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CAROLINE LUISE PROCHASKA
ASSOCIAÇÃO DOS POLIMORFISMOS -1131T>C E S19W DO GENE
DA APOLIPOPROTEÍNA A-V COM DOENÇA ARTERIAL
CORONARIANA E DIABETE MELITO TIPO 2
CURITIBA
2006
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CAROLINE LUISE PROCHASKA
ASSOCIAÇÃO DOS POLIMORFISMOS -1131T>C E S19W DO GENE
DA APOLIPOPROTEÍNA A-V COM DOENÇA ARTERIAL
CORONARIANA E DIABETE MELITO TIPO 2
Dissertação apresentada como requisito
parcial à obtenção do grau de Mestre em
Ciências Farmacêuticas, Curso de Pós-
Graduação em Ciências Farmacêuticas,
Setor de Ciências da Saúde, Universidade
Federal do Paraná.
Orientadora: Prof.ª Dr.ª Marileia Scartezini
Co-orientador: Prof. Dr. Emanuel Maltempi
de Souza.
CURITIBA
2006
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À minha mãe, Eloisa, por todo
seu amor e carinho e por sempre
me incentivar a estudar.
CAROLINE LUISE PROCHASKA
Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da
Universidade Federal do Paraná, Farmacêutica Bioquímica da Diagnósticos da
América no período de março de 2004 a setembro de 2005, Farmacêutica
Bioquímica do Hospital Erasto Gaertner de Curitiba desde março de 2006. Graduada
em Farmácia e Bioquímica pela Universidade Federal do Paraná em 2003.
AGRADECIMENTOS
À minha orientadora, Marileia Scartezini, pelo carinho e preciosa amizade e
pelas oportunidades ofertadas nestes dois anos de trabalho.
Ao meu co-orientador, Emanuel Maltempi de Souza, pelo grande apoio e por
viabilizar a realização deste trabalho.
Ao professor Geraldo Picheth por conceber a idéia deste projeto, pelo apoio,
amizade, disponibilidade em sempre ajudar e por ser um entusiasta da ciência.
À minha família, pelo incentivo e compreensão nos momentos de ausência,
em especial à minha mãe Eloisa e aos meus tios Carla e Pedro, obrigada por tudo.
À Mauren Isfer Anghebem Oliveira, obrigada pela presença constante, pelo
carinho, incentivo e por ter se tornado uma amiga muito especial.
À minha orientadora de iniciação científica, Maria Suely Soares, pela amizade
e por me iniciar nos caminhos da ciência.
Aos meus colegas do Laboratório de Hematologia e Citologia da UFPR,
professora Almeriane Weffort Santos, funcionária Irene Ermelino Santos,
farmacêuticos bioquímicos Aline Borsato Hauser e Daniel Witchmichen Krukoski pelo
auxílio e amizade nos anos de iniciação científica.
À farmacêutica bioquímica, querida amiga, professora e companheira de
experimentos Ligia Maria Claro pela amizade e pelos conhecimentos
compartilhados.
Às queridas amigas e colegas de mestrado Ângela Florão, Jeanine Marie
Nardin e Lisangela Cristina Oliveira, sem vocês eu não teria chegado até aqui.
Aos colegas e pesquisadores do Departamento de Bioquímica da UFPR pela
acolhida, auxílio e acesso às instalações do departamento.
À Profª Drª Eleidi Chautard Freire Maia, do Departamento de Genética da
UFPR, pela colaboração com as análises estatísticas.
Ao Hospital Cardiológico Costantini, em especial ao Dr. Costantino Ortiz
Costantini, pelo auxílio na seleção dos pacientes e coleta das amostras.
Aos meus amigos da graduação, em especial a Fernanda Santana Ferreira
Smolareck, Fernanda Louise Voos, Nathalia Marchiori Iensen, Fernanda Gaensly e
André Schenkel Dedecek, obrigada pelo apoio.
Ao meu querido Camilo Batiston Prado, obrigada pela compreensão nos
momentos ausentes, pelo carinho, paciência, incentivo e ajuda nas figuras e
apresentações.
À coordenação do Programa de Pós-graduação em Ciências Farmacêuticas,
seus alunos e professores.
A todas as pessoas que, mesmo não mencionadas, contribuíram de alguma
forma para a realização deste trabalho.
“Aventureiro me chamam aventureiro.
Pois venha um tempo marinheiro
Um vento de aventura.
Altas são as montanhas
E as águas do mar são vastas.”
Manuel Alegre
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS................................................................................ x
LISTA DE TABELAS ........................................................................................... xii
LISTA DE FIGURAS ........................................................................................... xiv
RESUMO ............................................................................................................. xv
ABSTRACT ......................................................................................................... xvi
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 1
2 OBJETIVOS ..................................................................................................... 2
2.OBJETIVO PRINCIPAL .................................................................................... 2
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ......................................................................... 2
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................................ 3
3.1 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA E DIABETE MELITO........................ 3
3.2 LIPOPROTEÍNAS E APOLIPOPROTEÍNAS.................................................. 6
3.3 APOLIPOPROTEÍNA A-V............................................................................... 11
4 MATERIAIS E MÉTODOS ................................................................................ 18
4.1 DADOS DOS PACIENTES............................................................................. 19
4.1.1 Variáveis antropométricas .......................................................................... 19
4.1.2 Variáveis bioquímicas.................................................................................. 19
4.2 REAGENTES.................................................................................................. 20
4.3 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA.................................................. 20
4.4 AMPLIFICAÇÃO DO DNA E IDENTIFICAÇÃO DOS PRODUTOS DE PCR. 22
4.4.1 Polimorfismo -1131T>C ............................................................................. 22
4.4.2 Polimorfismo S19W..................................................................................... 23
4.5 REAÇÃO DE RESTRIÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO POLIMORFISMO
-1131T/C DO GENE DA APO A-V HUMANA.......................................................
25
4.6 REAÇÃO DE RESTRIÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO POLIMORFISMO
S19W DO GENE DA APO A-V HUMANA............................................................
25
4.7 IDENTIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DE RESTRIÇÃO............................. 26
5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS.............................................................................. 29
6 RESULTADOS.................................................................................................. 30
6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA.............................................................. 30
6.2 ANÁLISE DA VARIABILIDADE DO GENE DA APO A-V............................... 33
6.3 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE HAPLÓTIPOS E GENÓTIPOS DO
GENE DA APO A-V E DAC NA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE DM2...............
39
7 DISCUSSÃO..................................................................................................... 43
7.1 DADOS ANTROPOMÉTRICOS E BIOQUÍMICOS......................................... 43
7.2 VARIABILIDADE GENÉTICA......................................................................... 46
7.3 ANÁLISES COMPARATIVAS PARA OS POLIMORFISMO -1131T>C E
S19W....................................................................................................................
48
7.4 ESTUDO DE HAPLÓTIPOS........................................................................... 51
7.5 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO E OUTRAS COMPARAÇÕES..................... 52
8 CONCLUSÕES.................................................................................................. 55
REFERÊNCIAS.................................................................................................... 56
ANEXOS............................................................................................................... 64
LISTA DE ABREVIATURAS
apo
Apolipoproteína
APO
Gene de apolipoproteína
bp
Pares de base; base pair
CETP
Proteína de transferência de éster de colesterol
Controle
Grupo DM2-DAC-
DAC
Doença Arterial Coronariana
DAC +
Presença de Doença Arterial Coronariana comprovada por
coronarioangiografia
DAC –
Ausência de Doença Arterial Coronariana comprovada por
coronarioangiografia
DM
Diabete melito
DM2 –
Ausência de Diabete melito tipo 2
DM2 +
Presença de Diabete melito tipo 2
DM2-DAC-
Grupo controle, composto de indivíduos sem diabetes tipo 2 e sem
Doença Arterial Coronariana
DM2-DAC+
Grupo composto de indivíduos sem diabetes tipo 2 e com Doença
Arterial Coronariana
DM2+DAC+
Grupo composto de indivíduos com diabetes tipo 2 e com Doença
Arterial Coronariana
GL
Grau de liberdade
HbA
1C
Hemoglobina Glicada A
1C
HDL
Lipoproteína de alta densidade
HDL-C
HDL-Colesterol
IDL
Lipoproteína de densidade intermediária
IMC
Índice de massa corporal
LDL
Lipoproteína de baixa densidade
LDL-C
LDL-Colesterol
Lp(a)
Lipoproteína (a)
LPL
Lipoproteína lipase
PCR
Reação em cadeia da polimerase; Polimerase Chain Reaction
PPAR
Receptores de proliferação ativada do peroxissomo; Peroxissome
Proliferator Activated Receptors
PPRE
Elemento de resposta específica
RFLP
Polimorfismo de Comprimento de Fragmentos de Restrição;
Restriction Fragment Length Polymorphism
SNP
Polimorfismo de Nucleotídeo Único; Single Nucleotide Polymorphism
TBE
Tampão Tris-Borato-EDTA
TG
Triglicérides
VLDL
Lipoproteína de muito baixa densidade
VLDL-C
VLDL-Colesterol
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO
POLIMORFISMO -1131T>C DO GENE DA APO A-V NAS
DIVERSAS POPULAÇÕES ESTUDADAS.........................................
14
TABELA 2
FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO
POLIMORFISMO S19W DO GENE DA APO A-V NAS DIVERSAS
POPULAÇÕES ESTUDADAS............................................................ 15
TABELA 3 CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS EM ESTUDO........................... 19
TABELA 4 MARCADORES BIOQUÍMICOS......................................................... 20
TABELA 5 CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DO
POLIMORFISMO -1131T>C............................................................... 22
TABELA 6 PROGRAMA UTILIZADO PARA AMPLIFICAÇÃO DOS
FRAGMENTOS DO POLIMORFISMO -1131T>C.............................. 23
TABELA 7 CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DO
POLIMORFISMO S19W.................................................................... 24
TABELA 8 PROGRAMA UTILIZADO PARA AMPLIFICAÇÃO DOS
FRAGMENTOS DO POLIMORFISMO S19W................................... 24
TABELA 9 CONDIÇÕES DA REAÇÃO DE RESTRIÇÃO DO FRAGMENTO
DO POLIMORFISMO -1131T>C........................................................ 25
TABELA 10 CONDIÇÕES DA REAÇÃO DE RESTRIÇÃO DO FRAGMENTO
DO POLIMORFISMO S19W............................................................... 25
TABELA 11 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS POR SEXO E FATORES DE
RISCO PARA DAC NOS GRUPOS ESTUDADOS............................ 30
TABELA 12 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS DE IDADE............................... 31
TABELA 13 VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E BIOQUÍMICAS DOS
GRUPOS: DM2DAC, DM2DAC+ E DM2+DAC+, COM MÉDIA
(M) ± DESVIO PADRÃO (DP) E AMPLITUDE DE VARIAÇÃO (AV)
DAS VARIÁVEIS ANALISADAS.........................................................
32
TABELA 14 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DOS
POLIMORFISMOS -1131T>C E S19W DO GENE DA APO A-V
NOS GRUPOS DM2DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E
DM2+DAC+ (N=65) E NA AMOSTRA (N=206)..................................
37
TABELA 15 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DA AMOSTRA
AMPLIADA PARA O POLIMORFISMO S19W DO GENE DA APO
A-V NOS GRUPOS DM2DAC (N=77), DM2DAC+ (N=140) E
DM2+DAC+ (N=78)............................................................................
38
TABELA 16 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DOS
POLIMORFISMOS -1131T>C E S19W DO GENE DA APO A-V
NOS GRUPOS DAC (N=66) E DAC+ (N=140).................................
39
TABELA 17 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA (%) DOS GENÓTIPOS
-1131T>C/S19W DO GENE DA APO A-V NOS GRUPOS
DM2DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E DM2+DAC+ (N=65).......
40
TABELA 18 FREQÜÊNCIAS ABSOLUTAS E RELATIVAS DOS DIFERENTES
HAPLÓTIPOS DO GENE DA APO A-V (-1131T>C/S19W) NOS
GRUPOS DM2DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E DM2+DAC+
(N=65).................................................................................................
40
TABELA 19 DISTRIBUIÇÃO DAS FREQÜÊNCIAS (%) DOS GENÓTIPOS
TT/WW E DEMAIS GENÓTIPOS -1131T>C/S19W DO GENE DA
APO A-V NOS GRUPOS DM2DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75)
E DM2+DAC+ (N=65).........................................................................
41
TABELA 20 ANÁLISE DE CORRELAÇÃO ENTRE OS POLIMORFISMOS
-1131T>C E S19W E VARIÁVEIS ATROPOMÉTRICAS E
BIOQUÍMICAS COM PROBABILIDADE 0,10..................................
41
TABELA 21 FREQÜÊNCIA DO POLIMORFISMO SS E SW EM RELAÇÃO À
CONCENTRAÇÃO DA MEDIANA DO ÁCIDO ÚRICO NOS
GRUPOS DM2-DAC- (N=77), DM2-DAC+ (N=140) E DM2+DAC+
(N=78).................................................................................................
42
TABELA 22 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS DOS POLIMORFISMOS
-1131T>C E S19W EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE
TRIGLICÉRIDES NOS GRUPOS DM2-DAC- (N=66), DM2-DAC+
(N=75) E DM2+DAC+ (N=65).............................................................
42
TABELA 23 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO
POLIMORFISMO -1131T>C DO GENE DA APO A-V NAS
DIVERSAS POPULAÇÕES ESTUDADAS E COMPARADAS COM
O PRESENTE ESTUDO.....................................................................
49
TABELA 24 FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO
POLIMORFISMO S19W DO GENE DA APO A-V NAS DIVERSAS
POPULAÇÕES ESTUDADAS E COMPARADAS COM O
PRESENTE ESTUDO.........................................................................
50
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 LOCALIZAÇÃO CROMOSSÔMICA DOS GENES DAS
APOLIPOPROTEÍNAS HUMANAS.................................................. 9
FIGURA 2 ESTRUTURA GENÔMICA E LOCALIZAÇÃO DOS
POLIMORFISMOS DO GENE APOA5............................................. 12
FIGURA 3 MODELO DE AÇÃO DA APOLIPOPROTEÍNA A-V......................... 17
FIGURA 4 PROCESSO DE EXTRAÇÃO DO DNA A PARTIR DE SANGUE
TOTAL.............................................................................................. 21
FIGURA 5 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO POLIMORFISMO
-1131T>C DA APOLIPOPROTEÍNA A-V AMPLIFICADO E SUA
LOCALIZAÇÃO................................................................................ 27
FIGURA 6 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO POLIMORFISMO S19W
DA APOLIPOPROTEÍNA A-V AMPLIFICADO E SUA
LOCALIZAÇÃO................................................................................. 28
FIGURA 7 PERFIL ELETROFORÉTICO DA PCR PARA AMPLIFICAÇÃO DO
POLIMORFISMO -1131T>C DO GENE DA APO A-V...................... 33
FIGURA 8 PERFIL ELETROFORÉTICO DA PCR PARA AMPLIFICAÇÃO DO
POLIMORFISMO S19W DO GENE DA APO A-V........................... 34
FIGURA 9 PERFIL ELETROFORÉTICO DA PCR-RFLP DO
POLIMORFISMO -1131T>C DA APOLIPOPROTEÍNA A-V............. 35
FIGURA 10 PERFIL ELETROFORÉTICO TÍPICO DA PCR-RFLP DO
POLIMORFISMO S19W DA APOLIPOPROTEÍNA A-V................... 35
RESUMO
A apolipoproteína A-V (apo A-V) está associada com a regulação das concentrações
plasmáticas de triglicérides (TG). Polimorfismos da apo A-V têm sido associados
com a hipertrigliceridemia, um fator de risco independente para a Doença Arterial
Coronariana (DAC), e também freqüente no Diabete Melito tipo 2 (DM2). Foram
analisados os polimorfismos -1131T>C e S19W em 206 indivíduos submetidos à
cineangiocoronariografia. A amostra foi classificada em três grupos designados:
controle, (DM2-DAC-, N=66); DM2-DAC+ (presença de DAC e ausência de DM2,
N=75) e DM2+DAC+ (presença de DAC e DM2, N=65). A DAC foi definida como a
presença de estenose > 50% em qualquer artéria coronária. O diagnóstico do DM2
foi realizado segundo os critérios da Associação Americana de Diabetes. A amostra
apresentou idade média de 65,5 ± 10,4 anos, com prevalência de euro-brasileiros
(92,8%). Foram analisadas as variáveis idade, sexo, tabagismo, pressão arterial,
história familiar para DAC, IMC, bem como as concentrações séricas de glicose,
HbA
1c
, apo A-I, apo B, perfil lipídico e a relação log(TG/HDL-C). Apenas o IMC e o
log(TG/HDL-C) foram significativamente diferentes (P<0,05) entre os três grupos. Os
polimorfismos em estudo foram caracterizados através de PCR-RFLP utilizando
iniciadores que induzem a sítios de restrição para as enzimas Mse I (-1131T>C) e
Taq I (S19W). A identificação dos fragmentos de restrição foi realizada por
eletroforese em gel de poliacrilamida a 10% e os fragmentos de DNA visualizados
com brometo de etídeo em luz UV. As freqüências para os genótipos -1131T>C (TT,
TC e CC) e S19W (SS e SW) foram,respectivamente, para os grupos controle 0,848;
0,136; 0,015 e 0,818; 0,182; DM2-DAC+ 0,853; 0,120; 0,027 e 0,947; 0,053 e
DM2+DAC+ 0,831; 0,138; 0,031 e 0,877; 0,123. A freqüência do genótipo SW foi
significativamente menor no grupo DM2-DAC+ quando comparado aos grupos
controle e DM2+DAC+. O polimorfismo -1131T>C não mostrou diferença entre os
grupos. Para o polimorfismo -1131T>C a freqüência genotípica observada foi similar
às populações inglesa, canadense e tunísica e para o genótipo TC + CC foi
significativamente menor que o descrito para a população oriental. Para o
polimorfismo S19W a freqüência genotípica observada foi similar às populações
inglesa, tcheca e canadense e para o genótipo SW + WW foi significativamente
maior que o descrito para as populações chinesa, norte-irlandesa e hispânica. O
grupo DM2-DAC+ apresentou freqüências significativamente menores do haplótipo
TW (-1131T>C/S19W) e do genótipo TT/SW em relação ao grupo controle. As
concentrações séricas de ácido úrico foram significativamente correlacionadas com
o polimorfismo S19W (P=0,010), sendo que a freqüência do genótipo SW foi maior
no grupo DM2+DAC+ com a concentração de urato 5,6 mg/dL, tendo as mulheres
como responsáveis pela alteração. Não houve diferença significativa entre as
concentrações de TG e os polimorfismos em estudo.
Palavras-chave: Doença Arterial Coronariana, DAC, aterosclerose, Diabete melito
tipo 2, apolipoproteína A-V, apo A-V, APO A5, polimorfismo, SNP,
RFLP, -1131T>C, SNP3, S19W.
ABSTRACT
Apolipoprotein A-V (apo A-V) is associated with plasmatic triglyceride (TG) level
regulation. Apo A-V polymorphisms have been associated with hypertriglyceridaemia,
an independent risk factor for Coronary Artery Disease (CAD), and also frequently in
type 2 Diabetes Mellitus (DM2). The polymorphisms -1131T>C and S19W were
analyzed in 206 individuals submitted to coronary angiography. The sample was
classified into three groups called control (DM2-CAD-, N=66); DM2-CAD+ (presence
of CAD and absence of DM2, N=75) and DM2+CAD+ (presence of CAD and DM2,
N=65). CAD was defined as the presence of stenosis > 50% in any coronary artery.
DM2 diagnosis was realized in agreement with American Diabetes Association
criteria. The sample mean age was 65,5 ± 10,4 years, predominating Euro-Brazilians
(92,8%). There were analyzed the variables age, sex, smoking, blood pressure,
familial history for CAD, BMI, as well as serum levels of glucose, HbA
1c
, apo A-I, apo
B, lipid profile and the log(TG/HDL-C) ratio. Only the BMI an the log(TG/HDL-C) ratio
were significantly different (P<0,05) between the three groups. The polymorphisms in
study were characterized after PCR-RFLP using primers that induce restriction sites
to Mse I (-1131T>C) and Taq I (S19W) enzymes. Restriction fragments identification
was realized by 10% acrylamide electrophoresis and the DNA fragments visualized
with ethidium bromide in UV light. The frequencies to the genotypes -1131T>C (TT,
TC and CC) and S19W (SS and SW) were, respectively, to control group 0,848;
0,136; 0,015 and 0,818; 0,182; DM2-CAD+ 0,853; 0,120; 0,027 and 0,947; 0,053 and
DM2+CAD+ 0,831; 0,138; 0,031 and 0,877; 0,123. The SW genotype frequency was
significantly lower in DM2-CAD+ group when compared with control and DM2+CAD+
groups. The -1131T>C polymorphism didn’t show difference between the groups.
The observed genotype frequency to the polymorphism -1131T>C was similar to the
English, Canadian and Tunisian populations and to the genotype TC + CC it was
significantly lower than the described to the oriental population. The observed
genotype frequency to the polymorphism S19W was similar to the English, Czech
and Canadian populations and to the genotype SW + WW it was significantly higher
than the described to the Chinese, Northern Irish and Hispanic populations. Group
DM2-CAD+ had significantly lower frequencies to haplotype TW (-1131T>C/S19W)
and to genotype TT/SW compared to control group. The uric acid serum levels were
significantly correlated with the polymorphism S19W (P=0,010), while the genotype
SW frequency was higher in DM2+CAD+ group with the urate level 5,6 mg/dL,
being women as responsible for the alteration. There weren’t significantly differences
between TG levels and the polymorphisms in study.
Key-words: Coronary Artery Disease, CAD, atherosclerosis, type 2 Diabetes mellitus,
apolipoprotein A-V apo A-V, APO A5, polymorphism, SNP, RFLP,
-1131T>C, SNP3, S19W.
1 INTRODUÇÃO
A Doença Arterial Coronariana (DAC) é umas das causas de morte mais
comuns no mundo. As concentrações séricas de colesterol total e de colesterol de
baixa densidade (LDL-colesterol) estão significativamente associadas ao risco para
DAC, entretanto, evidências apontam as concentrações de triglicérides como um
fator de risco independente para o seu desenvolvimento (GINSBERG e TUCK,
2001). Devido à complexidade da hipertrigliceridemia, há várias origens possíveis
para a desordem, incluindo causas secundárias como alcoolismo, diabete melito e
obesidade. No entanto, fatores genéticos predisponentes têm papel importante no
metabolismo e regulação dos triglicérides e, assim, genes candidatos têm sido
investigados.
Um gene fortemente candidato para a hipertrigliceridemia severa é o
recentemente descoberto gene da apolipoproteína A-V humana (APO A5), baseado
na sua modulação das concentrações séricas de triglicérides. Em camundongos, a
superexpressão do gene apoa5 promoveu diminuição das concentrações de
triglicérides, enquanto que camundongos nocauteados tiveram aumento de quatro
vezes nas concentrações de triglicérides (PENNACCHIO et al., 2001). Em humanos,
estudos independentes demonstraram que haplótipos variantes em diferentes
polimorfismos do APO A5 são determinantes das concentrações séricas de
triglicérides em várias populações (PENNACCHIO et al., 2002; TALMUD et al., 2002;
OLIVIER et al., 2004).
O diabete melito tipo 2 (DM2) está associado como um fator de alto risco para
a Doença Arterial Coronariana. O fato de que muitos indivíduos com DAC possuem
diabete melito do tipo 2 torna importante a identificação de genes independentes que
conferem susceptibilidade para DAC nestes pacientes.
Estudos epidemiológicos recentes demonstraram que a hipertrigliceridemia é
um dos principais fatores de risco independentes para DAC (FRUCHART e DURIEZ,
2002) O entendimento dos fatores que controlam as concentrações plasmáticas de
triglicérides e quais genes refletem primariamente nas concentrações de
lipoproteínas circulantes ricas em triglicérides é de principal importância e pode
fornecer novas frentes de intervenção terapêutica na dislipidemia aterogênica
(TALMUD et al., 2002; PRIEUR et al.,2003).
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Associar os polimorfismos -1131T>C e S19W do gene da apolipoproteína A-V
em uma população brasileira submetida à angiografia na presença de doença
arterial coronariana e diabete melito tipo 2.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Avaliar o efeito das variáveis antropométricas e bioquímicas em indivíduos
com doença arterial coronariana na presença ou ausência de diabete melito
tipo 2 comparando com um grupo controle;
Determinar as freqüências alélicas, haplotípicas e genotípicas dos
polimorfismos -1131T>C e S19W do gene da apolipoproteína A-V, através do
procedimento de PCR-RFLP, correlacionando-as com a doença arterial
coronariana, na presença ou ausência de diabete melito tipo 2;
Associar as freqüências genotípicas com as concentrações de triglicérides;
Verificar associação das freqüências haplotípicas com doença arterial
coronariana e diabete melito tipo 2;
Avaliar a capacidade discriminatória dos genótipos em estudo em relação à
doença arterial coronariana e ao diabete melito tipo 2.
3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA E DIABETE MELITO
As doenças cardiovasculares são a primeira causa de morte por doença no
Brasil (Ministério da Saúde – Brasil, 2005) e em vários países do mundo (WHO –
Organização Mundial da Saúde, 2004). Também são a principal causa de morbidade
e mortalidade em indivíduos com diabete melito tipo 2 (DM2) (TEMELKOVA-
KURKTSCHIEV e HANEFELD, 2004).
Dentre as doenças cardiovasculares, a Doença Arterial Coronariana (DAC)
destaca-se como a maior causadora de incapacidade e morte. É uma doença da
idade adulta e de etiologia multifatorial (VOGEL e MOTULSKY, 1997). No Anexo I
encontram-se os valores de referência para o perfil lipídico para adultos com idade
superior a 20 anos.
A associação positiva entre triglicérides (TG) plasmáticos aumentados e DAC
foi confirmada por meta-análise realizada por HOKANSON E AUSTIN (1996),
indicando as concentrações de triglicérides plasmáticos como fator de risco
independente para DAC e não meramente conseqüência do efeito das baixas
concentrações de HDL-C.
O maior risco para DAC pelos níveis aumentados de TG plasmáticos resulta
da superprodução de lipoproteínas ricas em TG e de lipoproteínas parcialmente
hidrolisadas, que não podem ser removidas eficientemente da circulação e, assim,
acumulam-se no plasma. Triglicérides dessas partículas são inapropriadamente
transferidas para as lipoproteínas de baixa densidade (LDL), que se tornam
depletadas de colesterol e ricas em triglicérides. Subseqüente hidrólise desses TG
pela lipase hepática converte essas partículas de LDL em partículas menores e
densas (LDL pequena e densa). Partículas de LDL pequenas e densas são
propensas à oxidação porque não são mais clareadas pelo receptor de LDL (LDL-R),
permanecendo na circulação. Estas partículas são então clareadas pelo receptor
scavenger nos macrófagos, formando-se a célula espumosa e, conseqüentemente, a
aterogênese (CHAPMAN et al., 1998).
A ocorrência de DAC varia amplamente no mundo e, geralmente, a maior
freqüência é encontrada em países ocidentais ou com estilo de vida ocidental.
Estudos epidemiológicos prospectivos têm demonstrado que a incidência de DAC
em indivíduos com diabete melito (DM) é cerca de duas a três vezes maior do que a
observada na população em geral (ROSEGREN et al., 1989; STAMLER et al., 1993).
A prevalência de DM entre portadores de DAC aumentou significantemente nos
últimos 10 anos (TAKAISHI et al., 2004). O aumento do risco de eventos
cardiovasculares em indivíduos com DM2 pode ser relacionado, ao menos em parte,
com anormalidades no metabolismo de lípides e lipoproteínas (BERNARD et al.,
2004).
A complexidade da DAC surge da diversidade de fenótipos clínicos e das
múltiplas vias biológicas que contribuem para a formação da placa aterosclerótica,
incluindo o metabolismo lipídico, inflamação, função endotelial, estresse oxidativo e
trombose. Em adição aos fatores ambientais, variações interindividuais na
susceptibilidade à DAC podem ocorrer da variabilidade nos genes que codificam
proteínas que participam nessas e em outras vias biológicas (CHANNON e
WATKINS, 2004). Os principais fatores de risco para DAC estão listados no Anexo II.
A aterosclerose coronariana resulta de respostas inflamatórias e
fibroproliferativas exacerbadas a vários tipos de injúria ao endotélio e músculo liso
da artéria, respostas nas quais participam um grande número de fatores de
crescimento, citocinas e moléculas vasoreguladoras (SHIMOKATA et al., 2004).
Pacientes com DM têm risco aumentado de desenvolver complicações específicas,
dentre elas, a aterosclerose (American Diabetes Association, 2005), base fisiológica
da Doença Arterial Coronariana.
O DM é uma síndrome de etiologia múltipla decorrente da falta de insulina
e/ou da incapacidade da insulina de exercer adequadamente seus efeitos.
Caracteriza-se por hiperglicemia crônica com distúrbios do metabolismo dos
carboidratos, lípides e proteínas (American Diabetes Association, 2005). O
diagnóstico de DM é realizado conforme o Anexo III.
O DM2 está presente em mais de 90-95% dos indivíduos com diabetes e
anteriormente era descrito como diabetes não-insulino dependente ou diabetes da
maturidade. A maioria dos pacientes com este tipo de diabetes apresenta
obesidade, a qual é relacionada à resistência à insulina. O risco de desenvolver DM2
aumenta com a idade, obesidade e falta de atividade física. O DM2 está associado
com predisposição genética complexa (American Diabetes Association, 2005). A
susceptibilidade para DAC em indivíduos com DM não pode ser inteiramente
explicada por fatores de risco convencionais; existem fatores genéticos influenciando
no desenvolvimento de complicações vasculares nestes indivíduos (LEVY, 2003).
O DM2 tem alta prevalência na população brasileira (7,6%) e é um importante
fator de risco independente de DAC (Ministério da Saúde, 2005). Na mulher, é um
fator de risco mais expressivo do que no homem, elevando a mortalidade por DAC
em 3 a 7 vezes. No indivíduo com DM, é particularmente importante o controle
associado dos outros fatores de risco – como sedentarismo, obesidade, tabagismo;
para diminuição mais eficaz do risco de DAC (III Diretrizes Brasileiras em
Dislipidemias e Diretriz de Prevenção da Aterosclerose, 2001).
O indivíduo portador de DM2 apresenta em geral um conjunto de
anormalidades lipídicas caracterizado por concentrações aumentadas de TG,
redução do HDL-C e alteração de LDL-C (KRAUSS, 2004), situação que tem sido
referida como a Tríade Lipídica da Síndrome Metabólica.
A dislipidemia é um dos principais fatores de risco para doença cardiovascular
em pacientes diabéticos. As alterações lipídicas mais freqüentes na população
diabética são hipertrigliceridemia, HDL-C baixo e alterações qualitativas nas
lipoproteínas, tais como a formação de partículas de LDL pequenas e densas. A LDL
pequena e densa é mais freqüente na circulação quanto mais elevadas forem as
concentrações de triglicérides, sendo mais aterogênica do que as demais partículas
lipídicas que são maiores e menos densas (American Diabetes Association, 2005).
A doença arterial coronariana continua a ser uma das principais causas de
morbidade e mortalidade em todo o mundo. Vários estudos epidemiológicos
estabeleceram que, em adição aos níveis plasmáticos elevados do LDL-C e
reduzidos do HDL-C, as concentrações plasmáticas de TG contribuem como fator de
risco independente para a DAC. Adicionalmente, a hipertrigliceridemia está
freqüentemente associada a síndromes metabólicas que caracterizam o DM e a
obesidade. Assim, a identificação de fatores e/ou genes que afetam o metabolismo
dos TG é de significância clínica para a correção da hipertrigliceridemia e DAC
associada (VU-DAC et al., 2003).
Vários estudos prospectivos demonstraram associação com hiperaciduremia
e incidência de DAC, doença cardiovascular e morte. Também se sugeriu que as
concentrações de ácido úrico estão mais fortemente associadas com eventos
adversos em mulheres do que em homens (BRAND et al., 1985; FREEDMAN et al.,
1995; LEHTO et al., 1998). O ácido úrico também está associado com DM e
intolerância à glicose, fatores de risco que conferem maior risco relativo para doença
cardiovascular em mulheres (WILSON et al., 1991; BARRET-CONNOR et al., 1991;
SOWERS, 1998), assim como a síndrome metabólica, resistência à insulina,
obesidade, hipertensão e dislipidemia (REAVEN, 1994; YOO et al., 2005).
3.2 LIPOPROTEÍNAS E APOLIPOPROTEÍNAS
Os lipídios são substâncias orgânicas pouco solúveis em água e solúveis em
solventes orgânicos. Os principais lipídios no plasma humano são o colesterol livre
ou esterificado, os ácidos graxos, os TG (também chamados de triacilgliceróis) e os
fosfolípides (BURTIS et al., 1999).
Os ácidos graxos podem ser saturados, mono ou poliinsaturados. Nos
animais, os resíduos de ácidos graxos predominantes são os que têm cadeia com 16
e com 18 átomos de carbono - o palmítico e o esteárico, que são saturados, e o
oléico e o linoléico, que são insaturados. Os TG são a forma de armazenamento
energético mais importante no organismo, constituindo depósitos no tecido adiposo
e muscular. Os fosfolípides têm, entre outras, a função primordial de formar a
bicamada lipídica, que é a estrutura básica das membranas celulares. O colesterol é
o precursor dos hormônios esteróides, dos ácidos biliares, da vitamina D, além de ter
importantes funções nas membranas celulares, influenciando sua fluidez e no estado
de ativação de enzimas ligadas a membranas (BURTIS et al., 1999).
As lipoproteínas são responsáveis pelo transporte dos lipídios no plasma e
são compostas por lipídios e proteínas, as chamadas apolipoproteínas (“apo”). As
apolipoproteínas têm diversas funções no metabolismo das lipoproteínas como
montagem da partícula (apo B-100 e B-48), meio ligante a receptores de membrana
que as captam para o interior da célula (apo B-100 e E) ou co-fatores enzimáticos
(apo C-II, apo C-III e apo AI-) (BURTIS et al., 1999).
Existem quatro grandes classes de lipoproteínas. As maiores e menos
densas, ricas em TG, os quilomícrons, de origem intestinal, e as lipoproteínas de
densidade muito baixa (VLDL), de origem hepática. As lipoproteínas de baixa
densidade (LDL) e as lipoproteínas de alta densidade (HDL) são ricas em colesterol.
Existe ainda uma quinta classe, as lipoproteínas de densidade intermediária (IDL}.
Uma outra lipoproteína de interesse clínico é a lipoproteína (a) [Lp(a)] (BURTIS et
al., 1999).
Os quilomícrons são sintetizados nas células da mucosa intestinal a partir das
gorduras da dieta, posterior à absorção na forma de micelas, onde os TG são
resintetizados, e, junto com o colesterol da dieta e fosfolípides são acrescidos de
apo B-48, proteína que é sintetizada nestas células. Uma vez no sangue, os
quilomícrons adquirem apo E e apo C-II e têm seu tamanho progressivamente
reduzido pela ação da lipoproteína lípase (LPL), que é ligada ao endotélio capilar e
catalisa a remoção de ácidos graxos livres destas partículas. A LPL é ativada pela
apo C-II no quilomícron, hidrolisando a maioria das partículas de triglicérides em
ácidos graxos livres, que se ligam à albumina e são finalmente depositados no tecido
adiposo. As partículas de quilomícrons remanescentes, depletadas de TG, são
captadas pelo hepatócito através de um processo mediado por receptor, sendo a
apo E do quilomícron o ligante para o receptor hepático de LDL. No hepatócito, o
quilomícron remanescente libera seu conteúdo, isto é, TG, ésteres de colesterol,
fosfolipídeos e apolipoproteínas. O hepatócito remonta esses produtos derivados do
quilomícron remanescente, juntamente com TG endógeno e ésteres de colesterol,
em partículas de VLDL, e as secreta para a circulação. Como os quilomícrons, as
partículas de VLDL também são ricas em TG e contêm apo C-II e apo E. Entretanto,
possuem menor quantidade de TG, são menores e apresentam a apo B-100 ao
invés da apo B-48. A apo B-100 é um ligante fisiológico para o receptor de LDL. A
LPL, novamente ativada pela apo C-II da partícula de VLDL, reduz o TG da VLDL,
deixando a partícula progressivamente menor, mais densa e rica em colesterol até a
formação de IDL. A hidrólise de TG da partícula de IDL em ácidos graxos livres é
mediada por outra lípase, a lipase hepática, e a LDL é a partícula final desta via.
Cerca de um terço da VLDL é removida pelo receptor hepático da LDL, enquanto
que dois terços passam pela via já descrita, terminando como LDL. A transição de
VLDL para IDL é acompanhada pela transferência de apo C-II, para a HDL, e
também pela sua remoção, da HDL, durante a transição da apo E da IDL para a
LDL. Assim, a LDL, cuja meia-vida na circulação é de vários dias, contém apenas
apo B-100 e somente uma cópia por partícula (BURTIS et al., 1999).
O transporte direto dos lípides para as células periféricas é a via
predominante para a entrega de ácidos graxos livres, o combustível metabólico
primário do organismo. É a única via para a entrega do colesterol, que é essencial
para a síntese e a manutenção das membranas celulares. O balanço metabólico do
colesterol é mediado pelo seu transporte reverso pelas partículas de HDL. A
lipoproteína HDL é sintetizada nas células da mucosa intestinal e nos hepatócitos e
secretada como partícula de HDL nascente, contendo apenas uma pequena
quantidade de fosfolipídeos e apo A-I, denominada HDL-pré-β. Esta absorve
avidamente o colesterol livre das células periféricas por via de difusão aquosa da
membrana celular para a partícula. Esse efluxo de colesterol é facilitado pela ligação
da partícula HDL nascente aos receptores de superfície celular, receptor scavenger
B1 (SR-B1). Sendo o colesterol livre anfipático, ele é absorvido na superfície da HDL
a partir de uma membrana celular doadora. A lecitina-colesterol aciltransferase
(LCAT), ativada pela apo A-I catalisa a esterificação do colesterol, causando a
entrada da molécula lipofílica de éster de colesterol no centro da partícula de HDL,
liberando, assim, espaço na sua superfície para posterior absorção de colesterol. A
ação coordenada de apo A-I, HDL e LCAT promove o acúmulo de ésteres de
colesterol na partícula de HDL e contribui na manutenção unidirecional do transporte
reverso do colesterol. Com a continuidade deste processo, a HDL gradualmente
torna-se madura e adquire a sua forma esférica (α-HDL). Ao longo da absorção de
colesterol, a HDL acumula apo C-II e apo E provenientes das partículas de VLDL e
IDL. Uma das funções da HDL é servir de reservatório de apolipoproteínas,
especialmente apo C-II, que é essencial para a ativação da LPL (BURTIS et al.,
1999).
A remoção de lípides da partícula madura de HDL ocorre por duas vias, direta
e indireta. A via direta envolve dois caminhos, um é a remoção seletiva, mediada por
SR-B1 (TRIGATTI et al., 2000) e o outro uma remoção através de “holopartícula”,
mediada por receptores de apo E (FIDGE, 1999). A via indireta envolve a
transferência de ésteres de colesterol da HDL para lipoproteínas contendo apo B
(VLDL, IDL e LDL) mediada pela proteína de transferência de éster de colesterol
(CETP) (TALL et al., 2000). No fígado, os hepatócitos expressam receptores LDL na
sua superfície celular que reconhecem a apo B e a apo E como ligantes fisiológicos.
Assim, o receptor hepático de LDL media a retirada de remanescentes de
quilomícrons, VLDL, IDL e LDL (BURTIS et al., 1999).
As apolipoproteínas estão envolvidas no metabolismo das lipoproteínas
auxiliando na solubilidade dos lipídios no plasma, ativando as enzimas e permitindo
a captação pelos tecidos. Defeitos na estrutura de uma apolipoproteína ou na sua
síntese podem afetar o metabolismo dos lipídios resultando em progressão para a
DAC (GROENENDIJIK et al., 2001).
Embora existam vários fatores que contribuam para as concentrações
plasmáticas de lipídios, as apolipoproteínas representam o principal componente na
dinâmica do metabolismo lipídico. Até o presente momento foram identificadas as
apolipoproteínas, classificadas de A a M (SEDA e SEDOVÁ, 2003). A Figura 1
mostra as duas principais regiões (clusters) de genes das apolipoproteínas nos
cromossomos humanos 11 e 19.
FIGURA 1 – LOCALIZAÇÃO CROMOSSÔMICA DOS GENES DAS
APOLIPOPROTEÍNAS HUMANAS
FONTE: SEDA e SEDOVÁ, 2003
O cluster dos genes das apolipoproteínas APOA1/C3/A4 na região 23 do
braço longo do cromossomo 11 (11q23) é uma região conhecida por influenciar os
parâmetros lipídicos em humanos e mutações neste intervalo têm sido associadas
como contribuintes na hipertrigliceridemia severa, evidenciada há mais de 15 anos
(GROENENDIJIK et al., 2001).
A apo A-I é uma proteína sintetizada principalmente no fígado e em menor
extensão no intestino delgado (SORCI-THOMAS et al., 1989). É a principal proteína
encontrada nas lipoproteínas de alta densidade (HDL) e é cofator obrigatório da
enzima lecitina-colesterol acil transferase (LCAT) e, assim, participa na regulação do
transporte reverso do colesterol dos tecidos periféricos para o fígado. Camundongos
desprovidos da expressão de apoAI apresentaram níveis de HDL-C
significativamente reduzidos (PLUMP et al., 1997).
A apoliproteína C-II (apo C-II) é co-fator para a lipoproteína lipase (LPL),
responsável pelo catabolismo das lipoproteínas ricas em triglicérides.
A apolipoproteína E, no seu papel de ligante, promove a captação de
quilomícrons e lipoproteínas de densidade intermediária. Camundongos desprovidos
da expressão do gene APOE desenvolveram hipercolesterolemia severa e
aterosclerose espontânea (PLUMP et al., 1992).
A apoliproteína C-III (apo C-III) é sintetizada principalmente no fígado e em
menor proporção no intestino (BRUNS et al., 1984). A apo C-III é um componente
intercambiável das lipoproteínas ricas em TG (TGRL) e das lipoproteínas de alta
densidade (HDL). Seu papel in vivo é pouco entendido. Estudos in vitro
demonstraram que a apo C-III é um inibidor não competitivo da atividade da
lipoproteína lipase, reduzindo a capacidade de hidrolisar as TGRL. Além disso, a apo
C-III está envolvida no processo de ligação de lipoproteínas a receptores específicos
no fígado (CLAVEY et al., 1995). Camundongos sem expressão da apo C3
apresentaram menor concentração de triglicérides plasmáticos quando comparados
aos controles (MAEDA et al., 1994), enquanto que a superexpressão do gene
APOC3 humano resulta em hipertrigliceridemia. Isso se deve a um número
aumentado na circulação de partículas de VLDL, que contêm maior quantidade de
triglicérides e apo C-III e menor quantidade de apo E, reduzindo, assim, a retirada de
lipoproteína mediada pela apo E (AALTO SETALA, 1992)
A apolipoproteína A-IV foi primeiramente descrita em 1977 por SWANEY et al.
como um componente dos quilomícrons e das lipoproteínas de alta densidade (HDL)
no rato. A proteína análoga apo A-IV humana é incorporada em novas TGRL
secretadas no intestino e na HDL (BEISIEGEL e UTERMANN, 1979). A função
metabólica da apo A-IV ainda não foi totalmente estabelecida. Sugeriu-se que a apo
A-IV tem papel na absorção de lípides. A síntese e secreção intestinal de apo A-IV é
aumentada durante a absorção de gorduras (BISGAIER et al., 1985).
3.3 APOLIPOPROTEÍNA A-V
Uma importante descoberta na biologia dos TG foi feita em 2001 quando um
novo membro da família da apolipoproteínas, a apolipoproteína A-V (apo A-V), foi
identificada por técnicas pós-genômicas. Ela foi identificada independentemente por
dois grupos distintos. O primeiro grupo utilizou comparação de seqüências ortólogas
do homem e do camundongo (PENNACCHIO et al., 2001) e o segundo grupo
identificou a apolipoproteína A5 do camundongo após observar a marcada super
regulação do gene APOA5 durante regeneração hepática (VAN DER VLIET et al.,
2001).
O gene da apolipoproteína A-V (Figura 2) foi identificado como o quarto
membro do conjunto de genes (cluster) das apolipoproteínas APOA1/C3/A4 no
cromossomo 11, estando localizado aproximadamente 27 kb distal do APOA4 e 37
kb do APOC3, sendo responsável pela síntese da apolipoproteína A-V
(PENNACCHIO et al, 2001; OLIVIER et al., 2004).
FIGURA 2 - ESTRUTURA GENÔMICA E LOCALIZAÇÃO DOS POLIMORFISMOS
DO GENE APOA5
O gene é transcrito da esquerda para a direita como indicado pela grande seta horizontal. Os exons
são mostrados por caixas, sendo que as regiões codificadoras de proteínas estão pintadas de preto.
As posições e identidades dos SNPs identificados no gene APOA5 são mostrados abaixo do
esquema. FONTE: Adaptado de PENNACCHIO et al., 2002.
A apo A-V humana é uma proteína de 39-kDa com 343 resíduos de
aminoácidos e 27% de identidade à apo A-IV humana (WEINBERG et al., 2003). A
apo A-V está presente no soro humano e circula em concentrações muito menores
que outras lipoproteínas como a apo A-I. A concentração molar da apo A-V é de ~4
nmol/L, enquanto que apo A-I é encontrada no soro humano a ~40 µmol/L e a apo B
a 2 µmol/L. Isso explica porque a apo A-V não foi descoberta no soro, como as
demais apolipoproteínas codificadas no lócus do cromossomo humano 11q23, e sim
a nível molecular em estudos animais através de open reading frames (O’BRIEN et
al., 2005; PENNACCHIO et al., 2001; VAN DER VLIET et al., 2001).
A apo A-V é detectada nas partículas de lipoproteína de muito baixa
densidade (VLDL), de alta densidade (HDL) e quilomícrons, mas não é encontrada
nas lipoproteína de baixa densidade (LDL) (BECKSTEAD et al., 2003; WEINBERG
et al., 2003; O’BRIEN et al., 2005).
O gene da apolipoproteína A-V é preferencialmente expresso no fígado. A
exata função do gene APOA5 ainda não está clara. Estudos demonstrando a
superregulação do APOA5 durante a regeneração hepática após hepatectomia
parcial de ratos sugeriu um papel no controle da secreção de triglicérides (VAN DER
VLIET et al., 2001). Estudos recentes sugeriram que o gene APOA5 pode modular a
síntese hepática intracelular e/ou a secreção de lipoproteínas de muito baixa
densidade (VLDL) (BECKSTEAD et al., 2003; WEINBERG et al., 2003).
Os cinco haplótipos mais comuns do gene APOA5 são definidos por sete
polimorfismos de um único nucleotídeo [1891T>C (SNP1), 1764C>T, V153M,
751G>T (SNP2), S19W, -3A>G e -1131T>C (SNP3)] (OLIVIER et al., 2004). O
haplótipo APOA5*1 é o tipo selvagem, definido pelos alelos comuns nos sete sítios.
O haplótipo APOA5*2 é distinguido do haplótipo comum por quatro substituições de
nucleotídeos (c.1259T>C ou 1891T>C, IVS3 + 476G>A ou 751G>T, -1131T>C e
c.-3A>G designados SNP1, SNP2, SNP3 e Kozak, respectivamente, onde c.
representa a região codificadora da proteína e o sinal negativo representa a região
do promotor). O haplótipo APOA5*3 é distinguido do haplótipo comum pela
substituição de G por C no nucleotídeo c.56 (códon 19 na seqüência de
aminoácidos), ocorrendo a substituição de uma serina por um triptofano, também
conhecido como S19W (PENNACCHIO et al., 2001; PENNACCHIO et al., 2002).
Verificou-se que as concentrações plasmáticas de TG estão fortemente
relacionadas com variações no gene da apolipoproteína A-V. Os camundongos em
que o gene da apolipoproteína A-V humana foi superexpresso tinham os níveis
plasmáticos de triglicérides cerca de um terço inferior em relação aos seus controles,
enquanto que camundongos sem a expressão do gene (nocauteados por indução),
apresentaram concentrações plasmáticas de triglicérides quatro vezes maiores do
que os controles selvagens (PENNACCHIO et al., 2001).
As variantes -1131C e 19W têm sido associadas com concentrações
aumentadas de TG em caucasianos saudáveis (PENNACCHIO et al., 2001;
PENNACCHIO et al., 2002; TALMUD et al., 2002; PENNACCHIO et al., 2003) e em
afro-americanos e hispânicos (PENNACCHIO et al., 2002) e com aumentado risco
relativo no desenvolvimento de dislipidemias (RIBALTA et al., 2002; HORINEK et al.,
2003).
A Tabela 1 resume as freqüências genotípicas e alélicas do polimorfismo
-1131T>C em diferentes estudos.
TABELA 1 – FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO POLIMORFISMO
-1131T>C DO GENE DA APO A-V NAS DIVERSAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS
Genótipos Alelos
População
TT(N) TC(N) CC(N) T(N) C(N)
Descrição Referência
Afro-
americana
0,777
(537)
0,213
(147)
0,010
(7)
0,884
(1382)
0,116
(161)
Mulheres
Afro-
americana
0,772
(376)
0,218
(106)
0,010
(5)
0,881
(858)
0,119
(116)
Homens
Hispânica
0,668
(125)
0,310
(58)
0,021
(4)
0,824
(308)
0,176
(66)
Mulheres
Hispânica
0,741
(103)
0,245
(34)
0,014
(2)
0,863
(240)
0,137
(38)
Homens
Caucasiana
0,866
(311)
0,134
(48)
0
0,933
(670)
0,067
(48)
Mulheres
Caucasiana
0,872
(286)
0,128
(42)
0
0,936
(614)
0,064
(42)
Homens
PENNACCHIO et al.,
2002
Inglesa
0,883
(2257)
0,111
(285)
0,006
(14)
0,940
(4799)
0,060
(313)
Homens TALMUD et al., 2002
Japonesa
0,418
(425)
0,477
(485)
0,105
(107)
0,656
(1335)
0,344
(699)
Homens e
Mulheres
NABIKA et al., 2002
0,408
(225)
0,476
(263)
0,116
(64)
0,646
(713)
0,354
(391)
Toda a
amostra
0,241
(7)
0,483
(14)
0,276
(8)
0,483
(28)
0,517
(30)
TG alto
Japonesa
0,417
(218)
0,476
(249)
0,107
(56)
0,655
(685)
0,345
(361)
TG normal
ENDO et al., 2002
0,330
(27)
0,540
(44)
0,130
(11)
0,598
(98)
0,402
(66)
TG alto
Chinesa
0,520
(44)
0,430
(37)
0,050
(4)
0,735
(125)
0,265
(45)
TG normal
BAUM et al., 2003
0,805
(174)
0,172
(53)
0,023
(7)
0,857
(401)
0,143
(67)
DAC+
Húngara
0,894
(277)
0,100
(31)
0,006
(2)
0,944
(585)
0,056
(35)
Controles
SZALAI et al., 2004
Chinesa
0,404
(135)
0,494
(165)
0,102
(34)
0,651
(435)
0,349
(233)
Voluntários LI et al, 2004
Canadense
0,848
(375)
0,138
(61)
0,014
(6)
0,917
(811)
0,083
(73)
Caucasianos LEE et al., 2004
Inglesa
0,818
(242)
0,182
(54)
Homens TALMUD et al., 2004
0,747
(74)
0,211
(21)
0,040
(4)
0,854
(169)
0,146
(29)
DM2-DAC-
0,719
(41)
0,263
(15)
0,018
(1)
0,851
(97)
0,149
(17)
DM2-DAC+
0,718
(56)
0,269
(21)
0,013
(1)
0,853
(133)
0,147
(23)
DM2+DAC-
Tunísica
0,703
(52)
0,230
(17)
0,067
(5)
0,818
(121)
0,182
(27)
DM2+DAC+
CHAABA et al., 2005
0,490
(246)
0,422
(212)
0,088
(44)
0,701
(704)
0,299
(300)
Controles
Chinesa
0,375
(181)
0,468
(226)
0,157
(76)
0,609
(588)
0,391
(378)
DAC+
LIU et al., 2005
N = número de indivíduos.
A Tabela 2 resume as freqüências genotípicas e alélicas do polimorfismo
S19W em diferentes estudos.
TABELA 2 – FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO POLIMORFISMO
S19W DO GENE DA APO A-V NAS DIVERSAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS
Genótipos Alelos
População
SS(N)
SW(N) WW(N)
T(N) C(N)
Descrição Referência
Afro-
americana
0,861
(707)
0,132
(108)
0,007
(6)
0,927
(1522)
0,073
(120)
Mulheres
Afro-
americana
0,865
(494)
0,131
(75)
0,004
(2)
0,931
(1063)
0,069
(79)
Homens
Hispânica
0,743
(185)
0,229
(57)
0,028
(7)
0,878
(427)
0,142
(71)
Mulheres
Hispânica
0,696
(119)
0,292
(50)
0,012
(2)
0,842
(288)
0,158
(54)
Homens
Caucasiana
0,874
(386)
0,122
(54)
0,004
(2)
0,934
(826)
0,066
(58)
Mulheres
Caucasiana
0,892
(362)
0,108
(44)
0
0,946
(768)
0,054
(44)
Homens
PENNACCHIO et al.,
2002
Inglesa
0,890
(2223)
0,105
(263)
0,004
(11)
0,943
(4709)
0,057
(285)
Homens TALMUD et al., 2002
0,699
(58)
0,265
(22)
0,036
(3)
0,831
(138)
0,169
(28)
TG alto
República
Tcheca
0,859
(2198)
0,138
(352)
0,003
(9)
0,928
(4748)
0,072
(370)
Controles
VRABLÍK et al., 2003
Canadense
0,875
(364)
0,115
(48)
0,010
(4)
0,933
(776)
0,067
(56)
Caucasianos LEE et al., 2004
Inglesa
0,859
(268)
0,141
(44)
- - Homens TALMUD et al., 2004
1,000
(502)
0 0
1,000
(1004)
0 Controles
Chinesa
0,909
(439)
0,089
(43)
0,002
(1)
0,953
(921)
0,047
(45)
DAC+
LIU et al., 2005
0,920
(480)
0,080
(41)
0
0,961
(1001)
0,039
(41)
Controles
Norte
Irlandesa
0,710
(98)
0,250
(35)
0,040
(5)
0,837
(231)
0,163
(45)
TG alto
WRIGHT et al., 2005
N = número de indivíduos.
A proximidade do gene APOA5 aos genes APOA4/C3/A1 na mesma região
gênica no cromossomo 11q23 levantou a questão se os efeitos de elevação nas
concentrações de TG dos SNPs APOA5 simplesmente refletiriam desequilíbrio de
ligação com variantes funcionais no outro gene responsável pelo aumento dos TG,
APOC3, ou se seriam efeitos funcionais independentes (TALMUD et al., 2002).
Análise de haplótipos da região gênica APOA5/A4/C3 identificou que, enquanto o
polimorfismo S19W mostrou associação com as concentrações plasmáticas de TG,
independente do APOC3, o polimorfismo -1131T>C está em forte desequilíbrio de
ligação com o polimorfismo APOC3 -482C>T. Logo, associações do haplótipo
APOA5*2 podem ser devidas aos efeitos do -482C>T, que interrompe a resposta
normal da insulina à apo C-III (TALMUD et al., 2002; OLIVIER et al., 2004; TALMUD
et al., 2005).
A apoliporoteína A-V representa a primeira apolipoproteína descrita cuja
superexpressão diminui os níveis de triglicérides. Sabendo-se que os fibratos são
comumente utilizados na terapêutica para diminuição dos níveis de triglicérides em
humanos, investigou-se a sua habilidade em modular a expresão do gene APOA5 e
conseqüentemente influenciar os níveis de triglicérides plasmáticos (VU-DAC et al.,
2003).
Fibratos são drogas hipolipemiantes com efeitos pleiotrópicos no metabolismo
lipídico, incluindo a redução dos TG plasmáticos. A ação dos fibratos na diminuição
dos TG é explicada pela diminuição da secreção hepática de lipoproteínas de baixa
densidade (VLDL) e no aumento da remoção dos TG plasmáticos. Estudos
estabeleceram que esse efeito é mediado através da indução da expressão da
lipoproteína lipase (SCHOONJANS et al., 1996) e pela repressão da expressão do
gene APOC3 pelos fibratos (STAELS et al., 1995). Demonstrou-se que uma via
principal pela qual os fibratos regulam a expressão de genes relacionados ao
metabolismo de lipídeos ocorre através da ativação de receptores de proliferação
ativada do peroxissomo α (PPARα) (ISSEMANN e GREEN, 1990).
Receptores de proliferação ativada do peroxissomo (PPARs) são membros da
superfamília de receptores nucleares hormonais de fatores transcripcionais ativados
por ligantes que estão relacionados a receptores hormonais retinóides, esteróides e
tireóides. Os PPARs desempenham um papel importante em muitas funções
celulares, incluindo metabolismo lipídico, proliferação celular, diferenciação,
adipogênese e sinalização inflamatória. Descobriu-se que os PPARs interagem com
um número variado de lipídeos endógenos e drogas para o tratamento de doenças
metabólicas (PPAR Signaling Pathway).
Estudos com hepatócitos primários humanos demonstraram que o APOA5 é
um gene alvo altamente responsivo ao PPAR α e suportam a sua função como
principal mediador para redução dos TG plasmáticos pelos fibratos em humanos
(PRIEUR et al., 2003; VU-DAC et al., 2003).
Desde a sua descoberta, dois mecanismos foram propostos para a ação da
apo A-V humana. A apo A-V poderia inibir a produção hepática de VLDL
(WEINBERG, et al., 2003; BECKSTEAD et al., 2003; OLOFSSON, 2005), ou seria
um ativador intravascular da hidrólise dos TG pela LPL (FRUCHART-NAJIB et al.,
2004; MERKEL et al., 2005; SCHAAP et al., 2004). O atual modelo de ação da apo
A-V está representado na Figura 3.
FIGURA 3 – MODELO DE AÇÃO DA APOLIPOPROTEÍNA A-V
FONTE: MERKEL e HEEREN, 2005
Através da ligação aos quilomícrons ou à VLDL por um sítio e aos
proteoglicanos endoteliais e à LPL pelo outro, a apo A-V estabiliza o sistema
lipolítico endotelial e assim aumenta a hidrólise de TG mediada pela LPL. A apo A-V
pode também estabilizar a LPL dimérica ou, menos provavelmente, modular a forma
das lipoproteínas ricas em TG, tornando-as um melhor substrato para a LPL. A apo
A-V pode ser reutilizada e transferida para outras partículas de lipoproteínas após a
hidrólise, então baixas concentrações plasmáticas de apo A-V são suficientes para
mediar esse efeito (MERKEL e HEEREN, 2005).
4 MATERIAIS E MÉTODOS
Amostras de sangue de 206 pacientes, classificados nos grupos descritos
abaixo, foram utilizadas para a realização desta pesquisa. O Projeto de Pesquisa
“Variabilidade no Gene da Apolipoproteína A-V e Correlação com os Níveis Séricos
de Triglicérides em Indivíduos com ou sem Diabete Melito e Doença Arterial
Coronariana” foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos
(HC-UFPR) em 29 de março de 2005 pelo Protocolo CEP/HC 1004.043/2005-3.
A seleção dos pacientes e coleta de sangue foi realizada nos serviços de
hemodinâmica do Hospital Cardiológico Costantini (N=179) e Hospital de Clínicas da
UFPR (N=27). Para os pacientes submetidos a cateterismo ou angioplastia a coleta
de sangue total foi realizada no início do procedimento, aproveitando o mesmo vaso
utilizado para a angiografia, sendo coletado em tubos de vácuo (Vacutainer®, BD)
utilizando EDTAK
3
(5 mL) para as extrações de DNA e gel separador (10 mL) para
as análises bioquímicas.
A amostra foi divida em três grupos de acordo com a presença ou não de
Diabete Melito tipo 2 (DM2), e também de acordo com a presença ou não de Doença
Arterial Coronariana (DAC). Foi considerado DM2+ o paciente com a história clínica
da doença e valor de glicose em jejum 126 mg/dL e considerado DAC+ o paciente
com estenose > 50% em pelo menos uma das artérias (Diretrizes de Doença
Coronariana Crônica Angina Estável), através de cineangiocoronariografia. Os
grupos foram caracterizados de acordo com os seguintes perfis:
- Grupo 1: pacientes não portadores de doença arterial coronariana comprovada
através de angiografia coronária (“cateterismo branco”) e não portadores de diabete
melito (DM2-DAC-), considerado grupo controle;
- Grupo 2: pacientes não portadores de diabete melito e portadores de doença
arterial coronariana comprovada através de angiografia coronária (DM2-DAC+);
- Grupo 3: pacientes portadores de diabete melito e portadores de doença arterial
coronariana comprovada através de angiografia coronária (DM2+DAC+).
A Tabela 3 sumariza a classificação dos grupos estudados.
TABELA 3 - CARACTERIZAÇÃO DOS GRUPOS EM ESTUDO
Grupo
Número de Indivíduos
Características
DM2-DAC- N = 66 (30 homens; 36 mulheres)
Sem diabete melito tipo 2 e sem
Doença Arterial Coronariana
DM2-DAC+ N = 75 (53 homens; 22 mulheres)
Sem diabete melito tipo 2 e com
Doença Arterial Coronariana
DM2+DAC+ N = 65 (38 homens; 27 mulheres)
Com diabete melito tipo 2 e com
Doença Arterial Coronariana
O grupo DM2-DAC- foi composto de 62 euro-brasileiros e 4 afro-brasileiros. O
grupo DM2-DAC+ foi composto de 71 euro-brasileiros, 2 afro-brasileiros e 2
orientais. O grupo DM2+DAC+ foi composto de 58 euro-brasileiros, 5 afro-brasileiros
e 2 orientais. Foram excluídos deste estudo pacientes com patologias não
relacionadas ao diabete melito ou à doença cardiovascular, como hepatopatias e
doenças pulmonares.
4.1 DADOS DOS PACIENTES
4.1.1 Variáveis antropométricas
As variáveis antropométricas dos pacientes foram obtidas de acordo com
ficha de coleta de dados padronizada, cujo modelo encontra-se no Anexo IV.
4.1.2 Variáveis bioquímicas
As variáveis bioquímicas foram quantificadas no soro, obtido por coleta a
vácuo em tubo de 10 mL com gel separador (Vacutainer®, BD). Os princípios
metodológicos e reagentes empregados estão sumarizados na Tabela 4. Os
ensaios, calibração e controle de qualidade foram realizados conforme protocolo
fornecido pelo fabricante do reagente. Os reagentes utilizados são específicos de
cada sistema automatizado. Todas as análises foram realizadas no Laboratório
Frischmann Aisengart de Curitiba-PR.
TABELA 4 - MARCADORES BIOQUÍMICOS
DOSAGEM METODOLOGIA AUTOMAÇÃO/MARCA
Apolipoproteína A Imunoturbidimétrico Hitachi 912 / Roche
Apolipoproteína B Imunoturbidimétrico Hitachi 912 / Roche
Colesterol total Enzimático, colorimétrico Vitros 750 / Johnson & Johnson
Glicose Enzimático, glicose oxidase Vitros 750 / Johnson & Johnson
Ácido úrico Enzimático, colorimétrico Vitros 750 / Johnson & Johnson
HDL-Colesterol Homogêneo, enzimático Hitachi 912 / Roche
Hemoglobina glicada HPLC com troca iônica Variant / BioRad
LDL-Colesterol Homogêneo, enzimático Hitachi 912/ Roche
Triglicérides Enzimático, colorimétrico Vitros 750 / Johnson & Johnson
Os valores de referência para os parâmetros bioquímicos encontram-se no
Anexo V.
4.2 REAGENTES
A enzima Taq DNA polimerase foi adquirida da MGM Assessoria Biológica
S.A., bem como o tampão para Taq DNA polimerase e solução de cloreto de
magnésio 50 mM. Os desoxinucleotídeos trifosfatos (dNTP) foram adquiridos da
Amersham Biosciences. Os marcadores de massa molecular de 100 pares de base
(100 bp) e de 123 pares de base (123 bp) foram adquiridos da Amersham
Biosciences e Invitrogen, respectivamente. Os oligonucleotídeos iniciadores foram
sintetizados pela Alpha DNA. A agarose e a acrilamida foram adquiridas da
Invitrogen. A água reagente tipo I, apresentando condutividade de 18,2 m-cm, foi
obtida em sistema Milli-Q (Millipore) e esterilizada por autoclavação. Os demais
reagentes foram provenientes de diversas fontes, sendo todos reagentes de grau
analítico.
4.3 EXTRAÇÃO E QUANTIFICAÇÃO DO DNA
O DNA genômico foi purificado de sangue total, coletado com sistema a
vácuo na presença de EDTA (Vacutainer®, BD), utilizando o procedimento descrito
por LAHIRI e NURNBERGER (1991), adaptado para tubos do tipo Eppendorf de 1,5
mL, como descrito abaixo. A Figura 4 esquematiza as etapas da extração do DNA.
FIGURA 4 - PROCESSO DE EXTRAÇÃO DO DNA A PARTIR DE SANGUE TOTAL
O sangue total (1 mL) foi centrifugado a 10.000 rpm por 5 minutos a
temperatura ambiente. O plasma foi removido com auxílio de pipeta automática.
Para ocorrer a hemólise, ao sedimento foi adicionado 900 µL de TKM1 contendo o
detergente Nonidet P-40 (Sigma) a 2,5%, homogeneizando por inversão. A mistura
foi centrifugada a 10.000 rpm por 3 minutos, desprezando o sobrenadante. Ao
sedimento foi adicionado 1 mL de TKM1 (sem Triton) e homogeneizado em agitar
por alguns segundos, sendo esse processo repetido até que o sedimento se
tornasse esbranquiçado. O sobrenadante foi novamente descartado. As proteínas
foram precipitadas em meio contendo alta concentração de cloreto de sódio
(concentração final de 3 mol/L) e na presença de 10% de SDS (dodecil sulfato de
sódio). O DNA presente no sobrenadante foi, então, precipitado em 2 volumes de
etanol absoluto e as impurezas removidas com duas lavagens com etanol a 70%. O
DNA seco a temperatura ambiente foi solubilizado em água do tipo Milli-Q estéril e
ajustado para uma concentração de aproximadamente 100 ng/µL e as amostras
foram mantidas em freezer a -20ºC. O tempo aproximado para extração de uma
amostra foi de 60 minutos.
A quantificação do DNA foi realizada por espectrofotometria em 260 nm e a
pureza pela relação da Absorbância 260/Absorbância 280 (A
260/280
). O procedimento
possibilitou a obtenção de amostras com DNA nas concentrações de 50 a 500 ng/µL
e relação A
260/280
entre 1,5 e 1,9.
4.4 AMPLIFICAÇÃO DO DNA E IDENTIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DE DNA
A reação em cadeia da polimerase (PCR) utilizada para amplificar o DNA dos
pacientes em estudo foi realizada em termociclador Mastercycler Gradient
(Eppendorf) utilizando os protocolos descritos abaixo para cada polimorfismo em
estudo. A seqüência do gene da apo A-V com a identificação dos produtos da PCR
para os polimorfismos -1131T>C e S19W são mostrados no Anexo VI.
Os oligonucleotídeos iniciadores utilizados na metodologia da PCR foram
estão descritos abaixo.
4.4.1 Polimorfismo -1131T>C
F 5’ GGAGCTTGTGAACGTGTGTATGAGT 3’;
R 5’ CCCCAGGAACTGGAGCGAAATT 3’.
Essa amplificação foi desenhada para forçar uma substituição C>A (T no
iniciador reverso), que introduz um sítio de restrição para Mse I (TTAA) no alelo
comum. Esses iniciadores fornecem um produto de PCR de 154 bp, e após a
restrição enzimática, fragmentos de 133 bp e 21 bp para o alelo T e um único
produto não cortado para o alelo C.
TABELA 5 – CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DO
POLIMORFISMO -1131T>C
REAGENTES E DNA CONCENTRAÇÃO FINAL VOLUME
DNA molde
10 ng/µL
1,0 µL
Tampão Taq (10X) 1 X 1,0 µL
MgCl
2
(50 mM) 1,5 mmol/L 0,3 µL
dNTP (5mM) 0,2 mmol/L 0,4 µL
Oligonucleotídeos Iniciadores (10 pmol/µL cada) 10 pmol (cada) 1,0 µL
Taq DNA polimerase (5U/ µL) 2 U 0,4 µL
Água Reagente tipo 1 estéril ---- 5,9 µL
Volume final 10 µL
Tampão Taq 10X concentrado: 200 mM Tris-HCl (pH 8,4); 500 mM KCl
TABELA 6 – PROGRAMA UTILIZADO PARA AMPLIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS
DO POLIMORFISMO -1131T>C
N° CICLOS ETAPAS TEMPERATURA (°C) TEMPO
1X Desnaturação 96 5 min
Desnaturação 96 30 s
31 X Anelamento 58 30 s
Extensão 72 45 s
1 X Extensão Final 72 10 min
A quantidade e qualidade do produto de PCR obtido foram determinadas
através da eletroforese submarina em gel de agarose a 1,5% (cuba Horizon 58®,
Life Technologies) a 60 V e 30 mA durante 1 hora em tampão TBE 1X (Tris-
hidroximetilaminometano 89 mmol/L; ácido bórico 89 mmol/L e EDTA 1 mmol/L, pH
8,2). O DNA foi corado com solução de brometo de etídeo 0,5 µg/mL e visualizado
em transiluminador sob luz ultravioleta (302 nm). As imagens dos géis foram obtidas
com câmara CCD em sistema Biochemi (UVP).
4.4.2 Polimorfismo S19W
F 5’ GGCTCTTCTTTCAGGTGGGTCTCCG 3’;
R 5’ GCCTTTCCGTGCCTGGGTGGT 3’.
Os iniciadores foram desenhados para forçar uma substituição G>A (T no
iniciador reverso), introduzindo um sítio de restrição para a enzima Taq I (TCGA)
no alelo raro. Esses iniciadores fornecem um produto de PCR de 157 bp, e após a
restrição enzimática, fragmentos de 134 bp e 23 bp para o alelo T e um único
produto não cortado para o alelo C.
TABELA 7 – CONDIÇÕES DE AMPLIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DO
POLIMORFISMO S19W
REAGENTES E DNA CONCENTRAÇÃO FINAL VOLUME
DNA molde
10 ng/µL
1,0 µL
Tampão Taq (10X) 1 X 1,0 µL
MgCl
2
(50 mM) 1,5 mmol/L 0,3 µL
dNTP (5mM) 0,2 mmol/L 0,4 µL
Oligonucleotídeos Iniciadores (10 pmol/µL, cada) 10 pmol (cada) 1,0 µL
Taq DNA polimerase (5U/ µL) 2 U 0,4 µL
Água Reagente tipo 1 estéril ---- 5,9 µL
Volume final 10 µL
Tampão Taq 10X concentrado: 200 mM Tris-HCl (pH 8,4); 500 mM KCl
TABELA 8 – PROGRAMA UTILIZADO PARA AMPLIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS
DO POLIMORFISMO S19W
N° CICLOS ETAPAS TEMPERATURA (°C) TEMPO
1X Desnaturação 94 3 min
Desnaturação 94 15 s
30 X Anelamento 70 20 s
Extensão 72 30 s
1 X Extensão Final 72 1 min
A quantidade e qualidade do produto de PCR obtido foram determinadas
através da eletroforese submarina em gel de agarose a 1,5% (cuba Horizon 58, Life
Technologies) a 60 V e 30 mA durante 1 hora em tampão TBE 1X (Tris-
hidroximetilaminometano 89 mmol/L; ácido bórico 89 mmol/L e EDTA 1 mmol/L, pH
8,2). O DNA foi corado com solução de brometo de etídeo 0,5 µg/mL e visualizado
em transiluminador sob luz ultravioleta (302 nm). As imagens dos géis foram obtidas
com câmara CCD em sistema Biochemi (UVP).
4.5 REAÇÃO DE RESTRIÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO POLIMORFISMO
-1131T/C DO GENE DA APO A-V HUMANA
Para determinação do polimorfismo -1131T>C, os produtos de amplificação
foram submetidos a digestão pela enzima Mse I (New England Biolabs) conforme
descrito na Tabela 9.
TABELA 9 – CONDIÇÕES DA REAÇÃO DE RESTRIÇÃO DO FRAGMENTO DO
POLIMORFISMO -1131T>C
REAGENTES REAÇÃO CONCENTRAÇÃO FINAL
Enzima MseI (10 U/µL) 0,25 µL 0,125 U
NE Buffer 2 (10X) 2,0 µL 1X
Albumina Bovina (100 µg/mL) 0,2 µL 0,001 µg
Produto de PCR apo A-V 2,0 µL 20 a 50 ng
Água Reagente tipo 1 estéril 15,55 µL ----
Volume final 20 µL ----
Homogeneizar e deixar em Banho-maria a 37°C por 16 horas
NE Buffer 2 [10X]: 50 mM NaCl; 10 mM Tris-HCl; 10 mM MgCl
2
; 1mM DTT ; pH 7,9 25°C
4.6 REAÇÃO DE RESTRIÇÃO PARA DETERMINAÇÃO DO POLIMORFISMO
S19W DO GENE DA APO A-V HUMANA
Para determinação do polimorfismo S19W, os produtos de amplificação foram
submetidos a digestão pela enzima Taq I (Q-BIOgene) conforme descrito na Tabela
10.
TABELA 10 – CONDIÇÕES DA REAÇÃO DE RESTRIÇÃO DO FRAGMENTO DO
POLIMORFISMO S19W
REAGENTES REAÇÃO CONCENTRAÇÃO FINAL
Enzima Taq I (10 U/µL) 0,17 µL 0,34 U
Buffer Taq I (10X) 0,5 µL 1 X
Albumina Bovina (1 µg/µL)
0,5 µL 0,1 µg
Produto de PCR apo A-V 1,5 µL 15 a 30 ng
Água Reagente tipo 1 estéril 2,33 µL ----
Volume final 5 µL ----
Homogeneizar e deixar em Banho-Maria a 65°C por 3 horas
Buffer Taq I (10X): 100 mM NaCl; 10 mM Tris-HCl (pH 8,4, 25ºC); 10mM MgCl
2
; 1 mM dithiothreitol
4.7 IDENTIFICAÇÃO DOS FRAGMENTOS DE RESTRIÇÃO
Ao produto de restrição (5 ou 10 µL) foi adicionado 3 µL de solução de glicerol
30% contendo os corantes azul de bromofenol (0,05%) e xileno cianol (0,05%). A
mistura foi submetida à eletroforese em gel de poliacrilamida (29:1) a 10% (cuba
Rubi, Amersham Biosciences) com 150 V e 51 mA. Para o preparo da poliacrilamida
dissolveu-se a acrilamida (29 g) e a bisacrilamida (1 g) em copo de Becker e com
auxílio de agitador magnético. Adicionou-se à mistura aproximadamente 2,5% de
resina Dowex MB3 (Sigma) e deixou-se no agitador magnético por no mínimo 2
horas em baixa velocidade para deionizar a acrilamida. Filtrou-se a mistura em papel
de filtro e completou-se o volume (100 mL) com água reagente. Para o preparo de 1
gel de poliacrilamida 10% (45 mL) adicionou-se 15 mL da acrilamida 29:1, 4,5 mL de
TBE 10X, 25,5 mL de água mili-Q, 300 µL de persulfato de amônio 10% e 50 µL de
TEMED. A eletroforese foi interrompida quando o corante azul de bromofenol atingia
aproximadamente 2/3 do gel. Os fragmentos de DNA foram corados com brometo de
etídeo 0,5 µg/mL e visualizados em transiluminador UV (302 nm). Os
eletroforetogramas foram registrados com o sistema de captação de imagens digital
com câmera CCD, Biochemi (UVP).
Os sítios de clivagem das enzimas Mse I e Taq I para os polimorfismo
-1131T>C e S19W, respectivamente, bem como os possíveis genótipos e os
tamanhos dos fragmentos produzidos estão mostrados nas Figuras 5 e 6.
FIGURA 5 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO POLIMORFISMO -1131T>C
DA APOLIPOPROTEÍNA A-V AMPLIFICADO E SUA LOCALIZAÇÃO
FONTE: Adaptado de OLIVIER et al., 2004.
FIGURA 6 - REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO POLIMORFISMO S19W DA
APOLIPOPROTEÍNA A-V AMPLIFICADO E SUA LOCALIZAÇÃO
FONTE: Adaptado de OLIVIER et al., 2004.
5 ANÁLISES ESTATÍSTICAS
As análises estatísticas foram realizadas utilizando-se o programa Statistica
para Windows versão 5.0.
Os níveis médios dos marcadores bioquímicos foram comparados entre os
diferentes grupos estudados utilizando a análise da variância (ANOVA) ou teste “t”
para amostras não pareadas. As determinações de TG que não apresentaram
distribuição normal, foram logaritmicamente transformadas para normalização. As
freqüências alélicas foram obtidas pela contagem dos genes.
Para a análise das variáveis categóricas foram utilizados o teste exato de
Fisher (bidirecional) ou o teste do Chi-quadrado, conforme as características da
análise.
As tabelas de contingência foram analisadas utilizando o programa estatístico
RxC (MILLER, 2005).
As freqüências haplotípicas foram obtidas empregando-se o método da
verossimilhança máxima, programa ARLEQUIM – versão 3 (EXCOFFIER e
SCHNEIDER, 2005).
Valores de P<0,05 foram considerados como estatisticamente significativos.
6 RESULTADOS
6.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA
A amostra estudada foi composta por 206 indivíduos, sendo 191 euro-
brasileiros (92,8%), 11 afro-brasileiros (5,3%) e 4 orientais (1,9%). As distribuições
dos indivíduos por sexo e fatores de risco para DAC estão descritos na Tabela 11.
TABELA 11 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS POR SEXO E FATORES DE
RISCO PARA DAC NOS GRUPOS ESTUDADOS
SEXO FATORES DE RISCO PARA DAC
Tabagismo
Hipertensão
Arterial
Histórico Familiar
de DAC
Masculino Feminino
Sim Não Sim Não Sim Não
N = 206
N % N % N % N % N % N % N % N %
DM2-DAC-
30 45,5 36 54,5 26 39,4 40 60,6 24 36,4 42 63,6 27 40,9 39 59,1
DM2-DAC+
53 70,7 22 29,3 48 64 27 36 34 45,3 41 54,7 31 41,3 44 58,7
DM2+DAC+
38 58,5 27 41,5 32 49,2 33 50,8 35 53,9 30 46,1 29 44,6 36 55,4
*χ
2
(P)
*χ
2
=9,21: P=0,010 *χ
2
=8,69; P=0,012
*χ
2
=2,33; P=0,314 *χ
2
=0,22; P=0,890
DM2-DAC- X
DM2-DAC+
χ
2
=9,22; P=0,024 χ
2
=8,52; P=0,003
χ
2
=1,17; P=0,280 χ
2
=0,00; P=0,959
DM2-DAC- X
DM2+DAC+
χ
2
=2,22; P=0,136 χ
2
=1,28; P=0,257
χ
2
=4,04; P=0,044
χ
2
=0,18; P=0,668
DM2-DAC+ X
DM2+DAC+
χ
2
=2,28; P=0,131 χ
2
=3,10; P=0,078 χ
2
=1,01; P=0,315 χ
2
=0,15; P=0,695
N = Número de indivíduos
Teste de Chi-quadrado com Grau de Liberdade = 1.
*Teste de Chi-quadrado com Grau de Liberdade = 2.
A Tabela 12 ilustra a distribuição de freqüências da idade entre os grupos
estudados.
TABELA 12 – DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIAS DA IDADE
Freqüências (N)
Faixa etária (anos) Todos DM2-DAC- DM2-DAC+ DM2+DAC+
N % N % N % N %
< 36 – 40 2 0,97 1 1,51 1 1,33 0 0
41 45 9 4,37 4 6,06 4 5,33 1 1,54
46 50 11 5,34 6 9,09 3 4,00 2 3,08
51 – 55 24 11,65 9 13,64 10 13,33 5 7,69
56 60 36 17,48 15 22,72 11 14,66 10 15,38
61 – 65 36 17,48 9 13,66 12 16,00 15 23,08
66 – 70 28 13,59 11 16,66 6 8,00 11 16,92
71 – 75 34 16,50 9 13,64 13 17,33 12 18,46
76 – 80 16 7,77 1 1,51 8 10,67 7 10,77
> 81 10 4,85 1 1,51 7 9,33 2 3,08
Total 206 100 66 100 75 100 65 100
Média 65,5 59,0 63,6 64,8
Desvio Padrão 10,4 9,9 11,5 8,6
Mediana 62,0 58,0 62,0 64,0
Amplitude de Variação
36 - 84 36 - 83 36 - 84 43 - 83
N = Número de indivíduos
Foi realizado o teste “t” para comparação entre as médias de idade. Os
resultados foram: grupo controle vs grupo DM2-DAC+ (“t” = -2,51; P = 0,013); grupo
controle vs grupo DM2+DAC+ (“t” = -3,53; P < 0,001) e grupo DM2-DAC+ vs
DM2+DAC+ (“t” = -0,654; P = 0,514).
As Médias (M) ± Desvio Padrão (DP), a Amplitude de Variação (AV) e valores
de P dos dados antropométricos e bioquímicos dos 3 grupos estudados estão
demonstrados na Tabela 13.
TABELA 13 – VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E BIOQUÍMICAS DOS GRUPOS: DM2DAC, DM2DAC+ E DM2+DAC+,
COM MÉDIA (M) ± DESVIO PADRÃO (DP) E AMPLITUDE DE VARIAÇÃO (AV) DAS VARIÁVEIS
ANALISADAS
Variáveis
Grupo DM2DAC (N=66) Grupo DM2DAC+ (N=75)
Grupo DM2+DAC+ (N=65)
M ± DP AV M ± DP AV
P
*
M ± DP AV
P
**
P
***
IMC (kg/m
2
)
23,9 ± 3,3 16,5 – 33,8 26,1 ± 3,9 17,9 – 41,8
0,006
27,7 ± 4,9 18,9 – 45,8
<0,001 0,046
Pressão arterial sistólica (mmHg)
140,7 ± 20,6 95 – 220 144,3 ± 20,3 110 – 200 0,558 145,2 ± 20,9 100 – 200 0,432 0,966
Pressão arterial diastólica (mmHg)
79,9 ± 9,4 60 – 100 77,9 ± 8,9 60 – 100 0,361 79,9 ± 8,6 59 - 100 0,998 0,398
Hemoglobina glicada (%)
5,3 ± 0,6 2,6 – 6,4 5,4 ± 0,5 3,0 – 6,5 0,868 7,7 ± 1,6 5,1 – 12,4
<0,001 <0,001
Glicose (mg/dL)
91,0 ± 11,1 71 – 116 92,9 ± 11,9 67 – 123 0,956 157,4 ± 67,8 80 – 340
<0,001 <0,001
Colesterol Total (mg/dL)
175,1 ± 35,0 114 – 290 167,9 ± 38,3 74 – 295 0,503 170,8 ± 40,2 94 – 303 0,797 0,893
HDL-C (mg/dL)
47,8 ± 12,5 24 – 78 43,1 ± 10,3 24 – 69
0,028
40,6 ± 9,8 21 – 66
<0,001
0,365
LDL-C (mg/dL)
119,3 ± 29,7 52 – 192 111,0 ± 35,8 29 – 257 0,264 111,7 ± 28,3 46 – 174 0,350 0,991
Triglicérides (mg/dL)
105,8 ± 58,1 31 – 418 130,6 ± 61,8 31 – 362 0,130 164,4 ± 102,7 57 – 588
<0,001 0,023
log Triglicérides
1,97 ± 0,22 1,49 – 2,62 2,07 ± 0,20 1,49 – 2,56
0,015
2,15 ± 0,22 1,75 – 2,77
<0,001
0,054
Apolipoproteína A-I (mg/dL)
120,3 ± 26,9 74 – 178 111,1 ± 24,5 58 – 184 0,083 114,4 ± 25,2 61 – 176 0,386 0,722
Apolipoproteína B (mg/dL)
89,3 ± 23,9 40 – 163 89,0 ± 27,8 19 – 184 0,997 93,1 ± 24,7 45 - 149 0,681 0,620
Ácido úrico (mg/dL)
5,5 ± 1,6 2,4 – 9,7 5,9 ± 1,6 3,3 - 11 0,299 6,0 ± 1,9 2,7 12,6 0,224 0,972
log (TG/HDL-C)
0,32 ± 0,29 0,38 – 1,10 0,45 ± 0,24 0,06 – 1,05
0,012
0,56 ± 0,26 0,06 – 1,22
<0,001 0,037
N= número de indivíduos
P
*
= diferença estatística entre Grupo Controle (DM2DAC) e Grupo DM2DAC+
P
**
= diferença estatística entre Grupo Controle (DM2DAC) e Grupo DM2 +DAC+
P
***
= diferença estatística entre Grupo DM2DAC+ e Grupo DM2 +DAC+
Comparações realizadas pelo teste “t” (ANOVA)
6.2 ANÁLISE DA VARIABILIDADE DO GENE DA APO A-V
As Figuras 7 a 10 mostram resultados típicos para os produtos de PCR e para
os perfis de restrições estudados.
FIGURA 7 – PERFIL ELETROFORÉTICO DA PCR PARA AMPLIFICAÇÃO DO
POLIMORFISMO -1131T>C DO GENE DA APO A-V
Eletroforese em agarose 1,5%, em tampão TBE 1X (60 V, 30
mA). Os produtos de PCR (2 µL, ~40 ng) foram corados com
brometo de etídeo 0,5 µg/mL e visualizados em transiluminador
UV (302 nm). As imagens foram registradas com câmera digital
CCD Biochemi (UVP).
A linha 1 mostra o marcador de massa molecular (123 bp); as
linhas 2 a 5 mostram produto de PCR da amplificação do gene
da apo A-V contendo o polimorfismo -1131T>C. O tamanho
esperado para o produto de PCR está identificado à direita do
gel.
1 2
34
5
123 bp
154
bp
1
2
34
5
123 bp123 bp
246 bp246 bp
369 bpbp
FIGURA 8 – PERFIL ELETROFORÉTICO DA PCR PARA AMPLIFICAÇÃO DO
POLIMORFISMO S19W DO GENE DA APO A-V
Eletroforese em agarose 1,5%, em tampão TBE 1X (60 V,
30 mA). Os produtos de PCR (2 µL, ~30 ng) foram corados
com brometo de etídeo 0,5 µg/mL e visualizados em
transiluminador UV (302 nm). As imagens foram registradas
com câmera digital CCD Biochemi (UVP).
A linha 5 mostra o marcador de massa molecular (100 bp);
as linhas 1 a 3 mostram produto de PCR da amplificação do
gene da apo A-V contendo o polimorfismo S19W; a linha 4
mostra o controle da reação (sem DNA). O tamanho
esperado para o produto de PCR está identificado à
esquerda do gel.
100 bp
200 bp
300 bp
1234 5
157 bp
100 bp100 bp
200 bp200 bp
300 bp300 bp
1234 5
157 bp
157 bp
FIGURA 9 – PERFIL ELETROFORÉTICO DA PCR-RFLP DO POLIMORFISMO -
1131T>C DA APOLIPOPROTEÍNA A-V
Eletroforese em gel de poliacrilamida (29:1) a 10%, em tampão
TBE 1X (150 V, 51 mA). Os fragmentos de DNA (10 µL; ~20 ng)
do polimorfismo -1131T>C do gene da apo A-V foram corados
com brometo de etídeo 0,5µg/mL e visualizados em
transiluminador UV (302 nm). As imagens foram registradas
com câmera digital CCD Biochemi (UVP).
As linhas 1, 2 e 4 mostram o perfil de restrição para os
genótipos TC, CC e TT, respectivamente. A linha 3 mostra o
marcador de massa molecular (123 bp). Os tamanhos
esperados para os fragmentos de restrição estão identificados à
esquerda do gel.
1234
123 bp
246 bp
369 bp
133 bp
154 bp
1234
123 bp123 bp
246 bp246 bp
369 bp369 bp
133 bp133 bp
154 bp154 bp
FIGURA 10 – PERFIL ELETROFORÉTICO TÍPICO DA PCR-RFLP DO
POLIMORFISMO S19W DA APOLIPOPROTEÍNA A-V
12 3 4
100 bp
200 bp
300 bp
157 bp
134 bp
12 3 4
100 bp100 bp
200 bp200 bp
300 bp300 bp
157 bp157 bp
134 bp134 bp
Eletroforese em gel de poliacrilamida (29:1) a 10%, em tampão
TBE 1X (150 V, 51 mA). Os fragmentos de DNA (5 µL; ~15 ng)
do polimorfismo S19W do gene da apo A-V foram corados com
brometo de etídeo 0,5µg/mL e visualizados em transiluminador
UV (302 nm). As imagens foram registradas com câmera digital
CCD Biochemi (UVP).
A linha 1 mostra o marcador de massa molecular (100 bp); a
linha 2 mostra o produto de PCR sem corte; as linhas 3 e 4
mostram o perfil de restrição para os genótipos SW e SS,
respectivamente. Os tamanhos esperados para os fragmentos
de restrição e o produto de PCR sem corte estão identificados à
direita do gel.
A variabilidade dos polimorfismos -1131T>C e S19W do gene da
apolipoproteína A-V das 206 amostras estudadas está apresentada nas Tabelas 14
a 19, que mostram as freqüências dos genótipos e dos alelos, nos grupos controle,
DM2-DAC+ e DM2+DAC+.
TABELA 14 - FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DOS POLIMORFISMOS
-1131T>C E S19W DO GENE DA APO A-V NOS GRUPOS DM2
DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E DM2+DAC+ (N=65) E NA
AMOSTRA (N=206)
Genótipos Alelos H-W
Apo A-V Grupos TT (N) TC (N) CC (N) ** P T (N) C (N) ** P
χ
2
(1)
; *P
DM2DAC
0,849
(56)
0,136
(9)
0,015 (1) -
0,917
(121)
0,083
(11)
-
χ
2
=0,761;
P=0,617
DM2DAC+
0,853
(64)
0,120
(9)
0,027 (2) 1,000
0,913
(137)
0,087
(13)
0,709
χ
2
=4,39;
P=0,963
DM2+DAC+
0,831
(54)
0,138
(9)
0,031 (2) 0,817
0,900
(117)
0,100
(13)
0,544
χ
2
=3,46;
P=0,937
-1131T>C
Todos
0,845
(174)
0,131
(27)
0,024 (5) ***0,976
0,910
(375)
0,090
(37)
*** 0,909 -
Apo A-V
Grupos
SS (N) SW (N) WW (N) ** P S W ** P
χ
2
(1)
; *P
DM2DAC
0,818
(54)
0,182
(12)
- (0) -
0,909
(120)
0,091
(12)
-
χ
2
=0,659;
P=0,583
DM2DAC+
0,947
(71)
0,053
(4)
- (0)
0,030
0,973
(146)
0,027
(4)
0,036
χ
2
=0,056;
P=0,187
DM2+DAC+
0,877
(57)
0,123
(8)
- (0) 0,225
0,938
(122)
0,062
(8)
0,236
χ
2
=0,279;
P=0,403
S19W
Todos
0,883
(182)
0,117
(24)
- (0)
***0,043
0,942
(388)
0,058
(24)
0,055 -
N = número de indivíduos
H-W: Equilíbrio de Hardy-Weinberg
* Valor de probabilidade “P” para o Teste do Chi-quadrado (χ
2
); Grau de Liberdade (GL) = 1
** Valor de probabilidade “P” para o Teste Exato de Fisher (bidirecional), comparação com controle
(DM2DAC)
***Valor de probabilidade “P” calculado pelo Teste RxC para os três grupos
As distribuições das freqüências observadas desses genótipos nos grupos
controle (DM2-DAC-), DM2-DAC+ e DM2+DAC+ não mostraram diferenças
estatisticamente significativas quando comparadas com aquelas esperadas pela Lei
de Hardy-Weinberg, o que sugere que a distribuição genotípica em todos os grupos
está de acordo com o equilíbrio de Hardy-Weinberg (P>0,05).
As freqüências genotípicas observadas para homens e mulheres para os
polimorfismos -1131T>C e S19W estão descritas nas Tabelas 23 e 24,
respectivamente.
Em relação ao sexo, houve diferença significativa (P = 0,012) apenas para o
polimorfismo -1131T>C, onde o sexo masculino representa 65,3% dos indivíduos
para o genótipo TT e 5,33 para o genótipo TC + CC.
A Tabela 15 mostra a distribuição nos grupos em estudo e respectivas
freqüências genotípicas e alélicas do polimorfismo S19W para a amostra ampliada
(N=295).
TABELA 15 - FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DA AMOSTRA
AMPLIADA PARA O POLIMORFISMO S19W DO GENE DA APO A-V
NOS GRUPOS DM2DAC (N=77), DM2DAC+ (N=140) E
DM2+DAC+ (N=78)
Genótipos Alelos H-W
Apo A-V
Grupos SS (N) SW (N) WW (N) * P S W * P
*χ
2
;P
DM2DAC
0,831
(64)
0,169
(13)
- (0) -
0,916
(141)
0,084
(13)
-
χ
2
=0,65;
P=0,581
DM2DAC+
0,921
(129)
0,089
(11)
- (0)
0,042
0,961
(269)
0,039
(11)
0,049
χ
2
=0,23;
P=0,371
0,971 0,972
S19W
DM2+DAC+
0,833
(65)
0,167
(13)
- (0)
**0,046
0,917
(143)
0,083
(13)
**0,114
χ
2
=0,64;
P=0,578
* Valor de probabilidade “P” para o Teste do Chi-quadrado (χ
2
); Grau de Liberdade (GL) = 1,
comparação com controle (DM2DAC)
**Comparação entre os grupos DM2-DAC+ e DM2+DAC+, Teste do Chi-quadrado (χ
2
); Grau de
Liberdade (GL) = 1
Os grupos DM2-DAC+ e DM2+DAC+ foram reunidos formando um grupo
designado DAC+, cujos dados estão mostrados na Tabela 16. Para a análise
estatística os genótipos TC e CC foram agrupados.
TABELA 16 – FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DOS
POLIMORFISMOS -1131T>C E S19W DO GENE DA APO A-V
NOS GRUPOS DAC (N=66) E DAC+ (N=140)
Genótipos Alelos
Apo A-V Grupos TT (N) TC (N) CC (N) T (N) C (N)
DAC
0,848 (56) 0,136 (9) 0,015 (1) 0,917 (121) 0,083 (11)
DAC+
0,842 (118) 0,129 (18) 0,029 (4) 0,907 (254) 0,093 (26)
-1131T>C
χ
2
= 0,01 ; P = 0,917 χ
2
= 0,10; P = 0,752
Apo A-V Grupos SS (N) SW (N) WW (N) S W
DAC
0,818 (54) 0,182 (12) - (0) 0,909 (120) 0,091 (12)
DAC+
0,914 (128) 0,086 (12) - (0) 0,957 (268) 0,043 (12)
S19W
χ
2
= 4,02 ; P = 0,044 χ
2
= 3,78 ; P = 0,052
N = número de indivíduos. Para análise estatística os genótipos TC e CC foram agrupados.
Valor de probabilidade “P” para o Teste do Chi-quadrado (χ
2
); Grau de Liberdade (GL) = 1.
6.3 ANÁLISE DE ASSOCIAÇÃO ENTRE HAPLÓTIPOS E GENÓTIPOS DO GENE
DA APO A-V E DAC NA PRESENÇA OU AUSÊNCIA DE DM2
As freqüências dos genótipos do polimorfismo -1131T>C/S19W do gene da
apo A-V encontradas nos grupos controle (DM2DAC), DM2DAC+ e DM2+DAC+
estão apresentadas na Tabela 17.
TABELA 17 DISTRIBUIÇÃO DE FREQÜÊNCIA (%) DOS GENÓTIPOS
-1131T>C/S19W DO GENE DA APO A-V NOS GRUPOS DM2
DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E DM2+DAC+ (N=65)
GENÓTIPOS
DM2DAC
N=66
DM2DAC+
N=75
DM2+DAC+
N=65
-1131T>C S19W N % N % N %
TT SS
45 68,2 60 80 47 72,3
TT SW
11 16,7 4 5,3 7 10,8
TT WW
0 - 0 - 0 -
TC SS
8 12,1 9 12 8 12,3
TC SW
1 1,5 0 - 1 1,5
TC WW
0 - 0 - 0 -
CC SS
1 1,5 2 2,7 2 3,1
CC SW
0 - 0 - 0 -
CC WW
0 - 0 - 0 -
N = número de indivíduos
RxC: P=0,508; SE=0,025
As freqüências haplotípicas dos polimorfismos -1131T>C/S19W do gene da
apo A-V, mostradas na Tabela 18, foram obtidas com base nos genótipos
apresentados na Tabela 17.
TABELA 18 – FREQÜÊNCIAS ABSOLUTAS E RELATIVAS DOS DIFERENTES
HAPLÓTIPOS DO GENE DA APO A-V (-1131T>C/S19W) NOS
GRUPOS DM2DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E DM2+DAC+
(N=65).
DM2-DAC- DM2-DAC+ DM2+DAC+
DM2-DAC-
x
DM2-DAC+
DM2-DAC-
x
DM2+DAC+
DM2-DAC+
x
DM2+DAC+
Apo A-V
-1131T>C/S19W
N % N % N %
χ
2
P*
χ
2
P*
χ
2
P*
TS
109 82,57 133 88,6 109 83,85 2,14 0,143 0,08 0,783 1,38 0,240
TW
12 9,1 4 2,7 8 6,15 5,41
0,020
0,80 0,371 2,06 0,151
CS
11 8,33 13 8,7 13 10 0,01 0,920 0,15 0,701 0,22 0,640
CW
0 0 0 0 0 0 - - - - - -
Total
132 100 150 100 130 100
**χ
2
= 5,58; P = 0,232
N = número de alelos
*Valor de probabilidade “P” para o Teste do Chi-quadrado (χ
2
); grupos dois a dois; Grau de Liberdade
(GL) = 1
**Valor de probabilidade “P” para o Teste do Chi-quadrado (χ
2
); todos os grupos; Grau de Liberdade
(GL) = 4
A Tabela 19 mostra as freqüências do genótipo TT/SW e demais genótipos -
1131T/C/S19W entre os grupos em estudo.
TABELA 19 – DISTRIBUIÇÃO DAS FREQÜÊNCIAS (%) DOS GENÓTIPOS
TT/SW E DEMAIS GENÓTIPOS -1131T>C/S19W DO GENE DA APO
A-V NOS GRUPOS DM2DAC (N=66), DM2DAC+ (N=75) E
DM2+DAC+ (N=65)
DM2-DAC- DM2-DAC+ DM2+DAC+
DM2-DAC-
x
DM2-DAC+
DM2-DAC-
x
DM2+DAC+
DM2-DAC+
x
DM2+DAC+
Apo A-V
-1131T>C/
S19W
N % N % N % P* P* P*
TT/SW
12 18,2 4 5,3 8 12,3
Demais
Genótipos
54 81,8 71 94,7 57 87,7
0,031
0,467 0,225
TOTAL
66 100 75 100 65 100
**χ
2
= 5,67; P = 0,058
N = número de alelos
** Valor de probabilidade “P” Teste exato de Fisher (bidirecional)
**Valor de probabilidade “P” para o Teste do Chi-quadrado (χ
2
) entre todos os grupos; Grau de
Liberdade (GL) = 2
Realizou-se análise de correlação linear entre os polimorfismos estudados e
as variáveis antropométricas e bioquímicas descritas anteriormente. Os resultados
de correlação apresentando probabilidade 0,10 estão mostrados na Tabela 20.
TABELA 20 – ANÁLISE DE CORRELAÇÃO ENTRE OS POLIMORFISMOS
-1131T>C E S19W E VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS E
BIOQUÍMICAS COM PROBABILIDADE 0,10
Genótipos (N) Variáveis *Correlação P
-1131T>C (206) Pressão arterial sistólica -0,1302 0,062
S19W (295) Ácido úrico 0,1421
0,015
*Teste de Correlação de Pearson
A distribuição da freqüência do polimorfismo S19W em relação à
concentração da mediana do Ácido úrico e grupos em estudo está descrita na
Tabela 21.
TABELA 21 – FREQÜÊNCIA DO POLIMORFISMO SS E SW EM RELAÇÃO À
CONCENTRAÇÃO DA MEDIANA DO ÁCIDO ÚRICO NOS GRUPOS
DM2-DAC- (N=77), DM2-DAC+ (N=140) E DM2+DAC+ (N=78)
Genótipos/ Grupos DM2-DAC- (N) DM2-DAC+ (N) DM2+DAC+ (N)
Ácido úrico (mg/dL)
5,6
> 5,6
5,6
> 5,6
5,6
> 5,6
SS (%)
42 (54,5) 22 (28,6) 60 (42,9) 69 (49,3) 37 (47,4) 28 (36,0)
SW
8 (10,4) 5 (6,5) 3 (2,1) 8 (5,7) 3 (3,9) 10 (12,8)
Fisher (P)
0,760 0,345
0,034
Homens
SS (%)
17 (50,0) 11 (32,4) 38 (37,3) 55 (53,9) 19 (40,4) 20 (42,6)
SW
1 (2,9) 5 (14,7) 1 (1,0) 8 (7,8) 3 (6,4) 5 (10,6)
Fisher (P)
0,078 0,147 0,706
Mulheres
SS (%)
25 (58,1) 11 (25,6) 22 (56,4) 14 (35,9) 18 (58,1) 8 (25,8)
SW
7 (16,3) 0 2 (5,1) 1 (2,6) 0 5 (16,1)
Fisher (P)
0,163 1,000
0,008
N = Número de indivíduos
Valor de probabilidade “P” Teste exato de Fisher (bidirecional)
As comparações através do teste “t“ entre as concentrações de Ácido úrico
relacionadas ao polimorfismo S19W mostraram significância apenas no grupo
DM2+DAC+, com concentrações médias de ácido úrico de 5,8 e 7,1 mg/dL para os
genótipos SS e SW, respectivamente (teste “t”=-2,23; P=0,029).
TABELA 22 – FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS DOS POLIMORFISMOS -1131T>C E
S19W EM RELAÇÃO ÀS CONCENTRAÇÕES DE TRIGLICÉRIDES
NOS GRUPOS DM2-DAC- (N=66), DM2-DAC+ (N=75) E DM2+DAC+
(N=65)
Genótipos DM2-DAC- (N) DM2-DAC+ (N) DM2+DAC+ (N)
Triglicérides (mg/dL)
<150
150
<150
150
<150
150
-1131T>C (%) TT
47 (71,2) 9 (13,6) 46 (61,4) 18 (24,0) 32 (49,2) 22 (33,8)
TC + CC
10 15,2) 0 7 (9,3) 4 (5,3) 5 (7,7) 6 (9,2)
Fisher (bidirecional)
P=0,334 P=0,721 P=0,509
S19W (%) SS
46 (69,7) 8 (12,1) 49 (65,4) 22 (2,3) 33 (50,8) 24 (36,9)
SW
11 (16,7) 1 (1,5) 4 (5,3) 0 4 (6,2) 4 (6,1)
Fisher (bidirecional)
P=1,000 P=0,314 P=0,717
N = Número de indivíduos
Valor de probabilidade “P” Teste exato de Fisher (bidirecional)
7 DISCUSSÃO
A Doença Arterial Coronariana e o diabete melito tipo 2 são patologias que
afetam elevada parcela da população mundial. Genes ou polimorfismos genéticos
como os SNPs (polimorfismos de um único nucleotídeo) têm sido pesquisados na
procura de associações com estas doenças ou suas complicações
O gene da apo A-V, recentemente identificado, tem papel chave na
determinação das concentrações plasmáticas de triglicérides. Devido à
hipertrigliceridemia ser um fator de risco independente para DAC, a determinação de
fatores que afetem sua incidência em diversas populações é de considerável
importância e tem sido alvo de intensa pesquisa.
Neste estudo, os polimorfismos de único nucleotídeo no gene da apo A-V,
-1131T>C da região promotora e o S19W do exon 2, são pesquisados em uma
população essencialmente euro-brasileira (93%), caracterizada quanto à presença
de DAC por cineangiocoronariografia e separada em grupos com a presença ou não
de diabete melito tipo 2. Este estudo também inclui um grupo controle (DM2-DAC-),
caracterizado por indivíduos que não apresentaram alterações significativas no
procedimento angiográfico (estenose < 50%) e sem alterações dos níveis
glicêmicos. Estes pacientes estavam vinculados à clinica cardiológica devido a
alterações no perfil lipídico, hipertensão arterial, histórico familiar para DAC ou
outros fatores associados a risco cardiovascular.
7.1 DADOS ANTROPOMÉTRICOS E BIOQUÍMICOS
A distribuição racial da amostra, preponderando euro-brasileiros (92,8%),
reflete a população atendida pelo Hospital Cardiológico Costantini, fornecedor de
cerca de 87% da amostra presente neste estudo.
A distribuição de freqüências por sexo e fatores de risco da amostra (Tabela
11) mostra uma prevalência (P = 0,024) de mulheres no grupo controle (DM2-DAC-)
em relação ao grupo DM2-DAC+; este, no entanto não difere do grupo DM2+DAC+.
O uso do tabaco é significativamente menor (P = 0,003) no grupo controle quando
comparado ao grupo DM2-DAC+ e não difere do grupo DM2+DAC+. Esta
característica reflete a associação do tabagismo com a DAC, sendo que pacientes
com DM2, devido ao tratamento contínuo são desestimulados ao fumo por este ser
um fator de risco adicional ao diabético. A presença de hipertensão arterial supera
os 36% em todos os grupos e ressalta a importância deste fator de risco na
população em estudo. Os grupos controle e DM2+DAC+ apresentaram diferenças
significativas (P = 0,044) neste quesito, ressaltando a maior taxa de pressão arterial
entre diabéticos, uma conhecida característica secundária desta patologia. PIEGAS
et al. (2003) ao estudarem fatores de risco para o infarto do miocárdio, uma das
principais complicações da DAC, em uma população brasileira, reportaram o
tabagismo (mais que cinco cigarros por dia) como um dos principais fatores de risco
independente, seguido em ordem de importância da glicose 126 mg/dL, portanto
em concordância com os dados obtidos para os indivíduos com DAC presentes na
amostra em estudo. O histórico familiar para DAC não diferiu significativamente entre
os grupos em estudo (P > 0,600), e está associado a mais de 40% de todos os
participantes deste estudo. A elevada prevalência deste fator de risco não
modificável é comum em estudos com desenho amostral semelhante ao aqui
apresentado (PHILLIPS et al., 2004).
A distribuição de idade entre os grupos (Tabela 12) mostra que o grupo
controle tem idade média (59 anos) significativamente menor que os grupos DM2-
DAC+ (63,6 anos, P = 0,013) e DM2+DAC+ (64,8 anos; P < 0,001). Este achado é
compatível à estabelecida associação de aumento de risco para DAC e diabetes
concomitante ao aumento da idade (SHARMA, 2003). Outra possibilidade aventada
para o grupo controle apresentar idade menor em relação aos demais pode estar
relacionada à procura de assistência médica precoce, associada a maior informação
do paciente sobre condutas preventivas.
Os dados das variáveis antropométricas e bioquímicas (Tabela 13) mostram
que as médias das pressões arteriais sistólica e diastólica não apresentaram
diferença significativa entre os três grupos, assim como as concentrações séricas
médias de colesterol total, LDL-C, apo A-I, apo B e ácido úrico. Embora os
elementos descritos sejam marcadores de risco para DAC, a não diferenciação entre
o grupo controle e os demais pode refletir a intensa terapia medicamentosa anti-
hipertensiva e hipolipemiante a que estes pacientes estejam submetidos, achado
usual nos pacientes que atendem à rotina das clínicas de cardiologia.
Houve diferença significativa (P<0,05) quando comparadas as médias das
variáveis IMC, HbA
1c
, glicose, HDL-C, TG, logaritmo de TG, e o logaritmo da relação
TG/HDL-C entre os grupos controle, DM2-DAC+ e DM2+DAC+.
As médias de IMC foram significativamente diferentes (P < 0,05) entre os três
grupos. Os valores de IMC aumentaram progressivamente na ordem: controle, DM2-
DAC+ e no grupo com diabetes tipo 2, com valores médios de 23,9; 26,1 e 27,7
kg/m
2
, respectivamente. Este achado reflete a associação do aumento ponderal com
o risco para DAC, fato bem estabelecido na literatura (SHARMA, 2003), e reforça a
conhecida relação entre o diabete melito tipo 2 com a obesidade (LAZAR, 2005;
YOLOGLU et al., 2005).
As concentrações médias de glicose e de HbA
1c
, respectivamente 157,4
mg/dL e 7,7%, dos indivíduos do grupo DM2+DAC+ foram significativamente
maiores (P < 0,001) em comparação aos demais grupos. As concentrações
reportadas no grupo com diabetes para HbA
1C
, um marcador do controle glicêmico,
refletem uma população com controle da glicemia aquém dos parâmetros
recomendados (HbA
1C
7,0%), como preconizado em Consensos Nacionais e
Internacionais (Consenso Brasileiro sobre Diabetes, 2002; American Diabetes
Association, 2005). Analisados em conjunto, os níveis de glicemia e HbA
1C
observados neste estudo, refletem também a adequada classificação da amostra,
aonde apenas um grupo apresenta diabetes.
Os valores das concentrações médias de HDL-C foram significativamente
menores (P < 0,05) nos grupos DM2-DAC+ e DM2+DAC+ em comparação ao grupo
controle, sendo que os dois últimos não diferiram entre si. Este resultado reflete a
associação inversa do HDL-C com a DAC (YOLOGLU et al., 2005). Deve-se
ressaltar que não foi observada uma redução da apo A-I na mesma magnitude e
significância que o HDL-C. Sendo a apo A-I, a principal apolipoproteína da fração
HDL, sua concentração sérica está altamente correlacionada com o HDL-C
(FRANCIS e FROHLICH, 2001). A discriminação dos grupos com DAC em
comparação ao grupo controle pelo HDL-C, sem a esperada correspondência da
apo A-I, pode sugerir que para a população em estudo o HDL-C seja um parâmetro
mais sensível e, portanto, recomendado.
As concentrações médias de triglicérides no grupo controle foram
significativamente menores em relação ao grupo contendo diabéticos (105,8 vs
164,4 mg/dL: P < 0,001). O grupo DM2+DAC+ também apresentou concentrações
superiores de triglicérides em relação ao grupo DM2-DAC+ (164,4 vs 130,6 mg/dL;
P = 0,023). Este achado reflete a já descrita elevação nas concentrações de
triglicérides associadas à DAC e em particular ao diabetes tipo 2 (TAN et al., 2001).
A relação log(TG/HDL-C) apresentada por DOBIASOVÁ e FROHLICH (2001)
como um índice aterogênico e correlacionado com o tamanho da partícula de LDL,
foi capaz de discriminar significativamente (P < 0,05) todos os grupos em estudo.
Valores crescentes desta relação do grupo controle, DM2-DAC+ e DM2+DAC+,
foram, respectivamente, 0,32; 0,45; 0,56. Os valores observados para relação
log(TG/HDL-C) foram superiores a 0,1, limite proposto por FROHLICH e
DOBIÁSOVÁ (2003) relacionado com partículas de LDL pequenas e densas ( 25,5
nm), de maior aterogenicidade. A sensibilidade na discriminação entre os grupos em
estudo sugere que a relação log(TG/HDL-C) pode ser um parâmetro útil na avaliação
de indivíduos com as características presentes neste estudo.
7.2 VARIABILIDADE GENÉTICA
Os polimorfismos em estudo foram caracterizados pela técnica de PCR-RFLP
utilizando oligonucleotídeos iniciadores que induzem sítios de restrição para as
enzimas Taq I e Mse I. As figuras 7 e 8, respectivamente, mostram os perfis
eletroforéticos para os produtos de PCR dos polimorfismos -1131T>C e S19W do
gene da apo A-V, evidenciando a quantidade e qualidade (ausência de bandas
inespecíficas) adequadas, obtidas com os protocolos apresentados em Materiais e
Métodos.
A separação dos fragmentos de DNA da restrição, por eletroforese em gel de
poliacrilamida a 10% e visualização com brometo de etídeo, permitiram a
identificação inequívoca dos genótipos, como mostrado nas Figuras 9 e 10,
respectivamente para os polimorfismos -1131T>C e S19W. Não foram detectados
problemas com a PCR-RFLP relacionados a restrições parciais com o procedimento
empregado.
As freqüências genotípicas e alélicas (Tabela 14) para o polimorfismo
-1131T>C do gene da apo A-V não mostraram diferenças estatisticamente
significativas entre os 3 grupos estudados, quando comparado dois a dois. No
entanto, para o polimorfismo S19W, houve diferença significativa apenas nas
freqüências genotípicas (P = 0,030) e alélicas (P = 0,036) entre os grupos controle e
DM2-DAC+. Quando comparadas as freqüências genotípicas entre os três grupos,
somente o polimorfismo S19W apresentou diferença significativa (P = 0,043).
Quanto ao sexo, as freqüências genotípicas diferiram significativamente (P = 0,012)
apenas no grupo DM2-DAC+ relacionado ao polimorfismo -1131T>C, apresentando
uma redução na freqüência do genótipo -1131TT nas mulheres em relação aos
homens (20% vs 65,3%). Para verificar a influência da etnia nas freqüências
genotípicas e alélicas, análises incluindo apenas euro-brasileiros (N = 191) foram
realizadas e não mostraram diferenças significativas quando comparado a amostra
total com os grupos estudados.
Como a freqüência para o alelo raro do polimorfismo S19W apresentou-se
baixa, não sendo detectado nenhum homozigoto W19W, novos indivíduos foram
analisados para este polimorfismo, aumentando a amostra inicial em cerca de 40%.
A distribuição genotípica e alélica para o polimorfismo S19W com a amostra
ampliada (Tabela 15) apresentou resultados semelhantes aos anteriormente
descritos, sendo que nesta amostra foi possível evidenciar uma diferença
significativa entre os grupos DM2-DAC+ e DM2+DAC+ (P = 0,046). Mesmo com a
ampliação da amostra nenhum homozigoto para o genótipo W19W foi encontrado,
confirmando as freqüências observadas por PENNACCHIO et al. (2002) e outros
autores (Tabela 2).
Os grupos DM2DAC+ e DM2+DAC+ foram reunidos formando um grupo
designado DAC+ e comparados com o grupo controle, aqui designado DAC-, para
verificar se o aumento da amostra de indiduos com DAC, sem a discriminação do
diabetes poderia afetar as distribuições genotípicas e alélicas (Tabela 16). Nesta
nova distribuição da amostra, o polimorfismo -1131T>C não apresentou diferenças
entre os grupos e a mutação S19W manteve a diferença significativa (P = 0,044), de
forma semelhante à observada anteriormente nas Tabelas 14 e 15. Este achado
reforça a observação que as freqüências genotípicas e alélicas referentes ao
polimorfismo S19W realmente são significativamente associadas a DAC com
redução na freqüência do genótipo SW, em especial quando o diabetes tipo 2 não
está presente.
Para facilitar as análises comparativas com outros estudos, as Tabelas 1 e 2
apresentadas na Revisão Bibliográfica, foram modificadas, incluindo as freqüências
genotípicas observadas no presente estudo, bem como a significância das
comparações (Tabelas 23 e 24). É relevante ressaltar que em algumas publicações
utilizadas na comparação, a caracterização da amostra não está bem estabelecida
quanto à composição étnica e patologias associadas.
7.3 ANÁLISES COMPARATIVAS PARA OS POLIMORFISMOS -1131T>C E S19W
A Tabela 23 mostra a comparação realizada entre o presente estudo e os
outros trabalhos para o polimorfismo –1131T>C, sendo que a comparação foi
realizada empregando o grupo estudado neste trabalho de melhor semelhança ao
reportado na literatura.
Os genótipos que contêm o alelo raro (TC + CC) são mais freqüentes na
população oriental do que nas demais populações (ENDO et al., 2002; NABIKA et
al., 2002; BAUM et al., 2003; LI et al., 2004), sendo significativamente maiores do
que o observado no presente estudo.
As freqüências dos genótipos que apresentaram o alelo raro do polimorfismo
–1131T>C entre homens e mulheres do presente estudo foram, significativamente
menores (P < 0,05), do que as encontradas por PENNACCHIO et al. (2002) para
homens e mulheres afro-americanos e hispânicos. Não houve diferença entre os
achados de PENNACCHIO et al. (2002) e este trabalho para a população
caucasiana.
Não houve diferença nas freqüências genotípicas entre as populações:
homens ingleses (TALMUD et al. 2002; TALMUD et al., 2004), caucasiana
canadense (LEE et al., 2004), tunísica (CHAABA et al., 2005) e a população deste
estudo.
Para a população húngara pesquisada por SZALAI et al. (2004), a freqüência
dos genótipos TC + CC foi maior no grupo portador de DAC quando comparada ao
nosso grupo DM2-DAC+. No entanto, quando comparados o grupo controle deste
estudo com sua contraparte húngara, as freqüências destes genótipos foram
significativamente menores nos últimos.
TABELA 23 – FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO POLIMORFISMO -
1131T>C DO GENE DA APO A-V NAS DIVERSAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS E COMPARADAS COM O PRESENTE ESTUDO
Genótipos Comparação
População
TT(N) TC(N) CC(N)
Estatística Referências
Homens
0,869
(106)
0,098
(12)
0,033
(4)
------
Mulheres
0,802
(69)
0,186
(16)
0,012
(1)
------
Toda a
população
0,841
(175)
0,135
(28)
0,024
(5)
-----
Controle
0,848
(56)
0,136
(9)
0,015
(1)
-----
DM2-DAC+
0,853
(64)
0,120
(9)
0,027
(2)
-----
DM2+DAC+
0,831
(54)
0,138
(9)
0,031
(2)
-----
PRESENTE
ESTUDO
Mulheres
afro-
americanas
0,777
(537)
0,213
(147)
0,010
(7)
Mulheres
χ²=3,81; P=0,049
Homens
afro-
americanos
0,772
(376)
0,218
(106)
0,010
(5)
Homens
χ²=19,49;
P<0,001
Mulheres
hispânicas
0,668
(125)
0,310
(58)
0,021
(4)
Mulheres
χ²=5,13; P=0,023
Homens
hispânicos
0,741
(103)
0,245
(34)
0,014
(2)
Homens
χ²=6,66; P=0,009
Mulheres
caucasianas
0,866
(311)
0,134
(48)
0
Mulheres χ²=2,28; P=0,131
Homens
caucasianos
0,872
(286)
0,128
(42)
0
Homens χ²=0,01; P=0,930
PENNACCHIO et al.,
2002
Homens
ingleses
0,883
(2257)
0,111
(285)
0,006
(14)
Homens χ²=0,23; P=0,635
TALMUD et al.,
2002
Japonesa
0,418
(425)
0,477
(485)
0,105
(107)
Toda a
população
χ²=123,91;
P<0,001
NABIKA et al.,
2002
Japonesa
0,408
(225)
0,476
(263)
0,116
(64)
Toda a
população
χ²=114,00;
P<0,001
ENDO et al., 2002
0,805
(174)
0,172
(53)
0,023
(7)
DM2-DAC+
χ²=3,87; P=0,049
Húngara
0,894
(277)
0,100
(31)
0,006
(2)
Controle
χ²=5,08; P=0,024
SZALAI et al., 2004
Chinesa
0,404
(135)
0,494
(165)
0,102
(34)
Toda a
população
χ²=100,03;
P<0,001
LI et al, 2004
Caucasianos
Canadenses
0,848
(375)
0,138
(61)
0,014
(6)
Toda a
população
χ²=0,05; P=0,815
LEE et al., 2004
Homens
ingleses
0,818
(242)
0,182
(54)
Homens χ²=1,63; P=0,202
TALMUD et al.,
2004
0,747
(74)
0,211
(21)
0,040
(4)
Controle χ²=0,79; P=0,374
0,719
(41)
0,263
(15)
0,018
(1)
DM2-DAC+ χ²=3,58; P=0,058
Tunísica
0,703
(52)
0,230
(17)
0,067
(5)
DM2+DAC+ χ²=3,13; P=0,076
CHAABA et al.,
2005
0,490
(246)
0,422
(212)
0,088
(44)
Controle
χ²=28,79;
P<0,001
Chinesa
0,375
(181)
0,468
(226)
0,157
(76)
DM2-DAC-
χ²=60,38;
P<0,001
LIU et al., 2005
N = número de indivíduos. Para análise estatística os genótipos TC e CC foram agrupados.
A Tabela 24 mostra a comparação realizada entre o presente estudo e outros
trabalhos para o polimorfismo S19W, sendo que a amostra utilizada para
comparação foi a que mais se aproximou da utilizada por cada autor.
TABELA 24 – FREQÜÊNCIAS GENOTÍPICAS E ALÉLICAS DO POLIMORFISMO
S19W DO GENE DA APO A-V NAS DIVERSAS POPULAÇÕES
ESTUDADAS E COMPARADAS COM O PRESENTE ESTUDO
Genótipos Comparação
População
SS(N)
SW(N) WW(N)
Estatística Referências
Homens
0,878
(166 )
0,122
(23)
0 -----
Mulheres
0,874
(104)
0,126
(15)
0 -----
Toda a
população
0,877
(270)
0,123
(38)
0 -----
Controle
0,831
(64)
0,169
(13)
0 -----
DM2-DAC+
0,921
(129)
0,079
(11)
0 -----
DM2+DAC+
0,833
(65)
0,167
(13)
0 -----
PRESENTE
ESTUDO
Mulheres
afro-
americanas
0,861
(707)
0,132
(108)
0,007
(6)
Mulheres χ²=0,14; P=0,704
Homens
afro-
americanos
0,865
(494)
0,131
(75)
0,004
(2)
Homens χ²=0,22; P=0,642
Mulheres
hispânicas
0,743
(185)
0,229
(57)
0,028
(7)
Mulheres
χ²=8,19; P=0,042
Homens
hispânicos
0,696
(119)
0,292
(50)
0,012
(2)
Homens
χ²=18,11; P<0,001
Mulheres
caucasianas
0,874
(386)
0,122
(54)
0,004
(2)
Mulheres χ²=0,00; P=0,980
Homens
caucasianos
0,892
(362)
0,108
(44)
0
Homens χ²=0,23; P=0,632
PENNACCHIO et
al., 2002
Homens
ingleses
0,890
(2223)
0,105
(263)
0,004
(11)
Homens χ²=0,26; P=0,613
TALMUD et al.,
2002
República
Tcheca
0,859
(2198)
0,138
(352)
0,003
(9)
Controle χ²=0,72; P=0,396
VRABLÍK et al,
2003
Caucasianos
Canadenses
0,875
(364)
0,115
(48)
0,010
(4)
Toda a
população
χ²=0,00; P=0,947
LEE et al., 2004
Inglesa
0,859
(268)
0,141
(44)
Homens χ²=0,38; P=0,538
TALMUD et al.,
2004
1,000
(502)
0 0
Controle
χ²=86,70; P<0,001
Chinesa
0,909
(439)
0,089
(43)
0,002
(1)
DM2-DAC+ χ²=0,21; P=0,645
LIU et al., 2005
Norte
Irlandesa
0,920
(480)
0,080
(41)
0
Controle
χ²=4,48; P=0,034
WRIGHT et al.,
2005
N = número de indivíduos. Para análise estatística os genótipos SS e SW foram agrupados.
As freqüências dos genótipos SW + WW foram significativamente maiores nos
homens e mulheres hispânicos pesquisados por PENNACCHIO et al. (2002) em
relação aos homens e mulheres deste presente estudo. Com relação às demais
populações estudadas por PENNACCHIO et al. (2002), afro-americanos e
caucasianos, não houve diferença significativa quando comparadas à amostra deste
trabalho.
Não houve diferença significativa nas freqüências genotípicas do polimorfismo
S19W entre a população de homens ingleses (TALMUD et al., 2002; TALMUD et al.,
2004), tchecos (VRABLÍK et al., 2003) e caucasianos canadenses (LEE et al., 2004),
quando comparadas à amostra deste estudo.
As freqüências dos genótipos contendo o alelo raro W do polimorfismo S19W,
de modo díspar ao observado para o polimorfismo –1131T>C, foram menores na
população chinesa (LIU et al., 2005) em relação à população deste estudo, para o
grupo controle, ressaltando que os autores citados detectaram somente homozigotos
SS neste grupo.
Na população controle norte irlandesa estudada por WRIGHT et al. (2005) as
freqüências dos genótipos contendo o alelo raro, do polimorfismo S19W, foram
significativamente maiores do que no presente estudo, observando-se que nesta
população os referidos autores não encontraram nenhum homozigoto WW a
semelhança deste trabalho.
7.4 ESTUDO DE HAPLÓTIPOS
A distribuição de freqüências dos genótipos -1131T>C/S19W para o estudo
de haplótipos está mostrada na Tabela 17, sendo que os valores observados para
os genótipos não são diferentes entre os grupos estudados (P = 0,508)
Comparando-se as freqüências dos haplótipos (Tabela 18) dos polimorfismos
-1131T>C/S19W do gene da apo A-V, verificou-se que não houve diferença
estatisticamente significativa entre os 3 grupos estudados (χ
2
= 5,58; P = 0,232). Ao
se analisar os grupos controle, DM2DAC+ e DM2+DAC+, dois a dois, as
freqüências destes haplótipos também não foram diferentes, exceto para o haplótipo
TW (χ
2
= 5,41; P= 0,020) entre os grupos controle e DM2-DAC+. Os estudos que
descreveram freqüências haplotípicas foram realizados a partir de quatro ou mais
polimorfismos, impossibilitando comparações com o nosso trabalho. A partir deste
dado, investigou-se a freqüência do genótipo TT/SW e demais genótipos
-1131T>C/S19W entre os grupos em estudo, mostrado na Tabela 19.
Comparando-se as freqüências do genótipo TT/SW com os demais genótipos
-1131T>C/S19W do gene da apo A-V, nos 3 grupos estudados, a distribuição
genotípica não foi estatisticamente significativa (χ
2
(2)
= 5,67; P=0,058). Analisando-
se os grupos estudados, dois a dois, pelo Teste de Fisher (bidirecional), a
distribuição do genótipo TT/SW, comparado com os demais genótipos
1131T>C/S19W do gene da apo A-V, mostrou-se estatisticamente diferente entre os
grupos controle e o DM2-DAC+ (P = 0,031), conforme a Tabela 19. Portanto a
freqüência do genótipo TT/SW foi significativamente menor no grupo com DAC e
sem diabetes quando comparado a grupo controle.
7.5 ANÁLISES DE CORRELAÇÃO E OUTRAS COMPARAÇÕES
Através da análise de correlação linear de Pearson (Tabela 20) foram
comparadas as variáveis antropométricas e bioquímicas com os polimorfismos em
estudo. Apenas o ácido úrico mostrou correlação positiva e significativa (0,1421;
P = 0,015) para o polimorfismo S19W quando se analisou a população ampliada
(N=295). Com base neste achado, a distribuição das freqüências genotípicas para
os polimorfismos em estudo foram realizadas.
As freqüências para os polimorfismos -1131T>C e S19W foram analisadas
utilizando como discriminador o valor da mediana (5,6 mg/dL) da concentração do
ácido úrico, na população em estudo, por permitir separar a amostra de forma
homogênea em termos de número de indivíduos e conseqüentemente maior
confiabilidade nos resultados (Tabela 21). Foi observada diferença significativa (P =
0,034) apenas no grupo com diabéticos tipo 2, evidenciando neste um aumento do
genótipo SW com o aumento do ácido úrico. A subclassificação deste estudo,
discriminando nos grupos homens e mulheres, mostrou que as mulheres no grupo
com diabetes tipo 2 apresentaram diferença marcante (P = 0,008), estando o
genótipo SW em maior freqüência, associado à maior concentração de ácido úrico.
HAYDEN e TYAGI (2004), revisaram estudos referentes ao papel do ácido
úrico em relação à doença cardiovascular, doença renal e hipertensão, mostrando
que concentrações de ácido úrico acima de 4 mg/dL devem ser consideradas um
sinal de alerta em pacientes com risco cardiovascular. A hiperuricemia não aparenta
apresentar um papel causal no desenvolvimento da DAC, sendo provavelmente seu
efeito associado com outros fatores de risco (CULLET0N et al., 1999). YOO et al.
(2005) relataram que as concentrações de ácido úrico foram correlacionadas
independentemente com a hipertensão arterial, resistência à insulina e fatores de
risco para síndrome metabólica. Com base nos dados obtidos neste trabalho, é
possível sugerir uma associação entre a maior prevalência do genótipo SW em
pacientes diabéticos tipo 2 com a concentração sérica elevada de ácido úrico.
Também, a correlação do genótipo SW com o ácido úrico elevado, pode estar
refletindo a já descrita associação entre este genótipo e as concentrações séricas de
TG, os quais guardam uma correlação direta com o ácido úrico (YOO et al., 2005).
Novos estudos devem ser conduzidos para esclarecer estes achados.
A importância do gene da apo A-V para a determinação das concentrações
séricas de TG foi primeiramente determinada por PENNACCHIO et al. (2001) em
camundongos transgênicos e nocauteados. Desde então diversos trabalhos têm
associado polimorfismos do gene da apo A-V e concentrações séricas de TG em
diversas populações, sendo os polimorfismos -1131T>C e S19W os mais estudados.
Embora a associação dos polimorfismos -1131T>C e S19W e o aumento na
concentração sérica de TG já tenha sido estabelecida, neste trabalho não houve
diferença significativa entre este analito, os polimorfismos e os grupos estudados
(Tabela 22). Isso pode refletir a característica da amostra, onde majoritariamente os
indivíduos estão submetidos à intensa terapia com drogas hipolipemiantes. Portanto,
as concentrações de TG na amostra em estudo não são comparáveis à maioria dos
trabalhos publicados, onde os pacientes estudados não estão sob influência
medicamentosa. Como exemplos, podem ser citados os trabalhos que obtiveram
correlação entre os polimorfismos em estudo e aumento de TG e excluíram da
amostra, pacientes em uso de drogas hipolipemiantes: LIU et al. (2005) em
chineses; ENDO et al. (2002) em crianças japonesas, VARABLÍK et al. (2003) em
tchecos, SZALAI et al. (2004) em húngaros.
Em síntese, este trabalho mostra que as freqüências genotípicas e alélicas
dos polimorfismos observados neste estudo podem apresentar-se significativamente
diferentes de outras populações, em especial quando se compara com orientais. Os
dados apresentados são inéditos para uma população brasileira com caracterização
angiográfica.
8 CONCLUSÕES
Entre as variáveis antropométricas e bioquímicas analisadas o IMC e o
log(TG/HDL-C) foram as únicas a apresentar diferenças significativas entre os
três grupos, indicando que estas medidas foram marcadores sensíveis e
discriminantes para a população em estudo.
As freqüências alélicas (P = 0,036) e genotípicas (P = 0,030) para o
polimorfismo S19W foram significativamente menores para o genótipo SW no
grupo DM2-DAC+ em comparação ao grupo controle. Ampliando a amostra
(N=295), a freqüência do genótipo SW também se mostrou significativamente
menor no grupo DM2-DAC+ comparado ao grupo DM2+DAC+.
A freqüência do haplótipo TW dos polimorfismos -1131T>C/S19W do gene da
apo A-V foi significativamente maior (P = 0,020) no grupo controle em relação
ao grupo DM2-DAC+
O genótipo TT/SW dos polimorfismos -1131T>C/S19W do gene da apo A-V
comparado aos demais genótipos, foi significativamente maior (P = 0,031) no
grupo controle em relação ao grupo DM2-DAC+.
As concentrações séricas de ácido úrico foram correlacionadas
significativamente (0,1421; P = 0,010) com os genótipos do polimorfismo
S19W quando a análise foi realizada com a amostra ampliada (N = 295).
A freqüência do genótipo SW foi significativamente maior (P = 0,034) apenas
no grupo DM2+DAC+ quando a concentração média de ácido úrico foi 5,6
mg/dL e comparada com concentrações < 5,6 mg/dL, sendo as mulheres as
responsáveis pela diferença significativa observada.
Não houve diferença significativa entre as concentrações de triglicérides e os
polimorfismos em estudo.
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metabolic syndrome. Circ J, v.69, p. 928-933, 2005.
ANEXOS
ANEXO I - VALORES DE REFERÊNCIA PARA O PERFIL LIPÍDICO PARA
ADULTOS ACIMA DE 20 ANOS
Lípides Valores de referência
(mg/dL)
Categoria
< 200 Ótimo
200 – 239 Limítrofe
Colesterol Total
240
Alto
< 100 Ótimo
100 –129 Desejável
130 – 159 Limítrofe
160 – 189 Alto
LDL-C
190
Muito alto
< 40 Baixo
HDL-C
> 60 Alto
< 150 Ótimo
150 – 200 Limítrofe
200 – 499 Alto
Triglicérides
500
Muito alto
FONTE: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias. Arq Bras Cardiol, v. 77 (Supl. III), p. 43, 2001.
.
ANEXO II - FATORES DE RISCO PARA DOENÇA ARTERIAL CORONARIANA
Idade: 45 anos, 55 anos
Sexo: masculino
Histórico familiar
Tabagismo
Hipertensão arterial ( 140/90 mmHg)
LDL-C 160 mg/dL
HDL-C < 35 mg/dL
Diabete melito
Hipertrigliceridemia
FONTE: III Diretrizes Brasileiras Sobre Dislipidemias. Arq Bras Cardiol, v. 77 (Supl. III), p. 43, 2001.
ANEXO III - VALORES DE GLICOSE PLASMÁTICA (mg/dL) PARA DIAGNÓSTICO
DO DIABETE MELITO E SEUS ESTÁGIOS PRÉ-CLÍNICOS
Categoria Jejum* 2 horas após 75
g de glicose
Casual **
Glicemia normal
< 100 < 140
Tolerância à
glicose diminuída
100 a <
126
140 a < 200
Diabete melito
126 200 200 com sintomas
clássicos***
*O jejum é definido como falta de ingestão calórica por no mínimo 8 horas.
**Glicemia plasmática casual é definida como aquela realizada a qualquer hora do dia, sem se
observar o intervalo desde a última refeição.
***Os sintomas clássicos de diabete melito incluem poliúria, polidipsia e perda inexplicada de
peso.
Nota: O diagnóstico de diabete melito deve sempre ser confirmado pela repetição do teste em
outro dia, a menos que haja hiperglicemia inequívoca com descompensação metabólica aguda
ou sintomas óbvios de diabete melito.
FONTE: American Diabetes Association. Diagnosis and classification of Diabetes mellitus. Diabetes
Care, 28:S37-S42, 2005.
ANEXO IV – FICHA DE COLETA DE DADOS DO PACIENTE
Caracterização do Paciente Nº registro
interno
Data
Nome:
____/___/__
_
Dados clínicos
N Dados Observações
1 Sexo ( 1 ) = Masculino ( 2 ) = Feminino
2 Idade [ ] anos
3 Peso [ ] kg
4 Altura [ ] cm
5 IMC Não preencher
6 Pressão Arterial
(PA)
[________/_______] mmHg
7 Tabagismo ( 1 ) = Nunca fumou
( 2 ) = Ex-fumante
( 3 ) = Fumante
8
Diabete melito
( 1 ) = Sim ( 2 ) = Não
Tipo do diabetes: ( 1 ) = Tipo 1; ( 2 ) = Tipo 2;
( 3 ) = outro
Tempo do diagnóstico do Diabete melito: [ ] anos
09 História familiar de
Doença Arterial
Coronária (DAC)
Pelo menos um parente de primeiro grau foi
diagnosticado com DAC até os 55 anos (homens) ou
até 65 anos (mulheres)
( 1 )= Sim; ( 2 ) = Não
10 História clínica
Insuficiência Renal: ( 1 ) = Sim ( 2 ) = Não
Tempo da doença: [ ] anos
Infarto: ( 1 ) = Sim ( 2 ) = Não
Tempo de ocorrência do evento: [ ]/(meses) ou
(anos)
Anotar outros dados relevantes:
11 Dados do
cateterismo
Não é necessário preencher
ANEXO V – VALORES DE REFERÊNCIA PARA ANÁLISES LABORATORIAIS
ANALITOS MNEMÔNICO
VALORES DE
REFERÊNCIA
REFERÊNCIAS
Hemoglobina
Glicada A
1C
(%)
HbA
1C
4,5 – 6,5% Bio Rad – Variant (HPLC)
Glicose (mg/dL)
GLU 60 - 99 American Diabetes
Association, 2005.
Colesterol total
(mg/dL)
COL Desejável < 200
Limítrofe 200 - 239
Elevado > 240
HDL-colesterol
(mg/dL)
HDL-c > 40
> 45 (diabéticos)
> 60 alto (desejável)
LDL-colesterol
(mg/dL)
LDL-C < 100 Ótimo
100 – 129 Desejável
130 – 159 Limítrofe
160 – 189 Alto
190 Muito alto
Triglicérides
(mg/dL)
TG < 150 Ótimo
150 – 200 Limítrofe
200 – 499 Alto
500 Muito alto
III Diretrizes Brasileiras em
Dislipidemias, 2001.
Apolipoproteína
AI (mg/dL)
apoAI 104 - 202
108 - 225
Apolipoproteína B
(mg/dL)
apoB 66 – 133
60 - 117
Roche Diagnóstica –
Hitachi 917
Ácido úrico
(mg/dL)
3,5 – 7,5
2,5 – 6,5
ANEXO VI - SEQÜÊNCIA DE BASES DO GENE DA APOLIPOPROTEÍNA A-V.
Retirado do GenBank nº AY422949
Sentido 5’Æ 3’
FONTE: OLIVIER et al., 2004.
ctactcagtttgattcagctatgaccctttcagacatggtccaaatgagagtcacgccag
gcaaacttctatcataaacatctatttcatttgagccagaagtctaggcttcaacttggg
aacccagagggaggggctggagatggggagagcacacagtatgctccccagagggtttaa
ggagctcccacagttgggagggttcagtcccttatttaggtgtagagctatgtcaggaaa
catgggctctgccctctcctatcacagcccacacctttcgtacccaccagcatcagagcc
agcagggatattcacacaccatcacatgttctccccatgatattctctttctcccttcta
ttcccctgatagctgccatggcagccctggggagacaagtgctcctctctgtggaccagc
tgtagcagtggccaccaggcagccagaagtgactagagccaaactccaggatgtagtggc
acaggcttccagcatcacggcaaacaggcttgcagataatcacccacatgcatggtgcct
ctccctccctactccctcacccttgaatggagtaactcatgagcattcccaaatgagcac
tgggaggctgggtttgcaaagcctggtgaatgtaatgcatccagattggggagtcgcagg
aggctggatatgcaggagacagcagcccctttggtggcctccctgtcctgcacaggacct
tccaccctccacccaacaggccactttcaaggactgaaccatgctagaggctcagagcca
aggctccccagacaaggagctgggaatgggcctgggcaggtagatcctcaggggtccccc
agatggctgtggccctggtcatgaaggctgtgagtgatgtcttcccacaggtcatccaga
cgggcctgcagcttgctcagaaccttgccactgtctgtttgttgaaactctggggcgaag
gcactgtggcctggtggaggtggcgccagctgctgctggacctcctcagtctcctggtcg
atggcgcgagtgaaggcagctatctgcaggtaggtgtcctggcggaaagcctgaagtcgc
tggcgcacctcctcggagagcatctgggggtccgggccggccccttcctcagtcccagtg
cctgcaaaggctctgctgagctcttcgcgcagctggtccaggttctgctggatgcgtgcg
tgcagggccttggccttgagcgtgagcttccgggagagcacctgcacgcagcgactgagg
cgcgcggggctggcgggggcgtgcggagccacactgcggtgcagctcctgcacgtggcgc
ccgatgccgctcaccaggctctcggcgtatgggtggaagagctctttgaagcggccggtg
tggtgcaccacgcggctctgcagtccctgcagcaaagcccaagcctcgtccacgcccccc
agcaactgggccttggtgtcttcccccaccacgcgcaactgctcctgcagctcctgcacg
cgcagggccacctgctccatcagatccatcgtgtagggcttcagttgctgccgcaagccc
tccaaattccagcccaccagctcgtgcgcctctgccatgtagggctggaggcgagccttc
acctcctccaactcctcctgcagctgccgccgcatgcccaccgggtcctgtgggagccga
ggagcctcgctcccactcagaggcctcagcttttccaggaacttgttcatattgttgagg
tcttgctcaaggctgtctttcagggtcctggagaaggggacagatatccaggccgtcaga
ctgctagcccccatcatctcctttgtccccaagtcatcgcgcactgatcctctgggggaa
ccaaggacgcagggcgttggccccagggtcgagggctcttgtcctagccctggccagtaa
caactcacgcacgaagcacaaacacattgcccatacaaatccagacctacaacactctcc
aaagaaacatagatgcgccacatcatcctttgattctggggactgcagcgggcgtcctcc
cgattgatcccaggtcccgcgcctcagtgagcaagggggcaacagctacggagttgtcaa
ggcgggggctgcaggcagagggcgctaaagagcccaggatggccgggatctgcagacaga
gctagcaccgctcctttcctctgtcccagcagcggccacagaggttgaggcagcagaggc
aggtcatcatggcatggcccagctgtctcctcccttcgcctacaccccttcccctgggca
ctcacgcgggctcgcgagccatcttctgctgatggatctgctccaccctgcctttgtccc
cgctggtctggctgaagtagtcccagaa
Polimorfismo S19W: oligonucleotídeos iniciadores identificados na região sublinhada.
F 5’ GGCTCTTCTTTCAGGTGGGTCTCCG 3’;
R 5’ GCCTTTCCGTGCCTGGGTGGT
3’ [a timina (T) no iniciador induz a criação de sítio de restrição
(identificado por seta) para enzima Taq I].
gcctttccgtgcctgggtggc
cgaaaacgctg
tggagagggactaggtaatcagggcctgggctctcctcccccagggtggacagggccctc
tggccagcctccacccacacccccacgttgaagtcagggtcggagacccacctgaaagaa
gagcc
agagcccaggtgagcacggcagccatgcttgccattatctgctctgagaagacag
gtggagggaggcctggttaggggaagaaggagacgaagggacatggcgcaggggacttgc
ccagggggcctctgcaggggcaactgcccgaaatcctgttaccccttccttgggctgggg
agcacagagctgttggggctcaagaggactgacctaggtgagtcaaggaggctagggtgt
cttcctcagacatgggaagagggcgtgctcttgctacctcagtcacatagcagggagcgt
ggtgctctaaccccttcgcaaaggtcccagaccccaggaacagttctctaggccacttct
accacctctcccctgcccacctgtctccctccctcccatttcatggtggaaaaactgagc
cataatgagggcgaagaggcaactctgccaaaatgttccaagaggacgtcttaggggcca
ccccaggctctcccctgaggccacctgcaatgccctcccttaggactgtgacccccatcc
ctctgccccagctgctcacctgctcacgtctgggcacagagagcagacattctgctttat
actccagggccctgagcctctggcaccaattgctctgagtaaataccacgtggaagttca
aaagaagttgacctcagctgcctcccagcactcacctcctgccctttccctggcacccag
agggttaatgagtgccctggtatcaggggctgccccagtagagaagtgcttcccaggagc
tttacgggggatggggctgaactcctcacccagtttctcccaaaccccatgacctttaac
cttcccactgacctgctggctggcccaccaacagagaagaacctgtttgtctgccaaggg
cccctctcttacacaactacccagagtcactgtgtcccagccggcaagatggacagtgtt
cacctaccagccagaacccgagcagcccctgaaagcttcactacaggttccgcaggcatc
ctcagccagcattcatagggttaaagaccaaccacatccctctttatgaaacaatcctgg
aacaagcaagggaagccaggcagggtgaagatgagatggcaagaggcatctgggccaggg
actctgag
Polimorfismo -1131T>C . oligonucleotídeos iniciadores marcados com duplo sublinhado
F 5’ GGAGCTTGTGAACGTGTGTATGAGT 3’;
R 5’ CCCCAGGAACTGGAGCGAAAT
T 3’ [a timina (T) introduzida no iniciador induz a criação de sítio de
restrição (identificado por seta) para a enzima Mse I].
ccccaggaactggagcgaaagt
aagatttgccccatgaggaaaagctgaact
ccactcgcagggcctctgaggagagcaagcccaaatgctcagatcttctctgatgacaca
cccactccgtctacagtactcatacacacgttcacaagctcc
cgattcttggtcctaaat
gcatcttgaatcaatcccctctcctccatttccactaccatcattgcaccagttgtctgt
caccttgattgcattcatagcctccaacaggtctttctaccacactcctgcccatttaat
tcatcctccactgtggctcatcctgactcatttccagtctcatctgctgccacataaaac
cacagcattccctgagcctttatacaggcttccctctgcttgaaatagcctatcccctgg
tgaatatatattcattttttagagttagtttgtattagttagaattagacttggctgcaa
gggacatatatatgt
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