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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA PRODUÇÃO DE
FORÇA EM REMADORES
RAFAEL REIMANN BAPTISTA
Orientador
Dr. ALVARO REISCHAK DE OLIVEIRA
PORTO ALEGRE, 2005.
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DO MOVIMENTO HUMANO
ASPECTOS FISIOLÓGICOS DA PRODUÇÃO DE
FORÇA EM REMADORES
RAFAEL REIMANN BAPTISTA
Orientador
Dr. ALVARO REISCHAK DE OLIVEIRA
Dissertação apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em Ciências do
Movimento Humano, da Escola de
Educação Física, da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, como
requisito parcial para obtenção do grau
de mestre.
PORTO ALEGRE, 2005.
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3
B222a Baptista, Rafael Reimann
Aspectos fisiológicos da produção de força em remadores. /
Rafael Reimann Baptista. - Porto Alegre: Escola de Educação Física
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2005.
156 f.; il.
Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do
Sul. Escola de Educação Física. Programa de Pós-Graduação em
Ciências do Movimento Humano, 2005.
1. Remo : Biomecânica. 2. Fisiologia do exercício : Lactato. I. Título. II. Oliveira, Alvaro
Reischak, orientador.
CDU: 797.123:796.012
Ficha catalográfica elaborada por Cintia Cibele Ramos Fonseca, CRB-10/1313
4
"Por mais crítica que seja a situação
e as circunstâncias em que te
encontrares, não te desesperes. Nas
ocasiões em que tudo inspira temor,
nada deves temer. Quando estiveres
cercado de todos os perigos, não
deves temer nenhum. Quando
estiveres sem nenhum recurso,
deves contar com todos. Quando
fores surpreendido, surpreende o
inimigo”.
5
Sun Tzu em “A Arte da Guerra”.
6
AGRADECIMENTOS
O homem é um ser coletivo que só evolui graças a sua interação com os
seus semelhantes, resultado de uma troca contínua de informações, experiências e
emoções. No âmbito acadêmico isto não é diferente. O presente trabalho é fruto da
contribuição direta ou indireta de diversas pessoas, as quais gostaria de prestar os meus
mais profundos agradecimentos.
Agradeço aos meus pais, Paulo Roberto Jaeger Baptista e Marta Reimann
(in memoriam) pela educação, amor e compreensão. Aos meus irmãos, Henrique
Reimann Moura e Cristofer Reimann Moura, pela sua confiança e amizade.
A minha noiva Laura Cristina Ely Zibetti, pelo amor, carinho e
compreensão nas ausências exigidas para a conclusão deste trabalho.
Agradeço ao meu orientador, Prof. Alvaro Reischak de Oliveira, pela
confiança, oportunidades, amizade e por ter me ensinado o que realmente é fazer ciência
em fisiologia do exercício.
Todos os professores do Programa de Pós Graduação em Ciências do
Movimento Humano (PPGCMH) contribuíram para a realização desse trabalho, através
de seus ensinamentos, “puxões de orelha”, exemplos e atenção a mim destinada.
Agradeço em especial aos seguintes professores:
Prof. Alberto Reppold Filho, pelo exemplo do que é realmente ser um
professor.
Prof. Adroaldo Araújo César Gaya, pelo comprometimento com o perfil de
formação do profissional de Educação Física.
Prof. Marco Vaz, pelo seu respeito e consideração aos alunos.
7
Prof. Guimarães, pela sua postura profissional e exemplo esportivo, tão
importante em nossa área.
Prof. Jefferson Loss, pelo seu exemplo de orientação “paternal” aos colegas
do Grupo de Pesquisa em Biomecânica.
Prof. Luiz Fernando Martins Kruel, pelo seu exemplo de sucesso e
desenvolvimento profissional na área da Educação Física, que na minha opinião, é tão
importante quanto o seu sucesso e reconhecimento acadêmico.
Gostaria de agradecer também ao Prof. Luiz Fernando Martins Kruel e Prof.
Jefferson Fagundes Loss pela avaliação do projeto deste trabalho na ocasião da
qualificação do mesmo.
Agradeço desde já também aos membros da banca, pela atenção destinada a
avaliação desta dissertação de mestrado.
O convívio com os colegas do curso foi muito importante para essa minha
produção. Principalmente os meus colegas do PPGCMH que me ajudaram com sua
amizade, carinho, discussões acadêmicas, e também com as festas e churrascos.
Também os grupos GEFEX (Grupo de Estudos em Fisiologia e Bioquímica do
Exercício), GPAA (Grupo de Pesquisa em Atividades Aquáticas) e Grupo de pesquisa
em Biomecânica. Agradeço particularmente aos seguintes colegas:
Profa. Letícia Gandolfi de Oliveira, pela amizade e companheirismo no
estudo da fisiologia e biomecânica do remo, bem como pelos ensinamentos de
biomecânica, análise de sinais biológicos e todo o auxílio prestado durante as coletas e
análises dos dados, fundamentais para a realização deste trabalho.
Prof. Gabriel Bosak de Figueiredo, pela amizade e companheirismo no
estudo da fisiologia e biomecânica do remo, pelo auxílio prestado durante as coletas de
dados, pela intermediação entre a equipe de remo do Grêmio Náutico União (GNU) e ao
8
nosso grupo de pesquisa e pela atenção nos ensinamentos práticos dos fundamentos
básicos deste esporte. Aos professores Carlos Eduardo Markowski Del Rio e Giovanni
Cunha, pela amizade e pelos auxílios nas coletas de dados.
Agradeço a toda equipe de remo do GNU, em especial ao Prof. Ricardo
Contieri, por ter cedido os atletas a este estudo. Muito obrigado por acreditar e
contribuir na construção de conhecimento científico na Educação Física.
Aos professores Leonardo Peyré Tartaruga, Marcus Tartaruga e Jerri Luiz
Ribeiro, pelas trocas de informações e pela configuração do anteprojeto que veio a se
tornar posteriormente o meu projeto de mestrado. Agradeço ao Prof. Leonardo Peyré
Tartaruga também pelo auxílio dado no tratamento estatístico deste trabalho.
Agradeço as minhas colegas a Nutricionista Ana Paula Fayh e a Profa.
Caroline Siqueira pelo coleguismo cultivado desde a especialização e amadurecido no
mestrado.
Agradeço aos colegas Nutricionista Ms. Cláudia Dornelles Schneider, Prof.
Ms. Otávio Bertoletti, Prof. Ms. Marcelo Morganti Sant´Anna e ao Prof. Ms. André
Estrela pelas dicas, material fornecido, sugestões e indicações, as quais em função de
suas vivências anteriores, poupou muitos problemas e contribuiu muita na elaboração
desta dissertação.
Agradeço também aos colegas Fisioterapeutas Ms. Feliciano Bastos Neto,
Ms Daniela Aldabe, Ms. João Paulo Cañero e aos Professores Ms Fernando
Diefenthaeler, Ms. Débora Rios Garcia, Ms. Denise Pascoal Soares e Orlando Laitano,
que contribuíram, cada um a sua maneira, para este trabalho. Em especial a minha
colega e amiga Daniela Aldabe, por todo o seu auxílio no desenvolvimento deste
trabalho.
9
Agradeço à consultoria em Bioestatística da Dra. Lucia Pellanda e Ms.
Ceres Oliveira e também à consultoria em Biomecânica do Prof. Milton Zaro.
O coleguismo e bons momentos compartilhados dos meus colegas de
trabalho na academia Biofitness e Action Fitness Club, em especial aos Professores Zé
Gioscia, Profa. Kika, Prof. Renato Schmitt, Profa. Sônia Lacerda, Prof. Daniel Cabral,
Prof. Giovanni Mariath Arísio, Prof. Leonel Villeroy, Prof. Fernando Viero, Prof.
Alexandre, Profa. Bárbara Hocsman, Prof. Maximiliano Dietrisch foram muito
importantes nesse momento de produção.
Assim como meus amigos do Guacamaya Nutrição Natural, Fabiano e
Alexandre De Franceschi, que me mantiveram alimentado durante 90% do curso de
mestrado.
Agradeço a Academia Biofitness pela oportunidade de trabalho e
compreensão nos momentos de exigência ao longo do Curso de Mestrado.
É importante agradecer também a todos os funcionários do PPGCMH e
LAPEX pela assessoria prestada a nós alunos. Em especial ao André (Secretaria
PPGCMH) e ao Luciano e Luiz (Secretaria LAPEX).
Agradeço a Honor de Almeida Neto, pela força “epistemológica” prestada.
E por último, mas não menos importante, gostaria de agradecer ao CNPq
pela bolsa de pesquisa a mim concedida e ao CENESP pelo apoio financeiro ao LAPEX
que possibilitou a realização deste estudo.
Enfim, ratifico meus agradecimentos a todas as pessoas e grupos citados,
bem como aquelas pessoas que por um acaso eu tenha esquecido de citar:
Muito Obrigado!
10
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS .....................................................................................................12
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................14
LISTA DE QUADROS...................................................................................................15
LISTA DE ABREVIATURAS........................................................................................16
LISTA DE UNIDADES DE MEDIDA...........................................................................18
RESUMO ........................................................................................................................19
ABSTRACT ....................................................................................................................20
1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................21
1.1 Objetivos................................................................................................................24
1.2 Hipóteses..............................................................................................................25
1.3 Definição operacional de termos...........................................................................26
2. REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................30
2.1 Aspectos fisiológicos do remo...............................................................................30
2.1.1 Respostas cardiorrespiratórias no remo .......................................................30
2.1.2 Limiar anaeróbico no remo...........................................................................39
2.2 Aspectos biomecânicos do remo...........................................................................47
2.2.1 Cinesiologia da remada.................................................................................47
2.2.2 Neuromecânica do remo ...............................................................................52
3. METODOLOGIA........................................................................................................59
3.1 Caracterização da pesquisa....................................................................................59
3.2 População e amostra..............................................................................................59
3.3 Aspectos éticos ....................................................................................................60
3.4 Variáveis................................................................................................................61
3.4.1 Variável independente...................................................................................61
3.4.2 Variáveis dependentes ...................................................................................61
3.4.3 Variável de controle.......................................................................................62
3.4.4 Variáveis de caracterização da amostra .......................................................63
3.5 Instrumentos de medida.........................................................................................64
3.5.1 Cardiotacômetro ............................................................................................64
3.5.2 Ergoespirômetro ............................................................................................65
3.5.3 Lactímetro......................................................................................................66
3.5.4 Remoergômetro..............................................................................................67
11
3.5.5 Célula de carga..............................................................................................68
3.5.6 Aparelhos para medição e avaliação da composição corporal....................69
3.5.7 Programas de computador utilizados............................................................70
3.5.8 Ficha de coleta de dados ...............................................................................72
3.6 Procedimentos de coleta de dados.........................................................................72
3.7 Protocolo de testes.................................................................................................73
3.7.1 Coleta de dados prévios ao teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro........................................................................................................73
3.7.2 Calibrações.....................................................................................................75
3.7.3 Protocolo do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro..........77
3.7.4 Coleta de dados cardiorrespiratórios (FC, VO
2
, VCO
2
, VE, RER, MET)...78
3.7.5 Coleta do lactato ............................................................................................78
3.7.6 Coleta de dados biomecânicos (força, potência e impulso)..........................79
3.8 Análise dos dados..................................................................................................80
3.8.1 Determinação do limiar de lactato................................................................81
3.8.2 Aspectos cardiorrespiratórios (FC, VO
2
, VCO
2
, VE, e RER)......................82
3.8.3 Aspectos lactacidêmicos ................................................................................83
3.8.4 Aspectos biomecânicos (força, potência e impulso).....................................83
3.9 Tratamento estatístico............................................................................................90
4. RESULTADOS...........................................................................................................91
4.1 Caracterização da amostra.....................................................................................91
4.2 Resultados obtidos no limiar de lactato.................................................................93
4.3 Resultados obtidos no estágio máximo ...............................................................101
4.4 Correlação entre as respostas obtidas no limiar de lactato e o tempo para o pico de
força...........................................................................................................................110
4.5 Correlação entre as respostas máximas e o tempo para o pico de força..............111
4.6 Comparação das respostas fisiológicas e biomecânicas após as modificações no
formato da curva de força x tempo...........................................................................113
5. DISCUSSÃO.............................................................................................................121
6. CONCLUSÕES, SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS E LIMITAÇÕES......136
REFERÊNCIAS ............................................................................................................141
ANEXOS.......................................................................................................................154
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Cardiotacômetro Polar S610 Polar Electro (OY – Finland). ........................ 64
Figura 2 - Ergoespirômetro Medical Graphics Corporation Cardiopulmonary Exercise -
System CPX/D 350 Oak Grove Parkway St Paul MN 55127 – USA...................... 65
Figura 3 - Lactímetro Accutrend®................................................................................. 66
Figura 4 - Remoergômetro Concept II Morrisville - USA.............................................. 68
Figura 5- Célula de carga Laboratório de Medições Mecânicas UFGRS instalada no
remoergômetro ....................................................................................................... 69
Figura 6 - Remoergômetro instrumentalizado com célula de carga e ergoespirômetro. 80
Figura 7 - Determinação do limiar de lactato pelo método D máx. ............................... 82
Figura 8 - “Anatomia” da curva de força x tempo – Adaptado de TORRES – MORENO
et al. (1999) e MANUAL DO REMOERGÔMETRO CONCEPT II (2005). ....... 85
Figura 9 - Gráfico mostrando o processo de seleção das curvas de força x tempo........ 87
Figura 10 – Sincronização para soma das 10 curvas de força selecionadas................... 88
Figura 11 – Curva de força x tempo média.................................................................... 89
Figura 12 – Curva de cinética de lactato dos remadores................................................ 93
Figura 13 - Comparação do TP entre remadores no estágio de limiar de lactato........... 96
Figura 14 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato.......................................... 98
Figura 15 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato.......................................... 98
Figura 16 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato........................................ 100
Figura 17 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato........................................ 100
Figura 18 - Classificação dos remadores no estágio máximo ...................................... 103
Figura 19 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo.......................................................... 106
Figura 20 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo.......................................................... 106
Figura 21 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo.......................................................... 108
13
Figura 22 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo.......................................................... 109
Figura 23 - Correlação entre La e o TP no estágio máximo......................................... 112
Figura 24 - Comparação da produção de CO
2
de limiar entre os grupos..................... 116
Figura 25 - Comparação da produção de CO
2
máxima entre os grupos....................... 117
Figura 26 - Comparação da ventilação máxima entre os grupos.................................. 118
Figura 27 - Comparação da potência máximo entre os grupos.................................... 119
Figura 28 - Comparação do tempo p/ pico máximo entre os grupos............................ 120
14
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Caracterização da amostra.............................................................................. 92
Tabela 2: Respostas fisiológicas obtidas no limiar de lactato........................................ 94
Tabela 3: Respostas biomecânicas obtidas no limiar de lactato..................................... 95
Tabela 4: Comparação do TP entre remadores no estágio de limiar de lactato.............. 95
Tabela 5: Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato.......................................... 97
Tabela 6: Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato.......................................... 99
Tabela 7: Respostas fisiológicas máximas atingidas no teste cardiopulmonar de
exercício em remoergômetro................................................................................ 102
Tabela 8: Respostas biomecânicas máximas atingidas no teste cardiopulmonar......... 102
Tabela 9: Classificação dos remadores no estágio máximo......................................... 103
Tabela 10: Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo.......................................................... 105
Tabela 11: Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo.......................................................... 108
Tabela 12: Correlação entre as respostas no limiar de lactato e o TP.......................... 110
Tabela 13: Correlação entre as respostas no estágio máximo e o TP........................... 112
Tabela 14: Comparação entre respostas fisiológicas e biomecânicas com índices de
significância ou limítrofes entre os 3 grupos formados........................................ 115
15
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Compilação de estudos sobre rotas metabólicas no remo. Extraído de
MÄESTU (2004) com autorização......................................................................... 36
Quadro 2: Nomenclaturas usadas por alguns estudos para descrever o limiar anaeróbico.
Adaptado de TOKMAKIDIS (1990) com permissão............................................. 42
Quadro 3: Critérios, ergômetros e sujeitos empregados em estudos sobre determinação
do limiar anaeróbico. Adaptado de TOKMAKIDIS (1990) com permissão.......... 46
16
LISTA DE ABREVIATURAS
AT
4
Anaerobic Threshold of 4 mM of lactate
ATP Adenosina trifosfato
CO
2
Dióxido de carbono
DC Débito cardíaco
DP Desvio padrão
F Força
FC Freqüência cardíaca
FFT Fast fourier transformation
I Impulso
IAT Individual anaerobic threshold
L Litros
La Lactato
LL Limiar de lactato
LV1 Limiar ventilatório 1
LV2 Limiar ventilatório 2
máx. Máximo
MC Metade da curva
MED Média
méd. Médio
MET Equivalente metabólico
MI Membros inferiores
MLSS Maximal lactate steady state
MS Membros superiores
O
2
Oxigênio
P Potência
PA Pressão arterial
RER Respiratory exchange rate
RML Resistência muscular localizada
SPSS Statistical packet for social sciences
TC Tempo de curva
TP Tempo para o pico de força
VCO
2
Produção de dióxido de carbono
17
VE Ventilação
VO
2
Consumo de oxigênio
VO
2
/kg Consumo de oxigênio relativo à massa corporal
VS Volume sistólico
W Trabalho
18
LISTA DE UNIDADES DE MEDIDA
µl microlitros
bpm batimentos por minuto
g/mm
2
grama por milímetros quadrados
Hz Hertz
J Joules
km quilômetros
L litros
lb libras
m metros
min minutos
mL.kg
-1
.min
-1
mililitros por quilograma por minuto
mM milimolar
mm milímetros
mm
2
milímetros quadrados
N Newton
N.seg
-1
Newton por segundo
rpm remadas por minuto
seg segundos
W Watt
W.kg
-1
Watts por quilograma
19
RESUMO
Atualmente a ciência do esporte requer abordagens que combinem o estudo
de aspectos biomecânicos e fisiológicos para o correto entendimento dos fenômenos
relacionados ao desempenho humano. Desta forma, o objetivo geral deste estudo foi
analisar as relações e as diferenças entre os formatos de curva de força x tempo e as
respostas fisiológicas e biomecânicas de remadores. Quinze remadores (24,47±5,21
anos, 83,51±7,19 kg, 185,50±6,53 cm e 13,68±1,65 % de gordura), foram submetidos a
um teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro. Foram medidas as respostas
de VO
2
, VCO
2
, VE, RER, MET, lactato, FC, força, potência e impulso, tanto no estágio
de limiar de lactato quanto no estágio máximo alcançado pelos remadores. O
Tratamento estatístico foi composto por Teste t-Student para amostras independentes,
Correlação Linear de Pearson, Teste Qui-Quadrado de McNemar e ANOVA one-way.
O nível de significância adotado foi de 5%. Os remadores foram classificados em dois
grupos: stroke (pico de força na primeira metade da curva de força x tempo) e bow (pico
de força na segunda metade da curva de força x tempo). No estágio de limiar de lactato
foram identificados três remadores com perfil stroke e 12 com perfil bow, não havendo
diferenças significativas nos parâmetros fisiológicos e biomecânicos entre os dois
grupos, bem como não havendo correlações significativas entre o formato de curva de
força e as respostas fisiológicas e biomecânicas. No estágio máximo alcançado pelos
remadores foi possível classificar oito remadores como stroke e sete bow, sendo que
estes últimos apresentaram menores valores de lactato, embora sem significância
estatística (p=0,067), e maiores níveis de produções de potência (p=0,037). Foram
encontradas correlações regulares negativas entre o lactato sangüíneo e: a) o tempo para
o pico de força(r= -0,556 e p=0,031); b) o tempo de curva (r= -0,593 e p=0,020); c) a
metade da curva de força (r= -0,562 e p=0,029). Dos 12 remadores bow no limiar de
lactato, 41,7% transitaram para um padrão stroke, enquanto que 58,3% mantiveram o
perfil original no estágio máximo, os quais apresentaram maiores valores de VE,
potência e tempo para o pico de força máxima e maiores valores VCO
2
no limiar de
lactato. O panorama criado por este conjunto de resultados permite sugerir que
treinadores e atletas, interessados em prolongar o tempo de exercício, devem buscar um
perfil de pico de força bow.
Palavras-chave: remo, fisiologia, biomecânica, força, potência, lactato.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DO MOVIMENTO HUMANO
Autor: Rafael Reimann Baptista
Orientador: Dr. Alvaro Reischak de Oliveira
Título: Aspectos fisiológicos da produção de força em remadores
Porto Alegre, 2005
20
ABSTRACT
At present the sports science require approaches that matches the study of
biomechanical and physiological aspects, for the correct understanding of the
phenomena related to the human performance. This way, the general purpose of this
study was analyze the relationship and the differences between the force x time curves
and the physiological and biomechanical responses of rowers. Fifteen rowers
(24,47±5,21 years, 83,51±7,19 kg, 185,50±6,53 cm and 13,68±1,65 % fat), were
submitted to a exercise cardiorespiratory test in rowing ergometer. The VO
2
, VCO
2
, VE,
RER MET, lactate, HR, force, power and impulse, responses were measured in lactate
threshold stage as well as in the maximal stage reached by the rowers. The statistical
treatment was consisting of unpaired Student’s t-Test, Pearson’s linear correlation,
McNemar’s Ki-square and one-way ANOVA. A significance level of 5% was chosen.
The rowers were classified in two groups: stroke (peak of force in the first half of force
x time curve) and bow (peak of force in the second half of force x time curve). In the
lactate threshold stage were identified three rowers with the stroke profile and twelve
rowers with the bow profile, with no significant differences between the physiological
and biomechanical parameters between the two groups, as well as no significant
correlations between the force curve and the physiological and biomechanical
responses. In the maximal stage reached by the rowers was possible to classify eight
stroke rowers and seven bow, the latter show lower lactate, even though without
statistical significance (p=0,067), and higher power production (p=0,037). Regular and
negative correlation between blood lactate and: a) the time to peak of force (r= -0,556
and p=0,031); b) The time of curve (r= -0,593 and p=0,020); c) the half of force curve
(r= -0,562 e p=0,029) were found. Of those twelve bow rowers in the lactate threshold,
41,7% change for a stroke pattern, while 58,3% keep the original profile in the
maximum stage, showing higher VE , power and time to peak of force values at
maximal stage and higher VCO
2
at lactate threshold. The setting formed by this overall
of results suggest that, coaches and athletes interested in extend the exercise time, must
seek for a bow force x time profile.
Key words: rowing, physiology, biomechanics, force, power, lactate.
FEDERAL UNIVERSITY OF RIO GRANDE DO SUL
HUMAN MOVEMENT SCIENCE POSTGRADUATION PROGRAM
Author: Rafael Reimann Baptista
Adviser: Alvaro Reischak de Oliveira, PhD
Title: Physiological aspects of force production in rowing
Porto Alegre, 2005
21
1. INTRODUÇÃO
O remo é um esporte em que o sistema aeróbico possui a maior parte da
responsabilidade pela produção energética, entre 70 a 75% da produção total de energia
(HAGERMAN, 1984). Todavia, em uma competição oficial de remo com a distância de
2000 m e a duração entre 5 a 7 min, as rotas metabólicas anaeróbica lática e alática
também são bastante requisitadas, na ordem de 25 a 30% da produção total de energia
(HAGERMAN, 1984, HAGERMAN, 2000). Normalmente os remadores realizam um
esforço vigoroso nos primeiros 30 a 45 seg da prova, o que é necessário para iniciar o
movimento e atingir uma velocidade de competição no barco, e também nos 45 a 60 seg
finais da competição (HAGERMAN, 2000).
Desta forma, os momentos iniciais e finais de uma competição oficial de
remo apresentam uma predominância do metabolismo anaeróbico como fonte
energética, enquanto durante a maior parte da prova a rota aeróbica é a principal
fornecedora de ATP (Adenosina trifosfato) para a contração muscular. Tais
características ficam bastante evidenciadas quando se verifica a produção de força nos
diferentes momentos da regata. STEINACKER (1993) apresenta dados que mostram
um pico de produção de força na ordem de 1000 a 1500 N nos momentos iniciais da
regata, e entre 500 a 700 N no decorrer da mesma.
A produção de força desenvolvida pelos remadores apresenta diferentes
perfis, que possibilitam (quando esta força é medida em um remoergômetro
instrumentalizado com uma célula de carga) a construção de um gráfico da aplicação de
força no remo pelo tempo decorrido durante o movimento, o qual chamaremos a partir
de agora de curva de força x tempo (HILL, 2002). Diferentes remadores apresentam
diferentes formatos de curva de força x tempo, ademais, existem evidências de que estas
22
diferenças estariam relacionadas a características fisiológicas como o tipo de fibra
muscular, atividade enzimática, entre outras (ROTH et al., 1993).
Analisando as curvas de força x tempo dos remadores, podemos classificá-
los em basicamente dois grupos: os remadores que apresentam o pico de força na
primeira metade da curva de força x tempo e os remadores que apresentam o pico de
força na segunda metade da curva de força x tempo. A literatura denomina os remadores
com essas características de stroke e bow, respectivamente, termos estes sem tradução
na Língua Portuguesa (embora na gíria entre remadores o termo stroke seja utilizado
para designar o remador posicionado mais na ponta dianteira do barco, a proa e bow o
remador mais na ponta traseira, a popa), dessa forma manteremos esta terminologia
(ROTH, 1991; ROTH et al., 1993; HILL, 2001,).
ROTH et al. (1993) sugerem que remadores com perfil stroke apresentariam
características fisiológicas como predominância de tipo de fibra de contração rápida no
músculo deltóide e atividade enzimática predominantemente glicolítica. Já os remadores
bow, parecem apresentar predomínio de fibra muscular de contração lenta e atividade
enzimática oxidativa no mesmo músculo.
Atualmente, principalmente em se tratando de esportes de alto rendimento,
abordagens unilaterais envolvendo apenas aspectos fisiológicos como freqüência
cardíaca (FC), consumo de oxigênio (VO
2
), lactato (La) e etc., ou apenas aspectos
biomecânicos como força (F), potência (P), torque e etc. proporcionam uma
contribuição limitada para a produção de conhecimento na área das ciências do esporte
(ROTH, 1991).
Entender as relações entre as variáveis fisiológicas e biomecânicas em um
esporte ajuda a alcançar o máximo desempenho dos atletas. Dentre estas interações, as
23
relações entre diferentes estratégias de produção de força e as respostas cronotrópicas,
ventilatórias e metabólicas são extremamente importantes em um esporte como o remo.
No remo, bem como em outros esportes, o limiar de lactato é um dos
parâmetros mais usados, tanto como indicador de desempenho físico, quanto na
prescrição do treinamento (SVEDAHL & MACINTOSH, 2003; RIBEIRO, 1995),
podendo ser definido como o ponto de desequilíbrio entre a produção e remoção do
lactato durante o fornecimento de energia para a execução de um exercício físico
(BROOKS, 1985; COYLE, 1995; HOLLMANN, 2001).
Além disso, as respostas fisiológicas máximas alcançadas em testes de campo e
laboratório são largamente estudadas e empregadas como parâmetros de prescrição e
controle do treinamento físico (MILLER et al., 1993, MEYER et al., 1999; LEPRETRE
et al., 2004; CHUANG et al., 2004).
Existem ainda descrições na literatura de que o desempenho em atividades
esportivas contínuas e prolongadas se correlacionam melhor com o limiar de lactato do
que com a potência aeróbica máxima (BOSQUET, 2002).
Partindo deste princípio, configurou-se a seguinte problemática durante este
estudo:
¾ Quais são as relações entre diferentes formatos de curva de força x
tempo e as respostas fisiológicas e biomecânicas máximas e no limiar de lactato de
remadores? Quais as diferenças nas respostas fisiológicas e biomecânicas máximas e no
limiar de lactato entre remadores com diferentes formatos de curva de força x tempo?
Assim, acredita-se que estudar os diferentes formatos de curva de produção
de força entre remadores, correlacionando os parâmetros citados anteriormente com as
respostas fisiológicas e biomecânicas obtidas, proporcionará informações relevantes ao
treinamento desses atletas.
24
1.1 Objetivos
1.1.1 Objetivo geral
Analisar as relações e as diferenças entre distintos formatos de curva de
força x tempo e as respostas cardiorrespiratórias, lactacidêmicas e biomecânicas, tanto
nos valores máximos atingidos em um teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro como no limiar de lactato de remadores.
1.1.2 Objetivos específicos
Verificar a associação entre os diferentes formatos de curva de força x
tempo e as respostas de freqüência cardíaca (FC), consumo de oxigênio (VO
2
),
produção de dióxido de carbono (VCO
2
), ventilação (VE), taxa de troca respiratória
(RER), lactato (La), equivalentes metabólicos (MET), potência (P), força (F) e impulso
(I), tanto nos valores máximos atingidos em um teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro como no limiar de lactato entre remadores.
Comparar as diferenças nas respostas de freqüência cardíaca (FC),
consumo de oxigênio (VO
2
), produção de dióxido de carbono (VCO
2
), ventilação (VE),
taxa de troca respiratória (RER), lactato (La), equivalente metabólico (MET), potência
(P), força (F) e impulso (I), tanto nos valores máximos atingidos em um teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro como no limiar de lactato entre
remadores com diferentes formatos de curva de força x tempo.
25
Analisar possíveis modificações no formato das curvas de força x
tempo dos atletas decorridas durante o teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro, bem como comparar as respostas fisiológicas e biomecânicas
decorrentes destas modificações.
1.2 Hipóteses
H
1
- Os remadores bow, deverão apresentar menores valores de FC, VO
2
,
VCO
2
, VE, RER, La, MET, P, F e I, tanto nos valores máximos atingidos em um teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, como no limiar de lactato quando
comparados a remadores stroke.
H
2
– Quanto maior o tempo para o pico de força na curva de força x tempo
menores deverão ser os valores de FC, VO
2
, VCO
2
, VE, RER, La, MET, P, F e I, tanto
nos valores máximos atingidos em um teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro, como no limiar de lactato.
H
3
– Deverá ocorrerá uma diminuição dos parâmetros da curva de força
(tempo para o pico, tempo de curva e metade da curva) com a modificação do perfil de
curva de força para o padrão stroke em função do avanço dos estágios durante o teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro.
26
1.3 Definição operacional de termos
Ergômetro (ergo=trabalho, metria=medida): É um aparelho que permite
medir de forma controlada (padronizada) à quantidade de trabalho físico realizado por
um indivíduo (WILMORE & COSTILL, 1999).
Remoergômetro: É um ergômetro específico para avaliação de
remadores, o qual propicia uma alta semelhança com o movimento empregado na
remada no barco dentro da água (LAMB, 1989).
Ergoespirômetro (Ergo=trabalho, Espiro=ventilação, Metria=medida):
É um aparelho destinado à medição de variáveis ventilatórias durante a realização de
um trabalho físico (WILMORE & COSTILL, 1999).
Cardiotacômetro (Cardio=coração, Taco=ritmo, Metria=medida):
Também conhecido como freqüencímetro, é um aparelho usado na medição da FC
(WILMORE & COSTILL, 1999).
Teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro: É um teste de
exercício no qual o avaliado inicia com uma determinada carga e tem a sua intensidade
aumentada progressivamente, através de estágios que possuam uma duração
previamente definida, devendo atingir o máximo desempenho possível. O teste é feito
com a medição de parâmetros ventilatórios e cronotrópicos. Foi procurado evitar nesta
dissertação o uso dos termos ergometria e ergoespirometria devido às suas limitações,
conforme sugere ARAÚJO (2000).
Freqüência cardíaca (FC): É o número de batimentos cardíacos por
minuto (bpm), foi medida neste estudo através de um cardiotacômetro (WILMORE &
COSTILL, 1999).
27
Consumo de oxigênio (VO
2
): É a quantidade de oxigênio utilizada pelo
organismo em um determinado intervalo de tempo (ARAÚJO, 2002). Foi medido neste
estudo de forma direta através de um ergoespirômetro e expresso em mililitros por
quilograma por minuto (mL.kg.min
-1
)
seguindo as padronizações sugeridas por
ARAÚJO (2002) de adaptação de unidades de medida internacionais para a Língua
Portuguesa, levando em conta, por exemplo, a semelhança entre a letra l minúscula e o
número 1 na fonte Times New Roman do Editor de texto Microsoft Word ®.
Ventilação (VE): A ventilação ilustra o volume de ar trocado com o
meio ambiente por minuto, foi medida pelo ergoespirômetro durante o teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro e expressa em litros por minuto
(L.min
-1
), seguindo as padronizações sugerias por ARAÚJO (2002).
Produção de dióxido de carbono (VCO
2
): A produção de dióxido de
carbono (CO
2
) ilustra o volume de CO
2
produzido durante o exercício em função das
respostas metabólicas referentes à produção energética do mesmo; Sua medida foi feita
pelo ergoespirômetro durante o teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro e
expresso em litros por minuto (L.min
-1
),
seguindo as padronizações sugeridas por
ARAÚJO (2002).
Taxa de troca respiratória (RER – Respiratory exchange rate): A taxa
de troca respiratória ilustra a relação entre o VCO
2
e o VO
2
e foi medida pelo
ergoespirômetro durante o teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro. A taxa
de troca respiratória não foi expressa em nenhuma unidade de medida, sendo referido
apenas como um índice (WILMORE & COSTILL, 1999).
Limiar de lactato: O limiar de lactato pode ser definido como o ponto
de desequilíbrio entre a produção e remoção do lactato durante o fornecimento de
28
energia no momento da execução de um exercício físico. O lactato foi expresso neste
estudo em milimolar (mM), seguindo as padronizações sugeridas por ARAÚJO (2002).
Equivalente metabólico (MET - Metabolic): Um equivalente
metabólico é definido como os processos metabólicos de produção de energia durante o
repouso, equivalendo ao VO
2
de repouso de um indivíduo, o qual gira em torno de 3,5
mL.kg
-1
.min
-1
(WILMORE & COSTILL, 1999). Uma vez que o VO
2
é diretamente
proporcional à energia gasta durante uma determinada atividade, o MET representa em
quantas vezes o metabolismo precisa ser aumentado para uma determinada demanda
energética. No caso deste estudo, o MET foi calculado automaticamente pelo software
do ergoespirômetro com base no VO
2
medido e expresso em equivalentes metabólicos
(METs).
Voga: É o número de remadas realizadas por minuto (GPA, 2005).
Dinamometria (Dínamo=força, metria=medida): É a técnica utilizada na
medição da força (McGINNIS, 2002).
Força (F): Existem diversas definições para força. Uma vez que a força
estudada nesta pesquisa é a aplicada ao remo do remoergômetro, provavelmente a
melhor definição seja a de força de tração, que é uma “força cuja direção do ponto de
aplicação tenderia a estender ou alongar um objeto ao longo da dimensão que coincide
com a linha de ação da força” (McGINNIS, 2002). A força é calculada através da
multiplicação da massa pela aceleração, que para este estudo foi medida através da
dinamometria por uma célula de carga e expressa em Newton (N).
Potência (P): “É a taxa de trabalho realizado”, ou seja, “o trabalho
realizado dividido pelo tempo” (McGINNIS, 2002). Pode ser calculada através da
multiplicação da força pela velocidade. A potência foi medida neste estudo pelo
remoergômetro e expressa em Watts (W).
29
Impulso (I): É a “força média vezes a duração da aplicação da força”,
ou seja, “é igual à mudança na quantidade de movimento linear” (McGINNIS, 2002).
Pode ser calculado através da multiplicação da força pelo tempo. O impulso foi medido
neste estudo pela integral da curva de força no tempo e expresso em Newton minuto
(N.min).
Curva de força x tempo: É uma expressão gráfica da produção de força
durante a execução de uma tarefa física, por um determinado período de tempo. Foi
medida neste estudo através de uma célula de carga instalada no remoergômetro (HILL,
2002).
Pico de força (PF): É a maior força medida pela dinamometria na curva
de força x tempo e expresso em N (HILL, 2002).
Tempo para o pico de força (TP): É o tempo em segundos que o
remador leva para atingir o pico de força durante o movimento da remada. Foi medido
neste estudo através do programa de computador SAD e expresso em segundos.
Tempo de curva de força (TC): É a duração em segundos de aplicação
de força significativa, ou seja, é a duração da curva de força x tempo. Para a medição
neste estudo utilizou-se o programa de computador SAD e foi expressa em segundos.
Metade da curva de força (MC): É a metade do TC, ou seja, o meio da
curva de força x tempo, expresso em segundos. Como medição neste estudo usou-se o
programa de computador SAD e foi expressa em segundos.
30
2. REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Aspectos fisiológicos do remo
2.1.1 Respostas cardiorrespiratórias no remo
O remo é um esporte que possui um gesto esportivo extremamente peculiar,
de modo que suas respostas fisiológicas acompanham estas características e se
diferenciam de outras modalidades esportivas. Além disso, o ergômetro utilizado na
avaliação do remo (remoergômetro), em função de seu gesto esportivo, requisita a
utilização de membros superiores e inferiores, diferentemente da esteira ergométrica e
do cicloergômetro que solicitam quase que exclusivamente a musculatura de membros
inferiores.
Basicamente dois modelos de remoergômetros têm sido descritos na literatura
para a investigação de respostas fisiológicas e biomecânicas de remadores e outros
grupos: o Concept II, que possui uma frenagem oferecida pela resistência do ar; e o
Gjessing que possui uma frenagem oferecida por atrito mecânico. Comparando o
desempenho de remadores nestes dois remoergômetros, LORMES
et al. (1993)
encontraram uma menor produção de potência máxima no modelo Gjessing e uma
menor freqüência cardíaca relativa ao limiar anaeróbico. Já no modelo Concept II, os
remadores apresentaram uma menor voga e uma menor concentração de lactato
sangüíneo. Segundo os autores, as diferenças encontradas entre os dois remoergômetros,
provavelmente residem em diferenças na perda de energia pelo sistema de transmissão
dos equipamentos.
31
Comparando o modelo Gjessing com outros dois remoergômetros freados a
ar (Rowperfect fixed e Rowperfect free), MAHONY et al. (1999) notaram diferenças
entre os ergômetros no consumo de O
2
, ventilação e lactato dos remadores, quando
comparados a uma dada potência, mas nenhuma diferença significativa foi constatada
quando comparados a uma mesma FC dos avaliados.
É bem aceito que durante um exercício progressivo, a FC e o débito
cardíaco (DC) de indivíduos não-atletas aumentam linearmente enquanto que o volume
sistólico (VS) normalmente alcança um platô a aproximadamente 40% do VO
2
máximo
(ÅSTRAND et al., 1964)
.
Em remadores, entretanto, ROSIELLO et al. (1987)
demonstraram que em um teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, com
incremento de carga progressiva, ocorria um aumento inicial no VS e subseqüentemente
um declínio no mesmo, contrastando com a expectativa de um platô nesta variável como
a encontrada em estudos clássicos em esteira e cicloergômetro, avaliando indivíduos
ativos fisicamente, mas não-atletas (BEVEGÅRD et al, 1960; ÅSTRAND et al., 1964;
DAMATO et al., 1966).
Uma recente revisão bibliográfica abordando as respostas do VS ao
exercício trouxe algumas contribuições significativas ao tema. Quatro tipos de respostas
no VS puderam ser encontrados na literatura durante um exercício de aumento
progressivo de intensidade: platô, platô com posterior queda, platô com posterior
aumento e um aumento contínuo, tanto em indivíduos treinados, quanto em não-
treinados. Muitas das respostas do VS ao exercício estão associadas a aspectos
cardíacos como o tempo de ejeção ventricular, contratilidade miocárdica, diâmetro e
massa do ventrículo esquerdo bem como tempo de enchimento diastólico, entretanto
existem evidências de que o volume sangüíneo também exerça uma importante
influência nesta variável (VELLA & ROBERGS, 2005).
32
A FC parece aumentar de forma similar em um teste de exercício em
remoergômetro e em cicloergômetro (CUNNINGHAM et al., 1975; BOUCKAERT et
al., 1983), embora ROSIELLO et al. (1987) tenham verificado uma elevação
progressivamente maior na FC em remoergômetro, à medida que a intensidade de
exercício aumentava. Por outro lado, ROSIELLO et al. (1987) verificaram valores de
FC máximas similares entre os dois ergômetros, ao contrário do VS que foi
significativamente menor durante o remo nas cargas mais elevadas de exercício.
Ambos, VS e FC, são responsáveis pela produção do DC e provocam,
portanto, durante um teste de exercício em remoergômetro uma redução no DC quando
comparado ao cicloergômetro, como confirmam os achados de CUNNINGHAM et al.
(1975). As explicações para estas diferenças foram relacionadas com a contratilidade
ventricular e o mecanismo de Frank-Starling.
O mecanismo Frank-Starling pode ser definido como uma relação força-
comprimento nas fibras musculares cardíacas, e está baseado no fato de que a força de
contração cardíaca depende do retorno venoso que chega ao coração, de forma que o
enchimento cardíaco através da sua influência no comprimento das fibras musculares
altera esta relação tanto positivamente quanto negativamente (VASSALO &
STEFANON, 1999).
ROSIELLO et al. (1987) e CUNNINGHAM et al. (1975) concordam que
devido à mecânica do gesto esportivo no remo, as intensas e rítmicas contrações
isométricas durante a remada interferem no retorno venoso, causando, portanto, as
alterações citadas acima.
A postura corporal, bem como a massa muscular envolvida em um
exercício, influenciam o retorno venoso e conseqüentemente o volume sangüíneo
central, o que modifica as respostas da FC ao exercício (VAN LIESHOUT et al. 2001).
33
Comparando as respostas da FC no remo com as respostas obtidas na
corrida, YOSHIGA & HIGUSHI (2002) verificaram que em jovens, tanto em
intensidades submáximas quanto máximas, a FC no remo era menor do que na corrida.
Entretanto, no mesmo estudo, o VO
2
e o VO
2
máximo foi maior no remo do que na
corrida em todas as intensidades, bem como lactato sangüíneo ao final do exercício.
No estudo de YOSHIGA & HIGUSHI (2002), a FC foi menor no remo do
que na corrida em todas as intensidades estudadas. Por exemplo, a 2 mM de lactato
sangüíneo a FC no remo foi de 145 versus 150 bpm na corrida, a 4 mM a FC no remo
foi de 170 versus 177 na corrida e a 6 mM a FC no remo foi de 182 versus 188 bpm na
corrida. Mesmo na intensidade máxima a FC foi menor no remo 194 bpm do que a
encontrada na corrida 198 bpm.
As diferenças nas respostas da FC para estes dois tipos de exercícios são
justificadas pelos autores em função da maior massa muscular envolvida no remo, o que
proporciona uma maior bomba muscular aumentando o retorno venoso e atenuando a
FC devido a um mecanismo de Frank-Starling aumentado, bem como no caso da
corrida, em função da posição ereta, o deslocamento de sangue para os membros
inferiores, em função da gravidade, requisita uma atividade simpática para controle da
pressão arterial, o que aumenta as respostas de FC quando comparado ao remo
(YOSHIGA & HIGUSHI, 2002).
Os mesmos autores concluíram que essas mesmas respostas de FC reduzida
no remo comparado com a corrida ocorriam também em idosos, e que a FC de reserva,
calculada como a FC máxima menos a FC de repouso, também se mostrou menor no
remo quando comparado com a corrida, embora o VO
2
de reserva, calculado como o
VO
2
máximo menos o VO
2
de repouso, fosse maior no remo do que na corrida
(YOSHIGA et al., 2003).
34
Esses resultados sugerem uma menor exigência cardíaca durante a prática
do remo quando comparado com a corrida, o que é particularmente interessante para
idosos. De fato, o remo é comumente associado à longevidade em nossa sociedade
(MARIANO, 2005).
FARIA & FARIA (1998), por outro lado, não encontraram diferenças ao
comparar a FC, VO
2
e a VE de remadoras em um teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro adaptado usando apenas membros superiores, apenas membros
inferiores ou a combinação de ambos, a uma mesma intensidade relativa de 20% de três
repetições máximas (RM).
Entretanto, esses autores realizaram também uma comparação em um modo
recíproco, ou seja, com o teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro
adaptado de membros superiores sendo realizado com a carga relativa dos membros
inferiores e vice-versa. Nessa situação, embora o VO
2
não tenha se mostrado
significantemente diferente, a FC foi maior devido aos membros superiores estarem
trabalhando próximos de sua capacidade máxima. Conseqüentemente, uma parte do
débito cardíaco é direcionada para os membros superiores aumentando a resistência
vascular periférica, causando um conflito no sistema circulatório bem como tônus
simpático aumentado, o que segundo os autores explica estas diferenças na FC (FARIA
& FARIA, 1998).
Essa mesma natureza de contrações cíclicas, alternando fases dinâmicas e
estáticas no remo, influencia fortemente também a pressão arterial. As evidências
indicam que o padrão respiratório dos remadores e a manobra de valsalva executada no
início de cada remada podem diminuir a pré-carga ventricular, influenciando o retorno
venoso e, por conseqüência, o volume diastólico ventricular, o que vai ao encontro dos
dados expostos anteriormente (ROSIELLO et al., 1987).
35
O débito cardíaco representa o volume de sangue bombeado pelos
ventrículos na circulação em uma determinada unidade de tempo (VASSALO &
STEFANON, 1999) podendo ser calculado pelo produto do volume sistólico pela
freqüência cardíaca, o qual de acordo com o princípio de Fick, quando multiplicado pela
diferença artério-venosa resulta no VO
2
. Quando em um exercício o indivíduo atinge
um ponto de intensidade em que seu organismo não consegue mais aumentar o VO
2
,
este é chamado de VO
2
máximo e representa o máximo de O
2
que o indivíduo consegue
captar da atmosfera, transportar no organismo e usar para a produção de energia durante
o exercício. O VO
2
máximo representa, portanto, um importante preditor do sucesso em
esportes de resistência (BASSET & HOWLEY, 2000; BERGH et al. 2000).
Os critérios normalmente aceitos para a identificação do VO
2
máximo são
uma estabilização de seu comportamento (platô), ou seja, mesmo com incrementos na
intensidade de exercício, não são evidenciados aumentos no VO
2
(HILL & LUPTON
apud BASSET & HOWLEY, 2000).
Todavia, nem todos os indivíduos apresentam um platô de seu VO
2
ao final
de um teste cardiopulmonar de exercícios, de modo que parâmetros complementares
como uma taxa de troca respiratória maior do que 1,15, e níveis de lactato sangüíneo
maiores que 8-9 mM
são normalmente empregados (BASSET & HOWLEY, 2000).
ARAÚJO (2002) define o VO
2
máximo como o consumo máximo de
oxigênio obtido durante o último minuto durante um esforço primariamente aeróbico
que envolva grandes massas musculares. BASSET & HOWLEY (2000) ainda
complementam essa definição referindo que se trata da maior quantidade de oxigênio
consumido e utilizado pelo corpo durante um esforço máximo.
36
Em muitos estudos, entretanto, o parâmetro utilizado é o VO
2
de pico,
definido como o maior consumo de oxigênio obtido nos instantes finais de um esforço
máximo (ARAÚJO, 2002).
A análise das relações entre o VO
2
e a produção de dióxido de carbono
(VCO
2
) possibilita o estudo dos metabolismos energéticos predominantemente
envolvidos em um determinado esporte. Diversos autores têm publicado diferentes
posicionamentos quanto aos percentuais de contribuição das rotas aeróbicas e
anaeróbicas de produção de energia durante a prática do remo, como pode ser observado
no quadro 1:
Quadro 1: Compilação de estudos sobre rotas metabólicas no remo. Extraído de
MÄESTU (2004) com autorização.
Autor n aeróbica(%) anaeróbica(%)
RUSSEL et al. (1998) 19 84 16
HAGERMAN et al. (1978) 310 70 30
HARTMANN (1987) 17 82 18
MICKELSON & HAGERMAN (1982) 25 72 28
ROTH et al. (1983) 10 67 33
SECHER et al. (1982) 7 70-86 30-14
MESSONIER et al. (1997) 13 86 14
Um aspecto importante, que envolve o estudo do VO
2
máximo, são seus
fatores limitantes durante um exercício. Os principais fatores comumente apontados
como limitantes do VO
2
máximo são a capacidade de difusão pulmonar, o débito
cardíaco, a capacidade de transporte de O
2
pela circulação sangüínea e a capacidade de
captação deste O
2
pelos músculos (BASSET & HOWLEY, 2000).
Além disso, o fator limitante principal do VO
2
parece estar relacionado com
o modelo experimental empregado, quando o protocolo utilizado leva em consideração
um indivíduo realizando um exercício máximo fazendo uso dos grandes grupos
37
musculares do corpo humano, então tem sido bem aceito que o principal fator limitante
é a habilidade do sistema cardiorrespiratório em transportar O
2
para os músculos.
Quando o modelo experimental empregado leva em consideração um
segmento do corpo isolado, então fatores periféricos, como a capacidade de captação do
O
2
pelos músculos parece ser mais limitante. E quando o modelo experimental envolve
a fisiologia comparativa, estudando as diferenças de VO
2
máximo entre espécies, então
o conteúdo mitocondrial e a capacidade de transporte de O
2
são ambos importantes
(BASSET & HOWLEY, 2000).
Remadores adultos de elite possuem valores de VO
2
máximo absoluto na
ordem de 6,1 L.min
-1
, enquanto que remadoras adultas de elite apresentam valores um
pouco menores na ordem de 4,1 L.min
-1
(HAGERMAN, 1984). Na tentativa de
desenvolver um teste submáximo de determinação de VO
2
máximo, LAKOMY &
LAKOMY (1993) avaliaram remadores do sexo masculino os quais atingiram valores
de VO
2
máximo na ordem de 4,16 L.min
-1
. O VO
2
máximo absoluto tem se mostrado
mais importante do que o relativo à massa corporal na avaliação da potência aeróbica de
remadores, devido ao suporte da massa corporal pelo acento do barco e pela grande
massa corporal apresentada pelos remadores comparada a outros atletas de resistência
(HAGERMAN, 2000).
Devido às características do posicionamento do remador sentando no barco,
bem como das peculiaridades do gesto esportivo destes atletas, muitos estudos foram
realizados no sentido de se comparar as respostas ventilatórias entre o remo e outros
esportes.
As contrações musculares periódicas envolvidas no movimento do remo
elevam a pressão pleural, a qual reduz o retorno venoso, o volume diastólico final e o
volume de ejeção do coração (ROSIELLO et al., 1987; SIEGMUND et al., 1999). Além
38
disso, a pressão intra-abdominal aumentada durante algumas fases do movimento da
remada dificulta a ventilação. Essas mudanças fisiológicas são encaradas como
limitantes da VE e do VO
2
durante um exercício máximo no remo (CUNNINGHAM et
al., 1975; ROSIELLO et al., 1987).
Contrariamente, YOSHIGA & HIGUSHI (2003) comparando as respostas
ventilatórias entre o remo e a corrida, encontraram maiores valores de VE máxima no
remo (157 ± 16 L.min
-1
) do que na corrida (147 ± 13 L.min
-1
). Da mesma forma, o VO
2
máximo se mostrou maior no remo (4,5 ± 0,5 L.min
-1
) do que na corrida (4,3 ± 0,4
L.min
-1
).
A autora atribui essas diferenças à maior massa muscular envolvida na
prática do remo, membros superiores combinado com membros inferiores, quando
comparado à massa muscular envolvida na corrida composta principalmente dos
membros inferiores, a qual exige um maior VO
2
para os músculos ativos (YOSHIGA &
HIGUSHI, 2003). Tais diferenças parecem estar relacionadas também com um
fenômeno característico no remo, o acoplamento da respiração com o movimento da
remada (SIEGMUND et al., 1999).
O acoplamento da respiração com o gesto esportivo tem sido observado
durante a prática de diferentes exercícios físicos de movimentos cíclicos por seres
humanos como a corrida e o ciclismo, por exemplo, mas é no remo que este
acoplamento se torna mais evidente (SIEGMUND et al., 1999).
A despeito da variação interindividual, SIEGMUND et al. (1999)
encontraram indicações de um padrão respiratório de 2:1, ou seja, uma inspiração
ocorrendo no início do movimento da remada e outra no final da mesma.
Os resultados ventilatórios verificados por SIEGMUND et al. (1999)
sugerem que este seria um padrão preferencial de respiração pelos remadores, e que esse
39
padrão indica que os períodos no movimento da remada citados seriam vantajosos para
maiores volumes de inspiração e expiração, o que pode ser usado pelos remadores para
tirar vantagem do movimento.
De fato, cinco anos mais tarde, DAFFERTSHOFER et al. (2004) re-
analisaram os dados publicados por SIEGMUND et al. (1999) e concluíram, através de
um estudo qualitativo da análise espectral dos dados ventilatórios, que o gasto
energético expresso através do consumo de O
2
era menor durante os episódios de
acoplamento do que comparado aos episódios de não acoplamento, sugerindo que esse
fenômeno é dependente da demanda aeróbica envolvida no exercício.
Apesar de sua forte aplicação como preditor de desempenho, o VO
2
máximo, que representa a potência aeróbica máxima, isoladamente não garante um
ótimo desempenho do atleta, na verdade sua relação com o sucesso esportivo é
fortemente influenciada pelo limiar anaeróbico (BASSET & HOWLEY, 1997;
NOAKES, 1998; ARAÚJO, 2002; BOSQUET et al. 2002).
2.1.2 Limiar anaeróbico no remo
Ao que tudo indica, o termo limiar anaeróbico foi primeiramente descrito na
literatura por WASSERMANN & McILROY (1964), ao estudarem as respostas de
pacientes cardiopatas ao exercício, no qual o acúmulo de lactato foi diretamente
relacionado à hipóxia muscular; O limiar anaeróbico foi, então, definido por alguns
autores como sendo a intensidade de exercício acima da qual o consumo de oxigênio
não consegue suprir totalmente a demanda metabólica, embora este preceito possa ser
amplamente questionado (SVEDAHL & MACINTOSH, 2003).
40
Parece haver uma tendência entre os pesquisadores de uma definição mais
contemporânea de limiar anaeróbico, em função de teorias mais recentes de lançadeiras
de elétrons e transportadores de monocarboxilato (BROOKS, 2000, 2002a e 2002b),
direcionando essa definição a um termo mais genérico, como limiar de lactato, que
estaria associado a uma intensidade de exercício relacionado a um aumento abrupto nas
concentrações de lactato, devido a uma maior produção do mesmo pelo músculo em
exercício frente à capacidade do organismo de remoção (BOSQUET et al., 2002;
SVEDAHL & MACINTOSH, 2003; GLADDEN, 2004).
Atualmente, o limiar anaeróbico é um dos parâmetros mais usados tanto
como indicador de desempenho físico aeróbico quanto na prescrição do treinamento,
existindo evidências de que o desempenho em atividades esportivas contínuas e
prolongadas correlaciona-se melhor com o limiar anaeróbico do que com o consumo
máximo de oxigênio (RIBEIRO, 1995; BOSQUET et al. 2002; SVEDAHL &
MACINTOSH, 2003).
Apesar de não haver uma consonância na literatura entre as causas
relacionadas com o acúmulo de lactato, no qual basicamente dois grupos de
pesquisadores parecem apresentar teorias antagônicas na explicação desse fenômeno,
representados de um lado por uma visão mais conservadora, aceitando a relação do
acúmulo de lactato com a anaerobiose (WASSERMANN 1964 e 1973; DAVIS, 1985;
BASSET & HOWLEY, 1997) e de outro por uma abordagem mais revolucionária, que
nega esta relação direta (BROOKS, 1985; NOAKES, 1997 e 1998), o fato é que o limiar
anaeróbico representa uma ferramenta útil de avaliação e prescrição de treinamento
(BOSQUET et al., 2002).
O limiar anaeróbico pode ser avaliado por métodos invasivos (como a
lactacidêmia) e não-invasivos (como o limiar ventilatório), cada qual apresentando prós
41
e contras e determinando, normalmente em função do método adotado, uma
nomenclatura específica.
Um destes métodos é a determinação dos limiares ventilatórios, em que os
trabalhos de WASSERMANN & MACILROY (1964) e WASSERMAN et al. (1973)
demonstraram que os níveis de lactato apresentam uma forte correlação com a
ventilação em função do tamponamento dos íons hidrogênio (H
+
) pelo íon bicarbonato
(HCO
3
-
), e subseqüente eliminação na forma de dióxido de carbono (CO
2
) pela
respiração (H
+
+ HCO
3
-
H
2
CO
3
CO
2
+ H
2
O).
Essas respostas podem ser avaliadas através da análise gráfica de parâmetros
como a própria ventilação, a produção de dióxido de carbono,
os equivalentes
ventilatórios de O
2
e CO
2
e as pressões expiratórias de O
2
e CO
2
, utilizando uma
avaliação visual das quebras de linearidade nas curvas em relação às diferentes
intensidades de trabalho (WASSERMAN et al., 1973).
No remo, entretanto, o acoplamento da respiração ao gesto esportivo
apresentado pelos atletas (SIEGMUND et al., 1999; DAFFERTSHOFER, 2004)
dificulta, e até impossibilita, a detecção dos limiares ventilatórios. Um outro método de
avaliação do limiar anaeróbico é a lactacidemia.
Existe na literatura uma grande diversidade de nomenclaturas e
metodologias diferentes no que diz respeito à detecção do limiar anaeróbico, como
podemos observar no quadro 2.
No que tange ao uso da lactacidemia como método de avaliação do limiar
anaeróbico, basicamente podemos distinguir os métodos que usam concentrações fixas
de lactato e os métodos que usam concentrações variáveis.
42
Quadro 2: Nomenclaturas usadas por alguns estudos para descrever o limiar anaeróbico.
Adaptado de TOKMAKIDIS (1990) com permissão.
Autor Nomenclatura
WASSERMAN & McILROY (1964) Anaerobic threshold (AT)
WASSERMAN et al. (1973) Limiar ventilatório (LV)
FARREL et al. (1979) Onset of plasma lactate accumulation (OPLA)
KINDERMANN et al. (1979) Limiar aeróbico/anaeróbico (Aero/anaero)
IVY et al. (1980) Limiar de lactato (LL)
SJÖDIN & JACOBS (1981) Onset of blood lactate accumulation (OBLA)
STEGMANN et al. (1981) Individual anaerobic threshold (IAT)
CONCONI et al. (1982) Limiar de freqüência cardíaca (LFC)
HECK et al. (1985) Maximal lactate steady state (MLSS)
CHENG et al. (1992) Distância máxima (Dmáx.)
TEGTBUR et al. (1993) Velocidade de lactato mínimo (VLM)
A utilização da concentração fixa de lactato sangüíneo de 4 mM (AT4 –
Anaerobic Threshold of 4 mM) adotada por autores como HECK et al. (1985)
e
URHAUNSEN et al. (1993a; 1993b) é justificada como a máxima concentração estável
de lactato em um teste em esteira ergométrica, ou como muitas vezes é expresso na
Língua Inglesa pela sigla MLSS (Maximal Lactate Steady State).
A intensidade de exercício correspondente a esta concentração fixa, quando
imposta aos atletas em um teste de carga fixa de 20 minutos, não apresenta um aumento
maior do que 1 mM no lactato plasmático (HECK et al., 1985)
e é denominada por
outros autores como início do acúmulo de lactato sangüíneo ou como normalmente é
referida pela sua sigla em inglês OBLA (Onset of Blood Lactate Accumulation) como
referem SJÖDIN & JACOBS (1981).
Uma crítica que pode ser feita ao método AT4 é a variabilidade dos níveis
de lactato sangüíneo encontrado no trabalho original publicado por HECK et al. (1985),
que vão de 3,05 a 5,5 mM, possibilitando que indivíduos submetidos a esta intensidade
não estejam trabalhando efetivamente no limiar, mas sim acima ou abaixo dele.
43
No entanto, apesar dessa variabilidade, o método de AT4 ainda é
considerado um dos mais utilizados na determinação do limiar de lactato no remo
(BOURGOIS et al., 1998).
Talvez devido às limitações do uso de concentrações fixas de lactato na
identificação do limiar anaeróbico, muitas são as propostas de individualização do
mesmo.
Partindo deste princípio, autores como STEGMANN et al. (1981), propõem
a utilização de um limiar anaeróbico individual ou IAT (Individual Anaerobic
Threshold). Este método baseia-se na habilidade individual do atleta de manter um
estado estável de lactato durante um exercício prolongado.
De fato, em um estudo subseqüente realizado por JACOBS (1986), a
intensidade de exercício correspondente ao IAT mostrou ser a maior potência que pode
ser mantida pelos atletas por um período de exercício entre 15 a 20 min, sem um
aumento no acúmulo de lactato sangüíneo.
BENEKE (1995), assim como BOURGOIS et al. (1998) também refere que o
limiar de AT4 é método mais comumente usado para a detecção de limiar de lactato em
remadores, e juntamente com o IAT, parece ser bastante representativo do MLSS em
corrida e ciclismo. Visando verificar se esses dois métodos também teriam uma boa
correlação com o MLSS no remo, os pesquisadores usaram de um teste de exercício
máximo em remoergômetro para comparar a potência de limiar entre os métodos AT4
e
IAT. O estudo concluiu não haver diferenças significativas entre os dois métodos,
todavia, as cargas de trabalho identificadas pelos mesmos foram sempre maiores que a
carga de MLSS.
Contrariamente, URHAUNSEN et al. (1993b) avaliando ciclistas, triatletas e
remadores verificaram que o IAT proposto por STEGMANN et al. (1981) é altamente
44
correlacionado com o MLSS, mas uma vez que a intensidade de IAT seja excedida em
apenas 5%, metade dos atletas estudados apresentou um aumento progressivo no
acúmulo de lactato sangüíneo.
Nesse mesmo sentido de individualizar o limiar de lactato, um dos modelos
relativamente recentes e de fácil aplicação encontrado na literatura é o método proposto
inicialmente por CHENG et al. (1992) e posteriormente utilizado também por
NICHOLSON & SLEIVERT (2001) e ZHOU & WESTON (1997), intitulado Dmáx
(maximal distance).
Nessa proposta, os autores fizeram uso dos valores de lactato sangüíneo,
ventilação, freqüência respiratória e produção de CO
2
(VCO
2
), coletados durante um
teste incremental em cicloergômetro, os quais foram plotados contra os valores de VO
2
,
construindo-se uma linha de tendência exponencial. Essa curva demonstra o
comportamento das respostas fisiológicas frente ao exercício realizado e apresenta um
comportamento crescente em função do aumento da intensidade. Posteriormente, uma
reta unindo o ponto inicial e final da curva é confeccionada e a maior distância entre a
curva e a reta construída é considerada o limiar de lactato, daí o nome Dmáx. (CHENG
et al., 1992).
No estudo de CHENG et al.,(1992) ao se utilizar o método Dmáx. a partir
das respostas de ventilação, freqüência respiratória, VCO
2
e lactato sangüíneo, o limiar
de lactato não se mostrou significativamente diferente daquele determinado pelos
equivalentes ventilatórios e pelo OBLA. Além disso, quando as diferentes variáveis
ventilatórias e metabólicas foram utilizadas no método Dmáx., não foram encontradas
diferenças significativas na determinação do limiar de lactato.
Alguns anos mais tarde, NICHOLSON & SLEIVERT (2001) compararam a
velocidade de limiar em corrida entre os métodos Dmáx., AT4 e o limiar de lactato
45
proposto por THODEN apud NICHOLSON & SLEIVERT (2001), que sugere que o
limiar de lactato é melhor representado pela velocidade de corrida que precede a
intensidade que resultaria em aumentos do lactato plasmático de 1 mM. Nesse estudo os
autores verificaram que o método AT4 superestimou a intensidade de limiar quando
comparado aos outros dois métodos.
Os resultados provenientes da pesquisa de NICHOLSON & SLEIVERT
(2001) vão ao encontro de um estudo realizado pelo nosso laboratório (BAPTISTA et
al., 2005), no qual o método AT4 superestimou a intensidade de limiar quando
comparado ao método Dmáx. em remadores. Em nosso estudo, os valores de lactato,
potência e freqüência cardíaca foram significativamente menores (P<0,05) quando
identificados no limiar de lactato pelo método Dmáx. do que pelo método AT4.
Como se pode perceber, no que se refere à determinação do limiar
anaeróbico, a literatura é bastante divergente quanto aos métodos e nomenclaturas
utilizados, hora utilizando-se de métodos semelhantes com denominações diferentes,
hora utilizando a mesma nomenclatura para métodos distintos. As diferenças
identificadas entre os métodos parecem residir principalmente nos critérios utilizados
para identificação do limiar de lactato, no tipo de exercício adotado e nos sujeitos
avaliados, como se pode ver no quadro 3.
46
Quadro 3: Critérios, ergômetros e sujeitos empregados em estudos sobre determinação
do limiar anaeróbico. Adaptado de TOKMAKIDIS (1990) com permissão.
Quadro 3: Critérios, ergômetros e sujeitos empregados em estudos sobre determinação do limiar anaeróbico. Adaptado de
TOKMAKIDIS (1990) com permissão.
47
2.2 Aspectos biomecânicos do remo
2.2.1 Cinesiologia da remada
O remo é um esporte que apresenta um gesto esportivo que envolve a
utilização alternada de membros superiores (MS) e membros inferiores (MI), através de
movimentos rítmicos e cíclicos. Ademais, o membro inferior esquerdo e direito, bem
como o membro superior esquerdo e direito cada qual em sua fase do movimento, são
acionados simultaneamente, ao contrário de esportes como a corrida, o ciclismo e a
natação em que os membros direito e esquerdo são acionados alternadamente
(CLARYS & CABRI, 1993; MACINTOSH et al., 2000).
O movimento do remo normalmente é descrito na literatura em quatro fases:
entrada, propulsão, finalização e recuperação (MAZZONE, 1988, RODRIGUEZ et al.,
1990; HAGERMAN, 2000). Do ponto de vista técnico, a entrada é a fase onde o
remador introduz o remo na água, iniciando a produção de força. A fase de propulsão,
que pode ser dividida em início da propulsão (ou propulsão pelos membros inferiores),
meio da propulsão (ou propulsão pelo tronco) e fim da propulsão (ou propulsão pelos
membros superiores) é fase de produção efetiva de força e potência durante a remada. A
finalização é a fase em que o remador retira o remo da água e inicia a recuperação. A
recuperação é a fase de retorno à posição inicial do movimento para o recomeço do
ciclo, sendo uma fase em que não há produção significativa de força.
Do ponto de vista cinesiológico as fases da remada podem ser mais
detalhadamente analisadas pelas descrições de MAZZONE (1988):
1. Entrada: Na fase de entrada o remador encontra-se com a musculatura
dorsal, principalmente, eretores da coluna relaxados e permitindo a flexão do tronco
48
realizada pelos músculos abdominais. O quadril encontra-se flexionado pela ação dos
músculos psoas maior, menor e ilíaco.
O sartório se alonga juntamente com músculos profundos da região glútea,
rotando as coxas lateralmente. Isso permite ao corpo do remador se inclinar levemente
entre as coxas obtendo o máximo de amplitude.
O bíceps femoral está contraído para manter os joelhos flexionados
enquanto o quadríceps é alongado e a sua porção biarticular, o reto femoral, contribui
para a flexão do quadril.
Os tornozelos estão em dorsiflexão pela ação do tibial anterior, alongando
assim o gastrocnêmio. Do ponto de vista dos membros inferiores, portanto, a entrada é
uma fase na qual o remador encontra-se em uma máxima flexão de joelhos e quadris,
exigindo flexibilidade da musculatura do quadríceps e dos glúteos.
Já os membros superiores precisam inserir o remo na água, através de um
movimento suave e coordenado. Os cotovelos encontram-se estendidos pelo tríceps
braquial enquanto os ombros encontram-se abduzidos pela ação do deltóide lateral e
supra-espinhais, enquanto a escápula realiza uma rotação superior pela ação do trapézio
e serrátil para elevar a cavidade glenóide. Uma pequena flexão de ombros ocorre pela
ação do deltóide anterior com contribuição da cabeça longa do bíceps braquial e do
coracobraquial.
2. Propulsão:
2.1 Início da propulsão: Os joelhos se estendem pela ação do quadríceps e o
tornozelo realiza uma flexão plantar pela contração do gastrocnêmio e sóleo. Os
extensores do quadril, glúteos, isquiotibiais, extensores lombosacros e eretores da
coluna, realizam uma contração isométrica dando estabilidade ao movimento. Quando
isso não acontece de maneira adequada, o remador experimenta um colapso na região
49
lombar que causa a perda de estabilidade com o acento, podendo fazer com que o
mesmo escorregue do banco do barco, o que gera uma transferência inefetiva de
potência dos MI para os MS.
Nos MS todos os músculos dos ombros estão gerando força na articulação,
incluindo o supra e infra-espinhal, redondo maior e menor e o bíceps braquial, enquanto
o serrátil e o trapézio permanecem estabilizando as escápulas.
2.2 Meio da propulsão: Enquanto os joelhos estão se estendendo, a
movimentação do remo ocorre devido à extensão do quadril gerada pelos glúteos e
isquiotibiais e pela extensão da coluna gerada pelos eretores da coluna. Os MS então
iniciam a movimentar o remo através da flexão dos cotovelos pelo bíceps braquial,
braquial e braquioradial. Nesse ponto, a força gerada pelos MI deve ser grande o
suficiente para prevenir o uso precoce dos MS.
2.3 Fim da propulsão: Nessa fase os joelhos encontram-se na máxima
extensão e os tornozelos permanecem em flexão plantar. A extensão dos quadris e da
coluna está quase completa, os flexores dos cotovelos tornam-se dominantes na tração
dos remos até o corpo, enquanto que os flexores e extensores ulnares do carpo
estabilizam e abduzem o punho.
Os antebraços encontram-se pronados e o ombro é estendido e abduzido. O
ombro é rotado medialmente pelo grande dorsal e o peitoral maior, enquanto o redondo
menor, deltóide posterior e a cabeça longa do bíceps permanecem gerando tensão na
articulação do ombro, a escápula é rotada inferiormente pelo peitoral menor e aduzida
pelo trapézio e rombóides.
3. Finalização: Os joelhos e quadris permanecem estendidos enquanto os
eretores da coluna continuam sua atuação, realizando uma leve hiperextensão para
garantir a retirada do remo da água. Os ombros continuam em rotação medial pela
50
contração do grande dorsal, ao mesmo tempo em que os extensores do punho giram o
remo e o tríceps estende o cotovelo suavemente para baixar as mãos e retirar totalmente
o remo da água.
4. Recuperação: Nessa fase os punhos são mantidos estendidos e os braços
são afastados do corpo pela extensão completa do cotovelo feita pelo tríceps braquial.
Os abdutores do punho relaxam para permitir que as mãos se movam para uma posição
neutra. O deltóide anterior se contrai e juntamente com o coracobraquial e o bíceps
braquial, elevam os MS. Durante este movimento os abdominais produzem a flexão da
coluna, e uma vez que as mãos tenham passado da altura dos joelhos, o banco começa a
se mover em direção a dorsiflexão de tornozelo e flexão de quadris e joelhos.
Imediatamente antes de os joelhos alcançarem a máxima flexão, os punhos se flexionam
e as mãos giram os remos para a posição de entrada novamente.
Para MAZZONE (1988) o início da propulsão é a fase que demanda o
máximo de geração de força e potência pelos MI. Entretanto, RODRIGUEZ et al.
(1990) ao realizar uma análise eletromiográfica do movimento da remada, monitorando
os músculos flexores e extensores do punho, bíceps braquial, tríceps braquial, vasto
lateral e medial, isquiotibiais, gastrocnêmio, reto abdominal, sacroespinhal, grande
dorsal e deltóide, verificaram que os músculos do MI alcançavam seu nível máximo de
atividade no meio da propulsão, quando os joelhos encontravam-se semiflexionados.
Os autores concordam que os músculos dos MI, em especial o quadríceps e
isquiotibiais, são os principais produtores de potência durante a remada (MAZZONE,
1988; RODRIGUEZ et al. 1990). RODRIGUEZ et al. (1990) ainda complementam que
o meio da propulsão parece ser a fase mais importante da remada em termos de
produção de potência e, portanto, de velocidade.
51
A monitoração de uma grande variedade de músculos por eletromiografia
feita por RODRIGUEZ et al. (1990) permitiu ainda verificar as fases da remada nas
quais os principais músculos atingiam o seu máximo nível de acionamento. O tríceps e
os músculos do antebraço atingem seu mais alto nível de sinal eletromiográfico no meio
da propulsão, devido ao aumento da resistência do remo criada pela extensão das
pernas. O deltóide também apresenta a sua atividade máxima no meio da propulsão,
segundo RODRIGUEZ et al. (1990), devido à flexão de ombros realizada para puxar os
braços ao encontro do corpo.
O bíceps braquial e os músculos do antebraço alcançam a sua atividade
eletromiográfica máxima no final da propulsão, fase na qual o punho é abaixado para
retirar o remo da água. A máxima atividade dos músculos abdominais e sacroespinhais
ocorre durante o final da propulsão, após a máxima atividade dos MI (RODRIGUEZ et
al., 1990).
NELSON & WIDULE (1983) demonstraram que quando o gesto técnico da
remada é realizado de maneira adequada do ponto de vista cinemático, a extensão de
joelhos ocorre antes da extensão do tronco atingindo a velocidade angular máxima.
O grande dorsal e o sacroespinhal alcançam a sua máxima atividade durante
toda a fase de propulsão, reforçando a importância de uma estabilidade no dorso durante
a remada (RODRIGUEZ et al., 1990).
Os dados gerados pelos estudos citados, oriundos de abordagens
eletromiográficas e cinesiológicas, permitem a realização de importantes sugestões e
análises do treinamento dos remadores. MAZZONE (1988) enfatiza a importância do
treinamento de flexibilidade dos remadores para uma maior eficiência no alcance das
amplitudes de movimento exigidas pelas fases do movimento da remada, e assim
52
produzindo uma maior interação na transmissão e transformação das forças geradas pelo
remador em velocidade no barco.
RODRIGUEZ et al. (1990) vão ao encontro do que foi enfatizado por
MAZZONE (1988), referindo que existe um limite na velocidade com a qual o remador
conseguiria realizar o movimento da remada, de forma que os atletas deveriam ser
treinados no sentido de desenvolver as habilidades técnicas e coordenativas nas reações
de MS e MI.
2.2.2 Neuromecânica do remo
Uma importância muito grande é dada também por alguns autores
(MAZZONE, 1988; RODRIGUEZ et al. 1990) no que diz respeito à influência da
potência no desempenho do remo. RODRIGUEZ et al. (1990) sugerem que mais
importante do que programas de treinamento de potência de segmentos corporais e
grupos musculares isolados seria o treinamento de potência de dois ou mais grupos
musculares combinados, os quais precisam interagir em uma seqüência específica
durante as fases do movimento da remada para atingir o ótimo desempenho.
De fato, a potência possui uma influência muito grande no desempenho
esportivo, além disso, o sucesso em muitas atividades esportivas depende da quantidade
e da velocidade com a qual um atleta consegue executar um determinado trabalho físico
(McGINNIS, 2002). Desta forma, a potência pode ser definida como refere McGINNIS
(2002) “...como quão rapidamente ou lentamente o trabalho é executado” e pode ser
calculada pela multiplicação da força pela velocidade.
No sentido de avaliar a importância da potência no desempenho, COYLE
(1995) além do VO
2
máximo e do limiar anaeróbico, acrescenta em seu modelo de
53
integração dos fatores fisiológicos que determinam o desempenho, a importância de
elementos biomecânicos como a potência, a qual o autor divide em seu modelo teórico
do desempenho em potência de desempenho (performance power) e potência de limiar
de lactato.
A primeira seria definida como a taxa de produção de potência que um
indivíduo consegue gerar em um período específico de tempo, podendo ser medida de
maneira fiel usando ergômetros em atividades como o ciclismo e o remo. A potência de
desempenho durante atividades aeróbicas prolongadas como estas é fortemente
influenciada pelo VO
2
e pela economia de movimento. Já a segunda, ou seja, a potência
correspondente ao limiar de lactato, é considerada pelo autor como um componente
central de seu modelo por incorporar o VO
2
, a economia de movimento e o limiar de
lactato (COYLE, 1995).
STEINACKER (1993) mediu picos de potência de até 3000 W nos
momentos iniciais de uma regata, no qual o remador precisa colocar o barco em
movimento e entre 350 a 450 W de potência média na maior parte da competição.
No intuito de comparar a técnica de movimento de remadores iniciantes,
recreativos e de elite, gerando informações que pudessem ajudar os atletas e seus
treinadores, SMITH & SPINK (1995) analisaram os dados de força e ângulos aplicados
no remo, através de uma célula de carga e um potenciômetro os quais foram instalados
em um remoergômetro e no encaixe do remo no barco, respectivamente. Os autores
concluíram que a potência relativa à massa corporal dos remadores foi a variável
biomecânica que melhor se correlacionou com o nível de desempenho dos atletas.
A potência relativa à massa corporal dos remadores novatos foi de 2,97
W.kg
-1
, a dos remadores recreativos foi de 3,69 W.kg
-1
e dos remadores de elite na
ordem de 4,61 W.kg
-1
(SMITH & SPINK, 1995).
54
Tendo em vista que o objetivo principal de uma competição de remo é
cobrir uma distância no menor tempo possível, fica claro porque a potência relativa à
massa corporal foi considerada a variável mais importante na discriminação dos grupos
de remadores.
Além da potência, uma outra valência física possui uma importância muito
grande no desempenho do remo, a força. A força pode ser definida, segundo a física
Newtoniana, como a capacidade de acelerar um objeto. É calculada pela multiplicação
da massa pela aceleração (McGINNIS, 2002).
Em muitos esportes a força possui uma grande importância e determina um
investimento muito grande no seu estudo e treinamento, entretanto, poucos são os
esportes de resistência (endurance) que requerem um emprego tão grande de força
como o remo.
A força vem sendo estudada no remo sob diferentes óticas, incluindo o
estudo da relação força x tempo no músculo e as adaptações fisiológicas com o
treinamento (ROTH et al., 1993), no estudo da relação força-velocidade e a potência
desenvolvida por remadores (HARTMANN et al., 1993), na comparação ergonômica
entre diferentes tipos de remoergômetro (BERNSTEIN et al., 2002), na análise
biomecânica da excursão articular e da força aplicada (TORRES-MORENO et al.,
1999), para comparar a biomecânica do movimento de remadores de diferentes níveis
(SMITH & PINKS, 1995), para verificar a influência da produção de força na
velocidade do barco (MILLER, 1997) entre outros aspectos que foram encontrados na
literatura visando relacionar a força produzida durante a remada com o desempenho,
segurança e adaptações fisiológicas do remador.
Existem muitas definições diferentes para se conceituar a força, dependendo
principalmente de como e onde ela é aplicada. No estudo da força relacionada ao
55
desempenho do remo, acredita-se que a força de tração seja a classificação mais
adequada para o tipo de aplicação de força com a qual lida-se no remo, uma vez que até
mesmo a força aplicada pelas pernas visa ser transferida ao remo do barco ou ao
pegador no remo ergômetro. A força de tração é definida por McGINNIS (2002) como
uma “força cuja direção e ponto de aplicação tenderia a estender ou alongar um objeto
ao longo da dimensão que coincide com a linha de ação da força”.
No presente estudo, objetiva-se analisar a força aplicada pelo remador no
remo, a qual conforme BAUDOIN & HAWKINS (2002) depende da capacidade de
geração e transmissão das forças músculo-esqueléticas e torques articulares.
BAUDOIN & HAWKINS (2002) chamam a atenção para o fato de que
apesar de muitos estudos terem sido feitos no sentido de analisar os aspectos físicos,
biomecânicos e fisiológicos do remo, poucos esforços têm sido conduzidos no sentido
de um melhor entendimento das relações entre os aspectos biológicos e mecânicos neste
esporte.
Esses autores salientam ainda que um maior conhecimento dos perfis de
força x tempo no remo são necessários para identificar os componentes específicos da
biomecânica que podem ser manipulados para se atingir uma maior produção de força
no remo (BAUDOIN & HAWKINS, 2002).
Um dos estudos realizados no sentido de analisar a curva de força x tempo
no remo foi feito por ROTH et al. (1993), que investigaram as relações entre a produção
de força e as adaptações musculares em remadores.
Analisando a musculatura do deltóide medial, esses pesquisadores
verificaram que remadores com diferentes formatos de curva de força x tempo
apresentavam diferenças morfológicas e funcionais. Dois tipos de remadores puderam
ser identificados neste estudo, remadores com um pico de produção de força no início
56
da curva de força x tempo, os quais foram chamados pelos autores de “stroke”, e
remadores com o pico de força no final da mesma, os quais foram chamados pelos
autores de “bow” (ROTH et al. 1993).
Os dados coletados permitiram concluir que os remadores stroke
apresentavam uma maior produção de potência do que os remadores bow, entretanto,
essa maior produção de potência era acompanhada por uma maior concentração de
lactato sangüíneo e o aparecimento do limiar de lactato a menores potências. Além
disso, utilizando a técnica de análise de mATPase (myofibrillar ATPase), os remadores
stroke apresentaram menores percentuais de fibras do Tipo I e IIa e maiores percentuais
de fibras do tipo IIb, o contrário do observado nos remadores bow (ROTH et al. 1993).
Utilizando modernas técnicas de classificação de tipos de fibras muscular
pela análise das isoformas de miosina de cadeia pesada (Myosin Heavy Chain - MHC),
LIU et al. (2002) verificaram que remadores submetidos a um treinamento de força de
alta intensidade apresentavam um aumento de MHC IIa com uma concomitante
diminuição de MHC I. Além disso, os pesquisadores evidenciaram uma upregulation de
mRNA de MHC IIx (ou MHC IIb) após o treinamento de força de alta intensidade e um
aumento significativo no mRNA de MHC Iβ em remadores submetidos a um
treinamento de resistência de baixa intensidade (LIU et al. 2002).
A classificação de tipos de fibras muscular pela análise das isoformas de
MHC trouxe novas perspectivas no âmbito da neuromecânica, mais especificamente no
estudo das alterações de tipos de fibras pelo treinamento.
O estudo da classificação de tipos de fibras musculares pela sensitividade ao
pH da mATPase tem permitindo desde 1962 a classificação de fibras musculares em
Tipo I (velocidade de contração lenta e metabolismo predominantemente oxidativo),
Tipo IIa (velocidade de contração média e metabolismo intermediário) e Tipo IIb
57
(velocidade de contração rápida e metabolismo predominantemente glicolítico). Da
mesma forma, as isoformas de miosinas de cadeia pesada (MHC) também apresentam
atividade de mATPase, de modo que os três principais tipos de fibras (I, IIa e IIb),
possuem uma equivalência no estudo das isoformas de MHC, correspondendo a MCHI,
MCHIIa e MCHIIb respectivamente (STARON & HIKIDA, 2000).
O uso da técnica de tipagem de fibras musculares por isoformas de MHC,
apresenta a vantagem das mesmas possuírem uma sensibilidade mais alta a alterações
decorrentes de diferentes estímulos, podendo detectar mudanças ocorridas mesmo em
pequenos períodos de treinamento (STARON, 1994). Outra vantagem dessa técnica é
que ela pode detectar a presença de fibras musculares híbridas (MHCIβ, MHCIIC,
MHCIIAB entre outras), as quais podem representar fibras musculares em estado de
transição, além de poder ser usada em sistemas imunohistoquímicos através de
anticorpos monoclonais, o que permite verificar a distribuição do percentual de tipos de
fibras do ponto de vista genético. Uma vez que as fibras do músculo esquelético são
extremamente dinâmicas e estão em permanente adaptação aos estímulos externos,
como o treinamento, por exemplo, o avanço oferecido por estas técnicas muda
completamente o nosso entendimento sobre alterações de tipos de fibras musculares
pelo exercício físico (ÅSTRAND, 2003)
A distribuição dos tipos de fibras musculares em um atleta parece
influenciar as suas respostas fisiológicas e biomecânicas durante o treinamento no remo,
de modo que remadores com predominância de fibras musculares rápidas nos grupos
musculares envolvidos no gesto esportivo do remo, parecem sofrer uma seleção
empírica durante a sua evolução no esporte, sendo mais adaptados para a função de
stroke, ou seja, produzir grandes quantidades de força em um pequeno período de
tempo, o que fica claro pelo formato de sua curva de força x tempo (ROTH, 1991).
58
As curvas de força x tempo parecem apresentar uma forte representação da
técnica de movimento empregada pelo remador e também uma alta consistência intra-
remadores, em atletas de todos os níveis, incluindo campeões mundiais e olímpicos
(SCHWANITZ, 1991).
Investigando os fatores biomecânicos que afetam o desempenho no remo,
BAUDOUIN & HAWKINS (2004) verificaram que a repetibilidade dos padrões de
produção de força de um remador em uma mesma avaliação variava de 78 a 100%,
enquanto que comparando diferentes avaliações a repetibilidade era de 100%,
confirmando a teoria de que os remadores são capazes de reproduzir seus perfis de
curva de força x tempo.
Adicionalmente, quando os remadores competem juntos em barcos
(formando tripulações de 2, 4 e 8 remadores), o que é normalmente chamado de
guarnição, o desempenho do barco é muito maior quando a coordenação entre os atletas
é alta, ou seja, quando eles apresentam padrões de movimento similares. Embora cada
remador apresente um padrão individual de movimento e, portanto, um padrão
individual de aplicação de força, o que fica claro na avaliação do formato de sua curva
de força x tempo, remadores de elite apresentam padrões similares de produção de força
quando treinam conjuntamente durante um longo período de tempo (HILL, 2002).
Avaliando as dinâmicas de coordenação entre remadores de elite através da
análise de seus padrões de aplicação de força, HILL (2002) concluiu que as guarnições
devem ser formadas por remadores com padrões de aplicação de força e características
fisiológicas similares, além disso, o autor salienta que muitos estudos sobre a
biomecânica do remo apenas realizaram análises das curvas de força x tempo usando
métodos qualitativos, ou seja, pela inspeção visual dos formatos de curva.
59
3. METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
Este estudo é do tipo ex-post-facto, com delineamento transversal, de caráter
correlacional e comparativo, com uma abordagem interdisciplinar envolvendo os grupos
de pesquisa em Fisiologia do Exercício e Biomecânica.
3.2 População e amostra
3.2.1 População
A população estudada nesta pesquisa foi composta de remadores do clube
Grêmio Náutico União (GNU), devido principalmente a três fatores:
O GNU vem apresentando excelentes resultados no campeonato
brasileiro de remo;
O GNU possui atletas de nível olímpico e pan-americano;
O clube apresenta quase 100 anos de tradição no ensino e treinamento do
remo, sendo considerado um dos centros de treinamentos da Seleção
Brasileira de Remo.
60
3.2.2 Amostra
A amostra foi composta de 15 remadores voluntários, com diferentes níveis
de experiência e desempenho, nas categorias peso pesado e peso leve, na tentativa de se
obter um grupo heterogêneo no que diz respeito aos formatos de curva de força x tempo.
A escolha dessa amostra se deu pelos seguintes motivos:
Todos os remadores pertenciam ao mesmo clube estando, portanto, sob a
orientação do mesmo treinador e apresentando uma metodologia de
treinamento físico padronizada;
Todos os remadores encontravam-se na mesma fase de periodização do
treinamento;
Todos os remadores treinavam no mesmo modelo de remoergômetro
utilizado nesta pesquisa.
3.3 Aspectos éticos
Todos os indivíduos foram informados dos riscos presentes na participação
do estudo, assim como foram esclarecidos os objetivos e finalidades da pesquisa e todos
os indivíduos leram e assinaram um Termo de Consentimento Informado que se
encontra no Anexo I.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, na reunião 20/2003, ata nº 41, por estar adequado ética e
metodologicamente com a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A
aprovação foi concedida em 24 de julho de 2003.
61
3.4 Variáveis
3.4.1 Variável independente
A variável independente deste estudo foi a curva de força x tempo, com as
suas diferentes configurações encontradas entre os remadores. Como dito anteriormente,
os remadores podem ser classificados em dois grupos de acordo com o formato de sua
curva de produção de força: stroke e bow. A variável independente foi usada, portanto,
para classificar os remadores avaliados.
A variável independente neste estudo, ou seja, a produção de força durante
um determinado período de tempo, reflete uma variável que pode ser estudada tanto sob
a ótica da fisiologia do exercício quanto da biomecânica. Neste trabalho, esta variável
foi medida através de uma técnica de pesquisa em biomecânica, a dinamometria, e
analisada sob o prisma da fisiologia do exercício.
3.4.2 Variáveis dependentes
As variáveis dependentes deste estudo foram aquelas medidas como
resultado de um dos dois tipos de curva de força x tempo. As variáveis dependentes no
caso deste trabalho são essencialmente fisiológicas e foram usadas para se comparar os
remadores classificados pela variável independente. Além disso, cada uma das variáveis
dependentes foi correlacionada com a variável independente.
As variáveis dependentes podem ser divididas em três grupos:
62
Variáveis cardiorrespiratórias:
Freqüência cardíaca (FC);
Consumo de oxigênio (VO
2
);
Produção de dióxido de carbono (VCO
2
);
Ventilação (VE);
Taxa de troca respiratória (RER);
Equivalente Metabólico (MET);
Variável lactacidêmica:
Lactato sangüíneo (La);
Variáveis biomecânicas:
Força (F);
Potência (N);
Impulso (I);
3.4.3 Variável de controle
A variável de controle deste estudo foi o treinamento físico dos remadores,
uma vez que a freqüência, volume e intensidade de treinamento influenciam fortemente
as respostas fisiológicas e o desempenho em um teste máximo de exercício como o que
os atletas foram submetidos neste trabalho.
Esses parâmetros de controle de treinamento variam muito de acordo com a
periodização e a fase em que os atletas se encontram dentro do calendário de
planejamento de seus técnicos, de modo que no caso desta pesquisa, uma vez que todos
os atletas pertenciam ao mesmo clube e estavam sob a orientação do mesmo técnico,
63
todos estavam inseridos na mesma metodologia de treinamento e na mesma fase de
periodização do mesmo.
No período em que os dados desta pesquisa foram coletados, os remadores
encontravam-se no período de base do treinamento. Foram solicitadas para o treinador
as planilhas de treinamento dos atletas para que se pudesse realizar uma análise do
treinamento dos mesmos. Uma descrição resumida dos treinamentos pode ser verificada
no Anexo II.
3.4.4 Variáveis de caracterização da amostra
As variáveis de caracterização da amostra foram divididas em dois grupos:
Características cineantropométricas:
o Massa corporal,
o Estatura,
o Percentual de gordura.
Características gerais:
o Sexo,
o Idade,
o Tempo de treinamento,
o Principais títulos conquistados.
64
3.5 Instrumentos de medida
3.5.1 Cardiotacômetro
Para medir a FC foi utilizado um cardiotacômetro da marca Polar Electro®
(Finlândia) modelo S-610, o qual apresenta, segundo o fabricante, uma medição com
precisão próxima a um Eletrocardiograma. Os valores de FC eram visualizados e
registrados na ficha de coleta de dados, porém, esse modelo de cardiotacômetro se
caracteriza por possibilitar a gravação e posterior transferência dos dados para o
microcomputador através de uma interface que utiliza como forma de transmissão raios
infravermelhos.
Figura 1 - Cardiotacômetro Polar S610 Polar Electro (OY – Finland).
65
3.5.2 Ergoespirômetro
Para medir as respostas ventilatórias foi utilizado um ergoespirômetro
modelo MGC CPX/D da Medical Graphics Corporation (St. Paul, EUA). Esse aparelho
coleta e analisa amostras do gás expirado, respiração por respiração, apresentando
vários parâmetros ventilatórios em tempo real, com a possibilidade de armazenamento
dos dados para posterior análise.
Figura 2 - Ergoespirômetro Medical Graphics Corporation Cardiopulmonary Exercise -
System CPX/D 350 Oak Grove Parkway St Paul MN 55127 – USA.
66
3.5.3 Lactímetro
Para medir o lactato sangüíneo foi utilizado um lactímetro da marca
Accutrend®, o qual possui como princípio de medição a reação enzimática com leitura
por fotometria de refletância. Esse aparelho utiliza como amostra uma gota de sangue
arterializado, cujo volume gira entre 15 a 50 µl, podendo essa amostra ser coletada do
lóbulo da orelha, ponta de dedo ou sangue venoso coletado por punção. A gota de
sangue é pingada sobre uma fita de análise, que para este estudo utilizou-se a marca
Roche®. Uma vez inserida a fita no lactímetro a concentração de lactato medida é
visualizada na tela após 60 seg.
Figura 3 - Lactímetro Accutrend®.
Esse aparelho foi avaliado por BISHOP (2001) que o validou através da
comparação com um dos métodos considerados padrão-ouro na medição de lactato
sangüíneo, conhecido como Micro Stat, o qual consiste na coleta do sangue em
capilares heparinizados e medição por reação enzimática mediada pela lactato oxidase.
67
No estudo de BISHOP (2001), não somente os valores de lactato medidos
entre os dois métodos foram comparados, mas também os valores de freqüência
cardíaca e potência, utilizando quatro métodos diferentes de limiar de lactato, um dos
quais inclusive, sendo o mesmo adotado em nosso estudo.
3.5.4 Remoergômetro
Para a realização do protocolo do teste cardiopulmonar de exercício foi
utilizado um remoergômetro da marca Concept II, modelo C (Morrisville – EUA)
caracterizado por frenagem a ar, utilização de um mostrador digital PM – 2
(Performance Monitor – 2) o qual possibilita a visualização da potência desenvolvida,
controle do tempo de exercícios e pausas de recuperação.
O fator de dragagem é regulado diretamente no remoergômetro, através da
abertura da janela de ar e da programação no microprocessador, proporcionando um
ajuste entre a frenagem a ar oferecida pelo equipamento e as medições de potência feitas
pelo mesmo. O fator de dragagem utilizado foi de 130, seguindo as recomendações
sugeridas por outro estudo com remadores que foram avaliados no mesmo
remoergômetro (INGHAM et al. 2002). A abertura da janela de ar foi mantida na
posição 4, referida por treinadores e remadores como sendo a abertura na qual os atletas
estão familiarizados em função de treinamentos e avaliações anteriores.
A avaliação de remadores em remoergômetro já foi previamente validada
por LAMB (1989), o qual comparou a cinemática de remadores nesse equipamento com
o gesto esportivo executado em barco na água.
68
Figura 4 - Remoergômetro Concept II Morrisville - USA.
3.5.5 Célula de carga
A medição da força foi feita por uma célula de carga similar à desenvolvida
por LUSA & ZARO (1999). Essa célula é uma barra de metal em forma de anel,
instrumentada com extensômetros de resistência elétrica (strain gauges). A calibração
da célula de carga foi realizada para o conhecimento da linearidade e para conversão da
resposta elétrica em força como será descrito no capítulo 3.7.2.2 referente a calibração
da célula de carga.
Essa célula de carga possui as mesmas características técnicas que a célula
SV-100 da Alfa Instrumentos cuja descrição encontra-se no Anexo III.
Para a medição da força produzida durante a remada, a célula foi acoplada
entre a correia do remoergômetro e o pegador do mesmo, de maneira que o mecanismo
de fixação não interferiu na aquisição dos dados (Figura 5).
O sinal elétrico emitido da célula de carga foi transmitido para um
condicionador de sinais (LMM – DEMEC – UFRGS) onde o sinal amplificado foi
convertido por uma placa analógico-digital (PCM – DAS 16S/16 Computer Boards,
69
INC –Mansfield, MA, USA) e os dados foram coletados pelo programa de computador
SAD 32 e armazenados em um microcomputador para posterior análise. A freqüência
de amostragem foi de 500 Hz.
Figura 5- Célula de carga Laboratório de Medições Mecânicas UFGRS instalada no
remoermetro
3.5.6 Aparelhos para medição e avaliação da composição corporal
3.5.6.1 Estadiômetro
Para medir a estatura utilizou-se um estadiômetro constituído por escala
métrica com resolução de 1mm, fixada na parede, na qual desliza um cursor que mede a
estatura do indivíduo na posição em pé.
70
3.5.6.2 Balança
Para determinação da massa corporal foi utilizada uma balança eletrônica,
modelo PS - 180 da marca URANO ® RS/Brasil, com carga máxima de 180 kg e
resolução de 100g.
3.5.6.3 Adipômetro
Para medir as dobras cutâneas foi utilizado um adipômetro da marca
Lange® com resolução de 1 mm e pressão constante de 10 g/mm
2
.
3.5.7 Programas de computador utilizados
Os programas de computador não são exatamente instrumentos de coleta de
dados, mas dos vários programas utilizados neste estudo, dois deles foram largamente
empregados na coleta dos dados e devem, portanto, desde já serem descritos para
facilitar o entendimento dos procedimentos e resultados que serão apresentados no
decorrer deste trabalho.
3.5.7.1 Medgraphics Breeze Ex Cardiorespiratory Diagnostic Software
O programa utilizado pelo ergoespirômetro MGC®, o Medgraphics Breeze
Ex Cardiorespiratory Diagnostic Software da Medical Graphics Corp. apresenta a
característica de analisar os gases expirados pelo avaliado, respiração a respiração, e
71
possibilitar a exportação desses dados na forma de planilhas que podem ser analisadas
por programas compatíveis com o ambiente Windows®, como o Microsoft Excel®, por
exemplo. Uma vez exportados, esses dados podem ser visualizados na forma de Tabelas
e sofrerem todos os tipos de análises permitidos pelo Microsoft Excel® como média,
desvio padrão e outros.
No caso desse estudo, optou-se pela construção das planilhas de dados
ventilatórios utilizando-se um dos recursos desse software, que faz a média das cinco
respirações centrais de sete coletadas, ou seja, como o ergoespirômetro analisa a
respiração do avaliado respiração por respiração, são coletadas sete respirações e
descarta-se a primeira e a última, fazendo-se a média das cinco respirações centrais.
Desta forma o software reduz a influência de possíveis discrepâncias que podem ocorrer
nas respostas ventilatórias medidas.
3.5.7.1 SAD 32 (Sistema de Aquisição de Dados)
O programa SAD 32 (Sistema de Aquisição de Dados) de autoria do
professor Milton Zaro e colaboradores, do Laboratório de Medições Mecânicas da
UFRGS, foi criado em 1997 e utilizado na calibração da célula de carga, aquisição e
análise dos sinais de força produzidos pelos remadores.
O programa SAD 32 caracteriza-se por atuar em ambiente DOS e permitir a
análise de sinais biológicos como a curva de produção de força. Os dados foram
expressos na forma de gráficos em que no eixo y era medida a força e no eixo x, o
tempo decorrido.
Com esse programa é possível tratar os dados coletados, através de filtragem
de ruídos derivados da coleta dos sinais, o recorte de trechos desejados do gráfico, a
análise de dados estatísticos do sinal como a média de um determinado período e outros.
72
No capítulo de análise dos dados serão descritos todos os recursos desse
programa que foram empregados na obtenção dos resultados dos dados coletados.
3.5.8 Ficha de coleta de dados
A ficha de coleta de dados (vide Anexo V) foi composta por informações
relativas ao nível de treinamento do atleta, títulos conquistados, tempo de treinamento e
categoria na qual se enquadra. Além disso, apresentava os campos destinados ao
registro dos dados cineantropométricos de massa corporal, estatura e dobras cutâneas.
No seu verso, apresentava uma descrição do protocolo do teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro para o acompanhamento por parte da
equipe de pesquisa, bem como os campos referentes à anotação dos valores de FC e
concentração sangüínea de lactato a cada estágio do teste cardiopulmonar de exercício
em remoergômetro.
3.6 Procedimentos de coleta de dados
Durante as sessões de coletas de dados, os remadores eram recebidos no
setor de Fisiologia do Exercício do Laboratório de Pesquisa do Exercício (LAPEX) da
Escola de Educação Física (ESEF) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS), onde recebiam e liam o termo de consentimento informado. Após o devido
entendimento e aprovação do mesmo, recebiam novamente uma explicação verbal dos
procedimentos aos quais iriam se submeter, respondiam às questões presentes na ficha
de coleta de dados e realizavam as medições dos dados cineantropométricos.
Após a medição dos dados cineantropométricos, os remadores eram
encaminhados para o remoergômetro, onde se acomodavam ajustando as presilhas do
73
aparelho aos pés, a máscara captadora de gases do ergoespirômetro era conectada e a
fita torácica do cardiotacômetro adaptada ao atleta.
Após a estabilização da ventilação, monitorada pela Taxa de Troca
Respiratória (RER), garantindo que os remadores apresentassem uma ventilação de
repouso e o predomínio do metabolismo aeróbico de produção de energia, iniciava-se o
teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro. O valor adotado como parâmetro
de início do teste foi um RER < 0,8.
3.7 Protocolo de testes
3.7.1 Coleta de dados prévios ao teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro
3.7.1.1 Estatura
Para a medição da estatura, o indivíduo era orientado a permanecer em pé,
com as costas apoiadas no centro do estadiômetro, calcanhares unidos, joelhos
estendidos, postura ereta e a cabeça orientada pelo Plano de Frankfurt (MARINS,
2003). Era solicitado ao avaliado que realizasse uma inspiração e então o cursor do
estadiômetro era deslocado até atingir o vértex de seu crânio, computando-se o valor
atingido.
3.7.1.2 Massa corporal
Para a medição da massa corporal o indivíduo era orientado a permanecer
em pé, no centro da balança e o mais imóvel possível. O avaliador aguardava até a
74
estabilização da mensuração da massa corporal pelo mostrador digital e então era
computado o valor atingido.
3.7.1.3 Dobras cutâneas
Para a medição das dobras cutâneas o indivíduo era orientado a permanecer
em pé, com a musculatura dos membros superiores relaxada e então eram mensuradas
as dobras cutâneas de tríceps, subescapular, crista ilíaca e abdominal. Para todas as
dobras mensuradas, foram feitas três tomadas de medidas, computando-se a mediana ou
a moda das mesmas.
As três tomadas de medidas eram feitas de forma seqüencial, ou seja, era
feita a primeira medida da dobra cutânea de tríceps, a primeira medida da dobra cutânea
subescapular, a primeira medida da dobra cutânea de crista ilíaca, a primeira medida da
dobra cutânea abdominal, em seguida a segunda medida de cada uma das quatro dobras
e por fim a terceira e última medida de cada uma das dobras cutâneas (PETROSKI,
1995). Desta forma espera-se ter minimizado pelo menos dois fatores que podem afetar
a medição de dobras cutâneas: a acomodação do tecido adiposo após cada medição e a
influência que uma medida prévia pode ocasionar no registro do valor da medida
subseqüente feita pelo avaliador.
As tomadas de medidas foram feitas aguardando-se em torno de 2 seg após
o pinçamento da dobra cutânea, no qual o avaliador procurava reunir a maior quantidade
de tecido adiposo possível sem incluir tecido muscular.
A localização das dobras cutâneas obedeceu às recomendações propostas
por HEYWARD (2004). O cálculo do percentual de gordura foi feito com base na
75
equação proposta por Faulkner e validada para homens residentes no Rio Grande do Sul
e Santa Catarina, com faixa etária entre 18 e 25 anos por PETROSKI (1995).
3.7.2 Calibrações
3.7.2.1 Calibração do Ergoespirômetro
O procedimento de calibração foi adotado em todos os dias de coleta de
dados. A calibração do ergoespirômetro incluiu procedimentos de calibração do
pneumotacógrafo e do analisador de gases. Uma calibração completa foi realizada pelo
menos uma vez por dia. Se as condições das coletas de dados fossem alteradas durante o
dia por qualquer razão (por exemplo, alterações consideráveis na temperatura ou falta
de energia elétrica), o procedimento completo era repetido.
Procedimentos para calibração:
a) Informação das condições ambientais: antes do início do processo de
calibração foram informadas a temperatura ambiente, a pressão atmosférica e a umidade
relativa do ar.
b) Calibração do volume no pneumotacógrafo: inicialmente foi feita
eletronicamente pelo sistema a calibração do volume zero no pneumotacógrafo. Nesse
momento era importante assegurar que não houvesse movimento do ar ou que se
respirasse perto do pneumotacógrafo, podendo introduzir fluxo. Em seguida, foi feita a
calibração do volume com cinco injeções e ejeções de ar em diferentes velocidades
através do pneumotacógrafo com uma seringa de 3 L.
c) Calibração do analisador de gases: consistia no ajuste das concentrações
de O
2
e CO
2
de acordo com as concentrações dos cilindros de referência (21% O
2
e
76
nitrogênio para balanço) e de calibração (12% O
2
, 5,09% CO
2
, e nitrogênio para
balanço). Por último, foi feita a medida da phase delay, ou seja, a diferença de tempo
entre a detecção do fluxo pelo pneumotacógrafo, praticamente instantânea, e as medidas
das concentrações dos gases pelo analisador.
3.7.2.2 Calibração da célula de carga
O procedimento de calibração da célula de carga também ocorreu em todos
os dias de coletas de dados. A calibração consistia em duas etapas: uma de aquisição e
outra de análise e escalonamento.
Na primeira etapa foi medida a ausência completa de produção de força pela
célula de carga durante 5 seg, e a força proveniente do peso de quatro anilhas do
equipamento de dinamometria isocinética Cybex ® de massa conhecida (25 lb), também
durante 5 seg, as quais eram colocadas uma a uma em um gancho ligado à célula de
carga. Desta forma o sinal elétrico resultante do estímulo da massa das anilhas era
coletado por um computador, e um gráfico era construído através do SAD, com os
diferentes níveis de sinais elétricos: zero, 25 lb, 50 lb, 75 lb e 100 lb.
A segunda etapa consistia em realizar uma análise espectral dos sinais
elétricos medidos, no domínio da freqüência, através da Transformada Rápida de
Fourier (FFT – Fast Fourier Transformation) identificando-se a freqüência fundamental
dos sinais elétricos. Feito isso, os sinais eram filtrados utilizando essa freqüência
fundamental, que em todas as calibrações foi de 1 Hz, através de um filtro ideal via
FFT.
Uma vez filtrados, uma análise estatística dos sinais era feita através do
valor médio de cada um dos trechos: zero, 25 lb, 50 lb, 75 lb e 100 lb. Esses valores
77
foram inseridos em uma planilha eletrônica e convertidos em kgf devido ao
conhecimento prévio das massas das anilhas.
Em seguida foram convertidos em Newtons e plotados em um gráfico
identificando-se a equação do gráfico, incluindo o seu termo independente e o
coeficiente angular. É interessante notar que em todos os procedimentos de calibração o
gráfico mostrava um comportamento extremamente linear, com um r
= 0,99,
demonstrando ser este procedimento extremamente confiável. Os valores da equação do
gráfico foram então inseridos no SAD, de modo que todas as medidas de força
realizadas durante as coletas de dados obedeceram aos parâmetros configurados pelo
procedimento de calibração da célula de carga.
3.7.3 Protocolo do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro
Após as calibrações, os remadores foram submetidos a um teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro máximo e de carga progressiva em
“escada”, ou seja, o aumento das intensidades se dá de forma absoluta a cada estágio.
O teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro iniciou com 150 W
e a cada estágio, que possuía a duração de 3 min para uma melhor resposta da cinética
de lactato (BROOKS, 1985), teve a sua carga aumentada em 50 W. Entre cada estágio
uma pausa de 60 seg foi realizada para coleta de uma gota de sangue do lóbulo da
orelha dos remadores para análise do lactato sangüíneo.
Esse protocolo foi escolhido por ser normalmente utilizado no
acompanhamento do treinamento de remadores e devido à familiaridade dos mesmos
com o protocolo (SECHER, 1993; STEINACKER, 1984).
78
Os remadores foram motivados verbalmente durante o teste a avançarem
tantos estágios quantos conseguissem até atingirem seu nível máximo de tolerância ao
exercício.
3.7.4 Coleta de dados cardiorrespiratórios (FC, VO
2
, VCO
2
, VE, RER, MET)
A FC foi monitorada constantemente pelo cardiotacômetro da marca Polar
modelo S610 ®, sendo coletados os valores minuto a minuto por um dos pesquisadores
da equipe e registrados na ficha de coleta de dados para posterior análise.
O ergoespirômetro MGC ® foi usado para a medida direta do VO
2
e dos
demais parâmetros ventilatórios, coletando informações respiração por respiração,
captando os gases através de um pneumotacógrafo acoplado em um bocal colocado na
cavidade oral do avaliado, impedindo-se a respiração com a colocação de um oclusor no
nariz do avaliado. Os dados foram coletados em tempo real e transmitidos a um
computador onde as informações puderam ser analisadas posteriormente.
Através da medição do consumo de oxigênio o programa de computador do
ergoespirômetro MGC automaticamente calcula os valores de equivalente metabólico.
3.7.5 Coleta do lactato
No teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, a cada pausa de
60 seg foi coletada uma gota de sangue arterializado do lóbulo da orelha, a qual foi
analisada pelo lactímetro Accusport Roche®. Os valores de lactato sangüíneos
coletados em cada estágio foram anotados na ficha de coleta de dados para posterior
análise.
79
A utilização do lóbulo da orelha como local de coleta de sangue já foi
anteriormente comparada com outras regiões em remadores, não tendo sido verificadas
diferenças entre os locais de coleta (FORSYTH & FARRALLY, 2000).
3.7.6 Coleta de dados biomecânicos (força, potência e impulso)
A força foi medida através da utilização de uma célula de carga, localizada
no ponto de junção entre a corrente e o pegador do remoergômetro, como mostra a
Figura 6, a qual é ativada pela deformação causada no momento de aplicação de força.
Tal estímulo proporciona a aquisição de um sinal elétrico, o qual é convertido em kgf
através da calibração feita no SAD. Essa medição de força é representada pelo programa
na forma de uma curva de força, a qual foi analisada posteriormente.
A Figura 6 mostra ainda os principais instrumentos utilizados, como o remo
ergômetro, ergoespirômetro e célula de carga sendo identificados, e ao fundo os
cilindros de gás para calibração.
A potência foi medida pelo próprio remoergômetro, seguindo o mesmo
procedimento de todos os estudos consultados na literatura durante este trabalho. O
impulso foi calculado através da integral entre a força e o tempo como será explicado no
capítulo 3.8.5.2 referente à análise da curva força x tempo.
80
Figura 6 - Remoergômetro instrumentalizado com célula de carga e ergoespirômetro.
3.8 Análise dos dados
Os dados foram analisados no estágio de limiar de lactato, cuja metodologia
de avaliação será descrita a seguir e no estágio máximo atingido no teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro pelos atletas.
Optou-se por analisar os dados referentes ao estágio de limiar de lactato,
devido ao fato do mesmo ser referente à intensidade de exercício em que a produção de
lactato passa a ultrapassar a capacidade de remoção (COYLE, 1995; BROOKS, 1985;
HOLLMANN, 2001) representando, portanto, um momento crítico durante a realização
de um exercício físico, e que é largamente empregado como um parâmetro de avaliação
funcional e prescrição do treinamento físico de atletas (CHENG et al., 1992; RIBEIRO,
1995; COYLE, 1995; GRANT et al., 2002; GRECO et al. 2003; SVEDAHL &
81
MACINTOSH, 2003; BISHOP, 2004) e em especial de remadores (URHAUNSEN et
al., 1993a; URHAUNSEN et al., 1993b; BENEKE, 1995; BOURGOIS et al., 1998;
COSGROVE et al., 1999; INGHAM et al., 2002; BENEKE, 2003).
Da mesma forma, as respostas fisiológicas máximas alcançadas em
diferentes testes ergométricos são largamente estudadas e empregadas como parâmetros
de prescrição de treinamento (MILLER et al., 1993, MEYER et al., 1999; LEPRETRE
et al., 2004; CHUANG et al., 2004), avaliação das adaptações ao exercício (HILL &
ROWELL, 1997; COX et al., 2004; CAPUTO & DENADAI, 2004) e em especial no
controle do treinamento de remadores (HAMLEY & THOMAS, 1969; HAGERMAN &
LEE, 1971; LAKOMY & LAKOMY, 1993; RIECHMAN et al., 2002; PETIBOIS et
al., 2003; FISKERSTRAND et al., 2004).
3.8.1 Determinação do limiar de lactato
O limiar de lactato foi determinado empregando-se a metodologia descrita
primeiramente por CHENG et al. (1992) e posteriormente também utilizada por
NICHOLSON & SLEIVERT (2001) e intitulada de Dmáx. (Distância máxima). Esse
método foi assim batizado porque utiliza uma técnica na sua determinação, na qual uma
curva é criada plotando-se os valores de lactato sangüíneo coletados em um gráfico do
Microsoft Excel, criando-se uma linha de tendência exponencial no mesmo. Feito isso,
uma reta é traçada entre o ponto inicial e final da curva da linha de tendência, e a maior
distância entre a reta traçada e a curva criada pelo gráfico é medida, proporcionando
assim a identificação do limiar de lactato como mostra a Figura 7.
82
Ao se traçar uma linha do ponto de maior distância, perpendicular ao eixo x
do gráfico, pode-se obter o estágio de limiar de lactato do atleta e a partir disso analisar
todas as respostas fisiológicas e biomecânicas referentes a esse estágio.
Figura 7 - Determinação do limiar de lactato pelo método D máx.
3.8.2 Aspectos cardiorrespiratórios (FC, VO
2
, VCO
2
, VE, e RER)
Uma vez identificado o estágio do teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro em que os remadores atingiam o limiar de lactato, foi feita a média dos
valores de FC coletados minuto a minuto nesse estágio, a qual foi chamada de
freqüência cardíaca de limiar. Também foram computados os valores máximos de FC
atingidos pelos remadores no teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro (FC
máxima).
Foi calculada a média dos valores das variáveis ventilatórias obtidas no
estágio de limiar de lactato e no estágio máximo alcançado pelo remador, passando a
83
serem chamadas, respectivamente, de VO
2
de limiar, VCO
2
de limiar, VE de limiar e
RER de limiar e VO
2
de pico
1
, VCO
2
máximo, VE máximo e RER máximo.
Os valores de MET também foram analisados através da média dos valores
coletados no estágio de limiar de lactato e no estágio máximo alcançado pelos
remadores, sendo chamados de MET de limiar e MET máximo.
3.8.3 Aspectos lactacidêmicos
Os dados de lactato foram analisados a partir dos valores coletados nos
momentos de pausa após o término de cada estágio e dizem respeito a valores pontuais
medidos pelo lactímetro. Desta forma, depois de identificado o estágio de limiar de
lactato, o valor coletado referente ao respectivo estágio foi então considerado como
sendo o lactato de limiar. Da mesma forma, o valor máximo de lactato alcançado ao
término do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro foi também
computado, sendo chamado de lactato máximo.
3.8.4 Aspectos biomecânicos (força, potência e impulso)
3.8.4.1 “Anatomia” da curva de força x tempo
Para o correto entendimento dos procedimentos de análise dos dados
relacionados à produção de força dos remadores, optou-se por incluir neste capítulo uma
seção relacionada às características da produção de força enquanto sinal biológico
medido e analisado neste estudo.
1
O VO
2
recebe aqui a conotação de VO
2
de pico, pois foi usado o maior valor de VO
2
medido e não os
parâmetros de estabilização empregados para determinação do VO
2
máx.
84
A curva de força x tempo medida pela célula de carga e analisada pelo
programa de computador SAD, como será descrito a seguir, diz respeito à produção de
força pelo remador durante o gesto esportivo da remada, que possui basicamente quatro
fases:
1. Entrada: Introdução do remo na água e início da produção de força;
2. Propulsão: Produção efetiva de força;
3. Finalização: Término da fase de propulsão, retirada dos remos da água;
4. Recuperação: Retorno à posição inicial sem produção efetiva de força;
No caso deste estudo, os dados não foram coletados em uma situação real de
remo, ou seja, remando em um barco na água, mas sim remando em um remoergômetro.
Entretanto, esse ergômetro possui uma alta fidedignidade com os movimentos
realizados na água (LAMB, 1989), como mostra a Figura 8, sendo largamente
empregado na avaliação e treinamento dos remadores (HAGERMANN et al., 1978;
LORMES et al., 1993; MOYNA et al. 2001; BERNSTEIN et al. 2002).
É importante observar que o eixo Y do gráfico corresponde aos valores de
produção de força, enquanto que o eixo X se refere a tempo decorrido para a realização
da remada.
85
Figura 8 - “Anatomia” da curva de força x tempo – Adaptado de TORRES – MORENO
et al. (1999) e MANUAL DO REMOERGÔMETRO CONCEPT II (2005).
3.8.4.2 Análise da curva de força x tempo
Os dados de força foram analisados seguindo os mesmos parâmetros dos
dados fisiológicos, ou seja, utilizando o estágio de limiar de lactato e o estágio máximo
alcançado no teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro como ponto de
referência. Entretanto, devido à natureza ergódica das curvas de força x tempo, que
possuem como característica a repetição do seu comportamento ao longo do tempo,
optou-se pela seguinte metodologia na análise da produção de força dos remadores:
As curvas de força x tempo coletadas no estágio desejado passaram por um
tratamento através do programa de computador SAD, que consistiu inicialmente em
uma filtragem influenciada pela freqüência fundamental do sinal, a qual foi identificada
realizando uma análise no domínio da freqüência através da Transformada Rápida de
86
Fourier (FFT). Tendo sido identificada a freqüência fundamental, a qual foi sempre
inferior a 10 Hz, foi usado um “filtro ideal via FFT” entre 0 e 10 Hz, pois constatou-se
que filtragens em outras freqüências modificam muito o sinal inicial medido.
Uma vez que o sinal era filtrado, foram identificadas as 10 curvas de força x
tempo centrais do estágio, em função do tempo de duração do mesmo, da mesma forma
que o proposto por TORRES-MORENO et al. (1999). Essas curvas eram então
selecionadas com o uso do programa SAD utilizando o seguinte procedimento:
Inicialmente foi preciso demarcar o ponto de início e término de cada curva
de força x tempo, o que foi feito seguindo-se o método descrito por HODGES & BUI
(1996), o qual foi empregado originalmente na análise de sinais eletromiográficos, mas
tem sido usado na análise da produção de força no remo nos estudos conjuntos entre o
Grupo de Pesquisa em Biomecânica e o Grupo de Estudos em Fisiologia e Bioquímica
do Exercício da Escola de Educação Física da UFRGS com boa aplicabilidade
(OLIVEIRA et al., 2003; BAPTISTA et al., 2003; BAPTISTA et al., 2004).
HODGES & BUI (1996) sugerem a análise da linha de base do sinal
medido, através do uso da fórmula:
Início do sinal = 3 * DP + MED
Onde DP é o desvio padrão e MED é a média do período de linha de base
utilizado (representadas pela letra a na Figura 9). No caso deste estudo foi utilizado
sempre o período que antecedia as 10 curvas selecionadas (representadas pela letra b na
Figura 9). A Figura 9 é meramente ilustrativa e não necessariamente representa um
trecho do sinal analisado.
87
Figura 9 - Gráfico mostrando o processo de seleção das curvas de força x tempo
O valor resultante desse cálculo foi usado como parâmetro de início e
término de cada curva de força x tempo, pois representa o início de produção
significativa de sinal medido e também, na outra extremidade da curva de força x
tempo, a ausência de produção significativa de sinal medido (HODGES & BUI, 1996).
Depois de determinados o ponto de início e de término das curvas de força x tempo, foi
feito um processo de seleção (recorte) de cada curva e deslocamento até o ponto zero do
gráfico, de modo que as curvas ficassem então todas sincronizadas no eixo X das
mesmas, como mostra a Figura 10.
88
Figura 10 – Sincronização para soma das 10 curvas de força selecionadas
Uma vez que todas as curvas de força x tempo estavam sincronizadas, foi
feita a média das mesmas, resultando em uma só curva (como mostra a Figura 11) que
passou por uma análise para identificação do seu perfil no que diz respeito à localização
do seu pico. Através da identificação da sua duração temporal (tempo de curva - TC),
foi localizada a metade da curva (MC) e em seguida calculado, com o auxílio do
programa SAD, o tempo para pico (TP), ou seja, o tempo levado pelo remador para
alcançar o pico de força, ou simplesmente pico de força (PF).
89
Figura 11 – Curva de força x tempo média
Logo, os componentes que fazem parte do formato da curva de força x
tempo do remador são o tempo de curva, a metade da curva, tempo para pico e o pico de
força.
Através do tempo para pico e da metade da curva, pôde-se classificar os
remadores em dois grupos quanto ao tipo de curva de força x tempo:
Remadores stroke: Pico de força na primeira metade da curva.
Remadores bow: Pico de força na segunda metade da curva.
Foi feita também a análise do impulso produzido, através do cálculo da
integral da força pelo tempo com o uso do programa de computador SAD. A potência
foi medida pelo próprio remoergômetro, como citado anteriormente, não necessitando
de maiores análises e tratamentos.
90
3.9 Tratamento estatístico
As variáveis foram descritas através de média (X) e desvio padrão (DP).
Para verificar a normalidade dos dados, o Teste de Shapiro Wilk foi aplicado.
Para a comparação das respostas fisiológicas e biomecânicas entre
remadores com diferentes tipos de curva de força x tempo (stroke e bow), tanto no
estágio de limiar de lactato, quanto no estágio máximo alcançado no teste
cardiopulmonar de exercícios em remoergômetro, foi usado Teste t-student para
amostras independentes.
Para analisar a associação entre os diferentes tipos de curva de força x
tempo e as respostas fisiológicas e biomecânicas, tanto no estágio de limiar de lactato,
quanto no estágio máximo alcançado no teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro, foi aplicada a correlação linear de Pearson.
No intuito de avaliar possíveis mudanças no formato da curva de força x
tempo, decorridas entre o estágio de limiar de lactato e o estágio máximo atingido no
teste cardiopulmonar de exercícios em remoergômetro, foi utilizado o Teste Qui-
Quadrado de McNemar.
Para comparar as respostas fisiológicas e biomecânicas entre os grupos de
remadores após as modificações no formato da curva de força x tempo, decorridas entre
o estágio de limiar de lactato e o estágio máximo atingido no teste cardiopulmonar de
exercícios em remoergômetro, foi utilizada a Análise de Variância (ANOVA) one-way.
O nível de significância adotado foi de 5% e os resultados foram analisados
no programa SPSS (Statistical Package for Social Sciences) versão 10.0. Níveis
descritivos amostrais (valor p) entre 0,05 e 0,10 foram considerados limítrofes,
conforme ALTMAN (1991).
91
4. RESULTADOS
4.1 Caracterização da amostra
O resultado do teste de normalidade apresentou todas as variáveis se
distribuindo de forma gaussiana.
Com o intuito de caracterizar a amostra desta pesquisa, a Tabela 1 apresenta
informações explicativas dos sujeitos que participaram deste estudo. Esta tabela
apresenta as medidas de tendência central (média) e variabilidade (desvio padrão) da
idade, massa corporal, estatura e percentual de gordura de todos os remadores, bem
como as informações referentes ao tempo de treinamento e os principais títulos
conquistados pelos remadores que participaram deste estudo.
A idade média dos remadores que participaram deste estudo foi de 24,47 ±
5,21 anos, a massa corporal média foi de 83,51 ± 7,19 kg, a estatura média foi de 185,50
± 6,53 e o percentual de gordura médio foi de 13,68 ± 1,65.
O tempo médio de treinamento destes remadores foi de 6,80 ± 2,83 anos e
os títulos conquistados vão desde resultados estaduais até Pan-Americanos.
92
Tabela 1: Caracterização da amostra
Remador
Idade
(anos)
Massa
Corporal
(kg)
Estatura
(cm)
Percentual
de gordura
(%)
Tempo de
Treinamento
(anos)
Principais
títulos
1 20 82,00 188,00 14,66 5 Vice Campeão Estadual
2 17 80,00 185,50 14,81 2
Vice Campeão
Brasileiro
3 29 79,90 181,00 14,05 10 Campeão Estadual
4 32 84,20 183,00 13,13 10 Campeão Brasileiro
5 24 73,40 192,00 12,36 6 Campeão Brasileiro
6 32 93,00 185,50 15,27 10
Campeão Sul-
Americano
7 21 85,40 185,00 13,89 6 Campeão Brasileiro
8 19 75,60 173,00 12,36 4
Vice Campeão
Brasileiro
9 17 81,30 182,00 15,27 3
Vice Campeão
Brasileiro
10 19 76,90 184,00 16,65 4
Vice Campeão
Brasileiro
11 27 99,50 202,00 11,75 6
Campeão Sul-
Americano
12 24 76,50 180,00 10,83 8
Vice Campeão Pan-
americano
13 26 88,20 189,50 13,89 8
Campeão Sul-
Americano
14 30 91,10 182,00 14,81 10 Campeão Brasileiro
15 30 85,70 190,00 11,45 10
Campeão Sul-
Americano
X 24,47 83,51 185,50 13,68 6,80
DP 5,21 7,19 6,53 1,65 2,83
93
4.2 Resultados obtidos no limiar de lactato
Como dito anteriormente, os remadores que participaram deste estudo foram
classificados e analisados em função de suas respostas biomecânicas e fisiológicas, a
partir dos dados coletados no estágio do teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro em que atingiam seu limiar de lactato e no estágio máximo alcançado.
A Figura 12 mostra a curva de cinética de lactato dos remadores a partir da
qual seus Limiares de lactato foram individualmente detectados, pelo método
anteriormente descrito (CHENG et al., 1992; NICHOLSON & SLEIVERT, 2001).
0
2
4
6
8
10
12
14
150 200 250 300 350 400 450 500
Potência (W)
Lactato (mM)
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
Figura 12 – Curva de cinética de lactato dos remadores
94
A Tabela 2 mostra as respostas fisiológicas dos remadores obtidas no
estágio de limiar de lactato. A média de FC foi de 150,22 ± 16,28 bpm, a média de VO
2
relativo à massa corporal foi de 40,12 ± 2,22 mL
-1
.kg.min
-1
, a média de VO
2
absoluto
foi de 3,35 ± 0,29 L.min
-1
, a média VCO
2
foi de 2,97 ± 0,33 L.min
-1
, a média de RER
foi de 0,91 ± 0,05, a média de VE foi de 84,99 ± 8,64 mL
-1
.kg.min
-1
, a média de La foi
de 2,72 ± 1,05 mM e a média de equivalentes metabólicos MET foi de 11,46 ± 0,63
METs.
Tabela 2: Respostas fisiológicas obtidas no limiar de lactato
Remador
FC
(bpm)
VO
2
/kg
(mL.kg
-1
.min
-1
)
VO
2
(L.min
-1
)
VCO
2
(L.min
-1
)
RER
VE
(mL.kg
-1
.min
-1
)
La
(mM)
MET
(METs)
1 149 37,61 3,08 2,63 0,86 71,89 2,90 10,75
2 169 40,44 3,24 2,81 0,88 87,36 4,30 11,56
3 148 42,32 3,38 2,99 0,90 79,48 1,70 12,06
4 140 39,07 3,29 2,75 0,86 83,17 1,70 11,16
5 165 42,91 3,15 2,70 0,89 77,80 1,90 12,27
6 161 42,09 3,94 3,68 0,94 106,47 3,00 12,00
7 158 38,48 3,29 3,05 0,97 81,69 4,10 10,99
8 149 42,80 3,24 2,62 0,84 82,66 1,80 12,23
9 161 41,17 3,35 3,10 0,98 86,87 3,00 11,76
10 174 42,60 3,28 2,96 0,92 97,06 4,10 12,17
11 151 40,92 4,07 3,55 0,87 92,15 1,70 11,69
12 110 39,96 3,06 2,71 0,91 75,61 2,40 11,42
13 135 36,54 3,22 2,86 0,94 85,01 2,40 10,43
14 151 37,18 3,39 3,36 1,01 81,20 4,30 10,63
15 132 37,76 3,23 2,82 0,90 86,36 1,50 10,79
X 150,22 40,12 3,35 2,97 0,91 84,99 2,72 11,46
DP 16,28 2,22 0,29 0,33 0,05 8,64 1,05 0,63
A Tabela 3 mostra as respostas biomecânicas dos remadores obtidas no
estágio de limiar de lactato. A média do PF foi de 841,23 ± 63,62 N, a média de TP foi
de 0,48 ± 0,08 segundo, a média do TC foi de 0,88 ± 0,08 segundo, a média da MC foi
de 0,44 ± 0,04 segundo, a média de I foi de 390,90 ± 33,16 N.seg e a média de P foi de
273,33 ± 32,00 W.
95
Tabela 3: Respostas biomecânicas obtidas no limiar de lactato
Remador
PF
(N)
TP
(seg)
TC
(seg)
MC
(seg)
I
(N.seg)
P
(W)
Classificação
1 864,59 0,47 0,97 0,48 408,61 250 Stroke
2 883,56 0,45 0,87 0,43 369,12 250 Bow
3 818,88 0,45 0,88 0,44 374,99 250
Bow
4 784,12 0,46 0,82 0,41 391,79 250
Bow
5 935,06 0,33 0,70 0,35 374,79 250 Stroke
6 984,04 0,42 0,76 0,38 475,32 350
Bow
7 772,30 0,46 0,88 0,44 363,86 300
Bow
8 776,32 0,50 0,80 0,40 352,93 250
Bow
9 786,80 0,53 0,95 0,47 355,26 250
Bow
10 809,32 0,52 0,92 0,46 381,77 250
Bow
11 821,81 0,57 0,99 0,49 421,54 250
Bow
12 809,60 0,66 1,00 0,50 389,66 300
Bow
13 912,77 0,50 0,92 0,45 433,65 300
Bow
14 800,85 0,46 0,85 0,42 367,66 300
Bow
15 858,37 0,41 0,90 0,45 402,48 300 Stroke
X 841,23 0,48 0,88 0,44 390,90 273,33
DP 63,62 0,08 0,08 0,04 33,16 32,00
Como mostra a Tabela 4 e a Figura 13, a partir do tempo para atingir o pico
de força foi possível classificar no limiar de lactato, 3 remadores stroke e 12 remadores
bow. O tempo para o pico de força foi significativamente diferente entre os dois grupos
(p=0,046). Não houve diferença significativa entre as características
cineantropométricas bem como entre as idades dos remadores nos dois grupos (p>0,05).
Tabela 4: Comparação do TP entre remadores no estágio de limiar de lactato
Grupo
Stroke Bow
n 3 12
TP
0,40 ± 0,07 0,50 ± 0,07*
* p=0,046
96
0,00
0,10
0,20
0,30
0,40
0,50
0,60
Stroke Bow
Tempo p/ pico (seg.)
*
Figura 13 - Comparação do TP entre remadores no estágio de limiar de lactato
4.2.1 Comparação das respostas fisiológicas entre os dois grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
Como mostra a Tabela 5, o grupo de remadores stroke, no limiar de lactato,
apresentou uma média de FC de 148,67 ± 16,5 bpm, um VO
2
relativo à massa corporal
médio de 39,43 ± 3,02 mL.kg
-1
.min
-1
, um VO
2
absoluto médio de 3,15 ± 0,07 L.min
-1
e
uma VCO
2
média de 2,72 ± 0,96 L.min
-1
. O grupo de remadores bow, no limiar de
lactato, apresentou uma média de FC de 150,58 ± 16,97 bpm, um VO
2
relativo à massa
corporal médio de 40,30 ± 2,11 mL.kg
-1
.min
-1
, um VO
2
absoluto médio de 3,39 ± 0,30
L.min
-1
e uma VCO
2
média de 3,04 ± 0,33 L.min
-1
.
O grupo de remadores stroke, no limiar de lactato apresentou uma média de
RER de 0,88 ± 0,02, uma VE média de 78,68 ± 7,27 mL.kg
-1
.min
-1
, uma concentração
97
de La médio de 2,10 ± 0,72 mM e um MET médio de 11,27 ± 0,87 METs. O grupo de
remadores bow no limiar de lactato apresentou uma média de RER de 0,92 ± 0,05, uma
VE média de 86,56 ± 8,47 mL.kg
-1
.min
-1
, um La médio de 2,87 ± 1,08 mM e um MET
médio de 11,51 ± 0,60 METs
Tabela 5: Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
Resposta fisiológica
Stroke Bow
FC (bpm) 148,67
±
16,50
150,58
±
16,97
VO
2
(mL.kg
-1
.min
-1
) 39,43
±
3,02
40,30
±
2,11
VO
2
(L.min
-1
)
3,15 ± 0,07 3,39 ± 0,30
VCO
2
(L.min
-1
)
2,72 ± 0,96 3,04 ± 0,33
RER
0,88 ± 0,02 0,92 ± 0,05
VE (mL.kg
-1
.min
-1
)
78,68 ± 7,27 86,56 ±8,47
La (mM)
2,10 ± 0,72 2,87 ± 1,08
MET (METs)
11,27 ± 0,87 11,51 ± 0,60
Como mostram as Figuras 14 e 15, não foram encontradas diferenças
estatisticamente significativas entre os dois grupos (p>0,05).
98
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
FC VE VO2/kg MET
bpm ; L.min
-1
; mL.kg.min
-1
; METs
Stroke Bow
Figura 14 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
4,50
VO2 VCO2 La RER
L.min
-1
; mM
Stroke Bow
Figura 15 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
99
4.2.2 Comparação das respostas biomecânicas entre os dois grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
Como mostra a Tabela 6, o grupo de remadores stroke no limiar de lactato,
apresentou uma média de PF de 886,01 ± 42,60 N, uma média de TP de 0,40 ± 0,07
segundo, uma média de TC de 0,86 ± 0,14 segundo, uma média de MC de 0,43 ±0,07
segundo, um I médio de 395,29 ± 18,02 N.seg e uma P média de 266,67 ± 28,87 W.
O grupo de remadores bow no limiar de lactato apresentou uma média de PF
de 830,03 ± 64,32 N, uma média de TP de 0,50 ± 0,07 segundo, uma média de TC de
0,89 ± 0,07 segundo, uma média MC em 0,44 ±0,04 segundo, um I médio de 389,80 ±
36,53 N.seg
-1
e uma P média de 275,00 ± 33,71 W.
Tabela 6: Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
Resposta biomecânica
Stroke Bow
PF (N) 886,01
±
42,60
830,03
±
64,32
TP (seg) 0,40
±
0,07
0,50
±
0,07*
TC (seg)
0,86 ± 0,14 0,89 ± 0,07
MC (seg)
0,43 ± 0,07 0,44 ± 0,04
I (N.seg)
395,29 ± 18,02 389,80 ± 36,53
P (W)
266,67 ± 28,87 275,00 ± 33,71
* p=0,046
Não foram encontradas diferenças significativas nas respostas biomecânicas
entre os grupos com exceção do TP (p=0,046).
100
0,00
100,00
200,00
300,00
400,00
500,00
600,00
700,00
800,00
900,00
1000,00
PF I P
N; N.seg; W
Stroke Bow
Figura 16 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
0,00
0,20
0,40
0,60
0,80
1,00
1,20
TP TC MC
segundos
Stroke Bow
*
Figura 17 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio de limiar de lactato
101
4.3 Resultados obtidos no estágio máximo
Foram analisadas também as respostas fisiológicas e biomecânicas máximas
alcançadas pelos remadores no teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro. É
importante salientar que no caso do VO
2,
tanto relativo à massa corporal quanto
absoluto, trata-se do VO
2
de pico, e não do VO
2
máximo, pois foi computado o maior
valor de VO
2
atingido no estágio máximo do teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro e não os critérios de estabilização usados para se identificar o VO
2
máximo (ARAÚJO, 2002).
A Tabela 7 mostra as respostas fisiológicas máximas atingidas no teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, a média de FC foi de 184,20 ± 9,79
bpm, a média de VO
2
relativo à massa corporal foi de 60,93 ± 3,45 mL.kg
-1
.min
-1
, a
média de VO
2
absoluto foi de 5,08 ± 0,40 L.min
-1
, a média de VCO
2
foi de 4,74 ± 1,40
L.min
-1
, a média de RER foi de 1,48 ± 0,10, a média de VE foi de 168,45 ± 16,06, a
média de La foi de 7,88 ± 2,21 mM, a média de P foi de 413,33 ± 39,94 W e a média de
MET foi de 17,41 ± 0,99 METs.
A Tabela 8 mostra as respostas biomecânicas máximas atingidas no teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, a média de PF foi de 930,66 ± 72,13
N, a média de TP foi de 0,34 ± 0,05 seg, a média de TC foi de 0,71 ± 0,06 seg, a média
da MC foi de 0,35 ± 0,03 seg, a média de I foi de 363,00 ± 30,28 N.seg e a média de P
foi de 413,33 ± 39,94 W.
102
Tabela 7: Respostas fisiológicas máximas atingidas no teste cardiopulmonar de
exercício em remoergômetro
Remador
FC
(bpm)
VO
2
/kg
(mL.kg.min
-1
)
VO
2
(L.min
-1
)
VCO
2
(L.min
-1
)
RER
VE
(mL.kg
-1
.min
-1
)
La
(mM)
MET
(METs)
1 185 57,20 4,68 4,60 1,48 167,10 8,70 16,30
2 200 58,60 4,69 4,48 1,42 135,40 9,70 16,80
3 183 58,70 4,70 0,05 1,41 147,40 6,50 16,80
4 177 63,20 5,32 5,22 1,31 169,70 7,30 18,00
5 188 63,60 4,67 4,34 1,34 165,80 5,00 18,20
6 182 59,10 5,54 5,72 1,39 192,80 8,20 16,90
7 195 63,60 5,43 5,22 1,60 167,00 7,30 18,20
8 176 67,00 5,07 4,94 1,53 164,50 7,70 19,10
9 196 61,50 5,00 4,95 1,53 151,90 13,10 17,60
10 193 59,90 4,61 4,37 1,50 172,10 7,80 17,10
11 183 59,20 5,89 6,11 1,67 183,70 3,90 16,90
12 164 65,80 5,04 4,87 1,48 164,80 6,50 18,80
13 187 63,90 5,64 5,80 1,57 196,80 7,20 18,30
14 184 55,10 5,02 5,34 1,53 179,20 10,60 15,70
15 170 57,50 4,93 5,16 1,39 168,50 8,70 16,40
X 184,20 60,93 5,08 4,74 1,48 168,45 7,88 17,41
DP 9,79 3,45 0,40 1,40 0,10 16,06 2,21 0,99
Tabela 8: Respostas biomecânicas máximas atingidas no teste cardiopulmonar
de exercício em remoergômetro
Remador
PF
(N)
TP
(seg)
TC
(seg)
MC
(seg)
I
(N.seg)
P
(W)
Localização do pico
de força
1 922,78 0,26 0,65 0,32 330,41 400 Stroke
2 1018,39 0,37 0,76 0,38 378,41 350 Stroke
3 933,29 0,38 0,72 0,36 373,37 350 Bow
4 823,44 0,36 0,71 0,35 378,54 400 Bow
5 964,19 0,26 0,60 0,30 327,38 400 Stroke
6 1002,92 0,37 0,72 0,36 412,36 500 Bow
7 951,37 0,35 0,74 0,37 355,63 450 Stroke
8 834,72 0,30 0,63 0,32 307,68 400 Stroke
9 821,42 0,39 0,77 0,38 326,28 400 Bow
10 849,41 0,40 0,77 0,38 347,3 400 Bow
11 990,86 0,37 0,69 0,34 396,63 450 Bow
12 940,76 0,31 0,66 0,33 358,25 400 Stroke
13 1020,53 0,31 0,67 0,33 396,97 450 Stroke
14 883,90 0,41 0,78 0,39 374,27 400 Bow
15 1001,92 0,32 0,76 0,38 381,46 450 Stroke
X 930,66 0,34 0,71 0,35 363,00 413,33
DP 72,13 0,05 0,06 0,03 30,28 39,94
103
Como mostra a Tabela 9 e a Figura 18, a partir do tempo para o pico de
força na curva de força x tempo no estágio máximo do teste cardiopulmonar de
exercício em remoergômetro, foi possível classificar oito stroke e sete remadores bow.
O tempo para o pico de força foi significativamente diferente entre os dois grupos
(p=0,001). Não houve diferença significativa entre as características
cineantropométricas bem como entre as idades nos dois grupos (p>0,05).
Tabela 9: Classificação dos remadores no estágio máximo
Grupo
Stroke Bow
n 8 7
TP
0,31 ± 0,04 0,38 ± 0,02*
**p=0,001
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
Stroke Bow
Tempo p/ pico (seg.)
**
Figura 18 - Classificação dos remadores no estágio máximo
104
Observou-se que os três remadores, com perfil stroke quando avaliados no
limiar de lactato, permaneceram com essa mesma classificação quando avaliados no
estágio máximo do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro. Por outro
lado, dos doze remadores bow no limiar de lactato, sete permaneceram com essa mesma
classificação quando avaliados no estágio máximo, representando 58,3% de
permanência, enquanto que cinco remadores transitaram para uma classificação stroke
no estágio máximo, representando uma transição de 41,7%.
Essas modificações no formato da curva de força x tempo ocorridas entre o
estágio de limiar de lactato e o estágio máximo atingido no teste cardiopulmonar de
exercício em remoergômetro, permitirão a verificação de outros resultados que serão
descritos no capítulo 4.6.
Em uma análise feita posteriormente, que não se encontrava nos objetivos
iniciais dessa pesquisa, verificou-se que o tempo para o pico de força, o tempo de curva
e a metade de curva, no estágio de limiar de lactato (0,48, 0,88 e 0,44 seg
respectivamente) foram significativamente maiores (p<0,001) do que no estágio
máximo (0,34, 0,71 e 0,35 seg respectivamente).
4.3.1 Comparação das respostas fisiológicas entre os dois grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
Como mostra a Tabela 10, o grupo de remadores stroke no estágio máximo
do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, apresentou uma média de FC
de 186,00 ± 8,38 bpm, um VO
2
relativo à massa corporal médio de 60,65 ± 3,94 mL.kg
-
1
.min
-1
, um VO
2
absoluto médio de 5,01 ± 0,34 L.min
-1
e uma VCO
2
média de 4,42 ±
1,81 L.min
-1
. O grupo de remadores com bow, no estágio máximo do teste
105
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, apresentou uma média de FC de
182,14 ± 11,50 bpm, um VO
2
relativo à massa corporal médio de 61,24 ± 3,06 mL.kg
-
1
.min
-1
, um VO
2
absoluto médio de 5,16 ± 0,48 L.min
-1
e uma VCO
2
média de 5,11 ±
0,66 L.min
-1
.
O grupo de remadores stroke no estágio máximo do teste cardiopulmonar
de exercício em remoergômetro, apresentou uma média de RER de 1,47 ± 0,08, uma VE
média de 164,00 ± 19,23 mL.kg
-1
.min
-1
, um La médio de 8,85 ± 2,20 mM e um MET
médio de 17,32 ± 1,13 METs. O grupo de remadores bow no estágio máximo do teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, apresentou uma média de RER de 1,48
± 0,12, uma VE média de 173,53 ± 10,65 mL.kg
-1
.min
-1
, um La médio de 6,77 ± 1,76
mM e um MET médio de 17,50 ± 0,89 METs.
Tabela 10: Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
Resposta fisiológica
Stroke Bow
FC (bpm) 186,00
±
8,38
182,14
±
11,50
VO
2
(mL.kg
-1
.min
-1
) 60,65
±
3,94
61,24
±
3,06
VO
2
(L.min
-1
)
5,01 ± 0,34 5,16 ± 0,48
VCO
2
(L.min
-1
)
4,42 ± 1,81 5,11 ± 0,66
RER
1,47 ± 0,08 1,48 ± 0,12
VE (mL.kg
-1
.min
-1
)
164,00 ± 19,23 173,52 ±10,65
La (mM)
8,85 ± 2,20
>
6,77 ± 1,76
MET (METs)
17,32 ± 1,13 17,50 ± 0,89
>
p=0,067
.
106
0
50
100
150
200
250
FC VE VO2/kg MET
bpm ; L.min
-1
; mL.kg.min
-1
; METs
Stroke Bow
Figura 19 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
0
2
4
6
8
10
12
VO2 VCO2 La RER
L.min
-1
; mM
Stroke Bow
>
Figura 20 - Comparação das respostas fisiológicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
107
Não foram encontradas diferenças significativas entre os dois grupos,
entretanto os dados sugerem uma maior concentração de lactato sangüíneo no grupo de
remadores stroke (8,85 ± 2,20 mM), quando comparado com o grupo de remadores bow
(6,77 ± 1,76 mM), embora essa diferença não tenha sido considerada significativa
(p=0,067).
4.3.2 Comparação das respostas biomecânicas entre os dois grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
Como mostra a Tabela 11, o grupo de remadores stroke no estágio máximo
do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, apresentou uma média de PF
de 956,83 ± 61,29 N, uma média de TP de 0,31 ± 0,04 seg, uma média de TC de 0,68 ±
0,06 seg, uma média de MC de 0,34 ± 0,02 seg, um I médio de 354,52 ± 30,77 N.seg e
uma P média de 393,75 ± 32,04 W.
O grupo de remadores bow no estágio máximo do teste cardiopulmonar de
exercício em remoergômetro apresentou uma média de PF de 900,75 ± 76,17 N, uma
média de TP de 0,38 ± 0,02 seg, uma média de TC de 0,74 ± 0,04 seg, uma média de
MC em 0,37 ± 0,02 seg, um I médio de 372,68 ± 28,82 N.seg e uma P média de 435,71
± 37,80 W.
108
Tabela 11: Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
Resposta biomecânica
Stroke Bow
PF (N) 956,83
±
61,29
900,75
±
76,17
TP (seg) 0,31
±
0,04
0,38
±
0,02**
TC (seg)
0,68 ± 0,06 0,74 ± 0,04
>
MC (seg)
0,34 ± 0,03 0,37 ± 0,02
>
I (N.seg)
354,52 ± 30,77 372,68 ± 28,82
P (W)
393,75 ± 32,04 435,71 ± 37,80*
**p=0,001;
>
p<0,10; *p=0,037
0
200
400
600
800
1000
1200
PF I P
N; N.seg; W
Stroke Bow
*
Figura 21 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
A potência máxima mostrou ser significativamente maior (p=0,037) no
grupo de remadores bow (435,71 ± 37,82 W), quando comparado ao grupo de
remadores stroke (393,75 ± 32,04 W).
109
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
TP TC MC
segundos
Stroke Bow
>
>
*
Figura 22 - Comparação das respostas biomecânicas entre os grupos classificados pela
curva de força x tempo no estágio máximo
Os dados sugerem um maior tempo de curva no grupo de remadores bow
(0,74 ± 0,04 seg) quando comparado com o grupo de remadores stroke (0,68 ± 0,06),
porém com diferenças não significativas (p=0,065).
Da mesma forma, foi encontrada uma tendência da metade da curva dos
remadores bow (0,37 ± 0,02 seg) ser maior do que dos remadores stroke (0,34 ± 0,03
seg), também sem significância estatística (0,090).
110
4.4 Correlação entre as respostas obtidas no limiar de lactato e o tempo para o pico
de força
No intuito de verificar as relações entre o formato de curva de força x tempo
e as respostas fisiológicas de limiar de lactato, foi realizada a correlação entre as
respostas fisiológicas de FC, VO
2
/kg, VO
2
, VCO
2
, RER, VE, La, MET e o TP. Não
foram encontradas correlações significativas em nenhum dos casos. A Tabela 12 mostra
os coeficientes de correlação e a significância obtidos a partir dessa análise.
No intuito de verificar as relações entre o formato de curva de força x tempo
e as respostas biomecânicas de limiar de lactato, foi realizada a correlação entre as
respostas biomecânicas de PF, TC, MC, I, P e o TP. Foram encontradas correlações
significativas apenas entre TC, MC e o TP, as quais não requerem destaque uma vez
que são todas variáveis que compõe a curva de força x tempo e naturalmente possuem
uma correlação entre si.
Tabela 12: Correlação entre as respostas no limiar de lactato e o TP
Resposta fisiológica ou biomecânica TP
r p
FC (bpm) -0,468 0,079
VO2 (mL.kg
-1
.min
-1
) -0,057 0,841
VO2 (L.min
-1
) 0,049 0,863
VCO2 (L.min
-1
) 0,039 0,892
RER 0,018 0,95
VE (L.min
-1
) -0,046 0,872
La (mM) 0,026 0,925
MET (METs) -0,056 0,843
PF (N) -0,487 0,066
TC (seg) 0,779 0,001**
MC (seg) 0,787 0,000**
I (N.seg) -0,03 0,917
P (W) -0,38 0,894
** p<0,01
111
4.5 Correlação entre as respostas máximas e o tempo para o pico de força
No intuito de verificar as relações entre o formato de curva de força x tempo
e as respostas fisiológicas máximas, foi realizada a correlação entre as respostas
fisiológicas de FC, VO
2
/kg, VO
2
, VCO
2
, RER, VE, La, MET e o TP no estágio máximo
alcançado pelos remadores. A Tabela 13 mostra os coeficientes de correlação obtidos a
partir desta análise bem como a significância dos mesmos. Foi encontrada uma
correlação negativa regular (r=-0,556) entre a concentração de lactato sangüíneo e o
tempo para o pico de força (p=0,031) como mostra a Figura 23.
Um resultado inesperado e que não se encontrava nos objetivos iniciais
dessa pesquisa, mas que merece ser descrito neste capítulo, foi uma correlação negativa
regular entre o lactato máximo e o tempo de curva máximo (r=-0,593 e p=0,020) e entre
o lactato máximo e a metade de curva máxima (r=-0,562 e p=0,029).
No intuito de verificar as relações entre o formato de curva de força x tempo
e as respostas biomecânicas máximas, foi realizada a correlação entre as respostas
biomecânicas de PF, TC, MC, I, P e o TP. Foram encontradas correlações significativas
entre o TC, MC e o TP, as quais não requerem destaque uma vez que são todas
variáveis que compõe a curva de força x tempo e naturalmente possuem uma correlação
entre si. A Tabela 13 mostra os coeficientes de correlação obtidos a partir dessa análise
bem como a significância dos mesmos.
112
Tabela 13: Correlação entre as respostas no estágio máximo e o TP
Resposta fisiológica ou biomecânica TP
r p
FC (bpm) -0,449 0,093
VO2 (mL.kg
-1
.min
-1
) 0,269 0,332
VO2 (L.min
-1
) 0,306 0,268
VCO2 (L.min
-1
) 0,212 0,449
RER -0,031 0,912
VE (L.min
-1
) 0,370 0,174
La (mM) -0,556 0,031*
MET (METs) 0,258 0,353
PF (N) -0,237 0,395
TC (seg) 0,843 0,000**
MC (seg) 0,836 0,000**
I (N.seg) 0,396 0,144
P (W) 0,474 0,074
* p<0,05; ** p<0,01
3
5
7
9
11
13
15
0,23 0,28 0,33 0,38 0,43
TP no esgio máximo (seg)
La no estágio máximo (mM)
r= -0,556
Figura 23 - Correlação entre La e o TP no estágio máximo
113
4.6 Comparação das respostas fisiológicas e biomecânicas após as modificações no
formato da curva de força x tempo
Como referido no capítulo 4.3, “observou-se que os três remadores que
apresentavam a classificação stroke quando avaliados no limiar de lactato,
permaneceram com essa mesma classificação quando avaliados no estágio máximo do
teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro. Por outro lado, dos doze
remadores que apresentavam o perfil bow no limiar de lactato, sete permaneceram com
essa mesma classificação quando avaliados no estágio máximo, representando 58,3% de
permanência, enquanto que cinco remadores transitaram para uma classificação stroke
no estágio máximo, representando uma transição de 41,7%”.
Desta forma, configuraram-se três novos grupos de remadores:
1. Um grupo de remadores que apresentava a classificação stroke no
estágio de limiar de lactato e que continuou a apresentar esse mesmo
perfil no estágio máximo – Stroke (n=3).
2. Um grupo de remadores que apresentava a classificação bow no estágio
de limiar de lactato e que continuou a apresentar esse mesmo perfil no
estágio máximo – Bow (n=7).
3. Um grupo de remadores que apresentava a classificação bow no estágio
de limiar de lactato e que passou a apresentar o perfil stroke no estágio
máximo – Middle (n=5).
114
Assim, foi feita uma comparação das respostas fisiológicas e biomecânicas
entre os três grupos. Devido a grande quantidade de informações envolvidas,
apresentar-se-á aqui somente as variáveis que obtiveram diferenças significativas
(p<0,05) ou valores limítrofes (p<0,10).
A Tabela 14 mostra os resultados da comparação entre os grupos formados.
A média de produção de dióxido de carbono (VCO
2
) no estágio de limiar de lactato foi
de 2,72 ± 0,09 L.min
-1
no grupo stroke, 3,20 ± 0,34 L.min
-1
no grupo bow e 2,81 ± 0,16
L.min
-1
no grupo middle. A média de VCO
2
no estágio máximo foi de 3,04 ± 2,59
L.min
-1
no grupo stroke, 5,11 ± 0,66 no grupo bow e 5,25 ± 0,35 L.min
-1
no grupo
middle.
A média de ventilação (VE) no estágio máximo do grupo stroke foi de
149,97 ± 16,00 L.min
-1
, no grupo bow foi de 173,53 ± 10,65 L.min
-1
e no grupo middle
foi de 172,42 ± 16,82 L.min
-1
. A média de potência no estágio máximo do grupo stroke
foi de 366,67 ± 28,87 W, no grupo bow foi de 435,71 ± 37,79 W e no grupo middle foi
de 410,00 ± 22,36 W. A média do tempo para pico no estágio máximo (TP) foi de 0,28
± 0,05 seg no grupo stroke, 0,38 ± 0,02 seg no grupo bow e 0,33 ± 0,03 seg no grupo
middle.
115
Tabela 14: Comparação entre respostas fisiológicas e biomecânicas com índices de
significância ou limítrofes entre os 3 grupos formados (
* p<0,05; ** p<0,01,
>
p<0,10).
Variável ANOVA Grupo
Média ± desvio padrão
Pos hoc
Stroke
2,72 ± 0,09
Bow
3,20 ± 0,34
0,049*
Bow
3,20 ± 0,34
Middle
2,81 ± 0,16
0,062
>
Stroke
2,72 ± 0,09
VCO
2
limiar
0,026*
Middle
2,81 ± 0,16
0,877
Stroke
3,04 ± 2,59
Bow
5,11 ± 0,66
0,061
>
Bow
5,11 ± 0,66
Middle
5,25 ± 0,35
0,978
Stroke
3,04 ± 2,59
VCO
2
máx.
0,048*
Middle
5,25 ± 0,35
0,059
>
Stroke
149,97 ± 16,00
Bow
173,53 ± 10,65
0,073
>
Bow
173,53 ± 10,65
Middle
172,42 ± 16,82
0,990
Stroke
149,97 ± 16,00
VE máx. 0,071
>
Middle
172,42 ± 16,82
0,110
Stroke
366,67 ± 28,87
Bow
435,71 ± 37,79
0,022*
Bow
435,71 ± 37,79
Middle
410,00 ± 22,36
0,384
Stroke
366,67 ± 28,87
P máx. 0,027*
Middle
410,00 ± 22,36
0,193
Stroke
0,28 ± 0,05
Bow
0,38 ± 0,02
0,000**
Bow
0,38 ± 0,02
Middle
0,33 ± 0,03
0,009**
Stroke
0,28 ± 0,05
TP máx. 0,000**
Middle
0,33 ± 0,03
0,062
>
116
0,00
0,50
1,00
1,50
2,00
2,50
3,00
3,50
4,00
Stroke Bow Middle
VCO
2
de limiar (L.min
-1
)
*
>
Figura 24 - Comparação da produção de CO
2
de limiar entre os grupos
Onde:
* p=0,049 entre os grupos stroke e bow.
>p=0,062 entre os grupos bow e middle.
117
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
Stroke Bow Middle
VCO
2
máx. (L.min
-1
)
>
>
Figura 25 - Comparação da produção de CO
2
máxima entre os grupos
Onde:
>p=0,061 entre os grupos stroke e bow.
>p=0,059 entre os grupos stroke e middle.
118
0,00
20,00
40,00
60,00
80,00
100,00
120,00
140,00
160,00
180,00
200,00
Stroke Bow Middle
VE máx. (L.min
-1
)
>
Figura 26 - Comparação da ventilação máxima entre os grupos
Onde:
> p=0,073 entre os grupos stroke e bow.
119
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Stroke Bow Middle
Potência (W)
*
Figura 27 - Comparação da potência máximo entre os grupos
Onde:
* p=0,022 entre os grupos stroke e bow.
120
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
0,45
Stroke Bow Middle
Tempo p/ pico (seg.)
** **
>
Figura 28 - Comparação do tempo p/ pico máximo entre os grupos
Onde:
** p=0,000 entre os grupos stroke e bow.
** p=0,009 entre os grupos bow e middle.
> p=0,062 entre os grupos stroke e middle.
121
5. DISCUSSÃO
As características cineantropométricas, bem como as respostas fisiológicas
de consumo de O
2
máximo (VO
2
máx.), ventilação máxima (VE máx.), freqüência
cardíaca máxima (FC máx.) e as características biomecânicas de força máxima (F máx.)
e potência máxima (P máx.) dos remadores avaliados em nosso estudo, foram
semelhantes às medidas em estudos encontrados na literatura com remadores de elite
(SECHER, 1983; STEINACKER, 1993; HAGERMAN, 2000; BOURDIN et al., 2004;
FISKERSTRAND & SEILER, 2004).
Foi possível classificar os remadores que participaram de nosso estudo em
dois grupos: stroke e bow, da mesma forma que o encontrado por ROTH (1991),
SCHWANITZ (1991), ROTH et al. (1993) e HILL (2002).
Os principais resultados do presente estudo foram a ocorrência de uma
mudança no comportamento das curvas de força x tempo dos remadores, entre o estágio
de limiar de lactato e o estágio máximo no teste cardiopulmonar de exercício em
remoergômetro, e a verificação de uma maior potência máxima no grupo de remadores
bow quando comparado ao grupo de remadores stroke no estágio máximo do teste
cardiopulmonar de exercício em remoergômetro (p<0,05), bem como uma maior
produção de potência máxima no grupo de remadores que manteve esse perfil de
produção de força (bow) durante todo o teste quando comparado aos outros grupos
(p<0,01).
Esse resultado merece destaque, uma vez que uma maior produção de
potência em um teste de exercício máximo tal qual os remadores foram submetidos,
reflete um maior desempenho apresentado pelos atletas, tendo em vista que quanto
122
maior a potência máxima, maior foi o número de estágios que o avaliado conseguiu
alcançar.
Além disso, INGHAM et al. (2002) verificaram, ao correlacionar diferentes
parâmetros fisiológicos e biomecânicos identificados em um teste máximo progressivo
com o desempenho em um teste de 2000 m em remoergômetro, que a potência máxima
e a potência de VO
2
máxima atingidas apresentaram as maiores correlações entre todos
os parâmetros analisados (r=0,95 e p<0,001) nos remadores estudados, os quais eram
finalistas do campeonato mundial nas categorias peso leve e peso pesado.
COSGROVE et al. (1999) também demonstram que a potência de VO
2
máximo é relacionada com o desempenho em um teste de 2000 m, embora os autores
não tenham reportado esse resultado como uma correlação forte.
RIECHMAN et al. (2002) ao submeterem remadores a um teste máximo de
30 seg, evidenciaram uma forte correlação negativa entre a potência máxima atingida e
o tempo para completar um teste de 2000 m (r=-0,847 e p<0,0001).
Realizando um teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro com
um protocolo muito semelhante ao usado no presente estudo, BOURDIN et al. (2004)
identificaram o pico de potência como sendo a melhor variável preditiva de desempenho
no remo, ao correlacioná-la com o tempo para completar um teste de 2000 m (r=0,92 e
p<0,0001).
Partindo do princípio de que a competição típica de remo apresenta a
distância de 2000 m, a qual deve ser vencida no menor tempo possível, a maior potência
máxima desenvolvida pelos remadores bow verificada em nosso estudo, sugere, em
função dos resultados encontrados na literatura, que esse perfil de produção de força
deva ser buscado por remadores no sentido de melhorar o seu desempenho. Muito
embora sejam necessários mais estudos comparando o desempenho em um teste de
123
2000 m entre esses grupos de remadores com formatos de curva de força x tempo
diferentes.
Uma das razões que poderiam ser argumentadas para as diferenças
encontradas na produção de potência máxima entre os grupos de remadores é o
indicativo de uma maior concentração de lactato sangüíneo máximo nos remadores
stroke, embora não tenha sido verificada significância estatística (p=0,067).
Esses resultados vão ao encontro dos verificados por ROTH (1991) e ROTH
et al. (1993) que também verificaram uma maior concentração de lactato sanguíneo em
remadores com esse perfil de curva de força x tempo.
A influência do acúmulo de lactato sangüíneo na fadiga muscular e,
portanto, na interrupção de um exercício é amplamente abordada na literatura
(JACOBS, 1986; KATZ & SAHLIN, 1990; FITTS, 1994; WESTON et al, 1999; HUG
et al., 2003; THOMAS et al., 2004).
A desproporção entre a produção e a remoção de lactato causa o acúmulo e
dissociação do mesmo em íons H
+
no meio intracelular provocando uma redução no pH
e, conseqüentemente, uma acidose metabólica, a qual inibe a ação de enzimas
alostéricas na produção de energia como a fosfofrutoquinase (PFK) reduzindo a taxa de
produção de energia pelo músculo (FITTS, 1994).
Adicionalmente, o acúmulo de lactato no meio intracelular pode afetar a
capacidade de contração muscular, inibindo a liberação de cálcio (Ca
2+
) pelo retículo
sarcoplasmático, diminuindo assim sua ligação com a troponina e interferindo na
formação das pontes cruzadas entre a miosina e a actina (FAVERO et al., 1997).
O fenômeno da fadiga muscular durante o exercício é extremamente
complexo e multifatorial, de modo que apontar o lactato como único responsável nesse
processo seria no mínimo utilizar uma abordagem muito simplista. PELTONEN et al.
124
(1997) analisando a influência de diferentes frações de oxigênio no ar inspirado na
produção de força e atividade eletromiográfica (EMG) de remadores, verificaram que,
em condições de hipóxia, os remadores eram incapazes de manter uma produção de
força e impulso compatível com os níveis encontrados em condições de normoxia.
Além disso, os sinais de EMG foram significativamente menores na
condição de hipóxia. Essas diferenças se manifestaram, por conseguinte, no
desempenho dos atletas, o qual em condições de hipóxia foi menor no teste realizado do
que em condições normais de oxigênio. Uma vez que os autores não encontraram
diferenças significativas nas concentrações de lactato entre as frações de oxigênio, as
quais os remadores foram submetidos durante o exercício, o acúmulo de lactato, ou a
queda do pH decorrente da dissociação de íons H
+
do mesmo, não pôde ser apontada
como responsável pelas diferenças encontradas, embora os autores apontem que a
menor atividade EMG na condição de hipóxia pode ter relação com a maior
concentração de lactato, ainda que não-significativa, encontrada após o exercício nessas
condições (PELTONEN et al., 1997).
De fato, como refere GLADDEN (2004), “O paradigma do lactato mudou”.
Até a década de 70, o lactato era considerado apenas como produto final da glicólise e
encarado como o principal responsável pela fadiga. A partir da década de 80, entretanto,
principalmente em função dos trabalhos publicados por BROOKS (1985, 2000, 2002a e
2002b) sobre as lançadeiras de elétrons, uma revolução no que concerne ao
metabolismo do lactato durante o exercício se iniciou.
Hoje o lactato não é mais encarado apenas como um metabólito anaeróbico,
mas também como um metabólito aeróbico quando mesmo na presença de suprimento
adequado de oxigênio, a glicose ou o glicogênio tornam-se o combustível predominante
durante o exercício. Da mesma forma, com os avanços no entendimento dos
125
transportadores de mono-carboxilato (MCT), o lactato tem sido encarado como um
importante intermediador em numerosos processos metabólicos (GLADDEN, 2004).
Além disso, ele não é mais encarado como o único responsável pela fadiga,
ao contrário, estudos em modelo animal têm demonstrado que a acidose lática pode
possuir uma função protetora no músculo durante a produção de força, evitando os
efeitos negativos de concentrações elevadas de potássio durante a contração muscular
(NIELSEN et al., 2001). Além disso, o acúmulo de íons H
+
e mais recentemente de
fosfato inorgânico, também têm sido apontados como potentes causadores de fadiga
(GLADDEN, 2004).
O estudo das interações entre variáveis fisiológicas como o lactato e
variáveis neuromecânicas têm ultrapassado os aspectos relacionados à fadiga
neuromuscular. Alguns autores têm sugerido que o acúmulo de lactato, verificado
através do limiar de lactato, possui relações com alterações no sinal EMG dos músculos
ativos (MORITANI & De VRIES, 1978; NAGATA et al., 1981; HELAL et al., 1987;
LUCIA et al., 1999; HUG et al., 2003).
LUCIA et al. (1999) identificaram um aumento não linear na atividade
EMG do reto femoral e do vasto medial de ciclistas, após o aparecimento do limiar de
lactato em um teste de exercício em cicloergômetro. Os autores argumentam que em
intensidades acima do limiar de lactato, o suprimento de energia a partir das fibras
musculares lentas (Tipo I) derivado da fosforilação oxidativa começa a tornar-se
insuficiente, levando ao uso da rota glicolítica de produção de energia com conseqüente
acúmulo de íons H
+
no meio intramuscular, causando o aparecimento de fadiga seja por
prejudicar a ação da ATPase sódio/potássio no sarcolema, da ATPase cálcio no retículo
sarcoplasmático ou da ATPase miosínica envolvida na interação acto-miosina (GREEN
& PATLA apud LUCIA et al., 1999).
126
A atuação dos íons H
+
somada com a própria atuação do lactato na inibição
da liberação de Ca
+
como demonstrado por FAVERO et al. (1997), parece causar
condições fisiológicas extremamente desfavoráveis para a realização da contração
muscular, exigindo que a produção de força seja desenvolvida pelo acionamento de
mais unidades motoras, principalmente de fibras rápidas (Tipo IIa e IIx) produzindo
maiores potenciais de ação e assim justificando as alterações na atividade EMG
verificada (LUCIA et al., 1999).
No presente estudo, verificou-se que o tempo da curva de força e a metade
da curva de força dos remadores stroke demonstra uma tendência de ser menor do que a
dos remadores bow, embora os dados não tenham sido considerados significativos
(p=0,065 e 0,090 respectivamente).
Entretanto, ao realizarmos uma análise a posteriori, comparando o estágio
de limiar de lactato e o estágio máximo, incluindo todos os remadores sem separá-los
por grupos, constatou-se que o tempo para o pico de força, o tempo de curva e a metade
da curva eram sempre menores no estágio máximo do que no estágio de limiar de
lactato (p<0,001).
De forma semelhante, encontrou-se uma correlação negativa regular
(r=0,556 e p=0,031) entre o tempo para o pico de força máximo e o lactato máximo, e,
em uma análise posterior, uma correlação negativa regular entre o tempo de curva
máximo e o lactato máximo (r=0,593 e p=0,020) e entre a metade de curva máxima e o
lactato máximo (r=0,562 e p=0,029).
Se essas diferenças encontradas em nosso estudo na velocidade e duração da
produção de força, forem em função do fenômeno de alteração no padrão de
recrutamento de unidades motoras e tipos de fibras decorrentes da instalação da fadiga,
conforme descrito por LUCIA et al. (1999), então nossos resultados vão ao encontro do
127
exposto por VØLLESTAD & BLOM (1985), os quais relataram uma relação entre a
fração de tipos de fibras musculares acionadas no vasto medial e a intensidade em
cicloergômetro, seguindo o seguinte padrão: a 40% do VO
2
máximo, praticamente
apenas fibras do tipo I são recrutadas, a 60% do VO
2
máximo, ambas as fibras do tipo I
e IIa são recrutadas, enquanto que a partir de 90% do VO
2
máximo, as fibras do tipo I,
IIa e IIx são recrutadas.
É importante salientar que, como no presente estudo não foram feitas
análises de EMG nem de biópsias muscular visando a tipagem de fibras musculares, as
informações acima expressadas são apenas extrapolações feitas com base em nos
resultados e em função dos dados encontrados na literatura.
Curiosamente, contrariando nossa hipótese inicial, a produção de dióxido de
carbono não apresentou diferença significativa entre os grupos de remadores, tanto no
limiar de lactato quanto no estágio máximo, a despeito da tendência de maior
concentração de lactato sangüíneo no estágio máximo no grupo de remadores stroke.
Ademais, a VCO
2
no grupo que manteve o padrão stroke desde o limiar de lactato até o
estágio máximo foi menor do que no grupo que manteve o padrão bow (p=0,033).
WASSERMAN et al. (1973) em seu clássico trabalho sobre os limiares
ventilatórios, demonstraram as relações entre ventilação e o acúmulo de lactato
sangüíneo, em função do tamponamento dos íons hidrogênio (H
+
) dissociados do lactato
pelo íon bicarbonato (HCO
3
-
), com uma conseqüente eliminação na forma de dióxido de
carbono (CO
2
) pela respiração (H
+
+ HCO
3
-
H
2
CO
3
CO
2
+ H
2
O).
Desta forma, é possível pensar que a presença de uma maior concentração
de lactato encontrada em nossos resultados, ainda que não significativa, poderia ser
acompanhada de uma maior VCO
2
, o que não foi verificado.
128
Além disso, as outras comparações derivadas das hipóteses que foram
configuradas no início deste trabalho não se confirmaram. Por exemplo, não foram
encontradas diferenças significativas entre os grupos no consumo de oxigênio (VO
2
),
tanto relativo quanto absoluto, na ventilação (VE), freqüência cardíaca (FC), taxa de
troca respiratória (RER), equivalente metabólico (MET), força (F) e impulso (I).
Uma explicação, que poderia ser argumentada para o fato das variáveis
ventilatórias não terem demonstrado o comportamento esperado, é a influência do
acoplamento entre a ventilação e o gesto esportivo no remo conforme descrito por
SIEGMUND et al. (1999) e posteriormente por DAFFERTSHOFER et al. (2004), a
qual pode ter alterado tanto as respostas ventilatórias diretas (VO
2
absoluto, VO
2
relativo e VE) quanto indiretas (RER e MET).
Todavia, a ausência de diferença significativa encontrada no impulso
produzido entre os grupos de remadores em nosso estudo está de acordo com o descrito
por SCHWANITZ (1991), o qual salienta que apesar das diferenças no formato das
curvas de força x tempo dos remadores, a área das mesmas e, portanto, o impulso é
praticamente o mesmo. Isto fica evidenciado ao analisarmos o formato das curvas de
força, que podem ter um pico alto com uma pequena base, ou uma grande base mas com
um pico de força mais baixo. Quando se calcula a integral da força pelo tempo, que
fundamenta-se basicamente na área das curvas, estas diferenças segundo SCHWANITZ
(1991) se compensam.
Alguns estudos apontam para o fato de que as curvas de força de um
remador são como “impressões digitais” e se mantém inalteradas durante a prática do
remo (HILL, 2002; BAUDOUIN & HAWKINS, 2004).
BAUDOIN & HAWKINS (2004) verificaram uma reprodutibilidade do
perfil das curvas de força variando entre 78 a 100% em uma mesma sessão de
129
treinamento, enquanto que ao comparar diferentes sessões essa reprodutibilidade foi
ainda maior, alcançado a marca de 100% de reprodutibilidade do perfil de curva de
força em todos os remadores estudados.
Essa consistência nos padrões de produção de força são potentes indicadores
de desempenho, podendo ser usados como sugerem SMITH & SPINKS (1995) na
classificação do nível dos remadores.
Por outro lado, apesar dos remadores possuírem padrões individuais na
produção de força, remadores acostumados a treinarem juntos durante longos períodos
de tempo são capazes de sincronizar seus movimentos e assim modificarem seus
padrões de curva de força, adaptando-se uns aos outros e atingindo um melhor
desempenho (HILL, 2002).
Em nosso estudo constatamos uma mudança no perfil das curvas de força x
tempo dos remadores, ocorrida do estágio de limiar de lactato para o estágio máximo
alcançado. Este resultado vai de encontro a literatura, uma vez que em nosso estudo não
encontramos uma repetibilidade dos padrões de curva de força x tempo em todos os
remadores como os encontrados por outros autores (HILL, 2002; BAUDOUIN &
HAWKINS, 2004).
Em nosso estudo, todos os três remadores que apresentavam a classificação
stroke, quando avaliados no limiar de lactato, permaneceram com essa mesma
classificação quando avaliados no estágio máximo do teste cardiopulmonar de exercício
em remoergômetro. Entretanto, dos doze remadores que apresentavam a classificação
bow no limiar de lactato, sete permaneceram com essa mesma classificação quando
avaliados no estágio máximo e cinco remadores transitaram para uma classificação
stroke no estágio máximo, ou seja, 58,3% dos remadores permaneceram com o pico de
130
força na segunda metade da curva, enquanto que 41,7% dos remadores passaram a
apresentar o pico de força na primeira metade da curva.
Similarmente, verificou-se que o lactato máximo apresentou correlações
negativas com as variáveis relacionadas à curva de força x tempo, como o tempo para o
pico de força, o tempo de curva e a metade de curva, e que essas variáveis eram
menores no estágio máximo quando comparado ao estágio de limiar de lactato, como
referido anteriormente. Tais dados indicam que à medida que os remadores foram
acometidos pela fadiga induzida pelo acúmulo de lactato nos momentos máximos do
teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro, a duração da produção de força
diminuiu, o que provavelmente se deve à estratégia de produção de força usada pelos
remadores stroke.
É possível também que a exigência de uma maior produção de potência nos
momentos máximos do teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro resulte em
uma produção de força em menor tempo, ou seja, com mais velocidade, direcionando o
metabolismo energético para uma atuação predominantemente glicolítica, induzindo a
uma maior produção de lactato sangüíneo nos remadores stroke, que possivelmente não
apresentam as mesmas capacidades de reconversão e tolerância ao lactato, como os
remadores bow, por razões funcionais e morfológicas, como por exemplo, a distribuição
de tipos de fibras musculares (ROTH, 1991; ROTH et al.,1993).
Avaliando a técnica da remada a diferentes vogas em remadores
recreacionais, com o objetivo de avaliar a sobrecarga na musculatura lombar,
McGREGOR et al. (2004) observaram uma redução no perfil da curva de força, com
um deslocamento do pico de força para os momentos finais da remada à medida que a
voga aumentava. Além disso, esse estudo observou ainda que sem significância
estatística, que a duração da curva de força diminuía com o aumento da voga. O autor
131
ressalta nesse trabalho que esses resultados vão de encontro ao que comumente é
observado em remadores de elite no que diz respeito às modificações do momento da
curva de força em que o pico ocorre, argumentando que isso se deve à falta de
sofisticação técnica observada nos remadores novatos que participaram do estudo
(McGREGOR et al., 2004).
Os mesmos autores avaliando remadores de elite, porém durante um
treinamento de uma hora de remo, verificaram uma consistência na manutenção do pico
de força no final da curva de força x tempo, o que provavelmente se deve ao nível
técnico dos remadores avaliados no estudo, os quais precisaram manter a produção de
força em níveis satisfatórios durante um exercício de longa duração, procurando adiar o
aparecimento da fadiga muscular (McGREGOR et al., 2003).
TORRES-MORENO et al. (1999) esclarecem as principais diferenças na
técnica da remada entre remadores amadores e de elite, enquanto os primeiros tendem a
flexionar os joelhos e quadris precocemente durante a fase de propulsão da remada,
criando uma instabilidade na coluna lombar e diminuindo a produção de força,
remadores experientes atingem maiores e mais consistentes velocidades angulares nas
articulações dos joelhos e quadris no momento em que o remo está perpendicular ao
barco, resultando em uma remada mais efetiva.
Contrariamente, SCHWANITZ (1991) ressalta algumas desvantagens da
ênfase da produção de força no final da curva, como a perda de trabalho devido à
contração isométrica e sobrecarga na musculatura dos Membros Superiores (MS). Além
disso, esse autor relata que o padrão stroke tende a ser mais efetivo, devido à posição do
corpo nessa fase do movimento, que parece ser mais própria para a produção de força.
GJESSING apud SCHWANITZ (1991) compara a posição do remador no início do
132
movimento da remada com a posição de um halterofilista no início do levantamento do
peso.
Provavelmente, a maior aplicação do monitoramento dos formatos da curva
de força x tempo esteja no controle e planejamento do treinamento físico voltado a
adaptações fisiológicas específicas. Nesse sentido, ROTH (1991) estabelece que nos
treinamentos de resistência e em provas de mais longa duração (2000 m), as curvas de
força x tempo com ênfase no início do movimento devem ser evitadas, por outro lado,
nos treinamentos de potência e velocidade e nas competições de curta duração (500 m),
a busca pelo pico de força na primeira metade da curva pode ser positiva. Além disso,
quando treinamentos forem realizados enfatizando o pico de força no início da curva,
uma atenção especial deve ser dada à intensidade, duração, freqüência e à recuperação
nas sessões de treinamento, em função das demandas biológicas envolvidas e o risco de
sobretreinamento (ROTH, 1991).
Preocupado com a aplicabilidade do monitoramento de variáveis
biomecânicas com vistas ao treinamento técnico dos remadores, HAWKINS (2000)
destaca que normalmente os estudos na área do remo possuem um atraso considerável
de tempo entre a coleta, processamento, análise e finalmente a apresentação dos
resultados ao treinador e/ou atleta. Esse atraso, segundo o autor, limitaria a efetividade
da aplicação das informações na modificação da técnica e avaliação do impacto dessas
modificações no desempenho.
De fato em nosso estudo também incorremos nesse atraso entre a realização
da investigação propriamente dita, a configuração dos resultados e a apresentação dos
mesmos ao treinador e seus atletas. Talvez em função disso, os remoergômetros mais
modernos como o Concept II modelo D, já estão sendo construídos de forma a
133
proporcionar a visualização em tempo real da curva de força em seus monitores
(CONCEPT, 2005).
Em função disso, HAWKINS (2000) desenvolveu um sistema de feedback
quantitativo e qualitativo da biomecânica do remo em tempo real. Tal sistema permite
ao treinador e atleta rapidamente identificarem estratégias de movimento, visando
maximizar o desempenho. As variáveis qualitativas oferecidas pelo sistema se resumem
em uma representação gráfica do movimento do corpo do remador, as quais
correspondem aos dados cinéticos e cinemáticos instantaneamente coletados. Ao mesmo
tempo, através de eletrogoniômetros implantados em pontos anatômicos específicos do
atleta, provêm informações dos ângulos articulares e uma célula de carga instalada no
remoergômetro proporciona informações sobre a curva de força, as quais podem ser
monitoradas pelo remador na tentativa de alcançar um perfil ideal para o desempenho.
Esta estratégia de monitoração em tempo real da curva de força x tempo por
parte do treinador sugerida por HAWKINS (2000), durante a avaliação dos remadores, é
viável de ser realizada em muitos laboratórios de fisiologia e biomecânica, entre eles o
LAPEX. Desta forma os treinadores poderiam se valer da visualização da curva de força
no sentido de gerar as respostas fisiológicas pertinentes ao tipo de treinamento desejado,
como por exemplo treinos mais extensivos ou intensivos, corrigindo a técnica de
movimento dos atletas com vistas à utilização desta estratégia biomecânica nos treinos
rotineiros dos remadores fora do laboratório.
Outra aplicação da análise das curvas de força x tempo pode residir nos
critérios para escolha de tripulações em diferentes barcos no remo. Barcos maiores, com
tripulações mais numerosas, como os formados por quatro ou oito remadores, são mais
velozes que barcos menores, compostos por dois ou apenas um remador. Desta forma,
em barcos maiores o tempo de permanência na água, e por conseqüência o tempo de
134
tração da pá do remo, são menores que em barcos pequenos, fazendo com que os
remadores realizem mais ciclos de remadas por minuto, ou seja, remem a maiores vogas
(BAUDOIN & HAWKINS, 2002).
BAUDOIN & HAWKINS (2002) salientam ainda que remando a maiores
vogas, a proporção de tempo em que os músculos dos remadores se mantêm contraídos
aumenta, influenciando o fluxo sangüíneo nos capilares que irrigam a musculatura e
afetando a oferta de oxigênio e remoção de metabólitos.
MARTIN & BERNFIELD (1980) ao estudarem aspectos biomecânicos de
remadores remando em um barco com oito remadores, também verificaram que o
aumento da velocidade do barco era gerado por uma maior aplicação de força durante a
fase de propulsão da remada, bem como uma aplicação de força durante um percentual
de tempo maior no ciclo de movimento da remada. Os autores verificaram que o
aumento da velocidade do barco aumenta o arrasto, o que requer uma maior força para
manter a velocidade (MARTIN & BERNFIELD, 1980).
Além disso, à medida que a velocidade no barco aumenta, o tempo de cada
uma das fases da remada (entrada, propulsão, finalização e recuperação) parece
diminuir, sugerindo que existe um limite para a velocidade na qual o remador consegue
acelerar o movimento nos diferentes seguimentos corporais (joelho, quadril, tronco,
cotovelo e ombros), à medida que a resistência aumenta em função do aumento na
velocidade (MARTIN & BERNFIELD, 1980).
Esse fenômeno é suportado por outros estudos que indicaram que a força
muscular diminui à medida que a velocidade de encurtamento aumenta (HILL, 1938;
MACINTOSH et al. 2000).
Assim, é possível que remadores com o perfil stroke de produção de força,
sejam mais adequados para compor barcos maiores e mais velozes, devido a sua
135
capacidade de produção do pico de força mais rapidamente que remadores bow. Por
outro lado, em barcos menores e mais lentos, os remadores bow podem apresentar uma
maior adaptabilidade devido as suas características de produção de força mais
lentamente e maior resistência à fadiga.
Todavia, mais estudos envolvendo a relação força x velocidade em
remadores com diferentes perfis de curva força x tempo, suas relações com a fadiga e o
desempenho, bem como estudos relacionados à análise das curvas de força frente a
diferentes vogas devem ser realizados para um maior esclarecimento sobre essas
questões.
136
6. CONCLUSÕES, SUGESTÕES PARA NOVOS ESTUDOS E LIMITAÇÕES
6.1 Conclusões
Os resultados encontrados no presente estudo permitem concluir que
remadores, apresentando um padrão de produção de força bow, alcançam valores de
potência máxima significativamente maiores em um teste cardiopulmonar de exercício
em remoergômetro. Desta forma, treinadores e atletas interessados em prolongar o
tempo de exercício devem buscar um perfil de produção de força bow.
Uma vez que nem todos os remadores permaneceram com o mesmo padrão
de produção de força durante toda a avaliação a qual foram submetidos, pode-se induzir
que suas estratégias de aplicação de força podem ser modificadas.
Esses resultados podem apresentar uma boa aplicabilidade no controle de
treinamento dos remadores e formação das tripulações, no qual os treinadores podem,
em função dos objetivos de treino e velocidade dos barcos, direcionar as estratégias de
produção de força dos remadores, como por exemplo, perfil de produção de força bow
para treinos extensivos e/ou em barcos menores e mais lentos e stroke para treinos
intensivos e/ou em barcos maiores e mais velozes.
Não foram confirmadas as hipóteses de menores valores nas variáveis
fisiológicas e biomecânicas nos remadores bow, com exceção do menor valor de lactato
encontrado no estágio máximo de exercícios desse grupo, ainda que sem significância
estatística, nem as correlações negativas esperadas entre essas variáveis e o tempo para
o pico, com exceção da correlação negativa encontrada entre a concentração de lactato
sangüíneo e o tempo para o pico de força no estágio máximo do teste empregado.
137
6.2 Sugestões para novos estudos
Para que os resultados encontrados no presente estudo possam ser
extrapolados com vistas ao desempenho dos remadores em uma regata típica de remo,
novos estudos medindo variáveis fisiológicas e biomecânicas e utilizando um teste de
2000 m devem ser empregados, visando comparar o desempenho de remadores com os
perfis de curva de força x tempo encontrados.
Para melhorar o entendimento dos fenômenos que influenciaram o perfil de
curva de força x tempo apresentados pelos atletas, mais estudos visando identificar os
percentuais de tipos de fibras que compõe os principais grupos musculares envolvidos
no movimento da remada devem ser feitos, buscando correlacionar o tipo de fibra
muscular com o formato de curva de força x tempo.
O modelo experimental empregado neste estudo pode ser estendido também
a outras atividades, como o ciclismo, treinamento de força entre outros, nos quais
entender as relações entre a produção de força e as respostas fisiológicas sejam
importantes para otimizar o desempenho.
No caso do ciclismo, e outras atividades cíclicas, o modelo experimental
usado nesta pesquisa pode ser empregado no estudo da fadiga, e suas relações com
aspectos fisiológicos e neuromecânicos, como por exemplo:
Análise das relações entre EMG e o limiar de lactato, utilizando
diferentes métodos de determinação de limiar de lactato, como teste
de lactato mínimo, Dmáx., entre outros;
Análise da fadiga em atletas e sua relação com a produção de força e
potência;
Análise da fadiga em outros grupos;
138
Análise das curvas de força como alternativa não-invasiva na
determinação de fibras musculares, em comparação com outros
métodos invasivos e não-invasivos, como análise de isoformas de
MHC, dinamometria isocinética entre outros;
No caso do treinamento de força, o estudo dos diferentes formatos de curva
de força x tempo, que em última análise são um reflexo das estratégias de execução dos
exercícios, influenciados pela velocidade de contração, tempo de duração das fases
concêntrica e excêntrica, entre outras características, pode ser aplicado na avaliação das
respostas fisiológicas ao treinamento de força voltado a diferentes objetivos como, por
exemplo:
Analisar as relações das curvas de força x tempo e as respostas
cardiovasculares em hipertensos e cardiopatas, visando identificar o
melhor padrão de produção de força nesses grupos;
Avaliar o gasto energético e as repostas metabólicas em indivíduos
com diferentes curvas de força x tempo, visando entender melhor as
relações entre os padrões de produção de força e a demanda
metabólica.
Investigar a influência do treinamento de força crônico com
diferentes padrões de curva de força x tempo, na alteração de tipos
de fibras musculares;
139
6.3 Limitações
Podem ser consideradas limitações deste estudo o tamanho da amostra, a
qual apesar de ter sido calculada em função do projeto piloto realizado previamente,
contou apenas com 15 remadores. Acredita-se que, ao avaliar um número maior de
atletas, muitos resultados, que não apresentaram significância estatística podem passar a
tê-la.
O fato de não ter sido controlada a dieta dos atletas também pode ser vista
como um fator limitante, uma vez que a ingesta de alguns nutrientes como carboidratos,
por exemplo, pode influenciar o desempenho físico dos atletas.
A ausência de medições cinemáticas limitou as análises realizadas quanto à
contribuição dos diferentes segmentos corporais durante o movimento da remada, bem
como suas interações com as respostas fisiológicas.
Da mesma forma, não foi possível avaliar a participação dos diferentes
grupos musculares acionados durante a remada, pela ausência do acompanhamento de
sinais eletromiográficos.
De qualquer forma, apesar de não terem sido usadas técnicas de pesquisa em
biomecânica mencionadas acima, as quais com certeza trariam uma significativa
contribuição no estudo dos aspectos fisiológicos da produção de força no remo, a
instrumentalização excessiva, tanto do remoergômetro quanto do próprio remador,
poderiam influenciar a liberdade de movimentos bem como a espontaneidade dos atletas
durante as avaliações.
Desta forma acredita-se que mesmo com limitações, este estudo foi capaz de
trilhar caminhos iniciais na análise dos padrões de produção de força dos remadores,
bem como contribuir para a interação entre o Grupo de Estudo em Fisiologia e
140
Bioquímica do Exercício e o Grupo de pesquisa em Biomecânica, despertando
possibilidades para novos estudos interdisciplinares sobre o remo.
141
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154
ANEXOS
Anexo I – Termo de consentimento informado
Você está sendo convidado a participar de uma pesquisa que estamos
realizando. O objetivo deste trabalho é identificar o VO
2
, Limiar de lactato, FC de
limiar e produção de força, visando à realização de uma pesquisa científica em nível de
mestrado, além de proporcionar aos atletas e treinadores um retorno quanto às
condições físicas dos atletas através de parâmetros fisiológicos e cinéticos.
Caso você aceite participar, serão realizadas mensurações de massa corporal
total, estatura e dobras cutâneas, depois de posicionado no remoergômetro você deverá
realizar um breve aquecimento, para adaptar-se aos equipamentos antes do início do
teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro.
O teste cardiopulmonar de exercício em remoergômetro possui uma carga
inicial de 150 W com incrementos de 50 W a cada 3 min., com pausas de 1 min. para
coleta de sangue. Você deverá ir até o máximo que agüentar neste teste, quando não
conseguir mais prosseguir, sinalize para que possamos dar por terminado o teste e
liberá-lo dos equipamentos.
Esta pesquisa é orientada pelo Prof. Dr. Alvaro R. de Oliveira. Para maiores
informações, contatar o seu orientando e responsável por esta pesquisa: Rafael R.
Baptista pelo telefone (051) 99996331.
É dada a garantia de que todas as informações serão utilizadas apenas para
fins científicos e que sua identidade será preservada.
Você é livre para autorizar ou não a sua participação e para se retirar do
projeto a qualquer momento, sem necessidade de justificativa.
Este termo de consentimento foi entregue em duas vias para que uma delas
fique com o colaborador e que a outra fique com o pesquisador.
Eu....................................................................................declaro que autorizo
a minha participação nesta pesquisa.
......................................... .........................................
Assinatura do Colaborador Assinatura do Pesquisador
Porto Alegre,........de......................de 2005.
155
Anexo II – Descrição do treinamento dos remadores fornecida pelo treinador
O treinamento dos remadores que foram avaliados neste estudo segue as
determinações da Confederação Brasileira de Remo (CBR) e é feito em dois turnos,
com um intervalo mínimo de seis horas de recuperação. A periodização foi composta de
dois meso ciclos, divididos em onze micro ciclos.
O treinamento consistia de corrida, treinamento de força, flexibilidade e
treinamento específico na água remando nos barcos.
O treinamento de corrida era controlado ou pela distância percorrida ou pelo
tempo de duração, e variou de 6 a 8 km ou de 30 a 90 min, dependendo da periodização.
A FC dos atletas girava em torno de 130 a 160 bpm nesses treinos.
O treinamento de força era composto pelos principais exercícios para cada
um dos grupos musculares como pressão de pernas, abdominal, remada alta, tríceps
(extensão de cotovelos), flexão de joelhos (mesa flexora), flexão de braços na barra fixa
(com o peso corporal), lombar, extensão de joelhos (mesa extensora), rosca direta
(flexão de cotovelos), levantamento de terra, supino (no banco), deltóide (no banco -
elevação lateral).
O treinamento de força era voltado ao desenvolvimento de resistência
muscular localizada (RML), hipertrofia e potência, os quais eram utilizados no decorrer
das semanas de treinamento, feitos na segunda-feira, quarta-feira, sexta-feira e sábado,
normalmente no primeiro turno de treinamento.
Nos treinos de RML eram realizadas em torno de 3 séries de 90 repetições a
uma intensidade de 50 a 60% de 1 RM com 3 min de intervalo entre as séries. Nos
treinos de Hipertrofia eram realizadas de 3 a 5 séries de 8 repetições a uma intensidade
média de 85% de 1 RM com 2 min de intervalos entre as séries. Nos treinos de potência
156
eram realizadas de 4 a 6 séries de 15 a 20 repetições, a uma intensidade de 70 a 75% de
1 RM com um tempo de intervalo de 2 a 3 min
O treinamento de flexibilidade apresentava uma duração de 20 min e
consistia em exercícios de alongamentos passivos e ativos com uma permanência em
cada posição de cerca de 20 seg, sempre após as sessões de treinamento.
O treinamento específico remando no barco possui um volume em torno de 16 a 18 km
por treino, com uma voga em torno de 20 a 28 rpm e uma solicitação de intensidade ao
atleta variando de 75 a 100% da velocidade de prova, fazendo com que a FC atingisse
em torno de 130 a 160 bpm durante os treinos. Diferentes métodos de treinamento eram
utilizados como “tiros”, no qual o atleta remava distâncias específicas no menor tempo
possível, ou como o treinamento intervalado, em que o remador alternava momentos de
maior intensidade com momentos de menor intensidade e também treinamentos
lineares, onde o remador percorria uma distância fixa, a uma dada voga.
157
Anexo III – Especificações técnicas da Célula de carga SV-100
Capacidade Nominal kg
20,50,100,200
Material
Alumínio anodizado
Sensibilidade mV/V
2 +/- 10%
(+/-0,1% opcional)
Erro combinado % saída nominal
<0,03
Creep à capacidade nominal % saída nominal
20 min:<0,03
8hs:<0,05
Zero inicial % saída nominal
+/- 1
Temperatura de trabalho útil
0
C
-5 a +60
Temperatura de trabalho compensada
0
C
0 a +50
Erro excentricidade conforme OIML
>5000 div.
Efeito da temperatura ppm/
o
C da saída nominal
no zero:<30 na calibração:<10
Máx. sobrecarga s/ alterações % capacidade nominal 150
Sobrecarga de ruptura % capacidade nominal
300
Excitação VCC ou VCA
máxima: 15 recomendada: 10
Resistência elétrica entrada ohms
405
+
/
-
10
Resistência elétrica saída ohms
350
+
/
-
1
Resistência de isolação (50 VCC máx.) megaohms >5000
Deflexão máxima mm a capacidade nominal
<0.5
Grau de proteção (IEC 529)
IP67
158
Anexo IV – Ficha de coleta de dados
Nome: Sexo: ( ) M ( ) F Idade: Nascimento:
Estatura: Massa corporal:
Categoria: Avaliador:
Instituição: Tempo de treinamento:
Data da avaliação: Horário:
Técnico / Treinador:
Títulos principais:
Estágios Lactato FC Potência
1
150
2
200
3
250
4
300
5
350
6
400
7
450
8
500
9
550
10
600
Dobras Cutâneas 1ª Medida 2ª Medida 3ª Medida
Tríceps:
Subescapular:
Crista Ilíaca:
Abdominal:
Livros Grátis
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Milhares de Livros para Download:
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