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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM METROLOGIA CIENTÍFICA E INDUSTRIAL
CONTRIBUIÇÕES À CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL E À
QUALIFICAÇÃO PÓS-TÉCNICA EM METROLOGIA
Dissertação submetida à Universidade Federal de Santa Catarina para
obtenção do grau de Mestre em Metrologia
Autor - Robson Marcus Wanka, Eng.
Orientador – Prof. Gustavo Daniel Donatelli, Dr. Eng.
FLORIANÓPOLIS
SANTA CATARINA - BRASIL
2005
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ii
CONTRIBUIÇÕES À CERTIFICAÇÃO PROFISSIONAL E À
QUALIFICAÇÃO PÓS-TÉCNICA EM METROLOGIA
ROBSON MARCUS WANKA
Essa dissertação foi julgada adequada para a obtenção do grau de
“MESTRE EM METROLOGIA”
e aprovada na sua forma final pelo
Programa de Pós-graduação em Metrologia Científica e Industrial
Prof. Gustavo Daniel Donatelli, Dr. Eng.
Orientador
Prof. Marco Antônio Martins Cavaco, Ph.D.
Coordenador do Programa de Pós-graduação
Prof. Carlos Alberto Schneider, Dr. Ing.
Prof. Maurício Nogueira Frota, Ph.D.
Sr. Wayne Brod Beskow, Dr. Eng.
Eng. João Roberto Lorenzett, M. Sc.
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iii
Dedico esta dissertação à minha família,
que com muito amor, carinho e compreensão,
sempre me apoiou na concretização desse
sonho.
iv
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, gostaria de agradecer a Deus, pela vida, pela oportunidade
desse estudo, pelas amizades formadas e pela concretização de mais um sonho.
Agradeço ainda:
Aos meus pais, que sempre acreditaram em mim e muitas vezes
renunciaram seus sonhos para que os meus, se tornassem realidade;
Especialmente à minha mãe, Lacy Pereira, pela educação, amor,
carinho, apoio e compreensão em todos os momentos de minha vida;
A minha irmã, Saray Pereira Wanka, à minha talentosa sobrinha, Maria
Eduarda Wanka dos Santos e a minha querida vovozinha, Maria
Cecília Rodrigues.
A todos os familiares e amigos que sempre torceram pelo sucesso
dessa conquista;
À UFSC Universidade Federal de Santa Catarina, por proporcionar
uma ótima infra-estrutura e corpo docente, digno das melhores
instituições de ensino;
A todos os professores do POS-MCI, especialmente ao Prof. Gustavo
Donatelli, orientador e amigo, que me acolheu como orientado e com
muita dedicação sempre me motivou, apoiou e incentivou na conclusão
desse trabalho.
Ao Professor Carlos Alberto Schneider, pelas informações e
contribuições prestadas, principalmente no apoio da divulgação da
pesquisa de mercado junto aos membros da SBM.
A POS-MCI, LABMETRO, Fundação CERTI;
A FEESC, pelo financiamento e incentivo durante o primeiro ano do
curso;
Ao SENAI-Blumenau, especialmente ao Vilde J. Leoni, pelas
facilidades oferecidas que permitiram concretizar esse estudo.
v
Não existe discípulo superior ao mestre. Todo discípulo perfeito deverá ser como o
mestre.
Lucas, 6:40
vi
RESUMO
Wanka, Robson Marcus.
Contribuições à certificação profissional e à
qualificação pós-técnica em metrologia.
Florianópolis, 2005. 138 p.
Dissertação (Mestrado em Metrologia) Curso de Pós-Graduação em Metrologia
Científica e Industrial. Universidade Federal de Santa Catarina.
Orientador: Gustavo Daniel Donatelli, Dr. Eng.
Defesa: 25/02/2005
Com a globalização aumenta a competitividade do mercado, exigindo um esforço
expressivo das indústrias através da expansão e modernização de seus processos e
produtos, buscando melhor tecnologia, produtividade, preço e qualidade. Pelo fato
da metrologia estar presente em praticamente todos os setores da economia,
contribuindo para os avanços tecnológicos e para a competitividade global, fica
evidente a necessidade de se focar na formação, qualificação e certificação de
profissionais especializados em metrologia. Dentro deste contexto, este trabalho
apresenta os resultados de um estudo desenvolvido para fomentar a formação,
capacitação e certificação dos técnicos que atuam nos diversos segmentos da
metrologia. Propõe-se como objeto de pesquisa identificar o estado da arte dos
cursos de metrologia e das certificações pessoais em metrologia, assim como
sistematizar através de uma pesquisa de opinião nacional, as necessidades exigidas
pelos técnicos que desenvolvem atividades relacionadas à metrologia e controle da
qualidade. Outro objetivo deste trabalho é contribuir para a acreditação da SBM pelo
INMETRO, como organismo de Certificação de Pessoas em Metrologia no Brasil,
atendendo aos requisitos da Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004.
Contempla-se ao final do trabalho um modelo de curso pós-técnico em metrologia
em concordância com as necessidades identificadas pela pesquisa de opinião citada
acima, que vise à formação e a capacitação dos técnicos atuantes nas diversas
áreas da metrologia e dos profissionais que voluntariamente almejam a Certificação
Pessoal de Metrologista.
Palavras-chaves: Educação em Metrologia, Certificação de Pessoas, Curso Pós-técnico e NBR
ISO/IEC 17024:2004.
vii
ABSTRACT
Wanka, Robson Marcus.
Contributions to professional certification and to pos-
technical qualification in metrology.
Florianópolis, 2005. 138 p. Dissertation
(Master Degree in Metrology) Pos-graduation course in Scientific and Industrial
Metrology. Federal University of Santa Catarina.
Leader: Dr. Gustavo Daniel Donatelli
Defense: 25/02/2005
With the globalization, the market competitiveness increases, demanding an
expressive effort from industries through the expansion and improvement of their
processes and products, looking for better technology, productivity, price and quality.
As metrology is present in almost all sectors of the economy, contributing to
technological advances and to global competitiveness, there is a need in to focalize
in the formation, qualification and specialized professional certification in metrology.
Inside this context, this work presents the results from a study developed to foment
the formation, capacitation and certification of the technicians that operate in several
segments of the metrology. One of the aims of this research is to identify the state of
the art of the courses and personal certification in metrology and at the same time
systematize through a national opinion research some of the requirements
demanded by the technicians that develop activities related to metrology and quality
control. Other goal of this work is to contribute to the acreditation of SBM by
INMETRO, like an organism for the Personal Certification of Metrology in Brazil,
attending the requirements of Brazilian Norm NBR ISO/IEC 17024:2004. It is
contemplated at the end of work a model of the pos-technical course in metrology in
agreement with the requirements identified by the opinion research above refered,
that aims the formation and capacitation of the technicians acting in the several areas
of metrology and the professionals that voluntarily long for the Metrologist Personal
Certification.
Keyword: Metrology Education, Personnel Certification, Pos-technical Course and NBR ISO/IEC
17024:2004.
viii
SUMÁRIO
RESUMO............................................................................................................................. vi
ABSTRACT......................................................................................................................... vii
SUMÁRIO.......................................................................................................................... viii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES................................................................................................xii
LISTA DE TABELAS........................................................................................................xiii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.......................................................................... xiv
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 1
1.1
Contextualização e Proposta de Trabalho........................................................... 4
1.2 Objetivos ............................................................................................................... 6
1.3 Justificativa, Relevância e Fatores Motivadores ................................................. 6
1.4
Metodologia .......................................................................................................... 7
1.5 Resultados Esperados........................................................................................... 7
1.6 Estrutura de Apresentação do Trabalho ............................................................. 8
2 EDUCAÇÃO EM METROLOGIA NO BRASIL......................................................... 10
2.1 Breve Histórico da Educação em Metrologia no Brasil .................................... 11
2.2 Esforço Brasileiro na Educação em Metrologia ................................................ 13
2.2.1 A Metrologia nos Cursos do SENAI ............................................................. 17
2.2.2 Curso Técnico em Metrologia - CECO.......................................................... 18
2.2.3 Curso Técnico em Metrologia para Gestão da Qualidade (CEFETEQ) .......... 20
2.2.4 Curso de Nível Básico em Metrologia - UFRGS ........................................... 20
2.2.5 Curso Pós-técnico de Instrumentação – SENAI - MG ................................... 20
2.3 Treinamentos Industriais em Metrologia .......................................................... 21
2.4 Resumo da Situação no que Diz Respeito à Formação de Recursos Humanos
em Metrologia no Brasil..................................................................................... 22
ix
3 CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM METROLOGIA .............................................. 25
3.1 Certificações Internacionais em Destaque......................................................... 26
3.2 A Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004 ................................................ 31
3.2.1 Escopo da Norma.......................................................................................... 31
3.2.2 Requisitos para os Organismos de Certificação ............................................. 32
3.2.3 Requisitos para Pessoas Empregadas ou Contratadas pelo Organismo de
Certificação................................................................................................... 33
3.2.4 Processo de Certificação ............................................................................... 34
3.3
Acreditação de OPCs ao INMETRO ................................................................. 35
3.4 Estado Atual da Acreditação de OPCs no Brasil .............................................. 38
3.5 MLA – Acordo Multilateral de Reconhecimento & MRAAcordo de
Reconhecimento Mútuo ..................................................................................... 41
3.6 Certificação de Pessoas em Metrologia.............................................................. 44
4 PESQUISA DE OPINIÃO .......................................................................................... 46
4.1 Estrutura da Pesquisa de Opinião ..................................................................... 46
4.1.1 Dados do Entrevistado .................................................................................. 48
4.1.2 Sobre a Formação Específica em Metrologia do Entrevistado ....................... 48
4.1.3 Sobre o Curso Pós-técnico em Metrologia..................................................... 49
4.2 Resultados da Pesquisa de Opinião.................................................................... 49
5 PROPOSTA DE CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM METROLOGIA ................... 59
5.1 Proposta de Estrutura Básica do Sistema de Certificação de Pessoas em
Metrologia .......................................................................................................... 60
5.1.1 Principais Documentos da Certificação ......................................................... 62
5.2 Proposta do Manual de Certificação de Pessoas em Metrologia (NA-001) ...... 62
5.2.1 Definições Básicas........................................................................................ 62
5.2.2 Categorias e Níveis de Certificação............................................................... 63
5.2.3 Pré-requisitos para a Certificação.................................................................. 64
5.2.4 Documentos Necessários para Certificação ................................................... 64
x
5.2.5 Atribuições da Pessoa Certificada ................................................................. 65
5.2.6 Valores dos Exames de Certificação.............................................................. 65
5.2.7 Datas de Exames e Cancelamento de Exames ............................................... 65
5.2.8 Tipos de Exames de Certificação................................................................... 66
5.2.9 Local dos Exames ......................................................................................... 67
5.2.10 Considerações Relativas ao Exame ............................................................... 67
5.2.11 Resultados dos Exames de Certificação......................................................... 68
5.2.12 Reexames...................................................................................................... 68
5.2.13 Revisão dos Exames ..................................................................................... 68
5.2.14 Taxa da Certificação ..................................................................................... 68
5.2.15 Renovação da Certificação............................................................................ 68
5.2.16 Recertificação ............................................................................................... 69
5.2.17 Solicitação da Recertificação ou Renovação.................................................. 69
5.2.18 Suspensão da Certificação............................................................................. 69
5.2.19 Revogação da Certificação............................................................................ 70
5.2.20 Apelação....................................................................................................... 71
5.3 Proposta de Reconhecimento de Centros de Exames e Certificação em
Metrologia (DC-001) .......................................................................................... 71
5.4 Proposta de uma Primeira Categoria de Certificação em Metrologia ............. 71
5.4.1 Âmbito de Trabalho do Técnico Metrologista Certificado ............................. 73
5.4.2 Competências Profissionais do Técnico Metrologista Certificado.................. 74
5.4.3 Corpo de Conhecimentos do Técnico Metrologista Certificado ..................... 74
5.4.4 Pré-requisitos para se Inscrever no Exame de Certificação ............................ 77
5.5 Formação e Certificação de Pessoas .................................................................. 77
6 PROPOSTA DE CURSO PÓS-TÉCNICO EM METROLOGIA ................................ 79
6.1 Aspectos Legais da Educação Profissionalizante no Brasil............................... 79
6.1.1 Classificação Brasileira de Ocupações: Metrologista..................................... 84
6.2 Público Alvo........................................................................................................ 85
6.3 Plano de Curso.................................................................................................... 87
6.3.1 Justificativa e Objetivos ................................................................................ 87
xi
6.3.2 Requisitos de Acesso .................................................................................... 87
6.3.3 Perfil Profissional de Conclusão.................................................................... 88
6.3.4 Organização Curricular ................................................................................. 89
6.3.5 Critérios de Aproveitamento de Conhecimentos e Experiências Anteriores ... 94
6.3.6 Critérios de Avaliação................................................................................... 94
6.3.7 Instalações e Equipamentos........................................................................... 95
6.3.8 Pessoal Docente e Técnico............................................................................ 95
6.3.9 Certificados e Diplomas................................................................................ 95
6.4
Análise Financeira .............................................................................................. 96
6.5 Resultados Esperados......................................................................................... 99
6.6 Desafios Atuais.................................................................................................. 100
7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................... 102
7.1 Recomendações................................................................................................. 103
7.2 Aspectos Importantes a Considerar................................................................. 104
7.2.1 Aspectos em Destaque ................................................................................ 104
7.3 Sugestões para Trabalhos Futuros................................................................... 105
REFERÊNCIAS ............................................................................................................... 106
xii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1: Superação das barreiras técnicas à exportação
[6]
______________________ 2
Figura 2: Experiência dos associados da SBM em ensaios _______________________ 3
Figura 3: Experiência dos associados da SBM em calibração, medição e controle ____ 4
Figura 4: Resultados de uma pesquisa feita entre 500 executivos sobre os fatores de
influência na qualidade de produto
[22]
______________________________ 10
Figura 5: Tipos de certificações da ASQ no Brasil por natureza de escopo _________ 30
Figura 6: Distribuição das certificações da ASQ no Brasil por natureza de profissional
____________________________________________________________ 30
Figura 7: Formulário da pesquisa de opinião aplicado_________________________ 47
Figura 8: Resultados agregados da pesquisa: Conhecimentos específicos em metrologia
____________________________________________________________ 50
Figura 9: Interesse dos entrevistados pelo curso pós-técnico ____________________ 51
Figura 10: A importância da certificação de pessoas apontada pelos entrevistados ___ 51
Figura 11: Quantidade de cursos realizados em metrologia pelos entrevistados ______ 52
Figura 12: Sugestão de duração do curso pós-técnico em metrologia ______________ 53
Figura 13: Sugestão de carga horária semanal para a realização do curso pós-técnico 53
Figura 14: Sugestão de dias para a realização do curso pós-técnico _______________ 54
Figura 15: Sugestão de período para a realização do curso pós-técnico ____________ 54
Figura 16: Sugestão de grandezas de interesse a serem abordadas no curso pós-técnico 55
Figura 17: Histograma do interesse nas grandezas mecânicas ____________________ 55
Figura 18: Histograma do interesse nas grandezas geométricas __________________ 56
Figura 19: Histograma do interesse nas grandezas elétricas _____________________ 56
Figura 20: Histograma do interesse nas grandezas térmicas _____________________ 57
Figura 21: Histograma do interesse nas outras grandezas _______________________ 57
Figura 22: Modelo de certificação de pessoas em metrologia_____________________ 60
Figura 23: Sistema de certificação de pessoas proposto _________________________ 61
Figura 24: Níveis de educação profissional do Brasil ___________________________ 81
Figura 25: Análise financeira: Pior caso _____________________________________ 98
Figura 26: Análise financeira: Melhor caso __________________________________ 98
xiii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Principais cursos de metrologia no Brasil __________________________ 14
Tabela 2: Ementa das disciplinas de caráter técnico profissionalizante do CECO____ 19
Tabela 3.1: Principais instituições internacionais provedoras de certificação profissional
relacionadas à qualidade e metrologia _____________________________ 27
Tabela 3.2: Documentos básicos para acreditação de organismos de certificação de
pessoas ______________________________________________________ 36
Tabela 3.3: Principais empresas certificadas pela ABRAMAN_____________________ 40
Tabela 6.1: Documentos essenciais para o reconhecimentos de curso pelo MEC
[137]
___ 80
Tabela 6.2: Categorias de metrologista de acordo com a CBO ____________________ 84
Tabela 6.3: Equivalência da formação em experiência necessária para admissão no curso
____________________________________________________________ 88
Tabela 6.4: Grade curricular proposta _______________________________________ 90
Tabela 6.5: Análise financeira______________________________________________ 97
xiv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
A2LA – The American Association for Laboratory Accreditation;
ABENDE – Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos;
ABRAMAN – Associação Brasileira de Manutenção;
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;
AC – Agência de Certificação;
ACMC – Association for Coordinate Metrology Canada;
ASQ – American Society for Quality;
ASQL – Auditor de Sistema da Qualidade Laboratorial;
AUKOM – AUsbildung in der KoordinatenMesstechnik;
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior;
CBAC – Comitê Brasileiro de Avaliação da Conformidade;
CBO – Classificação Brasileira de Ocupações;
CC – Conselho de Certificação;
CEB – Câmara de Educação Básica;
CEC – Centro e Exame de Certificação;
CECO – Colégio Estadual Círculo do Operário;
CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica;
CEP – Controle Estatístico do Processo;
CERTI – Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras;
CIC – Centro para a Inovação e Competitividade;
CNI – Confederação Nacional das Indústrias;
CNE – Conselho Nacional de Educação;
CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial;
CTA – Centro Técnico Aeroespacial;
CTCP – Comitê Técnico de Certificação de Pessoas;
CzSQ – Czech Society for Quality;
DC – Documento Complementar;
xv
DN – Departamento Nacional;
DR – Departamento Regional;
EA – European Cooperation For Accreditation;
EOQ – European Organization for Quality;
EurepGAP Euro-Retailer Produce Working Group (Eurep) Good Agricultural
Practices (GAP);
FBTS – Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem;
FMEA – Failure Mode and Effect Analysis;
GM – Gerente de Metrologia;
GTLCE – Gerente Técnico de Laboratórios de Calibração e Ensaios;
IAAC – Interamerican Accreditation Cooperation;
IAF – Internation Acreditation Fórum;
IATCA – International Auditor And Training Certification Association;
IEC – International Electrotechnical Commission;
IEEE – Institute of Electrical and Electronics Engineers;
IESAM – Instituto de Estudos Superiores da Amazônia;
IMEKO – International Measurement Confederation;
INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial;
ISO – International Organization for Standardization;
ISO-GUM – Guide to the Expression of Uncertainty in Measurement;
ISWM – International Society of Weighing & Measurement;
LABMETRO – Laboratório de Metrologia e Automatização da UFSC;
LDB – Lei de Diretrizes e Bases;
LNM – Laboratório Nacional de Metrologia;
MAS – Measurement System Analysis;
MASP – Método de Análise e Solução de Problemas;
MEC – Ministério da Educação e Cultura;
MLA – Multi Lateral Agreement;
MNQ – Metrologia, Normalização e Qualidade;
MRA – Mutual Recognition Arrangements;
NA – Norma Auxiliar;
NATA – National Association of Testing Authorities;
xvi
NIE-CGCRE – Norma de Coordenação Geral de Credenciamento;
NIT-DICOR – Norma da Divisão de Credenciamento de Organismos;
OCDE Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico da União
Européia;
OMC – Organização Mundial do Comércio;
OPC – Organismo de Certificação de Pessoas;
PADCT – Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico;
PDCA – Plan, Do, Check, Act;
PEGQ – Programa de Especialização em Gestão da Qualidade;
PSGM – Programa Senai de Gestão da Metrologia;
PMAP – Process Measurement Assurance Program;
PNM – Plano Nacional de Metrologia;
PósMCI – Programa de Pós-graduação em Metrologia Científica e Industrial;
PósMQI – Programa de Pós-graduação em Metrologia para a Qualidade e Inovação;
PUC-RIO – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro;
QFD – Quality function deployment;
RBC – Rede Brasileira de Calibração;
RBLE – Rede Brasileira de Laboratórios de Ensaios;
REBLAS – Rede Brasileira de Laboratórios Analíticos em Saúde;
RELACLE – Associação de Laboratórios Acreditados de Portugal;
RHAE Programa de Capacitação de Recursos Humanos em Atividades
Estratégicas;
SANAS – South African National Accreditation System;
SBAC – Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade;
SBM – Sociedade Brasileira de Metrologia;
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas;
SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial;
SI – Sistema Internacional de Unidades;
SINE – Sistema Nacional de Emprego;
SINMETRO – Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial;
TCC – Trabalhos de Conclusão de Curso;
TECPAR – Instituto de Tecnologia do Paraná;
xvii
TIB – Tecnologia Industrial Básica;
TM – Técnico Metrologista;
TMC – Técnico Metrologista em Calibração;
TMCQ – Técnico Metrologista para Controle da Qualidade;
TME – Técnico Metrologista em Ensaios;
TQC – Total Quality Control;
UFF – Universidade Federal Fluminense;
UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais;
UFPA – Universidade Federal da Pará;
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul;
UFS – Universidade de São Francisco;
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina;
UNESP – Universidade Estadual Paulista;
VIM – Vocabulário Internacional de Termos Fundamentais e Gerais de Metrologia;
WG – Work Group.
1
1 INTRODUÇÃO
A competição do mercado exige das indústrias um esforço expressivo para
produzir bens e serviços qualitativamente melhores, a um custo cada vez menor.
Com a globalização, verifica-se o rompimento das barreiras geográficas, culturais e
tarifárias, contribuindo ainda mais para aumento da competitividade no mercado
internacional
[1]
. Dentre os diversos atributos que permitem uma empresa ou nação
ser competitiva, distinguem-se: (i) tecnologia; (ii) produtividade dos processos; (iii)
preço, (iv) prazo e; (v) qualidade dos produtos. É nesse contexto, que a metrologia
desempenha um dos seus mais significativos papéis
[2]
.
Diz um tradicional ditado: “Só o que é mensurável pode ser melhorado”
[3]
.
Melhorar continuamente é o caminho da sobrevivência das empresas, impulsionado
pela necessidade de satisfação do cliente, que determina o direcionamento do
mercado. Esse princípio vale para todas as empresas que disputam mercados cada
vez mais dinâmicos e concorridos, que buscam assegurar sua posição e seu
crescimento. Medir, torna-se portanto, um elemento central nas ações em busca da
satisfação do cliente e na conquista de novos mercados
[3]
.
Neste sentido, o presente trabalho apresenta uma proposta preliminar no
intento de ampliar a promoção da cultura metrológica brasileira, através da formação
e certificação de profissionais atuantes na área de metrologia e controle da
qualidade. Ressalta-se, aqui, a importância da capacitação dos agentes integrantes
dos processos produtivos industriais, que contribuem diretamente para o
crescimento e fortalecimento da indústria, através da incorporação de funções
básicas da competitividade: (i) metrologia; (ii) normalização e; (iii) avaliação de
conformidade
[4]
. A metrologia pode ser considerada a base para a superação de
barreiras técnicas ao livre comércio, agregando valor aos produtos e processos,
atuando como fator decisivo para a inserção do produto nacional em mercados cada
vez mais competitivos
[5]
, através da aplicação de normas técnicas, regulamentos
técnicos e avaliação da conformidade.
2
Figura 1: Superação das barreiras técnicas à exportação
[6]
Este trabalho traz contribuições para a implementação prática das
recomendações explícitas no Plano Nacional de Metrologia (PNM)
[7]
, que embora
seja de 1998, ainda oferece um horizonte de continuidade para o planejamento
estratégico da promoção da cultura metrológica no país, por meio de ações voltadas
para as escolas, os órgãos públicos, a área empresarial e o consumidor. O PNM faz
menção às carências no sistema brasileiro na formação, capacitação e
especialização de recursos humanos na área de metrologia. De forma semelhante
ao PNM, as Diretrizes Estratégicas para a Metrologia Brasileira também
estabelecem recomendações específicas no que diz respeito à Educação em
Metrologia
[8]
.
Sob este aspecto de Educação em Metrologia, procura-se identificar a
problemática na formação de recursos humanos (RH) em metrologia no Brasil.
Partindo-se do conceito de que o principal foco da metrologia é prover
confiabilidade, credibilidade, universalidade e qualidade às medidas
[9]
, obtêm-se por
conseqüência que a metrologia está presente em quase todos os processos
decisórios, abrangendo a indústria, o comércio, a saúde o meio ambiente dentre
outros. O autor assume como hipótese que a base industrial brasileira é composta
3
por técnicos com pouca qualificação, sendo estes de fundamental importância no
assessoramento contínuo do processo produtivo, de forma segura e confiável,
evitando assim custos e perdas provenientes da falta de qualidade.
Dessa forma, foi solicitado à Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM), a
relação de todos os seus associados cadastrados até dezembro de 2003, assim
como a respectiva área de interesse de cada associado. Após a análise,
estratificação e compilação dos dados de interesse, foi possível comprovar a
hipótese anterior que a maioria dos associados da SBM são técnicos, que atuam em
indústrias e em laboratórios, possuindo pouca experiência nas áreas de calibração e
ensaios. As figuras 2 e 3, apresentam a quantidade de associados da SBM que
possuem experiência nas áreas de ensaios e de calibração. Portanto, ambas as
figuras servem de indicador das áreas nas quais existe oportunidade de capacitação
de recursos humanos em ensaios e calibrações no Brasil
[10]
.
Figura 2: Experiência dos associados da SBM em ensaios
4
Figura 3: Experiência dos associados da SBM em calibração, medição e controle
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO E PROPOSTA DE TRABALHO
Na medida em que expansão e modernização das indústrias,
paralelamente aumenta a necessidade de mão-de-obra cada vez mais
especializada, diversificada e qualificada. Junto aos avanços tecnológicos, surge a
necessidade de expandir e diversificar a educação em metrologia
[11]
, principalmente
porque a metrologia penetrou em praticamente todos os setores da economia e da
vida social dos países, tornando-se, para alguns, mais importante para o futuro da
sociedade do que para o futuro da ciência
[12]
.
Muitas das atividades realizadas no mundo são baseadas em pessoas, que
usam suas competências para o desenvolvimento de tarefas específicas. Essas
competências são adquiridas durante toda a vida, baseadas na educação,
experiência, treinamento e outros
[13]
. A base industrial solicita por um profissional
polivalente, capaz de resolver problemas do cotidiano do seu trabalho, mobilizando
conhecimentos, habilidades e atitudes.
Criar um diferencial para indústrias através da qualificação dos técnicos que
atuam diretamente com a garantia da qualidade do produto ou processo, significa
contribuir para o desenvolvimento, valor agregado e competitividade global
[14]
.
5
Torna-se então um conceito mundial, a preocupação em suprir a deficiência na
qualificação técnica em metrologia
[5]
. Em atendimento às necessidades do mercado
de trabalho, surge o desenvolvimento de programas de certificação de pessoas,
como meio de comprovar a habilidade pessoal
[15]
, permitindo à sociedade averiguar
qual é o profissional mais capacitado para ser utilizado em uma tarefa específica.
A certificação de pessoas ganha destaque por ser um processo voluntário, no
qual o profissional ganha um certificado com validade e reconhecimento, além de
atualização, complementação e aprimoramento das técnicas aplicadas em seu
trabalho
[16]
, garantindo que o profissional certificado demonstra conhecimento de um
determinado acervo pré-estabalecido de conhecimentos básicos e/ou
especializados.
Contudo, deve-se atentar aos riscos que podem estar envolvidos na
certificação de pessoas que possuem somente os conhecimentos adquiridos na
prática do ofício, que muitas vezes podem induzir a não aplicação correta dos
conceitos que são fornecidos pela formação específica. Todavia, o autor preocupa-
se com a formação que associe a teoria com a prática, de forma orientada para
objetivos específicos e concretos. Acredita-se que a forma ideal para se obter a
certificação de pessoas seja da seguinte forma: (i) aquisição prévia dos
conhecimentos necessários para a prática do trabalho, fornecido por uma instituição
reconhecida para tal e; (ii) de forma voluntária, o aluno que almejar a certificação
poderá ser submetido ao exame de certificação de pessoas.
Nesse contexto, foi possível verificar a necessidade do desenvolvimento de
uma pesquisa de opinião nacional que buscasse identificar o grau de conhecimento
dos atuantes em metrologia e controle da qualidade, assim como as necessidades
técnicas de cada setor demandante de metrologia. Deste modo, esse trabalho irá
contribuir para a certificação profissional e para a qualificação de recursos humanos
em metrologia. Contudo, almeja-se a concepção e implantação de um curso de
especialização profissional em metrologia (Pós-técnico), que envolva a aplicação
prática dos conhecimentos teóricos e que opere em consonância com as
necessidades reais de mercado.
6
1.2 OBJETIVOS
Os objetivos deste trabalho se subdividem em:
Levantar nacionalmente a situação dos cursos técnicos, pós-técnicos,
tecnológicos e pós-graduações na área de metrologia;
Relatar as necessidades das indústrias e laboratórios relativas à metrologia;
Identificar o grau de conhecimentos dos atuantes em metrologia;
Verificar o universo de aplicações da metrologia frente às indústrias e
laboratórios;
Estabelecer uma sistemática para a acreditação da SBM pelo INMETRO
como organismo certificador de pessoas;
Estruturar um manual de certificação de pessoas em metrologia;
Elaborar uma proposta de reconhecimento de centros de exames de
certificação em metrologia;
Sugerir uma categoria de certificação em metrologia;
Estruturar um curso de especialização profissional em metrologia, em
concordância com os requisitos para a certificação de pessoas e
necessidades de mercado;
1.3 JUSTIFICATIVA, RELEVÂNCIA E FATORES MOTIVADORES
Este trabalho justifica-se pela importância que está associada à formação
[17]
e
certificação de recursos humanos em metrologia no Brasil. Sua relevância está
associada à melhoria da qualidade
[18]
, tendo como conseqüência a redução de
custos, perdas e desperdícios
[19]
.
O principal fator motivador para o desenvolvimento deste trabalho está
relacionado à possibilidade de se desenvolver um estudo que aborde temas atuais
com possibilidade de aplicação prática. Outro fator motivador é o fato do autor estar
vinculado ao Senai de Blumenau
[20]
, que é uma instituição fortemente estruturada
que presta serviços técnicos e tecnológicos para as indústrias. Por esse e outros
motivos, o Senai é um fornecedor ideal para a especialização desses técnicos que
7
almejam um destaque e crescimento profissional na área de metrologia.
1.4 METODOLOGIA
A metodologia proposta para o desenvolvimento desse trabalho é a seguinte:
Desenvolver uma pesquisa de opinião com indústrias e laboratórios para o
levantamento das necessidades e dificuldades relacionadas à metrologia;
Pesquisar o estado da arte da certificação de pessoas no Brasil e no Mundo,
identificando critérios, métodos e normas relacionadas, utilizando a internet e
e-mail como principais fontes de informações;
Identificar os principais cursos de metrologia no Brasil e no Mundo, através de
publicações em periódicos, revistas, sites da internet, livros, dissertações,
teses e outros.
1.5 RESULTADOS ESPERADOS
Espera-se com este trabalho fomentar a acreditação da SBM pelo INMETRO,
capacitando-a para desenvolver atividade de certificação de pessoas na área de
metrologia em conformidade à Norma Brasileira NBR-ISO/IEC 17024:2004. Ao final
deste trabalho propõe-se um modelo de curso de especialização profissional em
metrologia em nível Pós-técnico factível de ser implantado em diversas regiões do
Brasil, objetivando atender à formação de recursos humanos técnicos especializados
em metrologia, em conformidade com os requisitos internacionais da certificação de
pessoas. O autor acredita que essa especialização profissional seja o meio mais
seguro e confiável de se atingir os requisitos do Técnico Metrologista Certificado
(TMC). Indiretamente, este curso servirá como precursor da difusão da cultura
metrológica no âmbito dos cursos de nível técnico, assim repercutindo a importância
perante o mercado industrial. Acredita-se que hoje em dia não basta apenas ter um
diploma para garantir a empregabilidade, mas sim comprovar o “saber fazer”
1
. A
certificação de pessoas atua como salva guarda para comprovar a qualificação e
1
Tema debatido na reunião de coordenadores do Senai de Blumenau, na data de 12 de maio de 2004.
8
habilidades do indivíduo, com respaldo e credibilidade de uma organização
reconhecida para tal.
1.6 ESTRUTURA DE APRESENTAÇÃO DO TRABALHO
O trabalho está estruturado em sete capítulos, distribuídos da seguinte forma:
Capítulo 1: INTRODUÇÃO Contextualiza a motivação para
desenvolvimento do trabalho, objetivos, justificativas, relevância, metodologia
aplicada, resultados esperados. Apresenta também, uma síntese dos
conteúdos e estrutura dos sete capítulos que integram a presente dissertação.
Este capítulo descreve também a metodologia utilizada na condução deste
trabalho, notadamente os preceitos metodológicos que consubstanciaram o
desenvolvimento da pesquisa de opinião para a concepção do curso pós-
técnico em metrologia.
Capítulo 2: EDUCAÇÃO EM METROLOGIA NO BRASIL
É apresentado
neste capítulo a atual situação dos cursos de metrologia no Brasil, levando-se
em consideração as características gerais das instituições de ensino de
metrologia. Neste contexto, foram identificados os pontos de destaque dos
cursos analisados, para que os mesmos sirvam de base para a estruturação
do curso pós-técnico em metrologia.
Capítulo 3: CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM METROLOGIA -
O terceiro
capítulo apresenta a fundamentação teórica sobre a acreditação de
organismos e certificação de pessoas, assim como as normas pertinentes a
esses processos. Aborda também detalhes e informações sobre a Norma
Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004 e acordos de reconhecimento multilateral
e de reconhecimento mútuo.
Capítulo 4: PESQUISA DE OPINIÃO - Neste capítulo é apresentado o
resultado da pesquisa de opinião para a estruturação do curso pós-técnico em
metrologia e identificação das necessidades de mercado.
Capítulo 5: PROPOSTA DE CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM
METROLOGIA
São abordados neste capítulo alguns detalhes para
implementação da proposta de acreditação da SBM pelo INMETRO,
9
reconhecendo a sociedade como organismo acreditado de certificação de
pessoas em metrologia. Apresenta-se também um manual de certificação de
pessoas em metrologia, assim como uma proposta de reconhecimento de
centros de exames de certificação em metrologia. É sugerida também, ao
término do capítulo, uma proposta de categoria de certificação em metrologia.
Capítulo 6: PROPOSTA DE CURSO PÓS-TÉCNICO EM METROLOGIA -
A
proposta detalhada para a estruturação do curso pós-técnico em metrologia é
encontrada neste capítulo. São apresentadas as características do sistema
proposto, perfil do candidato, aspectos técnicos, grade curricular, plano de
curso, bases tecnológicas necessárias, assim como os documentos de
interesse, aspectos legais e análise de viabilidade técnica e econômica.
Capítulo 7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS - São
organizadas e sumarizadas, no âmbito das vertentes de análise
desenvolvidas, as principais contribuições e conclusões do trabalho. Como
reflexões finais, são formuladas recomendações que visam ao fortalecimento
do fomento da cultura metrológica nacional. São apresentados também os
aspectos relevantes e sugestões de trabalhos futuros referentes a esse tema.
REFERÊNCIAS - Foram relacionadas todas as obras referenciadas no corpo
do trabalho que diretamente subsidiaram o seu desenvolvimento. O trabalho
também apresenta uma relação dos principais websites consultados durante a
fase de formulação da dissertação, incluídos como parte da referência,
apresentando-se como estratégica fonte atualizada de informação permitindo
consulta on-line rapidamente atualizável.
10
2 EDUCAÇÃO EM METROLOGIA NO BRASIL
METROLOGIST
Develops and evaluates calibration systems that measure characteristics of objects,
substances, or phenomena, such as length, mass, time, temperature, electric current,
luminous intensity, and derived units of physical or chemical measure: Identifies
magnitude of error sources contributing to uncertainty of results to determine
reliability of measurement process in quantitative terms. Redesigns or adjusts
measurement capability to minimize errors. Develops calibration methods and
techniques based on principles of measurement science, technical analysis of
measurement problems, and accuracy and precision requirements. Directs
engineering, quality, and laboratory personnel in design, manufacture, evaluation,
and calibration of measurement standards, instruments, and test systems to ensure
selection of approved instrumentation. Advises others on methods of resolving
measurement problems and exchanges information with other metrology personnel
through participation in government and industrial standardization committees and
professional societies.
[21]
Em uma pesquisa realizada junto a 500 executivos de sucesso
[22]
, foi
questionado sobre quais seriam os fatores que mais influenciam a qualidade do
produto. O resultado da pesquisa é apresentado na Figura 4 em termos percentuais.
Figura 4: Resultados de uma pesquisa feita entre 500 executivos sobre os fatores de influência na
qualidade de produto
[22]
11
Pode-se observar que o fator “formação dos recursos humanos” obteve o
primeiro lugar em importância (87%) seguido pelo fator “fornecedores”. O fator “infra-
estrutura”, contrariamente ao esperado, posicionou-se no último lugar. Isso vem ao
encontro com a prática de muitas indústrias, que preferem focar seus investimentos
em instalações e meios produtivos, descuidando da formação de recursos humanos
ou deixando-a para um segundo plano. Diversas desculpas são usadas para
justificar essa situação, destacando-se: (i) o custo de cursos e treinamentos; (ii) a
inviabilidade de afastar as pessoas de seu ambiente de trabalho e; (iii) a alta
rotatividade, que produz a perda do investimento realizado no aprimoramento das
competências do colaborador.
No âmbito da metrologia a situação não é diferente. Empresas realizam fortes
investimentos em equipamentos de medição, mas não investem adequadamente na
formação de metrologistas competentes para operá-los. Os tomadores de decisão
acreditam que treinamentos intensivos de curta duração são suficientes para garantir
a idoneidade das pessoas envolvidas nos processos metrológicos da empresa.
O autor considera que a formação de recursos humanos é um aspecto chave
no desenvolvimento de um país como o Brasil
[23]
, com forte vocação industrial e de
exportador. A seguir, serão descritas de forma sucinta as principais iniciativas
nacionais que buscam fomentar a metrologia no Brasil através da formação de
pessoas. Ao término deste capítulo, faz-se uma análise para verificar o quanto essas
iniciativas são suficientes para sustentar o desenvolvimento industrial brasileiro.
2.1 BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO EM METROLOGIA NO BRASIL
A educação em metrologia no Brasil surgiu, principalmente, de algumas ações
governamentais atreladas a processos de fortalecimento da infra-estrutura
laboratorial brasileira, com desígnio para o desenvolvimento científico e tecnológico
do País
[19]
Após a criação do SINMETRO na década de 70, o esforço para o
fortalecimento da metrologia brasileira esteve ligado principalmente à necessidade
de implantar o Programa Nuclear Brasileiro. Em 1975, com a construção do campus
avançado do Laboratório Nacional de Metrologia (LNM/INMETRO), nasceu o Projeto
12
Criptônio, primeira iniciativa para formação de recursos humanos em metrologia,
objetivando capacitar o próprio INMETRO
[24]
. Em meados da década de 80, ocorreu
a abertura econômica induzindo o movimento pela qualidade no Brasil. Dessa forma,
o investimento em metrologia integrou-se ao movimento pela qualidade, cujo objetivo
era prover uma infra-estrutura de serviços voltada à qualidade e à
competitividade
[25]
.
Depois de um longo período de passividade, frearam-se os processos de
desenvolvimento de recursos humanos em metrologia, surgindo um novo período de
abertura econômica e a necessidade de se atribuir credibilidade ao produto
brasileiro, visando atingir mercados externos competitivos e protegidos por barreiras
técnicas. Nesta ocasião, a metrologia ganha maior visibilidade e, com o movimento
pela qualidade, depende de investimentos em outras funções da tecnologia industrial
básica (TIB)
[16]
, tais como a certificação de produtos e sistemas, a acreditação de
laboratórios, de organismos de certificação e as atividades de avaliação da
conformidade. Assim, surgiu o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (PADCT), que induziu de forma expressiva a capacitação e a formação
de recursos humanos em metrologia, normalização e qualidade (MNQ). Foram
criados programas e projetos específicos, como o Programa de Especialização em
Gestão da Qualidade (PEGQ), o Programa de Capacitação de Recursos Humanos
em Atividades Estratégicas (RHAE) e o Programa RH-Metrologia.
O programa RH-Metrologia merece destaque pois teve como objetivo
estimular o desenvolvimento de recursos humanos necessários ao crescimento da
atividade de metrologia, considerada essencial ao desenvolvimento da
competitividade e à transformação da infra-estrutura tecnológica brasileira. Este
programa foi financiado por três Ministérios, tendo coordenação conjunta por parte
do INMETRO, CAPES e CNPq. No contexto de um edital público, o Programa RH-
Metrologia foi responsável pela implantação de dois cursos de mestrado em
metrologia, na PUC-RJ e na UFSC. Estes cursos foram projetados para enfatizar o
estudo multidisciplinar das diversas áreas da metrologia (elétrica, óptica,
temperatura, dimensional, química etc.), estimular a pesquisa nas técnicas de
medição e padrões metrológicos e capacitar experimentalmente laboratórios
especializados em condição para prover a realização das unidades bases e
13
derivadas do Sistema Internacional de Unidades (SI). Pode-se atribuir também ao
Programa RH-Metrologia a implementação, em março de 2000, do curso "Técnico
em Metrologia para a Gestão da Qualidade" do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Química de Nilópolis (CEFETEQ), no Estado do Rio de Janeiro
[26]
.
Ao meu ver, a atividade industrial no Brasil passa por uma fase de
crescimento, gerado pela recuperação do mercado interno e também pelo aumento
das exportações. As exigências dos clientes internacionais, a necessidade de
superar barreiras técnicas e, em geral, a multiplicação dos esforços para garantir a
qualidade dos produtos e diminuir os custos da falta de qualidade, têm gerado um
aumento na demanda de pessoal qualificado em metrologia. Diversas iniciativas
privadas estão surgindo para satisfazer essa demanda, geralmente na forma de
cursos de qualificação profissional e treinamentos industriais. Diferente das
iniciativas governamentais, essas iniciativas privadas dependem mais da demanda
regional e sua variação no tempo, tornando-se mais vulneráveis pela necessidade
de financiar as atividades através do pagamento de mensalidades e aportes de
empresas.
2.2 ESFORÇO BRASILEIRO NA EDUCAÇÃO EM METROLOGIA
Na Tabela 1 foram listadas algumas das principais iniciativas nacionais
orientadas à formação de pessoas em metrologia. A seguir serão descritos
brevemente os cursos de pós-graduação e graduação relacionados à metrologia no
Brasil.
14
Tabela 1: Principais cursos de metrologia no Brasil
Instituição Curso Início Resultados
Universidade Federal
Fluminense – UFF
[27]
Curso de Pós-graduação em
Engenharia de Produção
1990 02 Mestres
Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro – PUC-
RIO
[28]
Metrologia para a Qualidade e
Inovação (PósMQI)
1996 60 Mestres
Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC
[29]
Metrologia Científica e Industrial
(PósMCI)
1997 58 Mestres
CEFET – MG
[30]
Especialização em Metrologia 1997 20 (Piloto)
Universidade de São Francisco
– USF
[31]
Metrologia Aplicada aos
Materiais: Linha de pesquisa no
Mestrado de Ciências dos
Materiais
1998 15 Dissertações
incorporadas ao
mestrado
CECO / INMETRO
[32]
Curso Técnico em Metrologia 1998 1º Turma formada em
2001.
CEFETEQ – Nilópolis
[33] e [34]
Curso Técnico em Metrologia
para a Qualidade
2000 51 Técnicos
Universidade Federal do Pará –
UFPA
[35]
Especialização em Metrologia 2000 Informação não
disponível.
Escola Técnica – UFRGS
[36]
Curso de Nível Técnico 2002 103 Técnicos
Universidade Federal de Minas
Gerais - UFMG
[37] e [38]
Curso de Especialização em
Metrologia
2002 Informação não
disponível.
Universidade Estadual Paulista
– UNESP
[39]
Curso de Metrologia Química –
Extensão
2002 30 Alunos
participantes
Instituto de Estudos Superiores
da Amazônia – IESAM
[40]
Especialização em Metrologia
Aplicada à Qualidade
2003 Informação não
disponível.
IESA
[41]
Curso Superior de Gestão da
Qualidade em Metrologia
2003 Turma em
andamento com 70
alunos
Entre 1990 e 1993, o INMETRO, teve dificuldade de compor um concurso
público
[42]
para contratar profissionais qualificados com formação em
metrologia. Visando atender essa necessidade, o Programa de Pós-
graduação de Engenharia de Produção do Centro Tecnológico na
Universidade Federal Fluminense (UFF), formou um convênio com o
15
INMETRO para implementar naquele mestrado, uma abertura para
desenvolvimento de profissionais em metrologia e qualidade, com o foco
voltado para as necessidades do INMETRO. Esta iniciativa produziu
resultados muito modestos, levando à titulação de apenas um profissional do
INMETRO e outro do Laboratório de Metrologia da Marinha.
Os cursos de mestrado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
(PUC-RIO) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) iniciaram
suas atividades, respectivamente, em 1996 e 1997. Foram estruturados para
estabelecer uma interface com empresas e outras organizações empenhadas
na busca de soluções para problemas específicos de metrologia, de forma a
assegurar a melhoria da qualidade de produtos e aumentar a competitividade
das empresas brasileiras. Desde 1981 a UFSC possui teses de Doutorado na
área de concentração de Metrologia e Instrumentação que foram
desenvolvidas no contexto do Programa de Pós-graduação em Engenharia
Mecânica da UFSC. A PUC-RIO também possui teses de Doutorado na área
de concentração de Metrologia junto à Engenharia, Física e Química.
Em janeiro de 1997, o CEFET-MG lança curso de pós-graduação lato sensu
de Especialização em Metrologia e Instrumentação com o princípio de
aprimorar o conhecimento dos professores do ensino técnico que atuam na
área de metrologia. O curso contou com a participação de 20 alunos
(docentes do CEFET) e possuía uma carga horária de 360 horas e
elaboração de uma monografia para obtenção do certificado Especialista em
Metrologia e Instrumentação. O curso foi posteriormente revisado para
atender a demanda de profissionais da indústria, entretanto, o número mínimo
de participantes não foi alcançado nas quatro vezes em que foi oferecido.
A Faculdade de Engenharia da Universidade São Francisco (USF), em 1998,
criou o Programa de Mestrado em Metrologia. No ano de 2000, tendo
reavaliado sua concepção do Mestrado em Metrologia, seguindo os critérios
da CAPES, optou pela inserção dos conceitos e aplicações de metrologia no
estruturado Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Ciência dos
Materiais (PPG-ECM). Nesta nova concepção, foi definido no mestrado do
PPG-ECM uma única área de concentração "
Desenvolvimento e
16
Caracterização de Materiais" e quatro linhas de pesquisa: (i)
Desenvolvimento de ligas metálicas para aplicações tecnológicas; (ii)
Desenvolvimento de materiais poliméricos com características especiais; (iii)
Desenvolvimento de materiais cerâmicos especiais e; (iv) Metrologia aplicada
aos materiais. Desta forma, o Mestrado em Metrologia, antes concebido como
curso específico, caracteriza-se agora como linha de pesquisa do PPG-ECM
enfocando, notadamente, aspectos metrológicos pertinentes à engenharia e
ciências de materiais.
Em janeiro de 2000, o Instituto de Química da Universidade Estadual Paulista
(UNESP) organizou um curso de extensão Curso Intersemestral de
Metrologia” para 30 alunos dos seis cursos de graduação em Química do
estado de São Paulo. Estruturado em seis módulos, com carga horária de
trinta horas ao longo de seis dias, contemplou conceitos gerais de aplicação
em metrologia química e conteúdos específicos sobre a expressão das
incertezas da medição associadas às medições em química analítica
[25]
.
Em 2002, a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) criou o programa
lato sensu de pós-graduação em metrologia, como resultado do convênio
firmado entre o Centro de Estudos Metrológicos do Departamento de
Engenharia Mecânica (DEMEC) da UFMG e o INMETRO.
Em 2000, a Universidade Federal do Pará (UFPA), juntamente com a
Universidade da Amazônia (UNAMA) e com o apoio do Centro Federal de
Educação Tecnológica (CEFET) estruturou um projeto de implantação de um
curso de especialização em metrologia, visando prover uma formação voltada
para as especificidades e vocações da região norte-nordeste, principalmente
os profissionais das Centrais Elétricas do Norte do Brasil S/A (Eletronorte).
Este curso foi estruturado em 3 períodos consecutivos, exigindo-se uma
monografia em tema de interesse do projeto previamente acordado para a
conquista do título de Especialista em Metrologia. Foi inicialmente prevista
uma carga horária de 540 horas-aula, somadas ao tempo dedicado a estudos
específicos voltados para a prática laboratorial e para o desenvolvimento da
monografia. A grade curricular é composta de disciplinas obrigatórias e
eletivas, abordando temas específicos e aplicados (fundamentos da incerteza
17
da medição, sistema de unidades, padrões e calibração, sistemas de
medição, estatística aplicada, planejamento e projeto de experimentos). As
disciplinas eletivas são selecionadas de acordo com as linhas de pesquisas
pré-definidas nas seguintes áreas de concentração: (i) Normalização e
Qualidade Industrial; (ii) Metrologia Dimensional e; (iii) Metrologia voltada para
os interesses das medições em Química. Não foi possível neste trabalho,
obter evidências da efetiva implementação do curso proposto pela UFPA.
O Instituto de Estudos Superiores da Amazônia (IESAM) lançou, em 2004,
uma Especialização em Metrologia Aplicada à Qualidade, objetivando formar
e capacitar recursos humanos especializados em metrologia. O curso possui
duração de 13 meses, sendo dez meses para cursar as disciplinas e três
meses para a apresentação do trabalho de conclusão de curso.
A faculdade IESA criou em 2004 um curso seqüencial na área de Gestão da
Qualidade em Metrologia, com duração de dois anos, objetivando formação
técnica e científica dos alunos para atuarem como gestor na área de
Metrologia nas empresas industriais, comerciais e de serviços.
A seguir serão descritos alguns detalhes dos cursos técnicos e de
especialização técnica, de especial interesse para o desenvolvimento desta
dissertação.
2.2.1 A Metrologia nos Cursos do SENAI
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), órgão vinculado à
Confederação Nacional da Indústria (CNI), tem uma estrutura composta de um
Departamento Nacional (SENAI DN) e vinte e sete Departamentos Regionais. O
SENAI DN coordena a execução da política e das normas definidas pelo Conselho
Nacional, estimulando, integrando e apoiando financeiramente os Departamentos
Regionais. Estes formam o braço estratégico para prover a formação profissional
para o trabalho e os serviços para o desenvolvimento e a competitividade do setor
industrial. A organização encontra-se presente em todo o País, atendendo às
demandas de múltiplas realidades econômicas e culturais das diferentes regiões
18
brasileiras.
O desempenho do SENAI no ambiente tecnológico correlaciona-se
diretamente com a indução da competitividade no setor industrial. Cada vez mais
complexo, dinâmico e seletivo, este ambiente está a exigir do SENAI atenção
especial no processo de formação e capacitação profissional, induzindo-o a assumir
papel de liderança.
De 1942 a 2003, o SENAI
[43]
registrou um número superior a 35 milhões de
trabalhadores formados, nas 730 unidades operacionais (311 Unidades Móveis, 38
Centros de Tecnologia, 241 Centros de Educação Profissional e 140 Centros de
Treinamento). Interagindo com 29 diferentes setores da indústria, o SENAI oferece
aproximadamente 1800 diferentes cursos por ano, além de possuir 122 parceiros
internacionais, o que configura e qualifica o SENAI como o maior centro educacional
da América Latina. Investindo na concepção de um modelo contínuo de educação
profissional, a qualidade SENAI caracteriza-se por proporcionar à sociedade essa
modalidade de educação via diferentes instâncias: aprendizagem industrial,
qualificação profissional, formação de técnicos, aperfeiçoamento profissional,
especialização profissional, formação de tecnólogos e pós-graduação.
A fase dois do Programa RH-Metrologia incorporou de forma explícita em seu
planejamento a estruturação de uma rede nacional de formação técnico-
profissionalizante em metrologia. O SENAI foi incumbido de coordenar esse
processo. No contexto de precursor, o Programa Senai de Gestão da Metrologia
(PSGM), investiu na qualidade dos serviços oferecidos, na capacitação do corpo
técnico e na implementação da gestão metrológica. Como resultado, 30 laboratórios
da Rede SENAI
[44]
estão acreditados pelo Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO).
2.2.2 Curso Técnico em Metrologia - CECO
A primeira experiência brasileira na formação de recursos humanos em
metrologia, em nível técnico, segue a filosofia da concomitância do ensino médio
com a formação profissional. Nesse contexto, foi idealizado e implantado, na “Fase
1” do Programa RH-Metrologia (1995-1998), um Curso Técnico em Metrologia. O
19
INMETRO foi o agente fomentador desta experiência-piloto, articulada em parceria
com o Colégio Estadual Círculo Operário (CECO), sediado nas vizinhanças do
Laboratório Nacional de Metrologia (LNM/INMETRO), em Xerém-RJ.
Iniciado em 1998, o curso tem como objetivo formar profissionais em nível
médio, qualificados para desenvolver atividades de apoio técnico a laboratórios e
especialistas em metrologia. Os alunos formados podem atuar em centros de
pesquisa, laboratórios de calibração e de ensaios e em outras instituições que
operam no campo da metrologia. Com uma carga horária de 5.920 horas,
distribuídas em quatro anos em regime de dedicação integral, reserva-se parte do
último ano do curso ao estágio supervisionado, normalmente realizado no próprio
INMETRO
[45]
. A primeira turma formou-se ao final de 2001, tendo continuidade o
processo de formação de recursos humanos
[46]
.
A Tabela 2 apresenta a ementa das disciplinas que compõem o curso técnico
de metrologia do Colégio Estadual Círculo Operário.
Tabela 2: Ementa das disciplinas de caráter técnico profissionalizante do CECO
1º Série 2º Série Série 4º Série
Introdução à
Metrologia
Normalização e
Qualidade
Estatística Aplicada à
Metrologia
Práticas em
Instrumentação de
Laboratórios II
Práticas em
Instrumentação de
Laboratórios III
Noções Gerais de
Instrumentação
Práticas em
Instrumentação de
Laboratórios I
Qualidade em
Laboratórios
Metrologia Óptica
Ciência da
Computação
Metrologia Acústica e
de Vibrações
Metrologia Legal
Metrologia Mecânica Metrologia Elétrica
Qualidade Metrologia Térmica
Estágio
Supervisionado
(Metrologia Básica)
20
2.2.3 Curso Técnico em Metrologia para Gestão da Qualidade (CEFETEQ)
O Curso Técnico em Metrologia para Gestão da Qualidade iniciou suas
atividades em março de 2000, no Centro Federal de Educação Tecnológica de
Química (CEFETEQ) de Nilópolis-RJ
[33]
. O curso é estruturado em cinco semestres,
em sistema modular, possuindo 480 horas de estágio supervisionado
[34]
. O objetivo
do curso é a formação de profissionais técnicos de nível médio com habilitação em
Metrologia para atuar na área industrial, em consonância com as demandas dos
setores produtivos. Esse curso aborda os seguintes tópicos: (i) os princípios de
calibração; (ii) embasamento para atuar junto aos engenheiros na implantação de
sistemas de gestão; (iii) aplicação de normas técnicas, catálogos, manuais e tabelas;
(iv) elaboração de gráficos, inventários e controles; (v) leitura e interpretação de
resultados de medição; (vi) desenvolvimento e aplicação de técnicas de validação de
equipamentos de medição e; (vii) coordenar equipes de trabalho de implantação de
programas de confiabilidade metrológica.
2.2.4 Curso de Nível Básico em Metrologia - UFRGS
Caracterizando uma experiência nova, foi desenvolvido no Rio Grande do Sul
um curso de nível básico em metrologia, iniciativa da Escola Técnica, em parceria
com a Escola de Engenharia Núcleo de Multimídia e Ensino a Distância da
Universidade Federal do Rio Grande Sul (UFRGS)
[36]
. Objetivando atender a
demanda de empresas e instituições que se atualizam para fazer frente às novas
relações econômicas, o curso preocupa-se com a educação profissional em
metrologia, ocupando 360 horas/aula, tendo como pré-requisito o ensino médio. É
destinado a pessoas que já trabalham ou que buscam qualificação na área de
metrologia e qualidade.
2.2.5 Curso Pós-técnico de Instrumentação – SENAI - MG
Dentro do que se pôde pesquisar, verificou-se a existência de um curso pós-
técnico em instrumentação, desenvolvido pelo SENAI de Uberaba MG. Este curso
21
foi ministrado no período de 15 de setembro de 1997 a 07 de abril de 1998
[47]
, tendo
duração de 3 semestres e possuindo disciplinas de programação, pneumática,
hidráulica, eletrônica, eletrotécnica, instrumentação e outras
[48] e [49]
.
2.3 TREINAMENTOS INDUSTRIAIS EM METROLOGIA
Para os fins desta dissertação, adota-se a definição de treinamento fornecida
pelo dicionário Novo Aurélio: Século XXI
[50]
:
Treinamento: ato ou efeito de treinar.
Treinar: Tornar apto, destro, capaz, para determinada tarefa ou atividade;
habilitar, adestrar.
A demanda atual de treinamentos em metrologia está intimamente ligada às
exigências dos sistemas da qualidade ISO 9000 e ISO/TS 16949. Empresas buscam
uma forma de treinar os seus colaboradores, a um custo exeqüível e minimizando o
afastamento dos mesmos de suas tarefas habituais. As características gerais dos
treinamentos oferecidos no mercado Brasileiro são:
De curta duração (8 a 40) horas e geralmente de caráter intensivo, o qual
significa que o curso é ministrado num único módulo compacto;
Estão dirigidos ao pessoal técnico que atua nos setores de metrologia e
qualidade das empresas;
A carga prática raras vezes supera 50% do tempo total, usando-se o resto do
tempo para atividades que não requerem interação com o aluno, tais como
aulas discursivas;
São estabelecidos poucos pré-requisitos explícitos para participar no
treinamento;
Não estão acompanhados de avaliações de qualquer tipo;
Raramente são submetidos a auditorias de primeira, segunda ou terceira
parte;
A avaliação do curso baseia-se nas opiniões dos próprios alunos, expressas
numa planilha;
A qualificação do instrutor não é testada nem atestada oficialmente;
Os contatos entre o instrutor e os alunos depois de concluído o treinamento
22
são esporádicos e informais.
Entretanto os treinamentos intensivos constituem atualmente o principal
recurso para formação de pessoas em metrologia.
2.4 RESUMO DA SITUAÇÃO NO QUE DIZ RESPEITO À FORMAÇÃO DE
RECURSOS HUMANOS EM METROLOGIA NO BRASIL
A implementação efetiva de uma cultura metrológica na sociedade industrial
torna-se exeqüível quando alcançados os níveis de conhecimento específico, desde
a educação mais elementar, até a formação dos profissionais mais especializados
que atuam na fronteira do conhecimento conduzindo pesquisas de ponta,
influenciando o estado da arte do conhecimento, introduzindo inovações, quebrando
paradigmas, avançando os limites do domínio do conhecimento em metrologia.
As seções anteriores descreveram brevemente os esforços brasileiros na
formação de pessoas em metrologia. O autor descreve concisamente a situação
atual pelas frases a seguir:
Existem iniciativas já consolidadas para formação em nível de pós-graduação,
seja dentro de cursos especializados de pós-graduação em metrologia ou
dentro de outros cursos de pós-graduação, em áreas de concentração
específicas. Estes profissionais conseguem se colocar no mercado de
trabalho, mas sem uma clara visão de carreira de longo prazo. Nas indústrias
brasileiras, raramente existem posições de gerência associadas às atividades
metrológicas
[19]
.
Existe um progressivo crescimento da oferta privada de cursos de pós-
graduação lato sensu e especialização em metrologia, dirigida principalmente
aos engenheiros que já atuam nas empresas.
Poucos esforços sistemáticos são feitos para melhorar o ensino de metrologia
nos cursos de graduação; iniciativas existem, mas são isoladas. Algo similar
acontece com as disciplinas de formação em metrologia ministradas nos
cursos de nível técnico
[44]
.
Existe alguma oferta de cursos profissionalizantes ou pós-técnicos em
metrologia. No entanto, os cursos existentes podem ser qualificados de
23
iniciativas piloto, cuja influência é de caráter puramente local ou regional.
Essa realidade vem ao encontro com o nível de titulação das pessoas que se
ocupam efetivamente da operação da metrologia nas empresas Brasileiras: a
maioria dos metrologistas industriais possui somente formação técnica
[51]
. Eles
adquiriram sua capacitação através de experiência prática no trabalho e alguns
treinamentos industriais intensivos, com as características detalhadas acima. A
realidade dos laboratórios de calibração não é diferente: poucas são as pessoas
com titulação em metrologia, mesmo em laboratórios pertencentes às Redes
Brasileiras de Calibração e Ensaios. Mesmo assim, esses metrologistas são
responsáveis pela rastreabilidade das medições em diversos níveis da pirâmide
metrológica e pela seleção e operação de equipamentos complexos de alto custo.
Infelizmente, a importância da função que desempenham não é sempre
reconhecida, sendo relativamente comum que técnicos metrologistas precisem
mudar de setor para conseguir maior reconhecimento e um melhor salário.
De acordo com estudos realizados pelo CNI e SENAI, contemplando a família
ocupacional dos técnicos em calibração e instrumentação, verificou-se o vasto e
complexo campo de atuação desses profissionais. O conjunto de tarefas e funções
relacionadas aos técnicos em calibração e instrumentação é requisitado por
praticamente todos os setores econômicos
[51]
. Nas tarefas desempenhadas pelos
instrumentistas observa-se uma tendência à multifuncionalidade
[52]e[53]
, que esses
profissionais desempenham diversas atividades industriais, tais como: fabricação,
manutenção, projeto, assistência técnica, comercialização e qualidade
[54]
.
Evidencia-se então que o perfil da demanda pelo profissional técnico do futuro
está em anuência com a multifuncionalidade, desde que o mesmo tenha
conhecimentos em mecânica, elétrica, informática, eletrônica e outros. Como a
metrologia faz parte de uma área tecnológica multi e interdisciplinar, torna-se uma
fornecedora ideal para a especialização dos atuais técnicos das diversas áreas do
conhecimento, capacitando-os para atender as exigências do mercado
[55] e [56]
.
O crescimento industrial está diretamente relacionado à formação de recursos
humanos capacitados a melhorar a qualidade de produtos e processos, gerando
soluções e reduzindo custos. Para que isso seja possível, existe a necessidade de
investimento na formação de recursos humanos que atuem na metrologia das
24
empresas sem perder de vista sua integração com a garantia da qualidade num
sentido amplo, desde o desenvolvimento do produto até a sua colocação no
mercado. Considera-se que a formação de pessoas em metrologia precisa ser
apoiada numa formação técnica anterior, na qual o aluno adquira conhecimentos e
habilidade de uma área específica da tecnologia (e.g. técnico eletrônico, técnico
mecânico). Assim, através de um curso pós-técnico ou profissionalizante poder-se-á
formar a competência em metrologia sem detrimento da formação que permite
interpretar os fenômenos envolvidos na área de aplicação da medição e também na
própria técnica de medição. O curso deveria ser ministrado nas diversas regiões
produtivas, mantendo uma estrutura comum, porém orientada às necessidades da
indústria local. Sendo assim, necessitaria numa primeira instância, permitir a
requalificação dos técnicos atuantes na indústria, fomentando sua hierarquização e
valorização.
Neste contexto, um curso profissionalizante subdividido em módulos, que
contemple aulas práticas e projetos que integrem as disciplinas estudadas no
decorrer do curso, assim como um trabalho final voltado à resolução de um
problema real existente na empresa na qual o aluno trabalha, torna-se uma proposta
ideal.
25
3 CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM METROLOGIA
Como preceito básico, cabe destacar que a certificação de competência
profissional refere-se à avaliação da conformidade de natureza voluntária.
A Associação Brasileira de Normas Técnicas
[57]
(ABNT) define Certificação
como sendo um conjunto de atividades desenvolvidas por um organismo
independente da relação comercial com o objetivo de atestar publicamente, por
escrito, que determinado produto, processo ou serviço está em conformidade com os
requisitos especificados
[58]
.
Em particular, a certificação de pessoas pode ser entendida como:
“... o reconhecimento formal dos conhecimentos, habilidades, atitudes
e competências do trabalhador, requeridos pelo sistema produtivo e
definidos em termos de padrões ou normas acordadas previamente,
independentemente da forma como foram adquiridos”
[59]
.
A certificação proporciona informação objetiva e oportuna sobre o profissional,
facilitando e reduzindo custos do processo de recrutamento e seleção. Além disso,
fornece um modo de diferenciar formalmente a pessoa certificada de outros atuantes
na mesma área temática, não certificados. Indiretamente reforça a confiança do
público nos serviços prestados, fomentando um esquema confiável de auto-
regulação do próprio mercado. Disponibiliza o mesmo recurso através de um grupo
tecnicamente competente, fornecendo um processo de avaliação único, transparente
e reproduzível, com certificado e respaldo de uma organização competente e
reconhecida para tal escopo.
Este capítulo descreverá os resultados de uma pesquisa realizada através de
websites para identificar a atual situação dos programas de certificação de pessoas
nas áreas de qualidade e de metrologia, no Brasil e no Mundo
[60]
. A seguir, abordar-
se-á de forma sistemática a estrutura de acreditação de Organismos de Certificação
de Pessoas (OPC)
[61]
no Brasil, assim como as normas pertinentes a este assunto.
Dar-se-á especial ênfase ao procedimento recomendado pela Norma Brasileira NBR
26
ISO/IEC 17024:2004, recentemente utilizada pelo INMETRO para consubstanciar a
acreditação de organismos de certificação de pessoas. No encerramento do
capítulo, discute-se sobre a importância do reconhecimento mútuo (internacional) de
certificações pessoais e sua aplicabilidade no âmbito da metrologia.
3.1 CERTIFICAÇÕES INTERNACIONAIS EM DESTAQUE
No que concerne a certificação de competência profissional, uma das
principais iniciativas mundiais ocorreu em junho de 2001, pela American Society for
Quality (ASQ), quando esta organização desenvolveu um estudo para analisar o
trabalho do técnico em calibração. Objetivou com esse estudo identificar e validar os
conhecimentos e/ou dons dessa atividade, estabelecendo empiricamente
fundamentos para o desenvolvimento de um programa de certificação de técnicos de
calibração
[62]
.
Contrariamente ao que poderia ser esperado, face à importância da
metrologia para o comércio entre países, a pesquisa permitiu identificar um número
relativamente pequeno de certificações internacionais em metrologia. Por essa razão
decidiu-se estender a mesma, incluindo também informação sobre algumas
certificações na área qualidade. Alguns dos resultados podem ser observados na
Tabela 3.1 (certificações em metrologia destacadas em
negrito
):
27
Tabela 3.1: Principais instituições internacionais provedoras de certificação profissional relacionadas
à qualidade e metrologia
Instituição Certificações Oferecidas Início Resultados
American Society
for Quality (ASQ)
[63], [64], [65] e [66]
Auditor da Qualidade; Engenheiro da Qualidade;
Auxiliar para Melhoria da Qualidade; Gerente da
Qualidade; Técnico da Qualidade;
Técnico de
Calibração; Inspetor Mecânico; Engenheiro da
Confiabilidade; Faixa Preta - Seis Sigmas;
Engenheiro da Qualidade de Software
1968 Mais de 85000
profissionais
certificados
European
Organization for
Quality (EOQ)
[67]
e [68]
Auditor da Qualidade; Profissional da Qualidade;
Gerente de Sistema da Qualidade; Gerente de
Sistema Ambiental; Gerente de Saúde e
Segurança; Auditor Ambiental; Líder de Gestão da
Qualidade Total; Assessor de Gestão da Qualidade
Total; Auditor de Saúde e Segurança; Gerente de
Processos; Consultor de Sistema de Gestão
1994 Informação não
disponível.
Czech Society for
Quality (CzSQ)
[69]
Gerente da Qualidade; Profissional da Qualidade;
Gerente da Qualidade de Laboratórios
; Técnico
da Qualidade, Auditor da Qualidade; Avaliador de
Propriedades Perigosas de Rejeitos; Gerente de
Amostragem;
Gerente de Metrologia
; Líder de
Gestão da Qualidade Total
1994 Informação não
disponível.
RELACRE
[70]
(Associação de
Laboratórios
Acreditados de
Portugal)
Auditor de Laboratórios
1999 4 Profissionais
certificados
Ngee Ann
Polytechnic
[71]
Metrologista para Garantia da Qualidade
1999 Informação não
disponível.
ACMC
[72] e [73]
e AUKOM
[74]
Medição Dimensional por Máquina de Medição
por Coordenadas
2000 Informação não
disponível.
International
Society of
Weighing &
Measurement
(ISWM)
[75]
Profissional de Pesagem
2003 7 Profissionais
certificados
28
Existem ainda outras instituições de certificação de pessoas nas áreas
qualidade e metrologia
[72], [73], [74], [75], [76], [77], [78], [79], [80] e [81]
, porém as destacadas
acima são as que parecem apresentar a melhor estrutura, organização, qualificação
e marketing.
Neste nível é importante observar que parecem existir dois critérios
diferenciados para certificar pessoas em metrologia. O primeiro deles diz respeito a
certificações genéricas, independentes da grandeza e do setor econômico de
aplicação, como é o caso do “Técnico de Calibração Certificado” da ASQ. O
segundo critério está relacionado a certificações muito mais específicas, como é o
caso das outorgadas por AUKOM e ACMC na área medição por coordenadas e do
“Metrologista para Garantia da Qualidade do Ngee Ann Polytechnic. Este último
apresenta um curso orientado para a certificação pessoal, curso este composto de
três módulos, sendo os dois primeiros de disciplinas obrigatórias (1º - Sistema de
Garantia da Qualidade e - Metrologia, Calibração e Gerenciamento de
Laboratórios) e o último módulo focado na área de interesse do candidato à
certificação (Dimensional, Mecânica, Temperatura e Elétrica). Ao término dos três
módulos, o candidato é submetido à avaliação para a obtenção da certificação
pessoal na área de interesse.
Em princípio não parece existir interferência entre ambos os critérios, assim
como também não existem relações de precedência.
Outro detalhe interessante que se pode notar é que existe uma oferta
relativamente alta de certificações relacionadas ao ambiente dos laboratórios de
calibração e ensaios (e.g. o Técnico de Calibração da ASQ, o Auditor de
Laboratórios de RELACRE e o Gerente da Qualidade de Laboratórios da CzSQ).
Isso pode justificar-se pelo reconhecimento da importância dada à formação
de pessoas no escopo da acreditação de laboratórios segundo a Norma Brasileira
NBR ISO/IEC 17025:2001, essencial para o processo de reconhecimento mútuo.
Por último, deve-se observar que existe uma forte relação entre as
certificações em qualidade e as certificações em metrologia. Poucas das
certificações enumeradas são outorgadas por associações ou organismos de caráter
puramente metrológico.
No Brasil, possuem particular relevância as certificações outorgadas pela
29
American Society for Quality (ASQ). Esta instituição define certificação (de pessoas)
como : “... o reconhecimento formal que um indivíduo tem demonstrado proficiência
e compreensão do corpo de conhecimentos específicos”
[63]
. Para aderir a alguma
das certificações da ASQ é pré-requisito ser associado à instituição, além de realizar
um exame de tipo múltipla escolha, obtendo a nota mínima exigida. A ASQ
disponibiliza informação sobre os requisitos (corpo de conhecimento), custos,
bibliografia recomendada e datas dos exames no seu site na internet
<www.asq.org>. Encontra-se também disponível um conjunto de questões similares
a aquelas que constituem o exame, para orientar ao interessado. Desde 1968,
quando o primeiro exame de certificação foi realizado, mais de 85.000 pessoas já se
tornaram certificadas pela ASQ no mundo
[63]
. Este é um dos fatores que torna a ASQ
uma instituição respeitada internacionalmente na área de certificação de pessoas.
No Brasil, os exames da ASQ são realizados periodicamente em São Paulo,
na língua inglesa e em local definido pelo representante da ASQ no Brasil. Para
conhecer o status atual das certificações pessoais outorgadas a brasileiros no Brasil,
o autor entrou em contato por e-mail em fevereiro de 2004 com o Sr. Evandro
Goulart Lorentz, que ocupa o cargo de “Recertification Chair”, sendo o único
representante formal da ASQ no Brasil. Os dados fornecidos por ele foram dispostos
em forma de gráficos, mostrados nas figuras a seguir.
Na Figura 5 pode-se observar que o escopo das certificações outorgadas pela
ASQ no Brasil são unicamente da área da qualidade, não se apresentando casos de
pessoas certificadas em metrologia e afins (i.e. Técnico de Calibração e Inspetor
Mecânico). Também não se observam certificações de pessoas de nível técnico,
mas somente no nível profissional. A distribuição entre essas categorias pode ser
considerada razoável, pois representa aproximadamente a distribuição dos cargos
correspondentes no ambiente produtivo (1 Gerente :: 4 Auditores :: 12 Engenheiros).
A inexistência de certificações de pessoas na área técnica pode estar
relacionada com distintos fatores. Na opinião do autor, os principais fatores estão
associados aos aspectos financeiros, dificuldade da prova, não somente pelo idioma
estrangeiro, mas também pelos conteúdos de caráter teórico, assim como o
desconhecimento das vantagens da certificação, tanto para o empregador, como
para o empregado.
30
Figura 5: Tipos de certificações da ASQ no Brasil por natureza de escopo
A Figura 6 mostra a distribuição dos profissionais por âmbito de emprego.
Pode-se observar que a maioria dos profissionais que obtém a certificação da ASQ
atua em empresas públicas e privadas.
Verificou-se que as certificações disponíveis no Brasil são da área da
qualidade, não existindo pessoas certificadas na área de metrologia (i.e. Técnico de
Calibração e Inspetor Mecânico).
Figura 6: Distribuição das certificações da ASQ no Brasil por natureza de profissional
31
3.2 A NORMA BRASILEIRA NBR ISO/IEC 17024:2004
Quando se deseja identificar um profissional que demonstre conhecimento em
uma determinada competência específica pré-estabelecida, é necessária uma
ferramenta de certificação de pessoas que seja embasada em um esquema definido
de certificação
[82]
. Dessa forma, os programas de certificação de pessoas existem
para verificar a habilidade de profissionais em diversas áreas, desde a saúde ao
planejamento financeiro.
Objetivando suprir essa necessidade, a ISO/CASCO juntamente com a IEC,
decidiram criar um grupo de trabalho (WG 17)
[83]
para estabelecer uma nova Norma
de Competência, que definisse os requisitos para operação de organismos de
certificação de pessoas. Foi então que surgiu a ISO/IEC 17024
[85]
(General
Requirements for Bodies Operating Certification of Persons). Esta norma, publicada
internacionalmente pela ISO/IEC
[84] e [86]
em 2003, foi recentemente adotada em 30
junho de 2004 pela ABNT
[87]
(NBR ISO/IEC 17024:2004)
[88]
e, estabelece os
“Requisitos gerais para os organismos que realizam certificação de pessoas”
[89]
.
A finalidade desta norma voluntária é estabelecer critérios para orientar os
organismos certificadores a avaliar pessoas usando critérios objetivos de
competência e para assegurar imparcialidade e reduzir conflitos de interesse
[90]
.
Com isso pretende-se garantir alguns princípios e procedimentos para que a
certificação de pessoas não contenha distorções que firam os direitos humanos, da
cidadania, da justiça social e para que seja desenvolvida uma base em normas e
práticas internacionais.
3.2.1 Escopo da Norma
A votação da norma ISO/IEC 17024:2002 (E)
[85]
, na versão “Draft”, teve início
em 28/01/2002 e terminou em 28/01/2003, obtendo a aprovação mínima de 75 %
para a publicação da mesma. As referências normativas para o desenvolvimento da
norma restringiram-se a: (i) ISO/IEC Guide 2:1996
[91]
e (ii) ISO 9000:2000
[92]
.
A Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004 especifica requisitos voluntários
para um organismo que certifica pessoas de acordo com requisitos específicos,
32
incluindo o desenvolvimento e manutenção de um esquema de certificação para
pessoas.
3.2.2 Requisitos para os Organismos de Certificação
No quarto capítulo da Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004, encontram-
se os “Requisitos para os Organismos de Certificação de Pessoas”, contemplando
os detalhes sobre a estrutura organizacional do órgão certificador, assim como
informações para o desenvolvimento e manutenção da certificação. Informações tais
como: (i) Organismo de certificação; (ii) Estrutura organizacional; (iii)
Desenvolvimento e Manutenção de um Esquema de Certificação; (iv) Sistema de
gestão; (v) Subcontratação; (vi) Registros; (vi) Confidencialidade e; (viii) Segurança,
também podem ser encontrados neste capítulo da norma
[93]
.
É interessante frisar que essa norma estabelece que o organismo de
certificação não poderá usar procedimentos para impedir ou inibir o acesso de
candidatos, exceto os providos pela própria norma (4.1.1). Evidencia-se também
que somente o organismo de certificação poderá definir as políticas e procedimentos
para concessão, manutenção, renovação, extensão, redução do escopo, e
suspensão ou cancelamento da certificação (4.1.2).
O organismo de certificação deverá oferecer às partes interessadas uma
estrutura que proporcione a confiança na sua competência, imparcialidade e
integridade (4.2.1), incluindo seus empregados e seus clientes (4.2.1.a). O
organismo de certificação deverá também identificar um gerente responsável por
tudo que compete à organização, principalmente:
avaliação, certificação e supervisão dos requisitos da norma;
formulação de política relacionada ao funcionamento do organismo de
certificação quanto à certificação de pessoas;
decisões sobre a certificação;
implementação de políticas e procedimentos;
administração das finanças do organismo de certificação, e;
delegação de autoridade para quaisquer comitês ou indivíduos para
executarem atividades definidas em seu nome.
33
O organismo de certificação não poderá oferecer, nem prover treinamento ou
ajudar outros na elaboração de tais serviços, salvo se for demonstrado como o
treinamento é independente da avaliação e certificação de pessoas, assegurando
que a confidencialidade e a imparcialidade não sejam comprometidas (4.2.5).
Também é função do organismo de certificação definir os métodos e
mecanismos a serem usados para avaliar a competência dos candidatos, bem como
estabelecer políticas e procedimentos apropriados para o desenvolvimento inicial e
manutenção contínua desses métodos e mecanismos (4.3.1).
É mister destacar que os critérios pelos quais a competência de uma pessoa
é avaliada devem ser somente aqueles definidos pelo organismo de certificação, de
acordo com a Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004 e outros documentos
pertinentes (4.3.4). Em hipótese alguma a certificação deve ser limitada por razões
financeiras ou outras condições restritivas indevidas, como filiação a uma
associação ou grupo (4.3.5). Para isso, o organismo de certificação deve avaliar os
métodos para exame de candidatos, demonstrando que os exames são justos,
válidos e confiáveis (4.3.6).
Deve-se demonstrar, através de registros, que o processo de certificação foi
realizado de forma efetiva, especialmente quanto aos formulários de solicitação,
relatórios de avaliação, atividades de supervisão e outros documentos relativos à
concessão, manutenção, renovação, extensão, redução do escopo, e suspensão ou
cancelamento da certificação (4.6.1).
3.2.3 Requisitos para Pessoas Empregadas ou Contratadas pelo Organismo de
Certificação
O quinto capítulo da norma apresenta os “Requisitos para pessoas
empregadas ou contratadas pelo organismo de certificação”, considerando os
aspectos de: (i) Generalidade e; (ii) Requisitos para examinadores.
Cabe ao processo de certificação definir os requisitos de competência das
pessoas, empregadas e subcontratadas, envolvidas no processo de certificação
(5.1.1), assim como estabelecer e manter documentação atualizada sobre as
qualificações pertinentes de cada indivíduo (5.1.4).
34
Todos os examinadores deverão atender aos requisitos do organismo de
certificação com base em normas de competência aplicáveis e outros documentos
pertinentes (5.2.1).
3.2.4 Processo de Certificação
O sexto capítulo da norma abrange os detalhes do ”Processo de Certificação”,
tais como: (i) Solicitação; (ii) Avaliação; (iii) Decisão sobre a certificação; (iv)
Supervisão; (v) Recertificação e; (vi) Uso de certificados e logomarcas.
É obrigação do organismo de certificação fornecer aos solicitantes uma
descrição detalhada e atualizada do processo de certificação, apropriada para cada
esquema de certificação, bem como documentos que contenham os requisitos para
certificação, os direitos dos solicitantes e os deveres de uma pessoa certificada
incluindo, se aplicável, um código de conduta (6.1.1). Compete ao organismo de
certificação examinar a competência, com base nos requisitos do esquema de
certificação, por exame escrito, oral, prático, observação ou outros meios (6.2.2). Os
exames devem ser planejados e estruturados de modo a garantir que todos os
requisitos do esquema de certificação sejam verificados de forma objetiva e
sistemática, gerando evidência documentada suficiente para confirmar a
competência do candidato (6.2.3). A decisão sobre a certificação de um candidato
deve ser feita unicamente pelo organismo de certificação, com base nas informações
obtidas durante o processo de certificação. Aquelas pessoas que decidem sobre a
certificação não poderão ter participado do exame ou treinamento do candidato
(6.3.1).
O certificado deverá conter no mínimo as seguintes informações: (i) Nome da
pessoa certificada e um número de certificação único; (ii) Nome do organismo que
realiza a certificação; (iii) Referência à norma de competência ou outros documentos
pertinentes, inclusive edições, em que a certificação se baseia; (iv) Escopo da
certificação, incluindo as condições e limites de validade e; (v) Data efetiva da
certificação e data de expiração (6.3.3).
O organismo de certificação deve definir um processo de supervisão pró-ativo
para monitorar a conformidade da pessoa certificada com as disposições pertinentes
35
do esquema de certificação (6.4.1). Deve-se também possuir procedimentos e
condições para manutenção da certificação de acordo com o esquema de
certificação (6.4.2). Torna-se indispensável que o organismo de certificação defina
os requisitos de recertificação de acordo com uma norma de competência e outros
documentos pertinentes, para assegurar que a pessoa certificada continue a
satisfazer os requisitos atualizados da certificação (6.5.1). Todo organismo de
certificação que fornece um logotipo ou marca de certificação deve documentar as
condições de uso e administrar adequadamente os direitos para utilização e
representação (6.6.1).
3.3 ACREDITAÇÃO DE OPCs AO INMETRO
No Brasil, os Organismos de Certificação de Pessoas (OPCs) são organismos
que conduzem e concedem a certificação do pessoal utilizado no Sistema Brasileiro
de Avaliação da Conformidade (SBAC). O órgão responsável pela acreditação de
OPCs é o INMETRO. O conceito “Acreditação” é definido como sendo o
procedimento pelo qual um organismo autorizado reconhece formalmente que um
organismo ou pessoa é competente para desenvolver tarefas específicas
[58]
.
Para o processo de acreditação de organismos responsáveis por prover a
certificação de pessoas, o INMETRO utilizava, até outubro de 2004, os critérios
estabelecidos na ABNT ISO/IEC Guia 62, na EN 45013 e nas orientações da
IATCA
[94]
e IAAC
[95]
. Posteriormente, o INMETRO atualizou sua norma interna para a
Acreditação de Organismos de Certificação de Pessoas
[96]
, seguindo os passos da
Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004
[88]
.
Todos os procedimentos para a acreditação de organismos de certificação de
pessoas, desde a solicitação até a acreditação, encontram-se estabelecidos na
norma interna do INMETRO NIT-DICOR-044
[97]
. Os regulamentos para a acreditação
de organismos de Certificação de pessoas estão definidos de acordo com a norma
interna NIT-DICOR-016
[98]
. Informações tais como: (i) Informações Gerais aos
Organismos; (ii) Condições Gerais; (iii) Notificação de Mudanças; (iv) Alteração nos
Requisitos da Acreditação; (v) Penalidades e; (vi) Cancelamento de Contrato por
Solicitação do Organismo, por Insolvência ou por Caso Fortuito ou Força Maior,
36
podem ser encontrados nesta norma.
Outras informações relacionadas a “Procedimentos para Manutenção,
Extensão, Redução, Suspensão, Cancelamento e Transferência da Acreditação”
podem ser encontradas na norma interna da coordenação de acreditação do
INMETRO NIT-DICOR –031
[99]
.
Apresentam-se na Tabela 3.2 as normas e formulários necessários para o
processo de acreditação de OPCs no Brasil.
Tabela 3.2: Documentos básicos para acreditação de organismos de certificação de pessoas
Normas Internas da Coordenação de Acreditação do INMETRO
Documento/
NORMA
REV.
DATA/
DATA
APROV.
TÍTULO
NIE-CGCRE-006 03 ABR/2003
Tratamento de Reclamações, Apelações e Denúncias.
NIE-CGCRE-140 05 NOV/2003
Preços do Credenciamento para Organismos
NIT-DICOR-004 01 OUT/2004
Critérios para a Acreditação de Organismo de Certificação de
Pessoal
NIT-DICOR-016 05 DEZ/2004
Regulamento para o Credenciamento de Organismos
NIT-DICOR-017 01 OUT/2004
Análise da Documentação
NIT-DICOR-018 02 JUL/2004 Auditoria
NIT-DICOR-023 04 DEZ/2004
Condições de Uso da Identificação do Credenciamento de
Organismo
NIT-DICOR-030 00 AGO/2004
Auditoria-Testemunha
NIT-DICOR-031 00 AGO/2004
Procedimento para a Manutenção, Extensão, Redução,
Suspensão, Cancelamento e Transferência da Acreditação
NIG-DINQP-008 03 JUL/1998 Elaboração de Contrato de Credenciamento
NIT-DICOR-044 01 OUT/2002
Procedimento para o Credenciamento de Organismos de
Certificação de Pessoal
NIT-DICOR-035 00 JUN/2003
Tratamento de o-conformidades críticas detectadas
durante processos de credenciamento da Dicor
Formulários
FOR-CGCRE-308
05 OUT/2004
Solicitação de Acreditação (Credenciamento) de Organismo
Application for Bodies Accreditation
37
Para a obtenção da acreditação de OPC
[96]
deve-se primeiramente reunir
todos os Documentos Básicos para a acreditação e posteriormente deve-se
preencher o Formulário de Solicitação de Acreditação. Esse formulário deverá ser
encaminhado à Divisão de Acreditação de Organismos - INMETRO, acompanhado
de toda a documentação pertinente. Após o recebimento, o INMETRO enviará uma
solicitação formal de acreditação, se abre um processo para a apreciação preliminar
da solicitação e um auditor/avaliador-líder será apontado. Em seguida, examinam-se
todos os documentos encaminhados, verificando se os mesmos estão completos e
então o auditor/avaliador-líder seleciona a equipe auditora/avaliadora.
O julgamento da documentação, que compreende aspectos legais, financeiros
e técnicos, é realizado pela procuradoria geral, pela equipe auditora/avaliadora e por
especialistas, quando necessário, de acordo com a finalidade pretendida pelo
solicitante.
Depois da análise e aprovação da documentação, é realizada a auditoria ou
avaliação local que abrange as instalações da organização e a auditoria-avaliação-
testemunha em uma ou mais auditorias de empresas clientes do solicitante. Se
existir necessidade para a conclusão desta fase, pode-se realizar uma nova
auditoria, para fins de verificação de pendências.
Quando superada a fase de análise dos documentos e a realização da(s)
auditoria(s), o processo é encaminhado à Comissão de Acreditação. Essa comissão
avalia a conformidade do processo com os procedimentos do INMETRO e
recomenda ou não a acreditação ao Coordenador Geral de Acreditação. Assim
sendo, a Comissão de Acreditação pode solicitar a participação do executivo “sênior”
da organização no processo de acreditação e de um especialista no assunto, para
respaldar sua decisão.
A decisão final sobre a aprovação ou não da acreditação é do Coordenador
Geral. Supondo-se que o caso seja aprovado, então a acreditação é regida e
formalizada através de contrato de acreditação
[100]
assinado entre a organização
acreditada e o INMETRO, possuindo validade de 4 anos.
Concomitantemente será emitido um certificado de acreditação com os
respectivos anexos, que são relacionados os escopos de acreditação.
A Coordenação Geral de Acreditação é a unidade organizacional do
38
INMETRO responsável pela acreditação de organismos de certificação, de inspeção,
de verificação de desempenho e de treinamento, bem como pela acreditação de
laboratórios de calibração e de ensaios e de outros organismos necessários ao
desenvolvimento da infra-estrutura de serviços tecnológicos no País.
A manutenção da acreditação envolve avaliações periódicas, definidas em
contrato, com o objetivo de verificar a permanência das condições que validaram a
sua concessão. O resultado de cada avaliação é submetido à Comissão de
Acreditação e pode, se for o caso, resultar na exclusão de serviços acreditados. Os
preços da acreditação estão estabelecidos de acordo com a norma NIE-CGCRE
140
[101]
, que pode ser obtida nos Documentos Básicos para a acreditação.
Caso o solicitante não concorde com a decisão sobre a acreditação, então se
pode encaminhar uma apelação formal ao Coordenador Geral de Acreditação. Pode-
se ainda apelar ao presidente do INMETRO e subseqüentemente ao CONMETRO.
Todas as apelações e reclamações, apresentadas por organismos de certificação ao
INMETRO, ou outras partes interessadas, devem estar fundamentadas e serão
tratadas conforme os procedimentos estabelecidos pelo próprio INMETRO.
A organização acreditada pode fazer menção à acreditação nos seus
documentos de publicidade, correspondência e divulgação de serviços, após a
assinatura do contrato de acreditação junto ao INMETRO.
Caso se configure comportamento infrator por parte do solicitante, através do
uso ou divulgação da acreditação, a organização acreditada assumirá todo ônus e
também estará sujeita às penalidades impostas pelo INMETRO. Dessa forma, em
hipótese alguma poderá haver publicidade, envolvendo a acreditação, que seja
depreciativa, abusiva, falsa ou extensiva a outros escopos que não tenham sido
acreditados pelo INMETRO.
3.4 ESTADO ATUAL DA ACREDITAÇÃO DE OPCs NO BRASIL
De acordo com a pesquisa realizada pelo TECPAR, referente ao Estudo da
Oferta e da Demanda Nacional de Serviços Tecnológicos
[102]
, observa-se que em
2001 existiam apenas três OPCs no Brasil e atualmente (fevereiro/2005), verificou-
se que apenas uma nova organização aderiu ao OPC.
39
A primeira organização brasileira a ser acreditada junto ao INMETRO na área
de certificação de pessoas foi a Fundação Brasileira de Tecnologia da Soldagem
(FBTS), situada no Rio de Janeiro. No seu escopo de certificação contempla dois
níveis de Inspetores de Soldagem
[103]
.
A Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos (ABENDE) foi o segundo
organismo a solicitar a acreditação na área de certificação de pessoas no Brasil. A
ABENDE atua na certificação de inspetores de ensaios não destrutivos para ensaio
visual, líquido penetrante, partículas magnéticas, ultra-som, ensaios radiográficos, e
correntes parasitas
[104] e [105]
. O processo de certificação da ABENDE segue uma
metodologia um pouco mais complexa, abrangendo método/nível/subnível. Os
métodos são definidos de acordo com o escopo da certificação escolhida (ultra-som,
ensaio radiográfico, partículas magnéticas e outros). Os níveis são divididos de
acordo com a formação do candidato e a experiência que o mesmo possui na área
em que almeja a certificação. Já os subníveis são as variantes que podem existir em
um método de ensaio, como, por exemplo, é o caso da certificação em partículas
magnéticas, que possui dois subníveis para o nível 1, onze subníveis para o nível 2
e apenas um subnível para o nível 3.
O terceiro organismo a solicitar a acreditação de OPC junto ao INMETRO foi
o Centro para a Inovação e Competitividade (CIC), que presta serviço de certificação
de auditores de sistemas da qualidade e certificação de auditores de sistema de
gestão ambiental
[106]
.
Recentemente (Janeiro/2005) o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) foi
acreditado junto ao INMETRO como OPC, tendo no seu escopo a Qualificação de
Auditor de Sistema de Gestão da Qualidade
[107]
.
Além dessas iniciativas consolidadas através da acreditação junto ao
INMETRO é interessante destacar o esforço da ABRAMAN na área de certificação
de pessoas no setor de manutenção. A Tabela 3.3 apresenta as principais empresas
com o seu respectivo número de certificados fornecidos às pessoas certificadas em
manutenção pela Associação Brasileira de Manutenção (ABRAMAN). Verifica-se
então que até setembro de 2004, a Companhia Siderúrgica de Tubarão
[108]
foi a que
apresentou o maior número de funcionários certificados na área de manutenção pela
ABRAMAN. O investimento em capacitação dos empregados, em 2003, totalizou
40
cerca de US$ 3,8 milhões, com 506.720 Homens hora de treinamento,
representando 5,9% das horas possíveis de trabalho
[109]
.
Tabela 3.3: Principais empresas certificadas pela ABRAMAN
Empresas Setor
Número de
Certificados
COMPANHIA SIDERÚRGICA DE TUBARÃO
Siderúrgico
663
MAGNESITA Serviços 393
PETROBRAS Petróleo 389
GERDAU AÇOMINAS Siderúrgico
316
VALLOUREC MANNESMANN Siderúrgico
275
SAMARCO Mineração 141
MIN. MORRO VELHO Mineração 124
MANSERV Serviços 109
POTENCIAL ENG. Serviços 86
SENAI Ensino 78
O Senai também atendeu a uma necessidade concreta da indústria e dos
trabalhadores brasileiros, oferecendo ao trabalhador a possibilidade de certificar sua
experiência profissional
[44]
, mesmo que tenha sido obtida de maneira informal. A
certificação de pessoas é fundamental tanto para o operário, que se beneficia com o
reconhecimento oficial de sua competência, quanto para a empresa, que se coloca
em melhores condições para a obtenção de diversos tipos de certificado de
qualidade. Coordenado pelo Departamento Nacional, o Sistema SENAI de
Certificação de Pessoas foi estruturado de forma a atender à Norma ISO/IEC 17024.
O SENAI/MG inaugurou seu Centro de Exame de Qualificação de Caldeiraria
no Centro de Formação Profissional Alvimar Carneiro de Rezende. Foram realizadas
380 certificações de mecânico e eletricista de manutenção, em parceria com a
ABRAMAN. Na mesma área, foi inaugurado o Centro de Qualificação de Pessoas
41
(CEQUAL) no SENAI/ES. Criado para atender às demandas de certificação
profissional originada das grandes plantas industriais na área de Caldeiraria, o
CEQUAL antecipa a preparação de profissionais que atuarão nas empresas no
atendimento à cadeia produtiva de petróleo e gás, que está se consolidando como
importante segmento produtivo da economia do estado.
Na área de medicina veterinária existe o Exame Nacional de Certificação
Profissional como requisito obrigatório para obtenção de inscrição do profissional no
Conselho Federal de Medicina Veterinária e Conselho Regional de Medicina
Veterinária, independente do ano de formação, regulamentado pela Resolução
691, de 25 de julho de 2001.
Observou-se nesta pesquisa que durante vários anos não houve interesse
pela certificação de pessoas, porém é evidente que esse assunto está em destaque
atualmente, principalmente pela recente publicação da Norma Brasileira NBR
ISO/IEC 17024:2004.
3.5 MLA ACORDO MULTILATERAL DE RECONHECIMENTO & MRA
ACORDO DE RECONHECIMENTO MÚTUO
MLA e MRA são ferramentas úteis para as políticas de mercado, reguladores,
indústrias e organismos de garantia da conformidade. De acordo com o ISO/IEC
Guide 2, Padronização e Atividades Relacionadas – Vocabulário Geral, define o
MLA como sendo “...acordo de reconhecimento que cobre a aceitação do resultado
de um organismo em relação ao outro por mais de dois grupos”
[91]
. MLA são acordos
voluntários entre organismos de acreditação que operam nas bases do
reconhecimento técnico entre os signatários. Isso garante que os procedimentos
encontrados nos requisitos são dados por normas. Dessa forma um Acordo
Multilateral
[110]
é um mecanismo construído na confiança e por isso ajuda a garantir a
competência dos organismos de garantia da conformidade através do
reconhecimento dos esquemas de certificação dos países signatários desse acordo,
facilitando assim o livre comércio no que se refere a organismos acreditados.
O desenvolvimento voluntário de Acordos Multilaterais é espelhado naquele
de governo a governo dos Acordos de Reconhecimento Mútuos. Assim sendo, o
42
MRA é um acordo legalmente obrigatório, negociado entre governos e baseado em
regulamento específico de produto. Por exemplo, um MRA permite que produtos e
equipamentos de telecomunicações do Canadá sejam testados e certificados em
Singapura antes da exportação para esse país.
De acordo com o INMETRO, “os acordos de reconhecimento mútuo entre
organismos de acreditação (MRA) são uma das formas mais efetivas de facilitar a
eliminação de reavaliações nos países importadores, problema identificado pela
Organização Mundial do Comércio (OMC) como umas das mais presenciadas
formas de barreiras técnicas ao comércio”.
Os MRAs inicialmente foram estabelecidos, por meio de cooperações
regionais e internacionais, acordos que promovem a confiança daqueles que
utilizam os resultados dos processos de avaliação da conformidade, principalmente
aqueles ligados a laboratórios de calibração.
Hoje em dia o INMETRO mantém acordos de reconhecimento mútuo na
atividade de acreditação de laboratórios com os membros da International
Laboratory Accreditation Co-operation (ILAC), Interamerican Accreditation
Cooperation (IAAC) e European Cooperation For Accreditation (EA). Dessa forma os
resultados dos ensaios e calibrações realizados pelos laboratórios acreditados pelo
INMETRO passam a ser aceitos pelos demais organismos signatários.
A ILAC
[111]
é a cooperação internacional que reúne organismos de acreditação
de laboratórios de todo o mundo. O INMETRO é membro da ILAC desde a sua
criação, participando inclusive de seu Comitê Executivo, sendo signatário do seu
MRA.
O IAAC
[112]
é uma cooperação regional que reúne os organismos
credenciadores das três Américas. Foi criado em novembro de 1996, por iniciativa
do INMETRO nas áreas de laboratórios de ensaio, calibração, de organismos de
certificação de sistema, de produtos, de pessoas e de organismos de inspeção. Tem
como meta maior a realização do Reconhecimento Mútuo entre os países
signatários, quanto às estruturas acima mencionadas. A IAAC realiza anualmente
uma Assembléia Geral (GA) na qual são tomadas decisões com respeito às políticas
de acreditação.
A EA é a cooperação para acreditação de laboratórios e organismos de
43
certificação e inspeção que envolve os países membros da Comunidade Européia.
O Inmetro obteve o reconhecimento multilateral em sistemas de gestão da
qualidade ISO 9000 em 1999.
Os acordos multilaterais assinados pelos membros do EA tornaram a Europa
livre no que diz respeito a sistemas de acreditação de produtos, sistemas da
qualidade e certificação pessoal
[113]
. Esses acordos são divididos nas seguintes
áreas
[114]
:
Laboratórios de calibração;
Laboratórios de ensaios;
Organismos de certificação de produtos;
Organismos de certificação de sistemas da qualidade;
Organismos de certificação de pessoas;
Organismos de certificação de sistema de gerenciamento ambiental;
Organismos de inspeção.
Participam do acordo multilateral da EA apenas organismos de acreditação
oriundos dos países membros da Comunidade Européia
[115]
. A EA também mantém
acordos bilaterais com organismos credenciadores de países fora da Comunidade
Européia, tais como o A2LA (Estados Unidos), o NATA (Austrália) e o SANAS (África
do Sul). Um organismo de acreditação que tenha acordo bilateral com a EA não tem
obrigação de reconhecer outros organismos que também tenham acordo bilateral
com a EA. Em 1998 o INMETRO apresentou requerimento para assinar um acordo
bilateral com a EA, somente na área de laboratórios de ensaios e de calibrações.
É interessante destacar que o INMETRO também apresenta acordos de
reconhecimento mútuo na atividade de acreditação de organismos com os membros
do Internation Acreditation Forum (IAF), International Aerospace Quality Group
(IAQG) e EurepGAP.
O IAF é um foro que congrega os organismos acreditadores de rios países,
no âmbito da certificação de sistemas de gestão da qualidade. O IAQG é formado
pelos maiores e mais importantes fabricantes e fornecedores do segmento
Aeronáutica e Espaço. O EurepGAP é constituído por importadores europeus de
frutas e hortaliças frescas.
Como se pode verificar, o INMETRO participa de relevantes acordos de
44
reconhecimento mútuo na área de acreditação de laboratórios e de organismos, mas
nenhum deles na área de certificação de pessoas
[116]
.
3.6 CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM METROLOGIA
O recente interesse pela certificação de pessoas está muito ligado à adoção
do enfoque de competências, assunto de extrema complexidade. O conceito de
competências busca romper com o quadro mais tradicional da qualificação
profissional, mais referido a uma determinada ocupação. As competências estão
também ligadas à idéia de empregabilidade e por isso devem assumir perfis mais
genéricos que incluam conhecimentos, aptidões e atitudes comuns a várias
ocupações, que serviriam de base para a flexibilidade do trabalhador e sua melhor
inserção no mercado de trabalho.
Do ponto de vista da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico da União Européia (OCDE), boa parte da solução dos problemas de
emprego de longo prazo tem a ver com o desempenho de três capacidades básicas:
(i) capacidade de inovação; (ii) capacidade de adaptação e; (iii) capacidade de
aprendizagem
[118]
.
Como se pode observar, a certificação de pessoas busca atribuir credibilidade
ao perfil do trabalhador, demonstrando além das capacidades técnicas os aspectos
cognitivos e outros não menos importantes. Contudo, não se pode pensar na
certificação de pessoas de forma isolada sem levar em consideração o treinamento
do profissional através de outro organismo competente e independente. É
imprescindível uma qualificação adequada, de forma a preparar o profissional para
agir com competência e capacitando-o apropriadamente caso opte em fazer o
exame de certificação de pessoas. Tendo em vista o vasto campo de atuação da
metrologia, constata-se que um organismo de certificação de pessoas em metrologia
deve ser estruturado e gerenciado por uma Instituição ou Sociedade fortemente
organizada, que detenha interesse, uma efetiva participação e colaboração nas
atividades metrológicas nacionais e internacionais.
O processo de acreditação de OPCs é uma tarefa árdua, que exige
investimentos e uma equipe atuante que desenvolva e gerencie os procedimentos
45
necessários. Entretanto, para que se desenvolva um esquema de certificação de
pessoas em consonância com as tendências atuais de mercado, torna-se necessário
à implementação de uma pesquisa de opinião de abrangência nacional para tentar
identificar e comprovar as deficiências da sociedade brasileira relacionada à
qualificação e formação em metrologia.
46
4 PESQUISA DE OPINIÃO
Para validar as percepções que deram origem a esta dissertação de mestrado
e fornecer informação objetiva que permitisse desenhar uma proposta conjunta de
formação e certificação de pessoas em metrologia, realizou-se uma pesquisa de
opinião envolvendo principalmente os associados da Sociedade Brasileira de
Metrologia (SBM), os quais possuem experiência técnica em calibração, medição,
controle e ensaios
[119]
. Outras pessoas que, não sendo sócias da SBM,
desempenham atividades em metrologia e qualidade de indústrias Brasileiras, foram
também consultadas.
O presente capítulo apresentará os critérios usados para construir o
formulário da pesquisa, de apenas uma página, assim como os resultados obtidos e
algumas considerações relevantes observadas na compilação dos dados.
4.1 ESTRUTURA DA PESQUISA DE OPINIÃO
Objetivando tornar a pesquisa mais abrangente e genérica, tentando
identificar globalmente o real interesse do entrevistado, adotou-se o seguinte título:
Pesquisa para Implementação de Curso Pós-técnico Metrologia e Controle da
Qualidade Industrial.
Dessa forma, a pesquisa foi organizada com o objetivo principal de verificar o
grau dos conhecimentos específicos de metrologia dos atuais técnicos ou
laboratoristas que desempenham atividades relacionadas à metrologia. Objetivou-se
também avaliar um suposto interesse dos entrevistados no curso a ser oferecido,
como também identificar o valor da certificação de pessoas para o mesmo. Com
isso, a pesquisa foi estruturada apresentando os seguintes blocos:
Dados do entrevistado;
Sobre a formação espefica em metrologia do entrevistado;
Sobre o curso pós-técnico em metrologia.
O formulário da pesquisa é apresentado na Figura 7.
47
Figura 7: Formulário da pesquisa de opinião aplicado
48
A pesquisa foi realizada por correio eletrônico aos 900 profissionais da área
de metrologia que pertencem ao Grupo Calibração do YAHOO-Groups, aos 484
membros estratificados do cadastro da SBM, a 66 empresas da região do Vale do
Itajaí do Estado de Santa Catarina e também durante os treinamentos técnicos
ministrados pela Fundação CERTI. Em todos os casos, o preenchimento foi
realizado sem interferência do autor desta dissertação. Obtiveram-se 125 retornos
válidos, sendo essa quantidade considerada suficiente para os propósitos da
pesquisa.
4.1.1 Dados do Entrevistado
Neste campo da pesquisa foram adquiridas informações básicas sobre o
entrevistado, objetivando identificar se o mesmo possuía o perfil necessário para ser
considerado na pesquisa. Definiu-se como critério para inclusão de um formulário o
fato de o entrevistado estar atuando diretamente na área de metrologia ou controle
da qualidade, não importando a sua formação específica.
Verificou-se que era conveniente investigar o grau de qualificação do
entrevistado, ocupação ou atividade que o mesmo exerce no momento, assim como
a sua idade.
4.1.2 Sobre a Formação Específica em Metrologia do Entrevistado
No campo de avaliação da formação específica do entrevistado em
metrologia, focou-se principalmente na quantificação do conhecimento de
determinados temas da grande importância na área de metrologia. Dentre esses
temas, adotaram-se: (i) Conhecimentos em Ferramentas da Qualidade; (ii) Controle
Estatístico do Processo; (iii) Planejamento do Controle da Qualidade Industrial; (iv)
Seleção de Sistemas de Medição; (v) Aquisição de Sistemas de Medição; (vi)
Planejamento da Calibração; (vii) Calibração de Instrumentos de Medição; (viii)
Avaliação da Incerteza de Medição; (ix) Análise de Sistemas de Medição (MSA); (x)
Gestão de Laboratórios, (xi) Sistemas da Qualidade Laboratorial da Norma Brasileira
NBR ISO/IEC 17025:2001
[120]
e; (xii) Automação da Medição e da Calibração. Os
entrevistados foram instruídos para quantificar seus conhecimentos desses temas
49
através de uma escala de zero a dez pontos, sendo zero para nenhum
conhecimento e dez para conhecimento máximo.
Aproveitou-se também para verificar a quantidade de cursos de metrologia
que os entrevistados realizaram até o momento da pesquisa, servindo também como
indicador do conhecimento na área assim como a atual situação dos cursos
disponíveis no mercado.
4.1.3 Sobre o Curso Pós-técnico em Metrologia
Essa parte do formulário de pesquisa objetivou avaliar o interesse do
entrevistado pela realização de um curso pós-técnico e verificar qual seria o valor
atribuído a uma certificação profissional na área de metrologia outorgada pela SBM.
A pesquisa procurou subsídios para melhor definir a forma de realização do
curso, questionando as preferências dos entrevistados sobre os aspectos a seguir:
(i) dias da semana para a realização do curso; (ii) duração do curso; (iii) quantidade
de horas por semana e; (iv) período para a realização do curso.
Argüiu-se também sobre a possibilidade de se realizar atividades práticas em
empresas da região, a fim de associar a teoria com prática de soluções de
problemas reais do dia-a-dia. Foi questionado se os entrevistados consideravam
importante o apoio da empresa onde eles trabalham para a realização do curso e
como esse apoio deveria se expressar. Aproveitou-se também esse momento para
identificar as grandezas de maior interesse.
4.2 RESULTADOS DA PESQUISA DE OPINIÃO
Dentro do que foi exposto anteriormente, apresenta-se o resultado da
pesquisa de opinião com auxílio das ferramentas da qualidade
[121],[122],[123]e[124]
para a
concepção do curso pós-técnico em metrologia.
Na Figura 8, observam-se os resultados da pesquisa sobre o conhecimento
dos entrevistados em diferentes temas importantes de metrologia. Por serem
resultados de uma auto-avaliação, devem ser interpretados com cuidado, uma vez
que o referencial pode mudar de indivíduo para indivíduo. Assim, uma nota alta pode
significar que o entrevistado considera saber bastante do tema em relação a seu
50
ambiente e não em relação a um referencial absoluto tal como “o conjunto de
conhecimentos que compõem o estado da arte no tema”.
Figura 8: Resultados agregados da pesquisa: Conhecimentos específicos em metrologia
Considerando essa limitação da pesquisa, pode se afirmar que existe
carência geral de conhecimentos, visto que, não se obteve nenhuma média (entre
entrevistados) superior a sete e meio. O tema que apresentou notas menores foi
automação da medição e a calibração. Temas de vital importância, tais como ISO
17025, gestão de laboratórios, controle estatístico de processos, análise dos
sistemas de medição e planejamento do controle da qualidade apresentaram médias
entre cinco e seis pontos.
Na Figura 9 destaca-se o indicador de interesse dos entrevistados na
realização de um curso pós-técnico em metrologia. Obteve-se nota média geral 8,7,
sendo que aproximadamente 90% dos entrevistados atribuíram nota 8 ou maior. É
interessante destacar que os entrevistados que não expressaram interesse no curso
apresentavam idades superiores aos 45 anos.
51
Figura 9: Interesse dos entrevistados pelo curso pós-técnico
Conforme apontado pela Figura 10, constata-se que a maioria dos
entrevistados consideram de extrema importância a certificação de pessoas em
metrologia. A média geral obtida é 9,36, sendo que aproximadamente 90% dos
entrevistados atribuíram nota 8 ou maior. Os entrevistados que expressaram não ter
interesse pela certificação são os mesmos que o se interessaram pelo curso pós-
técnico. Isso permite concluir que o mercado de ambos os produtos, curso e
certificação, está composto por metrologistas jovens, menores de 40 anos, e não por
aqueles de maior idade que já alcançaram posições estáveis na empresa.
Figura 10: A importância da certificação de pessoas apontada pelos entrevistados
52
Pode-se observar na Figura 11, uma alta dispersão no número de cursos de
metrologia realizados pelos indivíduos da amostra. Mais da metade dos
entrevistados realizou quatro cursos ou mais, sendo que dez deles declaram haver
participado em mais de 10 cursos de metrologia.
Figura 11: Quantidade de cursos realizados em metrologia pelos entrevistados
Confirma-se então o despreparo de alguns entrevistados que atuam na área
de metrologia, tendo como ênfase a baixa quantidade de cursos de qualificação dos
mesmos.
As figuras 12, 13, 14 e 15, relatam as preferências dos entrevistados com
relação a: (i) duração do curso proposto; (ii) carga horária semanal; (iii) dias letivos
por semana e; (iv) o período das aulas.
53
Figura 12: Sugestão de duração do curso pós-técnico em metrologia
Figura 13: Sugestão de carga horária semanal para a realização do curso pós-técnico
Parece existir preferência por um curso com duração de doze meses, sendo a
carga horária de 8 h por semana a preferida. Os dias preferidos para as aulas seriam
os sábados e as segundas-feiras. A escolha referente à duração do curso e carga
horária não surpreende, mas a preferência das segundas feiras sobre as sextas sim.
Antes da completa definição da forma de ministrar o curso, seria interessante
esclarecer melhor a razão desta distribuição de respostas.
54
Figura 14: Sugestão de dias para a realização do curso pós-técnico
Figura 15: Sugestão de período para a realização do curso pós-técnico
Observa-se na Figura 16 que o grau de importância atribuído pelos
entrevistados às grandezas sicas sugeridas apresenta grande similaridade. As
grandezas mecânicas destacaram-se ligeiramente, seguidas pelas grandezas
geométricas, térmicas, elétricas e outras. Dentre as outras grandezas, verificou-se
um maior interesse em: dureza, torque, volume, velocidade, rotações por minuto,
vazão, cromatografia, química analítica, vibração, rádio freqüência, óptica, ultra-som,
conformação, extrusão, laminação, saúde, meio ambiente e agricultura.
55
Figura 16: Sugestão de grandezas de interesse a serem abordadas no curso pós-técnico
As figuras 17, 18, 19, 20 e 21, apresentam os resultados dos histogramas das
grandezas de maior interesse indicadas pelos entrevistados, na seguinte ordem: (i)
Grandezas Mecânicas; (ii) Grandezas Geométricas; (iii) Grandezas Elétricas; (iv)
Grandezas Térmicas e; (v) Outras Grandezas.
Figura 17: Histograma do interesse nas grandezas mecânicas
Pode se observar que aproximadamente 75% dos entrevistados atribuíram a
maior importância (nota dez) às grandezas mecânicas e geométricas. as
grandezas elétricas e térmicas receberam nota de importância dez por parte de mais
56
de 50% dos entrevistados.
Figura 18: Histograma do interesse nas grandezas geométricas
Figura 19: Histograma do interesse nas grandezas elétricas
57
Figura 20: Histograma do interesse nas grandezas térmicas
Figura 21: Histograma do interesse nas outras grandezas
Verificou-se também o interesse demonstrado por 96 % dos entrevistados
para que sejam realizadas práticas em laboratórios de calibração e ensaio da região,
sendo imprescindível o apoio da empresa onde trabalha. Pôde-se também
comprovar através da pesquisa que, 53 % dos entrevistados consideram
inadequados os atuais cursos de capacitação em metrologia disponíveis no
mercado. Verifica-se assim a oportunidade de implantar um curso pós-técnico e,
além disso, a necessidade de se melhorar o grau de qualificação dos profissionais
que atuam na área de treinamentos em metrologia.
Evidencia-se então, a real necessidade e interesse dos metrologistas
58
brasileiros por uma qualificação pessoal através de um curso pós-técnico em
metrologia, estruturado de forma que permita integrar os conhecimentos da área em
um todo coerente, superando assim as limitações do modelo de formação de
pessoas com base em treinamentos isolados. Esse curso poderia estar atrelado a
um esquema de certificação de pessoas, que permitisse atestar a competência do
indivíduo para desempenhar funções dentro do ambiente da metrologia laboratorial e
industrial. O curso e a oportunidade de certificação não deveriam estar sendo
oferecidos pela mesma instituição, para que seja possível manter a objetividade e
transparência. No entanto, acredita-se que ambos devem ser concebidos como um
todo integral, para maximizar o impacto e a probabilidade de sucesso.
59
5 PROPOSTA DE CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM
METROLOGIA
A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e
incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da
pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o
trabalho
[125].
Numa das propostas estratégicas da SBM, encontra-se o “Estudo da
viabilidade técnica e econômica da SBM como organismo de certificação de pessoas
em metrologia”
[126]
. Neste ínterim, alvitra-se que o sistema de certificação de
pessoas em metrologia proposto por esse trabalho, seja desenvolvido pela
Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM), que além de ser uma instituição com a
efetiva participação e colaboração nas atividades metrológicas nacionais e
internacionais, já possui interesse neste assunto desde longa data.
Dessa forma, propõe-se um sistema de certificação de pessoas em
metrologia, que seja regido por um “Manual de Certificação de Pessoas em
Metrologia” que venha a atender aos requisitos da Norma Brasileira NBR ISO/IEC
17024:2004, assim como a NIT-DICOR-044
[97]
do INMETRO.
Pode-se observar na Figura 22, uma proposta para a concepção de um
sistema de certificação de pessoas em metrologia, em que a SBM seria acreditada
pelo INMETRO como OPC para então prover exames de certificação de pessoas na
área de metrologia. Dessa forma, a SBM seria responsável pela atribuição dos
critérios, modelos, categorias e outros aspectos decisivos que estão relacionados à
certificação. As Regionais da SBM, com apoio das Redes Metrológicas Estaduais,
seriam responsáveis pela aplicação dos exames e encaminhamento dos mesmos
para a SBM, a qual seria responsável pelo processo de deliberação das
certificações.
Assim como Santa Catarina, outros nove estados onde existem Redes
Metrológicas
[127]
, a implementação do sistema proposto torna-se mais simples pelo
60
fato de já existir uma infra-estrutura operacional de fomento à metrologia.
Figura 22: Modelo de certificação de pessoas em metrologia
5.1 PROPOSTA DE ESTRUTURA BÁSICA DO SISTEMA DE CERTIFICAÇÃO
DE PESSOAS EM METROLOGIA
Para a acreditação de um organismo de certificação de pessoas pelo
INMETRO, sugere-se que o organismo seja constituído por um órgão de respaldo
nacional na área de interesse. A SBM é uma sociedade técnico-científica não
governamental, independente, sem fins lucrativos, cuja missão preconiza a formação
e disseminação de conhecimento e cultura metrológica. Para que se torne possível a
acreditação da SBM pelo INMETRO, é imprescindível que seja criado um Comitê
Técnico de Certificação de Pessoas (CTCP) dentro da SBM para tratar deste
assunto. Este comitê seria responsável por analisar os principais escopos de
61
certificação de pessoas existentes no país e em outros centros mais avançados,
assim como por elaborar uma sistemática para criar os documentos necessários
para o processo de acreditação da SBM como OPC junto ao INMETRO. Também é
responsabilidade do CTCP o desenvolvimento de todas as normas que
regulamentam o sistema de certificação de pessoas.
Nesta dissertação, sugere-se um sistema de certificação baseado nos moldes
dos sistemas nacionais e internacionais de certificação de pessoas
[128], [129], [130], [131],
[93] e [113]
, sendo composto basicamente pelos organismos apresentados na Figura
23.
Figura 23: Sistema de certificação de pessoas proposto
a) Conselho de Certificação (CC): é o órgão interno normativo da SBM que
trata de assuntos relacionados à certificação de pessoas. Sugere-se que ele seja
constituído através de Assembléia Geral e na conformidade das normas que
estabelecem o sistema de certificação de pessoas. A composição e a renovação dos
membros do CC regulamenta-se nas mesmas normas da SBM que estabelecem o
sistema de certificação de pessoas.
b) Agência de Certificação (AC): é o órgão executivo da SBM para assuntos
relacionados à certificação de pessoas nos Estados. A AC é representada
diretamente pelas Regionais da SBM. Os membros da AC deverão ser nomeados
pelo próprio CC na conformidade da norma da SBM que estabelece o sistema de
62
certificação de pessoas.
c)
Centros de Exames de Certificação (CEC):
Consideram-se como
Centros de Exames de Certificação, os órgãos reconhecidos e registrados como tal
pelas AC. Eventualmente órgãos tais como: (i) instituições de ensino; (ii) empresas;
(iii) instituições públicas e; (iv) instituições privadas, podem ser reconhecidas como
CEC, porém a preferência para a aplicação dos exames de “Certificação de Pessoas
em Metrologia” será oferecida para as Regionais da SBM.
5.1.1 Principais Documentos da Certificação
Propõe-se um modelo de certificação de pessoas de caráter voluntário,
composto pelos seguintes documentos:
NA-001 – Manual de Certificação de Pessoas em Metrologia
2
;
DC-001 - Reconhecimento de Centros de Certificação de Pessoas em
Metrologia.
5.2 PROPOSTA DO MANUAL DE CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS EM
METROLOGIA (NA-001)
Apresenta-se de forma sintetizada uma proposta de Norma Auxiliar (NA-001),
voltada ao detalhamento das etapas e procedimentos de certificação de pessoas em
metrologia
[132]
.
5.2.1 Definições Básicas
São oferecidos os significados dos termos relacionados ao processo de
certificação de pessoas:
Candidato: Indivíduo que postula sua certificação para a execução de
atividades de metrologia;
Certificação de Pessoas: Testemunho formal de uma qualificação através da
emissão de um certificado com respaldo nacional emitido pela SBM.
2 Sugere-se utilizar a nomenclatura NA = Norma Auxiliar e DC = Documento Complementar
63
5.2.2 Categorias e Níveis de Certificação
Torna-se interessante que o CC crie um conjunto de categorias de
certificação que seja suficientemente abrangente, sem perder de vista sua natureza
dinâmica. Para um país como Brasil, que o mercado ainda não está claramente
definido, torna-se interessante partir de um sistema menos complexo, que possa ser
facilmente ampliado e diversificado, de acordo com o passar do tempo e das
necessidades exigidas pelo mercado. Nesse ínterim, o processo de recertificação
pode ser usado também para re-categorizar as pessoas, certificando-as em
categorias mais especializadas.
Na opinião do autor, o seguinte conjunto de escopos poderia satisfazer as
necessidades do mercado brasileiro no médio prazo:
Técnico Metrologista para Controle da Qualidade (TMCQ);
Técnico Metrologista em Calibrações (TMC);
Técnico Metrologista em Ensaios (TME);
Auditor de Sistema da Qualidade Laboratorial (ASQL);
Gerente Técnico de Laboratórios de Calibração e Ensaios (GTLCE);
Gerente de Metrologia (GM).
As três primeiras categorias se referem às pessoas que operacionalizam as
atividades metrológicas em indústrias e laboratórios. Em particular, o TMCQ foca na
metrologia de produção, o TMC nas atividades de suporte à rastreabilidade através
da calibração de instrumentos e padrões e o TME pode atuar no laboratório ou no
suporte a ensaios rotineiros de produtos na produção. O mercado de trabalho destes
técnicos certificados abrange os seguintes órgãos: INMETRO, pelos Organismos de
Certificação de Produto, pelos laboratórios de empresas, os laboratórios acreditados
nas redes RBC e RBLE etc.
As categorias ASQL e GTLCE desenvolvem suas atividades no âmbito dos
sistemas da qualidade laboratoriais constituídos para satisfazer os requisitos da
Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17025:2001. No Brasil, o mercado de trabalho destas
categorias abrange os seguintes órgãos: INMETRO, pelos laboratórios da RBC e da
RBLE, pelos laboratórios reconhecidos pelas Redes Metrológicas Estaduais etc.
Laboratórios de grandes indústrias também podem usufruir as vantagens de
64
contratar ASQL certificados.
A categoria GM visa à mudança das atuais condições do mercado, que
limitam a metrologia das empresas a um escopo puramente operacional. Pretende-
se, com a criação desta categoria, promover o entendimento de que a metrologia é
uma atividade de alto valor agregado, que merece ser conduzida num nível de
gerência, em empresas de médio e grande porte. Assim, gerar-se-á um espaço para
o maior aproveitamento e adequada valorização dos engenheiros especializados em
metrologia e mestres em metrologia.
Além dessas certificações, pode-se facilmente ampliar o esquema de
certificação para áreas específicas, desde que haja evidência da necessidade, como
é o caso da metrologia geométrica, mecânica, elétrica, química e térmica. Pode-se
criar também distintos níveis de certificação, se isso vier a ser necessário. Contudo,
o autor acredita que o sistema de categorias de certificação deve ser mantido de
modo simples e objetivo, de forma que atenda as condições Brasileiras,
simplificando o processo de certificação.
5.2.3 Pré-requisitos para a Certificação
Todos os candidatos às certificações, devem atender aos requisitos nimos
para certificação, que são definidos pelo CC para cada categoria. Sugere-se adotar
os critérios de nível de escolaridade, treinamento e experiência profissional, como
fatores a serem considerados no processo de certificação.
5.2.4 Documentos Necessários para Certificação
O CC deverá definir os documentos necessários para a certificação em cada
categoria, porém sugere-se que sejam apresentadas cópias dos seguintes
documentos descritos abaixo:
Escolaridade: cópia de diplomas, certificado de conclusão de curso ou
declaração escolar;
Experiência Profissional: cópia da carteira profissional ou contrato de
autônomo e declaração da empresa;
Treinamento: cópia de certificado de conclusão do curso na área técnica em
65
que deseja obter a certificação.
5.2.5 Atribuições da Pessoa Certificada
Deverá ser construída uma lista de atribuições para cada uma das categorias
de certificação. Por exemplo, para o TMC, essas atribuições poderiam ser:
Elaborar procedimentos e instruções de calibração;
Realizar medições e calibrações;
Elaborar documentos tais como laudos, pareceres, registros, relatórios e
certificados de calibração;
Planejar a calibração de instrumentos e padrões;
Assegurar a rastreabilidade das medições;
Analisar e selecionar sistemas de medição e padrões;
Auxiliar na implantação de sistema da qualidade laboratorial (Norma Brasileira
NBR ISO/IEC-17025:2001).
5.2.6 Valores dos Exames de Certificação
Os valores dos exames de certificação deverão ser fixados pelo CC, com
aprovação da Diretoria da SBM e fornecidos pela AC aos CEC. Deve se lembrar
que, segundo a Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17024:2004, em hipótese alguma o
direito à certificação poderá ser limitada por razões financeiras ou outras condições
restritivas indevidas.
É importante considerar que o preço do exame, somado ao preço da
anuidade da SBM, pode influenciar negativamente na decisão de uma pessoa em
candidatar-se à certificação. Esse efeito pode ser maior nas categorias de técnicos
metrologistas, devido aos menores salários. Trata-se então de uma decisão
estratégica, que pode ter um impacto decisivo no sucesso ou fracasso da
certificação em metrologia no Brasil.
5.2.7 Datas de Exames e Cancelamento de Exames
Sugere-se que os exames sejam marcados anualmente pelos CEC através do
66
AC, mediante o encaminhamento de solicitação formal e o pagamento dos valores
estipulados pelo CC. Os exames são marcados de acordo com a disponibilidade de
cada CEC.
No caso de impossibilidade do comparecimento, o exame pode ser cancelado
pelo candidato desde que o mesmo avise em 15 dias úteis de antecedência. O “não”
comparecimento no dia e horário marcado para o exame, é entendido como
desistência ocasionando a retenção total da taxa de exame.
5.2.8 Tipos de Exames de Certificação
O tipo de exame de certificação pode mudar segundo a categoria. Como
exemplo, para as categorias TMCQ, TMC e TME, sugere-se realizar um exame de
caráter teórico-prático:
Teórico: Sugere-se uma prova com 40 questões objetivas do tipo múltipla
escolha, abrangendo a totalidade dos temas que compõem o corpo de
conhecimento da categoria de certificação correspondente. A atribuição do
conceito é realizada após comparar as respostas do candidato com o
gabarito. Sugere-se que a cada cinco respostas erradas se anule uma
resposta correta.
Prático: O candidato deverá demonstrar a capacidade de realizar
adequadamente tarefas de medição, calibração ou ensaio (dependendo a
categoria de certificação). Sugere-se que esta parte do exame seja composta
por duas atividades práticas e duas questões sobre as mesmas. A avaliação é
realizada por dois avaliadores, considerando a capacidade do candidato para
manusear e operar os sistemas de medição e os padrões envolvidos, a
correção dos resultados obtidos nos experimentos e a capacidade do
candidato de analisar os resultados e refletir sobre sua significância.
A exigência de um exame prático é incomum nas certificações em qualidade e
metrologia analisadas pelo autor desta dissertação. Por exemplo, as certificações da
ASQ são concedidas somente com aprovação do exame teórico, mas exigem como
pré-requisito a comprovação objetiva de experiência profissional na área em que se
67
pretende a certificação. Entretanto, o exame prático é padrão nas certificações para
ensaios não destrutivos e solda de tubulações e recipientes. Na opinião do autor
desta dissertação, a problemática das falhas decorrentes de soldas defeituosas ou
ensaios não destrutivos mal realizados é o que levou as OPCs correspondentes à
realizarem exames práticos.
Porém, a motivação de sugerir exames práticos para certificações em
metrologia possui bases mais amplas. Por uma parte, pode-se considerar que
algumas atividades metrológicas, quando não realizadas apropriadamente, podem
resultar em eventos de alta periculosidade. Em particular, isso pode acontecer com
os testes necessários para avaliação de conformidade de itens de segurança. Por
outra parte, calibrações mal realizadas podem resultar em consideráveis perdas
econômicas, afetando as relações comerciais entre países. No extremo da cadeia de
conseqüências, os próprios MRAs e MLAs podem ser afetados.
Pelas razões citadas acima, o autor é partidário pela inclusão de exames
práticos, até que se demonstre que podem ser eliminados como requisito de
certificação e substituídos por um sistema confiável de comprovação da experiência
prévia.
5.2.9 Local dos Exames
Os locais de exames devem ser CEC devidamente registrados na AC. Cada
CEC deve possuir instalações adequadas para a realização dos exames, bem como
avaliadores que possuam uma comprovação de idoneidade e competência para a
realização do exame, especialmente da parte prática.
5.2.10 Considerações Relativas ao Exame
Contemplam-se algumas considerações durante a realização dos exames de
certificação:
Não deve ser permitida a consulta a nenhum documento, exceto os
fornecidos pelos examinadores, tais como procedimento de calibração,
dicionário e outros;
O tempo de execução de cada prova é um requisito a ser avaliado nos
68
exames de certificação, e deve ser controlado, pois o o atendimento a este
item implicará em reprovação. O tempo disponível para a realização de cada
prova deve constar nas instruções que serão entregues aos candidatos;
Não deve ser permitida a reprodução ou cópia de qualquer parte da prova.
5.2.11 Resultados dos Exames de Certificação
O CEC deve encaminhar por escrito, os resultados dos exames aos
candidatos aprovados nas provas teóricas e práticas. Sugere-se que a AC emita,
num prazo máximo de quinze dias, a certificação ao candidato.
5.2.12 Reexames
Propõe-se que o candidato reprovado em qualquer exame (teórico ou prático)
possa realizar um novo exame, decorrido o prazo mínimo de seis meses. O novo
exame deverá ser realizado na sua totalidade.
5.2.13 Revisão dos Exames
Caso o candidato apresente evidências comprobatórias de erros ou condução
imprópria nos exames de certificação, sugere-se que a AC analise os fatos e decida
sobre a repetição ou não dos exames, ou o encaminhamento das evidências e fatos
ao CC, para decisão em última instância.
5.2.14 Taxa da Certificação
Caso o candidato seja aprovado no processo de certificação, o mesmo deverá
pagar a taxa de certificação e de cinco em cinco anos, deve-se pagar a taxa de
renovação da certificação. Sugere-se atribuir uma taxa não discriminatória para
todos os tipos de certificação.
5.2.15 Renovação da Certificação
Sugere-se que a certificação dos profissionais tenha prazo de cinco anos, a
69
contar da data da certificação. Sugere-se a possibilidade de renovação automática a
cada cinco anos, desde que se comprove a contínua atuação na área em que foi
certificado. A renovação somente será aceita pelo CEC para igual período, desde
que o profissional comprove a ausência de interrupção significativa durante o
período da certificação. O autor considera que uma interrupção superior a um ano, é
uma interrupção significativa.
5.2.16 Recertificação
Sugere-se fazer o exame de recertificação no caso de não atendimento dos
requisitos de renovação ou após constatação de uma interrupção significativa nas
atividades.
O profissional poderá ser recertificado pelo CEC por um período similar,
sujeitando-se às seguintes condições:
Se o profissional não obtiver uma nota mínima de 70%, um reexame de
recertificação será permitido após trinta dias e antes de seis meses.
Caso o resultado do reexame não seja satisfatório, o candidato deverá passar
por um novo processo de certificação.
5.2.17 Solicitação da Recertificação ou Renovação
Antes do término do prazo de validade da certificação, o profissional deve
solicitar a sua renovação ou recertificação.
5.2.18 Suspensão da Certificação
Sugere-se que ocorra a suspensão da certificação no caso de não
comprovação da efetiva prestação de serviços profissionais na área ao qual foi
certificado. Depois de superada a causa da suspensão, sugere-se que o profissional
tenha sua certificação revalidada ou revogada, de acordo com as seguintes
situações:
Caso o período da suspensão tenha sido inferior a dezoito meses, o
profissional tem sua certificação revalidada para a data da certificação
70
anterior;
Caso o período da suspensão tenha sido superior a dezoito meses, mas
inferior a sessenta meses, o profissional tem a sua certificação revalidada
para a data da certificação anterior após conclusão satisfatória do exame de
recertificação;
Caso o período da suspensão tenha sido superior a sessenta meses, o
profissional tem a sua certificação revogada, podendo obter nova certificação
após conclusão satisfatória de novo exame de certificação.
5.2.19 Revogação da Certificação
Revogação da Certificação é o ato de tornar nula a certificação do
profissional, de forma temporária ou definitiva, em função do não atendimento aos
requisitos estabelecidos, da constatação de falhas ou da comprovação de fraudes,
comportamento antiético ou prática de atos delituosos cometidos pelo profissional.
Sugere-se que o profissional seja novamente certificado, depois de solucionadas as
pendências de caráter temporário e mediante novo exame de certificação.
A revogação da certificação pode ocorrer nos seguintes casos:
Quando existirem evidências objetivas e comprovadas, apresentadas ao CEC
e por este analisada, que indiquem não estar o profissional capacitado a
exercer as atividades metrológicas para as quais foi certificado;
Em função de falhas cometidas e comprovadas que demonstrem negligência
do profissional;
Em função de fraudes, comportamento antiético ou prática de atos delituosos
pelo profissional. Neste caso o processo deve ser encaminhado à Agência de
Certificação que decide pela revogação ou não da certificação. Neste caso o
período da revogação é determinado pelo Gerente do AC com base em
procedimento para ações punitivas.
Cabe à AC a análise das evidências objetivas e apuração dos fatos. A critério
da AC, as certificações do profissional podem ser revogadas de imediato, cabendo
ao gerente da AC decidir pelo período da revogação das certificações. O profissional
pode voltar a exercer as atividades para as quais estava qualificado, decorrido o
71
período da revogação e após novo exame de certificação, quando requerido.
5.2.20 Apelação
Todo o profissional deverá ter o direito, a qualquer tempo, de não concordar
com as decisões dos organismos, e assim, apelar de qualquer decisão.
5.3 PROPOSTA DE RECONHECIMENTO DE CENTROS DE EXAMES E
CERTIFICAÇÃO EM METROLOGIA (DC-001)
Para o reconhecimento da instituição como CEC em metrologia, sugere-se
que a instituição requerente atenda os seguintes critérios:
Organização institucional: funcionamento efetivo da estrutura administrativa;
Instalações: salas de aula, laboratórios, instalações administrativas, salas de
reuniões, salas para docentes, acesso para portadores de necessidades
especiais, instalações sanitárias, condições de salubridade, condições de
conservação e limpeza, equipamentos adequados e suficientes;
Laboratórios: quantidade e qualidade (condições físicas, equipamentos,
softwares, material de consumo e outros);
Pessoal técnico-administrativo: adequado, em número e em qualificação, para
as atividades a serem desenvolvidas
[133]
.
5.4 PROPOSTA DE UMA PRIMEIRA CATEGORIA DE CERTIFICAÇÃO EM
METROLOGIA
Como foi destacado no Capítulo 1, a maior parte do pessoal atuante em
metrologia no Brasil é de nível técnico. A pesquisa de opinião apresentada no
Capítulo 4 demonstrou que este grupo de pessoas tem necessidade de melhorar
seus conhecimentos e competências, obtidas principalmente pela prática empírica
da profissão. Mostrou-se também que existe grande interesse na obtenção de uma
certificação em metrologia. Nesta seção serão descritas as competências, o âmbito
de trabalho e o corpo de conhecimentos correspondentes a uma primeira categoria
72
de certificação de pessoas em metrologia denominada “Técnico Metrologista
Certificado” (TM). Essa categoria se refere ao nível operacional, sendo de caráter
mais abrangente que as categorias propostas na seção 5.2.2 (i.e. TMCQ, TMC,
TME). A decisão de propor uma única categoria de técnicos para o início da
implantação da certificação em metrologia no Brasil baseia-se nas seguintes razões:
É necessário testar a resposta real do mercado, impactando-o com uma
proposta concreta e não somente com perguntas que podem ser respondidas,
sem comprometimento, como é o caso das pesquisas de opinião;
Simplifica-se o processo de implantação, fazendo-o menos burocrático e
oneroso para a SBM e para a sociedade geral;
Algumas pessoas podem sentir que categorias mais específicas restringem
sua mobilidade dentro da empresa ou no mercado de trabalho em geral. Uma
categoria genérica, como a de TM, tem maior probabilidade de ser aceita no
início do programa, quando a cultura de certificação ainda não está difundida
e aceita pela sociedade metrológica;
É provável que uma única categoria consiga, num tempo curto, acumular uma
massa significativa de técnicos certificados. Entretanto, caso sejam criadas
várias categorias, aumentaríamos a probabilidade de maior dispersão,
resultando em pequenos grupos sem massa crítica suficiente. Isso pode fazer
uma grande diferença na etapa de implantação, quando o programa de
certificação ainda está vulnerável;
A primeira categoria (TM) pode ser extinta e absorvida em categorias mais
específicas depois de um período de (5 a 10) anos. Os TMs estariam sendo
convidados a fazer o exame de recertificação na nova categoria de escolha,
em condições especiais (e.g. sem pagamento de taxas);
Existe ainda pouca bibliografia em Português orientada a satisfazer as
necessidades de estudo decorrentes do corpo de conhecimentos;
A janela de tempo de (5 a 10) anos é, em opinião do autor, o tempo
necessário para que o mercado de trabalho dos metrologistas Brasileiros
amadureça e se estabilize. Nesse intervalo, as novas categorias podem surgir
com melhor definição e clareza do que neste momento atual.
De todas as formas, o autor entende que esta proposta deve ser submetida a
73
discussões mais aprofundadas, no escopo de um futuro Comitê de Certificação e de
outros órgãos relacionados. A seguir descrever-se-ão o âmbito de trabalho, as
competências e o corpo de conhecimentos propostos para o Técnico Metrologista
Certificado.
5.4.1 Âmbito de Trabalho do Técnico Metrologista Certificado
O Técnico Metrologista Certificado pode desempenhar tarefas de caráter
operacional e de gestão:
Laboratório Nacional de Metrologia - INMETRO;
Organismos de Certificação de Produtos;
Laboratórios de Organismos Públicos;
Laboratórios da Rede Brasileira de Calibração e de Ensaios (RBC e RBLE);
Laboratórios de calibração e ensaios reconhecidos pelas Redes Metrológicas
Estaduais;
Empresas privadas, dos seguintes setores:
o
Desenvolvimento do Produto e Processo;
o
Garantia da Qualidade;
o Produção;
o
Compras (especificação e aquisição de equipamentos ou
instrumentos);
o Laboratórios de metrologia de empresas privadas.
Profissional liberal, como consultor nas seguintes áreas:
o
Metrologia e controle da qualidade de produtos e processos industriais;
o Implantação de sistemas da qualidade laboratorial baseado na Norma
Brasileira NBR ISO/IEC 17025:2001.
Instrutor de metrologia.
74
5.4.2 Competências Profissionais do Técnico Metrologista Certificado
A competência profissional está diretamente relacionada com a capacidade
de mobilizar, articular e colocar valores em ações, conhecimentos e habilidade
necessárias para o desempenho eficiente e eficaz das atividades requeridas pela
natureza do trabalho
[134]
. Apresentam-se abaixo as competências previstas para o
Técnico Metrologista Certificado:
Planejar a inspeção de características de produto e processo;
Analisar tecnicamente a aquisição de meios de medição e inspeção;
Analisar tecnicamente a contratação de serviços de medição e controle;
Planejar a calibração de instrumentos e padrões;
Elaborar procedimentos e instruções de medição e calibração;
Realizar medições e calibrações;
Assegurar a rastreabilidade das medições;
Elaborar documentos e registros: como laudos, pareceres, registros, relatórios
e certificados de calibração;
Auxiliar na implantação de sistema da qualidade laboratorial (Norma Brasileira
NBR ISO/IEC 17025:2001);
Gerenciar a documentação;
Outros.
5.4.3 Corpo de Conhecimentos do Técnico Metrologista Certificado
O corpo de conhecimentos proposto nesta seção é baseado nas certificações
existentes no mundo, na área de metrologia e controle da qualidade, conforme
apresentado na seção 3.1. Dessa forma, apresentam-se os conhecimentos
imprescindíveis ao Técnico Metrologista Certificado:
I. Definições e princípios:
o
Metrologia (industrial, legal e científica);
o Terminologia do Vocabulário Internacional de Metrologia (VIM);
o
Sistema Internacional de Unidades (SI);
o
Conversão de unidades;
75
o Arredondamento;
o
Notação científica;
o
Constantes fundamentais.
II. Ferramentas básicas de qualidade:
o
Fluxograma;
o
Análise de causa-efeito;
o Análise de Pareto.
III. Métodos estatísticos básicos:
o Distribuições empíricas – histograma;
o Média, mediana, amplitude, desvio padrão, variância;
o
Modelos de distribuição (normal, retangular, triangular);
o Distribuições de duas ou mais variáveis;
o Análise de correlação;
o
Regressão linear simples e múltipla;
o Inferência da média;
o
Inferência da variância.
IV. Controle estatístico da qualidade:
o Conceito de estabilidade e capacidade;
o
Controle estatístico de processos por variáveis – gráficos de controle;
o
Análise de capacidade de processos por variáveis;
o Inspeção por amostragem.
V. Fundamentos de Tecnologia Industrial Básica:
o
Tecnologia de Gestão;
o Propriedade Intelectual;
o
Avaliação de conformidade;
o
Informação Tecnológica;
o Normalização.
VI. Fundamentos de sistemas da qualidade:
o
Componentes de um sistema da qualidade;
o Requisitos metrológicos da ISO 9000-2000;
o
Requisitos metrológicos da ISO/TS 16949;
o Plano de controle;
76
o Auditorias da qualidade.
VII. Processo de medição:
o
Princípios e métodos de medição;
o Parâmetros característicos de SM;
o
Erro de medição (sistemático, aleatório e grosseiro);
o
Principais causas do erro de medição;
o Compensação de erros sistemáticos.
VIII. Análise estatística dos sistemas de medição:
o Estudo de estabilidade;
o Estudo de tendência;
o
Estudo de linearidade;
o Estudo de repetitividade e reprodutibilidade;
o Estudo de repetitividade e reprodutibilidade para sistemas de inspeção
por atributos.
IX. Incerteza de Medição:
o
ISO-GUM – Guia para a Expressão da Incerteza de Medição;
o
Quantidades de influência;
o Métodos tipo A e tipo B para avaliar a incerteza de medição;
o
Incerteza padrão;
o
Combinação de incertezas (casos com quantidades de influência
independentes e não-independentes);
o
Expansão da incerteza;
o
Composição do resultado da medição;
o Avaliação da conformidade e não-conformidade em presença de
incerteza de medição.
X. Calibração de instrumentos e padrões:
o Rastreabilidade;
o
Calibração direta e indireta;
o
Critérios para seleção de padrões de calibração;
o Procedimento geral de calibração;
o
Composição e aproveitamento do certificado de calibração;
o Planejamento da calibração – intervalos de calibração.
77
XI. Sistema da qualidade para laboratórios de calibração e ensaios:
o
Requisitos da Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17025:2001;
o
Auditorias de laboratórios.
XII. Conduta profissional e ética.
5.4.4 Pré-requisitos para se Inscrever no Exame de Certificação
O autor atribui os seguintes pré-requisitos para a certificação de pessoas,
baseado na experiência profissional e formação acadêmica do candidato:
Possuir certificado de aprovação no Curso de Especialização Profissional em
Metrologia e demonstrar, no mínimo, dezoito meses de experiência
profissional em metrologia, ou;
Possuir título de Técnico (qualquer modalidade) e demonstrar, no mínimo,
três anos de experiência profissional em metrologia, ou;
Possuir título de nível médio (não técnico) e demonstrar, no mínimo, cinco
anos de experiência profissional em metrologia.
Por enquanto, o autor não considera interessante estabelecer pré-requisitos
para pessoas com educação superior (em áreas tecnológicas ou não) que desejem
obter a certificação como Técnico Metrologista.
5.5 FORMAÇÃO E CERTIFICAÇÃO DE PESSOAS
Embora o corpo de conhecimento proposto para o Técnico Metrologista
Certificado pareça excessivo, o autor desta dissertação considera que ele representa
o que um técnico deveria saber para desempenhar sua função em laboratórios de
calibração ou ensaios, assim como suporte à garantia da qualidade na produção e
no desenvolvimento de produto e processo.
O exame de múltipla escolha deveria ser projetado para avaliar se o
candidato possui os conceitos desses temas, evitando entrar em equacionamentos
complexos e perguntas ardilosas. A prova prática pode ser orientada à especialidade
selecionada pelo candidato, por exemplo, metrologia geométrica, metrologia
mecânica etc.
Apesar da racionalidade desta proposta, é necessário questionar qual seria a
78
taxa de sucesso dos técnicos atuantes na indústria se eles simplesmente
postulassem a certificação sem uma preparação prévia. Na opinião de quem
subscreve, essa taxa de sucesso seria relativamente baixa. Provavelmente, poucos
técnicos estariam em condições de serem aprovados no exame. Embora o processo
de certificação de pessoas seja um ato voluntário dos profissionais de metrologia,
considera-se necessário acompanhar o programa de certificação com uma
adequada oferta de formação de recursos humanos em nível pós-técnico.
79
6 PROPOSTA DE CURSO PÓS-TÉCNICO EM
METROLOGIA
Este capítulo apresenta uma proposta de Curso de Especialização
Profissional em Metrologia, em atendimento aos anseios da sociedade, expressados
na pesquisa de opinião apresentada no Capítulo 4. Propõe-se também que este
curso mantenha concordância com o corpo de conhecimentos necessários para o
Técnico Metrologista Certificado, conforme mostrado no item 5.4.3, contemplando
em seu planejamento a formação e capacitação de recursos humanos que atendam
aos pré-requisitos da certificação de pessoas em metrologia. Preocupa-se,
entretanto, em prover uma formação abrangente, que agregue conhecimentos
sólidos e atualizados que venham a responder, de forma adequada, às
necessidades e carências
[136]
da sociedade industrial Brasileira.
6.1 ASPECTOS LEGAIS DA EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE NO BRASIL
Para melhor compreender a educação profissionalizante no Brasil
[135]
,
apresenta-se na Tabela 6.1, os principais documentos, leis, decretos, portarias e
resoluções que são necessários para a autorização de um curso profissionalizante
pelo MEC.
80
Tabela 6.1: Documentos essenciais para o reconhecimentos de curso pelo MEC
[137]
Documento Resumo
Lei Federal nº 9.394/96 Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Decreto Federal nº 2.208/97
Regulamenta o § do art. 36 e os arts. 39 a 42 da Lei Federal
9.394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
Nacional.
Portaria MEC nº 1.005/97
Implementa o Programa de Reforma da Educação Profissional
PROEP.
Portaria Interministerial
MEC/MTb nº 1.018/97
Cria o Conselho Diretor do Programa de Reforma da Educação
Profissional – PROEP.
Portaria MEC nº 1.647/99
Dispõe sobre o credenciamento de centros de educação
tecnológica e a autorização de cursos de nível tecnológico da
educação profissional.
Portaria MEC nº 064/01
Define os procedimentos para o reconhecimento de
cursos/habilitações de nível tecnológico da educação profissional.
Parecer CNE/CEB nº 17/97
Estabelece as diretrizes operacionais para a educação
profissional em nível nacional.
Parecer CNE/CEB nº 16/99
Trata das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico.
Parecer CNE/CEB nº 33/2000
Estabelece o novo prazo final para o período de transição para a
implantação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a
Educação Profissional de Nível Técnico.
Resolução CNE/CEB
02/97
Dispõe sobre os programas especiais de formação pedagógica de
docentes para as disciplinas do currículo do ensino fundamental,
do ensino médio e da educação profissional em nível médio.
Resolução CNE/CEB
04/99
Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação
Profissional de Nível Técnico.
Resolução nº 039 CEE/SC
Fixa Normas para a Educação Profissional Técnica no Sistema
Estadual de Educação do Estado de Santa Catarina.
Dentre os documentos apresentados acima, torna-se necessária uma análise
mais detalhada da Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Lei 9.394
[138]
de 20/12/96, que
concerne os níveis e modalidades da educação no País, conforme segue: (i)
educação básica; (ii) educação profissional e; (iii) educação superior. Em particular,
a educação profissional brasileira destina-se à qualificação e formação dos
trabalhadores, independentemente do grau de escolaridade dos mesmos. Este tipo
81
de formação, quando voltada a profissionais, pode se dar por meio da
especialização, aperfeiçoamento ou atualização de seus conhecimentos
tecnológicos. A formação dos demais trabalhadores, impossibilitados de atenderem
aos critérios formais de exigência destes cursos, é proporcionada pela sua
qualificação, reprofissionalização ou atualização, visando à sua absorção no
mercado de trabalho qualificado
[32]
.
Figura 24: Níveis de educação profissional do Brasil
A educação profissional no Brasil pode ser melhor entendida observando a
Figura 24, baseada na interpretação do Art. do Decreto Federal 2208/97
[139]
, que
define os níveis de educação profissional:
I - básico: destinado à qualificação e reprofissionalização de
trabalhadores, independente de escolaridade prévia;
II - técnico: destinado a proporcionar habilitação profissional a alunos
matriculados ou egressos do ensino médio, devendo ser ministrado na
forma estabelecida por este Decreto;
III - tecnológico: correspondente a cursos de nível superior na área
tecnológica, destinados aos formados do ensino médio e técnico.
É oportuno destacar que, a Resolução CNE/CEB 04/99
[140]
estabelece o
seguinte em seus artigos:
Art. 6.º
Entende-se por competência profissional a capacidade de mobilizar, articular e
colocar em ação valores, conhecimentos e habilidades necessários para o desempenho
eficiente e eficaz de atividades requeridas pela natureza do trabalho.
I - competências básicas, constituídas no ensino fundamental e médio;
II - competências profissionais gerais, comuns aos técnicos de cada área;
82
III - competências profissionais específicas de cada qualificação ou habilitação.
Art. 7.º
Os perfis profissionais de conclusão de qualificação, de habilitação e de
especialização profissional de nível técnico serão estabelecidos pela escola, consideradas
as competências indicadas no artigo anterior.
§ 2.º Poderão ser organizados cursos de especialização de nível técnico, vinculados a
determinada qualificação ou habilitação profissional, para o atendimento de demandas
específicas.
Art. 8.º
A organização curricular, consubstanciada no plano de curso, é prerrogativa e
responsabilidade de cada escola.
§ 2.º Os cursos poderão ser estruturados em etapas ou módulos:
I - com terminalidade correspondente a qualificações profissionais de nível técnico
identificadas no mercado de trabalho;
II - sem terminalidade, objetivando estudos subseqüentes.
Art. 10.
Os planos de curso, coerentes com os respectivos projetos pedagógicos, serão
submetidos à aprovação dos órgãos competentes dos sistemas de ensino, contendo:
I - justificativa e objetivos;
II - requisitos de acesso;
II - perfil profissional de conclusão;
IV - organização curricular;
V - critérios de aproveitamento de conhecimentos e experiências anteriores;
VI - critérios de avaliação;
VII - instalações e equipamentos;
VIII - pessoal docente e técnico;
IX - certificados e diplomas.
Art. 14. ...
... § 3.º Os certificados de qualificação profissional e de especialização profissional
deverão explicitar o título da ocupação certificada.
A carga horária mínima estabelecida por esta resolução para os cursos
técnicos da área industrial é de 1200 h. Em se tratando de uma especialização de
nível técnico, arbitra-se um percentual menor, na faixa de (20 a 30) % de um curso
com habilitação na área industrial
[134]
. Entretanto é válido destacar que em 13 de
julho de 2004, o Conselho Estadual de Educação de Santa Catarina aprovou
Resolução nº 039
[141]
, que estabelece o seguinte referente à especialização técnica:
Art. 4º A educação Profissional Técnica será desenvolvida sob a forma de Habilitação
Profissional, Qualificação Profissional e ou Especialização Profissional:
I a habilitação profissional refere-se à profissionalização do técnico de nível médio,
devendo cumprir, para isso, as etapas previstas pelo curso e que tenha concluído o Ensino
Médio;
II – a qualificação profissional refere-se a etapas do curso de nível Técnico, quanto à
preparação para o trabalho em ocupações identificadas no mercado de trabalho;
83
III a especialização profissional complementa a habilitação ou qualificação profissional,
apresentando-se intimamente vinculada às exigências e realidades do mundo do trabalho,
podendo ser oferecida para aqueles que já concluíram a habilitação profissional.”“.
Art. 15 A Instituição poderá oferecer especialização técnica quando mantiver curso de
habilitação em nível técnico autorizado na mesma área.
Art. 16 A especialização técnica terá como carga horária mínima 20% (vinte por cento) da
estipulada como carga horária da área profissional.
É digno destacar que de acordo com o item III do artigo da Resolução
039
[141]
, que a especialização profissional complementa a formação do técnico em
nível médio, exigindo-se do candidato a habilitação profissional prévia. Esta
legislação exclui diretamente todos os “Não Técnicos” de cursarem uma
especialização técnica. Neste mesmo contexto é interessante observar que, de
acordo com a Resolução nº 04
[140]
, a escola pode aproveitar conhecimentos e
experiências anteriores, desde que diretamente relacionados com o perfil
profissional de conclusão da respectiva qualificação ou habilitação profissional.
Verifica-se então que ambas as legislações solicitam a conclusão habilitação
profissional formal para que se possa aproveitar as experiências anteriores
adquiridas, numa determinada área do conhecimento.
O artigo 15 da Resolução 39 estabelece que a instituição só poderá
oferecer especialização técnica quando mantiver curso de habilitação em nível
técnico autorizado na mesma área. A metrologia é caracterizada pela área industrial
especificamente por demandar um profissional apto para desenvolver atividades de
planejamento, instalação, operação, manutenção, qualidade e produtividade. Dessa
forma, a instituição deverá possuir alguma habilitação profissional na área química,
mecânica, eletroeletrônica, automotiva, gráfica, metalurgia, siderurgia, calçados,
vestuário, mobiliário, artefatos de plástico, de borracha, de cerâmica, de tecidos,
automação de sistemas e outros
[140]
para poder oferecer um curso de especialização
profissional em metrologia.
A carga horária mínima estipulada para a área industrial é de 1200 h, conclui-
se de acordo com o artigo 16 que, a carga horária mínima para uma especialização
técnica em metrologia deve possuir no mínimo 240 h.
84
6.1.1 Classificação Brasileira de Ocupações: Metrologista
A Classificação Brasileira de Ocupações (CBO) é um referencial para a
geração de políticas de emprego e formação profissional
[142]
. Sua nova versão conta
com o apoio do SENAI, que contribuiu com a descrição de cerca de 267 famílias
ocupacionais da área industrial. Dentro do segmento da metrologia
[143]
, distinguem-
se quatro categorias de metrologista, conforme apresentado pela Tabela 6.2.
Tabela 6.2: Categorias de metrologista de acordo com a CBO
Categorias CBO 2002
Pesquisador em metrologia 2012-05
Especialista em Metrologista de calibrações 2012-10
Especialista em ensaios metrológicos 2012-15
Especialista em instrumentação metrológica 2012-20
Especialista em materiais de referência metrológica 2012-25
Metrologista 3523-05
Agente fiscal de qualidade 3523-10
Agente fiscal metrológico 3523-15
Os profissionais da metrologia, pertencentes à categoria 2012, desenvolvem
as seguintes atividades: (i) calibrações; (ii) ensaios; (iii) medições; (iv) asseguram
rastreabilidade à medição; (v) produzem padrão e materiais de referência; (vi)
realizam pesquisa e desenvolvimento em metrologia; (vii) projetam, gerenciam e
avaliam laboratórios de metrologia; (viii) elaboram documentos técnicos e; (ix)
disseminam conhecimentos metrológicos. Contudo, os agentes fiscais metrológicos
e da qualidade, pertencentes à categoria 3523, desempenham as seguintes
atividades: (i) fiscalizam instrumentos de medição, medidas materializadas,
produtos, marcas de conformidade e serviços, conforme legislação; (ii) verificam
instrumentos de medidas materializadas; (iii) realizam testes, análises e calibrações;
(iv) registram o processo de fiscalização, verificação e calibração; (v) supervisionam
atividades metrológicas; (vi) orientam o público e; (vii) formam recursos humanos na
85
área de metrologia.
6.2 PÚBLICO ALVO
As atividades dos técnicos em calibração e instrumentação do setor industrial
distribuem-se por vários níveis profissionais, desde os elementares até os
avançados. As posições ocupadas por esses técnicos são, geralmente: (i)
encarregados de manutenção de instrumentos de controle, medição e similares; (ii)
técnicos em instrumentação e; (iii) técnicos em calibração
[51]
. No processo de
produção industrial, o perfil desses profissionais começa a ser desenhado a partir
dos níveis de formação:
a) trabalhadores qualificados geralmente formados por escolas profissionais
ou capacitados pela própria experiência profissional, que varia de dois a três anos,
no mínimo;
b) técnicos de nível médio comumente são responsáveis por tarefas mais
complexas, exigindo-se formação em escolas técnicas profissionalizantes, além de
experiência adquirida na própria atividade profissional e;
c) profissionais de nível superior são os profissionais com formação
universitária.
No ramo de calibração e instrumentação, os trabalhadores qualificados são
pouco freqüentes, concentrando-se os maiores contingentes nos níveis técnicos e
superior. A predominância, contudo, é dos profissionais de nível médio-técnico,
sendo esta uma das tendências determinantes do setor
[51]
. Além disso, de acordo
com dados resultantes de pesquisa desenvolvida pelo SENAI, “cerca de 90% dos
entrevistados indicaram o curso técnico na área de instrumentação como a formação
mínima exigida para o trabalho”, indicando-se, como segunda alternativa, o curso
técnico de eletrônica
[144]
. Verifica-se que muitos desses profissionais que atuam
como técnico de calibração ou instrumentação são registrados como eletricistas, por
não possuírem respaldo de uma organização reconhecida para homologar o seu
conhecimento na área de metrologia.
Além dos técnicos de calibração e instrumentação, outros profissionais
técnicos de variados setores de atuação podem se beneficiar com o curso proposto.
86
A seguir, apresenta-se a lista completa dos técnicos que constituem o público alvo
do curso de Especialização Profissional em Metrologia:
Técnicos dos laboratórios acreditados nas redes brasileiras de calibração e de
ensaios (RBC, RBLE e REBLAS);
Técnicos dos laboratórios de calibração e ensaios reconhecidos pelas redes
metrológicas estaduais;
Técnicos dos laboratórios de prestação de serviços metrológicos não
acreditados;
Técnicos de laboratórios industriais;
Técnicos que atuam nos laboratórios de avaliação de conformidade de
produto;
Técnicos do setor de controle do processo de fabricação de indústrias;
Técnicos do setor de garantia da qualidade de indústrias;
Técnicos que atuam na especificação e compra de equipamentos de medição
e ensaios;
Técnicos que atuam em laboratórios de apoio ao setor de desenvolvimento do
produto;
Técnicos que atuam como profissionais liberais na área de prestação de
serviços relacionados ao controle da qualidade de produtos ou processos
metrológicos;
Outros técnicos que visam uma posição de destaque dentro da empresa e um
aperfeiçoamento profissional na área de metrologia.
Um curso de especialização profissional voltado ao atendimento dos
requisitos da certificação de pessoas em metrologia pode ser considerado um
diferencial de mercado, pelo fato de não existir nenhum curso semelhante no Brasil.
Porém, é fato consumado de que as pessoas estão cada vez mais exigentes e
conscientes dos seus direitos
[145]
, conforme informam os profissionais de
marketing
[146]
. No setor da educação o é diferente, e por isso torna-se necessário
a implementação de ações para conseguir alcançar esse novo consumidor. Essas
ações estão fora do escopo deste trabalho.
87
6.3 PLANO DE CURSO
Apresenta-se nesta seção a proposta de plano de curso
[147]
, para a concepção
e estruturação de um curso de Especialização Profissional em Metrologia, elaborado
de acordo com o art. 10 da Resolução nº 04
[140]
.
6.3.1 Justificativa e Objetivos
Existe no Brasil um mercado de trabalho crescente, localizado entre os
laboratórios primários e secundários e também nos diversos segmentos dos setores
industriais. Isso pode ser facilmente demonstrado pelo aumento do número de
trabalhadores técnicos em calibração e instrumentação que entre 1993 e 2000,
praticamente quadruplicou
[148]
. Embora não se possua informação sobre a demanda
atual, pode-se facilmente chegar à conclusão que, dado o exponencial crescimento
da produção industrial a partir do início de 2004, a falta de metrologistas
competentes pode vir a ser mais uma barreira à continuidade do crescimento da
indústria Brasileira. Assim, investir na preparação de recursos humanos em
metrologia é investir no desenvolvimento do Brasil.
6.3.2 Requisitos de Acesso
Sugere-se que sejam considerados aptos ao ingresso no curso, portadores de
diploma de curso técnico (qualquer modalidade) ou nível superior. Propõe-se que a
seleção seja realizada com base num sistema de pontuação que considere os
seguintes critérios:
Formação acadêmica prévia;
Justificativa do interesse em participar do curso (redigido pelo próprio
candidato na ocasião da inscrição para participar do processo de seleção);
Curriculum vitae do candidato;
Tempo de experiência profissional na área de metrologia.
Sugere-se também que todos os candidatos devam possuir experiência
mínima de dois anos na área de metrologia, levando-se em consideração as
88
condições estabelecidas na Tabela 6.3.
Tabela 6.3: Equivalência da formação em experiência necessária para admissão no curso
Formação Equivalência
Curso técnico (qualquer especialidade) Equivalente a um ano de experiência
Curso técnico na área de metrologia ou controle da
qualidade ou instrumentação ou automação ou
mecatrônica.
Equivalente a dois anos de experiência
Curso Superior (qualquer especialidade) Equivalente a dois anos de experiência
A admissão ao programa deverá ocorrer em função do parecer do
coordenador do curso, com base na formação do candidato, justificativa do interesse
em participar do curso, na avaliação do curriculum vitae e eventual entrevista.
Sugere-se a criação de um edital que contenha as diretrizes e normas para
inscrição e classificação no curso com os seguintes dados:
Período e local de inscrição;
Documentação necessária;
Data, local e horário da realização da entrevista;
Critério de classificação dos candidatos.
6.3.3 Perfil Profissional de Conclusão
O técnico metrologista especializado, ao término do curso, estará capacitado
a desenvolver atividades relacionadas à metrologia científica, industrial e legal,
obtendo competência para:
Executar calibrações, testes e ensaios;
Realizar avaliação de incerteza do processo de medição e de calibração;
Elaborar procedimento de experimentos, calibrações, testes, ensaios e outros;
Gerenciar os intervalos de calibração dos instrumentos;
Conhecer os métodos de utilização dos instrumentos de medição,
interpretando as leituras e identificando as fontes de influências;
Selecionar e qualificar instrumentos de medição frente aos requisitos de
tolerância, confiabilidade, conformidade, custo, tempo, treinamento
89
necessário e outros;
Interpretar normas técnicas relativas à garantia da qualidade laboratorial;
Utilizar ferramentas da qualidade para a busca da melhoria contínua da
qualidade de produtos e processos.
Além destas competências, o técnico metrologista especializado estará
devidamente preparado para atender ao corpo de competências profissionais
necessários para aprovação no exame de Técnico Metrologista Certificado,
detalhadas na seção 5.4.2.
6.3.4 Organização Curricular
A organização curricular proposta foi baseada em módulos, que são unidades
de conteúdos estabelecidos de acordo com as competências, habilidades, bases
tecnológicas exigidas pelo mercado de trabalho.
Para conceber um curso de acordo com as tendências identificadas da
multidisciplinariedade, torna-se necessário estruturar uma grade curricular
abrangente nos diversos campos do conhecimento. Dessa forma, propõe-se um
curso com carga horária total de 480 h
[149], [150], [151], [152], [153], [154] e [155]
, na qual 360
horas são destinadas às aulas teóricas, estudos de casos e solução de problemas
da qualidade. Entretanto, as outras 120 horas são dedicadas ao desenvolvimento do
trabalho de conclusão de curso, assim como visitas técnicas a laboratórios e
indústrias da região. Sugere-se que o curso seja constituído de quatro módulos
trimestrais, em que cada módulo exista uma disciplina de projeto integrador,
objetivando a interatividade dos conteúdos estudados no trimestre. A Tabela 6.4
sumariza as disciplinas propostas para compor o currículo do curso
[156], [157] e [158]
.
O módulo um apresentará a visão geral da metrologia e sua inserção no
campo pessoal, industrial e laboratorial, possuindo um projeto integrador na área de
Tecnologia Industrial Básica (TIB). o módulo dois contemplará disciplinas
específicas na formação, buscando uma habilitação profissional diferenciada, tanto
na área técnica, como na área da qualidade e desenvolvimento pessoal/profissional.
Inclui um projeto integrador focado na área industrial aplicado na Garantia da
90
Qualidade das Medições. O módulo três enfoca as necessidades dos laboratórios de
calibração e ensaios, possuindo um projeto integrador dedicado à Metrologia
Laboratorial. Como encerramento o módulo quatro é destinado à aplicação prática
dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso. Sugere-se que as visitas técnicas
a empresas e laboratórios da região sejam realizadas ao término do terceiro módulo,
servindo de provedor de subsídios para a realização dos Trabalhos de Conclusão de
Curso (TCC). Posteriormente o aluno estará capacitado a desenvolver o seu TCC,
contemplando um projeto de melhoria da qualidade na empresa ou laboratório onde
o aluno atua. Ao término do TCC, deve-se apresentar os resultados obtidos para
uma banca de no mínimo três professores. Sugere-se dois anos como prazo máximo
para a integralização do curso.
Tabela 6.4: Grade curricular proposta
Disciplinas Carga (h)
Fundamentos de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial
40
Métodos Matemáticos e Estatísticos Básicos 40
Ferramentas da Qualidade 20
Módulo 1
(120 h)
Projeto Integrador 1 - TIB 20
Métodos Estatísticos Aplicados à Metrologia 40
Sistemas de Medição 40
Relacionamento Interpessoal e Desenvolvimento Profissional 20
Módulo 2
(120 h)
Projeto Integrador 2: Metrologia na Garantia da Qualidade
Industrial
20
Avaliação da Incerteza de Medição 40
Gestão de Laboratórios de Calibração e Ensaios 20
Sistemas da Qualidade Laboratorial 20
Fundamentos de Automação da Medição 20
Módulo 3
(120 h)
Projeto Integrador 3: Metrologia Laboratorial 20
Visitas Técnicas a Empresas e Laboratórios 10 Módulo 4
(120 h)
Trabalho de Conclusão de Curso 110
Total 480
91
I. Fundamentos de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
Esta disciplina proporcionará noções e conceitos fundamentais de metrologia,
permitindo que os alunos compreendam a importância da metrologia
[159] e [160]
e suas
relações com os diversos campos de aplicação dentro das empresas, laboratórios e
outras organizações. Discutem-se temas tais como: terminologia do Vocabulário
Internacional de Metrologia (VIM)
[9]
, Sistema Internacional de unidades (SI)
[161] e [162]
,
conversão de unidades, constantes universais, Tecnologia Industrial Básica (TIB)
[163]
e sistemas de gestão da qualidade (ISO 9000 e ISO/TS 16949).
II. Métodos Matemáticos e Estatísticos Básicos
O objetivo desta disciplina é fomentar o aprendizado das ferramentas
matemáticas e estatísticas básicas necessárias para tratamento de problemas da
metrologia e da qualidade industrial
[164]
. Apresentar-se-ão temas tais como: notação
científica, arredondamento, fundamentos de probabilidade e estatística,
amostragem, distribuições de probabilidade, inferência estatística básica, correlação
e regressão, etc.
III. Ferramentas da Qualidade
O objetivo desta disciplina é fomentar o aprendizado dos métodos e técnicas
para solução de problemas da qualidade e melhoria da qualidade
[165]
. Serão
apresentados conceitos tais como: fundamentos da gestão da qualidade total
(TQC)
[166], [167], [168] e [169]
, melhoria contínua (ciclo PDCA), método de análise e
solução de problemas (MASP), 5S, análise de causa-efeito, 5-porquês, análise de
Pareto
[164]
, análise dos modos de falha e seus efeitos (FMEA)
[170], [171] e [172]
e
desdobramento da função qualidade (QFD)
[173], [174], [175], [176], [177] e [178]
.
IV. Projeto Integrador 1: TIB - Tecnologia Industrial Básica
Este projeto pretende fornecer ao aluno uma primeira abordagem da
metrologia frente suas diversas áreas de atuação, em respaldo e interação das
outras três disciplinas do trimestre. Sugere-se que cada aluno desenvolva um dos
Tópicos relacionados à Tecnologia Industrial Básica, no sentido de aplicação prática
dos conceitos. Sugere-se que esse primeiro projeto seja desenvolvido
individualmente, para que se possam identificar as opiniões particulares. É
importante que cada aluno apresente os resultados de seu projeto aos colegas.
92
V. Métodos Estatísticos Aplicados à Metrologia
A disciplina pretende fomentar o aprendizado das técnicas estatísticas que
possibilitam a análise de processos de fabricação e medição. Os temas propostos
são: controle estatístico de processos
[180], [181], [183] e [182]
por variáveis e atributos
(CEP), capacidade de processos por variáveis e atributos, análise dos sistemas de
medição
[165]
, análise de sistemas de inspeção por atributos, técnicas para
monitoramento contínuo do processo de medição (PMAP).
VI. Sistemas de Medição
Esta disciplina tem por objetivo fomentar o entendimento das características
dos sistemas de medição
[184] e [185]
e fornecer subsídios para sua seleção e utilização.
Os temas propostos são: princípios e métodos de medição para diferentes
grandezas, parâmetros característicos dos sistemas de medição, tipos de erros,
causas dos erros de medição, correção dos erros sistemáticos, técnicas para a
seleção e especificação de sistemas de medição
[186]
.
VII. Relacionamento Interpessoal e Desenvolvimento Profissional
O mercado busca por profissionais aptos a lidar com os diversos desafios que
surgem a cada dia
[187]
, interagindo com diversos setores da empresa e inclusive fora
da empresa, evidencia-se a necessidade por aperfeiçoamento das questões de
conduta profissional e ética. Dessa forma, apresenta-se nesta disciplina técnicas de
gestão, motivação, liderança, comunicação e desenvolvimento da criatividade para a
solução de problemas nas indústrias e laboratórios. Abordam-se também os
princípios da administração e noções de organização industrial.
VIII. Projeto Integrador 2: Metrologia na Garantia da Qualidade Industrial
Este segundo projeto integrador deverá fornecer a oportunidade de aplicar os
conhecimentos adquiridos no trimestre à metrologia no âmbito da garantia da
qualidade industrial. Sugere-se que esse trabalho seja desenvolvido em grupo para
que haja uma maior discussão entre os alunos sobre o tema proposto.
IX. Avaliação da Incerteza de Medição
Esta disciplina apresenta os conceitos e técnicas de avaliação da incerteza de
medição através da interpretação do ISO-GUM
[188] e [189]
. Propõe-se também que
sejam realizadas práticas voltadas às áreas de metrologia mecânica, geométrica,
elétrica e térmica, conforme o interesse demonstrado pela pesquisa de opinião, a fim
93
de exemplificar a real aplicação do balanço de incerteza de medição. Serão
estudados os métodos e procedimentos de calibração, fontes de incerteza, número
de graus de liberdade efetivos, incerteza padrão, incerteza expandida, certificado de
calibração, etc.
X. Gestão de Laboratórios de Calibração e Ensaio
Esta disciplina proporcionará informação sobre as técnicas de gerenciamento
e sustentabilidade econômica de laboratórios de calibração e ensaios, antes e após
a acreditação
[190]
. Serão abordados tópicos de empreendedorismo e também serão
analisados os aspectos técnicos de um modelo de gestão assim com os aspectos
econômicos.
XI. Sistemas da Qualidade Laboratorial
Esta disciplina é focada no detalhamento dos princípios e conceitos
relacionados ao sistema de garantia da qualidade e confiabilidade metrológica de
laboratórios de calibração e de ensaios. Usar-se-ão intensivamente estudos de
casos realizados na implantação dos requisitos de gestão e requisitos técnicos da
Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17025:2001
[191]
. Indiretamente, almeja-se formar
auditores internos
[192]
de laboratórios de calibração e ensaio para apoiar atividades
de implantação da Norma Brasileira NBR ISO/IEC 17025:2001.
XII. Fundamentos de Automação da Medição
Nesta disciplina são apresentados e discutidos os cuidados e detalhes
técnicos para a implementação da automação da medição e calibração. Serão
discutidos também: os métodos, tipos, vantagens, desvantagem, restrições,
softwares, aplicações e validações dos sistemas automatizados de medição e
calibração.
XIII. Projeto Integrador 3: Metrologia Laboratorial
Este terceiro projeto integrador deverá proporcionar um âmbito de aplicação
dos conhecimentos adquiridos no trimestre, aplicado a Metrologia Laboratorial.
Sugere-se que esse trabalho seja desenvolvido em grupo para que haja uma maior
discussão entre os alunos sobre o tema proposto.
XIV. Trabalho de Conclusão de Curso
O trabalho de conclusão de curso tem por objetivo verificar a capacidade de
implementação prática dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso na solução
94
de problemas ou melhoria da qualidade de produtos e/ou processos relacionados à
área de metrologia. Objetiva-se também verificar a capacidade de argüição do aluno,
frente a uma banca de no mínimo três professores, para comprovar os resultados
obtidos com a execução do trabalho.
6.3.5 Critérios de Aproveitamento de Conhecimentos e Experiências Anteriores
Sugere-se que todos os conhecimentos e experiências anteriores,
provenientes de cursos técnicos e superiores sejam validados, desde que
diretamente relacionados com o perfil do Metrologista e que não se ultrapasse o
limite de 25 % do total da grade curricular proposta.
6.3.6 Critérios de Avaliação
A avaliação do aproveitamento do aluno durante o curso deve ser feita de
maneira contínua, acumulativa e abrangente, preponderando os aspectos
qualitativos sobre os quantitativos.
Entende-se por aspectos qualitativos o grau de habilidade do educando,
comportamento, assiduidade, aperfeiçoamento das atividades desenvolvidas,
organização de idéias e a expressão pessoal.
Sugere-se avaliar o rendimento escolar do aluno pelo aproveitamento,
envolvendo os aspectos cognitivos, afetivos e psicomotores, através de variados
instrumentos de avaliação, tais como:
Observação diária dos professores;
Trabalhos de pesquisa individual ou em grupo;
Entrevistas e argüições;
Resolução de exercícios;
Execução de experimentos ou projetos;
Trabalhos práticos;
Relatórios referentes aos projetos integradores e;
Outros instrumentos que a experiência pedagógica indicar.
Além dessas avaliações, propõe-se uma avaliação escrita, ao término de
cada disciplina, exceto para os projetos integradores e TCC, sendo esta expressa
95
em nota de zero a dez.
Sugere-se que o aluno que obtiver nota superior a 7,5 seja considerado
aprovado na disciplina. Caso o aluno não consiga nota igual ou superior a 7,5,
sugere-se que o mesmo seja submetido a uma segunda avaliação na mesma
disciplina. Persistindo a nota inferior a 7,5, sugere-se que ele seja reprovado na
disciplina e por conseqüência no módulo. Sugere-se adotar a freqüência nima
obrigatória para aprovação do aluno igual ou superior a setenta e cinco por cento
sobre o total de horas letivas do módulo.
Propõe-se que caso o aluno deixe de realizar a avaliação por motivo
justificado, o mesmo possa apresentar em prazo de até três dias úteis após a
avaliação, o atestado ou comprovante oficial, para adquirir o direito de submeter-se a
uma segunda avaliação.
6.3.7 Instalações e Equipamentos
O curso deverá ser realizado por instituições que possuam infra-estrutura
própria e adequada de laboratórios de metrologia na área de interesse do curso,
assim como salas de aula com recursos tecnologicamente avançados.
Alternativamente, a instituição responsável pelo curso pode assinar acordos com
outras instituições, laboratórios ou empresas da região para realização das
atividades práticas, especialmente aquelas associadas aos trabalhos integradores e
o trabalho final de curso.
6.3.8 Pessoal Docente e Técnico
O perfil docente mais adequado para assumir as disciplinas é: um profissional
com formação acadêmica específica, em nível de mestrado, de acordo com o tema
de cada disciplina. O autor atribui o nível universitário com experiência profissional
superior a cinco anos, como sendo a exigência mínima para a docência.
6.3.9 Certificados e Diplomas
Ao término do curso proposto, o aluno que obtiver aproveitamento adequado
96
nos três módulos e também no TCC, receberá um Certificado de Especialização
Profissional em Metrologia.
6.4 ANÁLISE FINANCEIRA
Propõe-se uma estimativa do resultado financeiro que pode ser obtido a partir
de dados projetados, bem como uma previsão do capital necessário para as
atividades, investimentos em equipamentos, materiais e despesas diversas
necessárias para instalação e funcionamento inicial do curso
[193]
. Para a implantação
do curso pós-técnico em metrologia, considerou-se uma estimativa das receitas e
despesas baseada na atual infra-estrutura das instalações do Senai de Blumenau.
Demonstra-se na Tabela 6.5 os resultados obtidas com este levantamento.
97
Tabela 6.5: Análise financeira
98
Estimou-se uma taxa de evasão próxima a 8 % para o melhor caso, baseado
na experiência do que ocorre atualmente com os cursos técnicos do Senai de
Blumenau na área de automação, eletrônica, mecânica, ambiental e outros. Atribuiu-
se um valor de R$ 195,00 por mês levando-se em consideração as simulações e
expectativa de despesas e resultados esperados. Foram simuladas duas opções
extremas, supervalorizando-se os custos no pior caso e subestimando os custos no
melhor caso, objetivando então verificar os riscos de implementação prática do
curso. Observa-se nas Figura 25 e Figura 26 os resultados das análises financeiras
de “Pior Caso” e também de “Melhor Caso”.
Figura 25: Análise financeira: Pior caso
Figura 26: Análise financeira: Melhor caso
Pode-se concluir então que existe uma margem aceitável entre o melhor caso
e o pior caso da análise financeira. Sugere-se o desenvolvimento de um plano de
99
negócios atrelado a um plano de marketing para garantir a eficácia da previsão
descrita. O planejamento estratégico de marketing é uma forma de encarar os
negócios com métodos e antevisão, prevendo e antecipando-se aos fatos,
decompondo o problema em partes administráveis
[194]
.
Propõe-se um planejamento estratégico de marketing que contenha
basicamente as seguintes etapas:
1. Definição do negócio e da missão corporativa;
2. Análise do ambiente interno e externo;
3. Avaliação de recursos;
4. Definição de objetivos e metas;
5. Formulação de estratégias;
6. Preparação do plano;
7. Implantação do plano;
8. Controle de resultados.
6.5 Resultados Esperados
Espera-se ao término do curso que o Técnico Especializado detenha as
seguintes competências:
Entender os fundamentos básicos de Metrologia, Normalização e Qualidade;
Identificar em catálogos as características técnicas dos instrumentos de
medição;
Conhecer os métodos de utilização dos instrumentos de medição,
interpretando as leituras e identificando as fontes de influências;
Selecionar e qualificar instrumentos de medição frente aos requisitos de
tolerância, confiabilidade, conformidade, custo, tempo, treinamento
necessário e outros;
Interpretar normas técnicas relativas à garantia da qualidade laboratorial;
Realizar avaliação de incerteza do processo de medição e de calibração;
Executar calibrações, testes e ensaios;
Elaborar procedimento de experimentos, calibrações, testes, ensaios e outros;
Gerenciar os intervalos de calibração dos instrumentos;
100
Avaliar certificados de calibrações;
Utilizar ferramentas da qualidade para a busca da melhoria contínua da
qualidade de produtos e processos;
Ser provedor da divulgação da cultura metrológica nos seus diversos setores.
Além de se obter competência técnica especializada, almeja-se formar um
profissional apto para atender as necessidades atuais de mercado, bem como
capacitá-lo para aprovação no exame de “Técnico Metrologista Certificado”.
6.6
Desafios Atuais
De modo geral, é possível verificar que muitas empresas formam, por si
próprias, os profissionais da calibração e instrumentação de que necessitam. Para
tanto, recorrem a técnicos que tenham uma razoável formação teórica,
disponibilizando seus próprios equipamentos para que seja possível desenvolver as
aptidões práticas necessárias para bom desempenho profissional. O curso pós-
técnico em metrologia almeja quebrar este paradigma, fomentando a especialização
teórica e prática dos atuais técnicos das diversas áreas do conhecimento de
metrologia numa instituição especializada.
O grande desafio na formação dos atuais técnicos está relacionado à falta de
capacidade para resolução de problemas. Cada vez mais, o mercado está exigindo
um profissional que pense, que resolva problemas e desafios que muitas vezes não
são da área de sua formação específica, mas sim de outros setores da indústria.
Percebe-se então uma forte necessidade de se formar profissionais polivalentes,
aptos a encarar desafios. Pode-se observar que atualmente muitas das atividades
relacionadas aos metrologistas acabam sendo desenvolvidas por outros técnicos,
principalmente da área mecânica e da eletricidade, pelo fato de existirem poucos
profissionais formalmente capacitados na área técnica de metrologia para atender as
necessidades de mercado.
Além do curso proposto, deve-se começar a pensar no desenvolvimento de
um esquema organizado para a certificação dos atuais cursos industriais de
qualificação em metrologia existentes no mercado. Dessa forma, será possível
atender não somente os “Técnicos”, mas sim todo e qualquer profissional que tiver
101
interesse em adquirir conhecimentos na área de metrologia, e mantendo o respaldo
de organizações confiáveis.
102
7 CONCLUSÕES E CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisando o cenário apontado por este trabalho, projeta-se um futuro com
ênfase na certificação de pessoas. O planejamento e a avaliação da qualidade torna-
se cada vez mais necessário nas empresas e laboratórios. O conceito de qualidade
evoluiu rapidamente ao longo do tempo, compreendendo não apenas o produto final,
mas também o processo e as pessoas. Pessoas certificadas e qualificadas deverão
fazer parte de uma equipe multifuncional, desafiadas a produzir produtos e
processos cada vez mais robustos e capazes de atender aos requisitos
especificados a custos aceitáveis ao consumidor.
O esforço tecnológico é fator importante de competitividade que se reflete na
incorporação de máquinas e equipamentos modernos ao processo produtivo. Esses
equipamentos devem estar adaptados, atendendo aspectos qualitativos e
quantitativos, porém por trás de toda essa tecnologia estão as pessoas que devem
estar prontas e altamente qualificadas para superar os desafios.
Nessa totalidade, foi realizado o levantamento nacional do estado da arte dos
atuais cursos de metrologia em nível técnico, pós-técnico, tecnológico e pós-
graduações. Verificou-se um número restrito de cursos disponíveis no mercado.
A pesquisa de opinião desenvolvida junto às instituições de ensino, indústrias
e laboratórios do Brasil, apontou as realidades e necessidades do setor metrológico.
Comprovou-se também que existe um grande despreparo dos atuais técnicos e
engenheiros que atuam nos diversos segmentos da metrologia, desde as atividades
mais elementares como também nas atividades mais complexas prestadas por
laboratórios de calibração e ensaio. Dessa forma, foi possível identificar o universo
de aplicações da metrologia frente às indústrias e laboratórios, assim como as
grandezas de maior interesse para as empresas.
Foram propostas regras ordenadas de auxílio à acreditação da SBM pelo
INMETRO como órgão certificador de pessoas na área metrológica. Além destas
regras, também foi proposta uma categoria de certificação de pessoas em
metrologia que visa satisfazer as demandas da indústria Brasileira nos próximos (5 a
103
10) anos.
Ao término do trabalho estruturou-se um modelo de curso Pós-técnico em
metrologia, em concordância com os requisitos apontados pela pesquisa de
mercado, assim como os requisitos imprescindíveis para a certificação de pessoas.
Embora o curso ainda não tenha sido implantado, considera-se que a
proposta é adequada e vem atender uma necessidade focada de especialização
profissional em metrologia. Este curso vem a preencher uma lacuna na área de
metrologia, possibilitando a complementação desejada que, geralmente, é
encontrada em cursos de especialização lato sensu e stricto senso.
7.1 RECOMENDAÇÕES
Observou-se ao longo do estudo, outras iniciativas semelhantes na difusão da
cultura metrológica dentro dos diversos níveis do conhecimento. Embora a pesquisa
realizada tenha resultado em dados satisfatórios e exaltações positivas, verificou-se
também que a cultura de muitos empresários responsáveis por tomada de decisões,
não está em concordância com os resultados que podem ser obtidos através de
qualificação adequada de seus profissionais. Desta forma, torna-se necessário focar
nas vantagens associadas à metrologia, assim como os retornos que poderão ser
obtidos com a qualificação e certificação de seus profissionais.
Apesar desse desafio, espera-se obter inserção da metrologia frente essas
indústrias através da qualificação e certificação de pessoas.
Um técnico metrologista, quando capacitado e qualificado para uma
determinada tarefa, estará apto para:
Discutir com o pessoal de desenvolvimento sobre as características e
requisitos do produto;
Propor mudanças junto ao pessoal de produção, sobre o método e
funcionamento do processo;
Interagir com outras empresas do setor, buscando soluções aos problemas
identificados;
Decidir sobre o melhor sistema de medição para uma determinada tarefa,
levando em consideração aspectos como controle estatístico do processo,
104
tolerância, conformidade, custo, tempo, treinamento necessário, dentre
outros.
Em resumo, apresentando-se um plano estratégico bem definido, explicando
detalhadamente as vantagens obtidas por intermédio da metrologia aos
empresários, espera-se contribuir para a implantação do curso proposto.
7.2 ASPECTOS IMPORTANTES A CONSIDERAR
É válido lembrar que, a capacitação de pessoas em metrologia agrega as
seguintes vantagens aos setores industriais e laboratoriais:
Melhora a qualidade do produto;
Melhora o projeto do produto;
Reduz os custos de fabricação;
Reduz as perdas por refugo e retrabalho;
Reduz os prazos de entrega;
Melhora a moral dos empregados;
Aumento do prestígio da empresa;
Possibilita prever o processo produtivo;
Aumenta a produtividade;
Fornece condições para a empresa cumprir contratos propostos.
A partir destas vantagens, conclui-se que:
Reduz-se custos com medição e inspeção;
Torna o planejamento da produção mais realista e eficiente.
7.2.1 Aspectos em Destaque
Esta iniciativa de curso de especialização em nível técnico é uma ação
inovadora, uma vez que almeja criar bases sólidas para a certificação de pessoas. A
grande dificuldade de se encontrar referências para esse tema também se torna
outro aspecto de destaque. Várias fontes internacionais de organismos de
certificação foram consultados
[79] e [80]
, mas com restrições de informações.
Objetivou-se dessa forma gerar um estudo preliminar e destacar a importância da
certificação de pessoas em metrologia, assim como a repercussão que o mesmo
105
pode causar nacionalmente.
7.3 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Espera-se que esse seja apenas um dos muitos trabalhos a serem
desenvolvidos na área de certificação de pessoas. Verifica-se que existem várias
oportunidades de seqüência do trabalho proposto, sendo algumas idéias colocadas
em destaque abaixo:
Detalhamento das diretrizes e documentos para a acreditação da SBM pelo
INMETRO para atender os requisitos da Norma Brasileira NBR ISO/IEC
17024:2004.
Estruturação de uma metodologia de auxílio à implantação do Conselho de
Certificação, Agência de Certificação e Centros de Exames de Certificação de
Pessoas da SBM;
Sistematização de métodos e técnicas para a garantia da efetiva implantação
de cursos pós-técnicos em metrologia;
Estudo das possibilidades de diversificação do escopo de certificação de
pessoas em metrologia, de acordo com a região de interesse;
Desenvolvimento de um esquema de certificação dos treinamentos industriais
que qualificam profissionais para exames de certificação de pessoas em
metrologia.
Viabilização de ensino à distância ou semipresencial que permita a
participação do público de regiões afastadas.
106
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