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DISSERTAÇÃO
COWPEA MILD MOTTLE VIRUS:
TRANSMISSÃO, CÍRCULO DE HOSPEDEIRAS E
RESPOSTA À INFECÇÃO DE CULTIVARES IAC
DE FEIJÃO E SOJA
JULIO MASSAHARU MARUBAYASHI
CAMPINAS
2006
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INSTITUTO AGRONÔMICO
CURSO DE PÓS - GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA
TROPICAL E SUBTROPICAL
Cowpea Mild Mottle Virus:
TRANSMISSÃO, CÍRCULO DE HOSPEDEIRAS E RESPOSTA À
INFECÇÃO DE CULTIVARES IAC DE FEIJÃO E SOJA
JULIO MASSAHARU MARUBAYASHI
Orientador: Dr. Valdir Atsushi Yuki
Co - orientadora: Dr
a
. Elaine Bahia Wutke
Dissertação submetida como requisito parcial para
obtenção do grau de Mestre em Agricultura
Tropical e Subtropical
Área de Concentração em Tecnologia da Produção
Agrícola
Campinas, SP
Abril 2006
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Ficha elaborada pelo Núcleo de Informação e Documentação do
Instituto Agronômico
M389c Marubayashi, Julio Massaharu.
Cowpea mild mottle virus: transmissão, círculo de
hospedeiras e resposta à infecção de cultivares IAC de feijão
e soja. Campinas, 2006.
29 fls.: il.
Orientador: Dr. Valdir Atsushi Yuki
Co-orientadora: Dra. Elaine Bahia Wutke
Dissertação ( Mestrado em Tecnologia da Produção
Agrícola) – Instituto Agronômico
1. Carlavirus 2. Mosca branca 3. Círculo de hospedeiras
I. Yuki, Valdir Atsushi II. Wutke Elaine Bahia III. Título
CDD 595.7
Aos meus pais
Massayoshi
e
Riyoko (In Memorian)
DEDICO
Aos meus irmãos
Valter e Lina,
à minha tia Nobuko,
pela compreensão,
incentivo e apoio em
todos os momentos,
OFEREÇO
AGRADECIMENTOS
-
A Deus pela vida e por todas as oportunidades que ele tem me oferecido.
- Em especial ao Dr. Valdir Atsushi Yuki pelo profissionalismo concedendo valiosos
ensinamentos durante o preparo desta dissertação, pela confiança, amizade e lições de vida.
- Ao Instituto Agronômico de Campinas pela oportunidade concedida à realização do curso.
- Ao curso de Pós Graduação do IAC, à Dr
a
Ana Maria M. A. Lagôa, às secretárias
Angelina, Célia, Beti e Adilza meus sinceros agradecimentos.
- À Fazenda Santa Elisa IAC/CEC, ao Dr. Robert Deuber e às Sr
as
. Maria Luiza e Cida pela
oportunidade concedida na casa de hóspedes durante o curso
- Ao Dr. Hugo Kuniyuki pelos ensinamentos recebidos, ao Sr. Moura Lima Santos pela
ajuda na irrigação dos experimentos, e a todos do Setor de Virologia que ajudaram direta ou
indiretamente.
- Ao Setor de Leguminosas do IAC, em especial à Drª. Elaine Bahia Wutke, pela
colaboração nos experimentos em campo e com a análise estatística, ao Dr. Hamílton Kikuti e
aos técnicos Srs. Paulo e Francisco e Sr
as
. Jorgina e Nair, pela ajuda nos experimentos.
- Ao Dr. André Luiz Lourenção do Setor de Entomologia do IAC, pelo fornecimento de
colônias de mosca branca, para criação em insetários.
- A Drª. Margarida Fumiko Ito pela amizade, incentivo e profissionalismo, a Srª. Áurea, e a
todos do Setor de Fitopatologia do IAC, pela ótima convivência.
- A pesquisadora Dr
a
Míriam Perez Maluf comissionada da Embrapa do Setor de Café do
Instituto Agromonico – IAC, pela ajuda no abstract.
- Aos colegas do curso de Pós – Graduação Glécio, Waldinei, Marcos, Giuliana, Aline, Ana
Karina, Waldenilza, Átila, Rhuanito, Mário, Paula, Alceu, Thaís, Rafael e Luciana e a todos
que me ajudaram de alguma forma, meus sinceros agradecimentos
.
SUMÁRIO
ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................... vi
ÍNDICE DE FIGURAS ........................................................................................... vii
RESUMO ................................................................................................................ viii
ABSTRACT ............................................................................................................ x
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................... 2
2.1 Histórico ........................................................................................................... 2
2.2 Epidemiologia .................................................................................................. 4
2.3 Etiologia ........................................................................................................... 5
2.4 O Vírus ............................................................................................................. 6
2.5 Círculo de Plantas hospedeiras ........................................................................ 8
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................ 9
3.1 Obtenção e Manutenção do inóculo ................................................................. 10
3.2 Criação da Mosca Branca Bemisa tabaci biótipo B ......................................... 10
3.3 Plantas Teste .................................................................................................... 10
3.4 Testes de Transmissão ..................................................................................... 11
3.5 Testes de Recuperação...................................................................................... 12
3.6 Efeito do CpMMV em cultivares de soja e feijão............................................. 12
3.7 Círculo de Hospedeiras .................................................................................... 13
3.8 Análise Estatística.............................................................................................
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................
14
14
4.1 Testes de Transmissão ..................................................................................... 14
4.1.1 Feijão ............................................................................................................. 14
4.1.2 Períodos de acesso à aquisição ...................................................................... 16
4.1.3 Soja ................................................................................................................ 17
4.2 Círculo de Hospedeiras .................................................................................... 19
4.3 Avaliação da Resistência de cultivares IAC .................................................... 22
4.3.1 Cultivares de feijão ....................................................................................... 23
4.3.2 Cultivares de soja .......................................................................................... 24
5 CONCLUSÕES .................................................................................................. 26
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 27
vi
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 - Espécies utilizadas durante o processo de triagem do vírus
CpMMV, visando determinação de plantas hospedeiras. Instituto
Agronômico, Campinas, SP, 2005.....................................................
14
Tabela 2 - Transmissão do vírus CpMMV por diferentes números de mosca
branca Bemisia tabaci, biótipo B, em plantas inoculadas de
feijoeiro. Instituto Agronômico, Campinas, SP, 2005
15
Tabela 3 - Transmissão do vírus CpMMV pela mosca branca Bemisia tabaci,
biótipo B, em plantas inoculadas de feijoeiro, em diferentes
períodos de acesso à aquisição (p.a.a.). Instituto Agronômico,
Campinas, SP, 2005...........................................................................
17
Tabela 4 - Transmissão do vírus CpMMV por diferentes números de mosca
branca Bemisia tabaci, biótipo B, em plantas inoculadas de soja, cv
‘IAC-20’ para ‘BRS-132’. Instituto Agronômico, Campinas, SP,
2005....................................................................................................
18
Tabela 5 - Resultados da inoculação mecânica de diversas espécies botânicas,
quando inoculados com o CpMMV. Instituto Agronômico,
Campinas, SP, 2005...........................................................................
21
Tabela 6 - Notas de severidade à inoculação com o vírus CpMMV em
cultivares de feijoeiro. Instituto Agronômico, Campinas, SP, março
de 2005...............................................................................................
23
Tabela 7 - Notas de severidade à inoculação com o vírus CpMMV em
cultivares de soja. Instituto Agronômico, Campinas, SP, março de
2005....................................................................................................
25
vii
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - Método de transmissão do vírus CpMMV: a. coleta de mosca
branca Bemisia.tabaci biótipo B, isenta de vírus; b. gaiola para
período de acesso à aquisição (p.a.a.); c. aspecto lateral da gaiola
para período de acesso à inoculação (p.a.i.) por 48 horas; d. aspecto
de planta de feijoeiro infectada, com sintomas de clareamento das
nervuras e mosaico. Campinas, SP, 2005...........................................
12
Figura 2 - Sintomas da reação ao vírus CpMMV em cultivares de feijão: a.
Jalo, extremamente sensível; b. IAC-Carioca Tybatã, menos
sensível................................................................................................
24
Figura 3 - Sintomas da reação ao vírus CpMMV em cultivares de soja: a.
BRS-132, extremamente sensível; b. IAC-22, a menos sensível......
26
viii
MARUBAYASHI. Julio Massaharu. Cowpea mild mottle virus: Transmissão, círculo
de hospedeiras e resposta à infecção de cultivares IAC de feijão e soja. 2006. 29f.
Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) - Pós - Graduação - IAC.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi: a) avaliar a transmissibilidade de um isolado de Cowpea
mild mottle virus (CpMMV) pela mosca branca Bemisia tabaci biótipo B, b) determinar
o círculo de hospedeiras do CpMMV, e c) determinar a reação de cultivares IAC de
feijão e soja do IAC ao CpMMV. Os experimentos de transmissibilidade foram
desenvolvidos em plantas dos cultivares de feijão Jalo e BT - 2, e do cultivar de soja
suscetível BRS - 132. Estes cultivares foram inoculados utilizando-se 1, 5, 10 e 20
adultos de B. tabaci biótipo B por planta, durante os períodos de acesso à aquisição
(p.a.a.) de 24 horas, e período de acesso a inoculação (p.a.i.) de 48 horas. Um outro
experimento foi realizado durante p.a.a. de 15, e 30 minutos, 1, 3, 6 e 24 horas e p.a.i.
de 48 horas. Para determinar o círculo de hospedeiras, 34 espécies de quatro famílias de
plantas foram inoculadas mecanicamente. Para determinar a reação das cultivares IAC,
foram inoculadas mecanicamente plantas dos feijoeiros, cultivares: Carioca, IAC -
Carioca SH, IAC - Carioca Aruã, IAC - Carioca Eté, IAC - Carioca Pyatã, IAC -
Carioca Tybatã, IAC - Maravilha, IAC - Una, IAC - Bico de Ouro, Jalo e BT - 2, sendo
os dois últimos como suscetíveis, e de soja, cultivares: IAC - 17, IAC - 18, IAC - 19,
IAC - 20, IAC - 22, IAC - 23, IAC - 24, linhagem IAC - 94 - 6541, IAC - PL 1, IAC -
PL - 1 CH, e suscetíveis ‘Mirador’ e ‘BRS - 132’, o delineamento experimental foi o de
blocos ao acaso com quatro repetições. A severidade dos sintomas foi avaliado
semanalmente a partir dos 24 dias após a semeadura, por meio de escala de notas
severidade de 1 a 5. Conforme os resultados com apenas uma mosca branca pode ser
transmitido o CpMMV mas, quando se aumenta o número de insetos por planta a taxa
de transmissão é incrementada. A transmissão do CpMMV pelo vetor inicia-se com 15
minutos de p.a.a., confirmando-se a relação não persistente vírus-vetor. Demonstrou-se
que o CpMMV é restrito às espécies da família Fabaceae; somente em uma espécie não
Fabaceae, Chenopodium quinoa, constatou-se infecção com sintomas de lesão local
necrótica. Todas as cultivares de feijão e soja foram suscetíveis ao CpMMV. As
cultivares de feijão IAC - Carioca Tybatã e IAC - Carioca Eté foram menos sensíveis ao
ix
vírus, com sintoma fraco de mosaico, e as de soja IAC - 22, IAC - PL - 1 CH e a
linhagem IAC - 94 - 6541 também se observou sintoma de mosaico pouco severo.
Palavras - Chave: Carlavirus; mosca branca; transmissão; resistência; círculo de
hospedeiras.
x
MARUBAYASHI, Julio Massaharu. Cowpea mild mottle virus: Transmission, host
range and answer the infection of IAC cultivars of beans and soybeans. 2006. 29f.
Dissertação (Mestrado em Agricultura Tropical e Subtropical) - Pós - Graduação - IAC.
ABSTRACT
The objectives of this work were: a) to evaluate the dissemination of a isolate of
Cowpea mild mottle virus (CpMMV) by the white fly Bemisia tabaci (Genn.) biotype B,
b) to determine the host range of CpMMV, and c) to determine resistance of bean and
soybeans cultivars of developed by IAC. Transmission experiments were performed on
susceptible bean cultivars: Jalo and BT - 2, and susceptible BRS – 132 soybean cultivar.
Plants were inoculated with 1,5,10 and 20 adults B. tabaci biotype B per plant, and a 24
hours acquisition access period (a.a.p.), and a 48 hours of inoculation access period
(i.a.p.) were tested. Another experiment was conducted where 15 and 30 minutes, 1, 3, 6
and 24 hours of a.a.p. and a 48 hours of i.a.p. were evaluated. To determine the host
range, 34 species from 4 families of plants were mechanically inoculated, and finally to
determine the resistance, the following IAC cultivars were also inoculated. Beans:
Carioca, IAC - Carioca SH, IAC - Carioca Aruã, IAC - Carioca Eté, IAC - Carioca
Pyatã, IAC - Carioca Tybatã, IAC - Maravilha, IAC - Una, IAC - Bico de Ouro, Jalo
and BT - 2, the last two cultivars were used as susceptible checks, and soybean
cultivars: IAC - 17, IAC - 18, IAC - 19, IAC - 20, IAC - 22, IAC - 23, IAC - 24, line
IAC - 94 - 6541, IAC - PL 1, IAC - PL 1 C/H, and the susceptible testers Mirador and
BRS - 132. The experimental design was a split spot in completely randomized blocks
and four replications. The severity of symptoms was evaluated weekly, from 24 days
after sowed, using a symptom severity range scale from 1 to 5. The results showed that
only one B. tabaci can transmit CpMMV, but increasing the number of insect per plant
also increased the transmission rate. Insect vector starts to transmit the CpMMV at 15
minutes of a.a.p., confirming the non - persistent relation of virus-vector. The host range
has demonstrated that CpMMV is restricted to species Fabaceae once only one non
Fabaceae species Chenopodium quinoa exhibits an infection with symptom of local
necrotic lesions. All beans and soybeans varieties cultivars were susceptible to
CpMMV, and the cultivars, IAC - Carioca Tybatã and IAC - Carioca Eté were tolerant
to virus, showing mild symptoms of mosaic. Among soybean varieties, IAC - 22, line
IAC - 94 - 6541 and IAC - PL - 1 CH also developed mild mosaic symptoms.
xi
Keywords: Carlavirus, white fly, transmissiom, resistance, host range.
1
1 INTRODUÇÃO
A família Fabaceae é constituída por muitos gêneros e espécies, sendo as
principais a soja [Glycine max (L.) Merrill] e o feijão (Phaseolus vulgaris L.). A soja é
de grande importância econômica para o Brasil, com produção crescente nos últimos
anos - em torno de 117,3 %, apesar do consumo interno nos últimos sete anos ter sido
aumentado apenas em 48,4 %, mas com exportações incrementadas, no mesmo período,
em 450,15 % (FNP, 2005). No Brasil o feijão é utilizado na alimentação básica e nosso
país é o maior produtor mundial e o maior consumidor, seguido da Índia, China,
México, Estados Unidos e Uganda (ZUPPI et al., 2005).
Nessas duas culturas é demandada mão de obra, gerando-se muitos empregos
diretos e indiretos. Na safra agrícola 2004/05, a área colhida de soja foi algo em torno
de 22.721.910 ha, com uma produção de 61.121.938 toneladas e uma produtividade
média da ordem de 2.746 kg ha
-1
(FNP, 2005). Para o feijão a área plantada nas três
safras das águas, seca e inverno de 2004/05 foram totalizados 3.812.800 hectares
(CONAB, 2005), com produção total estimada em 3.062.852 toneladas (IBGE, 2005).
As culturas de soja e feijão podem ser afetadas por diversas doenças infecciosas
causadas por bactérias, fungos, nematóides e vírus. Em feijoeiro, segundo BIANCHINI
et al. (2005), no Brasil são descritas atualmente 27 moléstias sendo 11 delas causadas
por vírus. De acordo com ALMEIDA et al. (2005b) já foram identificadas
aproximadamente 40 doenças na cultura da soja no Brasil, sendo que seis são causadas
por vírus. Desses, o Cowpea mild mottle virus - CpMMV, atualmente tem sido de
grande importância econômica por serem causados danos severos, incluindo-se até a
morte das plantas infectadas.
Esse vírus foi inicialmente descrito por COSTA et al. (1980), como agente
causal de um mosaico angular em feijoeiro ‘Jalo’ e pertencente ao grupo Carlavirus,
transmitido pela mosca branca Bemisia tabaci provável biótipo A, que ocorria naquela
época. Os sintomas se iniciavam como uma clorose nas nervuras de trifólios novos,
seguindo-se um mosaico em manchas angulares em folhas mais velhas. No ano de 2001,
em plantas de soja coletadas no município de Barreiras, BA, constataram-se sintomas de
necrose da haste, com queima do broto, deformação do limbo foliar e mosaico bolhoso.
Esse mesmo sintoma, também observado na safra 2000/2001, em Morrinhos e
2
Goiatuba, GO (ALMEIDA et al., 2002b), foi posteriormente verificado em todo o Brasil
(ALMEIDA et al., 2003a). Em estudos realizados com a técnica de microscopia
eletrônica e métodos moleculares de RT- PCR foi possível concluir que esse vírus era
semelhante ao Carlavirus (ALMEIDA et al., 2002c), descrito por COSTA et al. (1980)
em feijão.
No trabalho os objetivos foram: a) estudar a transmisssão do CpMMV pelo
biótipo B da Bemisia tabaci em feijoeiros ‘Jalo’e ‘Black Turtle’ (BT-2) e em soja
‘BRS-132’; b) determinar o círculo de hospedeiras do vírus; c) avaliar a reação de
distintas variedades IAC de feijão e de soja ao CpMMV.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Histórico
A cultura do feijoeiro no Brasil pode ser infectada por mais de três dezenas de
moléstias, cujos agentes causais podem ser fungos, bactérias, nematóides e vírus, sendo
causados prejuízos mais ou menos intensos à produção da cultura (COSTA et al., 1972;
BIANCHINI et al., 2005). Na da soja são constatadas cerca de quatro dezenas de
moléstias (ALMEIDA et al., 2005b).
No ano de 1979, identificou-se um novo vírus infectando feijoeiro, sendo
causado um mosaico angular amarelo na cultivar Jalo (COSTA et al., 1980). Em outras
cultivares o sintoma era de um leve mosqueado ou mosaico fraco e até mesmo infecção
latente. Em plantas da cultivar Jalo, inoculadas mecanicamente ou pela mosca branca
vetora, podem ser visualizados sintomas sistêmicos em dez dias, iniciando-se pela
clorose nos trifólios novos, que pode ser nas nervuras, e mosaico em folhas mais velhas
que, com o passar do tempo, vão se tornando manchas angulares amarelas, limitadas
pelas nervuras (COSTA et al., 1980; COSTA et al., 1983). Na soja era causado um
sintoma de mosqueado fraco e, em algumas cultivares, mosaico forte seguido de
acronecrose que, na época, podia ser confundido com uma outra doença - o vírus
causador da queima-do-broto; também se acreditava em efeito sinergístico desse vírus
com outros vírus (COSTA et al., 1981). Isolados desse vírus foram coletados nos
municípios de Assis, Campinas e Capão Bonito, no Estado de São Paulo, e de Londrina,
3
no do Paraná. Pelo sintoma característico na cv. Jalo foi-lhe conferido o nome de Virus
do mosaico angular do feijoeiro Jalo (VMAFJ) (Bean angular mosaic vírus - BAMV),
sendo este vírus considerado proximamente relacionado ou se não idêntico ao Cowpea
mild mottle virus (CpMMV) (COSTA et al., 1983).
Posteriormente, GASPAR et al. (1985), realizando estudos serológicos com
antissoros do CpMMV e do BAMV, demonstraram reação praticamente similar do
antígeno do BAMV contra os dois antissoros. Por outro lado ainda, nos resultados dos
testes de microscopia eletrônica das relações serológicas (SSEM), evidenciou-se uma
afinidade serológica entre os dois vírus. Os autores concluíram que o BAMV era
antigenicamente idêntico ao CpMMV.
Em plantas de feijão da cv. Carioca, quando inoculadas mecanicamente com o
vírus, não foram constatadas reduções na produtividade em grãos mas, nas das
cultivares Manteiga e Jalo estas foram de 25% e 31 %, respectivamente. Na cultura da
soja, quando se realizaram experimentos com oito variedades, foi verificada redução de
16% na produtividade, com menor produção de vagens em relação às testemunhas não
inoculadas. Naquela época, o dano econômico era muito pequeno, devido à baixa
incidência de ocorrência desse vírus no campo (COSTA et al., 1983).
A partir de sementes de soja e feijão provenientes de plantas infectadas, foram
produzidas plantas normais, demonstrando-se a não transmissão desse vírus pelas
sementes (COSTA et al., 1983).
Em outros países, o Cowpea mild mottle vírus-CpMMV foi descrito pela
primeira vez, em caupi (Vigna unguiculata Walp.), considerando-se sua disseminação
pelas sementes de V. unguiculata, Phaseolus vulgaris L. e Glycine max (L.) Merrill, na
região leste de Ghana, África (BRUNT & KENTEN, 1973). Posteriormente esse vírus
foi detectado na Costa do Marfim (Côte d´Ivoire), país africano vizinho a Ghana,
durante o verão de 1978, sendo causados sintomas como mosaico e enrugamento nas
folhas (THOUVENEL et al., 1982). Também na Tailândia, infectando soja, com
sintoma de mosqueado fraco (IWAKI et al., 1982). Um isolado de CpMMV foi descrito
em tomate (Lycopersicon esculentum Mill.), na Nigéria (BRUNT & PHILLIPS, 1981),
com manifestação de sintomas denominados ‘Fuzzy vein’ e, em Israel, com sintoma de
uma clorose pálida, sendo considerada uma nova raça do vírus, denominada de
CpMMV/I (ANTIGNUS & COHEN, 1987). Na Índia constatou-se infecção do
CpMMV em amendoim, sendo causados sintomas de clareamento de nervuras seguidos
4
de curvatura, necrose de folhas e redução drástica de desenvolvimento (IIZUKA et al.,
1984). Recentemente, CpMMV foi detectado em campos de feijão, cv. Alubia, na
região da Província de Salta, ao norte da Argentina, sendo causados sintomas de clorose
e de mosqueado fraco nas plantas da leguminosa. Partículas de Carlavirus foram
analisadas, utilizando-se microscopia eletrônica e testes imunológicos de DAS-ELISA,
sendo comprovada a infecção das plantas examinadas pelo CpMMV ( PARDINA et al.,
2004).
A mosca branca B. tabaci é a principal vetora do CpMMV. COSTA et al. (1983)
demonstraram ser essa espécie de mosca branca vetora desse vírus também no Brasil.
Na época em que os trabalhos pioneiros de transmissão foram realizados somente o
biótipo A do inseto era constatado. Com o aparecimento comprovado do biótipo B, a
partir de 1991, no Estado de São Paulo (LOURENÇÃO & NAGAI, 1994), houve um
deslocamento do biótipo A e somente o biótipo B tem ocorrido no Brasil, devido à sua
elevada prolificidade e adaptação ao clima mais ameno no inverno e maior círculo de
hospedeiras (ZERBINI et al., 2002). Em 1991, HORN et al. já alertavam para um futuro
aumento da incidência do CpMMV em soja, motivado pelo do aumento de populações
da mosca branca B. tabaci.
2.2 Epidemiologia
Na safra agrícola de 2000/2001 foram constatados sintomas de necrose da haste,
sendo causadas seca e morte de plantas de soja, na região de Morrinhos e Goiatuba, GO.
No início essa anomalia foi tratada como sendo de origem fúngica mas as tentativas de
isolamento de um provável fungo causal foram negativas (ALMEIDA et al., 2003a;
ALMEIDA et al., 2003b). No ano de 2001, esta doença foi detectada em Barreiras, BA,
na linhagem BABR 98-26640 de soja que estava sendo cultivada para multiplicação de
sementes (ALMEIDA et al., 2002a; ALMEIDA et al., 2002c; ALMEIDA et al., 2003c).
Em 2002, a virose já ocorria em Balsas, MA, no sudoeste de Goiás e Mato Grosso e, em
2003, foi constatada em Palotina, PR (ALMEIDA et al., 2003b; HOFFMANN et al.,
2004).
5
2.3 Etiologia
Em agosto de 2001, no período da entressafra, em um campo de produção de
sementes de soja, cultivada sob irrigação no município de Barreiras, BA, foram
identificadas plantas da cultivar Mirador e da linhagem BABR98-25640 com sintomas
de necrose da haste, queima do broto, escurecimento do pecíolo e das nervuras foliares,
nanismo e deformação no limbo e mosaico de aspecto bolhoso. Em testes de diagnose
realizados na Embrapa/Soja, os brotos sintomáticos foram enxertados em soja cv.
Mirador e, após 15 dias, manifestaram-se sintomas de necrose apical nas brotações
novas. Nas inoculações realizadas com o extrato de plantas infectadas em diversas cv.
de soja como a Coodetec-206, Mirador e BRS-153, os sintomas foram verificados aos
12 a 15 dias, sendo a ‘Mirador’ a mais prejudicada, seguida da ‘Coodetec’ e, por último,
a ‘BRS-153’, esta com pouco sintoma de mosaico. Em secções ultrafinas observadas em
microscópio eletrônico, foi possível notar presença de partículas falcadas, agrupadas na
forma de feixes, característicos de infecção por Carlavirus. A seguir, foram utilizados
métodos moleculares de RT-PCR e, com ¨Primers¨ desenhados especificamente para
Carlavirus (BADGE et al., 1996, citado por ALMEIDA et al., 2002b), foi favorecida a
amplificação de pequena porção do RNA viral de 120 pb que, depois de clonada e
seqüenciada, foi alinhada e comparada com uma seqüência de nucleotídeos
armazenadas no Gen Bank. Pelo resultado do método molecular determinou-se
similaridade de 88,4 % do RNA do vírus causador da haste negra da soja com o Cowpea
mild mosaic virus (CpMMV), isolado M, código AF 024629 do Gen Bank, membro do
gênero Carlavirus (ALMEIDA et al., 2002b; ALMEIDA et al., 2003c).
As partículas do vírus podem ser verificadas em citoplasma de células de
epiderme e de parênquima e, também, em elementos crivados do floema. Esse vírus
ocorre como feixes de partículas paralelas ou, de maneira característica, na forma de
feixes de partículas onde se apresentam presas em uma extremidade do feixe e soltas na
outra e, nessa extremidade, a maior parte das partículas do feixe é curva, tornando-se
falcada. A massa molecular da proteína da capa viral foi estimada em 32,6 kDa e a
concentração do ácido nucléico nas purificações ao redor de 7% (GASPAR & COSTA,
1993a); o comprimento da partícula do vírus é de 650 nm e o diâmetro é de 13 nm
(COSTA et al., 1983; GASPAR & COSTA, 1993a).
6
2.4 O Vírus
As espécies do gênero Carlavirus fazem parte da família Flexiviridae, tendo
como espécie tipo o Carnation latent virus (BRUNT & KENTEN, 1973).
Suas partículas são filamentosas, com comprimento aproximado de 650 nm e 13
nm de diâmetro, contendo RNA de fita simples com em torno de 5% de RNA e 95% de
proteínas (BRUNT & PHILLIPS, 1981).
Em estudos de microscopia eletrônica e serologia realizados por IWAKI et al.
(1982), na Tailândia, demonstrou-se que uma doença detectada em soja era causada por
um Carlavirus com partículas entre 650 a 700 nm de comprimento e 10 a 15 nm de
diâmetro; verificou-se reação do vírus purificado ao antissoro do CpMMV.
Em 1979, COSTA et al. (1981) descreveram um vírus transmitido pela mosca
branca B. tabaci, agente causal de sintomas de um mosaico amarelo bastante conspícuo
em plantas de feijoeiro ‘Jalo’ e de mosqueado ou infecção latente em outras variedades,
ao qual deram o nome de vírus do mosaico angular do feijoeiro ‘Jalo’ (Bean angular
mosaic virus–BAMV). Em preparações elaboradas conforme a técnica de “leaf dip”, a
partir de folhas infectadas de feijoeiro ‘Jalo’ e, com observações ao microscópio
eletrônico de transmissão, foi detectada a presença de partículas alongadas com
tamanho de 630 nm de comprimento por 13 nm de largura. Baseados na ausência de
cataventos e de outras inclusões virais e o fato de haver uma tendência de constatação
de sintomas causados pelo BAMV como extremamente fracos ou até mesmo dele ser
latente em muitas variedades de feijoeiros, os autores concluíram ser esse vírus
pertencente ao gênero Carlavirus.
Posteriormente, COSTA et al. (1983) confirmaram o tamanho da partícula do
vírus como sendo de 650 nm de comprimento e 13 nm de diâmetro, verificando a
ocorrência do vírus no citoplasma das células de feijoeiro e da soja, na forma de
partículas individuais ou de feixes. Estes podem ser constituídos de partículas paralelas
ou terem uma extremidade solta falcada. Devido a essas e a outras características, os
autores consideraram que o BAMV e o CpMMV eram relacionados, se não idênticos.
A confirmação que o BAMV e o CpMMV eram idênticos veio com os trabalhos
de GASPAR et al. (1985) e GASPAR & COSTA (1993a), quando purificaram o vírus
de plantas infectadas de ‘Jalo’ e realizaram estudos serológicos e de ultraestrutura dos
tecidos afetados. Nos trabalhos os autores discutem a forte decoração das partículas, do
7
BAMV e do CpMMV, com o antissoro do CpMMV. Além disso, o BAMV nas células
hospedeiras ocorre na forma de feixes de partículas paralelas principalmente na forma
de partículas falcadas, semelhantes às das plantas infectadas com o CpMMV. Os
mesmos autores discutem, ainda, que a massa molecular da proteína do BAMV é de
32,6 kDa, semelhante ao valor 32,5 kDa, descrito por BRUNT & KENTEN (1973).
Esse vírus pode ser transmitido facilmente por inoculação mecânica e, também,
pela mosca branca vetora. COSTA et al. (1980) e COSTA et al. (1983), em seus estudos
de transmissão com a mosca branca B. tabaci, verificaram que, com apenas um inseto
pode-se transmitir o vírus, mas em porcentagem relativamente baixa - de 6,7%, na
média de cinco testes, utilizando-se 12 plantas por teste. Nesse ensaio, ao se utilizarem
nove insetos por planta a taxa de transmissão foi, em média, de 44,7 %.
O vírus é perdido rapidamente quando moscas brancas adultas infectadas pelo
vírus se alimentam por quatro horas ou mais em plantas sadias de feijoeiro; a
capacidade infectiva é perdida, comprovando-se, assim, que a relação vírus–vetor é do
tipo não persistente, não circulativa, isto é, apenas estiletar (COSTA et al., 1983).
Afídeos das espécies Uroleucon ambrosiae e Myzus persicae foram utilizados
em testes de transmissão, sendo criados em insetários livres de vírus e colocados em
jejum por três horas. A seguir, foram separados em dois grupos de insetos para
alimentação em planta infectada de soja, por períodos de cinco e 30 minutos,
respectivamente. Após o período de aquisição os afídeos foram transferidos para plantas
de soja cv. Mirador, para um período de inoculação de 24 horas, sendo então mortos
com inseticida pulverizado. Avaliaram-se os sintomas nas 2
a
e 4
a
semanas após a
inoculação e os resultados foram negativos (ALMEIDA et al., 2002b). Em um outro
teste, utilizaram-se as mesmas espécies de afídeos mas com períodos de jejum de um
minuto e períodos de acesso à aquisição de 5, 15 e 30 minutos e 24 horas, em plantas
infectadas de soja. A seguir grupos de cinco insetos foram transferidos para plantas de
soja das cultivares Embrapa-63 e CD-206, nas quais os insetos tiveram um período de
acesso à inoculação de três horas, ao final do qual foram mortos também com inseticida,
à base de monocrotofós. Os resultados da transmissão foram igualmente negativos
(ALMEIDA et al., 2005a).
Em plantas de soja da cv. Mirador, inoculada com CpMMV de soja, foram
produzidas sementes, que foram colhidas e semeadas em bandejas com solo
esterilizado. As avaliações foram feitas aos 14 e 28 dias após a semeadura, mas não
8
foram constatados sintomas em qualquer planta, demonstrando-se que o vírus não é
transmissível pela semente. (ALMEIDA et al., 2002b).
Acredita-se que esta estirpe do CpMMV seja mais severa em comparação aos
resultados de outros trabalhos anteriores de COSTA et al. (1983), pois as reduções na
produtividade nunca foram inferiores aos 85%, quando variedades suscetíveis eram
infectadas pelo vírus (ALMEIDA et al., 2003a), podendo ser até mesmo de 100%
(HOFFMANN et al., 2003; HOFFMANN et al., 2004).
2.5 Círculo de Plantas hospedeiras
COSTA et al. (1980) constataram infecção com o BAMV em todas as cultivares
de feijão e soja, mas não em uma espécie de leguminosa infestante, a Cassia
occidentalis. Em estudo mais detalhado, realizado posteriormente, COSTA et al. (1983)
verificaram a presença do BAMV em culturas de feijão e de soja e numa espécie não
determinada de Sida sp, que fora coletada em Londrina, PR. Em inoculações mecânicas
realizadas em outras leguminosas e em plantas de outras famílias botânicas, foi possível
concluir ser este um vírus infectante principalmente de fabáceas (leguminosas) e,
eventualmente, de plantas de outras famílias. No caso da Gomphrena globosa L.,
quando as plantas são inoculadas mecanicamente, tem-se somente a replicação local do
vírus e, geralmente, sem a manifestação de lesões locais. A recuperação do vírus para a
cv. Jalo só é possível nas folhas em que se fez a inoculação pois, em folhas mais novas,
localizadas acima daquelas inoculadas na planta, não foi possível a recuperação do
vírus. Outras plantas inoculadas e em que também evidenciou-se replicação local foram
a Chenopodium murale L. e C. quinoa Willd. Replicação local e invasão sistêmica
foram verificadas em plantas de espinafre (Tetragonia expansa Murr.) e de Nicotiana
megalosiphon na Nova Zelândia. As espécies Sida rhombifolia L. e S. micrantha St.
Hill foram exaustivamente inoculadas mecanicamente e, também, por inseto vetor, mas
não foi possível a recuperação do vírus; aparentemente essas espécies não são infectadas
pelo vírus, apesar de ter sido constatada infecção em uma espécie desse gênero em
condições de campo (COSTA et al., 1983).
Em teste de inoculação mecânica com 25 cultivares de soja, em todas houve
infecção mas, em algumas cultivares como a IAC-2, IAC-3, IAC-5 e Kitajiro, os
sintomas foram bem mais acentuados e na forma de mosaicos; já nas introduções PI 200
9
490 e PI 200 492 os sintomas foram mosaico forte ou amarelecimento de folhas novas,
seguidos dos de acronecrose (COSTA et al., 1981). Mais de 80 variedades de feijoeiro
foram infectadas pelo BAMV, com ou sem apresentação de sintomas, sendo a cv. Jalo a
mais suscetível, com sintomas bem evidentes da doença. Na variedade Carioca, apesar
desta poder ser infectada sistemicamente, não houve qualquer redução na produtividade,
entretanto, nas variedades Manteiga e Jalo as reduções foram de 25% a 31%,
respectivamente (COSTA et al., 1983).
As principais leguminosas suscetíveis ao BAMV são: Arachis hypogea L.,
Canavalia ensiformis DC, Cyamopsis tetragonalobus Taub., Dolichos lab lab L.,
Glycine max (L.) Merril., Macroptilium lathyroides Urb., Phaseolus acutifolius A.
Gray, P. longepedunculatus Mart., P. lunatus L., P. vulgaris L., Pisum sativum L.,
Stizolobium deeringianum Bart (sin. Mucuna deeringiana), Stizolobium sp. e Vigna
unguiculata (L.) Walp. (COSTA et al., 1983).
Uma nova triagem de plantas hospedeiras e de cultivares de soja foi realizada
com o CpMMV, sendo possível observar danos maiores ou menores no mesmo
genótipo inoculado por isolados de diferentes regiões (ALMEIDA et al., 2003c). Em
observações realizadas em diversas regiões produtoras em Goiás, Mato Grosso, Bahia e
Paraná, constatou-se diferenciação dos genótipos quanto à suscetibilidade e, porisso,
avaliaram-se as cultivares existentes no Brasil, por meio de inoculação mecânica com
tampão apropriado em 30 plantas de cada cultivar. Nessa seleção foram constatadas
plantas resistentes, tolerantes e suscetíveis, em um total de 174 cultivares. Desse total
26,44% foram consideradas resistentes; 41,37 % tiveram um comportamento
desuniforme e 32,18 % foram suscetíveis (ALMEIDA et al., 2002b, ALMEIDA et al.,
2003c).
3 MATERIAL E MÉTODOS
Os experimentos foram desenvolvidos em insetários e em casa de vegetação do
Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Fitossanidade – Setor de Virologia, e em
canteiros experimentais do Centro de Análise e Pesquisa Tecnológica do Agronegócio
dos Grãos e Fibras/CEGRAFI – Setor de Leguminosas, ambos do Instituto Agronômico
de Campinas - IAC, em Campinas, SP, de janeiro a maio de 2005.
10
3.1 Obtenção e Manutenção do inóculo
A obtenção do primeiro isolado do vírus foi em plantas de feijão da cv. Carioca,
infectadas com o vírus, em campo de multiplicação de sementes do Setor de
Leguminosas do CEGRAFI, do IAC. A identificação do vírus foi feita pelo Prof. Dr.
José Osmar Gaspar do Departamento de Zoologia e Botânica do IBILCE - UNESP, São
José do Rio Preto, SP.
Posteriormente, o isolado foi mantido sempre em plantas de feijão, cv. Jalo, em
casa de vegetação, por meio de inoculação mecânica, realizada com extrato de folhas
sintomáticas. Estas eram maceradas em um almofariz, em presença de tampão fosfato
0,02 M, pH 7,0, acrescido de sulfito de sódio na mesma molaridade, utilizando-se
plantas novas, com as folhas primárias totalmente expandidas. Na inoculação, as folhas
primárias eram previamente polvilhadas com carborundum 400 mesh e, em seguida, os
dedos eram molhados no inóculo e esfregados suavemente sobre as mesmas. A seguir,
as folhas eram lavadas com água para retirada do excesso de abrasivo e do inóculo.
3.2 Criação da mosca branca Bemisia tabaci biótipo B
Moscas brancas não virulíferas, da espécie Bemisia tabaci biótipo B,
previamente identificadas pela Dr
a
. Judith K. Brown, do Departamento de Entomologia
da Universidade do Arizona, USA, foram criadas em plantas de tomate (Lycopersicon
esculentum Mill.), cv. Santa Cruz, e em plantas de soja, cultivares Santa Rosa e BRS–
132, em insetários telados, para se evitar o escape dos insetos.
3.3 Plantas Testes
As plantas utilizadas em testes de transmissão foram de cultivares suscetíveis ao
CpMMV. Para os testes de transmissão em feijoeiro foram utilizadas as cultivares ‘Jalo’
e ‘Black Turtle-2’ (BT-2) e, para os de soja, a cultivar ‘BRS-132’. Estas plantas foram
obtidas em semeadura em vasos de barro, de 16cm x 17 cm, contendo uma mistura de
terra com esterco de curral curtido, na proporção de 4:1. Em cada vaso foram
desenvolvidas duas plantas, que eram utilizadas nos testes de transmissão na fase de
folhas primárias. Adubações com uma mistura de sulfato de amônio e formulação 4-14-
8, em partes iguais, foram realizadas aproximadamente a cada 10 dias, adubando-se
11
com 2 gramas por vaso. Pulverizações com inseticidas também foram realizadas mas,
somente após as inoculações e de acordo com a necessidade.
3.4 Testes de Transmissão
Os testes de transmissão foram realizados, coletando-se moscas brancas do insetário de
criação com ajuda de um aspirador manual e colocando-as sobre a planta fonte do vírus,
para um período de acesso à aquisição (p.a.a.) de 24 horas. Como fontes do vírus foram
utilizadas plantas sintomáticas de feijoeiro ‘Jalo’ (Experimento A) ou ‘BT-2’
(Experimento B), infectadas com o CpMMV. Após o p.a.a. especificado, as moscas
brancas foram transferidas para as plantas-teste, em números pré-determinados em cada
experimento, conforme apresentado na Figura 1.
Os experimentos foram compostos por quatro tratamentos nos testes de
transmissão, utilizando-se 1, 5, 10 e 20 insetos por planta, e por seis tratamentos,
utilizando-se p.a.a. de 15 min., 30 min., 1 h, 3 h, 6 h e 24 h, sendo utilizadas 10 plantas
em cada tratamento, com duas plantas por vaso e três repetições. Estas foram cobertas
com capa de vidro de lampião, cuja parte superior era fechada com tecido fino e com
um furo central apenas para introdução do aspirador manual. Após a introdução dos
insetos, esses orifícios foram fechados com uma rolha de algodão. Após um período de
acesso à inoculação (p.a.i.) de 48 horas, os insetos foram mortos com um inseticida
(endosulfan), na dose de 1L/ha em seguida os vasos foram levados para a casa de
vegetação, sendo avaliados semanalmente, durante cerca de um mês.
As avaliações foram feitas, observando-se os sintomas visíveis que, no caso do
feijoeiro, foram clareamento de nervuras, mosaico e aspecto de bolhas na superfície das
folhas. Na soja os sintomas avaliados foram necrose na haste, folhas com forte mosaico
e encarquilhamento.
12
Figura 1 – Método de transmissão do vírus CpMMV: a. coleta de mosca branca
Bemisia.tabaci biótipo B, isenta de vírus; b. gaiola para período de acesso à aquisição
(p.a.a.); c. aspecto lateral da gaiola para período de acesso à inoculação (p.a.i.) por 48
horas; d. aspecto de planta de feijoeiro infectada, com sintomas de clareamento das
nervuras e mosaico. Campinas, SP, 2005.
3.5 Testes de Recuperação
As plantas indicadoras das cultivares de feijoeiro Jalo e BT-2, suscetíveis ao CpMMV,
foram obtidas em semeadura em vasos de barro, deixando-se duas plantas por vaso após
a germinação. Quando as plantas estavam na fase de folhas primárias, foram inoculadas
com extratos de folhas das plantas inoculadas sintomáticas ou não.
3.6 Efeito do CpMMV em cultivares de soja e feijão
Esse ensaio foi realizado em canteiros experimentais na Fazenda Santa Elisa do
IAC, em solo LVE, de janeiro a maio de 2005. Foram avaliadas 11 cultivares de feijão e
12 de soja, em delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições.
As parcelas foram constituídas de linhas de 2 metros de comprimento e a inoculação foi
realizada em apenas metade da linha, deixando-se a outra metade sem inoculação, como
a
b
c
d
13
uma referência ou testemunha não inoculada. As fontes de inóculo utilizadas foram
plantas sintomáticas de feijoeiro ‘Jalo’. As cultivares de feijoeiro utilizadas foram:
Carioca, IAC-Carioca (ou IAC-Carioca SH), IAC-Carioca Aruã, IAC-Carioca Eté, IAC-
Carioca Pyatã, IAC-Carioca Tybatã, IAC-Maravilha, IAC-Una, IAC-Bico de Ouro, Jalo
e BT-2, estas duas últimas como testemunhas suscetíveis. As cultivares de soja
utilizadas foram: IAC-17, IAC-18, IAC-19, IAC-20, IAC-22, IAC-23, IAC-24,
linhagem IAC-94-6541, IAC-PL-1, IAC-PL-1 CH, Mirador e BRS – 132, estas duas
últimas como testemunhas suscetíveis.
Quando as plantas estavam com as folhas primárias totalmente expandidas,
foram inoculadas mecanicamente conforme descrito anteriormente, aos dez dias após a
semeadura. As avaliações foram iniciadas aos 24 dias após a semeadura, sendo repetidas
semanalmente durante um mês, utilizando-se escala de notas de severidade de 1 a 5,
conforme descrita por YUKI et al. (2004), em que nota 1: sem sintoma, 2: sem sintoma
aparente ou mosaico leve, mas com pequeno efeito no desenvolvimento da parcela, 3:
mosaico e deformação foliar e menor desenvolvimento, 4: mosaico e deformação foliar
forte, alguma necrose foliar/haste, pouco desenvolvimento das plantas, 5: pequeno
desenvolvimento, forte necrose da haste, morte do broto terminal, redução drástica no
desenvolvimento vegetativo, morte das plantas.
3.7 Círculo de Hospedeiras
Mudas ou sementes de diversas espécies foram plantadas/semeadas em vasos de
barro de 16cm x 17cm, sendo inoculadas mecanicamente com extrato de planta de
feijoeiro ‘Jalo’, infectada com o vírus CpMMV, conforme descrito anteriormente. Após
a inoculação, foram realizadas avaliações semanais, observando-se possíveis sintomas
de infecção nessas plantas. Após três semanas de avaliação foi realizada a tentativa de
recuperação do vírus em plantas de feijoeiro ‘Jalo’, por inoculação mecânica,
acompanhando-se semanalmente durante um mês. Na Tabela 1 tem-se a lista de
espécies utilizadas na triagem do vírus.
14
Tabela 1 – Espécies utilizadas durante o processo de triagem do vírus CpMMV,
visando determinação de plantas hospedeiras. Instituto Agronômico, Campinas, SP,
2005.
Família botânica Espécie
Amaranthaceae Gomphrena globosa. L.
Fabaceae
(Leguminoseae)
Lupinus albus L. (Tremoço branco); Dolichos lab lab L.(Labelabe, cv IAC-697 e
Rongai); Lathyrus sativus L.(Chícharo); Pisum sativum L. (Ervilha, cv. Axé); Vigna
radiata (L.) Heper (Mungo, linhagem M-146); Cajanus cajan L. Millsp (Guandu, cv.
v
IAC-Fava Larga); Glycine wightii Verdc. (soja perene); Crotalaria paulina; Schrank
C. spectabilis Roth; C. depauperata (Benth) Windler & Skiner; C. pilosa; Mucuna
deeringiana (mucuna anã); Mucuna aterrima (Mucuna preta); Arachis pintoí Krap
& Greg.(amendoim forrageiro); Vigna unguiculata (L.) Walp. (caupi, cvs BR- 10,
7
Vita-7 e Br–17)
Chenopodiaceae Chenopodium amaranticolor Coste & Reyn; C.quinoa Willd; C. murale L.
Solanaceae
Capsicum annuum L. (Pimentão, cv Magda); Datura. Metel L.; D. stramonium L;
Lycopersicom esculentum Mill (Tomate, cv. Santa Cruz); Nicotiana benthamiana D;
N. clevelandi A. Gray; N. glutinosa L.; N. tabacum L., ‘Turkish’, N tabacum L., ‘T N
N’; Solanum melongena L. (Berinjela); S. gilo Radd (Jiló).
3.8 Análise Estatística
As análises estatísticas foram feitas com o auxilio do programa SANEST
(ZONTA & MACHADO, 1980), realizando-se comparações de médias pelo teste de
Duncan, ao nível de 5 % de probabilidade.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Testes de Transmissão
4.1.1 Feijão
Os resultados dos experimentos de transmissão realizados com as cultivares Jalo
e BT-2 estão na Tabela 2.
Verifica-se que, com B. tabaci biótipo B, foi transmitido o CpMMV de feijoeiro
‘Jalo’ para ‘Jalo’ e para ‘BT-2’, com influência direta e positiva do número de insetos
por planta na transmissão. COSTA et al. (1980), realizando teste de transmissão com B.
tabaci e o CpMMV, observaram pouca eficiência de transmissão utilizando apenas 1
inseto por planta; entretanto a eficiência foi aumentada quando se utilizaram cinco
15
insetos ou mais, coincidindo com os resultados aqui apresentados. Posteriormente,
COSTA et al. (1983), utilizando 15 a 20 insetos por planta, mencionaram que obtiveram
adequada transmissão em seus testes, mas não informaram os resultados. Nas plantas,
quando infectadas, começaram a serem constatados sintomas, aos cerca de dez dias após
a inoculação. Em trifólios novos, de maneira geral, os sintomas são inicialmente de
clareamento de nervuras, mosaico, com evolução para mosaico angular ou manchas
angulares, representadas por áreas verdes em fundo amarelo limitado pelas nervuras
secundárias e terciárias, em folhas mais velhas, seguidos de menor desenvolvimento em
relação às plantas não inoculadas. Esses mesmos sintomas tamm foram observados
por COSTA et al. (1980); COSTA et al. (1981) e COSTA et al. (1983). O sintoma de
amarelecimento causado pelo vírus em folhas mais velhas é causado pelo acúmulo de
amido e açúcares nessas regiões, sendo que os tecidos parenquimáticos passariam a
funcionar como órgãos de reserva, conforme discutem GASPAR & COSTA (1993b).
Tabela 2 – Transmissão do vírus CpMMV por diferentes números de mosca branca
Bemisia tabaci, biótipo B, em plantas inoculadas de feijoeiro. Instituto Agronômico,
Campinas, SP, 2005
Repetição
Experimento A
‘Jalo’ / ‘Jalo’
I
II
III
Tratamento
Inf/Ino Inf/Ino Inf/Ino %**
1*
0/10 0/10 0/10 0
5
4/10 3/10 6/10 43,3
10
8/10 4/10 9/10 70,0
20
9/10 6/10 10/10 83,3
Experimento B
‘Jalo’ / ‘BT - 2’ I II III
Tratamento
Inf/Ino Inf/Ino Inf/Ino %**
1*
1/10 0/10 1/10 6.6
5
3/10 3/10 6/10 40,0
10
5/10 3/10 7/10 50,0
20
9/10 8/10 10/10 90,0
Inf: número de plantas infectadas; Ino: número de plantas inoculadas; *Número de insetos por
tratamentos; **Média percentual de três repetições por tratamento.
Nos resultados da Tabela 2 do experimento de transmissão ‘Jalo’ para ‘Jalo’, em
termos percentuais, verifica-se que a transmissão foi nula quando se utilizou apenas um
inseto por planta, sendo aumentada para 43 %, com cinco insetos por planta; 70 %, com
dez insetos por planta e 83 %, com 20 insetos por planta. Já nos testes de transmissão de
16
‘Jalo’ para ‘BT-2’, utilizando-se um, cinco, dez e 20 insetos por planta, a eficiência foi,
respectivamente, de 6,6 %, 40 %, 50 % e 90 %.
Em teste de ‘Jalo’ para ‘BT-2’, houve eficiência de 6,6 %, demonstrando-se que
o vírus pode ser transmitido apenas com um inseto. Em mesmo teste, utilizando o
mesmo vírus com a B. tabaci, só que com o biótipo A, em ‘Jalo’ foi obtida taxa de
transmissão de 6,7 % (COSTA et al., 1983); portanto, o resultado foi praticamente igual
ao obtido no presente experimento. Mas, quando se utilizaram dez insetos por planta, no
teste de ‘Jalo’ para ‘Jalo’ a média de transmissão chegou a 70 %. COSTA et al. (1983),
em seus testes de transmissão com o biótipo A utilizando o mesmo vírus, obtiveram
taxa de transmissão de 44,7 %, com nove insetos por planta. Comparando-se os
resultados obtidos (Tabela 2) com os de COSTA et al. (1983) pode-se afirmar que a B.
tabaci biótipo B é mais eficiente na transmissão.
4.1.2 Períodos de acesso à aquisição
Na Tabela 3, podem ser verificados os efeitos dos períodos de acesso à aquisição
na transmissão do CpMMV. Utilizando-se dez insetos por planta e p.a.a. de 15 min., 30
min. e 1 h, a taxa de transmissão foi similar - 6,66 %; para p.a.a. de 3 hs, 6 hs e de 24 hs
a transmissão foi de 36,66 %, 33,33 % e 63,33 %, respectivamente. Era esperada uma
eficiência de transmissão proporcional conforme o aumento do p.a.a., mas, diante dos
resultados obtidos, com 15 min, 30 min e 1 h a taxa de transmissão foi a mesma e, com
3 h de inoculação a eficiência foi semelhante à de 6 h; já para um p.a.a. de 24 hs a
eficiência foi aumentada para 63,33 %, verificando-se, portanto, uma tendência de
aumento da eficiência com o aumento do tempo de aquisição. O fato do vírus ter sido
transmitido com p.a.a. tão curto, como o de 15 min., é indicativo de que a relação vírus-
vetor é do tipo não persistente. COSTA et al. (1983) realizaram um teste de transmissão
do CpMMV com a B. tabaci biótipo A, utilizando plantas de feijão ‘Jalo’ e iniciando
com um p.a.a. de 15 minutos até o máximo de 4 horas; somente com 30 minutos ou
mais o vírus foi transmitido pelos insetos. A partir desses dados e do fato de que moscas
brancas virulíferas “perdiam” o vírus rapidamente e que o período de incubação também
era curto - menor do que 15 min., os autores concluíram também que a relação vírus-
vetor era do tipo não persistente.
17
Tabela 3 - Transmissão do vírus CpMMV pela mosca branca Bemisia tabaci, biótipo B,
em plantas inoculadas de feijoeiro, em diferentes períodos de acesso à aquisição (p.a.a.).
Instituto Agronômico, Campinas, SP, 2005.
Repetição
‘Jalo’/’Jalo’ I II III
Tratamento* Inf/Ino Inf/Ino Inf/Ino %**
15’
0/10 0/10 2/10 6,66
30’
0/10 0/10 2/10 6,66
1 h
1/10 0/10 1/10 6,66
3 hs
5/10 2/10 4/10 36,66
6 hs
6/10 1/10 3/10 33,33
24 hs
9/10 4/10 6/10 63,33
Inf: número de plantas infectadas; Ino: número de plantas inoculadas; *Tratamento para os diferentes
p.a.a.;** Média percentual de três repetições por tratamento
Em estudos realizados por MUNIYAPPA & REDDY (1983) também foi
evidenciado que o CpMMV pode ser adquirido e transmitido pela B. tabaci biótipo A,
de soja para soja, em períodos relativamente curtos, ou seja de dez min. Os resultados
obtidos no presente trabalho, portanto, são coincidentes com os desses autores,
evidenciandos-se que esse vírus tem relação não persistente com o vetor. O fato de
IWAKI et al. (1982) e de ANNO - NYAKO (1986) discutirem que a relação vírus-vetor
é do tipo semi-persistente, aparentemente não é verdadeira, pois eles já obtiveram
transmissão, respectivamente, com p.a.a. de 10 e 15 min. e também com um p.a.i. de 5 e
10 min, demostrando que a relação é não persistente. Por outro lado, deve-se levar em
conta que, diferentemente dos afídeos, a aquisição e inoculação do vírus de relação não
persistente é em minutos, porque a alimentação é iniciada tão logo são colocados sobre
as plantas; as moscas brancas ficam agitadas logo após o seu confinamento, demorando
mais para o início da alimentação.
4.1.3 Soja
Os sintomas foram constatados no período de oito a 15 dias após a inoculação,
sendo inicialmente um mosaico e enrugamento das folhas, deformação do limbo foliar
seguido de acronecrose, curvatura e necrose do broto, seguido de necrose da haste,
necrose do pecíolo e algumas vezes até a morte da planta.
18
Os resultados dos testes de transmissão do vírus em soja ‘IAC-20’ para a soja
‘BRS-132’ podem ser visualizados na Tabela 4.
Nas três repetições, o vírus foi transmitido pela B. tabaci biótipo B, com uma
média percentual de 16,6 % das plantas quando utilizado um inseto por planta, 40 %
com cinco; 73,3 % com dez e 86,6 % com 20 insetos por planta.
Semelhantemente à transmissão de feijoeiro para feijoeiro, verificou-se que,
aumentando-se o número de insetos por planta também aumentou-se a taxa de
transmissão. A eficiência de transmissão com apenas um inseto por planta foi maior do
que a transmissão de feijoeiro para feijoeiro (Tabela 2), ou seja de 16,68 % no caso da
soja e 6,6 % em feijão; entretanto, praticamente não houve diferença nos outros
tratamentos.
Em alguns testes, demorou um pouco para o aparecimento dos sintomas de
infecção, provavelmente devido às condições de temperatura mais amena. IWAKI et al.
(1982) e MUNIYAPPA & REDDY (1983), em testes de transmissão utilizando B.
tabaci, relataram sintomas semelhantes aos descritos anteriormente, mas o tempo para o
aparecimento dos sintomas, em geral, não foi superior aos dez dias após a inoculação.
Mais recentemente, ALMEIDA et al. (2002b) e ALMEIDA et al. (2005a) obtiveram
praticamente o mesmo tempo para a manifestação dos sintomas, utilizando B. tabaci
biótipo B.
Tabela 4 – Transmissão do vírus CpMMV por diferentes números de mosca branca
Bemisia tabaci, biótipo B, em plantas inoculadas de soja, cv ‘IAC-20’ para ‘BRS-132’.
Instituto Agronômico, Campinas, SP, 2005
Repetição
‘IAC-20’ / ‘BRS-132’
I II III
Tratamento* Inf/Ino Inf/Ino Inf/Ino %**
1 1/10 0/10 4/10 16,66 %
5 2/10 4/10 6/10 40,00 %
10 7/10 6/10 9/10 73,33 %
20 8/10 8/10 10/10 86,66 %
Inf: número de plantas infectadas; Ino: número de plantas inoculadas; *Número de insetos por
tratamentos; **Média percentual de três repetições por tratamento
Conforme os resultados apresentados na Tabela 4, quando foi utilizado apenas
um inseto por planta já se observou alguma transmissão e, quanto maior o número de
19
insetos por planta maior foi a taxa de transmissão. MUNIYAPPA & REDDY (1983),
usando um inseto por planta, obtiveram uma transmissão de 0–30 %, tendo um máximo
de transmissão de 90 %, quando utilizaram cinco insetos ou mais por planta. Na
Tailândia, IWAKI et al. (1982) observaram um incremento na porcentagem de
transmissão quando aumentaram o p.a.a. e o p.a.i. Esses mesmos autores obtiveram 100
% de infecção em seus testes, quando utilizaram seis a 24 horas de p.a.i. nos
tratamentos, com dez a 40 insetos por planta. ANNO-NYAKO et al. (1986) também
constataram 100 % de infecção com p.a.i. de 36 horas.
Uma observação importante foi detectada no último teste, ao se retirarem as
gaiolas após um p.a.i. de 48 horas. Em algumas plantas havia uma pequena lesão escura
nas nervuras secundárias e, após dez dias, todas as plantas com esse pequeno sintoma
estavam infectadas. Isso não foi descrito ainda por nenhum dos autores anteriormente
citados.
Ainda, nos resultados da Tabela 4 está bem evidente que a população da mosca
branca está diretamente relacionada à maior taxa de transmissão do vírus; portanto, com
o controle eficiente desse vetor pode-se reduzir a incidência do CpMMV em culturas
suscetíveis.
4.2 Círculo de Hospedeiras
Conforme os resultados apresentados na Tabela 5, foram inoculadas plantas de
34 espécies de quatro famílias botânicas, sendo que, além da família Fabaceae, somente
na Chenopodium quinoa houve infecção com o CpMMV, constatando-se lesões locais
na folha inoculada, sem infecção sistêmica. Das 18 espécies inoculadas na família
Fabaceae, em sete houve infecção e de forma sistêmica. As tentativas de recuperação do
CpMMV por inoculação mecânica de tecidos das plantas sem sintomas foram todas
negativas, fato indicativo de que estavam isentas do vírus e que, portanto, não havia
infecção latente. Esses resultados são coincidentes com os de COSTA et al. (1980), que
discutiram que esse vírus tem um círculo de hospedeiras restrito à família Fabaceae, o
que foi mais recentemente confirmado por ALMEIDA et al. (2002b) e ALMEIDA et al.
(2005a).
20
Por outro lado, BRUNT & KENTEN (1973) e COSTA et al. (1983) relataram
que esse vírus é facilmente transmitido mecanicamente. Os resultados obtidos neste
trabalho, em que o vírus também foi transmitido mecanicamente para outras plantas,
principalmente nas leguminosas, corroboram as informações obtidas por aqueles
autores.
As leguminosas infectadas foram: caupi - Vigna unguiculata (L.) Walp.,
cultivares BR-10, Vita-7 e BR–17, com sintomas de mosaico, por cerca de 15 dias, e
seu posterior desaparecimento ficando apenas latente; chícharo - Lathyrus sativus L.;
tremoço branco ou amargo - Lupinus albus L.; ervilha - Pisum sativum L. e mungo -
Vigna mungo (L.) Heper, com sintomas de infecção latente; feijoeiro, cv Jalo e soja, cv.
BRS-132, com sintomas de clareamento de nervuras, mosaico, mosaico em ângulo,
necrose da haste, acronecrose, necrose do broto e paralisação no crescimento. As
demais espécies testadas de leguminosas não foram infectadas. Nos estudos feitos por
COSTA et al (1983), as espécies Dolichos lab lab e Mucuna.deeringiana foram
infectadas com o CpMMV, o que não ocorreu nesse trabalho. Por outro lado, as
espécies Glycine max, Phaseolus vulgaris, P. sativum e V. unguiculata,
coincidentemente com os resultados aqui apresentados, foram infectadas pelo vírus. Por
outro lado e, nas não leguminosas, verificou-se que, além da C. quinoa, infectada pelo
CpMMV, nas espécies Chenopodium murale L., Gomphrena globosa L., Nicotiana
megalosiphon Heurch & Mull. Tetragonia expansa Murr, não se constatou infecção
com o vírus no presente trabalho. Ainda, conforme Costa et al. (1983), esse vírus foi
ainda recuperado de uma espécie de Sida sp., mas, com a inoculação mecânica nas
espécies S. rhombifolia L. e S. micanthra St Hill, os resultados foram negativos.
ALMEIDA et al. (2005a), recentemente, realizaram estudos do círculo de
hospedeiras do vírus agente causal da haste negra em soja e verificaram que, além da G.
max e P. vulgaris, esse patógeno era capaz de infectar o amendoim (Arachis hypogea),
de forma sistêmica e C. amaranticolor, de forma não sistêmica. Das três espécies de
Crotalaria, nenhuma foi infectada, o mesmo ocorrendo com a V. unguiculata cv.
Blackeye.
21
Tabela 5 – Resultados da inoculação mecânica de diversas espécies botânicas, quando
inoculados com o CpMMV. Instituto Agronômico, Campinas, SP, 2005.
Família Espécie Reação
Amaranthaceae
Gomphrena globosa L.
-
Chenopodiaceae
Chenopodium quinoa Willd LLN
Chenopodium amaranticolor Coste & Reyn
-
Chenopodium murale L.
-
Leguminoseae
Arachis pintoí Krap & Greg.
-
Cássia occidentalis (L.) Link
-
Cajanus cajan (L.) Millsp. – cv. IAC Fava Larga
-
Crotalaria depauperata Benth.
-
Crotalaria pilosa Miller
-
Crotalaria paulina Schrank
-
Crotalaria spectabilis Roth
-
Lathyrus sativum L. Chícharo *
Dolichos lab-lab L. cv Rongai
-
Dolichos lab-lab L. – cv. 697
-
Glycine wightii Verdc
-
Glycine max L. Merr. – cv. BRS – 132 MF/NH
Phaseolus vulgaris L. – cv. Jalo MF/MA
Pisum sativum L. *
Lupinus albus L. *
Stizolobium deeringianum Bart
-
Stizolobium aterrimum Piper & Tracy -
Vigna mungo (L.) Heper – cv. Mungo M – 146 *
Vigna unguiculata (L.) Walp. – cv. BR – 10 M
Vigna unguiculata (L.) Walp – cv. Vita – 7 M
Vigna unguiculata (L.) Walp – cv. Br – 17 M
Solanaceae
Capsicum annuum L. – cv. Magda -
Datura metel L. -
Datura stramonium L. -
Lycopersicon esculentum Mill. – cv. Santa Cruz -
Nicotiana benthamiana D. -
Nicotiana clevelandii A. Gray -
Nicotiana glutinosa L. -
Nicotiana tabacum L. -
Nicotiana tabacum L ‘Turkish’ -
Nicotiana tabacum L.‘T N N’ -
Solanum melongena L. -
Solanum gilo Radd. -
-: Sem sintoma; *:Sem sintoma / Infecção latente; M: Mosaico; MA: Mosaico angular amarelo; MF:
Mosaico forte; LLN: Lesão local necrótica; NH: Necrose na haste.
22
As prováveis explicações sobre as divergências havidas nas infecções de
algumas espécies de plantas podem ser atribuídas a: a) serem diferentes isolados do
mesmo vírus ocorrendo em regiões e épocas distintas, pois COSTA et al. (1983)
realizaram estudos há mais de duas décadas e ALMEIDA et al. (2005a), com isolados
de outros estados que não de São Paulo; b) às diferentes variedades de uma espécie ou
uma espécie de planta terem origens diferentes, com efeitos diferenciados em reação à
inoculação, podendo haver distintos níveis de resposta.
Em relação à infecção de espécies e variedades não leguminosas, os resultados
são mais conflitantes ainda. BRUNT & KENTEN (1973) e BRUNT & PHILLIPS
(1981) obtiveram infecção positiva em C. amaranticolor, C. quinoa e C. murale,
enquanto que THOUVENEL et al. (1982) e IIZUKA et al. (1984) verificaram infecção
em C. amaranticolor e C. quinoa e IWAKI et al. (1982) apenas em C. amaranticolor e
em C. quinoa. THOUVENEL et al (1982), na Costa do Marfim, conseguiram infectar
C. amaranticolor, C. quinoa, espécies das famílias Pedaliaceae, Scraphulariaceae e
Solanaceae, incluindo N. clevelandii e N. megalosiphom. IWAKI et al.(1982),
utilizando um isolado de soja da Tailândia, infectaram C. amaranticolor, que
apresentaram locais pouco definidas e G. globosa e Cucumis sativus, ambas de forma
latente, mas não conseguiram infectar C.quinoa, Lycopersicon esculentum Mill., N.
glutinosa e N. tabacum. BRUNT & PHILLIPS (1981) descreveram a ocorrência de
infecção natural do CpMMV em tomateiros na Nigéria, cujas plantas estavam com
sintomas pouco evidentes de clorose ao longo das nervuras secundárias e terciárias, ao
qual denominaram de ‘Fuzzy vein’. Com esse isolado foram infectadas, por inoculações
mecânicas, C. amaranticolor, C. murale e C. quinoa, além de N. glutinosa, N. rústica,
S. melongena e N. clevelandii.
Em trabalhos mais recentes de isolados de soja coletados na Bahia, ALMEIDA
et al. (2005a) obtiveram apenas infecção positiva em C. amaranticolor cujas plantas
estavam com sintomas de lesões locais necróticas. C. quinoa, C. murale, G. globosa, L.
esculentum, N. tabacum, N. glutinosa e N. benthamiana mostraram-se imunes.
Como se pode verificar pelos trabalhos citados, os resultados obtidos nas
inoculações mecânicas, em diversas espécies de plantas, são bastante divergentes e,
aparentemente, são devidos aos diferentes isolados do vírus que ocorrem de acordo com
regiões distintas.
4.3 Avaliação da Resistência de cultivares IAC
23
4.3.1 Cultivares de feijão
Os resultados do experimento visando determinar a resistência das cultivares
IAC estão na Tabela 6. Os coeficientes de variação foram de 25,4 % na 1
a
avaliação,
13,3 % na 2
a
avaliação, 16,4 % na 3
a
avaliação e 9,2 % na 4
a
avaliação.
Nos testes de recuperação feitos por inoculação mecânica em plantas indicadoras
de feijoeiro ‘Jalo’ e ‘BT - 2’, todas as cultivares estavam infectadas com o CpMMV.
Portanto, todas são suscetíveis ao vírus, mas com níveis de suscetibilidades variáveis à
infecção pelo vírus.
Ainda na Tabela 6 verifica-se que, de maneira geral, a severidade dos sintomas
na mesma cultivar tem evolução rápida até os 21 dias da inoculação, estabilizando-se
em seguida, conforme os resultados estatísticos. Esse fato pode ser considerado de
importância nos trabalhos de melhoramento para resistência a esse vírus. Portanto,
inoculando-se o CpMMV em plantas novas de feijoeiro com cerca de 15 dias após a
semeadura, as avaliações podem ser feitas já aos 21 dias da inoculação. Na Figura 2
tem-se a cultivar Jalo como a mais sensível e a IAC-Carioca Tybatã como a menos
sensível ao CpMMV.
Tabela 6 - Notas de severidade à inoculação com o vírus CpMMV em cultivares de
feijoeiro. Instituto Agronômico, Campinas, SP, março de 2005.
Cultivar Épocas*
1
a
Avaliação 2
a
Avaliação 3
a
Avaliação 4
a
Avaliação Médias
Carioca
1,25** cd B 2,00 ef A 2,00 de A 2,25 cd A 1,88 e
IAC - Carioca SH
1,75 bc B 2,75 cd A 2,50 cd A 3,00 b A 2,50 c
IAC – Carioca Aruã
2,00 b B 3,00 c A 2,50 cd AB 2,75 bc A 2,56 c
IAC - Carioca Eté
1,00 d B 1,50 fg AB 1,50 ef AB 2,00 d A 1,50 f
IAC – Carioca Pyatã
1,75 bc B 2,25 de AB 2,00 de B 2,75 bc A 2,19 d
IAC - Carioca Tyba
1,00 d B 1,25 g B 1,25 f B 2,00 d A 1,38 f
IAC - Maravilha
1,75 bc C 3,75 ab A 3,00 bc B 3,00 b B 2,88 b
IAC - Una
2,00 b C 4,00 a A 3,25 b B 3,00 b B 3,06 b
IAC - Bico de Ouro
2,25 ab B 3,25 bc A 3,00 bc A 3,00 b A 2,88 b
Jalo
2,75 a B 4,00 a A 4,00 a A 4,00 a A 3,69 a
BT – 2
1,75 bc B 2,50 cd A 2,50 cd A 3,00 b A 2,56 c
Médias seguidas por letras idênticas entre si, minúscula na mesma coluna e maiúscula na mesma linha,
não são diferentes entre si pelo teste de Duncan ao nível de 5 %. *Épocas de avaliação da severidade: 1
a
avaliação 24 dias após a semeadura, 2
a
avaliação 31 dias, 3
a
avaliação 38 dias e 4
a
avaliação 45 dias.
**Notas de severidade da doença conforme escala de notas de 1 a 5, sendo 1: Sem sintomas, 2: Sem
sintoma aparente ou mosaico leve, mas com pequeno efeito no desenvolvimento da planta, 3: Mosaico e
deformação foliar e menor desenvolvimento, 4: Mosaico e deformação foliar forte, pouco
desenvolvimento das plantas, 5: Morte das plantas ou pequeno desenvolvimento (YUKI et al.,2004).
24
Figura 2 – Sintomas da reação ao vírus CpMMV em cultivares de feijão: a. Jalo,
extremamente sensível; b. IAC-Carioca Tybatã, menos sensível.
Dentre as cultivares testadas, em IAC-Carioca Tybatã e IAC-Carioca Eté os
sintomas foram pouco evidentes. Entretanto, como nas outras cultivares, elas tamm
estavam infectadas com o vírus e, portanto, foram consideradas as menos sensíveis ao
CpMMV. A seguir tem-se a cv. Carioca que foi diferente estatisticamente das cultivares
anteriores, seguindo-se IAC-Carioca Pyatã. A cv ‘BT-2’, utilizada como uma das
testemunhas por apresentar sintomas fortes de mosaico, teve melhor desempenho do
que as IAC-‘Maravilha’, IAC-‘Una’ e IAC-‘Bico de Ouro’, cujo comportamento foi
semelhante entre si, sem diferenças estatísticas entre si e, sendo superior apenas à
cultivar Jalo, utilizada como outra testemunha suscetível, confirmando os trabalhos de
COSTA et al. (1983). Das cultivares do tipo Carioca, a IAC-Carioca SH e IAC-Carioca
Aruã foram as mais sensíveis exibindo sintomas de mosaico. As cultivares IAC-Carioca
Tybatã e IAC-Carioca Eté podem ser recomendadas para a semeadura em épocas do ano
ou em regiões onde possam ocorrer altas incidências do vírus ou, ainda, que haja
elevada densidade populacional da mosca branca vetora.
4.3.2 Cultivares de soja
a b
25
Na Tabela 7 são apresentados os resultados do experimento visando-se
determinar a resistência de cultivares IAC de soja. Os coeficientes de variação nas
quatro avaliações foram respectivamente de 20,5 %, 14,1 %, 15,7 % e 18,3 %.
Nos testes de recuperação feitos por inoculação mecânica em plantas indicadoras
de feijoeiro ‘Jalo’ e ‘BT - 2’, todas as cultivares estavam infectadas com o CpMMV.
Na maioria das cultivares de soja constataram-se sintomas de forma mais rápida
do que no feijoeiro, atingindo-se as notas máximas já na 1
a
observação, com posterior
tendência à estabilização da intensidade dos sintomas. Exceção foram as cultivares IAC-
22, linhagem IAC-94-6541 e IAC-PL-1 CH, cuja severidade de sintomas foi máxima
somente na 4
a
avaliação. Nota-se que essas cultivares foram as menos suscetíveis ao
vírus, com as menores notas significativas na média.
Por outro lado, nas cultivares IAC-PL-1 e IAC-17 não houve diferença
significativa com as cultivares anteriores. A cultivar BRS-132 foi a mais sensível,
seguida da ‘Mirador’, ambas utilizadas como testemunhas suscetíveis. Nas demais
cultivares o comportamento foi de forma intermediária.
Na Figura 3 têm-se plantas suscetíveis e tolerantes ao CpMMV.
Tabela 7 - Notas de severidade à inoculação com o vírus CpMMV em cultivares de
soja. Instituto Agronômico, Campinas, SP, março de 2005.
Épocas*
Cultivares
1 Avaliação 2 Avaliação 3 Avaliação 4 Avaliação Médias
IAC - 17
2,00(**) de A 2,25 cd A 2,00 cde A 2,00 de A 2,06 efg
IAC - 18
2,50 cd A 2,25 cd A 2,50 bc A 2,75 bc A 2,50 d
IAC - 19
2,50 cd A 2,75 bc A 2,25 cd A 2,50 bcd A 2,50 d
IAC - 20
3,00 bc A 3,00 b A 3,00 b A 3,00 b A 3,00 c
IAC - 22
1,50 e B 1,50 e B 1,75 de B 2,50 bcd A 1,81 g
IAC - 23
2,50 cd A 2,25 cd A 2,25 cd A 2,25 cd A 2,31 de
IAC - 24
2,25 d A 2,00 de A 2,25 cd A 2,50 bcd A 2,25 def
L IAC - 94 – 6541
1,50 e B 2,00 de AB 1,50 e B 2,25 cd A 1,81 g
IAC – PL 1
2,00 de A 1,75 de A 2,00 cde A 2,00 de A 1,94 fg
IAC - PL - 1 CH
2,00 de A 1,75 de A 2,00 cde A 1,50 e A 1,88 g
Mirador
3,50 b C 4,00 a BC 5,00 a A 4,25 a B 4,19 b
BRS - 132
4,50 a A 4,50 a A 4,75 a A 4,50 a A 4,56 a
Médias seguidas por letras idênticas entre si, minúscula na mesma coluna e maiúscula na mesma linha, não são
diferentes entre si pelo teste de Duncan ao nível de 5 %. *Épocas de avaliação da severidade: 1
a
avaliação 24 dias
após a semeadura, 2
a
avaliação 31 dias, 3
a
avaliação 38 dias e 4
a
avaliação 45 dias. **Notas de severidade da doença
conforme escala de notas de 1 a 5, sendo 1: Sem sintomas, 2: Sem sintoma aparente ou mosaico leve, mas com
pequeno efeito no desenvolvimento da planta, 3: Mosaico e deformação foliar e menor desenvolvimento,4: Mosaico e
deformação foliar forte, alguma necrose foliar/haste, pouco desenvolvimento das plantas, 5: Forte necrose da haste,
morte do broto terminal, redução drástica no desenvolvimento vegetativo, morte das plantas (YUKI et al., 2004).
26
Figura 3 – Sintomas da reação ao vírus CpMMV em cultivares de soja: a. BRS-132,
extremamente sensível; b. IAC-22, a menos sensível.
Apesar dos resultados obtidos serem promissores, ainda há necessidade de
realização de outros experimentos, visando-se determinar a produção das plantas
tolerantes ao CpMMV, pois há informações de que, em algumas cultivares e, mesmo
nas consideradas tolerantes, não tem sido constatada adequada produtividade. Essas
informações necessitam ser investigadas para que seja esclarecida se a redução de
produtividade é devida à infecção pelo CpMMV ou a algum outro fator.
5 CONCLUSÕES
a) A mosca branca B. tabaci biótipo B é vetora do CpMMV em feijoeiro e em soja;
b) A relação vírus-vetor é do tipo não persistente;
c) As espécies botânicas da família Fabaceae são as principais hospedeiras do
CpMMV;
d) As cultivares de soja IAC–22, linhagem IAC-94-6541 e cv IAC-PL-1 CH e as
cultivares de feijoeiro IAC-Carioca Tybatã e IAC-Carioca Eté são menos
sensíveis ao CpMMV.
b
a
27
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