Download PDF
ads:
CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM
FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA E EM PLANTIOS
ABANDONADOS DE EUCALIPTO, RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO
-
RJ
CRISTIANA DO COUTO MIRANDA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE
DARCY RIBEIRO - UENF
CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ
MARÇO – 2005
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM
FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA E EM PLANTIOS
ABANDONADOS DE EUCALIPTO, RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO
-
RJ
CRISTIANA DO COUTO MIRANDA
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Produção Vegetal
Orientador: Prof. Luciano Pasqualoto Canellas
CAMPOS DO GOYTACAZES - RJ
MARÇO – 2005
ads:
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca do CCTA / UENF 020/2005
Miranda, Cristina do Couto
Caracterização da matéria organica do solo em fragmentos de Mata
Atlântica e em plantios abandonados de eucalipto, Reserva Biológica
União – RJ. - 2005-05-15
82f. : il
Orientador: luciano Pasqualoto Canellas
Dissertação (Mestrado em Produção Vegetal) – Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias. Campos dos Goytacazes, RJ. 2005.
Bibliografia: f. 73 – 82.
1. Substância húmica 2. Fertilidade do solo 3. Humificação 4. Solo
florestal 5. Regeneção da floresta l. Universidade Estadual do Norte
Fluminense Darcy Ribeiro, Centro de Ciências e Tecnologias
Agropecuárias. II. Título.
CDD - 631.42
CARACTERIZAÇÃO DA MATÉRIA ORGÂNICA DO SOLO EM
FRAGMENTOS DE MATA ATLÂNTICA E EM PLANTIOS
ABANDONADOS DE EUCALIPTO, RESERVA BIOLÓGICA UNIÃO
-
RJ
CRISTIANA DO COUTO MIRANDA
Tese apresentada ao Centro de Ciências e
Tecnologias Agropecuárias da Universidade
Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro,
como parte das exigências para obtenção do
título de Mestre em Produção Vegetal.
Aprovada em 31 de março de 2005
Comissão Examinadora:
Prof. Marcelo Trindade Nascimento (Ph.D. Ecologia) – UENF/LCA
Professor Gabriel de Araújo Santos (Ph.D. Ciências do Solo) – UFRRJ/Depto.
Solos
Profa Déborah Guerra Barroso (Dr
a
. Produção Vegetal) – UENF/LFIT
Prof. Luciano Pasqualoto Canellas (Ph.D. Ciências do Solo) – UENF/LSOL
Orientador
A Deus, que é tudo; à Lídia C. Miranda (minha mãe), pelo exemplo de
honestidade, força, coragem e amor pela família. À memória de meu pai, José da
Silva Miranda, pelas lições de caridade, amor e honestidade, dedico.
ii
AGRADECIMENTO
Ao meu Pai do céu, que em todos os momentos me guiou e me
fortaleceu, expressando, de forma simples e mesmo grandiosa, seu imenso amor.
À minha mãe, Lídia, aos meus irmãos (Sônia, José Antônio, Agnaldo e
Luciana), às minhas sobrinhas, aos meus cunhados e cunhadas, em especial a
Rosangela (Danda) que sempre me apoiou. Agradeço ainda aos meus queridos
avós, primos e tios dessa imensa família, que juntos constituem um dos maiores
presentes dados por Deus, além de serem uma grande, forte e amorosa torcida.
Desta, sempre sobressaíam os gritos que diziam: - “tia", das minhas
preciosidades Ingrid, Andressa, Alice, Aline, Amanda, Isabely e minha afilhada
Luane.
Agradeço ao meu Pai, José, e minha tia Leonor, que mesmo não
presentes fisicamente, estiveram em meus pensamentos.
Ao Marcos Fábio, meu namorado e amigo, que com toda paciência e
carinho sempre me apoiou.
Ao meu orientador Luciano P. Canellas e co-orientador Marcelo T.
Nascimento, pela confiança e dedicação nas orientações.
iii
Aos colegas, técnicos e professores do Laboratório de Solos, em especial
à Kátia, que sempre foi tão dedicada e amorosa, e ao Marihus e Jolimar, pela
disponibilidade e paciência para a classificação dos solos deste estudo.
A toda equipe do Laboratório de Ciências Ambientais, em especial aos
técnicos de campo, pelo grande apoio e pelos momentos de descontração.
Ao técnico Wallace e ao doutorando Rosemberg do CCT, pela grande
ajuda nas análises de espectroscopia de IV.
Ao professor Carlos Resende por disponibilizar os equipamentos da
central analítica do LCA e ao técnico Ary, pela paciência.
Aos meus velhos irmãos e amigos do Espírito Santo, em especial à
minha irmã Tatiana, que, mesmo na distância, esteve presente participando de
todos momentos.
Aos meus grandes amigos e irmãos da UFRRJ e de Campos, em
especial aqueles amigos pela fé, que em todos momentos estiveram me
apoiando.
A todos companheiros e irmãos do Ministério Universidades Renovadas
do RJ, em especial aos da diocese de Campos, pela força de sempre
prosseguirem decididamente.
Às irmãs e companheiras da antiga (Sabrina, Ana e Fernanda) e nova
república (Iliani, Aline e Giselda), pelo carinho e amizade com que sempre
vivemos, formando verdadeiras famílias.
Um agradecimento especial à equipe do IBAMA, que sempre mostrou
disponível durante o trabalho na Reserva Biológica União.
Aos funcionários da UENF, que me ajudaram direta e indiretamente.
Ao CNPQ, pelo apoio financeiro.
“A justiça tem necessidade de uma alma.
A alma da justiça é a caridade“.
(João Paulo II)
iv
SUMÁRIO
LISTA DE QUADROS ..........................................................................................VII
LISTA DE FIGURAS..............................................................................................IX
RESUMO ...............................................................................................................XI
1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 1
2. REVISÃO DE LITERATURA.............................................................................. 4
2.1. Aspectos gerais da funcionalidade de ecossistemas florestais
tropicais
.................................................................................................... 6
2.2. Matéria orgânica: aspectos gerais e humificação................................... 7
2.3. Ácidos húmicos (AHs) ............................................................................. 12
2.4. Caracterização química da matéria orgânica do solo (MOS)................ 13
2.4.1. Fracionamento químico das substâncias húmicas (SHs)..............14
2.4.2. Extração, isolamento e purificação dos AHs ..................................15
2.5. Composição elementar dos AHs............................................................. 16
2.6. Análise de grupamentos funcionais....................................................... 18
v
2.7. Caracterização Espectroscópica ............................................................ 21
2.7.1. Espectroscopia de UV-Visível: Razão E
4
/E
6
.....................................21
2.7.2- Espectroscopia de fluorescência.....................................................22
2.7.3. Espectroscopia na região do infravermelho (IV).............................23
3. MATERIAL E MÉTODOS................................................................................. 28
3.1. Caracterização da área............................................................................. 28
3.2. Sítios amostrais........................................................................................ 32
3.3. Coleta das amostras de solo................................................................... 33
3.4. Fracionamento da MOS............................................................................ 33
3.5. Extração, isolamento e purificação de ácidos húmicos ....................... 35
3.6. Caracterização dos AHs........................................................................... 35
3.7. Densidade e riqueza das plântulas......................................................... 36
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................ 38
5. RESUMO E CONCLUSÕES............................................................................. 71
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................... 73
vi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Reagentes usados na extração das substâncias húmicas do solo...... 15
Quadro 2- Acidez total, carboxílica (COOH) e OH fenólica de ácidos húmicos
de diferentes solos (cmol
kg AH).
c
-1
...................................................... 20
Quadro 3- Principais bandas de absorção na região de infravermelho de ácidos
húmicos
................................................................................................. 27
Quadro 4- Propriedades químicas e granulometria de um Gleissolo sob mata
alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B) e Argissolo sob
plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16, e 18 anos (C, D e
E), em duas profundidades.
.................................................................. 41
Quadro 5- Conteúdo médio (± erro padrão) de carbono das diferentes frações
da MOS de um Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob
mata de morrote (B) e Argissolo sob plantios abandonados de
eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e E), em duas profundidades
.. 44
Quadro 6- Composição elementar (± erro padrão) e razão atômica (livres de
cinzas e umidade) e percentagem de cinzas dos AHs extraídos de
um Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob mata de
morrote (B) e Argissolo sob plantios abandonados de eucaliptos com
14, 16 e 18 anos (C, D e E), em duas profundidades.
.......................... 51
vii
Quadro 7- Valores médios (± erro padrão) encontrados para acidez total,
carboxílica e fenólica; razão E
/E
e área do espectro de
fluorescência de emissão com excitação em 465 nm (A
) dos AHs
extraídos de um Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob
mata de morrote (B) e Argissolo sob plantios abandonados de
eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e E), em duas profundidades
4 6
465
.. 57
Quadro 8- Possíveis atribuições das bandas de absorção (cm ) encontradas
nos espectros de IV de AHs extraídos de um Gleissolo sob mata
alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B) e Argissolo sob
plantios abandonados de eucaliptos com 14,16 e 18 anos (C, D e E),
na profundidade 0 - 0,10 m
-1
................................................................... 63
Quadro 9- Possíveis atribuições das bandas de absorção (cm ) encontradas
nos espectros de IV de AHs extraídos de um Gleissolo sob mata
alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B) e Argissolo sob
plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e
E), na profundidade 0,10 - 0,20 m
-1
........................................................ 64
Quadro 10- Densidade (± erro padrão) e riqueza das plântulas sob fragmentos
de mata alagada (A), mata de morrote (B) e plantios abandonados
de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e E )
.................................... 69
viii
LISTA DE FIGURAS
Figura1- Composição da matéria orgânica do solo................................................. 9
Figura 2- Mecanismos de formação das SHs: compostos amino sintetizados
reduzindo açúcares (1), reagindo com quinonas (2 e 3) e com
ligninas modificadas (4). .
..................................................................... 11
Figura 3- Diagrama H/C versus O/C para AHs extraídos diferentes solos ........... 18
Figura 4- Principais tipos de estiramento molecular. ............................................ 24
Figura 5- Espectro de Infravermelho de ácidos húmicos de diversas fontes (A-
Mollisol, B- Leonardita, C- horizonte B do Spodosol, D- Turfa e E-
humato de sódio de A).
........................................................................ 26
Figura 6- Localização da Reserva Biológica União em Rio das Ostras – RJ........ 29
Figura 7- Cambissolo sob o fragmento de mata de morrote na ReBio União, RJ.30
Figura 8- Gleissolo sob o fragmento de mata alagada na ReBio União, RJ ......... 31
Figura 9- Argissolo sob os plantios abandonados de eucaliptos na Reserva
Biológica União, RJ
............................................................................... 32
Figura 10- Fracionamento da matéria orgânica do solo........................................ 34
ix
Figura 11- Esquema de parcela dividida em 16 sub-parcelas para o
levantamento da comunidade de plântulas, sendo - sub-parcelas
amostradas ........................................................................................... 37
Figura 12- Distribuição percentual do carbono das frações húmicas obtidas no
fracionamento químico de um Gleissolo sob mata alagada (A);
Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo sob plantios
abandonados de eucalipto com 14, 16 e 18 anos (C, D e E), em duas
profundidades.
. ..................................................................................... 45
Figura 13- Representação esquemática da interação de ácidos húmicos (AHs),
segundo o modelo tridimensional proposto por Schulten e Schnitzer
(1997), com a gibsita. .
.......................................................................... 49
Figura 14- Relação entre N e acidez fenólica dos AHs extraídos de um
Gleissolo sob mata alagada; Cambissolo sob mata de morrote e
Argissolo sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18
anos , em duas profundidades............
.................................................. 50
Figura 15- Diagrama H/C versus O/C para AHs extraídos de um Gleissolo sob
mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B) e Argissolo
sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D
e E), em duas profundidades (1=0 - 0,10 m e 2=0,10 - 0,20 m).
.......... 54
Figura 16- Espectros de infravermelho de AHs extraídos de um Gleissolo sob
mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B) e Argissolo
sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D
e E), na profundidade 0 - 0,10 m.
......................................................... 65
Figura 17- Espectros de infravermelho de AHs extraídos de um Gleissolo sob
mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B) e Argissolo
sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D
e E), na profundidade 0,10 - 0,20 m.
..................................................... 66
x
RESUMO
MIRANDA, Cristiana do Couto; MS.; Universidade Estadual do Norte Fluminense
Darcy Ribeiro; março, 2005; Caracterização da Matéria Orgânica do Solo em
fragmentos de Mata Atlântica e em plantios abandonados de eucalipto, Reserva
Biológica União-RJ; Orientador: Prof. Luciano Pasqualoto Canellas; Co-
orientador: Prof. Marcelo Trindade Nascimento.
A Mata Atlântica no Estado do Rio de Janeiro está reduzida a 19% de sua
cobertura original. Parte desses remanescentes florestais está localizada na
Reserva Biológica União, que também possui plantios de eucalipto que foram
abandonados com a implantação da reserva. A compreensão do funcionamento
desses ecossistemas é uma ferramenta necessária para a execução de um
manejo eficiente da recuperação e conservação da reserva. No entanto, estudos
sobre solos de fragmentos florestais de Mata Atlântica são mais escassos. Nesse
contexto, a matéria orgânica do solo (MOS) destaca-se através do seu papel
fundamental nos ciclos biogeoquímicos e como condicionador das propriedades
físicas, químicas e biológicas do solo, sustentando a imensa biodiversidade desse
bioma. As substâncias húmicas (SHs) constituem a fração estável do carbono. A
xi
natureza química dessas frações húmicas reflete os processos de gênese do solo
e da história social de seu uso e pode ser usada como um marcador estável da
qualidade da matéria orgânica. O objetivo deste estudo foi usar a qualidade da
matéria orgânica como um indicador do ambiente edáfico em áreas de mata
nativa e de plantios abandonados de eucalipto de diferentes idades, localizados
na Reserva Biológica União, RJ. Para tanto, foram avaliadas a distribuição da
matéria orgânica humificada do solo através do fracionamento químico, e a
natureza química de ácidos húmicos através de métodos químicos e
espectroscópicos. Além disso, estudou-se uma possível relação entre a qualidade
da matéria orgânica humificada e a regeneração de espécies nativas. Foram
realizadas amostras compostas de solo em duas profundidades (0 - 0,10 m e 0,10
- 0,20 m). Os solos da reserva apresentaram fertilidade natural muito baixa
indicada pela baixa CTC (< 6 cmol
c
kg
-1
), pH ácido (<5,5) e elevado conteúdo de
Al (entorno de 2 cmol
c
kg
-1
), condições estas limitantes para o processo de
humificação. As SHs representaram, portanto, menos de 50% do carbono
prontamente oxidável, indicando que a serrapilheira tem o papel central na
nutrição das plantas e microrganismos. A distribuição relativa das frações que
compõem a matéria orgânica humificada não foi alterada pela cobertura vegetal e
nem pela classe de solo. Os ácidos húmicos apresentaram natureza química
semelhante à normalmente encontrada para os ácidos fúlvicos tais como baixo
conteúdo de carbono, razões H/C e O/C elevadas e acidez elevada,
caracterizando material humificado pouco condensado. Porém, foi possível
observar, através dos métodos espectroscópicos, diferenças entre os ácidos
húmicos. A análise de infravermelho permitiu identificar diferenças na estrutura
dos ácidos húmicos, apesar da funcionalidade similar indicando a presença de
efeito do tipo de solo e da cobertura de vegetação, na assinatura química dos
ácidos húmicos. O material humificado isolado da Mata Atlântica apresentou
maior intensidade de fluorescência sugerindo maior labilidade e capacidade de
ceder elétrons para reações químicas do solo. As diferenças discretas na
qualidade da MOS e a baixa fertilidade natural dos solos estudados indicam que
outros fatores ambientais devem estar influenciando para a baixa regeneração de
espécies nativas nas áreas de eucaliptos e necessitam ser avaliados.
xii
ABSTRACT
MIRANDA, Cristiana do Couto; MS.; State University of North Fluminense Darcy
Ribeiro; march, 2005; Characterization of the soil Organic Matter in fragments of
Atlantic Forest and plantations abandoned of eucalypto, União Biological Reserve-
RJ; Adviser: Prof. Luciano Pasqualoto Canellas; Co-adviser: Prof. Marcelo
Trindade Nascimento.
Forest Atlantic in the State of Rio de Janeiro is reduced 19% of its original
covering. Part of these forest remainders is located in the União Biological
Reserve, that also possess plantations of eucalypto that they had been
abandoned with the implantation of the reserve. The understanding of the
functioning of these ecosystems is a necessary tool for the execution of an
efficient handling of the recovery and conservation of the reserve. However,
studies about soil of fragments of Forest Atlantic are scarcer. In this context, the
soil organic matter (SOM) is distinguished through its basic paper in the
biogeochemical cycles and as conditioning of the physical, chemical and biological
properties of the soil, having supported the immense biodiversity of this biome.
The humic substances (HSs) constitute the stable fraction of carbon. The chemical
xiii
nature of these humics fractions reflects genesis processes the soil and social
history of its use and can be used as a quality marker of the organic matter. The
aim of this study was to use the quality of the organic matter as a marker of the
soil environment in areas of native forest and plantations abandoned of eucalypto
of different ages, located in the União Biological Reserve, RJ. This, it has been
evaluated the distribution of the humified fractions of the soil organic matter and
the chemical nature of humic acids by chemical and spectroscopic methods.
Moreover, a possible relationship was studied between the quality of the humified
organic matter and the regeneration of native species. Soil samples were colleted
at the two depths (0 - 0,10 m and 0,10 - 0,20 m). The soil of the reserve had
presented very low natural fertility indicated CEC (< 6 cmol
c
kg
-1
), acid pH (< 5,5)
and high content of Al (around 2 cmol
c
kg
-1
), conditions are limitents to
humification process. Therefore, HSs had represented less than 50% of readily
oxized carbon, indicating that the litter has the central role in the plants and
microorganisms nutrition. The relative distribution of the humic fractions wasn’t
modified by the vegetal covering and nor by the soil class. The humic acids had
showed similar chemical nature to normally found for the fulvic acids such as low
carbon content and ration H/C, ration O/C and acidity high, characterizing humified
material with low chemical evolution. However, it was possible to observe, through
the spectroscopic methods, differences between the humic acids. The IR analysis
allowed to identify differences in the structure of the humic acids, despite the
similar functionality indicating the presence of effect of the type of soil and the
covering of vegetation, in the chemical signature of these substances. The isolated
humified material of Forest Atlantic presented greater fluorescence intensity
suggesting high lability and capacity electrons donation for soil chemical reactions.
The discrete differences in the quality of SOM and low natural fertility of studied
indicate that other environment factors must be influencing for low regeneration of
native species in the areas of eucalyptos and need to be evaluated.
xiv
1
1. INTRODUÇÃO
A Mata Atlântica é uma floresta tropical pluvial originalmente contígua,
que se estendia do Nordeste ao Sul do país, ao longo da costa atlântica, com
área correspondente a aproximadamente 15% do Brasil (IBGE, 2001).
Compreende um complexo exuberante de ecossistemas que apresenta uma
grande diversidade na fauna e flora, muitas vezes endêmica, contendo uma
riqueza de patrimônio genético e paisagístico único de valor mundial. No entanto,
é um dos biomas mais ameaçados do mundo, e encontra-se reduzida em 7% de
sua cobertura original (Fundação SOS Mata Atlântica, 2001) devido à pressão dos
ciclos econômicos iniciados desde o descobrimento do Brasil. A posterior
intensificação da pressão demográfica e imobiliária agravou o problema. O Rio de
Janeiro é um dos Estados que mais sofreram com o processo de devastação,
restando apenas 19,24% da cobertura original (Fundação SOS Mata Atlântica,
2001). Essa retirada da cobertura vegetal nativa gerou grandes problemas
ambientais, tais como a degradação do solo com a perda da matéria orgânica do
solo (MOS) devido à intensidade e ao modelo de exploração.
Nesse contexto, a preocupação com a conservação e restauração da
Mata Atlântica vem crescendo nos últimos anos. Pesquisas têm demonstrado que
a implantação de espécies arbóreas de rápido crescimento em áreas devastadas,
como eucaliptos, ajuda na regeneração da mata (Lima, 1996), promovendo
material orgânico e sombreamento necessários para as espécies nativas (Silva
Junior et al., 1995). Entretanto, há algumas controvérsias (Resende et al., 1997;
Lisanework e Michelsen, 1994; Ndaw, 2003), tornando necessários mais estudos
sobre esse processo. Nos ambientes tropicais e subtropicais de ocorrência natural
da Mata Atlântica, onde há predominância de solos altamente intemperizados, a
MOS tem um papel fundamental (Odum, 1988). Isto pode ser atribuído às
múltiplas funcionalidades da MOS na produtividade do solo, que congregam a
capacidade elevada de reter cátions; o fornecimento de nutrientes (ex: N, P, S); a
influência no pH do solo; a promoção da estabilidade da estrutura do solo; o
favorecimento da infiltração e retenção de água, da aeração e da atividade da
biomassa microbiana (Zech et al., 1997; Bayer e Mielniczuk, 1999).
A MOS pode ser compreendida como um sistema complexo de
substâncias, composta por resíduos de plantas e animais, em diferentes estádios
de decomposição, assim como a biomassa microbiana (Moreno, 1996). A MOS
morta é composta pelas frações não humificadas (restos vegetais e animais
pouco decompostos e compostos orgânicos com categoria química definidas tais
como aminoácidos, açúcares, ácidos graxos, etc...) e humificadas (substâncias
húmicas). As diferentes frações de carbono orgânico humificado do solo
apresentam características químicas, físicas e morfológicas diferenciadas entre si,
e a distribuição destas frações no solo pode indicar a qualidade da MOS (Lima,
2004). Os ácidos húmicos (AHs), constituintes das substâncias húmicas (SHs),
são compostos humificados estáveis, i.e., de difícil degradação (Stevenson,
1994). Esses compostos interagem com o meio circuldante interferindo nas
propriedades químicas, físicas e biológicas do solo (Canellas, 1999). São,
portanto, um marcador natural do processo de humificação e refletem tanto a
condição de gênese como a de manejo do solo (Zech et al., 1977).
A caracterização dos AHs pode auxiliar na compreensão da dinâmica da
MOS, funcionando como um indicador do ambiente solo. Assim, monitoramentos
do uso e alternativas de recuperação dos solos, conservação e ampliações dos
remanescentes de Mata Atlântica podem ser mais eficientes.
Os objetivos deste trabalho foram avaliar a distribuição das frações
húmicas, as características químicas e espectroscópicas dos AHs extraídos dos
3
solos de fragmentos de mata nativa e de plantios abandonados de eucalipto de
diferentes idades, localizados na Reserva Biológica União, RJ. Além disso,
também se estudou uma possível relação entre qualidade da matéria orgânica
humificada e a densidade e riqueza de plântulas nessas áreas analisadas.
2. REVISÃO DE LITERATURA
A destruição da Mata Atlântica foi mais acentuada nas três últimas
décadas com o incremento da industrialização. Hoje, quase todas as florestas
originais estão devastadas, e a contínua degradação dos remanescentes
florestais existentes está colocando a Mata Atlântica como um conjunto de
ecossistemas ameaçados de extinção (Fundação SOS Mata Atlântica, 2001).
As iniciativas de proteção da Mata Atlântica tiveram início no Brasil na
década de 80 com uma intensa mobilização da sociedade civil para a preservação
desse bioma. Unidades de conservação (UCs) foram criadas com intuito de
preservar e conservar o bioma atlântico, porém, essas áreas correspondem a
apenas 2% dos remanescentes (RadamBrasil, 1981).
O Estado do Rio de Janeiro contém uma importante região de Mata
Atlântica, abriga enorme biodiversidade de grupos da flora e fauna e é um dos
maiores centros de endemismo do país (Rocha et al., 2003). No entanto, sofreu
um intenso processo de fragmentação, estando atualmente representada por
apenas 19% de mata da sua cobertura original (Fundação SOS Mata Atlântica,
2001). A Mata Atlântica da região Norte Fluminense sofreu grande processo de
5
desmatamento, sendo substituída por pastagens, plantações de cana-de-açúcar e
plantios de eucalipto, resultando numa vegetação remanescente altamente
fragmentada (Rocha et al., 2003), que, muitas vezes, localiza-se em propriedades
privadas. Apenas uma fração sofreu pouca perturbação antrópica. Nesta região
existem duas UCs, que estão em áreas de Mata Atlântica de Baixada as
Reservas Biológicas Poço das Antas e União. Esta última, antes conhecida como
Fazenda União, pertencia à Rede Ferroviária Federal, vinculada ao Ministério de
Transporte. Nesta época, foi realizado um plantio de eucalipto para produção de
dormentes, com intuito de abastecer a linha férrea. Hoje esse plantio cobre 215
ha da reserva. Durante o trabalho de tese da pesquisadora da Associação Mico-
Leão-Dourado-AMLD, Cecília Kierulff, a então fazenda União foi identificada como
sendo uma área de grande importância para a conservação dessa espécie
animal, além de possuir uma das mais preservadas áreas de Mata Atlântica de
baixada contínua do Estado do Rio de Janeiro. Em 1996, com a privatização da
Rede Ferroviária, o IBAMA, Instituições Científicas, ONGs e conservacionistas de
várias nacionalidades solicitaram ao Governo Federal que a área fosse
transformada em uma UC. Pelo decreto de 22/04/1998, a área foi então
transformada na Reserva Biológica União.
Em 1994 foram iniciados estudos sobre a fenologia de plantas utilizadas
pelo mico leão dourado, dentro do Projeto Translocação, coordenado pela
Associação Mico-Leão-Dourado. Entretanto, os estudos se intensificaram a partir
de 1999, após assinatura de convênio de cooperação técnica entre o Laboratório
de Ciências Ambientais da UENF e o IBAMA, o qual já deu origem a estudos
acerca do sub-bosque dos plantios de eucalipto abandonados, como o
levantamento florístico (Rabelo, 2003), a análise de nutrientes do solo (Villela et
al., 2001a), a avaliação da biomassa do estrato rasteiro e do estoque de
serrapilheira (Villela et al., 2001b), e o levantamento florístico da mata nativa
(Rodrigues, 2004), entre outros. Embora se destaque a importância das UCs
neste cenário de destruição de áreas naturais, causado pela expansão da
civilização humana, ainda são escassos os estudos na área da ecologia vegetal e
solos nas matas da Reserva Biológica União.
Para se propor alternativas mais eficientes de preservação, conservação
e recuperação nas áreas de Mata Atlântica remanescentes, é necessário
conhecer o funcionamento desses ecossistemas e suas modificações frente às
perturbações.
2.1. Aspectos gerais da funcionalidade de ecossistemas florestais tropicais
Em um ecossistema natural, a regulação interna de seu funcionamento é,
basicamente, um produto da diversidade biológica, que controla o fluxo de energia
e nutrientes (Swift e Anderson, 1993). Nos ecossistemas tropicais, os solos são,
geralmente, bastante intemperizados, apresentando baixa fertilidade natural.
Portanto, o crescimento de espécies nativas e cultivadas depende da composição
da serrapilheira para o "status" de nutrição do solo (Okeke e Omaiko, 1992). A
matéria orgânica atua como a principal fonte de nutrientes para o crescimento
vegetal através da decomposição e liberação de nutrientes pelos microrganismos
e pela fauna do solo (Correia e Andrade, 1999). Essa parte orgânica do solo é um
sistema dinâmico que se renova continuamente como resultado da neoformação
e decomposição das substâncias que a integram. Esse processo é dependente
tanto de fatores bióticos como a cobertura vegetal, atividade dos microrganismos
e fauna do solo quanto de fatores abióticos tais como regime hídrico e térmico e
propriedades química e física do solo (Kononova, 1982). Nesse contexto, a
cobertura vegetal tem um papel fundamental, pois é a principal fornecedora de
compostos orgânicos através da ciclagem de nutrientes. Além disso, atua como a
principal fonte de energia para os microrganismos e animais do solo
determinando a quantidade e a natureza dos restos vegetais, assim como a
decomposição no solo (Kononova, 1982). Quanto maior a diversidade da
comunidade vegetal, maior será a heterogeneidade da serrapilheira, que
apresentará um maior número de nichos a serem colonizados, resultando em
maior diversidade das comunidades da fauna do solo (Correia e Andrade, 1999)
que atuam diretamente na formação da MOS. Entretanto, a permuta de florestas
nativas por florestas plantadas diminui a diversidade vegetal, ocasionando
mudanças nesse processo.
A baixa qualidade da serrapilheira encontrada em florestas plantadas
como as de eucalipto, é devido à alta concentração de lignina, que é a substância
mais resistente à decomposição e conseqüentemente, à liberação de nutrientes
para a regeneração de outras espécies (Lisanework e Michelsen, 1994; Ndaw,
2003; Froufe, 2003). Quanto melhor a qualidade nutricional e orgânica do
7
material, mais eficiente é a biomassa microbiana na mineralização dos nutrientes,
principalmente do nitrogênio (N). Além disso, a grande eficiência na ciclagem
interna de nutrientes que leva ao rápido crescimento de espécies exóticas, como
eucaliptos, proporciona menor liberação de nutrientes para o solo (Lisanework e
Michelsen, 1994). Isso afeta a diversidade da fauna do solo (Resende et al.,
1997). Alguns estudos afirmam que a redução da diversidade de espécies atua
negativamente na produtividade do ecossistema, alterando o desempenho deste
(Naeem et al., 1994; Tilman et al., 1996; Niklaus et al., 2001; Ndaw, 2003), além
da retenção de nutrientes (Tilman et al., 1996; Hooper, 1998), devido à diminuição
da diversidade microbiológica, que, por sua vez, afeta na imobilização dos
nutrientes no solo. Entretanto, pesquisas com espécies de gramíneas temperadas
mostraram que a diversidade tem pouco efeito sobre a biota do solo e teor de
nutrientes (Gastine et al., 2003), demonstrando a necessidade de mais estudos
nessa área a fim de se compreender melhor a influência da densidade e
diversidade de plantas na qualidade da MOS.
É evidente que a qualidade do substrato representa um fator primordial
na velocidade e no tipo de húmus formado. As formas de húmus estão
intimamente relacionadas com os diferentes ecossistemas, resumindo os dois
processos básicos que caracterizam o seu funcionamento, que são a
produtividade e a decomposição (Kindel e Garay, 2001).
A estreita interação entre matéria orgânica e cobertura vegetal mostra as
diferentes relações entre ambientes. A decomposição da matéria orgânica pode
ser considerada a chave do processo dessa comunicação devido ao fluxo de
energia e de nutrientes no ecossistema, que é sensível à biodiversidade (Hector
et al., 2000), pois reflete a interação entre os componentes bióticos e abióticos do
sistema, expressando a qualidade do “ambiente solo” (Mielniczuk, 1999).
2.2. Matéria orgânica: aspectos gerais e humificação
A MOS representa a maior reserva de carbono terrestre (Schnitzer, 1991;
Zech et al., 1997). Sua constituição compreende um conjunto de compartimentos
orgânicos dentro do sistema solo (Figura 1), que são representados pela fração
viva (raízes de plantas, fauna e microrganismos do solo) e pela fração morta, que
se subdivide em fração não humificada (restos vegetais e animais pouco
decompostos e compostos orgânicos com categoria bioquímica bem definida,
como ceras, polissacarídeos e proteínas) e fração humificada (sem estrutura
definida, resistente ao ataque microbiano, denominada substâncias húmicas)
(Theng et al., 1989). Esse sistema complexo de substâncias é governado pela
sua transformação contínua sob ação de fatores biológicos, químicos e físicos
(Camargo et al., 1999) tais como a natureza dos restos orgânicos, que consistem
principalmente da cobertura vegetal; a fauna e microbiota do solo, responsáveis
pela decomposição da MOS; o clima, que é determinante sobre a vegetação;
umidade; aeração; temperatura; presença de determinados nutrientes, para a
propagação microbiana; característica mineralógica do solo; pH do solo; presença
de substâncias inibidoras e atuação humana (Moreno, 1996).
A incorporação da MOS ao solo, após a morte dos organismos, promove
a continuidade dos ciclos biogeoquímicos, principalmente do carbono, do
nitrogênio, do fósforo e do enxofre, participando da regulação dos ciclos de
matéria, energia e de seres vivos.
Nos solos tropicais altamente intemperizados, a MOS tem um importante
papel na produtividade, pois domina a reserva de nutrientes (N, P, S, como
cátions básicos, Ca, Mg, K e Na); melhora a capacidade de reter água, influencia
no pH do solo, apresenta um papel cimentante na estrutura do solo; possui alta
capacidade de troca catiônica (CTC) evitando a lixiviação de cátions metais (Zech
et al., 1997) além de estimular vários processos fisiológicos e bioquímicos
associados ao metabolismo celular (Schnitzer, 1991; Canellas et al., 2002a).
Desta forma, perdas de MOS e de suas funções levam a perdas da qualidade do
ambiente (Sanchez et al., 2003).
9
Viva
raramente > 4%
do C orgânico
MOS
Morta
±
98% do C orgânico
Matéria Macroorgânica Resíduos vegetais de diferentes
estádios de decomposição
Húmus (80-90%) Sustâncias não húmicas (30%)
Lideos
Ácidos orgânicos de baixo
peso molecular
Protnas
Pigmentos
Substâncias húmicas (70%)
Ácidosmicos
Ácidos fúvicos
Huminas
Microrganismos Fungos
(60-80%) Bactérias
Microfauna *Protozoários
*Nematóides
Macrorganismos Mesofauna * Ácaros
(15-30%) Macrofauna *Minhocas
*Térmitas
Raízes
(5-10%)
Figura 1- Composição da matéria orgânica do solo. Fonte: Machado (1999).
A estrutura e a qualidade da MOS e os padrões de distribuição dos
nutrientes funcionam como diagnóstico da integridade do ecossistema a partir do
momento que estão em relação direta com sua biodiversidade, podendo ser
utilizados como indicadores do estado de sistemas perturbados (Kindel, 2001).
A evolução da MOS compreende as transformações ocorridas desde a
incorporação da matéria orgânica fresca até a formação de frações humificadas
mais estáveis. Essas transformações são separadas teorica/esquematicamente
em dois processos segundo Camargo et al. (1999), ou seja, a mineralização e a
humificação. A mineralização é o processo correspondente à degradação dos
compostos orgânicos pela atividade biológica, transformando cerca de 70 a 80%
da matéria orgânica em moléculas simples, como CO
2
e H
2
O, permanecendo no
solo uma pequena fração de compostos solúveis e compostos lignificados
parcialmente transformados. Já a humificação, genericamente engloba, as
reações bioquímicas de formação de compostos orgânicos mais complexos,
baseada na síntese e/ou ressíntese dos produtos da mineralização dos
compostos orgânicos que chegam ao solo. Essas transformações incluem um
conjunto de reações de oxidação, desidratação, hidrólise, descarboxilação e
condensação, que são influenciadas pelas condições do solo tais como: tipo de
argila, pH e teor de bases (Zech et al., 1997) e pela composição química dos
resíduos orgânicos, que afetam a atividade dos microrganismos influenciando
diretamente nesse processo (Kononova, 1982).
Stevenson (1994) reuniu três mecanismos básicos de formação das
substâncias húmicas (SHs): (I) compostos nitrogenados oriundos da atividade
microbiológica que podem reagir com ligninas modificadas; (II) polifenóis que
podem ser oxidados até quinonas, e posteriormente, condensados através de
reações com compostos aminados; e (III) açúcares reduzidos que podem reagir
com compostos aminados evoluindo até macropolímeros de coloração escura e
massa molecular elevada (Figura 2). As SHs resultantes do processo de
humificação representam a fração mais estável da MOS, atribuída à
heterogeneidade química e às interações com cátions e minerais argilosos (Theng
et al., 1989; Canellas, 1999). De acordo com Moreno (1996), as SHs representam
um conjunto heterogêneo de substâncias muito polimerizadas, de peso molecular
relativamente alto, que reúnem compostos aromáticos e alifáticos em sua
estrutura, apresentam coloração escura, propriedades coloidais e hidrofílicas
marcadas e alta capacidade de intercâmbio iônico.
De forma operacional, as SHs podem ser classificadas em ácidos fúlvicos
(AF), solúveis em meio ácido ou básico; ácidos húmicos (AH), solúveis em meio
básico e insolúveis em meio fortemente ácido, e pela fração residual da extração
alcalina denominada huminas (Figura 1).
11
Resíduos de plantas
Transformação por microrganismos
Compostos amino
Açúcares
Polifenóis
Ligninas
modificadas
Produtos da
decomposição
de li
g
nina
Quinonas
Substâncias Húmicas
3
4
Qu
in
o
n
as
2
1
Figura 2- Mecanismos de formação das SHs: compostos amino sintetizados
reduzindo açúcares (1), reagindo com quinonas (2 e 3) e com ligninas
modificadas (4). Fonte: Stevenson (1994).
As diferentes frações humificadas apresentam características químicas,
físicas e morfológicas diferenciadas entre si, e a distribuição destas no solo pode
indicar a qualidade da matéria orgânica. O uso da distribuição relativa das frações
de matéria orgânica foi proposto por Kononova (1982) e Schnitzer (1991) como
indicador da mudança de manejo do solo ou da qualidade do ambiente.
Em regiões distintas, como Cerrado e Floresta Amazônica, a mudança da
cobertura vegetal natural para pastagem refletiu na diminuição de ácido fúlvico e
humina e nos teores de N-total e C-orgânico, evidenciando o efeito do tipo da
cobertura vegetal sobre teor e distribuição dos componentes orgânicos em solos
tropicais (Longo e Espíndola, 2000). Entretanto, alguns estudos demonstraram
que, em áreas agrícolas, as diferentes coberturas não refletem grandes
mudanças qualitativas na distribuição das frações humificadas e nas
características químicas de AHs do solo (Ceretta, 1995; Canellas et al., 2002b).
No entanto, solos de sistemas naturais, geralmente não possuem uniformidade
como nas áreas agrícolas.
Assumindo qualquer das várias possibilidades para o processo de
estabilização dos compostos orgânicos no solo, os AHs representam a fração
intermediária entre a estabilização dos compostos, pela interação com a matéria
mineral (huminas), e a ocorrência de ácidos orgânicos oxidados livres na solução
do solo (ácidos fúlvicos livres ou associados). Os AHs são, portanto, um marcador
natural do processo de humificação e refletem, como tal, tanto a condição de
gênese como de manejo do solo (Moreno, 1996). Solos de ambientes
temperados, naturalmente férteis, apresentam teores relativos maiores de AHs e
valores da relação C
AH
/C
AF
maiores que 1,0, variando de 0,7 a 2,5, (Kononova,
1982). Já a fração orgânica dos solos tropicais é dominada pelas huminas, e tanto
a intensa mineralização dos resíduos como restrições edáficas à atividade
biológica tornam os valores da relação C
AH
/C
AF
menores do que 1,0 (Dabin, 1981;
Canellas et al., 2000). De uma forma geral, o baixo conteúdo de bases trocáveis
nos solos mais intemperizados diminui a intensidade dos processos de
humificação (condensação e síntese). Em conseqüência, a relação C
AH
/C
AF
é
menor.
2.3. Ácidos húmicos (AHs)
Os AHs são definidos genericamente como macromoléculas orgânicas de
massa molecular relativamente elevada e de coloração escura (Stevenson, 1994).
Essa fração possui um papel chave como composto orgânico humificado
marcador no solo, uma vez que, durante o processo de humificação, é esta a
fração que sofre as maiores mudanças em sua estrutura. Nos ácidos fúlvicos e
huminas ocorrem somente pequenas alterações na estrutura (Kögel-Knaber et al.,
1987). Mais tarde, Zech et al. (1997) confirmaram estas observações baseadas
no fato de que o comportamento espectroscópico dos ácidos fúlvicos é
essencialmente de polissacarídeos e os das huminas é de biopolímeros
transformados de natureza apolar, intimamente associados à fração mineral sem
maiores alterações em função do manejo do solo.
Os AHs foram usados para avaliação do efeito da cobertura vegetal sobre
a qualidade da MOS (Sighal e Sharma, 1983; Zhang et al., 1988; Martin et al.,
1998; Canellas et al., 2002b; Lima, 2004) assim como o manejo sobre a qualidade
13
do solo (Bayer et al., 2000; Bayer et al., 2002). O efeito do relevo sobre a
qualidade de MOS pode ser observado através da distribuição das frações
humificadas (Canellas et al., 2000); das características dos AHs (Bravard e Righi,
1991) e do material de origem na composição do húmus do solo (Barancìková et
al., 1997).
Os AHs apresentam quatro grandes sub-unidades estruturais formadas
por (I) longas cadeias alquílicas, (II) polissacarídeos e compostos nitrogenados,
(III) derivados aromáticos e (IV) grupamentos carboxílicos (Stevenson, 1994). A
composição dessas sub-unidades estruturais difere substancialmente entre os
diferentes tipos de solos e pode ser usada como um marcador das modificações
do ambiente (Zech et al.,1997). O grau de evolução dos AHs indica a extensão do
processo de humificação. Os parâmetros mais comuns que norteiam o conceito
de evolução dos AHs (e das SHs em geral) são as transformações químicas
avaliadas pela diminuição do grau de oxigenação, ou seja, diminuição no
conteúdo de grupamentos CO
2
H, CO, OH e OCH
3
(Kögel-Knaber et al., 1987); a
diminuição da absorvância nos AHs mais evoluídos (Kumada, 1987); a razão
E
4
/E
6
(absorbância em 465 nm/absorbância em 665 nm) relacionada
inversamente por Kononova (1982) com a massa molecular e com grau de
complexidade estrutural; a diminuição do teor de radicais livres do tipo quinonas
(Pérez et al., 2004), e, finalmente, o aumento do conteúdo de C na composição
elementar (Stevenson, 1994).
Modificações quantitativas e qualitativas da MOS podem ser usadas
como indicadores sensíveis da sustentabilidade de um sistema (Mielniczuk,
1999). O fracionamento da MOS e a extração, isolamento e purificação dos AHs
são etapas fundamentais para a caracterização química das frações húmicas.
2.4. Caracterização química da matéria orgânica do solo (MOS)
Nas últimas décadas, as pesquisas sobre substâncias húmicas (SHs)
tiveram um grande salto devido à utilização de novas técnicas analíticas e
espectroscópicas. Além disso, o aperfeiçoamento das técnicas de fracionamento
da MOS, isolamento e purificação do material humificado também colaborou
nesse processo.
A separação das SHs da fração mineral, dos materiais não humificados e
da fração viva do solo, assim como a obtenção de frações mais homogêneas, é
necessária para a caracterização química através da composição elementar,
análise de grupos funcionais, análises espectroscópicas de ultravioleta-visível
(UV-Visível), fluorescência e infravermelho (IV), que foram utilizadas neste
estudo.
2.4.1. Fracionamento químico das substâncias húmicas (SHs)
Para que as frações húmicas (AHs, AFs e huminas) sejam isoladas no
processo de fracionamento, são utilizados solventes que conseguem solubilizar
esse material. Stevenson (1994) considera que o solvente ideal deveria permitir o
isolamento do material sem alteração de suas características físico-químicas;
extrair as SHs livres de contaminantes inorgânicos, como argila e cátions
polivalentes e ainda poderia ser aplicado em todos os tipos de solos. Isso ainda
não é possível, no entanto, diversos solventes são disponíveis para a extração
desses materiais. De acordo com suas características químicas e físicas, os
principais solventes utilizados na extração de SHs são as bases fortes, sais
neutros e, ainda, os solventes orgânicos (Guerra e Santos, 1999).
Os diversos solventes apresentam suas respectivas vantagens e
desvantagens tais como o NaOH, que extrai maior porcentagem de material do
que qualquer outro extrator, mas pode provocar dissolução de ácido sílico,
contaminando o material húmico; a dissolução de materiais ainda não
degradados; as alterações químicas (hidrólise de polímeros, aminoácidos e
açúcares ou reações de condensação entre compostos nitrogenados, fenóis ou
aldeídos) levando à formação artificial de AHs; e a reação com o oxigênio da
solução extratora, que pode promover alterações no material húmico extraído,
sendo esta última evitada com a manipulação na atmosfera de nitrogênio (Guerra
e Santos, 1999). Os solventes extraem diferentes percentagens do material
humificado (quadro 1). No entanto, as soluções aquosas de bases como NaOH
0,1 ou 0,5 mol L
-1
são eficientes na extração do material húmico, e o tratamento
prévio com H
3
PO
4
2mol L
-1
remove Ca
2+
e outros cátions polivalentes da solução,
aumentando os rendimentos da extração. Isso ocorre devido ao mecanismo de
repulsão eletrostática das cargas negativas dos grupamentos funcionais ácidos
que estão dissociados em valores elevados de pH (Canellas et al., 1999). Além
disso, a Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS) padroniza essa
15
extração com a utilização de NaOH 0,5 mol L
-1
, na razão solvente:solo 1:10 (v:v),
de forma a possibilitar as comparações entre os diversos trabalhos.
Quadro 1- Reagentes usados na extração das substâncias húmicas do solo
Tipo de Material Extrator Matéria orgânica extraída
(%)
Bases Fortes
NaOH 80%
Na
2
CO
3
30%
Sais neutros
Na
4
P
2
O
7
, NaF, 30%
Sais de ácidos orgânicos 30%
Quelatos orgânicos
Acetylacetone Cupferron 8-
hydroxyquinoline
30%
Ácido fórmico (HCOOH) 55%
Substâncias
húmicas
Acetona-H
2
O-HCl 20%
Fonte: Stevenson (1994).
2.4.2. Extração, isolamento e purificação dos AHs
Dentre as frações das SHs, o AH é o componente que sofre as maiores
alterações no processo de humificação. Sua caracterização pode refletir um
indicador do ambiente solo. No entanto, para identificação das propriedades
físico-químicas são necessárioas a separação e purificação dos AHs das demais
frações, sejam minerais ou orgânicas.
A extração dos AHs pode ser realizada através das bases, sais neutros e
solventes orgânicos. Soluções aquosas de NaOH 0,1 ou 0,5mol L
-1
são
freqüentemente utilizadas na extração e purificação dos AHs. Sua solvatação,
nesse extrato alcalino se deve ao mecanismo de repulsão eletrostática das
cargas negativas dos grupamentos funcionais ácidos que estão dissociados em
valores elevados de pH (Canellas, 1999).
Em geral, diversos extratores podem ser utilizados, como citado no item
anterior. No entanto, a Sociedade Internacional de Substâncias Húmicas (IHSS)
apresenta uma padronização de metodologias e extratores, a qual segue este
presente estudo. Essa extração é feita com NaOH 0,5 mol L
-1
sob atmosfera de
N
2
. Uma redução considerável das impurezas minerais é obtida pelo tratamento
com HCl–HF e diálise contra água deionizada (membrana 14 Kda, Thomas Sci.,
Inc.), pois o HF tem capacidade de dissolver argilo-minerais formando complexos
solúveis com silício.
2.5. Composição elementar dos AHs
As SHs são moléculas heterogêneas complexas, sem estrutura definida,
mas que possuem componentes característicos em sua formação (Piccolo, 2002).
Dessa forma, a composição elementar, ou seja, a distribuição relativa dos
principais átomos presentes na rede estrutural das frações húmicas (C, H, O, N e
S), expressa, de certa forma, os processos de sua formação e indica seu grau de
evolução, além deste ser influenciado por fatores como pH, material de origem,
vegetação e idade do solo (Stevenson, 1994). Essa análise revela que os AHs
apresentam uma natureza química particular, distinta de qualquer substância
animal ou vegetal (Kononova,1982).
A composição elementar pode ser obtida por analisadores elementares
disponíveis comercialmente. Utiliza-se pequena quantidade de AH, (em
miligramas), e os gases liberados durante a combustão das amostras são
analisados. O conteúdo relativo dos átomos é expresso em função da massa
inicial; para isto é necessário determinar o teor de cinzas (elementos minerais
persistentes no material após a purificação).
O conteúdo de O é obtido, geralmente, de forma indireta, pela diferença
do somatório da composição de C,H,N, de acordo com a seguinte fórmula:
O (%) = 100 – C% + N% + H%
Esta fórmula desconsidera os teores de enxofre presentes nos AHs, que
são normalmente baixos.
Com o avanço do processo de humificação ocorre aumento do conteúdo
de C e diminuição de H e O na estrutura húmica devido às reações de
polimerização e condensação (Canellas et al., 1999). Segundo estes autores, a
diminuição do conteúdo de O decorre principalmente, do processo de
17
descarboxilação, considerando que os AHs possuem menor conteúdo de
grupamentos COOH do que os AFs.
A partir da análise elementar é possível calcular as razões atômicas (O/C,
H/C e C/N) que podem ser utilizadas na caracterização de AHs (Rice e
MacCarthy, 1991; Lu et al., 2000). A magnitude da razão atômica H/C reflete,
indiretamente, o grau de insaturações, i.e., o grau de condensação das SHs
(Kononova, 1982; Stevenson, 1994). É possível inferir que uma provável natureza
mais alifática das estruturas húmicas corresponda a valores mais elevados da
relação H/C, e valores mais baixos da relação O/C indiquem material humificado
menos oxidado, com maior grau de condensação. Já a razão C/N pode ser
considerada um indicador de fontes das SHs no meio natural (Lu et al., 2000),
como de resíduos mais ou menos lignificados.
O gráfico formado pelas razões atômicas H/C versus O/C, conhecido
como diagrama de Van Krevelen, é freqüentemente usado como indicador da
intensidade das principais reações do processo de humificação (desidratação,
demetilação, descarboxilação, hidrogenação e oxidação) (Garcés, 1987; Rice e
MacCarthy, 1991). Exemplo desse diagrama pode ser observado na Figura 3.
Razão atômica
H/C
Razão atômica O/C
DESIDROGENAÇÃO
OXIDAÇÃO
HIDROGENAÇÃO
DESIDRATAÇÃO
DESCARBOXILAÇÃO
DEMETILAÇÃO
Figura 3- Diagrama H/C versus O/C para AHs extraídos de diferentes solos
(1=.Chernossolo Rendzico, 2= Planossolo Háplico Distrófico, 3=
Cambissolo Háplico Eutrófico, 4= Luvissolo, 5= Chernossolo Argilúvico
e 6= Cambissolo Hístico). Fonte: Baranciková et al. (1997).
2.6. Análise de grupamentos funcionais
As cargas negativas dependentes do pH do solo participam da maioria
das reações no solo, onde as substâncias húmicas possuem um papel importante
apresentando uma capacidade de troca catiônica (CTC) que varia de 400 a 1400
cmol
c
Kg
-1
(Canellas et al., 1999). As reações de troca catiônica são fundamentais
para o suprimento de nutrientes às plantas, na ciclagem de nutrientes e na
fertilidade do solo devido ao fornecimento de íons como K
+
, Ca
2+
, Mg
2+
, Cu
2+
,
Mn
2+
, entre outros, às plantas (Stevenson, 1994).
19
As cargas negativas susceptíveis às reações de substituição eletrofílicas
das SHs são fornecidas principalmente pelos grupos funcionais carboxílicos
(COOH) e OH-fenólicos (MacCarthy et al., 1990). Assim, a reatividade química
dos AHs pode ser medida obtendo-se a acidez total das moléculas, definida como
a soma dos grupamentos COOH e OH-fenólicos. No entanto, alguns problemas
ainda são apresentados na determinação desses grupamentos em função da
natureza complexa dos AHs, de sua insolubilização em água e, na maioria dos
solventes orgânicos, da sua interação com reagentes usados formando
derivados, e de sua natureza não estequiométrica (Stevenson, 1994).
Nesse contexto, diversos métodos de análise de cada um desses grupos,
foram desenvolvidos. Os métodos adotados neste estudo foram os descritos por
Schnitzer e Gupta (1965), pois são simples e não requerem equipamentos
especiais, podendo ser usados em análises de rotina. Assim, a acidez total é
determinada com a adição de Ba (OH)
2
0,5 mol L
-1
, baseando-se na liberação de
H
+
dos grupos ácidos que ionizam com o pH da solução reativa, conforme a
seguinte reação:
2RH + Ba(OH)
2
R
2
Ba + H
2
O
Onde R é a macromolécula e H é o próton do grupamento ácido (COOH ou OH
fenólico).
Para determinação da acidez carboxílica (COOH) é, geralmente, utilizado
o Ca(OAc)
2
, onde somente os grupos COOH ionizam, segundo a reação abaixo:
2RCOOH + Ca(CH
3
COO)
2
(RCOO)
2
Ca + 2CH
3
COOH
O ácido acético liberado é titulado com solução de NaOH 0,1 mol L
-1
.
A acidez fenólica é obtida pela diferença entre a acidez total e a acidez
carboxílica.
Essas cargas negativas dependentes do pH do solo permitem que os
AHs participem das reações da solução do solo, influenciando na dinâmica deste
(Canellas, et al. 1999). Além disso, a CTC dos AHs (Quadro 2) é
significativamente maior que a CTC dos minerais de argila 1:1, que predominam
em solos altamente intemperizados, como a caulinita (CTC de 3-5 cmol
c
Kg
-1
),
demonstrando o importante papel dessa fração nas reações do solo.
Quadro 2- Acidez total, carboxílica (COOH) e OH fenólica de ácidos húmicos de
diferentes solos (cmol
c
kg
-1
AH)
Solo Tipo de vegetação Acidez
Total
Acidez
COOH
Acidez OH
fenólica
Inceptisol Banana (Venezuela) 770 315 455
Alfisol Sorgo (Venezuela) 665 250 415
Entisol Savana (Venezuela) 1177 209 968
Vertisol Savana inundada
(Venezuela)
547 212 334
Oxisol Floresta alta
(Venezuela)
724 214 483
Spodosol Floresta de caatinga
amazónica (Venezuela)
715 290 425
Vertic
Cambisol
Gramínea (Itália) 757 382 375
Orthic Podzol Floresta de conífera
(França)
931 428 503
Argiudoll Cultivo convencional
(Argentina)
1070 380 690
Argiudoll Cultivo não
convencional
(Argentina)
1020 370 650
Brown
Reddish sand
Citrus (Israel) 772 360 412
Argissolo
Amarelo
Cana-de-açúcar (Brasil) 1340 1227 113
Argissolo
Amarelo
Eucalipto (Brasil) 1331 1321 111
Fonte: Chen et al. (1978); Rossel et al. (1989); Rivero et al. (1998); Canellas et al.
(2002b); Senesi et al. (2003).
21
2.7. Caracterização Espectroscópica
As técnicas espectroscópicas são dispositivos que colaboraram para o
grande avanço no estudo da MOS, no século XX. Essas técnicas conferem
medidas em diversas regiões do espectro eletromagnético, permitindo análises
não destrutivas e que requerem pouca quantidade de amostras (Stevenson,
1994). Além disso, são, na maioria, experimentos simples que não necessitam
de manipulação especial.
Para macromoléculas heterogêneas e com estruturas complexas como
as SHs, não é possível obter uma estrutura molecular discreta. No entanto, essas
análises espectroscópicas permitem a distinção das SHs de diversos ambientes,
caracterizando-as quanto às suas funcionalidades e reatividades.
Dentre as técnicas espectroscópicas mais utilizadas (Kononova, 1982;
Stevenson, 1994; Canellas, 1999; Senesi et al., 2003; Pérez et al., 2004), neste
trabalho destacaremos a absorção no ultravioleta-visível (UV-Visível) e a
espectroscopia de fluorencência, baseadas na transição molecular; e a
espectroscopia de infravermelho, baseada na vibração molecular.
2.7.1. Espectroscopia de UV-Visível: Razão E
4
/E
6
A introdução dessa técnica espectroscópica no estudo das SHs
aconteceu por volta de 1930, o que permitiu um grande avanço nesta área. Essa
técnica baseia-se nas transições eletrônicas resultantes da absorção de luz.
Essas transições liberam energia na forma de calor ou radiação eletromagnética
(Skoog et al., 2002).
A absorção de energia no UV-Visível corresponde à faixa de 200 a 800
nm. A absorção por compostos orgânicos deve-se à presença de cromóforos
(grupos de átomos com ligações insaturadas) que contêm elétrons de valência
com energia de excitação relativamente baixa (Skoog et al., 2002). Os
auxocromos são grupamentos (OR, NR
2
, NO
2
, ou CO
2
R) que alteram a
capacidade de absorção do cromóforo.
Os espectros de UV-Visível correspondem a um gráfico de freqüência ou
comprimento de onda de absorção em função da intensidade de absorção,
medida em absorbância. Para as SHs que apresentam grande quantidade e
variedade de grupos funcionais (Stevenson, 1994), os espectros de UV-Visível
não são bem definidos, pois apresentam sobreposição de bandas. No entanto,
podem fornecer informações importantes. A principal informação obtida é a razão
da absorbância em 465 nm/absorbância em 665 nm (razão E
4
/E
6
), baseada na
taxa de queda da absorção da luz com o comprimento de onda, que é
proporcional à diminuição da extensão da conjugação nos diferentes sistemas
orgânicos. Esta razão é determinada em função, principalmente, do tamanho da
partícula (peso molecular) e pH, além de se correlacionar com a concentração de
radicais livres, o conteúdo de O, C, COOH e a acidez total (Chen et al., 1977).
A razão E
4
/E
6
vem sendo usada em estudos comparativos da formação
de AHs em diversos solos, avaliando o efeito da gênese (Ghosh e Schnitzer,
1979) e da pluviosidade (Martin-Neto et al., 1998); além do efeito das diferentes
coberturas vegetais (Canellas et al., 2002b).
2.7.2- Espectroscopia de fluorescência
Nos últimos anos, o uso da espectroscopia de fluorescência na
caracterização de substâncias húmicas (SHs) de solos vem sendo intensificado,
uma vez que representa um método de análise relativamente simples, muito
sensível e não destrutivo. Essa técnica baseia-se no fenômeno da fluorescência,
que corresponde à energia reemitida pelo elétron a partir do primeiro estado
singlete excitado (S
1
), após absorção de um quantum de luz e a passagem
desses elétrons a níveis superiores de energia (Skoog et al, 2002). A
fluorescência de um composto depende de sua estrutura molecular e está quase
sempre associada ao sistema eletrônico π. Sua intensidade é alterada por
substituintes, ou seja, grupos doadores e retiradores de elétrons que aumentam e
diminuem a eficácia da fluorescência (Sierra e Giovanela, 1995). No caso de
substâncias complexas como as SHs, que representam anéis aromáticos e
cadeias alifáticas com diversos grupos de substituição, a presença ou ausência e
a proporção relativa desses substituintes podem ser usadas para distinguir as
SHs (Sierra e Giovanela, 1995).
Diferentes espectros de fluorescência podem ser obtidos em função do
tipo de informação desejada, tais como o espectro de emissão, obtido pela
irradiação da amostra com um comprimento de onda excitado fixo, onde se mede
23
a intensidade de luz reemitida na faixa espectral determinada; o espectro de
excitação, que varia o comprimento de onda de excitação enquanto o
comprimento de onda de emissão é mantido constante, e o espectro
sincronizado, que é determinado pela varredura simultânea de uma faixa
espectral de comprimentos de onda de excitação e emissão apresentando um
intervalo constante entre eles (Sierra e Giovanela, 1995).
A propriedade de fluorescência das SHs é dependente de diversos
fatores, tais como sua origem, massa molar, concentração, pH, força iônica,
temperatura, potencial redox do meio, grau de conjugação, efeitos de
substituintes (Skoog et al., 2002; Chen et al., 2003), além da interação com íons
metálicos, que reduzem a intensidade de fluorescência (Ghosh e Schnitzer,
1981). Segundo Senesi et al. (1991), essas propriedades podem ser usadas
como critério adequado na diferenciação e classificação em vários tipos de SHs
quanto a sua gênese.
A espectroscopia de fluorescência tem sido usada como uma ferramenta
útil na avaliação do grau de humificação das SHs. Millori et al. (2002)
relacionaram a intensidade do espectro de emissão de AHs, baseada no uso da
luz azul (465nm) como fonte de excitação, com o grau de humificação de AHs de
solos sob diferentes coberturas vegetais e sistemas de cultivo. Os valores da
área total sob o espectro de fluorescência (A
465
) foram altamente correlacionados
com teores de radicais livres estáveis obtidos pela ressonância paramagnética de
elétrons. Para áreas agrícolas, Bayer et al. (2002) e Pérez et al. (2004)
observaram maior grau de humificação em solos do cultivo convencional em
comparação ao não convencional, atribuído à maior intensidade de fluorescência
relacionada à maior quantidade de radicais livres e maior percentagem de
carbono aromático. Isso sugere que SHs com maior grau de evolução sofrem
mudanças na intensidade de fluorescência para regiões de maior comprimento de
onda associada a possíveis presença de compostos aromáticos com maior grau
de substituição, ou de sistemas insaturados com maior extensão de conjugação.
2.7.3. Espectroscopia na região do infravermelho (IV)
A espectroscopia de IV foi descoberta no século XVIII. Entretanto, seu uso
generalizado para a identificação de compostos orgânicos começou no fim dos
anos 50 com o surgimento do espectrofotômetro dispersivo (Skoog et al., 2002).
região do visível e de microondas, sendo que a região de interesse para estudos
das SHs está situada entre 4000 e 400 cm
-1
. A espectroscopia de IV baseia-se na
absorção dessa radiação pelas diversas ligações químicas e estruturas
moleculares existentes numa molécula, repercutindo em movimentos de vibração
e rotação de grupos moleculares (Silverstein e Webster, 2000). As duas
vibrações fundamentais nesse processo são os estiramentos (ν) e as
deformações (δ) das ligações entre átomos (Stevenson, 1994). Os estiramentos
são quando os átomos vibram no mesmo eixo variando a distância entre eles,
tendo como principais tipos de vibrações simétricas e assimétricas. Já a
deformação é quando as posições dos átomos em vibração mudam em relação
ao eixo da ligação. Seus principais tipos de vibração são tesoura, balanço, torção
e oscilação, como demonstrado para os átomos de C e H na figura 4.
Vibrações e estiramento Vibrações de deformação
no plano Fora do plano
Simétricas Assimétricas Tesoura Balanço Torção Oscilação
Figura 4- Principais tipos de estiramento molecular. Fonte: adaptado de
Stevenson (1994).
A representação do espectro consiste em um gráfico de absorbância (A)
ou transmitância (T) em função do número de ondas expresso em cm
-1
(inverso
do comprimento de onda). Espectros típicos de AHs podem ser observados na
Figura 5, e as principais atribuições observadas na região do IV são
demonstradas no Quadro 3.
Apesar da técnica de espectroscopia de IV superar a Ressonância
Magnética Nuclear (RMN) no estudo de grupos oxigenados das SHs, aquela
possibilita informações de caráter mais qualitativo do que quantitativo quando
comparada à RMN, pois as extensões, vibrações e movimentos de rotação que
comparada à RMN, pois as extensões, vibrações e movimentos de rotação que
C
H H
RR
C
H H
RR
C
H H
RR
C
H H
R R
C
H
H
R
R
C
H
H
R
R
25
absorvem a energia de IV têm uma ampla classe de absortividade molar, o que
limita o uso de picos como medida quantitativa de vários grupos cromóforos
(Bloom e Leenheer, 1989). Estes autores ainda acrescentam que outra limitação
é a sobreposição de bandas, devido à atividade de múltiplos grupos no IV, o que
normalmente ocorre nas SHs. No entanto, segundo Stevenson (1994), essa
técnica é de grande importância para o estudo das SHs, possibilitando a
obtenção de informações como:
A natureza, reatividade e arranjo estrutural dos grupos funcionais
oxigenados (COOH, OH- fenólico, OH- alcoólico, OH- enólico, C=O, NH
2
,
entre outros) e de compostos estruturais aromáticos e alifáticos.
A presença de estruturas de proteínas e carboidratos.
A presença ou ausência de impurezas inorgânicas (metais, argila).
Análises quantitativas, quando sob condições controladas.
Interações organo-metais e matéria orgânica-pesticida.
Essas características permitem distinguir AHs provenientes de diferentes
solos (Couto e Resende, 1985; Moreno, 1996; Baranciková et al., 1997; Benites et
al., 1999; Ceretta et al., 1999) e de diferentes coberturas vegetais e manejos de
culturas (Rivero et al., 1998; Canellas et al., 2002b; Senesi et al., 2003), bem
como estudar o processo de humificação (Bravard e Righti, 1991; Haberhauer et
al., 1998), atribuído ao aumento na intensidade das bandas de absorção de
grupos aromáticos e diminuição na intensidade de grupos alifáticos dos
compostos húmicos. Além disso, pode-se avaliar os AHs de origem não
pedogênica, como os de resíduos urbanos (Dick et al., 1998; Canellas et al.,
2000; Canellas et al., 2001; Pajaczkowska et al., 2003).
Tipo II
Tipo I
Transmitância
Freqüência (cm
-
1
)
Figura 5- Espectro de infravermelho de ácidos húmicos de diversas fontes (A-
Mollisol, B- Leonardita, C- horizonte B do Spodosol, D- Turfa e E-
humato de sódio de A). Fonte: Stevenson (1994).
27
Quadro 3 - Principais bandas de absorção na região de infravermelho de ácidos
húmicos
N° de ondas
(cm
-1
)
Principais atribuições
3400 – 3300
ν OH, NH, NH
2
3077 – 3030
ν C-H de anel aromático ou olefinas
2950 – 2900
ν CH alifático
2750 – 2400
ν de grupos COOH não ionizados
1725 – 1720
ν C=O de COOH e cetonas (traços)
1660 – 1630
ν C=O de amida (banda I), quinona e/ou C=O conjugado
1625 – 1470
ν CH de anel aromático
1590 – 1517
δ N-H e ν C=N
1460 – 1450
ν CH de anel alifático e de grupos metila
1400 – 1390
δ OH e ν CO de OH fenólico, δ CH de CH
2
e CH
3
, ν
assimétrico de COOH
1280 – 1200
ν CO e δ O-H em grupos COOH
1170 – 1000
ν CO de polissacarídeos
1050 – 900
ν C-O de polissacarídeos; Si-O (impurezas inorgânicas)
Fonte: Stevenson (1994); Canellas (1999); Cerettta et al. (1999); Silverstein e
Webster (2000). ν= estiramento; δ= deformação.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Caracterização da área
A maior parte da Reserva Biológica (REBIO) União, fundada em 1998, se
localiza em Rio das Ostras, Estado do Rio de Janeiro - Brasil, situada a 22° 27’
30’’ S; 42° 02’ 15’’ W (Figura 6). Essa reserva possui cerca de 2400 ha de Mata
Atlântica Costeira, classificada como Floresta Ombrófila Densa das Terras Baixas
(Velloso et al., 1991), e 215 ha de plantação de eucaliptos (Corymbia citriodora).
Predomina na região o clima tropical úmido. A pluviosidade média anual é de
2281 mm e a temperatura média de 24,7
º
C, com a estação seca ocorrendo no
período de junho a setembro.
29
Figura 6- Localização da Reserva Biológica União em Rio das Ostras – RJ,
Brasil.
A REBIO União pertence à Unidade Geomorfológica Colinas e Maciços
Costeiros (RadamBrasil, 1983). É de perfil arredondado, comum às “meias
laranjas” e baixadas aluvionares, encharcáveis na época chuvosa. Os solos das
áreas estudadas na reserva foram classificados, em loco, como: Argissolo
Vermelho-Amarelo Distrófico latossólico, Gleissolo Háplico Tb Distrófico
argissólico, e Cambissolo Háplico Tb Distrófico argissólico, de acordo com o
Sistema Brasileiro de Classificação de Ciências do Solo (Embrapa, 1999).
Solos da área de estudo
Cambissolo Háplico Tb Distrófico argissólico – Compreende o solo da
mata de morrote (Figura 7). A erosão ocorrente, que apesar de não evoluir graças
à vegetação, atua constantemente sobre os horizontes A e B, resultando na
exposição de materiais total ou parcialmente intemperizados.
Figura 7- Cambissolo sob o fragmento de mata de morrote na ReBio União, RJ.
Gleissolo Háplico Tb Distrófico argissólico – Esse solo está coberto pela
mata nativa, encharcável na época chuvosa (mata alagada), apresentando
influência do lençol freático (Figura 8). A sua gênese está condicionada à
sazonalidade do alagamento, considerando sua persistência ao longo do ano.
Ocorre horizonte glei, mas abaixo de B textural, sinalizando a similaridade com
Argissolo, todavia, diferencia-se pelo status redox do sistema devido à baixa taxa
de difusão do oxigênio na solução do solo. A partir desta taxa, a disponibilidade
do aceptor final O
2
se finda, e espécies como nitrato e nitrito são rapidamente
esgotadas. Inicia-se, então, a redução dos compostos férricos, responsáveis pela
expressão da cor nos solos aerados. O íon ferroso, no estado reduzido, promove
uma tonalidade acinzentada que evolui para esverdeada ou azulada,
caracterizando o horizonte glei.
Esses solos (Cambissolos e Gleissolos) são do mesmo material original
que o Argissolo, entretanto, estão sob influência de processo de remoção
constante de porções do horizonte A, e da ação do lençol freático com condições
redutoras, respectivamente (Embrapa, 1999).
31
Figura 8- Gleissolo sob o fragmento de mata alagada na ReBio União, RJ.
Argissolo Vermelho-Amarelo Distrófico latossólico – Compreende os
solos dos plantios de eucalipto (Figura 9). Sua característica fundamental é a
presença de eluviação de argila do horizonte A para o B, formando o horizonte
diagnóstico conhecido como “B textural”. Não possuem reservas de minerais
primários intemperizáveis, pois se encontram em estágio avançado de
intemperismo. Neste processo, ao longo de eras, perderam sua fertilidade, pois
seus nutrientes foram solubilizados e removidos. O horizonte A é geralmente
arenoso e pouco estruturado.
Os solos com argiluviação se caracterizam pela migração de minerais de
argila silicatada do horizonte A para o B, estabelecendo um gradiente textural,
que, em profundidade, redunda em maior teor de argila. Este acúmulo pode
resultar em orientação e evolução para uma massa compacta. Como são
profundos, já que são bastante intemperizados, possuem lençol freático profundo.
Figura 9- Argissolo sob os plantios abandonados de eucaliptos na Reserva
Biológica União, RJ.
3.2. Sítios amostrais
As áreas amostradas foram dois fragmentos de Mata Atlântica de
Baixada, denominadas, nesse estudo, mata alagada (A), com solos encharcáveis
na época chuvosa e mata de morrote (B), presente no perfil arredondado do
relevo, e três áreas de plantios de eucalipto (Corymbia citriodora), em diferentes
idades, que foram abandonados desde 1996 (cerca de 9 anos). Esses plantios
diferem quanto ao histórico de uso do solo e práticas silviculturais. As diferentes
áreas de eucalipto foram denominadas de acordo com as idades de plantio: com
14 anos e 7,60 ha, localizados no topo de um morrote, onde anteriormente era
pastagem (C); com 16 anos e 5,73 ha, localizando-se próximo à sede do IBAMA e
à mata, em um vale entre dois morrotes (D); e com 18 anos e 15,74 ha, localizada
no trecho da reserva, na outra margem da pista rodoviária (E), sendo que esta
área sofreu corte raso para o plantio de eucalipto.
33
3.3. Coleta das amostras de solo
A amostragem do solo foi realizada em duas profundidades (0 - 0,10 m e
0,10 - 0,20 m). Em cada área, foram feitas três amostras compostas formadas por
dez amostras simples. Antes das análises, as amostras de solo foram secas ao
ar, destorroadas e passadas em peneiras, com abertura de 2 mm para obtenção
da terra fina seca ao ar (TFSA). Essas amostras de solo, também foram avaliadas
por meio das análises químicas e granulométricas segundo Embrapa 1997.
3.4. Fracionamento da MOS
O fracionamento da matéria orgânica foi realizado a partir da simplificação
do método de Belchikova-Kononova, descrito com detalhes em Guerra e Santos
(1999). As amostras de solo foram peneiradas, (2 mm) sofrendo pré-tratamento
com ácido ortofosfórico 2 mol L
-1
, que separou por densidade a fração leve e
solubilizou a fração ácidos fúlvicos livres (AFL). Em seqüência, sobre a amostra
de solo, foi colocada a mistura extratora de NaOH 0,1 mol L
-1
na proporção 1:10
(v/v), que solubilizou os ácidos fúlvicos (AFs) e os ácidos húmicos (AHs). O
resíduo sólido insolúvel resultante do processo de fracionamento foi denominado
de huminas (H). Os AHs foram separados dos AFs por centrifugação após
precipitação em meio ácido obtido com adição de H
2
SO
4
concentrado até valor de
pH 1 (Figura 10). O teor de carbono em cada fração foi determinado por meio do
procedimento Walkley-Black modificado, utilizando calor externo (Embrapa,
1997), com três repetições por tratamento.
Resíduos vegetais
Resíduo
Ácido fúlvico
livre
Extração alcalina
(NaOH 0,1M)
Resíduo
Humina
Sobrenadante
Adição de H
2
SO
4
Ácido
fúlvico
Ácido
húmico
Extração com H
3
PO
4
2M
Solo
Figura 10- Esquema do fracionamento da Matéria Orgânica do Solo.
As diferenças das frações foram determinadas por meio do delineamento
inteiramente casualizado, com os tratamentos mata alagada (A), mata de morrote
(B) e os plantios abandonados de eucalipto com 14, 16 e 18 anos (C, D e E). A
análise de variância foi realizada pelo teste F e, quando significativa, as médias
foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%, por meio do programa
computacional Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG),
desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa.
35
3.5. Extração, isolamento e purificação de ácidos húmicos
A extração dos AHs foi realizada conforme as normas da IHSS, de acordo
com Ceretta (1995), com pré-tratamento das amostras com uma solução de HCl
0,1 mol L
-1
e extração com NaOH 0,5 mol L
-1
sob atmosfera de N
2
na razão
solvente: solo 10:1 (v/v). Os AHs foram separados por precipitação em meio
ácido (pH = 1,0 - 1,5) com HCl 6 mol L
-1
. A dissolução dos AHs em meio alcalino
e precipitação em meio ácido foram realizadas três vezes. Em seguida, os AHs
foram tratados com HCl 0,1 mol L
-1
– HF 0,3 mol L
-1
,
durante 12 horas, com
agitação constante e, após desprezar o sobrenadante, foram lavados com água
até teste negativo com AgNO
3
. Foram, ainda, dialisados contra água deionizada
(membrana 14 Kda, Thomas Sci., Inc.) e secos por liofilização. Devido à
persistência de altos teores de cinza, as amostras de AHs foram repurificadas.
3.6. Caracterização dos AHs
Análise da composição elementar
A determinação do conteúdo de C, H e N foi realizada, através de
analisador automático (CHN analyzer Perkin Elmer 1420), em amostras de AHs.
O conteúdo de O foi obtido de forma indireta pela diferença do somatório da
composição de C, H e N, descontando o teor de cinzas obtido a partir da
incineração das amostras dos AHs em mufla a 700
o
C, durante 8h.
Acidez total, carboxílica e fenólica
A acidez total foi determinada pelo método do Ba (OH)
2
com titulação do
excesso com HCl; a acidez carboxílica pelo tratamento com Ca(OAc)
2
e
determinação do ácido acético liberado com NaOH; e a acidez fenólica por
diferença (acidez total – carboxílica), de acordo com método de Schnitzer e Gupta
(1965).
O cálculo da acidez total foi obtido pela seguinte equação:
Acidez total = (volume de HCl titulado no branco – volume de HCl titulado
na amostra) x N do HCl
x 10
5
/ massa da amostra em mg. Enquanto o cálculo dos
grupos COOH foi obtido pela seguinte equação:
Grupos COOH = (volume de NaOH titulado na amostra – volume de NaOH
titulado no brando) x N do NaOH x 10
5
/ massa da amostra em mg.
Relação E
4
/E
6
e espectroscopia de fluorescência
A relação da absorbância em 465 e 665 nm da espectroscopia de UV-
Visível (relação E
4
/E
6
) foi realizada em um espectrofotômetro Shimadzu, de
acordo com a metodologia de Chen et al. (1977), e a área total sob o espectro de
emissão de fluorescência com excitação em 465 nm, varrendo a faixa de 450 a
650 nm, de acordo com Milori et al. (2002). Foram utilizadas soluções de AHs
diluídos (50 mg C L
-1
de NaHCO
3
0,05 mol L
-1
).
Espectroscopia no infravermelho com Transformada de Fourier (IVTF)
A espectroscopia de IVTF dos AHs foi realizada na faixa de 400 cm
-1
a
4000 cm
-1
, utilizando-se pastilhas com 1 mg de AH em 100 mg de KBr, num
aparelho Shimadzu 83000. Foi utilizado o modo de subtração do espectro obtido
com a pastilha de KBr, sem utilização da amostra para deduzir a contaminação
com H
2
O (região entre 3300-3400 cm
-1
) e presença de CO
2
(2340 ± 10 cm
-1
) nas
amostras. Para se comparar um espectro com outro foi utilizada uma função de
correção da linha base, usando-se os comprimentos 4000 cm
-1
, 2000 cm
-1
e 860
cm
-1
como regime de absorvância (A) zero.
3.7. Densidade e riqueza das plântulas
A avaliação da regeneração das espécies nativas foi realizada pela
determinação da densidade e riqueza de plântulas (indivíduos vivos < 50 cm e
10 cm de altura, exceto lianas e espécies não arbóreas) das áreas amostradas.
Para isso foram realizadas medições de diâmetro à altura da base (DAB) e da
altura das plântulas. Nos plantios de eucalipto, onde parte das espécies foi
avaliada por Rabelo (2003), foram utilizadas as mesmas parcelas já
estabelecidas, em que os indivíduos foram amostrados dentro de 16 sub-parcelas
(2,5 x 5 m), totalizando 250 m
2
,
sendo quatro sub-parcelas para cada parcela
retangular de 10 x 20 m, que foram alocadas aleatoriamente em cada área
amostrada (Figura 11). Para os fragmentos de mata, foram estabelecidas
37
parcelas menores devido à maior densidade de plântulas. Na mata alagada foram
alocadas aleatoriamente cinco sub-parcelas (1 x 2,5 m) para cada uma das
parcelas (10 x 100 m), o que totalizou 25 sub-parcelas por área. As plântulas
foram plaqueadas para posteriores avaliações. Para a mata de morrote, foi
utilizado o banco de dados fornecido por Rodrigues (2004), que considerou como
plântulas indivíduos até 100 cm de altura.
Em função da dificuldade de identificação das espécies de plântulas, a
riqueza foi determinada com base na separação de morfo-espécies e expressa
em morfo-espécies por área avaliada. Enquanto os dados de densidade foram
avaliados segundo a análise de variância realizada pelo teste F e, quando
significativa, as médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%, por meio do
programa computacional SAEG. Esses dados forma expressos em indivíduos/ ha.
Figura 11- Esquema de parcela dividida em 16 sub-parcelas para o levantamento
da comunidade de plântulas, sendo - sub-parcelas amostradas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Análises química e física dos solos
Na maior parte dos solos das regiões tropicais, há predomínio de
minerais de argila do tipo 1:1 e óxidos, hidróxidos e oxihidróxidos de Fe e Al que
apresentam baixa capacidade de troca catiônica (CTC). Dessa forma, a reação
dos grupamentos funcionais da matéria orgânica com cátions metálicos na
solução do solo é a base química da fertilidade desses solos. A CTC, portanto, é
dependente do pH da solução, e a capacidade de reter bases depende
basicamente da dissociação dos grupamentos funcionais oxigenados da MOS
(Canellas et al., 1999). Assim, a variação das propriedades químicas e físicas em
função dos diferentes tipos de solos e da qualidade da cobertura vegetal pode
permitir um entendimento melhor do funcionamento dos ecossistemas de florestas
tropicais.
Nos trópicos, com o aumento da precipitação pluviométrica, atinge-se um
ponto onde a velocidade de remoção das bases excede a velocidade de liberação
de formas não trocáveis. Assim, os solos das regiões úmidas dos trópicos
39
apresentam-se, geralmente, bastante ácidos e com baixos teores de Ca
++
, Mg
++
,
K
+
e Na
+
trocáveis (bases trocáveis). Essa acidez está associada à presença de
alumínio e hidrogênio trocáveis.
Com efeito, foram encontrados valores baixos de pH, evidenciando a
acidez elevada nas áreas cobertas tanto com fragmentos de Mata Atlântica
quanto com plantios abandonados de eucalipto (Quadro 4). Em estudo anterior na
reserva e nas mesmas áreas de eucalipto, Vilella et al. (2001a) também
observaram a pobreza de bases trocáveis. Em condições de extrema acidez
(valores de pH muito baixos e altos teores de Al trocável) pode ocorrer limitação
na decomposição da matéria orgânica e seu acúmulo (Tomé Jr., 1997). A maior
parte dos resíduos vegetais, quando chega ao solo, é rapidamente transformada,
podendo ainda sofrer seqüestro pela fração mineral ou transformação bioquímica
através do processo genericamente conhecido como humificação. Tanto a
mineralização como a humificação são dependentes da atividade biológica. De
acordo com Cerri e Volkoff (1988), os principais fatores que controlam a formação
do húmus são temperatura, presença ou ausência de bases e drenagem, sendo
estes os fatores que mais influenciam na atividade biológica. Segundo estes
autores, a presença de bases tem um efeito mais importante sobre os demais
fatores.
A CTC efetiva encontrada variou de 3,1 a 4,8 cmol
c
kg
-1
na profundidade
de 0 – 0,10 m, e de 2,7 a 3,1 na de 0,10 - 0,20 m (Quadro 4). Esses valores são
extremadamente baixos, similares aos encontrados para caulinitas e óxidos
purificados de solos, que variam de 1 a 5 cmol
c
kg
-1
. Além da baixa capacidade de
troca, o complexo sortivo dos solos estudados foi dominado por Al
+++
, com a
saturação deste elemento variando de 68 a 87 % nos fragmentos de mata e na
área de plantio abandonado de eucalipto com 16 anos (área D). Nas outras áreas
de eucalipto, foi notado o reflexo da calagem anterior ao plantio, e a saturação por
Al
+++
foi menor (6 a 70%) com aumento no conteúdo de Ca
++
, mas o complexo
sortivo permaneceu ainda saturado com H+Al (Quadro 4). A conseqüência da
baixa CTC e da elevada acidez é a baixa percentagem de saturação de bases
(V%) encontrada nas áreas, que variou de 4 a 37%, indicando a precária
fertilidade química do solo nas áreas amostradas (Quadro 4).
A cobertura vegetal não influiu nos teores de bases trocáveis do solo,
(Quadro 4) mostrando que nesses ecossistemas a maior parte dos nutrientes está
fixada na biomassa e na serrapilheira, sugerindo um fluxo pequeno para a parte
mineral do solo, o que restringe a atividade microbiana à serrapilheira. A evolução
da matéria orgânica é então limitada, contribuindo para formação e aparecimento
de horizonte de acúmulo de matéria orgânica acima da superfície do solo.
De um modo geral, a análise química dos solos revelou a fertilidade muito
precária nessas áreas. A baixa fertilidade em solos de florestas tropical também
foi observada por Buschbacher et al. (1988) e Vilella et al. (2001b), o que não
implica, porém, restrição ao crescimento e ao estabelecimento da Mata Atlântica.
Essa situação evidencia o auto-sustento desta vegetação e a limitação do uso da
análise de rotina para avaliação da fertilidade do solo.
Com a provável restrição da atividade microbiana pelas condições
observadas de ausência de bases e elevada acidez, além da diminuição do
processo de transformação dos resíduos orgânicos (mineralização), é esperado
que o processo de humificação seja limitado, uma vez que a atividade microbiana
tem reflexos diretos na dinâmica da MOS.
A distribuição das frações humificadas da MOS é apresentada a seguir.
41
Quadro 4- Propriedades químicas e granulometria de um Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B);
e Argissolo sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16, e 18 anos (C, D e E), em duas profundidades na
Reserva Biológica União, RJ.
Área pH H+Al Al
P K
+
Ca
2+
Mg
2+
Na
+
MO C Ntotal CTC
pH7
CTC
efetiva
S.B m V Areia Silte Argila
cmol
c
dm
-3
mgdm
-3
----cmol
c
dm
-3
--- gdm
-3
----gKg
-1
---- --------cmol
c
/dm
-3
----- -----%----- ---------gkg
-1
--------
0 – 0,10 m
A
4,3 10,9 2,6 5 36 0,5 0,4 0,04 45,7 26,5 3,0 11,9 3,6 1,0 72 9 700 90 210
B 4,4 10,2 2,1 3 60 0,5 0,3 0,03 44,5 25,8 2,0 11,2 3,1 1,0 68 9 720 70 210
C 5,4 7,7 0,3 8 31 2,4 1,9 0,10 40,9 23,7 1,7 12,2 4,8 4,5 6 37 540 100 360
D 4,5 12,1 2,5 3 48 0,5 0,5 0,09 44,5 25,8 2,1 13,3 3,7 1,2 67 9 500 110 390
E 5,0 9,7 0,9 2 50 2,3 0,8 0,04 38,6 22,4 2,2 13,0 4,2 3,3 22 25 560 70 370
0,10 – 0,20 m
A
4,4 8,7 2,5 3 19 0,1 0,2 0,02 26,9 15,6 1,7 9,1 2,9 0,4 87 4 690 90 220
B 4,3 8,8 2,6 2 33 0,2 0,1 0,02 28,6 16,6 1,6 9,2 3,0 0,4 87 4 590 120 290
C 5,2 7,6 1,0 1 12 1,0 1,0 0,09 31,4 18,2 1,8 9,7 3,1 2,1 32 22 460 110 430
D 4,6 8,1 2,4 1 24 0,1 0,3 0,06 26,9 15,6 1,7 8,6 2,9 0,5 82 6 410 160 430
E 4,6 7,7 1,9 2 26 0,5 0,2 0,03 24,3 14,1 1,4 8,5 2,7 0,8 70 9 510 100 390
* Extrator Carolina do Norte
Distribuição do carbono orgânico na MOS
O conteúdo de MOS é resultante do balanço entre os processos de adição
(e.g. resíduos vegetais) e de perda (e.g. decomposição pelos microrganismos). As
SHs representaram menos de 50% do carbono prontamente oxidável,
considerado como Ctotal nesse estudo, e seu conteúdo diminuiu em profundidade
(Quadro 5). A maior parte da matéria orgânica dos solos analisados é constituída,
portanto, pela fração não humificada, chamada de matéria orgânica leve. As
fortes restrições de fertilidade observadas nos solos (Quadro 4) favoreceram o
acúmulo de matéria orgânica pouco transformada em todas as áreas estudadas.
Os resultados do fracionamento da matéria orgânica humificada do solo
estão apresentados no Quadro 5. A maior parte do carbono humificado foi
composto pela fração H, que representou entre 21 e 29% e 17 e 27% do Ctotal
nas profundidades de 0 - 0,10 e 0,10 - 0,20 m, respectivamente (Figura 12). Em
outros Argissolos do Rio de Janeiro, submetidos ao cultivo agrícola e ou ao
pousio, a fração humina constitui normalmente acima de 70% do Ctotal (Canellas
et al., 2000; Canellas et al., 2002; Canellas et al., 2004). A fração H apresenta
natureza química essencialmente alifática proveniente da preservação seletiva de
biopolímeros oriundos de plantas (e.g. ceras, suberinas, cutinas) e
microrganismos (ácidos graxos de cadeia carbônica mais curta) que interagem
intimamente com a fração mineral dos solos (Raice, 2001). Outros fatores
contribuem com a intensificação da formação dessa fração em solos tropicais, tais
como a natureza oxídica da fração mineral e as reações de desidratação
favorecidas pela alternância de períodos secos e úmidos (Canellas et al., 2003).
De acordo com os critérios de interpretação do fracionamento da MOS, adaptados
da proposta do pesquisador Bernard Dabin por Canellas et al. (2003), valores
menores que 45% de C
H
representam estádio fraco de humificação da MOS.
Assim, apesar do C
H
ter constituído a maior parte do carbono humificado, sua
percentagem é baixa em relação ao Ctotal
,
refletindo características de húmus
pouco evoluído, típico de ambientes com fortes restrições a atividade microbiana.
O conteúdo de C na fração H variou de 6,8 a 8,1 g C kg
-1
na profundidade de 0 –
0,10 m, não sendo observadas diferenças significativas em função da cobertura
vegetal. Em subsuperfície, na área de Mata Atlântica que sofre hidromorfismo
periódico, foi observado o menor conteúdo de C
H
(3,5 g C kg
-1
). De acordo com
43
Dabin (1981), a evolução do húmus pode ser modificada pelo hidromorfismo.
Nesses ambientes, a via de herança é o processo de humificação predominante,
onde ocorre uma evolução direta dos compostos insolúveis lignificados da matéria
orgânica pouco transformada (Camargo et al., 1999), pois as outras vias de
humificação, tais como a de insolubilização (humificação dos compostos fenólicos
solúveis) e neo-síntese microbiana (humificação das moléculas simples através
da síntese microbiana), necessitam de elevada pressão de O
2
para manter a
atividade da microbiota do solo. Desta forma, a presença de solos alagados (área
A) nas épocas chuvosas, que torna ambientes pobres em oxigênio, dificulta a
atividade biológica e, por conseqüência, o processo de mineralização e
humificação da MOS.
Poucas diferenças foram observadas no conteúdo de C nas frações
humificadas alcalino solúveis. O conteúdo de C
AH
variou de 1,1 a 1,6 e de 0,5 a
0,8 g C kg
-1
nas profundidades de 0 - 0,10 m e 0,10 – 0,20 m, respectivamente,
enquanto que o conteúdo de C
AFL
oscilou entre 0,5 a 0,8 e 0,2 a 0,8 g C kg
-1
de
C
AF
de 1,5 a 2,0 e 0,9 a 1,8 gC kg
-1
na camada superficial e subsuperficial,
respectivamente. Provavelmente, as restrições impostas pela baixa fertilidade do
solo justificam a pouca evolução da matéria orgânica humificada solúvel,
contribuindo para obtenção de valores próximos independente da cobertura
vegetal. Não obstante, foi observado baixo conteúdo de C
AFL
na área de eucalipto
abandonado com 16 anos de plantio na camada de 10 - 20 m (área D).
O conteúdo de C
AHs
dos solos estudados foi menor do que o das frações
fúlvicas (C
AF
+C
AFL
), conferindo valores menores que 1 para a razão C
AH
/C
AF
. Esta
razão foi usada por Kononova (1982) como um indicador da qualidade do húmus,
pois expressa o grau de evolução do processo de humificação da matéria
orgânica. Em solos tropicais, normalmente, essa razão é inferior a 1 devido à
menor intensidade do processo de humificação, i.e., condensação e síntese,
atribuídas à intensa mineralização dos resíduos, restrições edáficas e ao baixo
conteúdo de bases trocáveis à atividade biológica nos solos mais intemperizados
(Canellas et al., 2002b).
Quadro 5- Conteúdo médio (± erro padrão) de carbono das diferentes frações da
MOS de um Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob mata de
morrote (B); e Argissolo sob plantios abandonados de eucaliptos com
14, 16 e 18 anos (C, D e E), em duas profundidades
Áreas C total C
SH
C
AFL
C
AF
C
AH
C
H
C
AH/AF
---------------------------------------------g C kg
-1
--------------------------------------
0 – 0,10 m
A
31,5± 0,2
11,0
0,6± 0,1 2,0± 0,3 1,6± 0,2 6,8± 0,5
0,6
B
28,3± 0,4
11,1
0,7± 0,2 1,9± 0,1 1,1± 0,1 7,4± 0,80
0,4
C
27,9± 0,6
11,5
0,5± 0,1 1,8± 0,3 1,1± 0,1 8,1± 0,2
0,5
D
27,6± 2,3
10,8
0,6± 0,1 1,5± 0,7 1,2± 0,1 7,5± 1,1
0,6
E
28,1± 0,9
11,5
0,8± 0,1 1,9± 0,3 1,3± 0,2 7,5± 0,8
0,5
CV(%)
5,6 12,7 21,8 24,1 18,5 14,0 29,0
F
2,9
ns
0,2
ns
1,5
ns
0,5
ns
2,4
ns
0,6
ns
1,4
ns
0,10 - 0,20 m
A
20,7± 3,2
6,6
0,5± 0,1AB 1,8± 0,8 0,8± 0,1 3,5± 0,7B
0,4
B
16,6± 0,2
7,3
0,6± 0,1AB 1,1± 0,3 0,7± 0,1 4,8± 0,2AB
0,4
C
22,5± 0,7
8,6
0,8± 0,3
A
1,2± 0,3 0,5± 0,1 5,7± 0,3A
0,3
D
20,2± 0,5
6,3
0,2± 0,1B 0,9± 0,2 0,7± 0,2 4,6± 0,3AB
0,6
E
20,8± 1,0
6,4
0,7± 0,1
A
1,2± 0,4 0,7± 0,2 3,8± 0,6AB
0,4
CV(%)
11,3 14,4 36,4 45,8 27,1 14,9 34,9
F
2,4
ns
9,2
ns
4,9 1,2
ns
0,8
ns
10,8 0,4
ns
Médias nas colunas seguidas por letras diferentes, em cada profundidade, são diferentes pelo
teste de Tukey (P<0,05).
ns
Não significativo. Ctotal= carbono prontamente oxidável da MOS, e
C
SH
, C
AFL
, C
AF,
C
AH
e C
H
representam os teores de carbono contido nas substâncias húmicas e, em
suas frações, ácidos fúlvicos livres, ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas, respectivamente.
45
0
-
0,10 m
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
12345
Composição do húmus (%)
H
AH
AF
AFL
0,10
-
0,20 m
A B C D E
Áreas
A B C D E
reas Á
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
12345
Composição do húmus (%)
H
AH
AF
AFL
A B C D E
Áreas
A B C D E
Áreas
Figura 12- Distribuição percentual do carbono das frações húmicas obtidas no
fracionamento químico de um Gleissolo sob mata alagada (A);
Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo sob plantios
abandonados de eucalipto com 14, 16 e 18 anos (C, D e E), em duas
profundidades: 100%=C
AFL
+C
AF
+C
AH
+C
H
. C
AFL
, C
AF,
C
AH
, C
H
representam os teores de carbono contido nas frações ácidos fúlvicos
livres, ácidos fúlvicos, ácidos húmicos e huminas, respectivamente
.
A B C D E
Á
Canellas et al. (2003) observaram uma correlação significativa entre o
conteúdo de C, nas frações humificadas da MOS, e a CTC efetiva do solo. Os
valores extremamente baixos da CTC efetiva (Quadro 4) podem estar, portanto
diretamente relacionados com o baixo teor de SHs desses solos (Figura 12) já
que o baixo conteúdo de bases trocáveis diminui o processo de humificação e,
por conseqüência, a relação C
AH
/C
AF.
O conteúdo de SHs é normalmente maior nas camadas superficiais do
solo uma vez que o processo de humificação é mediado pela atividade microbiana
(Orlov, 1998). Nesse estudo também foi observado acúmulo (pequeno) de SHs
alcalino solúveis mais condensadas (AH) e insolúveis (H) em superfície em
relação à subsuperfície. As frações humificadas altamente solúveis, tais como
AFL e AF, apresentam, em função do seu elevado conteúdo de grupamentos
funcionais polares, alta capacidade de solvatação, sendo arrastadas pela água de
percolação do solo. Desta forma, os conteúdos de C
AFL
e C
AF
foram similares
independente da profundidade do solo.
Em outros estudos foram observadas diferenças na distribuição das
frações húmicas. Longo e Espícula (2000) observaram diminuição de C
AF
e C
H
com a introdução de pastagens em áreas de Cerrado e Floresta Amazônica. Leite
et al. (2003) observaram diminuição em todas frações húmicas em decorrência da
mudança de Mata Atlântica para agricultura de milho, mesmo em diferentes
condições de adubação. A diminuição do conteúdo das SHs, em solos não
florestados em comparação a solos florestados, foi verificada também por
McDonnell et al. (2001). O menor conteúdo de material húmico também foi
observado em Latossolos sob plantios de eucalipto em comparação com a Mata
nativa, no Estado de Minas Gerais (Lima, 2004). Segundo este autor, o intenso
revolvimento dos solos sob plantio de eucalipto, que resultou na quebra de
agregados, expôs o carbono à ação microbiana.
Com efeito, a limitação do processo de humificação atribuído à baixa
fertilidade do solo, que determinou uma pequena percentagem das SHs, pode ter
contribuído para as pequenas diferenças observadas entre as frações húmicas
das áreas deste estudo. De forma geral, a influência de determinados fatores
ambientais nas regiões tropicais, tais como a elevada pluviosidade e temperatura;
o baixo conteúdo de bases trocáveis; o predomínio, na fração argila dos solos, de
minerais como óxidos de ferro e alumínio, e argilosilicatados como a caulinita;
47
além da diversidade da cobertura vegetal e microbiota do solo (Bayer e
Mieniczuk, 1999), pode determinar um menor acúmulo da MOS e limitar o
processo de humificação do solo em relação às áreas temperadas, refletindo em
distintas características das estruturas químicas das SHs.
A constituição química das frações H e AF são basicamente de ligninas
pouco modificadas e polissacarídeos, sofrendo poucas modificações no processo
de humificação do solo, enquanto os AHs representam a fração que sofre as
maiores mudanças, além de ser esta a fração intermediária no processo de
humificação (Zech et al. 1997). Neste contexto, os AHs possuem um papel chave
como compostos orgânicos humificados marcadores, podendo ser usados como
indicadores do ambiente solo.
Caracterização química dos AHs
A complexidade e heterogeneidade dos AHs não permitem, até agora,
definir uma estrutura química discreta dessa fração (Picollo, 2002). No entanto, a
caracterização de sua natureza química pode ser realizada através da análise dos
constituintes básicos (composição elementar) e dos grupamentos funcionais. A
reatividade dos AHs depende da expressão de sua polifuncionalidade, que pode
servir como indicador do grau de evolução desse material húmico.
Os resultados da composição elementar dos AHs estão apresentados no
Quadro 6. O conteúdo de C observado para os AHs isolados nas diferentes áreas
foi baixo, variando de 344 a 464 g C kg
-1
, diminuindo com a profundidade do solo.
Os valores normalmente encontrados para o conteúdo de C em AHs estão
contidos na faixa de 538 a 587 g C kg
-1
(Stevenson, 1994).
Durante o processo de humificação, normalmente, é verificado o aumento
do conteúdo de C, uma vez que as reações de condensação (união de moléculas
com eliminação da água de solvatação) e de oxidação concorrem para esse
fenômeno. Em solos intemperizados com predominância de “óxidos”, as cargas
positivas da superfície disputam os sítios de carga negativa da matéria orgânica
no processo de humificação, interrompendo, pelo menos em parte, a evolução
química desses compostos húmicos. Dessa forma, continuamente tem sido
reportado, na literatura científica, AHs com baixo conteúdo de C em solos
altamente intemperizados (Rivero et al., 1998; Canellas et al., 2002b; Canellas e
Façanha, 2004). Além disso, a presença de óxidos de ferro, alumínio e de
manganês em solução pode catalisar a clivagem de compostos orgânicos com
anéis aromáticos (Shindo e Huang, 1984) diminuindo a disponibilidade de núcleos
aromáticos para ocorrência da policondensação de anéis fenólicos, uma das
principais vias de humificação da matéria orgânica (Stevenson, 1994). A formação
de compostos humificados polimerizados com elevado grau de evolução é
conseqüência de sua estabilização química, que ocorre também através da
formação de complexos com íons metálicos (Garcés, 1987). Segundo Stevenson
(1994), os principais cátions polivalentes que atuam na complexação argilo-
húmica são Ca
++
, Fe
+++
e Al
+++
. Diversos fatores influenciam a ligação SHs-metal,
entre os quais incluiem-se pH, força iônica, valência do cátion e conteúdo de
grupamentos funcionais. A influência do pH na estabilidade dos complexos foi
avaliada por Schnitzer (1965). Os grupamentos funcionais oxigenados da matéria
orgânica humificada precisam se ionizar para desenvolver cargas negativas
capazes de formar o complexo com cátions metálicos. Os principais grupamentos
ácidos presentes nos AHs são os fenólicos e os carboxílicos, que se ionizam a
valores de pH entre 9 e 10, e 3 e 5, respectivamente, constituindo-se, portanto,
em ácidos muito fracos e fracos. Os valores de pH da solução de solos tropicais
com elevado grau de intemperização, tais como os observados neste estudo
(Quadro 4), não são suficientemente elevados para ionizar os polieletrólitos de
ácidos fracos da matéria orgânica humificada. Dessa forma, a superfície orgânica
deve permanecer, na sua maior parte, saturada com H
+
, impedindo a interação
com metais livres da solução e a sua policondensação catalisada pelos metais
polivalentes.
A Figura 13 mostra a representação esquemática da interação da fração
humificada da matéria orgânica com a fração mineral do solo. Na superfície dos
“óxidos” de Fe e Al, predominam cargas dependes de pH, e a interação com os
grupamentos funcionais da matéria orgânica se dá, principalmente, em função da
coordenação direta com o cátion metálico. O processo utilizado para purificação
dos AHs é baseado na ação do ácido fluorídrico sobre os minerais secundários
silicatados, que, promovendo a hidrólise ácida do silicato, remove o silício das
amostras de AHs com a formação do fluoreto de silício, como ilustrado pela
reação: SiO
2
+ 4HF SiF
4
+ 2H
2
O. Este tratamento é bastante eficaz para a
retirada de minerais silicatados do tipo 2:1 e 1:1, porém é inócuo se a matriz
49
mineral for dominada por “óxidos”. Dessa forma, os elevados teores de cinzas,
observados após a repetida purificação das amostras de AHs com HF (Quadro 5),
devem ter contribuído para a formação de substância húmica alcalino solúvel com
baixo conteúdo de C e elevado grau de oxidação.
Figura 13- Representação esquemática da interação de ácidos húmicos (AHs),
segundo o modelo tridimensional proposto por Schulten e Schnitzer
(1997), com a gibsita. C=cinza claro, O=vermelho, H=branco e Al=azul
para os AHs e cinza escuro para gibsita.
Os valores obtidos para H e N variaram entre 52 - 72 g H kg
-1
e 27 - 45 g
N kg
-1
, só considerados elevados para AHs. A faixa normalmente encontrada para
o conteúdo de H é de 32 a 62 g H kg
-1
e para N de 8 a 43 g N kg
-1
(Stevenson,
1994). O AH isolado da área de mata alagada apresentou maior conteúdo de N
em relação às demais áreas. O aumento de N em SHs é um indicador bastante
utilizado para avaliar o grau de humificação, uma vez que a condensação de
moléculas parcialmente humificadas é mediada, em parte, pela ação de
grupamentos amino (Kononova, 1982). Se por um lado a natureza oxídica da
fração mineral interrompe o processo de humificação e formação de
macromoléculas húmicas, por outro a natureza ácida dos AHs com predomínio de
grupamentos fenólicos precipita N em solução, imobilizando e tornando-o
indisponível aos microrganismos e às reações de condensação. A interação de
polifenóis com N é bastante conhecida (reação de Folin-Dennis) e é o que
caracteriza a presença de taninos gálicos e elágicos (conhecidos genericamente
como polifenóis da matéria orgânica). A incorporação de N via precipitação com
grupamentos OH-fenólicos pode ser justificada pela elevada presença destes
compostos em todos os AHs estudados (Figura 14).
400
600
800
1000
1200
1400
20 25 30 35 40 45
N (g kg
-1
)
OH fenólico (cmol
c
kg
-1
)
Figura 14- Relação entre N e acidez fenólica dos AHs extraídos de um Gleissolo
sob mata alagada Cambissolo sob mata de morrote e Argissolo sob
plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos, em duas
profundidades.
O conteúdo de H nos AHs foi semelhante independente da cobertura
vegetal e da profundidade do solo.
O valores de O nos AHs variaram de 432 a 562 g Okg
-1
, faixa
normalmente observada para material humificado menos condensado, como os
AFs, o que implica AHs bastante oxidados e menor intensidade do processo de
humificação. Além disso, o alto conteúdo de cinzas obtido para esses AHs
(Quadro 6), mesmo depois do tratamento com HF, que destrói minerais de argila
51
com silicatos mas não ataca óxidos de Fe e Al, pode indicar que estes minerais
interagiram com o material húmico e bloquearam seus sítios de reação, que, por
sua vez, impediram a condensação dos AHs, ou seja, sua evolução química
(aumento do conteúdo de C e diminuição de O).
Quadro 6- Composição elementar (± erro padrão) e razão atômica (livres de
cinzas e umidade) e percentagem de cinzas dos AHs extraídos de um
Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B);
e Argissolo sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18
anos (C, D e E), em duas profundidades
Áreas C H N O C/N H/C O/C Cinzas
-----------------------g kg
-1
------------------- -----%----
0 - 0,10 m
A
464 ± 51 59 ± 3 45 ± 5 432 ± 53 12,0 1,5 0,7
19,6 ± 6,4
B
399 ± 52 61 ± 3 38 ± 5 502 ± 53 12,2 1,8 0,9
55,4 ± 0,1
C
438 ± 45 52 ± 3 28 ± 9 482 ± 46 18,4 1,4 0,8
37,5 ± 0,6
D
411 ± 38 58 ± 4 34 ± 9 497 ± 40 14,2 1,7 0,9
43,8 ± 0,5
E
387 ± 46 64 ± 3 44 ± 8 505 ± 47 10,3 2,0 1,0
56,5 ± 0,9
0,10 – 0,20 m
A
461 ± 46 59 ± 3 42 ± 6 437 ± 47 12,7 1,5 0,7
23,2 ± 2,0
B
379 ± 47 72 ± 4 38 ± 7 511 ± 47 11,7 2,3 1,0
63,6 ± 0,3
C
398 ± 47 58 ± 3 27 ± 7 516 ± 53 17,2 1,8 1,0
50,7 ±1,8
D
359 ± 51 64 ± 3 35 ± 7 542 ± 50 12,0 2,1 1,1
57,3 ± 0,5
E
344 ± 46 64 ± 3 30 ± 6 562 ± 49 13,3 2,2 1,2
61,6 ± 0,2
A partir da composição elementar dos AHs são obtidas as razões
atômicas C/N, H/C e O/C, que podem ser usadas para analisar o comportamento
químico dos AHs (Lu et al., 2000). Com exceção dos AHs isolados na área C, os
valores encontrados para razão C/N foram baixos (Quadro 6) oscilando entre 10 e
14 e indicando material humificado disponível ao ataque biológico. Vilella et al.
(2004) verificaram que o conteúdo de N, na serrapilheira proveniente da área C,
fora a metade do observado para as outras áreas de eucalipto e para uma mata
adjacente na mesma Reserva Biológica. O valor de N na amostra de solo
(apresentado no Quadro 4), na camada superficial da área C, também foi menor
em relação às demais áreas, porém, o comportamento não foi o mesmo em
subsuperfície. É possível, então, estabelecer uma concepção teórica ou modelo
para humificação da matéria orgânica desta área, que é dependente da atividade
biológica e dos produtos dessa atividade na serrapilheira mais do que na fração
mineral do solo. O fluxo de nutrientes, provenientes da ciclagem da matéria
orgânica presente na serrapilheira, onde as raízes que são superficialmente
dispostas para aproveitar os nutrientes, é bastante compartimentado com pouca
interferência da capacidade de troca de cátions do solo. Desta forma, áreas que
apresentaram serrapilheira com baixo conteúdo de nutrientes produziram SHs
com menor conteúdo de N.
A razão H/C tem sido usada por muitos pesquisadores como um
indicador indireto do grau de aromaticidade ou de insaturação das SHs (Rice e
MacCarthy, 1991). Valores relativamente menores de H/C indicam um grau maior
de aromaticidade, já valores maiores indicam menor grau de substituição e,
portanto, maior presença de cadeias alifáticas. Os valores dessa razão variaram
de 1,4 a 2,0 nos AHs isolados na profundidade 0 - 0,10 m, e de 1,5 - 2,2 na
camada de 0,10 - 0,20 m do solo (Quadro 6). Normalmente em AHs de clima
temperado, a razão H/C é menor que a unidade, indicando a presença de
compostos orgânicos bastante substituídos e com grau mais elevado de
conjugação. Neste estudo, a natureza alifática do material húmico foi bastante
evidente (os valores da razão H/C sempre foram acima da unidade), indicando
também a presença de material com característica apolar nos AHs, típicos de SHs
pouco evoluídas estruturalmente. Com a profundidade, a razão H/C tendeu a
aumentar, sugerindo diminuição do grau de humificação dos AHs, ou seja, quanto
mais distante da atividade biológica sobre a superfície, que permite a maior
síntese do material húmico e com menor pH e conteúdo de bases, é provável que
tenha ocorrido diminuição das reações de substituição e preservação seletiva de
compostos orgânicos alifáticos associados nos AHs.
De acordo com Lu et al. (2000), valores mais altos de O/C indicam AHs
mais oxidados e com menor grau de condensação. Desta forma, as razões O/C
obtidas nos AHs deste estudo mostraram-se elevadas (0,7 – 1,2) independente da
cobertura vegetal e profundidade do solo, aproximando-se dos valores
53
observados para AFs, que, juntamente com a elevada acidez total, carboxílica e
fenólica, evidenciam características fulváticas aos AHs.
O gráfico constituído a partir das relações H/C e O/C, conhecido como
diagrama de Van Krevelen, pode ser usado para visualização dos processos
químicos que atuam na formação das SHs (Baranciková et al., 1997). A partir
deste, foi possível identificar teoricamente as principais reações de formação das
SHs (Figura 15). Sob esta perspectiva é possível diferenciar três grupos de AHs.
O primeiro é formado pelos AHs mais oxidados, extraídos das áreas D e E, na
maior profundidade. O segundo é formado pelos AHs isolados das duas
profundidades dos solos nas áreas B e C, e da superfície do solo nas áreas D e
E, que, em relação ao primeiro grupo, passaram por reações mais intensas de
demetilação, descarboxilação e desidratação. O AH extraído da superfície da área
C apresentou maior grau nas reações de desidrogenação do que os demais AHs
do segundo grupo. Já o terceiro grupo é composto pelos AHs da mata alagada
(área A), nas duas profundidades do solo, são menos oxidados e possuem a
maior condensação em relação aos outros AHs das outras áreas, atribuída às
maiores quantidades de reação de desidratação (união de moléculas com perda
de água).
DESIDRATAÇÃO
DESIDROGENAÇÃO
DESIDROGENAÇÃO
DESIDRATAÇÃO
OXIDAÇÃO
HIDROGENAÇÃO
DESCARBOXILAÇÃO
DEMETILAÇÃO
Figura 15- Diagrama H/C versus O/C para AHs extraídos de um Gleissolo sob
mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo
sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e
E), em duas profundidades (1=0 - 0,10 m e 2=0,10 - 0,20 m).
As reações químicas que se processam no sistema solo são, em sua
grande extensão, determinadas pelas cargas elétricas na superfície dos colóides
minerais e orgânicos. Nos solos tropicais úmidos com grau elevado de
intemperismo e predominância de minerais de argila 1:1 e “óxidos” com pequena
densidade de cargas elétricas negativas, cerca de 80% dessas cargas são devido
aos colóides orgânicos. Essas cargas são dependentes do pH do solo, que
estabelece a quantidade de íons determinantes de potencial adsorvidos na
superfície (H
+
e OH
-
). Os principais grupamentos funcionais ionizáveis na matéria
orgânica humificada são os carboxílicos e os fenólicos, considerados ácidos de
Lewis fracos e muito fracos. A quantificação desses grupamentos é um marco
importante para o estudo da reatividade dos AHs no sistema solo e também um
55
indicador químico direto de seu grau de evolução, uma vez que, com o avanço do
processo de humificação, as reações de desidratação, condensação e oxidação
diminuem a quantidade de grupamentos funcionais oxigenados capazes de ceder
elétrons para formar uma ligação. A acidez total dos AHs mede a capacidade
potencial de retenção de H
+
ou cátions e portanto, a capacidade de formação de
complexos.
Os resultados da acidez total, carboxílica e fenólica, encontrados para os
diferentes AHs, são apresentados no Quadro 7. Os valores encontrados para
acidez total foram elevados, entre 875 e 1580 cmol
c
kg
-1
, típicos de matéria húmica
pouco evoluída quimicamente, como os AFs. A faixa de acidez total, normalmente
observada para AHs, varia de 560 a 890 cmol
c
kg
-1
(Stevenson, 1994;
Barancíková et al., 1997; Senesi et al., 2003). Os resultados foram similares aos
valores tipicamente observados para AFs. A acidez total dos AHs diminuiu em
profundidade, o que indica menor reatividade dos AHs com a profundidade do
solo. Esta característica, juntamente com o baixo conteúdo de carbono e elevado
de O (elevada razão O/C), indica presença de material muito oxidado e pouco
condensado, ou seja, com baixo grau de evolução, o que confere a esses AHs um
comportamento similar aos AFs. Isto está de acordo com o baixo conteúdo de
AHs encontrado nesses solos (Quadro 5), atribuído às precárias condições de
fertilidade do solo, principalmente à acidez elevada e ao baixo conteúdo de bases
trocáveis, que podem estar impedindo a maior condensação dos AHs.
Os valores encontrados para acidez total são próximos aos obtidos, para
AHs isolados de Argissolos da Região Norte do Estado do Rio de Janeiro, por
Canellas et al. (2002a) e Canellas et al. (2002b), que observaram valores de
acidez total entre 1030 e 1627 cmol
c
kg
-1
em AHs, sugerindo baixo grau de
evolução dos AHs nesses solos tropicais mais intemperizados. A presença de
material humificado com acidez elevada tem um aspecto importante nos
ecossistemas tropicais. A ciclagem de nutrientes ocorre basicamente na camada
de serrapilheira, de onde a flora e microrganismos retiram os íons necessários
para o seu crescimento. A presença de grande quantidade de moles de H+,
capazes de realizar reações de troca, funciona como uma rede protetora contra a
perda de íons por lixiviação e, principalmente, para atenuar através da
complexação os efeitos deletérios provocados pela presença da quantidade
elevada de Al
3+
trocável (Quadro 4).
A maior parte da acidez total foi devido à contribuição da acidez fenólica,
que foi evidenciada pelas elevadas razões entre acidez fenólica e carboxílica
(OH/COOH), variando entre 3,3 e 6,9. De acordo com Rossel et al. (1989),
ocorrem diminuição no conteúdo de grupos OH fenólicos e um aumento no
conteúdo de COOH com a humificação do solo, indicando a presença de material
húmico pouco evoluído. A predominância de grupamentos fenólicos na acidez
total indica a presença de um material menos ácido, já que OH fenólico é um
ácido muito fraco com capacidade de se dissociar em valores de pH entre 9 e 10.
Se por um lado a sua presença em maioria diminui a probabilidade de formação
de complexos estáveis com íons metálicos, por outro a matéria orgânica com esta
característica apresenta pouca capacidade para atacar minerais através de
reações de hidrólise ácida e, conseqüentemente, baixa capacidade de liberar íons
de forma não trocável para a solução do solo. Esse fenômeno torna a matéria
orgânica menos agressiva à fração mineral do solo.
Considerando-se a cobertura vegetal, os AHs isolados na área de mata
alagada apresentaram a maior acidez total (1580 cmol
c
kg
-1
), atribuída, pelo
menos em parte, às condições hidromórficas dessa área, que, nos períodos de
abaixamento do lençol freático, favorecem a presença de compostos fenólicos
solúveis nos AHs, conforme observado em solos Glei por Manzatto (1990),
contribuindo para produção de mais radicais ácidos. Nas outras áreas, os valores
de acidez foram muito próximos, indicando que a reatividade da matéria orgânica
depende mais das condições de humificação do que da qualidade da serrapilheira
ou do material precursor dos AHs.
57
Quadro 7- Valores médios (± erro padrão) encontrados para acidez total,
carboxílica e fenólica; razão E
4
/E
6
e área do espectro de fluorescência
de emissão com excitação em 465 nm (A
465
) dos AHs extraídos de um
Gleissolo sob mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B);
e Argissolo sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18
anos (C, D e E), em duas profundidades
AH Acidez total Acidez
COOH
Acidez OH-
fenólica
Razão
OH/COOH
E
4
/E
6
A
465
---------------------cmol
c
kg
-1
-------------------- u. a. f.
0 - 0,10 m
A
1580 ± 80 270 ± 20
1310 4,8 5,8 11240
B
1000 ± 10 161 ± 7
839 5,2 5,0 10170
C
1105 ± 75 227 ± 1
878 3,8 4,3 4800
D
970 ±110 177 ± 13
792 4,5 6,0 1200
E
1025 ± 65 237 ± 1
788 3,3 6,2 4.600
0,10-0,20 m
A
1040 ± 60 233 ± 23
807 3,5 3,2 1240
B
875 ± 15 136 ± 6
738 3,5 6,1 1176
C
1075 ± 65 164 ± 17
911 5,5 5,3 888
D
965 ± 55 122 ± 19
843 6,9 6,0 1165
E
1010 ± 50 165 ± 11
845 5,1 4,1 605
Análises espectroscópicas
A razão E
4
/E
6
,
obtida através da espectroscopia na região ultravioleta-
visível (UV-visível), é amplamente utilizada para avaliar o grau de humificação das
SHs, apesar de algumas controvérsias. Kononova (1982) postulou uma relação
inversa entre o grau de condensação da matéria orgânica humificada (i.e.
presença de anéis aromáticos) e o valor da razão E
4
/E
6
. No entanto, estudos
posteriores indicaram que essa razão está mais intimamente relacionada ao
tamanho/massa da partícula do que à presença de anéis aromáticos, devido à
dissipação da luz na solução diluída de macromoléculas (Chen et al., 1977).
Os menores valores dessa razão foram observados para a área de
eucalipto com 14 anos (4,3) na camada 0 - 0,10 m, para a mata alagada (3,2) e
área de eucalipto com 18 anos (4,1), na camada de 0,10 - 0,20 m do solo (Quadro
7). Esses valores não apresentaram uma relação com o aumento da
profundidade, pois a razão E
4
/E
6
aumentou nos AHs isolados nas áreas B e C e
diminuiu nas áreas A e E, permanecendo constante na área D. A razão E
4
/E
6
não
apresentou nenhuma correlação significativa com os conteúdos de O, C, COOH e
acidez total, diferentemente ao que foi estipulado por Chen et al. (1977),
indicando, assim, que essa razão está mais relacionada ao tamanho das
partículas dos AHs do que com sua reatividade. Klinca e Lowe (1979), analisando
AHs de diferentes ecossistemas florestais, observaram que a propriedade ótica
E
4
/E
6
, sozinha, não distinguiu as diferentes coberturas vegetais estudadas. No
entanto, essa propriedade teve correlação positiva com as condições edáficas tais
como pH, relação C/N do solo e conteúdo de K, o que não foi obtido no presente
trabalho.
Bravard e Righi (1991) encontraram valores elevados da razão E
4
/E
6
(8,2
– 9,2) para Latossolos do Amazonas, enquanto Canellas et al. (2002b)
observaram valores que variaram entre 2,6 e 3,4 para Argissolos sob plantios de
eucaliptos e cana-de-açúcar, no Rio de Janeiro. Essa faixa ampla de valores para
a razão E
4
/E
6
foi obtida em ambientes completamente diferentes. Originalmente, a
razão E
4
/E
6
foi usada para distinção de SHs provenientes de diferentes tipos de
solo, com condições ecológicas de formação bastante diferenciadas, sendo
empregada com bastante sucesso (Kononova, 1982). No entanto, para a distinção
de AHs originados de condições edáficas bastante semelhantes, o uso da razão
E
4
/E
6
pode não ser efetivo, como o observado neste estudo.
A fluorescência de um composto depende de sua estrutura molecular e
está quase sempre associada ao sistema eletrônico π. Sua intensidade é alterada
por substituintes, ou seja, grupos doadores de elétrons que aumentam a eficácia
da fluorescência ou retiradores de elétrons que a reduzem (Sierra e Giovanela,
1995). Bayer et al. (2002); Millori et al. (2002) e Pérez et al. (2004) mostraram que
a intensidade de emissão de fluorescência de AHs com excitação na luz azul (430
nm) pode estar diretamente relacionada com a condensação, revelando-se um
indicador do grau de humificação.
As análises da espectroscopia de fluorescência demonstraram maior
absorção dos AHs dos solos de mata alagada (A) e mata de morrote (B) em
relação às áreas de eucalipto (Quadro 7). Isso foi observado para as duas
59
profundidades analisadas, sendo que a intensidade de fluorescência diminuiu
consideravelmente na camada 0,10 - 0,20 m do solo. De acordo com Pérez et al.
(2004), a elevada intensidade de fluorescência está diretamente relacionada com
o aumento do grau de aromaticidade e da concentração de radicais livres do tipo
semiquinonas, que, por sua vez, indicam maior grau de humificação. Isso pode
ser atribuído aos grupos fenólicos formados durante o processo de degradação
da matéria orgânica (Zech et al., 1997), que são oxidados durante o processo de
humificação produzindo estrutura do tipo quinona, que é precessora de radicais
livres do tipo semiquinonas.
A mata alagada apresentou maior conteúdo de C; menores reações de
oxidação segundo o diagrama de Van Krevelen; e maior acidez total na camada
de 0 - 0,10 m, que normalmente é obtida com o processo de humificação do solo.
No entanto, os demais parâmetros empregados neste estudo para caracterizar os
AHs não apresentaram diferenças marcantes nos AHs isolados das matas e das
áreas de eucalipto. É possível indicar então que, para ambientes similares, a
técnica de fluorescência apresenta sensibilidade suficiente para discriminar os
efeitos da serrapilheira nas características eletrônicas do material humificado. De
acordo com Sierra e Giovanela (1995), Skoog (2002) e Chen et al. (2003), as
propriedades de fluorescência das SHs são dependentes de diversos fatores,
como sua origem, massa molar, concentração, pH, força iônica, temperatura,
potencial redox do meio, grau de conjugação e efeitos de substituintes. Além
disso, a interação com íons metais reduz a intensidade de fluorescência (Ghosh e
Schnizer, 1981). Nesse contexto, é importante considerar que as áreas de
eucalipto apresentam um maior percentual de argila que as áreas de mata
(Quadro 4) que, juntamente com os hidróxidos de ferro, podem formar complexos
afetando as interações hidrofóbicas. Tais interações são responsáveis pelo
arranjamento das SHs (Picollo, 2002). Assim, interações mais fracas permitem
maior solubilidade dos AHs.
Nesse contexto, foi observado menor conteúdo de cinzas nos AHs
isolados nas áreas de mata (Quadro 5) proporcionando maior disponibilidade
desse material em solução, o que afeta o metabolismo e o crescimento das
plantas, considerando que AHs exercem efeito direto de estimulação de plantas
(Canellas et al. 2002b). O efeito dos AHs está relacionado ao favorecimento da
nutrição celular através da indução da síntese de enzimas H
+
-ATPases de
membrana plasmática. Essa enzima gera o gradiente eletroquímico necessário
para a energização do transporte de água e nutrientes para a célula, favorecendo
o crescimento radicular (Canellas et al., 2002b).
A espectroscopia de infravermelho (IV) permite distinguir as vibrações
moleculares de diversos grupos funcionais (Silverstein e Webster, 2000), o que
viabiliza a análise qualitativa dos grupos reativos de compostos húmicos. Além
disso, a região compreendida entre 1400 cm
-1
e 900 cm
-1
é conhecida como
região de impressão digital de uma substância orgânica, i.e., compostos
orgânicos iguais apresentam mesma absorção e, conseqüentemente, compostos
orgânicos distintos apresentam absorções distintas nessa região. Essa
propriedade da espectroscopia de IV é muito útil para diferenciação de
compostos.
Nas Figuras 16 e 17 estão apresentados os espectros, na região do IV,
dos AHs extraídos dos solos de áreas de mata nativa e de plantios de eucalipto
abandonados. As possíveis atribuições das bandas de absorção (Quadro 8 e 9)
foram realizadas com base nos trabalhos de Kononova (1982), Bloom e Leenheer
(1989), Stevenson (1994), Rivero et al. (1998), Ceretta et al. (1999), Canellas
(1999), Silverstein e Webster (2000). Canellas et al. (2002b), Senesi et al. (2003)
e Dick et al. (2003).
Em todos os espectros aparecem bandas de absorção bem definidas na
região de 3694 cm
-1
(área A) e 3698 cm
-1
(áreas D e E), na menor profundidade
do solo, e em 3694 cm
-1
(área B) e 3698 cm
-1
(áreas C e E), na camada 0,10 -
0,20 m do solo, que podem ser atribuídas a vibração de estiramento da ligação de
grupos OH e NH livres. Na região de 3378 a 3400cm
-1
, foram observadas bandas
de absorção alargadas nos AHs, exceto para as áreas B e D, na profundidade 0 -
0,10 m. Essa região é característica da absorção da vibração de estiramento de
grupos OH em pontes de H inter e intramoleculares. O tamanho do alargamento
da absorção tem correspondência com a força da interação H, uma vez que,
quanto mais forte a ponte de H, mais energia é necessária para estirar as ligações
proporcionando o alargamento da absorção. As bandas de absorção na região de
3133 a 3155 cm
-1
podem ser atribuídas à presença de C-H aromáticos e ciclos
alcanos. Essa absorção está nos AHs da mata alagada (A) e diminui com a
profundidade do solo. Em todos os espectros, foram observadas absorções na
faixa de 2918 a 2930 cm
-1
, atribuídas normalmente à presença de grupos metilas
61
(estiramento C-H de grupos CH
3
), o que confirma a presença de estruturas
alifáticas observadas pela elevada relação H/C (Quadro 6).
Na região de 1700 cm
-1
,
característica da absorção de carbonilas de
cetonas, foram observadas bandas de absorção em 1706 cm
-1
para AHs da
superfície da área A e da maior profundidade da área C; em 1709 cm
-1
para AHs
da área E (0,10 - 0,20 m) e, em 1711 cm
-1
para área C (0,10 - 0,20 m), que
correspondem a C=O de cetonas e grupos COOH. Esses sinais de absorção são
mais evidentes nos AHs da área de eucalipto C.
As bandas de absorção atribuídas à presença de grupamentos fenólicos
normalmente são observadas na região entre 1290-1350 cm
-1
. Foram observadas
bandas de absorção nos AHs isolados da camada superficial em 1393 cm
-1
na
área A e B; em 1383 cm
-1
na área D e em 1391 cm
-1
nas áreas C e E. Com a
profundidade, apenas a área A (1400 cm
-1
) se diferenciou das demais áreas.
Essas absorções são mais fortes que as atribuídas aos grupamentos COOH
(1239-1254 cm
-1
), que apresentaram absorção na mesma região para os AHs das
matas, apenas na profundidade 0 - 0,10 m (1393 cm
-1
). Isso confirma a elevada
acidez fenólica observada nas análises dos grupamentos funcionais dos AHs
(Quadro 7).
As absorções nas regiões de 1028 cm
-1
(área A); 1033 cm
-1
(áreas B e E);
1036 cm
-1
(área D) e 1041 cm
-1
(área C) são referentes à presença de
polissacarídeos nos AHs da camada 0 - 0,10 m do solo e são menos intensas na
área C, que possui menor teor de N na composição elementar. As bandas de
absorção foram mais fortes nos AHs extraídos da camada superficial, onde há
maior adição de resíduos e maior atividade biológica. Segundo Garcès (1987),
absorção próxima a 1100 cm
-1
é atribuída à presença de grupos COO
-
ligados a
cátions metálicos. A presença de um conteúdo elevado de cinza (Quadro 6)
sugere a presença de material inorgânico persistente, mesmo após a purificação
dos AHs, como já observado por Canellas (1999) analisando a capacidade de
adsorção de íons metálicos das SHs.
Para a região de absorção correspondente à de formação de CH
aromático (811-935 cm
-1
), as absorções foram distintas entre os diferentes tipos
de AHs. O mesmo foi observado para as absorções na região de 515 a 539 cm
-1
.
A região de 1420 a 910 cm
-1
, conhecida como impressão digital,
corresponde à faixa de absorção dos grupamentos funcionais pouco afetados
pelo restante da molécula, sendo, portanto, uma região característica de cada
espectro de AH. Os AHs extraídos dos solos apresentaram diferenças na região e
na intensidade das bandas de absorção. Os espectros de IV mostraram a
presença de estruturas aromáticas e alifáticas, amidas, COOH, OH fenólico, além
de carboidratos nesses AHs. Esses dados demonstraram AHs com funcionalidade
similar, mas com absorções específicas na região de impressão digital, indicando
que há um efeito do tipo de solo e da vegetação de cobertura na assinatura
química dos AHs mas não na sua reatividade geral.
63
Quadro 8- Possíveis atribuições das bandas de absorção (cm
-1
) encontradas nos
espectros de IV de AHs extraídos de um Gleissolo sob mata alagada
(A); Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo sob plantios
abandonados de eucaliptos com 14,16 e 18 anos (C, D e E), na
profundidade 0 - 0,10 m.
A B C D E Possíveis atribuições
---------------------------- cm
-1
----------------------------
3696(m) - - 3698(m) 3698(m)
δ OH e NH livres
3378(al) - 3400(f) - 3393(al)
ν OH e NH em ligação inter e
intramolecular
- 3143(al) 3155(al) 3150(al) 3133(al)
δ CH aromático e CH
2
e CH de
ciclo alcanos
2923(F) 2928(f) 2923(f) 2920(f) 2923(f)
ν CH
3
/CH
2
alifático
2844(f) 2839(f) 2840(f) 2839(f) -
ν CH
3
/CH
2
alifático
1706(f) - 1711(f) - -
ν C=O de CO
2
H e cetonas
1621(F) 1621(F) 1613(F) 1623(F) 1623(F)
ν C=O amida I, quinonas
1542(f) 1538(f) - - -
δ NH e amidaII
1393(F) 1393(F) 1391(F) 1383(F) 1391(F)
δ OH e ν C-O de OH fenólico,
δ C-H de CH
2
e CH
3
e ν COO
-
1246(F) 1246(m) 1254(m) 1239(m) 1244(m)
ν C-O e δ OH de COOH, ν C-
O de aril-éteres, ésteres
1097(f) - - 1092(f) 1095(f)
ν C-O de polissacarídeos
1028(F) 1033(m) 1041(f) 1036(F) 1033((F)
ν C-O de polissacarídeos
923(m) 926((m) 935(F) 916(F) 935(F)
δ CH aromático
813m) 813(F) 818(F) 811(F) 813(F)
δ CH aromático
676(f) - 671(f) - -
δ CH aromático
529(f) - 515(f) 537(f) 522(f)
ν C=C aromático
ν=estiramento; δ=deformação; al=alargada; f=fraco; m=médio; F=forte
Quadro 9- Possíveis atribuições das bandas de absorção (cm
-1
) encontradas nos
espectros de IV de AHs extraídos de um Gleissolo sob mata alagada
(A); Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo sob plantios
abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e E), na
profundidade 0,10 - 0,20 m.
A B C D E Possíveis atribuições
---------------------------cm
-1
----------------------------
- 3694(f) 3698(m) - 3698(F)
δ OH e NH livres
- - - - 3620F)
δ OH
3395(al) 3400(al) 3390(al) 3400(al) 3390(al)
ν OH e NH em ligação inter e
intramolecular
- 3145(al) 3114(F) 3143(al) 3153(al)
δ CH aromático e CH
2
e CH de
ciclo alcanos
2920(F) 2923(f) 2918(f) 2930(f) 2918(f)
ν CH
3
/CH
2
alifático
2842(f) - - - -
ν CH
3
/CH
2
alifático
- - 1706(f) - 1709(f)
ν C=O de CO
2
H e cetonas
1628(m) 1621(F) 1621(F) 1623(F)
ν C=O amida I, quinonas
1564(f) - 1596(F) - -
δ NH e amidaII
1400(m) 1393(F) 1393(m) 1393(m) 1393(m)
δ OH e ν C-O de OH fenólico,
δ C-H de CH
2
e CH
3
e ν COO
-
1239(m) 1246(m) 1246(m) 1246(m) -
ν C-O e δ OH de COOH, ν C-
O de aril-éteres, ésteres
1033(f) 1033(f) 1033(f) 1041(f) 1033(m)
ν C-O de polissacarídeos
923(f) 928(F) 933(F) 933(F) 926(m)
δ CH aromático
813(m) 811(m) 820(m) 813(m) 811(m)
δ CH aromático
674(f) - - - 674(f)
δ CH aromático
522(f) 524(al) 539(f) 539(f) 529(al)
ν C=C aromático
ν=estiramento; δ=deformação; al=alargada; f=fraco; m=médio; F=forte.
65
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
A
NÚMERO DE ONDAS (cm
-1
)
E
C
B
D
Figura 16- Espectros de infravermelho de AHs extraídos de um Gleissolo sob
mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo
sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e
E), na profundidade 0 - 0,10 m.
4000 3500 3000 2500 2000 1500 1000 500
B
A
NÚMERO DE ONDAS (cm
-1
)
E
C
D
Figura 17- Espectros de infravermelho de AHs extraídos de um Gleissolo sob
mata alagada (A); Cambissolo sob mata de morrote (B); e Argissolo
sob plantios abandonados de eucaliptos com 14, 16 e 18 anos (C, D e
E), na profundidade 0,10 - 0,20 m.
67
Regeneração de espécies nativas e MOS
A vegetação de determinada área é composta pelas espécies ali presentes,
em que a regeneração destes indivíduos compõe sua dinâmica e seu futuro
paisagístico e funcional. As medidas mais comumente utilizadas nas avaliações
de áreas em processo de restauração estão relacionadas com a composição do
estrato arbóreo e do sub-bosque, sendo este último avaliado pela densidade e
número de espécies estabelecidas através da regeneração natural, além da
densidade e número de espécies de outras formas de vida, como as gramíneas,
lianas, entre outras (Fang e Peng, 1997). A regeneração das espécies em uma
determinada área pode refletir as condições futuras desse ambiente.
Os valores de densidade e riqueza de plântulas das áreas amostradas
estão apresentados no Quadro 10. As áreas de mata demonstraram uma
densidade de indivíduos bem superior à que áreas de eucaliptos. Em relação aos
fragmentos de mata, a mata de morrote (B) apresentou maior densidade que a
mata alagada (A). No entanto, o critério de inclusão para a amostragem de
regeneração, utilizado por Rodrigues (2004) na área B, considera como plântulas
indivíduos até 1 m de altura. Isto faz com que essa comparação seja realizada
com as devidas ressalvas, como uma forma de auxiliar na interpretação dos
resultados.
Dentre os plantios de eucalipto, a área C apresentou menor densidade de
indivíduos e riqueza de morfo-espécies (840 ind. ha
-1
). A dominância de
gramíneas, nessa área, como observado por Vilella et al. (2001b), pode ter
dificultado o estabelecimento das plântulas. De acordo com as observações de
Carneiro (2002), as gramíneas podem constituir uma barreira física para o
recrutamento de novas espécies na área.
Em geral, a densidade de indivíduos e a riqueza de morfo-espécies foram
muito baixas para os plantios de eucalipto em relação às matas. Assim, é
importante considerar alguns fatores que afetam no processo de regeneração de
espécies, tais como disponibilidade de luz (Souza, 2000), o grau de isolamento
em relação às fontes de propágulos, i.e., da floresta nativa (Loumeto e Huttel,
1997); a atratividade à fauna dispersora (Parrota et al., 1997; Geldenhuys, 1997);
a drenagem, a disponibilidade de nutrientes do solo, a temperatura (alterada pelo
índice de radiação) e a idade do plantio (Geldenhuys, 1997), entre outros. Nesse
contexto, é necessário considerar a atuação dos diferentes fatores e suas
interações na formação do ecossistema.
Em relação às variáveis do solo, essas, apesar das diferentes classes de
solos, demonstraram situações de baixa fertilidade semelhantes para todas as
áreas amostradas, sendo que os solos das áreas C e E obtiveram menor acidez e
maior saturação de Al (m), na menor profundidade. No entanto, não há uma
relação direta entre o pH e “m” com a densidade de plântulas, apresentando
coeficiente de determinação sempre inferiores a 0,45.
A distribuição das frações humificadas da MOS apresentou poucas
diferenças entre as áreas, o que desvincula o efeito direto desse fator na
regeneração das espécies nativas. Para as diferenças observadas nas análises
químicas do material humificado, como os AHs menos oxidados e com maior
acidez total na mata alagada, e o menor teor de N na área C, também não são
constatadas relações (r
2
sempre menores que 0,1). Entretanto, uma baixa
concentração de N foi obtida na serrapilheira dessa mesma área segundo os
estudos de Villela et al. (2001b), de forma que isso pode ter refletido no baixo teor
de N do material. De acordo com as avaliações de Geldenhuys (1997), sobre
plantios de pinus e eucalipto no Sul da África, a menor disponibilidade de
nutrientes pode dificultar a regeneração de espécies nativas.
A maior intensidade de fluorescência observada nos AHs das áreas de
mata, que pode estar relacionada às ligações hidrofóbicas mais fracas dessa
fração húmica e, conseqüentemente, à sua maior solubilidade, resultou em uma
relação significativa com a densidade das plântulas (r
2
=0.72). Dessa forma, a
baixa densidade de plântulas, nas áreas de eucalipto, pode estar sendo
influenciada pela menor disponibilidade do material húmico em solução.
Segundo Lisanework e Michelsen (1994), Ndaw (2003) e Froufe (2003),
alta concentração de lignina (substâncias mais resistentes à decomposição) em
folhas de eucalipto pode dificultar a liberação de nutrientes para a regeneração da
vegetação. No entanto, diversos estudos têm constatado a regeneração natural
de espécies nativas sob plantios de eucalipto de diferentes espécies (Silva Júnior
et al., 1995; Parrota, 1999; Lisanework e Michelsen, 1994).
Loumeto e Huttel (1997) consideraram as florestas plantadas de
Eucalyptus, Pinus e Acacia como catalisadoras da regeneração e,
conseqüentemente, da recuperação da biodiversidade da floresta natural do
69
Congo. Esse processo de regeneração também foi bem sucedido sob plantios de
Eucalyptus robusta, Casuarina equisetifolia e Leucaena leucocephala (Parrota,
1999).
Carneiro (2002) observou intenso processo de sucessão secundária no
sub-bosque de plantios de Eucalyptus grandis em Itatinga, SP. Essa mesma
espécie favoreceu o estabelecimento de comunidades jovens características de
estádio avançado de sucessão, na Mata Atlântica, Sul do Brasil (Silva Junior et
al., 1995). Estes mesmos autores destacam o potencial dos plantios de
Eucalyptus na recuperação de áreas degradadas.
Quadro 10- Densidade (± erro padrão) e riqueza das plântulas sob fragmentos de
mata alagada (A) mata de morrote (B) e plantios abandonados de
eucalipto com 14, 16 e 18 anos (C, D e E ), respectivamente
Área amostrada Densidade (ind ha
-1
)
Riqueza (morfo-
espécies)
A (62,5 m
2
)
33440 ± 4605 b
116
B (80 m
2
)
57000 ± 6074 a
-
C (250 m
2
)
840 ± 444 c
8
D (250 m
2
)
2360 ± 519 c
14
E (250 m
2
)
1440 ± 483 c
13
CV (%) 41 -
F
54 -
Médias nas colunas seguidas por letras diferentes são diferentes pelo teste de Tukey (P<0,05).
Esses resultados expressam que outros fatores, além das características
do solo, são preponderantes no processo de regeneração das áreas amostradas.
Assim, é importante considerar que a funcionalidade de um ecossistema é
formada pela correlação de um conjunto de fatores (Swift e Anderson, 1993) e
que a modificação de algum deles pode implicar grandes alterações no ambiente.
Nesse contexto, destaca-se a maior intensidade de luz e a menor
umidade observada nas áreas de plantios em comparação à área de mata nativa,
em especial, no plantio C, que também apresentou uma pequena elevação na
temperatura (Ribeiro, 2004). Isto pode ser atribuído à uma menor cobertura do
dossel, de forma que um maior sombreamento propiciado pelo dossel pode agir
no micro-clima do sub-bosque (Loumeto e Huttel, 1997). Um outro fator a ser
melhor investigado é a alelopatia, que influencia diretamente na germinação e
sobrevivência das espécies. Análises realizadas com o extrato de Corymbia
citriodora demonstraram inibição na germinação de sementes e no crescimento
do epicótilo de alface, grama e outros vegetais (Nishimura et al., 1984).
Além disso, outros fatores necessitam ser avaliados, tais como alterações
na ciclagem de nutrientes (Didham, 1998); acúmulo de serrapilheira, que pode
dificultar a germinação (Bruna, 1999) e a sobrevivência das plântulas; visita de
animais dispersores (zoocoria), que pode estar sendo repelida pelas condições
mais perturbadas das áreas de plantios, além do odor exalado pela espécie C.
citriodora, que pode afetar e dispersar alguns membros da fauna. Além disso, a
proximidade das matas nativas possibilita uma maior “chuva” de sementes no
local (Silva Junior et al., 1995).
Nesse contexto, a variável solo e as características da matéria orgânica
não são determinantes na riqueza e regeneração das espécies sob plantios de
eucalipto. Assim, o sucesso da recomposição da mata nativa parece depender da
compreensão sobre o funcionamento do ecossistema e de sua aplicabilidade de
forma eficiente, em uma intervenção antrópica.
71
5. RESUMO E CONCLUSÕES
O objetivo deste trabalho foi avaliar a distribuição da matéria orgânica
humificada do solo através do fracionamento químico e também a natureza
química de AHs através de métodos químicos e espectroscópicos. Além disso,
estudou-se uma possível relação entre a qualidade da matéria orgânica
humificada e a regeneração de espécies nativas. Foram realizadas amostras
compostas de solo em duas profundidades (0 - 0,10 m e 0,10 - 0,20 m). Os solos
da reserva apresentaram fertilidade natural muito baixa, indicada, pela baixa CTC
(< 6 cmol
c
kg
-1
), pH ácido (<5,5) e elevado conteúdo de Al (entorno de
2 cmol
c
kg
-1
), condições estas limitantes para o processo de humificação. As SHs
representaram, portanto, menos de 50% do carbono prontamente oxidável,
indicando que a serrapilheira tem o papel central na nutrição das plantas e
microrganismos. A distribuição relativa das frações que compõem a matéria
orgânica humificada não foi alterada pela cobertura vegetal e nem pela classe de
solo. Os AHs apresentaram natureza química semelhante à normalmente
encontrada para os AFs, tais como baixo conteúdo de carbono, razões H/C e O/C
elevadas e acidez elevada, caracterizando material humificado pouco
condensado. Porém, foi possível observar, através dos métodos
espectroscópicos, diferenças entre os AHs . A análise de infravermelho permitiu
identificar diferenças na estrutura dessa fração húmica, apesar da funcionalidade
similar indicando a presença de efeito do tipo de solo e da cobertura de vegetação
na assinatura química dos ácidos húmicos. O material humificado isolado da Mata
Atlântica apresentou maior intensidade de fluorescência, possivelmente, devido à
presença de ligações hidrofóbicas mais fracas, sugerindo maior labilidade e
capacidade de ceder elétrons para reações químicas do solo que permitem maior
solubilidade dessa fração húmica. Esses dados expressaram uma relação positiva
com a densidade de espécies nativas, o que pode ser reflexo do favorecimento
dos AHs no crescimento das plântulas, nas áreas de matas.
As diferenças discretas na qualidade da MOS e a baixa fertilidade natural
dos solos estudados indicam que outros fatores ambientais devem estar
influenciando para a baixa regeneração de espécies nativas nas áreas de
eucalipto que, por isso, necessitam ser avaliados. Nesse contexto, é importante
considerar que o sucesso da recomposição da mata nativa depende da
compreensão do funcionamento do ecossistema e de sua aplicabilidade de forma
eficiente, em uma intervenção antrópica.
73
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Baranciková, G., Senesi, N., Brunetti, G. (1997) Chemical and spectroscopic acids
isolated from different Slovak soil types. Geoderma, 78:251-266.
Bayer, C., Martin-Neto, L., Mielniczuck, J., Ceretta, C.A. (2000) Effect of no-tillage
cropping systems on soil organic matter in a sandy loam acrisol from southern
Brazil monitorated by electron spin resonance and nuclear magnetic
resonance. Soil Tillage Research, 53:95-104.
Bayer, C., Martin-Neto, L., Mielniczuk, J., Saab, S., Milori, D.M.P., Bagnato W.
(2002) Tillage and cropping system effects on soil humic acid characteristics as
determined by electron spin resonance and fluorescence spectroscopies.
Geoderma, 105:81-92.
Bayer, C., Mielniczuk, J. (1999) Dinâmica e Função da Matéria Orgânica. In:
Santos, G.A., Camargo, F.A.O. (eds.) Fundamentos da Matéria Orgânica do
solo, Porto Alegre: Genesis, p. 9-26.
Benites, V.M., Mendonça, E.S., Schaefer, C.E.R., Martin-Neto, L. (1999)
Caracterização dos ácidos húmicos extraídos de um Latossolo Vermelho
Amarelo e de um Podzol por análise termodiferencial e pela espectroscopia de
absorção no infravermelho. R. Bras. Ci. Solo, 23:543-551.
Bloom, P.R., Leenheer, J.A. (1989) Vibrational, Electronic, and High – energy
Spectroscopic Methods for Characterizing Humic Substances. In: Hayes,
M.H.B.; MacCarthy, P., Malcolm, R.L., Swift, R.S. Humic Substances II In
Search of Structure. New York: J. Wiley, p. 409-443.
Bravard, S., Righi, D. (1991) Characterization of fulvic and humic acids from an
oxisol-spodosol toposequence of Amazonia, Brazil. Geoderma, 48:151-162.
Bruna, E.M. (1999) Seed germination in rainforest fragments. Nature, 402:139.
Buschbacher, R., Uhl, C., Serrão, E.A.S. (1988) Abandoned pastures in eastern
Amazônia. II Nutrients stocks in the soil and vegetation. Journal of Ecology,
76:682-699.
Camargo, F.A.O., Santos, G.A., Guerra, J.G.M. (1999) Macromoléculas e
Substâncias Húmicas. In: Santos, G.A., Camargo F.A.O. (eds.) Fundamentos
da Matéria Orgânica do Solo. Porto Alegre: Genesis, p. 27-39.
Canellas, L.P. (1999) Avaliação de Características Físico-Químicas de Ácidos
Húmicos. Tese (Doutorado em Agronomia) - Seropédica – RJ, Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro - UFRRJ, 164p.
Canellas, L.P., Santos, G.A., Amaral Sobrinho, N.M.B. (1999) Reações da Matéria
Orgânica. In Macromoléculas e Substâncias Húmicas. In: Santos, G.A.,
Camargo, F.A.O. (eds.) Fundamentos da Matéria Orgânica do Solo. Porto
Alegre: Genesis, p. 69-86.
Canellas, L.P., Berner, P.G., Silva, S.G., Barros Silva, M., Santos, G.A. (2000)
Frações da matéria orgânica em seis solos de uma toposseqüência no Estado
do Rio de Janeiro. Pesquisa Agropecuária Brasileira, 35:133-143.
Canellas, L.P., Santos, G.A., Rumjanek, V.M., Moraes, A.A., Guridi, F. (2001)
Distribuição de matéria orgânica e características de ácidos húmicos em solos
com adição de resíduos de origem urbana. R. Bras. Ci. Solo, 36:1529-1538.
Canellas, L.P., Olivares, F.L., Okorokova-Façanha, A.L., Façanha, A.R. (2002a)
Humic acids isolated from earthworm compost enhance root elongation, lateral
root emergence, and plasma membrane H
+
- ATPase activity in maize roots.
Plant Physiology, 130:1951-1957.
Canellas, L.P., Velloso, A.C.X., Rumjanek, V.M., Guridi, F., Olivares, F.L., Santos,
G.A., Braz-filho, R. (2002b) Distribuition of the humified fractions and
characteristics of the humic acids of an ultisol under cultivation of Eucalyptus
and sugar cane. Terra, 20:371-381.
Canellas, L.P., Velloso, A.C.X., Marciano, C.R., Ramalho, J.F.G.P., Rumjanek,
V.M., Rezende, C.E., Santos, G.A. (2003) Propriedades químicas de um
Cambissolo cultivado com cana-de-açúcar, com preservação do palhiço e
adição de vinhaça por longo tempo. R. Bras. Ci. Solo, 27:935-944.
75
Canellas, L.P., Espindola, A.J.A., Resende, C.E., Camargo, P.B., Zandonadi,
D.B., Rumjanek, V.M., Guerra, J.G.M., Teixeira, M.G., Braz-Filho, R. (2004)
Organic matter quality in a soil cultivated with perennial herbaceous legumes.
Scientia Agricola, 61:53-61.
Canellas, L.P., Façanha, R.F. (2004) Chemical nature of soil humified fractions
and their bioactivity. Pesq. Agropec. bras. 39:233-240.
Carneiro, P.H.M. (2002) Caracterização florística, estrutural e da dinâmica de
espécies nativas em um povoamento comercial de Eucalyptus grandis em
Itatinga, SP. Tese (Mestrado em Ciências Florestais) – Piracicaba – SP,
Universidade de São Paulo - USP, 131p.
Ceretta, C.A. (1995) Fracionamento de N orgânico, substâncias húmicas e
caracterização de ácidos húmicos de solo em sistemas de cultura e de plantio
direto. Tese (Doutorado em agronomia) - Porto Alegre - Universidade Federal
do Rio Grande do Sul – UFRGS, 127p.
Ceretta, C.A., Bayer, C., Dick, D.P., Martin-neto, L., Colnago, L.A. (1999) Métodos
espectroscópicos. In: Santos, G.A., Camargo, F.A.O. (eds.) Fundamentos da
Matéria Orgânica do Solo. Porto Alegre: Gênesis, p. 293-330.
Cerri, C.C., Volkoff, B. (1988) Matéria Orgânica de três solos dos campos
inundáveis da Ilha de Marajó / PA. R. bras. Ci. Solo, 12:93-100.
Chen, Y., Senesi, N., Schnitzer, M. (1977) Information provided on humic
substances by E
4
/E
6
Ration. Soil Science Society of America Journal, 41:352-
358.
Chen, Y., Senesi, N., Schnitzer, M. (1978) Chemical and physical characteristics
of humic and fuvic acids extracted from soils of the mediterranean region.
Geoderma, 20:87-104.
Chen, J., LeBoeuf, E.J., Dai, S., Gu, B. (2003) Fluorescence spectroscopic studies
of natural organic matter fractions. Chemosphere, 50:639-647.
Correia, M.E.F., Andrade, A.G. (1999) Formação da serrapilheira e ciclagem de
nutrientes. In: Santos, G.A., Camargo F.A.O. (eds.) Fundamentos da Matéria
Orgânica do Solo. Porto Alegre: Gênesis, p. 197-225.
Couto, E.G., Resende, M. (1985) Caracterização da Matéria Orgânica de alguns
Solos Orgânicos e Gleizados do Sudeste da Bahia. R. bras. Ci. Solo, 9:185-
191.
Dabin, B. (1981) Les matières organiques dans les sols tropicaux normalement
drainès. Cah. O.R.S.T.O.M., Sér. Pédol. 18 (3-4):197–215.
Dick, D.P., Gomes, J., Rosinha, P.B. (1998) Caracterização de substâncias
húmicas extraídas de solos e de lodo orgânico. R. Bras. Ci. Solo, 27:603-608.
Dick, D.P., Santos, J.H.Z., Ferranti, E.M. (2003) Chemical characterization and
infrared spectroscopy of soil organic matter from two southern Brazilian Soils.
R. Bras. Ci. Solo, 27:29-39.
Didham, R.K. (1998) Alterd leaf-litter decomposition rates in tropical forest
fragments. Oecologia, 116:397-406.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1997) Serviço nacional de
levantamento e conservação de solos. Manual de métodos de análise de solo.
2. ed. Rio de Janeiro, 212p.
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (1999) Sistema Brasileiro de
Classificação de Solos. Rio de Janeiro, R.J., 412p.
Fang, W., Peng, S.L. (1997) Developement of species diversity in the restoration
process of establishing a tropical man-made forest ecosystem in China. Forest
Ecology and Management, 99:185-196.
Froufe, L.C.M. (2003) Decomposição de folhas de plantios de eucalipto e pupunha
e em um fragmento da mata atlântica, no Norte Fluminense. Tese (Doutorado
em Produção Vegetal) – Campos dos Goytacazes – RJ, Universidade
Estadual do Norte Fluminense – UENF, 142p.
Fundação SOS Mata Atlântica/INPE (2001) Atlas dos remanescentes florestais da
Mata Atlântica e ecossistemas associados no período de 1995 – 2000. São
Paulo. Relatório final.
Garcès, G.P. (1987) Características actuales del humus en los principales tipos de
suelos de Cuba. Tese (Doutorado em química) – Nitra, Universidad de
Agricultura de Nitra, 200p.
Gastine, A., Lorenzen-Scherer, M., Leadley, P.W. (2003) No consistent effects of
plant diversity on root biomass, soil biota and soil abiotic conditions in
temperate grassland communities. Applied Soil Ecology, 24:101-111.
Geldenhuys, C.J. (1997) Native forest regeneration in pine and eucalyptus
plantations in Northern Province, South Africa. Forest Ecology and
Management, 99:101-115.
Ghosh, K., Schnitzer, M. (1979) UV and Visible absorption spectroscopic
investigations in relation to macromolecular characteristics of humic
substances. Journal of Soil Science, 30:735-745.
Ghosh, K., Schnitzer, M. (1981) Fluorescence Excitation Spectra and Viscosity
Behavior of a Fuvic Acid and its Copper and Iron Complexes. Soil Soc. Am.
45:25-29.
Guerra, J.G.M., Santos, G.A. (1999) Métodos Químicos e Físicos. In: Santos,
G.A., Camargo F.A.O. (eds.) Fundamentos da Matéria Orgânica do Solo. Porto
Alegre, Genesis, p. 267-291.
77
Haberhauer, G., Rafferty, B., Strebl, F., Gerzabek, M.H (1998) Comparison of the
composition of forest soil litter derived from three different sites at various
decompositional stages using FTIR spectroscopy. Geoderma, 83:331-342.
Hector, A., Beale, A.J., Minns, A., Otway, S.J., Lawton, J.H. (2000) Consequences
of the reduction of plant diversity for litter decomposition: effects through litter
quality and microenvironment. Oikos, 90:357-371.
Hooper, D.U. (1998) The role of complementarity and competition in ecosystem
responses to variation in plant diversity. Ecologia, 79:704-719.
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2001) Censo de vegetação do
Brasil. http:// www.sidra.ibge.gov.br em 22/02/2005.
Kindel, A. (2001) A fragmentação real: Heterogeneidade de remanescentes
florestais e valor indicador das formas de húmus. Tese (Doutorado em
Geografia) – Rio de Janeiro – RJ, Universidade Federal do Rio de Janeiro –
UFRJ, 188p.
Kindel A., Garay, I. (2001) Caracterização de Ecossistemas da Mata Atlântica de
Tabuleiros por meio das formas de Húmus. R. Bras. Ci. Solo, 25:551-563.
Klinca, K., Lowe, L.E. (1979) Organic constituents of forest humus layers in the
coastal western hemlock biogeoclimatic zone of British Columbia in relation to
forest ecosystems. British Columbia Forest Servive, 76:1-19.
Kögel-Knaber, I., Hempfling, P.G., Hatcher, P.G., Schulten, H.R. (1987)
Decomposition in forest humus layers studied by CPMAS
13
C NMR, pyrolisis
field ionization mass spectrometry and Cuo oxidation. Sc. Total Environ.
62:111-120.
Kononova, M.M. (1982) Matéria Orgânica del suelo; su natureza, propriedades y
métodos de investigación. Barcelona: Oikos - Tau, 365p.
Kumada, K. (1987) Chemistry of soil organic matter. Tokyo: Japan Scientific
Societies Press, 241p.
Leite, L.F.C., Mendonça, E.S., Neves, J.C., Machado, P.L.O., Galvão, J.C.C.
(2003) Estoques totais de carbono orgânico e seu compartimento em Argissolo
sob floresta e sob milho cultivado com adubação mineral e orgânica. R. Bras.
Ci. Solo, 27:821-832.
Lima, W.P. (1996) Impacto Ambiental do Eucalipto. 2. ed. São Paulo:
Universidade de São Paulo, 301p.
Lima, A.M.N. (2004) Estoque de carbono e frações da Matéria Orgânica do Solo
sob povoamento de eucalipto no Vale do Rio Doce – MG. Tese (Doutorado em
Solos e Produção de plantas) – Viçosa – MG, Universidade Federal de Viçosa
- UFV, 109p.
Lisanework, N., Michelsen, A. (1994) Litterfall and nutrient release by
decomposition in three plantations compared with a natural forest in the
Ethiopian highland. Forest Ecology and Management, 65:149-164.
Longo, R.M., Espíndola, C.R. (2000) C-Orgânico, N-total e Substâncias Húmicas
sob Influência da Introdução de Pastagens (Brachiaria sp) em áreas de
Cerrado e Floresta Amazônica. R. Bras. Ci. Solo, 24:723-729.
Loumeto, J.J., Huttel, C. (1997) Understory vegetation in fast-growing tree
plantations on Savanna soils in Congo. Forest Ecology and Management,
99:65-81.
Lu, X.Q., Hanna, J.V., Johnson, W.D. (2000) Source indicators of humic
substances: an elemental composition solid state
13
C CP/MAS NMR and Py-
GC/MS study. Applied Geochem, 15:1019-1023.
MacCarthy, P., Malcolm, R.L., Clapp, E.C., Bloom, P.R. (1990) An introduction to
Soil Humic Substances. In: MacCarthy, P., Malcolm, R.L., Clapp, E.C., Bloom,
P.R. (eds.) Humic Substances in Soil and Crop Sciences: Selected Readings.
Madison: Soil Science Society of America, p: 1-12.
Machado, P.L.O.A. (1999) Húmus da terra? Afinal, o que é e para que serve?
Embrapa Solos, RJ; http://www.cnps.embrapa.br em 22/02/2005.
Manzatto, H.R.H (1990) Dinâmica da matéria orgânica em solos Glei pouco
húmicos cultivado com arroz inundado no Vale do São João, RJ. Tese
(Mestrado em Agronomia) – Itaguaí – RJ, Universidade Federal Rural do Rio
de Janeiro – UFRRJ, 143p.
Martin, D., Srivastava, P.C., Ghosh, D., Zech, W. (1998) Characteristics of humic
substances in cultivated and natural forest soils of Sikkim. Geoderma, 84:345-
362.
Martin-Neto, L., Rosell, R., Sposito, G. (1998) Correlation of spectroscopic
idicators of humification with mean annual rainfall along a temperature
grassland climosequence. Geoderma, 81:305-311.
McDonnell, R., Holden, N.M., Ward, S.M., Collins, J.F., Farrel, E.P., Hayes,
M.H.B. (2001) Characteristics of humic substances in heathland and forested
peat soils of the wicklow mountains. Biology and Environment, 101:187-197.
Mielniczuk, J. (1999) Matéria Orgânica e a Sustentabilidade de Sistemas
Agrícolas. In: Santos, G.A., Camargo, F.A.O. (eds.) Fundamentos da Matéria
Orgânica do Solo: ecossistemas tropicais e subtropicais. Porto Alegre:
Gênesis, p.1-8.
Millori, D.M.B.P., Martin-Neto, L., Bayer, C., Mielniczuk, J., Bagnato, V.S. (2002)
Humification degree of soil humic acids determined by fluorescence
spectroscopy. Soil Science, 167:739-749.
79
Moreno, J.L. (1996) La Materia Orgánica en los Agrosistemas. Madrid: Ministerio
de Agricultura, Pesca y Alimentación, 174p.
Naeem, S., Thompson, L.J., Lawler, S.P., Lawton, J.H., Woodfin, R.M. (1994)
Declinig biodiversity can alter the performance of ecosystems. Nature,
368:734-737.
Ndaw, S.M. (2003) Diversidade, Biomassa e atividade microbiana como
indicadores da qualidade de solo e da serrapilheira em sítios sob diferentes
coberturas vegetais na região Norte Fluminense. Tese (Mestrado em
Produção Vegetal) – Campos do Goytacazes – RJ, Universidade Estadual do
Norte Fluminense - UENF, 98p.
Niklaus, P.A., Kandeler, E., Leadley, P.W., Schmid, B., Tscherko, D., Korner, C.
(2001) A link between plant diversity, elevated CO
2
and soil nitrate. Oecologia,
127:540-548.
Nishimura, H., Nakamura, T., Mizutani, J. (1984) Allelopathic effects of p-
Menthane-3,8 - Diols in Eucaliptus citriodora. Phytochemistry, 23:2777-2779.
Odum, E.P. (1988) Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara, 434p.
Okeke, A.I., Omaiko, C.P.E. (1992) Leaf decomposition and carbon dioxide
evolution of some agroforestry fallow species in southern Nigeria. Forest
Ecology and Management, 50:103-116.
Orlov, P. (1998) Organic substances of Russian Soils. Eurasian Soil Science,
31:1049-1057.
Pajaczkowska, J., Sulkowska, A., Sulkowski, W.W., Jedrzejczyk, M. (2003)
Spectroscopic study of the humification process during sewage sludge
treatment. Journal of Molecular Structure, 653:141-149.
Parrota, J.A. (1999) Producivity, nutrient cycling, and succession in single - and
mixed-especies plantations of Casuarina equisetifolia, Eucalyptus robusta, and
Leucocephala in Puerto Rico. Forest Ecology and Management, 124:45-77.
Parrota, J.A., Turnbull, J.W., Jones, N. (1997) Catalyzing native forest
regeneration on degraded tropical lands. Forest Ecology and Management,
99:1-7.
Pérez, M.G., Martín-Neto, L., Saab, S.C., Novotny, E.H., Milori, D.M.B.P.,
Bagnato, V.S., Colnago, L.A., Melo, W.J., Knicker, H. (2004) Characterization
of humic acids from a Brasilian Oxisol under different tillage by EPR,
13
C NMR,
FTIR and fluorescence spectroscopy. Geoderma, 118:181-190.
Piccolo, A. (2002) The Supramolecular Structure of Humic Substances: A Novel
Understanding of Humus Chemistry and Implications in Soil Science.
Advances in Agronomy, 75:57-134.
Rabelo, G.R. (2003) Florística e Estrutura da Regeneração de Espécies Nativas
de Mata Atlântica em Plantios de Corymbia citriodora (Hook) L. A Jonhoson &
K.D. Hill de Diferentes Idades e após 6 anos de abandono na REBIO União,
RJ. Monografia (Graduação em Ciências Biológicas) – Campos dos
Goytacazes – RJ, Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF, 33p.
RadamBrasil (1983) Levantamento de recursos naturais. Ministério das Minas e
Energia, Rio de Janeiro, v.32, folha S/F 23/24, Rio de Janeiro/Vitória.
Raice, J.A. (2001) Humin. Soil Science, 166:848-857.
Resende, J.L.P., Garcia, Q.S., Scotti, M.R.M.M.L. (1997) Decomposição de folhas
de Dalbergia nigra e Eucalyptus grandis incubadas em terra de mata e de
eucaliptal. Anais do III Simpósio Nacional de Recuperação de Áreas
Degradadas, Ouro Preto, p. 136-146.
Ribeiro, A.C.C. (2004) Estrutura e composição florística de lianas em plantios de
eucalipto da espécie Corymbia citriodora (Hook) L. A. Jonhoson & K. D Hill, de
diferentes idades, na Reserva Biológica União, RJ. Monografia (Graduação em
Ciências Biológicas) – Campos dos Goytacazes – RJ, Universidade Estadual
do Norte Fluminense Darcy Ribeiro - UENF, 35 p.
Rice, J.A., MacCarthy, P. (1991) Statistical evaluation of the elemental
composition of humic substances. Org. Geochem. 17:635-648.
Rivero, C., Senesi, N., Paolini, J., D’Orazio, V. (1998) Characteristics of humic
acids of some Venezuelan soils. Geoderma, 81:227-239.
Rocha, C.F.D., Bergallo, H.G., Alves, M.A.S., Sluys, M.V. (2003) A Biodiversidade
nos grandes Remanescentes Florestais do Estado do Rio de Janeiro e nas
Restingas da Mata Atlântica. Rio de Janeiro: RiMa, 160p.
Rodrigues, P.J.F.P. (2004) O efeito da Borda na Mata Atlântica Fragmentada.
Tese (Doutorado em Ciências Ambientais) - Campos dos Goytacazes – RJ,
Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro – UENF,153p.
Rossel, R.A., Andriulo, A.E., Schnitzer, M. Crespo, M.B., Miglierina, A.M. (1989)
Humic acids proprieties of an argiudoll soil under two tillage systms. Science of
the Total Environment, 81/82:391-400.
Sanchez, P., Palm, C.A., Buol, S.W. (2003) Fertility capability soil classification: a
tool to help assess soil quality in the tropics. Geoderma, 114:157-185.
Schniter, M. (1965) Reactions between fulvic acid, a soil humic compound and
inorganic soil constituents. Soil Science Soc. Amer. Proc. 33:75-81.
Schnitzer, M. (1991) Soil organic matter – The next 75 years. Soil Science, 1:23-
27.
Schnitzer, M., Gupta U.C. (1965) Determination of acidity in soil organic matter.
Soil Science Society Proceedings, 27:274-277.
81
Schulten, H.R., Schnitzer, M. (1997) Chemical model structures for soil organic
matter and soils. Soil Science, 162:115-130.
Senesi, N., D’Orazio, V., Rica, G. (2003) Humic acids in the first generation of
Eurosoils. Geoderma, 1-20.
Senesi, N., Miano, T.M., Provenzato, M.R., Brunetti, G. (1991) Characterization,
differentiation, and classification of humic substances by fluorescence
spectroscopy. Soil Science, 152:259-271.
Shindo, H., Huang, P.M. (1984) Catalytic effects of manganese (IV), iron (III),
aluminum and silicon oxides on the formation of phenolic polymers. Soil
Science Soc. Am. J., 48:927-934.
Skoog, D.A., Holler, F.J., Nieman, T.A. (2002) Princípios de Análise Instrumental.
5. ed. Porto Alegre: Bookman, 836p.
Sierra, M.M.S., Giovanela, M. (1995) A utilização da espectroscopia de
fluorescência no estudo da matéria orgânica dissolvida nas águas naturais:
evolução e perspectivas. Química Nova, 19:294-300.
Sighal, R.M., Sharma, S.D. (1983) Comparative studies of infrared spectra of soil
humic acids from Doon Valley Forest. J. Ind. Soc. Soil Sci. 31:182-186.
Silva Júnior, M.C., Scarano, F.R., De Souza Cardeal, F. (1995) Regeneration of
an Atlantic forest formation in the understorey of a Eucalyptus grandis
plantation in south-eastern Brazil. Journal of Tropical Ecology, 11:147-152.
Silverstein, R.M., Webster, F. (2000) Identificação Espectroscópica de Compostos
Orgânicos. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 460p.
Souza, F.M. (2000) Estrutura e dinâmica do estrato arbóreo e da vegetação
natural em áreas restauradas. Tese (Mestrado em Ciências Florestais) –
Piracicaba - SP, Universidade de São Paulo – USP, 69p.
Stevenson, F.J. (1994) Humus chemistry: genesis, composition, reactions. 2. ed.
New York: Willey, 496p.
Swift, M.J., Anderson, J.M. (1993) Biodiversity and ecosystem function in
agricultural systems. In: Schulze, E.D., Mooney, H.A. (eds.) Biodiversity and
ecosystem function. Berlim, p. 15-41.
Tilman, D., Wedin, D., Knops, J. (1996) Productivity and sustainability influenced
by biodiversity in grassland ecosystems. Nature, 379:718-720.
Thengh, B.K.G., Tate, K.R., Sollins, P., Moris, N., Nadkarni, N., Tate III, R.L.
(1989) Constituents of Organic Matter in Temperate and Tropical Soils. In:
Coleman, D.C., Oades, J.M., Uehara, G. (eds.) Dynamics Soil Organic Matter
in Tropical Ecossystems. Hawaii: University of Hawaii Press, p.5-32.
Tomé Jr., J.B. (1997) Manual para interpretação de análise de solo. Guaíba, RS:
Editora Agropecuária LTDA, 247p.
Velloso, H.P., Rangel filho, A.L.R., Lima, J.C.A. (1991) Classificação da vegetação
brasileira, adaptada a um sistema universal. (IBGE) Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Rio de Janeiro, 123p.
Villela, D.M., Nascimento, M.T., Mazurec, A.P., Gonsalvez, G.M., Resende, C.E.
(2001a) Soil chemical properties under Eucalyptus citriodora plantations of
different ages after a 9-year period of abandonment in União Biological
Reserve, Rio de Janeiro State, Brazil. CD-ROM dos Anais da 3
rd
International
Conference on Land Degradation and Meeting of the IUSS Subcommission C
– Soil and Water Conservation. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.
Villela, D.M., Nascimento, M.T., Mazurec, A.P., Nascimento, L.M., Haddad, L.N.
(2001b) Biomassa do Estrato Rasteiro e Estoque de Serrapilheira sob
Plantações de Eucalyptus citriodora na Reserva Biológica União, RJ. CD-ROM
dos Anais do Congresso de Ecologia. Porto Alegre, RS, Brasil.
Villela, D., Nascimento, M.T., Rezende, C.E., Nascimento, A.C.P., Mazurec, P. A.;
Tesch, E (2004) Concentração e estoque de nutrientes na serrapilheira e no
estrato rasteiro sob plantações de eucalipto (Corymbia citriodora (Hook) L.A.
Jonhoson & K.D. Hill), na Reserva Biológica União, RJ, após 6 anos de
abandono. CD-ROM dos Anais do 55° Congresso nacional 26° Encontro
regional de botânicos de MG, BA e ES, Viçosa, MG, Brasil.
Zech, W., Senesi, N., Guggenberger, G., Kaiser, K., Lehmann, J., Miano, T.M.,
Miltner, A., Schroth, G. (1997) Factors controlling humification and
mineralization of soil organic matter in the tropics. Geoderma, 79:117-161.
Zhang, H. Thompson, H.L.; Sandor, J.A. (1988) Compositional differences in
organic matter among cultived and uncultived argiudolls and hapludalfs derived
from loess. Soil Sci. Soc. Am. J., 52: 216-222.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo