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trabalhadores acabava influenciando mais na produtividade do que as ordens da
administração.
A importância da formação de grupos no interior das organizações fabris constitui, no
pensamento de Mayo e de seus colaboradores, a condição de integração do trabalhador na
sociedade. Explicações vindas da Psicologia e da Sociologia
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apontam que o surgimento dos
grupos informais acontece devido ao fenômeno desintegrador da vida social fora da fábrica.
Para estudiosos dessas áreas,
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a sociedade industrial seria responsável pelo fenômeno
desagregador dos lares, da comunidade e dos grupos religiosos; apontavam a fábrica como um
agente capaz de realizar a integração, "como uma nova unidade social", capaz de proporcionar
a proteção social e emocional entre os indivíduos, vítimas da industrialização. De acordo com
Rondeau, o modelo de Relações Humanas nos mostra que:
(...) Com a colocação em evidência dos preceitos da dinâmica de grupo, toma-se
consciência das normas e valores sociais e do processo de socialização que
influencia o comportamento individual nas organizações. Reconhecendo-se o poder
das atitudes individuais no trabalho, chega-se a valorizar um ambiente de trabalho
mais humano, mais apto a satisfazer as preocupações profissionais de ordem
individual em relação ao trabalho, e assim, se associam com satisfação e
produtividade, e se tenta maximizar a primeira para atingir a segunda (1996, p. 209).
Algumas mudanças podem ser observadas na medida em que a industrialização torna-se mais
complexa. As famílias modernas diminuem de tamanho e assumem um caráter menos
importante que o da família tradicional. Outros grupos sociais, como comunidade rural e
grupos religiosos, declinam momentaneamente, mas não desaparecem. (ETZIONI, 1989). A
dinâmica da sociedade traz novas bases de relações sociais, fazendo reaparecer novos grupos
religiosos, que ressurgem agora com mais vitalidade e fazem emergir diferentes correntes
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Foi a habilidade de Mayo de reunir aspectos de várias disciplinas e estimular debates e idéias entre seus
colegas que lançou os fundamentos da Escola de Relações Humanas. Sua jornada da filosofia à psicologia e,
finalmente, à sociologia industrial informou sua abordagem humanística aos problemas industriais. Como
Wallace B. Donham escreveu num prefácio a Social Problems of an Industrial Civilization, "Foi
principalmente com base no trabalho de Mayo que o estudo sociológico do comportamento industrial avançou.
Ele também pavimentou o caminho para a introdução da sociologia nos cursos das escolas de administração de
empresas e no ensino de gestão de modo geral" (apud GARBOR, 2001, p.129).
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Os estruturalistas, em suas pesquisas sobre a organização, verificaram que os grupos informais de trabalho não
são tão comuns, e que a maioria dos operários não pertence a qualquer um deles. Dubin, em seu levantamento
dos “interesses centrais da vida” de 1200 trabalhadores da indústria, verificou que “apenas 9 por cento dos
operários na amostra preferiam a vida de grupo informal, centralizado no trabalho.” Acrescentou que o
trabalho, especificamente, "(...) não é um interesse central de vida dos operários industriais, quando estudamos
as experiências do grupo informal e as experiências sociais gerais, que tem para eles algum valor afetivo (...)".
Robert DUBIN, apud ETIZIONI, A. Organizações Modernas, São Paulo: Ed. Pioneira, 1989, p. 62.