŁo) correspondente ao percentil de interesse.
O limite de resistĂŞncia Ă  fadiga ĂŠ o valor
para o qual se tem
, ou seja, a probabilidade de que os corpos-de-prova venham a
falhar apĂłs 2 x 10
0
x
()
%50=ΤR
6
ciclos ĂŠ de 50%. Este valor serĂĄ o valor utilizado na
comparação da proximidade das estimativas obtidas pelos mÊtodos:
Cålculo direto atravÊs da distribuição log-normal (MÊtodo de modelos de
regressĂŁo para dados oriundos de testes de vida acelerada);
Simulação “up-and-down”;
“Up-and-down” experimental.
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
45
3.13. Simulação do Método “up-and-down”
Foram realizadas simulações “up-and-down”, usando o software
MINITAB. Em seguida utilizando os procedimentos do método “up-and-down”,
conforme detalhado em Mansur (2002a), pode-se determinar o limite de
resistĂŞncia Ă  fadiga.
Os níveis de tensão escolhidos para a simulação foram aqueles que
correspondem aos seguintes valores da função de confiabilidade para o
modelo base:
. Foram realizadas 04 simulaçþes, com 22
amostras para cada simulação. Os valores de tensão correspondentes a
.
()
90% e 50% %,10=TR
90% e
()
50% %,10=TR
A simulação foi realizada seguindo os passos abaixo:
a) Com os valores obtidos para
0
β
,
1
β
e
Γ
dos dados experimentais do
traçado das curvas S-N-P. Calculou-se para
0
; x
(
)
90% e 50% %,10
=
TR
b) Depois de calculado , calculou-se
0
x
(
)
x
Âľ
;
c) Com os valores obtidos para
(
)
x
Âľ
e
Γ
, procede-se da seguinte maneira na
utilização do MINITAB Versão 12;
c.1 Calc – Randon Data
→ Log-normal;
c.2 Generate 1 ;
Store in columns
1
C
Location
Âľ
Scale
Γ
OK
c.3 Aparece o 1
o
valor de ciclos gerado;
c.4 Debaixo deste valor anota-se o valor da tensĂŁo que o gerou;
c.5 Se este valor for menor que
t significa que o corpo-de-prova falhou,
entĂŁo, retorna-se a c.1 com o valor de tensĂŁo menor. Se o valor for maior
que aumenta-se o valor da tensĂŁo;
6
102x=
6
102x
Capítulo 3 – Materiais e Métodos
46
x
()
%50=TR x
R
c.6 Repete-se esta seqßência atÊ se ter os 22 valores desejados;
d) De posse dos 22 valores gerados em c aplica-se o “up-and-down”
convencional;
e) Com os dados obtidos nos ensaios de fadiga e depois tratados
estatisticamente no MINITAB 12, foi calculado o valor de
correspondente
a . O limite de resistĂŞncia Ă  fadiga ĂŠ o valor de para o qual
, ou seja, a probabilidade de que as amostras venham a falhar
apĂłs ciclos.
0
0
()
%50=T
6
102 ×
CAPÍTULO 4
RESULTADOS EXPERIMENTAIS E DISCUSSÃO
4.1 Material
O aço comprado comercialmente foi o AISI 304. Entretanto, após
anålises verificou-se que o aço fornecido foi o AISI 304L, que Ê comercialmente
mais caro, por ter uma menor porcentagem de carbono.
4.2 Composição Química
Amostras das pontas das barras e amostras dos corpos-de-prova
danificados mecanicamente foram submetidas Ă  anĂĄlise quĂ­mica. As amostras
analisadas indicaram que o percentual dos elementos quĂ­micos atende as
especificaçþes propostas nas literaturas especializadas. A composição química
de cada amostra retirada dos corpos-de-prova escolhidos, seguindo os critĂŠrios
descritos no item (3.2), ĂŠ apresentada na Tab. 4.1.
47
Capítulo 4 –Resultados Experimentais e Discussão
48
Tabela 4.1 – Resultados da análise química das amostras selecionadas (CP = Corpo-de-prova)
CP
(MPa)
%C %Si %Mn %P %S %Ni %Cr %Mo %Cu %Co %Al %Nb %Ti %V %B %Fe
4
375
0,0237 0,701 1,871 0,0390 0,0222 10,063 18,304 0,203 0,278 0,1512 0,0058 0,00118 0,00759 0,0284 0,00126 68,31
8
375
0,0150 0,427 1,365 0,0248 0,0293 8,658 18,515 0,307 0,283 0,1353 0,0041 0,00450 0,00780 0,0709 0,00138 70,15
72
375
0,0174 0,433 1,372 0,0257 0,0290 8,769 18,523 0,323 0,293 0,1389 0,0045 0,00700 0,00778 0,0720 0,00141 69,98
74
343
0,0579 0,426 1,888 0,0313 0,0086 10,117 18,495 0,516 0,119 0,150 0,006 0,01018 0,00758 0,0220 0,00112 68,15
15
343
0,0236 0,697 1,868 0,0306 0,0220 10,040 18,304 0,201 0,279 0,148 0,005 0,00000 0,00759 0,0263 0,00126 68,35
75
343
0,0182 0,427 1,367 0,0252 0,0287 8,684 18,529 0,311 0,289 0,137 0,004 0,00533 0,00780 0,0786 0,00136 70,10
30
311
0,0230 0,699 1,866 0,0307 0,0225 10,027 18,355 0,204 0,279 0,154 0,006 0,00176 0,00758 0,0302 0,00128 68,29
29
311
0,0233 0,705 1,871 0,0310 0,0226 10,094 18,281 0,203 0,276 0,149 0,006 0,00037 0,00758 0,0276 0,00127 68,30
26
311
0,0173 0,442 1,387 0,0262 0,0315 8,810 18,505 0,316 0,289 0,146 0,005 0,00736 0,00777 0,0786 0,00147 69,93
46
285
0,0282 0,700 1,871 0,0305 0,0225 10,052 18,282 0,200 0,277 0,147 0,006 0,00020 0,00759 0,0273 0,00128 68,35
43
285
0,0267 0,705 1,880 0,0304 0,0231 10,111 18,350 0,212 0,277 0,152 0,005 0,00226 0,00759 0,0276 0,00130 68,19
44
285
0,0156 0,433 1,392 0,0269 0,0306 8,803 18,494 0,311 0,299 0,135 0,004 0,00324 0,00778 0,0699 0,00137 69,97
62
259
0,0272 0,702 1,887 0,3133 0,0227 10,117 18,358 0,210 0,288 0,154 0,006 0,00234 0,00758 0,0280 0,00130 68,16
54
259
0,0257 0,696 1,870 0,0298 0,0218 10,080 18,420 0,213 0,280 0,151 0,007 0,00228 0,00760 0,0264 0,00128 68,17
2
259
0,0172 0,439 1,385 0,0265 0,0317 8,823 18,467 0,315 0,290 0,147 0,006 0,00801 0,00778 0,0786 0,00147 69,96
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
49
Houve uma variação na composição química entre as barras. A mesma
variação foi observada nas amostras dos corpos-de-prova. Esta variação Ê
natural, pois depende do controle do processo de fabricação. A variação na
composição química interfere nas propriedades mecânicas do material. As
amostras das barras 1, 2, 7 e 9 apresentaram propriedades magnĂŠticas, sendo
que as demais nĂŁo apresentaram magnetismo. Estas propriedades magnĂŠticas
são indícios da presença de ferrita e martensita induzida por deformação.
Nos aços inoxidåveis austeníticos não Ê somente a matriz austenítica
que determina as propriedades mecânicas deste material. Numerosas fases,
tais como ferrita δ, carbonetos, fases intermetålicas, nitretos, sulfetos, boretos e
martensitas induzidas por deformação, podem estar presentes na
microestrutura dos aços inoxidåveis austeníticos. A quantidade, o tamanho, a
distribuição e a forma destas fases têm influência marcante nas propriedades
do material. Sabe-se tambÊm que a composição química, endurecimento e
deformação plåstica alteram as propriedades de fadiga do material.
As amostras dos corpos-de-prova danificados mecanicamente foram
selecionadas por grupos, conforme descrito no item (3.2). A Fig. 4.1 apresenta
os corpos-de-prova por nĂ­vel de tensĂŁo e a quantidade de ciclos que cada um
suportou. Por exemplo, o nĂşmero 4 representa o corpo-de-prova (04), que foi
submetido Ă  tensĂŁo alternada de 375 MPa, falhando apĂłs 4.844 ciclos.
ConseqĂźentemente, este corpo-de-prova foi selecionado para o grupo 1 (vida
curta). Os corpos-de-prova 8 e 72 representam os grupos de vida intermediĂĄria
e longa, respectivamente, para este valor de tensĂŁo alternada.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
50
255
270
285
300
315
330
345
360
375
1,E+03 1,E+04 1,E+05 1,E+06 1,E+07
NĂşmero de Ciclos Log (N)
Amplitude da TensĂŁo Alternada (MPa)
4 8 72
74 15 75
30 29 26
46 43 44
62 54 2
Figura 4.1 – Amostras dos corpos-de-prova
Os dados obtidos da anålise química foram aplicados nas Equaçþes
(3.1) e (3.2), determinando assim os valores do Cr
eq
e do Ni
eq
. Em seguida, foi
estabelecida a relação (Cr/Ni)
eq
para cada amostra selecionada. Os valores
calculados encontram-se na Tab. 4.2.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
51
Tabela 4.2 – Relação (Cr/Ni)
eq
para cada amostra escolhida
CP
TensĂŁo (MPa)
Ciclos Cr
eq
Ni
eq
(Cr/Ni)
eq
4
375
4.844 20,01 11,86 1,687
8
375
125.016 19,83 9,92 1,998
72
375
1.410.122 19,88 10,12 1,965
74
343
8.739 20,13 12,95 1,555
15
343
37.041 20,00 11,83 1,691
75
343
798.120 19,85 10,05 1,975
30
311
109.976 20,06 11,80 1,699
29
311
760.340 19,99 11,88 1,683
26
311
2.000.000 19,87 10,17 1,954
46
285
44.655 19,98 11,98 1,668
43
285
285.939 20,08 12,00 1,673
44
285
2.000.000 19,83 10,10 1,963
62
259
239.047 20,08 12,03 1,669
54
259
821.195 20,13 11,94 1,687
2
259
2.000.000 19,82 10,18 1,948
Quando os valores da relação (Cr/Ni)
eq
sĂŁo inferiores a 1,7 indicam que
o aço AISI 304 tem mais suscetibilidade à formação de trincas, porÊm quando
este valor ĂŠ superior a 1,7 essa suscetibilidade praticamente se anula (Padilha
e Guedes, 1997). Para valores da relação entre 1,35 e 1,90 indicam a
coexistĂŞncia de ferrita e austenita produzida durante o processo de
solidificação. Os valores desta relação superiores a 1,90 indicam a solidificação
exclusivamente de ferrita. Os aços AISI 304 quando iniciam a solidificação com
a formação de ferrita possuem pequenas tendências à formação de trincas.
Os valores do Cr
eq
e do Ni
eq
sĂŁo usados como dados de entrada no
diagrama estrutural de aços contendo cromo e níquel, conforme Ê apresentado
na Fig. 4.2. O diagrama permite que se obtenha a microestrutura esperada
para uma determinada composição química. Os valores quando aplicados no
diagrama indicam que as amostras são de aços de matrizes austeníticas (A)
com presença de ferrita (F), como por exemplo, o corpo-de-prova 4. A amostra
do corpo-de-prova 8 indicou a presença de austenita (A), ferrita (F) e
martensita (M).
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
52
Figura 4.2 – Diagrama estrutural de aços contendo cromo e níquel
Todas as amostras selecionadas (grupos 1, 2 e 3) foram submetidas Ă 
tĂŠcnica analĂ­tica de difratometria de raio-x pelo mĂŠtodo do pĂł. Os resultados
das anålises comprovaram a presença de ferrita em todas amostras. Segundo
a Villares, o aço AISI 304L possui eventualmente pequenos teores de ferrita.
Os resultados da anålise de difração de raio-x (CDTN) indicaram uma variação
desta porcentagem entre as amostras. Na amostra do corpo-de-prova 72 o teor
de ferrita foi significativamente superior ao da amostra do corpo-de-prova 74.
Em trabalho recente Martins et al., 1997 estudaram a relação entre o
teor de carbono e a sua influência na tendência de formação de martensita
induzida por deformação para os aços inoxidåveis AISI 304 e AISI 304L. A
pesquisa foi desenvolvida usando chapas de aço AISI 304, com teor de
carbono igual a 0,065% e AISI 304L, com teor de carbono igual a 0,021%. As
chapas de aço inoxidåvel austenítico AISI 304L apresentaram uma maior
tendência à formação de martensita por indução, quando comparadas com as
chapas de aço inoxidåvel austenítico AISI 304. Na Tab. 4.3 são apresentados
os valores em ordem crescente dos teores de carbono para as amostras
retiradas dos corpos-de-prova selecionados.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
53
Tab. 4.3 – Valores das %C para os corpos-de-prova selecionados (CP)
CP Mpa Ciclos %C %Ni
%Mo
8 375 125.016 0,0150 8,658
0,307
44 285 2.000.000 0,0156 8,803
0,311
2 259 2.000.000 0,0172 8,823
0,315
26 311 2.000.000 0,0173 8,810
0,316
72 375 1.410.122 0,0174 8,769
0,323
75 343 798.120 0,0182 8,684
0,311
30 311 109.976 0,0230 10,027
0,204
29 311 760.340 0,0233 10,094
0,203
15 343 37.041 0,0236 10,040
0,201
4 375 4.844 0,0237 10,063
0,203
54 259 821.195 0,0257 10,080
0,213
43 285 285.939 0,0267 10,111
0,212
62 259 239.047 0,0272 10,117
0,210
46 285 44.655 0,0282 10,052
0,200
74 343 8.739 0,0579 10,117
0,119
Os corpos-de-prova com teor de carbono inferior a 0,021%
apresentaram uma maior resistĂŞncia Ă  fadiga, independente da amplitude de
tensĂŁo aplicada. Neste trabalho foi escolhido o teor de carbono igual a 0,021%,
mesmo valor usado por Martins et al. (1997). A martensita induzida por
deformação melhora as propriedades mecânicas dos aços inoxidåveis
austenĂ­ticos, tornando-os mais resistentes. Os corpos-de-prova 8, 44, 2, 26, 72
e 75 possuem teores de carbono, nĂ­quel e molibdĂŞnio semelhantes, podendo
ser classificados como sendo do grupo mais resistente Ă  fadiga. JĂĄ os corpos-
de-prova 30, 29, 15, 4, 54, 43, 62 e 46 podem ser classificados como sendo de
outro grupo. Finalmente, o corpo-de-prova 74 pode ser classificado como
sendo de um terceiro grupo, pois o teor de carbono apresentado Ê de um aço
inoxidĂĄvel austenĂ­tico AISI 304.
O aço AISI 304L apresenta pequenas quantidades de carbonetos
precipitados na sua microestrutura. A presença dos precipitados foi identificada
usando a tĂŠcnica de Microssonda. A anĂĄlise de cada precipitado foge do
escopo deste trabalho. Foram selecionadas duas amostras e submetidas Ă 
anĂĄlise por Microssonda. A Fig. (4.3) apresenta a matriz da amostra do corpo-
de-prova 72. A matriz apresenta uma estrutura típica do aço AISI 304L (Fe-Cr-
Ni). A presença dos precipitados Ê identificada comparando a foto da matriz
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
54
com as demais fotos. As fotos da matriz e dos precipitados da amostra do
corpo-de-prova 74 encontram-se no Anexo (ΙΙ).
Figura 4.3 – Matriz da amostra do corpo-de-prova 72
As Figuras (4.4) e (4.5) apresentaram elementos quĂ­micos que
precipitaram na amostra do corpo-de-prova 72. SĂŁo considerados como
precipitados os elementos nĂŁo presentes na matriz. Neste caso, pode-se
indicar a presença de S, V, Mn, Cu e Ca.
Figura 4.4 – Presença dos precipitados S, V e Mn
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
55
Figura 4.5 – Presença dos precipitados Ca, Cu e Mn
TrĂŞs tipos de fases intermetĂĄlicas ocorrem mais freqĂźentemente em
aços inoxidáveis austeníticos: fase σ, fase χ e fase Laves (Padilha e Guedes,
1997). A presença das fases Ê geralmente negativa por dois motivos: fragilizam
o material e empobrecem a matriz em Cr, Mo, Ti, Nb e V. A presença destes
precipitados pode ser verificada usando-se a Eq. (3.3). Os resultados sĂŁo
apresentados na Tab. 4.4. Para valores de Cr
eq
acima de 17,8 ĂŠ esperada a
precipitação de fase σ. Se o aço contiver Mo espera-se tambÊm precipitação
de fase χ.
Tabela 4.4 – Valores de Cr
eq
em relação aos corpos-de-prova selecionados
CP MPa Ciclos %Creq
4 375 4.844 18,13
8 375 125.016 18,34
72 375 1.410.122 18,37
74 343 8.739 18,43
15 343 37.041 18,12
75 343 798.120 18,38
30 311 109.976 18,18
29 311 760.340 18,10
26 311 2.000.000 18,36
46 285 44.655 18,10
43 285 285.939 18,19
44 285 2.000.000 18,31
62 259 239.047 18,19
54 259 821.195 18,25
2 259 2.000.000 18,32
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
56
4.3 Ensaios de Tração
As propriedades mecânicas mÊdias obtidas dos ensaios de tração do
aço AISI 304L, realizados em cinco corpos-de-prova virgens e nos corpos-de-
prova 19, 44 e 50 (danificados mecanicamente com amplitude de tensĂŁo
alternada de 259 MPa, apĂłs 2 x 10
6
ciclos), encontram-se na Tab. 4.5. Os
resultados de todos os corpos-de-prova estão no Anexo ΙΙΙ. Todos os valores
apresentados na tabela estão dentro da faixa nominal do aço AISI 304L.
Tabela 4.5 – Valores de ensaios de tração para o aço AISI 304L virgem e
danificado mecanicamente
Material Limite de
Escoamento, σ
0,2
(MPa)
Limite de ResistĂŞncia
à Tração, σ
u
(MPa)
Alongamento (%)
Virgem 465,96
Âą
29,57 610,82
Âą
3,35 107
Danificado 562,47
Âą
54,79 691,48
Âą
6,85 97
Pode-se observar atravĂŠs dos resultados que ocorreu endurecimento
cíclico. Este endurecimento pode ter sido provocado pela formação de
martensita induzida por deformação.
Segundo a Villares, o aço AISI 304L quando deformado a frio, torna-se
parcialmente martensĂ­tico, ou seja, a austenita se transforma em martensita
induzida por deformação. A presença da martensita causa consideråvel
aumento na resistência mecânica. Este aumento de resistência mecânica pode
ser notado no aumento do limite de escoamento, aumento na taxa de
encruamento e atĂŠ no aumento da dureza.
O fato dos corpos-de-prova serem provenientes de barras heterogĂŞneas,
ou seja, possuem composiçþes químicas distintas, tambÊm pode ter
influenciado estes resultados.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
57
4.4 Ensaios de Dureza
Foram realizadas medidas de dureza Vickers nas amostras
selecionadas, pertencentes aos grupos 1, 2 e 3. Para efeito de comparação
foram realizadas medidas nas ĂĄreas virgens e danificadas mecanicamente. Os
resultados desses ensaios encontram-se na Tab. 4.6. Na Ăşltima coluna desta
tabela foi caracterizado o tipo de fenĂ´meno observado nos vĂĄrios corpos-de-
prova analisados.
Tabela 4.6 – Valores das durezas das amostras escolhidas
TensĂŁo
(MPa)
CP Ciclos
Dureza
Área Virgem
Dureza
Área Danificada
Tipo de FenĂ´meno
375 4 4.844 185,3 232,3
Endurecimento CĂ­clico
375 8 125.016 241,3 232,3
Amolecimento CĂ­clico
375 72 1.410.122 228 233
Endurecimento CĂ­clico
343 74 8.739 194,6 181
Amolecimento CĂ­clico
343 15 37.041 191 216
Endurecimento CĂ­clico
343 75 798.120 245 241
Amolecimento CĂ­clico
311 30 109.976 190,6 162
Amolecimento CĂ­clico
311 29 760.304 182 175
Amolecimento CĂ­clico
311 26 2.000.000 219,6 208
Amolecimento CĂ­clico
285 46 44.655 176,3 191
Endurecimento CĂ­clico
285 43 285.939 200 162,6
Amolecimento CĂ­clico
285 44 2.000.000 211 237
Endurecimento CĂ­clico
259 62 293.047 177,3 158
Amolecimento CĂ­clico
259 54 821.195 188,6 178
Amolecimento CĂ­clico
259 2 2.000.000 230 230
EstĂĄvel
Segundo a Villares, o aço AISI 304L solubilizado (recozido) Ê fornecido
com dureza de aproximadamente 160 HV. Este aço endurece por
encruamento, quando submetido à deformação a frio, como, por exemplo,
trefilação. O alto encruamento dos aços inoxidåveis austeníticos deve-se,
principalmente, Ă s baixas energias de defeito de empilhamento destes
materiais. Os processos de fabricação podem formar martensita induzida por
deformação, que aumentam a dureza destes materiais. A presença de
precipitados de carbonetos finos nas discordâncias e defeitos de empilhamento
aumenta a dureza destes materiais. Esta precipitação pode acontecer durante
o ensaio ou leve deformação a frio. Assim, se ocorresse a formação de
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
58
martensita em todos os corpos-de-prova esperava-se somente endurecimento
cĂ­clico. O amolecimento verificado atravĂŠs da dureza pode ser explicado pelo
fato das composiçþes químicas variarem bastante entre os corpos-de-prova.
Estes corpos-de-prova que apresentaram amolecimento cĂ­clico nĂŁo
apresentaram formação de martensita. Este fenômeno não foi verificado nos
ensaios de tração em virtude do reduzido número de corpos-de-prova
utilizados.
Os aços inoxidåveis austeníticos têm a tendência de aumentar o
encruamento com a diminuição do teor de níquel ou aumento do teor de
carbono (Martins et al., 1997). Entretanto, este fato nĂŁo foi comprovado,
indicando assim que nem todos os corpos-de-prova tiveram formação de
martensita induzida por deformação, confirmando as observaçþes anteriores,
como pode ser observado na anĂĄlise do corpo-de-prova 74, que apesar do alto
valor de carbono amoleceu ciclicamente. Isto significa que nĂŁo sĂł a martensita
estå influenciando os resultados das propriedades mecânicas deste material.
4.5. Caracterização Metalogråfica do Aço AISI 304L
Todas as amostras analisadas foram retiradas das extremidades dos
corpos-de-prova, local onde não sofreu deformação durante a fadiga flexo-
rotativa. As amostras selecionadas pertencem aos grupos 1, 2 e 3. As
amostras analisadas apresentaram variaçþes nas microestruturas. Na Fig. 4.6
ĂŠ apresentada a microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 74,
onde podem ser observados os grãos de austenita e a presença de maclas.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
59
Figura 4.6 – Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 74
Em algumas amostras pode-se notar a presença de bandas de
escorregamento, caracterĂ­sticas de material deformado a frio, como mostra a
Fig. 4.7. As microestruturas das amostras restantes encontram-se no Anexo
(ΙV). Todas as amostras foram atacadas com ácido oxálico 10%, durante 30s.
As amostras dos corpos-de-prova 30, 46 e 62 mostraram-se mais resistentes
ao ataque, precisando ser atacadas por mais 30s. Todas as fotos foram
ampliadas com aumento de 200 vezes.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
60
Figura 4.7 – Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 75
4.6. Determinação dos Limites de Resistência à Fadiga Empíricos
O Limite de ResistĂŞncia Ă  Fadiga EmpĂ­rico foi determinado usando as
Equaçþes (3.16) e (3.20), conforme descrito no item 3.10. Os valores são
apresentados na Tab. 4.7. Os parâmetros usados para os cålculos das
equaçþes encontram-se na Tab. 4.8.
Tabela 4.7 – Valores dos Limites Empíricos de Resistência à Fadiga
MĂŠtodo EmpĂ­rico Bannantine Cazaud
~
e
S
(MPa)
259,6 242,6
Tabela 4.8 – Parâmetros usados nas Equações (3.3) e (3.4)
C
L
C
G
C
S
C
T
C
R
σ
u
(MPa) σ
R
(MPa) σ
0,2
(MPa)
1 1 0,85 1 1 610,82 390,32 466
Observa-se que os valores obtidos utilizando as duas metodologias sĂŁo
bem próximos. O valor calculado usando a equação de Bannantine apresentou
um erro de 5%, quando comparado com o valor do limite de resistĂŞncia Ă 
fadiga experimental. O erro apresentado usando a equação sugerida por
Cazaud foi de 10%. Cazaud usa uma combinação de equaçþes, aumentando
assim a probabilidade de erros.
4.7. Planejamento dos Ensaios
A quantidade de corpos-de-prova, os nĂ­veis de tensĂŁo e a quantidade de
corpos-de-prova usados em cada nĂ­vel de tensĂŁo foram definidos atravĂŠs dos
planos experimentais. Uma planilha eletrĂ´nica foi elaborada para auxiliar os
cålculos, seguindo o item (3.9). Usando os parâmetros de entrada:
V
a
= 375 MPa;
V
O
= 237 MPa.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
61
Os valores x
b
’, p
b
, x
b
’, p
m
foram escolhidos das tabelas de Meeker &
Halen (Freitas e Colosimo, 1997), sendo usados como critĂŠrios de escolha
distribuição log-normal, plano ajustado (x´
b
Ăłtimo)*0,80 e n
b
mais prĂłximo de
25. As tabelas oferecem vĂĄrias possibilidades de valores, devendo ser
escolhidos os que melhor se aproximam da relação 4:2:1. Neste trabalho a
planilha elaborada pode simular vĂĄrios desses valores, sendo escolhido o que
melhor se ajustou. Os valores escolhidos encontram-se na Tab. 4.9:
Tabela 4.9 – Os valores escolhidos das tabelas de Meeker & Halen (Freitas e
Colosimo, 1997)
x
b
´
x
m
´
P P
0
P
a
P
b
P
m
0,19 0,595 10% 1% 100% 12% 90%
Usando os valores apresentados na Tab. 4.9 como dados de entrada na
planilha eletrĂ´nica foram gerados os resultados dos cinco nĂ­veis de tensĂľes e a
quantidade de corpos-de-prova que devem ser usados em cada nĂ­vel. Os
resultados sĂŁo apresentados na Tab. 4.10.
Tabela 4.10 – Valores dos níveis de tensões e a quantidade de número de
corpos-de-prova para cada nĂ­vel
Parâmetros
NĂ­veis de
TensĂľes
NĂşmero de
Amostras
NĂşmero Esperado de
Falha
V
0
237 0 0
V
b
259 25 3
V
1
285 18 7
V
m
311 12 11
V
2
343 9 9
V
a
375 6 6
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
62
Os resultados dos ensaios experimentais com material virgem (Anexo
V), quando comparados aos nĂşmeros esperados de falha, apresenta um maior
erro na previsĂŁo para tensĂľes alternadas mais baixas. Entretanto, para os
valores de tensĂľes alternadas mais altas estes erros sĂŁo mĂ­nimos.
4.8. Ensaios de Fadiga Mecânica Experimental – Corpos-de-Prova
Virgens
Os ensaios de fadiga flexo-rotativa foram realizados seguindo os nĂ­veis
de tensĂľes e as quantidades de corpos-de-prova para cada nĂ­vel de tensĂŁo
definidos no item anterior. Os resultados dos ensaios indicaram que as
heterogeneidades das barras provocaram grandes dispersĂľes em todos os
nĂ­veis de tensĂľes, contrariando todas as teorias de fadiga.
O procedimento seguido durante os ensaios foi o mesmo para todos os
corpos-de-prova. Todos os ensaios foram realizados com refrigeração
constante, eliminando-se assim a influĂŞncia da temperatura no comportamento
mecânico do material. Os resultados dos ensaios obtidos em setenta corpos-
de-prova virgens atravĂŠs de ensaios experimentais encontram-se no Anexo V.
A curva S-N foi determinada usando os valores obtidos nos ensaios de
fadiga flexo-rotativos refrigerados em setenta corpos-de-prova virgens de aço
AISI 304L, conforme mostrado na Fig. 4.9. Todos os resultados estĂŁo na Tab.
A3 do Anexo V. A influĂŞncia da heterogeneidade das barras pode ser percebida
com mais clareza quando os corpos-de-prova sĂŁo separados por grupos. Como
explicado anteriormente, os corpos-de-prova foram separados em trĂŞs grupos:
O primeiro grupo tem uma vida mais longa, o segundo tem uma vida
intermediĂĄria e o terceiro grupo tem vida curta. No nĂ­vel de tensĂŁo alternada
mais alta, σ
a
= 375 MPa, era esperado que o terceiro grupo tivesse o nĂşmero
maior de amostras, porĂŠm isso nĂŁo ocorreu, como pode ser observado na Fig.
4.8. A seta na Fig. 4.8 significa que o corpo-de-prova nĂŁo rompeu. JĂĄ no
segundo nível de tensão alternada, σ
a
= 343 MPa, houve uma grande
incidĂŞncia de amostras no segundo e terceiro grupo. O comportamento
anormal desta curva justifica o que foi observado na metalografia, ou seja,
corpos-de-prova com indícios de deformação a frio, como maclas e bandas de
escorregamento, resistiram mais tempo. Entretanto outros fatores podem ter
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
63
influenciado o comportamento desta curva, com a presença de precipitados,
ferrita, austenita, composição química e o processo de fabricação das barras.
255
270
285
300
315
330
345
360
375
1,E+03 1,E+04 1,E+05 1,E+06 1,E+07
NĂşmero de Ciclos Log (N)
Amplitude da TensĂŁo Alternada (MPa)
Figura 4.8 – Ensaios em corpos-de-prova refrigerados
Quando correlacionados os valores apresentados na Tab. (4.4) com a
curva acima, percebe-se que os teores de carbono interferiram diretamente nos
resultados dos ensaios de fadiga. O deslocamento dos pontos na tensĂŁo
alternada σ
a
= 375 MPa para direita na curva, pode ter sido causado pelo maior
nĂşmero de corpos-de-prova com teor de carbono menor que 0,021%. Para
tensão alternada σ
a
= 343 MPa o deslocamento dos pontos foi para a
esquerda, por possuir um maior nĂşmero de corpos-de-prova com teor de
carbono acima de 0,021%. O mesmo critĂŠrio pode ser usado para os demais
nĂ­veis de tensĂŁo alternada.
4.9. Ajuste do Modelo de RegressĂŁo Base
A verificação do ajuste do modelo de regressão base e a estimativa dos
parâmetros foram realizadas utilizando o software MINITAB, versão 12. A
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
64
distribuição estudada foi a log-normal. Os resultados são apresentados a
seguir:
• Intercept (β
0
) = 22,970;
• Coeficiente da variável preditora (β
1
) = - 0,031491;
• Parâmetro de escala da distribuição log-normal (σ) = 1,5931.
De posse dos dados acima, obtĂŞm-se o seguinte modelo, Eq. 4.1:
(
)
Îľ
5931,1031491,097,22ln
+
−=
Τ
= xY (4.1)
Onde T tem uma distribuição log-normal com parâmetro ¾(x). O modelo
ajustado ĂŠ considerado adequado, quando os pontos que representam os
resĂ­duos do modelo se aproximam de uma reta. Assim, o modelo utilizado ĂŠ
bastante razoåvel, jå que os resíduos encontram-se dentro da tolerância,
conforme pode ser observado na Fig. 4.9.
Figura 4.9 – Probabilidade para resíduos padronizados de ciclos
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
65
Na Fig. 4.10 ĂŠ apresentada a curva S-N-P com duas probabilidade de
falha distintas, 1% e 50%. Os dados foram obtidos dos ensaios de fadiga flexo-
rotativos, conforme descrito no item 4.8. A determinação desta curva foi
realizada aplicando a distribuição log-normal, seguindo o modelo descrito
acima.
250
265
280
295
310
325
340
355
370
385
1,E+03 1,E+04 1,E+05 1,E+06 1,E+07
NĂşmero de Ciclos Log (N)
Amplitude da TensĂŁo Alternada (MPa)
0.01 PF
0.5 PF
Figura 4.10 – Curva S-N-P
4.10. Modelo de RegressĂŁo e os Dados Experimentais Obtidos para o
Levantamento da Curva S-N-P
O Limite de Resistência à Fadiga foi determinado aplicando-se funçþes
de confiabilidade da distribuição log-normal e cålculo inverso. Os valores
obtidos no ajuste da curva S-N-P, conforme descrito no item (4.10) sĂŁo:
• Intercept (β
0
) = 22,970;
• Coeficiente da variável preditora (β
1
) = - 0,031491;
• Parâmetro de escala da distribuição log-normal (σ) = 1,5931.
Aplicando os valores acima na Eq. 3.26, obtem-se o valor de x
0
. O Limite
de ResistĂŞncia Ă  Fadiga ĂŠ o valor x
0
para o qual tem-se R(T) = 50%, ou seja, a
probabilidade de falha dos corpos-de-prova apĂłs 2 x 10
6
ciclos ĂŠ de 50%.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
66
[]
MPaxx 69,26897,22)102ln(0
031491,0
1
6
0
=−+
−
= (4.2)
A determinação do Limite de Resistência à Fadiga tambÊm foi realizado
usando o método “up-and-down” aplicado a dados simulados. Usando o
software MINITAB foram realizadas quatro simulações de ensaios “up-and-
down”, com geração de 22 amostras cada uma, conforme item 3.16. Os valores
escolhidos para amplitudes de tensĂľes alternadas foram 204 MPa, 269 MPa e
333 MPa. A escolha dos níveis de tensão foi baseada nos valores da função
confiabilidade para modelo base: R(T) = 10%, 50% e 90%. A simulação
começa usando o valor de tensão alternada mais alto, neste caso σ
a
= 333
MPa. Quando o corpo-de-prova simulado falha, ou seja, o nĂşmero de ciclos
fique abaixo de 2 x 10
6
ciclos ĂŠ adotado o critĂŠrio igual a 1, caso contrĂĄrio, o
valor ĂŠ igual a 0. Quando o corpo-de-prova anterior falha, o nĂ­vel de tensĂŁo
adotado para a simulação do próximo corpo-de-prova deve ser o
imediatamente inferior, caso contrĂĄrio deve ser o imediatamente superior.
Deve-se repetir o mesmo procedimento atĂŠ atingir o nĂşmero de corpos-de-
prova estipulado para a simulação, neste trabalho foram usados 22 corpos-de-
prova para cada simulação. Os resultados da primeira simulação encontram-se
na Tab. 4.11.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
67
Tabela 4.11 – Resultados da primeira simulação “up-and-down”
CP TensĂŁo Ciclos Ciclos Ajustados CritĂŠrio
1 333 88239 88239 1
2 269 50526 50526 1
3 204 5243861 2000000 0
4 269 348242 348242 1
5 204 31822973 2000000 0
6 269 1155592 1155592 1
7 204 113591583 2000000 0
8 269 949841 949841 1
9 204 2339041 2000000 0
10 269 231200 231200 1
11 204 7678624 2000000 0
12 269 1015029 1015029 1
13 204 16142235 2000000 0
14 269 14960186 2000000 0
15 333 526444 526444 1
16 269 640962 640962 1
17 204 7536414 2000000 0
18 269 358855 358855 1
19 204 6063141 2000000 0
20 269 893455 893455 1
21 204 7280965 2000000 0
22 269 1345403 1345403 1
Usando os dados da tabela acima foi gerada a curva que representa as
simulações “up-and-down”, como pode ser observado na Fig. 4.11.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
68
195
210
225
240
255
270
285
300
315
330
0 2 4 6 8 1012141618202224
NĂşmero de Corpos-de-Prova
Amplitude da TensĂŁo Alternada (MPa)
x Rompeu
o NĂŁo Rompeu
Figura 4.11 – Simulação do ensaio “up-and-down”
Os valores dos Limites de ResistĂŞncia Ă  Fadiga para as quatro
simulaçþes realizadas encontram-se na Tab. 4.12. Para todas as simulaçþes
foram geradas a mesma quantidade amostras. Os valores simulados
aproximaram-se muito do valor experimental, podendo ser indicado como uma
boa aproximação.
Tabela 4.12 – Valores das Simulações dos Limites de Resistência à Fadiga
Simulaçþes 1ª 2ª 3ª 4ª MÊdia
S
e
(MPa)
243 Âą 29 250 Âą 40 249 Âą 27 266 Âą 27
252
Âą
31
O Limite de ResistĂŞncia Ă  Fadiga foi determinado atravĂŠs de mĂŠtodos
diferentes. Inicialmente foi determinado de forma empĂ­rica, em seguida foi
determinado de forma experimental e finalmente foi realizada simulaçþes
usando o software MINITAB 12. Os resultados obtidos atravĂŠs dos mĂŠtodos
diferentes encontram-se na Tab. 4.13.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
69
Tabela 4.13 - Comparação entre os valores do Limite de Resistência à Fadiga
MĂŠtodos utilizados
Limite de
ResistĂŞncia Ă 
Fadiga
EmpĂ­rico -
Bannantine
(MPa)
EmpĂ­rico -
Cazaud
(MPa)
Modelo de
regressĂŁo aplicado
aos dados
experimentais
(MPa)
“up-and-down”
aplicado aos
dados
simulados
(MPa)
1 259,60 242,60 268,69
243
Âą
29
2 xxxx xxxx xxxx
250
Âą
40
3 xxxx xxxx xxxx
249
Âą
27
4 xxxx xxxx xxxx
266
Âą
27
Valor mĂŠdio 259,60 242,60 268,69
252
Âą
31
Pode-se observar que os valores obtidos usando os vĂĄrios mĂŠtodos sĂŁo
bastante semelhantes. O maior diferença entre todos os resultados foi de 11%.
4.11. Ensaios de Fadiga TÊrmica e Mecânica - Experimental
Os corpos-de-prova virgens foram danificados termicamente por 2 x 10
3
ciclos, com temperatura variando entre 250 ÂşC e 500 ÂşC, usando a mĂĄquina de
fadiga térmica descrita no item 3.8. É considerado um ciclo térmico quando a
temperatura sai de 250 ÂşC, atinge 500 ÂşC e retorna a 250 ÂşC. Cada corpo-de-
prova foi submetido Ă  mesma quantidade de ciclos. ApĂłs os danos tĂŠrmicos, os
corpos-de-prova foram submetidos aos ensaios de fadiga flexo-rotativos,
seguindo os mesmos procedimentos do item 4.8. A Figura 4.12 apresenta a
curva S-N usando os dados obtidos dos ensaios tÊrmicos e mecânicos. Os
resultados dos ensaios de cada corpo-de-prova encontram-se no Anexo VΙ.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
70
340
350
360
370
380
390
1,E+03 1,E+04 1,E+05 1,E+06 1,E+07
NĂşmero de Ciclos Log(N)
Amplitude de TensĂŁo Alternada (MPa)
Figura 4.12 – Resultado dos ensaios experimentais com material
danificado termicamente e depois mecanicamente
A mĂĄquina de fadiga tĂŠrmica provoca no corpo-de-prova um dano
proveniente das tensĂľes e compressĂľes que sĂŁo produzidas pelo processo de
aquecimento e resfriamento. Esperava-se assim que o dano provocado pela
fadiga tĂŠrmica reduza a vida total do material.
O dano tĂŠrmico sofrido pelo material pode ser mostrado de maneira
adequada atravÊs da comparação entre os resultados de ensaios obtidos por
corpos-de-prova virgens que sofreram somente fadiga mecânica com aqueles
que apĂłs sofrerem danos de fadiga tĂŠrmica, foram submetidos novamente Ă 
fadiga mecânica. Estes resultados são apresentados na Fig. 4.13.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
71
327
343
359
375
391
1,E+03 1,E+04 1,E+05 1,E+06 1,E+07
NĂşmero de Ciclos Log(N)
Amplitude de TensĂŁo Alternada (MPa)
Fadiga TÊrmica e Mecânica
Fadiga Mecânica
Figura. 4.13 – Comparação entre fadiga mecânica e fadiga térmica e
mecânica
Para a amplitude de tensĂŁo alternada de 375 MPa, observa-se que a
vida dos corpos-de-prova previamente danificados pela fadiga tĂŠrmica ĂŠ inferior
à vida dos corpos-de-prova que sofreram apenas fadiga mecânica. Um único
corpo-de-prova apresentou resultado discrepante. Quando a tensĂŁo alternada
aproxima-se do limite de resistĂŞncia Ă  fadiga do material observa-se uma
grande dispersĂŁo dos resultados. Neste caso nĂŁo hĂĄ uma tendĂŞncia clara da
influĂŞncia da fadiga tĂŠrmica. Tanto Fissolo et al. (1996a), como Hayashi et al.
(1998a) e Hayashi (1998b) determinaram que a fadiga tĂŠrmica provoca danos
no material. Entretanto, este dano ĂŠ influenciado pelo tempo total do ciclo, pelo
gradiente de temperatura e pela quantidade de ciclos. O gradiente de
temperatura, tipo de refrigeração, tempo total para um ciclo, tipo de material e a
quantidade de ciclos que foram usados neste trabalho tiveram como referĂŞncia
os artigos citados. ConseqĂźentemente, os resultados encontrados foram
semelhantes.
Os danos tĂŠrmicos reduziram as dispersĂľes constatadas no item 4.9. No
nĂ­vel de tensĂŁo mais alto (V
a
= 375 MPa), o dano provocado pela fadiga tĂŠrmica
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
72
foi muito grande, quando comparado com os resultados dos ensaios de fadiga
mecânica, conforme apresentado na Fig. 4.14. A fadiga tÊrmica provocou uma
queda acentuada na vida do material.
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
123456
Quantidade de Amostras
NĂşmero de Ciclos Log(N)
Fadiga Mecânica
Fadiga TÊrmica e Mecânica
Figura 4.14 – Comparação entre danos mecânicos e o composto de
danos tÊrmicos e mecânicos para tensão alternada, V
a
= 375 MPa
No segundo nĂ­vel de tensĂŁo, V
2
= 343 MPa, os resultados obtidos nĂŁo
mostraram a influĂŞncia do dano de fadiga tĂŠrmica na vida dos corpos-de-prova,
como estĂĄ mostrado na Fig. 4.15. Apesar de ter sido previamente danificado
por 2 x 10
3
ciclos na fadiga tĂŠrmica, a vida encontrada no ensaio posterior de
fadiga mecânica foi praticamente a mesma dos corpos-de-prova virgens.
Capítulo 4 – Discussão e Resultados Experimentais
73
1,E+03
1,E+04
1,E+05
1,E+06
1,E+07
123456789
Quantidade de Amostras
NĂşmero de Ciclos Log(N)
Fadiga Mecânica
Fadiga TÊrmica e Mecânica
Figura 4.15 – Comparação entre danos mecânicos e o composto de danos
tÊrmicos e mecânicos para tensão alternada, V
a
= 343 MPa
A presença de pelo menos três ligas diferentes pode explicar estes
resultados. Os corpos-de-prova que atingiram uma vida mais longa
apresentaram propriedades ferromagnÊticas, típicas de aços inoxidåveis com
presença de ferrita e austenita. Tanto a ferrita como a martensita aumentam a
resistência à fadiga dos aços AISI 304L. Os corpos-de-prova que foram
previamente danificados termicamente apresentaram uma vida semelhante aos
corpos-de-prova que sofreram apenas fadiga mecânica, prejudicando a
comparação dos resultados obtidos. Este fato justifica o comportamento
anormal da curva.
CAPÍTULO 5
CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1 - ConclusĂľes
Com base nos resultados obtidos e nas discussĂľes apresentadas pĂ´de-se
chegar as seguintes conclusĂľes:
♦ As barras compradas comercialmente apresentaram uma variação
microestrutural e na composição química. As variaçþes influenciaram as
propriedades mecânicas do material estudado.
♦ Os teores de carbono, níquel e molibdênio influenciaram diretamente os
resultados dos ensaios de fadiga. Para barras com teor de carbono abaixo
de 0,021%, nĂ­quel prĂłximo de 8% e molibdĂŞnio prĂłximo de 0,31%
apresentaram uma maior resistĂŞncia Ă  fadiga e propriedades
ferromagnĂŠticas. Para barras com teores de carbono acima de 0,021%, teor
de nĂ­quel prĂłximo de 10% e molibdĂŞnio prĂłximo de 0,2%, a vida dos
corpos-de-prova foi bem curta.
♦ Analisando os teores de carbono, níquel e molibdênio pode-se afirmar que
existem pelo menos trĂŞs ligas distintas.O valor do limite de resistĂŞncia Ă 
fadiga foi influenciado pela composição química, entretanto o valor
calculado pode ser usado como um valor mĂŠdio.
♦ As amostras que sofreram deformação a frio durante seu processo de
fabricação mostraram-se mais resistentes. A presença da martensita
induzida, da ferrita e dos precipitados influenciou diretamente as
propriedades mecânicas do material.
74
Capítulo 5 – Conclusões e Sugestões
75
♦ A proposta por Bannantine apresentou um valor de limite de resistência à
fadiga empĂ­rico com erro menor que 5%, quando comparado com o valor
experimental. Os resultados dos mĂŠtodos experimental, simulado e
empírico apresentaram valores próximos, com maior diferença entre todos
os resultados de 11%.
♦ Os planos experimentais de compromisso ajudaram no planejamento dos
ensaios, determinando a quantidade de corpos-de-prova a ser usado em
cada nĂ­vel de tensĂŁo.
♦ A fadiga térmica introduziu danos que provocaram uma redução de até 80%
da vida dos corpos-de-prova, para a tensĂŁo aplicada de 375 MPa.
♦ Os corpos-de-prova com propriedades ferromagnéticas não sofreram danos
consideråveis quando submetidos à fadiga tÊrmica e mecânica, mostrando-
se assim bastante resistentes.
♦ Para qualquer afirmação mais precisa faz-se necessário à análise química
de todos os corpos-de-prova, rastreamento de todos os corpos-de-prova
com presença de martensita, ferrita e precipitados, em seguida
correlacionar com os resultados de fadiga mecânica e tÊrmica.
5.2 - SugestĂľes
• O material comprado comercialmente antes de realizar os ensaios de
fadiga precisam ser rastreados e se possĂ­vel investigar a sua origem e o
processo de fabricação. Os corpos-de-prova devem ter identificação das
barras de origem, antes da realização dos ensaios, porÊm devem ser
escolhidos aleatoriamente para os ensaios, evitando assim erros
sistemĂĄticos.
• Estabelecer uma comparação entre os corpos-de-prova que tiveram vida
mais longa e os de vida mais curta. Identificar as diferenças na
composição química e nos processos de fabricação destes materiais.
Determinar o limite de resistĂŞncia Ă  fadiga usando os dois tipos de
materiais separadamente.
• Verificar se a dano foi provocado pela fadiga térmica ou por influência da
composição química e do processo de fabricação.
Capítulo 5 – Conclusões e Sugestões
76
• Realizar ensaios de fadiga térmica variando o tempo de permanência, em
seguida verificar se o dano ĂŠ alterado.
• Medir e comparar os tamanhos de grãos das amostras.
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ANEXOS
Anexo Ι – Dimensão do corpo-de-prova com rosca
Figura A.1- Detalhes da rosca do corpo-de-prova
83
Anexo 84
Anexo ΙΙ – Microssonda – Amostra do corpo-de-prova 74
Figura A.2 - Matriz da amostra do corpo-de-prova 74 (Fe-Cr-Ni)
Figura A.3 – Precipitados Al, Ca, Ti e Mn na amostra do corpo-de-prova 74
ANEXOS
85
Figura A.4 – Precipitados Cu e S na amostra do corpo-de-prova 74
Figura A.5 – Precipitados Al, Ca e Mn na amostra do corpo-de-prova 74
Figura A.6 – Precipitados Al, Ca, Mg,Ti e Mn na amostra do corpo-de-prova 74
ANEXOS
86
Anexo ΙΙΙ – Resultados dos Ensaios de Tração
Tabela A1 - Ensaio de Tração – Corpos-de-Prova Virgens (CPV)
Material
Virgem
Limite de
Escoamento, σ
0,2
(MPa)
Limite de ResistĂŞncia
à Tração, σ
u
(MPa)
Alongamento (%)
CPV-01 428,92 608,29 108
CPV-02 438,67 612,19 108
CPV-03 487,41 606,34 107
CPV-04 487,41 613,16 107
CPV-05 487,41 614,14 108
Tabela A2- Ensaio de Tração – Corpos-de-Prova (CP) Danificados
Mecanicamente, por 2 x 10
6
ciclos na tesĂŁo alternada de 259 MPa
Material Danificado
Mecanicamente
Limite de
Escoamento, σ
0,2
(MPa)
Limite de
ResistĂŞncia Ă 
Tração, σ
u
(MPa)
Alongamento
(%)
CP-44 580,02 692,12 103
CP-50 501,06 684,33 109
CP-19 606,34 697,98 80
ANEXOS
87
Anexo ΙV – Microestrutura das amostras dos grupos 1,2 e 3
Figura A.7 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 04
Figura A.8 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 08
ANEXOS
88
Figura A.9 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 72
Figura A.10 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 15
ANEXOS
89
Figura A.11 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 30
Figura A.12 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 29
ANEXOS
90
Figura A.13 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 26
Figura A.14 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 46
ANEXOS
91
Figura A.15 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 43
Figura A.16 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 44
ANEXOS
92
Figura A.17 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 62
Figura A.18 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 54
ANEXOS
93
Figura A.19 - Microestrutura da amostra retirada do corpo-de-prova 02
ANEXOS
94
Anexo V – Ensaios de Fadiga Mecânica - Experimental
Tabela A.3 – Resultado dos ensaios experimentais com material virgem
CP MPa Ciclos
1/6 375 4.844
2/6 375 125.016
3/6 375 210.689
4/6 375 251.013
5/6 375 266.839
6/6 375 1.410.122
1/9 343 8.739
2/9 343 29.971
3/9 343 37.041
4/9 343 58.212
5/9 343 119.231
6/9 343 149.734
7/9 343 263.484
8/9 343 455.233
9/9 343 798.120
1/12 311 86.093
2/12 311 109.976
3/12 311 134.097
4/12 311 215.792
5/12 311 251.023
6/12 311 364.017
7/12 311 426.457
8/12 311 760.340
9/12 311 2.000.000
10/12 311 2.000.000
11/12 311 2.000.000
12/12 311 2.000.000
1/18 285 44.655
ANEXOS
95
Tabela A.3 – Continuação
2/18 285 149.308
3/18 285 239.690
4/18 285 240.300
5/18 285 258.085
6/18 285 284.960
7/18 285 285.939
8/18 285 288.214
9/18 285 290.580
10/18 285 333.375
11/18 285 1.155.175
12/18 285 2.000.000
13/18 285 2.000.000
14/18 285 2.000.000
15/18 285 2.000.000
16/18 285 2.000.000
17/18 285 2.000.000
18/18 285 2.000.000
1/25 259 293.047
2/25 259 465.213
3/25 259 798.410
4/25 259 813.372
5/25 259 821.195
6/25 259 854.351
7/25 259 913.338
8/25 259 1.490.633
9/25 259 1.621.531
10/25 259 1.991.420
11/25 259 2.000.000
12/25 259 2.000.000
13/25 259 2.000.000
14/25 259 2.000.000
15/25 259 2.000.000
ANEXOS
96
Tabela A.3 – Continuação
16/25 259 2.000.000
17/25 259 2.000.000
18/25 259 2.000.000
19/25 259 2.000.000
20/25 259 2.000.000
21/25 259 2.000.000
22/25 259 2.000.000
23/25 259 2.000.000
24/25 259 2.000.000
25/25 259 2.000.000
ANEXOS
97
Anexo VΙ – Ensaios de Fadiga Térmica e Mecânica - Experimental
Tabela A.4 – Resultado dos ensaios experimentais com material virgem
CP MPa Ciclos
1/6 375 7.951
2/6 375 14.146
3/6 375 31.485
4/6 375 36.710
5/6 375 40.301
6/6 375 86.220
1/9 343 18.997
2/9 343 21.511
3/9 343 25.469
4/9 343 96.788
5/9 343 191.594
6/9 343 369.649
7/9 343 689.586
8/9 343 809.121
9/9 343 2.000.000