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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO
LUCELI KELLY DE OLIVEIRA CARDOSO
Avaliação psicológica de crianças obesas em um programa de
atenção multiprofissional a obesidade da Universidade de São
Paulo – 2001 e 2002
Ribeirão Preto
2006
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LUCELI KELLY DE OLIVEIRA CARDOSO
Avaliação psicológica de crianças obesas em um programa de
atenção multiprofissional a obesidade da Universidade de São
Paulo – 2001 e 2002
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Enfermagem Psiquiátrica da
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo para obtenção do
título de Mestre.
Linha de Pesquisa: Promoção de Saúde Mental
Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Pimenta
Carvalho
Ribeirão Preto
2006
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FICHA CATALOGRÁFICA
Cardoso, Luceli Kelly de Oliveira
Avaliação psicológica de crianças obesas em um programa de
atenção multiprofissional a obesidade da Universidade de São
Paulo – 2001 e 2002. Ribeirão Preto, 2006.
103 p.
Dissertação de Mestrado, apresentada à Escola de Enfermagem
de Ribeirão Preto/USP – Área de Concentração: Enfermagem
Psiquiátrica.
Orientadora: Carvalho, Ana Maria Pimenta
1. Obesidade. 2. Criança. 3. Psicologia.
FOLHA DE APROVAÇÃO
Luceli Kelly de Oliveira Cardoso
Avaliação psicológica de crianças obesas em um programa de atenção
multiprofissional a obesidade da Universidade de São Paulo – 2001 e 2002
Dissertação apresentada à Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto da
Universidade de São Paulo para obtenção
do título de Mestre.
Área de Concentração: Enfermagem
psiquiátrica
Aprovado em:
Banca Examinadora
Profa. Dra..............................................................................................................
Instituição...............................................Assinatura..............................................
Profa. Dra..............................................................................................................
Instituição...............................................Assinatura..............................................
Profa. Dra..............................................................................................................
Instituição...............................................Assinatura..............................................
Dedico este trabalho
Ao meu marido Paulo, por seu amor,
compreensão e apoio incansável durante o
período de elaboração deste trabalho.
Aos meus pais Demir e Otaídes, por terem
me educado com amor e carinho, por tudo que
me ensinaram e pelo incentivo que sempre me
deram.
À minha avó Helena, por estar sempre a
meu lado.
AGRADECIMENTOS
À Profa. Dra. Ana Maria Pimenta Carvalho, por ter acreditado em mim, por
ter me incentivado, por ter me dado a oportunidade de caminhar nesta direção
e também pela maneira humana, gentil, carinhosa e competente com que me
orientou durante este caminhar, que muito contribuiu para o meu crescimento
científico, intelectual e como ser humano.
À Jacqueline Rodrigues da Cunha Neto e Maria Aparecida Prioli Bugliani,
supervisoras do Programa de Aprimoramento em Saúde na
Comunidade/HCFMRP, por terem realizado trabalho tão dedicado e
competente junto ao Programa de Atenção Multiprofissional à Obesidade da
Universidade de São Paulo, como supervisoras e por terem concordado com
que eu trabalhasse com o material coletado por sua equipe.
À Elaine Cristina Minto, Thaís Angélica G. Montalvão e Jane N. Dacanal,
Bolsistas do Programa de Aprimoramento em Saúde na
Comunidade/HCFMRP, também por terem realizado trabalho tão dedicado e
competente junto ao Programa de Atenção Multiprofissional à Obesidade da
Universidade de São Paulo, acompanhando as crianças e seus pais e por
terem concordado que eu trabalhasse com o material por elas coletado.
À Profa. Dra. Maria das Graças Bomfim de Carvalho, pelas relevantes
considerações e sugestões realizadas durante o meu exame de qualificação.
À Profa. Dra. Teresinha Pavanello Godoy Costa, pelas relevantes
considerações e sugestões realizadas durante o exame de qualificação. Como
minha chefe na Universidade de Ribeirão Preto, pelas inúmeras vezes em que
tornou meu horário flexível para que eu cumprisse as atividades da Pós-
Graduação, pelas oportunidades de crescimento que me deu e também pelo
carinho e compreensão que sempre me dispensou.
À Adriana Borela Botoleti Arantes, Edilene Aparecida Foleto e Josilene de
Paula Andrade, Secretárias do Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e
Ciências Humanas da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto – USP, por
serem tão atenciosas e estarem sempre disponíveis, facilitando o trabalho dos
alunos.
“Ninguém ignora tudo,
ninguém sabe tudo. Por isso,
aprenderemos sempre”.
Paulo Freire
RESUMO
CARDOSO, L. K. O. Avaliação psicológica de crianças obesas em um
programa de atenção multiprofissional a obesidade da Universidade de São
Paulo – 2001 e 2002. 2006. 103 f. Dissertação (Mestrado) – Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto,
2006.
A obesidade vem aumentando em crianças e adultos, o que traz sérias
conseqüências para a saúde física e mental do indivíduo. Muitos estudos têm
demonstrado que o excesso de peso tende a diminuir a expectativa de vida e
predispõe à morbidade. A obesidade está relacionada com a redução das
atividades motoras, fadiga e problemas psicológicos. É um problema de difícil
tratamento. Assim, medidas de intervenção devem ser incentivadas para obter
controle em fase precoce. O objetivo deste estudo foi de descrever e analisar
os resultados das avaliações psicológicas de crianças que vieram para
atendimento no Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da
Universidade de São Paulo nos anos de 2001 e 2002, ao iniciar o atendimento
proposto pelo programa e ao final do mesmo, e também analisar peso, altura e
IMC iniciais e finais dessas crianças. Os sujeitos desse estudo foram 19
crianças com percentil do IMC igual ou acima de 95, com idades entre 10 e 12
anos, participantes do programa. O Programa de Atenção Multiprofissional a
Obesidade da Universidade de São Paulo tinha duração de um ano letivo e
contava com uma equipe integrada por psicólogos, professores de educação
física, nutricionistas e enfermeiros. O estudo foi realizado por meio da análise
dos protocolos das avaliações psicológicas realizadas no início do trabalho e
no final, durante os anos de 2001 e 2002. Em 2001 os testes aplicados foram:
Teste do desenho da Figura Humana, IDATE – Inventário de Ansiedade Traço-
Estado Forma C e Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito. Em 2002 os
testes aplicados foram: Teste do desenho da Figura Humana, Escala de
Ansiedade “O que penso e sinto”, Escala de Lócus de Controle para crianças e
Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito. Os protocolos das avaliações
psicológicas foram analisados de acordo com as normas de padronização de
cada instrumento utilizado e foi verificado que, em sua maioria, as crianças
deste estudo encontram-se dentro da média, com relação aos aspectos do seu
funcionamento psicológico. Foi realizada uma comparação dos resultados dos
instrumentos psicológicos de cada criança no início do trabalho e no final, em
cada um dos anos, e não foram encontradas diferenças estatisticamente
significantes mostrando que, de maneira geral, não houve alteração em relação
aos aspectos do funcionamento psicológico das crianças após o trabalho
realizado. Com relação ao peso inicial e final, não foi encontrada diferença
estatisticamente significativa para o ano de 2001. Já para o ano de 2002 houve
diferença, mostrando que as crianças tiveram aumento de peso na avaliação
final. Com relação à altura inicial e final, foi encontrada diferença
estatisticamente significativa nos dois anos, houve aumento na altura final das
crianças. Com relação ao IMC inicial e final não foi verificada diferença
estatisticamente significativa nos dois anos. Enquanto grupo, as crianças, ao
final do programa, tenderam a manter seus índices de massa corporal (IMC),
permanecendo na faixa do percentil 95 e, portanto indicando quão difícil é
tratar o problema em crianças.
Palavras-chave: Obesidade, Criança, Psicologia.
RESUMEN
CARDOSO, L. K. O. Evaluación psicológica de niños obesos en un programa
de atención Multiprofissional en la Universidade de São Paulo – 2001 y 2002.
2006. 103 h. Disertación (Maestría) – Escuela de Enfermería de Ribeirão Preto,
Universidad de São Paulo, Ribeirão Preto, 2006.
La obesidad viene aumentando en niños y adultos, lo que acarrea serias
consecuencias para la salud física y mental del individuo. Muchos estudios han
demostrado que el exceso de peso tiende a disminuir la expectativa de vida y
predispone a la morbilidad. La obesidad está relacionada con la reducción de
las actividades motoras, fatiga y problemas psicológicos. Es un problema de
difícil tratamiento y, así, se debe incentivar medidas de intervención para
alcanzar el control en la fase precoz. La finalidad de este estudio fue describir y
analizar los resultados de las evaluaciones psicológicas de niños que fueron
atendidos en el Programa de Atención Multiprofesional a la Obesidad de la
Universidad de São Paulo en 2001 y 2002, al inicio y al final de la atención
propuesta por el programa, y también analizar peso, altura y IMC iniciales y
finales de esos niños. Participaron de ese estudio 19 niños con percentil del
IMC igual o arriba del 95, con edad entre 10 y 12 años, participantes del
programa. El Programa de Atención Multiprofesional a la Obesidad de la
Universidad de São Paulo tenía duración de un año lectivo y disponía de un
equipo integrado por psicólogos, profesores de educación física, nutricionistas
y enfermeros. El estudio se realizó mediante el análisis de los protocolos de las
evaluaciones psicológicas efectuadas al inicio y al final del trabajo, durante los
años de 2001 y 2002. En 2001 se aplicaron los siguientes tests: Test del dibujo
de la Figura Humana, IDATE – Inventario de Ansiedad Rasgo-Estado Forma C
y Escala Infantil Piers-Harris de Autoconcepto. En 2002, se aplicaron: Test del
dibujo de la Figura Humana, Escala de Ansiedad “Lo que pienso y siento”,
Escala de Locus de Control para niños y Escala Infantil Piers-Harris de
Autoconcepto. Se analizaron los protocolos de las evaluaciones psicológicas
según las normas de cada instrumento utilizado y se verificó que la mayoría de
los niños de este estudio están dentro de la media con relación a los aspectos
de su funcionamiento psicológico. Se compararon los resultados de los
instrumentos psicológicos de cada niño al inicio y al final del trabajo, en cada
uno de los años, y no se encontraron diferencias estadísticamente
significantes. En general, no se produjo ninguna alteración en los aspectos del
funcionamiento psicológico de los niños tras el trabajo efectuado. En cuanto al
peso inicial y final, no se encontró diferencia estadísticamente significativa para
2001. Para 2002, por otro lado, se observó una diferencia, lo que muestra un
aumento en el peso de los niños en la evaluación final. Con relación a la altura
inicial y final, ocurrieron diferencias estadísticamente significativas en los dos
años, con aumento en la altura final de los niños. No se verifico ninguna
diferencia estadísticamente significativa respecto al IMC inicial y final. Al final
del programa, este grupo de niños tendió a mantener sus índices de masa
corporal (IMC) y permanecer en la fracción del percentil 95, lo que indica cuan
difícil es tratar el problema en niños.
Palabras-clave: Obesidad, Niño, Psicología.
ABSTRACT
CARDOSO, L. K. O. Psychological evaluation of obese children in a
multiprofessional care program at Universidade de São Paulo – 2001 and 2002.
2006. 103 p. Master’s Thesis – University of São Paulo at Ribeirão Preto
College of Nursing, 2006.
Obesity has been increasing in children and adults, entailing serious
consequences for people’s physical and mental health. Many studies have
demonstrated that excess weight tends to decrease life expectancy and
predispose to morbidities. Obesity is related to a reduction in motor activities, to
fatigue and psychological problems. As it is difficult to treat, intervention
measures must be encouraged to get it under control at an early stage. This
study aims to describe and analyze the psychological evaluation results of
children attended in the Multiprofessional Obesity Care Program offered by the
University of São Paulo in 2001 and 2002, at the beginning and end of the
assistance proposed by the program, as well as to analyze these children’s
initial and final weight, height and BMI. Subjects were 19 children between 10
and 12 years old, with a BMI percentile of 95 or higher, who participated in the
program. This Multiprofessional Obesity Care Program by the University of São
Paulo took one school year and its team included psychologists, physical
education teachers, nutritionists and nurses. We analyzed the children’s
psychological evaluation records, realized at the beginning and end of this
program, in 2001 and 2002. In 2001, we applied the Human Figure Drawing
Test, STAI-C – State-Trait Anxiety Inventory for Children and the Piers-Harris
Children’s Self-Concept Scale. In 2002, we used the Human Figure Drawing
Test, the Anxiety Scale “What I think and feel”, the Locus of Control Scale for
Children and the Piers-Harris Children’s Self-Concept Scale. The psychological
evaluation records were analyzed according to the standards of each
instrument. We verified that most children in this study scored within average
levels for the aspects of their psychological functioning. For each child, we
compared the results of the psychological instruments at the beginning and end
of the work in each year and could not find any statistically significant
differences. This shows that, in general, the aspects of the children’s
psychological functioning did not change after the program. With respect to
initial and final weight, we did not find any statistically significant difference for
2001. The difference found for 2002, on the other hand, shows an increase in
the children’s weight on the final evaluation. In terms of initial and final height,
we found a statistically significant difference in both years, with an increase in
the children’s final height. We did not find any statistically significant difference
between initial and final BMI in both years. At the end of the program, this group
of children tended to maintain their BMI within the 95 percentile range, which
indicates how hard it is to treat this problem in children.
Keywords: Obesity, Child, Psychologist.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO _______________________________________________ 17
1.1. Problemas associados à obesidade____________________________ 19
1.2. Classificação da obesidade___________________________________ 20
1.3. Aspectos psicológicos relacionados à obesidade__________________ 22
1.4. Tratamento da obesidade em crianças e adolescentes______________ 35
1.5. Justificativa________________________________________________ 45
1.6. Objetivo__________________________________________________ 46
2. METODOLOGIA______________________________________________ 47
2.1. Participantes______________________________________________ 47
2.2. Local de realização do estudo_________________________________ 48
2.3. Aspectos éticos____________________________________________ 49
2.4. Procedimentos_____________________________________________ 50
2.4.1. Coleta de dados ________________________________________ 50
2.4.2. Avaliação psicológica_____________________________________ 50
2.5. Análise dos dados__________________________________________ 52
3. RESULTADOS_______________________________________________ 54
3.1. Comparações entre as primeiras e as segundas avaliações de cada
instrumento das duas turmas_____________________________________
54
3.1.1. Ano de 2001____________________________________________ 54
3.1.2. Ano de 2002____________________________________________ 54
3.2. Comparações entre peso, altura e IMC inicial e final para cada turma___ 55
3.3. Apresentação dos valores de mediana, mínimo e máximo dos escores da
Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito, para cada turma____________
56
3.4. Distribuição dos participantes com relação à avaliação dos instrumentos:
Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE C); Escala de Ansiedade “O
que Penso e Sinto”; Escala de Lócus de Controle; Desenho da Figura
Humana._______________________________________________________
56
3.5. Apresentação dos valores de média, desvio padrão, mediana e mínimo e
máximo do peso, altura e IMC inicial e final, para cada turma_____________
59
3.6. Análise de casos de crianças que apresentaram perda de peso e /ou
diminuição do IMC nas duas turmas_________________________________
60
4. DISCUSSÃO__________________________________________________ 63
5. CONCLUSÃO_________________________________________________ 70
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS________________________________ 73
7. APENDICE____________________________________________________ 81
8. ANEXOS______________________________________________________ 90
17
1. INTRODUÇÃO
A obesidade é provavelmente uma das enfermidades mais antigas do homem.
Desenhos rupestres mostram o homem da pré-história com aparência de peso
excessivo para sua altura. A análise de uma possível composição corporal de
homens pré-históricos aponta indivíduos de baixa estatura, excesso de peso e com
índices de massa corporal elevados. O homem ingeria uma grande quantidade de
alimento objetivando armazenar energia para a sua sobrevivência em um meio
inóspito. (FISBERG, 2004).
Durante séculos, a obesidade foi vista como sinônimo de beleza, de riqueza e
de poder. No entanto, hoje ela se constitui um problema importante de saúde, tanto
pelo impacto que provoca na expectativa média de vida como pela piora que causa
na sua qualidade. É a doença crônica nutricional que mais cresce no mundo, com
conseqüências desastrosas em todas as faixas etárias e todas as camadas da
população. (VIUNISKI, 2005).
Há uma grande mudança com a chegada dos anos de 1960 e a busca por um
corpo magro, atlético e bem definido. A geração saúde se impõe, chegando a
extremos causadores de anorexias mortais. O excesso de peso passa de padrão de
beleza para vilã dos tempos modernos. (FISBERG, 2004).
A obesidade é definida como uma condição do organismo no qual há depósito
excessivo de gordura, caracterizando-se pelo desvio dos padrões de peso para
altura, idade e sexo. (MEDEIROS, 1994).
A obesidade é considerada uma doença multifatorial que envolve fatores
genéticos, psicológicos e psicossociais, hábitos e cultura. Casos de origem
endocrinológica são exceções. (OLIVEIRA, 2000).
18
O interesse no estudo da obesidade não tem sido priorizado em países em
desenvolvimento, onde há a prevalência da desnutrição energético-proteica,
principalmente quando se trata da população infantil. Porém, nos últimos dez anos
vem sendo documentado um aumento de crianças, adolescentes e adultos obesos
em países menos favorecidos, considerando fatores sócio-econômicos. (SIGULEM;
VEIGA; PRIORE, 1995).
A obesidade infantil vem aumentando significativamente no mundo todo. A
prevalência da obesidade nos EUA e no Brasil aumentou em torno de 50% na última
década e cerca de ¼ das crianças são obesas ou apresentam sobrepeso. Cerca de
40 e 80% das crianças obesas serão adultos obesos. Diversos estudos estimam que
cerca de 50% das crianças obesas aos sete anos serão adultos obesos e cerca de
80% dos adolescentes obesos se tornarão adultos obesos. (OLIVEIRA, 2000).
Conforme as estatísticas da Sociedade Brasileira de Pediatria, 15% das
crianças são obesas. Acredita-se que 20% das crianças até 10 anos estão acima do
peso ideal. Nos anos 80 apenas 3% das crianças eram consideradas obesas.
(FISBERG; RODRIGUES, 2000).
Estudos recentes apontam a obesidade como o problema nutricional mais
prevalente nos Estados Unidos, afetando um terço da população adolescente e
adulta. As projeções indicam que, caso não haja intervenção, a população
americana chegará em 2035 com 90% dos indivíduos com excesso de peso. No
Brasil, dados da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO)
demonstram que aproximadamente 40% da população brasileira apresenta excesso
de peso. (FISBERG, 2004).
É estimado que cerca de 50% dos lactentes obesos serão obesos sempre, e
que em torno de 80% dos pré-escolares obesos permanecerão obesos na vida
19
adulta. A criança pré-escolar é ativa, ágil e de pouca comida e quando essa criança
é gorda e comilona, quase certamente será obesa mais tarde.(CHAGAS; VIEIRA,
1989).
Alguns autores revelam que o peso ao nascimento e no primeiro ano de vida
não é necessariamente um indicativo de obesidade posterior. (NETTO; SAITO,
1991).
O risco de uma criança se tornar obesa é aumentado em função da obesidade
dos pais, sendo baixo o risco quando nenhum dos pais é obeso, alto quando apenas
um é e muito alto quando ambos são obesos. Uma criança que esteja em idade
escolar, e com sobrepeso, que tenha um dos pais com obesidade, tem mais de 70%
de chance de ser um jovem adulto obeso. (SPADA, 2005).
1.1. Problemas Associados à Obesidade
Várias doenças estão associadas à obesidade e embora as conseqüências
ocorram mais no adulto, a obesidade infantil apresenta maior risco para algumas
delas, além do que os distúrbios psicossociais, provocados pelo estigma da
obesidade, são muito importantes nesta fase de estruturação da personalidade.
(SPADA, 2005).
A obesidade infantil aumenta o risco da obesidade na fase adulta, pode
aumentar os riscos para as doenças cardiovasculares, diabetes, etc. Pode levar a
criança a ter uma pressão sangüínea alta, pode colaborar para o aumento dos níveis
de mau colesterol (LDL/VLDL) e diminuição dos níveis de bom colesterol (HDL) no
sangue. Podem, também, ocorrer deformações da coluna vertebral, proporcionais ao
excesso de peso, interferindo inclusive no crescimento. (MEDEIROS, 1994).
20
Ainda o autor ressalta que a obesidade no adulto pode levar o indivíduo a um
maior risco para diversas doenças, tais como a diabetes mellittus, doenças
cardiovasculares, alterações circulatórias, hipertensão arterial, arteriosclerose,
hipercolesterolemia, hiperlipemia, problemas estruturais e até o câncer (diversos
estudos demonstraram a relação entre a obesidade e a mortalidade por câncer de
mama, endometrial, do cólon, do reto e da próstata).
A obesidade é uma das distrofias nutricionais que têm merecido mais atenção
por parte dos pesquisadores, não apenas pelo aumento significativo que tem
apresentado na sua freqüência, na maioria dos países do mundo (incluindo os
subdesenvolvidos), mas também pelas inúmeras implicações de naturezas social,
psicológica e orgânica apresentadas pela obesidade. (JEAN; RESEGUE, 2000).
Muitos estudos têm demonstrado que o excesso de peso tende a diminuir a
expectativa de vida e predispõe à morbidade. A obesidade está relacionada com a
redução das atividades motoras, fadiga e problemas psicológicos como: rejeição,
discriminação, carência, etc. A obesidade é um problema de difícil tratamento, assim
medidas de intervenção devem ser incentivadas para obter controle em fase
precoce.
1.2. Classificação da Obesidade
Conforme Medeiros (1994), a obesidade pode ser classificada em obesidade
endógena, obesidade exógena e obesidade por fatores psicológicos. Faremos um
esboço a seguir de cada uma delas, dando ênfase para a obesidade por fatores
psicológicos:
21
a) Obesidade Endógena: ocorre devido a conseqüências de alterações
metabólicas, neuroendócrinas e fisiológicas. Como exemplo, podemos citar os
fatores genéticos, os fatores endócrinos e a obesidade hipotalâmica.
b) Obesidade Exógena: ocorre devido à ingestão excessiva de alimentos, baixo
nível de atividade física e aspectos culturais. Neste tipo de obesidade podemos
considerar três fatores importantes, tais como: hábitos alimentares errôneos ou
inadequados, sedentarismo e aspectos culturais.
c) Obesidade por Fatores Psicológicos: Não há um tipo de personalidade
associada ao problema. Os fatores sociais também são importantes, pois a
sociedade estigmatiza o obeso, contribuindo para os sentimentos de auto-rejeição,
rotulando o excesso de peso como desvio social desenvolvido pela falta de controle.
Assim o obeso pode entrar num círculo vicioso de baixa auto estima, depressão e
compulsão de comer, agravando o quadro, como num processo de auto-punição.
Muitos obesos comem demasiadamente para satisfazer uma ou mais necessidades
emocionais. O comer demais serve para compensar ou substituir as carências
afetivas, acalmando os conflitos interiores. A pessoa torna-se dependente do
alimento para aliviar seu vazio emocional, sua ansiedade e sua frustração. O
alimento pode representar amor, segurança, alívio das tensões, satisfação, doçura.
Os obesos geralmente vêm de famílias orais em sua orientação diante da vida. Pais
que eram incapazes de dar amor, davam comida; pais que reprimiam a sexualidade,
tentavam compensá-la com a comida; pais com dificuldades financeiras orgulhavam-
se de uma mesa farta, e assim por diante.
De acordo com Lemes (2004), são dois os tipos de causas para a obesidade:
22
a) Obesidade endógena: que decorre de problemas orgânicos, como a
disfunção da glândula tireoidiana, problemas metabólicos, entre outros. Ocorrendo
em 5% dos casos.
b) Obesidade exógena: surge em função de nutrição inadequada, sedentarismo
e problemas emocionais. Representando 95% dos casos. Este autor considera os
fatores psicológicos da obesidade dentro da obesidade exógena.
Os fatores psicogênicos são bastante importantes e sempre devem ser
investigados, sendo que os transtornos emocionais podem alterar os hábitos
alimentares condicionando a obesidade, e por outro lado, a obesidade pode criar ou
agravar transtorno emocional já existente. (BARBIERI; SANTORO, 1994).
A obesidade exógena ocorre em crianças com potencial genético para serem
obesas e que o meio ambiente permite que esse potencial se cumpra plenamente.
Recentes pesquisas confirmam que algumas crianças obesas realmente, podem
comer menos que seus colegas magros, a diferença é que os magros têm taxas
metabólicas mais altas, ou seja, eles queimam mais calorias. As pessoas são
capazes de realizar um mesmo trabalho, gastando diferentes quantidades de
energia. Trabalhos têm mostrado que a falta de atividade tem um papel maior que o
excesso de alimentação na gênese da obesidade. Assim, crianças poupadoras de
energia precisam fazer muito mais atividades que as grandes queimadoras.
(VIUNISKI, 2005).
1.3. Aspectos Psicológicos Relacionados à Obesidade
A obesidade pode evoluir após distúrbios psicológicos reacionais, como
estresse por cirurgias, tratamentos médicos, hospitalizações etc. Situações do dia-a-
23
dia de muitas famílias também podem favorecer a evolução da obesidade, tais
como: ciúme de irmãos, sentir-se pouco amado, problemas escolares, conflito entre
os pais. Na infância quando a obesidade já está instalada, é por si só fonte
importante de distúrbios psicológicos, muito mais precoces que os orgânicos, os
quais provavelmente atingem a totalidade das crianças obesas. (CHAGAS; VIEIRA,
1989).
A criança obesa sente-se discriminada, é alvo de inevitáveis piadinhas entre os
colegas, enfrentando um grande desgaste emocional o que colabora para o seu
isolamento e compromete sua saúde mental.
Os autores que trabalham com a obesidade infantil concordam em afirmar que
o estabelecimento de um vínculo mãe-criança ruim poderá desencadear e atuar na
manutenção da obesidade. (LEMES, 2004).
Muitas vezes, a mãe, por ter dificuldades de lidar com o seu próprio mundo
emocional, transfere para a criança expectativas pessoais e frustrações,
sobrecarregando-a emocionalmente e/ou com alimentação. A mãe pode responder a
toda manifestação do bebê ou da criança por meio do aporte alimentar. (SPADA,
2005).
A mãe pode sentir-se motivada a superalimentar o filho, seja para compensar
alguma rejeição inicial, seja porque a aparência “saudável” do famoso bebê
Johnson, tão valorizada no passado, tranqüiliza a mãe porque atesta a sua condição
de boa mãe, tanto perante si mesma como perante aos olhos dos outros. O bebê
que come e engorda valoriza a imagem que a mãe tem dela mesma em um
momento que é vital que ela se sinta a mãe perfeita. Mediante as dificuldades, se a
mãe não puder ser orientada e tranqüilizada, a relação se complica e a
amamentação pode não ser satisfatória, tanto para a mãe como para o bebê, o que
24
pode apressar o desmame. Sentimentos de que a mãe lhe nega algo tão desejado
acarreta uma sensação de perda, de vazio, que por fazer parte da fase no qual a
boca, o sugar e o alimento são muito importantes, adquire o significado de que tem
sempre que se tentar encher com comida. Esses sentimentos podem ser
generalizados para toda perda que a criança vier a sofrer na vida (nascimento de
irmãos, perda de um ente querido, separação dos pais, para não falar das perdas
inerentes ao crescimento e ao desenvolvimento). Assim, o paciente tenta evitar
emoções dolorosas associadas à perda sofrida, comendo em excesso. O comer
demais pode passar a ser sentido como fazer um estoque contra todas as perdas,
ou então uma busca incessante de um prazer infantil perdido. (CAMPOS, 2004).
Há pais que oferecem o alimento de forma indiscriminada, ao menor sinal de
necessidade da criança, isso acontece devido a pais ansiosos e pouco atentos para
a real necessidade da criança. Não percebem que ela chora, além da fome, por
outros motivos, como o frio, cansaço, calor, sono etc... Assim a criança, ainda sem
um aparelho psíquico maduro, começa a associar toda frustração ou desconforto à
ingestão alimentar. (NOBREGA; CAMPOS; NASCIMENTO, 2000).
Neste contexto, a criança aprende com a mãe, que o alimento é a solução para
todos os conflitos, angústias, ansiedades e dores e, com isso, leva pela vida a
necessidade de comer para resolver ou compensar problemas dos quais às vezes
nem se dá conta. (CAMPOS, 2004).
A mãe que oferece alimento em resposta aos sinais que indiquem
necessidades nutricionais da criança permite que ela desenvolva, gradualmente, o
reconhecimento da fome como sensação distinta de outras tensões ou necessidades
internas. (NOBREGA; CAMPOS; NASCIMENTO, 2000).
25
O vínculo mãe/filho é importante para o desenvolvimento de traços de
personalidade e suas conseqüentes vicissitudes, aliando-se, também, aos aspectos
genéticos e ambientais. A obesidade infantil exógena pode representar dificuldades
afetivas provenientes da relação mãe/filho que, impedidas de serem transformadas,
mais bem elaboradas, contidas e bem simbolizadas e representadas na mente, são
expressas por meio do corpo, órgão que expressa o conflito. (SPADA, 2005).
Pais que são muito autoritários, que exigem muito de seus filhos e valorizam
pouco sua produção, podem estar contribuindo para o desenvolvimento da
obesidade em seus filhos. Pais que desejam ansiosamente criar filhos altamente
competitivos para a vida acabam sobrecarregando os com muitos afazeres (além da
escola, aulas de línguas, futebol, tênis, natação, informática, balé, piano, etc.). A
criança elabora os seus sentimentos na brincadeira, e uma criança com o tempo
tomado de afazeres não terá como elaborar os seus temores internos e com isso, a
ansiedade pode surgir e com ela a comilança. (LEMES, 2004).
A pessoa obesa tem dificuldade de sentir prazer nas relações sociais, o comer
é o seu prazer número um. Desta forma se estabelece um círculo vicioso: Comer –
Obesidade – Dificuldade para obter outros tipos de prazer – Reforço do prazer oral
como forma permanente de obtenção de prazer – Dificuldade de aceitação grupal –
Não conexão com outros prazeres. (NOBREGA; CAMPOS; NASCIMENTO, 2000).
Comer demasiadamente pode ser uma forma de lutar contra estresse,
depressão e fraquezas, perdendo, total ou parcialmente, a capacidade de identificar
o que é de fato imprescindível para a vida. (SPADA, 2005).
Segundo Campos (2004), na obesidade exógena, a dinâmica ambiental da
família em indivíduos geneticamente predispostos representa a maioria dos casos e
tem como características: o sedentarismo, o excesso de ingestão alimentar, os
26
hábitos alimentares, o relacionamento intrafamiliar complicado, o consumismo, o
desmame precoce, a introdução precoce de alimentos sólidos, as substituições de
refeições por lanches, as relações psicoafetivas alteradas, os grandes conflitos, os
distúrbios do vínculo mãe-filho.
Estudos com testes projetivos revelaram distúrbio da representação da imagem
corporal, confusão de identificação sexual e, em alguns casos, traços de aparência
psicótica. Na criança obesa é preciso considerar que a hiperfagia e a inatividade
física podem estar associadas, não apenas a aspectos somáticos, como também ao
ajustamento social pobre, a uma imaturidade emocional ou a uma maturidade
defeituosa. A criança que está com sua necessidade reprimida e insatisfeita reage
com uma crescente solicitação do alimento e um desejo de satisfação imediata.
(MEDEIROS, 1994)
Para Lemes (2004), a imagem corporal é a figuração do nosso corpo em nossa
mente. De forma geral, os obesos apresentam grande dificuldade de se olharem no
espelho, evitando ao máximo e podem chegar na idade adulta com verdadeira
aversão, o que acontece muitas vezes. Por meio da comunicação gráfica é possível
detectar a presença do transtorno da imagem corporal, tanto em crianças e
adolescentes quanto a que seus pais apresentam acerca deles. Em exemplo citado
pelo autor, ao pedir para uma adolescente de 13 anos desenhar como ela se
reconhece e como ela gostaria de ser, teve como resultado a figura de como ela se
reconhece com formas retas e pouco femininas, de calça e camiseta e já no
desenho de como ela gostaria de ser é expressa a feminilidade através do umbigo
de fora, da cintura e dos seios definidos. É como se a sensualidade só pudesse ser
experimentada pelo corpo magro. Em outro exemplo, no desenho de uma mãe
retratando a sua filha obesa de 14 anos, obteve-se o mesmo tipo de resultado, no
27
desenho de como a mãe reconhece a sua filha as formas são novamente retas e
pouco femininas, de calça e camiseta, já no desenho de como a mãe gostaria que a
sua filha fosse é possível identificar a expressão da feminilidade na minissaia e na
cintura fina. A mãe expressa no desenho o desejo do corpo magro para sua filha,
desejo este que, muitas vezes, pode ser expresso em palavras e gestos.
Os indivíduos obesos têm uma demanda que não é exclusivamente dietética,
de atividade física ou mesmo receita de drogas. É necessário que sejam escutados,
que compreendam seus problemas, seus impulsos, seus desejos de comer.
(DOMINGUES FILHO, 2000).
Segundo Leite (1996), diante do quadro dos aspectos emocionais presentes na
obesidade, constata-se a dificuldade de uma pessoa obesa fazer uma dieta, sem
que se trabalhem esses aspectos.
Wallace, Sheslow e Hassink (1993), realizaram um estudo com 54 crianças que
foram atendidas em um programa multidisciplinar para manejo do peso em um
hospital. A idade média das crianças foi de 12,1 anos, sendo que a idade variou de
5,0 a 17,8 anos e o IMC médio foi de 33,5 Kg/m
2
e variou de 22,3 a 63,4 Kg/m
2
. Este
estudo foi projetado para explorar o risco de depressão em um grupo de crianças
obesas e determinar as relações entre peso e sintomatologia. Os pacientes foram
encaminhados pelos médicos locais ou pelos familiares. Os critérios de seleção
dependeram do IMC (Kg/m
2
) maior do que 20 e habilidade para completar o
Inventário de Depressão Infantil (CDI). Todas as crianças completaram o CDI. Das
54 crianças 42,6% eram levemente obesas (IMC: 20 a 29), 44,4% eram
moderadamente obesas (IMC: 30 a 39) e 13% eram severamente obesas (IMC
maior que 40). Os escores do CDI variaram de 0 a 29, com uma média de 9,7,
resultando que 32% das crianças estavam dentro do grupo depressivo, 22% das
28
crianças estavam na linha divisória dos dois grupos, e 46% estavam no grupo
normal. Assim o índice de depressão suspeitada nesta população excedeu os
índices esperados. Este estudo demonstrou um aumento do risco para depressão
em crianças obesas que se apresentam para tratamento. Entretanto nenhuma
correlação foi encontrada entre os escores obtidos no CDI e IMC e nenhuma
associação entre raça, sexo, idade, nível socioeconômico e sintomas depressivos.
Mais informações são necessárias para estimar a relação entre tais sintomas e a
obesidade na criança, para que se possa adequar a direção do tratamento. O ganho
de peso excessivo, estigma social e baixa auto-estima podem conduzir a sintomas
depressivos, e crianças com problemas de peso podem precisar serem vistas como
um grupo de alto risco para depressão. A metodologia deste estudo não permitiu
determinar quais sintomas depressivos procederam ou resultaram da obesidade. De
acordo com os autores a obesidade pode requerer uma avaliação psicológica
associada a desordens sociais e emocionais particularmente em crianças/famílias
que buscam ajuda no manejo do peso.
No estudo realizado por Luiz (2004), com 60 crianças obesas e 30 crianças não
obesas, com idades entre 7 e 13 anos, foi evidenciado maior número de crianças
obesas com sintomas de depressão e ansiedade (ansiedade estado e ansiedade
traço). O mesmo ocorreu com relação aos déficits de competência social e aos
distúrbios comportamentais.
Strauss (2000), realizou um estudo que avaliou as mudanças longitudinais na
auto-estima de crianças obesas após um período de quatro anos. Foram estudadas
1520 crianças de 9 a 10 anos de idade em 1992 ou 1994, filhos de mães inscritas na
Pesquisa Nacional Longitudinal da Juventude, que é um estudo fundado
federalmente e administrado pelo Departamento de Trabalho dos Estados Unidos. A
29
idade das mães das crianças variava de 17 a 28 anos de idade. A auto-estima das
crianças foi medida usando o Perfil de Auto Percepção para crianças (PAPC), foram
administradas duas das quatro sub-escalas originais, desenvolvidas por Harter, que
correspondem às escalas globais e relacionadas ao desempenho escolar de valor
próprio. Dados do PAPC foram avaliados em 1388 das crianças entre 9 e 10 anos.
Após o período de quatro anos, já com idade entre 13 e 14 anos, os dados do PAPC
foram colhidos em 1090 daquelas crianças avaliadas anteriormente. Na idade entre
13 e 14 anos, dados adicionais foram coletados através de um questionário auto-
administrado sobre bem-estar emocional, tabagismo e consumo alcoólico. Esta
pesquisa mostrou que as notas de auto-estima relacionadas ao desempenho escolar
e global não foram significantemente diferentes entre crianças obesas e não obesas
de 9 a 10 anos de idade. Entretanto após o período de quatro anos, crianças obesas
hispânicas de sexo feminino e crianças obesas brancas de sexo feminino mostraram
significativamente diminuição nos níveis globais de auto-estima comparados com
crianças não-obesas hispânicas de sexo feminino e crianças não-obesas brancas de
sexo feminino, respectivamente. Pequenas diminuições na auto-estima também são
observadas em garotos obesos comparados com garotos não obesos. Foi
observado que por volta dos 13 a 14 anos de idade o nível de auto-estima fica
significativamente mais baixo em garotos obesos, garotas obesas hispânicas e
garotas obesas brancas, comparados com seus equivalentes não obesos. A
diminuição dos níveis de auto-estima em crianças obesas foi associada com o
aumento significativo das taxas de tristeza, solidão e nervosismo comparados com
crianças obesas cuja auto-estima aumentou ou permaneceu inalterada. Além disso,
crianças obesas com diminuição dos níveis de auto-estima após o período de quatro
30
anos, estavam mais propensas a fumar e ingerir álcool, comparadas com crianças
obesas cuja auto-estima aumentou ou permaneceu inalteradas.
Segundo a literatura, a obesidade pode estar relacionada a fatores psicológicos
como o controle, a ansiedade e o desenvolvimento emocional. Tais fatores foram
abordados no estudo de Carvalho et al. (2001), junto a um grupo de crianças obesas
atendidas no Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da Universidade
de São Paulo e embora não se tenha encontrado diferenças entre crianças obesas e
crianças de modo geral, foram identificados indivíduos que evidenciavam índices
mais elevados de ansiedade e problemas emocionais.
Outro estudo realizado com 27 crianças obesas e 27 crianças não obesas, que
estavam cursando da 4ª a 7ª série do 1º grau e com idades entre 10 e 12 anos,
também não encontrou diferenças significantes entre elas quanto à maturidade
emocional, auto-conceito, lócus de controle e ansiedade. (CATANEO; CARVALHO;
GALINDO, 2005).
Em crianças chinesas de 7 a 13 anos, foi avaliada a relação entre a
discrepância do tamanho real e ideal do corpo, auto-estima global e auto-conceito
físico. Verificou-se que a discrepância entre forma ideal e real do corpo não é predita
pelo auto-conceito físico global e nem pela auto-estima global. Também o auto-
conceito físico e o auto-conceito global não parecem ser afetados pelo tamanho
corporal. Os autores sugerem que elementos culturais podem estar em jogo visto
que este resultado difere daqueles encontrados em crianças ocidentais. (LAU, et al.
2004).
No estudo realizado por Cataneo et al. (2005), verificou-se que as crianças
obesas estudadas apresentaram um conceito de seus corpos que não foi totalmente
negativo. Embora majoritariamente incomodadas com sua aparência, tenderam a
31
concordar com afirmações positivas sobre certas características como ter olhos
bonitos, ter um rosto agradavel e ser bonito. Mesmo outras características como
julgar que os companheiros apreciam suas idéias apareceram como fazendo parte
do auto-conceito da maioria das crianças obesas do estudo.
Uma maneira de avaliar a percepção das pessoas sobre o controle que
exercem em relação a eventos de suas vidas tem sido baseada nas formulações
teóricas de Rotter (1966). Este autor propôs o construto lócus de controle, no qual
são identificadas duas tendências – a interna e a externa. As pessoas com lócus de
controle interno tendem a localizar em si mesmas o controle, enquanto que os
externamente orientados tendem a localizar em outras pessoas o controle sobre o
que ocorre em suas vidas.
Do ponto de vista operacional, a presença desses componentes da
personalidade tem sido avaliada através de escalas. Estes são instrumentos de
auto-relato em que o sujeito lê alternativas e avalia se concorda ou não com elas e
em que grau. Suas respostas são avaliadas e traduzidas em escores.
Stotland e Zuroff (1990), verificaram em muitas pesquisas, uma significativa
relação entre lócus de controle e perda de peso. No estudo de Aldersberg e Mayer
(1949), verificou-se que indivíduos com excesso de peso possuíam uma tendência a
externalidade. Para Rotter (1966), um lócus de controle interno é um potencial
preditor para sucessos em programas de perda de peso, contudo pesquisas
posteriores tanto validaram tal afirmação (BALCH; ROSS, 1975; ROSS; KALUCY;
MORTON, 1983), quanto há estudos que obtiveram resultados que contrariaram
(GORMALLY; RARDIN; BLACK, 1980; TOBIAS; MACDONALD, 1977). Entretanto,
estes estudos foram feitos em adultos. Não foram encontrados trabalhos que
relacionassem lócus de controle e obesidade infantil, quer seja uma avaliação do
32
lócus geral, quer seja uma avaliação do lócus de controle relacionado ao contexto
alimentar.
Quando se trata de obesidade estudos referem-se à imagem corporal
mostrando que os indivíduos obesos não apreciam seus corpos ou distorcem suas
percepções sobre eles (CANDY; FEE, 1998; VENTURINI, 2000). Há relatos de
sentimentos de menos valia, entre adolescentes obesos (DECHEN; CANO;
RIBEIRO, 2000). Entretanto, pouco se tem estudado sobre o auto-conceito de forma
mais ampla em crianças.
De acordo com Jacob (2001), o auto-conceito envolve a avaliação que a
criança faz de si mesma de um modo global, como também as atribuições que faz
de características específicas do seu modo de ser, caracterizando domínios
específicos de competência e percepção, relacionados com comportamento,
aparência, aceitação social, desempenho acadêmico, dentre outros.
O estudo feito por Braet; Mervielde e Vandereycken (1997), com 139 crianças
obesas e 150 crianças não obesas, revelou que crianças obesas têm auto-
percepções menos positivas em competência física que crianças não obesas.
Crianças obesas que estão insatisfeitas com a sua aparência pessoal têm maior
possibilidade de estarem insatisfeitas, também, com outros aspectos de suas vidas.
Os efeitos psicológicos da auto-imagem do obeso não devem ser desprezados.
Considerando o auto conceito e os comportamentos da criança obesa, esses
autores realizaram um estudo comparando casos clínicos, isto é, crianças que
buscaram ajuda para o problema da obesidade, não clínicos e não obesos. Os dois
grupos de crianças (clínico e não clínico) apresentavam resultados mais negativos
na avaliação do auto conceito, que as crianças não obesas. Na avaliação
comportamental apenas as crianças do grupo de obesos que buscaram tratamento,
33
apresentaram índices mais altos de problemas de comportamento, conforme
avaliado por seus pais.
A auto-avaliação faz parte do processo adaptativo das pessoas. O apreço por
si e a percepção de que se têm habilidades e capacidades, são construídos a partir
do contato com as outras pessoas, que fornecem pistas ao indivíduo sobre o seu
desempenho. A auto-avaliação é um fenômeno pessoal que ajuda o indivíduo a
dirigir o seu comportamento. As pessoas carregam consigo um auto-conceito
positivo ou negativo e atuam em função dele. O que a pessoa pensa sobre si
mesma, diz muito sobre a satisfação que extrai de sua vida e das atividades que
realiza, sendo um fator de risco ou de suporte para sua saúde mental. (BANDURA,
1986).
Outro fator bastante citado como presente na dinâmica da personalidade do
indivíduo obeso é a ansiedade. Andrade e Gorenstein (1998), afirmam que este é
um estado emocional com componentes psicológicos e fisiológicos, que faz parte do
espectro normal das experiências humanas, sendo propulsora do desenvolvimento.
Ela pode se tornar patológica quando é desproporcional à situação que a
desencadeia, ou quando não existe um objeto específico ao qual se direcione.
O estudo sobre a ansiedade, do ponto de vista psicológico, salienta uma
diferenciação quanto à forma com que ela se apresenta – ansiedade estado e traço.
A ansiedade estado é conceituada como um estado emocional transitório ou
condição do organismo humano, caracterizada por sentimentos desagradáveis de
tensão e apreensão, conscientemente percebidos e por um aumento na atividade do
sistema nervoso autônomo. Os escores de ansiedade estado podem variar em
intensidade de acordo com o perigo percebido e flutuar no tempo. (ANDRADE;
GORENSTEIN, 1998).
34
Já a ansiedade traço, segundo esses autores, refere-se a diferenças individuais
relativamente estáveis na propensão à ansiedade, isto é, a diferenças na tendência
de reagir a situações percebidas como ameaçadoras com intensificação do estado
de ansiedade. Os escores de ansiedade traço são menos suscetíveis a mudanças
decorrentes de situações ambientais e permanecem relativamente constantes no
tempo.
De acordo com Spielberger (1983), o Inventário de Ansiedade Traço-Estado
IDATE-C foi criado para fornecer medidas operacionais de ansiedade estado e traço.
Segundo Soifer (1987 apud ANDRADE, 1995), um alto nível de ansiedade
pode ter como sintoma a obesidade, que possivelmente mascara dificuldades
internas, afetivas e relacionais, requerendo tratamento psicológico urgente.
Quando se trata de avaliar crianças e adolescentes sob a perspectiva projetiva,
uma técnica de investigação bastante utilizada que abarca aspectos cognitivos e
emocionais tem sido o Desenho da Figura Humana.
Azevedo (2000), comparando os resultados obtidos com a aplicação do
Desenho da Figura Humana em 30 crianças obesas e 30 crianças não obesas, com
idades entre 7 e 12 anos, encontrou que as obesas apresentavam mais indicadores
emocionais.
Venturini (2000), utilizando o Desenho da Figura Humana com 15 crianças
obesas verificou que suas produções evidenciaram transtornos no esquema
corporal, ansiedade, insegurança, insatisfação consigo mesmas e sinais de
agressividade, entre outros.
A preocupação com problemas psicológicos decorrentes da condição de
obesidade está presente no relato de pais que buscam atendimento para seus filhos.
35
(WAI; CARVALHO, 2002). Dessa forma a investigação de sinais de sofrimento
emocional faz-se também necessária no contexto de assistência à criança obesa.
1.4. Tratamento da Obesidade em Crianças e Adolescentes
A obesidade é abordada de forma multidisciplinar na maior parte dos serviços
de assistência. Para melhor avaliar e atuar junto ao obeso, soma-se esforços,
médicos nutrólogos, nutricionistas, endocrinologistas (caso de obesidade endógena),
psicólogos e educadores físicos. Entretanto, os trabalhos realizados nestas áreas
mostram que, independentemente da abordagem multidisciplinar, os resultados
práticos ao longo do tempo são pequenos, sendo despendidos grandes esforços, a
custos elevados, com resultados que deixam a desejar. (SCHUSSEL, 2004).
Segundo Viuniski (2005), enormes recursos são gastos pelos governos dos
mais diversos países na tentativa de minimizar os efeitos da epidemia de obesidade
em todas as idades e camadas sociais, porém a taxa de sucesso do tratamento é
geralmente pequena. Assim, a grande arma contra esse problema é a prevenção,
preferencialmente desde as idades mais precoces, modificando hábitos e afastando
fatores de risco, antes mesmo da obesidade aparecer. O ideal é trabalhar na
promoção e proteção da saúde e essa tarefa deve abranger os mais variados
segmentos da sociedade, como os profissionais da saúde, família e escola,
comunidade organizada, entidades governamentais e não governamentais.
Devido a sua complexidade, e para a obtenção de resultados mais satisfatórios,
a obesidade requer um tratamento multidisciplinar, envolvendo diversos profissionais
da saúde. A terapêutica não deve ser direcionada apenas para a gordura e sim para
o indivíduo como um todo, oferecendo atenção especial aos aspectos psicológicos.
36
As crianças obesas diferenciam-se dos adultos obesos por estarem numa fase
de formação de seu corpo e da sua personalidade. São elas alvo de “chacotas” dos
colegas, não conseguem acompanhar outras crianças nas brincadeiras que exigem
esforço físico e é o grupo vulnerável às propagandas de alimentos. A abordagem e o
entendimento da obesidade infantil requerem cuidados especiais e conhecimentos
profundos, pois intervenções feitas de forma inadequada podem trazer prejuízos
irreparáveis à saúde dessas crianças, do ponto de vista do seu crescimento,
desenvolvimento e estado psicológico. Fazer a conscientização dos pais que seus
filhos são portadores de excesso de peso não é tarefa fácil para o profissional de
saúde, principalmente se isso ocorrer nos primeiros cinco anos da vida da criança,
devido ao desconhecimento dos efeitos adversos da obesidade em idades precoces
da vida. (RODRIGUES, 2004).
Na infância e na adolescência deve-se buscar a incorporação de hábitos
alimentares e de estilo de vida saudáveis, de maneira gradual e duradoura. É
fundamental observar que este período que vai do nascimento até os 19 anos é rico
em eventos biológicos e exuberante em comportamentos dos mais diversos, que
mudam com rapidez fenomenal. No acompanhamento da criança e do adolescente é
importante utilizar técnicas e estratégias facilitadoras do aprendizado e da mudança
do comportamento alimentar, evitando os riscos de fornecer orientações
padronizadas e principalmente evitando tratar o paciente como um adulto em
miniatura. Progressos pequenos nas modificações dos hábitos alimentares dentro da
capacidade do paciente deve ser a meta em curto prazo. Com a diminuição da taxa
de ganho de peso ou com a manutenção do peso por meio do crescimento estatural,
acontece a melhora da proporção de massa magra mantendo o metabolismo basal
37
constante. Metas rígidas de perda de peso podem não ser alcançadas gerando
frustrações e perda de motivação. (VALVERDE; PATIN, 2004).
O tratamento da obesidade deve incluir modificações gerais na postura familiar
e da criança, relacionados aos hábitos alimentares, tipo de vida, atividade física e
correção alimentar. Deve-se levar em conta a criança, sua idade, a participação da
família e de uma equipe multiprofissional. Na adolescência o tratamento em grupo
favorece a socialização, a solidariedade e ajuda a atenuar o fracasso. (FISBERG,
2004).
Ainda este autor ressalta que é importante manter três condições como normas
gerais para o tratamento da obesidade:
Dieta balanceada, determinando crescimento adequado e manutenção do
peso, e conseqüentemente redução dos índices de massa corporal,
considerando de fácil utilização, custo baixo e pode ser mantida por períodos
longos;
Exercícios físicos controlados, com atividades diversificadas, associando a
programas anaeróbicos, recreativos, que geram perda de peso e modificação
da massa gorda, com aeróbicos, que preservam a capacidade cardiovascular;
Apoio emocional, individual e familiar.
Para que se obtenha sucesso no tratamento do paciente obeso, é preciso que
haja um bom vínculo entre terapeuta e o paciente. É a partir desta confiança que o
paciente se deixa tratar. O tratamento psicológico com crianças e adolescentes pode
ser realizado com psicoterapias individuais: psicanálise ou comportamental-
cognitiva, esta última tem obtido sucesso por envolver o paciente em situações de
vida atual. O paciente não pode se sentir sozinho neste caminho, é necessária a
38
participação da família, que esta tenha interesse, que siga as recomendações dadas
e mostre sempre ao paciente que ele é amado independente do seu peso. Os
trabalhos em grupo vêm obtendo resultados promissores. O grupo passa a ser um
ambiente terapêutico muito importante para crianças e adolescentes obesos, pois
esta clientela gosta de conviver em grupo, isto faz parte de seu desenvolvimento
normal, o grupo assume uma característica importante de busca de identidade e
personalidade. No grupo as crianças e adolescentes obesos podem falar da sua
realidade sem temores, pois todos passam pelos mesmos problemas, tornando mais
fácil compartilhá-los. (LEMES, 2004).
Segundo o autor citado acima o setor de psicologia do Centro de Pesquisas
Aplicadas à Saúde (CEPAS) da Universidade São Marcos desenvolveu duas
propostas de trabalho para atuar com crianças ou adolescentes obesos. Tais
propostas estão descritas abaixo:
A primeira teve como objetivo principal conscientizar os pacientes obesos sobre
a necessidade de mudança comportamental frente à alimentação. Além de
participarem do grupo esses pacientes estavam sendo acompanhados por pediatra
(consultas mensais), nutricionistas (consultas individuais mensais), recebiam aulas
de condicionamento físico (três vezes por semana) e estavam inseridos no grupo de
fisioterapia objetivando trabalhar a postura.
A proposta do grupo foi realizada entre os setores de psicologia e nutrição.
Assim, no período de quatro meses, os pacientes puderam discutir temas
pertinentes a estas duas áreas. Os atendimentos foram alternados entre a psicologia
e a nutrição.
39
O trabalho foi realizado com 14 encontros, uma vez por semana, com duração
de uma hora. Participaram do grupo 12 adolescentes obesos com idade média de 13
anos e índice de Massa Corpórea médio de 30, 56 Kg/m.
O trabalho foi realizado com dinâmicas de grupo e com temas pré-
estabelecidos, procurando trazer para o grupo experiências vivenciadas pelos
pacientes. A psicologia discutiu questões como: integração do grupo, baixa auto-
estima, distorção da imagem corporal, apelidos e piadas, conflitos familiares, como
mudar hábitos comportamentais e adesão e persistência no tratamento. A nutrição
trabalhou com qualidade e quantidade de alimentos ingeridos, gasto energético e
noções de calorias.
Os resultados foram obtidos qualitativamente por meio de observações e
relatos dos pacientes tanto da psicologia como da nutrição. Os adolescentes, no
início do grupo, confessaram para a psicóloga que estavam muito ansiosos, com
muita expectativa de perder peso, sofrendo muita discriminação social por parte dos
amigos e dificuldades de interação social. No final do grupo, os adolescentes
relataram que puderam exteriorizar os seus desejos e as suas vontades,
compreenderam a importância de saber ouvir e falar, falaram abertamente sobre os
preconceitos sociais que passam e puderam aprender a se defender, discutiram a
importância de melhorar a auto-estima para o sucesso do tratamento e
reconheceram notar mudanças comportamentais.
A segunda teve como objetivo principal orientar as mães de adolescentes
obesos frente aos aspectos multifatoriais da obesidade. A proposta foi realizada
pelos psicólogos juntamente com os nutricionistas, médicos e fonoaudiólogos.
40
Foram utilizadas técnicas de dinâmica de grupo para as mães discutirem os temas
referentes à obesidade de seus filhos, pertinentes aos setores envolvidos.
O trabalho durou quase quatro meses, foram realizados 13 encontros, uma vez
por semana, com duração de uma hora. Os encontros aconteceram semanalmente
pela psicologia e os outros profissionais da área da saúde se alternavam na outra
semana. Participaram do grupo 12 mães de adolescentes obesos.
O setor de psicologia procurou discutir temas semelhantes aos que foram
discutidos no grupo de adolescentes, como: baixa auto-estima, distorção da imagem
corporal, apelidos e piadas, conflitos familiares e adesão e persistência ao
tratamento. O setor de nutrição trabalhou com a desmistificação da dieta; o de
medicina com os aspectos gerais da obesidade na infância e adolescência; o de
fisioterapia, com os aspectos posturais; e o de fonoaudiologia, com a adequação da
mastigação do obeso.
Os resultados foram obtidos qualitativamente por meio de observações e
relatos dos pacientes tanto da psicologia quanto das outras áreas. No início do
grupo, as mães mencionaram para a psicóloga sobre a necessidade de ter algo
pronto, como uma receita a seguir. As mães estavam muito ansiosas para que seus
filhos perdessem peso e estavam resistentes em abordar as dificuldades
vivenciadas em casa com seus filhos. No final do trabalho, as mães relataram que
puderam perceber a real dificuldade vivenciada por seus filhos; perceberam como
elas cometeram inadequações frente à obesidade de seus filhos (apelidos e piadas);
puderam colocar para fora o desejo que tinham de ter um filho magro e sem
problemas; identificaram suas dificuldades em colocar limites aos filhos.
Com os demais profissionais da área de saúde, as mães relataram, no início do
trabalho, que não tinham conhecimento que a obesidade implicava tantas
41
abordagens profissionais e se sentiam inseguras em discutir todos os temas
propostos. No final do trabalho, as mães mostraram-se interessadas em descobrir
cada vez mais acerca da obesidade de seus filhos; esclareceram parte dos mitos da
obesidade e demonstraram maior segurança na relação com seus filhos.
De acordo com Oliveira et al. (2004), em crianças e adolescentes a obesidade
é um dos problemas mais difíceis de tratar e são diversos os fatores que contribuem
para este resultado negativo, tais como o não envolvimento da família no tratamento,
a baixa auto-estima do paciente, prejudicando a adesão ao tratamento; a falta de um
acompanhamento psicológico que é de extrema importância e a não associação da
atividade física com a orientação alimentar. Desta maneira, segundo este autor, o
Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente (CAAA) desenvolveu um trabalho de
acompanhamento ao adolescente obeso, chamado Projeto de Atividade para o
Obeso (PAPO), com o objetivo principal de oferecer ao adolescente obeso um
tratamento em grupo, acompanhado por uma equipe multidisciplinar (pediatra,
nutricionistas, professores de educação física, psicólogos e fisioterapeutas).
Neste projeto são realizadas consultas individuais de nutrição a cada três
semanas, fazendo inicialmente uma anamnese alimentar. São feitos cálculos das
necessidades energéticas e a redução de 30% das calorias totais, considerando
peso altura. Ainda neste atendimento são desenvolvidas atividades em grupo,
incluindo aulas com atividades dinâmicas sobre temas relacionados à nutrição e
saúde, tais como: pirâmide alimentar, importância de uma dieta balanceada,
diferença entre alimentos diet e light, e problemas de saúde associados à
obesidade.
Os professores de educação física são responsáveis pelas atividades
recreativas do grupo, com duração de uma hora, três vezes por semana, onde os
42
adolescentes praticam jogos (basquete, vôlei, futebol, entre outros), caminhadas e
ginástica rítmica.
É realizado o acompanhamento psicológico em grupo, no qual se discute a
auto-imagem corporal, problemas comuns relacionados à obesidade e são propostos
jogos interativos.
No começo de 2001, o projeto iniciou com 37 meninas obesas, com idade entre
14 e 17 anos e índice de massa corporal acima do percentil 95. Depois de quatro
meses de intervenção permaneceram no programa 22 meninas (60%). Diversos
foram os motivos para o abandono do tratamento como: dificuldade financeira,
havendo necessidade de trabalhar, não tendo tempo disponível; problemas relativos
à saúde e falta de estímulo por esperarem uma grande perda de peso em curto
intervalo de tempo.
Após os quatro meses de intervenção algumas adolescentes chegaram a
perder 9 kg, sendo um resultado bastante positivo, mas outras mantiveram o peso
do início do projeto.
Para as que não perderam peso, houve contudo melhora na qualidade de vida
dessas adolescentes, pois elas substituíram o hábito de assistir televisão pela
atividade recreativa, além de terem um melhor convívio social.
No PAPO, alguns dos fatores que podem ter contribuído para dificultar o
tratamento da obesidade na adolescência foram:
1. Muitos adolescentes iniciam o tratamento esperando que em pouco tempo vão
atingir o peso ideal, e quando percebem a dificuldade perdem o estímulo.
2. Outro fator de relevância é o envolvimento da família e nesta intervenção não
houve uma participação efetiva dos pais, o que pode ter prejudicado a obtenção de
melhores resultados.
43
3. O fator psicológico também pode influenciar no resultado do tratamento, pois se
percebe relação entre o nível de ansiedade com a dificuldade de seguir a dieta
prescrita.
4. Outra questão observada neste trabalho é o fato das meninas já serem pós-
púberes com idade média de 16 anos e apresentarem IMC muito acima do percentil
95, o que pode comprometer o sucesso do tratamento, pois se acredita que quanto
mais precoce for a intervenção para perda de peso, melhor será o resultado.
Valverde et al. (1998), realizou um estudo com 198 crianças e adolescentes
obesos, sendo 108 meninas e 90 meninos, com idade média de 9, 25 anos e índice
de massa corporal médio de 24,26 Kg/m
2
no início do tratamento. Este estudo incluiu
todas as crianças tratadas regularmente num serviço de saúde pública ambulatorial
entre o período de janeiro de 1992 a dezembro de 1993, por uma equipe
multiprofissional, com nutricionistas, pediatras e psicólogos da Clínica de Pacientes
Ambulatoriais Obesos do Departamento de Pediatria do Hospital da Universidade
Federal de São Paulo. O tratamento consistiu de visitas individuais ao nutricionista,
pediatra e psicólogo, com o objetivo de redução a longo prazo na proporção
peso/altura, sem focar a perda de peso como um objetivo principal do tratamento. O
objetivo do programa era mostrar aos pacientes que a melhor dieta é a que permite
a ingestão de todos os tipos de alimentos, mas em quantidades controladas. Na
rotina da clínica era estabelecido visitas com intervalos mensais, no entanto, devido
à superlotação no atendimento intervalos mais longos aconteceram. O tratamento
teve uma média de 7 visitas por paciente (variando de 2 a 20 visitas).
44
Aplicando a fórmula abaixo, obteve-se a média do índice de massa corporal
ajustado (IMCA) do grupo que na visita inicial foi de 161,5% e na visita final de
155,6%.
IMC atual
IMCA = __________________ X 100
IMC ideal (percentil 50)
Para os autores as estratégias de tratamento da obesidade desenvolvidas no
presente estudo, podem ser usadas como prática em serviços públicos de saúde
com bons resultados. Isto é confirmado pelos achados deste estudo, no qual a
proporção de crianças acima do percentil 95 foi de 89,4% para 77,9% e que 69,2%
da amostra obteve melhora no IMCA durante o tratamento. O peso relativo na última
visita foi significativamente menor quando comparado com o peso relativo inicial
para toda a amostra. O resultado significativamente melhor de peso relativo foi
obtido quando seis ou mais visitas ocorreram para a amostra toda, e para as
meninas quando o intervalo entre as visitas foi menor que 52 dias. Variáveis como
porcentagem de gordura corporal, forma corporal na primeira visita, obesidade em
familiar, extensão da obesidade na puberdade, não influenciaram significativamente
o resultado de peso relativo para os sujeitos durante o tratamento.
Os fatores mais importantes para os resultados satisfatórios foram a maior
freqüência das visitas e um intervalo mais curto entre elas, mostrando que crianças e
adolescentes obesos podem obter resultados muito positivos se um número mínimo
de visitas suceder dentro de pequenos intervalos.
Os autores concluíram que pequenas mudanças em hábitos alimentares,
evitando a ingestão excessiva de energia, sem alteração na qualidade da dieta, e o
45
emprego de objetivos que não inclua período curto para perda de peso, são
compatíveis com bons resultados nas crianças e adolescentes deste estudo.
1.5. Justificativa
O grave problema da obesidade vem aumentando cada vez mais, seja em
crianças ou adultos, o que traz sérias conseqüências para a saúde e equilíbrio
global do indivíduo. A obesidade pode agravar problemas emocionais já existentes
ou pode ser desenvolvida por conseqüências dos mesmos.
Preocupar-se com os fatores psicológicos da obesidade é preocupar-se com a
qualidade de vida das pessoas com esse problema e com a promoção de saúde
mental destas.
A discussão sobre a obesidade encontra-se em pauta no mundo todo, sendo
uma preocupação crescente e legítima da sociedade.
A obesidade torna-se uma ameaça para o equilíbrio físico, mental e social do
indivíduo. Ao considerarmos tantos prejuízos trazidos pela obesidade ao ser humano
notamos a necessidade de estudos aprofundados sobre este assunto, a fim de
conseguirmos trabalhar mais efetivamente com a prevenção e a recuperação desta
condição em fase precoce, pois sabemos que no adulto o tratamento torna-se mais
difícil e os problemas aumentam.
Em detrimento das inúmeras conseqüências trazidas pela obesidade,
consideramos que seja muito importante o desenvolvimento do estudo aqui proposto
que focaliza o estudo dos aspectos do funcionamento psicológico de crianças que
apresentam obesidade visando contribuir no processo de intervenção. O recorte
46
desse funcionamento psicológico centrou-se em fatores como lócus de controle,
ansiedade traço e estado, maturidade emocional e cognitiva, e auto-conceito.
Foram formuladas questões que o estudo pretendeu responder. São elas:
Quais são os aspectos do funcionamento psicológico, tais como maturidade
emocional e cognitiva, lócus de controle, ansiedade e auto-conceito da criança
obesa no início e no término de sua participação num programa para estas
crianças?
Houve alteração em relação aos aspectos do funcionamento psicológico da
criança após o trabalho realizado?
Houve alteração em relação ao peso, altura e IMC das crianças após o término
do trabalho realizado?
1.6. Objetivo
Este estudo teve como objetivo descrever e analisar os resultados das
avaliações psicológicas de crianças que vieram para atendimento no Programa de
Atenção Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo nos anos de
2001 e 2002, a fim de detectar os aspectos do funcionamento psicológico presentes
nas crianças, ao iniciar o atendimento proposto pelo programa e ao final do mesmo,
e também analisar peso, altura e IMC iniciais e finais dessas crianças.
47
2. METODOLOGIA
Trata-se de um estudo exploratório quantitativo com delineamento de
seguimento prospectivo. Quantitativo, pois transformou as variáveis psicológicas em
representações numéricas e com seguimento prospectivo, pois as medidas de
variáveis psicológicas dos sujeitos são tomadas em diferentes momentos, no início
do programa de atendimento e ao final do mesmo.
2.1. Participantes
Os participantes deste estudo foram 19 crianças com idades entre 10 e 12
anos, no início do atendimento, que chegaram até o final do programa em 2001 e
2002.
Os critérios para inclusão no programa foram: 1. A criança estar no percentil
igual ou maior que 95 que, segundo critérios da National Center of Health Statistics,
Height and Weight of Youth (1981 apud MUST; DALLAL; DIETZ, 1991), corresponde
à obesidade e 2. Não apresentar problemas orgânicos evidentes e/ou alterações no
desenvolvimento, como retardo psicomotor e déficits sensoriais.
Os participantes procuraram o Programa de Atenção Multiprofissional a
Obesidade da Universidade de São Paulo espontaneamente através do
conhecimento do trabalho pela mídia, pelo contato com pessoas que já conheciam
este programa ou foram encaminhados por enfermeiras do Programa de Assistência
Primária de Saúde Escolar (PROASE), que atuam em escolas públicas na cidade de
Ribeirão Preto.
48
2.2. Local de Realização do Estudo
As atividades do Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da
Universidade de São Paulo foram desenvolvidas nos seguintes locais:
- Serviço de Psicologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto, onde foram realizadas as entrevistas individuais com os pais
e o acompanhamento psicológico individual, quando necessário;
- Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, onde foram realizadas as
reuniões mensais com os pais;
- Centro de Educação Física, Recreação e Esporte - CEFER, onde foram
realizadas as atividades físicas, as orientações nutricionais e as avaliações
psicológicas.
O Programa contou com uma equipe integrada por psicólogos da Escola de
Enfermagem de Ribeirão Preto e do Serviço de Psicologia do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, por professores de educação física do
CEFER, nutricionistas e enfermeiros da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. O
suporte oferecido por este programa foi composto pelas seguintes atividades:
1. Atividades físicas - desenvolvidas três vezes por semana;
2. Orientação nutricional – oferecida uma vez por semana;
3. Avaliação Psicológica, no início e ao final do tratamento;
4. Acompanhamento Psicológico individual, quando necessário;
5. Participação dos pais em reuniões mensais com a equipe;
6. Entrevistas com as crianças e seus pais;
7. Visitas às casas e tomada de medidas de peso e altura de todos os membros
da família.
49
Os principais objetivos do programa foram: proporcionar condições para
mudança de hábito alimentar e para a prática de exercícios físicos, melhorar o
condicionamento físico e não ganhar peso no período. Outros estudos acham-se
vinculados a este programa. Este programa teve duração de um ano, o número de
vagas foi 20 e o índice de evasão foi alto, em torno de 40%.
2.3. Aspectos Éticos
De acordo com a resolução 196/96 do Ministério da Saúde, os aspectos éticos
foram considerados por meio da obtenção do consentimento livre e esclarecido dos
pais para que seus filhos fossem submetidos à avaliação.
Como o objetivo maior do programa era a assistência, o projeto não foi
submetido inicialmente ao Comitê de Ética. A partir do interesse em sistematizar o
conhecimento que ia se desenvolvendo, apresentou-se o projeto, na forma de um
projeto de pesquisa, ao Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de
Ribeirão Preto e o mesmo foi aprovado em 15 de agosto de 2001. (Anexo A –
Documento de Aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola
de Enfermagem de Ribeirão Preto).
O projeto do presente estudo foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da
Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto e foi aprovado em 17 de dezembro de
2003. (Anexo B – Documento de Aprovação do Projeto pelo Comitê de Ética em
Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto).
Cabe ressaltar que os nomes das crianças citadas nos resultados são todos
fictícios.
50
2.4. Procedimentos
2.4.1. Coleta de Dados
Neste estudo os dados foram coletados a partir dos protocolos das avaliações
psicológicas realizadas nos anos de 2001 e 2002. Em cada ano vinte crianças
entraram para o programa, porém no ano de 2001 dez crianças desistiram e uma
não foi considerada na pesquisa, pois tinha idade superior a 12 anos no início do
atendimento. No ano de 2002 dez crianças desistiram.
2.4.2. Avaliação Psicológica
No ano de 2001 foram aplicados coletivamente em 09 crianças três
instrumentos em três sessões com duração média de 50 minutos. Tais instrumentos
foram aplicados no início do atendimento e no final dele.
Os instrumentos foram aplicados na ordem que se segue:
1ª. Sessão : Estabelecimento do rapport e aplicação do Teste do Desenho da
Figura Humana;
2ª. Sessão : Inventário de Ansiedade Traço-Estado Forma C (IDATE C). (Anexo
C);
3ª. Sessão : Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito. (Anexo D);
No ano 2002 foram aplicados coletivamente em 10 crianças quatro
instrumentos em quatro sessões com duração média de 50 minutos. Tais
instrumentos foram aplicados no início do atendimento e no final dele.
51
Os instrumentos foram aplicados na ordem que se segue:
1ª. Sessão : estabelecimento do rapport e aplicação do Teste do Desenho da
Figura Humana;
2ª. Sessão: Escala de Ansiedade “O que penso e sinto” (RCMAS). (Anexo E);
3ª. Sessão: Escala de Lócus de Controle para crianças. (Anexo F);
4ª. Sessão : Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito;
Quanto ao teste do Desenho da Figura Humana, as instruções solicitavam que
os sujeitos desenhassem inicialmente apenas uma pessoa inteira. Posteriormente
entregava-se uma nova folha e solicitava-se que as crianças desenhassem somente
uma pessoa do sexo oposto à do primeiro desenho, sendo avaliado apenas o
desenho do mesmo sexo da criança. A padronização utilizada para este teste foi a
de Hutz e Antoniazzi (1995), com base no esquema de Koppitz (1968).
O IDATE-C é constituído de duas escalas do tipo auto-avaliação, que visam
medir dois conceitos distintos de ansiedade: a ansiedade-estado (A-estado) e a
ansiedade-traço (A-traço). A escala A-Estado pretende medir estados transitórios de
ansiedade, isto é, sentimentos subjetivos, conscientemente percebidos de
apreensão, tensão e preocupação que variam em intensidade e flutuam no tempo. A
escala A-Traço mede diferenças individuais relativamente estáveis em
susceptibilidade à ansiedade, isto é, diferenças entre crianças de tendência a
experimentar estados de ansiedade. A escala de A-Estado do IDATE-C consiste de
20 afirmações que pedem que a criança indique como se sente em um determinado
momento no tempo. A escala A-Traço do IDATE-C também consiste de 20 itens,
mas nessa escala os sujeitos devem responder como geralmente se sentem.
(SPIELBERGER, 1983).
52
A Escala de Ansiedade “RCMAS” foi desenvolvida por Reynols e Richmond
(1978), e padronizada por Gorayeb (1994), com o título “O que Penso e Sinto”.
Compõe-se de 37 frases em que o sujeito deve escolher a resposta sim ou não. Este
é um instrumento que propõe medir a ansiedade enquanto traço de personalidade.
A Escala de Lócus de Controle construída por Milgram e Milgram (1975), e
padronizada por Feres (1981), é composta por 24 itens, que retratam situações de
sucesso ou fracasso, com alternativas de múltipla escolha, que vão daquelas que
atribuem a responsabilidade do desfecho mais ao próprio sujeito àquelas que
atribuem totalmente ao outro.
Finalmente, a Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito – “O que eu sinto
sobre mim mesmo”, originalmente proposta por Piers e Harris (1984 apud JACOB;
LOUREIRO, 1999), foi utilizada na forma traduzida e adaptada por Jacob e Loureiro
(1999). Esta escala não tem padronização brasileira. Ela é composta por 80 frases
para as quais a criança deve assinalar sim ou não, caso considere as sentenças
verdadeiras ou falsas para si. Cada resposta recebe pontuação igual a 1 se
corresponder a uma avaliação positiva de si, o que dependendo do item ora se
obtém com a resposta afirmativa ora com a negativa. A somatória das respostas
com valor positivo corresponde ao escore total.
2.5. Análise dos Dados
Os resultados das avaliações psicológicas aplicadas nos programas dos anos
de 2001 e 2002 foram analisados de acordo com as normas de padronização dos
instrumentos utilizados.
53
Após esta análise foi feita uma comparação dos resultados obtidos no início e
no final do atendimento realizado em cada ano. A comparação dos dados iniciais e
finais foi feita através de teste não paramétrico – T de Wilcoxon (SIEGEL, 1975).
Foi realizada também uma comparação dos valores iniciais e finais do peso,
altura e IMC das crianças, para isso foi utilizado o teste paramétrico T Pareado. Os
testes estatísticos foram feitos com o auxílio do programa SPSS10.0 (1999).
Estabeleceu-se para nível de significância das diferenças α = 0,05.
54
3. RESULTADOS
Os dados brutos e/ou percentis de cada teste e de cada criança, bem como as
medidas de altura inicial/final, peso inicial/final e IMC inicial/final, encontram-se no
Apêndice.
3.1. Comparações entre as primeiras e as segundas avaliações de cada
instrumento das duas turmas (medidas globais)
3.1.1. Ano de 2001
Foi utilizado o Teste T de Wilcoxon para a análise de diferenças entre os
resultados da primeira aplicação e da segunda aplicação de cada um dos
instrumentos.
Com relação aos escores obtidos por meio da Escala Infantil Piers-Harris de
Auto-conceito, do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (Idate C), do Desenho da
Figura Humana (Indicadores Emocionais e Evolutivos), não foram verificadas
diferenças estatisticamente significantes (p> 0,05).
3.1.2. Ano de 2002
Foi utilizado o Teste T de Wilcoxon para a análise de diferenças entre os
resultados da primeira aplicação e da segunda aplicação de cada um dos
instrumentos.
55
Com relação aos escores obtidos por meio da Escala Infantil Piers-Harris de
Auto-conceito, da Escala de Ansiedade “O que Penso e Sinto”, da Escala de Lócus
de Controle e do Desenho da Figura Humana (Indicadores Emocionais e Evolutivos),
não foram verificadas diferenças estatisticamente significantes (p> 0,05).
3.2. Comparações entre peso, altura e IMC inicial e final para cada turma
Foi utilizado o Teste Paramétrico T Pareado para análise de diferenças entre os
resultados iniciais e finais com relação ao IMC, peso e altura para cada ano.
Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa (p>0,05) com relação
ao peso inicial e final para o ano de 2001. Já para o ano de 2002 houve diferença
estatisticamente significativa (p<0,05), mostrando que as crianças tiveram um
aumento de peso na avaliação final.
Foi verificada diferença estatisticamente significativa (p<0,05) em relação à
altura inicial e final, tanto para 2001 quanto para 2002. Houve aumento na altura
final das crianças.
Não foi verificada diferença estatisticamente significativa (p>0,05) com relação
ao IMC inicial e final, tanto para 2001 quanto para 2002.
56
3.3. Apresentação dos valores de mediana, mínimo e máximo dos escores
da Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito, para cada turma
Tabela 1 – Valores de mediana, mínimo e máximo dos escores da Escala
Infantil Piers-Harris de Auto-conceito para as duas avaliações realizadas nas duas
turmas de 2001 e 2002.
Ano n
o
sujeitos Avaliação Mediana Mínimo e
Máximo
1ª 57,5 40-76 2001 n= 08
2ª 61 41-79
52
34-75
2002
n=10
2ª 49 28-78
Na Tabela 1, embora estatisticamente não tenha sido verificada diferença,
observa-se que em 2002 houve uma maior dispersão entre os escores obtidos. O
escore total deste teste é de 80, mas quanto maior o escore, melhor é o auto-
conceito da criança.
3.4. Distribuição dos participantes com relação à avaliação dos
instrumentos: Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE C); Escala de
Ansiedade “O que Penso e Sinto”; Escala de Lócus de Controle; Desenho da
Figura Humana.
Tabela 2 – Distribuição dos participantes com relação aos percentis do
Inventário de Ansiedade Traço-Estado – IDATE C para as duas avaliações
realizadas em 2001.
Ano de 2001 ( n = 9 )
Percentis Ansiedade Estado Ansiedade Traço
1ª Avaliação 2ª Avaliação 1ª Avaliação 2ª Avaliação
< 25 2 3 3 1
25 P 75 6 3 5 6
> 75 1 3 1 2
57
Na Tabela 2, conforme os resultados obtidos pode-se dizer que em média
essas crianças não apresentam níveis altos de ansiedade Estado e Traço.
Tabela 3 – Distribuição dos participantes com relação à avaliação por
sexo/idade da Escala de Ansiedade “O que Penso e Sinto” para as duas avaliações
realizadas em 2002.
Ano de 2002 ( n = 10 )
Avaliação Sexo/Idade 1ª Avaliação 2ª Avaliação
Abaixo 1 4
Média 8 3
Acima 1 3
Os resultados exibidos na Tabela 3, mostram que na primeira avaliação, em
média, essas crianças não apresentam níveis altos de ansiedade traço, que é o tipo
de ansiedade que o instrumento se propõe a medir. Na segunda avaliação mais
crianças apresentaram níveis de ansiedade abaixo e acima da média.
Tabela 4 – Distribuição dos participantes com relação à avaliação por
sexo/série da Escala de Lócus de Controle para as duas avaliações realizadas em
2002.
Ano de 2002 ( n = 09 )
Avaliação Sexo/Série 1ª Avaliação 2ª Avaliação
Interno 2 2
Média 7 7
Externo 0 0
Na Tabela 4, conforme os resultados obtidos observa-se que a maior parte das
crianças está na média, havendo um equilíbrio entre o Lócus de Controle Interno e o
Externo. As pessoas com lócus de controle interno tendem a localizar em si mesmas
58
o controle, enquanto que os externamente orientados tendem a localizar em outras
pessoas o controle sobre o que ocorre em suas vidas.
Tabela 5 – Distribuição dos participantes com relação aos percentis dos
Indicadores Emocionais do Desenho da Figura Humana (DFH) para as duas
avaliações realizadas nas turmas de 2001 e 2002.
Ano de 2001 ( n = 9 ) Ano de 2002 ( n = 10 )
Percentis 1ª Avaliação 2ª Avaliação 1ª Avaliação 2ª Avaliação
< 25 0 2 2 3
25 P 75 7 7 7 7
> 75 2 0 1 0
Na tabela 5, como pode ser observado, a maior parte das crianças dos dois
grupos situa-se na média com relação aos Indicadores Emocionais do DFH.
Tabela 6 – Distribuição dos participantes com relação aos percentis dos
Indicadores Evolutivos do Desenho da Figura Humana (DFH) para as duas
avaliações realizadas nas turmas de 2001 e 2002.
Ano de 2001 ( n = 9 ) Ano de 2002 ( n = 10 )
Percentis 1ª Avaliação 2ª Avaliação 1ª Avaliação 2ª Avaliação
< 25 0 0 1 2
25 P 75 6 5 9 6
> 75 3 4 0 2
Na Tabela 6, como pode ser observado, a maior parte das crianças dos dois
grupos situa-se na média com relação aos Indicadores Evolutivos do DFH.
59
3.5. Apresentação dos valores de média, desvio padrão, mediana e
mínimo e máximo do peso, altura e IMC inicial e final, para cada turma
Tabela 7 – Valores estatísticos descritivos do peso (kg) inicial e final para as
turmas de 2001 e 2002.
Ano n
o
sujeitos Avaliação Média Desvio
Padrão
Mediana Mínimo e
Máximo
1ª 71,24 14,11 62 56,2-96 2001 n=9
2ª 71,61 14,55 64 54,5-92,5
1ª 65,5 8,68 64,5 53-82 2002 n=10
2ª 68,2 9,63 66,5 55-83
A tabela 7, exibe os valores descritivos relacionados ao peso das crianças nas
duas turmas. A comparação entre os resultados iniciais e finais de cada ano mostra
diferenças estatisticamente significantes apenas na turma de 2002. As crianças de
2002 tenderam a aumentar o peso na avaliação final.
Tabela 8 – Valores estatísticos descritivos da altura (m) inicial e final para as
turmas de 2001 e 2002.
Ano n
o
sujeitos Avaliação Média Desvio
Padrão
Mediana Mínimo e
Máximo
1ª 1,55 0,083 1,59 1,4-1,64 2001 n=9
1,57 0,081 1,61 1,43-1,67
1ª 1,54 0,044 1,54 1,5-1,64 2002 N=10
1,59 0,045 1,58 1,52-1,68
A Tabela 8, exibe os valores descritivos relacionados à altura das crianças nas
duas turmas. A comparação entre os resultados iniciais e finais de cada ano mostra
diferenças estatisticamente significantes nas duas turmas. As crianças tanto da
turma de 2001 como de 2002 tenderam a aumentar a altura na avaliação final.
60
Tabela 9 – Valores estatísticos descritivos do IMC (kg/m
2
) inicial e final para as
turmas de 2001 e 2002.
Ano n
o
sujeitos Avaliação Média Desvio
Padrão
Mediana Mínimo e
Máximo
1ª 29,59 3,6 28,67 24,52-37,04 2001 n=9
2ª 28,79 3,88 28 21,45-33,87
1ª 27,44 3,44 27,15 22,06-34,13 2002 n=10
2ª 27,04 3,37 26,65 22,03-32,83
A tabela 9, exibe os valores descritivos relacionados ao IMC das crianças nas
duas turmas. A comparação entre os resultados iniciais e finais, não mostra
diferenças estatisticamente significantes para as duas turmas. Entretanto a turma de
2001 apresentou uma pequena diminuição no valor médio do IMC na avaliação final.
3.6. Análise de casos de crianças que apresentaram perda de peso e/ou
diminuição do IMC nas duas turmas
Tabela 10 – Apresentação dos casos de crianças que perderam peso e/ou IMC
na turma de 2001, bem como os resultados dos instrumentos aplicados.
ANO DE 2001
DFH Idate C Nomes * Avaliação
Indicadores
Emocionais
(Percentil)
Indicadores
Evolutivos
(Percentil)
Traço
(Percentil)
Estado
(Percentil)
Piers Harris
Auto
Conceito
(Escore
Bruto)
Peso
Kg
IMC
Kg/m
2
30 40 12 29 64 84,5 32 Carolina
75 80 43 72 70 80 29,93
50 50 33 70 58 62 24,52Daniel
30 40 50 76 55 57 21,45
50 75 59 95 44 96 37,04Mateus
30 85 89 37 67 90 33,87
40 70 13 64 68 56,2 28,67Vanessa
40 50 25 23 62 54,5 26,65
* Os nomes são fictícios.
61
A tabela 10 exibe os resultados das crianças que perderam peso ou IMC na
turma de 2001. Considerando os resultados iniciais e finais da Carolina, observa-se
que a diminuição de peso foi acompanhada de uma melhora global na sua condição
psicológica. Com relação aos outros sujeitos, nota-se que a diminuição de peso não
foi acompanhada de uma mudança mais global nas variáveis psicológicas medidas
neste trabalho.
Tabela 11 – Apresentação dos casos de crianças que perderam peso e/ou IMC
na turma de 2002, bem como os resultados dos instrumentos aplicados.
ANO DE 2002
DFH Nomes * Avaliação
Indicadores
Emocionais
(Percentil)
Indicadores
Evolutivos
(Percentil)
Penso e
Sinto
Lócus de
Controle
Piers Harris
Auto Conceito
(Escore Bruto)
Peso
Kg
IMC
Kg/m
2
1ª 30 40 média Interno 48 82 34,13 Gabriel
2ª 5 40 média Média 53 83 32,83
1ª 50 50 acima Média 71 57 25,33 Dayane
2ª 50 75 média Média 69 58 23,83
1ª 40 60 média Média 48 62 27,19 Daniela
2ª 60 50 média Média 78 59 24,56
* Os nomes são fictícios.
A tabela 11 exibe os resultados das crianças que perderam peso ou IMC na
turma de 2002. Considerando os resultados iniciais e finais da Daniela, observa-se
que a diminuição de peso ou IMC foi acompanhada de uma melhora global na sua
condição psicológica. Com relação aos outros sujeitos, nota-se que a diminuição de
peso e/ou IMC não foi acompanhada de uma mudança mais global nas variáveis
psicológicas medidas neste trabalho.
62
Entretanto é necessário lembrar que as variações nos valores das avaliações
iniciais e finais dos instrumentos são pequenas e a análise das duas turmas não
mostrou alterações estatisticamente significantes.
63
4. DISCUSSÃO
No contexto do Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da
Universidade de São Paulo buscou-se identificar a ocorrência ou não de alterações
nas medidas das variáveis psicológicas, de peso, de altura e de IMC no término do
programa.
Nas análises das variáveis psicológicas avaliadas no presente estudo como
ansiedade, lócus de controle, auto-conceito, maturidade emocional e cognitiva,
verificou-se que a maior parte das crianças obesas deste estudo obteve resultados
dentro do esperado para a idade, sexo e escolaridade.
A avaliação psicológica de algumas variáveis, tais como controle, ansiedade e
desenvolvimento emocional, e a indicação de que a maior parte das crianças situa-
se dentro da faixa dos escores médios, assemelha-se ao resultado encontrado em
outro estudo com outro grupo de crianças inscritas no mesmo programa de
assistência que não identificou diferenças entre crianças obesas e crianças de modo
geral, utilizando-se os parâmetros normativos dos testes utilizados (CARVALHO et
al.,2001).
Outro estudo comparando crianças obesas e não obesas, de amostras de
escolares, quanto a maturidade emocional, auto-conceito, lócus de controle e
ansiedade, também não encontrou diferenças significantes entre elas (CATANEO;
CARVALHO; GALINDO, 2005).
Com relação à auto-estima, Strauss (2000), também não encontrou diferenças
entre obesos e não obesos na faixa etária de 9 a 10 anos. As diferenças com
relação a esta avaliação fazem-se presentes em indivíduos de 13 e 14 anos.
64
Santos e Cardoso (1999/2000), apontam que na fase da adolescência surgem
outros interesses e expectativas. Os adolescentes obesos ficam mais incomodados,
que quando crianças, com os problemas que ocorrem na compra de roupas, a
preocupação com a aparência e os apelidos que despertam sentimentos de mágoa
e revolta. Sentem-se feios e apresentam baixa auto-estima.
Quanto à avaliação de crianças em tratamento não foram encontrados
trabalhos que focalizassem as variáveis do presente estudo, com medidas antes e
depois. Há estudos mostrando que crianças que vão para tratamento da obesidade
apresentam maiores indícios de problemas comportamentais e que crianças obesas
têm auto-conceito mais baixo e são mais ansiosas. (BRAET; MERVIELDE;
VANDEREYCKEN, 1997; LUIZ, 2004).
Tais achados contradizem os de outros estudos e pode-se atribuir as diferenças
aos fatores como nível social e mesmo faixa etária.
Recentemente, Arehart-Treichel (2004) comentou, a partir de levantamento na
literatura, que há uma maior incidência de sinais de depressão, baixa auto-estima e
insatisfação com imagem corporal entre adolescentes com sobrepeso que relataram
ter sido perturbada por colegas de escola. Esta mesma autora relatou resultado de
um estudo, com adolescentes entre 13 e 14 anos, em que maiores índices de baixa
auto-estima estiveram presentes em meninas obesas.
Vila et al. (2004), compararam 155 jovens obesos, com idades entre 5 e 17
anos e 171, jovens insulinodependentes, com idades entre 5 e 18 anos.
Encontraram maiores índices de ansiedade, fobia social e ansiedade de separação
entre os indivíduos obesos. Para os pesquisadores, a obesidade é uma fonte
significante de estresse que pode contribuir para o desenvolvimento de problemas
psicológicos e para a própria manutenção da obesidade.
65
Conforme a revisão feita por Alan et al. (2004), os estudos sobre auto-estima
em crianças obesas reportam resultados inconsistentes. Muitos indicam que
crianças e adolescentes obesos têm, moderadamente, mais baixa auto-estima que
seus correspondentes não obesos. Entretanto, outros estudos não revelam
diferenças na auto-estima entre crianças obesas e não obesas.
Os achados do presente estudo somam-se a outros do mesmo grupo de
pesquisa, ao de Strauss, já citado, e ao de Lau et al. (2004), com crianças chinesas
de 7 a 13 anos, no qual o auto-conceito físico e o auto-conceito global não
pareceram ser afetados pelo tamanho corporal. Em outro estudo realizado por
Cataneo et al. (2005), verificou-se que as crianças obesas estudadas apresentaram
um conceito de seus corpos que não foi totalmente negativo, tenderam a concordar
com afirmações positivas sobre certas características como ter olhos bonitos, ter um
rosto agradável, ser bonito e mesmo outras características como julgar que os
companheiros apreciam suas idéias.
Com relação à maturidade emocional e cognitiva, os resultados obtidos no
presente estudo mostram que a maior parte das crianças teve resultados dentro do
esperado para sua idade. Pode-se inferir que se assemelham, nessas avaliações, às
de crianças não obesas. A condição de obesidade não está associada a uma
freqüência maior de sinais indicativos de imaturidade cognitiva e nem de sinais
indicativos de vulnerabilidade emocional. Este achado difere do de Azevedo (2000).
Entretanto é necessário esclarecer que essa pesquisadora estudou crianças de
outra faixa etária (de 7 a 12 anos), o que pode contribuir para diferenças entre os
resultados dos dois estudos.
De acordo com Barbieri e Santoro (1994), os fatores psicológicos são bastante
importantes e sempre devem ser investigados, uma vez que os transtornos
66
emocionais podem alterar os hábitos alimentares condicionando a obesidade, e por
outro lado, a obesidade pode criar ou agravar transtorno emocional já existente.
Com relação ao peso, um dos objetivos do Programa de Atenção
Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo, era de não aumentá-
lo, durante o período de trabalho. No entanto, no ano de 2001 este objetivo foi
alcançado por cinco crianças de um total de nove crianças. Quatro delas tiveram
seus pesos aumentados. No ano de 2002 apenas uma criança não teve aumento de
peso de um total de dez. Porém se for considerada a relação peso/altura, ou seja o
Índice de Massa Corporal – IMC, no ano de 2001 nota-se que não houve aumento
no IMC ou houve diminuição não significativa estatisticamente do IMC em seis
crianças. Em 2002 não houve aumento no IMC ou houve diminuição não significativa
estatisticamente do IMC em sete crianças.
Esses resultados assemelham-se a achados de outros estudos encontrados na
literatura mostrando que independentemente da abordagem multidisciplinar, as
perdas efetivas de peso ao longo do tempo são pequenas. E de acordo com Viuniski
(2005), a grande arma contra a obesidade é a prevenção, preferencialmente desde
as idades mais precoces, modificando hábitos e afastando fatores de risco, antes
mesmo do problema aparecer. Para ele o ideal é trabalhar na promoção e proteção
da saúde e essa tarefa deve abranger os mais variados segmentos da sociedade,
como os profissionais da saúde, família e escola, comunidade organizada, entidades
governamentais e não governamentais.
A orientação às mães sobre como alimentar adequadamente seus filhos faz-se
necessária, pois algumas crenças podem motivá-las a superalimentar o filho, uma
vez que a aparência de um bebê mais fofinho, ainda, valoriza culturalmente a
imagem de boa mãe.
67
De acordo com Valverde e Patin (2004), na infância e na adolescência deve-se
buscar a incorporação de hábitos alimentares e estilo de vida saudáveis, de maneira
gradual e duradoura, sendo que as metas a curto prazo devem ser progressos
pequenos nas modificações dos hábitos alimentares dentro da capacidade do
paciente. Assim com a diminuição da taxa de ganho de peso ou com a manutenção
do peso por meio do crescimento estatural acontece a melhora da proporção de
massa magra mantendo o metabolismo constante.
O índice de evasão do Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da
Universidade de São Paulo girava em torno de 40%, o que coincide com o índice de
60% de permanência no PAPO (Projeto de Atividade para o Obeso) conforme
relatado por Oliveira et al. (2004).
Quanto aos instrumentos psicológicos aplicados não houve diferenças
estatisticamente significativas com relação à avaliação inicial e final nos dois anos,
mostrando que de maneira geral não houve alteração em relação aos aspectos do
funcionamento psicológico das crianças após o trabalho realizado.
No presente estudo em que as crianças foram avaliadas em dois momentos e
não se detectaram diferenças pode-se supor que: 1. as variáveis mensuradas não
estão, de fato, associadas à obesidade, nesta faixa etária; 2. o tempo decorrente
entre uma avaliação e outra pode ter sido relativamente pequeno para detectar
alterações e 3. há que se argumentar, ainda, que o número de participantes do
estudo é pequeno e há diferenças individuais.
Finalmente, ao descrever o que ocorreu com as crianças ao longo de um ano
de tratamento não se pode assegurar que os resultados se relacionem de fato ao
programa, visto que não há grupo controle. Contudo, acredita-se que, por terem
permanecido até o final do atendimento, tais crianças e seus pais encontraram nele
68
algum benefício, e enquanto grupo as crianças tenderam a manter seus IMCs. No
entanto, eles permaneceram na faixa do percentil 95 dando o indicativo de quão
difícil é tratar o problema em crianças.
Uma das razões relatadas pelos pais para tratar a obesidade relaciona-se a
presença de problemas psicológicos dela decorrentes. (WAI; CARVALHO, 2002).
No presente estudo foram identificadas três crianças em 2002 e uma em 2001
com sinais mais evidentes de sofrimento psicológico. Seus dados foram discutidos
com os pais e sugeriu-se encaminhamento para psicoterapia. Uma delas não
efetivou o encaminhamento porque seus pais não acharam necessário. As demais
iniciaram a psicoterapia concomitantemente à freqüência ao programa ou após o
encerramento deste.
O trabalho realizado visou, ainda, oferecer apoio para as crianças e pais
motivados a efetuar mudanças nos hábitos alimentares, com vistas a controlar o
problema da obesidade por meio de encontros mensais grupais e por ocasião das
entrevistas individuais nas quais eram apresentados os resultados das avaliações
psicológicas.
A compreensão dos fatores que envolvem a obesidade infantil e a própria
criança são metas que se alcançam com a pesquisa e intervenções
multiprofissionais.
Embora o contexto da avaliação psicológica seja um pequeno território
relacionado à obesidade não se pode perder de vista a necessidade de ações
ampliadas visando sua abordagem e estas são de cunho multidisciplinar e/ou
multiprofissional.
A atenção à obesidade infantil deve ser dispensada por qualquer profissional da
saúde: pediatras, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros, educadores físicos etc.
69
Tais profissionais podem contribuir na orientação de pais e professores na promoção
de hábitos alimentares saudáveis, devem incentivar a promoção de atividades físicas
rotineiramente e no estabelecimento de limites no tempo gasto de frente com a
televisão, encorajar a autonomia das crianças no controle da sua ingestão alimentar,
com certos limites na escolha, enfim podem incentivar gestores de organizações
locais, estaduais, nacionais e de escolas a promover condições para adoção de
estilo de vida mais saudável.
70
5. CONCLUSÃO
De acordo com o objetivo proposto pelo estudo nas análises das variáveis
psicológicas avaliadas como ansiedade, lócus de controle, auto-conceito,
maturidade emocional e cognitiva, verificou-se que a maior parte das crianças
obesas deste estudo obteve resultados dentro do esperado para sua idade, sexo e
escolaridade.
Contudo, mais pesquisas são necessárias para o esclarecimento dos motivos
pelos quais algumas crianças obesas são mais suscetíveis que outras para
problemas emocionais, já que na literatura tanto encontramos estudos que afirmam
que crianças obesas têm mais problemas emocionais, como encontramos estudos
em que isto não se verifica.
Outros instrumentos, que avaliem as variáveis psicológicas tratadas neste
estudo ou outras variáveis, podem ser pensados para futuras pesquisas com
crianças obesas.
Com relação aos escores obtidos, em 2001 por meio da Escala Infantil Piers-
Harris de Auto-conceito, do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (Idate C), do
Desenho da Figura Humana (Indicadores Emocionais e Evolutivos), e em 2002 por
meio da Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito, da Escala de Ansiedade “O
que Penso e Sinto”, da Escala de Lócus de Controle e do Desenho da Figura
Humana (Indicadores Emocionais e Evolutivos), utilizando-se o Teste T de Wilcoxon,
não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas quanto à avaliação
inicial e final em cada um dos anos, mostrando que de maneira geral não houve
alteração dos aspectos do funcionamento psicológico das crianças após o trabalho
realizado.
71
Foi realizada a análise de diferenças entre os resultados iniciais e finais com
relação ao IMC, peso e altura para cada ano (2001 e 2002), utilizando-se o Teste
Paramétrico T Pareado. Não foi encontrada diferença estatisticamente significativa
(p>0,05) com relação ao peso inicial e final para o ano de 2001, já para o ano de
2002 houve diferença estatisticamente significativa (p<0,05), mostrando que as
crianças tiveram um aumento de peso na avaliação final. Foi verificada diferença
estatisticamente significativa (p<0,05) em relação à altura inicial e final, tanto para
2001 quanto para 2002, houve aumento na altura final das crianças. Não foi
verificada diferença estatisticamente significativa (p>0,05) com relação ao IMC inicial
e final, tanto para 2001 quanto para 2002.
Com relação ao peso, um dos objetivos do Programa de Atenção
Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo, era de não aumentá-
lo, durante o período de trabalho. No entanto, no ano de 2001 este objetivo foi
alcançado por cinco crianças de um total de nove crianças. Quatro delas tiveram
seus pesos aumentados. No ano de 2002 apenas uma criança não teve aumento de
peso de um total de dez. Porém se for considerada a relação peso/altura, ou seja o
Índice de Massa Corporal – IMC, no ano de 2001 nota-se que não houve aumento
no IMC ou houve diminuição não significativa estatisticamente do IMC em seis
crianças. Em 2002 não houve aumento no IMC ou houve diminuição não significativa
estatisticamente do IMC em sete crianças.
Por ter abordado crianças em um programa de atenção, o presente trabalho,
dentro de suas limitações, possibilitou compreender aspectos do funcionamento
psicológico da criança obesa e suas particularidades. Embora se tenha dado
tratamento de grupo aos resultados é possível verificar o dinamismo particular de
72
cada criança que perdeu peso e/ou IMC. Por outro lado evidenciou o quão difícil é
tratar a obesidade infantil se considerarmos como meta principal a perda de peso.
O estudo aponta para a necessidade de se buscar outros parâmetros
relacionados à própria conduta alimentar que não foi objeto deste trabalho, visando
verificar se o programa alterou essa conduta ou não. Uma última questão envolve o
condicionamento físico das crianças que mereceria uma investigação visto que o
foco principal das atividades do programa de atenção centrava-se nesse contexto.
73
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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81
Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo
Ano de 2001
Nomes *
Data de
Nascimento
Idade
I - F
Peso
Inicial
Kg
Altura
Inicial m
IMC Inicial
Kg/m
2
Peso
Final Kg
Altura
Final m
IMC Final
Kg/m
2
Percentil
Inicial
Percentil
Final
1. Bianca 22/02/1990 11-11 84,50 1,64 31,52 92,50 1,67 33,27 95 95
2. Carolina 17/01/1989 12-12 84,50 1,63 32,00 80,00 1,64 29,93 95 95
3. Carlos 07/01/1990 11-11 62,00 1,50 27,56 64,00 1,52 27,70 95 95
4. Daniel 28/04/1989 12-12 62,00 1,59 24,52 57,00 1,63 21,45 95 85
5. José 20/04/1989 12-12 60,00 1,49 27,03 61,50 1,52 26,62 95 95
6. Marcelo 07/05/1990 10-11 74,50 1,59 29,65 82,00 1,61 31,63 95 95
7. Mateus 21/04/1989 12-12 96,00 1,61 37,04 90,00 1,63 33,87 95 95
8. Samira 02/06/1989 11-12 61,50 1,48 28,30 63,00 1,50 28,00 95 95
9. Vanessa 06/01/1990 11-11 56,20 1,40 28,67 54,50 1,43 26,65 95 95
* Todos os nomes são fictícios.
82
Resultados Comparativos – Escala Infantil Piers e Harris de Auto-conceito
Primeira e Segunda Avaliação de 2001
* Todos os nomes são fictícios.
Nomes *
Avaliação
Comportamento
Status
Intelectual
Aparência
Física
Ansiedade
Popularidade
Felicidade
Inconsistência
Validade
Escore
total
1ª 14 17 13 14 11 10 0 38 76
Bianca
2ª 15 16 13 14 11 10 0 39 79
1ª 14 15 7 11 9 8 3 36 64
Carolina
2ª 14 16 10 9 12 9 0 42 70
1ª 9 19 7 9 10 8 4 46 50
Carlos
2ª 7 10 9 5 7 3 6 41 41
1ª 11 11 11 10 9 9 8 43 58
Daniel
2ª 9 11 11 10 6 8 4 49 55
1ª 11 15 9 10 7 8 0 37 57
José
2ª 13 12 6 9 5 10 6 36 55
1ª 14 14 8 9 5 7 1 46 50
Marcelo
2ª 14 14 7 10 8 7 2 42 60
1ª 9 12 10 3 4 5 6 49 44
Mateus
2ª 14 16 11 10 6 10 0 42 67
1ª 15 14 9 13 12 9 0 30 68
Vanessa
2ª 15 13 9 8 10 7 0 33 62
83
Resultados Comparativos - Desenho da Figura Humana – Indicadores Emocionais
Primeira e Segunda Avaliação de 2001
1ª Avaliação 2ª Avaliação
Nomes * Escores
Brutos
Percentis Escores Brutos Percentis
Bianca 02 40 02 40
Carolina 02 30 0 75
Carlos 0 80 03 20
Daniel 01 50 02 30
José 01 50 01 50
Marcelo 03 30 06 0
Mateus 01 50 02 30
Samira 0 80 01 50
Vanessa 02 40 02 40
* Todos os nomes são fictícios.
Resultados Comparativos - Desenho da Figura Humana – Indicadores Evolutivos
Primeira e Segunda Avaliação de 2001
1ª Avaliação 2ª Avaliação
Nomes* Escores
Brutos
Percentis Escores Brutos Percentis
Bianca 23 85 24 90
Carolina 19 40 24 80
Carlos 22 80 21 70
Daniel 20 50 19 40
José 20 50 22 70
Marcelo 21 75 23 85
Mateus 23 75 25 85
Samira 23 85 20 50
Vanessa 21 70 19 50
* Todos os nomes são fictícios.
84
Resultados Comparativos – IDATE - C - Primeira e Segunda Avaliação de 2001
1ª Avaliação de 2001
Ansiedade Estado Ansiedade Traço
Nomes * Série
Escores
Brutos
Classificação Percentis Escores
Brutos
Classificação Percentis
Bianca 5ª 26 Normal 21 28 Rebaixada 6
Carolina 28 Rebaixada 29 30 Rebaixada 12
Carlos 5ª 30 Normal 37 35 Rebaixada 36
Daniel 6ª 32 Normal 70 32 Rebaixada 33
José 6ª 30 Nnormal 49 35 Normal 50
Marcelo 27 Normal 21 38 Normal 59
Mateus 5ª 39 Acentuada 95 38 Normal 59
Samira 6ª 29 Rebaixada 36 43 Normal 77
Vanessa 5ª 33 Normal 64 30 Rebaixada 13
* Todos os nomes são fictícios.
2ª Avaliação de 2001
Ansiedade Estado Ansiedade Traço
Nomes * Série
Escores
Brutos
Classificação Percentis Escores
Brutos
Classificação Percentis
Bianca 5ª 26 Normal 21 28 Rebaixada 6
Carolina 6ª 35 Normal 72 37 Normal 43
Carlos 5ª 36 Acentuada 87 40 Normal 74
Daniel 6ª 33 Normal 76 35 Normal 50
José 6ª 33 Normal 76 39 Normal 72
Marcelo 5ª 27 Normal 21 36 Rebaixada 45
Mateus 5ª 30 Normal 37 43 Normal 89
Samira 6ª 28 Rebaixada 29 43 Normal 77
Vanessa 5ª 27 Normal 23 33 Normal 25
* Todos os nomes são fictícios.
85
Programa de Atenção Multiprofissional a Obesidade da Universidade de São Paulo
Ano de 2002
Nomes *
Data de
Nascimento
Idade I -
F
Peso
Inicial Kg
Altura
Inicial m
IMC Inicial
Kg/m
2
Peso
Final Kg
Altura
Final m
IMC Final
Kg/m
2
Percentil
Inicial
Percentil
Final
1. Aline 30/01/1990 11-12 75,00 1,53 32,04 81,00 1,59 32,04 95 95
2. Danilo 11/05/1989 12-13 66,00 1,56 27,12 68,00 1,61 26,23 95 95
3. Daniela 08/02/1991 11-11 62,00 1,51 27,19 59,00 1,55 24,56 95 95
4. Dayane 31/03/1990 12-12 57,00 1,50 25,33 58,00 1,56 23,83 95 85
5. Francisca 06/07/1989 12-13 68,00 1,64 25,28 75,00 1,68 26,57 95 95
6. Gabriel 05/09/1989 12-13 82,00 1,55 34,13 83,00 1,59 32,83 95 95
7. Geraldo 28/10/1991 10-11 53,00 1,55 22,06 55,00 1,58 22,03 95 95
8. Lúcia 01/10/1991 10-11 59,00 1,51 25,88 65,00 1,56 26,74 95 95
9. Luciano 22/07/1990 11-12 70,00 1,59 27,77 73,00 1,63 27,48 95 95
10. Nádia 18/09/1991 10-11 63,00 1,51 27,63 65,00 1,52 28,13 95 95
* Todos os nomes são fictícios
86
Resultados Comparativos – Escala Infantil Piers e Harris de Auto-conceito
Primeira e Segunda Avaliação de 2002
* Todos os nomes são fictícios.
Nomes *
Avaliação
Comportamento
Status
Intelectual
Aparência
Física
Ansiedade
Popularidade
Felicidade
Inconsistência
Validade
Escore
total
1ª 15 12 10 09 11 10 02 39 67
Aline
2ª 14 07 06 04 08 06 03 44 45
1ª 15 16 07 07 06 05 00 42 56
Danilo
2ª 15 15 10 14 10 10 01 31 73
1ª 14 13 07 05 05 04 08 40 48
Daniela
2ª 15 16 12 13 12 10 01 40 78
1ª 15 17 11 09 10 09 00 44 71
Dayane
2ª 16 17 12 08 09 07 01 41 69
1ª 11 09 04 02 03 05 05 47 34
Francisca
2ª 10 09 02 00 00 03 06 43 28
1ª 12 09 09 07 04 07 02 45 48
Gabriel
2ª 12 13 08 07 06 07 05 40 53
1ª 11 12 02 06 04 04 05 41 39
Geraldo
2ª 08 08 06 06 05 03 08 41 36
1ª 15 14 08 06 10 07 00 39 60
Lúcia
2ª 16 12 10 08 11 07 00 33 64
1ª 13 15 06 03 05 03 03 49 45
Luciano
2ª 13 08 02 02 02 01 01 44 28
1ª 11 09 05 05 10 06 02 39 75
Nádia
2ª 09 09 06 06 09 05 06 38 44
87
Resultados Comparativos – Escala de Lócus de Controle
Primeira Avaliação de 2002
Nomes * Série Idade Locus Interno/Externo
Aline 6ª 12 Média 58
Danilo 7ª 12 Interno 46
Daniela 5ª 11 Média 54
Dayane 6ª 12 Média 55
Francisca 7ª 12 Média 57
Gabriel 6ª 12 Interno 32
Geraldo 4ª 10 Média 65
Lúcia**10 Média 51
Luciano 6ª 11 Média 52
Nádia 5ª 10 Média 58
* Todos os nomes são fictícios.
** desprezar, pois a idade e a série são insuficientes.
Segunda Avaliação de 2002
Nomes * Série Idade Lócus Interno/Externo
Aline 6ª 12 Média 58
Danilo 7ª 13 Interno 29
Daniela 5ª 11 Média 59
Dayane 6ª 12 Média 51
Francisca 7ª 13 Média 57
Gabriel 6ª 13 Média 52
Geraldo 4ª 11 Média 52
Lúcia**11 Média 65
Luciano 6ª 12 Média 48
Nádia 5ª 11 Interno 47
* Todos os nomes são fictícios.
**desprezar, pois a idade e a série são insuficientes.
88
Resultados – Escala de Ansiedade “O que Penso e Sinto”
Dados Comparativos entre a primeira e a segunda avaliação de 2002.
Nomes *
Avaliação
Idade
Escore
bruto
Avaliação
idade
Avaliação
sexo/idade
1ª 12 06 Normal Abaixo
Aline
2ª 12 06 Normal Abaixo
1ª 12 08 Normal Normal
Danilo
2ª 13 02 Abaixo Abaixo
1ª 11 11 Normal Normal
Daniela
2ª 11 07 Normal Abaixo
1ª 12 18 Acima Normal
Dayane
2ª 12 10 Normal Normal
1ª 12 24 Acima Acima
Francisca
2ª 13 24 Acima Acima
1ª 12 16 Normal Normal
Gabriel
2ª 13 08 Normal Normal
1ª 10 14 Normal Normal
Geraldo
2ª 11 15 Normal Acima
1ª 10 11 Normal Normal
Lúcia
2ª 11 08 Abaixo Abaixo
1ª 11 13 Normal Normal
Luciano
2ª 12 26 Acima Acima
1ª 10 15 Dentro Normal
Nádia
2ª 11 18 Normal Normal
* Todos os nomes são fictícios.
89
Resultados Comparativos - Desenho da Figura Humana – Indicadores Emocionais
Primeira e Segunda Avaliação de 2002
1ª Avaliação 2ª Avaliação
Nomes * Escores
Brutos
Percentis Escores Brutos Percentis
Aline 1 60 1 50
Danilo 4 5 2 30
Daniela 2 40 1 60
Dayane 1 50 1 50
Francisca 3 15 0 75
Gabriel 2 30 4 5
Geraldo 1 70 1 60
Lúcia 1 70 4 10
Luciano 0 80 2 30
Nádia 1 70 3 20
* Todos os nomes são fictícios.
Resultados Comparativos - Desenho da Figura Humana – Indicadores Evolutivos
Primeira e Segunda Avaliação de 2002
1ª Avaliação 2ª Avaliação
Nomes * Escores
Brutos
Percentis Escores
Brutos
Percentis
Aline 20 60 23 75
Danilo 20 50 20 50
Daniela 20 60 19 50
Dayane 20 50 23 75
Francisca 23 75 24 80
Gabriel 19 40 19 40
Geraldo 19 50 22 80
Lúcia 19 50 16 15
Luciano 21 70 17 20
Nádia 16 15 18 35
* Todos os nomes são fictícios.
90
ANEXO A
91
ANEXO B
92
ANEXO C
93
94
95
96
ANEXO D
Escala Infantil Piers-Harris de Auto-conceito
“O que eu sinto sobre mim mesmo”
Ellen V. Piers, PhD and Dale B. Harris, PhD
Nome:………………………………………………………………………….Data:………………
Idade:………………………….Sexo………………………Série…………………………………
Escola:………………………………………………………………………………………………
Instruções:
Aqui estão uma série de afirmações que dizem como as pessoas sentem-se a respeito de
si mesmas. Vou ler cada afirmação e pedir que você me diga se ela descreve ou não como
você se sente em relação a si mesmo. Se for verdadeira ou na maior parte verdadeira para
você, diga “SIM”. Se for falsa ou na maior parte falsa para você, diga “NÃO”. Responda todas
as questões, mesmo que seja difícil decidir. Lembre-se de que não existe respostas certas ou
erradas. Você apenas pode contar-nos como se sente a respeito de você mesmo. Então nós
vamos esperar que você responda realmente como se sente internamente.
1. Meus colegas fazem gozações de mim Sim Não
2. Eu sou uma pessoa feliz Sim Não
3. É difícil para eu fazer amigos Sim Não
4. Muitas vezes eu estou triste Sim Não
5. Eu sou esperto Sim Não
6. Eu sou tímido Sim Não
7. Eu fico nervoso quando a professora me chama Sim Não
8. A minha aparência me incomoda Sim Não
9. Quando eu crescer, eu serei uma pessoa importante Sim Não
10. Eu fico preocupado quando nós temos prova na escola Sim Não
11. Eu não sou muito admirado na escola Sim Não
12. Eu me comporto bem na escola Sim Não
13. Geralmente a culpa é minha quando alguma coisa dá errada Sim Não
14. Eu causo problemas para minha família Sim Não
15. Eu sou forte Sim Não
16. Eu tenho boas idéias Sim Não
17. Eu sou alguém importante na minha família Sim Não
18. Eu sempre quero do meu jeito Sim Não
19. Eu sou bom para fazer coisas com minhas mãos Sim Não
20. Eu desisto facilmente Sim Não
21. Eu sou bom em meus trabalhos na escola Sim Não
22. Eu faço muitas coisas ruins Sim Não
23. Eu sei desenhar bem Sim Não
24. Eu sou bom em música Sim Não
25. Eu me comporto mal na escola Sim Não
26. Eu sou lento em terminar o meu trabalho de escola Sim Não
27. Eu sou alguém importante na minha classe Sim Não
28. Eu sou nervoso (a) Sim Não
29. Eu tenho olhos bonitos Sim Não
30. Eu consigo falar bem na frente da classe Sim Não
31. Na escola eu fico no rumo da lua Sim Não
32. Eu atormento meu (s) irmão (s) e irmã (s) Sim Não
97
33. Meus amigos gostam das minhas idéias Sim Não
34. Eu geralmente me meto em encrenca Sim Não
35. Eu sou obediente em casa Sim Não
36. Eu tenho sorte Sim Não
37. Eu sou muito preocupado Sim Não
38. Meus pais esperam muito de mim Sim Não
39. Eu gosto de ser do jeito que eu sou Sim Não
40. Eu me sinto “por fora” das coisas Sim Não
41. Eu tenho um cabelo bonito Sim Não
42. Muitas vezes eu me ofereço como voluntário na escola Sim Não
43. Eu gostaria de ser diferente Sim Não
44. Eu durmo bem à noite Sim Não
45. Eu odeio escola Sim Não
46. Eu sou um dos últimos a ser escolhido nas brincadeiras Sim Não
47. Eu fico doente bastante Sim Não
48. Eu sou freqüentemente mau com as pessoas Sim Não
49. Meus colegas de escola acham que eu tenho boas idéias Sim Não
50. Eu sou infeliz Sim Não
51. Eu tenho muitos amigos Sim Não
52. Eu sou alegre Sim Não
53. Eu não sei muitas coisas Sim Não
54. Eu sou bonito Sim Não
55. Eu tenho muita energia... Sim Não
56. Eu entro em muitas brigas Sim Não
57. Eu sou popular com os meninos Sim Não
58. As pessoas me atormentam Sim Não
59. Minha família está triste comigo Sim Não
60. Eu tenho um rosto agradável Sim Não
61. Quando eu tento fazer alguma coisa, tudo parece dar errado Sim Não
62. Eu sou atormentado em casa Sim Não
63. Eu sou um líder em brincadeiras e esportes Sim Não
64. Eu sou desajeitado Sim Não
65. Nos jogos e esportes, eu assisto ao invés de jogar Sim Não
66. Eu esqueço o que eu aprendo Sim Não
67. É fácil conviver comigo Sim Não
68. Eu perco a paciência facilmente Sim Não
69. Eu sou popular com as meninas Sim Não
70. Eu leio bem Sim Não
71. Eu prefiro trabalhar sozinho do que em grupo Sim Não
72. Eu gosto do meu irmão (ã) Sim Não
73. Eu tenho um corpo bonito Sim Não
74. Muitas vezes eu sou medroso Sim Não
75. Eu sempre estou derrubando ou quebrando as coisas Sim Não
76. As pessoas confiam em mim Sim Não
77. Eu sou diferente das outras pessoas Sim Não
78. Eu tenho maus pensamentos Sim Não
79. Eu choro facilmente Sim Não
80. Eu sou uma boa pessoa Sim Não
98
ANEXO E
“O QUE PENSO E SINTO”
Instruções para Aplicação
Vocês acabaram de receber um questionário sobre o que as crianças pensam e sentem.
Não tem resposta certa ou errada, por que cada um pensa e sente de um jeito diferente. Vocês
vão ler uma frase de cada vez e escolher uma resposta, “sim” para quando é algo que vocês
pensam ou sentem e “não” quando é algo que vocês nunca sentem ou pensam. Vou ler a
primeira em voz alta para explicar melhor: “Eu acho difícil tomar decisões”, então quem
concorda, acha difícil mesmo tomar um decisão faz um X no quadradinho do “sim”. Quem não
concorda, não acha difícil, marca no quadradinho “não”. Quando acharem uma palavra difícil ou
tiverem qualquer dúvida me perguntem. Podem responder todo o questionário.
Nome:___________________________________________________________________
Escola:__________________________________________________________________
Idade:______________Sexo:_________________
“O QUE PENSO E SINTO”
1- Eu acho difícil tomar decisões..................................................................... Sim Não
2- Eu fico nervoso quando as coisas não dão certo para mim........................ Sim Não
3- Parece que os outros fazem as coisas com mais facilidade que eu........... Sim Não
4- Eu gosto de todo mundo que eu conheço................................................... Sim Não
5- Muitas vezes eu tenho falta de ar................................................................ Sim Não
6- Eu fico preocupado a maior parte do tempo................................................ Sim Não
7- Eu tenho medo de muitas coisas................................................................. Sim Não
8- Eu sou sempre legal................................................................................... Sim Não
9- Eu fico bravo por qualquer coisa................................................................. Sim Não
10- Fico preocupado com o que meus pais vão dizer para mim..................... Sim Não
11- Sinto que os outros não gostam do jeito que eu faço as coisas............... Sim Não
12- Eu sou sempre bem educado.................................................................... Sim
Não
13- É difícil para mim ir para a cama à noite................................................... Sim Não
14- Eu me preocupo com o que os outros pensam de mim............................ Sim Não
99
15- Eu me sinto sozinho, mesmo quando pessoas comigo........................ Sim Não
16- Sou sempre bom........................................................................................ Sim Não
17- Muitas vezes, sinto problemas no meu estômago..................................... Sim Não
18- Fico triste com qualquer coisa................................................................... Sim Não
19- Minhas mãos ficam suadas....................................................................... Sim Não
20- Sou sempre legal com todo mundo........................................................... Sim Não
21- Estou bastante cansado............................................................................ Sim Não
22- Eu me preocupo com o que vai acontecer................................................ Sim Não
23- As outras crianças são mais felizes do que eu.......................................... Sim Não
24- Sempre falo a verdade.............................................................................. Sim Não
25- Tenho sonhos ruins................................................................................... Sim Não
26- Fico triste sempre que estou com problemas............................................ Sim Não
27- Sinto que alguém vai me dizer que faço as coisas de maneira errada...... Sim Não
28- Nunca fico bravo........................................................................................ Sim Não
29- Algumas vezes acordo assustado............................................................. Sim Não
30- Eu me preocupo quando vou para a cama à noite.................................... Sim Não
31- É difícil para mim prestar atenção no trabalho da escola..........................
Sim Não
32- Nunca digo coisas que não deveria........................................................... Sim Não
33- Eu me mexo bastante na carteira.............................................................. Sim Não
34- Sou nervoso............................................................................................... Sim Não
35- Muitas pessoas estão contra mim.............................................................. Sim Não
36- Nunca minto............................................................................................... Sim Não
37- Em geral eu acho que alguma coisa ruim vai acontecer para mim........... Sim Não
100
ANEXO F
ESCALA PARA MEDIDA DE LOCUS DE CONTROLE PARA CRIANÇAS
Instruções:
Neste questionário aparece uma lista de frases. Cada frase descreve um acontecimento.
Pode ser que alguma frase descreva uma coisa que nunca aconteceu com você pessoalmente.
Neste caso, imagine como você se sentiria e o que faria nessa situação.
Depois de cada frase, aparecem duas razões possíveis para explicar o que aconteceu
com a pessoa. Não há respostas certas ou erradas. Algumas pessoas escolherão a razão A,
outras a razão B. A resposta de uma pessoa depende de suas próprias experiências e
sentimentos em relação à situação descrita na frase, ou seja, a resposta vai depender do que
você acha.
Algumas vezes você vai pensar que tanto A quanto B são razões possíveis. Neste caso,
você deve resolver se A e B são razões igualmente boas, ou se uma é melhor do que a outra e
assinalar uma das opções que estão abaixo de cada frase.
1. Suponha que você mudou de bairro, encontrou algumas crianças novas e se
tornou o chefe do grupo. Isto aconteceu porque:
A – Você encontrou o grupo certo.
B – Você tem qualidade de chefe.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
2. Quando seu irmão ou irmã aceita uma de suas sugestões é porque:
A – Você explicou a razão de sua sugestão e os convenceu de que está certo.
B – Eles ficam cansados de discutir com você.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
3. Suponha que você se saiu bem na escola em uma matéria que geralmente você
acha difícil. Isto foi porque:
A – Você teve sorte e alguém o ajudou.
B – Você se esforçou mais do que de costume.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
4. Se o professor acha bom o seu trabalho na escola é porque:
A – Ele gosta de você.
B – Seu trabalho na escola é bom.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
5. Imagine que você queira assistir a um filme e seus amigos concordem em ir com
você. Eles concordaram porque:
A – Não havia outro filme que valesse a pena ver.
B – Você os convenceu de que valia a pena assistir aquele filme.
101
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
6. Suponha que seus pais deram uma bronca em você. Foi porque:
A – Eles estavam nervosos naquele momento.
B – Você fez alguma coisa errada.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
7. Quando você tira nota baixa num teste é porque:
A – Você não estava preparado para o teste.
B – O teste é muito difícil.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
8. Quando seus pais brigam com você é porque:
A – Eles estão de mau humor.
B – Geralmente a culpa é sua.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
9. Suponha que você muda para outro bairro e não é bem sucedido em fazer novos
amigos de sua idade. Isto acontece porque:
A – Você não teve sorte, pois eles não deixam ninguém entrar no grupo.
B – Você não se esforçou bastante para fazer novos amigos.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
10. Se você não passa de ano é porque:
A – Seu trabalho na escola não foi bastante bom.
B – O professor tem alguma coisa contra você.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
11. Quando você briga com seu irmão ou irmã é porque:
A – Geralmente, a culpa é deles.
B – Geralmente, a culpa é sua.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
12. Quando seus irmãos ou suas irmãs não concordam em brincar do que você quer,
é porque:
A – Eles nunca querem brincar da mesma coisa que você.
B – Você não aceita brincar daquilo que eles querem.
102
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
13. Suponha que você não tenha muitos amigos. Isto é porque:
A – Você não sabe fazer amigos.
B – Sempre existem crianças que não gostam de você.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
14. O professor elogiou seu comportamento no passeio da escola porque:
A – Seu comportamento no passeio mereceu ser elogiado.
B – Seu professor estava de bom humor.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
15. Depois de discutir com você por muito tempo, seus pais lhe permitem fazer uma
viagem com seus amigos. Isto porque:
A – Você os convenceu.
B – Eles ficaram cansados de discutir com você.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
16. Imagine que você encontrou um grupo de crianças na praia. Você aí sugeriu que
todos brincassem de um certo jogo e todos aceitaram a sua sugestão. Isto
aconteceu porque:
A – Você conseguiu convencê-los.
B – Eles já queriam brincar daquele jogo.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
17. Suponha que seus pais digam que você está indo bem na escola. Isto é porque:
A – Eles gostam de qualquer coisa que você faça.
B – Seu trabalho na escola é bom.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
18. Quando você esquece alguma coisa que foi dita em aula, isto provavelmente
acontece porque:
A – Você não fez bastante força para lembrar.
B – O Professor não explicou muito bem.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
19. Se você é muito querido entre os amigos é por causa:
103
A – De sua família.
B – Do esforço que você faz para que os amigos gostem de você.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
20. Quando você discute com seus amigos é porque:
A – Você não desiste de suas idéias.
B – Seus amigos são cabeças duras.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
21. Quando você se sai muito bem em uma prova na escola, isso acontece porque:
A – Você teve sorte.
B – Você estudou muito para a prova.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
22. Quando você discute com outras crianças é porque:
A – Você não aceita a opinião delas.
B – As outras crianças geralmente não aceitam as suas opiniões.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
23. Imagine que seu professor não tenha uma boa opinião a seu respeito. Isto é
porque:
A – Você não se saiu bem na escola no ano passado.
B – Ele não gosta de você.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
24. Se seus irmãos ou irmãs concordaram em dar alguma coisa deles a você é
porque:
A – Ele ou ela não está precisando daquela coisa.
B – Você soube pedir.
( ) apenas A ( ) B mais do que A
( ) A mais do que B ( ) apenas B
( ) A e B igualmente
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